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Feira da Castanha de Vinhais à espera de “50 a 60” mil visitantes

Certame decorre entre 28 e 30 de outubro

Entre “50 a 60 mil pessoas” é o número de visitantes esperado na Feira da Castanha de Vinhais, que já se tornou num chamariz, apenas superado pelo tradicional fumeiro, e que este ano decorre entre 28 e 30 de outubro. Este certame é uma das maiores apostas da Câmara de Vinhais, tendo como objetivos aumentar a qualidade do certame e o consequente aumento do número de visitantes.

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Durante estes três dias, Vinhais organiza uma das maiores festas da região, sendo considerado um ponto de encontro essencial para quem participa no certame, mas também para todos os vinhaenses. No espaço da feira vão estar reunidas empresas e produtores ligados aos produtos de outono, como castanha, mel, nozes, azeite, vinho e outros. Contará com muita animação, magusto permanente no maior assador de castanhas do mundo, jornadas técnicas, chegas de touros, concursos e tasquinhas onde os visitantes poderão degustar os melhores sabores de Vinhais, entre outras atividades.

Devido ao atraso da castanha, a feira, que costumava decorrer anualmente em outubro, este ano foi adiada para o fim de semana dos Santos, segundo o presidente da Câmara, Luís Fernandes. A autarquia é a promotora do certame, em parceria com a associação Arbórea, e afirma que “está garantido” que vai haver castanha na feira. O autarca espera que ainda seja possível minimizar alguma quebra, mas acrescenta que ainda é cedo para dizer “algo sobre a produção”.

A castanha é a rainha em Vinhais. Este fruto assume um papel muito relevante na economia do concelho, projetando o seu nome a uma dimensão nacional e até internacional. Vinhais é o maior produtor nacional de castanha, produzindo uma média anual de 15 mil toneladas, movimentando cerca de 15 milhões de euros. A castanha de Vinhais apresenta não só quantidade, mas também qualidade e variedade. Os tipos de castanha e as suas características encontram-se também em exposição na feira para que todos possam enriquecer os seus conhecimentos.

A Nova Marca: Castanha Longal de Vinhais

No sentido de impulsionar ainda mais a castanha do concelho, foi criada a marca “Castanha Longal de Vinhais”, característica desta região. O conceito procura aproximar a marca dos consumidores a nível nacional, mas também internacional, tendo como objetivo ser uma alavanca para a promoção de Vinhais e dos seus produtos endógenos.

A feira surge, assim, com a novidade da aposta na denominação “Vinhais a Terra da Castanha Longal”, um processo iniciado pela autarquia para valorizar esta variedade que é autóctone do concelho. À semelhança do que aconteceu com a certificação do Fumeiro de Vinhais, o município espera que este processo da castanha também resulte numa mais-valia para os produtores.

Nos três dias da feira em torno do fruto seco, é esperada a ministra da Agricultura na abertura e mais de 100 expositores com castanha e outros produtos da terra. O evento é feito com um investimento entre “80 a 90 mil euros”, de acordo com o município que promete negócios, animação, magusto permanente no “maior assador de castanhas do Mundo”, jornadas técnicas, chegas de touros, entre outras atividades.

Campanha da castanha atrasada devido à seca

A campanha da castanha está atrasada e ainda “é uma incógnita” em Vinhais, no distrito de Bragança, embora a expectativa seja de quebra na produção no concelho transmontano que é dos maiores produtores nacionais deste fruto seco.

O ponto da situação é feito pela Arbórea, a principal organização de produtores florestais do concelho onde, nesta época do ano, já deveria estar a acabar a apanha de algumas variedades e a iniciar a das tardias. Devido à seca, o desenvolvimento do fruto está atrasado e os ouriços tardam em abrir, o que leva o presidente da Arbórea, Abel Pereira, a antever que a campanha, que leva cerca de duas semanas de atraso, “deve arrasta-se até dezembro este ano, quando normalmente terminaria a 20 de novembro”. O dirigente receia que haja castanheiros centenários, nalgumas zonas, onde a castanha não vai vingar, devido ao reduzido desenvolvimento do ouriço e consequente da manutenção das temperaturas altas, e que os produtores venham a ter castanha com bicho e rachada, que o mercado não aceita. As chuvas do início de setembro ainda derem alguma esperança aos produtores, mas neste momento a única certeza é a de que “a campanha está atrasada e ainda é uma incógnita”, como salientou. Neste setor, segundo disse, ao contrário da lei do mercado, menos oferta, ou seja, menos castanha, não é sinónimo de que seja mais bem paga. Abel Pereira deu o exemplo da castanha híbrida que está a cair (já em condições da apanha) e que está com um preço mais baixo do que no ano passado. O presidente da Arbórea concretizou que está a ser paga ao produtor “à volta de dois euros o quilo”, enquanto o que seria normal é nesta altura “rondar os três euros”. O concelho de Vinhais colhe cerca de oito mil toneladas de castanha e num ano bom fatura entre 12 a 15 milhões de euros, sendo que uma faturação anual abaixo dos 10 milhões de euros é considerada “um mau ano”. Neste concelho há dois mil produtores com realidades distintas, alguns a faturarem 500 euros e outros entre 100 a 150 mil euros por campanha, todavia a castanha é a principal fonte de rendimento deste concelho com menos de oito mil habitantes.

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