Gazeta Rural nº 300

Page 1

E u ro s ç o 4 ,0 0 1 7 | P re 0 2 e d o s to 1 de Ag 300 | 3 .º N | A ra ú jo Jo s é L u ís D ir e c to r:

De gãâ noc i a: e P ra ze r El

aze w w w. g

tarural

.com



dengaz

paulo de carvalho

O Mundo da sara

catarina rocha

You Can’t Win, Charlie Brown

1 de setembro

2 de setembro

3 de setembro

3 de setembro

4 de setembro

3€

3€

3€ / 5€*

Gratuito

gratuito

Afrogospel Miguel Vieira

cuca roseta

A Deriva dos Continentes

hmb

Nelson freitas

5 de setembro

6 de setembro

7 de setembro

8 de setembro

9 de setembro

Gratuito

4€

Gratuito

3€

5€

CAPITÃO FAUSTO

josé cid

Vox Visio

david carreira

resistência

11 de setembro

13 de setembro

14 de setembro

15 de setembro

16 de setembro

gratuito

4€

gratuito

5€

5€

bilhetes à venda em:

www.feirasaomateus.pt, Rede Blueticket, nos quiosques já disponíveis no Forum Viseu e Palácio do Gelo Shopping Programa e bilhética sujeitOS A ALTERAÇÕES. * 3€ BILHETE DE CRIANÇA E 5€ BILHETE DE ADULTO


De 8 a 10 de Setembro, em Vale do Poço

Município de Serpa promove XV Feira Agropecuária Transfronteiriça

V

ale do Poço, no concelho de Serpa, acolhe de 8 a 10 de Setembro a XV Feira Agropecuária Transfronteiriça, certame organizado pela Câmara de Serpa, com o apoio da Câmara de Mértola, União de Freguesias de Salvador e Santa Maria (Serpa), Junta de Freguesia de Santana de Cambas (Mértola), Ayuntamiento de Paymogo (Espanha), Associação de Agricultores do Concelho de Serpa e Friserpa. A iniciativa permite juntar em pleno coração da serra de Serpa e Mértola, na fronteira luso-espanhola, produtores, populações locais e visitantes em actividades ligadas ao mundo rural e promover as potencialidades deste território nas áreas agrícola, silvícola, florestal, produção animal, ambiental, social e cultural. Do programa para estes três dias destaca-se a animação popular, música, caminhada e BTT que vão dar mais vida a esta localidade. Já confirmada está também a presença de cerca de 40 stands de queijo, vinho, enchidos, azeite, pastelaria tradicional, agricultura biológica e artesanato, bem como tasquinhas com gastronomia regional.

“Um certame com características muito particulares” À Gazeta Rural, o presidente da Câmara de Serpa destaca a importância deste tipo de iniciativas conjuntas com outros municípios, numa feira que se assume como “fortemente identitária das gentes e das produções da serra”. Tomé Alexandre Pires salienta a necessidade de aposta na internacionalização dos produtos de qualidade que a região produz, mostrando preocupação com o actual momento de seca que se viva na região. Gazeta Rural (GR): Que perspectiva tem para a XV edição da Feira Agropecuária Transfronteiriça? Tomé Alexandre Pires (TAP): A Feira de Vale do Poço é um certame com características muito particulares, desde logo pela sua pela localização, pela temática, por assumir-se como fortemente identitária das gentes e das produções da serra. É uma Feira predominantemente ligada ao mundo rural, numa zona que está encaixada em dois concelhos, Serpa e Mértola, mas também enraizada na cultura e história transfronteiriças, porque é forte a ligação às localidades espanholas vizinhas. Em pleno Parque Natural do Vale do Guadiana, Vale do Poço é também uma zona de passagem e isso determina em grande parte a vivência e a economia destas terras. Daí também a nossa preocupação com a questão das acessibilidades, temos estado a fazer intervenções em muitos caminhos e estradas municipais, porque é fundamental criar condições para atenuar o isolamento e para facilitar e promover a dinamização da economia local. Daí que o programa deste ano integre um conjunto de actividades baseadas nesta realidade, com passeios transfronteiriços, gastronomia da serra e produtos de Paymogo, para além do habitual espaço dos animais, que a Associação de Agricultores do Concelho de Serpa dinamiza.

4

www.gazetarural.com


GR: Este certame é um projecto de cooperação entre as Câmaras de Mértola e Serpa. Cooperação entre autarquias é o caminho a seguir para este tipo de evento em zonas do interior? TAP: Sem dúvida, porque os recursos são optimizados e os resultados melhorados. Este tipo de eventos, sobretudo numa localidade como Vale do Poço, onde a nossa casa fica num concelho, mas se atravessarmos a rua já estamos noutro, só tem sentido numa lógica de organização em parceria. Mas existem outros projectos em que trabalhamos com outros municípios vizinhos e também com municípios espanhóis, porque os problemas e as soluções são idênticas e em conjunto criam-se dinâmicas mais eficientes e eficazes. Com o município de Mértola temos outros projectos em parceria, por exemplo na área da valorização e salvaguarda ambiental ou na área do turismo, até porque o Parque Natural do Vale do Guadiana abrange os dois concelhos. GR: Quais os objectivos desta Feira e qual o número estimado de expositores e visitantes? TAP: Vale do Poço permanece terra de produtores florestais, de silvicultores, apicultores, agricultores e pastores, com muitas fragilidades mas muitas potencialidades e esta Feira surgiu há 15 anos para valorizar esta zona, o que aqui se faz, quem aqui vive. Promover as vivências e os recursos locais; partilhar experiências e saberes e conviver. Este é um momento alto de Vale do Poço, aonde os familiares regressam e os visitantes chegam de muitos lados. Porque a Feira tem a componente económica e tem a componente social, de reencontro, de animação que é igualmente muito importante. Estamos a contar com cerca de 40 expositores, mas é importante referir que esta Feira se realiza no interior da localidade, não é uma Feira que possa crescer muito em tamanho, embora tenha margem para crescer em importância, pelas dinâmicas que tem vindo a ser criadas para este território, seja com os produtos da serra (queijo, mel, ervas aromáticas, entre muitos outros) seja com o turismo nomeadamente de turismo de natureza, onde refiro os Passadiços do Pulo do Lobo como uma realidade para breve. GR: Como está o sector agropecuário na região? TAP: A agricultura e o sector agropecuário são fundamentais no desenvolvimento do concelho de Serpa, tal como em todas as regiões do interior. Aqui, apesar das muitas dificuldades – que são de vária ordem – o regadio de Alqueva tem permitido modificar um pouco o paradigma da agricultura, através de novos projectos, da diversificação das produções, da introdução de novas técnicas, de uma nova geração de agricultores, de uma nova consciência ambiental… e ainda estamos no início do processo. As potencialidades são enormes e há que as fomentar, com forte enfâse na agricultura biológica e nos produtos em modo de produção bio. É importante igualmente a aposta na internacionalização, na exportação, onde existe um caminho muito importante que está a ser feito e que é necessário melhorar. Porque temos aqui ainda uma imagem muito boa de produção de qualidade, de produtos artesanais, mas que tem capacidade de alargar mercado, existem novas e interessantes dinâmicas, baseadas também nas vantagens das novas tecnologias. GR: A seca é nesta altura uma preocupação. Como está a situação da região e em Serpa, em particular? TAP: Como é do conhecimento publico, a situação está complicada em toda área da serra de Serpa, que não é abrangida por Alqueva, e pode piorar caso não chova até ao início de Setembro. A nível de abastecimento de água às populações não existem problemas no concelho de Serpa, mas na agricultura e pecuária está mesmo a ser muito difícil, porque este é já o terceiro ano consecutivo de seca e as reservas estão no limite. Esta questão está a ser acompanhada em permanência pelas diferentes entidades do sector, sendo que estamos igualmente com atenção ao problema. A verdade é que a situação é cíclica e que com as previsões do aumento das temperaturas e das evidências no que respeita à progressiva desertificação deste território, é de realçar a grande resistência e perseverança, a grande entreajuda e solidariedade entre todos. www.gazetarural.com

5


6

www.gazetarural.com


De 8 a 17 de Setembro, em Tondela

Festival do Frango e o espaço ‘Ao Sabor’ entre os destaques da FICTON 2017

T

ondela vai receber de 8 e 17 de Setembro a XXV FICTON - Feira Industrial e Comercial do Concelho de Tondela, que é a grande montra das potencialidades económicas. Referência regional, o certame regista níveis de prosperidade e projecção que atrai à cidade inúmeros visitantes. A FICTON tem como missão principal o incentivo à economia local, gerando dessa forma riqueza e diferenciando o território. A dinâmica ímpar do concelho de Tondela é reflexo da iniciativa das suas empresas e das suas gentes, sendo as festividades do Concelho um momento alto para a promoção do território. A edição de 2017 será um modelo de vitalidade, numa animação permanente do recinto, onde também não faltarão eventos desportivos e culturais. À Gazeta Rural, o vereador da Câmara de Tondela, Pedro Adão, destacou o aumento da área de exposição, o cartaz de espectáculos, com nomes de topo no panorama musical nacional, bem como a Festa do Frango, no dia de abertura, bem como o espaço “Ao Sabor”, que mostra os produtos do sector primário do concelho. Gazeta Rural (GR): O que destaca na edição deste ano da FICTON? Pedro Adão (PA): O que mais destacaria é o aumento da área para exposição e para o próprio certame. Fizemos um aumento da área disponível, o que vai fazer com que consigamos atingir os objectivos que há já alguns anos pretendíamos, para responder ao crescente aumento da procura de espaços na feira. Com isto, damos resposta à solicitação de novos expositores e novas empresas, que fazem questão de estar no certame. GR: A FICTON que este ano se apresenta com um cartaz bastante apelativo? PA: Sim, e que tem a particularidade das entradas serem gratuitas. Os visitantes têm a possibilidade de verem ao vivo artistas de topo no panorama nacional, ao mesmo tempo que podem ver todo o espaço expositivo do certame, onde para além da mostra de produtos e serviços das empresas do concelho, encontram artesanato local, espaços de animação para as crianças, bem como a nossa gastronomia que marca a diferença. GR: Invariavelmente, a Festa do Frango marca o dia de abertura? PA: Sim, no dia de abertura vamos ter a Festa do Frango. O jantar oficial de abertura da Feira terá como prato principal o frango, mas acompanhamento com algo diferente, com um produto do sector agrícola em destaque no território, que são cogumelos. GR: A FICTON promove os produtos locais, com o espaço “Ao Sabor”, com destaque para os vinhos e outros produtos. O sector primário está em expansão no concelho? PA: Está em crescimento e é um caminho que queremos seguir e, cada vez, valorizar mais. Para isso criámos na FICTON um espaço a que chamámos “Ao Sabor”, onde fazemos provas de vinhos e outros produtos, mas também sessões de show cooking. É um caminho que queremos seguir. O sector primário está em crescimento e achamos que temos potencial para crescer mais. Também noutros sectores, como na indústria e no comércio, temos vindo a crescer. GR: Para finalizar. Que expectativa tem para a edição deste ano? PA: São sempre cada vez maiores. Felizmente tem havido um aumento não só de expositores, mas, e mais importante, de visitantes, numa altura em que os emigrantes, na sua maioria, já voltaram para os países onde residem e trabalham, mas, apesar disso, conseguimos atrair muita gente a este certame. Temos expectativas bastante elevadas para a edição deste ano. www.gazetarural.com

7


Em Alfandega da Fé de 1 a 8 de Setembro

Festival Sete Sóis Sete Luas recebe dois espectáculos inéditos

A

lfândega da Fé vai receber dois novos espectáculos no Festival Sete Sóis Sete Luas. A edição deste ano traz pirotécnica e teatro no dia 1 de Setembro. Para o dia 8 de Setembro está reservado um espectáculo musical inédito, criado especificamente para o Festival. Dois espectáculos, duas noites e muitas emoções. No dia 1 de Setembro, pelas 22 horas, no Largo São Sebastião, está prometida L’Avalot (Catalunha): “Dinomaquia2 + Incendio!”. Um teatro de rua com grandes efeitos pirotécnicos, dinamizado por sete atores de grande qualidade performativa. L’Avalot é uma companhia de teatro de rua com produções artísticas de grande formato, com pirotecnia e grandes máquinas. O espectáculo “Incendio!” conta o regresso dos dinossauros, apresentando uma espectacular parada de rua e o “incêndio” de um edifício no Largo São Sebastião, em Alfândega da Fé. No dia 8 de Setembro, o local e a hora são os mesmos,

8

www.gazetarural.com

mas o espectáculo é diferente. Atuam Les Voix de 7Lunes. Cinco músicos vindo do Mediterrâneo criaram uma composição musical original para a edição deste ano do Festival Sete Sóis Sete Luas. O grupo é composto por prestigiados nomes das margens do Mare Nostrum, da Macronesia e de la Ilha de la Reunion. A direcção musical é da portuguesa Sofia Neide, uma das cinco vozes da orquestra a quem se juntam El Wafir Shaikheldine, Éden Holan, Valentina Ferraiuolo e Kafmaron. Um espectáculo que junta diversos instrumentos e sonoridades, numa partilha de tradições e culturas. O resultado é a criação de temas inéditos que espelham o espírito e vibrações do Festival Sete Sóis Sete Luas. Recorde-se que esta é a XXV edição do festival Sete Sóis Sete Luas. Uma iniciativa que envolve uma Rede Cultural de 33 cidades de 10 países do Mediterrâneo e do mundo lusófono: Brasil, Cabo Verde, Croácia, Eslovénia, Espanha, França, Itália, Marrocos, Tunísia e Portugal. Em Alfândega da Fé o Festival acontece pelo oitavo ano consecutivo.


www.gazetarural.com

9


Entre os dias 07 e 11 Setembro

Mostra anual de Vila Nova de Poiares valoriza criação de cabras

A

valorização da criação de cabras, pelo seu potencial gastronómico e económico no concelho, é uma das apostas da POIARTES, que decorre em Vila Nova de Poiares, entre os dias 07 e 11 Setembro. A chanfana, enquanto prato tradicional à base de carne de cabra assada em vinho tinto, e a caprinicultura são “dois pontos fortes” do programa da POIARTES – Mostra de Artesanato, Gastronomia e Caprinicultura, a que se juntaram nos últimos anos os sectores agrícola, comercial e industrial, referiu o presidente da Câmara. João Miguel Henriques salientou “a importância de promover produtos e empresas” locais, com uma “forte aposta” na agropecuária, um sector que “contribui para o desenvolvimento do concelho”, no distrito de Coimbra. Consta do programa, entre outras iniciativas, a actuação de bandas musicais e cantores como Paulo Gonzo e Mickael Carreira. Estão inscritos mais de 150 expositores, numa mostra diversificada, organizada pela Câmara Municipal, cujo orçamento ronda os 150 mil euros, montante que “aumentou ligeiramente - 10 a 20 mil euros” - em relação ao ano passado, afirmou o presidente da autarquia. “Temos algum retorno, mas a maior fatia cabe à Câmara de Vila Nova de Poiares”, contando a organização com o apoio de “patrocinadores e algumas receitas”, designadamente da inscrição dos expositores, acrescentou. Em 2016, o executivo liderado por João Miguel Henriques, que se recandidata ao cargo nas próximas autárquicas, criou o programa “Poiares Capriland”, em torno da criação de caprinos, o que tem gerado “um intenso diálogo com os diferentes atores locais, na tentativa de promover o desenvolvimento de uma marca âncora que potencie não só a economia, como também a atractividade do território para as pessoas e o investimento, aliada à divulgação das formas tradicionais de expressão dos saberes autênticos e genuínos” da população. “O trabalho desenvolvido, que conta com importantes parcerias do domínio científico, académico e empresarial, tem resultado na concretização de importantes avanços, com vista ao desenvolvimento de ideias de negócio e produtos diferenciadores e inovadores”, segundo a página da autarquia na internet. João Miguel Henriques apresentou, em Coimbra, o programa da POIARTES 2017, numa conferência em que também intervieram o vice-presidente da Câmara, Artur Santos, e os presidentes da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra e da Turismo Centro de Portugal, João Ataíde e Pedro Machado, respectivamente.

10

www.gazetarural.com


Especial ão Vinho do D


Editorial

Dão: O melhor vinho do mundo! C

hegou mais uma edição da Feira do Vinho do Dão, certame podem levar ainda mais longe o nome do vinho em que os produtores apresentam os seus melhores néctares, do Dão. mas também as suas mais recentes novidades, enquanto o consuPor fim, alguns agradecimentos. Em primeiro midor ou apreciador vai à procura de encontrar ‘aquele vinho’. Para lugar aos produtores que participam nesta edinós o trabalho é sempre mais difícil, que é mostrar a cada ano que ção. A equipa da Gazeta Rural é pequena, o tempo passa o pulsar da região e o que de novo por cá se está a fazer. é escasso e, permitam-me, ‘foi a edição possível’. Aqui chegado, permitam-me uma nota prévia. Este é o décimo Não conseguimos ir a todo o lado, mas deixamos a quarto suplemento que a Gazeta Rural faz sobre o Dão. Comepromessa de um dia o tentarmos fazer. çámos em 2004 e todos os anos procurámos fazer diferente, o A quem colaborou nesta edição. Ao Eng.º Carlos que, diga-se, nem sempre é fácil. Procurámos, em primeiro lugar, Silva, pela sua ‘infinita’ disponibilidade; à Associamostrar a região, ao mesmo tempo que a divulgamos, contrição de Escanções de Portugal, nas pessoas do Mário buindo para que o Dão seja cada vez mais reconhecido como um Peixoto e Manuel Miranda; ao Eng.º Rui Patrão, da dos grandes vinhos do mundo. E não tenhamos medo das palaVerallia Portugal; à poetisa Débora Corn, de Curitiba; vras. O Dão tem que ser, para todos os agentes desta região, o ao Eng.º José Martino, pelos seus escritos, e por fim melhor vinho do mundo, mas não apenas através das palavras, ao meu ‘fiel escudeiro’, Fernando Ferreira, no apoio mas sim… demonstrá-lo na garrafa. Este é o grande desafio, e disponibilidade demonstradas para que esta seja que é possível alcançar. uma grande edição. E espero não me ter esquecido Aliás, era nesse patamar que Alberto Vilhena trabalhava. O de ninguém. homem que fez crescer o Centro de Estudos Vitivinícolas (CEV) Por fim, à Câmara de Nelas, pelo indispensável apoio do Dão demonstrou que esta região pode fazer os melhores que nos tem dado ao longo de todos estes anos. Esta vinhos do mundo. E quem já teve a oportunidade de provar edição é também vossa. alguns dos néctares que ele deixou no CEV provam isso mesNota final. A quase totalidade das entrevistas efecmo. Por isso, a homenagem ao “Senhor do Dão” mais do que tuadas foi feita na terceira semana de Agosto. O tempo justa, é merecida. mudou na última semana do mês, o que pode significar Neste quadro, uma palavra para a homenagem que vai que alguns textos possam ter alguma desactualização, ser prestada aos Escanções e um desafio. Nelas tem a úniface a alterações climáticas que entretanto possam ter ca estátua no mundo que homenageia o escanção, numa acontecido. profissão cada vez mais importante. O desafio é que sejam Bem hajam… em nome do Dão. promovidas, por quem tem essa responsabilidade, acções José Luis Araújo de promoção e divulgação junto destes profissionais que (Director)

II

www.gazetarural.com


www.gazetarural.com

III


IV

www.gazetarural.com


PRODUTORES Quinta das Marias Sociedade Vinhos Borges , S.A Cabriz Casa de Santar Quinta da Espinhosa

Feira do Vinho do Dão é vinho e é cultura

Lusovini Quinta do Cerrado Quinta dos Penassais - Verurium - Xoro SOITO WINES Boas Quintas Virgínia Marques Barbosa Formoso QUINTA DE REIS QUINTA DO CARVALHÃO TORTO QUINTA DO SOBRAL QUINTA DO PERDIGÃO CAMINHOS CRUZADOS PALWINES, LDA QUINTA DA ALAMEDA SOCIEDADE AGRICOLA DO CASTRO DE PENA ALBA, SA VINICOLA DE NELAS, SA CASA AMÉRICO / QUINTA DA MARIPOSA CASA DA INSUA QUINTA DE LEMOS QUINTA DA FATA QUINTA DAS MAIAS/ QUINTA DOS ROQUES/ CASA DO CELLO ADEGAS DO DÃO RIBEIRO SANTOS - CARLOS LUCAS QUINTAS DE SIRLYN FIDALGAS DE SANTAR QUINTA MENDES PEREIRA ANTÓNIO LOPES RIBEIRO WINES, LDA QUINTA DO MONDEGO - MUNDA LADEIRA DA SANTA, LDA VINHA PAZ SOCIEDADE AGRICOLA DA QUINTA DE SANTO ANTÓNIO QUINTA DOS MONTEIRINHOS SOGRAPE VINHOS

P

ara as gentes de Nelas, a Feira do Vinho do Dão é muito mais que um evento em torno do vinho produzido nas terras do Dão. É uma Ode à cultura e às tradições da região. Um louvor ao esforço e resiliência daqueles que, todos os dias, se levantam para que a Região Demarcada do Dão seja uma referência no país, tanto na singularidade dos seus vinhos e produtores, como na excelência dos produtos criados pelas nossas empresas. Este ano assinalamos 26 anos de existência, ao longo dos quais este certame foi ganhando dimensão, sendo transversal a todas as pessoas de todas as idades! Hoje assume-se como a montra privilegiada para os produtores darem a conhecer os seus vinhos: néctares que definem em sabor e perfume aquilo que a região é. Aquilo que somos! Hoje apresentamos a Feira do Vinho do Dão como o cartão-de-visita da Região Demarcada do Dão, um evento que vai além das fronteiras do concelho de Nelas, e um símbolo da união de esforços que toda a região tem vindo a promover para que sejamos ainda maiores e possamos ir ainda mais longe! A Feira do Vinho do Dão é vinho e é cultura. Perfume e sabor. Feita por gente de cá para todos os que nos queiram conhecer. Nos dias 1, 2 e 3 de Setembro venha até Nelas. Venha conhecer e saborear a Região Demarcada do Dão. Venha brindar e celebrar connosco Os Prémios, as Medalhas, os Concursos, os Projectos, porque um bom vinho deve ser sempre apreciado com um bom grupo de amigos!

CASA DE SÃO MATIAS REENCONTRO - ASEC DE VILA NOVA DE TAZÉM JULIA KEMPER WINES

José Borges da Silva Presidente da Câmara Municipal de Nelas

FICHA TÉCNICA Director: José Luis Araújo (CP 7515) Email: jla.viseu@gmail.com Comercial: Fernando Ferreira geral@gazetarural.com Edição especial: Classe Media, Lda Câmara Municipal de Nelas www.gazetarural.com

V


Em Nelas… somos o Dão!

A

todos bem-vindos a mais uma Grande Feira do Vinho do Dão, desta feita a vigésima sexta edição que se realiza em Nelas de 1 a 3 de Setembro. As vindimas não podiam começar da melhor maneira, num ano em que as condições climatéricas as anteciparam, nas vinhas vão-se colhendo as uvas e em Nelas festejamos juntos na Feira do Vinho do Dão! Mais uma edição em que o número de produtores presentes é representativo dos 16 Municípios que compõem esta região demarcada do vinho do Dão e para os quais foi organizada uma das grandes novidades do certame: o Concurso de Vinhos “Eng.º Alberto Vilhena”, uma grande homenagem a uma das figuras ímpares da investigação e inovação no Dão, cujos anos de responsável do Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão (em Nelas, na quinta da Cale) foram revolucionários e ainda hoje se mantém vivos os seus ensinamentos e práticas de cultivo da vinha para a produção de grandes vinhos do dão. O concurso põe à prova os melhores tintos e os melhores brancos, prova esta comentada pelo Jornalista e Critico de Vinhos Luis Lopes, no dia 2 às 17horas com o acompanhamento perfeito das inspirações gastronómicas do Chefe Diogo Rocha. A Feira este ano tem reforçada a dinâmica gastronómica, de lazer e convívio, numa vontade explícita de atrair mais famílias e todos encontrarem um espaço onde se sintam bem. Mais oferta na Praça de Alimentação, uma área nova só para as crianças, duplicamos os espaços de esplanada, gelados, artesanato e até actividades de exercício ao ar livre “Fit Club”, na Praça do Município no domingo de manhã. Não podemos deixar de destacar as noites na Feira do Vinho do Dão. São únicas e a singularidade emocional do que é proporcionado a quem nos visita torna o nosso evento absolutamente memorável! Nestes três anos ganhámos o hábito da visita e o coração das pessoas, do Concelho, da Região e de muitos outros lados do país, graças ao espectáculo de teatro musical concebido especificamente para o evento, - “As Músicas que os Vinhos Dão” - da responsabilidade da ContraCanto, Associação Cultural, com o encenador António Leal e guião de Sandra Leal. Todos os anos o cenário muda, a história ganha personalidade própria e, este ano, a surpresa vai sendo revelada. Este ano a grande figura é o Escanção! Não fosse Nelas o único lugar do mundo que tem uma estátua e um largo público dedicado a este importantíssimo profissional do mundo dos vinhos. São três noites de espectáculo que, mesmo se repetindo, parece sempre tão pouco para quem chega às 18 horas para guardar lugar e o ver os três dias seguidos. Terminamos com a animação dos DJs do Dão, no espaço central da Feira, entre produtores, luz, som, amigos e o melhor que a região tem: - As Pessoas! O Vinho do Dão exige-nos este respeito à sua história, ao património e identidade que a todos acrescenta, e é por isso que Nelas se assume, ano após ano, como um dos municípios líderes nesta Região Demarcada de Vinhos, pela expressão económica que representa, pelos vestígios históricos que nos apresentam, pela vila vinhateira do Dão que é Santar e, sobretudo, pelo orgulho de dizermos: “Em Nelas… somos i Dão!”. Sofia Relvas Vice-presidente da CM de Nelas

PARCEIRO LOCAL

VI

www.gazetarural.com

R. ALEXANDRE HERCULANO 127 CENTRO COMERCIAL ÍCARO LOJA 28 VISEU


DÃO Vinho…

opinião

a nobreza em estado puro … onde os Espumantes despertam todos os sentidos

nhos de qualidade superior, com personalidade, que tem ganho cota de mercado pela elegância e suavidade que demonstram ter. Neste quadro positivo vitivinícola, com bases vínicas excecionais, produzem se também um conjunto de espumantes de nível internacional. Não foi surpresa para mim, pois o “terroir” do Dão caracteriza-se por terrenos maioritariamente graníticos e algum xisto, com vinhas entre 400 e 500 metros de altitude, protegidas por serras que pela sua dimensão criam uma barreira perfeita aos ventos ecordo-me quando iniciei a minha vida profissional no sector do litoral, criando condições ideias, com a ajuda do turismo e me embrenhava pelo mundo da gastronomia e dos das temperaturas que se fazem sentir, para a vinhos, sempre ouvi “os mais velhos”, que na linguagem vínica quer elaboração do vinho mais eclético que existe – o dizer os mais experientes enófilos, realçar a qualidade enológica da Espumante. Região do Dão. “Boa pinga que vem la de Viseu”. “Um tintinho do Dão Os espumantes que já tive o prazer de provar, é que liga com este cabritinho”. E por aí fora… e confesso de beber, apresentam-se com uma Gosto da região turística desde o início da minha vida profissional, bolha fina, acidez elegante e refinada, persisgosto dos seus usos, costumes e tradições, gosto sobretudo da cultura tência na boca, devido sobretudo à excelência do vinho que conseguimos perceber na Região. Tem um enorme potenda base vínica que estão na essência dos mescial de evolução. mos. Neste sentido tenho assistido com satisfação à revitalização vínica da São espumantes na maior arte dos casos região Dão-Lafões, onde a gastronomia abunda em qualidade, pedindo com capacidade interessante para melhoravinhos estruturados mas elegantes, complexos e delicados, num avelurem em segunda fermentação (método clásdado que merece destaque sobretudo nos tintos, com prevalência para a sico), o que permite ao longo dos anos provar Touriga Nacional, onde nasceu para se tornar rapidamente a casta mais preciosidades espumosas que nos elevarão a nobre do País. Nos vinhos de lote, o Dão assume papel de destaque com alma. O seu carácter único, a complexidade, ligações excecionais de outras castas como a Alfrocheiro, a Aragonez, a a bolha que nos preenche a boca de forma Trincadeira e a Jaen, entre outras. equilibrada, o potencial de envelhecimento Nos brancos encontramos delicadeza, acidez equilibrada, frescura e fie a sua capacidade de harmonização com a nais de sensações inesquecíveis, sobretudo com vinhos feitos com a casta gastronomia local, regional e nacional, faque maior prazer me proporciona – Encruzado. Podemos ser felizes com zem dos espumantes da Região do Dão um outras castas, como a Cerceal Branco, a Verdelho, a Malvasia-fina e Bical, caso sério de oferta vínica. Diria mesmo entre outras. que temos tudo para sermos felizes no Nos Roses, encontram vinhos com muita frescura, de toque floral e alguDão… a nobreza em estado puro. ma fruta que cativam e seduzem. É no uso destas castas que o Dão, alicerçado nos mais modernos métodos Agostinho Peixoto de produção e assente no saber empírico das suas gentes, que sabiamente Gastrónomo e enófilo amante de foram encontrando processos assertivos, se tem vindo a destacar com viespumantes

R

www.gazetarural.com

VII


opinião Obra e arte do vinho do Dão Eng.º agrónomo Alberto Vilhena

F

alar de alguém que não tivemos oportunidade de conhecer é realmente difícil. Contudo, torna-se possível quando fica presente um trabalho nobre e ímpar na história do vinho do Dão. Evidentemente, hoje somos herdeiros de um legado deixado pelo Eng. Vilhena pelo seu trabalho em prol do desenvolvimento do Dão. Este legado está patente no nosso património vitícola e, acima de tudo, na definição do estilo dos vinhos do Dão. A partir das pessoas que tive oportunidade de desenvolver conhecimentos sobre o Dão, o Eng. Vilhena surgia sempre como um nome incontornável da região, que desde 1957 a 1987 estudou, desenvolveu e incentivou a viticultura e a enologia do Dão. Era definido por ter um comportamento sério e duro, seguramente proporcional ao seu carácter de investigador. Durante 30 anos trabalhou no centro de Estudos de Nelas, no qual desenvolveu trabalhos nas vinhas experimentais, onde estudou os vários comportamentos vitícolas das castas. Esse conhecimento aí desenvolvido permitiu aos viticultores terem acesso a mais informação, conselhos sobre matérias que reuniam muitas dúvidas e desconhecimento. O estudo do potencial das castas, a afinidade aos porta-enxertos, a adaptação ao terroir, o rendimento, os tipos de poda e condução, o potencial enológico, o controlo das doenças e a escolha do melhor material vegetativo foram alguns dos planos de trabalho de destaque durante 30 anos de investigação. De referir que este trabalho possibilitou a distribuição aos viticultores da região de material vegetativo, nomeadamente os melhores exemplares das castas do Centro de Estudos de Nelas. Para além da parte vitícola, o Eng. Vilhena desenvolveu um enorme trabalho no campo da enologia quando criou vários vinhos na adega do Centro de Estudos. Vinhos que são hoje obras-primas da história do vinho do Dão. Demostrou, com tais vinhos, que o perfil do vinho do Dão é constituído por várias castas, onde cada uma contribui com o seu potencial especifica num conjunto rico e harmonioso. Esta constituição era resultante de um trabalho criterioso, onde definia a percentagem ideal de cada casta no vinho final. O seu trabalho permitiu chegar a uma indicação de nove castas brancas e nove casta tintas com interesse vitícola e enológico para a região do Dão. Com estes vinhos, evidenciou também a capacidade de maturidade e envelhecimento dos tintos e em especial dos brancos, demostrando que estes são verdadeiramente únicos no mundo pela sua longevidade. Estes mesmos vinhos permitiram a vários viticultores e empreendedores do Dão decidir a constituição das suas novas vinhas a serem plantadas, pois perante o conhecimento vitícola e os resultados enológicos das castas obtidos pelo Eng. Vilhena a decisão era mais segura e garantida. Um dos trabalhos fundamentais do Eng. Vilhena foi a recuperação da casta Touriga-Nacional. Esta representava antes da filoxera 95 % da área vitícola da região do Dão, contudo após filoxera, as novas plantações impulsionaram o cultivo de castas muito produtivas e a Touriga-nacional perdeu o seu interesse, dado a ser uma casta menos produtiva. O trabalho da recuperação da

VIII

www.gazetarural.com


Touriga-Nacional foi possível através da demostração do seu potencial enológico, quando foi vinificada em separado na adega do Centro de Estudos. Para além da evidencia enológica, foi possível durante os vários anos melhorar as práticas vitícolas para esta casta de forma a ser mais constante e produtiva, o que permitiu motivar novos viticultores para aposta na Touriga Nacional. Efectivamente era um grande entusiasta por esta casta, tendo mesmo considerado que o vinho do Dão deveria ter sempre no mínimo 20 % de Touriga-Nacional, sendo que valores superiores mais contribuiriam para a qualidade do vinho. Se hoje a Touriga Nacional tem grande interesse e importância muito se deve ao trabalho do Eng. Vilhena. Para além de ser o responsável da recuperação e incentivo da Touriga-Nacional, o Eng. Vilhena deu a conhecer a casta Encruzado, que era praticamente desconhecida. Esta casta apresenta um potencial enológico ímpar, sendo hoje a casta branca mais emblemática e respeitada do Dão. O trabalho do Eng. Vilhena no Dão é hoje tão presente e evidente no rosto da região que jamais poderá ser esquecido. Carlos Silva Enólogo www.gazetarural.com

IX


Diz Alvaro Castro

Este ano prova que “as alterações climáticas são um facto”

O

ano tem sido marcado por um verão quente e seco, com temperaturas anormais. As vindimas estão adiantadas, mas Alvaro Castro, um optimista por natureza, anda desconfiado. O produtor de Pinhanços diz que 2017 mostra que “as alterações climáticas são um facto” e que “vamos ter que nos adaptar a elas”. Sobre as vindimas, diz que “é um ano em que as pessoas com experiência podem fazer algumas correcções. Profundo conhecedor dos vinhos produzidos por Alberto Vilhena, no Centro de Estudos de Nelas, Alvaro Castro diz que eram “especiais” e que a homenagem que lhe vai ser prestada “já vem com 10 anos de atraso”. Gazeta Rural (GR): Que expectativa tem para a vindima deste ano? Alvaro Castro (AC): Espero sempre coisas boas, mas estou um pouco desconfiado. Este tempo é fora do normal. Estamos em finais de Agosto e temos uvas com graduações alcoólicas boas, mas os taninos não estão maduros. A maturação fenólica não está ao mesmo nível da maturação alcoólica e, por isso, há aqui um trabalho a fazer, nem que seja introspectivo. Dizer que está tudo normal não é verdade e as alterações climáticas são um facto. Por isso, temos que nos adaptar a elas, até mesmo nas castas. Vamos ver como correrá a adaptação das nossas castas a estas mudanças climáticas. Acho que é um ano em que as pessoas com experiência podem fazer algumas correcções. GR: É o ano dos enólogos? AC: Eu desconfio dessa palavra. Acho que é mais o ano dos produtores. GR: Lançou vinhos novos, recentemente, no mercado? AC: Eu faço sempre algumas experiências, às vezes não no sentido da inovação, mas de caracterizar mais e tirar potencial de cada local que eu tenho. Um exemplo: em vez de fazer

um Pellada genérico, já dei conta que nesta vinha as uvas são diferentes de um talhão para o outro. Tenho procurado colocar isso na garrafa, primeiro porque isso me dá gozo e depois os clientes que já me conhecem têm o prazer de ver essas diferenças. Andámos há anos a dizer que somos como a Borgonha e esta é isso mesmo. Duas carreiras ao lado os vinhos são diferentes. Acho que é, principalmente, o solo. GR: A Feira do Vinho do Dão vai homenagear o Eng.º Vilhena. AC: Essa homenagem já vem com, pelo menos, 10 anos de atraso. Quando o Dão fez 100 anos, eu e o Dirk Newport fizemos uma acção, com jornalistas, - alguns estrangeiros, - para promover a região, com uma prova de vinhos antigos, feitos pelo Eng.º Vilhena e todos ficaram espantados. Repito, este reconhecimento vem atrasado. Eu gostava de produzir os vinhos que ele fazia.

GR: Quem era o Engº Vilhena? AC: Era de Figueira de Castelo Rodrigo, mas apaixonou-se por esta região. Foi director do Centro de Estudos Vitivinícolas de Nelas e tive a sorte de beber muitos vinhos do CEV. Ele era amigo do meu pai, numa amizade feita de cerimónias. Por uma razão ou por outra, eu tinha muitas colheitas em casa e fui eu que bebi esses vinhos. Parte da minha formação foi feita à conta disso. Houve uma determinada altura em que eu achava que o vinho normal era aquele. Depois, quando comecei a provar vinhos do mundo, é que percebi que os vinhos do Engº Vilhena eram especiais, muito bons, extraordinários. Quando olho para trás, lembro-me que toda a gente gostava daqueles vinhos.

X

www.gazetarural.com


| Touriga Nacional | Contabilistas Certificados/Consultores Fiscais e de Gestão Contabilista Responsável: Dr. José Pedro da Costa A nossa experiência e a qualidade dos serviços que prestamos, tem-nos permitido ser reconhecidos no mercado em que estamos inseridos, tendo sido a nossa principal fonte de publicidade os nossos próprios clientes. Temos sempre apostado na qualificação e formação da nossa equipa para melhor servirmos todos quantos recorrem aos nossos serviços. Privilegiamos o contacto personalizado e a satisfação total dos nossos clientes, procurando sempre mantê-los informados adequadamente, em cada situação concreta. CONTACTE-NOS

Praça do Município, Edifício Multiserviços Piso 2 Sala 10 3520-001 Nelas Telefone nº.232945169-Fax nº.232945169-Telm.962041437 – e-mail: factorgeste@mail.telepac.pt

www.gazetarural.com

XI


Primeiro espumante chegará em 2019

Quinta dos Monteirinhos lança em Nelas blend da colheita de 2014

É

dos novos produtores do Dão, mas propriedade de uma família que há décadas se dedica à produção de vinhos. A Quinta dos Monteirinhos, em Fornos de Maceira Dão, promete surpreender na Feira de Nelas, onde apresentará um blend da colheita de 2014. Rita Monteiro Ginestal adiantou que da vindima deste ano já foram colhidas as uvas para o primeiro espumante da Quinta dos Monteirinhos, que será lançado em 2019. Gazeta Rural (GR): Como vai o projecto Quinta dos Monteirinhos e como foi o último ano? Rita Monteiro Ginestal (RMG): Em 2016 terminámos a nova adega e temos vindo a apostar crescentemente nas visitas e eventos na Quinta, fazendo o casamento entre os vinhos do Dão e a paisagem fantástica sobre o Planalto Beirão e a Serra da Estrela. A Região tem um potencial turístico que está por explorar. Cada visita à Quinta, em Moimenta de Maceira Dão, é uma surpresa pela descoberta das maravilhosas paisagens e dos extraordinários produtos do Dão. GR: Quais os vinhos mais recentes lançados no mercado e como foi a sua aceitação? RMG: Lançámos em Julho o Reserva Encruzado 2016 e o primeiro Rosé, o Rosa Maria 2016, feito a partir de uvas 100% Touriga Nacional. O Reserva Encruzado é já o vinho de marca da Quinta e ano após ano tem vindo a ganhar novos apreciadores. O Encruzado está na moda e o desafio do Dão é transformar essa moda num hábito. Na edição de 2017 da Feira de Nelas vamos apresentar um novo tinto, o Quinta dos Monteirinhos 2014, elaborado a partir de uvas criteriosamente seleccionadas, 60% Touriga Nacional, 20% Tinta Roriz e 20% Jaen. GR: O que trouxe a nova adega para a empresa? RMG: O mercado dos vinhos é muito exigente e competitivo. Para a Região do Dão voltar a estar entre as melhores tem também de se equipar com a tecnologia mais moderna que potencie o melhor dos vinhos da região. É o que muitos produtores estão a fazer no Dão com inegáveis resultados. O Dão moderno, que respeita e promove vinhos de excelência, tem vindo a recuperar os mercados mais exigentes. É um percurso que vai levar tempo, mas o Dão vai vencer esse desafio.

XII

www.gazetarural.com

GR: Como perspectiva a vindima este ano? RMG: A vindima é o momento mais importante do ano. Este ano foi excepcionalmente quente e seco, pelo que a maturação das uvas está mais adiantada. Já vindimámos as primeiras uvas para o primeiro espumante da Quinta, que será lançado em 2019. Não há bom vinho sem boa vinha e as nossas uvas são tratadas como família. É provável que a grande vindima aconteça a meio de Setembro e é


DÃO • D.O.C.

aí que juntamos os amigos, pais e filhos, que vêm de todo o país e do estrangeiro para fazer a festa das vindimas, uma tradição da nossa família.

QUINTA DOS MONTEIRINHOS

GR: A Feira do Vinho do Dão deste ano vai homenagear o Eng.º Vilhena. O que representa, na sua opinião, o Eng.º Vilhena para os vinhos do Dão? RMG: É uma justíssima homenagem a um grande Senhor, a quem muito se deve a defesa e valorização do património vitivinícola do Dão. O nosso avô Miguel fez, durante décadas, os vinhos de muitas adegas do Dão e conhecia muito bem o trabalho do Engenheiro Vilhena de quem sempre nos falou com respeito e admiração. Parabéns à CM Nelas e ao seu presidente, Dr. Borges da Silva, pela iniciativa.

| Encruzado | www.gazetarural.com

XIII


Diz Miguel Oliveira, enólogo da Adega de Silgueiros

Os prémios são “fruto da nossa aposta na qualidade”

A

Adega de Silgueiros foi a mais premiada no último concurso da Comissão Vitivinícola Regional do Dão, o que demonstra o trabalho que tem vindo a ser feito na melhoria da qualidade dos vinhos da adega e, por consequência, nas condições de vida dos seus associados. O enólogo da Adega diz que é “um estímulo” para continuar a aposta. “É essa qualidade que procuramos diariamente nas vinhas dos nossos associados, bem como na vinificação e estágio dos nossos vinhos”, explica Miguel Oliveira. Gazeta Rural (GR): O que representou para a Adega de Silgueiros ter sido a mais premiada no último concurso de Vinhos do CVR Dão? Miguel Oliveira (MO): É sempre uma satisfação e um estímulo para se continuar a fazer mais e melhor ao receber prémios com os vinhos que nós produzimos. É fruto da nossa aposta na qualidade que vai da vinha até à garrafa. É essa qualidade que procuramos diariamente nas vinhas dos nossos associados, bem como na vinificação e estágio dos nossos vinhos. GR: Na sua óptica, a que se deve o salto qualitativo que os vinhos da Adega deram nos últimos anos, atingindo patamares de excelência? MO: Como disse, a nossa grande aposta na qualidade é o principal factor desse salto. Melhores vinhas, dão melhores uvas, logo melhores vinhos. A aposta na selecção das nossas melhores uvas, novas formas de vinificação e estágio leva-nos a ter vinhos diferentes, mais modernos e mais atractivos. GR: Como antevê a vindima deste ano? MO: Até ao lavar dos cestos é vindima. No entanto, penso que se as condições climatéricas ajudarem será uma boa colheita. GR: A Feira do Vinho do Dão deste ano vai homenagear o Eng.º Vilhena. O que significa ou representa, na sua opinião, o Eng.º Vilhena para os vinhos do Dão? MO: Foi um grande investigador. Conheceu muito bem a Região Demarcada do Dão, aprofundou muito as formas de vinificar e estabilizar os vinhos. Foi um marco para a Região. Quem não se lembra dos Vinhos do Centro de Estudos da colheita de 63?

XIV

www.gazetarural.com


| Jaen |

www.gazetarural.com

XV


Opinião “A nossa participação na Feira do Vinho do Dão serve para demonstrar o nosso respeito por todos os viticultores da Região”

N

o â m b i to d a p o l í t i c a d e p r ox i m i d a d e q u e t e m o s p r o m ov i d o, a n o s s a p r e s e n ç a e p a r t i c i p a ç ã o a c t i v a n a Fe i r a d o s V i n h o s d o D ã o co r r e s p o n d e a u m p r o ce s s o p e r f e i tamente natural e é uma das formas que temos para demonst r a r o n o s s o r e s p e i t o p o r t o d o s o s v i t i c u l t o r e s d a R e g i ã o. A co l a b o r a ç ã o d a Ve r a l l i a Po r t u g a l , SA e m e ve n t o s d e s t a n a t u r e z a , n ã o s e l i m i t a , n o e n t a n t o, a o e ve n t o e m s i . O e nvo l v i m e n to p a s s a p o r m u i t a s f a s e s , co m v i s i b i l i d a d e s d i f e r e n t e s . A n o s s a p a r t i c i p a ç ã o t e m u m l a d o m e n o s v i s í ve l q u e é i m p o rtante destacar pela sua relevância. A o l o n g o d o s a n o s t e m o s co n c r e t i z a d o u m co nj u n to d e i n ve s t i m e n t o s q u e n o s p e r m i t i r a m a n t e c i p a r t e n d ê n c i a s , t a n to a o n í ve l d o s m o d e l o s e co r e s d a s g a r r a f a s , co m o a n í ve l o r g a n i z a c i o n a l a t r avé s d a i m p l e m e n t a ç ã o d e p r o g r a m a s a s s o c i a d o s a o co n t r o l o i n t e r n o. Q u a n d o c r i a m o s a l i n h a E COVA , o p t i m i z a n d o o p e s o d a s g a rr a f a s , p a r a a l é m d o s b e n e f í c i o s d i r e c t o s q u e f o r a m co n s e g u i d o s , r e f o r ç a m o s a o p o r t u n i d a d e d e t o d o s o s n o s s o s Pa r ce i r o s p u d e r e m c r e s ce r e m a l g u n s m e r c a d o s m a i s e x i g e n t e s , c a s o d o s p a í s e s N ó r d i co s e d o C a n a d á – h o j e e x t e n s í ve l a o u t r o s m e r c a d o s . A o i m p l e m e n t a r m o s o Pr o g r a m a V I M ( Ve r a l l i a I n d u s t r i a l M o d e l ) c r i a m o s a s t a n d a r t i z a ç ã o d e p r o ce s s o s n o G r u p o, d a n d o v i s i b i l i d a d e à s m e l h o r e s p e r f o r m a n ce s , - n u m a ‘ ’co n co r r ê n c i a ’ ’ e n t r e f a b r i c a s , - o q u e s e t r a d u z i u n o a p r ove i t a m e n t o d e B o a s Pr á t i c a s , ‘ ’ i m p o r t a n d o e e x p o r t a n d o ’ ’ i d e i a s , p r o m ove n d o a E xce l ê n c i a e m o t i v a n d o t o d o s o s co l a b o r a d o r e s n e s t e s e n t i d o. e s t e b e n e f í c i o, co n s i d e r a m o s t r a t a r- s e d e u m a N a á r e a d o S e r v i ço, d e s t a c a m o s a i m p o r t â n c i a d o t r a b a l h o d e s e n ferramenta impor tante. s i b i l i z a ç ã o q u e t e m s i d o d e s e nvo l v i d o j u n t o d o s n o s s o s Pa r ce i r o s , M a s , l i m i t a n d o a p a r t i c i p a ç ã o a o Eve n to, g o s e m to d o o p a í s , n o q u e r e s p e i t a a o r e g i s t o d a s p r e v i s õ e s d e co n s u taríamos de relevar que este ano vamos pam o (d a s g a r r a f a s q u e p r o d u z i m o s e /o u co m e r c i a l i z a m o s) o q u e n o s t r o c i n a r o Co n c u r s o d o M e l h o r V i n h o d o D ã o, p e r m i t e a j u s t a r a s p r o d u çõ e s à s n e ce s s i d a d e s r e a i s d o m e r c a d o. E s t a i n t e g r a d o n e s t a e d i ç ã o d a Fe i r a d o s V i n h o s d o q u e s t ã o é f u n d a m e n t a l , e r e ve s t e - s e d e u m a a c t u a l i d a d e e x t r a o r d i D ã o. n á r i a , s o b r e t u d o n a a c t u a l co nj u n t u r a , e n a n e ce s s i d a d e d e a p r ove i E s p e r a m o s q u e o E ve n to d e co r r a co m o h a t a r m o s e s t a o n d a c r e s ce n t e d o a u m e n t o d o co n s u m o i n t e r n o, s e j a p o r b i t u a l m e n t e e q u e e s t e co n c u r s o p e r m i t a v i a d o i n c r e m e n t o d o t u r i s m o, d o p o d e r d e co m p r a o u d o a u m e n to projectar e dar uma outra visibilidade à Red a s e x p o r t a çõ e s . S ó co m a co l a b o r a ç ã o d e t o d o s o s n o s s o s Pa r ce i r o s g i ã o, p e r m i t i n d o q u e n ovo s co n s u m i d o r e s e a f iabilidade da informação que nos facultam, poderemos reforçar a d e s c u b r a m e s e d e i xe m s u r p r e e n d e r p e l a s q u a l i d a d e d o n o s s o s e r v i ço, e m t e m p o ú t i l . s u a s c a s t a s e p e l o s e u t e r r o i r. E m p a r a l e l o, e n o r e f o r ço d a s Ce r t i f i c a çõ e s a q u e e s t a m o s v i n c u l a D e s e j a m o s o s m a i o r e s s u ce s s o s p a r a o s v i dos e de forma a podermos garantir uma melhor rastreabilidade dos n i c u l to r e s d o D ã o e p a r a a C â m a r a M u n i c i p r o d u t o s q u e p r o d u z i m o s , co n c r e t i z a m o s u m f o r t e i nve s t i m e n t o n a á r e a p a l d e N e l a s p o r m a i s e s t a Fe i r a d o s V i n h o s d o R FI D ; o q u e j u n t a m e n t e co m o u t r a s f e r r a m e n t a s d e q u e j á d i s p o m o s , d o D ã o. co n s e g u i m o s r e f o r ç a r a t r a n s p a r ê n c i a d e t o d o o p r o ce s s o i n d u s t r i a l , b e m co m o g a r a n t i r a p o s s i b i l i d a d e d a n e ce s s i d a d e d e u m e ve n t u a l r e c a l l , p o R u i Pa d r ã o der ser desencadeado de forma muito rápida e ef icaz. D i r e c to r G e r a l d a Ve r a l l i a Po r t u g a l , SA A p e s a r d e a g r a n d e m a i o r p a r t e d o s n o s s o s Pa r ce i r o s a i n d a n ã o v a l o r i z a r


www.gazetarural.com

XVII


Com dois novos vinhos até final do ano

Vindima 2017 ‘estreia’ nova adega da Caminhos Cruzados

A

Caminhos Cruzados já estriou a nova adega. As uvas da vindima de 2017 já estão a ser recebidos na nova estrutura, num “passo determinante” para o futuro deste produto do concelho de Nelas. O último ano foi “muito desafiante”, segundo revelou Lígia Santos, administradora da empresa, num ano de “crescimento, de abertura de novos mercados”. Depois de ter lançado o Titular Rosé Blush Edition 2016, este produtor prepara-se para fazer chegar ao mercado, até final do anos, de dois novos vinhos, que, segundo lígia Santos, “que representam muito bem o espírito” da empresa, criada pelo pai, Paulo Santos.

Rosé permite atingir. Vamos ainda ter novidades até ao fim do ano, com dois vinhos que representam muito bem o espírito da Caminhos Cruzados.

Gazeta Rural (GR): Como foi o último ano para a Caminhos Cruzados? Lígia Santos (LS): O último ano para a Caminhos Cruzados foi muito desafiante. O reconhecimento por parte do consumidor e dos nossos pares aumenta a nossa responsabilidade e motiva-nos muito. Foi um ano de crescimento, de abertura de novos mercados e de consolidação de outros. GR: Quais os mais recentes lançamentos? LS: Este ano lançámos o Titular Rosé Blush Edition 2016, um Rosé que espelha o compromisso entre a riqueza da Touriga Nacional e a ligeireza e alegria que só um

XVIII

www.gazetarural.com

GR: A aposta nos mercados internacionais tem tido os resultados esperados? LS: Felizmente temos tido muito boa receptividade aos nossos vinhos pelos países por onde passamos. Além de haver muita curiosidade pelo vinho português, há cada vez mais interesse na região do Dão e nas nossas castas. GR: Como antevê a campanha deste ano? LS: A vindima, este ano, começou muito cedo, devido às temperaturas elevadas que se fizeram e têm feito sentir. Em termos de quantidade prevê-se um ano melhor do que 2016 e em termos de qualidade também, uma vez que foi um ano estável e sem doenças. GR: A nova adega já vai receber a vindima deste ano? Que importância tem a nova estrutura para a expansão da empresa? LS: A nova adega já é o palco da vindima de 2017. A mudança para a nova adega é mais um passo – e um passo determinante – para atingirmos os objectivos a que nos propomos. Temos um projecto ambicioso, que se concretiza em várias frentes: no trabalho dos nossos colaboradores, nos nossos vinhos e, naturalmente, na nossa casa.


www.gazetarural.com

XIX


João Barbosa não se lembra de vindimar em Agosto

Adega da Corga espera “grandes vinhos” da colheita de 2017

A

noutros assim não acontecerá. As vinhas antigas aguentarão mais estes ciclos de calor, enquanto as mais novas terão mais dificuldade e terá que haver rega para compensar”. Quanto ao mercado, o proprietário da Adega da Corga diz que o futuro passa pela exportação. “Esse é o caminho”, diz, referindo que a grande aposta tem passado pelo mercado nacional. “Não vendemos todo o nosso vinho em garrafa, pelo que algum vai a granel e aí não se ganha dinheiro. Aliás, nem há procura”, sublinhou.

“É um ano de sorte e azar termos tido pouca chuva”

vindima na Adega da Corga, em Pindo, no concelho Rafael Formoso é neto de João Barbosa e o enólogo reside Penalva do Castelo, começou na terceira semana dente da Adega, para orgulho do avô. de Agosto, algo que João Barbosa “não se lembra” alguSobre a vindima, Rafael Formoso diz que “é um ano de ma vez ter acontecido. Há algumas décadas ligado ao sorte e azar termos tido pouca chuva”. E explica: “Temos as sector do vinho, o viticultor mostra-se confiante numa uvas imaculadas, sem doenças, que têm chegado à adega boa vindima, em termos de qualidade, esperando que a em excelente estado. No início temíamos que as maturachuva ainda venha a tempo de ‘compor’ a quantidade. ções não estivessem no seu melhor estado, mas com algu“Não me lembro de alguma vez estar a vindimar na ma rega que fizemos na vinha, as uvas chegaram no ponto terceira semana de Agosto”, referiu à Gazeta Rural, certo”. acrescentando que “as uvas brancas estavam mesmo Preocupado com os efeitos do clima, Rafael Formoso diz maduras”. Agora, “vamos ver se vem alguma chuva, a opção passa pela aposta na rega. “A seca impede que as pois as uvas estão muito leves e a produção acaba maturações se façam até ao fim, pelo que na região a rega por ser fraca”, salientou João Barbosa, ressalvando da vinha, automática ou manual, é inevitável. O clima está a que as uvas já colhidas “estavam em muito bom estamudar, com verões cada vez mais quentes e se não houver do”. Fruto da sua experiência no sector, lembra que humidade no solo haverá muita dificuldade para ter as uvas “os grandes vinhos foram feitos sem água”, pelo que maduras”, diz o enólogo. “vamos ver se, nesta vindima, teremos o tal grande Ainda assim, Rafael Formoso acredita num bom ano. “As vinho”. uvas, para os nossos vinhos brancos, chegaram à adega em As alterações climáticas são um facto, pelo que, muito bom estado. Já fizemos algumas provas e a perspectiva é diz João Barbosa, “a rega será obrigatória nalgude um grande branco”, refere. Quanto aos tintos, a perspectiva mas vinhas, pois há terrenos que aguentam mais, é a mesma.

XX

www.gazetarural.com


Encruzado É carinhoso um vinho do Dão Guardada dos ventos descansa a Encruzado Entre as serras Caramulo, Montemuro e Buçaco Na presença dos nossos olhos ensolarados Revela bálsamos de violetas e pétala de rosa Loureiro, acordes de louro, acácia, laranja e pêssego Brisa passeia pelo sítio retornando as narinas com poemas A alicante Bouschet encontrou seu lar no Cante Alentejano Entre os ranchos de cantadores das aldeias Gentes de olhos acalentados pela paisagem cálida. Débora Corn Poetisa (Curitiba)

www.gazetarural.com

XXI


Diz Casimiro Gomes, presidente da Lusovini

Os vinhos que o Engº Alberto Vilhena fez “são autênticos livros” e “únicos” no mundo

N

o ano em que a Lusovini - Vinhos de Portugal arranca com novo investimento na sua sede, apostando num centro logístico de todas as operações da empresa, bem como uma aposta forte nos espumantes, a Câmara de Nelas homenageia Alberto Vilhena, aquele que poderíamos chamar de “Senhor” dos vinhos do Dão. O presidente da Lusovini é um admirador da obra do homem que criou e dirigiu o Centro de Estudos Vitivinícolas (CEV) de Nelas, mas Casimiro Gomes não lhe ‘perdoa’ o facto de ter deixado tão pouco escrito. Para Casimiro Gomes, os vinhos que Alberto Vilhena fez, e que deixou no CEV, “são autênticos livros, se os soubermos ‘ler’”. Gazeta Rural (GR): Vão expandir as instalações de Nelas, a concluir no próximo ano e meio, num projecto, como referiu, pensado a médio e longo prazo? Casimiro Gomes (CG): Naturalmente que sim. Nesta actividade só podemos pensar dessa maneira. Quem pensar no curto prazo morre ou ganha dinheiro e foge. Quando falamos em médio e longo prazo, estamos a falar de um período temporal de 10 a 15 anos. Aliás, sempre foi esta a nossa postura. Queremos montar uma organização, em Nelas, que permita concentrar tudo o que temos, em termos logísticos, espalhado a nível nacional.

consolidada nos diferentes graus, na produção, e aqui estou a falar da vinha, na transformação e vinificação, no engarrafamento, na logística e, mais importante, na parte comercial. O que temos conseguido é fazer crescer o projecto e fazer crescer a parte internacional na proporção de todo o projecto. Isto é que, para mim, é consolidar. Nesta altura, podemos dizer que temos uma consolidação, porque os accionistas investiram. Somos uma empresa com mais de 50% de autonomia financeira e não temos qualquer problema com a banca, ao contrário do que dizem muitos empresários de PMEs, porque trabalhamos e colocámos cá o nosso dinheiro. Este é o ponto e a consolidação também vem por aí.

GR: A Lusovini é um projecto consolidado ao fim destes anos? CG: Não é possível fazer o investimento que fizemos, e o que estamos a fazer, se o projecto não estivesse minimamente consolidado. Dizer, contudo, que o investimento que vamos fazer tem uma forte componente de espumantes, aumentando em cerca de cinco vezes a capacidade de produção. Lembro que fui eu que lancei o primeiro espumante DOC Dão na região e penso que ainda há muito mercado para explorar nesta matéria, para a região se afirmar como produtora de espumantes. Tudo isto é possível, porque temos uma estrutura minimamente

XXII

www.gazetarural.com

GR: Olhando para a Feira do Vinho do Dão, destacamos a homenagem ao Eng. Alberto Vilhena. Também é dos que entende que esta homenagem chega atrasada? CG: É uma característica muito nossa. Se fazemos algo é porque fazemos, se não fazemos… critica-se. Não tenho essa visão. Para mim o mais importante é fazer e depois


ter a capacidade de corrigir o que se fizer menos bem. Acho que inovar ou tomar a atitude de fazer algo em Portugal é sempre criticável e eu tenho uma postura contrária, como empreendedor que sou. Temos que fazer e se nos enganarmos temos que corrigir. Não vejo que essa homenagem chegue atrasada, porque ninguém tomou a iniciativa de a fazer antes, pelo que chega na altura própria. GR: Como homem do vinho, como olha para o legado do Engº Vilhena? CG: Tenho uma grande tristeza de não haver documentos escritos. O Engº Vilhena teve um grande mérito naquilo que fez, mas nós temos pouco ou nada escrito. Se há coisa que prejudica aquilo que foi a experiência e o saber que ele deixou foi ter escrito tão pouco. A minha sorte, ao longo dos 30 anos que estou na região, foi ter lidado com os sucessores dele, ou pessoas que lhe eram próximas, e que comunicaram as suas ideias. Tenho alguma filosofia que é próxima do Eng. Vilhena, mas pouca gente teve essa vivência e isso é uma perda para a região. Ele tinha a obrigação de escrever mais e isso ninguém diz. GR: Qual o maior legado que ele deixa? CG: Os vinhos que o Centro de Estudos de Nelas tem feitos por ele, porque são autênticos livros, se soubermos ‘ler’ o que está dentro das garrafas. Pena é que já sejam poucos e, pena é, que não se façam mais provas como estratégia de comunicar a região, tendo em conta que são vinhos únicos no mundo. Disso não tenho qualquer dúvida.

www.gazetarural.com

XXIII


Produzido na Vinha de Reis, colheita 2015

Sim, Wine Note?

C

hegou ao mercado um novo vinho da Vinha de Reis. Wine Note? Sim, a pergunta faz todo o sentido, porque não é todos os anos que se consegue ter ‘aquele’ vinho, feito “com alma”, como referiu Carlos Silva. O enólogo consultor da Vinha de Reis divide os louros pela equipa, desde logo com o produtor Jorge Reis, mas também como Miguel Magalhães Coelho, o enólogo residente. “O Wine Note é um trabalho de equipa. Eu e o Miguel Magalhães Coelho trocamos impressões e fomos provando os vinhos”, referiu Carlos Silva, destacando que o Wine Note é, para a Quinta de Reis, um vinho altamente especial, que apenas será lançado quando estiver no patamar de qualidade que atingiu, que é muito elevado e a vindima de 2015 foi especial e de qualidade”. O enólogo destacou a importância do tempo para se conseguir este patamar de qualidade. “Ficamos muito agradado com a evolução que o vinho e, após o estágio em garrafa, achámos que tínhamos conseguido. Tudo foi feito com o tempo certo, sem pressão, para fazermos um vinho especial. Dá-nos gozo conseguir fazer um vinho pela alma, mesmo numa pequena quantidade com esta de quatro mil garrafas, mas é ‘aquele’ vinho e isso é bom para o produtor e para o consumidor que depois vai degustar algo especial”, destacou Carlos Silva. Jorge Reis mostra-se confiante quanto à receptividade deste novo vinho, que está na linha de outros dois lançados com esta referência. “Tenho certezas quanto à qualidade do vinho, que é excelente. Este é, para mim, o meu ‘Barca Velha’”, referiu. O produtor da Quinta de Reis diz que este “é ligeiramente diferente dos dois anteriormente lançados com esta designação, em 2008 e 2011, mas está na mesma linha. Se provarmos os três vinhos notam-se algumas pequenas diferenças, mas a linha é a mesma”. Para além deste Wine Note, A Vinha de Reis tem outras referências, com muito bons tintos, mas, “especialmente e reconhecidamente excelente brancos”.

XXIV

www.gazetarural.com


opinião

Vinhos de “pais incógnitos”

G

rande parte dos consumidores de vinhos das gamas baixa e média (mas não só) são enganados quanto à proveniência dos vinhos que adquirem. O segmento de comercialização de vinhos em bag-in-box continua a crescer e, reconheça-se, a qualidade do produto embalado tem acompanhado, em muitos casos, o crescimento do consumo. Actualmente encontram-se ofertas de 5 litros, que vão dos 5/6 € a 9/10 €, cada vez mais opções de 3 litros, com valores que oscilam entre os 6 e os 12 euros, e até embalagens de 2 litros com preços de venda nas grandes superfícies que oscilam entre os 10 e os 15 euros. Trata-se, portanto, de um mercado apetecível, particularmente na faixa dos 6 a 9 euros (mas não só), que fomenta o ‘chico-espertismo’. Vejamos este exemplo: Numa pesquisa pouco aprofundada, identifiquei 12 marcas de vinho acondicionado em bag-in-box em que é usada a palavra ‘Pias’, freguesia alentejana do concelho de Serpa. A lista inclui: Arca de Pias; Amigos de Pias; Anta de Pias; Alma de Pias; Castelo de Pias; Chão de Pias; Ermida de Pias; Lagar de Pias; Ouro de Pias; Porta de Pias; Só Pias; Vinhos de Pias. E algumas destas marcas já se comercializam em garrafa. Uma boa parte dos consumidores, menos atenta à importância de ler os rótulos, compra na ilusão de se tratar de vinho proveniente daquela região alentejana. Mas a verdade é que a larga maioria desta oferta não é proveniente do Alentejo e nem sequer de Portugal. Uma observação mais atenta mostra a indicação de se tratar de vinho ‘proveniente’ da UE (União Europeia). Consumidores com conhecimento/informação na área dos vinhos saberão que, de acordo com o IVV – Instituto do Vinho e da Vinha, “quando o produto resulta de uma mistura de vinhos de várias proveniências da UE, então essa situação deve ser designada na rotulagem através de uma das seguintes expressões:“ Vinho da UE “ou “Mistura de Vinhos de diferentes países da União Europeia”. Evidentemente que uma grande parte dos consumidores, menos informados e menos atentos, cede ao impulso de compra motivado pela referência a uma localidade facilmente associada ao Alentejo profundo. E trata-se, na verdade, de uma situação legal. Porque o Dão possui Denominação de Origem, este não será, pelo menos de forma legal e relativamente a esta designação, um problema que venha a colocar-se. Mas do ponto de vista geral, os consumidores devem estar cada vez mais atentos aos rótulos, nomeadamente verificando a identificação dos produtores, dos engarrafadores, dos distribuidores e, sobretudo, de se tratar de vinhos de “pais incógnitos”. Amílcar Malhó www.gazetarural.com

XXV


Repto lançado por Peter Eckert, da Quinta das Marias

A CVR Dão “poderia criar condições” para a aprovação da designação ‘Vinhos Naturais’

P

eter Eckert é um homem do mundo, mas a paixão pelo vinho e pelo Dão falou mais alto, dividindo a sua vida entre a Quinta das Marias, em Oliveira do Conde, e a Suíça, de onde é natural. Na sua actividade profissional viajou pelo mundo, permitindo-lhe um conhecimento e visão mais alargados. Isso leva-o e estar à frente, como outros, em relação á escolhas do consumidor. Num ano de consolidação do projecto Quinta das Marias, com um aumento da área de produção, que lhe permite produzir cerca de 70 mil garrafas por ano, Peter Eckert olha para as novas tendências do mercado, nomeadamente a nova onda do ‘Vin Naturel’, o que o leva a lançar um repto à Comissão Vitivinícola Regional (CVR) do Dão, no sentido de “criar condições” para a aprovação da designação ‘Vinhos Naturais’, o que permitiria ao produtor, segundo Peter Eckert, “apresentar vinhos fora do patamar mais tradicionalista do Dão”. Gazeta Rural (GR): Como foi o último ano para a Quinta das Marias? Peter Eckert (PE): 2017 é para nós um ano de consolidação. As plantações mais recentes começam a produzir e chegamos agora a uma produção de 60 a 70 mil garrafas por ano. Devemos ficar por aqui, porque já não tenho capacidade na adega. GR: Quais os mais recentes vinhos lançados no mercado e qual a receptividade do mercado? PE: Depois de não ter produzido o Encruzado Barricas em 2013 e 2014, lançámos este ano um “Barricas 2015”, um vinho algo diferente do produzido em anos anteriores. Tem 75% de Encruzado e 25% de Gouveio, Barcelo e Sémillon. Trabalhámos com duas barricas novas e duas usadas. Deixámos o vinho durante 16 meses nas barricas e praticámos bâtonnage, uma vez por semana. O vinho tem tido uma enorme receptividade por parte da crítica e dos consumidores. No resto, estou bastante satisfeito com as vendas. Lançámos o Encruzado de 2016 em Abril e já estamos a vender os tintos de 2015. GR: Como está o mercado, a nível interno e externo? PE: Os mercados são muito competitivos e não podemos deixar cair os

XXVI

www.gazetarural.com


braços na atividade das vendas e do marketing, Por isto participámos ao longo do ano em várias feiras, em eventos tipo “Wine and Dine” e visitámos os nossos importadores nos Estados Unidos e no Canada. Estou a notar um crescimento significativo no interesse pelo vinho português, mas ainda estamos a lutar muito contra a imagem do “vinho barato”. Dói-me a alma quando vejo num supermercado na Suíça um vinho do Dão, com classificação de Reserva, por menos de cinco francos. Sempre comparo a nossa região do Dão com Bierzo ou Torre, em Espanha. Estas duas regiões conseguiram criar no mercado uma imagem de nicho de alta qualidade e nunca vejo vinho barato destas regiões. Pergunto, porque é que o Dão, com a sua qualidade extraordinária, não consegue chegar lá? Também notei, principalmente em Zurique, um certo interesse na nova onda do “Vin Naturel”. Ainda é um pequeno segmento, mas acho que pode ser aliciante para o pequeno produtor que se queira especializar nesta área. Também pode dar ao Dão uma certa imagem diferenciada. Atenção, não digo que toda a região tenha de se converter para a produção deste tipo de vinho, mas a CVRD poderia criar condições para a aprovação de “Vinhos Naturais” que permitissem ao produtor apresentar vinhos que estejam um pouco fora do patamar mais tradicionalista do Dão. GR: Que expectativa tem para a vindima deste ano? PE: O primeiro pintor chegou no dia 29 de Junho, por acaso na casta Jaen. As últimas análises indicam que a vindima será este ano duas a três semanas mais cedo de que em anos anteriores. Não temos rega, mas o nosso terreno Quinta das Marias_Inserat 23.08.2017 2 da seca. Se é muito fundo ehalbseitig a vinha não sofreu 14:36 quaseSeite nada tudo correr bem, e sou optimista por natureza, prevejo que a safra de 2017 será excelente. Se Deus quiser!

| Alfrocheiro |

Quinta das Marias V I N H O S D E Q U A L I D A D E – A N O S S A PA I X Ã O

quintadasmarias.com

www.gazetarural.com

XXVII


Com destaque para o Encruzado Reserva 2016

Ladeira da Santa lançou novos vinhos no mercado e duplicou área de produção

O

produtor Ladeira da Santa, de Tábua, duplicou a área de produção, tendo agora 10 hectares de vinha. A empresa, gerida por João Abreu Cunha, filho do presidente da CVR Dão, Arlindo Cunha, lançou recentemente no mercado três novos vinhos, dois brancos e um tinto, da colheita de 2016, com destaque para o Encruzado Reserva 2016. Para João Cunha, o projecto da Ladeira da Santa “vai no bom caminho”, num ano em que prevê “boa qualidade” para os vinhos desta campanha. Gazeta Rural (GR): Como vai o projecto Ladeira da Santa? João Abreu Cunha (JAC): O projecto da Ladeira da Santa vai no bom caminho, implementando e melhorando o nível de profissionalismo, aliado às boas críticas que se têm vindo a ler referentes aos nossos vinhos, tanto em revistas da especialidade como em blogues, o que tem contribuído par uma afirmação gradual da marca no mercado. Ainda não nos encontramos em certos mercados estratégicos, mas estamos a caminhar nesse sentido, tendo em conta de que somos uma pequena empresa familiar e que só poderemos estar em mercados específicos e de nicho. No entanto, neste ano de 2017 decidimos dar um passo importante no sentido da expansão. Passo esse que se andava a planear há algum tempo, mas que era preciso ter-se a certeza de qual seria o momento certo. A nossa filosofia sempre foi baseada num crescimento sustentado, de nunca dar um passo maior do que a perna. Há medida que o mercado ia pedindo, nós acompanhávamos. Até Fevereiro de 2017, a Ladeira da Santa contava então com apenas cinco há de vinha, distribuídos entre uvas tintas (60%) e uvas brancas (40%). Como a procura já se fazia sentir, sobretudo a nível dos vinhos de qualidade superior, nomeadamente nos vinhos Reserva e Grande Reserva, decidimos então duplicar a área de plantação, contando agora com dez ha de área de produção, também eles distribuídos entre brancos e tintos em proporções relativamente iguais. GR: Quais os mais recentes vinhos lançados no mercado e como foram recebidos no mercado? JAC: Recentemente foram lançados dois novos vinhos brancos e um vinho tinto, todos da colheita de 2016. Um dos brancos, é o nosso entrada de gama Colheita Seleccionada, feito com as castas Malvasia Fina, Arinto, Gouveio e Bical. É um vinho fresco e muito equilibrado tanto a nível de boca como de nariz. O outro branco produzido, que sofreu uma ligeira alteração de perfil em relação ao do ano de 2015, é o nosso Encruzado Reserva. No primeiro ano que se comercializou esse monovarietal, queríamos perceber qual o perfil de vinho que se faria sentir nesta parte da região. Em 2016, decidimos colocar uma percentagem do lote no final de fermentação em barrica nova de carvalho francês, permanecendo durante um curto período de tempo pós-fermentação, para que a extracção originasse um perfil fino sem que o marcasse em demasia, conseguindo-se assim salvaguardar a autenticidade da casta, sem que o seu potencial seja mascarado pelo excesso de madeira. Quanto ao vinho tinto, colocámos no mercado o Colheita Seleccionada 2016, que é o nosso entrada de gama. Trata-se de um vinho feito com as castas Touriga Nacional (80%) e Tinta Roriz (20%) e que se apresenta bastante complexo, conseguindo acompanhar qualquer tipo de iguaria beirã. Lançamos também no mercado, por ocasião da Páscoa, o nosso Grande Reserva 2015. De referir, aliás, que este Grande Reserva e o Encruzado 2016 ganharam medalhas de ouro no Concurso Os Melhores Vinhos do Dão Engarrafados. GR: Como está o mercado? JAC: A nossa prioridade é sem dúvida o mercado nacional, mas também já exportamos

XXVIII

www.gazetarural.com


para alguns países, graças a uma parceria com outra empresa, nomeadamente para o mercado asiático, sendo que pretendemos que a exportação represente uma fatia cada vez mais importante na facturação da Ladeira da Santa. GR: Há algumas preocupações com a seca que se tem feito sentir. Que expectativa tem para a vindima deste ano? JAC: De facto não tem sido um ano nada fácil no que toca à água no solo. Praticamente sem chuva durante o Inverno e Primavera, os furos nesta altura começam a ressentir-se, e a exposição às altas temperaturas sobretudo nos meses de Julho e Agosto, não têm facilitado em nada. Em consequência, temos uma antecipação das vindimas em quase três semanas, e acima de tudo um elevado risco de vingamento para as plantações deste ano. Apesar disso, pela análise que temos feito das uvas, temos perspectivas de boa qualidade para os vinhos desta campanha.

| Malvasia Fina |

www.gazetarural.com

XXIX


opinião

Denominação de Origem Dão

O

vinho no Dão produz-se ainda antes da fundação de Portugal, sendo os vinhos da Lusitânia já famosos. A mãe natureza confere a esta região características edafoclimáticas inconfundíveis e aptidões para o cultivo da vinha ímpares, com particular destaque à plantação das castas Encruzado, para brancos, e Touriga Nacional, para tintos, entre outras, - numa lista alargada onde se inclui a Jaen, - que também “vivem” confortavelmente, originando vinhos únicos e extraordinários. Vinhos muito aromáticos, elegantes, de elevada complexidade, óptimo balanço, certa mineralidade e frescura de boca, com final persistente e probabilidades de certa longevidade. A região do Dão começou a ser delimitada em 1907/1908, logo no início das primeiras denominações de origem clássicas: Colares, Bucelas e Vinhos Verdes. Até finais de 1970 (com excepção do Douro, que data de 1757), havia ainda as denominações de origem de Carcavelos, Moscatel de Setúbal e Madeira. Os tempos são outros e a partir dos anos 80 houve modificações significativas que transformaram o panorama vinhateiro, aproximando-o da realidade de hoje. A região do Dão sempre teve grandes tradições vitivinícolas e a qualidade dos seus vinhos foi, especialmente durante o último século, a prova evidente disso. Se recuarmos aos anos 60/70 verificamos que nas cartas de vinhos dos restaurantes ou nas mercearias tradicionais e charcutarias de então predominavam muito mais referências do Dão comparativamente com outras regiões. Muitas dessas marcas estão hoje em dia bem posicionadas no mercado. Alguns exemplos: Terras Altas, Caves Velhas, Pipas, Porta dos Cavaleiros, Casa de Santar, Federação, Meia Encosta, UDACA, Quinta da Fata, Duque de Viseu ou Grão Vasco, entre outras. O Dão não beneficia apenas do factor da natureza, mas também o empenho e visão futurista do homem, que contribuiu para fazer prosperar a actividade. Como exemplo, ainda no tempo em que o vinho era visto com outros olhos, o Dr. Eurico Amaral, então presidente da Junta de Turismo das Caldas de Felgueiras, - um visionário para a época, - se apercebeu que quem poderia acrescentar mais-valias aos vinhos de alta qualidade, era o escanção. Através de um serviço digno, com atendimento personalizado e profissional, usando copos e técnicas apropriadas, temperaturas indicadas a cada tipo de vinho e informação detalhada sobre este precioso néctar. Eurico Amaral, também como produtor, quis homenagear o escanção, reconhecendo assim o valor glamoroso que este profissional aporta ao vinho nas salas dos restaurantes. Desta forma, mandou erguer a estátua no coração da sua região, por bem servir. Decorria o ano de 1966. Mais recentemente, também autarquia de Nelas, durante a XXIII Feira do Vinho do Dão, homenageou a figura do escanção com demonstração de apreço e reconhecimento, numa cerimónia realizada em frente à estátua que se situa no Largo General José de Tavares, no centro da vila, onde a vereadora da Câmara Municipal, Sofia Relvas, durante a cerimónia, referiu a importância deste ato e disse estarem orgulhosos pelo legado histórico de ser a única estátua no mundo em homenagem ao escanção/sommelier. Não basta produzir o melhor vinho se não for dado a conhecer. Nos dias em que para alguns produtores fazer e vender vinho é uma aventura, com o consumidor tão informado e a competitividade de mercado agressiva, há que inovar e aproveitar os diversos eventos para falar do seu vinho. Os canais são vários e todos, de uma ou outra forma, podem contribuir para a dinamização da marca, como apostar no marketing; no enoturismo; as confrarias; os congressos; os festivais gastronómicos/vínicos; as provas pontuais em lugares estratégicos; os festivais medievais (de novo na moda) e as feiras já muito visitadas pelo público em geral. As feiras são, aliás, um ponto forte de exposição, porque são visitadas por uma grande diversidade de pessoas, que sentem a liberdade de estar em área pública sem qualquer tipo de compromisso. Nas feiras, os produtores, especialmente os de menor dimensão, têm oportunidade de dar a conhecer os seus vinhos, falar do seu “projecto”, mencionar particulares diferenças e contar uma história que marque a diferença e chame a atenção. Uma palavra não custa dinheiro, mas em alguns casos pode valor ouro. Nestes eventos existe a oportunidade de os produtores poderem aproveitar trocas de experiências e de convívio, ou explorar a presença dos visitantes para obter certos conhecimentos ou informações. O visitante tanto pode ser um casual, como um técnico ou cientista que nos poderá ajudar. O vinho tem a magia particular de aproximar as pessoas! Manuel Miranda Associação de Escanções de Portugal

XXX

www.gazetarural.com


www.gazetarural.com

XXXI


opinião

Questões sobre a fileira dos vinhos do Dão

É

meu objectivo no presente artigo contribuir para ção da oferta e valoriza o incremento na qualidade das uvas? o debate e melhoria da massa crítica na fileira Continuo com segunda bateria de questões sobre os restandos vinhos do Dão. Na minha opinião, e na qualidade tes elos da fileira dos vinhos do Dão: será o negócio da vinifide apreciador de vinhos, busco novas marcas, novas cação gerador de maior margem líquida que a produção? Há propostas, e a região demarcada do Dão, pelas suas equilíbrio e funcionamento de mercado entre produzir uvas e características de solos, climas, castas e saber fazer transformá-las? Ou quem concentra as produções apropriados seus players, viticultores, vinificadores e comercia-se de forma desequilibrada da margem financeira? Ou senlizadores, produz dos melhores vinhos de mesa de Pordo esta última interessante, podem os players da vinificação tugal. A região tem potencial a longo prazo, para liderar existirem de forma autónoma o terceiro elo da cadeia, o de forma inequívoca, reconhecida, traduzida em préconjunto das entidades que só comercializam o vinho? Ou é mios, comunicação, turismo, valor acrescentado, riquemais eficaz, gera melhor resultado económico, quem vinifiza distribuída por toda a superfície regional, a liderança ca e distribui os vinhos? e o topo da qualidade fantástica dos vinhos de Portugal. Coloco esta bateria de perguntas porque a verticalizaÉ minha convicção que quem produz uvas terá algumas ção no negócio das uvas e do vinho, fenómeno que acontedificuldades, pelo que, a primeira questão que coloco é ce à escala mundial, que se verifica nas principais regiões sobre a rentabilidade da produção de uvas, ou seja, quem vinhateiras de Portugal e representa uma incorporação é exclusivamente produtor de uvas, o viticultor, a base da da actividade dos players da fileira, isto é, à medida que o cadeia, tem a rentabilidade intrínseca para o efeito? Tem tempo passa, começa na comercialização a qual reunifica condições e incentivos no valor como as uvas são pagas, com a vinificação e, posteriormente, caminham para copara que o seu maior esforço na qualidade, rigor, deterlocar a vinha e a produção de uvas na mesma entidade, minação, colocadas no terreno, na parcela, na videira, se ou seja, quem distribui e comercializa vinhos também os traduzem em maior valor financeiro? O empresário vitícola industrializa e produz, tira partido das economias de esé suficientemente reconhecido pelos compradores/valorizacala, das ajudas públicas, da imagem junto de mercado dores das uvas e pela sociedade pelo seu esforço e sacrifíde serem produtores. Em Portugal verifico, nas divercio? Vale a pena fazê-lo? sas regiões vinhateiras, o esmagamento da margem fiEm síntese, é negócio ser exclusivamente produtor de nanceira do conjunto muito alargado de micro, pequeuvas? É uma mais-valia que dá para sustentar a família de nos e médios viticultores seus fornecedores, seja no forma digna e sustentada no tempo? Ou, pelo contrário, para valor das produções, seja nos prazos de pagamento. obter a justa valorização do seu empenho o viticultor tem que Este rolo compressor não é muito notado pela socieser simultaneamente vinificador, transformar-se na entidade dade, porque são muito generosas as ajudas públicas que faz e, mais do que isso, comercializa o vinho? Tem neà plantação de vinhas, ao desenvolvimento da fileira cessidade para sobreviver de se apropriar da margem do elo e à promoção internacional dos vinhos. seguinte da fileira? Deixo as questões para reflexão dos membros da fileira dos vinhos do Dão e da sociedade em geral: O que fazer para melhoJosé Martino - CEO da Espaço Visual e da Ruris – rar o negócio da produção de uvas? O mercado funciona em funDesenvolvimento

XXXII

www.gazetarural.com


Na Feira do Vinho, em Nelas

Adega mostra as ‘7 Maravilhas’ dos Vinhos de Penalva

A

Adega de Penalva vai dar a provar da Feira de Nelas os seus vinhos, com destaque para os mais recentes lançamentos, nomeadamente uma gama de sete néctares monovarietais, quatro tintos, das castas Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Pinheira e Jaen, - e três brancos, das castas Encruzado, Cercial e Bical. “São vinhos de topo e de excelente qualidade”, refere o presidente da Adega. José Frias Clemente destaca os rótulos desta gama, onde “a palavra Dão aparece destacada, em que as características do vinho estão no contra rótulo”. É que, diz José Clemente, “bem precisamos cada vez mais de falar no Dão, uma vez que estamos, tanto a nível nacional como nas exportações, a caminhar bem e devemos destacar a marca Dão, porque a região merece”. Quanto à campanha deste ano, o dirigente mostra-se preocupado. “As vindimas estão um pouco adiantadas”, mas “estou com algum receio que, com as condições atmosféricas que se têm feito sentir, possa haver alguma estagnação das maturações, o que pode ser mau para a qualidades dos vinhos”. Contudo, “e até agora, estão boas, mas a chuva está a fazer falta, para que possamos ter vinhos de qualidade”, refere o presidente da Adega de Penalva. Segundo José Clemente, o tempo está instável e não há perspectivas de que tenhamos uns dias de chuva. “As uvas, por falta de água no solo, estão a mirar, ou seja, estão a ficar secas, e uvas mirradas não fazem bom vinho”, diz José Clemente, admitindo que “até quantidade pode ser menor do que era espectável”. Atrasar as vindimas à espera que chova não é solução. “Só se tivéssemos a certeza de que iria chover, mas tudo é uma incógnita. As poucas chuvas que caíram ajudam, mas não são suficientes. Temos que fazer a vindima e não podemos esperar que chova”, refere o dirigente. Segundo dados da meteorologia, há perspectiva de que possa chover lá para o mês de Outubro.

www.gazetarural.com

XXXIII


Novidades da Magnum Vinhos, em Nelas

Carlos Lucas ‘envia’ vinhos num “Envelope” Gazeta Rural (GR): Que novidades vai apresentar na Feira de Nelas? Carlos Lucas (CL): Temos dois vinhos novos, um branco e um tinto, com a marca ‘Envelope’. Numa altura em que toda a gente manda emails, em que este se vulgarizou, nós pensámos numa palavra e num vinho que não seja vulgar. “Envelope” é uma mensagem de Carlos Lucas para enófilos apaixonados pelo vinho, em que este, de per si, é absolutamente diferente. São vinhos com uma estrutura e vinificação diferentes, que querem transmitir uma mensagem nova, em mais uma referência do Dão. GR: Poderíamos dizer que é um “Envelope” enviado em modo “Automático”? CL: Naturalmente que não. O “Automático” foi lançado o ano passado, num estilo de vinho diferente, sem madeira, feito à moda antiga e que está aí por todo o lado. O branco está esgotado e do tinto já sobram poucas garrafas. Foi uma referência que foi muito bem aceite pelo mercado e pelos consumidores. O “Envelope” é um vinho com uma filosofia diferente, mais estruturado e que teve algum tempo de barrica. Acredito que o nome Ribeiro Santos “Envelope” vai pegar, numa mensagem de Carlos Lucas para apreciadores apaixonados. Teremos mais uma novidade ainda este ano. É um espumante de altíssima qualidade, que merecia uma apresentação publica na Feira de Nelas, mas que deverá estar pronto lá para Outubro.

A

Magnum Vinhos, de Carlos Lucas, vai apresentar na Feira de Nelas dois novos vinhos, um branco e um tinto. A grande novidade é que seguirão por… “Envelope”, a nova referência do produtor de Carregal do Sal. Depois e no ano passado ter surpreendido com o Automático, Carlos Lucas envia desta vez uma mensagem, não por correio electrónico, mas sim através de uma garrafa. “É uma mensagem de Carlos Lucas para enófilos apaixonados pelo vinho”, diz o produtor, numa referência que acredita “vai pegar”. Com uma larga experiência no Dão, Carlos Lucas confessa ter sido apanhado “desprevenido” com este ano em que as alterações climáticas mais se fizeram sentir. “Em 25 anos tudo mudou”, diz o enólogo, que quando iniciou a sua actividade profissional fazia a vindima dos tintos no início de Outubro. Agora, “está um mês adiantada”.

XXXIV

www.gazetarural.com

GR: Este ano, e é inevitável, as alterações climáticas obrigaram a uma mudança a que não estaríamos habituados, com a antecipação das vindimas em cerca de três semanas. Que mudanças obrigarão a fazer? CL: Está tudo a mudar. Eu, que me considero um homem precavido, confesso ter sido apanhado desprevenido, pois nesta altura há muita gente de férias e há falta de pessoal para as vindimas. Os tintos estão um pouco atrasados, mas os brancos estão quase um mês adiantados. Tudo isto provoca muitas preocupações, porque acaba por tirar alguma natureza àquilo que era o Dão antigo. Quando comecei a minha actividade como enólogo os tintos eram vindimados na primeira semana de Outubro. Vemos que em cerca de 25 anos tudo mudou. Nessa altura preocupava-me com a vindima a partir de meados de Setembro, agora temos que pensar nela a partir de meados de Agosto.


Um aumento de 25% para os países fora da União Europeia

Exportações de vinho cresceram 10% no primeiro semestre do ano

O

crescimento das exportações de vinho no primeiro semestre deste ano atingiu 10% face ao mesmo período do ano passado, tendo crescido 25% para os países fora da União Europeia, nomeadamente para os mercados emergentes. Salienta-se a recuperação de quotas de mercados que no ano passado registaram quedas acentuadas, como é o caso da China, que registou uma recuperação de 29%, do Brasil, com uma recuperação de 79%, e de Angola, cuja recuperação foi de 136%. “A afirmação do sector do vinho nos mercados estrangeiros é uma evidência”, disse o Secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Vieira, que atribuiu este desempenho “a um cada vez maior reconhecimento da qualidade e da diversidade dos vinhos portugueses, para os quais os produtores têm seguido uma estratégia determinada de investimento na inovação”. Presentes em mais de 150 países, os vinhos portugueses recuperaram também no plano interno, com as vendas a crescerem 3% no primeiro semestre. Registou-se ainda um aumento de valor de 6,5% para os vinhos certificados. De salientar ainda que o aumento da produção esperado para este ano é de 10%, indo ao encontro do crescimento da procura.

www.gazetarural.com

XXXV


João Rego apresenta em Nelas novos Reserva 2013 e Grande Reserva 2014

Projecto Fidalgas de Santar aposta em vinhos de segmento ‘Premium’

O

projecto Fidalgas de Santar vai apresentar dois novos vinhos na Feira de Nelas, que mostram o novo posicionamento da marca, virada para o segmento ‘Premium’. Sob a capa “Fidalgas de Santar” o produtor vai mostrar o Reserva 2013 e o Grande Reserva 2014, dois novos néctares que João Rego espera “sejam boas surpresas da Feira”, nomeadamente o último. Quanto ao novo rumo do projecto, o produtor de Santar disse que “já virou há algum tempo”. “Apercebi-me que no Dão temos que trabalhar para nichos de mercado e aproveitar o potencial da região e a qualidade dos nossos vinhos para os colocar num segmento muito alto”, referiu João Rego, lembrando que é uma região pequena, pelo que “temos que produzir bem, para vender muito bem os nossos vinhos no mercado”. Assim, “a nossa produção passa por trabalhar vinhos de gama ‘Premium’, como Reserva ou Grande Reserva”, salientando que “desde 2012 que os nossos vinhos atingiram um patamar de qualidade que não podemos abandonar”. Com uma produção a rondar as 30 mil garrafas, João Rego quer manter este padrão, deixando de comercializar os chamados ‘vinhos de combate’. “Não temos dimensão para vender vinhos de entrada de gama ou de combate, pelo que, nesta altura, posicionamo-nos num patamar ‘Premium’, deixando para outros a comercialização de vinhos de gamas inferiores”. Quanto à Feira do Vinho do Dão, João Rego diz que “tem melhorado nos últimos anos em termos de organização, e espero que este ano mantenha esse patamar, mas principalmente que tenha muitos visitantes, numa tendência que tem sido de crescimento”. Sobre a homenagem que vai ser prestada a Alberto Vilhena, João Rego diz que “é mais que merecida” a alguém que muito deu ao vinho do Dão, mas também ao sector em Portugal.

XXXVI

www.gazetarural.com


Num investimento superior a 200 milhões de euros

Grupo Visabeira dinamiza ambicioso projecto vitivinícola em Moçambique

O

Grupo Visabeira, em parceria com o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar (MASA) de Moçambique está empenhado em desenvolver a viticultura naquele país. Nesse sentido, desde 2016 está no terreno um projecto experimental vitivinícola com o objectivo da produção de uvas para vinhos tintos e brancos. Esse projecto inicial foi dividido em três etapas. A primeira fase ficou concluída com a implantação de vinha e a respectiva instalação dos campos experimentais em Namaacha (Maputo) e Sussundenga (Manica), realização de análises dos respectivos solos, escolha das castas a plantar, preparação do terreno e disponibilidade dos equipamentos necessários. No cronograma do projecto, foi entretanto iniciada já a segunda fase com a plantação efectiva das castas escolhidas e respectivos locais. Nesse sentido, foram enviadas para Moçambique 1600 videiras previamente enxertadas em colaboração com os Viveiros Vitioeste (Bombarral - Portugal), com as castas brancas Encruzado e Malvasia Fina e com as tintas, Tinta Roriz, Touriga Nacional, Jaen, Alicante Boushet, Merlot e Syrah. De cada casta foram enviadas 200 plantas, com o devido passaporte fitossanitário, divididas pelos dois campos experimentais, tendo José Matias, responsável pela produção da Casa da Ínsua, coordenado presencialmente a plantação. Em cada campo experimental com 5000 m2, foram plantadas 800 videiras das quais são esperados cerca de 1000 kg de uvas / ano, para então serem vinificadas com os devidos equipamentos enológicos, sendo os vinhos obtidos alvo de diversas análises para posteriores decisões sobre a continuidade do projecto e da parceria. A vindima da primeira colheita está prevista para o Natal deste ano. De forma gradual, o objectivo do projecto passa pela instalação em Moçambique de 1000 hectares de vinha para produção de uvas para vinho e construção de duas adegas para vinificação de seis milhões de kg de uvas. www.gazetarural.com

XXXVII


Da gama Status e Estrémuas

Vinícola apresenta quatro vinhos novos na Feira de Nelas

A

Vinícola de Nelas, um dos mais antigos operadores do Dão, vai apresentar na Feira de Nelas quatro novos vinhos, um da gama Status e três Estrémuas, sobre os quais a empresa sedeada em Nelas tem grandes expectavas. Rui Henriques fala de vinhos “extraordinários” e que “são uma mais-valia” para as marcas e para a empresa. Quanto à vindima, o administrador da empresa está “cauteloso” e espera para ver. Já quanto à homenagem a Alberto Vilhena “é merecidíssima”. Rui Henriques conheceu o homem que desenvolveu o Centro de Estudos, considerando-o uma “pessoa de não muito fácil trato, mas que conhecia como ninguém a região. Era uma pessoa à moda antiga”.

GR: Em relação à vindimas deste ano, justificam-se as preocupações? RH: Estou com alguma apreensão quanto à vindima deste ano, não no aspecto da qualidade, mas na evolução do tempo. O tempo que se faz sentir pode levar a uma desidratação rapidíssima, o que fará com que se verifique uma quebra de produção, que não sabemos até onde irá. Noutras regiões já se diz que a campanha é inferior ao espectável. Como em 2016 tivemos uma campanha extraordinária, - e temos grandes vinhos para lançar deste ano, como um Touriga 2016 premiado no último concurso da CVR Dão, - esperamos que não chova demasiado, pois muitos viticultores, por via do tempo, não fizeram curas nos últimos dois meses e as vinhas estão desprotegidas.

Gazeta Rural (GR): A Vinícola de Nelas vai apresentar quatro novos vinhos? Rui Henriques (RH): Sim, vamos apresentar na gama Status, um Touriga Nacional, que é um vinho extraordinário, classificado como Grande Reserva, e na gama Estrémuas teremos o Reserva 2010 e o Touriga Nacional 2010, este com a designação ‘Superior’, o que é uma mais-valia para marca, pois é virada para vinhos de alta qualidade. Além destes temos um tinto monovarietal, que é o Estrémuas Jaen 2015, um vinho muito apetecível. Na gama Estrémuas, o Reserva e o Touriga Nacional são vinhos com estágios em madeira, dentro da linha produzida em 2005, 2007 e 2008, enquanto o Jaen 2015 é um vinho menos poderoso, fruto da casta, com o qual temos, também, boas perspectivas, tal como os outros.

XXXVIII

www.gazetarural.com

GR: Como está o mercado? RH: Não nos podemos queixar. Estamos dentro daquilo que foi o ano anterior, sendo que na exportação temos vindo a melhorar a nossa performance. GR: As homenagens, ao Escanção e ao Eng.º Alberto Vilhena, que vão ser feitas na Feira são duas notas importantes da edição deste ano? RH: Claro que sim. Queria lembrar que quem criou o Centro de Estudos Vitivinícolas (CEV) foi uma pessoa que quase ninguém se lembra ou conhecem. Foi um antigo presidente da Câmara de Nelas que con-


seguiu trazer para Nelas aquela importante estrutura para o Dão, que era para ser instalada em Viseu. O Eng.º Alberto Vilhena tem mérito em tudo o que fez. Foi uma pessoa que ainda conheci relativamente bem e a homenagem é merecidíssima. GR: Quem era o Eng. Vilhena? RH: Era uma pessoa de não muito fácil trato, mas que conhecia como ninguém a região. Era uma pessoa à moda antiga. GR: Concorda que hoje se está a tentar voltar fazer vinhos como no seu tempo? RH: Não sei se será possível voltar a fazer aqueles vinhos, que ele deixou no CEV. Era vinhos demasiado ‘rijos’, de guarda. Isso hoje é difícil num mercado tão competitivo. Isso é feito em França e num ou dois sítios em Espanha. Contudo, não estamos muito longe daquilo que o Eng.º Vilhena fez, pois estamos a lançar vinhos de 2010. O grande legado que deixou foi ter demonstrado o grande potencial da Touriga Nacional. O TN de 1963 é um vinho famoso. Foi provado há três ou quatro anos e está um vinho extraordinário. Isto não está ao alcance de muitas regiões e, menos ainda, de muitas castas. Esse tipo de vinhos fez com que grandes empresas fizessem investimentos no Dão. A questão é que o grande mercado gosta de vinhos mais fáceis, mas que sabe de vinhos, os grandes apreciadores, os conhecedores gostam do vinho do Dão.

| Aragonez |

www.gazetarural.com

XXXIX


Um novo vinho, numa nova garrafa, com uma nova imagem

Chegou o novo Grão Vasco

C

hegou recentemente ao mercado um novo Grão Vasco, uma marca emblemática de vinhos do Dão. No ano em que celebra 60 vindimas, esta marca sexagenária foi revisitada e enriquecida, renascendo agora num vinho, numa garrafa e num rótulo mais modernos e apelativos, que representam também uma aproximação à prestigiada Quinta dos Carvalhais, de cuja família de vinhos ilustres passa a fazer parte. O novo Grão Vasco apresenta-se, assim, rejuvenescido, fresco, com uma imagem actual e sofisticada, voltando a incorporar no rótulo da sua garrafa a figura de S. Pedro, a mais famosa pintura de Vasco Fernandes, conhecido como Grão Vasco. Já a garrafa foi, também ela, renovada apresentando, agora, uma nova silhueta, em linha com a restante gama de Carvalhais. “Grão Vasco é a referência mais clássica dos vinhos do Dão. É uma marca que alcança este ano 60 vindimas e que foi revisitada com a ambição de responder aos desafios dos novos tempos, cativando, em simultâneo, novos consumidores. É por isso que além de um novo vinho nos chega, também, uma nova garrafa, com um novo rótulo, que ao mesmo tempo mantêm intactos os valores de sofisticação, autenticidade e experiência que fizeram de Grão Vasco uma referência incontornável”, refere João Gomes da Silva, administrador da Sogrape Vinhos. O Grão Vasco Branco 2016 é um vinho jovem e fresco, de elevada exuberância aromática. Já o Grão Vasco Tinto 2016, mais aromático e com mais cor, privilegia a intensidade da fruta vermelha, o que resulta num vinho mais concentrado e mais jovem, mas ao mesmo tempo mais elegante e suave na boca. Este é, por isso, um vinho que soube tão bem envelhecer mas que se recusa a ficar preso ao passado, confirmando nesta nova colheita as qualidades de elegância e frescura que sempre cativaram os seus consumidores.

XL

www.gazetarural.com


Empresa sedeada em Viseu

Inwatt apresenta sistema de frio para adegas em Nelas

A

Inwatt, sedeada no Bairro da Ramalhosa, em Viseu, vai estar presente na Feira do Vinho, em Nelas, a expor os seus equipamentos destinados ao sector. A empresa, que representa a prestigiada marca Daikin, vai promover um seminário destinado aos viticultores onde apresentará as novas soluções para instalação de sistemas de frios nas adegas, bem como a sistemas de produção de energia para a agricultura. Para as adegas, a Daikin, representada pela Inwatt, apresenta refrigeradores de água que garantem o controlo da temperatura durante todos os processos de produção de vinho. Podem também ser integrados num sistema de gestão global que controle todas as operações da adega. A empresa dispõe de diversos tipos de refrigerador de águas disponíveis que garantem temperaturas óptimas e controlo de humidade.

CANAS DE SENHORIM

viveirosbatista@gmail.com


BrEvEs Uma novidade bem recebida pelo mercado

Cabriz apresentou um Touriga Nacional Branco

O

grupo Global Wines vai apresentar na Feira de Nelas um vinho Branco da casta Touriga Nacional. “Que seu saiba é o primeiro vinho branco feito com a casta Touriga Nacional”, adiantou Jorge Pina, administrador do grupo sedeado em Carregal do Sal. “A Touriga Nacional é uma casta emblemática do Dão e todos temos a imagem, o sabor e a carga de um vinho de cor rubi profundo, este ver um vinho branco tem um tom que não deixa disfarçar as suas origens”, referiu aquele responsável, que admite que “os puristas da casta coloquem alguma ‘resistência’, mas a experiência que temos tido, nestes poucos meses após o seu lançamento, é que tem tido uma aceitação fantástica, pela novidade”. Jorge Pina salienta a surpresa de quem já provou, porque “o nariz e o paladar são substancialmente diferentes do que é a casta nos tintos”. O Grupo continua a aposta nos biológicos. Depois do Paços dos Cunhas, lançaram recentemente um vinho Bio com a marca Cabriz. Diz Eurico Amaral, da Quinta da Fata

O Centro de Estudos Vitivinícolas “não teria sido o mesmo” sem o Eng.º Alberto Vilhena Eurico Amaral é um profundo conhecer da região e da importância do Eng.º Alberto Vilhena na região. O produtor da Quinta da Fata, em Vilar Seco, é taxativo ao dizer que o Centro de Estudos Vitivinícolas (CEV) do Dão “não teria sido a mesma coisa sem a sua entrega e dedicação”. “Era um homem muito inteligente, trabalhador e dedicado à sua profissão. Os resultados estão à vista no CEV”, diz Eurico Amaral. “Para percebermos a sua importância no Dão, basta provar os vinhos que ele deixou e que mostram todo o potencial da nossa região e da Touriga Nacional”, acrescenta. Quanto à campanha deste ano, o produtor diz que tem “menos vinhos que o ano passado, que foi muito bom, mas de boa qualidade”.

Um vinho da Quinta Mendes Pereira

“Raquel” dá-se a provar na Feira de Nelas

“Raquel” é o mais novo vinho da Quinta Mendes Pereira, que será dado a provar em Nelas. São 150 garrafas Magnum de um vinho branco, da casta Encruzado de 2013, que estagiou em barrica de carvalho, durante 14 meses, a que se seguiu mais um ano em garrafa. “São vinhos exclusivos, para apreciadores”, diz Raquel Mendes Pereira. “É um encruzado gastronómico, com alguma idade”, acrescenta. A produtora explica que o nome resulta do facto de muito gente falar do “Vinho da Raquel”, daí a decisão de fazer um vinho com a sua assinatura. Na Feira o produtor terá em prova o Encruzado 2013; Quinta Mendes Pereira Branco 2015, das catas Encruzado e Malvasia Fina, para além de outros vinhos deste produtor de Oliveira do Conde.

XLII

www.gazetarural.com


Diz o produtor da Quinta do Perdigão

A antecipação das vindimas deste ano “é alarmante”

J

osé Perdigão considera que a antecipação das vindimas, este ano, em quase três semanas “é alarmante”. O produtor da Quinta do Perdigão, da sub-região de Silgueiros, não se lembra, nos últimos 20 anos de vindimar em Agosto, quando normalmente o faz em meados de Setembro, apontando as alterações climáticas como razão principal. Quanto a novas colheitas, depois de esgotados o Encruzado e o Rosé de 2015, José Perdigão diz que lá para final do próximo mês devem chegar o Encruzado e o Rosé de 2016. Gazeta Rural (GR): Como está a vindima deste ano? José Perdigão (JP): Está antecipada cerca de três semanas. Já começámos a vindimar o Jaen, com um álcool provável de 13,5’ e com uma acidez muito interessante. Esta antecipação das vindimas é alarmante e só se explica com as alterações climáticas. As pessoas mais antigas não têm memória de uma vindima tão precoce. Nos meus 20 anos de viticultor não me lembro de ter vindimado antes de meados de Setembro. GR: Quais os seus mais recentes lançamentos? JP: Os nossos vinhos novos são algumas relíquias antigas. Todavia, se falarmos de novidades temos o Encruzado de 2015, que foi pontuado com 91 pontos no Robert Parker’s Wine Advocate, pelo Michael Squaire, e o rosé de 2015, que entretanto esgotaram. Vamos lançar, lá para final de Setembro, o Encruzado e o Rosé de 2016; o Alfrocheiro 2011; o Touriga Nacional de 2009 e, também, um vinho emblemático, que é um Reserva de 2006, que foi considerado por alguns jornalistas como o melhor vinho na Feira ‘Viva Portugal’, em Londres, que decorreu em Abril. GR: Como olha para a homenagem ao Eng. Vilhena? JP: Não o conheci pessoalmente, nem conheço os seus estudos. Essa foi uma dificuldade que encontrei, quando aos 40 anos, como arquitecto, quis plantar uma vinha. Não havia informação disponível do Centro Estudos Vitivinícolas (CEV) do Dão. Socorri-me de um grande homem do Dão, o prof. Virgílio Loureiro, que tinha lançado a enciclopédia dos vinhos do Dão, como fotografias do António Homem Cardoso, assim como uma visita a uma vinha histórica da região, a Quinta dos Carvalhais, na pessoa do Eng. Manuel Vieira. Assim, consegui decidir a plantação da vinha, mas, de facto, gostava de ter tido o apoio escrito do Eng. Vilhena. Apesar de não ter tido acesso a escritos sobre a evolução das diversas castas da região e a sua aptidão para os vários solos, tive a oportunidade, aquando dos 50 anos do CEV, provar vinhos de Touriga Nacional dos anos 50 que estavam ainda jovens e com grande frescura, o que quer dizer, por outro lado, que à altura deveriam ser imbebíveis pela carga tânica que tinham.

José Perdigão é Grão-mestre da Confraria dos Enófilos do Dão Doze anos depois, José Perdição assume de novo o cargo de Grão-mestre da Confraria dos Enófilos do Dão, substituindo Carlos Silva, que terminou o mandato. O processo que conduziu as eleições, que decorreram na terceira semana de Agosto, foi moroso, pois após duas Assembleias Gerais não surgiu nenhuma lista, o que levou o novo grão-mestre a tomar a iniciativa de o fazer. O Capítulo terá como Mestre Principal António Canto Moniz; a Provadoria terá como Grão Provador Manuel Vieira e o Conselho de Notáveis será presidido por Arlindo Cunha.



www.gazetarural.com

11


Cumpriu-se mais uma edição

Feira do Pinhal revelou o melhor do concelho de Oleiros

Q

uase a atingir a maioridade, a Feira do Pinhal é um certame que é já uma referência na região. A edição 2017 voltou a revelar o melhor do concelho e das suas freguesias, promovendo toda a oferta do território. Durante cinco dias passaram por Oleiros milhares de pessoas, as quais puderam visitar os 115 stands e assistir a vários momentos de animação, entre exposições, concertos e espectáculos inovadores de multimédia, como o “Galileo”, pela companhia Deux Ex Machina, a cargo da Luso Pirotecnia. Nesta décima sétima edição, em jeito de balanço, a organização destaca a qualidade dos expositores, a projecção mediática do evento e o reforço da identidade territorial que ano após ano se vai revelando e superando.

“Galileo” estreou-se na Feira do Pinhal Os espectáculos multimédia que anualmente são exibidos na Feira do Pinhal, na

12

www.gazetarural.com

noite de sexta-feira, atraem milhares de pessoas a Oleiros e são uma forte aposta do Município de Oleiros. Para além de ser um marco deste certame, este é um dos acontecimentos que mais surpreende os visitantes. A elevada qualidade das produções, as notáveis performances artísticas e a diferenciação dos produtos apresentados, são alguns dos pontos fortes destes espectáculos trazidos todos os anos pela Luso Events. O espectáculo “Galileo”, apresentado em frente à Câmara Municipal não foi excepção. Durante 50 minutos foi exibida, pela primeira vez em Portugal, uma produção muito interessante pela companhia de teatro francesa Deux Ex Machina, reconhecida a nível internacional e que se tem apresentado nas capitais de todo o mundo. Não faltou teatro aéreo, performances circenses, efeitos especiais e um apontamento final de pirotecnia que encerrou com chave de ouro este espectáculo. A temática inspirou-se nas teorias de Galileu Galilei, físico, matemático, astrónomo e filósofo, nascido em Itália no século XVI, com enorme contributo para a ciência. Muitas das suas descobertas, levaram-no a defender o Heliocentrismo (os Planetas em volta do Sol e não o oposto). O foco deste espectáculo são os Astros e o Homem, num grande evento aéreo entre 15 a 30 metros do chão que incluiu projecções monumentais de nebulosas e constelações como retrato do século XVII.


Em Penalva do Castelo

Vinhos e produtos locais no encerramento das Festas do Município

T

erminaram as Festas do Município de Penalva do Castelo, que no último dia contou com uma mostra de vinhos dos produtores do concelho e produtos locais. A cerimónia de encerramento contou com a presença de José Arruda, secretário gera da Associação de Municípios Produtores de Vinhos (AMPV) que apresentou o livro referente aos 10 anos da Associação. A ocasião foi aproveitada para entregar à Adega de Penalva do Castelo o diploma e a medalha de Ouro recebida no Concurso “La Selezione del Sindaco”, realizado em Itália. Na ocasião, o presidente da Câmara de Penalva destacou a importância deste tipo de iniciativas para divulgar os produtos locais. Francisco Carvalho sustentou que este “é o modo mais eficiente para promover os nossos vinhos”, ao mesmo tempo que destacou a elevada adesão as Festas do Concelho. Por sua vez José Arruda destacou o facto de Penalva do Castelo ser “uma terra vinhateira e com muito bons vinhos”, como ficou demonstrado nesta e noutras edições do concurso “La Selezione del Sindaco”, que “articula o território com os produtores”. O secretário gera da AMPV referiu que “o vinho é um tema importante para a promoção de Portugal”, lembrando que “o enoturismo tem um papel decisivo na promoção do turismo do país”. É que “o sol e a praia já não é a primeira opção para quem nos visita, mas sim o vinho e a gastronomia”, realçou José Arruda. A cerimónia foi aproveitada para entregar os prémios do concurso ‘Penalva Florida’, que contou com cerca de duas dezenas de participantes. www.gazetarural.com

13


UHF e Tony Carreira foram as maiores atracções em Satão

Festas de São Bernardo 2017 foram um sucesso

C

ultura, desporto, música e muita animação foram os ingredientes que fizeram parte da edição 2017 das Festas de São Bernardo 2017, promovidas pelo Município de Sátão. As mais de 45 mil pessoas que passaram pelas Festas, tiveram à sua disposição um programa diversificado e atractivo que pretendeu ir ao encontro dos mais variados gostos. Destaque para os concertos dos UHF e de Tony Carreira, as maiores atracções do certame, mas também destaque para os grupos locais, que tiveram oportunidades de subir ao palco do maior evento promovido no concelho. O presidente da Câmara de Satão fez um balanço positivo das festas, que “decorreram muito bem”. Alexandre Vaz destacou o Festival da Sopa, que “foi um êxito e, mais uma vez, atraiu muita gente, numa aposta que “vem detrás e que é pena manter, já que cada vez tem mais gente que vem degustar as nossas sopas”. Para além dos concertos e da Feira Anual, a Feira do Gado voltou a marcar o dia de S. Bernardo. “Vamos mantê-la”, garante o autarca, “apesar de haver cada vez menos agricultores dedicados à pecuária no concelho”. Alexandre Vaz termina o terceiro mandato e, por isso, não se pode recandidatar à presidência da Câmara de Satão. Sai com dois amargos de boca, dois projectos que gostaria de ter concretizado. “Um não é de minha responsabilidade e que é a ligação rápida a Viseu, que prejudica o Sátão, mas também todos os concelhos a norte. É uma obra da Administração Central, várias vezes prometida e nunca efectuada”, diz o autarca, que espera ver cumprida a promessa feira por António Costa. “Em Abril, o senhor primeiro-ministro e o ministro das Infraestruturas, num encontro no Entroncamento, comprometeram-se a arranjar sete milhões de euros para que esta estrada possa avançar. Espero que cumpram a promessa, pois esta tem sido uma obra adiada”. Outra obra que gostaria de ter realizado tem a ver com a parte social e que, diz, “esperamos concluir se a equipa que está na Câmara lá ficar”. “Temos no Satão uma comunidade de gente cigana, que vive num bairro degradado e que necessita de uma habitação social para terem uma vida condigna. Vamos ver se no próximo mandato, se formos eleitos, a conseguimos concluir”, referiu Alexandre Vaz.

14

www.gazetarural.com


Na sede da Confraria de Saberes e Sabores da Beira

Viseu recebeu II Encontro de Dirigentes Associativos da Diáspora Portuguesa

N

uma organização conjunta da Confraria de Saberes e Sabores da Beira “Grão Vasco” e da Federação das Associações da Diáspora (FAD), decorreu no passado fim-de-semana de 19 e 20 de Agosto o II Encontro de Dirigentes Associativos da Diáspora Portuguesa. Estiveram presentes representantes associativos do Canadá, Estados Unidos, Espanha, França, Luxemburgo e Argentina. O primeiro dia foi dedicado aos problemas associativos, à vinha e ao vinho do Dão e aos problemas da cultura popular e tradicional do povo português. Carlos Silva, um dos mais renomados enólogos da região, abordou a temática em torno do vinho e a vinha na região do Dão; enquanto José Governo aflorou os temas que devem merecer atenção por parte do Movimento Associativo na diáspora e a sua importância para a divulgação da cultura portuguesa nas suas regiões onde estão inseridos. Por fim Odete Madeira e Paulo Morais falaram sobre o Folclore e o Associativismo, no âmbito da sua divulgação juntos dos luso-descendentes. O segundo dia foi dedicado à Federação das Associações da Diáspora e uma visita dos participantes ao centro histórico da cidade de Viseu. As intervenções estiveram a cargo do presidente da FAD, Dr. Manuel Bettencourt, um ilhéu terceirense, radicado na Califórnia, e do presidente da Assembleia Geral da FAD, José Ernesto Silva. Foram debatidos alguns assuntos relacionados com a FAD, nomeadamente, no sentido de que esta seja um polo dinamizador do associativismo e da cultura portuguesa no mundo; que seja um elo de ligação da diáspora à terra mãe e, sobretudo, que ajude a responder às inúmeras necessidades dos seus associados aquém e além-fronteiras.

Todos os participantes se mostraram entusiasmados e com vontade de envidar esforços no sentido de que, nos países de acolhimento e junto das associações a que estão ligados, a FAD seja uma plataforma de união entre todos. No âmbito desta reunião, que decorreu na sede da Confraria de Saberes e Sabores da Beira ‘Grão Vasco’, que preside a Assembleia Geral da FAD na pessoa do seu almoxarife, receberam o título de Confrade Titular da Confraria Elizabete Rodrigues, residente em Estrasburgo, França; Paulo Santos, de Valência, Espanha, e Gaston Becerra, de Buenos Aires, Argentina. As entidades promotoras do evento agradecem a colaboração da Câmara Municipal de Viseu, da Viseu Marca e de alguns produtores de vinhos da região, nomeadamente as Adegas Cooperativas, pelo apoio prestado a esta iniciativa.

www.gazetarural.com

15


Auto Agrícola Sobralense entregou novos tractores A filial de Viseu da Auto Agrícola Sobralense (AAA), com sede em Sobral de Monte Agraço, entregou novos tractores a clientes da região. > Isaías Lopes Ferreira da Silva, de Passos de Silgueiros – Viseu, com vendedor José Carlos. Entrega de tractor New Holland, modelo Boomer 30

> Joel Almeida, gerente da Refúgio das Tulipas, Lda, de Pesos de Sul – S. Pedro do Sul, com o vendedor José Carlos. Entrega de tractor New Holland , modelo T 3.55 F

> Agostinho Almeida Rocha, de Barril do Alva – Arganil, com o vendedor Pedro Ferreira. Entrega de tractor New Holland, modelo Boomer 40

No dia 10 de Setembro, em Vila Cova à Coelheira

Município de Vila Nova de Paiva promove III Festival do Pão

O

Município de Vila Nova de Paiva irá realizar, no dia 10 de Setembro, no Largo da Feira de Vila Cova à Coelheira, o III Festival do Pão. Este evento consiste numa feira de artesanato e de produtos gastronómicos da região, aliada ao XXXIV Festival de Folclore de Vila Cova à Coelheira, com a actuação de cinco grupos a partir das 15 horas Haverá ainda a degustação de alguns produtos e confecção de bôlas em forno de lenha. O dia termina com a actuação de Quim Barrreiros, a partir das 18 horas.

16

www.gazetarural.com


www.gazetarural.com

17


No encerramento do Seminário Internacional sobre Arquitectura Militar, em Almeida

Presidente da República considera cultura e turismo cultural essenciais para futuro do interior

O

Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou a cultura e o turismo cultural como sendo “essenciais” para o futuro do interior do país. “Quando, por vezes, se fala, no quadro da oposição, entre o litoral e o interior, imediatamente respondo que há um futuro promissor nesse chamado interior e que a cultura e o turismo cultural são essenciais para esse futuro”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, em Almeida, no distrito da Guarda. E acrescentou: “Num diálogo entre especialistas de um lado e de outro da fronteira, entre universidades, entre instituições culturais, no desenvolvimento de polos que atraiam, cada vez mais especialistas, ou leigos, para conhecerem aquilo que desconhecem, é um grande desafio”. Marcelo Rebelo de Sousa disse que esse “é um grande desafio de futuro” e, por isso, não se deslocou “ocasionalmente” a Almeida.

O chefe de Estado falava na sessão de encerramento do Seminário Internacional sobre Arquitectura Militar “Fortalezas Modernas e Identidades Nacionais”, organizado pela Câmara de Almeida no âmbito das comemorações do cerco da vila ocorrido em 1810, durante a terceira Invasão Francesa. As actividades que evocam as Invasões Francesas estão integradas na estratégia municipal de candidatura da vila de Almeida a património mundial no âmbito da inscrição das “Fortalezas Abaluartadas da Raia”. Na sua intervenção, o Presidente da República disse também que a cultura “é a chave do progresso das sociedades”. “Avançam mais aquelas que nos indicadores de desenvolvimento humano têm patamares culturais mais elevados. Ficam para trás aquelas que não acompanham esses patamares”, disse. Depois de o presidente da autarquia de Almeida, António Batista Ribeiro, ter pedido o envolvimento de Marcelo na candidatura da vila a património da humanidade, o chefe de Estado disse que irá dar o seu apoio e desejou que ela tenha sucesso ainda durante o seu mandato. Sublinhou ainda a importância das fortalezas da raia, considerando que “foram e são, um símbolo de identidade nacional”. “As fortalezas da raia são importantes hoje como instrumento de paz, de progresso, de desenvolvimento económico, social e cultural, desde logo, com o país vizinho”, declarou o chefe de Estado. PR diz que museu em Vilar Formoso dedicado aos refugiados lembra valores fundamentais

Depois de participar na sessão de encerramento do Seminário Internacional sobre Arquitectura Militar, Marcelo Rebelo de Sousa presidiu à cerimónia de inauguração do Polo Museológico “Vilar Formoso Fronteira da Paz - Memorial aos Refugiados e ao Cônsul Aristides de Sousa Mendes”, construído junto da estação de caminho-de-ferro de Vilar Formoso. “É um museu que é uma chamada de atenção constante para que não nos esqueçamos, não nos resignemos, não nos demitamos da nossa luta por valores fundamentais da pessoa humana. Foi com Aristides de Sousa Mendes. Tem de ser com muitos, muitos mais hoje e no futuro. É a lição deste museu “, afirmou. Disse que, por isso, o Presidente da República estava em Vilar Formoso “para agradecer a Almeida, para agradecer a Vilar Formoso, para agradecer àquelas e àqueles que puseram de pé este projecto, o significado, o simbolismo deste projecto”. “Não nos podemos esquecer, não nos vamos esquecer. A dignidade da pessoa humana triunfará”, concluiu Marcelo Rebelo de Sousa no seu discurso, proferido no exterior do edifício e escutado, entre outros, por antigos refugiados e seus familiares e familiares de Aristides de Sousa Mendes.

FICHA TÉCNICA

18

Ano XIII | N.º 300 | Periodicidade: Quinzenal Director: José Luís Araújo (CP n.º 7515) jla.viseu@gmail.com | 968044320 Editor: Classe Média C. S. Unipessoal, Lda Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu Redacção: Luís Pacheco | Opinião: Miguel Galante | Paulo Barracosa Departamento Comercial: Fernando Ferreira Redacção: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu | Telefone 232436400 E-mail Geral: gazetarural@gmail.com | Web: www.gazetarural.com ICS: Inscrição nº 124546 www.gazetarural.com

Propriedade: Classe Média - Comunicação e Serviços, Unipessoal Limitada Administração: José Luís Araújo Sede: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu Capital Social: 5000 Euros | CRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507 021 339 Dep. Legal N.º 215914/04 Execução Gráfica: Novelgráfica | R. Cap. Salomão, 121 - Viseu | Tel. 232 411 299 Estatuto Editorial: http://gazetarural.com/estatutoeditorial/ Tiragem média Mensal: Versão Digital: 100.000 exemplares Versão Impressa: 1000 exemplares Nota: Os textos de opinião publicados são da responsabilidade dos seus autores.


www.gazetarural.com

19


XLIV

www.gazetarural.com


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.