Gazeta Rural nº 346

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sumário

04Há Feira Agropecuária Transfronteiriça de Vale do Poço em Serpa 06Trancoso vai receber X Encontro Europeu da Castanha 07‘Resistência’ são cabeças de cartaz na Expodemo 08The Lucky Duckies animam Festival do Plangaio e do Maranho 09Torre de Moncorvo promove vinhos do concelho através de festival em Setembro 10Alenquer promove Festival Alma do Vinho 11Suplemento Feira do Vinho do Dão 2019 44Agrival terá gerado um volume de negócios superior a 11 milhões de euros 45Almeida recebe anualmente mais de 100 mil visitantes 47Melhor aluno da Escola de Pastores pode ganhar 5 mil euros Eletro, Ana Moura, Toy e Anjos são nomes grandes do cartaz da FICTON 2019 48Amor

Ficha técnica Ano XIV | N.º 346 Periodicidade: Quinzenal Director: José Luís Araújo (CP n.º 7515) jla.viseu@gmail.com | 968 044 320 Editor: Classe Média C. S. Unipessoal, Lda Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu Redacção: Luís Pacheco Opinião: Miguel Galante | Paulo Barracosa Departamento Comercial: Fernando Ferreira Redacção: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu | Telefone: 232 436 400 E-mail Geral: gazetarural@gmail.com Web: www.gazetarural.com ICS: Inscrição nº 124546 Propriedade: Classe Média - Comunicação e Serviços, Unipessoal Limitada Administração: José Luís Araújo Sede: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu Capital Social: 5000 Euros | CRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507 021 339 Dep. Legal N.º 215914/04 Execução Gráfica: Novelgráfica | R. Cap. Salomão, 121 - Viseu | Tel. 232 411 299 Estatuto Editorial: http://gazetarural.com/ estatutoeditorial/ Tiragem média Mensal: Versão Digital: 100.000 exemplares Versão Impressa: 1000 exemplares Nota: Os textos de opinião publicados são da responsabilidade dos seus autores.

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De 13 a 15 de Setembro, no concelho de Serpa

Feira Transfronteiriça de Vale do Poço mostra sector da agropecuária e suas potencialidades

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ale do Poço recebe de 13 a 15 de Setembro a XVII Feira Agropecuária Transfronteiriça de Vale do Poço, certame promovido pelas autarquias de Serpa e Mértola, - cabendo este ano a organização à primeira, - que vai contar com 40 expositores e que realiza no interior da aldeia. Em entrevista à Gazeta Rural, o presidente da Câmara de Serpa destaca a importância deste evento que “valoriza os recursos locais, partilhar experiências e saberes” e que “que já está consolidado”. Tomé Pires diz que a “agricultura e o sector agropecuário são fundamentais no desenvolvimento do concelho”.

mel, ervas aromáticas, entre muitos outros), seja com o turismo, nomeadamente de turismo de natureza, tanto mais que o território está integrado no Parque Natural do Vale do Guadiana. Não temos contabilizado número de visitantes, devido às características do certame, mas as evidências apontam para uma participação forte.

GR: Este evento é uma mostra do sector agropecuário dessa região transfronteiriça e das Gazeta Rural (GR): Que expectativas tem para este evento? suas potencialidades? Tomé Pires (TP): As expectativas são muito boas. A Feira TP: Essa é a grande vocação desta Feira. Em Agropecuária Transfronteiriça de Vale do Poço – que neste ano pleno Parque Natural do Vale do Guadiana, Vale de 2019 se realiza pelo 17.º ano consecutivo – é um certame que do Poço é também uma zona de passagem e isso já está consolidado e que, pela localização e temática, se afirma determina em grande parte a vivência e a economia como uma iniciativa predominantemente ligada ao mundo rural, destas terras. A Serra de Serpa é território de para valorizar os recursos locais, partilhar experiências e saberes. produtores florestais, de silvicultores, apicultores Porque a Feira tem a componente económica e tem a e agricultores, com muitas fragilidades, mas muitas componente social, de reencontro, de animação que é igualmente potencialidades e esta Feira surgiu para valorizar esta muito importante e assume-se como fortemente identitária zona, o que aqui se faz, quem aqui vive, promovendo das gentes e produções da Serra de Serpa e, também, muito os recursos locais e as vivências. É fundamental criar enraizada na cultura e história transfronteiriça, com a forte condições para atenuar o isolamento e para facilitar e ligação histórica às localidades espanholas da raia. Para além de promover a dinamização da economia local, pelo que todo o mais, a feira tem uma característica única, situa-se em refiro a preocupação que temos tido neste domínio, dois concelhos, o de Serpa e o de Mértola, sendo que podemos nomeadamente nas acessibilidades, com intervenções ir visitar os expositores num concelho e petiscar no outro, por nos caminhos e estradas municipais e no apoio à exemplo. E para isso basta atravessar a rua. electrificação da Serra, por exemplo. GR: Qual o número de visitantes estimado e o número de expositores? TP: Estamos a contar com cerca de 40 expositores, mas é importante referir que esta Feira se realiza no interior da localidade, não é uma Feira que possa crescer muito em tamanho, embora tenha margem para crescer em importância, pelas dinâmicas que têm vindo a ser criadas para este território, seja com os produtos da serra (queijo, 4

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GR: Como está, de uma forma geral, o sector na região? TP: A agricultura e o sector agropecuário são fundamentais no desenvolvimento do concelho de Serpa, tal como em todas as regiões do interior. As oportunidades criadas com o regadio de Alqueva e que são determinantes para o desenvolvimento deste território, trazem igualmente grandes desafios, seja na paisagem, nas práticas agrícolas e


parte pela parceria entre entidades e nos modos de produção, na configuração do trabalho e perfil dos trabalhadores associações locais. Neste ano vamos ter, e nas próprias comunidades. para além dos habituais espectáculos Sabemos que é possível gerir os territórios agrícolas e agroindustriais de musicais e de animação, sessões de maneira mais sustentável, dai a necessidade urgente de concretizar um novo informação e oficinas práticas sobre modelo para a agricultura e para o mundo rural que privilegie a diversidade temas ligados ao mundo rural, como é de culturas e a sua sustentabilidade, gerador de emprego. Um modelo de o caso da apresentação do Estatuto da agricultura a que os pequenos agricultores, os jovens e os trabalhadores Agricultura Familiar ou de produções que queiram trabalhar a terra tenham acesso, que produza e dinamize as sustentáveis para o território, incluindo economias locais. uma oficina de destilação de óleos É fundamental o aproveitamento de todas as potencialidades do regadio essenciais. de Alqueva, mas é necessária uma agricultura diversificada – na qual a De referir, logo na sexta feira, dia da agricultura de sequeiro é igualmente fundamental – para acrescentar valor abertura a presença da Escola de Baile ao que se pode produzir e que promova a criação de mais postos de trabalho Flamenco de Paymogo, da Gala Equestre, e emprego qualificado. Acima de tudo, a concretização de estratégias no sábado à noite, organizada pela Secção que valorizem a agricultura, sem colocar em risco a sustentabilidade do Equestre do Futebol Clube de Vale de Vargo, território, no respeito pelas populações e pelos valores naturais e culturais. dos torneios de malha e dominó, do encontro Uma agricultura sustentável, baseada no modelo agroecológico, no qual de motorizadas clássicas, do habitual se integra o modo de produção biológico, que respeite o meio ambiente e espaço dos animais, que a Associação de justa do ponto de vista social. Agricultores do Concelho de Serpa dinamiza, Neste sentido as indústrias agroalimentares são fundamentais para o entre muitas outras actividades. Quanto à desenvolvimento da actividade económica, da fixação de pessoas e na criação de emprego, pelo que refiro a futura criação, em Serpa, do Centro actividade de Fotografia da Natureza é uma oportunidade diferente para dar a conhecer a Tecnológico Agroalimentar do Alentejo, um equipamento essencial para magnifica paisagem do Vale do Guadiana e as a inovação e diversificação dos produtos agroalimentares no território. suas histórias através da fotografia, permitindo novas abordagens e a sensibilização para o GR: O que mais destaca no programa do evento e o que espera com conhecimento e interpretação do património o workshop de fotografia de natureza? natural. TP: Este evento tem um programa que é construído em grande

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Nos dias 12 e 13 de Setembro

Trancoso vai receber X Encontro Europeu da Castanha

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ais de 250 congressistas, vindos de Espanha, França, Itália um pouco envergonhada”. Para tal, acrescentou, e Portugal, são esperados em Trancoso nos dias 12 e 13 de “celebrámos um protocolo com a UTAD para Setembro para o X Encontro Europeu da Castanha. Este evento trabalhar com os nossos produtores na melhoria regressa a Portugal, depois de ter sido realizado em Bragança (2010) da castanha e dos soutos”. e Vila Pouca de Aguiar e Valpaços (2015). Trancoso tem cerca de 900 produtores de A iniciativa vai ter lugar no pavilhão multiusos e é organizada castanha e integra a região demarcada com a pela Associação Portuguesa da Castanha (RefCast), sedeada na denominação de origem protegida (DOP) Soutos da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em conjunto Lapa. É um dos cinco maiores produtores do país, com os municípios de Trancoso e de Penedono, que recebe o gerando uma facturação que ronda os 4,5 milhões encontro na tarde do dia 13 e no último dia, a 14 de Agosto. de euros. Promove a Feira da Castanha e Paladares Trancoso e Penedono são, segundo aquela organização, “dois de Outono, certame que tem vindo a transformar-se dos maiores produtores nacionais de castanha DOP Soutos num dos mais importantes no distrito da Guarda. da Lapa”. Durante três dias irão reunir especialistas, técnicos, A parceria com a UTAD foi recentemente renovada produtores, comercializadores e dirigentes associativos para até 2023 e vai resultar na implementação do debater os temas em destaque neste sector. Do programa fazem “TRANCASNUT” e na criação de castanheiros in vitro. “O parte visitas técnicas a soutos, cooperativas de produtores e projecto visa a melhoria do castanheiro e da castanha empresas de transformação e comercialização da castanha. no concelho, através de dois campos experimentais, Este Encontro Europeu irá servir para reflectir e debater temas um dos quais é um souto em que os produtores vão que neste momento preocupam os produtores de castanha, poder acompanhar todo o processo necessário para com destaque para as questões do clima, mas a podridão e obter uma boa produtividade”. Já a micropropagação pragas da castanha, “na sequência dos impactos da presença in vitro de castanheiros” vai revolucionar esta cultura, da vespa das galhas do castanheiro nos soutos europeus”, pois vai gerar árvores com excelentes condições referem os promotores. fitossanitárias, que não terão doenças e o seu preço vai Em, declarações ao jornal ‘O Interior’, Amílcar Salvador diz baixar rapidamente porque a produção é rápida e em que “Trancoso vai ganhar muito com este encontro, primeiro pouco espaço. Nos primeiros três anos de vigência do porque o concelho terá mais divulgação a nível europeu, acordo com a UTAD, que representa um investimento de e depois porque se traduzirá em mais conhecimentos 110 mil euros, foram plantados 4.000 novos castanheiros, técnicos para os nossos produtores”. O autarca recorda sendo que o objectivo é plantar 14 mil árvores. que a castanha “é uma fileira importante no concelho que a autarquia acarinhou desde a primeira hora, pois estava 6

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Em Moimenta da Beira, de 13 a 15 de Setembro

‘Resistência’ são cabeças de cartaz na Expodemo

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oimenta da Beira vai receber de 13 a 15 de Setembro mais uma edição da Expodemo, certame que este ano tem como cabeças de cartaz o grupo “Resistência”, uma das bandas de maior sucesso em Portugal. Vai subir ao palco maior da Expodemo no dia 13 de Setembro, às 22,30 horas, com entrada é livre. Serão três dias com o melhor cartaz de todos os certames da região e com um público fiel. O evento é uma feira de negócios, é a Festa da Maçã, um fruto da terra, que se assume como um relevantíssimo cartaz turístico e cultural de Moimenta da Beira e da região. A Expodemo tem todos os lugares para expositores esgotados nas áreas comerciais, comércio ambulante, restauração e gastronomia, artesanato, associações, instituições e área descoberta. O evento apresenta um cartaz sempre em renovação de conceitos e experimentações, este ano com relevância especial no plano ecológico e ambiental, já que se estreia como um “ecoevento” certificado pela RESINORTE, em que serão adoptadas, em todo o recinto, medidas ambientais adequadas que promovem os conceitos da sustentabilidade, designadamente com a instalação de um serviço de recolha selectiva, sensibilização local e benefícios económicos associados à quantidade de embalagens separada correctamente. O certame será assim mais limpo, mais verde e mais amigo do ambiente. Ainda no domínio ecológico e da sustentabilidade ambiental, referência para a inauguração do “Parque Paiva Natura”, e do espaço expositivo no recinto da feira.

moimenta

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JUNT OS PEL O MELHOR E MAIS BARA TO

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Nos dias 28 e 29 de Setembro, em Proença-a-Nova

The Lucky Duckies animam Festival do Plangaio e do Maranho

FICA realiza-se de 19 a 22 de Setembro

Festa das Colheitas regressa a Castro Daire

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roença-a-Nova que queiram participar no Festival do Plangaio e do Maranho, que se realiza nos dias 28 e 29 de Setembro, têm até 15 de Setembro para formalizar a sua inscrição, preenchendo a respetiva ficha (disponível aqui) e entregando-a na Junta de Freguesia, no Posto de Turismo ou enviando-a para o email eventos@cm-proencanova.pt. astro Daire vai receber mais uma Este festival destaca dois produtos tradicionais do concelho: o plangaio, edição da FICA Castro Daire - A Festa que é feito com ossos do espinhaço do porco e massa de farinheira e é das Colheitas entre os dias 19 e 22 de curado, e o o maranho, que é feito com carne de cabra ou cabrito, arroz e Setembro. Prevê-se que a edição de 2019 o toque distintivo da hortelã. Para além da gastronomia, está preparado tenha a maior adesão de expositores de um programa complementar para o fim de semana, sendo cabeça de sempre, ultrapassando significativamente os cartaz a banda portuguesa The Lucky Duckies, que se inspira nos artistas números de 2018. dos anos 50 e princípios da década de 60 do século XX para apresentar A Feira de Actividades Económicas permitirá o seu repertório e visual. aos empresários, maioritariamente do Na vertente cultural, o Edifício dos Fortes e Baterias receberá um concelho, apresentar as suas diversas valências, colóquio sobre “As Vias da Beira Baixa: abordagem histórica e geográfica mantendo o cariz tradicional e marcante da à mobilidade” e ainda a recriação das invasões francesas, em mais uma agricultura, englobando também os sectores da rota das visitas guiadas e encenadas do projeto Beira Baixa Cultural, indústria, comércio, turismo e gastronomia local. cofinanciado no âmbito do Centro 2020, Portugal 2020 e Fundo Matt Simons, artista internacional, é o cabeça Europeu de Desenvolvimento Regional da União Europeia. Nos dois de cartaz, a voz dos hits internacionais “We Can dias, e inserido neste projeto, decorrem também ateliers de cultura e do Better” e “Catch & Release”, actua no palco gastronomia, dedicados precisamente ao plangaio e ao maranho que da FICA no segundo dia, 20 Setembro, onde são ensinarão os presentes a confecionar estes produtos, apresentando esperadas milhares pessoas para assistirem ao novas formas para os degustar. O primeiro será orientado por Tita concerto. Verganista e o segundo pelo chef Miguel Mesquita. O peddy paper A abertura oficial está prevista para as 19,30 “A Formosinha”, o II Encontro de Concertinas, numa organização horas de quinta-feira, dia 19, seguida da visita da Escola de Concertinas de Proença-a-Nova, e as atuações da ao certame por parte do executivo municipal e Banda Brass Fusion e do duo musical Red Seven são ainda outras entidades presentes. Pelas 22 horas actuará o Grupo propostas de animação para este festival. Sons do Minho. O seminário “Oportunidades no Interior” decorre durante a tarde de sábado. À noite o grupo Ala dos Namorados subirá ao palco, seguido de Dj´s para animação dos mais novos. O último dia da FICA contará com a realização do concurso de Bovinos de Raça Arouquesa, esperandose a participação de centenas de exemplares da região. Durante a tarde o programa da TVI Somos Portugal irá animar a multidão presente no Parque Urbano, contando também com o tradicional e emblemático desfile de cavaleiros, carros de vacas carregados com produtos das colheitas locais, ranchos folclóricos e grupos de concertinas, percorrendo várias ruas de Castro Daire, numa dinâmica cultural e de mostra das tradições do concelho. A FICA Castro Daire irá promover e divulgar todos os sectores de actividade, prevendo-se a visita de milhares de pessoas, sendo já um evento e uma referência de sucesso no concelho.

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Nos dias 7 e 8 de Setembro

Torre de Moncorvo promove vinhos do concelho através de festival em Setembro

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é abrangido pela Região Demarcada do vinho festival de vinhos de Moncorvo pretende promover em do Porto e pela área do Alto Douro Vinhateiro, Setembro “um sector em ascensão que faz parte integrante classificada como Património da Humanidade do potencial da economia e do turismo local” daquele concelho do pela UNESCO- organismo das Nações Unidas Douro Superior, afirmou o presidente da câmara local. para a Educação, Ciência e a Cultura”, vincou o “O território do concelho de Torre de Moncorvo possui cerca responsável. de 1.530 hectares de vinha plantados representando 16% do Segundo o autarca, os vinhos produzidos no Douro Superior e 3,5% da região do Douro, o que são já números Douro Superior, sub-região do Douro onde Torre consideráveis para um sector da economia que se pretende afirmar de Moncorvo está inserida, têm provas dadas da pela qualidade dos seus néctares”, concretizou Nuno Gonçalves. sua qualidade de excelência como comprovam os A iniciativa vitivinícola está agendada para os dias 7 e 8 de vários prémios que lhe são atribuídos a nível nacional Setembro e vai decorrer na Praia Fluvial da Foz do Sabor, em e internacional. plena sub-região vitivinícola do Douro Superior, e contará com a Outras das propostas dos promotores do festival presença de mais de uma dezena de produtores/engarrafadores passa pela realização de uma noite branca. locais. “A entrada no certame é livre e a autarquia Outras das novidades, segundo os promotores do evento, convida todas as pessoas a vestirem-se de branco e está ligada à mudança de nome do certame, que passa a Vinho aproveitarem para se divertir com a família e amigos na & Sabor Douro em detrimento da anterior designação Sabor festa oficial de despedida do Verão”, concluiu o autarca. D’Ouro Wine Summer Fest. “Pretendemos juntar nesta iniciativa A iniciativa servirá ainda para promover o Dia do os melhores vinhos do concelho à paisagem idílica da Praia Douro, que este ano se assinala no dia 20 de Outubro na Fluvial da Foz do Sabor, que é um dos principais activos do Praia Fluvial das Foz do Sabor. turismo do território, e ao mesmo tempo fazer uma festa em tempo de vindimas”, justificou o autarca. O Festival Vinho & Sabor Douro promete outras novidades, como a realização de um concurso e uma prova comentada com os vinhos presentes no evento. Com esta iniciativa, a autarquia pretende promover um dos produtos âncora da economia do concelho - o vinho - e dar a conhecer as principais castas da região duriense. “Não podemos esquecer que grande parte do concelho


Em Alenquer de 12 a 15 de Setembro

Festival Alma do Vinho vai dar a provar mais de 200 néctares da região

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lenquer promove o Festival Alma do Vinho, que se realiza de 12 a 15 de Setembro, um evento para apreciadores dos melhores néctares da região, que espera receber mais de 45 mil visitantes. Rita Redshoes, D.A.M.A., Pedro Abrunhosa e Gisela João são os cabeças de cartaz do programa de concertos do evento. Com o festival, a autarquia do distrito de Lisboa pretende “afirmar Alenquer como o principal território vinhateiro da região de Lisboa”, adiantou o vice-presidente da câmara, Rui Costa. Os visitantes vão poder provar mais de 200 vinhos da região, trazidos por mais de 40 produtores. O programa conta com provas comentadas por enólogos e produtores, um mercado dos vinhos, conferências, cursos de vinhos, dias abertos aos visitantes nas quintas, demonstrações gastronómicas, workshops, tasquinhas e área de restauração, mostra de produtos regionais, animações permanentes no recinto, exposição de máquinas agrícolas e espaço com actividades para as crianças. “É um programa a pensar nas pessoas que gostam de vinho”, sublinhou o autarca. Com duas edições decorridas, Alma do Vinho tornou-se já um festival de projecção nacional que afirma Alenquer e as suas profundas raízes na cultura da vinha e do vinho, colocando ainda em evidência toda a Região de Lisboa, que vive um dos melhores momentos dos últimos anos, no panorama internacional. A Alma do Vinho 2018, foi um enorme sucesso, atestado pelos mais de 40 mil visitantes ao longo de quatro dias repletos de actividades e propostas, nas áreas da vitivinicultura, mas também da cultura, gastronomia, desporto, e actividades de lazer. Em 2018, ano em que 10

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Alenquer foi Cidade Europeia do Vinho a par com Torres Vedras, o Festival “Alma do Vinho” deu um salto qualitativo na programação oferecida quer ao grande público, quer aos profissionais da área da vitivinicultura e enologia. O certame tem um orçamento de 300 mil euros e entradas pagas a cinco euros ou passe de 10 euros para os quatro dias, desde que comprado com antecedência. O Festival Alma do Vinho teve a sua edição inaugural em 2017 e recebeu 40 mil visitantes na edição de 2018, ano em que Alenquer foi em conjunto com Torres Vedras Capital Europeia do Vinho.


SUPLEMENTO

Feira do Vinho do Dão

RICHIE CAMPBELL

Edição Especial

SEX 06 SET

5€

2019

SÁB 07 SET

Dia do Linho

DJ RISCAS - 18:00 CARNAVAL DE OVAR - 21:30

DOM 08 SET

UHF

Gratuito

3€


Editorial

As uvas que vinho Dão

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o fim de 15 anos em que, por esta altura do ano, fazemos uma edição especial dedicada ao vinho do Dão e à Feira de Nelas, revisitámos muitas dessas edições. E se nalgumas situações as mudanças foram significativas, noutras não foram tão evidentes e, noutras ainda, agravaram-se até. Se é indiscutível que o vinho do Dão está em alta e, sem qualquer rebuço, podemos dizer que está entre os melhores do mundo, não deixa de ser verdade que há, nesta altura, algumas nuvens negras no horizonte que urge fazer desaparecer, embora reconheça que tal não depende apenas dos produtores ou dos órgãos que os tutelam na região, mas sim de uma politica governamental mais virada para o interior e para as questões que verdadeiramente interessam, em primeiro lugar a quem cá vive, mas também quem para cá pensa em se mudar. E se estas questões, com muito boa vontade, até podem vir a ser resolvidas, só não sabemos quando, outras necessitam de uma mudança profunda de mentalidades e de uma visão mais alargada do que é hoje o negócio do vinho. Se a falta de mão de obra é resolvida com a vinda de emigrantes do leste europeu e da Ásia, a união entre os produtores, no sentido de ganharem escala, mesmo para nichos de mercado cada vez mais apetecidos, é uma questão premente. Deixar de olhar para a quintinha e ter uma visão global da região tem que fazer parte da mudança que o Dão precisa. E se as questões climáticas, que são uma preocupação e se vão conseguindo mitigar sem as resolver, olhar para uma prateleira de um qualquer supermercado e ver vinhos do Dão, sob a denominação ‘Reserva’, a 2/3 euros deve merecer uma reflexão muito profunda, isto se querem efectivamente estar entre os melhores do Mundo. As uvas que vinho Dão fazem, com certeza, néctares ‘de outro mundo’. José Luis Araújo PS: Já em cima do fecho desta edição tivemos a informação acerca da chegada ao mercado, brevemente, de um vinho do Dão cujo preço andará entre os 450 e os 500 euros. A ser verdade, tiro o meu chapéu e faço a minha vénia ao produtor. Se o Dão tem alma…

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FEIRA DO VINHO DO DÃO E CONTRACANTO APRESENTAM

- AS MÚSICAS QUE OS VINHOS DÃO -

ENCENAÇÃO DE

GUIÃO DE

ANTÓNIO LEAL

SANDRA LEAL

PRAÇA DO MUNICÍPIO 22H00

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Borges da Silva e o valor do certame

A Feira do Vinho do Dão “tem um valor incomensurável”

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largo do Municipio, em Nelas, vai receber, de 6 a 8 de Setembro, a edição 2019 da Feira do Vinho do Dão, certame onde estão presentes cerca de meia centena de produtores da região do Dão. E se o grande destaque do certame são os vinhos do Dão, um dos momentos alto da Feiraé o espectáculo “As músicas que os vinhos Dão”, que subirá ao palco durante os três dias. A Feira tornou-se no grande evento da região do Dão ao longo dos 28 anos em que se realzia. Questionado pela Gazeta Rural sobre o valor da mesma, o presidente da Câmara de Nelas, Borges da Silva, diz que “tem um valor incomensurável”. Gazeta Rural (GR): A Feira do Vinho do Dão é um dos grandes cartazes turísticos e enoturísticos da região. Tem ideia quanto é que hoje vale a Feira? GR: Já encontrou ‘espaço’ para além da José Borges da Silva (JBS): É uma boa questão. O que posso dizer é o área do conselho? investimento que foi feito na Feira nestes 28 anos, nunca inferior a 150 JBS: O espaço é a vocação de Nelas, e de todos mil euros de custos financeiros associados. Mas, neste valor, não estou a os municípios, particularmente aqueles com contar o custo dos expositores, da exposição e de toda a outra vertente uma grande vertente ligada ao setor económico, ligada à Feira. quer o secundário industrial, que é a vocação Os 28 anos de promoção da Feira, creio que é um investimento há mais de um século do município de Nelas, significatuvo num grande cartaz turístico e que valerá tudo aquilo que quer, também, do setor ligado ao enoturismo, à levou o município de Nelas a concentrar-se neste evento de promoção agricultura e à produção de vinho no concelho. territorial interno, virado para o exteior. A contabilização do valor As grandes empresas exportadoras de vinhos da Feira não a tenho feito, mas creio que ela terá tanto mais valor têm no concelho de Nelas vinhas e centros de quanto nós notamos que os produtores, todos os anos, aderem à transformação e são empresas referência na Feira do Vinho do Dão; a comunidade não regateia esforços e preço produção do vinho do Dão. àquilo que se faz na Feira; incluindo a parte musical. É evidente que quer pela Feira do Vinho do Dão, Posso dizer que tem um valor incomensurável. Construir de raiz quer pela centralidade que o município de Nelas uma feira, numa região que tem adesão não para um ou dois, mas tem, è evidente que a Feira é uma das consequências de que município como Nelas, hoje, já não cabem no para 28 eventos, com a qual a comunidade se identifica e que já seu territorio e na população que tem. São muito entrou no calendário das familias, das associações e da própria região, isso tem um valor incomensurável. mais que isso. São agentes de produção territorial. É com gosto e orgulho que vemos, no que respeita GR: Sendo este um evento que atrai gente, como tem sentido ao vinho do Dão, com Nelas a cabeça, è também uma obrigação porque temos cá os produtores, têm cá as o crescimento do enoturismo no concelho e na região? vinhas, temos os 28 anos do vinho do Dão, mas também JBS: O conceito é enoturismo. Posso dizer que hoje já è muito temos a história do vinho do Dão, com o Centros de difícil, no setor da hotelaria, encontrar alojamento para o Estudos vitivinícolas desde 1946. período da feira. A informação que me deram é que as mais de Tem o terroir, tem os grandes vinhos que toda a gente 750 camas disponíveis na cidade estão todas ocupadas durante aprecia e portanto, isto nao pode ser um produto e um os dias da Feira. conceito que tem que ficar encerrado numa festa do Em termos de enoturismo, temos visto nos últimos anos vinho do Dão. Isto tem que ser um conceito de Feira do investimento de empreendedores privados, alguns já com Vinho do Dão. lojas abertas. Há meia dúzia de anos não havia no coração da E voltamos a ter também, além dos produtores e de região vinícola do Dão, que é Nelas, aos sábados e domingos todas as empresas, as instituições de referência do vinho não havia uma loja aberta de venda de vinhos do Dão. e da promoção territorial, como a Comissão Vitivinícola Hoje as empresas ligadas ao setor do enoturismo tem tido Regional, a ADD, a CIM Dão Lafões ou o Turismo do Centro. um grande desenvolvimento e têm um grande potencial aqui Estas entidades reafirmam o selo de qualidade do certame no município. Creio que é um produto que vai alavancar a como a Feira do Vinho do Dão. oferta turística da região do Dão. www.gazetarural.com

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opnião

Enoturismo: Uma actividade económica em crescimento

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uando há quatro anos fui convidada para abraçar um projecto riqueza gastronómica, património natural, de Enoturismo na Região do Dão, estava longe de imaginar o histórico e cultural únicos, mas temos também desafio fantástico que tinha pela frente. Consciente de que enoturismo insuficiência de infra-estruturas, equipamentos é uma actividade económica em crescimento a nível mundial e que e serviços turísticos e a uma fraca preparação o Dão dispõe de características para o seu desenvolvimento e um dos diversos intervenientes na nossa região. potencial para fazer desta actividade um instrumento efectivo de No que diz respeito à Rota de Vinho, a ausência desenvolvimento da região: o produto vinho, enraizado na tradição de um padrão e uniformidade em Portugal será e modo de vida na região. o principal defeito, o que não permite, ainda, ao Este é o potencial do Dão no Enoturismo, que constitui, ainda, uma sector competir com outras regiões. actividade económica, na minha opinião, embrionária, sendo muitos Para desenvolver uma actividade enoturística os desafios que importa ultrapassarmos. sustentável na região do Dão deverá ser feito um Logo no início da minha actividade no Enoturismo conheci a Rota trabalho conjunto que envolva todas as quintas, dos Vinhos do Dão, que reconheço ser uma estrutura essencial adegas, meios de alojamento, restauração, para o Enoturismo, e daí a importância da nossa presença na associações culturais e desportivas, bem como mesma. O seu papel na atracção de turistas, na coordenação dos a colaboração entre iniciativas privadas e seus aderentes, na promoção e divulgação da oferta enoturística administrativas. Só assim o enoturismo deixará de é significativo. ser uma simples forma de turismo associado ao vinho, Poderia fazer mais!? Sim, claro que sim! Mas o primeiro passo mas sim um ponto essencial para a promoção de um para a eficácia da mesma parte dos aderentes; cabe a cada um território a fim de o desenvolver e o internacionalizar. o trabalho de organizar a sua oferta enoturística, tornando-a Nos últimos anos temos assistido a um crescente atractiva, única, para em que as experiências vínicas sejam interesse pela Região do Dão. A promoção do ímpares. enoturismo tem aumentado, quer no mercado interno De muitos debates presenciados nestes últimos quatro anos, como nos mercados externos. A presença da região nas em que cada um defende a sua casa como se de um território feiras de vinhos, mas também nas feiras de turismo, tem se tratasse, enaltecendo o que tanto fazem bem, em que se contribuído para a promoção do Dão. Suficiente!? Se discute o aumento das visitas às suas Adegas e o aumento de me colocassem essa questão há quatro anos a resposta receitas na venda dos seus vinhos, não vejo preocupação no seria certamente sim, dada a realidade de então. debate profundo na atracção de turistas à Região. Defendo Presentemente digo não. Temos a capacidade de fazer que o foco deverá ser no Dão e que o trabalho a desenvolver mais e melhor – pela Região – pelo Dão. passará sempre pela divulgação em primeiríssimo lugar da região num todo e, então, só de pois nas particularidades e Rita de Serpa Barata diferenças de ofertas de cada um. As nossas diferenças são certamente o atractivo para muitos dos apreciadores. Temos vinhos de excelência, VI

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opnião

O Vinho (é a) Nossa Paixão

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ara quem não nos conhece aqui O grupo promove vários eventos vínicos, tais como almoços, jantares, feiras fica uma breve descrição do e festivais onde o vinho é Rei e Senhor e promovemos uma das coisas mais grupo VINHO NOSSA PAIXÃO. Fazemos importantes para nós, a amizade, o convívio entre as pessoas e também a parte da Região Demarcada do Dão e é interacção com outros grupos de vinhos e gastronomia. nossa missão promover os vinhos desta Não faz sentido falar-se de vinho sem falarmos de comida desta região do lindíssima região, os seus produtores e Dão. Para além de termos vinhos fantásticos, temos também produtos de também a nossa riquíssima gastronomia. excelência com os quais se elaboraram pratos fabulosos da gastronomia Nascemos em 2013, criado por um grupo regional. de amigos que tem paixão por vinhos e Não promovemos só os vinhos do Dão, promovemos vinhos de todas gastronomia. Adoptámos este nome, porque as regiões deste País à beira mar plantado, tão pequeno, mas muito sempre que falávamos com produtores de diversificado e que produz vinhos de altíssima qualidade. vinho, imergia a imensa paixão pela vinha e Vamos marcar presença em Nelas, nos dias 6,7 e 8 de Setembro, naquele pelos vinhos por eles produzido, daí o nome que consideramos ser o maior evento de promoção dos vinhos do Dão. que escolhemos. Contamos com a vossa presença. Para além do grupo, temos também uma Um brinde ao Dão e aos seus produtores para que continuem a deliciarpágina no Facebook (www.facebook.com/ nos com vinhos fabulosos. vinhonossapaixao) onde se podem inteirar de eventos que acontecem por este país fora e António José Pereira também no estrangeiro. (Vinho Nossa Paixão)

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VII


Na cerimónia de abertura da Feira do Vinho do Dão, em Nelas

Confraria dos Enófilos do Dão vai homenagear Peter Eckert

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nualmente, na cerimónia de abertura da Feira do Vinho do Dão, a Confraria dos Enófilos do Dão homenageia uma figura ligada à região. Este ano, segundo adiantou à Gazeta Rural o Grão-Mestre da Confraria, o homenageado é Peter Victor Eckert, proprietário da Quinta das Marias e hoje uma das grandes referências do Dão no Mundo. José Perdigão, que é também produtor da Quinta do Perdigão, vai lançar na feira, em Nelas, seis novos vinhos, com destaque para o Encruzado de 2018 e o novo Rosé, cujos rótulos tem a assinatura de Vanessa Chrystie. Gazeta Rural (GR): A Confraria dos Enófilos do Dão homenageia, todos os anos, uma figura ligada à região. Qual a escolha deste ano e porquê? José Perdigão (JP): Em Assembleia (Geral) do Capítulo, presidida pelo Dr. Fidalgo de Freitas, por proposta da Curia Báquica, foi votado por Unanimidade com Aclamação o nome do senhor Peter Victor Eckert, de nacionalidade suíça, vitivinicultor do Dão desde 1991 e proprietário da Quinta das Marias, cujos vinhos atingiram o maior prestígio a nível nacional e Internacional. O senhor Peter Eckert representa a figura do Homem do Dão, educado, culto, esclarecido e amigo da partilha do Conhecimento e do Saber. GR: Que perspectiva tem da Feira deste ano, com uma maior aposta na gastronomia? JP: O vinho faz parte integrante da gastronomia e só faz sentido ser partilhado da melhor maneira nesta maravilhosa Feira de Rua, acompanhando os grandes pratos e petiscos da nossa Região do Dão. GR: Olhando para a Quinta do Perdigão. Há novidades para a Feira? JP: Claro que adoramos lançar as novidades na nossa Feira e serão seis os eleitos em ‘Estreia Mundial’, para deleite de todos. O novo Branco Encruzado de 2018, inovador pelo método utilizado da Electroporação, foi classificado como Reserva pela CVR Dão. Tem no rótulo um Mocho Galego, guardião da nossa vinha, e o novo Rosé terá uma borboleta de Portugal, do Incêndio de 15 de Outubro de 2017. Os dois rótulos foram pintados pela Vanessa Chrystie. O novo tinto, o Jaen (Mencia), o Alfrocheiro e o TourigaNacional serão todos de 2013, feitos com a Mafalda. São grandes novidades enófilas para partilhar. De referir que o Jaen (Mencia) 2013 recebeu muito recentemente 90 pontos da The Wine Advocate, do Robert Parker. Os vinhos foram provados pelo Marc Squire. GR: Como vai ser a vindima deste ano? JP: A previsão é muito boa e a nossa vinha, tratada com produtos biológicos de resíduo zero, está linda. Fomos abençoados pelo universo, que nos trouxe 13 milímetros de chuva (ouro) no passado dia 23 de Agosto. É um elemento precioso para uma boa maturação das uvas e um bom equilíbrio dos grandes vinhos do Dão. VIII

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IX

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Arlindo Cunha em conversa com a Gazeta Rural

“Prevemos um ano de produção normal de vinho do Dão”

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GR: Esta falta de vinho branco tem a ver com o arranque de muitas vinhas velhas de uvas brancas ou o mercado tem consumido bem os brancos do Dão? AC: As duas coisas. Há cerca de duas décadas houve a tendência de abandonar as vinhas de uva branca. O mercado é feito de ciclos e nessa altura estavam na moda os vinhos tintos. Actualmente, estamos a assistir a tendência contrária. Respondendo à sua questão, por um lado estamos ainda na ressaca do ciclo da moda do tinto e do arranque das vinhas brancas e, por outro lado, estamos a assistir a uma nova tendência de consumo dos vinhos brancos, consistente, cada vez maior, sobretudo da população jovem, nos novos consumidores, e as empresas estão a responder aumentando as suas áreas de produção de vinhos brancos. Por outro lado, também é verdade que o Dão sempre foi uma região tradicionalmente de vinhos tintos. Os brancos sempre foram minoritários e, actualmente, a sua produção corresponde entre 20 a 25% do total. Entretanto, o moderno Dão está a ser redescoberto pelos consumidores, não apenas por tintos, que já eram muito bons, conhecidos e afamados, mas agora também pelos brancos, designadamente o Encruzado e o loteamento do Encruzado com a Malvasia Fina.

tempo das vindimas chegou e na região do Dão a expectativa é grande. Há um aumento de produção em cerca de 30% superior a 2018, o que significa que 2019 é um ano normal para a região. Em conversa com a Gazeta Rural, o presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão, Arlindo Cunha, diz que as previsões assim o indicam, se nada de anormal acontecer até *à vindima. Quanto à qualidade o optimismo é maior e prevê-se que seja “muito boa”. Gazeta Rural (FGR): Tendo em conta o tempo, as previsões indicam uma produção de vinho na região do Dão? Arlindo Cunha (AC): Tudo indica que sim. O ano passado tivemos uma Primavera muito húmida, com chuvas desde Março até Julho e isso traduziu-se em muita humidade na vinha, muitas doenças, desavinho e podridão da flor. Este ano a Primavera foi normal, o Verão também está a sê-lo, não houve escaldão, ao contrário do ano passado, e, portanto, tudo indica que teremos um ano de produção normal, não em quantidade excepcional, porque a nascença ficou abaixo da média. As previsões indicam um ano de produção média, o que significa 30 ou 40% acima do ano passado, uma vez que foi essa a média da quebra em 2018. Este ano as uvas estão em óptimo estado, pelo que, acredito, teremos uma produção de qualidade, isto se não chover na altura das vendimas. GR: O mercado está pronto para receber este vinho que haverá a mais? AC: O mercado está e as vendas têm-se mantido estáveis. O que falta é vinho branco. Temos pouco. Aliás, não há estoque de vinho branco. É muito importante que se façam as vindimas o mais cedo possível, porque muitas empresas querem rapidamente pôr um vinho branco no mercado. X

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GR: Tem-se vindo a verificar uma nova tendência de recuperação de algumas castas tradicionais, algumas que estavam quase em extinção. Como vê esta nova tendência


e o que podem trazer de novo ao perfil dos vinhos do Dão? AC: Não muda muito, porque os vinhos do Dão sempre foram marcados pela Touriga Nacional, no caso dos tintos. É evidente que a Touriga está sempre presente e é a bandeira, a casta rainha, dos vinhos tintos na região, porque é daqui originária. Mas a Touriga também faz muito bons vinhos loteada com outras castas. Além disso, no mundo do vinho, estamos a assistir uma tendência importante, que é o regresso às origens. Contudo, o Dão, felizmente, nunca abandonou suas origens e essa é a base do sucesso do Dão Moderno, porque ao contrário de algumas regiões, que abandonaram as suas castas tradicionais e foram para castas exóticas e estrangeiras, os nossos produtores mantiveram-se nalguns projectos, em que a CVR Dão também esteve ou está envolvida. fiéis às nossas castas tradicionais. Porém, O Centro de Estudos de Nelas, como todos os outros centros de continuaram com aquelas castas que investigação e experimentação agrária do Ministério da Agricultura, responderam melhor, como a Tinta Pinheira, precisavam de uma outra vida, de outra dinâmica. O Ministério, que não era muito apreciada, porque tinha infelizmente, há anos que tem abandonado a investigação. E como pouca cor. Só que hoje em dia há segmentos não se vislumbra que haja condições orçamentais para voltar a ser de mercado que gostam de vinhos mais um modelo como antigamente, baseado exclusivamente no modelo abertos, pouco concentrados. Prova disso, do funcionalismo público hoje em dia temos que recorrer a novas um vinho Tinta Pinheira, da Adega de Penalva, metodologias, designadamente uma que nós defendemos, que é obteve uma medalha Grande Ouro no Concurso um sistema de parceria alargada, com Universidades, Politécnicos de Vinhos de Portugal de 2018. Portanto, há, de e Comissões Vitivinícolas, mas também com algumas empresas, e facto, uma procura pela diferenciação, como por fazer o recurso sistemático aos programas de investigação, além de exemplo a Baga, outra casta que é originária do formação, mestrados, doutoramentos e projectos de continuidade Dão, onde esteve em grande escala. a médio e longo prazo. É por aí que temos que andar, mas isso Nessa procura da diferenciação, nos brancos, pressupõe uma nova abertura por parte do Ministério da Agricultura os consumidores procuram acidez e frescura, daí e do Governo, que infelizmente não tem havido. o surgimento de vinhos monovarietais Cerceal, Uva Cão, Bical e outras, tudo isto na procura de GR: Como vê a chegada de gente nova, de novos investidores, maior equilíbrio e diferenciação, sem pôr em causa à região? as principais castas do Dão, que estão mais do que AC: Como presidente da CVR Dão olho para isto com muito provadas e consolidadas, como a Touriga Nacional, agrado. O Dão esteve muitos anos a marinar, atá mal visto a Alfrocheiro, a Jaen e a Tinta Roriz, nos tintos, e a pela critica e, felizmente, na última década e meia a tendência Encruzado, a Bical e a Malvasia Fina, nos brancos. inverteu-se e o Dão voltou a ser procurado. Não quero dizer que Mas o Dão é muito mais que isso. Temos no Centro está na moda, porque as modas passam e eu quero que fique de Estudos Vitivinícolas de Nelas, referenciadas permanentemente. e identificadas, 66 castas, algumas autóctones, Os vinhos do Dão estão a ser redescobertos, estão a ser outras que estão no Dão há muitos anos. Ora, se são apreciados por novos segmentos de consumidores e é por isso autóctones ou estão cá há muitos anos, é porque estão que os produtores querem ter no seu portfólio os vinhos que o adaptadas ao clima e ao terroir da região. É nisso que consumidor procura e o Dão tem o perfil que o mercado procura. temos que trabalhar. Nesse sentido, têm aumentado os agentes económicos que vem para cá produzir uvas e fazer vinhos para esse mercado. GR: Qual é a situação do Centro de Estudos de Nelas? AC: O Centro de Estudos tem desempenhado um GR: Por falar em mercado. Como está? trabalho fabuloso, sobretudo na investigação vitícola, AC: Está estável. Não tem havido um crescimento tendo em conta a escassez de meios que tem à sua excepcional, mas a tendência, nos últimos cinco anos, é de disposição. Esse facto tem sido minorado, por que tem subida, cerca de 40% em relação aos vinhos do Dão. NO havido um trabalho de parceria com o Politécnico de Viseu último ano ficou estável. www.gazetarural.com

XI


Um vinho único, que nunca mais será feito

Dão DOC Quinta das Marias Branco “Vinha do Comodato” 2018 é ‘de outro mundo’

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que se pode chamar um vinho ‘de outro mundo’. O Dão DOC Quinta das Marias Branco “Vinha do Comodato” 2018 oferece tudo o que nenhum outro vinho pode dar. Um vinho único que nunca mais será feito. Para Peter Eckert, produtor da Quinta das Marias, em Oliveira do Conde, Carregal do Sal, “foi um prazer e uma grande festa fazê-lo”.

fazer renascer uma casta que quase despareceu. Queremos fazer mais nos próximos anos.

GR: Trocou de enólogo há cerca de um ano. O que o fez mudar? PE: Tinha trabalhado quase 25 anos com o António Narciso, uma pessoa que me dava muitos Gazeta Rural (GR): Fez um vinho que nunca mais será conselhos e que era o meu ‘professor’, porque, na produzido. O que tem de particular? altura, eu queria aprender a fazer vinhos e queria Peter Eckert (PE): Fizemos este vinho utilizando as uvas de ser o responsável por eles. Todo o trabalho na adega, uma vinha, que temos num contrato de comodato, que foi recomo as trasfegas e as filtragens, era eu que fazia. enxertada. Tem a particularidade de ter de várias castas, o que Só que já estou com uma certa idade, um pouco quase nunca é feito com o vinho branco. avançada, e precisava de alguém que pegasse Este vinho tem Encruzado (60%), Semillon (15%), Barcelo (5%), mais na ‘massa’, que trabalhasse mais com a mão, Assaraky (15%) e Verdelho (5%), as castas existentes naquela participasse no processo da vinificação e assumisse a vinha. Algumas foram vinificadas com fermentação espontânea, responsabilidade pelo trabalho da adega e tudo o que noutras utilizamos fermentos. Fizemos vários ensaios, em a envolve. diferentes barricas, e no final misturamos tudo. É um vinho A actuação do Luis é diferente. É menos conselheiro, único. Fantástico. é menos o professor que me dá conselhos e mais o actor que trabalha em todo o processo. Tem feito um excelente GR: É um vinho mais social? trabalho. PE: Sim. É um vinho menos mineral que o Encruzado, e para Eu estava habituado a fazer tudo e tive que aprender a nós foi um prazer e uma grande festa fazê-lo. ficar mais na retaguarda e deixar trabalhar os outros. GR: Podia ter feito vinhos diferentes? PE: Sim, mas as quantidades eram pequenas. Deixamos separado o Barcelo e fizemos uma barrica com fermentação espontânea. Vamos a ver como resulta. É um ensaio para XII

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GR: O que muda? PE: É importante dizer que vamos continuar com o trabalho que fizemos nos últimos 30 anos, com as nossas vinhas tradicionais e com o modo de produção dos nossos


vinhos. Vamos continuar a apostar nos vinhos a que habituámos os nossos clientes, como o Touriga Nacional, o Encruzado e o Encruzado Barricas. Da colheita de 2018 não fizemos o Encruzado Barricas, mas sim um Reserva, que será uma coisa muito particular. Eu tinha trabalhado sempre com barricas de 225 litros e, por proposta do Luis Lopes, utilizámos barricas de 400 litros. GR: Mas há algumas ideias novas? PE: Sim. Temos uma vinha, com um contrato de comodato, de onde queremos tirar uvas para fazer um monovarietal da casta Bical. Em 2018 fizemos apenas 225 litros, mas este ano queremos fazer mais. Há algumas ideias novas. Queremos inovar, mantendo a tradição da Quinta das Marias. GR: É uma pergunta recorrente, mas, mudou alguma coisa no Dão? PE: Não, não mudou muito. O problema è sempre o mesmo e tem a ver com a quantidade de vinho barato que chega ao mercado, onde encontramos Reservas do Dão e DOCs por dois euros. E como pode ser isso? Sei quanto custa a garrafa, a rolha e o rótulo. Como se pode vender um vinho, no retalho, por este valor? Alguém está a perder dinheiro. Quinta das Marias_Inserat halbseitig 23.08.2017 14:36 Seite 2

Quinta das Marias V I N H O S D E Q U A L I D A D E – A N O S S A PA I X Ã O

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XIII


Diz Fernando Tavares Pereira, da TAVFER Vinhos

“Quem gosta de produzir vinhos no Dão tem que estar sempre nas vinhas”

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Quinta do Serrado, em Penalva do Castelo, e a Quinta Picos do Couto, em Tábua, são propriedade da TAVFER Vinhos, de Fernando Tavares Pereira. Em conversa com a Gazeta Rural, o produtor reconheceu que a Picos do Couto é a menina dos seus olhos, mas, tal como no Serrado, a aposta é na produção de vinhos de excelente qualidade. Gazeta Rural (GR): No sector do vinho do Dão, tem a Quinta do Serrado, em Penalva do Castelo, mas a Quinta Picos do Couto é a menina dos seus olhos? Fernando Tavares Pereira (FTP): Procuramos fazer bem e de igual forma em Penalva ou em Tábua. A Quinta Picos do Couto tenha uma diferença, pois foi aqui que começamos a fazer vinhos. O meu pai ainda é vivo e ele vendia uvas para uma cooperativa, que começou a não pagar. Por via disso, deixámos de vender para a cooperativa e, em 1995, demos início a produção de vinho. Nessa altura, na Picos do Couto tínhamos 18 castas nas vinhas e começámos a sua reconversão, plantando as castas nobres do Dão, como Touriga Nacional, Jaen e Tinta Roriz, nos tintos, e Encruzado, Malvasia Fina e Chardonnay, nos brancos. É nessas castas que temos apostado. GR: E a Quinta do Serrado, em Penalva do Castelo? FTP: Temos mais castas tintas, como Touriga Nacional, Jaen, Tinta Roriz, Tinta Amarela, Tinta Pinheira e Tinto Cão. Nos brancos temos o Encruzado e a Malvasia Fina. Temos lá excelentes vinhos, que, tal como o Picos do Couto, têm recebido inúmeros prémios. GR: É produto de vinho no Dão e ao Douro. Como avalia as duas regiões? FTP: São duas regiões completamente diferentes. No Dão temos que ter muito mais cuidado com as vinhas. O clima e os solos são diferentes. Na região do Dão, quando há humidade é um problema, com as doenças. O Douro não é tão húmido e, com os terrenos de xisto, é diferente. A produção de vinho no Dão dá mais trabalho, mas para XIV

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mim é, quase, como um filho. Quem gosta de produzir vinhos no Dão tem que estar sempre nas vinhas, a acompanhar a videira desde a poda até à vindima. Se queremos ter qualidade, temos que estar próximos da videira e olhar por ela. As nossas vindimas, seja em Tábua ou Penalva do Castelo, são acompanhadas por um camião de frio para termos boas uvas no lagar. Para andarmos bem, temos que nos tratar e ter cuidados e com o vinho não é diferente. Na região do Dão temos problemas com a falta de água. As alterações climáticas, a desertificação e os incêndios contribuem para isso. Temos que ter rega nas vinhas. No Douro o xisto suporta mais a humidade, tem uma orografia diferente, mas tem menos problemas com as doenças que afectam as vinhas.

GR: O Carlos Silva é o responsável pela enologia dos seus vinhos. O que trouxe de novo? FTP: O Carlos Silva tem um dote que aprecio, pois sabe que os bons vinhos começam a ser feitos logo na nascença da uva, na videira. Um bom enólogo tem que ter a capacidade de conhecer os produtores e as suas vinhas. Considero muito positivo, e importante, que o enólogo saia da sua zona de conforto e vá ao terreno ver o que existe e acompanha o ciclo da videira. Desse modo, pode pedir que se tenha mais cuidado com esta ou aquela parcela. O vinho é uma coisa muito bonita, mas exige muito trabalho. O Carlos Silva é um excelente enólogo. Nós, felizmente, tivemos sempre enólogos novos, que foram criados connosco e já trabalham cá há alguns anos. Isso é bom porque nos ouvem. Costumo dizer que “quem não sabe ouvir, não sabe decidir”, e o Carlos Silva é bom ouvinte e, como tal, sabe decidir bem.


Segundo uma pesquisa

Um copo de vinho tinto por dia faz bem à saúde mental

Grande Medalha de Ouro 2019

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ciência comprova a ideia popular de que beber um copo de vinho tinto por dia faz bem, sobretudo para a saúde mental. Segundo uma pesquisa, o resveratrol, composto vegetal encontrado nas cascas das uvas, também está presente na bebida fermentada. Os especialistas garantem que a substância bloqueia uma enzima relacionada ao controlo do stress no cérebro, o que afecta directamente a saúde mental. “O resveratrol pode ser uma alternativa eficaz aos medicamentos para o tratamento de pacientes que sofrem de depressão e transtornos de ansiedade”, explicou Ying Xu, autora do estudo, num comunicado. Embora pesquisas anteriores já tivessem identificado os efeitos antidepressivos do resveratrol, a relação entre o composto com a fosfodiesterase 4 (PDE4), enzima influenciada pela hormona do stress corticosterona, era desconhecida. Como explica a equipa, o excesso de corticosterona no cérebro incentiva o desenvolvimento de depressão ou outros distúrbios mentais. Os cientistas utilizaram ratos para testar como as quantidades de PDE4 teriam relação com a depressão e a ansiedade. De acordo com os resultados, a enzima reduz o monofosfato de adenosina cíclico (molécula mensageira que sinaliza mudanças fisiológicas ao corpo) levando a alterações físicas no cérebro. Contudo, quando o resveratrol estava presente, ele agia como neuroprotetor, inibindo a expressão de PDE4. A pesquisa estabelece as bases para o uso do composto em novos medicamentos contra a depressão. “Os antidepressivos actuais concentram-se na função da serotonina ou noradrenalina no cérebro, mas apenas um terço dos pacientes com depressão entra em remissão completa em resposta a esses medicamentos”, disse Xu. A especialista ressalta que o consumo de álcool deve ser feito de forma moderada e que mais estudos são necessários para que os cientistas obtenham mais informações sobre o assunto. www.gazetarural.com

XV


Diz Miguel Ginestal, da Quinta dos Monteirinhos

O Dão tem que ser conhecido “como uma região de vinhos de excelência”

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Quinta dos Monteirinhos vai apresentar na Feira do Vinho do Dão, em Nelas, o seu primeiro Touriga Nacional, com a referência “Pai Miguel” da vindima de 2017, um vinho que é uma homenagem ao patriarca da família falecido em 2006. Este vinho só será produzido em anos excepcionais. “É o nosso Vintage”, disse Miguel Ginestal em conversa com a Gazeta Rural. E é no patamar de “excelência” que o produtor de Moimenta Maceira Dão, no concelho de Mangualde, se quer posicionar. Para o produtor, o Dão tem que ser conhecido “como uma região que produz vinhos de excelência”, diz Miguel Ginestal, sublinhando a necessidade de “fazer diferente com aquilo que é nosso”.

especial foi feito com uvas Touriga Nacional da ‘Vinha Grande’, que temos em Água Levada, que o meu pai estimava muito e que expressa bem o que é esta casta no Dão.

GR: A escolha das referências da Quinta dos Monteirinhos conta a história da família? MG: Sim. A família Monteiro Albuquerque está há sete gerações dedicada à produção agrícola na região e, nos vinhos, procuramos contar a nossa história. O meu avô António, que dá o nome ao nosso Encruzado, é o percursor do movimento cooperativo na região do Dão. Foi fundador e sócio nº 1 da Cooperativa Agrícola de Mangualde; fundador da Adega Cooperativa de Mangualde; do Lagar de Azeite e do Grémio da Lavoura de Mangualde. Foi um homem que se dedicou a produzir o seu, mas também a juntar o que outros produziam para ganhar escala, vender ao melhor preço e, com isso, dar mais rendimento ao agricultor. Em traços muitos gerais, temos uma gama variada de vinhos, que, como disse, conta a história da família, desde tintos, brancos, rosés e um espumante, que lançamos recentemente.

Gazeta Rural (GR): Que novidades vai apresentar a Quinta dos Monteirinhos em Nelas? Miguel Ginestal (MG): Vamos apresentar o primeiro Touriga Nacional, monovarietal, com a referência “Pai Miguel”, da vindima de 2017, um vinho muito especial e com grande significado, que não faremos muitas vezes, pois só o produziremos em anos excepcionais. É o nosso ‘Vintage’ e não sabemos quando voltará a ser produzido. Demorámos 12 anos para o produzir e só na colheita de 2017 entendemos que tinha a qualidade que pretendíamos. É um Reserva Especial, pois o meu pai era conhecido, entre os amigos mais chegados e apenas por estes, pelo “Especial”. Este é um vinho em sua homenagem. O meu pai, que nos deixou em 2006, era o responsável pelos vinhos de muitas GR: Como olha hoje para a região? adegas nesta região. Dedicou grande parte da sua vida MG: O Dão está a fazer uma grande recuperação e a ser profissional ao vinho do Dão. reconhecido pelo consumidor. Isso deve-se ao trabalho Dizer que, a Barroca, em Moimenta Maceira Dão, é a parte dos produtores e dos agentes económicos da região, sem mais visível da Quinta dos Monteirinhos, mas este vinho tão excepção. Mas o Dão não pode ser conhecido como ‘um XVI

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vinho barato’, o que é um erro. Temos que ser conhecidos como uma região que produz vinhos de excelência e temos que ter preços de referência. Temos muitos clientes na região de Lisboa, da gama Premium, como hotéis e restaurantes de grande qualidade, e todos nos dizem que os consumidores escolhem vinho do Dão porque conhecem. Para os outros é mais fácil escolher um vinho de outras regiões. Porém, os vinhos do Dão estão em segmentos mais elevados. Este tipo de consumidor não procura preços, mas sim qualidade. O que é muito bom tem preço. É aí que os vinhos do Dão têm que estar. Claro que é preciso fazer um esforço grande, e estamos no caminho certo, de colocar os nossos vinhos nas melhores cartas e reposicionar o Dão como uma das regiões de referência dos vinhos no Mundo. É nesse ‘campeonato’ que a Quinta dos Monteirinhos quer estar, modestamente, com uma produção estimada, dentro de dois anos e em ‘velocidade de cruzeiro’, em 100 mil garrafas. Nem mais, nem menos. Queremos estar na gama Premium, porque sabemos quantos nos custa uma garrafa de vinhos e não estamos neste negócio para perder dinheiro. Vamos continuar a lutar para que os vinhos do Dão estejam no patamar mais alto do Mundo, que é de excelência, e com um preço justo. GR: No plano internacional como estão? MG: Neste momento os nossos vinhos estão na Alemanha, Suíça, Luxemburgo e Inglaterra. Estamos a com algumas vendas para França, Espanha e Angola. Temos estado em conversações com distribuidores nos Estados Unidos, Canadá e Brasil. Contudo, o nosso mercado preferencial é o português, onde temos investido muito do nosso esforço comercial. Não estamos em supermercados, uma opção nossa. Respeitamos quem está, mas não temos produção para entrar nesse mercado. Estamos no canal Eureca, na restauração, na hotelaria, nas garrafeiras, em caves e no cliente final. Somos muito procurados por clientes e, por exemplo, neste momento não temos vinhos brancos. Há muita procura por Encruzado, porque os Chefs de referência começaram a harmonizar este vinho com pratos das suas ementas, o que deu um foco importante à nossa casta rainha dos brancos, que é uma das alavancas fundamentais para o crescimento e diferenciação da região no mercado. Temos que fazer diferente com aquilo que é nosso, porque aí entramos no patamar da diferenciação. www.gazetarural.com

XVII


Parte II Carlos Silva, 20 anos de enologia

“Tenho sempre uma ‘grande luta’ com o Alfrocheiro.”

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Alfrocheiro é a casta mais enigmática para Carlos Silva, enólogo de vários produtores nas regiões do Dão, Douro e Beira Interior. Na segunda parte da entrevista concedida à Gazeta Rural, no ano em que comemora 20 anos de carreira, o enólogo recusa rótulos e diz ser apenas o Carlos Silva, que fez o que tinha que fazer. Gazeta Rural (GR): Nos últimos 20 anos tem-se destacado na região como uma das referências na enologia e nos vinhos do Dão. Tem noção disso? Carlos Silva (CS): De alguma forma sim. O que fiz até hoje foi com muito gosto, entrega e dedicação ao Dão. Sempre senti vontade de fazer alguma coisa pela região, nos sectores agrícola e vitivinícola. Os frutos estão aí. GR: Sempre quis ser enólogo? CS: Sempre quis trabalhar na área das Ciências Agrárias. Nos últimos anos do Secundário decidi que seria em Enologia. Fiz essa licenciatura na UTAD e o mestrado no ISA. Uma ‘escola’ que me marcou muito foi a Estação Vitivinícola Nacional Dois Portos, onde aprendi bastante. Entre outras formações, seguiuse o mais importante, o construir e aprender permanente com todas as pessoas com quem trabalhei. GR: Quem mais o marcou? CS: O Eng. Magalhães Coelho, sem dúvida alguma. Foi com ele que passei os primeiros anos da minha carreira. Mas existiram outras pessoas, algumas que já não estão entre nós, com quem troquei muitas impressões, como por exemplo o Eng. Galhano, o Eng. Vítor Monteiro e o Eng. Peixoto. GR: Na evolução do Dão houve mudanças de percurso, nomeadamente no uso das castas, algumas quase desaparecidas e que são hoje reconhecidas como de XVIII

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grande potencial. De todas, qual foi ou é a casta que mais trabalho lhe dá, ou a mais difícil, para fazer um grande vinho? CS: É o Alfrocheiro. Deixa-me sempre na expectativa. É a casta na qual deposito grande esperança e com a qual nem sempre obtenho os resultados que pretendo, embora nunca desista. Enquanto na Tinta Roriz, no Jaen e na Touriga Nacional sei os resultados que vou ter, no Alfrocheiro não. Quando consigo o que quero, os vinhos são fantásticos. Tenho sempre uma ‘grande luta’ com o Alfrocheiro. Vamo-nos dando mais ou menos bem, vamos ‘dialogando’ e conseguindo alguns compromissos para chegar a bom termo.

GR: Das castas que conhece, e que são autorizadas, quais são, na sua opinião, as que fazem falta na região do Dão e que poderiam marcar a diferença? CS: Efectivamente há várias castas que podem contribuir para aumentar a complexidade dos vinhos do Dão. Alguns exemplos são o Bastardo, a Baga, o Alvarelhão, o Tinto-Cão, nas castas tintas, e o Barcelo, o Gouveio, o Rabo-de-Ovelha, o Terrantez e a Uva-Cão, nas castas brancas. GR: O que trariam de novo essas castas aos vinhos do Dão? CS: O ‘Sal e a pimenta’. Estas castas podem trazer novidade a este Dão ‘mais repetitivo’. Poderíamos ter vinhos do Dão com perfis sensoriais diferentes, algo esquecidos. Um conjunto de vinhos mais alargado iria agradar a um


maior número de consumidores, tornando o Dão mais plural, criando novas oportunidades de negócio. GR: O Psique e o Índio Rei, duas das suas marcas, são o seu ‘laboratório’? CS: Em certa medida sim. Não são o ‘laboratório total’, mas são uma parte considerável do mesmo. Mais vinhos estão em projeto, isto no que se refere ao meu projeto pessoal. GR: O Índio Rei foi o seu maior desafio, pelo contexto que o envolveu? CS: Foi, na medida em que tinha que fazer algo diferente. A presença da Tinta Pinheira, uma casta às vezes malamada, acabou por dar um toque diferente ‘nas minhas mãos’. Mas irei fazer outros ensaios com outras castas. Começo a sentir ‘campo aberto’: a liberdade de criar esses vinhos, com novos perfis e estilos, fazendo bem com outra calma, tendo sempre presente aquilo que é o vinho do Dão, a sua elegância e mineralidade, o veludo e a maturidade. Essa luz tem que estar sempre presente. GR: E o Psique? CS: Psique é o primeiro e mais especial vinho da Amora Brava. Foi feito com a escolha de cada pormenor, de forma muito apurada. Para este vinho tive que ter uma boa ‘conversa’ com o Alfrocheiro, para que este casasse bem com a Touriga Nacional. Foi um casamento feliz.

CANAS DE SENHORIM

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viveirosbatista@gmail.com


Na Feira do Vinho, em Nelas

Adega Cooperativa de Silgueiros vai apresentar o novo “Encruzado” 2018

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Encruzado, da vindima de 2018, é a novidade que a Adega de Silgueiros vai apresentar na Feira do Vinho do Dão, em Nelas, estando previstas para breve outras novidades da cooperativa. Em conversa com a Gazeta Rural, Miguel Oliveira, o enólogo da Adega, destaca a aposta feito na qualidade dos vinhos, que agora “são mais modernos”, mas sem perderem a “autenticidade” do Dão. Gazeta Rural (GR): A Adega de Silgueiros está a ‘receber’ os frutos da aposta que vem sendo feita há alguns anos? Miguel Oliveira (MO): A Adega de Silgueiros tem apostado, nos últimos 20 anos, em muito trabalho e na qualidade final dos nossos vinhos. Para além disso, temos procurado novos mercados e novos consumidores. Os nossos vinhos estão cada vez mais comerciais, agradam a um maior número de pessoas e isso reflecte-se nos certames sonde estamos presentes. Prova disso são também os prémios que os nossos vinhos têm obtido em vários concursos nacionais e internacionais. GR: A qualidade dos vinhos, fruto dessa aposta, traduz-se nos prémios obtidos? MO: Também, mas alavancado no trabalhão dos nossos associados, com as uvas de qualidade que entregam na Adega e, com isso, produzirmos melhores vinhos e chegarmos a mais mercados e a mais consumidores. É isso que se pretende. Se um consumidor está satisfeito com um produto volta a comprá-lo, acabando por se fidelizar. Temos muitos clientes que há mais de duas décadas vêm à Adega comprar vinhos. Que os nossos vinhos estão diferentes, mais modernos e atractivos, e isso é consequência daquilo que disse atrás, mas o consumidor também reconheceu essas diferenças para melhor e continua a consumi-los. XX

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Apostamos muito nas castas nobres, como a Touriga Nacional e o Encruzado, que são a base da ‘revolução’ em termos de encepamento nas vinhas dos nossos associados. A administração da Adega, e sem falar por ela, fez essa aposta estratégica que resultou na melhoria da qualidade dos nossos vinhos, mas traduziu-se também em mais valias para os nossos associados. Não deixámos de produzir um produto tradicional, com a autenticidade do Dão, apenas o melhorámos, com mais qualidade, mais agradável e mais moderno. GR: O que vai a Adega de Silgueiros apresentar de novo em Nelas? MO: O Encruzado 2018 vai ser a nossa principal novidade na feira. Vamos ter, a seu tempo, outras novidades.


Com um stand de 18 metros

Adegas do Dão juntas na Feira do Vinho em Nelas

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al como tem vindo a acontecer desde 2013, as Adegas Cooperativas do Dão vão participar juntas na Feira do Vinho do Dão, em Nelas, numa iniciativa promovida pela União das Adegas Cooperativas do Dão (UDACA). No mesmo espaço o sector cooperativo do Dão promove mais de 50 vinhos, proporcionando aos visitantes uma fantástica experiência de prova, onde os visitantes poderão provar diferentes vinhos de várias sub-regiões do Dão. Para 2019 o destaque vai para o enorme sucesso do sector cooperativo do Dão no Concurso Melhores Vinhos Engarrafados do Dão. Juntamente com a UDACA, as Adegas Cooperativas de Mangualde, Penalva do Castelo, Silgueiros e Vila Nova de Tazem foram galardoadas, nesse concurso, com 14 das 37 medalhas atribuídas, num total de 137 vinhos a concurso. Aquele que foi considerado o melhor Vinho do Dão a concurso - Tesouro da Sé Private Selection 2015 da UDACA, estará também em prova na Feira do Vinho do Dão. A UDACA e as Adegas Cooperativas do Dão pretendem assim partilhar com os visitantes o melhor que se faz no sector, que, para alem do peso crescente do sector cooperativo do Dão ao nível do volume de produção e comercialização na região, tem agora alcançado inúmeras distinções, também ao nível da qualidade com os mais diversos prémios. www.gazetarural.com

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Com pacotes e diferentes opções

Tradição das vindimas na Rota dos Vinhos do Dão

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stá a chegar a época mais especial do ano para o mundo vínico. de selecção das uvas na mesa de escolha e a Para que os curiosos, e não só, possam viver a tradição as sua transformação subsequente. A experiência vindimas, a região do Dão tem programas especiais. termina com um almoço ou piquenique com Se nunca testemunhou a tradição das vindimas no Dão este prova de vinhos Chão da Quinta. ano é a oportunidade de viver esta experiência única. Isto porque Na Quinta dos Monteirinhos pode escolher entre cinco produtores da região da Rota dos Vinhos do Dão prepararam três opções. A Vindima do Espumante realizou-se programas especiais que não vai querer perder. a 31 de Agosto. Para o dia 28 de Setembro, durante Já no dia 11 de Setembro começa a azáfama na Quinta da Teixuga a tarde, está planeada a Vindima do Encruzado e (do produtor Caminhos Cruzados). Sob o mote “Até ao lavar dos inclui vindimas e jantar vínico com animação. Por cestos é vindima”, o programa consiste em participar na vindima fim, pode ainda participar na Vindima do Touriga de tesoura na mão, passear pela quinta, conhecer as diferentes Nacional no dia 5 de Outubro. Além da vindima, estão castas e o processo de vinificação. Para repor as energias têm incluídos uma merenda e um almoço. Estes pacotes ainda direito a um almoço típico, harmonizado com vinhos da da Quinta dos Monteirinhos têm o custo de 25 euros gama Titular. Este programa, que estará em vigor entre o dia 11 por adulto e as crianças (dos 7 aos 12 anos) pagam 10 de Setembro e o dia 23 de Outubro, tem o custo de 55 euros por euros. Para quem quiser usufruir de qualquer destas pessoa, quem desejar também pode adicionar o piquenique aos experiências em família está disponível o pack família planos (25 euros por pessoa). (dois adultos e duas crianças) pelo valor de 60 euros. A Quinta da Espinhosa tem à disposição dois pacotes para a De 21 de Setembro a 5 de Outubro, o espírito das última quinzena de Setembro: “Vindima com Amigos” (10 euros vindimas promete contagiar todos na Soito Wines. Para por pessoa), que inclui pequeno-almoço na quinta, vindimas partilhar esta experiência, o produtor do Dão organiza e acompanhamento na adega e prova de dois vinhos; ou duas opções: o Programa Normal (15 euros por pessoa) “Vindimas na Vila” (25 euros por pessoa com possibilidade inclui a participação em todo o processo – desde a de alojamento por mais 17,50 euros por pessoa) que inclui apanha da uva até à vinificação - e uma prova de vinhos pequeno-almoço na quinta, vindimas e acompanhamento na acompanhada de degustação de produtos regionais; ou o adega, almoço na sala de provas (com a inclusão da prova de Programa Kit de Vindima (30 euros por pessoa) além de três vinhos) e para terminar o dia em beleza haverá ainda um toda a experiência este pacote inclui um kit de vindima lanche junto à piscina. – tesoura, t-shirt, chapéu de palha, luvas, uma garrafa de A Quinta de São Francisco propõe uma vindima no “berço” água e material de merchandising alusivo à Soito Wines. dos vinhos Chão da Quinta, entre 16 e 23 de Setembro. No programa - que tem o custo de 30 euros por adulto e 15 euros por criança (dos 6 aos 14 anos) - está previsto a apanha da uva, acompanhamento da mesma à adega, processo XXII

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Com oferta variada de produtos para a agricultura

Viveiros João Batista abriu loja junto à Nacional 234

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oão Batista, viveirista no concelho de Nelas, é um profundo conhecedor das variedades que mais de plantam na região, nomeadamente na vinha e no olival. Para completar o leque de ofertas de produtos agrícolas aos seus clientes, abriu uma loja junto à Nacional 234, na Zona Industrial de Nelas. Em conversa com a Gazeta Rural, João Batista destacou o crescimento dos dois sectores na região. Na vinha, ‘mandam’ a Touriga Nacional e o Encruzado, enquanto no olival ‘domina’ a Galega. Gazeta Rural (GR): Quais as castas que mais se estão a plantar no Dão? João Batista (JB): Estão a plantar-se muitas vinhas de castas brancas, com destaque para a Encruzado e a Malvasia. A Encruzado é a casta mais plantada, a seguir a Malvasia. As outras plantam-se em muito menor escala. Há, contudo, várias quintas que estão a recuperar castas brancas mais antigas, nomeadamente a Bical e a Uva Cão. GR: E nos tintos? JB: A casta mais plantada é a Touriga Nacional, depois vai-se plantando um pouco de tudo, como a Jaen, a Tinta Roriz e o Alfrocheiro, mas também outras. O Rufete, por exemplo, era uma casta que estava esquecida, que tem vindo a ser recuperada, e que faz bons vinhos. Em traços gerais, diria que se tem plantado muita vinha na região do Dão e a recuperar algumas castas que estavam esquecidas. GR: Trabalha muito na Dão. Como sente a região? JB: Tem evoluído bastante. Houve um período de menor fulgor, em que praticamente parou, comparativamente com as outras regiões, mas nos últimos anos tem dado passos largos para recuperar o tempo perdido e está no bom caminho. Penso que nesta altura, ‘bate-se’ de igual com qualquer das outras regiões. Hoje fazem-se excelentes vinhos no Dão, têm-se feito grandes investimentos, nomeadamente gente que vem de XXIV

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fora, o que também é um bom sinal e um bom indicador das potencialidades desta região. Há quintas bem pensadas e muito bonitas, o que é também um atractivo. GR: Mantem a tua actividade normal, como viveirista, mas alavancou uma outra, que é uma loja à beira da estrada que liga Nelas a Canas de Senhorim, junto à Zona Industrial? JB: Exactamente. Surgiu esta oportunidade de abrir uma loja a beira da Nacional 234, um local de muita passagem diária, o que nos permite de ampliar o leque de oferta de produtos para os agricultores. Temos o privilégio de tratar os agricultores por ‘tu’, pois já cá andamos há muitos anos, e mutos procuram-nos porque confiam em nós. Temos uma vasta oferta de produtos para a agricultura.

GR: No espaço da loja tens, para além das videiras, macieiras, pereiras e muitas oliveiras? JB: A nossa grande aposta, além da vinha, foi o olival. Sempre trabalhamos muito bem com o olival, não tanto na nossa região, embora aqui também se tem plantado muita oliveira, principalmente depois dos fogos de 2017. O nosso maior mercado para o olival é o Douro. GR: Que variedades de olival tem ou as que mais vende? JB: Para a nossa região, a galega é, sem dúvida, a mais plantada. Para o norte, nomeadamente para o Douro, planta-se mais para a Cobrançosa, a Picual e a Cordovil. Temos outras variedades que se vão ‘gastando’ menos, como a Arbequina e Manzanilla.


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opnião

E se houvesse mais salas de prova?

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Região Demarcada do Dão já tem 111 anos, muita história e vinhos boas escolas, desde cursos técnicos e até de qualidade inquestionável, que ombreiam com os de todo o universitários, aptas a formar profissionais mundo. Basta analisar a quantidade de prémios nos mais prestigiados para melhor servir o cliente; produtores com concursos internacionais e artigos na imprensa internacional para boas instalações e capacidade para reservar perceber a verdadeira importância da região. alguns m2 para a sua sala de provas; produtos Mas o que falta para transmitirmos ao consumidor aquilo que o regionais fantásticos, desde os enchidos aos sector já sabe? queijos, complementos importantes para uma Nos últimos anos o meu percurso profissional levou-me a uma prova agradável. região internacional onde grande parte da população não tem hábitos Se gastamos milhares de euros na arquitectura de consumo diários como os portugueses, mas um grande respeito da adega, em equipamentos topo de gama, nas pelo produto que é o vinho. Dos cerca de 700 produtores, existem melhores barricas, para produzirmos vinhos de 500 salas de prova a funcionar diariamente das 11 às 17 horas e que qualidade, em feiras para termos contacto com o empregam no mínimo três pessoas, apesar de 70% dessas adegas consumidor; receber entre 5€-10€ pela prova de produzirem menos de 60.000 garrafas. Os topos de gama das casas 3 vinhos e ainda vender algumas garrafas, além de normalmente nem chegam a sair para o mercado, são apenas poder ter a opinião directa do consumidor sobre o comercializados na sala de provas. nosso produto, não é um gasto, é um investimento, Gostava que a nossa região geográfica se fundisse com a região que vai publicitar o nome do produto e colocar a vitivinícola, na qual Viseu significasse vinho. Esta cidade tem sido economia em andamento, criando novos empregos consecutivamente eleita nos últimos anos como a melhor para se e tornando a região um destino apetecível para o viver em Portugal. Apesar de ser desconhecedora dos números turista, transformando visitantes em consumidores exactos de turistas na região, tenho a certeza que têm vindo a fiéis aumentar bastante. Mais do que um artigo de opinião, esta é a minha Para quando vai ser possível a estes visitantes, nos dias em que perspectiva actual como enófila, consumidora e se encontram na região, em vez de irem tomar um café decidirem principalmente admiradora da região e dos vinhos visitar duas ou três salas de provas, adquirirem algumas garrafas, onde nasci e cresci profissionalmente, o fascinante tudo isto sem terem que andar com marcações e reservas, Dão. coisas complicadas para quem está de férias e não pretende Entendo que cada pessoa, envolvida com verdadeira seguir uma agenda. paixão naquilo que faz, não permita que o vizinho O consumidor não tem que entrar na adega para perceber mande na sua casa, porque são vários os caminhos que o que tem na garrafa, tal como os comensais não vão para vão dar ao mesmo destino e cada um é livre de escolher a cozinha do restaurante ver como foi confeccionado o o seu. Agora não é suficiente um número reduzido de prato. Mas tem que ter um local onde o visitante tenha a produtores com a sala aberta, é necessário que a maior oportunidade de provar os vinhos da casa, explicados por parte dos produtores crie a sua sala para que este negócio um profissional, seja de restauração, marketing ou enologia, atinja expressão e dimensão, por isso não olhem uns para que transforme cada vinho numa história e que permita que os outros como adversários, mas sim como parceiros que quando o turista regresse ao seu dia-a-dia possa reconhecer apenas unidos conseguem chegar muito mais longe. e continuar a consumir os produtos da mesma. Temos os ingredientes todos para uma receita de Catarina Simões sucesso: vinhos de qualidade, que honram a bandeira Dão; Enóloga XXVI

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Rafael Formoso, neto de João Barbosa e enólogo da casa

Na Adega da Corga “estamos a dar continuidade ao trabalho do meu avô”

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ar “continuidade” ao trabalho de João Barbosa é o lema da terceira geração da Adega da Corga, personificada no neto, Rafael Formoso. O jovem enólogo mantém a tradição e reforça a aposta na Touriga Nacional e no Encruzado. Contudo, mostra-se aberto a novas experiências como outras castas autóctones da região. Gazeta Rural (GR): Um dos factos que ressalta quando provamos, várias colheitas, um vinho da Adega da Corga é que têm vindo a crescer, numa aposta séria na qualidade? Rafael Formoso (RF): Nós só estamos a dar continuidade ao trabalho que o meu avô, João Barbosa, iniciou em 2002, em que apenas produzimos Reservas e Grades Reservas. Nunca entramos na produção de vinhos de combate. Essa foi a imagem criada pelos vinhos da Adega da Corga no consumidor e é isso que queremos manter e reforçar. Queremos apostar em lotes cada vez menores, com mais especificações, para fazermos vinhos de topo, de grande qualidade e, com isso, fidelizarmos os nossos clientes tanto no mercado interno como externo. GR: Isso é mais fácil, tendo em conta as vinhas que têm e a sua localização? RF: Temos a vantagem de ter vinhas antigas e com uma boa exposição, viradas para o rio Dão, com cepas com mais XXVIII

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de 40 anos de Touriga Nacional, que ajudam a ter boas maturações e com excelentes uvas. O vinho tem que vir ‘feito’ da vinha. A Touriga Nacional é o nosso ex-libris, a casta rainha da região do Dão e nós temos a vantagem de ter cepas antigas, pelo que o vinho pouco precisa de ser trabalhado.

GR: O Rafael é um enólogo jovem. Como olha para a aposta que está a ser feita na região em castas autóctones, algumas pouco conhecidas e outras que estiveram quase em vias de extinção? RF: A região tem a sua identidade e nós, na Adega da Corga, apostamos na Touriga e no Encruzado, que nos têm dado vinhos fantásticos. Nós estamos abertos a trabalhar outro tipo de castas, que até temos nas nossas vinhas. A utilização de algumas castas como o Bical, a Uva Cão, o Bastardo, a Baga, a Tinta Pinheira e outras, pode mudar um pouco o panorama do Dão, porque olhando para as condições que a região oferece essas castas podem dar um outro perfil aos nossos vinhos, sem adulterar aquilo que é a essência da região. Talvez tenhamos que olhar para essas castas de uma maneira diferente. Podem trazer coisas novas aos vinhos do Dão.


GR: Com a inclusão dessas castas nos lotes de vinho do Dão, ou mesmo estremes, pode-se estar a mudar o perfil dos vinhos da região e alargar o leque de potenciais consumidores? GR: Acredito nisso e acho que vai ser bom, tanto para os produtores, porque colocarão no mercado um produto diferenciador, mas também para os consumidores, que terão experiências e sensações diferentes. Temos que ter a noção de que nem todos os consumidores gostam de Touriga Nacional, pelo que outro tipo de castas podem fazer com se aproximem do Dão, mas, essencialmente, alargando o leque de novos potenciais consumidores. Se queremos que o Dão emerja, que continue a crescer, e achando eu que ainda tem muito para dar, esse novo potencial cliente poder ser muito atractivo para a região. GR: E a vindima deste ano? RF: Para já esperamos uma grande vindima. As uvas estão num estado excelente, mas vamos esperar até à vindima. A perspectiva é de um grande ano.

Nota de rodapé

Entrevistar o jovem enólogo ao lado do avô, João Barbosa, é uma experiência única. Os genes estão lá e o patriarca da família mostra um brilhozinho nos olhos, quando, de soslaio, vamos percebendo as suas expressões ao longo da conversa. Sábio, lucido de pensamento e conversador, João Barbosa é uma figura ímpar na região. Apesar das dificuldades, vai todos os dias à vinha, acompanhado do neto, para ver como estão as uvas e preparar a vindima.

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Pedro Pereira, enólogo da Adega Tazem, que comemorou 65 anos

“Se não olharmos para o início da cadeia não conseguiremos manter este negócio”

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Adega de Vila Nova de Tazem comemorou 65 anos, com o lançamento de dois novos vinhos, um Pedra D’Orca de 2015, que homenageia a marca mais antiga da cooperativa, e um Garrafeira de 2012, onde a elegância do Dão sobressai. As novidades foram adiantadas por Pedro Pereira. O enólogo da Adega salienta a importância de haver uma subida do preço do vinho, lembrando que “se não olharmos para o início da cadeia (produtores de uvas) não conseguiremos manter este negócio”. Gazeta Rural (GR): A Adega de Vila Nova de Tazem festejou 65 anos? Pedro Pereira (PP): Sim, são 65 anos de uma Adega fundada em 1954. Para nós é importante conseguirmos ter uma empresa com 65 anos, sempre com o mesmo nome e com a mesma actividade. Nos dias de hoje isso tem algum mérito. Como em todas as empresas, nestes 65 anos passamos por vários ciclos. Ciclos melhores e ciclos não tão bons. Houve coisas que se modificaram muito. No início, a empresa vendia essencialmente vinho a granel. Depois, foi talhando o seu caminho. Hoje temos várias marcas, algumas já consolidadas no mercado. Temos consumidores de eleição, que gostam dos vinhos, da nossa maneira de trabalhar, assim como gostam também desta região da Serra da Estrela. GR: Foi uma grande festa com os associados? PP: Sim, e este é um ano importante para nós. Festejamos e celebramos este dia com os nossos associados, mas também com nossos fornecedores, distribuidores e com todo o núcleo mais próximo de nós, mas dando muita importância, sobretudo, aos nossos associados e aos nossos fornecedores de uva, pois foram aqueles que construíram esta casa e que nós gostamos de homenagear também. GR: Como vê hoje para o sector cooperativo no Dão? PP: Actualmente há 4 adegas e a UDACA. Entendo que essas quatro adegas tem uma responsabilidade grande, até porque foram agregando outras pessoas que vieram de outros lados. Hoje, a imagem das adegas cooperativas é melhor. Basta olhar para o último Concurso dos Vinhos Engarrafados da Região do Dão em o primeiro prémio foi para a UDACA XXX

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e as outras adegas também conseguiram algumas medalhas de ouro e isso é sinal de vitalidade. Isso é sinal de que as coisas estão a ser bem trabalhadas. No entanto, entendo que podemos melhorar a nível de comercialização dos vinhos. Precisamos ter um preço médio de venda um pouco mais alto. O mercado está cada vez mais competitivo e quando vamos vender um vinho estamos em competição com todos os produtores e não são só as adegas cooperativas que fazem determinados preços. É o mercado que regula ou se auto regula, mas, repito, precisamos de melhorar o preço médio de venda, até para podermos pagar melhor nas uvas aos nossos associados. Se não olharmos para o início da cadeia, aonde estão só os produtores das uvas, não conseguiremos manter este negócio e este tem que se manter, mas é preciso olhar para todas as etapas da produção. Isto é fundamental.

GR: Que vinhos novos lançaram para comemorar os 65 anos? PP: Lançámos dois vinhos. Um, no fundo, é também uma homenagem a uma das marcas mais antigas da Adega, que é o Pedra D’Orca. Deste, decidimos lançar uma edição limitada com o vinho da colheita 2015, reconhecidamente um bom ano. Para não esquecer o que foram estes 65 anos, lançamos um Garrafeira de 2012, que nos transporta também para tempos mais antigos. É um vinho que vinho que esteve três anos em nossas instalações em estágio de garrafa, indo buscar as memorias mais antigas, de um vinho com mais tempo de garrafa, menos concentrado, um vinho onde a elegância do Dão sobressai.

GR: Que perspectivas para a vindima deste ano? PP: Depois de termos tido um 2018 penalizador em termos de quantidade, aquilo que prevemos é que a quantidade vai aumentar e a qualidade também.


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Marcado para o dia 19 de Outubro

VI Concurso de Vinhos do Crédito Agrícola vai decorrer em Peso da Régua

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Contabilistas Certificados/Consultores Fiscais e de Gestão Contabilista Responsável: Dr. José Pedro da Costa A nossa experiência e a qualidade dos serviços que prestamos, tem-nos permitido ser reconhecido no mercado em que estamos inseridos, tendo sido a nossa principal fonte de publicidade os nossos próprios clientes. Temos sempre apostado na qualificação e formação da nossa equipa para melhor servirmos todos quantos recorrem aos nossos serviços. Privilegiamos o contacto personalizado e a satisfação total dos nossos clientes, procurando sempre mantê-los informados adequadamente, em cada situação concreta. CONTABILIDADE

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stão abertas as inscrições para o VI Concurso de Vinhos do Crédito Agrícola, destinado a produtores e cooperativas de todas as regiões vitivinícolas do país, em parceria com a Associação dos Escanções de Portugal. O concurso prevê a inscrição de vinhos brancos, tintos e espumantes, produzidos em Portugal. Para cada região vitivinícola e para as categorias “Vinho Branco”, “Vinho Tinto” e “Vinho Espumante”, será atribuída a distinção Tambuladeira dos Escanções de Portugal de Ouro, Prata e Bronze. O painel de Júri reunirá no AUDIR, Auditório Municipal do Peso da Régua – Cidade do Vinho 2019 -, no dia 19 de Outubro, para a realização das Provas Cegas dos vinhos a concurso. De sublinhar que no total das cinco edições anteriores o Concurso registou a inscrição de mais de 1.000 vinhos e premiou com Ouro, Prata e Bronze três centenas de vinhos brancos, tintos e espumantes oriundos das regiões vitivinícolas dos Vinhos Verdes, Trás-os-Montes, Douro, Beiras, Dão, Bairrada, Tejo, Lisboa, Península de Setúbal, Alentejo e Algarve. Esta é mais uma iniciativa do Grupo Crédito Agrícola para apoiar o sector vitivinícola e o desenvolvimento das economias locais, especialmente as Cooperativas e os Produtores, promovendo e colocando à prova a qualidade dos vinhos nacionais. O Concurso de Vinhos do Crédito Agrícola é, desde a sua primeira edição, reconhecido pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV I.P.).


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Com muitos milhares de pessoas

Festas do Concelho de Penalva do Castelo superaram expectativas

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oram muitos milhares de pessoas que passaram por Penalva do Castelo durante as Festas do Concelho, que contaram com nomes como Toy e UHF no cartaz de animação. As noites quentes ‘estenderam’ os festejos até altas horas da madrugada. “As Festas do Concelho Superaram as nossas expectativas e correram muito bem, com milhares de pessoas a marcarem presença nos espectáculos que proporcionámos. O tempo ajudou, as noites foram apetecíveis e as pessoas saíram mais tarde do recinto”, afirmou o presidente da Câmara de Penalva do Castelo à Gazeta Rural. Do programa constaram iniciativas que permitiram aos visitantes conhecer melhor o concelho, nomeadamente os seus produtos endógenos. “Tivemos uma mostra daquilo que de melhor se produz em Penalva do Castelo, com a nossa trilogia de excelência, os vinhos, os queijos e a maçã. A juntar a isto, tivemos outros produtos, como o pão, a doçaria, as compotas e o fumeiro”, sublinhou Francisco Carvalho. O autarca frisou o caracter local da iniciativa. “Não pretendemos fazer concorrência a outros eventos que se realizam na região, uma vez que o nosso objectivo é promover os produtos locais”, lembrando que na mostra estiveram os vinhos, com “os produtores do concelho, com a Adega Cooperativa, que tem cerca de um milhar de associados. Francisco Carvalho apontou como exemplo o pão que os visitantes puderem apreciar e comprar, que “é confeccionado de forma tradicional, como era no tempo dos nossos antepassados”. A ocasião foi aproveitada para a entrega das três medalhas de ouro obtidas pelos vinhos da Adega de Penalva no concurso internacional, “La Selezione del Sindaco”. 44

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Certame decorreu em Penafiel

Agrival terá gerado um volume de negócios superior a 11 milhões de euros

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enafiel recebeu um dos maiores eventos neste ambiente 40 anos de um evento, de uma iniciativa que continua agrícola do norte do País. A Agrival 2019 jovem, continua com a grande vitalidade e é, sobretudo, uma iniciativa celebrou os 40 anos com pompa e circunstância. com futuro”, referiu Alberto Santos. O certame tem, actualmente, uma área de Na abertura da Agrival estiveram presentes várias personalidades exposição de cerca de 30 mil metros quadrados de Penafiel e da região, mas também o administrador do município e recebeu mais de 300 expositores. Mais de 140 de Lautém, de Timor-Leste, e o cônsul da Costa do Marfim no Porto. mil visitantes terão passado pelo certame que Manuel dos Santos Gomes, presidente da Confederação Nacional gerou um valor aproximado de negócios acima das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal dos 11 milhões de euros. (CONFAGRI), lembrou que a organização que dirige “é parceira do Na cerimónia de inauguração foram evento há 35 anos e quer continuar a sê-lo”. O dirigente lembrou a homenageados aqueles que há quatro décadas importância da CONFAGRI no meio rural. Reúne nove federações, deram corpo à feira. “Há 40 anos, a nossa Agrival com 600 cooperativas associadas, a que junta o Crédito Agrícola, acontecia, pela primeira vez, com 40 expositores, com 573 balcões a nível nacional. “Se não forem estas duas grandes na Escola Secundária de Penafiel”, lembrou o organizações, o que seria destas populações para fazer a parte presidente da Câmara de Penafiel, ladeado por dois social”, salientou Manuel dos Santos Gomes. dos fundadores do certame. Nessa altura, “montar uma exposição como esta e uma feira como esta só, de facto, com muito talento, com muita imaginação e com muita criatividade e, por isso, o mérito é ainda maior por aquilo que fizeram. Foi uma grande evolução”, referiu Antonino de Sousa. O autarca lembrou a fase mais recente do certame que passou, há 18 anos, para o Pavilhão de Feiras e Exposições. “Foi a partir daí que passou a acontecer a mostra gastronómica, os concertos, a zona dos bares com animação e tantas outras inovações que foram possíveis ao longo de cada uma das edições ir trazendo, para que a Agrival nunca perdesse a capacidade de apelo e de atracção de visitantes”, Já antes, o presidente da Assembleia Municipal de Penafiel tinha lembrado todos quantos fizeram da Agrival um evento de referência no país. “Estamos a celebrar www.gazetarural.com

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Recriação histórica das Invasões Francesas é um dos atractivos

Almeida recebe anualmente mais de 100 mil visitantes

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edição 2019 do Cerco de Almeida “foi uma grande recriação” da terceira invasão francesa, com milhares de pessoas a passarem por aquela vila raiana durante o fim-de-semana. Este evento contribuiu, de forma significativa, para os 100 mil visitantes que anualmente atravessam as imponentes muralhas que, em forma de estrela, cercam a parte histórica da Vila. A décima quinta edição superou as expectativas do município, com as pessoas a assistir e a participar nas diversas actividades que fizeram parte do programa. “Tivemos um fim de semana com muita gente, com bom tempo, o que permitiu que as pessoas viessem até Almeida e pudessem contemplar o magnífico Picadeiro Del Rei, que hoje alberga cavalos, onde há aulas de volteio e passeios de charrete”, afirmou o vicepresidente da Câmara de Almeida à Gazeta Rural. José Alberto Morgado destacou, no âmbito do programa do evnto, o baile oitocentista, que teve lugar no Picadeiro, “em que o Grupo de Reconstituição Histórico do Concelho de Almeida, bem como outros participantes, proporcionaram um momento de recriação fantástico a que assistiram milhares de pessoas”. Segundo o autarca, o Cerco de Almeida “tem-nos permitido projectar a história, mas também o concelho além-fronteiras. Almeida é uma vila histórica, com imponência a nível patrimonial, em forma de estrela, muito cuidada e que todos os anos recebe mais de 100 mil visitantes, nomeadamente espanhóis, que, pelo seu poder financeiro, são muito importantes para nós”. José Alberto Morgado destaca o carácter “diferenciador deste evento, referindo que “do género oitocentista e recriando, neste caso, a terceira invasão francesa é o maior da Península Ibérica”. Referiu que este ano “contámos com cerca de 450 recriadores, que, para além de Portugal, vieram também de Inglaterra, França e Espanha. A logística é grande, mas já estamos preparados”. O vice-presidente da Câmara acrescenta ainda que este evento “projecta Almeida e o seu concelho não só em Portugal, mas também além-fronteiras. É um caminho que temos seguido e que, segundo dados que vamos obtendo junto dos agentes locais, nos traz maisvalias, nomeadamente nas áreas da hotelaria e restauração”. 46

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Promovidas pelo Município de Sátão

Festas de São Bernardo 2019 foram um sucesso

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ultura, desporto, música e muita animação foram os ingredientes que estiveram presentes nas Festas de São Bernardo 2019, promovidas pelo Município de Sátão. Milhares de pessoas passaram recinto das festas, onde puderam desfrutar de um programa diversificado e atrativo que pretendeu ir ao encontro dos mais variados gostos. O primeiro dia das Festas abriu com um grandioso Espectáculo Musical, proporcionado pelas Escolas de Música de Sátão acompanhado pelo Fogo de Artificio, seguido da actuação de LuZitano Music. No dia 18, o desporto esteve em alta, realizando-se logo pela manhã o Running sendo vencedora Rosa Madureira em femininos e Carlos Silva em masculinos. No início da tarde decorreu a Perícia Automóvel. Pela noite dentro foi a vez do Grupo Omega subir ao palco e logo de seguida os Amor Eletro, que abrilhantaram ainda mais o certame. No dia 19, dia do Festival de Folclore e Música Popular, actuaram a Contituna, Tuna de Contige; Uma Concertina - Associação Recreativa, Cultural e Concertinas de São Miguel de Vila Boa; Grupo Etnográfico de Danças e Cantares da Freguesia de Mioma e Rancho Folclórico de São Miguel de Vila Boa, bem como o grupo MF Music. No Feriado Municipal, dia 20 de Agosto, o dia amanheceu com a realização da tradicional Feira do Gado e Feira Anual. Depois da Eucaristia concelebrada por todos os Srs. Padres do Arciprestado de Sátão, decorreu no início da tarde a Entrega do Prémio Literário Cónego Albano Martins de Sousa, tendo-se sagrado vencedor Nuno Alberto Marques de Figueiredo, sendo ainda atribuída a Menção Honrosa a Paula Cristina Direito Rabaça. Depois da Garraiada, foram degustadas nove sopas no Festival da Sopa, evento que atrai cada vez mais pessoas. A noite terminou com a actuação da Banda S e com o artista Anselmo Ralph, levando milhares de pessoas ao rubro. Decorreu igualmente durante o certame uma exposição de artesanato, no recinto do Largo de S. Bernardo. www.gazetarural.com

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Arranca no dia 23 de Setembro com quase uma centena de candidatos

Melhor aluno da Escola de Pastores pode ganhar cinco mil euros

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escola de pastores, um projecto-piloto integrado no Programa Centro iniciou-se em 01 de Janeiro, envolve um de Valorização da Fileira dos Queijos da Região Centro, arranca investimento total de 2,7 milhões de euros, sendo no dia 23 de Setembro e conta com perto de uma centena de que 2,3 milhões correspondem ao Programa de candidatos inscritos. Valorização da Fileira do Queijo da região Centro, A Associação do Cluster Agroindustrial do Centro (InovCluster) financiado em 85% pelo Centro 2020, e 428 mil explica que a escola de pastores pretende cativar empreendedores euros dizem respeito à iniciativa Rota Turística e que queiram dedicar-se à actividade da pastorícia, cujo objectivo Gastronómica Queijos da Região Centro, financiada principal é contribuir para o reforço e rejuvenescimento da em 65% através do Valorizar. actividade. Na totalidade, o projecto envolve um total de Este projecto-piloto está inserido no Programa de Valorização da 14 entidades da região Centro, das quais quatro Fileira dos Queijos da Região Centro, que inclui um investimento comunidades intermunicipais (Beira Baixa, Beiras total de 2,7 milhões de euros e que é liderado pela InovCluster. e Serra da Estrela, Região de Coimbra e Viseu Dão “É para nós fundamental que as sinergias que se estão a criar Lafões), cinco associações do sector, dois institutos em torno deste sector sejam as melhores. Só desta forma será politécnicos (Castelo Branco e Viseu) e o Centro de possível valorizar e fazer perdurar no tempo uma actividade que Biotecnologia de Plantas da Beira Interior. reflecte parte relevante da identidade patrimonial, histórica A iniciativa abrange a produção de queijos de e económica da Região Centro”, explica a presidente da Denominação de Origem Protegida (DOP) da Serra da InovCluster, Cláudia Domingues. Estrela, da Beira Baixa e do Rabaçal. As aulas realizam-se nas Escolas Superiores Agrárias de Castelo Branco e Viseu e em explorações agro-pecuárias dos concelhos de Castelo Branco, Fundão, Penela, Oliveira do Hospital, Gouveia e Viseu, podendo também vir a contemplar outros concelhos. O curso tem a duração de quatro meses e um número total de 560 horas de formação, prevendo-se que termine em Janeiro de 2020. Quem frequentar a formação com sucesso, no final, tem a oportunidade de se candidatar ao “Vale Pastor”, um prémio monetário no valor de 5 mil euros. O Programa de Valorização da Fileira do Queijo da Região 48

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Última Hora

De 11 a 16 de Setembro, em Tondela

Amor Eletro, Ana Moura, Toy e Anjos são nomes grandes do cartaz da edição 2019 da FICTON

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ondela vai oferecer seis dias de muita animação, de 11 a 16 de Setembro, na edição 2019 da FICTON – Feira Industrial e Comercial de Tondela, certame organizado pela autarquia local e que pretende mostrar e promover as potencialidades do concelho. Apontado como o maior evento cultural e económico do concelho, a FICTON oferece um cartaz de espectáculos de luxo, com Amor Eletro, Ana Moura, Toy e Anjos como nomes grandes, que vão subir ao palco, mas também os grupos do concelho animarão o certame. Ana Moura subirá ao palco no primeiro dia do evento, com Toy a actuar no dia seguinte. Os Amor Eletro actuam no dia 14, com os Anjos a fecharem o dia seguinte. Pelo meio há ainda Virgul, grupos e artistas do concelho, bem como um arraial popular. Dia 16 de Setembro, segunda-feira, último dia da FICTON, comemora-se o feriado municipal, com diversas iniciativas de índole institucional. A FICTON tem outros atractivos. Para além dos expositores institucionais, haverá também uma mostra de vinhos de produtores do concelho, bem como um espaço para os produtos locais e uma mostra de artesanato. No dia de abertura decorrerá a tradicional Festa do Frango, mas também o Dia das Freguesias, que terá lugar a 13 de Setembro. A expectativa da organização para a edição deste ano é ultrapassar o número de visitantes de anos anteriores, mas também de expositores.


CURTAS Tondela recebe edição 2019 do Concurso Queijos de Portugal

de inauguração da feira, pelas 18 horas, sendo certa a presença do ministro da Agricultura.

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ondela volta a receber Concurso Queijos de Portugal, que terá lugar Portalegre promove nos dias 10 e 11 de Outubro. Nesta edição, motivados pela adesão dos produtores e pela necessidade de aproximar e equilibrar a avaliação a tradicional Feira sensorial entre as referências inscritas, vamos abrir duas novas categorias: Novos Sabores Frescos - categoria que foi premiada pela primeira vez no das Cebolas ano passado, e Queijo de Ovelha Amanteigado. Promover e estimular o desenvolvimento da indústria e melhorar tradicional Feira das Cebolas em o conhecimento e posicionamento do produto junto do consumidor, Portalegre, vai realizar-se mais uma vez são os objectivos assumidos desde a primeira hora. Os queijos no Jardim da Avenida da Liberdade de 13 a 15 apresentados a concurso serão alvo de uma avaliação objectiva e de Setembro. Enquanto petiscam iguarias à técnica por parte de provadores especialistas, representando o sector base de cebola, os visitantes vão poder assistir académico, gastronómico, a distribuição, a imprensa, as instituições e às actuações das Associações Culturais de os consumidores. Este ano, as portas estarão abertas para sessões de Portalegre e não só. Não vão faltar actividades prova, a que se juntam quatro representantes da indústria, os quais como o passeio de bicicletas clássicas ou a integram o Júri do Concurso. Exposição Monográfica do Rafeiro do Alentejo em Portalegre.

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Bucelas recebe a Festa do Vinho e das Vindimas

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Artesanato, o Turismo e a Natureza são os temas centrais da Feira de Setembro em Moura

ucelas volta a promover um dos maiores eventos culturais de cariz associativo da região saloia – a Festa do Vinho e das Vindimas – que decorre de 11 a 13 de Outubro. O evento é coorganizado pela Câmara de Loures, Junta de Freguesia de Bucelas e movimento associativo da freguesia. Parque Municipal de Feiras e Exposições do Esta iniciativa visa a preservação e a divulgação da identidade Concelho de Moura vai receber de 12 e 15 do cultural da freguesia de Bucelas, associada à produção do vinho e próximo mês, a tradicional Feira de Setembro, que ao conjunto de artes e ofícios tradicionais ligados à vitivinicultura. tem no Artesanato e no Turismo e a Natureza são os Um dos pontos altos desta iniciativa é o Desfile Etnográfico, que temas centrais do certame. percorre as ruas da vila, composto por mais de duas dezenas de Do programa, destaque para a sexta-feira, dias 13, carros alegóricos, evocando o ciclo completo do vinho. pelas 11 horas, com o seminário “Alterações climáticas Mostra vitivinícola e de produtos regionais, passeios, provas e biodiversidade no Baixo Alentejo”, promovido de vinhos, degustações, harmonizações, artesanato, bailes, pela CIMBAL – Comunidade Intermunicipal do Baixo concertos, exposições, folclore, gastronomia, visitas e actividades Alentejo. Às 15 horas, no mesmo local, realiza-se uma para famílias são outras das iniciativas que fazem parte da Festa mesa-redonda subordinada ao tema “A importância do Vinho e das Vindimas deste ano. estratégica de Moura no turismo regional” e pelas 19 horas decorrerá o XXIII Concurso de Petiscos, na Comoiprel. Feira Agrícola de Portalegre Para sábado, destaque para o XXVI Concurso de Méis mostra sector agropecuário da região de Moura, na Comoiprel; a entrega de prémios do XXVI Concurso de Méis da região de Moura e do Parque de Leilões de Gado de Portalegre, recebe de 6 Prémio Municipal de Artesanato 2019. a 8 de Setembro a Feira Agrícola, certame será uma No dia 15 de Setembro destaque para a prova FAC mostra dos produtos e animais dos associados, bem como de Santo Huberto, em Santo Amador, realizando-se a entrega empresas do sector agropecuário. de prémios desta prova no Pavilhão 2, pelas 16:00. Às 18:00 haverá demonstração de cães de parar, às 19 horas A destacar o descerramento do busto de Francisco Romão entrega de prémios do XXIII Concurso de Petiscos, junto às de Moura, fundador e primeiro presidente da Associação tasquinhas. dos Agricultores do Distrito de Portalegre, entretanto falecido. A homenagem acontecerá a 6 de Setembro, dia

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