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Os treze azares do comum ciclista português:
1 - Frio. Número TREZE - FEVEREIRO 2013 Número TREZE - FEVEREIRO 2013 Ficha Técnica: Director: Bráulio Amado (BA) ba@jornalpedal .com Director Adjunto: Luís Gregório (LG) lg@jornalpedal .com Editor: João Pinheiro (JP) jp@jornalpedal . com Redacção: João Bentes (JB) jb@jornalpedal .com , Duarte Nuno (DN) dn@jornalpedal .com Colaboraram nesta edição: Ilustração: Vaida , Luís Favas Textos: Joana Bértholo, Tiago Car valho, Mailis Rodrigues , Mubi Editorial de moda: Produção: Round Square Fotografia: Anna Balecho Modelos: Carlos Afonso, Pedro Ventura , Maria João Marques , Micaela Neto Banda Desenhada: Rick Smith Revisão: Helena César Design e Direcção de Arte: Estúdio HHH Comunicação: Helena César hc@jornalpedal .com Departamento Comercial e -mail: info@jornalpedal .com tlm: 91504 4 437/933514506 Distribuição: Algar ve: Bike Postal , Markko Bike Messenger. Porto: Roda Livre JORNAL PEDAL é uma marca registada / Morada: Praça Gonçalo Trancoso 2 – 2 esq , 1700 -220 Lisboa Tel: 933514506/91504 4 437 e -mail: info@jornalpedal .com web: facebook . com/JornalPedal / jornalpedal .com / t witter.com/JornalPedal Impressão: Empresa Gráfica Funchalense S . A . funchalense. pt | email: geral@egf.com .pt Tel . 219677450 Fax 219677459 Tiragem: 5.000 exemplares Depósito Legal: 340117/12 O JORNAL PEDAL faz parteda Cooperativa POST postcoop.org Jornal Pedal é uma publicação gratuita que não pode ser vendida .
2 - Eléctricos.
3 - Subidas.
4 - Carros.
5 - Pessoas a atravessar.
6 - Falhas nos travões.
7 - Cocó de pombo no selim.
8 - Furos.
9 - $&%@?&.
10 - Agosto e um emprego sem chuveiro.
11 - "Doored".
12 - Chuva.
13 - Taxistas.
Pedal #13 Página 3
Jornal Pedal, Fevereiro 2013:
Editorial — Treze. Mãos na cabeça, bocas abertas de exclamação, frustração, receios e olhos abertos e atentos. Tudo saído de um número treze que representa o azar. Será isto pelas formas que juntam dois números? Um número um que é uma estaca e um três rodopiado que constrói três dentes e saltando para cima da estaca constrói um garfo, instrumento do diabo para produzir azares? Quer isto dizer que por azar não haverá mais números treze deste jornal? O que sabemos é que este é um número cuja cara identifica ciclo azares, avança depois para a fenomonologia do roubo de bicicletas e um errar humano. Mais à frente desdobra-se um editorial de moda que junta um Markus e uma Roda Gira. Há espaço para esvoaçar num conto ciclável, seguindo-se um iBike, reportagem de uma curta que dará um filme enviada em exclusivo de Montreal do Canadá. Pelo meio dissecamos a corrida das corridas, a alleycat às claras mesmo em jeito de anunciar o próximo desafio: Alleycat Pedal. É aparecer de pulso rijo sem olhar a azares.
Alleycat Pedal— 16 de Março, (Mais informações na página 10) Alleycat
É um termo que significa adrenalina máxima em cima de duas rodas. Punhos firmes, olhos fixos e força de orientação, o Jornal lança agora a Alleycat Pedal para acontecer a 16 de Março pelas 16H no Largo do Intendente de Lisboa. Mais para passar os olhos nas páginas seguintes das folhas do Pedal.
Mixtape Pedal #2 Online "Roda no Ar" por Pan Sorbe jornalpedal.com
Mixtape Pan Sorbe
Voltámos às prometidas mixtapes. Depois da inaugural mixtape pelo nosso homem de câmera em punho, Ricardo Filho de Josefina, entregámos a tarefa a Pan Sorbe. DJ, também ele ciclista que nos deleita com uma mistura dançável. "Roda no Ar" é o registo que promete aquecer um pouco este frio Fevereiro.
Manifesto Pedal 2013, musicado por Shela (If Lucy Fell, Paus): jornalpedal.com Manifesto Pedal 2013.mp3
No início do ano, o Pedal fez cair umas palavras arrumadas em jeito de manifesto para dentro da edição de Janeiro. Atiramos essas palavras para o caldeirão de teclas de João Shela e agora entornamos esta super porção misturada para cima de todos. O manifesto Pedal musicado, para ouvir e engolir via internet através de jornalpedal.com.
Mercado 560 x Pedal: Nova t-shirt, a sair em Março. mercado560.com
Mercado 560 x Pedal
O Mercado 560 é um colectivo com carimbo português e fez um convite ao Pedal. O resultado é uma estampa para t-shirt que é uma composição que junta os ícones que simbolizam Lisboa onde se junta uma bicicleta como manifesto da desejada transformação. Disponível em vários tamanhos em mercado560.com.
Pedal #13 Página 4
Errar é Humano.
Texto: Tiago Carvalho Ilustração: Vaida vaidaelena.tumblr.com
Em 2002, foi publicado em Itália o livro "Walkscapes – camminare come pratica estetica", do arquitecto italiano Francesco Careri. O livro não tem ainda tradução para o português, estando apenas disponível nas línguas inglesa e espanhola. Nessa obra, o autor empreende uma apurada apologia histórica da importância do caminhar como condição da génese da arquitectura e como instrumento crítico do ordenamento e urbanismo das cidades contemporâneas, em especial dos vazios, do abandono e das ruínas derivadas do seu crescimento descontrolado. Umas das metáforas mais elucidativas do livro introduz-nos na relação filial entre Abel e Caim e como os seus respectivos ofícios apontam para duas maneiras distintas de estar no mundo. Caim, o agricultor sedentário, modifica pelo seu paulatino e árduo labor tudo aquilo que o rodeia, instalando-se doravante nesse universo artificial que foi construindo; Abel, pelo contrário, cuida do seu rebanho a cada passada, entregando-se ao lazer e ao gozo associados à espera soalheira, enquanto o gado tosa o pascigo; há aqui igualmente uma marcação da natureza, mas a prática do pastoreio dá-lhe a duração do tempo de cada transumância. Esta simples divisão do trabalho encerra já uma primeva divisão do espaço. Os excedentes agrícolas, o seu armazenamento, gestão e venda trazem consigo aquela perspectiva da produtividade e do lucro, próprios a qualquer negócio; subtrair da terra o seu sustento dá origem à edificação de estruturas arquitectónicas que suportem e prolonguem no tempo tais actividades; tal como hoje atingir o uso eficaz do tempo é equacionado com a procura de velocidades cada vez maiores; a arquitectura e o urbanismo são aqui construção e modificação física de um espaço sacrificado aos desígnios de uma eficiência totalizante e derivam, por conseguinte, da natureza do habitar que lhe subjaz. E contudo, o deambular do pastor é em si mesmo um elogio crítico de um outro habitar; o seu percurso não esventra a terra com o arado e os talos rilhados pelo gado voltarão a crescer; caminhar é um acto poético porque sem propósito, inútil e livre porque vinculado a um ócio que rejeita o trabalho. A feitura da espacialidade ocorre aqui através dos diferentes cambiantes estéticos, simbólicos e emocionais que o romeiro imprime ao território, através de um mapeamento sensível do mesmo. Como é sabido, Caim assassinou Abel; o castigo divino condenou-o à ironia da fuga e à errância pela terra, até que, tanto quanto sabemos, Caim fundou a primeira cidade e aí viveu até morrer, soterrado pelo seu próprio telhado. Não podemos aduzir o móbil do fratricida, mas é fácil ler nesta imagem uma certa censura da fruição da própria motricidade e uma representação do jugo socializante que desde aí se instalou sobre todo o sucedâneo de nómada, ainda que associado a uma certa inveja dessa mesma condição. Aquele que se passeia, tal como aquele que pedala, deverão fazê-lo se estiverem realmente seguindo um propósito específico. Uma satisfação pessoal com a própria deslocação é tolerada na medida em que o apreciador passe a ser conotado como um mandrião que evita trabalhar ou associado a um atavismo ou revivalismo serôdios. Alguém que vagueie muito, i.e., alguém que segundo o dicionário Houaiss "ande passeando por (lugares) sem rumo certo, ao acaso, sem pressa, sem projectos precisos; perambular, vagar, vadiar" é, por conseguinte, um "vagabundo" ou um "vadio", o que, pela semântica, está associado a roubos, assaltos, à esmola e à ausência de um lar e de um emprego e de tudo aquilo que julgamos ser imprescíndivel. Eis porém o aparecimento, desde há alguns anos, de um ror de críticas que vem questionando tamanho esquecimento do acto puro de caminhar. Para nós basta-nos um olhar atento à nossa língua para nos recordarmos que o caminhar é inevitável, estará sempre connosco e deve por isso constituir um princípio básico, elementar e normativo de quem quer que desenhe o espaço urbano; esta pesquisa no próprio idioma não deverá parecer estranha, já que é nele que se vão acumulando as tendências mais duradouras dos que vivem a língua; quando queremos saber qual o estado anímico de alguém perguntamos-lhe qual a qualidade presente do seu passo, em "como andas?"; ou seja, podemos andar bem ou mal, tristes ou cansados e ainda de mota ou de bicicleta, mas andar é um verbo lapidar sujeito a vários complementos que confirmam e lhe detalham a necessidade. Tal como "andar com alguém" é participar e partilhar um percurso comum, mesmo que se desconhecido à partida. Ou ainda o "vai dar uma volta", entendido como a
separação mais ou menos definitiva de dois caminhos. Numa época em que vivemos rodeados pela tecnosfera acéptica, por diárias agressões publicitárias e pela falsa panaceia de conforto e autonomia que muitas máquinas nos fornecem, exaltemos pois a possibilidade da fadiga, do suor e da leve sabedoria que os nossos pés vão escrevendo. Com Nietzsche sublinhemos que "só os pensamentos que temos enquanto andamos valem alguma coisa; estar sentado o menos possível; não confiar em nenhum pensamento que não tenha nascido ao ar livre e em plena liberdade de movimentos - no qual os músculos não celebrem também a sua festa". Trata-se de um retorno à auscultação do solo de Abel, a uma intuição pedestre plena, fácil e gratuita que nos enraíze às coisas percorridas. E contudo, errar, na sua dupla acepção, é um exercício em desuso; mas se os erros implicam a génese do correcto, precisamente devido ao seu contraste criativo, a sobrevalorização de um sistema de regras e condutas desvaloriza o potencial do erro para ilustrar o outro lado da moeda e a sempre eterna fuga à completude de um qualquer formalismo. No caso de um código da estrada excessivamente centrado no acondicionamento da cidade ao tráfego motorizado, a errância é combatida e a aleatoriedade de movimentos do peão e do ciclista são imperiosamente normalizados até que sejam coagidos, pelo medo ou pela punição legal, a conformar-se a uma regularidade que garanta a ausência de comportamentos fortuitos. Está por escrever em Portugal a história invisível de todas as hesitações, receios, sustos, olhares de soslaio, encolhimentos, desvios, precauções, passos em falso, submissões ansiosas, suspiros, gritos, enfim, de todos aqueles riscos que peões e ciclistas enfrentam numa rua, passadeira ou cruzamento e que são afinal a lenta e inexorável domesticação de gestos espontâneos por um sistema de tráfego opressor e massificado e que os ameaça com buzinadelas, razias e choques com toneladas de aço importado. A manifestação nacional do dia de 19 de Janeiro constitui um possível mas tímido começo para uma duradoura, assertiva e quotidiana acusação conjunta de peões e ciclistas aos perpetuadores desse estado de coisas que, do sistema jurídico ao urbanismo, sancionam a impunidade de condutores irresponsáveis, o favorecimento da prática de velocidades assassinas e a eufemização de uma guerra civil por “sinistralidade rodoviária” e de tragédias pessoais evitáveis por “acidentes de viação”. Se errar é humano, então deveremos, como sociedade, consagrá-lo por completo e abolir a conivência cobarde que mantém em igualdade de direitos e deveres alguém que erra atrás de um volante com alguém que erra dando o uso natural às suas pernas ou equilibrando-se em duas rodas. Sejamos claros em sopesar e hierarquizar os verdadeiros problemas. Peões que teimam em “invadir” ciclovias e atravessar fora de passadeiras e ciclistas que não param nelas ou nos semáforos vermelhos e que pedalam nos passeios não são prioridades de resolução por duas razões; a magnitude e potencialidade dos danos envolvidos não é provavelmente letal devido à suavidade dos modos envolvidos; a outra é que tais interacções são a própria indicação da saúde de uma cidade. Deus nos livre de não termos uma rua em que há demasiados encontrões entre pessoas e que um técnico camarário decida inventar o código de circulação dos peões para regular o tráfego pedonal. Existe uma falácia muito comum na mentalidade de arquitectos e urbanistas que postula que certos comportamentos sociais poderão ser garantidos ou eliminados com uma adequada configuração do espaço, ou que o espaço será usado tal como o previsto. Certamente que um certo desenho poderá limitar alguns comportamentos, e muitos dos truques da acalmia de tráfego rodoviário são exactamente isso mesmo. Mas a riqueza do peão e do ciclista é precisamente a agilidade com que alteram, subvertem ou modificam a envolvente. Usar uma rua como campo de futebol, um poste como estacionamento e uma praça como atalho ou parque de skates são a verdadeira regra, e não a excepção; é essa teimosia em rejeitar os desígnios do projecto que deve ser acautelada por um código da estrada que não idolatre a velocidade motorizada. Até lá, e como sempre, que se ultrapassem os vermelhos. Errar é humano.
Pedal #13 Página 5
A palavra "cadeado" foi inventada por um homem que desconhecia a palavra "confiança". Texto: Joana Bértholo
O meu 2012 terminou em grande, com a minha bicicleta a ser grandemente roubada em pleno Largo do Intendente. Só ficou o quadro, graças a um sempre incorruptível u-lock. De tudo o resto ficou despida, tal como a minha sensação de confiança em relação ao Largo, ou a Lisboa em geral. Mas não foi por falta de aviso. Várias pessoas me alertaram para os riscos do meu facilitismo, que no entretanto me proporcionava uma certa dinâmica, vulgo motivo de conversa, com o policiamento local; com os seguranças do António Costa; com o rapaz que ali vai abrir uma loja de bicicletas; com as raparigas do café da esquina; com vários amigos, cansados da minha displicência; e com um ou outro homem que não sei donde apareceu, mas que achou por bem meter conversa comigo, visto ainda ser o Largo do Intendente, e eu ainda ser uma mulher a atravessá-lo constantemente. Há coisas que nunca mudam. Não foi, portanto, por falta de aviso. Mesmo assim decidi deixá-la lá, noite após noite, com um excelente cadeado, mas - como dizê-lo - a pedi-las. Não tenho argumentos fortes nem razoáveis para justificar porque o fiz, mas arrependida não estou. Parecia-me a mim que levava a cabo toda uma experiência - vou mesmo dizer, sociológica - sobre o estabelecimento de elos de confiança numa grande cidade. Que aquilo tinha de ser feito. Que alguém tinha de o fazer. Um voluntarismo que me saiu caro, é certo, mas que durante vários meses me deu um reforço positivo diário, quando chegava ao Largo pela manhã (é onde trabalho, e não especifico em quê porque me interessa esta ambiguidade que fica no ar sempre que tenho a oportunidade de dizer que trabalho no Largo do Intendente) e ela - a minha bicicleta - ainda lá estava. Ahhh, consolava-me: há qualquer coisa de edificante em poder viver numa cidade onde as portas não se trancam, certas ruas não se evitam - e as bicicletas não desaparecem. Não sou tão ingénua quanto este texto até esta letra conduz a crer. Tenho currículo, e bastantes anos de estrada: perdi a conta à quantidade de bicicletas que me roubaram ao longo dos anos, quando vivi em cidades com uma cultura ciclista forte, como Berlim, ou Gent. Já me roubaram bicicletas que não eram minhas, que é o pior de tudo. Já me roubaram até uma bicicleta que substituíram por outra. Já me roubaram
componentes, já me roubaram campainhas que custam um euro em qualquer lado, já me roubaram os sacos de plástico que usava por cima do selim para que não ficasse encharcado da chuva. Sei, estou portanto ciente, que as bicicletas despoletam o melhor e o pior da natureza humana e, quiçá por isto, quis perceber até onde podia esticar o código de honra do ladrão alfacinha. É que ser ciclista numa grande cidade é muito mais que uma questão de propulsão mecânica sobre um velocípede de duas rodas de igual diâmetro accionadas por um sistema de pedais que actua sobre uma corrente. Tudo isso é o de menos. Pedalar numa grande cidade chega a ser mesmo uma questão existencial, ontológica, uma busca identitária suada (ninguém pode negar a parte do suor!) por perceber que tipo de pessoa realmente somos. Pedalar na não-tão-grande Lisboa é muito mais que simplesmente uma questão de locomoção. Pedalar em Lisboa é até mesmo um processo constante de auto-superação, que passa por estar permanentemente alerta para a irrevogabilidade do tempo e para a finitude da vida; da possibilidade de a qualquer momento ser abalroado por um dos muitos imbecis a quem é concedida uma licença de condução neste país; pedalar em Lisboa é mesmo uma atitude estóica, um jogo constante com as vicissitudes da vida (vulgo, carris); um exercício de desapego e ao mesmo tempo de individuação. Nunca tinham pensado na coisa assim? Pois não duvidem. Ao voltar a viver em Lisboa depois de tantos anos fora e ao comprar uma bicicleta para melhor me mover na cidade, percebi que me queria posicionar nessa radical minoria política - aqueles que confiam. Pensei - Se todos desconfiarmos a priori não damos nunca a oportunidade a ninguém de ser de confiança. Eu dei ao gatuno alfacinha uma chance real de elevação moral, e ele agarrou-a com dignidade e merecimento, durante vários meses. Foi coisa de um deferência quase nobre. Na semana passada, enfim, não sei o que se passou. Teve uma recaída - não acontece a qualquer um? Consta que o Natal, como as bicicletas, traz ao de cima o melhor e o pior da natureza humana.
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Pedal #13 Pรกgina 10
Pedal #13 Página 11
Alleycat Texto: João Bentes Ilustração: Luís Favas luisfavas.com Alleycat, corrida para gatos de rua ou provas que medem agilidade e a garra das pessoas que têm punhos de ferro e força no pedal. A corrida, a competição, o prazer do desafio para alcançar uma meta é uma prática corrente que nasce talvez da natureza animal de medir forças com o próximo. Em bicicleta não é diferente. Desde cedo que se verificam as corridas entre os seres sábios do guiador, organizadas em recintos fechados ou percorrendo distâncias entre cidades. Provas oficiais que mostram heróis com pernas pesadas, cheias de quilómetros. Estas corridas de rua têm tudo e nada disso. São antes acontecimentos praticamente secretos sem rota previamente anunciada onde se medem forças num campo minado real, a cidade. O prémio é o respeito. O registo da primeira destas corridas acontece em Toronto, nos Estados Unidos da América a 30 de Outubro de 1989, organizada por estafetas de bicicleta, uma profissão produto do cycle boom dos anos 80 que colide com a expansão e aumento exponencial de densidade urbana das grandes cidades, diversificando o uso da bicicleta e a aplicação da mesma a tarefas urbanas. Assim, o conceito por trás da corrida tem por base a forma como os estafetas de bicicleta desenvolvem a sua actividade diária na distribuição de encomendas pela cidade. Isto é, têm vários pontos de passagem para entregas, obtêm ainda novas moradas para recolha e tudo isto tem que ser feito o mais rápido possível, onde os percursos são escolhidos conforme as necessidades, adoptando muitas vezes atalhos não convencionais (passagem pelo recinto de edifícios como escolas, campos desportivos ou parques recreativos) de forma a tornar mais eficaz a sua actividade. A corrida em si nasce da vontade destes estafetas se reunirem numa actividade lúdica onde podem mostrar a sua habilidade com o propósito de se divertirem. Note-se que para desempenhar a tarefa de estafeta, vale sobretudo a vontade de ciclar. É um trabalho duro, fisicamente exigente e de alto risco acrescentando ainda o facto de não ser remunerado à altura desse risco. A recompensa é conseguir sobreviver a ciclar e a alleycat é uma forma de manifestar esse objectivo que envolve capacidade física, conhecimento urbano e agilidade. Como princípio, respeitando o modelo original, trata--se de uma corrida informal em bicicleta, sem que sejam encerradas ruas, sem que sejam definidos percursos sem qualquer aviso às entidades oficiais. São dadas indicações, muitas vezes cobertas de secretismo, de onde é o ponto de encontro. Nesse ponto de encontro podem ser feitas as inscrições e o recibo começou por ser uma carta de Tarot, ficando entalada entre os raios da roda traseira de cada participante, o que actualmente evoluiu para cartões especificamente desenhados para os eventos. Depois de terminadas as inscrições, a corrida desenvolve--se em cenário urbano em que há uma lista indicativa do percurso que é revelada minutos antes da partida, através de um “manifesto”. Neste “manifesto”, normalmente uma simples folha de papel, estão indicados os checkpoints (semelhante a uma folha de distribuição de um estafeta), um conjunto de moradas por onde o participante é obrigado a passar. Assim, apenas em minutos, o participante terá que organizar a sua rota da forma mais eficiente até ao sinal de partida. Finalizado o tempo para a organização dos checkpoints, os participantes dispersam, assumindo rotas diferentes de forma a atravessar os vários pontos obrigatórios.
Nos checkpoints, o participante encontra elementos da organização que carimbam o manifesto e, assim, sucedendo nos vários checkpoints até à meta onde terá de entregar esse comprovativo com todos os carimbos. O objectivo é ser o mais rápido possível passando por todos os pontos, valendo sobretudo a orientação e conhecimento de uma cidade para além da capacidade física. Os desafios em corridas de rua foram ganhando popularidade pela América do Norte, tomando lugar nas épocas do Halloween e Dia de São Valentim, destacando-se as cidades de São Francisco, Chicago e Nova Iorque, sendo sobretudo organizadas por
Estes jogos urbanos são provas de lazer, o seu carácter secreto eleva a categoria, como se tratasse de um mito saído do nevoeiro matinal. O perigo é um dado adquirido mas a adrenalina passa por cima de tudo. estafetas, contribuindo para uma cultura crescente que se internacionalizou em 1993 com a corrida internacional de mensageiros de bicicleta em Berlim, idealizada por Pete Lord. Várias corridas tornaram-se bastante influentes dentro da comunidade e parte integrante da mesma, fazendo viajar vários ciclista de cidade em cidade à procura da alleycat mais invejada. Os campeonatos de estafetas, do europeu ao mundial, tornam-se pontos de comunhão entre a comunidade internacional desta classe operária. Os eventos deste tipo multiplicaram-se também através dos canais de vídeo, pela divulgação da emoção que se gera em torno das provas, ganhando cada vez mais adeptos.
Neste campo, destaca-se obrigatoriamente o Festival de Cinema da Bicicleta (BFF – Bicycle Film Festival) e nessa sequência, Lucas Brunelle, o realizador que passou anos a participar neste tipo de corridas levando duas câmaras no capacete. As imagens são impressionantes e mostram a adrenalina que envolve estas provas. Com a multiplicação dos eventos, a corrida de rua em bicicleta evolui, o seu formato original adapta-se e são criadas até novas tipologias que fazem variar também as regras. Como exploração do formato, procurando uma diversidade e criando efeito surpresa, a primeira abordagem terá sido o facto de se variar o momento de revelação dos checkpoints. São, a titulo de exemplo, revelados apenas algumas moradas no início e só depois de passar por um determinado checkpoint serão revelados os restantes. Os momentos e quantidade de checkpoints variam. Outra das tipologias adoptadas é a alleycat “caça ao tesouro”. Esta mantém-se fiel ao formato original, onde, em vez de moradas para os checkpoints, são indicadas pistas para os mesmos. Estas pistas podem consistir em elementos de descodificação em texto como charada ou fotográficos de identificação directa. O objectivo é explorar também um conhecimento visual, histórico ou técnico da cidade, para além da orientação, agilidade e velocidade. Esta última tipologia, deu azo a uma outra, a “alleycat-tarefa”. Aqui, os organizadores podem pedir aos participantes para desenvolver uma tarefa como responder a questões triviais, beber shots de álcool ou picante ou ainda demonstrar um ciclo-truque. Por vezes, estas tarefas são possíveis de descartar, valendo ao participante a perda de pontos. A pontuação, sendo também uma variação do formato original, é um aspecto explorado no jogo, variando a forma de pontuar e a tarefa de pontuação. Como exemplo, em alguns formatos alleycat, as corridas têm pontuações especificas para cada checkpoint, fazendo com que o participante escolha uma rota de maior pontuação. Os prémios de jogo, na origem, eram traduzidos em orgulho e respeito. A evolução levou à atribuição de objectos de relação com a cultura da bicicleta e, muitas vezes, componentes como rodas, selins e guiadores. Em Portugal, estas corridas começam por ser organizadas pelos principais intervenientes na cultura urbana da bicicleta, as pessoas por trás das lojas assim como mais tarde as pessoas ligadas às primeiras empresas de estafetas em bicicleta e também grupos urbanos que se unem pela utilização do veículo que organizam desafios desta natureza. O movimento fixed gear traz também muitos participantes, realçando o carácter de coragem e firmeza da prova, completando-a em roda fixa e, por vezes, sem travões. A maior parte das alleycats tem sido desafiada pelas ruas de Lisboa, mas também acontece em cidades como Porto, Leiria ou Aveiro. Por cá, as alleycats ganham a morfologia dos seus habitantes ciclistas e, sendo esta nossa comunidade ainda pequena, elas costumam ser heterógeneas, vendo-se todo o tipo de concorrentes e bicicletas, afastando-se da forte marca e presença do estafeta. É, acima de tudo, uma celebração. Estes jogos urbanos são provas de lazer, o seu carácter secreto eleva a categoria, como se tratasse de um mito saído do nevoeiro matinal. O perigo é um dado adquirido mas a adrenalina passa por cima de tudo. No fim é uma comemoração de saber ciclar com garra e agilidade de gato de rua.
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Josh Gieni Texto: Mailis Rodrigues No dia 24 de Janeiro foi apresentado o "iBike, Le Film", uma curta documentário sobre o fixed gear e a comunidade que gira em torno dela na cidade de Montreal, no Canadá. Na noite anterior à estreia, entrevistei Josh Gieni, um dos “protagonistas” e responsável por esta produção. Em Montreal, o Inverno é duro. As temperaturas são muito baixas, com oscilações enormes que vão dos -30 aos -15, o nariz congela, sentes as falanges todas e os músculos perdem sensibilidade. Quando neva, neva à séria. Andar de bike não é para meninos. Josh garante-me que pedala todos os dias. Digo-lhe que acho impressionante e ele responde, “se te vestires de forma adequada, é tão divertido andar de bicicleta no frio como no calor, é só o processo de se vestir e despir e ter o material correcto quando andas”. Acredito, a sensação de poder contrariar o Inverno deve ser incrível. Mas o frio de Montreal não se compara ao do sítio onde Josh nasceu, muito mais a Norte e, por isso mesmo, com um Inverno bem mais rigoroso. Mas apesar de utilizar a bicicleta todos os dias, a relação de Josh com a fixed gear é bastante recente, “comecei a andar de fixie há três anos e a primeira vez foi uma mudança. Nas primeiras semanas tens de ir muito devagar e é um ajuste de uma bike normal, sabes, quando pedalas os teus pedais estão a mover, podes bater num pedal, então é diferente mas assim que te habituas é como andar de bicicleta”. A fixed gear, fixie se a quisermos chamar pelo nome carinhoso, tem vindo a ganhar adeptos nos últimos anos, especialmente em espaço urbano. Montreal, a cidade mais francesa da América do Norte, não é excepção e a comunidade de ciclistas que se dedica a esta "bicla" “está viva e de boa saúde”, como nos explica Josh. “Há muitas corridas durante o Verão, há uma nova comunidade de jovens profissionais que estão a começar a andar mais de bicicleta também e que vão a este tipo de eventos, e está a crescer depressa em Montreal nos últimos dois anos, por causa do envolvimento das pessoas, por causa da organização dos eventos, por causa de todo o trabalho voluntário que vai para a comunidade.” Josh pedala uma bicicleta feita à medida, ou não tivesse ele uma loja de bikes só para ele, a Vélo iBike, “tenho uma Guru feita à medida com um quadro de alumínio. A geometria foi construída para as dimensões do meu corpo, por isso é a minha bike preferida, de certeza. Mas acabei de arranjar um quadro de fibra de carbono, que é muito mais confortável, não é tão rígida nem rápida ou sensível como é o meu quadro de alumínio mas para viagens casuais é mais confortável”. Às vezes, para avançarmos com aquela ideia que nos martela a cabeça durante tempos infindáveis, precisamos de um catalisador. Para Josh Gieni e restantes membros da equipa do "iBike, Le Film" ou o filme em língua materna, esse momento foi a abertura da loja Vélo iBike. “Começámos a loja Vélo iBike há cerca de três anos, e quando a começámos, envolvêmo-nos em várias corridas e eventos, e quando o fizemos
vimos que havia uma oportunidade para criar um filme baseado nas pessoas e na comunidade que existe na cidade à volta do fixed gear”. Foi para mostrar ao mundo este vigor que Josh, Frank, Clement e Vince decidiram realizar a curta documentário que teve estreia no mês passado. Estes quatro rapazes, todos eles multitasks, “todos têm o seu próprio trabalho, todos têm a sua própria vida para além de andar de bicicleta, e isso é outra coisa que a nossa equipa incorpora, são os diferentes tipos de vida que as pessoas podem ter para além do só andar de bicicleta. Na equipa estou eu, que sou o dono da loja, o Frank Roche, que é o dono do iBurger, o Clement Jacques, que é músico e produziu alguns dos seus próprios álbuns, o Vincent Malo, que é um publicitário, e a lista continua... Temos uma série de ciclistas que também andam connosco de diferentes áreas profissionais, o que nos permite alcançar diferentes mercados e pessoas”. Conseguiram, ainda assim, encontrar o tempo para concretizar esta ideia. O objectivo, desta vez, foi aproveitar o lançamento da curta para tentar conquistar possíveis investidores naquela que poderá tornar-se numa longa metragem sobre a comunidade do fixed gear na cidade. “Temos um orçamento muito reduzido para a realização desta curta e para podermos ser capazes de produzir o documentário inteiro vamos precisar de outros investidores de maneira a poder cobrir alguns dos custos e do tempo envolvido. Neste momento, temos coberto os custos nós mesmos, e todos os que têm trabalhado no filme têm-no feito gratuitamente.” E o filme conta, de facto, com uma uma equipa enorme “cerca de 50 pessoas diferentes envolvidas, incluindo todos os ciclistas.” diz-nos Josh “mas as pessoas que estão mesmo a trabalhar muitas horas em termos de produção e edição e assim, somos cerca de sete que estamos envolvidos nisso.”. Para a realização deste projecto, contaram também com profissionais de vídeo que acompanharam os ciclistas ao longo de várias viagens em diferentes estações do ano. “Alugámos câmeras high-end, temos gruas de maneira a mover a câmera e criar diferentes efeitos, carris onde a câmera avança, filmamos pelas janelas dos carros, das traseiras dos carros” e, confessa-nos, “quase apanhámos umas multas, tivemos muita sorte em escapar a algumas”. Mas este é um documentário que não fala apenas de fixed gear, em última instância é um filme acerca “da beleza de andar numa bicicleta. O grande objectivo ou a ideia principal por trás deste filme é inspirar um estilo de vida, inspirar uma forma de vida, provocar conversas que levam as pessoas a querer mudar as suas vidas para melhor, mesmo que isso signifique andar de bicicleta umas quantas vezes por semana, ou todos os dias”. Ainda sem planos para o futuro, Josh conta-nos que receberam “propostas de vários festivais de cinema, e isso é uma possibilidade. Não estamos 100% certos do que vai acontecer depois de lançarmos a curta amanhã. O nosso objectivo é produzir a longa, se isso significar... se o pusermos em festivais de cinema e isso é uma boa direcção para tomarmos de forma a poder passar para o próximo nível, é isso que vamos fazer. Ainda não decidimos que direcção vamos seguir mas penso que tudo é possível”. Apesar da incógnita, este projecto já motivou várias oportunidade para contactar com diferentes comunidades fora de Montreal, “com este filme, começámos a fazer contactos noutras localizações. Na Flórida, em Toronto, Nova Iorque. Vamos continuar essa relação e estamos ansiosos por criar relações com outras crews noutras cidades. E se este documentário for avante, esperamos poder representar a sua comunidade também”. Pergunto-lhe se Portugal pode ser um desses destinos e Josh responde que isso seria “muito fixe.” Ficamos à espera. Mas enquanto isso não for possível, o trailer está disponível online em: vimeo. com/52305141 e, brevemente, a curta também andará por lá.
"iBike, Le Film" Apesar do prefixo "i", esqueçamos por momentos as conotações com marcas e tecnologia e foquemo-nos apenas nesta curta e em bicicletas. O "iBike, Le Film" foi apresentado em Montreal no final de Janeiro e, em dia de estreia, teve direito a casa cheia, cheia de amigos, de curiosos, de habitués e de penetras como eu. A Taverna Le Normand foi o local escolhido para esta celebração da bicicleta, três telas de tamanhos variados ocupavam o espaço transmitindo em loop, filmes de alleycats, competições de bike, bicicletas, bicicletas e mais bicicletas. Até ao momento da estreia só uma pessoa da equipa tinha visto o filme completo, por isso a expectativa era bastante grande. Josh Gieni abriu as hostes com um discurso bilingue, como manda o protocolo numa cidade que alberga francófonos e anglófonos. Esta é uma curta que sugere em cerca de cinco minutos a direcção para aquilo que poderá vir a ser um filme bem mais longo e bem mais completo. Precisamente por ter tão pouco tempo fica-se com a sensação de que há muito mais para contar e para ver, e corre o risco de se tornar apenas um faits divers de imagens bonitas de craques a pedalar na paisagem urbana de Montreal, com aquela marca de vídeo hipster que nos temos vindo a habituar a ver um pouco por todo o lado. No entanto, talvez seja mesmo essa brevidade o grande valor deste filme. Primeiro porque provoca uma vontade de ver o resto, de saber o que vem por aí. Segundo, porque ao contrário do trailer, que diz muito pouco, a curta contém uma série de depoimentos de ciclistas e não só, que nos dão uma visão bastante geral da bicicleta e de como ela entra nas suas vidas. É certo que acaba por dar um único ponto de vista, mas não estamos perante um trabalho jornalístico, onde se pede objectividade, é uma peça que demonstra um ponto de vista, e que o faz bastante bem. Sem a subtileza de um "Macaframa: Massan Raw", o filme é bonito de facto, tem imagens poéticas sobre a amizade, a partilha e a cumplicidade que se geram numa comunidade que gira em torno do fixed gear. Mas, sobretudo fala da bicicleta com B maiúsculo, e sobre como ela pode ter um papel fundamental no quotidiano de cada um e, em último caso. no quotidiano de uma sociedade. A provar isso e como um dos depoimentos mais interessantes do filme, fica a equação do impacto da bicicleta na estrutura urbana, feita pelo presidente daquilo que seria uma junta de freguesia, se falássemos em termos de organização territorial à portuguesa, do Plateau, zona onde fica sediada a Vélo iBike – mais bicicletas, menos carros, menos lugares para estacionar, mais espaços verdes, mais qualidade de vida. No fim, a opinião do público é consensual, “Très bien!” e “Amazing”, dizem-me. Comigo fica a vontade, uma vontade enorme de sair dali e ir pedalar durante horas. No entanto, lá fora está frio e neva, e as minhas skills ainda não me permitem arriscar uma ciclada em solo pouco firme, talvez num futuro próximo... Esperemos que bem mais brevemente possamos ver a continuação deste "iBike, Le Film".
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...este é um documentário que não fala apenas de fixed gear, em última instância é um filme acerca “da beleza de andar numa bicicleta.
Photographer: Gophrette Power, poster design: Ombres et Lumieres. Special mentions : Martin Amiot, Philipe Bellmare – Ombres et Lumieres, Vincent Malo – The Starely Rover Society and Team iBike.
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VoCA Lisboa, 21 a 23 de Fevereiro
Produtos:
Texto: – MUBI Associação para a Mobilidade Urbana em Bicicleta
Capacete SPECIALIZED COVERT PVP: 37,90€ - Design inspirado no look skate - Cobertura e interior EPS com design optimizado para um perfil mais baixo - Sistema de fitas TriFix – torna o ajuste do capacete mais simples e seguro - Cobertura mais pequena com acolchoamento largo estilo skate specialized.com/pt/pt/home
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PNEU CYT PVP: 13.90€ - Medida: 700x 25 binaclinica.com
Para quem ainda não sabe, a MUBi é a Associação para a Mobilidade Urbana em Bicicleta. Foi criada em 2009, apenas por voluntários que se conheceram, sobretudo, na Massa Crítica, com o objectivo de dar um passo em frente no activismo pela mobilidade em bicicleta. Embora a maioria dos seus 400 sócios, e do núcleo duro de sócios mais activos, se encontre em Lisboa, existe já um pequeno grupo de trabalho no Porto, bem como alguns sócios, um pouco por todo o país. A actividade da MUBi tem sido marcada por uma aproximação ao poder executivo, de forma a influenciar a tomada de decisões. Foi o caso das recentes reuniões com a Câmara Municpal de Lisboa, com vista a corrigir, ou mitigar, alguns graves defeitos das infra-estruturas cicláveis de Lisboa. Por outro lado, a MUBi desenvolve também alguns projectos de grande visibilidade, como o Bike-buddy ou o Rodas de Mudança. O VoCA – Volunteers of Cycling Academy é um outro projecto, já com mais de um ano, que marca a primeira internacionalização da MUBi. Este reúne doze associações congéneres europeias, de países em diferentes estágios de evolução da mobilidade em bicicleta, que partilham experiências e competências. No âmbito deste projecto, têm decorrido encontros nos diferentes países representados. Durante essas reuniões, surgiram oportunidades únicas como a de ouvir um responsável da Câmara Municipal de Copenhaga explicar como desenvolveram a sua rede de ciclovias; ou verificar o crescimento vertiginoso do número de utilizadores de bicicleta em Sevilha. Em Fevereiro, é a vez da MUBi receber estas associações em Lisboa, sob o mote da “acalmia de tráfego”, e o tema não poderia ser mais pertinente. Não passa uma semana que não se mencione, nos meios de comunicação, expressões como “zonas 30”, “atropelamento” ou “redução do número de automóveis”. Esta será uma excelente oportunidade de comparar realidades tão díspares como a de Viena, Praga ou Lisboa. A primeira tem, desde há muito, uma boa penetração da bicicleta como meio de transporte. A segunda tem uma forte penetração do transporte público nas deslocações pendulares. Quanto à nossa cidade, não podemos (será que queremos?) ambicionar uma rede de ciclovias como a de Copenhaga. Trata-se de uma infra-estrutura altamente dispendiosa e com uma elevada ocupação do espaço da cidade, o que não abunda em Lisboa. Além disso, esta rede de ciclovias segrega a bicicleta, em vez de a integrar, e tende a não corrigir primeiro um dos grandes problemas da nossa cidade: o excesso de automóveis particulares em velocidade excessiva. Assim, a solução para tornar a cidade mais amiga da bicicleta terá de passar, inevitavelmente, por criar condições para as bicicletas circularem na actual rede viária da cidade. Essa actuação deve ocorrer em três vertentes distintas, mas integradas entre si: engenharia, educação e fiscalização. A engenharia deverá remodelar as vias, de forma a forçar velocidades mais baixas, e assim convidar à sua utilização por outro tipo de veículos. A educação prende-se com a forma como todos os utilizadores das vias públicas se comportam, tendo em consideração os elementos mais frágeis. A fiscalização deverá ser rígida e intransigente. Aliás, se as regras básicas do actual código da estrada fossem cumpridas, seria já um enorme passo em frente. O encontro VoCA de Lisboa irá decorrer entre 21 e 23 de Fevereiro. Durante estes dias os visitantes terão oportunidade de conhecer a cidade, e alguns dos seus pontos mais emblemáticos, no que toca à mobilidade em bicicleta. Ser-lhes-ão sugeridos três casos práticos de possível acalmia de tráfego, sobre os quais pediremos que se pronunciem para uma eventual solução. Estes ensaios serão apresentados numa sessão pública, onde procuraremos ter representantes das várias entidades interessadas neste processo. A essa apresentação, seguir-se-á um debate durante o qual haverá oportunidade do público colocar questões à mesa de participantes. Assim, a MUBi convida todos os interessados a estarem presentes, com ou sem perguntas, na tarde de sexta-feira, 22/2, no edifício Associação dos Jovens Seguros, no Largo do Intendente, 35, em Lisboa. Afinal, muito tem sido dito sobre este tema, mas pouco tem sido esclarecido.
BD: Yehuda Moon www.yehudamoon.com
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O Segundo — (Segunda parte) No dia anterior à prova: Estive com os meus amigos de ouro. Ele fizeram-me prometer que se eu ganhasse o ouro, iria contratar um treinador a sério. Quando me despedi deles disse: "Vou contratar o Marco Ferreira Alves se ganhar a corrida." Todos se voltaram para mim. "Toma lá o contacto dele." Houve um abraço de grupo. "E se não ganhares? Vais continuar a fazer o teu treino maluco?" disse Filapey. "Nem penses nisso, Fila. Nem tu penses nisso." disse Morv apontando o dedo em riste para mim. Parecia a pistola que anuncia a partida, mas apontada para mim. Não disse nada e só disse "Até amanhã". "Nós esperamos na meta por ti." Às 7h da manhã estava eu e os meus adversários, duas horas antes da prova, a conversar, até que repararam que eu tinha sido operado à perna. Pensam eles. Eles pensam que estou debilitado "Fui operado a uma grave ruptura de ligamentos há três semanas." "E já estás recuperado?" "Vamos a ver..." Todos nós aquecíamos pouco antes do tiro de partida. O juiz da partida pegou na pistola, apontou-a para cima e os meus olhos apontavam para a meta, que este ano também era a partida. Pum! Já ia no grupo da frente há muito tempo. Estava a entrar penúltima volta e lem-
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Texto: Duarte Nuno
brei-me de imaginar os que vinham atrás de mim e os outros quatro à minha frente, e abri estiquei a pedalada. Em menos de nada já tinha ultrapassado os quatro primeiros e já ia com uma grande distância deles. Até que no último quilómetro, ouço um barulho ténue de bicicleta atrás de mim. Era impossível que fosse um dos meus adversários porque ia com uma pedalada muito forte. Não me enganei por muito, era sim um dos meus adversários mas não de corrida, era o graffiter que vinha atrás de mim. Podia ser mau mas para mim deu-me mais força e disparei num sprint muito longe da final. Ainda agora estou a pensar onde fui buscar forças. Antes de cortar a meta sozinho, vi os meus amigos de ouro. "O ouro é todo teu." foi a única frase que retive pois havia muita confusão na meta e nem sei se a frase foi dita por um deles. Bebi água, fui muito fotografado e muitas perguntas foram-me feitas, mas o mais importante foi mesmo quando o recente nomeado presidente da Câmara Municipal de Lisboa colocou à volta do meu pescoço a há já tanto tempo almejada medalha de ouro. "Finalmente ganhou a medalha de ouro. Estou muito grato por ter sido eu a entregar--lha. Parabéns." "Obrigado, mas eu não votei em si." não sei porque disse isto mas ainda bem que ele não ouviu bem e agradeceu. Quanto ao graffiter, ganhou uma estadia na prisão. No fim da corrida, Marco Ferreira Alves fez uma proposta irrecusável a Gustav que aceitou de imediato. Parabéns ao Gustav e ao graffiter, que cada um ganhou à sua maneira.
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