Campeões paratletas pág. 14 JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
EDUCAÇÃO
Inclusão digital pág. 7
CULTURA
Declamação pág. 15
Foto: Polliana Vila
Foto: Polliana Vila
Foto: Polliana Vilar
Foto: Polliana Vilar
ESPORTE
CAMPUS Educação infantil pág. 4
QuestãodeOrdem Foto: Ivone Beatriz
Ela chegou à UFPB
R$ 9,4 bilhões
Vetado 50% das verbas destinadas para custeio de obras e equipamentos
cortados do mec pelo governo federal
CAMPUS
ENTREVISTA No livro “Os Machões Dançaram”, o escritor e jornalista Xico Sá faz uma reflexão sobre como eles andam encarando os relacionamentos em tempos de internet. Em entrevista ao Jornal Questão de Ordem, o cearense declarou, junto a cervejas e jornalistas: “eu sou um aviciado”. Resistente ao jornal impresso, Xico Sá deposita suas esperanças no jornalismo literário. Campus
Insegurança cresce e câmeras não funcionam | pág.3
Foto: Iago Sarinho
Foto: Rayssa Melo
Na descontração do bar, Xico Sá concede entrevista | pág. 16 Educação
Saúde
Política
Cultura
Atraso das obras Gênero é debate Cirurgia reduz Pós-graduação Núcleo da UFPB causa problemas na Universidade suor excessivo poderá ser paga é pouco visitado As obras dos Centro de Energias Alternativas e Renováveis foram paralizadas causando prejuízo aos alunos. O problema fez com que os estudantes procurassem salas de aula de outros centos. Marcelo Diniz fala sobre os motivos do atraso. pág. 6
Os professores da UFPB, após a discussão de gênero abordada pelo Enem, divergem quanto a necessidade de tratar o tema em sala de aula. Em atividade extra-classe, grupos de estudos produzem trabalhos acerca das questões de gênero. pág. 8
Os pacientes do SUS agora terão acesso à cirurgia que consiste na redução do suor excessivo do corpo, fornecida pelo Hospital Universitário. O procedimento é simples e beneficiará pacientes e estudantes, que poderão acompanhar todo o processo. pág. 13
A polêmica em torno da “PEC da pós-graduação paga” repercutiu na UFPB entre professores e alunos da instituição. Deputados e paraibanos também divergem sobre tema, no que são acompanhados pelo pró-retiro da PRPG Isaac Medeiros. pág. 11
A UFPB dispõe de um ambiente de conservação da cultura popopular. O NUPPO, como é chamado, no entanto, não é tão conhecido na comunidade acadêmica e tem objetivo de gerar pesquisas e oferecer atividades de extensão ao público. pág. 15
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Opinião
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
editorial
Chegou a vez do literário Falar sobre jornalismo, atualmente, tornou-se um grande desânimo. Colocam a profissão com data de morte marcada e com um aviso prévio muito próximo do prazo. Jornalismo tornou-se a grande incógnita quando antes era a certeza. Se ainda valia alguma coisa dizer que era jornalista, hoje pensa-se logo: “coitado, está perto do fim”. E há quem entregue os pontos assim, rápido. Há quem concorde e aceite essa afirmação equivocada de que profissões morrem por obsolência. O jornalismo impresso, tudo bem, vale esquentar a cabeça e pensar nessa possibilidade. No entanto, há uma maneira melhor de falar sobre a morte das páginas cinzentas. O impresso não morrerá. Essa é uma afirmação que não é preciso ter medo para pronunciá-la. O jornal impresso, sim, pode ter dias contados. Mas dias de reformulação. Dias de uma mudança que precisa acontecer para fazer renascer a rotina de leitura de jornal. E há saídas. Quem utiliza a assertiva do fim é quem ainda não se entregou completamente ao jornalismo. Pensar em novas maneiras de executar a profissão é um pensamento de aprofundamento e não apenas de reforma. Troca-se o piso quando o outro já está velho. Assim é com o jornalismo. A pirâmide invertida ficou para trás. Chegou o momento certo de utilizar novas formas de se fazer jornalismo. Talvez seja o momento de inverter a pirâmide novamente. Deixá-la em pé, de fato, como deveria estar. O Jornal Questão de Ordem é um importante espaço de experi
ência para exercer a prática de novas maneiras de escrever o texto jornalístico, tendo em vista que muitos veículos não abrem espaço para a inovação, criação e liberdade textual. Quando somos crianças espe ramos todas as noites por novas histórias antes de dormir. Com os adultos não é diferente. Espera-se por histórias, mas encontram-se apenas fatos. Fatos cotidianos narrados com uma rapidez incalculável, como se a vontade de acabar logo com o assunto fosse inadiável. Chegou o momento do por quê. De mergulhar em um personagem secundário que consegue, como qualquer principal, ser fonte oficial. É hora de ver o outro lado da história. Chegou a vez do jornalismo literário. Ao invés de se acostumar com o fim da profissão que você escolheu, é mais fácil compreender que chegou a vez do leitor ler aquilo que o interessa. A linguagem leve, gradativa e numa narrativa que te puxa desde a primeira linha. Se antes o lead te fazia parar de ler o restante do texto por conter toda a informação, agora ele te pede pra continuar. Vai até o fim, por favor. E você vai, mesmo que ele não te peça diretamente. Falar sobre o futuro do jornalismo é falar sobre jornalismo literário e digital. É falar sobre o casamento dessas duas platarformas que podem levar o jornalismo de novo para o topo dos bons textos. Além disso, não é o fim, leitores. É apenas o começo de um impresso reformulado, de um online mais atrativo. E de um jornalismo mais humano, mais rico, mais instigante.
Charge
QuestãodeOrdem
Gênero: um debate no plural Dani Fechine Na pós-modernidade que vivemos, onde todos estão em constante movimento e construção, e ninguém mais nasce com essência, discutir gênero se tornou primordial. Por ser uma questão educacional e social, o debate ganha ainda mais necessidade quando o ambiente é a sala de aula. Em filmes como “Os Muros da Escola” (Laurent Cantet, 2008) e “Escritores da Liberdade” (Richard LaGravanese, 2007), a diversidade cultural, por exemplo, já ganha espaço como uma realidade observada em todas as salas de aula do mundo. O ambiente do qual está sendo falado recebe pessoas das mais variadas classes, identidades, culturas, gêneros, raças e personalidades. É o momento certo de debater opiniões e confrontar conceitos pré-estabelecidos que fazem retroceder os avanços até então já conquistados por minorias. As mulheres, por exemplos, atingem o maior índice de assassinatos no país. Se essas mulheres forem negras, os números aumentam ainda mais. Além disso, em todo o mundo, o Brasil é o país que mais assassina travestis e transexuais no mundo, só entre 2008 e 2013 foram 486 mortes, de acordo com a ONG internacional Transgender Europe. O Mapa da Violência foi divulgado no dia 9 de novembro e alertou para o fato de que, em 2013, mais de
4,7 mil mulheres foram assassinadas no Brasil. Os casos envolvendo mulheres negras cresceram 54,2% entre 2003 e 2013, passando de 1.864 para 2.875. Com tantos números na tela do computador e tanto sangue derramado entre comunidades e bairros nobres, será mesmo mais importante preocupar-se com a cor da roupa de uma criança? Ou com o brinquedo que ela prefere? A sociedade que nós vivemos carece de respeito, mas esbanja contradição. Falar sobre a diversidade de gênero e as possíveis formas de um indivíduo se manifestar como ser humano não fará de ninguém homem, mulher ou trans. Fará desse cidadão alguém de respeito. Falar da existência de gêneros, no plural, não fará qualquer pessoa – seja criança, adolescente ou adulto – escolher mudar a sua identidade. Discutir gênero em sala de aula é debater a necessidade de enfrentamento ao preconceito e a não aceitação do outro. A partir do momento que você se reconhece como o outro, o controle social se estabelece. E, para isso, é preciso expor, mostrar, dizer que existe. A discussão de gênero ainda é um tabu em sala de aula. A ala conservadora do Brasil tem uma expressão que ainda não conseguiu ser batida. Mas a necessidade ultrapassa a vontade. É preciso falar sobre a vida e sobre a liberdade. Discutir gênero é falar sobre igualdade.
A partir do momento em que você se reconhece como o outro, o controle social se estabelece
A utopia da segurança Elisa Damante acordo com o dicionário, é característica do que se encontra no plano de aparências irrealizáveis. Formular ações para a realização de um sistema de segurança eficaz dentro das dependências da Universidade Federal da Paraíba, para alguns, parece seguir a lógica do dicionário. A Prefeitura da Universidade decidiu instalar câmeras, a fim de preservar a segurança e coibir ações ilícitas no campus I. Os equipamentos instalados, no entanto, não funcionam. As câmeras instauradas dentro do campus estão cegas por problemas técnicos. As autoridades competentes, cegas por opção. Os olhos míopes da instituição afetam a saúde do corpo universitário, que além dos problemas diariamente enfrentados, também ficam sujeitos a sofrer as consequências do que pode ser feito, mas não pode ser visto. Rodeada por mata, ruas e calçadas da universidade se tornam caminho de lobo mal, principalmente no período da noite. Além dos assédios e perseguições, no entanto, dezenas de assaltos já foram relatados e vividos por alunos ainda sob a luz do sol, afinal de contas, os crimes não se intimidam com a claridade. Nas redes sociais, os grupos referentes às questões da universidade, recebem diariamente, queixas relacionadas a questões referentes à insegurança dentro e nos arredores do campus, com relatos vividos ou assistidos pelos alunos e frequentadores. O controle viário, outra medida de segurança implementada há dez anos na academia, também não funcionou. A falta de eficácia do serviço o extinguiu. O co-
mando do sistema instaurado é de uma empresa terceirizada contratada pela universidade. Os alunos não devolviam os cartões entregues na entrada e os funcionários responsáveis pelas guaritas não conseguiam ter o controle total da entrada e saída dos veículos que transitavam na universidade. Dois carros foram roubados de dentro do campus e ninguém foi responsabilizado pelos prejuízos. Além das câmeras inutilizadas e de um controle viário extinto, a universidade contratou também guardas terceirizados espalhados dentro do campus, mas o trabalho deles foi praticamente desviado para a prestação de informações dos transeuntes. Os atos criminosos já ocorridos dentro das dependências universitárias não foram coibidos pelos vigias. Enganam-se, no entanto, os que acreditam que a falta de segurança dentro do campus atinge apenas o corpo discente. Carros de alguns professores já foram apedrejados, riscados e até baleados nos estacionamentos da instituição. A reitoria, entidade responsável pelas questões maiores, não toma partido e os danos ocasionados por esses contratempos precisam ser reparados pelo bolso dos próprios atingidos. A comunidade acadêmica permanece de olhos vívidos e a vontade de medidas eficazes para a minimização ou coibição dessas atitudes não cessou. O filósofo e escritor, Sartre, certa vez disse que uma ideia antes de ser concretizada possui estranhas semelhanças com a utopia. A esperança de ver as ideias e projetos saindo do papel ainda enxerga os poucos fachos de luz que a força do pensamento utópico não conseguiu ofuscar. A insegurança não pode ser eterna.
As câmeras instauradas dentro do campus estão cegas por problemas técnicos
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA REITORA: Margareth Diniz
EDITOR GERAL Dani Fechine EDITORA ADJUNTA Gabi Figueirôa
CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E ARTES
CHEFE DE REPORTAGEM Elisa Damante
DEPTO DE COMUNICAÇÃO - DECOM CHEFE: Dinarte Varela
EDITORIAS SETORIAIS CAMPUS Daiane Lima
ESPORTE Joana Rosa
EDUCAÇÃO Jailma Santos
SAÚDE Diego Fenas
CULTURA Cy Baptista
POLÍTICA Felipe Nunes FOTOGRAFIA Ivone Beatriz
Diretor: David Fernandes
COORDENAÇÃO DE CURSO: Zulmira Nóbrega DISCIPLINA: Laboratório de Jornalismo Impresso PROFESSOR ORIENTADOR: Edônio Alves Nascimento DIAGRAMAÇÃO: Alexandro Carlos de Borges Souza
REDAÇÃO: Central de Jornalismo DECOMTUR/UFPB Cidade Universitária João Pessoa-PB 58.089-900 tel.: 83-3216-7144 E-mail: redacao.qo@gmail.com
EQUIPE DE REPORTAGEM Aracely Coutinho, Elidiane Ferreira, Ewerton Correia, Gerlane Neto, Heloysa Andrade, Jeane Pontes, Júlia Brito, Neia Alves, Polliana Vilar, Rayssa Melo, Tiago Bernardino, Vitória Nunes
Campus
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
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UFPB é vítima da insegurança
m e á a Ivone Beatriz a - A última greve ocorrida na -Universidade Federal da Paraíba (UFPB) que teve duração de apro-ximadamente quatro meses, fez resmsurgir debates sobre a segurança que ré feita na instituição e os problemas -que ela vem apresentando, colocan-do em risco o patrimônio da univer-sidade e a integridade física e mate-rial daqueles que frequentam o loacal. Foram constatados durante a -greve o furto de alguns condensado-res de ar condicionado que perten-ciam ao Centro de Tecnologia (CT) -e pequenos roubos nos carros ofiociais da Prefeitura que tiveram sons e epneus suporte roubados. o De acordo com os dados forneci,dos pelos responsáveis pela segurança do Campus, que fazem um ba-lanço anual dos ocorridos, os boeletins registrados apontam aproxi-madamente 74 casos anuais e a ca-da ano, desde 2011, esses números vem diminuindo consideravelmente. O chefe de segurança da UFPB, João de Deus, revela que referente ao caso dos condensadores, já existem suspeitos que foram vistos saindo em alta velocidade com um veículo que te-ve a placa anotada, além de caracte-rísticas dos suspeitos reconhecidas -por funcionários e alunos que prefeorem não se identificar. Ele espera que -o caso seja resolvido em breve, pois sacredita que seja uma gangue em oação que está atuando não só no CT, mas em outras partes da universida-de como CCTA e CCS, o que totali-zou 12 condensadores de ar furtados. s Segundo João de Deus, o númesro de seguranças durante a greve era -o mesmo do período em que as aulas s s -
Durante a greve, foram furtados condicionadores de ar do Centro de Tecnologia (CT) e carros da Prefeitura Universitária Foto: Ivone Beatriz
Chega ao fim a supervisão por cartão Felipe Nunes
Controle de entrada de carros na Universidade Federal da Paraíba não é mais supervisioado pela entrega e recebimento de cartões estavam normalizadas. A equipe, atualmente, é formada por 128 vigilantes terceirizados e 32 que fazem parte do quadro de funcionários da universidade. Além dos vigilantes armados, a segurança possui quatro motos da base e duas da empresa que facilitam a ronda, no entanto, ainda existe um déficit na demanda dos veículos que exigem a necessidade de aumentar a frota e disponibilizar um veículo para auxiliar os vigilantes. MELHORIAS NECESSÁRIAS O aluno de Engenharia Mecânica, Mickael Rodrigues, ressalta que durante o período da greve houve uma
redução de seguranças na UFPB, mas mesmo assim ainda se podia ver alguns seguranças circulando de moto ou a pé. O estudante sente falta do controle viário e já ouviu várias reclamações de colegas que tem medo de transitar dentro do CT por falta de iluminação. “Existe segurança na universidade sim, mas ainda é muito pouco diante da demanda da instituição. Precisa melhorar a iluminação, colocar o projeto das câmeras pra funcionar e aumentar a frota de seguranças circulando dentro dos centros que são mais escondidos,” conclui. Algumas situações de risco ocorridas dentro do campus como as-
saltos, acidentes de carro, estupros e furtos em veículos são algumas das vunerabilidades listadas para contagem na ficha de controle do chefe de segurança, João de Deus. Ele ressalta ainda que não existem lugares mais perigosos que outros no campus, mas existem certas áreas da universidade que por conta da pouca circulação de pessoas é necessário uma atenção maior. “As pessoas ao entrarem na universidade acham que estão em uma ilha e não é. O campus é enorme e os riscos não são extintos por ser uma universidade, temos que ter cuidado, o alerta deve continuar”, destaca.
UFPB requer mais segurança
e - Ewerton Correia s s Durante o ano de 2014, a Pre,feitura da Universidade Federal da -Paraíba (UFPB) prometeu um sis,tema de segurança eletrônica que -monitorasse toda a Instituição. O sanúncio dado pelo então prefeito -Sérgio Alonso não teve êxito e hoje -sobram câmeras, mas nenhuma efunciona. A obra era orçada em acerca de R$ 4 milhões e a conclusão seria em no máximo 60 dias a acontar do fim de setembro de 2014, -no entanto, isso não aconteceu. e -ESCLARECIMENTOS o De acordo com Francisco Pereira Júnior, que durante as instalações das câmeras foi membro da comissão de supervisão do contrato, ele e mais dois funcionários da UFPB foram responsáveis por observar o cumprimento do que havia no acordo. A comissão realizou um levantamento durante 60 dias que teve início em outubro de 2014. “Nós identificamos algumas pendências que foram relatadas para a Prefeitura corrigir. A gente encaminhou tudo para o gabinete da reitora, acredito que posteriormente o relatório foi encaminhado para a prefeitura universitária”, revela. Ainda segundo Francisco, a obra não foi concluída e o contrato foi extinto no ano de 2014, pois a Redecom, empresa contratada para as instalações das câmeras, teria estourado o prazo para execução, que seria de seis meses. O vice-prefeito, Lucinaldo Soares afirmou estar
Foto: Ivone Beatriz
Vice-prefeito Lucinaldo Soares prevê a instalação de equipamentos de monitoramento realizando um levantamento para identificar o que foi feito e o que está pendente. A reportagem entrou em contato com a Redecom, mas não houve retorno. A reitora Margareth Diniz da universidade, revelou que o contrato foi extinto porque a empresa utilizou materiais diferentes dos descritos no contrato e fez cobranças indevidas à UFPB. De acordo com Margareth, uma nova comissão envolvendo profissionais da área da tecnologia e funcionários da Prefeitura vão identificar o que falta ser feito. Ainda não há data para entrega. A reitora garantiu que o relatório da comissão está previsto para sair em 60 dias a contar da segunda semana de novembro. “Só vou
pagar quando me apresentarem um relatório de que está tudo certo. Espero que o ano que vem a gente tenha tudo funcionando”, afirmou a representante. PREJUÍZOS Enquanto as câmeras não funcionam, a comunidade acadêmica se vê mais sujeita a roubos, furtos ou danos materiais, como o ocorrido em setembro deste ano com o professor de Ciências Sociais Charliton Machado, que teve o carro apedrejado no estacionamento do Centro de Educação (CE) da universidade. De acordo com ele, o veículo foi encontrado com uma das janelas quebradas, além de adesivos arrancados. “É lamentável que isso
tenha acontecido na universidade e que a segurança sequer tenha condições de se prevenir contra esse tipo de problema. Espero que a reitoria se pronuncie sobre esses episódios”, testemunhou. A sensação de insegurança está presente em praticamente todos os setores da instituição de ensino. A comerciante Vânia Lima, que trabalha na praça do CE há oito anos já teve o seu fiteiro violado por três vezes. Há uma câmera instalada em frente ao estabelecimento, no entanto, a vendedora afirma que o equipamento não funciona. “A gente percebe que por aqui vem muita gente de fora, que não é estudante nem trabalha aqui, então já está na hora de rever isso e ligar essas câmeras pelo menos para dar um pouco mais de segurança”, lamentou Vânia. CORTES De acordo com o vice-prefeito da universidade, o projeto de segurança, focado para reparar os déficitis do campus I da universidade, prevê o monitoramento por imagens de todos os departamentos, principalmente o de áreas externas como estacionamentos e locais de grande circulação. “O projeto é previsto como uma forma de monitoramento e não de vigilância. Após a implantação total do sistema de segurança, os servidores farão o acompanhamento das atividades. Observada alguma atitude suspeita, será chamada a vigilância terrestre”, explicou o representante.
O mercado de segurança eletrônica desenvolvido pela iniciativa privada avança a passos largos. Hoje, itens de segurança são indispensáveis para pessoas e empresas, já que o poder público é ineficiente e não consegue oferecer a segurança que o cidadão necessita. Circuitos de câmeras, rastreadores, radares e uma diversidade de sistemas eletrônicos são hoje uma necessidade diante da insegurança crescente. Mas parece que a Universidade Federal da Paraíba não acompanha os avanços da tecnologia. A UFPB regrediu no quesito segurança, e esse problema não é novidade para quem é aluno da instituição. Isso ficou mais evidente depois que o controle viário da universidade, que monitorava a entrada e saída de motoristas no campus I, foi abolido de vez. O controle viário funcionou até maio, antes da greve de discentes e técnicos administrativos. O sistema foi implantado há cerca de dez anos e consistia na entrega de cartões de controle aos motoristas que adentravam a universidade. Também havia uma instrução para que os cartões nunca fossem deixados dentro dos veículos. Pela lógica, se um carro fosse roubado de dentro da instituição, o estudante teria a prova de que o automóvel lhe pertencia. Na prática, isso nunca funcionou. A reportagem conversou com Leonyce Pascoal, contratada pela CRIART, empresa terceirizada que é responsável pelos serviços de portaria na UFPB. Quando questionada sobre a suspensão do sistema viário, ela foi enfática: “É um método que a gente vê que não dá certo”, confessou. Ela relatou que um dos motivos que levaram à suspensão do controle viário foi a falta de cartões. Segundo ela, isso aconteceu porque os motoristas não devolviam os cartões regularmente ao sair da universidade e porque a fiscalização não era, de fato, feita. De acordo com ela, o número de cartões disponibilizados também não supria a demanda. “Lá dentro eu não sei o que é que falta para controlar os cartões”, lamentou, referindo-se à divisão de segurança da universidade.
OUTRO LADO Segundo João de Deus, chefe da divisão de segurança da UFPB, um dos principais motivos que levaram ao fim do controle foram as demissões de porteiros. “Ficamos com apenas um porteiro em cada guarita. Uma só pessoa não tem como administrar a entrega e o recebimento do cartão”, declarou. Ele ressaltou ainda que apesar da fragilidade, o sistema tinha sua funcionalidade. “O cartão tinha a falha dele, mas servia como inibidor para os furtos, prova disso foi o que aconteceu quando a gente não tinha o sistema, quando roubaram dois carros”, exemplificou. No campus, alunos lamentam a retirada de um dos últimos dispositivos de segurança que representava uma barreira contra possíveis crimes. .
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Campus
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
Escola de Ensino Básico carece da presença de novos docentes Devido ao número crescente de aposentadorias, Escola de Ensino Básico da UFPB enfrenta problemas quanto aos docentes Dani Fechine Em 2008, a antiga creche-escola da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) tornou-se Escola de Ensino Básico (EEBAS). Há 27 anos ela vem somando na educação de filhos dos estudantes e funcionários da instituição e moradores das comunidades próximas. No entanto, os 204 alunos da escola têm sofrido com a redução do quadro de professores devido aos pedidos de aposentadoria e a falta de concurso público para compensar os afastamentos. Atualmente, 18 docentes compõem o quadro da EEBAS, sendo 17 em exercício e uma vaga aguardando liberação do Ministério do Planejamento. Com 16 turmas funcionando, alguma delas poderá sofrer o prejuízo pela ausência dos pedagogos disponíveis na creche. Esse é apenas um dos problemas destacados pelas mães da EEBAS. Vânia Barbosa, estudante de Fisioterapia, desistiu de colocar sua filha de quase dois anos na escola da UFPB. Além do atraso nas obras do berçário, Vânia alertou para outras questões que a fizeram repensar. “Minha filha foi selecionada, eu fiz a matrícula, comprei o material e quando cheguei na escola as obras estavam suspensas”, explicou a mãe, que decidiu previamente pela EEBAS pensando na proximidade com o local do seu curso. Para Vânia faltou comunicação, informação e compromisso com o edital de seleção de alunos. A explicação para o caso é que a coordenadora que assumiu a gestão da escola no início do ano deu iní-
Foto: Pollina Vilar
Os alunos têm sofrido com diversos problemas, um deles é a redução do quadro de professores
Com falta de professores, algumas turmas da Creche Escola da Universidade Federal da Paraíba não abrirão no próximo ano letivo cio às obras e abandonou a função. Logo, não havia pessoal suficiente para atuar em áreas educacionais e de enfermagem. Ficou o desafio para a nova coordenadora do EEBAS, Marlúcia Cabral, que encontrou estagnada uma gestão que não houve fim. SELEÇÃO Alguns critérios são levados em consideração no momento da seleção na creche, como, por exemplo, ser filho de estudante da UFPB, de funcionário ou de pessoas das comunidades circunvizinhas à insti-
tuição, que abrange Castelo Branco e Bancários. De acordo com Zilda Oliveira, assistente social da EEBAS, os pais da criança precisam dispor de documentos pessoais e, no momento da inscrição, devem também preencher um formulário para participar da seleção. A concorrência ocorre de igual para igual. O filho de estudante da UFPB irá concorrer com outra criança nessa mesma situação. Portanto, será analisado o vínculo com a UFPB, a renda, o número de filhos e, no caso de estudantes, também é observado quanto tempo o
graduando passa na instituição. No ano de 2015, foram em torno de 48 vagas disponíveis para turmas da educação infantil e ensino fundamental na creche. POTENCIALIDADES Embora a EEBAS esteja passando por uma renovação na coordenação, a escola já avançou em muitos aspectos. Hoje, de acordo com Ana Paula da Silva, membro do Conselho Deliberativo da EEBAS e participante da Comissão de Pais da escola, as potencialidades desse ambiente
escolar já são bem maiores. “A EEBAS, atualmente, está entregue ao Centro de Educação (CE). Portanto, existe um setor responsável pela escola e isso já é um avanço. Não tínhamos merenda, fogão, geladeira e bebedouro, e hoje já conseguimos”, disse Ana Paula. De acordo com o diretor do CE, Wilson Aragão, a Escola de Educação Básica ainda não é reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC) e, por isso, não recebe apoio financeiro. No entanto, recentemente, a reitoria doou cerca de R$ 250 mil reais para contribuir com o funcionamento da escola. O ensino é ainda o ponto crucial da EEBAS. “Ouvi falar muito bem do ensino daqui e por isso resolvi tentar colocar os meus filhos nessa escola. O mais velho está aqui há cinco anos”, conta Ana Paula. Para melhorar ainda mais o espaço, a direção está procurando fazer parcerias com os departamentos de Educação Física e Línguas, de modo a implantar ações e projetos para os alunos da creche.
Atrasos prejudicam hábitos da escola Aracely Coutinho Atrasos nas obras de reforma causados por troca de gestão e greve na Escola de Educação Básica (EEBAS) da UFPB dificultaram o início do ano letivo de alunos do Infantil II e III. A sala dos professores foi utilizada para que as aulas das crianças na faixa etária de três anos fossem mantidas à medida que as instalações eram concluídas, enquanto crianças de dois anos aguardaram até outubro para iniciar o ano escolar. Também por causa de atrasos, mas em relação ao pagamento dos fornecedores, os alunos da EEBAS ficaram cerca de três semanas sem a distribuição de alimentos líquidos na merenda, recebendo somente alimentos sólidos. Sendo necessário que os pais enviassem a bebida individual de seus filhos, enquanto a situação estava em processo de resolução. REFORMA A obra que hoje abriga salas do Infantil II e III constava no projeto que também acomodaria o Infantil I, porém essa turma não foi aberta em decorrência da falta de professores. Desta maneira, a coordenação junto com a assistência so-
cial decidiu que a turma será abolida no próximo ano, mesmo com a sala já estando pronta para receber as crianças de um ano de idade. Segundo a coordenadora da EEBAS, Marlúcia Cabral, o problema foi iniciado com a saída do prefeito da UFPB e do engenheiro que comandava a reforma. A situação se agravou ainda mais quando, uma semana depois, a ex-coordenadora entregou o cargo e a obra parou. Como solução, uma empresa veio de Recife para concluir a reforma. A reforma, de responsabilidade da prefeitura da UFPB, com conclusão inicialmente prevista para março, foi entregue em outubro junto com o fim da greve. Foi adiadas várias vezes entre a data preliminarmente calculada para a conclusão e a data da entrega de fato. Para que não haja mais prejuízo para os alunos matriculados no Infantil I, as crianças serão automaticamente matriculadas no Infantil II no próximo ano, com intenção de preservar a vaga desses alunos. MERENDA O pedido de compra da escola é integrado ao Restaurante Universitário (RU) e ao Hospital Universtário (HU), não sendo possível fazê-lo separadamente. O pregão pa-
ra resolver esse problema já foi feito e está em processo de tramitação. Os fornecedores de frutas e polpas de fruta não receberam pagamento e por isso deixaram de abastecer a Escola, zerando o estoque de frutas e sucos. Segundo a nutricionista Érika Nóbrega, ainda foram servidos alimentos líquidos por cerca de 15 dias após a greve, com base no estoque existente. Dois dias antes da suspenção dos líquidos, comunicados foram fixados na agenda dos alunos para que os responsáveis pudessem enviar esse complemento para os filhos dentro de uma proposta saudável de alimentação. “Nós estamos sem os líquidos, mas tenho 11 latões de margarina que vão vencer em janeiro. Consegui permutar com o Restaurante Universitário 240 kg de polpa de fruta”, disse a nutricionista. A entrega de gêneros alimentícios para a produção de suco foi normalizada no dia 10 de novembro. Com a intenção de informar os pais da volta da distribuição de suco, foi novamente fixado na agenda das crianças comunicados para que eles suspendessem qualquer envio de alimento para o lanche em virtude da volta da execução do serviço completo.
Foto: Polliana Vilar
Nutricionista, Érika Nóbrega, explica os motivos da suspensão dos alimentos líquidos
Campus
Falta de RU afeta alunos Restaurante Universitário provoca reclamações por precarização, ausência e suspensção nos campi Fotos: Polliana Vilar
Aracely Coutinho
A preocupação com a alimentação dos estudantes parece não ser prioridade para Universidade Federal da Paraíba. Os Restaurantes Universitários de vários campi enfrentam reclamações ao longo de anos. A precarização do serviço, as dificuldades no funcionamento e o descaso com a alimentação oferecida, são alguns dos problemas recorrentes e que assinalam a discussão acerca da privatização, bem como a reivindicação de melhorias. Segundo o superintendente dos Restaurantes Universitários (SRU), Antônio Luiz Gomes, “não existe privatização em nenhum restaurante”, explica. Ele ressalta que o que está ocorrendo é um processo de terceirização, no qual os mais de 40 fornecedores que existem ho- je através de pregão serão reduzidos a apenas uma empresa que fa- rá todo o serviço, desde a compra de alimentos ao preparo das refei- ções, distribuição e higienização - dos Restaurantes. CAMPUS IV - O RU de Rio Tinto fechou por - quase um mês por irregularidades no serviço de gêneros alimentío cios, mais especificamente hortifru- ti, provocado pelo atraso no repasse da verba destinada ao pagamento de fornecedores. A SRU declarou em nota que a suspensão da disl tribuição de refeições em Rio Tinto ocorreu devido a um fornecedor que alegava não estar receben- do pelo trabalho. O que não justifiá cava a interrupção do serviço tendo em vista que, de acordo com o con- trato, ainda estava dentro do prazo. - Desta maneira, a solução encon- trada pela Superintendência para a continuar alimentando os alunos s do campus IV é separar uma parte
Superintendente dos RUs, Antônio Luiz Gomes, garante que novas soluções serão colocadas em práticas para atender alunos afetados das refeições que chegam no campus I, permitido previamente em contrato, e levar para Rio Tinto. A medida será tomada enquanto não se regulariza os pagamentos e normalização de fornecimento através de um novo pregão. CAMPUS I O Restaurante do campus I (João Pessoa), em pleno funcionamento, tem capacidade para alimentar 2.200 pessoas. Porém, em razão da paralisação das obras do salão principal, o almoço é servido para em torno de 1.800 estudantes diariamente. A explicação da SRU para essa diminuição é a necessidade de toda uma estrutura de higienização do Restaurante. O Levante Popular da Juventude,
movimento social apartidário de ordem nacional, ocupou a reitoria antes da greve e, segundo Terezinha Oliveira, integrante da organização, “o objetivo da ocupação era aumentar o número de refeições, desburocratizar o processo de seleção, entre outras coisas que já naquela época eram pontos de reivindicação”, relata. Estudantes que frequentam o resaurante universitário no horário de almoço, são unânimes em suas reclamações. A maioria deles concorda ser um desrespeito as grandes filas enfrentadas e os desperdícios de comidas. A desorganização também foi colocada em pauta quando perguntado o principal problema. Este último, talvez, seja o grande desencadeador das outras
problemáticas mencionadas. CAMPUS V As instalações do campus de Mangabeira, inaugurado em 2013, não continha em seu projeto uma unidade do RU. De acordo com o aluno de Matemática Computacional, Alison Aldo, o problema da falta do RU acarreta para os alunos dos cursos de período integral, pouco espaço de tempo para se locomover para o outro campus a fim de receber a refeição e para isso ter que perder aula. Desta forma, o Superintendente Antônio Luiz garante que os alunos carentes ganharão bolsas para se alimentarem, enquanto outra forma de solucionar esse problema não é pensada.
Campus V cobra por mais atenção No início do período de 2015.1, alunos dos cursos de Eng. da Computação, Ciência da Computação e Matemática Computacional foram direcionados ao Campus construído no bairro de Mangabeira, que já vinha sendo utilizado desde 2013 por alunos do curso de Gastronomia e Eng. Sucroalcooleira. Embora novo, o local, segundo alunos e outros frequentadores, tem apresentado falhas que dificultam o processo de adaptação. Falta de segurança, déficit no transporte público, cantinas e copiadoras fechadas são algumas das reclamações feitas pela maior parte dos usuários do ambiente. O Centro de Tecnologia e Desenvolvimento Regional (CTDR), atualmente, abarca esses cinco cursos. Os alunos foram informados da possível transferência desde os primeiros períodos, no entanto, a confirmação de mudança só seria efetivada com o consentimento dos Centros Acadêmicos. Pensando nisso, professores e presidentes destas representações estudantis realizaram reuniões para discutir a viabilidade do processo, que teve maioria de votos favoráveis a causa, graças as propostas de melhorias.
Breves Concurso A UFPB realizará concurso para compor a equipe Técnico-Administrativa em quatro campi da instituição. O edital, publicado em outubro, conta com 156 vagas ofertadas para os níveis Superior, Intermediário e de Apoio. O piso salarial é de R$ 1.739,04 e a carga horária varia de 20 a 40 horas semanais. De acordo com a legislação, algumas vagas serão destinadas a cotas para afrodescendentes e portadores de necessidades especiais. O concurso será válido por dois anos, contando a partir da data de publicação da homologação do resultado final e as inscrições estão sendo realizadas através do site da organização do concurso.
Novo calendário
ESTRUTURA
Elisa Damante
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Foto: Ivone Beatriz
ra procurar a lanchonete mais próxima, valendo ressaltar que os cursos transferidos são de período integral. Muitos alunos dependiam da alimentação do Restaurante Universitário, com sede localizada no campus I, mas aqueles que estão com cadeiras fixas apenas no campus de Mangabeira estão encontrando dificuldades para se alimentar, tendo em vista a falta de um transporte de auxílio a esses estudantes. Um edital foi aberto em abril e PRAPE ainda não se posicionou.
Campus da Mangabeira não dispõe de elementos báscisos para os estudantes do Centro SEGURANÇA Apesar de funcionar a três anos, poucas foram as mudanças vistas pelos alunos. Para Janislley Oliveira, aluno do 6º período de Eng. da Computação, muito ainda precisa ser melhorado. Janislley relata que a escassez dos ônibus dificulta o traslado dos alunos, sem contar com a distância entre o ponto de ônibus e a entrada do campus. “Eles passam de uma em uma hora”. O lugar é rodeado de mata e localizado em uma rua sem calçamento, pouco movimentada e com iluminação precária. Não há porteiro e alguns alunos já foram alvos de
assaltos nas redondezas. O presidente do CA de Ciência da Computação, Cláudio Djohnnatha, afirma que as previsões para a melhoria da rua são praticamente “inexistentes” e ressalta a improbabilidade de um Posto Policial próximo ao local. “Falta demanda”, revela o presidente. ALIMENTAÇÃO Os alunos relatam que a única cantina existente no local foi fechada pela Vigilância Sanitária, o que dificulta a alimentação. Os que querem comer precisam levar de casa ou se arriscar a sair do local pa-
SOLUÇÕES De acordo com a coordenadora do curso de Eng. da Computação, Thaís Gaudêncio, a qualidade da estrutura para pesquisas é indiscutivelmente melhor, comparada a realidade dos cursos em questão, enquanto alojados no Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN), no Campus do Castelo Branco, mas acredita e concorda que ainda são necessários reparos básico. Para ela, aos poucos tudo pode será resolvido. “Os problemas rotineiros existem e são diariamente vencidos por um grande esforço dos terceirados, funcionários técnico administrativos, docentes e seus alunos que se mobilizam de todas as formas para criar soluções viáveis”, ressalta.
Após a greve, representantes do DCE juntamente a Pró Reitoria de Graduação (PRG), se reuniram na intenção de reformular o calendário desorganizado pelos quatro meses de paralisação. Foram ofertadas duas propostas pela PRG e uma pelo corpo do DCE e uma votação on-line foi realizada para a decisão. Com 42,7% a proposta número 1, sugerida pela PRG, foi eleita pelo corpo discente. De acordo com o calendário escolhido, o período de 2015.1 será finalizado no dia 16 de dezembro e o início do próximo período letivo terá andamento a partir do dia 1 de fevereiro de 2016.
Água contaminada Uma reunião, realizada no auditório do CCHLA pela ONG SOS Mata Atlântica juntamente ao movimento Ocupe Rio Gramame, discutiu através de testes, a qualidade da água oferecida para consumo nas dependências da Universidade. Os resultados obtidos mostraram que a água não passou nos testes de Nitrato, indicando uma provável contaminação por agrotóxico ou urina, e o de Fosfato, que se mostrou sensível a presença de detergentes e fertilizantes, além de baixa oxigenação. Professores do Centro de Educação estão contatando alunos de química do IFPB para fazer uma análise aprofundada dos poços que abastecem a Universidade afim de divulgar resultados mais concretos acerca da água fornecida na instituição.
4º CPJ O Centro Acadêmico de Jornalismo Vladimir Herzog promove a realização do IV Centro de Prática Jornalística (CPJ). Nesta edição, a parceria foi firmada com o Campus Festival 2015, que será realizado entre os dias 19 e 22 de novembro no Espaço Cultural José Lins do Rego. Serão disponibilizadas 8 vagas e os interessados deverão se inscrever para a seleção através do email contato@cajornalismoufpb.com. Os candiatos enviarão um release sobre o póprio evento e a divulgação do resultado será dada a partir das 16h do dia 18 de novembro.
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Campus
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Obras paralisadas geram protesto Alunos do Centro de Energias Alternativas e Renováveis precisam ocupar salas de outros centros para manter as aulas Tiago Bernardino Com 90% das obras prontas, o abandono na construção do prédio sede do Centro de Energias Alternativas e Renováveis causa prejuízo aos alunos e ao erário público. A obra iniciada em 2011 deveria ter o prazo de 570 dias para sua conclusão, foram feitas quatro adiamentos no contrato ampliando o prazo de entrega e os valores da obra. Por fim, devido a inércia da Prefeitura Universitária a obra recebeu o parecer da procuradoria da UFPB para ter o contrato suspenso. Cerca de 10 milhões já foram gastos com a obra e na compra dos equipamentos para os laboratórios que deveriam atender aos alunos de Engenharia Elétrica e Engenharia de Energias Renováveis, que atualmente estão sendo prejudicados pela falta dos equipamentos. Os alunos sofrem com a falta de salas de aulas, tendo que utilizar salas de outros centros e principalmente com a falta de laboratórios para a prática necessária de uma formação adequada. A estudante de Engenharia de Energias Renováveis, Carol Fernandes, afirma que todo início de período é uma confusão, vários horários são emitidos devido a indefinição das salas que terão aula. As obras paralisadas levaram os alunos a fazerem uma manifestação, com direito a uma caminhada do prédio do CEAR até a reito-
Foto: Tiago Bernardino
nem as licenças da Prefeitura de João Pessoa e nem dos órgãos ambientais para funcionar.
Para iniciar retomada das obras do CEAR, alunos realizam manifestação em caminhada à reitoria em busca de melhorias no centro ria, onde foram recebidos pela reitora, Margareth Diniz. A reunião que foi feita com representantes dos alunos, o diretor de centro, prefeito universitário e demais setores afetados pela obra. Na reunião foi explanado os problemas que levaram a paralisação da obra, e foi firmado o prazo de janeiro de 2016 para a retomada das obras, em uma ação conjunta entre o CEAR e a prefeitura universitária.
O professor Zaqueu Ernesto, diretor do CEAR, aponta que os principais atingidos pelo prédio não concluído são os alunos, pois os cursos foram feitos para terem metade de suas aulas teóricas e metade prática. Devido a falta dos laboratórios não é possível lecionar as aulas práticas. A obra atrasada acarreta outro problema, que é quanto a garantia dos equipamentos comprados para os laboratórios, que pos-
BIBLIOTECA
suem garantia de três anos, mas já foram comprados há dois. Marcelo Diniz, diretor do Setor de Obras da Prefeitura Universitária, afirma que as obras foram paralisadas devido a questões legais. Pareceres feitos pela Procuradoria da UFPB, apontaram para o fim do processo. Marcelo ainda afirma que o prédio do Centro de Energias Alternativas e Renováveis não possui licença do Corpo de Bombeiros, Foto: Ivone Beatriz
Alunos preferem setoriais Elisa Damante Joana Rosa Com 54 anos, a Biblioteca Central da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) conta com cerca de três milhões de livros em seu acervo. Grande parte dos alunos da instituição ainda estão presos apenas ao conceito da biblioteca como espaço físico, e por isso, desconhecem a totalidade dos serviços ofertados, incluindo plataformas digitais. Após a construção das 13 bibliotecas setoriais no campus I, os alunos têm migrado para seus departamentos, ficando restritos ao conhecimento que é disponibilizado apenas em sua área. Sentindo a falta de interesse dos alunos na hora de frequentar a biblioteca central, a responsável na organização, Suzy Ricardo, junto com funcionários, buscou incluir nos serviços novos métodos de estudos, adaptando o acervo de livros em plataformas on-line, para que os estudantes possam ter mais opções de acesso na hora de estudar. PLATAFORMAS DIGITAIS Atualmente a biblioteca central conta com um site exclusivo, além das páginas em redes sociais. Na plataforma de estudos, existem duas bases de livros digitais, em que o download de alguns livros é emprestado por tempo pré-determinado e outros podem ser adquiridos sem qualquer tipo de custo. O site traz treinamentos de como utilizar bases de livros e portais, contribuindo com a rapidez para o estudante que
36 OBRAS PARALISADAS O caso do CEAR é só mais um de muitos na UFPB, alguns sem a menor perspectiva de conclusão, como é o caso do Centro de Artes e Cultura, que está com a obra abandonada e não há sequer um prazo para sua conclusão. Ainda podemos citar como exemplos a reforma no Restaurante Universitário, o prédio do Programa de Pós-Graduação em Educação, a Residência Universitária, o Anexo do CCSA, entre outras tantas, espalhadas pelos quatros campus da UFPB. De acordo com Marcelo, nos 60 anos de existência da Universidade nunca foi retirada qualquer licença para as construções já concluídas e as em andamento, sendo este um dos empecilhos para o andamento das obras. Outro problema apontado é a falta de estrutura da instituição de lidar com tantas obras simultaneamente. No setor de obras existem apenas doze engenheiros em todo o setor para fazer os projetos, realizar as fiscalizações e cuidar da parte administrativa. “O número é insuficiente, pois seriam necessários 23 engenheiros”, aponta. Em concurso público cujo edital foi publicado recentemente foi aberto a vaga para engenheiro, porém, foram oferecidas duas vagas.
Leitura que liberta Três estudantes de jornalismo da UFPB arrecadaram 450 livros para doar à Penitenciária de Segurança Máxima Geraldo Beltrão. Através da campanha “É Urgente Educar”, a doação foi feita para a criação de uma biblioeteca na unidade. Com isso, foi possível a criação do projeto Remissão Pela Leitura.
Foto: Rayssa Melo
COMUNICAÇÃO
Curso de Jornalismo terá departamento específico Heloysa Andrade
Biblioteca Central apresenta plataformas que auxiliam nos estudos de alunos da UFPB busca maior agilidade no processo de leitura e aprendizado. FREQUÊNCIA DOS ALUNOS A estudante do quinto período do curso de Direito, Suênia Pereira, sobe todos os dias as escadas da biblioteca e procura o local mais afastado. Sua rotina é a mesma desde o início do curso, relatando que encontra no prédio o ambiente propício para se dedicar aos seus estudos. “Prefiro lá porque é reservado, gosto de me isolar na hora de estudar, e na biblioteca central existe esta possibilidade, diferente da biblioteca setorial do meu centro”, ressalta a aluna. Diferente de Suênia Pereira, Jobson Silva, aluno do segundo período de Turismo, nunca frequentou a biblioteca central e afirma que, quando precisa de algum livro para pesquisas, ele prefere buscar na internet. “Não sou muito de
frequentar a biblioteca por preferir a pesquisa on-line, encontro tudo que seja do meu interesse, sem restrições de horário e até mesmo sem sair de casa”, revela. BIBLIOTECAS SETORIAIS Suzy Ricardo acredita que os alunos ficam restritos ao conhecimento disponibilizado quando utilizam apenas a biblioteca setorial. “Tentamos mudar essa falta de interesse. Acredito que o formato de como as pessoas estão vindo para as Universidades é de pouca visão de pesquisa, sem aquela vontade de aprender além do que o professor está transmitindo em sala de aula. Isso limita.”, revela a responsável. Suênia Pereira ressalta que “a biblioteca central pode enriquecer o seu nível de conhecimento. Mas, a setorial tem o ponto positivo de que existem livros de Direito mais atualizados, o que não tem na central”, diz.
No período de greve o Departamento de Comunicação (DECOM) da UFPB foi dividido. Através de uma reunião com o conselho do centro e professores da graduação de Jornalismo, foi realizada uma votação para a criação do Departamento de Jornalismo (DEJOR). Alunos e representantes dos Centros Acadêmicos de Comunicação não foram informados sobre a reunião, desta forma, não tiveram direito a votar sobre a decisão. Após entrar para a votação, o DEJOR foi aprovado pelo conselho de centro e aguarda aprovação dos colegiados superiores, Conselho Universitário (CONSUNI) que avaliará questões administrativas e Conselho Superior de Ensino (CONSEPE) que verificará questões pedagógicas. O chefe do DECOM, Dinarte Varela, afirma que não foi intencional escolher o período da greve para a votação. “A votação não foi feita à surdina, pois es-
sa questão do projeto de criação do DEJOR começou no início de 2014 e quem estava em greve eram os professores, mas não os de funções administrativas, foi feito tudo claramente”, destaca. Ainda de acordo com Dinarte, o processo de criação do DEJOR é uma proposta que surgiu para reestruturação do departamento, que conta com quatro cursos: Jornalismo, Relações Públicas, Cinema e Rádio e TV.
CENTROS ACADÊMICOS Para o representante do Centro Acadêmico de Relações Públicas, Gabriel Aaron, a criação do DEJOR vai recair sobre a administração de seu curso. “Eu acredito que a criação irá apenas beneficiar a graduação de Jornalismo, até porque ao meu ver não existiu uma votação democrática”, ressalta. Já, os representantes dos Centros Acadêmicos de Cinema, Raphael Aragão, e Radio TV, Luiz Candoia, não concordam com a maneira que o DEJOR está sendo criado, mas acreditam que a decisão ajudará os também os outros cursos.
Educação
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Projeto desenvolvido por LAVID alcança reconhecimento nacional
e -
Com o objetivo de auxiliar a vida dos deficientes auditivos, pesquisadores e estudantes desemvolvem o Suíte VLibras
m a , Daiane Lima e - Segundo o senso do IBGE reaolizado no ano de 2010, existem dez -milhões de pessoas com algum nível -de surdez no Brasil. Os surdos en,frentam dificuldades todos os dias -em tarefas como estudar, se comuanicar ou ir a uma consulta médica. ,Elas tornam-se praticamente impos-síveis sem a ajuda de um intérprete. A educação é afetada com a falta 0de acessibilidade, falta tradução de econteúdos para a Língua Brasileira ade Sinais, popularmente conhecida scomo LIBRAS. Para facilitar a vida mdessas pessoas o VLibras foi criado. - O projeto Suite VLibras foi de-senvolvido com o objetivo de tra-duzir conteúdos digitais como tex-tos, áudios e vídeos para LIBRAS. sA ideia é trazer acessibilidade de sconteúdo aos surdos. Ele faz par-te de uma parceria entre o Labora-tório de Aplicações de Vídeo Digi-tal (LAVID), da Universidade Fe-deral da Paraíba e o Ministério do .Planejamento, Orçamento e Gesitão (MPOG), com apoio da Secreotaria de Direitos Humanos da Pre-sidência da República. Conta ainda com a colaboração do Laboratório de Sistemas Distribuídos (LSD), da Universidade Federal de Campina Grande, e da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). O trabalho teve início no ano passado e conta com a participação
Foto: Polliana Vilar
do Tamara, o VLibras proporciona autonomia para os deficientes que terão a opção de não utilizar um intérprete durante seus estudos.
REPERCUSSÃO NACIONAL O sistema de tradução teve destaque nacional no site do Ministério do Planejamento, e o Senador Romário Faria (PSB-RJ) ressaltou a importância do projeto em sua página numa rede social. Sites relacionados à comunidade surda e a mídia local também divulgaram o VLibras. O professor Tiago Maritan fala sobre a importância do reconhecimento. “É uma recompensa ver que o esforço que fazemos está sendo entregue à sociedade e está tendo reconhecimento. É gratificante fazer parte de Estudantes de Ciência da Computação auxilíam no desenvolvimento do programa Suíte VLIBRAS, produzido pelo Centro de Informática um projeto que tem a possibilidade de fazer uma transformação social, de 70 pessoas, entre pesquisadores e do em etapas. Primeiro, um apare- através de um sistema que agrega de melhorar a vida das pessoas”, diz. estudantes. A equipe é formada por lho reconhece e captura o movimen- todos os sinais e a conversão do Poralunos de Engenharia de Computa- to de sinais feitos por pessoas sur- tuguês para LIBRAS. VERSÕES ção, Ciência da Computação, Mídias das, depois uma equipe de animaO VLibras já se encontra dispoDigitais, Design, Letras Libras e Sis- ção refina o trabalho no computa- COLABORAÇÃO nível nas versões: Desktop, Plug-in temas da Informação. O coordena- dor, detalhando as configurações da Tamara Silva, uma das colabora- e para dispositivos móveis. Está predor do projeto e professor do Cen- mão e expressões faciais. “Nós rece- doras surdas, é estudante do 8° pe- vista para o ano que vem, a entrega tro de Informática, Tiago Maritan, bemos um vídeo de referência feito ríodo de Letras LIBRAS. Ela rela- do VLibras Vídeo, uma plataforma explica como o tradutor funciona na por pessoas surdas e os movimentos ta para esta reportagem, através de de tradução de vídeo onde as pesprática. “Um avatar traduz para lin- capturados no aparelho, a partir daí sinais, a importância de fazer par- soas poderão publicar seus vídeos e guagem de sinais textos seleciona- colocamos os movimentos no ava- te da iniciativa, destacando que es- vê-los traduzidos para LIBRAS. E o dos pelo usuário. É uma espécie de tar”, relata a estudante do quarto pe- se é um projeto único no país e que WikiLibras, plataforma colaborativa intérprete virtual para a pessoa sur- ríodo do curso de Mídias Digitais, fazer parte dele é muito importan- onde usuários surdos poderão adida”, diz o professor. Driely Andrade, uma das responsá- te. A oportunidade de participar, fa- cionar sinais, corrigir e construir de O processo de desenvolvimento veis pela parte de animação. Poste- zer pesquisas de sinais, aprender, é forma coletiva o dicionário da próda ferramenta é minucioso e dividi- riormente, há a adição da tradução um estímulo para ela. Ainda segun- pria plataforma.
DEBATE
Simulação discute diplomacia Jeane Pontes
No Segundo semestre do ano passado, estudantes do curso de Relações Internacionais, do campus I da UFPB, desenvolveram um projeto com o objetivo de promover a cultura de simulações diplomáticas, criando assim, momentos de vivência da profissão. o O MUN Club, como o projeoto é chamado, proporciona deba-tes no ambienuniversitáste orio e oportuniza eaos estudantes a eatuação, por um aperíodo, como oembaixadores, -chefes de estado sou diplomatas. Em negociações criadas com o intuito de aperofeiçoar os dis,centes no ofício Rda diplomacia. e -ATIVIDADES - As simulações promovem a oaprendizagem e debates sobre teomas variados, que abarcam desde a Assembleia Geral das Nações sUnidas até séries de TV, como por lexemplo, Games of Thrones. O ob,jetivo do MUN Club, segundo Haedassa Silveira, estudante do 5º pesríodo de Relações Internacionais e scolaboradora do projeto, é que “os integrantes discutam o tema e ao fi-
nal elaborem um projeto de resolução sobre as medidas que foram aprovadas pelo comitê na reunião”, explica. A graduanda relata ser notória a evolução dos alunos na forma como “expressam as suas opiniões, pensam em resoluções, assumem perspectivas diferentes sobre uma mesma temática e desenvolvem a capacidade de liderança e negociação”, finaliza. Bianca Cardoso, também aluna do curso de Relações Internacionais e colaboradora do projeto, assim como Silveira, diz ser imprescindível a experiência que vivencia com os colegas nesta iniciativa acadêmica: “O Mun Club permite um contato maior com outras realidades políticas e com outras culturas, além de desenvolver habilidades como a oratória”, conclui. Os encontros são realizados quinzenalmente, e podem participar das reuniões todos os universitários, independente de terem outra form ção, inclusive os estudantes do Ensino Médio. Aos interessados em tomar parte das discussões, precisam, apenas, se inscrever na página do Mun Club na rede social Facebook.
Ministro visita Centro de Informática Daiane Lima O Ministro das Comunicações, André Figueiredo, visitou o Centro de Informática (CI) da UFPB. Recebido pelo diretor do centro, Guido Lemos, o Ministro destacou as potencialidades do Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital (LAVID) e os projetos desenvolvidos para a TV digital. A visita ainda contou com a presença do assessor especial, Flavio Lenz, da assessora internacional, Vanderlene da Silva Rodrigues, e do chefe de Comunicação Social, Bruno Ribeiro. Foram apresentados ao Ministro, aplicativos de conteúdo digital que serão exibidos nas TVs de 14 milhões de beneficiários do Bolsa-Família, além do tradutor de português para Libras, VLibras, e as tecnologias de Cinema Digital e Cinema 4K, que captam e exibem imagens em resolução 4K, quatro vezes superior à TV Digital. Todos os projetos envolvem a parceria do LAVID com o Governo Federal. Por fim, o Ministro ressaltou a importância da UFPB no contexto digital. “Ter uma Instituição como essa [UFPB], no nordeste, é uma realidade que foi alcançada nos últimos anos. Por isso o avanço tecnológico continuará sendo uma prioridade da presidente Dilma Rousseff ”, relatou
As simulações promovem a aprendizagem e debates sobre temas variados.
Bianca Cardoso, estudante Relações Internacionais e participante do projeto Mun Club.
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Educação
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Docentes discutem sobre gênero a partir do debate em sala de aula A conversa se igualou em alguns pontos, no entanto, docentes dão importância difereciada ao abordar a temática Gabriela Figueirôa Após a realização em todo país, da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), a discussão sobre questões de gênero gerou debates calorosos entre os brasileiros. O Plano Nacional de Educação já havia proposto a sua discussão nos ensinos fundamentais e médios, mas a proposta tem sofrido resistências nos setores conservadores e as universidades acabam sendo a esperança para levar essa discussão, que é tão atual, adiante. Os cursos de graduação e pós-graduação, entretanto, tratam o assunto com um pouco de timidez. Mesmo sendo um espaço tão propicio para levar essa discussão aos alunos, nem todas as áreas e professores buscam discutir a temática mais a fundo. Na graduação encontramos professores trabalhando este conteúdo em sala de aula. Fora dela, a discussão acontece através de grupos de estudos. Por exemplo, a professora do curso de jornalismo, Margarete Almeida, orienta algumas alunas em um grupo de estudo sobre gênero e mídias, buscando desenvolver pesquisas relacionadas ao tema que acrescente algo na construção social da comunidade acadêmica. DIVERGÊNCIAS A forma e relevância do debate sobre questões de gênero são feitas de forma diferenciada por cada professor na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Há aqueles que não enxergam tanta importância do assunto enquan-
Foto: Ivone Beatriz
Foto: Rayssa Melo
A professora Glória Rabay relata a importância de debater a diversidade de gênero
Adriano Duarte, professor de Química, não vê necessidade do debate de gênero em sala
to pesquisa. E há aqueles que defendem a pertinência do debate, buscando sempre desconstruir paradigmas, preconceitos e desigualdades entre os sexos. A professora do curso de jornalismo, Gloria Rabay, acredita que o debate é urgente, já que segundo ela a sociedade brasileira tem um problema serio a ser discutido, pois metade de sua população é tratada de forma desigual pela outra metade. Ela ainda acrescenta que a única forma de transformar essa sociedade é por meio da educação, ressaltando o quanto é importante que todos os cursos tenham um espaço para discutir isso. “A desigualdade de gêneros não é um problema só das ciências humanas, ou das ciências sociais. É um problema que afeta todos os cida-
nero (NIPAM), que promove cursos de especialização, de extensão, projetos, debates e palestras relacionados a questões de gênero. Atualmente, o NIPAM está oferecendo dois cursos de especialização. Um deles é Gênero e Diversidade na Escola, que é voltado para professores de rede pública e privada. A ideia da especialização é formar professores e dar ferramentas para que eles possam combater a discriminação de gênero e raças dentro do âmbito escolar. O outro curso é o de Gestão de Políticas Públicas em Gêneros e Raças. É voltado para funcionários públicos e militantes da área, além de dirigentes de conselhos que trabalham com políticas públicas. A ideia deste curso é fazer com que essas pessoas re-
dãos”, explica. Já o coordenador do curso de Química Industrial, Adriano Duarte, não vê a necessidade de discutir sobre o tema. “Eu acredito que este papel de conscientizar os estudantes sobre as desigualdades de gêneros deve ser o papel da família, e não da sala de aula”, disse o professor. Contrariando a perspectiva do professor, o curso de Química Industrial, no entanto, oferece uma disciplina aos alunos que dá espaço para a discussão sobre essas questões. NIPAM Na comunidade acadêmica, o debate sobre gênero não fica restrito somente a sala de aula. Na UFPB, existe o Núcleo Interdisciplicar de Pesquisa e Ação sobre a Mulher e Relações de Sexo e Gê-
conheçam a discriminação de gênero e o racismo nas instituições públicas, além de propor politicas públicas que visem mudar este quadro social.
POLÊMICA No mês de outubro, mais uma vez a redação do ENEM voltou para o debate social. Dessa vez, o Ministério da Educação trouxe como proposta a violência contra a mulher e abordou em quesitos pontuais da prova as questões de gênero. Com isso, as redes sociais ganharam nova temática para debater, mostrando opiniões em defesa da luta feminista e outras de posição contraria ao tema abordado. A decisão do MEC em tornar viva a discussão mostrou que o assunto é mais real do que muitos estudantes imaginavam.
AUXÍLIO
Jogo aborda a violência contra as mulheres Vitória Nunes
O jogo virtual “Caixa de Pandora” foi criado para o enfrentamento do problema da violência contra a mulher. O foco está na capacitação dos profissionais de saúde. Desenvolvido pelo Programa de Pós-Graduação Modelos de Decisão em Saúde em conjunto com o Laboratório de Tecnologias para o Ensino Virtual e Estatística da UFPB, o jogo Caixa de Pandora é um software registrado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial e está disponível para download gratuitamente. Criado a partir do trabalho multidisciplinar das enfermeiras Luana Rodrigues de Almeida e Ana Tereza Medeiros, com a participação da Professora Liliane Machado do La-
bTEVE/UFPB. Estiveram também envolvidos Roberto gomes e o Estudante de música Igor de Tarso. A enfermeira e idealizadora do projeto, Luana Rodrigues, explica que percebia a dificuldade em lidar com os casos de violência contra a mulher pelos profissionais de saúde. Então, iniciou uma pesquisa qualitativa que buscava identificar quais eram esses problemas e consequentemente foi detectada a necessidade de capacitar e qualificar esses profissionais. Como medida, foi criado o jogo Caixa de Pandora que tomou caráter de ineditismo, pois tem uma abordagem totalmente focada na qualificação do profissional de saúde, no sentido de orientá-lo em relação a política de enfrentamento da violência contra a mulher.
A cada fase, os conceitos de gênero, direitos humanos e saúde são tratados de forma individual ou combinada
Foto: Rayssa Melo
dora. Que significa compreender a questão da violência contra a mulher como um problema social que impacta na vida e na saúde das mulheres que a sofrem.
Luana Rodrigues, responsável pelo desenvolvimento do projeto “Caixa de Pandora” O JOGO O jogo convida o jogador a refletir sobre o problema a partir da experiência de vida de Marta, uma mulher vítima da violência por seu companheiro que busca o serviço de saúde. O jogo é composto por 3 fases: a infância, vida adulta e a sua busca por atendimento em saúde. A cada fase, os conceitos de gênero, direitos humanos e saúde são
tratados de forma individual ou combinada, sendo que o comportamento e as reações do jogador, verificado pelas suas respostas, são monitorados utilizando-se a técnica de Psicometria. Assim, a partir de sua compreensão do problema, o jogador pode continuar o jogo ou ser convidado para reiniciar a sua tentativa de auxiliar Marta e abrir a Caixa de Pan-
RESULTADOS O jogo foi testado por 240 profissionais de unidades de saúde da família em João Pessoa. Entre eles, Médicos, enfermeiros, dentistas e técnicos de enfermagem. Logo apos, foi feita a avaliação acerca da aceitação do jogo, se ele tinha a potencialidade para mudar comportamento e se melhorou a aceitação do tema. Os resultados de avaliação foram positivos. Cerca de 99% dos profissionais gostaram da estratégia e da dinâmica ao tratar de um tema tão complexo como esse. O problema foi melhor reconhecido, fazendo com que o profissional enxergasse que era necessária uma intervenção. Que o problema não é só da mulher, mas também de saúde pública. A equipe pretende além de continuar pesquisando na perspectiva de ampliar o teste do jogo, trabalhar o Caixa de Pandora nas Redes sociais, fazendo uma abordagem voltada para o público jovem.
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Ciência da Computação avança e comemora 30 anos de história Além dos grandes avanços da graduação, o curso proporcionou grande crescimento profissional para a vida de estudantes Jailma Santos
Um grande curso de graduação deve proporcionar ricas experiências para seus alunos e contribuir com os conhecimentos necessários para uma carreira de sucesso. O curso de Ciência da Computação, do Centro de Informática da UFPB está completando 30 anos de história esse ano. Para celebrar o aniversário, foi preparado um evento especial entre os dias 16 e 20 de novembro no Centro de Informática. O curso, que ainda está em crescimento, recebeu nesse ano destaque como “Curso 5 Estrelas”, concedido pela editora Abril., uma indicação das melhores graduações das universidades no País. Possui inúmeros projetos de robótica, microeletrônica, redes e mídias digitais, que contribuem tanto para a -comunidade acadêmica como para a comunidade externa. Um dos -principais projetos que conta com a -presença do curso é o VLibras. (Ver reportagem na pág. 7) Em entrevista, o professor do Departamento de Ciências da aComputação, Hamilton Soares, um udos fundadores do curso, fala so,bre a evolução dos estudos. Segundo ele, o curso seguiu em desenvol-
Novas linguagens e novas metodologias estão à disposição dos estudantes. vimento paralelo ao avanço da tecnologia, porém os conceitos básicos fundamentais do curso permaneceram. As formas de acesso e os conhecimentos oferecidos por ele foram ampliados, novas linguagens e novas metodologias estão à disposição dos estudantes. Ícaro Magalhães, aluno do quinto período do curso falou sobre a importância dos estudos na área para a sua vida. “O curso me fez crescer porque eu tive a oportunidade de me encaixar em grandes projetos de níveis nacionais, desde o início, o que talvez eu não conseguisse em outro curso. É uma oportunidade de crescimento única”, ressaltou. Sobre as maiores vantagens proporcionadas para os estudantes desse curso, ele disse: “Sem
dúvidas, a sua amplitude no mercado e a possibilidade de trabalho de forma remota, atuar em uma empresa com sede em qualquer lugar do mundo sem sair de casa, é uma vantagem que poucos cursos oferecem”, disse. Matheus Cordeiro, do sétimo período, é também aluno do curso de Ciências da Computação e, através dele, teve a oportunidade de participar do Programa Ciências Sem Fronteiras, desenvolvido pelo Governo Federal. Ele estudou por dez meses na Universidade da Coruña, na Espanha, e relata que a experiência proporcionada pelo curso o fez crescer tanto pessoalmente como profissionalmente. Os estudantes reconhecem os desafios futuros em suas carreiras, mas afirmam estarem melhor preparados para a vida profissional. EVENTO O Centro de Informática preparou uma festa que incluiu palestras e homenagens para inaugurar as novas instalações da sua sede, no campus de Mangabeira e para celebrar os 30 anos do curso de Ciência da Computação. A programação iniciou-se no dia 16 de novembro e foi até o dia 20 do mesmo mês. A
sTECNOLOGIA e s e e -
Fórum Global incentiva participação estudantil Heloysa Andrade Júlia Brito
Na segunda semana de novembro, entre os dias 10 e 13, o Centro de Convenções Poeta Ronaldo Cunha Lima em João Pessoa, sediou o Fórum de Governança da -Internet (IGF). O fórum foi criado epela Organização das Nações Uni-das (ONU) em 2006 para promover debates sobre temas e políticas públicas relativas à internet. O evento acontece anualmente, sendo es-te o segundo ano no Brasil e o pri-meiro no Nordeste. O tema prin,cipal do IGF 2015 foi ‘Evolução da eGovernança da Internet: Capacitar ,o Desenvolvimento Sustentável’, e -contou com oito subtemas: Ciber-segurança e Confiança, Economia oda Internet, Inclusão e Diversidade, Abertura de Acesso, Reforçando a Cooperação Multissetorial, Inter-net e os Direitos Humanos, Recursos Críticos da Internet e Questões aEmergentes. oPARTICIPAÇÃO A participação dos alunos no .evento foi dada por meios alterna,tivos, devido à falta de informação e incentivo prévio da Universidade pa-ra realização das inscrições. Estudantes do Centro de Informática (CI) da UFPB participaram do evento através ,de contratação por empresas terceiri-zadas ou voluntariado. Daniel Lyra, aluno do sétimo pe-
Foto: Ivone Beatriz
O estudante de engenharia, Daniel Lyra, fala sobre o conhecimento adquirido no evento. ríodo de Engenharia da Computação, que participou prestando serviços, elogia a organização e estruturação do evento. Fala também sobre a função exercida e o seu aprendizado com a experiência. “Aqui eu apliquei conhecimentos adquiridos pelo curso, mas também aprendi na prática ações administrativas, como por exemplo lidar da melhor forma com as crises”, disse. DIVULGAÇÃO De acordo com a jornalista da TV UFPB e pesquisadora do Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital (LAVID), Madrilena Feitosa, , alguns estudantes do laboratório digital participaram do evento como voluntários. De acordo com ela, houve ampla divulgação sobre
o Fórum nas redes sociais. O aluno do quarto período do curso de Engenharia da Computação, Gabriel Gonçalves, que não chegou a participar do evento, comentou sobre a divulgação na página do Centro de Informática. “A primeira divulgação foi o anúncio de João Pessoa como sede do evento e a outra foi em busca de voluntários. No período em que as postagens foram divulgadas, as páginas ainda estavam em construção e impossibilitava a visibilidade. Muitos alunos não ficaram sabendo”, afirma. A coordenadora do curso de Engenharia da Computação, Thaís Gaudêncio, acredita que o problema referente a divulgação se deve ao teor do evento: mais governamental do que acadêmico.
Foto: Polliana Vilar
O aluno Ícaro Magalhães fala sobre suas experiências de aprendizado durante o curso. comissão organizadora da programação comemorativa foi presidida pela professora do Departamento de Informática, Thais Gaudêncio. Foram homenageados diversas personalidade de grande importância para a trajetória do curso e houve também a entrega de certificados para professores e funcionários em reconhecimento aos relevantes serviços prestados ao centro. A programação também contemplou
palestras com o atual diretor do CI, Guido Lemos, e o professor Raimundo Nóbrega, um dos fundadores do curso. Durante toda a semana houvd palestras com representantes das empresas parceiras. Toda a programação foi aberta ao público e também contou com projeção de filmes, apresentação de grupos musicais, grafitagem, minicursos, feira de ciências, Game Day e calourada.
TELINHA
TV UFPB organiza volta do Programa Furdunço Elidiane Ferreira O Furdunço é um programa de televisão produzido por alunos dos cursos de Rádio e TV e Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba. O programa iniciou em 2007 e foi até o primeiro semestre de 2009, contando com mais de 60 edições. Passou um período sem ir ao ar, mas voltou cheio de novidades e com grande expectativa para a reestreia. O edital foi divulgado e os alunos interessados em participar do projeto puderam se inscrever no site do programa até 28 de outubro. A data de reestreia ainda não está confirmada, pois os idealizadores ainda se encontram no processo de entrevistas com os inscritos. O Furdunço foi um programa de grande sucesso e agora está de volta, é uma forma diferente e dinâmica de retratar a realidade e a diversidade cultural do Estado, apresentado seus artistas e personagens. É um programa totalmente voltado para a divulgação local como a dança, teatro, música entre outros. Produzido inteiramente por alunos, oferecendo a eles a oportunidade de lidar com a prática do curso. O projeto é uma oportunidade a mais para os alunos adquirirem experiência, como afirma o professor David Fernandes. “Eu diria que foi uma oficina importante na carreira deles. A quase totali-
dade foi absorvida pelo mercado. O programa foi uma excelente referência para o mercado. O pessoal saiu preparado para exercer qualquer atividade na área. Da produção à exibição”. ORIGEM “O programa surgiu inicialmente com o nome Fuzuê, durante a aula de Introdução à Comunicação ministrada pelo professor David Fernandes. Após uma edição do programa, decidimos formatá-lo para o Furdunço e levar o programa adiante”, afirma Pollyana Sorrentino, que atuou como diretora geral e repórter. A primeira exibição foi realizada em março de 2007 durante a festa de lançamento, realizada em um restaurante regional da praia de Tambaú. Era dividido em três blocos de 8 minutos, o primeiro geralmente apresentava variedades que envolvia a gastronomia regional, o segundo uma entrevista e o terceiro a apresentação de uma banda. “O programa permaneceu no ar durante dois anos sendo exibido em João Pessoa pela TV UFPB canal 22 atingindo, no período, cerca de 60.000 assinantes da NET e interior de São Paulo (TV Focus). Mesmo com todas as dificuldades e limitações, acredito que realizamos um bom trabalho e hoje colhemos os frutos”, afirma Giordani Matias que atuou como roteirista, repórter e repórter/apresentador.
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Política
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
Crise econômica alcança UFPB Governo Federal faz contingenciamentos de 50% das verbas de capital e de 10% das verbas de custeio das universidades Felipe Nunes A crise econômica que atormenta o país tem se refletido negativamente nos serviços oferecidos pelo Estado à população. Só em 2015, calcula-se um rombo de R$ 110 bilhões nas contas públicas e um encolhimento de 3% do Produto Interno Bruto (PIB), a maior retração em 25 anos. Para 2016, em decorrência da crise, o governo apresentou ao Congresso Nacional o primeiro orçamento deficitário da história. Em meio aos números negativos, o ajuste fiscal é um remédio amargo que visa o equilíbrio das contas públicas, e os contingenciamentos orçamentários atingem diretamente a Educação. Em 2015, os cortes na área já superam R$ 9,4 bilhões. A Universidade Federal da Paraíba (UFPB), portanto, sofre com os efeitos dessa crise. O governo federal fez um contingenciamento de 10% nas verbas destinadas ao custeio das universidades federais (recursos utilizadas para pagamento de despesas como contas de água e luz, por exemplo) e de 50% nos recursos de capital, verbas destinadas, por exemplo, para obras e compra de equipamentos. O contingenciamento também afetou o Programa de Apoio à Pós-Graduação (PROAP), que perdeu 75% dos recursos, e o Programa de Excelência Acadêmica (PROEX), que perdeu cerca de 30% dos recursos. “Além da crise orçamentária, tem a crise financeira, não está vindo repasse para pagar as contas básicas de água, luz, telefone e limpeza; não está chegando recursos suficientes”, informou Leocádia Felício, coordenadora de orçamento da UFPB.
Fotos: Ivone Beatriz
Coordenadora de orçamento, Leocádia Felício explica quais são os efeitos da crise econômica na Universidade Federal da Paraíba AJUSTE Leocádia explicou que a UFPB está fazendo um esforço grande para manter a execução das atividades básicas. “A reitoria priorizou os terceirizados e as bolsas dos estudantes, porque a atividade fim é o estudante, e trabalhamos para não faltar nada, material, combustível e outras coisas mais”, disse. De acordo com Leocádia, em meio ao arrocho, o PROEX também é uma prioridade da universidade. “A reitoria optou em contemplar, na integridade, os projetos do PROEX e reduzir as despesas da administração central”, ponderou.
SOLUÇÕES
No intuito de discutir questões, como o planejamento orçamentário e demais problemas comuns que afligem a universidade foi criado o Fórum de Diretores dos Centros de Ensino da UFPB. A iniciativa surgiu da conversa de quatro professores que se reuniam após o Conselho Superior Universitário e perceberam que muitas questões que afligem os centros são comuns a todos. A partir de então foram feitas reuniões ampliadas até que no fim de outubro foi institucionalizado como um fórum permanente para debates políticos. Buscando identificar e discutir soluções para os diversos assuntos inerentes ao funcionamento dos centros de ensino e da universidade, o fórum criou uma lista de pautas a serem debatidas. A professora Angeluce Soares, Diretora do Centro de Ciências Aplicadas e Educação (CCAE) Campus IV, assevera que “o Fórum surgiu da necessidade que nós diretores de Centro sentimos da necessidade de dialogar sobre os problemas comuns, e assim podermos, também, encontrar soluções comuns, que possam beneficiar a todos”. Quando o Fórum foi criado, a
A coordenadora de orçamento disse ainda que, dos 50% de recursos de capital disponibilizados para a Universidade Federal da Paraíba neste ano, 42% já foram utilizados. Apesar do ajuste fiscal traçado pela reitoria da UFPB para amenizar os efeitos do contingenciamento feito pelo governo, não é possível manter todas as atividades funcionando normalmente. “Talvez a crise esteja mais refletida no acesso ao material de expediente para os professores, em equipamentos que não foram comprados por causa do contingenciamento muito alto”, analisou Leocádia Felício.
PÓS-GRADUAÇÃO O pró-reitor de pós-graduação, Isaac Medeiros, confirmou que houve contingenciamento de 75% nos recursos destinados ao PROAP. Segundo ele, a verba é descentralizada da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (CAPES) para as instituições e é específica para os programas de pós-graduação. Para amenizar os efeitos desse contingenciamento, a UFPB alocou recursos próprios para que os cursos de pós-graduação não fossem prejudicados. “A CAPES deu 25% dos recursos do PROAP e a universidade cobriu 25%”, explicou.
REPERCUSSÃO Sobre os impactos da crise econômica e do ajuste fiscal na UFPB, Angeluce Soares, que é vice-coordenadora do Fórum dos Diretores dos Centros de Ensino, diz que os cortes impediram a compra de novos equipamentos. “Não só alunos e professores sentem o efeito da crise, mas também os técnicos, porque a gente não tem as condições ideais pra trabalhar”, pontuou. “Quando ingressei na universidade, percebi o sucateamento sobre o qual tantos falavam. Muitas vezes não temos as condições mínimas para a concentração do aluno, e com cortes como esses sendo feitos, como ficaremos?”, questiona a aluna Irinalda Bezerra, do 8º período do curso de pedagogia. Ela deixa no ar a pergunta que a comunidade acadêmica e a população brasileira fazem ao governo federal diante do cenário que obscurece o presente e o futuro do ensino público no país. A própria estudante responde qual é o caminho a ser seguido, baseando-se em seus ideais: “Isso dificilmente acontecerá por vontade política. Por isso, precisamos acreditar e lutar. Eu me sinto no dever de acreditar nessa mudança e de alertar as pessoas para que elas participem ativamente da política”, pontua Irinalda Bezerra.
REFLEXÃO
Professores criam Fórum para discutir problemas Tiago Bernardino
O pró-reitor entende o momento crítico da economia brasileira, mas não concorda com o tamanho do contingenciamento feito no MEC. Segundo ele, o investimento em educação deve ser uma estratégia de Estado. “Independentemente do governo, essa ação [investimento em educação] tem que ser aprimorada, uma ação contínua”, opinou.
ideia era de que as reuniões mensais, contudo, devido a grande urgência dos temas a serem tratados os encontros estão sendo semanais. A professora Mônica Nóbrega, diretora do CCHLA e coordenadora do fórum cita que entre as pautas a serem tratadas, estão as questões relativas às obras paralisadas, o planejamento e execução do orçamento, as questões de segurança, entre outros temas. A professora Mônica aponta que a UFPB está passando por um sério problema de gestão, e que a falta de um diálogo mais amplo com a comunidade acadêmica, “muitas das questões que a gente vem discutindo elas se potencializaram por falta de uma gestão mais participativa” reafirma. Dos problemas enfrentados, Angeluce aponta que um dos gargalos são as obras inacabadas. “Não conseguimos resolver nenhum problema das nossas obras, entendemos que essas obras foram projetadas com problemas, mas, também entendemos que o prazo de três anos é um prazo suficiente para resolver o problema de um projeto original”, acrescenta. O fórum surge da falta de diálogo e transparência, gerando debates com a comunidade acadêmica. sidade. . Toda forma de democratizar é plausível e deve ser incentivado.
Eficácia da greve gera debate na universidade Jeane Pontes
Após a realização de inúmeras assembleias, longos debates e a apresentação de inúmeras propostas enviadas ao Governo Federal, os servidores administrativos e professores votaram pelo fim da greve na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), paralisação que durou aproximadamente quatro meses, e que tinha uma pauta clara: aumento salarial e críticas ao ajuste fiscal proposto pelo governo federal, que atinge o Ministério da Educação. O movimento chegou ao fim sem que essa pauta fosse atendida em sua plenitude. Então, uma nova questão passou a ser discutida: a greve ainda é um instrumento viável de reivindicação? O tema é debatido sob diferentes aspectos. A estudante de psicologia Larissa Oliveira relata o desapontamento com a suspensão das aulas e com a falta de resultados no pós-greve. “É a segunda greve que eu enfrento em uma graduação e não resolveu nada” disse. “Foi uma quebra muito grande no período”, concluiu a estudante. Zulmira Nóbrega, professora e coordenadora do curso de Jornalismo, acredita que o número de greves ao longo dos anos debilitou a educação pública,
Foto: Rayssa Melo
Jaldes Meneses, presidente da ADUFPB mas ela dá razão ao professores que optam por este instrumento de luta. “Temos que entender que greve na educação é a pior coisa que se pode ter. Se faz greve na educação, você mata o futuro. O professor não faz greve porque quer, é uma condição a que ele é levado. Isso muitas vezes acaba fortalecendo as faculdades privadas” acredita. Para Damião de Lima, professor do departamento de História da UFPB, é preciso repensar a metodologia aplicada na greve. “Esse modelo de movimento está esvaziando a universidade publica.
Nós precisamos reavivar o ensino publico, agora a gente faz isso primeiro se comprometendo, dando aula, mostrando que nós somos importantes, e é hora de fazermos isso enquanto nós somos referencia”, declara Damião.
RESULTADOS Segundo o presidente da ADUFPB, Jaldes Meneses, a greve de 2015 teve uma conquista pouco significativa. “A greve conquistou pouco, um aumento de 10,8 % e mais aumento no vale transporte, vale refeição. Mas nós não assinamos acordo com o governo, a luta continua”, revela o professor. Por sua vez, Marizete Figueiredo, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior (SINTESPB) avalia que a conquista de algumas das pautas apresentadas pelos servidores é muito significativa. “Em uma pauta com inúmeros itens, nós conseguimos algumas conquistas, e para mim isso é uma vitória”, disse. Sobre a articulação de uma nova greve para a retomada da luta dos professores, Jaldes Meneses afirma que no momento não há possibilidade nenhuma dela ocorrer, mas não descarta uma paralisação em 2016. Na mesma direção, a FASUBRA afirma que continua estudando a pauta dos técnicos-servidores.
Política
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Inicia campanha rumo à reitoria Há um ano das eleições, candidatos da oposição apresentam propostas, enquanto Margareth comemora três anos de gestão Tiago Bernardino A disputa pela Reitoria da UFPB deve começar oficialmente apenas no próximo ano, contudo, dois professores já se lançaram pré-candidatos apresentando as diretrizes de propostas através das campanhas que levarão ao debate público. Os dois docentes que se lançaram pré-candidatos foram Luiz de Sousa Junior, professor de pedagogia no Centro de Educação e professor Valdiney Veloso Gouveia, de psicologia no CCHLA, ambos com um discurso de oposição à atual reitora e natural candidata a reeleição, professora Margareth Diniz. O professor Luiz de Sousa Junior, mais conhecido na UFPB como professor Junior, justifica que a sua pré-candidatura surgiu após ser procurado por alguns estudantes, professores e técnicos que afirmaram que “a universidade está se deteriorando e que se faz necessário a construção de um projeto com base no diálogo entre os diversos setores que compõe a Universidade”, disse. Para o professor Junior há hoje um grande problema com a gestão da Universidade, pois há diversas necessidades para serem resolvidas, como melhoria na assistência estudantil, a exemplo, os problemas recentes com o Restaurante Universitário e com as bolsas da Residência Universitária. Nesse âmbito ele afirma que há pela frente um grande desafio a enfrentar, que é como promover a ampliação e melhoria da universidade com a redução do orçamento previsto já para esse ano. Ele cita que é até compli-
Foto: Tiagp Bernardino
No próximo ano, a disputa pela reitoria terá início oficial e os três candidatos para a nova gestão já expõem suas propostas para UFPB cado para o reitor ir reclamar junto ao MEC a redução do orçamento, já que no ano passado estima-se que deixaram de ser gastos cerca de R$ 48 milhões do que estava previsto para a UFPB. Conclui, o professor Junior que “o grande desafio para UFPB é melhorar o desempenho acadêmico com democracia”, deixando claro, portanto, que o diálogo é a marca de sua pré-campanha uma vez que se eleito, assegura ele, será a marca de sua gestão. O outro pré-candidato a sucessão
da atual reitora da UFPB, Margareth Diniz, é o professor Valdiney Veloso Gouveia, que afirma ter sempre ficado a parte das disputas internas da universidade. Contudo, ele ressalva que há algum tempo vê a necessidade de contribuir mais diretamente com a instituição, e vê a possibilidade de participar desse pleito como uma forma de apresentar suas ideias e propostas para uma reestruturação da universidade. “Não só reestruturação administrativa como acadêmica”, ressalta.
Valdiney explica que pretende “apresentar propostas para melhorar a universidade, incentivar a produção acadêmica, ampliar as bolsas, não só com os recursos própios, mas também com parceria das empresas privadas”, acrescenta. Apontando que a reestruturação da UFPB é um ponto crucial e necessário para fazer com que a Instituição volte a ser competitiva, volte a se destacar em nível regional, nacional e internacional. Ele reforça que essas me-
lhorias só serão possíveis com um plano de reestruturação. A reitora professora Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz, candidata natural a reeleição, completa este mês, três anos a frente da reitoria da UFPB e faz um balanço que neste período a Universidade cresceu muito qualitativamente, “no reitorado anterior a universidade cresceu muito quantitativamente, saímos de 50 cursos para mais de 100, e em nosso reitorado buscamos uma reciprocidade qualitativa da nossa universidade”, afirma. A professora Margareth aponta que os dados referentes a sua gestão em comparação com o que foi feito nas gestões anteriores serão apresentados a comunidade acadêmica, assim como as propostas que defende para um próximo reitorado. E aponta os esforços feitos pela instituição em ampliar o número de bolsa para pesquisa e extensão, como uma forma de incentivar não só o tripé que dá sustentação a Universidade – ensino, pesquisa e extensão – como, também, uma forma de combater a evasão escolar. “O aluno que precisa trabalhar para se manter e também estudar, ele vai dar prioridade ao trabalho, e queremos encontrar uma maneira de mantê-lo aqui com uma bolsa, uma assistência estudantil qualificada”, acrescentou a reitora. De acordo com a professora, um dos maiores desafios para a instituição e seu gestor será como “fazer mais com menos”, pois com o atual corte nos gastos com a educação será um grave problema a ser gerido pelo próximo reitor da instituição.
POLÊMICA
PEC da pós-graduação repercute na UFPB Felipe Nunes e Tiago Bernardino
A Proposta de Emenda à Constituição nº 395/2014, que permite às universidades públicas cobrarem por cursos de pós-graduação latu sensu, mobilizou a opinião pública em torno dos limites entre -o público e o privado no ensino sueperior brasileiro. O texto base da -PEC, de autoria do deputado Alex -Canziani (PTB/PR), foi aprovado sem primeiro turno na Câmara dos deputados e contou com 318 votos a favor e 129 contra. Os destaques apresentados pelos parlamentares ainda serão votados. Por se tratar de emenda à Constituição Federal, a proposta será apreciada mais uma ovez pelo plenário da Casa antes de -ser enviada para votação, também -em dois turnos, no Senado Federal. - A polêmica gira em torno da -mudança que a PEC pretende fa-zer no artigo 206 da Constituição -Federal para dizer que a “gratuida-de do ensino público em estabele-cimentos oficiais” não se aplica aos -cursos de extensão, pós-graduação e mestrado profissional. e Quem defende a ideia diz que as universidades terão autonomia pa-ra cobrar mensalidades de estudan-tes que podem pagar pelo curso, -elevando receitas e possibilitando a acriação de novas vagas para quem -precisa do ensino gratuito. Os grupos contrários à proposta apontam -que ela fere o princípio da educação pública e é uma porta aberta
Foto: Rayssa Melo
verno federal após longas greves. “A proposta não tira um centavo da educação. Se não tira um centavo, não diminui a oferta de vagas que é gratuita hoje. A universidade está com a corda no pescoço e precisa de uma alternativa”, explicou.
Isaac Medeiros, pró-reitor da PRPG, se diz contrário à PEC da pós-graduação para a total privatização do sistema de educação superior do país. Seguindo a tendência que levou à aprovação do projeto, a maioria dos deputados federais paraibanos votou a favor da PEC. Efraim Filho (DEM), Hugo Motta (PMDB), Aguinaldo Ribeiro (PP), Wellington Roberto (PR), Pedro Cunha Lima (PSDB), Wilson Filho (PTB) e Benjamim Maranhão (SD) disseram sim ao projeto. Os deputados Rômulo Gouveia (PSD) e Veneziano Vital do Rego (PMDB) contrariaram os posicionamentos dos partidos aos quais pertencem e votaram contra a PEC. Os partidos de Luiz Couto (PT) e Damião Felicia-
no (PTB) liberaram as bancadas, mas ambos os deputados votaram contra a medida. Para o deputado Veneziano Vital do Rego (PMDB), a aprovação da PEC pode significar um precedente para cobranças em outras etapas do ensino. “A matéria não é simples e precisa ser mais debatida por todo o colegiado. A medida contraria os princípios de educação pública, universal e de qualidade”, acredita o parlamentar. Pedro Cunha Lima (PSDB) disse que a PEC não exclui a gratuidade do ensino, mas dá autonomia às universidades, inclusive àquelas que só conseguem atenção do go-
REPERCUSSÃO Na UFPB, o tema é debatido entre estudantes e professores. O pró-reitor de Pós-Graduação Isaac Medeiros é contrário à PEC porque, segundo ele, esse modelo proposto pelo projeto é um caminho perigoso, que pode desestruturar o sistema nacional de pós-graduação. “Isso pode levar instituições a fomentar esse tipo de pós-graduação, já que terão recursos próprios pra custeio, mas eu não sou favorável”, ponderou. Isaac rebateu a ideia de que os cursos ganhariam mais qualidade por causa dos recursos pagos pelos alunos. “Vai abrir a possibilidade futura de que [outros] cursos também sejam pagos, e aí nós vamos entrar num processo perigoso que é, inclusive, a cobrança da própria graduação”, explicou. Alex Soares, aluno do 7º período de graduação, acredita que o projeto pode restringir ainda mais o acesso de pessoas mais pobres ao ensino superior. “Só é olhar para a questão econômica e social do nosso país, nem todo mundo tem acesso à universidade particular ou ao ensino superior gratuito”, pontuou. Para Maria Cristina, professora
ligada ao Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, o problema da PEC reside no fato de que ela altera a constituição e, assim, abre brechas para a privatização do ensino superior. “Isso pode ser regulamentado, mas não com alteração na constituição. Quando você modifica [a constituição], abre margem para a privatização, dos cursos inclusive da graduação”, argumentou. Sobre a possibilidade de melhorias dos cursos de pós-graduação como consequência da arrecadação de mais recursos, Maria Cristina enfatiza que a população já paga impostos demais, e isso, aliada à boa gestão dos recursos públicos, seria suficiente para garantir educação de qualidade em todos os níveis da educação. “Eles têm razão quando dizem que a pec permite mais autonomia, mas a gente já paga impostos, então a questão aqui é fiscalização”, disse. Sobre as greves e os problemas estruturais enfrentados pelas universidades federais no Brasil, ela defende a valorização dos professores e também mais eficiência política. “Eu acho que o problema maior do país é a corrupção. Não precisaria haver greves se as leis em geral fossem obedecidas, concluiu. Professores e alunos se assemalham em suas opiniões, tendo em vista que para eles a decisão de pagamento dos cursos de pós-graduação não favorecerá a comunidade acadêmica, sabendo que a maioria dos alunos não poderão custear.
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Saúde
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
Curso de Fonoaudiologia obtém reconhecimento em dois projetos Com a ajuda de alunos e professores, o curso de fonoaudiologia da UFPB conquista cinco prêmios durante evento internacional Vitória Nunes
mestrado, que também venceu em uma das categorias relembra a conquista. “É uma sensação maravilhosa ter um curso tão premiado, visto que sou da primeira turma do curso de Fonoaudiologia da UFPB e pude acompanhar todo o processo de crescimento do curso, além de que é gratificante continuar a ter uma relação promissora com a instituição após formado”, afirma.
O curso de Fonoaudiologia da UFPB foi premiado cinco vezes durante o 23º Congresso Brasileiro e 9º Congresso Internacional de Fonoaudiologia que aconteceram simultaneamente em Salvador, de 14 a 16 de outubro. O curso conquistou o 1º lugar no prêmio “Melhor Campanha da Voz de 2015”, 1º lugar no prêmio “Melhor Campanha de linguagem de 2015”, 2º lugar CAMPANHAS no prêmio “MeO 1º lugar no lhor Campanha prêmio “Mede Motricidalhor Campanha de Orofacial de de linguagem de 2015”, e também 2015”, coordepremiado na canado pela protegoria Excelênfessora Hertha cia FonoaudioAlbuquerque, lógica e ganhou trabalhou a temenção honrosa mática da GaProfessora Hertha em estudo ciengueira. A I Setífico. mana de AtenAlbuquerque A participação a Gagueição e o esforço ra da UFPB teve dos alunos no como principal desenvolvimenobjetivo proporto dos projetos cionar o conhetraz uma grande satisfação. Segun- cimento sobre a patologia para toda do Hertha Alburquerque, coorde- população em geral, por isso foi dinadora do projeto vencedor no prê- vulgado nas mídias sociais e em vámio Melhor Campanha de lingua- rios meios de comunicação da regem de 2015 o empenho dos alunos gião de João Pessoa, proporcionané imporante. “A grande participa- do a prevenção a nível de escola e ção dos alunos traz muita satisfação também convidando as pessoas que para nós, pois realmente enxerga- gaguejam para o acompanhamento mos o empenho em participar e is- na Clínica escola de Fonoaudioloso dá uma sensação muito prazero- gia da UFPB. sa para qualquer professor”, afirma. O 2º lugar na Campanha “Ações Ivonaldo Lima, estudante deo- em Motricidade Orofacial”, intitula-
Foto:Rayssa Mello
A grande participação dos alunos traz muita satisfação para nós
Professora Hertha Albuquerque , coordenadora do projeto da gagueira, vencedor no prêmio melhor campanha de linguagem de 2015 do Campanha de fortalecimento do teste da linguinha na rede de atenção à saúde de Juripiranga/PB foi realizado por Ivonaldo Lima e Rafael Bandeira, onde desenvolveram algumas ações no intuito de fortalecer a realização do teste nos bebês que moram na cidade e, consequentemewnte, identificar as crianças com alterações no frênulo e tomar as devidas providências. DESAFIOS Segundo Hertha, dentro da área de Fonoaudiologia o apoio veio com o Conselho regional e o Insti-
tuto brasileiro de fluência. Porém, a maior dificuldade para a realização da campanha foi em termos de patrocínio, que não permitiu a Campanha ir mais além. Já Ivonaldo Lima, segundo lugar na Campanha “Ações em Motricidade Orofacial”, diz que não enfrentou muitos desafios, visto que teve todo o apoio da UFPB e da prefeitura do Município de Juripiranga para a realização da ação. Segundo ele, o principal desafio enfrentado foi no dia em que as avaliações foram realizadas, pois atenderam uma quantidade de crianças
e familiares acima das expectativas. Em relação as dificuldades enfrentadas pelo Curso de Fonoaudiologia da UFPB, a Professora premiada Hertha Albuquerque, explica que o que se encontra hoje em relação as dificuldades são questões de recurso. “O que é repassado para melhorias de Clínica escola e para outras necessidades mais básicas que a gente tem no dia a dia, por exemplo, o material utilizado. No demais são dificuldades favoráveis que nós possamos chegar em um nível de excelência cada vez me-P lhor”, revela.
CONSCIENTIZAÇÃO
Gagueira é tema de debate na universidade Diêgo Fenas Com o objetivo de conscientizar e orientar a sociedade trazendo informações com embasamento científico e atualizadas sobre a gagueira, sua prevenção e tratamento, o Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFPB, realizou, no último dia 7 de novembro, o 3º Encontro Falando Sobre Gagueira criado pelo grupo Discutindo Gagueira, do Instituto Brasileiro de Fluência (IBF) - em comemoração ao Dia Internacional de Atenção a Gagueira. Este ano o tema do encontro foi “Gagueira e prevenção: quanto mais cedo intervir, melhor”. O evento foi aberto não só para pessoas que gaguejam e seus familiares, mas também para estudantes de qualquer área e a comunidade em geral que deseja obter mais informações sobre o distúrbio que afeta milhares de pessoas. INTERVENÇÃO A gagueira é um distúrbio que afeta a fala e a comunicação. Cada som que produzimos necessita de certo tempo para que seja falado, mas para as pessoas afetadas, essa produção apresenta dificuldades. Além do prolongamento dos sons, bloqueio na hora de falar, re-
Nós não temos como prevenir o surgimento, mas podemos prevenir a permanência. Débora Vasconcelos, Fonoudiologa
petição de palavras e dificuldades em iniciar uma conversa. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a incidência da gagueira é de 5% da população, ou seja, cerca de 10 milhões de brasileiros estão passando por um período de gagueira e a prevalência é de 1%, cerca de 2 milhões de pessoas que gaguejam de forma crônica. No entanto, a Fonoaudióloga e Professora do curso de Fonoaudiologia da UFPB, Débora Vasconcelos Correia, destaca que é impossível evitar. “Nós não temos como prevenir o surgimento, mas podemos prevenir a perma-
nência, então nós temos inúmeros casos bem sucedidos de crianças que começaram a gaguejar no período de aquisição e surgimento da linguagem, entre dois anos e meio até os cinco anos de idade”, revela. Sendo assim, a detecção e intervenção precoce da gagueira por um profissional especializado em fluência podem fazer com que a criança não apresente mais o distúrbio, trazendo uma melhor qualidade de vida. TRATAMENTO O tratamento deve ser realizado pelo profissional especializado no distúrbio, pois ele é capacitado para agir de forma correta através de avaliação e conduta terapêutica diferenciada. O tratamento ocorre da seguinte maneira: o profissional faz a coleta da amostra de fala e a partir dela identifica os principais tipos de disfluências. Se o resultado for de 3% de disfluências atípicas, a gagueira é confirmada. Logo após, é determinada uma intervenção terapêutica apropriada para necessidade daquele paciente. Por isso, a importância do especialista em fluência para o auxílio na detecção e intervenção da gagueira foi debatida no encontro.
Foto:Rayssa Mello
d n o t t d r n f r n a
Débora Vasconcelos , fonoaudióloga e colaboradora do Intituto Brasileiro de Fluência
g d p m v q a p e f n l a t a s t t e
Saúde
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
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Hospital Universitário possibilita cirurgia para tratar hiperidrose Os pacientes do SUS serão beneficiados com acesso aos procedimentos para relalização da cirurgia de cura do suor excessivo Foto:Rayssa Mello
Neia Alves
Eduardo Antônio Lopes Barros, cirurgião torácico e chefe do ambulatório de hiperidrose do Hospital Universitário da UFPB
PREVENÇÃO
A hiperidrose é um problema que consiste na transpiração excessiva do corpo devido a alteração das glândulas sudoríparas. No Brasil há apenas três ambulatórios especializados na cirurgia de reparação da doença, situados em São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraíba. Em maio de 2015, o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) junto a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) passaram a viabilizar a cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os pacientes do SUS têm acesso a diversos procedimentos disponíveis para a realização da cirurgia (que pode chegar a dois mil reais) e a parcela menos favorecida da população sai beneficiada. O Dr. Eduardo Antônio Lopes Barros, chefe do ambulatório de hiperidrose do HU é o responsável pelo procedimento cirúrgico.
atender nenhum paciente, está sendo realizada em média de quatro a cinco cirurgias por semana e a fila de espera está em torno de pouco mais que um mês”, revela. A cirurgia é realizada por vídeo-laparoscopia, que consiste em inserir micro câmeras no organismo do paciente para localizar a glândula específica responsável pelo distúrbio, além de outro aparelho que também é introduzido no interior do tórax do paciente sob a visualização da câmera. A glândula que apresenta distúrbios é, então, destruída, deixando pequenas cicatrizes que podem ser fechadas com cola biológica. Uma alternativa para casos mais leves da doença é o botox, e são necessárias cinquenta aplicações em cada região afetada em um intervalo de quatro meses, mas esse procedimento não é executado pelo SUS, e em alguns pacientes pode agravar a doença.
CIRURGIA De acordo com o Dr. Eduardo, para realização da cirurgia, o paciente precisa se dirigir ao ambulatório portando os documentos pessoais e cartão de usuário do SUS. Depois disso, uma triagem é realizada para saber se de fato o paciente possui o diagnóstico que condicione a necessidade do procedimento e se ele está em condições clínicas necessárias para a realização da cirurgia. “Não deixamos de
BENEFÍCIOS Por se tratar de uma cirurgia rápida mais pessoas são beneficiadas com o procedimento. Além de obterem uma melhora na saúde, os pacientes adquirem também uma melhora na autoestima. Os estudantes também serão beneficiados, pois poderão acompanhar os pacientes no momento da cirurgia, enriquecendo a sua carreira proficional, ganhando mais experiencias e conhecimentos na sua área.
CAMPANHA
Congresso realiza debate sobre prevenção de drogas Diêgo Fenas e Elidiane Ferreira
res do país, que participam do projeto. As escolas escolhidas para integrar o projeto devem apresentar no final do curso, uma pesquisa sobre o uso de drogas nas escolas. Os dados obtidos pelo projeto indicam a quantidade de drogas lícitas e ilícitas usadas por professores e alunos.
As drogas têm destruído a vida de muitas pessoas, tem destruído sonhos e famílias. É neste contexto que o Grupo de Pesquisa em Saúde Mental e Dependência Química do Departamento de Psicologia da Universidade Federal da PaPOLO raíba, coordeA Paraíba faz nado pela proparte da quinfessora Doutota edição do prora Silvana Carjeto, com 104 esneiro Maciel, idecolas inscritas. alizou o evento Entre elas, estão O III Cona escola Padre gresso em SaúHildon Bandeide Mental e Dera, Olivina Olipendência Quívia, Lions TamSilvana Maciel, mica, abordou baú e outras. Os vários assuntos e Coordenadora do evento professores desquestionamentos tacam a mudanacerca do que as ça de consciênpolíticas de saúde cia dos estudane educação têm tes acerca dos feito para preveriscos que o uso nir o uso de drogas no âmbito esco- das drogas pode provocar no indivilar. “Muito tem sido alcançado, mas duo. Além disso, acreditam que o esainda não atuamos satisfatoriamen- paço para integração das ações dete na questão da prevenção e muito ve ser maior, visando a existencia de ainda precisa ser melhorado no que uma ligação entre âmbito escolar com se refere ao tratamento”, afirma dou- a vida do aluno. Atualmente as drotora Silvana. Uma das prevenções ci- gas se constituem como problema psitadas é um curso oferecido a todas as cossocial e é dever da sociedade comescolas do Brasil, são 70 mil educado- bater os danos causados por elas.
Ainda não atuamos satisfatoriamente na questão da prevenção.
Farmárcia escola realiza campanha de reabertura Foto:Rayssa Mello
gerlane neto
Há quase dois anos desativada, por problemas estruturais e de gerência, a Farmácia Escola da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) será reaberta. A iniciativa de retomada do atendimento partiu do professor do curso de Farmácia, João Vianney. Junto com a reitoria, o professor João juntamente ao departamento de Farmácia, conseguiu o apoio da Prefeitura de João Pessoa, Governo do Estado e Ministério da Saúde, que se comprometeram em ajudar com a distribuição de medicamentos gratuitos. A farmácia funcionará por meio de doações. Segundo o professor, esse sistema dará mais certo. “Antes a farmácia não funcionava bem porque dependia do serviço público e para comprar os medicamentos tinha que se fazer licitação, esperar muito tempo, isso gerava um grande atraso e prejudicava o serviço”, revela. DISTRIBUIÇÃO Além da distribuição gratuita de medicamentos para a comunidade carente, a Farmácia contará também com atendimento farmacêutico e uma atenção especial pra quem tem doenças crônicas, como diabetes. Os
Márcia Paladini, aluna de farmácia e idealizadora da campanha de arrecadação no CA pacientes serão cadastrados e a distribuição de medicamentos será realizada apenas com prescrição médica. De acordo com o professor e coordenador da Farmácia Escola, João Vianney, o serviço não consistirá numa distribuição simples dos medicamentos, mas sim, um posto de atendimento à saúde do paciente. A estruturação da Farmácia Escola beneficiará a comunidade com a distribuição dos medicamentos e outros serviços, os acadêmicos do curso de Farmácia, uma vez que o estágio na farmácia é estratégico para o curso. Ainda não há previsão para que os serviços na Farmácia sejam retoma-
dos, mas a esperança é de que o retorno do funcionamento seja breve.
CAMPANHA Os estudantes também resolveram se mobilizar para ajudar na reabertura da Farmácia. De acordo com a aluna do 9° período do curso de Farmácia e idealizadora da campanha, Márcia Paladini, a ideia surgiu após o professor passar em sala, comunicando o retorno da Farmácia Escola e pedindo a doação de medicamentos. “Resolvi mobilizar o CA de Farmácia como ponto de coleta, eles apoiaram e eu montei a campanha e divulguei nas redes sociais”, disse.
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Esportes
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
UFPB forma campeões mundiais Paraibanos que participam do projeto na UFPB para formação de Paratletas, sobem ao pódio do Parapan-Americano Foto: Ivone Beatriz
Dani Fechine Joana Rosa O pódio do ParaPan-Americano recebeu no Canadá os campeões paraibanos Petrúcio Ferreira e João Luiz. Os dois são paratletas vitoriosos que cresceram com os treinos proporcionados pelo Projeto para Formação de Paratletas na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). João, na longa estrada do esporte, já superou grandes obstáculos. Petrúcio, ainda se familiarizando com a pista, já conquistou o mundo com as próprias pernas. João Luiz tem 44 anos de idade e 12 no atletismo. O recordista da América tentava ser jogador de futebol, mas devido a sua deficiência de nascença desenvolvida na mão direita, muitos portões de campos e quadras foram fechados para ele. Com a mão direita curvada para dentro, João decidiu aproveitar a outra para se dedicar ao paratletismo e fez alguns testes no projeto da UFPB, como o arremesso de disco, de dardo e de peso. Hoje ele é recordista da América, ocupa o primeiro lugar do ranking nacional e o terceiro do ranking mundial. Recentemente, foi medalhista de ouro no Parapan de Toronto e conseguiu o incentivo pessoal para se preparar ainda mais para os Jogos Paraolímpicos de 2016. Atualmente, a prova oficial de João é o lançamento de disco. “É muito prazeroso treinar e competir. Primeiro de tudo, porque faço com o coração. Eu amo o que eu faço”, declarou. Considera que o papel do esporte é fundamental para o desenvolvimento de um país. “O esporte te educa, deixa você um ci-
é a sua segunda casa e o esporte, as suas pernas, o seu sustento. “O esporte hoje é a minha vida”, declarou. Se já realizou algum sonho através do esporte, Petrúcio é sincero e humilde: andar de avião. Voa no céu quando viaja para competições, mas é no chão que os seus pés gostam de estar. No ombro esquerdo, ele carrega a palavra família, que lhe dá forças para suportar a saudade e superar as dificuldades. Inspirado em Usain Bolt, Petrúcio corre o mundo em busca dos seus sonhos. Quer trazer a medalha para o Brasil no próximo ano.
Petrúcio Ferreira, após dois anos como velocista, sonha em conseguir a medalha de ouro nos jogos Paraolímpicos de 2016 no Brasil dadão. Prepara você para chegar a qualquer lugar”, completou. João conta que quando viu o lançamento de disco pela primeira vez, pensou: isso é coisa de maluco. Mas tornou-se maluco, também, pelo que faz. Lança disco pelo Brasil e pelo mundo. CAMPEÃO Petrúcio Ferreira, antes como jogador de futebol, não esperava que as linhas do campo fossem trocadas
pelas linhas da pista de atletismo. O ataque perdeu espaço para a largada. O gol, agora, acontece quando ele cruza a linha de chegada. Foi censurado no futebol também por sua deficiência. Aos dois anos de idade, Petrúcio sofreu um acidente doméstico e perdeu o antebraço esquerdo. Em menos de dois anos treinando no Projeto para Formação de Paratletas na UFPB, o garoto de 18 anos já foi campeão do ParaPan-Americano como velocista e se
prepara desde o início do ano para os Jogos Paraolímpicos de 2016. Participou, inicialmente, dos jogos escolares, etapa muito importante nessa caminhada de sucesso, pois foi nesse momento que ele descobriu o talento para o paratletismo. Antes mesmo de ser campeão no ParaPan em Toronto, o jovem atleta quebrou o record nacional dos 200m, no Open Internacional Caixas Loteria, em São Paulo. Hoje a pista de atletismo da UFPB
FORMANDO ATLETAS O Projeto para Formação de Paratletas surgiu através do professor do departamento de Educação Física, Jailton Miranda, na Universidade Federal da Paraiba (UFPB). Com a ajuda do professor Pedro Almeida a iniciativa vem mudando vidas há 20 anos. Para fazer parte do projeto é necessário que o interessado procure o professor Pedro Almeida no departamento de Ed. Física da Instituição. Caso o atleta esteja buscando algo que o projeto oferece, automaticamente ele estará inserido na equipe da UFPB. “Cada um vem com seu problema, e cada problema vira um desafio a ser cumprido”, afirma o professor. O trabalho dos professores funciona como objeto de inclusão social, transformando a vida através do esporte. A gratificação para Pedro são os resultados dos alunos. “Nós temos hoje seis paratletas e três deles estão dentro dos cinco melhores do mundo, isso é gratificante para um professor”, revela.
PARA CRIANÇAS
Projeto incentiva práticas de atividade física Joana Rosa
lo professor substituto Luís Lemos, marido de Clarice Martins. O projeto de atletismo fez com que a professora expandisse o foco para a sua área de pesquisa: a obesidade infantil.
Um projeto realizado através do Departamento de Educação Física na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) vem buscando melhorar a qualidade de vida de crianças com sobrepeso entre 7 e 12 ATIVIDADES O principal objetivo da Escolianos. A professora e pós doutora em atividade física e saúde, Clarice nha do Movimento é desenvolver a capacidade cogMartins, comenitiva da criançou em 2014 o ça, aumentando projeto de pessua agilidade, quisa e extensão equilíbrio e cosobre a prática ordenação mode atividade fítora, através de sica na infância, atividades mula Escolinha do tidisciplinares. Movimento, que No início é aplitem auxiliado cada uma intercrianças e pais. venção de três O programa meses – mopromove atiClarice Martins, mento para inividades as tercoordenadora do projeto ciar à reeducaças e quintas das ção alimentar e 17h30 às 19h na promover exerpraça de esporcícios rigorosos tes do campus I com duração de da UFPB. Atualmente o projeto trabalha com cer- uma hora, conforme a recomenca de 40 crianças e conta com uma dação da Organização Mundial da equipe de aproximadamente 20 Saúde (OMS). A professora mescla atividades profissionais divididos entre as áreas de educação física, psicologia, físicas com brincadeiras lúdicas, nutrição, cardiologia e endocrino- para que possa ser aumentado o repertório motor das crianças, e para logia. A ideia foi inspirada na escoli- que se acostumem com a prática de nha de atletismo, coordenada pe- exercícios. “As atividades que a gen-
Foto: Polliana Vilar
alimentares. Desta forma, ela acredita que é necessária a cooperação dos pais para obter melhores resultados no projeto. “O ambiente que a gente vive as crianças estão muito presas em apartamentos, têm pouca possibilidade de movimentação e as cidades não são projetadas para que elas se movimentem com segurança deixando seus pais tranquilos”, diz a professora. “Dessa forma os pais terminam atrapalhando o desenvolvimento metabólico dos seus filhos”, conclui.
Os pais terminam atrapalhando o desenvolvimento metabólico dos seus filhos
Apesar de cumprir com o objetivo de melhorar a saúde, a diversão também é garantida te desenvolve são baseadas no atletismo, pois é a modalidade esportiva mais básica: correr, lançar e saltar, que são princípios fundamentais para qualquer esporte”, afirma. As atividades continuam após o primeiro bloco para dar início a um segundo período de treinamentos, que irá durar 6 meses. Clarice reconhece que as dificuldades encontradas na execução do projeto prejudicam o desenvolvimento dos traba-
lhos. “Preferimos dividir as atividades em blocos por causa da falta de infraestrutura e condições financeiras, justamente por isso que trabalham com intervalos”, explica. PAIS A coordenadora afirma que os pais são os maiores culpados pelo excesso de peso infantil, pois sem o envolvimento deles, as crianças não conseguirão modificar seus hábitos
RESULTADOS Claudia Rejane é mãe de Clara e ficou sabendo do projeto nas aulas de natação da filha, na própria Universidade. Após perceber que o peso da pequena estava fugindo do esperado para uma criança de nove anos, ela decidiu procurar ajuda na Escolinha do Movimento. Segundo sua mãe, a mudança foi rápida. “Clara começou a comer frutas, verduras, coisas que tentei introduzir e ela só se adaptou após a entrada no projeto”, conta orgulhosa. A disciplina também é fundamental para o processo de reeducação. Para Cláudia, a modernidade dificulta o desenvolvimento de hábitos saudáveis nas crianças. “As crianças não comem na mesa, ficam apenas no computador e televisão”, reflete a mãe.
Cultura
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
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Alunos realizam recitais poéticos Professora cria projeto que reúne alunos do curso de Letras da UFPB e difunde a cultura local através de poemas paraibanos
grupo parecido com o que ela fazia s Daiane Lima parte na graduação. Portanto, um - Não é de hoje que a poesia faz sonho de repetir a experiência. Iniparte da cultura da humanidade, co- cialmente, as apresentações do gru-mo uma maneira do homem sentir e po eram informais e ocorriam apeoenxergar o mundo. Na Grécia Anti- nas dentro do campus da UFPB. oga, poetas já cantavam e recitavam “Nós nos apresentávamos na Praça ,poemas. Atualmente, esses artis- da Alegria e em alguns eventos da -tas ainda existem e tornam a poesia própria Universidade”, explicou. Os convites ,acessível a todos. foram surgindo eEste é o caso dos à medida que o -alunos artistas grupo se apre-que integram o sentava e, as-AEDOS, grupo sim, apareceu a -de declamação oportunidade oformado por esde fazer recitais tudantes do curem outros espaso de Letras, da ços, a partir disUniversidade Feso, foram elabo-deral da Paraíba rados saraus ter(UFPB). máticos. Hoje, - Criado há Linaldo Guedes, o grupo faz par-quase um ano e jornalista e poeta te de um pro.meio, por Vanesjeto de extenosa Riambau Pisão, com apreonheiro, professosentações que ra do Departaduram cerca de -mento de Letras eClássicas e Vernáculas, o grupo de- uma hora. Cada aluno declama pe-clama poemas em espaços públicos lo menos cinco poemas e há tam-e em eventos, como lançamentos de bém apresentações musicais. -livros, saraus e apresentações cultu-rais. A equipe é formada por dez in- POETAS LOCAIS O grupo foi contemplado com o otegrantes, a professora e nove aluedital estadual do Fundo de Incenmnos. - O AEDOS surgiu da vontade da tivo a Cultura (FIC). Assim, nasceu ,professora Vanessa de formar um a ideia de homenagear os artistas
Foto: Polliana Vilar
Foi uma sensação maravilhosa. Me emocionei várias vezes e tive que conter as lágrimas
-CULTURA s o -
Professores e alunos ensaiam obras de poetas paraibanos e se apresentam em vários locais propagando a cultura do estado paraibanos através de saraus. Esse ano são quatro os poetas homenageados: Augusto dos Anjos, Linaldo Guedes, Sérgio de Castro Pinto e Leandro Gomes de Barros. Cada sarau é voltado para um artista. A ideia principal é difundir a cultura local e apresentar as obras de poetas até então desconhecidos pelo grande público. O último sarau homenageou o poeta e jornalista Linaldo Guedes, de Cajazeiras, autor das
obras: Intervalo Lírico (2005) e Metáforas para um duelo no sertão (2012). Ele declarou a emoção em ver seus poemas declamados: “Foi uma sensação maravilhosa. Me emocionei várias vezes e tive que conter as lágrimas”, revelou. A estudante Gabrielly Santos, do quinto período do curso de Línguas Estrangeiras Aplicadas às Negociações Internacionais, destacou a ale-
gria conferir a apresentação do Aedos. O estudante do oitavo período do curso de Letras e integrante do grupo, Dijavan Luis, destacou a importância desses eventos: “O contato com a poesia é essencial”, concluiu. A expectativa do AEDOS é se tornar uma referência para a cultura do Estado e levar poesia, emoção e entretenimento para o maior número de pessoas possível.
POPULAR
NUPPO ainda é pouco conhecido por alunos Foto: Ivone Beatriz
Cy Baptista
No contexto da cultura e manifestação popular, a Universidade Federal da Paraíba dispõe de um espaço destinado ao estudo e -a conservação da cultura popular, oo Núcleo de Pesquisa e Documen-tação da Cultura Popular (NUPPO). O núcleo está localizado no eprédio da Reitoria e é vinculado à mPró-reitoria de Extensão e Assun-tos Comunitários (PRAC). Porém, so local é pouco conhecido pela coemunidade acadêmica. - A professora do Departamenato de Letras Clássicas e Vernáculas s(DLCV) e coordenadora do NUP-PO, Beliza Áurea, destacou a falta -de atenção e divulgação dos núcleos de cultura. Além do distanciamento dos alunos, com relação aos núcleos da UFPB, principalmenete das bibliotecas. “Nós não temos ssó como núcleo de cultura, o NU-PPO. Nós temos vários núcleos de -cultura na UFPB que são ligados a oPRAC e esses núcleos são poucos edivulgados pela instituição”, frisou. a O Pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários, Orlando aVillar, informou que existe uma rfalha de comunicação históriica na UFPB. Segundo ele, “as coissas são feitas, mas não são divulga-das. Além disso, existe aquele há-bito das pessoas não conheceram -a universidade”, destacou. A PRAC -iniciou ações para corrigir as faelhas de comunicação, com o lançasmento do Jornal UFPB Extra Mu-ros e da Revista da Extensão. - O NUPPO é mais visitado por alunos que participam das pes-
A coordenadora do NUPPO, Beliza Áurea, mostra algumas xilogravuras quisas, professores, público externo, formados por cordelistas, poetas populares, pessoas ligadas à cantoria e alunos de escolas públicas. Mas, a maioria da comunidade acadêmica desconhece o local. Os alunos da UFPB destacaram a falta de divulgação dentro da universidade. NUPPO O núcleo surgiu em 1978, com o objetivo de incentivar as pesquisas, documentar e preservar o patrimônio das culturas populares. O NUPPO gera pesquisas e oferece atividades de extensão ao público. As informações são divulgadas pela página no facebook, no blog do núcleo e no site da PRAC. O antigo site (www.museunuppo.com. br) encontra-se desativado. O acervo é formado por doa-
ções de professores e artistas. Mas, às vezes, podem ser comprados com recursos individuais das pessoas envolvidas nos projetos. De acordo com a coordenadora, “os núcleos não possuem verbas próprias”, informou. O Pró-reitor Orlando Villar revelou que “os recursos financeiros destinados à PRAC são insuficientes”, completou. O núcleo exibe uma exposição permanente dos acervos material e imaterial. Dentre eles, destacam-se os acervos dos contos populares, fruto das contações de estórias, com a reunião de 1600 narrativas e o bibliográfico. Por fim, a coordenadora afirmou que o papel dos núcleos é articular as políticas culturais com maior intensidade, com políticas de instalação cultural. E contribuir de forma imaterial com os artistas.
CLÁSSICA
Música erudita é pouco divulgada no campus I Cy Baptista Ewerton Correia A música clássica trabalha e desperta os sentimentos mais nobres do homem. A exposição da música erudita é fundamental para a formação do ser humano. É o que revela o professor Felipe Avellar do Departamento de Música (DEMUS), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Ele informou que a criação da Sala Concertos Radegundes Feitosa, em 2012, proporcionou a apresentação dos eventos gratuitos para a comunidade acadêmica e sociedade, de modo geral. Mas admitiu a deficiência na divulgação desses eventos. Ele não é único a reconhecer essa falha na comunicação. O jornal Questão de Ordem conversou com 17 alunos de graduação da universidade. Dez deles disseram gostar de música erudita, quatro revelaram não gostar do seguimento e três nem conhecem. Entre os ouvidos pelo QO está o estudante de Rádio e TV e músico Diógenes Ferraz, “Já vi concertos aqui na Radegundes, ouvi peças executadas pelo professor Carlos Anísio, acho que a Paraíba tem um cenário bastante importante e influente, sempre vejo um bom comparecimento das pessoas por aqui”, explicou. A estudante de pedagogia Elaine Lourenço se diz desinformada e desinteressada quando o assunto são os concertos. “Eu não gosto muito e acho que a divulgação é muito pouca, falta conhecer mais”, informou. Gilvandro Pereira é estudan-
te do curso de música e chegou ao universo da música erudita porque assistiu a um concerto de uma orquestra local. Hoje, ele não só toca clarinete na Orquestra Jovem da Universidade Federal da Paraíba, mas também ajuda a montar os espetáculos musicais na Sala Radegundes. PÚBLICO O professor Felipe Avellar explicou que a divulgação dos eventos é pouca. “Sempre existe uma dificuldade para divulgação, tudo que a gente faz é de maneira muito aqui entre a gente, utilizamos o suporte da assessoria de comunicação da instituição e temos dificuldades de colocar isso em portais e jornais externos”, garantiu. Mas, ele percebeu um aumento de interesse dos alunos após a construção da sala de concertos. “Muitas vezes os alunos, principalmente dos cursos noturnos, assistem duas ou três músicas, às vezes eles vêm nos intervalos das aulas, isso é enriquecedor”, completou. Segundo o chefe do Departamento de Música e Maestro Orquestra Sinfônica UFPB (OSUFPB), Carlos Anísio, o público é sempre muito variado. “A sala cabe 300 pessoas e geralmente é lotada, e quando não lota fica em torno de 70% de ocupação”, explicou. Ele acredita que a variedade musical é um ponto atrativo. Sobre a divulgação, o maestro concorda que ainda é preciso melhorar. “A divulgação de eventos culturais na universidade sempre é insuficiente, mas isso é algo institucional, essa deficiência vem de vários setores”, finalizou.
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Entrevista
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
Da academia ao bar,
um papo com Xico Sá Dani Fechine
Talvez não fosse um bar o ambiente mais propício para uma entrevista, mas tratando-se de Xico Sá não poderia ser diferente. Numa conversa descontraída entre amigos jornalistas e cerveja gelada, Xico Sá falou da vida e da carreira. Sorriu, brincou e desabafou sobre o futuro. O cearense não deixou brechas sobre a sua crença no jornalismo literário como a última semente a ser plantada. Mas ao mesmo tempo QO: Quando tudo começou na sua carreira profissional? XS: Pra valer mesmo, foi quando eu cheguei no Recife. Quando eu saí do interior eu já tinha muito em mente ser escritor, tinha a literatura na cabeça. Eu já sabia que ser jornalista era/é difícil, então ser escritor não existia. Não era palpável. No Recife, com 16 anos, eu já nutria uma convivência com jornalistas, essa boemia já me cercava. Foi nesse momento que eu fui para o jornalismo e não teve mais volta. Vivi o tempo inteiro no conflito entre literatura e jornalismo, um tomando o lugar do outro, até que juntei os dois em 1999/2000.
se rendeu completamente à tecnologia e a praticidade. “Sou um aviciado”, confessou, em tom de chiste. Não à toa, hoje, Xico Sá é admirado também no Twitter e Facebook. Francisco Reginaldo de Sá Menezes foi colunista do Jornal A Folha de S. Paulo e fez parte da bancada do programa Cartão Verde, da TV Cultura. Ainda na televisão, o jornalista integrou o programa Saia Justa e atualmente faz parte do programa Amor e Sexo e Papo de Segunda. É também comentarista dos progra-
XS: Eu encontro essa resposta na figura da minha mãe, uma conselheira amorosa. E eu vejo muito, até hoje, no jeito que eu escrevo sobre esse assunto, o jeito dela aconselhando as amigas. Mas já no Recife, eu tive uma primeira colaboração com esse assunto numa rádio do Juazeiro do Norte. Um vizinho meu tinha um programa chamado Temas de Amor, sobre aconselhamento amoroso, então ele me mandava as cartas dos ouvintes e eu os respondia. QO: Até que ponto você acha que o Jornalismo de H. Thompson pode influenciar no sustento do
narrativas? XS: Eu acho que é a hora de usar esse recurso do literário como atrativo para leitores que já largaram o impresso. Quando eu defendo o jornalismo literário é nesse sentido de achar que é um jeito melhor de começar o texto. Ser romântico no impresso não significa achar que tudo diferente do literário não vale nada, pelo contrário, eu acho que é desafiador, muito inteligente. A crise é mais sofisticada do que a gente imagina. Mas o negócio mesmo é em cima do jornal impresso. Quem passa mesmo a cabeça na forca é quem faz um jornal por dia. Ao invés de beber por
QO: Quais influências fizeram você se tornar o profissional múltiplo que é hoje? XS: Foram os livros. São os autores que vão moldando. É mais influência da literatura do que do jornalismo. As referências são muito mais dos autores que eu li, como Hunter Thompsom, Truman Capote, João do Rio, Lima Barreto, pessoas que para mim fizeram jornalismo literário. Na geração dos anos 70, que fazia literatura muito influenciada pelo jornalismo, destaco Rubem Fonseca, Inácio Loiola Brandão. A boa culpa é dos livros. QO: E essa sua aproximação com o feminismo, como você explica?
jornalismo impresso? XS: Eu acho que há uma resistência sem fim do jornalismo impresso no Brasil a qualquer inovação de narrativa. O Gonzo é utopia. Já o Literário é uma resistência quebrada, um jornalismo teimoso. Ainda assim, eu acho que a partir de agora a salvação seria esse tipo de novidade. Encontramos experiências literárias na revista Trip e na Revista Piauí, exemplos pontuais. O Jornal da Tarde (SP) fez muito jornalismo literário nos anos 70 e 80, mas foi pouca coisa. Eu acho que não morre nunca esse tipo de narrativa jornalística, é um traço muito forte. QO: Seria o caso de reestruturar os antigos jornais para novas
mulheres, a gente vai beber por perda de jornal. QO: O que falta para o jornalismo brasileiro alcançar isso? XS: Eu acho que o problema é essa teimosia em não fazer alteração nenhuma nos jornais. O que eu vejo muito agora é a preocupação de ligar o impresso ao online. Essa gambiarra não funciona. Já que o jornal chega velho, colocam todos os assuntos no primeiro caderno. E acho que estão esquecendo o principal, que é chegar na página 2 e já ter uma boa história sendo contada. Eu tentaria a narrativa mais solta. Mas não vai morrer a escrita, não vai morrer a grande história contada, seja no romance, seja no jornalismo.
mas Extra-Ordinários e Redação SporTV, além de escrever para o jornal El País. Xico Sá, autor do romance “Big Jato” e de “O Livro das Mulheres Extraordinárias”, esteve presente na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), entre os dias 9 e 12 de junho de 2015, para participar da 3ª Semana de Jornalismo Vladimir Herzog, mesmo em meio à greve das universidades públicas brasileiras que tomou quase todo o primeiro semestre do ano. O papo com o Questão de Ordem, portanto, está aí. Curtam!
QO: Os caminhos já têm sido apontados, falta talvez interesse por parte dos donos? XS: Eu acho que falta. Todos eles têm grandes negócios na internet e a operação do jornal impresso ficou muito cara. Eu não vejo, pra valer, ninguém apostando no jornal impresso. Uma coisa seria acabar o jornal por ele ser muito ruim, mas eles têm uma desculpa histórica: chegou outra coisa e tomou o lugar do impresso. QO: O que você consegue ver no jornalismo impresso daqui a dez anos? XS: Talvez o velho Gutemberg vá ficar para os livros, dossiês, revistas mensais, lendo o mundo inteiro naquele mês. Eu não gosto nem de ouvir que o jornal vai acabar. Eu acho que não vai acabar, eu não acredito só nesses cinco anos. Se puder escrever em algum canto está bom pra mim. QO: Como você interliga o futebol, a literatura, o jornalismo, o feminismo? Em que ponto tudo isso se funde? XS: Eu acho que no contador de histórias, na narrativa. Tanto me faz narrar um Santa Rita x Botafogo como narrar a posse do Collor, que eu narrei, inclusive, de uma forma literária. Não importa o assunto. Importa a narrativa forte e contar uma história. Eu acho que em tudo cabe, até a matéria mais chata do universo é possível con-
tar de outro jeito. Pegar um personagem paralelo e a partir dele contar a mesma história com as mesmas informações ou mais.
QO: Como você vê, na sua carreira, a sua participação na televisão? XS: Eu vejo como algo episódico. Eu achava que ia ser só um programa e eu fui ficando. A parte nobre da minha vida de jornalista será ter o direito de passar um ano para contar apenas uma história. De ir atrás, personagem por personagem, ver tardes e mais tardes as mesmas pessoas, gravar e depois recontar aquela história. E nisso eu tenho que pegar a TV para ganhar essa reserva de dinheiro, caso não tenha alguém para bancar o projeto. Eu acho que é uma coisa que eu me devo. Uma coisa que quero fazer é livro-reportagem, eu nunca planejei nada, mas isso é um plano.
QO: Qual é a sua relação com a internet? XS: Desde o primeiro momento da internet, eu estou lá. Usava como uma máquina de escrever, sempre usando a vantagem de escrever uma coisa, de se espalhar e de ser lido por muita gente naquela hora. Eu sempre usei como um jornal antigo, era pelo poder da escrita, pela defesa do meu texto. Muito tempo depois, entrei nas redes sociais. Apesar das loucuras e das incompreensões, eu sou viciado. Hoje eu sou um velhinho aviciado.