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Páginas 12 e Entrevista
apenas mudanças quantitativas. Houve esse salto. Quem viu e viveu nos anos 80, e tem aí memórias desses tempos, reconhecerá perfeitamente que as mudanças são muitas. Basta olhar para o ensino superior e para a sua massificação. Antes disso, este tipo de ensino era efetivamente para os filhos dos doutores, era restrito e absolutamente elitista. Praticamente entrava na faculdade, salvo raras e honrosas exceções, quem tinha já pais licenciados. A tal massificação do ensino superior, nos anos 90, abriu porta a uma sociedade mais justa, a um verdadeiro elevador social. Eu penso que, se tivesse de eleger uma das marcas d’água da transformação da nossa sociedade, seria essa! Definitivamente. E claro que a corrente tecnológica, que percorreu todo o mundo, acelerou muito destes processos. O futuro, vejo-o um pouco mais sombrio. Sobretudo porque, depois de termos sido castigados com a crise da troika, parece que estamos a ser fustigados com esta crise económica gravíssima e social, que – para mim – vem com a péssima gestão da covid-19 na Europa. E Portugal não é exceção! Portanto, temo bem que os próximos 10 anos sejam apenas de recobro, de recuperação, e não de expansão!
Em termos da alma e motivação das pessoas – que a psicologia, na qual é licenciada, estuda –, tão afetada nestas vagas pandémicas, que “vacina” poderá curar eficazmente a saúde mental e a paz interior delas e que não está à venda?
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De facto, é verdade! Mesmo que vacina fosse achada amanhã, as marcas e as cicatrizes sujas e psicológicas deixadas por estas experiências globais de engenharia social – que de repente vão contra tudo aquilo que é mais essencial na natureza humana da sua sociabilidade – vão ser profundas! Para muito tempo depois, mesmo que a vacina seja agora encontrada em novembro de 2020, penso que essas marcas vão perdurar bastante. O ser humano, ele é Homo Sapiens Sapiens justamente por causa da sua sociabilidade. É porque nós somos animais gregários, de grupo; é porque a nossa gravidez, a gravidez do ser humano, é longa; é porque a relação de dependência do bebé humano com os seus pais é longuíssima, ao contrário da dos mamíferos superiores ou mesmo da de outros primatas superiores. Deste modo, é por causa da sua sociabilidade que o ser humano é ser humano. Assim, roubaram-nos, fomos castrados. Privados daquilo que é, de facto, o centro e nervo da nossa alma . Isso terá consequências que estão ainda por estudar, mas que serão muito graves e muito irreversíveis.
Como professora assistente que é no Ensino Superior, quais as suas principais preocupações naquilo que transmite e recebe – no processo ensino-aprendizagem – dos seus alunos?
Aquilo que eu procuro sempre com os meus alunos é ensiná-los a pensar. É, sobretudo, a desafiar aquilo que lhes é transmitido, terem uma opinião própria – divergente da minha –, a questionarem aquilo que eu afirmo, a desafiarem as suas fontes e a procurar serem sempre melhores do que aquilo que lhes é apresentado à sua frente. Portanto, é a única coisa que sempre me interessou no Ensino. Por isso, gosto muito mais de aprender do que dar aulas.
Sei que tem um cuidado especial com a sua alimentação e com o seu corpo. E no Douro há uma boa tradição culinária, com pratos típicos. Aprecia-os?
Gastronomicamente falando, sempre tive dois fraquinhos pelo Norte e pelo Alentejo. Talvez por serem dois dos sítios do país onde se coma melhor, na minha opinião. E é onde as pessoas são mais calorosas, de maneira diferente entre si. Mas aquilo que encontro no Douro, e no Norte em geral, é uma grande abertura, uma grande generosidade, uma grande disponibilidade para o encontro e para a espontaneidade. Eu senti mais isso quando vim de Coimbra para Lisboa: custou-me muito adaptar à frieza, ao distanciamento social dos ‘alfacinhas’ – para usar uma expressão agora em voga. Ainda me custa, por isso sinto-me mais em casa quando estou no Norte.
Quando se fala no Douro, o que lhe diz particularmente? E se tivesse de o escrever, como descrevê-lo-ia?
É quase inevitável pensar em vinho quando se pensa no Douro. Pensar na produção vinícola da região, que deve ter histórias fantásticas do povo português, do seu esforço e das suas pequenas epopeias. Porque, quando se fala dessas grandes aventuras, pensa-se sempre naquela coisa macro dos Descobrimentos. Mas, na verdade, o povo português sempre teve muitas lutas e muitas batalhas para vencer e teve o Douro para oferecer o néctar, com muita gente que teve de penar por isso. Certamente que escreveria sobre o Baco, as bacantes do Douro e todo o esforço que foi necessário para chegar até ao prazer.
Percorrendo agora a sua obra publicada na meia-dúzia de livros da sua autoria, a temática geral encaixa-se nestas áreas que têm preenchido a sua vida: a psicologia e a política. Donde lhe vem e se baseia esse gosto/interesse pela loucura humana e sua investigação? (cf.,
Entrevista
por ex., «Psicopatas Portugueses» e «Maníacos de qualidade»)
Penso que não há nada mais fascinante do que o cérebro humano, a mente humana, e os seus mistérios. Porque, na verdade, há ainda muita coisa que a Ciência desconhece sobre o Universo e sobre o Homo Sapiens Sapiens. Muitas dessas perguntas, dessas incógnitas, estão ainda naquilo que é a alma, o espírito, o pensamento – chamem aquilo que quiserem – daí o meu fascínio e a minha atração por essa temática.
Em «Sonhos Públicos» aborda temas como o amor, a morte, a violência, o consumismo, o poder dos Media, entre outros. Desde que publicou esse livro algo mudou / melhorou no cerne dessas temáticas e na forma como é vivida pelos Portugueses?
Esse livro publiquei-o em 2018. Por isso é ainda muito recente. Não teve tempo, certamente, de tecido social para uma transformação. Penso que para a maior parte dos temas abordados, através do cinema – o cinema é um pretexto para abordar essas temáticas que apontou e poder processar, metabolizar e refletir sobre eles –, ainda é cedo para gerar mudança. Enfim, não são só portugueses, esses temas com invariáveis e dessas grandes linhas que eu discuto em assuntos públicos: são globais. Mas penso que sejam marcas deste século XXI.
Qual é, neste momento, o(s) seu(s) maior(es) sonho(s) público?
Nenhum sonho público. Mas uma coisa pela qual tenho lutado, para e pela sociedade portuguesa – e que vou continuar nessa batalha –, é por uma maior transparência! Não há nenhuma justificação – já que o dinheiro é público, dos contribuintes que somos e que pagamos impostos, neste século XXI e com o nível tecnológico acessível e disponível – para não haver um portal onde possamos, rapidamente e com uma linguagem simples, saber justamente quanto se arrecadou de impostos em cada ano. Bem como qual a sua distribuição para cada uma das áreas (Saúde, Educação, etc.) e suas ramificações presentes. Pois, efetivamente, isso é que faz parte da governanção moderna e que será uma exigência básica, cidadã e cívica, nestes tempos quotidianos. Esta é uma das minhas batalhas, sem dúvida, e que ainda vai estar na arena pública durante muito tempo, infelizmente.
Na breve apresentação curricular dos seus livros consta também que é ‘ativista’. Que género de ativismo pratica? E gostaria de exercê-lo mais ainda e que as pessoas a vissem/olhassem mais como tal?
Como já referi, tenho estado em causas – micro e macro causas – que vou tomando como pertinentes, necessárias e justas. Associo-me a elas, luto por elas, e faço ouvir a minha voz, que vai tendo alguma expressão mediática. E, portanto, tento aproveitá-la para aquilo que eu considero que é, de facto, equilibrado e necessário para o nosso país.
Ao terminar esta entrevista, o que gostaria de manifestar com relevância aos nossos leitores, que não tenha ainda sido referido e que os ajude a enfrentar estes tempos complicados?
Aos nossos leitores gostaria deixar uma última palavra. Uma palavra de esperança, nestes tempos muito difíceis, em que muitas famílias perderam os seus empregos, as suas casas ou que estão com dificuldades em honrar os seus compromissos financeiros, em que os seus filhos tiveram de mudar de escola e que deixaram de fazer uma série de coisas que lhe dava gozo e prazer – que também é uma dimensão muito importante da vida. Portanto, esta é uma mensagem de esperança em que havemos todos de conseguir. Não, não é que vá ficar tudo bem, pois há coisas que vão ficar muito mal, muito difíceis, ásperas, complicadas de superar, mas é assim: isto é a vida e temos de seguir em frente! ▪
Sernancelhe Sernancelhe vendeu 15 toneladas de castanha Martaínha online
A edição deste ano da Festa da Castanha foi realizada em formato digital devido às restrições impostas pela pandemia Covid-19. Num formato inovador a autarquia apostou na venda da castanha online através da plataforma Dott.pt, uma aposta que se revelou ganhadora.
Numa altura em que as grandes concentrações de pessoas não são permitidas, a Festa da Castanha, evento que reúne normalmente cerca de 50 mil participantes, foi uma das que teve que se adaptar à nova realidade. Para Armando Mateus, vereador da autarquia com quem o VivaDouro esteve à conversa, este é um formato de sucesso, na promoção do território e na economia local, que deve ser mantido e melhorado no futuro.
De uma forma geral, que balanço faz a autarquia desta edição especial da Festa da Castanha?
O balanço é extremamente positivo. Os objetivos que tínhamos perspetivado foram largamente ultrapassados. Obviamente que num formato completamente novo, a venda online de castanha através de uma plataforma que tem conhecimento nesta área e com dimensão nacional, a Dott.pt que inclui ainda o apoio dos CTT. Este formato de feira digital foi-nos apresentado, já experimentado com outros produtos regionais, como por exemplo a cereja, queijos ou vinho, contudo todos ainda numa fase de experiência. Mais do que a venda do produto em si vimos neste formato digital a oportunidade de continuar a divulgar a nossa castanha Martaínha, que é aquela que produzimos aqui na nossa DOP, os Soutos da Lapa, mantendo ainda a marca Terra da Castanha bastante ativa, estes eram os principais objetivos. Obviamente que escoar a castanha dos nossos produtores, que em média são cerca de 30 na Feira da Castanha, foi para nós uma preocupação até porque havia um risco de quebra do seu valor pela existência de oferta em excesso.
A imagem visual desta iniciativa foi também muito elogiada, foi uma das vossas preocupações?
Procuramos logo de início que esta campanha apostasse numa vertente visual muito atrativa, daí desenvolvermos uma embalagem com algum cuidado gráfico que no seu conteúdo levasse também alguma comunicação do município sublinhando a marca Terra da Castanha, no fundo procuramos que a caixa levasse também uma experiência ao comprador. Esta iniciativa foi acompanhada de uma forte campanha de comunicação com a colocação de outdoors, participação em programas televisivos e rádio e inserções nos meios de comunicação locais. O primeiro grande impacto acabou mesmo por ser a participação no programa “Praça da Alegria”, da RTP. Após ir para o ar a Dott contactou-nos a informar que a plataforma, que ainda só tinha o produto em pré-reserva, contava já com 1 tonelada de castanha encomendada. Isto deixou-nos logo a antever uma excelente campanha. Obviamente que os CTT e a Dott vêm na nossa campanha uma oportunidade para eles também se alavancarem, trabalhando-a nos meios deles, e de uma forma bastante intensa. Reuniram-se diversas condições para que esta fosse uma iniciativa de sucesso, que totalizou no final das três semanas as 15 toneladas de castanha vendidas.
Qual foi o feedback que receberam do público?
O feedback foi muito positivo, as pessoas viram neste formato a hipótese de partilharem um momento único em que a Covid acabou até por ser um pouco esquecido.
E dos produtores?
Os produtores ficaram também bastante satisfeitos até porque conseguimos manter um preço elevado de compra ao produtor. É importante dizer aqui que a autarquia teve a função de promover uma plataforma e fazer a divulgação mas depois, toda a logística comercial é da responsabilidade da Associação Sementes da Terra que teve um compromisso com todos os produtores em que o preço pelo qual a castanha fosse vendida ele revertia na totalidade ao produtor. O objetivo sempre foi ajudar diretamente o produtor, permitindo assim colmatar as dificuldades de um ano de média produção e onde o preço da castanha ao produtor baixou muito. França e Itália estão a retomar as suas produções depois de resolvido o problema com a vespa da galha do castanheiro, que nós agora estamos a vivenciar, aumentando a presença de produto no mercado que leva ao decréscimo do preço.
No próximo ano, e de acordo com as informações que vamos tendo, por esta altura a pandemia estará já controlada. Nessa perspetiva, este formato é para se manter?
Este formato surge para dar resposta a uma necessidade e inicialmente pensou-se que seria uma situação pontual mas, esta pandemia também nos trouxe uma nova realidade, pautada pelo sucesso, que é a venda online através das diversas plataformas digitais. A Dott foi convidada para um programa onde se evidenciavam cinco casos de sucesso em contexto de pandemia e dentro da Dott foi escolhida a Festa da Castanha de Sernancelhe como um caso de sucesso dentro de outro caso de sucesso. Obviamente que com isto nós nunca mais poderemos descartar a venda online, não nos podemos desligar deste cliente que aqui encontramos. É um cliente que recebeu em casa uma embalagem não só com um produto mas com uma experiência também, através de uma brochura que apresentava o nosso concelho, locais a visitar, onde comer ou dormir, etc. Algo que desperta nas pessoas a vontade de visitar Sernancelhe no futuro. Nas redes sociais as reações foram muitas e referiam sempre não só o produto como a forma em que o receberam, prometendo uma visita em breve. Estas plataformas digitais permitem-nos, através dos nossos produtos endógenos, chegar a outros públicos e trazê-los ao nosso território para que o conheçam melhor.
Com esta solução não foi possível chegar aos muitos emigrantes que estão espalhados pelo mundo, já está pensada uma forma de chegar até eles no futuro?
Esta plataforma só trabalha para Portugal continental e ilhas. Recebemos centenas de mensagens de emigrantes saudosos por este ano não poderem estar presentes na Festa da Castanha e por não poderem estar a consumir a castanha da sua região. Esta é uma situação que pretendemos solucionar até à próxima edição. Conseguimos colmatar esta falha com a ajuda de alguns dos nossos grandes produtores que acabaram por fazer essa ponte, expedindo diretamente para os emigrantes. Temos também algumas empresas locais de transporte de pessoas e produtos locais, nomeadamente para a França e Suíça, que colaboraram nesta operação. Sentimos que não conseguimos resolver todos os casos solicitados, resolveram-se alguns mas no próximo ano queremos alargar esta plataforma para o estrangeiro.
Podemos então assumir que no próximo ano a Festa da Castanha terá uma vertente presencial e outra online?
Será isso mesmo. Iremos trabalhar, como sempre trabalhamos, as edições presenciais mas nunca mais nos vamos desvincular da plataforma digital porque é outro potencial mercado que entendemos que devemos apostar.
Houve muita gente envolvida em toda esta dinâmica, a autarquia tem algum agradecimento especial que queira fazer?
Este projeto só foi possível com a entrega, a participação e o empenho de todos aqueles que foram solicitados. Obviamente que recorremos, como sempre, à nossa logística, aos nossos funcionários e técnicos. Mobilizamos toda a nossa secção de cultura para esta iniciativa porque foi necessário envolver muita gente. Houve também a participação de diversas associações locais, da escola profissional e claro, de destacar a Associação Sementes da Terra que, juntamente com os seus associados, deram uma alavanca muito importante a este projeto. Como não podia deixar de ser fica também o nosso agradecimento especial aos nossos produtores e algumas empresas agroalimentares que colaboraram connosco. ▪
Município comemorou 184.º aniversário
O município de Sabrosa comemorou no dia 6 de novembro, o seu centésimo octogésimo quarto aniversário. Num ano atípico, marcado pelo atual estado de pandemia em que vivemos, recorrente da existência da COVID-19, e agravado pela inclusão do concelho de Sabrosa no lote dos concelhos de alto risco de transmissão para esta doença, o município viu-se, infelizmente, impossibilitado de comemorar esta data convenientemente, como todo o executivo municipal desejaria, e como a data merecia ser assinalada. No entanto, de forma a marcar publicamente esta data, o muniCom o objetivo de manter todas as famílias do concelho de Sabrosa protegidas face à situação atual de pandemia, o município de Sabrosa distribuiu kits de proteção individual a toda a população residente no concelho, através de contacto porta a porta. Esta medida contou com um elevado número de voluntários, trabalhadores da autarquia, para efetuar a distribuição, conseguindo-se, desta forma, distribuir todos os kits num curto espaço de tempo, por todas Street artist Tiago Godmess, juntamente com cerca de 150 crianças do Agrupamento de Escolas de Sabrosa, produziram um mural comemorativo dos 10 anos da associação Bagos d’Ouro, que vem dar mais cor à vila. Este mural comemorativo foi pensado para que a data se celebrasse em Sabrosa, um dos concelhos fundadores desta associação. Na criação do mural participaram crianças do 2º ao 7º ano de escolaridade que foram acompanhadas pelo pintor em diversos workshops sobre a arte urbana, respeitando todas as normas da DGS. Na inauguração do mural estiveram presentes a Coordenadora Geral, Coordenacípio evocou todos os quantos, individual ou coletivamente, contribuíram e contribuem para a construção da história deste território. Concelho desde 6 de novembro 1836, o território sabrosense e as suas gentes têm sido sempre fonte de inspiração constante para escritores, historiadores e outros apaixonados pelo Douro, sendo possível encontrar aqui uma das melhores paisagens de Portugal, que é património mundial da UNESCO, um magnífico cenário e um solo ideal para a qualidade das uvas, das quais são feitos os melhores vinhos do mundo. as freguesias do concelho. Esta iniciativa contou também com o apoio das juntas de freguesia, ao nível da distribuição. Nesta sequência, foram também entregues máscaras de proteção individual personalizadas a todos os alunos do Centro Escolar Fernão de Magalhães – Sabrosa, sendo que os alunos foram também sensibilizados para o uso da máscara e a sua correta utilização. ▪ dora de Terreno e um representante da direção da Associação Bagos d´Ouro, Dr. António Filipe, assim como a equipa técnica de terreno. Fizeram também parte do evento crianças contempladas por esta associação assim como o diretor do Agrupamento de Escolas de Sabrosa. O presidente da Câmara Municipal de Sabrosa também marcou presença e fez questão de ressalvar a importância desta associação para o município, referindo que a mesma “torna os sonhos das crianças e jovens realidade”, marcando presença e despoletando nelas aquilo que de melhor têm, sendo este um dos principais objetivos para todos os munícipes. Este é um mural que além de destacar a
Sabrosa
Atualmente é uma das principais portas de entrada na magnífica Região Demarcada do Douro, não apenas pela beleza que brota, mas também pelas condições e acessibilidades que soube reclamar e construir, sendo hoje um território de oportunidades e um excelente lugar de conforto para a sua população. Lembrando o passado e a história, o município encara o futuro com esperança e com a expectativa de ser possível, no próximo ano, retomarmos a uma normalidade há muito ansiada por todos, que permita também a comemoração do seu
Mural “A mudar a história das crianças do douro" inaugurado em Sabrosa
185.º aniversário condignamente. ▪ importância da escola e da educação, destaca também o nosso território, sendo no geral estes os valores que determinam a missão da associação Bagos d´Ouro, que deixa uma marca na vida das crianças que acompanha. Fica assim cheia de cor a história da associação Bagos d´Ouro em Sabrosa. ▪
Vila Real Ministro desafia UTAD a criar curso de medicina
O desafio foi lançado durante o discurso de Manuel Heitor, numa sessão na reitoria da UTAD, que marcou a apresentação do novo “Lab de Computação Avançada”, um centro de competência de visualização de computação avançada, integrado numa rede nacional da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
No decorrer do discurso de lançamento do novo Lab o ministro afirmou que este vai permitir à UTAD “o desenvolvimento da Computação Avançada em Portugal através do reforço da produção científica nacional no domínio das competências digitais avançadas, inteligência artificial e big data, em várias áreas do conhecimento como a economia, saúde, clima, energia, mobilidade e no estudo dos processos sociais e a adoção de normas e melhores práticas para criar interoperabilidade”. Manuel Heitor, que tinha já visitado as instalações do hospital Veterinário da universidade realçou ainda a capacidade da UTAD em desenvolver novas competências na área da virologia a fim de combater as “doenças zoonóticas” com “centros como a UTAD que tem competências relevantes e importantes a nível internacional na genética animal podem vir a dar origem a novos centros de investigação e de ensino da medicina, também na área de virologia”. O Ministro acabou por lançar o desafio à UTAD para criar um curso de medicina a partir das estruturas já criadas, um campus mais verde, mais digital, e com maior capacidade cientifica e técnica na área de veterinária e genética animal, para evoluir na área da medicina sobretudo em áreas ligadas à virologia. Para o reitor da instituição, António Fontainhas Fernandes, este desafio é uma oportunidade para a UTAD que “entra agora numa nova era, mais sustentável e com muito para dar à Ciência e ao País”. A criação deste Centro de Competência em Computação Avançada insere-se no âmbito do projeto europeu EuroCC,
> Manuel Heitor, António Cunha, Fontaínhas Fernandes e Rui Santos
da Iniciativa Nacional Competências para verificar in loco as condições em tugal são claríssimos, cerca de 70% dos Digitais, INCoDe.2030, e nas três gran- que irá ser implantado o futuro Centro contactos dão-se em ambiente famides áreas de intervenção do Advanced Enogastronómico do Douro, um proje- liar e eventos sociais, sobretudo ao fim Computing Portugal 2030: criação de to a desenvolver num futuro próximo, de semana”, frisou, acrescentando que infraestruturas de supercomputação nos dois edifícios externos pertencen- “não se dão dentro das salas de aula, no país, criação e retenção de profis- tes à escola e que resulta de uma par- dos laboratórios de investigação e, por sionais qualificados com fortes com- ceria com a UTAD. isso, a orientação em Portugal e na Eupetências informáticas avançadas e a Ainda durante a visita, em declarações ropa é para o ensino se manter sempre implementação de info-estruturas de à comunicação social, o ministro ga- que possível presencial”. políticas públicas que permitam a cria- rantia a intenção de manter o ensino Questionado sobre o balanço da panção de serviços e software de elevado superior presencial, justificando essa demia nas instituições de ensino supevalor. opção com a baixa incidência do vírus rior o ministro referiu que “em termos Durante a sessão foi também lançado no meio universitário. da população são verdadeiramente o Projeto RCTS 100 que permitirá o re- “A ideia é manter o ensino presencial não significativos. forço e aumento das infraestruturas de em Portugal e na Europa e manter algo Os casos e os surtos que apareceram conectividade da rede da UTAD para que é particularmente crítico, que é a sobretudo nas universidades do Porto, 10Gbps e da infraestrutura de rede wi- interação entre os estudantes, entre Coimbra e depois em Aveiro quando fi, totalmente suportada em normas os estudantes e os professores e os in- quantificados em termos da populade última geração wi-fi6. vestigadores. ção local, são números particularmen“Estas duas iniciativas marcam o arran- Os inquéritos epidemiológicos em Por- te não significativos”, concluiu. ▪ que da transformação do campus da UTAD num campus digital com acesso rápido e fácil à rede wi-fi e a tecnologias de informação e visualização, sendo que é nosso objetivo aumentar a largura de banda para 100Gbps até maio de 2021”, explicou Fontainhas Fernandes, Reitor da UTAD, em declarações à imprensa no final da sessão. Antes da sessão o ministro Manuel Heitor inaugurou ainda o primeiro quilómetro da ciclovia do campus, cuja construção está em curso e que, de acordo com o reitor, “ligará a universidade à cidade em 10 minutos, a pé”. Antes de chegar à UTAD o ministro e o reitor visitaram ainda a Escola de Hotelaria e Turismo do Douro-Lamego > Manuel Heitor, Ministro da Ciência e Ensino Superior
Bombeiros e filhos de bombeiros recebem bolsas de estudo para o ensino superior
Bolsas de estudo do valor de quinhentos euros vão ser novamente atribuídas em Santa Marta de Penaguião. Num investimento na educação que perfaz um total de 155.500 € (cento e cinquenta e cinco mil e quinhentos euros) desde o ano 2014, a Câmara Foi criada a Rede de trilhos Municipais que liga o Douro e o Marão com um total de 78 kms de trilhos pedestres disponíveis O Município de Santa Marta de Penaguião procedeu, através de uma candidatura, à criação de uma Rede de trilhos Municipais (sete Trilhos de pequena rota) no concelho. Cerca de 72.000 € (setenta e dois mil euros) vão ser investidos neste projeto de trilhos cujo objetivo é de preservar, conservar a valorização dos elementos patrimoniais locais (como capelas, miradouros, santuários), paisagísticos (como os vinhedos, olivais de bordadura e bosques mediterrâneos espontâneos) e ambientais, (com destaque para o cultivo da viInvestimento de cerca de 270.000,00 € na educação O Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar – PIICIE – arranca no concelho penaguiense. Promovido no âmbito do programa operacional NORTE 2020 e pela Comunidade Intermunicipal do Douro, CIM Douro, o projeto vem alavancar o direito, de cada aluno, a uma educação inclusiva que responda às suas potencialidades, expectativas e necessidades, introduzindo, em articulação com o PIICIE, um projeto -“A caminho do Sucesso Escolar em Santa Marta”. Para a consequente concretização dos objetivos preconizados no PIICIE Municipal de Santa Marta de Penaguião vai novamente proceder à concessão de bolsas de estudo a alunos do ensino superior, bombeiros e descendentes de filhos de bombeiros que pretendam continuar a sua formação Este ano, irão ser contemplados 69 estudantes que verão assim os seus encargos normais com a sua frequência do ensino superior atenuados. De realçar que este investimento anual na educação e no apoio escolar num valor total de 34.500 € vem reforçar mais uma vez a prioridade desta autarquia em procurar contribuir para o acesso ao ensino superior aos jovens penaguienses que, não obstante a sua situação económica, desejem continuar a sua formação académica. ▪
Caminhe em Santa Marta
académica no ano letivo 2020/21. nha, da castanha e da azeitona) e a valorização do conhecimento dos usos e costumes tradicionais endógenos, inseridos na área de abrangência territorial dos Trilhos referidos. Pretende-se ainda que esta Rede de Trilhos seja um produto turístico capaz de “captar segmentos e nichos de mercado através do apelo a experiências e motivações específicas” e “conquistar visitantes dos destinos concorrentes através do apelo à singularidade da região, a sua proximidade e segurança”. O Município penaguiense acredita que estes quilómetros serão uma excelente oportunidade para passar bons momentos de lazer entre amigos e em família em perfeita harmo-
Santa Marta de Penaguião aposta no conhecimento
nia com o Marão e o Douro. ▪ foi criada uma equipa multidisciplinar de oito pessoas que prestará o devido apoio ao aluno, em todas as escolas e respetivos ciclos (desde o pré-escolar ao 3º ciclo) do Agrupamento de Escolas de Santa Marta de Penaguião, no sentido de acompanhar o seu percurso escolar, orientar e mapear o seu plano de estudos, num formato personalizado. Trabalhando o aluno nas suas várias dimensões: pessoal, social, educativa, cognitiva e familiar, haverá também uma sala devidamente dotada e equipada das ferramentas necessárias para complementar as atividades realizadas por esta equipa multidisciplinar com os alunos. ▪
Santa Marta de Penaguião
Vila Real Autarquia apoia comerciantes com verbas do programa de Natal
A autarquia de Vila Real decidiu alocar parte das verbas destinadas ao programa de Natal para apoio ao comércio local e restauração. Entre os apoios estão um concurso de montras, a aquisição de embalagens para take away ou a inscrição na plataforma do CTT para o comércio local.
Num ano fortemente marcado pela pandemia Covid-19 têm sido os pequenos comerciantes e os empresários do ramo da restauração que mais se têm queixado da falta de negócio. Com vista a minimizar os prejuízos causados pela pandemia a autarquia de Vila Real decidiu implementar um conjunto de apoios. “Temos que ter a noção que estamos no meio de uma pandemia, uma crise provocada por um problema de saúde pública imenso que alterou o paradigma da forma como olhamos para o comércio e inclusivamente a forma como contactamos uns com os outros e socializamos. Isto obrigatoriamente provocou danos imensos no comércio e claro que os mais pequenos são os mais frágeis e os mais sensíveis a estes problemas. O município, por outro lado, tem um orçamento limitado, isto é, nós estamos a falar numa grande pandemia. Se a autarquia pudesse apoiar com mil euros cada uma das empresas de Vila real estamos a falar em gastar mais de 3 milhões de euros. É preciso ter a noção que uma pequena ajuda que se pudesse dar a uma empresa, e que não iria provocar nenhuma alteração nessa mesma empresa, poderia provocar um défice muito grande no município”, explica o vereador Nuno Pinto Augusto. Desta forma o município vilarealense decidiu implementar um conjunto de seis medidas que irão apoiar os comerciantes, bem como os munícipes. Uma das medidas é a criação de um concurso de montras. De acordo com Nuno Augusto esta medida “irá abranger um conjunto de mais de 250 empresas locais que, de uma forma bastante fácil, se podem inscrever. Nesta medida, estas empresas só por fazerem uma montra com motivos alusivos ao Natal receberão do município um apoio de 100 euros, um investimento que ultrapassará os 25 mil euros. Neste concurso serão ainda premiadas as 3 montras mais bonitas que terão prémios de 200, 300 e 500 euros para o 3º, 2º e 1º classificados, respetivamente”. Ainda no apoio ao comércio local a autarquia vai lançar uma campanha de sensibilização para que as pessoas façam as suas compras nestes espaços, em especial na época natalícia que agora se avizinha. “Em vez de gastarem esses montantes nas grandes superfícies ou no shopping apelamos a que o gastem no comércio tradicional para que também eles, depois deste ano tão difícil, tenham um Natal mais digno, é um esforço que devemos todos fazer. Pode ser mais difícil porque em vez de ir apenas a um local teremos que ir a 2 ou 3 e procurar mais, mas todos o devemos fazer. As pessoas, os empresários não querem esmolas, querem é trabalhar. O que realmente precisam é que as pessoas vão lá e comprem. Esta também pode ser uma oportunidade para que este comércio mais tradicional se reinvente”. No pacote de medidas de apoio ao comércio local está ainda o protocolo do município com os CTT no apoio à criação de lojas 'online' que irá facilitar a venda e a aquisição dos produtos. “Ainda pensamos criar uma plataforma para o nosso comércio mas isso levantava diversas questões como os custos da sua implementação ou a logística que depois seria necessária ao seu bom funcionamento. Com esta plataforma dos CTT, a Solução CTT Comércio Local, os comerciantes podem lá ter os seus produtos que a pessoa, tranquilamente em casa, ou em qualquer outro lugar, pode adquirir. Basicamente a pessoa entra na plataforma, escolhe os seus produtos e coloca a encomenda, o comerciante recebe a encomenda e confirma ao cliente se, por exemplo, tem alguns daqueles produtos em falta. Depois a entrega pode fazer-se de duas forma, ou a pessoa para no local a levantar a sua encomenda ou os CTT terão uma equipa a trabalhar que faz chegar a encomenda a essa pessoa no
> Nuno Augusto, Verador do Município de Vila Real
prazo máximo de duas horas, num raio de 10 quilómetros, em distâncias superiores o prazo de entrega é de 24 horas. O custo para o comerciante é uma margem de 5% mais IVA para os CTT, no caso do comprador, se desejar a entrega dos produtos então terá um acréscimo de 6 euros ao total da compra. Esta plataforma só estará mesmo disponível para o comércio local. Consideramos que esta será uma solução bastante interessante para grande parte do comércio tradicional, principalmente aquelas empresas de cá que têm produtos diferenciadores em relação a outras zonas do país, como por exemplo as Cristas de Galo, os covilhetes, a carne maronesa, os nossos vinhos e azeites e tantos outros. Para o município o investimento nesta plataforma também não é muito elevado e permite-nos perdurar esta medida no tempo. Para a implementação desta medida vai haver também um apoio do Regia Douro Park que terá três equipas no terreno a poiar os comerciantes com a adesão à plataforma. Tudo isto não implica nenhum custo para o comerciante visto que o próprio município fará a aquisição dos espaços”. Para o apoio à restauração a Câmara Municipal de Vila Real está “a adquirir mais de 60 mil embalagens de take away, com o objetivo de entregar a cada um cerca de mil embalagens. É mais uma pequena ajuda mas que também tem impacto no nosso orçamento e que o terá nos restaurantes visto que cada embalagem tem um custo entre 30 a 40 cêntimos”. Ainda neste setor a autarquia vai manter “a isenção na cobrança de taxas de ocupação de espaço, dando assim a possibilidade de todos os estabelecimentos de restauração e bebidas continuarem a utilizar um espaço superior ao que estava inicialmente previsto para as esplanadas”. Já no próximo orçamento e como apoio às famílias, Nuno Augusto afirma que “está a ser estudada mais uma redução no IMI e a manutenção de algumas isenções e apoios fiscais ao investimento”. A somar a estes apoios a autarquia transmontana está também a fazer dois grandes investimentos, um na ampliação da atual zona industrial e outro na criação de uma nova zona industrial na freguesia de Andrães. “Até ao final deste mandato, vamos avançar com dois investimentos, que pecam efetivamente por tardios mas houve dificuldades burocráticas que nos atrasaram. Um é o alargamento da zona industrial com um conjunto de 18 novos lotes, com um investimento do orçamento do município de cerca de um milhão e meio de euros, o outro, arrancou agora no dia 19 que é a aquisição dos terrenos para a nova zona industrial a instalar em Andrães, que irá nesta primeira fase ter um investimento de cerca de 8 milhões de euros para criar perto de 100 lotes ocupando cerca de 30 hectares. Isto significa que para os próximos 10 anos teremos resolvido um dos grandes défices de Vila Real que é a falta de terreno industrial”. ▪
XI Mercado Magriço – 2020 Digital Mensagem de Cristina Ferreira, Vice - Presidente
O Mercado Magriço é uma iniciativa que tem na sua génese o apoio constante ao tecido empresarial, comercial e cultural do concelho de Penedono, neste espaço, que é de todos, congregam-se todas as atividades que, de forma mais ou menos intensa, alavancam a economia concelhia. São tempos difíceis estes que se vivem, de incerteza e muita insegurança relativamente ao futuro, no entanto e, ante todo o pragmatismo que a situação nos impõe, não devemos desistir, existe um passado que muitos nos enaltece assente na persistência e resistência das gentes de Penedono. É este pressuposto que nos estimula e motiva a continuar na senda que há muito nos propusemos, continuar firmes ao lado dos nossos empresários, comerciantes e coletividades, como tal não poderíamos deixar de realizar a XI edição do Mercado Magriço, uma edição que teve de se reinventar, e surgiu em formato digital, de Penedono para o mundo. Neste novo formato, em que o acesso ao Mercado Magriço estava à distância de um clique deu-se primazia à divulgação de todo o tecido empresarial, comercial e cultural deste concelho, na constante certeza de que o mesmo se transformaria numa plataforma digital onde seria possível, não só a promoção do que melhor se faz em Penedono mas, e também estabelecer laços de permuta comercial tão necessários ao desenvolver da nossa economia. Uma iniciativa de sucesso, marcada pela adesão massiva de todos os agentes económicos e culturais deste concelho, que uma vez mais disseram presente e se associaram a um evento que é deles e existe somente por eles. Se nas edições físicas anteriores do Mercado Magriço, o número de participantes rondava uma centena, nesta edição foram cerca de trezentos, aqueles que tornaram possível a XI edição do Mercado Magriço – 2020. Assim, e finda esta edição do Mercado Magriço cumpre-me agradecer o empenho, a tenacidade, a persistência e acima de tudo o acreditar dos promo-
Penedono
tores concelhios, são eles que, nas mais diversas vertentes, impulsionam a economia e sustentabilidade concelhia, e são tantos felizmente. Uma palavra de agradecimento à Cooperativa Agrícola de Penela da Beira pelo trabalho desenvolvido na promoção e comercialização do fruto da castanha, trabalho esse que permite exportar cerca de 99% de toda a castanha entregue nas suas instalações. Um agradecimento especial à Cooperativa de Olivicultores do Vale do Torto – Souto, uma instituição que chama a si a transformação de azeite concelhio e não só, uma instituição que tem desenvolvido um trabalho meritório reconhecido pela conquista, por parte dos seus azeites, da Medalha de Prata no Concurso Internacional “Olive Japan” no Japão. Por outro lado, não quero deixar de agradecer o imenso trabalho desenvolvido pelas nossas IPSS,s, uma ação que pode parecer discreta mas, de suma importância para o bem-estar social concelhio, um trabalho árduo que cumpre aqui reconhecer. E por fim, mas não menos importante um agradecimento sentido a todos os comerciantes e empresários que operam no concelho de Penedono, a todos os agricultores que trabalham a terra, a todos criadores de gado que ante uma economia difícil não desistem e mantêm a sua atividade, a todas as coletividades que mantêm vivo o desporto e a cultura concelhia. Não querendo descriminar ninguém, um agradecimento geral e particular a todos quantos tornaram possível o Mercado Magriço – 2020 Digital mas, que acima de tudo continuam a acreditar no seu concelho, são eles o motor da nossa economia, da nossa cultura e é por eles que Penedono se continua a afirmar no país e no mundo. Um obrigado sincero a todos, e para o ano se Deus quiser teremos o Mercado Magriço nos seus moldes habituais desta feita complementado pelo digital. Mercado Magriço – Promover o Empreendedorismo, Valorizando Iniciativas Locais, é este o mote que nos move.
“Vamos ficar todos bem”
Penedono Qualidade do azeite do Vale do Torto vale prémios internacionais
Criada há sete anos, a Cooperativa dos Olivicultores do Vale do Torto representa hoje cerca de 120 sócios, produzindo cerca de 100 mil litros de azeite anualmente. Em 2019 a cooperativa viu o seu azeite premiado internacionalmente com duas medalhas de prata, uma na Grécia e outra no Japão.
Texto e fotos: Carlos Almeida
Manuel Abílio é o presidente desta cooperativa que por estes dias vive horas atarefadas, marcadas pelo ritmo das máquinas que transformam a azeitona em azeite. O barulho é intenso e no ar o aroma deste “ouro líquido” como muitos lhe chamam faz despertar o nosso olfato. À medida que percorremos o caminho da azeitona, depois de chegar às instalações desta cooperativa, Manuel Abílio garante-nos que esta é “de muito boa qualidade” apesar de não estar “a fundir tanto como seria de esperar mas ainda é cedo”, afirma e, quanto à quantidade “vai haver mais azeitona”, garante. “Nunca tivemos azeite com mais de meio grau de acidez, é sempre extra virgem. É de qualidade muito boa e cerca de 90% da produção vai para França. Por incrível que pareça, a colheita do ano passado teve vendas muito boas, em plena pandemia. Se tivéssemos mais 50 mil litros tínhamos vendido. Aqui as pessoas gostam de azeite mais maduro mas aqui produzimos pouco desse azeite porque para exportação não tem interesse, contanos. Para Manuel Abílio o segredo da qualidade do azeite que produz é simples, uma zona de excelente qualidade para esta cultura e um processo de transformação rápido. “Temos uma zona com características muito boas para o azeite e também pela forma como o produzimos aqui, não deixamos que a azeitona fique a curtir, no máximo a azeitona aqui é transformada 24 horas depois de chegar às nossas instalações. Este azeite não tem comparação possível com o azeite, por exemplo, que se produz no Alentejo por dois motivos, desde logo porque esta zona é muito boa, com bons solos e uma boa exposição solar, depois há a questão do compasso que no caso das nossas oliveiras é de 6x6 o que faz com que a oliveira seja toda banhada de sol. No Alentejo, nos olivais intensivos, a maior parte da oliveira não vê o sol porque estão todas muito próximas umas das outras. Nós aqui colocamos cerca de 270 árvores por hectare e não vale a pena mais até porque hoje em dia já se usa muita maquinaria, por exemplo nós usamos toldos com vibrador que precisam de espaço para manobrar”. A entrada das máquinas neste setor deixa Manuel Abílio com um misto de satisfação e insatisfação. Se por um lado ela é positiva para colmatar a falta de mão de obra que se regista, por outro faltam incentivos adequados para que mais olivicultores possam fazer uma aposta forte na mecanização dos seus olivais. “A vantagem maior desta mecanização é que a azeitona vem com maior qualidade porque não entra em contacto com a terra. Outra mais valia é a quantidade de azeitona que é apanhada diariamente, de forma manual seis homens são capazes de apanhar 2 ou 3 toneladas num dia, com o trator, um só homem para manobrar apanha cerca de 8 toneladas, uma diferença significativa. Quer queiramos quer não temos que reduzir a mão de obra porque o preço do azeite não tem aumentado e uma forma de conseguirmos aumentar a nossa margem é precisamente reduzir no pessoal. O meu pai já faleceu há 20 anos e na altura vendia o litro do azeite a 4 euros, atualmente nós estamos a vender a 3 euros e meio, sensivelmente. Para ganharmos dinheiro temos que aumentar a produção e reduzir a mão de obra. A maior parte dos agricultores daqui são pessoas que vivem com a sua reforma porque não ganham dinhei-