Coletivos em ação pág. 10
Gilmar Mendes pág. 8 JOÃO PESSOA - PARAÍBA 12 A 19 DE ABRIL DE 2013 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
Foto: Carlos Antonio
Foto: Divulgação
Foto: Juliana Miranda
Foto: Juliana Miranda
Política
entrevista
saúde
Palhaços cuidadores pág. 11
esportes
Natação inclusiva pág. 15
QuestãodeOrdem
Tragédia
ocorri-
da em janeiro na boate
kiss,
na
cida-
Foto: Carlos Antonio
Falta de extintores de incêndio coloca em risco a Universidade de de Santa Maria (RS), provocou uma atenção maior para a fiscalização de materiais
inibido-
res de incêndio em edifícios
públicos.
Na contra corrente,
prédios
temente
recen-
construí-
dos na Universidade Federal da Paraíba (ufpb) apresentam falhas quanto à distribuição de extintores de incêndio.
pág. 3
Ausência de equipamentos básicos, como extintores de incêndio, causam preocupação com a segurança dos transeuntes nas proximidades das novas edificações da universidade
Foto: Kelly de Souza
Reitoria firma parceria com o neurocientista Miguel Nicolelis e orquestra sinfônica universitária estreia na sala de concertos - págs. 6 e 13 Campus
Educação
Lixo tóxico sem Projeto adequa descarte correto livros a e-books
Campus I não desempenha uma política apropriado de descarte para os lixos químicos, radioativos e biológicos, que são depositados ao ar livre e causam riscos à saúde dos acadêmicos. Comissão de gestão ambiental analisa situação e busca soluções. pág. 4
Projeto de extensão Para Ler o Digital, do departamento de Mídias Digitais, adapta trabalhos didáticos e científicos para versões de e-books. Capacidade de armazenamento e praticidade dos livros digitais são os principais pretextos da pesquisa. pág. 7
Política
Saúde
Relatório avalia Saúde familiar gestão de Polari sob supervisão
Documento enviado pela reitora Margareth Diniz ao Conselho Universitário (Consuni) e até a Polícia Federal (PF) aborda vários problemas deixados pela gestão anterior. Ex-reitor Rômulo Polari se defende de acusações e justifica obras inacabadas. pág. 9
Professores da UFPB supervisionam equipes do Programa de Melhoria e Acesso a Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), do Ministério da Saúde. Ação visa aprimorar a qualidade do atendimento nas Unidades de Saúde da Família (USF). pág. 12
Cultura
Dia a dia indígena vira tema de livro
Lusival Barcellos apresenta em abril o livro Paraíba Potiguara, que narra a história do único povo indígena oficialmente reconhecido no estado. O pesquisador e professor do programa de pós-graduação em Ciências das Religiões conversa com o Q.O. pág. 14
Foto:Juliana Miranda
Novidades da UFPB na ciência e na música
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opinião
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 12 A 19 DE ABRIL DE 2013 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
editorial
Sobre amor, ódio e Jornalismo Jornalismo bom é feito com amor. Na realidade, é o amor (e a falta dele) que rege toda essa relação de pautas, notícias, entrevistados, deadline, diagramação, artigos, charges e tudo o mais. Amor pelo jornalismo em si, pela profissão, pelo desconhecido, por aprender coisas novas, pelo café nosso de todas as noites, pelo sentimento de ser capaz de mudar alguma coisa, por ver o trabalho finalizado, pelo nosso nome impresso no jornal, pelo ato de escrever, por ver as pessoas lerem o jornal e gostarem do nosso texto, ou detestarem... Por outro lado, temos o desamor por nós mesmos. O jornalista, em toda essa relação, é quem mais é deixado de lado. Quando optamos por amar a profissão e tentar fazê-la do melhor jeito possível, acabamos colocando de lado o nosso sono, aquela festa maravilhosa que será substituída por uma coletiva com um político chatíssimo, a família, a pessoa amada, os amigos, a vaidade, a ambição financeira. Enfim, a vida acaba sendo regida pela profissão. Somos levados por uma relação de amor e ódio com o tempo. Por um lado, ele nos traz experiência, conhecimento e destreza na prática da profissão. No entanto, vivemos assombrados pelo fantasma do prazo, que está sempre ali na espreita. É o tempo que nos faz pensar no trabalho 24 horas por dia e sonhar com o editor te dando uma bronca por es-
tourar o prazo. O infame companheiro nos faz flertar com situações ditas desesperadoras, que se tornam, após os inevitáveis surtos, experiência adquirida. A obrigação de ser produtivo e objetivo nunca foi tão perseguidora como agora, com o tempo batendo à porta, nos cobrando, mas também nos impulsionando – a duras penas. Buscar a cadência perfeita e escrever a notícia correta tornaram-se as palavras de ordem para concluir o Questão de Ordem. Nesta edição, direcionamos todos os nossos esforços para produzir o que há de melhor para você, leitor. Desde matérias que denunciam o descaso com a segurança nos prédios da universidade e a maneira falha no descarte de lixo tóxico até entrevistas, como a com o excelentíssimo Ministro do Superior Tribunal Federal, Gilmar Mendes. No entanto, apesar de tudo que a gente acaba tendo que passar, o jornalismo ainda é apaixonante. Deve existir nele algo de alucinógeno, que definitivamente causa uma dependência muito maior que todas essas substâncias que alteram a consciência. Como exemplo disso, temos os editores do Questão de Ordem trabalhando religiosamente num domingo à noite (e Dia do Jornalista), cantando aos berros no carro, sorrindo muito e jantando em um restaurante conversando sobre... Jornalismo!
Charge
Abaixo à “Bastilha da razão” Érica Rodrigues A mente humana é uma balança, que tem de um lado as emoções e do outro a razão. A loucura acontece quando a balança pesa para o lado das emoções, mas esse equilíbrio é algo muito pouco substancial. Essa linha tênue, que divide a sanidade da razão, o equilíbrio do desequilíbrio, o louco do são, vive na eterna iminência de desaparecer. Qualquer um está sujeito à loucura, apesar de ser perfeitamente possível que passemos pela vida sem nunca surtar. Tudo depende de pra que lado a balança vai pesar. Como podemos então julgar e condenar os chamados ”loucos”? Nos primórdios da psiquiatria, quem tinha problemas psicológicos era chamado de alienado, palavra que possui a mesma etimologia de ‘alienígena’, um ser de outro mundo, fora da realidade. E foi a psiquiatria a responsável por difundir a ideia de que as pessoas que fugiam do padrão de normalidade psicológica eram perigosas, incapazes de exercer a cidadania, e deveriam ser afastados da sociedade. Historicamente, além de sentenciados ao isolamento, os “loucos” foram submetidos a tratamentos cruéis como eletrochoques e lobotomia. Os anos passaram e a realidade dos manicômios ainda continua vil, apesar de não ser mais tão brutal como nos seus primórdios. O sistema que rege os sanatórios, de cadeados e solitárias, é profundamente castrador e exclusivo. É quase um campo de concentração. Nele, talvez por egoísmo ou comodismo, depositamos os indivíduos que “dariam trabalho” se estivessem vivendo em sociedade. É imensamente mais fácil tran-
cafiá-los, sozinhos, para que lidem com suas perturbações. Machado de Assis, ainda no século XVII, conseguiu ilustrar com o seu “O Alienista” a falibilidade do sistema de hospitais psiquiátricos. O conto narra a história de Simão Bacamarte, médico vindo da Europa, que chegou à vila de Iguaí e fundou a Casa Verde. Lá, o alienista decidiu reunir todos os loucos da localidade, a fim de classificar os tipos de loucura. Entre idas e vindas, Simão manda à Casa Verde todos os que ele acreditava terem algum problema psicológico. No entanto, ao perceber que havia encarcerado quatro terços da vila no manicômio, ele entende que na verdade, o normal da mente humana é o desequilíbrio, sendo loucos apenas aqueles que não possuem nenhum desvio da razão. Machado, no decorrer da história, levanta o seguinte questionamento: Será que o alienado não seria, na realidade, o alienista? Seremos nós os verdadeiros alienados, por tratarmos a loucura como algo que deve ser deixado de lado, afastado do convívio social? É lamentável que mesmo com todos os avanços tecnológicos, sociais, científicos e políticos que a humanidade conseguiu ao longo dos séculos, essas pessoas continuem sendo tratadas como uma parte infectada, que não merece respeito e deve ficar encarcerada em situações que os reduzem moral e intelectualmente. Vai ver somos nós que sofremos a moléstia contagiosa da falta de consciência, quando preferimos destinar pessoas que não são capazes de responder pelos próprios atos a uma realidade brutal, ao invés de tentar resolver a situação de maneira humana.
Seremos nós os verdadeiros alienados, por tratarmos a loucura como algo que deve ser deixado de lado, afastado do convívio social?
Sou nagô, sou europeu, sou índio Natã de Sena Certamente, um dos problemas mais visíveis em nosso meio é de identidade – a falta dela. A população brasileira, nessa sua miscigenação conhecida internacionalmente, poderia (e deveria) alçar voos muito mais altos no que diz respeito a progresso social perante as outras nações do planeta se houvesse uma identificação, ao menos, harmônica. Acontece que amamos Nova Iorque, cantamos The Beatles, bebemos cerveja, vestimos a Índia e choramos de emoção só de ver a Torre Eiffel, porém, não sabemos que a capoeira é a expressão cultural brasileira mais conhecida e difundida fora do país (bem mais que o samba). Eu mesmo faço todas essas coisas que citei. O xis da questão não é abdicar de aprender com culturas de outros lugares, pois seria apenas tolo extremismo, mas saber como absorvê-las sem perder a própria autenticidade. Essa abrasileirada mistura é, sem sombra de dúvidas, riquíssima para o país, contudo, a influência que o resto do mundo tem sobre nós nos leva a provar tanto de fora que esquecemos de valorizar o que é da terra. Para o engano de muitos, a capoeira não existia na África, até que os negros foram sequestrados e escravizados aqui pelos europeus. Assim, estes indivíduos que viviam à margem da sociedade desenvolveram uma conjuntura de gestos e
sons provindos de várias etnias, reforçando, dentre tantas outras coisas, a sua própria cultura, ao passo que estavam inserindo um novo elemento a um novo povo que surgia – os mestiços (cafuzos, mulatos, caboclos). O povo brasileiro. Ao contemplar as mídias sociais, a necessidade representativa fica ainda mais evidente; diversas músicas, ritmos, coreografias e manias efêmeras e, por que não, histéricas, nos dão uma conclusão simples: é preciso voltar os olhos para a cultura popular. Tal cultura é oriunda exatamente da riqueza que gente de quase todo o mundo trouxe para cá ou criou aqui mesmo. A capoeira é somente um dos exemplos; coco-de-roda, embolada, xaxado, manguebeat e até o tecnobrega, só para citar alguns. O problema não é e nem nunca foi ouvir rock alternativo. O problema é não assumir nossa raiz negra, branca, indígena ou seja ela qual for, e por isso deixar nossa identidade ser engolida pelo estrangeiro. Faço minhas as palavras do professor e capoeirista Marcello Bulhões, o qual entrevistei: a cultura popular não precisa de resgate. Quem precisa de resgate é alguém que está se afogando. Ela precisa ter momentos de visibilidade equivalentes às demais manifestações culturais, para que as pessoas possam julgar se essa herança merece ser mantida.
Essa abrasileirada mistura é, sem sombra de dúvidas, riquíssima para o país
Reitora: Margareth Diniz Juliana Miranda editor adjunto Natã de Sena
Érica Rodrigues
Thaís Vital
Laryssa Guimarães
Guilhardo Martins
Andréa Meireles
Bárbara Santos
Kelly de Souza
Daniel Sousa
Érica Rodrigues
Amanda Gabriel, Dalana Lima, Daniel Lustosa, Dayse Costa, Isabela Prado, Keicy Victor, Manoela Raulino, Nathalia Correia, Peter Shelton, Poliana Lemos
campus
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 12 A 19 DE ABRIL DE 2013 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
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Novas dependências são liberadas sem equipamentos de segurança Prédios da universidade se encontram com uma deficiência alarmante de aparatos básicos de segurança Kelly de Souza e Manoela Raulino
blicos e empresas privadas nas mais diversas regiões do Brasil, inclusive na Paraíba. Embora se entenda a gravidade dessa situação e apesar da existência de uma maior fiscalização, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), os novos prédios, presentes em diversos Centros como CCS, CCTA, entre outros, ainda mostram uma deficiência alarmante, quanto à segurança dos usuários, que não foi suprida e coloca todos em risco. As edificações, algumas já liberadas para o uso, estão sendo utilizadas pela comunidade universitária desde o ano passado e ainda não possuem, em suas instalações, sequer os extintores de incêndio, indispensáveis a qualquer estabelecimento público, comercial ou privado.
No dia posterior à noite de 27 de janeiro, o Brasil amanheceu de luto e abalado pela morte de mais de 230 jovens na cidade de Santa Maria (RS). O incêndio na boate Kiss, provocado pelo contato entre as faíscas dos fogos de artifício utilizados pela banda que se apresentava no local e a espuma de revestimento, que servia como isolamento acústico, teve proporções catastróficas e repercussão internacional. Um dos fatos mais chocantes desta tragédia foram os mais de 100 corpos encontrados dentro de um só banheiro, pois as vítimas o haviam confundido com uma possível saída frente à fumaça e ao calor do fogo. Nos processos investigativos da MEDIDAS tragédia de SanFrancisco Pereira, Segundo a ta Maria, foram prefeito do Campus chefe de gabiapontadas vánete da UFPB, rias irregularidaAline Monte, as des quanto às renovas depengras de funcionamento de estabelecimentos como dências estão totalmente desprovia boate Kiss. Fatores como: alvarás das de segurança e a nova gestão esde funcionamento vencidos, espu- tá tentando correr atrás do prejuízo ma inflamável imprópria, superlota- e colocar esses prédios em ordem o ção do prédio, falta de saídas alterna- quanto antes. Para tanto, foi criada tivas ou de emergência e, principal- a Comissão de Política de Seguranmente, a escassez de extintores de in- ça da UFPB, que já está em funciocêndio, deveriam ter impedido que a namento, e responderá pelo levantacasa noturna estivesse em funciona- mento das pendências e pela abertumento. Tal fato suscitou preocupa- ra de licitações para a resolução das ção e discussões entre as autoridades deficiências neste sentido. “Ela será regentes do país. Vistorias e inspe- responsável pelo levantamento dos ções foram feitas em boates, restau- dados e das irregularidades desses rantes, hospitais, hotéis, órgãos pú- prédios e distribuirá essa documen-
Há uma garantia de que as rotas de fuga são suficientes para a evacuação dos prédios
tação pelos respectivos centros da UFPB” pontua Aline. Porém, a pergunta que não quer calar é: como os prédios que estão em uso foram liberados mesmo sem as condições básicas de segurança? De acordo com membros da Comissão, as edificações são aprovadas depois de uma vistoria feita por ficais da prefeitura da própria universidade, tendo em vista o entendimento de autonomia da UFPB.
Fotos: Carlos Antonio
DESCULPAS
De acordo com o prefeito da universidade, Francisco Pereira, a prefeitura é a responsável pela colocação e manutenção dos aparatos de segurança, não só nos prédios novos, mas em todas as dependências da UFPB. Todavia, segundo ele, o que atrapalha esse trabalho é a burocracia na hora de requerer o material necessário. “Havia uma decisão do TCU para que não colocássemos equipamentos na execução da obra. No ano passado, licitamos por duas vezes esses extintores, só que essas licitações deram deserto. Foram feitos dois pregões eletrônicos e todos dois deram deserto” relata Pereira. Quando uma licitação é considerada deserta siginifica que não apareceu nenhum interessado. Isto faz surgir questionamentos, nos alunos e professores, que se perguntam até quando esses prédios ficarão sem nenhuma segurança? O fato é que, conforme as normas de segurança da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), esses locais não poderiam estar sendo utilizados pela comunidade por apresentarem risco em caso de emergência. Ainda segundo Francisco Pereira as instalações foram liberadas para o uso a fim de não acarretar ain-
Corredores da universidade encontram-se sem extintores e placas de sinalização da mais prejuízos no ano letivo da UFPB. Se isso não fosse feito períodos poderiam ter sido paralisados ou, na pior das hipóteses, perdidos. “Na questão patrimonial estamos correndo um risco, mas na questão pessoal, há uma garantia de que as rotas de fuga são suficientes para a evacuação dos prédios, por isso foram liberados” confessa o prefeito. Frente a isto, entende-se que sobre a balança estão colocados dois pesos. De um lado, a segurança e o bem estar de alunos, professores e funcionários. Do outro, o prejuízo acadêmico que a UFPB sofreria com a falta de mais salas de aula. A população da universidade não pode ajustar a balança para que ela possa dar medidas justas e equilibradas. Além do mais, não é necessário muito para se perceber qual é o lado que está pesando mais para os órgãos responsáveis.
conscientização
ONG educa contra maus tratos aos animais Poliana Lemos Protetores independentes é como a bióloga Tereza Cristina denomina as pessoas que cuidam e ajudam a adotar gatos que se encontram abandonados na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Esse grupo faz parte da Associação de Proteção Animal Amigo Bicho (Apaab) que realiza um trabalho de conscientização, ajudando a criar uma boa convivência entre esses animais e a comunidade acadêmica do Campus I. Criada em 2006, a Apaab conta com membros da sociedade em geral e pessoas ligadas a UFPB. A ONG faz um trabalho de divulgação contra maus tratos, recolhimento e tratamento a animais. Na universidade, protetores buscam organizar os animais e conscientizar a comunidade acadêmica para um bom convívio com os gatos, pretendendo realizar ações em todos os setores, assim como a que aconteceu na residência universitária, onde foi realizada
palestra com os residentes, disciplinamento sobre o local, alimentação adequada e castração dos animais. Apesar de beneficiar toda a instituição através de alguns membros que estão no Campus I, a associação recebe críticas por parte de alguns acadêmicos que acreditam que alimentar os bichos contribui para sua permanência no local, ou que são os protetores que os trazem para a universidade. Entretanto, o trabalho dessas pessoas é deixar os animais mais saudáveis por meio da alimentação e cuidados médicos, evitando um maior contingente de doenças. Segundo a bióloga e membro da ONG, os animais são deixados na UFPB pela população de bairros vizinhos, porém reconhece que a sociedade é desassistida pelo governo, visto que os animais são tutela do estado, de acordo com leis de crimes ambientais. Tereza Cristina acrescenta que o governo deve criar abrigos e castração pública para diminuir o número de crias indese-
Fotos: Jude Alves
veterinário de sua confiança que barateia o custo da castração e medicação e após os cuidados, quando possível, são encaminhados à adoção: “Tudo isso tem um custo alto por falta de uma esterilização pública”, disse Tereza.
ZOONOSES
Gatos podem ser encontrados em toda a extensão da universidade, no Campus I jadas. “A universidade também peca pela ausência do curso de veterinária, pois só existe no sertão e o local mais próximo é o Campus de Areia”, conta. Por ser uma organização sem fins
lucrativos, a Apaab enfrenta problemas financeiros, pois seus membros retiram dinheiro do próprio bolso para fazer a esterilização e demais tratamentos. Cada protetor independente, conta com ajuda de um
Segundo o medico veterinário e responsável pelo serviço de captura e vacinação animal do Centro de Zoonoses, Marcelino Xavier, existe um complexo cirúrgico pronto para ser usado, a Unidade de Controle Populacional de Cães e Gatos, composto por equipamentos e medicação. O complexo não foi inaugurado pela falta de liberação do Conselho de Medicina Veterinária, que solicitou algumas melhorias e atualizações no projeto, as quais foram feitas e enviadas na semana passada. A unidade não se trata de um hospital publico veterinário nem de um abrigo, seu papel será esterilizar os animais de pessoas com baixa renda através de um controle da prefeitura.
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campus
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 12 A 19 DE ABRIL DE 2013 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
Lixo tóxico é descartado em ambientes impróprios Os resíduos dos laboratórios são armazenados de forma inadequada ou descartados em pias Keicy Victor e Kelly de Souza De acordo com um levantamento realizado pela Prefeitura Universitária da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o campus I, em João Pessoa, gera anualmente 385 toneladas de lixo, englobando diferentes tipos de resíduospor isso, é necessário que exista a preocupação com o descarte adequado para cada tipo de material. Dentre estes tipos de lixo, estão os químicos, radioativos e biológicos, que oferecem grande risco de contaminação ao ambiente. A UFPB não possui uma política de descarte destes resíduos, o que é inadmissível para uma instituição que abriga laboratórios, que fazem uso de materiais nocivos. Por falta de um tratamento específico, os resíduos destes laboratórios, são armazenados de forma inadequada, ou descartados em pias. No departamento de biologia molecular é possível ver caixas de isopor e uma geladeira desligada, depositados ao ar livre, nos fundos do prédio, onde está fixado o seguinte aviso: “cuidado, materiais tóxicos”.O Chefe do departamento de biologia molecular, Plínio Delatorre, explica que toda universidade deve ter uma política de descarte, principalmente quando tem labora-
Foto: Keicy Victor
Caixas de isopor e geladeira armazenam materiais tóxicos do laboratório ao ar livre tórios que trabalham com materiais tóxicos. “Se aqui fosse uma empresa e houvesse uma fiscalização, seria fechada”, conclui. Após o uso, cada material deve ter um fim específico, alguns devem ser neutralizados, outros reaproveitados, incinerados, ou seja, são diversos procedimentos. De acordo com o professor Cleiton Oliveira, a solução seria a criação de um laboratório que trabalhasse exclusivamente com o descarte desses resíduos. A presidenta da comissão de gestão de resíduos químicos do departamen-
to de química, Katia Messias, acredita que a criação de um setor específico não seria uma solução viável, por que esses materiais devem ser tratados nós laboratórios onde foram utilizados.“O conceito primário é de que o laboratório gerador do resíduo é o responsável”, alerta. Para conseguir realizar esse tratamento, os profissionais devem contar com a orientação de um especialista, e com os recursos necessários.
INICIATIVAS
Ainda segundo Katia Messias,
desde 2009 o departamento de química já realiza alguns procedimentos de baixo custo, como a redução em escala, que visa diminuir a quantidade de material utilizado, e o banco de soluções, para fazer o reaproveitamento. Os procedimentos com custo mais elevado não são realizados por que não existe um orçamento destinado a esses tratamentos, nenhuma das gestões anteriores teve a preocupação de criar uma política de descarte na UFPB, ignorando todos os riscos que essa displicência pode causar. Esta iniciativa do departamento de química pode ser ampliada para toda a instituição, através da comissão de gestão ambiental da UFPB, criada este ano. A comissão ainda está engatinhando, tentando dimensionar os problemas para só depois pensar em soluções. Com relação aos resíduos tóxicos, não basta expandir o trabalho que já está sendo feito. É preciso criar novos procedimentos, diretrizes, e conseguir verba para realizar os procedimentos caros. Daqui a aproximadamente quatro meses, a comissão irá apresentar um diagnóstico, que será analisado pela reitoria, com o objetivo de avaliar o que é necessário para tentar solucionar os problemas.
materiais alternativos
Sustentabilidade na construção civil Peter Shelton Os problemas ambientais deram início a uma série de pesquisas em busca de alternativas que não agridam o meio ambiente. Dentro dessa proposta, o Centro de Tecnologia (CT), através de equipes de professores e alunos dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental (PPGECAM) e Ciências e Engenharia de Materiais (PPGCEM) vem realizando experimentos com o uso materiais sustentáveis na construção civil, como o tijolo de terra crua, o bambu e o sisal. Durante a Conferência Internacional sobre Materiais e Tecnologias não Convencionais de Construção, realizado na UFPB, foram apresentados vários projetos com o uso de materiais renováveis como alternativas eficazes no uso responsável dos recursos naturais.
TIJOLOS CRUS
Um dos projetos que vem sendo desenvolvido é o uso do adobe. O adobe é um tijolo cru feito com uma mistura de terra, argila e fibras como o sisal, que é secado ao sol e serve como uma alternativa sustentável ao tijolo cozido. Este material de construção é utilizado desde a Antiguidade e pode ser utilizado nas mais variadas construções, indo desde casas populares à mansões de alto padrão. Em relação ao tradicional tijolo queimado, o adobe possui baixos custos e serviria como uma alternativa segura na construção civil, como afirma Vínicius Urquiza, estudante
de Engenharia Civil: “O baixo custo energético e a ausência de emissão de gás carbônico faz com o que o adobe tenha baixo impacto ambiental e se produzido em larga escala, pode ser mais barato até que o tijolo cozido”. Além de não prejudicar o meio ambiente, o adobe possui algumas vantagens no seu uso, como a rapidez na preparação do material, a sua durabilidade e o conforto térmico, fazendo com que os moradores não sofram com o calor ou frio excessivo. O professor Normando Perazzo atesta que “existe uma considerável eficiência energética, que permite o controle da umidade e da temperatura, já que o adobe é um material com baixa transmissão térmica”. Apesar dos benefícios ao meio ambiente e da sua evidente resistência e durabilidade, o adobe ainda sofre preconceito em relação ao seu uso, sendo associado à precárias e frágeis construções.
Fotos: Carlos Antonio
Encontro Realizado o 1o Encontro de Gestão e Marketing para Personal Trainer em 13 de abril. O evento será no Auditório do Departamento de Educação Física. O preço para estudantes é de R$ 20 e para graduados R$ 30. Para mais informações, ligar para os organizadores: Reinaldo Lima (83) 9620-5413 e Paulo Gomes (83) 8880-6689.
Votação
O plebiscito contra a mudança de gestão dos Hospitais Universitários para a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) está sendo realizado de 2 a 15 de abril em universidades de todo o país.
Última semana As inscrições do 2o Encontro de Pesquisas e Práticas em Educação do Campo da Paraíba estendem-se até 14 de abril. O evento pretende difundir experiências e avançar nos debates sobre a Educação do Campo. Os interessados em participar, seja apresentando trabalhos ou assistindo à programação, precisam realizar inscrição e pagar a taxa de R$ 20 para graduandos e militantes de projetos sociais e R$ 40 para pós-graduandos. O evento será de 5 a 7 de julho de 2013. Mais informações: eppecpb@gmail. com
O adobe tem baixo custo e serve como alternativa na construção civil
O Laboratório de Relações Públicas da UFPB promoveu no último dia 11 um debate temático sobre a segurança e a qualidade em eventos de grande porte. A reunião contou com a presença de representantes da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, CREA-PB e SAMU. Cláudia Moura, pós-doutora em Comunicação pela UFRS, foi convidada e ministrou uma palestra.
Seminário O II Seminário de Direito e Comunicação aconteceu no dia 10 de abril. O evento foi organizado pelo jornal A Margem, em parceria com o Centro de Estudo de Geografia e Trabalho (CEGeT), o Coletivo Desentoca e o NEP Flor de Mandacaru. O tema debatido foi “O território da mídia: da folha amarela à página policial”. O uso do adobe caracteriza uma alternativa eficaz no uso responsável dos recursos naturais
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Governo Federal poderá trazer dois novos campi para a UFPB Deputado federal Manoel Júnior assegura a expansão da universidade para as cidades de Guarabira e Pedras de Fogo Daniel Lustosa A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) pode ganhar dois novos campi, sendo um em Guarabira, localizada no Litoral Norte do Estado, e outro em Pedras de Fogo, no Brejo. A proposta conta com o apoio político do deputado federal Manoel Júnior, do PMDB, que conseguiu aprovar uma emenda, de sua autoria, na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2013, colocando a expansão da UFPB, pelo Reuni, junto às propostas do poder executivo na elaboração do Orçamento do Governo Federal para o ano seguinte. Para o deputado, os dois novos campi já estão garantidos pelo Governo. “A expansão da UFPB para Pedras de Fogo e Guarabira já foi assegurada pela presidenta Dilma Rousseff, pelo ministro da Educação, Aloízio Mercadante e também contamos com o apoio da reitora Margareth Diniz. Mas além da articulação política, também conseguimos aprovar no Congresso Nacio-
Como é que vamos criar agora outros campi se a gente não consolidou os cursos recém-criados? Margareth Diniz, reitora
nal, uma emenda à LDO 2013 que garante a expansão”, declarou.“Serão mais de 700 mil pessoas diretamente beneficiadas, nas áreas de ensino, pesquisa e extensão”, concluiu. Em contrapartida, a reitora da UFPB acredita que ainda deve haver uma grande discussão a esse respeito. “A grande discussão que a gente faz hoje na Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) é a consolidação do
Reuni I. Como é que nós vamos agora criar outros campi com outros cursos se a gente ainda não consolidou os cursos recém-criados? Temos ainda os cursos antigos que não fazem parte do Reuni, mas que estão sucateados e precisam de melhorias”, declarou. Apesar das ressalvas, a reitora apoia a expansão. “Eu vejo de forma positiva, é função do governo garantir vagas às pessoas que tem o perfil para chegar à universidade. Porém, se for para competir quantitativamente, já está cheio de faculdade particular por aí. Não nos interessa quantidade, e sim qualidade. Se vai haver expansão, terá que ser uma expansão sempre pensada qualitativamente”, finalizou. Pela proposta, o campus do Litoral Sul contará com o Centro de Formação Tecnológica e Social e ofertará cinco cursos de tecnólogos: Tecnologia da Produção Agroindustrial; Tecnologia da Pequena e Média Produção Agropecuária; Tecnologia da Informação e Computação; Tecnologia da Gestão Social e Comunitária, além de Bacharelado em Ciên-
Foto: Carlos Antonio
Foto: Divulgação
Margareth Diniz explica que a expansão da universidade deve ser feita qualitativamente cias Contábeis. No Brejo paraibano, o campus da UFPB terá implantado o Centro de Medicina e Saúde Pública com os cursos de Medicina; Enfermagem; Nutrição e Segurança Alimentar; Licenciatura em Química da área de Saúde; Licenciatura
em Ciências Biológicas e Tecnologia em Radiologia.Atualmente a UFPB conta com os campi de João Pessoa (Campus I), Areia (Campus II), Bananeiras (Campus III) e Mamanguape e Rio Tinto (Campus IV), sendo o último criado em 2005.
laboratórios
Falta de reutilização de água gera desperdício Jude Alves
Debate
OUTROS MATERIAIS
Além do adobe, outros materiais estão sendo estudados, um exemplo é o uso do bambu, que segundo Lívia Noronha, estudante do mestrado, possui alta durabilidade e resistência: “ele é resistente e altamente flexível, o bambu dá uma estabilidade melhor em relação à outros materiais”. Além do bambu, a mestranda está envolvida com pesquisas em relação ao uso da fibra de bananeira e reutilização da embalagem do saco de cimento no gesso para dar estabilidade aos forros de casas populares.
B R E V E S
campus
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 12 A 19 DE ABRIL DE 2013 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
Placa inelegível é a única sinalização sobre a existência de animais silvestres nas dependências da universidade, do campus I
PERIGO
Descaso com sinalização coloca animais em risco Carlos Antonio A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) possui uma grande área verde. As edificações do campus dividem o espaço universitário com árvores e animais silvestres que hora ou outra dão às caras em lugares de tráfego de carros e pessoas. No final do mês de março, um bicho-preguiça atravessou o contorno que fica próximo à Caixa Econômica Federal da universidade. Um carro quase atropela o animal, não fosse a estudante Jude Alves que ficou a frente do veículo para evitar o acidente. É comum o aparecimento de animais silvestres, entretanto a instituição não possui sinalizações sobre a possível presença des-
ses animais na pista. A única placa encontrada na UFPB está inelegível e fica próximo a Prefeitura Universitária. José Silva é segurança há oito anos na instituição. Ele trabalha próximo às áreas de mata fechada e diz que é comum os animais invadirem a pista. “Dia desses vi um tamanduá atravessando a rua próxima ao contorno da biblioteca central. Tamanduá, preguiça, saguim e até raposas circulando áreas de lanchonete é comum”, conta o segurança. Quem circula frequentemente no Campus sente a falta dessas sinalizações. Sergio Figueiredo, radialista e pai de uma aluna da UFPB, disse que anda com cuidado no interior universitário porque está cien-
te do possível aparecimento desses animais na pista. “Nem todos têm a consciência de se prevenir, independente de placas informativas. Seria bom que a UFPB tomasse providência para espalhar o quanto antes essas sinalizações”, opina. RESPOSTA O descaso com a falta de sinalização parece não ter fim, tendo em vista que prefeito universitário, Francisco Pereira, foi solicitado, mas até o fechamento dessa edição, não obtivemos resposta. A secretária do Departamento de Serviços Gerais da prefeitura, Estela Mara, disse que é necessário fazer um ofício que argumente o problema.
os problemas mais urgentes. Ele afirmou, ainda, não existir nenhum projeto sustentável relacionado aos destiladores.
Na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) é comum vermos problemas com encanações e vazamentos, além da fal- LABORATÓRIOS ta de projetos para a reutilização No caso dos laboratórios, há da água nos laboratórios de di- uma carência de alternativas inversos cursos que usam destila- teligentes e sustentáveis. A codores. A educação ambiental es- ordenadora do departamento de tá sendo inclusa na rede pública Biologia Molecular, Tê Cris, exde ensino, mas o resultado disso plicou o funcionamento do apanão vai ser instantâneo. Além do relho de destilação, que recebe prejuízo ambiental, o gasto ex- a água da rede de abastecimencessivo com a to. Na produágua traz conção de 1 litro sequências fid’água destinanceiras. Selada, em torgundo o IBAno de 15 litros MA, uma torde água potáneira pingando vel são desperchega a consudiçadas. Kátia mir 46 litros Bichino, Ched’água por dia, fe do Departae em um mês, mento de Quí1380 litros. mica, comenJúlio Dias é ta: “A água poestudante do Antonio Junior, Chefe de tável já passou curso de LeManutenção da UFPB pelo tratamentras e alerta to adequado e para o excessiteve um custo, vo desperdício não faz sentiencontrado em do descartar diversos setoessa água na res da UFPB. “Sempre vejo tor- rede de esgoto”. neiras que não fecham completaPor essas e outras questões mente, ocasionando num desper- foi lançado um projeto de Gesdício que dura mais de uma se- tão Ambiental, que tem a parmana”, completa. O chefe da ma- ticipação de vários cursos da nutenção da UFPB, Antonio Jú- UFPB. Nele, serão discutidas nonior, explica que sua meta é ser vas saídas sustentáveis e o leo mais ágil possível no conser- vantamento de possíveis soluto. Entretanto, reconhece não ter ções. Também será realizado um um quadro de funcionários sufi- WorkShop para a apresentação ciente para reparar todos os pro- de trabalhos e projetos sobre o blemas, sendo assim, é feita uma tema, o evento está previsto para escala de prioridade, restaurando acontecer em maio.
Sempre vejo torneiras que não fecham, ocasionando num desperdício que dura mais de uma semana
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educação
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 12 A 19 DE ABRIL DE 2013 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
educação
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 12 A 19 DE ABRIL DE 2013 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
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Terapia Ocupacional da UFPB Projeto Para Ler o Digital visa firma parceria com Nicolelis democratizar o conhecimento Michel Nicolelis exige melhorias e condições mínimas de trabalho para que sua parceria com a universidade comece a funcionar Keicy Victor
dade o que nós queremos mostrar na abertura da copa, é um conceiDurante sua passagem por to dessa nova terapia, uma demonsJoão Pessoa, para participar da tração técnica da viabilidade desabertura do Fórum Universitário sa ideia”, explica. Além de fazer o da Universidade Federal da Paraí- exoesqueleto funcionar, ele também ba (UFPB), o renomado neurocien- tem uma grande preocupação com tista, Miguel Nicolelis, revelou que as normas éticas de segurança, papretende firmar parceria com um ra não colocar nenhum paciente em grupo de terapeutas ocupacionais risco. O neurocientista também fez da UFPB. Atualquestão de resmente ele se diz saltar que a liobcecado por nha de pesquiuma única ideia, sa não termina mostrar ao muncom a abertudo a viabilidara da copa, tudo de de um de seus que está sendo projetos, o Walk feito terá apliAgain, que procação pra sociemete fazer um dade brasileiparaplégico dar ra, por muitos o chute inicial na anos. abertura da CoAo ser quespa do Mundo tionada sobre a de 2014, no Braparceria, a reisil. Esse trabalho tora Margareth consiste em elaDiniz, disse esborar uma vestar muito empete robótica, chanhada em fazer mada de exoesessa integração queleto, que será dar certo, lemvestida pelo pa- Miguel Nicolelis, neurocientista brou da imporciente, possibilitância que estando que ele case trabalho terá minhe até o cenpara a universitro do campo, dade, e comensobe o controle tou sobre o ande suas ondas elétricas cerebrais. E damento da negociação. “Nós estaé justamente para colaborar com es- mos aguardando a chegada de uma se projeto, que ele propôs essa inte- minuta, para que possamos assinágração com a universidade. -la, firmando esse convênio”, conNicolelis está vivenciando uma clui. Nicolelis advertiu que a unicorrida contra o tempo, já que falta versidade precisa de algumas mepouco mais de um ano para o iní- lhorias, de condições mínimas pacio da Copa. “É um desafio, na ver- ra que essa parceria possa ocorrer.
É um desafio. Na verdade, o que nós queremos mostrar na abertura da Copa é um conceito dessa nova terapia, uma demonstração técnica da viabilidade dessa ideia
Foto: Kelly de Souza
Isabela prado
Reitora Margareth Diniz e o neurocientista Miguel Nicolelis, durante coletiva de imprensa em João Pessoa Margareth afirma que uma das exigências do neurocientista foi a instalação de uma plataforma de treinamento, que está na universidade há muito tempo, e nunca foi instalada. “Em 30 dias eu quero a plataforma funcionando para que seja iniciado o trabalho”, relata. Preparação Ainda segundo a Reitora, outra melhoria cobrada pelo neurocientista, é com relação ao deficit de professores no curso de Terapia Ocupacional, problema que está sendo analisado por ela para bus-
car de soluções. A professora de Terapia Ocupacional, Cláudia Galvão, explicou que os professores esperam participar do curso de doutorado, que será realizado no Instituto Internacional de Neurociência de Natal (IINN), dirigido por Nicolelis. O curso ainda não foi aprovado, está em fase final. “Será uma linha de pesquisa de neuroreabilitação e outro de neuroengenharia, nessas áreas há a possiblidade de terapeutas fazerem pós-graduação, será um enorme contribuição para a nossa formação”, diz. Sobre o IINN, o neurocientis-
ta ressalta que missão do instituto é trazer para todo o Brasil essa forma de fazer ciência que não existia aqui, que é a ciência como agente de transformação social. O instituto tem duas escolas, que atendem mil crianças, e um centro de saúde que atende 12 mil mulheres por ano, ou seja, não é só um centro de pesquisa, ele também influi na vida da comunidade do entorno, um exemplo único no Brasil. Margareth informou ainda, que está programando uma visita ao instituto, e disse que os professores e alunos envolvidos no projeto irão acompanhá-la.
Lei provoca mudanças na carreira docente A última greve dos professores de instituições federais de ensino superior, que durou de maio a setembro de 2012, causou, além do óbvio atraso, outros elementos que alteraram o cotidiano acadêmico. Um desses foi a reformulação do ingresso de professores nas universidades, reestruturando a carreira docente. O novo Plano de Carreiras e Cargos de Magistério Federal, ancorado na Lei Nº 12772/12, aprovada em 1º de março de 2013, apresenta novas exigências para quem quer seguir carreira acadêmica, no que diz respeito ao magistério superior. Anteriormente à aprovação dessa lei, os professores que possuíam diploma de pós-graduação (mestrado, doutorado) poderiam solicitar a entrada no cargo referente à quantidade de pontos alcançada no concurso público de provas e títulos (os cargos eram Auxiliar, Assistente e Adjunto). Nesse caso, os professores não possuíam uma carreira gradativa como são todas as outras exercidas no Brasil, podendo começar
a partir de níveis mais elevados. A nova lei sancionada exige que todos os professores, após prestar o concurso público da instituição, ocupem o cargo de Auxiliar 1, iniciando pelo primeiro posto. Para tanto, as universidades não podem mais exigir diploma de pós-graduação, sendo obrigatório apenas o diploma de graduação. Desde que a lei entrou em funcionamento, é preciso cumprir os três anos de estágio probatório para, de acordo com a titulação, solicitar a promoção. Para muitos, a impossibilidade de o professor iniciar a carreira com base nos títulos alcançados pela experiência de pesquisa tende a desvalorizar a pós-graduação. O presidente da ADUFPB, Ricardo de Figueirêdo Lucena, diz que o braço sindical da ANDES se posicionou contra esse novo plano de carreira, por acreditar que ele não reestrutura a carreira docente, porém faz, simplesmente, algumas adequações. “Ele absorveu elementos mínimos que foram colocados pelo Andes, mas o cerne da carreira, com a questão da ênfase na construção de uma
to não é provar que o livro digital é melhor que o impresso, mas sim O projeto de extensão Pa- que existem novas necessidades ra Ler o Digital, coordenado pelo e novos usos que o livro impresso professor Marcos Nicolau, do de- não atende. partamento de Mídias Digitais da Quinhentos exemplares de um Universidade Federal da Paraíba livro com 250 páginas em média, (UFPB), foi criapor exemplo, do no final de custa para o 2010 com o inautor cerca de tuito de transcinco mil reformar trabaais, enquanlhos acadêmicos to na publicae didáticos em eção de um li-books, que é um vro digital, o livro em formato autor pagaria digital para ser apenas o regislido em equipatro da Bibliomentos eletrôniteca Nacional, Marcos Nicolau, professor cos. Com o obque custa doze jetivo de ampliar reais. e viabilizar obras Outro pondo Mestrado de to positivo paComunicação da UFPB. Segundo ra os livros digitais é a facilidade de o professor Marcos, o livro digital carregá-los. O professor Marcos civem suprir necessidades que o li- ta como exemplo alguém que estevro impresso não consegue. “São ja estudando para o mestrado e não produzidos milhares de projetos pode transportar 20 livros. Com a anualmente na UFPB, mas quan- chegada dos livros digitais isso mutos desses são publicados? A Edi- da, pois ele pode carregar dezenas tora Universitária não tem condi- de obras para qualquer lugar, conções de publicar todos os projetos sultar capítulos, retirar trechos etc., produzidos aqui”, conta. além do fato de você poder ter acesMarcos Nicolau acredita que os so imediato a outras informações e-books terão um papel social mui- que complementam o que o aluno to importante, embora não acredi- deseja usando a internet. te que o livro impresso acabará. Ele Arthus Richard, aluno do curconta que a preocupação do proje- so de Economia, tem cerca de 50
Foto: Carlos Antônio
A preocupação do projeto não é provar que o livro digital é melhor que o impresso.
Docência
Daniel Lustosa Natã de sena
Projeto de extensão sob coordenação do professor Marcos Nicolau procura transformar livros e publicações acadêmicas em e-books
relação de mérito, que não seja exclusivamente centrada na titulação, não foi contemplado nas nossas discussões com o governo”, explica. O doutor em filosofia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Manoel Vaz da Silva, concorda com o presidente da ADUFPB, e acrescenta: “O que vai valer a partir de agora é a experiência em sala de aula. Quem dedicou seu tempo para a pesquisa científica e não lecionou será amplamente prejudicado na prova de pontos”. Segundo ele, o correto seria que a experiência prática e os títulos tivessem importância equitativa. Não devemos generalizar, mas o que vemos em nossas universidades, em geral, é a existência de docentes com currículos riquíssimos, e aulas pobres didaticamente. Se a medida tomada pelo governo prejudica de alguma forma a pesquisa, por outro lado privilegia a possibilidade da universidade poder contar com aulas de mais qualidade, uma vez que poderemos ter mais profissionais que dedicaram toda sua vida à docência.
Foto: Jude Alves
Mudanças na carreira docente gera discussões entre professores.
Coordenador do projeto de extensão do curso de Mídias Digitais, Marcos Nicolau explica as vantagens dos livros em formato digital livros no seu Ipad. Ele conta que além de existir vários bancos de dados com downloads grátis na internet, ele não precisa carregar peso. “Já imaginou alguém carregando 50 livros? Cinco já seria complicado”, diz. Nos Estados Unidos, a média de leitura de quem tem um e-book reader é 100% maior do que quem
não tem um. Perguntado se a tendência é que as pessoas leiam mais com a chegada dos livros digitais, o professor diz que é difícil medir ao certo os impactos que eles trarão nos hábitos de leitura dos paraibanos. “Esta é uma questão crucial, pois nós ainda estamos em um processo de transição: temos a geração que está habituada com o livro
impresso e a geração que já nasce imersa no mundo digital”, diz. O aluno do curso de Comunicação Social, Rodolfo Pedro Oliveira, diz que não trocaria o livro impresso pelo digital, pois além de cansar a visão mais rápido, causa dispersão. “Ainda sou daqueles que gosta de sentir o cheiro dos livros”, finaliza.
soluções
Grupo tenta combater reprovações Guilhardo Martins
A Universidade Federal da Paraíba oferece atualmente 24 cursos de graduação na área de exatas, os quais possuem em sua grade curricular a disciplina Cálculo I ou equivalente. A referida matéria pode ser considerada de grande importância nos cursos de graduação da UFPB, uma vez que possui diversas aplicações e serve de pré-requisito para outras cadeiras. Também se destaca por ser considerada uma das que mais reprova e gera evasão nos cursos que a possui no currículo. Pensando nessa problemática, o Programa de Educação Tutorial (PET) de Física oferta uma atividade denominada “Pré-Cálculo”, que busca sanar as mais diversas dificuldades enfrentadas por alunos de vários cursos da UFPB, que necessitam de fundamentos básicos da matemática para acompanhar as disciplinas de cálculo ofertadas. Durante o atual semestre, a referida atividade não foi oferecida, uma vez que a última greve atrapalhou o desenvolvimento dos trabalhos. Segundo o estudante de Física e integrante do PET, Igor Pessoa, durante o programa, cada bolsista fica responsável por um conteúdo de matemática do ensino médio. São atendidos uma média de 15 alunos por semestre, número que pode crescer a partir do próximo período com uma maior divulgação e com a
Foto: Carlos Antônio
Reunião entre o Tutor Joel Fonseca e bolsistas, nas dependências do PET de Física da UFPB ajuda de inscrições online. Para o aluno de Física, Rafael Fernandes, e também integrante do PET, o que torna um curso como este tão necessário é o despreparo dos discentes que chegam à universidade. Por outro lado existem docentes da UFPB que ignoram essa realidade. “Os professores cobram, mas não ajudam”, afirma. Incontestavelmente, discentes e docentes concordam com a ausên-
cia, da maioria dos conteúdos que servem de pré-requisito para a melhor compreensão dos assuntos do Cálculo I. Outras razões apresentadas remontam à consciência acadêmica traduzida nos hábitos de estudos dos alunos, e também na forma como a disciplina é ministrada. PET Com atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão, o Programa de
Educação Tutorial (PET) visa trazer bases mais sólidas à formação dos estudantes universitários. Com esta filosofia, foi criado no ano de 1992 o PET de Física da UFPB, que conta atualmente com a orientação do professor do Departamento de Física, Joel Batista da Fonseca Neto. Nele, alunos bolsistas recebem incentivo para a prática de diversas atividades, como apresentação de seminários, desenvolvimento de
projetos monográficos, iniciação científica, entre outras. Segundo o tutor Joel Batista, o PET de Física inicia uma nova era baseada na informatização. Atualmente se iniciou o trabalho com determinados softwares de código aberto, os quais estão sendo testados como ferramentas no auxílio das atividades de pesquisa e ensino. O professor, ainda, afirma que outra atividade consiste na criação de uma plataforma que conectada à rede mundial de computadores trará mais visibilidade para o conjunto de atividades desenvolvidas pelo grupo PET. Além disso, será possível uma maior interação com a comunidade acadêmica e a sociedade. Segundo o estudante de Física, Igor Pessoa, os trabalhos poderiam estar mais adiantados, mas a greve ocorrida no ano de 2012 e a aposentadoria do primeiro Tutor do PET de Física, Pedro Christiano, fez com que as atividades do grupo seguissem de forma lenta. Contudo, o estudante se mostrou otimista com a chegada do novo professor tutor. O professor Joel Fonseca informou à equipe do Questão de Ordem que no próximo semestre letivo o PET dará início à palestras e mini-cursos sobre as atividades que estão se desenvolvendo junto aos alunos do curso de física e do Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN).
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educação
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 12 A 19 DE ABRIL DE 2013 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
política
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 12 A 19 DE ABRIL DE 2013 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
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Ministro do STF conversa com Margareth entrega relatório à PF o QO sobre Educação e Direito denunciando a situação da UFPB Daniel Sousa, érica Rodrigues e Juliana miranda
Considerado um dos maiores nomes do Direito no Brasil, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, 57 anos, é mestre em Direito Constitucional. O jurista já foi presidente do STF entre os anos de 2008 e 2010, acumulando grandes prêmios e condecorações, como o Prêmio Jabuti de 2008 por seu livro “Curso de Direito Constitucional”. Além disso, foi eleito em 2009 pela revista Época um dos
homens mais influentes do país. Em 1978, Gilmar formou-se em Direito pela Universidade de Brasília e, desde então, já ocupou variados cargos de importância jurídica, como o de Procurador da República e Advogado-geral da União, antes de ser convidado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para fazer parte da suprema corte brasileira. No último sábado, Gilmar Mendes esteve em João Pessoa para participar do Congresso Novas Perspectivas do Direito, organizado pelo Centro de Ciências Jurídicas da UFPB. Além da palestra, o ministro
Foto: Juliana Miranda
foi homenageado pelos alunos com a entrega de uma placa. Autoridade de imagem controversa, Mendes foi o relator da lei que derrubou a obrigatoriedade do diploma do curso de Jornalismo, comparando a profissão com a culinária. Logo após a homenagem, o ministro do STF conversou com exclusividade com o Questão de Ordem e falou da realidade da educação brasileira, no que diz respeito a seus maiores desafios, e ainda foi questionado quanto a queda do diploma de Jornalismo. O resultado desse bate-papo você pode ler a seguir.
dades brasileiras? Nós estamos observando um maior acesso às universidades públicas e privadas, através das vagas que o próprio sistema ProUni disponibiliza. Na contramão, vemos que muitas pessoas têm dificuldade de se manter nos seus cursos porque não basta ter apenas a gratuidade do ensino superior. Milhares de alunos não dispõem de condições financeiras, por exemplo, de se descolar para uma cidade e ficar a disposição da sua graduação. Uma ideia é pensar nos modelos de bolsas que ajudasse nesse sentido.
O que o senhor achou do congresso e da homenagem dos alunos de Direito de João Pessoa? Fiquei muito sensibilizado e satisfeito com essa homenagem. Estou contente em ver a repercussão do nosso trabalho fora dos limites da atividade jurídica e perceber que os jovens estão acompanhando toda essa jornada e o significado do trabalho que estamos desenvolvendo no Supremo Tribunal Federal.
humanos no Brasil, como a melhoria do próprio sistema criminal e o cumprimento dos prazos judiciais.
Juridicamente, o que precisa ser feito para que os direitos humanos do sistema penitenciário sejam respeitados? Eu tenho a impressão de que estamos melhorando, mas ainda precisamos avançar em vários aspectos como, por exemplo, na reestruturação da Defensoria Pública. Venho sustentando a proposta de que o preso seja logo apresentado ao juiz, essa é uma fórmula já prevista na Convenção Interamericana, que é o Pacto de San José. Também acredito que o Conselho Nacional de Justiça deve ampliar o monitoramento dessa questão prisional para que, de fato, tenhamos um quadro melhor nesse assunto. Mas são muitas medidas que podem ser tomadas e algumas já estão sendo feitas. Tudo isso ajudaria na questão dos direitos
Temos que sair um pouco do modelo racial e talvez trabalhar a ideia de cotas de perfil social
Baseado na sua vivência como professor de graduação e pós, o que falta para a educação superior no Brasil alcançar o nível de países referências como Estados Unidos e Inglaterra?
Acredito que já conseguimos um nível excelente em várias áreas do curso jurídico. Nós temos problemas variados nessa área, muitas vezes em função do excesso de cursos e da falta de professores com nível de conhecimento adequado. Mas, se usarmos um termo de comparação com outros países, entendendo que
O STF aprovou a lei do piso nacional dos professores, mas a Paraíba é um dos estados em que a remuneração dos docentes ainda está abaixo do salário base de R$ 1.567. Já que é garantido por lei, como os professores podem exigir esse direito? O Supremo Tribunal Federal decidiu aprovar a lei do piso nacional dos professores numa ação direta de inconstitucionalidade. Para os professores da Paraíba que estejam injá temos, em muitas universidades e instituições, um ensino superior de grande qualidade que não envergonha o país. Creio que já atingimos esse padrão, mas, é claro, que a multiplicidade dos cursos de Direito, por exemplo, nos leva à deficiência, à falta de professores e, consequentemente, ao déficit de variada índole. O senhor votou a favor das cotas, mas falou que elas deveriam ser aprimoradas. Que aperfeiçoamento seria esse? Tivemos muita dificuldade em implantar o modelo racialista porque temos, no Brasil, uma miscigenação muito forte e, consequentemente, abrimos a possibilidade para possíveis fraudes e distorções. Na hora do meu voto, argumentei que temos que sair um pouco do modelo racial e talvez trabalhar a ideia de cotas de perfil social. Para mim, o grande ganho seria adotar algum modelo que correspondesse à renda das pessoas relacionadas ao nível de pobreza e que o sistema de cotas não tivesse puramente pautado no critério racial. Como o senhor vê o aumento das vagas e das facilidades para o ingresso dos alunos nas universi-
satisfeitos com seus salários, o caminho formal, a princípio, é levar ao Supremo uma reclamação formal, junto com suas associações e sindicatos, para a abertura de um processo. Mas isso tem que ser examinado em caso concreto. Considerando que é inegável o papel da mídia como formadora de opinião no Brasil, o senhor ainda sustenta a ideia de que não se faz necessária a universidade para o aprimoramento da formação do jornalista? Eu não disse que a universidade não é necessária para a formação do jornalista. Eu disse que o jornalista, na verdade, não precisa ser formado, exclusivamente, no curso de jornalismo. Ele pode ter múltipla formação, ou até ter mais formações que aquela específica da escola de jornalismo. Simplesmente, o que se disse no tribunal foi que a exigência de uma formação exclusiva para que o sujeito exerça a profissão de jornalista parecia abusiva.
Em resposta, ex-reitor Rômulo Polari se defende das acusações alegando que todas as contas foram analisadas pelo TCU Daniel Sousa Ao completar 100 dias de gestão em fevereiro deste ano, a reitora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Margareth Diniz, enviou ao Conselho Universitário (Consuni) e à Polícia Federal um relatório detalhando a situação em que o exreitor Rômulo Polari deixou a instituição. O documento de onze páginas lista uma série de problemas em diversos setores da universidade, como por exemplo, irregularidades nos convênios da UFPB, multas que não foram não pagas, ausência de licitações para alguns serviços e uma dezena de obras inacabadas. O relatório, intitulado “Problemas de gestão enfrentados pelo atual Reitorado”, também foi entregue ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Controladoria Geral da União (CGU) para maiores investigações. Nele, a maior acusação é a falta de prestação de contas dos 59 convênios celebrados pela UFPB, sendo 24 da Fundação José Américo (FJA) e 35 da Fundação de Pesquisa e Extensão (FUNAPE). Segundo o relato da atual reitoria, a universidade terá que devolver aos cofres da União mais de R$ 500 mil referentes a convênios cujas prestações de contas não foram aceitas pela Fundação Nacional de Saúde (FNS) e Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O relatório aponta também uma perspectiva de perda de R$ 22 milhões, que seriam utilizados para o financiamento de projetos de pós-graduação. DÍVIDAS Pelo documento, a antiga gestão é acusada ainda de não pagar uma multa, aplicada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) em 2008, motivando a inclusão da UFPB no Cadin, cadastro de devedores do setor público federal. A UFPB, de-
Foto: Jude Alves
Reitora explica que redigiu relatório depois que foi questionada pelo CGU sobre irregularidades nos documentos da Universidade tentora do terceiro maior orçamento do estado, também deve à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Em outubro de 2010, foi firmado um termo de cooperação com aquela instituição visando à implantação do Sistema Integrado de Gestão nas áreas acadêmicas e de recursos humanos. Através desse acordo, a UFPB se comprometeu a transferir para a UFRN um total de R$ 900 mil divididos em três parcelas. A primeira e a segunda foram pagas em 2010 e 2011, respectivamente, mas a terceira e última parcela, que deveria ter sido efetuada em março de 2012, ainda não foi paga. No relatório, a reitora Margareth Diniz também criticou as reformas e construções dos novos prédios da universidade, principal trunfo político do ex-reitor para tentar eleger sua candidata nas últimas eleições. Segundo o documento, está constatada a existência de uma dezena de
obras dadas como concluídas pelo Ministério da Educação, mas que, na verdade, estão inacabadas ou em andamento. Na ultima edição do Questão de Ordem, o coordenador geral do Reuni, Gustavo Tavares, informou que já solicitou a vinda do próprio MEC para realizar uma vistoria mais detalhada e identificar as obras que ainda precisam de recursos para a conclusão. DEFESA No mês passado, o ex-reitor Rômulo Polari redigiu um relatório resposta defendendo-se das acusações da atual reitoria. No documento, o agora secretário de planejamento da Prefeitura de João Pessoa citou o avanço nas dimensões da universidade e denunciou a falta de clareza das acusações. Segundo Rômulo, os contratos com vigência em 2012 ainda estavam em andamento quanto o mandato do mesmo acabou. O ex-reitor afirmou também
que estes últimos convênios tiveram suas prestações de contas afetadas quando o TCU descobriu um rombo de R$ 2 milhões nas contas da Fundação José Américo. Á respeito dos prédios inacabados, Polari citou que até o último dia de seu mandato, todas as obras estavam com as ordens de serviços emitidas e que, se estão paralisadas, isto ocorreu na atual gestão. O ex-reitor também comentou que os novos restaurantes universitários foram construídos com alto padrão arquitetônico e que não estão em situações precárias. A antiga gestão também citou perda de R$ 500 mil. Para eles, os valores devolvidos não prejudicariam o orçamento da universidade. No relatório, o atual secretário de planejamento de João Pessoa não comenta as acusações da reitoria de não pagar a multa do IBAMA e a terceira parcela do acordo feito com a UFRN. Procurado pela nossa
reportagem, o ex-reitor Rômulo Polari não quis comentar o assunto. MOTIVO Já a atual reitora Margareth Diniz afirmou que, assim que assumiu, recebeu um questionário da CGU com mais 45 perguntas sobre a realidade das contas da UFPB e aceitou a sugestão do seu antecessor de redigir um documento que detalhasse a situação da instituição. “Meu primeiro desafio foi diagnosticar a UFPB que recebemos e aplicar novas ações. Nosso objetivo foi demarcar o tempo e mostrar que respondemos, a partir de agora, pelas coisas boas e ruins”, diz. Margareth adiantou que um novo relatório será feito, dessa vez detalhando as primeiras conquistas da nova gestão. “Relataremos as melhorias ocorridas na UFPB. Nossa meta é prezar pela qualidade no ensino e na infraestrutura da nossa universidade”, finaliza a nova reitora.
Orçamento
Reitoria cria projeto para democratizar verbas Thaís Vital A nova gestão da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que tem Margareth Diniz como reitora, criou o programa Universidade Participativa (UP), um meio de participação direta da comunidade universitária no processo de discussão do orçamento da instituição. Já foram realizadas quatro reuniões, nas quais o maior destaque é o momento em que a comunidade acadêmica expõe, diretamente à reitora, as deficiências de seus departamentos, assim como as dificuldades enfrentadas na universidade, na esperança de que possam ser resolvidas. Segundo Margareth, a intenção é utilizar R$ 16 milhões para suprimir as necessidades dos três segmentos (professores, técnico-administrativos e estudantes). A primeira reunião aconteceu no auditório do Departamento de
Foto: Jude Alves
no Campus I, nas instalações da Biblioteca Central. A diretora do Sistema de Bibliotecas, Suely Pessoa, está otimista em relação ao programa, pois acredita que já é um grande passo a reitora se disponibilizar a ouvir as reivindicações. “Minha visão sobre esse projeto é positiva, pois acredito que ele pode solucionar boa parte das deficiências da universidade, caso as reivindicações sejam realmente atendidas”, explica.
Nova gestão discute propostas com a comunidade acadêmica no Auditório da Reitoria Fonoaudiologia, no Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFPB, e contou com a presença de alunos, professores e servidores. Já a
segunda foi realizada em Bananeiras, no Centro de Ciências Humanas Sociais e Agrárias do Campus III. A terceira reunião voltou a ser
AUSÊNCIA A quarta audiência pública, no Auditório da Reitoria, tratou das reivindicações sobre o Restaurante Universitário (RU), Prefeitura Universitária, Cerimonial, Residências Universitárias e Segurança. A proposta principal deste programa é reunir todos os grupos da comunidade acadêmica, principalmente os estudantes. Nesta última reunião, um fato chamou a atenção dos que
estavam presentes: não havia nenhum aluno no local, mesmo sendo o RU e a residência universitária alvos das mais diversas reclamações do corpo discente. Questionado quanto à ausência nas reuniões do programa Universidade Participativa, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) informou que a entidade não tinha conhecimento algum sobre a existência do projeto. “Não estávamos comparecendo às reuniões porque não sabíamos que existia esse projeto. Nosso grupo agora está focado nas carteiras de estudante e na implantação da nossa sede, que estava vazia”, diz o coordenador de organização, Diego Ferreira. Parece que as 450 pessoas que compõe o diretório estão ocupadas demais com a produção de carteirinhas e esqueceram-se de representar a comunidade estudantil em um programa tão importante quanto esse.
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política
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 12 A 19 DE ABRIL DE 2013 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
Coletivo de Psicologia luta contra manicômios
Foto: Juliana Miranda
1 linha 116 toques Érica Rodrigues “Canto Geral” foi o nome de um LP, lançado por Geraldo Vandré em 1968, que bateu de frente com o regime militar e expressou, através da música, o posicionamento político do cantor, além de denunciar a realidade daquele momento histórico. Foi com esse espírito de consciência política que o Coletivo Canto Geral nasceu na UFPB, em dezembro de 2009. A principal bandeira levantada pelo grupo é a luta antimanicomial, movimento que propõe a humanização do tratamento de pessoas com problemas psicológicos, além da busca de novas alternativas de cuidados, pondo fim à reclusão e o afastamento social. “Somos um coletivo que tenta pautar essa formação hegemônica que se tem na universidade, não só no curso de Psicologia. Temos algumas bandeiras, como por exemplo, a luta antimanicomial. É um espaço para tentar repensar a loucura, as políticas de saúde mental e propor novas noções de cuidados no tratamento de pessoas com problemas psíquicos”, explica o estudante integrante do Coletivo, Gênesis Nunes. O grupo teve início quando alguns alunos de psicologia perderam a eleição do Centro Acadêmico e viram que não precisavam da instituição para fazer um movimento estudantil. Desde então, o Coletivo, que se reconhece como um grupo político, propõe um pensamento crítico acerca da formação acadêmica e da função da universidade. A psicóloga Jéssica Trindade, participante do grupo desde a sua criação, explica que na época eles foram ajudados pelo Coletivo COMjunto, do curso de Comunicação. “Eles nos deram uma força pa-
Eleição define novo Consuni Nathalia Correia
Coletivo de Canto Geral realiza eventos em centros psiquiátricos da Grande João Pessoa como a IV Semana da Luta Antimanicomial
LUTA O Coletivo tenta trazer para a sociedade, através da luta antimanicomial, que a reclusão dessas pessoas com problemas psicológicos deve acontecer apenas em casos extremos. Historicamente, as pessoas que fugiam do padrão de normalidade imposto pela sociedade foram submetidas a várias formas perversas de tratamento como lobotomia, eletrochoques e uma série de outras práticas, sob pretexto de cura. O grupo acredita que o conceito de cura é algo muito empobrecedor da discussão. Eles entendem que é preciso que se demarque outro lugar para
a loucura, e que se resignifique o lugar do louco como uma diferença de ser, uma vez que somos diversos, temos desejos, diferenças, jeitos de ser e precisamos ter cuidados diferentes, respeitosos e não invasores. Segundo eles, é preciso repensar a saúde e analisar que cuidado é esse que a sociedade diz ter com essas pessoas, além de se respeitar a diversidade e o ser humano. AÇÕES O Coletivo Canto Geral promove eventos como a Semana de Psicologia Social e Arte e as Semanas da Luta Antimanicomial, com o intuito de movimentar o cenário acadêmico e possibilitar aos estudantes uma nova forma de se pensar a psicologia em geral. Entre as intervenções feitas pelo grupo, destaca-se um sarau poético que aconteceu no Hospital
Psiquiatrico Colônia Juliano Moreira, fruto da IV Semana da Luta Anti Manicomial, realizada no ano de 2011. Era um espaço livre onde internos, profissionais e técnicos podiam se expressar através de conversa, música, canto e poesia. Quando o evento acabou, o sarau continuou e durou mais de um ano, acontecendo semanalmente, às quintas feiras. “Nós vimos o sarau como algo que ecoou bastante, afetou as pessoas que participaram e fez com que elas se movimentassem e ele permanecesse. A gente faz tudo isso por acreditar que esses ecos aconteçam”, conclui Gênesis Nunes. Agora o Coletivo Canto Geral está preparando a VI Semana da Luta Anti Manicomial, que acontecerá entre dias 17 a 25 de maio e se estenderá também ao município de Cabedelo.
Movimento redige carta a Dilma A seca no nordeste é uma problemática que vem sendo discutida, constantemente, seja nos meios de comunicação ou nas conversas interpessoais. No intuito de solucionar esse problema, artistas independentes, docentes e organizações, como o Sindicato dos Professores da UFPB (Adufpb), da UEPB (Aduepb) e UFCG (Adufcg), Movimento dos Sem Terra (MST), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entre outros, deram origem ao Coletivo Aguaceira. A proposta desse movimento é buscar soluções viáveis e duradouras que promovam a acessibilidade à água, que vai muito além da distribuição de verbas por parte da Presidência da República. O grupo foi formado em dezembro do ano passado, e tem como objetivo estabelecer uma discussão na sociedade que fuja da prática de combate à seca, ou seja, manter um constante debate e fazer com que a água seja acessível a toda a população que sofre com a falta dela. O presidente da Adufpb e membro do coletivo, Ricardo Lucena, escla-
Estudantes levam alegria aos pacientes do Lauro Wanderley Érica Rodrigues e Juliana Miranda
ra montar o grupo e entender o que é um coletivo, como ele funciona e que processo é esse que se dá fora da instituição. E a partir daí, a gente começou a se movimentar”, conta.
rece que uma das metas do coletivo é desvencilhar da ideia de coleta de alimentos e distribuição de água por meio de caminhões pipa para o semiárido paraibano e brasileiro. “O nosso objetivo é a promoção e concretização da acessibilidade à água, além de propostas que tragam políticas públicas mais eficazes”, completa. O músico Jonas Neto, conhecido como Escurinho, afirma que o Aguaceira não só debate as questões climáticas, como também busca soluções para se conviver dignamente com o clima e seus problemas. No movimento, cada seguimento tem uma função. “Há equipes de produção, captação de recursos, fotógrafos, músicos, etc. Mesmo assim, e como quase todos os meus colegas da banda, a gente ajuda em tudo, no que pode ajudar, naturalmente”, comenta o músico Patativa Moog, que também faz parte do Aguaceira. REUNIÃO A sede da Ordem dos Advogados do Brasil, em João Pessoa, deu lugar, na tarde de quarta-feira (04), a uma reunião, cujo principal objetivo foi a elaboração da pri-
meira versão do relatório que dará origem à “Carta da Paraíba”. No documento constam propostas que minimizem o problema da falta de água no semiárido brasileiro e foi entregue no dia 10 a Assembleia Legislativa do Estado, para, em seguida, ser encaminhado à presidente Dilma Rousseff. De acordo com Ricardo Lucena, o relatório reivindica a organização dos sistemas de abastecimento e acessibilidade à água, e principalmente, uma melhor administração do dinheiro que é investido para solução dessa problemática. Ainda segundo o presidente da Adufpb, outros projetos são baseados no imediatismo das soluções, ou seja, acabam ajudando quem tem fome e sede hoje, não solucionando o caso dos municípios em que o período de seca dura mais de 200 dias. Conforme Ricardo, o maior problema do semiárido brasileiro está na rápida evaporação d’água e, sendo assim, é importante o desenvolvimento de projetos ambientais que visem a diminuição do processo de evaporação, que é uma das propostas do relatório.
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Além do HU, o grupo realiza atividades lúdicas no hospital Padre Zé e no Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira
Foto: Divulgação
seca
Thaís Vital e Guilhardo Martins
saúde
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Ricardo Lucena, presidente da Adufpb As políticas públicas atuais não são suficientes por conta de sua efemeridade, pois a problemática do semiárido é constante e duradoura. Outra ideia do coletivo é levar informações para a população e adequar as políticas públicas às condições de vida no semiárido para que seja possível viver nessas condições sem sofrer tanto nos períodos de estiagem.
Os servidores técnico-administrativos foram às urnas na última quinta-feira, dia 4, para escolher, entre 15 candidatos, os cinco representantes da categoria no Conselho Universitário (Consuni). As eleições para a escolha dos docentes e técnicos-administrativos no Consuni estão sendo realizadas desde março, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O Consuni é responsável pela formulação política geral da universidade nas dimensões acadêmica, administrativa, financeira e disciplinar. Para escolher seus representantes, cada centro lançou um edital para a realização do pleito interno. Cada centro tem autonomia para decidir a data de realização da sua própria eleição. A composição do Consuni é feita de modo colegiado, com representantes de todos os segmentos acadêmicos. Os discentes, docentes e técnico-administrativos exercem mandato de dois anos, sendo permitida uma reeleição. Todos são eleitos pelos seus pares em eleições internas e o resultado homologado pelos conselhos de centro, juntamente com os respectivos suplentes. Já o reitor, vice-reitor, pró-reitor de administração, pró-reitor de planejamento e desenvolvimento e os diretores de centros formam o Conselho automaticamente após a nomeação, sem a necessidade de eleição. IMPORTÂNCIA O Consuni, como órgão máximo da universidade, tem o poder de deliberar sobre assuntos relativos à academia através de votação dos seus conselheiros. Dessa forma, o Conselho tem grande importância para que a universidade seja construída democraticamente a partir das discussões que acontecem em suas reuniões, que são realizadas na última semana do mês, dependendo da agenda do reitor. O Consuni é um órgão deliberativo de administração da universidade que, se a gente fizer uma comparação com o governo federal, seria o senado. “As decisões estratégicas, como a criação de novos cursos e centros, são feitas pelo conselho que tem mais poder que o reitor. O reitor é o presidente do conselho, mas ele só tem o voto de minerva”, afirma o professor Geraldo Rocha, representante docente no Consuni no Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA).
Foto: Juliana Miranda
Segundo Aristóteles, o ser humano é o único animal que sorri. O riso é curativo, pois o ato de sorrir mobiliza em nós a esperança e, por aquele instante, dá sentido à vida. É com a intenção de levar alegria aos pacientes internos nos hospitais Lauro Wanderley (HU), Padre Zé, Vila Vicentina e no complexo psiquiátrico Juliano Moreira que o projeto de extensão PalhaSUS funciona, desde 2010. Nascido a partir da necessidade de se criar uma ferramenta para aliviar o estresse dos estudantes da área de saúde na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o grupo conta agora com cerca de 48 palhaços. Os integrantes fazem uso de danças, balões, origamis, fantoches, teatro para distrair os pacientes. Oficina do Riso Para ingressar no projeto é necessária a participação na Oficina do Riso que é o momento onde os estudantes se familiarizam com o processo de formação do palhaço. O coordenador do PalhaSUS, Aldenildo Costeira, explica que são usadas técnicas de teatro e meditação para compor a oficina. “A meditação de regressão à infância serve para libertar a criança interior dos participantes, porque a origem do palhaço cuidador é justamente essa criança”, afirma. A criança é despertada no primeiro dia e valerá como material para ser trabalhado durante a semana de forma que, na sexta feira, o palhaço nasça. A partir daí começam a ser elaborados o andar, a fala, o riso, a identidade do palhaço. “É importante que a pessoa prepare a roupa, o sa-
No último sábado, o grupo PalhaSUS dos estudantes da UFPB se uniu ao projeto Acesso Cidadão, cujo objetivo é levar acessibilidade às areias do litoral paraibano pato, customize, faça a peruca, escolha a maquiagem. A gente considera o ambiente como o útero, a placenta social onde nascerá o palhaço”, explana o coordenador. O aluno do curso de Fisioterapia e participante do projeto, Félix Júnior, conta que as oficinas funcionam como um processo de sensibilização para aflorar o seu lado ridículo e sua relação mais humana com o paciente.
Ação social Além do trabalho feito nos hospitais o PalhaSUS também voluntaria nas mais diversas ações sociais. É o caso da intervenção que ocorreu no último sábado (6), na qual os palhaços uniram-se ao projeto Acesso Cidadão, que promove a mobilidade à praia de portadores de deficiências. Davi Almeida, que sofreu paralisia cerebral na infância,
conta que achou muito agradável a presença dos palhaços na praia, além de considerar fantástica a iniciativa de proporcionar a aproximação dos deficientes com o mar. Aldenildo acredita que a participação das pessoas em ações como essa se dá na lógica de considerar este um momento de desestressar. Fora isso, os palhaços durante sua atuação se sentem revi-
gorados, revitalizados com o contato e a alegria que levam e o retorno que recebem. O estudante de Medicina, Gustavo Dias, narra que percebe uma mudança não apenas nos pacientes durante a intervenção, mas na própria instituição. “O Juliano não é mais o mesmo, antes ele parecia um filme preto e branco e agora, com a nossa chegada, existe cor”, conclui.
ORIENTAÇÃO
Gestantes são instruídas sobre saúde bucal Foto: Carlos Antônio
As palestras educativas acontecem nos corredores do Hospital Universitário Lauro Wanderley
Amanda Gabriel e Andréa Meireles Desde 2009, docentes e discentes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desenvolvem o projeto de extensão “Promoção de Saúde para Gestantes e Mães Atendidas no HU”. Sob a coordenação da professora do departamento de Clínica e Odontologia Social Eloisa Lorenzo, o programa busca orientar e informar mães e gestantes sobre métodos eficientes de se estabelecer um núcleo familiar e social mais saudável. As atividades do projeto consistem na realização de palestras educativas, que acontecem na ala de pediatria e nos corredores dos ambulatórios de pré-natal e puericultura, setor responsável pelos cuidados médicos com crianças de até três anos. Dessa maneira, os alunos extensionistas elaboram o material didático que é fornecido às mulheres que participam do programa, tais como álbuns seriados, painéis e cartazes ilustrativos que trazem informações básicas de prevenção e tra-
tamento a doenças bucais. O programa está ligado ao projeto de pesquisa “Linhas do Cuidado em Odontologia: Buscando a Integridade da Saúde”. Segundo a professora Eloisa, o principal objetivo do projeto é melhorar a qualidade de vida das gerações futuras. “Foi confirmado que grande parte das doenças bucais acontece por falta de informação. Então, nós buscamos conscientizar as mães sobre elas para que no futuro tenhamos uma incidência menor de cáries e doenças gengitivas”, explica a coordenadora. APRENDIZADO Para a coordenadora do programa, Eloisa Lorenzo, a participação dos discentes nessas atividades exerce um papel fundamental na ampliação de seus conhecimentos, uma vez que possibilita a vivência prática da profissão escolhida e o contato com a realidade social. “Os alunos desenvolvem um conhecimento teórico muito grande. Depois eles ganham a oportunidade de colocar em prática, esclarecer as dú-
vidas das mães que participam do projeto. E eles não podem errar. É quando concretizam todo trabalho de estudo realizado”, enfatiza. O estudante de Odontologia Rafael Telles, que participou do projeto no ano passado, elogia o modelo do projeto e diz que o fato dos alunos produzirem o material educativo é uma forma de ampliar o aprendizado. Assim como a professora Eloiza Lorenzo, Rafael aponta o contato com os pacientes como principal elemento enriquecedor da sua experiência no projeto. “Aqui a gente investiga quais são as carências das mães que são orientadas. Então, é de acordo com o conhecimento prévio de cada mãe que a gente vai mo ldando a abordagem dos assuntos”, comenta. Esse é quarto ano de atuação do programa e cerca de 30.000 mulheres já foram beneficiadas pelas palestras. Multidisciplinar, o projeto de extensão que conta com o apoio de estudantes dos cursos de Medicina, Nutrição e Odontologia, abrirá inscrições para nova seleção de estagiários dos dias 15 a 19 de abril.
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saúde
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Programa acrescenta 20% no orçamento mensal de USFs No entanto, verba não é utilizada para melhorias nas unidades de saúde, e sim como forma de abono salarial dos funcionários Amanda Gabriel e Andréa Meireles As deficiências no Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil motivaram o Ministério da Saúde a criar no ano passado o Programa de Melhoria e Acesso a Qualidade da Atenção Básica (Pmaq). A partir da ideia de que medidas preventivas e acompanhamento profissional do individuo — dada às suas condições específicas como gravidez e obesidade — são primordiais para evitar problemas de saúde, o programa objetiva melhorar as Unidades de Saúde da Família (USFs) a partir de incentivos financeiros e monitoramento das equipes. Para que isto fosse possível, o Ministério da Saúde convocou seis grupos de pesquisadores no Brasil, aos quais foi dada a responsabilidade de contatar outras equipes de profissionais, para que, dessa forma, cada estado do país tivesse seus pesquisadores. Na Paraíba, o grupo foi vinculado aos pesquisadores do Rio Grande do Sul e é formado por oito professores, sendo sete da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e um da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). A esses estudiosos foi dada a missão de avaliar a qualidade das equipes dos USFs que aderiram ao programa. A equipe paraibana conta também com nove supervisores de campo, que visitam cada unidade do estado que está vinculado ao programa, além de três apoios técnico-administrativos, que tratam do setor burocrático e do contato com os municípios. As equipes que se vinculam ao programa recebem imediatamente um incentivo 20% no seu orçamento geral, e o grupo, em conjunto com
Foto: Carlos Antônio
Unidade de Saúde da Família do bairro de Mangabeira que aderiu ao Programa de Melhoria e Acesso a Qualidade da Atenção Básica a gestão do município, devem decidir em que a verba será aplicada, podendo ser tanto na implementação de melhorias, quanto como abono salarial. Entretanto, no seu primeiro ano houve limitações de vagas, e apenas 50% das unidades poderiam receber o benefício. Ainda assim, de acordo com dados disponibilizados pelo secretário técnico-administrativo do programa, David Nogueira, das 1.628 USFs do estado, apenas 622 aderiram ao programa. Segundo a pesquisadora do Pmaq e professora de Psicologia da UFPB, Juliana Sampaio, a resistência das equipes se deram principalmente por temerem ser prejudicados caso não alcançassem a média proposta. Entretanto, a psicólo-
ga afirma que o medo é injustificado, já que as equipes que se encontrarem acima da média podem chegar a receber até 100% a mais no orçamento. Além disso, as que estiverem abaixo da média, não perderão os 20% que já estavam recebendo regularmente. “As equipes já estão sendo beneficiadas em apenas aderirem ao programa. O objetivo do Ministério não é punir, e sim, incentivar melhorias”, explica a Juliana. Contradições Nem todas as observações a respeito do Pmaq são positivas. O agente de saúde Júnior Leandro, funcionário da Unidade de Saúde Familiar (USF) Cristo Rei, localizada no bairro de Mangabeira, conta que a ade-
são ao programa gerou conflito entre funcionários desde o primeiro mês de parceria com o PMAQ. “Aderimos ao programa em novembro do ano passado, mas só recebemos a verba três meses depois. A questão é que o recurso foi liberado pelo Governo Federal, só não chegou até nós. Quer dizer, pra onde foi esse dinheiro?”, questiona. Além disso, por uma decisão da atual gestão municipal, a verba concedida pelo programa não é utilizada como meio de proporcionar melhorias na estrutura, manutenção e abastecimento das USFs, mas sim em forma de abono salarial dos médicos, enfermeiros, dentistas e agentes de saúde de cada unidade beneficiada pelo programa.
Outro problema apontado pelo agente são as metas que devem ser cumpridas para que o incentivo financeiro continue chegando às USFs. Segundo ele, o percentual de diabéticos e hipertensos atendidos nas unidades de saúde não pode decrescer com o passar dos meses. Na opinião do agente de saúde, isto caracteriza uma forma de incentivar as doenças. “Me sinto como se estivesse remando contra a maré. Fica a impressão de que nós temos que orientar as pessoas a não se cuidar, porque só com elas doentes é que recebemos a verba do governo”, desabafa. Também é requisito para a permanência no programa que seja cumprida uma meta de realizações de exames citológicos. No entanto, apenas atendimentos a mulheres com idade entre 25 e 64 anos são computados na prestação de contas ao Pmaq. Acontece que esse tipo de exame só precisa ser feito uma vez ao ano, ou a cada seis meses, para que a mulher esteja segura quanto à prevenção do câncer no colo do útero. Dessa maneira, as unidades de saúde enfrentam dificuldades em agendar o número de exames exigidos pelo Pmaq. “Fazer todos esses exames fica cada vez mais complicado porque todo mês a meta de atendimentos aumenta 3%”, informa Junior Leandro. Diante disso, estratégia adotada por algumas USFs é convencer as pacientes de que o papa-nicolau precisa ser feito bimestralmente. “Essa atitude mostra que o protocolo de saúde não conta. O que é levado em consideração são jogos de interesse financeiro”, denuncia o agente.
atendimento
Tratamento de dores faciais é aplicado no HU Andréa Meireles e Laryssa Guimarães Sentir uma dor constante e não conseguir identificar o problema por não saber qual profissional correto procurar é mais comum do que se imagina. Assim aconteceu com a jornalista e mestranda em comunicação pela UFPB, Poliana Queiroz, que durante dois anos sofreu com intensas dores no lado esquerdo da cabeça e teve que passar por um neurologista e três oftalmologistas até ser encaminhada para um dentista e descobrir que sua doença teria um tratamento fonoaudiológico, que poderia ser realizado gratuitamente com a equipe do programa Intervenção Fonoaudiológica no Serviço da Dor Orofacial e Disfunção Temporomandibular do HU da UFPB. A jornalista foi diagnosticada com disfunção temporomandibular (DTM) pela dentista e professora do Centro de Ciências da Saúde, Luciana Lucena. A professora encaminhou Poliana para o serviço fonoaudiologico do programa, coordenado pelo professor Giorvan Ânderson. Ele, juntamente com estagiários, iniciou o tratamento que enfim aliviaria as dores
da mestranda, a reabilitação miofuncional, capaz de reorganizar as estruturas fisiologicas através da mastigação, deglutição e fala, e também da reabilitação da musculatura e das estruturas orofaciais, que controlam a dor. Segundo o professor Giorvan, se Poliana tivesse obtido o diagnóstico preciso há dois anos, diversas das suas alterações poderiam ter sido evitadas, o que teria amenizado mais rapidamente suas dores e melhorado sua qualidade de vida. Entretanto, existem dores que confundem o próprio paciente, tanto em relação a sua localização quanto à intensidade, dificultando a tarefa dos profissionais de realizar um encaminhamento correto para o paciente. “Muitos pacientes demoram a chegar ao tratamento dorofacial, pois são dores que irradiam à regiões faciais e cervicais e acabam se confundindo com outros tipos de alterações”, relata o fonoaudiólogo. Extensão O programa de extensão é resultado da interação entre os cursos de Odontologia e Fonoaudiologia. Assim como aconteceu com Poliana, os pacientes tem seu primeiro contato com a coordenadora do projeto e
especialista em dores faciais, Luciana Lucena. A professora conta que inicialmente faz o atendimento clínico e toda a parte medicamentosa, de correções através de próteses ou solicitação de aparelhos móveis ou placas que possam diminuir a disfunção e amenizar a dor. Em seguida, encaminha os pacientes para o serviço de fonoaudiologia. Os pacientes podem vir também de cirurgias ortognáticas, ou seja, correções de alterações da face. Quando isso acontece eles são encaminhados pelos também professores do Departamento de Odontologia, Aníbal Barbosa e Marcos Paiva. Durante o processo pré-cirúrgico essas pessoas já recebem o tratamento fonaudiologico para preparar a musculatura e, logo após a cirurgia, é iniciada a reabilitação. A intervenção fonoaudiológica consiste na reconstituição das estruturas, tentando educar o paciente a obedecer a sua fisiologia orgânica. Há quatro tipos de tratamentos que podem ser utilizados na reabilitação: a mioterapia, ou seja, manipulações de exercicios na musculatura; a termoterapia, com a utilização de compressas mornas; a crioterapia, que consiste no uso de compres-
Foto: Andréa Meireles
cultura
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Sinfônica da UFPB o realiza 1 concerto Orquestra teve sua estreia neste fim de semana, no campus I da Universidade Federal da Paraíba Dayse Costa e Juliana Miranda
Foto: Divulgação
No último sábado, a Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Paraíba (OSUFPB) realizou sua primeira apresentação na sala de concertos Radegundis Feitosa, localizada no campus de João Pessoa, com entrada franca ao público. A orquestra, recém-criada a partir da união de dois departamentos – o de música (Demus) e o de Educação Musical (DEM) – será administrada pelo Laboratório de Música Aplicada (Lamusi). O concerto, sob a regência do maestro convidado Gustavo de Paco de Gea, teve a participação como solistas do trompetista Ayrton Benck e do trombonista Sandoval Moreno, ambos professores do departamento de música da UFPB. CRIAÇÃO O vice-diretor do Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA), Eli-Eri Moura, conta que a ideia de criar uma orquestra oficial que representasse a universidade era antiga. Já existia desde a criação do departamento de música uma orquestra informal, na qual os professores se reuniam para tocar alguns concertos maiores que eram demandados. Eli-Eri disse ainda que o diretor do CCTA, David Fernandes, trouxe à tona a ideia de fazer a orquestra da universidade em 2012. Nesse ano, eles trabalharam na preparação da contratação de músicos e criaram o Lamusi. Coordenado pelo professor Heleno Feitosa, o Lamusi administrará a nova orquestra e a sala de concertos Radegundis Feitosa, que é a primeira do tipo no Estado. Segundo Feitosa, a ajuda financeira do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) tornou possível a construção da sala. Ele ainda explica que a tendência é que no futuro a orquestra possa ter mais músicos contratados, porém, essa não é uma prerrogativa desta. A proposta é fazer com que os alunos do curso de Música possam atuar nela, bem como os professores que quiserem participar.
Sala de concertos Radegundis Feitosa recebe a orquestra sinfônica universitária, que encanta público com sua apresentação inaugural FORMAÇÃO De acordo com Eli-Eri Moura, o quadro de funcionários da sinfônica conta com músicos de vários segmentos. A OSUFPB pode ser composta por técnicos-músicos contratados pela UFPB, por alunos da extensão, graduação e pós-graduação, por professores do Demus e DEM, e por voluntários, incluindo alunos egressos, aqueles que já terminaram seu curso do ensino superior, e ex-professores de música da universidade. Em relação aos alunos de Música, Eli-Eri afirma que, a partir do próximo semestre, haverá estágios supervisionados dentro da OSUFPB, e ele está trabalhando para que exista a disciplina obrigatória de prática de orquestra, para que os estudantes possam atuar nela de forma oficial, ganhando créditos e experiência. O presidente do Centro Acadêmico de Música, Alexandre Negri, disse que ter uma orquestra no departamento facilitará o contato dos alunos com a prática da orquestra, entretanto, ele se preocupa com a possibilidade de não haver vagas suficientes para que todos os estudantes de Música participem da OSUFPB, se a prática na orquestra for uma disciplina obrigatória.
CONCURSO Em concurso a servidores da UFPB para instrumentistas de cordas, realizado no ano passado, foram aprovados 28 músicos, dentre os quais 11 foram contratados. De acordo com a coordenadora da OSUFPB, Luceni Caetano, a orquestra é um organismo maior, que irá abranger subgrupos como a OSUFPB Cordas – composto pelos 11 concursados – e a OSUFPB Jovem – formada por alunos do departamento de música. Dentre os 11 músicos concursados, seis são violinistas, dois violistas, dois violoncelistas e um é baixista. Conforme o violinista da OSUFPB, Rodrigo Eloy, um bom número de violinos em uma orquestra gira em torno de 22, sendo eles distribuídos em 12 primeiros violinos e 10 segundos violinos. Nesse concerto, que contava com sete primeiros violinos, ele falou que, com exceção da professora do departamento Lara Venusta, o naipe (grupo de mesmos instrumentos) de primeiros violinos estava composto por três músicos contratados e três músicos aprovados no concurso que estão na lista de espera. “Espero que com todas as palavras de apoio dadas pelas autoridades antes do concerto, que seja feito sempre
o máximo para melhorar a OSUFPB. Acho que é preciso chamar mais músicos aprovados no concurso, para que tenhamos um quadro de pessoal estável”, comenta Rodrigo. O violinista goianiense Vinícius Amaral teve a colocação de primeiro lugar no concurso e veio morar em João Pessoa em janeiro deste ano. Ele, que tocava na Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Federal Fluminense (OSN/UFF), conta que o enfoque dessa sinfônica é mais tradicional, já que lá não tinha o curso de Música, diferentemente da OSUFPB, que tem um lado mais atrelado ao ensino. Amaral acredita que a orquestra entra para divulgar a própria universidade e para promover a arte e a cultura dentro da comunidade acadêmica. CRÍTICA Para o crítico musical Samuel Cavalcanti, o repertório do concerto foi bem escolhido e executado. “Daqui a um tempo esta orquestra vai ter um bom parâmetro de incorporação no cenário nordestino. A UFPB tem, pela primeira vez, a oportunidade de fazer uma sinfônica de grande porte com pessoas engajadas no trabalho com a música”, opina.
UFPB recebe instrumentistas internacionais Carlos Antonio
Coordenadores do programa discutindo o tratamento da paciente Poliana Queiroz sas geladas; e a reabilitação miofuncional, a mesma utilizada por Poliana. “Quando ocorre uma disfunção na face que provoca a dor é porque essa articulação está sendo mal utilizada, então o nosso tratamento consiste na reeducação dos pacientes”, explica o coordenador Giorvan Ânderson. Serviço O programa possui o apoio do Departamento de Clínica e Odontologia Social, Departamento de Morfo-
logia, Departamento de Fonoaudiologia e do Departamento de Odontologia restauradora da UFPB. O trabalho é realizado na clínica de odontologia restauradora em áreas de Serviço Ambulatorial do HU e é gratuito. “Qualquer pessoa que procurar o serviço pode ser atendida, seja ela da comunidade universitaria ou da população externa. Recebemos muitos pacientes encaminhados de outros serviços do Sistema Único de Saúde (SUS)”, conclui Giorvan.
Foto: Carlos Antonio
A sala de concertos Radegundis Feitosa, recém inaugurada pelo departamento de música da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), recebeu, na última quarta e sexta feiras, dois músicos internacionais. Os professores Kate Hamilton (viola, Concordia College - EUA) e Milton Masciadri (contrabaixo, Universidade da Geórgia – EUA), participaram da Série Artística da UFPB do Programa de Pós-graduação em Música da Universidade (PPGM/UFPB). recital No primeiro dia do evento, aconteceu o recital de contrabaixo e piano, executado pelo professor doutor do Departamento de Música da UFPB (Demus) e pianista, José Henrique Martins, junto com o contrabai-
Kate Hamilton (americana) e Milton Masciadri (uruguaio) se apresentam em recital na UFPB xista uruguaio e professor da Universidade da Geórgia, Milton Masciadri. Durante o recital, os intérpretes tocaram entre outras obras, a ver-
são de Masciadri do tema do filme “A lista de Schindler”, e terminou sua apresentação com o Choro de Villani Cortês.
concerto No último dia, o concerto contou com a presença dos dois músicos internacionais, do Artesan Trio – grupo formado por professores da UFPB – e do professor doutor do DeMus Hermes Alvarenga, como convidado. O intercâmbio com faculdades internacionais, promovido pelo Programa de Pós-Graduação, foi em comemoração ao doutorado em música, que foi aprovado pela UFPB neste ano. O aluno de viola da UFPB, Daniel Espinoza, falou da importância de eventos desse nível na universidade para os alunos. “Esse intercâmbio nos qualifica como estudantes no sentido técnico e interpretativo”, conta. Além dos alunos de música, estudantes ligados a outros departamentos lotaram a sala Radegundis Feitosa no último dia do evento.
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cinema
América Latina vai ao cinema Bárbara Santos e Juliana Miranda Com o objetivo de analisar filmes importentes para a história dos continentes americanos, contados pelo ponto de vista dos marginalizados, surgiu o projeto de extensão América no Cinema. O grupo é coordenado pela professora Regina Behar, do curso de História do Centro de Ciências Humanas Letras e Artes (CCHLA), e possui apoio do Cinefagia, cineclube dos estudantes de História. As reuniões são às quintas-feiras no auditório do CCHLA, das 17h às 19h, alternadas entre exibições de filmes e discussões sobre as temáticas levantadas. A professora Behar conta que a ideia da criação do grupo surgiu através da sua percepção da deficiência no estudo da América na UFPB. “Nosso departamento não possui nenhum pesquisador nessa área, então, pensei no grupo como forma de agregar mais conhecimento aos alunos de História e ao mesmo tempo criar um espaço que extrapolasse esse público, pois a extensão está aberta para toda universidade”, explica. O mestrando em História pela UFPB e participante do Cinefagia André Fonseca salienta o valor do cinema como uma fonte formidável de representações sobre a biografia mundial. Segundo ele, o filme pode ser utilizado como dado histórico em pesquisas. Assim, uma película como Memórias do Subdesenvolvimento – avaliado em um dos encontros – pode ser analisado para entender melhor aquele contexto histórico. RELEVÂNCIA A coordenadora do grupo, Regina Behar, explica que durante as análises e discussões procura fomentar a ideia de que o filme assistido é uma representação da história feita pelo diretor e tenta aguçar o ceticismo dos alunos sobre os acontecimentos. Ela constata que o cinema não é algo natural, é uma construção do por quê, para quê e quem foi feito. “Queremos acabar também com a perspectiva do professor que usa o filme para substituir a aula, pois damos o filme como um dado e depois tentamos problematizá-lo e criticá-lo”, conclui. O projeto tem como intuito o desenvolvimento de um olhar histórico crítico através da análise fílmica. Atende também, uma exigência dos currículos que atualmente pedem atividades extracurriculares e, por fim, contribui para a formação profissional, uma vez que os historiadores saídos da UFPB serão majoritariamente professores. Para o estudante de História da UFPB, Yanderson Vasquez, o projeto está lhe trazendo além do aprendizado histórico, uma nova perspectiva para assistir a um filme. “Eu aprendi a diferenciar um filme de cunho histórico de um comercial. Por exemplo, um filme italiano é diferente de um americano, captar as particularidades deles e os porquês – como o uso ou não de cores- faz muita diferença no entendimento do audiovisual assistido”, expõe. PRETENSÕES Com encerramento previsto para o dia 25 de abril o América no Cinema pretende continuar no próximo semestre. Abordará películas que retratam unicamente a história do Brasil, pois nessa edição esse tema foi retirado. “Nós resolvemos tirar o Brasil da programação, pois dentro do curso de História nosso país já é muito estudado. Por isso quisemos nos aprofundar nos conteúdos mais excluídos”, esclarece Behar.
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cultura
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 12 A 19 DE ABRIL DE 2013 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
Balé Popular ensaia novo espetáculo Érica Rodrigues e Jude Alves Em funcionamento desde 1995, o Balé Popular da UFPB, se estabeleceu como uma representação da cultura popular através da coreografia. Explorando as nuances dos movimentos corporais artísticos, o projeto de extensão estuda as diversas formas da dança na conjuntura da identidade cultural nordestina. O grupo é aberto à comunidade em geral, realizando a cada dois anos uma oficina onde os interessados fazem dois meses de aulas e pequenos ensaios de coreografias. A partir de então, se as pessoas se adaptarem, é aberto o que o coreógrafo Maurício Germano chama de “seleção natural”, na qual não importa a técnica, e sim que as pessoas entrem no compromisso e na rotina do grupo. O projeto recebe o apoio da universidade, que patrocina todos os eventos, além de custear o figurino. Depois que o espetáculo é montado, acontece a estréia e ele é lançado no circuito de dança da Paraíba e do Brasil. estreia Atualmente o balé está montando um espetáculo ainda sem nome, que tenta resgatar as loas, que eram cantigas populares em louvor aos santos, as primeiras músicas de folguedos. “A gente está pesquisando essas primeiras musicas de vários folguedos. Já temos o pastoril, a loa do maracatu, algumas músicas de ciranda, de aberturas, mas na verdade o roteiro não está totalmente definido”, explica o coreógrafo. O integrante do elenco, Márcio Feitosa, que participa do balé há seis anos, conta que a nova montagem vai ser bem diferente porque serão usadas várias danças, como xaxado e maracatu. A bailarina Juliana Abath, que está no balé há dez anos, conta que o grupo possui uma característica diferente de outros grupos de João Pessoa, que é ter um trabalho continuo. As reuniões são feitas três vezes por semana e a única exigência do coreógrafo é o compromisso com os ensaios. “O trabalho não é só montar o espetáculo. Além disso, nós fazemos pesquisas, estudamos, fazemos um laboratório... Existe todo um trabalho de campo”, esclarece. Juliana observa que o Balé Popular existe porque as pessoas que participam dele gostam do que fazem, além de existir uma pessoa comprometida à frente do projeto. Função Social Segundo Maurício Germano, o balé é fundamental para criar uma geração de novos profissionais de dança. O grupo não lida apenas com dança, dentro do processo existe toda uma parte social, uma criação de expectativas. “Algumas pessoas vêm das periferias e nós abrimos portas para que quando eles saírem daqui possam continuar trabalhando conosco, o que acontece bastante”, conta. Ele comenta que o Balé Popular vai completar dezoito anos de projeto, e muitas pessoas estão pelo mundo e saíram dele. “Há pessoas que formam seus próprios grupos, dão aulas em academia, em projetos governamentais de dança... A maior riqueza, além do espetáculo, é essa”, conclui.
esportes
JOÃO PESSOA - PARAÍBA 12 A 19 DE ABRIL DE 2013 Jornal do Laboratório do Curso de Jornalismo da UFPB
Livro reúne fotografias Complexo aquático recebe do cotidiano Potiguara Festival de Natação Inclusiva “Paraíba Potiguara” , que propõe divulgar cultura indígena local, será lançado pela Editora Universitária Bárbara Santos e Dalana Lima O professor e pesquisador do programa de pós-graduação em Ciências das Religiões (PPGCR/UFPB), Lusival Barcellos, foi instigado em sua tese de doutorado a conhecer a cultura de um dos povos indígenas mais tradicionais do Nordeste, os Potiguara. Atualmente existem 20 mil sobreviventes desse povo, divididos em 32 aldeias e espalhados em quase 35 mil hectares de solo paraibano. Em 11 anos de pesquisa o filósofo e teólogo aprendeu a admirar e respeitar esse povo. Por isso ele quis homenagear esse grupo étnico lançando o livro Paraíba Potiguara. A obra elaborada a quatro mãos é resultado do conhecimento e sabedoria de Lusival Barcellos acerca dessa etnia e a técnica fotográfica de Juan Cozár, propondo um convite ao leitor para mergulhar na vida e no cotidiano dos potiguara. O livro será lançado em abril, em três datas e localidades distintas, pela Editora Universitária. O Questão de Ordem conversou com o autor do livro sobre sua obra, suas pesquisas e atual questão indígena. Confira abaixo trechos desse bate-papo:
QO: Como aconteceu sua aproximação inicial com o povo potiguara? LB: O índio é sábio, as pessoas falam que eles são desconfiados, mas eu digo que eles são sábios. Os indígenas possuem outros valores e referencias que não são iguais aos nossos, então nos cabe entrar no contexto deles e não o inverso. Para eu conquistar a confiança deles no início foi complicado, fui até ameaçado. Imagina um estranho chegar para gravar e fotografar seu dia a dia falando que é para pesquisa? Então, comecei a acentuar minha presença na aldeia, oferecendo caronas aos indígenas. Quando eles estavam comigo no carro eu começava a sondá-los, a carona foi a minha estratégia para desarmá-los. QO: Como resultados dos seus estudos, é possível traçar um perfil do potiguara? LB: Eles não têm uma homogeneidade, eles possuem divergências internas, o cacique geral não tem gerencia sobre todas as aldeias. Eles trabalham com a agricultura, a pecuária, a pesca, são profissionais autônomos, estaduais, federais, tem até potiguara político.
Foto: Carlos Antônio
Dayse Costa
Foto:Juliana Miranda
QO: Há quanto tempo o senhor começou a pesquisar sobre as aldeias indígenas paraibanas? Lusival Barcellos: Em 2002, eu fui desafiado a fazer um projeto em 15 dias para entrar no doutorado. Quando eu me apresentei para a minha orientadora ela disse que não orientava a respeito do meu tema, e sim sobre educação e religião indígena dos potiguaras. Eu não conhecia nada sobre eles, eu tinha aversão a índio, na verdade eu tinha medo, receio, preconceito de índio e devido a esse desafio da orientadora que eu me lancei a desvendar o mundo indígena da Paraíba, sobretudo os potiguaras.
Trabalho organizado por alunos do curso de Educação Física promove inclusão e integração social
O professor Lusival Barcellos, pesquisador da cultura indígena, fala ao Questão de Ordem sobre a produção do seu novo livro QO: Como surgiu o livro Paraíba Potiguara? LB: Surgiu numa conversa informal entre amigos. Quando o superintendente, na época, da rede de Hotéis Tropical, decidiu realizar um programa de valorização da cultura indígena, como por exemplo, na gastronomia, artesanato e vestuário. Uma das metas naquele momento era buscar algo que desse uma maior visibilidade para a questão indígena, como o lançamento de um livro.
no. Qual a importância disso? LB: É crucial. Eu acho um desrespeito a desinformação que nós temos sobre o indígena. Eles não são divulgados na TV, nem nas escolas. A sociedade os trata como uma classe marginalizada, visto de uma forma completamente pejorativa. Em 2002 eu me apaixonei pela causa e uma das coisas que eu coloco nessa dimensão cidadã, humana, social é de estar divulgando a grande cultura de valor que eles têm. A forma milenar como eles se organizam, percebem, intuem é algo inédito. Eu escolhi como opção de vida estar voltado para a causa indígena e essa é minha contribuição social que faço com muito gosto e paixão.
Eu acho um desrespeito a desinformação que nós temos sobre o indígena.
QO: Qual a sua intenção ao optar por textos bilíngues? LB: A intenção é de que o livro voe o mundo e não tenha fronteiras acadêmicas. Nós queremos atingir todos os públicos, desde uma pessoa com pouco estudo ao intelectual, já que no livro existe o predomínio de imagens. A minha primeira publicação sobre o povo potiguar foi minha tese de doutorado, mas ela é muito densa e já nesse trabalho a fotografia fala por si só. O livro é um passeio por dentro das aldeias, uma forma de mostrar o cotidiano e a realidade indígena. Ele é constituído por fotos e ao final tem oito páginas de texto em português e inglês, sendo dividido em títulos como o povo, a natureza, o jeito, o labor, o ser, a cidadania e o toré. QO: Através das suas publicações antigas e agora com esse livro existe um trabalho de resgate e divulgação do indígena paraiba-
QO: Quanto tempo demorou para o livro ser produzido? LB: As fotos são de 2010, esse livro era pra ter sido lançado em 2011. O problema é que lançar um livro desses é caríssimo e na hora do apoio financeiro ninguém banca. O Paraíba Potiguar foi aprovado na lei federal de incentivo a cultura, também conhecida como Rouanet. Mas eu fui ao governo do estado e na prefeitura com o projeto e ninguém aceitou, pois para produzir 500 exemplares o custo seria de R$ 40 mil, então eu tive que bancar do meu bolso grande parte do projeto. QO: Qual o significado desse livro para os potiguaras? LB: Para eles está sendo fenomenal, pois só existem cinco materiais
dos potiguaras na atualidade. Duas cartilhas feitas por eles e três trabalhos meus. Esse livro, a minha tese de doutorado e um próximo livro que irei publicar também esse ano. QO: Além das pesquisas o senhor realiza com os potiguaras algum projeto social? LB: Sim. Em 2010 eu apresentei o meu projeto através do Programa de Educação Tutorial (PET), que é um programa que o MEC oferece às universidades. O projeto possui 12 bolsas para universitários indígenas e tem como meta o acesso e permanência do universitário indígena na academia. Com isso nós criamos em 2011 um cursinho em que voluntários e os próprios indígenas que estão na universidade dão aulas para outros indígenas. Por meio desse projeto nós conseguimos alcançar diversas aldeias, inclusive as mais distantes. QO: Qual a sua opinião a respeito das cotas indígenas nas universidades? LB: Eu sou radicalmente contra cotas. No entanto, eu sou totalmente a favor das cotas. A educação no ensino médio da rede pública ainda é muito imcompleta. Os professores que estão em sala de aula precisam de uma mudança substancial, pois vivemos em uma era digital e eles ainda não estão preparados para lidar com isso. Os alunos que tem mais acesso as universidades são os alunos das escolas privadas. Com isso, quando é que o indígena vai ter a chance de entrar na universidade? Esse desdobramento de cotas, neste momento, é essencial que exista, até que o ensino oferecido na rede pública possa concorrer de igual para igual com a rede privada.
O II Festival de Natação Inclusiva aconteceu na manhã da última sexta-feira, no Complexo Aquático da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O festival foi organizado pela turma da disciplina de Organização de Eventos Escolares, do curso de Educação Física da UFPB. Para a competição, foram inscritas aproximadamente 65 pessoas, sendo a maioria crianças entre 6 e 15 anos. A divisão das categorias foi feita por idade e por tipo de prova. Ao todo, foram 15 provas, incluindo a de revezamento. Algumas delas foram divididas, devido ao número de raias ter sido insuficiente em relação ao número de nadadores inscritos. Segundo a professora da disciplina de Organização de Eventos Escolares, Elaine Capelazzo, em algumas provas, como não havia um número suficiente de nadadores deficientes para competir, não houve divisão entre categorias. O que não prejudicou ninguém, já que a intenção era de promover a inclusão. Jânio dos Santos, estudante de Educação Física na UFPB, acredita que a intenção do festival foi proporcionar a vivência da natação. “Nosso intuito foi o de promover para essas crianças a experiência de uma competição, fomentando a modalidade esportiva e incluindo-as socialmente. Para que, no fim, todas recebessem medalhas”, afirmou. Superação Daniel Carvalho, de sete anos, é portador de paralisia nos membros inferiores e começou a praticar natação em setembro do ano passado, em um projeto de extensão da UFPB. Seu pai, Rodrigo Carvalho, contou que o evento foi fundamental para quebrar barreiras e para que seu filho seja aceito entre as outras crianças. Ele
Após as provas, todos os atletas sobem ao pódio para receber medalhas pela participação também observa os resultados positivos que tem visto em Daniel após a prática esportiva e a competição. “Hoje, ele nadou 25m de crawl. Ele tem desenvolvido muito bem a natação tanto de crawl, como de costas, melhorou o controle motor, o equilíbrio e no relacionamento com as outras crianças. Essa experiência do festival foi muito válida”, ressalta. Ronaldo Belarmino é pai de Arthur, que competiu na categoria acima de 15 anos. Ele tem síndrome de down e, desde os sete anos, pratica natação na Associação de Pais e Amigos do Excepcionais e no Centro de Atividades Especiais Helena Holanda. O pai, orgulhoso, afirma que “o esporte algo que sempre muda a feição, o comportamento, e integra mais as pessoas com deficiência. É uma maneira de incentivá-las
e de mostrar que elas são capazes”. Já Isabela, filha de Maria Aparecida de Almeida, tem paralisia cerebral e disputou na categoria de 11-12 anos. Ela frequenta o projeto de extensão de natação da UFPB há um ano. A mãe, diz que além de ter melhorado o equilíbrio, sua filha ganhou massa muscular e passou a ser mais disciplinada. “O evento foi de grande importância, tendo em vista que despertou nela o espírito de competição”, conta a mãe. “A socialização com outras crianças deficientes também foi muito benéfica, pois é preciso trabalhar o preconceito, que algumas vezes eles mesmos também têm com os colegas”, completa. Dever Cumprido Segundo a professora Elaine, a competição cumpre o papel da disci-
plina, que é de proporcionar aos alunos a chance de pôr em prática toda a teoria que eles aprenderam durante a cadeira. “Além disso, eles aprendem a trabalhar em equipe e têm contato com o público alvo do evento. Esta experiência será fundamental para a vida profissional deles”, completa. O aluno de Educação Física, Jânio dos Santos, ficou encarregado de prestar os primeiros socorros, caso fosse preciso. “Tive também que acompanhar alguns alunos dentro da água, por causa do nível de deficiência delas, mas, graças a Deus, não aconteceu nenhum incidente”, explica. Para a estudante Gisele Holanda a sensação foi de dever cumprido. “Me emocionei com alguns deficientes nadando, e sendo motivados pelas pessoas que estavam aplaudindo”, comenta Gisele.
REFORMA
CIEF realiza transferência de alunos Foto: Carlos Antônio
Carlos Antônio A Vila Olímpica Ronaldo Marinho - também conhecida como o CIEF - está em reforma. As obras já começaram e a previsão é de que seja concluída em 12 meses. A maior parte da Vila está interditada e algumas atividades esportivas estão temporariamente paralisadas. No local, estão funcionando apenas a quadra principal e as piscinas. No período da obra, alguns atletas usarão os espaços de desporto da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Alguns afirmam que essa liberação do espaço vai interferir na vida dos alunos de graduação. “Já é um problema os projetos de extensões dos professores que comprometem as graduações, imagina com mais uso? A graduação nunca foi prioridade da UFPB”, diz estudante de Educação Física, Gyme Costa. O diretor do CIEF, professor Antônio Meira, está resolvendo os trâmites da reforma junto ao Governo do Estado. “Em breve, todas as atividades do CIEF serão paralisadas, mas não sei exatamente vai aconte-
Campo da Vila Olímpica paralisado temporariamente para reforma cer. Tudo já foi quebrado, restam as piscinas e a quadra principal”, afirmou. Os professores procuraram apoio da UFPB para dar continuidade às aulas. universidade Boa parte dos alunos da UFPB desconhecem esse “intercâmbio temporário”. Eles alegam que não há espaço suficiente para comportar todos os alunos - atletas profis-
sionais e amadores - advindos do CIEF. O coordenador do Departamento de Educação Física, Cláudio Meireles, esclarece quais espaços serão utilizados. “Por enquanto, apenas alunos do atletismo estão usando o espaço desportivo da UFPB no período da manhã e tarde. Devido às reformas do ginásio de ginástica e didática, não foi possível liberar para outras modalidades desportivas”, disse o coordena-
dor. Até o momento, as piscinas da UFPB ainda não foram requisitadas. Meireles afirma que o curso de Educação Física não será prejudicado. Os horários de uso serão cumpridos e o departamento responsável pelo espaço desportivo continuará fazendo o possível para ajudar os atletas a continuarem treinando. “Vou fazer o possível para atender ao CIEF neste momento. Minha preocupação é com os atletas e as possíveis competições que estão por vir”, complementa. Competições Devido às Olimpíadas de 2016, que serão realizadas no Brasil, os professores e atletas do CIEF consideram o apoio recebido bastante importante. O aluno de natação, Alan Sabino, que está se preparando para competir, conta que está preocupado com a paralização temporária das atividades esportivas. “Quero continuar treinando. Almejo futuras competições e seria muito bom treinar na UFPB nesse período”, diz o atleta amador.
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Capoeira promove valorização cultural Natã de Sena Considerada a maior expressão da cultura popular do Brasil no exterior - mais do que o samba e carnaval -, a capoeira tem contribuído para a promoção dos aspectos regionais brasileiros. Esta contribuição fica evidente quando se assiste a um treino do Projeto Capoeira - O prazer do jogo, do curso de Educação Física da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O projeto, que faz parte do Programa de Bolsas de Extensão (PROBEX), foi criado em 1998, pelo professor Roberto Miranda, e hoje é coordenado pelo professor Marcello Bulhões. Atualmente acontece nas terças, das 19h30 às 21h, e nas quintas, das 18h30 às 20h, no Ginásio de Atividades Interdisciplinares (GI), no Campus I da UFPB. Para participar das atividades não há taxa de inscrição ou mensalidade, e tampouco requisitos físicos. Segundo Marcello, “para jogar capoeira basta saber bater palma num aniversário”. Existe um processo de iniciação adequado aos estreantes no jogo, que participam das aulas recebendo orientações à parte, até que consigam acompanhar o grupo. Depois de adaptado, o praticante pode, literalmente, entrar na roda e participar desse misto de jogo, arte-marcial, dança e canto. Força, agilidade, equilíbrio, resistência física e coordenação motora são as principais qualidades que a capoeira proporciona, além da capacidade de cantar e de se mover dentro de diversos ritmos. Por ser um jogo feito ao redor de pessoas, a autoestima é outro fator emocional muito trabalhado, tendo em vista que o jogador é sempre desafiado a expor o melhor que puder fazer frente ao grupo. Além disso, a capoeira contribui num aspecto moral por meio do respeito às regras e do respeito à integridade física do outro. Outra importante característica da capoeira é que seu início foi através da coesão entre hábitos sociais dos povos africanos de vários locais do continente, e tal característica se mantém até hoje. Para Thiago Melo, estudante de educação física e participante do projeto, a capoeira é um grande estímulo para sair do sedentarismo, assim também como das drogas e outras coisas prejudiciais à saúde. “Como eu tenho aprendido muito com ela e tenho me sentido muito bem praticando, recomendo para todos como um meio de obter saúde, lazer e conhecimento da cultura do nosso país”, diz. O Prof. Marcello conclui com uma afirmação categórica. “Nada sobrevive ao tempo se não é bom, se não é prazeroso, se não é importante de ser feito. O prazer de estar se movimentando é o mote que nos dá a força e vida pra continuar seguindo nesses 16 anos de existência.”
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literatura
Ressaca Dalana Lima Terça-feira, ainda não é o final do expediente no trabalho, mas muitos carros com seus faróis ligados já somam cores ao céu que ainda não está tão negro. As pessoas andam sempre tão apressadas e a correria do dia a dia tem lhes tirado o prazer que ainda existe em viver. Penso que a vida está correndo para fora dos trilhos, e nesse caso é preciso rever alguns pontos, quem sabe até parar. Um pouco distante do transito caótico que tem se tornado diário na capital, das buzinas ensurdecedoras e dos gritos do chefe que está levemente insatisfeito com o trabalho, caminho para perto dos sorrisos dos turistas animados em ver aquilo que você e eu já vimos inúmeras vezes sem dar valor algum. Perto das crianças que gritam enlouquecidas para chamar a atenção de seus pais, perto do mar, do barulho das ondas, do vento que traz lembranças boas e ainda tão vividas. A atmosfera desse lugar tem o poder de anestesiar os sentimentos ruins. É como se ali sua mente virasse um projetor de coisas boas, apenas. Em meio a um turbilhão de sentimentos e memórias, uma pequena multidão fascinada chama a atenção de quem passa. Muitos flashes de câmeras e olhares. Ao me aproximar pude ver o que extasiava a todos. O mar estava de ressaca. As ondas em fúria batiam sobre as pedras e lançavam-se sobre os que contemplavam aquilo tudo. A pista já estava inundada, e apesar disso ter causado um leve congestionamento, não se ouvia buzinas, apenas o barulho das ondas
e os sons de risos. Incrível como a natureza nos paralisa e revigora... Mesmo em fúria, nos sossega e traz a paz que nos abraça. Toda aquela água lavou não só o asfalto, mas também a alma de quem se deixou inundar por ela. Todo um dia de trabalho, todo o estresse de uma semana que acabou de começar, todo o medo de perder o prazer nas coisas simples, tudo se resolveu ali. Ninguém estava preocupado com o trânsito, nem com a água que se expandia a cada batida das ondas. A majestade natureza abriu no peito de cada ser vivente um sorriso. Sua majestade tirou beleza de onde ninguém mais via, seduziu com suas curvas espumantes, encantou com o seu som, arrebatou através do seu visual. A noite já se mostrava, mas as luzes acesas deixaram o cenário com cara de um eterno fim de tarde. Assim como eu, muitas pessoas permaneceram ali com as sandálias nas mãos, os pés submersos naquela água e os olhos fitados num horizonte de dias melhores pra sempre.
Verdades de um descendente lúcido Natã de Sena De avô eu entendo mais que todo mundo. Toda gente tem o seu vovô como o melhor homem do mundo; o cara das risadas, o cara das balinhas, o cara do dinheiro. Ele, que sempre está do seu lado quando o mundo diz que você está errado. Ele, que sempre aponta um caminho quando a coisa complica, sempre baseado em sua experiência de vida e erros (nunca citados) cometidos no passado. Meu avô não é o velhinho bonzinho queridinho da vizinhança que sempre tem uma palavra amiga e um sorriso gratuito. Para começar, ele é forte e tem uma musculatura invejável para quem tem 67 anos – e também para alguns com 19 – contrariando todos os avôs gordinhos sentados em cadeiras de balanço. Meu avô também não dá o braço a torcer. Nem enfarte ou coisa parecida consegue tirar o homem do trabalho, seja qual for a atividade, que não pode ser exercida por ninguém a não ser ele. Logicamente, não existe alguém capaz de fazer melhor. Não é o tipo de cara que dá abraço ou faz carinho, a não ser na mulher amada. Meu avô ama para dentro. É um poeta mal resolvido; deseja ver o sentimento fora do seu interior, mas não se esforça em fazê-lo ser visto. Sobre sentimento, conto-lhes uma verdade sobre os avôs: eles não são os mesmos com os filhos. Seu pai ou sua mãe jamais verão o seu avô como você vê. Não é por ser mentiroso, apenas não tem obrigação de disciplinar os netos. Sendo assim, meu avô é mais do que um pai. Talvez por isso eu tenha por ele uma admiração quase fanática. Porque ele é cru, e verdadeiro, e cabeça-dura, e sincero. Não mede palavras, tampouco tem pena do que diz, contudo, sabe o bem que faz quando diz o que deve ser dito. Seu Pedro, do hebraico “pedra”, é mesmo duro como uma rocha, mas mole como... bem, ele não é mole. E merece viver para sempre. *Ao péssimo motorista Pedro
Humor