QO 2014.2 Edição final

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Na prática pág. 7

pág. 12

POLÍTICA

CAs precarizados pág. 10

Foto: Érika Soares

Capital estrangeiro

Foto: Pedro Neri

Foto:Manuela Patrício

Foto: Pedro Neri

Educação

SAÚDE

CAMPUS Educação ambiental pág. 6

Foto: Carlos Rocha

QuestãodeOrdem

MEU NOME NÃO É

TRANS Louise de Assis, aluna de Relações Públicas, ingressou na UFPB há quatro anos, mas só recentemente os trasexuais conseguiram o direito formal de serem reconhecidos pelo nome social na academia | pág. 3

Mesmo que a sociedade tenha avançado no discurso em relação a alguns temas, antes tabus, a transexualidade ainda é bastante estigmatizada. Agora, os estudantes transexuais da UFPB alcançaram uma desejada conquista: a adoção do nome social na academia que, até então, não era permitida. Especial

Cultura

Universitários dão segmento à resistência e ocupação cultural em João Pessoa Foto: Luiz Lambert

Última página traz produção literária de integrantes da nossa redação

Pavilhão do Chá, abandonado, é um dos pontos de ocupação dos estudantes no Centro de João Pessoa | pág. 15 Campus

Educação

Saúde

Política

Cultura

Estrutura do RU UFPB é a sétima Morte de gatos ADUFPB debate Técnico implanta passa por reforma colocada na OAB gera investigação planos para 2015 grupo de estudos

A reforma no Restaurante Universitário da UFPB, que teve concessão para ser iniciada desde junho de 2014, está em andamento. O professor Antônio Luiz, que está à frente da nova estruturação, e estudantes, falam sobre os desafios enfrentados. pág. 5

A instituição teve taxa de aprovação de 65% no último Exame da Ordem aplicado em todo o país, ficando entre as 10 universidades que mais aprovaram. Para a coordenadora, o resultado era esperado. Ex-alunos, hoje advogados, relatam a rotina de estudos. pág. 8

Animais foram encontrados mortos por envenenamento no CCS. O caso ocorreu em lanchonete que, segundo se investigou, não estava dentro dos padrões estabelecidos pela vigilância sanitária. Integrantes da Bem-estar e do Adota João Pessoa se mobilizam. pág. 13

Na primeira assembleia do ano da coorporação, foram eleitos os delegados para representar a universidade no 34º Congresso do ANDES, em Brasília. Representante do Sindicato e oposição discutem acerca das mudanças e mobilizações para esse ano. pág. 8

Treinador de vôlei renomado e professor do Despartamento de Educação Física, Cajá, comenta o trabalho do seu novo projeto e compartilha detalhes de sua carreira, inclusive na orientação de duplas medalhistas pelo Brasil. pág. 11


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opinião

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 27 DE FEVEREIRO A 6 DE MARÇO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

editorial

Em

fevereiro tem jornal

O contato com a prática jornalística nasce de um sonho ansioso e passa por um “choque de realidade”, conforme o repórter realiza a busca pela matéria. Quando assumimos a responsabilidade de publicar a segunda edição do Questão de Ordem, já tínhamos conhecimento das dificuldades a serem enfrentadas, no entanto, reconhecemos que há sempre algo capaz de nos surpreender nessa profissão. E cada nova circunstância, apesar da experiência adquirida, traz a certeza de que: “ainda temos muito a aprender”. Visando envolver a comunidade acadêmica da UFPB nos destaques deste início de ano, pautamos temas técnicos como a chegada de uma plataforma milionária ao Departamento de Terapia Ocupacional e suas aplicabilidades, a implantação do sinal de Wi-Fi no Campus e o desenvolvimento de softwares pelos estudantes. A discussão em torno da saúde também foi de grande importância nesta edição, abordando novidades acerca da reeducação alimentar, que tem recebido a atenção dos universitários; além da grande polêmica gerada pelo envenenamento dos gatos nas imediações do Centro de Ciências da Saúde. Preocupando-se também com as causas sociais, nossa equipe deu visibilidade à diversidade sexual, em referência ao mês de janeiro, Mês da Consciência Trans. Abordamos o caso dos trangêneros na Universidade dando ênfase à conquista do direito de utilizar o nome social na

Academia. Outro tema de grande interesse acadêmico diz respeito às eleições para o Diretório Central dos Estudantes. Na ultima página, decidimos dar espaço a produções textuais independentes de alguns membros da equipe. Afim de levar ao conhecimento do público um pouco mais da personalidade e interesses além da redação daqueles que fizeram essa edição acontecer. Na intenção de dar segmento à matéria da edição anterior sobre os apelidos dos prédios, nos propusemos a retratar a existência de professores também conhecidos por apelidos. Nessa circunstância, nos deparamos com uma das principais dificuldades do jornalismo: o silêncio das fontes ante os temas polêmicos. Mesmo preocupados em respeitar a ética que nos rege, o cumprimento da pauta, nossa principal finalidade jornalística, se sobressaiu na cobertura. As reações negativas, que poderiam nos abalar, não impediram a publicação. Demos o nosso melhor diante das circunstâncias, enfrentamos grande dificuldades dentro e fora da redação, ouvimos “nãos” e “isso é um absurdo!”, no entanto, terminamos mais essa edição e este período com a sensação de dever cumprido. Percorremos metade do trajeto em direção ao sonho de ser porta-voz da sociedade, agora mais conscientes do que nos espera no futuro. Apesar dos abalos e com o desejo renovado, seguimos confiantes, porque o sonho, assim como o samba, não pode morrer.

Charge

QuestãodeOrdem

A identidade do meu nome ra aceitar a diversidade. A rejeição que começa dentro de casa é reforçada nas escolas, nas uniÉ carnaval, fim de festa, e um grupo cami- versidades, nos hospitais, quando, por exemplo, nha pelas ruas na madrugada. É quase audível um transexual aparece ferido e é tratado como o som dos saltos e das risadas. Quase tão au- se merecesse a agressão. dível quanto os tiros disparados contra o gruO mercado de trabalho também não os aceipo, que saiu correndo aterrorita, o que leva muitos à prostizado. Quase tão audível quantuição para garantir a sobreto o corpo de mais um travesti vivência. Nesse meio, não são morto caído no chão. tratados como mulheres, nem A rejeição que É possível perceber hoje nas homens, mas como seres começa dentro de como novelas e nos programas de TV (quase sem humanidade) exisuma mídia mais aberta às dicasa é reforçada tentes apenas para satisfazer o ferenças sexuais. Nestes casos, prazer alheio. nas escolas, nas os travestis, trangêneros, gays, No mundo trangênero, os universidades, nos sonhos muitas vezes não paslésbicas, por exemplo, são aceitos, acolhidos, e parecem fazer hospitais sam de sonhos. É dificil a reparte da sociedade sem distinalização profissional, a reação. Mas o que vemos através lização do desejo de formar da nossa pequena tela, não reuma família, quando o simflete, nem de longe, a realidaples fato do reconhecimento de brasileira onde um homessexual morre a ca- pelo nome que reflete a identidade pessoal é da 26 horas. uma luta diária. As mortes são derivados do preconceito e inFevereiro está no fim, o carnaval ficou para tolerância enraizadas na nossa cultura social. trás, mas o medo de entrar numa rua escura é Do pensamento de que homossexualidade sig- um sentimento que acompanha essas pessoas o nifica promiscuidade, pecado contra a natureza, ano inteiro. Ter um comportamento, aparência, aberração. O país que mais mata gays no mun- opção sexual diferente é uma eterna caminhada do (cerca de 44% dos casos ocorrem na nos- onde os olhares por sobre o ombro não é quessa terra adorada) não prepara os cidadãos pa- tão de desconfiança, mas de sobrevivência. Amyrane Alves

Perfeição além do belo salta que esse mercado tem buscado alcançar os adeptos onde quer que estejam, além de Na era em que o culto ao corpo guia a men- conquistar outros. te e as ações de muitos jovens, tornou-se muiTalvez uma moda tenha vindo, finalmente, to mais fácil e viável falar em alimentação sau- com uma função de conscientização, capaz de dável. É cada vez mais crescente o número de mudar a vida de muitos jovens. Além do bom frequentadores nas academias, negócio lucrativo que é, a onda que estão bastante seletivos, da reeducação alimentar pode também, com aquilo que coser capaz de modificar o quamem. Fitness é a palavra de dro de obesidade e doenças asFitness é a palavra sociadas ao peso, que tem preordem, que virou moda e tem impulsionado um numeroso de ordem, que ocupado muitos pais e nutriciomercado consumidor. virou moda e tem nistas, por se apresentar tamPara quem tem sido vantabém em crianças, ultimamente. impulsionado um joso, o imperativo da reeduMesmo que a prática aincação alimentar? O comérnumeroso mercado da seja muito aderida pela imcio fitness, quase desconheportância dada à estética, toda consumidor. cido até pouco tempo atrás, e qualquer ação que nos leve a está tão ascendente que tem um modo de vida mais saudáfeito, inclusive, os fast-foovel é válida. Nesse sentido, fids perderem adeptos. O noca a esperança de que a pregavo projeto da lanchonete saudável no Campus ção desse modo de vida tenha incluído no seu da UFPB, associado ao programa de consultas discurso a ideia de que todo corpo é belo, desdisponibilizadas pelo curso de nutrição, res- de que seja saudável. Marília Araújo

universidade federal da paraíba Reitora: Margareth Diniz

editor geral Igor Duarte editora adjunta Amyrane Alves

CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E ARTES

CHEFE DE REPORTAGEM Marília Araújo

Diretor: David Fernandes DEPTO DE COMUNICAÇÃO - DECOM Chefe: Dinarte Varela

editorIAS SETORIAIS CAMPUS Vítor Nery

ESPORTE Giovana Ferreira

edUCAÇÃO Marília Cordeiro

SAÚDE Laísa Mendes

CULTURA Pedro Neri

FOTOGRAFIA Luiz Lambert

POLÍTICA Sandro Alves de França

ILUSTRAÇÃO Joabe Ferreira

COORDENAÇÃO DE CURSO: Zulmira Nóbrega DISCIPLINA: Laboratório de Jornalismo Impresso PROFESSOR ORIENTADOR: Edônio Alves Nascimento DIAGRAMAÇÃO: Alexandro Carlos de Borges Souza

REDAÇÃO: Central de Jornalismo DECOMTUR/UFPB Cidade Universitária João Pessoa-PB 58.089-900 tel.: 83-3216-7144 E-mail: redacao.qo@gmail.com

equipe de reportagem Aldo Silva, Anderson Costa, Carina Pontes, Carlos Rocha, Daniel Viana, Daniela Paixão, Érika Soares, Gabriela Garcia, Geovânia Alves, Ingrid Cordeiro, Jade Vilar, Joseany Pontes, Larissa Mendes, Manuela Patrício, Mary Jéssica, Tiago Bernardino, Vandcleydson Araújo, Ytalo Rodrigues


campus

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 27 DE FEVEREIRO A 6 DE MARÇO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

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Transexuais se tornam modelo de superação no campus I da UFPB Estudantes rompem estigmas presentes no senso comum, fortalecendo a luta pela igualdade de gêneros no espaço acadêmico Ingrid Cordeiro Jade Vilar Atualmente, a transexualidade ganhou uma pequena visibilidade na mídia e na sociedade. No entanto, o assunto ainda é considerado tabu e muito estigmatizado, com poucas informações esclarecedoras. Maria Medeiros, estudante de Letras, explica que para a grande maioria da sociedade, todos os travestis e transexuais pertencem às ruas e à prostituição, quando na verdade eles querem provar que também podem ser intelectualizados, que conseguem chegar às universidades e possuem competência suficiente para ocupar cargos importantes no mercado de trabalho. “Como pensar em ingressar em um curso superior se a maioria é logo expulsa de casa? Não sobra nada, a não ser o corpo”, diz Maria. Diferente da maioria, contudo, ela teve apoio familiar e sabe da importância disso, para que se tornasse uma das poucas transexuais do campus I da UFPB. As dificuldades começam no colégio: pré-adolescentes, tentam definir sua personalidade e espaço social, e não encontram nenhum apoio no ambiente que os cercam, os professores são despreparados e os colegas preconceituosos. E quando, chegam à universidade encontram um ambiente semelhante ao escolar. A comunidade acadêmica não está preparada para receber transexuais. Segundo Louise de Assis, aluna de Relações Públicas, alguns professores se negavam a chamá-la

Fotos: Carlos Rocha

nhece. Porém, o gênero ainda não pode ser alterado, a não ser que a cirurgia de mudança de sexo tenha sido efetuada. Situação, a qual o professor José Baptista está tentando modificar. trabalho Apesar de tentarem sair da marginalidade, a sociedade insiste em manter os transexuais excluídos. Depois dessas etapas vencidas, o mercado de trabalho é um desafio ainda maior. Louise foi selecionada para uma vaga de estágio e ficou entre as finalistas, porém na entrevista pessoal foi reprovada. O responsável pela empresa contratante alegou que ela não se encaixava no perfil da vaga e no final do dia, a telefonou para marcar um programa. “Eu não servia para trabalhar na empresa dele, mas servia para ser objeto sexual”, relata ela.

Maria Medeiros (esq.) e Louise de Assis (dir.) enfrentam dificuldades no convívio diário com colegas pelo nome social, e Maria afirma que muitos nem conseguem dialogar para identificarem como ela gostaria de ser referida. ‘’ Professores deveriam ter coragem, independentemente da temática da aula, de abordar e debater a questão do gênero. Nós vamos formando nas licenciaturas, professores que se acomodam na reprodução de discursos ultrapassados’’, comenta Adriano de Léon, professor de Antropologia. Para ele, disciplinas que abordassem direitos humanos tanto na formação dos alu-

nos, quanto dos docentes, seria um bom início para construção de cidadãos mais conscientes sobre o diferente. “Eu permaneci na escola porque sempre tive um pouco de consciência: se saísse de lá, onde eu estaria hoje?‘’, relata Louise de Assis. Nome social Até 2013, a UFPB não tinha uma lei que tornasse possível o uso do nome social em registros oficiais. Recentemente, essa situação foi alterada e transexuais ago-

ra possuem o direito de utilizá-lo dentro da academia, basta que se encaminhem a CODESC (Coordenação de Escolaridade) e o requeiram. José Baptista Neto, professor de Direito e um dos autores do Ato Normativo que instituiu o direito ao nome social na UFPB, explica que o nome é uma questão de identidade, pois o indivíduo se constrói a partir de um, e se ele é uma pessoa trans é de absoluta importância a validação do nome pelo qual ele se identifica, pois significa que o outro o reco-

Violência A ignorância e a aversão aos transexuais é tão enraizada, que muitas vezes culmina em violência. De um lado, está o direito adquirido em constituição de sermos todos iguais e livres, do outro a negação do diferente. “É como se eu tivesse agredindo aquele que ousou ultrapassar as barreiras daquilo que chamam de normalidade. Como não posso excluir essas pessoas, eu as agrido, mesmo que seja uma agressão simbólica”, esclarece Adriano de Léon. Enquanto fechávamos essa matéria, mais uma transexual foi morta na cidade de João Pessoa, ao sair de um bloco de carnaval.

Recepção

UFPB carece de estrutura para estrangeiros Foto: Manuela Patrício

Manuela Patrício Geovânia Alves Anualmente, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) recebe estudantes estrangeiros de através de programas que possibilitam o seu ingresso. Segundo a Assessoria de Assuntos Internacionais (AAI), que concilia a grade curricular da instituição de origem do aluno com a paraibana, no ano passado, 66 deles, entre graduandos e pós-graduandos, estudaram na Universidade. Em matéria da edição anterior, a professora Kátia Ferreira Fraga, professora do curso de Línguas Estrangeiras Aplicadaas às Negociações Internacionais (LEA - NI), atestou a dificuldade da UFPB de receber alunos estrangeiros, pela falta de recursos como residência universitária específica. A AAI, responsável em assistir os intercambistas quanto às questões administrativas e acadêmicas, justifica essa ausência com o fato de não se responsabilizar quanto às demais necessidades do estudante, como, por exemplo, a moradia, cabendo ao estrangeiro encontrar seu próprio teto.

O Brasil é famoso pela violência, não é tão fácil dizer ‘vou morar numa casa com pessoas que não conheço’. Nerea Mieza, estudante espanhola

Na opinião da estudante espanhola Nerea Mieza, que veio passar seis meses cursando disciplinas do curso de Tradução, no sétimo período. a possibilidade de o aluno procurar seu próprio espaço – não tendo que morar com pessoas desconhecidas na residência – é vantajosa. “O Brasil é famoso pela violência, não é tão fácil dizer ‘vou morar numa casa com pessoas que não conheço’, não sei o que vai acontecer”, afirma a estudante.

Suellen Dantas, assistente social e participante da Coordenação de Assistência e Promoção Estudantis (Coape) – setor responsável pela seleção de discentes para a residência universitária – afirma: “a residência abre seleção, mas, quem tem direito é o estudante da UFPB, tanto do interior, como de outros estados. Quanto aos intercambistas, pelo regimento da Casa, não há a possibilidade de hospedagem. Na Coape não tem nenhuma orientação neste sentido, nenhum encaminhamento”. O tradutor-intérprete Caio Martino, integrante da AAI, afirmou que muitos estudantes estrangeiros perguntam sobre a acomodação. “A assessoria não se responsabiliza, mas, buscamos ajudar o aluno – de maneira pessoal – a encontrar um local para morar”. Martino ainda afirma que, diferentemente da universidade paraibana, na maioria das instituições dos outros países, está inclusa a possibilidade de o estudante se acomodar nas residências ali oferecidas, beneficiando a estadia do intercambista ao disponibilizar uma boa estrutura de apoio e segurança existente dentro dos campus.

Nerea Mieza não se incomoda com a falta de oferta de moradia


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campus

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 27 DE FEVEREIRO A 6 DE MARÇO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

Alunos encontram dificuldades para gerenciar finanças pessoais Projeto de Extensão de Economia ajuda alunos que gastam excessivamente com material didático, transporte e alimentação Foto: Carlos Rocha

CARLOS ROCHA Para muitos, a vida acadêmica pode até parecer fácil, afinal, o único compromisso é o estudo. Entretanto, muitos alunos têm dificuldade para manter o orçamento em equilíbrio. Há quem culpe as despesas, a falta renda ou o preço das coisas. Seja por um motivo ou por outro, como um estudante universitário pode sobreviver financeiramente? Cíntia Inácio, estudante do sexto período do curso de pedagogia, aponta como principal antagonista dos defasados bolsos universitários “as apostilas nossas de cada dia, que não são poucas”. Segundo a aluna, o material é difícil principalmente para quem não tem uma fonte de renda fixa e é dependente dos pais. Mas os custos não param por aí. Em alguns casos, os alunos têm que arcar com outro tipo de despesas, como transporte, livros e alimentação. GRAVANTE Se a situação financeira dos estudantes já é complicada para os que residem em João Pessoa e adjacências, imaginemos então para aqueles estudantes que vêm de outras cidades ou estados. Por conta disso, os calouros, além de arrumar as malas, precisarão iniciar um planejamento financeiro para lidar com o novo cenário em que se encontrarão. Carmen Gabriela Vales, 19 anos, aluna do sexto período do curso de Serviço Social na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) conhece bem esse desafio. Ainda com 16 anos de idade, teve de se mudar da cidade de Santana dos Garrotes, a cerca de 415 Km de João Pessoa, onde morava

Carmen Gabriela Vales encontrou alternativas para amenizar gastos com os pais e a irmã, para conquistar o sonho da graduação. Ao chegar na capital paraibana, Carmen teve que conseguir um espaço na residência universitária, onde habitam por volta de quatrocentos estudantes de diversas áreas. Apesar de não haver custo com aluguel de imóvel, Carmem viveu dificuldades e aponta os principais desafios para manter o equilíbrio

financeiro nessa condição. “Esse começo foi muito complicado para mim, pois saí de lá com 16 anos, não tinha experiência nenhuma com a cidade grande e muito menos com administração de recursos. Tive que aprender sozinha a resolver questões burocráticas, usar da melhor maneira possível o dinheiro que meus pais mandavam para mim, e buscar alternativas para me

manter enquanto acadêmica”. Com o passar do tempo, Carmen foi conquistando certa independência financeira graças aos programas de pesquisa e monitoria os quais participava, e aprendeu algumas lições e dicas de como economizar, a exemplo do caso das apostilas: “Comecei a procurar alternativas como: fazer uso dos livros da biblioteca, e em alguns casos optar pela compra do livro, que as vezes acaba saindo mais econômico do que tirar as cópias”. EQUILÍBRIO A falta de noção das despesas é muito comum entre os jovens, principalmente aqueles que começam a vida longe dos pais. Fazer um orçamento básico e, principalmente, colocá-lo em prática, não é uma tarefa tão simples quanto parece, afirma a contadora Renata Oliveira. “A situação fica ainda mais complicada considerando a impulsividade natural dos jovens, favorecendo o consumismo. O melhor caminho para lidar com esse cenário é a reeducação, auto controle e buscar o equilíbrio a cada dia”. A vida acadêmica proporcionará momentos de muito aprendizado social, intelectual e também financeiro. Ser administrador do próprio dinheiro, ter responsabilidades domésticas e lidar com decisões de consumo importantes, favorece o universitário a valorizar sua relação com as finanças. EDUCAÇÃO FINANCEIRA Levando em conta todos esses fatores, o Departamento do Curso de Economia da UFPB criou

um programa de extensão chamado “Sala de Serviços”, visando, entre outras coisas, dar aos alunos a oportunidade de atuar na área de estudos e ao mesmo tempo beneficiar a população. Dentro da “Sala de Serviços” existe o “Escritório Financeiro” um serviço voltado para auxiliar pessoas, tanto da comunidade acadêmica quanto da comunidade em geral, a gerir seu dinheiro de maneira mais eficaz. Nesse espaço, os alunos dos cursos de graduação do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) têm a oportunidade de colocar em prática os conteúdos assimilados em sala de aula. O professor Sinézio Fernandes, chefe do Departamento do Curso de Economia da UFPB, ressalta a importância de projetos como esse para os alunos e para a sociedade. “Temos o objetivo de auxiliar as pessoas no seu orçamento familiar, planejamento financeiro, perspectivas de médio e longo prazo. A ideia é que a universidade preste esse serviço à comunidade”. Além de ser aberto ao público, os serviços do “Escritório Financeiro” são gratuitos e qualquer pessoa interessada tem a oportunidade de participar. “No blog salaacoes.blogspot.com.br temos o formulário de inscrições para toda e qualquer pessoas que tiver interesse em aprender como buscar o equilíbrio financeiro através do planejamento”. Os atendimentos são realizados todas as quintas feiras e os interessados devem entrar no espaço ‘Agendamento’ contido no endereço e preencher o formulário de inscrição.

infraestrutura

Estudantes querem acessibilidade na UFPB Carina Pontes Geovânia Alves Pessoas que são portadoras de algum tipo de deficiência enfrentam dificuldades de acessibilidade no cotidiano universitário. Na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) isso não é diferente. Diversos estudantes portadores de deficiência sofrem com este tipo de situação, em todo o campus I da UFPB, a acessibilidade existem em níveis diversos. A exemplo da cadeirante Renata Félix, 19, do 1º período no curso de Biologia da UFPB, suas aulas ocorrem no Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN), onde ela encontra dificuldades de mobilidade pelo fato do centro possuir estrutura antiga e consequentemente com pouca acessibilidade para circulação de cadeirantes. Assim como Renata, existem muitos outros estudantes que sofrem com as mesmas dificuldades. No CCEN não encontramos rampas adequadas e nem elevador. No CCTA encontramos rampa e elevador, mas apesar do centro ser um dos melhores centros na questão de acessibilidade, não possui sinalização demarcada no chão para portadores de deficiência vi-

Renata Félix, acadêmica de Biologia, está entre os alunos que encontram dificuldades para se locomover pelo campus I da UFPB sual. É uma questão importante, sobretudo porque o CCTA conta com alguns alunos portadores de deficiência visual, além de uma professora do seu quadro permanente.

Foram entrevistados dois alunos portadores da deficiência são eles: José William, aluno do 1º período de Jornalismo e Otto, aluno do 4º período de Rádio e TV, e a reclama-

ção comum entre eles foi que sentiram dificuldades em algumas áreas em questão de manutenção, reclamaram que algumas calçadas possuem buracos aos quais impossibil-

ita um trajeto tranqüilo até seu destino chamando atenção, assim, para não só a ampliação em acessibilidade como manutenção da mesma, a UFPB precisa de melhoras em questão de acessibilidade para melhor locomobilidade. Segundo o diretor do centro David Fernandes já existe um planejamento para resolver essa questão. Foi contatado o Coordenador Geral de Projetos da UFPB, Marcelo Diniz, que ao falar da questão de projetos para acessibilidade, afirmou que existe o projeto Rotas Acessíveis,que são 6km de adaptações visando ampliar a acessibilidade estrutural no campus. Entre a Biblioteca Central e o Restaurante Universitário já foi implantada essa rota. Agora está em fase de planejamento toda área externa da UFPB. Segundo o Coordenador Geral de Projetos,a universidade está se tentado licitar plataformas elevatórias,e mais de 50 já foram implantadas para maior acessibilidade.A meta é que até 2018 toda UFPB esteja com acessibilidade estrutural, atendendo as demandas de tanto dos portadores de deficiência permanente quanto dos que convivem com deficiências temporárias.


campus

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 27 DE FEVEREIRO A 6 DE MARÇO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

REUNI passa por balanço após 8 anos funcionando Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais é avaliado Sandro Alves De França Marília Cordeiro Instituído em 2007, o REUNI Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais surgiu como um providencial apoio para a expansão universitária brasileira, injetando volumosas somas de recursos na ampliação da infraestrutura das instituições, criação de novos cursos, centros e campi e a aquisição de equipamentos necessários para o ambiente acadêmico de um modo geral. A partir do plano apresentado, cada universidade receberia investimentos para ações como contratação de professores e servidores administrativos; recuperação e construção de instalações físicas; aquisição de equipamentos para laboratórios, salas de aula, bibliotecas, ambientes de professores e órgãos administrativos, criação de novos cursos e Centros dentre outras. Na UFPB foram destinados cerca de 136 milhões em investimentos diretos, segundo a coordenação do REUNI. Entretanto, para a comunidade acadêmica, a verba não foi aplicada como se previa. Foram criados novos cursos sem contratação do número de professores necessários. Boa parte dos laboratórios está defasada, sem equipamentos necessários ou mantidos em condições inapropriadas, quando não precárias. As reclamações vão desde equipamentos até benefícios básicos como portas de banheiros, ventiladores e papel higiênico. AVALIAÇÃO

Foto: Manuela Patrício

Sérgio Fernandes Alonso alega ausência de planejamento do REUNI Passados 8 anos da criação do programa e chegando às últimas etapas de sua fase de consolidação, isto é, manutenção dos recursos já orçados e aplicados, um balanço da execução pode ser feito no âmbito da UFPB. Há vários fatores que explicam essas disparidades. Segundo o professor Sérgio Fernandes Alonso, ex-prefeito universitário, houve uma falta de coordenação e planejamento na aplicação dos recursos do REUNI. “Um dos maiores investimentos na reconstrução e implantação de novos cursos é o REUNI. No momento estamos finalizando as obras do REUNI que foram elaboradas e aprovadas. E como isso funcionou? Deu tudo errado. A gestão anterior não soube lidar com as dificuldades. As obras foram pensadas pela administração e não para a universidade de um modo geral’, avalia ele. De acordo com o professor Alonso, a relação de disparidade nas sobras e ações do Reuni tem origem, em sua grande maioria, na forma

como a gestão anterior da UFPB aplicou o programa e suas verbas. “Essa demora tem uma realidade anterior e uma realidade atual. A maioria das obras do REUNI foram licitadas de forma irregular. Foram licitadas apenas com o projeto básico e muitas delas sem o básico, que é o projeto arquitetônico. Um exemplo é o centro de Artes e Cultura, feito de uma forma aleatória. Para que uma obra seja licitada são necessários os projetos complementares (elétrico, drenagem, combate aos incêndios, etc.)”, enfatizou ele. INTERTÍTULO Assessor especial da reitoria para o Reuni, o professor Gustavo Tavares da Silva, explica que o último ano de orçamento para o programa foi 2011, para execução de obras e ações nos anos subsequentes. Segundo ele, os recursos aportados em custeio e manutenção das novas estruturas criadas com o Reuni após esse período são recur-

sos próprios da UFPB para a fase de consolidação e conservação dessas respectivas estruturas. A expectativa para orçar novas inciativas de expansão está na implantação do REUNI 2, que é pleiteado pelas universidades mas ainda não homologado pelo Governo Federal “Muitas coisas foram licitadas, obras foram feitas e ainda estão em andamento. Os recursos que vieram nos anos seguintes, não foram do REUNI. A Reitora Margarete está dando continuidade as obras que foram aprovadas nessa época. O que está havendo agora é a finalização. Temos a expectativa do REUNI 2, para uma melhor expansão da universidade, bem como, vagas para novos professores e servidores ou uma melhor estrutura física”, explica ele. Quando questionado sobre qual nota atribuiria ao despenho do REUNI na UFPB, durante os anos de execução do programa, o professor Gustavo faz uma análise mais ponderada. “Não podemos fazer uma avaliação quantitativa sem levar em conta a qualitativa. Não dou uma nota baixa, pois assim, estaria reprovando o REUNI. O que avalio de forma negativa é a falta de planejamento dos recursos recebidos”, enfatiza. A comunidade acadêmica aguarda a otimização dos recursos destinados a estruturação da UFPB. Segundo a assessoria especial do Reuni, em março, por determinação do Ministério da Educação, um relatório detalhado sobre a aplicação dos recursos recebidos através do programa será divulgado.

OBRAS

Reforma do RU propõe benefícios Foto: Pedro Neri

Aldo Silva Gerir um Restaurante Universitário (RU) não é tarefa simples. No campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a reforma empreendida no refeitório se tornou imprescindível, visto que a própria vigilância sanitária havia notificado a instituição quanto à precariedade dos serviços oferecidos no local. O aspecto mais importante da ação é a unidade de processamento dos alimentos, garantindo segurança. Para isso, o corpo de nutricionistas elabora mais de 20 pratos diferentes no cardápio, inclusive para o publico vegetariano. Futuramente, há a proposta de atender todos os estudantes que necessitem de uma alimentação especial, a exemplo de hipertensos e diabéticos. O professor Antonio Luiz, superintendente RU, atesta: “Não é apenas uma reforma, o desafio maior a percorrer é a responsabilidade de promover o bem estar do corpo estudantil. Temos que dignificar mais de 2000 alunos que precisam utilizar o restaurante”. Questionada sobre o procedimento estrutural, Erica, do curso de gastronomia, demonstrou esperanças de ver a obra finalizada, ao con-

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Breves âncora O Programa de Pós-graduação em Jornalismo e o Mestrado Profissional em Jornalismo da UFPB agora têm um veículo para publicação dos seus trabalhos: a Âncora - Revista Latino-americana de Jornalismo. O periódico foi lançado recentemente pelo Laboratório de Jornalismo e Editoração (Laje), que foi inaugurado no dia 11 de fevereiro, no CCTA. Tendo como público alvo pesquisadores e profissionais do jornalismo, a revista conta com um Conselho Científico de 55 pesquisadores da América Latina e Europa, e um Conselho Editorial integrado por professores do Mestrado em Jornalismo da UFPB. Traz análises tanto no âmbito acadêmico, como vinculadas ao mercado jornalístico, e pode ser acessada no endereço: www.periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ancora.

Monitoria O CCS já abriu as inscrições para monitoria do II Fórum Brasileiro de Direitos Humanos e Saúde Mental, que acontecerá entre os dias 4 e 6 de junho. São ofertadas 100 vagas para monitores, que podem ser: estudantes de graduação e pós-graduação de instituições de ensino superior, trabalhadores da Rede de Atenção Psicossocial de João Pessoa e militantes de movimentos sociais. As inscrições iniciaram no dia 23 de fevereiro e podem ser feitas preenchendo o formulário disponível em: www.goo.gl/forms/ lT9PGTZpKr.

Produção nordestina Com a temática “Pesquisa em Educação e Visualidade: o que temos produzido no Nordeste?”, ocorrerá o V Encontro de Educação e Visualidade, no Centro de Educação da UFPB, de 18 a 20 de março. Na ocasião (20/03) também haverá o lançamento de coletâneas e livros, a exemplo do ‘Charges na rua 3: humor com resistência, liberdade e coragem’, do chargista Régis Soares, conhecido pela exposição de charges que faz na fachada do próprio atelier, no bairro da Torre, em João Pessoa. As inscrições para o evento foram prorrogadas até o dia 28 de fevereiro, pelo endereço: www. educacaoevisualidadeufpb2015. blogspot.com.br/p/inscricoes. html. A programação completa está disponível no mesmo site.

Carteiras estudantis

Reestruturação do RU abrange salão principal, unidade de produção e armazenamento, instalações elétricas e esgotamento sanitário trário de diversas construções do campus que ainda estão sem um horizonte de conclusão. “Que a proposta apresentada não fique apenas no papel”, defende ela, que também projeta o principal impacto positivo caso a reforma no espaço e na

gestão do RU se torne realidade: o aumento expressivo da utilização dos serviços do restaurante para todos os estudantes. ENTENDA A obra envolve a estruturação

do salão principal e da unidade de produção e armazenamento, as instalações elétricas e o esgotamento sanitário. Os trâmites legais para a concessão da ação foram estabelecidas com meta de se concluir até o período 2015.2.

Depois de alguns impasses em torno do credenciamento do DCE da UFPB para a produção de carteiras estudantis universitárias, o órgão conseguiu o Certificado de Habilitação e Regularidade emitido pelo PROCON. Com isso, está liberada a emissão das CIEs por parte do diretório. A confecção já está sendo realizada na universidade, e para produzir a sua carteira, que é entregue na hora, o estudante necessita portar uma declaração do curso, documento com foto e a quantia de R$10.


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campus

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Palestra discute desenvolvimento da relação ambiental no campus Colóquio realizado no Centro de Educação discutiu, entre outros temas, a preservação da água e a economia de energia Foto: Érika Soares

Érika Soares

Professora Luciane Schulz aponta necessidade de aproximação

O tema Educação Ambiental propõe um debate que está muito além do que se supõe a partir destas duas palavras. Educação ambiental não se refere, como alguns podem imaginar, apenas a ações conscientes quando ao meio ambiente e a natureza. É também ter atitudes conscientes e reflexivas diante de tudo que está ao redor. Segundo o Art. 1º da Lei nº 9795/1999 – Política Nacional de Educação Ambiental – “Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”. Pensando nisso, o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Ambiental (GEPEA) da Universidade Federal da Paraíba realizou, no início do mês de Fevereiro, o II Colóquio de Educação Ambiental para o Semiárido Nordestino: Escolas Sustentáveis, Formação de Professores e Saúde Ambiental. A proposta do evento foi a de gerar uma

VIVÊNCIA

Alunos da UFPB criam apelidos para docentes Igor Duarte Luiz Lambert Os prédios do Campus I da UnOS PRÉDIOS do Campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) possuem apelidos singulares, adquiridos com o passar do tempo. Entretanto, não são apenas as estruturas físicas que ganharam alcunhas. Um número significativo de professores do corpo docente da instituição é conhecido por diferentes apelidos entre os alunos. O repertório vai além dos mais comuns, passando por referências a desenhos animados a figuras que remetem a criaturas lendárias. Entre as disciplinas cursadas e o fluxo contínuo de professores, os estudantes têm a possibilidade de conhecer um pouco do seu orientador. Os detalhes à vista são analisados cuidadosamente, porém é a aparência física é que ganha destaque no momento de criar um apelido, seguido pelas características únicas do docente. Entre elas, as cobranças exageradas, o mau humor, o gosto musical, a forma de falar ou se vestir, entre outros. ALCUNHAS No Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN), dois casos geram discussão entre os estudantes do curso de Matemática. A pro-

fessora Maria Espíndola é conhecida por “Velhinha de Madagascar”, fazendo referência a animação da DreamWorks que fez sucesso entre o público infantil. O seu jeito eufórico e peculiar na vivência acadêmica a credenciaram para receber a alcunha. Outro nome que circula por entre os corredores do CCEN é “Raiz de 2”. A referência, pela dificuldade de se achar o valor, é a causa de se referirem a

A turma já apelidou uma das professoras pelo seu jeito único. Vanessa Macedo, aluna de Psicologia

Antônio Joaquim Feitosa, professor do Departamento de Matemática com mais de trinta anos de ensino na instituição. Os estudantes do curso relatam que o apelido ultrapassou as fronteiras do Centro e ganharam repercussão em outros cursos que o professor leciona disciplinas: Engenharias, Química e Física. Para a aluna do oitavo pe-

ríodo, Maria Clara Costa, a causa dos nomes se dá pela pouca proximidade que os professores têm dos alunos e a crueldade de alguns com os estudantes. CALOUROS Os recém-chegados à universidade também discutem a prática na instituição. No primeiro período do curso de Psicologia, os estudantes Alan Moura e Vanessa Macedo concordam que o ato de apelidar é recorrente entre os colegas. “A gente ainda está no começo, mas mesmo assim a turma já apelidou uma das professoras pelo seu jeito único”, confessa Vanessa. Eles, no entanto, acreditam que os docentes têm noção dos nomes dados a eles, mesmo não fazendo referência direta na sala de aula. Entretanto, os professores foram não quiseram falar sobre os apelidos dados pelos alunos. Não importa o departamento, especialidade, disciplina ministrada, ou qualquer outro condicionante, professores serem apelidados por alunos é algo fadado a acontecer e mesmo que o docente não tenha conhecimento do fato, provavelmente ele já aconteceu. O nome pelo qual são conhecidos, muitas vezes, consiste apenas numa brincadeira que esconde um enorme apreço e admiração. Afinal, os educadores formam a base profissional de todo e qualquer aluno.

discussão a respeito do desenvolvimento da consciência ambiental. Quando o indivíduo é submetido aos confortos que a vida urbana proporciona, eles não conseguem ampliar seu equilíbrio vivencial, no que diz respeito a atitudes conscientes, como o não desperdício de água; a economia de energia; a coleta seletiva etc.; por conhecerem apenas um lado da moeda, por não terem vivenciado a outra face da realidade, consequentemente não sentiram falta do que nunca conheceram, não valorizaram algo que sempre tiveram, não se conscientizaram quanto à valorização da água (pois pode vir a faltar) se nunca lhes faltou. SITUAÇÃO ATUAL Ao analisar a realidade social na qual nos encontramos hoje, a Dr. Luciane Schulz, em seu discurso, faz uma leitura do que motivou a súbita mudança do que vivemos outrora e hoje nos deparamos com uma utopia, em termos de educação ambiental: “O que causou esta mudança foi primordialmente, a valorização pelo modelo de sociedade que nós vivemos que valoriza o ter e não o ser, por exemplo, o adolescente que tem recursos, prefere

ir ao shopping para ver a novidade em roupas, celulares ou brinquedos; os que não têm recurso vão ao shopping apenas para passear porque é chique, é uma ostentação, ao invés de ter outra atividade de lazer, sem custo, distante de casa, pois hoje sabemos que a área urbana tem se expandido e estes espaços estão restritos”. A discussão gira em torno de como trabalhar a educação ambiental na coletividade e desenvolver ações espontâneas de consciência ambiental. RELEVÂNCIA Como educadora, Luciane expressar a importância de despertar nos alunos, ações conscientes e para isso, é necessário levá-los a espaços que careçam desta atenção e deixá-los espontaneamente identificar suas carências. Essa dificuldade em enxergar as necessidades ao redor se dá, devido à falta de vivência nestes meios e espaços que muitas vezes são desconhecidos pelos indivíduos. Sobre isso, Luciane esclarece: “Hoje em dia, para uma criança ter contato com um rio que não esteja poluído é difícil, mas é possível uma atividade como, fazer piquenique e tomar banho de mar, morando no litoral”.

conectividade

Espaço virtual da UFPB permite ensino a distância Vítor Nery Na era da informação e da comunicação, a Educação a Distância representa um importante processo de inclusão para os alunos que não têm acesso à aprendizagem presencial.Visando ampliar a oferta de cursos de nível superior de excelência dessas pessoas, a Universidade Federal da Paraíba instituiu a UFPB Virtual. A unidade tem como objetivo a formação superior de professores atuantes nas escolas públicas e do grande número de jovens e adultos, ratificando o papel e o impacto da educação a distância no desenvolvimento socioeconômico da região. O corpo docente dos cursos oferecidos pela UFPB Virtual é formado, em sua maioria, por professores doutores e mestres da UFPB, contando com o apoio de tutores presenciais e tutores a distância em todos os polos, graduados e com pós-graduação. Os educadores atuam fazendo uso das tecnologias de informação e comunicação para o alcance de sua meta que é democratizar o acesso a educação superior pública e gratuita de qualidade. Levando o ensino a 28 pólos Municipais, distribuídos entre Paraíba, Pernambuco, Ceará,

Rio Grande do Norte e Bahia, a unidade oferece as graduações de: licenciatura em Matemática, Letras, Letras/Língua Espanhola, Letras/Língua Inglesa, Libras, Pedagogia, Ciências Biológicas, além do curso de bacharelado em Administração Pública. Também são ofertados cursos de pós-graduação lato sensu, de Especialização em Gestão Pública e Especialização em Gestão Pública Municipal, além dos novos cursos de Especialização a serem instituídos no ano corrente: Especialização em Linguística e Especialização em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça. Para todos os cursos ofertados são utilizadas modernas tecnologias e metodologias inovadoras de ensino. São desenvolvidos com base na Internet através do ambiente virtual de aprendizagem Moodle, com o apoio de materiais impressos, CDs, DVDs, Bibliotecas Virtuais, Objetos Digitais de Aprendizagem; uso de sistemas de comunicação digital, como Web Conferência, e assistência personalizada aos estudantes nos polos de apoio presencial. O acesso aos cursos da UFPB Virtual que acontecia através de exame vestibular próprio passou, a partir de 2014, a utilizar as notas do ENEM.


educação

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Foto: Manuela Patrício

Ao ingressar no curso almejado, uma grande parcela dos alunos procura precocemente estágios remunerados, em detrimento de cadeiras teóricas essenciais

Pressa para estagiar causa debates Alunos e professores falam sobre os pontos positivos e negativos que os estágios precoces podem trazer aos alunos Giovanna ferreira Laísa mendes Hoje em dia, os alunos ingressam nas universidades muito cedo, e logo têm o impulso de arrumar um estágio em sua área de estudos, seja por motivos econômicos ou pela pressa de começar a atuar no mercado de trabalho. Muitas vezes, os alunos até já possuem um emprego ou procuram um que possam exercer enquanto estudam. A maioria dos cursos tem em sua grade curricular o estágio supervisionado, indicando uma experiência de mercado ainda enquanto se estuda. Essa experiência é muito importante quando ocorre no momento adequado. Porém, antes desse período determinado, o estágio não é obrigatório ou simplesmente não deve existir fora do âmbito acadêmico, como no caso dos cursos da área de saúde. Existem dois tipos de estágios presentes na lei 11788/2008, Lei Federal de Estágios: o obrigatório ou curricular presente nas grades dos cursos e o não–obrigatório. Para o obrigatório, a bolsa não é obrigatória, enquanto para o segundo, deve haver remuneração. A PRG cuida da regularização do estágio dos alunos nas institui-

ções que são conveniadas com a universidade, regidos pela resolução 47/2007 que autoriza ao aluno estagiar a partir do terceiro período. Porém, o planejamento da pró-reitoria, juntamente com os assessores de graduação e coordenadores de curso, para o ano de 2015, é de permitir a oficialização do estágio a partir do segundo período devido à demanda dos estudantes. “O aluno tem pressa de querer saber como será a vida profissional, ganhar experiência, ter essa necessidade de atuar, descobrir se fez a escolha correta. Essa pressa nem sempre rende bons resultados”, ressaltou Eliane Ferraz, diretora da Pró-Reitoria da Graduação. SAÚDE Na área de saúde existe o ERI (Estágio Rural Integrado) que é obrigatório para todos os alunos e está presente na grade curricular. Eles vão para as cidades do interior e atuam em ambulatórios, UPA’s ou postos de saúde; e dependendo do período em que esteja, o aluno poderá apenas participar como observador ou para aqueles mais avançados, como atuantes. A presença de um supervisor é uma obrigatoriedade na unidade concedente de estágio, em consequência, este deve possuir nível superior na

O aluno tem pressa de querer saber como será a vida profissional, ganhar experiência, suprir a necessidade de atuar e descobrir se fez a escolha correta. Essa pressa nem sempre rende bons resultados Eliane Ferraz, diretora da Pró-Reitoria da Graduação

área de estudo do aluno. De acordo com Severino Ramos de Lima, coordenador do curso de Medicina, existem dois tipos de atividade pratica. “A primeira não se constitui pela definição de ‘estágio’, mas sim como parte de uma disciplina, e a isso denominamos ‘módulo’. A outra, é o estágio prático, apenas no final do curso, estagio supervisionado curricular obrigatório, o internato.” Alunos são proibidos por lei de exercerem a profissão, exceto com a supervisão de médicos autorizados, como professores e pesquisadores. A prática ilegal da profissão é crime previsto no Código Pe-

nal e tem pena prevista de seis meses a dois anos de detenção e multa, caso praticado com o objetivo de lucro. HUMANAS É na área de humanas que se encontra a maioria dos alunos que fazem estágio, seja ele obrigatório ou não. Os pré-requisitos variam de acordo com cada curso; por exemplo, no curso de Administração o estágio é obrigatório a partir do 7º período. Para a professora de Administração e coordenadora do Serviço de Estágio, Paula Luciana, a procura por estágio é muito grande, tanto por parte dos alunos como por parte das empresas, é uma mão de

via dupla. “Até agora só conseguimos enxergar pontos positivos, até porque é bom para a inserção do aluno no mercado”. Os alunos de Direito, Daniele Salviano e Lucas de Medeiros, 7º e 4º período, respectivamente, possuem diferentes opiniões acerca da urgência que os alunos estão tendo para conseguir estágio. “Eu entrei no estágio no 7º período e então pude ter uma noção melhor do curso. Muita gente entra nos primeiros períodos, o que eu não acho muito válido”, disse Daniele. Para Lucas, foi preciso relativizar o estudo de algumas disciplinas introdutórias para que pudesse realizar algumas atividades que o estágio exigia. Lucas diz não se arrepender da escolha, “Comecei a estagiar no início do 2º período. Encontrei dois advogados dispostos e que gostavam de ensinar. Foram eles que me auxiliaram e me conduziram nesse começo”. Para os professores, algumas empresas exigem mais dos seus estagiários e consequentemente as notas diminuem. Porém, a experiência adquirida pelos alunos se reflete na participação das aulas, pois conseguem dar opiniões mais consistentes, absorver melhor o conteúdo e associar a prática com a teoria.

TECNOLOGIA

Software desenvolvido na UFPB ajuda PM Foto: Carlos Rocha

Lucídio Cabral, orientador do projeto inovador Ferramenta WEB

joabe ferreira O Ferramenta Web foi idealizado com a intenção de expandir e facilitar o trabalho da Polícia Militar. Através de um cálculo computacional chamado meta-heurística GRASP, que consiste em criar uma solução inicial e depois realizar uma busca local para ajudar nessa solução, a proposta do software é de auxiliar o trabalho da policia através de um radiopatrulhamento e monitoração da circulação das viaturas em todo o estado da Paraíba. A ferramenta é um projeto do tenente-coronel da Polícia Militar Valtânia Ferreira, mestranda em Engenharia de Produção pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), orientada por Lucídio Ca-

bral, professor do Departamento de informática da UFPB. Segundo Valtanea, por informar onde estão as viaturas em tempo real, o software agiliza a ação da polícia e atende o maior numero de pessoas em uma quantidade menor de tempo. PROJETO O projeto deve ser adotado pelo Centro Integrado de Operações Policiais (CIOP), de forma que, baseado no histórico recente de ocorrências, seja possível definir um padrão de atuação, que seria um mapeamento das regiões da cidade e um número necessário de viaturas para serem lançadas em cada região. A cada vez que acontece uma ocorrência qualquer, como um assalto, o

cidadão liga para o número da policia militar, aquela ocorrência é registrada pelo CIOP e esse centro é responsável por enviar uma viatura ao local do chamado. O Ferramenta Web busca diminuir o tempo de acesso das viaturas ao local do acontecimento. Dependendo da integração do sistema da policia, a expectativa para a disponibilidade do software é para o segundo semestre desse ano, segundo o professor e orientador do projeto Lucidio Cabral. “O tempo de funcionamento depende do sistema interno da Policia Militar. Sabendo-se que já existe um sistema e que ele precisa ser customizado e programado pra receber e devolver informações”, afirmou Lucidio.


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educação

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UFPB é destaque em exame da OAB Taxa de aprovação chegou a 65%, alcançando uma boa colocação no ranking nacional. UFPB foi classificada a melhor no NE Ytalo Rodrigues A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) é a sétima instituição de ensino superior que mais aprova advogados no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Segundo o levantamento, a UFPB tem uma taxa de aprovação de 65%. O total de inscritos nas três edições do exame da OAB foi de 313. A lista foi divulgada recentemente pela Fundação Getúlio Vargas, que organiza a prova. A primeira posição ficou com a Universidade Federal de Viçosa, com taxa de aprovação média de 77%. Exame de Ordem A prova prático-profissional, segunda fase, do Exame de Ordem foi aplicada em todo o país pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Todo bacharel de direito precisa fazer o exame para exercer a profissão A prova é dividida em duas fases. A primeira fase é composta de 80 questões de múltipla escolha. Quem acertar o mínimo de 40 questões passa para a segunda fase. Na segunda fase o candidato precisa redigir uma peça processual e responder a quatro questões, sob a forma de situações-problema, compreendendo as áreas de opção do bacharel, indicada no momento da inscrição. A advogada Rafaela Martinez, recém-formada pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e aprovada no exame em sua primeira tentativa, conta que obteve sua aprovação no Exame de Ordem após muito estudo. “Minha rotina de estudos se deu durante mais ou menos seis meses, perío-

do em que aguardava minha formatura. Estudava cinco horas a tarde e retomava os estudos das 22h até madrugada”, afirmou. A coordenadora de graduação do curso de Direito da UFPB, Maria Lígia Malta Farias diz que já esperava esse resultado, pois o curso sempre obteve um ótimo desempenho no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). “As instituições que mais aprovam são, em sua maioria, as mesmas que tiveram melhor desempenho no ENADE. A nossa estava entre elas” destacou. O exame de ordem, porém, ainda gera polêmicas sobre sua eficiência. O bacharel em direito, Fábio Araújo, formado há cinco anos, diz que não fez e não fará a prova da OAB, mas focará nos concursos públicos federais. Fábio ataca principalmente a metodologia: aplicada “O exame de ordem existe para beneficiar os cursinhos. Está defasado e não deveria ser o critério único para o ingresso dos novos profissionais no mercado. Tem gente que acha que quem reprova no Exame de Ordem é burro”, enfatizou. Apesar da obrigatoriedade do exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ter sido objeto de questionamento judicial em todo o país, a exigência foi considerada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 26 de outubro de 2011. Na época os ministros entenderam que seria necessário limitar criteriosamente o acesso à profissão em função do interesse coletivo, principalmente quando o seu exercício transcender os interesses individuais e implicar riscos para a coletividade.

Foto: Maniela Patrício

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil gastou 3,6% do PIB com a saúde pública em 2008

O exame de ordem ainda gera polêmicas quanto a sua eficiência e obrigatoriedade , dividindo opiniões

Projetos

Projeto analisa presídio feminino Foto: Érika Soares

mary jéssica Aprovado e classificado em nono lugar no cenário nacional, o projeto de extensão na Penitenciária de Recuperação Feminina Maria Julia Maranhão, busca analisar diversas questões como o estresse ocupacional, vulnerabilidade da profissão dos agentes penitenciários, e também, como se dá a relação desses agentes com as detentas. O projeto coordenado pela Profª Bárbara Barroso projeto faz parte do Laboratório de Saúde trabalho e Ergonomia (LASTE) do Centro de Ciência da saúde (CCS) e terá o início de suas atividades em Março deste ano. REALIDADE A penitenciária para a maioria das pessoas é lugar indesejado e assustador, sendo assim, grande parte da sociedade fecha completamente os olhos para a realidade desse ambiente, dos trabalhores e das presidiárias, que estão encarceradas. Para os alunos do LASTE porém, esse é um cenário que merece ser analisado, buscando proporcionar condições adequadas de trabalho para as agentes, bem como, uma reabilitação digna para as mulheres

Vamos fazer uma pesquisa inicial para entender o público-alvo, depois queremos entender a relação do trabalhador com as detentas. Bárbara Barbosa, coordenadora do projeto

encarceradas. Como demonstra Elisa Montenegro Bezerra, participante do projeto e estudante do curso de Terapia Ocupacional da UFPB. “Quando Bárbara quis montar esse projeto e lançou aqui, nós ficamos bastante interessados por ser algo novo e descobrir como é que a Terapia Ocupacional pode estar encaixada nesse ambiente, vai ser um grande desafio”, enfatizou A coordenadora do projeto busca também entender as relações de poder entre os agentes e as detentas. “Queremos pesquisar a vida no trabalho e para o trabalho. Vamos fazer uma pesquisa inicial para entender o público alvo, depois queremos entender a relação do trabalhador

com as detentas, como se dá o contato, como se dá esse tratamento, e se há uma relação realmente de poder”, explicou. Bárbara enfatiza a grande importância de trabalhar com a autonomia dos alunos nos projetos, de pensar e de fazer, promovendo uma discursão crítica do que eles podem fazer para ajudar a melhorar a sociedade. Não tiveram início as atividades efetivamente no local, mas há 6 meses alunos bolsistas e voluntários vem pesquisando o que está acontecendo no sistema presidiário nacional através de pesquisas científicas e reuniões para embasar as ações terapêuticas dentro do presídio.

Elisa Montenegro integrante do projeto e estudante de TO na UFPB


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Alunos de Direito contribuem para inclusão social de surdos Através de intervenção para ajudar pessoas com surdez em processos judiciais, estudantes promovem ação participativa Foto: Érika Soares

Vítor nery Gabrela Garcia Segundo censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 9,7 milhões de brasileiros possuem deficiência auditiva, dos quais 344,2 mil são surdos. Lamentavelmente, estes ainda não têm acesso pleno a direitos básicos como Educação e Justiça. Para minimizar o quadro, estudantes do 3º período do curso de Direito da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), através da disciplina Direito dos Grupos Socialmente Vulneráveis (DGSV), elaboraram uma proposta de intervenção cujo objetivo é promover ainda mais a inclusão social dessa minoria, mediante o rompimento de barreiras linguísticas entre surdos e ouvintes.

Lídia Almeida reconhece a importância da disciplina no curso para amparar minorias

GARANTIA Lídia Almeida, aluna do 3º período do curso de Direito e uma das encarregadas da tarefa, atesta que a experiência da disciplina foi mui-

to positiva, pois permitiu que se conhecesse melhor a realidade dos portadores de surdez, diminuindo os pré-julgamentos. “Aprendi que o termo ‘surdo-mudo’ é incorreto [...] Os surdos podem, sim, se oralizar, mas como é um processo doloroso, a maioria prefere se comunicar pela Libras (Língua Brasileira de Sinais)”. A estudante também enfatizou a questão do acesso à justiça: “Como um surdo vai resolver seus problemas jurídicos por telefone? Eles precisam de um intérprete pra tudo. Há muita demanda e poucos profissionais. Segundo a lei, todo órgão público deve conter um intérprete, mas na realidade não tem”. Lucca Petri, também estudante do 3º período e representante do Diretório Acadêmico Tarcísio Burity (Datab), comentou: “Para se formar é preciso uma carga de 180 horas. O nosso centro oferece apenas três disciplinas optativas de 60 horas cada para fechar o tempo. Mas a ideia de uma optativa é que você

possa escolher (dentre várias), para uma formação diferenciada. O Datab quer disponibilizar mais opções. Porém, o mais importante é assegurar o direito dos surdos no âmbito jurídico”. A solução encontrada para minimizar esse problema foi contatar o Departamento de Letras Clássicas e Vernáculos (DLCV), no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) e elaborar um ofício solicitando um professor para lecionar Libras no curso de Direito, uma vez que este não dispõe de um profissional que o faça. Ao buscar disponibilizar outra cadeira optativa para os alunos, a ação do Datab em conjunto com a coordenação e os alunos de DGSV, a longo prazo, visa à isonomia constitucional para o portador de surdez. “Com o jurista dominando ao menos o básico da Libras, o preconceito já diminui bastante, pois saber outra língua não é só saber traduzir palavras, mas também conhecer outro mundo”.

Debate

Educação Emocional é tema de estudo no CE Joseany Pontes

rece tanto o bem-estar e desenvolvimento pessoal, como social. Possuímos um conjunto de “Todas as emoções tem uma emoções tais como, tristeza, raiva, atenção especial na educação emogratidão, amor, e medo. Essas emo- cional, porém as que chamam mais ções determinam como reagimos, atenção para o nosso estudo são a e isto não está apenas relacionado raiva, a violência e aversão”. com a cognição, mas também com a A professora acredita que a emoemoção. ção mais importante para o ser huA Educação Emocional é o pro- mano é o amor, “a fonte é o desacesso de desenvolvimento de habili- mor, e o antídoto é o amor” seria dades e relacionamento interpessoal ele a fórmula para bem estar social e e é através despessoal. ta, que aprendeA estudanmos a lidar com te do 6º períoessas emoções, do de pedagoproporcionando gia Siméia Moo bem-estar pesta, ficou bassoal. tante interesO desenvolvisada no tema, mento de com“quando soupetências emobe que a UFPB cionais traz um iria promover estilo de vida este evento fimais satisfatório. quei muito emSegundo a propolgada, sei que fessora do proo seminário só grama de pósacrescentará no -graduação em meu aprendizaeducação Elisa do e na minha Elisa Gonsalves, professora Gonsalves, exiscarreira profistem duas orsional”, afirmou dens de contriela. buição da educação emocioEVENTO nal, a primeira é o aperfeiçoamento No evento será lançado um grupessoal, e a segunda é o aprendiza- po de estudo das emoções para pardo em aliar a cognição e a emoção, ticipação dos alunos da Universidaou seja, o desenvolvimento de habi- de Federal. lidades que nos permitam aprender O I seminário Internacional senovas formas de agir e não reagir às rá realizado nos dias 4 e 5 de junho determinadas situações. , na Estação Cabo Branco.Será mesÀ medida que essas competências clado com conferênci são desenvolvidas, são controladas as e workshops, e contará com a nossas reações. presença de especialistas internacioA violência é destaque nos meios nais e brasileiros ,que irão discutir de comunicação, exemplos são exi- temas como Educação Emocional bidos todos os dias. Aprender a con- na Escola; Inteligência Emocional e trolar esses impulsos de raiva favo- bem-estar.

Foto: Pedro Neri

Todas as emoções tem uma atenção especial na Educação Emocional, porém as que chamam mais atenção para o nosso estudo são a raiva, a violência e aversão.

Elisa Gonçalves, professora do programa de pós-graduação em Educação Emocional, acredita que a emoção mais importante é o amor


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política

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Centros Acadêmicos do Campus passam por dificuldades diárias

Descaso da universidade e a ausência de uma política efetiva de apoio institucional às entidades estudantis se veem alternativas Daniel Viana Embora façam parte da estrutura representativa da comunidade acadêmica, os Centros Acadêmicos e Diretórios Acadêmicos (CAs e DAs) de diversos cursos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) vem enfrentando problemas na sua estrutura física, os quais, em sua imensa maioria, não tem previsão de solução à curto prazo. Alguns CAs no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA), por exemplo, não têm ambiente adequado para acolher os estudantes, como é o caso dos cursos de Serviço Social e Psicologia, onde os participantes do Pré-ERESS (Pré Encontro Regional dos Estudantes de Serviço Social) precisaram se reunir sentados no chão. Enquanto isso, o CA de filosofia precisa dividir espaço com uma copiadora, além de sofrer com equipamentos precários e quedas de energia. E, em casos mais extremos, estudantes do Curso de Ciência da Computação, no Centro de Tecnologia (CT) não possuem sequer uma sede onde possam se reunir. FILOSOFIA Dan Bronzeado e Murilo Patriota, alunos do curso e membros do CA de Filosofia, dizem que a falta de um espaço apropriado não apenas dificulta os encontros estudantis, como também a própria imagem da instituição. “A infra-estrutura tem uma ligação direta na visão de quem entra na Universidade. E isso acaba sendo prejudicial para o curso em si” avalia Bronzeado. Segundo ele, encontros do Centro precisam ser feitos em salas, bibliotecas, anfiteatros e até na grama, pois o prédio que deveria servir ao CA acabou ocupado por uma copiadora que, em troca do ambiente, oferece descontos aos graduandos. Patriota reconheceu a disposição do Centro em resolver a questão, mas lamenta o excesso de burocracia que impede o avanço das negociações. Segundo ele, houve um

contato em dezembro com a diretora de centro, Mônica Nóbrega, em que ela afirmou ter informado o problema ao prefeito, porém até agora nenhuma reposta foi dada. SERVIÇO SOCIAL Em condições físicas semelhantes, os centros acadêmicos de Serviço Social e Psicologia enfrentam problemas com queda de energia constante, falta de ventilação, falta de tomadas elétricas e equipamentos precários, num espaço considerado minúsculo. Embora possua dezoito membros, o espaço físico, segundo Edna Dênis, integrante do movimento, só é capaz de acolher cinco pessoas. “Se você não tiver um espaço agradável para conseguir planejar, torna-se impossível desenvolver propostas”, conclui Edna. Segundo a estudante, há aproximadamente quatro meses o CA fez um ofício solicitando ventiladores, computador e material de limpeza, porém, a maioria dos itens solicitados não foram disponibilizados. Para Felipe Bezerra, membro do CA de Psicologia, a estrutura atual é antiga demais para comportar tantos alunos. “A estrutura vem de uma época em que havia menos estudantes na Universidade.” MÔNICA NÓBREGA Segundo a diretora de centro do CCHLA, Mônica Nóbrega, teria havido um acordo entre o Centro e os demais CAs a respeito do novo prédio, entretanto, foi um acordo oral dos ex-diretores do Centro de Educação (CE) e do CCHLA com o ex-Reitor. “Um acordo feito oralmente para que o prédio que está sendo construído no CE fosse dividido para os CAs do CCHLA e do CE. Só que os atuais diretores não assumiram o compromisso por não haver nada escrito”, explicou diretora. Ela reconhece que os prédios que acomodam os CAs são pequenos para quantidade de centros, embora, segundo ela, tenha havido um esforço de melhorar a estrutura atu-

Foto: Pedro Neri

Da esq. para a dir. Murilo Patriota e Dan Bronzeado falam sobre a falta de investimento no CA al. “Com toda demora que se tem no processo de compras na Universidade, estamos tentando trabalhar”. Ela afirma ter havido avanços na compra de computadores, instalação de sistema de refrigeração e ventiladores, além da construção de uma sala de reuniões. Segundo a Diretora o que pode acontecer é a construção de um prédio que abrigue os CAs. Entretanto, de acordo com ela, seria necessário derrubar o que já existe,por não haver outro lugar a ser ocupado. “Nós do CCHLA temos coordenações de curso sem espaço. O espaço físico do CCHLA não comporta o CCHLA. Mesmo com as construções do REUNI, nós ainda não temos espaço físico que comporte tudo”, avalia Mônica. Para ela, as causas da falta de espaço físico no centro são de ordem financeira, mas também de execução das verbas. “Aliás para lhe dizer a verdade eu acho que nós temos um investimento nas universidades grande. Só que não é só ver-

ba é também a gestão dessas verbas”, explica. CONTÁBEIS & COMPUTAÇÃO Problemas com a estrutura física não são exclusividade do CCHLA. Outros como o Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) também recebem reclamações rotineiramente. No CA de Ciências Contábeis a falta de material de limpeza, de sacos plásticos e a instalação inadequada de equipamentos elétricos dificulta o dia-a-dia de quem precisa representar o alunado. Ao ser solicitado para o conserto de uma suposta infiltração, um técnico descobriu, por exemplo, que no prédio do CA de Ciências Contábeis havia um fio desencapado ligando o ar condicionado a uma tomada. “Ele viu que poderia ter ocorrido um acidente, um curto circuito ou alguma coisa do tipo. Ele disse que não sabia como não aconteceu um incêndio aqui dentro”, afirmou Marina Rodrigues, membro do CA de Ciências Contá-

beis. Enquanto alguns cursos enfrentam dificuldades quanto a estrutura física dos seus CAs, os alunos do curso de Ciência da Computação não possuem um espaço sequer para realizar suas reuniões. De acordo com Angelina Sales, membro do CA, devido à inatividade, o CT acabou ocupando o ambiente destinado aos estudantes para usar como almoxarifado, restando aos alunos esperar por um espaço prometido no Campus de Mangabeira há mais de um ano. “Como estávamos indo para Mangabeira, a Direção de Centro disse que era inviável desocupar alguma sala para nós. Atualmente nós nos reunimos em qualquer sala que esteja vazia”. Angelina Sales, no entanto, reclama que, no espaço projetado para os CAs, eles teriam que dividir — em aproximadamente 13 metros quadrados — com outros dois CAs. “É um espaço muito pequeno para três CAs trabalharem. E a divisa entre cada CA seria apenas uma bancada”.

alunos

Eleições para o DCE mobilizam estudantes Larissa Mendes Marília Cordeiro O Diretório Central de Estudantes (DCE) é a maior entidade estudantil da Paraíba. Sua função é representar todos os estudantes dos cinco Campi da universidade, que somam aproximadamente 50 mil pessoas. Três grupos concorrerão nas eleições que devem acontecer em abril. A atual gestão “Avante por todos os lados” e mais dois grupos de oposição, que ainda não possuem nomes definidos. Uma coordenada por Deco Gomes, estudante de Ciências Sociais e mais outros grandes grupões, formados por diversos CA’s e o último grupo dirigido por Luiz Candoia e uma equipe do curso de Rádio e TV.

AVANTE Atualmente, o DCE está aberto todos os dias e é de grande importância que o estudante entenda o que é uma entidade de todos e está sempre disposta a ouvir reivindicações no âmbito universitário. O grande desafio da atual gestão foi dar continuidade ao apoio estudantil depois de quatro anos sem que nenhum grupo assumisse a gestão. “Em quatro anos se perdeu toda uma geração de estudantes que se formou e entrou outra geração que não sabia o que era o movimento estudantil institucional. Eu entrei, me formei e não vi o DCE”, exemplifica Victor Figueiredo, bacharel em Direito e atuante na secretaria do DCE. oposição “Nós somos uma oposição que

foi criada internamente. Muitos dos que constroem essa nova equipe decidiram se afastar dessa gestão devido à visões politicas contrarias. Nossa intenção sempre foi fazer uma atuação dentro da universidade, a gestão atual atua de forma muito externa. Esse grupo está sendo constituído por grandes grupões. A nossa meta maior é criar e efetivar políticas para a nossa universidade e compor o nosso grupo com pessoas da residência. Nós que não usamos a residência não sabemos como é necessária essa assistência. Essas são as pessoas certas para a assistência estudantil. Bem como os demais grupos, como cultura, combate a repressões, multicampi e etc. Vamos dar autonomia a essas pessoas que se enquadram nesses perfis, que conhe-

cem essa realidade. O grande desafio é abrir a mente dos estudantes, quanto a importância do DCE e dos movimentos estudantis, essa é a nossa meta de agora, sacudir e oxigenar as mentes.” CENTROS ACADÊMICOS “Nossa meta é promover da melhor maneira possível a assistência estudantil, pois vemos muitos estudantes desnorteados. DCE não é só carteira de estudante. Questões desde a residência na universidade ou no centro da cidade ao RU. Foi um absurdo o que aconteceu com o RU. Temos que lutar pela ampliação do mesmo para um restaurante mais democrático. Os estudantes devem ter voz. Quando os estudantes tiverem voz, a voz será deles e não algo falso onde a voz é de

pessoa que dizem lutar pelos direitos deles. O movimento estudantil sempre foi forte, mas parece que de uns tempos pra cá ele se tornou um mero objeto. O DCE para todos é aquele que abre portas. Não adianta monta-lo e restringir certos nomes. Um DCE tem que estar todo mês em um centro pra consultar os alunos. O DCE pra todos tem que ser aberto a propostas e a discussões. Tem que promover uma melhor eficiência acadêmica, não só cobrando mas paralelamente oferecendo opções para os alunos. Procurar parcerias com outras instituições, para melhorar o ensino e a pesquisa, ampliando a universidade. Não pode ser um poder. Tem que ser um movimento estudantil puro e essencial.”


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política

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 27 DE FEVEREIRO A 6 DE MARÇO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

Ocupação da reitoria gera debate Relação da UFPB com empresas terceirizadas e o nível dos serviços da assinstência estudantil viram alvo de questionamento Daniel Viana Estudantes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) ocuparam na manhã da sexta-feira (20/02), o prédio da Reitoria no Campus I, em prol de um diálogo imediato com a Reitora Margareth Diniz, tendo em vista a paralisação súbita do Restaurante Universitário (RU). Juliana Gomes, aluna do curso de Serviço Social e uma das lideranças do movimento, afirmou que uma das reivindicações do ato foi a renuncia do Pró-Reitor de Assistência Estudantil, Thompson Lopes. “Nós queremos que o Pró-Reitor seja escolhido pelos alunos e não apenas uma indicação da Reitoria”. Outras reivindicações foram o restabelecimento do RU, readmissão dos seus funcionários, pagamento de bolsas estudantis atrasadas e melhores condições físicas nas residências estudantis.

do curso de Ciências Biológicas, o residente recebe 220 reais mensais para alimentar-se durante os finais de semana e feriados nacionais. “Nós não temos condições financeiras de nos alimentarmos em nenhum outro lugar que não seja o RU”. Ele também reclamou da maneira com que alguns veem o movimento, achando tratar-se de vandalismo e desordem. “Muitas vezes nós somos criticados por estarmos fazendo isso. Somos taxados por baderneiros simplesmente por não termos alimentação. Precisamos de uma Prefeitura Universitária que funcione para o aluno”. Antonio também promete que, caso as reivindicações não sejam atendidas, novos protestos serão organizados pelos residentes.

Foto: Daniel Viana

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil gastou 3,6% do PIB com a saúde pública em 2008

ASSISTÊNCIA Segundo Antonio Pontes, aluno

OCUPAÇÃO E AGRESSÃO A princípio eles planejavam ter acesso à Reitoria, porém um grupo de seguranças barrou o acesso e houve um princípio de confusão. Juliana Gomes denunciou ter sido empurrada por um dos agentes

Estudantes foram à reunião com representantes da Reitoria para debater reivindicações referentes ao Restaurante Universitário que em seguida armou um murro contra um colega. “É assim que a segurança da Universidade nos trata. Eu não achei certo ele me me empurrar. Da mesma forma que nós respeitamos eles, também queremos ser respeitados”. O segurança ainda não foi identificado. REUSTAURANTE De acordo com o Professor Thompson Lopes, a Pró-Reitoria de Assistência Estudantil está

pronta para o diálogo com os estudantes, porém ele faz questão de lembrar que o RU estava há quinze anos sem uma reforma. “O RU encontra-se em reestruturação para que futuramente seja um novo RU. Claro que toda reforma traz alguns inconvenientes, mas estamos ajustando a casa”, afirmou. Thompson afirma que muitas das reivindicações dos estudantes, como o pagamento de bolsas, já estão em processo de tra-

mitação. “Infelizmente nós trabalhamos em um serviço público, e portanto temos os entraves burocráticos de qualquer outra instituição”. Ele acha louvável a atitude dos estudantes, mas lembra que as questões de pagamento e afastamento dos funcionários do RU diz respeito a empresa que fornece os serviços. Segundo Thompson, a empresa tem autonomia absoluta sobre as suas questões trabalhistas.

Agenda

ADUFPB determina plano político anual Pedro Neri A Associação dos Docentes da UFPB (ADUFPB) se prepara para a nova jornada de reivindicações e pautas políticas da categoria para o ciclo de 2015. A organização dos do-centes define as suas posições e articulações para fortalecer a agenda política da entidade e da categoria como todo. Nesse contexto, no dia 5 de fevereiro, no Centro de Vivências da Universidade Fe-deral da Paraíba (UFPB) – houve a primeira assembleia do ano de 2015 para discutir as ações que a entidade pretende encorpar durante o ano, além de fazer a votação para a esco-lha dos delegados que irão representar a instituição no 34º Congresso do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES), entre os dias 23 e 28 de feve-reiro e que será realizado na cidade de Brasília – DF. Os delegados eleitos na assembleia foram os professores Auta Costa, Edson Moraes, Gláucia Guimarães, Fernando Cunha, Car-los Cartaxo, João Francisco da Silva, Galdino Toscano e Terezinha Diniz. CONGRESSO Para o professor Galdino Toscano – eleito pela 13º vez para representar a entidade no evento - o congresso é uma peça fundamental para estabelecer discussões e fortalecer as bases políticas. “O congresso, para nós que somos da educação superior da UFPB, é muito importante ter uma participação ativa. Estamos em um ano onde as questões são muito sé-rias e com muitos problemas na edu-

Foto: Pedro Neri

dos os docentes que fazem parte da entidade: “a gente, este ano, se avizinha a muitas lu-tas, porque o Governo já anunciou e já se posicionou que a educação não vai ser prioridade, sobretudo a educação do nível superior. Então, é nesse momento que o nosso sindicato de-veria estar se mobilizando, esclarecendo, informando as reuniões de centro para que a gente não tenha uma assembleia esvaziada como foi a de hoje”.

Professores da Associação dos Docentes da UFPB realizam assembleia e estabelecem metas a serem alcançadas no ano de 2015 cação. Muitos pontos irão ser discutidos neste congres-so, como: as perdas salariais e a reestruturação da carreira docente”. ANO DIFICIL Já para o presidente da (ADUFPB) Jaldes Meneses, será um ano árduo e difícil. “2015 será um ano de muitas lutas. Talvez seja um desses anos à lá 68, que nunca terminam”. Em relação a UFPB apontou que “as duas grandes batalhas em 2015 são a luta por uma Estatuinte democrática e igualitária, na nossa universidade, e a resolução dos encargos docentes da UFPB, os quais, nós temos uma série de opiniões sobre isso, sobre o conteúdo do nosso trabalho. São

Vamos fazer uma pesquisa inicial para entender o público-alvo, depois queremos entender a relação do trabalhador com as detentas. Bárbara Barbosa, coordenadora do projeto

as duas bandeiras específicas mais imediatas”. OPOSIÇÃO Contudo, para a professora do curso de Direito da UFPB, Rena-

ta Rolim e represen-tante do Coletivo Ativo Docente Universitário (CADU) – movimento o qual faz oposição ao sindicato – o que falta para gerar mais mobilizações por parte da ADUFPB é a união de to-

REIVINDICAÇÕES Ao fazer um balanço das mobilizações, no âmbito nacional durante o ano de 2014, o período foi considerado pelo ANDES-SN, como o ano da educação, pois houve várias dis-cussões, mobilizações e mudanças, como: debates quanto ao novo Plano Nacional de Edu-cação (PNE), o qual inclui os investimentos na educação privada – como o Prouni e Fies; houve a realização do Dia de Luta Pela Educação Pública que teve encaminhamentos como a precarização da educação e o passe-livre discutidos a fundo; e a ampliação da articulação das entidades que compõe o sindicato nacional para a luta pela educação pública. GREVE Tendo em vista as greves como um dos recursos reivindicatórios de uma categoria - seja de servidores ou de professores para lutar por melhores condições de trabalho ou remu-nerações - ainda é desconhecido o fato de haver alguma mobilização este ano, contudo, não é algo descartado. O assunto será debatido durante o Congresso.


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saúde

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 27 DE FEVEREIRO A 6 DE MARÇO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

Medida ocasiona mudança no SUS Discussão sobre a nova resolução parlamentar do deputado do PMBP-PB causa protesto realizado por alunos da UFPB Laísa Mendes

cadoria; e não é isso que acreditamos e defendemos”, alertou Felix Júnior, aluno de Fisioterapia da UFPB.

A universidade vai além da preparação profissional dos alunos, ela molda pensamentos, leva a re- PROTESTO flexões e cria neles um sentido crítiNo mesmo mês do protesto aconco. Isso não acontece apenas nos cur- teceu o VIII Encontro Nacional de sos de ciências humanas, como mui- Acadêmicos de Fisioterapia - ENEFi, tos podem pensar. Na área de saú- que este ano foi realizado na Univerde também existem aqueles que de- sidade Federal da Paraíba, no campus fendem o que acreditam. E baseados de João Pessoa, cujo tema foi: Saúem seus ideais, no mês de janeiro, al- de Brasileira: os desafios para a reoguns alunos do curso de Fisioterapia rientação da fisioterapia. Esse enconda UFPB se juntaram e protestaram tro ocorre anualmente e reúne estucontra uma medida proposta pelo dantes de Fisioterapia de todo o padeputado Manoel Junior do PMDB- ís, no intuito de promover discussões -PB, que influencia, diretamente, no relacionadas com diversos temas de Sistema Unificunho social, cado de Saúde, político, econôo SUS. mico, pedagóFoi aprovagico, científico e da a MP 656 e cultural, envola lei 13.097/201, vidos por um que diz respeieixo central. to à permissão O tema gide investimenrou em torno da to do capital esatual situação trangeiro no seda saúde públitor da saúde. De Félix Junior, aluno de Fisioterapia ca do Brasil, suacordo com esas deficiências sa emenda proe a sua imporposta pelo detância, a fim de putado Manodespertar um el Junior, emolhar crítico dos presas e capitais estrangeiros poderão estudantes de saúde, profissionais e instalar, operar ou explorar hospitais também usuários. Baseado nisso e na e clínicas; o que desrespeita a Lei Or- realidade que os alunos do estado esgânica da Saúde (8.080/90), que ori- tavam vivendo, entrou em pauta a deginalmente proíbe os investimentos fesa pelo SUS e a reivindicação contra estrangeiros no setor, e fere também a a medida MP 656 que permite o inConstituição Federal de 1988, a qual vestimento do capital estrangeiro no veda a participação de capital externo sistema público. na saúde. Nesse encontro e mais especifica“Essa medida é extremamente pre- mente nessa discussão, estavam prejudicial à garantia da saúde de quali- sentes estudantes de Fisioterapia de dade da população, pois além de pre- todo o país e integrantes do Fórum carizar o sistema, fortalece o pensa- Paraibano, todos a favor da defesa do mento que a saúde é tida como mer- SUS e contra as privatizações.

Foto: Delosmar Magalhães

Fortalece o pensamento que a saúde é tida como mercadoria

Caminhada de reivindicação contra a abertura do Sistema Único de Saúde ao capital estrangeiro ocorreu no centro de João Pessoa O protesto começou com a concentração dos que apóiam a causa na UFPB, e em seguida, passaram pelo Parque Sólon de Lucena (Lagoa), a caminho do núcleo regional do Ministério da Saúde para reivindicar contra as medidas e ações que gerarão grandes mudanças no sistema público de saúde. “O que beneficiaria a comunidade é a implementação do SUS como está no papel, porque a situação ideal não é o real. Isso acontece porque existem medidas que boicotam esse sistema, como a do capital estrangeiro. Esse fortalecimento privado piora a prática e funcionalidade do sistema que é o SUS”, destacou Tâmara da Sil-

va Santana, aluna de Fisioterapia da UNEB e que esteve presente no VIII ENEFi. O único ponto positivo abordado no debate foi que o capital estrangeiro ao ser investido aqui poderia promover uma “globalização da saúde”, ou seja, dar a oportunidade de se trabalhar com novas formas de tratamento, como o canabidiol (substância retirada da planta cannabis) que é prescrito em alguns países para uso terapêutico, como medicamento; porém no Brasil, até então, só é liberado via processo. CONSEQUÊNCIAS Para o Fórum Paraibano que apoia

a defesa pelo SUS, além da própria contradição de um país que cria uma lei para passar por cima de outras já existentes, essa emenda só aumenta a forte tendência de mercantilização da saúde que é vivenciada, e, ainda, vai de contra a toda Reforma Sanitária que foi feita vínculo com o sistema privado descaracteriza completamente um dos princípios do SUS que é a saúde integral, a saúde para todos. Não foi possível contatar o deputado Manoel Junior sobre a questão, porém, a lei que gerou tanta polêmica e já está em vigência, não tem a convicção que a aplicação desse capital estrangeiro no SUS já está acontecendo.

ASSISTÊNCIA

CRAS atende comunidade universitária Aldo Silva Aumenta cada vez mais o numero O CRAS, Centro de Referência em Atenção a Saúde, surgiu da necessidade de ampliação do antigo SAS – Serviço de Atenção ao Servidor - mantido pelo CCS, Centro de Ciências de Saúde. Quando a Reitora Margareth Diniz assumiu, foi feito os tramites legais através do CONSUNI, para que o SAS se tornasse um órgão suplementar da reitoria, criando assim o CRAS, que hoje é tomado como referência para outras universidades federais que querem implantar o mesmo serviço em seu campus. COMO FUNCIONA O Centro de Referência em Atenção a Saúde tem por finalidade prestar assistência aos membros da comunidade acadêmica (estudantes com matricula ativa, servidores e seus dependentes, prestadores de serviço), atendendo a demanda das necessidades básicas de saúde. Também contribui na formação de estudantes universitários e de profissionais que atuam na rede assistencial do SUS, através de atividades terapêuticas por uma equipe interdisciplinar de graduação e pós-graduação em Medicina, Fisioterapia, Odontologia, Fonoaudiologia, Psiquiatria, Psicologia, Serviço So-

cial, Terapia Ocupacional e Medicina Alternativa. “Com o aumento da procura, novas especialidades serão incorporadas durante o processo de consolidação do projeto, como ginecologia, oftalmologia, geriatria, pediatria, reumatologia, endocrinologia, inclusive serviços odontológicos como cirurgias e implante dentário”, destacou a coordenadora do CRAS, Cabiará Uchôa. Os serviços ambulatoriais são feitos nas dependências do CRAS, os que não podem são encaminhados para o Hospital Universitário Lauro Wanderlei e nos finais de semana são encaminhados para o SPA – Serviço de Pronto Atendimento - do HU. REALIDADE Conforme a professora e assessora da reitora, Virginia Lucia de Siqueira, o começo da implantação do CRAS foi muito complicado, devido a resistência de algumas pessoas que trabalham no Hospital Universitário (HU) e do CCS que não queria que alguns médicos trabalhassem neste projeto. “Vale ressaltar que os médicos não são do HU, mas sim, são locados da Universidade Federal da Paraíba”, concluiu. Hoje, o CRAS realiza um alto número de prestação de serviços, conseguindo abranger todos os que o procuram e ainda atendê-los de

Universidade oferece atendimento médico gratuito à comunidade acadêmica no CCS uma forma mais digna e humanitária. E ainda exaltou: “Quem é contra o CRAS é contra a comunidade Universitária e nunca que a universidade se preocupou tanto com a saúde de sua comunidade”. Com o aumento da demanda no Campus I, a atual reitora Margareth Diniz, encaminhou ao Governo Federal, através dos ministérios afins, um projeto de construção de novas instalações físicas com aproximadamente 6.200 metros quadrados de área construída. Dotados com os

mais modernos equipamentos e instrumentais médicos-sanitários para atenção ao público-meta. Espera-se com esta nova unidade atender, no médio prazo algo em torno de cem mil pacientes, dando, assim cobertura ambulatorial aos dependentes, docentes, servidores técnico-administrativos, ativos e aposentados e seus respectivos dependentes, além do corpo discente e pessoal terceirizado de todo o campus da UFPB. “Há dois anos uso os serviços do CRAS! Sou do tempo que ainda era

o SAS e agora o atendimento é maravilhoso, com bons médicos que me dão atenção digna. Pra mim, o serviço é melhor que o HU, já que lá demora muito para atender”, ressaltou Maria Madalena, que é dependente de uma funcionária da UFPB cadastrada no CRAS. Para mais informações, entrar em contato com o CRAS - Centro de Referência em Atenção a Saúde esta localizado no campus Universitário de João Pessoa, fone: 32167873 / 7894.


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saúde

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 27 DE FEVEREIRO A 6 DE MARÇO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

Morte de animais gera polêmica Em janeiro, cerca de nove gatos foram encontrados mortos nas imediações do Centro de Ciências da Saúde no Campus I Giovana Ferreira O Campus I da Universidade Federal da Paraíba se localiza junto a grandes áreas de preservação de Mata Atlântica. Devido a isso, torna-se inevitável o convívio com os animais, porém um problema pertinente é o excesso do número de gatos existente dentro da instituição. O Campus I passou a ser utilizado como local de abandono tanto de felinos, quanto de cães. Diversas placas explicitando que o abandono de animais no Campus é crime previsto na Lei 9.605 já foram espalhas pela cidade universitária, mas a medida surtiu pouco efeito. Para resolver assuntos ligados a essa instância na UFPB, existe a Comissão do Bem-Estar Animal, que é formada por professores, funcionários e estudantes. Segundo Érika Simone, mestranda em direito e membro da Comissão do Bem-Estar Animal, eles têm como missão identificar os problemas referentes à fauna e criar medidas alternativas que melhorem as condições de vida desses animais,mas também da comunidade, para que a convivência seja a mais harmoniosa possível. A Comissão realiza o trabalho de triagem dos animais que vivem nas imediações universitárias, cuida da alimentação, vacinação, castração e,

Foto: Manuela Patrício

quando possível, encaminha para a adoção. Estão em uma luta constante pela conscientização da comunidade em relação à fauna, coibindo o abandono e os maus-tratos, incentivando o bom convívio entre os animais e a comunidade. “Ninguém é obrigado a gostar dos animais, mas é preciso respeitar. Praticar a tolerância com os animais.”, afirma Érika Simone. ENVENENAMENTO No dia 24 de janeiro, uma adoção seria realizada nas imediações do Centro de Ciências da Saúde, na lanchonete Elefante Branco. Mas, quando os adotantes chegaram ao local, encontraram alguns gatos envenenados e outros passando mal.“Gatos sadios entraram na cantina e depois de ingerirem algo, saíram demonstrando sinais de envenenamento. No total, nove gatos foram mortos”, relata Zélia Bora da Comissão do Bem-estar Animal. No mesmo dia, Membros do Adota João pessoa - grupo amigo dos animais, que realiza adoções e promove campanhas informativas e de conscientização - e alguns estudantes montaram acampamento no local para impedir que evidências fossem manipuladas ou outros animais entrassem em contato com as substâncias perigosas. Uma denúncia foi publicada no dia 26 de janeiro no Facebook do Ado-

A faixa em frente a lanchonete, na qual os gatos foram encontrados mortos, demonstra a indignação da comunidade acadêmica ta JP. Paralelamente, a Comissão fez uma denúncia junto à vigilância sanitária, que foi ao local e produziu um laudo. “Porém, este laudo não investiga a culpabilidade pela morte dos gatos, apenas a condição sanitária do estabelecimento”, a firmou o ex-prefeito Sérgio Alonso. De acordo com a investigação sanitária, o estabelecimento não está dentro das normas

ALIMENTAÇÃO

Tendência fitness chega às lanchonetes da UFPB Daniela Paixão

Foto: Tiago Bernadino

Aumenta cada vez mais o numero de pessoas que procuram hábitos saudáveis, e o primeiro passo a ser dado consiste na reeducação alimentar. Em detrimento dessa procura e conscientização, o curso de nutrição da Universidade Federal da Paraíba, UFPB, começou a promover consultas de educação e reeducação alimentar. REEDUCAÇÃO ALIMENTAR Essas práticas são divididas em 5 grupos, de mais ou menos 10 pessoas, onde em cada grupo há um professor/a responsável que atua em algum dia da semana, assim as dietas são elaboradas pelos estudantes, sendo de responsabilidade dos professores tirarem alguma dúvida, caso o aluno necessite. “A reeducação alimentar é um processo contínuo, que envolve também as políticas de Direito Humano á Alimentação Adequada, Segurança Alimentar e Nutricional, e Soberania Alimentar, através dela também que conseguimos evitar o aparecimento de muitas patologias”, enfatizou Mayara Suerlita, aluna do quinto período do curso de nutrição. ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL Visando que muitos estudantes da universidade estavam à procura de lanchonetes que fornecessem comidas saudáveis, Walber de Melo, dono do Giga lanches, no Centro de Ciências da Saúde, criou um cardápio diferenciado, onde ele oferece além de sanduíches e sal-

A lanchonete localizada no CCS, oferece opções de alimentos práticos e saudáveis gados, pratos como: batata doce com frango e salada, shakes e vitaminas protéicas, sucos naturais, pasteis integrais , almoços balanceados e crepioca (receita de farinha de tapioca com ovos e leite). Alguns estudantes, como a aluna: Andressa Aragão do curso de Engenharia Ambiental resolveu seguir o mesmo exemplo de algumas lanchonetes, passando a oferecer sanduíches naturais nos departamentos e cursos da universidade. Segundo o estudante de nutrição Albert Fernandes que compete o Fisioculturismo, um esporte que visa à realização de atividades extremamente saudáveis, superação de objetivos e crescimento muscular, não pode faltar sucos

e opções naturais no cardápio de qualquer lanchonete, além de alimentos que se adequam a sua dieta, visto que seu modo de vida necessita de uma dieta rígida a base de proteínas, carboidratos de longa absorção e fibras. As consultas nutricionais são realizadas no Hospital Universitário (HU) por estudantes de nutrição, que atendem desde pacientes usuários do SUS á integrantes da comunidade acadêmica em geral, como parte de um componente curricular da disciplina de pratica clinica uma obrigatória no curso. Os pacientes geralmente retornam em média de vinte a quarenta dias, dependendo de seu estado e as consultas podem ser marcadas no ambulatório do HU.

da vigilância, tendo o proprietário 30 dias para se adequar. Esse não foi o primeiro caso de envenenamento na universidade, mas foi o que tomou maiores proporções por se tratar de um atentado contra a saúde pública, os direitos dos animais e o meio ambiente. O fato trouxe à tona questões de maus-tratos, sanitarismo e inadequação administrativa.

O cessionário infringiu os artigos da resolução 28/2014 do Conselho Universitário: o artigo 3º, que regula a utilização do espaço, devendo ser explorado apenas pelo próprio cessionário, e o desrespeito às leis ambientais vigentes, como maus-tratos ou provocação de morte de animais, sendo passível de revogação do direito de cessão.

CONSULTAS

Nova plataforma chega ao laboratório de saúde Larissa Mendes

A plataforma é uma máquina que foi instalada há pouco mais de um ano no departamento de Terapia Ocupacional e atualmente serve como ponto de apoio para projetos de pesquisa. Ela consegue captar a forma com que você está andando e detectar questões de postura: se a pessoa tem algum desvio, um comprometimento no nível da cintura pélvica e escapular se há uma sobrecarga em algum pé ou membro. Os cursos que utilizam a plataforma atualmente são Engenharia de Produção, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, mas a máquina é disponiblizada para toda extensão acadêmica da UFPB e para qualquer departamento que demonstrar interesse em realizar pesquisas com ela. A plataforma é ativada quando alguém caminha sobre ela e sua principal função é fazer uma análise funcional e mental de acordo com a postura do indivíduo. Ela é comumente utilizada com atletas, para sua capacitação em treinos de alto desempenho, porém este não é o único direcionamento da plataforma na UFPB, pois é voltada para a saúde do trabalho. DIRECIONAMENTO Devido ao pouco tempo em que se encontra instalada a plataforma na UFPB, o foco de pesquisa inicial é a Polícia Militar. O interesse em analisar a qualidade de trabalho do policial militar se explica pela correlação entre o estresse ocupacional e a segurança pública, que é um direito básico inerente a todo cidadão. Quando a saúde de um agente é afetada, a segurança pública está diretamente relacionada à qualidade de vida destes agentes.

Os integrantes do curso de Terapia Ocupacional e de Engenharia de Produção procuraram o comandante da Polícia Militar que permitiu que o batalhão fosse entrevistado e examinado. Nas primeiras pesquisas e informações coletadas no batalhão da ROTAM percebeu-se que todo o aparato no fardamento de um policial, entre colete, cacetete, arma, suporte de balas, sobrecarrega o policial prejudica externa e internamente no corpo. “Esse peso vai todo para os órgãos internos e quando não se tem músculos abdominais bem desenvolvidos, acaba-se por perder a postura correta, por ter uma postura mais relaxada”, explicou Bárbara Barroso, coordenadora do LASTE - Laboratório de Saúde, Trabalho e Ergonomia. A aluna Juliana de Carvalho, da Terapia Ocupacional, vai utilizar a plataforma como auxílio no desenvolvimento do seu tcc (trabalho de conclusão de curso), que aborda o estresse ocupacional do policial militar. “É importante para UFPB tanto para as pessoas conhecerem a necessidade da população, dos policiais responsáveis pela nossa segurança, quanto para mim que sou aluna e preciso de dados que têm credibilidade e confirmam as coisas que venho pesquisando para o meu tcc”. exalta Juliana. REALIDADE A plataforma ainda é pouco utilizada na UFPB e encontra-se em fase de testes, calibração e experimentos. Para os interessados em conhecer mais sobre a sua utilização ou até mesmo fazer uso da plataforma para apurar mais uma pesquisa, ela encontra-se sob os cuidados da coordenadora do LASTE no departamento de Terapia Ocupacional.


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esporte

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 27 DE FEVEREIRO A 6 DE MARÇO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

Vôlei é tema de estudo acadêmico Projetos de extensão que analisam modalidade esportiva se correlacionam com intuito de auxiliar atuação de atletas Carina Pontes Conhecido por tantas conquistas e por trazer os olhos do mundo para a Paraíba, o professor de Educação Física Gilmário Ricarte Batista, mais conhecido como Cajá, sonhava em ser jogador de voleibol. Com o tempo, foi se envolvendo mais com o esporte e resolveu cursar Educação Física. Começou jogando com atletas de João Pessoa e participando de clubes. Gilmário foi apelidado de Cajá, pois é natural da cidade de Cajazeiras que fica a 410 km da capital. Ele desenvolve alguns projetos de pesquisa na UFPB. Dentre eles, um grupo de estudos em parceria com o Laboratório de Cineantropometria que tem como objetivo analisar, através de imagens, jogos de diferentes campeonatos das modalidades voleibol de praia e de quadra. A temática aplicada possui embasamento em outras áreas, como a da psicologia, a da biomecânica e a da estatística. O grupo tem quase um ano de atividades realizadas e os encontros acontecem pelos menos duas vezes na semana. DESENVOLVIMENTO As imagens são analisadas pelos acadêmicos de Educação Física em computadores, através de programas de estatística e são arquivadas em Hard Drive (HD) para posterior utilização nos encontros. Não são exigidos muitos pré requisitos para participação no grupo de estudos, “O aluno precisa ser acadêmico em Educação Física e ter disponibilidade de tempo”, afirma Ca-

Foto: Pedro Neri

O ex-técnico de vôlei Gilmário Ricarte, o “Cajá”, explica o funcionamento dos projetos de extensão e fala sobre a sua carreira no esporte já. O projeto beneficia atletas, treinadores, professores e acadêmicos, e é revertido em trabalho de iniciação científica. Um dos alunos participantes do grupo é Yago Pessoa, que se sente muito satisfeito em trabalhar com o professor Cajá, devido ao seu renome na Paraíba e no mundo, e também por fazer muitos contatos na área. “Ganho bastante conhecimento, pois estou trabalhando com o melhor técnico na área do voleibol, um campeão olímpico. Outro ponto positivo são os contatos que adquirimos com os vários centros de treinamento do

vôlei de praia.” Porém, o projeto não oferta nenhum tipo de bolsa, nem certificado de participação. O projeto do grupo de estudos se inter-relaciona com um segundo projeto de extensão, o de assessoria gratuita as duplas de jogadores profissionais. Ambos são voltados exatamente para o voleibol de praia e o de quadra. As filmagens analisadas pelos acadêmicos são disponibilizadas para a comunidade esportiva de forma gratuita, como uma forma de assessoria, já que nelas são destacados os erros, táticas, coeficiente de performance, perfil emocional e entrosamento dos jogadores.

TRAJETÓRIA Cajá começou em uma academia de ginástica em 1989, onde conheceu dois atletas chamados Denis e Zé Marco que o convidaram para trabalhar com eles. Em 1991, foi criado o Circuito Banco do Brasil, e Cajá estava treinando a dupla que competiu. Após essa experiência, surgiu a oportunidade de se tornar técnico da dupla Zé Marco e Emanuel. Como resultados receberam destaque nacional e internacional, e competiram nos Jogos Olímpicos de Atlanta de 1996. Em seguida, a dupla se separou e o professor continuou a tra-

balhar na Paraíba. Mais uma vez, começou o trabalho de preparação com uma nova dupla: Ricardo e Zé Marco, que conquistou classificação para os Jogos Olímpicos de Sidney de 2000 e foi vice-campeã, conquistando a medalha de prata. Pouco tempo após a vitória, os dois se separaram. Cajá formou uma equipe de trabalho, junto com um preparador físico e fisioterapeuta. E então surgiu a oportunidade de unir Ricardo e Emanuel, iniciando um novo trabalho de treinamento para as Olimpíadas de Atenas de 2004, quando trouxeram o ouro para a Paraíba. Mais tarde, a dupla jogou nas Olimpíadas de Pequim de 2008 e obteve a medalha de bronze. No mesmo ano, o professor e treinador fez um mestrado em Engenharia de Produção na UFPB, e já tinha concluído um doutorado em Ciência da Saúde na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Possuía vontade de lecionar, então fez um concurso para ser professor na Universidade Federal de Pernambuco e foi aprovado, morou em Recife por 3 anos, afastando- se do voleibol. Em 2012, Cajá foi convidado pela dupla Ricardo e Pedro Cunha para assessorá-los nos Jogos Olímpicos de Londres, chegando à 5º colocação. Logo depois, aproveitou uma oportunidade de transferência para a UFPB, onde está há quase dois anos. O professor não esconde em seu olhar a alegria quando fala dos títulos alcançados, “Não sozinho, mas sim com minha equipe”, enfatiza Cajá.

Investimentos

Má gestão de recursos prejudica discentes Daniela Paixão Gabriela Garcia Muitos alunos da Universidade Federal da Paraíba têm usado as redes sociais para reclamar do pouco investimento no ramo esportivo. São constantes os relatos da falta de técnicos de vôlei e handebol, problemas na infraestrutura, a exemplo do campo de futebol de terra, ginásios e prédios parados, sem conservação ou manutenção. São inúmeros os problemas que os estudantes enfrentam. Segundo Charles André, aluno do 3° período de Educação Física e membro do Centro Acadêmico, os investimentos e a organização para os esportes são escassos. “Acho que os alunos deveriam tomar mais atitudes em relação ao político-administrativo. Ninguém se interessa”, relata o aluno. Em contrapartida, Cláudio Meireles, professor e coordenador do curso de Educação Física do Departamento de Educação Física (DEF), relata que reconhece todos os problemas da academia, mas ressalta que o maior problema não é físico, e sim de compromisso do alunado. “A academia sempre foi livre para todos. O que falta é pontualidade e responsabilidade dos alunos de se enquadrar nas normas”. SEGMENTOs Não só a academia, mas também os esportes de quadra vêm

Acho que os alunos deveriam tomar mais atitudes em relação ao políticoadministrativo. Charles André, aluno de Educação Fisica

sofrendo com o descaso. Débora Schneweiss, aluna do 8° período de Design de Produto, no Campus Rio Tinto e atleta de handebol, alega que para treinar o time teve que convidar um professor amigo. Além de ele não ser professor universitário, não ganha nada em troca. “O handebol na UFPB não tem prioridade. Quando solicitamos ao DEF um professor, eles alegaram que não tinham quem indicar”. O Futsal também sofre com a estrutura precária. Reginaldo Júnior, aluno do 2° período de Engenharia Civil e praticante do esporte, afirma que sofre preconceito por não ser aluno de Educação Física. “A quadra é muito boa, mas há dificuldade para usá-la. A quadra secundária está em reforma e as outras não têm sequer cobertura”, enfatizou o aluno. Atualmente, o DEF contrata ex-

clusivamente professores que possuam o título de Doutor. Segundo o coordenador Cláudio Meireles, a intenção é elevar o nível da graduação. Mas, a conquista desse título, muitas vezes leva os docentes ao desinteresse pela prática, prejudicando os alunos. O professor e treinador de atletismo da UFPB, Luiz Alcides Quirino, faz uma dura crítica ao chamado ‘Doutores da Educação Física’: “A esportivização era muito mais desenvolvida do que nos dias de hoje, pois os professores só querem ficar em laboratórios realizando pesquisas, ao invés de ir à prática e ensinar”. ESCLARECIMENTOS Em meio a tantas reclamações e críticas ao DEF, os estudantes clamam por professores treinadores, ou seja, que os auxiliem nos projetos esportivos. O professor Cláudio Meireles explica que o DEF, de uns anos para cá, focou na pós-graduação, passando por uma reformulação dos seus docentes, na qual muitos que atuavam como técnicos desportivos saíram do cargo para fazer a pós. O coordenador Cláudio explica que a escassez de investimento não é por falta de verba, mas sim de administração. “O que falta é investimento em toda a Universidade. Há falta de planejamento, não só da parte dos Departamentos, como também da reitoria e da prefeitura universitária”, explicita o coordenador.

Foto: Manuela Patrício

Cláudio Meireles acredita que o maior problema está na falta de compromisso dos alunos


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cultura

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 27 DE FEVEREIRO A 6 DE MARÇO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

Foto: Luiz Lambert

O movimento “Ocupa Pavilhão” é organizado por alunos da Universidade Federal da Paraíba, e promove ações culturais em locais históricos como o Pavilhão do Chá, patrimônio cultural da cidade de João Pessoa.

Estudantes realizam movimentos de ocupação no Centro Histórico Atividades são promovidas pelos universitários nos espaços públicos, visando preservar o patrimônio cultural de João Pessoa Luiz Lambert

O conceito de resistência cultural, no Brasil, sempre esteve atrelado a uma proteção a produção artística e manutenção de matizes, o que não é diferente na cidade de João Pessoa. Seguindo uma tendência que se repete em todos os grandes centros urbanos do nosso país, artistas, estudantes e ativistas engajam-se em movimentos de resistência e ocupação cultural de locais abandonados. Tendência Em São Paulo – SP, após o movimento “Ocupa Centro Histórico” ganhar força e receber incentivo de empresas privadas e órgãos do setor público, outros movimentos de ocupação estão nascendo pela capital paulista, como o “Ocupa Ouvidor 63”, que se trata de uma intervenção cultural realizada por mais de 100 artistas, ocupando um prédio de 13 andares. Não muito longe da realidade da nossa cidade e também bastante próximo geograficamente, acontece o movimento pela ocupação do abandonado Cais José Estelita. O “Ocupa Estelita” nasceu como denúncia de um escandaloso projeto imobiliário privado, que para ser erguido, atropelaria leis, direitos e poderes. Patrimônio Dentro do Campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), alunos se articulam e criam movi-

mentos para defender o patrimônio histórico, agregando uma resistência cultural. Fomentadores da cultura, aspirantes à empresários, comunicadores e representantes comunitários são algumas das funções que alunos e ex-alunos, da UFPB, assumem ao iniciar suas empreitadas em defesa do patrimônio histórico e cultural. O engenheiro elétrico Ewerton Pereira, formado na UFPB, iniciou sua carreira como empresário cultural instalando um estúdio musical na praça Antenor Navarro - conhecido reduto de resistência cultural localizado no Centro Histórico da Capital Paraibana. Observando os preços do mercado imobiliário e com a intenção de contribuir com a ocupação e manutenção desta parte da cidade, Ewerton escolheu um dos casarões da praça para abrir seu negócio. Pavilhão Na praça Venâncio Neiva - mais conhecida como “Pavilhão do Chá” - o descaso, o abandono e a marginalização são as características do imponente e bonito prédio o qual está perto de completar 100 anos de existência. Contudo, o movimento “Ocupa Pavilhão” chama a atenção para a necessidade de preservar o local, a partir de intervenções sociais e culturais, como apresentações de artistas, exibições de filmes, distribuição de literatura popular, comida e informativos de saúde. O movimento que nasceu espontaneamente e

ganhou força através das redes sociais e contribuição direta de alunos da UFPB dos mais diversos cursos. Para o aposentado Genival Vitoriano, que frequenta a praça há mais de 17 anos, é muito importante que a população volte a frequentar as praças, para que elas não sejam ocupadas por pessoas mal intencionadas. Porto No bairro do Varadouro, as margens do Rio Sanhauá, um projeto imobiliário pretendido pela Prefeitura Municipal de João Pessoa em parceria com o governo francês, tenta realocar as famílias ribeirinhas, para transformar o espaço em um grande parque público. A comunidade que nasceu na década de 1950, tem recebido o incentivo de organizações não governamentais e estudantes para realização do movimento “Varadouro Cultural”, que além da luta pela manutenção das famílias no bairro e da inserção de eventos culturais, pretende revitalizar toda área. Para Ewerton Pereira, a cultura tem força real para desfazer a marginalização de zonas periféricas e trazer ao uso comum, lugares esquecidos pela especulação imobiliária. Atualmente, a Prefeitura Municipal de João Pessoa estuda a possibilidade de ainda este ano, abrir licitação para a locação da estrutura do “Pavilhão do Chá” e em seguida divulgará tal iniciativa para os empresários que desejam investir no local.

Foto: Luiz Lambert

Comunidade do Porto do Capim é uma das áreas ocupadas pelos estudantes da UFPB


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JOÃO PESSOA - PARAÍBA 27 DE FEVEREIRO A 6 DE MARÇO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

Literatura

Entrelinhas, além da redação O gosto pelas palvaras é denominador comum dos estudantes que se interessam pela área jornalística. Os interesses pessoais são expressas em diversos gêneros textuais, como poesia e crônica. Conheça a personalidade e característica da escrita independente de alguns integrantes da nossa equipe. POESIA

Já nem me lembro mais

ARTIGO

Marília Araújo

Somos todos “Elena” Sandro Alves de França No início de maio de 2013, recém-chegado na capital paraibana, venci a promoção para ir a São Paulo (SP) participar da festa de Lançamento do filme “Elena”, da diretora Petra Costa. Foi uma experiência única, intensa, fiquei 40 horas acordado mais aproveitei o máximo que pude – e que a saúde permitiu. Depois o organismo “cobrou a fatura” desse extravasamento, mas aí é outra história. Desde os primeiros teasers que vi, passando por outros vídeos promocionais e trailers senti que a história de Elena me instigava, que exercia uma atração, um certo magnetismo sobre mim. A história dela se comunicava comigo de um modo intimista, forte, delicado e também perturbador. Confirmei esse sentimento de forma amplificada ao assistir ao filme em sua estreia num cinema da Rua Augusta, na capital paulista. Sim, fiquei emocionado, tocado, inspirado mas a sensação mais latente naquele momento era um ruído interno, um sentimento de medo, como se houvessem mexido em algo dentro de mim, um sinal de alerta. Elena não era apenas uma pessoa específica, uma história isolada. Elena era eu, era em profundidade, todos nós diante da fragilidade da condição humana face a superestrutura cada vez mais opressiva. Estar diante de uma série de exigências, corresponder a múltiplas expectativas, conciliar nosso eu autêntico, espontâneo e fluido com o que temos de representar diante do mundo externo, nossas ambições mais extravagantes, nossos sonhos inconfessáveis, desejos secretos, viver o amor de forma intermitente e turbulenta, pleitear espaços cada vez mais restritos e competitivos. A selva da convivência humana, a falta de sensibilidade, o ser humano

como predador de si. Perceber que qualquer coisa pode nos acontecer, que estamos vulneráveis a toda sorte de incidências, a maior parte delas penosa e angustiante. No texto “Se Eu Fosse Eu“, Clarice Lispector fala de imensa alegria a que seríamos tomados caso passássemos a agir como nos sentimos, sem máscaras, convenções ou atitudes calculadas. Mas também escreve que “experimentaríamos em pleno a dor do mundo”, as retaliações, a coerção social, a dureza do coração e a falta de percepção e acolhimento das pessoas. No filme “Persona” Bergman aborda o dilema de uma atriz que, angustiada, entra em estado profundo de introspecção deliberada ao não conseguir conciliar o papel que assumia como figura pública e o que realmente sentia, quem ela realmente era no íntimo do Ser, além dos vários papéis que interpretava enquanto artista. A psiquê entrou em conflito, ela percebeu que todos nós, sem exceção, interpretamos papéis em momentos variados, que a vida é como um grande tablado em que os atores se posicionam ao sabor das circunstâncias e da conveniência. Vez por outra é comum sentir-nosimpotentes face a todo esse arcabouço pré-estabelecido. Como se cada pequena preocupação, angustia e desesperança nos absorvesse, como se fôssemos “tragado” pelo redemoinho de uma realidade dura, fria, cínica e insensível. “Elena” é um exemplo de como somos vulneráveis e de como querer buscar uma verdade, um sentido existencial que fuja aos padrões estabelecidos pode ser algo difícil, destrutivo às vezes. Mas também nos mostra a luz da esperança, do Amor e da Arte como forças de escape, como eixo de esperança e transformação. A beleza e o encanto da Vida reside em saber buscar dentre de si e também

no outro a alegria sutil e banal, cotidiana, a arte de buscar as horas iluminados do dia, num processo diário de mudança e superação. Na festa de Elena cumprimentei a diretora Petra Costa e a parabenizei, disse que ela era muito corajosa em se expor de forma tão íntima e visceral, de expor seus dramas e traumas pessoais e familiares tão abertamente. Ela fez mais, conseguiu trazê-los para o plano da estética da arte, passando a sua verdade de forma sensível, forte e sublime. Foi uma bela catarse. Expressar o que sentimos não afasta a dor daquilo que perdemos ou do que passamos. Mas traz o alento de que não estamos sós, de que apesar de tudo existem pessoas capazes de compreender o que sentimos eacolher, mesmo que parcialmente, aquilo que somos em nossos méritos e deméritos, nossas fraquezas e potencialidades. Estar diante de mundo é difícil. Como diria a saudosa Dona Canô “É preciso coragem pra ser feliz”. Também é preciso uma força e coragem hercúleas para desistir de tudo, pra decidir simplesmente partir. “Elena” nos traz essas duas perspectivas, da desistência e da perseverança. Acho por bem ficar com a segunda. Ainda que tudo pareça, por vezes, desmoronar sobre nós, os momentos em que a vida irradia em beleza e felicidade e nos dá sensação momentânea de estarmos plenos, de uma emoção que transborda à alma, fazem com que valha a incerteza e a angústia que é viver. O Amor, a Poesia, a Arte e a benevolência do cotidiano. Somos todos “Elena”. Somos todos a fragilidade e a força do ser humano, a alegria e a tristeza, a capacidade materialmente constituída de escolher aquilo que somos e a vulnerabilidade a que estamos sujeitos sob os desencadeamentos dessa escolha.

CRÔNICA

Sendo mulher (sobre o Dia da Mulher) Jade Vilar Dia 8 de março será comemorado mais um Dia da Mulher! Não que os outros também não sejam, mas é que esse é especial por não termos que ficar provando o tempo inteiro que merecemos que podemos, que conseguimos, que conquistamos... Ele é nosso e pronto ninguém tasca. É que nos outros dias já temos que nos superar tanto, mostrar tanto que somos capazes e ainda assim não borrar a maquiagem e não cair do salto que

esse dia só por ser nosso de direito já tem um gostinho especial. É homens, não queria provocar, mas já está constatado que fazemos praticamente tudo que vocês fazem, mas sem perder o charme, sem deixar de ir à academia porque o dia foi cansativo e ainda temos energia pra conversar sobre o dia com empolgação. Somos comunicativas, seres altamente pensantes (às vezes até demais) e mesmo assim a gente não perde o rebolado, e vai enfrentar todo dia com a mesma coragem e criatividade de encarar uma depilação,

que vocês homens não chegariam nem perto. Somos femininas e fortes, cobradas e capazes, mulher e homem... Somos tudo junto, tudo que podemos e queremos ser porque conquistamos o direito de lutar por isso, de expressar o que pensamos e de ainda assim embelezar o dia. Somos nós que lutamos pelo direito de não ter que provar nada pra ninguém e mesmo assim todos os dias conquistar algo antes inimaginável. É que ser mulher às vezes é bem difícil, mas a gente da conta, como sempre.

Decidi mudar. Vou parar e voltar. Vou abrir a janela, Ver o sol se por, Seja a que hora for, Que já nem me lembro mais. Avessar a TV, Ver outros canais. Quero falar besteira De qualquer maneira, Despreocupadamente, E de forma inconsequente. Quero olhar os livros Que não lia mais. Crônicas, poemas marginais… Vou rasgar o dicionário, Poupar o meu diário, Que já não me suporta. Vou bater a porta Para qualquer sentimento vil, Desobedecer a modernidade, Desempoeirar o vinil. Decidi mudar. Vou parar e voltar. Quero escrever uma carta A um amor que nunca conheci. Vou abrir a janela, Ver o sol se por, Seja a que hora for, Que já nem me lembro mais.

Crítica

(Des)encontros Vítor Nery Um casal perdido em torno de si. Ele, objetivo, busca na esposa um ponto de apoio para seguir em frente. Ela, mais introspectiva, despedaça-se em pequenos fragmentos de si mesma, encontrando na fuga uma possível solução para reunir seus cacos. Será o sentimento – ou o que resta dele – capaz de amparar uma relação abalada por circunstâncias mordazes? Originalmente lançado em duas partes, uma sob a perspectiva de Conor (James McAvoy) e outra, sob a de Eleanor (Jessica Chastain), o filme compila ambos os pontos de vista para assegurar uma distribuição comercialmente mais viável nos cinemas, contando uma história que não é propriamente de amor, mas sobre o amor. Sobre seus encontros e desencontros. Sobre homem e mulher em busca de suas próprias identidades. Apesar de se vender como mais inovador do que realmente é, o longa, inspirado numa canção dos Beatles sem necessariamente reproduzi-la em sua narrativa, consegue realizar-se plenamente dentro de sua singeleza. Seu grande trunfo é o roteiro envolvente, despretensioso e que dispensa explicações detalhadas – Ned Benson não deseja rotular sua obra

como melodramática, e confia às interpretações do elenco a tarefa de nos pôr, implicitamente, a par dos acontecimentos. Abrangente, o foco da película mescla o abalo amoroso às implicações ocorridas no círculo social do casal. Embora, aqui, a maioria dos coadjuvantes tenha espaço para brilhar, os maiores destaques da categoria são Ciarán Hinds e Viola Davis, respectivamente o pai de Conor e a professora de Eleanor. Cabe a eles, inesperadamente, dar o maior suporte emocional a cada um dos protagonistas, respondendo a seus anseios (que também são do espectador), fundamentados na incerteza de como agir dali em diante. A verdade é que a vida não possui um manual, tampouco um jeito certo de ser vivida. O desfecho, ao som da faixa original No Fate Awaits Me, é um das melhores momentos da metragem. Acompanhar os passos de Conor e Eleanor é como reviver parte do nosso passado – os questionamentos sobre as adversidades afetivas, ou a simples ilusão de, vez ou outra, atribuir ao acaso a função de delimitar nossas vidas. Tomamos consciência da importância das escolhas. Afinal, afora os fatores externos, os maiores responsáveis pelo nosso destino, adivinhe, somos nós mesmos.


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