Gazeta Rural nº 380

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Feira do Queijo de Serpa ‘viaja’ pelos 20 anos do certame

Gouveia promove a ExpoSerra durante seis meses Seia promove produtos endógenos em Feira do Queijo digital

ANCOSE armazena queijo e compra lã aos produtores da região da Serra da Estrela Feira do Queijo de Penalva do Castelo deve acontecer em Março ou Abril Câmara da Póvoa de Lanhoso promove fins-de-semana gastronómicos

Restaurantes de Penacova servem lampreia em take away Qualificação da Vitela Assada à Moda de Fafe como ETG está em marcha

Município de Marvão promove “Comidas d’Azeite Online” Vila Nova da Barquinha promove Mês do Sável e da Lampreia Portugal em projeto europeu para reduzir uso de pesticidas em vinhas e olivais Compras online fazem disparar envio de vinhos

UÉ desenvolve novos dispositivos para combater uma das pragas em todo o olival

Ficha técnica Ano XVI | N.º 378 Periodicidade: Quinzenal Director: José Luís Araújo (CP n.º 4803 A) E-mail: jla.viseu@gmail.com | 968 044 320 Editor: Classe Média C. S. Unipessoal, Lda Sede: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba Júlio Sá Rego | Gabriel Costa Departamento Comercial: Luís Cruz Sede de Redacção: Lourosa de Cima 3500-891 Viseu | Telefone: 232 436 400 E-mail : gazetarural@gmail.com Web: www.gazetarural.com ICS: Inscrição nº 124546 Propriedade: Classe Média - Comunicação e Serviços, Unip. Lda Administrador: José Luís Araújo Sede: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu Capital Social: 5000 Euros CRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507 021 339 Detentor de 100% do Capital Social: José Luís Araújo Dep. Legal N.º 215914/04 Execução Gráfica: Beatriz Pereira Impresão: Novelgráfica, Lda R. Cap. Salomão, 121 - Viseu | Tel. 232 411 299 Estatuto Editorial: http://gazetarural.com/estatutoeditorial/ Tiragem Média Mensal: 2000 exemplares Nota: Os textos de opinião publicados são da responsabilidade dos seus autores.

IPB integra projeto europeu de valorização do património da oliveira Prazo de limpeza de terrenos florestais termina dentro de um mês CIM Viseu Dão Lafões integra projeto que visa a valorização da fileira da floresta

Montado pode influenciar positivamente a qualidade da água Territórios do Côa criam rota de turismo literário Palmela e criadores querem ajuda para preservar ovelha autóctone em vias de extinção

Projeto “Terras da Transumância” quer valorizar os territórios e atrair visitantes

Município de Pinhel constrói Parque de Caravanismo Crónicas Rurais por Gabriel Costa: A técnica do degrau



De 26 a 28 de Fevereiro, em formato digital

Serpa ‘viaja’ pelos 20 anos da Feira do Queijo e aborda do futuro do setor no concelho A XX Feira do Queijo do Alentejo vai decorrer em formato online. A pandemia obrigou a Câmara de Serpa a mudar os planos. Deste modo, a edição 2021 vai decorrer de 26 a 28 de Fevereiro nas plataformas digitais do município alentejano, com um programa que pretende promover o evento de 2022, que se espera presencial, com comunicações sobre o estado da fileira do queijo no concelho, mas revisitará as edições anteriores da feira.

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m entrevista à Gazeta Rural, o presidente da Câmara de Serpa referiu que “vai ser uma feira para falar muito do futuro do setor e ajudar a promover o queijo e a Feira de Serpa”. Tomé Pires gostaria que a feira tivesse visitantes, mas tal não foi possível. Deste modo, o município prevê realizar, logo que possível, “iniciativas novas e pontuais”, para ajudar os produtores do concelho a escoar os seus produtos. O lançamento de uma loja virtual está previsto para o último dia da feira deste ano. Gazeta Rural (GR): A Câmara vai realizar a Feira do Queijo, mas em moldes diferentes? Tomé Pires (TP): Sim. Não gostaríamos que assim fosse, mas vai ser uma feira virtual, como tem acontecido noutros eventos no país. Será uma iniciativa digital, esperando nós que a próxima edição já seja presencial, que era o queríamos para esta. Aliás, trabalhámos para que assim fosse até meados de Janeiro, com muitas alterações e adaptada ao período que atravessamos, desde logo com 4

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um número limitado de entradas, - para não houvesse muita gente ao mesmo tempo no pavilhão, - e com um circuito definido, em que as pessoas não se cruzariam, mas face às circunstâncias tal não foi possível.

GR: Equacionaram, em algum momento, adiar a feira para mais tarde? TP: Era uma incerteza muito grande e essa situação nunca foi colocada em cima da mesa. Nós temos um conjunto de ideias para pôr em prática mais tarde, após os desconfinamento. Há várias iniciativas que queremos fazer para, de alguma forma, tentar compensar a realização de alguns eventos que tínhamos previsto. Serão iniciativas novas e pontuais, porque o que queremos é voltar a fazer esses eventos na altura certa e com a qualidade que temos vindo a imprimir nos últimos anos. Por isso, não equacionamos alterar as datas das iniciativas


que costumamos promover ao longo do ano. O que pretendemos é levar a cabo a nossa Feira do Queijo na data certa, até porque, como acontecerá com outros municípios do país, poderá haver alguma concentração de eventos e haver, inclusive, dificuldades das empresas que costumam dar apoio, nomeadamente logístico, não terem condições de o fazer. O que queremos, logo que possível, é fazer uma iniciativa de promoção dos produtos locais, onde se inclui, com destaque, o queijo de Serpa, que gostaríamos que acontecesse no Centro Histórico. Era uma forma de darmos uma oportunidade aos produtores de poderem vender os seus produtos, minimizando, de algum modo, as dificuldades que atravessaram no último ano. GR: Tem alguma previsão para a realização desses eventos? TP: É tudo uma incerteza. Já pensámos que poderia acontecer por altura da Páscoa, mas, sabendo nós que, muito provavelmente, as regras se manterão apertadas até essa altura, temos que esperar. Em face disso temos dificuldade em planificar e definir a altura da sua realização. Certo é que os levaremos a cabo, logo que haja condições para tal, previsivelmente em Maio ou Junho.

devemos ir e se os nossos produtores têm projetos comuns e em que situação se encontram. Ou seja, vai ser uma feira para falar muito do futuro do setor e ajudar a promover o queijo e a Feira de Serpa, uma vez que, como já referi, um dos temas principais desta edição será fazer um pouco de história sobre as edições anteriores, comemorando e assinalando, dessa forma, os 20 anos do certame.

GR: Uma das marcas da Feira é a presença de queijos de várias regiões do país. Como vai ser este ano, tendo em conta o formato online? TP: O que vamos ter nesta edição digital é uma mostra do que tem sido a feira ao longo destes 20 anos. Pretendemos que seja um evento que mostre a história da Feira, como foram as anteriores edições, mas também falar da classificação DOP do queijo de Serpa, cuja certificação já tem 34 anos; de projetos que estão a surgir à volta do setor e lançar e aguçar o apetite para a edição de 2022, que esperamos que seja presencial. Nesta edição online pretendemos lançar, no domingo (28 de Fevereiro) uma loja virtual, com todos os produtos do concelho de Serpa, que esperamos esteja disponível poucos dias depois da feira, com um destaque particular para o nosso queijo. GR: Tem havido uma grande adesão às feiras virtuais. Está confiante no sucesso da Feira Online e da loja virtual? TP: Contamos ter muito visitantes ‘virtuais’ nesta feira, até porque vamos divulgar alguns projetos, alguns em andamento, - como um novo produtor de queijo que surgiu no concelho em tempo de pandemia, - outros que queremos começar a pôr em funcionamento, com várias conversas à volta da fileira do queijo, até para falar do setor e perceber o ponto de situação em que se encontra, mas também tentar perceber para onde www.gazetarural.com

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Na área da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela

Feiras do queijo da Serra da Estrela em formato digital As feiras do queijo da Serra da Estrela vão decorrer este ano “100% em formato digital” nos municípios da área da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela devido à pandemia de covid-19.

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m ano de pandemia, os municípios das Beiras e Serra da Estrela, Origem Protegida) Serra da Estrela através da plataforcom o apoio da Comunidade Intermunicipal, reinventam-se. As ma “O Bom Sabor da Serra”. emblemáticas Feiras do Queijo da Serra vão realizar-se em formato digital Segundo a CIM-BSE, Trancoso também irá destacar o e, em alguns casos, com uma duração mais alargada do que o habitual”, queijo da Serra da Estrela na Feira ‘online’ do Fumeiro refere a Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMdos Sabores e Artesanato do Nordeste da Beira, que se -BSE) em comunicado. realiza no último fim de semana de Fevereiro (27 e 28) e Segundo a fonte, “este ano as Feiras do Queijo da Serra da Estrela no primeiro fim de semana de Março (06 e 07). não vão ser canceladas e decorrem 100% em formato digital”, estando “O consumidor poderá aceder ao ‘site’ ‘Visite Serra da confirmadas neste formato as feiras de Seia, Gouveia, Celorico da Beira Estrela’ e encontrar toda a informação sobre as Feiras do e Fornos de Algodres, e a Feira do Fumeiro dos Sabores e Artesanato do Queijo Serra da Estrela que se realizam ‘online’. Basta aceNordeste da Beira (Trancoso). der, clicar e adquirir o sabor inconfundível da tradição”, su“Na impossibilidade de se realizarem os eventos físicos, com estas blinha a fonte. feiras digitais, mais de 100 produtores, incluindo produtores de queijo Além dos queijos Serra da Estrela que contam com as da Serra da Estrela, vão conseguir vender o seu produto. O queijo da respetivas feiras digitais, é também possível comprar outros Serra está assim à distância de um clique”, acrescenta. produtos endógenos e identitários do território. O município de Seia estreia a temporada das Feiras do Queijo da Numa iniciativa da CIM-BSE, em estreita articulação com os Serra da Estrela ‘online’ através da plataforma DOTT, entre os dias 13 municípios que a compõem, foi lançada a iniciativa ‘A Serra à e 28 de Fevereiro. sua Porta’, que dá acesso às várias plataformas de venda ‘onliEntre 20 de Fevereiro e até 21 de Agosto, Gouveia realiza digitalne’ de produtos do território. mente a tradicional Exposerra – Feira de Atividades Económicas da “Com a iniciativa ‘A Serra à sua Porta’ queremos estar mais Serra da Estrela na DOTT, que contará com um mercado virtual de próximos dos produtores e das suas necessidades e assim faciqueijos. litar o contacto direto, ainda que confinado, com os sabores e Também o município de Celorico da Beira estreia a sua Feira os saberes do território”, é referido. do Queijo Digital entre os dias 28 de Fevereiro e 28 de Março, e A CIM-BSE, com sede na cidade da Guarda, é constituída por fará promoção da loja ‘online’ que, nesta fase, será dedicada em 15 municípios: 12 do distrito da Guarda (Almeida, Celorico da exclusivo ao queijo, mas irá evoluir para a promoção de outros Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres, Guarda, produtos endógenos. Gouveia, Manteigas, Meda, Pinhel, Seia, Sabugal e Trancoso) e Já a autarquia de Fornos de Algodres, ao longo de todo o mês três do distrito de Castelo Branco (Belmonte, Covilhã e Fundão). de Março, irá dar destaque aos Queijos DOP (Denominação de 6

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Com a realização de um mercado virtual

Gouveia promove a ExpoSerra durante seis meses A ExpoSerra - Feira de Actividades Económicas da Serra da Estrela será comemorada este ano com a realização de um mercado virtual que terá a duração de seis meses, anunciou a Câmara Municipal de Gouveia.

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ace às restrições resultantes do combate à pandemia covid-19, que impediram a realização da ExpoSerra nos moldes habituais, optou-se por realizar um mercado de vendas online, com o objectivo de promover os produtos endógenos e o artesanato local e potenciar as suas vendas”. A autarquia presidida por Luís Tadeu refere em comunicado que criando sinergias entre a plataforma DOTT e os CTT decidiu “reinventar a ExpoSerra, transformando-a no Mercado Virtual da Serra da Estrela, que decorrerá, este ano, por um período de seis meses, entre os dias 20 de Fevereiro e 21 de Agosto”, em formato inteiramente digital. “Contando com a adesão de mais de duas dezenas de produtores, aos quais se poderão juntar outros no decurso do evento, o certame permitirá que os mesmos apresentem os seus produtos e realizem a venda e o transporte rápido e

seguro dos mesmos até casa dos clientes, residentes em Portugal continental ou arquipélagos”, adianta-se. O município de Gouveia sublinha que com esta adaptação “conseguirá cumprir os objectivos fundamentais da ExpoSerra, continuando a promover as actividades económicas, a valorizar o tecido empresarial, os produtos endógenos, o artesanato, o turismo de natureza e as tradições e cultura, enquanto marcas identitárias do concelho de Gouveia e da região da Serra da Estrela”. A autarquia de Gouveia tem promovido anualmente a ExpoSerra, no período do Carnaval, para divulgar as potencialidades locais e captar visitantes para o território.

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Seia promove produtos endógenos em Feira do Queijo digital

Seia promove produtos endógenos em Feira do Queijo digital Se o Carnaval é tempo de folia, em Seia é sinónimo de Feira do Queijo, que vai decorrer até 28 de Fevereiro, em formato online. O certame, que se realiza por esta altura há 43 anos, e que devido à pandemia não pode ser operacionalizado nos moldes habituais, em 2021 ganha um novo formato, pela via digital.

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feção de pratos típicos, ordenha da ovelha e da própria animação promovida rganizada pelo Município de Seia, o certame pelas associações locais), o autarca destaca que esta é a única ferramenta para deste ano tem como parceiro o Dott, o maior apoiar as empresas e os clientes, nesta nova circunstância que vivemos, possishopping online de Portugal, e os CTT, responsáveis bilitando aos produtores escoar os seus produtos, criando condições para que pelo processo de logística e distribuição. os consumidores os possam adquirir a partir de casa. A feira digital decorre pelo período de 15 dias, de 13 Assim, porque este ano não é possível vir à serra da Estrela, Seia vai ao a 28 de Fevereiro, com a autarquia a assegurar todas as encontro dos portugueses. Os CTT são os responsáveis pelo processo de despesas inerentes à operacionalização do evento, desde logística e distribuição dos produtos, em linha com a consciência que têm a comercialização na plataforma, ao acondicionamento do papel crítico que desempenham na manutenção de cadeias de comudos produtos, e aos portes, que serão gratuitos para quem nicação e logística vitais para a economia e a sociedade portuguesa, papel compra. Portanto, uma oportunidade única para o país dereforçado no atual contexto, apoiando também as empresas na presença gustar os produtos típicos de Seia, como o são o afamado nos canais digitais através das suas soluções e serviços. queijo de ovelha, o Queijo Serra da Estrela DOP, os enchidos O Dott é o maior shopping online de Portugal. Feito de portugueses serranos, o vinho sub-região da serra da Estrela, mas tampara os portugueses, está, mais que nunca, empenhado em apoiar a dibém o mel de urze, os licores, a broa e o Bolo Negro de Logitalização das empresas portuguesas. Para tal, conta com uma equipa riga. Para os expositores, esta é uma forma de potenciar as dedicada em ajudar as empresas a vender online o mais rapidamente suas vendas e de firmar a marca de Seia e da serra da Estrela. possível e, em simultâneo, oferecer aos portugueses as marcas que Filipe Camelo, presidente da Câmara de Seia, encara a iniciamais gostam numa experiência de compra única, segura, cómoda e tiva como uma oportunidade de continuar a afirmar um certaconfiável. me já consolidado no calendário da região, que paulatinamente tem crescido, em qualidade e no público. Apesar de reconhecer ser muito diferente do evento físico, em especial pela singularidade do programa de animação que habitualmente acompanha a feira (demonstrações ao vivo da feitura do queijo, enchido, con8

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Para ajudar os produtores e os criadores da região

ANCOSE armazena queijo e compra lã aos produtores da região da Serra da Estrela A pandemia está a afetar os produtores de queijo da região da Serra da Estrela, que se vêm a braços com o produto em stock. Par minimizar o problema, a Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Serra da Estrela (ANCOSE) está a ajudar os produtores e os criadores da região armazena o produto que não está a ser vendido, mas também a comprar lã de ovelha aos associados.

“O

s produtores têm muita dificuldade em vender o queijo Serra da Estrela”, referiu o presidente da ANCOSE ao Jornal do Centro. “Como a maior parte dos pastores não tem condições para armazenar o queijo, disponibilizámos tudo o que era nosso para armazenar o queijo dos pastores”, explicou. Manuel Marques adiantou que já estão armazenadas cerca de oito toneladas de queijo nas instalações da ANCOSE, “o que é muito elevado, pois tal não se verificava nos anos anteriores”, que espera “possa ser vendido até à Páscoa”. No sentido de ajudar o setor, a ANCOSE vai lançar uma plataforma digital para venda de queijo. “Algumas câmaras já o fizeram e nós vamos avançar, mais ou menos, com o mesmo sistema, em que a pessoa vai, ‘carrega’ para o carrinho, compra e o queijo é entregue em casa porque temos transportadoras para isso”, afirmou Manuel Marques, que espera que o site o site “esteja pronto em finais de Fevereiro”, para “abranger o período da Páscoa e para que as pessoas não tenham de sair de casa para comprar o queijo”. 10

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Normalmente abre o ciclo de evento dedicados ao queijo Serra da Estrela

Feira do Pastor e do Queijo de Penalva do Castelo deve ocorrer em Março ou Abril Penalva do Castelo abre, anualmente, o ciclo de evento dedicados ao queijo Serra da Estrela, com a realização da Feira do Pastor e do Queijo no primeiro fim de semana de Fevereiro. Contudo, a pandemia, e o confinamento a que o país está sujeito, obrigou a Câmara local a cancelar a realização do evento na data habitual, admitindo a sua realização, em Março ou Abril, logo que as condições o permitam, ainda que de forma condicionada, permitindo o escoamento do produto dos queijeiros do concelho.

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presidente da Câmara de Penalva do Castelo refere que a não realização do evento é “um rude golpe” para o setor e para a economia local, mas realça “o interesse e a importância da Feira para os produtores de queijo do concelho”, considerando-a “o ponto mais alto do ano para escoarem o produto”, afirma. Francisco Carvalho admite a realização presencial do evento em Março ou Abril, se “a pandemia o permitir e estiveram reunidas as todas as condições de segurança”. Logo que possível, adianta o autarca, a “Câmara espera abrir a Feira Semanal e o Mercado Municipal e, nessa altura, já teremos condições para realizar a Feira do Queijo, cumprindo as regras da Direção-Geral da Saúde e promovendo a venda de produtos alimentares”. Nessa altura, a Feira do Pastor e do Queijo será realizada num novo figurino. Não haverá animação e “o queijo da Serra da Estrela pode ser adquirido em total segurança no evento”, garante Francisco Carvalho, salientando que os produtores de queijo “terão oportunidade para escoar o produto, até porque a divulgação será feita em moldes semelhantes, dizendo que se poderá adquirir queijo genuíno ‘Serra da Estrela’ em segurança e diretamente do produtor”.

ADD - Venha à descoberta…

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Juntando profissionais da gastronomia de Portugal e Espanha

Projeto gastronómico revela o melhor da ibéria Profissionais da gastronomia de Portugal e Espanha uniram-se para explorar o património e diversidades gastronómicas que caracterizam estes dois países. Ponte Puente, patrocinado por Estrella Damm, arrancou em Dezembro e já reúne um conjunto de conversas protagonizadas por um elenco de luxo.

C

loni). A conversa convergiu para a missão que ambos reconhecem perseguir: onversas imperdíveis para quem se interessa a valorização e elevação do seu ofício. A profissão de chefe de sala, que não pela área e que estão disponíveis na plataforma sendo muitas vezes a primeira escolha dos jovens, assume uma cada vez maior www.pontepuente.com. Nas conversas já realizadas teimportância na restauração, contribuindo de forma fundamental para o sumas como identidade, território, cultura, sazonalidade cesso ou insucesso de um projeto neste sector. ou o mar estiveram em destaque. A gastronomia de cariz regional esteve em debate entre dois apaixonados No primeiro episódio Alexandre Silva (Chefe Restaupelas origens, herança dos seus pais. José Júlio Vintém (Chefe Restauranrante Loco) e Enrique Valentí (Chefe Restaurante Marea te Tombalobos) e Juanjo López (Chefe Restaurante La Tasquita de Enfrente Alta) conversaram sobre a importância do fogo na cozinha profundos respeitadores da melhor tradição gastronómica, não se abstêm e de como é decisiva a construção de uma memória de pade transmitir a sua visão de uma cozinha autêntica e regional. A sua menladares para os seus clientes. É a procura de uma identidasagem aos novos profissionais é simples: que se apaixonem pelo produto de dos sabores que move os apaixonados pela gastronomia e pelo conhecimento que passa de geração em geração. de autor. Sublinharam igualmente a necessidade de manter Vanessa Germano, Brand Manager da Estrella Damm, vê neste projeto a identidade da gastronomia regional, num mundo cada vez uma oportunidade para a restauração crescer no plano ibérico. “A visão mais global. partilhada de profissionais é uma mais-valia poderosa para um setor Seguiu-se a conversa entre João Rodrigues (Chefe Restauque precisa de todos os recursos para superar as adversidades. Estrella rante Feitoria) e Aitor Arregi (Chefe Restaurante Elkano), onde Damm assume o seu compromisso, que é comum nos dois países, de realçaram que a base do grande sucesso da cozinha ibérica continuar a apoiar a gastronomia”. se prende com a origem e qualidade do produto. Dos muitos A conversa com as notas doces juntou Carlos Fernandes, Chefe pontos em comum à cozinha dos dois lados da fronteira, identiPasteleiro Restaurante Vista, e Montsè Abellá, Chefe Pasteleira do ficam o mar como elemento primordial, onde mencionam uma Restaurante Santceloni, conduzida, como habitualmente, pelos dois autêntica República Marítima formada pelos dois países, com responsáveis pelo projeto: Susana Nieto, fundadora da New Gestion preciosos e inigualáveis recursos. Food (Espanha) e por Paulo Amado, criador das Edições do Gosto Da cozinha para a sala, a conversa que se seguiu juntou dois (Portugal) e podem ser acompanhadas no site do projeto. chefes de sala de reconhecido mérito, André Figuinha (Maître Restaurante Feitoria) e Abel Valverde (Maître Restaurante Santce12

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Cozido à Portuguesa, a 27 e 28 de Fevereiro, em take away

“Coisas nossas à mesa” ao fim-de-semana na Póvoa de Lanhoso “Coisas nossas à mesa” é a designação dada pela Câmara da Póvoa de Lanhoso à edição 2021 dos fins-de-semana gastronómicos. O início está marcado para 27 e 28 de Fevereiro, com o Cozido à Portuguesa a ser servido nos restaurantes aderentes.

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formato dos fins-de-semana gastronómicos, devido à pandemia, vai ser forçosamente diferente. Enquanto a situação se mantiver, esta iniciativa realiza-se apenas em take away. Pretende-se que os povoenses participem nesta iniciativa, recebendo em casa as iguarias propostas, apoiando a restauração local, numa fase tão delicada. “Divulgar e potenciar o que de melhor existe na Póvoa de Lanhoso e, ao mesmo tempo, contribuir para dinamizar o setor da restauração e da economia local são os objetivos desta iniciativa”, revela a autarquia minhota. Cabrito assado no forno, bacalhau “à Vítor”, “Bife à Romaria” e arroz de frango “pica no chão” são alguns dos muitos pratos de cozinha regional que podem ser degustados nesta edição, acompanhados do vinho verde, característico da região. O calendário é o seguinte: Cozido à Portuguesa (27 e 28 de fevereiro); Cabrito à São José (19 a 21 de março); Petiscos Tradicionais (24 e 25 de abril); Bacalhau (21 a 23 de maio); Bife à Romaria (3 a 5 de setembro); Pica no Chão (2 e 3 de outubro); e Papas de Sarrabulho e Rojões (6 e 7 de novembro).

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Numa iniciativa é do Município de Penacova

Restaurantes de Penacova servem lampreia em “take away” Oito restaurantes de Penacova servem lampreia em take away. Deste modo, os amantes desta iguaria vão poder, enquanto os estabelecimentos estiverem encerrados ao público, levar a comida para casa. A iniciativa é do Município de Penacova, que promove uma campanha promocional desta iguaria e da sua identidade gastronómica, tendo-se associado à Confraria da Lampreia e oito restaurantes locais.

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ara quem pensa que a lampreia e o take away não combinam, desengane-se, garante o presidente da autarquia, Humberto Oliveira, explicando que “as pessoas podem telefonar aos restaurantes a reservar as doses pretendidas e, no momento de as irem buscar, receberão um kit que inclui as doses de lampreia pré-confecionadas, um saco com arroz cru na medida das respetivas doses, a tradicional doçaria e ainda um folheto que conta a história ligada à lampreia. Cada restaurante explicará como terminar a confeção do Arroz de Lampreia em casa e em segurança. Mas desengane-se também quem pretender assim descobrir o segredo da confeção. “O segredo está na forma como a lampreia é amanhada, temperada e cozinhada e, esse, continuará nas mãos das cozinheiras e dos cozinheiros dos nossos restaurantes”, refere João Azadinho, vereador da Cultura e do Turismo, sublinhando a importância de manter viva a tradição. “O nosso objetivo, face à sazonalidade deste prato, é continuar a levar o nosso arroz de lampreia à mesa e, se não o podemos fazer na mesa dos nossos restaurantes, podemos, contudo, fazê-lo respeitando o nosso dever de recolhimento domiciliário, degustando em nossa casa, com o nosso núcleo familiar, este Arroz que é único.” O município de Penacova, pretendendo apoiar os restaurantes locais do seu concelho e mantendo Fevereiro como o mês forte da lampreia, providenciou a oferta das embalagens, de dois doces conventuais, e do saco onde que levará o arroz. Apesar desta 14

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campanha, o Município mantém a esperança de que seja possível ainda realizar o habitual festival da lampreia, que costuma decorrer durante um fim-de-semana, adiando-o para uma data que a pandemia possibilite.

Restaurantes aderentes:

Boa Viagem (917422602) Côta D’Azenha (914874139) Mondego (239476126) O Cantinho (918281292) O Casimiro (239456413) O Cortiço (918074687) Panorâmico (239095403) Portas da Serra (922048314)


Uma iniciativa do Município e da Confraria de Fafe

Qualificação da Vitela Assada à Moda de Fafe como Especialidade Tradicional Garantida está em marcha A Câmara de Fafe, em parceria com a Confraria da Vitela Assada à Moda de Fafe, iniciou o processo de qualificação do prato Vitela Assada à Moda de Fafe como Especialidade Tradicional Garantida (ETG).

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sta iniciativa tem como objetivo proteger o nome e a marca do produto contra imitações e utilizações indevidas e, relativamente aos consumidores, dar garantias e informação segura sobre as características específicas deste prato tradicional, através da sua valorização. Pretende-se, assim, que seja um produto emblemático da gastronomia deste território, como tem acontecido através da realização anual do Festival de Vitela Assada à Moda de Fafe. Com a elaboração do respetivo caderno de especificações, o processo será remetido, em primeira instância, à autoridade nacional responsável, a Direção Regional de Agricultura e Pescas, que, por sua vez, após parecer favorável, o remeterá para a Direção-Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural, sendo finalmente submetido o pedido de registo à União Europeia. A valorização deste produto tradicional será concretizada considerando o respetivo potencial económico atual e futuro, a transversalidade do produto, a genuinidade do produto e do processo de transformação e o impacto económico e turístico para a região. Inserida numa candidatura no âmbito do projeto “Minho Região Europeia da Gastronomia”, aprovado pelo Norte 2020, este projeto visa intervir nos domínios do setor agroalimentar e da gastronomia, que se revelam fundamentais para a promoção de inovação e da afirmação das apostas de especialização inteligente no território do Minho, apresentando como objetivo geral a “dinamização de um conjunto diversificado de iniciativas tendo em vista a valorização económica do Minho enquanto região gastronómica de excelência”.

Tlf.: 232 411 299 Tlm.: 918 797 202 www.gazetarural.com 15 Email: novelgrafica1@gmail.com


Campanha, à base de vídeos e entrevistas, decore até 28 de Fevereiro

Município de Marvão promove “Comidas d’Azeite Online”

O Município de Marvão promove, até 28 de Fevereiro, as “Comidas d’Azeite Online”, através das suas redes sociais. A campanha, à base de vídeos e entrevistas, começou a 12 de Fevereiro e pretende divulgar e destacar a importância do olival e do azeite na economia da região, bem como dar a conhecer os produtos que podem ser desenvolvidos à base de azeite, além da vasta gastronomia.

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a impossibilidade de realizar a Quinzena Gastronómica nos restaurantes do concelho como era hábito, Marvão assinala a data através de meios online, estabelecendo, desde já, uma ponte com o evento que se realizará em Fevereiro de 2022. Assim, atá final do mês, o Município vai dar a conhecer as caraterísticas do olival da região, alguns produtores de Lagares e os segredos mais bem guardados do azeite produzido em Marvão. “Esta iniciativa prende-se com a neces-

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sidade de recordar as Comidas d’Azeite. Um evento que tantas pessoas atraía ao nosso concelho e que é, sem dúvida, um eixo de promoção para a nossa economia local. Este ano, na impossibilidade de nos juntarmos fisicamente, decidimos migrar para o digital e assinalar esta Quinzena Gastronómica, também em homenagem aos nossos produtores, porque são eles, com o seu árduo trabalho anual, que colocam os azeites de Marvão entre os melhores”, frisa Luís Vitorino, presidente da autarquia.


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Em regime de take-away e mediante encomenda

Vila Nova da Barquinha promove Mês do Sável e da Lampreia

O Município de Vila Nova da Barquinha vai promover a mostra gastronómica “Mês do Sável e da Lampreia” até 21 de Março. Apesar do Estado de Emergência em vigor, os amantes destas iguarias poderão degustar estes pratos em três restaurantes do concelho de Vila Nova da Barquinha, em regime de take-away, mediante encomenda.

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e tradicional de um concelho banhado por três rios - Tejo, Zêzere e Nabão – e esta época do ano estas espécies sobem as cuja história está intimamente ligada à atividade piscatória. águas do Tejo, dando origem a sabores únicos, confecionados de acordo com receitas centenárias. A XXVI edição consecutiva deste evento, (começou a Restaurantes aderentes: 13 de Fevereiro) que anualmente anima a restauração Restaurante STOP (Atalaia) - Tel. 249710691 de Vila Nova da Barquinha, atraindo milhares de visiPratos por encomenda - Sável frito com açorda de ovas tantes a um território onde se pode visitar o Castelo de Almourol, o Centro de Interpretação Templário ou o ParRestaurante O Trindade (V.N. Barquinha) - Tel. 916306351 que de Escultura Contemporânea, entre outras atrações. Pratos por encomenda – Arroz de Lampreia e Lampreia à Bordalesa Infelizmente, devido à situação atual não poderá haver visitação. Esperemos que em breve tal venha a acontecer. Restaurante A Tasquinha da Adélia (V.N. Barquinha) Tel. 249711792 Recorda-se que este verdadeiro festival da gastronomia Partos por encomenda – Lampreia de cabidela e Lampreia assada no ribeirinha, fruto da parceria do Município com os restauforno com batata Art_Corsa_LemosIrmao_205x45.pdf 1 09/02/2018 10:51 rantes, tem como principal objetivo difundir a cozinha típica

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Com uma dotação de financeira mais de cinco milhões de euros

Portugal integra projeto europeu para reduzir uso de pesticidas em vinhas e olivais Quatro instituições portuguesas integram o projeto europeu Novaterra, com uma dotação de financeira mais de cinco milhões de euros, que pretende garantir uma maior segurança alimentar, promovendo o acesso a alimentos saudáveis e minimizando o impacto do uso de pesticidas no ambiente.

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bem como proteger os olivais contra o olho de pavão, través de uma série de casos de estudos em contexto de olivais e via mosca da fruta, a traça da oliveira e da cochonilha nhas na região do Mediterrâneo, o projeto visa desenvolver e testar negra. um conjunto de estratégias integradas e sustentáveis, e de técnicas econoO consórcio Novaterra, liderado pelos espanhóis do micamente viáveis, para diferentes sistemas de cultivo, por forma a eliminar Institut de Recerca i Tecnologia Agroalimentaries (IRTA), ou reduzir significativamente o uso e o impacto negativo de produtos fitoé constituído por 19 entidades, incluindo especialistas farmacêuticos, também conhecidos como pesticidas. de seis países (Espanha, Portugal, França, Itália, Grécia O Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e e Bélgica) com diferentes perfis, que irão criar, desenvolCiência (INESC TEC) irá ser responsável por desenvolver um robô inovador ver, testar e explorar as diferentes soluções. Em Portugal para realizar o controlo e manutenção da vegetação na linha e entre linha fazem parte do consórcio o INESC TEC, o Instituto Politécda vinha e olival, que posteriormente será testado num piloto de larga nico de Bragança, a APPITAD - Associação dos Produtores escala temporal. Este piloto será realizado em duas áreas vitivinícolas da em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro, e Península Ibérica, propriedades das empresas Sogrape Vinhos e Terras a Sogrape Vinhos. Gauda. O projeto Novaterra é financiado no âmbito do Horizonte “O uso de robôs com alfaias inovadoras - no controlo e manutenção 2020 da Comissão Europeia no valor de 4,884 milhões de da vegetação na linha e entre linha da vinha/olival - permitirá reduzir euros, ao abrigo do acordo número 101000554. O financiao uso de produtos fitofarmacêuticos, reduzir a compactação do solo, mento total do projeto é de 5,507 milhões de euros. promover uma melhor qualidade do solo, aumentar a disponibilidade de recursos existentes nas quintas para outras operações relevantes, e fomentar os enrelvamentos das vinhas com claros benefícios para a vinha e atividades de turismo”, explica Filipe Neves dos Santos, investigador do INESC TEC. As soluções previstas serão alinhadas com as necessidades atuais do mercado e dos consumidores, a legislação europeia atual e futura, bem como com as diversas capacidades de investimento dos agricultores e produtores nas regiões mediterrânicas. O Novaterra “(Integrated novel strategies forreducing the use and impact of pesticides, towards sustainable mediterranean vineyards and olive groves”) irá ser adaptado a diferentes regiões edafoclimáticas, permitindo aos agricultores melhorar as suas estratégias de gestão integrada de pragas, para proteger as vinhas contra o míldio e o oídio, a podridão cinzenta e a traça da uva, www.gazetarural.com 19


Com o aumento do consumo no confinamento

Compras online fazem disparar envio de vinhos para os mercados interno e de exportação A compra de vinhos em plataformas digitais tem vindo a aumentar e com isso a procura pela expedição de garrafas de vinho para o mercado interno e de exportação. A Mail Boxes Etc. (BEM), uma das maiores redes internacionais de centros de micrologística, que disponibiliza o envio especializado de vinhos, tem registado um aumento exponencial da procura pelo seu serviço. A expansão do consumo de vinho e da compra online durante o confinamento explicam esta demanda de produtores, lojas eletrónicas e até de restaurantes.

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ão só o consumo de vinho tem aumentado no confinamento, como a própria compra de néctares se faz cada vez mais online. Para responder a esta procura, produtores, lojas eletrónicas e até restaurantes têm recorrido cada vez mais a serviços específicos, como o da Mail Boxes Etc. (MBE). A tendência tem ocorrido em vários mercados, nomeadamente em Portugal e Espanha, onde a expedição de vinhos tem aumentado, tanto a nível interno, como na exportação. Os empresários procuram sobretudo segurança, rapidez e eficácia no envio de um produto que, pelas suas caraterísticas, requer um tratamento específico e, no envio para o estrangeiro, de conhecimentos de exportação e de processos alfandegários. Sucesso da venda online depende da entrega Evitar a insatisfação ou o desânimo do cliente ao receber garrafas quebradas é essencial para o sucesso de quem vende vinhos 20

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online. Para que tal constrangimento não aconteça, a MBE recorre a embalagens, técnicas e materiais especializados para proteger cuidadosamente as garrafas, existindo caixas específicas com diferentes dimensões. Depois, segue-se todos os detalhes do processo de expedição até ao destino, em observação estrita das normas de cada país. Por exemplo, é possível fazer chegar garrafas de vinho aos EUA para uso pessoal, com o serviço da MBE a efetuar a gestão completa das taxas aduaneiras sobre a importação e a notificação necessária das importações à Food and Drug Administration (FDA). Finalmente, o serviço tem ainda a vantagem de disponibilizar o MBE SafeValue, um seguro ideal para o envio de garrafas de elevado valor. Em caso de perda ou de quebra, a MBE reembolsa o custo das garrafas, da embalagem e até do próprio envio.


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A apresentação pública será feita num seminário online no dia a 23 de Fevereiro

Projeto vai investigar setores agrícolas e alimentares do Norte de Portugal Chama-se AgriFood XXI - Desenvolvimento e Consolidação da Investigação nos Sectores Agrícolas e Alimentares do Norte de Portugal - e tem como foco as cadeias produção agrícolas e industrias alimentares no Norte de Portugal. O objetivo é contribuir para o aumento da rentabilidade e sustentabilidade, através da diminuição do impacto ambiental e da mitigação do impacto do meio ambiente na produção e qualidade dos alimentos.

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ste projeto, liderado pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Linhas de investigação (UTAD), está sob a responsabilidade do Centro de Química de Vila Real complementares do AgriFood XXI (CQ-VR), e é cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do NORTE 2020 (Programa Operacional Regional do Linha 1 – Cadeias Agroalimentares Resilientes aos Norte 2014/2020), no valor de cerca de dois milhões e quatrocentos mil Constrangimentos Climáticos e Ambientais. euros. Esta linha de investigação tem como objetivo o desenO AgriFood XXI vai ser realizado em copromoção com a UNorte.pt e volvimento de sistemas de monitorização integrados baenvolve, além do CQ-VR, o CITAB - Centro de Investigação e Tecnoloseados em elementos climáticos, ambientais, biológicos e gias Agroambientais e Biológicas e o CECAV – Centro de Ciência Animal químicos, complementados com soluções inovadoras de ene Veterinária), ambos da UTAD, a Universidade do Porto, através do genharia, para o desenvolvimento de medidas de adaptação LAQV-Requimte - Laboratório Associado de Química Verde - Requimte e de mitigação ambientalmente sustentáveis, eco inovadoras e a GreenUPorto, e a Universidade do Minho, através do CEB - Centro e económicas. de Engenharia Biológica, e do CFPB - Centro de Biologia Funcional de Plantas e o CMBA – Centro de Biologia Molecular e Ambiental. Linha 2 – Tecnologias Avançadas para o Processamento dos No dia 23 de Fevereiro, pelas 9,30 horas, serão apresentadas as Alimentos com vista ao aumento da sua Segurança, Qualidalinhas de ação do AgriFood XXI assim como as tarefas a realizar até de, Valor Nutricional e Características Sensoriais. 2023, final da execução do projeto, num evento online. Esta linha de investigação tem como objetivo o desenvolvimen 22 www.gazetarural.com


A FORÇA DA UNIÃO CASTRO DAIRE VILA NOVA DE PAIVA

SÃO PEDRO DO SUL

AGUIAR DA BEIRA SÁTÃO

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to de tecnologias de processamento de alimentos para a produção de alimentos mais seguros, de melhor qualidade, mais saudáveis e mais convenientes para o consumidor. Esta tarefa visa também o desenvolvimento de ferramentas para melhorar a rastreabilidade, garantir a autenticidade dos alimentos.

NELAS TONDELA

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Linha 3 - Valorização de subprodutos alimentares e agroalimentares Tendo em conta os princípios da economia sustentável e circular esta linha de investigação tem como objetivo a valorização dos subprodutos das produções agrícolas e indústrias alimentares, explorando esses resíduos como fontes de compostos que exibem uma ampla gama de propriedades químicas e biológicas. Estes produtos com potencial interesse como agentes bioativos para usos biomédicos e farmacêuticos, ingredientes para aplicações alimentares e matérias-primas para produtos de valor acrescentado, incluindo produtos químicos a granel, permitirão criar oportunidades de negócio que poderão impulsionar o crescimento inteligente da sociedade.

PENALVA DO CASTELO

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Com maior importância económica

UÉ desenvolve novos dispositivos para combater uma das pragas do olival

Fig. 1

A Universidade de Évora (UÉ) está a desenvolver três dispositivos para captura em massa de insetos voadores, em particular para limitação da mosca-da-azeitona (Bactrocera oleae), em todos os regimes de plantação de olival (tradicional, intensivo e superintensivo). Com um desenho inovador e um funcionamento autónomo e ativo, os sistemas desenvolvidos pela UÉ aguardam atribuição de patente europeia.

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ideia partiu de Fernando Rei, quando o investigador no MED - Instituto Mediterrâneo para Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento, que é também professor do Departamento de Fitotecnia da UÉ, começou a estudar a forma de limitar a mosca-da-azeitona recorrendo a metodologias de captura em massa (ou captura massiva), em alternativa à luta química. Os dispositivos propostos pelo investigador têm como objetivo capturar um elevado número de indivíduos da praga e reduzir significativamente a sua população e consequentemente o seu impacto nos olivais. “A mosca-da-azeitona é uma praga chave do olival que pode reduzir em mais de 90% a produção de azeitona para azeite”, explica Fernando Rei, destacando a este propósito que, na tentativa de limitar esses insetos, a utilização de inseticidas químicos tem sido uma constante “com um impacto significativo no meio ambiente”.

as fêmeas. Colocadas em cada uma ou duas árvores, a sua utilização em olivais intensivos e superintensivos (com cerca de 2.000 árvores/ha) “acarreta um esforço logístico que inviabiliza a sua utilização prática”, mais uma razão que levou o investigador a desenvolver novos modelos de armadilhas. E os resultados superaram as expetativas ao conceber de raiz dois modelos de estações de captura massiva, com reduzida manutenção de funcionamento, de forma cilíndrica e de grandes dimensões (70 x 30 cm), dispostas verticalmente, possuindo as extremidades abertas maximizando a circulação do ar no seu interior, tanto de forma passiva, promovida por convecção térmica, como ativa, por ação de uma ventoinha no seu interior.

Fig. 2

O investigador, que dirige o laboratório de Entomologia da UÉ, explica que a técnica mais difundida para a captura em massa da mosca-da-azeitona centra-se na utilização de armadilhas do tipo Olipe, ou seja, uma garrafa de plástico com capacidade de 1,5 litros contendo no interior uma solução que emana compostos voláteis atrativos para os insetos adultos da praga, especialmente 24 www.gazetarural.com

Fig. 3


A abertura conjunta das suas extremidades inferior e superior faz destas estações de captura inovadoras pois usualmente as armadilhas até agora disponíveis possuem aberturas de pequena dimensão, na sua base, na lateral e ou no topo do seu corpo”, acresce ainda o facto da abertura superior das estações de captura, com 30 centímetros de diâmetro e seis de altura, permitir “a libertação fácil e eficiente dos voláteis atrativos, ao redor da armadilha, a uma distância de pelo menos 10 metros, assim como a fácil entrada dos insetos a capturar, atraídos por esses voláteis”. A retenção dos insetos no interior das estações de captura pode ser obtida por eletrocussão (modelo ‘Eletrocutor’) ou por placas cromotrópicas adesivas (modelo ‘Adesivo’).

Fig. 4 O investigador destaca que duas estações de captura apresentam um desenho externo semelhante, porém são internamente distintas, uma possui um eletrocutor enquanto outra utiliza placas amarelas com adesivo verificando-se ainda diferenças quanto aos dispositivos eletrónicos e elétricos necessários para o seu funcionamento. O facto mais surpreendente é a diminuição do número de armadilhas necessárias por hectare, passando de 57 armadilhas do tipo Olipe para a utilização de apenas 11 a 12 destas estações de captura desenvolvidas pela Universidade de Évora. Para além dos dispositivos de captura descritos foi ainda desenvolvida uma outra armadilha de captura em massa, denominada ‘Horizontal-tubular’, que possui igualmente uma forma inovadora, com um corpo externo tubular e um esqueleto em espiral ou linear, com cerca de 10 a 15 cm de diâmetro, que deve ser fixado horizontalmente, aos ramos periféricos da copa. Com um comprimento de pelo menos 6 metros, possui orifícios ao longo do seu comprimento, com diâmetros entre 20 e 30 mm. No seu interior é colocada uma solução atrativa volátil, adicionada com inseticida, posteriormente disseminada pelos orifícios da armadilha, por onde entrarão os insetos atraídos, sendo posteriormente eliminados após ingerirem a solução atrativa com o inseticida. Face à sua forma tubular flexível, pode ser colocada ao redor das copas ou ao longo de cada linha de árvores, em olivais em regime de sebe (superintensivo).

De dimensão mais reduzido e desenho mais simples do que as estações de captura acima descritas, a “Horizontal-tubuçar” emprega emissão passiva dos voláteis, sendo necessário colocarem-se 30 por hectare, ainda assim em menor número do que as necessárias do tipo Olipe. Os três dispositivos para captura em massa foram desenvolvidos no âmbito do projeto “A Proteção Integrada do olival alentejano. Contributos para a sua inovação e melhoria contra os seus inimigos-chave”, com referência “ALT20-03-0145-FEDER-000029”, cofinanciado através dos Programas Alentejo 2020, Portugal 2020 e pelo FEDER, da responsabilidade do Laboratório de Entomologia, com a colaboração dos Laboratórios de Engenharia Rural e de Mecatrónica, da UÉ.

LEGENDAS: Figura 1 - Estação de captura em massa para a mosca-da-azeitona, observando-se a sua forma cilíndrica, de grandes dimensões e a abertura no seu topo Figura 2- Interior da Estação de captura modelo ‘Electrocutor’, observando-se o dispositivo electrocutor de grandes dimensões, com o depósito de solução volátil no seu interior, assim como os dispositivos difusores de feromona sexual e de atrativo alimentar volátil, para além da bateria, regulador do painel solar e da eletrónica de gestão da armadilha. Figura 3 - Interior da Estação de captura modelo ‘Adesivo’, observando-se as placas adesivas de grandes dimensões, entre os depósitos de solução atrativa, assim como os dispositivos difusores de feromona sexual e do atrativo alimentar volátil, abaixo da ventoinha, para além da bateria, regulador do painel solar e da eletrónica de gestão da armadilha. Figura 4 - Armadilha de captura em massa, modelo ‘Horizontal-tubular’, fixada aos ramos periféricos das copas da oliveira, observando-se os orifícios de saída do volátil atrativo para as moscas., ao longo do seu corpo. Figura 5 - Disposição da armadilha de captura ‘Horizontal-tubular’, fixada em copas de várias oliveiras (1), podendo acompanhar o desnível do terreno do olival.

Fig. 5 www.gazetarural.com

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Classificado em primeiro lugar entre 67 projetos concorrentes

IPB integra projeto europeu de valorização do património da oliveira O Instituto Politécnico de Bragança integra o projeto “Olive4All – Património da Oliveira para o Desenvolvimento Sustentável: Sensibilização da Comunidade para o Património Vivo”, que pretende construir uma metodologia inovadora. O “Olive4All” foi classificado em primeiro lugar entre 67 projetos concorrentes, num concurso em que apenas seis foram aprovados para financiamento.

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equipa portuguesa do consórcio que está a desenvolver o “Olive4All” é constituída por investigadores do Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação em Turismo afetos a 4 instituições, entre elas o IPB através da Escola Superior de Comunicação Administração e Turismo que é também membro fundador do CITUR. O objetivo deste projeto é estudar e promover o património olivícola, atendendo ao seu carácter representativo da identidade mediterrânica, portador de valores e símbolos fortes, mas insuficientemente valorizados na região euro-mediterrânica. «Partindo de uma abordagem crítica do património, o projeto pretende dar visibilidade a um aspeto muitas vezes negligenciado do património rural, bem como às partes interessadas e às comunidades a ele ligadas, nem todas conscientes do seu valor social. O “Olive4All” destaca os processos de patrimonialização e de constituição de comunidades em torno da oliveira, questionando o conceito de património». pode ler-se no resumo do projeto. O projeto “Olive4All” está a ser desenvolvido por um consórcio que integra a Universidade de Avignon (França), pelo CiTUR - Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação em Turismo e pela Universidade de Salónica (Grécia), e venceu o concurso europeu “Património Cultural, Identidades e Perspetivas: Responder às Sociedades em Mudança”. ~ Com esta distinção, as três instituições vão receber um financiamento de 550 mil euros para realizarem estudos e promoverem iniciativas de valorização do património olivícola durante 3 anos. A equipa portuguesa do consórcio, liderada pelo professor Francisco Dias, é constituída por investigadores do CITUR afetos a quatro instituições, designadamente os professores João Vasconcelos e Fernanda Oliveira (I.P. Leiria), Victor Figueira (I. P. Beja); Aida Carvalho (I. P. Bragança); António Marques da Silva e Bruno Sousa (Universidade da Madeira). A rede nacional de apoio a este projeto inclui também o Turismo do Porto e Norte de Portugal, Turismo do Alentejo, Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo e Madeira Wine Company. 26

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Proprietários defendem prorrogação do prazo

Prazo de limpeza de terrenos florestais termina dentro de um mês Termina a 15 de Março o prazo para os proprietários florestais procederem à limpeza de terrenos florestais, inclusive à volta de habitações, cumprindo com o prazo que se mantém inalterado apesar do confinamento geral devido à Covid-19. Contudo, as associações representativas do setor defendem a prorrogação do prazo até 31 de Maio.

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egundo a lei do Orçamento do Estado para 2021, os trabalhos para a implementação de faixas de gestão de combustível contra incêndios, numa faixa de 50 metros à volta de habitações e outras edificações e numa faixa de 100 metros à volta dos aglomerados populacionais, parques de campismo e zonas industriais, “devem decorrer até 15 de Março”. A Lusa questionou o Ministério da Administração Interna sobre a possibilidade de haver uma prorrogação do prazo para a limpeza de terrenos florestais, uma vez que o confinamento geral decretado devido à pandemia de Covid-19 se vai prolongar durante o mês de Março, mas ainda não obteve resposta. Em 2020, o prazo de “até 15 de Março” foi prorrogado, por duas vezes, pelo Governo, ainda que já depois do fim da data inicial. Primeiro, em 02 de Abril para até 30 de Abril e, depois, em 02 de Maio para até 31 de Maio, no âmbito das medidas excecionais e temporárias relativas à pandemia da doença Covid-19. Convém não esquecer que o país tem um enorme risco de incêndio florestal e que esse risco exige um esforço grande de limpeza”, ressalvou António Costa, no âmbito do anúncio, em 02 de Abril, da primeira prorrogação do prazo para os proprietários procederem à limpeza das florestas. Com esta decisão, o Governo pretendeu “criar melhores condições” para que as pessoas pudessem cumprir esta obrigação, “tendo em conta as fortes limitações de circulação” devido ao confinamento geral. Perante o incumprimento dos proprietários do prazo para a limpeza de terrenos, as câmaras municipais têm de garantir, até 31 de Maio, a realização de todos os trabalhos de gestão de combustível, “mediante comunicação e, na falta de resposta em cinco dias, por aviso a afixar no local dos trabalhos”. À semelhança do que tem acontecido desde 2018, este ano as coimas voltaram a ser “aumentadas para o dobro”, passando de 280 a 10.000 euros, no caso de pessoa singular, e de 3.000 a 120.000 euros, no caso de pessoas coletivas. Em 2020, a Guarda Nacional Republicana (GNR) começou a fiscalização de terrenos florestais a partir de 01 de Junho, após o fim do prazo prorrogado para a limpeza, indicando que, até esse momento, foram identificadas “23.852 situações em incumprimento”, comunicadas às respetivas autarquias, com maior incidência em Leiria, Castelo Branco, Viseu, Coimbra, Braga, Santarém, Vila Real, Viana do Castelo e Aveiro. Desde o início desse ano e até 02 de Agosto, a GNR instaurou 3.069 autos por infração na limpeza de terrenos florestais, das quais 291 de entidades coletivas que ficaram sujeitas a coimas de 1.600 a 120.000 euros. 28

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anos tem de se olhar para o que choveu. Por exemplo, este ano é um ano que choveu muito, vai haver muita água disponível, quando vier calor as plantas vão disparar o seu crescimento”, declarou o presidente da FNAPF. Por isso, continuou, se os proprietários começarem já a limpar os terrenos, há sítios em que terão de cortar os matos e as plantas herbáceas “três e quatro vezes” para cumprirem com a obrigação das faixas de gestão de combustível. Por outro lado, como este ano as condições meteorológicas estão “mais adversas”, existem terrenos onde não é possível intervir agora, porque “estão com excesso de humidade e estão a atascar”, o que impede pessoas e máquinas de se movimentarem, acrescentou. Outro dos fatores que justificam o prolongamento do prazo de limpeza de terrenos, no entender dos proprietários florestais, é o confinamento geral devido à pandemia de Covid-19, que “vai ter implicações”, referiu Luís Damas. Na perspetiva da FNAPF, a prorrogação do prazo de limpeza de terrenos tem de ser anunciada pelo Governo antes do fim da data estabelecida e “quanto mais depressa melhor”, no máximo até ao fim de Fevereiro, para que os proprietários possam planear os trabalhos de gestão de combustível, “porque não há nem meios, nem material, para depois fazer isto tudo num período muito curto”. Proprietários florestais defendem prorrogação do praLuís Damas indicou que a prorrogação do prazo, à semelhança do zo de limpeza de terrenos que aconteceu em 2020, deve ser até 31 de Maio, para dar “algum espaço” para a realização dos trabalhos, sustentando que antes dessa A Federação Nacional das Associações de Proprietários data as intervenções “já deviam estar a maior parte delas efectuaFlorestais (FNAPF) defende a prorrogação do prazo de limdas”. peza de terrenos até 31 de Maio, considerando as condições Sobre a limpeza da floresta em 2020, o representante dos propriemeteorológicas “mais adversas” e o confinamento geral detários desvalorizou o impacto do confinamento geral, adiantando vido à pandemia de Covid-19. que o principal problema foi, e continua a ser, a falta de mão de obra Penso que o Governo vai ter, outra vez, o bom senso de disponível para trabalhar, verificando-se que “algumas empresas já prorrogar o prazo”, afirmou o presidente da FNAPF, Luís Daestão a contratar pessoas de outros países”. mas. O presidente da FNAPF destacou ainda a adesão dos proprietáO representante dos proprietários florestais disse que o prarios à implementação de faixas de gestão de combustível contra inzo “está desajustado, porque na natureza não há datas, há cicêndios, com a consciência de que “são essenciais para a proteção clos, uns anos o Inverno e a Primavera prolongam-se, são mais de pessoas e bens”. secos ou mais húmidos, e isso não pode ter uma data fixa”. “Estamos fartos de dizer que isso não pode ser por datas, todos os Esta força de segurança adiantou que, “no mesmo período, foram ainda elaborados 103 autos por queimadas e 493 por queimas, por realização não autorizada ou por negligência na sua execução”, registando-se a detenção de 32 pessoas em flagrante delito e 230 cidadãos identificados pela prática do crime de incêndio rural, contabilizando-se 5.489 focos de incêndio rural. Dos 3.069 autos de contra-ordenação elaborados por incumprimento das medidas previstas no Sistema Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios (SNDFCI), 2.472 foram relativos “às redes secundárias de faixas de gestão de combustível”, que cumprem as funções de “redução dos efeitos da passagem de incêndios, protegendo de forma passiva vias de comunicação, infraestruturas e equipamentos sociais, zonas edificadas e povoamentos florestais de valor especial”, assim como de isolamento de potenciais focos de ignição de incêndios.

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Sob a designação F4F – Forest For Future

CIM Viseu Dão Lafões integra projeto que visa a valorização da fileira da floresta da região Centro O projeto regional, que visa a valorização da fileira florestal da região Centro, sob a designação F4F – Forest For Future, já arrancou e tem por objetivo a demonstração e a transferência de tecnologias e soluções que permitam melhorar o valor acrescentado no setor florestal da região Centro, com particular enfase na cadeia do pinho.

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projeto abrange as várias fases da cadeia, desde as plantas até aos truturado para três anos, alargar a cadeia de valor assoprodutos finais, baseando-se em quatro pilares fundamentais: ciada à produção da pinha e do pinhão, bem como in“Plantas e Viveiros”, “Gestão Florestal”, “Indústria” e “Floresta multiusos”. crementar a capacidade de inserção, deste produto, em O consórcio deste projeto, cujo promotor líder é o SerQ – Centro de mercados globais emergentes, garantindo, por esta via, Inovação e Competências da Floresta, na Sertã, é composto por entidanão só o aumento das condições de atratividade e rentades de investigação científica e desenvolvimento tecnológico (universibilidade do investimento no pinheiro manso, bem como, dades, politécnicos, laboratórios do estado e unidades de investigação) reforçar a capacidade do território em gerar e fixar riqueza em cooperação com agentes de interface (associações, centros tecnolócom base neste recurso. gicos, autoridades públicas, empresas e representantes da sociedade). Em termos globais, as ações preconizadas prevêem a Deste projeto resultarão contributos bastantes significativos no âmrealização de iniciativas baseadas em projetos piloto e probito das Soluções Industriais Sustentáveis e Valorização de Recursos vas de conceito realizadas em contexto real, sendo que, de Endógenos Naturais, assim como benefícios relevantes no âmbito da modo a garantir o sucesso do projeto, serão envolvidos diInovação Territorial, fortemente relacionados com a problemática dos versos agentes do setor, desde produtores florestais, empreterritórios de baixa densidade, onde os espaços florestais têm uma sas do setor e utilizadores/consumidores finais.   predominância significativa. De acordo com o presidente da CIM Viseu Dão Lafões, RoO F4F – Forest For Future ajudará a mitigar lacunas no âmbito da gério Mota Abrantes, “a CIM tem, ao longo dos últimos anos, gestão florestal e floresta multifuncional, assumindo-se como um dedicado particular atenção à valorização económica da pinha agente decisivo que agregará e articulará os objetivos de todos os e do pinhão, tendo, para o efeito, desenvolvidos diversas iniparceiros envolvidos. ciativas de promoção da inovação e da competitividade neste Com financiamento de 3,5 milhões de euros no âmbito do Prosetor, dado ser nossa convicção que a floresta é um recurso grama Operacional Regional do Centro (CENTRO 2020), até Julho absolutamente estratégico para a competitividade e desenvolde 2023 o projeto prevê a execução de 23 atividades. vimento económico da nossa região”.  “Esta parceria, que, enA CIM Viseu Dão Lafões que integra este consórcio, e que contre outras instituições de relevo, associa a CIM Viseu Dão Lafões ta também com a participação do Instituto Politécnico de Viseu e o Instituto Politécnico de Viseu, possibilita a materialização de (IPV), será responsável pela atividade direcionada à valorização diversas iniciativas piloto capazes de agregar valor ao território, económica da pinha e do pinhão. em torno de um produto regional estratégico.”, concluiu Rogério É objetivo da CIM Viseu Dão Lafões, através deste projeto esAbrantes. 30

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Revela estudo da Universidade de Évora

Montado pode influenciar positivamente a qualidade da água

Um estudo da Universidade de Évora (UÉ) demonstrou que a cobertura agro-silvo-pastoril, ou seja, o Montado, um ecossistema característico do Alentejo e que subsiste apenas no Mediterrâneo, exerce um efeito positivo na qualidade de linhas de água atuando como uma barreira à poluição e dificultando o arrastamento de compostos pelas chuvas. Patrícia Palma, investigadora no Instituto de Ciências da Terra (ICT) da UÉ, que liderou este estudo, sublinha que “as áreas com maior percentagem de Montado apresentam melhor qualidade de água”.

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da contaminação de massas de água a jusante, como Alqueva. s ribeiras com regimes temporários foram os sisCom esta informação e para mitigar os efeitos negativos, a investigadora temas que apresentaram maior sensibilidade às propõe ainda que “devemos aumentar a sustentabilidade da agricultura de diferenças de uso do solo e à sazonalidade, concluíram regadio e promover uma política de usos de solos mais equilibrada por foros investigadores. Patrícia Palma revela que as “áreas ma a controlar as áreas regadas”, acrescentando que “é muito importante com intensa atividade agrícola e as áreas urbanas podem reforçar a área de Montado, sobretudo nas áreas mais sensíveis”. contribuir para a diminuição da qualidade da água na BaPara os investigadores, “este estudo assume especial importância para cia do Guadiana”, um facto que fica ainda mais evidente a conservação da natureza e para a qualidade da água na zona estudada”, no período chuvoso. “As chuvas e enxurradas são um dos destacando-se ainda que “pela primeira vez foi apresentada a caracteriprincipais motores de arrastamento de contaminantes zação do estado químico destas ribeiras da Bacia do Guadiana”, referindo para as massas de águas”, sublinha a investigadora do ICT a investigadora que liderou este estudo que a tipologia de regimes temelucidando que essa contaminação “é mais notória em loporários “é vital para esta região particularmente devido às condições cais com intensa atividade agrícola”. climáticas”. Este facto é justificado pela investigadora “pela utilizaO conhecimento químico e ecológico de um número cada vez maior ção de fertilizantes e pesticidas e pelas escorrências destes de ribeiras e afluentes ao Guadiana “possibilita a caracterização cada para as linhas de água”, como consequência “existe um imvez mais completa desta bacia e vem fornecer ferramentas/ conhecipacto direto na qualidade da água” destacando-se aqui a mento, ao já existente e desenvolvido pela APA, para que os Planos Ribeira de Álamos. de Bacia Hidrográfica possam ser estabelecidos de uma forma mais Outro motivo de preocupação apontado no estudo são direcionada e específica” assume, reforçando que é imprescindível as águas residuais que resultam das estações de tratamendesenvolver novos estudos que correlacionem a caracterização das to localizadas nas áreas urbanas, verificando-se que estas diferentes tipologias de água com, os usos de solos e as alterações vão comprometer a qualidade das águas das ribeiras como climáticas, dada as características específicas registadas em toda a é exemplo a Ribeira do Zebro, um curso de água que nasce região do Mediterrâneo. na freguesia da Amareleja, concelho de Moura, no Alentejo. O estudo foi desenvolvido no âmbito de um projeto em parceria A equipa de investigadores aponta ainda que linhas de com Instituto Politécnico de Beja - Escola Superior Agrária – o ALOP água, associadas a sedimentos com características granulo- Sistemas de observação, previsão e alerta na atmosfera e em remétricas maioritariamente arenosas, podem constituir focos servatórios de água do Alentejo- que a equipa de investigadores do de poluição de contaminantes para jusante, explicado pelo ICT (Patrícia Palma, Helena Novais, Maria João Costa, Miguel Pofacto destes serem “constituídos maioritariamente por partes, Alexandra Pena, Manuela Morais) avaliaram a influência das tículas grosseiras e arenosas que tem menor capacidade de características hidrogeomorfológicas, do clima e dos usos do solo adsorção”, explica Patrícia Palma. na qualidade da água em ribeiras da Bacia do Guadiana, afluentes Em suma, para a investigadora do ICT “ficou evidente a granà Albufeira do Alqueva, nomeadamente, as Ribeiras do Zebro, Álade sensibilidade dos regimes temporários ao clima e à poluição mos, Lucefecit e Amieira, coordenado por Rui Salgado, investigaagrícola e urbana” observando ser “urgente o desenvolvimento dor no ICT e professor do Departamento de Física da UÉ. de políticas de uso de solo direcionadas para a proteção destes ecossistemas e para a melhoria do seu estado ecológico e químico”, medidas que também podem contribuir para a redução www.gazetarural.com

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Inspirada na obra de José Saramago ‘A Viagem do Elefante

Territórios do Côa criam rota de turismo literário A Associação de Desenvolvimento Regional Territórios do Côa, com sede em Almeida, vai desenvolver uma rota turístico-literária inspirada na obra de José Saramago “Viagem do Elefante”.

“O

tros formatos que permitam alavancar o projeto e o trabalho, a desenvolver em dois anos, visa estruturar uma oferta seu interesse para a comunidade”. O projeto é apoiado ao nível do Turismo Literário, produto em crescimento no contexpela Linha de Apoio à Valorização Turística do Interior. to contemporâneo, catalisando fluxos e dinâmicas de valor acrescentado A Associação de Desenvolvimento Regional Territópara a valorização e promoção da Cultura na região Centro, em particular, rios do Côa lembra que “acumula experiência no traem contexto territorial de baixa densidade e com especial incidência na balho e na prossecução de iniciativas associadas à obra Beira Interior”, segundo a coordenadora da associação, Dulcineia Catarina de José Saramago, pelo que acredita que esta será tamMoura. bém uma oportunidade para a população local reviver Esta responsável admite “tratar-se de um investimento na diferenciamomentos tão marcantes e com potencial de atração de ção e qualificação dos territórios do interior assente na salvaguarda e turistas e visitantes, bem como um devido impulso à culvalorização do património cultural, potencializando turisticamente a tura na Beira Interior”. inspiração, a obra e a experiência de Saramago, envolvendo e estimuEm 2013 lançou o guia “Caminho de Salomão - Rota Porlando à participação de uma rede de agentes públicos e privados que tuguesa no Vale do Côa”, que foi inspirado na obra literáevidenciem o potencial deste produto cultural”. “A constituição de uma ria de Saramago que traça o périplo da viagem do elefante oferta qualificada e organizada em Turismo Literário, tal qual se pretenSalomão pela região do vale do Côa, a caminho de Viena, de através desta Rota `Viagem do Elefante`, mune-se de um plano de com passagem por Sortelha (Sabugal), Cidadelhe (Pinhel) e ação devidamente estruturado e fundamentado, que incide sobre toda Castelo Rodrigo (Figueira de Castelo Rodrigo). a cadeia de valor para atingir o nível de desenvolvimento turístico e Devido ao momento atual marcado pela pandemia de cultural desejado”, acrescenta. covid-19, a coordenadora da associação considera ser “funSegundo Dulcineia Catarina Moura, são parceiros do projeto os damental promover dinâmicas de retoma e animação, na exmunicípios do Fundão, Belmonte, Sabugal, Pinhel e Figueira de Caspectativa de que o território não perca o reconhecimento de telo Rodrigo, sendo que “a parceria e o envolvimento destes municídestino turístico de elevado interesse”. pios é formalizada através de protocolo entre as entidades”. A associação Territórios do Côa conta ainda com o “importante envolvimento da Direção Regional de Cultura do Centro, que prontamente se associou e manifestou o interesse em colaborar no desenvolvimento e promoção do projeto”, acrescenta. O município de Lisboa e a Fundação José Saramago são também “parceiros consultores” e o seu apoio “estará consubstanciado em ações de promoção e comunicação nacional e internacional, quer sejam exclusivas da rota, quer seja da sua integração nou32

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Uma iniciativa da Câmara de Palmela, Freguesia de Quinta de Anjo e da ARCOLSA

Projeto “Adote uma Saloia” quer preservar ovelha autóctone em vias de extinção A preservação da ovelha saloia, uma raça autóctone em vias de extinção, é o principal objetivo do projeto “Adote uma Saloia”, uma iniciativa da Câmara de Palmela, a Junta de Freguesia de Quinta do Anjo e a Associação Regional de Criadores de Ovinos da Serra da Arrábida (ARCOLSA), que desafiam as empresas e a população a ajudar a preservar a Ovelha Saloia, raça autóctone que se encontra em vias de extinção.

A

s empresas “podem `apadrinhar´ uma ovelha”, estando também prevista a criação do Clube de Amigos da Saloia, “um grupo informal de cidadãos que queiram colaborar individualmente com o projeto”, refere a Câmara de Palmela. De acordo com o município, a saloia foi durante muito tempo a ovelha leiteira predominante nos campos da região (concelhos de Palmela, Sesimbra e Setúbal) e responsável pela produção de leite de qualidade que levou à certificação do queijo de Azeitão. A autarquia recorda, no entanto, que há alguns anos, face à crescente procura de leite para a produção do queijo de Azeitão, a saloia “começou a ser trocada por raças de outros países, com produções leiteiras superiores”. Francisco Macheta, da ARCOLSA, acrescenta outras causas que terão contribuído para a substituição da saloia, como as “restrições ao pastoreio no Parque Natural da Arrábida” e a “pressão imobiliária na região, que também levou ao desaparecimento de algumas zonas de pastoreio daquela raça autóctone”. “Há quatro ou cinco anos havia mais de 10.000 exemplares da saloia e hoje restam cerca de 2.000, a maioria no Alentejo, onde há mais espaço para estes projetos de agropecuária”, explica Francisco Macheta. A saloia foi desaparecendo progressivamente dos rebanhos da região, o que levou as duas autarquias e a ARCOLSA a avançarem com um projeto de preservação de um pequeno rebanho, com cerca de 20 animais. O rebanho já faz parte do espólio do denominado Museu do Ovelheiro, que “permite aos visitantes o contacto com os animais e assistirem a demonstrações de tosquia e ordenha”.

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Com os municípios de Gouveia, Seia e Castro Daire e a Gardunha 21

Projeto “Terras da Transumância” quer valorizar os territórios e atrair visitantes Valorizar o património de cada um dos territórios e aumentar o número de visitantes a sítios de património cultural e natural é o objectivo do projeto “Terras da Transumância”, que tem um orçamento global de 299 923,20€ para executar pelos parceiros durante 18 meses. Aprovado no âmbito do Aviso N.º CENTRO-14-2020-12, a Rede Cultural “Terras da Transumância” tem como parceiros os municípios de Gouveia, Seia e Castro Daire e a Agência de Desenvolvimento Gardunha 21.

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projeto será realizado, maioritariamente ao ar livre, junto a espaços patrimoniais classificados, como forma de valorização do património de cada um dos territórios, garantindo todas as condições de acessibilidade e de segurança sanitária aos diferentes públicos, visitantes e turistas, aumentando o número esperado de visitantes a sítios de património cultural e natural. A programação artística/ cultural contemplará em cada um dos territórios parceiros iniciativas identitárias que construirão a narrativa das Terras da Transumância. Transversalmente será feita uma co-produção “Terras da Transumância” para itinerância cultural nos territórios da rede que contemplará a produção e apresentação de uma peça teatral, a realizar ao ar livre, que retrate as vivências da transumância. Com esta co-produção serão reforçadas as ligações da população com a comunidade de pastores e o enriquecimento da programação cultural. Da programação da rede constará ainda a produção de um documentário que retratará o fenómeno da transumância, enquanto atividade cuja essência assenta nas deslocações interterritoriais e com ela diferentes realidades sociais, culturais ou ambientais, pouco conhecidas pela generalidade da população. Município de Gouveia com programa artístico e cultural definido No município de Gouveia o programa artístico e cultural incluirá os caminhos da transumância, recriando a identidade e autenticidade de uma prática ancestral de subida e descida dos rebanhos da Serra da Estrela. No plano religioso, a Romaria da Senhora d’Assedasse integrará o programa cultural enquanto prova viva da memória popular em relação aos lugares que povoam o imaginário de uma comunidade pastoril, que, durante séculos, perpetuou rituais, como romarias e lendas. Da mesma programação constarão as bênçãos dos rebanhos, em Arcozelo da Serra e Vila Franca da Serra, uma tradição baseada num ritual de fé procurado, anualmente, pelos pastores para alcançarem a prosperidade agrícola. A juntar a estas iniciativas, inclui-se ainda a Feira do Queijo da Serra da Estrela, um certame que se realiza no mês de Fevereiro, período de maior e melhor produção anual deste produto endógeno. Uma experiência de cultura e tradição que percorre passo a passo as vivências de pastores e rebanhos e o ciclo produtivo do Queijo Serra da Estrela. www.gazetarural.com

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Gazeta Auto

Toyota C-HR hybrid A

Toyota voltou a renovar o seu SUV, naquele que foi um produto que lhe permitiu angariar novos públicos, principalmente jovem, valendo-se por isso de uma imagem irreverente que cativa adeptos. E, nesta sua atualização ao modelo, as diferenças não são assinaláveis. A dianteira está ligeiramente alterada na assinatura luminosa e na grelha, tornando-o mais jovial e “atrevido”, onde, com esta nova moda da pintura em duas tonalidades de cor, ainda mais se destaca esse posicionamento. A traseira também teve ligeiros retoques, por exemplo com indicadores de mudança de direção direcionais, mantendo-se o estilo em forma de coupé com as pegas das portas traseiras “escondidas” no topo das mesmas. No interior, algumas pequenas alterações na qualidade e toque dos materiais (moles no topo superior do tablier). De resto, tudo na mesma, sendo que o conforto e ergonomia dos bancos dianteiros merecem destaque num SUV mais direcionado para famílias jovens, com uma usabilidade melhorada e uma posição de condução mais elevada que os tradicionais familiares. Podemos depois encontrar na consola central os botões para manter a viatura parada no trânsito, o seletor para o modo elétrico e o seletor da caixa de velocidades Em termos de usabilidade a mesma é correta, sendo que mesmo o écran central se encontra-bem posicionado - no campo visual de quem está a conduzir e sem necessidade de desviar o olhar para baixo. O motor 2.0l com 184cv permite arrancar em 36

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modo elétrico e percebe-se a evolução do sistema híbrido pela redução de combustível que aporta ao SUV, permitindo medias de 5.2 litros. Fruto da pandemia, o ensaio decorreu maioritariamente em cidade e nalguns kms em estrada nacional. Em ambos foi percetível o conforto do veículo, a competência e precisão do chassis (ensinamentos recolhidos da competição provavelmente), uma direção comunicativa e com a leveza q.b. Perfeitamente adequado para 5 ocupantes com amplo espaço interior e uma bagageira razoável, o CH-R cumpre a sua missão e ambição de um SUV que se intromete com a concorrência, num setor cada vez mais disputado, utilizando argumentos válidos como o preço do 2.0 com 184cv de 39.969€, com 7 anos de garantia e a bateria do sistema híbrido com 10 anos de garantia, onde se inclui de série o Toyota Safety Sense, com quatro tecnologias ativas: • Sistema de Pré-colisão, • Aviso de Saída da Faixa de Rodagem, • Máximos automáticos • Reconhecimento de Sinais de Trânsito Texto e Fotos: Jorge Farromba


Foi aprovado na última reunião do executivo

Município de Pinhel constrói Parque de Caravanismo

O município de Pinhel aprovou o projeto e o lançamento do concurso público para construção de um Parque de Caravanismo. Segundo a autarquia presidida por Rui Ventura, o projeto do futuro Parque de Caravanismo, que vai ser construído num terreno contíguo à Piscina Municipal coberta, foi aprovado na última reunião do executivo.

“P

ara além da aprovação do projeto, o executivo municipal aprovou também, por unanimidade, a abertura de concurso para contratação da empreitada”, adianta o município. O projeto do Parque de Caravanismo de Pinhel foi desenvolvido pelos serviços técnicos da autarquia, que prevê investir cerca de 237 mil euros na sua execução. No futuro Parque de Caravanismo, que ocupará uma área com cerca de 10 mil metros quadrados, está prevista a criação de 20 lugares para caravanas ou autocaravanas. Paralelamente, “será construído um edifício de apoio e reabilitado um outro existente no terreno, sendo este último aproveitado para instalações sanitárias”, lê-se na nota. “A pensar no bem-estar e conforto dos caravanistas, o equipamento procurará manter os espaços verdes preexistentes, bem como criar algumas zonas de sombra e ainda uma zona coberta onde os utilizadores poderão fazer as suas refeições”, indica a fonte. O presidente da Câmara de Pinhel, Rui Ventura, citado na nota, considera tratar-se de “um equipamento que faz falta a Pinhel, tendo em conta o aumento da procura por parte de visitantes e turistas, havendo também necessidade de responder às necessidades dos caravanistas”. A cidade de Pinhel, também conhecida por Cidade Falcão, tem aproximadamente 3.500 habitantes. “Pinhel encontra-se rodeada por colinas, montes e a notável Serra da Ma-

rofa. É cidade marcada por planaltos, fortalezas, monumentos e os vastos campos, verdes e férteis, de perder de vista”, lê-se na página da internet do município. A autarquia refere ainda que “em Pinhel existe tempo para respirar e também muitas histórias para descobrir”. A cidade tem atualmente o estatuto de “Cidade do Vinho”, atribuído pela Associação de Municípios Portugueses do Vinho.

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Crónicas Rurais Por Gabriel Costa

A técnica do degrau A

raio da Branca de Neve ia ter direito a um Anão. Maria Bolacha é minha vizinha. Um dos muitos namorados da sua vida Pacientemente, esperei uma oportunidade e, para ofereceu-lhe uma cadelita, uma husky, branquita como a neve, olhos melhor poder observar o campo adversário, mudei de cor desigual (a gente olha e parece que é vesga!) e aqui há uns tempos a cadeira da sesta, estacionada há anos no alpendre, atrás andou de amores com um rafeirito que, à falta de melhor, dorme na para debaixo da oliveira mirrada que ainda resiste aos minha garagem, num cesto de duas asas, abandonado no lixo e aproveitado maus tratos e que está a dois metros do campo do já não me lembro bem para quê. inimigo. Sem binóculos, sem lentes de aumento, sem Já o canito também é quase da mesma origem do cesto: trouxe-o, ainda chapéu à detective e sem perseguições de automóvel, bebé, da Serra de Esmolfe e era tão engraçado e gostou tanto da ‘porcaria’ chegou o dia em que a MB - num momento qualquer do cesto, que nos adoptou sem esforço, mas não sem que primeiro levasse da vigilância, por uma questão de rapidez de raciocínio, uma barrela e uma carga de DDT que o livrassem da camada de pulgas hosdeixei de a chamar Maria Bolacha e passou a ser, MB pedadas no pelo negro. A cachorra da vizinha chama-se Branca e o meu - deu o passo em falso. Aprendemos, no cinema e na saco de pulgas Black. Estão um para o outro, não é? vida real, que os bandidos apenas são apanhados porque Ora, a Maria Bolacha, uma trintona, solteira, grande como o caraças e dão sempre um passo em falso. E o dela aconteceu pelos uma história de vida que dava um livro do tamanho do processo da Casa mesmos motivos: porque castigava o Black e a Branca. Pia, embirrou com as fosquices com que o ‘meu inquilino’ mimoseava a Estava eu a regar umas plantas pindéricas junto ao galambisgóia vesga do Pólo Norte. Vai daí, para além de umas bocas dirigilinheiro (- Vai regar os vasos que o dia esteve quente e das (sabe-se lá se com a intenção) para serem ouvidas do lado de cá do esta reguinha à noite torna-as mais viçosas!) quando ouvi muro que separa os dois quintais, do género - Só me faltava mais este parar um automóvel no caminho atrás e que dá para as cão vadio. Já havia cá poucos!... - tomou ainda a precaução de manter matas do Zé Diogo. Não era coisa normal àquela hora e, a bichana fechada, na fase em que a natureza exigia que cumprisse os por descargo de consciência, não fossem por aí os janados actos necessários à multiplicação das espécies. no palmanço, cheguei-me ao portão. A MB, mulher dada à O Black, acicatado nos seus instintos mais básicos, não descurava nevida e de vida dada, deixara passar pelo portão, e subir ranhuma ocasião de se pirar para os domínios alheios e tentar, apesar pidamente as escadas, o Nunes Carteiro. Carteiro é alcunha de ser um palmo mais baixo, cumprir uma função, tão natural como o ganha com a profissão. Ora, deduzi à Sherlock Holmes: Às nascer do dia. onze da noite não há distribuição do correio! A encomenda Por mais do que uma vez as tentativas iam dando para o torto: quanpara entrega àquela hora só podia ser uma! Uma encomendo a coisa estava quase, quase- e eu do lado de cá espreitava pela sebe da igual à que o meu desgraçado e destroçado Black queria na tentativa de contabilizar uma vitória para o bicho - aparecia a Maria entregar à ansiosa Branca e que aquela ‘vaca’ tinha andado Bolacha e estragava tudo. a impedir. - Xô, que queres tu, pirralho? Põe-te a andar que isto é carne a O Nunes Carteiro era novo por ali, que eu soubesse, e comais para os teus dentes! – e acompanhava os gritos histéricos com mecei a tentar lembrar-me de quantos furtivos já vira entrar amplos movimentos da vassoura, como se quisesse bater no cão… e na casa vizinha. Não tive tempo para os contar! Um ladrar dono dono. rido veio do cimo das escadas e um vulto branco mexia-se O pobre do Black, com o ar deprimido de quem teve à mão a sorte inquieto no patamar. - Branquinha! - chamei baixinho. Bocho, grande e a deixou fugir, começou a desmoralizar. De vez em quando, bocho, bochinha! dava com ele deitado no tapete da entrada da cozinha com umas E não é que ela desce as escadas de rabo a dar a dar e veio trombas de infeliz e, juro, me parecia que uma lágrima lhe deslizava saltitar para junto do muro onde eu estava, já acompanhado pelo canto do olho. O apetite - ele que até salada de tomate come pelo Black, que ouvira, como eu, o choro da cadelita, posta fora - era pouco. O raio do cão metia pena e a patroa dizia de cada vez de casa para que a dona pudesse desembrulhar a encomenda que o via naqueles modos: - Já desparasitaste o cão? Ele não anda que o Nunes lhe levara, com tanto sacrifício, àquela hora da bem! Nem ladra ao carteiro, nem nada! Leva-o ao veterinário que noite! o bicho está doente! Não me contive! - Anima-te! Tens pelo menos 20 minutos! Era uma doença, era! Como eu o compreendia! A verdade, é que Peguei-lhe pelas patitas da frente, passei-o para lá do muro, o desânimo estava a dar cabo da saúde, pelo menos mental, do e, mais rápido do que leva contar, a menina estava disponível. A meu guarda-nocturno e sentia-me culpado por não ser capaz de questão da diferença de alturas foi facilmente ultrapassada: ela lhe explicar que aquilo não era por ele ser cão ou por ser preto. ficou no tapete de rede do fundo das escadas e ele no primeiro Gostaria de lhe fazer entender que, com o tempo, teria muitas degrau! Foi limpinho! Com a “Técnica do Tijolo” transformada na oportunidades de ser feliz. Para mim começou a ser uma situação “Técnica do Degrau”, o Black ganhou o céu em três tempos. intolerável quando, numa última tentativa e com a glória à vista, A MB também, suponho eu! o Black sofreu no lombo o peso de uma cavaca. Era demais! A partir daí, o caso passou para a minha esfera pessoal. Jurei que o 38

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