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Editorial – 15 anos da Gazeta Rural “Damos uma importância vital ao Festival do Bacalhau”, diz o presidente da Câmara de Ílhavo
Feira de São Mateus 2019 está a chegar mais atractiva do que nunca Amor Electro e Anselmo Ralph são cabeças de cartaz nas Festas de S. Bernardo em Sátão
UHF são cabeça de cartaz da Feira do Pinhal em Oleiros Feira de São Bartolomeu oferece 10 dias de festas e cartaz muito apelativo
Carlos Silva: 20 anos dedicados ao vinho Região de vinhos de Trás-os-Montes ‘renasce’ e atrai cada vez mais produtores Governo dos Açores pretende certificação oficial do leite de pastagem
Objectivos de Desenvolvimento Sustentável na alimentação longe de serem cumpridos Fórum Internacional Territórios Relevantes para Sistemas Alimentares Sustentáveis
Festival do Caracol ultrapassou expectativas da Câmara de Loures Política de gestão florestal é um desastre que prejudica proprietários
Ficha técnica Ano XIV | N.º 344 Periodicidade: Quinzenal Director: José Luís Araújo (CP n.º 7515) jla.viseu@gmail.com | 968 044 320 Editor: Classe Média C. S. Unipessoal, Lda Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu Redacção: Luís Pacheco Opinião: Miguel Galante | Paulo Barracosa Departamento Comercial: Fernando Ferreira Redacção: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu | Telefone: 232 436 400 E-mail Geral: gazetarural@gmail.com Web: www.gazetarural.com ICS: Inscrição nº 124546 Propriedade: Classe Média - Comunicação e Serviços, Unipessoal Limitada Administração: José Luís Araújo Sede: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu Capital Social: 5000 Euros | CRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507 021 339 Dep. Legal N.º 215914/04 Execução Gráfica: Novelgráfica | R. Cap. Salomão, 121 - Viseu | Tel. 232 411 299 Estatuto Editorial: http://gazetarural.com/ estatutoeditorial/ Tiragem média Mensal: Versão Digital: 100.000 exemplares Versão Impressa: 1000 exemplares Nota: Os textos de opinião publicados são da responsabilidade dos seus autores.
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Opinião AFBV: Valorizar os produtores florestais é valorizar a floresta Aguiar da Beira “Interioridade não é sinónimo de inferioridade”
Opinião: José Martino Moncorvo “aposta em ser um município de alta intensidade produtiva” Novos Laboratórios da UTAD reforçam a formação em Ciências da Nutrição
Descobrir as Aldeias Históricas de Portugal em cima de uma bicicleta Investigação estuda qualidade e benefícios de alimentos portugueses e espanhóis Feira Terras do Lince 2019 mostrou o que de melhor tem Penamacor
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agenda
Eventos gastronómicos De 7 a 11 de Agosto Festival do Bacalhau em Ílhavo
A Câmara de Ílhavo dá “uma importância vital ao Festival do Bacalhau”, que vai decorrer no Jardim Oudinot, na Gafanha da Nazaré. Este evento tem lugar num concelho onde a gastronomia associada ao mar tem particular relevância, com destaque para o bacalhau e seus derivados, assim como o peixe fresco que chega do mar.
Feiras Sectoriais
De 24 de Outubro a 3 de Novembro Festival Nacional de Gastronomia
Ate 4 de Agosto FicaVouga em Sever do Vouga
Mais de 30 artistas e grupos locais vão dar música à FicaVouga, que regressa ao ‘Espaço Severi’. Além do cartaz musical, há gastronomia, artesanato e actividades desportivas, culturais e pedagógicas para toda a família.
De 7 a 11 de Agosto Feira do Pinhal em Oleiros
Feiras Agrícolas
Os UHF são os cabeças de cartaz da Feira do Pinhal 2019, que este ano contará com mais de 120 expositores, sendo esperados muitos milhares de visitantes. Assim, todos os caminhos vão dar a Oleiros, num certame que este ano tem algumas novidades.
De 7 a 12 de Agosto Festas do Castelo em Vouzela
As Festas do Castelo, em Vouzela, estão de volta. Este ano, os destaques vão para os HMB, a fadista Raquel Tavares e a dupla de humoristas Quim Roscas e Zeca Estacionâncio.
De 7 a 12 de Agosto Festas do Senhor do Calvário em Gouveia
Ana Moura, Pedro Abrunhosa, Blaya e Beatbombers integram o cartaz das Festas do Senhor do Calvário, em Gouveia. O certame inclui, entre outras iniciativas, uma Feira de Actividades Económicas, o Pátio dos Sabores e dos Produtos Locais e uma Mostra de Ovinos e Caprinos.
De 8 de Agosto e 15 de Setembro Feira de São Mateus
Abre portas em Viseu, no próximo dia 8 de Agosto, a mais antiga das feiras populares. A Feira de São Mateus chega em 2019 mais atractiva do que nunca, com um cartaz imperdível, mais internacional e intergeracional. São 39 dias de programação imperdível.
De 9 a 18 de Agosto Feira de São Bartolomeu em Trancoso
A mais antiga Feira Franca viva do país vai estar de portas abertas em Trancoso. A Feira de São Bartolomeu contará com mais de centena e meia de expositores das mais diversas áreas
De 17 a 20 de Agosto Festas de S. Bernardo em Sátão
O Sátão vai estar em festa com as tradicionais Festas de São Bernardo, um cartaz do concelho, este ano com dois nomes de peso no programa de animação. Amor Electro e Anselmo Ralph como cabeças de cartaz. 4
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A edição 2019 vai decorrer como habitualmente na Casa do Campino, em Santarém. O tema deste ano será a vinha e o vinho, idêntico ao da Feira Nacional de Agricultura de 2019, como vem acontecendo nos últimos anos.
De 13 a 15 de Setembro Expodemo 2019
A Expodemo 2019, que vai decorrer de 13 a 15 de Setembro em Moimenta da Beira, tem nova imagem gráfica. Nova, mas com o mesmo símbolo identitário de sempre: a icónica maçã, fruto tentação!
De 20 a 24 de Novembro Agrovouga
A Agrovouga vai reaparecer em Novembro, dedicado à agro sustentabilidade. O objectivo é fazer uma feira com uma nova e distinta personalidade, em complemento a outras feiras do país, “tendo na agro-sustentabilidade a ideia central”.
Eventos de época Até 4 de Agosto Mercado Medieval de Óbidos
A XVIII edição do Mercado Medieval de Óbidos decorre na Cerca do Castelo de Óbidos. Esta, outrora usada como campo de treino de escudeiros e cavaleiros ao serviço d’el Rei.
EDITORIAL
15 anos. Será muito tempo?
F
oi a 1 de Agosto de 2004 que saiu a edição 0 da Gazeta Rural. Completamos, por isso, 15 anos de publicações regulares. São, com esta, 344 edições. Foram 23 por ano. Lembro que a Gazeta Rural tem periodicidade quinzenal, excepto em Dezembro. Será muito tempo? Bom, sei que passou depressa, muito depressa. O mundo hoje não é o mesmo, como não o são os desafios que se colocam ao mundo rural. Quando iniciámos esta aventura pouco se falava de agricultura, de desenvolvimento rural, tampouco de alterações climáticas. Aliás, tudo isto era, quase, tabu. Os tempos mudaram e as mentalidades também. Felizmente. Os avanços tecnológicos vieram trazer novas oportunidades, mas também instrumentos que permitem hoje antecipar algumas situações, como pragas e calamidades, outrora impossíveis de detectar com tanta exactidão. No início deste século ser agricultor era uma profissão ‘menor’. A crise alimentar de 2007 veio alterar este paradigma e a agricultura passou a estar na ordem do dia. A ‘cidade’ começou a olhar para o ‘campo’ com um novo olhar e percebeu que sem ele morreria à fome. E se hoje o mundo é, ou está, diferente, também diferente é o olhar que se tem para a ruralidade nacional ou, se quisermos, para a realidade nacional. É que pode estar ali a resolução, ou a solução, para muitos dos problemas que hoje afligem a humanidade, desde as questões em torno do clima, bem como a necessidade de produzir mais alimentos, respeitando normas de produção mais amigas do ambiente, que respondam ao aumento da população e, consequentemente, do consumo. 15 ano passados o mundo debate-se com questões velhas, mas com roupagem ou terminologias novas. As alterações climáticas vieram chamar a atenção para um problema a que nunca se deu importância. O mundo hoje ‘treme’ com as mudanças que se verificam no clima, embora ainda haja quem insista em ignorá-las e achar que nada mudou. A dura realidade demonstra o contrário. Enquanto a Europa procura uma nova PAC, depois da Verde, por cá muita coisa mudou, mas o país continua inclinado, virado para o litoral e para sul. Apesar de ainda haver quem se limite a olhar para as grandes metrópoles, que podem não ser só populacionais, no interior há quem resista e não se resigne. Destaco duas declarações de dois presidentes de Câmara vertidas nesta edição. Nuno Gonçalves, de Torre de Moncorvo, diz que “os municípios denominados de baixa densidade podem ter uma alta intensidade produtiva”, enquanto Joaquim Bonifácio, de Aguiar da Beira, diz que “interioridade não é sinónimo de inferioridade”. São dois excelentes exemplos da forma como no país profundo, mas real, se olha para a interioridade, renegando-a e lutando para dar melhores condições de vida e mais atractivas em quem resiste e insiste em lá viver ou para lá quer voltar. E esta é uma luta de todos. Nós por cá vamos insistindo, até porque não renegamos a região onde nascemos. As regiões de baixa densidade também podem ser intensas e muito atractivas. A nossa promessa é de continuarmos a dar o melhor de nós pelo mundo rural. Se são mais 15 anos? Vamos fazer por isso. José Luís Araújo (Director)
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1 de Agosto de 2004
Director: José Luís Araújo
Ano I
N.º 0
Série I
Quinzenário
Preço € 0,50 (C/IVA)
Lucília Mota, directora da Circunscrição Florestal do Centro
«É necessário dar um novo fôlego ao sector florestal»
Pág. 8 e 9
Um produto inovador
“VILARZITOS”: prove e comprove Pág. 5
Para melhorar a fruticultura
DRABL e FELBA assinam protocolo Arquitecto Viana Barreto regressa 50 anos depois
Parque Aquilino Ribeiro vai ser requalificado Pág. 3
Pág. 4
Em tempo de crise
Adega de Mangualde investe cinco milhões Pág. 12
15 anos em quatro capas 1
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festival dobacalhau .pt
agosto 7 a 11 7 AGO
EXPENSIVE SOUL 8 AGO
GNR
2019
9 AGO
RAQUEL TAVARES 10 AGO
DINO D’SANTIAGO Orquestra Filarmónica Gafanhense 11 AGO
PAIÃO JARDIM OUDINOT GAFANHA DA NAZARÉ
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Presidente da Câmara de Ílhavo à Gazeta Rural
“Damos uma importância vital ao Festival do Bacalhau”
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Câmara de Ílhavo dá “uma importância vital ao Festival do Bacalhau”, que vai decorrer de 7 a 11 de Agosto, no Jardim Oudinot, na Gafanha da Nazaré. A afirmação é do presidente da autarquia, Fernando Caçoilo, em entrevista à Gazeta Rural que, desta forma, realça a importância deste evento para um concelho onde a gastronomia associada ao mar tem particular relevância, com destaque para o bacalhau e seus derivados, assim como o peixe fresco que chega do mar.
que é um investimento importante da Câmara Municipal, que tem uma componente social muito relevante. É um festival livre (não é pago) e não é um local onde apenas se vai comer ou beber, mas um evento para as famílias, que começa às 10 horas da manhã e termina pela madrugada, com actividades diversas ao longo do dia, como fazer ginástica ou ir à praia fluvial, que fica junto ao pavilhão onde decorre o festival. É por aí que este é um evento diferente.
Gazeta Rural (GR): O que vai ser este Festival do Bacalhau? Fernando Caçoilo (FC): É mais um e é no sentido de que é um vector importantíssimo do nosso município. O Festival do Bacalhau GR: O concelho tira todo o proveito da sua costa adquiriu, ao longo destes anos, um patamar nacional e não temos marítima? a menor dúvida de que é o maior do género do país, inserido neste FC: Claramente. À parte do Festival do Bacalhau, contexto marítimo, sabendo que Ílhavo é a Capital Portuguesa do que é o nosso ponto alto, levamos a cabo outras Bacalhau, pois é aqui que estão inseridas, e a história assim o prova, acções, outros eventos, de âmbito gastronómico, a grande maioria das empresas de pesca do bacalhau. que são importantes. Na última semana deste mês Foi aqui que se desenvolveu todo o processo que culminou decorreu o Festival da Sardinha, na Costa Nova, naquilo que hoje conhecemos como o nosso ‘fiel amigo’, na organizado em conjunto com a Associação de Pesca secagem natural, que agora já é em estufas, e que teve, ao longo Artesanal da Região de Aveiro (APARA). A sardinha que da história, especialmente nas décadas de 50, 60 e 70 do século é uma mais-valia importante da nossa costa. passado, um desenvolvimento enorme na nossa segunda cidade, No primeiro fim-de-semana de Agosto temos o a Gafanha da Nazaré, onde está inserido todo o chamado Porto Festival do Marisco, organizado em conjunto de Aveiro, onde as empresas ligadas a este sector estão sedeadas com o Iliabum Clube de Ílhavo, que coloca ao serviço de e que criou raízes fortes no nosso município. quem nos visita o que de melhor tem a Ria, na vertente do A faina à volta do bacalhau faz parte do nosso ADN, da nossa marisco e do mar, que associa a frescura que nos envolve. história e da nossa economia, pois não há família nenhuma Neste âmbito, queria destacar as ostras, pois temos no que não tenha uma qualquer ligação, passada ou presente, à nosso concelho, em frente à Costa Nova, a maior área de pesca do bacalhau. Daí que o Festival do Bacalhau, inserido produção e exportação de ostras do país, naquela que é neste contexto, tem sido, ao longo dos anos, um sucesso e uma componente importante na aquacultura e que tem é, hoje, uma componente importante da nossa gastronomia, tido um crescimento significativo nos últimos anos. porque tudo à volta do bacalhau diz muito a qualquer cidadão Tudo isto, diria, vem na onda de substituição daquilo que português, seja ele de onde for ou onde estiver. o passado representou na vertente da pesca do bacalhau Nós damos uma importância vital ao Festival do Bacalhau, para estas novas realidades, que é o aproveitamento daquilo 8
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que a natureza nos oferece. Neste sentido, tem havido um crescimento significativo na produção de ostras no nosso concelho, que por cá não se apreciam muito, mas que são muito apreciadas no estrangeiro, nomeadamente em França e Espanha. No plano gastronómico, diria que Ílhavo tem tido um crescimento grande, que associamos ao vinho através da Rota da Bairrada, pois não temos produção vinícola. Temos, no Festival do Bacalhau, uma parceria importante com a Rota da Bairrada, que criou vinhos tinto, branco e espumante - próprios para pratos de bacalhau. É desta forma que vamos criando condições para ser diferentes e diferenciadores para quem nos visita. GR: A gastronomia de Ílhavo é, claramente, marcada pelo mar? FC: Sim. A nossa cozinha é virada para o mar. O bacalhau e o peixe fresco são as referências da nossa gastronomia. O bacalhau oferece vários produtos derivados, como o sames (bexiga natatória do bacalhau), as caras ou as línguas, que só na nossa região se encontram e são conhecidos. Quando falamos de uma feijoada de sames, a pergunta não é sobre o feijão, mas sim os sames. A nossa cozinha tradicional está marcada pelo bacalhau e seus derivados, que está a crescer e que é uma marca que não se encontra noutro qualquer lugar, bem como o peixe fresco, que chega do mar, na zona da Barra e da Costa Nova, onde há um mercado do peixe, que é uma referência na região centro do país. A nossa gastronomia é marcada por estes produtos e pela ligação ao mar, que tem um peso grande na nossa economia, e que é fundamental para promovermos estes produtos.
Entre 8 de Agosto e 15 de Setembro, há 39 dias de programação imperdível
os participantes serão desafiados a captar, através das suas lentes, o melhor da Guardiã das Feiras Populares. Os trabalhos serão, depois, expostos no recinto. A programação conta ainda com os grandes talentos da região nas quatro Noites de Viseu, concertos de “Talentos FNAC”, grandes tradições (Dia de Viriato, Gincanas, Concurso bre portas em Viseu, no próximo dia 8 de Agosto, a mais antiga de Vestidos de Chita, Cavalhadas de Teivas e das feiras populares. A Feira de São Mateus chega em 2019 mais Vildemoinhos e Carnaval de Ovar), noites indie atractiva do que nunca, com um cartaz imperdível, mais internacional com os Cassete Pirata, entre outros, algumas e intergeracional. Entre 8 de Agosto e 15 de Setembro, há 39 dias em domingos francos de entrada gratuita. de programação imperdível. As novas esplanadas dos pavilhões das A 15 de Agosto é dia de casamento na Feira farturas, uma nova Roda Gigante, os primeiros Noivos de São Mateus, de São Mateus. Os primeiros “Noivos de São 90 stands novos, redução continuada do plástico e um projecto de luz Mateus”, os jovens Natércia e Rodrigo, têm festa decorativa original que homenageia o tema da gastronomia beirã são garantida no recinto do certame. Depois da conquista do emblemático Bairro algumas das novidades que o certame oferece. da Restauração da Feira, em 2019 chega uma A Feira de São Mateus celebra, em 2019, a sua 627ª edição, trazendo nova arquitectura nas esplanadas dos pavilhões o melhor do seu legado histórico e cultural e reinventando-se mais das farturas. Será a grande novidade dos uma vez, na senda do projecto de revitalização e modernização espaços em 2019. Novo mobiliário, estruturas de desenvolvido pelo Município e pela Viseu Marca, desde 2016. sombreamento e floreiras compõem a nova face O fim-de-semana de abertura promete conquistar muito público. desta artéria central do recinto que faz justiça à sua Carolina Deslandes sobre ao palco Santander a 9 de Agosto e Mariza importância no certame. a 10 de Agosto. Na noite de inauguração, quinta-feira, o palco é E porque feirar é também diversões, no topo dos viseenses Mara Pedro e o “O Galo Cant’às Duas”, depois do das novidades encontra-se a instalação de uma espectáculo de fogo-de-artifício e fogo-preso. No domingo, 11 de nova Roda Gigante com 30 metros no espaço dos Agosto, é noite do “Festival Internacional de Folclore” e a 12 de divertimentos, - o dobro da altura da anterior, a Agosto, no Dia Internacional da Juventude, Bárbara Bandeira é a estrela no firmamento da Feira, dias de entrada gratuita. instalar em frente ao Multiusos, - será uma nova Ludmilla, Natiruts e Gipsy Kings protagonizam os três grandes atracção familiar. concertos internacionais do cartaz de 2019 do certame. A préEm 2019, a Feira celebra ainda “Viseu, Destino venda de bilheteira para estes espectáculos registou números Nacional de Gastronomia”. Pela primeira vez, os inéditos, superando expectativas. Aos nomes internacionais visitantes poderão provar três dos melhores sabores juntam-se grandes estrelas nacionais como o recordista da regionais na sobremesa oficial da Feira de São Mateus, edição de 2018, Richie Campbell, as bandas míticas Xutos como as tílias do Rossio, as avelãs de Viseu e a maçã & Pontapés e UHF, Pedro Abrunhosa, David Carreira, Átoa, Bravo de Esmolfe. O doce, criado pelo Chef Diogo Fernando Daniel, Badoxa, Piruka e Jimmy P, entre outros. Rocha, é produzido pela Nutriva e estará disponível no A programação resulta num “mix” de tendências, estilos e Bairro da Restauração. A gastronomia beirã é também gostos a pensar nos vários públicos, ao longo de 39 dias. Desses homenageada no projecto de iluminação decorativa do apenas 15 são de entrada paga. A pensar especialmente nas evento. Os míticos pórticos de luz, presentes nas quatro famílias, mantêm-se em 2019 os 6 domingos francos de entradas do recinto, serão alusivos a ícones da gastronomia “feirar por mais”. da região, nomeadamente a maçã Bravo de Esmolfe. Na esfera das grandes tradições da Feira de São Mateus, No total, são mais de 130 as propostas de eventos e para além do regresso do Concurso e Desfile dos Vestidos realizações da Feira de São Mateus em 2019, no ano em de Chita, a Viseu Marca propõe a regeneração de outra que se celebram 627 edições da feira popular histórica de memória do certame: o Concurso de Fotografia. Em agosto, referência da região e no panorama cultural do país.
Feira de São Mateus 2019 está a chegar mais atractiva do que nunca
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De 17 a 20 de Agosto, em Sátão
Amor Electro e Anselmo Ralph são as grandes atracções no cartaz nas Festas de S. Bernardo
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Sátão vai estar em festa de 17 a 20 de Agosto. As tradicionais Festas de São Bernardo são um cartaz do concelho, este ano com dois nomes de peso no programa de animação. Amor Electro e Anselmo Ralph são cabeças de cartaz. Com alterações pontuais, as festas serão realizadas “nos moldes de anos anteriores,” como garantiu o presidente da Câmara de Sátão. Paulo Santos, à Gazeta Rural, falou também do sector pecuário do concelho que, apesar de estar em declínio, a Câmara insiste em promover o tradicional concurso de gado a 20 de Agosto. Nesta conversa, o autarca falou também da importância da presença do Grupo Amorim na Quinta da Taboadella, mas também das obras de beneficiação da EN 229, sobre as quais não tem grandes expectativas que comecem brevemente. Gazeta Rural (GR): Paulo Santos (PS): As Festas de São Bernardo irão continuar, em nosso entender, com a mesma dignidade que têm tido ao longo dos anos. Este ano têm uma particularidade, uma vez que vamos substituir a peça de teatro pela actuação das nossas escolas de músicas. É uma forma de mostrarmos o trabalho que os nossos jovens fazem e mostrar alguns ‘valores’ que poderão vir a desenvolver-se – fruto do trabalho que têm vindo a fazer. Teremos a tradicional gincana de automóveis, a garraiada, o festival da sopa e artistas consagrados como Amor Electro e Anselmo Ralph, bem como artistas e bandas locais. Em tudo o resto será nos moldes de anos anteriores. GR: Dois nomes de peso no panorama musical nacional? PS: Sim, tratámos desse assunto em devido tempo, de outra forma não teria sido possível. 12
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GR: Uma das actividades do programa é o tradicional concurso de gado. Como está o sector pecuário no Sátão? PS: Não vai melhorando, antes pelo contrário. Sabemos que a criação de gado no nosso concelho se resume a meia dúzia de criadores ou famílias, que ainda resistem, que são teimosos, que gostam dos animais e que, nalguns casos, lhes dá algum lucro, através da venda do leite e das crias. Todavia, sabemos que é uma actividade dura, que exige muito trabalho, que é pouco rentável, e que, aos poucos, tem vindo a ser abandonada. No entanto, nós vamos continuar a promover o concurso pecuário e os prémios, enquanto houver quem mantenha a actividade e que leve os seus animais à concentração que promovemos no âmbito das Festas de S. Bernardo.
GR: O final de 2018 ficou marcado pela compra da Taboadella pelo grupo Amorim. O que isso trouxe de novo para o sector do vinho no concelho? PS: Não podemos ainda tirar conclusões, mas deu-nos um elã grande no que concerne ao enoturismo. Sabemos que, no que toca ao vinho, vamos ter uma produção em quantidade e, principalmente, em qualidade. Sabemos que vai haver uma ligação da Taboadella com a Quinta Nova, no Douro, o que só por si já será uma maneira de projectar o nome do Sátão, da Silvã, de Rio de Moinhos, e trazer-nos também algum desenvolvimento e criação de emprego, tanto nas vinhas, como na hotelaria, pois haverá ali um alojamento de grande qualidade e que o concelho não
tem. Ao que sabemos, será uma unidade hoteleira de apoio às actividades que ali vão ser desenvolvidas. O que importa é que chama gente ao nosso concelho e o nome do Sátão será ainda mais projectado, sem contar com a importância deste empreendimento no plano económico. GR: É incontornável, mas temos que falar na malfada ligação a Viseu. Anda ou não? PS: Não há nenhuma cerimónia pública ou privada com membros do Governo que não o faça. Ultimamente temos trabalhado bastante e em conjunto com Viseu. Recentemente, eu, o senhor vice-presidente e o presidente da Câmara de Viseu, tivemos uma reunião com o senhor ministro das Infraestruturas e foi-nos dito que a obra iria, em princípio, ser posta a concurso até finais deste mês de Julho. Contudo, estamos de pé atrás, preocupados e esperamos ver para crer. GR: Preocupados? PS: Sim, porque o projecto para a construção desta estrada já tem barbas e há cerca de dois anos, num encontro que decorreu no Entroncamento, foi-nos garantido que a EN 229 foi contemplada com uma determinada verba. Porém, agora o ministério das Infraestruturas vem pedir para que as Câmaras de Sátão e Viseu comparticipem com 15% dos custos da obra. Ora, para além dos compromissos das duas Câmaras suportarem os custos das expropriações, que ascendem a cerca de um milhão e meio de euros, querem agora impor-nos mais 15% dos custos de uma obra que é do Estado. Não é esse o compromisso que temos, que passa apenas pelos custos das expropriações dos terrenos. Isso está escrito e é
isso que aceitamos. Agora quererem forçar-nos a aceitar mais 15% dos custos da obra, não estamos dispostos a isso. Estamos a falar num valor que pode ascender a cerca de 3,5 milhões de euros, a dividir pelas duas câmaras. Seja de que maneira for, metade deste valor é incomportável para a Câmara de Sátão. Temos saúde financeira e as contas em dias, mas aceitar isso seria pôr em risco todo o trabalho que feito até agora. Em resumo, diria que já estive com melhores expectativas, mas, garantidamente, não vamos desistir. É que esta é uma obra do Estado, que está comprometido com a sua requalificação, que foi protocolada pelo Governo anterior, pelo que o Estado só tem que cumprir com os compromissos assumidos.
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Em Oleiros de 7 a 11 de Agosto, em novo espaço
UHF são cabeça de cartaz da Feira do Pinhal
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s UHF são os cabeças de cartaz da Feira do Pinhal 2019, que este um eco copo alusivo ao evento, cujo lucro ano contará com mais de 120 expositores, sendo esperados reverterá a favor da Associação Humanitária dos muitos milhares de visitantes. Assim, de 7 a 11 de Agosto, todos os Bombeiros Voluntários de Oleiros. Em relação caminhos vão dar a Oleiros, num certame que este ano tem algumas à floresta, que dá mote ao evento, cada rua do novidades. A começar pelo local, um novo recinto, devidamente certame terá o nome de uma espécie autóctone infraestruturado e com áreas distintas. Outra inovação será o do concelho. Pavilhão Institucional, no qual ficarão alojadas as Juntas de Freguesia, No cartaz de espectáculos, o destaque vai para associações locais e outras instituições. Também a sessão inaugural a actuação dos UHF, no dia 9 de Agosto. O certame este ano será no próprio recinto, convidando todos os presentes a encerra no dia 11 de Agosto, com o início das tomarem parte na ocasião. comemorações do Dia do Concelho. Mas o cartaz Na apresentação da Feira do Pinhal, o presidente da Câmara é também bastante apelativo e no que se refere de Oleiros destacou “o novo espaço de Feiras e Mercados ao público mais juvenil e este ano haverá algumas dotado de infraestruturas próprias para acontecimentos do novidades. Uma delas é o espectáculo infantil “Era género”. Fernando Marques Jorge salientou também a “aposta uma vez...”, a cargo da Academia de Música de pela sustentabilidade”. Neste âmbito, o autarca afirmou que Coimbra, quinta-feira, dia 8, pelas 19 horas, no Palco “do ponto de vista económico, queremos continuar a apoiar Raízes. as nossas populações, uma vez que elas são a nossa maior Por este palco, durante a Feira irá passar uma mostra prioridade”. Nesse sentido, “para podermos fazer face às suas cultural e musical do concelho e da região, onde não necessidades e, em particular, de todos os que foram afectados faltará a estreia da Academia Com Vida da Universidade pelos incêndios de 2017, manteremos a nossa política de Sénior de Oleiros na programação deste evento. contenção de custos na realização de espectáculos”, sublinhou Outro apontamento inédito este ano serão os fornos Fernando Jorge, garantindo que o evento “manterá os padrões instalados no recinto, nos quais serão assados Cabritos de qualidade que nos têm caracterizado, diversificaremos a Estonados para serem servidos ao jantar, num dos oferta de animação e além de algumas surpresas, iremos criar restaurantes presentes, nos cinco dias de duração da áreas temáticas e espaços distintos para que os visitantes Feira. usufruam da melhor maneira do espaço”. A Feira do Pinhal terá novamente a classificação de ‘Eco Evento’, num compromisso pela redução do seu impacto ambiental e pela gestão adequada dos resíduos gerados. Este ano, será disponibilizado, para aquisição dos visitantes, 14
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Em Trancoso, de 9 a 18 de Agosto
Feira de São Bartolomeu oferece 10 dias de festas e cartaz muito apelativo
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mais antiga Feira Franca viva do país vai estar de portas abertas em Trancoso, de 9 a 18 de Agosto. Feira de São Bartolomeu contará com mais de centena e meia de expositores das mais diversas áreas. Serão 10 dias de muita animação, sendo esperados milhares de pessoas. E não é para menos, tendo em conta o cartaz de espectáculos que o certame oferece aos visitantes. Mariza, David Carreira, Paulo Gonzo, Calema, Olavo Bilac e Expensive Soul são alguns dos nomes que compõem o arrojado cartaz, que aposta em satisfazer todos os públicos. Criada por D. Afonso III em 1273, este grande certame, hoje muito diferente da Feira dos séculos passados, continua a colocar Trancoso no mapa dos grandes eventos de Verão do país. A Feira de S. Bartolomeu é um evento organizado em conjunto pela Câmara de Trancoso e a AENEBEIRA, onde não faltam as diversões, as exposições, o artesanato, o sector automóvel, a maquinaria agrícola, os restaurantes, as tasquinhas típicas, sem esquecer o importante sector agropecuário e os espectáculos com artistas portugueses de renome. O presidente da Câmara de Trancoso destaca o retorno económico deste certame para a economia do concelho, que mantem no turismo uma das suas alavancas. Amílcar Salvador espera milhares de visitantes em Trancoso, destacando para o efeito “o grande cartaz que a Feira de S. Bartolomeu oferece, que satisfaz todos os gostos musicais”.
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31 de Agosto e 1 de Setembro, no Largo do Rossio
Mangualde tem mais sabor em fim de semana gastronómico Festas do concelho de Vouzela realizam-se de 7 a 12 de Agosto
HMB, Raquel Tavares e Quim Roscas e Zeca Estacionâncio nas Festas do Castelo
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Largo do Rossio, em Mangualde, recebe no nos próximos dias 31 de Agosto e 1 de Setembro um “Fim de Semana Gastronómico”. No primeiro dia, com abertura ao público pelas 18 horas, terá lugar o Festival da Bifana e do Rojão. Já no dia seguinte, a 1 de Setembro, terá lugar o Festival de Sopas de Mangualde, com início marcado para as 18,30 horas. Os kit’s para o Festival de Sopas poderão ser adquiridos no local, a partir das 14 horas do dia 31 de Agosto (sábado), sendo que a receita proveniente da venda reverterá a favor das entidades participantes no evento. O kit é composto por uma pulseira, de uso obrigatório (individual e intransmissível), que dá acesso a todas as sopas. A organização do “Fim de Semana Gastronómico” é da responsabilidade da Câmara de Mangualde, que conta com diversos parceiros como Juntas de Freguesias do concelho e dos Restaurante Galitos e Restaurante Cantinho dos Petiscos.
s Festas do Castelo estão de volta. Promovido pelo Município de Vouzela, o evento irá animar o concelho de 7 a 12 de Agosto. Este ano, os destaques vão para os HMB, no dia 9 de Agosto, a fadista Raquel Tavares no dia 10 e a dupla de humoristas Quim Roscas e Zeca Estacionâncio no dia 11. A programação deste dia é, aliás, a maior novidade deste ano, com o Município a dividir o festival de folclore em duas partes, a primeira realiza-se à tarde e a segunda à noite, antecedendo a entrada dos humoristas Quim Roscas e Zeca Estacionâncio. Mas muitas outras atracções fazem parte do cartaz. Desde logo no dia 7, quarta-feira durante a manhã, a feira mensal e o XLIX concurso pecuário. À noite, pelas 22 horas, a actuará a Sociedade Musical Vouzelense. No dia 8, quinta-feira, o programa do Dia Municipal da Juventude e Amizade tem início pelas 21,30 horas com um passeio color & glow, uma aula de zumba e termina com o Dj Peter Sky. Já no dia 9, Em Moimenta da Beira, de 13 a 15 de pelas 19,30 horas, decorrerá a abertura da XX Feira de Artesanato, Setembro com a presença da Sociedade Musical de Moçâmedes, às 22h sobem então ao palco os HMB e a terminar a noite o Dj Chinelos com Vida e o Dj Beetle. No dia 10, pelas 22 horas, actua a fadista Raquel Tavares, seguindo-se os djs Isabel Figueira e Reazzon and Friends. O dia 11, domingo, começa com um passeio de cicloturismo, pelas 9,30 horas, numa organização do VasconhaBTT Vouzela. À tarde, pelas 15,30 horas, a arruada pelo Grupo de Bombos de Expodemo, promovida pela Câmara de Moimenta Levides e uma hora mais tarde acontece o desfile dos ranchos da Beira, vai decorrer de 13 a 15 de Setembro, folclóricos. Às 17 horas, terá lugar a primeira parte do Festival no miolo urbano da vila. Serão três dias com o melhor Internacional de Folclore, que contará com a presença do cartaz de todos os certames da região e com um público Rancho Folclórico de Vilar – São Miguel do Mato e do Rancho fiel. Regional Recordar é Viver de Paramos (Guimarães). À noite, O evento é uma feira de negócios, é a Festa da Maçã, pelas 21,30 horas, a segunda parte do festival com o Grupo fruto da terra, das raízes e da Luz, que se assume hoje Kudz “Bratstvo” Subotica, da Sérvia, o Rancho Folclórico como um relevantíssimo cartaz turístico e cultural de e Recreativo de Candoso (Espinho) e do Grupo Folklórico Moimenta da Beira e da região. A Expodemo já tem todos os lugares expositivos esgotados, o que aconteceu “Ense” Coahuila (México). Segue-se o espectáculo de em menos de quatro dias, nas áreas comerciais, comércio humor com a dupla Quim Roscas e Zeca Estacionâncio e, ambulante, restauração e gastronomia, artesanato, pelas 00,30 horas, o espectáculo piromusical “Harmonia”. associações, instituições e área descoberta. A noite termina com o Dj Louizt.
Expodemo esgotou lugares expositivos em menos de quatro dias
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Parte 1 Carlos Silva num olhar sobre os seus 20 anos de enologia
“A região do Dão pode ser aquilo que nós quisermos que ela seja.”
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Carlos Silva (CS): O que posso dizer é que foi uma surpresa e um enólogo Carlos Silva completa este ano momento importante deste ano, que também já teve outras alegrias. 20 anos de carreira. Se a UDACA é a sua Não procurei que fosse uma comemoração. Simplesmente aconteceu. ’casa’, o Dão é o seu mundo, que em duas décadas Não fiz os vinhos a pensar num prémio, mas sim para serem bons e não mudou tanto quanto gostaria. Numa carreira autênticos, revelando o melhor potencial da região. Quando os faço longa, há momentos marcantes e, usando uma nunca estou a pensar em resultados de concursos, que desta vez frase feita, os extremos tocam-se. O seu primeiro coincidiram com os meus 20 anos de enologia. vinho medalhado foi o primeiro Adro da Sé Reserva tinto de 1996, a mesma referência da UDACA que GR: Nas datas redondas sabe melhor? em 2019 obteve uma medalha de Platina, desta vez CS: Felizmente tenho recebido inúmeros prémios todos os anos nos com um branco de 2017. Contudo, Carlos Silva ‘tinha’ mais prestigiados concursos nacionais e internacionais, com todos os um “Tesouro da Sé”, tinto 2015, guardado (UDACA), produtores com quem trabalho. Mas de certa forma, posso dizer que considerado o melhor vinho do concurso de vinhos sim, sobretudo nos meus 20 anos de enólogo mais ainda, tendo em engarrafados do Dão deste ano, e que é a ‘cereja no conta a organização do concurso deste ano. topo do bolo‘. E se no Dão houve mais medalhas, com destaque GR: Fazer um vinho num produtor, como o rosé da Quinta das para a Platina do Rosé 2018 da Quinta das Camélias, no Camélias, é mesma coisa que produzir dois vinhos numa União concurso deste ano da Beira Interior ‘deu’ três medalhas de Cooperativas, como é a UDACA, em que os três tiveram de Ouro à Quinta dos Currais, com um branco Síria 2017, medalhas de Platina, sendo que um deles, o Tesouro da Sé, foi um DOC tinto reserva 2014 e um DOC branco 2017. o Melhor Vinho do Dão? Numa longa conversa com a Gazeta Rural, de que CS: É diferente, mas o grau de dedicação, concentração e publicamos a primeira metade, Carlos Silva mostrou-se igual a si próprio: simples, de trato fácil e honesto consigo, exigência é o mesmo. Procuro a perfeição. Cada vez que faço um novo vinho quero ser melhor, auxiliando-me com os melhores com os produtores e com os vinhos que faz, tanto no Dão meios técnicos e de conhecimento possíveis. Por este motivo, como na Beira Interior e no Douro. Entender a região onde investi no novo laboratório da Carlos Silva Vinhos, equipado trabalha é fundamental. Os prémios, diz, “simplesmente” com instrumentos de análise expeditos, que me permitem acontecem. Sobre a região do Dão, diz, “pode ser aquilo obter resultados seguros, estando também preparado para a que nós quisermos que ela seja”, defendendo mais “união análise sensorial de vinhos. e comunicação”. No caso que refere, falamos de uma realidade de grande Gazeta Rural (GR): No ano em que completa 20 anos de volume e de outra de pequena produção. Dois mundos de enologia, a cereja no topo do bolo foi ter feito o melhor dimensões e de conceitos estruturais distintos, pela sua vinho do Dão e obter mais três medalhas de Platina? constituição e filosofia de trabalho. De um lado o sector 18
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CS: Considero que a minha carreira tem acompanhado os passos programados. Neste momento, sinto que vou iniciar em breve uma nova etapa. Relativamente ao vinho, claro que poderia enumerar muitos Tourigas e Encruzados. Para falar de um deixaria de falar de outros, o que seria injusto. GR: Algum especial? CS: Não seria sincero se não dissesse que o Psique 2014 é esse vinho. Afinal é o primeiro que faço para mim próprio. Outro que quero referir é o Quinta de Tralcume 2001 que obteve medalha de Ouro passados 17 anos, em 2018, no Challenge International du Vin, o que me faz pensar na magnitude do Dão.
cooperativo e do outro os produtores/ engarrafadores. Os princípios que me regem nestes dois mundos são os mesmos, embora não possa deixar de referir que, como é natural, a possibilidade de trabalhar vinhos de topo com ferramentas premium me permitem, como a qualquer bom enólogo, fazer vinhos incomparáveis em qualidade. É isto que cada vez mais quero fazer. Sou muito exigente comigo mesmo e naquilo que faço.
GR: Lembra-se qual foi o primeiro vinho medalhado que fez? CS: Lembro-me bem. Foi o primeiro Adro da Sé, um Reserva 96. Foi uma reviravolta grande. Era necessário reformular a UDACA e apresentar um vinho mais esplendoroso, que mostrasse a nova vida do sector cooperativo. Foi um vinho que me deu bastantes alegrias e obteve inúmeros prémios. Na altura fez-se um Garrafeira, um conceito ainda em uso naquela época, e um Reserva. O rótulo não era muito bonito, mas para os designers era interessante. Isso foi há 20 anos. Depois, houve outros de vários produtores, dos quais ficaram boas memórias. Ao longo destes 20 anos vi nascer produtores, vi-os plantar vinhas e recuperar outras, vi as suas primeiras adegas e os seus primeiros vinhos. Vi a região viver nesta dualidade de estruturas, quer no sector cooperativo, quer no sector privado, cada um com a sua enorme importância para a região. Vi e vivi a transformação que se verificou nos dois sectores nestes 20 anos e foram bastantes. Contudo, algumas coisas estão iguais e deviam ser alteradas. Há, contudo, um avanço muito positivo ao longo destas duas décadas.
GR: O que alteraria? CS: Sobretudo a mentalidade de algumas pessoas, que fazem de tudo para não mudar. Precisamos de pessoas com maior abertura, que interajam mais e que façam mais pela região, para que seja una. Uma região vale tanto mais quanto mais nós fizermos por ela. É isso que passa. A região do Dão pode ser aquilo que nós quisermos que ela seja. GR: Falámos do Dão e dos prémios que obteve Quanto mais fizermos por ela, mais notoriedade terá no mercado. nesta região, mas também faz vinhos na Beira Todos podemos fazer mais e melhor para que as pessoas nos Interior que foram premiados, como a Quinta dos procurem e não seja o ‘Dão empurrado’, mas sim o ‘Dão procurado’. Currais. É diferente fazer vinhos no Dão, na Beira As pessoas vão a uma prova de vinho e vão à procura de um ‘Dão’. Interior ou no Douro? É essa a diferença que temos que fazer, para que sejamos visitados CS: É verdade. Na Beira Interior tudo é diferente. todos os dias. Faltam estas transformações e falta comunicação. O clima é mais seco, pelo que temos que ter outras Temos tudo, um vinho que tem cor, aroma, sabor, corpo e alma, premissas e adaptar-nos bem à região, às suas castas mas falta-lhe união, comunicação e fazer, cada vez mais, com que autóctones, ao tipo de vinificação e ao estilo do vinho as pessoas se aglutinem e respeitem à volta dele. A região está que ali se produz. Temos que entender bem o terroir muito melhor do que há 20 anos, mas ainda é preciso mais e e o estilo de vinhos que queremos produzir. As regras todos sabemos disso. de uma região não se conseguem adaptar a outra. Isso requer estudo e conhecimento para perceber quais GR: Alma? os alicerces da região e entendê-los bem. O mesmo CS: Sim, alma. E eu posso dizê-lo. acontece quando trabalho com o Douro. GR: Aos olhos dos mais atentos, sempre esteve no topo dos melhores enólogos na região do Dão. Se o concurso deste ano da CVR Dão é o ponto alto, que balanço faz e o que mais lhe vem à memória? Um vinho que lhe tenha dado especial gozo fazer?
Nota: Esta é a primeira parte de uma longa entrevista com Carlos Silva. A Parte 2 sairá na edição de 31 de Agosto da Gazeta Rural, com destaque para “luta brava” que tem travado com o Alfrocheiro. www.gazetarural.com
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Segundo responsáveis do sector
Região de vinhos de Trás-os-Montes ‘renasce’ e atrai cada vez mais produtores
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região de Trás-os-Montes produz cerca de três milhões de a esse nível”. O responsável elencou algumas garrafas de vinho certificado e é uma das mais pequenas do país, “características peculiares” deste território, como mas está a ser redescoberta, a crescer e a atrair jovens produtores, a pequena dimensão das explorações, no entanto, segundo fontes do sector. salientou que “tem vindo a crescer”. “Desde 2014, “A região está a recuperar notoriedade, está a renascer. Temos tido cresce anualmente 5% e isso é muito interessante um elevado número de jovens agricultores que se estão a instalar e significativo”, sublinhou. e que estão a fazer os primeiros vinhos”, afirmou o presidente Ana Alves destacou como uma mais valia de Trásda Comissão Vitivinícola Regional de Trás-os-Montes (CVRTM), os-Montes a “qualidade das massas vínicas (uvas)” Francisco Pavão. e explicou que, devido ao clima, verões quentes O responsável salientou que esta “região de contrastes” se e invernos frios, “há menos pragas e doenças na estende de Montalegre (Vila Real) ao planalto mirandês (Bragança), vinha”. “Com dois a três tratamentos conseguimos possui vinhas plantadas em solos xistosos ou graníticos, a 200 ou controlar a vinha e isso é uma mais-valia enorme, quer a 700 metros de altitude. Em Montalegre está plantada, neste em custos de produção quer, depois, na qualidade das momento, a vinha mais alta do país. uvas”, frisou. O território tem cerca de 10 mil hectares de vinha e na CVRTM Francisco Pavão adiantou que cerca de 20% dos estão inscritos 110 produtores, embora só 65 certifiquem vinho. vinhos produzidos na região são exportados para Ana Alves, enóloga da CVRTM, afirmou que aqui são produzidas países do “mercado da saudade”, onde se destaca cerca de “três milhões de garrafas de vinho certificado”, ou seja, o Brasil. “Foi o primeiro vinho português a chegar ao com denominação de origem (DO) e indicação geográfica (IG). Nepal há uns anos”, contou. A responsável contou que, depois de uma “quebra acentuada” O IVV apoiou a CVRTM com dois programas, um de 60 da produção, há cerca de uma década, a região tem vindo mil euros para a promoção em países terceiros e outro “paulatinamente” a produzir mais vinho e a atrair mais de 40 mil euros para a promoção interna. produtores, entre os quais muitos jovens. Valpaços, no distrito de Vila Real, acolhe a sede da “O número de produtores – engarrafadores cresce todos CVRTM e é um dos municípios da região com maior peso os anos. Em 2019, já vamos com cinco novos produtores na produção regional. inscritos e todos os anos há novos produtores a quererem vir O presidente da Câmara de Valpaços, Amílcar Almeida, para Trás-os-Montes”, reforçou. afirmou que, no concelho, o vinho representa um volume Para Bernardo Gouvêa, presidente do Instituto da Vinha de negócios na ordem dos “30 milhões de euros” anuais e e do Vinho (IVV), “a região está a ser “redescoberta”. também aqui, assinalou, “estão a aumentar os hectares de Na sua opinião, os mercados procuram “genuinidade e vinha e os produtores”. autenticidade” e Trás-os-Montes “tem um potencial enorme 20
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Revela um estudo publicado no Scientific Reports
Beber vinho pode matar células cancerígenas
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ma pesquisa sobre cancro apontou que o resveratrol, presente nas uvas, reduziu o número de células cancerígenas pela metade em testes científicos realizados em ratos. As cobaias haviam sido expostas a um químico existente no cigarro. Alguns dos roedores desenvolveram câncer de pulmão e receberam o resveratrol durante 26 semanas. No segundo grupo havia ratos que não tinham desenvolvido a doença, mas que também receberam o composto. No terceiro grupo estavam outros animais doentes, que não receberam tratamento. O composto apenas alcança o pulmão quando inalado – e como tal os ratos receberam-no via nasal. Os resultados da pesquisa, publicada no Scientific Reports, mostraram que o resveratrol reduziu o número de células com o tumor em 45% nos ratos doentes. Esses animais também tinham alguns tumores que diminuíram em tamanho após a terapia. Nos ratos que estavam sem a doença no início do estudo, 37% desenvolveram o câncer durante a experiência. “O resveratrol pode, sim, ter um papel de prevenção contra o cancro de pulmão”, disse o autor da pesquisa, Muriel Cuendet, ao jornal britânico The Daily Mail. Os cientistas prevêem fazer testes em humanos de modo a determinar quem pode fazer parte de um tratamento preventivo com o resveratrol, um composto já utilizado em suplementos alimentares.
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“Bairrada Portas Abertas’ até 14 Setembro
Adegas da Bairrada abrem portas para receber visitantes
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Rota da Bairrada organiza, pelo segundo ano consecutivo, a que circulam no território nesta altura do ano e iniciativa “Bairrada Portas Abertas’19”. Até 14 de Setembro, 20 ao fim de semana. associados aderentes abrem as suas portas aos sábados para visitas Em cada adega e no final da visita, o visitante é e provas. convidado a carimbar o flyer da acção e ir conhecer No sentido de reforçar a sua aposta na promoção do território e o Espaço Bairrada da Curia, sede da Associação. de unir esforços entre os vários associados, a Associação Rota da Aqui é dada a conhecer a história da antiga estação Bairrada (ARB) lançou o desafio aos seus associados produtores de comboios, bem como uma nova valência do da região. A iniciativa “Bairrada Portas Abertas’ ao Sábado abriu Espaço – a Sala dos Aromas da Bairrada, onde com a 27 de Julho e vai prolongar-se até 14 de Setembro. Durante conteúdos vocacionados para adultos e crianças este período, turistas e residentes podem conhecer a riqueza e os visitantes são convidados a descobrir os aromas a variedade dos agentes vitivinícolas, por meio de visitas guiadas e as histórias do vinho da Bairrada. E com o flyer às caves, adegas e ainda a uma destilaria, e no fim visitarem o carimbado os visitantes terão ainda direito à prova de Espaço Bairrada da Curia, onde os espera uma pequena surpresa vinhos “Bairrada em Prova” e a uma surpresa muito e a prova de vinhos “Bairrada em Prova”. bairradina. O ‘Bairrada Portas Abertas’ é a melhor sugestão para O convite é assim para visitar a Bairrada, que estará conhecer produtores, caves, adegas, destilarias, vinhos, de Portas Abertas e reservar lugar numa viagem única espumantes, aguardentes e azeites produzidos na região e que pelo mundo apaixonante do vinho e espumante, na fazem parte da Rota da Bairrada. Todos os sábados, entre três região centro do país. a seis produtores aderentes abrem as suas portas para lhe dar a conhecer a região. Já na sua segunda edição, o “Bairrada Portas Abertas” pretende levar os visitantes a conhecer os produtores associados da Rota da Bairrada, ao sábado, um dos dias da semana em que a maioria dos agentes vitivinícolas encerra portas. A Associação entende que este tipo de iniciativas valorizam a região, conferindo visibilidade e notoriedade ao enoturismo e, por isso, convida as caves e adegas a abrirem portas, usufruindo do enorme fluxo de visitantes 22
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Segundo uma nota assinada por João Ponte
Governo dos Açores pretende certificação oficial do leite de pastagem
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secretário regional da Agricultura e Florestas dos Açores defendeu que o processo de certificação do leite de pastagem nos Açores tenha requisitos mínimos comuns a todos os operadores visando uma maior valorização dos produtos lácteos regionais. “Numa perspectiva de valorização e credibilidade, especialmente no que toca aos mercados mais exigentes, estamos convictos que um processo de certificação oficial relativamente ao Leite de Pastagem trará claras vantagens para todos os operadores na Região, elevando os níveis da integridade do leite produzido à base de pastagem, aos consumidores e aos clientes das indústrias”, sublinhou João Ponte numa missiva enviada à presidente do Centro Açoriano do Leite e Lacticínios (CALL). Segundo uma nota do executivo açoriano, o processo de certificação oficial do leite de pastagem “trará claras vantagens para todos os operadores da Região, assegurando a integridade do leite produzido à base de pastagem junto dos consumidores e dos clientes das indústrias regionais”. Sem prejuízo do trabalho desenvolvido na produção de leite de pastagem pela empresa BEL, “mais recentemente” pela PRONICOL (da ilha Terceira) “e muito em breve pela UNILEITE” (União das Cooperativas Agrícolas de Lacticínios da Ilha de São Miguel), o secretário regional considerou que deve haver nos Açores a definição de “requisitos mínimos nos critérios de certificação, que todos os operadores deverão cumprir para poderem certificar oficialmente o leite de pastagem, contribuindo, desta forma, para a credibilização e a valorização dos produtos lácteos regionais”. “É fundamental que saibamos aproveitar o que nos diferencia e as novas oportunidades dos mercados, com particular destaque para a procura por produtos à base de leite de pastagem, mais próximos da Natureza, onde os Açores têm condições inigualáveis para a produção de leite diferenciado”, sublinhou o governante. João Ponte, disse que é intenção do Governo Regional criar um rótulo de utilização facultativa para o ‘Leite de Pastagem dos Açores’, sustentado por um conjunto de requisitos transversais e obrigatórios, definidos através de um caderno de especificações, cuja certificação oficial será garantida através do Instituto de Alimentação e Mercados Agrícolas (IAMA). O titular pela pasta da Agricultura nos Açores “apelou ao empenho de todos os envolvidos no debate e na reflexão sobre esta proposta, que irá beneficiar todos os agentes da fileira do leite nos Açores”, acrescenta a nota. www.gazetarural.com
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Refere a agência da ONU para a Alimentação e Agricultura
Objectivos de Desenvolvimento Sustentável na alimentação longe de serem cumpridos
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O estudo recorda que a pesca intensiva afecta mundo está longe de cumprir a maioria dos Objectivos de um terço das populações de peixes, mais de Desenvolvimento Sustentável (ODS) ligados à segurança metade das raças locais de ganadaria estão em alimentar para 2030, sublinhou a agência da ONU para a Alimentação risco de extinção e nos 70 países que forneceram e Agricultura (FAO). A agência publicou uma primeira avaliação de informação, entre 2000 e 2015, perdeu-se uma 18 indicadores de quatro dos 15 ODS acordados pela comunidade superfície florestal do tamanho de Madagáscar, internacional em 2015, a partir dos dados disponíveis de 234 países principalmente pelo avanço da agricultura nos e territórios. trópicos. Em alguns casos registaram-se progressos, mas o resultado No entanto, há motivos para optimismo depois de a nível global é negativo, entre outras coisas pelo aumento da se terem observado melhorias na gestão das florestas, prevalência da fome, considerada a “tendência mais preocupante”, retardando-se assim o ritmo de desflorestação, e na disse o chefe de Estatísticas da FAO, Pietro Gennari. contribuição da pesca sustentável para a economia O número de pessoas que passam fome aumentou em dos países mais pobres. 2018 pelo terceiro ano consecutivo, até quase 822 milhões, Além do mais, em 2018, o material genético de equivalente a 10,8% da população mundial. Gennari frisou que plantas conservado em bancos de sementes ascendeu foram encontradas “dificuldades em quase todos os âmbitos a 5,3 milhões de amostras, mais 3% do que no ano relacionados com a alimentação”, como, por exemplo, a anterior, mas os esforços continuam a ser insuficientes diminuição do investimento público na agricultura, apesar da para preservar as culturas menos usadas e as espécies importância que tem para erradicar a malnutrição. selvagens. Entre 2016 e 2017, observou-se um aumento moderado dos O perito da FAO precisou que alguns dos indicadores preços médios dos alimentos em todas as regiões, enquanto se empregaram pela primeira vez, pelo que pode ser as oscilações nos preços, que condicionam o acesso aos “demasiado cedo” para saber se estão a alcançar as metas produtos, afectaram um terço dos países pobres sem acesso ou não, como quando se analisa a produtividade e os ao mar, muitos dos quais em África e na Ásia. rendimentos dos pequenos produtores, a eficiência no uso De momento, o mundo está suspenso em aspectos como da água ou a conservação dos ecossistemas montanhosos. a exploração dos recursos pesqueiros, a conservação dos recursos genéticos de plantas e animais ou o estado das florestas. 24
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Referiu o presidente de Idanha-a-Nova no Fórum Internacional Territórios Relevantes
“Nas comunidades rurais encontraremos o caminho para a sustentabilidade”
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agricultura sustentável esteve em fundamentais na promoção de programas que visem sistemas alimentares debate no Fórum Internacional territoriais sustentáveis e dietas saudáveis. Territórios Relevantes para Sistemas José Graziano da Silva, agraciado no decorrer do FISAS com a Medalha Alimentares Sustentáveis (FISAS) encontro de Honra da Agricultura de Portugal, defendeu claramente que “a que teve lugar em Idanha-a-Nova a primeira agricultura é um passo em direcção à segurança alimentar” e que devem bio-região portuguesa. Durante cinco ser criadas políticas públicas adequadas à promoção da agricultura dias, estiveram representados 15 países, sustentável, da agroecologia e do acesso a alimentos saudáveis por toda provenientes de quatro continentes, com a a população. O Director-geral da FAO acredita que “não mudaremos os preocupação comum de mudar comportamentos sistemas alimentares com tecnologia. No lugar disso, precisamos fazer alimentares, formas de produção e hábitos de mudanças nas leis e na área da investigação” e acrescenta “A Revolução consumo que nos permitam chegar a um futuro Verde foi capaz de prevenir a fome na década de 1970, mas atingiu seus equilibrado e sustentável. limites e é hora de implementar diferentes modelos para combater a Tendo-se realizado em complementaridade crescente fome e a obesidade que o mundo sofre”. ao programa da Feira Raiana, o FISAS contou Para Armindo Jacinto, presidente da Câmara de Idanha-acom a participação do Director-geral da FAO Nova, será nas comunidades rurais que se encontrará o caminho Organização das Nações Unidas para a Alimentação para a sustentabilidade e a resposta às alterações climáticas. “É e a Agricultura, José Graziano da Silva, de Ministros essencial alterar a forma como produzimos os alimentos. Novos da Agricultura e representantes de Ministros da comportamentos e novas atitudes são o caminho para o futuro. Comunidade dos Países de Língua Portuguesa Ignorar os sinais do Planeta é pôr em causa o futuro da Humanidade. (CPLP), entre os quais Luís Capoulas Santos, Ministro Apenas todos juntos podemos fazer a diferença”. da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural Existem, actualmente, dezenas de bio-regiões no mundo, estando de Portugal, representantes da sociedade civil, do o processo em início de implementação na CPLP. Idanha-a-Nova é poder local, de universidades e de instituições de a primeira bio-região portuguesa e reúne excelentes condições investigação, agricultores e consumidores. para se tornar um exemplo para os demais. A preocupação com A urgência na alteração de comportamentos, a a sustentabilidade e a aposta na biodiversidade fazem parte obesidade, a desnutrição e mudanças imperativas da estratégia de desenvolvimento do Município, pioneiro em de hábitos de produção e consumo foram projectos como o Idanha Green Valley. preocupações comuns a todos, tendo ficado bem Armindo Jacinto sublinhou ainda “a dedicação conjunta da FAO, vincado o compromisso de implementação de políticas do FIDA, do Governo Português, da CPLP, da ACTUAR, do INNER articuladas entre os territórios representados, com vista e do CMCD para a concretização do FISAS, cujas conclusões a uma alteração urgente de paradigma. realçam a necessidade de promover a protecção e melhoria A relação entre a forma como produzimos alimentos, o das condições de vida no meio rural, do reconhecimento e problema das alterações climáticas, as questões da pobreza valorização da agricultura familiar; da equidade e do bemno meio rural e da segurança alimentar, são preocupantes estar social das populações rurais e urbanas; da promoção e impõem a necessidade de uma transformação dos dos direitos das mulheres; da maior resiliência de pessoas, sistemas alimentares globais. Coerência, coordenação e comunidades e ecossistemas; e da conservação, protecção e alinhamento; Abordagem territorial; Participação social e melhoria da eficiência no uso de recursos naturais”. governança; e foco na Agroecologia foram considerados www.gazetarural.com
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Decorreu durante 18 dias
Festival do Caracol ultrapassou expectativas da Câmara de Loures
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ais de cem mil pessoas terão passado pelo Festival do Caracol, a Capital do Caracol”, afirmou a responsável que decorreu em Loures durante 18 dias. Este era o objectivo da pelo gabinete de Turismo da autarquia. Todavia, Câmara de Loures para a edição deste ano de um evento gastronómico Sílvia Mendes diz que “este festival é, também, que realçou não só este produto tradicional deste concelho às portas uma forma de potenciar e promover o que temos da capital, mas também outros produtos endógenos, como o vinho na nossa região e no nosso território, desde os Arinto, de Bucelas, ou a doçaria e artesanato ali produzido. produtos regionais, ao vinho, à Agenda Cultural, Uma dezena de tasquinhas, instaladas numa tenda, ofereceu ao património, entre outros”. mais de 60 especialidades confeccionadas com caracol. Fusilli de Terminado o Festival do Caracol, chega, no caracoleta, caçarola de caracoleta à lourense, caracoleta à Brás, início de Agosto, o Festival do Mel, um produto açorda de caracol, caril de caracóis, feijoada de caracoleta, chili de dinamizado pela Cooperativa Agrícola de Loures caracoleta, espetada de caracoleta à setubalense, caracoleta com que começa a ser potenciado como um produto beringela e cachupa de caracoleta à moda de Cabo Verde foram local. alguns dos pratos que puderam ser degustados no festival. Loures, apesar de ficar às portas de Lisboa, tem O que torna o caracol saloio em Loures diferente “é a maneira alguns produtos com marca de qualidade, como como é confeccionado. Acho que têm mais de gosto”, afirmou o célebre Arinto de Bucelas, “uma das duas únicas Sílvia Mendes, do Gabinete de Turismo da Câmara de Loures. “A Regiões Demarcadas de Vinho Branco do Mundo confecção do caracol é uma tradição de Loures e dos restaurantes e um néctar de excelente qualidade”, lembra Sílvia do concelho. Associamos ao Festival a Rota do Caracol, que tem Mendes, que destaca “o grande potencial paisagístico, outros restaurantes que não estão presentes na tenda. A ideia marcadamente rural, que aquela região oferece, num é dar a conhecer a importância que o caracol tem na nossa concelho com outros atractivos gastronómicos, como identidade saloia”, acrescentou. o pão de ló tradicional de Loures, o arrobe de Arinto, Aquela responsável mostrou-se satisfeita com a adesão à os pasteis saloios, as cavacas de Loures, o mel, o queijo iniciativa. “O festival durou 18 dias e esteve sempre com casa de Lousa. Ou seja, “temos uma série de produtos de cheia. Aliás, todos os anos este festival nos tem surpreendido. qualidade, que associamos também ao festival dos Deste ano, ainda não temos dados finais, mas, numa estimativa caracóis”, salientou aquela responsável. por alto, diria que ultrapassamos os números do ano passado”, Mas o que torna Loures diferente “são as pessoas”, apontou Sílvia Mendes. diz Alfredo Santos, do gabinete da Cultura da autarquia. Parte do caracol consumido durante o festival é produzido “Estamos às portas de Lisboa, mas não encaramos isso no concelho de Loures, mas “não chega para as necessidades”, como uma ameaça, mas sim como uma oportunidade para pelo que “uma parte os restaurantes adquirem fora”, o que é chegar a mais pessoas. Loures tem esse potencial, que, por um desafio para o futuro. exemplo, estando em Bucelas, uma zona rural onde o vinho E se neste concelho “consumir caracol sempre foi um tem um papel marcante, conseguimos encontrar o sossego hábito e uma tradição”, a ideia do Festival, que se realiza do campo a 10 minutos da capital. A tudo isto, associa-se o há 20 anos, “tem potenciado a identidade de Loures como saber receber que os lourenses têm”, salientou. 26
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Afirma professor catedrático do Instituto Superior Técnico
Política de gestão florestal é “um desastre” que prejudica proprietários
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política de gestão da floresta, desde os incêndios de 2017, tem Relativamente à gestão da biomassa, sido “um desastre”, em que “o ónus cai todo em cima dos o professor catedrático do IST sugeriu a proprietários”, afirmou o professor catedrático do Instituto Superior implementação de um sistema de recolha Técnico (IST) Clemente Vicente Nunes. de biomassa sobrante, principalmente nos “O país está pior, muito pior, porque a estrutura fundiária e a concelhos com alta densidade florestal. capacidade dos proprietários foi reduzida. Mais do que isso, as “Se há excesso de material combustível, políticas feitas pelo Governo só prejudicaram a vida dos pequenos nomeadamente nas actividades agro-florestais, proprietários envelhecidos e descapitalizados do Pinhal Interior”, ele tem que ser devidamente retirado e avançou o docente do IST da Universidade de Lisboa, que lecciona organizado, com pontos em cada concelho onde as disciplinas como “Biocombustíveis”, “Valorização Energética de pessoas saibam que podem colocar os produtos, e Resíduos” e “Combustíveis Alternativos”. estimulando que esses produtos sejam utilizados, Clemente Vicente Nunes criticou o “massacre” aos proprietários nomeadamente em centrais de biomassa e em agro-florestais, “com normas absolutamente absurdas, fazendo outras caldeiras onde se possa queimar durante com que as pessoas tivessem que fazer limpezas excessivas dos todo o ano de forma segura”, indicou o especialista, terrenos logo em Março”, quando as acções de limpeza devem ser defendendo que a gestão da biomassa tem que feitas ao longo de todo o ano. ser feita e coordenada a nível de políticas públicas, “É o massacre das populações do minifúndio do Pinhal Interior mas o que se fez “foi ameaçar os proprietários, de que está a promover, cada vez mais, uma desertificação e uma uma forma irracional”, com a obrigatoriedade da falta de qualidade na gestão destes territórios”, apontou. limpeza de terrenos e a aplicação de coimas por Como proprietário agro-florestal e “conhecedor bastante incumprimento. intenso” da zona do minifúndio do Pinhal Interior, que voltou Sobre a reforma da floresta do actual Governo, o este ano a ser afectada pelos incêndios, designadamente nos docente referiu que o impacto no terreno é “zero”, uma concelhos da Sertã e de Vila de Rei, no distrito de Castelo Branco, vez que as ajudas aos proprietários agro-florestais, em o docente do IST defendeu que o Governo devia ter assumido termos de incentivos a uma gestão racional do terreno, como principais prioridades o agravamento das penas pelo crime são “inexistentes”. de fogo posto e a aposta num sistema de gestão da biomassa. “Os municípios o que devem fazer é organizar e “Para já, o que o Governo devia fazer, imediatamente, era facilitar a vida dos proprietários e dos microproprietários tomar medidas para agravar as penas dos incendiários”, com do minifúndio do Pinhal Interior, e é isso que não estão objectivo de, pelo menos, ter um grau de dissuasão, propôs a fazer, porque o Estado não tem feito nada para os o especialista na área de valorização energética de resíduos, ajudar”, acrescentou. considerando “absolutamente inconcebível” que as pessoas Em termos de previsões de incêndios para este ano, condenadas em tribunal pelo crime de fogo posto possam Clemente Vicente Nunes destacou a necessidade de uma sair em liberdade, com a aplicação de pena suspensa. vigilância florestal “extremamente presente”, defendendo Neste âmbito, Clemente Vicente Nunes fez uma alusão que “isso é o que pode fazer reduzir a hipótese de haver ao incêndio na Sertã, em que “há fortíssimas suspeitas” de outra catástrofe este Verão”. origem criminosa. 28
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Opinião Valorizar os produtores florestais é valorizar a floresta
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alar de floresta em Portugal nas duas setor para o Ambiente, Economia, e Coesão social e territorial do País, sob a últimas décadas tem-se resumido, forma de um pacto de regime com todos os partidos políticos da Assembleia da basicamente, a falar de incêndios. A República, que estabeleça linhas de política estruturantes e estáveis no longo comunicação social vem-nos inundando prazo. com abomináveis relatos, reportagens e - As políticas públicas deverão definir claramente o que são serviços públicos discussões infrutíferas com comentadores e serviços privados, tendo em conta que algumas competências dos serviços especialistas que têm conduzido, em geral, oficiais são atualmente exercidas pelas associações florestais. a uma perceção social errada sobre aquilo - A administração pública deve estabelecer que é, e aquilo que representa, a floresta contratos programa com as Associações de Produtores, em projetos portuguesa. diferenciados para o desenvolvimento integrado dos territórios, Em matéria de política florestal, os responsabilizando a sociedade civil e reconhecendo os méritos do incêndios são uma questão por demais dinamismo e dos resultados obtidos a favor da floresta e do país. Como debatida e que tem sido alvo de muitos temos afirmado e reiterado, o associativismo florestal pode contribuir para estudos, comissões e reformas estruturais dos a mudança da situação existente, tendo em vista uma floresta sustentável e organismos públicos e outros relacionados, economicamente viável. Naturalmente exige ser integrado numa estratégia com os resultados duvidosos que todos os concertada com as entidades oficiais, mercados e outros serviços portugueses vêm todos ou quase todos os dias. existentes da fileira. A Associação Florestal do Baixo Vouga - As políticas públicas deverão direcionar e reforçar as fontes de entende que não se tem atendido à floresta, à financiamento para a melhoria da condição da floresta, na vertente sua gestão e valorização, bastando comparar o estrutural e funcional. É, pois, urgente que o Fundo Florestal Permanente que o país investe anualmente no combate aos (imposto verde sobre a venda de combustíveis em Portugal) se direcione incêndios com o que investe em gestão florestal. para o fim que foi criado - valorizar e gerir floresta. É ainda obrigatório que Este quadro tem que ser invertido, outros eventuais apoios (quadros comunitários) adotem uma estrutura concentrando-se na valorização do território e de medidas descomplexada e ajustada à realidade rural e necessidades nas pessoas que lá vivem. Esta inversão obrigará da floresta do Norte e Centro de Portugal. logicamente a rever muitas das orientações - A intervenção na área florestal faz-se com ações no terreno políticas que têm norteado os destinos do setor, e envolvendo os produtores florestais, pelo que é indispensável criar bem como a rever o quadro legal e, talvez o mais condições políticas, ferramentas e meios, para que isto aconteça. importante, envolver os produtores florestais nas Ninguém investirá na floresta se não vislumbrar algum resultado, decisões, já que são eles os proprietários da grande mesmo que seja a longo prazo. O reconhecimento público dos bens maioria do território (97%) e serão eles os executores e serviços oferecidos pela floresta à nossa sociedade (serviços de da política florestal no território. ecossistema), bem como a fiscalidade, podem ser importantes Incêndio após incêndio se conclui que, mais que ferramentas de incentivo ao investimento, diferenciando discutir problemas, é necessário apontar soluções. positivamente os produtores cumpridores das boas práticas e da Torna-se cada vez mais pertinente procurar responder, legislação florestal. com realismo, a três principais questões de base da Em resumo, é fundamental que os Governos e Instituições do setor floresta portuguesa: estejam alinhados em estratégia única que motive o investimento. 1. Como, e em quanto tempo, se recupera o Acima de tudo é necessário um pacote legal agilizado que torne património perdido? o funcionamento da atividade florestal mais simples e expedito 2. Com que recursos será efetuado? que promova o investimento em gestão e que inverta o sentido 3. Quem vai investir e intervir em tão vastos territórios? da política florestal, premiando ou discriminando positivamente Em resposta, entendemos ser o momento para pôr em os produtores florestais que já fazem bem e dentro das regras prática algumas medidas que nos parecem de interesse do país. imediato para a floresta e há muito são reclamadas pelo Cremos que todos somos poucos para termos uma floresta ao movimento associativo: serviço de todos, sem esquecer quem dela cuida no sentido do - Qualquer tentativa de recuperação do território com provérbio africano: “Não herdamos as propriedades dos nossos mais intervenção humana ou aguardando a resposta pais, recebemo-las emprestadas dos nossos filhos”. da natureza na sua sucessão ecológica, demorará várias décadas. Esta constatação torna obrigatório o António Augusto Fontoura de Ataíde Guimarães reconhecimento público e político da importância deste Presidente da Associação Florestal do Baixo Vouga www.gazetarural.com
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Diz o presidente da Câmara de Aguiar da Beira
“Interioridade não é sinónimo de inferioridade”
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presidente da Câmara de Aguiar da Beira quer que as potencialidades do seu concelho sejam reconhecidas e recusa a ideia de que interioridade seja sinónimo de inferioridade. Joaquim Bonifácio, em entrevista à Gazeta Rural, a propósito da Feira de Actividades Económicas de Aguiar da Beira, salienta o contributo do certame para mostrar o que melhor se faz no concelho, nos diversos domínios, mas exalta o contributo da população e das instituições, onde inclui a Câmara, as juntas de freguesia e o tecido social, - que lutam diariamente para ter um concelho melhor e onde dá gosto viver. Gazeta Rural (GR): Satisfeito com a edição deste ano da Feira de Actividades Económicas? Joaquim Bonifácio (JB): Sim, muito satisfeito, não só com a adesão do público, mas também com a participação das empresas, colectividades, tecido social e juntas de freguesias do concelho. É importante haver um certame com esta dimensão, porque é com ele que nós damos a conhecer a todos quantos nos visitam, e nesta altura são muitos milhares de pessoas, o nosso potencial. Costumo dizer que interioridade não é sinónimo de inferioridade, pelo que as nossas potencialidades têm que ser reconhecidas, porque aqui todos dão o seu contributo, sejam as empresas locais, as instituições ou as juntas de freguesia, para que o concelho se desenvolva cada vez mais. Por isso é que, apesar das dificuldades, é bom viver em Aguiar da Beira e no interior, porque todos juntos conseguimos dar a entender e dar a conhecer, principalmente a quem nos visita, as grandes potencialidades que o nosso concelho oferece, com os nossos recursos naturais, endógenos e turísticos, para bem de quem cá vive. GR: A palavra interioridade começa a esbater-se? Olhase hoje de outra maneira para o interior? JB: Quando disse que interioridade não é sinónimo de inferioridade é, especialmente, para todos quantos vivem no interior. Todos queremos que a terra onde vivemos seja 30
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cada vez melhor e, para isso, temos todos que dar o nosso contributo, independentemente de se continuar a falar do interior e, muitas vezes, lamentarmos que pouco se faz para esbater a interioridade. Só que, os que estão, que insistem em de cá não sair, não desistem da sua terra e querem dar o seu contributo. No concelho de Aguiar da Beira, seja o presidente, os vereadores ou os presidentes de junta sentem orgulho e um grande respeito pelos que cá vivem e para quem trabalham para lhes dar cada vez mais qualidade de vida. São eles que nos dão força para combatermos as muitas assimetrias que existem, que procuraremos esbater, para que dê gosto viver no nosso concelho.
GR: Voltando à Feira. Ela mostra o que é hoje o tecido económico e social do concelho? JB: Sim. Ela mostra um pouco de tudo o que temos em Aguiar da Beira, nos aspectos económico, social e cultural do concelho. Uma nota importante, e a salientar, é alegria das pessoas, de quem muito me orgulho, e o seu contributo para que esta seja, a cada ano, uma festa e uma grande montra do que de melhor por cá se faz.
Opinião
Agriculturas de Portugal, 15 anos de problemas estruturais* Em nome da Espaço Visual felicito a revista Gazeta Rural pela comemoração de 15 anos de publicações regulares que contribuíram para divulgar o que de melhor se faz no mundo rural, agriculturas, florestas, produtos endógenos, gastronomia, alterações climáticas, formação profissional, etc. Aproveito esta oportunidade da edição especial de aniversário para lançar à reflexão alguns temas que nos parecem do maior interesse público nesta época de pré-campanha eleitoral em que os principais partidos anunciam os seus programas para a agricultura ao longo dos quatro anos da próxima legislatura, problemas estes que por serem estruturais se mantiveram ao longo dos últimos 15 anos e correm o risco de persistir na linha do tempo: 1. Défice da balança comercial dos produtos agrícolas e agroalimentares agravou-se segundo publicou recentemente o INE em 80 M€ faze a 2017 (as importações aumentaram mais que as exportações) e atingiu os 3.705,8 milhões de euros. Tendo sido negativo nos últimos 15 anos, em que ano será eliminado e passará a superavit e através de que alterações de política? 2. Qual o valor do orçamento nacional que o PS ou PSD irão colocar nas agriculturas e florestas para lá da quota parte nacional das ajudas europeias para atingir o objectivo indicado em 1., melhorar a riqueza criada na economia, o rendimento dos agricultores, instalar um maior número de jovens agricultores, privilegiar o investimento nas regiões mais deprimidas económica e socialmente e investir na gestão das florestas de Portugal (calcula-se que serão necessários mais 500 – 600 M€/ano (para lá dos 1000-1100 M€ da UE de ajudas relativas ao investimento e rendimento) metade para agricultura, metade para as florestas)? 3. Haverá propostas de reforma fundiária como por exemplo, medidas do tipo: expropriação do uso de terrenos agrícolas e florestais abandonados ou subaproveitados, banco e/ou bolsa de terras, “crédito tipo à habitação para compra de terra agrícola e/ ou florestal” (empréstimos de muito longo prazo a 30 a 40 anos que são atribuídos em função dos rendimentos do trabalho do agregado familiar)? 4. “Fazer melhor por Portugal”: Fazer cumprir que os processos burocráticos tramitados pelo Ministério da Agricultura sejam feitos dentro dos prazos legais. Para tal, acompanhar ao nível dos gabinetes da equipa política do ministério, de forma diária, a evolução nas diversas bases de dados, cada um dos processos. Naqueles casos que manifestamente seja impossível cumprir o prazo legal de tramitação, legislar para o alargar, o qual será compatível com os passos a dar. Na fase seguinte, estudar os processos para os desburocratizar, redução do prazo temporal de tramitação, nunca pondo em causa o cumprimento do Estado de Direito. Esta medida não exige esforço ao Orçamento de Estado, será colocada em prática? Estou certo que o debelar dos estrangulamentos elencados no texto acima, a Gazeta Rural terá oportunidade de comunicar maiores sucessos ao longo dos próximos 15 anos. *José Martino CEO da Espaço Visual, Consultoria Agronómica www.gazetarural.com
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produzidos no nosso território, aos quais temos que dar visibilidade. Independentemente daquilo que nos distingue, que é a qualidade, houve alguém que decidiu que mais de dois terços de Portugal eram territórios de baixa densidade. O município de Moncorvo não aceita isso e aposta em ser um município de alta intensidade. É isso que queremos demonstrar. É que municípios denominados de baixa densidade podem ter uma alta intensidade produtiva e de qualidade. É nesse patamar que Torre de Moncorvo quer estar. Diz o presidente da Câmara, Nuno Gonçalves
Moncorvo “aposta em ser um município de alta intensidade produtiva”
O
presidente da Câmara de Torre de Moncorvo rejeita que o seu concelho seja considerado “um território de baixa densidade”, uma vez que “aposta em ser um município de alta densidade”. Em entrevista à Gazeta Rural, à margem da II Exposição de Empresas, Emprego e Empreendedorismo e no âmbito de um seminário sob o tema “O Investimento Agrícola na Região de Torre de Moncorvo – Balanço e perspectivas de Futuro”, realizado pela CONFAGRI, o autarca destacou os investimentos no sector agrícola feitos no concelho, mas também a aposta no turismo e gastronomia para atrair gente ao território.
GR: Com investimentos significativos no sector primário? NG: Sim, com valores a rondar os quatro milhões de euros, que ainda não estão terminados. São investimentos significativos no sector primário, porque entendemos que têm potencial e que podem ser algo que para nós já é uma realidade, que é a fixação de jovens em Torre de Moncorvo. GR: No sector do vinho o concelho está dividido em duas regiões, o Douro e Trás-osMontes? NG: Costumo dizer que Moncorvo está no sitio da qualidade. Está no Douro Superior. Só isso já é importante. Como digo muitas vezes, somos duas portas de entrada. A porta de entrada para o Douro para quem vem de Trás-os-Montes e a porta de entrada de Trás-os-Montes para quem vem do Douro. Moncorvo está naquela região que se pode caracterizar pelo seu dinamismo, mas também pela sua diferenciação. O vinho é a essa prova. Grande parte dos vinhos distinguidos em vários concursos nacional e internacionais são do Douro Superior, onde se inclui Torre de Moncorvo.
Gazeta Rural (GR): Pelos dados conhecidos, a agricultura no concelho de Moncorvo atravessa um bom momento? Nuno Gonçalves (NG): Sim, esse foi um dos pontos fulcrais que quisemos mostrar com a II Exposição de Empresas, Emprego e Empreendedorismo, em Torre de Moncorvo, certame que, aliás, superou todas as expectativas. O sector primário é um sector de GR: Como é que a gastronomia entronca em tudo emprego a que Moncorvo não pode escapar, nem estar alheio. isso? Prova disso foram os dados que a senhora directora Regional de NG: A gastronomia é a linha condutora do turismo Agricultura divulgou. Nós já sabíamos que o concelho, em termos que queremos apresentar. A Câmara Municipal não de plantação de amendoal e exploração de amêndoa, era o que mais produção tinha, só que tivemos ali algo que também me faz um único evento que não seja para promover a gastronomia, o nosso território e os privados. É isso surpreendeu, que foi o terceiro lugar ser relativamente a gado, que queremos entroncar. Quanto temos um evento o que mostra uma evolução positiva, algo que para nós é muito gastronómico é para darmos a conhecer aquilo que relevante, pois foi um sector importante até à década de 80, temos de bom e os produtos que temos, que são do século passado, e que depois se foi perdendo. essenciais para entroncar no turismo, que hoje está em Lembro que temos aqui um produto DOP, que é o queijo de voga. Mas o turismo aqui não é só o património edificado, Ovelha Churra da Terra Quente. Isto vem demonstrar que o que também é muito importante, pelo património judaico, município quando apoia um evento, como faz todos os anos, que é importantíssimo para Moncorvo, mas é também o numa parceria com o Turismo Porto e Norte de Portugal, como é o Fim de Semana Gastronómico do Borrego da património gastronómico, que é muito nosso, dos nossos Churra da Terra Quente, é para chamar a atenção para avós, das nossas raízes, que queremos fazer passar para os os produtos essenciais de alta qualidade que temos, nossos filhos. 32
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Este curso foi recentemente acreditado pela A3ES por seis anos
Novos Laboratórios da UTAD reforçam a formação em Ciências da Nutrição
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ano lectivo 2019-2020 é o segundo em que a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) oferece o primeiro ciclo (licenciatura) em Ciências da Nutrição, uma oferta diferenciadora das existentes a nível nacional, direccionada para formar profissionais de saúde que conheçam a abrangência da Qualidade Alimentar e Nutricional dos alimentos, desde a produção, à tecnologia, segurança e consumo. Este ano, esta formação apresenta a criação do Laboratório de Nutrição Humana totalmente preparado com equipamentos avançados necessários para a realização de técnicas de avaliação da composição corporal, avaliação antropométrica e de exame físico focado na nutrição, e também uma Cozinha Experimental dotada de equipamentos, utensílios e recursos necessários à experimentação de técnicas de gastrotecnia, e equipado com estações de armazenamento, preparação e confecção de alimentos. A formação em Ciências da Nutrição da UTAD está articulada com o perfil de competências base que se pretende que o nutricionista possua, potenciado pela robustez pedagógica e de investigação da instituição em diversas áreas disciplinares, como a sustentabilidade alimentar e ambiental, produção agroalimentar, processamento e industrialização alimentar, tecnologia alimentar e inovação, que implicam um perfil de formação diferenciado e diferenciador. Estes equipamentos vêm complementar o plano de estudos deste curso, que foi desenhado tendo em consideração as competências exigidas a um nutricionista, nomeadamente ao nível dos conhecimentos nucleares, sendo por isso reconhecido pela Ordem dos Nutricionistas. Com esta Licenciatura pretende-se formar Nutricionistas com capacidade para melhorar o bem-estar, a saúde e a qualidade de vida dos indivíduos e populações. Tendo em conta as valências e competências presentes na UTAD, este curso abrange as áreas de investigação de cinco Centros de Investigação: CITAB, CQ-VR, CETRAD, CIDESD e CECAV. www.gazetarural.com
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Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística
Produção de laranja atinge nível mais elevado em 2018
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produção dos pomares de citrinos aumentou 8% em 2018 para produções de leite, ovos, azeite, vinho, arroz e 403 mil toneladas, com a produção de laranja a atingir o nível tomate para indústria e deficitário nos restantes mais elevado em mais de 30 anos, segundo dados divulgados pelo INE. produtos agrícolas, nomeadamente nas carnes, De acordo com as Estatísticas Agrícolas do Instituto Nacional frutos, cereais exceto arroz, batata, leguminosas de Estatística (INE), os pomares de citrinos tiveram em 2018 uma secas, sementes e frutos de oleaginosas exceto produção de 403 mil toneladas (374 mil toneladas em 2017), o que azeitona e gorduras e óleos vegetais exceto azeite. representou 6,9% do volume total de produção (5,8% em 2017). Esta conjuntura, indica, teve reflexo no saldo “A entrada em produção de novos pomares contribuiu para este da balança comercial dos produtos agrícolas e incremento, com a produção de laranja a atingir o nível mais elevado agroalimentares (exceto bebidas) cujo défice desde 1986″, sinaliza o INE. aumentou, face a 2017, 80,0 milhões de euros, Numa campanha marcada pelas condições climatéricas fixando-se em 3.705,8 milhões de euros. desfavoráveis, a produção recorde de laranja e a produção de Esta evolução desfavorável deveu-se, de acordo azeite superior a um milhão de hectolitros foram excepções no com o INE, ao aumento das importações (em ano agrícola 2017/18. 261,9 milhões de euros) superior ao acréscimo das Em 2018, segundo o INE, foi produzido 1,1 milhões de hectolitros exportações (de 181,8 milhões de euros). de azeite (abaixo dos 1,5 milhões de hectolitros em 2017), mas O ano agrícola 2017/2018 caracterizou-se de acordo com o instituto, não obstante o decréscimo verificado meteorologicamente por um outono quente e face à campanha precedente, a ocorrência de duas campanhas extremamente seco a que sucedeu um inverno consecutivas com produções acima de um milhão de hectolitros igualmente seco, mas frio. “é uma situação pouco comum”. A situação de seca meteorológica, que se verificava Analisando os cem anos de dados estatísticos, esta ocorrência desde abril de 2017, foi ultrapassada por uma primavera apenas se tinha verificado nos anos de 1956 e 1957, sinaliza. muito chuvosa (a terceira mais chuvosa desde 1931) e A campanha agrícola 2017/2018 foi marcada pelo decréscimo fria. das principais superfícies agrícolas cultivadas com culturas O verão foi classificado como normal em termos de temporárias e por quebras generalizadas das produções, temperatura e precipitação, embora junho tenha sido o saldou-se por um crescimento nominal da produção do ramo segundo mais chuvoso desde 2000 e agosto o mais quente agrícola, consequência de um aumento de 2,1% dos preços dos últimos 88 anos. base. Ao longo da campanha agrícola em análise assistiu-se a um aumento da procura interna de diversos produtos agrícolas o que teve reflexos ao nível do grau de autoaprovisionamento. Em 2018, Portugal manteve-se autossuficiente nas 34
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De 14 a 22 de Setembro, no “The Castles Quest”
Descobrir as Aldeias Históricas de Portugal em cima de uma bicicleta
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s ancestrais caminhos do território do traçado e dos serviços disponíveis ao longo de todo o percurso. A das Aldeias Históricas de Portugal sinalética da GR22 e das rotas circundantes foi aperfeiçoada, com o vão ser o cenário perfeito para a terceira objectivo de dar a conhecer os vários percursos e pontos de interesse edição do The Castles Quest, um desafio turístico nas 12 aldeias. Desta forma, os participantes vão poder usufruir único no nosso país que leva os participantes ainda mais desta experiência única, descobrindo os mil e um encantos a descobrir, de bicicleta, as 12 aldeias que das Aldeias Históricas de Portugal e das suas envolvências naturais e integram a rede. As inscrições já estão abertas, paisagísticas. depois do sucesso das duas edições anteriores. O The Castles Quest é um evento que obedece a todos os requisitos Durante nove dias, de 14 a 22 de Setembro, internacionais de sustentabilidade, a nível da preservação da natureza os participantes percorrerão os caminhos da e do património. Essa preocupação é, aliás, uma prioridade para a GR22 - Grande Rota das Aldeias Históricas, um rede de Aldeias Históricas de Portugal, que tem procurado assegurar percurso circular que passa pelas 12 Aldeias a sustentabilidade de todos os eventos que organiza. Recorde-se que Históricas de Portugal. À semelhança dos as Aldeias Históricas de Portugal são o primeiro destino em rede a cavaleiros medievais, irão conquistar castelos, nível mundial e o primeiro destino nacional a receber a certificação fortalezas e aldeias, com a única diferença a ser Biosphere© Destination. A organização pretende que o The Castles a forma de locomoção: bicicletas BTT em vez de Quest receba igualmente o selo Biosphere© Events, que certifica cavalos. Serão 560 quilómetros repletos de cariz precisamente a sustentabilidade do evento. histórico que vão ficar na memória de quem os O The Castles Quest é uma aventura efectuada em total pedalar. autossuficiência, que pode ser vivida a solo, ou em equipas, e que O The Castles Quest é um desafio estimulante. põe à prova a resistência e o sentido de orientação dos ciclistas. Sem ser uma competição – uma vez que não O desafio é percorrer centenas de quilómetros, numa filosofia de há classificações, vencedores ou vencidos – os bikepacking, em locais de elevado interesse histórico, como são os participantes têm, ainda assim, de completar uma territórios das Aldeias Históricas de Portugal. O percurso pode ser missão. O percurso a efectuar é percorrido ao ritmo dividido, podendo cada elemento da equipa fazer uma parte do de cada um, mas, para o desafio ser completado mesmo. com sucesso, os “cavaleiros” necessitam de passar Há duas formas de enfrentar o desafio: uma aventura de oito por pontos pré-definidos nas 12 Aldeias Históricas de dias, que começa no dia 14 de Setembro e que tem como limite Portugal, tendo um limite máximo de tempo para o o final do dia 22 de Setembro; e uma aventura mais curta, de fazer. quatro dias, entre 19 e 22 de Setembro. Ao mesmo tempo, o The Castles Quest é um desafio A aventura de oito dias é um percurso circular, de 560 a outros níveis. Ao conhecerem as Aldeias Históricas quilómetros, que acompanha a GR22. Começa e termina na de Portugal em duas rodas, os participantes têm a Aldeia Histórica de Sortelha e a missão dos participantes oportunidade rara de se relacionarem e de imergirem será “conquistar” as 12 Aldeias Históricas de Portugal. Os na vida quotidiana das comunidades destes territórios, participantes da aventura de quatro dias irão também pedalar partilhando experiências e ouvindo estórias contadas pela GR22, durante cerca de 330 quilómetros. A partida e a na primeira pessoa. Será uma viagem seguramente chegada serão igualmente em Sortelha. enriquecedora. O The Castles Quest é uma iniciativa das Aldeias Históricas Em relação às edições anteriores, este ano a grande de Portugal, apoiada pelo Centro 2020, Portugal 2020 e novidade está relacionada com uma melhoria significativa Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. www.gazetarural.com
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Projecto Iberphenol dispôs de 2,2 milhões de euros
Investigação estuda qualidade e benefícios de alimentos portugueses e espanhóis
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projecto Iberphenol dispôs de 2,2 milhões de euros para o económica que tem para Portugal e Espanha. desenvolvimento de uma rede de investigação ibérica que está a “Estes compostos imprimem determinadas criar uma base de dados com a composição fenólica de produtos, como características de sabor, de cor e de aroma aos o vinho, azeite ou frutas. produtos, acentuando a sua qualidade”, frisou. Os compostos fenólicos, constituintes naturais das plantas, são O investigador considerou ainda que as particularmente importantes em frutas, hortícolas ou plantas “condições climáticas” verificadas nos dois países aromáticas e a sua identificação e quantificação revelam informações ibéricos, nomeadamente o clima mais quente importantes a respeito da qualidade dos alimentos e dos potenciais e seco, “claramente acentuam a síntese destes benefícios que os mesmos podem exercer na saúde. compostos e permitem que os produtos tenham “O principal objectivo do projecto é evidenciar a qualidade dos essa diferenciação”. produtos portugueses e espanhóis com base na constituição dos O responsável afirmou ainda que, ao se destacar produtos fenólicos”, afirmou Eduardo Rosa, investigador do Centro a “qualidade dos produtos”, se estão a fornecer de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB), “argumentos científicos” para ajudar a potenciar da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila as exportações dos produtos ibéricos. “É evidente Real. que a qualidade dos produtos não reside só na O Iberphenol é, segundo o responsável, “um projecto pioneiro” composição fenólica, reside também em muitos e “inovador” porque é uma rede de investigação ibérica em outros constituintes como os açúcares, proteínas, compostos fenólicos que “se está a constituir pela primeira vez” aminoácidos e ácidos orgânicos, mas começamos e se “foca num grupo de compostos extremamente importante” por aí porque é um grupo muito importante de devido ao seu efeito na saúde. compostos”, explicou o investigador. A UTAD integra essa rede de investigação que junta parceiros Eduardo Rosa destacou as características benéficas portugueses e espanhóis. O Iberphenol é liderado pela para a saúde que são atribuídas aos compostos Universidade de Salamanca e agrega também as universidades fenólicos, como o efeito antioxidante, anticancerígeno, de Vigo e Valladolid (Espanha) e as academias portuguesas de cardioprotetor, anti-inflamatório, antienvelhecimento Coimbra e do Porto, através das Faculdades de Ciências e de e antimicrobiana. Farmácia e do Instituto Politécnico de Bragança. Do sector O projecto arrancou em 2017, vai estender-se até privado participa a empresa espanhola produtora de vinhos Dezembro de 2019 e contou com um investimento Bodegas Matarromera. que ronda os 2,2 milhões de euros, financiados pelo Eduardo Rosa explicou que na base de dados que está a ser programa INTERREG – POCTEP (Programa de Cooperação criada já foram inseridas “à volta de cinco mil entradas (dados) Transfronteiriça Espanha-Portugal). de quase uma centena de produtos”. Entre os produtos, o Eduardo Rosa disse haver a intenção de prolongar investigador destacou a uva e os seus derivados como o vinho o projecto, de forma a que a “base de dados possa ser ou o bagaço, a azeitona e o azeite, a castanha e produtos constantemente actualizada com mais informações e derivados do castanheiro, como por exemplo a flor, os frutos produtos, enriquecendo assim a informação disponibilizada vermelhos, os citrinos, cerejas, a baga de sabugueiro, plantas às empresas”. Até ao final do ano realizar-se-ão dois aromáticas e medicinais. congressos, um em Ourense e outro em Coimbra, para Eduardo Rosa elencou o vinho como sendo um dos apresentação de conclusões do projecto e para abrir portas produtos mais emblemáticos, até pela importância a novos parceiros. 36
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Em Gouveia, de 7 a 12 de Agosto
Ana Moura e Pedro Abrunhosa sobem ao palco das Festas do Senhor do Calvário
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na Moura, Pedro Abrunhosa, Blaya e Beatbombers integram o cartaz das Festas do Senhor do Calvário, que vão decorrer em Gouveia de 7 a 12 de Agosto. O certame inclui, entre outras iniciativas, uma Feira de Actividades Económicas, o Pátio dos Sabores e dos Produtos Locais e uma Mostra de Ovinos e Caprinos. A Câmara de Gouveia refere que a cidade vai estar em festa, no mês de Agosto, “com grandes nomes da música portuguesa e um vasto programa de actividades”. Segundo o programa, a fadista Ana Moura subirá ao palco das Festas do Senhor do Calvário pelas 23 horas do dia 11 de Agosto, um domingo, e Pedro Abrunhosa, pelas 21,30 horas do último dia dos festejos, 12 de Agosto. Do cartaz musical daquela que é considerada pela organização como sendo “a maior romaria das Beiras”, estão também concertos de Blaya e Beatbombers, no dia 9. As Festas do Senhor do Calvário têm início no dia 7 de Agosto, uma quarta-feira, com o espectáculo de dança “Volta”, sob a direcção artística da coreógrafa Aldara Bizarro, no âmbito do projecto Alto Mondego Rede Cultural, que envolve os ranchos folclóricos dos municípios de Gouveia, Fornos de Algodres, Nelas e Mangualde. No dia seguinte, pelas 19,45 horas, será inaugurada a exposição de Maria Armanda Quintela Augusto, nas Galerias Abel Manta, seguindo-se a abertura ao público de todos os espaços que envolvem as Festas do Senhor do Calvário, nomeadamente a Feira de Actividades Económicas, o Pátio dos Sabores e dos Produtos Locais, o Espaço Miniatura Automóvel, a Festa do Livro, a XI Mostra Associativa do Concelho de Gouveia e a X Mostra de Ovinos e Caprinos. As Festas do Senhor do Calvário terminam no dia 12 de Agosto, uma segunda-feira, quando Gouveia comemora o Dia do Município. Naquele dia destaca-se, pelas 10,45 horas, o acto solene do içar das bandeiras, na Praça do Município, seguido de uma sessão comemorativa, no Salão Nobre dos Paços do Concelho. As festas anuais de Gouveia terminam à meia noite com um espectáculo de encerramento e fogode-artifício na Praça do Município. www.gazetarural.com
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Principal feira de cooperação transfronteiriça decorreu em Idanha-a-Nova
Mais de 100 mil visitantes passaram pela Feira Raiana
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Certame atraiu milhares de visitantes
Feira Terras do Lince 2019 mostrou o que tem de melhor Penamacor
danha-a-Nova foi o palco da edição 2019 da Feira Raiana, a principal feira de cooperação transfronteiriça da Península Ibérica. Organizada em parceria pelos municípios de Idanha-a-Nova e de Moraleja (Espanha) e pelo Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento (CMCD), a XXIII Feira Raiana 2019 constituiu, novamente, uma grande mostra dos sectores agrícola, animal, agroalimentar, florestal, turístico e cultural. A programação da XXIII Feira Raiana contou com a integração do Fórum Internacional Territórios Relevantes para Sistemas Alimentares ecorreu em Penamacor mais uma edição Sustentáveis (FISAS), um espaço plural que, ao longo de cinco dias, da Feira Terras do Lince, certame que, tal acolheu o Fórum Mundial de Inovação Rural, o Seminário Internacional como em anos anteriores, levou até este concelho “Sistemas Importantes do Património Agrícola Mundial”, o I Congresso da Beira Baixa muito milhares de visitantes. Para Internacional das Bio-Regiões e a Oficina “Políticas Públicas Locais o efeito muito contribuíram os UHF, banda mítica para a Sustentabilidade Alimentar”, resultantes em intercâmbios de portuguesa, que encheu o recinto do certame. conhecimento, visitas de campo e partilha de boas práticas. A ministra da saúde foi o membro do governo A Feira Raiana e o FISAS foram visitados por participantes de presente na inauguração da feira, depois de ter 17 países e quatro continentes, bem como pelas mais distintas visitado o Centro de Saúde local, depois de obras individualidades mundiais ligadas à alimentação, agricultura e de requalificação, que lhe permitem ter as valências sustentabilidade, como o Director-geral da FAO - Organização das de fisioterapia e de saúde oral, num custo de cerca Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, José Graziano de 600 mil euros. da Silva, o Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Na abertura do certame o presidente da Câmara Rural de Portugal, Luís Capoulas Santos, e Ministros da Agricultura de Penamacor lembrou que a Feira Terras do Lince e representantes de Ministros da Comunidade dos Países de mostra que o que de melhor o concelho tem para Língua Portuguesa (CPLP), entre os quais o Secretário de Estado oferecer em termos de produtos locais. “Temos uma das Florestas e Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas. gastronomia fantástica, desde o mel, ao queijo, aos A Feira Raiana associou a habitual temática “Produtos da enchidos e ao azeite. São produtos de alta qualidade. Terra”, ao facto de este ser o primeiro município português a Espero que este fim-de-semana seja do agrado de integrar a Rede Internacional de Bio-Regiões. «Este é o melhor todos”, afirmou o autarca. cenário para a promoção dos territórios, dos produtos e dos A Feira Terras do Lince marca anualmente o calendário de Verão em Penamacor, com uma mostra de produtos serviços inovadores da Região, numa altura em que temas como regionais, dos quais se destacam o mel, o azeite, as a sustentabilidade, a valorização dos produtos endógenos de azeitonas, os enchidos, os doces, e os licores, dando a qualidade DOP, biológicos, biodinâmicos e naturais estão na conhecer o que de melhor se produz no concelho. ordem do dia», afirmou Armindo Jacinto. O momento alto da edição deste ano foi o concerto Para o presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, Armindo dos UHF, quando a praça do ex-quartel encheu para ver Jacinto, “foram 5 dias muito produtivos para o Município. a banda actuar. A banda portuguesa foi cabeça de cartaz Recebemos mais de 100 mil visitantes, entre idanhenses, do certame que decorreu, mais uma vez, no Jardim da turistas e governantes dos quatro cantos do Mundo. As República e na Praça do ex-Quartel, em Penamacor. nossas unidades hoteleiras e de restauração tiveram elevadas taxas de ocupação, o que contribui para a dinamização da economia local”.
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