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Para que todos sejam um

passagens do Evangelho de João, à união com Ele, que traduz o modo e o fruto da salvação eterna. Permanecer unidos a Cristo, e nele, é a certeza de ter parte na salvação, no céu, na vida eterna, na contemplação da glória de Deus. Desse modo, a salvação não é um bem que se possa conquistar por si, pelos próprios méritos, como algo distinto de nossa adesão de fé em Cristo. Jesus disse isso mesmo também com outras palavras: “Quem crê em mim, tem a vida eterna” (cf Jo 3,36). Crer signi ca estar unido a Cristo, em comunhão com Ele. Crer rmemente é acolher Cristo Jesus com toda a rmeza de coração, da vontade, do desejo, da inteligência e da coerência de vida.

Mas a oração de Jesus traz mais uma questão muito importante. No capítulo 17 do Evangelho de São João, como em outras passagens ainda, Jesus pede que os discípulos vivam “Nele” a unidade ou a comunhão: “Que todos sejam um como tu, Pai, estás em mim e eu em Ti, e para que eles estejam em nós, a m de que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,21). Pede que os discípulos se orientem pelo amor e a unidade que há entre o Pai e o Filho e se deixem envolver por esse mesmo amor e comunhão das Pessoas Divinas.

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Dessa maneira, Jesus situa o mandamento novo do amor ao próximo no horizonte mais alto e no fundamento mais profundo possível: o próprio amor divino do Pai e do Filho. Nesse pedido do Salvador, os cristãos deveriam encontrar sempre a motivação e a força para superar suas pequenas ou grandes desavenças e divisões internas. É como nos recorda ainda São João numa de suas cartas: “Se Deus nos amou assim, também nós devemos amar-nos uns aos outros! Caríssimos, amai-vos uns aos outros, pois o amor vem de Deus e quem ama, permanece em Deus e Deus permanece nele” (1 Jo 4,7).

Não é sem razão que a Igreja insiste na vivência da comunhão fraterna e eclesial. Desde Jesus e os apóstolos, a unidade e a comunhão na Igreja são questões centrais na pregação e no testemunho do Evangelho. Apesar das frequentes pequenas e grandes divisões surgidas, isso nunca foi considerado bom e normal na Igreja e sempre se procurou a superação daquilo que divide e o incentivo àquilo que une e mantém a comunhão. Também hoje, isso continua uma preocupação e busca constante. A divisão na Igreja, em qualquer nível, bem como as rixas internas nas comunidades de fé, são motivo de escândalo e enfraquecem o testemunho do Evangelho. Nosso sínodo arquidiocesano tem, como um dos seus grandes propósitos, o cultivo e o aprofundamento da comunhão na Igreja. O mesmo acontece com a proposta do sínodo universal, convocado pelo Papa Francisco, que terá a primeira etapa de sua assembleia em outubro deste ano.

Na semana de preparação a Pentecostes, a Igreja reza especialmente pela unidade dos cristãos, atendendo ao pedido de Jesus: “Que todos sejam um”. A comunhão e a unidade na Igreja só podem ser conseguidas mediante a ação do Espírito Santo, Espírito do amor, da unidade e da comunhão. Só Ele nos poderá ajudar a superar nossas fraquezas e nossa tendência a seguir o “espírito que divide” e semeia desavença e ódio. Só o “Espírito da verdade” nos poderá levar a um amor tão forte à verdade, que não nos deixe cair na tentação das falsidades e vaidades, que geram divisões. Que Ele venha em socorro de nossa fraqueza.

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