Gazeta Rural nº 279

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Director: José Luís Araújo

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N.º 279 | 30 de Setembro de 2016

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Preço 4,00 Euros

Rota do Cabrito em Sever do Vouga

Vinhais prepara Rural Castanea

Ourique capital do porco alentejano’

Bravo perfume!

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Sumário Sumário Sumário Sumário Sumário Sum 04 Sector agroalimentar regressa à região Norte na Exponor 19 Cooperativas vitivinícolas são menos e mais competitivas 05 Portugal Agro 2016 com muitas novidades 22 Ourique afirma-se como ‘capital do porco alentejano’ 06 Feira da Ladra mostra sector primário de Vieira do Minho 24 Suinicultores criam selo de qualidade para promover 07 RuralBeja pretende afirmar as potencialidades do carne nacional 25 Efectivo de ovinos da raça Bordaleira estabilizou concelho 08 Francesinha na Baixa apresenta mais de 20 versões da nas 80 mil cabeças 26 Politécnico de Viseu distinguido no XIII “Poliempreende” popular iguaria tripeira 09 Rota promove cabrito e gastronomia de Sever do Vouga 29 Penamacor vai liderar projecto para reintrodução do 10 Festa das Adiafas e Festival Nacional do Vinho Leve lince-ibérico 30 Centro de Investigação para milho e sorgo vai ser criado voltam a animar Cadaval 12 Mountains 2016 debate desenvolvimento sustentável das em Coruche 31 Cortiça complementa economia rural na Serra da Lousã áreas de montanha 13 Casa do Agricultor de Penalva do Castelo arranca no e região 33 UTAD defende maior aposta em “árvores bombeiras” início de 2017 14 Quebra de produção de maçã “resulta em milhões de para limitar o flagelo dos incêndios 34 Feira Farta promoveu produtos da terra e tradições da euros de prejuízo” 15 Associação de Fruticultores Beira Távora tem Centro de região da Guarda 35 AJAP debate os desafios e oportunidades da agricultura Inspecção de Pulverizadores 16 Festa da Castanha de Vinhais é cada vez mais uma no Alentejo 36 Confraria Grão Vasco comemorou do Dia do Município de mostra do mundo rural 17 Lusovini mostrou relação do vinho português com arte e Viseu 38 Crédito Agrícola apoia produtores da raça Mertolenga património

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mรกrio

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“So Food So Good”, de 27 a 29 de Outubro

Sector agroalimentar regressa à região Norte na Exponor A Exponor vai abrir as suas portas, entre 27 e 29 de Outubro, à primeira edição do “So Food So Good - Portugal Taste”, o maior evento do ano do sector da alimentação. Volvidos dez anos, a Exponor volta a receber as empresas do sector agroalimentar, servindo de plataforma qualificada entre a oferta e a procura do sector. Segundo Filipe Gomes, director da Exponor, “este ano, o So Food So Good será a maior feira do sector para profissionais a realizar-se em Portugal, tendo já conseguido reunir uma oferta diversificada e atraído marcas que estavam arredadas das feiras nacionais há algum tempo e que viram no modelo diferenciado e na proposta de valor do So Food So Good uma oportunidade de negócio”. A cerca de um mês da data da sua realização, o certame conta já com a participação de cerca de uma centena de empresas produtoras (algumas com produtos inovadores, que serão apresentados durante a feira) de azeite, vinho, alimentação ecológica, biológica, água, bebidas e café, carnes e derivados, conservas, frutas e hortícolas, leite e de-

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rivados, panificação e pastelaria, peixe e derivados e de empresas de serviços e equipamentos. O perfil da empresa expositora varia entre os produtores de menor dimensão, que precisam da feira para desenvolver contactos com o Canal Horeca, e as empresas de maior dimensão, que olham para a feira numa perspectiva de negócio numa região que há muitos anos não desenvolvia uma feira para o sector. O “So Food So Good”, que adoptou um formato inovador e diferente dos habituais espaços de exposição, vai privilegiar a presença dinâmica das empresas, combinando a componente expositiva com a demonstrativa. “Houve do lado da Exponor a preocupação em criar um programa de actividades que responda às necessidades do Chefes de cozinha, mas também dos gestores, gerentes e profissionais da restauração, panificação e retalho”, explica Filipe Gomes. Através da presença de Chefes de cozinha de prestígio nacional e internacional, alguns distinguidos com Estrelas Michelin, o “So Food So Good” irá rece-

ber inúmeras demonstrações de cozinha ao vivo, que irão permitir o contacto directo com os produtos de empresas expositoras. Até à data, acrescenta Filipe Gomes, “temos já confirmadas demonstrações de cozinha ao vivo com a Sumol/Compal, Gelcampo, Soja de Portugal, Fagor Industrial, Icel, Doca Pesca, com produtos com o Selo do programa “Portugal Sou Eu”, entre outras. “Existe uma forte procura por parte dos expositores no sentido de ocupar os três espaços de demonstração do So Food So Good (Show Cooking Central, Cooking Lab e Creative Show Cooking)”, esclarece o responsável da Exponor. Em termos de espaço, o “So Food So Good” será dividido em cinco áreas com animação própria: Espaço de exposição (empresas); Show Cooking Central (novas técnicas culinárias); Creative Show Cooking (criação de pastelaria e pão); Cooking Lab (novas técnicas e tendências culinárias); Food Forum (partilha de conhecimento e debate sobre as tendências do sector); Tasting Experience e o Bar & Lounge.


Experiências para toda a família com produtos 100% de Portugal

Portugal Agro 2016 apresenta muitas novidades Na edição de 2016, o Portugal Agro acentua a sua tipologia de feira mista, apresentando um programa quer para o público quer para o profissional. É o ponto de encontro das regiões e dos seus produtores, em Lisboa, permitindo o contacto directo com os consumidores e a oferta de experiências para toda a família, valorizando os mais variados produtos dos saberes e sabores genuinamente portugueses. Com início a 28 de Outubro e terminando no dia 30, o Portugal Agro decorrerá na FIL, no Parque das Nações, em Lisboa, e está aberto ao público e também aos profissionais dos mais variados canais empresarias, desde a hotelaria e restauração, comércio a retalho, gourmet e distribuição, do agrícola e das máquinas e equipamentos. Organizado pela FIL, Fundação AIP, a Feira das Regiões de Portugal apresenta um programa de Jornadas a pensar no sector profissional e empresarial. Destaca-se a Final Nacional do Concurso Chefe Cozinheiro do Ano que há já 26 anos desafia os cozinheiros profissionais a mostrar a técnica e a criatividade ao serviço da elevação dos produtos e matérias-primas portugueses; também

a terceira edição do Concurso de Vinhos Crédito Agrícola, em parceria com a Associação dos Escanções de Portugal, destinado a produtores e cooperativas de todas as regiões vitivinícolas do País e que contou nas duas edições anteriores com cerca de 300 produtores e perto de 500 vinhos a concurso. Para o sector do café e similares, a Associação Industrial e Comercial do Café em conjunto com o Capítulo Português da Speciality Coffee Association of Europe (SCAE) organizam a segunda edição do Campeonato de Baristas de Portugal. Na Hotelaria e Restauração está agendado o primeiro Encontro Nacional de Empresários de Restauração.

I Agro Fórum da CPLP Na vertente internacional realiza-se o I Agro Fórum, centrando-se na Dinamização do Agronegócio na CPLP, que contará com a presença já confirmada dos Ministros da Agricultura e Comércio, Embaixadores e Delegados, Agências de Investimento estrangeiro e dezenas de Empresários dos países da CPLP. O I Agro Fórum da CPLP visa estimular o debate sobre as oportunidades de de-

senvolvimento do agronegócio e contribuição para o empreendedorismo e uma maior dinâmica empresarial, contribuído para auto-sustentação alimentar nos países lusófonos. Numa vertente mais lúdica e de negócio directo, o programa 100% Portugal vai permitir ao visitante realizar uma viagem pelo país, evidenciando os melhores produtos das regiões, que podem ser adquiridos directamente e com a comparticipação directa da feira que oferece ao visitante o valor da entrada para descontar nas suas compras. Degustações, provas de produtos, showcooking, aulas e tertúlias gastronómicas, workshops culinários para os mais novos, confecção de receitas ao vivo são algumas das acções que marcarão o 100% Portugal e os 3 dias do Portugal Agro e que serão apadrinhadas pelo Foodie Rodrigo Meneses, numa verdadeira viagem pelos sabores do nosso país. Como nem sempre é preciso viajar para conhecer e provar iguarias de outros países, o Portugal Agro dá a oportunidade a todos os visitantes de conhecerem os produtos de Marrocos que é o país convidado de 2016. www.gazetarural.com

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Em Vieira do Minho até 5 de Outubro

Feira da Ladra mostra sector primário de Vieira do Minho Decorre até 5 de Outubro a edição 2016 das Festas Concelhias, conhecidas por Feira da Ladra, de Vieira do Minho, considerado o maior cartaz cultural da região e que apresenta um vasto programa de actividades. A agricultura é o tema central deste evento, que conta com uma feira pecuária, uma mostra de produtos locais, as tradicionais chegas de bois, concursos pecuários, corridas de cavalos, cortejo etnográfico, exposição de produtos locais, das bandas filarmónicas, dos ranchos folclóricos, das actuações de grupos ao vivo e do tradicional fogo-de-artifício. Marco Paulo e Augusto Canário como cabeças de cartaz do programa de animação. Na apresentação do evento, o presidente da Câmara de Vieira do Minho salientou a importância destas festas para os vieirenses, caracterizando-as como “um evento com grande expressão para a economia local”. Segundo António 6

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Cardoso, “apesar deste evento ser quase tão antigo como a nossa terra, a Feira da Ladra, é ainda hoje uma referência importante para o povo de Vieira e para as populações da região. A Feira da Ladra continua a afirmar-se como uma realidade de inquestionável importância local e regional, bem como uma forma de preservar o tradicional e a etnografia local”. O autarca salientou também que “a Feira da Ladra continua a fazer uma grande aposta na agricultura, sendo exemplo disso o grande reforço financeiro que a autarquia vieirense nesta edição da Feira da Ladra devido à duplicação no número de expositores”. No que diz respeito aos participantes na chega de bois, o número também duplicou, estando previstas 10 chegas de bois. “O gado é uma das principais atracções e uma riqueza do concelho. É também uma das principais forças e trabalho que vem de outrora até aos nossos dias, por isso objecto particular de vene-

ração para as nossas gentes”. Daí que, as chegas de bois, as corridas de cavalos, os concursos pecuários, as exposições com as várias espécies pecuárias, com destaque para o cavalo garrano, assumam especial destaque nas festas e mobilizem anualmente grande parte dos agricultores do concelho. Contudo, o presidente da Câmara frisou que “a Feira da Ladra é também um momento de diversão, convívio, entretenimento e, sobretudo, um excelente veículo de promoção regional, factor de chamamento e atractividade de forasteiros e turistas ao concelho de Vieira do Minho”. “Para além de todos estes factores culturais e de entretenimento, a Feira da Ladra continua a ser uma oportunidade de negócio que assume significativa importância para os agentes e operadores comerciais do nosso concelho, uma vez que se espera um volume de negócios na ordem do meio milhar de euros”, conclui o edil.


De 6 e 9 de Outubro, no Parque de Feiras de Exposições

RuralBeja afirma potencialidades do concelho O Parque de Feiras de Exposições de Beja recebe de 6 a 9 de Outubro mais uma edição da RuralBeja, evento organizado pela Câmara de Beja, em parceria com algumas entidades estratégicas para o futuro da região. O certame “promover o desenvolvimento sustentável e integrado da região”. O cante alentejano, o cavalo lusitano, o touro, o regadio, os vinhos e a gastronomia voltam a estar em destaque num certame que pretende afirmar as potencialidades que fazem de Beja um território de excelência e os recursos naturais, promovendo o desenvolvimento sustentável e integrado do concelho. Este ano, o montado merece uma atenção especial e é tratado num simpósio marcado para o dia 7. O certame volta a apostar no espaço “Do sequeiro ao regadio” que será uma mostra de ciência, tecnologia e inovação associadas à agricultura de regadio e de sequeiro. Oficinas temáticas, “workshops”, exposições e “muitas actividades para todos os gostos e idades” são outras ofertas da RuralBeja que vai incluir ainda o Salão do Cavalo, a Vinipax, a Festa Brava, o espaço “Natureza à Mesa”, mostras de artesanato, de aves (Avibeja) e de cães (Canibeja). No espaço da Vinipax poderão ser apreciados os melhores vinhos de algumas das mais emblemáticas regiões vitivinícolas portuguesas, mas também os melhores pratos da gastronomia mediterrânica, na mostra ‘Natureza à Mesa’, e a Festa Brava com diversas actividades de demonstração de toureio a cavalo e pegas. O programa reserva ain-

da oficinas temáticas, demonstrações e workshops, provas e degustações, mostras e exposições. Simpósio Ibérico do Montado na RuralBeja O Simpósio Ibérico do Montado – Beja 2016 é uma iniciativa promovida pela ACOS – Agricultores do Sul e o pelo Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro-Alimentar do Alentejo (CEBAL). O evento realiza-se no dia 7 de Outubro, integra a programação da RuralBeja e dirige-se principalmente aos produtores, agricultores e aos agentes económicos das diferentes fileiras associadas ao montado. A multifuncionalidade do montado como ecossistema agro-silvo-pastoril, será o tema central da iniciativa que incidirá sobre as vertentes florestal, animal e dos recursos silvestres do montado de sobro e de azinho. Considerando a importância do montado para a economia regional e nacional, a ACOS, como associação de

agricultores, associou-se ao CEBAL, um centro privado de investigação científica e de transferência de tecnologia que trabalha em grande proximidade com os agricultores e produtores locais. O objectivo é reunir um painel de especialistas que contribuam para o esclarecimento e informação dos seus associados, parceiros e agricultores em geral. A divulgação de boas práticas na gestão do Montado, o problema do declínio e da sanidade e as mais recentes formas de combate a pragas e doenças, a produção sustentada e a comercialização dos produtos agroalimentares decorrentes do Montado, serão alguns dos temas a abordar. O evento contará com a participação de especialistas reconhecidos de Portugal e de Espanha e inclui ainda a apresentação do ‘Estado da Arte’ no que respeita a projectos de investigação científica e desenvolvimento, numa óptica de transferência de conhecimentos e tecnologias aos produtores e empresários da fileira.

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Até 9 de Outubro, na Praça D. João I, no Porto

‘Francesinha na Baixa’ apresenta mais de 20 versões da popular iguaria tripeira O grande ícone da gastronomia tripeira está em destaque na Baixa do Porto. A Praça D. João I recebe a quinta edição de ‘Francesinha na Baixa’, um dos mais populares festivais gastronómicos da agenda portuense. Até 9 de Outubro, cinco conceituadas cervejarias portuenses confeccionam mais de 20 propostas de francesinha, desde as mais tradicionais às mais arrojadas. Café Santiago, Capa Negra, Cufra e Porto Beer repetem-se nestas andanças, sendo Madureira’s uma absoluta estreia. E entre o cardápio possível, francesinha à antiga, confeccionada com pão biju, francesinha sevilhana, francesinhas de carnes brancas, com bife, vegetariana, de mar, entre outras. E porque falamos de um evento cervejeiro, as harmonizações terão Super Bock Original, Super Bock Stout e a coleção de cervejas especiais Selecção 1927 da Super Bock (Czech Golden Lager, Munich Dunkel, Bengal Amber IPA e Bavaria Weiss). ‘Francesinha na Baixa’ desafia ainda chefes de cozinha a reinterpretar aquela que é já considerada uma das melhores sanduíches do mundo. Pedro Moura

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Bessa (Porto) protagoniza o primeiro show cooking do evento, no dia 30 de Setembro. António Vieira (Wish, Porto) apresenta-se no dia 1 de Outubro, sábado; Álvaro Mendes (Cor de Tangerina, Guimarães) assume a cozinha no dia 7 de Outubro, sexta-feira; e, por fim, Luís Américo (Cantina 32 / Puro 4050, Porto) fecha o ciclo de apresentações no dia 8 de Outubro. As propostas serão especialmente pensadas para harmonizar com as cervejas Super Bock, explicadas por quem melhor as conhece: a Beer Sommelier, Beatriz Carvalho. ‘Francesinha na Baixa’ inaugurou a 29 de Setembro. Nos restantes dias funcionará em permanência entre o meio-dia e a meia-noite. A entrada tem um custo de três euros por pessoa, com oferta de uma cerveja Super Bock Original. De segunda a sexta-feira, das 12 às 17horas, a entrada será gratuita. As crianças até aos 12 anos têm também entrada livre, sendo que o evento tem disponíveis menus infantis. ‘Francesinha na Baixa’ integra os “Encontros de Gastronomia” promovidos pela Super Bock com produção da EV-Essência do Vinho.


No primeiro e segundo fins-de-semana de Outubro

Rota promove cabrito e gastronomia de Sever do Vouga Vai decorrer nos dois primeiros fins-de-semana de Outubro a V Rota do Cabrito, uma iniciativa da Câmara de Sever do Vouga que conta com a adesão de 16 restaurantes do concelho. A realização deste evento gastronómico resulta da avalização que o município levou a cabo das anteriores edições, que foi “fracamente positiva”, segundo os empresários da restauração local. A Câmara de Sever do Vouga realça a importância desta iniciativa para dinamização da economia local, desafiando os vários parceiros locais para a valorização de um produto endógeno do concelho de grande qualidade, que é o cabrito assado no forno, bem como de outras variantes, contribuindo assim para a manutenção desta tradição na gastronomia local, ao mesmo tempo que reforça a identidade cultural e territorial do concelho. À Gazeta Rural, o presidente da Câmara de Sever do Vouga destacou a importância do cabrito na gastronomia local, numa iniciativa que visa também incentivar os produtores de caprinos, mas também a restauração do concelho.

Gazeta Rural (GR): Qual o objectivo da realização da Rota do Cabrito? António Coutinho (AC): A realização da Rota tem o mesmo objectivo de outros eventos de cariz gastronómico que promovemos ao longo do ano e que reforçam a nossa oferta turística, como a Rota da Lampreia e da Vitela. O cabrito é um produto gastronómico importante no concelho de Sever do Vouga e na região e, portanto, é uma forma da valorizarmos a nossa gastronomia e atrairmos mais turistas ao concelho. GR: Esta Rota pretende retomar a tradição e o peso que o cabrito tinha na gastronomia de Sever? AC: Sever do Vouga foi em tempos

uma região de produção de cabrito e hoje ainda há muita gente a dedicar-se à criação de gado caprino, com rebanhos mais pequenos. Sendo Sever do Vouga uma região de montanha, o cabrito sempre foi um produto que entrou na nossa gastronomia tradicional. Esta Rota é uma forma de revitalizar a aposta neste produto regional, porque o mesmo tem ainda um grande peso na nossa alimentação. Não sendo uma aposta num grande crescimento, o que pretendemos é, em primeiro lugar, incentivar quem ainda se dedica à produção do cabrito, mas também um conjunto de outras actividades relacionadas, como a restauração e a hotelaria, tudo à volta de um evento que atrai muita gente e que valoriza também o comércio local.

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Nove dias dedicados às tradições rurais e à dinamização económica

Festa das Adiafas e Festival Nacional do Vinho Leve voltam a animar o Cadaval Com o final das colheitas, em particular da reconhecida pera “Rocha do Oeste”, regressa ao Cadaval a tradicional Festa das Adiafas, certame que volta a reunir, de 8 a 16 de Outubro, gastronomia, espectáculos, exposições, colóquios e actividades equestres. De braço dado com o anual evento, decorre o XV Festival Nacional do Vinho Leve – único do país dedicado a esta apreciada bebida de baixo teor alcoólico. O pavilhão municipal, situado junto ao campo da feira do Cadaval, volta a acolher um certame, onde a homenagem às ancestrais tradições rurais se funde com a divulgação e dinamização da actividade económica, nas suas mais diversas valências. O termo “adiafa” significa, precisamente, o tradicional banquete que os antigos proprietários vinhateiros ofereciam, em tempos remotos, aos seus trabalhadores no fim de cada ano de campanha, pretendendo festejar o final das colheitas ou agraciar o ano agrícola. A passagem para o plural do termo, em 2002, por parte do município, destinou-se a abarcar a celebração de outras “adiafas”, nomeadamente a da colheita frutícola, a par das restantes vertentes da economia local. O âmbito do certame cresceu, sendo que, anualmente, são muitos os participantes empenhados em mostrar a sua oferta produtiva. Os pavilhões de ar10

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tesanato e de actividades económicas oferecem, anualmente, exposições de um leque variado de produtos artesanais, bem como de representações do tecido empresarial e institucional. A fruticultura e a vitivinicultura continuam, porém, a ser os pilares fundamentais desta peculiar festa, sendo especialmente representadas pela Pera Rocha do Oeste e pelo Vinho Leve da Região de Lisboa, dos quais o Cadaval é um exímio representante, na óptica da produção, comercialização e exportação. Na área vitivinícola, a “Festa das Adiafas” contempla o designado “Festival Nacional do Vinho Leve”, que conta com a participação anual de diversas adegas da região, com prova e venda das respectivas gamas de Vinho Leve – bebida de baixo teor alcoólico, frutada e muito apreciada dentro e fora de portas. A este nível, destaque-se a cerimónia de entrega dos prémios do Concurso de Vinhos Leves da Região de Lisboa, que este ano atinge a sexta edição, numa parceria da Câmara do Cadaval com a Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa (CVRL), agendada para domingo, 9 de Outubro, pelas 21,30 horas.

Economia rural debatida em três espaços de conversa O sector produtivo estará patente

não só ao nível da já referida vertente exposicional, mas também através de colóquios sobre temáticas de utilidade agrícola e de promoção da economia rural, a decorrerem no recinto da feira. Nesse sentido, realiza-se dia 9, pelas 18 horas, o Colóquio “Vinho e Saúde”, numa organização da CVRL. Segunda-feira, dia 10, pelas 17 horas, a festa acolhe o Workshop “Agricultura e Desenvolvimento Rural”, com a presença da Secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Margarida Marques. Por último, na quinta-feira, dia 13, pelas 17 horas, acontece a Conferência “Inspecção Obrigatória de Pulverizadores”. O pavilhão de gastronomia e animação contará, uma vez mais, com a presença de vários espaços de restauração, dinamizados por associações locais que incluirão, nas suas ementas, diversos pratos típicos, onde até o ingrediente “Pera Rocha do Oeste” costuma integrar algumas das iguarias presentes. A animação do evento, que conta com organização do Município do Cadaval, incluirá ainda a realização do XII Fim-de-semana Equestre, III Rota das Adiafas (passeio todo-o-terreno), Prova de Santo Huberto (caça) e Largada de Vitelos.


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De 3 a 7 Outubro, em Bragança

Mountains 2016 debate desenvolvimento sustentável das áreas de montanha Mountains 2016 é um evento dirigido ao desenvolvimento sustentável das áreas de montanha na Europa e no Mundo com base na ciência, no conhecimento e na inovação. Irá reunir cerca de 350 cientistas, decisores e atores dos espaços de montanha provenientes de todas as regiões do planeta para partilharem soluções promotoras de desenvolvimento sustentável, local e globalmente. Mountains 2016 integra dois eventos distintos: a X Convenção Europeia da Montanha (EMC 2016) e a I Conferência Internacional sobre Investigação e Desenvolvimento Sustentável em Regiões de Montanha. A EMC 2016 é organizada bianualmente pela Euromontana em diferentes regiões da Europa e em colaboração com uma das 75 organizações que a integram. Este ano a Convenção Europeia da Montanha será dedicada às alterações climáticas tendo como objectivo definir soluções de adaptação e de mitigação dos efeitos das alterações climáticas ao nível de sectores da actividade económica como a agricultura, energia, água, transportes e turismo, entre outros. Ao longo dos dois dias de trabalhos da EMC estarão presentes, Célia Ramos, secretária de Estado da Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, que apresentará e discutirá adaptações às alterações climáticas com um conjunto de individualidades do espaço europeu, nomeadamente Gérard Viatte, antigo director de agricultura da OECD e antigo consultor especial da FAO; Mer-

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cedes Bresso, membro do Parlamento Europeu e presidente do inter-grupo RUMRA (Rural, Mountain and Remote Areas); Iliana Iotova, membro do Parlamento Europeu, ou Henri Malosse, antigo presidente do Comité Económico e Social Europeu, entre muitos outros. Haverá ainda seis workshopts dedicados às adaptações em diferentes sectores da actividade económica e uma mesa redonda com a participação de representantes políticos de regiões de montanha da Noruega, França, Espanha e Portugal. Américo Pereira, presidente da CIM-TTM, será o representante de Portugal. No final da X Convenção Europeia da Montanha será apresentada a Declaração de Bragança: Mountains’ vulnerability to climate change: how can people and territories adapt and mitigate its effects? A I Conferência Internacional sobre Investigação e Desenvolvimento Sustentável em Regiões de Montanha é um evento científico dirigido à partilha e discussão de métodos, ferramentas, resultados e aplicações de investigação em sistemas de montanha bem e análise de tendências e desafios na gestão destes sistemas. Serão apresentados 200 trabalhos científicos da autoria de investigadores de cinco continentes. Haverá quatro sessões plenárias a cargo de investigadores notáveis como Julia Klein da Colorado State University, Estados Unidos da América; Martin F. Price, detentor da Cátedra em Desenvolvimento Sustentado de Montanhas da UNESCO na

Universidade de Highlands and Islands, Escócia; Georg Gratzer, da Universidade de Recursos Naturais e Ciências da Vida (BOKU), Viena, Áustria, e Harald Bugmann, ETH Zurich – Instituto de Ecossistemas Terrestres de Zurique, Suíça. Embora internacional, esta conferência destaca a investigação de montanha no espaço da Lusofonia. Terá por isso uma forte participação de investigadores do Brasil, nomeadamente da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), co-organizadora da conferência, mas também de países africanos de língua portuguesa. Neste evento será lançada e discutida a LuMont, rede de investigação de montanha da Lusofonia numa sessão com a presença de Manuel Heitor, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal, e de Pedro Machado, Coordenador da Embrapa na Europa, entre outros. Mountains 2016 é organizado pelo Centro de Investigação de Montanha (CIMO) e Instituto Politécnico de Bragança (IPB), com a Associação Europeia da Montanha (Euromontana), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Cátedra da UNESCO em Desenvolvimento Sustentável de Montanhas e a Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID), com o apoio da Câmara de Bragança. Participam ainda a Associação de Jovens Agricultores de Portugal (AJAP), o Crescente Fértil e as organizações internacionais Mountain Partnership (FAO) e Mountain Research Initiative (MRI), entre outras organizações.


Com capacidade de frio para 20 toneladas de Maçã Bravo de Esmolfe

Casa do Agricultor de Penalva do Castelo arranca no início de 2017

A Câmara de Penalva do Castelo vai oferecer aos produtores de maçã do concelho uma estrutura com capacidade de frio onde estes possam colocar a sua produção, sem necessidade de venda imediata. A Casa do Agricultor terá capacidade de frio para 20 toneladas de maçã, mas será também um posto de venda para todos os produtos do concelho, como a maçã, o vinho, o queijo, os enchidos e outros. À Gazeta Rural o presidente da Câmara de Penalva adiantou que esta será a “grande novidade” da XXI Feira da Maçã Bravo de Esmolfe, marcada para 16 de Outubro. Francisco Carvalho revelou também que há uma quebra de produção de maçã no concelho, que rondará os 25%.

Gazeta Rural (GR): Que Festa da Maçã teremos este ano? Francisco Carvalho (FC): Vai realizar-se nos mesmos moldes das edições anteriores, uma vez que, consideramos, correu bem em 2015. Teremos cerca de 30 produtores de maçã, para além de exposição de vinhos, queijos e outros produtos do concelho. Vamos ter as associações representadas com os seus produtos e artesanato, o já tradicional concurso da “Delicia de maçã Bravo de Esmolfe” e muita animação com o Ruizinho de Penacova. O concurso “Delícia de maçã Bravo de Esmolfe” vai na segunda edição. No ano anterior o doce que venceu a edição de 2015 é já o mais procurado na pastelaria e tem sido um sucesso, ao mesmo tempo que promovem a maçã Bravo de Esmolfe. Este ano o concurso será em moldes diferentes, decorrerá no dia anterior, com os doces vencedores a estarem expostos na feira. GR: Vai haver novidades? FC: Penso que está tudo conjugado para ser anunciado neste certame a construção da prometida câmara frigorífica para os nossos agricultores ali alojarem a maçã que produzem, desde a colheita até que a mesma se esgote, ficando os custos associados suportados pela autarquia. É uma maneira de subsidiarmos directamente os nossos agricultores. Esta estrutura ficará instalada na Zona Industrial de Esmolfe e será composta por um pavilhão, com câmaras de frio e um posto de venda de maçã, bem como de outros produtos endógenos do concelho. Fizemos uma candidatura ao FEDER, o projecto está pronto e penso que as obras arrancarão no início do próximo ano. Esta será a grande novidade da Feira deste ano. GR: Qual será a capacidade de armazenamento? FC: Terá capacidade para 20 toneladas de frio. Porém, se os agricultores entenderem que não chega, sem fugirmos ao or-

çamento da obra, ampliaremos o espaço. A produção total de maçã no concelho ronda as 50 toneladas, mas há produtores que entregam a sua maçã nas Cooperativas de Mangualde e Viseu. O que pretendemos com esta estrutura é que a produção de maçã Bravo de Esmolfe do concelho fique armazenada na sua terra. Assim, quem comprar maçã no posto de venda sabe que a mesma tem a sua origem na terra que lhe deu nome. GR: Esta estrutura irá trazer benefícios aos agricultores, que assim não terão que vender a maçã após a colheita? FC: Dou-lhe um exemplo. A maçã vai ser comercializada na Feira a 50 cêntimos. Guardada no frio em Outubro e se a venda se fizer em Janeiro ou Fevereiro o preço subirá para próximo de 1,50 euros. Significa isto que há um valor acrescentado de 80 ou 90 cêntimos que fica nos nossos produtores. GR: Qual o investimento estimado? FC: A Casa do Agricultor, como se chamará, será um investimento de cerca de 300 mil euros. Será uma estrutura que terá câmaras de frio e um posto de venda de todos os produtos do concelho. GR: Como está a produção este ano? FC: A informação que tenho é que há uma quebra de cerca de 25%, mas até à colheita tudo pode acontecer e a quebra pode ser menor. Porém, a garantia é que na Feira haverá maçã de qualidade. GR: Em relação ao vinho? FC: Houve um momento em que houve algum desânimo nos nossos produtores, mas aquilo que tenho auscultado junto dos nossos agricultores é que a produção será próxima da de 2015, com a melhoria da qualidade. www.gazetarural.com

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Revela Jorge Augusto, produtor com a marca “Bem Boa”

Quebra de produção de maçã “resulta em milhões de euros de prejuízo” A quebra de produção de maçã na região do Douro Sul está deixar os produtores da região preocupados. A maçã que chega ao consumidor está mais cara, mas esse facto não compensa as perdas que Jorge Augusto, produtor na região de Armamar e Moimenta da Beira com a marca “Bem Boa”, estima serem de “milhões de euros de prejuízo”. O produtor diz que as quebras de produção andam entre os 30 e os 40%, resultante dos efeitos das alterações climáticas verificadas na altura da floração, mas também do calor do verão e do pedrado que afectou muitos pomares.

Gazeta Rural (GR): Há uma quebra de produção grande? Jorge Augusto (JA): Na minha produção, e nos produtores que trabalham com a nossa empresa, haverá uma quebra de produção a rondar os 30 a 40%, bem mais do que era expectável. A floração começou por ser muito boa, mas a seguir tivemos três meses em que choveu semana sim semana não e não vingou. Para além da chuva, houve a questão do pedrado. Há muita maçã, mas quando começa a apanha muita é rejeitada, justificando a quebra tão grande que se está a verificar. GR: A vaga de calor também se reflectiu na maçã? JA: Nos pomares que não tiveram acesso a água reflectiu-se bastante, o que fez com que a maçã não se desenvolvesse e não cresceu como devia. Nos pomares com água a macieira sofreu menos, mas para compensar isso há produtos que minimizam os efeitos do calor. No entanto, o excesso de calor fez com que os calibres fossem menores, o que também se reflecte no volume total da produção. GR: Esta quebra vai reflectir-se

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no preço final? JA: O preço da maçã já está mais alto no consumidor, compensando de algum modo essas quebras. É, contudo, um prejuízo enorme para os agricultores, porque o aumento do preço no consumidor não compensa a quebra de quantidade de maçã que vai para o mercado, o que significa, para a região, um prejuízo de muitos milhões de euros. GR: O ano passado exportou maçã para o Brasil e para o Sudão. E este ano? JA: Até ao momento não tem havido muita procura de maçã para exportação, porque o fruto estava um pouco atrasado. A Royal Gala normalmente começa a ser apanhada na segunda quinzena de Agosto e este ano começou em Setembro, o que aconteceu também com outras variedades mais temporãs. Este talvez seja um indicativo da pouca procura de maçã para exportar, até agora. O que, de algum modo, nos ajuda é que na região do Oeste também há atrasos e quebras e muita da maçã que comercializam vai da nossa região, o que é bom para nós, pois ajuda-nos a escoar grande parte da nossa produção.


Unidade móvel percorre a região

Associação de Fruticultores Beira Távora tem Centro

de Inspecção de Pulverizadores

A Associação de Fruticultores Beira Távora (AFBT), sedeada em Moimenta da Beira, tem um Centro de Inspecção de Pulverizadores, com selo de garantia da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária, que cumpre o estabelecido no decreto nº 86 de 2010. A unidade móvel percorrerá toda a região, oferecendo um novo serviços não só aos sócios daquela Associação, mas também a todos os agricultores. O presidente da AFBT destaca a importância deste novo serviço para a melhoria da qualidade da maçã produzida na região, mas também de outros produtos. Humberto Matos, à Gazeta Rural, aponta as alterações climáticas como responsáveis pela quebra na produção de maçã na região, que deverá rondar os 35%.

Gazeta Rural (GR): Que importância tem este centro de inspecção? Humberto Matos (HM): Para a Associação o CIPP Douro e Távora, assim foi designado este centro, cumpre o desiderato das normas europeias. Somos o último país da União Europeia a aplicar este normativo. O Ministério da Agricultura decidiu, com o decreto nº 86 de 2010, decretar aquilo que é a obrigação de um país membro da União Europeia. Cada vez mais a Europa está preocupada com as questões ambientais e a saúde pública. Houve uma série de normas europeias que apertaram o cerco e impuseram regras que têm a ver com a nossa alimentação. Um delas, para além da formação profissional aos aplicadores de produtos fitofármacos, caiu ultimamente para ser executada. A vantagem que este centro tem para a Associação é, em primeiro lugar, prestar um novo serviço aos nossos associados, bem como aos agricultores de toda a região. Se passamos a vida a dizer que temos a melhor maçã e os melhores fruticultores do país, naturalmente que nisso se incluem as boas práticas, neste caso que os equipamentos de aplicação cumpram as normas. Os pulverizadores têm que ser inspeccionados e calibrados e tem que ser feita a sua manutenção. Isto trás vantagens para os agricultores, nomeadamente nos processos de certificação, mas também na melhoria da qualidade das produções.

GR: Essa inspecção é feita no local? HM: Somos um Centro de Inspecção Móvel que vai ao encontro dos agricultores da região. Outra coisa não se justificaria numa região tão vasta, como o Dão e o Douro Sul. É impossível um agricultor de S. João da Pesqueira trazer os seus equipamentos a Moimenta da Beira para serem inspeccionados. O que fazemos aqui é replicar o que se faz na Europa. A nossa viatura, devidamente equipada e com técnicos credenciados, vai aos locais fazer inspecções. Agrupam-se os agricultores nesse local, que estão pré-inscritos, e é feita ali a inspecção aos equipamentos.

Quebra de produção na região GR: Como está a produção de maçã na região? HM: Há uma quebra de produção no norte e Douro Sul, fruto das alterações climáticas, que deve rondar os 35%. Lembro que não tivemos frio no inverno, para que as plantas pudessem entrar em ciclo. O frio veio atrasado, a que se juntaram as chuvas de Abril e Maio, o que comprometeu a floração da macieira. Logo, se houve uma quebra na floração esta reflecte-se na produção. Depois, o verão quente, seco e muito prolongado prejudicou o vingamento do fruto. Este ano não nos queixamos das geadas e ainda não nos queixámos da queda de granizo.

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Em Vinhais, de 21 a 23 de Outubro

Festa da Castanha é cada vez mais uma mostra do mundo rural O Município de Vinhais promove de 21 a 23 de Outubro mais uma edição da Rural Castanea - a Festa da Castanha, que “é cada vez mais uma mostra do mundo rural”, como adiantou à Gazeta Rural Carla Alves, a responsável pela organização do certame. O castanheiro, a castanha e o agroalimentar a ela associada são o mote para esta iniciativa que atrai muito milhares de pessoas ao nordeste transmontano. Aliás, Carla Alves diz mesmo que é já um evento que “atrai quase tanta gente quanto a Feira do Fumeiro”, que se realiza em Fevereiro de cada ano.

Gazeta Rural (GR): O que já se pode adiantar em relação à Festa da Castanha deste ano? Carla Alves (CA): É uma feira cada vez mais vocacionada para o mundo rural e para a temática da castanha e do castanheiro. É um certame que aposta em tudo o que diz respeito à plantação dos soutos e por isso mesmo, tal como o ano passado, teremos um grande pavilhão temático do castanheiro, este ano será reforçado com mais empresas do sector, desde dos fitofármacos, a adubos, a viveiristas, empresas que trabalham nas doenças do castanheiro, na rega, bem como nos equipamentos agrícolas vocacionados para trabalhar nos soutos. 16

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O que pretendemos é ter um pavilhão temático onde todas as questões relacionadas com a produção de castanha sejam abordadas, até à vertente turística dos soutos. Nesse pavilhão decorrerão durantes dois dias as Jornadas do Castanheiro, o grande enfoque da feira. Haverá também um pavilhão agroalimentar, onde haverá castanha boa e em quantidade, assim esperamos, bem como expositores de produtos de outono e outros relacionados com a castanha, nomeadamente a doçaria associada. O castanheiro e o agroalimentar da castanha são os dois grandes temas desta feira, mas também por ser uma feira rural, tal como na edição anterior, vamos ter uma exposição de animais autóctones regionais, a que este ano associamos um concurso de animais, nomeadamente o concurso da cabra preta de Montesinho. É também uma feira onde não faltam os cavalos, com o Centro Hípico insta-

lado sempre a funcionar, com passeios e aulas de equitação para quem o pretender, para além de uma demonstração equestre marcada para o sábado à tarde. Outro atractivo adicional, e não menos importante, é o maior assador do mundo, que estará sempre a oferecer castanha assada a quem por lá passar. A juntar a tudo isto haverá muita animação, numa festa descontraída e muito rural, o que tem atraído cada vez mais visitantes. O ano passado o número de pessoas que passou pela feira foi praticamente idêntica à feira do fumeiro. GR: Como está a produção de castanha este ano? CA: Esse é, diria, um assunto tabu, pois nesta altura a castanha ainda não começou a cair e, por isso, ainda é cedo para perceber como vai ser a produção. Esperamos que até lá ainda caia alguma chuva que pode ajudar a melhorar a qualidade da castanha.


Roteiro com importadores estrangeiros incluiu visitas a diversos centros históricos

Lusovini mostrou relação do vinho português com arte e património A distribuidora Lusovini, com empresas em vários países lusófonos e na Ásia, pretende fidelizar clientes estrangeiros e potenciar o aumento das exportações através da relação do vinho com a arte e o património português. A empresa sediada em Nelas, distrito de Viseu, proporcionou uma viagem a um grupo de cerca de duas dezenas de importadores estrangeiros pelas principais regiões vitícolas portuguesas. “O objectivo foi dar um toque diferente à visita dos clientes que temos no estrangeiro, trazê-los a ver as vinhas e provar os vinhos, mas também mostrar um pouco da nossa cultura e isso foi bem aceite e apreciado por todos”, disse o administrador José Campos. Este responsável salientou que a iniciativa é um prémio pelo desempenho que os clientes tiveram no passado e que se espera no futuro se venha a traduzir em mais crescimento das vendas”. Segundo José Campos, “o objectivo é fidelizar os clientes e mostrar que aquilo que compram e vendem nos seus países tem uma sustentabilidade”. “Muitas vezes a dificuldade destas pessoas é transmitir a realidade onde se produz, as vinhas, de onde sai o vinho, qual a origem e é mais fácil vender um produto quando conhecemos tudo o que está por trás”, frisou. A avaliar pela reacção de alguns dos empresários da comitiva, constituída por brasileiros, angolanos, moçambicanos, chineses e americanos, a iniciativa pode dar frutos no aumento das vendas

internacionais da Lusovini, que pretende, dentro em breve, atingir uma quota de 70 por cento de exportações no seu volume de transacções. Filipe Martins, sócio-gerente da Wine Lovers, no centro de Maputo, em Moçambique, que comercializa anualmente mais de cinco mil garrafas de vinho português, considera que “esta compreensão vai permitir vender e explicar melhor as características e a proveniência dos vinhos”. “Ao compreendermos melhor as características e a proveniência dos vinhos que comercializamos faz com que possamos transmitir informação de forma mais interessante aos nossos clientes, com outro tipo de conhecimento, e acredito que isso se reflicta no aumento das vendas”, salientou. Vinda do outro lado do Atlântico, a brasileira Rosélia de Araújo, gerente de um estabelecimento comercial em Campinas, no interior do Estado de São Paulo, também considera que para comercializar qualquer tipo de produto precisa de conhecer o que está a vender. O estabelecimento que administra é considerado uma referência em venda de vinhos portugueses no Brasil, com três a quatro mil garrafas vendidas por mês, mas o potencial de crescimento é, segundo Rosélia de Araújo, superior a 40% relativamente às vendas atuais. “Conhecendo os vinhos, levo para o Brasil a oportunidade de lançar e aumentar a gama de produtos que estão saindo na Lusovini e estamos abertos

a comercializar tudo aquilo que tem de novidade no mercado de Portugal”, sublinhou. Em Angola, nem a crise económica e financeira parece afectar o consumo de vinhos portugueses, como refere Victor Calumga, estabelecido em Luanda, que aponta como maior problema as dificuldades na importação. O empresário explica que o consumo não baixou e mostra muitas potencialidades de crescimento, mas que actualmente “não se consegue importar e fazer o expatriamento do capital” devido à falta de divisas. “Há dois anos que temos uma dificuldade que é a desvalorização da moeda, fruto da baixa do petróleo”, refere Victor Calumga, que anualmente factura cerca de 2,5 milhões de euros em bebidas, dos quais 80% se referem à venda de vinhos portugueses. A visita promovida pela Lusovin, acrescenta, “fideliza e compromete mais o parceiro e é algo de diferente que os outros operadores no mercado não fazem”. Para o empresário, a iniciativa gera uma maior identificação com todos os produtos da Lusovini e “uma responsabilidade de, nesta fase, trabalhar com as pessoas que nos sabem valorizar”. Este roteiro, promovido pela distribuidora de Nelas, incluiu visitas aos centros históricos de Lisboa, Porto e Évora, ao Museu da Tapeçaria em Portalegre, ao Museu Nacional Machado de Castro em Coimbra e ao Museu Grão Vasco em Viseu. www.gazetarural.com

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Mais de 25 mil “vindimaram” em Viseu

Festa das Vindimas do Dão conquistou “lugar” no cartaz nacional Cerca de 25 mil pessoas participaram da Festa das Vindimas de Viseu, nos diversos eventos realizados, no vaivém enocultural entre o Centro Histórico e as quintas do Dão que se associaram à iniciativa. Na terceira edição, também a Meia-Maratona do Dão alcançou um número recorde de participantes, 8400 correram ou caminharam na Cidade de Viseu. Para o presidente da Câmara de Viseu,

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Almeida Henriques, “a elevada adesão alcançada é a melhor confirmação do estatuto e do potencial de Viseu como cidade vinhateira do Dão”. “A Festa das Vindimas de Viseu conquistou um lugar indelével no cartaz nacional de eventos enoturísticos”, sublinha Almeida Henriques, que destaca ainda “o excelente comportamento da procura turística da cidade”, atendendo a que a generalidade das unidades

hoteleiras da cidade registou taxas de ocupação superiores ao habitual. Ainda em jeito de balanço, a entidade organizadora, a Viseu Marca, sublinha o importante contributo conferido pela Festa das Vindimas à promoção e notoriedade das marcas e quintas produtoras de vinho da região. “A Festa das Vindimas é uma mola promocional da economia vitivinícola, turística e cultural de Viseu”, afirma a organização. Para a Viseu Marca, “para além da elevada adesão de participantes e visitantes, deve destacar-se ainda a elevada exposição pública do destino Viseu”. No último dia da Festa das Vindimas, os 33 instagramers convidados do “Instameet Viseu” já tinham publicado 250 imagens da cidade e das vindimas, com mais de 70 mil interacções. Por outro lado, a Viseu Marca destaca ainda “o carácter inovador e simultaneamente autêntico da programação do evento, feita dos empreendedores, talentos e nomes de Viseu, cidade e região”. “Esta marca de identidade constitui a singularidade do festival”. Integraram a programação do evento 30 artistas, enólogos e chefs da região. A Festa das Vindimas de Viseu regressará em 2017, avança o Município de Viseu e a Viseu Marca.


Passaram de 125 para 90 nos últimos 20 anos

Cooperativas vitivinícolas são menos e mais competitivas As adegas cooperativas em Portugal passaram de 125 para 90 nos últimos 20 anos, por problemas financeiros com a abertura dos mercados, mas as que se mantêm reestruturaram-se e são hoje bem-sucedidas a exportar para todo o mundo. De acordo com Federação Nacional das Adegas Cooperativas de Portugal (FENADEGAS), no início da década de 90 do século passado, quando eram as únicas a comercializar vinhos, existiam 125 adegas e hoje são 90. “Na década de 90, com a abertura dos mercados e a importação de bebidas, muitas deixaram de ser viáveis economicamente e fecharam ou tiveram de se agregar”, justificou a secretária-geral da FENADEGAS, Teresa Mata, para quem “a evolução do sector teria de levar ao encerramento de algumas adegas”. As que se mantêm tiveram de contratar técnicos qualificados, reestruturar-se do ponto de vista tecnológico, apostar na qualidade e certificação dos seus vinhos e alterar as suas estratégias de

mercado para serem competitivas. São os casos das adegas de São Mamede da Ventosa (Torres Vedras), a maior adega do país em volume de produção, e do Cadaval, que já começaram a receber as primeiras uvas das vindimas deste ano. “Há 20 anos vendíamos todo o vinho a granel e não tínhamos marcas próprias. Tivemos de criar marcas, ‘marketing’ e tivemos de investir na modernização tecnológica, não só na parte de vinificação, mas também no engarrafamento, para conseguirmos pôr no mercado um produto de qualidade”, afirmou Luís Santos, presidente da Adega Cooperativa de São Mamede da Ventosa. Por outro lado, explicou, há 20 anos a adega vendia grande parte dos vinhos no mercado nacional, enquanto hoje 95% da produção vai para exportação. “Hoje temos mais máquinas e outros mercados para conseguirmos sobreviver”, afirmou Leopoldo Neves, presidente da Adega Cooperativa do

Cadaval, que apostou ainda em vinhos regionais, de Denominação de Origem Controlada (DOC) e reservas. A Adega Cooperativa de São Mamede da Ventosa tinha em 1995 um volume de negócios de 4,5 milhões de euros, recebia 14 toneladas de uvas para transformar em vinhos e, dessa produção, 14% era exportada. Passados 20 anos, factura 13 milhões de euros, tem uma produção de 27 mil toneladas e exporta 95% dos seus vinhos para mercados como China, Rússia e Estados Unidos da América. A Adega Cooperativa do Cadaval baixou o seu volume de negócios de 3,5 para 3 milhões de euros e a produção de oito para cerca de cinco toneladas, uma redução justificada pela redução da área de vinha e de vitivinicultores naquele concelho. Ao contrário do que acontecia há 20 anos, a cooperativa exporta parte da sua produção para países como a China, Estados Unidos da América, Canadá e Brasil.

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Numa iniciativa da Rede de Museus Portugueses do Vinho

II Encontro Nacional de Museus do Vinho marcado para Novembro Está marcado para os dias 10 e 11 de Novembro o II Encontro Nacional de Museus do Vinho, ainda sem local marcado. Esta foi uma das decisões do grupo de trabalho da Rede de Museus Portugueses do Vinho que reuniu no Museu do Vinho Bairrada, em Anadia. Este grupo de trabalho é coordenado pelo Museu do Vinho de Alcobaça, do qual fazem parte além do Museu de Alcobaça, a Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV), o Museu do Douro, Museu do Vinho da Bairrada, Museu do Vinho de Bucelas, Museu do Vinho Verde Alvarinho de Monção, Museu do Vinho de Alenquer, Quinta/Museu do Sanguinhal e Centro Interpretativo do Vinho Verde de Ponte Lima. Na mesma reunião ficou decidido que a próxima reunião do grupo de trabalho ocorrerá no dia 9 de Novembro, no Museu do Douro, para aprovação do Plano se Actividades para o ano de 2017. A Rede de Museus Portugueses do Vinho é um projecto impulsionado pela AMPV e que surgiu com o intuito de valorizar e promover os espaços museológicos ligados ao vinho e à sua cultura, através da criação de uma dinâmica própria de cooperação.

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Fileira é hoje uma “âncora” para a economia local

Ourique afirma-se como ‘capital do porco alentejano’

Alarmado pelo “risco” de extinção que pairava sobre o porco alentejano, o concelho de Ourique apostou na promoção e afirmou-se ‘capital’ da raça, cuja fileira é hoje uma “âncora e desenvolvimento importante” para a economia local. “É indiscutível que é uma âncora de desenvolvimento importante para a economia local e com impactos na afirmação de um mundo rural, que nem sempre tem tido a atenção necessária do poder central”, diz Pedro do Carmo, que liderou o município entre 2005 e 2015 e lançou a estratégia de promoção da raça e de afirmação de Ourique, no distrito de Beja, como ‘capital do porco alentejano’. O actual presidente da Câmara, Marcelo Guerreiro, também considera que a fileira do porco de raça alentejana, conhecido como porco alentejano ou preto, é “muito importante” para o concelho e, por ter actividades que abrangem os três sectores da economia, “é um dos maiores motores de criação de valor acrescentado, riqueza e postos de trabalho”. A fileira, que é “uma âncora fundamental da estratégia de desenvolvimento do município e um factor de atractividade económica e fixação de população”, 22

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abrange o sector primário, através da produção de porco alentejano, o secundário, com a transformação da carne, e o terciário, com a prestação de serviços e da comercialização da carne e de produtos derivados, explica. Segundo a Associação de Criadores de Porco Alentejano (ACPA), sediada em Ourique, no concelho há 45 explorações que produzem porcos da raça, que são reconhecidos pela pele preta, pela cabeça comprida, pelas orelhas pequenas e pelo sabor suculento da carne. São criados no montado de azinheiras e sobreiros, ecossistema típico do Alentejo, onde pastam livremente, alimentando-se de quase tudo o que natureza oferece, sobretudo de bolotas, ervas e bichos. No mesmo concelho, também há três empresas que transformam a carne em produtos derivados e são, frisa a ACPA, “uma importante fonte” de escoamento da matéria-prima e de empregabilidade. A maior empresa, a Montaraz, instalada na localidade de Garvão, já investiu dois milhões de euros, desde que começou a funcionar, em 2007, tem 48 trabalhadores e assegura ser “um dos maiores empregadores privados do concelho e uma das principais unidades de transformação de porco preto a operar em

Portugal”. Afirmando ser “a empresa que efectua mais abates semanais de porco preto alentejano em Portugal”, a Montaraz produz presuntos, paletas, enchidos e carne fresca em cuvete, para o mercado nacional, e ultracongelada, para exportação, segundo informações da própria empresa. Cerca de 80 por cento da produção é comercializada em Portugal e o resto exportado, sobretudo para Brasil, China, Macau e Hong Kong, refere a empresa, que, em 2015, teve um volume de vendas de 3,7 milhões de euros e está a ampliar a fábrica, o que permitirá aumentar a produção de presuntos e paletas e criar “mais alguns postos de trabalho”. Actual deputado do PS por Beja, Pedro do Carmo conta que a “aposta” na promoção do porco alentejano “nasceu” em 2006 da “vontade” do município em “desenvolver uma estratégia que promovesse a raça, defendesse o mundo rural e pudesse criar riqueza”. Pedro do Carmo lembra que a raça corria o risco de se tornar “muito ameaçada” caso não se tomassem medidas, já que havia muitos produtores a abandonar o sector e o efectivo reprodutor a diminuir devido à “forte quebra” da rentabilidade da actividade. “O conhecimento da realidade da minha terra e o risco fizeram tocar a campainha do alarme: era preciso transformar um problema numa oportunidade de afirmação” e, assim, “nasceu a ideia diferenciadora” e a afirmação de “Ourique, capital do porco alentejano” para promover a fileira e a “qualidade2 da carne da raça e dos produtos derivados, salienta. Pedro do Carmo aponta, entre as potencialidades da fileira, os postos de trabalho criados nas explorações de criação e nas indústrias de transformação e a “qualidade ímpar” da gastronomia à base da carne e dos produtos derivados como “factor de atracção de turistas”. O actual autarca também faz um balanço “positivo” da estratégia, frisando que “o ponto de partida foi o de um concelho sem referências como marca de identidade e com uma actividade eco-


nómica, a associada ao porco alentejano, em risco de extinção”. Através da estratégia municipal, Ourique conseguiu “recuperar” a actividade, “gerar algumas soluções de transformação da carne de porco alentejano”, “projectar os produtos de excelência» derivados e «dinamizar a economia”, frisa Marcelo Guerreiro. Segundo o autarca, a fileira “animou a preservação do montado, dinamizou explorações agro-pecuárias e actividades associadas, mobilizou momentos de afirmação da excelência dos produtos, contribuiu para afirmar as potencialidades do mundo rural e incorporou-se como uma marca da identidade de Ourique”. A autarquia e a ACPA lançaram, em 2007, as jornadas gastronómicas “Sabores do Porco Alentejano”, as quais, em 2011, deram origem à Feira do Porco Alentejano, realizada anualmente e que foi visitada, este ano, por 60 mil pessoas. Em 2014, foi criado o Centro Inter-

pretativo do Porco Alentejano, onde é possível conhecer as características e o processo de criação da raça e, numa loja gourmet, comprar produtos derivados. Também em 2014, o município e a ACPA criaram a Rota do Porco Alentejano, que engloba 42 produtores, as três empresas de transformação, dez restaurantes do concelho e o centro interpretativo. No mesmo ano, foi criada uma aplicação para “smartphones” e “tablets” para divulgar a raça e as potencialidades do concelho, e, em 2015, o Centro de Competências do Porco Alentejano e do Montado, destinado a promover a competitividade da fileira e a investigação para a preservação e a recuperação do montado. As duas entidades organizaram ainda, em Ourique, o I Congresso Ibérico Porco Alentejano, em 2008, e o VII Congresso Mundial do Presunto, em 2013, ano em que o evento decorreu pela primeira vez fora de Espanha.

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Com a marca Porco.PT

Suinicultores criam selo de qualidade para promover carne nacional Os suinicultores vão criar a marca Porco.PT para atribuir à carne de porco feita em Portugal que cumpra padrões de excelência e que deverá chegar às prateleiras dos supermercados no início do próximo ano. “A carne qualidade já tem, mas é preciso elevar da qualidade para a excelência. Queremos que o suinicultor pense que o caminho é a diferenciação porque queremos que quando uma pessoa prove aquela carne de porco que se sinta guloso, pela palatabilidade, e que amanhã lhe apeteça outra vez”, disse à João Correia, porta-voz do Gabinete de Crise dos Suinicultores. Segundo João Correia, já foi criado um caderno de encargos que tem de ser cumprido pelos produtores que queiram vir a aceder ao selo de qualidade Porto. PT e cujas medidas cobrem toda a fileira da carne de porco, incluindo fabricação da ração, transporte de animais, produção dos animais, unidades de abate, salas de desmanche até à distribuição e às unidades de venda. Nos últimos meses, membros do Ga24

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binete de Crise da suinicultura visitaram vários países europeus onde foram tomadas iniciativas para reforçar o sector da suinicultura, que também estava em dificuldades, sendo que a medida agora a ser tentada em Portugal do selo de qualidade é semelhante a uma que foi tomada na Suécia. “Na Suécia, aderiu a essa iniciativa o maior retalhista, que tem 50 por cento do mercado, e os outros andaram a assobiar para o lado nos últimos três anos e agora estão dispostos a pagar para ter aquele produto porque perderam vendas”, disse, referindo que naquele país nórdico os consumidores passaram a valorizar a carne produzida nacionalmente. No fim do ano passado, perante a difícil situação do sector, os suinicultores portugueses criaram o Gabinete de Crise e fizeram várias acções de protesto pelo país para pedir medidas que evitassem o colapso do sector. Umas das principais reivindicações era o aumento do preço da carne de porco pago aos produtores, que no início de

2016 rondava os 1,05 euros por quilo, bem abaixo do custo de produção. Actualmente, disse João Correia, o quilo da carne já é vendido em média a 1,65 a 1,70 euros, o que considera “aceitável”, uma vez que “dá para libertar alguma margem para honrar compromissos que estavam atrasados”. Ainda assim, afirmou, apenas no primeiro semestre deste ano, desapareceram 20 mil postos de trabalho directos e indirectos, referindo que agora existem 180 mil pessoas a laborar no sector e que continuam muitos postos de trabalho ‘na corda bamba’. Quanto à questão da rotulagem da carne de porco nos supermercados, outra reivindicação do sector que acusava as principais cadeiras de não referirem quer o país de origem, criação e abate do animal, levando os consumidores a pensar que era português produto que era importado, João Correia disse que a situação está bem melhor. Portugal produz cerca de 55 por cento da carne de porco que consome.


Nos quatro últimos anos O efectivo de ovinos da raça Bordaleira está estável na Serra da Estrela. Das 120 mil cabeças em finais do século passado, nesta altura na Região Demarcada do Queijo Serra da Estrela o efectivo estabilizou nas 80 mil. Os dados foram revelados à Gazeta Rural por Fernando Esteves, presidente do júri do XXXI concurso de raça ovina Bordaleira Serra da Estrela, promovido pela Ancose, e que contou com 25 produtores de toda a região, que apresentaram cerca de 200 animais do melhor que a região tem. A iniciativa visou premiar os melhores exemplares, mas também divulgar a raça que dá origem a uma das 7 Maravilhas da gastronomia nacional.

Efectivo de ovinos da raça Bordaleira estabilizou nas 80 mil cabeças Gazeta Rural (GR): O que se pode dizer do Concurso? Fernando Esteves (FE): Foi o XXXI concurso de raça ovina Bordaleira Serra da Estrela, contou com 25 produtores com cerca de 200 animais em exposição permanente. Conseguimos mobilizar representantes das diferentes áreas de actuação da ANCOSE, com produtores de Celorico da Beira até Oliveira do Hospital e Tabua, com uma representatividade grande dos diferentes elementos componentes desta associação. GR: O que se pode dizer dos ovinos que estiveram a concurso? FE: Tentamos ter neste concurso os melhores exemplares e os produtores têm muito brio nisso e é graças a eles que este concurso se realiza. Este ano tivemos um lote muito bom, nomeadamente de machos, tanto da variedade preta como na branca. Estamos satis-

feitos porque temos em exposição um número muito bom de exemplares de ovelha Serra da Estrela. O objectivo deste concurso é divulgar a raça Bordaleira Serra da Estrela, destinado a produtores aderentes ao Livro Geológico da raça e só eles é que podem concorrer. Pretende-se mostrar e divulgar a raça e provar que é de excelência em termos de produção leiteira e isto ajuda os produtores a divulgar os seus produtos e os seus animais. GR: Como está o efectivo na região? GR: No início deste século houve um decréscimo acentuado. Antes do ano 2000 o efectivo rondava as 120 mil cabeças e nesta altura anda pelas 80 mil, que tem estado estável nos últimos quatro anos. Há sempre uma oscilação muito ligeira, mas temos conseguido estabilizar o efectivo de ovinos de raça Bordaleira Serra da Estrela.

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O concurso tem uma componente regional e outra nacional

Politécnico de Viseu distinguido no XIII “Poliempreende” A equipa do Instituto Politécnico de Viseu (IPV) “Cynatura” foi distinguida com uma “Menção Honrosa” no concurso “Poliempreende”, que decorreu em Setúbal. O concurso, este ano na sua décima terceira edição, é uma iniciativa que visa, através de um concurso de ideias e de planos de negócios, avaliar e premiar projectos desenvolvidos e apresentados por alunos, diplomados ou docentes de instituições de ensino superior politécnico, ou outras pessoas, desde que integrem equipas constituídas por estudantes e/ou diplomados. O seu objectivo máximo é incutir e estimular o empreendedorismo, bem como proporcionar saídas profissionais, de preferência através da criação da própria empresa. A fase nacional da décima terceira edição do concurso “Poliempreende” decorreu em Setúbal, tendo o instituto 26

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politécnico local como anfitrião. O programa incluiu um circuito de visitas a empresas da região de Setúbal (nos dois primeiros dias) e as sessões de apresentação ao júri nacional das 19 equipas vencedoras das edições regionais, entre as quais a do IPV. O professor Braga da Cruz (ex-ministro da Economia) disse um dia que “o desafio do empreendedor é transformar ideias em iniciativas empresariais”. A frase retrata na perfeição o grande desiderato do concurso Poliempreende.

Aproveitamento do cardo na base do projecto “Cynatura” Nas deliberações finais do júri, a equipa do IPV “Cynatura” foi distinguida com uma “Menção Honrosa”. O plano de negócio consiste no aproveitamento da

planta do cardo no seu todo, desde as raízes, folhas, caule, flor, até à semente. O projecto visa a aplicação, criação e inovação de um conhecimento multidisciplinar numa espécie funcional com vocações e aplicações diversas, em áreas fundamentais como alimentação e nutrição, saúde e cosmética, energia e óleos, protecção de plantas e biocidas, privilegiando a sustentabilidade ambiental e a integração social. A equipa do Instituto Politécnico de Viseu “Cynatura é constituída por Ana Rita Pires Ferreira, Manuela Miguel Antunes e Maria Manuela Dias Alves, alunas do curso de Engenharia Agronómica da Escola Superior Agrária de Viseu (ESAV), que trabalharam na produção e desenvolvimento do projecto); António Pinto e Paulo Barracosa, docentes da ESAV e responsáveis pela investigação, concei-


ção e inovação; Rui Coutinho, técnico laboratório da ESAV, e Paulo Medeiros, design gráfico do IPV. O júri nacional, constituído por diversas entidades – Instituto Politécnico de Setúbal, Santander Totta, Delta Cafés, Gastão Cunha Ferreira Lda, AICEP e Ordem dos Contabilistas Certificados – deliberou atribuir os seguintes prémios: - 1º Prémio: “Cateter Venoso Periférico com reconhecimento de permanência” – ESEnf Coimbra; - 2º Prémio: “Be-Cone, primeiro prova-se, depois aprova-se” – ESHT Estoril; - 3º Prémio: “Sound Particles TM” – IP Leiria; - Menção Honrosa: “Cynatura” – IP Viseu; - Menção Honrosa: “Zoowish” – IP Portalegre; - Prémio Delta Inovação: “ SIGAme” – IP Castelo Branco; - Prémio Gastão Cunha Ferreira “ Be-Cone” – ESHT Estoril. Projecto “Cynatura” O “Cynatura” (Design of Nature Solutions based on Cynara with Signature) é um projecto que cria e aplica inovação com base no conhecimento multidisciplinar do cardo (Cynara cardunculus L.), considerada uma espécie funcional com vocações e aplicações diversas. Esta ideia surge na sequência da instalação na ESAV de campos de cardo em escala para a produção de flor em quantidade e qualidade para se assegurar a autenticidade e exclusividade do Queijo Serra da Estrela. Neste sentido, surgiu a oportunidade de se obter a baixo custo uma elevada quantidade de biomassa vegetal em fresco e seco que se constitui como uma oportunidade para o futuro. Nas diversas vertentes do “Cynatura” pretende-se promover a valorização alimentar, da saúde e do bem-estar, a sustentabilidade ambiental e a integração social, afirmando o cardo como uma cultura de futuro que se inspira no potencial da biodiversidade e dos recursos genéticos e na valorização social dos recursos humanos. Em desenvolvimento, encontra-se um conjunto de produtos e conteúdos num planeamento escalonado, que se iniciou

com o desenvolvimento e produção de produtos na área da cosmética e saúde (Cosmetics and Healthcare), designadamente um sabonete com propriedades hidratantes, antibacterianas, antifúngicas e esfoliantes, tendo por base extratos, essências e óleo de cardo. Paralelamente, na área Alimentar e da Nutrição (Food and Nutrition), aprimoram-se produtos gourmet derivados de raiz, pecíolo, folha e sementes de cardo, que aliam a exaltação dos aromas e texturas às características nutracêuticas. Actualmente, e para se dar cumprimento à missão global do projecto, encontra-se em fase de investigação para o desenvolvimento de produtos inovadores na área da protecção de plantas e biocidas (Plant Protection and Biocides) e dos óleos, essências e energia (Oils,

Essences and Energy) muito vocacionados para a segurança e sustentabilidade ambiental. Para a prossecução do projecto nesta fase, a equipa conta com a colaboração de um conjunto alargado de parceiros, dos quais se destacam a Escola Superior Agrária de Viseu, a APPACDM-Viseu, o Estabelecimento Prisional do Campo e o Hotel Casa da Ínsua (Visabeira). Pela multidisciplinariedade do projecto, existem também contactos para se alargarem as parcerias, no próprio IPV e noutras unidades de investigação, nacionais e internacionais, mas também com empresas, no intuito de que se possa dar resposta aos constantes desafios que se colocam, desde a investigação, desenvolvimento e produção à comercialização e marketing. www.gazetarural.com

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OPINIÃO

“Almeida,…

a única estrela que se vê do céu” Almeida representa o que de mais bravo e nobre um povo se pode orgulhar, assumindo um papel atuante nos momentos de instabilidade política vividos no ocidente peninsular, numa manifesta atitude corajosa de “dar o corpo às balas”. Por isso vou falar em primeiro lugar das gentes de Almeida. Infelizmente conheço poucas, mas das poucas que conheço reconheço-lhes um mérito, uma vontade e uma coragem inigualáveis. A D. Manuela Tolda, da ADEFS, é um dos exemplos, daqueles do mais puro “quilate”, ou numa linguagem mais própria de Almeida de “calibre”. A D. Isalina da Conceição, uma anciã quase secular das Naves, transmitiu-me, pela voz da sua filha, de uma forma sábia a forma de vida do seu tempo, dos momentos que lhe ficaram gravados no seu “cerne”, dos aromas e dos cheiros, como a da borracha ou da giesta queimadas que alumiavam à noite até nos momentos de dar à luz os seus filhos. Falou-me dos mostajeiros da beira da estrada e dos mostajos que iam saboreando enquanto faziam o caminho até à vila. Dos famosos queijos de ovelha e cabra feitos com os cardos que cresciam nos quintais de toda a gente, do “sete estrelo” da constelação Touro e das trovoadas infindáveis limitadas pelo alinhamento do Côa. Dos serões nas casas de uns e de outros a tocar concertina e a declamar e a cantar “O sete estrelo gabou-se/que me enganou uma vez/de noite pelo escuro/ olha o milagre que ele fez”. Falou-me da vida do contrabando de amêndoa e lã churra para cá e de café para as bandas de lá, cujo quilo dava um mês de prisão aliado ao temor que era atravessar o rio Águeda até se alcançar terra firme.

Da incrível história do “pan de los perros” e do “pão de deus” e como Almeida era o fiel da balança relativamente ao poderia económico, ora de Espanha, ora de Portugal. Do árduo trabalho da malhada, então feita na eira de uma laje só, do tamanho de dois campos de futebol, outrora vendida aos espanhóis a troco de umas “miudezas”. Hoje, se ainda existisse, seria um ícone das Naves, por onde passei à noite, antes de ir jantar à casa da D. Irene na Malpartida. Quando se fala de Almeida vem-me à memória o ilustre pensador Eduardo Lourenço. Um pensador que afirma: «O meu mundo real é o mundo da poesia e da ficção. Há um diálogo constante com o que leio ou li. Com os livros e as personagens. São a minha família secreta». São este tipo de pensadores que não estabelecem fronteiras entre o real e o imaginário e muito provavelmente a sua “meninice” numa paisagem de perfil planáltico de longo alcance permitiu-lhe esta liberdade e pureza de espírito visionário. Curiosamente, o lema do Encontro em que participei, foi “Alma por Almeida”, quando o ditado mais conhecido é o de “Alma até Almeida”. Qualquer deles traduz o simbolismo e o apelo ao sentimento e vontade de querer, para fazer reverter o futuro destes territórios de baixa densidade, que à semelhança do passado, eu acredito que no futuro próximo podem vir a desempenhar um papel de relevo nas estratégias para o sucesso económico e social de um País como um todo. Se o fizeram de forma tão nobre no passado, porque não o farão de forma audaz no futuro. Não acredito que em Portugal exista alguma estrela que se veja tão bem do céu como esta, que é Almeida. E este pode ser o pronúncio para que uma parte do sucesso

futuro de Almeida passe pela história, pela memória e pelas fortificações que servem de suporte para a candidatura a Património Mundial da Unesco, mas também pela imaginação visionária de ficção, a tal que Eduardo Lourenço tão bem descreve. Curiosamente, ao fazer uma breve pesquisa sobre o potencial de Almeida para a Astronomia deparei-me com imensos especialistas nesta área da ciência com o apelido “de Almeida”. Que rica coincidência. Nesta visita, obriguei-me a sair de Almeida noite alta para testemunhar com os meus olhos o “negrume” do seu céu e o “belo” que seria um festival de astronomia em Almeida cujo slogan poderia ser “Almeida a única estrela que se vê do Céu”. Outros, com igual potencial, negligenciaram esta aposta, poder ser que estes com outras vistas o agarrem. Mas não posso deixar de referir por fim o Sr. Pereira, o responsável do Picadeiro D´El Rey de Almeida. Sem dúvida a maior surpresa do dia e aquele que faz a diferença em qualquer lugar do mundo. Tornou o dia das minhas filhas particularmente único e fiquei com uma enorme dívida de gratidão que gostaria que ecoasse não apenas pelo Côa mas por todo o Mundo. É para além de um mestre na arte do receber, um raro conhecedor dos imensos pormenores que passam ao lado dos comuns mortais, mesclando o sentimento dos seres e a mecânica das coisas. Antes de perguntarem opinião aos de fora, atentem aos de “casa”, especialmente a estes que não sendo de Almeida a conhecem até às “entranhas”. Eu não tive oportunidade de conhecer Almeida nos seus pormenores, mas as minhas filhas tiveram e isso é que conta para entusiasmarmos os jovens a olharem para este dito interior de baixa densidade com olhos de ver o futuro. Quiçá trazer jovens de outras paragens, quadrantes e meridianos com outras experiências de vida e visões que nós não alvitramos. Eu ia falar de “Almeida….A Alma da Agricultura que eCôa” no “VI Encontro Alma por Almeida” organizado pela ADEFS, com ilustres professores da UBI e do ISCTE, para além de representantes da Acrialmeida e do Clube de Caçadores e Pesca. Afinal fui aprender com os de Almeida e em particular com o Sr. Pereira. Um enorme Bem-haja. Paulo Barracosa

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Nas serras da Malcata, de São Mamede e na área de Moura/Barrancos

Penamacor vai liderar projecto para reintrodução do lince-ibérico Penamacor vai liderar um projecto de reintrodução no lince-ibérico nas serras da Malcata, de São Mamede e na área de Moura/Barrancos e cujo investimento global previsto é de um milhão de euros. De acordo com o presidente da Câmara de Penamacor, António Luís Beites, este projecto envolve ainda os municípios do Sabugal (distrito da Guarda) e de Castelo de Vide (distrito de Portalegre), bem como a EDIA - Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva. “Todos gostamos muito do nosso lince-ibérico e, naturalmente, queremos voltar a tê-lo nos nossos territórios, até pelo elevado potencial turístico que lhe pode estar associado”, afirmou o presidente deste município do distrito de Castelo Branco, que partilha com o Sabugal a área territorial da Reserva Natural da Serra da Malcata, desde sempre associada ao lince-ibérico. Denominado “Linx 2020”, o projecto será candidatado ao Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), no âmbito da abertura de um aviso que se destina

exactamente à preservação do lince-ibérico. “Esperamos que esta candidatura possa ser aprovada até ao final do ano para que em 2017 já possamos implantar medidas no terreno, de modo a podermos criar novamente condições de habitat natural para que o lince-ibérico volte a ser reintroduzido nestes territórios”, referiu. António Luís Beites explicou que o projecto prevê a concretização de várias acções que devem criar condições que permitam a reprodução e proliferação do coelho bravo, principal alimento do lince ibérico. Entre as medidas delineadas estão a construção e requalificação de cercados para a reprodução do coelho bravo, a criação de morouços, a realização de sementeiras e acções de controlo das espécies predadoras. A entrada em funcionamento do parque de reprodução de coelho bravo que já foi construído na área do Sabugal, a reabilitação do parque existente na área de Penamacor e a construção de um terceiro parque, caso se justifique com a implementação do projecto,

também serão elencadas na candidatura. “Temos de criar condições para que o coelho bravo volte a proliferar e, portanto, implantaremos também um plano de ordenamento, controlo e monitorização do coelho bravo (...), visando saber quando é que será possível proceder à reintrodução do lince”, acrescentou o autarca. Segundo especificou, este é um projecto autónomo, mas que não deixará de entroncar no que já estava delineado no programa “LIFE+Iberlince”, que promoveu a reintrodução do lince na Península Ibérica, mas que acabou por não abranger o território da Serra da Malcata como estava inicialmente previsto. “Apesar de ser um processo diferente, obviamente que temos de ter parâmetros comuns porque só faz sentido casando uma coisa com a outra. E, sinceramente, creio que era excelente para todos nós se, no futuro, conseguíssemos comprovar que ter desligado a Malcata do programa LIFE foi de facto um erro cometido na anterior legislatura”, afirmou.

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Conta com cerca de 35 entidades parceiras

Centro de Investigação para milho e sorgo vai ser criado em Coruche O Centro Nacional de Competências das Culturas do Milho e Sorgo foi constituído formalmente em Coruche, visando, nomeadamente, ajudar na definição de políticas públicas e na competitividade da fileira. Em comunicado, a Associação Nacional de Produtores de Milho e Sorgo (Anpromis) afirma que o centro, designado InovMilho, vai ser criado na Estação Experimental António Teixeira em parceria com o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e a Câmara de Coruche. “O InovMilho será um espaço de investigação e partilha de conhecimentos, agregando todos os agentes da fileira do milho e sorgo na persecução de uma estratégia comum de desenvolvimento destas culturas”, afirma a associação. Entre os objectivos do centro contam-se “a elaboração de uma agenda de investigação para as culturas do milho e sorgo que sirva de orientação às políticas públicas e a promoção da competitividade desta fileira através do uso racional e mais eficiente dos facto-

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res de produção”. “O InovMilho contribuirá também para a avaliação dos parâmetros qualitativos e de rendimento industrial do milho nacional e apoiará os agricultores na selecção de variedades mais aptas à alimentação do efectivo leiteiro nacional. O Centro dará ainda o seu contributo ao incentivo de novas utilizações do milho e sorgo, nomeadamente na área da alimentação humana e na produção de materiais biodegradáveis”, acrescenta. O centro conta com cerca de 35 entidades parceiras, que irão participar, de forma regular, em projectos comuns de investigação e desenvolvimento tecnológico “nas áreas prioritárias definidas no âmbito do InovMilho e na divulgação e transferência do conhecimento científico e da tecnologia produzidos na fileira do milho e sorgo”. Para o presidente da Anpromis, José Luís Lopes, o elevado número de entidades envolvidas “demonstra a vitalidade desta fileira e a sua importância estratégica na agricultura de regadio”.

A formalização do centro aconteceu em mais um ‘dia de campo’, acção que a Anpromis tem vindo a desenvolver anualmente para mostrar a evolução do projecto de investigação aplicada Sanimilho, em curso na Estação Experimental António Teixeira na sequência de um protocolo celebrado em 2013 com o INIAV e que vigora por oito anos. O Dia de Campo contou com a presença de 300 convidados, entre os quais o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, e incluiu uma apresentação sobre a problemática da cefolosporiose e uma visita aos campos de ensaio de milho e sorgo instalados na Estação Experimental António Teixeira, no âmbito do Sanimilho. A Anpromis sublinha que o milho “é a cultura arvense com a maior expressão em Portugal, ocupando uma área que ronda os 130 mil hectares, com uma produção média anual estimada nas 930 mil toneladas, o que permite que Portugal tenha uma capacidade de autoaprovisionamento neste cereal de cerca de 35 por cento”.


Indústria transformadora chega a pagar 10 euros por cada arroba

Cortiça complementa economia rural na Serra da Lousã e região A extracção de cortiça constitui uma actividade sazonal com importância económica, na Serra da Lousã, onde a indústria transformadora chega a pagar 10 euros por cada arroba (15 quilos) do produto. A centenas de quilómetros dos montados de sobro e azinho que dominam a paisagem a sul do Tejo, numa zona onde novos eucaliptais não pararam de surgir nos últimos anos, o sobreiro (‘Quercus suber’) sobrevive aos factores que mais têm destruído a floresta autóctone. De nove em nove anos, como previsto na lei, a recolha e comercialização da cortiça “pode funcionar como complemento de outras actividades” e dar algum rendimento às populações rurais, disse o biólogo Carlos Fonseca. Na Serra da Lousã, como em toda a região Centro, o sobreiro está junto às povoações, na berma de vias onde a extinta Junta Autónoma de Estradas plantou muitas dessas árvores, no século XX, entre pinhais moribundos afectados pelo nemátodo e outras pragas, em baldios do povo ou em terrenos privados. Exemplares centenários, perdidos na paisagem, são relíquias de uma floresta mediterrânica que quase desapareceu em Portugal. Apesar do abandono do interior montanhoso, que se acentuou depois da II Guerra Mundial, manchas de sobreiros e

outras folhosas têm resistido aos incêndios e ao avanço de mimosas e outras invasoras. Carlos Fonseca contabiliza quase 200 sobreiros nas parcelas de terreno que possui em São Pedro de Alva, concelho de Penacova e distrito de Coimbra, onde tem investido também na criação de medronheiros. A plantação de sobreiros “pode ser uma boa aposta” com interesse económico futuro e que contribuirá para a sustentabilidade ambiental e a preservação da biodiversidade. “É uma árvore adaptada ao ecossistema mediterrânico e que continua viva depois dos incêndios”, salienta. Um tirador de cortiça assume a remoção da casca das suas árvores ardidas, agora em fase de regeneração natural, esperando que o docente e investigador da Universidade de Aveiro lhe confie a próxima extracção. Em 1990, um incêndio destruiu a Mata do Sobral, baldio da freguesia de Serpins, concelho da Lousã, onde o sobreiro é uma das espécies predominantes e está na origem do topónimo. A cortiça queimada nunca foi extraída e o presidente da Junta, João Pereira, calcula que essa operação possa custar 1,5 milhões de euros ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Por incumbência dos compartes, a au-

tarquia administra os baldios de Serpins em regime de cogestão com o Estado. “Lamento que essa cortiça não tenha sido tirada na altura própria”, afirma João Pereira, revelando que a Mata do Sobral tem 400 hectares de área. Trata-se de “um património desperdiçado”, critica o comparte António José Ferreira, que já interveio em reuniões da Assembleia de Freguesia para denunciar a situação, com milhares de sobreiros cuja cortiça não se renova há 26 anos. Residente em Vale de Afonso, Vila Nova de Poiares, José Manuel Silva dedica-se ao “descortiçamento” entre Junho e Agosto. “Comprei este ano muita cortiça. Foram nove camiões carregados para uma fábrica de Santa Maria da Feira”, refere. Ao dono da árvore, José Manuel pode pagar três a quatro euros por uma arroba da preciosa casca. “É um trabalho com muita mão-de-obra e depois a cortiça, em armazém, ainda tem uma quebra de 20% no peso”, explica o tirador, que revende cada arroba por 10 euros. Um sobreiro adulto poderá produzir 10 arrobas de cortiça ao fim de nove anos. Há poucos meses, José Manuel Silva teve a sorte de extrair 60 arrobas (900 quilos) de uma árvore secular, na zona de Soure. “Quatro homens não conseguiam abraçá-la”, regozija-se. www.gazetarural.com

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Nas Grandes Opções do Plano para 2017

Governo quer mais equipas florestais e criar um Programa Nacional de Fogo Controlado O Governo vai aumentar o número de equipas florestais a partir do primeiro semestre de 2017 e criar um Programa Nacional de Fogo Controlado, como forma de valorizar a floresta e combater os incêndios. De acordo com as Grandes Opções do Plano (GOP) para 2017, que o Governo enviou ao Conselho Económico e Social e a que a Lusa teve acesso, vai ser também revisto o Programa Operacional de Sanidade Florestal, para reduzir as pragas e doenças, e ser apoiado o aumento da produção de pinheiro bravo, sobreiro e azinheira. Em decreto-lei a ser publicado no primeiro semestre do próximo ano vai o Governo simplificar a legislação das zonas de intervenção florestal, aumentando as áreas abrangidas, e as matas nacionais vão ser transformadas em áreas de referência. E serão incentivados novos modelos de gestão florestal, como as Sociedades de Gestão Florestal e os Fundos de Investimento Imobiliário Florestal, primeiro semestre do próximo ano. Complementarmente, importa rever o

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quadro jurídico vigente da plantação com espécies florestais de rápido crescimento e fomentar o reforço da produção de energia renovável a partir da utilização da biomassa florestal, em especial aquela proveniente de resíduos resultantes de limpezas, desbastes e desmantelações. Importa ainda actualizar e monitorizar o Inventário Florestal, diz-se no documento. O respectivo decreto-lei está previsto para o primeiro semestre do próximo ano. Nas GOP refere-se ainda a regulamentação da lei dos baldios, ou “incentivar e monitorizar” o inventário florestal, para o qual está em preparação a respectivo decreto-lei.

Abertas candidaturas no âmbito das ZIF’s Está aberto o período de candidatura aos apoios para elaboração do Inventário de Estrutura de Propriedade (IEP) no âmbito das Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) 2016. Este apoio financeiro insere-se no eixo de intervenção “Promoção do Investimento, da Gestão e do Ordenamento Florestais”, previsto no Regula-

mento do Fundo Florestal Permanente e destina-se a suportar a elaboração daquele instrumento. Para esta medida, o Plano de Actividades do Fundo Florestal Permanente para 2016 prevê a assunção de compromissos no valor total de 1.000.000,00 €, apoio financeiro que será concedido sob a forma de subsídio não reembolsável, podendo corresponder até 100% do investimento elegível, até ao limite máximo de 39,00€/ ha. As candidaturas estão abertas até ao dia 31 de Outubro e são limitadas a uma única candidatura por Zona de Intervenção Florestal. Toda a informação está disponível no anúncio de abertura de procedimento concursal n.º 02/0132/2016, publicado no site do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). O IEP consiste na representação cartográfica dos prédios e identificação dos respectivos titulares na área dos aderentes à escala adequada, de acordo com a norma técnica estabelecida pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, disponibilizada no respectivo sítio da Internet.


Para limitar o flagelo dos incêndios

UTAD defende maior aposta em “árvores bombeiras” Designadas por “árvores bombeiras”, há espécies florestais que não só resistem ao fogo como também contribuem para travar o avanço das chamas. Os investigadores do Departamento de Ciências Florestais e Arquitectura Paisagista da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) defendem uma maior aposta nestas espécies nas acções de reflorestação do território como forma de limitar, futuramente, o flagelo dos incêndios. Paulo Fernandes, docente da UTAD e investigador do Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas CITAB/UTAD, refere como principais “árvores bombeiras”, os bidoeiros, carvalhos e castanheiros. São árvores folhosas, que mantêm o ambiente relativamente húmido e abrigado do vento durante o verão. “Durante o verão estão verdes – adianta o investigador, – por isso, ardem com mais dificuldade e, por outro lado, produzem uma folhada que ao acumular-se no solo é pouco infla-

mável e se decompõe com facilidade, ou seja, cai no outono e quando chega o verão grande parte decompõem-se. Não há ali muito alimento para o fogo e frequentemente os incêndios ou param por si só, extinguindo-se ao entrar nas manchas, ou ardem com pouquíssima intensidade sem causar danos às árvores. São espécies que existem mais no Norte e no Centro do país. É raríssimo encontrar um incêndio cuja origem ocorre numa área onde existem essas bolsas de ocupação, e quando o fogo as encontra as árvores mantêm-se verdes”. Quando se coloca a necessidade de reflorestar o país, a UTAD tem respostas, que são, de resto, do conhecimento de quem trabalha na área florestal. Por isso, sabe-se bem aquilo que é necessário fazer. “O problema que se levanta é o da qualidade do solo”, assinala Paulo Fernandes. “Aquelas espécies são mais exigentes, requerem locais de solo mais fresco, de melhor qualidade – esclarece. – É por isso que, normalmente, ocupam vales, zonas onde há

mais solo e mais humidade”. De qualquer modo, segundo o investigador, “para zonas de piores condições de solo, há sempre espécies que, embora ardam com mais facilidade, pois não são resistentes ao fogo, conseguem recuperar, como é o caso do sobreiro. Assim, para cada situação, uma solução.” “No extremo, temos aquelas espécies que ardem muito bem, como por exemplo os eucaliptos e os pinheiros. A natureza da espécie impõe o fogo e com a acumulação de biomassa há sempre um potencial risco”. A resposta a dar, sustenta o mesmo especialista, “está naquilo a que chamamos gestão de combustível. Assegurando a limpeza dos espaços, mantendo o subcoberto livre de mato, eliminando pelo menos parte da manta-morta, desbastando pelo menos uma parte dessas áreas e tentando manter as copas das árvores afastadas, consegue-se limitar o efeito do fogo, mas à custa de trabalho, esforço de limpeza e intervenção”. www.gazetarural.com

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Juntou cerca de 250 agricultores

Feira Farta promoveu produtos da terra e tradições da região da Guarda Promover os produtos da terra, a gastronomia e as tradições foi o objectivo da realização da segunda edição da Feira Farta, uma iniciativa da Câmara da Guarda, que contou com cerca de 250 agricultores e atraiu milhares de pessoas. Os produtos da terra e a gastronomia estiveram representados, mas as tradições não foram esquecidas. A recriação do Ciclo do Pão foi um momento alto do

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dia da abertura do evento, com a desfolhada, a ceifa e a malhada do centeio. As 42 freguesias rurais do concelho estiveram representadas e mostraram o que de melhor se produz em cada uma delas. Para o efeito, a autarquia custeou o transporte e deu apoio financeiro. Cada produtor presente recebeu 70 euros de subsídio de presença e levou para casa o ‘fruto’ das vendas dos dois dias.

O presidente da Câmara da Guarda afirmou que “este é um bom exemplo para o país, que junta a riqueza do nosso mundo rural, não no discurso mas na prática” e esta, considera, “passa por estimular as pessoas que vivem no nosso mundo rural a produzir mais, garantindo-lhes que vendem o que produzem”. Uma equação que Alvaro Amaro considera “muito simples”.


A 6 de Outubro, no Auditório do Parque de Feiras de Estremoz

AJAP debate os desafios e oportunidades da agricultura no Alentejo O Parque de Feira de Estremoz recebe a 6 de Outubro o “Ciclo de Conferências - Jovem Agricultor”, que debate os desafios e oportunidades da agricultura no Alentejo. A iniciativa conta com a presença do secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Amândio Torres, e da gestora do PDR2020, Gabriela Freitas. Estremoz é a quinta cidade portuguesa a receber o “Ciclo de Conferências - Jovem Agricultor”, uma iniciativa da AJAP-Associação dos Jovens Agricultores de Portugal, depois de Caminha, Tavira, Peso da Régua e Nelas. Seguem Funchal e Lisboa. “Esta ronda de conferências pelo país tem-nos permitido auscultar os agentes de desenvolvimento local e os jovens agricultores. Temos visto excelentes exemplos de jovens investidores e verificado que existem muitos outros jovens com vontade de apostar na Agricultura e no espaço rural. É necessário criar as condições para que o sector primário seja cada vez mais o motor de desenvolvimento da economia portuguesa”, afirma Firmino Cordeiro, Director-geral

da AJAP. Estremoz é um bom exemplo da transformação que está a ocorrer no Interior do país. Nos últimos anos, o concelho foi alvo de importantes investimentos na área agrícola, que levaram a uma alteração significativa da sua paisagem. As culturas arvenses de sequeiro deram lugar a culturas regadas, como a vinha (a produção de vinho é estimada em 100.000 hl/ano) e o olival (2.721 toneladas azeitona, 3 lagares), e à instalação de explorações de pecuária extensiva, com predomínio para os ovinos e caprinos. Muitos destes investimentos têm sido realizados por jovens agricultores. “A construção da Barragem de Veiros, a norte do concelho permitiu criar um perímetro de regadio que beneficia cinco dezenas de agricultores, muitos deles jovens agricultores, que vêem assim abertas novas oportunidades e possibilidades de aumento da produtividade das suas explorações”, explica Luís Pereira Mourinha, presidente da Câmara de Estremoz, anfitrião do evento. “Louvamos a iniciativa da AJAP ao ter escolhido Estremoz para a rea-

lização desta Conferência, que esperamos possa contribuir para o estabelecimento de novos empreendimentos agrícolas e para o desenvolvimento dos que já existem no concelho de Estremoz, adicionando mais valor ao território, tirando partido das potencialidades existentes e contrariando as atuais tendências de despovoamento do mundo rural”, acrescenta o autarca. O Crédito Agrícola de Estremoz, Monforte e Arronches é parceiro da AJAP neste evento. Normando Xarepe, presidente desta instituição, considera que é necessário “fomentar o aparecimento de agro-indústrias e de mais área de regadio” e que “o Alentejo tem que desenvolver a vertente turística, nomeadamente na área gastronómica e cultural, onde todos os indicadores o apontam como uma das regiões com maior potencial de crescimento do mundo”. O “Ciclo de Conferências – Jovem Agricultor” tem o patrocínio da Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo, do Crédito Agrícola Seguros, da Epagro e da Magos Irrigation Systems. www.gazetarural.com

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Com cerca de centena de participantes

Confraria Grão Vasco comemorou do “Dia do Município” de Viseu Cerca de centena e meia de pessoas estiveram presentes num jantar comemorativo do Dia do Município, numa iniciativa da Confraria Saberes e Sabores da Beira Grão Vasco, em colaboração com a Câmara de Viseu. A iniciativa, que decorreu numa unidade hoteleira da cidade, contou com a presença de mais de três dezenas de membros da comunidade beirã do Rio de Janeiro; uma delegação de Marly-le-Roi, cidade francesa geminada com Viseu, bem como várias individualidades, com destaque para o presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, que esteve acompanhado do vice-presidente Joaquim Seixas e dos vereadores João Paulo Gouveia, Odete Paiva e Guilherme Almeida; do presidente da Assembleia Municipal de Viseu, Mota Faria, e do presidente da Freguesia de Viseu, Diamantino Santos. Referência especial para as presenças do presidente da Casa do Distrito de Viseu no Rio de Janeiro, Flávio Martins; do embaixador da Confraria no Brasil, An-

tónio Cardão, o grande responsável pela realização desta iniciativa; do Almoxarife da Confraria, José Ernesto Silva; do Grão-mestre da Confraria, António da Costa Vidal, e do presidente do Conselho Consultivo da Confraria, Garcia Mendes. Da comunidade beirã do Rio de Janeiro, destaque para a presença dos Comendadores César Soares, do Arouca Barra Clube, e Orlando Cerveira, do Clube Niteroi; do jornalista Filipe Mendes, director do jornal Portugal em Foco, e de Aurélio Silva, um dos fundadores da Casa do Distrito de Viseu do Rio de Janeiro. A noite foi abrilhantada pelas fadistas Maria Alcina, há muito radicada no Brasil, e pela viseense Mara Pedro, com um momento especial protagonizado por Isabel Silvestre, que cantou “Manhouce” em todo o seu esplendor. Nos discursos da noite, Almeida Henriques saudou as delegações presentes, salientando o trabalho desenvolvido pela Confraria com as Associações da Diáspora portuguesa. Por sua vez Al-

moxarife da Confraria, destacou a importância da aproximação de Viseu às comunidades beirãs espalhadas pelo mundo, com destaque para a do Rio de Janeiro. José Ernesto Silva lembrou a aposta na internacionalização da Confraria, com o nascimento de Confrarias irmãs em Zurique, na Suíça, e no Rio de Janeiro, tendo como base a Casa de Viseu. Para breve outras poderão nascer no Brasil, na Argentina, nos Estados Unidos e no Canadá. A Confraria entregou ainda lembranças às várias entidades presentes, com o vinho do Dão à cabeça. No âmbito das comemorações do “Dia do Município” foi apresentado o livro “Maria Alcina: a força infinita do Fado!”, da autoria do jornalista Igor Lopes sobre a vida da fadista. Foi também entregue o Grau de Comendador ao presidente da Câmara de Marly-le-Roi, Jean Yves Perrot, e o Grau de Titular Confrádico ao presidente da Associação Les Amis du Jumelage, de Paris.

Ano XII | N.º 279 | Periodicidade: Quinzenal Director: José Luís Araújo (CP n.º 7515) | jla.viseu@gmail.com | 968044320 Editor: Classe Média C. S. Unipessoal, Lda | Redacção: Luís Pacheco | Opinião: Miguel Galante Departamento Comercial: Filipe Figueiredo e Fernando Ferreira Redacção: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu | Telefone 232436400 E-mail Geral: gazetarural@gmail.com | Web: www.gazetarural.com ICS: Inscrição nº 124546 Propriedade: Classe Média - Comunicação e Serviços, Unipessoal Limitada | Administração José Luís Araújo | Sede: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu Capital Social: 5000 Euros | CRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507021339 | Dep. Legal N.º 215914/04 Execução Gráfica: Novelgráfica | Tel. 232 411 299 | E-mail: novelgrafica2@gmail.com | Rua Cap. Salomão 121, 3510-106 Viseu Tiragem média Mensal: Versão Digital: 100.000 exemplares | Versão Impressa: 2000 exemplares Nota: Os textos de opinião publicados são da responsabilidade dos seus autores.

FICHA TÉCNICA

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Breves Breves Breves Breves Breves Breves Associação Portuguesa de Tracção Animal promove vindima tradicional A Associação Portuguesa de Tracção Animal - APTRAN em conjunto com a Associação ALDEIA irão desenvolver, ao longo do próximo ano, entre Outubro de 2016 e Setembro de 2017, um ciclo de actividades que acompanhem o calendário agrícola, nas suas mais variadas vertentes. Pretende-se assim dar a conhecer e valorizar todas aquelas actividades agrícolas e florestais que ainda hoje fazem parte do quotidiano do Nordeste Transmontano e que representam um importante peso na economia familiar e da região, ao longo das várias estações do ano. Esta interacção com as populações locais e os participantes vindos de outras regiões permitirá sobretudo incentivar a continuidade de modelos de desenvolvimento que sejam compatíveis com a utilização racional e a preservação dos recursos existentes, assim como a manutenção da agrobiodiversidade. Como primeira iniciativa deste ciclo de actividades realizar-se-á a vindima tradicional no dia 8 de Outubro em Gimonde, no concelho de Bragança, onde se pretende conviver e aprender com os habitantes locais de Gimonde todo o conhecimento associado a este processo, mas também transmitir as técnicas associadas à tracção animal moderna - transporte a dorso e em veículos das uvas – como também outras técnicas inseparáveis da vindima, como seja o fabrico de cestos tradicionais, tão importante no processo de recolha das uvas. Curso de Restauração Ecológica: Rios e Sistemas Costeiros O Centro de Ciências do Mar e do Ambiente da Universidade de Coimbra (MARE-UC), vai realizar, de 21 a 25 de Novembro, em Coimbra, o curso Restauração Ecológica: Rios e Sistemas Costeiros. Trata-se de uma iniciativa pioneira, coordenada pelos investigadores Maria João Feio e João Neto, com um corpo docente experiente e associado às principais universidades portuguesas, agências oficiais do ambiente e às mais importantes empresas utilizadoras dos recursos aquáticos naturais. A formação conta ainda com a participação de alguns investigadores internacionais de renome, nomeadamente: Arturo Elosegi (Universidad del Pais Vasco), Cedo Maksimovic (Imperial College

London) e José Juanes (Universidad de Cantabria). A abrangência dos diversos tipos de sistemas aquáticos, como águas doces, bacias hidrográficas e sistemas costeiros, bem como o aprofundamento de tópicos associados à implementação da Directiva Europeia Quadro da Água, que vêm a montante da avaliação de qualidade ecológica das massas de água (como é a restauração ecológica e mitigação de impactos) e o seu enquadramento legal, são alguns dos pontos de destaque. Esta iniciativa visa dotar os participantes do conhecimento técnico essencial para o desenvolvimento e implementação de planos de medidas de gestão e de restauração ecológica. As inscrições estão abertas até 2 de Outubro, através do link: https://apps. uc.pt/courses/PT/course/6721. Abertas as inscrições para Trilho dos Apalaches Parte II Estão abertas até ao dia 13 de Outubro, as inscrições para a parte II do Trilho Internacional dos Apalaches (Grande Rota Muradal-Pangeia). As inscrições são efetuadas nas Juntas de Freguesia de Estreito-Vilar Barroco, Orvalho e Sarnadas de S. Simão, ou no Posto de Turismo de Oleiros. O valor da inscrição é de 10€ e inclui almoço, reforço alimentar e brinde. No dia 15 de Outubro, os participantes devem deslocar-se em transporte próprio até ao local de concentração no Largo de Festas do Vilar Barroco, pelas 08h30. O percurso inicia às 9 horas e termina às 13 horas com almoço no Miradouro do Mosqueiro (Orvalho). No total serão percorridos 10,4 Km na segunda parte deste Trilho que corresponde à deslocação Vilar Barroco - Orvalho. Em Abril deste ano, duas centenas de caminheiros percorreram a parte I do Trilho Internacional dos Apalaches, num total de 12,6 Km entre Estreito e Vilar Barroco. A Grande Rota Muradal Pangeia - GR38 enaltece a montanha quartzítica do Muradal e evoca o supercontinente Pangeia, que existiu até há 200 milhões de anos, do qual esta região do Maciço Ibérico faz parte. Visto ter um total de 23Km, a GR 38 é percorrida em duas partes. A iniciativa é do Município de Oleiros, com o apoio das Juntas de Freguesia de Estreito-Vilar Barroco, Orvalho, Sarnadas de S. Simão e da Associação Trilhos do Estreito. Feira Nacional dos Frutos Secos em Torres Novas

Decorre até 5 de Outubro, a XXXI Feira Nacional dos Frutos Secos, na Praça 5 de Outubro, em pleno coração do centro histórico de Torres Novas, num evento que procura afirmar o concelho como “capital dos frutos secos” e dinamizar um sector com fortes raízes na tradição e na cultura torrejanas. Este evento espelha uma aliança entre a tradição e a inovação, conjugando objectivos de diferenciação e de qualidade, de transmissão de conhecimento e de envolvimento da comunidade torrejana e do visitante. Entre os principais objectivos da feira contam-se a dinamização e a dignificação do sector dos frutos secos e passados, a preservação dos saberes e sabores associados aos frutos secos, com principal destaque para a tradição, cultura e património torrejanos. A feira visa ainda afirmar Torres Novas enquanto destino turístico e palco de eventos nacionais de destaque e de qualidade. Haverá espaços dedicados aos frutos secos, ao artesanato, a bens alimentares, à restauração e a entidades oficiais, instituições sem fins-lucrativos, e muita animação. Região de Lisboa espera cem mil toneladas de uvas As vindimas na Região de Lisboa começaram com a apanha de uvas em Carcavelos, onde os 12 hectares de vinha dentro da malha urbana prometem dar que falar. A primeira casta a ser colhida foi a Boal Ratinho e a prova dos primeiros bagos, conduzida pelo enólogo Tiago Correia, foi avaliada com nota excelente. “Apesar das condições climatéricas registadas ao longo do presente ano, as previsões de produção são bastante satisfatórias, pelo que se estima a apanha de cem mil toneladas de uva em toda a região de Lisboa. A qualidade das uvas brancas até agora está excelente e com o tempo que tem estado esperamos ainda melhor qualidade. Há alguma quebra na quantidade de uva apanhada mas até agora não ultrapassa os 10% mencionados já em Agosto”, salientou Vasco d’Avillez, presidente da Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa (CVR Lisboa). Recorde-se que os Vinhos de Lisboa são, actualmente, os mais premiados do país e que apresentam um volume de exportação de cerca de 35 milhões de garrafas certificadas. A Região Lisboa produz ainda uma quantidade apreciável de vinho que entra no mercado sem qualquer certificação. www.gazetarural.com

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Para suprir as necessidades de fundo de maneio e investimento

Crédito Agrícola apoia produtores da raça Mertolenga O Grupo Crédito Agrícola estabeleceu protocolo com a Associação de Criadores de Bovinos Mertolengos (ACBM) para a disponibilização de condições preferenciais de financiamento e protecção aos criadores da raça mertolenga. Com este protocolo o Crédito Agrícola apoia os criadores a suprir as necessidades de fundo de maneio e de financiamento para a aquisição de factores de produção, bem como de investimentos de maior envergadura, nomeadamente em material circulante, estábulos e armazéns. A Associação de Criadores de Bovinos Mertolengos conta com 221 associados que, em conjunto, detêm 17555 fêmeas reprodutoras distribuídas pelos distritos de Castelo Branco, Portalegre, Santarém, Setúbal, Évora, e Beja. A Associação defende, desde 1987, a preservação, melhoramento, criação e comercialização dos bovinos de raça Mertolenga. As empresas associadas da ACBM podem dirigir-se a uma das 675 Agências do Crédito Agrícola em todo o país para conhecer a oferta de produtos e serviços disponibilizados pelo único banco cooperativo nacional.

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