Questão de ordem 2015 1 (2ª edição)

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Opinião e carreira pág. 16

CAMPUS

Rotina de trabalho pág. 4

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 16 A 23 DE DEZEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

Foto: Ivone Beatriz

Foto: Dennison Vasconcelos

Foto: Rayssa Melo

Foto: Dennison Vasconcelos

ENTREVISTA

EDUCAÇÃO

CULTURA Animação 2D pág. 14

Empreendedorismo pág. 7

QuestãodeOrdem

Foto: Ivone Beatriz

Nós

somos o

outro

Convivência acadêmica reforça diversidade de crenças A pluralidade religiosa é um fenômeno da sociedade moderna e dentro da Universidade Federal da Paraíba isso não é exceção: encontram-se muçulmanos, candomblecistas, kardecistas, protestantes, budistas, católicos. | pág. 4

Você pode ser muçulmano

Você pode ser candomblecista

Você pode ser cristão

ESPORTE

CAMPUS Foto: Ivone Beatriz

Conquistas

Estudante recebe apoio da Reitoria para competir

Foto: Ivone Beatriz

Expectativas Desafios

UFPB completa 60 anos de história

Exposição

Em evento comemorativo de 60 anos, UFPB usa lema “Criando Futuros” | pág. 3 Campus

Educação

A patinadora Rebecca Mesquita exibe as medalhas alcançadas até aqui|pág. 13 Saúde

Política

Cultura

Pontes ecológicas Alunos simulam Palestras trazem ADUFPB elege Espetáculo ganha interligam matas carro de corrida parto para debate a chapa Plural prêmio do SESC Integrantes do Departamento de Sistemática e Ecologia da UFPB realizam projeto para ligar fragmentos de matas da Instituição e contribuir para sobrevivência de alguns animais que fazem da mata o seu hábitat. As pontes foram instaladas em 2014. pág. 5

Alunos de Engenharia da Universidade Federal da Paraíba criaram projetos de carros estilo fórmula 1 para simular uma empresa automobilística. Com esses protótipos, os estudantes irão participar da competição Fórmula SAE, no próximo ano. pág. 8

Para conscientizar a Academia da UFPB a respeito da violência no momento do parto, o I Ciclo de Palestras sobre Violência Obstétrica mobilizou estudantes, professores e vereadores de João Pessoa. O tema pede abordagem também na sala de aula. pág. 11

Associação dos Docentes da UFPB elegeu Diretoria Executiva e Conselho de Representantes. A eleição contou com duas chapas participantes e a vencedora, ADUF Plural e de Luta, irá permanecer na gestão de 2015 a 2017. pág. 9

Apresentação experimental de dança, em parceria com música, recebeu dois prêmios no projeto Aldeia Sesc Paraíba. O espetáculo é caracterizado pelo improviso e mistura iluminação com as notas musicais, inspirando os movimentos coreográficos. pág. 15


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Opinião

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

editorial

Além da prática do impresso Em novembro, numa sexta-feira 13, a França sofria atentados terroristas pelo Estado Islâmico. A base do EI tem a tradição de impor a religião islâmica também com força bruta, com isso, não só a França foi vítima da intolerância e imposição religiosa, mas milhares de pessoas já morreram em defesa do credo. Pensando nisso, o Jornal Questão de Ordem buscou trazer o debate para dentro da instituição a qual circula: a Universidade Federal da Paraíba. O jornal abre a sua segunda edição pedindo respeito à diversidade religiosa, ainda que os relatos de intolerância não tenham sido muito constantes no momento da apuração. Mas ficou claro que a diversidade habita na UFPB e que é preciso atentar para isso. Pensar os problemas mundiais e nacionais numa perspectiva local foi um dos grandes desafios e aprendizagens para a equipe do QO. Refletir, escrever e apurar esses fatos foi uma forma de aprofundar ainda mais em assuntos de importância nacional, mas que acontecem frequentemente no nosso meio, mas fechamos os olhos numa tentativa de evitá-los. A prática jornalística do Questão de Ordem é muito maior do que se imagina. Os ensinamentos adquiridos durante a disciplina Laboratório de Jornal Impresso foram implantados com afinco por todos os repórteres que, juntos, fizeram as duas edições. Para complementar os conteúdos da disciplina e implantar

de maneira mais aprofundada no impresso, as disciplinas paralelas de prática jornlística impressa foram de suma importância para que o conteúdo do Questão de Ordem fosse amplo e abrangesse questões de gêneros, de culto, de religião, de política e assuntos progressistas que estão em pauta no jornalismo mundial. Embora a prática fosse nova para a maioria dos estudantes, é preciso reconhecer que cada detalhe e dificuldade foi aprendizado para a futura carreira profissional de cada um. Muitos apontaram erros, muitos criticaram, mas os deslizes cometidos foram fundamentais para que o conhecimento fosse adquirido de fato. Sem os erros não haveria avanços. O Questão de Ordem foi um lugar de liberdade para todos que tiveram a oportunidade de construí-lo. Os repórteres puderam ter a autonomia necessária para escrever textos que julgavam ser essenciais para um momento em que o jornalismo não anda bem das pernas. Sempre com supervisão, é incontestável dizer que os ganhos foram, para muitos, fundamentais para continuar na profissão. Além disso, a linha editorial do jornal permitiu que todos conhecessem mais da instituição que fazem parte, como centros, discussões, debates, projetos, núcleos, professores e a própria realidade que vive a universidade. O momento é de continuar e acreditar que esse foi apenas o primeiro passo para prosseguir no universo jornalístico.

Charge

QuestãodeOrdem

A ditadura contemporânea Felipe Nunes A Comissão da Verdade, instituída para investigar crimes cometidos durante o regime de exceção, concluiu que cerca de 400 pessoas foram mortas pelos militares entre 1964 e 1985. Os episódios do DOI-CODI, os relatos de tortura e os exemplos de censura são fartos nos livros de história. O presente, no entanto, pede que falemos, também, sobre uma ditadura que cresce em nossos dias e tenta sorrateiramente nos silenciar: a ditadura da opinião, construída – ironicamente - por grupos que um dia fizeram oposição à ditadura dos militares. Um regime que garanta o livre debate de ideias, respeitando-se à Constituição Federal, já não é o anseio, por exemplo, de Mauro Iasi, que foi candidato à presidência do Brasil em 2014 pelo Partido Comunista Brasileiro (PCdoB). Ao citar Bertolf Brecht, durante recente congresso comunista, o político ensina para uma plateia numerosa qual é a maneira ideal de se enfrentar uma pessoa conservadora: “Nós estamos dispostos a oferecer a você um bom paredão, uma boa espingarda, uma boa bala e depois de uma boa pá, uma boa cova!”, exclamou e foi aplaudido pela multidão excitada. Durante a vinda do Papa Bento XVI ao Brasil, a “Marcha das vadias”, que se autodefine representante das mulheres, profanou símbolos católicos em praça pública, com direito à cruz como objeto sexual e destruição

de imagens sacras, violando o artigo 208 do Código Penal, que garante detenção e multa para quem vilipendiar símbolos religiosos e perturbar o lugar do culto. Mais recentemente, o deputado Jean Willys (PSOL-RJ) disse que “é fundamental que a juventude negra evangélica seja trazida, interpelada, disputada para que se crie o clima de proteção às religiões afro”, discriminando a maioria negra evangélica, formada por 12 milhões de pessoas, segundo o IBGE, e usando a minoria de 250 mil negros candomblecistas como pano de fundo para disseminar o ódio. Para Mauro, Jean e ”ativistas” – que se julgam paladinos da tolerância -, a ditadura militar foi um acinte aos direitos humanos, como de fato foi em muitas ocasiões. A diferença é que, na ditadura militar, as censuras eram explícitas e facilmente identificadas. A ditadura do pensamento, no entanto, é predadora perigosa que nasce no âmago das instituições públicas, toma conta das universidades, insere-se nos meios de comunicação e, de repente, está revestida de legalidade pela onda do politicamente correto. “Banharei minha arma de sangue e, louco de fúria, cortarei a garganta de qualquer inimigo que me cair nas mãos. Sinto minhas narinas dilatadas pelo cheiro acre da pólvora e do sangue do inimigo morto”. O pensamento de Che Guevara se resume, hoje, a grupos que querem vencer no grito, na marra, mas que não subsistem às regras da democracia.

A ditadura de pensamento é predadora perigosa que nasce nas instituições

A utopia da segurança Neia Alves Não é de hoje que a nossa sociedade vive em um mundo com diversidade de culturas. Há várias gastronomias, artes, literaturas, músicas, esportes e religiões. O nosso Brasil, por exemplo, não está excluído dessa miscigenação. Apesar de ter sido “descoberto” em 1500 pelos colonizadores portugueses, já era habitado por índios que, com o passar do tempo nos transmitiram vários costumes e tradições. Sabemos bem que o Brasil é habitado por pessoas de várias localidades do mundo e que na religião ele é caracterizado como um país laico, que não há uma religião oficial, mesmo que a maioria da população brasileira seja intitulada como cristã. A própria Constituição Federal brasileira consagra como direito fundamental a liberdade de religião. Tendo isso em vista, o correto não seria que nossas religiões ou o fato de não ter uma, fossem respeitadas? Não só aqui no Brasil, mas em todo o mundo. Pois bem, infelizmente não é isso o que acontece. No mundo todo a intolerância religiosa está crescendo muito rápido e em alguns casos gerando guerras entre as nações. Os mulçumanos e pessoas de religiões parecidas são os que mais sofrem com a prática no mundo inteiro, já aqui no Brasil 71% dos casos acontecem com pessoas de religiões afro-brasileiras. Há quem ainda diga que a intolerância religiosa não existe, mas ela já é considerada um crime de ódio que fere a liberdade e a dignidade humana. É um crime inafiançável, pois criticar algo é totalmente diferente de in-

tolerar. Na critica eu posso relatar os meus pontos de vista, mas devo respeitar as escolhas do meu próximo. Já na intolerância, são feitas humilhações, práticas de atitudes ofensivas e muitas vezes acontecem perseguições desrespeitando de forma vergonhosa as escolhas do próximo. Não há local para essa prática acontecer: pode ser nas escolas, pois é o local que deveria incentivar, ensinar e respeitar as diferenças existentes, pode ser na rua ou em qualquer outro lugar. Também não há idade para quem irá receber as ofensas, às vezes crianças inocentes que nem sabem o que está acontecendo ao redor, são alvos da crueldade e discriminação. O que é certo são que as classes menos favorecidas economicamente, e os cidadãos de que possuem cor escura são os que mais sofrem com a intolerância religiosa. Será que nós não podemos ter a liberdade de fazer nossas próprias escolhas? Decidir a qual religião seguir? Será que nós realmente temos que ter alguém que é fanático por determinada religião, tentando a todo custo nos mostrar que a religião dele (a) “é a melhor”? Será que teremos que viver com esse desamor constante entre pessoas que ao mesmo tempo em que são tão diferentes, são tão iguais? É como Mahatma Gandhi falou: “A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos”. Num mundo onde a diversidade religiosa é tão comum, respeitar o outro é lei.

Os mulçumanos são os que mais sofrem com a prática intolerante no mundo inteiro

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA REITORA: Margareth Diniz

EDITOR GERAL Dani Fechine EDITORA ADJUNTA Gabi Figueirôa

CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E ARTES

CHEFE DE REPORTAGEM Elisa Damante

DEPTO DE COMUNICAÇÃO - DECOM CHEFE: Dinarte Varela

EDITORIAS SETORIAIS CAMPUS Daiane Lima

ESPORTE Joana Rosa

EDUCAÇÃO Jailma Santos

SAÚDE Diego Fenas

CULTURA Cy Baptista

POLÍTICA Felipe Nunes FOTOGRAFIA Ivone Beatriz

Diretor: David Fernandes

COORDENAÇÃO DE CURSO: Zulmira Nóbrega DISCIPLINA: Laboratório de Jornalismo Impresso PROFESSOR ORIENTADOR: Edônio Alves Nascimento DIAGRAMAÇÃO: Alexandro Carlos de Borges Souza

REDAÇÃO: Central de Jornalismo DECOMTUR/UFPB Cidade Universitária João Pessoa-PB 58.089-900 tel.: 83-3216-7144 E-mail: redacao.qo@gmail.com

EQUIPE DE REPORTAGEM Aracely Coutinho, Elidiane Ferreira, Ewerton Correia, Gerlane Neto, Heloysa Andrade, Jeane Pontes, Júlia Brito, Neia Alves, Polliana Vilar, Rayssa Melo, Tiago Bernardino, Vitória Nunes


Campus

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JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

UFPB celebra 60 anos de história As comemorações do sexagésimo aniversário da universidade são marcadas por atividades que contribuem para educação Jailma Santos A Universidade Federal da Paraíba destaca no lema “Criando Futuros” o novo conceito e a marca comemorativa dos 60 anos de fundação. A instituição atualmente está classificada entre as melhores universidades do nordeste. Para comemorar a data, a universidade promoveu, além da marca e novo conceito, uma série de eventos e um site especial para divulgar as celebrações. O site possui um formato moderno e interativo, contando também com um banco de imagens, entrevistas, artigos, programação de eventos e reportagens em vídeo com o conteúdo das atividades dedicadas aos 60 anos da UFPB. Os eventos comemorativos são científicos, artísticos, culturais, além de publicações, e acontecem em todos os campi. Estão previstos ainda um livro e um documentário contando a história da instituição de ensino. HISTÓRIA A universidade foi fundada em dois de dezembro de 1955, por José Américo de Almeida, como Universidade da Paraíba. Em 1960, ela foi federalizada. Em 2002, os campi sofreram desmembramento e separou-se UFPB da UFCG. Atualmente a UFPB possui cinco campi: João Pessoa (Campus I e V), Areia (Campus II), Bananeiras (Campus III) e Rio Tinto e Mamanguape (Campus IV). Conta com 16 Centros de Ensinos, 138 cursos de graduação e 116 de pós-graduação, 2.665 docentes, 2.886 técnicos-administrativos e

Foto: Ivone Beatriz

Há seis décadas a UFPB exercita o papel de agente transformador, respondendo pela formação de profissionais Margareth Diniz, reitora

Instituição passou por reformas no ano de 2015, como modificação de algumas entradas viárias, símbolos de referência da comunidamais de 35 mil estudantes. A professora do Departamento de Jornalismo, Joana Belarmino, ingressou na instituição como aluna em 1978 e presenciou grandes mudanças. Ela fala sobre o tempo universitário. “É um tempo em que a gente pode propor, criticar, rever críticas. Eu gosto muito desse processo de pensamento que se constrói na universidade. O prazer de estudar é que me trouxe de volta para a academia”, revela a professora. DESAFIOS A universidade enfrenta desafios que são comuns a todas as

instituições de ensino superior públicas brasileiras, problemas relativos à infraestrutura, materiais, acessibilidade e políticos. Apesar disso, a instituição tenta vencer os desafios e formar profissionais qualificados. De acordo com a reitora Margareth Diniz, “há seis décadas a UFPB exercita o papel de agente transformador, respondendo pelo papel vital de formação de profissionais qualificados. Somos o poder transformador do nosso Estado”, enfatiza. CONQUISTAS A principal conquista ao lon-

EXPOSIÇÃO

Evento destaca inovação e expõe força produtiva Jailma Santos Integrante dos eventos comemorativos do marco de 60 anos de história da Universidade Federal da Paraíba, a Expo UFPB 60 Anos aconteceu em João Pessoa, com atrações voltadas à produção acadêmica, científica, tecnológica e cultural do Estado. O evento, responsável por fechar as ações comemorativas, foi promovido pela agência de produção cultural Paraíba Criativa, com contribuições da comissão dos 60 anos da UFPB. Com entrada livre para todos os públicos, suas atrações e atividades aconteceram na Praça do Povo e no Teatro de Arena do Espaço Cultural. A exposição teve o objetivo de mostrar para a sociedade paraibana a força produtiva da UFPB nas suas diversificadas ações, no segmento do ensino, pesquisa e extensão, ciência, tecnologia, arte e cultura. O professor do Departamento de Turismo, André Piva, coordenador do evento, falou sobre fortalecer a imagem da instituição perante a mídia e sociedade. “É uma forma da universidade, também, mostrar de maneira criativa, com atividades interativas com o público que ela existe de uma maneira muito positiva, com um conjunto de ações de alta qualidade”, acrescentou.

Foto: Ivone Beatriz

Estudantes de medicina demonstram como realizar uma massagem cardiorrespiratória ATIVIDADES Cada centro, setor administrativo operacional da universidade, foi encarregado de cuidar da sua exposição. Um dos stands disponíveis na mostra foi o do projeto de extensão da Escola Técnica de Saúde do Centro de Ciências da Saúde “RCP para todos”, coordenado pela professora do Departamento de Medicina, Ângela Amorim de Araújo. O projeto de extensão que tem como objetivo informar e treinar a população da Paraíba sobre reconhecimento de parada cardiorrespiratória e procedimentos de reanimação, ofereceu para o público do

stand esse treinamento. Entre o público destacavam-se estudantes do ensino médio e superior que buscavam conhecer um pouco mais sobre a realidade dos diversos cursos oferecidos pela UFPB. Para todos os estudantes, o objetivo era descobrir paixões ou reafirmar suas escolhas acadêmicas. O estudante do primeiro ano do ensino médio, Arthur Figueiredo, destacou a importância de um evento como esse. “A minha paixão por medicina, por cuidar das pessoas, foi confirmada quando tive a experiência de participar das atividades oferecidas nos stands”, afirmou.

go de sua história tem sido o processo de democratização. A partir dos anos 80, surge na universidade a organização dos docentes e a dos servidores como classe e um processo de racionalização da gestão do ensino, com a criação de novos departamentos e novos cursos de graduação. EXPECTATIVAS Para alcançar as idealizações de futuro para a universidade, é necessário investir na realização de um projeto paraibano de desenvolvimento. A estabilidade política e a discussão com a sociedade sobre

a consolidação de um plano de desenvolvimento no qual a universidade exerça um papel importante, são elementos que podem contribuir para um futuro ainda mais promissor. Segundo Joana Belarmino, para isso acontecer é preciso “manter as conquistas adquiridas, dialogar com a perspectiva do desenvolvimento regional, utilizar teorias e pesquisas aplicadas, fortalecer os processos de pesquisas e extensão, focar e sintonizar-se com as metas de desenvolvimento do milênio e com o plano nacional de educação”, conclui. Para a reitora Margareth Diniz, o compromisso com a instituição é a certeza de um futuro promissor para a universidade. “Nós somos a UFPB sempre com asas para novos voos e com o selo do compromisso”, finaliza.

MUDANÇA

Alunos de outros estados escolhem a Instituição Jeane Pontes Júlia Brito Em 2014, segundo um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma em cada dez pessoas que moravam na Paraíba eram de outros estados. Muitas delas vieram morar na Paraíba para estudar e andando pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) é fácil encontrá-las. O ENEM, prova que hoje substitui os antigos vestibulares, fornece a possibilidade de o aluno escolher outro local para estudar que não seja a sua cidade natal, assim alguns estudantes aproveitam a oportunidade para ter novas experiências, não só no âmbito acadêmico, como também pessoal. É uma oportunidade para aprender a "se virar" com as novas obrigações. O aluno de Santa Cruz do Capibaribe- PE, Sammuel Arruda, cursa Engenharia Elétrica e foi aprovado nas duas universidades federais da Paraíba, mas optou pela UFPB. “Eu amo a cidade. Por causa das possibilidades de trabalhos que a capital oferece e da estrutura da universidade optei por João Pessoa”, explica. ADAPTAÇÃO Antes mesmo de chegar à cidade escolhida, os estudantes começam a procurar por moradia, pes-

quisas sobre os bairros e o custo de vida local. A adaptação para alguns pode ser mais lenta que para outros. Algumas vezes o vocabulário pode ser um obstáculo, outras é o fato dos estudantes não conhecerem as cidades que escolheram que dificulta a mudança. “Eu não conhecia nada, tive que aprender tudo do começo, os lugares, os transportes e ainda continuo aprendendo”, conta Marília Araújo, que saiu de Limoeiro, no interior de Pernambuco, para estudar Jornalismo na UFPB. Outro caso é o da aluna Gabriela Güllich, também do curso de Jornalismo, que veio do Mato Grosso. “Eu fui muito bem recebida, mas eu tinha muito problema com questão de vocabulário. Eu não entendia o que as pessoas queriam”, pontua. INTERCÂMBIO A professora Zulmira Nóbrega, coordenadora do curso de Jornalismo, ressalta que muitos alunos paraibanos também estão saindo do Estado. As mudanças são uma via de mão dupla A coordenadora também reforça a importância da troca de experiência. “Eu acho válido, pois acredito que a universidade cresce, significa dizer que a universidade não pertence só àquela sociedade, o nome é universal, ela se baseia em conceitos, ela abriga outras cabeças e isso é excelente”, conclui.


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Campus

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

Pluralidade religiosa ganha espaço de discussão entre alunos da UFPB Alunos de diferentes religiões relatam suas experiências na universidade e comentam sobre a liberdade de crença no campus Foto: Ivone Beatriz e Rayssa Melo

Diêgo Fenas

organização evangélica sem denominação específica que atua com reuniões, louvor, oração e evangelismo. Lucas Martins, um dos organizadores, destacou a presença dos movimentos religiosos. “Acho muito bacana. Sei de grupos cristãos, mas quanto a movimentos de outras religiões, particularmente não conheço, mas incentivo a se reunirem. Que produzam eventos, que professem sua fé livremente, sem restrições. É um direito de todos nós”, pontuou.

Na UFPB há uma grande diversidade religiosa representada de várias formas, seja por meio de símbolos religiosos, vestimentas ou práticas que expressam a religião, a exemplo de orações, cânticos e louvores. O pluralismo religioso abre espaço para as diversas visões religiosas, que buscam por meio do diálogo o respeito, a paz e a tolerância entre os indivíduos. A diversidade religiosa propõe ao ser humano o desafio de respeitar a religião ou prática religiosa do outro. Para a estudante islâmica Sabrina Domingos “dentro da universidade é um espaço bem legal, porque é um espaço misto onde a gente encontra de tudo. Na minha turma tem cristãos católicos, evangélicos, ateus e simpatizantes do candomblé, todos convivem bem”, relata. LIBERDADE É muito comum, no ambiente acadêmico, conhecermos pessoas de diferentes religiões. O respeito à diversidade é fundamental, inclusive para com aqueles que não creem em nada, os ateus. Paulo Cavalcante, aluno de Ciências das Religiões e seguidor da doutrina espírita Kardecista destaca: “nós sabemos que a universidade é um espaço público, cada um tem o direito de expressar a sua fé, a sua crença. O que não podemos confundir é a ciência com a religião”, disse.

Thainá Medeiros, Eduardo Jorge e Sabrina Domingos são alguns dos estudantes que creem na tolerância como uma ponte para a paz Apesar de o Estado ser laico, ou seja, não ter religião específica, ele tem o dever de garantir a liberdade religiosa. A estudante Sabrina diz que há, de fato, liberdade religiosa na UFPB. “Até hoje eu nunca encontrei nenhum impedimento que me fizesse passar algum constrangimento ou algo do tipo”. Essa liberdade também é percebida pelos alunos Eduardo Jorge, que é católico e Lucas Martins, protestante. Pa-

ra ambos, há liberdade para a prática de suas religiões. Porém, Thainá Medeiros, que é praticante do candomblé, apresenta uma opinião diferente dos demais. “A partir do momento que eu saio de turbante, eu sou olhada como egocêntrica dos pés à cabeça”, enfatiza. MOVIMENTOS Segundo Eduardo Jorge, organizador do movimento do terços, “a uni-

versidade é um local para que as culturas possam se mostrar. Então, eu creio que todo e qualquer tipo de movimento não deve ser repreendido ou excluído”, afirma. O movimento foi trazido por Eduardo e mais dois amigos. “O objetivo é, num dia tão corrido, parar um tempo pra refletir, rezar, se aproximar de Deus”, explicou o estudane Eduardo. Outro grupo presente na UFPB desde 2010 é o Alfa e Ômega, uma

INTOLERÂNCIA A intolerância religiosa consiste na radicalização de ideologias e de atitudes ofensivas entre as diferentes crenças e religiões. Apesar da liberdade e da tolerância percebidas na universidade, entre alunos cristãos há relatos de professores que ofendem e zombam da fé deles. “Os esclarecidos sofrem com a intolerância, diferente dos não esclarecidos, que muitas vezes ajudam na perseguição”, afirma Eduardo Jorge. Por sua vez, Thainá Medeiros disse que essa intolerância ou preconceito “só acontece de forma sutil nos espaços de vivência”. Sobre a intolerância, Lucas Martins é enfático: “ela vem de uma galera que diz defender a liberdade de expressão para todos, mas só enquanto não discordam [de algum ponto de vista]”. Em nome das religiões, no entanto, só cabem atitudes de respeito, diálogo e paz.

PROFISSÃO

Espaço Experimental comemora 20 anos Dani Fechine Gabriela Figueirôa Vivenciar a experiência de uma rotina de redação ainda na graduação não é uma oportunidade que tem todos os estudantes de jornalismo. A disciplina de Laboratório de Radiojornalismo, por exemplo, ensina os alunos a exercerem uma linguagem meramente oral e também incorpora no cotidiano a responsabilidade de colocar um programa no ar todos os sábados, às 9h. Tudo isso acontece através do Programa Espaço Experimental, que só conseguiu caminhar junto à rotina profissional graças à parceria estabelecida com a rádio Tabajara, que há 20 anos mantém vínculo com os estudantes do curso de jornalismo.

Durante o processo de produção, as pautas são distribuídas, apuradas e transformadas em matérias. Na sexta-feira, há o planejamento do programa, bem como edição e gravação. “Nesse processo, a tentativa é fazer com que os alunos se adaptem a uma rotina de trabalho em um veículo de comunicação. Ou seja, você tem sempre que manter uma regularidade”, Reynaldo destaca. A dificuldade é natural para os alunos que assumem pela primeira vez a responsabilidade de fazer um programa. A experiência da linguagem oral, pouco abordada no decorrer do curso, é para o professor o grande diferencial. “O objetivo, de certa forma, é mostrar ao aluno que ele é capaz de fazer”, completou.

FORMATO De acordo com Carmélio Reynaldo, atual professor da disciplina, o formato do programa não sofreu mudanças nesses 20 anos de realização. Depois que vai ao ar, todas as entrevistas e painéis são disponibilizados on-line, no blog do Espaço Experimental. “Esse material que fica no blog permite o que o rádio não consegue, pois o ouvinte que perdeu algo pode ouvir novamente”, explica o professor. O programa é dividido em quatro blocos de aproximadamente 15 minutos cada e a sua linha editorial valoriza as linhas de pesquisas da UFPB.

RECONHECIMENTO Muitos estudantes que estão cursando ou já cursaram a disciplina de radiojornalismo vêem o Espaço Experimental como um momento oportuno para colocar em prática as teorias adquiridas durante os primeiros períodos, além de divulgar seus produtos jornalísticos para fora da UFPB, já que o programa é veiculado na rádio Tabajara. “A oficina de radiojornalismo foi uma das poucas que me instigou no curso, pelo fato de a gente colocar a mão na massa desde o início”, relatou a estudante do sétimo período de jornalismo, Thayane Moreira.

Foto: Rayssa Melo

Alunos da disciplina de radiojornalismo vivenciam a realidade de um programa de rádio e partilham experiência com entrevistados O estudante do quinto período de jornalismo Luiz Lambert, está cursando atualmente a disciplina que, segundo ele, é a que mais se aproxima do dia a dia da profissão. “Os prazos curtos e a cobrança do professor pela qualidade do que produzimos é um pouco do que existe nas redações”, disse. PIONEIROS Depois de muitas tentativas para profissionalizar um pouco mais o Espaço Experimental, o Governador

do Estado, Antônio Mariz, o secretário de comunicação, Walter Santos e o reitor da UFPB na época Neroaldo Pontes, assinaram um convênio com o diretor da rádio Tabajara, Petrônio Souto. Desde o dia dois de dezembro de 1985, os alunos do quinto período do curso de jornalismo são contemplados todo semestre com a experiência profissional de uma emissora de rádio. Ao tomarem conhecimento da parceria que havia sido formada entre a disciplina e a rádio Tabaja-

ra, os estudantes da primeira turma a produzir o programa receberam a notícia com entusiasmo. “A receptividade foi maravilhosa. Tínhamos o laboratório na UFPB, mas não tínhamos ainda a prática real de uma emissora de rádio”, relatou George Medeiros, estudante da primeira turma, do ano de 1985. Hoje George Medeiros trabalha em uma rádio da cidade. “A experiência foi fundamental para saber como era a realidade. Essa realidade hoje é a minha, a do meu trabalho”, disse.


Campus

Projeto facilita migração de animais entre as matas As pontes ecológicas foram criadas a partir de um TCC e auxiliam espécies que habitam na UFPB Ewerton Correia O projeto das pontes ecológicas, que serve para ligar fragmentos de matas na Universidade Federal da Paraíba, é uma iniciativa que vem ajudando na sobrevivência de animais que nelas habitam. Os estudos vem sendo desenvolvidos desde 2010, mas a instalações se iniciaram somente o ano passado no campus I. Os responsáveis são integrantes do Departamento de Sistemática e Ecologia do Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN). Tudo começou após estudos do Trabalho de Conclusão de Curso da aluna de Biologia Samara Medeiros há cinco anos. Hoje não é difícil encontrar pontes de cordas suspensas em postes, ligando trechos de matas na UFPB. Elas servem para que espécies não permaneçam isoladas e possam migrar para outras áreas em busca de melhores condições de sobrevivência e reprodução, como é o caso das preguiças, que sofrem as consequências da urbanização do campus. “Aqui são quase 90 hectares de mata atlântica que se separou da Mata do Buraquinho com a criação da universidade e com o desenvolvimento das construções aqui dentro, esses fragmentos ficaram muito isolados; alguns têm um hectare e meio e outro tem 44 hectares”, explica o professor Tarcísio Cordeiro, responsável pela orientação do pro-

Foto: Rayssa Melo

florestal de onde vinha. O professor do projeto afirma que o ideal é que ao ver o animal nessa situação, deve-se pegá-lo pelas axilas, que deve estar de costas, além de identificar o local para onde ela queria ir, facilitando desta forma a migração do animal.

O professor Tarcísio Cordeiro demonstra as instalações das pontes ao longo da UFPB jeto. De acordo com ele, boa parte da fauna sumiu com as construções, por conta da dificuldade da formação de pares para a reprodução, como é o caso das jaguatiricas. AMPLIAÇÃO Como nem todas as espécies têm habilidades para cruzar ruas com a mesma rapidez de um sagui, como as preguiças, o projeto também contempla a avenida Contorno das Cidades, onde fica o Hospital Universitário, com algumas das 12 pontes instaladas até agora dentro e fora do campus. A ideia é ligar

a mata do Vale do Timbó à UFPB dando mais segurança às espécies durante a travessia. FLAGRANTE O Questão de Ordem flagrou uma preguiça descendo uma árvore, se arrastando próximo a Central de Aulas e indo em direção ao Centro de Educação na penúltima semana de novembro. Isso prova a necessidade das pontes para a migração segura do mamífero. Na ocasião, um guarda utilizou uma vara de madeira para levar o mamífero de volta ao fragmento

EXPECTATIVAS A maior ponte instalada tem 62 metros e foram necessárias quatro semanas para a confecção que é realizada por estudantes. Até agora foram gastos cerca de R$ 10 mil para fazer as estruturas e tudo é custeado pela universidade, desde a criação da Comissão de Gestão Ambiental (CGA) instituída no início da atual gestão. O professor Tarcísio afirma que há resultados. “Dois dias após a instalação da primeira ponte, os saguis já estavam pulando de um lado para outro, mas já foi visto um camaleão, cobra-cipó e preguiça”, disse. Ele ressaltou a necessidade de um melhor monitoramento, podendo ser feito por armadilhas fotográficas, ou seja, câmeras camufladas. O pedido já foi feito três vezes à Prefeitura da UFPB, mas até agora os equipamentos não foram recebidos. A próxima missão do projeto é construir a maior das pontes até agora ligando a Mata do Buraquinho à UFPB cruzando a Via Expressa Padre Zé e a BR-230 nas proximidades do Centro de Tecnologia.

MOBILIDADE

Bicicleta é opção para estudantes Elisa Damante Joana Rosa O ciclismo está se tornando uma atividade bastante comum. Desta forma, buscando fugir do trânsito da cidade, alunos da UFPB, têm adotado a bicicleta como meio de transporte para ir à universidade. Apesar de encontrarem diversas dificuldades, ainda assim, preferem se ater aos benefícios trazidos pela prática, como melhoria na saúde e meio ambiente. Como todo ciclista, os alunos sentem dificuldades na hora de transitar pelas vias, como a falta de respeito dos motoristas, insegurança, falta de ciclovias em muitos pontos da cidade e até mesmo durante os caminhos que percorrem para chegar à UFPB. Através de projetos em grupos, os ciclistas encontram uma forma de promover e incentivar a atividade, criando movimentos para pedir respeito no trânsito. As redes sociais servem como plataforma de debate, como é o caso do grupo UFPBike, criado com o objetivo de debater sobre a mobilidade urbana. MOBILIDADE Apesar de optarem pela bicicleta para ir à universidade, eles sentem que a instituição é precária em temos de infraestrutura para esse meio de transporte. Muitas vezes as prioridades são voltadas

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JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

Foto: Rayssa Melo

Breves Fest Aruanda O Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro está completando10 anos. Com início no dia 10 e encerramento nesta quarta – feira (16) de dezembro e a programação está sendo exibida no Cinépolis do Manaíra Shopping. Os ingressos são gratuitos. A exibição do filme “Chatô - O Rei do Brasil” marcou a abertura do festival e estreia nacional e contou com as presenças do autor do livro homônimo Fernando Morais, do diretor Guilherme Fontes e do ator Lima Duarte, que recebeu troféu pelo conjunto da obra. A 10ª edição homenageou o cantor Geraldo Vandré que também esteve presente, com trilha do filme “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”.

Concurso A UFPB divulgou novo edital de concurso, para professores do magistério superior. O concurso abrange nove departamentos do campus I, além de dois departamentos do campus II (Areia) e dois do campus IV (Litoral Norte). As vagas são destinadas aos departamentos de Estatística, Geociências, Letras Estrangeiras e Modernas, Direito Privado, Medicina Interna, Artes Visuais, Comunicação, Engenharia de Energias Renováveis e de Produção, Ciências Veterinárias; Biológicas e Sociais e Aplicadas.

Dejor Após longo processo de discussões, a criação do Dejor (Departamento de Jornalismo) foi votada e aprovada no dia 28 de novembro, em reunião realizada no prédio da Reitoria, com aprovação unânime do Conselho Universitário (Consuni). Durante o período, reuniões com representantes dos Centros Acadêmicos e respectivos coordenadores dos cursos do CCTA foram realizadas para discutir a viabilidade do processo. Os corpos discente e docente aguardam agora apenas a publicação oficial de competência da reitoria, acerca da criação do Departamento.

Axuílio moradia

Alunos utilizam bicicletas com a finalidade de chegar à universidade, o transporte também contribui no deslocamento no campus aos automóveis. A maior dificuldade em ser ciclista, para a aluna de Jornalismo Lívia Costa, é a falta de respeito que os motoristas têm com os ciclistas. Dentro da UFPB não é diferente, a aluna relata que os motoristas não respeitam o espaço da bicicleta. “Acredito que os veículos maiores devem prezar pelos veículos menores, o carro deve prezar pela bicicleta, a bicicleta pelo pedestre e assim por diante. Muitas vezes ando pelo acostamento com medo de algum carro passar por cima, coisa que quase aconteceu”, relata. Com inúmeros estacionamentos, alunos reclamam da falta de um lo-

cal adaptado e seguro para que possam estacionar o seu meio de transporte. É o caso da aluna de pós-graduação de Sociologia e idealizadora do grupo UFPBike, Fernanda Rocha. “Acho um pouco injusto ter tanto espaço para estacionar o carro e não possuirmos um bicicletário adequado e seguro para guardarmos nossas bicicletas”, afirma. UFPBIKE Com a precariedade de infraestrutura para ciclistas, alunos e professores criaram um grupo em uma rede social para que possam discutir sobre mobilidade dentro e fora do campus.

O grupo UFPBike surgiu em 2015, tendo como gancho uma exibição do filme “Bikes vs. Cars”, no Centro de Vivência. Após o filme, o grupo foi criado com o objetivo de reunir pessoas para debater e promover ações sobre a mobilidade e sustentabilidade. Além de discussões, o coletivo promove eventos para conscientizar a população sobre os benefícios do ciclismo. Fernanda afirma que, “o objetivo não é pedir para que as pessoas usem a bicicleta, mas gerar discussões a respeito da mobilidade dentro da cidade, o que pode melhorar, e pedir respeito no trânsito, que é o mais importante”, revela.

Cerca de cem estudantes do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias (CCHSA), do Campus de Bananeiras, foram contemplados com o auxílio moradia. A relação foi divulgada pela Pró-Reitoria de Assistência e Promoção ao Estudante (PRAPE), por meio da Coordenação de Assistência e Promoção Estudantis (COAPE). O programa trata de apoio financeiro mensal para estudantes que estão matriculados em graduações do Campus III. Os alunos devem informar dados e CPF e encaminhar à COAPE uma cópia do cartão do banco e o CPF através do email coape@prape.ufpb.br


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Educação

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Projeto de extensão Sala de Ações auxilia o planejamento financeiro Projeto teve parceria entre docentes e discentes do Centro de Ciências Sociais Aplicadas e alunos do Centro de Informática Foto: Polliana Vilar

Cy Baptista

SALA DE AÇÕES

Em tempos de crise econômica são comuns os aumentos de impostos e os cortes de investimentos. Os ajustes fiscais atingem empresas e chegam ao bolso do consumidor. A retração da economia e a falta de planejamento podem gerar dívidas desnecessárias e inadimplência. Nessa perspectiva, o projeto de extensão Sala de Ações, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), oferece consultoria para minimizar os impactos do mercado. Além disso, o projeto lançou o aplicativo Educa SA que colabora no planejamento dos custos. O idealizador do projeto é o professor de Economia Sinézio Fernandes, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA). O projeto iniciou em 2007 e os primeiros passos visavam estimular uma equipe de alunos para o estudo do mercado de capitais. O professor destacou três importantes vertentes: a primeira etapa consiste na preparação dos alunos a partir de minicursos; depois esses estudantes são motivados a participar de eventos e fazer visitas nas faculdades, escolas e entidades de classes, com o objetivo de repassar o conhecimento adquiridos no projeto. A segunda fase está baseada no treinamento dos alunos em direção ao mercado de trabalho. Por fim, o terceiro ponto está voltado ao atendimento público. Com a criação do Escritório Financeiro Acadêmico, ocorrem os atendimentos gratuitos, com o objetivo de colocar em prática o conhecimento adquirido na sala de aula.

Localização: Bloco de Pós Graduação em Economia, 1º andar, no CCSA em frente à copiadora do Junior. Atendimento ao público: todas as quintas-feiras Agendamento: http://salaacoes.blogspot.com.br/ Redes Sociais: Sala de Ações (Facebook, Blog, Twitter, Instagram, Youtube)

O resultado do projeto foi um aplicativo que contribuiu para o melhor planejamento orçamentário e controle de gastos do cotidiano A comunidade acadêmica e a sociedade também podem ser beneficiadas com as atividades da Sala de Ações. Os atendimentos personalizados acontecem semanalmente, basta agendar o melhor horário com a equipe. As pessoas têm a oportunidade de receber informações a respeito da educação financeira e encontrar o melhor caminho de driblar os problemas da falta de planejamento. “O grande desafio, hoje, da Sala de Ações, é mudar a cultura do público. Um dos desafios que eu acho mais pertinente é você criar uma cultura de planejamento, de orçamento familiar, de planejamento financeiro, de investimentos”, informou o professor. EDUCAÇÃO Poupar, investir e quitar são algumas palavras utilizadas quan-

do o assunto é educação financeira. O projeto Sala de Ações visa alertar as pessoas sobre o controle dos gastos, com informações relevantes de como cuidar das finanças, sem cair nas armadilhas do mercado. Além disso, a iniciativa contribui para que o indivíduo tenha atitudes conscientes, sem comprometer o orçamento individual ou familiar, entendendo a real necessidade de comprar um produto. A dica é planejar e organizar as despesas. “A gente tem que começar a se habituar, a fazer com que isso vire uma cultura, a gente tem que aprender a mexer com orçamento, com planilhas, comprar somente o que está dentro do orçamento, planejar gastos, planejar padrão de vida, tentar manter o padrão de vida em patamares aceitáveis e não criar aquisições, que sejam consumos emocio-

nais”, ressaltou o professor. Com oitos anos, o projeto permite que os alunos sejam inseridos no mercado de trabalho e ingressem na pós-graduação. O ambiente empresarial é dividido em células e conta com quase trinta e cinco graduandos. Inicialmente, houve a criação de uma célula específica do Mercado de Ações e nos últimos três anos houve modificações, por exemplo, com a inclusão do tema Educação Financeira e criação de uma nova célula para tratar do assunto. O estudante do quarto período do curso de Economia, Felipe Araujo, falou da oportunidade de participar do projeto. Atualmente, ele faz parte do comitê gestor, colaborando na divulgação das atividades e na liderança da equipe. Ele também disse que a equipe recebeu orientações de funcionários da TV

UFPB para adequar a linguagem. A aluna do sétimo período de Economia, Luana Rodrigues, também integrante da equipe, informou que o projeto une teoria à prática e as melhorias refletiram na vida pessoal e profissional. EDUCA SA O aplicativo Educa SA é a nova aposta do projeto Sala de Ações. A novidade está disponível no Google Play, é gratuito e, por enquanto, somente os usuários do sistema Android têm acesso ao aplicativo. O app reúne ferramentas de fácil acesso e contém um layout moderno. O diferencial é a possibilidade de gerar uma planilha, com dados do orçamento, permitindo que o indivíduo consulte durante o atendimento individualizado no Escritório Financeiro. A ideia é monitorar os gastos.

INCENTIVO

Projeto Lá Li Gibi amplia prática de leitura Jeane Pontes

A leitura estimula a criatividade, e a imaginação, além de aperfeiçoar a escrita. Foi pensando nisso, que a professora do curso de letras da UFPB Judy Rosas com a colaboração da Biblioteca Popular Riacho do Navio, criou o projeto Lá Li Gibi que tem como finalidade estimular o hábito da leitura em crianças de escolas públicas. O projeto atua em duas escolas de João Pessoa, nos bairros da Penha e Mangabeira, e em duas escolas na cidade de Piranhas, no sertão de Alagoas. O projeto tem a participação de nove bolsistas dos cursos de Letras, Pedagogia, Artes Visuais e Jornalismo. Como é o caso do estudante de Jornalismo Jhonattan Anderson, que conheceu o projeto pela rede social Facebook e desde o final de outubro vem cooperando com o Lá Li Gibi. “Eu me interessei pelo projeto porque, como comunicador, acredito que ha-

ja um casamento da educação com a comunicação e sempre tive vontade de fazer parte de uma ação prática”, finaliza. A estudante de Pedagogia Giovanna Vasconcelos participa do projeto desde sua fundação. “No início de 2013, Judy me falou do projeto e, junto com outros estudantes nos mobilizamos para arrecadar livros e gibis. No mesmo ano inauguramos a Biblioteca Popular Riacho do Navio, em Piranhas, mas sentimos a necessidade de extrapolar seus limites físicos e chegar onde estão as pessoas que não lêem. A intenção é invadir os espaços e levar a leitura para as camadas que mais precisam”, conclui.

Foto: Ivone Beatriz

também, eles gostam de ler os gibis”, contou. O diretor Francisco Tenório da escola municipal Vinícius Gama e Melo, em Mangabeira, reforça a alegria de receber o projeto. “Tenho observado o trabalho, e não tinha visto em projetos anteriores tanta adesão de alunos. Após as aulas, eles vêm ao pátio e preenchem todas as tendas. Por mais que a escola incentive a leitura, não tínhamos o sucesso que estamos tendo agora com o Lá Li Gibi”, afirma.

O projeto tem como finalidade estimular o hábito da leitura em crianças de escola pública

ATIVIDADES Quando o Lá Li Gibi chega à escola, são montadas tendas com espaço para leitura e oferecidas atividades como contação de texto, bingo e jogos de tabuleiro sobre um te-

Aluno da rede pública do Estado participa das ações promovidas pelo grupo da UFPB ma, como por exemplo, o aquecimento global. O projeto tem inicio às 9h para coincidir com o recreio dos alunos e o seu termino é às 14h. Segundo Judy Rosas, o projeto está aberto para toda a comunidade. “O Lá Li Gibi não é um projeto só para crianças, é para não-leitores, está aberto para qualquer pessoa”, diz. As escolas recebem a visi-

ta do Lá Li Gibi duas vezes ao mês e o material é disponibilizado para empréstimos. A aluna do sétimo ano do ensino fundamental, Soraya Kelly, fala de sua satisfação ao receber o projeto na sua escola. “Eu não gostava muito de ler, tinha preguiça, mas depois do Lá Li Gibi eu estou gostando. Eu posso levar os gibis para casa e mostrar aos meus irmãos

RECONHECIMENTO O Lá Li Gibi participou do concurso cultural “O Jardim da Educação” promovido pela Editora do Brasil ficando em 5° lugar na competição. O concurso premia projetos que promovem mudanças inspiradoras no ambiente escolar. A coordenadora Judy Rosas se sente satisfeita pela premiação. “O insucesso da educação no Brasil tem muito a ver com a forma como a leitura é trabalhada em sala de aula. Temos a proposta de estimular a leitura, queremos mostrar as pessoas que ler além de necessário é prazeroso. E esse prêmio é um reconhecimento da qualidade do nosso projeto, além de ganharmos uma visibilidade nacional” conclui.


Educação

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Campus Festival é aposta para ex-alunos da UFPB Empreendimento deu início em 2013 e conquistou públicos dos mais variados cursos e segmentos Joana Rosa Um dos maiores eventos acadêmicos da Paraíba, o Campus Festival teve início em 2013, e logo na terceira edição, em 2015, contou com a presença de 20 mil participantes. Fruto da ideia de dois amigos, na época estudantes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Will Fonseca e Tiago Quirino, o festival conta com mesas de debates, palestras, feiras, exposições e shows, buscando trazer discussões que destravem alguns diálogos da sociedade. Ainda como aluno da UFPB, em 2011, após participar de congressos e festivais em outros estados, percebendo a escassez de eventos acadêmicos na Paraíba, o aluno de administração deu início ao seu projeto para uma produção que houvesse a possibilidade de integrar todas as áreas de graduação. “O Campus surgiu através da vontade de unir pessoas de cursos diferentes da universidade para pautar sobre empreendedorismo e inovação”, revela o administrador. Com o apoio de universidades de João Pessoa, entre elas a Maurício de Nassau e a Faculdade Internacional da Paraíba (FPB), o objetivo é oferecer ao público o desejo de inovar e empreender, tanto na área

Foto: Polliana Vilar

Os sócios Tiago Quirino e Will Fonseca falam sobre a iniciativa de criar um evento inovador de tecnologia como em outros setores. Na terceira edição em 2015, artistas como Nando Reis, Otto e a dupla Dois Africanos dividiram espaço na programação com palestras como a do ator Gregório Duvivier, conhecido pelo canal no Youtube Porta dos Fundos. RETORNO O planejamento busca adequar as atividades como objeto de inclusão social. “Conseguimos fazer uma atividade de inclusão social muito forte, uma coisa que eu vi e achei fantástica foi uma ciranda de cadeiran-

tes”, afirma Tiago Quirino. “Era uma coisa que para mim seria imaginável em qualquer outro tipo de evento aqui em João Pessoa”, acrescenta. A terceira edição é considerada pelos idealizadores uma das melhores. Eles conseguiram atingir todas as metas planejadas. Com 75% da programação gratuita, 19 mesas redondas, quatro palestras e quatro shows, o Campus Festival conseguiu bater recorde de público em apenas três dias. “Na meta em relação a retorno para sociedade ultrapassamos aquilo que a gente impôs”, ressalta Will Fonseca.

PARTICIPANTES Por ser um evento com finalidades acadêmicas, o Campus Festival oferece aos estudantes de diversas áreas participarem da organização como voluntários, dando espaço para que eles atuem e ganhem experiência dentro do próprio evento, como foi o caso da estudante de Relações Públicas da UFPB, Julienne Cavalcanti. A estudante alega que se interessou para ser voluntária por gostar de trabalhar e adquirir experiência naquilo que pretende atuar, e o evento proporciona essa possibilidade. “O Campus Festival permite que você obtenha muito conhecimento, você conhece novas pessoas, atua de maneira abrangente dentro do próprio evento e eu gosto disso, poder trabalhar com pessoas de diversas áreas e conhecer além da que eu atuo, isso é bastante motivador”, confessa. Os organizadores acreditam que muitas vezes os conteúdos das aulas não incentivam o empreendedorismo. Segundo eles, muitas vezes, o professor entra na sala de aula e conduz aulas através de leituras sem transmitir conhecimentos práticos. “O nosso vento busca proporcionar aos estudantes aquilo que falta dentro da própria universidade”, acrescenta Will Fonseca.

DEDICAÇÃO

Melhor idade busca a universidade Polliana Vilar A cada ano que passa o mercado de trabalho fica mais criterioso, mas, não é só por causa de uma boa colocação no mercado que os aposentados investem no ensino superior. Segundo o Ministério da Educação (MEC), houve um aumento de 40% no número de idosos que ingressaram na faculdade nos últimos dois anos. A UFPB está presente nas estatisticas e conta com um crescente número de alunos que já passaram dos 60 anos. Alguns deles apostam na faculdade para realização de um sonho não conquistado durante a juventude. Esse foi o caso de Dona Lenita Vasconcelos, que resolveu voltar a estudar depois de casar e criar os seis filhos. Após o casamento de seus filhos, ela resolveu estudar retomando a sétima série e a partir daí deu continuidade a sua vida acadêmica. Aos 62 anos voltou para sala de aula e prestou vestibular. Dona Lenita fala que foi sua neta que lhe deu a noticia que havia passado no vestibular. “Eu comemorei igual a um jovem” fala ao lembrar com emoção sua conquista. DESAFIOS Deu inicio ao curso de Pedagogia na Universidade Federal da Paraíba. “Minhas dificuldades foram inúmeras, desde o preconceito com colegas de sala de aula, a problemas de saúde durante o curso” comenta sobre sua traje-

Foto: Ivone Beatriz

A atual pedagoga Lenita Vasconcelos exibe com orgulho sua fotografia da formatura e fala sobre conquistas e dificuldades na UFPB tória. Com vários desafios na universidade, Dona Lenita diz que pensou em desistir várias vezes, mas com a ajuda e apoio da sua família ela conseguiu. CONQUISTAS Hoje aos 68 anos, é formada e estampa a sua felicidade ao mostrar fotos e registros de sua formatura. “Eu nunca imaginei chegar tão longe, valeu apena” disse Lenita. O mercado de trabalho está cada vez mais concorrido e, com isso, começa novos desafios para os aposentados e Dona Leni-

sentados” ela cita.

Alguns idosos apostam na faculdade para a realização de um sonho ta, que enfrentam varias dificuldades em busca de empregos. “As portas do mercado de trabalho não estão abertas para os apo-

EXPERIÊNCIAS A professora e vice-coordenadora Thaís Máximo do curso de psicologia da Universidade Federal da Paraíba fala do crescimento e do esforço de alunos. “São excelentes alunos, esforçados, bastante críticos e questionadores”, afirmou. Com isso, ela fala que é um privilégio para os alunos mais novos terem esse tipo de convivência, além da boa oportunidade. Sabendo das dificuldades, a professora Thaís fala que nunca é tarde para voltar a estudar e exercitar com o estudo.

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EXPERIÊNCIA

Estudantes em prática de redação Elisa Damante O Centro de Prática Jornalística (CPJ) é um projeto do Centro Acadêmico de Jornalismo Vladimir Herzog (CA) que incentiva os alunos do curso a vivenciarem a prática da imprensa em eventos. Durante os dias de atividades, os participantes encontram um cenário similar as redações de empresas profissionais, onde precisam cumprir pautas e obedecer aos deadlines. O primeiro CPJ foi realizado em parceria com a Campus Festival, em 2013, e hoje está na sua quarta edição. O idealizador do projeto é um ex membro do CA e aluno do 6º período do curso de Jornalismo, Edgley Lemos. “Como estudante eu sentia que nós tínhamos poucas oportunidades de experimentar a sensação de fazer a cobertura jornalística de algo. Então eu levei a ideia aos demais colegas do CA e nós desenvolvemos. A ideia central é que o aluno tenha contato com a realidade de uma redação durante o período em que estiver realizando as atividades”, revela. Ele conta que o apoio do Departamento do curso em ceder as câmeras fotográficas durante o CPJ foi de grande importância. As dificuldades existiram, mas nada que pudesse impedir completamente a execução dos planos dos organizadores. “A maior dificuldade foi, e acredito que sempre será, buscar as parcerias com os organizadores de eventos para que o CPJ aconteça”, ressalta Edgley. PARTICIPAÇÃO Gabriel Costa, aluno do 1º período do curso já participou de duas edições do CPJ e elogia a iniciativa. “É muito importante ter um Centro Acadêmico que se preocupe com a gente e que promova um tipo de escola, que é o CPJ, para dar aos alunos, principalmente dos primeiros períodos, a oportunidade de poder pôr em prática tudo aquilo que ele aprende”, destacou. O estudante afirma que encontrou algumas dificuldades durante as atividades, mas atrela a isso a sua pouca experiência. “Encontrei dificuldade no primeiro CPJ que participei. Era mais a questão de poder sintetizar as informações das palestras que assistia, mas depois que peguei a prática não tive mais problemas”, afirmou. O aluno acentua os benefícios trazidos pelo Centro de Prática Jornalística aàsua graduação. “Só coisas boas. Aprendi que na cobertura de eventos é necessário a dinamicidade para lidar com a quantidade de eventos acontecendo ao mesmo tempo e aprender a lidar com os deadlines, além de respeitar as ordens do editor”, pontuou.


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Educação

Projeto simula carros de fórmula 1 Protótipos criados pelos estudantes da UFPB são elétricos ou movidos à combustão e participarão de competição em 2016 Gabi Figueiroa A Fórmula SAE é uma competição automobilística que ocorre anualmente em outubro e simula uma pequena empresa, na qual universitários vão projetar, fabricar e competir com carros de corrida estilo fórmula 1. Na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), participam duas equipes, a Fórmula Elétrica e a Fórmula Combustão. A participação desses estudantes no projeto amplia conhecimento e experiência na formação acadêmica deles. O projeto Fórmula Combustão começou no ano de 2010 e o protótipo está pronto, apenas em 2011 e 2012 que o protótipo não foi finalizado. Na edição deste ano, os estudantes da UFPB concorreram, mas na última prova, em que tinha que percorrer 22 km, o carro quebrou durante a terceira volta. No entanto, a equipe foi muito bem nas outras etapas. O projeto conta com 40 alunos de engenharia elétrica, mecânica, de materiais, produção, de computação e de energias alternativas e renováveis. Já a Fórmula Elétrica teve início no ano passado. O projeto está pronto e o carro todo modelado. Este ano o carro começou a ser

Foto: Dani Fechine

Equipe do Fórmula Combustão expõe carro desenvolvido pelo grupo em evento realizado no Espaço Cultural José Lins do Rêgo construído de fato, já foi desenvolvido um simulador que permite aos estudantes começarem a testar algumas funções nele. O projeto conta com 68 alunos de todas as engenharias, além de estudantes de outras áreas, como mídias e direito. IMPORTÂNCIA Em 2008 foi criada a categoria da Fórmula SAE Elétrica, porque antes das edições deste ano só existia

a categoria a combustão. A UFPB é a primeira universidade nordestina com projeto nessa categoria. No Brasil são apenas sete equipes. A importância que este projeto tem é a visibilidade que ele pode trazer para a instituição. Segundo o coordenador do curso de Engenharia Elétrica e orientador do projeto, Euler Macedo, esta atividade mostra a inovação da UFPB, além de transformar a universidade em re-

ACESSIBILIDADE

Núcleo desenvolve ações para estudantes especiais Júlia Brito De todos os matriculados no período 2015.1 da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), 524 têm algum tipo de deficiência. Para atendê-los, a UFPB conta com o Núcleo de Educação Especial (NEDESP), que atualmente trabalha com decodificação de material para o braile e oferece oficinas de origami abertas para todos os alunos. O NEDESP foi criado pelo Consuni em 1998 para desenvolver projetos de extensão para auxiliar professores da rede pública com metodologias e planos de aula e fazer atendimentos psicopedagógicos para os alunos e para a comunidade. O núcleo, que já teve 14 integrantes, foi reduzido a medida que os professores foram se aposentando e agora só conta com quatro pessoas, dentre os quais três são professoras e um tradutor de braile. Devido à redução, trabalha atualmente apenas com deficiência visual (tradução para braile) e com as oficinas, mas já trabalhou com deficiência intelectual, de aprendizagem e motora. Os alunos que eram atendidos pelo núcleo foram encaminhados para a clínica de psicopedagogia. ORIGAMI Mesmo com a redução, o núcleo oferece oficinas de origami. O objetivo é ajudar no desenvolvimento da coordenação motora e desenvolver habilidades básicas de aprendizagem. “Com o origami temos a possibilidade de trabalhar várias áreas do desenvolvimento da criança”, explica a professora Socorro, responsável pelas oficinas.

Foto: Polliana Vilar

Origame criado pelos alunos do projeto Em outubro, foram abertas 20 vagas para uma oficina, mas apenas 11 foram preenchidas. A professora esclarece que o número reduzido de vagas oferecidas se deve ao fato de ser uma atividade muito prática, e os alunos precisam de sua atenção especial. Por esse mesmo motivo, a professora treina um grupo de alunas para auxiliá-la como monitoras. ADVERSIDADES Apesar de atender a todos os

alunos dos campus de João Pessoa, o NEDESP é composto apenas por duas salas no Centro de Educação (CE): uma serve de apoio para os estudantes e a outra é a gráfica de braile. “É muito quente. São quatro funcionários dentro de uma sala bem pequenininha. Nós temos problemas de iluminação, nós temos problemas de climatização, nós temos problemas elétricos”, conta a coordenadora do núcleo, Adriana Gaião. Os equipamentos são ultrapassados. O programa de digitalização por vezes não reconhece caracteres e a impressora é antiga e faz muito barulho. O pedido de uma nova impressora foi encaminhado para a reitoria e desde o início do ano os funcionários do núcleo esperam que seja entregue. Os equipamentos mais novos foram dados pelo Comitê de Inclusão e Acessibilidade (CIA) da universidade e pela direção do centro. Várias outras medidas além de equipamentos atualizados, ainda precisam ser postas em prática para melhorar a acessibilidade na UFPB, como por exemplo a implementação de pisos táteis para o auxílio da locomoção dos deficientes visuais. “Tem que ser dada a oportunidade para que eles [os alunos] consigam estudar do primeiro ao último período”, explica a coordenadora. Para ela não são necessárias mais medidas de inclusão, mas que as atuais medidas estabelecidas funcionem. “Acho que de projeto de inclusão a gente não precisa mais. Precisamos colocá-las em prática, fazer com que funcionem”, conclui a coordenadora do projeto.

ferência. “O projeto pode fortalecer e formar a UFPB como referência no setor automotivo” disse. Para os estudantes, a importância do projeto é ainda maior, pois eles colocam na prática os conteúdos vistos em sala de aula. A competição consegue também aproximar os alunos do mercado de trabalho. Segundo o estudante do sexto período de Engenharia Elétrica, Felipe Lucena, pode ser uma van-

tagem para eles. Isso porque a competição simula uma pequena empresa, onde ocorrerá um controle de orçamentos, além de vivenciar o processo de desenvolvimento do projeto do começo ao fim. “Os estudantes acabam saindo mais qualificados para o mercado de trabalho e muitas empresas dão preferência a esses alunos. Esse projeto é um diferencial”, completou. ESTRUTURA Para a realização do projeto a universidade oferece à equipe uma estrutura básica. Salas, laboratórios e equipamentos são oferecidos pela UFPB. No entanto, o grupo enfrenta alguns problemas para conseguir materiais. A crise econômica foi um dos entraves apontados pelo professor Euler Macedo. “Hoje o grande problema é o Governo Federal. Por exemplo, tem uns componentes para serem comprados desde março e, por conta da crise, as principais peças do carro ainda não foram compradas”, explicou.

Os alunos relataram que a burocracia é outro problema enfrentado. Por causa das licitações, alguns

equipamentos demoram para chegar. Outra reclamação é o fato de alguns equipamentos estarem quebrados, por falta de manutenção e por alguns estarem velhos.

TECNOLOGIA

Portal de Periódicos ganha modificação e novo layout Vitória Nunes

derno. A nova logomarca foi criada a partir da paleta de cores que trabalha o branco, azul, cinza e traz um ponto alaranjado que remete ao fogo da chama do conhecimento presente no brasão da UFPB. “Essa alusão às inscrições rupestres do monumento já era adotada pelo Portal anteriormente às modificações com a perspectiva de que as inscrições da Pedra do Ingá nos remetem para a memória, assim como o portal de periódicos remete para o acúmulo e memória da produção científica na UFPB”, acrescentou Henry.

O portal de periódicos da UFPB foi reformulado a fim de proporcionar a seus usuários maior facilidade na utilização do site e a contemplar as orientações de identidade visual do Governo Federal. O trabalho foi desenvolvido durante 3 meses pelos designers Alexandre Câmara e o bolsista Douglas Torres da Editora da UFPB, sob a coordenação do professor Henry Pôncio. O banner superior do site ficou mais leve e a barra recomendada pelo Governo Federal para ser mantida em todos os sites de instituições go- COOPERAÇÃO vernamentais foi No sentido incorporada. O de estabelecer software, Open uma cooperaJournal Systems ção entre os porfoi mantido, potais de periódirém atualizado. cos da UFPB, do A tipografia utiIFPB e do UNIlizada também PÊ, que utilizam foi modificada o mesmo softwae o site ganhou re, a instituição uma barra infeconvidou profesHenry Pôncio, coordenador rior que vai persores e editores mitir comunicadessas universições mais espedades para realicíficas. zarem a constru“Tentamos fazer nessa versão um ção de suas revistas, participando de híbrido, uma mistura entre os ele- um momento de refinação intelectumentos conceituais que são próprios al e formação do exercício editorial, do Portal de Periódicos da UFPB e no I Congresso Nacional de Editores as recomendações feitas pelo Gover- Científicos, realizado na UFPB. no Federal em conjunto com as recoA cooperação entre os três portais mendações feitas pela Universidade”, colaboram para a produção científiexplicou Henry Pôncio, coordenador ca da Comunidade Acadêmica. Hendo Portal de Periódicos. ry Pôncio explica: “nos baseamos no Com a nova arquitetura de infor- acesso aberto ao conhecimento, por mação do Portal, a logomarca que isso, todos os artigos das Revistas pofaz alusão a Pedra do Ingá manteve a dem ser acessados por qualquer pesconcepção artística, mas foi feita uma soa do mundo de forma gratuita por releitura, estilizando um único íco- meio da internet. Podem ser consulne do monumento arqueológico para tados, utilizados, baixados e impresque trouxesse um resultado mais mo- sos”, finalizou.

“Tentamos uma mistura entre os elementos conceituais”


Política

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Professora Margareth Diniz faz avaliação positiva do reitorado Professora destaca a implantação do SIGAA, fala em investimentos e diz que gestão pode ser resumida na palavra qualidade Felipe Nunes Eleita em 2012 com um discurso de renovação, a primeira mulher a comandar a reitoria da UFPB, Margareth Diniz, completa três anos de gestão. A professora, que há três anos construiu a campanha com o slogan “UFPB mais”, agora em meio à crise econômica e às justificadas demandas apresentadas pela comunidade acadêmica, responde a questionamentos e prepara o caminho para tentar a reeleição em 2016. O balanço da gestão é tema de discussões na universidade e envolve diferentes pontos de vista. Para a reitora Margareth, os três anos de gestão podem ser resumidos na palavra qualidade. Ela diz que apesar das dificuldades encontradas quando assumiu a reitoria, em três anos a UFPB quase triplicou a quantidade de cursos e se empenhou em criar qualidade em meio aos problemas . “Não houve transição. Chegamos aqui e não tinha ninguém pra receber a gente, nem pra entregar um papel, apagaram tudo”, explicou. EMPECILHOS A reitora lembra que encontrou quarenta obras abandonadas que, segundo ela, deveriam ser conhecidas como “obras casos de polícia”, e exemplificou: “Nós temos um prédio em Areia, da pós-graduação em Agronomia, que a orientação é mandar derrubar e construir outro. É isso que se quer fazer com o dinheiro público?”, indagou. A reitora disse que, apesar desses problemas, a gestão dela pensa no futuro.

Foto: Rayssa Melo

mantém um diálogo institucional com a reitoria, mas ele acrescenta que problemas persistiram nos três anos de gestão, a exemplo do atraso nas bolsas de monitoria e dos transtornos no Restaurante Universitário. “Para os estudantes, nós não achamos que o reitorado é satisfatório”, ponderou Iago. A aluna Vivane Carmem, do 1º período de Administração, evita críticas diretas à gestão da professora Margareth porque iniciou os estudos na UFPB há pouco tempo, mas já percebe problemas. “A minha sala está com o teto caindo, e é complicado assistir aula daquele jeito. Eu não sei como ela pegou a universidade, sobre a questão de contas, então não faço julgamentos, mas acredito que organizando os recursos de maneira eficiente as coisas podem ser melhores”, acredita.

Reitora Margareth Diniz explica como encontrou a universidade e diz quais foram os investimentos realizados em três anos de gestão GESTÃO Quanto aos investimentos em benefício do corpo docente, a reitora faz um comparativo do atual momento da universidade com a época em que ela fazia doutorado. “Eu fiz mestrado, doutorado e pós-doutorado, mas alguém ficava sobrecarregado porque não tinha professor substituto. Hoje, qualquer professor que quiser fazer mestrado ou doutorado vai ter um professor substituto para ele ir com a tranquilidade necessária”, afirmou. Durante os três anos, segundo a reitora, houve fortes investimen-

tos nas áreas de ensino, pesquisa e extensão. “Nos cursos de extensão, em nível nacional, somos o 1º lugar no Brasil em apresentação de projetos e em obtenção de recursos. Na pós-graduação, somos 3º no Nordeste e 5º no Brasil em obtenção de recursos da FINEP”, disse. A reitora destacou a implantação do sistema SIGAA como um marco da sua gestão à frente da reitoria. “Quando nós chegamos aqui, alguém disse que se essa gestão conseguisse implantar o SIGAA já valeria a gestão inteira. Implantamos o sistema, tanto administrativo co-

ELEIÇÕES

ADUFPB realiza eleições e mantém linha ideológica Aracely Coutinho Professores filiados à Associação dos Docentes da UFPB (ADUFPB) elegeram no dia 3, a chapa ADUF Plural e de Luta para a nova Diretoria Executiva e Conselho de Representantes. A chapa vencedora obteve 621 votos (64,4%) contra os 343 votos (35,5%) da chapa Coletivo Representativo dos Docentes em Luta (Cordel). Com 2.407 filiados, o sindicato disponibilizou 19 pontos de votação distribuídos nos quatro campi da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com dois mesários para cada ponto responsáveis pela urna e todo o processo de verificação de documentos e votação. No total 993 professores votaram, registrando 18 votos nulos e 11 em branco. A votação é referente à gestão de 2015 a 2017. FORMAÇÃO Criada no fim da greve, a chapa ADUF Plural e de Luta foi eleita para comandar a diretoria da ADUFPB. Como chapa de continuidade, segun-

Foto: Ivone Beatriz

Eleito, Marcelo Sitcovsky afirma que vai lutar por um sindicato representativo e plural do o presidente Marcelo Sitcovsky, a maior preocupação no momento é “garantir que esse seja um sindicato representativo, que inclua as pessoas e não que faça segregação”, afirma. Através de um balanço de atividades nos dois anos de gestão, foram reunidas pessoas que estavam dispostas a trabalhar tanto do Conselho de Representantes como no comando local de greve e diretorias, para mais dois anos de sindicato. A

composição da chapa foi baseada na participação das pessoas nas atividades durante a greve. PROGRAMA A carta programa da chapa vencedora traz a manutenção do sistema de transparência Contas Online, a luta pelos direitos previdenciários, reinvindicações por melhores condições de trabalho e a defesa das atividades de ensino.

mo de pessoal e acadêmico”, comemorou a professora. Sobre o diálogo com os estudantes nesses três anos, a reitora diz que esse foi o melhor período da história da UFPB. “Nós recebemos os três seguimentos dessa instituição [ensino, pesquisa e extensão] numa agenda extremamente aberta pra fazer a discussão que precisar”, asseverou. OUTRO LADO Iago Sarinho, coordenador geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), diz que o Diretório

PONDERAÇÕES A reitora reconhece os problemas relatados pela aluna, mas diz que eles acontecem graças ao tamanho da universidade. “Vamos encontrar muitos problemas ainda, e a proposta é fazer uma reestruturação da prefeitura para sanar essas coisas” prometeu. Ela citou a climatização das salas de aula. Para ela, hoje esse conforto é indispensável e por isso os investimentos precisam se adequar às novas demandas. Segundo a reitora, a UFPB tem uma história escrita por muitas mãos e que essa história deve continuar a ser escrita pela comunidade acadêmica. “60 anos não é uma construção de Margarete, é uma construção de todo mundo que passou aqui, e que certamente vai continuar”, concluiu.

CONCEITO

Esquerda e direita viram alvos de questionamento Tiago Bernardino A atual crise política pela qual o Brasil passa, proporcionou mais visibilidade à divisão política da sociedade entre direita e esquerda. Em João Pessoa, esse debate tornou-se mais acirrado após a vinda do Deputado Federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) à Câmara Municipal. A vinda do deputado movimentou as redes sociais e provocou debates na UFPB, tanto sobre os posicionamentos de Bolsonaro como pelo acirramento da dicotomia direta versus esquerda na sociedade. Esse debate é simbólico e se constrói em uma relação, pois a direita só se define em relação à esquerda e vice e versa, ou seja: a distinção entre esses grupos políticos se dá em uma comparação de suas perspectivas. Neste sentido, os posicionamentos de Bolsonaro são considerados como ultraconservadores. O aluno de economia Uendry Ramos Maia vê negativamente esse acirramento entre a direita e a esquerda. Para ele, essa disputa leva a um agravamento da crise econômica brasileira, pois ambas as partes, tanto a direita como a esquerda, se-

gundo ele, não se permitem o diálogo. “Bolsonaro se aproveita da democracia para atacá-la, ele se aproveita da liberdade de expressão para ataca-la”, acredita. Lorrana Dias, estudante de Relações Públicas e uma das coordenadoras do Movimento Brasil Livre na Paraíba, se auto-declara como de direita e conservadora. Para ela, o acirramento entre a direita e a esquerda “é o resultado de uma nova consciência política da sociedade”, diz. Ela acredita que Bolsonaro “é uma personalidade de grande visibilidade no país inteiro”. O professor e cientista político José Henrique Artigas afirma que a sociedade vive um momento de crise do presidencialismo de coalizão e que nesta crise será necessária uma reestruturação tanto da esquerda quanto da direita. “O PSDB e o PT estão em crise. A polarização entre esses dois partidos está em crise, porque o sistema político brasileiro, que surgiu na pós redemocratização também está em crise, que é o presidencialismo de coalizão. Esse sistema entrou em colapso”, concluiu o cientista político.


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Política

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

Monitores protestam contra atrasos em repasse de bolsas Estudantes se unem e ameaçam enviar ofício à Controladoria Geral da União durante os dias de atraso no pagamento Daiane Lima A monitoria é uma experiência em que o aluno tem a oportunidade de iniciar a carreira docente e participar do ensino universitário. Ela serve de ponto de partida para os graduandos que pretendem seguir a carreira acadêmica e enriquece o conhecimento desses estudantes. Atualmente a Universidade conta com 1.200 monitores, desse total 500 são bolsistas. Essa atividade quando remunerada, oferece um incentivo aos monitores, mas o prazo de pagamento destas bolsas nem sempre é cumprido, deixando o aluno sem perspectiva e à espera da recompensa pelo trabalho. Com o objetivo de reivindicar o atraso do pagamento da bolsa da monitoria, monitores de diversos cursos se organizaram em um grupo na rede social intitulado “Monitores Sim! Palhaços JAMAIS!”, que conta com 76 membros. O espaço criado pelo estudante do quinto período de Engenharia Química Eduardo Ouyer, tem como intuito promover uma interação e um debate sobre a monitoria. De acordo com ele, o grupo surgiu como um ato de protesto, de reivindicação, uma forma de os monitores serem ouvidos. “A monitoria tem esse problema recorrente, os atrasos no pagamento sempre acontecem, acredito que por esse motivo o grupo teve bastante adesão. Todos os monitores passam pela mesma situação e esse é um lugar para buscarmos soluções em conjunto”, ressalta. Os estudantes relatam que o último atraso durou aproximada-

Foto: Ivone Beatriz

ATRASOS Para Eduardo Ouyer, os atrasos são exclusividade da monitoria, já que outras bolsas tem o pagamento em dia. “Sempre existe essa confusão, as outras bolsas [PIBIC, PIBID] não atrasam, não tem esse empurra-empurra, é como se no fim das contas o dinheiro dos monitores servisse para cobrir outros buracos e no final houvesse a recompensação daquele dinheiro”. A estudante Rafaela Paiva, do quarto período do curso de Zootecnia, também relata a mesma preocupação. “A bolsa sempre atrasa e nós nos sentimos desvalorizados, visto que os projetos de iniciação científica sempre são contemplados com os pagamentos antes da iniciação à docência”, diz.

Estudante de Engenharia Química, Eduardo Ouer, cria grupo para junta discutir e reinvindicar pagamento de bolsa auxílio da monitomente uma semana. O pagamento estava previsto para 13 de novembro, mas só foi efetuado a partir de 20 de novembro. Eles foram informados que não haveria previsão para o pagamento por um problema no repasse do dinheiro, após entrarem em contato com a Coordenação de Estágio e Monitoria (CEM). Alguns estudantes entraram em contato com a Pró-Reitoria de Administração (PRA) e foram informados que não haveria previsão para o depósito das bolsas, pois não haveria dinheiro disponível. Porém o pagamento foi efetua-

do logo em seguida. De acordo com Diego Porto, estudante do décimo período do curso de Direito, “há quem diga que não haveria renda para o pagamento da bolsa, já outras pessoas disseram que havia dinheiro e houve apenas um problema com o repasse. Eu mesmo liguei e disseram [a CEM] que houve problema com o repasse da verba para o atraso de sete dias”. No grupo, os estudantes criaram uma petição para ser enviada à Controladoria Geral da União (CGU) e já estavam recolhendo as-

Foto: Divulgação

sinaturas para o envio do documento. Mas, não chegaram a efetuar a iniciativa, após a normalização no pagamento das bolsas. MONITORIA O valor da bolsa da Monitoria é de R$ 400,00. Cada monitor recebe 4 parcelas desse valor enquanto se encontra na função. A seleção é realizada após o lançamento de um edital onde são escolhidos e classificados os alunos para exercerem a função de monitoria e selecionados seuss respectivos projetos. A duração é de um período letivo.

EXPLICAÇÕES De acordo com Aluísio Souto, pró-reitor de administração, os atrasos ocorrem principalmente por um problema no repasse de dinheiro do Governo Federal. Ele alega que o Ministério da Educação (MEC) não cumpre os prazos estipulados e repassa o dinheiro para a universidade com um certo atraso. O pró-reitor frisa ainda que esse não é um problema só da UFPB, mas sim de todas as universidades federais do país. “Essa questão de problema de repasse não é algo só da UFPB, é um problema generalizado de todas as universidades e do Governo Federal. A captação de recursos por parte do Governo está bem reduzida ese tem problema de captação de recursos, tem problema de financeiro. Não tem dinheiro na conta da União e muito menos nos órgãos vinculados à União”, finaliza.

REDE SOCIAL

Alunos são censurados em grupo do Facebook Jailma Santos

Margareth Diniz faz discurso na tribuna da Câmara Federal e homenageia UFPB junto com representantes da comunidade acadêmica

60 ANOS

Câmara Federal realiza homenagem para UFPB Felipe Nunes A Câmara Federal realizou em novembro uma sessão solene proposta pelos deputados federais Pedro Cunha Lima (PSDB) e Veneziano Vital do Rego (PMDB) em homenagem aos 60 anos de fundação da Universidade Federal da Paraíba. Na sessão, que contou com a participação da reitora Margareth Diniz, a importância da UFPB foi celebrada juntamente com professores da instituição, servidores, parlamentares e representantes da sociedade civil. Em discurso, o deputado Pedro

Cunha Lima (PSDB) ressaltou a importância da UFPB na produção de tecnologia e no desenvolvimento social. “Aqui nós estamos para celebrar o trabalho desenvolvido pela UFPB ao longo desses 60 anos, que tende sempre a melhorar, porque com todas as dificuldades, com todos os percalços, é lá que se está enfrentando as desigualdades”, disse. Para o deputado Veneziano Vital do Rego (PMDB), as oportunidades que a UFPB deu a muitos estudantes são motivo de celebração. “Quão significativos são os indicadores que a Universidade Federal

da Paraíba alcançou, indicadores que são prova da excelência dessa instituição”, argumentou. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, não compareceu à sessão, mas enviou carta em homenagem à UFPB. “Esta sessão destina-se a comemorar seis decênios de trabalho de uma instituição que contribui de maneira expressiva para o progresso do Brasil”, destacou. Em discurso, Margareth Diniz ressaltou que “O esforço empreendido por toda a comunidade apresenta indicadores de qualidade”, concuiu.

As redes sociais tornaram-se um dos principais meios de interação para a comunidade acadêmica. A Universidade Federal da Paraíba conta com vários grupos de discussões na rede, espaços criados por estudantes da instituição. Há, porém, relatos de censura no maior grupo da UFPB no Facebook. Muitos usuários do grupo, que hoje conta com cerca de 40 mil membros, reclamam de censura em postagens e comentários. Alguns alunos e professores declaram que tiveram seus conteúdos removidos do grupo e, em alguns casos, foram banidos. Emanuel Silva, estudante do quinto período de Letras, conta que teve sua conta banida após fazer comentário em uma postagem. No comentário, ele defendia mulheres que eram vítimas de comentários intolerantes. Segundo ele, a discussão girava em torno de um caso de assédio ocorrido na fila do Restaurante Universitário. “O meu pensamento foi cortado.

Apenas o pensamento de quem apoiava as ideias deles [dos administradores] eram bem-vindas. Isso é um problema para a nossa democracia”, disse. Outro caso é o do professor de Contabilidade do Departamento de Finanças e Contabilidade, Felipe Pontes, que também teve sua conta banida do grupo. Segundo ele, sua participação no grupo consistia em divulgar eventos e projetos do departamento em que leciona, além de postagens sobre problemas da UFPB. Ele afirma ter conhecimento das normas do grupo e diz que, mesmo sem infringir nenhuma das regras, foi expulso. A administração do grupo se defende. Por meio de nota, disse que são banidos do grupo somente usuários que infringem as normas estabelecidas, as quais se encontram previamente postadas em documentos denominados de “Regras de Convivência” e “Perguntas Frequentes”. “Em linhas gerais, pedimos que as pessoas discutam sobre a UFPB em um grupo sobre a UFPB”, disse o administrador do grupo Alan Moraes.


Saúde

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

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Violência no parto gera discussão entre estudantes da universidade O ciclo de debates foi organizado por duas estudantes do curso, com o objetivo de conscientizar e sensibilizar a comunidade Neia Alves Uma em cada quatro mulheres no Brasil relatam ter sofrido algum tipo de violência obstétrica durante a gestação e para evitar mais casos a informação é indispensável. Com o objetivo de conscientizar e sensibilizar a comunidade universitária sobre essa violência, as estudantes de Direito da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Herlane Barros, 7º período, e Suelen Gil, 3º período, organizaram o 1º Ciclo de Palestra sobre Violência Obstétrica que ocorreu no último dia 27 no auditório do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ), com a participação da jornalista e estudante de Medicina Marita Brilhante, das professoras Adriana Vieira, Flaviane Nóbrega, Wlagânia Freitas e também dos vereadores de João Pessoa Flávio Eduardo Maroja (Fuba) e Lucas de Brito. PROPOSTA O interesse pelo tema, para a Suelen, surgiu por acaso. Através da leitura e também de artigos acadêmicos feitos por ela sobre o assunto. Já para Herlane foi algo mais pessoal. Seu interesse vem da vontade de ser Doula. “Acho o universo do parto algo encantador para ser destruído pela violência”, desabafa Herlane. A iniciativa de trazer o debate para o Campus é uma das propostas do Coletivo do qual fazem parte. Elas acreditam que conscientizar a base é importante para exercer de forma correta a futura profissão e minimizar os casos da violência.

Foto: Ivone Beatriz

uma doula, pois como é um período muito sensível para a gestante, há como ajudá-la sem interferir no trabalho de parto e nos procedimentos dos profissionais de saúde. A presença da doula diminui muito a cesárea desnecessária, o uso de fórceps e reduz 40% o uso de anestesia. ”A doula faz com que o parto seja algo mais humanizado”, afirma Fuba.

Herlane Barros e Suelen Gil falam da importância de trazer discussões sobre esse tipo de violência para toda a academia universitária VIOLÊNCIA As mulheres com situações econômicas mais desfavoráveis são mais afetadas com a violência do que aquelas que possuem boas condições, principalmente as mulheres presidiárias, que muitas vezes entram em trabalho de parto ainda de algemas. A violência atinge também os familiares das gestantes. Além do médico, enfermeiros e a instituição podem ser os autores da prática. Dentre as violências (que podem ser morais, verbais e físicas), as mais constantes são: procurar hospital em trabalho de parto, submeter a tricotomia (raspagem dos pelos pubianos para cirurgia) sem o consentimento da mu-

lher, utilizar de ocitocina de rotina (hormônio que acelera o parto), cesárea desnecessária que possui três vezes mais risco de morte para a criança e cinco vezes mais para a mulher, deboches da mulher ou de seu corpo, empurrar o fundo do útero para a saída do bebê, praticar a episiotomia (corte no períneo da mulher) nos casos de parto “normal”, não ter o direito de ter o acompanhante na hora do parto (que é lei), não ter opções de escolhas, servir de cobaia humana para estudantes trazendo constrangimento, afastamento entre mãe e bebê evitando os primeiros contatos, dentre tantas outras. “Mulheres que sofreram de violência obstétrica possuem estado psicológico

semelhante as que sofreram violência sexual”, revela Herlane. DOULAS Doula, que vem do grego “mulher que serve”, é uma prestadora de apoio contínuo a mulher, antes, durante e após a sua gestação. Estudos mostram que esse apoio é muito positivo para a mulher sentir-se segura. Alguns médicos se incomodam com a presença delas, pois acham que as mesmas estão a lhe vigiar. Para ser uma doula não precisa ser da área de saúde, é necessário fazer apenas um curso especifico, que em João Pessoa, é disponibilizado pela própria Prefeitura. Para o vereador Fuba, é muito importante que a mulher tenha

LEIS A Organização Nacional de Saúde prevê que em apenas 10% dos partos normais devem acontecer o corte no períneo, mas essa porcentagem já está em 53,3% no Brasil. Para casos de partos normais, que devem ser de 15%, já alcançam 85% em rede privada e 40% no Sistema Único de Saúde (SUS), por ser um procedimento mais rápido e que traz mais ganhos financeiros aos médicos. Para que a violência obstétrica vire crime, a lei deve ter aprovação do Congresso Nacional. “Não há como incriminar quem a pratica, pois ainda não é lei, mas há como processar o médico, a equipe de saúde, a instituição e ser indenizados pelos danos causados”, afirma o vereador Lucas. A Lei 13.061\2015 proposta por Lucas, dispõe sobre medidas de proteção sobre qualquer violência obstétrica no município de João Pessoa, já a Lei 13.080\2015 proposta por Fuba, assegura que a gestante tenha uma doula a sua disposição. As doulas também podem ser fiscais para que as leis sejam cumpridas. As mulheres tem a opção de ligar para o 180 e fazer a denúncia.

SERVIÇO

Clínica escola fornece tratamento para voz Elidiane Ferreira A Clínica Escola do curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal da Paraíba oferece gratuitamente um serviço de avaliação e tratamento para quem possui problemas na voz. A Clínica Escola funciona desde 2012 e é formada por uma equipe de seis professores e 40 alunos responsáveis pela avaliação. As pessoas que procuram a clínica relatam problemas como rouquidão, cansaço ao falar, dor na garganta ou algum tipo de dificuldade específica. A assistência é feita por alunos que já concluíram as disciplinas de Avaliação e Diagnóstico e são coordenados pelos professores Leonardo Lopes e Anna Alice de Almeida. Eles também coordenam os programas de extensão PROVOX e TGVOX, responsáveis pela assistência e tratamento. O PROVOX é um programa de extensão, responsável pela triagem inicial do paciente, feita toda sexta-feira a partir das 8h na Clínica Escola. Os pacientes respondem a um questionário e posteriormente têm a sua voz grava-

da em um ambiente tratado acusticamente. Os dados são utilizados em pesquisas que beneficiam os próprios pacientes. Após a sessão inicial, ele é encaminhado para um otorrinolaringologista ou fonoaudiólogo para o diagnóstico. O aluno do 8º período de fonoaudiologia Deyverson Evangelista, afirma que “o projeto de extensão auxilia o discente no contato maior com o paciente. Escutá-lo gera em nós mais maturidade e autoconfiança para aplicar os conhecimentos teóricos”. TRATAMENTO O tratamento vai de oito a doze encontros, dependendo do problema diagnosticado. O TGVOX tem a função de encaminhar o paciente para o tratamento que pode ser em grupo ou individual e já começa os exercícios para melhora da voz. Caso o paciente não tenha melhora, o tratamento continua. A Clínica Escola tem parcerias com o Hospital Universitário e o Edson Ramalho. Se o paciente apresentar um problema mais grave, ele é encaminhado a uma dessas unidades. Em casos simples, como aprimora-

Foto: Polliana Vilar

Severina Arante e o estudante do projeto, Deyverson Evangelista em atendimento que acontece toda sexta-feira, a partir das 8h mento da voz o tratamento acontece na própria clínica. O acompanhamento dos pacientes é feito por alunos estagiários, supervisionados por professores especialistas na área da voz. “Depois que o paciente inicia o tratamento, ele fica em acompa-

nhamento de um professor e grupo de estagiários. Quando é um paciente que tem uma alteração neurológica, como doença de Parkinson, esclerose múltipla ou com alguma paralisia na laringe, ele fica um tempo maior em atendimento e nós o acompanhamos até a al-

ta”, afirma o professor. A professora Anna Alice de Almeida afirma que os pacientes “tiveram melhor direcionamento após o diagnóstico precoce do problema vocal e vários estudos mostraram os ganhos na vida dos pacientes após sua participação no TGVOX”.


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Saúde

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

Terapia Ocupacional completa 5 anos e incentiva independência A profissão auxilia na vida pessoal do ser humano e contribui para a autonomia no cotidiano de crianças e adultos Dani Fechine Em 2010 o curso de Terapia Ocupacional chegou à Universidade Federal da Paraíba e agora está completando cinco anos de desenvolvimento e mudanças no entendimento da profissão. Nesse tempo, muita coisa já mudou no curso, como a estrutura física, que agora conta com salas exclusivas para os alunos do departamento. Desde a Antiguidade clássica, entende-se que tratar os doentes com diversão e ocupação diária é o melhor tratamento, pois lhes concedem bem-estar e facilita a sua integração social. A Terapia Ocupacional resolveu mergulhar nesse mundo e se estabelecer como uma profissão que viria a quebrar todos os paradigmas de um tratamento à base de pílulas. Quando chegou ao campus I, a profissão trouxe questionamentos que, no decorrer de cinco anos, começaram a ser esclarecidos na prática, com atendimentos especializados e, na teoria, com conteúdos específicos dessa área da saúde. DIFERENÇA Terapia Ocupacional estuda e emprega atividades de lazer diversas no tratamento de pessoas com distúrbios físicos e mentais e também com desajustes emocionais e sociais. De acordo com a professora

Foto: Polliana Vilar

Durante o atendimento, Nathan faz atividades lúdicas, com o objetivo de adquirir independência. “Hoje ele já consegue trocar de roupa, comer e também tomar banho sozinho. Então estamos procurando trabalhar isso nele através da terapia ocupacional”, relatou Greice. Com a terapia ocupacional Davi conseguiu atingir uma melhor qualidade de vida para a sua rotina. Hoje, de acordo com a ela, a maior dificuldade e preocupação dos pais é conseguir fornecer independência aos filhos. “A terapia ocupacional ajuda nisso, a dar qualidade de vida. Poder fazer as coisas sem depender de ninguém”, concluiu.

Nathan Daví, portador da Síndrome de Down, recebe atendimento gratuito na UFPB com estudantes do curso de Terapia Ocupacional do curso, Flávia Buffone, o que importa para o terapeuta é levar qualidade de vida para a rotina do paciente e torná-lo capaz de exercer atividades autônomas. Para os terapeutas ocupacionais é mais importante cuidar que curar. O fisioterapeuta, no entanto, não apenas diagnostica, mas também trata problemas causados por má-formação, acidentes ou vícios de postura. Aplica massagens e orien-

ta exercícios que têm a finalidade de restaurar, desenvolver e manter a capacidade física e funcional do paciente, além de outras contribuições. PRÁTICA Nathan Davi tem Síndrome de Down e, com apenas quatro anos o pequeno já utiliza a terapia ocupacional há um ano para melhorar a qualidade de vida. A mãe, Greice

ATENDIMENTO

Serviço de escuta realiza prática psicoterapêutica Heloysa Andrade Com o objetivo de oferecer uma alternativa de atendimento para a grande demanda de psicoterapia individual da comunidade, surgiu no campus I da UFPB o plantão psicológico. O atendimento ganhou o nome de Serviço de Escuta Psicológica (SEP) e funciona até os dias atuais na Clínica Escola de Psicologia como um serviço emergencial e preventivo à disposição de qualquer indivíduo que necessite de uma escuta profunda, gratuita e praticamente imediata. O plantão psicológico foi idealizado em 1991, pela professora Sonia Gusmão e em 1998 foi oficializado como Projeto de Extensão pelo FLUEX. Nesse período foi renomeado como SEP e foi ampliado, passando a atender toda a população. O serviço conta com o suporte de cinco plantonistas que são alunos extencionistas do curso e também com a psicóloga da Clínica Escola, Inaligia Gomes. Os plantões funcionam nas terças-feiras das 8 às 17h, e há um revezamento dos plantonistas pela manhã e à tarde. ATENDIMENTO O projeto trabalha visando oferecer ao paciente um espaço de intervenção psicoterapêutica em

Foto: Rayssa Melo

Almeida, conheceu a prática pela internet. No início, com alguma dificuldade para encontrar profissionais da área em João Pessoa, Greice e Nathan passaram por experiências deagradáveis. Foi então que descobriram que a UFPB disponibilizava atendimentos gratuitos. Os pacientes são recebidos pelos estudantes da disciplina Cenários de Prática de Neurologia, ministrada pela professora Flávia Buffone.

VIVÊNCIA O que se percebe é que a escolha do curso para os estudantes foi um passo importante na vida de todos eles. Veruska Marcolino fez parte da primeira turma de formandos e afirma que não escolheria outra profissão para seguir. “Aprendi a ter uma visão global do indivíduo. Me dei conta de que as atividades de vida diária são muito importantes”, declarou. Eliza Montenegro é aluna do 6º período e enfatiza a sua mudança após começar a fazer parte do mundo terapêutico. “Acredito e tenho em mente que cada vez mais sou um ser humano melhor, devido à grande influência que a terapia ocupacional me trouxe”, disse.

BENEFÍCIO

Projeto de hidroginástica oferece qualidade de vida Ivone Beatriz

sista do projeto, Vanessa Araújo.

O projeto de extensão de mulBENEFÍCIOS tiatividades foi criado na década de De acordo Vanessa, a hidroginás90 pelo departamento de Educação tica é o exercício mais indiciado para Física, que tinha como objetivo le- pessoas com uma idade avançada e var várias atividades físicas para a que possuem lesões ocasionadas por população externa e interna da Uni- algum problema de saúde ou mesversidade Federal da Paraíba. Atual- mo as dificuldades que surgem no mente a hidroginástica recebe alu- decorrer da idade. A hidroginástica nos de 16 até 82 anos que contabi- é um exercício que vem trazendo belizam aproximadamente 500 alunos nefícios físicos e psicológicos para os matriculados. O que chama a aten- idosos como, melhorias nas dores de ção no projeto é que 60% dos alu- diferentes partes do corpo; aumento nos é composto no condicionapor pessoas com mento físico; da mais de 55 anos flexibilidade e do e por conta disequilíbrio. so, recebe o apeFrancisca Golido de “Hidromes que ainda ginástica da meestá completanFrancisca Gomes, paciente lhor idade”. do 30 dias denPara initro do projeciar as atividato, faz elogios ao des, os idosos e projeto de hidroos demais integinástica. A beressados pagam, obrigatoriamen- neficiada com o projeto, relatou um te, uma taxa de 45 reais semestrais problema na cartilagem do joelho e e passam por uma avaliação física. afirma que chegou a usar cadeira de A atividade é planejada de acordo rodas, muletas e pesar 84 quilos por com os perfis dos alunos , respei- conta de uma medicação, mas com a tando a individualidade e a limita- hidroginástica ela percebeu a melhoção de cada um. “Temos que nos ra no seu condicionamento. “Eu me preocupar com toda a movimenta- sinto leve, acredita? Mesmo com 80 ção e os exageros para não preju- quilos a sensação de entrar e sair da dicar os alunos, até ter em mente piscina é de leveza. É o melhor moos problemas de saúde de cada um mento do dia. Eu saio correndo do para que possamos oferecer o me- trabalho, mas a minha hidro eu não lhor suporte,” afirma a aluna bol- abro mão”, revela a aluna.

É o melhor momento do dia

A paciente Andressa de Souza sendo atendida no SEP pela plantonista Huana Freire que ele tem direito a uma consulta e mais dois retornos. “Se a demanda dele é algo mais complexo nós tentamos encaminhar para outra instituição que trabalha com a psicoterapia[...]”, afirma Daniel Rolim, plantonista estagiário do nono período A maioria dos atendimentos geralmente é de alunos da UFPB por conta da maior divulgação na instituição. Os principais motivos da procura são: ansiedade, estresse, depressão, síndrome do pânico, sobrecarga no estudo e no tra-

balho, conflito no relacionamento amoroso e familiar, dependência emocional, entre outras. “Geralmente, os pacientes só vem uma vez porque buscam desabafar, procurar atenção e uma ajuda”, disse Tamyres Tomaz, plantonista estagiária do 9º período do curso. A paciente Andressa de Souza do curso de Psicologia ficou satisfeita com o SEP. “Às vezes ser escutado por outra pessoa nos faz visualizar o que não enxergávamos antes”, destaca.


Esporte

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

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Paraibana se destaca na patinação A estudante de Educação Física conseguiu participar de campeonato nacional através de auxilio oferecido pela Pró-Reitoria Ivone Beatriz Joana Rosa

Foto: Ivone Beatriz

vias para melhorias da prática dentro da cidade. “Não temos muitas opções para treinar, tenho que esperar dar 22h para poder sair nas ruas e muitas vezes tenho que dividir espaço com os carros, é horrível”, relata.

Poucas são as pessoas que enxerga a patinação como esporte, mas para Rebecca Mesquita, aluna de Educação Física da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a patinação é um estilo de vida. A patinadora foi a primeira mulher de João Pessoa a participar de uma competição nacional e através da sua visibilidade foi criada a Federação Paraibana de Patinação. Nos dias 20, 21 e 22 de novembro a patinadora viajou para Sertãozinho – SP com o objetivo de participar do Campeonato Brasileiro de Patinação de Velocidade. Representando a Paraíba dentro da equipe de Brasília, Capital Speed. Ficando em 5º lugar, trouxe na mala sonhos e histórias para contar. TRAJETÓRIA Quando criança tinha uma afinidade maior pelo o skate, mas no momento em que quebrou o braço, sua avó acabou cortando o laço entre eles. “Ela pegou o skate e jogou no mato, foi assim que só me sobrou o patins”, conta rindo. “Hoje em dia eu agradeço bastante a minha avó por ter me proporcionando o primeiro encontro com o que hoje faz parte da minha alma”, acrescenta. Após receber o convite da equipe de Brasília e ter a oportunidade de participar de um campeonato a nível nacional, a atleta sentiu dificuldades na hora de organizar sua via-

AUXÍLIO Além da aluna de Educação Física todos os alunos da UFPB têm direito ao apoio da PRAPE. O núcleo tem como objetivo auxiliar e coordenar a promoção do estudante dentro da universidade, visando sua permanência nos cursos de graduação. Para conseguir o auxílio oferecido pela instituição, é necessário que o aluno participe do processo de seleção que ocorre semestralmente. Os estudantes selecionados terão acesso aos benefícios de permanência, como restaurante universitário, auxílio moradia e alimentação, buscando promover o aluno dentro e fora do âmbito acadêmico. Além do auxilio permanência o núcleo também oferece a oportunidade de custear gastos eventuais.

Rebecca Mesquita representou a Paraíba na equipe Capital Speed, ficando em 5º lugar no Campeonato Brasileiro de Patinação e Velocidagem. “Por falta de recursos financeiros, em um momento tive medo de perder essa grande oportunidade”, relata. CAMPEONATO A participação de Rebecca Mesquita no campeonato só foi possivel através da ajuda de um núcleo

dentro da sua instituição de ensino, a UFPB. O auxílio veio da Pró-Reitoria de Assistência e Promoção ao Estudante (PRAPE), que custeou o mais caro da viagem, a passagem. Além da universidade, a atleta também contou com a ajuda da sua patrocinadora, Vanessa Nóbrega, que doou dois patins para que

JUVENTUDE

Projeto incentiva jovens atletas a praticar voleibol Neia Alves

Foto: Rayssa Melo

A Universidade Federal da Paraíba (UFPB), junto com o Departamento de Educação Física (DEF), criaram o projeto de extensão que além de ensinar, incentiva a prática do voleibol para adolescentes. Os treinos são coordenados pelo professor de Educação Física Idebaldo Grisi e acontece toda terça e quinta no Ginásio de Esportes da UFPB das 15h às 16h. Jovens entre 12 à 17 anos, se reúnem buscando incentivo e conhecimento para se tornar uma atleta adepta a prática. “O objetivo dos treinos é fazer com que as meninas aprendam a trabalhar em equipe”, afirma o professor. EDUCAÇÃO O Professor Idebaldo Grisi busca introduzir o vôlei como parte no desenvolvimento educacional das meninas. “Procuro sempre colocar as jovens para assistirem a palestras e filmes sobre o vôlei e educação, tenho o objetivo de introduzir o esporte na qualidade de vida de todas elas”, ressalta. Buscando conciliar o esporte com os estudos, a aluna da Escola Estadual Presidente Médici, Thaynara, 17 anos, pratica o esporte, porém pretende seguir outros rumos. “Apesar de me divertir e gostar bastante do vôlei, eu tenho o

um possa ser utilizado em uma rifa. Foi o que manteve a patinadora em sua viagem. “Tudo é aprendizagem, agradeço a todos que torceram por mim. É isso que faz valer meu esforço”, agradece a atleta. Apesar de acreditar no crescimento do esporte em João Pessoa, antes espera que a cidade invista em ciclo-

Agradeço a todos que torceram por mim. É isso que faz valer meu esforço Rebecca Mesquita

PELADA

Bate-bola acontece aos sábados na Instituição Rayssa Melo

argentinos e etc”, acrescenta.

Todos os sábados à partir das REGRAS 9h30, o Departamento de EduApesar das regras serem as básicação Física (DEF) libera um dos cas do futebol, há algumas alterações campos da Universidade Federal da para facilitar a fluidez dos jogos. Paraíba (UFPB) para a realização Os jogadores optaram por não da pelada de sábado. Alunos, pro- utilizar um juiz nas partidas, desfessores, servidores e até o público ta forma, as faltas cometidas em que não integra a universidade, se campo ficam dependendo apenas reúnem para a prática do futebol. do bom-senso de cada equipe. O O bate-bola acontece há mais professor de RI garente que não há 4 anos. No início os participantes conflitos. “Por incrível que pareça sentiram dififunciona muiculdades pato bem. A rera a sua reagra mais rígilização, mas da que temos foi através de é a intolerândiálogo com cia a violência o DEF que a e ainda bem prática foi se que todos resconsolidando peitam”, relata. e ganhando cada vez mais BENEFICIOS Daniel Antiquera adeptos. Além dos O profesbeneficios trasor do curzidos pela práso de Relatica da atividações Internacionais (RI) da UFPB, de física, a união dos atletas resultou Daniel Antiquera, foi o idealizador na criação de um time profissional, o das partidas de sábado, juntamen- Ponta Firme Futebol Clube. Os jogate com o apoio dos seus colegas de dores criaram a equipe com o intuito departamento que o ajudou para a de disputar alguns campeonatos denconsolidação da atividade. “Hoje tro e fora da cidade de João Pessoa. há um núcleo comum, de cerca de O critério de seleção para partici15 pessoas, mas o número de par- par do time profissional, é que os joticipantes rotativos é muito gran- gadores do bate-bola de sábado se de. Todo sábado chega gente nova”, destaque em campo. Desta forma, os afirma. “Aqui já tivemos participa- atletas que mais se destacar são chações internacionais, como chilenos, mados para compor o Ponta Firme.

A regra mais rígida que temos é a intolerância à violência

Alunas aprendem vôlei no Ginásio I de Esportes da Universidade Federal da Paraíba sonho em me profissionalizar em medicina”, revela. Diferente de Thaynara, Dayse Figueiredo segue carreira como atleta. Uma das alunas do professor foi reconhecida fora de campo e atualmente joga pelo time do SESI. Ela já conquistou vários prêmios com sua atual equipe, dentre eles o ouro no campeonato Sul-Americano em 2014. Orgulhoso de suas alunas Idebaldo relata que “é muito gratificante para um professor ver suas alunas se destacando, saindo

da sua área de conforto. Me sinto com o sentimento de satisfação e dever cumprido”. INSCRIÇÕES O projeto é aberto à comunidade e o período de matricula é definido pelo DEF, geralmente é realizado junto com o início de semestre letivo da UFPB. Além do vôlei, há também grupos de extensão para outras modalidades como a natação, hidroginástica para idosos, atletismo, futsal, musculação e entre outros.


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Cultura

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

Projeto revela talentos e lança site especializado em animação O Experimento Anima expõe trabalhos desenvolvidos por alunos da UFPB durante a I Mostra Virtual de Animação 2D Cy Baptista Daiane Lima O mercado de animação no Brasil está em expansão. Esse crescimento oferece oportunidades de empreender nas diversas mídias. Porém, o cenário de João Pessoa ainda não possui locais suficientes para quem deseja se especializar. Com o objetivo de preencher essa lacuna, surge na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) o projeto de extensão Experimento Anima. O projeto possibilita o encontro entre artistas autônomos, estudantes (ensino médio e superior) e professores interessados em trocar informações e experiências em animação 2D. Criado em 2013, somente neste ano foi oficializado como projeto de extensão e o trabalho continua em desenvolvimento. A idealizadora do projeto e diretora de artes cênicas da TV UFPB, Valeska Picado, percebeu a ausência do curso de animação na cidade, sendo essa a principal motivação para reunir pessoas interessadas sobre o assunto. O projeto permite que os participantes aperfeiçoem os estudos sobre os processos criativos da animação 2D e depois compartilhem conhecimento, através de encontros presenciais e virtuais. “O objetivo é promover espaços de experimentação e produção, envolvendo um projeto de possibilidades audiovisuais dentro dessa proposta. Então, começamos a juntar pessoas interessadas em animação, estudantes e professores do curso de Mídias Digitais, parceiros da gráfica e da TV UFPB. Juntamos essas tribos e produzimos”, explicou. O experimento está dividido em sessões: a criação do logoti-

Foto: Ivone Beatriz

Valeska Picado, idealizadora do projeto, descreve etapas do experimento, apresenta propostas do site e participação dos estudantes po; revisão bibliográfica na área de animação; definição dos projetos a serem desenvolvidos; produção das animações; criação do site do projeto; realização de mostra virtual (serão exibidas as animações produzidas no projeto) e avaliação interna e externa realizada pela equipe e participantes. “O que a gente deseja mesmo é a propagação disso. Quanto mais democrático e livre puder ser. Tudo é um laboratório virtual e social. Oportunizar o encontro entre esses artistas é muito rico”, concluiu Valeska Picado. ESTUDANTES O estudante Vinícius Angelus, do Departamento de Mídias Digitais (Demid), participa do projeto. Já foram elaborados por ele, cur-

Tudo é um laboratório virtual e social. Oportunizar o encontro entre esses artistas é muito rico Valeska Picado, diretora de artes cênicas da TV UFPB

tas como: O monólogo do Palhaço Piolin e O Diário de uma Terra Chamuscada, sendo esse último indicado nos festivais Fest Aruan-

da do Audiovisual Brasileiro, Festival Animacine e Toró - 1º Festival Audiovisual Universitário de Belém. De acordo com ele, a participação nos festivais é uma experiência gratificante. “É um orgulho enorme! Quando fiz o curta não imaginava que isso iria acontecer. Além de ganhar visibilidade em outras cidades, o trabalho também é reconhecido. É bom pensar que uma pessoa pode assistir ao curta e se inspirar, gostar da história, compartilhar”, declarou. Ele também descreveu o processo de criação, detalhando a divisão das etapas de produção, “Primeiramente, montamos a história e em seguida é elaborado o roteiro. Depois as cenas principais são separadas. A partir daí, começamos a fazer as ilustrações na cena. Por fim, a ani-

mação de cada cena”, completou. O projeto conta ainda com a participação de Breno Ranyere, graduado em Mídias Digitais. Ele também produz animações, curtas em estilo xilogravura e revela a importância de fazer parte da iniciativa. “O projeto proporcionou uma visão nova sobre animação. Por um longo tempo achei que animação era só pensar numa história, desenhar e pronto, mas percebi que existem muito mais técnicas e atenção do que imaginava», explicou. De acordo com ele, a animação é interessante porque oferece diferentes possibilidades. Cada animação tem um estilo específico. “Tem animação em stop motion (as figuras são fotografadas quadro a quadro), em motion comics (figuras estáticas, com movimentação de uma figura ou outra), com fluidez, animação digital em 3D, então é uma questão de você saber qual estilo mais se adequa a sua técnica, para você poder reconhecer qual é sua identidade”, finalizou. RESULTADOS O Experimento Anima lançou o site: www.experimentoanima.com. br, com os produtos desenvolvidos pelos alunos, além disso, os internautas podem conferir dicas de arte animação, eventos sobre o tema e a mostra virtual dos curtas. Animadores de todo Brasil podem inscrever trabalhos na mostra. Além disso, as interessados têm a oportunidade de conversar com os integrantes do projeto. Em 2016, os curtas do Anima serão exibidos como quadros no programa infantil Alecrim, um programa semanal da TV UFPB, transmitido através do canal 43 e Net 22.

DANÇA

Antigos festivais geram interesse dos alunos Cy Baptista Elidiane Ferreira A dança é uma das mais antigas formas de expressão. Essa representação é desenvolvida à medida que os homens sentem a necessidade de se comunicar. Há diferentes motivos para iniciar os primeiros passos. Nesse aspecto, o curso de Educação Física da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desenvolve ações na disciplina de dança que unem a atividade física aos elementos de manifestações culturais. Há pouco tempo, os alunos realizaram o festival Memórias de 80. As atividades realizadas pelo curso, deram origem ao projeto Memórias da Dança. Em 2014, a professora do curso de Educação Física e responsável pela disciplina de dança, Paula Vale, organizou juntamente com os alunos, o Festival de Dança de Educação Física UFPB 2014, com apresentações de danças clássicas e populares. Os alunos desenvolveram pesquisas prévias para a realização do festival e os resultados do

Foto: Rayssa Melo

Foto: Rayssa Melo

participantes e professores da época”, destacou.

Professora Paula Vale explica o funcionamento

Grupo Xique-xique realiza apresentação durante Festival de Dança Memórias de 80

exercício serviram não só no processo de obtenção de nota. A proposta surpreendeu os organizadores e logo veio a ideia de criação do projeto Memórias da Dança. “Fizemos o festival de dança e ele tomou uma proporção que foi além da disciplina. Percebemos a amplitude do festival, a partir daí, houve a intenção de criar o projeto”, disse Paula Vale. O projeto de Memórias da Dança reúne dez alunos pesquisadores

e eles estão envolvidos com as pequisas e os eventos do projeto. Durante as pesquisas, a equipe descobriu que o departamento realizou vários festivais de dança na década de 80. Os antigos festivais geraram grande impacto na cidade de João Pessoa e refletiam na formação dos profissionais de Educação Física. Os Festivais eram organizados da parceria entre a professora Yguatemi Lucena e os alunos. Hoje, o

projeto de memórias tem o objetivo de trabalhar as pesquisas de caráter científico e cultural. Além de motivar os estudantes no processo de descoberta, propondo resgatar a história desses festivais realizados na instituição na década de 80 e desenvolver o estudo sobre as danças de outras épocas. Segundo a professora Paula Vale, o projeto pretende “resgatar e registrar os antigos festivais, a partir dos depoimentos de

TROCA O projeto oferece a troca de conhecimentos teóricos e artísticos entre alunos e profissionais da área. Os alunos também conhecem as etapas fundamentais para a organização de eventos e aprendem a colocar em prática os conteúdos e as técnicas de dança estudadas durante o projeto e na disciplina de dança. Recentemente, a equipe realizou o Festival de Dança de Educação Física UFPB 2015, no Ginásio de Práticas Integrativas (GI), com o tema Memórias de 80. Os alunos Hugo Teixeira, José Carlos Junior e Pryscilla Firmino são integrantes do projeto, eles falaram do crescimento pessoal e profissional que o projeto oferece e destacaram a importância do resgate cultural na universidade. “Pensamos o projeto a partir dessa necessidade de conhecer a história da dança na universidade. Cada encontro, compartilhamos o aprendizado e crescemos em conhecimento”, finalizou Pryscilla.


Cultura

JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

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Espetáculo recebe prêmios do SESC Apresentação produzida pelos grupos Jampakoto e Engenho Imaginário conquistam duas premiações durante o evento Júlia Brito O espetáculo Sakura foi destaque no Projeto Aldeia SESC Paraíba e recebeu dois prêmios. A apresentação foi produzida a partir da parceria entre dois grupos Jampakoto, dirigido pela professora Alice Lumi do Departamento de Música (DEMUS) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Engenho Imaginário, coordenado por Valeska Picado, diretora de Artes Cênicas da TV UFPB. O espetáculo foi concebido como um experimento e é caracterizado pela improvisação de dança e música. Por ter um teor experimental, as idealizadoras do Sakura ficaram surpresas quando houve o anúncio da premiação. O espetáculo ganhou os prêmios de melhor sonoplastia (conjuntos de efeitos sonoros) e melhor iluminação. Segundo a professora Alice Lumi, a natureza mais minimalista e “de muita quietude” do Sakura foi o seu diferencial. “A iluminação dá uma inspiração, tanto para o músico, quanto para quem dança. Essa mistura da iluminação com a música inspira os movimentos. Sempre sai alguma coisa bem renovada. Escutar aquela nota específica, eu acho que leva as pessoas mais a ter uma viagem do que muito som o tempo todo”, acrescentou. O espectador, ator e professor, Bento Junior, disse que o Sakura encantou a todos que estavam presentes na apresentação, não apenas com a parte teatral, mas também com a música e as técnicas do espetáculo. “Foi um imenso prazer ter presenciado esta obra de arte. Por si só e pela competência das atrizes bailarinas é um grandioso projeto”, revelou.

Sakura, em japonês, significa flor de laranjeira, a flor símbolo do Japão. Essas flores desabrocham após o rigoroso inverno e encantam a população por exuberante beleza. A lenda diz que Sakura vem da princesa Konohana Sakuya Hime, ela teria caído do céu próximo ao Monte Fuji. A flor também é símbolo de renovação. O experimento Sakura visa apresentar essa mesmo tema de renovação da vida e divide o espetáculo em duas partes: o inverno e a primavera. Inicialmente, o espetáculo trazia apenas a representação da primavera, com o desabrochar da flor de cerejeira, e só depois foi acrescentado o inverno. A ideia era mostrar o contraste entre as duas estações e dar ênfase a sensação de transformação trazida com a chegada da primavera. “É como se fosse um exemplo de superação”, destacou a professora Alice Lumi. O espetáculo contou apenas com o figurino e a iluminação para diferenciar as estações, os atores procuram transmitir à plateia uma mensagem simples e positiva: “Por mais longo que seja o inverno da sua vida, sempre haverá uma primavera”, completou Valeska Picado. Ela interpretou a primavera, com figurino com cores fortes para melhor representar a estação e contrapor com o branco do inverno. Valeska Picado, ainda, destacou a importância dessas iniciativas, pois elas proporcionam formas alternativas de expressão. As experiências são ricas em todo o seu processo de criação e permitem a liberdade artística “difícil de ser vivenciada em produções mais tradicionais”, concluiu. PRODUÇÃO O Sakura nasceu a partir da co-

Foto: Ivone Beatriz

Ensaios dos integrantes do Sakura continuam para aprimorar as improvisações de dança e música em cena, após receber premiação MAIS INFORMAÇÕES

O Aldeia SESC é um evento, gratuito, que proporciona à comunidade o contato com as linguagens artísticas. O público pode apreciar espetáculos, oficinas, debates, concertos e mostras de literatura e cinema. Este ano, o evento mobilizou 21 grupos de teatro e dança. laboração dos grupos Jampakoto e Engenho Imaginário. O Jampakoto surgiu em 2001. O grupo musical é um projeto de extensão da UFPB que faz apresentações utilizando instrumentos orientais tradicionais, como a flauta chinesa, japonesa e transversal e o koto,

AUDIOVISUAL

Cinema debate sobre minorias no Campus I Ewerton Correia A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) sediou entre os dias 7 e 12 de dezembro a 10ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos, que é realizada pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDR/PR). A proposta deste ano foi abrir as portas do evento para estudantes de ensino fundamental e médio de escolas públicas da Capital com o objetivo de apresentar filmes que discutem temas como o universo LGBT, população negra, situações de moradores de rua, idosos e mulheres. Tudo no Cine Aruanda, localizado no Centro de Comunicação Turismo e Artes (CCTA). De acordo com o organizador na Paraíba, o jornalista Orlando Júnior, a mostra já tem mais de dez anos e atinge boa parte do Brasil desde 2012, quando começou a se espalhar por Capitais. “A gente sabe que atualmente há um seguimento da imprensa que liga direitos humanos a pessoas que quebram regras sociais e a sabemos que é bem mais que isso, então usamos o audiovisual para tentar conscientizar

Foto: Polliana Vilar

Orlando Júnior, organizador na Paraíba a população”, revelou. Ainda de acordo com Orlando, existe a importância de mostrar para crianças e adolescentes que os direitos humanos estão presentes na educação, na informação, na cultura. “ Quisemos trabalhar neste ano, uma mostra puramente para a educação. Combinamos com os diretores das escolas que depois esses filmes seriam debatidos em sala de aula, que é a grande magia do audiovisual”, completou o jornalista. OLHOS VIDRADOS Cerca de 50 alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Almirante Tamandaré foram convida-

dos para assistir aos curtas e longas com diferentes temáticas sobre as questões de gênero, tolerância religiosa e deficiência. No primeiro dia de sessão, o Cine Aruanda dividia a escuridão da sala com o brilho do olhar de cada aluno. A maioria ficou fascinada pelo filme Colegas, que conta a história de três jovens com síndrome de Down que decidem fugir de um instituto em nome dos seus sonhos e acabam se envolvendo em situações cômicas. Não faltaram boas risadas e momentos de emoção. “Tudo foi muito importante. Gostei mais do filme Colegas e assistir o filme me ajudou muito a pensar diferente. Aprendi a respeitar e mudou meu jeito de pensar”, disse Joyce Milena, de 13 anos e estudante do 7° ano.

OPORTUNIDADE Para muitos, a Mostra era uma estreia, era a primeira vez que entravam em uma sala de cinema. Rafael dos Santos tem 13 anos e faz o 6° ano, ele falou da importância do longa que assistiu. “Eu aprendi que a gente nunca deve desistir dos nossos sonhos”, revelou.

Ficha Técnica

do espetáculo

Alice Lumi – Dança e koto Fernando Pintassilgo – Flauta chinesa, flauta japonesa e flauta transversal Mayara Satomi – Koto Nana Vianna – Dança Valeska Picado – Dança Itamira Barbosa – Luz e Produção um instrumento de cordas. O Engenho Imaginário Produções Artísticas foi criado em 2007. Com o objetivo de atuar nas diferentes áreas culturais, como: teatro, dança, música, artes visuais, literatura e audiovisual. Junto à UFPB, um dos participantes do grupo é

o professor e maestro Carlos Anísio do DEMUS. O processo de criação do espetáculo contou com pesquisa prévia sobre a cultura japonesa e as singularidades de cada estação, para encontrar a melhor forma de representá-las. As idealizadoras desejam acrescentar outros instrumentos nas demais estações, por exemplo, o violoncelo, no outono e os tambores, no verão. A passagem bíblica do livro Salmos 30:5 (parte B), “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”, serviu de inspiração na criação e desenvolvimento da primavera. Para o verão, “a base será a história da deusa japonesa do Sol, Amaterasu, e também serão incluídos pratos e taikos (tambores japoneses)”, finalizou Alice Lumi.

MÚSICA

Alunos da UFPB lançam CD de forró pé-de-serra Cy Baptista A Paraíba serve de palco para os cantores e compositores da música nordestina, a partir do incentivo e divulgação dos artistas. Nesse sentido, surge o grupo de forró Os Fulano. O grupo de forró pé-de-serra abraçou a cultura nordestina e cada vez mais vem conquistando espaço no cenário musical. A equipe é formada por quatro integrantes: Thiago Melo (voz e zabumba), Lucas Dan (voz e acordeon), Beto Lucena (voz, triangulo e efeitos) e Jader Finamore (voz e cavaquinho). Dois desses artistas são alunos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Recentemente, eles lançaram o EP Forrobodó Parahyba. A relação dos forrozeiros com a música iniciou na infância. O estudante do quinto período do Curso de Educação Física Thiago Melo, explicou que o forró foi apresentado pelo avô, através das músicas de Luiz Gonzaga. Mas, além do forró, o grupo também teve contato com outras manifestações culturais. Ele também falou sobre o ritmo, “Não foi a gente que escolheu o forró, o forró que nos escolheu”, destacou. O estudante do sétimo período do Curso de Música Lucas Dan, defendeu a importân-

cia da divulgação da cultura nordestina. Segundo ele, essa divulgação fortalece a identidade cultural. “O primeiro desafio é a gente ser jovem e tocar forró pé-de-serra. Isso daí, é até um susto para muita gente. A maioria acha que tocamos reggae ou rock”, disse Tiago Melo. Ele ainda falou sobre o mercado, e destacou que o forró perde espaço com relação aos outros estilos e gêneros. “A abertura é muito pequena para o forró pé-de-serra”, completou. NOVO TRABALHO O Forrobodó Parahyba é composto por cinco faixas. A primeira música do CD ‘Vou sair por ai’, de acordo com Lucas Dan, foi um presente dos ídolos e mestres, Antônio Barros e Céceu. As quatro músicas: ‘Florear’; ‘Liberdade e valentia’; ‘Onde esteja’ e ‘Do jeito que o forró gosta’ são composições autênticas de Lucas Dan. O CD contou com participações de outros artistas, por exemplo, Gennaro Sanfoneiro e Os 3 do Nordeste. O CD já está disponível nas lojas. Além disso, os fãs podem ter acesso às músicas, nas plataformas digitais. Desde então, a luta dos forrozeiros têm sido no sentido de anunciar o novo trabalho durante os eventos que promovem a cultura nordestina.


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JOÃO PESSOA - PARAÍBA 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2015 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB

Entrevista

Duvivier, um autor-ator

Foto: Laís Suassuna

Dani fechine Autor-ator, ator-autor. Não se sabe. Gregório Duvivier é uma mistura inteligente de fazer graça com as palavras. Escreve com tanta personalidade como quando atua. Seus passos em palco são palavras embaralhadas, improvisadas. As linhas do texto são cenas protagonizadas em ensaio. Gregório é graduado em Letras na PUC-Rio. Tímido e antissocial, o teatro foi a saída encontrada pelos pais para desinibir o filho. Estudou dez anos no Tablado, com Aracy

Questão de Ordem: Como foi a sua carreira até chegar a esse momento que você vive hoje? Gregório Duvivier: Sou ator, antes de mais nada. Comecei a fazer teatro com nove anos de idade, então sou apaixonado por teatro, é isso que me define. Mas aos poucos fui descobrindo o prazer de escrever, inclusive, para teatro. Porque eu acho que o autor consegue dizer o que pensa e o ator não. O ator só diz o que pensa através dos trabalhos que ele escolhe. Então eu senti a vontade de dizer o que eu pensava e comecei a escrever para teatro, fazer vídeos. O Porta dos Fundos veio exatamente para isso. A gente queria ser autor-ator, gênero que eu acho muito legal. De modo geral tenho escrito e atuado por aí.

QO: Qual foi o momento mais decisivo da sua carreira? GD: Foi quando eu saí da Globo para fazer o Porta. Nós [a equipe do Porta dos Fundos] éramos contratados da Globo e escolhemos sair daquela emissora, que era um emprego seguro, para fazer o nosso próprio negócio. Foi um momento bem decisivo. QO: Quem são seus grandes inspiradores? GD: No humor, tem o Millôr Fernandes, com um humor das antigas, escrito e desenhado. Como ator, o Pedro Cardoso, que é um cara que eu amo, Fernanda Torres também acho genial, brilhante. A gente tem no Brasil essa tradição de bons atores-autres, como o Pedro e a Fernanda. Atores que escrevem muito bem ou autores que atuam muito bem. Lá fora, claro, destaco Woody Allen. Gosto muito das pessoas que fazem humor com drama. Chaplin acima de tudo. Pessoas que fazem humor com poesia, sobretudo, acho que isso é muito fundamental.

Os donos dos jornais estão falindo, então eles querem dizer pra gente como é que faz?

QO: Quando foi que nasceu o Gregório ator, humorista? GD: O Gregório humorista nasceu no tablado, no teatro mesmo. Quando comecei a fazer teatro eu vi o poder do riso e isso é viciante. Supre uma carência de todos nós, eu acho, de aprovação, de afeto. Em geral o humorista não se declara humorista, as pessoas é que o declaram. Só quando subi no palco foi que eu percebi que as pessoas estavam rindo de mim.

QO: Você se imaginava chegar até onde você chegou? GD: Sim, mas eu imaginava coisas muito maiores. Quando eu era pequeno eu imaginava que eu ia ganhar o Prêmio Nobel da Paz. Eu tiFotos: Dennison Vasconcelos

nha ambições muito maiores que essa. Achei que com 29 anos já teria morado em oito países diferentes e nem saí do Brasil praticamente, nem nunca morei fora. Achei que eu fosse ter resolvido vários problemas internacionais, e eu não fiz nada. QO: Você acha que é possível quebrar o lado conservador da mídia? GD: Sim, eu acho que é função de todos nós escrevermos, empurrarmos as fronteiras. Porque as pessoas falam sempre que não pode. O jornal está dizendo o tempo todo a maneira como você tem que escrever. Na faculdade de jornalismo você aprende o tempo todo a pirâmide invertida. Eu acho que é tarefa nossa dizer: “quem falou que é assim?” O jornalismo sabe mesmo fazer? Os donos dos jornais estão falindo, então eles querem dizer pra gente como é que faz? De modo geral, tem-se muito a aprender com quem está escrevendo hoje, os jovens principalmente, e os jornais têm que aprender com os estudantes. O modelo antigo do jornalismo, inclusive vinculado a grandes empresas e interesses privados, está caindo, está decadente. Os grandes jornais estão sempre ligados a grandes famílias de poder no Brasil. Isso eu acho criminoso, é sinal que nós somos um país muito atrasado em relação à liberdade de imprensa. E acho que a internet está mudando isso. Nós temos uma imprensa mais livre, eu acredito muito no poder da internet quando se trata disso. QO: Os seus textos da Folha, geralmente, causam muitos debates na mídia. Como você lida com o confronto de opiniões? GD: Eu acho que a competição é muito necessária. É muito importante as pessoas discordarem de você. Particularmente, eu não gosto muito de me envolver em brigas na internet, porque eu acho que elas são pouco frutíferas. Acho bom os diálogos interessantes. Me incomoda os diálogos ofensivos, que te desautoriza e parte para taques pessoais. Esses eu nem leio, porque sei que vou me magoar. QO: Quais dificuldades você encontra para defender as suas bandeiras sociais e políticas? GD: Eu acho que a gente vive num país que está com a democracia ainda muito verde, começando. As pessoas não estão acostumadas a discordar. Me incomoda que o Brasil ainda seja um país muito conservador. Um país onde nunca houve uma grande revolução, apenas golpes. E os golpes no Brasil não vieram para mudar a estrutura social, vieram para dar continuidade. Então, o Brasil é um país que não sabe mudar e não quer mudar. Penso que nós somos muito retrógra-

Mourthé, Cacá Mourthé, Ricardo Kosovski e Bernardo Jablonski. Gregório Duvivier é um ator, mas também humorista, roteirista e escritor. Ficou conhecido pelo seu trabalho no cinema e no teatro e, desde 2012, tornou-se o Gregório do Porta dos Fundos, canal de humor no youtube, ao lado de atores como Fábio Porchat, João Vicente, Luis Lobianco e outros. É autor dos livros A partir de amanhã eu juro que a vida é agora, Ligue os pontos – Poemas de amor e Big Bang, Put Some Farofa e Percatempos – tudo que faço quando não

sei o que fazer. Gregório Duvivier também assina uma coluna semanal na Folha de S. Paulo. Em 22 de novembro, o escritor participou do evento Campus Festival, falando sobre a sua vida profissional, bem como declarando opiniões a respeito de temas que costuma tratar em suas colunas, como a religião e a legalização da maconha. Antes da palestra, Gregório concedeu entrevista ao Jornal Questão de Ordem e deu declarações a respeito da mídia, do conservadorismo e do atual cenário político. Vem conferir e conhecer mais um pouco desse cara!

Foto: Dennison Vasconcelos

Pessoas que fazem humor com poesia, acho que isso é muito fundamental dos e antigos. O aborto no Brasil, por exemplo, nem está sendo discutido direito. As drogas, ninguém fala de drogas sem preconceito. Os Estados Unidos são também um país conservador, mas eles já perceberam que algumas batalhas já se perderam e que é melhor regulamentar do que fazer guerra às drogas. Além disso, ninguém vai conseguir acabar com o aborto, ele vai continuar sendo feito, mas de forma perigosa para a mulher. Então tem que liberar para que ele seja mais seguro. QO: Como você acha que a internet, o humor, a arte, podem ajudar no debate político da sociedade? GD: Eu acho que a internet possibilita você a ter diálogos mais horizontais. Eu acho que assim as coisas se resolvem melhor. Vertical é o que o jornal faz, é uma pessoa que diz o que você vai ler todos os dias. É uma relação de poder. E na internet é uma relação horizontal, você escolhe o que você vai ler. Você está falando de igual para igual com o leitor. Jornalista e leitor são semelhantes e isso é muito poderoso. Você passa a ter outro tipo de relação entre conteúdo e leitor, entre produtor e conteúdo, entre consumidor e conteúdo. Você vai ter relações mais

livres. E eu acredito muito nisso: internet livre, conhecimento livre. Acho que isso é muito utópico, mas é muito bonito acreditar nisso. QO: De quem surgiu a ideia de colocar no Porta dos Fundos os debates religiosos, sociais, políticos? GD: A gente sempre gostou disso. Porque eu acho que o tabu é uma grande inspiração para a comédia. O humor bebe muito no risco, no proibido. Por isso é tão comum crise de riso em velório, enterro e, de modo geral, aquilo que você não pode rir é a coisa mais engraçada que tem. Então a gente se alimenta muito de tabu, com certeza. E acreditamos muito que a piada é muito poderosa. Acreditamos no poder do humor. QO: E quais são os planos daqui para frente? GD: Continuidade, acima de tudo. O problema da internet é que as pessoas fazem tudo achando que é um hobby e não leva a sério, não continua. E a gente quer, sobretudo, continuar fazendo o que a gente faz. E eu quero continuar escrevendo, continuar atuando. Esse ano teve a peça do Porta, ano que vem terá o filme. Tem sempre outros braços que a gente vai esticando.

O aborto no Brasil, por exemplo, nem está sendo discutido direito. As drogas, ninguém fala de drogas sem preconceito


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