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magazine
poison n #001 dezembro r$10,00
entrevista com a modelo
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ensaio para a a nova campanh da mango
carga tributĂĄria federal aproximada 5,15%
ensaio isabeli fontana + entrevista com mĂ˜ + os aromas de serge lutens 1 the poison
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VICTOR CIVITA (1907-1990)
Fundada em 1950 ROBERTO CIVITA (1939-2013)
DIRETORA DE REDACAO JULIA COLIN DIRETORA DE MODA JULIA COLIN DIRETORA DE ESTILO JULIA COLIN REDATORA-CHEFE JULIA COLIN Moda Consultoria Criativa YASMINE STEREA Editora de Moda Vivian Sotocórno Repórter de Moda Olivia Nicoletti Stylists alexandre beneti e fabiana leite Produtora Executiva beatrice trochmann stopa Estagiária de Moda Carolina Gimenez Redação Editora de Beleza luiza souza Editora Sênior de Cultura e Lifestyle ana carolina ralston Repórter de Lifestyle julia diniz Estagiária de Beleza laura stabile Estagirária de Cultura marina milhomem Estagiário de Lifestyle gabriel brito Assistente Executiva Marcia caetano Arte Editora de Arte bruna bismara Designers isabella machado, julia figueiras e tamara emy Estagiária de Arte gabriela lopes Digital Editora carol hungria Editora Assistente renata garcia Repórteres anita porfirio, thalita peres e victoria marchesi Estagiária camila pedilha Correspondentes Nova York gisela gueiros e no mello Paris isabeli junqueira, paulo mariotti e vitoria moura guimaraes THE POISON MAGAZINE é uma publicação das Edições Globo Condé Nast S.A Av. Nove de Julho, 5.229, tel. +55 (11) 2322-4600, fax +55 (11) 2322-46999, CEP 01407-9007, São Paulo, SP Assinaturas São Paulo (11+3362-2000 e Demais Localidades: (11) 4003-9393* de 2a a 6a feira das 8 às 21h www.assineglobo.com.br SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO CLIENTE www.sacglobo.com.br
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MAGAZINE
THE POISON A Nº#01 DE MUITAS Caro leitor, Tendo a diagramação como uma de minhas grandes paixões, esta revista foi um daqueles trabalhos que a gente faz sem se dar conta de que está trabalhando. As horas passaram voando. Feito com muito amor, dedicação e buscando sempre colocar beleza nas coisas mais pequenas. Espero que gostem dessa revista assim como eu gostei de produzi-lá. Agradeço aos docentes Marcio, Neto e Tati. Enjoy it,
Jilia Colin.
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O I R A M U S moda
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A Dona da História
lifestyle
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ensaio
casa
Tiffany & Casa
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No maior Tricô
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Chuvas de Verão moda
cult
Não Provoque
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May e Ruth Bell the poison 8
Strike a Pose
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beleza O Mestre do Oriente
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cult Special K
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lifestyle Vida na Van
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ensaio Elegância Natural
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moda + música Moda e música com MØ 9 the poison
A dona da
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histO
Nascida num campo de refugiados no QuÊnia, a muÇulmana halima aden coleciona feitos inÉditos na moda ao encarar passarelas e campanhas com seu hijab. aqui, ela conta à vogue sua trajetória inspiradora, digna de bestseller. por no mello fotos por zee nunes
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ria!
abriga cerca de 180 mil pessoas. Foi ali que nasceram Halima, em 1997, e seu irmão, três anos depois. Foi ali também que ela teve suas primeiras aulas de diversidade, convivendo com crianças de diferentes religiões e partes da África. Aos 7 anos, Halima, a mãe e o irmão conseguiram imigrar para os Estados Unidos. Se estabeleceram em St.Cloud, no Estado de Minnesota - uma cidade com cerca de 65 mil habitantes, onde sua mãe tinha amigos entre a comunidade muçulmana local. Mais ou menos nessa época, ela também começou a usar hijab, seguindo o exemplo materno. “Ser muçulmana na América não foi a coisa mais fácil do mundo, somos apenas cerca de 1% da população do país”, diz. “Crescer sem ver ninguém como eu representada na moda ou no cinema às vezes me fazia pensar que havia algo de errado comigo, com o jeito que eu me vestia. Me perguntava: por que não me encaixo? Estou assim tão longe dos padrões de beleza?” Halima passou a adolescência entre a escola e trabalhos no serviço de limpeza de hospitais. No ano passado, prestes a concluir o ensino médio, já de olho em uma vaga na St. Cloud University, onde queria estudar, decidiu se candidatar ao título de Miss Minnesota, que concede bolsas de estudo para as vencedoras.
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pesar da presença secular na cultura muçulmana, o hijab (tradicional véu usado pelas mulheres islâmicas) era praticamente ignorado pela moda ocidental. Mas aí veio Halima Aden, com 1,66m de altura, 20 anos recém-completados, sorriso sincero com aparelho nos dentes e rosto estonteante, e quebrou preconceitos, tornando a peça um instrumento de libertação e inclusão. “Usar o hijab é uma escolha minha. E, agora, ele finalmente tem um rosto, uma voz nos desfiles”, me conta, antes de posar para a Vogue Brasil, em Nova York. Em um ano de carreira, ela vem fazendo história e coleciona feitos inéditos até o seu début nas passarelas. Halima foi a primeira modelo a desfilar de hijab para grandes marcas nas semanas de moda internacionais (em fevereiro passado, participou das apresentações da Yeezy, a label assinada por Kanye West para a Adidas, em Nova York, e das grifes Alberta Ferretti e Max Mara, em Milão), assim como foi a primeira a aparecer com o véu na capa de uma Vogue (a Arábia), em junho. No mês seguinte, estampou a capa de uma revista de beleza (a americana Allure), em setembro a da Glamour americana e, no mês passado, veio mais uma importante conquista: ela entrou para a respeitadíssima lista das 500 pessoas mais influentes da indústria da moda mundial publicada pelo site Business of Fashion. “Ainda estou me beliscando para ver se tudo não passa de um sonho”, brinca. “É maravilhoso ver como a moda se tornou mais inclusiva. Muitas meninas ainda não sabem que podem usar seus hijabs e, ainda assim, seguirem a carreira de modelo. Nas revistas, nos outdoors, não existia uma mulher de hijab. Abri essa porta”, orgulha-se. A história de Halima é digna de best-seller. Sua família vivia do pastoreio nas cercanias de Kismayo, na Somália, até que a cidade, porto estratégico no oceano Índico, acabou virando palco de uma guerra civil que se espalhou por todo o país africano durante a década de 90. Em 1993, seus pais se juntaram a outros somalis e cruzaram a fronteira a pé, em uma jornada que durou quase duas semanas, até chegarem a um campo de refugiados da ONU em Kakuma, no Quênia, um dos maiores do mundo - atualmente,
eu nÃo cresci querendo ser modelo. essa carreira caiu no meu colo.
Desafiando estereótipos, vestiu seu hijab, algo que nunca havia sido feito no concurso. Como as roupas de banho comuns também não combinam com sua interpretação do islã (ela se veste seguindo os códigos muçulmanos de modéstia), Halima perguntou aos organizadores do evento se poderia usar algo com um pouco mais de cobertura. “Sem problemas” foi a resposta. Nas semifinais, na etapa de maiô do concurso, ela optou então por usar um burquíni acompanhado do hijab. Não venceu, mas criou enorme buzz na
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internet e, no dia seguinte, já recebeu uma ligação da IMG Models, mesma agência que representa top models como Gigi e Bella Hadid. Na sequência, veio o convite para posar para a CR Fashion Book, revista dirigida por Carine Roitfeld, ex-diretora de redação da Vogue Paris. O fotógrafo Mario Sorrenti, responsável pela edição, de tão encantado que ficou com Halima, de pronto quis colocá-la na capa. Foi seu primeiro editorial profissional. “Eu não cresci querendo ser modelo, nunca tinha imaginado que isso poderia me acontecer. Essa carreira caiu no meu colo, e acho que muitas meninas se identificaram com a minha história.” Dentro da comunidade muçulmana, Halima conta que, apesar do estranhamento inicial, virou um exemplo de superação. “No início, me falavam para não seguir esse caminho, essa foi a parte mais difícil para mim. Quando comecei a investir na carreira de modelo, ninguém sabia o que esperar. Mas, quando as fotos começaram a sair, e viram que eu continuei usando o hijab, que eu tinha me mantido fiel a mim mesma, tudo ficou mais fácil.”
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voce^ é a pessoa no comando da sua própria imagem.
A publicidade também se rendeu a ela: Halima estrelou campanhas da American Eagle e da Nike e, no mês passado, estreou como um dos rostos da Fenty Beauty by Rihanna, linha de beleza da cantora lançada durante a semana de moda de Nova York. “Parece coincidência, mas não é: a Rihanna realmente é a minha cantora favorita, sei quase todas as suas músicas de cor! E ela é tão doce pessoalmente, trabalhar com Rihanna foi umaexperiência inesquecível”, me conta empolgada. Atualmente se dividindo entre as atividades da carreira de modelo e palestras por escolas e universidades dos Estados Unidos, Halima apoia uma série de causas humanitárias em sua conta
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no Instagram (@kinglimaa, que tem atualmente mais de 390 mil seguidores) e sonha trabalhar para o Unicef. “Quero voltar aos campos de refugiados para poder levar a felicidade e a esperança que um dia precisei.” Ela confessa que ainda não está acostumada com a ideia de ter virado padrão de beleza. “A gente tem que se amar pelo que é e enxergar a beleza que existe dentro de nós. Você não precisa da legitimação de uma revista ou de uma propaganda, nem de likes no Instagram para se sentir bela. É uma questão de se enxergar como dona de si mesma. Você é a pessoa no comando da sua própria imagem”. Hoje vista como símbolo para toda uma geração, Halima, que considera seus ídolos na moda a modelo americana (plus size) Ashley Graham e a canadense Winnie Harlow (portadora de vitiligo), ressalta que não tem a pretensão de ser um símbolo de todas as mulheres muçulmanas. “Não somos todas as mesmas, e não acho que uma só pessoa possa representar um grupo inteiro. Mas acho que muitas mulheres, da minha e das mais variadas crenças, olham para mim, veem a minha trajetória e pensam: ‘Quem diria?’.”
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No r maio tricô por renata gonçalves foto higor bastos
Chiara Gadaleta tricota na Novelaria, loja especializada no assunto, em SÃo Paulo (Foto: Higor Bastos e DivulgaÇÃo)
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bem provável que você esbarre com Chiara Gadaleta - stylist, colunista da Vogue e mente por trás do projeto de sustentabilidade Ecoera - em aeroportos ou cafés tricotando enquanto espera o próximo compromisso do dia. Chiara faz parte do time de mulheres que não param, trabalham, rodam o mundo e sempre carregam na bolsa agulhas e linhas. “Essa é a maneira pela qual me expresso melhor”, diz ela, que aprendeu a costurar com a avó napolitana, fez do tricô um passatempo durante a época de modelo em Paris e hoje, à frente do Ecoera, usa técnicas manuais como meio de comunicação. “Chego em aldeias onde ninguém fala português e consigo me comunicar. Foi assim, por exemplo, que nasceu o Projeto Kaapu, feito em parceria com índias Wai Wai. Elas aprenderam comigo a fazer crochê e me ensinaram a trabalhar com as sementes de morototó”, conta Chiara, que conseguiu comercializar as peças criadas em parceria com as índias, fazendo com que as técnicas sejam sustentáveis e revertam frutos para a comunidade - os vestidos estão sendo vendidos na Namix, em Curitiba, e há ainda uma série de almofadas e mantas disponíveis na Artefacto.
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quando vocÊ se propÕe a criar algo com as mãos para presentear alguém, pode ter certeza de que tem muito amor enolvido.
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- patricia bagattini
Doar e receber; conectar e se reconectar. Essa também é uma das motivações da executiva de moda Patricia Bagattini, que costuma presentear as amigas com seus tricôs. “Tenho uma tia que faz mantas nos Estados Unidos e as doa para hospitais voltados para o tratamento de pessoas com câncer. No futuro, pretendo fazer o mesmo”, adianta.
Patricia Bagattini no sofá de sua casa, em SÃo Paulo, seu lugar favorito para tricotar Styling: Vinicius Conti (Foto: Higor Bastos e DivulgaÇÃo) 15 the poison
Formada em 2001 na Parsons, em Nova York, onde depurou as técnicas handmade que, assim como Chiara, aprendeu com a avó, Patricia trabalhou anos na Daslu e viu sua coleção de tricôs despertar o interesse de gigantes do luxo como a Barneys e a Saks, ainda nos tempos de faculdade. “Eles queriam comprar minha coleção de formatura. Não vendi e acabei doando tudo para as amigas.”Hoje head de uma marca internacional de luxo no Brasil, ela acabou se distanciando da criação em prol do business. Mas os fios de cashmere, alpaca e merino, seus favoritos, não deixam sua veia criativa adormecer. A confecção de tricôs e cobertores chega a demandar 50 horas. “Sou autodidata, vou pesquisando e criando livremente. Misturo pontos e fios, não tiro medidas e não sigo padrões”, diz ela, que além de profissional bem-sucedida, é casada e mãe de dois meninos. “Quando você se propõe a criar algo com as mãos para presentear alguém, pode ter certeza de que tem muito amor envolvido. O tempo, afinal de contas, é o nosso maior luxo.”
Onde aprender
A Novelaria, na Vila Madalena, em São Paulo, oferece ótimos cursos, além de vender uma grande variedade de fios para a prática. No Rio, a Entrelinhas, na Gávea, tem aulas de tricô e também de outros trabalhos manuais, como crochê e bordado.
Para comprar materiais
A francesa DMC é especializada em fios para tricô desde 1746 e sua loja on-line é uma ótima pedida para quem busca variações de lã de ovelha. Para seda e cashmere, compre na nova-iorquina String Yarns, que também entrega no Brasil.
Sites e Apps
O Drops Design tem lindos moldes disponíveis para download. Entre os apps, a dica são os divertidos Knitting for Beginners e Top Down Knitting, que ajudam com tutoriais e ferramentas para contagem de pontos.
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Tiffany & Casa por amanda rios
Tiffany & Co. agora explora o universo da decoração. A marca, conhecida pelos anéis de noivado desejo, acaba de lançar uma coleção de artigos sofisticados para casa, chamada “Everyday”. Todos os produtos seguem a paleta de cores já conhecida, com o azul que leva o nome da marca.
São 1.292 peças como canecas, cadernos, copos, canetas, porta-lápis, pratos, colheres e muitos outros itens. O preço? Os itens custam a partir de US$ 70 (cerca de R$ 230, valor de um prato) e podem ultrapassar os US$ 6.400 (ou R$ 21 mil, preço do conjunto de jantar para oito pessoas), todos à venda no site da label.
/tiffanyeco www.tiffanyeco.com.br 17 17 the the poison poison
CHUVAS DE VERÃO em versÕes coloridas, estampadas e até bordadas, capas e outras peças de plástico sao unanimidade nas passarelas, cumprindo o papel de ultima camada de looks festivos e ultratextualizados. fotos gui panini edicao daniel ueda the poison 18
bianca gertz usa blusa, R$10.190, gucci no iguatemi sÃo paulo. chápeu, R$420, mayara bozzato; conjunto de brincos e colar, R$469, swarovski no iguatemi sÃo paulo.
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capa, R$5.511,rodrigo rosner para maison alexandrine; vestido, R$7.820, patbo. brincos, R$25 mil, h.stern no iguatemi sÃo paulo. na página ao lado, carla usa casaco e saia, ambos, prada no iguatemi sÃo paulo. óculos, R$1.640, miu miu. carol veste tricô, saia, blusa, R$13.280 e sandálias, R$3.720, tudo prada no iguatemi sÃo paulo. óculos, R$1.640, miu miu.
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carla usa blazer, $R4.800, blusa, R$3.350, e calÇa, R$2.950, tudo empório armani no iguatemi sÃo paulo; hot pants, R$60, oh studio. sapatos, R$3.890, christian louboutin no iguatemi sÃo paulo. bianca usa blusa, R$3.980, rodrigo rosner para maison alexandrine; body, R$ 598, rosa chá no iguatemi sÃo paulo; saia, R$ 3.650, empÓrio armani no iguatemi sÃo paulo. sandálias, R$3.720, prada no iguatemi sÃo paulo.
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karla ciriaco usa jaqueta, R$6.560, morena rosa; vestido, r$2.400, dvf no iguatemi sĂƒo paulo. botas, R$1.500, fernando pires.
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karla ciriaco usta jaqueta, R$1.450, coven; maio, lenny niemeyer no iguatemi sÃo paulo; saia de plumas, R$3.389, manzan, saia de plástico, R$3.080, morena rosa. brincos, R$798, lool no iguatemi sÃo paulo; óculos, R$370, iódice para chilli beans; bolsa, R$950, brands for you; botas, R$1.890, tig. na página ao lado, casaco, blusa e chápeu, tudo miu miu.
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Não provoque Com um novo look, a inquieta St. Vincent prepara disco e filme e reflete sobre o nosso tempo sem medo do futuro. uma manhã de terça-feira em Loas Angeles quando Annie Clark, furiosa, atende a ELLE ao telefone. “Eu acabo de receber uma multa”, diz antes mesmo de conseguir dar oi. Leva poucos segundos para se tranquilizar e, então, pede desculpas e ri de si mesma. “Há injustiças piores no mundo, obviamente. Na verdade, é ridículo a gente perceber que pode levar uma multa por estacionar mal um carro por um minuto enquanto nada acontece com quem pensa que existe ‘cor de pele errada’. Ai, América...” Annie, que na música atende por St. Vincent, tem muitas inquietações sobre questões sociais e políticas. Desde que lançou seu primeiro disco, Marry Me, em 2007, ela vem tateando patriacrcado, preconceito racial, homofobia, depressão e era digital em suas músicas e redes sociais. No entanto, confessa que desde o início do seu feed no Twitter virou uma “ladainha diária de coisas horrendas”. Não foi à toa que o anúncio de um novo disco veio por meio de um vídeo sarcástico, emq ue ela encarna uma política que arma todo um circo, mas não tem nada a dizer. “A gente vive tempos insanos. Especialmente em revistas tenho conversado mais sobre feminismo e os EUA.
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Acredito que tudo o que é pessoal é político e esses aspectos acaba influenciando a arte, é claro”, coloca. O disco ainda não tem data de lançamento nem título confirmados, mas a Fear the Future Tour, turnê mundial dele, tem início este mês.
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eu sempre achei trabalho mais divertido do que diversao
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Por Luisa Graca
“Sabe, eu, pessoalmente, não temo o futuro”, comenta. “A faixa que dá nome à turnê é sobre desafio e rebeldia tanto quanto é sobre amor e união. Esse disco é meu coração inteiro em 41 minutos. É meu trabalho mais profundo e ousado”. Não demorou para que surgissem teorias na internet sobre quem teria inspirado a letra. “Todo mundo que eu amo está na música”, desconversa, completando que foi inspirada por uma amiga, pela cidade, pela morte ícones da música em 2016.
As faixas novas vieram acompanhadas de um novo look. Da estética asséptica futurista da turnê passada, em que ostentou cabelos em tom acizentado, muita sombra azul e vestidos estruturados, ela agora surge com um corte bob liso, vestindo botas de cano alto Balenciaga e peças de látex, envolta em cores extrachamativas. “É uma estética quase maniqueísta, eu diria. Na superfície é tudo radiante e feliz. Porém, são cores muito agressivas se você prestar atenção. As roupas e botas ficam no limiar etre o sexy e o cômico. Esse é o espírito do disco!”, explica ela, fã de comédia, atual garota-propaganda da Tiffany & Co. e cujo estilo é mais simples no dia a dia: roupas pretas de designers japoneses. Prestes a lançar o quinto álbum, ela acaba de divulgar ainda vai dirigir seu primeiro longa: uma adaptação de O Retratro de Dorian Gray, de Oscar Wild, para o cinema. O twist? Na versão da Annie, Dorian Gray será uma mulher. “Eu sempre achei trabalho mais divertido do que diversão”.
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Strike a pose!
por renata garcia fotos gil inoue
Precursora das Instamodels, mÃe dedicada e expert na arte de se reinventar, a canadense Coco Rocha é a epítome da mulher contemporÂnea: conectada, engajada e independente the 28 the poison poison 28
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er modelo nunca fez parte dos sonhos da canadense Coco Rocha. Aos 14 anos, porém, enquanto participava de uma competição de dança irlandesa com duas amigas, um olheiro a abordou – e Coco achou que fosse uma brincadeira. Mas, poucas semanas depois, ela fecharia contrato com uma agência de Nova York – e, desde então, nunca mais saiu de cena na moda. Nascida em Toronto, Mikhaila Rocha cresceu na pequena cidade de Richmond, na Colúmbia Britânica, entre os pais e dois irmãos que trabalhavam no ramo da aviação. “Não conhecia absolutamente nada sobre moda. Era um universo distante, de mulheres maravilhosas e glamorosas. Eu vivia de jeans e camiseta que comprava em brechós e em lojas de departamentos”, lembra ela ao me receber no hotel Emiliano, em julho passado, durante sua passagem por São Paulo, onde desfilou para a Le Lis Blanc. Uma playlist de rock do fim dos anos 80 ecoava no quarto, em sintonia com o visual da modelo, com seu sofisticado corte de cabelo boyish e batom vermelho. “Evoluí meu estilo e aprendi muito em uma década e meia de carreira.” Cinco anos depois de ser “descoberta”, ela estampou a primeira capa da Vogue americana (um especial que trazia as “dez próximas top models”) e da Vogue italiana, que foram seguidas por muitas outras edições da revista pelo mundo – incluindo a brasileira, em 2008, clicada por Jacques Dequeker. Todos os holofotes da indústria se voltaram para a garota com pele de porcelana, agilidade e consciência corporal impressionantes. “Quando comecei, as modelos eram contratadas para serem vistas e não ouvidas. E eu queria falar”, conta ela, que aproveitou o boom da internet no fim dos anos 2000 para defender seus ideais: foi uma das primeiras a criticar publicamente os padrões corporais impostos na moda e o excesso do uso de Photoshop. Testemunha de Jeová desde os 21 anos, ela nunca aceitou posar nua ou seminua (nem sequer de lingerie ou beachwear), ou com um cigarro nas mãos. Muito antes de Gigi Hadid e Kendall Jenner e da era das Instamodels, Coco já deixava sua marca no Twitter e no Tumblr. “Numa época em que a indústria não promovia
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modelos com voz, ela realmente quebrou os padrões”, disse Zac Posen, estilista que até hoje a tem como musa, em entrevista ao The New York Times. Mas Coco queria mais. Depois de se casar com o designer de interiores James Conran, em 2010, a canadense diversificou o portfólio: apresentou o reality show The Face, em 2013, com Naomi Campbell e Karolina Kurkova; lançou o livro Study of Pose (Editora Harper Design, 2014), com mais de mil fotos que mostram sua habilidade ímpar para posar para as câmeras; criou a própria linha de roupas esportivas, a Co+Co, em parceria com a grife americana Paragon Projects; e fundou a agência de modelos Nomad Mgmt. Aos 29 anos e com 1,2 milhão de seguidores no Instagram, Coco exibe em seu perfil flagras do dia a dia, marca posicionamentos políticos e divide suas viagens pelo mundo – além dos looks sempre cool. “Já segui muitas tendências, mas hoje meu estilo depende do meu humor. Gosto de usar o que me deixa confortável.” Há dois anos, celebrou a chegada de Ioni James Conran, sua primeira filha. “Ela deu um novo sentido à minha vida”, conta. “Amo trabalhar e viajar,mas amo mais ainda poder fazer isso tudo junto com Ioni. No meu tempo livre, só quero mostrar o melhor do mundo para minha filha.” A menina, aliás, já tem um currículo digno de veterana: possui um perfil no Instagram desde os cinco dias de vida (@ioniconran, com 59 mil seguidores), estrelou uma campanha da GAP com Coco e desfilou para a Bonpoint. “Não acho que a carreira de modelo será sua ambição, mas vamos navegar conforme o vento”, diz a mãe. Se depender da desenvoltura e do carisma de Ioni em frente às câmeras, já temos uma herdeira do título de “rainha das poses” que Coco conquistou.
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modelo britânica mais legal do momento”, noticia o jornal “The Telegraph”; ou então “a modelo que todos estão falando”, aponta a “Vogue” norte-americana sobre a fresh face Ruth Bell, uma menina de 20 anos que está ganhando os holofotes nas principais passarelas entre Milão e Paris. Dona de um look que está chamando a atenção dos fashionistas – cabelo platinado raspado bem curtinho acompanhado de um belo par de grandes olhos azuis – é quase impossível não notar quando entra na passarela. Nesta temporada, desfilou para Kenzo, Versace, Pucci, Versus, Etro, Blumarine, Max Mara, abriu Lanvin e é o rosto da campanha de Resort 2016 da Saint Laurent, além da campanha de Inverno 2015 da Alexander McQueen. Começo invejável para muitas modelos, não? Ruth começou em 2013 ao ser descoberta junto com sua irmã gêmea, May Bell, em um shopping center e logo já foram finalistas do concurso “Elite Model Look”, promovido pela agência Elite, que representa a modelo. A britânica, que mantém sua conta no Instagram ao lado da irmã, era dona de um look doce e meigo, com cabelos longos e beleza de boneca, quando foi o rosto da campanha de Verão 2015 da Topshop. O look “punk” veio há pouco tempo, a pedidos do fotógrafo David Sims, que queria uma menina fresh e com cabelo curtíssimo para a campanha de Inverno 2015 da Alexander McQueen. “É um ponto alto na carreira”, diz Ruth, que ficou sabendo que iria raspar a cabeça dois dias antes de fotografar a campanha. “Ter raspado a minha cabeça me deu mais trabalhos diversificados e estou trabalhando sem parar, que é cansativo, mas incrível! Também me permitiu trabalhar com pessoas e designers que eu nunca pensei que iriam trabalhar comigo”, disse ao “The Telegraph”. Ruth doou seu cabelo para a “Princess Trust Charity”, uma instituição de caridade que faz perucas para crianças submetidas à quimioterapia. Parece que este visual “punk” foi o look da temporada, que contou com outras modelos de cabelo raspado, como a alemã Kris Gottschalk, que elegemos aqui no FFW Models como aposta da temporada, além da russa Yana Dobroliubova,
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que também apresentamos aqui e que é dona de um look todo trabalhado na máquina zero. Pode não reconhecer imediatamente os nomes de Aya Jones e Ruth Bell (afinal, na era das redes sociais, Gigi, Bella e Kendall roubam quase todas as atenções), mas desde a adolescência que estão entre as modelos preferidas de marcas como a Miu Miu ou a Dior e de publicações como a i-D, a Vogue ou a Numéro. Agora, juntam-se ao grupo de modelos que protagonizam a nova campanha da Mango para a época festiva. Fomos saber mais sobre os seus gostos e os seus planos para o futuro. Esta nova campanha da Mango conta a história de um grupo de desconhecidos que saem à noite e acabam por encontrar-se na mesma festa. Como é uma saída à noite perfeita para si? Uma noite perfeita tem de incluir bons amigos e boa cerveja. Rapar o cabelo teve um enorme impacto na sua carreira e o sucesso que tem vindo a alcançar envia uma mensagem sobre a importância da diversidade na indústria da moda. Sente que essa decisão inspirou outras pessoas? Espero que inspire as pessoas a sentirem-se confortáveis com aquilo que querem e a serem fiéis a si próprias. Já desfilou para marcas como a Dior, a Gucci e a Moschino. Lembra-se do seu primeiro desfile? Como foi a experiência? Sim, lembro-me muito bem. Estava mesmo muito nervosa e convencida de que ia cair na passerelle! Vive com os seus pais e com a sua irmã May, também modelo, em Kent. Se pudesse mudarse para qualquer outro ponto do mundo, para onde iria? Acho que voltaria à Austrália, onde já vivi antes. O tempo é fantástico e as pessoas são muito amigáveis. O que costuma fazer quando precisa de relaxar? Quando tenho tempo livre, durmo! Com todas as viagens e trabalhos, os meus horários de sono nunca são regulares e muitas vezes é difícil conseguir dormir o suficiente. Que peças e tendências vai adicionar ao seu armário este outono? Preciso de umas botas giras. Ando à procura de um bom par para o inverno.
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mAY BELL idade
20 anos altura
1,75 cm desfilaria para
burberry gosta de
cozinhar
RUTH BELL idade
20 anos altura
1,75 cm desfilaria para
calvin klein gosta de
correr
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nova campanha da Mango levanos numa aventura noturna, estrelado por Ruth Bell ao lado de Aya Jones. Ao anoitecer, um grupo de jovens desconhecidos prepara-se para uma festa. Vestidos acetinados, veludos em cores ricas e o contraste do brilho das lantejoulas compþem o guarda-roupa do grupo e estão presentes nas peças mais desejadas da Êpoca festiva que se avizinha.
ruth bell ao lado de
aya jones para a marca mango.
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O MES guyguyguy
Serge Lutens lanÇa uma nova fragÂncia para acertar
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Um dos pais do perfume de nicho moderno,
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contas com a mÃe e NOS recebe no Marrocos, berÇo e suas criaÇÕes exóticas e
exclusivas. Por Caroline Vasone
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uma rua estreita de edifícios laraja empoeirados no centro de Marrakesh, uma enorme porta cinza-grafite se abre. É um palacete de corredores de labirinto que se concentra a essência criativa de um dos maiores nomes mundiais da perfumaria exclusiva e, com certeza, o mais recluso e misterioso deles. Construido ao longo de quase 40 anos com a junção de várias casas típicas marroquinas, o atêlie de Serge Lutens guarda seu laboratório, juntamente com a síntese da cultura do país, segundo o olhar singular do perfumista. Nas centenas de paredes e tetos do lugar, vão se revelando mosaicos, vitrais, luminárias e outros adereços decorativos encomendados a artesãos locais com base nos desenhos criados pelo próprio Lutens. “Quando vim para o Marrocos, foi a descoberta dos aromas, do perfume. Aqui o olfato cega antes da imagem”, diz ele, que vive em Marrakesh desde 1968, o mesmo período em que Yves Saint Laurent frequentava a cidade. “Jantamos juntos várias vezes”, lembra. Nessa época, Lutens fez fama internacional não como perfumista, mas como maquiador da Dior, onde criou a primeira linha de make da marca e constiu uma identidade de beleza instigante, como a da foto ao lado (parte do livro Dior - The Art of Color, Editora Rizzoli, lançado no fim do ano passado na Europa).
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O perfume nao tem forma, mas inclui a minha própria forma, felicidade e
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infelicidade. Foi isso que me salvou
Um dos pais do que hoje é chamado perfumaria de nicho, Lutens abraçou esse universo e depois de uma próspera carreira como image maker. Aos 14 anos, seu pai foi o responsável pelo entrada do perfumista no mundo da beleza ao conseguir para ele um emprego num salão de cabelereiro da Lille, na França, sua cidade natal. A contragosto Lutens preferia ser ator -, foi se aperfeiçoando até que descobriu no ofício uma paixão: construir seu
serge lutens próprio conceito de beleza. A partir daí, pulou do cabelo para a maquiagem e foi morar em Paris, onde propagou suas mulheres de pele pálida e olhos esfumaçados, influenciadas pelo Oriente e também por sua mãe, cuja ausência o marcou a vida inteira. “A culpa está em mim. Então , para expiar a culpa, procuro sempre fazer algo mais bonito, que possa repará-la. Nasc em 1942, durante a guerra, um filho ilegítimo (fruto do adultério da mãe). Hoje isso é uma piada, mas na época era considerado algo muito grave. Tanto minha mãe quanto eu poderíamos ser condenados”, conta ele, que só voltou a viver com os pais aos 10 anos. Na Dior, onde ele ficou por 14 anos, e nas revistas de moda da época (entre elas, a Elle francesa), Lutens fotografava suas própias criações ou trabalhava em parceria com fotógrafos como Helmut Newton, Richard Avedon e Guy Bourdin. Depois de uma temporada na Shiseido, onde, além de impulsionar a imagem da marca japonesa internaconalmente, criou seu primeiro perfume, Nombre Noir (e depois Feminité du Bois, ambos marcos da história da perfumaria), ele entrou de vez no mundo das fragâncias e lançou em 2000 a Serge Lutens. “Fui o primeiro a imaginar o perfume como aromas. e não esse sopão feito para
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categorias socioculturais. Comecei a determinar o perfume com base na minha própria identidade. Isso é comtagioso, e todo mundo me copiou”. Com um séquito fiel de apreciadores de suas criações densas e existencialistas, como notas e acordes de madeiras, incesos e especiairias orientais, o perfumista entre agora em uma nova fase.O momento inclui a recente compra de sua marca pela Shiseido (em 2015), planos de expansão de pontos de venda ( o Brasil incluído, mas ainda sem previsão)e a abertura de mais uma loja além do endereço de Moscou, inaugurado em 2015, e da loja-conceito no Palais Royal, em Paris. Outra novidade é o lançamento, este mês, do perfume Borreau des Fleurs, em que o perfumista acerta as contas com a sensação de abandono materno. “Você é a madeira no meu coração” diz Lutens no release que reproduz um diálogo fictício com a mãe, onde ele é seu carrasco, prestes a decapitála. Parte da linha de luxo Section d’Or, mais experimental, ele não contém flores, e sim, um mix de madeiras queimadas na composição , e estará à vendaapenas na boutique parisiense. Já a fragância Dent de Lait, insprada na queda do primeiro dente de leite, passa a ser vendida internacionalmente em Setembro. A seguir, leia os principais trechos de do papo de três horas que tivemos com ele em Marrakesh, no qual o perfumista falou sobre o passado e o presente não só da perfumaria mas também da criação. “O gosto implica um combate. Se não houver um combate dentro de si mesmo, impossível avanaçar. Ficar na zona de conforto não serve para nada”. Você vive no Marrocos, mas sua marca fica em Paris. Costumava voltar para lá? E continua se hospedando no Ritz? Tento ir o menos possível. Passo, ao todo, dois meses por ano em Paris. Em relação ao Ritz, é adicental. Não escolhi exatamente. No começo da Serge Lutens, eu trabalhava bem na frente, então me trocava, atravessava a rua e estava no trabalho. Era prático. As pessoas são mais agradáveis, mas é uma relação aséptica. Tenho muito trabalho a fazer. Em Marrakesh. você contruiu esse lugar enorme, magnífico, mas não mora aqui. Por quê?
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modelos da dior maquiadas pelo perfumista As minhas casas me expulsam. Onde vivo hoje é onde era meu antigo guarda-móveis. É um quarto. A beleza é algo que me move, então vou fazendo esses lugartes cada vez mais lindos, Não sei qual é o motor, mas está na origem da minha pessoa. Não poderia viver aqui porque toda essa beleza me comeria, seria digerido. Onde moro é tudo fora
de ordem, tenho um monte de remédios porque tenho todas as doenças do mundo! O artista só pode ser um doente. Este também é um motor: ver a vida de forma mórbida. Conheci Saint Laurent, por exemplo, sempre deprimido.
dois de seus famosos perfumes: La religieuse e la fille de berlin Cada época geralmente é marcada por uma tendência na perfumaria. Hoje, num momento tão comercial para a indústria das fragâncias, a moda é a dos gourmands. O que acha desses perfumes? Se você souber dosar o aspecto gourmand, dá então essa vontade de passar para a gula, que é formidável. Mas, se for uma regressão - as crianças só gostam de açúcar, bolo, chocolate-, voltamos então à infância. Somos todos veiculados a algo da nossa infância. Mas o gosto implica um combate. Se não houver um combate em si mesmo, impossível avançar. É isso que faz com que a pessoa possa criar, evoluir. se for só pra ficar na zona de conforto, não serve para nada. As mulheres estariam, então, um pouco infantilizadas? Sim, com certeza regrediram. É uma imagem de uma mulher que não é verdadeiramente uma mulher. É um pedaço de mulher que nem pertence às mulheres de verdade, mas às crianças.
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SPECIAL K
Por Ana Clara Garmendia
“Descobri cedo que havia pessoas envolvidas com moda que eram os piores tipos.� Comecou assim, direto e reto, nosso papo com Kristen Stewart, rosto do novo perfume da Chanel, em seu hotel em Paris. the poison 44
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az mais de 30º C em Paris e a temporada de desfiles da alta-costura está quase acabando. No meio do burburinho das apresentações, as maisons aproveitam para lançar também seus perfumes. Gabrielle Chanel é a nova fragância da grife francesa e Kristen Stweart é a sua representante. “Sinto que com a Chanel eu conto histórias, e não vendo roupas”, diz a atriz à ELLE no dia seguinte ao evento de lançamento do perfume, no Hotel Raphael, a poucos metros do Arco do Triunfo. A relação da norte-americana com a marca começou em 2013, quando Kristen foi convidade por Karl Lagerfeld para ser uma de suas embaixadoras. “É muito importante quando Karl desenha algo e decide que quer ver isso em mim para que seu trabalho realmente nasça. Eu amo levar as roupas da Chanel a um novo patamar. É a mesma sensação que tenho com bons diretores de cinema”, diz. Kristen começou a atuar em 2002, quando estreeou ao lado de Jodie Foster em O Quarto do Pânico,
autores com quem eu trabalhei. Eram artistas de verdade. A Chanel foi gentil o suficiente em me vestir algumas vezes quando eu estava crescendo. Desenvolvi um relacionamento íntimo com Karl e com toda a equipe da marca. Sinto que com eles eu conto histórias, e não vendo roupas. O que mais fascina você na trajetória de Gabrielle Chanel? Provavelmente o comprometimento com suas próprias ideias. Gabrielle não estava lutando contra algo, mas se mantendo muito verdadeira com seus instintos e suas compulsões. Eu acho que artistas fazem coisasporque precisam fazer, e não porque querem provar algo a alguém. É como se quisessem mostrar algo a si mesmos e, se as pessoas gostarem, ótimo. Do contrário, eles continuam fazendo do mesmo jeito. Quanto ao perfume, toda a ideia por trás da campanha foi trabalhada nesse sentido. Não de se libertar, mas de ir mais rápido, numa direção em que ninguém mais está indo.
mas virou celebridade mundial com a personagem Bella Swan, da saga vampiresca Crepúsculo (2008). Quem achou que ela seria esquecida depois de alguns anos errou feio. Em 2015, foi a primeira
E quanto a Karl Lagerfeld? Qual a sua impressão dele? É uma das pessoas mais curiosas que eu conheço e ele sabe mais e tem mais energia do que a maioria
a atriz norte-americana a ganhar um prêmio César, o Oscar francês, por sua atuação como atriz coadjuvante em Acima das Nuvens, ao lado de Juliette Binoche. No ano seguinte, recebeu elogios por Personar Shopper, um filme misterioso que envolve moda e experiências mediúnicas. Agora, aos 27 anos, estreia em mais um longa como protagonista, Lizzie Bordon, um thriller de Craig Macneill, ainda sem data para chegar ao Brasil. Como você descreve sua relação e suas colaborações com a moda? Eu não sou obcecada por moda, mas como artiz acabo representando esse papel duplo. Comecei a minha carreira muito nova. Cresci usando vestidos de marcas e descobri que havia algumas pessoas envolvidas com moda que eram os piores tipos. Elas não eram criativas de maneira nenhuma, mas apenas famintaspor algo com o qual eu não conseguia me identificar. Mas também havia pessoas que amavam tanto o que faziam que me lembravam os diretores e outros
das pessoas que eu conheço também. (risos) Então é tipo ter essas duas qualidades rara ao mesmo tempo. Ele é incrível. No filme Personal Shopper, você interpretou uma personagem que era fortemente ligada tanto ao mundo material quanto ao espiritual. Qual a sua análise sobre a complexidade do tema? O filme é sobre alguém que está tão isolado pelo luto e pela tristeza que qualquer fixação nos aspectos materiais da vida é imerso em culpa, porque o que mais importa na vida naquele monento é algo espiritual. Mas acho que não há nada de errado em encontrar beleza nas coisas. Isso é o que nos diferencia dos outros animais. Esse filme é complicado. Eu mesma ainda estou tentando entender sobre o que ele é. Como você analisa o movimento feminista, que ganha grande força agora, e como se posiciona dentro dele? Tem algo acontecendo hoje em dia. Existe um
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senso de união bastante sério e que não havia quando eu era mais jovem. É um momento que faz com que a gente se sinta muito melhor. Eu tenho um compromisso com as minhas ideias. Me sinto muito feliz em saber que eu não sigo sozinha, que estou com outras mulheres. Se você fosse convidada para participar de mais um filme da saga Crepúsculo, aceitaria? Bom, não existem mais livros novos, e se houvesse mais publicações, talvez. Mas acho que esse capítulo se encerrou. Já que você tem trabalhado em produções grande e outras pequenas, qual a real diferença entre elas?
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Hoje existe um senso de ~ uniao entre as mulheres ~ que nao havia quando eu era mais jovem.
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Quando existem boas intenções em fazer um grande filme, não há tanta diferença. Os grandes são apenas mais longos e existe mais dinheiro para construir sets mais elaborados. Já o legal de fazer filmes independentes é que eles são mais isolados. Não há muitos cozinheiros na mesma cozinha você tem um diretor e ele é a única pessoa que está ditando o que vai acontecer. Os dois são interessantes. Como você avalia sua experiência como diretora em seu curta-metragem, Come Swim, lançado no começo deste ano? Pretende continuar nesse caminho, fazer outros filmes? Definitivamente! Quando você está imersa em um set de filmagem e todo mundo está disposto a arriscar o que for para honrar a história e contála da maneira mais apropriada, esse é o melhor sentimento do mundo. É algo que se aproxima do espiritualismo. Eu também gosto de digirir, mas eu amo ser atriz. Se eu não fizesse isso, não saberia para onde ir e, enquanto me permitirem atuar, eu vou continuar.
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Vida na
Van Em motorhomes e furgÕes, uma nova onda de viajantes alia passeio e trabalho na etrada enquanto soma seguidores no instagram. Por Bruna Bittencourt e Isabela Yu
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clique do fotĂłgrafo gleeson paulino em white sands, no novo mĂŠxico
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Pedro, Marina e seus cachorros.
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edro Beck e Marina Abadjieff estavam chegando ao Parque Yosemire, na Califórnia, quando tentávamos combinar um Skype para falar sobre sua empreitada, a We Are Alive - o que foi impedido pelo sinal escasso de internet na área. Cinco dias depois, conseguimos retomar contato quando a dupla, que acabou de se casar em Las Vegas, chegou a um posto de gasolina na cidade de Ripon (Califórnia), no caminho para São Franciso. “no começo da viagem, em 2015, tínhamos um roteiro mais programado, pensando em uma road trip com um ano de duração. Mas agora, que estendemos a história, tudo mudou”, explica Pedro. “Sabemos apenas que vamos cruzar o México em outubro, passar uma semana em Cuba e descer a América Central”. A dupla, que viaja com seus cachorros, Sofia e Anthony, é hoje o exemplo mais conhecido na internet brasileira de nômades digitais 0 gente que usa tecnologia para trabalhar remotamente. Em suas viagens, produzem conteúdo, belas imagens e campanhas para marcas como Absolut, Levi’s
e Basico.com. “Um dia normal nosso envolve muita foto, tratamento de imagem, edição de vlog e direção. Mas há outros em que não estamos a fim de fazer nada e ficamos num parque com os cachorros ou vamos explorar a cidade em que estamos.” O casal já passou por mais de 20 estados norteamericanos, além da paradisíaca Colúmbia Britânica, no Canadá, onde cruzaram com ursos. Também assistiram a uma nevasca do seu motorhome, quebrando no meio da estrada, sem sinal de celular. Até o mês passado, rodaram cerca de 100 mil km. “Fizemos bons amigos nos EUA e no Canadá, mas a maioria não mora full time na estrada como a gente. Pegam a RV (recreational vehicles, como os motorhomes) ou a van, viajam por um mês e voltam para sua base”, diz Pedro sobre o movimento dos nômades digitais dos EUA. São fotógrafos, filmmakers, influencers e designers que viajam para fotografar para uma marca todos exemplos de uma tendência maior sobre a maneira como trabalhamos. “O futuro do trabalho aponta para relações mais livres”, analisa Henrique Diaz, diretor
de planejamento da Box1824. “Há dez anos, discutíamos se o home office era possível e hoje existem programas para isso em várias empresas. Cada vez mais, as pessoas vão querer trabalhar remotamente e isso será mais viável com as tecnologias disponíveis. Querem viajar e continuar a trabalhar. Não estão interessados numa grande ruptura, como um período sabático”, completa ele, que também se divide entre a cidade e a estrada. Músico, entre março e e abril fez uma turnê nos EUA, enquanto também trabalhava para a agência de pesquisa de tendências. O van life, como foi batizado o lifestyle de quem vive num veículo na estrada, é um desdobramento recente desse movimento. Experimente dar uma busca por #vanlife, #vanlifediaries e #vanlifeproblems no Instagram.
abaixo, a casa de marina e pedro registrado pela we are alive
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primeira hashtag sobre o tema foi criada por Foster Huntington, nome por trás do tumblr www.van-life.com. O norte-americano de 29 anos decidiu abandonar o emprego de set designer na Ralph Lauren, em 2011, para viajar pelos EUA numa Volkswagen Syncro, de 1987. “Cresci perto de Portland (Oregon) fazendo atividades ao ar livre e sentia falta disso. Tinha uma forte conexãocom a natureza, que parecia ter se perdido com o tempo”, conta à ELLE. “Também queria fotografar e criar meus projetos. Sabia que tinha dinheiro para um ano. Comprei a van porque me pareceu barato para viajar como mochileiro e andar de skate.” Foram 240 mil km, rodados em três anos, e dois livros publicados, Home Is Where You Park It (2013), esgotado, mas com uma nova tiragem prestes a ser lançada, e The Burning House: What Would You Take? (2014). No próximo mês, lança Van Life: Your Home on the Road (Black Dog & Leventhal, 25 dólares), com os melhores registros de vans que encontrou na estrada. “É um movimento que começamos a notar quando a adaptação para o cinema do livro de Jack Kerouac (On the Road, de Walter Salles) foi lançada em 2012”, lembra Iza Dezon, gerente de desenvolvimento de negócios no Brasil da agçencia de previsão de tendências Peclers Paris, sobre o nomadismo digital. “Esse interesse pelo espaço aberto é um imaginário dominado pelos panoramas norte-americanos, por mais que isso seja feito no mundo inteiro. É um país que se atravessa facilmente de carro.” Iza cita também a exposição Beat Generation (2016), no Centro Pompidou, em Paris, a revista francesa Roadatitude (um jornal da estrada francófono, como se definem), o livro Off the Road, Explores, Vans, and Life off the Beaten Track (2015) e o filme Capitão Fantástico (2016), sobre um pai que cria os filhos na floresta, entre outros indicadores de tendência.
as trÊs fotos fazem parte do novo livro de foster huntington, van life: your home on the road the poison 52
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fotógrafo e colaborador da ELLE Gleeson Paulino conta que encontrou muita gente viajando de van quando atravessou os EUA numa delas: “Lá, isso é bem comum”. Ele, que já morou em diversos países, foi durante três meses de São Francisco a Nova York com uma amiga e consolidou projetos pelo caminho, que ajudaram a bancar parte do trajeto. “A van pouco importava. Foi um veículo barato, que era compatível com o tipo de viagem que queríamos fazer. Tinha espaço para colocar um colchão nos fundos, caso não achássemos outro tipo de abrigo”. Assim, poderiam dormir em qualquer lugar. “RV life (vida no trailer) e van life se misturam bastante. É a mesma comunidade”, diz Pedro. Para ele, esse movimento é mais antigo do que imaghinamos. “As pessoas mudaram de sua casa para seu carro, van e motorhome desde os anos 70 nos EUA. Vira e mexe, acordamos num camping e, na vaga ao lado, há um casal de 70 anos que mora há 20 na van e já foram para mais de 30 países”. Ainda assim, há quase 2 milhões de fotos tagueadas com #vanlife, indicando a força que esse lifestyle ganhou nos últimos anos. “Durante muito tempo, vivemos a ilusão de que o sucesso era chegar à cidade. Mas percebemos um desejo grande de sair do espaço urbano e se libertar. Nos leva até ela”, diz Iza, da Peclers, que também vê uma crítica ao ciclo de consumo nesse lifestyle. “O estilo de vida on the road e nômade obriga você a diminuir suas posses.”
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As pessoas mudaram de sua casa
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para seu carro, van e motorhome desde os anos 70 nos EUA.
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tendência ultrapassou a estrada e chegou à passarela: a Marni apresentou pochetes duplas e gigantes para o verão 2017, e a Zegna, peles mais brutas para o inverno 2018. A Coach 1941 mostrou seu inverno 2018 com uma casa de campo na passarela e uma vegetação típica de pradaroa entre o caminho que as modelos percorriam. “A estética ficou mais bruta. Há o resgate do artesanato, do navaro, da manta mexicana”, analisa Iza.
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meus melhores amigos
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sao pessoas que eu conheci nas viagens.
Para ela, a moda de festivais como Coachella, que há tempos chegou ao fast fashion, é a tradução urbana disso. Essa vida na estrada, documentada no Instagram, atrai nossos views e ganha nssos likes, numa espécie de escapimo digital de quem segue na cidade. Logo, as marcas buscam se associar a esse lifestyle, como prova o We Are Alive. Há quem critique que eles não são apenas viajantes, já que estão vendendo algo, mas a dupla encontrou uma boa maneira de seguir on the road. Depois de três anos, Foster trocou a estrada por uma casa na árvore, “um sonho de infância”, que ele mesmo construiu e documentou no livro Cinder Cone (2015). “Comecei a fazer vídeos e outos projetos que precisavam de uma organização maior”, conta ele, que mora em Columbia River George, no estado de Washington, com uma pista de skate no jardim. “Mas acho que foi uma experiência muito positiva. Mudou o
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o empreendedor bob dalton criou a marca de cobertores sackcloth & ashes que possuí a estética “on road” nas redes sociais.
jeito que sou e penso para o resto da minha vida. Meus melhores amigos são pessoas que eu conheci em viagens”, conta. Gleeson segue em movimento (“Estranho para mim é viver muito tempo num lugar só”), e Pedro e Marina, na estrada. O casal tem um apartamento em São Paulo, que está alugado por um “bom tempo”. “A cidade não faz mais parte dos nossos planos de vida. Não vamos vender nosso motorhome. É nossa casa.”
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Edicao Yasmine Sterea
Fotos Rafael Pavarotti
em meio ao paisagismo com predominÂncia de verder assinado por roberto burle marx.
e corte masculino, a musa dos anos 40 katharine hepburn inspira o visual da temporada
hĂĄbil em vestir de babados e lingeries superfemininos a ternos com abotoamento duplo
ELEGĂ‚NCIA natural
isabeli fontana veste body R$1.290, amir slama. Brincos, R$390, brennheisen. na pĂĄgina ao lado , blazer R$8.900, e calÇa, R$5.600, ambos dolce & gabbana no iguatemi sĂƒo paulo.
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vestido, R$5.595, burberry no iguatemi sÃo paulo. colar, R$7.465, tifanny & co. no iguatemi sÃo paulo. na página ao lado, camisa, R$4.530, gucci no iguatemi sÃo paulo.
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vestido rochas. na pรกgina ao lado, camisa, R$1.890, prada, no iguatemi sร o paulo. chรกpeu, R$690, sonia pinto.
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terno, R$4.767, ricardo almeida no iguatemi sĂƒo paulo. na pĂĄgina ao lado, camisa, R$690, animale no iguatemi sĂƒo paulo.
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vestido, R$900, wolford no iguatemi sÃo paulo; conjunto de lingerie, dolce & gabbana no iguatemi sÃo paulo. beleza: amanda schon (Mlages) com produtos l’oréal professionnel e dior makeup. produÇÃo de moda: luiz freiberger e otavio roselli. assistentes de moda: carol passos e patricia bressiani. assistente de beleza: julia tartari.
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música e moda com
MØ fala sobre amor pelo Brasil e próximo disco da carreira + ENSAIO EXCLUSIVO PARA A COPENHAGEN WEEKEND. POR MARIANA MOIA, GABRIEL SIMAS E ANDRESSA OLIVEIRA.
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aren Marie Aagaard Ørsted Anderse, mais conhecida pelo grande público como MØ, passou pela Lollapalooza na tarde de domingo (26) e também subiu ao palco do Cine Joia para a Lolla Party, com a participação da banda Glass Animals. A dinamarquesa já esteve no Brasil antes e voltou cheia de amor pelo país, como ela demonstrou nesta entrevista com a Nação da Música. A artista falou também sobre seus planos para 2017 e seu novo álbum.
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Meus fÃs brasileiros significam muito para mim!
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Você já esteve no Brasil antes. Como é voltar para cá? MØ: É muito legal estar de volta. O público é muito grande e é sempre muito energético e muito divertido de estar perto. Eu sempre gosto de voltar porque eu gosto muito de me apresentar ao vivo e o incentivo que a gente recebe ao tocar para uma plateia brasileira é muito, muito incrível [risos]. Então, sim, eu gosto daqui! E além disso, é muito quente e lindo, é ótimo! E com certeza foi assim ontem (26/03) durante seu show no Lollapalooza, com a multidão, a animação… MØ: Sim, ontem foi muito divertido! Muito divertido mesmo! Você já está trabalhando no seu segundo álbum de estúdio? MØ: Sim, estou trabalhando nele no momento! E como está o processo de composição e produção até agora? MØ: Desta vez estou trabalhando com vários produtores diferentes e também muitas coisas aconteceram desde o meu primeiro álbum, com “Lean On” e todas as colaborações. Muitas coisas aconteceram, então o processo não tem sido uma
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“linha reta”, sabe, tem funcionado de diversas maneiras. Mas eu quase finalizei agora, o que é bem legal, e eu estou bem feliz com o que temos até agora. Legal! Você disse numa entrevista que realmente gosta de pop, mas que sente falta do punk hardcore. Você acha que um dia vai juntar essas duas coisas num só estilo? MØ: Sim, isso é verdade! E pra mim acho que é sempre sobre fazer o que amo e, sabe, eu amo música punk, mas também amo pop. Se você me perguntar, eu diria que eu realmente combino as duas coisas porque elas são grandes partes de mim. Mas isso não é o mesmo que necessariamente colocar uma guitarra punk e começar a gritar… sabe? É tudo sobre personalidade, no fim do dia. 2016 foi um grande ano para sua carreira! Como tem sido 2017 pra você até o momento? MØ: Eu estou terminando meu novo álbum e quero começar a focar nessas novas músicas, então é isso que anda me deixando muito empolgada. Gostaria de deixar uma mensagem para seus fãs brasileiros? MØ: Quero dizer a eles que sou muito feliz por todo o apoio e amor que eles demonstram pra mim. É realmente muito emocionante experienciar todo esse amor e apoio que essas pessoas sentem por mim. Eu vim do outro lado do planeta e isso me deixa tão feliz e tão grata por tudo e por ter fãs que te apoiem desta maneira. Eu realmente digo a verdade quando falo isso. Meus fãs brasileiros significam muito para mim, então obrigada!
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seguir, confira um ensaio completo que a cantora fez para o exclusivo Copenhagen Weekend, em sua cidade natal, que ocorreu em agosto desse ano. Os modelos usados vieram diretamente da passarela, e contam com grandes nome da moda, como Astrid Anderson e Wood Wood. Confira em primeira mão o que os estilistas disseram sobre suas peças e sobre sua história durante anos na carreira do mundo da moda. Por Gillian Sagansky
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saks potts TrÊs anos atrás, com 19 anos, Cathrine Saks e Barbara Potts lanÇaram sua linha. “Nós queríamos deixar a nossa coleÇÃo divertida e jovem, pois ainda somos jovens,” explica Saks, que lanÇou sua primeira linha de jóias antes de se juntar a Potts, que na época era uma redatora da ELLE da Dinamarca. “Nós conversamos sobre criarmos nossa própria linha, foi muito natural pra gente.” Sem nenhum treinamento formal e apenas alguns anos no jogo, os casacos peludos delas já se tornaram um Ítem indispensável. “NÃo conseguimos achar um tecido peludo com uma cor divertida”, disse Saks, “entÃo decidimos fazer nós mesmas o nosso.” E ainda explicam que a marca, para elas, é algo simples, que sejam peÇas que elas tenham vontade de usar.
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astrid anderson Através desses 7 anos desenhando peÇas masculinas, Astrid achou o meio termo entre conforto e luxo. “Eu acredito que o poder vem através do conforto e confianÇa,” disse Andersen, que lançou sua segunda coleÇÃo em uma fábrica abandonada na Copenhagen semana passada. “É uma linha esportiva e aesthetic com um pouco de luxo.” Suas raízes do design masculino eram evidentes em suas novas peÇas, com um toque andrógeno, que foram feminilizados com estampas florais e coloridas.
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cecile bahnsen Depois dos estudos em London Royal College of Art, a designer Cecilie Bahnsen trabalhou com vários estilistas em Londres e Paris antes de lanÇar sua própria marca em 2015. Já em sua segunda temporada ela chamou a atenÇÃo do Dover Street Market pelos seus estruturados vestidos de cótom. A designer admite ter abraÇado seu lado escandinávio, mantendo simples, limpo e usando o material principal de sua primeira temporada, o cótom. A sua nova coleÇÃo é mais feminina, com uma paleta de cores mais pálida, com tons de rosa. Sem contar nas saias rodadas, que se assemelham À vestidos de bonecas.
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wood wood Em 2002, Karl-Oskar Olsen e Brian Jensen lanÇaram a Wood Wood de um escritório em um porão com uma máquina de fax e uma landline. Desde entÃo, se tornaram os queridinhos da cidade (eles tem uma loja em Berlim também), e sÃo considerados os novos Colletes de Copenhagen, conhecidos pelo famoso sold-out. A coleÇÃo é cheia de jaquetas, calÇas sofisticadas e interaÇÕes com roupas sociais, o que garantiu a eles um lugar especial no mapa do mundo da moda. A cantora MØ fez uma performance na festa de lanÇamento no Copenhagen Fashion Week exclusivamente para a marca.
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Freya Dalsjo Freeya Dalsjo, que acaba de lanÇar sua linha de roupas, é conhecida por fazer novas interpretaÇÕes do famoso casaco trenchcoat, no qual nessa coleÇao vem em seis cores diferentes e diversos materiais, como couro vermelho, cótom bege e por aí vai. “Essa temporada eu tive que olhar pra trás para todo o meu trabalho, achar minhas peÇas favoritas e desenvolver a partir daí,” explicou ela. Kylie Jenner usou recentemente sua calça biker, e ela também já produziu peÇas para a RihanNa. “Pra mim, criar roupas é sempre sobre fazer um comunicado. É sobre criar harmonia e depois quebrá-la até achar um balanÇo.”
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Foto Nikolaj Møller do Blink Production, estilo por Caroline Grosso. Cabelo & maquiagem por Monika Grensteen do Le Management. Assistente de fotografia Alexander Brunebjerg do The Lab. Agradecimento especial para Stig Ruge do Imagework.
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