Gazeta Rural nº 277

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Director: José Luís Araújo

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N.º 277 | 31 de Agosto de 2016

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Preço 4,00 Euros

Suplemento Especial

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Dia das enguias 4 de setembro 11h00

Workshop "Enguias Fritas"

16h00

conversa sobre "A Tradição da Enguia na Feira de São Mateus" 17h00

Workshop "caldeirada e sopa de enguia"

18h30

concurso "A Melhor enguia da feira"

atuação da "tuna sabores da música"

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18h30


Feiras Novas, de 9 a 12 de Setembro

Ponte de Lima prepara três dias e outras tantas noites de muita animação As Feiras Novas de Ponte de Lima, que elevam a cultura e a etnografia limiana através do folclore, das tocatas de concertina, dos concertos de bandas de música, dos concursos pecuários e dos majestosos cortejos, têm este ano como convidado especial o Presidente da República Portuguesa. O evento decorre de 9 a 12 de Setembro. Marcelo Rebelo de Sousa visitará Ponte de Lima no sábado, 10 de Setembro, às 11,30 horas, para presidir à inauguração do Centro de Interpretação da História Militar de Ponte de Lima, instalado no Paço do Marquês. Este novo espaço interactivo, focado na história militar do concelho e do seu território, resulta de um protocolo estabelecido entre o Município de Ponte de

Lima e o Exército Português. Durante a tarde, o Presidente da República assiste ao Cortejo Etnográfico, numa das mais deslumbrantes demonstrações vivas da cultura da Ribeira Lima, sendo uma demonstração única de cada freguesia. As Feiras Novas de Ponte de Lima encerram o ciclo de festas do Minho e constituem um dos cartazes mais emblemáticos de toda a cultural popular da região e de Portugal. No segundo fim-de-semana de Setembro, quando o sol quente do verão se prepara para a despedida, Ponte de Lima engalana-se para as suas festas maiores - as Feiras Novas. Celebradas desde 1826, por provisão régia de D. Pedro IV e em honra de Nossa Senhora das Dores, as Feiras Novas

oferecem aos limianos e aos milhares de forasteiros que visitam Ponte de Lima, três dias e outras tantas noites de cor, alegria, folia e ritmo. Para além da música, folclore e fogo-de-artifício, há ainda espaço para concursos pecuários, corridas de garranos, cortejos etnográfico e histórico, bandas de música, gigantones e cabeçudos, grupos de bombos e para a procissão que encerra o ciclo das romarias do Alto Minho. Mas é o povo com a sua alegria e espontaneidade, a sua forma de fazer e estar na festa, as rusgas e os cantares ao desafio, o folclore em qualquer canto da vila que transforma as Feiras Novas num momento único e na romaria que é considerada o “maior congresso ao vivo da cultura popular em Portugal”. www.gazetarural.com

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Nos dias 16, 17 e 18 de Setembro, em Moimenta da Beira

Expodemo 2016 será a maior de sempre Moimenta da Beira prepara a Expodemo 2016, que este ano terá mais expositores, mais área coberta e mais espectáculos de rua, dezasseis ao todo. Terá também mais produtores de maçã e de vinho, mais horas de televisão em directo e mais gastronomia regional. Mais luz, mais cor, mais cultura, e a presença forte de Espanha, país convidado, representado por várias empresas de renome, música e dança flamenca ao vivo, arte circense de rua e um cartaz de luxo. É a maior Expodemo de sempre e vai realizar-se nos dias 16, 17 e 18 de Setembro, pela quinta vez consecutiva, no miolo mais urbano da vila de Moimenta da Beira, mas com o verde do jardim do Tabolado à espreita e a sombra das tílias centenárias a beijar o chão da praceta. A inauguração está prevista para as 18 horas de sexta-feira, 16 de Setembro, em frente aos Paços do Concelho, no palco Expodemo, o maior de todos, onde à noite actuará Vitorino, um dos cantores-poetas da Revolução de Abril, companheiro de palco e canções de José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Fausto, Sérgio Godinho e outros nomes fundamentais da música portuguesa dos últimos quarenta anos. Vitorino trará também consigo o grupo coral “Os Camponeses de Pias”, um dos grandes intérpretes do “Cante Alentejano”, género musical tradicional do Alentejo que a UNESCO declarou, há menos de dois anos como Património Cul-

tural Imaterial da Humanidade. Um privilégio e uma honra para Moimenta da Beira e região! No sábado, também à noite, a magia e beleza dos “Spirits”, uma companhia de teatro de rua que preparou “Apoteose” para a Expodemo, um espectáculo com momentos de grande impacto visual, composto por treze artistas, compilando trinta pessoas envolvidas na produção total, e envolvendo ainda o público como parte activa do cenário. O espectáculo começa com acrobacia e atores a sobrevoarem os céus como sinal de pureza e harmonia. O palco maior voltará à ribalta no domingo à tarde, 18, com o maior programa de entretenimento televisivo português, “Somos Portugal”, da TVI, que este ano deverá começar mais cedo (12,30 horas). Serão mais horas de emissão em directo de Moimenta da Beira para todo o mundo, marcado pela subida ao palco de dezenas de artistas populares, e pelas reportagens que serão vistas por milhões de pessoas. O resto do cartaz da Expodemo voltará a incluir estátuas-vivas, graffiters a trabalhar ao vivo, três ‘chefs’ no espaço da gastronomia, provas de maçã e de vinho, as “Marias Malucas”, um trio de mulheres que contagia pela alegria que espalha, o Festival de Acordeão Vítor Ferreira, sons de rock e apple party madrugada fora, e as jornadas agro-frutícolas Cartageno Ferreira, no domingo de manhã.

Concertos grátis, gastronomia e muita animação de 9 e 11 de Setembro

Expomora aguarda 45 mil visitantes A vila de Mora aguarda a visita de cerca de 45 mil forasteiros para assistirem aos concertos e apreciarem a gastronomia e a oferta turística presentes na edição da Expomora, a feira anual daquele concelho alentejano, que decorre de 9 a 11 de Setembro. Além das tasquinhas com petiscos e “boa pinga”, há a animação própria de uma feira e stands com empresas locais, já para não falar na música portuguesa que marca sempre este certame. José Cid, Miguel Ângelo & Miguel Gameiro e os D.A.M.A. são os cabeças de cartaz da ExpoMora 2016, com concertos agendados para as 22,30 horas no palco principal da feira. Dia 9, José Cid, 10 de Setembro a vez da dupla Miguel Ângelo & Miguel Ga-

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meiro e a 11, a encerrar o certame, os D.A.M.A. Concertos com entrada grátis, antecedidos às 21 horas por animação local no palco 2. No domingo, às 17 horas, a festa é outra, com uma corrida de touros. A feira anima toda a região noroeste alentejana e inclui diversão, gastronomia e actividades culturais, constituindo-se como a grande mostra da actividade económica, social e empresarial do concelho


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Em S. João Pesqueira, de 2 a 4 de Setembro

Vinho do Douro e Festa Pombalina na Vindouro 2016 São João da Pesqueira é o palco de mais uma edição da Vindouro – Festa Pombalina, que decorre de 2 a 4 de Setembro. Produtores de vinhos DOC Douro e Porto, lagaradas tradicionais, jantar e desfile pombalinos, show cooking Rui Paula e concerto de Paulo de Carvalho são pontos altos do certame. A grande celebração anual do Douro é uma organização da Câmara de João da Pesqueira, com produção da EV – Essência do Vinho, Beira Douro e Cryseia. O concelho duriense possui a maior área de vinha classificada como Património da Humanidade. E não faltam excelentes pretextos de visita. Desde logo, a presença de produtores de vinhos DOC Douro e do Porto, que no Museu do Vinho de São João da Pesqueira apresentam novidades e rótulos de referência. E para assinalar mais uma vindima, à melhor tradição da região serão novamente realizadas lagaradas tradicionais, para as quais contribuem os produtores

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representados no evento. O programa contempla ainda a realização de conversas sobre vinhos, conduzidas por especialistas. O chefe de cozinha que colocou o Douro no mapa gastronómico contemporâneo será o protagonista de um show cooking, que será realizado no sábado. Rui Paula e equipa, já no primeiro dia, assinam o “Jantar Pombalino”. Aliás, a figura tutelar do Marquês de Pombal estará novamente bem representada na Vindouro. O mercado e o desfile pombalinos continuam a ser pontos fortes do cartaz, que no capítulo musical combina nomes consagrados e novos talentos. Paulo de Carvalho e a Banda Índice atuam no sábado, 3 de Setembro. Na noite anterior, os US7 inauguram o palco, que logo a seguir contará a participação de Patrícia Teixeira, a jovem que recentemente o país passou a conhecer através do concurso televisivo “The Voice Portugal”.



54.ª edição decorre entre 1 e 6 de Setembro

Festa das Vindimas celebra tradição vitivinícola do concelho

A vila de Palmela vive a Festa das Vindimas entre 1 e 6 de Setembro, sob o lema “Palmela és linda!”. O programa da 54.ª edição está recheado de novidades, que surgem a par dos momentos mais simbólicos que caracterizam o certame, como o Cortejo dos Camponeses, da Pisa da Uva e da Bênção do primeiro Mosto ou dos Cortejos alegóricos diurno e nocturno. A celebração da vinha e do vinho têm lugar de destaque nesta edição das Vindimas, com espaços e actividades especialmente destinados a atrair para o centro da acção os processos e os atores que, ano após ano, fazem de Palmela “terra mãe de vinhos”. Junto à Biblioteca de Palmela, o Adegas Wine Lounge, com uma programação própria, contribui para dignificar a presença dos produtores na festa e sensibilizar para o consumo responsável. A Rua dos Aviadores, a Rua General Amílcar Mota e a Rua de Olivença contam com novas propostas de ocupação, que se estendem ao Jardim Joaquim José de Carvalho, onde decorrerá uma mostra de artesanato. O Churrascão Palmelão, o Pic-Nic Rural e a I Rampa das Vindimas, prova de ciclismo na Rua dos Aviadores, são mais algumas das novidades do programa, que aposta em Tito Paris, Raquel Tavares e HMB como alguns dos nomes maiores do cartaz musical.

De 9 a 11 de Setembro, no Claustro do Convento de S. Gonçalo

Amarante celebra o universo do Vinho Verde De 9 a 11 de Setembro, Amarante será destino obrigatório para apreciadores de bom vinho e boa gastronomia. UVVA – Universo do Vinho Verde Amarante surge pela primeira vez no calendário e promete já afirmar-se como a grande celebração do Vinho Verde. O Claustro do Convento de S. Gonçalo, um emblemático e histórico monumento de Amarante, receberá o evento. Enaltecer o que de melhor se cria na região é o mote. O Vinho Verde é, naturalmente, o produto de excelência mas estará muito bem acompanhado pela nobreza da gastronomia regional. Produtores de renome marcarão presença no certame, onde vai ser possível comprovar a qualidade e potencial de novos rótulos e de clássicos da região. E, para que a experiência seja completa, haverá uma zona lounge para a degustação de produtos regionais. Mas os pretextos para visitar Amarante e entrar no Universo do Vinho Verde não ficam por aqui. UVVA contará ainda com uma dinâmica programação, com a realização de sessões de show cooking com chefes de cozinha premiados, conversas sobre o vinho com experientes enólogos, actuações de DJ e graffiter. UVVA – Universo do Vinho Verde Amarante é uma iniciativa da Câmara de Amarante, com produção da EV-Essência do Vinho e parceria da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes.

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Entre 5 de Setembro e 9 de Outubro

Festival Verde Cool volta a Braga para promover vinho verde e comércio local O festival Verde Cool volta a Braga, entre 5 de Setembro e 9 de Outubro, para promover o vinho verde e impulsionar o comércio local, disponibilizando vinho verde e um “saboroso” petisco por 2,5 euros, anunciou a organização. A Associação Comercial de Braga (ACB) explica que a segunda edição do certame, que em 2015 “movimentou milhares de pessoas”, aumentou o número de estabelecimentos aderentes de 22 para 33 com o objectivo de “superar todas as expectativas”. Segundo a nota da ACB, a edição de 2016 do Verde Cool inclui ainda um concurso que habilita os consumidores a ganharem um cheque viagem no valor de 150Euro, uma noite para duas pessoas num espaço de turismo rural ou ainda um cabaz

regional. Os objectivos da iniciativa, esclarece a ABC, passam, assim, por “valorizar os estabelecimentos do sector, promover a oferta do vinho verde, motivar os consumidores a preferirem o comércio local e, assim, impulsionar a oferta comercial que gera valor acrescentado à região, estimulando o aumento das vendas e a fidelização dos clientes”. O Verde Cool é uma iniciativa da ACB com a parceria da Câmara de Braga, da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, da Entidade de Turismo do Porto e Norte de Portugal, da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, do I SHOP BRAGA e da Minho 2016 - Região Europeia da Gastronomia.

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Este suplemento faz parte integrante da edição nº277.

Director: José Luís Araújo | 31 de Agosto de 2016

Feira do Vinho do Dão 2016

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ANOS I


EDITORIAL

Ora… celebremos! A Feira do Vinho do Dão comemora este ano as bodas de prata, uma data para celebrar com um dos melhores néctares do mundo. E digamo-lo sem rebuço, porque muitas vezes parece que temos receio de assumir que assim é. A Feira do Vinho do Dão marcou o início de uma nova era, assumindo-se hoje como o maior evento vínico da região e um dos maiores do país. O Dão e os seus produtores merecem o esforço que tem sido desenvolvido ao longo de duas décadas e meia pela Câmara de Nelas. Contudo, é bom dize-lo e assumi-lo, que nem sempre os produtores responderam com a mesma vontade à participação num evento que deve orgulhar a região, o vinho do Dão e quem

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nele e na terra trabalha. No ‘longínquo’ ano de 1991 a autarquia de Nelas, liderada nessa altura pelo saudoso José Correia, juntou algumas pessoas ligadas ao sector e promoveu a primeira Feira, com poucos produtores, mas com tudo o que girava em torno do sector, bem como a comunidade local. Foi o início de um trajecto, hoje com 25 anos, com momentos bons, outros menos, mas sempre com a preocupação de olhar para os produtores, promover os seus produtos e projectar a região. Os tempos mudam e a Feira também. A edição 2016 marcará, com certeza, mais um capítulo nesta história bonita. O esforço desenvolvido na sua divul-

gação pelo país inteiro foi notório e a autarquia de Nelas e todos os envolvidos na organização do certame só podem estar orgulhosos. E se há pessoas e instituições que vão ser homenageadas e galardoadas na cerimónia de abertura da edição deste ano, é altura de assumir publicamente que a Câmara de Nelas, os autarcas que a dirigem e os que por lá passaram aos longo dos últimos 25 anos, bem como todos quantos contribuíram para a sua organização, merecem o nosso aplauso, respeito e admiração. Pelo Vinho do Dão! Brindemos! José Luís Araújo


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FICHA TÉCNICA

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Director José Luís Araújo (CP n.º 7515) jla.viseu@gmail.com Comercial Filipe Figueiredo filipe@gazetarural.com Edição Especial Classe Média, Lda. Câmara Municipal de Nelas


Destaques do programa da Feira do Vinho do Dão

Prova de 25 vinhos e bolo gigante nas bodas de prata Uma prova de 25 vinhos e de um bolo vínico de 250 quilogramas estão entre os destaques da XXV Feira do Vinho do Dão. A esta edição juntou-se como parceiro o produtor Cabriz, que assinala também o seu vigésimo quinto aniversário, com um bolo com 250 quilogramas, sendo este o primeiro “bolo vínico” gigante na Feira do Vinho do Dão. Destaque para uma prova exclusiva de 25 vinhos, com Luís Lopes e Anselmo Mendes, e ainda uma iniciativa em que vinhos e gastronomia estarão de mãos dadas: a “Mesa 25”, com os sabores do vinho trabalhados pelo chef Diogo Rocha. Esta é uma iniciativa diferente que propõe uma mesa com 25 lugares, com 25 receitas que têm como origem 25 vinhos do Dão, escolhidos por Luís Lopes. “Cada um desses vinhos vai dar uma receita, que no final dessas todas juntas sairá um só prato. Vai ser possível degustar essa receita final”, explicou. Do programa do certame consta também o lançamento do livro comemorativo dos 25 anos do evento, “O Tempo Certo do Vinho”, da autoria de Sandra Leal, e um encontro de confrarias báquicas e gastronómicas da Região Demarcada. Às 22 horas dos três dias, os visitantes poderão assistir ao musical “As Músicas que os Vinhos Dão, Grande Gala dos 25 anos”, do encenador António Leal, da Contracanto Associação Cultural.

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Borges da Silva e a Feira do Vinho do Dão

“Temos lutado pela afirmação deste certame como elemento diferenciador da região”

O presidente da Câmara de Nelas está convicto de que a XXV Feira do Vinho do Dão “vai ser a sequência lógica daquilo que foi o investimento em promoção e realização de 24 edições anteriores”. Borges da Silva, nesta entrevista à Gazeta Rural, sublinha a importância do Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão para a região, bem como a aposta em Santar como Vila Vinhateira. Nas comemorações dos 25 anos do certame a autarquia vai homenagear as gentes do vinho, com o autarca a considera-lo um “elemento diferenciador da região”. Gazeta Rural (GR): Como antevê a Feira deste ano? José Borges da Silva (JBS): A feira deste ano vai ser a sequência lógica daquilo que foi o investimento em promoção e realização de 24 edições anteriores. Quando se consegue manter, durante este período, um evento que vai muito para além das fronteiras do Município de Nelas, é um acontecimento que merece ser comemorado por essa singularidade. Isso revela a força do evento, o essencial que se visa atingir e, por via de um produto tão importante como o vinho, promover o VI

território, fazendo-o numa abrangência regional, o que é ainda mais importante. Acho que Nelas, num período dificultado pela grandeza da Feira de S. Mateus, nestes 25 anos soube cimentar, em quantidade e qualidade, um certame que é o espelho de uma região vitivinícola de 16 municípios. É incontornável que hoje falar numa Feira de Vinho do Dão é seguramente falar de Nelas, sem menosprezo pelo carinho, esforço e investimento que outros municípios têm feito, e bem, de que destaco, - desde que estou na Câmara, - Viseu, Penalva do Castelo e Gouveia e Mangualde, municípios com iniciativas ligadas ao vinho, que têm aproveitado este produto do ponto de vista económico e na criação de emprego. Nessa óptica, e esse é dos nossos principais compromissos na Câmara de Nelas, nestes quase três anos em que cá estamos bem como quem nos antecedeu nas anteriores edições, achamos que este certame concretiza um dos nossos principais desejos que é o desenvolvimento económico e a criação de emprego, ligado ao sector agrícola, bem como no turismo e no enoturismo. Esta Feira, em especial nas duas últimas edições, tornou-se num certame que foi para além da região, em termos nacionais, com a realização de eventos culturais e recreativos dedicados ao tema, como “As Músicas que o Vinho Dão” e a qualidade que já atingiu. Nas comemorações destes 25 anos vamos prestar homenagem a quem criou a Feira, que foi o Dr. José Correia em 1991, e a quem todos os anos a manteve e a promoveu. Queremos homenageá-los nesta Feira, que esperamos seja um acontecimento incontornável dos próximos tempos no centro do país e em especial na região do Dão. GR: Que comentário lhe merece uma afirmação da Engª Vanda Pe-

droso, que disse que todas as Feiras foram importantes, mas a primeira foi a melhor de todas? JBS: O início de qualquer projecto, o pensamento e a concretização em tudo o que é a Feira do Vinho do Dão, é uma verdade absoluta de que quem pensou o evento e depois quem o concretizou e o iniciou é o elemento criador e o mais importante. A Feira resulta também naquilo que tem sido a vocação agrícola e a centralidade da região, que se corporiza no CEVD, criado em 1946 pelo Eng.º Alberto Vilhena e que o dirigiu durante muitos anos, e que agora é dirigido pela Engª Vanda. De facto, a última feira antes de nós termos chegado à Câmara teve um desses programas da TVI no centro do evento, num domingo à tarde e descaracterizou-a para uma festa. Esta é uma Feira do Vinho do Dão e temos que saber manter esse equilíbrio entre a feira e a festa e adequar as duas coisas. Entendo essa afirmação com a sequência lógica do excelente relacionamento que temos com o Centro de Estudos e os projectos que temos para ele. Tínhamos, e continuamos a ter, grandes expectativas no Portugal 2020 e num programa específico para o vinho, que na óptica da investigação e da inovação o CEVD cumpra melhor o que deve ser a projecção de uma região vitivinícola num horizonte de duas décadas. GR: Permita-me interrompê-lo, mas enquanto autarca preocupa-o o estado actual do CEVD? JBS: Nós temos dado todo o apoio que nos tem sido solicitado, mas o CEVD é uma estrutura do Ministério da Agricultura. Mais do que preocupados com o estado em que está, e tem sido feito muito trabalho pelas pessoas que lá estão, é a expectativas que temos de que com as entidades académicas regionais po-


deríamos constituir aqui um Centro que projectasse uma região vitivinícola tão importante como o Dão, não em quantidade mas em qualidade, mas também enquanto elemento diferenciador para as duas/três décadas futuras, em que se possa fazer investigação, inovação, experimentação e projectar a região para outra dimensão, bem como dar mais valor acrescentado a este produto. Há muita gente interessada, desde a Comissão Vitivinícola Regional, às pessoas que lá trabalham, à Direcção Regional de Agricultura e o Município de Nelas será sempre um parceiro empenhado em auxiliar. Temos muita expectativa em relação ao quadro comunitário no plano da inovação, que é a génese do PT2020, para além da internacionalização e do desenvolvimento dos produtos endógenos, ou neste quadro comunitário ou numa reprogramação do mesmo, e tenho mais esperança nesta última, uma vez que está mais virado para os aspectos imateriais, ligados à promoção, e é incontestável que falta fazer muito do ponto de vista do investimento material nos equipamentos da inovação, na estratégia e envolvimento colectivo que não pode deixar de passar pelas instituições académicas, pela Comunidade Intermunicipal, pelas empresas certificadoras, pela CVR Dão e pelos municípios, com Nelas à cabeça, que é onde está o CEVD. Pergunta se me preocupa e o que respondo é que está ali uma grande potencialidade que devíamos aproveitar. Mas no Município, além do CEVD, temos aquilo que poderá constituir mais um elemento de atractividade da região, que já sucede mas sem grande desenvolvimento estruturado do ponto de vista económico, que é Santar. Os dados actualizados que saíram recentemente, sobre os municípios que têm área de vinha plantada, dizem que Nelas é o décimo quarto do país onde existe mais vinha plantada. Eu sempre dizia, e era os dados que tinha, que nos nossos 12.500 hectares de área do território, tínhamos 1000 hectares de vinha, mas afinal são 1600, o que corresponde a 12,8% do território. Grande parte dessa área, seguramente mais de um terço, está em Santar, onde temos aquilo que hoje é essencial

para o turismo, dizem os dados internacionais, que é o vinho e a história, que em Santar estão concentrados, à nossa dimensão. Temos o aspecto patrimonial, a história, as famílias, agora emanadas num projecto de desenvolvimento colectivo empresarial, que é o Santar Garden Village, para recuperar os jardins e as casas e colocar Santar na Rota Europeia de Jardins. Vencida essa barreira que existia entre famílias, temos solares com grande história, edificados a partir do século XVI, alguns já recuperados por empresas de referência, como o Paços dos Cunhas, a Casa de Santar, a Casa das Fidalgas, a Casa da Magnólia, entre outras casas senhoriais que lá existem. De facto, num microclima todo ele rodeado por centenas de hectares de vinha, mas também pelas Serras da Estrela, Caramulo, Lapa e outras quatro, tenho dito a todos os nossos interlocutores institucionais que se contactássemos o arquitecto Oscar Niemeyer, que desenhou a cidade de Brasília, para fazer uma Vila Vinhateira ele construía Santar e todas as vinhas que estão à volta. Esse era a maior parte do investimento, depois havia de arranjar mais cinco ou seis milhões de euros para a promover. Portanto, nós somos capazes de ter 200 ou 300 milhões de euros investidos em Santar, temos tudo reunido e apenas nos faltam meia dúzia de milhões de euros para colocar Santar no mapa e para que alguém que saia dos aeroportos de Lisboa ou do Porto e procure uma Vila Vinhateira possa pensar logo em Santar. Só que ninguém, até agora, constituiu a Rota das Aldeias e Vilas Vinhateiras do país. GR: Voltando à Feira. Vão prestar algumas homenagens? JBS: Os 25 anos da Feira são uma homenagem a quem a pensou e nós, agora, estamos a dar-lhe este carácter mais identitário, não tanto de festa, mas de um certame ligado ao sector vitivinícola. É uma homenagem aos 25 anos da Feira, mas também às pessoas que fazem a Feira e a quem ao longo de alguns séculos esteve ligado à cultura do vinho. Nesta edição comemorativa dos 25 anos, para além do espectáculo “As Mú-

sicas que o Vinho Dão”, vai acontecer um momento, diria, muito carinhoso relativamente àquilo que é o vinho, que é uma homenagem, também, a todos quantos cuidaram das videiras, podaram, curaram, colheram, vinificaram e beberam o vinho ao longo destas décadas. Com isto, Nelas cumpre a 25ª edição da Feira e, é incontornável, sentimos o carinho que os produtores da região dedicam ao certame, que é suportado pelo orçamento municipal. GR: Faltam apoios institucionais? JBS: Não temos os apoios que uma Feira com esta dimensão não só mereceria, mas que era de toda a justiça que fossem concedidos, porque estamos a promover um produto que trás desenvolvimento económico a uma região de 16 municípios. Em rigor, o investimento na promoção, como os outdoors, na imprensa e nestes 25 anos, foi de milhões de euros, mas não nos queixamos e estamos muito orgulhosos disso, porque esta feira cumpre aquilo que desejamos para o Município de Nelas, que é desenvolvimento económico, emprego, cultura e atractividade. Não olho o governo do Município exclusivamente para governar 125 km2 e 14 mil pessoas. A vocação do município de Nelas, fruto desta centralidade, não apenas do vinho mas também de outras trazida pela linha da Beira Alta, por décadas desenvolvimento industrial e termal, e que se exprime nesta XXV Feira do Vinho do Dão, a Câmara e o Município de Nelas estão muito para além da sua população e do seu território. Tem uma vocação de desenvolvimento regional e se todos os municípios cumprirem essa vocação, estamos todos emanados no fortalecimento do mesmo na região Dão Lafões e fazemos, por essa via, mais do que aquilo a que estaríamos obrigados se olhássemos meramente para a nossa população e para o nosso território. Temos lutado na Comunidade Intermunicipal pela afirmação deste certame como elemento diferenciador da região do Dão e não só da Câmara de Nelas, que cumpre muito mais do que a sua vocação municipal.

O BANCO NACIONAL COM PRONÚNCIA LOCAL www.creditoagricola.pt

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MENSAGEM

Feira do Vinho do Dão - 25 anos A feira temática do Vinho do Dão reveste-se da maior importância pelo que significa não só enquanto valor histórico e cultural, mas também pela relevância económica, turística e social que representa para o território, constituindo assim uma manifestação visível da cultura que caracteriza a região. Por esse facto, desde o primeiro momento que a DRAP Centro não poderia deixar de ter uma presença assídua. Desde 1991 que participa com um stand de divulgação das actividades que promove/desenvolve no Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão (CEVDão) em articulação com o sector, salientando-se a divulgação junto dos produtores da região dos resultados da experimentação desenvolvida, nomeadamente no estudo e caracterização das castas tradicionais.

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Ao longo dos anos, a DRAP Centro em articulação com outros agentes quer públicos quer privados da região tem procurado dar resposta às necessidades do sector, promovendo a realização de provas de vinhos, bem como colóquios onde são debatidos temas da área vitivinícola com interesse para a região. No futuro, dada a importância crescente desta feira que é evidente pelo aumento dos que a visitam, bem como do número cada vez maior de expositores ligados ao sector do vinho e a outros produtos agro-alimentares oriundos da região, esperamos continuar a ter uma participação activa procurando estar à altura da dinâmica do sector. Adelina Martins Directora Regional de Agricultura e Pescas do Centro


_ As músicas que os vinhos Dão - todas as noites.

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INSTITUIÇÃO

Confraria dos Enófilos do Dão - 25 Anos A Confraria dos Enófilos do Dão comemora este ano 25 anos de actividade. Após todo este período torna-se evidente fazer aqui uma exposição sobre os pontos mais evidentes do seu trabalho e significado. Em 1991, ano da sua criação, o Dão vivia um período de mudança e afirmação. Assistimos nessa época a várias transformações, designadamente o surgimento de novos viticultores engarrafadores, a aposta forte da Sogrape na Região com a edificação de um novo centro de vinificação, a fundação da Dão Sul, a criação das novas instalações da UDACA, a reconversão tecnológica das adegas existentes por introdução das tecnologias de frio e do inox, chamada a era do inox dos anos 90, a transformação vitícola através da reconversão das vinhas, os programas comunitários de incentivo, a mudança de regulamentação da região, o aparecimento de um nova geração de técnicos quer na Viticultura quer na Enologia, para além de se ter delineado uma rota do Vinho do Dão (primeiro trabalho). Esta modificação na região implicou uma nova visão sobre o vinho do Dão, sobre as suas potencialidades, a sua importância e os seus valores. Nesse sentido, a criação da Confraria de Enófilos do Dão surge no momento destas renovações pretendendo criar um novo espaço dentro da sociedade vitivinícola. Um espaço de confraternização e defesa dos valores do vinho do Dão. Os fundamentos da Confraria sempre se regeram por ideais claros de bons princípios, educação, cultura, bom senso, perseverança e respeitabilidade na defesa e promoção do bom nome do seu vinho. Os valores da Confraria jamais podem ser entendidos de outra forma que não sejam a protecção e a dignificação dos vinhos do Dão. Não é um clube, não é uma empresa com objectivos económicos, não é a comissão vitivinícola regional, não é uma agência de publicidade nem é uma empresa de eventos, mas sim um espaço de amigos do vinho do Dão, como se tratasse de uma Irmandade (expressão textual do falecido Mestre Principal do Capítulo, Dr. Fortes da Gama). Na Confraria há apenas lugar para o entendimento, para o acolhimento de opiniões, para o respeito dos valores da cultura do vinho do Dão. Ser Confrade da Confraria dos Enófilos do Dão é ser, acima de tudo, um defensor, a título pessoal e colectivo, dos seus valores. Somos enófilos todos os dias sempre que defendemos estes princípios. E não somos mais ou menos enófilos se usamos mais ou menos o traje da confraria. Ser enófilo é saber estar na sociedade plural, defendendo os princípios da cultura do vinho, o seu consumo moderado e responsável e saber defender os bons fundamentos do vinho do Dão. A Confraria nestes 25 anos já entronizou cerca de 360 Confrades. Dentro deste conjunto, podemos destacar alguns nomes que marcam a sua notoriedade e a sua história, provenientes de diferentes áreas da sociedade, como das artes, do espectáculo, do desporto, do jornalismo, da

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política, da ciência, do mundo empresarial, nomeadamente Amália Rodrigues, José Cid, Rao Kiao; Durão Barroso, Jorge Sampaio, António Barbosa de Melo, D. Duarte João Pio de Bragança, António Joaquim Almeida Henriques, Chakall, Carlos Manuel Antunes Lopes, Fátima de Campos Ferreira, Fernando António de M. Guedes Bianchi de Aguiar, Fernando Carvalho Ruas, Fernando Lobo Guedes, Jaime José Matos da Gama, José da Fonseca Costa, Jorge Ricardo da Silva, Mário Augusto, Paul James White, Ricardo Castilho, Rogério de Castro, Rui Miguel Moreira Massa e Wilson José Dolbeth de Sousa Honrado. Durante estes 25 anos a Confraria conheceu várias composições dos seus corpos sociais correspondentes a cada um dos mandatos. Estes podem ser genericamente identificados pela titularidade de cada um dos Grão Mestres. Entre 1991 a 2015 o primeiro Grão-Mestre e fundador foi o Marquês de Santa Iria, José Luís Andrade de Vasconcelos e Sousa; o segundo foi José Perdigão, o terceiro foi Pedro de Vasconcellos e Souza (filho do Primeiro Grão Mestre) e o quarto João Paulo Gouveia. Actualmente a Confraria apresenta na constituição dos seus corpos sociais um conjunto de confrades, como sempre, de elevado mérito e honorabilidade que integram a actividade do triénio 2015 – 2017. Estes Confrades repartem-se nas seguintes seções: CAPÍTULO (ASSEMBLEIA GERAL) - Mestre Principal (Presidente): António Luís Abranches do Canto Moniz; Primeiro Mestre (Primeiro Secretário): Amândio Pires de Almeida; Segundo Mestre (Segundo Secretário): José Eduardo Fiúza Batista de Matos CÚRIA BÁQUICA (DIREÇÃO) - Grão Mestre (Presidente): Carlos da Costa Silva; Chanceler (Secretário): Graça Maria dos Santos Silva; Almoxarife (Tesoureiro): Luís Miguel Oliveira Marques; Mestre Fiel das Usanças (Mestre de Cerimónias): Maria Manuela de Lemos Esteves; Mestre Porta Estandarte: Miguel Cardoso Machado Oliveira; Suplente: António Miguel Marques Lopes Magalhães Coelho; Suplente: António Luís Fialho Isabel. PROVADORIA (CONSELHO FISCAL) - Grão Provador (Presidente): Casimiro de Almeida Gomes; Primeiro Provador (Primeiro Vogal): António Manuel da Silva Mendes; Segundo Provador (Segundo Vogal): Rui Manuel Vasconcelos Ribeiro; Terceiro Provador (Terceiro Vogal): José Carlos Campos da Silva Oliveira; Quarto Provador (Quarto Vogal): Susana Maria Ferreira de Melo Abreu; Quinto Provador (Quinto Vogal):Carlos Diogo Duarte Rocha; Suplente: António Carlos Marques Lemos; Suplente: Cláudia Sofia da Costa Barros Figueiredo

CONSELHO DE NOTÁVEIS (CONSELHO CONSULTIVO) - Arlindo Marques Cunha; Álvaro Albuquerque Figueiredo e Castro; Carlos Alberto Barros de Figueiredo; Cristina Cunha Martins; Fernando Campos Nunes; Joaquim Alberto Vieira Coimbra; Manuel António de Monte e Freitas Vieira e Pedro Vasconcellos e Souza. Durante este ano a Confraria pretende assinalar o seu vigésimo quinto aniversário, com um conjunto de actividades onde se invocará os maiores desígnios dos seus princípios fundamentais. Dentro destas actividades podemos destacar o encontro de confrarias regionais e nacionais no âmbito da Feira do Vinho do Dão; um jantar vínico dos 25 anos; a criação de uma peça comemorativa com alusão aos 25 anos para colocação na capa dos confrades; uma entronização de novos confrades em Dezembro; vários programas de rádio sobre a região do Dão; a criação da página Web da Confraria; diversas publicações de textos de opinião em revista; o início da elaboração de um trabalho de pintura e texto sobre as casas vitivinícolas dos nossos Confrades, para além das actividades do curso normal da Confraria, mas que neste ano tem como propósito máximo a comemoração de um quarto de século. Na Confraria dos Enófilos do Dão o plano de actividades é um programa que é cumprido com objectivos e metas anuais e é de acordo com o orçamento previsional possível em conformidade com a disponibilidade das quotas dos Confrades. Neste propósito, no meu entendimento, esta Confraria, assim como todas a nível nacional, requer hoje de uma reflexão profunda sobre a sua forma de actividade. Esta reflexão deverá assentar sobre a forma como deverá ser exercida a defesa de cada desígnio, a forma de obter mais apoios, a comunicação, a adesão mais assídua dos Confrades e sobre a importância a nível social. A este propósito, e já como uma estratégia bem delineada sobre este assunto, a Confraria vai levar a debate estes assuntos, alinhada com a sua Federação das Confrarias Báquicas de Portugal, no próximo XIV Congresso Europeu de Confrarias Vínicas e Gastronómicas do Conselho Europeu de Confrarias Enogastronómicas. O valor de uma confraria é sempre proporcional ao valor do seu desígnio. Saudações Báquicas O Grão-Mestre Carlos da Costa Silva

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TURISMO DE NATUREZA

Moinhos do Pisão ou a aldeia ‘perdida’ no Dão Este é daqueles projectos em que a frase “o homem sonha e a obra nasce” faz todo o sentido. A aldeia do Pisão, no concelho de Nelas, estava a ficar desertificada e Fernando Carrilha decidiu deixar o reboliço da capital e regressar às origens. “Tinha duas opções, onde me movimentava melhor, ou na área dos eventos ou no turismo” e escolheu a segunda, admitiu à gazeta Rural. E explicou: “A aldeia do Pisão estava a morrer e tem uma dimensão pequena, com um casario concentrado, ideal para o que tinha pensado. Assim, com uma intervenção pequena nalgumas casas consegui mudar a face da aldeia”. Com nove casas na aldeia, de tipologia T2, o promotor diz-se satisfeito, “melhor do que esperávamos”, pois “vem gente de todo o país e que sai de cá satisfeita”. Num site de referência na área do alojamento turístico, a pontuação dada pelos clientes varia entre 9.6 e 9,7, num máximo de 10. Mas projectos não faltam. “A ideia é estender este paraíso até Santar, aproveitando os investimentos que lá se vão fazer”, diz Fernando Carrilha, que pretende construir no Pisão um restaurante, uma piscina e um bar de apoio. “Queremos que dentro de poucos anos este seja um espaço de referência na região na área do turismo de natureza e enoturismo”, avançou.

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Vanda Pedroso e a edição de 1991

A I Feira “foi a mais completa naquilo que é relacionado com o vinho do Dão” Vanda Pedroso é uma profunda conhecedora da região do Dão, das suas castas e das suas vinhas. A actual responsável pelo Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão, sedeado em Nelas, esteve presente na I Feira do Vinho do Dão, em 1991, e é perentória ao afirmar que “foi a mais completa naquilo que é relacionado com o vinho do Dão” e teve o condão de “juntar os produtores no mesmo local a conversarem e a darem a conhecer os seus produtos”. Vanda Pedroso, que diz “não perceber nada de vinhos”, critica a falta de estratégia para a região em termos promocional enquanto região demarcada. XIV

Gazeta Rural (GR): Que memória tem da I Feira do Vinho do Dão? Vanda Pedroso (VP): Para mim foi a melhor de todas e a mais completa, pois teve um pouco de tudo. O número de expositores era menos, pois havia cerca de meia dúzia de produtores/engarrafadores. Hoje ultrapassa a meia centena. A Feira trouxe esse facto importante de juntar os produtores da região num mesmo local, a conversarem e a darem a conhecer os seus produtos não só para a região, mas também para fora. O número de expositores ao longo destes anos variou, mas isso foram vicissitudes da forma foi conduzida, às vezes mais para festa do que, efectivamente, uma feira de vinhos. Nas últimas edições aumentou o número de produtores, o que é relevante. GR: O que efectivamente teve a primeira feira de importante? VP: Teve o envolvimento grande das pessoas da região. Houve desfiles alegóricos à vinha e ao vinho feitos pelas associações do concelho. Houve aquilo que hoje se está a tentar recuperar, que foi um

espectáculo relacionado com a vinha e o vinho, que contou com a presença da Maria do Céu Guerra, bem como um desfile de confrarias. Para além disso houve exposições relacionadas com a vinha e o vinho, desde rótulos, garrafas e utensílios que se utilizavam na adega e no dia-a-dia. No fundo, foi uma mostra do que era o sector do vinho no Dão, desde meados do século passado. Foi, de todas, a mais completa naquilo que é relacionado com o vinho. GR: Para si, qual é verdadeiramente a importância deste certame e o que trouxe à região? VP: Trouxe visibilidade aos vinhos do Dão e como evoluíram. Sabemos o que se fazia nos anos 90 e hoje temos vinhos muito melhores e mais diversificados e isso é evidente. Porém, a Feira serviu, nessa altura, para mostrar o Dão a uma população mais ampla. Neste aspecto a Feira torna-se mais visível para a região. Temos que nos lembrar que estamos numa região vitivinícola e que, muitas vezes, há gente que anda por aí e não


dá conta que está na Região Demarcada do Dão. É um facto que as vinhas estão escondidas, mas quem passa podia ser chamada atenção de que estamos numa região vitícola e isso não acontece. Estou cá há 34 anos e estamos na mesma. GR: O que falta, no seu entender? VP: Em primeiro lugar falta que todas as entidades ligadas nesta área saibam trabalhar em conjunto e isso não acontece. Para além disso, falta um plano sobre o que é preciso fazer para dar mais notoriedade à região. O resto era… concretizar. Por exemplo nós vamos a Bordéus ou ao Reno, passamos nas estradas, entramos nas aldeias e somos chamados a ver, porque há informação, ou somos convidados a tal. Aqui isso não acontece. GR: O que mudou no vinho nos seus 34 anos de Centro de Estudos? VP: Eu não percebo nada de vinhos. Isso não é comigo. Posso falar de vinhas ou da produção. Nesta área a região evoluiu bastante,

nomeadamente na forma de fazer vinha, mas muito aquém do que poderia ser. Ainda se trabalha muito sem ter a certeza do que se está a fazer, fruto de, por exemplo, projectos Vitis e de reestruturação que impõe determinadas coisas, mas que não obrigam no aspecto técnico. Com o mesmo investimento poderíamos ter hoje muito melhores resultados, reconhecendo que há uma evolução enorme. E basta ver no encepamento. Voltámos a ter a Touriga Nacional, reconhecidamente uma das castas mais importantes, que tínhamos no final do século XIX e que deixámos de ter durante quase todo o século XX. GR: Há produtores que dizem que a “culpada” é a Engª Vanda. Sente-se a “mãe” de alguns projectos na região? VP: Sinto-me bem como esses elogios. Há coisas que não partiram de mim, mas do Centro de Estudos para essa evolução. Julgo que tivemos um papel importante na divulgação de algumas coisas que levaram a que os viti-

cultores as pratiquem. GR: Mas os viticultores aceitaram os seus conselhos? VP: A aceitação foi-se fazendo aos poucos. No início as coisas não eram fáceis e a época era outra. Os viticultores, quando vim para cá na década de 80, faziam as coisas como no tempo dos seus avós. Só nos anos 90 é que as grandes empresas se instalaram na região, com uma visão diferente da maior parte dos viticultores. No meu caso ainda havia a questão de ser mulher e nos primeiros tempos estiveram um pouco de pé atrás. Contudo, aos poucos começaram a ver que aquilo que lhes dizíamos resultava, nomeadamente com a Touriga Nacional, e questionavam se eram obrigados a tal. Muitos vierem ao Centro de Estudos ver a nossa Touriga e foram ficando convencidos e a aceitar melhor aquilo que lhes dizíamos. Como diz o ditado “água mole em pedra dura…”. Neste âmbito, posso sentir-me “mãe” de algumas ideias, mas não mais que isso.

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Diz Paulo Santos, da Caminhos Cruzados

“Fazer um evento durante 25 anos é um feito de que Nelas se pode orgulhar”

Caminhos Cruzados é um dos mais novos projectos vínicos do Dão e do concelho de Nelas. Os seus vinhos têm sido reconhecidos pelo mercado e pela crítica, com prémios de relevo no contexto nacional e internacional. Para o administrador da empresa, os 25 anos da Feira do Vinho são “uma grande responsabilidade e um motivo de festa para Nelas”. É que, diz Paulo Santos, “fazer um evento durante 25 anos é um feito de que Nelas se pode orgulhar”. “Produtor Revelação de 2015”, a Caminhos Cruzados estará presente na Feira, onde dará a conhecer os seus mais recentes lançamentos, nomeadamente o “Teixuga”, um branco que em Inglaterra foi considerado um dos 10 melhores Encruzados do Dão.

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Gazeta Rural (GR): Para a Caminhos Cruzados, um produtor recente no Dão, o que significam os 25 anos a Feira do Vinho do Dão? Paulo Santos (PS): É uma grande responsabilidade para a Feira e para Nelas é motivo de uma grande festa. Fazer continuadamente um evento durante 25 anos é um feito de que Nelas se pode orgulhar. Ao longo dos anos, a Câmara Municipal tem conseguido cuidar de um evento importantíssimo na divulgação do vinho do Dão e também dos produtores, em especial os do concelho. Nós, que somos de Nelas, temos uma responsabilidade acrescida. No nosso caso somos dos mais jovens produtores que chegou ao Dão. O nosso trabalho tem sido reconhecido. Ainda recentemente fomos considerados, por uma revista da especialidade, como “O Produtor Revelação de 2015”, o que muito nos distingue, nos honra e aumenta a nossa responsabilidade em relação ao que temos feito. Temos trabalhado também pela região, com o nosso projecto a seguir os passos que tínhamos delineado. Este ano associamo-nos à Feira com o nosso stand, com as nossas novidades, com os nossos vinhos, com a divulgação mais alargada do nosso topo de gama “Teixuga”, além dos novos vinhos da gama “Titular”. O “Teixuga” é um branco de vinhas velhas da Quinta da Teixuga, onde estamos a construir a nossa nova adega, que em 2017 já deverá receber as nossas uvas. GR: O “Teixuga” é o vosso mais recente lançamento e tem recebido rasgados elogios? PS: A crítica tem sido bastante favorável, tanto a nível nacional como internacional. Temos críticos de um mercado tão exigente como o inglês, onde recentemente saiu um artigo que colocou o “Teixuga” entre os 10 melhores Encruzados do Dão. De facto, tem tido uma crítica desapaixonada de muitos críticos nacionais e internacionais. Achamos que o Dão tem brancos excelentes, que fazem a diferença num mundo tão competitivo como o dos vinhos, em especial a nível internacional. Temos um território único na Quinta da Teixuga para

a produção desses vinhos e, naturalmente, estamos muito satisfeitos. GR: Tem feito uma grande aposta no mercado internacional. Tem valido a pena essa aposta? PS: A Lígia Santos (filha) é que segue o mercado internacional e tem feito um trabalho de correr os cinco continentes a levar e dar a conhecer o “Titular” e a Caminhos Cruzados por esse mundo fora e temos tido um retorno muito satisfatório. Temos mercados a crescer exponencialmente, como os Estados Unidos, estamos presentes em toda a Europa, em Angola, e no Brasil, onde estamos a crescer também de forma significativa. Na Europa estamos a consolidar posições, como na Polónia, e mantemos ligações e negócios com a China. O mercado de exportação para a nossa empresa já representa 60% do volume de negócios, o que foi um objectivo alcançado, dado que o projecto que temos passa por essa aposta, mas também no mercado nacional, apostando nas garrafeiras e nos restaurantes, num trabalho que demora o seu tempo. Temos trilhado um caminho seguro e estamos satisfeitos com os resultados obtidos. GR: E o dedo de Manuel Vieira nos vossos vinhos? PS: A equipa de enologia veio alterar, de alguma forma, todo o nosso caminho e sustentar o nosso projecto. É uma equipa profissional, que alia a experiência do Manuel Vieira, que conhece o Dão como ninguém, ao Carlos Magalhães, um enólogo que faz vinhos pelo país. É uma dupla que se conhece e trabalha muito bem. São pessoas muito sérias no trabalho que desenvolvem, que estão muito entusiasmados com o nosso projecto e os resultados estão à vista. GR: Que vinhos novos vão apresentar na Feira? PS: Não me queria adiantar muito, mas vamos dar a provar a nossa gama “Titular”, com um Encruzado 2015, um Alfrocheiro e talvez um Jaen, além de darmos a conhecer a um maior número de pessoas o “Teixuga”, que é uma edição limitada de 1500 garrafas.


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Também comemora 25 anos

Peter Eckert comprou a Quinta das Marias em 1991

Embora só no início do século XXI tenha começado a engarrafar vinhos, a Quinta das Marias fez em Janeiro 25 anos que foi adquirida por Peter Eckert. O então responsável por uma das mais importantes seguradoras mundiais apaixonou-se pelo Dão, comprou a quinta em Carregal do Sal e é hoje considerado como um dos mais relevantes produtores da Região Demarcada. Peter Eckert vê a Feira do Vinho do Dão com o olhar crítico de sempre, na procura da melhoria daquele que considera um evento que “está no bom caminho”.

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Gazeta Rural (GR): Fez em Janeiro 25 anos que comprou a Quinta das Marias? Peter Eckert (PE): É verdade. Comprei a quinta em Janeiro de 1991. O António começou a trabalhar comigo em Fevereiro desse ano e, se cá estivesse, faria também 25 anos de casa. Tenho muitas saudades dele. Deixou o seu herdeiro connosco, que está a fazer um excelente trabalho.

suas referências. Este ano lançamos o “Lote Branco”, fruto de um contrato de comodato que fiz com um vizinho que tinha uma vinha que ia abandonar. Nessa parcela há videiras das castas Sémillon, Gouveio e Barcelo e decidimos fazer um vinho. Fizemos 4400 garrafas que lançamos este ano, com o rótulo “Lote Branco” e que está muito bom. Mantemos a aposta no nosso Encruzado, Alfrocheiro, Touriga Nacional e o Cuvee TT.

GR: A Feira do Vinho do Dão também faz 25 anos. Que memórias guarda? PE: Tenho muitas memórias. Já vamos há feira há cerca de uma dúzia de anos e tem mudado muito. Lutei muito que algumas mudanças fossem feitas, porque no início era mais uma festa popular que uma feira de vinhos e transmiti isso aos responsáveis da Câmara de Nelas, mas também aos meus colgas produtores, no sentido de se fazer uma feira digna. Sempre olhei para a Feira como um ponto de peregrinação dos aficionados do vinho do mundo inteiro, ou pelo menos da Europa ou da Península Ibérica, para conhecer os vinhos do Dão e para contactar directamente com os seus produtores, que hoje são cerca de meia centena. Para mim, estamos no bom caminho. Deixou de ser uma feira popular, com muita música, em que era impossível falar com quem nos visitava, para uma evento verdadeiramente do vinho e dos amantes do vinho.

GR: Poderemos dizer que está num processo de estabilização? PE: Em 2015 atingimos a produção máxima da nossa capacidade, na ordem das 60 mil garrafas. Não vou comprar nem alugar mais terrenos, porque a Adega atingiu a sua capacidade máxima de produção, para além de que a nossa aposta é em vinhos de qualidade, o que pressupõe um certo cuidado na sua elaboração.

GR: Neste âmbito, e tendo em conta o que ouvi de alguém que esteve na primeira edição, a Feira tem que ser promovida pelos produtores, com a Câmara a liderar o projecto? PE: Não. A Feira é promovida pela Câmara de Nelas, que tem liderado o processo. Vamos a Nelas porque é a Câmara a organizar a Feira, como podemos ir a outro lado. É a Câmara que tem que organizar a Feira, pois tem uma estrutura profissional, que tem promovido bem o evento. GR: O que vai apresentar na Feira? PE: A Quinta das Marias é um pequeno produtor que aposta na estabilidade das

GR: Como olha para a vindima deste ano? PE: É pouco esquisito. Fiz umas amostras na vinha (23 de Agosto) e deu resultados díspares. Por exemplo o Encruzado velho estava com 9’, o novo com 8’ e o Jaen estava com 12’ . Se isto continuar assim, vamos colher o tinto primeiro que o branco. Temos boas uvas, com boa qualidade, uma produção menor que no ano passado de cerca de 20%, mas o processo de maturação é muito irregular. GR: Como é que lá fora olham para o vinho do Dão? PE: Conheço mal outros mercados para além daqueles para onde envio o meu vinho, como a Suíça, Estados Unidos e Canadá. Quando estou lá fora a primeira coisa que faço é ‘vender’ Portugal e depois o Dão, que hoje já é bastante conhecido, mas ainda temos que trabalhar muito para lhe dar uma reputação elegante. Infelizmente começam a aparecer nesses mercados vinhos muito ‘açucarados’, mas cada produtor faz o que entender. Porém, temos que defender uma certa qualidade que reflecte a elegância do Dão. Quando vejo, num supermercado da Suíça, um vinho do Dão Reserva a dois Francos e eu vendo o meu a 25 francos, como explicar esta diferença a um cliente?


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A Soito Wines é um dos novos produtores no Dão, embora os seus responsáveis já estejam ligados ao mundo do vinho há alguns anos. A empresa, sedeada em Tibalde, no concelho de Mangualde, vai estar presente pela primeira vez na Feira do Vinho do Dão onde vai apresentar o novo Soito Tinto 2014, mas onde também dará a provar o Soito Rosé 2015 e o Soito Branco 2015, lançado no início do Verão. Sandra Alves Soares, que juntamente com o marido dirige o projecto, diz que o certame de Nelas “é uma bela montra do que de melhor de produz na região Dão”, adiantando que em relação à colheita deste ano prevê uma ligeira quebra de produção. XX

Na Feira do Vinho do Dão

Soito Wines mostra novo vinho tinto de 2014 Gazeta Rural (GR): Que novos vinhos lançaram ou vão lançar brevemente no mercado? Sandra Alves Soares (SAS): Lançámos o Soito Rosé 2015 e o Soito Branco 2015 no início deste verão e vai ser justamente na Feira de Nelas que vamos apresentar o novo Soito Tinto 2014. Prevemos, até ao final deste ano, lançar o novo Soito Reserva. GR: Como perspectiva a vindima deste ano? SAS: O ano de 2016 tem sido um ano difícil devido às condições atmosféricas e, consequentemente, ao surgimento de doenças que assolaram a região durante o ano, como foi o caso do míldio. Felizmente, a permanente vigilância salvaguardou as nossas vinhas. Ainda assim, e chegada a esta altura do ano, a vindima está ligeiramente atrasada em relação ao ano passado e contamos com um ligeiro

decréscimo na quantidade. Em contrapartida, tudo aponta para que o nível de qualidade se mantenha. GR: Será a primeira vez que participam na Feira do Vinho do Dão, que comemora 25 anos. Como olha para este certame? SAS: Consideramos a Feira do Vinho do Dão como uma bela montra do que de melhor de produz na região Dão. É, efectivamente, uma excelente oportunidade para os produtores darem a conhecer os seus vinhos, os seus produtos, mas é ainda uma melhor oportunidade para o consumidor final que encontra, à sua disposição, uma grande variedade de vinhos da região que pode provar e adquirir. O facto de comemorar 25 anos é, por si só, revelador da sua importância sendo para nós um privilégio poder participar da mesma. Agora é só trabalhar para que daqui a 25 anos possamos celebrar os 50!


Amora Brava na Feira (www.ardeaseal.it)

do Vinho do Dão

Vedante colocado pela primeira vez em Portugal

Psique Dão DOP 2014

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Idroeletrika (www.idroeletrika.it)

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Representaçoes Amora Brava XXI


Diz Jorge Pina, administrador da Dão Sul

“Cabriz e a Feira do Vinho do Dão são dois factos relevantes para o relançamento da região” Ambas nasceram em 1991 e fizeram um trajecto paralelo que as orgulha. A Dão Sul, a marca Cabriz, e a Feira do Vinho do Dão comemoram 25 anos, numa história naturalmente diferente, mas ligada por um denominador comum, que é o vinho do Dão. Para o administrador da Dão Sul/Global Wines “são duas referências importantes para a região do Dão”. Jorge Pina, à Gazeta Rural, sublinha a importância do certame, mas também o trajecto que a Dão Sul fez ao longo destes anos. Em relação à vindima deste ano, aquele responsável, diz que pelos dados disponíveis, no âmbito da Dão Sul, a quebra na produção será inferior ao que é referido por diferentes meios. XXII

Gazeta Rural (GR): A Quinta de Cabriz e a Feira do Vinho do Dão celebram 25 anos. Há algum paralelismo? Jorge Pina (JP): A primeira ideia que me ocorre é que são duas referências importantes para a região do Dão. Se há algum paralelismo, e ele existe com certeza, é, por um lado, o nascimento de um vinho Cabriz, que catapulta esta região e a promove ao ponto de a levar a uma posição relevante no mercado nacional, após um período em que a região do Dão tinha vivido momentos difíceis e a recompõe no contexto do sector em Portugal. Ao lado, uma Feira com a importância que a grande maioria das pessoas reconhecem na promoção, não apenas da região, mas também dos seus produtores. Portanto, a importância para a região do Dão destas duas realidades, Cabriz e a Feira, são dois factos relevantes para o relançamento desta região em termos do sector em Portugal. GR: Como podemos olhar hoje

para a Dão Sul e Cabriz? JP: Toda a economia nacional e todos os sectores, este também, sofreram as consequências negativas resultantes que a crise económica mundial de 2007 nos fez viver. Nós, Dão Sul, a economia nacional e o sector vínico, soubemos reagir às dificuldades que a crise nos trouxe, soubemos viver e, até certo ponto, ultrapassar essas dificuldades. Aliás, o crescimento ocorre já há uns anos atrás, mas, diria, que estamos hoje de novo num processo de fortalecimento, quer em termos económico, quer financeiros. GR: A aposta no mercado internacional continua a ser a salvação das empresas portuguesas neste sector? JP: A aposta no mercado internacional foi, nalguns casos, importantíssima para a manutenção de muitas empresas. Não sei se nalguns casos a sustentabilidade me permite dizer que é, foi, ou está a ser um facto determinante no suporte dessas empresas. Sabemos, e


isso é seguro, é que foi um instrumento importantíssimo para a manutenção de muitas delas. Nalguns casos em que o mercado nacional é sustentável, foi um instrumento de fortalecimento, quer financeiro, quer de notoriedade, das empresas e das marcas, fundamental para o desenvolvimento do sector. No volume de negócio da Dão Sul, caminhamos rapidamente para um peso das exportações na ordem dos 60%. GR: Como antevê a vindima deste ano? JP: Tanto quanto é possível quantificar, a menos de um mês das vindimas, que se prolongarão no nosso caso até final de Outubro, estamos em condições de poder expectar um produção, na região do Dão, ligeiramente abaixo da que ocorreu o ano passado. O ano de 2015 foi extraordinário e o

sector e a região do Dão, em particular, viveu uma colheita de recuperação do que foram as perdas do ano anterior. De qualquer modo, vivemo-las em função das condições extraordinárias que se conjugaram em 2015. 2016 é um ano normal em termos vitivinícolas, que não teve os factores positivos de 2015, que tem um ou outro facto menos propício a uma colheita quantitativa tão grande como no ano anterior. No nosso caso, em que temos um cuidado muito intenso e detalhado naquilo que é o desenvolvimento vitícola ao longo dos 12 meses, julgo que, apesar dessas condições menos favoráveis, devemos ter perdas abaixo dos valores que por aí se dizem. GR: Estando o grupo a que a Dão Sul pertence presente em várias regiões, em

que patamar coloca os vinhos do Dão nesta altura? JP: Os vinhos do Dão já tiveram o seu auge. Quando era mais jovem lembro-me de ir a restaurantes em Lisboa em que mais de metade da carta era de vinhos do Dão. Passámos por períodos na nossa história recente em que os vinhos desta região quase desapareceram. Felizmente, de há uns anos a esta parte e fruto do trabalho da CVR, das empresas e das instituições, os vinhos do Dão têm ganho notoriedade não apenas no contexto geográfico nacional, mas também internacional. Julgo que, nesse aspecto, os vinhos e a região do Dão estão a percorrer um caminho positivo e acredito de um dia destes poderemos voltar a ter a posição que tivemos noutros tempos no sector dos vinhos nacionais.

Quinta do Paitor - Canas de Senhorim | Telm.: 965 125 790 | e-mail: viveirosbatista@gmail.com XXIII


Virgílio Loureiro esteve na sua organização em 1991 e deixa um alerta

“A Feira do Vinho do Dão não pode ser uma tarefa exclusiva da autarquia de Nelas” Virgílio Loureiro é um nome incontornável no mundo do vinho e esteve envolvido na organização da I Feira do Vinho do Dão em 1991. 25 anos depois diz que a Feira “está diferente”, mas “gostaria que estivesse ainda mais desenvolvida”. Porém, “só o facto de ser o maior evento que se faz na região do Dão” já o deixa com a “sensação do dever cumprido”. Nesta conversa com a Gazeta Rural, o enólogo diz que “a Feira do Vinho do Dão não pode ser uma tarefa exclusiva da autarquia de Nelas”.

Gazeta Rural (GR): O que lhe diz a Feira do Vinho do Dão? Virgílio Loureiro (VL): Diz-me muito, porque faz agora 25 anos que eu e mais quatro amigos diletantes a trabalhar com o Dr. José Correia, presidente da Câmara de Nelas na altura, a tentar montar a Feira. Foi um exemplo muito gratificante, porque toda a gente da região, desde as foças vivas, os bombeiros, às associações do concelho e os produtores estiveram de mãos dadas a tentar fazer algo em prol do vinho do Dão. Nessa altura estive em Nelas cerca de duas semanas, com medo de regressar a Lisboa e ter as malas à porta, porque não recebi nada pelo trabalho que fiz em prol do evento, mas foi por uma boa causa. Hoje, 25 anos depois, sinto-me feliz, porque essa Feira pioneira nunca mais deixou de se fazer. Hoje está diferente e, como sou muito exigente comigo próprio, gostaria que estivesse ainda mais desenvolvida, mas só o facto de ser, e não exagero dizer, o maior evento que se faz na região em prol do vinho do Dão, só isso me deixa com a sensação do dever cumprido. GR: Sente que um pouco do êxito da feira é seu também? VL: Isso não me compete a mim dizer,

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mas a Feira está muito diferente. Não a tenho acompanhado todos os anos, porque faço muitas coisas noutras regiões e nem sempre pude estar presente, mas gostava de deixar uma mensagem. A Feira do Vinho do Dão não pode ser uma tarefa exclusiva da autarquia de Nelas, que é essencial, como tem sido desde a primeira hora, mas tem que ser feita pela gente do vinho. Tem que estar toda a gente do vinho de mãos dadas, a fazer a feira segundo a batuta da autarquia. Não é a Câmara de Nelas fazer tudo e os produtores no dia em que começa a feira, se algo correr mal, fazerem queixas da autarquia. Isso não deve acontecer. A Feira, acima de tudo, tem que ser uma Festa do Vinho do Dão feita pelos produtores desta região demarcada, onde a autarquia, bem como todas as forças vivas da região, possam ajudar para que o evento decorra o melhor possível, porque quanto melhor ela decorrer mais riqueza fica na região. O objectivo é promover o vinho e que a riqueza que o mesmo gera melhore a qualidade de vida de toda fileira, que tem vivido mal nos últimos anos. Há muito tempo que a gente do vinho do Dão não tem tempo para gozar o dinheiro que ganha. É que é tão pouco que mal dá para pagar as despesas.


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Os vinhos da Adega de Penalva têm recebido prémios em vários concursos, facto que não deixa o enólogo Virgílio Loureiro a saltar de satisfação. Profundo conhecedor do sector, é crítico em relação aos concursos e questiona a “consistência” dos prémios. E lança um desafio: “quando se tiver a coragem de fazer o concurso duas vezes com os mesmos vinhos, com os mesmos provadores e em alturas diferentes os prémios do primeiro vão ser totalmente diferentes do segundo”.

Virgílio Loureiro e os vinhos premiados

A Adega de Penalva “está no bom caminho” Gazeta Rural (GR): Tem sido um bom ano para a Adega de Penalva em termos de prémios? Virgílio Loureiro (VL): Ainda bem que fala em prémios. Sou muito crítico em relação aos prémios, que não enjeito. Se eles vêm é uma mais-valia para quem os recebeu, mas não se pode avaliar o trabalho feito elos prémios que ganha. É muito mais do que isso, até porque os prémios nem sempre são consistentes. E dou um exemplo: Quando se tiver a coragem de fazer o concurso duas vezes com os mesmos vinhos, com os mesmos provadores e em alturas diferentes os prémios do primeiro vão ser totalmente diferentes do segundo. Todos nós que já andamos nisto há muito tempo sabemos que é verdade. Portanto, a consistência dos prémios não é nenhuma. O que posso dizer é que não há nenhum vinho mau que ganhe prémios, mas há vinhos fantásticos que não ganham prémios e infelizmente a vida só está boa para os que obtêm prémios, os XXVI

que não ganham, apesar de terem vinhos fantásticos, não contam. O que é triste, porque a percentagem de vinhos de uma região premiados é pequeníssima, os restantes nunca ganham prémios e, por isso, pergunto: deixam de ser bons vinhos? Nesse aspecto a Adega de Penalva vai no bom caminho. Não devia dizer isto, porque sou juiz em causa própria, mas sinto que os vinhos da região de Penalva têm um grande potencial, que, aos poucos, vai começando a ser aproveitado. Não estou contente, porque há muito para fazer, mas acho que o trabalho que estamos a fazer. Estou na Adega há três colheitas e duas foram para esquecer (2013 e 2014), mas penso que temos um trabalho que nos deixa de consciência tranquila. GR: O que podemos esperar da vindima deste ano? VL: Sou como aquele jogador de futebol que disse “prognósticos só no fim”. Já comecei a ver nas redes sociais gente

a dizer que a colheita deste ano vai ser fantástica. Sobre isso só me pronuncio depois de ter os vinhos na adega e maloláctica feita. Antes disso é tudo show off. Se eu soubesse como vai ser o mês de Setembro em termos de clima jogava no Euromilhões. O que já posso dizer é que não vai ser um ano fantástico, pois quanto mais quente é o ano pior é a qualidade do vinho. Já houve, em termos de quantidade, prejuízos consideráveis, com problemas de míldio, granizo, acho que há problemas de seca, exemplo disso são os bagos muito miudinhos. Contudo, não tenho nenhuma razão para não acreditar que podemos ter bons vinhos e, com certeza, vai haver alguns. Se não houver grandes vinhos cá estaremos para minorar os problemas. É que os técnicos só são importantes em anos maus, pois em anos bons qualquer pessoa faz bom vinho. O problema é quando os anos são muito maus. É aí que os técnicos justificam o seu trabalho.


A Adega Cooperativa de Penalva do Castelo é dos poucos actores da fileira do vinho do Dão que esteve presente em todas as feiras do Vinho do Dão. O presidente da Adega sublinha esse facto, considerando que o certame tem vindo a recuperar “a essência” para que foi criado. José Frias Clemente considera que a Feira “tem sido muito importante para a região e para o sector”, sustentando a necessidade de se lembrar quem lhe deu ‘vida’, pois “nos últimos anos foram um pouco esquecidos”.

Refere o presidente da Adega de Penalva do Castelo

A Feira do Vinho do Dão tem sido “muito importante” para a região e para o sector Gazeta Rural (GR): A Adega de Penalva está na Feira de Nelas desde 1991? José Frias Clemente (JFC): Estivemos em todas as Feiras nestes 25 anos. Tenho que dizer que a Feira do Vinho do Dão, em Nelas, foi para as Adegas Cooperativas, mas também para todo o sector da região, um certame muito importante até há uns anos atrás. Houve um período em que correu menos bem e foi decaindo de qualidade, que tem sido recuperada nos últimos dois anos. Para as comemorações destes 25 anos a Câmara não deveria poupar esforços para fazer uma grande festa. Tem sido uma feira importante para o sector, embora, repito, tivesse tido alguns per-

calços pelo caminho. GR: Também concorda que a Feira, nos últimos dois anos, tem vindo a recuperar velhas tradições, mas também a regressar à essência para que foi criada? JFC: É isso que eu queria dizer. A Feira melhorou nos últimos dois anos, mas ainda não chegou aos tempos de outrora, mas está no bom caminho. GR: A Engª Vanda Pedroso diz que na primeira feira houve um grande envolvimento da comunidade. Acha que é isso que falta? JFC: A comunidade é a coisa mais importante em qualquer evento ou região.

Subscrevo por inteiro o que diz a Engª Vanda, embora tenha que reconhecer que a primeira foi importante, mas nos anos seguintes cresceu, lentamente, mas bem. Lembro-me de uma Feira que não abriu devido à chuva. No dia seguinte ficámos espantados, porque o então presidente da Câmara tinha mandado colocar uma tenda para abrigar os produtores e os visitantes. E foram três dias de chuva intensa, mas a feira continuou. Temos que reconhecer que, independentemente de alguns percalços, como já referi, a Feira do Vinho do Dão é muito importante para a região e para o sector. Temos, contudo, que lembrar quem deu início à ideia, porque nos últimos anos foram um pouco esquecidos.

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A Vinícola de Nelas é uma das empresas pioneiras da Feira do Vinho do Dão, tendo estado na edição de 1991. Para o administrador da empresa esse foi um momento que o marcou. Rui Henriques destaca a projecção que o certame alcançou e que hoje “é um marco para a região e para Nelas”.

Rui Henriques, da Vinícola de Nelas, esteve na primeira edição da Feira

A Feira “é hoje um marco para a região e para Nelas” Gazeta Rural (GR): A Vinícola de Nelas esteve na I Feira do Vinho do Dão. O que recorda? Rui Henriques RH): A primeira Feira foi muito interessante e ter estado nela marcou-me. Era uma coisa insípida, na altura, e seriamos cerca de 10 produtores. Foi, contudo, o começo de uma iniciativa que a Câmara de Nelas começou a promover, que comemora agora as Bodas de Prata e que já tem uma projecção bastante grande. É o maior vínico da região do Dão. GR: Diz-se que a primeira foi a melhor de todas, como todo o seu simbolismo? RH: Não direi isso, mas com tão poucos produtores, do ponto de vista da promoção e venda, havia pouca gente e era muito mais visível a nossa imagem. Porém, os tempos são outros, a Feira cresceu, evoluiu, hoje tem mais de meia centena de produtores e tudo é diferente. A Feira hoje é um espectáculo, o que não era em 1991. Na altura não se sabia XXVIII

o que iria dar, mas é hoje um marco para a região e para Nelas. GR: Há um caminho paralelo da Vinícola com a Feira, durante estes 25 anos? RH: A Vinícola já tem algumas décadas e, tal como a Feira, durante estes 25 anos, também evoluiu neste período. Na altura tínhamos menos referências do que temos hoje, em que tudo era mais difícil, a começar pelo número de produtores, mas também fez com que tivéssemos outro tipo de iniciativa. Hoje temos o vinho das uvas que compramos aos agricultores, mas também as marcas Estrémuas e Quinta das Estrémuas, com uvas das nossas vinhas. Há uma evolução natural no nosso portefólio. GR: Como está hoje a Vinícola de Nelas? RH: Está em recuperação e a aumentar as vendas, o que é bom, e a procurar encontrar novos mercados internacionais, para fazer face à quebra ligeira no mercado interno. Este tem, ainda, um

peso grande em qualquer empresa de vinhos, mas o poder económico dos consumidores é cada vez menor, o que faz com que tenhamos que comercializar em Portugal produtos mais económicos, enquanto no mercado externo ainda há consumidores para produtos de gama média e média alta. GR: Vai haver algum vinho novo? RH: Na Feira não. Lançámos há cerca de dois meses o Estrémuas, com as castas Alfrocheiro e Tinta Roriz. Temos dois vinhos novos para lançar em breve, um Estrémuas Jaen e Estrémuas Vinhas Velhas. Temos um branco para sair, mas talvez um pouco mais tarde, talvez até ao fim do ano. GR: Que expectativa tem para a Feira deste ano? RH: Esta é uma feira no interior, não é um evento de grandes contactos, mas às vezes temos pequenas surpresas. Isso já nos aconteceu com um importador de um país asiático, com quem vamos fazendo algumas transacções comerciais.


OPINIÃO

Dão ou o encanto pelo vinho e pela terra A encantadora região do Dão, localizada ao centro de Portugal, rodeada de montanhas e parreirais é onde as tradições portuguesas emitem raízes. O povo, a cultura, o vinho, a comida, tudo de excelente qualidade e com grandes histórias para contar. Paisagens bucólicas, vilarejos onde o tempo parece passar mais devagar. O ritmo parece outro. Onde o vento sopra trazendo riquezas e muito trabalho. Cada momento, uma imagem que fica na memória. Transparece em cada canto o amor pela terra, o amor às uvas e ao vinho, os principais produtos agrícolas da região. Em Setembro de 2015 tive oportunidade de visitar, juntamente com a Confraria Feminina de Vinhos de Curitiba – Brasil, o município de Nelas, que respira uvas e vinhos. Há 25 anos, ao início do mês de Setembro acontece a Feira de Vinhos do Dão, que marca o período da vindima e representa o maior evento vinico da re-

gião. Uma experiência fantástica. O Dão é a terra da Touriga Nacional, hoje considerada a melhor uva tinta de Portugal e que origina vinhos de grande elegância e aromaticidade. Mas existem muitas outras castas, como a Encruzado, uma branca muito antiga e cada vez mais promissora na região, graças aos avanços da viticultura e da enologia. Provei vinhos muito frescos, potentes e complexos, com características únicas. Um evento onde os diversos produtores locais expõem seus vinhos em stands montados na praça central, lado a lado com alimentos típicos como o famoso queijo da Serra da Estrela, embutidos, pães, geleias, azeites, para que o público possa provar as delícias regionais. Além é claro, da interação, das conversas e das histórias. Na ocasião, pude presenciar uma belíssima apresentação musical e folclórica, “As Uvas que os Vinhos Dão”, que contou toda a história da região, os es-

forços e o duro trabalho do povo local para engrandecer a viticultura e tornar seus vinhos reconhecidos no mundo todo. Sem dúvida uma feira que aproxima os apaixonados por vinhos, promove a valorização do trabalho da terra e garante a continuidade das tradições do Dão. Sandra Zottis Confraria Feminina de Vinhos de Curitiba – Brasil

Areal - Apartado 2 - 3520-061 Nelas Tel.: 232 944 243 | Fax: 232 954 719 E-mail: geral@vinicola-nelas.pt XXIX


A Adega de Mangualde tem estado presentes nas últimas 23 edição da Feira de Nelas, onde este ano vai mostrar a nova imagem do Foral D. Henrique, a principal referência da cooperativa. Sobre os 25 anos da Feira do Vinho do Dão, o presidente da Adega diz que a mesma tem vindo “numa tendência sempre crescente em termos de qualidade” e que “está mais consentânea para o que é pedido a um evento deste género”, destaca António Mendes.

António Mendes, presidente da Adega de Mangualde

A Feira “está mais consentânea para o que é pedido a um evento deste género” Gazeta Rural (GR): Como vê os 25 anos da Feira do Vinho do Dão? António Mendes (AM): Olho com satisfação, porque fazer um evento e conseguir mante-lo e preservá-lo durante 25 anos, numa tendência sempre crescente em termos de qualidade, embora estabilizado em número de produtores, é de realçar. Tem havido uma série de cuidados por parte da autarquia em fazer um espectáculo, para além da festa, mais profissional. Refiro-me, por exemplo, aos concertos barulhentos que não nos permitia falar com os clientes e hoje temos uma feira mais consentânea para o que é pedido a um evento deste género. O Município está de parabéns e os produtores também, que têm estado presentes ao longo destes 25 anos. A Adega de Mangualde esteve sempre presente desde 1993, valorizando o evento. GR: Os 25 anos da feira foram acompanhados pelo sector? AM: Acho que sim, embora a Feira para empresas da nossa dimensão tem um valor diferente daquele que tem para pequenos produtores. Somos um operador à escala nacional e internacional. A Feira, para nós, é uma forma de estarmos presentes para mostrarmos os nos-

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sos vinhos, mas também para dizer que apoiamos os eventos que se fazem nesta região. Não estamos, nem nunca estivemos, preocupados com o que vamos vender na feira. Quem se lembra do que foi a feira nos primeiros anos, recorda o tempo em que foi feita numa tenda, e a vê hoje, tal como a região, há uma transformação enorme que tem a ver com a evolução dos tempos. GR: E a Adega de Mangualde como está hoje? AM: Penso que está bem. Economicamente está bem, recuperámos o que foi possível nestes oito anos, estamos com uma boa dinâmica no mercado, nomeadamente com a renovação da imagem na nossa principal marca, que é o Foral D, Henrique, que se traduziu no aumento directo no preço e nas vendas da marca, e que vamos mostrar na feira. Enquanto Adega e agente social alterámos os nossos estatutos de forma profunda com os associados, com mudanças significativas do que era normal no sector cooperativo. GR: É possível quantificar a quebra de produção na região? AM: Na Adega de Mangualde já temos

esse levantamento feito e, com algum rigor, prevemos uma quebra de produção de 15 a 17,5%, devido a prejuízos causados por acidentes climatéricos ou doenças. Admitindo que possa chegar aos 20% nesta altura, pois as temperaturas dos últimos 15 têm condicionado o crescimento do bago. Na região, a parte norte tem uma quebra que deverá rondar os 20%, enquanto a região sul e potente, nalguns concelhos, pode chegar aos 30%. GR: Se não houver precipitação significativa nos próximos tempos, a qualidade pode baixar? AM: Diria, que está normal, embora haja muitas videiras em stress hídrico, mas também não é uma chuva que venha agora que vai alterar a situação, até porque grande parte das videiras já pouco vai recuperar, o que vai provocar é uma maturação mais acelerada, mas não sei se isso vai alterar a qualidade das uvas. Temos vinhas excelentes, porque estão bem plantadas, com maturação normal, outras, as mais novas e algumas em terrenos mais pobres, que estão a ter alguns problemas que se irão reflectir na qualidade dos vinhos. Este ano não é muito diferente dos anos anteriores.


OPINIÃO

Aromas que Dão sabor Situada no coração de Portugal, por entre o rasgo da montanha e o percurso dos rios, deparamo-nos com a Borgonha Portuguesa, a Região Demarcada do Dão, uma região onde o relevo é acidentado, onde os solos graníticos dominam os terroirs e onde as grandes amplitudes térmicas ajudam e se aliam à criação e produção de um vinho singular. Vinhos do Dão, com certeza. Carinhosamente apelidada como berço da Touriga Nacional, esta Região caracteriza-se pela elegância, complexidade e personalidade dos seus vinhos. No caso dos tintos, estes são caracterizados e conhecidos pela sua cor rubi, com corpo redondo e a consistência de uma boca aveludada, boa acidez e taninos macios e equilibrados. Contudo, falta o melhor de grande parte destes vinhos, a sua rara faculdade de envelhecer de uma forma nobre e harmoniosa. Os vinhos tintos ganham uns laivos atijolados na sua coloração rubi, suavizam e tornam-se mais macios, adquirindo no entanto um fantástico “bouquet” e um final de boca longo e prolongado.

E porque não um Encruzado? Por sua vez os brancos apresentam uma belíssima cor citrina, com aromas

frutados e complexos com uma delicadeza singular. A frescura de boca, a acidez fantasticamente marcada com um final de boca elegante e delicado. Mas, no entanto, os vinhos brancos da casta Encruzado adoptando uma cor palha, fazendo jus ao belos campos agrícolas de outrora, apoderam-se de aromas amendoados, mantendo uma exuberância e longevidade notável. Características que tornam estes néctares únicos e dignos de ser apreciados singularmente. A complexidade dos seus aromas, a delicadeza gustativa e a complementaridade da acidez, o seu caráter, aliando a elegância, o equilíbrio e a maturidade, sem nunca descorar ou esquecer o seu grande potencial de envelhecimento. São estas as perfeitas combinações para uma degustação ímpar aliada quer à gastronomia beirã quer à gastronomia em geral. Mas nem só de tintos e brancos se faz o Dão. Também os rosés e os espumantes têm o seu espaço, a sua qualidade e elegância. Os vinhos rosés apresentam geralmente uma cor rosada e aromas marcadamente florais e frutados, afirmando-se na boca pela sua frescura, persistência e uma leveza e acidez que fazem deste tipo de vinho ideal para os finais de tarde mais quentes. Mas não sendo o rosé a preferência,

há sempre um espumante pronto a refrescar-nos. Dependendo dos gostos, há as três variedades, branco, tinto e rosé, que apresentam cores citrinas, rubis ou rosadas, respectivamente. No aroma são geralmente frutados e na boca são também elegantes, repletos de frescura e acidez equilibrada. Uma bolha normalmente fina e persistente conferem-lhe o glamour e a tentação de repetir o segundo copo. Por todas estas razões, o Dão é, e será, uma região única a visitar, nem que seja pelo prazer de degustar um copo de vinho. Letícia Castro (foto) Luís Albuquerque

Visite o Stand das Adegas Cooperativas

na Feira do Vinho do Dão em Nelas

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Fernando Figueiredo, presidente da UDACA e Adega de Silgueiros

O sector cooperativo do Dão atravessou com alguma ‘turbulência’ os últimos 25 anos. As 10 adegas que havia em 1991, restam cinco, uma das quais apenas recebe uvas. Para presidente da UDACA e Adega de Silgueiros, Fernando Figueiredo, o sector cooperativo do Dão “tem um problema gravíssimo que é o custo comparativo da exploração”, em comparação com regiões como o Tejo ou Alentejo. Neste sentido, sustenta, “tem que haver uma diferenciação sobre a forma de apoiar, acompanhar e manter o sector vitícola”, de forma a “travar a desertificação e manter a paisagem que a região”. O espelho disto, diz, “são os incêndios”.

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“Só o sector cooperativo dá um retorno maior a quem produz” Gazeta Rural (GR): Nos últimos 25 anos o sector cooperativo do Dão passou por algumas vicissitudes, passando de 10 para cinco Adegas, uma das quais apenas recebe uvas. Como olha para estes 25 anos? Fernando Figueiredo (FF): Conheço melhor a região desde o ano 2000. De facto, o sector cooperativo, há 25 anos, era pujante e ajudou a criar marcas a outros operadores que estão no mercado de forma pujante, cujos vinhos eram, e são, oriundos do sector cooperativo do Dão. Nessa altura, a quase totalidade do vinho do sector era vendido a granel ou em garrafão. Havia poucas marcas e muito pouco era engarrafado. Diria que, o vinho de qualidade do sector cooperativo era destinado aos grandes operadores, que depois o engarrafavam com as suas marcas e o vendiam. Na-

turalmente que nem tudo isto era mau, pois escoava-se o vinho e, ao mesmo tempo, ajudava a resolver alguns problemas financeiros das cooperativas. A grande transformação dá-se com a evolução da sociedade. Se visitarmos as nossas aldeias vemos que a desertificação é um facto e quem ainda está ligado à terra e à vinha são pessoas idosas. A juventude, dada a dimensão das explorações, não vê futuro na agricultura e, no caso, na viticultura. Tem que se dar uma volta nisto. Há dois anos iniciei um projecto na Adega de Silgueiros, que não teve impacto, porque as pessoas ainda estão muito arreigadas à sua ‘courela’. Portanto, ou se agarra nisto e estamos tramados, porque aos grandes operadores só se interessam por explorações com dimensão para mecanizar, para automatizar e para reduzir mão-de-obra e,


consequentemente, reduzir custos. O sector cooperativo do Dão tem um problema gravíssimo que é o custo comparativo da exploração. Falo nisto com alguma regularidade. Basta comparar e ver as diferenças abissais de custos de exploração que existem entre o Dão, ou outras regiões, com o Tejo ou o Alentejo, por exemplo. É incomparável. Tem que haver uma diferenciação muito concreta sobre a forma de apoiar, acompanhar e manter o sector vitícola, como, do meu ponto de vista, com dois efeitos muito importantes, que são travar a desertificação e manter a paisagem que a região tinha e que aos poucos vai desaparecendo. O espelho disto são os incêndios. GR: Olhando para as Adegas que desapareceram. O sector tinha que evoluir neste sentido e o fim de algumas era inevitável?

FF: Obviamente que não. Há pessoas que podem dizer que eu defendo muito a economia social, o cooperativismo e outras organizações sociais, mas nada tem a ver com isto. A questão é saber qual é a organização que, bem gerida, dá um retorno maior a quem produz? Não há dúvida que é o sector cooperativo. O produto da exploração é entregue para o transformar, que depois é colocado no mercado e vendido ao melhor preço possível. No fim, pagos os custos de exploração, o restante é para distribuir por quem produz, reservando, naturalmente, algum para investir. Além das questões já referidas, como erros de gestão, o facto de algumas pessoas olharem mais para o poder e para o seu umbigo do que para aquilo que os rodeia, o problema do sector cooperativo é, do meu ponto de vista, aquilo que se passa entre os associados de uma cooperativa e quem os

dirige. Infelizmente, apesar das boas intenções de António Sérgio, com o Código Cooperativo, o que está em causa é a forma como os sócios vêm as direcções. Os primeiros querem produzir, não interessa se em qualidade ou não, e as direcções que tratem de o vender. No caso da Adega de Silgueiros, que dirijo, houve forma de pagar de forma diferenciada a qualidade e as pessoas começaram a fazer a reconversão das suas vinhas e com mais cuidado nas suas explorações. Os mais antigos, que estavam habituados a uma determinada forma de produzir mantiveram e são pessoas descontentes e que abandonam as vinhas, porque se deixaram ultrapassar. O que é facto é que o sector cooperativo, em organizações no interior, como as nossas, que estão bastante ligadas à agricultura, responde melhor a quem produz.

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No certame de Nelas

Magnum Vinhos em modo “Automático” “Automático” é a nova marca da Magnum Vinhos, dois vinhos, um branco 2015 e um tinto de 2014, que vão ser dados a conhecer na Feira do Vinho de Nelas. Carlos Lucas adiantou que são vinhos “naturais”, de “gama alta”. Carlos Lucas esteve na primeira feira, em 1991, e vai estar na edição das Bodas de Prata. Contudo, mostra-se crítico em relação ao certame. “Com 25 anos esperava que já tivesse mais maturidade”, afirma.

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Gazeta Rural (GR): A Magnum vai lançar um vinho na Feira, em Nelas? Carlos Lucas (CL): Sim, vamos apresentar à região o “Automático”, Branco 2015 e Tinto 2014? O branco foi feito com a casta Encruzado, de uvas provenientes de vinhas velhas, e o tinto com Touriga Nacional e Alfrocheiro. São vinhos de gama alta, naturais, em que houve cuidado na sua elaboração, feitos com uvas provenientes de vinhas com cuidados biológicos. Estamos a entrar numa fase em que os vinhos biológicos são importantes, em que o meio ambiente e o produto são valorizados. São dois vinhos naturais, feitos de uma forma automática ou natural, um pouco à imagem do que se fazia no passado, se atendermos que a maior parte

destas condições já as tínhamos no tempo dos nossos avós, em que havia poucos insecticidas e apenas as leveduras do vinho. Diria que estamos a fazer um retrocesso ao passado, com a melhoria científica aplicada. GR: Esse é um novo caminho a percorrer? CL: Acho que todos temos que ter uma atitude positiva em relação ao meio ambiente e ao ser humano. Pena é que os agricultores e os produtores não resolvam tudo. Não adianta eu estar a tratar a minha vinha com todos os cuidados e haver uma fábrica ao lado a lançar espuma branca para o Ribeiro Santo. Neste campo, faço a minha parte. GR: Que vindima teremos este ano?


CL: É uma colheita que me está a criar muita expectativa. Não será uma vindima má, mas nunca igual à de 2015, que foi… mágica e com tudo de bom. Este ano tivemos alguns problemas de fitossanidade nas vinhas, ainda mais tendo nós todos estes cuidados. Em termos de quantidade será uma vindima normal, com uma quebra entre 20 e 25%. Na qualidade, ainda é cedo para falar. Falta chuva e a maturação não está a ocorrer como deveria, pois tem havido muito calor e stress hídrico. De qualquer modo, na altura da produção dá-nos vinhos concentrados e com mais acidez. Se calhar, podemos vir a ter menos quantidade, mas de muito boa qualidade. GR: A Feira do Vinho do Dão faz 25 anos? CL: Com essa idade esperava que já tivesse mais maturidade. A Feira continua a ser muito regional, muito política, que não se vira para fora, que não trás ninguém importante e que serve um pouco de arma de arremesso, mas não serve aos produtores, que são meros espectadores. Só conseguiríamos tirar partido da feira se conseguíssemos catapultá-la para

Lisboa ou Porto, para o mundo consumidor, para a grande distribuição, e não temos nada disso. O que temos é uma feira regional, e enquanto assim for não con-

seguiremos fazer dela o que foi proposto há 25 anos. Participei na primeira e vou participar nesta também, sinal de que estamos cá todos, mas esperaria mais.

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Um branco, um rosé e um tintos

Quinta Mendes Pereira com novidades na Feira do Vinho do Dão A Quinta Mendes Pereira vai mostrar na Feira de Nelas três vinhos, nos quais a deposita grandes esperanças. Um branco, um rosé Touriga Nacional, de 2015, e um Colheita de 2012 são os néctares que os apreciadores podem degustar na produtora de Oliveira do Conde, para além dos clássicos. Raquel Mendes Pereira, que participa pela décima terceira vez, guarda boas memórias do certame, dos quais destaca os amigos que por lá fez. Sobre a Feira destaca a preocupação da Câmara de Nelas não sua profissionalização e divulgação, esperando, mais uma vez, pelas novidades que todos os anos o evento oferece.

Gazeta Rural (GR): Que novidades a Quinta Mendes Pereira vai apresentar na Feira? Raquel Mendes Pereira (RMP): Vamos mostrar um branco novo, um Colheita de entrada; feito com uvas das castas Encruzado, Malvasia Fina, Cercial e Bical; um rosé Touriga Nacional Reserva, da colheita de 2015. É a primeira vez que lançamos um vinho tão cedo, mas está muito bom. Temos também o Colheita de 2012, um vinho de entrada, para além dos nossos clássicos, que têm apreciadores fieis e críticos que sabem entender e conhecer o vinho do Dão. GR: A região já começa a mostrar todo o seu potencial? RMP: Acho que a região do Dão já atingiu um potencial de qualidade significativa, que já se destaca, outra vez, com vinhos de topo. Acho que é nesse patamar que temos que trabalhar. O Dão não pode, nem deve, competir em quantidade, mas sim apostar fortemente na qualidade dos seus vinhos. GR: Que memórias tem da Feira

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do Vinho do Dão? Tem alguma história especial? RMP: Guardo muitas memórias e algumas histórias. Porém, o que me marcou até hoje foi ter feito grandes amigos. Todas as pessoas com quem contactei na Feira transformaram-se em grandes amigos, não só clientes, mas também os outros produtores, para além de outras pessoas de outros sectores de actividade. Essa é lembrança maior que guardo destes 12 anos em que tenho participado na Feira de Nelas. GR: Passada esta dúzia de anos, como olha para a Feira? RMP: Acho que todos os anos a autarquia de Nelas tem procurado profissionalizar cada vez mais a Feira e promovê-la mais e melhor. É bom referir que todos os anos a Câmara tem procurado mostrar uma novidade, o que é também importante. Não é uma Feira estagnada, mas tem sempre algo para a diferenciar todos os anos. Aguardo pela novidade deste ano. Gostaria, se me permitir, de deixar um convite a todos para visitarem a Feira e o nosso stand em particular.


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INVESTIGAÇÃO

Um copo de vinho antes de deitar ajuda a emagrecer Pesquisas realizadas em ratos de laboratório e em seres humanos comprovam que o vinho emagrece. Beber um copo de vinho diariamente já faz parte do hábito de muitas pessoas e ingerido em dose moderada traz benefícios à saúde. Recentemente pesquisas realizadas comprovaram que o vinho também é um grande aliado na perda de peso. Basta ingerir um copo antes de deitar. Investigadores da Universidade de Washington, Harvard e do Instituto de Massachusetts (MIT) comprovaram que o resveratrol (substância encontrada na casca e nas sementes da uva preta e vermelha) é antioxidante. Ora, o organismo humano possui dois tipos de gorduras, a branca e a castanha, e o resveratrol, que é encontrado em maior quantidade no vinho tinto, converte uma grande parte da gordura branca em castanha, sendo que a segunda é mais fácil de ser eliminada do organismo. Quando é convertida, os lipídeos são eliminados com mais rapidez. Na Universidade de Washington a investigação foi realizada em ratos de laboratório. Os animais que receberam uma dose diária de resveratrol engordaram menos 40% do que os que não receberam a dose. Em Harvard foi realizada em pessoas e as que ganharam mais peso não consomem bebidas com presença de teor alcoólico. O Instituto de Massachusetts (MIT) descobriu que uma propriedade do vinho activa o gene que impede o organismo fabricar gordura em grande quantidade. Fica assim comprovado cientificamente que a ingestão do vinho de maneira equilibrada diariamente trás benefícios à saúde. Se ingerido à noite, próximo ao horário de dormir, diminui a sensação de fome e ajuda a emagrecer rapidamente.

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Diz Eurico Amaral, da Quinta da Fata

A Feira “é uma demonstração da coragem das gentes do concelho” Presente em quase metade das Feiras do Vinho realizadas em Nelas, Eurico Amaral, produtor da Quinta da Fata, diz que o evento “é uma demonstração da coragem das gentes do concelho”, para além de que “Nelas e o Dão a merecem”. A Quinta da Fata que vai dar a conhecer na Feira dois novos vinhos, um branco 2015 e um tinto Reserva 2012, que segundo Eurico Amaral, “vêm no seguimento, em termos de qualidade, dos anteriores, que é muito boa”.

Gazeta Rural (GR): Vai apresentar algum vinho novo na Feira de Nelas? Eurico Amaral (EA): Vamos dar a conhecer um branco 2015 e um tinto Reserva 2012, vinhos que vêm no seguimento, em termos de qualidade, dos anteriores, que é muito boa. Essa tem sido sempre a nossa aposta.

EA: Fala-se muito numa quebra de produção e eu tenho pena de não vender as uvas que tenho, porque na monda deitei abaixo metade da produção e isto diz tudo. As minhas videiras estavam carregadas até não poderem mais. Na última semana de Agosto regámos as vinhas, que estavam a entrar em stress hídrico.

GR: Como tem sentido o mercado? EA: Está como em anos anteriores. Temos o nosso mercado mais ou menos consolidado, com clientes certos, que já conhecem os nossos vinhos. Exportamos para os mesmos mercados, embora se note uma quebra pouco significativa nalguns deles.

GR: As bodas de prata da Feira o que representam para si? EA: Estive, praticamente, em metade delas. É uma demonstração da coragem das gentes deste concelho e Nelas merece este evento, porque é o Coração do Vinho do Dão, como foi escrito há mais de meio século. O Dão merece ter esta feira que, como todas as coisas, podia ser muito melhor, mas o bom é inimigo do óptimo.

GR: Como vê a colheira deste ano?

XXXIX


João Barbosa é um nome há muito ligado ao mundo do vinho, tendo sido presidente da Adega de Penalva do Castelo e hoje é produtor em Povolide, com a Adega da Corga. Vai ser homenageado pela Confraria dos Enófilos do Dão na habitual cerimónia de abertura da Feira do Vinho do Dão. João Barbosa foi um dos intervenientes nas primeiras reuniões que culminaram com a realização da I Feira do Vinho do Dão, em 1991.

Produtor da Adega da Corga

João Barbosa vai ser homenageado pela Confraria dos Enófilos do Dão Gazeta Rural (GR): Vai ser homenageado pela Confraria dos Enófilos do Dão? JB: Já comuniquei ao Grão-Mestre que aceitava a distinção, mas não sou eu que tenho que me pronunciar sobre isso. GR: E os 25 anos da Feira do Vinho do Dão? JB: Assisti a várias reuniões de preparação da primeira feira, em 1991, na altura como presidente da Adega de Penalva do Castelo. A ideia inicial era fazer uma feira rotativa por vários concelhos da região. As questões levantadas era de ordem logística e financeira e a Câmara de Nelas acabou por assumir esses encargos e a feira acabou por ser feita lá e ainda bem. Nessa altura programou-se, com a CP, um comboio especial que saía de Lisboa para Nelas e chegou a trazer mais de 300 pessoas, entre turistas e gente da capital. Chegava de manhã e voltava à tarde. Eram pessoas que faziam muitas compras. Lembro-me do stand na Adega ter feito 2000 contos de receita, que depois foi caindo, até que nos dias de hoje é mais uma feira promocional, para mostrar os nossos vinhos. Esse comboio XL

especial faz falta, vindo de Lisboa e do Porto, pois poderia trazer visitantes de zonas de grande consumo de vinhos, como são estas duas cidades. Gazeta Rural (GR): Como vê hoje a região do Dão? (JB): A Região do Dão tem vindo a modernizar-se, numa aposta cada vez maior na qualidade dos vinhos. Há novas tecnologias e há bons enólogos, o que contribui para isso. A Adega da Corga, tal como outros produtores, quer estar da linha da frente, o que é bom para a região do Dão e para se expandir ainda mais, porque o futuro deste sector passa pela exportação, porque de outro modo vai ser mais difícil. Trabalhamos para ter as contas equilibradas e, porque não dize-lo, para ganhar dinheiro. GR: Qual o peso nas contas da exportação na Adega da Corga? JB: É pequeno ainda. Exportamos para a Suíça e para a Europa comunitária. Para colocar os nossos vinhos nas grandes superfícies teríamos que ter um grande volume e não temos. Em 2015 tivemos 310 toneladas de uvas e este ano

vai ser inferior. GR: Fala-se numa quebra a rondar os 20%? JB: Possivelmente mais e notamos isso nas nossas vinhas. Então, nos pequenos agricultores essa quebra é ainda maior. Há castas, como a Tinta Roriz, que tem uma quebra significativa. Nós teremos uma quebra que deverá andar entre os 25 e os 30%. GR: Têm apostado muito na qualidade dos vinhos? JB: Essa tem que ser uma aposta permanente. Aliás, desde que cheguei a este sector que a minha principal preocupação foi a qualidade dos vinhos. Quando entrei para o sector cooperativo, em 1985, na mesma altura em que entrámos na Comunidade Europeia, progrediu-se imenso, permitindo investimentos que de outra forma não teriam sido feitos. GR: Como está a Adega da Corga? JB: Está financeiramente estável. É uma empresa familiar, que tem vindo a apostar no futuro da geração que lhe dará continuidade.


Segundo os dados divulgados pelo Ministério da Agricultura

Procura de vinha foi quase o dobro da área disponível Os pedidos para plantação de nova vinha excederam em quase duas vezes a superfície atribuída este ano, com o Alentejo e o Douro a registarem a maior procura, e a região do Minho a disponibilizar a maior área. Segundo os dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, foram submetidas este ano 1.141 candidaturas, que cobriam 2.649 hectares, para um total disponível de 1.643 hectares distribuídos por 13 regiões vitivinícolas, nomeadamente, Alentejo, Algarve, Douro, Beira Atlântico,

Lisboa, Madeira, Minho, Península de Setúbal, Tejo, Terras da Beira, Terras de Císter, Terras do Dão e Trás-os-Montes. Em 2016 entrou em vigor o novo regime de autorizações de plantação de vinha, que substituiu o anterior regime de direitos de plantação, e que prevê uma distribuição anual de até 1 por cento da área da vinha plantada existente no ano anterior, podendo ser impostas restrições em algumas regiões, a pedido das organizações do sector. Os pedidos ultrapassaram a área dis-

ponível no Alentejo, com 844 hectares solicitados e 131 atribuídos, Douro, com 200 hectares pedidos e 4,5 disponíveis e Madeira, onde se registaram nove candidaturas, com uma área total de 1,08 hectares, para 0,5 disponíveis. O presidente do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), Frederico Falcão, explicou que algumas regiões podem recomendar limitações à entrada de novos viticultores, mas têm de justificar o pedido, invocando o potencial “dano económico” da liberalização das áreas de vinha, por exemplo.

XLI


A Adega Cooperativa de Vila Nova de Tazem é uma das pioneiras da Feira do Vinho do Dão. Esteve na edição de 1991 e este ano marca presença com uma novidade, que é seu primeiro varietal branco da casta Encruzado, que dará a conhecer no certame. O enólogo da Adega, Pedro Pereira, destaca a primeira edição da Feira, em 1991, e o que tem sido feito para atrair mais gente ao certame, destacando as acções de cariz cultural e gastronómico, que são um atractivo para a Feira, considerando que isso “é positivo” e que o futuro de evento “passa por aí”.

Esteve na primeira edição, em 1991

Adega de Tazem produziu o primeiro Encruzado Gazeta Rural (GR): Que vinhos a Adega de Tazem vai apresentar na Feira, em Nelas? Pedro Pereira (PP): Lançamos, e vamos dá-los a conhecer, dois vinhos brancos da colheita de 2015, um Encruzado, que é o nosso primeiro varietal branco. Já tínhamos muitos nos tintos, mas nos brancos este Encruzado é o primeiro. Vamos mostrar também um Reserva branco, que é uma reedição, e um Tazem Reserva 2013 tinto, uma referência que lançamos já com outras colheitas. GR: O Encruzado é, hoje, a grande aposta no Dão, a par da Touriga Nacional. Este lançamento foi uma escolha especial? PP: Não somos os primeiros a lançar um Encruzado. Demorámos algum tempo, mas resultou também de uma selecção que fizemos nos nossos viticultores e também nas vinhas que a Adega explora. Resultou desse cuidado e do trabalho que quisemos fazer na vinha antes XLII

de lançar o vinho. É uma casta que, tal como a região, acreditamos muito nela. GR: A Adega esteve em praticamente todas as edição da Feira do Vinho do Dão? PP: A Adega de Tazem esteve na primeira Feira, em 1991. Não trabalho há 25 anos na Adega, mas tenho memória da Feira desde há década e meia, em que a Adega esteve presente. São muitas edições e a Feira foi mudando. Actualmente associaram mais alguns eventos à programação da Feira, de cariz cultural, com o espectáculo “As Músicas que o Vinho Dão, e também de cariz gastronómico, que são positivos e têm impacto. A primeira edição foi um marco para quem assistiu e eu vou ouvindo alguns relatos sobre essa Feira. Foi algo de diferente, que as pessoas valorizaram e, hoje em dia, há público que lá se desloca não só pelos vinhos, mas também por tudo o que a ela está associado. São este tipo de acções que devemos agregar à feira para atrair público, mas também outros

eventos que decorrem no âmbito da Feira. Isto é positivo e o caminho passa por aí. GR: E a vindima deste ano? PP: A vinha é muito heterogénea e haverá muitos casos particulares. Na área de influência da Adega de Tazem vamos ter alguma quebra relativamente a 2015, salvaguardando que este foi um ano em que houve uma produção de 20 a 30% a mais, relativamente a um ano normal. Estimamos que teremos uma quebra ligeira. Não vamos fazer monda, pois não nos parece que a vinha esteja nessa situação. Acreditamos que seja uma vindima equilíbrada e com alguma concentração. Em termos de qualidade ainda é cedo, mas acreditamos que pode ser um bom ano. A chuva que caiu foi pouca, mas ajudou, pois entre não ter nada e ter alguma coisa é sempre melhor. As videiras estavam muito carentes de água e a pouca chuva que caiu ajudou alguma coisa.


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A Quinta do Cerrado, propriedade da União Comercial da Beira, vai mostrar na Feira de Nelas três novos vinhos, uma Rosé Reserva 2015, o primeiro da quinta, um Reserva branco e um Reserva Tinto 2014. A empresa sedeada no concelho de Carregal do Sal e uma das mais antigas da região, esteve presente na primeira edição do certame e Cristina Cunha Martins, actual da empresa, diz que de uma feira local, o certame de Nelas já é “de âmbito nacional”, e espera que daqui a 25 anos seja já uma feira internacional. Gazeta Rural (GR): Esteve na primeira edição da feira. O que representam os 25 Anos? Cristina Cunha Martins (CCM): Começou por ser uma feira local, que agora se está a tornar uma feira de âmbito nacional e quem sabe se daqui a 25 anos não será uma feira internacional. Tem tido uma evolução muito positiva, que se tem verificado a todos os níveis, desde a adesão do público, bem como a forma como Município de Nelas se tem envolvido neste projecto com os vinhos do Dão. Ficamos sempre muito satisfeitos, nesta altura, com a adesão do público que nos vem visitar e saborear e provar os novos vinhos que estão a ser lançados no mercado. GR: E com a Quinta do Cerrado? CCM: Obriga-nos a ser muito profissionais. Estamos certificados e temos

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Propriedade da União Comercial da Beira

Quinta do Cerrado dá a conhecer novos vinhos cuidados com a apresentação e rotulagem dos nossos vinhos. Alteramos a imagem da Quinta do Cerrado, fizemos um ‘rebranding’ na gama Cunha Martins. Procuramos estar sempre actualizados, de forma que sejamos procurados não só pelo layout dos rótulos e o design, mas pela qualidade que estamos apresentar. GR: Falando em novos vinhos. Vai ter alguma novidade? CCM: Sim, temos um Quinta do Cerrado Rosé Reserva 2015, que é o primeiro rosé da quinta, com uma produção limitada de 2000 garrafas. Lançámos também um Reserva branco e vamos ter o lançamento do Reserva Tinto Quinta do Cerrado 2014. GR: Como está o mercado? CCM: O mercado está muito competi-

tivo, há muitas marcas e nós temos que lutar para colocar os nossos vinhos nas prateleiras. O mercado está um pouco saturado, talvez devido ao impacto da crise que afectou países como Angola e Brasil, que neste momento retraíram o consumo devido à conjuntura económica. Estamos a tentar abrir portas noutros mercados, mas de facto não tem sido fácil. GR: A exportação é aposta forte? CCM: A exportação continua a ser uma aposta forte, mas não é fácil, porque para isso é preciso fazer um grande investimento e nas pequenas empresas, como a nossa, não é fácil chegar a todo lado. Contudo, com muito trabalho, estamos a conseguir crescer nas exportações e no ano passado conseguimos fechar com uma cota de cerca de 20% e a tendência é para melhorar.


Alvaro Castro, produto de Pinhanços, Seia

A Feira do Vinho do Dão “ é um local de encontro dos produtores que privilegio” Gazeta Rural (GR): O que lhe dizem os 25 anos da Feira de Nelas? Álvaro Castro (AC): É uma manifestação que ganhou alguma tradição e temos que a respeitar. Não quer dizer que tenha que haver uma grande inovação, mas é, sobretudo, um local de encontro dos produtores, que privilegio. Diz-se que andamos de costas voltadas e a realização da Feira, que antecede as vindimas, é o local onde nos encontramos, conversamos e mostramos aquilo que produzimos. Esta é a maior virtude da Feira.

Alvaro Castro é um dos mais renomados produtores da região do Dão e que nem todos os anos tem estado presente na Feira do Vinho do Dão, que considera “um local de encontro dos produtores” que privilegia. Para o produtor das Quintas da Pellada e Saes, o evento “é uma manifestação que ganhou tradição” que há que respeitar. Sobre o ano vitícola, Alvaro Castro diz que não tem quebra de produção e que continua à procura de fazer “o vinho perfeito”. Na Feira de Nelas vai mostrar um branco sem sulfuroso.

GR: Não vai todos os anos à Feira? AC: Eu não tenho uma grande organização e às vezes é impossível estar na Feira. Sempre que posso, procuro estar lá. A Feira já ocorreu numa altura em que já andava a vindimar, sobretudo numa altura difícil que é o início da vindima. GR: Como está a vinha, nesta altura? AC: Está bem, mas só no final é que sabemos. Não tenho quebra de produção e acho que quem tratou e acompanhou bem a vinha desde início não tem quebra de produção. GR: É incontornável falar consigo sobre as novas modas, a últimas são os vinhos naturais? AC: É mesmo isso: modas. Desde que cá ando já conheci várias. Começou com os vinhos concentrados, com açúcar, com madeira, depois a agricultura biodinâmica, agora chegaram os vinhos naturais. Estes têm alguma parte benéfica, porque chamam a atenção para os exageros e o reverso da medalha, que são os vinhos tecnológicos, que não respeitam o terroir. Essa parte é boa. O que não se admite é que tenhamos uma teoria que nos permite fazer qualquer coisa que não seja melhor. Ou seja, todas

as modas se admitem se forem para fazer melhor e não para fazer pior e justificar isso com uma filosofia qualquer. Como vê, não sou completamente negativo em relação a estas novas modas e, nestas coisas, temos que aproveitar sempre a parte positiva. Porém, um vinho Azul ou Laranja é normalmente mau. GR: Tem tentado produzir o tal vinho que, para si, é o melhor do mundo? AC: Tenho tentado todos os anos, mas acho que vou morrer a pensar na história do vinho perfeito. GR: De uma forma geral como está o mercado? AC: Não me parece que o mercado mundial, e mesmo o nacional, esteja mau. As pessoas continuam a demonstrar interesse pelo vinho e isso é benéfico para os produtores. Há dificuldades económicas, mas o interesse está lá e a qualquer momento as coisas revertem. O que vemos em Portugal passa-se no mundo inteiro. GR: Vai estar na Feira com algum vinho novo? AC: Vamos mostrar vinhos novos, um em especial, que a mim na me satisfaz completamente, mas que foi feito com intervenção do Luis, que trabalha comigo e por vontade dele, que tem carta-branca para os fazer. É um vinho branco sem sulfuroso, que não é muito vulgar. Excepto os franceses, não há mais ninguém, que eu saiba, a fazê-lo. Pretende ser uma história diferente, o que não quer dizer que vamos parar por aí, pois continuaremos a fazer coisas diferentes. GR: O que é um grande vinho do Dão para si? AC: É um vinho perfeito, que dá prazer a gregos a troianos e que nos faz lembrar sempre, ou seja o prazer absoluto. XLV


Produtor sedeado no concelho de Mangualde

Quinta dos Monteirinhos lançou dois novos vinhos brancos

A Quinta dos Monteirinhos, sedeada no concelho de Mangualde, vai apresentar na Feira do Vinho do Dão dois novos vinhos brancos, um Encruzado e um blend feito com as castas nobres da região. O produtor já vai este ano vinificar as suas uvas na nova adega, que está preparada para 100 mil garrafas por ano. Em 2015 a Quinta dos Monteirinhos produziu 55 mil garrafas, numa altura em que aposta forte na exportação. Rita Monteiro Ginestal, a cara do projecto que conta com “dedo enológico” de Hugo Chaves, espera que a Feira de Nelas “continue a surpreender pela novidade”.

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Gazeta Rural (GR): Como vê para a Feira do Vinho do Dão, que este ano comemora 25 anos? Rita Monteiro Ginestal (RMG): Com a expectativa de que continue a surpreender pela novidade, atraindo ano após ano mais consumidores nacionais e internacionais, mas também como uma porta para novas oportunidades de negócios. GR: Que vinhos novos vão dar a conhecer na Feira? RMG: Acabámos de lançar dois novos vinhos brancos, Monteirinhos Reserva Encruzado 2015 (100% Monovarietal) e Monteirinhos Blend 2015 (45% Encruzado; 35% Malvazia Fina; 10% Cercial e 10% Bical). A Feira será uma excelente oportunidade para uma apresentação aos apreciadores de Encruzado, uma casta de uvas brancas originária do Dão, muito apreciada na restauração de referência, e que já é uma marca distintiva da nossa gama de vinhos. GR: Como vai a construção da nova adega e o que isso representa para a Quinta? RMG: A obra está praticamente terminada e é certo que já vamos fazer a vindima deste ano na nova adega da

Quinta. A partir de agora estaremos melhor capacitados para responder às exigências do mercado e prevemos lançar em 2017 uma nova gama de vinhos. A nossa produção em 2015 foi de 55000 garrafas e a adega estará preparada para 100000 garrafas por ano. GR: Como vão os mercados? RMG: O Dão está a recuperar o tempo perdido. Esta é a terra da Touriga Nacional e do Encruzado. Tem sido feito um caminho de relançamento da marca Dão e os resultados já se fazem sentir. A nossa aposta é na internacionalização. Já estamos na Suíça, Alemanha, Bélgica e Angola e estamos a desenvolver parcerias para este ano entrar em Espanha, França, Luxemburgo e Inglaterra. GR: O que mais se destaca nos vinhos da Quinta e o que os diferencia? RMG: Os nossos vinhos procuram combinar a história de uma família com 100 anos no sector, com a modernidade introduzida por um enólogo de referência da nova geração, Hugo Chaves de Sousa, promovendo a excelência dos vinhos do Dão e colocando-os em mercados exigentes.


Ladeira da Santa, da família de Arlindo Cunha, vai colocar no mercado o primeiro Encruzado, que irá mostrar na Feira de Nelas, bem como um blend branco, recentemente colocado no mercado. João Cunha adiantou ainda que até final do ano serão lançados um Grande Reserva, com Touriga Nacional e Alfrocheiro, e, possivelmente, um monovarietal de Touriga Nacional. Sobre a Feira do Vinho do Dão, onde marcarão presença, João Cunha diz ser “um dos melhores eventos vínicos realizados na região”

Produtor no concelho de Tábua

Ladeira da Santa produziu o primeiro Encruzado colheita 2015 Gazeta Rural (GR): Que vinhos novos vão lançar brevemente no mercado? João Cunha (JC): Irá entrar brevemente no mercado, o nosso primeiro Encruzado, colheita 2015, ano que foi de excepção, proporcionando-nos uma qualidade soberba em relação a estes néctares. Em Abril foi lançado um branco blend, também do ano de 2015, um vinho onde se conseguiu um bom equilíbrio de acidez, frescura e parte aromática, proveniente das castas Arinto, Gouveio, Encruzado, Malvasia Fina e Bical. Também lançamos na mesma altura um Rosado, com uvas de Touriga Nacional (80%) e Alfrocheiro (20%). Pela época natalícia, iremos lançar um Grande Reserva à base de Touriga Nacional e Alfrocheiro, e possivelmente um monovarietal de Touriga Nacional. Mas este, para já, mantém-se nas barricas. GR: Como antevê a vindima deste ano? JC: Foi um ano complicado até à data. Chuvas até Abril e Maio, seguido de um período de instabilidade, até a um tempo muito seco atingindo altas temperaturas entre Julho e Agosto. Aquela oscilação típica do Dão, dias quentes, noites frias, foi praticamente inexistente. Pelo menos aqui no extremo sul do Dão. Felizmente que as noites frescas começaram a aparecer e com elas elevadas amplitudes térmicas, já que as temperaturas de dia continuam altas. Por isso esperamos que a qualidade seja de bom nível, já que, infelizmente, a quantidade será bem abaixo da do ano passado e de um ano médio. GR: A Feira do Vinho do Dão comemora 25 anos. Como olha para este certame? JC: É um dos melhores eventos vínicos realizados na região e, mesmo sendo o mais antigo, tem mantido uma boa dinâmica. Por isso está de parabéns.

XLVII


Um Encruzado Reserva 2015 e um blend branco, das castas Encruzado, Bical, Rabo de Ovelha e Malvasia Fina, são as novidades que a Quinta do Carvalhão Torto vai apresentar na Feira do Vinho do Dão. José Carlos Oliveira é o homem do leme da Carvalhão Torto, mas há muito ligado ao mundo do vinho. Sobre a Feira não tem dúvidas de que “é a melhor” da região, ao mesmo tempo que se insurge contra as minifeiras que por aí se vão realizando. Do baú de memórias tira aquela que foi, para si, a “melhor feira de sempre”, realizada em Novembro, em que os turistas que regressavam da serra da Estrela, que estava coberta de neve, passaram pela tenda e compraram imenso vinho.

Carvalhão Torto tem novo Encruzado Reserva 2015 Gazeta Rural (GR): O que vai mostrar na Feira do Vinho do Dão? José Carlos Oliveira (JCO): Vamos apresentar dois brancos, o novo Carvalhão Torto Encruzado Reserva 2015 e um blend branco, com as castas Encruzado, Bical, Rabo de Ovelha e Malvasia Fina. Vamos dar a conhecer um vinho Tinto de 2008, que obteve uma medalha de prata num concurso na Alemanha e que foi premiado este ano no concurso “La selezione del Sindaco”, promovido pela Associação dos Municípios Portugueses do Vinho, também, com medalha de ouro, o que significa que o vinho tem tido uma evolução positiva. GR: O que lhe diz a Feira do Vinho do Dão? JCO: É a melhor feira em termos regionais. Há agora por aí algumas minifeiras que só vêm estragar e que não trazem nada de novo. Há uns dias ligaram-me de uma aldeia da região para participar numa feira de vinhos promovida por um rancho folclórico. Este tipo de feiras não nos diz nada. Os 25 anos da Feira de Nelas só demonstram a sua vitalidade e para comemorar as bodas de prata é porque muito trabalho e muito investimentos ao longo de todos estes anos. As raízes já são profundas que pretendemos que se reforcem. GR: Lembra-se da primeira feira? JCO: Claro que me lembro, pois participei nela. Mas a imagem que melhor recordo foi uma feira que se fez numa tenda, em Novembro, que teve a vista do ex-Presidente da República Jorge Sampaio, em que a Serra da Estrela estava coberta de neve e muita gente ao regressar da serra passou pela feira e comprou imenso vinho. Para mim, foi a melhor feira de sempre.

(

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GR: A primeira teve poucos produtores, contou um espectáculo em torno do vinho e teve a envolvência da comunidade. Acha que é isso que se está a procurar recuperar? JCO: A feira é um ponto de encontro, de convívio e troca de experiências de produtores, de consumidores, de agricultores e de comerciantes de vinho.


Diz António Narciso, enólogo na região

Os vinhos do Dão “não ficam nada a dever aos melhores do mundo”

Há quase 20 anos na região, o enólogo Antonio Narciso afirma que os vinhos do Dão têm cada vez mais qualidade e capazes de competir com os melhores do mundo. O enólogo considera que “o problema é andar a dizer que temos potencial” e “dizer que estamos a recuperar caminho”. É necessário, no seu entender, mudar este paradigma. António Narciso, à Gazeta Rural, diz que há investidores interessados em apostar no Dão, mas não há oferta. É que, sublinha, “querem fazer algo diferente e que tenha mais valor acrescentado”.

Gazeta Rural (GR): Como estão os vinhos do Dão? António Narciso (AN): Estão bem e cada vez melhores. Há que fazer mais promoção para os dar a conhecer, em especial fora de Portugal. Em termos promocionais está a ser feito o possível com os meios que há, embora entenda que se pode fazer muito mais. GR: Está no Dão há quase duas décadas. Como viu a evolução da região? AN: Foi uma evolução enorme. Basta ver os vinhos que havia em finais do século passado e os que há hoje. São mundos diferentes. Quando cheguei havia as cooperativas e meia dúzia de produtores engarrafadores, enquanto hoje há um mundo enorme, os vinhos deram um salto qualitativo muito grande e são cada vez mais reconhecidos. Esta evolução deve-se muito à nova geração de produtores e enólogos que chegaram naquela altura, que levantaram o Dão e que foi essencial para a região. GR: Quando dizemos que o Dão está entre os melhores vinhos do mundo, pergunto se estamos longe deste patamar? AN: Acho que estamos lá há muito tempo. O problema é que andamos sempre a dizer que temos potencial. Podemos ombrear com os melhores vinhos do mundo, mas temos que deixar de dizer que estamos a recuperar caminho, porque se assim for não saímos desta fase. Acho que já recuperámos e, em termos de qualidade, não ficamos a dever nada aos melhores vinhos do mundo. Isso vê-se nas provas cegas que são feitas em qualquer parte. O trabalho que havia a fazer, em termos de qualidade, na vinha, nas adegas e na enologia está feito,

agora é necessário demonstrar que já lá estamos. GR: Um dos produtores a quem presta serviços de enologia veio do Brasil e afirmou na altura querer produzir um vinho de gama alta. O que lhe dizem? AN: Dizem que há mais pessoas que quando querem investir, e fazer algo de diferente, procuram o Dão, e tem havido muita procura, mas nem sempre aparece essa oportunidade, nem há oferta. Quando provam os vinhos do Dão, a começar pelo que produzem, e comparando-os com os de outros países convencem-se que fizeram o investimento certo. Eles querem fazer algo completamente diferente e que tenha um valor acrescentado muito maior. GR: As alterações climáticas estão a criar dificuldades. O Dão está a senti-las? AN: A região está a resistir, mas na última década os anos têm sido quase todos diferentes. O que é um facto é que as alterações climáticas se estão a notar muito e dou nota disso nos quase 20 anos que estou no Dão. Nessa altura as vindimas começavam, em média, duas semanas mais tarde do que agora. Há anos, como 2016, em que há algum atraso, mas cada vez mais há stress hídrico na vinha, que é um problema global. Noutros tempos tínhamos a chuva de Agosto que se dizia ser “dinheiro a cair”, o que não tem acontecido nos últimos anos. A rega das vinhas vai ser essencial no futuro, para ser usada com cuidado e muito controlo, mas haverá projectos em que isso os tornará insustentáveis economicamente, especialmente quem quiser trabalhar num patamar de qualidade elevado. XLIX


José Perdigão fala de vinho e do vinho com paixão. O produtor da Quinta do Perdigão viu recentemente dois dos seus vinhos serem reconhecidos mundialmente, o que o deixa muito honrado. O Encruzado de 2014 foi considerado o melhor vinho português num concurso em Londres dos Top Sommelier e o New York Post colocou o Rosé 2014 entre os cinco melhores do mundo. Sobre a Feira do Vinho do Dão, onde está todos os anos, José Perdigão considerou-a “a mais espantosa de Portugal”.

Diz o produtor da Quinta do Perdigão

A Feira do Vinho do Dão “é a mais espantosa de Portugal” Gazeta Rural (GR): Que importância tem para si o facto de ter um branco Encruzado que foi considerado o melhor vinho português num concurso em Londres? José Perdigão (JP): Em primeiro lugar é uma honra e faz-nos bem à saúde. É o reconhecimento do trabalho que temos feito em conjunto, como todos os que connosco trabalham, permitindo-me salientar e homenagear o Manuel Vieira, que quando estava na Sogrape nos disponibilizou muita informação sobre as uvas e os vinhos do Dão, a abertura de espírito do enólogo Carlos Silva e o gosto da nossa casa, que tem a ver com a cultura no seu sentido mais lato. Partindo da vinha de Encruzado, demonstrámos que uma uva, de qualidade única da nossa região e que deve ser explorada até á exaustão, ganhou a todos os outros. Isso é uma missão. Este galardão para o Encruzado foi em Londres, mas o insuspeito New York Post considerou o nosso rosé um dos cinco melhores do mundo. Deste modo, podemos dizer que um ano trágico como foi 2014, os sete hectares da Quinta do Perdigão deram 13 mil garrafas de rosé, faz bem ao ego termos sido classificados em Portugal no prémio W, do Anibal Coutinho, com 92 pontos, o melhor rosé nacional. Tanto o New York Post como o L

Aníbal Coutinho chegaram à conclusão de que a nossa linha de rosés intensos, que são tintos de verão, por oposição aos rosés pálidos e clarinhos, que é a moda francesa, em que a grande maioria dos produtores nacionais embarcou, infelizmente. Já agora, o Luís Lopes, diretor da Revista Vinhos, elegeu o nosso Touriga Nacional de 2009 como o da sua preferência, e o nosso Alfrocheiro de 2010 recebeu a medalha de ouro no Concurso de Tóquio das Mulheres Sommeliers, o que também nos prestigia. GR: Não o preocupa, de todo, o facto dos seus vinhos não serem consensuais? JP: A mim preocupa-me que as pessoas tenham preconceitos. Vejo muitos jovens que ouvem a história dos monovarietais e vão logo repetir que estes não são vinhos. É por isso que gosto muito de feiras de rua, como a de Nelas, que é a feira mais espantosa de Portugal, onde participamos, em que algumas pessoas dizem aquilo que será uma cultura algo preconceituosa, ao acederem a provar os nossos vinhos, seja o Encruzado, o Rosé ou os outros tintos mudam de opinião. A cultura é ter o espírito aberto. E quanto mais cultas são as pessoas no

mundo do vinho distinguem-nos logo entre os tops mundiais, mas há mais na nossa região, e aí passam a ser consensuais. GR: Como olha para o trajecto que está a ser seguido na região? JP: Sou muito feliz quando há regras de jogo, dignidade e cultura. E ai gosto de eleger um grande grupo de jovens enólogos, quase todos formados na UTAD, mas tenho pena que não haja mais pessoas ligadas à viticultura, por exemplo formados no Instituto Politécnico de Viseu, com o gosto de andar na vinha. Mas isso vai acontecer forçosamente, porque os grandes vinhos fazem-se na vinha. Contudo, vejo com felicidade o Dão ser respeitado. E aí, para além da nova geração de enólogos, como a minha filha Mafalda, que escolheu esse caminho, o Carlos Silva, o Manuel Vieira e o saudoso Magalhães Coelho, não quero ser injusto para ninguém referindo apenas três gerações distintas, porque finalmente temos um presidente da CVR que gosta de uvas e de fazer vinho, um político que meteu as mãos na massa, que foi e é respeitado e sinto, a nível nacional, que o Dão voltou a entrar na grande sala de provas da dignidade. E tudo isto só me pode deixar feliz.


Na Feira do Dão, em Nelas

Quinta da Alameda tem novos Jaen 2012 e Torreão Reserva 2013 A Quinta da Alameda vai mostrar na Feira do Vinho do Dão os novos Jaen 2012, e o Torreão da Alameda Reserva 2013, bem como outras referências deste produtor de Vilar Seco. Para o responsável da Quinta, os 25 anos da Feira “representam a promoção regional do vinho do Dão com a consistência dos produtores que são a génese do evento”, refere Luis Abrantes, que destaca a importância deste certame para a região. Referindo-se à vindima deste ano, bastante exigente tendo em conta as condições climatéricas que se têm feito sentir, o produtor diz que aquela “exige cuidados”, pois na colheita “a selecção das uvas será primordial para o produto final ser de grande qualidade”, admitindo que terá uma quebra de produção de 20%. Sobre a Quinta da Alameda, Luis Abrantes diz ser “um projecto de produção de vinhos de boutique, que privilegia a qualidade e quer afirmar-se como um dos produtores de referência no Dão”. Para além do mercado nacional, este produtor já exporta vinhos para o Brasil e Alemanha.

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Só nos cereais o INE prevê um aumento de produção

Produtividade das vinhas deverá recuar 20% na próxima campanha As previsões agrícolas no final de Julho apontam para uma contracção de 20 por cento na produtividade das vinhas na grande maioria das regiões, devido à precipitação na fase de floração e a doenças, anunciou o Instituto Nacional de Estatística. Segundo as previsões agrícolas do Instituto Nacional de Estatística (INE), nos cereais de Outono/Inverno prevê-se um aumento generalizado da produção face a 2015, devido aos aumentos de produtividade. Na batata de regadio as plantas apresentam um “bom desenvolvimento”, sendo que se prevê um rendimento unitário semelhante ao da campanha anterior, refere o INE. Em relação ao tomate, o INE afirma que se prevê um decréscimo de 10 por cento da produtividade face à campa-

nha anterior. “As chuvas primaveris e o consequente atraso nas plantações prejudicaram o desenvolvimento do tomate para a indústria”, afirma o INE, adiantando que “as primeiras plantações apresentam rendimentos unitários relativamente baixos, que poderão vir a ser parcialmente compensados pelas mais tardias”. O INE afirma ainda que os pomares de macieiras e pereiras também foram afectados pelas condições climatéricas adversas, que se reflectiram mais intensamente na produtividade das pereiras, cultura que deverá registar mais uma campanha pouco produtiva. Segundo o INE, o ciclo de produção do pêssego e da amêndoa também não correu favoravelmente, prevendo-se respectivamente diminuições de produtividade de 25 e de 20 por cento face a 2015.

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Prepara novo Capitulo de Entronização em Outubro

Confraria Saberes e Sabores da Beira promove e participa em várias actividades A Confraria Saberes e Sabores da Beira Grão Vasco vai participar e promover vários eventos durante os meses de Setembro e Outubro. Assim, a 2 de Setembro, a Confraria vai ser homenageada na cerimónia de inauguração da Feira do Vinho do Dão, em Nelas, onde irá receber o Galardão dos 25 anos da Feira. No dia seguinte participará no encontro de Confrarias Báquicas nacionais e Gastronómicas da Região na Feira do Vinho do Dão, em Nelas. Por sua vez no dia 4 de Setembro, a Confraria Saberes e Sabores da Beira organiza na Feira de São Mateus, juntamente com a Viseu Marca, entidade que gere a programação da Feira, o Dia da Enguia (conforme programa), para o qual conta com uma grande participação dos seus confrades, bem como do público em geral, num evento que promove e divulga uma das mais antigas tradições e um ex-libris da Feira de S. Mateus. A 7 de Setembro, a convite do Embaixador Dr. Mário Vilalva, a Confraria Saberes e Sabores da Beira estará representada no Dia do Brasil, que decorrerá na Embaixada em Lisboa, enquanto a 21 de Setembro, em colaboração com a Câmara de Viseu, promove um jantar confrádico com dirigentes de Associações da Diáspora, bem como de outras personalidades. Entretanto, a Confraria prepara para 29 de Outubro um Capítulo de Entronização.

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Programa do Dia da Enguia: 11h00 – Workshop Enguias Fritas – Confraria Saberes e Sabores Grão Vasco – Casa da Ribeira 16h00 – Conversa “A Tradição da Enguia na FSM” – Casa da Ribeira 17h00 – Workshop – Caldeirada de Enguias e Sopa de Enguia – Casa da Ribeira 18h30 – Concurso “A Melhor Enguia da Feira” – Praça Viriato O Júri será composto pelos seguintes elementos: Odete Miranda – Confraria Saberes e Sabores Grão Vasco Confraria Gastronómica do Moliceiro - Murtosa Olavo Sousa - FSM 19h30 – Actuação Tuna Sabores da Música


Revela o presidente da Associação dos Apicultores do Sotavento Algarvio

Apicultores do Algarve estimam quebra próxima dos 50% na produção de mel Os apicultores do Algarve, que produzem por ano uma média de 1.200 toneladas de mel, estimam uma quebra de 45 a 50 por cento na produção este ano, devido a condições climáticas, segundo o presidente da associação local de produtores. A “quebra significativa da produção de mel”, cuja principal recolha se faz entre Junho e Agosto, deveu-se às três semanas consecutivas de chuva em Maio, explicou o presidente da Associação dos Apicultores do Sotavento Algarvio (MELGARBE), entidade que representa os produtores de toda a região. Nesse mês, face à chuva, “as abelhas pararam a recolha de mel e viraram-se para a produção de abelhas. Quando parou de chover, já não havia floração para arrecadar mel”, afirmou Manuel Dias. Este

ano, a produção deverá reduzir para metade, numa altura em que o mel do Algarve tem “ultrapassado as expectativas”. “Há dez anos, vendiam-se dez toneladas com dificuldade. Hoje, quem produz 15 ou 20 vende tudo e não chega”, sublinhou Manuel Dias, referindo que a qualidade do mel do Algarve, marcada pela diversidade da flora e pelo clima desta região, se tem vindo a afirmar. O mel de rosmaninho produzido no Algarve acaba por ser “o que tem mais procura”, com os turistas a serem um importante mercado para os produtores desta região do país, referiu. Além da recolha efectuada no Verão, há ainda “o mel de alfarrobeira”, recolhido em Outubro, e “o mel amargo”, em Dezembro, mas que dão sempre “quantidades mais reduzidas”, afirmou.

Admitiu técnico da Direcção Regional de Agricultura do Norte.

Produção superior do melão casca de carvalho pode dificultar escoamento A produção de melão casca de carvalho deste ano é superior à habitual, o que pode dificultar o escoamento do produto em tempo útil, admitiu, em Penafiel, José Rocha, da Direcção Regional de Agricultura do Norte. O técnico explicou que os melões este ano foram plantados mais tarde devido às especificidades do clima e que, por isso, há nesta altura uma quantidade superior daquele fruto. “Estamos no pico da produção”, comentou. Falando na Agrival, a propósito do concurso do melão casca de carvalho que se realizou, José Rocha explicou que aquele fruto, ao contrário do melão comum, tem de ser colhido maduro e fresco. O melão casca de carvalho do Vale do Sousa, acrescentou, só se aguenta em boas condições durante cinco dias, o que dificulta o seu escoamento em tempo útil. Acresce que apenas 20 por cento dos melões colhidos reúnem boas condições para ser consumidos. Por isso, no dia 3 de Setembro, vai realizar-se, pela primeira vez, uma feira de melão casca de carvalho, em Penafiel, no

Largo da Ajuda, onde poderão ser adquiridos exemplares de boa qualidade de toda a região do Vale do Sousa, prometeu. No concurso superou-se o número habitual de concorrentes no certame, oriundos de Lousada, Paredes, Penafiel, Felgueiras e Penafiel. Vinte produtores submeteram ao veredicto do júri os seus melões, com a avaliação vários critérios, sob olhar atento dos responsáveis da Confraria do Melão Casca de Carvalho. O técnico explicou que aquele tipo de melão, que se produz exclusivamente nas zonas do Vale do Sousa, Barcelos, Famalicão e Vila Verde, reúne características únicas, nomeadamente o facto de ser menos

doce, ter gás, ser apimentado e com mais fibra. “É um melão que está adequado à gastronomia da região de Entre Douro e Minho, acompanhado de vinho verde e petiscos”, afirmou. José Rocha apelou, por outro lado, às várias entidades envolvidas no processo de certificação, das três sub-regiões, para chegarem a acordo, frisando não fazer sentido avançar cada uma por si, atendendo à diminuta produção. O peso médio de cada melão ronda os cinco quilogramas, mas alguns chegam a pesar nove, de acordo com os produtores. Cada exemplar pode custar, em média, 25 euros. www.gazetarural.com

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A par do cadastro, especialmente a norte do Tejo

António Costa defende floresta como “grande prioridade” dos próximos anos

O primeiro-ministro, António Costa, defendeu a valorização da floresta, considerando que o país deve encarar este património como uma “grande prioridade” nos próximos anos. “É essencial voltar a valorizar a nossa floresta”, afirmou António Costa, em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, ao realçar a importância de ordenar

e cuidar da floresta para prevenir os incêndios e para criar riqueza. Na sua opinião, a floresta portuguesa “só voltará a ser protegida se voltar a ser valorizada”, aproveitando as suas riquezas económicas, ambientais e turísticas. “Se nada for feito, no presente, como o ordenamento e o cadastro, adiado por sucessivos governos, a floresta voltará a arder daqui a 10 anos”, alertou o primeiro-ministro. Segundo António Costa, “não devemos ter medo de fazer aquilo que é difícil e leva tempo a fazer”, como será o caso do levantamento das propriedades rústicas, sobretudo a norte do rio Tejo. “E o que é necessário fazer é o cadastro”, a par da valorização da floresta e dos territórios de baixa densidade demográfica do interior. Neste contexto, o primeiro-ministro realçou a importância da Unidade de Missão

de Valorização do Interior, criada este ano, coordenada pela ambientalista e professora Helena Freitas, da Universidade de Coimbra. Depois da reforma da Protecção Civil e da política de prevenção e combate aos fogos florestais, na década passada, os últimos 10 anos “não foram devidamente aproveitados” no sentido de concretizar o ordenamento florestal. “Temos hoje de fazer uma reforma da floresta”, preconizou António Costa, realçando que “há um problema de cadastro a norte do Tejo”, no Centro e no Norte, onde predomina a pequena propriedade florestal e agrícola. A floresta, segundo o líder do Governo, “tem de ser gerida, tratada, ordenada e certificada”, para que seja “uma fonte de riqueza e não uma ameaça” para pessoas, bens e habitações.

Dizem ser fundamental concluir o cadastro predial da propriedade rústica

WWF sugere adopção de sistema de gestão sustentável para prevenir fogos A organização internacional WWF sugeriu a adopção de um sistema de gestão sustentável da floresta, para ajudar a prevenir os incêndios, já que valoriza os serviços ambientais prestados e aproxima os cidadãos da conservação da natureza. A WWF insiste junto das autoridades portuguesas acerca da necessidade de debater os fogos florestais fora da “época oficial dos incêndios” e apresenta algumas sugestões para apostar na prevenção e tentar resolver a situação que, nas últimas semanas, destruiu áreas de natureza e casas, tendo mesmo provocado três mortes. Para a organização, “a origem do aumento da frequência, intensidade e extensão dos incêndios é resultado da conjugação dos impactos das alterações climáticas, combinados com rápidas e abruptas mudanças de uso da terra, má gestão das florestas, falta de consciência da prevenção do fogo e deficiências na protecção”. Os ambientalistas dizem ser fundamen14

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tal concluir o cadastro predial da propriedade rústica e rever a moldura fiscal do sector florestal, para incentivar o mercado, permitir baixar o preço da terra e incentivar a gestão, mas também adoptar o sistema de gestão florestal FSC (Forest Stewardship Council), como forma de ajudar a prevenir incêndios florestais. “O FSC é um mecanismo economicamente eficiente e auto-sustentado no aumento da competitividade do sector florestal, que preconiza a aplicação de boas práticas de gestão”, o que inclui a prevenção da floresta contra incêndios, explica a WWF. As opções de gestão defendidas pelo sistema sustentável “aproximam o cidadão da floresta, fazendo de cada pessoa um agente de conservação da floresta”, apoiam a regulação de políticas florestais, como o funcionamento das centrais de energia de biomassa, e valorizam os serviços ambientais da floresta, premiando quem gere melhor. Também permite, segundo a WWF, “demonstrar que

o Estado dá o exemplo na aplicação das boas práticas de gestão, certificando as florestas públicas através de um sistema independente e credível”. Estimativas citadas pela organização apontam para 90.000 hectares já ardidos de floresta, em Portugal, entre povoamentos e matos, acrescentando que, em média, entre 2005 e 2015, arderam 101.337 hectares. Dados do Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais (EFFIS na sigla em inglês), referem áreas maiores ao dizer que, este ano, já arderam 116.833 hectares, com o pico dos fogos a acontecer na semana entre 05 e 12 de agosto. A associação de defesa do ambiente refere que a “mediatização do incêndio catastrófico esconde a realidade dos factos”, ao focar-se mais no potencial criminal, “no espectáculo das chamas e menos na causa dos fogos florestais”, e aponta a “floresta mal gerida e pouco resiliente às pressões causadas pelas alterações climáticas”.


Ministério da Agricultura rejeita críticas

Caçadores alertam para a falta de fiscalização das doenças dos animais Os caçadores alertam para a redução de espécies cinegéticas, o incumprimento dos períodos de caça, que querem diminuir, e a falta de fiscalização das doenças dos animais, com risco para a saúde pública, críticas rejeitadas pelo Ministério da Agricultura. “Há falta de espécies cinegéticas, todas as espécies selvagens estão praticamente em vias de extinção, algumas zonas de caça têm espécies, mas são postas pela mão do homem e não pela natureza”, por isso, “pedimos uma revisão dos dias que estão impostos para a prática, com uma diminuição” para dois dias, afirmou o secretário-geral da Federação Nacional dos Caçadores e Proprietários. Os gestores das zonas de caça “acabam por conseguir mais que os três dias permitidos, não há controlo absolutamente nenhum sobre isso”, salientou Eduardo Biscaia. Este responsável, como José Manuel Baptista, do Movimento de Caçadores Portugueses, juntam à preocupação o alerta para o que apontam como falta de controlo sanitário das doenças que afectam javalis, coelhos e veados. “Está em causa a saúde pública, não se sabe se os animais caçados estão doentes ou não”, salientou José Manuel Baptista, acrescentando que os proble-

mas foram apresentados várias vezes ao Ministério da Agricultura e ao Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). O Ministério da Agricultura “rejeita estas críticas tendo em conta as acções de fiscalização e de prevenção” e os mecanismos de alerta em vigor. A Agricultura e do Ambiente estudam também “outras medidas para fazer face à situação”, nomeadamente do coelho bravo, com a abertura de um concurso no programa POSEUR para acções de recuperação e protecção de espécies com conservação desfavorável e fomento de presas. É referida “a intervenção da autoridade competente em sanidade animal, a Direcção Geral de Alimentação e Veterinária” que, com o ICNF e o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), desenvolveu uma estratégia, apresentada em 2015. O Ministério menciona a lei para recordar que compete às Entidades Gestoras de Zonas de Caça (EGZC) “fazer uma gestão sustentada dos recursos cinegéticos na área sob sua jurisdição e adequar o esforço de caça aos efectivos existentes”, e monitorizar a região. Cabe aos caçadores rejeitar peças de caça “visivelmente doentes e reportar”

às EGZC para controlo e, por exemplo, para o coelho bravo, o ICNF e outras organizações “estão a recolher amostras de indivíduos para a realização de análises”, garantiu. O Ministério da Agricultura lembra que algumas das doenças dos animais caçados “também se transmitem à espécie humana”, podendo levar a “situações de doença de grande gravidade”, por isso, realça a “necessidade absoluta” de as EGZC promoverem a observação das peças de caça “por pessoa devidamente formada”. O organismo liderado por Luís Capoulas Santos “não partilha da opinião de que o número de dias de caça praticados na zonas de caça seja superior aos permitidos por lei” e refere que os dados obtidos na fiscalização não sustentam essa posição. “Uma gestão nesses termos não só representaria uma violação grosseira da lei, como iria certamente inviabilizar a prática da caça no resto do ano ou pôr em risco as épocas seguintes”, aponta ainda. A caça à rola teve início na última quinzena de Agosto, apesar dos pedidos dos caçadores e dos ambientalistas para que seja proibida, e ao coelho, lebre e codorniz começa em Setembro. www.gazetarural.com

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Integrada nas Festas do Penalva do Castelo

Festas e Feira do Vinho do Dão de Penalva do Castelo foram um sucesso Penalva do Castelo promoveu a III Feira do Vinho do Dão do concelho, bem como um Mercado Rural, duas actividades integradas nas Festas do Concelho que, Francisco Carvalho, disse terem sido “um grande sucesso”. O autarca salientou a elevada participação das gentes do concelho, mas também muitos visitantes vindos de outras regiões, bem como turistas, especialmente espanhóis, instaladas nas unidades hoteleiras locais. Na ocasião o presidente da Câmara de Penalva do Castelo realçou a presença dos produtores/engarrafadores de vinho do concelho, bem como os participantes no mercado rural, que apresentaram

produtos de elevada qualidade provenientes de “uma agricultura praticamente isenta de produtos químicos”, referiu Francisco Carvalho. O vice-presidente da Comissão de Coordenação da Região Centro, Luis Caetano, deixou uma mensagem aos presentes para aproveitarem as condições de acesso a fundos comunitários através do Portugal 2020. Nesse âmbito, Francisco Carvalho adiantou que o antigo edifício da Câmara Municipal irá ser alvo de uma intervenção, do qual apenas de aproveitará a estrutura, que deverá ficar concluída no próximo ano. Ali irão ser instalados os serviços da Autoridade Tributária, as

Conservatórios e a Segurança Social, além de comportar também alguns serviços do município. O edil adiantou ainda que a Praça do Pelourinho, um dos ex-libris da Vila, bem como a Praça Magalhães Coutinho, vão ser remodeladas, através de candidaturas a fundos comunitários. A finalizar Francisco Carvalho destacou os produtores de vinho do concelho que, mais uma vez, foram premiados em vários concursos nacionais e internacionais, o que revela, segundo o autarca, “que estão no bom caminho, nomeadamente na aposta cada vez maior na qualidade dos vinhos produzidos” no concelho.

Ano XII | N.º 277 | Periodicidade: Quinzenal Director: José Luís Araújo (CP n.º 7515) | jla.viseu@gmail.com | 968044320 Editor: Classe Média C. S. Unipessoal, Lda | Redacção: Luís Pacheco | Opinião: Miguel Galante Departamento Comercial: Filipe Figueiredo e Fernando Ferreira Redacção: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu | Telefone 232436400 E-mail Geral: gazetarural@gmail.com | Web: www.gazetarural.com ICS: Inscrição nº 124546 Propriedade: Classe Média - Comunicação e Serviços, Unipessoal Limitada | Administração José Luís Araújo | Sede: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu Capital Social: 5000 Euros | CRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507021339 | Dep. Legal N.º 215914/04 Execução Gráfica: Novelgráfica | Tel. 232 411 299 | E-mail: novelgrafica2@gmail.com | Rua Cap. Salomão 121, 3510-106 Viseu Tiragem média Mensal: Versão Digital: 100.000 exemplares | Versão Impressa: 2000 exemplares Nota: Os textos de opinião publicados são da responsabilidade dos seus autores.

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Sátão esteve em festa de 14 a 21 agosto

Voltou a atrair milhares de pessoas a Oleiros

Feira do Pinhal voltou a superar as expectativas A edição de 2015 da Feira do Pinhal superou as expectativas e voltou a atrair milhares de pessoas a Oleiros. Na XVI edição, a “floresta de oportunidades”, que é o concelho de Oleiros, reflectiu-se não só nos expositores mas também no stand do Município que despertou a atenção dos visitantes. Constituído por 264 paletes provenientes de uma empresa local, reflectiu as potencialidades desta matéria-prima que representa o “ouro do pinhal”. A floresta voltou a ser a marca dominante do evento, indo ao encontro das prioridades do actual Executivo da autarquia de Oleiros. Nesse sentido, o certame foi inaugurado pelo Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento que enalteceu o longo percurso que o concelho tem feito nesta área. A cultura tem sido outra temática em destaque, através, por exemplo, da assinatura de protocolos, como o de Saint-Doulchard com Oleiros, que prevê um intercâmbio de experiências e de conhecimentos a nível cultural, social, educativo, desportiva e económico. Aquela cidade francesa marcou presença na Feira, não só com um stand mas também com o Grupo de Bombos “Zés Pereiras” e o Rancho Folclórico “Flores do Lima”. Vindos de Genebra (Suíça), o Rancho Folclórico da Casa do Benfica, marcou presença no palco da Mostra Musical. Também a cultura oleirense subiu a palco, com actuações do Grupo de Danças e Cantares do GAIO, Abílio Alves, Rancho Folclórico e Etnográfico de Oleiros e Sociedade Filarmónica Oleirense. Os concertos deste ano voltaram a trazer a Oleiros artistas de renome nacional. Nesta edição o Palco Principal da Feira contou com AGIR, Carolina Deslandes e “Sons do Minho”. O espectáculo multimédia cria todos os anos expectativa aos visitantes. Este ano, “Bells” foi ante-estreia mundial e teve como elemento principal o maior carrilhão itinerante do mundo, assim como um vibrafone e um gamelão. A banda sonora original esteve a cargo de Nuno Caldeira e do Maestro Paulo Neto, perfeitamente sincronizada com a pirotecnia. A Feira do Pinhal progride a cada edição, aperfeiçoando a receita de sucesso que se repete há 16 anos e que atrai cada vez mais pessoas ao concelho.

Festas de S. Bernardo foram um sucesso e atraíram milhares de visitantes Muitos milhares de pessoas passaram pelo Sátão durantes as Festas de S. Bernardo, que ofereceu um programa bastante atractivo que pretendeu ir ao encontro dos mais variados gostos. Cultura, desporto, música e animação estiveram de mãos dadas neste certame, com actividades bastante diversificadas. Destaque para o Running Sátão, bastante participado; o Dia do Emigrante, assinalado no recinto de Nosso Senhor dos Caminhos, em Rãs, onde muitas centenas de emigrantes se juntaram à festa num grande almoço convívio; bem como o tradicional Festival das Sopas, que teve grande adesão. Referência ainda para a tradicional Feira Anual e Concurso de Gado, habitualmente realizada no dia 20 de Agosto, Feriado Municipal, num dia bastante preenchido. Durante a tarde procedeu-se ao descerramento de lápide no Bussaquinho, actualmente denominado de Parque Maria José Xavier Garcia de Menezes de Almeida. No Salão Nobre da Câmara Municipal decorreu a atribuição do prémio Literário “Cónego Albano Martins de Sousa”. José Carlos de Figueiredo Rocha foi o vencedor com a obra O Encantador de Pássaros. Rosa Maria Lopes Quinteiro do Amaral, com a obra A Magia da Vida, recebeu a Menção Honrosa. De referir, ainda, a elevada participação nos concertos de João Pedro Pais e Mickael Carreira, que encheram o recinto das festas. O presidente da Câmara de Sátão, Alexandre Vaz, destacou a elevada participação nas Festas e agradeceu a presença de todos num evento que pretendeu mais uma vez que os satenses e os visitantes pudessem passar momentos agradáveis e divertidos em terras de Sátão.

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Deixou as instalações de Pascoal

Soveco Viseu centralizou operações em Coimbrões O Soveco Viseu, empresa que representa oito marcas de automóveis e camiões, centralizou as operações em Coimbrões, deixando as instalações de Pascoal que tinha em regime de aluguer, depois de terem ficado com a Nissan. “As instalações que ocupávamos em Pascoal eram alugadas desde a altura em ficámos com as marcas que eram do Entreposto, uma vez que na altura, não tínhamos espaço em Coimbrões”, afirmou o responsável da Soveco Viseu. Henrique Rodrigues lembrou que a empresa já alargou por duas vezes as suas instalações em Coimbrões, o que voltou a acontecer, tendo para o efeito adquirido um lote onde construíram as instalações que agora recebem as marcas que estavam em Pascoal. “A Nissan é uma marca de volume e que tem um peso significativo na nossa estrutura de vendas, pois tem uma grande representatividade no mercado. Tivemos que, para isso, criar condições, para termos as marcas que representamos todas juntas nas instalações, alargadas, do Parque Industrial de Coimbrões”, afir18

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mou aquele responsável. A Soveco – Viseu ocupa nesta altura uma área de mais de sete mil metros quadrados, tendo aumentado a área de exposição e também de oficinas para as diferentes marcas. “Conseguimos centralizar todas as nossas marcas no mesmo local, o que especialmente a nível de custos e logística, mas também de recursos humanos, é importante para um melhor atendimento aos clientes das marcas que representamos”, explicou Henrique Rodrigues. IVECO é marca com que a empresa iniciou a sua actividade “ocupa-nos o maior espaço e tivemos que encontrar as melhores soluções para termos um serviço de atendimento eficiente para os nossos clientes”, refere o responsável da Soveco Viseu, lembrando que a IVECO foi “a marca com que começámos e tem um peso importante na empresa, é líder de mercado, com um crescimento significativo nas vendas, pois estamos a trabalhar com as grandes transportadoras da região”, referiu Henrique Rodrigues. Os mais recentes lançamentos da Fiart

Profissional são as novas Fullback e Talento. A primeira é a nova pick-up da Piat Profissional, disponível nas versões de Cabine Longa e Dupla e com dois níveis de equipamento, Working e Adcenture. As novas Fullback vêm equipadas com um motor diesel, em alumínio, com 150 ou 180 CV, e caixa de seis velocidades manuais ou cinco automáticas. Por sua vez a Talento foi projectada para transportar pessoas ou mercadorias, oferece aos profissionais uma ampla gama de soluções, desde várias capacidades de carga até aos acessórios, que fazem a diferença no trabalho do dia-a-dia. Disponível numa completa gama de motores, incluindo o fiável Bi-Turbo, com sistema Traction+ e o Esc com auxiliar em subidas, para permitir trabalhar onde quer que seja preciso. Também com sensores de estacionamento e câmara traseira, tornando as manobras de estacionamento incrivelmente fáceis. A Soveco Viseu representa as marcas de automóveis Lancia, Fiat, Alfa Romeo, Jeep, Nissan, Kia, para além da Iveco.


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