Locomotiva Puxando o assunto, trazendo o debate, levando informação 14 de abril - sábado - nº 62 - Distribuição Gratuita
Todas as acusações do prefeito Locomotiva inicia série sobre denúncias de corrupção e improbidade administrativa em Franco da Rocha | Págs 4 e 5
Ferrovia Perus-Pirapora
Maria-fumaça percorre trilha em meio à natureza| Pág 3 Faltam serviços básicos, asfalto e iluminação pública no Green Valley, que pede socorro| Pág 7
Após salvar irmã, herói e mãe morrem em incêndio |Pág. 6 Construção e reforma no Parque Paulista tem nome: Polido|Pág. 6 Projeto social Meninos do Parque reúne futebol e cidadania | Pág . 8
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NOS TRILHOS
Locomotiva
EDITORIAL
A
s premissas do liberalismo incluem bem público. Será que a diferença entre as a intervenção mínima do Esta- duas situações demonstra que aqueles que do, deixando para a sociedade defendem o liberal lema laissez-faire (deixa organizada as decisões que influenciam fazer) estão definitivamente com a razão? a vida dos cidadãos. Ninguém discorda Pode até ser, mas não há provas disso, pelo que o poder constituído muitas vezes é menos até hoje. Kassab na fita Nova placa ineficiente, burocrático, lento e dá margem Nos dois casos, há provas, sim, mas do O prefeito de São obras à corrupção. contrário. A ferrovia só foi possível graças Paulo, Gilberto Kassab de Em 3 de outubro de 2009 Nesta edição trazemos um caso no qual ao investimento de dinheiro público e durou (PSD), apesar de ter foi homologado pela CPTM a mão do Estado se faz desnecessária. A o que o mercado achou que era adequado. fechado apoio a José contrato para a reconstrução ferrovia Perus-Pirapora, outrora modifica- A corrupção comentada nas páginas 4 e 5 Serra (PSDB), para das estações de Franco da dora, com recursos públicos, da realidade mostra que, mesmo quando um dos partia prefeitura de São e Francisco Morato, de um bairro da metrópole São Paulo, e dos envolvidos defende o liberalismo como Paulo, não descarta a Rocha com a entrega prevista para depois abandonada pelos seus gestores, hoje regra, não são necessariamente as chamapossibilidade de seu 4/2/2012, no valor de R$ revive sem verbas públicas e exercita uma das “boas práticas” que imperam. Mais ou partido fechar com o milhões. E colocaram nova chance. menos na linha do ditado “Faça o que eu PT nos municípios da 65 as placas das obras nas Por outro lado, temos também nesta edidigo, mas não faça o que eu faço”. Ou esta região metropolitana. duas estações. Sem a obra ção, reportagem tratando do descaso com o frase estaria invertida? concluída, colocaram outra que fala do Plano Semana de Expansão Transportes em ação Toninho Lopes (PSD), Metropolitanos, com Quem sabe faz a hora presidente da Câmara serviços de energia elétrica, e Municipal de Franco da sem prazo para terminar. Rocha, em seu boletim eletrônico, manifesta Cobrança preocupação com a permanente manutenção do viaduto O prefeito Zezinho Donald Savazoni, que Bressane (PT), de não recebe nenhum Francisco Morato, investimento há muito disse que a estação tempo. não tem acessibilidade e condições mínimas segurança para a Crise na CPTM de “A estação Embora a demanda não população. foi construída há quatro pare de aumentar, o provisoriamente, tamanho da malha da anos, e não suporte para CPTM encolheu. Desde atendertem ao fluxo de o ano passado, 252 que chega a 40 quilômetros de trilhos pessoas, mil diariamente.” Afirmou estão à disposição de ainda que os secretários quem usa o sistema Jurandir Moradores da Rua ação do poder público. No condições de uso da rua – diariamente – extensão estaduais Fernandes e Edson Euclides da Cunha, na Vila domingo, dia 8, pegaram que já foi matéria neste 8,3 km menor do que Aparecido estão cientes da Olinda, em Franco da Rocha, ferramentas e foram à luta jornal. Bonito, e ao mesmo existia em meados de situação. “Desde o começo cansaram de esperar uma para melhorar um pouco as tempo triste. 2010. Ou seja, a rede meu mandato, em diminuiu cerca de 3%. do estamos cobrando Nos últimos dois anos, 2009, e acompanhando essa Campanha da Boa Visão no entanto, o número questão”, disse o prefeito. de usuários subiu 9,1%. Dia 17/04 das 9h às 15h - Consultas grátis Leninha, presidente da Associação Filantrópica do Parque Vitória, na Rua Bogotá, 52, ponto final, convida a todos para a 15ª Campanha da Boa visão. Apoio vereador Bebé
Expediente Locomotiva é uma publicação semanal da
Editor: Alessandro Soares
Editora Havana Ltda. ME.
Reportagem: Thiago Lins e Pedro Pracchia
Circula em Franco da Rocha, Caieiras, Francis-
Projeto gráfico: Feberti
co Morato, Mairiporã e região.
Diagramação: Vinícius Poço de Toledo
E-mail: jornallocomotiva@gmail.com
Todos os artigos assinados são de responsa-
Impressão: LWC Gráfica e editora
bilidade de seus autores e não representam,
Tiragem: 50 mil exemplares
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Uma centenária senhora de respeito Passeio na maria-fumaça da estrada Perus-Pirapora é uma viagem no tempo graças ao dedicado trabalho de preservação
“Meu nome é Paulo Rodrigues, 48 anos, comerciante e principalmente ferroviarista. Sou presidente do IFPPC (Instituto de Ferrovias e Preservação do Patrimônio Cultural), ONG responsável pela guarda e restauro da EFPP (Estrada de Ferro Perus-Pirapora”). Assim começa o relato do “Paulinho”, que a reportagem conheceu na manhã do último domingo em um inusitado passeio de trem em Perus, zona norte de São Paulo, na antiga ferrovia Perus-Pirapora, inaugurada em 1914,
que transportava operários, calcário e cimento da fábrica da região. Nada a ver com os trens de subúrbio, com os quais todos os moradores da região estão acostumados. Trata-se de uma curta viagem de seis quilômetros, com 1 hora e 30 minutos de duração, ida e volta, num carro de passageiros puxado por uma quase centenária maria-fumaça, uma locomotiva a vapor. O trecho inicia logo após a estação Perus da antiga São Paulo Railway e termina no km 17, no bairro Gato Preto, no município de
Destino final era ‘selva de pedra’ A ferrovia Perus-Pirapora nunca foi até a cidade destino de tantos romeiros que para lá se dirigem por ocasião da festa do Bom. O alcance máximo da linha nunca passou de Cajamar. Os vagões serviam para o transporte de pedra calcária usada pela Companhia de Cimento Portland Perus, inaugurada em 1926. Os ferroviários se orgulham em dizer que o material carregado nesses vagões ajudou na construção de Brasília e a transformar São Paulo na selva de pedra que é hoje. Como esse fluxo era constante, o transporte de romeiros ficou impossível e em 1934 o governo paulista desobrigou a ferrovia de chegar a Pirapora.
Cajamar, passando dentro do Parque Anhanguera. Trem das Onze - Mas tudo estava parado desde 1983 e a empreitada para preservar o que restou da ferrovia dura mais de 20 anos, sem nenhum apoio público. A única contribuição até hoje foi da empresa Natura, para restauro e manutenção da locomotiva nº 8 modelo Decauville, de fabricação francesa, que este ano completa 100 anos. O acervo do IFPPC é composto, além do que restou da Perus-Pirapora, de
locomotivas, vagões e outros equipamentos de dez ferrovias também extintas. Tudo o que o instituto tem fica em um pátio de manobras a aproximadamente três quilômetros de onde parte o passeio. Um dos “tesouros” é a locomotiva 17, norte-americana, que fez 100 anos em dezembro de 2011. Ela trafegava pela Tranway da Cantareira (Jaçanã) em 1952, linha férrea desativada em 1965 que inspirou a canção Trem das Onze. Por isso ganhou o nome “Adoniran Barbosa”.
No percurso, natureza e, infelizmente, lixo O passeio com a mariafumaça começa no bairro paulistano de Perus. Por uma estrada de terra chega-se ao cruzamento com a ferrovia, ponto de partida do trem. Ele abastece com a madeira que será queimada na volta em uma parada de 30 minutos – tempo para conhecer as lojinhas temáticas da ferrovia e fotografar. Em boa parte do trecho por onde passa o trem temos a
companhia do Rio Juquery, que deságua no Rio Tietê muito mais a frente. Nos pontos em que há alagamentos às margens do rio, existe muito lixo, especialmente garrafas plásticas. Luiz José Campineiro, morador de Perus, fez o passeio pela primeira vez, acompanhado da mulher e do filho. “É muito importante a reativação da ferrovia, que faz parte da história do lugar”, disse Campineiro.
Serviço Passeio de maria-fumaça
Perus-Pirapora: Aos domingos. Horários: 10h, 11h30, 12h, 13h, 14h, 15h e 16h. Ingressos: de 4 a 7 anos - R$ 3; de 8 a 15 anos - R$ 5; de 16 a 59 anos - R$ 10; acima de 60 anos - R$ 5. Reservas e agendamento a partir de 4ª pelo telefone 28852837. Limite: 40 vagas. Ligar antes para confirmar lugares disponíveis. Como chegar Via Perus – na ligação para a Rodovia Anhanguera, passar sob o viaduto da Rodovia dos Bandeirantes e entrar à direita. Via Anhanguera (sentido interior) – pegar a saída 25 A sentido Perus, entrar à esquerda antes do viaduto da Rodovia dos Bandeirantes. Daí entrar na portaria da mineradora Pedrix. São 2 km até o embarque.
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P M o d O dia que não terminou A DENÚNCIA Locomotiva inicia série sobre os processos por improbidade administrativa e mau uso do dinheiro público movidos contra o prefeito de Franco da Rocha
A cidade de Franco da Rocha viveu um pesadelo na terça-feira, dia 7 de julho de 2009, do qual restam sombras até hoje. Em dois gabinetes dentro da Prefeitura foram apreendidos pelo Ministério Público (MP) cerca de R$ 66 mil em dinheiro, cheques de empresas suspeitas de superfaturamento e listas de receitas e despesas, que seriam propina, onde se liam detalhes como “Marcio – 7.145 terreno”, “Pinduca – 5.000”, “Nega – 2.000”, “Relógio – 3.000”. O processo corre no Tribunal de Justiça de São Paulo. Os envolvidos, segundo denúncia de corrupção feita pelo vereador Carlinhos – assassinado em 2008 – e investigada pelos promotores do MP e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) seriam o prefeito, o vice, três secretários e dez vereadores. Como não souberam explicar a origem do dinheiro, foram encaminhados à delegacia para prestar depoimento e ninguém foi preso. Os documentos apreendidos demonstrariam que o esquema teria desviado mais de R$ 2 milhões dos cofres públicos. Se os envolvidos forem condenados, terão de devolver aos cofres públicos mais de R$ 6 milhões, incluindo multa de 200%. Há duas semanas, o SPTV lembrou a história, e na edição de hoje o Jornal Locomotiva inicia uma série de reportagens sobre todos os processos que envolvem o prefeito: são
Um esquema de corrupção envolveria empresas que prestam serviços para a Prefeitura de Franco da Rocha. Em julho de 2009, o Ministério Público encontrou R$ 52 mil no gabinete do secretário de Assuntos Jurídicos e R$ 10 mil com o secretário de Governo, parte em dinheiro
vivo, parte em cheques das empresas. Além do dinheiro, foi apreendido um caderno com anotações a mão que registram o destino do dinheiro, como despesas pessoais dos envolvidos. A acusação é improbidade administrativa, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
? Cerca de R$ 66 mil em dinheiro foram apreendidos na Prefeitura; prefeito alegou que verba mensal para obras é de pouco mais de R$ 300 mil; segundo o MP, esquema movimentaria R$ 200 mil por mês
seis por improbidade administrativa – dois julgados em primeira instância – e duas ações populares. O prefeito Márcio Cecchettini (PSDB) não respondeu ao Locomotiva sobre os indícios levantados pelo MP à época. Em julho de 2009, limitou-se a divulgar uma nota, sem papel timbrado e sem data: “A Prefeitura Municipal já determinou a abertura de sindicância para a apuração dos fatos de sua responsabilidade, afastando, temporariamente, os servidores cujos nomes foram apontados; Após a conclusão de sindicância serão
adotados (sic) as providências cabíveis”. Não disse que providência tomou em quais os resultados dessa sindicância. Ao SPTV, o prefeito respondeu: “Imediatamente afastei os secretários” e “tem que investigar, tem que ter presunção da inocência e o devido processo legal”. O secretário de Governo, Marcelo Tenaglia da Silva (Marcelo Nega), foi afastado em julho após a denúncia do MP, mas voltou ao trabalho cerca de um mês depois; o secretário de Assuntos Jurídicos, Marco Donário, teria pedido exoneração, mas esta informação a
Lista de despesas
Prefeitura não respondeu.(leia foi de R$ 156.151.759,14 quadro na página 5). em 2011; desse valor R$ 54,9 milhões vieram de Sem verba? transferências constitucioAinda ao SPTV, questio- nais do Tesouro Nacional nado sobre a situação de (para educação, Fundo de obras paradas ou não reali- Participação dos Municípios zadas, Cecchettini afirmou etc). Então, a receita mensal que “Franco da Rocha é um de Franco seria de R$ 13 dos mais pobres municí- milhões. Segundo o MP, o pios do Estado”, que tem “R$ esquema movimentaria cer3.850 milhões para obras de ca de R$ 200 mil por mês. infraestrutura no ano, que Cecchettini afirmou ao dá R$ 320.830 por mês”. SPTV que fica “entre a omisOs números oficiais, po- são e a ação”. Resta saber rém, são outros. A receita se o que o prefeito entende anual de Franco da Rocha, por “ação” é o mesmo que o segundo o Tribunal de Con- MP entende por mau uso do tas do Estado de São Paulo, dinheiro público da cidade.
Esquema Financiadores
Empresas e empresários da cidade
Operadores
Marcelo Nega – secretário de Governo. Em seu gabinete, foram encontrados R$ 10mil em dinheiro e cheques de empresas; Marco Antônio Donário – Ex-secretário de Assuntos Jurídicos. Mais de R$ 50 mil em dinheiro e cheques e a contabilidade informal das despesas e receitas foram encontrados em seu gabinete. Osmair Anzelotti, o Deda – assessor de gabinete. Um dos responsáveis pela distribuição do dinheiro.
Beneficiários
Marcio Cecchettini - Prefeito de Franco da Rocha (PSDB) é apontando pelo Ministério Público como um dos cabeças do esquema que teria desviado mais de R$ 2 milhões de dinheiro público. Pinduca – Vice-prefeito de Franco da Rocha. Receberia o dinheiro das empresas e repassaria para os beneficiários Secretários e vereadores
Como funcionava o esquema?
Dinheiro pago para empresas executarem obras públicas vira propina, indo parar no bolso de funcionários da alta cúpula da Prefeitura.
Quem pagava?
As empresas que venciam licitações para obras públicas, nas áreas de merenda escolar, transporte escolar, transporte público, coleta de lixo, pavimentação e revitalização urbana.
Quem recebia?
Segundo o Ministério Público, 10 dos 11 vereadores recebiam a propina, o que garantia a aprovação dos projetos no poder executivo. O restante seria dividido entre o prefeito, o vice e quatro secretários.
Desvio de R$ 200 mil/mês Em 7 de julho de 2009, promotores cumpriram mandado judicial na Prefeitura e apreenderam R$ 66 mil e anotações com dois secretários, Marco Antônio Donário e Marcelo Nega. Ninguém foi preso. Afastado do cargo, Nega retornou à função um mês depois. Na mesma época, o MP pediu quebra de sigilo bancário do prefeito Márcio
Cecchettini, da irmã dele, de sua secretária e do diretório municipal do PSDB. Em 2 de outubro, Cecchettini atacou o Locomotiva, que publicou declarações do MP sobre a falta de colaboração do prefeito nas investigações. O esquema teria desviado R$ 2 milhões e movimentaria R$ 200 mil por mês. Pedidos de arquivamento
das investigações e devolução do dinheiro foram negados pelo Judiciário a Marcelo Nega, por falta de provas de origem lícita. Em janeiro de 2010, o MP moveu ação civil pública pedindo o afastamento dos envolvidos. O caso foi o último trabalho na cidade do promotor Daniel Serra Azul Guimarães, que foi transferido para Diadema.
Mortes também são investigadas As investigações levam a outra suspeita: a de que o pagamento de propina teria relação com contratos entre a Prefeitura e empresários da cidade. Para o promotor do Gaeco, Neudival Mascarenhas, “ havia pagamento de propina feito por duas pessoas ligadas à Prefeitura. O que sabemos
é que poderiam ser em vários setores, tanto no transporte público como na limpeza urbana”, disse à época. Em 1998, na última licitação para a concessão de transporte na cidade, atentados vitimaram pessoas ligadas ao processo, matando dois empresários de ônibus e
um vereador. Outros assassinatos teriam conotações políticas, vitimando Gilson Rosa e Carlinhos, ex-presidentes da Câmara. “Suspeitamos de funcionários ligados à Prefeitura, mas nada foi provado até o momento”, disse o promotor Daniel Serra Azul Guimarães.
‘Relógio R$ 3.000’ e ‘Terreno R$ 7.145’ Chamaram a atenção dos promotores dezenas de anotações feitas à mão em cadernos e agendas apreendidos. Entre elas, as inscrições “Márcio – 7.145 – terreno”, que aparecem em vários meses, e “Márcio – doc. carro – 1.000”, sugerindo despesas
pessoais, além de “Pinduca – 5.000” e “Nega – 2.000”, indicando retiradas periódicas, alêm de sugestões de aquisição de bens pessoais, como “Relógio – 3.000”. Segundo a promotoria, a demora na comprovação da origem do dinheiro colabora
com a suspeita de material ilícito. O valor apreendido totalizou R$ 66.512 mil, sendo R$ 56.062 no gabinete de Marco Donário (R$ 30.577 em uma pasta de mão e R$ 25.485 nas gavetas) e R$ 10.450 em um cofre no gabinete de Marcelo Nega.
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Esta nova seção do Locomotiva é dedicada ao comércio de Franco da Rocha, o mais forte da região. Em cada edição, vamos mostrar um produto ou serviço que é prestado aqui, do lado de casa.
Mãos a obra no Parque Paulista Maurício César Polido é nascido e criado em Franco da Rocha. Hoje aos 38 anos de idade, é funcionário público e dono do Vitória Materiais para Construção, no Parque Paulista, bairro onde mora. Antes de ter a loja, foi feirante por muitos anos na extinta feira da Rua Amália Sestine, no Centro, além de ter sido camelô. O ramo não surgiu à toa. “Desde criança meu pai gostava muito de fazer serviços gerais. Cresci vendo ele trocar pisos e fazer pequenas reformas em nossa casa. Me espelhei muito nele e o tenho como herói. Na hora de montar minha loja, essa lembrança foi decisiva”, afirma Polido. A loja Vitória funciona há mais de seis anos e tem oito empregados, todos moradores de Franco da Rocha. Com vários itens de materiais para construir e reformar, atende cidades da região, mas com demanda maior entre moradores do bairro. Na loja,
Vale ‘esquecido’ pede socorro
o cliente tem facilidade para fazer a compra, como parcelamento bancário, e entrega do pedido em no máximo 24 horas após a compra. O jovem empreendedor também se preocupa com a construção de um futuro melhor para a cidade. Como um legítimo franco-rochense conhece muito bem os problemas locais. “A Prefeitura poderia investir em escolas que funcionassem em período integral. Isso afastaria as crianças da ociosidade e também do perigo das drogas. É muito mais barato cuidar de uma criança por mês do que de um preso,” afirma Polido.
Poeira nas casas, ruas sem asfalto, falta de coleta de lixo, ausência de energia elétrica são alguns dos problemas do Green Valley
Vitória Materiais para Construção – Avenida São Paulo, 1.230, Parque Paulista, Franco da Rocha. De segunda a sábado, das 8h às 18h. Aceita parcelamento e Construcard.
Tragédia: rapaz salva irmã de incêndio, mas morre com a mãe Mãe e filho morreram carbonizados em um incêndio que atingiu a casa da família no Lago Azul, em Franco da Rocha, na noite de quinta-feira, dia 12. O rapaz, de 15 anos, salvou a irmã, de 12, mas morreu ao voltar para a casa para tentar resgatar a mãe, cadeirante. O fogo teve início por volta das 20h45 na casa que fica na Comunidade Arco-íris, localizada na avenida Arco-íris. Seis equipes dos bombeiros foram acionadas, mas não tiveram como salvar o adolescente Luiz Fernando Rodrigues e sua mãe, Raimunda de Paula Rodrigues, 56 anos. O corpo da mulher estava em um canto da sala; já o do garoto, ao lado da cama. Com 5% do corpo queimados (um
braço e parte do rosto), Daniele de Paula Rodrigues, salva pelo irmão, foi encaminhada pelos bombeiros para o Hospital Estadual de Franco da Rocha, onde continua internada, em estado considerado bom, mas sem previsão de alta. Não se sabe a causa do incêndio. Segundo os bombeiros, não foi ouvida explosão e os dois botijões de gás estavam intactos. A casa tinha energia elétrica clandestina, o chamado “gato”. Vizinhos contam que chegaram a ouvir gritos de socorro de Raimunda e ouviram a menina pedir ajuda. Raimunda havia sofrido um acidente vascular cerebral (AVC) e tinha problemas de locomoção – por isso, usava uma cadeira de rodas.
No Green Valley (Vale Verde, em inglês), bairro no eixo Palmares/Monte Verde e Lago Azul, falta o básico: iluminação pública, asfalto, transporte público, energia elétrica residencial, coleta de lixo. Há pouco tempo atrás, não tinha nem água nas torneiras das casas. Na última quarta-feira, o Jornal Locomotiva se deparou com um lugar esquecido. Por ser área invadida, não se sabe ao certo quantas famílias moram ali, mas pode ultrapassar os milhares. O bairro fica em um vale, dividido em dois lados: de um lado, moradores andam em média 20 minutos para chegar ao ponto de ônibus do Monte Verde; do outro, são aproximadamente 10 minutos para chegar à Estrada da Vargem Grande (sentido Vila Belmiro/Palmares). Por ser uma circunferência em torno de três quilômetros
de diâmetro, as ruas não dialogam e o vale no meio dificulta ainda mais o trajeto no local. Celsa Rocha mora na Rua Luiza Basso Celeguim há dois anos. Ela esperou mais de cinco meses pelo direito de ver água nas torneiras e que hoje, com problemas sérios de saúde, sofre com a falta de transporte público. “Às vezes conto com a boa vontade dos vizinhos, mas quando tenho que fazer algo no Centro, tenho de caminhar mais de 25 minutos na terra batida até o ponto de ônibus no Monte Verde”, explica. Um problema está atrelado a outro. A falta de transporte público, segundo moradores justificada pela falta de asfalto, torna a vida complicada já que falta iluminação deixa o bairro um verdadeiro breu após as 18h30 (os poucos postes são improvisados pelos
moradores. Do lado em que fica a rua da dona de casa Celsa, os moradores já incorporaram o fator escuridão na vida cotidiana. Paula Souza Santos, inquilina de Celsa há quatro anos, é prova disso. Sua agenda exigem que ela saia de casa à noite e o problema é voltar. “Vou à igreja pensando na carona de volta. Às vezes, dependendo do ponto em que estou, nem volto pra casa. É perigoso andar à noite aqui. Tivemos relatos de crimes e coisas ruins que acontecem com quem anda por essas ruas. Não temos outra alternativa”, lamenta. Paula é mãe de Eduardo, de 19 anos. O rapaz sai da empresa onde trabalha às 2h da manhã e vem correndo no escuro pra casa por não ter transporte no bairro e por não ter outra opção ao voltar do trabalho. A poeira que invade as casas, devido à falta de asfalto,
Só com pressão da comunidade a Prefeiturade Franco se mexe Na edição passada, o Locomotiva relatou uma série de problemas insolúveis de Franco da Rocha, apresentados no quadro Parceiros do SP, exibido no telejornal SPTV, dos quais o jornal também vem mostrando desde o ano passado. Diante
disso, a Prefeitura tomou atitude em relação a três deles. A travessa Geraldo Viola, após quatro anos com postes sem eletricidade, enfim recebeu iluminação pública. A Avenida Israel, que mesmo esburacada e com asfalto pela metade constava como
concluída pela Prefeitura, enfim foi pavimentada e teve muro de arrimo. A estrada do Mato Dentro conta agora com dois ônibus no trajeto até o centro da cidade – mas ainda é pouco. A população espera que a Prefeitura não funcione apenas sobre pressão.
também é um grave problema e uma luta diária. Em nossa visita ao único mercadinho do bairro, nem o teclado do computador escapou da camada de poeira e todo lixo já tem destino: o fogo. Todo esse cenário impossibilita, por exemplo, a entrada de táxis e ambulâncias no bairro– principalmente em dias muito secos ou de chuva. “Pelo que sabemos, há dois acamados que precisam de ambulância com frequência e que, quando chove, ficam em situação difícil.
Um descaso mesmo”, contam Celsa e Paula. Outro lado - Apesar de passarem pelos mesmos problemas, os moradores do outro extremo do bairro vivem em melhores condições. Segundo Belmiro Francisco da Silva, “a água chegou há uns quatro meses, mas não temos energia elétrica. Não consigo nem imaginar se um dia o esgoto tratado vai chegar”, lamenta. A Prefeitura foi procurada, mas não se pronunciou até o fechamento desta edição.
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NOSSA GENTE
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Nesta seção vamos registrar as histórias, os “causos”, a vida dos homens e mulheres que fizeram e fazem, a cada dia, a nossa cidade.
Bala comanda ‘Meninos do Parque’ Alguém que olha por nossas crianças é certamente uma boa maneira de resumir o que faz Edson Araújo da Silva, mais conhecido Parque Vitória, bairro de Franco da Rocha, como Edson Bala. São 27 anos de seus 34 de vida morando lá onde ele está à frente do projeto social “Meninos do Parque”, criado por Bala junto com alguns amigos. Ele se lembra da infância ao falar do projeto “A gente só tinha um campo de futebol como espaço de lazer, e gostaria que as crianças de hoje pudessem ter ao menos isso.” Com quase um ano de existência, o projeto busca através da prática do futebol afastar a juventude das drogas e outros riscos que a vida nas ruas oferece. Todo sábado aproximadamente 60 crianças, com idades entre 7 e 16 anos, do Parque Vitória e bairros vizinhos, invadem o campo para ter
SOCIAIS
um pouco mais de três horas de lazer e aprendizado. Bala conta com parceria da Força Sindical, que ajudou a retirar o entulho que antes tomava conta do espaço e cedeu os equipamentos necessários para a criançada jogar. Apesar da falta de apoio de comerciantes e moradores da região e também problemas no próprio espaço do projeto, como a falta de um vestiário, o “Meninos do Parque” apresenta bons resultados. “Outro dia um pai nos contou que o filho tinha melhorado o relacionamento com a família e estava mais disciplinado”, relata. Bala segue lutando pelo futuro da juventude. “Antes de tudo nós queremos formar cidadãos. Se a gente não fizer nada pelas crianças, pelo menos no bairro, ninguém vai fazer”, finaliza.
Nesta seção, traremos sempre as pessoas, lugares e eventos que brilham na vida social de nossa cidade e região.
Aniversariantes
Bruno Rais,
12 de abril
Jose Antonio (Indio),
08 de abril
Prof João Gonçalves,
11 de abril
Rubão,
5 de abril
Leninha
9 de abril
Sandra Regina ,
12 de abril