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Comportamento
LAPA
7 crianças recebem a primeira Comunhão na Paróquia Santa Terezinha
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BENIGNO NAvEIRA
COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO DA REGIÃO
Agnaldo Rizzo
Em missa na Paróquia Santa Terezinha, no Jardim Regina, Setor Pastoral Pirituba, em 30 de agosto, presidida pelo Padre Daniel Koo, Pároco, sete crianças receberam a primeira Comunhão.
A celebração foi transmitida pelas redes sociais e teve a participação presencial apenas das crianças que receberam o sacramento, seus pais, padrinhos e catequistas. Os catequizandos se prepararam desde 2018 e iriam receber a primeira Comunhão em abril, na Páscoa, porém, em razão da pandemia de COVID-19 e com a suspensão da presença dos fiéis nas missas, houve a necessidade de reagendar a celebração.
Em conversa com a Pastoral da Comunicação da Região Lapa, a catequista Elaine Rizzo ressaltou que, durante esse período de espera, foi mantido o conta-
Padre Daniel Koo e crianças recém-catequizadas na Paróquia Santa Terezinha
to com as crianças, por meio de encontros on-line de Catequese e houve até um retiro virtual, com a participação das famílias, no qual se explicou a respeito da Eucaristia e da Confissão. No dia 23, os catequizandos se confessaram e, assim, estavam aptos a receber a Comunhão pela primeira vez.
Elaine recordou a emoção das crianças ao receberem o sacramento. “O dia da primeira Comunhão deve ser o mais lindo de nossa vida. Eles poderão contar aos seus filhos, futuramente, que, no meio de uma pandemia, receberam pela primeira vez Jesus no coração”, finalizou.
Comportamento
E a educação religiosa?
vALDIR REGINATO
Avistamos o fim de ano chegando rapidamente. Os pais se preocupam com praticamente um ano “perdido” na escola das crianças. O esforço on-line não dá o resultado de sucesso aos filhos, e traz muito mais trabalho para os pais. Ainda é uma incógnita como chegarão a 2021! Para os pais, o aprendizado escolar é um dos pilares da educação. Desta dependem a formação cultural, o conhecimento de metodologias de estudo, as luzes para a futura escolha profissional, a autonomia de pesquisa, sem esquecer o relacionamento social, amizades e um vasto campo de conhecimento que ajuda a promover o desenvolvimento pessoal. Portanto, é bastante razoável a preocupação dos pais com a “perda do ano escolar de 2020”.
A pergunta que coloco em pauta é: será que os pais estão igualmente (pelo menos) preocupados com a formação religiosa de seus filhos? Não vamos nos restringir ao fato de eles terem sido batizados (o que é fundamental). Não vamos dizer que compareceram às formações na paróquia, fizeram a primeira Comunhão; e até participam da missa, alguns domingos. Quem sabe poderemos dizer que já se preparam para a Crisma! Vamos ampliar a nossa questão: estamos procurando formar nossos filhos na fé cristã e colaborando para que possam crescer cada vez mais nesta vida com a santidade que se espera de um filho de Deus? O que fazemos para isso? Será que, ao longo do tempo, levamos a educação religiosa dos filhos como “anos 2020”, que se repetem?
O dever da educação religiosa para pais cristãos – católicos – pertence, antes de tudo, a eles próprios. São João Paulo II afirmava que os pais não podem delegar a educação religiosa a terceiros. Estes serão colaboradores, como a escola é colaboradora, mas não a responsável direta. E, no amplo universo da educação, a formação religiosa não pode ser vista como algo menor ou ficar na dependência de algumas aulas de Religião que serão dadas nas escolas (ainda que católicas). Ela deve se iniciar desde o berço e ser acompanhada até que os filhos caminhem com as próprias pernas, que por vezes podem bambear e precisar de ajuda.
Hábitos da infância devem ser acompanhados de participação religiosa. A imagem do Anjo da Guarda, da Mãe do Céu, e a água benta são acolhidas naturalmente e com alegria pelas crianças. Alguém poderá dizer: “Mas elas não entendem...”. Elas também não entendem por que comem ou se vestem, e nós não as deixamos passando fome e frio. E quando crescem, gostam de ouvir histórias. A Bíblia, à qual nos dedicamos de modo especial neste mês de setembro, tem inúmeras histórias, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, que fazem com que a criança vá se familiarizando com Jesus, Nossa Senhora e São José, além dos profetas e reis... Não há diferença para elas em relação aos demais contos infantis, e isso alimenta o espírito de boa formação.
Crescidos, é importante que a preparação para o sacramento da Eucaristia não seja um curso para receber um “diploma” na primeira Comunhão e guardá-lo. A Eucaristia é uma “etapa de mudança” no comportamento diário, que, juntamente com o sacramento da Reconciliação, favorece a renovação da luta por agradar a Deus. E as virtudes serão os motores nessa batalha cotidiana. Comentar alguma passagem do Evangelho que se ouviu na missa, com fatos do cotidiano familiar, ajuda a perceber o quanto a vida de Cristo se insere na nossa própria vida, passados 2 mil anos! A formação religiosa não é uma aula que se estudou para a prova e se esquece porque “não vou precisar disto”. Se essa visão já é enganosa para temas escolares, na formação religiosa mais ainda. A religião não se limita a saber, mas é alimento para a alma poder crescer e se desenvolver.
Passam os anos e a Igreja apresenta o sacramento da Crisma para que possam tomar uma decisão consciente na perseverança da fé. Agora andam com seus próprios pés. Os retiros espirituais e a direção com o sacerdote fortalecem a intimidade com Deus. O caminho está aberto a uma vida cristã, que poderá escolher pelo sacramento do Matrimônio ou, quem sabe... por uma vida de dedicação completa ao Senhor, como religioso. Não temam os pais esta opção! Pelo contrário, alegrem-se! Não deixemos a formação religiosa de nossos filhos como o ano “2020”, e, para tanto, esforcemo-nos por dar bom exemplo por meio do nosso empenho pessoal.
Valdir Reginatoé médico de família. E-mail: reginatovaldir@gmail.com.
Fé e Cidadania O valor das tradições
PAULO HENRIqUE CREMONEZE
Há um famoso filme, musical, de que gosto muito: “Um Violinista no Telhado”. Seu roteiro retrata a vida de uma comunidade judaica na Rússia czarista do século retrasado. A personagem principal, Reb Tevye, um homem religioso, piedoso, bom pai de família e muito trabalhador, diz logo na primeira cena: “É pela tradição que sabemos quem somos e o que Deus espera de nós”. Churchill disse que “a fortuna fica justificadamente indignada com aqueles que rompem com os costumes do passado”.
O tempo atual é iconoclasta e tende a desprezar costumes e tradições. Parece que há um mórbido e esfomeado desejo de desconstrução da identidade de todos os povos, especialmente na porção ocidental do mundo.
Valorizar as tradições é, antes de tudo, respeitar a própria história e defender a identidade. A valorização da própria história não impede análises críticas, honestas, e a defesa da identidade não se confunde com abominações como o nacionalismo, o etnocentrismo, a intolerância e qualquer coisa que implique odioso sentimento de pretensa superioridade ou desprezo por tudo o que for diferente, que estiver na esfera “do outro” (outro povo, outra pessoa, outra cultura, outra religião).
A tendência atual em destruir a própria identidade e pisotear nas tradições é algo triste, preocupante, e que revela perturbadora desordem moral e, portanto, também social. Parece existir, sabe-se lá orquestrado por quem e para que, um plano muito bem construído de corrosão de cultura ocidental, cristã, florescida na Europa e difundida em muitas partes do mundo.
Tenho a impressão de que aquele que se dedica à diabólica arte de destruir as tradições simplesmente ignora a grandeza invulgar da civilização ocidental, que tem em sua organicidade a filosofia grega, o Direito romano, os valores e princípios cristãos. Se não ignora, age com má-fé, orientando-se para a destruição do que é belo, justo e valioso.
Nunca é demais lembrar que a civilização cristã ocidental deu ao mundo as belas artes, a ciência, a exuberante arquitetura (simbolizada nas catedrais medievais), o sistema de ensino, as melhores práticas de piedade e os mais elevados ideais. A democracia é essencialmente um valor ocidental.
É claro que, entre as luzes exuberantes, esses dois milênios foram também pontilhados por sombras e, mesmo, pontos constrangedores de abissal escuridão, mas o produto da soma destes não ofusca toda a grandiosidade da civilização ocidental, muito menos desautoriza sua história e suas tradições.
Preservar tradições não é viver no passado, tampouco se fechar ao novo. Não! Muito pelo contrário: preservar tradições é buscar no passado a inspiração para o presente e discernir quando o novo há de ser abraçado e difundido e quando há de ser deixado de lado ou repelido. Há entre tradição e sabedoria uma união quase hipostática, íntima, inexorável.
É pela tradição que sabemos quem somos e o que Deus espera de nós. Em sendo assim, saberemos melhor respeitar as diferenças, admirar culturas, tradições e costumes alheios, bem como buscar a justiça social, proteger e elevar os mais fracos e vivenciar o mandamento de “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Paulo Henrique Cremoneze é advogado, mestre em Direito
Internacional pela Universidade Católica de Santos, especialista em
Direito do Seguro pela Universidade de Salamanca, na Espanha, pós-graduado em Especialização Teológica pela Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção e vice-presidente da União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp).
Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO O PATRIOTISMO é ESPECIALMENTE RECORDADO NO BRASIL EM SETEMBRO, UM SENTIMENTO DE ORGULHO NACIONAL qUE PODE COLABORAR PARA O BEM COMUM, A JUSTIçA E A SOLIDARIEDADE
DANIEL GOMES E FERNANDO GERONAZZO
osaopaulo@uol.com.br
Manifestação de amor ao país onde se nasce ou que se adotou para viver, estando disposto a agir para defendê-lo, a ponto de morrer pela pátria, é a definição mais elementar para patriotismo, tema que neste mês tem especial destaque em razão da comemoração do Dia da Pátria, 7, e do Dia dos Símbolos Nacionais, 18 de setembro, que homenageia a Bandeira Nacional, as Armas Nacionais, o Selo Nacional e o Hino Brasileiro, conforme regulamentado pela Lei 5.700, de 1971.
“O patriotismo, em geral, é uma espécie de sentimento de orgulho nacional, um amor, não só à pátria, ao país que você vive, mas também em relação aos símbolos, como o hino, a bandeira e, eventualmente, à própria história do país”, explicou ao O SÃO PAULO o cientista político Rodrigo Gallo, professor na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).
No Brasil, o uso dos símbolos nacionais para expressar o orgulho de ser brasileiro é muito comum durante as edições da Copa do Mundo, e pôde ser constatado em outros momentos da história recente, como durante as Diretas Já!, nos anos 1980; com os jovens caras-pintadas, no início da década de 1990; e nas manifestações contra a corrupção política, mais intensas entre 2013 e 2016, o que mostra que o sentimento patriótico também se relaciona com o exercício da cidadania e a busca do bem comum.
vIRTUDE
A Igreja Católica ensina que o amor à pátria é uma virtude relacionada ao cumprimento do Quarto Mandamento da Lei de Deus – “Honrar pai e mãe”. O Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 2239, destaca que o amor e o serviço à pátria derivam do dever de gratidão e da ordem de caridade. “A submissão às autoridades legítimas e o serviço do bem comum exigem que os cidadãos cumpram seu papel na vida da comunidade política”, diz o texto.
O Catecismo esclarece, ainda, que a virtude do patriotismo faz com que cada cidadão colabore “com os poderes civis para o bem da sociedade, num espírito de verdade, de justiça, de solidariedade e de liberdade”.
Santo Tomás de Aquino, na sua Suma Teológica (STh. II-II q.101), diz que o dever do cristão em relação à pátria deriva da virtude da piedade filial, do dever de prestar honra e culto àqueles que o precedem, de forma especial aos pais, por terem dado a vida natural, e à pátria, por ser o lugar em que a pessoa se desenvolve e encontra seu espaço vital, além de viver a fraternidade com seus concidadãos.
O Compêndio da Doutrina Social da Igreja, no artigo 157, ao se referir aos direitos e deveres dos povos e nações, lembra que “a nação tem um fundamental direito à existência; à própria língua e cultura” e que, acima de tudo, deve haver uma livre cooperação, visando ao bem comum da humanidade.
vALOR CULTURAL
Na primeira mensagem para o Dia Mundial da Paz no terceiro milênio, em 1º de janeiro de 2001, São João Paulo II destacou que a pessoa existe necessariamente “em uma determinada cultura”, enraizada num humus concreto, no qual se forma o “sentido da ‘pátria’”.
O Santo Padre recordou que o próprio Jesus, ao se fazer homem, “adquiriu, com uma família humana, também uma ‘pátria’; ficou para sempre Jesus de Nazaré, o Nazareno”, afirmou, sublinhando que “o amor à pátria é um valor a cultivar, mas sem estreiteza de espírito”. Isso significa evitar “as formas patológicas que têm lugar quando o sentido patriótico assume tons de autoexaltação e de exclusão da diversidade”.
Nesse contexto, o Papa recordou que, no passado, as diferenças culturais foram frequentemente fonte de incompreensões e motivo de conflitos e guerras. E que, ainda hoje, existe a “polêmica afirmação de algumas identidades culturais contra outras culturas”. Ele advertiu, também, que, se a “radicalização das identidades culturais” é preocupante, não é menor o risco de se fazer uma homogeneização “servil das culturas”. “Um antídoto eficaz para que o sentido de pertença cultural não provoque isolamento é o conhecimento, sereno e livre de preconceitos negativos, das outras culturas”, completou.
MENOS PATRIOTAS qUE ANTES?
Por força da Lei 12.301/2009, é obrigatório que, uma vez por semana, nas escolas públicas e privadas de Ensino Fundamental, haja a execução do Hino Nacional. A existência da legislação, porém, não tem assegurado, por exemplo, que os brasileiros, ao final do ciclo de ensino, tenham plena ciência da letra do hino e de seu significado.
“O modelo educacional que nós tínhamos antes – seja público, seja privado, com as diretrizes do Ministério da Educação –, indicava que havia uma valorização maior desses símbolos nacionais: cantar o hino toda sexta-feira de manhã, por exemplo, as aulas obrigatórias de Educação Moral e Cívica, isso fazia parte de um projeto de Estado”, observou Gallo, apontando para um possível desgaste dos símbolos nacionais e sua falta de percepção pelas novas gerações, panorama que, em seu entender, pode ser modificado.
“Talvez a geração atual não se sinta tão identificada com elementos que estão na bandeira, com o hino, talvez muitos jovens nem saibam a letra do hino nacional, mas por que o Estado não reconfigura suas estratégias para a construção de patriotismo? Cito o exemplo da música pop sul-coreana. O k-pop foi incorporado às estratégias
| A unidade da pátria brasileira e de seu povo, representada na arte sacra |
Santuário Nacional de Aparecida
Em cada uma das colunas do baldaquino do altar-central, em meio aos elementos que representam a flora e a fauna do País, há anjos diferentes: um branco, um negro, um caboclo e um índio, que representam a formação do povo brasileiro. A autoria é do artista plástico Claudio Pastro
Paróquia Nossa Senhora do Brasil
A igreja localizada no Jardim Paulista, na zona Sul de São Paulo, tem, no centro do teto da capela-mor, a Virgem Maria e o Menino Jesus cercados de representantes de diferentes regiões brasileiras, vestidos com roupas típicas. A autoria é do pintor e ceramista Antônio Paim Vieira
de políticas externas da Coreia do Sul, a fim de tentar apresentar outra imagem do país ao mundo. Hoje, por exemplo, muitos brasileiros que nunca estiveram na Coreia do Sul gostam das coisas de lá. Assim, um elemento, a princípio banal, pode ser usado pelo Estado como forma de projetar a imagem do país externamente, além de fazer com que pelo menos parte da sua população tenha orgulho do ‘produto nacional’”, ponderou Gallo.
NACIONALISMO X PATRIOTISMO
Por vezes tratadas como expressões correlatas, nacionalismo e patriotismo são diferentes. Um dos pioneiros a fazer tal distinção foi o abade Augustin Barruel, em 1797, no contexto da revolução francesa. Em suas “Memórias para Servir na História do Jacobinismo”, ele afirmou que o nacionalismo ocupou o lugar do amor geral, e passou a permitir desprezar os estrangeiros, enganá-los e ofendê-los. Tratava-se de um amor excessivo ao Estado e de ódio aos estrangeiros.
No livro “Dicionário de Política”, Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino apontam que “em seu sentido mais abrangente, o termo nacionalismo designa a ideologia nacional, a ideologia de determinado grupo político, o Estado nacional, que se sobrepõe às ideologias dos partidos, absorvendo-as em perspectiva. Juntamente com essa significação, porém, existe outra, mais restrita, que evidencia uma radicalização das ideias de unidade e independência da nação e é aplicada a um movimento político, o movimento nacionalista, que se julga o único e fiel intérprete do princípio nacional e o defensor exclusivo dos interesses nacionais”.
Rodrigo Gallo ressalta que, no nacionalismo, o Estado atua intensamente para criar uma unidade nacional, não é algo espontâneo de amor à pátria por parte das pessoas, e ainda pode gerar situações de conflito dentro do próprio território. “No Brasil, não se vê um projeto nacionalista sendo construído, mas há atritos. Em 2018, em Roraima, por exemplo, alguns brasileiros cantavam o hino nacional, a fim de expulsar venezuelanos do estado. Foi um momento muito triste, em que um símbolo nacional foi usado de forma muito negativa contra uma população estrangeira”, observou.
Brasileiros, por que não?
COB
Para muitos esportistas, o ápice da carreira é alcançado quando disputam uma edição das Olimpíadas. Em cem anos de participação brasileira nos Jogos Olímpicos de Verão – a primeira foi em Antuérpia 1920 –, 52 esportistas nascidos em outros países representaram o Brasil nos Jogos. A trajetória destes atletas é apresentada na tese de doutorado “Brasileiros, por que não? Trajetória e identidade dos migrantes internacionais no esporte olímpico do Brasil”, pelo jornalista William Douglas de Almeida, que será avaliada no final deste mês na Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (USP).
Em entrevista à reportagem, Almeida recorda que, apesar das particularidades, a identificação de alguém nascido no estrangeiro com o país que passa a defender tem aspectos comuns. “O local de nascimento é muito importante, e outros elementos, como os laços familiares e, que muitos destes atletas tenham uma identificação muito forte com o Brasil. Além disso, há as relações construídas com amigos e outros profissionais do esporte – sejam concorrentes, sejam colegas de equipes – que aumentam o sentimento de pertencimento ao Brasil”, detalha.
Almeida recorda a experiência do remador Francisco Todesco, que, nascido na Itália, imigrou para o Brasil, ainda adolescente, logo após a 2ª Guerra Mundial. “A primeira vez que ele voltou ao país natal foi para competir nos
em alguns casos, a migração ainda na infância, fazem com
Alguns atletas olímpicos do Brasil nasceram no exterior
Jogos Olímpicos, em Roma 1960, como brasileiro. Para ele, representar o Brasil naquele evento era também uma forma de demonstrar gratidão à nova pátria. Anos depois, ele teve a oportunidade de obter novamente a cidadania italiana, mas optou por se manter brasileiro”, recorda.
Almeida lembra, ainda, que, para estes atletas, representar o Brasil em uma olimpíada significou a afirmação de uma identidade e uma aproximação com a própria ancestralidade. (DG)
Um verdadeiro tesouro encontrado no Brasil
Há pessoas que, ao serem adotadas por uma nova pátria, também descobrem a fé. Isso aconteceu com Ken e Maushi Akamine, avós paternos de Dom Julio Endi Akamine, Arcebispo de Sorocaba (SP), primeiro Bispo nipo-brasileiro.
Dom Julio contou ao O SÃO PAULO que, no início do século XX, seus avós partiram do Japão, sua terra natal, sonhando com “a árvore dos frutos de ouro”, como era conhecido o café. No entanto, descobriram outra árvore que produz “um fruto imensamente mais precioso”.
“Quando o navio em que viajavam cruzou a linha do Equador, perderam de vista, para sempre, a Estrela Polar e viram, pela primeira vez, o Cruzeiro do Sul: das estrelas veio o sinal que preanunciava a verdadeira riqueza que aqui encontrariam”, relatou o Arcebis-
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Dom Julio Akamine, Bispo de Sorocaba (SP)
po, referindo-se ao Cristianismo. Dom Julio contou que, quando seus avós decidiram imigrar para o Brasil, acreditavam que poderiam enriquecer com o cultivo do café e, em pouco tempo, retornariam bem-sucedidos ao Japão. No entanto, Ken foi designado para trabalhar na colheita de algodão no município paulista de Garça e, nesse contexto, ele e a esposa descobriram a fé cristã católica, batizando-se e adotando o nome cristão de Julio e Maria.
Na comemoração do centenário da Imigração Japonesa no Brasil, em 2008, Dom Julio ressaltou que, se a data era um momento oportuno para reconhecer a contribuição dos japoneses para a formação da cultura e da economia do Brasil, “é necessário agradecer aos católicos destas terras o fato de os imigrantes nipônicos terem encontrado aqui a ‘Árvore da Cruz’, de onde pende a salvação do mundo”.
“Minha gratidão aos que transmitiram a fé aos meus avós de modo tão sincero e vital é imensa: eles nos transmitiram o tesouro que, por graça divina, carregamos em vasos de argila”, concluiu o Arcebispo. (FG)
Nas últimas quatro décadas, a mobilização dos brasileiros, em especial para a promulgação da Constituição de 1988 e sua efetiva aplicação, fez do Brasil um país melhor para se viver, mas ainda há muitos desafios a serem superados
qUEDA NA TAXA DE ANALFABETISMO (pessoas acima dos 15 anos)
1980 – 19.356 analfabetos (25,9% da população) 2019 – 11.041 analfabetos (6,6% da população)
Fontes: Censo de 1980 e Pnad Contínua Educação
MAIS CRIANÇAS NA ESCOLA
1980 – 1,33 milhão de crianças de 0 a 6 anos (5,9% do total) estavam em creches ou na pré-escola 2018 – 3,5 milhões de 0 a 3 anos em creches (34,2% do total) e quase 5 milhões de 4 a 5 anos na pré-escola
(92,4%)
Fontes: Censo de 1980 e Pnad Contínua Educação
qUEDA NA MORTALIDADE INFANTIL (até o 1º ano de vida)
1980 – 69,1 mortos para cada mil nascidos vivos 2018 – 12,4 mortos para cada mil nascidos vivos
Fontes: Censo 1980 e Tábua de mortalidade para o Brasil – IBGE
MAIS HOMICíDIOS (DADOS GERAIS)
1980 – 13.910 homicídios (11,69 por 100 mil habitantes) 2017 – 65.602 homicídios (31,59 por 100 mil habitantes)
ENTRE OS jOvENS (15 A 29 ANOS)
1980 – 6.759 mortes (48,59% do total em todas as faixas etárias) 2017 – 35.783 mortes (54,54% do total em todas as faixas etárias)
Fonte: Atlas da Violência 2020
MAIS DESEMPREGADOS
Década de 1980 – média de 5,3% do total da população economicamente ativa 2019 – média de 11,9% da população economicamente ativa
ENTRE OS jOvENS
1980 – 44,7% dos que tinham entre 15 e 24 anos não trabalhavam 2019 – 23,8% das pessoas entre 18 e 24 anos estavam desempregadas
Fontes: Ipea e Pnad Contínua
SERvIÇO DE ABASTECIMENTO DE áGUA 1989 – Disponível em 95,9% dos 4.245 municípios do País na época 2018 – 39,4 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à água potável
Fonte: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS)
ACESSO à REDE DE ESGOTO
1980 – 74% das residências não estavam ligadas à rede de esgoto 2018 – 48% da população, cerca de 101 milhões de brasileiros, ainda não tem esgoto
Fontes: IBGE e SNIS
MAIS PESSOAS vIvEM EM FAvELAS
1980 – 2,25 milhões de pessoas (1,62% da população) 2019 – 13,6 milhões de pessoas (6,47% da população) * Em 2018, o rendimento médio mensal do 1% mais rico da população brasileira era 33,8 vezes superior ao ganho obtido por 50% dos mais pobres