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‘A Catedral é sinal da presença de Deus e da nossa fé nesta cidade’

FERNANDO GERONAZZO

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osaopaulo@uol.com.br

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu, no sábado, 5, a missa solene pelos 66 anos da dedicação da Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção e São Paulo (Sé).

Na homilia, Dom Odilo ressaltou que a Catedral é a igreja-mãe de uma diocese, o templo onde está a cátedra do Bispo, ou a sede (Sé), de onde ele ensina e pastoreia a porção do povo de Deus a ele confiada em uma Igreja particular.

MORADA DE DEUS

“Quando falamos da igreja dedicada a Deus como lugar de especial encontro com Ele, sempre nos vem a pergunta do rei Salomão na sua oração de dedicação do templo que ele fez construir em Jerusalém: ‘Será que Deus pode realmente morar sobre a terra?’”, afirmou o Cardeal, ao refletir sobre um trecho da primeira leitura da missa (1Rs 8,22-23.27-30).

“Deus quis ter morada entre nós. Sim, Ele quis estar no meio dos filhos dos homens… Isso não significa que Deus não seja infinitamente grande. Mas, de tão grande que é, também se faz pequeno, próximo, para escutar nossas orações, súplicas, louvores, pedidos de perdão”, afirmou o Cardeal, destacando, ainda, que Jesus, ao se encarnar e se fazer

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Missa é realizada na comemoração dos 66 anos de dedicação da Catedral da Sé, no sábado, 5

homem, tornou-se templo de Deus no meio da humanidade.

LUGAR DE ESPERANÇA

O Arcebispo chamou a atenção para a necessidade de se refletir sobre a importância que os cristãos dão às igrejas, como elementos simbólicos. “Nossas igrejas devem, de alguma maneira, falar dessa presença de Deus também para os pobres”, sublinhou, enfatizando que os templos devem ser lugares de referência para o serviço ao próximo.

“Cada vez que vamos à igreja, crescemos em esperança, nutrimos a fé de, um dia, estarmos plenamente com Deus, face a face… Quem não vem à igreja, quem não reza com os outros, em comunidade, como pode alimentar o desejo de um dia também estar na comunidade celeste?”, acrescentou Dom Odilo.

O Arcebispo renovou o convite para que as pessoas não apenas frequentem a igreja, mas participem da vida eclesial em seu conjunto. “Isso é testemunho da nossa fé para a cidade. Nós não podemos esconder a nossa fé, como se fosse algo que dissesse respeito apenas à nossa vida privada, como alguns querem. É testemunho público daquilo que cremos e daquilo que praticamos como consequência da nossa fé”, sublinhou o Cardeal.

HISTÓRIA

Inaugurada em 25 de janeiro de 1954, por ocasião das comemorações do IV centenário de fundação da cidade de São Paulo, a Catedral da Sé foi dedicada somente em setembro, durante o I Congresso Nacional da Padroeira do Brasil, realizado entre São Paulo e Aparecida. A dedicação foi feita pelo Cardeal Adeodato Giovanni Piazza, que veio como enviado pontifício para o Congresso da Padroeira.

Com 111 metros de comprimento, 46 metros de largura e 65 metros de altura (com exceção das torres), a atual Catedral foi idealizada para substituir a antiga Igreja da Sé, de 1612, bastante deteriorada pelo tempo.

CONSTRUÇÃO E RESTAURO

A construção do templo passou pelas mãos de muitos engenheiros e arquitetos, mas o principal foi o alemão Maximilian Hehl, que se radicara no Brasil em 1888. O estilo neogótico da Catedral é considerado peculiar, com seu aspecto eclético em estilos arquitetônicos.

Fechada durante três anos (19992002), a Catedral passou por um restauro, no qual foram concluídos os 14 torreões (espécie de torre, no alto ou no ângulo de um edifício), previstos no projeto original.

Live com Dom Odilo: ‘Fiquemos na Igreja, unidos ao Papa’

FERNANDO GERONAZZO

osaopaulo@uol.com.br

Como tem feito semanalmente, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, interagiu com internautas e ouvintes da rádio 9 de Julho, no programa “Diálogos de Fé”, no domingo, 6.

Na live, Dom Odilo destacou o Dia da Pátria, comemorado na segunda-feira, 7, e recordou as reflexões em torno do Pacto pela Vida e pelo Brasil, assinado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e por outras entidades da sociedade civil, com o objetivo de “firmar posição” em relação a várias questões, como a defesa da vida e da dignidade humana em todos os estágios e a união de esforços para a superação da pandemia de COVID-19.

COMO LER A BíBLIA

Em seguida, Dom Odilo respondeu a questões enviadas pelos internautas. A primeira delas, feita por Vinícius Potter, foi sobre a maneira mais correta de ler a Bíblia.

O Cardeal explicou que a Bíblia não é um único livro, mas um conjunto de 73 livros que constituem as Sagradas Escrituras. “Esses livros foram escritos ao longo de mais de um milênio. Portanto, nós temos textos com naturezas, estilos e finalidades muito diferentes”, destacou, reforçando que a Bíblia deve ser lida à luz da fé da Igreja para evitar que haja interpretações equivocadas da Palavra de Deus.

‘CATEqUESE DIGITAL’

Ruan Pablo quis saber a opinião do Cardeal sobre as iniciativas de Catequese nas plataformas digitais. Dom Odilo avaliou positivamente essa prática, quando bem realizada. No entanto, lembrou que tal modalidade deve complementar e não substituir as experiências de encontro pessoal e presencial, sobretudo a participação na vida da comunidade.

“Nossa fé não se resume simplesmente à ‘telinha’, mas na prática da vida cristã e no encontro fraterno dos irmãos [...]. Toda Catequese, virtual ou não, precisa conduzir à inserção na vida da comunidade eclesial e no testemunho da vida cristã”, enfatizou.

UNIDADE DA IGREjA

A pergunta de Carlos Henrique foi sobre grupos que provocam divisões e conflitos internos entre os católicos.

Dom Odilo salientou que há grupos que se autodenominam “conservadores”, mas, na verdade, adotam uma postura “cismática”. Ele assegurou que tais grupos provocam divisão ao não aceitar as orientações da Igreja, especialmente do Papa, e afirmam que o Pontífice não é legítimo ou que não os “representa”.

“A Igreja Católica é esta que está aqui, que tem o Papa Francisco e cada um dos bispos legítimos nas suas dioceses e o clero unido a ele, que celebram e participam da Eucaristia e fazem a profissão de fé da Igreja Católica”, ressaltou o Arcebispo, completando: “O Papa representa Jesus Cristo, Bom Pastor, não a cada um de nós. O Santo Padre não foi escolhido de acordo com o gosto de cada pessoa, mas por uma questão de fé, pois ele é o sucessor de Pedro”.

“Fiquemos na Igreja, unidos a ela e ao Papa. Fiquemos na sobriedade, não vamos atrás de novidades”, concluiu o Cardeal.

(Colaborou: Flavio Rogério Lopes)

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