Gazeta Rural nº 286

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Director: José Luís Araújo

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N.º 286

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31 de Janeiro de 2017

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Preço 4,00 Euros

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Do Cardo… Ciclo de Feiras do Queijo inicia-se em Penalva do Castelo Feira do Fumeiro de Vinhais à espera de 70 mil visitantes Festa com as Amendoeiras em Flor em Foz Côa

Feira das Tradições em Pinhel Flor de Cardo produzida no EP do Campo entregue a produtores de queijo

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Anselmo Ralph e Áurea na XXII

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Sumário 04 Ciclo de Feiras do Queijo inicia-se em Penalva do Castelo

22 Estudo propõe nova segmentação de mercado da maçã

06 Feira do Fumeiro de Vinhais à espera de 70 mil visitantes

23 Produção de maçã teve quebras de 35% a 40% em

08 8 Festival ‘Terras Sem Sombra’ destaca azeite da região

Portugal

09 Feira do Queijo do Alentejo 2017 recebe produtores de

24 Manteigas faz levantamento concelhio de usos e costumes

todo o país

25 Penedono descreve-se na “Memória dos Tempos

10 Vila Nova de Paiva prepara VI Feira do Fumeiro do Demo

Medievais”

11 Foz Côa com programa atractivo para a Festa da Amendoeira

26 Rebanhos na Serra da Lousã são mais para cabrito e queijo

em Flor

e menos para chanfana

12 Moçambique é o país convidado da Feira Ibérica de Turismo

28 Descoberta de novas proteínas ajuda a compreender

da Guarda

nemátodo do pinheiro

14 Anselmo Ralph e Áurea são cabeças de cartaz na XXII Feira

29 Reforma da floresta estará em vigor até final de Junho

das Tradições

30 Especialista em alterações climáticas critica falta de

15 Flor de Cardo produzida no EP do Campo entregue a

horizonte de leis florestais

produtores de queijo

32 Feira da Caça e Turismo mostrou a dinâmica económica de

16 Congresso Nacional do Milho debate a reforma da PAC pós-2020

Macedo de Cavaleiros

18 Palácio da Bolsa recebe XIV Essência do Vinho – Porto

33 Feira do Fumeiro deixou um retorno financeiro de cerca de

19 Vinhos do Pico surpreenderam na Mealhada

três milhões de euros

20 ViniPortugal promove ciclo de formações sobre o vinho a

34 Feira Gastronómica do Porco 2017 “foi a melhor de todas”

copo em Lisboa e Porto

35 Leite português vai ter rotulagem obrigatória de origem

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Nos dias 11 e 12 de Fevereiro

Ciclo de Feiras do Queijo inicia-se em Penalva do Castelo

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evereiro é o mês do queijo Serra da Estrela e é Penalva do Castelo, como habitualmente, que abre o ciclo de feiras dedicadas a uma das 7 Maravilhas da gastronomia portuguesa, que se prolongam durante o mês de Março. Assim, o fim-de-semana de 11 e 12 de Fevereiro é de festa em ‘Castendo’ para os pastores e para o queijo produzido no concelho, num evento que é também um montra para os outros produtos locais, como o vinho do Dão e a maçã Bravo de Esmolfe. Em conversa com a Gazeta Rural, o presidente da Câmara de Penalva do Castelo adiantou que o certame mantem o figurino de anos anteriores, com a alteração mais visível a verificar-se no operador de televisão, com a RTP a voltar, como na primeira edição, com o programa ‘Aqui Portugal’, na tarde do primeiro dia do evento. Domingo à tarde será Augusto Canário e Amigos a abrilhantar o certame. A abertura de uma nova queijaria em Mangualde alterou os planos de Francisco Carvalho, que projectava construir 4

uma estrutura onde instalaria, entre outras valências, uma queijaria. O projecto vai ser repensado, pois há pastores que decidiram deixar de produzir queijo de forma artesanal, preferindo vender o leite a essa e outras queijarias do concelho e da região. Quanto à Feira do Pastor e do Queijo, o autarca de Penalva do Castelo mostra-se confiante num grande evento, que pretende homenagear os pastores e promover o queijo e os outros produtos endógenos do concelho. Gazeta Rural (GR): Penalva inicia o ciclo de Feiras do Queijo. Está edição tem alguma coisa de novo? Francisco Carvalho (FC): Há uma máxima no desporto que diz que “equipa que ganha não se mexe” e que aplico a Penalva do Castelo. Desde que o actual executivo tomou posse que alterámos o figurino da Feira e, este ano, pretendemos regressar ao início dessa aposta. Teremos a RTP, com o programa ‘Aqui Portugal’, em vez da TVI, que esteve cá o ano passado. Agrada-me mais ter o

espectáculo televisivo no dia da abertura do que no dia seguinte e esse foi o motivo da alteração. A Feira decorre nos dias 11 e 12 de Fevereiro, com a sessão de abertura a decorrer no primeiro dia de manhã, enquanto de tarde a RTP levará o nome de Penalva do Castelo a todo o país, mas também, e especialmente, a todos os nossos emigrantes espalhados pelos quatro cantos do mundo, que assim têm oportunidade de ver a Feira e rever as pessoas da sua terra. Uma vez que temos a logística montada, entendemos que seria um desperdício não manter a feira por mais um dia, que vai funcionar nos mesmos moldes e com uma atracção que é o Augusto Canário e Amigos, que actuarão durante a tarde. Pensamos que está tudo a postos para termos um grande evento de promoção do nosso queijo, mas também dos nossos produtos endógenos, como o vinho do Dão e a maçã Bravo de Esmolfe. Tivemos o cuidado, para que não falte a maçã Bravo de Esmolfe, - uma vez que houve uma quebra de produção signifiwww.gazetarural.com


cativa, - fizemos a reserva de uma boa quantidade para esta festa, para que quem nos visita nesta altura possa adquirir este fruto no berço da mesma, a preços convidativos. GR: Em tempos disse que queria construir uma queijaria para que os produtores de leite ali pudessem fazer o seu queijo. Esse projecto está a ser repensado? FC: Sim. Vamos construir um edifício onde estarão à venda os nossos produtos endógenos, tendo, por exemplo, uma câmara de frio para que lá possamos armazenar a nossa maçã Bravo de Esmolfe. Quanto à queijaria teremos que repensar o projecto, pois houve um forte investimento em Mangualde numa estrutura do género e alguns dos nossos produtores de queijo optaram por vender o leite a essa queijaria, porque será mais rentável. A ideia era a construção de queijaria Municipal que permitiria aos nossos produtores de leite mais isolados ali fazerem e armazenarem o seu queijo. Esta questão deixou de se colocar, tendo em conta que muitos dos nossos produtores estão a vender o leite a essa nova queijaria, mas também a Queijaria Germil e a Casa da Ínsua estão a receber leite de pastores da região. Deste modo, o projecto inicial vai ser repensado, mas não vamos abdicar do edifício. Vamos fazer uma candidatura no âmbito do Portugal 2020, na rubrica Mercados e Feiras. Como temos a Feira da Maçã vamos construir o edifício bem próximo da Zona Industrial, mas potenciando a câmara de frio para receber a maçã Bravo de Esmolfe, bem como a cozinha dos enchidos. Neste momento, diria, que está tudo a ser equacionado e em aberto.

produzir queijo. Naturalmente que tendo sido aberta essa queijaria, havendo pastores que fabricavam o queijo de forma artesanal, em queijarias que não estavam licenciadas, optaram por vender o leite a outros produtores de queijo, como a essa nova queijaria em Mangualde. Sei que a Casa da Ínsua é muito selectiva, pois só aceita leite de raças autóctones, como a Bordaleira Serra da Estrela, o mesmo acontece com outros produtores. Deste modo, o pastor isolado deixou de ter o problema do fabrico

do queijo, pois tem o leite vendido. Alguns já me confidenciaram que ganham o mesmo, ou mais, vendendo o leite do que produzindo queijo. GR: Mas há mais gente a dedicar-se ao pastoreio no concelho? FC: Sim, há mais um ou dois, ligados à família, filhos que decidiram seguir as pisadas dos progenitores. Se um agricultor se dedicar à produção de leite, para além da criação de borregos e cabritos, ainda é rentável, segundo me confidenciam.

GR: A nova queijaria em Mangualde, num investimento de Jorge Coelho, trouxe alguma alteração para os pastores do concelho ou estes continuam a produzir queijo? FC: Os nossos pastores continuar a

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De 09 a 12 de Fevereiro, com novidades

Feira do Fumeiro de Vinhais à espera de 70 mil visitantes A

vila de Vinhais espera receber mais de 70 mil visitantes na Feira do Fumeiro, de 09 a 12 de Fevereiro, atraídos pelos enchidos, que geram negócios de seis milhões de euros anuais no concelho transmontano. O certame anual é uma montra da imagem de marca de Vinhais, com todas as peças de fumeiro certificadas associadas ao porco Bísaro, a raça autóctone também com protecção comunitária, e que têm gerado uma fileira de negócios desde a criação de animais, a cozinhas regionais, unidades de transformação à restauração. Há 37 anos que a Feira do Fumeiro “é a maior festa do concelho de Vinhais” e “cada vez mais gente visita” o município do Parque Natural de Montesinho atraída pelos enchidos, como realçou Luís Fernandes, vice-presidente da Câmara de Vinhais, entidade responsável pela organização do certame, em parceria com a Associação Nacional de Criadores de Suínos da Raça Bísara. Durante os quatro dias da feira estão à venda cinco toneladas de fumeiro certificado, apenas uma amostra, segundo 6

a organização, do que representa este negócio para o concelho do distrito de Bragança, “na ordem dos seis milhões de euros” anuais na venda directa de fumeiro e na economia associada ao sector. “O fumeiro é, conjuntamente com a castanha, o produto de excelência do concelho de Vinhais e são os dois produtos que mais influenciam a economia da região”, sublinhou. Ao longo do ano, o município apoia o sector e produtores, nomeadamente comparticipando a vacinação contra doenças dos animais, através do matadouro municipal e disponibilidade do veterinário municipal. A técnica da associação de criadores e directora da feira, Carla Alves, explicou que “o porco Bísaro é a grande diferença em relação às demais feiras do fumeiro que existem”, até porque, a protecção comunitária do fumeiro impõe que tenha de ser feito com a carne desta raça. “Estamos a fazer o dois-em-um: com a carne de porco Bísaro fazemos um fumeiro de excelência por que a carne é de excelência, mas também conseguimos com o fumeiro preservar a raça Bísara

que nos últimos anos tem disparado o aumento o efectivo”, afirmou. O trabalho feito desde há mais de 20 anos em Vinhais, retirou o Bísaro das raças portuguesas em vias de extinção e é a que mais tem aumentado o efectivo, contando actualmente 5.800 porcas reprodutoras inscritas no livro genealógico. Porque esta região é o solar da raça e que conta o maior número de criadores, os responsáveis incluíram no programa da Feira do Fumeiro o concurso nacional que tem vindo a realizar-se anualmente na Feira de Agricultura de Santarém. Este inverno está a correr de feição ao fumeiro e promete “bons enchidos”, segundo Carla Alves, “com um clima fantástico para a secagem, que precisa de tempo frio e seco”. A feira contará com 70 produtores de fumeiro certificado entre os cerca de 500 expositores, tendo ficado de fora mais de uma centena por falta de espaço ou por incumprimento do regulamento. Ao longo dos quatro dias, o certame oferece também demonstrações culiwww.gazetarural.com


nárias, oito tasquinhas para degustação de pratos à base de fumeiro, jornadas temáticas para agricultores e produtores e animação com música tradicional e artistas nacionais como Raquel Tavares e D.A.M.A. Bombom de alheira com ouro é novidade na Feira Um bombom de alheira com ouro comestível é uma das inovações gastronómicas apresentadas em Vinhais, com as quais o concelho transmontano pretende aumentar a venda do fumeiro e atenuar a sazonalidade do produto regional de referência. Vinhais reclama o estatuto de ‘Capital do Fumeiro’ e tem nos enchidos certificados a imagem de marca e uma fileira de negócio em expansão desde há quase 40 anos e que movimenta seis milhões de euros anuais, segundo os responsáveis. Além da produção tradicional e artesanal, o concelho conta com unidades de transformação que já vendem fumeiro durante todo o ano, mas o propósito é aumentar as vendas apostando na vertente gastronómica com novas receitas à base de fumeiro para saborear além dos assados na brasa das lareiras de inverno. A próxima Feira do Fumeiro vai revelar algumas das novidades preparadas por “chefs” de cozinha, uma das quais, o “Rocher de Alheira de Vinhais” está em processo de registo e vai ser propriedade da Associação de Criadores de Suínos da Raça Bísara, detentora da certificação de todos os produtos do fumeiro de Vinhais. Trata-se de um criação do chef Óscar Geadas, de Bragança, que aproveitou os produtos locais e decidiu juntar a alheira de Vinhais à castanha com “uma roupagem nova”. O resultado é de aparência idêntica aos conhecidos bombons de Natal, daí o nome ‘Rocher’, mas com pasta da alheira, recheio e cobertura de castanha, finalizado com uma capa de ouro líquido comestível. O chef assegura que a combinação resulta até por que, como explicou, “a gordura tem de se quebrar ou com um ácido ou com um doce” e escolheu a castanha convicto de que “os dois sabores dão uma combinação perfeita”. A responsável pela Feira do Fumeiro, Carla Alves, realçou o propósito de, com as inovações astronómicas, colocar o fumeiro nas mesas durante todo o ano e quebrar a sazonalidade do produto. “Historicamente, o fumeiro é um produto de Inverno, era assado na brasa. Se conseguirmos criar receitas novas e outra forma de o consumir, vamos conseguir www.gazetarural.com

tê-lo à mesa durante todo o ano nas nossas mesas e nos melhores restaurantes do país”, defendeu. Vai ser constituído o Agrupamento de Produtores de Carne de Suínos Bísaros A edição 2017 da Feira do Fumeiro foi apresentada no Porto, no âmbito da iniciativa do Turismo Porto e Norte “Trás-os-Montes no Porto Welcome Center”. Na ocasião, o presidente da Câmara de Vinhais referiu que o certame “é já um grande acontecimento no que diz respeito à gastronomia e aos enchidos, não só no norte do país mas também no resto do território”. Américo Pereira destacou ainda que o fumeiro e a raça bísara estão a tomar proporções fortes, pelo que, durante a Feira do Fumeiro, no dia 10 de Fevereiro, vai-se constituir o agrupamento de produtores de carne de suínos bísaros, “devido à grande procura destes produtos, o que significa que a estratégia está no bom caminho”, afirmou o edil.

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Fomentar o desenvolvimento local é um dos objectivos deste certame de matriz cristã

Festival ‘Terras Sem Sombra’ vai destacar azeite enquanto produto chave para a região

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XIII Festival ‘Terras Sem Sombra’, projecto ligado à música-sacra e à salvaguarda do património e da biodiversidade da região do Baixo Alentejo, foi apresentado na Casa do Cante, em Serpa. Todos os anos, aquele certame dá também destaque aos produtos regionais alentejanos, para potenciar a economia local, e em 2017 é a vez do azeite. O director do Departamento do Património Histórico e Artístico da diocese de Beja, entidade organizadora do certame, lembrou que em causa está “um dos produtos mais característicos do sul de Portugal e um produto de excelência do Alentejo”. Um bem alimentar que “tem vindo a adaptar-se às inovações tecnológicas” e que por isso tem uma palavra de “futuro” a dizer, não só para o território alentejano mas para o país. “Infelizmente, muitos portugueses ainda não conhecem esta mais-valia, não a apreciam suficientemente, e sentimos que era nossa obrigação partilhar este património”, salientou José António Falcão. A apresentação do festival ‘Terras Sem Sombra’ incluiu uma visita à cooperativa agrícola de Beja e Brinches, que tem no azeite o seu produto “de excelência”. Sobre esta visita, José António Falcão justificou a escolha com o papel que esta 8

instituição ligada à “economia social” tem, “não só na valorização do seu sector mas também na distribuição de rendimentos e na qualificação dos seus muitos associados, actualmente mais de três mil”. Para aquele responsável, com este género de iniciativas, o festival ‘Terras Sem Sombra’ vai também ao encontro da sua matriz “cristã”, uma “experiência muito positiva” que será para continuar. Em representação da cooperativa agrícola de Beja e Brinches, o presidente da assembleia-geral, Luís Mira Coroa, mostrou a sua satisfação pelo facto do azeite ser incluído num certame como o ‘Terras sem Sombra’ que já é “cartaz” da região alentejana. Aquele responsável lembrou ainda que, a par de Trás-os-Montes, a região alentejana sempre foi a mais fértil e a mais forte, em termos da cultura do olival, algo que ficou ainda mais vincado depois da “chegada da água da barragem do Alqueva”. E garantiu “um azeite de grande qualidade” para todos quantos irão assistir ao festival de música-sacra, durante os próximos meses. O festival ‘Terras Sem Sombra vai decorrer entre 11 de Fevereiro e 1 de Julho, de forma itinerante, nos concelhos de Almodôvar, Sines, Santiago do Cacém, Ferreira do

Alentejo, Odemira, Serpa, Castro Verde e Beja. O programa de 2017 continua a assentar em três pilares essenciais, “a música, o património e a biodiversidade”, e no plano artístico tem para oferecer ao público uma viagem às “identidades e práticas musicais” da Europa, entre “os séculos XVI e XX”. Uma época em que, na Península Ibérica, a Arte e o Sagrado conviviam de forma “aberta e ecuménica”, ao ritmo do “cristianismo, do judaísmo e do Islão”, sendo que neste contexto, o “país convidado” será “a Espanha”. No campo do património, além dos concertos que decorrem “sempre em monumentos, maioritariamente igrejas”, aos sábados à noite, “este ano, como novidade, o Terras sem Sombra vai abrir as portas, em exclusivo, de espaços normalmente fechados ao público, através de uma visita guiada, aos sábados à tarde, pelas cidades e vilas que acolhem o Festival”. Quanto à parte ambiental, da biodiversidade, a organização do ‘Terras Sem Sombra’ vai prosseguir com a sua aposta em acções de divulgação e preservação dos tesouros naturais da região, aos domingos de manhã. Agência Ecclesia www.gazetarural.com


Em Serpa de 24 a 26 de Fevereiro

Feira do Queijo do Alentejo 2017 recebe produtores de todo o país

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Pavilhão de Feiras e Exposições de Serpa volta a ser o palco de edição 2017 da Feira do Queijo do Alentejo, que vai realiza-se de 24 a 26 de Fevereiro. O certame contará nesta edição com 107 expositores, dos quais mais de metade de queijo ou relacionados com este produto. Estão confirmados queijos de Serpa, Évora, Nisa, Beira Baixa, Castelo Branco, Terrincho (Trás-os-Montes), Azeitão, Redondo, Borba, Estremoz, Rio de Moinhos, Serra da Estrela, Açores e Salamanca (Espanha). Com forte representação estarão também expositores de enchidos, vinho, azeite e azeitona, doçaria, mel e artesanato. A boa gastronomia e a culinária estarão em destaque nas oito tasquinhas, disponibilizadas maioritariamente ao movimento associativo local, que apresentarão durante os três dias da Feira pratos e petiscos típicos, no ambiente sempre bem animado do Espaço Tasquinhas, onde estará também a habitual ginjinha e, este ano, a ‘Magana’, cerveja artesanal fabricada no vizinho concelho de Moura. Destaque também para os habituais workshops de culinária com o Chef José Bengaló, que organizará na sexta a sessão para crianças “Cozinheiros de Palmo e Meio” e que no dia 26, domingo, estará acompanhado pelo Chef Henrique Mouro. A Feira apresenta um diversificado programa cultural onde o Cante Alentejano, Património da Humanidade, tem um papel de relevo, pelo que durante os três dias da Feira estarão presentes todos os grupos de www.gazetarural.com

cante do concelho e os Chocalheiros de Vila Verde de Ficalho, assim como a Banda da Sociedade Filarmónica de Serpa e o Musibéria, com o Laboratório de Sevilhanas e Flamenco. Integrado na Feira decorre o Concurso “O Melhor Queijo da Feira do Alentejo”, que se realizará pelo terceiro ano consecutivo e tem como objectivo promover e divulgar os queijos presentes na Feira e, em simultâneo, incentivar a sua produção e a comercialização. Este concurso é organizado pelo Município de Serpa em parceria com a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Beja. Do programa da Feira do Queijo do Alentejo 2017 destaque para a sessão pública “Queijo Serpa – Impulso à

internacionalização”, no dia 24 às 16 horas, organizada em parceria com a APROSerpa - Associação de Produtores do Concelho de Serpa e a Associação de Defesa do Património de Mértola. No dia 25, às 15 horas decorrerá a assinatura do protocolo do Centro de Competências da Agricultura Biológica e dos Produtos no Modo de Produção Biológico e do Protocolo do Centro de Competências das Plantas Aromáticas, Medicinais e Condimentares, com a presença do Secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira. No âmbito do certame, de 20 a 26 de Fevereiro decorre nos restaurantes do concelho a Semana Gastronómica do Queijo. 9


A 12 de Março, no Parque Urbano de Touro

Vila Nova de Paiva prepara VI Feira do Fumeiro do Demo O

Parque Urbano de Touro acolhe, a 12 de Março, a VI Feira do Fumeiro do Demo, numa iniciativa promovida pelo Município de Vila Nova de Paiva, em parceria com a Junta de Freguesia de Touro. As tradições gastronómicas e os sabores e saberes genuínos das Terras do Demo reflectem-se na qualidade e no “saber fazer” dos seus produtos típicos, dos quais se destaca o fumeiro tradicional. A Feira do Fumeiro do Demo tem funcionado como um meio de divulgação do concelho e das suas gentes, incentivando a economia local, dando a conhecer a gastronomia e promovendo os produtos de qualidade que reúnem as potencialidades e a riqueza do meio rural. Neste certame, o fumeiro tradicional é o cartão-de-visita, ao qual se alia também o artesanato, os restaurantes e tasquinhas gastronómicas, a prova de fumeiro, o porco no espeto, a animação e as atuações musicais. Fanfarra de Touro, Girafoles, Cavaquinhos de Silgueiros e o grupo de Cantares de Cerdeira são os grupos convidados que prometem animar a Feira, encerrando em grande com o espetáculo de Sons do Minho.

No ano passado foram servidas mais de cinco mil doses

Mês das Migas em Mora regressa em Fevereiro A

quarta edição do Mês das Migas regressa ao concelho de Mora já em Fevereiro, onde 11 restaurantes locais apresentam esta iguaria com os mais diferentes sabores e feitios. Os visitantes podem degustar variados pratos de migas para todos os gostos, que vão desde as de espargos às de batata, passando pelas de coentros, de ovas, de enchidos, de couve-flor e migas de tomate, entre muitas outras. A autarquia local promove esta iniciativa, apostando na projecção de Mora, uma vez que se mostra o que de melhor se faz no concelho em termos gastronómicos, sendo que só o ano passado o número de pratos de migas servidos ultrapassou os cinco mil. Participam no festival os restaurantes de Brotas, “O Poço”; de Cabeção, “A Palmeira”, “Os Arcos”, “O Fluviário” e o “Solar da Vila”; da freguesia de Mora, o “Afonso”, “Morense”, “Quinta do Espanhol”, “O António” e “Solar dos Lilases”; e de Pavia “O Forno”.

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De 24 de Fevereiro a 12 de Março

Foz Côa com programa atractivo para a Festa da Amendoeira em Flor É

sempre um cartaz de grande atractividade, pela beleza natural que oferece, e que atrai à região muito milhares de visitantes. Vila Nova de Foz Côa assume ser a ‘Capital da Amendoeira em Flor’ e, para o efeito, promove um programa bastante apelativo de 24 de Fevereiro a 12 de Março. Durante os três fins-de-semana decorrerão mais de quatro dezenas de actividades e com um cartaz de espectáculos com nomes sonantes do panorama musical nacional. Amor Electro, André Sardet, Quim Barreiros e Padre Vítor são os cabeças de cartaz, mas o programa inclui inúmeras actividades, como Montarias, um torneio de karaté, passeios pedestres, passeios de motos, jogos tradicionais, um workshop sobre o fabrico do pão, um convívio de motos, bem como jogos tradicionais, feiras de rua e um festival de folclore. Para o vice-presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa a Festa da Amendoeira em Flor já “têm uma longa história

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de 35 anos”, Segundo João Paulo Sousa, “as novidades que podemos introduzir nesta trigésima sexta edição é que, mais uma vez, contamos com a participação das nossas freguesias, com uma diversidade temática bastante grande e que vai passar fundamentalmente pela actividade física, que hoje está na moda, com muitas caminhadas”. A “grande festa do território”, como a designa João Paulo Sousa, conta nesta edição “com uma grande diversidade de actividades”, naquela que é “a grande aposta do município, mantendo a questão orçamental”. O vice-presidente da Câmara de Foz Côa diz que apesar de ser um ano de eleições, a autarquia não vai ultrapassar o orçamento de outras edições. “Continua a ser um investimento e a grande festa do território e da região, ou não fosse Foz Côa a Capital da Amendoeira em Flor e isso é que é muito importante para nós”, frisa. João Paulo Sousa lembra que para além das actividades acima descrita, a Festa

é também uma montra das potencialidades do concelho, nomeadamente “nos produtos regionais”, mas também “nos fins-de-semana gastronómicos nos restaurantes aderentes, bem como um conjunto de outras actividades que mantemos”. Entre outras actividades, o autarca destaca a peça de teatro dedicada às senhoras, “pois o Dia da Mulher está dentro do calendário das nossas festas”. Aliás, João Paulo Sousa lembra que ao todo o programa contempla “cerca de 40 actividades durante os três fins-de-semana e manter a tónica, que é importante e sem entrar em loucuras, num cartaz apelativo, com nomes da música de primeiro plano que dignificam este evento”. Apesar do tempo incerto que se faz sentir, o manto de flores brancas estará pronto a receber os milhares de visitantes que, durante aquele período, vão demandar o Douro Superior e o concelho de Fiz Côa em particular. 11


Concebido pela Confraria dos Rojões da Bairrada com Grelo e Batata à Racha

Bôla de Rojões integra a gastronomia da Mealhada A De 31 de Março a 2 de Abril

Torre de Moncorvo regressa à Idade Média ao tempo de D. Dinis

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Câmara de Torre de Moncorvo está a preparar mais uma edição da Feira Medieval nos dias 31 de Março, 1 e 2 de Abril, com o tema “D. Dinis – Ferro e Ferrarias no seu Tempo”. Durante três dias a vila regressa ao reinado de D. Dinis (12791325). O monarca atribuiu a Torre de Moncorvo carta de foral, mandou-lhe construir cerca, concedeu-lhe carta de feira e outros privilégios, incentivando o povoamento e a exploração económica da região. A nível nacional fomentou todos os meios de riqueza nacional na extracção da prata, estanho e ferro. Torre de Moncorvo não deve ter sido excepção, uma vez que possui a maior jazida de ferro da Europa. Nesta edição, a novidade é a recriação do quotidiano das ferrarias, onde serão visíveis alguns quadros fundamentais como o transporte de minério, a britagem com maço e picalhão, a redução e fundição do ferro e o forjamento do mesmo. Além do ciclo do ferro será retratado um mercado do ferro, onde haverá algumas forjas a trabalhar. Com uma função pedagógica e lúdica, esta iniciativa pretende também fazer uma recriação histórica do comércio e das artes e dos ofícios da Idade Média, a apresentação do artesanato local, nacional e internacional, animar o centro histórico da vila e sensibilizar os jovens e a população em geral para a história e para a sua importância. A organização é da Câmara de Torre de Moncorvo em parceria com o Agrupamento de Escolas de Torre de Moncorvo, Grupo Alma de Ferro Teatro, Associação de Comerciantes e Industriais de Moncorvo, Paróquias, Juntas de Freguesias, Agrupamento 788 do Corpo Nacional de Escutas, Destacamento da GNR de Torre de Moncorvo, Dragon Force e Escola Municipal Sabor Artes.

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bôla de rojões é a mais recente iguaria a integrar a gastronomia da Mealhada. O lançamento aconteceu no Espaço Inovação Mealhada, pela mão da Docealhada, um dos projectos ali alojados. A Bôla de Rojões da Bairrada é um produto inovador, de base regional, concebido e desenvolvido pela Confraria dos Rojões da Bairrada com Grelo e Batata à Racha, que detém a marca registada do produto. Chega à Mealhada pela mão da Docealhada, uma doçaria conhecida, sobretudo, pelo bolo doce regional da Mewalhada, conhecido como folar, e pelo bolo-rei, eleito, em 2016, como o melhor do país, no concurso nacional da ACIP. A bôla nasceu de uma ideia da Mordoma Ivone Almeida e foi tornada realidade numa refeição de amigos. Foi posteriormente partilhada com a Mordomia da Confraria, que pegou na “criação” e lançou o desafio ao chefe João Moreira, Confrade de Honra da Confraria. O chefe lançou mãos à obra e, com uma excelente mistura de três cereais, fez “germinar” a “ Bôla de Rojões da Bairrada”, que já é uma marca registada, detida pela Confraria. A confraria estabelece parcerias com doçarias ou pastelarias para a produção e comercialização da mesma, tendo a Docealhada merecido a sua confiança. Com esta parceria, a bôla de Rojões da Bairrada passará a estar disponível na Mealhada.

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Certame vai decorrer de 28 de Abril a 01 de Maio

Moçambique é o país convidado da IV Feira Ibérica de Turismo da Guarda A

quarta edição da Feira Ibérica de Turismo (FIT), a realizar de 28 de Abril a 01 de Maio, na cidade da Guarda, terá Moçambique como país convidado. Segundo o presidente da autarquia da Guarda, Álvaro Amaro, o município volta a apostar na internacionalização da FIT e Moçambique, no continente africano, foi convidado para participar, enquanto o destaque ibérico será dado à região da Estremadura espanhola. Na apresentação do certame, o autarca adiantou que na edição de 2017 a FIT destaca “o turismo sustentável para o desenvolvimento e a importância do Turismo de Natureza”, no âmbito da estratégia do município “para os próximos anos”, de que é exemplo o anunciado projecto dos “Passadiços do Mondego”. A Câmara da Guarda abriu já as inscrições para a FIT, que decorrerá no Parque Urbano do Rio Diz, disponíveis até 28 de Março através do sítio da internet da autarquia (www.mun-guarda.pt/ fit) ou através do endereço de correio electrónico fit@mun-guarda.pt.

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O director da feira, Carlos Condesso, disse que na edição deste ano do certame a entidade promotora, a Câmara da Guarda, irá “melhorar as condições técnicas”. “Vai haver algumas alterações nomeadamente na zona da restauração”, pois “vamos dar mais conforto a quem nos visita e a quem expõe”, garantiu, prometendo que a Guarda promoverá “uma feira mais airosa”. Carlos Condesso explicou ainda que o certame dará este ano destaque aos operadores e serviços mais directamente ligados ao Turismo de Natureza e ao Turismo em Espaços Rurais. O presidente do Turismo do Centro, Pedro Machado, também presente na apresentação do evento, disse que a FIT é a única feira especializada em turismo que se realiza na região Centro e que “representa uma enorme mais-valia” para o sector. “A FIT ajuda a combater a litoralização da actividade turística”, afirmou, referindo tratar-se de um evento que “desloca a concentração turística do litoral para esta região” do interior. Conside-

rou ainda que a feira é importante por reforçar o mercado turístico interno e por ter uma “fortíssima ligação” ao mercado externo, através de Espanha. Promover o sector do turismo ibérico, fomentar o intercâmbio transfronteiriço, estimular o relacionamento comercial e o progresso dos vários sectores e segmentos da economia e o desenvolvimento dos territórios são objectivos do certame que tem por lema “Uma feira. Dois países. O mundo”. Segundo a autarquia da Guarda, a feira tem vindo a afirmar-se como “uma plataforma transfronteiriça no panorama ibérico dos eventos ligados ao turismo” e “uma oportunidade singular de divulgação, promoção, captação e desenvolvimento de fluxos turísticos e de valorização dos recursos”. A edição de 2016, que teve o Brasil como país convidado, contou com uma área total coberta de 8.000 metros quadrados, juntou mais de uma centena de expositores de Portugal e de Espanha e atraiu “dezenas de milhares de visitantes”, segundo a autarquia. 13


Brasões, pelourinhos e cruzeiros estarão em destaque em Pinhel

Anselmo Ralph e Áurea são cabeças de cartaz na XXII Feira das Tradições O

s brasões, pelourinhos e cruzeiros existentes no concelho são o tema da XXII Feira das Tradições e Atividades Económicas, a realizar entre 24 e 26 de fevereiro, numa iniciativa da Câmara de Pinhel. O certame vai decorrer no Centro Logístico de Pinhel, inclui exposições, tasquinhas, salão de vinhos, tradições e costumes, música popular e concertos. O evento, que ocupará uma área coberta de 8.000 metros quadrados, contará com a participação de cerca de 280 expositores de artesanato, atividades económicas, produtos, serviços, associações e instituições, indicou. Com o destaque que vai ser dado aos brasões, pelourinhos e cruzeiros do concelho, o município pretende “divulgar as potencialidades locais e atrair turistas”, referiu o presidente Câmara de Pinhel. Rui Ventura disse que o seu município, situado no distrito da Guarda, possui 20 brasões, três pelourinhos - na cidade de Pinhel e nas freguesias de Alverca da Beira e de Lamegal - e diversos cruzeiros dispersos pelo seu vasto território. Na edição de 2017 da Feira das Tradições e Atividades Económicas do Concelho de Pinhel, a autarquia, que é a entidade promotora, prevê gastar cerca de 350 mil euros, segundo o seu presidente. O autarca acredita que a feira, que considera ser o “maior certame de inverno da Beira Interior”, atrairá este ano “cerca de 50 mil pessoas”, tal como já aconte-

ceu em 2016. O programa da XXII Feira das Tradições arranca na sexta-feira, dia 24 de fevereiro, com um desfile de Carnaval, com a participação dos alunos das escolas do concelho de Pinhel, e um espetáculo com o cantor Anselmo Ralph.

O cartaz musical inclui ainda concertos com Sangue Ibérico e Santamaria (sábado, dia 25) e com a cantora Áurea a subir ao palco no dia 26. No último dia deste certame anual haverá ainda uma festa da música tradicional e um baile de Carnaval.

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No âmbito do Projeto CARDOP

Flor de Cardo produzida no EP do Campo entregue a produtores de queijo O

Estabelecimento Prisional (EP) de São José do Campo, em Viseu, recebeu uma cerimónia pública no âmbito do projecto CARDOP, que contemplou a entrega de flores de cardo de qualidade ali produzidas a produtores de queijo Serra da Estrela, que têm colaborado no projeto desde a sua génese. Este estabelecimento prisional, com o contributo da mão-de-obra prisional, participa num projecto técnico-científico que valoriza os recursos genéticos, paisagísticos, culturais e humanos, endógenos de todo o território de Denominação de Origem Protegida (DOP) do queijo da Serra da Estrela, através do cultivo de um campo experimental de cardo. O evento foi presidido pela Secretária de Estado Adjunta e da Justiça, Helena Mesquita Ribeiro, e contou com a presença de várias entidades ligadas ao projecto e à ovinicultura da região, produtores de queijo, bem como do vice-presidente da Câmara de Viseu, Joaquim Seixas, e do presidente da Câmara de Penalva do Castelo, Francisco Carvalho. No final da sessão decorreu uma prova de degustação de Queijos Serra da Estrela, produzidos com base em flores de cardo desenvolvidas por este projecto. Na ocasião, o coordenador do CARDOP na Escola Superior Agrária de Viseu lembrou a crescente procura no mercado de flor de cardo de qualidade, uma vez que há zonas de produção de queijo que não são auto-suficientes. Paulo Barracosa diz que investigação levada a cabo permite ter hoje “um profundo conhecimento sobre o cardo”, uma planta “que tem muitas outras qualidades que a podem levar a diversas indústrias, incluindo a aeroespacial e os carros do futuro”, adianta o investigador, que aproveitando a presença da Secretária de Estado da Justiça lembrou a necessidade de se fazerem obras no Estabelecimento Prisional do Campo, onde passa algum do seu tempo. Helena Mesquita Ribeiro ouviu e adiantou que as obras poderão ser feitas por fases, já que este EP é constituído por diferentes pavilhões, que permitem que o investimento seja feito pavilhão a pavilhão. “A percepção que levo daqui ultrapassa aquilo que imaginava. Acho que, com quantias que estão ao alcan-

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ce do Ministério da Justiça, é possível darmos início a algumas obras que se traduzirão na melhoria da qualidade de alojamento de reclusos que se encontram neste momento no Estabelecimento Prisional em Viseu”, referiu a governante. O projeto CARDOP tem vindo, desde 2010, a estabelecer parcerias com instituições de diversa índole, científica, cultural e social, para estudar e conhecer melhor a flor de cardo como ingrediente obrigatório do Queijo Serra da Estrela.

Este percurso levou à instalação de cerca de uma dezena de campos e mais de 5.000 plantas, que permitem hoje ter um conhecimento mais abalizado sobre esta espécie e produzir flor de cardo com uma qualidade irrepreensível para fornecer algumas das queijarias de referências da região. Um dos campos que mais orgulha este projeto é o que se encontra no EP do Campo, estabelecido em 2013, como um local experimental de cardo com a vocação de produção de flor, sendo atualmente uma referência na região e no País. 15


Em Lisboa, com cerca de 500 participantes

Congresso Nacional do Milho debate a reforma da PAC pós-2020 O

XI Congresso Nacional do Milho, que decorre a 7 e 8 de Fevereiro, no Hotel Altis, em Lisboa, será um palco privilegiado para debater a Política Agrícola Comum (PAC) após 2020. Especialistas, próximos do processo de decisão política, vão revelar quais as grandes linhas da próxima reforma e de que modo afectará a agricultura europeia. Num momento em que a Comissão Europeia lança uma consulta pública a toda a Sociedade sobre a próxima reforma da PAC, a ANPROMIS - Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo convidou um painel de oradores que estão numa posição privilegiada para esclarecer os agricultores portugueses sobre o que vai mudar na agricultura europeia após 2020. Entre os oradores destaca-se João Pacheco, da Farm Europe, movimento de reflexão sobre a economia rural europeia. Exerceu funções de subdirector16

-geral da DG AGRI, órgão executivo da Comissão Europeia para a agricultura, e tem cerca de 30 anos de experiência em negociações e implementação da PAC. Outro orador que contribuirá com uma visão sobre o impacto da reforma no sector do milho é Daniel Peyraube, presidente da Confederação Europeia dos Produtores de Milho (CEPM) e produtor de milho na região francesa das Landes. “O futuro da produção de milho na UE” é outro dos temas a debate, tendo como orador principal Benoit Pagès, da Arvalis, organismo francês de investigação aplicada à agricultura. Os comentadores do painel são representantes de associações de produtores de milho de Portugal, Itália, França e Roménia. A propósito da produção de milho em Portugal, José Luís Lopes, presidente da direcção da ANPROMIS, recorda que “tem havido um aumento significa-

tivo da produção unitária por hectare, que tem compensado alguma redução de área. Esperamos que no futuro haja condições de preços que façam aumentar a área de implantação da cultura. Podemos duplicar a produção, que não haverá problemas de comercialização”. ‘Inovação, Tecnologia e Competitividade’ será também tema de debate, com a presença de investigadores portugueses que desenvolvem soluções de agricultura de precisão – robots, planos de fertilização a taxa variável, etc - que visam tornar as explorações agrícolas mais eficientes e sustentáveis. Para ajudar os participantes a reflectir sobre a macroeconomia e o seu impacto no dia-a-dia da agricultura terão lugar uma palestra sobre “Os novos desafios da economia mundial” e um painel de debate sobre o “Papel da agricultura na geopolítica mundial”. www.gazetarural.com


Escolhido da revista Wine - Essência do Vinho

Dona Maria Grande Reserva 2011 eleito Vinho do Ano 2016

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Dona Maria Grande Reserva 2011, do Alentejo, foi escolhido como Vinho do Ano 2016 pela Revista Wine - Essência do Vinho que anunciou também a eleição de Henrique Sá Pessoa como Chefe de Cozinha do Ano. “Elaborado a partir das castas Alicante Bouschet, Touriga Nacional Petit Verdot e Syrah, de parcelas de vinhas velhas [o vinho Dona Maria Grande Reserva 2011] foi fermentado em lagar e estagiou em barricas novas de carvalho francês durante um ano. É um grande vinho de um senhor produtor”, explica a Revista Wine que deu a conhecer ‘Os Melhores do Ano 2016’. Mota Capitão, foi considerada ‘Produtor do Ano 2016’ e a Azores Wine Company, projeto de António Maçanita, Filipe Rocha e Paulo Machado, distinguida com o prémio ‘Produtor Revelação do Ano’. O atual presidente da Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa, e ex-presidente da ViniPortugal, foi eleito ‘Personalidade do Ano 2016 no Vinho’ e Jorge Moreira, que recentemente celebrou 20 anos de enologia no Douro, a trabalhar no projeto pessoal Poeira e ainda na Real Companhia Velha e Quinta de la Rosa, venceu o prémio ‘Enólogo do Ano’. A revista Wine - Essência do Vinho elegeu também António Coelho, sommelier e maître do restaurante espanhol Lasarte, três estrelas Michelin de Barcelona, como “Sommelier do Ano 2016” e João Rodrigues, do algarvio Columbus Cocktail & Wine Bar, em Faro, foi escolhido ‘Mixologista do Ano 2016’. Na esfera da gastronomia, Henrique Sá Pessoa, que recentemente conquistou uma estrela Michelin para o restaurante Alma, em Lisboa, foi considerado ‘Chefe de Cozinha do Ano 2016’ e o restaurante Loco, também com estrela Michelin, do chefe Alexandre Silva, foi eleito ‘Restaurante Gastronómico do Ano 2016’. Como ‘Personalidade do Ano 2016 na Gastronomia’ foi escolhido Duarte Calvão, gastrónomo e diretor do evento Peixe em Lisboa, e a Mealhada eleita ‘Destino Gastronómico do Ano 2016’, sendo o restaurante Rei dos Leitões considerado ‘Restaurante com Melhor Serviço de Vinhos’. Durante a cerimónia, a flor de sal Salmarim, de Castro Marim, Algarve, conquistou o prémio ‘Produto Artesanal do Ano’, e o Esporão, em Reguengos de Monsaraz, Alentejo, venceu o título de ‘Enoturismo do Ano 2016’. A revista Wine agraciou ainda Jaime José de Barcelos, proprietário do restaurante Ostradamus, em Florianópolis, sul do Brasil, com a distinção de ‘Personalidade do Ano no Brasil’. Os vencedores resultaram de uma pré-seleção de 60 nomeados, da responsabilidade da redação da revista WINE - A Essência do Vinho, uma publicação especializada em vinho e gastronomia que foi lançada em Maio de 2006. 17


O mais aguardado evento anual de vinhos

Palácio da Bolsa recebe XIV Essência do Vinho – Porto de 23 a 26 de Fevereiro

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principal experiência do vinho em Portugal regressa ao Porto já no próximo mês. De 23 a 26 de Fevereiro, o Palácio da Bolsa é palco da décima quarta edição do evento que já se tornou incontornável no calendário anual vínico. Essência do Vinho – Porto apresentará em prova livre mais de 3.000 vinhos de 350 produtores, nacionais e internacionais. Rótulos raros e exclusivos que marcam a história das principais regiões demarcadas portuguesas estarão a par dos mais recentes lançamentos no mercado. O programa está a ser finalizado e incluirá pretextos mais que suficientes 18

para justificar uma visita, como provas comentadas, dirigidas por conceituados especialistas, harmonizações enogastronómicas, sessões mais informais para ajudar a percepcionar melhor a linguagem do vinho, e uma das mais significativas provas anuais de vinhos portugueses. O “TOP 10 Vinhos Portugueses” reunirá uma selecção dos vinhos mais bem pontuados pela revista WINE – A Essência do Vinho, que serão alvo de uma derradeira avaliação por um júri internacional. Constituído por jornalistas, críticos de vinhos e sommeliers, o painel elegerá o melhor vinho branco, o melhor vinho tinto e melhor vinho fortificado.

Nesta fase, encontra-se a decorrer a campanha online de compra antecipada de bilhetes para o Essência do Vinho – Porto. Adquirida em www.essenciadovinhoporto.com, a entrada de um dia tem o valor de 20€ e inclui copo de provas Riedel. No local e nos dias de realização do evento, a mesma entrada terá o custo de 25€. Realizado pela primeira vez em 2004, Essência do Vinho – Porto é uma organização da EV -Essência do Vinho, em parceria com a Associação Comercial do Porto. A última edição do evento recebeu cerca de 20.000 visitantes, 28% dos quais estrangeiros. www.gazetarural.com


Pratos continentais harmonizaram com néctares da ilha

Vinhos do Pico surpreenderam na Mealhada O

restaurante Pedro dos Leitões, na Mealhada, foi o palco de uma degustação de pratos continentais harmonizados com vinhos da ilha do Pico, nos Açores. O evento “À Rota do Pico” é uma co-organização da Casa do Presunto, da Simply b e da Câmara da Madalena do Pico, contou com a participação de cinco Chefs de cozinha e a presença do presidente da Câmara da Mealhada, Rui Marqueiro, e do vice-presidente da Câmara das Lajes do Pico, Hildeberto Peixoto, em representação da Ilha do Pico. Ambos aproveitaram a ocasião para trocar impressões acerca das potencialidades vínicas e turísticas dos seus concelhos. Produzidos no coração do Atlântico, entre as rochas vulcânicas do Pico e a partir de castas nobres como Arinto, Verdelho, Merlot, Malvasia, Chardonnay

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e Cabernet Sauvignon, os vinhos dos Açores marcam pela sua mineralidade e toque de salinidade. Dos frescos e cítricos aos encorpados e doces, a panóplia de sabores e aromas dos vinhos do Pico abrange todos os gostos e as aplicabilidades culinárias. Que o digam os Chefs de cozinha desafiados para harmonizar os melhores produtos continentais com os néctares insulares da “Curral Atlantis”, do produtor Marco Faria, e do “Czar”, produzido por Fortunato Garcia. Vítor de Oliveira, da “Casa do Presunto”, Duarte Eira, do galardoado “Sal Poente”, Margarida Rego, do Wine “Hotel Monverde”, Tony Salgado, do exclusivo “Palácio do Freixo” e ainda de Laurinda Rosmaninho, a chef residente do restaurante “Pedro do Leitões”, não deixaram os créditos por mãos alheias,

apresentando magníficas sugestões do mar e terra para gáudio do exclusivo grupo de convidados presentes neste jantar vínico intitulado “Na Bairrada também h’À Rota do Pico!”. Distribuidores, clientes, amigos do restaurante “Pedro dos Leitões”, assim como a comunicação social, também não quiseram deixar de experimentar as iguarias à mesa, pelo que abrilhantaram ainda mais este jantar onde os vinhos do Pico foram reis e senhores da mesa. O repasto, exclusivamente inspirado nos néctares do Pico, contou com a análise organolética do escanção residente, Carlos Marques, assim como com o apoio da Câmara da Madalena do Pico que, no âmbito da “Cidade do Vinho 2017”, está a apostar fortemente na sua divulgação ao nível nacional.

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De 13 de Fevereiro a 13 de Outubro

ViniPortugal promove ciclo de formações sobre o vinho a copo em Lisboa e Porto

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ViniPortugal reforça o convite ao canal Horeca para participar nas formações “Como qualificar o Serviço de Vinho - A Copo!” em Lisboa e no Porto. A segunda-feira será o dia privilegiado para estas formações, que terão lugar até 13 de Outubro, entre as 15 e as 18 horas. Em Lisboa serão promovidas na sede da ViniPortugal, Edifício IVV, na Rua Mouzinho da Silveira. Enquanto no Porto terão lugar na Sala dos Jurados, no Palácio da Bolsa, no Porto. A participação nas formações é gratuita para o Canal Horeca e visa promover a melhoria do serviço de vinhos através de um maior conhecimento sobre a arte desta forma de servir vinho. Cada sessão focará as técnicas e instrumentos de conservação de vinho. Com o objectivo de promover um serviço responsável serão ainda apresentadas orientações sobre iniciação aos vinhos de Portugal, tipos de vinhos, castas, regiões, bem como noções básicas de harmonização. À semelhança dos anos anteriores, as formações são organizadas no âmbito da campanha “A Copo” e são direccionadas para profissionais de diferentes áreas como restaurante, bar, discotecas ou Wines bar, com o objectivo de promover uma melhoria do negócio de uma experiência personalizada entre o consumidor e o estabelecimento na degustação do vinho.

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Publicado no International Journal of Food Properties o Freshness Lab

Estudo propõe nova segmentação de mercado da maçã A

maçã é o principal fruto consumido em Portugal e na Europa. A conveniência de consumo, a facilidade de preparação e o preço acessível fazem da maçã uma fruta compatível com os estilos de vida e hábitos de consumo modernos. Os consumidores esperam que as lojas disponham de vários tipos de maçã. Até agora as maçãs são classificadas no mercado em função da cor da casca e da doçura ou acidez percebidas. A cor é um critério facilmente avaliável pelo consumidor em loja. O mercado classifica as maçãs em verdes, amarelas, vermelhas, bicolores e pardas. Para além deste critério, os consumidores também se habituaram a maçãs de sabor mais doce ou mais ácido. Um estudo publicado no International Journal of Food Properties o Freshness Lab, do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, propõe uma nova classificação da maçã com base na sua riqueza em compostos bioactivos benéficos para a saúde.

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O estudo liderado por Domingos Almeida, coordenador do Freshness Lab, analisou oito variedades da Indicação Geográfica Protegida “Maçã de Alcobaça” para a riqueza relativa em compostos fenólicos bioactivos. Com base nesta análise foi proposta uma nova classificação mercadológica para a maçã composta por quatro classes: maçãs ricas em flavonoides, maçãs ricas em quercitina, maçãs ricas em flavonóis e procianidinas e maçãs ricas em ácido clorogénico. Os resultados mostram que a segmentação de mercado convencional, baseada na cor, não coincide com a composição em compostos bioactivos, nomeadamente os flavonoides. O estudo agora publicado documenta as propriedades fitoquímicas da “Maçã de Alcobaça” (IGP) e propõe uma segmentação inovadora a nível mundial. “Existe enorme diferença quando a maçã é consumida com a casca” afirma Domingos Almeida. Esta é rica em flavo-

noides, quercitina e em procianidinas, mas o ácido clorogénico, que contribui para a actividade antioxidante das maçãs, está na polpa. Maçãs da IGP “Maçã de Alcobaça” comidas com a casca são segmentadas em três classes: ricas em flavonóides: ‘Starking’, ‘Reineta’, ‘Galaxy’, ‘Casa Nova’, Jonagored’; ricas em quercitina: ‘Fuji’, ‘Galaxy’, ‘Casa Nova’ e ricas em flavonóis e em procianidinas: ‘Starking’, ‘Reinette’, ‘Jonagored’, ‘Casa Nova’. Quando as maçãs são descascadas as variedades classificam-se em dois segmentos: ricas em flavonoides: ‘Reineta’ e ‘Casa Nova’ e ricas em ácido clorogénico: ‘Reineta’, ‘Casa Nova’, e ‘Starking’. “A composição da maçã encontra-se muito bem estudada. A novidade do estudo é a proposta de segmentação que considera uma das tendências fundamentais no mercado dos frutos frescos, os benefícios para a saúde” afirma Domingos Almeida. “Temos de ir além da aparência”. www.gazetarural.com


COTHN reuniu em Moimenta da Beira

Produção de maçã teve quebras de 35% a 40% em Portugal A

produção de maçã em Portugal registou um decréscimo situado entre os 35% e os 40%, bastante acima da diminuição ocorrida no resto dos países da União Europeia, que não foi além dos 3%. ´ Os dados foram revelados por Maria do Carmo Martins, do Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN), que reuniu pela primeira vez em Moimenta da Beira, com produtores, técnicos e organizações frutícolas de várias regiões do país, para fazer o “Balanço da Campanha da Maçã 2016”. O programa incluiu ainda visitas a dois pomares, uma palestra sobre a problemática dos ácaros em macieira, pelo investigador Raul Rodrigues, da Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, e apresentação dos resultados da campanha pelas estruturas de produção presentes. Segundo a dirigente, em Setembro do ano passado, Portugal “tinha uma previsão de quebra na ordem dos 20% relativamente a 2015”, mas dados atuais apontam que esta se situe entre os 35% e os 40%. Na região da Beira Távora, que integra o concelho de Moimenta da Beira, a diminuição foi de 40% a 50%. Os principais factores que contribuíram para a quebra “foram as condições climatéricas durante o período de dormência vegetativa das macieiras e pereiras, com Inverno ameno a não ajudar ao aparecimento de flores, e, na fase da floração, com chuvas intensas e temperaturas a não ajudar ao desenvolvimento dos frutos”. De acordo com as últimas previsões agrícolas do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicadas em Novembro passado, a estimativa era colher 226 mil toneladas de maçãs em Portugal, o que a confirmar-se representaria uma quebra de 30% face às 323 mil toneladas obtidas um ano antes (2015). Na União Europeia, a produção decresceu 3% em 2016 face ao ano anterior. “Os principais países produtores tiveram um decréscimo de produção como, por exemplo, a França, com menos 7%”, ex-

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plicou a técnica do COTHN. No entanto, houve países, como a Polónia, com “um aumento de 4% relativamente à campanha passada e de 14% relativamente às últimas três campanhas”, acrescentou. No que respeita aos mercados considerados mais importantes em termos mundiais, Maria do Carmo Martins referiu, por exemplo, que “a produção da China deve subir novamente cerca 900 mil toneladas, para as 43,5 milhões de

toneladas”. Maria do Carmo Martins aproveitou para sensibilizar os produtores para um estudo de investigadores do “Freshness Lab” do Instituto Superior de Agronomia que concluiu que “uma nova classificação da maçã com base na sua riqueza em compostos bioactivos benéficos para a saúde pode ser uma boa alternativa”, visto que esta é cada vez mais uma preocupação dos consumidores.

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Para retratar o território no século XX

Manteigas faz levantamento concelhio de usos e costumes A

Câmara Municipal de Manteigas anunciou que vai dinamizar um projecto cultural de recolha de informação junto dos habitantes do concelho sobre os usos e os costumes existentes no século XX. Segundo a autarquia presidida por José Manuel Biscaia, o projecto denominado “Manteigas d’Outrora” visa retratar o território de Manteigas no século XX, perpetuando a sua memória, através da recolha imaterial dos seus usos e costumes. “A recolha deste património imaterial será feita com base em entrevistas realizadas a habitantes mais idosos, complementada com uma recolha bibliográfica e demais fontes documentais”, esclareceu a autarquia em comunicado. Na nota, o município convida toda a população em geral a participar no projecto de dinamização da cultura local. A mesma fonte refere que com esta iniciativa pretende-se fazer a recolha imaterial de temas específicos, tais como vida privada, cerimónias fúnebres e ritos mortuários, vida pública, vida popular, vida quotidiana, cerimonial social e folclore. Sobre a vida privada, indica que serão recolhidos costumes no âmbito do nascimento, do baptismo, do namoro, do noivado e do casamento. O tema cerimónias fúnebres e ritos mortuários incluirá o velório, a vigília, o luto, os cortejos fúnebres e as carpideiras. A temática da vida pública, popular, quotidiana e cerimonial social irá incidir sobre festas populares (carnaval e santos populares), festivais e feiras anuais, mercados e quermesses, procissões, corsos e cortejos, jogos, danças, bailes e dias especiais (da mãe, do pai, dos mortos e feriado municipal). Na recolha a realizar pela autarquia de Manteigas serão ainda incluídas histórias narrativas, lendas, fábulas, anedotas, superstições, crenças, costumes populares, o sobrenatural e espíritos bons e maus. Por fim, na vertente do folclore, considerado um “riquíssimo tema”, o trabalho a realizar no território daquele 24

município da Serra da Estrela irá incidir sobre danças, canções populares, cantigas do trabalho, cantigas de despedida, provérbios, adágios, ditos populares, nomes populares de pessoas, plantas, animais e ruas.

O concelho de Manteigas é o mais pequeno do distrito da Guarda, com cerca de 3.430 habitantes, que estão dispersos pela sede e pelas freguesias rurais de Sameiro e de Vale de Amoreira. www.gazetarural.com


Município lançou vídeo promocional para valorizar a identidade e ancestralidade do concelho

Penedono descreve-se na “Memória dos Tempos Medievais” “

Memória dos Tempos Medievais” é a assinatura do vídeo promocional lançado pela Câmara de Penedono, com o objectivo de reafirmar a ancestralidade de uma das terras mais antigas do país, e de dar a conhecer os muitos atractivos do concelho a quem ainda não o visitou. “Cada vez mais a divulgação de um território é essencial para a consolidação da sua identidade e para o estimular do desenvolvimento económico-social local e é nesse sentido que o Executivo Municipal tem trabalhado para a promoção do concelho”, afirma Carlos Esteves, presidente da autarquia. Filmado exclusivamente em Penedono, entre os meses de Julho e Setembro do ano passado, o vídeo conta a história de uma vila medieval que conserva a tradição e a força de um povo, que não esquece as suas origens, construindo nelas o caminho para o futuro. Tendo como pano de fundo paisagens de rara www.gazetarural.com

beleza que ainda conservam a ambiência medieval e o Castelo, que é um ícone de Penedono, o vídeo promocional junta todos os produtos estratégicos do concelho e capta a história e a essência desta vila medieval. Com a particularidade de ter contado com participação da população de Penedono que dá corpo às personagens, o vídeo termina com a transformação do guerreiro medieval em turista, quebrando a barreira temporal e edificando uma emersão do passado ao presente, uma ideia reforçada através da assinatura do vídeo que realça o facto da memória dos tempos medievais estar viva e ser eterna na identidade de Penedono. “Cientes da nossa atractividade, da riqueza da nossa História e da natureza com que fomos mimoseados, queremos mostrar que Penedono é o melhor destino a descobrir nas quatro estações do ano”, ressalva o presidente da Câmara de Penedono, que convida “todos a

visitar esta terra especial, abrindo as nossas portas a uma viagem excitante pela nossa História que se funde com a fundação de um reino”. O vídeo promocional foi apresentado no âmbito da sessão de “Evocação da Restauração do Concelho” e está disponível no site, no Facebook e no canal de Youtube do município: https://youtu.be/GR8KfsCRAUs Penedono, outrora Pena do Dono, é considerada uma das mais belas vilas de Portugal. Localizada nos derradeiros limites da Beira e a um passo dos socalcos da Região Demarcada do Douro, a vila medieval de Penedono domina imponente, uma paisagem de contrastes fortes e impressionantes. Com cerca de 1 000 habitantes, a vila de Penedono é sede de um município com 133,71 km² de área e 2 952 habitantes (2011), subdividido em 7 freguesias: Antas e Ourozinho, Beselga, Castainço, Penedono e Granja, Penela da Beira, Póvoa de Penela e Souto. 25


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chanfana é o prato mais genuíno dos concelhos ligados à Serra da Lousã, mas escasseia a carne de cabra autóctone para a confeccionar, com os criadores a apostarem mais na produção de queijo e cabritos. A carne de cabra, assada em vinho tinto no tradicional forno de lenha, tem sido crescentemente valorizada pelas autarquias, que organizam festivais gastronómicos com apoio de confrarias gastronómicas e da própria Turismo do Centro de Portugal. Só que, em grande parte, os animais utilizados nos restaurantes são criados noutras regiões do país. Em municípios serranos dos distritos de Leiria e Coimbra, como Pedrógão Grande, Lousã e Góis, o negócio dos produtores não passa pelo gado caprino adulto, a “cabra velha”, mais adequada à preparação da chanfana, segundo o etnólogo Manuel Louzã Henriques. A exploração da família Markl, em Pedrógão Grande, possui um rebanho de 100 cabeças que, em Junho, chega a produzir 90 litros de leite por dia. “Não é possível aumentar o número de cabras”, afirma Marc Märkl, frisando que a estrutura familiar da unidade, que dispõe de queijaria, desaconselha um reforço dos efectivos. O produtor, de 35 anos, realça que o trabalho com um rebanho maior requer “mais meios humanos”. Oriundos da Baviera, na Alemanha, os pais e dois filhos instalaram-se em Vale do Barco nos anos 80 do século passado. Mais tarde, o pastoreio e o fabrico de queijo curado foram assumidos de forma profissional. Actualmente, todas as ta26

refas agropecuárias são realizadas por Manfred e pelo filho Marc. “O meu pai é queijeiro, pastor e patrão ao mesmo tempo”, graceja Marc. Esta actividade “ocupa 80% do dia-a-dia, uma mistura de vida privada, trabalho e lazer”, incluindo feriados e fins-de-semana, refere. “Não sei exactamente o que leva as pessoas sempre para a cidade”, questiona Marc, admitindo que a vida rural “é um bocado monótona”, longe dos principais centros urbanos da região. De Janeiro a Dezembro, Manfred e Marc Märkl têm “um dia cheio de manhã à noite”. No entanto, “não há nada mais gratificante do que ver alguma coisa nascer e crescer devido ao esforço que se fez”, regozija-se o filho. O caprinicultor Carlos Paulino residiu e trabalhou sempre em Lisboa. A sua vida mudou radicalmente há três anos, quando criou uma empresa com um sócio, no concelho da Lousã. A NaturApproach produz actualmente cabritos e leite e possui mais de 250 cabras que pastam numa área de 100 hectares do baldio da freguesia de Serpins. “Não temos cabritos suficientes para a procura. Temos sempre os cabritos todos vendidos”, declara Carlos Paulino, ao expressar o desejo de ver o rebanho aumentar até aos 600 animais, todos da raça serrana, maioritariamente fêmeas reprodutoras. Investimento superior a 500 mil euros, com apoio da União Europeia, o projecto não previa a comercialização do leite, que passou depois a ser vendido a queijarias da região. “Nem pensávamos nisso”, admite Paulino, ao indi-

car que a empresa pondera a produção de queijo no futuro. A jovem unidade não tem ainda cabras velhas e comercializa apenas os machos juvenis, mantendo as fêmeas, a fim de aumentar o número de reprodutoras. Nos próximos anos, não venderá cabras para chanfana, mas poderá enveredar um dia por esse negócio. Incentivada pela Câmara Municipal e pela Junta de Serpins, a empresa “é um caso de sucesso”, apesar de exigir “muito trabalho” dos donos, apoiados por dois pastores, segundo Carlos Paulino. O secretário técnico da Associação Nacional de Caprinicultores da Raça Serrana, Francisco Pereira, realça que a cabra serrana “tem uma boa adaptação” a todos os terrenos, entre Lisboa e Bragança. Para o engenheiro zootécnico, a caprinicultura poderá ser “uma boa aposta” para jovens licenciados conseguirem o próprio emprego, quando se verifica “uma perda de efectivos” em todas as raças de cabras do país. Na Aigra Velha, concelho de Góis, a pastora Elsa Claro, de 55 anos, conduz 19 cabras pelas veredas da Serra da Lousã, entre urze, carqueja e tojo. É um rebanho de subsistência. “Também vendo cabritos e queijo, mas enquanto houver cabritos não posso fazer queijo”, esclarece. Os fregueses também “querem cabras velhas” para a chanfana. “Só tenho chibas novas e também não as vendo”, lamenta Elsa Claro. Até meados do século XX, o montanhês tinha na cabra o seu mealheiro. Como explica Louzã Henriques, o animal só era abatido quando já não paria cabritos, nem dava leite. www.gazetarural.com


Opinião Reforma da Floresta, uma oportunidade perdida?

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o passado dia 23 de Janeiro tive a oportunidade de assistir em Santarém à última sessão pública da discussão da “Reforma da Floresta” apresentada pelo Governo. Numa sessão conduzida pelo Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural foram apresentadas as linhas gerais da visão do Governo para resolver os problemas da floresta em Portugal, na sequência dos incêndios que destruíram mais de 150 mil hectares de espaços florestais e que se desenrolam segundo três vectores principais de intervenção: a titularidade da propriedade; a gestão e o ordenamento florestal e a defesa da floresta, nas vertentes de prevenção e de combate aos incêndios. É sobre esta última área que gostaria de apresentar uma apreciação mais crítica da revisão proposta para o Decreto-Lei n.º 124/2006, de 28 de Junho, um diploma estrutural e que estabelece o Sistema de Defesa da Floresta Contra Incêndios. Desde logo, da leitura do preâmbulo, fica-se com a sensação que o legislador não quis, na verdade, reformar o diploma. Apesar de se afirmar que as alterações introduzidas visam reforçar o pilar da prevenção, na prática, com excepção da introdução do novo conceito de “progressão controlada de incêndio” (que nem merece uma nota no preâmbulo), apenas são produzidos um conjunto de alterações pontuais e pouco significantes, quando era preciso rever todo o diploma, tornando-o um instrumento efectivo de política, dotando-o da necessária sensatez e flexibilidade para que a lei esteja ao serviço do cidadão e não o contrário como actualmente sucede e é perpetuado na proposta legislativa em vigor. A falta de profundidade que é apresentada no preâmbulo prossegue ao longo de todo o diploma. O conhecimento científico gerado nestes 10 anos de vigência do diploma é ignorado, não se tendo dado ao trabalho de procurar incorporar no processo de revisão do diploma as correcções necessárias, mesmo nos casos os estudos até encomendados e pagos pelo Ministério da Agricultura (Serviços Florestais). Um caso concreto é a obrigatoriedade da manutenção de faixas de protecção de 10 metros em torno das linhas www.gazetarural.com

de caminho-de-ferro é um exemplo da falta de interesse do legislador para legislar com sensatez. Um estudo coordenado pelo Professor Luciano Lourenço, da Universidade de Coimbra, evidenciou em 2008, com base na investigação do terreno e dos elementos recolhidos na investigação criminal, que na generalidade dos casos basta uma faixa de segurança de apenas dois metros para ter reunidas as condições de segurança, propondo que esta possa ser ampliada naquelas situações onde existe um registo histórico de ignições e um conjunto de factores de risco acrescidos no terreno, o que é sinalizado nos Planos Municipais de DFCI. Com este exemplo particular, mas de fácil compreensão, se percebe a pressa com que este processo legislativo da “Reforma da Floresta” decorreu, sem tempo necessário e desejável para amadurecer e sem a desejável reflexão prévia junto dos agentes florestais e das autarquias. E aqui reside o principal calcanhar de Aquiles desta legislação – a falta de uma boa articulação e de um processo de parceria com as Autarquias que surgem na Reforma da Floresta como a estrutura de base para inverter o problema dos incêndios florestais e da falta de ordenamento da floresta em Portugal. Nesse prisma, a questão do interface urbano-rural continua sem ter a devida atenção, sem ter uma linha de acção programática própria como sucede em países onde a protecção dos bens é um aspecto crítico, como é o caso dos Estados Unidos da América. Por cá, apesar da protecção das pessoas e bens (leia-se casas) constituir, de longe, a principal preocupação dos agentes de protecção civil nos Teatros das Operações, durante o combate aos incêndios florestais, esta valência continua sem merecer um olhar atento por parte das Autoridades. E neste domínio da protecção ao edificado assiste-se ao prenúncio de mais uma oportunidade perdida para rever o disparate legal em vigor que obriga os proprietários dos terrenos vizinhos das habitações a pagar pela protecção das casas alheias. No mínimo, o legislador devia promover a partilha dos custos inerentes a esses trabalhos. Se bem que, no meu ponto de vista, esta matéria de-

veria estar consagrada num programa, bem estruturado, de gestão do interface urbano/rural, no qual as comunidades organizadas, com um planeamento assente nas autarquias, poderiam aceder a fundos públicos para esse efeito, pelo menos naqueles territórios sinalizados no planeamento regional como de intervenção prioritária. Em suma, sem querer tomar a árvore pela floresta, da análise apresentada e tendo presente aquilo que pude reter das palavras do Secretário de Estado das Florestas, conclui-se que pese embora a bondade do Governo em dar o seu contributo para resolver os problemas estruturais que condicionam o desenvolvimento sustentável da floresta portuguesa, esta “Reforma da Floresta” surge apressada e revela-se pouco consistente para o efeito pretendido, desde logo porque acontece “a quente”, no rescaldo da tragédia e insuficientemente enquadrada nos instrumentos de suporte de política florestal – a Estratégia Nacional para as Florestas e o PDR 2020 - e carece da visão operacional que um Plano Florestal Nacional proporcionaria. Assim, da forma como são apresentadas as 10 medidas legislativas que estiveram em consulta pública, estas surgem mais como um “pacote” de legislação florestal, mais ou menos avulsa, cujos resultados poderão ficar bastante aquém das expectativas do Governo. Do meu ponto de vista, concluído o processo de consulta pública, o Governo deveria promover uma reflexão crítica dos contributos recebidos e em vez de querer aprovar tudo a correr até ao final de Junho como já foi anunciado pelo Ministro da Agricultura, deveria apostar em prosseguir um caminho de diálogo com a sociedade civil, com as Autarquias e com os agentes do sector na procura das soluções que permitam estabelecer uma política estruturada e cimentada no sector para o desenvolvimento da floresta portuguesa no médio e longo prazo. Ou seja, como rematou Miguel Freitas (e bem), no artigo de opinião que escreveu sobre a “Reforma para as Florestas”, esse é um debate que (ainda) está por fazer! Miguel Galante Engenheiro Florestal 27


Por uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra

Descoberta de novas proteínas ajuda a compreender nemátodo do pinheiro U

ma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (UC), liderada por Joana Cardoso, descobriu novas proteínas envolvidas na patogenicidade do nemátodo da madeira do pinheiro. A descoberta constitui “mais um passo importante para a compreensão da doença da murchidão do pinheiro” (Bursaphelenchus xylophilus), afirma a UC, numa nota enviada hoje à agência Lusa. Ao longo de três anos, “os investigadores estudaram duas espécies de nemátodes muito próximas: B. xylophilus, causadora da doença, e B. mucronatus”, esta “uma espécie com características morfológicas e ecológicas semelhantes às de B. xylophilus, mas que não é patogénica”, adianta a UC. Reproduzindo em laboratório as condições do ambiente natural, os especialistas quantificaram e compararam as proteínas (enzimas) produzidas

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naturalmente pelas duas espécies de nemátodes e libertadas para o meio envolvente. A equipa de investigadores descobriu que “a espécie B. xylophilus liberta uma quantidade muito maior de determinadas proteínas em comparação com B. mucronatus, podendo ser esta a causa para a sua patogenicidade”, admite Joana Cardoso. Ou seja, “o aumento da secreção destas proteínas é responsável pela destruição das células do pinheiro e consequente morte da árvore” explica a investigadora, citada pela UC. “Das 422 proteínas quantificáveis nas duas espécies, 158 são libertadas em muito maior quantidade pela espécie B. xylophilus e que muito provavelmente estão relacionadas com a sua patogenicidade”, esclarece Joana Cardoso. Esta nova informação, “além de contribuir para desvendar os mecanismos

envolvidos na doença da murchidão do pinheiro, será de grande utilidade para o desenvolvimento de novas estratégias de controlo do nemátode da madeira do pinheiro que constitui uma ameaça à economia europeia”. Os investigadores vão agora caracterizar e estudar a função destas “158 proteínas que são libertadas em maior quantidade, seleccionar as mais relevantes e estudar formas de as silenciar, isto é, de bloquear a sua função”, refere a a UC. O estudo, já publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature, resulta de uma colaboração entre investigadores do Laboratório de Nematologia do Centro de Ecologia Funcional e da Unidade de Genómica e do Laboratório de Espectrometria de Massa Aplicado às Ciências da Vida do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC. www.gazetarural.com


Garantiu o Ministro da Agricultura

Reforma da floresta estará em vigor até final de Junho

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ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural disse que a reforma da floresta estará em vigor até final de Junho, estimando os custos da sua implementação “entre 500 a 600 milhões de euros”, até 2020. “Os diplomas que foram aprovados na generalidade serão corrigidos e complementados com algumas das sugestões recolhidas durante a discussão pública. Até final de Fevereiro, muito provavelmente, o Governo aprovará, em definitivo, estes diplomas. Uma parte deles seguirá para promulgação do senhor Presidente da República”, afirmou Capoulas Santos. “Há três ou quatro que terão de ir ainda à Assembleia da República por se tratar de matérias com competência reservada do parlamento e, portanto, só depois da aprovação no mesmo, que poderá ainda introduzir correcções ou alterações, o pacote estará aprovado e em vigor. Eu estimo que isso acontecerá, na totalidade, até ao final do primeiro semestre

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deste ano”, acrescentou o ministro. O governante adiantou que a implementação da nova legislação representará um custo estimado “entre os 500 a 600 milhões de euros”. “Estimamos que os custos que vamos ter associados aos apoios ao investimento, ao financiamento dos gabinetes técnicos municipais e às equipas de sapadores florestais, andará entre os 500 e os 600 milhões de euros até 2020”, afirmou Capoulas Santos, acrescentando que “esta reforma vai, seguramente, aumentar a riqueza do país e permitir aproveitar muito melhor esse enorme património que temos e que, parte dele, está subaproveitado”. O Governo aprovou, na generalidade, em Outubro passado, “um pacote legislativo composto por 12 diplomas, dez dos quais foram colocados à discussão pública durante desde Novembro para ouvir contributos da sociedade civil” e “tentar obter o máximo consenso possível”. “Quando falamos de floresta, do que é

necessário fazer na floresta, que são tarefas de longo prazo, seria uma pena que uma hipotética mudança de governo, que em democracia acontecerá mais tarde ou mais cedo, que venha um outro governo deitar por terra tudo aquilo que, entretanto, for feito”. Do conjunto de medidas previstas, o ministro destacou “a legalização do património, a elaboração do cadastro, a identificação dos proprietários, a criação de entidades gestoras dos espaços florestais, um banco de terra, onde serão colocadas as terras do Estado, para venda ou arrendamento, e os terrenos identificados como sem dono conhecido”. Reforçou a criação de um Balcão Único do Prédio (BUPi), onde os proprietários poderão registar os seus prédios, gratuitamente, até 31 de Dezembro de 2018. Capoulas Santos revelou que durante os três meses de discussão pública da proposta de reforma “as críticas ao modelo de fundo não são muito substanciais”, adiantando que “as questões mais polémicas” prendem-se com as competências atribuídas às autarquias e com as áreas de produção de eucalipto. “Nalguns sítios acusam esta reforma de dar demasiado poder às autarquias e, noutros lados, dizem que há défice de transferência de poderes para os municípios”, explicou. Relativamente à produção de eucalipto, o ministro disse que “a estratégia do Governo vai no sentido de não aumentar a área mas conduzir o eucalipto para as zonas onde ele pode ser mais produtivo”. “Temos, em Portugal, zonas onde se produzem 30 metros cúbicos de madeira de eucalipto por hectare, mas a produtividade média de Portugal é cinco metros cúbicos por hectare. Isto significa que há muitos milhares de hectares que estão em sítios onde esta espécie não é produtiva”, explicou, garantido que o Governo “tem consciência de que esta fileira é muito importante para as exportações do país e para a produção de pasta de papel”. 29


Filipe Duarte Santos diz “daqui a 50, 60 anos, o clima vai ser diferente”

Especialista em alterações climáticas critica falta de horizonte de leis florestais

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investigador Filipe Duarte Santos considerou que a reforma da legislação florestal foi criada sem ter em conta as alterações climáticas que poderão mudar muito o tipo de clima de boa parte do sul do país. “É surpreendente que este pacote legislativo, que é bem-vindo e tem muitos aspectos positivos, não tenha tido em conta logo de início aqueles departamentos da administração central que têm a responsabilidade da adaptação às alterações climáticas”, afirmou à margem de uma conferência sobre investigação florestal. Falando no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, Filipe Duarte Santos afirmou que “daqui a 50, 60 anos, o clima vai ser diferente”, o que se deve reflectir nas novas florestas que estejam e venham a ser plantadas, uma vez que “a floresta é um investimento a longo prazo”. “Quando se faz uma política florestal tem que se ter um horizonte temporal de 40 ou 50 anos”, afirmou, referindo-se ao pacote de legislação aprovada em Conselho de Ministros em Outubro passado.

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No sul do país, por exemplo, “a floresta é vulnerável, sobretudo o montado”, que desde há cerca de 50 anos tem cada vez menos chuva anualmente. “Se continuar o decréscimo de precipitação e o aumento das temperaturas, as condições, que já não são óptimas, vão degradar-se e é necessário ter isso presente”, defendeu, acrescentando que a floresta pode adaptar-se, mas que a acção humana também pode ajudar. O catedrático da Universidade de Lisboa afirmou que “as pessoas que estão a investir na floresta e a plantar novas florestas têm que ser informadas sobre as condições climáticas futuras, até por uma questão económica”. Filipe Duarte Santos, especialista em Geofísica e Física Nuclear, apresentou projecções que, no pior dos cenários de continuado aquecimento global, vão significar que no fim deste século o Algarve e o Alentejo poderão ter um clima desértico, com cada vez menos caudal nos rios, nomeadamente o Tejo. No plano internacional, considerou que “a China vai liderar o combate às

alterações climáticas”, quer por a sua economia se basear no carvão e ser extremamente poluente, quer por estar cada vez mais sujeita a fenómenos climáticos extremos. “Eles têm perfeitamente consciência de que é necessário combater as alterações climáticas”, afirmou, lembrando a primeira intervenção de um Presidente chinês no Fórum Económico Mundial de Davos, e defendendo que é preciso “respeitar um governo que tem esta consciência” e quer “contribuir para que no futuro o mundo não tenha situações graves”. Quanto à actuação do novo Presidente norte-americano, Donald Trump, Filipe Duarte Santos, que foi um dos revisores do relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) das Nações Unidas, considerou que “as notícias não são boas”. “Não sabemos o que Trump vai fazer aos acordos de Paris contra o aquecimento global”, afirmou, apontando a nomeação para chefe da diplomacia norte-americana do ex-presidente da petrolífera ExxonMobil como sinal da incerteza. www.gazetarural.com


Entre os anos de 1980 e 2013

Portugal teve perdas de 6,8 mil milhões de euros devido a alterações climáticas

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ortugal registou perdas de 6,8 mil milhões de euros relacionadas com as consequências das alterações climáticas, entre 1980 e 2013, e somente uma pequena parte é coberta pelos seguros, segundo um relatório recentemente divulgado. O trabalho “Alterações Climáticas, Impactos e Vulnerabilidades na Europa 2016” foi elaborado pela Agência Europeia do Ambiente (EEA, na sigla em inglês) e realça que o sul da Europa, com destaque para a Península Ibérica, vai ser mais atingido pelas mudanças do clima no futuro, mas já regista aumentos de situações extremas de calor, redução da precipitação e dos caudais dos rios, a que acresce o risco de secas severas, perdas na agricultura e na biodiversidade, assim como de fogos florestais. Na análise económica dos efeitos das mudanças do clima, a EEA estima que os custos tenham atingido 6,783 mil milhões de euros, entre 1980 e 2013, dos quais somente 300 milhões, ou seja, 4%, estavam cobertos por seguros. Aquele valor total representa 665 milhões de

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euros de perdas por cada português e 0,14% do Produto Interno Bruto (PIB). No total da Europa, os custos relacionados com as alterações climáticas atingem 393 mil milhões de euros, com a Alemanha a liderar, ao chegar aos 78,7 mil milhões, ou mil milhões per capita, dos quais 44% estavam cobertos por seguros. A Suíça é o país com um valor de custos mais elevado por cada cidadão - 2,517 mil milhões de euros - e o Reino Unido é aquele que apresenta a maior percentagem de perdas cobertas por seguros 68%. “As alterações climáticas vão continuar por muitas décadas no futuro” e a dimensão destas mudanças e dos seus impactos vão depender da concretização dos acordos globais para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, mas também de ser assegurado que foram adoptadas as corretas políticas e estratégias para reduzir os riscos dos atuais e projectados fenómenos climáticos extremos, realça o director executivo da EEA, Hans Bruyninckx, citado no relatório.

Apesar de algumas regiões puderem apresentar impactos positivos, como a melhoria das condições para a agricultura no norte da Europa, a maior parte dos países e sectores económicos “vão ser negativamente afectados”, refere a EEA. Ondas de calor mais frequentes e mudanças na distribuição das doenças infecciosas relacionadas com as condições do clima deverão aumentar os riscos para a saúde humana e para o bem-estar, outra área da vida dos europeus a ser afectada. A Península Ibérica é referida no relatório como exemplo de região onde já se observam algumas mudanças, como a diminuição da precipitação, principalmente no centro de Portugal. A erosão costeira já provocou “significativas perdas económicas, estragos ecológicos e problemas sociais”, aponta ainda a EEA, dando mais uma vez o exemplo de Portugal, que “investiu 500 milhões de euros na reabilitação de dunas e de frente mar e na defesa” entre 1995 e 2003, entre Aveiro e Vagueira.

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Cerca de 28 mil passaram pelo evento de Macedo de Cavaleiros

Feira da Caça e Turismo mostrou a dinâmica económica de Macedo de Cavaleiros

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erca de 28 mil visitantes passaram pela XXI Feira da Caça e Turismo, que decorreu em Macedo de Cavaleiros. Foram quatro dias dedicados ao turismo cinegético, naquele que é o maior evento do género no norte do país. O êxito do evento deixou o presidente da Câmara local satisfeito com os resultados obtidos. “Sobretudo por toda a dinâmica que este evento gera na cidade e também no concelho. A visita de tantas pessoas, que embora tenham como mote a Feira, acaba por gerar um impacto no seu exterior e, claro está, na hotelaria e restauração”, afirmou Manuel Duarte Moreno. Para o edil, tudo isto “vem reflectir-se depois em todo o tecido comercial, pois na economia local ao ganharem uns primeiro, também outros negócios ganham depois, ou até já ganharam antes, com a necessidade de os estabelecimentos estarem melhor apetrechados para receberem os seus clientes.” Para o autarca o “número de visitantes é muito positivo, deixa-nos satisfeitos. São números que se enquadram na média registada noutros anos e que se reflecte não só no sucesso da Feira, como também na dinâmica económica gerada no tecido comercial, um dos grandes objectivos da Câmara Municipal na organização de eventos desta envergadura.” Com perto de 160 expositores no certame, muitos deles de origem exterior ao concelho, foram muitos os que pernoitam em Macedo de Cavaleiros, tal como caçadores e outros representantes institucionais. As unidades ho-

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teleiras em grande parte do concelho, principalmente as mais próximas da cidade, acabaram por não conseguir responder às necessidades. O número de expositores é também considerado “normal”, pelo espaço afecto à Feira. “O espaço coberto da Feira é este. São 6000 m2 de área coberta, podia ser maior, podíamos até ter mais expositores – são rejeitadas um terço das inscrições – mal tal poderia significar a perda de alguns factores distintivos desta para as outras feiras. Talvez se perdesse o carácter familiar e acolhedor tão vincado neste evento, entre organização, expositores e visitantes, que não se encontra em um qualquer outro evento”, justificou. Duarte Moreno reconhece que “na base do sucesso” está o envolvimento e a “parceria com a Federação dos Caçadores da 1ª Região Cinegética, as diferentes associações e pessoas que nos ajudam no extraordinário programa, na qualidade dos expositores e na confiança e exigência daqueles que nos visitam. É de todos.” Finda a Feira da Caça e Turismo, Macedo de Cavaleiros prepara-se para mais um dos eventos de cartaz no concelho: o Entrudo Chocalheiro. De 25 a 28 de Fevereiro, o Carnaval mais Genuíno de Portugal voltará a motivar a visita de milhares de pessoas ao concelho. O evento já tem o programa definido. São quatro dias de muita festa, folia, com a tradição e a genuinidade bem presentes. O Entrudo Chocalheiro, em Podence e Macedo de Cavaleiros, é uma boa oportunidade para visitar o Geopark Terras de Cavaleiros. www.gazetarural.com


Cerca de 60 toneladas de enchidos vendidos em Montalegre

Feira do Fumeiro deixou retorno financeiro de cerca de três milhões de euros

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ontalegre voltou a receber milhares de visitantes, estimam-se cem mil, em mais uma edição da Feira do Fumeiro, certame onde foram vendidas mais de 60 toneladas de fumeiro, que deixou no território um retorno financeiro de cerca de três milhões de euros. A edição 2017 voltou a superar as expectativas, repetiu êxitos anteriores e deixou o autarca local satisfeito. “Este certame é algo muito importante para a região porque é dele que muitas famílias dependem e sobrevivem”, disse Orlando Alves. A vigésima sexta edição contou com 91 produtores locais, 74 deles de fumeiro, com os mais diversos produtos vindos deste território do Alto Tâmega. Alheiras, chouriças, sangueiras, bucheiras, farinheiras ou salpicões vendidos com os preços de há 25 anos foram os produtos mais procurados, mas o certame mostrou também “o que de melhor se faz no Barroso”, disse o autarca, como pão caseiro, bolos, folares, mel, compotas, ervas aromáticas e medicinais ou licores regionais. O certame contou com o ministro-adjunto, Eduardo Cabrita, na sessão de abertura do certame e de Célia Ramos,

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Secretária de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, que passou por Montalegre no segundo dia do certame. “Esta é uma das maiores feiras de fumeiro, uma fantástica jornada de promoção do território e uma montra de excelência do mundo rural”, afirmou o presidente da Câmara de Montalegre na abertura do certame. Orlando Alves destacou os “recursos ambientais e culturais fantásticos”, mas “não temos capacidades para entrar no mercado global, mas, apesar disso, encaramos o futuro com esperança”. Aproveitando a presença do membro do governo, o autarca de Montalegre lembrou as reivindicações há muito reclamadas e que têm provocado a desertificação do território. “Com tanto potencial, somos cada vez menos e não tivemos o reconhecimento de quem deveria perceber que o desenvolvimento das terras e das populações também se faz com as acessibilidades”, citando o caso de “uma ponte que aguarda uma ligação à A24 que é vital para o nosso desenvolvimento”. “Fomos injustiçados”, afirmou o autarca, que, contudo, se congratula com as medidas anunciadas para o plano

de coesão territorial anunciado pelo governo. “Descentralizar competências não resolve tudo mas ajuda muito”, pelo que “quero agradecer o trabalho e o esforço desenvolvidos”, pois “são âncoras para o nosso sucesso”, afirmou o edil transmontano. Por sua vez o Ministro-adjunto do Primeiro-ministro, Eduardo Cabrita, começou por destacar a importância deste tipo de eventos, considerando “fundamental apostar em iniciativas como esta que aumentam o potencial de Montalegre e da região”. O governando adiantou “ que é uma prioridade do governo apostar no interior e no seu potencial económico, essenciais para o desenvolvimento do país”. Segundo Eduardo cabrita, estas “são terras de oportunidade”, considerando “necessário criar condições para a fixação de empresas, para a atracção de médicos e para o acesso a uma educação de qualidade para que os valores ambientais sejam preservados e se transformem em factores de desenvolvimento”. Para o governante, “os valores locais, como o fumeiro, em torno do qual se estrutura esta feira, é uma afirmação de competitividade”. Na sua intervenção, considerou que “a cooperação transfronteiriça é importantíssima”, sustentando que “ser do interior não é uma fatalidade”, referindo que “o programa nacional de coesão territorial vai trazer acção e colocar o interior nos holofotes”. “A nossa prioridade são estas zonas”, pelo que “vamos encontrar as melhores condições e priorizar estas zonas”, afirmou Eduardo Cabrita. O governante terminou dizendo que a Feira do Fumeiro “é o orgulho da vossa terra e os produtos são uma marca que vale por si” deixando uma mensagem de esperança. “Vão construir o futuro com confiança no potencial desta região”. O certame representou um investimento de 150 mil euros por parte da autarquia de Montalegre. 33


Segundo o presidente da Câmara de Boticas

Feira Gastronómica do Porco 2017 “foi a melhor de todas”

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Feira Gastronómica do Porco, em Boticas, que abre o ciclo de eventos dedicados ao porco e ao fumeiro, voltou a receber milhares de visitantes oriundos de vários pontos do país e também da vizinha Espanha. O balanço da décima nona edição do certame “é muito positivo”, segundo adiantou a Cãmara de Boticas, entidade promotora da iniciativa. O número de vendas superou o da edição anterior o que deixou satisfeito não só o autarca local, mas também todos os produtores de fumeiro e restantes participantes nesta edição do certame. Fernando Queiroga demonstrou o seu agrado e satisfação pelo sucesso daquele que é o evento mais importante realizado no Município de Boticas. “Diria que, de todas, esta foi a melhor Feira Gastronómica do Porco e tudo contribuiu para que esta edição fosse um enorme sucesso, pois até o S. Pedro foi nosso amigo”, referiu o edil. No entanto, acrescentou, “este sucesso deve-se ao nosso acreditar, à forma como a feira é organizada e, sobretudo, à qualidade dos nossos produtos. Eles são, sem dúvida, o factor primordial para o êxito deste certame”, destacou o autarca. O presidente da Câmara de Boticas enalteceu ainda o facto da edição deste ano do certame ter “superado as expectativas não só da organização e dos expositores como também dos restaurantes aderentes, que não tiveram mãos a medir para satisfazer tanta procura”. A Feira Gastronómica do Porco é um

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dos eventos mais importantes não só no concelho barrosão mas também na região, por ser a primeira das feiras do fumeiro a realizar-se no Alto Tâmega. “Temos responsabilidades acrescidas, até porque a Feira Gastronómica do Porco de Boticas é a primeira a acontecer no Alto Tâmega e tenho a certeza que conseguimos cumprir com a nossa obrigação. O nosso sucesso é o sucesso de todos”, enalteceu Fernando Queiroga. O autarca teve um feedback muito favorável da edição de 2017 da Feira. “Tanto os produtores como restantes participantes ficaram muito satisfeitos

com as vendas que tiveram. No final a maioria dos produtores de fumeiro já não tinham mais artigos para vender. Estou feliz com o êxito alcançado pelos nossos produtores, que tão bem representam o nosso concelho e a qualidade dos nossos produtos”, disse Fernando Queiroga. O Município de Boticas tem muito para oferecer e a Feira do Porco é apenas uma amostra do vasto património gastronómico e cultural existente no concelho barrosão. “Quem nos visita é bem recebido e fica com vontade de cá voltar”. É que, segundo o autarca, “visitar Boticas está na moda”.

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Anunciou o ministro da Agricultura

Leite português vai ter rotulagem obrigatória de origem P

ortugal recebeu autorização da União Europeia para aprovar um diploma que torna obrigatório que o leite e os produtos lácteos tenham nas embalagens a menção de origem portuguesa, anunciou o ministro da Agricultura. Segundo Capoulas Santos, que fez o anúncio durante uma manifestação de produtores de leite, nas imediações da sede do Conselho da União Europeia, em Bruxelas, onde decorreu uma reunião de ministros da Agricultura dos 28, esta é “uma medida que o sector considera muito importante”, e que permitirá aos consumidores portugueses passar a fazer, “de forma inequívoca”, a opção pelo leite produzido em Portugal. Presente na manifestação, organizada pelo sindicato European Milk Board, o representante da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) José Gonçalves reconheceu que se trata de “uma medida positiva”, mas defendeu que “não vai resolver o problema concreto de Portugal” e do sector, que continua a viver sucessivas crises desde que a União Europeia decidiu terminar com as quotas leiteiras. Em declarações a jornalistas no exterior do Conselho - onde manifestantes derramaram quilos de leite em pó, como forma de protesto por a Comissão estar a reintroduzir progressivamente no mercado toneladas de leite em pó que armazenou para tentar estabilizar os preços no sector -, o ministro Capoulas Santos admitiu que “a situação continua difícil para muitos produtores”, apesar do pacote de medidas adoptado ao nível europeu e complementado, no caso português, com apoios nacionais. Durante o ponto da agenda dedicado ao sector do leite, a continuação do pacote de medidas de apoio ao sector, o ministro da Agricultura anunciou que, entre as medidas nacionais complementares adoptadas pelo Governo em Julho, “constava a rotulagem obrigatória do leite”, que Portugal poderá finalmente pôr em prática, após receber “luz verde” de Bruxelas. Capoulas Santos apontou que, até agora, apenas um Estado-membro, França,

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tinha pedido e obtido idêntica autorização, tornando-se Portugal, “ao fim de cinco meses, o segundo Estado-membro a conseguir essa autorização”, o que permitirá “pôr em execução uma medida que o sector considera muito importante”. “Isto é, irá agora a Conselho de Ministros um diploma que tornará obrigatório em Portugal que o leite e os produtos lácteos ostentem nas respectivas embalagens a menção da origem Portugal. Isto vai ser muito importante, porque o leite português é reconhecidamente de grande qualidade, e entra em Portugal leite de outras origens. Portanto, os consumidores passarão, de uma forma inequívoca, na prateleira dos supermercados, a poder fazer a opção entre o leite produzido em Portugal e leite produzido noutra qualquer origem”, explicou. Já José Gonçalves, da CNA, considerou que, embora “justa” e “positiva”, a medida não resolve o problema de fundo, “porque aquilo que se está a passar é a deslocalização da produção de leite”. “Portugal baixou a sua produção e dificilmente irá recuperar”, disse, acrescentando que uma das reivindicações do protesto foi precisamente “reclamar uma vez mais a reposição do instrumento público de regulação da produção no sector do leite”. Além disso, acção pretende “dizer ao Conselho e à Comissão que crise no sector do leite está muito longe de ser ultrapassada” e “denunciar esta ten-

tativa por parte da Comissão de colocar no mercado as 360 mil toneladas de leite em pó que tem em resultado da intervenção pública”. Açores consideram “boa notícia” O secretário regional da Agricultura e Florestas, dos Açores, considerou uma “boa notícia” a rotulagem obrigatória da origem do leite e produtos lácteos, na sequência de uma autorização que Portugal recebeu da União Europeia. “É claramente uma boa notícia, que protege, perante os consumidores, aquilo que são produções nacionais e locais”, afirmou João Ponte, à margem da apresentação do projecto da sede da Confraria do Leite dos Açores, na ilha de São Miguel. “No caso particular dos Açores isso tem muito interesse, porque o nosso principal mercado é o continental e apesar de termos a marca Açores o que acontece, neste momento, é que os mercados ainda são ‘invadidos’ por produtos não nacionais”, sublinhou João Ponte. Os Açores são responsáveis por 30% da produção nacional de leite e 50% de queijo. A marca Açores foi criada pelo Governo Regional em 30 de Janeiro de 2015, baseada na natureza, podendo ser utilizada por entidades públicas e privadas para certificação e promoção dos seus produtos. 35


Destinada aos sectores agrícola, florestal, do mar e agro-industrial

Crédito Agrícola apoia a produção nacional

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Grupo Crédito Agrícola iniciou uma campanha de apoio destinada aos sectores agrícola, florestal, do mar e agro-industrial, da qual fazem parte um conjunto de soluções para a gestão do dia-a-dia, financiamento e protecção. Entre os produtos da campanha, e no âmbito dos produtos para a gestão corrente, destaque para o cartão de crédito Agricultura, cuja imagem pode ser escolhida em função da actividade desenvolvida. Há também diversas opções de financiamento de curto prazo, para fazer face às necessidades de gestão corrente, assim como linhas de financiamento a médio e longo prazo, com spreads bonificados, para potenciar o investimento no negócio. Estão ainda incluídas diversas soluções de leasing mobiliário (veículos e equipamentos agrícolas) e imobiliário (escritórios, explorações agrícolas, espaços comerciais, instalações agro-industriais) com descontos nas condições de formalização. No campo da protecção, destaque para os Seguros Vida, direccionados para empresas e Empresários em Nome Individual, com descontos que podem chegar aos 15% e para os Seguros Não Vida, onde se incluem o CA Seguros Tractores e Máquinas Agrícolas, o CA Seguros MultiRiscos Empresas e o CA Seguros Responsabilidade Civil Empresarial, cujos descontos podem ascender aos 40%. No âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural 20142020, além de apoio na fase de candidatura, o CA disponibiliza linhas de financiamento para as várias fases do projecto, assim como medidas de apoio e incentivos disponíveis. Desde sempre a apoiar a agricultura, o Crédito Agrícola considera que a produção nacional é um bem que merece crédito, pelo que reforçou a oferta para o sector primário. A campanha CA Agricultura está disponível na rede de Agências do Crédito Agrícola em todo o país até ao dia 7 de Abril.

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Ano XIII | N.º 286 | Periodicidade: Quinzenal Director: José Luís Araújo (CP n.º 7515) jla.viseu@gmail.com | 968044320 Editor: Classe Média C. S. Unipessoal, Lda Redacção: Luís Pacheco | Opinião: Miguel Galante | Paulo Barracosa Departamento Comercial: Fernando Ferreira Redacção: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu | Telefone 232436400 E-mail Geral: gazetarural@gmail.com | Web: www.gazetarural.com ICS: Inscrição nº 124546

Referiu Capoulas Santos

Parcelário agrícola “evita devolução de fundos comunitários”

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parcelário agrícola, uma medida do Simplex apresentada em Lisboa, para permitir aos agricultores inscreverem e actualizarem terrenos e culturas, é “mais um passo” para evitar a devolução pelo sector de fundos comunitários, disse o ministro da Agricultura. “Temos problemas de correcção” de fundos comunitários e este é “um passo mais” para os evitar, disse Capoulas Santos, à margem de uma iniciativa intitulada “Parcelário acessível a todos”, para apresentar o Sistema de Identificação de Parcelas (SIP), numa cerimónia que contou também com a participação da secretária de Estado Adjunta para a Modernização Administrativa, Graça Fonseca. O parcelário é um instrumento administrativo que permite aos agricultores fazerem a inscrição ou a actualização dos terrenos que pretendem cultivar nesse ano, indicando o que pretendem produzir e qual a área geográfica da sua parcela de terreno. O parcelário agrícola é um instrumento considerado fundamental para a atribuição de verbas de ajuda directa, mas as deficiências na identificação das parcelas e outras questões associadas à certificação têm sido invocadas por Bruxelas para justificar a devolução de verbas atribuídas ao sector. O governante destacou ainda a importância do SIP e a sua utilidade para a investigação, planificação e administração do território. “Damos mais uma medida do Simplex como concluída”, afirmou Graça Fonseca aos presentes no encontro, explicando que o objectivo do novo sistema é o de disponibilizar informação geográfica. “Os agricultores podem agora fazer uma consulta ‘online’ e em tempo real sobre a sua parcela”, acrescentou o presidente do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP), Luís Barreiros, dando ainda conta da existência de 3.500 parcelas identificadas em 2016, das quais cerca de 3.300 no continente. As parcelas identificadas representam 41% da superfície do território continental, segundo dados do IFAP.

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No âmbito do ciclo de conferência “Nelas Por Vocação- 10 Conferências, 10 Convidados”

Chef Vítor Sobral defendeu aposta na divulgação da cozinha portuguesa no mundo V

ítor Sobral foi o convidado especial de mais uma Conferência “Nelas Por Vocação- 10 Conferências, 10 Convidados”, realizada no Restaurante Zé Pataco, em Canas de Senhorim, restaurante de eleição e uma das referências da gastronomia beirã além-fronteiras. O conceituado Chef de Cozinha, ou cozinheiro como se apelida, diz que a cozinha portuguesa “é das mais ricas do mundo”, mas “é pouco divulgada até pelos portugueses”. Com sala cheia para mais uma conferência descontraída, onde se debateram questões pertinentes sobre a protecção e valorização da identidade Portugal, e de cada concelho, por via da gastronomia tradicional portuguesa cuja riqueza e diversidade, diz o Chef Vítor Sobral, não conhecer outra no mundo. Da região beirã foram realçados e aplaudidos vários produtos endógenos e foi mais uma vez reconhecido o empenho na qualidade a todos os produtores locais, nomeadamente de vinhos e queijos, que marcaram presença no evento. O Chef Vítor Sobral, grande referência da gastronomia nacional, é conhecido pela sua forma única de interpretar e modernizar pratos tradicionais portugueses, sendo mestre a conservar temperos e sabores tipicamente nossos. Testemunhou que desde muito novo se sentia bem na cozinha e que aos 14, 15 anos não teve dúvida da carreira que queria para si, tendo iniciado a sua formação na Escola de Turismo do Estoril. Defendeu mais uma vez que a cozinha portuguesa é das mais ricas do mundo, mas que é pouco divulgada

até pelos portugueses. “Temos uma diversidade regional que poucos países têm, alimentos de qualidade quer em peixes, legumes, carnes ou até mesmo ervas aromáticas, que nos permitem confeccionar pratos diários como não se encontra em mais nenhuma cozinha. Sabemos produzir queijo e vinho como poucos, havendo aí uma enorme oportunidade para a internacionalização da gastronomia portuguesa e dos vinhos portugueses, sobretudo se a aposta for na criação de mais pontos de venda de vinhos, ou seja, mais restaurantes portugueses no mundo”, sublinhou. O presidente da Câmara de Nelas congratulou-se com a presença do Chef Vítor Sobral, salientando que esta iniciativa do Ciclo de Conferências promove uma dinâmica cultural e informativa única para um concelho do interior à partida desfavorecido em oportunidades regulares como esta que traz convidados de temas tão diversifica-

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dos, valoriza os espaços e lugares do concelho, e une as pessoas em torno do querer saber mais. José Borges da Silva agradeceu também a presença de representantes das áreas da restauração, hotelaria, produção de vinho e do queijo, associações do concelho, bem como o papel que têm no desenvolvimento da economia local e regional. “Nelas por Vocação: 10 Conferências, 10 Convidados” pretende trazer para o espaço público, uma quinta-feira por mês, a discussão de grandes temas relacionados com a realidade, local e nacional, conduzida sempre por um convidado público, abrangendo desde a música a escultura; a literatura à pintura; a arquitectura à gastronomia; ou a investigação cientifica à religião. A Conferência do próximo mês de Fevereiro tem lugar no dia 23 na sede da ContraCanto Associação Cultural, na Lapa do lobo, com a presença do conhecido actor Victor de Sousa.

Montaria ao Javali em Cabaços e Moimenta da Beira

Município de Alcobaça promove diversos percursos interpretativos em 2017

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ais de 100 caçadores são esperados para a Montaria ao Javali que se vai realizar no dia 11 de Fevereiro em território das freguesias de Cabaços e Moimenta da Beira, espaço cinegético de duas Zonas de Caça Associativa, S. Miguel e Cabaços, ambas organizadoras do evento, o primeiro que se realiza este ano no concelho de Moimenta da Beira. “O prazer da caça aliado à gastronomia local” é a ideia-chave da montaria que é apoiada por várias instituições públicas e privadas. Mais informações pelos contactos telefónicos 933 517 453, 938 436 236 ou 932 770 973. www.gazetarural.com

017 é o Ano Internacional do Turismo Sustentável (ONU) no âmbito do qual o Município de Alcobaça irá promover diversos percursos interpretativos entre Fevereiro e Julho, valorizando o seu património natural. Os quatro primeiros percursos constituem uma acção de formação para docentes em articulação com o Centro de Formação a Associação de Escolas. Todos os percursos inscrevem-se no rol de actividades de educação ambiental de realização obrigatória no âmbito da Bandeira Azul 2017.

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Inscrições aberta até dia 10 de Fevereiro

Festa do Queijo Serra da Estrela de Oliveira do Hospital decorre a 11 e 12 de Março

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XXVI edição da Festa do Queijo Serra da Estrela de Oliveira do Hospital realiza-se este ano entre os dias 11 e 12 de Março, no centro da cidade, e as inscrições para expositores encontram-se a decorrer até ao próximo dia 10 de Fevereiro. Com centenas de expositores de produtos endógenos, artesanato, gastronomia, entre outros artigos, o certame terá como rei da festa o Queijo Serra da Estrela DOP, uma das sete maravilhas da gastronomia portuguesa e considerado um dos melhores queijos do mundo. Durante os dois dias são esperados milhares de visitantes na maior Festa do Queijo Serra da Estrela de Portugal, que poderão desfrutar de um evento de montanha onde predominam as provas de queijo e vinhos do Dão, tosquias, fabrico de queijo e requeijão ao vivo, exposição de animais e muita animação cultural e musical.

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