12 minute read

3.6 MATERIALIDADE

3.6 MATERIALIDADE tecidos e não tecidos

Devido a necessidade de alinhar um bom desempenho contra intempéries e uma resistência contra o desgaste da utilização, foi necessária uma extensa pesquisa para encontrar o tecido que poderia melhor responder a essa necessidade e que pudesse também ter um alinhamento estético de acordo com o projeto. O couro natural já havia sido escolhido como forma de agregar valor ao produto, além de conferir um acabamento mais refinado e realçar os detalhes do projeto, portanto ainda seria necessário um tecido que pudesse ser facilmente alinhado ao couro. Os tecidos escolhidos foram da família do algodão, por sua resistência natural e facilidade de tingimento. Mais especificamente a família das lonas, que devido a sua trama e densidade são mais resistentes que os tecidos comuns. Mediante a necessidade, foram definidos dois subtipos específicos deste material: Lona 10 e Lona de caminhoneiro reciclada. A lona 10 é a lona comum, sem nenhum tipo de beneficiamento ou proteção extra. Possui uma considerável cartela de cores e sua aplicação na indústria de acessórios de moda é extensa, sendo encontrada desde mochilas até bolsas e sacolas, por exemplo. Seus pontos positivos são a ampla cartela de cores e o preço, sendo seus pontos negativos sua espessura menor e consequentemente menor resistência a desgaste e o fato de o beneficiamento deste tecido ter de ser feito a parte. Já a lona de caminhoneiro reciclada é um outro tipo de subproduto, mais espessa e pesada, mas que possui como característica a resistência a desgastes e a intempéries, especialmente a água, sem a necessidade de outros processos (como beneficiamento ou impermeabilização). Mesmo com uma cartela de cores mais restrita, este tipo de lona conta com um acabamento de fábrica que simula um efeito “lavado” o que faz com que cada pedaço ou rolo de tecido nunca seja igual a outro. Em resumo, os pontos positivos deste tecido é ser sustentável (restos de lona são reciclados para a tecelagem deste tipo de lona), seu beneficiamento natural e sua resistência maior contra o desgaste natural, sendo os pontos negativos seu alto preço e peso. Devido ao seu processo de produção, os couros já são mais resistentes a água do que os tecidos, sendo comumente aplicados na indústria da moda. Ao mesmo tempo, este processo e o fator de sua origem ser animal fazem com que o couro seja um material ao mesmo tempo valorizado e nobre mas também não ecológico ou sustentável, dessa forma alinhamos projetualmente que seu uso seria mais reduzido, de forma a diferenciar o produto e agregar valor e refinamento. A cartela de cores também é extensa, graças aos processos de tingimento, no entanto as cores oferecidas como padrão do projeto são as cores naturais (discernidas no capítulo da identidade do produto) sendo as peles tingidas opcionais e sob encomenda. Em suma os couros naturais possuem como principal vantagem seu aspecto menos artificial, sua variedade de coloração e espessura (tornando cada peça, única) e o valor como matéria prima “refinada”, sendo seus pontos negativos o preço em comparação ao aproveitamento de matéria prima (pois as peças podem ter defeitos, por exemplo) e a relação com o meio ambiente (além dos couros serem de origem animal, seu processo de curtimento é extremamente danoso ao meio ambiente).

Advertisement

A História dos tecidos percorre o mesmo caminho da história humana, desde os tramados usados dos cestos usados pelos homens préhistóricos até os tecidos sintéticos desenvolvidos na história recente, por exemplo.

De acordo com a história documentada, as primeiras fibras têxteis a serem utilizadas e cultivadas pelos homens foram o linho e o algodão, no campo das fibras vegetais, e a lã e a seda no campo das fibras animais.

Quanto a Arte de Tecer , muito está sendo descoberto e revisto. Antes ligada ao período da Pedra Polida (que coincide com o aparecimento da agricultura) novas foram descobertas que confirmam o que parecem ser objetos tramados, como cestos, utilizados pelos homens pré-históricos, durante o período da Pedra Lascada (até 24 mil anos antes de Cristo).

A evolução dos teares foi exponencial, de um método quase artesanal durante a época greco-romana e idade média a produção industrial após a revolução inglesa, no século XVIII. A técnica do tear também foi evoluindo, com o aparecimento de bordados e trabalhos, que envolvem desde linhas coloridas até linhas metálicas, como fios de prata ou ouro por exemplo. Novos tipos de tecidos também apareceram de acordo com seus ligamentos, como o tafetá, a sarja e o cetim.

O uso do couro pela civilização humana, como uma pele em geral, data do período pré-histórico também, em especial da época glacial, onde a sobrevivência da espécie humana depende da adaptação das peles e pelos, grandes retentores de calor e mais resistentes a umidade. No entanto o processo conhecido como curtimento, técnica aperfeiçoada ao longo do tempo porém utilizada até os dias de hoje (apesar de sua toxicidade e alto uso de recursos). O couro no entanto passa por um processo diferente. Por ser uma pele animal ele precisa de um tratamento especial realizado pelos curtumes, que estabilizam suas moléculas e impede a putrefação. Após esse tratamento o couro passa por etapas para transformá-lo numa peça uniforme, desde sua forma até sua espessura. Neste momento é definido o uso do couro, se ele será mais macio para vestimentas ou mais rígido para sapatos, por exemplo. Então o couro tem suas rugas e imperfeições eliminadas, podendo ser tingido e finalmente pode passar por um processo que reproduz uma textura, como o couro de cobra ou jacaré (no caso de couros bovinos ou ovinos).

O avanço tecnológico também permitiu a criação de tecidos sintéticos que visam substituir os couros animais, com a vantagem de um custo menor de produção e menor agressão ao meio ambiente, são os chamados couros tecnológicos, couros vegetais e até mesmo couro feito de fungos.

Os couros tecnológicos são tecidos sintéticos compostos por Poliuretano, Poliéster e Policloreto Vinílico (PVC) que resistência e simula o efeito do couro, podendo ter o acabamento até mesmo imitando camurça (devido a legislação brasileira, os couros sintéticos não podem ser denominados “couros”, por isso recebem também recebem outros nomes, como “Corino”).

O couro vegetal mais conhecido nos dias atuais é derivado do Látex, extraído das seringueiras. Trata-se de um processo onde fibras vegetais (como algodão ou juta, por exemplo) recebem um banho de Látex, formando assim uma manta desta mistura, que após os devidos processos se torna o couro vegetal.

metais:

As ligas metálicas estão intimamente ligadas a história e evolução humana. Os metais e a metalurgia (aliada aos seus processos de transformações de matéria) permitiram a humanidade um grande salto tecnológico em comparação com a chamada “idade da pedra”.

A idade dos metais ainda é dividida em dois períodos: a idade do bronze e a idade do ferro.

A idade do bronze durou de 3000 a 1800 a.C, e caracterizou-se pelo uso da liga metálica conhecida hoje como bronze, mas também de outras ligas como o latão, por exemplo. O domínio desses materiais permitiu a criação de armas e ferramentas mais rígidas do que as feitas puramente de pedras.

O ferro só começou a ser utilizado por volta de 1200 a.C na Europa e Oriente Médio, promovendo um grande salto tecnológico na sociedade humana, devido a sua maior resistência e dureza. A Idade do Ferro foi marcou o fim da chamada “pré história” devido ao fato de ter promovido tamanha evolução tecnológica e mudanças geográficas e territoriais.

Dentre as opções cotadas para a execução do projeto, foram analisados os prós e contras de cada material metálico, levando em consideração não somente a fabricação do protótipo apresentado, mas também a possível aplicação de produção em larga escala.

Os materiais metálicos escolhidos para a execução do projeto foram o aço carbono, o alumínio, o aço inoxidável e o titânio, sendo esses materiais os mais versáteis em aplicação, podendo ser encontrados tanto nas formas de chapas quanto de barras e tubos (conforme a necessidade do projeto). Aço-Carbono: Um dos materiais mais abundantes no uso industrial, o aço carbono é uma liga metálica formada por ferro e carbono (este último, com porcentagens entre 0,008 e 2,11% sendo a liga metálica com porcentagem superior a 2,11% denominada ferro-fundido). PRÓS: - Preço (devido a seu alto teor de uso, é uma matéria prima fácil de ser encontrada e manuseada). Facilidade de manuseio (pode ser soldado ou rebitado) Resistência mecânica em relação a densidade

CONTRAS: - Peso (em comparação com o alumínio e o titânio). Necessidade de acabamento para proteção contra intempéries

Alumínio: Material extremamente leve e multiuso, com alta porcentagem de reciclagem no Brasil. com aplicações desde a indústria alimentícia até a indústria automobilística. PRÓS: - Preço (em comparação ao titânio, que é junto ao alumínio o material mais leve). Ecologicamente Correto (a taxa de reciclagem do alumínio é extremamente alta). Acabamentos (além de poder ser usado “cru” o alumínio também pode ser pintado). CONTRAS: - Resistência mecânica (inferior a todos os outros materiais citados). Manuseio (diferentemente das outras ligas, o alumínio não pode ser soldado, apenas colado e rebitado).

Aço-Inox: Tão resistente e multi uso quanto o aço comum, o aço inox possui uma característi- ca extra, sua alta resistência contra a corrosão, no entanto seu preço elevado o faz um material com menos aplicações do que o aço comum. Facilidade de manuseio (pode ser soldado ou rebitado). Resistência mecânica em relação a densidade. Resistência à corrosão e intempéries (sem ne- cessidade de acabamentos). CONTRAS: - Peso (em relação ao alumínio e titânio). Preço (em torno de 300% maior do que o aço carbono comum).

Titânio: Metal encontrado na natureza, sua liga tem diversas formas e aplicações, desde a in- dústria de jóias até a indústria aeroespacial. Facilidade de manuseio (pode ser soldado ou rebitado). Resistência mecânica em relação a densidade e peso (equivalente a aproximadamente 60% da densidade do ferro). Resistência à corrosão e intempéries (sem ne- cessidade de acabamentos). CONTRAS: - Preço (não foi possível obter co- tações de preço devido a quantidade muito pequena de peças, o que inviabilizaria sua produção). Poucos fornecedores e prestadores de serviços para esta matéria prima. Após extensa pesquisa e análise dos materiais, mudanças de projetos e orçamentos requisitados, foram descartados o alumínio (devido a necessidade de usar mais matéria prima para obter as características semelhantes ao aço) e o aço inox (que devido ao preço, tornou mais viável o uso de aço comum com acabamento posterior, como a pintura eletrostática, por exemplo). Em uma situação ideal de projeto, com produção em larga escala em uma indústria cada vez mais avançada e tecnológica, o titânio seria a melhor escolha devido a sua versatilidade e propriedades mecânicas e físicas, mas inviabilizado neste momento projetual devido ao seu preço. O Aço-Carbono foi a escolha para a fabricação do protótipo pois, além de ser encontrado na forma de chapas, barras e tubos (que são as formas utilizadas no projeto), a abundância de fornecedores e prestadores de serviço resultam em um preço mais baixo, ideal para a fabricação deste primeiro modelo, sendo a sua deficiência contra intempéries sanada com a aplicação da pintura eletrostática e seu peso mais elevado com modificações no projeto, para a redução de peso e melhor aproveitamento da matéria prima.

Os processos de fabricação relacionados a parte metálica do projeto são o corte a laser, dobra e usinagem metálicos. O corte a laser permite uma maior liberdade formal para a criação de formas; a dobra dispensa o uso de solda ou rebites para a criação de peças elaboradas, não afetando sua resistência; a usinagem de precisão permite a criação de peças variadas mas cujo acabamento e fabricação são extremamente bons e precisos, próximos das indústrias de alta tecnologia.

Outro processo envolvido é a solda, com deposição de materiais, para a junção das três chapas metálicas cortadas e dobradas em uma peça única do bagageiro, onde a bolsa e os acessórios ficam fixados durante o uso.

acabamentos

A escolha do acabamento sofre influência direta da escolha do material, devido ao fator que o material já pode ter acabamento próprio ou não aceita alguns métodos, como o “cromo” ou a pintura eletrostática, por exemplo.

No caso do Aço Inox e Titânio, os mesmos não necessitam acabamento extra pois já tem uma resistência natural a intempéries e corrosão. O alumínio tem uma camada protetora criada naturalmente devido a sua oxidação, mas também pode receber pigmentos, tendo uma variedade interessante de opções.

O aço carbono pode receber diversos tipos de tratamento, no entanto para o projeto foram escolhidos como possibilidades mais adequadas a cromagem ou a pintura eletrostática. Esses processos foram escolhidos pois podem reproduzir uma cor “prateada” (ou no caso, cromada) que se adequa melhor a proposta do protótipo, devido ao fato das ferragens da bicicleta que será usada no expositor também possuírem a cor prateada.

O processo da cromagem consiste em várias etapas, que envolvem o tratamento químico e físico dessas peças, cujas etapas finais consistem em um banho de níquel (metal que reage de forma positiva com o cromo) e finalmente o banho de cromo, que confere o aspecto final da peça. Os pontos positivos desse processo são um acabamento impecável (se não houverem problemas durante os tratamentos químicos) e o aspecto único do cromo. Os pontos negativos são o preço mais elevado do processo e a oferta menor dos prestadores de serviço. A pintura eletrostática é um processo que envolve a deposição de pigmento sobre a superfície da peça. São três tipos possíveis de materiais envolvidos: epóxi, poliéster e híbrido (de epoxi e poliéster). No caso, cada uma apresenta propriedades e vantagens para cada aplicação, como por exemplo a vantagem da tinta poliéster para ambientes externos e a proteção natural contra corrosão da tinta epóxi. As maiores vantagens da pintura eletrostatica, no geral, são a maior resistência a impactos, a corrosão, sua alta taxa de reaproveitamento e sua grande gama de cores e acabamentos especiais, como os efeitos metalizados ou a texturização de seu acabamento (como a microtexturização) e brilho (podendo ser brilhante ou fosco). Sua desvantagem no entanto é o alto preço para o investimento em compra dos materiais e maquinários e a camada de tinta ser mais grossa do que a camada final de cromo.

Para a produção do protótipo foi escolhida a pintura eletrostática, pois o acabamento metalizado fica mais parecido com as ferragens da bicicleta em comparação ao cromo, além de seu preço ser um pouco menor em relação ao processo químico.

This article is from: