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Produção de azeitona deve cair para cerca de 75 mil toneladas
from Gazeta Rural nº 417
by Gazeta Rural
2022 vai ser um ano de contrassafra no olival
O setor oleícola reuniu no Instituto Politécnico de Beja para discutir os desafios energéticos do agroalimentar e a economia e sustentabilidade social, no âmbito da nona edição das Olivum Talks. Depois de um ano em que o setor oleícola bateu todos os recordes, com 200 mil toneladas de azeite e 700 milhões de euros em exportações, em 2021, este vai ser um ano de contrassafra e a quebra na produção de azeite já é uma realidade.
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Catarina Bairrão Balula, membro do Conselho Oleícola Internacional (COI), reconheceu que “este será um ano complicado”, mas adiantou que os resultados nunca deverão ficar abaixo dos das campanhas de 2016 e 2017 – cerca de 75 mil toneladas. A especialista afastou ainda quaisquer cenários de escassez de azeite ou de subida acentuada dos preços, deixando uma garantia: “Temos um grande stock da produção do ano passado que se soma aos stocks de anos anteriores e haverá resposta para a procura”.
Catarina Balula alertou ainda para o facto de outros países, à semelhança de Portugal, também
registarem este ano quebras acentuadas na produção de azeite, como são os casos de Espanha (-50%), Itália (-30%) e ainda da Tunísia e de Marrocos. Já a Grécia está em contraciclo e deverá registar um aumento de 30%, assim como também a Turquia. Na sessão de abertura do IX Olivum Talks, o presidente da
Comissão de Agricultura e Pescas, Pedro do Carmo, sublinhou que “a olivicultura é parte da solução, nunca o problema” e que “em tempos de incertezas e de dificuldades”, como os que se vivem, “o olival é vital e dá um contributo ainda mais decisivo para as economias locais e para a economia nacional”.
No âmbito da Economia e Sustentabilidade Social – tema do segundo painel e que contou com a participação de Ana Paula
Amendoeira (Diretora Regional de Cultura do Alentejo), Beatriz
Pimentel (Driscoll´s, coordenadora ibérica para as iniciativas de impacto social e ambiental), David Ferreira (Randstad, diretor de staffing e inhouse) e João Cortez de Lobão (Herdade Maria da
Guarda e presidente da Assembleia Geral da Olivum) – os oradores abordaram os desafios que as empresas do setor vivem ao nível da responsabilidade social, ambiental e cultural. Aqui destacou-se a importância da harmonia no ambiente de trabalho, do conhecimento criterioso das regras de trabalho e dos esforços das empresas para esbater os efeitos da inflação e da subida de preços dos alimentos na vida e nas carteiras dos seus colaboradores.
João Cortez de Lobão defendeu a procura de soluções criativas
por parte das empresas e deu exemplos que estão a ser equacionados – a distribuição de lucros pelos trabalhadores, que tem taxas de impostos mais baixas e não implica descontos para a segurança social, ou a oferta de cabazes alimentares aos trabalhadores em determinados momentos. “Nos próximos três a quatro anos temos de ter criatividade e minimizar os efeitos da inflação, que come o poder de compra”, afirmou o presidente da Assembleia Geral da Olivum.
No painel dedicado aos desafios energéticos do setor agroalimentar foi reconhecido o papel do setor oleícola no reaproveitamento das energias que consome e o seu contributo para a sustentabilidade energética. João Gonçalves, presidente da APAMB – Associação Ambiental, chamou a atenção para o facto de a indústria agroalimentar ser muitas vezes alvo de críticas apenas por questões de perceção. E assumindo que essas críticas continuarão sempre a existir defendeu que “é importante encontrar caminhos e soluções que possam desmistificar essas ideias, que mostrem que há um reconhecimento da forma como se produz e consome energia neste setor”. Para tal, acrescentou que as análises evolutivas do setor têm um papel fundamental e que devem continuar a ser feitas porque são dinâmicas. “O setor pode defender-se com números e evidencia científica”, rematou.
Pedro Horta, da Universidade de Évora, defendeu, por seu lado, que as energias renováveis vão ser a solução para a sustentabilidade do setor oleícola e de todos os outros setores – apontando a meta de 86% de energias renováveis em 2050.
Já o presidente da EDIA, empresa de desenvolvimento e infraestruturas do Alqueva, José Pedro Salema, destacou o facto de a estratégia de independência energética da empresa ter como objetivo salvaguardar o futuro do planeta, mas também de garantir que os preços da energia que consome se mantêm.
O papel da irrigação face às intempéries climáticas*
A produção de alimentos é um enorme desafio para os produtores que precisam de estar atentos a inúmeras variáveis, entre elas, o controlo de pragas e doenças, variedade, plantio, plano nutricional, colheita, negociação, controlo de plantas daninhas, logística, câmbio, entre outros. Um dos fatores que mais influenciam a rentabilidade e o sucesso da produção é o clima, que cada vez mais sofre instabilidade em todo o mundo.
Os produtores procuram realizar todas as práticas cultuais de forma mais assertiva possível, que, muitas vezes, o clima não permite que elas sejam tão eficazes. Um exemplo é a utilização da melhor prática nutricional para a lavoura, porém a falta de chuvas não permite a eficácia dos fertilizantes. Outro exemplo é a falta de chuvas no plantio, germinação, desenvolvimento e floração.
Um dos principais fatores climáticos que têm afetado a produção agrícola é o déficit hídrico acentuado na maioria das regiões produtoras de diversas culturas. Acerca desse fator o gerenciamento de risco é indispensável, isto é, buscar estratégias para lidar com eficiência com o risco climático.
Sendo assim, têm-se procurado cada vez mais usar tecnologias para mitigar os riscos climáticos e diminuir a dependência destes fatores, tendo maior
controle da produção. Nesse contexto, a irrigação é uma ferramenta que tem sido muito procurada, com o objetivo de fornecer água na quantidade suficiente e no momento correto para garantir a produção e rentabilidade. A irrigação tem um papel muito importante em respostas às intempéries climáticas, o produtor tem maior segurança que terá sua produção, redução de necessidade de abertura de novas áreas, sendo possível produzir até o triplo na mesma área, gerando mais empregos dentro da cadeia, produção mais bem distribuída ao longo do ano, ou seja, alimentos na prateleira com um melhor custo benefício. Além da garantia de produção, a irrigação permite a aplicação de produtos químicos, biológicos e orgânicos via sistema, garantindo uniformidade, segurança e velocidade de aplicação e reduzindo a entrada de maquinaria na lavoura, assim como a adubação.
A irrigação certamente é uma tecnologia que permite mitigar os riscos e a dependência climática, sendo adequada para todas as realidades, seja agricultura familiar, médios e grandes produtores. O importante é sempre encontrar empresas que entreguem a melhor solução para os produtores. * Gabriela Terra, Especialista Agronómica da Netafim - www. netafim.com