Gazeta Rural nº 391

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04 Quem faz a Agroglobal “são os expositores”, diz Joaquim Pedro Torres A região Demarcada do Dão deverá ter uma boa vindima. A estimativa da Comissão Vitivinícola é que haja um aumento da produção de 15 a 20% comparativamente com 2020, mas este crescimento não é homogéneo. O presidente da Adega de Penalva estima um aumento que pode chegar ao 40% face a 2020. Outro dado positivo é a procura de vinhos no mercado nacional e internacional. A face da moeda é o canal HORECA, ainda a dar os primeiros passos da retoma. Ficha técnica Ano XVIII | N.º 391

Periodicidade: Quinzenal

Director: José Luís Araújo (CP n.º 4803 A) E-mail: jla.viseu@gmail.com | 968 044 320

Editor: Classe Média C. S. Unipessoal, Lda Sede: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu

Redacção: Luís Pacheco

Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba

Júlio Sá Rego | Gabriel Costa

Departamento Comercial: Luís Cruz

Sede de Redacção: Lourosa de Cima

3500-891 Viseu | Telefone: 232 436 400

E-mail : gazetarural@gmail.com Web: www.gazetarural.com ICS: Inscrição nº 124546

Propriedade: Classe Média - Comunicação e Serviços, Unip. Lda

Administrador: José Luís Araújo

Sede: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu

Capital Social: 5000 Euros

08 Opinião: “Defender o sector e promover a batata em Portugal - É a missão da Porbatata”

10 UPL Portugal quer ser “o parceiro número um dos agricultores portugueses”

16 Os mercados de proximidade “foram muito importantes” durante a pandemia, revela Arlindo Cunha

18 UDACA está com um “aumento de vendas de 30%” face a 2020 20 Quinta das Marias comemora 30 anos a produzir vinhos no Dão 22 Quinta da Perpita avança com projeto de enoturismo 24 Adega de Penalva com aumento de produção de 35 a 40% face a 2020 26 Adega da Corga vai lançar um Touriga Nacional Reserva 2019 28 Vinha de Reis prepara “um segredo” para lançar perto do Natal 30 Textura Wines nasceu da combinação do conhecimento e da paixão pelo Dão

36 Cultura em Rede promove atividades Náuticas e Observação Fauna e Flora no rio Vouga

CRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507 021 339

Detentor de 100% do Capital Social: José Luís Araújo Dep. Legal N.º 215914/04

Execução Gráfica e Impressão: Novelgráfica, Lda R. Cap. Salomão, 121 - Viseu | Tel. 232 411 299

Estatuto Editorial: http://gazetarural.com/estatutoeditorial/

Tiragem Média Mensal: 2000 exemplares

Nota: Os textos de opinião publicados são da responsabilidade dos seus autores.

38 Semana do Carapau decorre durante dez dias em Setúbal


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Diz Joaquim Pedro Torres, da organização do certame

“Quem faz a Agroglobal são os expositores” Valada do Ribatejo recebe, de 7 a 9 de Setembro, a Agroglobal, o maior certame profissional agrícola em Portugal, onde os operadores do setor voltam a reunir-se para apresentar tecnologias inovadoras, partilhar conhecimento, realizar negócios e debater o futuro da agricultura portuguesa. Em entrevista à Gazeta Rural, Joaquim Pedro Torres, da Valinveste, entidade promotora da feira, diz que a Agroglobal “é uma feira diferente das outras em termos de organização”, pois “quem a faz são os expositores” e “onde há muita transferência 4

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de conhecimento”. O interesse no certame é tal, que o número de expositores subiu em relação à última edição presencial, em 2019. Gazeta Rural (GR): Foi difícil organizar esta edição da Agroglobal? Joaquim Pedro Torres (JPT): Claro que foi difícil, pois uma feira destas começa-se a preparar com bastante antecedência, porque há muita ligação que tem que se criar entre a organização e os expositores. É uma feira dinâmica, em que as várias ações têm que ser trabalhadas e preparadas, desde logo no campo, com culturas que são preparadas muito tempo antes, mas, como sabe, vivíamos tempos de grandes in-

certezas. Por isso, esta feira é diferente das outras em termos de organização. No entanto, e esse aspeto é o mais relevante, mas também o mais motivador, - e estamos a situar-nos algures em Março de 2021, - foi ver que todas as empresas envolvidas nos ensaios de campo, e são muitas (sementes, agroquímicos, plantas, viveiros, etc.), disseram desde logo ‘presente’ e avançaram com os ensaios de campo. A situação foi melhorando e algumas pessoas, que no início tinham mais dificuldade em acreditar que houvesse condições para a realização da feira, começaram a perceber que era possível e hoje, felizmente, temos uma Agroglobal com mais expositores que na última edição. Em 2019 tivemos cer-


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ca de 390 expositores e este ano temos 420 inscritos e há sempre aqueles que aparecem à última da hora, embora tenhamos a planta perfeitamente definida e os espaços praticamente fechados e marcados. Portanto, foi diferente, difícil e motivador, porque todos avançámos numa situação que era menos simples de abordar e de antever o momento que vivemos hoje.

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“Há muita transferência de conhecimento na Agroglobal”

GR: Esse aumento de expositores significa também o crescente interesse pelo setor primário? JPT: Quem faz esta feira são os expositores. A organização funciona apenas como elemento agregador e organizador de espaços. As empresas é que apresentam as suas novidades, contactam umas com as outras, debatem temas de interesse comum e querem contactar com os agricultores. Essa situação nunca deixou de existir. A agricultura é indispensável, mas a produção agrícola não são só os agricultores, mas sim um conjunto grande de empresas a montante e a jusante da produção agrícola, que trabalham para que os produtos alimentares e outros, produzidos pela agricultura, cheguem ao consumidor e essas empresas continuaram sempre a funcionar em Portugal e nos outros países. Sou capaz de dizer que este crescendo de interesse é natural. A Agroglobal foi trilhando o seu caminho, foi ganhando o seu espaço, as empresas vão-se chegando e vão sentindo que há muita matéria para fazer negócio, no sentido de criar valor, porque há muitas empresas com necessidades, outras com capacidades e, por isso, há muita sinergia a potenciar. Há muita transferência de conhecimento na Agroglobal, desde logo das empresas que estão presentes, que trabalham ano após ano para desenvolverem os seus produtos, para os tornarem mais modernos e eficientes, juntamente com os agricultores, que transportam para a feira os empresários agrícolas e o conhecimento de gerações. Este conjunto é um campo de cultura ideal para o nascimento de novas ideias. Cada ideia que nasce ramifica-se e dá origem a mais possibilidades, a mais pontos de contacto entre empresas, a novas ideias e novos negócios, numa espiral, num turbilhão, que ali, de forma presencial, se consegue e que no virtual (edição de 2020 da Agroglobal) não resulta. Portanto, as empresas, perante esta possibilidade de voltarem a reunir-se de forma presencial, responderam afirmativamente. GR: Que perspetiva tem para esta edição? JPT: São boas. Como já disse, quem faz esta feira são as empresas e essas marcam presença em grande número, além de que não se cobram bilhetes à entrada. Esta feira é exclusivamente feita e paga pelos expositores.

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GR: Há uma grande afluência de decisores políticos, com responsabilidades no país e na Europa, à Agroglobal. É um sinal da relevância do certame? JPT: Face a uma concentração tão grande da fileira, o poder político aproxima-se, e nós gostamos disso, pois têm aqui a possibilidade de sentir a situação atual e o pulso do país e do setor agrícola. Temos sempre a presença de vários membros do Governo e já cá tivemos o ministro da Agricultura de Espanha, um Comissário Europeu da Agricultura, que não tendo podido viajar, interveio de forma virtual. Este ano vamos ter a presença dos Ministros da Agricultura, da Ciência e Tecnologia e do Planeamento, bem como de vários Secretários de Estado e de outras individualidades. É muito importante para nós e para os agricultores que os decisores políticos sintam o que se passa no setor e o muito que ainda podemos fazer para o melhorar, se conseguirmos abordar de frente os factores que o estrangulam e impedem que continuemos a crescer a um ritmo mais rápido. Pensamos que o setor pode dar muito a este país, pelo que este encontro e esta troca de conhecimento, entre quem atua na terra e toma as decisões políticas, é muito importante. 6

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GR: Esta Agroglobal é como voltar à vida… normal? JPT: É o regresso à vida real presencial, pois houve alguns setores que sentiram na pele estes tempos que vivemos, mas a agricultura, nesse aspeto, até se pode considerar um setor privilegiado, pois pôde sempre continuar a trabalhar. Agora é diferente. Depois deste período difícil, voltarmos a encontrar-nos e a trocar ideias. A Agroglobal também tem uma linha editorial, que resulta de uma relação muito estreita e de construir essa linha com as ideias dos nossos expositores e fazê-las ver ao poder politico, trocarmos impressões, falar com ‘opinion makers’ que nos visitam, porque por um lado refrescam as nossas ideias, mas por outro, ficam a conhecer um pouco mais de um setor que hoje nem sempre é bem tratado na opinião publica. Sabe que há um escrutínio muito forte relativamente às questões ambientais e à agricultura, do meu ponto de vista, por vezes, com algum exagero, porque o setor agrícola há muito que dá provas que é ambientalmente muito consciente, mas que não pode abdicar do enorme desafio que tem pela frente, que é a necessidade de produzir mais alimentos, num planeta que cresce em população a um ritmo muito acelerado, onde ainda se morre à fome, e esse é um desafio a que

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os agricultores não se podem alhear. Isto tem que ser compaginado com as exigências ambientais a que hoje qualquer atividade está sujeita e obrigada a respeitar, mas isso para nós não é novidade, porque esse caminho tem vindo a ser feito desde há muito a esta parte, o desenvolvimento e melhoria da eficiência na agricultura é notório. Devo dizer-lhe que ao nível da minha exploração agrícola, que é a que conheço melhor, essa avaliação está feita, e o mesmo se passa nas outras. Hoje somos duplamente eficientes, ou seja, produzimos o mesmo com metade do investimento energético anteriormente necessário. Esse caminho continua a ser trilhado, mas há muito para fazer no domínio de um país que não queremos que tenha uma assimetria tão grande entre o interior e o litoral. Sabemos muito bem o papel que a agricultura pode desempenhar nesse desenho de um país que queremos novo e a importância da água para permitir esse desenvolvimento. Temos exemplos recentes que o provam, de regiões que caminhavam para uma situação de definhamento e menor desenvolvimento, e que hoje, com a água, se transformaram e têm uma agricultura eficiente que mobiliza muitos outros setores, como serviços, turismo, empresas de apoio à produção agrícola, etc.


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Opinião

Defender o sector e promover a batata em Portugal É a missão da Porbatata Associação da Batata de Portugal *por: Sandra Pereira Secretária Geral da Porbatata

A batata é o quarto produto mais consumido no mundo, no entanto na Europa é o único produto que não tem OCM (organização comum de mercado) própria e por isso é um produto sujeito às oscilações de mercado, por consequência sem proteção da Comissão Europeia.

Portugal representa cerca 1,5 % do mercado europeu da batata, portanto um valor quase irrisório comparado com os grandes países produtores e comerciantes de batata europeus. Neste cenário, com a percepção de que só com todo sector da batata português unido seria possível mantê-lo vivo, em Setembro de 2016, alguns operadores visionários e empenhados, constituíram a Porbatata – Associação da Batata de Portugal. Quase cinco anos depois da sua génese, a Porbatata apresenta um 8

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currículo com muitas concretizações. A lista já é extensa, mas salientamos algumas das acções mais marcantes: Desde a sua criação é a entidade que representa, e é interlocutor, do sector da batata português junto das entidades oficiais, contribuindo para uma melhor organização; Estivemos presentes em feiras e eventos internacionais e nacionais do sector, presença essa alterada no último ano e meio pela actual situação que todos vivemos; Criamos um conselho técnico, composto pelos melhores técnicos a nível nacional, como órgão consultivo de apoio às decisões da Direção e que já contribuiu para a alteração da legislação da qualidade da batata, para a existência do Plano de Contingência da Tecia solanivora, para a tomada de decisões das autoridades competentes sobre pragas de quarentena, como é o caso do Epitrix e dos nematodes, para a autorização excecional

de alguns produtos fitofarmacêuticos específicos para a batata concedidas pela DGAV, para a publicação de alguns artigos técnicos na newsletter e disponibilizados no site, entre outas situações pontuais; Concebemos a Campanha de promoção da Batata Portuguesa, cuja primeira edição foi em 2018, e que neste ano de 2021 teve a sua quarta edição, sempre com moldes diferentes, mas sempre com o objectivo de promover a batata portuguesa nas suas várias vertentes, nutricional, económica, ambiental, gastronómica e social; Criamos um site institucional, uma newsletter mensal e uma revista anual. Estamos presentes nas diversas redes sociais, Facebook, Instagram, Linkdin e Youtube; Desde Agosto de 2020 está em execução um projecto de Internacionalização que pretende divulgar a excelência da batata portuguesa em mercados externos e do qual destaca-


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Opinião mos a criação da marca colectiva de batata portuguesa, a “Miss Tata”, que tem vindo a ganhar força e visibilidade dentro e fora de Portugal. A Miss Tata é a embaixadora da batata portuguesa ao nível internacional. Divulgada em alguns dos órgãos de comunicação mais representativos do sector a nível europeu, através da campanha de promoção da batata portuguesa, e que teve início no passado mês de Maio. Também a nível nacional, com a parceria da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) e do Crédito Agrícola, a Miss Tata foi personagem principal da Campanha de promoção da Batata Portuguesa. Presente nas embalagens e a granel, a Miss Tata já é a referência de batata portuguesa, nas diversas lojas da grande distribuição e outras superfícies comerciais. Todo o trabalho desenvolvido em prol do sector já mereceu elogios de entidades públicas e privadas, como foi o caso da afirmação do anterior Secretário de Estado da Agricultura, Engº Nuno Russo, que referiu que “a MissTata-anuncio-v2-fev21.pdf 26/02/21 19:19 Porbatata era um dos 1exemplos mais

inspirador destes tempos”. Também no passado dia 30 de Junho foi atribuído pela “Vida Rural”, durante o “Agro In”, o prémio “Organização de Produtores que Marca”, um prémio de mérito, arrojo e reconhecimento pelo trabalho que a Porbatata tem vindo a desenvolver em prol do sector da batata e associativo. A Porbatata foi ainda nomeada para o prémio Distinções pelo Desenvolvimento 2020, prémio atribuído pela Associação de Desenvolvimento da Lourinhã (ADL), apesar de ser um prémio local/regional e a Porbatata ter âmbito nacional, a associação tem sede na Lourinhã, pelo que contribuiu para o desenvolvimento e visibilidade do concelho da Lourinhã. O caminho é longo e muito mais há ainda para fazer, para o sector e pelo sector, mas toda a equipa da Porbatata tem-se mostrado coesa, resiliente, determinada e dedicada a uma causa em prol e para benefício de todo o sector da batata Portuguesa, porque afinal na PORBATATA é a batata (portuguesa) que nos une, numa só voz, num só caminho!

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Apresenta-se oficialmente ao mercado na Agroglobal

UPL Portugal quer ser “o parceiro número um dos agricultores portugueses” A UPL Portugal, constituída em 2019, apresenta-se oficialmente ao mercado português na Agroglobal. Este certame, considerado o evento mais importante do setor agrícola em Portugal, é o local perfeito para mostrar ao país as propostas de valor da UPL para uma agricultura sustentável, cujo objetivo é produzir alimentos saudáveis e seguros para o consumidor.

José Buendía, Country Manager da UPL Portugal

A UPL está a criar uma rede de colaboração com diversos parceiros, um dos quais é a Pixofarm, empresa especialista em digitalização, que desenvolveu uma aplicação para Smartphone para ajudar a melhorar a eficiência, a produtividade e a sustentabilidade da produção de maçã. O objetivo da UPL é fazer com que o maior número de agricultores na Europa tenha acesso a esta tecnologia.

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“Esperámos, devido à situação da pandemia que nos impediu de estar presencialmente com todos vós, mas vai valer a pena. Creio que a Agroglobal é local ideal para apresentarmos a UPL Portugal, a nossa equipa e a nossa proposta de valor para este mercado agrícola tão importante”, José Buendía, Country Manager da UPL Portugal. A UPL Portugal apresenta-se na Agroglobal, em Valada do Ribatejo, com um projeto ambicioso para o mercado luso, incluído um robusto portfólio de soluções, sob a marca chapéu Pronutiva, e uma equipa reforçada nos departamentos comercial e de marketing. José Buendía, Country Manager da UPL Portugal e Espanha, em entrevista à Gazeta Rural conta-nos como é que a empresa encara esta nova etapa. Gazeta Rural (GR): Que importância tem o mercado português para a UPL? José Buendía (JB): A agricultura é um setor-chave da economia portuguesa e, por isso, Portugal é um mercado estratégico para a UPL. Para nós era óbvia a necessidade de criar a filial UPL Portugal e o momento certo para o concretizar foi o ano de 2019. Agora, estamos num período de consolidação e temos uma ideia clara: queremos estar entre os atores líderes da agricultura portuguesa. GR: Quais são os principais objetivos da UPL em Portugal? JB: Os nossos objetivos em Portugal são ambiciosos e estão em linha com os objetivos da UPL a nível mundial: estar no top cinco das empresas de proteção das culturas e ser uma referência no segmento das biosoluções, no qual apresentámos recentemente ao mercado a nível mundial a nossa marca chapéu NPP-Natural Plant Protection, que engloba todas as


ESPECIAL AGROGLOBAL biosoluções da UPL. Queremos ser o parceiro número um, a primeira opção, dos agricultores portugueses, colocando ao seu serviço o nosso conhecimento e o portfólio de soluções sustentáveis, que permitem produzir mais e melhores alimentos, respondendo às exigências dos consumidores europeus. Na UPL estamos alinhados com a visão e a estratégia do Pacto Ecológico Europeu e assumimos o compromisso de proporcionar aos agricultores ferramentas para uma agricultura cada vez mais sustentável. De facto, atualmente em Portugal 21% do nosso portfólio é composto por biosoluções e o foco é continuar a crescer nesta gama de produtos, até nos tornarmos a referência do mercado. Através da estratégia Pronutiva®, a UPL foi pioneira ao combinar soluções convencionais de proteção das culturas com biosoluções. O resultado é uma melhor gestão das resistências e dos resíduos, otimizando a proteção, a produção e a qualidade das culturas, e consequentemente, melhorando o rendimento do agricultor. Pronutiva® materializa a missão da UPL de tornar cada alimento mais sustentável. Por outro lado, através do nosso propósito OpenAg™, estamos a criar uma rede de colaboração com diversos parceiros para disponibilizar aos agricultores todas as inovações que possam ajudá-los na gestão das suas terras e culturas, incluindo ferramentas digitais e biotecnologia. Um exemplo é a recente colaboração da UPL com a Pixofarm, empresa especialista em digitalização, para disponibilizar aos produtores de maçã uma aplicação para smartphone que os vai ajudar melhorar a eficiência, a produtividade e a sustentabilidade das suas explorações fruteiras. GR: Como pretende a UPL atingir os seus objetivos no mercado português? JB: Em 2019, como antes referi, criámos a filial UPL Portugal, com uma estrutura e uma equipa de profissionais que tem vindo a crescer e que, hoje em dia, é composta por seis pessoas, lideradas por Sérgio Trindade, permitindo-nos estar mais próximo dos clientes e conhecer em primeira mão as suas necessidades diárias. Este acompanhamento tão próximo dos clientes permite-nos, pouco a pouco, implementar o programa Pronutiva® em culturas estratégicas como o olival, a vinha, as pomóideas

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“Evoluímos para uma forma de produção sustentável, que está patente na Estratégia ‘Do Prado ao Prato’ e nos objetivos de sustentabilidade do Pacto Ecológico Europeu” e prunóideas e as culturas hortícolas e hortoindustriais com as nossas estratégias Olea®, Vidivinum®, Fructiferous® e Vegelicious®, acelerando o uso das nossas biosoluções e cumprindo, a par e passo, os objetivos de sustentabilidade a que nos propomos. Além disso, é fundamental o empenho e colaboração que os nossos clientes em Portugal têm demonstrado, pois eles são um pilar estratégico do nosso crescimento. GR: O que encontrarão os visitantes da Agroglobal no stand da UPL? JB: Para começar, serão recebidos com todo o entusiasmo pela equipa da UPL Portugal e por alguns representantes de topo da direção da UPL a nível regional e global. Vão encontrar a nossa proposta de soluções que cobrem todo o ciclo das principais culturas em Portugal, através da estratégia Pronutiva®. Resumindo, proporcionaremos aos visitantes uma visão completa da proposta de valor da UPL em Portugal, com quatro estratégias definidas por grupo de culturas e com ferramentas digitais para um serviço completo aos agricultores e que os ajudam na produção rentável de alimentos sustentáveis. GR: Tendo em conta a sua experiência profissional de mais de 20 anos no setor agrícola, a maior parte dos quais na área da proteção das plantas, como descreve a evolução

do setor nas últimas duas décadas? JB: Houve uma profunda transformação, sobretudo uma maior profissionalização e tecnificação do setor. As empresas de proteção das culturas estão a transitar de uma oferta unicamente baseada em agroquímicos para uma oferta de soluções sustentáveis numa conjuntura cada vez mais digital. Estamos em contínua evolução e revolução, que implica uma profunda mudança de mentalidade nas grandes empresas e nos agricultores, que precisam de se adaptar às novas exigências de produção para responder à cadeia de valor agroalimentar. Há 20 anos o único requisito era produzir alimentos, porém, evoluímos para uma forma de produção sustentável, que está patente na Estratégia ‘Do Prado ao Prato’ e nos objetivos de sustentabilidade do Pacto Ecológico Europeu. Surgem novos desafios como, por exemplo, as formulações biológicas, de gestão mais complexa do que as convencionais, que obrigam a uma assessoria técnica reforçada ao agricultor para que as incorpore com sucesso na sua estratégia de proteção das culturas. Os agricultores e os técnicos, por seu turno, devem adaptar-se às novas normativas e às novas tecnologias. Em resumo, creio que o setor está a evoluir de forma muito positiva para uma agricultura cada vez mais amiga do meio ambiente e da sociedade. www.gazetarural.com

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curtas STET leva nova

maquinaria florestal à AgroGlobal

Entreposto Máquinas apresenta tractores Magnum AFS Connect da Case IH

Fravizel leva nova maquinaria para plantação de arvores

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A STET - Sociedade Técnica de Equipamentos e Tractores celebra 60 anos no mercado nacional e em 2020 lançou a marca STET Florestal, que estará em destaque na AgroGlobal, a maior feira agrícola ibérica dedicada aos profissionais.

ghlander; cabeça processadora Konrad WH50 – Woody; e acessórios Fravizel. A STET Florestal, além de vender a maquinaria, conta também com uma frota de aluguer com mais de 7.000 máquinas com uma antiguidade media inferior a 18 meses. “O Grupo TESYA proporciona na Europa uma ampla gama de máquinas que trabalham com alta eficiência e que cumprem com as mais recentes normas de ambientais e de segurança, sempre na vanguarda da tecnologia”, garante a empresa. A STET oferece aluguer a curto, médio e longo prazo, com a possibilidade ou não de compra do equipamento no final da operação.

A Entreposto Máquinas é mais uma das empresas que vai estar presente na AgroGlobal, onde apresenta a nova geração de tractores Magnum AFS Connect, da Case IH, e o programa AFS-Advance Farming System.

rodas e Rowtrac, num total de 8 modelos. Uma maquinaria da era da Agricultura 4.0, de máquinas agrícolas cada vez mais inteligentes, autónomas e ecológicas. E garante a Case IH que estes “tractores de alta potência oferecem eficiência de combustível, conforto do operador e potência confiável para produtividade máxima. Nenhum trabalho é muito difícil para o sistema hidráulico avançado e as opções de transmissão da Magnum”. Todos os tractores Magnum Rowtrac são equipados com opções de esteira que permitem uma velocidade máxima de deslocamento de até 40 km/h para todas as larguras de esteira: 16, 18, 21, 24 e 30 polegadas; disponível nos Magnum 380 e 400.

A Fravizel – Equipamentos Metalomecânicos leva este ano à AgroGlobal um produto que “faz três em um” para a plantação do eucalipto, sem grande remoção dos solos, que faz a dragagem, o amontoamento, a ripagem e a linha de plantação. A máquina reduz não só o custo, mas tem também vantagens ambientais, garante Eliseu Frazão, CEO da Fravizel, à organização da AgroGlobal.

ambientalmente”, diz Eliseu Frazão. Quanto ao rachador arranca cepos, esta máquina serve para arrancar e rachar cepos. Permite uma boa penetração junto à raiz assim como a extracção e o corte com facilidade, não deixando a cova do cepo aberta. Tem ainda, na parte frontal, uma lâmina que permite outras funcionalidades, tais como: empurrar os cepos e as terras, alisar irregularidades do terreno, etc.. Faz movimento de balde que enterra por baixo do cepo e arranca para cima com a força da máquina. A Fravizel é uma empresa de engenharia metalomecânica, sediada em Alcanede, com 36 anos de história. Tem uma área fabril de 12.800 m2 de área coberta e 105.000 m2 de área total. A empresa desenvolve e fabrica equipamentos de terraplenagem (baldes, ripers, patolas, engates rápidos) e máquinas para pedreiras, floresta e indústria em geral (máquinas de perfuração e de corte por fio diamantado).

A STET Florestal estará presente na AgroGlobal 2021 com um stand de 1.000 m2, repleto de máquinas e acessórios das marcas CAT, Konrad, Noe e Rotor. De entre os vários equipamentos presentes os responsáveis pela empresa destacam as escavadoras 308 CR ou 309 CR; escavadora 320 ou 323; retroescavadora; auto carregador NOE; máquina de abate Hi-

Em entrevista à organização da AgroGlobal, Nuno Santos, responsável do Entreposto de Máquinas, garante que este “é um certame de referência para nós”, onde vai a apresentar soluções de Agricultura 4.0, “uma tendência que cada vez mais se vai acentuar”. A gama de tractores Magnum AFS Connect está disponível com transmissão CVXDrive ou PowerDrive nas versões de

A empresa dedica-se ao desenvolvimento de equipamentos e de soluções para a indústria da pedra, da obra pública e também para a área florestal, nesta última, “onde estamos a ganhar alguma dimensão (…) há mais de 20 anos que temos a primeira patente do famoso arranca sebos, que circula por todo o Mundo, e temos vindo a desenvolver outros produtos e novas soluções para os nossos clientes sustentáveis, tanto económica como


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Tecniferti mostra campos de ensaio com fertilizantes para tomate de indústria e floresta A Tecniferti, empresa especializada na produção e comercialização de fertilizantes líquidos, conta com dois campos de ensaio na AgroGlobal, com gamas de fertilizantes líquidos para tomate de indústria e floresta que estimulam a vida microbiana e retêm a humidade do solo. Uma linha de trabalho orientada para aumento da produtividade e da sustentabilidade ambiental da agricultura.

Segundo o administrador da empresa, Casimiro Soares, em entrevista à organização da AgroGlobal, “o ensaio do tomate para a indústria conta com uma linha de fertilizantes nova” em que “não fazemos fertilizantes de fundo, é tudo através da rega gota-a-gota, plantamos o tomate sem nada e depois vamos dando o fertilizante à planta ao longo do ciclo, não estamos à espera de disponibilidade da terra”. Casimiro Soares salienta ainda que este produto para o tomate para a indústria, em forma de gel, contém áci-

dos fúlvicos, que evitam a lixiviação. Quanto ao ensaio dedicado à floresta, a empresa vai mostrar os resultados do seu produto TecnifertiBio Floresta. “O ensaio já dura há alguns anos. Desenvolvemos umas saquetas com o produto Humigel B, registado para culturas biológicas, na floresta. Não estamos a aplicar químicos, estamos a aplicar ácidos fúlvicos que estimulam a vida microbiana do solo”, diz Casimiro Soares, realçando que se trata de “um fertilizante que ao mesmo tempo capta a humidade”.

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“Acho extraordinário que Portugal não tenha uma reserva mínima que seja de cereais”, diz Jorge Neves, presidente da Anpromis “Em períodos de muita instabilidade, como o que estamos a viver e em alguma crise de preços, acho extraordinário que Portugal não tenha uma reserva mínima que seja de cereais para fazer face a qualquer disrupção que possa existir na cadeia de fornecimento”. Quem o diz é Jorge Neves, presidente da Anpromis - Associação dos Produtores de Milho e Sorgo de Portugal. Em entrevista à organização da AgroGlobal, Jorge Neves refere que esta é uma “situação que deveria fazer reflectir os decisores políticos”. Numa altura em que os analistas internacionais estimam que a China importará um total de 28 milhões de toneladas de milho até Setembro de 2021, ao mesmo tempo que se registam baixos stocks mundiais de cereais e a seca na América do Sul, levando a preços elevados do milho, Jorge Neves diz que os produtores estão a viver o momento “com muita espectativa”, realçando que a Política Agrícola Comum (PAC), durante os últimos sete anos de crise de preços muito acentuada, “não favoreceu especialmente e até prejudicou os produtores de milho”. “A conjuntura tem sido francamente má para os produtores de milho des14

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de 2014. Vemos com muita espectativa esta oportunidade que o mercado concedeu [de alta de preços] e que obviamente temos que compreender, mas temos de ter resposta por parte daqueles que são os nossos clientes. É verdade que as cotações mundiais estão altas, mas precisamos que da parte das industrias, a quem os produtores através das suas organizações vendem o milho, também haja receptividade para a realidade que esta a ocorrer”, diz o presidente da Anpromis.

Auto-suficiência de 25% Quanto ao facto de Portugal produzir apenas 25% do milho que necessita, Jorge Neves afirma: “eu faço a leitura de outra forma, durante três meses por ano somos 100% auto-suficientes e os outros nove meses somos 100% dependentes do exterior”. Para o dirigente, este momento pós-pandemia “está a provocar disrupções muito graves nas cadeias de abastecimento, a todos os níveis, em diferentes tipos de matérias-primas, acessórios, etc.. E Portugal, neste momento, não tem 10 ou 15 mil toneladas guardadas em lado nenhum, seja de trigo, seja de milho. O que tem está nos portos e o que está nos portos tem de circular todos os dias. Portanto, para fazer face a uma crise, nem que seja uma reserva estratégica de um mês de abastecimento

às indústrias, em Portugal não temos nada. E isso deveria ser uma situação que deveria fazer reflectir os decisores políticos”. “Numa instabilidade total nos transportes marítimos, com custos que neste momento são perfeitamente astronómicos, em que pode ocorrer a falta de algum produto físico no Mundo, nessa altura quem pagar mais é que leva o produto”, acrescenta Jorge Neves, frisando que “hipoteticamente podemos correr o risco de um navio que estaria destinado para Portugal agora, em Agosto ou em Setembro, por alguma razão, possa ser desviado para outro país que paga mais caro” pelo seu conteúdo.

Nova PAC Quanto à nova Política Agrícola Comum, cujo acordo foi alcançado na Presidência Portuguesa da UE, Jorge Neves diz ser “positivo que não tenham ficado consignadas as metas do Green Deal”. “Os objectivos existem, mas as metas quantificadas não. E essa quantificação era muito perigosa da forma como estava colocada, quer pela via da redução da utilização de fitofármacos e de fertilizantes, quer por via do crescimento obrigatório da área da agricultura biológica (…) quantificar essas metas sem um estudo prévio é demasiado perigoso”. * Parceria: https://agriculturaemar. com/


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Arlindo Cunha, presidente da CVR Dão, à Gazeta Rural

Os mercados de proximidade “foram muito importantes” durante a pandemia

A Comissão Vitivinícola Regional do Dão (CVR Dão) estima um aumento da produção na região de 15 a 20% superior à do ano passado, que foi bastante baixa. Os dados foram adiantados à Gazeta Rural pelo presidente Arlindo Cunha, que alerta para o facto de, com este aumento, “ainda ficaremos abaixo do que consideramos ser um ano médio, que é de 25 a 30 milhões de litros”. Quanto à pandemia, os efeitos da mesma na região, considerando a quantidade de vinho certificado, o presidente da CVR Dão diz o impacto “foi relativamente baixo”, mas trouxe “bastantes ensinamentos”, como “a importância dos mercados de proximidade e uma grande oportunidade para os nossos consumidores e operadores do canal HOREC se tornarem mais solidários com os produtores da Região”. 16

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Gazeta Rural (GR): De uma forma geral, como está a reagir a região ao levantamento das restrições e à abertura dos mercados? Arlindo Cunha (AC): Está a acompanhar a tendência nacional de recuperação, embora ela não seja homogénea, tal como não foram os impactos da pandemia. GR: É possível fazer uma estimativa dos efeitos da pandemia nos vinhos do Dão? AC: Os dados que nós temos respeitam à quantidade de vinho certificado, que constitui um indicador bastante aproximado das vendas. O impacto foi relativamente baixo, de uma redução de 2% em 2020 face a 2019, ano anterior ao início da pandemia. No primeiro semestre deste ano já crescemos 5,7 % face a 2020, mas ainda estamos 2,8% abaixo do período homólogo de 2017. Foi, porém, um impacto muito desigual entre as empresas. As que tinham as suas vendas ancoradas nas grandes superfícies e na exportação, não tiveram grandes sobressaltos;

mas os produtores-engarrafadores, mais identificados com as pequenas e médias empresas familiares, sofreram um considerável revés, visto venderem essencialmente no canal HORECA, que esteve completamente fechado durante um período considerável e que está ainda bastante condicionado. GR: Os apoios do governo ao setor foram suficientes? Foram aproveitados pelos operadores da região? AC: Os apoios nunca são suficientes, sobretudo numa região de minifúndio como a nossa, com as pequenas explorações a terem dificuldades consideráveis de financiamento de novos investimentos em vinhas e com o gravíssimo nível de envelhecimento da população rural. De qualquer forma houve uma boa adesão na região aos apoios à armazenagem privada. Quanto à compensação pela redução das vendas, o processo não está ainda apurado. GR: Que ensinamentos esta pandemia trouxe? AC: Bastantes. Em minha opinião um dos mais importantes foi a importância


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dos mercados de proximidade e uma grande oportunidade para os nossos consumidores e operadores do canal HOREC se tornarem mais solidários com os produtores da Região. GR: A CVR retomou as ações de promoção, a mais recente ocorreu no Brasil. Que ações estão previstas para os próximos tempos? AC: Não interrompemos as nossas ações de promoção, nem no Brasil, nem no resto do mundo. O que tivemos que fazer foi uma reprogramação para as realizar por via digital. Está programada a participação na segunda edição do “Festival Vinhos de Portugal”, que decorre de 27 de Outubro a 7 de Novembro em 2.500 supermercados e hipermercados em vários Estados Brasileiros, numa iniciativa da ViniPortugal, com a comparticipação financeira da CVR. Participamos também no evento Vinhos de Portugal no Brasil, em São Paulo e Rio de Janeiro, numa iniciativa dos jornais Público e Globo, e também com o apoio da Viniportugal, da CVR do Dão e de outras CVRs. Complementarmente, decorre uma iniciativa da CVR Dão nas redes sociais dirigida aos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, numa parceria com o Chef Henrique Fogaça, jurado do programa de televisão Master Chef. GR: Pelos dados de que dispõe, que vindima vamos ter este ano? AC: A nossa previsão é de 15 a 20% superior à do ano passado, que foi bastante baixa. Consequentemente, se a previsão se concretizar, ainda ficaremos abaixo do que consideramos ser um ano médio, que é de 25 a 30 milhões de litros. GR: Que comentário faz ao crescente interesse de novos investidores na região? AC: Consideramos que é um reflexo do crescendo de prestígio dos vinhos do Dão, com ganhos de medalhas nos mais prestigiados concursos e provas mundiais, mais do que proporcionais à sua expressão produtiva, com uma crítica positiva consensual por parte dos especialistas e com uma tendência de crescimento nos mercados que só a pandemia veio agora travar.

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Revelou Fernando Figueiredo, à Gazeta Rural

UDACA está com um “aumento de vendas de 30%” face a 2020 A União das Adegas Cooperativas do Dão (UDACA) está a ter um bom ano de 2021, com um aumento nas vendas na ordem dos 30% face ao ano anterior e de 22% em relação ao orçamento previsto para este ano. A revelação foi feita por Fernando Figueiredo, presidente da UDACA à Gazeta Rural, referindo que tal se deve à abertura dos mercados internacionais, nomeadamente Estados Unidos, Brasil, China, Rússia e Europa.

Em relação à vindima deste ano, Fernando Figueiredo, na qualidade de presidente da Adega de Silgueiros, mostra-se sético, depois da ‘surpresa’ negativa de 2020. O dirigente espera que as previsões de um aumento da produção de 15% na região se confirmem.

Gazeta Rural (GR): Estamos a chegar, assim o esperamos, ao fim de um ciclo difícil. Como foi 2020? Fernando Figueiredo (FF): Em relação à UDACA, felizmente, os resultados de 2020 foram melhores que os esperados, relacionado com o aumento da margem de comercialização. Tivemos problemas, como todos os operadores, no mercado internacional, mas conseguimos alguma recuperação na segunda metade de 2020. Tivemos que fazer uma redução drástica de custos e os resultados foram ótimos, comparativamente com anos anteriores. Estamos a ter um bom ano de 2021, com um aumento de vendas na ordem dos 30% face ao ano anterior e de 22% em relação ao orçamento que fizemos para este ano. Isto, fundamentalmente, porque os mercados internacionais se abriram, nomeadamente Estados Unidos, Brasil, China, Rússia e Europa. O único mercado que ainda se encontra um pouco fechado é Angola, para onde estávamos a exportar bem. Os mercados que referi têm correspondido, mas, comparativamente com o ano de 2020, no mercado nacional vamos com uma quebra de 21%. GR: Tem havido mais procura de vinho? FF: Sim, no mercado internacional, especialmente nos países que atrás referi. GR: Essa é a grande aposta da UDACA? FF: Apesar de termos algumas marcas que são bastante procuradas no mercado nacional, não apostamos muito na grande distribuição e deixamos isso para as nossas associadas, além de que não temos preço para competir naquelas campanhas 18

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agressivas, pelo que nos dedicamos à comercialização normal, através de distribuidores nacionais, alguns dos quais também exportam os nossos vinhos, nomeadamente para a Europa, para o chamado mercado da saudade. As vendas do mercado nacional sofrem o efeito de a UDACA não estar nas grandes superfícies. Enquanto presidente da Adega de Silgueiros, pelo contrário, posso dizer que o que nos ajudou a ultrapassar as dificuldades, porque todos passámos, foi o facto de estarmos presentes na grande distribuição, em duas grandes organizações, porque no canal Horeca as coisas não correram tão bem. Neste momento assiste-se a alguma recuperação, mas não tão rápida como todos gostaríamos GR: Olhando para a Adega de Silgueiros. O Instituto do Vinho e da Vinha prevê um aumento de produção na região de 15% face ao ano anterior. Tem alguma estimativa? FF: É sempre difícil nesta altura aferir exactamente o que existe. Há sócios que dizem ter bastante mais do que em anos anteriores, outros, por razões várias, têm menos. Para não ser surpreendido, negativamente, como no ano passado, em que tivemos uma colheita fraca, e como sou sético, espero que as previsões se confirmem e tenhamos um aumento de 15% face à vindima anterior. A Adega, nos últimos anos, investiu fortemente em tecnologia para dar resposta à receção e à vinificação. A capacidade de frio é bastante adequada e responderá ao crescimento que venhamos a ter. Abrimos a porta, também, à receção de uvas provenientes da vindima mecânica. GR: A Adega de Silgueiros está mais presente no mercado nacional e na grande distribuição. As vendas correram bem, apesar da pandemia? FF: Tal como atrás referi, estamos neste momento bem instalados na grande distribuição e esperamos manter a qualidade que nos reconhecem, para que as parcerias se mantenham por muitos anos. A escassez de produção na colheita de 2020 fez com que, mais uma vez, descontinuássemos a comercialização em Bag in Box de vinhos brancos e aumentássemos os preços dos vinhos tintos neste tipo de produtos. Como sabemos estes produtos são de vinhos certificados (Regional Terras do Dão) e não “Vinhos de Mesa”, cuja proveniência todos sabemos. Por isso são, de facto, os mais caros do mercado! Não vendemos “gato por lebre”. Para fazer face aos compromissos que tínhamos, fomos obrigados a comprar a produtores da região uma quantidade grande de vinhos DOC, tintos e brancos. GR: Os prémios também contam e a Adega tem estado ‘na moda’? FF: Claro. Ainda recentemente o Morgado de Silgueiros Touriga Nacional foi considerado o melhor Vinho Português em competição no International Wine Challenge. Posso acrescentar que dois vinhos de uma das marcas que fazemos para uma cadeia de distribuição já foram também premiados com Medalhas de Ouro. www.gazetarural.com

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Um suíço, Peter Eckert, que “apanhou o bicho” da região

Quinta das Marias comemora 30 anos a produzir vinhos no Dão Peter Eckert está a comemorar os 30 anos da Quinta das Marias, hoje um dos produtores de referência da Região Demarcada do Dão. A quinta que “nasceu no meio do caos” é, três décadas depois, um dos projetos mais bem conseguidos na região. Em conversa com a Gazeta Rural, o produtor de Oliveira do Conde, no concelho de Carregal do Sal, continua a produzir vinhos tradicionais, mas está apostado em atender as novas tendências dos consumidores. Peter Eckert mantem o espírito com que iniciou o projeto. É que o ‘caos’ pode ser um caminho que lhe permite “apalpar” outros “terrenos” para responder às novas tendências dos consumidores. Gazeta Rural (GR): 30 anos depois, a Quinta das Marias é aquilo que idealizou? Peter Eckert PE): Na altura não pensei em nada, porque a quinta nasceu no meio do caos. A ideia era ter uma 20

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quinta no Dão. Havia um terreno com quatro hectares, onde decidimos plantar vinha e começamos a produzir vinho. No início tudo foi feito sem um projeto muito bem definido. As ideias foram aparecendo e a certa altura “apanhei o bicho”. Comprei mais terrenos, fiz a primeira adega e foi então que decidimos apostar na produção de vinhos de qualidade. Hoje estamos numa situação completamente diferente e com um enólogo que trabalha quase em exclusivo para nós. Decidimos “apalpar” outros “terrenos” em novas áreas, porque verificámos uma certa ‘cisão’ na nossa clientela, principalmente na Europa. Os mais velhos gostam do vinho tradicional, bem feito e encorpado. A minha filha, que vai muitas vezes às feiras na Europa, chamou a atenção para o aparecimento de novos consumidores, mais jovens, que querem vinhos diferentes e com novas abordagens. Decidimos percorrer esse caminho, sem deixar de fazer os nossos vinhos tradicionais. Por outro lado, entrámos na área do vinho menos intervencionado, como

o Crudus, que foi um grande êxito. Da primeira vez fizemos 900 garrafas e para o ano vamos produzir cerca de 2.000. Vamos fazer um Alfrocheiro neste conceito. Há um conjunto de coisas que vamos tentar ‘explorar’ para ver o que estes novos consumidores querem. GR: Mas fez sempre questão de que a Quinta das Marias, para além da produção de vinhos tradicionais, percorresse ‘caminhos’ diferentes”, num trajeto ‘ao lado’ do Dão? PE: Na altura diziam que os nossos vinhos eram o Dão moderno. Quando começámos achei que podia fazer vinhos que se pudessem beber ainda jovens, porque tinha na mente o Dão antigo, que conhecia quando trabalhava em Lisboa, que só se podia beber depois de passar cinco ou seis anos em garrafa, porque tinha uma acidez muito alta e muitos taninos. Eu queria fazer um vinho que não fosse fácil, mas que se pudesse beber mais jovem. GR: Soube sempre o que queria para os seus vinhos, pois nas inter-


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venções do enólogo da altura, o António Narciso, a última palavra era sua? PE: Sempre assumi essa responsabilidade. O António Narciso foi uma pessoa que me ensinou, porque eu queria fazer os meus vinhos. Agora o Luís Lopes é um enólogo diferente, que está a ‘apalpar’ outros terrenos e encontrar novas soluções, porque com a minha idade as ideias já não fluem da mesma maneira. GR: Quer dizer que o mercado está a ‘pedir’ coisas diferentes? PE: Claro que sim! GR: Quando falamos em ‘menos intervenção’, estamos a falar nos vinhos orgânicos, que estão na moda. Esse é um caminho possível no Dão? PE: Claro que sim. O Crudus é um exemplo, mas há outros produtores no Dão a seguir esse caminho, como o António Madeira. Antes do Crudus, já tínhamos lançado o Sem. Fizemos poucas quantidades, que se escoaram num instante. Penso que temos que ter algumas cautelas para ver se podemos seguir esse caminho e alargar a produção. GR: Essa mudança começou na vi-

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“Acho interessante ver o que os novos consumidores querem” nha? Foi necessário ‘ajustá-la’ a essa nova opção? PE: Naturalmente. Por exemplo, deixámos de utilizar herbicidas. Trabalhamos a vinha, entre cepas, com equipamentos mecânicos. Depois sou contra o vinho biológico, por causa da aplicação desenfreada do cobre. Ninguém fala disto. Como sabe trabalhei em Seguros e a contaminação dos terrenos com cobre vai ser um problema muito grave no futuro. Isto nota-se na Suíça, onde há muitos terrenos para construção onde no passado houve vinha. Na cidade onde vivo, o Conselho Municipal exige que 30% do terreno seja descontaminado antes de se iniciar a construção, porque consideram que esses 30% estão contaminados com cobre porque em tempos teve lá uma vinha. GR: Hoje o consumidor está mais atento a estas questões e daí procurar esses novos ‘caminhos’? PE: Sim, mas ainda estamos no princípio. Acho que os produtores têm

que ser capazes de fazer bom vinho de uma maneira tradicional, como nós vamos continuar a fazer. Mas também acho interessante ver o que os novos consumidores querem. Em Zurique há bares onde só servem este tipo de vinhos e não os tradicionais. Não sei se isto é uma moda temporária ou se vai continuar. O que é interessante é que há clientes para isso. GR: O Dão tem esse potencial, essa versatilidade, de produzir esse tipo de vinhos para esses novos consumidores? PE: Claro que sim. O Dão tem as melhores condições para fazer vinhos de mesa, em termos de terroir, de clima, de tudo. Porém, também tem que se permitir que se faça. GR: Há resistências? PE: Claro! E ainda bem! Tem que haver ‘resistências’ para as coisas. Aliás, eu acho que quem quer introduzir novas ideias tem que lutar por elas e defendê-las.

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Situada em Oliveira de Barreiros, nos arredores de Viseu

Quinta da Perpita avança com projeto de enoturismo A Quinta da Perpita, situado em Oliveira de Barreiros, nos arredores de Viseu, vai avançar com um projeto de enoturismo, com a construção de quatro casas nos terrenos da quinta, cujas obras deverão começar até final do ano.

O proprietário e produtor de Vinho do Dão, em conversa com a Gazeta Rural, mostra-se satisfeito. “Desta vez arranca o enoturismo. O processo está encaminhado na Câmara de Viseu e no Turismo de Portugal, faltando resolver a questão das sepulturas”, afirmou Kennedy Magno, convicto de que “as obras ainda devem começar este ano”. O objectivo, acrescentou, “é preparar o futuro da quinta e torna-la sustentável economicamente”. As três sepulturas antigas que existem no espaço da quinta estão classificadas e serão, garantidamente, uma das atrações da quinta, onde vão ser construídas quatro casas, um espaço de restauração para os pequenos almoços, SPA, uma piscina e um campo de Padel.

Produção de vinhos A Quinta da Perpita lançou este ano um Encruzado de 2019 e um Alfrocheiro de 2018, este o primeiro

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ORGANIZAÇÃO

Angra do Heroísmo 19, 20 e 21 novembro Pavilhão Multiusos do Parque Multissetorial da Ilha Terceira

Festival de Vinho e Feira de Atividades Económicas mais informações: terceira.wineinazores.com ou ligue 917 260 702

tinto do produtor. O primeiro vinho comercializado pela quinta foi um Encruzado de 2018, que esgotou rapidamente. Com vinhas centenárias situadas no coração de Oliveira de Barreiros e com vista privilegiada para a Serra da Estrela, a Quinta da Perpita pertencia à família de Armando Ferreira de Almeida, a que agora o genro, Kennedy Magno e os filhos, querem dar continuidade. O filho Gonçalo já está à frente da quinta e a irmã, Maria Eduarda, segue-lhe as pisadas. Nos cerca de seis hectares de vinhas, a maior parte delas no coração de Oliveira de Barreiros, predominam as castas Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Roriz, Jaen e Rufete, nas tintas, e Encruzado e a Malvasia-Fina, nas brancas. O produtor selecciona parte das uvas para a produção própria, sendo as restantes vendidas a outros viticultores da região. Quanto à produção de vinhos, Kennedy Magno pretende “trabalhar no sentido de criar condições para os armazenar, num edifício novo, cujas bases estão feitas, mas também a reabilitação do edifício onde está a adega. “Mais tarde vamos pensar numa linha de engarrafamento” e “a comercialização passará também por nós, nomeadamente numa loja de produto locais, que faz parte do projeto e que vai ficar situada à entrada da quinta”, referiu.

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Revelou o presidente da Adega, José Frias Clemente

Adega de Penalva com aumento de produção de 35 a 40% face a 2020 O presidente da Adega Cooperativa de Penalva do Castelo está optimista em relação à vindima deste ano, com uma previsão de aumento da produção que poderá chegar aos 40%, face à vindima de 2020. Em entrevista à Gazeta Rural, José Frias Clemente estima que a qualidade do vinho será boa e que as vindimas deverão começar a partir de 5 de Setembro. O dirigente diz que a pandemia também afetou as vendas da Adega, ainda que de forma moderada, mas mostra-se optimista quanto ao futuro. José Clemente diz ainda que a exportação é uma aposta a reforçar. Gazeta Rural (GR): Tem alguma estimativa da vindima deste ano na área da Adega? José Frias Clemente (JFC): A perspetiva que tenho é que teremos uma produção bastante boa, mas ‘até ao lavar dos cestos é vindima’. Da forma como se prevêem que possam ser as condições climatéricas vamos ter vinhos de qualidade. Neste momento as vinhas estão vigorosas, pois, apesar do calor, ainda há humidade nos solos, pelo que 24

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será uma boa vindima. Em relação à quantidade e, de acordo como aquilo que fomos ouvindo dos nossos associados, teremos um acréscimo de 35 a 40% em relação a 2020, o que é muito bom, pois, ao que sei, na Região Demarcada do Dão não há grandes stocks de vinhos, pelo que, a confirmar-se, será muito bom para a Adega e para a Região, de uma forma geral. As maturações estão a decorrer normalmente e as previsões indicam que poderemos começar a vindimar os vinhos brancos a partir de 5 de Setembro, mas as condições climatéricas é que vão ditar a data de início da campanha. GR: As estatísticas dizem que este ano de 2021 não é famoso em termos de açúcar nos frutos? JFC: Não me parece que seja bem assim, pelo menos na nossa região, pois a indicação que temos é que os açúcares nas uvas estão dentro da normalidade habitual. GR: Estamos numa fase de levantamento de restrições, no que à pandemia diz respeito. Têm-se notado um aumento na procura de vinhos? JFC: Diria que o Canal HORECA está a melhorar ligeiramente, depois de um período muito difícil, em que parou completamente. Neste momen-

to ‘mexeu’ um pouco, mas ainda longe do tínhamos antes da pandemia. Estou plenamente convencido de que as vendas irão voltar à normalidade, pois a Covid19, acredito, vai estar sempre presente, de forma mais moderada, mas vamos voltar a ter uma vida normal, para bem de todos. GR: Disse, numa outra conversa, que a Adega sentiu de forma moderada os efeitos da pandemia? JFC: Sim. Nesta altura continuamos a ter as nossas vendas dentro do previsto. Se me perguntar se gostava de vender mais e melhor, dir-lhe-ia que sim. Também lhe digo que se não fosse a pandemia estaríamos naturalmente melhor, mas está a correr bem. Acredito que, aos poucos, tudo vai voltar ao normal. GR: Como está o mercado internacional? JFC: Temos feito algumas vendas na exportação, numa altura em que há alguma procura de vinhos nos mercados internacionais. A Adega de Penalva não é um ‘grande exportador’, mas temos vindo a crescer de forma sustentada. Estamos melhor do que em anos anteriores. Além disso, as exportações são muito importantes para o setor e nós temos que acompanhar essa tendência.


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Até final do presente ano

Adega da Corga vai lançar um Touriga Nacional Reserva 2019 A Adega da Corga vai colocar no mercado, até final do ano, um Touriga Nacional Reserva 2019, um vinho feito com uvas provenientes de uma vinha com mais de 50 anos. O produtor de Pindo, no concelho de Penalva do Castelo, diz que este lançamento “vem na sequência do trabalho feito nos últimos anos”. Rafael Formoso, enólogo da Adega, em conversa com a Gazeta Rural, diz que este ano “há mais uvas nas cepas”, mas há, nesta altura, vinhas “que 26

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precisam de água”.

difícil termos vinhos de qualidade.

Gazeta Rural (GR): Há vinhas em stress hídrico. Uma chuvita até à vindima dava jeito? Rafael Formoso (RF): A água é sempre necessária. Se não houver água é impossível que os compostos fenólicos se reproduzam na uva e que a planta consiga assimilar os nutrientes que tem na terra. Temos tido temperaturas bastante elevadas à noite, de 15 a 20 graus, o que, sem humidade na terra, faz com que a planta entre em stress hídrico, as uvas param de evoluir e não há uma boa maturação. Assim é mais

GR: As estimativas dizem que há mais vinho na região do Dão? RF: De uma forma geral há mais vinho nas cepas, porque foi um ano bom, em que as vinhas não foram muito afectadas com doenças, pois tivemos chuvas bastante concentradas durante o ano, especialmente em Março. Isso fez com que o início do ciclo fosse bom, mas agora estamos numa altura em que faz falta alguma água. GR: Isso faz com que os viticultores, os que não têm, comecem a pen-


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sar na colocação de rega nas vinhas? RF: É urgente que isso aconteça. Se queremos ter vinhos com qualidade temos que ter boa maturação. Se isso não acontecer os vinhos não serão tão bons. No caso da Adega da Corga, em que baseamos a nossa marca em vinhos de garrafa, estas têm que ter os nossos melhores vinhos e que cheguem ao consumidor na sua plenitude. Um exemplo são os nossos vinhos em bag-in-box. São vinhos correntes, acessíveis e para serem consumidos no dia-a-dia, mas temos procurado, nos últimos anos, que sejam vinhos de melhor qualidade, pois também ajudam a elevar a marca. É mais provável um consumidor provar um vinho de bag-in-box que um de garrafa. Se for bom, fica curioso e vai querer conhecer as nossas outras gamas de vinhos. GR: Muito de tem falado na renovação do Dão, que começa numa nova geração de enólogos. Concordas que o Dão precisa de mudar o paradigma, mantendo as castas tradicionais, mas apostando em castas e vinhos diferentes?

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RF: Nós, os enólogos de agora, tal como os que nos antecederam, somos curiosos. A experiência diz-nos que as modas, que são importantes, tendem a ser cíclicas e algumas castas do passado tendem a estar presentes no futuro. Contudo, temos também que olhar para a questão do clima e de todas as mudanças que se têm verificado nos últimos anos. Há castas que foram importantes no passado, mas que podem não vir ter o mesmo potencial no futuro, em face das alterações que se têm verificado no clima, nomeadamente na questão da água. Há castas que no passado precisavam de mais água e que, com o tempo, foram perdendo algum do seu potencial. Contudo, o que conta é o que o mercado pede e o consumidor procura sempre coisas novas e diferentes. Agora, e na sequência do que disse antes, é difícil antevermos quais serão as castas do futuro. Neste momento, na região, temos certezas em relação à Touriga Nacional e ao Encruzado, outras em grande desenvolvimento, como a Tinta Pinheira, mas sabemos que no futuro haverá uma casta que

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vai emergir. GR: Os franceses andam preocupados com algumas das suas castas que estão a perder cor. As alterações climáticas podem provocar essas mudanças? RF: Claro que sim. Há castas mais tardias e outras mais precoces, que tem a ver com a maturação. A água é fundamental para as castas mais tardias, como a Touriga Nacional. As castas com maturações mais precoces podem vir a ter sucesso no futuro. GR: Vão lançar um vinho novo até final do ano? RF: Vamos lançar um Adega da Corga Touriga Nacional Reserva 2019, que vem no seguimento do trabalho e dos vinhos de qualidade que temos feito nos últimos anos. Este vinho foi feito com uvas provenientes de uma vinha com mais de 50 anos, que são diferenciadas da maioria. Como é sabido só engarrafamos vinhos Reserva, o resto é ‘corrente’ e vai em bag-in-box.

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Jorge Reis cuidadoso em relação à vindima deste ano

Vinha de Reis prepara “um segredo” para lançar antes do fim do ano A Vinha de Reis, sedeada em Oliveira de Barreiros, às portas de Viseu, vai lançar um vinho novo antes do fim do ano. “É segredo”, disse Jorge Reis à Gazeta Rural. “Só posso dizer que é um tinto, que chegará pelo Natal”, adiantou o produtor. Ao mercado estão a chegar um Colheita Branco, um Reserva Branco e um Encruzado, engarrafados recentemente. Jorge Reis prima por produzir vinhos de excelente qualidade, sejam tintos ou brancos. O monovarietal da

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casta Encruzado tem merecido “rasgados elogios de toda a gente, excepto quem não percebe nada de vinhos”, diz o produtor em tom de brincadeira. Num ano em que as previsões indicam um aumento da produção na região do Dão, Jorge Reis é cauteloso. “A vindima deste ano é um grande ponto de interrogação. Não lhe sei dizer”, disse o produtor, pois, justifica, “só sei dizer como são as colheitas dois anos depois, mas este ano serão três, porque é um ano atípico. A maturação está atrasada e um pouco irregular”, afirmou. Quanto à estimativa de um aumento

da produção, “as videiras estão bem em termos de quantidade”, mas “as maturações não estão a ser o que queríamos, pois precisávamos de chuva, especialmente nas vinhas que não tem rega”, afirmou, acrescentando que nas vinhas com rega a maturação “está garantida e vai ocorrer de forma regular”, salientou Jorge Reis. Quanto ao último ano e meio, período da pandemia, Jorge Reis é taxativo: “Estou a vender bem desde há dois meses, nomeadamente o mercado Horeca que “se está a chegar aos produtores”. Antes “o mercado esteve praticamente parado”.

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Um projeto familiar 100% português

Textura Wines nasceu da combinação do conhecimento e da paixão pelo Dão É um dos novos produtores da região, que alia o conhecimento e a paixão pelos vinhos e pelo Dão. A Textura Wines tem sede em São Paio, Gouveia, com vinhas na em Vila Nova de Tazem e Encoberta, em Penalva do Castelo. Marcelo Villela de Araújo, em conversa com a Gazeta Rural, diz que é “um projeto familiar 100% português”, que alia o seu conhecimento no setor, com a sustentabilidade, economia circular e o desenvolvimento regional, que a esposa incute ao projeto. Gazeta Rural (GR): Em traços muito gerais, como nasceu a Textura Wines? Marcelo Villela de Araújo (MVA): Após três anos da nossa mudança de São Paulo para o Porto, a Textura Wines nasceu da combinação de nossa paixão pelos vinhos, pelo Dão e pela intenção de desenvolvermos um projeto familiar 100% português. Agregamos o meu conhecimento de vinhos deste perfil e também de gestão de empresas, e da minha esposa, Patrícia, a sustentabilidade, economia circular e o desenvolvimento regional. GR: A Textura Wines é uma empresa jovem. Como tem sido a ‘aventura’ no mundo do vinho? MVA: Um projeto com a nossa dimensão já não é exatamente uma aventura ou um hobby. Quando decidi iniciar o projeto fiz uma pós-graduação em enologia e fui aprender o negócio vitivinícola. A empresa tem como objetivo a produção artesanal, com vinhas próprias em modo biológico, mas com uma certa escala, o que torna o negócio economicamente sustentável. Tivemos um projeto claro desde o início e por isso investimos desde 2018 nas vinhas e na equipa de viticultura. Em 2019 iniciamos a instalação de nossa adega, a partir da renovação de uma fábrica têxtil centenária em Gouveia. Desde 2020 ampliamos nossa equipa na adega e na área comercial, para suportar o aumento de produção e a comercialização dos vinhos. Em 2021 ampliaremos nossa oferta de enoturismo e outros serviços de eventos e conferências, que trarão outra dinâmica para a região. GR: Lançaram os primeiros vinhos, da colheita de 2018, em plena pandemia. Como foram recebidos? MVA: Tivemos que atrasar o lançamento dos vinhos para Setembro de 2020, um período que a restauração ainda trabalhava muito condicionada e com muitos stocks. Foi desafiador neste sentido, de mostrar uma marca nova a potenciais clientes ainda a sofrer os

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efeitos do primeiro confinamento. Logo a seguir tivemos o primeiro trimestre de 2021 totalmente parados. Por isso, usamos outros canais para divulgação e tivemos boas avaliações dos nossos vinhos pela Revista de Vinhos e por sites internacionais como Jancis Robinson e Wine Enthusiast. Isto abriu-nos alguns canais de exportação para EUA, Inglaterra, Alemanha, França e Bélgica. Desde a reabertura da restauração crescemos muito a nossa distribuição nacional. Ainda temos muito a expandir, mas Lisboa, Porto, Coimbra e Viseu já são mercados importantes para os nossos vinhos. GR: Faça uma apresentação rápida e sintética dos seus vinhos? MVA: Temos vinhas em Vila Nova de Tazem (Serra da Estrela) e em Penalva do Castelo e temos três gamas de vinhos. A linha ‘Pretexto’ (branco e tinto) representam um lote de várias parcelas. São vinhos versáteis, tanto para a mesa, como para aperitivos e festas. Têm aromas mais presentes de frutas e fáceis de beber, mas já têm alguma complexidade. Temos vinhos de terroir, como o ‘Textura da Estrela’ (branco, tinto e rosé) das vinhas de Vila Nova de Tazem, e ‘Encoberta’ (tinto), das vinhas da localidade Encoberta, em Penalva do Castelo. Os solos pobres de granito da Serra da Estrela originam vinhos mais discretos nos aromas, muito minerais. Enquanto os solos de

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granito e argila de Penalva produz vinhos mais exuberantes, fruta mais presente e mais volumosos. Os vinhos de parcelo única, como o ‘Textura Pura’ (branco e tinto) de pequenas parcelas em Vila Nova de Tazem. São vinhos exclusivos, de vinhas mais velhas, estilo mais mineral e elegante, de muita complexidade, com bom potencial de evolução em garrafa. GR: Quais os mercados para onde escoam os vossos vinhos? MVA: O nosso maior mercado é EUA com aproximadamente 30%, outros 30% no mercado local, e 40% bastante espalhado em Europa, principalmente, e estamos a negociar uma exportação para o Brasil.

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GR: Como olha para a região do Dão? MVA: O Dão tem muita história e muitos produtores de volume, como em outras regiões vinícolas, mas também alguns produtores antigos de referência. É por causa destes, - Casa da Passarella, Álvaro de Castro e outros, - que a região atraiu nos últimos anos alguns projetos novos, com foco também em qualidade, gente com muita experiência e conhecimento do vinho, bem como capacidade de comunicar e distribuir, como M.O.B., Niepoort, Taboadella e alguns outros mais pequenos estão a movimentar a perceção dos vinhos do Dão. O desafio da região é comunicar bem esta mudança, para que o vinho do Dão tenha visibilidade no exterior como um produto de qualidade a concorrer diretamente com outras regiões da França, Itália ou Espanha.

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Francisco Vilela, em entrevista à Gazeta Rural

“Mudámos o paradigma da gestão” da Cooperativa dos Olivicultores de Murça Os azeites da Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Murça receberam recentemente quatro medalhas de ouro num concurso internacional em Israel. Estes prémios são fruto do trabalho que a atual direção da cooperativa, que iniciou recentemente o segundo mandato, tem vindo realizar, com a implementação de novos métodos de gestão, não só no setor administrativo e de produção, mas também de novos ‘comportamentos’ dos associados e a instalação de novas variedades, como a Cobrançosa. Francisco Vilela, o presidente da Cooperativa, em entrevista à Gazeta Rural, diz que a atual direção mudou o ‘paradigma da gestão’, bem como uma mudança de mentalidade junto dos agricultores, com uma aposta na qualidade e em novas variedades.

Gazeta Rural (GR): Tomou posse há pouco tempo como presidente da Cooperativa de Murça. Que objetivos tem para este mandato? Francisco Vilela (FV): O primeiro é a instalação de uma nova linha para duplicar a nossa capacidade de extração diária. É uma situação que nos está a 32

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limitar, uma vez que, estruturalmente, a cooperativa estava pensada para uma determinada dimensão que se inverteu nos últimos anos, fruto da política que implementámos nos últimos quatro anos, que foi aumentar o valor pago aos sócios. Em anos anteriores verificou-se uma ‘sangria’ muito grande de sócios, que conseguimos estancar, a que acresce a plantação de novos olivais. Isto mostra uma realidade, para a cooperativa, completamente diferente, pelo que a nova linha de extração é uma necessidade e cujo contrato já foi formalizado, naquela que era a nossa grande prioridade para este mandato. Acresce a isto, o facto de pretendermos continuar a nossa saga da sustentabilidade para o agricultor, que é pagar-lhes de forma justa e o mais rápido possível. GR: Disse na tomada de posse para este novo mandato que houve “anos de gestão corrente e miopia de alguns”: O que quis dizer exatamente? FV: O que quis dizer é que governar uma casa, que tem maquinaria com mais de 20 anos, e não projetar o futuro, sem fazer investimentos na melhoria dos equipamentos, só leva à verdadeira miopia. Senão vejamos: Em 2014 a Cooperativa de Murça viveu um problema igual ao que enfrentámos no último

ano, em que tivemos uma boa produção, diria que o normal na cooperativa, que ronda os três milhões de quilos de azeitona, quantidade que ultrapassámos na última campanha, e tivemos dificuldade na extração do azeite. O que quero dizer é que na última década, antes da atual direção ter assumido os destinos da cooperativa, ninguém se apercebeu de um constrangimento duplo, que a capacidade de extração diária e o armazenamento eram uma realidade a curto prazo. Acontece que durante anos, quem governou a cooperativa fez uma gestão corrente, sem pensar em aumentar a capacidade de armazenamento e de extração. Este foi um trabalho que tivemos que fazer nos últimos quatro anos, com o aumento da nossa capacidade de armazenamento em 15%. A segunda etapa é o investimento numa segunda linha de extração, para termos capacidade de resposta. GR: Os azeites de Trás-os-Montes são reconhecidamente dos melhores do mundo. A Cooperativa recebeu recentemente quatro medalhas de ouro num concurso em Israel. Ainda assim, poderemos dizer que a cooperativa se ‘atrasou’ da melhoria da qualidade dos seus azeites? FV: O que posso dizer é que, nos


últimos quatro anos, a cooperativa de Murça triplicou os primeiros grandes prémios que tinha em relação aos seus 61 anos de existência. Isto mostra o trabalho que levamos a cabo no último mandato. Mudámos o paradigma da gestão da cooperativa e disso não há dúvida, não só pelos prémios recebidos, pela qualidade dos nossos azeites e que colocámos no mercado e a notoriedade que alavancámos para o nome ‘Murça’ e para a própria região, uma vez que só aceitámos sócios com produção de azeitona no concelho, o que nos torna diferentes de outras. Isto é resultado do trabalho que temos vindo a fazer. Por exemplo, uma cooperativa tem susceptibilidades e com interesses diversos em que criam de forma diária um conflito permanente entre a gestão e os associados. O que acontecia é que acabámos com o rendimento individual (funda). Hoje os agricultores descarregam a azeitona na cooperativa e o rendimento médio obtido durante o tempo de produção é o que vamos colocar a todos os associados, permitindo que deixassem de se dividir, mas também que não fossem eles a ter o critério de qual é a melhor altura para apanhar a azeitona. Essa decisão é nossa, o que permitiu melhorar significativamente a qualidade do azeite. Por outro lado, procurámos que houvesse apostas noutras variedades, em que localmente as pessoas tinham alguma dificuldade para as plantarem, como, por exemplo, a Cobrançosa, uma variedade mal-amada na região. Havia apostas em monovarietais, como a Cordovil. Conseguimos alterar essa

situação e no ano passado os nossos monovarietais Cordovil e Cobrançosa foram os mais galardoados no mundo. GR: Significa que com a aposta num nova linha de produção e em novas variedades, a qualidade dos azeites da Cooperativa pode melhorar? FV: Naturalmente que sim. Antigamente, sem evidência cientifica, achavam que uma variedade que dava mais rendimento a colheita era feita mais cedo. O que os agricultores queriam era mais litros de azeite. Hoje estamos a apontar mais para os quilos de entrega e fugir um pouco da questão do rendimento. Isto porque certamente, como se diz por cá, vivemos três meses de

Inferno e nove de Inverno. As geadas acabam por prejudicar gravemente o fruto. O que fazemos é sumo de fruta natural. Portanto, antecipando a colheita e pondo as pessoas a não pensarem no rendimento, permitiu-nos melhorar a qualidade. A segunda etapa, com a nova linha, é conseguirmos extrair o azeite o mais rápido possível após a colheita da azeitona. Duplicando a nossa capacidade de extração, certamente que vamos produzir azeites com mais características positivas em termos de polifenóis e outros atributos positivos, como o amargo, picante ou frutado, o que nos vai permitir melhorar a qualidade geral o nosso perfil de azeites.

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CURTAS Município de Arcos de Valdevez aprova programa de Valorização dos Produtos e Produtores Locais O Município de Arcos de Valdevez pretende valorizar e promover os produtos e os produtores locais. Assim, a Câmara Municipal aprovou o “Programa de Valorização dos Produtos e Produtores Locais”, o qual pretende divulgar a marca “Terras do Vez – Sabores e Tradições” como um dos pilares impulsionadores da valorização e promoção dos produtos locais e dos produtores locais, da dinamização económica da agricultura, do comércio e do turismo e da fixação e atração de pessoas e investimento para Arcos de Valdevez. A marca “Terras do Vez - Sabores e Tradições” será atribuída aos produtos locais e aos seus produtores e pretende assumir-se como uma marca territorial, que engloba um conjunto de produtos arcuenses, de qualidade superior, genuínos e certificados. O Programa tem como objetivos a valorização e promoção dos produtos e os produtores locais; dinamizar a economia local; mobilizar a sociedade arcuense para a importância da produção e consumo de produtos locais; promover a identidade do concelho e para a sua afirmação territorial; aumentar a confiança dos consumidores e a competitividade dos produtores aderentes; contribuir para retoma da economia. Os produtos abrangidos por este programa são as carnes frescas ou processadas; o fumeiro tradicional; produtos hortícolas e frutas; produtos de padaria e doçaria; queijos e derivados; mel, marmeladas, geleias e compotas; vinhos verdes, vinho regional Minho e outras bebidas alcoólicas. Podem candidatar-se ao reconhecimento como produtor de produtos “Terras do Vez – Sabores e Tradições” os empresários dos sectores primário ou secundário, sedeados no concelho, que produzam ou comercializem os produtos constantes no catálogo de produtos. 34

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Castro Marim distribui apoio aos produtores de ovinos e caprinos O Município de Castro Marim irá distribuir os cerca de 20.000 euros de investimento em rações e palha que já adquiriu para apoiar os produtores de ovinos e caprinos que ficaram sem forma de alimentar os seus rebanhos, na sequência do incêndio que deflagrou naquela região e que deixou mais de 1800 hectares ardidos no concelho. Este apoio deverá fazer face às dificuldades até à época das chuvas. Alicerçados num sistema de produção extensivo (em que a base alimentar são as pastagens naturais), os produtores ficaram sem a principal fonte de alimentação para os rebanhos, colocando a sobrevivência dos animais em causa e a sua subsistência económica. Paralelamente, estão já no terreno várias equipas para apoiar os agricultores no preenchimento das fichas de ocorrência de prejuízos agrícolas, agora nas sedes das juntas de freguesia de Odeleite e Azinhal mas também de forma itinerante, através da Bibliomóvel.

Traveler’s Event regressa a Avis de 3 a 5 de Setembro De 3 a 5 de Setembro, o Complexo do Clube Náutico de Avis recebe a décima quarta edição daquele que é o maior evento nacional de mototurismo: o Traveler’s Event, organizado pela Balgarpir, com o apoio do Município de Avis e da Junta de Freguesia de Avis. Do programa do Traveler’s Event fazem parte relatos de viagens, workshops, test drives, formação off road, exposição de acessórios e passeios on e off road, configurando, uma vez mais o encontro privilegiado de amantes das duas rodas que ali partilham as suas experiências e planos de viagens. Em cumprimento das normas definidas pela Direção-Geral de Saúde, todos os participantes do evento deverão apresentar Certificado Digital de vacinação contra a COVID-19 ou teste negativo.

Ourém promove evento gastronómico “Saudades do Sabor” O Município de Ourém elegeu Setembro como o mês gastronómico com a realização da iniciativa “Saudades do Sabor”, um evento organizado em parceria com os estabelecimentos de restauração do concelho. “Saudades do Sabor” pretende promover a gastronomia típica de Ourém, estimular a qualidade e criatividade dos restaurantes aderentes, contribuindo para a dinamização da gastronomia típica da região enquanto polo de atração turística. O Município desafiou o setor da restauração, registando a participação de mais de cinquenta restaurantes de todo o concelho. Cada estabelecimento apresenta a sua própria ementa, que inclui entrada, sopa (opcional), prato principal e sobremesa, cozinhada à base de receitas tradicionais, como merendeiras salgadas, enchidos vários, sopa de carne, sopas de verde, carneiro guisado, coelho à moda da Ortiga, mexudas, chícharos com broa, feijão com abóbora e sobremesas encorpadas por produtos endógenos como ovos, mel, figos secos e pinhões, entre outras iguarias. Para ficar a par de todos os estabelecimentos e respetivas ementas disponíveis na iniciativa “Saudades do Sabor”, aceda a https://nocentrodasemocoes.pt.

Palmela vai ter I Mostra Gastronómica Literária em Setembro

O Município de Palmela vai ter a I Mostra Gastronómica Literária no fim de semana de 17 a 19 de Setembro. Ao longo de três dias, será possível experimentar - entre entradas, pratos principais e sobremesas - alguns pratos referidos em livros ou preparados em homenagem a estes, trazendo para a mesa todo o imaginário literário. A iniciativa “Pela boca entra a literatura” insere-se no programa municipal “Palmela – Experiências com Sabor!” e acontecerá nos estabelecimentos aderentes da vila de Palmela.


Inscrições decorrem até ao próximo dia 12 de Setembro

Nova edição da Escola de Queijeiros arranca em Setembro na região Centro A segunda edição da “Escola de Queijeiros”, iniciativa direcionada especificamente para a produção de queijo com Denominação de Origem Protegida (DOP) da Serra da Estrela, Beira Baixa e Rabaçal, arranca em Setembro.

Esta segunda ação formativa é lançada pela Associação do Cluster Agroindustrial do Centro (InovCluster) e tem como objetivo a capacitação para o conhecimento das principais técnicas de produção de queijo com DOP, de acordo com as especificidades das Regiões DOP da Serra da Estrela, Beira Baixa e Rabaçal. Em comunicado, o projeto Queijos

Centro Portugal refere que esta é mais uma iniciativa ao abrigo do Programa de Valorização da Fileira do Queijo da Região Centro, financiado pelo Centro2020, Portugal2020 e União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). Pretende ainda contribuir para o reforço desta atividade, para a promoção da inovação e conhecimento dentro da fileira dos queijos DOP da Região Centro, bem como para a sua valorização e aumento da competitividade. “A boa recetividade da primeira edição da Escola de Queijeiros, decorrida em Outubro de 2020, permitiu avançar-se para uma segunda edição para a qual as inscrições, sem qual-

quer custo associado, decorrem até ao próximo dia 12 de Setembro”, lê-se na nota. A escola conta com um total de 30 vagas disponíveis e irá decorrer nas Escolas Superiores Agrárias de Viseu, de Castelo Branco e de Coimbra. A carga horária é de 80 horas em regime de horário laboral, sendo que, dessas, 40 horas estão destinadas à componente teórica e as restantes 40 destinadas à componente prática a realizar em contexto de trabalho, em queijarias de cada região DOP. Os interessados podem contactar a InovCluster, pelo telefone 272 349 100 ou pelo email geral@queijoscentrodeportugal.pt.

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No âmbito do projeto “3 Territórios 1 Rio que nos Une”

Cultura em Rede promove atividades Náuticas e Observação Fauna e Flora no rio Vouga Nos próximos dias 11 e 12 de Setembro o projeto cultural em rede “3 Territórios, um Rio que nos Une” levará a cabo mais uma ação, desta feita, no Rio Vouga, o fio condutor que sustenta este projeto intermunicipal.

A presente ação - Atividades Náuticas e Observação Fauna e Flora - consiste na realização de atividades náuticas no Rio Vouga (descidas de rio, batismo de canoagem, stand up paddle e rappel), organizadas por empresas de despor-

to e aventura sedeadas no concelho de Sever do Vouga. Os participantes, nas diversas atividades propostas, poderão desfrutar do rio Vouga enquanto vão descobrindo a sua fauna e flora. Simultaneamente, os participantes serão sensibilizados para a importância da preservação do património natural e da sua biodiversidade, num troço do rio que se encontra dentro da Rede Natura 2000. O Rio Vouga é um destino por excelência para esta atividade já que possui um património natural com enorme in-

teresse ecológico para o espaço comunitário da união europeia. Refira-se que estas atividades são gratuitas, contudo, a inscrição é obrigatória e em algumas das atividades, está sujeita a um número limitado de participantes. Mais um convite que lhe lançamos, desta vez, para desfrutar da natureza e da biodiversidade ribeirinha do Rio Vouga, através de atividades de desporto e aventura, proporcionadas por empresas sedeadas no concelho de Sever do Vouga.

Com a linha defensiva das Talhadas - Moradal

A linha defensiva das Talhadas Moradal, que inclui vários fortes e baterias no concelho, constitui um dos principais pontos de interesse de turismo militar em Proença-a-Nova e um dos motivos porque o Município decidiu aderir ao Roteiro do Turismo Militar, uma iniciativa da Associação de Turismo Militar Português que congrega rotas associadas a acontecimentos e períodos da história nacional “que visam promover e divulgar recursos, equipamentos e serviços turísticos e culturais nacionais, passíveis de integrar, de forma direta 36

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Município de Proença-a-Nova integra Roteiro do Turismo Militar

ou complementar, esta oferta”.

Construído em 1762, o Forte das Batarias, em Catraia Cimeira, é um dos locais onde se pode observar mais de perto a importância desta linha na defesa do reino durante as Guerras Peninsulares contra Espanha e França, em dois diferentes momentos que foram revelados nas escavações arqueológicas que têm sido feitas ao longo dos anos e que culminaram na musealização deste espaço. “Há cerca de década e meia que o Município tem feito a aposta na descoberta destas estruturas, daquilo que nos diversos tempos este território tem passado e como é que foi a evolução do ponto de vista das intervenções militares”, refere João Lobo, presidente da

Câmara Municipal, que destaca a parceria com a Associação de Estudos do Alto Tejo. “O conhecimento que hoje temos do território é um importante fator de atratividade que se congrega a uma rede mais ampla onde contamos com a arte, os passeios pedestres ou as praias fluviais”. No caso dos fortes e baterias, está disponível o PR4 – Pela Linha da Defesa que, ao longo de 14,5 Km entre Sobreira Formosa (Edifício dos Fortes e Baterias) e a Ponte do Alvito, convida à descoberta da organização defensiva em torno da Serra das Talhadas num percurso que, alguns anos mais tarde, seria utilizado pelas tropas francesas na primeira invasão a Portugal.


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Entre os dias 3 e 12 de Setembro, em 60 restaurantes do concelho

Provart regressa de 2 a 4 de Setembro

Semana do Carapau decorre em Setúbal

Sertã recebe Festival de Cerveja Artesanal

O carapau está em destaque nas ementas de perto de seis dezenas de restaurantes do concelho, num evento a decorrer entre os dias 3 e 12 de Setembro, inserido na estratégia de promoção gastronómica e turística da autarquia.

A Rua da Beira Baixa, na margem da Ribeira Grande, na Sertã, acolhe o regresso do Provart – Festival de Cerveja Artesanal, que decorre de 2 a 4 de Setembro. Promovido pelo Município da Sertã, em parceria com a Get Mood, este festival compreende um programa musical diversificado e conta, este ano, com a presença de oito cervejeiros.

A Semana do Carapau regressa para mais uma edição, que, durante dez dias, dá a provar, em 56 restaurantes, receitas tradicionais, como o tradicional peixe assado no carvão, e outras inovadoras, especialmente produzidas com esta espécie capturada na região. O evento, organizado pela Câmara de Setúbal, com o apoio da Docapesca e do Turismo de Portugal, inclui, no dia 4, o passeio interpretativo “De Pelim a Charro-do-alto, Carapau Sempre!”, com início às 10h00. Esta atividade de cariz pedagógico dá a conhecer a espécie de peixe Trachurus trachurus, à qual vulgarmente se dá os nomes de carapau, pelim ou charro-do-alto, bem como o seu percurso desde o desembarque em terra até à banca dos mercados. O encerramento da Semana do Carapau 2021 realiza-se no dia 12, às 18 horas, na Casa da Baía, com uma degustação comentada pelo chef Mauro Loureiro, formador da Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal, na qual os pratos confecionados são acompanhados de vinhos da Herdade da Gâmbia. A Semana do Carapau integra um calendário de eventos gastronómicos dinamizado pelo município no âmbito da marca Setúbal Terra de Peixe com o objetivo de divulgar sabores e tradições da cozinha setubalense e, em simultâneo, estimular a restauração local e promover o concelho enquanto destino turístico de excelência. 38

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O Provart assume-se como “uma das experiências de cerveja artesanal e de convívio de referência no interior do país”, constituindo uma “viagem à cultura da cerveja artesanal acompanhado de boas vibrações e de beleza natural.” Para além da cerveja artesanal, o festival conta com música ao vivo, boa gastronomia e boa disposição. Além de decorrer num espaço diferente, esta edição do Provart apresenta regras relativamente à entrada no recinto cuja lotação é limitada, sendo obrigatória a apresentação de Certificado Digital Covid ou teste negativo, uso obrigatório de máscara nos locais de passagem comum e a entrada é feita mediante apresentação de fita/ bilhete. O cartaz musical apresenta no primeiro dia do festival, 2 de Setembro, Tilt às 20,30 horas e Frankie Chavez às 22,30 horas. A 3 de Setembro, Nightmare & Memphis Two tocam às 20,30 horas e Portuguese Pedro sobre a palco às 22,30 horas. A 4 de Setembro, último dia do festival, DJ Bothas abre o programa musical às 17,30 horas, seguindo-se The Pilinha às 20,30 horas. A partir das 22,30 horas, os Ena Pá 2000 fazem o espetáculo de encerramento do Provart.


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vinhos do dão # v i n h o s d o dao vinhos do dão # v in h o s d o dao

DÃO, DÃO, UM SEGREDO UM SEGREDO A DESCOBRIR A DESCOBRIR A sua viagem começa aqui. A sua viagem começa aqui.

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