Locomotiva Puxando o assunto, trazendo o debate, levando informação 2 de junho de 2012 - sábado - nº 69 - Distribuição Gratuita
Cadê o ônibus que deveria passar aqui? Moradores reclamam que ônibus não entram nos bairros, demoram para passar e Prefeitura não resolve problema| Pág 5
Renê do Bar tem sempre um petisco a preço honesto e uma cerveja gelada | Pág. 6
Os encantos das árvores e flores que habitam o Juquery| Pág. 7
Entrevista com o delegado de polícia Dr. Nivaldo| Pág . 7
As histórias de Fátima Pelizari, professora há 32 anos | Pág . 6
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NOS TRILHOS
Locomotiva
EDITORIAL
A
Constituição Brasileira, em seu quem disse que ônibus são constitucionais? É artigo 5º, parágrafo XV, deter- verdade. Não são. Mas à medida que bairros mina que todos os cidadãos têm são legalizados pelos poderes públicos, deveo direito de ir e vir. Já o parágrafo XXXIII ria ser automático o transporte dito público. do mesmo artigo estabelece que todos têm Afinal, é normal andar a pé por quilômetros Fora de de ordem ideológica e à informação pelos órgãos públicos, para ir à escola ou ao trabalho? partidária. O seu diretor de direito contexto sobre assuntos individuais e coletivos. Quanto à transparência dos atos públicos, Habitação e Planejamento A Prefeitura Nesta edição trazemos duas matérias que todos desejam que ela seja total. Prefeituras, afirma que “(...) correm Municipal de Franco demonstram o não cumprimento desses dis- estados e a união precisam praticá-la diuturboatos de que partido de da Rocha continua, positivos legais, especialmente o segundo que, namente, sob risco de serem desacreditadas. oposição está trabalhando teimosamente, além de tudo, tem nova ordenação jurídica. Quando saberemos, sem a burocracia nos bastidores para que afirmando que a nova a obra não saia”. É uma Contra o livre direito de ir e vir, temos dos papéis protocolados, quanto de nosso estação e as obras de bairros onde não há transporte público, o que dinheiro vai para cada despesa? Ou esses mera opinião, sem respaldo revitalização do centro na realidade, dentro de impede o deslocamento de pessoas. Ah, dirão, dados são impublicáveis? não saem por culpa do um órgão público de Governo Federal. Ainda informação. O uso da não caiu a ficha. Nem na eleição já está os imóveis pertencentes máquina à própria CPTM foram em prática. reintegrados, e muito menos demolidos. E o que importa? Já a informação que toda quer, e que Fase de delírio população a nova Lei de Acesso à Afirma também Informação regulamentou, que “projeto técnico a de que a prefeitura deve da revitalização e colocar no site todos os urbanização da Rua seus gastos, incluindo a Angelo Sestini está de funcionários e o pronto e a sua execução lista seus salários, nenhuma depende somente linha. Quando a realidade do Governo federal disponibilizar o imóvel se impõem, se calam. da extinta RFFSA, onde estão os boxes”. Aguarde! Nenhuma informação Para terminar a série de sobre a obtenção do notas relativa ao site, uma financiamento para pérola: no item Agenda a obra e nem sobre a Cultural, temos: “Principais concorrência. A própria eventos agendados para CPTM já informou 2012: Em breve informações que a nova estação só para os eventos deste ano”. estará pronta em 2014, mas nem isso tira a Empregos prefeitura da fase de A Prefeitura divulgou dois delírio. editais de concurso público De segunda a sexta-feiO motivo de todo esse Os motoristas reclamam, para 143 vagas em cargos ra, sempre no fim da tarde, o trânsito são as interminá- mas não há nada que mude de nível médio/técnico e Uso eleitoral cenário é o mesmo no viaduto veis obras na estrada que liga essa realidade. Carros em Os salários vão Como se não bastasse, superior. que atravessa a linha do trem Franco a Mairiporã. Os “siga fila única do centro da cidade R$ 687 a R$ 5.411,29. As o site da prefeitura, de inscrições podem ser feitas no centro de Franco da Rocha. e pare” distribuídos ao longo de até Vila Ramos. Um trajeto caráter institucional e Carros, ônibus e caminhões da estrada contribuem para normalmente feito em cinco 28/05 a 8/6 pelo site pago com dinheiro do de completamente parados. o cobgestionamento. minutos chega levar até 25. www.viclamtreinamento. povo, agora dá palpites com.br.
Está tudo parado!
Expediente Locomotiva é uma publicação
Tiragem: 50 mil exemplares
semanal da Editora Havana Ltda. ME.
Redação: Pedro Pracchia e Thiago Lins
Circula em Franco da Rocha,
Projeto gráfico: Feberti
Caieiras, Francisco Morato,
Diagramação: Vinícius Poço de Toledo
Mairiporã e região.
Todos os artigos assinados são de responsa-
E-mail: jornallocomotiva@gmail.com
bilidade de seus autores e não representam,
Impressão: LWC Gráfica e editora
necessariamente, a opinião do jornal.
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Dr. Nivaldo, delegado e político que gosta de ideias inovadoras
Como foi o seu envolvimento na política? Como nasci e morei em Franco da Rocha, tenho muitos amigos na cidade. Sempre gozei de bom conceito por aqui. Filiei-me ao PMDB e lá estou. Na eleição de 2000, fui eleito vice-prefeito. E hoje, como está sua situação no partido? Com muita alegria fui convidado a ser candidato a vice-prefeito novamente. O anúncio deve ser ratificado na convenção do partido. Dessa vez, fizemos aliança com o PT, que tem o Kiko como pré-candidato. Tive vários encontros com ele. Não tinha uma convivência, mas fui conhecendo
aos poucos e me surpreendi positivamente. Ideias arrojadas, a vontade própria da juventude. E os projetos que ele tem para a cidade acabaram fazendo com que eu aceitasse.
dissesse que não houve progresso. Mas foi menor do que a cidade exige. De 10 anos para cá houve progresso, inclusive em arrecadação. Quando terminou o mandato de vice, em 2004, a prefeitura tinha orçamento
Nascido em Franco da Rocha, Nivaldo da Silva Santos, 59 anos, é hoje delegado da Seccional de Franco da Rocha. Mas sua história na polícia teve início há 36 anos. Foi investigador, trabalhou no Deic (Departamento de Investigação sobre Crime Organizado), e na Delegacia de Homicídio antes de passar no concurso para delegado, em 1984. Também tem história na
política. Filiado ao PMDB por longos anos, foi vice-prefeito da cidade entre 2001 e 2004, durante o governo de Roberto Seixas. Recusa o rótulo de conservador e diz que ideias inovadoras são sempre bem vindas para fazer a cidade se desenvolver. “Posso até parecer conservador por aplicar as leis, mas eu nunca fiquei preso a ideias. Sempre aprendo coisas novas”.
pode contar com diversas obras financiadas pelo governo federal, as pessoas ganham o bolsa família e tudo isso influencia também o comércio da cidade, que cresceu bastante e ainda tem muito para se desenvolver.
tivemos problemas de violência anos atrás. Quando disputei a eleição era uma época muito complicada. A polícia trabalhou bem e identificou as agressões, como morte de vereadores, morte de empresários. A partir dessa ação, tudo acabou melhorando aqui na cidade. Eu acho que as pessoas estão mais conscientes de que a política não pode acontecer desse jeito. O trabalho policial na cidade vai conseguir conter qualquer tentativa de violência. A tensão é até um pouco natural quando chega perto da eleição, mas nós temos que tomar cuidado para não descambar as questões políticas para a violência física.
Essa inovação não contrasta com o perfil conservador “Temos que tomar de um delegado? Não concordo que delecuidado para não gado seja um conservador. descambar questões Pela formação jurídica ele se atenta às leis. Posso até políticas para parecer conservador por a violência” aplicar as leis, mas eu nunca fiquei preso a ideias. Sempre aprendo novas coisas. de R$ 60 milhões. Hoje Como delegado, o que o está quase R$ 170 milhões. senhor tem a dizer sobre Como o senhor vê a evo- Acredito que boa parte disso a relação entre política e lução política de Franco nos deve-se aos acertos econô- violência na cidade? últimos anos? micos e sociais dos governos O que causa uma mancha Estaria exagerando se Lula e Dilma. A cidade hoje em Francod a Rocha é que
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Moradores reclamam que Prefeitura não tapa buraco que já fez aniversário A rua fica a cada dia mais estreita com a ampliação da cratera; perigo de queda é constante no local
Moradores em frente ao buraco que tem mais de dois anos
Uma erosão compromete o tráfego na Rua Elvira Vicente Gaborim e coloca em risco os moradores do Jardim Alice. Já são mais de dois anos desde que a cratera surgiu na rua. O problema começou com o excesso no número de caminhões que
jogavam lixo e entulho no local. Com as fortes chuvas, o asfalto não suportou e ruiu, desbarrancando e atingindo a via de baixo, Rua Milton José Mourão. Segundo moradores, o prefeito e vereadores visitaram o local há quatro meses, mas nada foi feito.
“Garantiram que tinham dinheiro extra para fazer a obra, mas ficou tudo no papo”, diz o pedreiro José Araújo Barreto, de 52 anos. A via chegou a ficar interditada por três meses, mas logo voltou a atividade. ”Os caminhões voltaram a
passar por aqui. Como a rua agora esta mais estreita, eles ainda passam por cima da calçada, quebrando as guias”, revela o pintor Luís Francisco de Oliveira, de 53 anos. Nenhum acidente grave foi registrado ainda no
lugar, mas o medo é parte do cotidiano dos moradores. “Nunca ninguém se machucou, mas com a volta das chuvas não sabemos o que pode acontecer com quem passa por aqui”, afirma o metalúrgico Tiago Pereira, de 27 anos.
Barranco no Jardim Cruzeiro
O barranco causa medo nos moradores
Medo, preocupação, abandono, são os sentimentos dos moradores da Rua Delfina Mendes Faria, no Jardim Cruzeiro. Há mais de uma década, parte da rua desabou, colocando em risco a vida de quem mora na beira do buraco. Até agora, nada foi feito. “Nos meses de chuva todos ficam muito preocupados. Todo ano é a mesma coisa. Sempre algum vizinho acaba sofrendo com os deslizamentos de terra. É normal ver os
moradores reconstruindo os muros das casas”, conta o motorista Edvaldo Ferreira. Além do risco de desabamento, os moradores ainda temem algum acidente quando vêem as crianças brincando perto do buraco. “Elas descem pelo barranco pra brincar no meio do mato, ou pra buscar pipas. Corre o risco de pegar alguma doença ou até mesmo de serem picadas por cobras”, diz a cozinheira Valquíria do Amaral.
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Falta de ônibus é motivo de reclamação em vários bairros Depois que o problema foi mostrado, moradores procuraram o Locomotiva para relatar problemas
Nesta semana, o SPTV, da Rede Globo, noticiou que os moradores do Parque Santa Delfa já não sabem mais o que fazer para terem uma linha de ônibus que atenda o bairro. Cerca de 1,5 mil
pessoas são afetadas pelo problema e têm de andar longos trajetos todos os dias para pegar o ônibus que leva ao centro de Franco da Rocha. O drama vivido por estas pessoas não sensibilizou a
Prefeitura, que disse que ainda vai estudar a possibilidade de instalar uma nova linha de ônibus no local, mas sem dizer o modo e a data para resolver a situação. O Parque Santa Delfa
não é o único que sofre com este tipo de descaso. Denúncias de abandono do poder público também chegaram de outros locais da cidade. Faltam ônibus também nos bairros Parque dos Eucaliptos, Vila
Leópolis e Portal das Alamedas, por exemplo. Em comum, têm o descaso por parte da Prefeitura e respostas evasivas sobre prazo para resolução deste problema que tira o sono da população.
Portal das Alamedas Quando se fala em Portal das Alamedas, logo pensam no grande condomínio fechado que se instalou perto da rodovia Tancredo Neves. Só que beirando a propriedade privada tem o bairro que sofre muito com a falta de infraestrutura. Ruas esburacadas, sem iluminação e sem asfalto são só alguns dos obstáculos que os moradores precisam enfrentar para chegar ao ponto de ônibus. O local mais crítico é uma trilha de terra que
liga o bairro até o Jardim União. São 10 minutos de caminhada em mato fechado e com o perigo de ataques de cobras. “Aqui no meio do mato é cheio de bicho. A gente merecia uma rua decente para andar”, diz o moleiro Albertino dos Santos. “Eu tenho que caminhar 50 minutos até chegar ao ponto. Se tivesse uma linha aqui no loteamento seria muito melhor”, completa a vigilante Sandra Regina.
Rua de terra que leva moradores até o ponto de ônibus
Bairro Leópolis
Moradores andam em ruas esburacadas
Apenas uma linha de ônibus para servir todas as pessoas que moram no bairro Leópolis. E cada veículo só passa de hora em hora. Quem pega de manhã e de noite para trabalhar sabe a dificuldade que tem para chegar na hora. “Tem gente que anda mais de 20 minutos em uma rua
de terra, deserta e sem iluminação para chegar ao ponto, que fica no trevo da pista. Dá muito medo de passar por ali”, diz Adriana de Brito. As ruas estreitas e de terra não permitem que novas rotas de ônibus sejam criadas para atender ao bairro. Antes disso, obras de urbanização
Parque dos Eucaliptos O Parque dos Eucaliptos é um bairro fica na divisa de Franco com Caieiras. O afastamento acaba gerando problemas para quem precisa pegar o trem ou fazer alguma coisa no centro da cidade. Para chegar ao ponto de ônibus são quase 25 minutos, e o veículo costuma passar uma vez por hora. Isso quando não atrasa. “Tem quem não aguenta esperar tanto tempo e acaba indo a pé para a estação”, afirma Justino Meirelles.
Existe também a opção de pegar o ônibus intermunicipal. Só que o preço é maior e nem todos podem pagar a diferença todos os dias. Outro complicador é o perigo de onde o ponto está instalado. Para chegar nele os moradores têm que atravessar a rodovia. “Não dá para atravessar em horário de pico”, diz. Segundo moradores, nunca houve uma linha de ônibus que atendesse o bairro.
Ônibus passam de hora em hora
teriam de ser feitas para deixar o local propício. Mas uma solução simples e de baixo custo já atenderia aos anseios da população. “Se os ônibus passassem com menor tempo de intervalo e as ruas de acesso à pista fossem mais claras já seria muito melhor do que é hoje”, completa.
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Informações sobre gastos ainda são omitidas no site da Prefeitura Na página, relatório de gastos ainda datam de março; Em Caieiras problema técnico complica acesso
Uma semana depois do jornal Locomotiva informar que a Prefeitura de Franco da Rocha ainda não cumpria o que foi determinado na Lei de Acesso à Informação, que passou a vigorar no mês passado, a página do órgão na internet ainda não providenciou a atualização dos dados. A informação mais recente na página de transparência é do mês de março e, mesmo assim, contém informações parciais das despesas. Não há explícito o que foi gasto com funcionários, por exemplo. Isso é lei e deve ser publicado. Como ocorrido na semana anterior, as ligações do jornal para a Prefeitura, a fim de esclarecer por que as informações ainda não estão disponíveis, não
AQUI TEM
foram atendidas. A cidade de Caieiras era uma das poucas da região em que o sistema estava funcionando no início da semana. O site trazia informações como, por exemplo, gastos com licitações e os valores pagos a cada servidor público no mês de maio. Três dias depois da primeira consulta aos salários dos funcionários públicos, a página saiu do ar. Até o fechamento desta edição, ela ainda não havia voltado. As demais páginas, no entanto, seguem disponíveis para a consulta da população. A assessoria de imprensa da Prefeitura de Caieiras disse, por telefone, que o problema pode ter sido originado por uma falha técnica no sistema e que deveria ser corrigido em breve.
Lei de acesso à informação
Caieiras Páginas mostram os gastos da Prefeitura com licitações e outras despesas. Lista com os nomes e salários dos funcionários está fora do ar.
Franco da Rocha A Prefeitura ainda colocou informações no site da transparência.
Esta nova seção do Locomotiva é dedicada ao comércio de Franco da Rocha, o mais forte da região. Em cada edição, vamos mostrar um produto ou serviço que é prestado aqui, do lado de casa.
Petisco, tira-gosto e música no fim de tarde Renê do Bar faz sucesso com seus pratos bem servidos, cerveja gelada e sons que agradam a todos os clientes
Comerciante na cidade há 20 anos, Renê Dias Teixeira, 41 anos, é proprietário de um Restaurante e Bar na Avenida da Saudade, no Jardim Progresso. O gosto pelo comércio vem desde que chegou à cidade, quando ainda era um jovem. “Cheguei a Franco da Rocha, vindo da Bahia, em 1987 e comecei a trabalhar no Mercadão da Lapa. Percebi que levava jeito e resolvi abrir o meu próprio bar em 1992”, conta Renê. O Renê Restaurante e Bar funciona de segunda a
sábado, das 9h até o último cliente. O almoço é servido todos os dias no sistema self-service. “É o menor preço da região”, garante o comerciante, que cativa os clientes pela boca e pelo estômago. Cada refeição custa R$ 8 e não tem limite, pode comer à vontade. O almoço faz sucesso, mas é no fim da tarde que o local começa a encher. “O pessoal gosta de vir à noite pra bater um papo, e tomar uma cerveja com os amigos tranquilamente. Tenho clientes
até de outras cidades”, revela. O bar oferece várias opções de porções e tira-gosto preparados no capricho para acompanhar um gole e outro. A diversão também é garantida com um jukebox tocando a música a gosto do freguês.
Renê do Bar Av. da Saudade, 1333, Jardim Progresso. Segunda a sábado, das 9h até o último cliente.
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Os jardins da mata O complexo do Juquery é peculiar no mundo por estar no meio de uma área de preservação ambiental. Os limites do hospital não são cercas ou muros, mas a mata virgem. Cascavéis, espécie de cobra venenosa, são comuns por ali. É a última área do estado de São Paulo que possui cerrado de mata atlântica. Aliás, o nome tupi guarani vem de uma planta que tinha em abundância nas margens do rio que corta o complexo. Em 1993, quando Marcelo Torelli assumiu a função de engenheiro agrônomo, chegou a trabalhar um período com laborterapia em hortas. Ali, os internos colocavam a mão na massa e conseguiam renda com as verduras que vendiam. Na etapa final da criação de bovinos que por anos alimentaram os pacientes e funcionários, os animais eram mantidos apenas para gerar esterco para as
plantações. As hortas e pomares acompanham o Juquery desde sua criação. “Quando Franco da Rocha idealizou o espaço, o Brasil ainda era inteiramente rural. Em torno de cada colônia de pacientes tinha uma plantação de verduras e árvores frutíferas, com jabuticas, goiabas, limões, laranjas e mexericas de tipos variados”, diz Marcelo, engenheiro agrônomo do Juquery. As colônias isolavam os pacientes do resto do complexo, embora muitos deles tivessem livre acesso ao espaço. Por muito tempo, viveiros de plantas existiram espalhados pelo parque para fazer uma manutenção mais racional da expansão das mudas. A proximidade com mata selvagem proporciona rica fauna, com diversidade de pássaros, esquilos, quatis e veados, que espalham sementes pelo local e fazem nascerem árvores em lugares impróprios para sua
existência, como embaixo de outras árvores ou em meio as construções. “A natureza se reproduz de maneira desordenada. Dá muita dó cortar, mas é preciso”, diz o engenheiro. Entre as plantas mais comuns estão tipuanas, espatódias, bromélias, pau ferro e cibipiruna. Até um pé de mogno é encontrado por lá. Próximo à primeira colônia, em meio as jabuticabeiras centenárias está um Cambucá, arvore de tronco alaranjado rara no parque. “Ele foi plantado junto com as jabuticabeiras, por um feliz engano. Hoje temos um trabalho de espalhar mudar pelo parque. Por sorte ela se desenvolveu aqui”, comemora. Na construção do hospital novo, existiu a preocupação de se cortar o menor número de árvores nativas possível. “Não foi gasto um centavo com paisagismo, ele já estava todo ai”, brinca Marcelo.
Magnólias Uma das mais antigas árvores plantadas no complexo. As que restaram têm mais de 100 anos.
Figus Microcarpa Consumo nem impróprio, nem aconselhado. Muitos internos devem ter comido a frutinha.
Ipê Roxo de bola Quase na entrada do complexo, um florido exemplar da planta.
Tipuana e epífetas É das árvores mais comuns no Juquery. Na foto, o tronco tomado por epífetas.
Gerivá Espécie de palmeira grande, responsável por atrair maritacas.
Yuquery Nome origina numa planta conhecida como “Dorme Maria”.
Universidade Federal no Juquery
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NOSSA GENTE
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Nesta seção vamos registrar as histórias, os “causos”, a vida dos homens e mulheres que fizeram e fazem, a cada dia, a nossa cidade.
Uma vida dedicada a educação Professora há 32 anos, Fátima Pelizari traz na lembrança os fatos que contribuíram para sua formação acadêmica
“Todo mundo quer ser professor quando pequeno”. A frase se aplica bem a Fátima Pelizari, de 57 anos, professora há 32. Na época em que entrou na faculdade de biologia, o caminho era seguir a vida acadêmica. Mas após preparar uma aula para alunos do Ensino Médio, se apaixonou pela coisa. Na sua vida profissional, deu aulas para alunos de 11 a 70 anos. Dos professores que leva na memória, lembra de dois com carinho especial. “A professora Edinir, no Befama, me despertou a paixão pela biologia. Mas meu grande mestre foi o professor Timochenko, de português no Ensino Médio. Na época
SOCIAIS
Nesta seção, traremos sempre as pessoas, lugares e eventos que brilham na vida social de nossa cidade e região.
Aniversariantes
Alice Saouza,
Nathalia Alvarenga,
Vania Lima,
Gilson Ferreira,
Marilia Eliza,
Tania Bonvicini,
Vinicius Guberev,
Sueli Oliveira,
28 de maio
1 de junho
28 de maio
1 de junho
29 de maio
1 de junho
31 de maio
2 de junho
da ditadura, poucas pessoas falavam o que acontecia. Os jornais não diziam nada. Uma vez, vi andando na linha do trem policiais armados com metralhadoras, porque tinham pichado uma foice e um martelo (símbolo do comunismo) nas paredes de uma fábrica. Meu pai me disse pra ficar fora daquilo e que era coisa de adulto. “Mas o Timochenko furou essa mentalidade de cidade pequena e deu um panorama real do que acontecia naquele momento histórico do país”, relembra. Para Fátima, a função do professor é muito maior do que apenas transmitir o que está nos livros. “Nosso
trabalho é preparar o cidadão para a vida, em todos os sentidos. É preciso ser muito otimista, estudar muito, gostar do que se faz e principalmente, gostar muito de pessoas”. O que faz a profissão valer a pena é o reconhecimento dos alunos. Uma vez, ao ficar doente, uma aluna levava pratos típicos do nordeste em sua casa todos os dias, até que melhorasse. “Alguns alunos seguiram a mesma profissão, e outros se apaixonaram pela política. Tenho a consciência de que meu trabalho foi bem feito. Ser professora é na relação com o aluno. Mas a financeiramente ainda é muito desvalorizada”.