3 minute read

O Ananás dos Açores “é único e singular no mundo”

Diz José Jorge Dâmaso, gerente da empresa Boa Fruta

Advertisement

A empresa Boa Fruta, sedeada em S. Miguel, nos Açores, é herdeira de um saber de muitas décadas na produção de ananás, reconhecido como dos melhores do mundo. José Jorge Dâmaso diz que “é único e singular no mundo”. O sócio-gerente da Boa Fruta diz que o ‘segredo’ esta produção, que segue “um método centenário conduzido exclusivamente na ilha de São Miguel”.

Gazeta Rural (GR): Como foi a campanha deste ano do Ananás e da Meloa?

José Jorge Dâmaso (JJD): A campanha do Ananás dos Açores manteve-se similar aos anos anteriores, com pouco oferta entre os meses de Maio e Julho, pressionada pelo regresso da procura do mercado turístico no mercado local em São Miguel.

No mês de Agosto houve um aumento de oferta comparativamente aos anos anteriores. Porém, a procura acompanhou esse incremento de produção. Até ao final do ano, aguarda-se a principal janela de produção e venda, no período do Natal, altura no qual tem sido registada ao longo dos últimos anos uma redução da oferta e um incremento do preço pago ao produtor. Este ano, espera-se ainda menos quantidade que no ano passado. Anualmente, produzem-se entre setecentas e mil toneladas de Ananás dos Açores.

GR: A Boa Fruta é herdeira de uma grande tradição na produção de Ananás dos Açores. O que o torna tão diferente do fruto produzido noutras regiões?

JJD: O Ananás dos Açores é único e singular no mundo. Único, porque é produzido por um método centenário conduzido exclusivamente na ilha de São Miguel. Produção em estufas tradicionais de madeira e vidro, utilização de estilhas de incenso e serrim como substrato orgânico natural, aplicação de fumos para provocar a indução floral, remoção do meristema apical da coroa do fruto, são elementos que

caraterizam esta cultura.

Singular, porque o aspecto, sabor e aroma garantidos pelas condições edafo-climáticas da região e pelo método de produção, o que faz deste Ananás Smooth Cayenne de folhas lisas distinto dos restantes dessa mesma variedade.

GR: As marcas com DOP e IGP são mais valias para a região?

JJD: As marcas distintivas geográficas como DOP e IGP, são uma componente fundamental para a colocação no mercado, pois permitem garantir o local e método de produção, confirmando ao cliente final a exclusividade do produto que estão a adquirir.

GR: O que representa a comercialização de fruta fresca para a Boa Fruta, considerando que os subprodutos são hoje uma forma de aproveitamento de fruta que não vai para o mercado?

JJD: A comercialização de fruta fresta representa cerca de 97% do negócio da Boa Fruta. Esperamos que dentro de cinco anos os transformados de Ananás dos Açores representem 10% a 20%. Atualmente já temos no nosso catálogo Licor e Compota. Ainda em 2021 vamos lançar três novos produtos.

GR: Quais os principais problemas que afectam os produtores de Ananás do arquipélago?

JJD: Há uma série de problemas que afetam os produtores de Ananás dos Açores quer em contexto individual como generalizado. Vou dar destaque a um que tem uma solução à vista, mas que requer implementação, que é o diferencial entre procura e oferta e subsequentes picos de produção provocam constrangimentos no escoamento.

GR: E qual é a solução?

JJD: A solução passa por um planeamento global de produção entre produtores, planeamento esse que terá muitas nuances a discutir, não podendo ser feito a régua e esquadro. Passa também pela repartição da produção própria de cada produtor, sendo aconselhado um foco para a produção dos meses de Maio a Julho.

This article is from: