Teia dos Dias

Page 1



SÔNIA MARIA SANTOS

GOIÂNIA - GO 1985


© Copyrighty by 1985 Sônia Maria Santos

Capa e ilustrações: Gomes de Souza Composição: José dos Santos Resplandes e Luiz Antônio de Carvalho Paginação: Francisco W. G. Moreira

S237t

Santos, Sônia Maria A teia dos dias. Goiânia, 1985 108p. ilust. Prefácio de Maria Helena Chein

1. Poesia brasileira - Goiás. I. Título CDU - 869.0(817.3)-1 Catalogação na fonte pela Biblioteca Vera Lúcia Franco Martins Monteiro

IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL 1985


Para Evaristo Márcia Helena, Cláudio e Fábio André.



ÍNDICE

O ser poeta............................................................................ 9 Bem-aventurança................................................................. 11 Sinalização............................................................................ 15 Apenas uma mulher............................................................. 17 Animal e vegetal perfume.................................................... 19 Última tarefa........................................................................ 21 Amor inevitável.................................................................... 23 Vento I.................................................................................. 27 Vento II................................................................................. 29 Entre astros e vagalumes...................................................... 31 Em tempo............................................................................. 33 Ainda sob os lençóis............................................................. 35 Considerações...................................................................... 37 Estrada colorida.................................................................... 39 Gestação............................................................................... 41 Boca da noite........................................................................ 43 Catavento............................................................................. 45 Pão e sonho.......................................................................... 49 Terra do antes....................................................................... 51 Transeunte............................................................................ 53 Rotina................................................................................... 55 Testemunho.......................................................................... 57 Do lembrar........................................................................... 59 De verdura e cereal.............................................................. 61 Caminho de São Thiago........................................................ 65 Por um instante.................................................................... 67


Tempo de anteontem........................................................... 69 Nem mais, nem menos......................................................... 71 Meada.................................................................................. 75 Caminhos.............................................................................. 77 Ciclo...................................................................................... 79 Lavras................................................................................... 81 Um dia depois do outro........................................................ 83 Lugar comum........................................................................ 85 O apito.................................................................................. 87 Vogais e consoantes............................................................. 91 Viver é preciso...................................................................... 93 Óvulos e afetos..................................................................... 95 Moinhos de vento................................................................ 97 Expectativa........................................................................... 99 Insônia................................................................................ 101 Transição............................................................................ 103 De vida e de morte............................................................. 105 Poema do fim..................................................................... 107


O SER POETA A poética de Sônia Maria Santos mostra que consciência, espírito criador e realidade interligam-se, numa fluidez de pensa­mento existencial, constituindo a dinâmica de sua produção. Vivendo e criando, na busca cruel de sua identidade universal, Sônia deságua-se numa metamorfose que procura desvendar mistérios humanos, ou ainda, a sua própria individualidade. Tem a poesia nas mãos, nos dedos e olhos. Sua cabeça é poesia, dessa que dinamiza cérebro e nervos e resgata o profundo para sempre. E as palavras vêm, os versos se alinham e está construído o mundo mágico, a partir de uma realidade transformadora. Poeta de força e sentimento integra o prosaico dia-adia em elemento-chave de sua criação, num seguir como o de outras mulheres, mas com o caminhar diferente. Em cada virada do cotidiano inventa e redescobre. O pão se transfigura, a mesa preparada para o almoço traz a magia de sua vivência e o ponto final de seu dia enreda-se em símbolos. E Sônia não para. Começa. Com o vigor de quem não se intimida com a palavra, nem com as imagens, envolve-se com a criação, dentro da lógica insondável dos poetas. Sua poesia tem todas as dores, risos e incertezas, num aproveitamento completo de suas erupções, sua brandura e questionamentos, naquela volta profunda ao interior, onde: “Sou invenção das manhãs e das tardes dou crias a todo instante e a bem da verdade sou embrião a toda hora nesse parto incessante.”

9


Nos versos, a “dança louca” de todas as mulheres, no buscar espaço, no doar em cada segundo, na multiplicação de seu tempo, bipartindo-se, alongando-se, quebrando-se e ficando inteira, num paradoxo processual de vida. Sônia abre uma fenda em sua solidão e depara com o mundo: heterogêneo, belo e terrível e é dessa união que se incendeia, energiza-se e põe-se a fazer o depoimento de seu instante, onde o impulso maior é o amor: “amo as galés os submetidos o bem e o mal em elos divididos.” Em seu ato mais simples, como dobrar o lençol e saber da chuva, cresce em vôos e encontra-se a decodificar os espantalhos do tempo, numa firmeza de quem sabe enxergar no escuro e, só aquele que se inunda de poesia, pode gera r versos assim: “de cheirar eu sei até da morte” “arranhei meu sonho com raiva” numa prova de que a acuidade sensorial chega à emoção em desdobramentos significativos, num desabar de sentimentos. E são esses sentimentos que Sônia define, transmuda e incorpora ao seu fazer poético com a dimensão dos que vão longe. Sua intenção agora é o registro bem dosado, numa elaboração trabalhada, de seu estar no mundo, não apenas estando, porém muito mais, propondo a valorização do homem e uma harmonia entre o eu e a realidade exterior. É cedo ainda e a poeta tem força, garra e está perplexa ante o desenrolar do novelo. Maria Helena Chein Goiânia, agosto de 1985

10


Bem-aventurança

Hoje quero o silêncio das plantas a cor o cheiro a bem-aventurança a bonança vegetal. Quero a tristeza final porque a beleza está crescendo em meu peito e apenas principia. O futuro é um parto difícil e as horas são bonitas pelos meados do dia.

11



13



Sinalização

Não há palavra mas é como se houvesse. Tantos braços tantos passos tanto caminho pisado monotonia de setas. Ainda não cheguei a nenhum lugar. Só um areal imenso sob pés feridos. Chegaram os homens as mulheres e crianças o tempo de olhar o mundo e de sentir os seus sentidos. Preciso chegar aos meus declives perdidos.

15



Apenas uma mulher

Sou passível de pecado oposto das palmas e dos pássaros; apenas uma mulher nas malhas do tempo no mesmo vento que soprou de Babilônia à minha avó; que sabe da chuva das flores do veranico de janeiro e do primeiro mormaço de agosto que abre estrias no rosto e na terra. Sou apenas folha alinhada no ramo na sequência da queda.

17



Animal e vegetal perfume

HĂĄ um cheiro de vida nos poros na pele; um cheiro de gente universal e forte. De cheirar eu sei atĂŠ da morte da boca da fome da trajetĂłria da dor dos ratos e dos gatos da meia noite da flor.

19



Última tarefa

Ponho o sapato na soleira querendo carinho esqueço a jornada do dia aqueço o coração. A última tarefa é uma compressa quente com jeito de acalanto de madrugada. É uma promessa.

21



Amor inevitável

Já não sei das luas que passaram sobre meu corpo dos glóbulos das glândulas da rotina das células do tempo nascendo sumindo escapando da palma da mão. Sangue sentimentos neuroses olhos humanos: meu amor inevitável é o meu tempo.

23



25



Vento I

O vento corre comigo renitente no batente no espaço na orgia temporal atÊ que as coisas se assentem e se apascentem no tempo. O vento tira teias e traças da boca do mundo.

27



Vento II

Corre um vento brando pulando de contente pelos meus cabelos pelo meu corpo sem mĂĄgoa pelos meus olhos. Sopra vento ventania redemoinho meu pĂŠ de vento matem essa agonia de matar o tempo limpem meus olhos e meus sentimentos.

29



Entre astros e vagalumes

As minhas mãos já não tecem e nem fiam desfiam simplesmente um rosário sem conta todas as noites. Entre astros vagalumes aspirinas e costumes os braços descansam. Restam os segredos das esquinas.

31



Em tempo

Sou sem véus sem rendas e cetins e não vou morrer de tristeza. Afinal eu escondia o rosto há muitos anos atrás. Hoje dou de cara com o mundo e procuro estrelas no chão para dar ao meu filho o direito de proclamá-las.

33



Ainda sob os lençóis

Ainda sob os lençóis o pensamento se desata. Lâmina no corpo refeito de pílulas indiferença à minha carne restabelecida há pouco ainda sob os lençóis ainda sonolenta e prematuramente cansada. Mesmo assim aguarda-me a rotina indiferente.

35



Considerações

Esqueci-me de mim na passagem do tempo. Não sei das conquistas e das inglórias. Estou somada ao vento. Não cogito em troféus nem sei das minhas valias. Piso no presente que disponho olho para o céu que enxergo e creio em minhas alquimias. Hoje pertenço a mim e à gravidade que me segura. O espaço que ocupo se concentra num vórtice que tanto cresce quanto dura. No entanto, me permito quaisquer considerações que com o cuidado mais devido o coração pode acatar. Estou somada às emoções.

37



Estrada colorida

Gosto quando a música da chuva enche os meus ouvidos. Fecho os olhos clareio os sentidos suspendo um bloco ao meu redor fico dona da casa e do mundo. Sei de cor cada gota no telhado sei depressa os respingos na janela ancoro os pesadelos os problemas todas as questões. Posso embalar minha vida no destino da chuva aos borbotões. Posso andar no caminho do arco-íris de cada cor em cada trilho e percorrer a longa estrada colorida como o sonho do meu filho.

39



Gestação

Você chegou às vésperas do sol minha carne já estava pronta para o destino comum. Eu tinha a semente a terra e o tempo e saí a lavourar e esperar. Como a montanha no fim do mundo espera a ação de Deus eu esperei você.

41



Boca da noite

Minhas mãos se estendem feito flor ao vento nas estações nos meus serões e arregos. Assanham passarinhos seguram fardos empurram noite adentro a descendência com a frequência das lanternas do céu. De que remorsos destroços felicidades acaba o dia? Estou na boca da noite.

43



Catavento

Corpo solto mãos ao vento catavento de esperança catando toda sorte de alegria. Alguma nuvenzinha na metade do dia talvez a nuvem grande para chover e derreter a dor. A brisa alegre musical flauta doce docemente passa.

45



47



Pão e sonho

Convivo com as mulheres de mãos carregadas de peso de tantas cestas migalhas concessões que a noite abraça os nossos sonhos feitos de frutos, de verdura e pão. Vejo as mãos trabalhadeiras das mulheres serviçais. Têm a luz nascendo nos dedos.

49



Terra do antes

Na terra do antes mora o começo; nas casas encantadas cercanias floradas outonais de abril; nas cantatas dos primeiros ventos no rasgo de lua da rua adormecida cedo; homens cismados meninos vadios mulheres emudecidas de medo. Na terra do antes mora o começo e o avesso o princípio do sim e do não.

51



Transeunte

Não cheguei fora de tempo para dizer o meu recado. Não desperdicei o meu óvulo. Promovi continuidade. Na rua pela cidade piso um chão lancetado. Sou unidade módulo atalho menos povoado. Guardo silêncio de útero carinho de mãe de todas as feridas. Respeito o cimo o topo a coroa amo as galés os submetidos o bem e o mal em elos divididos. Carrego o destino pela avenida afora e levo muita dor que não me dói à toa. Sou transeunte da primeira hora.

53



Rotina

Faรงo a mesa a cama as dobras do lenรงol. Faรงo e desfaรงo a trama no giro da lua e do sol. Lavo passo faรงo a comida a bebida quente ou gelada. No compasso e na medida certa sou amada.

55



Testemunho

Caminho como todos embandeirada de esperança nessa dança louca. Garganta rouca poros empoeirados glândulas empobrecidas esvaídas num corpo que a vitalidade zomba feito semente que o vento leva rola na terra e não se agasalha. Apenas um corpo que a chuva molha a ferida dói o sol clareia e a noite encobre.

57



Do lembrar

Saudades do bem-te-vi Ă seis horas da manhĂŁ; da chuva silenciosa guardiĂŁ; dos sonhos duradouros do tempo que valia a vida o destino tudo; do tempo que passava na janela e contentava os meus olhos mudos.

59



De verdura e cereal

Para servir a mesa preciso de gestos bem cuidados da cumplicidade do tempo da certeza do lenho e do trigo e de qualquer coisa que apareรงa diferente no mesmo ritual. Preciso depois imaginar a recompensa que voa nas asas do vento num firmamento de verdura e cereal. Para servir a mesa afinal preciso retomar a teia todo o dia.

61



63



Caminho de SĂŁo Thiago

O vento da noite assovia lĂĄ fora remexe uma saudade antiga cantiga de compridas madrugadas cavalgadas esquecidas. Sabia decifrar os astros e todos os rastros do caminho bonito de SĂŁo Thiago. Sabia da chuva da lua de Deus das bocas das rezas das rezadeiras das cantorias sem fim da minha rua. Das tristezas da casa do vizinho das alegrias das estrelas rasteiras do caminho da minha velha freguesia.

65



Por um instante

A ternura explode nas agruras da carne do meu corpo e no copo em que bebo vinhos generosos no cĂŠu da terra no cĂŠu da boca e na luz desesperada da paisagem. Adeus andores das dores ambulantes. A felicidade se inventa.

67



Tempo de anteontem

As sentinelas tinham rostos de madona e complacência de gesso numa piedade renascentista. Eu cabia completamente naquele mundo retangular de janelas estreitas de esquinas soturnas sem eloquência nenhuma. Era só o escorregar das horas no sossego do relógio lá de casa. Um tempo de esquentar fogo na beira do fogão ouvir casos estranhos e não ditar a menor tristeza.

69



Nem mais, nem menos

Os dias se sucedem sem nenhum inimigo sem nenhum amigo sem dar a vida o tamanho de um destino. Trabalho depressa e dobrado. Trabalho pesado feito o peso da felicidade feito o prazer do corpo suado que nĂŁo repele o cheiro do pĂł sem vontade de ficar sĂł e de tirar o mundo a limpo.

71



73



Meada

Desfio um carretel comprido se você quiser. Ponho o avental tomo o comprimido sou a mãe mais aflita a esposa qualquer. À medida que você olha vou dispondo. Não sou relutância a água molha o azeite mistura. Estou compondo. Num dia atrás do outro sem cessar teço as minhas malhas tudo, ponto sobre ponto, para acertar. Jogo na dor e alegria. Sou acertos e falhas. Sou invenção das manhãs e das tardes dou crias a todo instante e a bem da verdade sou embrião a toda hora nesse parto incessante.

75



Caminhos

Na direção do sol levantei os braços e entreguei os passos no caminho do vento. No caminho de pedra os pés descalços chão e corpo um só abraço velho prisma do caminho. Dos caminhos e descaminhos da minha pobre centelha o joio e o trigo na mesma telha as duas partes que me adotaram.

77



Ciclo

Corre amargo vinho na textura do meu corpo; talvez um derrame de sangue final passagem de bruxos magos e videntes no cortejo breve do bem e do mal; talvez a forja cruel que chega na testa de cada estação que passa me leva e lapida em seu ciclo fatal.

79



Lavras

Sempre que posso aumento o meu espaço e passo sem medo o enredo comum. Graças e desgraças plenas severidades alegrias mínimas alforrias de passagem. Palavras que são lavras crescentes do meu pensamento.

81



Um dia depois do outro

A minha boca tem um gosto de coisa perdida coisa amarga de tempo e de saudade palavras que ficaram guardadas grudadas dentro da própria boca. Nem essa lua formidável que enfeita o céu nem as estradas celestes possuídas de estrelas nem o peito aberto me traz para perto a primavera melhor. Hoje os sonhos são palpáveis simples domésticos de crianças escolas feira e cozinha de tantas fatias de pão simplesmente cotidianos.

83



Lugar comum

No coração não há entrave segredos portais há um látego uma batalha uma demência e ternura de postais; músculos de muitos batismos de muita dor muita flor e muitos ismos. Não vou drenar meu coração não quero morrer agora num dilúvio de sistemas. Corro um sério risco de acabar pelo avesso num despejo de poemas.

85



O apito

Estamos na borda do dia coçando a coceira curando a ferida. De novo na teia por um pé de meia por um quarto de tempo e espaço. Complacência displicência alegria no primeiro apito no primeiro grito infinito.

87



89



Vogais e consoantes

Basta nascer vogais na ponta da língua e juntar consoantes na expressão do gozo jorrar palavras na pressa das horas à míngua de amor para soarem queridas. E dizer comovida o verbo incendiado na boca que salta do peito feito a flor da alegria. E o branco do papel virar poema depressa e quase sem querer pintar na parede do dia.

91



Viver é preciso

De repente estou comprometida com todos os homens e todas as mulheres bebo água do pote de cada vizinho sirvo-me do pão e do vinho da mesa qualquer. Onde há inteligência existe a beleza universal não a morte. A tudo que se transforma e sempre existe meu corpo de mulher presente assiste com pouca ou muita sorte. Seguro o tempo na minha mão em concha. Quero beber e comer dos frutos da terra. Quero água benta sol quero tanta paz num tempo de guerra que viver é preciso como preciso de pão.

93



Óvulos e afetos

Um silêncio de sangue se derrama dentro de mim. Um gosto e um cheiro de células mortas ausências transcendências transformações. Um momento grande e parado ferido apenas pela sensação de perda de todos óvulos e de todos afetos.

95



Moinhos de vento

Cresci bati com os dedos nas nuvens brancos elefantes pĂĄssaros gigantes. Olho no olho do tempo sonho dissolvido no vento a espada a estrada o cavalo e o horizonte que vĂŁo dar no fim do mundo.

97



Expectativa

Quando o dia escurecer terei cumprido sonhos e profecias. Honrado pai e mãe alimentado os filhos e se espaço houver beijado o homem amado. Na suave espuma das estrelas plexos e medulas terei submersos serenados.

99



Insônia

Que noite grande aquela! comeu e bebeu a esperança do mundo nenhum filamento de lua nenhum canto de galo nenhuma boca de moço num gargalo de cachaça pela rua. Virei o travesseiro e saí noite afora para não consumir meus quinze anos quebrando cabeça e matando charadas. Subi sozinha os meus cumes solitários. Passei os dedos brancos na poeira da alegria. Arranhei meu sonho com raiva ave mais ferida e derreti alguma lágrima nos olhos enjoados de pranto. Nem vi quando a noite virou dia.

101



Transição

Alguma coisa ficou verdadeira mente morta lenta fendida em meu coração espalhada na pele dolorida. Estou esmiuçada comprometida ativada em polo de transição fatigada mas plena das estâncias desta vida; satisfeita de ser terra bruta seca arenosa triste de ser solitária num apogeu de sol. Não tenho os olhos e as mãos de hoje cedo.

103



De vida e de morte

Nenhum séquito de anjos brisas harpejas só os efêmeros pássaros dos desejos movediças paragens dos meus pés reticentes palavras que lavro na boca de vida e de morte. Sou sem lume sem lastro sem estrela norte.

105



Poema do fim

Logo estaremos envoltos em gases letais. Esqueceremos auroras aragens ciprestes e o borbulhante das cascatas e das leitosas grinaldas virginais. Logo beberemos o último vinho aos nossos frágeis desejos: aos peixes aos passarinhos à transparência das águas ao final infeliz do nosso último beijo.

107


Esta obra foi executada na UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS Vice-Reitoria Administrativa - Divisão Gráfica e Editorial Av. Universitária, 1440 - Fone: 225-1188 - Ramal 147 Goiânia - Goiás


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.