Questão de Ordem - 2011.2 (1ª edição)

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Mexendo com música pág. 12 Foto: Herbert Clemente

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JOÃO PESSOA - PARAÍBA 1 A 7 DE NOVEMBRO DE 2011 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

Foto:Cairé Andrade

Intensivo UFPB pág. 6

CULTURA

Foto: Divulgação

Foto: Giovanna Ismael

esporte Novidade em cena.

EDUCAÇÃO

SAÚDE O preço de comer. pág. 9

QuestãodeOrdem

Polari escolhe candidata para sua sucessão à Reitoria Fotos: Cairé Andrade

A eleição para a reitoria da Universidade Federal da Paraíba se aproxima e o reitor Rômulo Polari indica sua sucessora, a professora Lúcia Guerra. O staff político de Polari decidiu no mês passado que a atual pró-reitora de extensão concorrerá às eleições. A escolha foi acirrada diante de um inusitado empate entre a candidata escolhida e o chefe de gabinete, Luís de Souza Júnior. Caso eleita, ela dará continuidade ao projeto política do mesmo grupo que está há 20 anos a frente da reitoria.

Está em jogo, na consulta eleitoral à comunidade acadêmica, o controle de um orçamento próximo a R$ 1 bilhão, o que representa nada menos que 14% do Produto Interno Bruto da Paraíba. A cidade universitária se expandiu, dobrando de tamanho nos últimos cinco anos e ganhando ainda mais importância para toda a população que está além dos muros da universidade. Hoje ela comporta, entre estudantes, servidores administrativos e professores uma quantidade superior

a 37 mil eleitores aptos a participar do processo eletivo. Se fosse uma cidade, a UFPB seria a nona em número de eleitores entre os 223 municípios da Paraíba. O processo começa a ganhar contornos decisivos e três chapas oposicionistas estão formadas para contrapor Lúcia Guerra. Com a indicação, Rômulo Polari dá a largada para a corrida que concederá a oportunidade ao próximo reitor de administrar por quatro anos a Universidade Federal da Paraíba. pág. 10

Com a largada nas eleições para a Reitoria da UFPb, dada pelo atual reitor, Rômulo Polari, ao anunciar a candidadta a sua sucessão, muito caminho terá que ser ainda percorrido pelos candidatos até o estacionamento no cargo

Insegurança no Campus

Foto: Cairé Andrade

A suposta ocorrência do estupro de uma estudante que cursa Serviço Social na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), verificada no mês passado, reacende a questão da segurança de todos que fazem parte da instituição. A reação imediata da Reitoria foi enviar um ofício à Secretaria de Segurança Pública do Estado para reivindicar um aumento no efetivo de policiais no entorno da UFPB, bem como a insta-

lação de um novo posto policial. Os investimentos em vigilância da própria instituição demonstram que o assunto não recebe o tratamento devido, pois o gasto é inferior, por exemplo, ao que se destina à limpeza e à conservação da universidade. O setor de vigilância não serve para prevenir a ocorrência de crimes, por estar sucateado há mais de seis anos, somando-se a isso a falta de agentes ca-

pacitados para operar o sistema. Há ainda o protesto permanente de estudantes que moram na UFPB, que reclamam da falta de iluminação na universidade e a ausência de apoio por parte dos seguranças terceirizados, que protegem apenas o patrimônio físico da instituição. Enquanto a responsabilidade não é devidamente compartilhada pela universidade, a convicção de insegurança persiste. pág. 3

Um dos portões de acesso do Campus I e o controle de entrada apenas para motoristass

Campus

Educação

Saúde

Política

A avaliação do Mais verbas MEC e a UFPB para investir

Na avaliação do MEC para ajudar os alunos na escolha das universidades integrantes do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a UFPB ocupa a 53º posição, dentre 181 avaliadas. Em breve, o Sisu será a única forma de ingresso nas universidades brasileiras. pág. 4

Professores da UFPb realizam apitaço no Campus I, reivindicando aumento do investimento de 5% para 10% do PIB destinado à educação. Tal aumento representaria um montante de R$ 140 bilhões para a área. O protesto fez parte da semana do professor. pág. 6

Cultura

Intercâmbio na Banheiros sem Confusão na eleição do DCE Universidade higienização

Investimento em limpeza do Campus I, em João Pessoa, é maior do que em segurança, mas estudantes reclamam da sujeira e da má conservação dos banheiros. O problema ameaça a saúde dos usuários que temem adquirir doenças no uso dos aparelhos. pág. 8

Este ano, a eleição do DCE foi marcada por denúncias de fraude, impugnação de urnas, confusão e espera. As chapas que fazem oposição ao atual mandato estão no aguardo da decisão da Justiça para saber quem vai assumir o diretório no próximo ano. pág. 11

Universitários de vários países estudam atualmente na UFPB, e esse número vem crescendo cada vez mais. Numa cultura onde o inglês e espanhol são as línguas mais requisitadas dos mercados, por que estes estudantes procuram aprender português? pág. 12


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opinião

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 1 A 7 DE NOVEMBRO DE 2011 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

editorial

O

caos e uma

questão de ordem O caos e a ordem formam uma representação dual da realidade e se chocam dia a dia. A política, intrisecamente inserida em tudo que existe, é o motor do ordenamento social. Cabe ao jornalista, portanto, reportar o hiato lacunoso deixado pela negligência política do Estado, quando não salvaguarda a segurança humana dos indivíduos, o que inclui, indubtavelmente, o próprio direito à vida e à saúde. Em contraponto, também cabe ao jornalista relatar outras múltiplas tentativas de ordenamento, estimuladas pela educação, pelo esporte e pela cultura. A Universidade Federal da Paraíba (UFPB), representante do Estado, congrega essas estruturas sociais. Nesse universo heterogêneo recortado, o caos e a ordem andam de mãos dadas em meio à diversidade. Os servidores públicos, os professores, os estudantes e a comunidade vinculada à instituição são os personagens principais de cada história contada pelos jornalistas. O pluralismo, seminal ao pensamento jornalístico, abrange aspectos que interferem direta ou indiretamente na rotina dos nossos personagens. A atividade de recortar o fato social para nutrir um olhar jornalístico analítico é prioridade editorial do Questão de Ordem, o nosso jornal laboratório. Esta edição é resultado do esforço individual daqueles que, ainda neófitos, sonham em ser jornalistas diplomados. Nesta equipe orquestrada, conjuga-se res-

ponsabilidade e comprometimento profissionais desde a sugestão de pauta até o último processo de edição. Os alunos, sonhadores incansáveis, são estimulados pelos professores que valorizam esses talentos e proporcionam as suas constantes evoluções. A produção está vinculada à disciplina Laboratório de Jornalismo Impresso, ministrada pelos professores Edônio Alves, João Lobo e David Fernandes, do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da UFPB. A escolha criteriosa de cada matéria figura, também, uma tentativa de evidenciar o que muitas vezes cai no esquecimento do imaginário universitário. A idéia é problematizar o que simplesmente não é debatido, diante do cansaço de vozes emudecidas de expressão. Esta edição aborda temáticas relevantes, desde a segurança interna do campus, passando pelos processes eleitorais da Reitoria e do Diretório Central dos Estudantes até a diversidade cultural representada pelos intercambistas do nosso meio educacional. Distanciado do isolamento social, o Questão de Ordem é a alçada retumbante de compreensão do “ser” e do “estar no mundo” de uma sociedade em rede. Esta primeira edição é o passo inicial destes aspirantes a jornalistas diplomados que têm muita vontade de caminhar. Nas palavras de Manuel Castells: “Quem seremos no futuro dependerá de nós mesmos”.

Charge

Desvios no orçamento da saúde do descaradamente, passando a mão nos recursos que deveriam ser utilizados para finalidades como Saiu no dia 20 de outubro, no G1 Paraíba, a saúde, a educação, coisas essenciais para o desenque neste dia, foram fiscalizados o Hospital volvimento da população. Santa Paula e as Unidades de Saúde da Família Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil gasIlha do Bispo I e II, na capital paraibana, onde tou 3,6% do PIB (Produto Interno Bruto, ou a soforam encontradas várias irregularidades, co- ma de todas as riquezas do país) com a saúde púmo medicamentos vencidos, falta de medica- blica, em dados de 2008 – último balanço oficial mentos e de refrigeração na farmácia do Hos- contando estados e municípios. O valor equivale pital, déficit de profissionais para atendimento a quase R$ 109 bilhões. Ainda com base nos daao público, falta de higiene, problemas infraes- dos do Ministério, durante todo o ano passado fotruturais, entre outros. ram repassados para as cidades Os problemas são muitos, graparaibanas mais de R$ 920,2 mivíssimos e acontecem, segunlhões e entre 1° de janeiro e 12 do a informação que o promotor de maio deste ano, R$ 370,2 mide justiça, João Geraldo Barbosa, lhões foram parar nos cofres púSegundo o obteve da diretoria do Hospital, blicos municipais. Vai dizer que “em razão de dificuldades no re- Ministério da Saúde, isso não é muito dinheiro? passe de pagamentos pelos gesto- o Brasil gastou 3,6% E para quê? Para ter ‘invesres há muito tempo”. timentos’ como este no Hospido PIB com a saúde tal Santa Paula, que conta com A indignação e a sensação de impotência que me acometem menos médicos, enfermeiros, pública em 2008 ao saber disso são tamanhas que técnicos de enfermagem neeu precisava tocar nesse assuncessários para o atendimento aqui na coluna. É um absurdo to razoável à população? Para que se paguem tantos impostos ter medicamentos, mesmo que para, no final, o resultado ser esestes estejam com o prazo de te: hospitais e unidades de saúde em estado deplo- validade ultrapassado? Para ter buracos no terável! Sem funcionários suficientes para atender às to, fiação exposta e ventiladores pequenos pademandas, sem remédios, sem infra-estrutura, sem ra amenizar o calor? o mínimo necessário para funcionar! Isso é um ultraje à população brasileira! Eles Agora, o questionamento: para que pagar pensam que nós somos idiotas e que podem fazer tantos impostos se o dinheiro não chega ao des- o que quiserem! Isso é para a gente parar, pensar e tino final? Para que ‘extorquirem’ o dinheiro repensar em quem nós estamos votando, quem nós suado, que nós trabalhamos, ralamos tanto pa- colocamos no poder, porque se esse tipo de coisa ra ganhar, se ele vai, sem o menor esforço, para acontece é por nossa culpa, que elegemos qualquer o bolso dos políticos no poder? um para funções tão importantes, e também por O tempo todo, nós vemos e ouvimos falar de es- culpa desses que ocupam o governo, que não têm o cândalos de corrupção, de governantes rouban- menor respeito e ética para com o nosso país! Clarissa Lopes

Com que roupa eu vou? Uane Nunes

Desde que viraram de uso obrigatório, as roupas são marcadores de época, moda e civilizações; foi assim com os gregos, egípcios, japoneses, etc. São também divisores de anos: 40, 50, 60, 70... e décadas; cada modo de se vestir, uma leitura de geração por entre os panos. Para a sociedade em que vivemos, vestir-se de acordo com as ocasiões é um fator positivo na avaliação de uma pessoa. É tanto que na maioria das vezes fazemos distinção entre a roupa de sair à noite, a do passeio do domingo, a de um velório, a de um aniversário, enfim, existe vestimenta para tudo. E... para ir à Universidade qual a roupa mais adequada? São curiosos os vários estilos e as combinações que podemos encontrar percorrendo as “ruas” do Campus I da Universidade Federal da Paraíba. Uns realmente têm preocupação com a pergunta proposta no título deste artigo e separam cuidadosamente as peças para cada dia da semana, outros parecem que acordam e seguem destino – do jeito que acordam. O mapeamento de estilos pode ser feito também por áreas de conhecimento; há os que vestem branco, os que vestem preto, os que não se preocupam com as cores; os que já se vestem como

profissionais formados, os preocupados com as etiquetas e os que só vestem roupas mesmo. Em João Pessoa, a cidade sede dessas misturas, famosa por abrigar o primeiro nascer do sol das Américas e local de muito calor no verão, o visual praia foi aderido massivamente no Campus, as sandálias de borracha, bermudas e camisas são trio frequentes e não é raro na versão feminina aparecerem shorts e blusas curtíssimos, é o calor! A propósito essa discussão, já foi abordada em vários momentos da vida acadêmica e social. Quais devem ser as proporções das roupas na Universidade? Bem, a resposta concreta só a do bom senso de cada um, já que não cabe aqui julgamento e condenação de nada. Mas é bom lembrar que o assunto já virou notícia nacional no episódio da moça do vestido rosa e curto. Sabemos, certamente, que o modo de vestir-se, acima de tudo, é expressão de personalidade, a UFPB comporta variados gostos e estilos, reflexo da pluralidade de diferentes universos que compõem este espaço. Os alunos são responsáveis pelo colorido e multiplicidade de faces e essências, bem mais acessíveis do que se quiséssemos ser uma pasta homogênea de cores, rostos e roupas iguais. Afinal, o uniforme ficou nos tempos de colégio e deu lugar à diferenciação.


campus

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Reação à insegurança no Campus Jéssica Feijó No mês de setembro, foi registrada na Delegacia da Mulher em João Pessoa, uma suposta ocorrência do seqüestro – fato que ainda está sendo investigado pela polícia - de uma estudante de Serviço Social, abordada em um supermercado, localizado nas proximidades do Campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Embora não seja responsável pela segurança fora do Campus, a UFPB, por meio do Reitor Romulo Polari, reagindo à sensação de insegurança dos alunos, enviou um ofício ao Secretário de Segurança Pública, Cláudio Lima, em que pedia reforço policial nas imediações da instituição. No ofício, o reitor cita que tem“desenvolvido ações preventivas que resultaram na queda significativa de ocorrências de violência contra pessoas ou patrimônio”. Esta não é a impressão geral dos estudantes nem é, nesse sentido, que apontam os valores investidos em segurança nos últimos anos. Segundo a previsão orçamentária da UFPB, a instituição investirá menos de R$ 5 milhões neste ano com vigilância, montante este 36% menor do que se gasta, por exemplo, com limpeza e com conservação. Para que se tenha uma idéia, na Universidade de São Paulo (USP), essas tendências são invertidas, uma vez que lá se investe 21% a mais em vigilância do que em limpeza e em conservação. O serviço de vigilância, por sua vez, é terceirizado e não tem como prerrogativa a segurança das pessoas, sendo limitada sua atuação a proteção do patrimônio. Na UFPB, instituição que responde por 14% do Produto Interno Bruto (PIB) paraibano, há sete anos, um projeto de segurança está em testes. No início do primeiro mandato da gestão do atual reitor, foram instaladas as câmeras que universidade dispõe atualmente. Hoje, o que se vê na Coordenação de Segurança é uma sala de controle defasada com apenas uma mesa, com dois monitores e com poucos equipamentos. Segundo o coordenador de infra-estrutura da Prefeitura Universitária, Roberto Ribeiro, a falta de manutenção no sistema de vigilân-

Foto: Ana Paula Barbosa/Divulgação

Praça da Alegria ocupada: alunos se unem numa manifestação de protesto contra a falta de segurança no Campus I da UFPB

Alunos protestam No dia 4 de setembro, os Centro Acadêmicos (CAs) de Serviço Social, de Psicologia e de Pedagogia,em conjunto com a Coordenação e o Departamento de Serviço Social, além de representantes do Movimento dos Sem Terra (MST), do Movimento Feminista e do Movimento Negro, se uniram no ato público de protesto e repúdio à falta de segurança na UFPB e em seus arredores, destacando a violência de gênero envolvida no caso de estupro da aluna. A marcha de professores e estudantes saiu do Centro de Cicia levou a problemas técnicos que impediram a continuação do projeto. Além disso, ele aponta que o isolamento da sala à área externa e telas inadequadas para o monitoramento atrapalharam o serviço. O coordenador de segurança, João de Deus, é outro que relata a dificuldade de se trabalhar com um sistema de vigilância sucateado: “Nem eu ou outros vigilantes temos acesso às imagens diretamente, assim não pode existir um

Trânsito cada vez mais caótico na universidade Yordan Cavalcanti O trânsito está se tornando um problema constante em João Pessoa. Com o aumento da quantidade de veículos na capital, os pessoenses têm de enfrentar congestionamentos todos os dias. Isso é um problema comum nas grandes cidades, mas agora, os transtornos das ruas estão atingindo diretamente os estudantes Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Por dia, milhares de carros circulam no Campus I da UFPB em João Pessoa. As duas mil vagas disponíveis são ocupadas rapidamente, causando problemas de estacionamento. “A partir das 8h30, o estacionamento do CA (central de aulas) fica impossível” disse Adriano Meireles, que cursa Engenharia Civil. “O pessoal coloca o carro até em vaga de deficiente, no meio do corredor, é horrível. Você é obrigado a estacio-

Quem mora no local de estudo

nar seu carro em qualquer lugar pra assistir aula” conclui. Os alunos que estudam à noite ainda reclamam de outro problema: a falta de iluminação nos estacionamentos. “Os estacionamentos são muito escuros. Dá até medo de andar por ali” afirma Adriano. A prefeitura universitária disse que já está tomando as providências cabíveis para amenizar ao máximo esse problema, mas afirma que ele só tende a piorar. “Estamos fazendo o possível para resolver a situação; mas com os novos cursos e os novos alunos chegando, o volume de carros vai aumentar e o espaço que temos para construir estacionamentos vai diminuir” disse Marcelo Diniz, diretor de Estudos e Projetos de infra-estrutura da UFPB. “Essa é uma preocupação que nós temos, e já estamos em obras, multiplicando as vagas, nos preparando para o aumento do número de carros”, completou.

ências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) da UFPB até o contorno do bairro dos Bancários, próximo ao local em que a estudante foi coagida. O ponto final da caminhada foi a Reitoria, onde entregaram uma lista de exigências ao Reitor. Entre as reivindicações dos manifestantes estão a reativação do posto policial e a construção de um novo posto, perto do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HU), dois micro-ônibus, circulando durante a noite na universidade para levar os estudantes em pontos estratégicos, um mapeamento de pontos de iluminação crítica e com ocorrência de furtos, e que seja emitida uma nota de advertência para as empresas de monitoramento regular. O único trabalho que pode ser desenvolvido pelos guardas da UFPB é investigativo, após alguma ocorrência, mas nada preventivo.”, denuncia o coordenador. Na UFPB, instituição da Paraíba que recebe o maior investimento regular do Governo Federal, existe, segundo dados oficiais, 134 câmeras instaladas, 108 vigilantes terceirizados em postos fixos, mais 36 vigilantes próprios, ambas as categoZona azul No Campus de Santa Rita, que está funcionando na capital, onde ficava a Faculdade de Direito da Paraíba, a situação é ainda mais grave. A única opção de estacionamento é na Zona Azul, que cobra uma taxa de R$ 1,30 a cada cartela que dá direito a duas horas de estacionamento. Antônio Davi, aluno do curso de Direito no campus de Santa Rita, tem aulas durante toda a manhã e é obrigado a pagar três cartelas pelo tempo que fica estacionado. “É uma faculdade pública”, lembra o estudante. “Há vezes que nós viemos para a faculdade, mas não tem aula. Daí, não tem como pedir um reembolso”, explica. O estacionamento em frente à universidade é constantemente visitado por agentes de trânsito, que aplicam multas nos veículos sem a cartela da zona azul. “Quem vem fazer uma prova apressado, às vezes se esquece da cartela, aí o ‘amarelinho’ (agente de trânsito) vê e multa.”, completou Antônio. Os alunos já tiveram diversas conversas com a direção do campus. Eles pedem uma permissão para estacionar sem ter que pagar

construção que atuam dentro do Campus, cujos operários venham a assediar as alunas. Foi criada, então, uma comissão que irá se articular em grupos de estudo para promover o debate da violência de gênero contra a mulher. Há muito que ser debatido. Segundo informações do Centro 8 de Março, este ano já foram registrados mais de 13 casos de estupro de mulheres adultas e oito tentativas de estupro, em João Pessoa. A Defensoria Pública revela que no ano passado, 56 mulheres foram assassinadas e 123 foram estupradas na Paraíba. É necessário dar mais visibilidade para a criação, a efetivação de campanhas e de serviços de proteção e o enfrentamento à violência contra a mulher. rias com porte de armas, e 80 porteiros da universidade, com acesso a um automóvel e a cinco motocicletas. Não há, contudo, segurança eletrônica no local onde a universidade sugere ao secretário de segurança pública que seja criado um novo posto policial, o que demonstra um crasso erro na estratégia de vigilância e a pouca seriedade com que a instituição trata o tema, empurrando a responsabilidade que deveria ser compartilhada.

Se o aparato de segurança se mostra ineficaz para um público circulante de mais de 30 mil pessoas ao dia, piores são os relatos de quem precisa morar na universidade rodeada por matas e por obras inacabadas. Os alunos que vêm de outros estados ou do interior da Paraíba e moram na residência universitária convivem com o temor da violência 24h ao dia. Na residência feminina, há relatos por parte das estudantes de assassinatos ocorridos por perto. “A segurança é defasada. Qualquer pessoa pode entrar nas residências em qualquer horário.À noite, os alunos que saem das aulas 21h30, 22h tem de percorrer grandes distâncias mal iluminadas, com construções por todos os lados onde alguém pode se esconder. Já houve assaltos nesse caminho que fazemos. Outro ponto, é que quando ocorrem furtos aos alunos na própria residência, não podemos falar com o vigilante do prédio, porque ele é terceirizado e atende apenas aos danos ao patrimônio da própria universidade, como diz o contrato. Somos obrigadas a ligar para a base (seguranças próprios da universidade)”, conta Amanda Kelly Sousa, oriunda da Cidade de Várzea, aluna de Serviço Social e integrante da coordenação da Residência Mista. Na Residência Universitária Feminina Elizabeth Teixeira, que fica no Centro da Capital, as reclamações se repetem entre as 66 garotas que contam com a segurança de dois vigias que se revezam na função. Nara Silveira, uma das coordenadoras relata uma situação ainda mais grave: “Já ocorreram vários assaltos e homicídios por perto. À noite, temos que pedir aos motoristas de ônibus para pararem em frente à residência. A iluminação é insuficiente depois do Mercado Central e a segurança, horrível.” protesta.

Foto: Camila Bitencourt

Veículos nos canteiros: cada vez mais fica difícil estacionar na área interna da UFPB a taxa imposta, mas essa solução acabou sendo inviável por causa de um outro problema: o espaço limitado. “O número de vagas é

limitado, contudo, se tivesse uma ‘Bolsa Zona Azul’, os que chegassem cedo teriam direito, e os outros não” afirmou Antônio.


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UFPB ocupa o 53º lugar na classificação para o Sisu Joel Cavalcanti

Nos dias 22 e 23 de outubro, o número recorde de mais de seis milhões de estudantes de todo o Brasil se submeterá ao Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Com a nota obtida nesta prova, o candidato de qualquer lugar do país pode estudar na instituição pública superior que preferir, desde que ela faça parte do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Desde o ano passado, a UFPB destina vagas dos cursos para candidatos ingressos por esse sistema. Desta vez, 20% das vagas estão reservadas para o Enem. A partir de 2015, esta será a única forma de seleção de candidatos que, diante da escolha de onde estudar, deverão pesquisar uma espécie de ranking qualitativo que classifica todas as instituições de ensino e a UFPB não estará bem nesta lista. O Ministério da Educação (MEC), preocupado em auxiliar estes alunos na escolha de uma universidade e em incentivar a emigração para outros estados, criou um índice que qualifica as instituições de ensino no país quanto aos cursos de graduação, o chamado Conceito Médio de Graduação. Neste índice, a UFPB aparece apenas na 53º posição entre 181 universidades, atrás inclusive de quatro instituições nordestinas. No dia 4 deste mês, uma organização internacional sediada no Reino Unido chamada Quacquarelli Symonds (QS), que realiza pesquisas educacionais que avaliam o desempenho de instituições de ensino em todo o mundo, divulgou o ranking das 200 melhores universidades da América Latina. Desta vez, a UFPB figura no final desta lista, na posição 171 e novamente em quinto lugar entre universidades federais da região nordeste. É a falta de qualidade, comparada a outras universidades e atestadas por estas entidades, que fará com que a UFPB não seja lembrada por alunos de outros estados que tiraram boas notas no Enem. Cerca de 770 aprovados no Processo Seletivo Seriado (PSS) de 2010 não eram da Paraíba, o que representa menos de 12% dos que entraram na UFPB. Mais da metade destes (55%), porém eram dos estados do Ceará, de Pernambuco e do Rio Grande do Norte, que buscam passar em uma universidade pública próxima de casa, deixando, portanto, para segundo plano, a qualidade da instituição. Quem confirma isso é a aluna do segundo período do curso de Medicina da UFPB, Thaís Teixeira. Ela é do Ceará e fez a prova do Enem. A nota que obteve não a qualificava para nenhuma universidade participante do Sisu. Por causa disso, da concorrência menor e de provas de seleção mais fáceis, a estudante preferiu fazer o PSS. “Eu inclusive deixei de fazer uma prova na Universidade Estadual do Ceará (UECE) para fazer a daqui, porque achei que tinha mais chances de passar”. E completou: “Quando você vai fazer medicina, pensa logo em passar [no vestibular]. Sendo federal, tá bom”, acredita a universitária, que também afirma que sua formação não será prejudicada por estar cursando Medicina na UFPB. Este é o curso que tem a menor participação de paraibanos, apenas 44%. São os cearenses que mais dividem as salas de aula do curso de

Foto: Herbert Clemente

B R E V E S Servindo bem... Largada na corrida sucessória para a Reitoria da UFPB. Funcionária da universidade veste literalmente a camisa, convocando as pessoas a seguirem sua chefe no twitter e ainda a apresenta para os outros como “magnífica”. Não se engane. No Centro de Ciência da Saúde (CCS), isso não é só puxa-saquismo, é campanha extemporânea, visando à próxima eleição para reitor mesmo. Sem que as chapas estejam inscritas ainda, nem havendo data marcada para eleição, a secretária da chefe do CCS já leva @ MargarethDiniz no peito.

Alalaô Em quatro anos, a entrada de alunos nas universidades brasileiras será feita através da escolha com base na classificação do Sisu

“Cachaça não é água, não”, cantavam os professores em um protesto que invadiu os corredores do Departamento de Comunicação e Turismo (Decomtur). Soprando apitos que deixariam os mestres de bateria de escolas de samba com inveja, os docentes organizados em charanga fizeram um carnaval fora de época em pleno dia 13 de outubro do corrente. Enquanto exigiam do Governo Federal o repasse de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação, os professores seguiam seu surreal protesto em marchinhas.

Engarrafou

Medicina com os paraibanos. Eles preenchem 34% das cadeiras dos que sonham em se tornar médicos. Para a chefe do Centro das Ciências da Saúde (CCS), Margareth Diniz, os estudantes de medicina de outros estados vêm sem pensar na questão da qualidade. Segundo ela, o ideal de ser médico os fazem procurar qualquer universidade pública: “Uma vez que o candidato entra aqui, muitos continuam tentando passar no seu estado, e quando eles passam, vão embora”. Ainda para a chefe do CCS, quando o Sisu for instituído como única forma seleção de novos alunos, a UFPB só será atrativa caso se torne uma universidade diferenciada e que invista para melhorar a qualidade do ensino. “É lamentável que não se possa ter uma qualidade significativa para viabilizar o [ingresso do] aluno com boas notas em outros estados. Fico triste em saber que eles não vêm para cá por causa da qualidade e só porque não conseguiram passar em outro canto”, lamenta Margareth Diniz. Criado no ano passado, o Sisu é o sistema informatizado, gerenciado pelo MEC, por meio do qual o institutos federais e as universidades públicas participantes selecionam novos candidatos exclusivamente pela nota obtida no Enem. Ao efetuar a inscrição, o candidato deve escolher, por ordem de preferência, até duas

opções entre as vagas ofertadas pelas instituições participantes. Liderando a avaliação A Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) é primeira colocada entre os cursos de graduação, segundo o índice do MEC, e, não por coincidência, a recordista entre todas as universidades brasileiras no número de imigração de estudantes, contabilizando mais da metade dos calouros do ano passado como sendo de alunos recém-chegados ao estado do Rio Grande do Sul. Nem a concorrência para o curso de medicina desta universidade, que é de quase 60 inscritos para a disputa de uma vaga, assustou os candidatos que procuram fundamentalmente excelência no ensino. Esta universidade destina todas as suas 408 vagas, nos dez cursos, para a seleção do Sisu. Para o pró-reitor de graduação da UFPB, Valdir Barbosa, a “Universidade Federal da Paraíba é reconhecida nacionalmente como uma boa universidade”. Ele discordou dos dados apresentados nesta reportagem e informou que a federal da Paraíba “não é a 53º do Brasil de jeito nenhum”, apesar desta relação estar disponível a todos no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), que é ór-

gão governamental oficial responsável por essa classificação. Segundo ele, a posição da UFPB seria a 23º ou 24º. Mas, aqui se reafirma a posição menos nobre: 53º. Apesar disso, Valdir Barbosa garante: “A universidade tem se preocupado com estas questões, e nós não queremos que o posicionamento neste ranking seja o que está hoje”. Valdir Barbosa justifica a posição baixa com o argumento que o desempenho do aluno no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) tem peso considerável nesta posição. Apesar de o índice considerar questões como qualificação do corpo docente, infraestrutura e programa pedagógico, o pró-reitor diz que não tem uma avaliação do peso de cada um desses elementos, mas enfatiza: “O estudante tem um papel preponderante, porque a avaliação é centrada nele. Se a universidade fizer tudo e o aluno não fizer sua parte, não se dedicar, a avaliação será ruim”. O pró-reitor atenta ainda para o fato que a avaliação da graduação é ruim na Paraíba, porque a educação básica estaria entre as piores do país: “A educação é um sistema: se a universidade recebe os alunos com, em média, a pior educação básica do país... não tem mágica. Esses alunos terão desempenho inferior aos dos outros [estados]”, finaliza ele.

O Centro de Vivências da UFPB está ficando mais para Centro de Confusões. Todos os dias, por volta das 12h, os alunos que esperam sua vez para entrar no Restaurante Universitário fazem longas filas que serpenteiam todo o Centro. Apesar da incômoda espera, muitos só se contrariam quando percebem que estão, na verdade, na quase tão longa fila para recarregar o passe estudantil, uma vez que o posto da AETC-JP também fica no Centro de Vivências.

No mofo Instrumento mais útil que lápis e papel para quem teve a má sorte de ter a aula marcada no Núcleo de Documentação Cinematográfica (Nudoc), é um pano para proteger as vias aéreas. Espirros, olhos irritados e crises alérgicas é o estado mais comum de quem precisa enfrentar o mofo da sala de aula, que fica localizada no prédio da gráfica da UFPB. Um inseticida também pode ser útil para dar fim a uma barata que insiste em se resfriar ao lado do ar-condicionado da sala.


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Energias renováveis ganham Centro Nayanna Sabiá A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) aprovou, através do Conselho Universitário, a construção do Centro de Energias Alternativas Renováveis (Cear). O novo centro agregará inicialmente dois cursos de graduação: o curso de Engenharia Elétrica, que migrará do Centro de Tecnologia (CT) para o Cear, e o novo curso de Engenharia de Energia Renovável. O século XX foi definitivamente caracterizado como uma Era de Extremos. A humanidade viveu momentos de profundo desenvolvimento e progresso, ao mesmo tempo em que comportava a catástrofe da guerra, a fome, a miséria e a destruição ambiental. Diante dos avanços das Revoluções Industriais, o mundo moderno ficou mais depentente das matrizes energéticas. Os atuais modelos de crescimento econômico geraram enormes desequilíbrios. Se, por um lado, nunca houve tanta riqueza e fartura no mundo, por outro lado, a miséria, a degradação ambiental e a poluição aumentaram intensamente. A criação do Cear traz à tona uma discussão mais ampla acerca da preservação do meio-ambiente. Diante da latente insufiência no abastacimento das matrizes energéticas não-renováveis e do choque provocado pela dependência de combustíveis fósseis com a Crise do Petróleo em 1973, o mundo moderno reconheceu a necessidade de diversificar as matrizes energéticas, analisando o custo e o benefício de cada tipo de energia, bem como o impacto ambiental provocado. A energia eólica, solar, hídrica e da biomassa são alguns exemplos de energias limpas. Sem causar danos ao ambiente, a energia solar pode ser convertida diretamente em energia elétrica, por meio de painéis solares e de células fotovoltaicas. Os custos para a construção destes painéis e o baixo rendimento fazem com que esta fonte, embo-

Foto: Thaís Garcia

to. Segundo o professor Zaqueu: “A migração do curso de Engenharia (Elétrica) para o Centro de Energia (Cear) já foi debatida com os alunos, principalmente através das lideranças dos estudantes”. E completou: “Talvez não tenha sido o suficiente para informar a todos os interessados, mas estamos convidando o Reitor o Pró-reitor de graduação para explicar para os alunos como vai funcionar essa migração”. O mercado de trabalho ainda é limitado quanto à existência de profissionais qualificados, como constata o professor Zaqueu: “O ensino (do Cear) pretente formar profissionais de qualidade, envolvidos com a nova realidade das energias alternativas, porque hoje há um grande número de pessoas que trabalham com energias alternativas sem nenhuma formação”, avalia.

Painéis de captação de energia solar instalados no Campus I, João Pessoa, para os alunos estudarem fontes alternativas e limpas ra promissora, ainda seja pouco utilizada. Na Paraíba, essa matriz energética já é utilizada em pequenas fábricas, hotéis, alguns condomínios e restaurantes. Na UFPB, o restaurante universitário, bem como o hospital universitário, utiliza a energia solar. Apesar da potencialidade paraibana na produção de energia renovável, em especial as de origem eólica e solar, ser timidamente explorada, a criação do Cear pode contribuir para a ampliação do potencial científico e energético da Paraíba. Laboratórios O Laboratório de Energia Solar (LES) é pioneiro na pesquisa sobre energia solar. Vinculado ao Gabinete da Reitoria, o LES será incorporado ao Cear, o que estimulará a pesquisa na área. O Cear terá sob sua administração o LES, a oficina mecânica, a oficina eletroeletrônica, a Estação Climatológica e Meteorológica e toda a estrutura do Departa-

mento de Engenharia Elétrica. Segundo o futuro diretor do novo centro, o professor Zaqueu Hernesto da Silva, a criação do Cear vai além da agregação do curso de Engenharia Elétrica e da criação do curso de Engenharia de Energia Renovável. “A criação do Cear representa uma evolução e uma revitalização das pesquisas em energias renováveis”, declarou Zaqueu. O projeto pedagógico já está pronto e será apresentado ao Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe). A previsão de é que o novo curso comece a funcionar no próximo ano, aprovando os 60 primeiros alunos por meio de um vestibular extra, aplicado posteriormente ao processo seletivo tradicional. A base das engenharias é muito semelhante, agregando, de modo geral, disciplinas de física, química e matemática, que serão ministradas, inicialmente, pelos professores da UFPB. Há ainda, contudo, previsão

para novas contratações, que englobam 23 professores e 16 técnico- administrativos. A votação favorável à criação do Cear pelo Conselho Universitário aconteceu no dia 26 de julho. O novo prédio será construído nas proximidades do LES e comportará quatro blocos, em uma área de aproximadamente 925m². A obra está orçada em aproximadamente R$4,5 milhões e tem a previsão de 15 meses para ficar pronta. Enquanto as instalações do Cear não forem concluídas, os alunos assistirão aulas no CT. Em entrevista com os alunos de Engenharia Elétrica, o desconhecimento de informações específicas sobre a migração do curso para o Cear ficou notório. Henrique de Oliveira, Rodolfo Alves e Marcos Victor Dantas, alunos do quarto semestre questionaram os prazos propostos, uma vez que acreditam que a estruturação completa do Cear demandará mais tempo que o previs-

Desenvolvimento sustentável A partir da década de 1980, o mundo começou a repensar os padrões de consumo e de produção que impactavam a natureza. O debate sobre o comércio internacional e o meio-ambiente tem gerado inúmeras negociações. Diante desta constatação, surge a idéia do desenvolvimento sustentável, em que se procura conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental. De acordo com a teoria do desenvolvimento sustentável, é preciso prezar por um desenvolvimento que seja atento às limitações ecológicas do planeta, para que as gerações futuras tenham a chance de existir e viver bem. Zaqueu dissertou, ainda, a respeito da importância do Cear, não somente para o âmbito regional quanto para nacional: “É muito mais amplo que a criação do curso, o Cear vai ser um centro que vai se decidicar ao ensino e a pesquisa. É nessa perspectiva que a gente vai se inserir, principalmente ao contratar docentes que queiram trabalhar na evolução das energias renováveis alternativas”, finalizou.

Serviços prestados aos alunos da UFPB têm preço variado Larissa Pereira Ao andar pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), é possível encontrar uma certa variação nos preços de lanches e xerox. Cada centro, ou departamento, tem uma tabela diferenciada. A equipe do jornal Questão de Ordem visitou quatro lanchonetes e outros quatro pontos de xerox que atendem em locais de grande fluxo de pessoas dos cursos de humanas da Universidade Federal da Paraíba, no estacionamento da Central de Aulas e no Departamento de Comunicação e Turismo (Decomtur), ao lado dos pontos de ônibus coletivos. Foi possível verificar que há como pagar menos pelo mesmo serviço. Para analisarmos os preços, estabelecemos a verificação do valor cobrado por um salgado de forno com refrigerante de 200ml ou com suco simples, sem leite. Segundo os responsáveis pelas lanchonetes, esses são os produtos mais pedidos no Campus I, em João Pessoa. Quanto às cópias, anotamos os preços por página xerocada. As visitas foram feitas entre os dias 10 e 14 deste mês. Os responsáveis pelos estabelecimentos explicaram que a diferença nos valores cobrados se justifica pela estrutura de cada empreendimento, tanto física quanto de pessoal. A maioria tem funcionários, poucos são familiares que ajudam no negócio. Há diferença também no tamanho do espaço ocupado. As maiores pagam mais à Prefeitura Universitária. Os valores das taxas são a partir de R$ 300. No tocante às copiadoras, além das questões infra-estruturais, há ainda a qualidade e quantidade de equipamentos. Preços e lanches No comércio familiar de Manoel e Renata, localizado no Decom, eles cobram R$ 1,20 por um salgado de forno, R$ 1 pelo refrigerante de 200 ml e R$ 1,80 pelo suco. Para quem prefere refrigerante, o lanche custa R$ 2,20; com suco, R$ 3. A lanchonete de dona Fátima Vieira, alocada também no

Foto: Larissa Pereira

Decom. O salgado é dez centavos mais caro, custando R$ 1,30, já o suco é dez centavos mais barato, custando R$ 1,70 e o refrigerante é vinte centavos mais em conta, com o valor de R$ 0,80. Resultado: Acompanhado de refrigerante o lanche fica R$ 2,10; de suco R$ 3. Ela tem dois funcionários. A Samburg é um empreendimento familiar. Samuel tem sociedade com as três irmãs. Lá também encontramos preços diferentes. O salgado custa R$ 2, o refrigerante R$ 0,80 e o suco R$ 2,50. Para comer neste lugar com refrigerante o cliente paga R$ 2,80; com suco R$ 4,50. Não há funcionários. O local ocupa uma área de aproximadamente 35m². No estabelecimento vizinho, na Lanchonete do Cláudio, o salgado é R$ 1,50, o refrigerante R$ 1 e o suco R$ 0,80. Nesta há seis funcionários. Para lanchar tomando um refrigerante é preciso ter R$ 2,50; com suco R$ 2,30. Quem costuma lanchar com refrigerante, Fátima Vieira no Decom, cobra o menor valor R$ 2,10. Se a preferência é tomar suco com salgado, a Lanchonete do Cláudio na Central de Aulas tem o preço mais em conta dentre os quatro lo-

cais visitados, R$ 2,30. José Alves, estudante do curso de Letras com habilitação em Inglês estuda no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes – CCHLA. Ele não faz questão só do preço. “O valor, a variedade de salgados e o atendimento tem que ser satisfatórios”, afirmou. Mayrlla Almeida aluna de Letras com habilitação em Espanhol gasta em média R$ 11 por semana com lanches. Ela e os amigos costumam procurar os oferecidos no Decom. “Nas lanchonetes da Central de Aulas, às vezes é R$ 0,50 mais caro”, enfatizou. Serviço de cópias Todos os estabelecimentos pesquisados pagam a taxa cobrada pela Prefeitura da UFPB. Na Central de Aulas, cada página custa R$ 0,06 na CopyDenis. O responsável, Denystocles Bezerra Cavalcanti faz cópias na UFPB há 25 anos. Ele explicou que compra papel em grande quantidade e consegue descontos. Mesmo assim destacou que mantém dois funcionários e está em dia com a taxa cobrada pela Prefeitura Universitária. Ainda próximo à Central de Aulas, a Teclarte, que possui três funcionários, cobra R$ 0,08 por lado copiado. Lá, eles têm um equipamento capaz de fazer 75 cópias por minuto que separa e grampeia automaticamente. Em Júnior Copiadora, no Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), o cliente paga R$ 0,08 em cada página xerocada. Ele, que atua na universidade há onze anos, explicou que o ambiente é climatizado, os equipamentos tem um custo alto de manutenção, porque também são capazes de fazer 75 cópias por minuto, separam e grampeiam automaticamente. Júnior disse, também, que tem três funcionários. Os representantes dessas duas últimas disseram também que esses valores podem ser negociados, depende do número de cópias. No entanto, a CopyDenis tem a xerox mais barata, custando R$ 0,06 por cada lado copiado.


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educação

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Cursinho pré-vestibular gratuito dentro da UFPB Luis Thales Próximo à chegada da maratona de vestibulares, estudantes das escolas públicas e privadas do estado da Paraíba vivem uma grande expectativa para as provas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no qual as notas serão utilizadas para a seleção de vagas na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e o Instituto Federal da Paraíba (IFPB). Diante da insuficiência das escolas públicas regulares em oferecer as condições satisfatórias para a aprovação nos mais diversos vestibulares, a UFPB decidiu preencher essa lacuna, oferecendo um curso intensivo e gratuito que prepara esses alunos. Criado em 2008, pelo atual chefe de gabinete do Reitor, professor Luiz de Souza Junior, e coordenado pelo professor Jivago Correia Barbosa, o cursinho recebeu o nome de Intensivo UFPB. “O projeto é uma forma de estabelecer a inclusão educacional. É voltar-se para uma parcela da população que em tese tem poucas chances de entrar na universidade por conta da disputa com a rede privada”, esclarece Luiz de Souza. O ponto primordial dessa iniciativa não fica caracterizado apenas no intuito de providenciar um melhor preparo para os alunos da rede pública de ensino, mas proporcionar também a inclusão social. O Intensivo UFPB iniciou-se como uma forma de promover uma revisão dos conteúdos que são cobrados nos vestibulares, com dois meses de preparação que precedem as provas. Com os bons resultados adquiridos, o tempo do cursinho aumentou de seis meses de duração para oito, com início no mês de maio. O grande diferencial desse cursinho é ser vinculado a 16 escolas públicas do estado, em João Pessoa, e não dentro do Campus I da Universidade. Essa estratégia foi pensada para facilitar a locomoção dos alunos aos cursinhos, instalados em bairros como Centro, Valentina, Mangabeira, Jaguaribe, Geisel, en-

tre outros. Destinado somente aos alunos da rede pública de ensino, o cursinho abre as inscrições no site (www.ufpb.br/intensivo). As aulas contam com professores graduados e alunos graduandos dos cursos de licenciatura da UFPB e são ministradas de segunda a sexta-feira, nos turnos da tarde e da noite, das 14h às 17h15 e das 19h às 22h15. No dia primeiro de outubro, a organização do cursinho promoveu um aulão nos auditórios do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) e do Centro de Educação (CE) da UFP, que reuniu 604 alunos. De acordo com Jivago, no PSS de 2009, o número de aprovações do Intensivo foi de 69 estudantes. Já no de 2010, o número aumentou para 196. “A meta da gente esse ano é duplicar esse número de 196, colocar mais de 400 alunos do projeto dentro da universidade”. O cursinho vem intensificando suas atividades em função dos vestibulares, que estão próximos de serem realizados.

Outra iniciativa Os alunos da rede pública de ensino não contam apenas com o cursinho Intensivo UFPB. Há outro projeto de cursinho pré-vestibular: o PBVest. Coordenado pelo professor Américo Falcone e destinado aos alunos do 3º ano do ensino médio da rede pública, esse projeto teve início em julho deste ano e foi criado pela Secretaria Estadual da Educação da Paraíba, sendo apoiado pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Os professores da UEPB, do estado e da rede privada compõem o corpo docente do projeto, que é sediado em todos os campi, com exceção do campus de Lagoa Seca. São 14 cidades no estado que oferecem o cursinho, entre elas estão João Pessoa, Campina Grande, Guarabira, Patos e Santa Rita. De acordo com a coordenadora pedagógica do projeto, Terezinha de Jesus, o PBVest dispõe de material feito por uma equipe de professores da capital paraibana, sendo ele impresso e em vídeo-aulas, ambos

disponibilizados no site do programa (www.pbvest.gov.br). Em João Pessoa, três prédios sediam o projeto: o Campus V da UEPB, no Cristo Redentor; o Lyceu Paraibano, no Centro; e o Centro Profissionalizante Deputado Antonio Cabral (CPDAC), no Valentina. Toda a estrutura da UEPB, junto com os equipamentos e até mesmo a alimentação, é disponibilizada ao curso e aos alunos. As aulas são ministradas aos sábados e aos domingos, nos turnos da manhã e da tarde, das 7h30 às 12h e das 13h30 às 17h30. Assim como o Intensivo UFPB, o PBVest proporciona um projeto de inclusão social para que os alunos de escolas públicas consigam suprir as necessidades que não são atentidas nas aulas regulares da escola. Ainda para coordenadora Terezinha de Jesus, “o cursinho veio com a intenção de atender a essas deficiências que os alunos têm. Isso tem dado um incentivo muito grande para eles, mesmo com aulas nos finais de semana”, conclui.

Foto: Jivago Correia Barbosa/Divulgação

Alunos de várias escolas públicas do Estado têm à disposição professores de diversas áreas de ensino para uma melhor preparação

Aberta seleção para UFPB Virtual Caio Ismael A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) tem alcançado um rápido desenvolvimento em Educação a Distância (EaD), desde quando passou a integrar o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), em 2007. Quem quiser participar dessa modalidade de ensino oferecido pela instituição terá entre os dias 1 e 13 de novembro para se inscrever no processo seletivo dos cursos do programa UFPB Virtual. O programa é um incentivo do governo federal, que visa à abertura de vagas para estudantes das cidades não contempladas pelo ensino presencial. Com seis cursos de graduação, todos em nível de licenciatura, a UFPB já atua em quatro estados nordestinos, contando com dezessete pólos de apoio presencial na Paraíba, seis na Bahia, dois em Pernambuco e um no Ceará. As inscrições para o processo se-

letivo devem ser feitas pelo site da Comissão Permanente de Vestibular (Coperve), na internet. A prova de seleção possui 40 questões de múltipla escolha e uma redação. São oferecidas vagas para professores ou para qualquer candidato com o ensino médio completo, e para deficientes auditivos. A escolha dos cursos oferecidos na modalidade foi feita mediante a abertura de um edital que observou quais as regiões que detinham maior necessidade de ampliação do ensino oferecido às regiões não contempladas pela proximidade dos campi da UFPB. Para se tornar pólo de apoio presencial, os municípios interessados nas aulas se candidataram no edital, onde passaram por uma avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da coordenação do próprio programa da UFPB Virtual. Segundo a assessora acadêmica do projeto, professora Vania Rezen-

de, a educação a distância assumida pelo sistema Universidade Aberta surgiu com a necessidade latente de capacitar professores que trabalham com o ensino básico. “Nossos cursos são todos regulares, aprovados pela Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), oferecendo diploma e a mesma carga horária dos cursos presenciais.” Atualmente, a UFPB conta com cerca de 8.500 alunos na educação a distância, com aprovação e evasão percentualmente semelhante a dos cursos presenciais da instituição. No ano passado, formaram-se vinte sete alunos das primeiras turmas dos cursos de Letras, Matemática e Pedagogia. Críticas ao sistema Mesmo diante do fato de que a educação a distância na UFPB só atende aos cursos de licenciatura, cerca de 260 alunos do curso de bacharelado em Serviço Social da ins-

tituição se reuniram, no dia 31 de agosto deste ano, para questionar justamente a ampliação educacional desta modalidade de ensino. O encontro, organizado pelo centro acadêmico do curso, discutiu as perspectivas do Plano de Desenvolvimento Institucional da UFPB, que prevê o aumento da quantidade de programas desse tipo na instituição. Segundo Ana Paula Xavier, integrante do CA de Serviço Social e uma das organizadoras do evento, é incompatível a prática da educação a distância com os objetivos do seu curso. “O assistente social trabalha na consolidação e efetivação dos direitos sociais e a educação de qualidade para todos é um deles”, afirmou a estudante ao apontar a falta de orientadores presenciais, a aplicação de avaliações apenas no método virtual e a realização de estágios sem supervisão adequada como quesitos que não constam nesse sistema de ensino.

Cartaz da campanha nacional dos 10%

Movimento ganha força na ADUFPb Herbert Araújo Após ter sido apresentado pelo Governo Federal em dezembro de 2010, o Plano Nacional de Educação (PNE), que tramita na Câmara dos Deputados, aqueceu a discussão acerca dos investimentos nesta área. O plano prevê um investimento mínimo de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país para a educação e uma revisão desse percentual no ano de 2015. Atualmente, a União investe 5% do PIB na educação, mesma porcentagem investida por países mais desenvolvidos a exemplo da França, do Japão e da Alemanha. Enquanto o governo acredita estar dando um grande passo em direção a uma educação universal e de qualidade no Brasil, há opiniões divergentes sustentadas por órgãos que atuam diretamente na área em questão. É o caso do Conselho Nacional de Educação (CNE) que este ano já manifestou sua opinião, sugerindo que o investimento na área seja da ordem de 10% do PIB. Para o CNE, o governo deve aplicar 7% até o ano de 2014 e aumentar este investimento de forma progressiva até alcançar os 10% sugeridos para 2020, ano que marca o fim do atual PNE, proposto pelo governo. Há ainda um movimento mais radical, encabeçado pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), entre outros órgãos representativos da classe dos professores e alunos, que reivindicam a aplicação imediata de 10% do PIB na educação. Em números, isto representa um aumento de aproximadamente R$ 140 bilhões na área. Na Paraíba, esta bandeira está sendo levantada principalmente pela Associação dos Docentes da Universidade Federal da Paraíba (Aduf-PB). Para o presidente da Aduf-PB, Ricardo Lucena, o aumento de verbas na educação virá suprir uma carência histórica nesta área e solucionar os problemas salariais dos professores, assim como melhorar as condições de trabalho que atualmente são precárias. Segundo o professor Ricardo, investir em educação é uma forma de combater os males sociais e proporcionar a um povo o pleno exercício da cidadania. Apesar das divergências existentes entre governo e demais entidades quanto ao percentual a se aplicar na educação, há um consenso em relação ao fato de que a educação no Brasil carece de mais investimentos e isto deve ser uma prioridade para um governo que vislumbra o progresso econômico e a diminuição das desigualdades sociais.


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Engenharia Mecânica na disputa por criação de modelos de carros Clarissa Lopez O já premiado projeto UFPBaja se organiza para participar da competição regional e nacional no ano que vem. O BAJA SAE abrange as faculdades de Engenharia Mecânica de todo o Brasil. Criado pela Sociedade de Engenheiros de Mobilidade (Society of Automotive Engineers - SAE), o projeto visa a formulação, a criação e a construção de veículos protótipos para auxiliar a prática dos estudantes de engenharia. O projeto desenvolvido pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) recebeu o nome de UFPBaja e conta com a participação de 26 alunos, os quais, além de criar o protótipo do veículo, colocam em prática os conhecimentos adquiridos no curso. As competições entre as instituições em âmbito regional e nacional estimulam o empreendedorismo dos estudentes, uma vez que o sucesso dos projetos pode favorecer o setor tecnológico automobilístico. O modelo atual do protótipo do UFPBaja, chamado provisoriamente de “P06”, participará da competição regional que acontece no mês de novembro, em Camaçari, na Bahia. A primeira participação da UFPB no BAJA SAE foi em 2006. O projeto concorreu com cerca de outros 80 projetos de todo o Brasil e ganhou o vice-campeonato regional. Sem nenhum patrocínio, a UFPBaja se destacou como a melhor equipe de estreantes. Atualmente, se encontra entre as 20 melhores equipes do país. O coordenador do projeto relatou o sucesso de ex-membros que já estão empregados no mercado de trabalho, estimulados pela experiência que obtiveram no UFPBaja. Alguns deles foram contratados pela empresa Ford. Mesmo com participação majoritária dos alunos do curso de En-

Foto: Clarissa Lopes

Protótipos: estudantes da UFPB competem em nível nacional ajudados por alguns patrocínios de empresas do setor automobilístico genharia Mecânica, o projeto conta também com estudantes dos cursos de Engenharia Elétrica e de Engenharia de Produção da UFPB. Todos os alunos engajados no projeto lidam com empreendedorismo, uma vez que resolvem problemas de produção e de materiais e, além disso, desenvolvem e aplicam seus conhecimentos sobre frenagem, ergonomia, estrutura e outros aspectos que envolvem a construção do protótipo dos automóveis. A avaliação dos alunos consiste, em parte, na produção de relatórios que os auxiliam na inscrição para as competições regionais e nacionais. O maior desafio, contudo, é o desempenho nos campeonatos. Quanto às competições, essas são

divididas em duas fases: a primeira consiste na prova estática, que avalia as equipes nos quesitos segurança e integridade estrutural, conforto (ergonomia), originalidade, aparência e custos de fabricação do carro. Já a segunda fase, a prova dinâmica, consiste na corrida propriamente dita, o enduro, que acontece em terreno extremamente acidentado. São avaliadas aceleração, velocidade máxima, frenagem e resistência do veículo. O UFPBaja já conquistou a primeira posição no campeonato regional, em 2009, e está se esforçando bastante esse ano para repetir o resultado daquele ano e uma melhor classificação na competição nacional do próximo ano, em Piracicaba, São Paulo.

Aeromodelos Além da equipe UFPBaja, a UFPB comporta outro grupo de estudantes nas competições da SAE. A equipe Aerojampa, como são chamados, é especializada na construção de aeromodelos. O projeto Aerodesign UFPB foi criado em 2007 e desde então participa da competição do SAE Brasil Aerodesign, que acontece no mês de outubro. No entanto, em decorrência da demora na burocracia para a aquisição de materiais necessários para a fabricação dos modelos, a equipe Aerojampa não participará da competição deste ano. De acordo com o coordenador de Análise de Desempenho do projeto, Luiz Guilherme de Almeida,

aluno do 8º período de Engenharia Mecânica, “é muito importante ter uma aplicação prática das teorias que são adquiridas na sala de aula. Durante o desenvolvimento do projeto, aplicamos os conhecimentos de Engenharia Mecânica no desenvolvimento de uma aeronave e um estudante que participa do projeto tem um grande diferencial em relação a outros candidatos, quando são submetidos a entrevistas de emprego nas empresas”. Vários ex-integrantes do projeto estão empregados em empresas como a Ford e a Vale. Um deles foi classificado no processo de seleção de mestrado do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), vinculado a Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. (Embraer). Na competição, os estudantes enfrentam duas etapas: precisam defender oralmente o projeto frente à banca de engenheiros da Embraer do ITA, e participam da competição de vôo com as outras equipes. Tão importante para a UFPB quanto o UFPBaja, o projeto Aerodesing se destaca por formar novos profissionais da Engenharia Aeronáutica, que darão continuidade ao legado do Brasil na produção de aviões, já que o país é o terceiro maior produtor de aeronaves do mundo e é referência mundial em tecnologia nesta área. “É importante que a UFPB tenha sua contribuição para o desenvolvimento de conhecimento aeronáutico, uma vez que o curso de Engenharia Mecânica daqui é um dos mais antigos do país e é referência para várias outras universidades. O projeto trabalha na perspectiva de inserir, divulgar e mostrar que é possível acreditar na tecnologia paraibana, pois sabemos que, mesmo sem apoio financeiro privado, temos a capacidade desenvolver aviões mais competitivos”, finalizou Luiz Guilherme.

Criado mestrado profissional em jornalismo Daluanne Melo O fim da exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista não foi suficiente para desestimular os profissionais do curso de Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Um projeto de mestrado profissionalizante na área foi apresentado no mês de julho à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e deve ter aprovação divulgada ainda em novembro deste ano. Com a aprovação do curso pela Capes, a UFPB será a primeira universidade federal do país a implantar o Mestrado Profissional no curso de jornalismo, voltado para a qualificação de profissionais atuantes no mercado de trabalho. Atualmente, apenas a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) oferece um programa de Mestrado para jornalistas, porém, esta pós-graduação, implantada em 2007, preocupa-se com a preparação de profissionais para o campo acadêmico, ou seja, com a formação de professores. A iniciativa da implantação do programa, de acordo com o professor David Fernandes, futuro coordenador do curso, foi tomada a partir da

percepção, por parte dos professores do Departamento de Comunicação e Turismo (Decomtur), de que havia a necessidade de se criar um programa de pós-graduação para atender à demanda do mercado. Para ele, o curso de jornalismo está passando por um estancamento com a perda da obrigatoriedade do diploma, e por esse motivo a implantação de um mestrado profissionalizante permite uma melhor capacitação dos profissionais atuantes na área. Outro fator importante que contribuiu para a construção do projeto foi a existência de um corpo docente qualificado para lecionar o curso. “Nós temos o departamento de comunicação que possui o maior número de doutores no Nordeste. Hoje temos 26 que apresentam uma produção muito significativa, seria um desperdício se não aproveitássemos profissionais com este nível”, ressalta David. O projeto foi desenvolvido pelos próprios professores do departamento e contou com a assessoria do professor Fausto Neto, também consultor da Capes. Para o professor David, a aprovação é apenas questão de tempo até a sua avaliação, pois “o projeto está bastante consistente”. Para que fosse enviado

Foto: Thaís Garcia

Iniciativa do professor David Fernandes a Capes, o programa de Mestrado Profissional passou primeiramente pela aprovação da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e posteriormente pela Reitoria da universidade. Dentre os critérios exigidos para que o projeto seja enviado a Capes, destacam-se as diversas possibilidades de trabalhos de conclusão e que o corpo docente seja composto por doutores com formação específica na área, além de experiência profissional reconhecida. O programa de mestrado pro-

fissional em Jornalismo funcionará em um novo prédio que está sendo construído ao lado do Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA). A perspectiva é que a construção seja finalizada ainda em novembro deste ano. Serão oferecidas 25 vagas para o curso, já que o projeto será desenvolvido em âmbito regional e busca atender à demanda do mercado. Linhas de pesquisa O foco de concentração do currículo é “Processos, Produtos e Práticas em Jornalismo”, que apresenta duas linhas de pesquisa: “Processos e Produtos em Jornalismo Digital” e “Processos e Produtos em Jornalismo Organizacional”. “A ideia é atingir tanto o profissional que já está ‘no batente’, ou seja, na redação, quanto os assessores de comunicação de órgãos públicos”, explica David. Segundo ele, serão investidos mais de R$ 500 mil reais em equipamentos da melhor qualidade para a parte técnica do curso, garantindo condições estruturais para o aprendizado dos alunos. A previsão é que o programa de mestrado profissional em Jornalismo já comece a funcionar a partir de

março do ano que vem. Para aqueles que têm interesse em participar, basta ter um curso de graduação em qualquer área e apresentar um bom projeto para os avaliadores na data prevista. De acordo com o professor David, o curso oferece várias possibilidades para se desenvolver o trabalho final: “Pode ser uma dissertação ou não. Pode ser também um trabalho técnico, um livro, uma grande reportagem ou um filme, por exemplo. Desta forma, o mestrado vai buscar adequar o profissional à atividade que ele está exercendo”. Fernandes observa que a implantação desse programa de mestrado será de extrema importância para valorizar a categoria e dar mais empoderamento aos jornalistas . O fim da exigência do diploma requer das escolas mais avanços. Além disso, segundo ele, vai possibilitar discussões mais profundas sobre a profissão, tornando os profissionais mais conscientes e capacitados para o mercado que está cada vez mais exigente. “Eu vejo que o objetivo chave é a capacitação, o profissional da área dispõe agora de uma ferramenta para se atualizar no mercado. Então, ele vai ter acesso a um jornalismo avançado”.


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saúde

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Fisioterapia grátis para a coluna no Campus I da UFPB Larissa Pereira Na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) não é difícil encontrar pessoas despreocupadas com a postura. Involuntariamente, estudantes, professores e funcionários da UFPB adotam maus hábitos no cotidiano que mesmo sem apresentar sintomas, já podem afetar a saúde da coluna. Mas como o corpo é capaz de se adaptar aos desequilíbrios posturais, muitos casos são indolores. A osteofitose ou bico de papagaio é um exemplo. Neste caso, o paciente sofre lesões nas articulações vertebrais e não tem cura. A tendência é que as dores apareçam especialmente na terceira idade, por ser um problema cumulativo. Com fisioterapia há alívio dos incômodos. É importante destacar que tem muitas crianças, jovens e adultos que sofrem de dor de coluna. Em entrevista ao Questão de Ordem, a professora de Fisioterapia da UFPB, Maria Cláudia Gatto Cardia, destacou o trabalho, por vezes em pé, dos educadores da instituição. Segundo ela, esta posição mantida por um longo período, pode causar uma série de problemas. Mas o que torna esta atividade um risco para as dores de coluna é o sedentarismo. “A falta de consciência sobre o corpo é a principal causa da dor”, explica. Se você não sente dores nas costas, mas sabe que tem má postura, veja como identificar se esse vício já causou algum prejuízo à coluna. De frente ao espelho observe se há um

ombro ou um lado do quadril mais alto que o outro. Se a cabeça está muito adiantada em relação ao corpo, se existe uma corcunda muito grande ou se o bumbum está muito arrebitado aumentando a curvatura lombar ou muito aplainado diminuindo totalmente esta curva. Escola de postura Na Clínica Escola de Fisioterapia no Campus I da UFPB, há atendimento para quem quer evitar lesões na coluna e para quem já apresenta problemas nessa região. Neste último caso, o paciente deve apresentar exames, a exemplo de radiografias e de ressonâncias. O serviço é oferecido há 21 anos pela “Escola de Postura”, fundada e coordenada pela professora mestre Claudia Gatto Cardia, do curso de Fisioterapia. O projeto é vinculado ao Programa de Bolsa de Extensão (Probex). Mais de 1.800 pessoas já foram atendidas. São feitos exercícios de reeducação postural e de relaxamento, além de serem oferecidas orientações teóricas sobre postura, tudo isso simultaneamente. A professora de ensino fundamental e médio Risomar Gonçalves Barreto, de 49 anos, é uma das pacientes do projeto. Há 31 anos em sala de aula, durante três expedientes, com rotina de subir e descer escadas e com uso de salto alto, ela adquiriu um problema há 25 anos e não sabia. Risomar caiu de um cavalo na adolescência e, apesar de sofrer um trauma na coluna, não sentia dores. A sequela da que-

da só apresentou sintomas 20 anos depois, quando ela procurou um especialista. A professora confessa que não deu importância ao problema e também por falta de tempo não fez os exercícios adequadamente. O resultado foi uma série de outras lesões nas costas. Por isso, há dois anos ela decidiu se cuidar. Com as sessões no projeto “Escola de Postura”, as dores diminuíram e ela tem uma rotina normal. “Os exercícios e orientações das professoras e estagiários foram determinantes para minha evolução. Melhorei consideravelmente.”, disse aliviada. Dez alunos do curso de Fisioterapia estagiam no projeto, supervisionados pelas professoras Claudia Gatto e Palloma Rodrigues de Andrade. Juntos eles fazem os atendimentos. Por semestre, há 20 vagas e são oferecidas 16 sessões, em média dois meses de tratamento. São aceitas pessoas vinculadas ou não à Universidade, basta ter no mínimo 18 anos. O tratamento completo custa R$ 30. Os atendimentos são feitos duas vezes na semana, nas terças e sextas-feiras das 16h às 17h30. Em março do próximo ano, serão abertas duas turmas. Uma delas para o atendimento básico para diferentes lesões posturais e a outra especialmente para pacientes com escoliose, com idades entre 14 e 17 anos. Os interessados já podem se inscrever. Há uma lista de espera na Clínica Escola. Mais informações, ligue: (83) 3216-7497.

Foto: Larissa Pereira

Foto: Camila Bitencourt

Banheiros da instituição carecem de limpeza periódica; comunidade reclama

Precarização nos serviços de higiene e limpeza Ítalo di Lucena Atraso na entrega de obras, falta de segurança e inexistência de equipamentos para o aprendizado são só alguns dos problemas que milhares de alunos enfrentam todos os dias na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Quando se fala em higiene também não é diferente. Apesar de ter um orçamento maior do que o da segurança, o sistema de limpeza da UFPB deixa muito a desejar. A falta de preocupação com esse setor está atrapalhando a vida de muitos alunos, funcionários e professores. “É difícil encontrar banheiro com papel higiênico aqui. É um absurdo. Tanto dinheiro gasto e a gente não vê uma solução”, foi o que disse Graciana Souza, aluna do curso de História, ao saber que a Distribuição Interna do Orçamento da UFPB anunciou que R$ 7.765.609 estavam sendo investidos em limpeza, neste ano. A ausência de sabão e, ainda, papel para a secagem das mãos também incomoda muita gente, foi o que disse Ralysson Araújo, aluno de Teatro: “A gente vai ao

banheiro, quer lavar as mãos e não pode, porque não tem sabão nem toalha. Assim fica cada vez mais fácil pegar doenças.” Outro problema nos banheiros da UFPB é a falta de limpeza periódica. Em banheiros públicos é possível encontrar urina e fezes, que podem causar infecções e outros graves problemas, como a hepatite A, verminoses, micoses e infecções. Segundo José Almeida, diretor de Serviços Gerais da Prefeitura da UFPB, a universidade se responsabiliza apenas pela contratação da empresa terceirizada responsável por este serviço e pela manutenção da estrutura física dos banheiros. Cabe aos centros e departamentos, fornecer os materiais de limpeza e higiene. “O dinheiro investido é mais que suficiente para manter esses locais limpos na universidade”, enfatizou o diretor. O uso dos banheiros públicos é, por vezes, inevitável. A rotatividade do grande número de frequentadores diários aumenta o risco de contaminação, por isso é de extrema importância garantir a segurança sanitária pessoal.

RECOMENDAÇÕES DE HIGIENE Apesar do risco elevado de contaminação pela falta de higiene, há alguns cuidados que podem evitar a contração de doenças, até mesmo de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST): Não encoste nas portas, nas paredes, na torneira e no próprio vaso sanitário, sempre use papel higiênico para evitar esse contato físico; Cuidado com os locais onde encostar as roupas. Elas são grandes transportadoras de bactérias;

Alunos em atendimento fisioterápico para problemas posturais e de coluna na Clínica Escola de Fisioterapia que é aberta ao público

Não utilize papel higiênico que esteja próximo ao lixo ou que esteja no chão, pois já pode estar contaminado, portanto é importante que os

usuários de banheiros públicos tenham o seu próprio papel higiênico; Não coloque seus objetos pessoais em cima da pia, na hora de lavar as mãos; Ainda que não haja sabão e toalhas de papel, leva as mãos apenas com água. Essa ação ajuda na higiene; Tenha álcool em gel e sabonete pessoais para higienizar as mãos.


saúde

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HU tem atendimento dentário especializado para gestantes Secyliana Braz O acompanhamento preventivo odontológico é um procedimento fundamental para preservar a saúde bucal. Nas gestantes esse cuidado deve ser redobrado. Durante a gravidez, problemas na boca são frequentes. As grávidas necessitam ingerir maior quantidade de alimentos, a acidez na boca aumenta, elas sofrem com a descalcificação dos dentes, com as alterações hormonais e a higiene bucal fica comprometida. Por isso, o Hospital Universitário (HU) realiza um tratamento especial que tem por objetivo prevenir e tratar qualquer modificação nessa área provocada por alterações hormonais que aparecem normalmente durante a gravidez. Segundo o professor de odontologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e da Divisão Odontológica Restauradora (DOR), Marcos Paiva, a partir do primeiro mês, as grávidas devem procurar um serviço odontológico especializado, pois é de muita importância tratar as in-

tercorrências que surgem no período evolutivo da gestação. “As lesões cariosas propiciam possíveis alterações gengivais em pacientes grávidas e esse tipo de problema merece ser devidamente tratado logo no início da gestação”, alertou. O tratamento de um paciente comum é diferente do prescrito às pacientes gestantes. É preciso ter bastante cuidado com a administração de anestésicos associados a substâncias que provocam a contração dos vasos sanguíneos, pois o uso em grávidas não é indicado, e se ingeridas, podem chegar causar até o aborto. Doenças A gengivite é o problema mais comum e aparece a partir do terceiro mês de gestação. A gengiva fica mais vascularizada e inchada, e o tratamento não deve ser interrompido. Há risco de infecções e comprometimento da saúde não só da mãe, mas também do bebê. Já a descalcificação dos dentes ocorre em função de a criança precisar absorver grande quantidade

de cálcio, o que gera fragilidade dos dentes da gestante e favorece o aparecimento de cáries. Caso não sejam tratadas, podem prejudicar o desenvolvimento e a saúde da criança. “As periodontites, como a gengivite gravídica, é muito comum e de fácil tratamento, mas devem ser cuidadas desde o início da gravidez. As alterações na saliva fazem parte das principais reclamações das pacientes, assim como os sangramentos bucais em casos mais severos.”, esclarece Cabiará Uchôa, chefe da Divisão Odontológica Restauradora do HU. A pouca informação sobre o assunto dificulta o acesso ao tratamento prévio que é feito no consultório e continuado em casa pelas pacientes, seja através do uso diário de enxaguantes bucais, da prescrição médica a base de cálcio ou dos cuidados simples de rotina. Segundo a paciente Dayse Pontes, o acompanhamento odontológico é tão importante quanto o pré-natal e um deve ser associado ao outro. Mesmo antes da gravidez, ela já tinha consciência da importância de

Foto: Secyliana Braz

Paciente recebe cuidados médicos específicos para mulheres grávidas à disposição no HU manter a saúde da boca. “Sempre fui ao dentista, acho muito importante cuidar dos dentes e tratar qualquer doença bucal, mas hoje é a primeira vez que venho depois que estou grávida. Sinto meus dentes fracos, por isso vou fazer a reposição de cálcio e em casa continuarei a fazer uma boa

Feirinha de produtos naturais como opção

Foto: Cairé Andrade

Jéssica Feijó

Possibilidades: dentre as inúmeras alternativas de alimentação na UFPB, o RU é o único lugar em que a alimentação é balanceada

Os hábitos e as refeições no Campus Natan Ulisses Preferir alimentos nutritivos é fundamental para a saúde. A recomendação é antiga, mas algumas pessoas insistem em não seguir. “Você é aquilo que você come. Este é o ditado mais certo”, disse a professora Maria da Conceição Rodrigues, vice-coordenadora da Pós-Graduação em Ciências da Nutrição da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A professora se refere a como os estudantes da universidade se alimentam no cotidiano. Há aqueles que deixam de lado os bons hábitos alimentares e se esquecem da nutrição. “O certo é que façamos seis refeições ao dia: café da manhã, depois um lanche, almoço três horas mais tarde outro lanche, jantar e um último lanche leve à noite”, recomendou. Contudo, isso não é obedecido. Escolher lanches rápidos entre os intervalos das aulas ou no lugar dos almoços é um hábito prejudicial ao organismo. Viviane da Silva e Carlos Nóbrega, estudantes do curso de Fisioterapia da UFPB, costumam trocar refeições por frituras acompanhadas de refrigerante. Eles almoçam no Restaurante Universitá-

higiene.”, observou a gestante. Assim como Dayse, várias mulheres procuram diariamente o atendimento da DOR. Os interessados no serviço devem se dirigir a Divisão Odontológica Restauradora, que fica no piso térreo do HU ou telefonar para (83) 3216-7043.

rio (RU) apenas dois dias na semana. Nos demais, quando precisam, recorrem aos lanches vendidos na UFPB. Mas admitem que nessa troca os dois perdem o valor nutricional dos alimentos. Alguns estudantes justificaram que a falta de tempo e dinheiro são algumas das razões desse mau hábito alimentar. A professora Conceição indica que pelo menos uma refeição por dia tenha nutrientes, o almoço por exemplo. Neste caso, o indicado é uma porção de feijão e outra de arroz ou macarrão, que contém carboidrato. Ingerir carne com salada garante proteínas, vitaminas, minerais e fibras. Ainda de acordo com a professora, um copo de suco ou água, também tem minerais. Mas se não tiver outro jeito, anote uma alternativa. Um sanduíche com pão, frango ou carne, ou ainda queijo, presunto e salada, pode, ocasionalmente, substituir um almoço. Nesse tipo há muitos nutrientes, como carboidratos, proteínas e vitaminas. Refeições no RU O restaurante universitário oferece por dia, aproximadamente duas mil

refeições no almoço e menos da metade disso no jantar. Segundo a nutricionista Jane Leite, que trabalha no restaurante, elas são preparadas seguindo os seguintes critérios: cheiro, sabor e calorias, para suprir a média de consumo diária de uma pessoa, 1.200 Kcal no almoço e 800 Kcal no jantar. Há ainda os padrões sanitários. O cardápio diário é feito a partir de um mapa semanal, que corresponde à quantidade de alimento disponível. A intenção é evitar que o consumidor repita o prato e com isso prejudique o valor nutricional necessário. A professora Conceição explica que para obter energia e desenvolver as atividades do cotidiano é necessário ingerir carboidratos e lipídios. Já as proteínas contribuem para o crescimento. “A boa nutrição começa a partir do momento que você escolhe o que vai comer. Quem se alimenta apenas de lanches rápidos, tende a engordar. É que esses alimentos contém carboidratos e lipídios em excesso e o acúmulo de energia se dá em forma de tecido adiposo, ou seja, gordura. Vale lembrar ainda que maus hábitos alimentares aumentam as taxas de colesterol, glicemia e triglicerídeos”, relata a professora.

A feira que acontece às sextas-feiras no Campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) estimula o consumo de produtos mais saudáveis há dez anos. É possível encontrar alimentos orgânicos, comidas típicas, remédios caseiros, frutas, raízes, cereais, legumes e carnes produzidos sem o uso de agrotóxicos, de antibióticos, de hormônios e de anabolizantes. Os espaços, que são cedidos pela própria instituição, são utilizados para a venda de uma produção bastante diversificada. A feira é promovida por agricultores de assentamentos da Reforma Agrária da Paraíba, sendo a maioria deles alocados em Sapé e em Cruz do Espírito Santo, no interior do estado. Sem o uso de atravessadores, o programa incentiva a qualidade de vida do consumidor e do pequeno produtor, aliada a conservação dos recursos naturais. Nessas terras, os agricultores combatem pragas e doenças, com preparo, e fabricam de produtos também naturais. Nos assentamentos, há ainda um centro de mudas para multiplicação de hortaliças e para uso de minhocários, com o objetivo de aproveitar o lixo orgânico. Técnicos da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e estudantes da UFPB dos Campi de João Pessoa e de Bananeiras analisam, periodicamente, a qualidade da produção. Esses alunos também produzem projetos de extensão, monografias e dissertações de mestrado sobre a feira. Prontos para comercialização, os preços dos produtos vendidos na feira são discutidos em uma assembléia. Após pesquisas nos mercados da região, uma tabela de referência de preços é definida para ser seguida em todas as feiras. A estimativa é de que o público, que se aproxima de mil consumidores, compra cerca de 5.000 kg toda sexta-feira. Em geral, os consumidores têm conta-

to direto ou indireto com a universidade. Satisfeitos, tornam-se clientes e muitas vezes amigos dos produtores. José Antônio da Silva, conhecido como “Seu Siso”, é produtor desde a criação da feira e acumula amizades. “A gente convive e conversa tanto que acaba virando compadre. Um foi até à minha casa em Sapé”, lembrou. Benefícios Os benefícios à saúde são o principal atrativo da feira. Segundo o técnico da CPT, Luís Sena, o consumo regular de alimentos vindos da agropecuária orgânica evita a ingestão de pesticidas e de agrotóxicos, além de antibióticos e de hormônios utilizados nas produções convencionais. Evita o desgaste e a poluição do solo, além de promover um ecossistema equilibrado. “O melhor é que ainda são mais nutritivos e saborosos” completa. Segundo o vice-chefe do Departamento de Nutrição, professor Artur Rodrigues da Costa, os alimentos orgânicos são indicados à população em geral. “Agrotóxicos usados na produção tradicional tendem a trazer danos à saúde com o tempo e ao próprio meio ambiente. O impacto é maior ao homem do campo por estar exposto diretamente, mas o consumidor final também é afetado tanto pela ingestão regular dos produtos desta agropecuária, quanto pelas alterações que ela provoca no meio ambiente” completa. Uma pesquisa de 2009 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aponta índice de contaminação por agrotóxicos de 81,2% em algumas frutas e hortaliças. Os alimentos mais prejudicados são morango, mamão, tomate, alface, batata, maçã, e banana. A Feira Agroecológica acontece nas sexta-feiras, próximo ao Centro de Comunicação no Campus I da UFPB, das 5h às 12h. Mais informações em www.prac.ufpb.br/feira/.


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política

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Aberto processo eleitoral para sucessão na Reitoria Pedro Alves As eleições para a Reitoria são sempre um momento decisivo numa instituição acadêmica pública. Os rumos da universidade estão em jogo e as decisões que configurarão o cenário eleitoral ficam em destaque, sob os olhares atentos de toda a comunidade acadêmica, à medida que o pleito se aproxima. A eleição para a Reitoria da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) ocorrerá em junho de 2012, mas o cenário político interno de candidaturas se estrutura paulatinamente. Completando seu segundo mandato, o atual reitor, Rômulo Polari, não poderá mais se candidatar à reeleição, logo há uma expectativa geral diante do nome que ele indicará. Sua primeira gestão começou em 2004, com a vitória nos dois turnos. No primeiro, Rômulo Polari enfrentou Maria José de Lima, Luiz Renato, e Orlando Villar. No segundo turno, o atual reitor enfrentou Orlando Villar e saiu vencedor, ocupando pela primeira vez o cargo. A sua gestão inicial foi marcada primordialmente pela criação de um Campus no Litoral Norte, nos municípios de Mamanguape e Rio Tinto, além da implantação de novos cursos de graduação e de pós-graduação. Em 2008, Rômulo concorreu com os professores Lúcio Flávio Vasconcelos do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA), atual chefe de gabinete do governador da Paraíba Ricardo Coutinho, e José Rodrigues Filho, professor do curso de Administração. Depois da garantida reeleição, a sua segunda gestão de Polari foi centrada no projeto de instituir na UFPB a política do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que prevê verbas direcionadas à promoção de ampliação da estrutura, da área acadêmica e pedagógica da instituição. Essa meta política, atualmente, se tornou um ponto nevrálgico dentro da comunidade universitária quanto ao mandato de Polari, já que as obras de expansão da estrutura da instituição estão inacabadas. Atraso nas obras Enfrentando críticas, principalmente pelo incômodo do atraso nas obras da UFPB ter tomado uma dimensão maior, Polari discutiu bastante, juntamente com sua cúpula, os possíveis nomes que encabeçarão a chapa da situação. O principal nome cogitado, desde o começo da segunda gestão de Polari, foi o de Luiz de Sousa Júnior, professor do Centro de Educação e chefe de gabinete dele desde o seu primeiro mandato. Outro nome bastante especulado foi o da vice-reitora dos dois mandatos, Maria Yara Matos, do CCHLA, no entanto essa especulação logo foi descartada, uma vez que ela declarou que não participaria de nenhuma configuração de chapa. Além desses nomes que foram mencionados, outros surgiram, ao longo das subseqüentes reuniões de discussão, no âmbito de definição do candidato da situação para as eleições do próximo ano. Surgiram, então, os nomes do pró-reitor de graduação, professor Valdir Barbosa, do pró-reitor de pós-graduação, professor Isaac Almeida, da coordenadora de Infra-estrutura do Reuni, professora Ana Cristina Taigy e

da pró-reitora de extensão universitária, Lúcia Guerra. Todos os possíveis candidatos se prontificaram à escolha da equipe, com a pretensão de serem escolhidos para assumir o papel de candidato do reitor. Com o passar do tempo, o processo de discussão foi afunilando as possibilidades viáveis de ocupantes da qualidade de próximo candidato, indicado pela chapa que atualmente comanda a instituição. Chegou-se a conclusão que apenas o atual chefe de gabinete do reitor e a pró-reitora de extensão teriam o perfil ideal para assumir o maior cargo político da UFPB. No dia 19 de setembro, aconteceu, portanto, a última reunião entre a cúpula da reitoria e nela ficaria decidido qual nome seria escolhido pela equipe para ser o candidato de Polari e assim aconteceu. A reunião contou com catorze votantes. Escolheram secretamente e o resultado um acirrado empatado, com sete votos para Luiz Júnior e sete para Lúcia Guera. A decisão final caiu nas mãos de Polari que tinha que proferir seu voto de minerva e escolher definitivamente o nome que encabeçaria a chapa da situação. Ao final da reunião, no entanto, o chefe de gabinete pediu a palavra e abdicou de sua candidatura em prol da escolha da pró-reitora. “No final, convergimos para o nome de Lúcia Guerra, considerando principalmente sua experiência administrativa, seu desempenho acadêmico e a sua vinculação a um dos maiores centros da UFPB (CCHLA)”, comentou Luiz Júnior. A sucessora Lúcia de Fátima Guerra Ferreira é pró-reitora de extensão universitária há três mandatos, desde a gestão de Jáder Nunes, reitor que antecedeu a ocupação de Rômulo Polari. Considerada eficiente, a professora do curso de História ocupou o cargo de pró-reitora durante os dois mandatos seguidos de Polari e, agora, terá a chance de ser a primeira mulher a comandar a UFPB, tendo o respaldo do atual reitor. “O que me animou a colocar o meu nome nessa disputa é saber que várias outras mulheres estão ocupando as reitorias, então, se nós estamos nesse momento que é nacional, inclusive, das mulheres ocuparem um espaço, enfrentando preconceitos, eu achei que eu também teria condição de enfrentar esse desafio.”, complementou a candidata. Para ela, a contribuição do professor Polari e da professora Yara nessa gestão foi de grande importância, aplicando uma notável mudança na universidade. Diante de um referencial como esse, é impossível não reconhecer a sua importância no momento que se constrói um novo reitorado. O vice da sua chapa já foi definido e será Antônio José Creão Duarte, atual diretor do Centro de Ciências Exatas da Natureza (CCEN). Segundo Lúcia Guerra, caso haja vitória nas urnas, seu objetivo será a construção de uma gestão que renove e que tenha a sua cara e a do seu vice Antônio Creão. “A construção desse novo reitorado será relevante, e nós vamos continuar muitas das ações que ele começou, mas nós vamos renovar, nós temos uma outra marca. Vai ser algo novo, para ter uma renovação.”, finalizou a pró-reitora de extensão universitária.

Foto: Cairé Andrade

Professora Lúcia Guerra: missão de disputar com os candidadtos da oposição a consolidação de uma gestão que quer continuidade

Alunos reclamam representatividade Mariana Costa As eleições para Reitoria, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), acontecem a cada quatro anos e dispõem de uma divisão de pesos proporcionais para cada segmento da comunidade universitária. Essa divisão consiste em um terço para o segmento docente, um terço para o segmento técnico-administrativo e um terço para o segmento discente. Tendo em vista que o número total de alunos é bastante superior aos demais segmentos, o peso de cada voto discente vale muito menos que os votos de professores e de funcionários da universidade. Dessa forma, há um desestímulo, por parte dos estudantes, em participar das eleições, o que reduz a importância da opinião política estudantil dentro da instituição. Segundo o relatório de gestão de março deste ano, existem cerca de 37 mil alunos matriculados regularmente na UFPB, enquanto, segundo a dados da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas, há apenas 2.122 servidores docentes ativos. Assim, são necessários aproximadamente 17 alunos para compor o peso de apenas um voto de um professor. De acordo com José Ferreira Júnior, aluno do 6º período do curso de História, na UFPB, e ex-membro do Conselho Universitário (Consuni) e do Diretório Central dos Estudantes (DCE), essa proporcionalidade desfavorece a classe estudantil, enfraquecendo a participação efetiva nas votações. “Essa proporcionalidade é, na verdade, uma desproporção. Mas o que eu acho ruim é que a Univer-

sidade, sem estudantes, não funciona, então o reitor deve orientar suas políticas administrativas pelo bem-estar dos estudantes, o que não acontece. Nós ficamos presos a essa proporcionalidade, limitando, ainda mais, o nosso poder de reivindicação”, contesta o aluno. Ele também afirma que, ainda que seja um grande passo a ser tomado, é necessário um esclarecimento maior de como funcionam as eleições burocrática e administrativamente, para que os estudantes percebam sua importância dentro da universidade. Último pleito Nas eleições de 2008, apenas 31% dos estudantes de todos os campi da UFPB participaram do processo eleitoral. Do total de alunos votantes, a maioria votou no candidato da oposição Lúcio Flávio, atual chefe de gabinete do Governo do Estado, que, mesmo assim, não venceu. O ex-candidato diz não se sentir prejudicado por essa divisão de pesos entre discentes e professores, mas sim satisfeito por ter ganhado a confiança dos estudantes. Segundo ele, essa divisão gera um equilíbrio entre todas as classes, não subjugando nenhuma delas. Lúcio também ressalta que a UFPB tem se preocupado mais com o investimento quantitativo da universidade e menos com a qualidade da infraestrutura e dos recursos básicos para uma formação acadêmica, gerando a insatisfação e o desinteresse dos estudantes de se engajarem no processo eleitoral. “Os nossos jovens, hoje, são filhos da revolução da in-

formática (...). Quando chegam à universidade e não encontram as mínimas condições de acesso à informação, eles se sentem frustrados, o que leva ao abandono do curso e a um crescimento da evasão. É preciso que nós tornemos a Universidade muito mais atrativa para o alunado”, conclui. Servidores Se há reclamação por parte da classe estudantil, a mesma situação pode ser vista entre os servidores técnico-administrativos. Entre eles, há o temor de que a contestação da proporcionalidade estimule aqueles que defendem que a paridade seja igual a que rege a formação do Consuni, hoje constituída por 70% de professores, 15% de servidores técnico-administrativos e 15% de alunos, seja aplicada também nas eleições. Segundo o SODS, resolução da próxima eleição para Reitor será adaptada, mas não deve se modificar, mantendo 33.3% dos votos para cada categoria universitária. De acordo com o aluno José Ferreira Júnior, a participação estudantil ainda é incipiente, e é preciso mostrar força e consciência política, para que os estudantes tenham mais espaço na escolha do dirigente máximo da instituição em que fazem parte. “Tem que ter uma participação efetiva dos estudantes, 30% não correspondem a todos aqueles que constroem a universidade”, observa, salientando que, nas próximas eleições, é esperado um maior número de alunos votantes, sendo possível um maior poder de reivindicação daqueles que fazem da UFPB uma grande universidade do Nordeste.


política

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 1 A 7 DE NOVEMBRO DE 2011 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

Escolha para a nova gestão do DCE envolta em confusão Letícia Passos Anualmente, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), as eleições para Diretório Central dos Estudantes (DCE) tornam-se motivo de discussão entre os alunos. O DCE é a entidade representativa de todos os estudantes, em sua missão é defender os interesses da categoria discente. Neste ano, as eleições ocorreram nos dias 20 e 21 de setembro em todos os campi da universidade. Quatro chapas foram inscritas: “O novo pede passagem”, “Junto Somos Mais”, “Chapa Limpa” e “Cantamos, pois gritar só não basta”. O processo eleitoral se inicia com a reunião dos Centros Acadêmicos (CAs) da UFPB em uma instância deliberativa, denominada Conselho Estadual de Base (Coeb). Dessa reunião, os representantes dos CAs definem desde normas da campanha eleitoral até as datas da eleição. As quatro chapas foram devidamente inscritas de acordo com todas as regras existentes, baseadas nos estatutos do DCE e da universidade, portanto as suas candidaturas foram homologadas. As chapas são formadas por membros de todos os campi da instituição: João Pessoa, Bananeiras, Areia, Litoral Norte e, agora, Santa Rita. Todos os grupos participaram dos debates, que aconteceram nos campi de acordo com todos os pré-requisitos exigidos. Confusões Os dois dias da votação foram tranqüilos, sendo esta considerada uma das eleições mais calmas da história da UFPB. No entanto, quando o processo foi encerrado, surgiu uma polêmica quanto a va-

Foto: Herbert Clemente

Entidade de portas fechadas e alunos sem representatividade político-institucional lidade da eleição, já que foi encontrada uma urna do curso de Odontologia dentro da mochila de Lucas Pereira, membro da Chapa “Juntos Somos Mais”. A urna encontrada foi impugnada, ou seja, os votos dela foram considerados nulos. Caso os votos tivessem sido considerados válidos, a chapa 2 “Juntos Somos Mais” seria considerada vitoriosa com aproximadamente 2.700 votos. Contudo, quem venceu as eleições do DCE 2012 foi a “Chapa Limpa”, chapa 3, com 2.296 votos, seguida da chapa “Cantamos, pois gritar só

não basta” com 1.800 e por último, “O novo pede passagem”, com 1.286. Indignados com a impugnação, a chapa 2 conseguiu uma liminar concedida pela juíza da 1ª vara de Mangabeira, Leila Cristiani Correia de Freitas e Sousa, que suspendeu a posse da “Chapa Limpa”. Para tanto, os membros de “Juntos Somos Mais” reuniram documentos, provas e utilizaram o edital do processo de eleição para a defesa argumentativa. Conforme o item F do edital, após as inscrições das chapas, a Comissão Eleitoral tem apenas 48 ho-

ras para suspender alguma candidatura, o que tornaria a impugnação inválida. A cláusula de que não se poderia impugnar nenhuma chapa depois que as urnas fossem abertas é um dos principais argumentos de defesa da chapa 2, que aponta a anulação dos votos da urna encontrada como solução. A “Chapa Limpa”, contudo só tomou conhecimento da decisão da juíza Leila Correia no momento da solenidade de posse. “A ‘Chapa Limpa’ agiu de má fé, pois adiantaram a posse e sem informar a Coeb, a Comissão Eleitoral e a Reitoria, ou seja, a posse seria ilícita”, contesta Leogildo Alves, representante da chapa impugnada “Juntos Somos Mais Um”. A chapa 3 contra-argumenta em relação a representatividade estudantil dentro da universidade, “O problema é que nesse processo individualista desse arremedo de grupo, quem sai prejudicado é o estudante que fica sem representatividade dentro da UFPB.”, diz Izabelly Alves, coordenadora da “Chapa Limpa”. A Reitoria e a Coeb estão cientes de toda a situação e assim como os alunos estão esperando o parecer da Justiça, já que a liminar perdeu seu efeito no dia 13 de outubro. À medida que aguardam a decisão, ambas as chapas estão otimistas: “Entramos na justiça e estamos esperando ansiosamente o julgamento do processo, pois temos muita coisa pra fazer!”, reclamou Izabelly. “Acreditamos que a Chapa 2 tomará posse do DCE 2012, já que esta foi a verdadeira vitoriosa da eleição!”, conta Leogildo. Enquanto isso, o DCE se mantém a portas fechadas e os estudantes sem uma entidade que o represente.

Semana do professor tem apitaço Uane Nunes Um sopro de protesto. O apito usado em brincadeiras infantis, partidas de futebol ou para organização do trânsito foi instrumento fundamental na manifestação integrante da semana em homenagem ao dia do professor, comandada pela Associação dos Docentes da Universidade Federal da Paraíba (ADUFPB), no dia 13 de outubro, no Campus I, em João Pessoa. Ao som do “apitaço” e das marchinhas de carnaval, os professores percorreram os centros de aula da Instituição. Os mestres das aulas ao ritmo da orquestra carnavalesca, chamaram atenção para as suas reivindicações: “Não ao PNE (Plano Nacional de Educação), 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para Educação Já!”. Na luta docente, o presidente da ADUFPB, Professor Ricardo Lucena, destacou que a questão da reestruturação da carreira docente é um item central. Outros itens abordados foram campanhas pelos “10% do PIB para a Educação Já”, além do posicionamento contrário ao Projeto de Lei 1992 (PL 1992), que cria a aposentadoria complementar. A assinatura do acordo de reestruturação em agosto é parte da luta discente que se estenderá por todo o segundo semestre deste ano até março do próximo ano, quando se espera ter resultados para o setor. Ainda sobre a carreira e reajustes fi-

Foto: Herbert Clemente

Vários docentes saíram pelo Campus com faixas e apitos na boca ao som de marchinhas nanceiros Lucena afirma: “As nossas ações consideram o financeiro, porque carreira também é dinheiro, mas a nossa luta recai mesmo sobre a questão da Universidade e a Educação de uma forma mais ampla” Reuni e professores Com relação à discussão sobre o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), o professor Lucena trata como um desafio a ser enfrentado. Ele reconhece que houve uma ampliação nas vagas e um crescimento do número de contratação de professores, mas revela que uma coisa não foi feita em consonância com a outra, o que desencadeou os problemas vistos hoje. “Grande número de cursos que não têm professores e professores com turmas com 80 ou 90 alunos”.

O professor Ricardo Lucena denuncia o não cumprimento do que é exigido por lei, as obras mal feitas e a ineficiência em itens básicos como a questão da acessibilidade. “Temos prédios construídos que não permitem que cadeirantes cheguem ao primeiro andar e ainda o mais grave, no meu modo de ver, é que o Reuni não permitiu que a universidade agisse com autonomia, tendo que cumprir uma série de ações impostas de cima para baixo”. Sobre os prédios que receberam apenas reestruturação, como a Biblioteca Central, ele alfineta. “Apesar do Reuni continua cheia [a Biblioteca], mas é de goteiras e com salas entupidas de livros sem estantes. Eu mesmo pude atestar que há salas, onde livros estão empilhados ao lado de material de limpeza.”

Ao ser questionado sobre a participação dos alunos, que deviam ter interessados diretos com o desenrrolar das prerrogativas do movimento, Ricardo diz: “Acho ainda tímida a participação dos estudantes. Alguns alunos e Centros Acadêmicos (CAs), ligados a Assembléia Nacional de Estudantes (ANEL), têm participado das reuniões e implementado ações propostas. Mas ainda é uma participação, ao meu ver, pequena ante a grande capacidade que os estudantes têm de mobilização e animação nesse processo”. O “apitaço” não foi feito aluno, mas por professores. Pareceu ser o barulho o instrumento da reivindicação, bem ou mal um exercício da cidadania.

O que quer o REUNI Ampliar o acesso e permanência no ensino superior Aumentar as vagas nos cursos de graduação Elevar a oferta de cursos do período noturno Incrementar a inovação pedagógica Combater a evasão escolar do sistema Fonte: Ministério da Educação

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PROTESTE aqui Envie suas queixas e reivindicações para este espaço do QO. redacao.qo@gmail.com

Estacionamento Eu protesto contra a falta de estacionamentos. Acho que deveria haver pelo menos um esboço de racionalidade dos planejadores da ‘Cidade universitária’. Ao invés de pensar em estacionamento, constróem mais prédios onde havia vagas, o que provavelmente vai aumentar a demanda das mesmas no futuro. Vitor Morosine, estudante de Economia.

Imprensa Eu protesto contra os profissionais de imprensa que se vendem; os jornalistas que recebem “toco”; contra os repórteres que vendem a dignidade em benefício próprio. Felipe Gesteira, estudante de jornalismo, 5º Período

Educação Eu protesto contra os poucos investimentos feitos em educação. Pois a educação permite a qualificação profissional, construindo assim, um país justo e democrático. Ivonaldo Leite, Professor de Sociologia da UFPB

Higiene Eu protesto contra os banheiros da UFPB. Eles estão sempre sujos, nunca tem sabonetes nem papel higiênico; e algumas vezes, chegam ao absurdo de faltar até água. Liara Britto, estudante de tradução, 2º Período

Qualificação Eu protesto contra a falta de qualificação dos professores da graduação para lecionar. Além da total falta de fiscalização dos que estão em fase de estágio probatório. Pedro Henrique Albuquerque, estudante de Ciências Contábeis, 8º Período

Descaso Eu protesto contra o descaso com as salas de aula. Já assisti a muitas aulas morrendo de calor e sofrendo de alergia por causa da poeira causada pela falta de limpeza. Naiara Britto, estudante de Tradução, 4º Período


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Programas de intercâmbio atraem estrangeiros para a UFPB Giovanna Ismael O Brasil tem uma cultura de admirar o exterior. O brasileiro tem viajado cada vez mais para fazer intercâmbios dos diversos tipos – high school (ensino médio nos padrões americanos), graduação, pós-graduação e estágio. De 2004 para cá, o número de intercambistas brasileiros subiu 280%. Só ano passado, 160 mil viajaram para outros países. É fácil perceber a importância de sair do Brasil para estudar. Tendo em vista que a Europa foi o começo da história da civilização e lar de uma vasta e variada cultura, são praticamente óbvias as razõs para que alunos de cursos de História ou de Arquitetura se interessarem tanto pelo intercâmbio europeu. O brasileiro é, em grande número, viajante. O destino preferencial é viajar aos Estados Unidos, perspectiva bastante percebida nas telinhas ou telonas, pelo “American way of life” ou por qualquer que seja o motivo. Mas e quando os papéis se invertem e alunos do exterior partem para o nosso país? Em um mundo onde se é bastante requisitado o conhecimento das línguas inglesa e espanhola, por que aprender português? A sueca Maria Rubin de 27 anos é estudante intercambista de Medicina na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) há seis semanas e tem seus próprios motivos. Graduanda na Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, aspira ser parte da equipe dos Médicos Sem Fronteiras, e, para isso, gostaria de acrescentar o domínio do português na sua lista. Ela fala francês, inglês, dinamarquês e sueco. Rubin passará seis meses em João Pessoa, mas essa não é a primeira vez em que pisa nas ter-

Foto: Cairé Andrade

Anna Wahlstrom (esq.), Maria Rubin (centro) e Tamara Johsson são alunas que vieram ao Brasil seduzidas pela língua portuguesa ras brasileiras: “Já tinha vindo para o Brasil em período de férias. Voltei para estudar por aqui, entre outros motivos, porque sou apaixonada por essa cultura”, declara. Rubin divide um apartamento com mais duas suecas. As garotas chegaram aqui dia cinco de outubro e fazem intercâmbio de línguas e de cultura, muito procurado pelos estrangeiros que estudam na UFPB. Tamara Jonsson faz Estudos Orientais e Africanos na University of East London, Londres, na Inglaterra, e Anna Wahlström estuda Economia na Universidade de Copenhagen. Para Tamara, o aprendizado do idioma portugês é estimulado por diversos motivos: além de achar belíssima, a língua portuguesa é falada não apenas no Brasil, mas também em países africanos, os quais fazem parte de seus estudos. Outra razão é a sua ambição em aprender mais uma língua, o espanhol: “quan-

do se conhece português, o espanhol é aprendido mais fácil, e vice-versa”, declara. Anna acredita que o inglês e o espanhol não são necessariamente línguas dominantes. “Mais de 200 milhões de pessoas falam português”, afirma. Por este motivo, para a estudante de Economia, aprender português está se tornando tão inevitável quanto o inglês ou o espanhol. A potencialidade do Brasil e de outros países da língua portuguesa cresce e o seu interesse pelo idioma cresceu junto. Quando perguntada sobre suas impressões sobre nosso povo, responde “todos por aqui são muito hospitaleiros!”. Dois intercambistas que também estudam no Campus da UFPB são Coffi Synther Jonathan Agbomasse de 20 anos, de Benim, na África, e Trezene Bampata de 22 anos, do Congo, também na África. Ambos fazem curso de língua portugue-

Aulas de música ajudam motricidade Camila Bitencourt Desde o dia três de setembro, acontece aos sábados na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) o projeto gratuito “Musicalização Infantil”, do Departamento de Educação Musical. Aberto ao público, durante as manhãs são ministradas aulas destinadas a bebês e a crianças da comunidade. O trabalho realizado no Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA) é também destinado a um projeto pedagógico para os próprios universitários do curso de Música. Daniella Gramane, professora do Departamento de Música, faz parte do projeto. Composto por alunos de licenciatura e bacharelado em Música e do curso seqüencial de música popular, o projeto originou-se da ramificação de um grupo de estudo de musicalização infantil da professora Caroline Bredel Pacheco. Nesta equipe, alunos e professores se reuniam para ler e para trocar experiência sobre o assunto. As aulas são ministradas aos sábado, das 9h às 12h. Cada horário corresponde a uma faixa etária, para melhor socialização dos pequenos. O trabalho em aula é bem diversificado. Geralmente, são trabalhadas músicas infantis para as crian-

ças aprenderem a cantar, tocar e ouvir. O objetivo é desenvolver habilidades musicais e as conseqüências disso são uma melhor coordenação motora e raciocínio matemático. De acordo com pesquisas científicas, a relação entre bebês e música é bastante benéfica. A reação de uma criança que dança ao ouvir alguma canção mais agitada, já gerou centenas de vídeos na internet. Esta reação é um exemplo do estímulo de coordenação motora concebido pela música: o bebê que antes só a ouvia, agora também dança. Além de ajudar nas funções motoras das crianças, a música estimula também a percepção dos pequenos, que começam a fazer suas próprias descobertas musicais. O contato do bebê com a música desde a barriga da mãe implica em mudanças nos seus comportamentos. Pesquisadores observaram que ao escutar música, ainda na barriga da mãe, os movimentos e os batimentos cardíacos da criança são estimulados. Por serem destinadas a crianças de até seis anos, as aulas agregam a participação dos pais, principalmente daqueles com filhos de até três anos de idade. “Isso é bacana, porque os pais absorvem o repertório ministrado em sala de aula e podem interagir com as crianças dentro de

casa”, comenta Daniella. Atualmente, sete pessoas estão envolvidas no projeto “Musicalização Infantil”, incluindo monitores e professores. Além de positivo para os pequenos, o projeto é proveitoso também para os alunos do curso de Música, que utilizam as aulas como laboratório. O método de aprendizagem utilizado é o ensino educacional de pares, do inglês peer teaching, usado mundialmente em diversas áreas pedagógicas. “Na sala, trabalham dois professores, um mais experiente, e um monitor. Um aprende constantemente com o outro. Essa é a educação por pares”, esclarece Daniella Gramane. Satisfação de pais e alunos Devido ao sucesso do projeto, as inscrições semestrais começarão em fevereiro do próximo ano e serão feitas no próprio departamento de Música. A fila de espera já é grande, por isso, pais interessados já podem entrar em contato com o departamento. Os alunos de música que também estiverem interessados em participar deverão conversar com a professora Caroline Brendel, responsável pelo projeto. A aluna de música, Andrea Queiroz explica que a aula é dividida em canto, movimento e instrumentos

sa para, no próximo ano, iniciarem a faculdade de Direito na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) de Souza e Engenharia Civil na Universidade Federal do Ceará (UFC), em Juazeiro do Norte, respectivamente. Os rapazes foram escolhidos pelo PEC-G, o Programa Estudante-Convênio de Graduação do Ministério da Educação (MEC), que traz universitários de países da África e da América do Sul para formação gratuita no país. Mais convênios Depois de tantos elogios à nossa cidade, cultura e nação, quando questionada sobre a infraestrutura da UFPB para comportar intercambistas, a expressão de Maria Rubin mudou um pouco. “É muita burocracia para chegar até aqui, e muita coisa para resolver. Lá na Assessoria de Assuntos Internacionais (AII), só há um funcionário e é muito trabalho

pra uma pessoa só”, afirma Maria. Ela se referia a Felix Augusto Rodrigues, o assessor da AII da Universidade Federal da Paraíba. Felix está passando por essa dificuldade de ser o único funcionário do departamento, mas garante: “já estamos contratando novos funcionários. Não é um processo fácil, precisamos achar alguém realmente qualificado, que saiba conviver com pessoas de fora e, principalmente, fale um excelente inglês”. Segundo o assessor, é difícil falar quantos intercambistas estão atualmente na UFPB, pois há uma enorme rotatividade. “Muitos estudantes chegam para ficar por seis meses, outros renovam a sua estada para mais um semestre e há quem não queira nem voltar! Muitos, na verdade, se submetem às provas de curso de pós-graduação, concluem faculdade nos seus respectivos países, e voltam”, afirma. Atualmente, temos no Campus I uma diversidade perceptível de estudantes vindos de mais de 20 países dos quatro cantos do mundo; entre eles caboverdianos, alemães, argentinos e chineses. Por existir um acordo recíproco entre a UFPB e universidades estrangeiras, o número de intercambistas chegando ao Campus de João Pessoa aumenta cada vez mais. Atualmente, estão sendo trabalhados acordos entre mais de 30 instituições, entre elas canadenses, mexicanas e americanas. Antigamente, quase todos os acordos eram propostos pela Universidade Federal da Paraíba, porém o quadro mudou ao longo dos anos. Com um número crescente de alunos estrangeiros compondo a lista de presença, a UFPB está se tornando conhecida e bastante procurada por universidades de fora.

Foto: Herbert Clemente

Aulas de musicalização com crianças para desenvolvimento da coordenação motora musicais. A duração é de 40 minutos. “Por se tratarem de crianças pequenas, esta quantidade de tempo é boa para elas manterem a concentração”, comenta. Esta concentração se torna importante uma vez que a teoria da música é também matemática, o que exige a atenção dos pequenos. Para Andrea, que antes participava do grupo de estudo, é uma satisfação ver o projeto em prática, ela também declara que é ótimo trabalhar com crianças. “Elas respondem muito bem a tudo, então é gratificante”, ressalta a estudante. Eliana Rego, mãe de Ivana de quatro anos, diz que ela e a filha adoram o projeto. “Ivana sempre gostou de cantar e dançar, então interage e participa das aulas. Em casa, ela adora cantar as músicas que aprende”, revela contente a mãe. A própria Ivana, no final da aula, conta que gosta bastante das aulas e

que sabe todas as músicas decoradas. Outro entusiasmado é Fabiano Rodrigues, pai de Renan, de apenas dois anos de idade. Fabiano vê no filho uma aptidão para música: “Ele adora violão, vejo que prende a atenção, só é um pouco difícil controlá-lo, mas mesmo assim ele participa bem”. Antônio Carlos, chefe do Departamento de Música, foi uns dos que abraçaram a causa. “Sempre apoiei a iniciativa e sou admirador do trabalho”, declara. Pensando em melhorar as condições materiais do projeto, Antônio está pleiteando junto ao Reitor, Rômulo Polari, um lugar fixo onde serão ministradas as aulas, que atualmente acontecem no prédio do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA). Para mais informações, acesse: www.musicalizacaonaufpb.blogspot. com.


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Cinema na Paraíba terá curso de graduação Thaís Garcia Nos anos 1970, a Paraíba projetava a criação de um pólo cinematográfico. O que antes parecia ser utópico, hoje, está muito perto de ser realizado. O Departamento de Comunicação e Turismo (Decomtur) está prestes a entrar em fase de reforma. O curso de Comunicação Social será desmembrado, cada habilitação adquirá qualidade de curso, com fluxogramas reestruturados, de acordo com a especificidade de cada área. Diante dessas mudanças, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) abrirá o seu mais novo curso: Bacharelado em Cinema e Audiovisual, no turno da tarde, com apenas 15 vagas, inicialmente. Com o professor David Fernandes à frente do processo de criação, o Projeto Pedagógico do curso foi autorizado pelo Conselho Universitário e aprovado pelo Colegiado do Curso de Comunicação Social, em junho deste ano. A previsão é que no segundo semestre do próximo ano a primeira turma ingresse à UFPB. As aulas acontecerão em um prédio no Decom, que hoje está em fase de construção. Serão instalados laboratórios, biblioteca, salas de aula e cine-teatro, com equipamentos e com ambiente compartilhados com os cursos de Jornalismo, Rádio e TV e Relações Públicas. Quanto ao quadro de professores, foram convocados aqueles que já possuem alguma relação de trabalho com o cinema, como João de Lima, Pedro Nunes, Luiz Mousinho, Fernando Crédulas (Artes Cênicas), Evaldo Vasconcelos (diretor e autor premiado), Paulo

Foto: Giovanna Ismael

Professor de crítica cinematográfica do Decomtur, Luiz Mousinho, otimista com a produção Vieira, Eliezer Rolim (Departamento de Arquitetura, também diretor de cinema premiado e único mestre que atua na área de cenografia) e mais sete professores com perfil técnico. Além do novo prédio, os alunos terão um local dentro da própria universidade, onde será construída uma cidade cenográfica, na qual funcionarão duas disciplinas chaves: laboratório de iluminação e de cenografia. Em parceria com o Laboratório de Vídeo (Lavid), com os incentivos ao projeto do professor Guido Lemos, já se prevê a produção de filmes em 3D, a criação da câmera para gravar esse tipo de material e o projetor. Apesar desse curso ainda não existir, a produção cinematográfica na Paraíba é fortemente ativa, desde a década de 1960. A partir do momento em que há a capacitação de mais pessoas, iniciativas começam a aparecer, sendo agora uma delas de

cunho profissional, em que se enquadra o papel da universidade. “Nós vamos trabalhar todos os aspectos da área cinematográfica, principalmente a formação de diretores. Isso também implica na nossa parceria com a formação de atores, gente que realmente trabalha com teledramaturgia, não só cinema, mas também gente para televisão.”, garantiu David Fernandes. Ainda segundo o professor, o curso formará também técnicos, atores e roteiristas, abrangendo todas as atividades. “Nós temos grandes universidades no nosso estado, introduzindo, de certa forma, gente para o mercado externo. Uma alternativa que eu vejo é a indústria do audiovisual. Temos todas as condições para sermos um grande pólo do audiovisual no país, e é esse foco que nós queremos dar”, completou.

Produção audiovisual e sexualidade em debate Cairé Andrade No mês de outubro, em João Pessoa, foi realizado o III Fórum Nacional do Audiovisual – Matizes da Sexualidade, que aconteceu do dia 14 até o dia 30. O evento foi sediado no Campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e no Espaço Cine Digital, no Espaço Cultural. O evento oferece ao público geral, pesquisadores, alunos e professores um espaço onde será possível debater acerca de temas relacionados à sexualidade, apresentar trabalhos, assistir a filmes e conferir mostras de fotografias, entre outros. Convergindo as mídias audiovisuais e a sexualidade, em nove grupos temáticos, até o dia três de setembro foi possível enviar um trabalho, inserido na temática, para participar do Fórum Acadêmico do Audiovisual. Ao final do evento, um livro eletrônico, contendo estes trabalhos, será divulgado. Além disso, haverá um espaço destinado à exibição de produções audiovisuais, a Chamada Nacional Curta Brasil. Serão selecionadas curtas, médias e longas-metragens que tenham a sexualidade como tema central ou secundário. Também haverá um espaço chamado Zona Livre, onde serão realizados lançamen-

O evento foi promovido pelo Núcleo de Estudos em Mídias, Processos Digitais e Sexualidade tos de livros, exposições de fotografias e atividades paralelas. Segundo Pedro Nunes, professor e coordenador geral do evento, o Fórum Nacional do Audiovisual trata-se de “um momento singular que possibilitará o cruzamento de experiências e informações entre representantes de várias universidades, além do contato com realizadores diversos que participam do evento”. O professor completa afirmando que a expectativa da comissão organizadora é de que os temas abordados no Fórum possam ampliar a discussão acerca das matizes da sexualidade, em uma “sociedade caracterizada por pre-

conceitos e fobia de forma violenta contra pessoas que advogam, praticam ou defendem a livre expressão da sexualidade”. Por esta razão, o III Fórum Nacional do Audiovisual – Matizes da Sexualidade será um espaço para discussão e para reflexão sobre temas que geralmente não são comuns de se encontrar na nossa sociedade. Seja por motivos pessoais ou acadêmicos, o evento promete, no mínimo, uma reflexão e um amadurecimento de ideias acerca dos assuntos explorados. Além de Pedro Nunes, a comissão organizadora do evento é composta por professores e alunos da UFPB. São eles: Glória de Lourdes Freire Rabay, representante do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Ação sobre a Mulher e Relações de Sexo e Gênero (NIPAM); Marcelo Quixaba, monitor; Luciano Anselmo, monitor e Geórgia B. Gomes, monitora. O evento é promovido pelo Núcleo de Estudos em Mídias, Processos Digitais e Sexualidade (Digital Mídia), em parceria com o NIPAM e com o Grupo de Estudos, Pesquisa e Produção em Audiovisual, vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Produção independente O barateamento dos custos na produção de filmes promove uma explosão na produção de cinema independente, caso vivido por Felipe Matheus, aluno de Rádio e TV na UFPB. “O filme que produzi foi também neste esquema de baixo orçamento, nós gastamos cerca R$ 100 para fazer o curta-metragem ‘Nublado’, isso porque conseguimos todos os equipamentos que precisaríamos para filmar com ajuda do NPD, órgão que dá assistência de forma gratuita às produções locais”, afirma. O professor Luiz Mousinho expressou seu contentamento quanto à evolução do nosso cenário cinematográfico: “Tenho estado tremendamente otimista com as possibilidades técnicas que têm permitido um maxi-barateamento dos custos e uma produção em grandes quantidades de curtas-metragens”, declara. Se tratando de qualidade, Mousinho revela-se “empolgado com a quantidade de ótimos produtos audiovisuais e de gente muito bem informada e criativa envolvida, em suas várias funções”. É possível que futuramente a Paraíba vire um grande pólo de produção audiovisual, já que o estado tem se mostrado com grande potencial. O sucesso do nosso cinema independente foi comprovado mais uma vez na quinta edição do Festival de Cinema de Países de Língua Portuguesa (Cineport), realizado entre os dias 19 a 25 de setembro, deste ano, em João Pessoa. As produções disputaram troféus e prêmios, votados por júri popular e/ou por avaliadores do

próprio do evento. Nesta ultima edição, vários ex-alunos da UFPB tiveram destaque, a exemplo do grupo ViAção, coordenado por Torquato Joel e por Francisco José Rodrigues. A vertente de filmes financiados pelos próprios idealizadores é algo que está ganhando destaque, a exemplo de Arthur Lins, formado em Jornalismo no ano de 2007, também premiado no festival com seu filme “Felicidade dos Peixes”. O curta foi filmado em uma semana, com roteiro minimalista, equipe reduzida e custo de R$12 mil. Com essa produção, Arthur ganhou o prêmio de R$20 mil. “Quando meu curta passou no Cineport, foi interessante, porque estava inserido dentro de um painel mais amplo, que seria o cenário do cinema paraibano atual”, explica Arthur. Seu curta estava dentre os 52 filmes exibidos no evento. Ao longo de sua trajetória, o ex-aluno dispôs de apoio da UFPB, de empresas como Sebrae e do projeto Filmes à Granel. Perguntado sobre a organização do evento, Lins declarou ter sentido falta de debates e de discussões, algo que julga extremamente importante. A respeito do curso, Arthur afirma que será interessante, desde que forme pessoas para além do mercado, não se limitando apenas à sistemática acadêmica, que acaba “encaretando” a produção. Em outras palavras, o que valerá é o interesse do aluno, se não o tiver, de nada vai adiantar.

Foto: Reprodução

Cenas do curta-metragem “Eu não quero voltar sozinho”, exibido durante o evento Foto: Divulgação

Professor Pedro Nunes, do Decomtur, coordenador geral do fórum do audiovisual


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Sarau de poesia em homenagem à figura de Anayde Beiriz Nayanna Sabiá A arte versada em música e poesia foi o centro das atenções na Cesta das Letras. O primeiro sarau do Curso de Letras, em homenagem a poetisa Anayde Beiriz, aconteceu no dia sete de outubro, na Praça da Alegria, no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, CCHLA. Anayde Beiriz foi escolhida para ser homenageada em função da sua postura vanguardista. A intenção do tributo é ampliar a visão reducionista que paira sobre a poetisa, já que a produção impactante para a conservadora sociedade paraibana da época é muito mais rica e ampla que as notícias vinculadas ao seu relacionamento com o advogado João Dantas, assasino passional de João Pessoa, presidente da Paraíba, nos anos 1920. A professora e poetisa paraibana nasceu em 1905, costumava usar maquiagem e cabelos curtos, passeava sozinha e defendia a liberdade e a autonomia femenina. Esse comportamento questionador da moralidade vigente se assemelhava a idéia progressista das mulheres da Semana de Arte Moderna, em 1922. A cor negra dos seus olhos concedeu a ela a alcunha de “pantera dos olhos dormentes”. A intensidade emocional contida nas cartas escritas por Anayde marcaram o estilo da poetisa. A sua vida já foi retrada pelo cinema com o filme produzido na década de 1980 por Tizuka Yamasaki “Parayba, Mulher Macho”.

Foto: Ítalo Di Lucena

Estudantes leram e espalharam textos da autora pela Praça da Alegria no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes do Campus I Para o sarau, a idéia de integrar os estudantes por meio da arte foi lançada pela aluna do sexto período do curso Letras com habilitação para língua portuguesa, Priscilla Marques Pereira de Lima. Em conversas com amigos, Priscilla percebeu que o curso de Letras é dotado de inúmeros artistas que não têm suas produções pessoais publicizadas. Sendo frequentadora da blogosfera, Priscilla sentiu a necessidade de expor o talento de quem gosta de escrever. Decidiu, então, ativar cultu-

ralmente o curso de Letras com a organização do primeiro sarau. O evento de estréia foi composto por um luau à luz de velas, por um varal de poemas e por uma ambientação própícia à recitação de poesias. O varal de poemas expôs os talentos que estavam escondidos nas redes sociais e nos blogs. Os estudantes que por lá passaram puderam ler as emoções dos escritores, expostas no varal, tendo a liberdade de levá-las para casa. Os autores, espontaneamente, recitaram suas pro-

duções, acompanhados por um solo de violão. Segundo a estudante do terceiro período de Serviço Social, Edilene Bernardo dos Santos, a iniciativa é bastante pertinente: “Eu acho que é fundamental essa movimentação, todo mundo tem que se movimentar, não pode ficar só em sala de aula, toda forma de se expressar é interessante”. Integrando os estudantes Inicialmente, destinado aos alunos de Letras, o público presen-

te no primeiro Cesta das Letras era bastante abrangente. Os mais de 100 estudantes, que foram prestigiar o evento, englobavam, dentre outros, os cursos de Ciências Sociais, Direito, Comunicação Social, Medicina, Serviço Social. Além do viés cultural, o sarau proporcionou uma maior integração dos estudantes, que por vezes se cruzam nos corredores da universidade, mas não se conhecem. Em outras palavras, propôs agregar grupos em nome da arte. O sarau foi divulgado informalmente nas salas e nas redes sociais, no entanto a organizadora tem o intento de ampliar o raio de acesso do evento. “Universidade não é só assistir aula, existe todo um processo. A universidade não é dos universitários, a universidade é da comunidade pessoense em geral. Temos muitos poetas em João Pessoa. Esse ambiente é para que a comunidade pessoense use”, afirma. Por isso, frisou a importância do enquadramento de João Pessoa como praticante da arte e convidou tanto acadêmicos, quanto a comunidade em geral, a participar do Cesta das Letras, que acontecerá, frequentemente, na segunda sexta-feira de cada mês. Priscilla, por fim, destacou que o sarau é um difusor democrático da arte: “Poesia é pra gente, poesia não é o que os canônes dizem, não é o que os livros dizem, a poesia é o que eu sinto transformado em palavras”.

Estudantes têm arte como resistência Natan Cavalcanti

“A idéia era incomodar – não exatamente incomodar, mas chamar atenção. Algo que chocasse, tirasse do normal”, disse Victor Figueiredo, um dos organizadores do Festival Interdisciplinar de Arte, Sociedade e Cultura (Fiascu), referindo-se ao nome e o porquê de criar esse evento. O evento ocorreu do dia 27 ao dia 30 de setembro deste ano, no Campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). “A idéia, na verdade, partiu de uma reunião interna do Desentoca [coletivo estudantil do curso de Direito]; a gente sentiu a falta de arte no CCJ [Centro de Ciências Jurídicas], de algo artístico, de produção de arte; era tudo muito preto e branco, muita lei, muito seco”, acrescenta ele. O Festival foi criado e organizado por alguns grupos de estudantes da UFPB, como o Desentoca e Centro Acadêmico Manoel Mattos, constituído por alunos de Direito; o ComJunto, por alunos de Comunicação; o CANAL (gestão A cor da luta), por alunos de Medicina; o Coletivo Primavera dos Povos, por alunos de Serviço Social; e o Coletivo Canto Geral, por alunos de Psicologia. O evento objetivava consolidar o trabalho perene de coletivos e Centros Acadêmicos. “A arte também está muito ligada aos movimentos sociais, ao movimento estudantil e à valorização de identidade; e nós tentamos trazer isso”, explica Victor, que também é inte-

grante do Coletivo Desentoca. Segundo os organizadores, a universidade há muito deixou de ser palco, onde se produz conhecimento crítico, tornando-se apenas um lugar onde se forma profissionais movidos pelo individualismo. “A comunidade acadêmica tem pautado uma formação técnica, acrítica e imobilizante, que desresponsabiliza os seus membros, professores, estudantes e funcionários, do comprometimento que deve existir entre o conhecimento científico e a sociedade, inviabilizando uma postura transformadora.” O evento trouxe nomes, a exemplo do cartunista e ativista político Carlos Latuff; do cantor e Secretário de Cultura do Estado, Chico César; do compositor Adeildo Vieira; e do fotógrafo Ricardo Peixoto. As mesas redondas, programadas pelas manhãs dos dias 29 e 30, trouxeram debates entre os convidados. Durante as tardes dos dias 28, 29 e 30, as oficinas comandaram a programação do Fiascu. Danças Circulares foi uma das oficinas culturais que aconteceu no evento. Outro destaque ficou a cargo da Oficina de Teatro do Oprimido. Este método teatral, do teatrólogo brasileiro Augusto Boal, tem por objetivo principal democratizar as produções teatrais. Através de exercícios e técnicas, o método busca a aproximação entre o espetáculo e as camadas menos favorecidas, tornando-o menos elitista. A oficina de Fotografia, com Ricardo Peixoto, foi bastante procurada e

Foto: Delosmar Magalhães/Divulgação

Alunos membros de vários coletivos culturais se reuniram para discutir a arte como instrumento de transformação de valores e atitudes propôs uma forma diferente de enxergar este tipo de arte: trabalhar através de sensações. A fotografia foi abordada como um meio de ampliar a visão, distanciando-se da concepção de um simples registro da sociedade. A programação noturna foi composta por shows musicais. As bandas Sem Horas, Goreth, Seu Pereira e Coletivo 401, e Dose Perigosa se apresentaram no Fiascu. “O objetivo era trazer bandas que concordassem com o projeto, que tivessem o mesmo ideal, por isso todas as bandas leram a ementa do festival antes de concordarem em participar, ou não; algumas concordaram em participar até de graça” disse sorrindo um dos organizadores.

Arte como resistência Ao ser questionado sobre de onde vinha esse conceito, Victor falou novamente: “A gente queria fazer arte, mas não como a ‘arte’ que a gente vê. Queríamos uma arte que prezasse pela formação do indivíduo, de um contexto cultural. A arte contra os moldes da Indústria Cultural”. “É a arte, prezando a contestação, que conteste a sociedade. Pelos menos, eu compreendo que o dever do artista não é fazer arte por arte, somente por fazer. Acho que o objetivo é fazer algo que incomode; cause uma reação. Então, o conceito é mais ou menos nesse sentido. A arte que provocasse al-

guma reação na sociedade, alguma coisa boa ou ruim”, completou Delosmar Magalhães, integrante do Coletivo Comjunto e organizador do I Fiascu. Quando questionados se o Festival conseguiu atingir os objetivos propostos, os organizadores deram uma resposta sorridente. Disseram que ainda não haviam feito uma reflexão com todo o grupo, mas afirmaram que se o Fiascu não conseguiu atingir tudo a que se propunha, pelo menos incomodou, seja pelo nome, seja pela arte do cartaz, seja pelo seu contexto. “Foi um pontapé inicial, foi meio que um grito”, completaram.


esporte

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 1 A 7 DE NOVEMBRO DE 2011 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

A UFPB nas Olimpíadas Universitárias brasileiras Filipe Assunção Entre os dias 4 e 13 de novembro, serão realizadas as Olimpíadas Universitárias 2011, na cidade de Campinas-SP. O evento contará com cerca de três mil atletas e é organizado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) em parceria com a Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU) e o Ministério do Esporte. A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) levará aproximadamente 80 alunos para competir nas seguintes modalidades: vôlei, natação, judô, atletismo e xadrez, nas categorias masculinas e femininas; e somente no feminino, futsal e handebol. Apesar da importância da competição e a grande delegação que será levada, as seleções da UFPB sofrem com ausência de investimentos. É o caso da seleção feminina de handebol. A equipe é comandada pelo treinador Sílvio Lago, que reconhece as boas estruturas físicas da UFPB, mas ressalta a falta de apoio aos estudantes que vão participar dos jogos em São Paulo. “A Universidade Federal da Paraíba possui bons ginásios, boas condições de treinamento, mas falta investimento no atleta”, ressalta Lago. Ainda segundo o comandante da equipe, as atletas provavelmente viajarão num ônibus cedido pela UFPB, em uma viagem que terá duração de dois dias até Campinas, e terão de custear a própria alimentação durante o trajeto. Sílvio já disputou duas olimpíadas universitárias comandando a seleção feminina de handebol e o melhor resultado obtido foi no ano passado, com a quinta colocação, em Blumenau, Santa Catarina. O técnico da equipe, que não é vinculado à Universidade, comentou sobre a dedicação que tem pela equipe, apesar de não ter retorno financeiro: “Na UFPB, eu trabalho de

Brasil, o país do futebol, cinco vezes campeão mundial na modalidade, centenas de clubes, jogadores ao redor do mundo e muita capacidade de gerar e movimentar dinheiro com essa, que é, talvez, a maior paixão do brasileiro. No entanto, uma onda crescente do esporte mais tradicional dos norte-americanos vem invadindo o país, criando vários fóruns de discussões e equipes em quase todos os estados. Pelo jeito, o futebol americano, ou “FA” para os íntimos, chegou para ficar. O ano é 2005. O local, as areias da praia do Cabo Branco. Mais de dez equipes foram formadas e pequenos campeonatos foram organizados. Mas, não passava de uma moda. Uma “peneira” foi sendo feita naturalmente com a extinção da prática meramente recreativa para o início de um processo de profissionalização. Com o passar do tempo, apenas quem realmente se interessava continuou praticando, pela vontade de treinar e competir. Apenas uma equipe, devidamente organizada, permaneceu, a equipe dos Espectros. O time se tornou Associação Des-

Foto: Herbert Clemente

Foto: Herbert Clemente

Aluno monta as disputas pelo computador

Jogo virtual é moda entre os estudantes Filipe Assunção

Equipe de handebol feminino treina para ir à Campinas particpar dos jogos com poucas chances de ouro por causa das dificuldades graça. Às vezes eu deixo de ganhar dinheiro para ir lá dar treino. Faço tudo isso por amor ao handebol”. O treinador da seleção de handebol também falou que “a maior qualidade [da equipe] é a superação das meninas. São oito ou nove meninas que eu posso dizer que dariam a vida pelo handebol”, destacou ele. Com relação ao título, o técnico foi cauteloso e considera um sonho distante. “A gente vai para representar bem a instituição, mas pra pensar em titulo não tem como. Se conseguirmos botar o handebol feminino da UFPB na divisão especial vai ser muita sorte”, concluiu Sílvio. Em dificuldade A jogadora da seleção feminina de handebol, Cristhiane Barros, é uma das atletas que são prejudicadas com a falta de investimento da UFPB nos esportes. “Por causa da falta de apoio eu já saí da equipe. Mas agora estou de volta para disputar as olimpíadas universitárias”, disse a pivô do time. Ela também destacou que no ano passado várias meninas deixaram o elenco perto das competições importan-

tes e que isso continua a acontecer. “Houve casos de meninas no ano passado que, na véspera, desistiram dos jogos. Esse ano, outras atletas também desistiram. Nós tínhamos um time maior. Hoje, temos um time fixo e poucas reservas”, lamentou Cristhiane. A atleta que cursa o segundo período de Relações Internacionais vai disputar a primeira olimpíada universitária: “Por ser a primeira, estou ansiosa. As olimpíadas universitárias brasileiras têm uma carga de importância muito grande na vida de um atleta”, acrescentou Cristhiane. Além disso, a jogadora garantiu que a UFPB será bem representada pelo time feminino de handebol: “Vamos nos esforçar pra trazer bons resultados e com isso nós esperamos um maior apoio da Universidade aos esportes em geral”, acredita. O coordenador do curso de Educação Física, Idebaldo Grisi, disse que a UFPB dá a ajuda que pode ao esporte e aos atletas. Segundo ele, nenhuma universidade pública brasileira concede bolsa ou investe maciçamente no atleta. Apesar de isentar a universidade, Grisi ad-

mitiu que, devido à falta de maiores investimentos, a UFPB já perdeu atletas para instituições particulares. “A maioria do nosso time de futsal foi pra Mauricio de Nassau. Nessas instituições particulares os atletas viajam de avião, recebem ajuda de custo e nada disso é feito na pública”, justificou. Idebaldo também é técnico da seleção feminina de vôlei da UFPB, dirige a equipe desde 1978 e já ganhou a Olimpíada Universitária em 1994. Para a competição deste ano, ele contou como está a preparação: “Estamos realizando amistosos para consertar os defeitos que aparecem. A maior qualidade da equipe é a coletividade. Podemos fazer uma grande campanha e subir para a divisão especial”, garantiu o treinador. O comandante ainda falou que “a dificuldade maior é conseguir um horário que atenda todo mundo. Tem atleta universitário que trabalha, tem estágio. O horário de treinamento é o mais difícil nessa preparação”, finalizou. É com esperança de uma boa campanha, atletas e treinadores esperam maiores investimentos nos esportes da instituição.

Alunos aderem ao futebol americano Daniel Peixoto

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Foto: Giovanna Ismael

A modalidade chegou à João Pessoa pelas areias das praias e depois entrou no Campus portiva Espectros para participar de ligas regionais, a exemplo da Liga Nordestina de Futebol Americano, LINEFA, que está em pleno andamento. A equipe é a base de toda a seleção paraibana e ficou em quarto lugar nos dois últimos campeonatos brasileiros de futebol americano. No Campus Quando houve a decisão de migrar da areia para o campo profissional, usando chuteiras e todo o equipamento necessário para aguentar os “trancos e barrancos”, o campo da

Universidade Federal da Paraíba foi um dos primeiros a ser cogitados, já que alguns dos atletas são alunos da UFPB e possuíam o acesso facilitado. A execução da ideia foi realizada pouquíssimas vezes, pois o local não possuía iluminação, impossibilitando os jogos noturnos, que são mais frequentes na modalidade. A saída foi recorrer à prefeitura de João Pessoa e ao Governo do Estado. O campo do Ministério da Agricultura foi cedido para os treinos e os estádios da Graça e do Almeidão para os jogos. A Prefeitura ainda disponibilizou o servi-

ço médico em todas as partidas oficiais, uma vez que esse é um esporte de forte contato físico. Os equipamentos, que custam em torno de R$ 300, ainda têm que ser pagos do bolso de cada atleta, o que causa o abandono da prática por aqueles que não têm como custeá-los. A Associação dos Espectros possui alguns equipamentos que são emprestados durante os treinos, para manter o número de aproximadamente 40 atletas na equipe. Afonso Monteiro de 21 anos, estudante do primeiro período de Arquitetura na UFPB, é um dos jogadores e se declara apaixonado pelo esporte. “Depois que terminei o colégio, não tive continuidade no basquete, pois a UFPB estava sem equipe. Então, fui chamado por um amigo pra treinar “FA”, desde então comecei a me destacar e estou lá há dois anos.” Afonso é apenas um dos vários que vivenciam a dificuldade de ter que arcar com as despesas financeiras da prática para se manter no esporte. Alguns atletas afirmaram que pensam em parar pelo alto custo, já que gastam tanto para continuar treinando e competindo em todo o Brasil, mas não vêem os órgãos responsáveis agindo para disseminar e alavancar a modalidade.

O Cartola Futebol Clube é um jogo virtual, promovido por um canal de tv fechada, que se baseia na atuação real dos atletas na série A do campeonato brasileiro. O cartoleiro, nome pelo qual são popularmente conhecidos os jogadores, ainda tem a tarefa de administrar a compra e venda fictícia dos jogadores na elite do Brasileirão. Criado em 2005, o Cartola virou mania nacional. O campeonato real e o virtual acontecem simultaneamente, prendendo a atenção dos cartoleiros. Hoje, o jogo já conta com, aproximadamente, 2,4 milhões de jogadores no Brasil. Na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), os aficcionados, frequentemente, debatem o desempenho, a montagem e a pontuação dos jogadores antes e depois das rodadas da série A. Felipe Gesteira é um dos apaixonados pelo jogo. O estudante do quinto período de Jornalismo é torcedor do São Paulo e administrador do time virtual Mavambo FC. Ele joga Cartola desde 2009. “Comecei por causa da paixão pelo futebol. Achei que o Cartola era uma brincadeira legal, um jogo diferente do que eu já tinha visto e resolvi criar uma conta”, comentou Gesteira. Uma particularidade do jogo é torcer pelo bom desempenho dos jogadores escalados para o seu time virtual, mesmo que ele não seja integrante do time real pelo qual o cartoleiro torce. Felipe também dá outras dicas para aqueles que querem se sair bem no Cartola: “Acompanhar todas as rodadas, ver quem está jogando bem, quem está suspenso, quem está machucado”. Outro aficionado é o aluno do nono período de engenharia de alimentos, Luís Costa. Ele joga Cartola desde o início e é dono do Auto Esporte PB. Luís explicou como começou e os motivos pelos quais joga Cartola, já que ele é torcedor do Auto Esporte, time fora da elite. “Os times daqui passam muito tempo inativos, então a gente acaba assistindo ao campeonato da série A e consequentemente joga Cartola. Vi que criaram o Cartola e resolvi participar”, explicou. Luís revelou que os estudantes de engenharia de alimentos são jogadores virtuais ativos. “Temos uma Liga com 20 times. Antes da rodada todo mundo discute, mas ninguém diz quem vai escalar. Tem uns que ficam ‘jogando verde’, dizendo que vai apostar em ‘a’, ‘b’ ou ‘c’, mas ninguém abre muito o jogo”, afirmou. O cartoleiro também acrescentou que é bicampeão da Liga de Engenharia de Alimentos e alfinetou os seus adversários. “Esse pessoal da Liga de Alimentos parece que não entende muito de futebol. Já ganhei dois anos e estou ganhando de novo”, concluiu.


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literatura

Datas, pra que te quero! Giovanna Ismael A obsessão pelo dia do próprio aniversário vem em todo mundo desde pequenos. Obsessão representada pelo seguinte ato: assinar, durante a infância, todas as possíveis superfícies com o dia, mês e ano de nascimento. Nas mensagens nos cadernos de amigos do ensino fundamental, pode ter certeza de que estavam presentes todas as variações de “Fulaninho Moral 2003” – o ano enfeitado com óculos e sorriso, claro. Mas eu nunca fui assim. Sempre gostei de ser diferente. Sou destra e sempre usei relógio no pulso direito. Corro para longe dos padrões, e não há padrão maior do que o nosso calendário adotado. Então mudo constantemente de datas. Estou atualmente na minha fase “Calendário Judaico”. Ontem mesmo fiz uma prova e assinei o ano de 5771. Mas eu sei que essa é só mais uma fase. Ah, ainda lembro como se fosse ontem a fase em que passei no ano de 2010. Saí gritanFoto: Giovanna Ismael do pela casa à meia-noite do dia 7 de dezembro “um Feliz 1432!”. Essa foi a vez em que adotei o calendário Islâmico. Tive também a desastrosa fase do calendário chinês, em 2005, ano do galo. Adotei um. Passei um ano com o Biru-biru, mas aconteceu uma tragédia quando veio 2006, o ano do cão. As coisas não ficaram muito bonitas no quintal de casa. Mas aí tem o grande problema em todas essas fases de mudança. Determino o ano em que estou, o dia, o mês e até a analogia que isso tudo representa. Entretanto, a confusão anualmente é inevitável, afinal, meu calendário é o meu. Ao menos quatro datas eu tenho a obrigação (realmente sou obrigada) de lembrar: os aniversários dos quatro membros da família. E o meu, obviamente. Mas esse eu tenho o poder de mudar quando quiser. Infelizmente, só muda pra mim. Ou seja, isso não significa que eu tenho monopólio sobre todos os presentes ganhos. Pensando bem, meus parentes se atrapalham constantemente e fico sem ganhar presente algum. Como todos esses pensamentos são coisas que acabo de perceber, alcancei uma conclusão: preciso checar minha agenda.

Paixão digital Yordan Cavalcanti O convívio entre um viciado e seu computador é parecido com o auge de um relacionamento amoroso: o “apaixonado” quer sempre estar perto de sua máquina amada e, quando distantes, ele sente saudades, como um vazio por dentro. Isso é inevitável, já que a máquina tem poderes de sedução fatais, como o doce barulho do teclado e o seu conteúdo interessante e agradável. Imaginem como seria esse relacionamento se ela falasse... - O que está fazendo, meu amor? – pergunta a sedutora. - Estou lhe desligando, já são duas da madrugada e estou com sono. - Fica só mais cinco minutos – insiste, com um tom sensual. - Você já disse isso e acabei ficando aqui por uma hora mais. - Você não quer dar uma apertadinha no meu mouse? - Não faça isso, tenho que acordar cedo. - Vem... Entra naquele site. - Ah, está bem, vou ficar mais um tempinho. Alguns minutos depois... - Lembra que dia é hoje? - Não. - Faz exatamente um ano que você me comprou. Lembra? - E daí? - Como assim “e daí”? Você não vai dizer nada? - Você é meu computador, e gosto de você, mas é só isso. - Eu pensei que você me amasse. Agora não lhe quero mais como donos. - Não, espera, eu... - Acabou! - Não! Que droga! Travou de novo...

Humor


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