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Feira do Queijo de Celorico da Beira regressa em modo presencial e com cartaz atrativo

De 18 a 20 de Março

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Feira do Queijo de celorico da Beira regressa em modo presencial e com cartaz muito atrativo

Fernando daniel, Sons do Minho e o programa “Somos Portugal”, da tVI, são as apostas da Câmara de Celorico da Beira para a quadragésima terceira edição da Feira do Queijo, que vai decorrer de 18 a 20 de Março.

Concertos, animação a cargo de grupos de cantares, grupos de concertinas e rancho folclórico, atividades para os mais novos, showcookings e artesanato, são algumas das propostas para um certame que pretende “homenagear os pastores e queijeiras e promover, valorizar um produto nobre da pastorícia e outros produtos locais de qualidade superior. O presidente da Câmara de Celorico da Beira espera que esta edição tenha o mesmo impacto da de 2020, que “as expectativas são realisticamente boas” e que seja “um êxito”. Carlos Manuel Ascensão, em entrevista à Gazeta rural, mostra-se preocupado com o futuro do setor na região, salientando a pouca renovação existente.

Gazeta rural (Gr): Que expectativa tem para a Feira, tendo em conta o momento que vivemos?

Carlos Manuel Ascensão (CMA): As nossas expectativas são de que a vida regresse à normalidade e, depois desta ‘ponte’ de dois anos, que tenhamos um certame igual ao de 2020. Esperamos que seja um êxito, que corra bem e que tenhamos muito visitantes, do concelho, da região e do país, mas também dos nossos vizinhos espanhóis. Portanto, diria que as expectativas são realisticamente boas.

Gr: realizar uma feira igual a 2020?

CMA: Exatamente. Em 2020 a feira correu muito bem. Depois tivemos o hiato de tempo e agora estamos a retomar o evento, ainda que aos poucos, porque há essa necessidade. Tendo em conta a

última edição, esperamos este ano ter uma grande feira, como é tradicional em Celorico da Beira, em modo presencial, com a participação dos nossos pastores e queijeiras, bem como dos nossos expositores.

Este certame é um momento de festa e de homenagem, de afirmar a nossa identidade e as nossas tradições, mas também é bom salientar a parte lúdica do evento, bem como a sua importância económica para o concelho e para a região, pois é uma forma de, numa altura difícil, ajudar os nossos produtores, os nossos pastores e a economia local. ano damos o apoio que já estava estabelecido desde o ano anterior, que é uma ajuda, para além de outras, como os apoios no âmbito da certificação. A seca baixou a produção e nesta altura a procura é maior que a oferta.

Entretanto, tivemos três males seguidos, a pandemia, a seca e a guerra, esta que é longe, mas que nos afeta, como estamos a ver, de várias maneiras.

Gr: Como está, de uma forma geral, o setor pecuário do concelho?

CMA: Nestes últimos anos houve uma diminuição do efectivo ovino, se usarmos termos comparativos de há 15 ou 20 anos, e os pastores também eram mais. Assistimos a um fenómeno de dimi-

Gr: Como tem sentido os produtores de queijo nuição do número de rebanhos, mas, por outro lado, de alguma após estes dois anos tão difíceis? concentração. Hoje temos rebanhos com alguma dimensão.

CMA: Diria que as dificuldades criam oportunidades Temos no concelho o maior rebanho de ovelha Bordaleira, com e nós criámos uma plataforma, “celoricocomgosto.pt”, cerca de 800 efectivos, bem como outros de menor dimensão. que correu bastante bem, foi bem conseguida e que Contudo, se projetarmos isto para o amanhã, percebemos que ajudou a escoar o produto. Diria que neste período já não tem havido renovação. Usando uma afirmação do senhor longo de pandemia, tirando um período inicial com to- Presidente da República, - que falava da “intemporalidade das dos os medos e desconhecimentos relativamente a esta queijeiras, da tradição e das guardiãs da montanha”, que repreproblemática, em que houve uma espécie de bloqueio, sentam aquilo que é a nossa identidade e tradição, - é bom que de um modo geral o produto tem sido escoado, tem-se isto se perpetue, mas o cenário não é animador. vendido bem, para além de que os produtores também Temos algumas excepções, com algumas queijeiras e pastotêm os seus clientes habituais. A autarquia ajudou, com res mais jovens, mas a maior parte são pessoas com uma idaa plataforma, mas também, através do Solar do Queijo, de considerável, que estão um pouco cansadas e que sofrem procurámos divulgar, promover, valorizar e apoiar o queijo na pele as consequências de uma vida dura, das agruras de e os nossos produtores. uma vida que não lhes dá descanso, sujeitos às intempéries,

Diria que o senão maior, neste ano que estamos a viver, à pandemia, à seca e ao calor. não foi a falta de procura do produto, que é de excelên- Nós, realisticamente, preocupamo-nos com o amanhã, cia e uma das principais maravilhas da nossa gastronómica, porque não é animador a renovação desta atividade tão immas a seca, que tem tido consequências na quantidade do portante, não só em termos de cultura, tradição, dos nossos produto, que é menor. saberes e sabores tão característicos, mas também uma atividade económica com um peso considerável para a região.

Gr: As chuvas que caíram ajudam a ‘compor’ o ano? O interior tem pagado um preço bastante elevado pela

CMA: Diria que é insipiente. As chuvas são bem-vindas, diminuição da população, pela saída dos jovens, que não mas ainda não são suficientes, pelo menos até agora. Estive- se fixam nestes territórios, e pelo envelhecimento gradual mos atentos às preocupações dos nossos produtores e este e acelerado da nossa população.

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