Locomotiva Puxando o assunto, trazendo o debate, levando informação 19 de maio de 2012 - sábado - nº 67 - Distribuição Gratuita
Juquery comemora 114 anos de história
Complexo Hospitalar guarda um grande pedaço da história de Franco da Rocha |Pág . 7
Conheça a história de Sueli Donola, a menina do jardim do Juquery | Pág. 8
Prefeitura de Franco ignora pedido de ajuda a maternidade|Pág 5
Obras nas estradas da região levam perigo a motoristas e moradores| Pág 4
Morador denuncia abandono no Buraco do Sapo| Pág . 3
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NOS TRILHOS
Locomotiva
EDITORIAL
N
esta edição, o Jornal Locomotiva inicia apenas o nome da cidade, que homenageia o uma série de matérias sobre o Hos- seu fundador. O município tem outras nuanpital do Juquery. O complexo, que ces. Problemas que não se resumem a decidir já abrigou uma multidão de doentes mentais, que fim dar aos indesejados. E não adianta fossem esses de verdade ou não, e que já serviu espernear porque eram isso mesmo. Como em Roedores à Acostumaram-se com a depósito de pessoas indesejadas, hoje uma guia de depósito bancário, estava descrito ideia de não dar informação como solta praticamente não existe mais. “deposite-se no Juquery”. do uso que fazem do Ratazanas de esgoto Os pacientes que restam no nosocômio, em O que restou do grandioso hospital que tanmeu, do seu, do nosso saídas das imediações rico dinheirinho, que se sua maioria idosos e/ou sem família, apenas to serviu à comunidade, teve seu ocaso na da prefeitura andam esperam o “seu dia”. E ele chegará, como chega transferência da maternidade para Caieiras. transforma em dinheiro surrupiando exemplares público. a todos os mortais. Como um astro que se põe, acabava, ou quase do Locomotiva. Do “maior hospital psiquiátrico da América La- acabava ali a era dos bons serviços. Um novo Comportamento típico tina”, restou a Franco da Rocha, praticamente, dia é possível e mesmo provável. de quem não tem nada A emenda para falar e muito a não passou esconder. Toninho Lopes publicou no seu boletim Semana em Ação de 27/abr, que a Democracia Câmara aprovou emenda aditiva ao contrato da nunca é Sabesp, exigindo qualidade demais serviços. A Sabesp não Em 16 de maio passou nos concordou os vereadores a vigorar a lei 12.527, de tiveram quee revogar a 18/nov/2011. A Lei de própria criação. Acesso à Informação obriga governos federal, estadual e municipal Comemorando a dar transparência de O PT de Franco da Rocha todos os seus atos. fará, neste dia 19 de maio, a comemoração dos 32 anos de existência, com uma Informação já! grande festa. Contará com a presença de seu presidente A Lei prega a nacional, deputado Rui transparência ativa e Falcão, e será abrilhantado passiva. Na primeira, por show da deputada do o órgão disponibiliza PCdoB, Leci Brandão. informações no seu site. Na outra, é solicitado ao Serviço Definições de Informação ao No mesmo evento, em Cidadão. Para isso, a simultâneos, tanto Prefeitura, por exemplo, eventos o PT de Franco da Rocha deve disponibilizar quanto o de Caieiras, uma sala. E, o mais todas as questões importante, não é mais resolvem políticas referentes à eleição necessário justificar. municipal, com a definição Nessa semana, os ma- azuis e o espaço cercado mente em 2014, conforme de candidaturas e da teriais de construção da nova de tapumes. anunciado pelo Governo do coligação que se formará. estação de trem de Franco A CPTM não confirma, Estado no início do ano. Nem todos A Convenção Oficial, que da Rocha, que ficam estoca- mas há possibilidade de paEnquanto espera um desse realizará em junho, gostarão dos na avenida Cavalheiro ralisação das atividades no fecho, os materiais de consJá tem gente de cabelo homologará oficialmente as Ângelo Sestini,começaram próximo dia 30. A conclusão trução ficam guardados e em pé com essa estória. decisões. a ser cobertos com lonas da obra deve acontecer so- escondidos do tempo.
Quem guarda tem...
Expediente Locomotiva é uma publicação
Tiragem: 50 mil exemplares
semanal da Editora Havana Ltda. ME.
Redação: Pedro Pracchia e Thiago Lins
Circula em Franco da Rocha,
Projeto gráfico: Feberti
Caieiras, Francisco Morato,
Diagramação: Vinícius Poço de Toledo
Mairiporã e região.
Todos os artigos assinados são de responsa-
E-mail: jornallocomotiva@gmail.com
bilidade de seus autores e não representam,
Impressão: LWC Gráfica e editora
necessariamente, a opinião do jornal.
ABANDONO DE EMPREGO
A empresa AVANTE PORTARIA LIMPEZA E JARDINAGEM LTDA, convoca o SR.CICERO DE SOUZA, portador da CTPS nº 35164 , série 00049-SP , a comparecer na sede da empregadora no prazo ininterrupto de 03 (três) dias a contar desta publicação, para apresentar justificativa às faltas, sob pena de ser aplicada justa causa por abandono de emprego, conforme preceitua o artigo 482, letra “i” da CLT.
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Buraco do abandono Conhecido como Buraco do Sapo, o bairro do Parque Monte Verde parece ter sido esquecido pelo poder público.
Sem iluminação pública, asfalto e creche. Essa é a situação do bairro Monte Verde, onde a noite se pode ouvir o coaxar dos sapos. O transporte público também é um problema no bairro. “Das 5 e meia da manhã até as 19 horas, o ônibus demora mais de meia hora para aparecer” diz Nixon Sales, morador da comunidade há 25 anos. Pai de um filho de 3 anos, Sales teve que recorrer ao sistema de ensino particular. “Tem apenas uma creche no bairro, mas é superlotada. As filas por vaga são muito grandes”, desabafa. Já característico no bairro é o escadão precário, construído há 23 anos por um mutirão de moradores. Quem usa o escadão, que liga as Ruas Recife e Ana Sierra Diniz, aguarda uma promessa de quatro anos da Prefeitura de Franco da Rocha de que seria arrumado. Mas segundo José Luís da Silva, um dos participantes do multirão do escadão, a situação de descaso é antiga. “Sempre aparece um
candidato que fala que vai arrumar, que vai dar jeito na situação, mas passando as eleições todo mundo some e continua a mesma coisa”, completa o morador. Sales diz que o local é palco de promessas políticas. “Existe muita desigualdade. Faz muitos anos que ninguém olha por ali. Os candidatos vão apenas para pedir voto, não para se identificar com os problemas das pessoas”, completa. O estado precário do acesso é comentado por Francisco Flor da Silva, morador há 15 anos no local. “Está muito ruim, todo quebrado, precisa fazer um novo”, diz. Segundo ele, em dias de chuva o escadão fica escorregadio e perigoso. “Fica impossível andar, várias pessoas já se acidentaram aqui”. Outro fator que traz preocupação para os moradores é a falta de iluminação na travessia. “A noite aqui é muito perigoso, fica bastante escuro, estudantes utilizam o escadão pra voltar da escola e correm muitos riscos”, finaliza Silva.
Nixon mostra o escadão precário que a população tem que usar
Voith e SENAI oferecem cursos técnicos Uma parceria entre o SENAI Jorge Mahfuz, em Pirituba, e a Voith promove cursos profissionalizantes de soldador de solda elétrica e oxiacetileno, montador de estruturas metálicas, e de auxiliar de manutenção. Os cursos, que visam capacitar o jovem para ingressar no mercado de trabalho, têm início em outubro de 2012, e duração de três meses. Os interessados podem se inscrever a partir do dia 21 de maio até o dia 1º de junho.
Requisitos
• Ter entre 18 e 22 anos; • Ensino médio completo; • Morar nos bairros de Jaraguá, Pirituba, Perus, Freguesia do Ó, Brasilândia, Cachoeirinha, e nos municípios de Caieiras, Osasco, Franco da Rocha, e Francisco Morato.
Informações
vppprojetopem@voith.com.br (11) 3944-5316, das 12h30 às 16h30
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Obras viárias viram problema para moradores de Franco da Rocha Nos últimos meses, a região sofre com os transtornos provocados pelas obras nas rodovias e os perigos em vários de seus acessos.
Trafegar pelas estradas que ligam Franco da Rocha a outros municípios tem sido um exercício de paciência e coragem pra os motoristas. Na SP-23, por exemplo, que leva a Mairiporã, os veículos ficam enfileirados aguardando durante vários minutos sua vez para passar na faixa única instalada em alguns trechos da via. “O siga e pare que implantaram lá é complicado no horário de pico. Fica um trânsito terrível. Também tem lugar que depois da obra o acostamento encolheu, quase nem dá para encostar o carro”, disse Pedro Henrique de Oliveira, que utiliza
a estrada todos os dias. Alguns pontos da estrada chamam a atenção pelo perigo que impõem aos motoristas. Nas entradas do Parque Vitória, do Parque Pretória e da Vila Machado, há um fluxo muito grande de moradores e acessos inseguros. Os carros atravessam a pista logo após a curva, o que prejudica a visibilidade e coloca em risco a vida de quem está por perto. “Vindo de Mairiporã, muitas vezes já dei de cara com um ônibus. Tive que frear de repente e quase que aconteceu um acidente”, afirmou Oliveira. “Se houvesse um trevo por ali, tudo seria mais fácil. Mas preferem construir o trevo para facilitar a entrada num hotel que tem mais lá para frente”, concluiu. dividem a opinião dos moLigação a Jundiaí toristas. O ponto de maior Na Estrada Velha de Cam- impasse é a rotatória que pinas, Franco da Rocha a fizeram naquele espaço. De Caieiras, Francisco Morato, até acordo com Mário Sérgio Jundiaí, as obras de melhorias Brito, que mora em Franco
Trânsito na SP-23, que liga Franco a Mairiporã
e trabalha em Jundiaí, a rotatória ficou pequena e impede a passagem de veículos grandes. “Caminhões e carretas não conseguem fazer a curva e muitas vezes passam por
cima. Sem contar carros que vêm em alta velocidade e não conseguem contornar. O certo era fazer um trevo mesmo, com alças de acesso nas duas direções”, explicou.
Prefeitura diz não ter dinheiro para asfaltar rua do Lago Azul
Rua Antônio Amario Ortiz precisa urgentemente de pavimentação
Principal avenida do bairro do Lago Azul, a Antônio Amario Ortiz, deve continuar com seus aproximadamente três quilômetros sem asfalto por tempo indeterminado. Para Eliza Rodrigues, que mora no bairro há 44 anos, o problema é que a prefeitura não confirma se tem verba necessária para fazer a obra. “O prefeito, o vice-prefeito e os vereadores disseram em reunião aqui no bairro que não existe verba para fazer a obra. Mas não tem dois meses que nos disseram que a verba existia”, desabafou a moradora. O local é a principal via de acesso da linha do ônibus Lago Azul Ortiz. A falta de pavimentação complica muito o trânsito dos coletivos na região. Além de balançar e causar desconforto nos passageiros, os ônibus ainda
levantam poeira. “O ônibus vai sacudindo muito por causa dos buracos e sempre chego passando mal no hospital por causa do trajeto. E quando não chove é o pó acumulado que faz mal para a saúde de todos os moradores”, contou dona Diomar. A demora no cumprimento da promessa de asfalto gera um sentimento comum em vários moradores do Lago Azul. “Eu já perdi todas as esperanças (do asfalto). Acabei me acostumando com a situação. Agora luto pelos meus filhos e netos”, lamentou Adilson Rodrigues. O bairro também acumula outros problemas que a prefeitura não soube responder quando serão solucionados. Além da falta de asfalto, existem trechos de ruas sem iluminação e outros que enchem toda vez que chove um pouco mais forte.
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Maternidade pede socorro Prefeitura de Franco da Rocha ignora pedido de ajuda financeira para continuar atendimento médico
Maternidade de Caieiras pede mais recursos para atender gestantes de toda a região
Na última semana, o prefeito de Caieiras, Roberto Hamamoto, declarou que a maternidade da cidade não tem dinheiro para arcar com seus compromissos. O orçamento anual estimado em R$ 3,1 milhões ainda é considerado pequeno para a unidade. O prefeito chegou a pensar na hipótese de barrar o atendimento de quem vem de fora. “Seria o caso de restringir apenas para atender gestantes de Caieiras, mas não podemos fazer isso”, afirmou. Para colocar as contas em dia, Hamamoto acredita que o Estado e as prefeituras vizinhas deveriam contribuir mais. “Preciso de ajuda porque estou bancando os partos que não são de Caieiras. Preciso de apoio e parceria dos prefeitos da região nessa solicitação de verbas”, disse. A maternidade é a única da região e atende milhares de pessoas. O pedido, porém, foi
ignorado pela prefeitura de Franco, que ainda não se manifestou sobre o assunto. A população sabe que a falta de investimentos pode piorar o atendimento em Caieiras e até fazer com que não haja mais investimento. Julli Santos é moradora de Franco da Rocha e está grávida de nove meses. O bebê pode nascer ainda esta semana. Ela ainda não sabe se terá o filho em Caieiras, Francisco Morato ou em São Paulo. O que ela sabe é que não terá como o filho nascer em Franco. “Eu me sinto mal com isso, nunca vi uma cidade sem maternidade”, contou Julli. Franco da Rocha tinha uma maternidade. Desde 2009, quando os partos foram transferidos pelo governo do Estado para Caieiras, a maioria das crianças não pode ser considerada franco-rochense, porque nascem na cidade vizinha. Isso representa uma perda
inestimável para a cidade. O motivo da mudança, segundo a secretaria de Estado da saúde, é que em Caieiras as mães e os bebês poderiam ter mais conforto. Para a população, a perda
da maternidade para Caieiras representa uma perda da identidade com a cidade. O grande problema enfrentado é encontrar um sentido de pertencimento, já que na cidade tem moratense, caieirense,
paulistano, e nascidos em tantas outras cidades, mas são poucos os genuinamente franco-rochenses. “Se tivesse uma maternidade boa na cidade eu certamente teria meu filho aqui”, completou Julli.
“Se tivesse uma maternidade boa na cidade eu certamente teria meu filho aqui”. Julli Santos, 21, grávida de nove meses, e moradora de Franco
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Reforma da Praça da Paradinha é retomada Após pressão da imprensa e abaixo assinado dos moradores, as obras de recuperação da praça tem novo início; agora, a discussão é sobre o fechamento ou não do antigo Posto Policial, que será transferido de local
Depois de mais de um ano completamente destruída, a Praça da Paradinha tem o início de suas obras. Matérias na rede Globo de televisão denunciaram o estado em que se encontrava o local, que agora ganhará novos ares. O que acontecia anteriormente à demolição da antiga praça foi o que motivou moradores a procurarem a ajuda da administração municipal para resolver o problema enfrentado. “A praça estava com o seu piso todo solto, e como aqui nós temos a feira aos sábados e estavam acontecendo muitos acidentes com os moradores que frequentam a feira. Principalmente com as pessoas mais idosas”, revela Adão, de 60 anos, morador e comerciante do bairro. Para conseguir isso, os moradores recorreram a um abaixo assinado. “Conseguimos mais
AQUI TEM
de 400 assinaturas para que a nossa praça fosse arrumada, mas até agora nada aconteceu”, explica o morador.
Mudança do posto causa revolta
Com o andamento das obras, outro problema surge na vida dos moradores: a provável demolição do Posto Policial, que diminuiu o índice de criminalidade.A possível mudança do local de funcionamento do posto causa calafrio nos moradores. “Querem desativar e construir um novo para funcionar ao lado da escola. O nosso medo é que após desativarem que não seja de fato construído um novo. Nós não temos nada contra a mudança de lugar do posto, mas que o novo esteja em funcionamento para depois destruírem o antigo” desabafa Adão. O vereador George (PT), também morador do bairro,
Vereador George pede que posto não seja fechado
garante que está na luta junto com a comunidade para que o posto seja mantido. “Eu não só defendo a permanência do posto como também cobrei na prefeitura para que
construam o novo posto para desativarem e demolirem o antigo”, afirma. Os moradores prometem mobilização e um abaixo assinado pode ser encaminhado até o
gabinete do prefeito. “Além da segurança esse posto tem uma força simbólica muito grande. Representa toda a luta da comunidade”, finaliza o vereador.
Esta nova seção do Locomotiva é dedicada ao comércio de Franco da Rocha, o mais forte da região. Em cada edição, vamos mostrar um produto ou serviço que é prestado aqui, do lado de casa.
Chiquinho mãos de tesoura Francisco Osório atende no mesmo local há mais de oito anos e mantém clientes fiéis em seu salão
Há três anos, Francisco Pereira Osório Filho, 43 anos, conseguiu realizar de ter o seu próprio negócio. Chiquinho, como é conhecido, comanda seu salão de cabeleireiro trabalhando de domingo a domingo para atender seus clientes. Seu preço cabe no bolso de todos: Apenas R$ 5,00 o corte unissex. Dos diversos cortes que fazem sucesso, o predileto dos meninos e adolescentes é o moicano. “A garotada
vê o cabelo do Neymar e vêm atrás para fazer o mesmo corte. Mas cortes mais tradicionais, como os de estilo militar, são clássicos e ainda tem bastante saída”, explica Chiquinho. Além de cortes, o salão oferece serviços de relaxamento, pintura de cabelo e faz barba e bigode. Com uma média de mais de oitenta cortes diários, o cabeleireiro explica que a fórmula do sucesso de seu empreendimento é a
amizade. “Sou amigo de todos os meus clientes, têm uns que já cortam comigo há mais de oito anos. Vem gente dos mais distantes bairros para cortar o cabelo aqui”, orgulha-se. Chiquinho Cabeleireiro, Avenida Sete de Setembro, número 620, Vila Martins, Centro de Franco da Rocha, em frente à academia Physical.
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114 anos de histórias
Inaugurado em 1898 pelo Doutor Franco da Rocha, Hospital mudou os rumos dos tratamentos psiquiátricos
Construção do manicômio central do Hospital em meados de 1900
O Juquery completou 114 anos no dia 18 de maio. Idealizado pelo Doutor Franco da Rocha no século retrasado, a partir dele se desenvolveu toda a cidade que conhecemos hoje, herdando inclusive o nome de seu fundador. Implantado entre 1895 e 1917,
Pátio interno de uma das clínicas do Hospital Central do Juquery
o hospital já foi referência de vanguarda no Brasil e no mundo no tratamento de doentes mentais, e funcionava como uma grande cidade autônoma, com produção de todos os recursos para se sustentar. Os municípios que hoje o cercam apenas
engatinhavam nessa época. Chegou a abrigar 15 mil internos em seus domínios. Os tempos hoje são outros. Os tratamentos evoluíram muito, e hoje a ideia de encarcerar pessoas com distúrbios é apenas passado. Ao complexo, foi anexado o Parque
Escadaria e prédio da administração
Estadual do Juquery, uma das últimas reserva de cerrados de mata atlântica existentes. Mas contar a história do maior hospital psiquiátrico que o Brasil já teve é um grande desafio, impossível de uma só vez. A partir da próxima edição, o jornal Locomotiva iniciará
uma série de reportagens sobre o complexo, resgatando momentos importantes de sua história, seus personagens e fatos marcantes. Nessa primeira matéria da série, o jornal traz fotos históricas do complexo. Parabéns Juquery!
Casa do Doutor Franco da Rocha, na entrada do complexo
Universidade Federal no Juquery
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NOSSA GENTE
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Nesta seção vamos registrar as histórias, os “causos”, a vida dos homens e mulheres que fizeram e fazem, a cada dia, a nossa cidade.
A menina do jardim Sueli viveu no Juquery por 45 anos cheios de histórias e amores
A história de Sueli Donola e do Parque Juquery acontece de maneira curiosa. Nascida na cidade paulista de Tupã em 29 de maio de 1944, vinha para São Paulo passar férias na infância. Ao parar na então estação de trem Juquery, apaixonou-se pela vista do jardim do parque. “Era tão colorido. Foi amor à primeira vista”. Ouviu uma brincadeira do maquinista: “Estação Juquery: quem é louco fica aqui”. Ainda não sabia, mas passaria a maior parte da vida trabalhando dentro do gigantesco complexo. Em 1967, formada em contabilidade e exercendo a profissão em um colégio de Santo André, encontrou uma vaga para
SOCIAIS
trabalhar no hospital. Lembrou do jardim, e se candidatou. “Era para atendente hospitalar. Não fazia ideia de qual eram as funções”, conta. Trabalhou em muitos setores diferentes, mas leva lembrança especial do período em que ficava no ateliê onde os internos faziam arte terapia no final da década de 70. “Deixavamos os internos livres para criação, sem sugerir nada. Saiam trabalhos impressionantes”. Os que mais a impressionaram eram das pinturas de Aurora Cursino. “Ela conseguia transmitir na sua obra muita sensibilidade. Elas me emocionam ainda hoje”. Qualquer que fosse o trabalho, Sueli sempre encontrou um
Nesta seção, traremos sempre as pessoas, lugares e eventos que brilham na vida social de nossa cidade e região.
Aniversariantes
Laercio Carvalho,
12 de maio
Mario Maurici,
15 de maio
Tatiani Augusta,
18 de maio
Katiane Sobral,
20 de maio
tempo para visitar seu jardim. Ali era onde recarregava suas energias. Fez grandes amigos, mesmo entre os internos. O mais especial deles, conhecido como Carlito, ganhará matéria especial na série de reportagens do jornal Locomotiva sobre o complexo e suas histórias. Conheceu ali seu marido, casou-se, teve 3 filhos e hoje tem um neto. Sueli se aposentou dia 13 de março deste ano, mas ainda não se acostumou com a ideia de deixar o parque. “Ainda venho aqui, quase todos os dias”, diz com o olhar da menina apaixonada pelo lugar. “Minha vida aqui foi muito boa. Aprendi a entender pessoas e seus sentimentos. Era aqui meu lugar mesmo”.