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Cardeal Scherer: ‘Amar a pátria pode ser expressão de genuíno amor ao próximo’

DANIEL GOMES

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osaopaulo@uol.com.br

Na tarde do domingo, 6, véspera da comemoração do Dia da Pátria, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, presidiu missa na Catedral da Sé, em intenção pela pátria e pelo povo brasileiro, com lembrança especial aos doentes e seus cuidadores e aos falecidos em razão da pandemia de COVID-19.

“Queremos invocar a proteção de Deus, para que o quanto antes possamos sair desta pandemia e voltar a ter toda a liberdade, inclusive para o povo retornar às igrejas e participar das celebrações”, disse Dom Odilo, no começo da celebração eucarística, que teve entre os concelebrantes Dom Eduardo Vieira dos Santos, Dom José Benedito Cardoso e Dom Jorge Pierozan, Bispos Auxiliares da Arquidiocese. Participaram presencialmente alguns representantes de autoridades civis e militares e foram lidas manifestações de apreço pela celebração, entre as quais a do governador João Doria.

A PáTRIA PARA O BEM DE TODOS

Referindo-se à liturgia do 23º Domingo do Tempo Comum, Dom Odilo lembrou, na homilia, que Deus deseja que todos se salvem, e que cabe a cada cristão ser “instrumento de salvação para aqueles que erraram, para que possam se salvar”.

O Arcebispo recordou que a pátria é o local onde alguém nasce ou adota para viver, espaço com o qual se identifica e se sente parte, tendo compromisso com ela e com seu povo.

“O cristão também necessita e tem o direito a uma pátria. Ao mesmo tempo, ele sabe que a sua pátria neste mundo ainda é provisória, que se encontra na condição de peregrino, a caminho da pátria definitiva. Também sabe, porém, que, durante esta vida, ele deve ser cidadão e envolver-se ativamente na promoção do

PADRE CIDO PEREIRA osaopaulo@uol.com.br

Essa é a dúvida do José Antônio, de Carapicuíba (SP). Sabe, meu irmão, muitas pessoas como você ficam intrigadas com o motivo de a Bíblia não ser tão minuciosa a respeito de pessoas e de fatos. Veja alguns exemplos: a adolescência e juventude de Jesus, a vida da Sagrada Família em Nazaré, a morte de José e Maria.

Vale lembrar, porém, José Antônio, que os evangelhos não foram escritos para nos falar de São José, de Nossa Senhora, dos apóstolos, mas, sim, para nos deixar a

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Cardeal Scherer durante missa em intenção pela pátria e pelo povo brasileiro, no domingo, 6

bem comum do seu povo e de sua pátria, e que ele próprio também possui o direito à cidadania plena. Assim, nenhum cristão ou pessoa de qualquer religião deveria ser discriminado por causa de sua fé, nem ser considerado cidadão de segunda categoria, por ser pessoa de fé religiosa. Isso seria um grave desrespeito aos direitos e à dignidade humana”, apontou.

O Arcebispo lembrou, ainda, que a pátria é o lugar de referência para se viver o amor ao próximo e as virtudes da justiça, da honestidade e da solidariedade, bem como a liberdade, com cidadãos que agem com senso de responsabilidade social, contribuem para a edificação do bem comum e atuam para a garantia da própria dignidade e a dos demais, posturas que a Igreja recomenda constantemente aos cristãos.

“A participação de todos no bem da par do acontecimento decisivo da história da salvação, que foi a entrada de Jesus, o Filho de Deus, na nossa história humana. Pegue sua Bíblia e veja como cada evangelista inicia seu Evangelho: todos se referem a Jesus. São Mateus começa citando a origem de Jesus. São Marcos aborda, logo no início, a Boa-Notícia de Jesus, o Messias, filho de Deus. Lucas afirma que decidiu escrever, depois de cuidadoso estudo e de entrevistar as testemunhas oculares que conviveram com Jesus. E João faz uma profunda meditação sobre Jesus, o Verbo de Deus. Assim, é Jesus quem interessa. As pessoas que participaram da história da nossa pátria equivale ao interesse que todos precisam ter na edificação e conservação da ‘casa comum’, ou da ‘cidade’, entendida como espaço de convívio e busca do que é bom para todos. Amar a pátria pode ser expressão de genuíno amor ao próximo”, disse Dom Odilo.

PACTO PELA vIDA E PELO BRASIL

O Arcebispo fez ainda menção ao Pacto pela Vida e pelo Brasil, firmado em abril pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e outras instituições de expressiva credibilidade, no qual os brasileiros são convocados, diante da atual crise sanitária, política, econômica e social, a unir esforços em defesa da vida humana, em especial dos mais vulneráveis.

“A pandemia de COVID-19 mostrou, de maneira inequívoca, a profunda desigualdade e injustiça social que ainda salvação – Zacarias, Isabel, João Batista, José e Maria – são importantíssimas, mas falar delas não é o objetivo primeiro dos evangelistas.

Sobre São José, o importante, como afirma São Mateus, é saber que foi um “homem justo” e assumiu a missão de esposo fiel de Maria e de guardião e tutor de Jesus. Ele sustentou a Sagrada Família com seu trabalho. O resto que sabemos são deduções que fazemos: José morreu nos braços de Jesus e Maria, provavelmente antes da vida pública de Cristo, e é tido por todos nós como protetor dos trabalhadores, dos chefes de família e dos administradores. reinam em nosso País. Muitos brasileiros continuam excluídos dos benefícios do bem comum, que a pátria deveria significar e proporcionar a todos. A vida dessas pessoas está continuamente exposta a privações, e muitos ainda estão excluídos do acesso aos bens da alimentação, saúde, habitação digna, saneamento, segurança e educação”, afirmou o Cardeal.

Ao recordar que o Pacto propõe um diálogo social e político, em decorrência do respeito à democracia, Dom Odilo ressaltou: “Vivemos uma situação política marcada por forte polarização, por apego a privilégios e por manobras maquiavélicas para se manter no poder a todo custo. Parece que o bem está todo de um lado e o mal está todo de outro, mas sabemos que a convivência na ‘pátria-casa comum’ supõe a diversidade, o respeito ao pluralismo, em que o diálogo franco e o respeito levem a somar, partindo das diferenças, não sendo necessário um antagonismo bipolar e excludente”.

O Arcebispo, por fim, rogou a Deus para que haja avanço do diálogo no País, a fim de que as atenções estejam centradas nas questões que requerem a contribuição, e que os governantes, de modo especial, ajam com justiça e equidade para o bem da população, em especial dos mais pobres.

PAZ, jUSTIÇA E CONSOLO

Na oração dos fiéis, rezou-se a Deus para que conceda ao povo brasileiro paz e justiça; que os governantes adotem políticas públicas contra as situações de marginalização; que os agentes de saúde mantenham sua missão de salvar vidas; e que o Senhor acolha em seu Reino todos os já falecidos por COVID-19 e dê o conforto a seus familiares.

Antes da bênção final, Dom Odilo desejou que a celebração do Dia da Pátria seja também oportunidade para que cada pessoa reflita sobre como pode dar sua contribuição para que o Brasil seja um

Você Pergunta

‘Por que São José é tão pouco citado na Bíblia?’

bom lugar para todos os que nele habitam.

Houve um grupo de escritores que tentou preencher os vazios deixados por Mateus, Marcos, Lucas e João e escreveu alguns evangelhos chamados apócrifos. Por serem tão fantasiosos, a Igreja não os considera inspirados por Deus, e, assim, não fazem parte da Bíblia.

Fixemos, então, a nossa atenção, como queriam os evangelistas, na pessoa de Jesus. Vale a pena acolhê-Lo com amor, como fizeram José e Maria, vale a pena escutar Jesus, segui-Lo e testemunhá-Lo, porque Ele é o único Senhor de nossa vida, o princípio e o fim de tudo, o Caminho, a Verdade e a Vida.

Capela Santa Catarina: espaço para o encontro com Deus na Avenida Paulista

TEMPLO CENTENáRIO é SINAL DA ATENçãO DA IGREJA AOS ENFERMOS EM UMA DAS PRINCIPAIS VIAS DA METRóPOLE

Comunicação HSC Comunicação HSC

DANIEL GOMES

osaopaulo@uol.com.br

Na Avenida Paulista do começo dos anos 1920, predominavam os casarões das famílias dos aristocratas do café, dos grandes comerciantes e proprietários das indústrias. Nas ruas do entorno também viviam outros trabalhadores, muitos deles imigrantes que chegaram ao Brasil no começo do século XX. Assim, desde seus primórdios, a mais famosa via paulistana é um lugar plural, característica que se intensificou ainda mais a partir da década de 1950, quando passou a ser permitida a construção de prédios e a instalação de conjuntos comerciais e escritórios, que hoje são maioria na região.

Neste cenário múltiplo, em 1906, a Congregação das Irmãs de Santa Catarina inaugurou o Sanatório Santa Catarina, para dar continuidade aos atendimentos a enfermos que fazia na cidade desde o início daquela década, especialmente após a chegada da Irmã Beata Heinrich, que viabilizou a construção do hospital, com o apoio de Dom Miguel Kruse, Abade do Mosteiro de São Bento, e do médico Walter Seng. Inicialmente, o hospital era voltado a pacientes com doenças infectocontagiosas, e, desde sempre, há o compromisso de prestar uma assistência integralizada, com cuidado técnico e espiritual. Assim, também no Brasil, as irmãs da Congregação, que surgiu em 1571, na Alemanha, se mantiveram fiéis ao carisma da fundadora, a Madre Regina Protmann (1552-1613): a identificação com o mistério da Paixão de Jesus, a partir de uma vida de ascese, penitência e de serviço aos pobres.

UMA CAPELA CENTENáRIA

Com o passar dos anos, foi idealizada a construção de uma capela nas dependências do hospital, sendo a pedra fundamental do templo depositada em 25 de novembro de 1919, na memória litúrgica de Santa Catarina de Alexandria (287-305); a inauguração ocorreria meses depois, em 6 de setembro de 1920, com missa presidida por Dom Duarte Leopoldo e Silva, então Arcebispo de São Paulo.

Em ação de graças pelo centenário, o Padre Alexandre Massariol, Capelão, presidiu missa na tarde do domingo, 6, durante a qual lembrou que na Capela é possível fazer a experiência do amor de Deus e que, ao longo destes cem anos, as irmãs de Santa Catarina ali realizaram sua profissão religiosa, muitos foram pedir a misericórdia de Deus por alguém hospitalizado ou agradecer por aqueles

Fachada da Capela Santa Catarina; e foto da área externa do hospital em seus primeiros anos

que se recuperaram, famílias e amigos velaram falecidos e os profissionais e colaboradores do hospital encontraram forças para continuar com os trabalhos.

ATRATIvO CULTURAL E RELIGIOSO

“Desde o início, a Capela tem a vocação de receber a todos, tanto que sua entrada não é dentro do hospital, ou seja, é bastante acessível. De maneira muito particular, porém, atende a comunidade do hospital. Todas as quintas-feiras, por exemplo, temos um momento de oração com os funcionários”, detalhou Padre Alexandre ao O SÃO PAULO.

Antes da pandemia de COVID-19, as missas aconteciam diariamente às 18h. Agora, ocorrem nesse mesmo horário apenas às quartas-feiras, sábados e domingos. O Sacerdote afirmou que o fluxo de pessoas no templo aumentou após a reforma da parte externa, em 2017. “A grande novidade foi a iluminação permanente de toda a frente da Capela. Além de ser um espaço de oração, de encontro com Deus, há uma beleza tanto tanto do lado interno quanto do lado externo, de modo que mesmo as pessoas que não professam a fé católica vêm à igreja para conhecer a sua arquitetura. É, sem dúvida, um atrativo cultural e religioso”, comentou.

ITINERáRIO CATEqUÉTICO

O visitante mais atento tem a oportunidade de contemplar os sinais da fé cristã na arquitetura de estilo neogótico, de modo especial nos vitrais. Um deles representa a obra da Criação, com a Trindade Santa simbolizada em um triângulo. Outro é alusivo ao mistério pascal de Cristo. Há, ainda, vitrais representativos da vinda do Espírito Santo em Pentecostes, do sacramento da Eucaristia, da Virgem Maria e do ministério sacerdotal.

Ao fundo do presbitério, a imagem de Santa Catarina de Alexandria é ladeada por dois vitrais: um alusivo a Santa Valburga (710-779) – religiosa alemã que ajudou a fundar mosteiros e escolas para populações recém-convertidas ao Cristianismo – e outro com a representação de Santa Elizabeth (1207-1231) – que se dedicou aos menos favorecidos do seu reino e, ao ficar viúva, ingressou em uma comunidade religiosa e financiou a construção de um hospital na Alemanha.

Ainda no interior do templo, há uma pintura de Madre Regina Protmann, de autoria do artista sacro Claudio Pastro, falecido em 2016; e na fachada estão cinco afrescos pintados em 1998 por Marco Ulgheri, que retratam momentos marcantes da vida de Santa Catarina.

Fernando Ferragino

EXPOSIÇÃO vIRTUAL

Estes e outros detalhes estão apresentados em uma exposição virtual que pode ser vista no site do hospital (www.hospitalsantacatarina.org.br) e em suas plataformas digitais: Instagram (@hosp.santacatarina), Facebook (@hospitalsantacatarina) e YouTube (Hospital Santa Catarina Oficial).

Estão ainda expostas 12 peças litúrgicas que fizeram parte da rotina de celebrações da Capela, como o cálice e a patena usados em 1920; o Missal das Exéquias (de 1921); as ampolas para os santos óleos (de 1925); o Missal Romano em latim (de 1926); um genuflexório (1928); a cadeira episcopal, um crucifixo e um castiçal (todos de 1940), além de um baldaquino para o ostensório (de 1950). Um dos destaques é um instrumento musical de teclas, chamado de harmônio, de 1890, que era tocado pelas irmãs nas celebrações litúrgicas e funciona igual a um órgão sem tubos, produzindo o som parecido com o de um acordeom.

ADMINISTRAÇÃO

O Hospital Santa Catarina – referência em neurologia, cardiologia, oncologia, cirurgia-geral, ortopedia e pediatria – é um dos 22 locais administrados pela Associação Congregação de Santa Catarina (ACSC), nos segmentos da Saúde, Educação e Assistência Social. Criada em 1922, a ACSC tem atividades em seis estados brasileiros, com cerca de 14 mil colaboradores, em um modelo de negócio no qual a totalidade do superavit, após satisfeitas as necessidades de investimentos e segurança financeira, é destinada a obras sociais. Apenas nas unidades de Saúde que administra, realiza, anualmente, 132 mil internações, 4,7 mil atendimentos ambulatoriais e 7,4 mil exames. Mais de 71% de seus atendimentos são a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

Paulistanos festejam Nossa Senhora da Penha

FERNANDO GERONAZZO

osaopaulo@uol.com.br

Na terça-feira, 8, festa litúrgica da Natividade da Virgem Maria, comemora-se o dia de Nossa Senhora da Penha, uma das devoções marianas mais antigas da cidade de São Paulo.

Para marcar a festa, na segunda-feira, 7, aconteceu uma carreata com a imagem da padroeira, a qual partiu da Catedral da Sé em direção à Basílica de Nossa Senhora da Penha, na zona Leste de São Paulo.

A carreata recorda um costume dos séculos XVIII e XIX, quando a imagem de Nossa Senhora da Penha, que é uma das padroeiras do município de São Paulo, era transladada ao centro para que os fiéis pedissem sua intercessão pelo fim de epidemias e secas na cidade.

“Nós queremos recomendar a Nossa Senhora da Penha a cidade de São Paulo, pelo fim da pandemia [de COVID-19], a cura dos doentes e pela superação deste tempo de aflições que estamos vivendo”, pediu o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, ao abençoar o início da carreata.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

DEvOÇÃO

A devoção a Nossa Senhora da Penha tem sua origem, segundo uma antiga tradição, em um sonho que teve um peregrino francês, de nome Simão, quando estava a caminho do Santuário de Santiago de Compostela. No sonho, ele teve a visão de uma imagem de Nossa Senhora, a qual lhe apareceu no alto de um monte. Cinco anos depois, em 1434, no alto de uma montanha chamada Penha de França, na Província de Salamanca, norte da Espanha, encontrou a tão almejada imagem da Mãe de Deus, que tinha sido ali deixada, havia muito tempo, por soldados franceses que lutaram contra os mouros, com Carlos Magno, grande devoto da Virgem.

Naquele local foi construída uma ermida em honra da Virgem da Penha, para onde foram atraídos inúmeros peregrinos,

Imagem de Nossa Senhora da Penha é levada à Catedral da Sé antes da carreata comemorativa

que testemunharam diversas graças e milagres por sua intercessão e onde hoje há um grande santuário.

NO BRASIL

Em São Paulo, esta devoção teve início em 1667. Segundo uma lenda da piedade popular, foi um viajante francês, a caminho do Rio de Janeiro, que pernoitou no alto de uma colina a cerca de 9km do centro da cidade, levando consigo uma imagem de Nossa Senhora. Na manhã,

quando prosseguia a viagem, deu-se conta de que a imagem não estava mais consigo. Retornou e a encontrou no lugar onde havia passado a noite. O episódio se repetiu outras vezes. Então, ele decidiu erguer uma pequena ermida em honra a Nossa Senhora naquele lugar.

Já a versão histórica é atribuída ao Padre Jacinto Nunes Siqueira, que havia erguido naquele lugar, em 1668, uma capela para abrigar uma imagem da Virgem da Penha, em agradecimento por ter sido salvo de um acidente no Ribeirão Aricanduva. A partir daí, a devoção se espalhou por toda a cidade.

SANTUáRIO EUCARíSTICO

Em 1682, foi erguida uma nova igreja, em estilo colonial simples, de taipa de pilão, sendo elevada à dignidade de Santuário Arquidiocesano pelo primeiro Arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva, em 20 de julho de 1909.

Em 1995, Dom Fernando Legal, primeiro Bispo da Diocese de São Miguel Paulista, cujo território fora desmembrado da Arquidiocese de São Paulo em 1989, decretou que o antigo templo passaria a ser o Santuário Eucarístico Diocesano Nossa Senhora da Penha, local de adoração eucarística perpétua.

BASíLICA

Em 15 de setembro de 1957, o então Arcebispo de São Paulo, Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, abençoou a pedra fundamental de uma nova matriz em honra a Nossa Senhora da Penha, localizada a 200 metros do antigo santuário.

O templo tem 5.645 metros quadrados, em forma de cruz, com 66 metros de comprimento e 56 metros de largura. Pode abrigar até 7 mil pessoas, das quais cerca de 2 mil sentadas. A nave conta com 24 metros. As torres têm por volta de 60 metros; e a cúpula, 30 metros de diâmetro e 40 metros de altura.

No dia 7 de junho de 1985, a nova matriz foi elevada à dignidade de Basílica Menor, por São João Paulo II, que, na sua Bula Pontifícia, lembrou a condição de Nossa Senhora da Penha como padroeira civil da cidade de São Paulo.

A tradição das peregrinações da imagem à Sé cessou em 1876. Contudo, recentemente, em 2015, quando a cidade foi atingida por uma grave crise hídrica, a imagem de Nossa Senhora da Penha foi transladada para a Catedral Metropolitana.

(Com informações da Basílica Nossa Senhora da Penha e Diocese de São Miguel Paulista)

Missionário salesiano: secularismo é a maior ameaça aos cristãos

ANS jOÃO FOUTO que é comunista, a Igreja ESPECIAL PARA O SÃO PAULO tem uma enorme vitalida-

Em conversa com jorna- sarte, os cristãos nesse país listas sobre a atividade mis- são uma minoria “com uma sionária da Igreja Católica, forte identidade, o que deixa na segunda-feira, 7, o Padre sua marca em uma sociedauruguaio Martin Lasarte, há de pluralista”. Também em vários anos missionário sa- outros países, como Nepal lesiano na África, disse que, e Bangladesh, nos quais os mais do que a perseguição cristãos são uma pequena física, a maior ameaça ao minoria, o Cristianismo Cristianismo hoje “é o cres- cresce com velocidade. cimento do secularismo oci- Com relação ao medo de dental, que mata a fé”. que a Europa, em virtude

Segundo ele, “o maior da baixa taxa de natalidade, perigo que enfrentamos... é seja em breve dominada por a sociedade secularista sem muçulmanos, o Padre Laa dimensão da transcen- sarte insistiu que o principal dência”. Enquanto a fé cres- problema não são os númece rapidamente em lugares ros em si, mas a morte dos nos quais os cristãos são cristãos para uma doença perseguidos, ela declina no chamada secularismo, doOcidente, tradicionalmente ença esta que vem de dentro, católico. Todavia, embora se Nascido no Uruguai, Padre Martin Lasarte é salesiano e está em missão no continente africano há 25 anos não de fora do continente. trate de um problema mais Segundo ele, embora a exispresente no Ocidente, o Padre obser- Na China, não apenas os cristãos es- isso, muitas famílias se perdem. Quan- tência de um Estado laico não seja em si vou que, por causa da globalização, tão sendo perseguidos por sua fé, mas o to ao atual acordo entre o Vaticano e o um problema, e possa até ser algo bom, ele logo se espalhará “por todo lugar”, comunismo levou a uma centralização governo chinês, que está prestes a ser o problema está “naquele acento que é e essa tendência exigirá uma profunda do poder e à “absoluta submissão à au- renovado por mais dois anos, Padre La- quase combativo da Igreja”. Na Europa, reflexão missionária. toridade política”, disse Padre Lasarte. sarte disse que é necessária uma cuida- “é necessária uma reevangelização”.

Padre Lasarte citou como exemplo “Um cristão não pode colocar o gover- dosa consideração da questão. O Padre Lasarte pediu por uma a situação da Congregação Salesiana na no em primeiro lugar”, acrescentou, re- Segundo ele, apesar da situação, o visão mais ampla que resulte de uma Polônia, mediante a qual, no passado, cordando que não se pode aceitar – “Eu Cristianismo está crescendo na China. perspectiva multicultural: “Quando entravam entre 50 e 60 homens no semi- tenho que questionar” – a exigência da O protestantismo cresce mais rápido existe uma comunidade missionária nário a cada ano, sendo que hoje esse nú- Associação Patriótica Católica Chinesa do que o catolicismo, mas tal cresci- cristã que seja multicultural, tem-se mero gira em torno de quatro ou cinco. de que os fiéis coloquem em primeiro mento também é positivo, pois “o Cris- uma comunidade mais rica”.

Também a América Latina foi atin- lugar o partido e, somente depois, sua tianismo enfatiza muito mais os direi- Martin Lasarte é diplomado em gida por uma onda de “impressionante fé. O Padre afirmou também que, se- tos humanos e a dignidade da pessoa”. Sagradas Escrituras e tem sido missiosecularização”, disse ele, deixando um gundo pessoas que estão atuando no É irônico, observou o Padre, que seja nário na África há 25 anos. Em 2019, vácuo religioso que tem sido cada vez país, “a China vem aumentando o con- justamente nesses países de governos serviu como delegado papal no Sínodo mais preenchido por igrejas evangéli- trole sobre a população”. comunistas e outros regimes autoritá- dos Bispos para a Amazônia. No mocas. Padre Lasarte recordou que, quan- E acrescentou que naquele país tam- rios – como Laos – que a Igreja Católica mento, prepara-se para retornar a Ando a Igreja perde seu carisma de ensino, bém a secularização é um problema, esteja ficando mais forte. gola, apesar das dificuldades provocamissão e difusão da fé, “ela perde sua por causa da urbanização. Nas grandes “A vida cristã, a presença da Igre- das pela COVID-19, como as fronteiras identidade”. cidades, há menos pontos de referência ja, está crescendo muito na África e do país ainda fechadas.

Segundo ele, a piedade popular é nos quais se possa praticar a fé e, por na Ásia, no Leste e no Sul. No Vietnã, (Com informações do site Crux Now) uma grande oportunidade para a Igreja da América Latina recuperar seu zelo evangelizador, perdido no passado, enquanto que na Europa a esperança vem principalmente de missionários africanos e asiáticos, que trazem um frescor à fé que se perdeu no Velho Continente.

O Padre também reconheceu a gravidade da perseguição física aos cristãos. Segundo ele, são cerca de 250 mil perseguidos no mundo e há mais mártires hoje do que nos primeiros séculos do Cristianismo. Padre Lasarte falou de “um novo ecumenismo, o ecumenismo do martírio”, uma vez que os cristãos são normalmente assassinados sem qualquer distinção.

Ele alertou contra o crescimento de um sentimento nacionalista do Hinduísmo na Índia, que está causando maior discriminação contra os cristãos e outras minorias, e também mencionou a China, como exemplo de país no qual a situação dos cristãos está se tornando mais precária. de.” Segundo o Padre La-

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