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Mogadouro “tem condições para passar de vila a cidade”
from Gazeta Rural nº 412
by Gazeta Rural
Edição Especial
Presidente da Câmara em entrevista à Gazeta Rural
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Mogadouro “tem condições para passar de vila a cidade”
Encravada entre os rios Douro e Sabor, Mogadouro tem vindo a posicionar como um concelho central naquela sub-região e com boas condições ao nível das infraestruturas. Neste sentido, o presidente da Câmara, em entrevista à Gazeta Rural, justifica a aposta em passar de vila a cidade. Para além disso, António Joaquim Pimentel diz que a agricultura “é o motor da economia do concelho”, mas olha para o turismo como um setor com futuro.
Gazeta Rural (GR): Lançou o repto aos seus concidadãos para que Mogadouro seja cidade. Uma cidade no meio rural transmontano?
António Joaquim Pimentel (AJP): Foi um repto que lancei aos mogadourenses e aos meus colegas de executivo, porque entendo que Mogadouro é uma vila muito bonita, aberta, bem cuidada e com infraestruturas, que podem servir mais que o concelho, como por exemplo a Diálise, a Unidade Básica de Saúde, o matadouro, cuja obra vamos lançar, bem como na cultura, com a biblioteca, a Casa das Artes e a Casa da Cultura.
Sendo Mogadouro um concelho central nesta sub-região entre o Douro e o Sabor temos condições para almejar vir a passar de vila a cidade, porque as que conheço, e algumas vizinhas, não reúnem, nem de perto nem de longe, as nossas condições. Nessa medida, garanto todo o meu empenhamento, no sentido e tramitarmos toda a parte burocrática para conseguimos passar a cidade.
GR: Mogadouro transformou-se nos últimos anos. Sente essa responsabilidade?
AJP: Fui vereador das obras públicas de 2002 a 2012 e acho que durante esse período o concelho deu um salto enorme, ao nível das freguesias, das condições básicas de água e saneamento, de arruamentos, mas também de infraestruturas culturais e vias de comunicação. A vila foi alvo de remodelação, com a criação de infraestruturas de vulto, como a central de camionagem, o aeródromo, a Casa das Artes, a biblioteca, o complexo desportivo, -que será um dos mais bonitos e completos do norte do país, - o Parque do Juncal, que vai ter uma segunda fase, entre outras. Isto para dizer que de 2002 a 2012 o concelho sofreu investimentos de 161 milhões de euros. Devo dizer que durante os últimos oito anos verifiquei alguma degradação e algum desleixo, e isto não é uma critica a ninguém, mas sim uma constatação e essa foi uma das razões por que decidi candidatar-me nas últimas eleições, porque gosto de Mogadouro e não estava a gostar do que estava a acontecer. Entendi que era necessário dar um novo impulso e creio que volvido quase um ano temos os instrumentos criados para que o slogan que costumo usar, “Mogadouro em Movimento”, seja uma realidade em todas as vertentes. Para o efeito definimos um conjunto de regulamentos, que mais nenhum concelho no país dispõe, abrangente e em diferentes áreas. Por exemplo, os nossos idosos não pagam medicamentos até 300 euros, as creches e os infantários são gratuitos, os alunos do ensino básico não pagam almoço, no secundário as fichas são gratuitas, os doentes têm à disposição um mecanismo em que basta telefonar para os serviços sociais da câmara e serão transportados, gratuitamente, para consultas da especialidade, a unidades de saúde dos distritos de Bragança, Vila Real e Porto. GR: Como é que isso chega ao meio rural do concelho?
AJP: Exatamente da mesma maneira. Desenvolvemos um regulamento de apoio naquilo que entendemos deve ser o caminho que os agricultores devem seguir. Por isso, achamos que devemos apoiar a agricultura em quatro setores: olival, frutos secos, - nomeadamente a amêndoa, - vinha e pecuária.
Nesta medida, após a entrada em vigor do regulamento, os agricultores do concelho deixaram de a pagar pela sanidade animal, nos bovinos, ovinos, caprinos e cunicultura; a câmara assume uma percentagem dos projetos de investimentos financiados, isto é, se o
IFADAP financiar um projeto em 50%, a câmara apoia em mais 15%. Para além disso, financiamos também a instalação de pomares de macieira, olival, amendoal e vinha, com limites definidos no regulamento, nomeadamente na preparação dos terrenos, com um finan-
ciamento substancial aos agricultores que se candidatem a financiamento. Aos mais pequenos, que não têm dimensão para apresentar projetos a financiamento, damos uma pequena majoração. Tudo isto está definido em regulamentos e as primeiras candidaturas já deram entrada nos serviços da câmara.
que permitiram avançar com esses setores, mas também porque houve um que entrou em declínio e que tinha grande relevância no concelho, que é a produção de leite.
GR: A pandemia mudou hábitos e os grandes centros urbanos deixaram de ser o destino preferencial, com muitas pessoas a procurarem locais mais tranquilos e com boa qualidade de vida. Mogadouro tem sentido esta mudança? AJP: Tocou num ponto que me é muito caro e isso tem
GR: Tem uma estimativa de quanto vale hoje o setor primário a ver com o turismo. Uma das lacunas que Mogadouro do concelho? tem é a ausência de uma ou mais unidades hoteleiras
AJP: O setor primário do concelho é o motor da nossa econo- de qualidade, que consigam dar suporte a esse setor. mia e que sustenta isto. Não só por aquilo que resulta da venda Temos um conjunto de pequenas unidades de turismo dos produtos, mas também pelos subsídios, que é uma compo- local, mas que não dão a resposta que desejamos a nente do rendimento dos agricultores. quem nos procura.
Creio que a agricultura é o sustentáculo do concelho, embora Nesse sentido, estamos a trabalhar em dois projetos deva dizer que começa a despontar um outro setor importante, e junto ao rio Sabor, que são ‘eco resorts’, com os quais que estamos a apoiar, que é o turismo. Este será, certamente, um pretendemos suprir algumas dessas carências. Estão setor a ter em conta no concelho, para além do comércio. Nesta na fase de elaboração dos projetos para posteriores medida, não tenho dúvidas de que o setor agrícola continuará a ser candidaturas. a trave-mestra do concelho. Pretendemos dotar os dois locais, o Medal e a Ponte de Remondes, com praia, piscina, bungalows
GR: O olival e o amendoal são as culturas com maior expressão e cais de atracagem de barcos, para desenvolver o no concelho? setor de passeios turísticos no rio, a pesca, e outros.
AJP: Sim. Ganharam preponderância, quer pelos quadros de apoio,