A Batalha do Jenipapo

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ADAPTAÇÃO DA OBRA

FOICES & FACÕES DE BERNARDO AURÉLIO & CAIO OLIVEIRA




PRÓLOGO

A Batalha do Jenipapo foi fundamental para a efetivação da independência nacional. Com foices e facões, nossa brava gente alterou a estratégia do exército da coroa portuguesa, que tentava manter a região colonizada, e selou com o próprio sangue a nossa liberdade. No entanto, a importância histórica desta batalha ainda é pouco citada pela historiografia oficial. cabe a nós, piauienses e protagonistas desta epopeia, não somente homenagear nossos heróis anônimos, como também divulgá-la para que possa ganhar o reconhecimento na construção da unidade e independência do Brasil.


em 1808, a corte portuguesa chegava ao brasil trazendo perspectivas de grandes mudanças.

DENTRE OS ACONTECIMENTOS MAIS IMPORTANTES ESTÁ A ELEVAÇÃO DO BRASIL À CONDIÇÃO DE REINO UNIDO A PORTUGAL. DESSA FORMA, O BRASIL DEIXAVA, EM 1815, DE SER UMA COLÔNIA.


Com a volta da família real para portugal, em abril de 1821, o rei dom joão vi deixa parte da corte para acompanhar o filho, pedro i, como príncipe regente. a situação lá é dificílima e o povo exige nosso retorno.

Como já deves saber, terei de voltar a portugal o mais rápido possível.

pois escuta-me, pedro...

...se o brasil se separar, antes que seja para ti, que me hás de respeitar, do que para algum desses aventureiros.

embora, ideais libertários já começassem a ganhar adeptos, e fosse desejo de alguns grupos aclamarem o príncipe como imperador do brasil, ele jura fidelidade ao rei de portugal.

em portugal, dom joão vi, ciente da situação, tomava providências para tentar, se não conter o movimento revolucionário, garantir à coroa portuguesa as províncias do norte.


Assim, convoca o major fidié, que havia resistido bravamente ao exército de napoleão, e o envia ao piauí que, graças a sua localização estratégica, é escolhido como ponto de suporte para estruturar um governo português ao norte do brasil.

o brasil é muito grande, major. mesmo que no rio de janeiro estoure um movimento revolucionário que não possamos deter, cabe a nós nos precaver de ficarmos ainda com a tutela de boa parte daquelas terras...

é de meu interesse que parta para o piauí, ponto de suporte fundamental para se estruturar um governo português no norte do brasil. esta carta nomeia-o governador das armas daquela província e, em poucos dias, deixará portugal a charrua gentil americana que o levará ao brasil.

começo a entender o plano que desenhas, majestade.

é fundamental QUE SE MANTENHA, MAJOR!


Diante da ameaça de voltar à condição de colônia, imposta pelos liberais da cidade de porto, em portugal, a causa da independência se fortalece.

bonifácio me aconselha a ficar e ser fiel aos brasileiros.

portugal exige meu retorno imediato e anula a assembleia constituinte brasileira...

assim, mesmo dividido entre opiniões favoráveis e contrárias, dom pedro adere aos revolucionários e, para felicidade geral da nação, escolhe o povo brasileiro, bradando “independência ou morte”, em 7 de setembro de 1822.

pelo bem do povo e felicidade geral da nação, eu decidi ficar.

para construirmos um governo brasileiro, torna-se ainda mais importante a necessidade de manter minha palavra. ou o brasil fica livre, ou morreremos tentando!



Apesar da chegada do major fidié como governador das armas a oeiras, um grupo de patriotas, à frente dos quais joão cândido de deus e silva e simplício dias da silva, declara adesão à independência, em parnaíba, a 19 de outubro de 1822.

leonardo castelo branco, presente em parnaíba, também aplaudiu o movimento.


AINDA EM 22 DE JANEIRO DE 1823, LEONARDO passa POR PIRACURUCA E faz A ADESÃO DAQUELA VILA À INDEPENDÊNCIA E DEIxa MONTADO LÁ PARTE DA FORÇA MILITAR QUE O ACOMPANHAVA.

aproveitando a saída do líder da corte portuguesa de oeiras para sufocar a revolta em parnaíba, manuel de sousa martins, em 24 de janeiro de 1823, prende a junta governativa fiel a lisboa, proclama a independência e assume a presidência da junta do governo do piauí.

AO RECEBER A NOTÍCIA DO LEVANTE NA CAPITAL, MAJOR FIDIÉ DECIDE REGRESSAR, NO COMANDO DE MAIS DE 1.100 HOMENS BEM ARMADOS.

no entanto, PARA TENTAR ACABAR COM OS ÂNIMOS EM OEIRAS, PRECISAVA PASSAR, ANTES, POR PIRACURUCA e campo maior.


PARTE DO SEU EXÉRCITO IA À FRENTE, OS BATEDORES, FAZENDO O RECONHECIMENTO DA REGIÃO. PRÓXIMO À LAGOA DO JACARÉ, em piracuruca, O DESTACAMENTO LUSITANO ENCONTRA-SE COM SOLDADOS SEPARATISTAS E ACONTECE A PRIMEIRA TROCA DE TIROS EM PROL DA INDEPENDÊNCIA.

OS SOLDADOS DE FIDIÉ FUGIRAM...


...DEIXANDO UM COMPANHEIRO QUE FOI APRISIONADO E MORTO.

SABENDO DO ACONTECIDO, O MAJOR PORTUGUÊS CONTINUOU SUA MARCHA CAUTELOSAMENTE.

a vila de campo maior, que também ficava no meio do caminho, montou resistência em prol da liberdade. o capitão luís rodrigues chaves convocou mais de mil homens entre piauienses e cearenses armados somentes de paus, foices e facões.

A situação era complicada: Mais da metade dos homens ali reunidos para lutar pela independência não tinha a mínima instrução militar, mas estavam dispostos a morrer pela liberdade.


VAMOS, HOMENS!

ATACAR!!!

o encontro entre as tropas que defendiam a coroa portuguesa e as forças patriotas se deu às margens do rio jenipapo, cenário onde em pouco mais de 5 horas houve uma das batalhas mais sangrentas do solo nacional.


O lado português tinha em fidié um experiente lutador em batalhas napoleônicas. entretanto, Fidié não contava com a louca bravura dos piauienses.

Lutaram durante horas debaixo de um sol abrasador.

Uma luta pela independência e integridade do território nacional.

Uma luta à base de heroísmos...

...e facões.


Não se sabe ao certo quantos separatistas morreram. Uns dizem que 200, outros, que foram 400 ou mais os óbitos em batalha.

o certo é que A batalha do Jenipapo forçou o inimigo a recuar. Em 13 de março de 1823, o Piauí assinava com sangue o ato heróico daqueles Parnaibanos. Major Fidié teve um número pequeno de mortos, mas, embora oficialmente vencedor, saiu completamente abalado do combate. Ao final do confronto, inseguro, desistiu de descer até Oeiras, como era sua intenção. Decidiu ficar um tempo na Vila de Estanhado (hoje cidade de União). Depois, forçado por tropas separatistas, atravessou o Rio Parnaíba e foi até o Maranhão, último reduto das forças lusitanas, onde foi sitiado durante meses. A Batalha do Jenipapo foi decisiva para que Fidié e a Coroa perdessem a guerra contra a independência.


JOÃO JOSÉ DA CUNHA FIDIÉ

FIDIÉ FOI ESCOLTADO PARA OEIRAS, SENDO DEPOIS TRANSFERIDO PARA A BAHIA E, DE LÁ, AO RIO DE JANEIRO, ONDE FICOU ENCARCERADO NA FORTALEZA DA VILA GANHÃO ATÉ QUE DOM PEDRO I LHE DEU A LIBERDADE, PERMITINDO-LHE QUE REGRESSASSE PARA PORTUGAL. EM 1825 FOI NOMEADO PRIMEIRO COMANDANTE DO REAL COLÉGIO MILITAR. FOI DIRETOR EFETIVO DO COLÉGIO MILITAR DE 1837 A 1848, ANO EM QUE TEVE A SUA EXONERAÇÃO, REFORMANDO-SE EM 1854 NO POSTO DE TENENTE-GENERAL. PUBLICOU “VáRIA FORTUNA DE UM SOLDADO PORTUGUÊS” EM 1850, LIVRO QUE RELATA PASSAGENS DA BATALHA DO JENIPAPO E SUA INSATISFAÇÃO COM A FALTA DE RECONHECIMENTO PELOS SERVIÇOS PRESTADOS PARA A COROA PORTUGUESA. FOI COMENDADOR DA ORDEM DE AVIS. FALECEU NO ANO DE 1856.

simplício dias

“Grande demora houve em me ser entregue a carta Imperial com que V. Majestade me honrou; eu porém tinha assas prevenido os desejos de V. Majestade Imperial. Satisfazendo os impulsos do meu coração, quando promovi nesta vila a 19 de Outubro do ano preterito, a declaração da Independência Brasílica”... “as fadigas, perigos, perdas, despesas, que eu e minha família sofremos nos é da mais grata lembrança, agora que vemos a V. Majestade Imperial reconhecido em todo o Brasil, e a Independência do mesmo geralmente firmada.” (carta de simplício dias ao imperador dom pedro i.) O coronel Simplício Dias da Silva foi o primeiro presidente da Província nomeado por D. Pedro I, mas não chegou a ocupar o cargo, preferindo continuar os negócios da família em Parnaíba. Veio a falecer em 17 de setembro de 1829, aos 56 anos de idade.


manoel de sousa martins

Manoel de Sousa Martins tornou-se, de fato, o primeiro Presidente de província, nomeado por carta imperial de 1o de dezembro de 1823. Em dezembro de 1828, o Brigadeiro, já investido do título de Barão da Parnaíba, passou o exercício da presidência da Província ao tenente-coronel Inácio Francisco de Araújo Costa, membro do Conselho Geral da Província. Voltou ao governo a fevereiro de 1829 - para passá-la dois dias depois ao Presidente João José de Guimarães e Silva. Contudo, adoecendo gravemente, Guimarães e Silva transmitiu, doze dias antes de sua morte, ocorrida a 19 de fevereiro de 1831, o poder, novamente, ao Visconde da Parnaíba. Governou então como conselheiro e, depois, como presidente, nomeado por carta imperial de 1o de julho de 1832 até 30 de dezembro de 1843, quando o então Visconde da Parnaíba, aos 76 anos de idade, foi sucedido pelo futuro Visconde de Jaguari - José Idelfonso de Sousa Ramos. O Brigadeiro Manoel de Sousa Martins nasceu no dia 8 de dezembro de 1767, na fazenda Serra Vermelha, situada então no município de Oeiras, hoje localizada no município de Paulistana, Centro-Sul do Piauí. Ele era filho do português Manoel de Sousa Martins e de Ana Rodrigues de Santana. Morreu no dia 20 de fevereiro de 1856, aos 88 anos, sendo sepultado junto ao altar-mor de Oeiras, primeira capital do Piauí.

leonardo de carvalho castelo branco

Leonardo de Carvalho Castelo Branco foi um homem das letras e das ciências: poeta, publicou vários textos e livros. Inventor, foi aficionado pela construcão do moto-contínuo, ou máquina do movimento perpétuo, que funcionaria sem desprender energia. Preso no Maranhão, Leonardo foi enviado a Lisboa, chegando lá a 2 de junho de 1823, sob a alcunha de “o homem mais perigoso do Piauí”. Solto a 22 de junho, só regressou À sua casa depois de quase dois anos de ausência. Em 1824, envolve-se profundamente na Confederacão do Equador, junto com o Dr. João Cândido de Deus. Foi preso pelo presidente da província, Manoel de Sousa Martins, ficando encarcerado por um ano. Por seu envolvimento na Independência do Brasil, na Confederacão do Equador e sua obsessão em construir o moto-contínuo, acabou abandonando a família e perdendo toda sua riqueza em prol da causa pública.

Leonardo casou-se jovem, com Judith da Mãe de Deus Castelo.




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