Manifestações populares
Limpando o CRE
pág. 3
Giovanna Ismael
Giovanna Ismael
pág. 13
EDUcação
Herbert Clemente
Giovanna Ismael
cultura
ENTREVISTA Caco Barcellos no QO pág. 16 JOÃO PESSOA - PARAÍBA 21 A 30 DE NOVEMBRO DE 2011 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
esporte Pista nova pág. 8
QuestãodeOrdem
sucessão à UFPB
Debate entre pré-candidatos à Reitoria esquenta a eleição Reitoráveis discutem temas diversos e, faltando menos de oito meses para realização da consulta eleitoral, aquecem a disputa
Foto: Herbert Clemente
Cadeira de trabalho do Reitor da UFPB e objeto simbólico de disputa entre os quatros candidatos que prometem ocupá-la em breve
Sensacionalismo de TV é debatido na Academia
Foto: Giovanna Ismael
Aparecida Ramos, Lúcia Guerra, Luiz Renato e Margareth Diniz são os pré-candidatos que pretendem sentar na cadeira de Reitor no quadriênio 2013-2016 para ditar os rumos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mas é você, leitor e participante da comunidade acadêmica, que vai decidir, por afinidade com as idéias, quem está mais bem preparado para esta grande responsabilidade. O processo eleitoral foi iniciado e os pretensos candidatos à Reitoria começam a revelar suas plataformas de campanha e as diferenças de pensamento sobre várias questões da UFPB. Todos responderam a perguntas idênticas sobre os temas mais urgentes da universidade que dividem os grupos políticos pertencentes à instituição. Cabe, então, ao leitor conhecer o histórico de cada candidato, além de buscar familiaridade com as propos-
tas para a próxima gestão, que sucederá o mandato de oito anos de Rômulo Polari. Este momento é fundamental para agregar todos que fazem a UFPB em torno dela mesma, conhecendo seus problemas e suas vocações, integrando todos a um debate ainda maior, suprapartidário e acima de interesses pessoais pelo poder. Aproximar o leitor dessa discussão é primordial para conceder a esta consulta eleitoral, a ser realizada em julho do ano que vem, um caráter público e compartilhado, transformando o próximo representante da Universidade Federal da Paraíba em alguém, cujos compromissos são conhecidos e, podem, portanto, ser cobrados. A partir desta edição, com o primeiro debate entre os reitoráveis realizado pelo Questão de Ordem, a campanha eleitoral, de fato, começa a movimentar a universidade e você a definir o seu voto. pág. 11 e 12
Foto: Herbert Clemente
Mesa composta por profissionais de imprensa na discussão do sensacionalismo midiático
Durante a II Semana de Ciência, Tecnologia, Arte e Cultura da UFPB, o Centro Acadêmico de Comunicação Social organizou uma Mesa Redonda para discutir entre comunicólogos e o meio acadêmico em geral as nuances do jornalismo sensacionalista. Os jornalistas Fábio Araújo, Agda Aquino, Jonas Batista, Patrícia Rocha, Bruno Sakaue e Land Seixas participaram do debate. No entanto, Samuka Duarte, apresentador do programa policial Correio Verdade, foi a personalidade mais controversa e esperada da noite. As discussões acaloradas sobre o tema foram interrompidas por protestos organizados pelos alunos. pág. 5
Campus
Educação
Saúde
Política
Cultura
Tribunal da Terra em ação
Nova grade para Medicina
Projeto de lei afeta os HUs
Gênero e poder no foco eleitoral
As artes de rua e as pichações
O Tribunal Popular da Terra, criado em 2008, em São Paulo, chegou à Paraíba e colocou o Estado no banco dos réus, julgando-o por quatro casos de violação de direitos humanos, escolhidos pelos membros dos movimentos sociais. pág. 7
Estudantes e profissionais do meio médico discutem as atualizações curriculares do curso de Medicina da UFPB. O embate entre a humanização da saúde e a perspectiva técnica da formação acadêmica divide opiniões pág. 4
Projeto federal prevê a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares S.A. Se aprovada, a lei modificará os serviços oferecidos no Hospital Universitário Lauro Wanderley, através do Sistema Único de Saúde (SUS). pág. 9
Uma das entradas da Reitoria da UFPB: preocupação institucional com a segurança
INsegurança NO CAMPUS
Reitoria dá a sua versão
A UFPB enviou pedido de direito de resposta por reportagem que denunciava os problemas com a segurança no Campus, com destaque para o sucateamento do sistema de vigilância da instituição e para os relatos de quem se sente em perigo, principalmente pela ilumi-
nação precária relatada pelos alunos residentes. Apesar de ter sido garantido espaço na matéria publicada na edição passada para que a instituição apresentasse sua versão, o Questão de Ordem atendeu ao pedido sem, contudo, abrir mão de sua visão crítica. pág. 5
A questão de gênero tornou-se foco nas discussões políticas. Na UFPB, a campanha à Reitoria para o próximo quadriênio despertou o debate, reflexo também do quadro político vivenciado pela presidente Dilma Rousseff. pág. 12
Painel das mais variadas formas de expressão visual, os muros da UFPB estão sendo constantemente marcados. Há, contudo, uma diferença entre o que é considerado arte e o que é visto como mera pichação ou sujeira. pág. 15
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opinião
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 21 A 30 DE NOVEMBRO DE 2011 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
editorial
O futuro do esporte brasileiro
um formato e uma formação
Daniel Peixoto
Pela primeira vez na história do curso de jornalismo, o jornal Questão de Ordem foi impresso em formato standard, ou seja, o formato mais comprido, padrão dos grandes jornais. E, talvez para ratificar a máxima do filósofo canadense Marshall McLuhan, que afirmava que o meio o qual se noticia é a própria mensagem, o jornal fez nesse formato o que talvez vários outros não tenham conseguido: ser lido, não agradar a ninguém individualmente e interessar a todos. Porém não dá para atribuir as repercussões obtidas pela primeira edição desse jornal somente ao seu formato, mas uma coisa ficou atestada: o jornalismo impresso mostrou sua força e isso pregou em todos que fazem o Questão de Ordem uma bela surpresa. Depois de passada esta impressão eufórica e inesperada, compreendemos que o interesse e o incômodo de muitos da comunidade acadêmica se explicava, em partes, no fato de não haver outra publicação isenta e pluralista a qual informasse aos leitores sobre o que vem acontecendo na UFPB que, a partir do recorte realizado, passou a ser vista por várias vertentes e abordagens. Com esta publicação, realizamos sem restrição todo o processo jornalístico: de produção a edição. Fomos de jornalista a jornaleiro, entregando na mão de muitos o resultado concreto de nosso ofício. Como exercício da disciplina Laboratório de Jornalismo Impresso, nós queríamos cumprir com uma obrigação curricular e acabamos por cumprir com uma obrigação cívica. Outro motivo que ajuda a
entender as razões que fizeram da edição anterior um dos assuntos recorrentes nos corredores da instituição é a conjuntura do processo préeleitoral que já estamos vivendo. O jornal só faz ganhar importância neste momento e o Questão de Ordem não teme por isso ou se isenta dessa discussão, promovendo ainda mais o debate público e ampliando a temática que pauta os discursos dos pretensos candidatos à reitoria. Não é à toa que mais uma vez a manchete de capa dá espaço para que o leitor possa participar também desta discussão, por vezes partidarizada e permeada por promessas que se encerram na urna de votação. Entendemos ainda como reflexo dessa repercussão o fato da reitoria nos enviar uma nota pedindo direito de resposta para a matéria “Insegurança no Campus”, a qual publicamos, sem, contudo, abrir mão de nossa visão crítica sobre o assunto. Este diálogo, mesmo que desequilibrado pelas hierarquias burocratizantes, é fundamental, pois é justamente com a participação dos leitores e com as divergências de quem se sentiu incomodado com o jornal que se completa nossa formação jornalística. Antigamente, quando um jornal surgia, era um sinal que algo novo viria e traria consequências na sociedade. Hoje, quando um jornal surge, é apenas um grupo empresarial que está querendo difundir seus negócios. Com toda a sua significância relativa, o Questão de Ordem humildemente se põe contra essa correnteza desde já.
O projeto está orçado em R$ 25,9 bilhões, cifra sem precedentes no esporte nacional
O extraordinário é demais Caio Ismael
©Giovanna Ismael
Charge
No verão de 2016, acontece, no Rio de Janeiro, os Jogos Olímpicos de Verão, evento multiesportivo que será realizado em meados do segundo semestre. A escolha do local que receberia os jogos aconteceu em uma reunião do Comitê Olímpico Internacional, responsáveis pela organização do acontecimento, em outubro de 2009 em Copenhague, na Dinamarca. Após a escolha, o governo brasileiro começou a se preparar para colocar a mão no bolso. O projeto é estimado em R$ 25,9 bilhões, cifra sem precedentes na história do esporte nacional, e engloba além de obras em infra-estrutura, um apoio como nunca visto nas categorias de base de todas as modalidades olímpicas. Com isso, o governo brasileiro tinha em mente elevar a colocação brasileira no quadro de medalhas no final da competição, ultrapassando a melhor posição já alcançada, que foi um 15° em 1920. A expectativa do Comitê Olímpico Brasileiro é de entrar no top 10 dos Jogos Olímpicos. Do momento da escolha, até o começo dos jogos, o COB teria pouco mais de 6 anos para fazer esses investimentos e esperarem o retorno na competição. O conflito é que nos primeiros 2 anos esses investimentos ainda não são visíveis nas universidades, nas escolas e nos clubes ao redor do país. O apoio destinado ao esporte universitário é praticamente inexistente. Sobreviver o ano apenas com seletivas estaduais, servindo como classificação para as Olimpíadas Universitárias é nada mais do que medíocre, principalmente se tratando de uma nação que se candidatou para sediar os jogos com intuito de melhorar o esporte de base e crescer internacionalmente. Gosto de imaginar, porque comparar seria uma maldade, o nosso país recebendo atenção similar ao que é feito nos Estados Unidos. As equipes universitárias norte-americanas têm seus jogos transmitidos para
todas as grandes transmissoras, os atletas conseguem pré-contratos com times profissionais, seja lá de que modalidade, ainda enquanto estão exercendo seus deveres estudantis, além da alta remuneração que o país coloca nas mãos destes desportistas apenas para eles continuarem na prática de alguma modalidade olímpica. A verdade é que o atual esporte olímpico brasileiro se baseia em três pilares repetidos de edições passadas, como o nadador César Cielo, nas equipes de vôlei, tanto na quadra quanto na praia, e alguns atletas do judô. E isso é, lamentavelmente, pouco. No atletismo a decepção talvez seja a maior, por ser o esporte base das Olimpíadas com inúmeras provas e várias chances de medalhas, a delegação canarinho é quase inexistente, se salvando apenas com a saltadora Maurren Maggi, pois foi a única que trouxe uma medalha de Pequim (Olimpíadas de 2008) na modalidade. O resultado das Olimpíadas de Pequim é uma vergonha, e não pode ser tratada de outra forma que não seja essa. O desempenho nacional ficou escondido graças a belas atuações individuais e que chegaram a ser surpresas, como Cielo e Maggi, e a vitória da equipe feminina do vôlei que conseguiu o ouro. A mídia dá todo esse poder a estes poucos vitoriosos e esquece-se de cobrar a propulsão de outras modalidades e atletas. Uma nação que sempre enche o peito para falar que está entre as 10 economias mundiais, e crescendo, com 190 milhões de habitantes, obter o êxito de ficar atrás no quadro de medalhas de países como Etiópia, Bielorrússia, Quênia e Hungria é para qualquer um tirar o chapéu. Eu tiro meu chapéu para Orlando Silva, ex-ministro do esporte acusado de corrupção que preferiu renunciar ao cargo, e para o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, que juntos conseguiram congelar o esporte brasileiro nesses primeiros anos de preparação para os tão esperados Jogos Olímpicos 2016.
Muito se tem ouvido falar sobre os programas de jornalismo sensacionalista que vêm surgindo e ganhando espaço nas emissoras de televisão de todo o país. As discussões acerca do tema despertaram em mim a curiosidade em relação aos fatores que induzem as pessoas a reservar parte de seu tempo para dar audiência a tais programas. É evidente que o homem vive numa procura constante por algo que mexa com suas sensações, capaz de emocioná-lo ou escandalizá-lo. Na instituição do “pão e circo”, promovido pelo Império Romano, os plebeus lotavam o Coliseu a fim de ver gladiadores lutando pela vida contra alguns animais ferozes. Ainda hoje, em alguns países da America Latina e Europa, o sacrifício dos touros nas touradas faz parte do programa de muitas famílias. Neste caso, se um indivíduo liga o seu aparelho de televisão com a intenção de assistir a um programa dito sensacionalista, é porque, de algum modo, os assuntos, e a forma com que eles foram abordados, mexem diretamente com seus sentidos, ou seja, o interessam. Isso é inegável. Porém, é equivocado analisar o ser social como principal responsável pela escolha material divulgado nos programas de televisão. Pois a linha que separa o
que é de interesse público e o que a instituição jornalística promove ser de interesse público é tênue. Já cheguei a defender a ideia de que cada um poderia fazer jornalismo ao seu jeito, usando a subjetividade do homem como argumento, mas hoje considero irresponsável uma instituição jornalística se propor a esse tipo de conduta sensacionalista. O jornalismo, com o auxílio dos meios de comunicação de massa, foi um dos principais responsáveis pelas transformações sociais da atualidade. Ele tem o poder de formar e destruir personalidades e ideologias, como também o que é ou não de interesse público. Mas com o advento do pós-modernismo, vemos surgir um jornalismo cada vez mais preocupado com as sensações que vai produzir, virando um produto a ser consumido, uma mercadoria a mercê da audiência, se distanciando do que consiste a sua atividade profissional. Considero mais irresponsável ainda o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que o diploma de jornalismo não é obrigatório para exercer a profissão, sem se atentar que a exigência do diploma interessa a sociedade. Assim, o jornalismo dito sensacionalista, quando manipula a informação, mesmo que de forma parcial, para apresentá-la num formato exagerado ou enganador, foge dos valores éticos e profissionais que guiam um verdadeiro jornalista.
educação
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 21 A 30 DE NOVEMBRO DE 2011 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
Alunos usam vestibular para tentar limpar o CRE
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Foto: Yordan Cavalcanti
Prática é cada vez mais comum entre os estudantes com média baixa nas disciplinas que cursam Foto: Giovanna Ismael
Caio Ismael Com o objetivo de limpar as pendências presentes no Coeficiente de Rendimento Escolar (CRE), alunos dos mais diversos cursos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) refazem o vestibular com a intenção de adquirir nova matrícula no mesmo curso. Por ser um processo legal, essa estratégia tem se tornando cada vez mais comum no meio acadêmico. Estudantes com CRE abaixo de sete, ou com reprovação em alguma matéria, não conseguem participar das seleções de projetos de extensão e de pesquisa como o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e Programa Institucional Voluntário de Iniciação Científica (Pivic). A participação em tais programas é considerada como pré-requisito para quem deseja seguir carreira acadêmica e para muitas instituições que oferecem mestrado, além de agregar outros conhecimentos aos que o aluno já possui, valorizando o seu currículo. Há também a possibilidade de encaminhamento para outros projetos de extensão, que podem trazer grande contribuição para a ciência e para a sociedade. Os mesmos problemas são encontrados na hora da inscrição em projetos do Programa de Bolsas de Extensão (Probex), no Programa de Intercâmbio Internacional (Piani) e nas monitorias das cadeiras reprovadas. Com poucas chances de ingressar
evasão é normal. Nada impede o aluno de fazer um novo vestibular”, complementou o professor. Quando o estudante for aprovado em um novo vestibular para o curso que já realiza, com a intenção limpar as reprovações no seu ingresso anterior, deverá solicitar dispensa das cadeiras já cursadas junto a Codesc. No Histórico do seu segundo ingresso aparecerá apenas à menção “dispensado” e o CRE será calculado com base nas notas obtidas na nova matrícula. FAÇA AS CONTAS
Execução de provas em processos seletivos: cena cada vez mais comum nas salas de aula em tais programas, decorrente de reprovações que deixavam o seu CRE abaixo da média, o aluno do 3º período do curso de Engenharia Elétrica, Francisco Assis de Sousa Neto, decidiu prestar novamente o vestibular. O resultado foi positivo. O estudante garantiu a colocação de primeiro lugar do curso de Engenharia Elétrica no PSS 2011.1. “Não conseguia passar na seleção de nenhum projeto de pesquisa, extensão ou monitoria. Hoje, colho os frutos de minha decisão de refazer o vestibular, pois participo de um projeto do Pivic e sou voluntário de outro projeto no Probex”, explicou Francisco. O mesmo problema está sendo enfrentado pelo aluno do 8º período de Engenharia de Produção Mecâni-
ca, Luis Filipe, que pretende refazer neste ano o Processo Seletivo Seriado (PSS) da UFPB para limpar seu histórico escolar. “Não quero perder qualquer oportunidade que venha a surgir por causa de algumas cadeiras reprovadas”, completou o aluno. Apesar de esse processo ficar registrado como evasão escolar, pois o aluno abandona uma matrícula para ocupar outra, o coordenador da Coordenação de Escolaridade (Codesc), professor Severino Elias, afirma que isso não influencia negativamente na avaliação qualitativa da universidade. Segundo ele, essas vagas serão remanejadas para outros processos, como a Transferência Escolar Voluntária (PSTV), a Reopção de Curso e/ou de Turno e o ingresso de graduação. “A
Entenda como é feito o cálculo do CRE dos alunos dos cursos de graduação da UFPB. A fórmula usada é CRE = (Σ Mi Di)/Ch, em que: Mi é a média final das disciplinas cursadas ou dispensadas; Di é o número de horas-aula correspondente a essas disciplinas; Ch é o número total de horas-aula solicitado, incluindo as horas-aula correspondentes às disciplinas dispensadas e excluindo aquelas correspondentes às disciplinas trancadas.
relação professor-aluno
Clima nem sempre é dos melhores Camila Bitencourt Uma boa relação entre professores e alunos é fundamental em todos os níveis e modalidades de ensino. É evidente que as relações em sala de aula influenciam diretamente no desempenho de ambos os personagens envolvidos. Em muitos casos, o contexto acadêmico tem se tornado um espaço de hierarquização, o que contribui para um ensino autoritário. Para a psicóloga Carolina Carvalho, a responsabilidade desse clima tenso advém da pedagogia tradicional, na qual o aluno é visto como uma esponja que absorve todo o conhecimento do professor. Segundo ela, o professor precisa aprender a combinar autoridade, respeito e afetividade. “O educador que deve criar uma relação empática com seus alunos, com capacidade para ouvir e discutir, criando uma ponte entre seu conhecimento e o aluno”, analisou. A melhor relação entre mestre e educando não deve ser uma relação de imposição, mas sim, uma relação de cooperação, de respeito e de crescimento. O aluno deve ser considerado como um sujeito ativo no seu processo de construção de conhecimento. “O professor deve considerar o que o aluno traz para sala de aula, pois ele já possui uma bagagem cultural e intelectual, e deve usá-la em seu beneficio”, complementou. A tensão gerada nas relações em sala de aula, além de causar uma deficiência na aprendizagem, pode gerar atitudes com resultados des-
Foto: Camila Bitencourt
Professor e alunos em sala de aula: misto de tensão e prazer para as duas partes gastantes, como agressões verbais, assédio moral e por vezes perseguição, em que docentes e discentes recorrem à instituição educacional para mediação dos casos. Na UFPB, os processos abertos por alunos são, em sua maioria, para revisão de notas ou para perda de cadeira, através da alegação de que há injustiças cometidas pelo professor. O órgão responsável pelo parecer dos casos é o Conselho Superior de Ensino Pesquisa e Extensão (Consepe). Há, em média, quarto casos por mês de situações mais simples, que envolvem revisão de prova ou perda de cadeira, por nota ou falta de assiduidade. O procedimento burocrático não é tão simples. “Primeiro faz-se um
protocolo geral na coordenação do curso. Quando não é aceita pelo professor, é encaminhado a Codesc, onde é feita toda a tramitação, e termina na Consepe através da Secretaria dos Órgãos Deliberativos Superiores (Sods), onde é dado o parecer”, explicou a secretaria da Coordenação de Escolaridade (Codesc), Maria das Graças Brito. Bernadete Maciel, secretaria da Sods, esclarece que os pretextos variam, desde injustiça cometida pelo professor, como trabalho e doença na família. “Os alunos são conduzidos a não colocarem no processo motivos como perseguição do professor, porque o argumento termina sendo fraco, e provavelmente o parecer será desfavorável”, comentou.
O professor Luis Antônio Mousinho do curso de Comunicação Social da UFPB auferiu três casos onde os alunos reclamavam das notas nas cadeiras ministradas por ele. Após mediação na ouvidoria, os casos não seguiram adiante. “Aleguei, através de documentos como provas e listas de presença, que os argumentos utilizados pelos alunos eram contraditórios”, comentou. Em resposta a esse caso especificamente, o professor entrou com uma ação administrativa por assedio moral e agressão ao funcionário público, que foi retirada após mediação da Ouvidoria. Em casos mais graves como desacato e assédio moral entre professor e aluno, é aberto um processo disciplinar, onde são colhidos depoimentos de ambas as partes. Esses casos são mais raros, com incidência de uma ou duas vezes no ano. As punições, em teoria, tanto para professor quanto para aluno, são advertências ou suspensões. Bernadete explica que em processos disciplinares geralmente quem ganha a briga é o educador. “Há nessas horas um velho jeitinho brasileiro, de passar a mão na cabeça dos protegidos”, denunciou a secretaria. A secretária aconselha que o universitário deve exigir os seus direitos e recorrer ao Consepe sempre que se sentir lesado. “Em uma relação de aluno e professor, o lado mais fraco sempre é o aluno, então ele tem que lutar pelo que acha certo”, defendeu a secretaria.
Erro na escolha do que cursar é um problema Thaís Garcia No decorrer da vida estudantil, muitas adversidades surgem e o que mais assusta o universitário acaba acontecendo. O curso que foi escolhido, investido e tão esperado já não é mais aquele dos sonhos. Partindo deste pressuposto, o Questão de Ordem entrevistou alguns estudantes que decidiram mudar de curso. A psicopedagoga Roseana Menezes, atuante na Clínica de Psicologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), analisou e comentou sobre as dificuldades e as possíveis soluções para esses casos. Segundo Roseana, jovens estão visando bem mais o sucesso financeiro do que o pessoal, e a escolha da profissão está inteiramente ligada a esses fatores. “O que está ocorrendo é a busca pelo sucesso financeiro. A nossa sociedade passa a ilusão de que se você tiver status social elevado será feliz e não é bem por aí. A felicidade do indivíduo não está nessa busca material”, explica. A maioria dos estudantes acredita que a melhor solução é fazer um curso em que provavelmente conseguirá maior estabilidade econômica, mas isso nem sempre funciona. A tendência, nesses casos, é a mudança recorrente de cursos. Diante disso, é aconselhável fazer o que gosta para, posteriormente, caso não esteja satisfeito, buscar alternativas. Além disso, muitos alunos reclamam da grande quantidade de disciplinas teóricas no início da graduação, período onde sentem falta da parte prática. A influência da família na decisão dos jovens também influencia na decisão dos alunos, principalmente se tratando de pais que não tiveram a mesma oportunidade de escolha, ocasionando uma transferência de realizações, ou seja, depositam os seus desejos não executados no futuro dos próprios filhos. “O melhor a fazer é conversar e expor suas vontades, o que está em jogo é a sua felicidade, o seu sucesso”, aconselhou Roseana. O teste vocacional é uma opção que pode ajudar as pessoas a descobrirem sua vocação profissional. A escolha errada pode gerar conseqüências não só imediatas, mas também futuras. Continuar em uma carreira na qual o indivíduo não se identifica, pode gerar um sentimento de insatisfação que influencie em sua vida pessoal. Uma possibilidade é conversar com as pessoas que exercem a profissão desejada e buscar informações sobre o curso.
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educação
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 21 A 30 DE NOVEMBRO DE 2011 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
Curso de Medicina transforma currículo visando reorientação A idéia é humanizar a formação do médico para que ele possa oferecer um tratamento mais adequado aos seus pacientes Secyliana Braz A sociedade contemporânea vivencia uma época na qual “ter” é mais importante que o “ser”. No âmbito da saúde, os hospitais e as clínicas preocupam-se mais com a arquitetura moderna, bonita e ostensiva, como se isso fosse a garantia de uma boa medicina ou de um bom atendimento. Atualmente quase todos os cursos de Medicina do país vêm realizando atualizações curriculares diante da necessidade de adequar a formação médica à realidade atual do sistema de saúde do Brasil. A mudança curricular para os cursos de Medicina foi motivada por um movimento desenvolvido desde a década de 1970, organizado pela Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), que resultou na elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos de graduação em Medicinaem 2001, pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). Na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o curso de Medicina teve a proposta curricular discutida desde 1999, mas só em 2007 teve a implantação da sua nova diretriz. Desde então, estudantes, professores e a gestão acadêmica vêm avaliando as alterações inseridas nesses três anos de prática. O principal enfoque sugerido e implantado ao novo currículo do curso de Medicina da UFPB foi a “humanização do estudante”, já nos primeiros semestres do curso, através da inserção dos alunos à realidade do Sistema Único de Saúde (SUS), desde a estratégia do Programa Saúde da Família (PSF), a passagens pelos ambulatórios e pelos hospitais gerais de João Pessoa. No foco das modificações curriculares está a diminuição da carga horária de algumas disciplinas teóricas espe-
Foto: Herbert Clemente
No Hospital Universitário: cursos, palestras e aulas para conscientização das mudanças cíficas da área médica como anatomia e fisiologia e a inclusão de disciplinas de caráter humanístico-social a exemplo da antropologia e da sociologia, tratando o estudo do homem como ser social. Além da inclusão das atividades extrascurriculares e da própria ampliação do período de Internato de 10 meses para dois anos, que era um dos mais curtos do país, passou a ser exigida a monografia como parte dos Trabalhos de Conclusão do Curso (TCC). De acordo a coordenadora do curso de Medicina da UFPB, a professora Joacilda Conceição, não há como retornar ao currículo anterior, porque não foi algo criado pela instituição de ensino, mas sim adaptado por uma exigência do Ministério da Educação (MEC), que deve ser cumprida. O que pode ser feito é o aperfeiçoamento dessa diretriz já estabelecida. As novas disciplinas dependem de vários fatores conjunturais para serem desenvolvidas e as falhas na estrutura de
setores como o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HU), a falta de atualização profissional de alguns professores, como também de serviços, dificulta a aceitação do novo currículo por alguns alunos, principalmente aqueles que são iniciantes no curso e que chegam com a expectativa de apenas estudarem as matérias específicas de Medicina e não as humanísticas. “Um bom médico não é apenas formado a partir das cadeiras específicas do curso, como anatomia e fisiologia. É necessária também a formação ética e humana do profissional e as disciplinas humanísticas são fundamentais para o desenvolvimento mais humanizadodo estudante”, explicou. Existem seis turmas de Medicina em exercício na UFPB. A primeira turma adequada à nova grade curricular, de 2007.1, se formará em outubro de 2012. Eles terão, ao final do curso, quatro anos de formação teórica e dois anos de prática no Inter-
nato, totalizando seis anos de graduação, divididos em dois módulos estruturais, os horizontais, referentes às matérias de humanização, e os verticais, inerentes à técnica médica. Desde 2007, quando as disciplinas foram implantadas foi observado, por parte dos alunos, uma dificuldade em perceber se o novo conteúdo a ser estudado está sendo bem aproveitado e aplicado na prática. A primeira turma, fruto dessa mudança, vai concluir o curso no próximo ano, a coordenação de Medicina periodicamente organiza eventos avaliativos que abordam o novo modelo curricular. No dia 27 de outubro, foi realizado no HU um encontro avaliativo que durou o dia inteiro, com palestras e com discussões acerca das diretrizes curriculares em vigência. No local, foi reforçada a importância dessas avaliações. Os conteúdos aplicados foram analisados e a estrutura oferecida para as práticas do curso foi apresentada. Além das mudanças nas matérias, também foi pauta do encontro o aumento de carga horária e as atividades extras curriculares, às quais os alunos foram submetidos. Outro encontro avaliativo vai acontecer em dezembro, dessa vez será para tratar as questões referentes ao Internato. Diretamente ligada a essa discussão emblemática sobre a nova diretriz curricular, existe a resistência de uma parte dos alunos que acham importante as modificações curriculares, mas que definem como indevida a migração de parte da carga horária das matérias tradicionais do curso para as novas disciplinas humanísticas implantadas. “É plausível a ‘humanização da Medicina’, porque consolida a conduta médica. São importantes os dois anos de Internato e a visibilidade direcionada ao SUS. Porém acho errada a nova divisão das cargas horárias entre as dis-
ciplinas estabelecidas”, ratificou João Martins, de 23 anos, estudante do sétimo período de Medicina, referindo-se à relevância das disciplinas. Segundo Rafael Borges, de 18 anos, estudante do primeiro período de Medicina, as principais reivindicações dos estudantes são sobre a sobrecarga horária das novas disciplinas, que acabam ocupando o lugar de outras matérias que os alunos jugam mais importantes para a formação acadêmica. “Passamos dois dias praticamente estudando sociologia e antropologia, enquanto poderíamos utilizar esses horários para aprofundarmos os estudos acerca da histologia ou da genética. Não que eu julgue a ‘humanização da Medicina’ algo errado, mas deve haver considerações e um estudo profundo sobre o que podemos aplicar na realidade do Brasil”, complementou. Sobre a forma de assimilação dos conhecimentos pelos estudantes de Medicina é relevante ressaltar que há uma abrangente literatura que tematiza e direciona análises sobre a problemática da desumanização na prática médica. É interessante discutir a influência dos valores típicos de uma sociedade industrial na formação e na conduta profissional dos estudantes. O acúmulo de capital, a divisão de trabalho, o advento tecnológico entre outros fatores são vertentes que trazem consigo conceitos de objetividade, de frieza e de isolamento que, de certa forma, parecem ser um fenômeno relativamente comum, aliados à carga teórica intensa que afasta o estudante das questões essenciais para uma formação profissional mais humana, somente possível a partir do contato direto com os pacientes, e isto vai além do espaço institucional e transpõem a simples compreensão dos conteúdos.
Educação Popular é vista como meio de mudança de paradigmas Mariana Costa A Educação Popular é uma prática educativa não muito conhecida pela sociedade. É inovadora e participativa, orientada a partir da perspectiva da realização dos direitos do povo. Educação Participativa constitui-se quando o ensino é feito de maneira altruísta; a aprendizagem começa na relação do aluno com o mundo, aguçando seu pensamento crítico e político. Na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), existe o Grupo de Pesquisa em Extensão Popular (Extelar), que possui mais de 12 livros produzidos, ajudando estudantes e professores a entrarem nesse campo. Erenildo João Carlos, vice-coordenador e professor da Pós-Graduação em Educação (PPGE) da UFPB, afirma que a Educação Popular deve se alinhar com os interesses dos segmentos marginalizados da sociedade, procurando estabelecer uma ação coletiva consciente. “A Educação Popular pode ser realizada em qualquer lugar da sociedade civil ou do Esta-
do, desde que esteja voltada para o atendimento concreto das necessidades e interesses específicos dos marginalizados, excluídos, discriminados e explorados. As formas de realização dependem do lugar, dos objetivos fixados, dos sujeitos envolvidos e das estratégias possíveis”, complementa. Erenildo declara que uma universidade popular ainda é projeto que deve ser conquistado a longo prazo, por isso está sendo construída gradativamente a partir das ações daqueles que simpatizam e lutam por uma educação mais democrática. Segundo ele, “a universidade brasileira é tradicionalmente elitista e ‘não-popular’, embora seja pública. (...). Lamentavelmente, a cultura fisiológica e pessoalista, alimentada por uma concepção de universidade pautada na lógica de mercado, ainda é muito forte na mentalidade e nas ações cotidianas”. João Francisco de Melo Neto, mais conhecido como Zé Neto, é doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e trabalha na área da Edu-
cação Popular há vários anos, desenvolvendo projetos na UFPB, particularmente no campo da extensão universitária. No dia 30 de novembro, será lançado o livro “Diálogo em Educação – Platão, Habermas e Freire”, de sua autoria, no O VI Seminário sobre Educação e Movimentos Sociais, que ocorrerá no período de 30 de novembro a 2 de dezembro. O livro trata da educação através do diálogo, baseando-se nas teses de três grandes intelectuais: “O que está neste livro é exatamente o percurso filosófico de Platão, passando por Habermas, até Paulo Freire, como uma grande experiência, para se afrontar com a teoria formulada que tanto defendemos: a de que sem diálogo, não há educação”, explica. Segundo Zé Neto, a educação que temos atualmente ainda é muito autoritária, porque não há interação entre alunos e professores. “A Educação Popular tem suas metodologias próprias: fazer com que as pessoas participem. (...) Ela assume sua dimensão política, é uma espécie de ‘fa-
Professor Zé Neto, do Centro de Educação, lança livro sobre o tema no próximo dia 30 zedor de cabeças’ da sociedade dominante”, adiciona. A obra é um produto de uma tese do Concurso para Professor Titular, aceita pela UFPB, que defende a idéia de que o diálogo é um pressuposto para que haja educação, ou seja, educação sem o diálogo tem a capacidade de instruir, de treinar ou de formar pessoas, mas não de educar. A Educação Popular é um ideal que ainda precisa ser conquistado pela UFPB e pelas instituições de ensino brasileiras, apesar de ser um assunto debati-
do e trabalhado por alunos e professores engajados em projetos que envolvem essa prática. De acordo com Erenildo João Carlos, “a Educação Popular acumulou um legado de conhecimento e de experiência que pode contribuir na melhoria e na transformação da escola e do processo de escolarização.” Para que seja realizada, é necessário que alunos e professores entendam o que esse método significa verdadeiramente, sendo possível assumir um compromisso político que aborda a igualdade entre os diversos segmentos sociais.
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Reitoria dá sua versão sobre segurança Insatisfeita com matéria do Questão de Ordem sobre o tema, Administração Superior da UFPB apresenta seus argumentos Da Redação A Administração superior da Universidade Federal da Paraíba pediu direito de resposta para dar sua versão sobre o que foi trazido na matéria “Insegurança no Campus”, publicada nesta mesma página da edição anterior deste jornal. Mesmo tendo sido garantido, por ocasião da apuração dos dados para a reportagem, espaço para que a instituição se pronunciasse, acatou-se respeitosamente este pedido. Em nota enviada no dia 8 de novembro, a UFPB cita que o processo de expansão experimentado nos últimos cinco anos é uma das explicações para os desafios enfrentados hoje pelo setor de segurança na instituição. Ainda segundo a nota, “a instituição investiu na reforma do prédio que abriga a coordenação de vigilância, compra de equipamentos de segurança como motos, viatura e rádios para o quadro efetivo, aumentando a mobilidade e comunicação dos operadores de segurança, e mudança em toda a cerca de proteção da instituição, substituindo-a por uma mureta com ferros.” Ocorre que já havia sido relatado, na matéria, o efetivo existente, citando-se inclusive o número de viaturas e do pessoal à disposição. Quanto à infra-estrutura da coordenação de vigilância, o Questão de Ordem trouxe as críticas que se faz quanto a localização dessa sala, além dos equipamentos que estão sucateados e os operadores de segurança que não têm treinamento para manusear e manter os próprios equipamentos. Esta notícia precisava ser levada aos leitores. No pedido de direito de resposta, a instituição afirma ainda que “no período de 2005 a 2011 a UFPB mais que triplicou o quantitativo de postos terceirizados passando de 8 para 22 diurnos e 29 noturnos. Esse aumento de serviços terceirizados foi fundamental para melhorar a segurança da comunidade universitária.” Ao contrário do que quer parecer, este não é um ponto pacífico entre os que compõem a comunidade universitária. A matéria cita a existência desse pessoal terceirizado, constatando ainda que o que se gasta com esse contrato de terceirização é inferior ao que se destina à manutenção e limpeza, quando se compara ao serviço igualmente terceirizado. Existem relatos presentes na matéria que esta propalada “segurança da comunidade universitária” não esteja atendendo as necessidades, por exemplo, de quem mora na universi-
dade, uma vez que estes agentes terceirizados têm a prerrogativa de agir somente em defesa do patrimônio físico da instituição, segundo denúncias das próprias moradoras da residência universitária. Seguindo a nota, a UFPB cita como parte de sua política de segurança, a “implantação do serviço de vigilância eletrônica em pontos estratégicos da Universidade e melhoria do serviço de iluminação.” Mais uma vez, o que se coloca não condiz com que foi averiguado e consultado mediante entrevistas com os coordenadores responsáveis. O sistema de vigilância não serve para prevenir atos criminosos, uma vez que não há monitoramento, já que as câmeras apenas filmam e estas gravações possivelmente po-
A política institucional de segurança interna da UFPB apresenta resultados bastante favorávies dem vir a contribuir com a identificação do criminoso, mas não têm utilidade para que os guardas responsáveis ajam de maneira imediata, realizando a captura após o flagrante. Quanto à iluminação, essa é uma constante no quesito de reclamação envolvendo segurança na universidade. O jornal apenas deu voz a quem sente o medo suscitado pela consciência do perigo quando se anda por lugares escuros ou pouco iluminados. A universidade pronunciou-se ainda alegando que “com relação à segurança eletrônica e aos serviços de iluminação, devido ao alto grau de depreciação dos equipamentos, faz-se necessária constante manutenção. Nesse sentido, a administração superior já encomendou à Prefeitura Universitária um novo sistema de monitoramento de imagens, com mais câmaras e monitores, a serem operados pela Coordenação de Vigilância da instituição, bem como reposição de lâmpadas e de outros equipamentos relacionados á iluminação das vias públicas.” Ocorre que, na administração pública, demonstrar apenas que há projetos encomendados não
serve para amenizar uma condição de descontentamento pontual, algo que foi observado pela reportagem. Nesse caso, a justificativa dada, portanto, torna-se inócua principalmente por três motivos: esta administração está há quase oito anos à frente da UFPB, o sistema de monitoramento está há quase sete anos com graves problemas e o novo projeto sequer foi enviado às instâncias superiores para a devida aprovação. A nota assinada pela Chefia de Gabinete da Reitoria é ilustrada com um gráfico que explana uma redução de 30% dos casos de delitos registrados entre 2005 a novembro 2011. Segundo a instituição, isto demonstra “de forma inequívoca que a política institucional de segurança interna da UFPB apresenta resultados bastante favoráveis, com redução de todas as ocorrências, e confirmando tendência decrescente já iniciada desde 2008.” O Questão de Ordem afirma que procurou, junto aos responsáveis pelo setor de segurança da universidade, números e dados estatísticos para que pudéssemos agregar à matéria, mas não nos foi dada a autorização que a instituição mesmo cobrou. Ou seja, o jornal deu espaço amplo e irrestrito para que os responsáveis se pronunciassem em tempo hábil, mas eles não apresentaram justificativas, ou mesmo dados, para se contraporem à observação direta da sala de segurança sucateada e sem funcionários capacitados, segundo afirmativa do próprio coordenador de segurança, João de Deus, de que o problema estaria na falta de contratação de técnicos e treinamento do pessoal que opera o sistema. No pedido de direito de resposta, a instituição faz a ressalva de “que essa diminuição [no registro de delitos] ocorre a despeito do aumento do fluxo de pessoas no campus universitário (...) ocasionadas pelo projeto Reuni”. Se o Reuni é parte do problema, não afirmar que as verbas deste programa são, também, parte da solução para o setor de segurança é incorrer, no mínimo, em inconsistência. É possível afirmar isso porque é com parte do montante enviado pelo governo federal para o Reuni que a UFPB paga o serviço terceirizado de vigilância. A matéria não pretende escamotear que o grande fluxo de pessoas é um dos motivos de insegurança no Campus, mas, sim, mostrar a todos a visão da comunidade sobre o tema.
Infografias: David Fernandes
Argumentos e respostas Para demonstrar, contudo, que os índices de delitos cometidos no Campus I estão em ritmo decrescente na atual gestão, o que corrobora a afirmação do reitor Rômulo Polari, contida no ofício enviado a Secretaria de Segurança Pública, de que a universidade tem “desenvolvido ações preventivas que resultaram na queda significativa de ocorrência de violência”, veja-se o gráfico demonstrativo enviado pela Reitoria, assim como a realidade precária da sala da coordenação de segurança, flagrada em foto feita pela reportagem. s Continuamos e continuaremos sempre à disposição da Universidade Federal da Paraíba ou de qualquer pessoa que queira reclamar ou mostrar versões divergentes das apresentadas no jornal Questão de Ordem através do e-mail redação.qo@gmail.com. Foto: Giovanna Ismael
Constatação: sala do setor de segurança da Instituição e seus equipamentos insuficientes
SENSACIONALISMO MIDIÁTICO
Curso de Jornalismo da UFPB debate a questão Uane Junilhia Sensacionalista é o adjetivo atribuído a todas as práticas que se utilizam das emoções para supervalorizar expressões e fatos. Constantemente, esse adjetivo tem sido atribuído ao jornalismo, quando a linha editorial de alguns programas atinge um grau emocional intenso em detrimento da racionalidade e da razoabilidade. Diante da impotância dessa temática, uma Mesa Redonda sobre Jornalismo Sensacionalista foi organizada no dia 20 de outubro, no auditório da Reitoria da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
O Centro Acadêmico (CA) de Comunicação Social foi responsável pela organização do debate. De acordo com Luan Barbosa, membro do CA de Comunicação Social, “a idéia partiu da carência de conhecimento e de debate sobre jornalismo sensacionalista”, explicou. Na recepção aos que foram ao debate, estudantes que participam do “Coletivo Comjunto” protestaram treatralmente contra os programas policiais sensacionalistas, que consideram ser um “circo dos horrores”. Um deles encenava, em tom de crítica, alguns atos de violência, fazendo referências ao comportamento do
apresentador Samuka em seu programa. Ao conceder certo status ao criminoso, que tem seu rosto estampado na televisão, se apropria da condição de juiz e “justiceiro” do povo, transgredindo o papel de apresentador e incorporando a própria lei. Para o debate proposto na UFPB, mediado pela professora Agda Aquino, foram convidados os jornalistas Fábio Araújo, da TV Tambaú, Lauro Lima, da TV Clube, Jonas Batista, da TV Arapuan, Patrícia Rocha e Bruno Sakaue, da TV Cabo Branco, e o apresentador Samuka Duarte, da TV Correio, compuseram a mesa, que também contou ainda com a presença de
Alan de Seixas, representante do Sindicato dos Jornalistas. O debate foi acalorado e abordou questões como liberdade de imprensa, ética profissional, banalização da violência e o desrespeito às vítimas, às famílias das vítimas e à sociedade em geral. Em meio à discussão, o jornalista Fábio Araújo falou sobre o desrespeito com que alguns desses programas sensacionalistas tratam o cidadão e a sociedade: “Não é porque um programa é sensacionalista que ele deve agredir o telespectador. É necessário avaliar o modo pelo qual vamos passar essas notícias à população. Responsa-
bilidade e respeito são fundamentais.” Ele ainda enfatizou que “liberdade de imprensa não tem nada a ver com esculhambação”. O apresentador Samuka Duarte assumiu que se refere aos criminosos como “maleta”, “murrinha” e “infitete” e faz isso porque com suas palavras “Eu [Samuka Duarte] falo a linguagem do povo”. Alegou: “Eu mostro o que o povo quer ver.” Já a jornalista Patrícia Rocha destacou a responsabilidade que um apresentador de telejornal tem enquanto formador de opinião e falou: “mostrar o que as pessoas querem ver é entretenimento, jornalismo é outra coisa”.
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Cursos de pouca demanda sofrem influxo do mercado Bacharelado em Tradução, por exemplo, apresenta concorrência de menos de um aluno por vaga Pedro Alves Na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), além das constantes obras que se propõem à expansão física da instituição, é notável a criação de novos cursos na perspectiva de atender aos mercados emergentes. Apesar da criação de novas oportunidades para se obter um diploma de nível superior, diante do incentivo do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), os cursos, em tese, mais promissores no ponto de vista do mercado de trabalho, seguem concentrando um grande número de inscritos no vestibular da UFPB, enquanto outros cursos oferecidos não alcançam o número necessário para fechar uma turma. Criado em 2009, através da Resolução N° 32/2009, o curso de graduação de Bacharelado em Tradução, que faz parte do Departamento de Línguas Estrangeiras Modernas (Delem), tem a menor concorrência no processo de seleção para o ingresso na UFPB em 2012. Foram oferecidas para o ano que vem 35 vagas, mas apenas 24 pessoas se inscreveram para o curso no vestibular, produzindo uma concorrência de 0,7 alunos por vaga. Para coordenador do curso, Roberto Assis, o desconhecimento sobre o curso é o principal motivo para que a concorrência seja baixa. “O que pesa para que Tradução tenha uma baixa concorrência, hoje, é principalmente o desconhecimento da existência do curso pelo fato de ele ser novo e pouco divulgado. Também acredito que a exigência de que se tenha um domínio de língua estrangeira já no processo seletivo é outro aspecto que ajuda o curso a não ser muito procurado”, analisou o professor. O Bacharelado em Tradução, atu-
almente, possui três turmas. As duas primeiras foram as que sofreram maior número de desistência de alunos, já que para a seleção dessas turmas não houve provas específicas para demonstrar um domínio do candidato sobre alguma língua estrangeira, e os alunos, nas aulas, apresentavam bastantes dificuldades. Já no vestibular para o ingresso neste ano, a graduação em Tradução saiu do Processo Seletivo Seriado (PSS) e entrou no grupo do Processo Seletivo (PS), juntamente com Música, Artes Visuais e Teatro, que também são cursos de graduação que exigem do candidato um conhecimento prévio específico. Segundo a Resolução N° 33/2009, que aprovou o Projeto Político-Pedagógico do curso, o objetivo da graduação em Tradução é capacitar o aluno para a produção de textos em diversas línguas, bem como traduzir obras já existentes. O aluno também deve conhecer, através do curso, a literatura em língua portuguesa para que se possa estabelecer uma intertextualidade com a literatura universal. Ainda segundo a resolução, os campos de atuação são: tradução em geral ou Freelance; o exercício junto à editorias, instituições públicas ou privadas e indústriais; redação, pela produção ou revisão de textos; terminologia; pesquisa; magistério do ensino universitário na área de tradução. Ex-aluna da segunda turma do curso, Inara Rosas contou que se inscreveu no vestibular, tendo uma visão panorâmica do que era o curso e qual era o seu mercado de trabalho, mas por outro lado, segundo ela, os colegas de turma não tinham esse conhecimento. “Eu já tinha noção no que eu estava me metendo. Eu conheci um pessoal na França, quando estudei lá, que fazia tradução. Na Europa, você imagina que
Foto: Camila Bitencourt
Roberto Carlos, coordenador de Tradução seja bem útil, já que cada país fala uma língua. Mas, na minha turma, por exemplo, a maioria não tinha essa noção de mercado. A maioria fez tradução porque achou curioso, gostava de línguas ou até mesmo pela a baixa concorrência”, concluiu Inara. O mercado na Paraíba realmente é uma grande incógnita. Não há empresas específicas do ramo. Contudo, algumas necessidades de tradutores, sobretudo no meio acadêmico, já são pertinentes e comuns, respaldando a criação do curso na busca de atender a algumas demandas já recorrentes, pelo menos, no universo acadêmico. “Dentro da universidade, do meio acadêmico mesmo, já existe uma necessidade tremenda de tradução. Recebemos constantemente e-mails de pessoas, pedindo pra traduzir monografia, dissertação ou tese”, concluiu a ex-aluna, que desistiu
do curso, porque estava trabalhando e não conseguiu conciliar as atividades. Ela, assim como a maioria dos atuais alunos, já possuía alguma formação acadêmica. Se no Estado o mercado ainda não é tão perceptível, fora dele a situação já muda. Para o professor do curso, Daniel Alves, que é formado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o mercado para os futuros formados em Tradução não se restringe à tradução de documentos. “Comecei a trabalhar como tradutor assim como nossos alunos estão fazendo hoje em dia, traduzindo resumos acadêmicos e artigos dentro da Universidade. Normalmente, as pessoas acreditam que as oportunidades estão restritas ao ramo de tradução de livros, filmes e séries. Na verdade, os espaços para tradutores são muitos, mas precisam ser descobertos. Eu, por exemplo, trabalhei nos ramos de informática e de siderurgia em Minas Gerais”, contou o professor. Daniel Alves ainda traçou uma previsão de um segmento que pode gerar bons empregos para os tradutores, aqui na Paraíba. “Também vejo um espaço muito grande para profissão com o desenvolvimento do turismo. Aqui em João Pessoa, por exemplo, se você visita uma igreja do centro histórico não há informações para não-falantes do português. Também tem a questão do centro de convenções, que pode gerar mais empregos nesse ramo. Turismo de negócios tem muito espaço para tradutores”, finalizou Daniel. O segundo curso menos concorrido do vestibular deste ano foi Matemática Computacional, que está disponível para escolha pela primeira vez. A concorrência de 0,9 alunos por vaga fez com que essa graduação se juntasse à Tradução no aspecto de ter mais vagas oferecidas do que candidatos.
ENSINO SUPERIOR
Reuni passa a ser avaliado pela UFPB Yordan Cavalcanti
O Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), responsável pela ampliação das universidades públicas do Brasil, realizou, junto àComissão Própria de Avaliação (CPA), realizaram, nos dias 24 a 27 de outubro, no auditório do departamento de educação física, uma avaliação das implantações feitas pelo programa, nos últimos quatro anos na UFPB. Esse momento foi realizado por meio de uma oficina pedagógica, em que coordenadores, professores e alunos tiveram a oportunidade de expor suas opiniões sobre o andamento dos cursos. Os participantes formaram grupos de acordo com seus cursos e responderam a uma tabela com tópicos relativos à estrutura física, à produção intelectual e ao funcionamento dos cursos. foi eleito um representante do grupo para comentar sobre as respostas para todo público. Uma das principais reclamações foi a estrutura física. Muitos dos prédios destinados aos novos cursos
não foram terminados. Outro problema muito relatado foi a questão das ementas que, por serem novas, muitos professores acabam tendo dificuldades para segui-las. “Houve o caso em que o professor da cadeira de Física ensinou a disciplina como se os estudantes cursassem Física, sem um ensino prático para tecnólogos”, relatou Ana Luiza Braga, professora do curso de Tecnologia de Alimentos. O curso de Mídias Digitais foi apontado com grande repercussão. Os alunos dessa graduação fizeram um protesto reclamando o atraso da construção do prédio. Das manifestações, a que mais chamou atenção dos meios de comunicação foi um vídeo colocado no site Youtube, mostrando os estudantes cantando a paródia de uma música que pedia que o Reitor salvasse a construção. Mesmo com todos os problemas, Lays Amaro, que estuda Mídias Digitais, é otimista quanto à sua formação: “O curso nasceu agora, tem um futuro brilhante, mas, como tudo que é iniciado, tem que ter dificuldades. Não temos uma ótima estrtura, mas temos uma galera engajada em
querer o crescimento dela”, afirmou. Apesar das críticas negativas, muitos pontos positivos também foram levantados, como a empolgação dos professores e a relação do corpo discente com as suas respectivas coordenações. A professora Ana Luiza Braga, em entrevista, mostrou-se muito satisfeita com o evento. Ela acha muito importante essa preocupação que o Reuni teve em procurar saber como estão funcionando os cursos. “Fiquei muito feliz de ver que tem um grupo que está caminhando na mesma direção, se fala muito do ensino público em termos de organização, mas esse evento prova justamente o contrário”, afirmou. O Reuni faz parte do Plano Nacional de Educação (PNE) tem como metas melhorar e ampliar as condições de ensino superior no Brasil, e, assim,diminuir as desigualdades sociais no país. Na UFPB, foram criados mais de 30 cursos e foram abertas cerca de 930 vagas até o ano passado. Na UFPB, o Reuni é coordenado pela professora Uyguaciara Veloso, que se mostrou feliz com os resul-
tados da avaliação. “Foi positivo. Tivemos uma ampla participação em todas as sessões. Nenhum curso ficou sem representação, o que contribui muito com a avaliação qualitativa”, afirmou. Ela também falou sobre processo avaliativo para a UFPB. “Esse foi o primeiro momento de outros que irão acontecer. Nessa parte, fizemos uma coleta de dados qualitativos e quantitativos. Depois faremos várias reuniões por centro dentro da própria equipe, e, assim, geraremos metas, ajustes e reajustes no projeto como um todo. Todo processo exige uma avaliação. Essa está sendo construída na UFPB como uma cultura que vai perdurar por muitos anos”. A professora também elogiou a ampla participação dos estudantes. Ana Renally, estudante de Tecnologia de Alimentos, acompanhou a discussão. “A reunião foi muito importante. Nós pudemos expor os defeitos e as virtudes do nosso curso, na intenção de melhorar. Com isso, a gente só tem a ganhar, pois gerou uma expectativa boa para que os problemas sejam solucionados, mesmo que demorem, comentou.
B R E V E S É campeão O João Pessoa Espectros e o Recife Mariners se enfrentaram na decisão final da Liga Nordestina de Futebol Americano (Linefa), no domingo, 16 de novembro. A partida reuniu 653 torcedores no Estádio da Graça às 16h00, em João Pessoa. O time pessoense venceu por 34 a 02, garantindo a invencibilidade. O Espectros ganhou as três categorias de premiação da competição: melhor jogador ofensivo, melhor jogador defensivo e melhor atleta sub19. Rodrigo Dantas, aluno de Ciências da Computação, venceu a categoria de melhor jogador sub19. O Espectros é, portanto, o 1º campeão do Estado, no futebol americano.
Venceu também A equipe do Projeto Baja venceu a competição que reuniu as equipes da Sociedade de Engenheiros de Mobilidade (Society of Automotive Engineers - SAE) do Norte e do Nordesde do Brasil. O evento aconteceu entre os dias 4 e 6 de novembro, em Camaçari na Bahia. A equipe da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), composta por estudantes do curso de Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção, alcançou o primeiro lugar nas categorias: Timming, Melhor Projeto, Melhor Aceleração/Velocidade e Melhor enduro de Resistência.
err a m o s Insegurança O jornal Questão de Ordem inverteu equivocadamente a fala do coordenador de segurança, João de Deus, com a do também coordenador, mas de infra-estrutura da prefeitura universitária, Roberto Ribeiro. Na verdade, quem problematizou a falta de manutenção no sistema de vigilância, as telas usadas que são inadequadas e o problema de localização da sala de segurança foi João de Deus, e não Roberto Ribeiro.
Insegurança II
Na chamada de capa, foi utilizado o termo “suposta ocorrência” para se referir a um caso de estupro denunciado na delegacia da mulher, em João Pessoa. Esse espaço, na verdade, é para pedir desculpas a quem possa ter se sentido constrangido ou mesmo ofendido, em especial a vítima e a sua família, pelo termo colocar em dúvida o caso, que está sendo investigado.
Impressão
Alguns erros de grafia presentes na edição anterior deste jornal devem ser creditados a falhas da gráfica “A União – Superintendência de Imprensa e Editora.s”
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Julgamento simulado do Estado
Estudantes de Direito da UFPB fazem júri popular e põem em pauta quatro crimes de desobediência aos direitos humanos Nayanna Sabiá
No Brasil, com a Carta Magna de 1988, amplos direitos foram afirmados, em um país que garantiu a igualdade de todos perante a lei. Ampliando a perspectiva análitica para o âmbito prático, nem sempre o Estado cumpre seu papel, sendo por vezes, responsável por violações de Direitos Humanos, seja por ação ou por omissão, em nome do desenvolvimento e do progresso. Com o objetivo de conscientizar a população acerca da negligência do Estado, os movimentos sociais, os coletivos e os sindicatos, que lutam pelo direito à terra, criaram o Tribunal Popular da Terra. Essa atividade, iniciada em 2008, em São Paulo, foi ampliada nacionalmente, com o objetivo de levar aos estados com altos índices de violação de Direitos Humanos, a discussão sobre o tema. Na Paraíba, a iniciativa dos movimentos sociais foi recepcionada pela Faculdade de Direito de Santa Rita que, diante da tradição dos estudos sobre Direitos Humanos, aglutinou esforços de estudantes e de professores, que atuam nos grupos de pesquisa e extensão sobre a temática, para realizar essa atividade pela primeira vez no estado. No dia 25 de outubro, no auditório da Faculdade, localizado no centro da cidade, o mecanismo simbólico do júri popular colocou o Estado no banco dos réus. Escolhidos por movimentos sociais, os quatro
casos de violações de Direitos Humanos foram julgados, sob os olhares atentos de aproximadamente 100 expectadores. O movimento dos trabalhadores rurais, vinculado à Comissão Pastoral da Terra, indicou para julgamento o desaparecimento do trabalhador rural Almir Muniz. O caso do suposto assassinato de Almir por milícias armadas, envolvendo membros do Estado, em 2002, ainda não obteve veredito no Judiciário. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) apontou outro caso de violação, com a construção da Barragem de Acauã, que desalojou aproximadamente 4.000 pessoas, que vivem hoje de cestas básicas. O terceiro caso foi trazido pelos movimentos indígenas. Eles acusam o Estado da não promoção de demarcação da terra potiguara de Monte-Mor, nas cidades de Marcação e Rio Tinto, uma vez que essas áreas estão sendo tomadas por usinas e, os líderes indígenas estam sendo ameaçados de morte. O quatro e último caso foi trazido pelo movimento quilombola que também acusa o Estado pela falta de reconhecimento e de demarcação da comunidade quilombola de Paratibe, já que essa área sofre frequentes interferências dos fazendeiros, dos granjeiros e da especulação imboliária, oriunda do crescimento urbano de João Pessoa. Osvaldo Bernardo da Silva, membro do MAB, reportou o pro-
COMUNICAÇÃO E ARTES
Consuni cria o CCTA na UFPB Gustavo Peixoto Com o processo de reestruturação acadêmica na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o Conselho Universitário (Consuni), em reunião no dia 27 de outubro, aprovou a criação do novo Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA) na instituição, que abriga 12 cursos de graduação, dois cursos de pós-graduação e cinco departamentos. Em seus principais aspectos, a criação do novo centro na UFPB contribuirá para a reorganização institucional e para o fortalecimento administrativo e acadêmico das áreas em questão. Com esta decisão, a universidade passará, então, a ter 13 centros de ensino no Campus I. A proposta foi conduzida ao Consuni pelo diretor do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA), professor Ariosvaldo Diniz, e aprovada, em unanimidade, por toda a comissão responsável pelo projeto. O professor e chefe do Departamento de Comunicação e Turismo (Decomtur) da universidade, João de Lima Gomes, em entrevista ao Questão de Ordem, explicou que, no tocante às implicações financeiras e acadêmicas, a criação do novo centro irá resultar em benefícios e em maior autonomia para todos os departamentos integran-
tes do projeto, bem como colaborará para a reestruturação dos representantes no conselho, contribuindo, assim, para a diminuição de cerca de 50 integrantes para aproximadamente 30, o que implica em reuniões e em assembléias mais objetivas e melhor administradas. “Irá nos beneficiar em questões administrativas e acadêmicas. A gente poderá administrar o dinheiro como quiser,” explica o professor. Importância João de Lima também ressalta a importância das atribuições, decorrentes da fundação do novo centro e o seu desvínculo com o CCHLA, para a comunidade dos graduandos, que poderá usufruir dos benefícios cedidos pela universidade sem mais burocracias. A exemplo disso, o professor aponta que o curso de Turismo, que necessita de freqüentes aulas externas, bem como do meio de transporte, desfrutará, a partir de agora, da possibilidade de um ônibus próprio para suas aulas de campo. O professor ainda explicita um sentimento de realização pelo fato de haver, de hoje em diante, uma maior independência para os cursos de Comunicação Social, Turismo e Artes, que há muito almejam e batalham pela sua autonomia no campus: “A gente quer um canto só nosso, sem nenhum penetra.”
Foto: Thaís Garcia
Osvaldo Bernardo da Silva, membro do Movimento dos Atingidos por Barragens blema da construção da barragem de Acauã. Ele alegou que foi enganado antes da construção, uma vez que prometeram um melhoraria de vida, porém as mais de 1.000 famílias foram realocadas para terras improdutivas, criando verdadeiras favelas rurais, pois era exatamente a agricultura familiar a principal fonte de renda desses trabalhadores. “Veja como o Estado é perverso, para uma obra, eles (os políticos) fazem um decreto e vira utilidade pública, mas pra reassentar as
famílias, o Estado não quer fazer isso. Olha que contradição, cadê o interesse social? O Estado é omisso e sabe desse problema.”, protesta Osvaldo. O professor de Direito Eduardo Fernandes é um dos organizadores do Tribunal Popular da Terra. Ele vê com bons olhos essa iniciativa, uma vez que os alunos entram em contato com situações concretas, representando uma aula de realidade com menção à parte teórica de compreender o que é, de fato, o
Estado e quais são as suas funções. Segundo o professor, o objetivo do projeto é aproximar e sensibilizar as pessoas em relação a essas questões. “A gente que vive em um contexto urbanístico, parece que tudo gira em torno da cidade, e os problemas rurais ganham uma dimensão muito menor do que realmente é. Para os estudantes, que são, em geral, urbanóides, esses temas são difíceis de aproximar, principalmente porque há um proconceito estabelecido pela mídia oficial que coloca esses movimentos e esses grupos como criminosos, então os próprios estudantes ficam receosos. A intenção é quebrar um pouco essa barreira”, esclareceu o professor. O interessante de tal exercício é ouvir das vítimas as conseqüências de cada violação. O mediador do Tribunal Popular foi o também professor Hugo Belarmino, Mestre em Direitos Humanos. Em todos os casos julgados, o Estado foi condenado, por unanimidade, pelos crimes envolvendo a falta de políticas públicas que garantam o direito da terra, da água e da moradia, além da omissão pela não demarcação de terras indígenas, sendo, portanto, considerado no veredicto desumano, degradante e injusto. O resultado de todas as atividades simuladas, que estão sendo aplicadas em 20 estados brasileiros, será agregado à atividade final do Tribunal Popular da Terra, entre os dias 7 e 10 de dezembro, deste ano, em São Paulo, no Sacolão das Artes, Zona Sul.
Coleta solidária para o lixo do Campus I Foto: Cairé Andrade
Ítalo di Lucena Diariamente, o Campus I da Universidade Federal da Paraíba produz em média 1,7 tonelada de resíduos sólidos. Ao longo de um mês, são 35 toneladas. Pensando nisso, a universidade deu início, em março desse ano, à campanha “Coleta Seletiva Solidária”. Segundo a Comissão de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Prefeitura Universitária da UFPB, 28% desse lixo é reciclável. Segundo Joácio Morais Júnior, presidente da Comissão, a “Coleta Solidária”, inicialmente, está sendo implementada no campus I da UFPB, em João Pessoa, depois se estenderá aos outros campi em Areia, Bananeiras e no Litoral Norte (Rio Tinto e Mamanguape). Ele ainda falou que a proposta da campanha é conscientizar a comunidade acadêmica sobre a responsabilidade que cada um
tem na produção do lixo e convidá-la a ser agente dessa ação socioambiental. Entre as vantagens que campanhas como essa trazem, podemos destacar: diminuir a poluição do solo, do ar e da água; diminuir a exploração de recursos naturais; reduzir custos de produção industrial, com o aproveitamento de materiais recicláveis; e possibilitar a reciclagem de materiais que iriam ao lixo. O início da campanha contou com a distribuição de 22 contêineres, de mil litros, e 107 coletores, de sessenta litros cada, espalhados por pontos fixos no Centro de Tecnologia (CT), no Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN) e no Centro de Ciências Naturais (CCS). Aos poucos toda a UFPB está recebendo os materiais da “Coleta Seletiva Solidária”. Alguns alunos da universidade se mostraram satisfeitos com
a iniciativa. “Estou muito feliz por ver que a UFPB está, cada vez mais, se preocupando com o meio ambiente. Acho que essa campanha deveria se estender a todos os cursos e a todos os campi”, foi o que disse Danna Marissa, aluna de Arquitetura, curso localizado no Centro de Tecnologia e beneficiado pela campanha. Luciana Nobre, aluna de Jornalismo, lamentou que a coleta seletiva ainda não tenha chegado ao Departamento de Comunicação: “Infelizmente esse tipo de ação não é estendida para todos os centros... todos os departamentos. Eu tenho certeza de que todo mundo vai querer participar dessa campanha.” Giannina Grisi estuda Mídias Digitais e falou sobre o assunto. Ela, que já fez muitas viagens ao exterior, diz que essa campanha deveria ser feita dentro e fora das universidades, assim como em alguns lugares da Europa e Ásia por onde andou. “Seria mais fácil conscientizar os universitários se desde criança nós já vivêssemos essa realidade de colaborar com a limpeza e a manutenção do meio ambiente.” O projeto “Coleta Seletiva Solidária” foi criado devido a uma determinação do Governo Federal de que todas as instituições federais devem fazer a seleção do lixo e doá-lo para alguma cooperativa apta a fazer a reciclagem. Por semana, a meta de recolhimento de lixo reciclável é de 2,45 toneladas. Por mês, são 9,8 toneladas. Anualmente, a UFPB prevê reciclar 107,8 toneladas do material.
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esporte
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UFPB volta das Olimpíadas Universitárias com maus resultados Equipes de várias modalidades se esforçaram diante das dificuldades mas não conseguiram nível de competitividade Daniel Peixoto O Brasil será o primeiro país sul-americano a receber os Jogos Olímpicos. A conquista de sediar as Olimpíadas de 2016 implica inevitavelmente na necessidade de aumentar os investimentos no esporte, bem como incentivar a revelação de atletas capazes de disputar competições internacionais em nome do país. O Comitê Olímpico (COB) em parceria com o Ministério do Esporte e com a Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU) enxergou nas Olimpíadas Universitárias o meio de inclusão social e de resgate da importância da prática esportiva entre os universitários, garantindo espaço propício para revelar talentos. Anualmente, atletas entre 18 e 24 anos, participam das Olimpíadas Universitárias, campeonato que reúne estudantes universitários de todo o Brasil em etapa estadual e nacional. Desde 2005, em substituição de nomenclatura aos Jogos Universitários Brasileiros (JUBS), as Olimpíadas Universitárias ganharam maior notoriedade. As etapas estapas estaduais são organizadas pelas Federações Universitárias de cada estado e funcionam como seletivas para o a etapa nacional. Nas classificatórias estaduais, são determinadas quais universidades representarão seu estado de origem em cada uma das modalidades. Neste ano, a etapa nacional das Olimpíadas Universitárias ocorreu entre os dias 4 e 13 deste mês, na cidade de Campinas, no interior de São Paulo. De acordo com o regulamento, somente os alunos regular-
mente matriculados em Instituições de Ensino Superior reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC), sejam elas públicas ou privadas. Os recursos da Lei Agnelo/Piva são utilizados para a realização da etapa nacional. Essa Lei estabelece que 2% da errecadação bruta de todas as loterias federais do país sejam repassados ao COB e ao Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB). Nas regras das olimpíadas, o compeonato é ramificado em duas divisões: a de acesso, uma espécie de segunda divisão; e a especial, ou de elite. A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) participou das Olimpíadas. Nos esportes individuais a UFPB teve representantes no atletismo, natação, judô e no xadrez. Nos esportes coletivos, a seleção de futsal feminino garantiu a classificação para a etapa nacional, quando venceu a etapa estadual contra a Faculdade Maurício de Nassau. Uma das principais atletas da equipe, a estudante do 6º período de Administração de Empresas, Erys Martins, é treinada pela educadora física Gabriela. Erys se mostrou uma apaixonada por esportes. Em sua trajetória esportiva, já passou pela equipe feminina de futebol de campo do Botafogo-PB. Quando perguntada qual era a expectativa, uma vez que iam jogar a divisão de acesso em Campinas, a atleta se mostrou confiante, mas com o pé no chão: “Acreditamos na vitória sim. Montamos uma equipe bem melhor do que a do ano passado e vencemos bem aqui na Paraíba. Só que subir pra especial é muito complicado, temos que saber o nível das outras equipes que sempre vêem bem preparadas”.
Fotos: Herbert Clemente
Atlatas do Handebol treinam muito para representar a UFPB, mas as condições atuais de trabalho não permitem ainda bons resultados O otimismo de Erys não se fez prevalecer em Campinas. As Meninas não conseguiram os pontos necessários para levar a equipe à segunda fase, onde são disputadas as semifinais. No geral, a equipe terminou em sétimo lugar, no total de 8 equipes. A realidade da equipe masculina de futsal, já não é a mesma. Sob o comando de Eduardo Amaral, não se saíram bem na seletiva estadual que contava com as equipes da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas (Facisa), Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Faculdades Integradas de Patos (Fip) e a Maurício de Nassau
que foi o carrasco da UFPB na disputa final. A UFPB também foi representada em outras modalidades, como o handebol feminino e o vôlei feminino e masculino. Essas equipes tiveram, como principal objetivo, a difícil tarefa de conseguir o acesso à divisão especial. Segundo os próprios treinadores, o título estava fora da realidade destas equipes, a meta, então, era conseguir melhorar a posição obtida na edição passada das Olimpíadas Universitárias. A equipe feminina do handebol teve um desempenho abaixo do esperado, quando perdeu as duas primeiras partidas, excluindo as chances de classificação para as semifinais. No
vôlei feminino, após duas vitórias, sendo a segunda sobre a Universidade Federal do Pará (UFPA) na segunda partida, as garotas da UFPB marcaram seu nome na segunda fase. Na partida decisiva as meninas perderam para a Faculdade Pitágoras, do estado do Maranhão encerrando a participação nas Olimpíadas. Já a equipe masculina, não teve a capacidade de sair vitorioso da primeira fase, terminando em sexto lugar da divisão de acesso. No judô, Rimídia Oliveira Nogueira perdeu na disputa do bronze e terminou em quinto, já que no judô não existe o quarto colocado. O treinador da equipe paraibana considerou o resultado acima das expectativas.
ESPERANÇA
Instituição melhora instalações esportivas Filipe Assunção Apesar do visível atraso nas obras, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e o Departamento de Educação Física continuam o processo de modernização e de construção de novas estruturas esportivas. Entre as melhorias que estão sendo feitas destacam-se a construção de um ginásio de menor porte para artes marciais olímpicas, melhorias no ginásio esportivo e o investimento em diversos outros esportes. O atletismo será um dos esportes mais beneficiados com as mudanças que estão ocorrendo em todo o complexo esportivo da UFPB. O atletismo, considerado o esporte base, nascido na Grécia Antiga, é composto de provas de pista, correspondente às corridas; de provas de campo, a exemplo de saltos e de lançamentos; de provas que combinam a pista e o campo, como decatlo e heptatlo; de pedestranismo, com as corridas de rua e as maratonas; e de marcha atlética. Apesar de ser um esporte com apoio limitado aos seus adeptos, o atletismo brasileiro está revelando atletas de alto nível e conquistando resultados expressivos para o nosso país em competições importantes. Todos esses fatores incentivaram nos-
Trabalhos de recuperação da pista de atletismo do complexo esportivo à disposição do Departamento de Educação Física do Campus I sa instituição a investir no esporte. As obras do novo complexo de atletismo da UFPB estão atrasadas, mas a projeção é que o complexo esteja pronto no próximo ano. Além de melhorar a prática do atletismo, a maior diferença será sentida nas provas de velocidade, pois a pista terá um piso especial, importado da Holanda, que é o melhor material para pistas de atletismo. A expectativa é que o atletismo na UFPB cresça muito com a nova pista que está sendo construída. O complexo para o atletismo atende-
rá a padrões de exigências internacionais, possuirá arquibancadas, vestiários, ótima iluminação e toda estrutura necessária aos competidores. As dimensões oficiais de uma pista de atletismo são definidas e detalhadas no regulamento de competições da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF). A recomendação é que a pista tenha piso sintético e oito raias. Para a pista ser reconhecida oficialmente, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), responsável pelo esporte do país, pre-
cisa conceder um Certificado de Aprovação da IAAF. As competições internacionais são permitidas às pistas que possuem tanto a aprovação da AIAAF quanto a qualificação de Classe 1 ou Classe 2. Segundo o coordenador do curso de Educação Física, Idebaldo Grisi, a pista terá padrão olímpico e será uma das melhores da América do Sul. “Poderemos sediar competições internacionais. Esse novo complexo beneficiará todos da universidade”, declarou Grisi. Apesar das melhorias, a realida-
de do atletismo em nossa universidade nem sempre foi boa. Com mais de 25 anos, o antigo complexo possuía uma pista de baixa qualidade e pouca estrutura para os atletas. Um dos que fizeram parte dessa triste pagina do nosso esporte foi o treinador de atletismo, Pedro de Almeida. Conhecido como Pedrinho, o professor é um dos mais gabaritados profissionais na área do atletismo em nosso país e nos contou que apesar das limitações do antigo complexo, ele conseguiu impulsionar a prática do esporte. “As condições não eram boas. Mas revelamos atletas como Jailma Sales que participou agora dos Jogos Pan-Americanos e o velocista Basílio Emílio de Morais Júnior”, destacou o técnico. Especializado em corridas, o treinador de atletismo, Pedro de Almeida, também ressaltou os avanços que o novo complexo pode proporcionar. “Será de fundamental importância para a revelação de atletas e quebra de recordes”, frisou Pedrinho. Com as melhorias e a construção de novas estruturas para o esporte na nossa universidade, é esperado que novos atletas sejam revelados e as condições de treinos melhorem, não só no atletismo, mas nos outros esportes que se beneficiarão com as mudanças que estão sendo feitas.
saúde
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Governo Federal pensa em alterar gestão dos hospitais universitários Projeto de lei que cria empresa para gerir essas instituições já tramita no Congresso Nacional e preocupa professores e alunos Larissa Pereira O Projeto de Lei 1749/2011 (PL 1749/2011) de autoria da Presidente da República Dilma Rousseff prevê autorização do Governo Federal para criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares S.A. (Ebserh), empresa estatal, destinada à gestão dos hospitais universitários federais. O projeto, que tramita em regime de urgência, foi enviado pelo Governo Dilma ao Congresso para substituir a Medida Provisória 520/2010 (MP 520/2010), que possui o mesmo objetivo, mas não conseguiu aprovação no Senado. As medidas provisórias se diferenciam dos projetos de lei, mas disputam as votações na Câmara e no Senado e exigem 2/3 dos votos para serem aprovadas. Os projetos de lei são de autoria de senadores, deputados e do próprio Supremo Tribunal Federal (STF). Somente entram em vigor, depois da aprovação da Câmara e do Senado e do recolhimento de 1% de assinaturas do eleitorado nacional. O problema é que a quantidade de projetos de lei é superior à capacidade que as casas possuem de analisá-los e discuti-los, por isso grande parte desses projetos entram em estagnação. Já as medidas provisórias só podem ser propostas pela Presidência da República. Possuem caráter imediato, quando chegam ao Congresso, as outras pautas são suspensas para priorizar as medidas provisórias, contudo entram em vigor quando publicadas pelo Executivo, mesmo que não haja previamente a análise do Congresso. O texto do PL 1749/2011 prevê que a Ebserh respeitará o princípio da autonomia universitária ao administrar os hospitais universitários federais. A oposição ao projeto teme que
Fotos: Cairé Andrade
O HU da UFPB é um dos hospitais mais importantes do Estado e teria sua estrutura admnistrativa e funções redefinidas com a novidade a empresa siga as normas de direito privado e ainda facilite a terceirização da mão-de-obra nos hospitais universitários, que passariam a ser administrados sob a ótica mercadológica, não mais educativa com função social. Ainda para as entidades críticas ao PL 1749/2011, essa inversão de valores, vislumbrada pela criação da Ebserh, coloca em sério risco a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão praticadas nessas unidades, além de comprometer os serviços oferecidos nos hospitais universitários, através do Sistema Único de Saúde (SUS), que são fundamentais para grande parte da população brasileira. Se o projeto for aprovado, o Hospital Universitário Lauro Wanderlei (HU), localizado no Campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), na capital João Pessoa, também terá nova administração.
Opinião O superintendente do Hospital Universitário Lauro Wanderley, João Batista e a diretora do Centro de Ciências da Saúde (CCS) Margareth Diniz foram procurados pela equipe do Questão do Ordem para falar sobre o assunto por e-mail, telefone e pessoalmente mas eles não responderam a nenhuma das tentativas. O aluno de medicina do sexto período da UFPB, Normando Guedes, não concorda com a criação da empresa por considerar o PL 1749/2011 falho e cheio de lacunas, além de abrir margem para escolha de diretores por critérios políticos que podem prejudicar o funcionamento do hospital. Como aluno teme que sejam extintos os laboratórios de prática e a residência. “Os novos gestores podem não estar interessados na prá-
tica dos estudantes dentro do HU, o que comprometeria nossa formação”, acrescentou. Mesmo assim, concorda que é preciso promover melhorias no hospital de João Pessoa que, segundo Normando, passa por dificuldades estruturais. Karla Gonçalves, estudante do curso Técnico em Enfermagem da instituição é bolsista de um programa de extensão no HU. “Recebo R$ 250 por mês, dinheiro que auxilia as despesas com o curso. Tenho medo que essa mudança na gestão acabe com projetos como esse”, declarou. O superintendente do HU, João Batista, e a diretora do Centro de Ciências da Saúde (CCS), Margareth Diniz, foram procurados pela equipe do Questão do Ordem para falar sobre o assunto por e-mail, por telefone e pessoalmente, mas eles não responderam a nenhuma das tentativas.
Usuários O filho de seis meses da cabeleireira Janaína Simão é cardiopata. Ela mora em Guarabira, no brejo paraibano, e viaja duas horas em um microônibus da prefeitura da cidade pelo menos uma vez por mês para seu filho receber atendimento. “Se essa empresa não melhorar nada e parar de atender pessoas de fora de João Pessoa, a quem vamos pedir socorro?”, questionou. Ana Caroline Alves é estudante do curso Técnico em Enfermagem do Campus I e também é usuária dos serviços do HU. Ela disse que antecipou uma cirurgia dentária com medo que a mudança fosse aprovada e que ela perdesse o direito de fazer o procedimento. “Uma funcionária do hospital disse para me apressar antes que a instituição fosse privatizada e eu não conseguisse mais fazer a cirurgia”, revelou. Histórico O PL 1749/2011 foi encaminhado ao Congresso, em caráter de urgência, pela presidente Dilma Rousseff em substituição a Medida Provisória 520/2010. A atitude foi considerada, pelos contrários à criação da Ebserh, uma retaliação do governo, após a derrota amargada com a queda da MP 520/2010. A MP 520/2010 foi assinada pelo então presidente Luis Inácio Lula da Silva, no final de seu mandato, no dia 31 de dezembro. Após ser aprovada na Câmara, apesar da grande pressão do movimento sindical para que os deputados vetassem a proposta, a MP 520/2010 acabou perdendo validade, quando estava em debate no Senado e não chegou a ser votada pelos senadores.
MÉTODOS CONTRACEPTIVOS
Pesquisa aponta desconhecimento dos alunos Uane Junilhia
Os métodos de contracepção são técnicas que podem ser utilizadas por homens e por mulheres para evitar gravidez e doenças sexualmente transmissíveis (DST). Em um estudo realizado por estudantes de Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em duas escolas públicas de João Pessoa apontou que 80% dos alunos entrevistados não conhecem os métodos contraceptivos. A pesquisa faz parte do projeto de extensão da UFPB nomeado “Incentivando Adolescentes para o Desenvolvimento de uma Sexualidade Saudável em Escolas Públicas de Nível Fundamental de João Pessoa”, comandado pela médica e professora Gilka Paiva. As produções desse grupo foram apresentadas na Semana da Ciência, Tecnologia, Arte e Cultura da UFPB. A pesquisa feita foi dividida em etapas: um primeiro questionário avaliativo, que refletia a quantidade de informações que os alunos tinham antes de receberem o apoio do grupo; aulas de capacitação e discussão sobre os anticoncepcionais, orientações; e, por fim, um outro questio-
nário avaliativo que analisou a preparação dos alunos após receber instruções. Essa pesquisa de campo foi aplicada com o total de 570 alunos com idades entre 11 e 19 anos, período estário considerado pertencente à adolescência pela Organização Mundial da Saúde. Essa faixa estária foi escolhida com o objetivo de conscientizar o início da vida sexual dos alunos, capacitando-os a optar pelo contraceptivo mais adequado quando chegar a hora da iniciação sexual. A contracepção pode ser realizada através dos métodos de barreira (camisinha masculina, camisinha feminina, diafragma e espermicida); dos métodos hormonais (pílula, adesivo, injeção, implantes subcutâneos) e dos Dispositivos Intra-uterinos – DIU. O uso de métodos contraceptivos previne a contração de DST, que são doenças infecciosas transmitidas prioritariamente através do contato íntimo com a pessoa infectada, durante o ato sexual. Comumente, costuma-se pensar que a doença é transmitida somente em contato com a área das genitais, porém uma portadora grávida também pode transmitir doenças para o filho através do parto, uma vez
que as doenças venéreas atingem o canal vaginal, o útero e outros órgãos internos. A aluna Renata Vieira, do 7º período de medicina UFPB é integrante do grupo de extensão. Segundo ela, “os extensionistas participam de reuniões para orientação e discussão sobre as atividades desenvolvidas na escola e têm acesso ao ambulatório de orientação sexual e contraceptiva para os adolescentes da escola participante. No ambulatório, é oferecido atendimento ginecológico e métodos contraceptivos aos adolescentes sexualmente ativos”. Iniciação Os dados dos questionários apontaram que 21,1% dos jovens dizem ter iniciado a vida sexual. Desses, 45% não usaram métodos anticonceptivos, 45% usaram apenas camisinha, 3,3% usaram contraceptivo hormonal e apenas 2,3% fizeram uso da dupla proteção, ou seja, utilizam camisinha e contraceptivo hormonal. Esse quadro de porcentagem é recorrente em comunidades, onde a informação ainda é insuficiente. Da precariedade de acesso aos métodos contraceptivos surgem histó-
Fotos: Thaís Garcia
Negligência: métodos, medicamentos e preservativos úteis nem sempre são utilizados rias como a de Gabriela Soares de Melo que aguardava uma consulta na clínica de ginecologia do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HU). Ela teve o seu primeiro filho com 14 anos: “Na época eu não tive orientação suficiente, se tivesse não tinha engravidado, eu era muito nova”. Aos 19 anos, Gabriela deu à luz ao seu segundo filho e hoje, aos 23 anos, revela que não planejou, mas “por acidente” engravi-
dou do terceiro, a pequena Sofia de apenas um mês. O uso correto de contraceptivos auxilia no planejamento familiar e no controle da natalidade de um país. O leitor, interessado em temas sobre sexualidade, sobre DST e sobre contracepção, além de curiosidades e de dúvidas frequentes, pode acompanhar as pesquisas do projeto de extensão da professora Gilka Paiva, no blog tonessajp.blogspot.com.
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saúde
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 21 A 30 DE NOVEMBRO DE 2011 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
HU trata casos de fissuras labiais Foco do atendimento é para as crianças e com um viés multidisciplinar oferece tratamento via Sistema Único de Saúde - SUS Mariana Costa As estatísticas sobre a incidência de casos de crianças com fissura nos lábios é de uma para cada grupo de 650 nascimentos. Para homenagear esses pacientes, o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HU) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) criou o Dia do Paciente Fissurado, em 20 de outubro. O evento deste ano contou com a presença de profissionais da saúde, de pacientes do Núcleo de Fissuras Labiopalatinas e de seus familiares. Houve apresentações de palhaços, exibições de vídeos sobre o tema e outras atividades. O HU mantém uma parceria com o hospital infantil Arlinda Marques e é uma referência no Estado, já que é o único, na Paraíba, que oferece um tratamento multidisciplinar, através do Sistema Único de Saúde (SUS), para pacientes que possuem
labioleporino, uma abertura no lábio superior, e fissura palatina, uma abertura no céu da boca. A formação do labioleporino e da fissura palatina acontece na fase inicial da gravidez. A má formação do feto é provocada pela ingestão de certos medicamentos, pelo estresse, pelas infecções, ente outros fatores, a exemplo da hereditariedade, que está presente em 40% das ocorrências, já que esses defeitos congênitos não são necessariamente herdados geneticamente, pois há casos em que o bebê nasce fissurado, mas não possui histórico familiar. As principais limitações dos portadores de fissura são a dificuldade para o aleitamento materno, para a fala e para o posicionamento dos dentes, porém com o tratamento adequado, a criança se integra normalmente às atividades sociais.
Estatísticas mostram ocorrência de um caso para cada 650 nascimentos
O Serviço de Fissuras Labiopalatinas no HU existe desde 1991 e já atendeu, em média, 1.773 pacientes de todas as idades, embora ainda haja muitos pacientes a espera do tratamento. Antes que os portadores de fissuras sejam levados à cirurgia, primeiramente são considerados fatores, como idade, condições de desenvolvimento e quadro clínico. Segundo Paulo Germano Furtado, cirurgião infantil e coordenador do serviço, o tratamento dura anos, podendo ser feito durante toda a infância e até parte da adolescência, mas o resultado é muito positivo. “As mudanças são profundas. O paciente deixa de estar em uma situação de isolamento, para exercer sua cidadania. O nosso objetivo é a reabilitação completa”, observa. A cirúrgia para fissura labial deve ser feita nos primeiros meses de vida para que a criança aproveite ao máximo o período de amamentação, já as cirurgias de palato devem ser realizadas antes dos dois anos de idade, por causa da formação óssea. Quando o paciente é portado de fissura labial e palatina, a recomendação é que as cirugias sejam feitas com intervalo de alguns meses. A questão estética pós-cirúrgi-
Foto: Cairé Andrade
Crianças com lábios fissurados podem ser cirurgiadas e ter o problema resolvido no HU ca pode ser solucionada com novas cirurgias, ainda durante a infância. Uma das sequelas pós-cirurgica é a nasalização da voz, por isso é aconselhável o acompanhamento fonoaudiólogo. Para um tratamento ideal, também é recomendado para o paciente fissurado o acompanhamento por ortodentistas para o monitoramente do maxilar e dos dentes, além do funcionamento geral da boca. A equipe do Serviço de Fissuras
Labiopalatinas é formada por médicos-cirurgiões, fonoaudiólogos, ortodontistas, assistentes sociais, enfermeiros e psicólogos, para auxiliar na total recuperação do paciente. Paulo Germano afirma que, para ser atendido no HU não é necessário passar pelo Programa Saúde Família (PSF) ou por qualquer tipo de burocracia. O serviço atende pacientes de toda a Paraíba e de estados circunvizinhos.
PRODUÇÃO FARMACÊUTICA
UFPB disponibiliza serviços e fármacos Campanha de doação de sangue vem ao Campus Luis Thales
No Centro de Vivências da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a Pharmácia Escola dispõe de serviços para pacientes que estejam à procura de medicamentos e/ou de consultas periódicas com farmacêuticos. Nesta farmácia, os farmacêuticos praticam o que chamam de atenção farmacêutica, que consiste em fazer a dispensação para os pacientes, que, de maneira geral, é a orientação dada aos pacientes com relação à medicação que cada um tomará. “Nesse momento, é uma responsabilidade do farmacêutico, quando ele (o paciente) chega com a prescrição médica, a gente orientar em relação ao uso correto”, esclareceu Maria Ladjane Sodré, professora do curso de Farmácia. Todos os funcionários da farmácia universitária são farmacêuticos formados, exceto o atendente de caixa. Eles atendem tanto à comunidade acadêmica quanto as pessoas que vêm de fora da universidade e desejam ser atendidas. A farmácia tem vínculo com o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HU), onde os médicos, que prescrevem receitas para os pacientes, os direcionam à farmácia universitária. A farmácia funciona de maneira semelhante a quaisquer farmácias fora do universo acadêmico, é aberta de segunda à sexta, das 7h às 19h, e vende apenas medicamentos alopáticos industrializados, livres e de prescrição médica, mas somente os de tarjas vermelhas. A Pharmácia Escola, a princípio, propicia que os alunos do curso de Farmácia apliquem na prática o que aprendem durante a graduação. Lá, eles cumprem estágio supervisionado, uma obrigatoriedade para a formação e que ajuda a conhecer de perto algumas partes da prática farmacêutica. Existe, dentro da farmácia, um projeto, com interação com o HU, de atenção farmacêutica voltado para pessoas que têm hipertensão. Chama-se Assistência Farmacêutica na Farmácia Escola da UFPB: uma
Foto: Herbert Clemente
Thaís Garcia
Pharmácia Escola da instituição instalada no Centro de Vivências do Campus I proposta de integração do farmacêutico com a equipe multidisciplinar de saúde do HU. O projeto, do Programa de Bolsas de Extensão (PROBEX), foi criado em 2001, pelas professoras de Química Farmacêutica, Maria Ladjane Sodré de Melo, e ainda vigora. O projeto realiza suas atividades com qualquer paciente que esteja disposto a fazê-lo, além daqueles que recebem a orientação dos cardiologistas do HU. Ali, os profissionais medem a pressão arterial do paciente e fazem as orientações necessárias de acordo com a necessidade de cada paciente. Ladjane, coordenadora/ orientadora do projeto, tem a ajuda de três estudantes de Farmácia, entre eles o bolsista Alan Leite Moreira, aluno do 9º período do curso. “A prática no projeto de extensão é importante porque a gente adquire os conhecimentos teóricos durante o curso (...) e lá a gente tem a oportunidade de colocar em prática esses conhecimentos trabalhando diretamente com a população”, afirmou Alan sobre o benefício duplo que o projeto proporciona. Alan faz parte também da equipe de atenção farmacêutica da farmácia escola. “Nós somos fiscalizados aqui pe-
lo Conselho (Conselho Regional de Farmácia - CRF), eles (Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA) fazem a fiscalização também; esse ano nós não tivemos ainda a da ANVISA”, informou Clênia Maria Golzio, farmacêutica e coordenadora da farmácia escola, quando perguntada se havia algum tipo de fiscalização sobre a farmácia. A farmácia, que é um estabelecimento da Instituição, adquire os medicamentos por meio de um pregão eletrônico ou licitação, a cada um ou dois meses, e solicitados na Pró-Reitoria Administrativa (PRA). Existe uma nova farmácia escola sendo construída na universidade, com fins para a produção medicamentos manipulados, para venda, algo que a Pharmácia Escola não faz, mas que terá os mesmos princípios de atenção farmacêutica. “O prédio já foi construído, no entanto, não está totalmente adequado para o funcionamento, de acordo com as normas da RDC (Resolução da Diretoria Colegiada - regulamentos técnicos sobre boas práticas farmacêuticas em farmácias e drogarias), porque estão faltando alguns equipamentos”, ressaltou a professora Ladjane a respeito da nova farmácia escola.
Quem doa sangue ajuda a salvar vidas de pessoas que sofreram acidentes, passarão por intervenção cirúrgica e em outras situações. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ideal seria que 5% população mundial fosse de doadores, porém a realidade é outra. No Brasil, somente 2% dos habitantes doam sangue. Por isso, os bancos de sangue dos hospitais estão sempre com falta ou com baixo estoque. A principal causa é a falta de informações das pessoas, que desconhecem a importância de doar sangue. Em 26 de outubro, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) recebeu, pela terceira vez neste ano, uma unidade móvel, disponibilizada pelo Hemocentro da Paraíba, destinada à doação de sangue para o Hospital Universitário (HU). Solicitado pela Reitoria, o serviço contou com a ajuda de uma equipe formada por uma assistente social, responsável pelo cadastro dos voluntários, duas técnicas de enfermagem e uma médica. O Hemocentro de João Pessoa dispõe de cerca de 40 mil doadores (150 a 200 por dia) e são distribuídos diariamente mais de três mil bolsas de sangue. Este resultado é, em sua maioria, de responsabilidade de campanhas como essa promovida pela UFPB, acarretando no aumento de doadores e nos resultados satisfatórios. No dia da terceira coleta, foram doadas quase 30 bolsas de sangue. Fazer o cadastramento tendo em mãos um documento oficial com foto e depois passar pela triagem clínica são os passos iniciais. As enfermeiras são responsáveis pelos testes de hemoglobina, para saber se o candidato tem anemia, também há verificação da pressão arterial, do peso e da altura, já a médica faz um questionário, contendo 70 perguntas para analisar se o candidato se enquadra
nos pré-requisitos de doador. O material utilizado é descartável, ou seja, não há risco de contaminação. De acordo com Divane Pinheiro, chefe do Núcleo de Ações Estratégicas do Hemocentro de João Pessoa, a estocagem é feita por grupos sanguíneos, em que o sangue será fracionado em plasma, hemácias e plaquetas. O tempo depende desta fração. Os tipos de sanguíneos existentes são O+, A+, B+, AB+, O-, A-, B- e AB-. O tipo mais raro é o AB- e os mais comuns são A+ e O+. As pessoas que precisam da doação recebem o sangue de acordo com o seu tipo, não existe mais o procedimento de doador universal. A busca por doadores é constante e, por muitas vezes, devido à falta de informações, ocasionando, principalmente, carência dos tipos negativos. O aumento da demanda de sangue acontece “geralmente em períodos de festas, em que aumentam o número de acidentes, como no Carnaval, São João e festas de final de ano”, explica Marcelo. Os homens podem doar em um intervalo de dois meses, no caso das mulheres, de três meses. Toda vez que contribuímos com essa causa podemos salvar de três a quatro vidas. Foto: Cairé Andrade
política
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Candidatos à Reitoria debatem temas da administração da UFPB O Questão de Ordem dá início a uma rodada de perguntas aos pré-candidatos à Reitoria que ajudarão ao leitor a definir o seu voto em junho do ano que vem. Para isso, é preciso antes conhecer profundamente suas idéias, analisando a firmeza nas respostas, o conhecimento das causas que estão sendo questionados e se os pretensos candidatos trazem boas soluções aos problemas inerentes a Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Nesta edição, Joel Cavalcanti
você terá acesso a nove perguntas que foram feitas aos pré-canditos ao comando da UFPB pelo mandato de quatro anos. Os temas dessa vez giram em torno do planejamento orçamentário de 2012, questionando como desenvolver a instituição no ano em que o orçamento será menor. Eles foram perguntados sobre o voto paritário entre os segmentos que constituem a universidade e também por quais meios eles trabalharão para que a efervescência
do continuidade. Não acredito que haverá retrocesso. Apesar de acreditar e defender a obrigação do estado em manter os recursos necessários, isso não impede as universidades de buscarem outras parcerias como fonte de mais captação de recursos. Margareth Diniz - Teremos o cuidado de construir propostas compatíveis com os recursos disponíveis. Buscaremos outras formas de agregar recursos ao orçamento por meio de convênios institucionais e parcerias governamentais.
Como controlar um orçamento e comportar as propostas de campanha, diante de uma demanda crescente e de um orçamento com R$ 25 milhões a menos em 2011? Aparecida Ramos - A intermitência do orçamento não é uma novidade da administração pública, mesmo nas Universidades. Costumo dizer que aos problemas de orçamento respondo com democracia e transparência. Lucia Guerra - Em primeiro A universilugar, o que tedade precisa mos no PDI da frear seu ritmo UFPB é uma esde crescimento? timativa de reLucia Guerceitas. A tendênra - Não precicia é suplantarsa nem deve. Esmos os númetamos entranros que ali estão. do em uma noEm segundo luva fase de cresgar, a redução cimento, pasjá era previsísamos pela favel porque os inse do total suvestimentos pacateamento sob Lucia Guerra ra construções o governo FHC, do Reuni acae vamos pasbam em 2012, o sar pela fase do que significa que todas as obras es- crescimento orgânico. Esse crescitarão concluídas. Ainda assim, há mento diz respeito a buscar, incesuma boa chance de conseguirmos santemente, a melhoria da graduaaprovação para um novo campus (o ção e da pós-graduação, de fortaleque significa mais recursos para ca- cer e subsidiar todos os cursos, e de pital e custeio) e de ser anunciado integrar mais fortemente a pesquium Reuni 2, o que também permi- sa e a extensão ao ensino. Portantirá elevar os recursos. Além disso, to, vamos em busca de uma univerao longo do ano recebemos descen- sidade que seja o motor de inclusão tralizações, emendas parlamentares, social e crescimento para um estaetc. que inflam o nosso orçamento do pobre e carente como é o nosso. realmente executado, em relação ao Se as instituições públicas abrirem que é aprovado previamente.A pre- mão de seu crescimento, quem vai ocupação maior neste momento é ganhar com isso é o setor privado. aprovar um novo Plano Nacional de Luiz Renato - Não, até porque isEducação que fixe um percentual de so é impossível. As Universidades investimento em educação na pro- têm uma dinâmica própria que diporção de 10% do PIB. ferem de outras instituições públiLuiz Renato - Acredito que o cas ou privadas. Ela possui um capiReitor através da Andifes deve exi- tal intelectual e criativo que faz com gir do governo federal as condições que ela avance independente da necessárias para o bom andamento gestão, seja boa ou ruim. Se você for das universidades. Esse foi um com- verificar os indicadores das univerpromisso do Governo Lula e com sidades ao longo do tempo, na sua certeza o governo Dilma está dan- grande maioria esses indicadores
A Estatuinte só alcançará êxito se houver forte participação da comunidade universitária.
cresceram independente dos gestores e das crises. O que diferencia é que ela pode avançar a passos largos ou não, mas ela sempre avança. Além do mais a Universidade precisa estar sempre em crescimento porque seu crescimento reflete no crescimento da sociedade. Margareth Diniz - A UFPB neste momento deve ter a preocupação fundamental com o seu desenvolvimento, que perpassa a questão do crescimento e expansão e atinge o parâmetro da qualidade da formação profissional e da suaprestação de serviços à sociedade. Aparecida Ramos - Não. Mas precisa, ao lado da continuidade da expansão, enfrentar o desafio da qualidade. O voto paritário é o método mais democrático de se realizar a eleição? Luiz Renato - O voto paritário foi uma conquista da comunidade universitária. Entretanto não podemos afirmar que já atingimos a plena consciência democrática na Universidade. Estamos ainda num processo de construção e consciência do verdadeiro processo político universitário. Margareth Diniz - Esta tem sido a regra. Deve ser respeitada. Aparecida Ramos - Sou defensora histórica do voto paritário. É a maneira em que se organiza a eleição de reitor, hoje, de fato, nas universidades federais. Lucia Guerra - A UFPB é uma das poucas instituições federais de ensino superior que adota a paridade em seus processos eleitorais. A grande maioria não adota essa metodologia. Acreditamos que é um avanço, esse processo. Como estimular o voto dos estudantes, tendo em vista que a cada dez votos dos professores são necessários 170 votos de estudantes para ter o mesmo peso? Margareth Diniz - Não são os candidatos à Reitoria que fazem as regras eleitorais. Nós nos submetemos a elas. Mas é preciso entender
cultural volte a ter a UFPB como protagonista. Os quatro pré-candidatos revelaram inclusive como pretendem financiar suas campanhas e de que forma se posicionarão diante dos projetos de lei que modificam direitos previdenciários dos funcionários públicos da educação e se se comprometem a estabelecer uma forma de governo, regida por uma Estatuinte. Começa agora uma nova fase do processo eleitoral: o debate das idéias.
que a equivalência não nega a von- Já discorri alguns dos desafios do tade dos estudantes que façam va- próximo reitorado na UFPB: os deler o seu direito de escolher. safios da qualidade, da transparência Aparecida Ramos - Conheço es- e a democracia, são os principais, se ta anomalia da resolução interna quisermos resumir topicamente. da UFPB que rege a nossa eleição Lucia Guerra - O grande desafio de reitor. Há várias maneiras de fa- do próximo reitorado será ampliar zer a paridade. Por isso, os repre- a inclusão social sem abrir mão da sentantes, em especial os estudan- qualidade. Não podemos esquecer tis, no Conselho Universitário de- que os indicadores sociais e econôvem ser atentos não somente ao ar- micos da Paraíba estão, em geral, tigo no qual deve ser consignada abaixo da média nordestina e naa paridade, mas também ao anexo cional. A UFPB tem muito a contrireferente à fórmula do cálculo. buir para mudar essa situação trágiLucia Guerca, e fomentar o ra - O voto pariexercício pleno tário pressupõe da cidadania paa igualdade por ra todos os pasegmento, imperaibanos. Para dindo que qualisso temos que quer um deles avançar nas parprevaleça sobre cerias com os os demais. Nessetores produse sentido é imtivos, incluindo portante lembrar micro, pequenas que será a pare médias emticipação coletipresas; estimuva, mais do que a lar formas alterparticipação innativas de proAparecida Ramos dividual, que irá dução a exemdefinir o resultaplo da economia do final. Vamos solidária; contriestimular a participação estudantil buir na formulação, implementação ressaltando a importância desse seg- e controle social de políticas públimento na instituição, pois é pelos es- cas sustentáveis e eficazes; enfim, tudantes que nós servidores (pro- temos que colocar o nosso potenfessores e técnicos) estamos aqui, e cial científico, técnico e tecnológico que a força da juventude pode fazer a serviço da sociedade paraibana. uma grande diferença na construção Luiz Renato - O maior desade uma universidade cada vez mais fio é elevar a autoestima de grande parte dos membros de nossa comprometida com o seu tempo. Luiz Renato - Estamos ainda instituição que não encontraram num processo de construção po- o apoio e nem o estímulo da adlítico universitário, e cada partici- ministração. Isso os torna profispação no processo é um passo pa- sionais desmotivados. Ao mesmo ra novas conquistas. Enquanto não tempo me sinto encorajado, pois atingimos o modelo ideal, é preci- sinto em todos eles um amor pela so continuar participando para po- instituição, estando sempre dispoder exigir os seus direitos. Como níveis para dar o que têm de medizem os franceses “os ausentes es- lhor para nossa UFPB. Margareth Diniz - Criar e instatão sempre errados”. lar os mecanismos de uma gestão Qual o maior desafio a ser en- participativa e transparente. Tenho frentado caso seja conduzido(a) confiança que a comunidade acadêmica anseia também por isto. ao cargo de reitor(a)? Aparecida Ramos - São tantos os continua na página 12 desafios! Mas gosto de enfrentá-los!
Toda minha campanha será financiada pela adesão voluntária da comunidade universitária.
LUIZ RENATO
MARGARETH DINIZ
CIDA RAMOS
LUCIA GUERRA
É Engenheiro de Materiais, com Pós-Doutorado em Materiais Compostos pela INPL (França). Idealizou o Programa de Responsabilidade Social da UFPB e o Fórum de Responsabilidade Social da Paraíba. Foi Pró-Reitor da Secretaria Especial de Integração Universidade Setor Produtivo, vice-diretor do CT, vice-chefe do Departamento de Engenharia Mecânica e do Programa de Pós-graduação de Engenharia Mecânica. Atualmente coordena o Laboratório de Materiais.
Graduada em Farmácia e Medicina, e Pós-Doutora em Biotecnologia, é Professora Associada III do Curso de Farmácia e de Pós-Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos e Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos. Foi diretora técnica e Médico-Assistencial do HU, além de ser membro da Câmara Técnica de Medicamentos Fitoterápicos (ANVISA). É autora de livros e artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais. Atualmente é chefe do CCS.
É professora associada II do Departamento de Serviço Social e Doutora em Serviço Social pela UFRJ. Foi Chefe do Departamento de Serviço Social da UFPB, Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Diretora do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Publicou artigos em revistas nacionais e internacionais sobre avaliação das políticas sociais brasileiras. Já foi Presidente do DCE e da ADUFPB. Atualmente é Secretária de Estado de Desenvolvimento Humano.
É doutora em História Social pela USP. Coordenou o Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional e presidiu o Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades. É professora associada II, presidente da Comissão Permanente de Avaliação de Documentos da UFPB, integra a Comissão do Sistema de Gestão de Documentos de Arquivo do MEC e coordena a Rede de Educação em Direitos Humanos. Há três mandatos é pró-reitora de extensão da UFPB.
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política
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 21 A 30 DE NOVEMBRO DE 2011 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
Como pretende financiar sua segurar conquistas. candidatura? Aparecida Ramos - Já escrevi arLucia Guerra - Gostaria mui- tigos acadêmicos contra o PL 1992. to que as campanhas fossem finan- Estarei na defesa da importância da ciadas por verbas públicas e que ca- instituição universidade pública no da candidato/a recebesse a mesma desenvolvimento do país, bem coquantidade de material de modo a mo a necessidade do reconhecievitar o uso do poder econômico mento do trabalho qualificado dos dentro das universidades. Pretendo seus servidores. financiar a campanha com o apoio Lucia Guerra - Professores e serdos que acreditam na nossa histó- vidores devem ser valorizados e seus ria de compromisso com a UFPB, e direitos respeitados.O projeto de lei com o apoio dos grupos que clama- 1992/2007 deve ser amplamente disram pela nossa candidatura. cutido com as entidades represenLuiz Renato - Com a ajuda finan- tativas dos servidores públicos.Coceira dos próprios colegas da Uni- mo reitora da UFPB, serei porta-voz versidade. da comunidade universitária em toMargareth Diniz - Entendo que dos os fóruns em que houver oporo modelo de financiamento de cam- tunidade de me manifestar. Da mespanha no ambiente universitário di- ma forma, estarei disposta a levar as fere da política externa. Os recursos propostas construídas coletivamente deverão vir de às instâncias caforma cooperabíveis. da daqueles que apoiarem as proO(A) postas que deSenhor(a) aceifenderemos. Entaria discutir e tendo que poimplementar demos dar conuma “estatuinta sim, entre nós te” na UFPB? mesmos. MargareAparecida th Diniz - Este é Ramos - Toda um ponto já deminha campafinido no meu nha será finanPlano de Ações, Luiz Renato ciada pela adeque está em são voluntária construção conda comunidade juntamente com universitária. A os diversos segadesão se dará pelas idéias. mentos desta Instituição. Aparecida Ramos - A convoQual será a sua postura adminis- cação da estatuinte será a primeitrativa em relação às medidas que, ra medida de nosso Reitorado. Lansegundo os sindicatos, vêm retiran- cei esta campanha quando estive na do direitos dos servidores, a exem- presidência da ADUFPB e a sua não plo do PL 1992? convocação foi uma das principais Luiz Renato - Sempre participei falhas do reitorado Polari. em defesa da manutenção dos direiLucia Guerra - O Conselho Unitos de todos os trabalhadores, des- versitário da UFPB já aprovou a rede a época de estudante, enquan- alização de uma Estatuinte. Vamos to membro do movimento estudan- implantá-la no primeiro ano do reitil. O fato de me tornar Reitor não torado. Para isso é preciso que as enme distancia da minha classe de ser- tidades representativas dos professovidor público. Sempre estarei ao lado res, dos servidores técnico-adminisda minha classe na defesa dos direi- trativos e dos estudantes se mobilitos e conquistas. zem. A Estatuinte só alcançará êxiMargareth Diniz - Seremos con- to no sentido de refletir as aspirações tra a qualquer medida que atinja di- da sociedade para uma universidade reitos adquiridos por professores e pública se houver forte participação técnico-administrativos. Temos que da comunidade universitária. dar apoio aos Planos de Carreira e Luiz Renato - Há mais de 10 anos Cargos existentes e lutar conjunta- liderei o “Movimento pela Estatuinmente com estas categorias para as- te”. Naquela época já era muito claro
O maior desafio é elevar a autoestima de grande parte dos membros de nossa instituição.
para mim que uma universidade deve estar em consonância com o momento e planejando o futuro. Portanto, era preciso rediscutir o estatuto e modernizá-lo para podermos avançar em direção ao futuro. Entretanto, para alguns é bastante cômodo manter o estatuto que centraliza, burocratiza e transforma um Reitor num “Rei” com todos os poderes. A UFPB não pode ficar a mercê desses dirigentes que não veem a nossa Universidade como um bem maior.
a criação do Centro de Comunicação, Turismo e Arte e das novas instalações em fase de conclusão. Porém, sem deixar de lado importantes equipamentos de inserção da universidade na comunidade, como o Teatro Lima Penante/NTU e o NAC. Acreditamos que articulando esses espaços, as dificuldades que em alguns momentos fizeram a UFPB abrir mão de projetos de prestígio como o Vamos Comer Teatro e as bienais de música de câmara poderão voltar a acontecer. A UFPB foi referência de ebuli- Particularmente, tenho forte vincução cultural nas décadas de 70 e 80, lação com a área artística. Na décacom a realização de festivais, deba- da de 70 fiz teatro como atriz e autes e mostras. Quais as políticas de tora, tendo inclusive participado da cultura e ações culturais pretendi- fundação do Teatro dos Estudantes das pelo(a) candidato(a)? que integrou o núcleo que conseAparecida Ramos - É chegada guiu refundar o DCE independena hora de criate em tempos de ção de uma próditadura, censu-reitoria de Culra e repressão. tura. Sem dúviLuiz Renato da, nos anos 70 - Uma política e 80, através dos de ação cultural antigos Deparna universidatamento de Exde passa igualtensão Cultural mente pela nee depois a Prócessidade da for-Reitoria de Asmarmos nossuntos Comunisos alunos, das tários, a UFPB diferentes áreestava na vanas, na compreMargreth Diniz guarda da culensão da arte em tura paraibaseus múltiplos na.Embora as aspectos. Buscaações culturais remos parcerias continuem sendo empreendidas, para apoiar os diversos grupos cultal protagonismo acabou. Chegou à turais da universidade. Fortalecer a hora de retomá-lo. produção áudio visual e multimídia Lucia Guerra - Acreditamos que na produção de conteúdos para TV a UFPB, de certa forma, continua UFPB. Desenvolver programas para no centro da efervescência cultu- revelar valores artísticos e culturais ral de João Pessoa e mesmo da Pa- entre professores, servidores técnicoraíba, tanto na música quanto na -administrativos e estudantes, com a dança, nas artes plásticas, no tea- retomada de cursos, mostra cultural tro, no cinema, etc. Com relação ao abertas, que venham valorizar a caque acontecia naquelas duas déca- pacidade artística e cultural de toda das, porém, admitimos que não te- comunidade. Promover concursos mos o protagonismo de antes, mas literários, musicais, artísticos e forisso acontece porque outras instân- talecimento a leitura. Retomada dos cias do poder público também têm festivais de cultura e artes. Fortaleciinvestido na área cultural. Temos mento do NAC, NTU e NUPPO. planos de incrementar a área danMargareth Diniz - Na nossa gesdo continuidade à política já sina- tão apoiaremos as manifestações lizada pelo reitorado Polari através culturais e artísticas, criando uma da construção do Centro de Arte e estrutura administrativa para viabiCultura, a ser concluído em 2012, lizar ações estratégicas para resgatar que será um pólo dinamizador da o papel que uma Universidade do nova política cultural da UFPB, e porte da UFPB deve ter no cenário da expansão da área cultural com local e regional.
Criar e instalar os mecanismos de uma gestão participativa e transparente será o nosso maior desafio.
Questões de gênero em pauta na eleição de 2012 Letícia Passos A palavra “gênero” se distancia da dimensão biológica do homem e da mulher. O gênero é uma construção cultural, que não foi pré-determinada, por isso é mutável. O meio privado historicamente foi atribuido à mulher, com os trabalhos domésticos e a criação dos filhos, já aos homens foram atribuídas as atividades do meio público, principalmente relacionadas à política. Este foi o embrião da desigualdade entre os gêneros. Com o surgimento do movimento feminista, houve uma busca por essa inversão de valores, que concedesse igualdade. As conquistas começaram em todos os espaços sociais, culturais, econômicos e políticos, sendo o último o mais complicado. A professora Glória Rabaym doutora em Gênero e Política da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), afirma que a importância da mulher vai além da política e que esta é fundamental para a democracia. “Não pensar na mulher para democracia
é pensar na democracia pela metade. Porque somos mais da metade da população. Ou seja, se não tiver mulher na política, não é democracia.”, asseverou a professora Glória. As brasileiras só conquistaram o direito ao voto em 1932, no governo do presidente Vargas. Em 1933, a primeira mulher eleita no país foi Carlota Pereira de Queirós, que se tornou deputada federal. O povo elegeu, no ano passado, a primeira mulher para presidência da República, a mineira Dilma Rousseff. O número de mulheres eleitas no Brasil, no entanto, ainda é muito pequeno. Dos 26 estados, apenas dois tem governadora, dos 513 lugares na Câmara Federal, só 45 é ocupado por mulheres, das 81 cadeiras no Senado Federal, apenas 10 mulheres sentam nelas, e a presidenta conta apenas com 10 ministras num total de 37. Reitoria da UFPB Deve-se pensar em política além dos espaços municipais, esta-
duais e federais. A política está em pequenas situações, seja em uma comunidade, no bairro, em órgãos e, inclusive, nas faculdades e universidades. Nesta última, o processo político é idêntico a qualquer outro processo, tanto na parte técnica quanto no contexto histórico, logo, as reitorias das universidades foram, historicamente, um espaço masculino. Algumas universidades federais já contam com mulheres como reitora, por exemplo, a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), onde são comandadas pelas professoras Márcia Perales e Célia Maria Correia Oliveira, respectivamente. Neste ano, a UFPB se prepara para a eleição que ocorrerá em junho de 2012 e as pré-candidaturas já foram lançadas. Pela primeira vez, a proporção de mulher é maior que a de homem, tendo em vista que até o momento há três chapas lideradas por mulheres e apenas uma por um ho-
mem. São elas: a chapa situacionista, representada pela atual pró-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários (PRAC), professora Lúcia Guerra; a pré-candidatura da secretária de Desenvolvimento Humano do Estado (SEDH), que é encabeçada pela professora Maria Aparecida Ramos; e a chapa da diretora do Centro de Ciências da Saúde (CCS), liderada pela professora Margareth Diniz. A única pré-candidatura que tem um homem à frente é a do titular da Secretaria para Integração da Universidade e Setores Públicos (Siusp), encabeçada por Luiz Renato. Segundo Glória Rabay, esse é o momento certo pra uma mulher ministrar uma gestão da reitoria, já que elas têm o mesmo acesso a doutorados que os homens, e hoje, em números, são iguais. “Eu acho que finalmente nós vamos ter uma reitora, porque numa proporção dessa e com nomes tão fortes, acredito que uma mulher vai se eleita”, acredita a professora.
EU PROTESTO Envie suas queixas e reivindicações para este espaço do QO. redacao.qo@gmail.com
Acessibilidade Protesto contra todas as pessoas que estacionam nas vagas que deveriam ser para os deficientes físicos. Kamila Borges, estudante do 4º período de Direito, Santa Rita. Eu protesto contra a infra-estrutura da UFPB que é extremamente insuficiente para garantir acessibilidade aos portadores de deficiência física - as rampas não têm a inclinação correta, as calçadas são obstruídas por entulhos, o tipo de pavimentão dificulta a locomoção de cadeirantes, etc. - situação lamentável. Geórgia Albuquerque, estudante do 4º período de Arquitetura e Urbanismo.
Restaurante Protesto contra o Restaurante Universitário (RU) que não comporta todos os alunos. É preciso haver uma seleção de acordo com as condições de renda e com a permanência do estudante no campus. Até aí, tudo bem. Tudo bem, em tese. Vejo muitos alunos com carro e condições econômicas suficientes para não precisar do RU. Me intriga também o fato de os professores se utilizarem do restaurante. Se não comporta os alunos, comporta os professores? Em toda eleição de DCE aparecem as propostas de melhorias na acessibilidade do RU. Nunca vi nada sendo feito a respeito. Emilayne Souto, estudante do 2º período de Ciências Sociais.
Estacionamento Eu protesto contra a falta de estacionamento na Faculdade de Direito, no centro, faz com que os alunos e professores paguem a zona azul que, após duas cartelas, obriga a retirar o carro da vaga e colocar em outra, o que às 11h da manhã, por exemplo, é tarefa quase impossível. Precisamos de um estacionamento gratuito e que atenda à comunidade acadêmica. Marina Jaques de Oliveira, estudante do 1º período de Direito, Santa Rita.
Gatos Eu protesto contra os gatos da UFPB. A reitoria devia criar um planejamento pra retirar os gatos da universidade, já que os mesmos podem transmitir doenças. João Vinícius Medrado, estudante de Engenharia Elétrica.
cultura
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Grupos trabalham para manter ativa a cultura popular na UFPB
Núcleos de pesquisas e cursos de Artes Cênicas e Música trazem à tona tradições nordestinas com eventos e aulas ministradas Giovanna Ismael
Há uma responsabilidade da instituição em abrigar e em ajudar na disseminação da cultura popular? Jovens universitários realizam eventos, núcleos são mantidos e cursos, na área de Ciências Humanas, fazem o possível para manter a UFPB unida às tradições nordestinas. Em outubro deste ano, o II Encontro de Mestres e Aprendizes da Cultura Popular foi sediado na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e trouxe à tona essa discussão, com apresentações e atividades que deram visibilidade à cultura popular. Definir Cultura Popular é algo complicado, assim como a definição dessas duas palavras individualmente. O que é “cultura”? O que é “popular”? Cada indivíduo com opinião formada sobre o assunto tem seu próprio conceito. Entretanto, de um modo geral, essa cultura é a tradicional de um povo. A do povo nordestino, por exemplo, varia de estado para estado: Coco na Paraíba, Frevo em Pernambuco, Bumba-Meu-Boi no Maranhão. Mas a cultura popular vai além das danças. Também entram na “categoria” trabalhos manuais como a confecção de renda; cirandas; contos folclóricos e muitos outros. A graduação em Artes Cênicas contribui parcialmente na disseminação da cultura popular, ou culturas populares, como diz Valéria Vicente, professora de Dança Popular na UFPB. Valéria acredita que a universidade tem, sim, uma responsabilidade de manter vivo o ambiente cultural popular, apesar de ser formada para distinguir o saber produzido com rigor acadêmico, do saber popular. “É um desafio criar mecanismos capazes de criar um diálogo efetivo e de mão dupla com as culturas populares dentro da estrutura acadêmica”, discorre. “No entanto, é um desafio que deve-mos todos nos responsabilizar, visto que nas culturas populares existe importantes saberes”, conclui a professora, formada em Comunicação Social pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e mestre em
dança no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia (UFBA). No Departamento de Artes Cênicas, duas disciplinas do curso dedicam-se a esse aprendizado, Tradições Populares Brasileiras e Danças Populares Brasileiras. “Tradições populares Brasileiras é uma disciplina teórica que incentiva o contato presencial com expressões da cultura popular e a problematização de idéias românticas ligadas ao conceito de folclore. A disciplina Danças Populares Brasileiras é dedicada ao aprendizado prático de duas ou três danças”, explica Valéria. Para aumentar o contato dos alunos com essas expressões artísticas, a cada semestre são escolhidas outras danças. No semestre 2011.2, o Maracatu de baque virado, a dança de Orixás e o Frevo de Rua foram trabalhados. Valéria acredita que o processo de avanço tecnológico constantemente vivido pela população não é necessariamente maléfico para as culturas populares e para a sua expansão. “As tecnologias podem ser bastante benéficas a qualquer tradição cultural, mas para isso é importante que os agentes da cultura tenham acesso e saibam utilizá-las a seu favor”, afirma. Marcello Bulhões, coordenador do Grupo Imburana e professor da disciplina Danças Populares Brasileiras, parte da mesma lógica de que a tecnologia pode ser proveitosa quando usada corretamente. “A cultura popular sempre teve e terá espaço na vida das pessoas. A tecnologia vem apenas para dar suporte aos novos produtos que a cultura propõe à sociedade, tais como DVS, CDs, blogs, sites”, finaliza. Marcello participou da organização do II Encontro de Mestre e Aprendizes. Para ele, não é a cultura popular que precisa da Academia, mas sim o oposto. “Sem a cultura popular nossas intervenções são desconectadas de nosso solo e nação. Um estudante brasileiro(a) que não conhece sua cultura é estrangeiro em sua terra. Um cidadão globalizado e manipulado pela indústria do consumo”, afirma. O professor prossegue declarando que “as relações so-
Fotos: Giovanna Ismael
No museu do Nuppo, bonecas de pano e carrosséis de madeira expostos são frutos dos trabalhos manufaturados nos cursos de extensão ciais internas dos grupos populares é baseada em sua maioria no prazer da convivência e na solidariedade”. Nuppo Um grupo participativo nessa questão é o Núcleo de Pesquisa e Documentação da Cultura Popular (Nuppo), que já existe na UFPB desde 1978, quando pertencia a Coordenação de Extensão Cultural (Coex). Desde então, possui um acervo de fotos, de slides e de contos, resgatados da Jornada de Contadores de Estórias da Paraíba. Essa coletânea reúne, desde 1977, 1.600 contos e histórias de cerca de 300 narradores de todo o estado. O pequeno espaço que lhe é reservado não limita o conteúdo lá encontrado. Os membros no Nuppo mantêm pequenos museus, além de uma biblioteca e de uma sala audiovisual com um arquivo documental, com literatura de cordel, fitas cassete e livros. O grupo não atua só na insti-
Fotos: Giovanna Ismael
tuição. Cursos de extensão são dispo- das culturas presentes e suas tradinibilizados em dez cidades do inte- ções, mas no processo dinâmico, diarior paraibano: Areia, Alagoa Gran- logando com as manifestações que de, Alagoa Noacontecem. A va Bananeiras, cultura é habiCaiçara, Espetus, na expresrança, Remísão de Pierre gio, São SebasBourdieu, mas tião de Lagoa também é aude Roça, Picuí torreflexiva”, exe Serra Branpressa a profesca. Nos cursos, sora Beliza Áuoficinas de arrea, coordenatesanato, entre dora do Nuppo. elas aulas de Por ser um crochê, de triacervo antigo, cô, de confeco Plano de Reção de bonevitalização está Marcello Bulhões cas e de tapetes sendo implande pano, são tado. Além de oferecidas e os modernizar os produtos manufaturados são vendi- equipamentos do Núcleo e de criar dos em todo o país. um website, fitas cassete e VHS serão “Trabalhamos na perspectiva de restauradas, sendo passados para as uma visibilidade, de uma valorização mídias CD e DVD.
As relações sociais internas dos grupos populares é baseada, em sua maioria, no prazer da convivência e na solidariedade
Um pouco mais sobre Marcello Bulhões Marcello Bulhões é professor de danças populares na UFPB. Em uma pequena entrevista, ele nos contou um pouco sobre como funcionam suas aulas, o Grupo Imburana e o II Encontro de Mestres e Aprendizes da Cultura Popular.
Grupo Imburana apresenta suas danças temáticas no II Encontro de Mestres e Aprendizes da Cultura Popular, no Centro de Vivências
“Em minhas aulas trabalhamos com a cultura popular dentro de uma perspectiva de dar visibilidade aos ritmos e danças tradicionais, buscando criar novas músicas, letras e gestualidades sem desrespeitar os ritmos da tradição. Não trilhamos a senda do parafolclore, pois é limitante e se transforma rapidamente em uma cópia mal feita ou ‘embelezada’ de um fato popular tradicional. Buscamos discutir a função social da cultura na transformação social de quem a pratica. No Grupo Imburana trabalhamos em caráter de espetáculo e de performance, fato que muitos grupos tradicionais também fazem. Ou alguém duvida que uma Escola de Sam-
ba quando sai na avenida não vai para brilhar e ganhar dinheiro? Quem gosta de pobreza é intelectual de esquerda. A classe popular gosta de luxo! Um luxo muito particular e calcado em uma estética e função interna à manifestação popular. O II Encontro foi um sucesso. Reuniu cerca de duas mil pessoas nas oficinas. Dentro de um mês entregamos os mais de 500 DVS do evento gravados em Full Hd e as gravações ao vivo que aconteceram, em uma nova festa, com a presença dos mestres e grupos participantes. Visitem os mestres em seus trabalhos e também o Imburana nas 2ªs, 3ªs e 4ªs das 18 as 20:30, no Ginásio de Ginastica da UFPB”
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cultura
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 21 A 30 DE NOVEMBRO DE 2011 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
TV UFPB promove curso e abre portas para o audiovisual na PB
Crescimento na área é evidente com oportunidades como aulas de Cinematografia Eletrônica Digital e Festival Comunicurtas Natan Cavalcanti A popularização dos meios digitais torna a informação muito mais acessível. Tal democratização da informação e dos meios digitais também é refletida na 7ª arte, através do crescente aumento das produções cinematográficas, amadoras ou profissionais, feitas a partir de instrumentos digitais, fugindo do antigo e caro padrão dos filmes em película de 35 milímetros. O ditado “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”, hoje, parece bem mais que só um dizer. É visível o crescimento de pessoas interessadas em aprender mais sobre cinema e em colocar isso em prática. Essa evolução dos meios digitais facilita e permite a desenvoltura de projetos que antes não saiam do plano das idéias por causa do alto custo de uma produção cinematográfica. Na Paraíba, especificamente, o quadro da cinematografia se ampliou. Neste ano, por exemplo, mais de 100 curtas foram inscritos no Comunicurtas - Festival do audiovisual de Campina Grande, promovido pelo Departamento de Comunicação da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Realidade que dificilmente podia ser notada em décadas passadas. Se por um lado essa popularização é boa, levando a um aumento de produções, por outro, é questionável também se esse aumento é acompanhado de teor qualitati-
Foto: Herbert Clemente
O fotógrafo e diretor de cinema, televisão e publicidade Carlos Eber explica o funcionamento técnico e funções dos equipamentos vo, ou seja, paira o questionamento sobre o possível empobrecimento estético da arte. No intuito de remediar isso, o Centro Audiovisual do Norte e Nordeste (Canne), em parceria com a TV UFPB, com o Núcleo de Produção Digital (NPD), com a Fundação Espaço Cultural (FUNESC), e com a Associação Brasileira de Documentaristas - Secção Paraíba (ABD-PB) traz o curso Avançado de Cinematografia Eletrônica Digital, sob a orienta-
ção do experiente fotógrafo e diretor de cinema, televisão e publicidade, Carlos Ebert. O curso, que se destina a quem já tem algum conhecimento prévio de fotografia e de cinematografia, propõe um aprofundamento nos conhecimentos técnicos e artísticos relacionados à captação de imagens em movimento, em suporte eletrônico, e nos traz outras reflexões, como a do aumento das experimentações e produções de cinema através do meio digital, pensando as poten-
cialidades da câmera digital. Arthur Lins, produtor cultural da TV UFPB, considera ser essa oficina uma oportunidade para reflexão sobre a produção cinematográfica digital na Paraíba. “Os profissionais se direcionam muito para a prática e acabam esquecendo-se de pensar a luz; pensá-la no sentido teórico, mas voltado para a prática. Acho que esse é um bom momento para os fotógrafos fazerem isso; se permitirem refletir sobre o próprio trabalho deles”, declara.
Incentivo à produção Na Paraíba, o Núcleo de Produção Digital da Paraíba (NPD - PB) incentiva quem quer fazer um trabalho cinematográfico autoral, através do empréstimo gratuito de equipamentos, como também da promoção de cursos e de oficinas sobre a área. O NPD, órgão vinculado ao Ministério da Cultura (MinC), é regido por um comitê organizador formado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), pela FUNJOPE (Fundação Cultural de João Pessoa), pela FUNESC (Fundação Espaço Cultural José Lins do Rego), pela Parai’wa (representante de organização civil) e a ABD-PB (Associação Brasileira de Documentaristas - Secção Paraíba). “O NPD tem como objetivo apoiar a produção independente, não necessariamente vinculada à universidade. Qualquer realizador da Paraíba que tenha o projeto de fazer um filme, um curta-metragem autoral, sem fins publicitários, sem fins políticos, pode contar com o NPD na disponibilização de todos os equipamentos que se precisa pra fazer um filme”, explica Arthur Lins. Segundo o produtor cultural da TV UFPB, o processo de inscrição é simples. Solicita-se a ficha de inscrição pelo email: equipamentosnpdpb@gmail.com, e a preenche com dados básicos do projeto. Todos os projetos são contemplados, desde que estejam de acordo com os pré-requisitos do edital.
FESTIVAL
Fest Aruanda traz novidades neste ano e homenageia cantor Geraldo Vandré Clarissa Lopez O Fest Aruanda, festival de cinema que exibe filmes dos mais diversos gêneros e localidades do Brasil, homenageará Geraldo Vandré neste ano. O festival que acontece em João Pessoa, entre os dias 9 e 14 de dezembro, no Tropical Hotel Tambaú é realizado pelo Núcleo de Estudos, Produção e Pesquisa Audiovisual (Neppau), em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e o Grupo Artesanal. O músico paraibano, conhecido por sua famosa canção “Caminhando (Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores)”, hino da resistência à ditadura militar, retornará à Paraíba para receber a homenagem. “Ele [Geraldo] não é apenas o mito (em vida) da MPB (Música Popular Brasileira). Ele fez a trilha-sonora de um dos filmes mais importantes dos anos 1960, ‘A hora e a vez de Augusto Matraga’, de Roberto Santos, já falecido”, conta Lúcio Vilar, coordenador-geral do evento. Vilar ainda explica que a
experiência de Vandré com o cinema “vem de longe”, e o denomina de um “monstro consagrado” da MPB que não obteve devido mérito em sua própria terra. Antes da criação do Fest Aruanda, não existia na Paraíba um evento destinado ao cinema e ao audiovisual com formato de festival. Segundo Lúcio Vilar, o festival está em ampliação: “Com crescimento vertiginoso de público e do próprio tamanho do festival, sua evolução, como formato, hoje, responde pelas demandas da produção acadêmica-universitária e independente do país”. A mais significativa das mudanças deste ano foi a projeção conquistada, junto ao meio cinematográfico nacional e à imprensa especializada com a Revista de Cinema, o Canal Brasil, o projeto Globo-Universidade, a Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU) e a TV USP, comprovando a excelência do evento. Sem dúvida, o Fest Aruanda é muito importante para o crescimento da produção local do audiovisual e para a evolução do ní-
Foto/Divulgação
Foto: Divulgação
Geraldo Vandré, ícone da MPB, foi também símbolo da música de resistência no Brasil vel dos curtas digitais produzidos na Paraíba, pois incentiva as pessoas a produzirem e a se interessarem mais pela área. “Acho mesmo que o festival foi se fortalecendo na medida em que a produção se ampliava e ganhava musculatura, qualidade estética e técnica”, declara o coordenador-geral. “Fundamentalmente, (…) o Aruanda é uma vitrine para essa efervescência que vivemos ho-
je, e isso é muito gratificante, contribuir com esse processo, ser parte dessa história”, continua. Para esta sétima edição, serão exibidos filmes de diretores consagrados, a exemplo de Lúcia Murat, de Beto Brant, de Vladimir Carvalho e de Walter Carvalho. A maioria dos filmes ainda não foi exibida no Brasil, o que atrai ainda mais a atenção do público para o Fest
Aruanda, dando a chance de assistir a essas produções antes de entrarem em cartaz nacionalmente. Outra grande e boa surpresa para este ano é a participação do cantor e compositor Milton Nascimento na abertura do evento, que também será homenageado pelas trilhas-sonoras que produziu. As inscrições para o Fest Aruanda encerraram-se no dia 2 de setembro e, como de costume, a participação dos universitários foi grande e a categoria TV Universitária está ainda mais concorrida. Mas quem ainda quiser submeter trabalhos audiovisuais, uma parceria entre a organização do evento e a TV Cabo Branco lançou este ano o 1º Festival Cabo Branco-Aruanda de Micro-Metragem, que inscreve candidatos até o dia 25 de novembro. Os filmes, em qualquer suporte digital, devem ter entre 30 segundos e três minutos, versando sobre o tema Adolescência. “Essa é uma nova janela que criamos e que está aberta a todos os paraibanos. Não precisa já ter feito cinema ou vídeo, basta ter criatividade e experimentar”, concluiu Lúcio Vilar.
cultura
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Paredes com grafites e pichações fazem parte do visual do Campus Forma de manifestação, surgida na França da década de 1970, está presente hoje também nas superfícies e muros da UFPB Herbert Clemente Em cada centro acadêmico da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), existem ambientes completamente distintos, seja pelas pessoas que os freqüentam, pelo cardápio das lanchonetes, pelo preço da água ou pelos prédios. No entanto, há uma característica que está se tornando comum nos edifícios do Campus I: pichações com frases de protesto ou assinaturas, que marcam muros e tapumes. As pichações na UFPB normalmente são de cunho político, a exemplo da inscrição presente nos muros do Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA) “Como será o banheiro do REItor?”. Outra que chama bastante atenção é a que contém os dizeres “Samuka, boy doido... te pego na Reitoria!”. Esta última deu-se pelo acalorado debate sobre Jornalismo sensacionalista sediado no campus, que contou com a presença do apresentador citado, Samuel Duarte. Contudo, apesar de algumas parecerem violentas, as pichações são consideradas, pela maioria que as pratica, um “manifesto pacifista”. A definição de “pichação” ainda gera discussões. O grafite é considerado uma expressão de arte urbana, já a pichação não é considerada arte, mas vandalismo, uma vez que as marcas servem, na maioria para demarcar território entre grupos, no entanto muitos não caracterizam aquelas frases nos prédios do Campus I, de cunho político, como atos de pichação, acreditam que são apenas assinaturas em muros. De acordo com a Lei Nº 9.605/98, artigo 65, pichar, grafitar ou conspurcar edificação ou monumento urbano é crime, porém quando há consentimento do proprietário do patrimônio, a
Foto: Cairé Andrade
uma forma de manifestação válida, apesar de danosa ao patrimônio. Além disso, o coordenador declara: “A prática tem dois lados: é proveitosa por ser é algo que levanta questões, traz uma reflexão de que a vê. Entretanto, é um manifesto anônimo, e, geralmente, não se dá respeitabilidade àquilo que é anônimo”. O chefe do Decomtur, Pedro Nunes, ao observar a forte presença do grafite na cidade de João Pessoa, fotografou as obras expostas no ambiente urbano e lançou o projeto Visualidades Urbanas, que enfocou o tema. A partir daí, Nunes decidiu intervir coordenadamente no ambiente de um dos prédios, para tanto convidou o grafiteiro Múmia, o autor dos principais grafites presentes na edificação.
Múmia, artista de rua paraibano, é o autor dos grafites que colorem as paredes do Centro de Comunicação, Turismo e Artes da UFPB prática não representa um ato ilegal. Muitos acreditam que esses pichadores preferem se manter no anonimato por medo de represálias, a exemplo dos processos administrativos. Neste caso, são provalvelmente alunos da instituição politicamente engajadas e que acreditam que tais inscrições são maneiras de defender a liberdade de expressão. Essa forma histórica de protestar esteve presente em grandes movimentos sociais, como o período da Ditadura Militar, no Brasil e a revolta estudantil de 1968, ocorrida em Paris, na França. Posição Institucional De acordo com João de Deus, chefe de segurança da universida-
de, dentro de um critério de razoabilidade, em que será levado em conta o dano provocado, o pichador que for pego em flagrante pelos seguranças será detido. Após um recolhimento dos dados do infrator, as informações serão enviadas à Reitoria e aos demais setores responsáveis pelo acusado, caso seja um aluno da instituição. Do contrário, a pessoa poderá até ser encaminhada a uma delegacia. Segundo o prefeito adjunto, Antônio Borba Guimarães, a prefeitura universitária condena atos de pichação, pois estes violam a integridade das edificações públicas que devem ser zeladas. A orientação dada à segurança interna é a de coibir a pichação, assim como todas as de-
mais formas não autorizadas de comunicação visual, a exemplo de cartazes de publicidade. Entretanto, a prefeitura universitária mantém uma posição de apoio incondicional às manifestações artísticas, desde que coordenadas pelos setores interessados em ilustrar o ambiente de forma criativa. Foi o caso dos prédios Departamento de Comunicação e Turismo (Decomtur) que possuem um trabalho de ambientação, com a utilização do grafite. Para o prefeito adjunto, o ambiente acadêmico é um espaço democrático e deve proporcionar uma abertura para as mais diversas manifestações culturais. Dinarte Varela, coordenador do Decomtur, considera a pichação
Grafitagem no Decomtur O Decomtur é o único prédio da UFPB que contém grafite. Dinarte Varela mostra-se a favor das pinturas e afirma que são obras artísticas. Os grafites são bem-vindos, principalmente, por suas cores fortes contrastantes com o tom acinzentado e monótono da UFPB. Com o investimento em infra-estrutura no Campus I, o prédio onde estão presentes as artes será demolido para a construção de uma nova e provavelmente maior edificação. “Estas memórias (as paredes grafitadas) deveriam ser preservadas e lembradas pela instituição”, expressa Pedro Nunes. Para o prefeito adjunto, esta preservação cabe aos interessados, pois há um desejo em ter um registro das memórias de determinado fato, dentro da universidade, tendo em vista que a prefeitura universitária ainda não possui um setor destinado a arquivar e a gerenciar tais lembranças.
sexualidade
Filmes e debates colocam tema em foco Jéssica Feijó
O debate sobre sexualidade ainda figura em um tabu social. Em outubro deste ano, o Fórum Nacional do Audiovisual, em integração com a III Mostra de Filmes Temáticos - Matizes da Sexualidade, trouxe essa perspectiva, sob a metodologia acadêmica, conjugada ao olhar poético do cinema. Nos eventos, que aconteceram na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e no Espaço Cine Digital, foram abordados os temas: Direitos Humanos, opções e relações de gênero, religiosidades, família, cibercultura, políticas e práticas educativas, cultura queer e relações etnorraciais, dentre outros. Todos os temas também foram pautados através das produções audiovisuais: cinema, televisão, publicidade, games, mídias móveis, quadrinhos, arte mídia. O professor e coordenador do evento, Pedro Nunes, salienta que a arte cinematográfica presente na III Mostra de Filmes Temáticos reflete essas dinâmicas conflitantes e plurais que estão direta ou indiretamente relacionadas com a sexu-
alidade. “O debate e a produção de conhecimento em torno da sexualidade devem ser aprofundados e disseminados entre a universidade e o público. Essa é a contribuição do Fórum do Audiovisual: ampliar o debate” completa o professor. Nos roteiros da Mostra, assim como na vida real, ignorar a sexualidade só levou a problemas sociais e a problemas de saúde pública, tais como intolerância e violência entre gêneros, ou doenças sexualmente tramissíveis (DSTs), entre tantos. O que dizer de “amores” que são esquecidos pela mídia tradicional e pelo senso comum, mas instigados pela arte? Por exemplo, o amor e o sexo na terceira idade, objeto do longa “Chuvas de Verão”, de Cacá Diegues; e “Elsa e Fred”, de Marcos Carnevale; abordados em um dos grupos temáticos. Os conceitos acadêmicos a respeito do termo sexualidade são quase tão diversos quanto o próprio tema. A sexualidade alimenta-se das sensações, dos sentimentos e das emoções. Um universo onde tudo é relativo, pessoal, e em alguns casos até paradoxal. As imposições de comportamento, ao longo da histó-
ria, contribuíram com as dúvidas, os pré-conceitos, os estereótipos e os tabus. O filme “Toda nudez será castigada”, de Arnaldo Jabor aborda um pouco desta problemática. Em pleno século XXI, a sexualidade é ainda um tema polêmico. A discriminação, ora silenciosa, ora violenta, é imposta a todos os que não seguem os “padrões”. Esquece-se que o comportamento de gênero é uma manifestação do aprendizado sociocultural. Sobre as opções e as relações de gênero, a época é de grande contradição. Ao mesmo tempo em que São Paulo possui a maior parada gay do mundo com mais de quatro milhões de participantes, o Brasil surge como campeão mundial em assassinatos de homossexuais. Até agosto, o Grupo Gay da Bahia (GGB) registrou 144 mortes por homofobia no Brasil, neste ano. Na Paraíba, foram registrados 12 casos. “No Brasil, o discurso é até progressista e libertador, mas a prática é excludente, para dizer o mínimo” aponta Márcia Gadelha, transexual protagonista do curta “O diário de Márcia”, do diretor e profes-
Foto: Herbert Clemente
Palestras do Fórum Audiovisual foram ministradas no Espaço Cultural José Lins do Rêgo sor da UFPB, Bertrand Lira. “A mídia contribui muito para a discriminação. Só abre espaço para o transexual estereotipado. Ou ele é o exótico, o palhaço, ou é o prostituído”, completa Márcia. “Esse desrespeito em relação à livre manifestação da sexualidade é que impulsiona a discussão e a produção de diferentes narrativas que reflitam as complexidades da temática”, afirma Pedro Nunes.
O lúdico da produção audiovisual, em foco nos dois eventos, apropria-se do estranhamento e/ou encantamento, causados no espectador para desafiar as “construções” estabelecidas. Apesar de o ser humano estar freqüentemente preso em seus conceitos e pré-conceitos, a liberdade sempre foi e é uma de suas buscas mais sinceras. A essa perspectiva se credita a discussão transversal sobre as pluralidades da sexualidade.
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entrevista
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 21 A 30 DE NOVEMBRO DE 2011 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
Caco Barcellos vem e fala pra gente Questões como liberdade de imprensa, formação profissional e a atuação no Profissão Repórter foram tema do papo com o QO Fotos: Giovanna Ismael e Herbert Clemente
Nayanna Sabiá
Da Vila São José do Murialdo, em Porto Alegre, Cláudio Barcelos de Barcellos, mais conhecido como Caco Barcellos, percorreu uma trajetória jornalística premiada que poucos conseguiram, ao fundamentar o jornalismo investigativo. Seu estímulo de contar histórias foi uma herança familiar do tio e do avô, que eram trovadores, no Rio Grande do Sul. Caco Barcellos já foi taxista, mas sempre desejou ser jornalista. Iniciou sua carreira na década de 1970, na imprensa alternativa e, em paralelo, produziu para a grande imprensa como freelancer. Já trababalhou nas revistas Veja e Istoé, antes de vincular-se à rede Globo de Televisão. Em 2007, sua idéia de um projeto com uma participação de vários repórteres, que pudessem conceder múltiplos olhares ao mesmo fenômeno factual, transformou-se no programa Profissão Repórter. Seu olhar jornalístico é, de um modo geral, vinculado a contar a história dos excluídos, mostrando os casos de violência e de assimetria social, por isso mesmo bastante vinculado ao processo de apuração: “Eu sou muito envolvido com o trabalho de rua. De todas as possibilidades que são ofereObras Caco Barcellos é conhecido também pela publicação de seus livros. No início da sua carreira viajou como freelancer pela América Latina em busca de grandes reportagens. Dentre outras produções, sua viagem o estimulou à publicação do livro “Nicarágua: a Revolução das Crianças”, que conta a história do movimento sandinista, vinculado à memória de Augusto César Sandino. O movimento tinha o objetivo de pôr fim à ditadura de Anastasio Somoza, na décado de 1970, instalada de-
pois da independência do país, por incentivo estadunidense. Em 1996, publicou “Rota 66, a história da polícia que mata”, resultado de oito anos de pesquisa, em que conta as histórias de corrupção da polícia de São Paulo. Esse livro teve o efeito colateral que todo bom jornalismo produz: incomodar. Em 2003, publicou “Abusado, o dono do morro Dona Marta”, um livro-reportagem que conta a história do morro a partir da vida de Marcinho VP, chefe do tráfico da favela Santa Marta, em Botafogo. Recebeu por esse livro os prêmios: Jabuti, na categoria de melhor obra de não-ficção; e o Vladimir Her-
zog, de Direitos Humanos. A sua análise investigativa é fruto de uma apuração extremamente vinculada ao objeto de análise. Caco Barcellos conviveu por anos com a realidade violenta da polícia de São Paulo e com a problemática do tráfico de drogas e das desproporcionalidades de oportunidades, no que ele mesmo denomina de “país da diferença”, quando declara que “somos brilhantes quando retratamos a Suíça brasileira e somos incompetentes quando retratamos a Etiópia brasileira, que é a maioria”. Ser ou não professor? Caco Barcellos, em seu programa Profissão Repórter, aos 61 anos, exala experiência profissional que divide com jornalistas recém formados. Em entrevista ao Questão de Ordem, diante da percepção que há, de fato, um compartilhamento de conhecimento, Caco afirmou que em seu programa não exerce função professoral:“Eu não acho que sou um professor ali (no programa Profissão Repórter). Eu tenho uma participação mais colaborativa, cada um tem a sua idéia, a sua proposta de reportagem, de história que vamos contar, e a partir da aprovação, todos saem paras as ruas para contar aquela história de maneira conjunta, então eu não fico ali dizendo qual é o caminho das pedras, a gente discute junto. Até porque eu acredito que em cada situação vai se sair melhor quem estiver mais bem informado. O mais experiente não necessariamente vai ser o mais bem informado. Se eu me dedicar mais que os outros, serei, mas se eles se dedicarem mais que eu, são eles que vão me orientar”.
Formação universitária A importância da formação acadêmica foi referendada pela sua relevância, sendo considerada por Caco Barcellos “fundamental para você apurar melhor os acontecimentos da rua (...). Eu gostaria de estar na academia, não na função do professor, mas como estudante, o que eu sou até hoje, sempre estudando para melhor me informar e melhor me preparar para buscar a captação da informação original”. Ele também mostrou preocupação quanto à formação de bons repórteres, já que o mercado está abarrotado de bons profissionais analíticos e opinativos, além de apresentadores. A universidade, segundo a sua percepção, não se dedica à formação de repórteres, o
cidas pelo jornalismo, o que eu mais gosto é acompanhar as histórias nas ruas, é ser surpreendido pelos acontecimentos”, declarou em entrevista ao Questão de Ordem. O apaixonado pelas grandes reportagens fez uma palestra na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no autidório do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ), na noite do dia 11 de novembro, por intermédio do Centro Acadêmico de Comunicação Social, Gestão Idealize, que ganhou o concurso nacional “Eu também quero dialogar”, do Progrma Diálogos Univeristários. Diante de um auditório lotado, Caco Barcellos contou curiosidades sobre os seus livros e expôs a harmoniosa relação que possui com a UFPB: “É uma universidade que teve, pra mim, duas manifestações muito carinhosas, com muita atenção ao meu trabalho, por meio de dois livros que foram lançados aqui. Um deles se chama “Leituras do Abusado”. O outro foi uma tese de doutorado da professora Sandra Virgínia Moura, que fez uma análise do meu método de pesquisa. Então, eu tenho um carinho muito grande por essa universidade”. Confira abaixo alguns trechos do bate-papo do jornalista com a equipe do Questão de Ordem.
rias, antes de julgar. Eu vejo profissionais brilhantes, que eu admiro, querendo opinar de imediado, muitas vezes, sem conhecer a história, opinando com bases falsas”. Liberdade de Imprensa O jornalista Caco Barcellos declarou que “não tem liberdade. Tem, se possível, independência”. Diante dessa constatação, em conversa com o Questão de Ordem, ele relatou como esses dois conceitos estão vinculados a atuação profissional hoje: “No começo, talvez a gente não se dê conta dessa verdade que é quase absoluta. Depois eu me dei conta de que essa é uma realidade de qualquer redação, não só do Brasil, mas de qualquer paíse do mundo. Se você
quer ter liberdade absoluta, crie o seu veículo; hoje, a gente tem essa possibilidade com as redes sociais, com a revolução digital. Fora isso, desde sempre, os donos dos jornais possuem a liberdade e a nós cabe a prática da nossa independência, da maneira que o profissional julga que deve ser feita, se aprovada ou não, é decisão dos donos do veículo”.
CONCURSO
que ele mesmo denomina de historiadores do tempo presente: “Muitos jovens chegam ao mercado com o objetivo de assumir a bancada de qualquer telejornal, mas me parece pouco eficaz a produção de repórteres, muitos não parecem entusiasmados com essa tarefa de reportar. Eu percebo, assim, uma grande gana do jovem profissional em emitir juízo, julgando os outros, denunciando os outros, sem se peocupar em contar histó-
O concurso “Eu Também Quero Dialogar!”, que leva palestrantes renomados às universidades brasileiras com todas as despesas pagas, faz parte do Programa Diálogos Universitários, criado em 2005, em parceria com a empresa produtora de cigarros Souza Cruz. O concurso tem como candidatos as empresas juniores e as unidades de representação estudantil. A universidade de São Paulo (USP). A Universidade Federal da Bahia (UFPBA), a Universidade de Campinas (Unicamp), a Universidade Federal do Ceará (UFC), e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPB) são algumas das universidades que já participaram do Programa Diálogos Universitários. O Centro Acadêmico de Co-
municação Social, gestão Idealize, que escolheu Caco Barcellos como palestrante, participou das três etapas em junho de 2011, sendo a primeira feita por meio do envio da ficha de inscrição para o e-mail do concurso. Após ser constatada a adequação de quatro universidades aos critérios do concurso, foram divulgados os inscritos e, então, o processo de votação, que durou duas semanas, deu início à segunda etapa. A UFPB conseguiu a maior quantidade de votos, garantindo a vitória no concurso, cujo resultado foi divulgado no dia 25 de junho, na terceira etapa. O interesse dos alunos pela pelastra fez com que as inscrições se esgotassem em menos de três horas, gerando uma lista de espera.
Humor