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Tempo pascal, um caminho vocacional

cisamos olhar com senso crítico para as notícias e nos determos em avaliar qual a postura a adotar diante delas.

Outro efeito bastante ruim que pode ser gerado quando todos se envolvem com as notícias e se dedicam a divulgá-las é o “efeito contágio”: outras pessoas que talvez não tivessem coragem de atos violentos como esses, se contagiam com o clima e os detalhes divulgados e acabam reproduzindo a ação.

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2. Alie-se à escola em busca de soluções imediatas: é esperado que os pais busquem maior segurança para os lhos no ambiente escolar, porém, não tomem as escolas como rivais, mas, sim, como parceiras nesse processo; a nal, elas também não têm interesse algum em se colocar em risco, tampouco colocar as crianças. Vejo muitos pais querendo medidas drásticas e radicais sem considerar que as escolas têm uma visão diferente da realidade. Eles estão dentro da cena escolar, percebem a realidade daquela instituição em particular, avaliam os riscos com maior visão. Não pressionem a escola a medidas radicais que possam aumentar o pânico nas crianças e não a sensação de segurança. Aliás, o ideal seria que as crianças nem fossem comunicadas sobre todos esses acontecimentos; a nal, precisamos protegê-las e não expô-las ao medo. Nós precisamos cuidar da segurança dos pequenos e nunca promover que quem amedrontados

3. Assuma um olhar cuidadoso em relação aos lhos: muitas vezes, tenho visto famílias que não estão verdadeiramente envolvi-

Expocatólica/Divulgação das no processo de formação do caráter dos lhos. Estamos numa sociedade bastante movida pelo sucesso pro ssional, pela busca de conforto etc. e, não raro, a formação dos lhos é delegada a terceiros – escola, babás, avós, telas (o que é extremamente danoso). Muitos pais não acompanham de perto esse processo de formação dos lhos e, quando menos esperam, estão diante de um adolescente que está envolvido com grupos, jogos e movimentos absolutamente estranhos a seus valores. Quantos pais se surpreendem com comportamentos dos seus lhos adolescentes, simplesmente porque, ao longo da infância, não acompanharam de perto a formação deles? Quantas famílias acabam optando por processos educativos mais permissivos, mais fáceis, em que os embates nunca acontecem e, com isso, formam pessoas com senso moral inexistente, com pouquíssima habilidade social? O amor, o afeto e a rmeza precisam estar presentes na formação dos lhos. A presença e envolvimento dos pais no processo é condição sine qua non para que se conheça bem cada um dos lhos e que uma boa formação de caráter seja garantida. Pais que conhecem e acompanham de perto os lhos, que conversam e convivem com eles, observam rapidamente qualquer mudança de comportamento, percebem se estão envolvidos com más companhias, se estão em algum jogo ou desa o digital que possa ser prejudicial, en m, ajudam, e muito, a preservar a sociedade do convívio com personalidades malformadas e desequilibradas.

As mochilas que chegam à escola, nas quais pode haver objetos que ferem e matam, saem de casa, do aconchego do lar. Será mesmo necessário que a escola reviste essas mochilas ou seria muito mais adequado que os pais soubessem o que os lhos levam tanto na mochila quanto no coração?

Não podemos car alheios a todos esses acontecimentos e ao aumento crescente da violência nas escolas, mas não podemos esquecer: resolver esse problema é papel de todos e de cada um de nós – educadores, pais e poder público. Não podemos delegar a ninguém a parte importantíssima que cabe à família: formar bem os lhos, acompanhando-os no árduo e importante caminho de construção do caráter e de uma personalidade equilibrada, saudável e lúcida.

Vivemos o Tempo Pascal, a alegria de Cristo Ressuscitado nos faz ser seus éis discípulos missionários. Estamos em pleno 3o Ano Vocacional da Igreja no Brasil, que tem por tema “Vocação: Graça e Missão”, e por lema, “Corações ardentes, pés a caminho”. O texto do Evangelista Lucas (Lc 24,13-35), sobre os discípulos de Emaús, que dá origem ao lema deste Ano Vocacional, nos recorda a presença do Cristo que vive, faz o coração dos discípulos arderem quando lhes fala das Escrituras, e estes se colocam a caminho. Ao reconhecerem Jesus na partilha do pão, rapidamente voltam para Jerusalém e con rmam que Cristo está vivo e, assim, manifestam a missão que vem do Ressuscitado. Sabemos que esse texto é paradigmático, isto é, um modelo que devemos seguir e uma referência para a nossa ação evangelizadora, a missão eclesial; uma Igreja que caminha junto, como Jesus caminhou com os dois discípulos, tendo por fundamento a Sagrada Escritura e a Eucaristia. Incapazes de entender o sentido de tudo o que havia acontecido, se retiram de Jerusalém, se afastam do grupo dos discípulos. Mas Jesus percorre o caminho com eles, se faz de forasteiro, dialoga sobre os acontecimentos, e, com paciência, escuta para ajudá-los a reconhecer o sentido dos fatos. Com afeto, interpreta as Escrituras, aceita o convite e entra para cear com eles, faz arder-lhes o coração e iluminar as mentes, e na fração do pão os olhos nalmente se abrem e o reconhecem. Ao voltarem rapidamente para Jerusalém, anunciam Cristo Ressuscitado e, com os demais, continuam a missão com a comunidade. Caminhar juntos e ajudar a discernir o chamado de Deus, o seu projeto sobre cada um, é a missão da pastoral vocacional. Isto é, ajudar cada pessoa no discernimento da vocação, e descobrir qual o caminho concreto para realizar o projeto de vida ao qual Deus o chama, por Jesus Cristo, na ação do Espírito. Sabemos que o serviço vocacional dever ser como a alma da evangelização da Igreja, colocar-se em estreita relação com ela e a educação da fé. Trata-se, pois, de um itinerário de fé que leve ao encontro pessoal com Cristo. Assim como fez Jesus no caminho de Emaús, no diálogo profundo, colocando-se ao lado, como processo que leva verdadeiramente ao essencial, que é o seguimento, razão primeira e última de toda vocação. Eis a importância do serviço pastoral eclesial, da comunidade que acolhe e acompanha. Em particular da família, que, na sua missão especí ca, é chamada por primeiro, com alegria e responsabilidade, a ser animadora vocacional de seus lhos, ajudando-os a abrirem o coração, para doarem a sua vida por Cristo no serviço aos irmãos.

Neste tempo pascal, de alegria e esperança, vamos rezar e promover as vocações. E a oração constitui, como ensinou o mesmo Jesus (Mt 9,38-39), o primeiro e insubstituível serviço que podemos oferecer à causa das vocações. A vocação é sempre dom de Deus, o chamado e a resposta à mesma vocação só podem ressoar e fazer-se ouvir, antes de tudo, na oração, em uma comunidade de fé, a serviço dos irmãos.

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