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Brilhe a vossa Luz diante dos homens! Editorial

Nestes dias em que celebramos a Páscoa do Senhor, a Igreja nos dirige contínuos apelos àquela alegria, imensa e pura, que só pode vir de Deus: os aleluias nas aclamações e saudações da missa, o Te Deum diário no Ofício divino, a oração do Regina Coeli ao meio-dia, a dispensa da abstinência de carne na sexta-feira da Oitava... O motivo para tanta alegria, como escrevíamos na última coluna, é que a Ressurreição de Cristo muda tudo: faz a vida deixar de ser um vazio sem sentido, e nos abre as portas da eternidade. E, no entanto, para aqueles nossos concidadãos que não participam ativamente de nossa fé, pode ser que a Páscoa tenha "passado batido", em meio às preocupações e angústias da vida.

Não é verdade, afinal, que este nosso ocidente, outrora cristão, dá abundantes sinais de doença e esgotamento?

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“Olhemos ao redor! A sociedade ocidental escolheu organizar-se sem Deus. Ei-la agora, entregue às luzes tilintantes e enganosas da sociedade de consumo, do lucro a qualquer custo, do individualismo ensandecido. Um mundo sem Deus é um mundo de trevas, de mentira e de egoísmo! Sem a luz de Deus, a sociedade ocidental se tornou como um barco à deriva. Ela não tem amor suficiente para acolher as crianças, para protegê-las no ventre de sua mãe, de preservá-las da agressão da pornografia. Sem a luz de Deus, a sociedade ocidental não sabe mais respeitar seus idosos, acompanhar seus doentes na morte, acomodar os mais pobres e os mais fracos. Ela está entregue às trevas do medo, da tristeza e do isolamento” (Cardeal Robert Sarah, homilia de 21/05/2018).

Aquele apelo de São Paulo, de que “a criação inteira aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus” (Rm 8,19), continua tão atual como nunca: o mundo à nossa volta geme e sofre como que dores de parto, na esperança de ser libertado do cativeiro das famílias destruídas, do materialismo individualista, das desonestidades comerciais, das perversões e imoralidades...

Cabe a nós, cristãos, que ressuscitamos com Cristo, buscar as coisas do alto (cf. Col 3,1-3); cabe a nós, que morremos para o homem velho e seus vícios, ser sal da terra e luz do mundo, e brilhar diante dos homens com a Luz que nos vem de Cristo, para que todos as vejam a louvem a Deus.

Renovados, portanto, pela Páscoa, sejamos pobres em espírito, recusando-nos a cair na idolatria do dinheiro e a sacrificar a vida familiar no altar de um “carreirismo” desequilibrado. Sejamos mansos, para trazer nossos irmãos ao Cristo pela atração espontânea, não pelas ameaças e pressões. Tenhamos fome e sede de santidade, abraçando com alegria as renúncias que sejam necessárias para viver radicalmente o Evangelho. Sejamos misericordiosos, compreendendo as hesitações e dificuldades dos nossos irmãos afastados de Deus – pois também nós outrora fomos trevas. Sejamos puros de coração, recusando-nos a enxergar as moças e rapazes como objetos a serem usados para satisfazer nossos caprichos. Sejamos, enfim, pacificadores, não desejando nada, senão o bem, para todos os que nos cercam. É verdade que esta vida nova do Cristo permanece, de certa forma, escondida (cf. Col 3,3), e que a conversão do mundo a Cristo não será um sucesso instantâneo. Mas o que Deus pede a cada um de nós não é um projeto de proporções globais – senão simplesmente nos esforçar para vivermos o Cristianismo a cada dia um pouco melhor, com os mil pequenos atos de gentileza e amor. Assim, de vela em vela, a luz do Cristo, Círio Pascal, poderá iluminar a Igreja inteira

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