GOVERNANÇA CORPORATIVA Gerido por um conselho de administração, o Centro Clínico Gaúcho garante o amanhã de seus milhares de usuários
PÓLO PETROQUÍMICO Trabalhadores das 21 empresas da base de atuação do Sindiconstrupolo conquistam assistência integral
NOVIDADES Atleta e estudantes de educação física recebem apoio para os seus projetos
TRANSTORNO ALIMENTAR Conheça as várias faces desse distúrbio que atinge principalmente os jovens e pode levar à morte
Uma revista do Centro Clínico Gaúcho Ano 2 — Nº 5 | JUL∙AGO∙SET 2008
Editorial
Vesícula ∙ Uma questão de cálculo
Profissionais de destaque ∙ Dr. Alexandre Simon e Berenice dos Santos Paulette
Caspa ∙ Na cabeça de muitos
Crônica
Cigarro ∙ Enfisema pulmonar
GESTÃO DA 21 MEDICINA EM GRUPO 23 E NEGÓCIOS ||||||||||||||||||||||||||||| 26
Bruxismo ∙ Será que eu tenho?
Atenção ∙ Intoxicação por medicamentos
Piercing bucal ∙ Bocas exóticas
4
28
7
31
Novidades CCG
Por dentro da rede ∙ Clínicas de Olhos Cachoeirinha e Canoas
Distúrbio ∙ Comportamento doentio
Pele ∙ Retratos da vida
8
Congresso
10
Segurança no futuro
13
Cliente saudável ∙ Forjasul Canoas
23 Medicamentos
ÍNDICE
SEÇÕES MEDICINA E ||||||||||||||||||||||||||||| SAÚDE ||||||||||||||||||||||||||||| 2 14 3 16 9 18
EDITORIAL
O PLANO, O PROFISSIONAL DA SAÚDE E O PACIENTE
Não há dinheiro que compre saúde. Ela é um bem tão importante que nossos esforços não têm limites quando enfrentamos algum problema, por menor que seja, em nosso corpo, a morada de nossa mente. O atual padrão de serviços de saúde no Brasil apresenta posições polarizadas de seus participantes.
Para o sucesso de uma nova proposta de saúde se faz necessário que o comportamento de todos os envolvidos neste sistema mude. Estamos fazendo nossa parte para implantar este novo modelo. Defendemos a idéia de que as operadoras passem a ser gestoras de saúde; que o médico e demais profissionais da área assumam o papel de cuidadores do paciente e que este tenha consciência dos cuidados que deve ter com o próprio corpo.
Defendemos a idéia de que as operadoras passem a ser gestoras de saúde; que o médico e demais profissionais da área assumam o papel de cuidadores do paciente e que este tenha consciência dos cuidados que deve ter com o próprio corpo
A operadora de saúde precisa se preocupar com prevenção, inquietar-se com as questões sociais que envolvem esta pessoa. O cuidador, como o termo sugere, precisa cuidar e não apenas determinar procedimentos. Os atuais consumidores de saúde devem estar voltados para obter mais informação sobre o bem mais valioso que possuem, de forma a adotar alimentação adequada, realizar exames médicos de forma regular, praticar exercícios físicos, não beber ou fumar, entre outros hábitos saudáveis. Todo este processo passa pela educação e esta reestruturação é a saída mais viável para termos um futuro sustentável do sistema.
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As operadoras de planos de saúde atuam para definir os direitos de seus clientes, os médicos são prestadores de serviços e o governo, em situação financeira caótica há muitos anos, não tem a capacidade de arcar com todas as despesas que a Constituição Federal determina que leve a cabo. O resultado desta situação é a necessidade de o Estado transferir esta responsabilidade à iniciativa privada, o que não é diferente em outros segmentos da economia. As instituições participam de um mesmo segmento de negócios, mas não se relacionam para a troca de experiências e soluções, o que gera uma crise de modelo. Por isso, a necessidade de mudança de paradigma, de um olhar renovado sobre o fato.
2 • Humana
A Diretoria.
PROFISSIONAIS DE DESTAQUE
Dr. Alexandre Simon Ortopedista e traumatologista
Berenice dos Santos Paulette Auxiliar-administrativo
O bom humor e a simpatia do médico Alexandre Simon contagiam usuários e colegas do Centro Clínico Gaúcho (CCG) há nove anos. O ortopedista e traumatologista é formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e atua nas unidades Zona Norte, em Porto Alegre (Av. do Forte, 171) e Canoas (Av. Boqueirão, 33).
Alegria em atender pessoas — A auxiliar-administrativo Berenice dos Santos Paulette, do Departamento de Relacionamento com o Cliente do Centro Clínico Gaúcho diz que a frase “É na experiência da vida que o homem evolui”, de autoria de Harvey Spencer Lewis, rege suas escolhas e atitudes. Colaboradora da empresa desde 1999, conta que cresceu dentro da empresa. “Já fui auxiliar de arquivo, fiquei na recepção e agora encontro soluções para os problemas dos usuários e das empresas”, relata.
Natural de Santa Cruz do Sul, veio para a Capital gaúcha para a residência e, cerca de quatro meses depois, conquistou sua oportunidade no CCG. Modesto ao exibir o reconhecimento de destaque na empresa, dá a dica para os colegas desenvolverem um bom trabalho: “O imprescindível é ter seriedade e ser honesto” — virtudes que devem estar presentes em todos os níveis de relacionamento, quer seja com pacientes ou colaboradores. Ao defender a “seriedade”, ressalta gostar muito de brincadeiras, o que não impede o bom exercício da profissão. Para alcançar o sucesso profissional, basta gostar do que se faz. “Nunca tive outra opção de trabalho ou estudo em mente. Meu tio é médico e isso pode ter me influenciado um pouco”, supõe. Com 38 anos, tem um filho — Bernardo, de dois anos —, que garante lhe dar trabalho, mas também muito prazer. Nas horas em que não está no consultório passa bons momentos com a família e assiste a alguns filmes em casa. Por destinar várias horas do dia aos pacientes, prefere a intimidade do lar para lazer e, claro, para descanso. “Sou muito caseiro”, define.
Simpática, sabe que ajudar os outros faz bem. “Gosto daqui, de procurar, e achar, alternativas para amenizar dificuldades das pessoas. Ao nosso setor cabe, essencialmente, satisfazer o cliente, ter qualidade no atendimento, além de mantermos um bom relacionamento entre os membros da equipe.” Junto com os colegas e amparada pelo Centro Clínico Gaúcho, atualiza-se em cursos e eventos. Acredita na aprendizagem que acontece com as relações de trabalho e amizade. Muito ocupada durante sua jornada, ela evita se envolver, emocionalmente, com todos os problemas que, diariamente, precisa resolver. “Assim me sinto melhor”, define. Berenice mora em Cachoeirinha, na região metropolitana, e nasceu em Porto Alegre. Cursou disciplinas da graduação de Serviço Social, suspendeu as aulas por um período, e agora retoma os estudos. Nas horas de folga gosta de dançar com os amigos e assistir a bons filmes. Para ela, a leitura é uma atividade agradável e arrisca indicar uma das bibliografias que a emocionou: “Uma Mente Brilhante”. Fotos: Caroline Morelli/Agência Bossa
Humana • 3
NOVIDADES CENTRO CLÍNICO GAÚCHO
INCENTIVO À PRÁTICA DE ESPORTES O triatleta gaúcho Thiago Menuci vai disputar o mundial de Ironman em 20 de outubro, no Havaí, com patrocínio do Centro Clínico Gaúcho. O Centro Clínico Gaúcho patrocina o triatleta gaúcho Thiago Menuci, de 26 anos, que participou do Ironman Brasil, em maio, em Florianópolis. O Ironman Brasil é uma prova de triatlon de longa distância, em que o participante nada 3,8 quilômetros, pedala outros 80 e corre mais 42. Conquistou o terceiro lugar na categoria entre 25 e 29 anos e o 19o lugar no resultado geral, entre os 1.250 inscritos. A prova durou mais de nove horas. O apoio valeu a pena: ele está classificado para disputar o mundial de Ironman, no dia 20 de outubro, no Havaí.
“Foi de grande importância para mim e para o triatlon, pois temos a oportuni-dade de divulgar o esporte. A confiança da qual fui depositário contribuiu para chegar a este resul-tado e me dá a oportunidade de competir em provas de alto nível”, coloca. Em agosto, o gaúcho participa do Reebok Long Distance, no Rio de Janeiro e, em dezembro, disputa uma prova em Punta Del Este, no Uruguai.
4 • Humana
|||||||||||||||||||||||| Estudantes recebem apoio Os pós-graduandos do curso de Treinamento de Força e Musculação, Luciano Ribeiro e Rodrigo Dall’Aqua, receberam apoio do Centro Clínico Gaúcho para realizar trabalho que foi apresentado durante o IV Simpósio de Cardiologia em Educação Física, de 12 a 14 de junho, em Gramado. Vinte e dois voluntários participaram de testes de esforço ergométrico para traçar a “Análise e comparação das respostas cardiovasculares em usuários e não-usuários de esteróides anabólico-androgênicos (EAA)”. “O auxílio recebido foi o fator principal para desenvolver o estudo, pois todos os testes foram realizados na empresa”, explica Dall’Aqua.
NOVIDADES CENTRO CLÍNICO GAÚCHO
OPERADORA DE REFERÊNCIA Valdemir Estran, presidente do Sindiconstrupolo, que congrega trabalhadores das empresas do Pólo Petroquímico de Triunfo, comemora o plano de saúde ter sido conquistado no acordo coletivo 2008
O Centro Clínico Gaúcho obteve do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção do Pólo Petroquímico (Sindiconstrupolo) o apontamento como operadora de referência no fornecimento de planos de saúde. O sindicato realizou um levantamento de mercado com o objetivo de dar suporte às empresas do Pólo Petroquímico de Triunfo na escolha de fornecedores. "As empresas estão à vontade para contratar outras operadoras, mas estamos apontando os serviços do Centro Clínico Gaúcho como referência de excelência em benefícios médicos e odontológicos” esclarece Valdemir Estran, presidente do Sindiconstrupolo. O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção do Pólo Petroquímico foi fundado em 1989, representando atualmente mais de três mil trabalhadores, que atuam em 24 empresas. Há dois anos o benefício era reivindicado. “Negociamos questões de ordem salarial e cláusulas sociais. Buscávamos uma operadora que apresentasse uma rede de hospitais reconhecidos, clínicas que possam atender a qualquer momento e estejam próximas da moradia dos trabalhadores, que ofereça um plano sem carência, nem limite de consultas e que o custo seja acessível para as empresas que irão conceder o benefício”, esclarece.
|||||||||||||||||||||||| Palestras sobre contracepção Informações sobre laqueadura e vasectomia foram apresentadas nas palestras gratuitas promovidas pelo programa Saúde em Dia, do Centro Clínico Gaúcho, durante o mês de julho. Os usuários participaram dos eventos nas unidades de São Leopoldo, Porto Alegre, Cachoeirinha e Canoas.
Foto: Inês Arigoni/Agência Bossa
Humana • 5
NOVIDADES CENTRO CLÍNICO GAÚCHO
APOIO AO SENAC SAÚDE Inscrições e Informações: www.senacrs.com.br/senacsaude (51) 3341-0444
O Centro Clínico Gaúcho apóia o programa Senac Saúde, que no dia 29 de setembro apresenta o congresso “Qualidade de Vida e Promoção da Saúde”. O evento acontece na AMRIGS (Av. Ipiranga, 5311, em Porto Alegre) e pretende reunir médicos, enfermeiros, empresários e especialistas nas áreas da estética, farmacologia, massagem, nutrição, óptica, podologia e segurança de trabalho. Painéis, oficinas e palestras irão ocorrer durante o congresso. Entre os convidados para os debates estão o médico e autor Moacyr Scliar, o cirurgião cardiovascular Fernando Lucchese e o médico cancerologista Drauzio Varella, articulista do jornal Folha de S. Paulo, da revista Carta Capital, autor do livro Estação Carandiru e conhecido por desenvolver trabalhos de divulgação de temas médicos na rede Globo, Canal Universitário e na Rádio Bandeirantes AM.
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O diretor-médico e oftalmologista Roberto Gabriel conta que as clínicas foram fundadas tendo como base a parceria com o Centro Clínico Gaúcho As Clínicas de Olhos Cachoeirinha e Canoas têm como missão de negócios satisfazer seus pacientes. Por meio de uma parceria com o Centro Clínico Gaúcho que dura mais de seis anos, a clínica de Cachoeirinha, unidade criada em 2002, atende aproximadamente 600 pacientes por mês em consultas oftalmológicas, exames complementares e procedimentos cirúrgicos. Canoas, fundada no ano passado, recebe todos os meses cerca de 850 pacientes.
Foto: Caroline Morelli/Agência Bossa
Sob a supervisão do diretor-médico e oftalmologista Roberto Gabriel – formado pela Universidade Federal do Rio Grande e com especialização em oftalmologia no Hospital da Lagoa (Rio de Janeiro) –, uma equipe de oito profissionais, entre eles cinco médicos especialistas, realizam atendimentos e cirurgias de catarata com anestesia tópica (realizada com o uso de um colírio) e pequena incisão, glaucoma, cirurgias com laser para correção de miopia, hipermetropia e astigmatismo, além de procedimentos em vias lacrimais, plásticas oculares (ênfase em plásticas nas pál-
|||||||||||||||||||||||| POR DENTRO DA REDE
ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE VISUAL
Onde estão as unidades Clínica de Olhos Cachoeirinha Av. Flores da Cunha, 1320, sala 1003 Telefone: (51) 3439-3829 Clínica de Olhos Canoas Rua Fioravante Milanez, 68, salas 504 e 505 Telefone: (51) 3059-6613
pebras), tumores palpebrais e cirurgia de pterígio (também conhecido como catarata externa). As cirurgias são realizadas em hospitais conveniados pelas clínicas. O diretor-médico explica que as clínicas foram fundadas visando, principalmente, aos atendimentos em parceria com o CCG. “Desde que iniciamos o trabalho, temos como preocupação atender todo e qualquer paciente de forma exclusiva e personalizada”, afirma. Gabriel ressalta que o diferencial do trabalho desenvolvido pela equipe está na especialização em diferentes áreas da oftalmologia, “oferecendo ao paciente a certeza do tratamento adequado ao seu problema”. Para garantir a qualidade, os profissionais recebem treinamento em congressos da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO). Sobre a parceria, o oftalmologista destaca que o modo como o relacionamento é conduzido entre as partes permite que o trabalho seja executado de forma profissional e eficaz. “Traz resultados positivos para os pacientes que se beneficiam diretamente de um atendimento de qualidade e eficiente”, enfatiza. De acordo com Gabriel, o perfil dos serviços prestados nas duas clínicas deve chegar a Porto Alegre com a implantação de uma unidade na capital gaúcha. Os atendimentos em Canoas e Cachoeirinha acontecem de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 19h30, e nos sábados, das 8h30 às 11h30.
Humana • 7
CONGRESSO
SINERGIA PARA SOLUÇÕES NA SAÚDE Dias 21 e 22 de agosto os vários segmentos da saúde suplementar se reúnem em Araxá, MG
O envelhecimento da população é hoje um fenômeno universal. Alguns dos fatores responsáveis por isso são as melhores condições de vida e o avanço da Medicina. Esse é um dos principais assuntos que será abordado no 13º Congresso Abramge e 4º Congresso Sinog que acontecem em Araxá, Minas Gerais, nos dias 21 e 22 de agosto. Para discutir esse tema, o Sistema Abramge/Sinog convidou Alexandre Kalache, ex-coordenador do Programa de Envelhecimento da Organização Mundial de Saúde e fundador do Departamento de Epidemiologia do Envelhecimento da Universidade de Londres, e Marília Ehl Barbosa, presidente da Unidas – União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde. A portabilidade entre as operadoras de planos de saúde – a transferência de usuários sem o uso de carência – também terá capítulo especial no encontro, explorando semelhanças com outras áreas, bem como a abordagem da administração de riscos.
Fausto Pereira dos Santos, presidente da ANS –
8 • Humana
Agência Nacional de Saúde Suplementar, e Adib Domingos Jatene, ex-ministro da Saúde e diretor geral do HCor – Hospital do Coração, confimaram presença. Eles vão abordar a assistência médica e as perspectivas futuras da saúde suplementar. Confira a programação completa do evento que tem como tema central “Sinergia para soluções na saúde” e faça sua inscrição no site da Abramge (www.abramge.com.br).
CRÔNICA
VALE A PENA SER LONGEVO? Flávio Tiné Há algum tempo não pago para assistir aos concertos, nas manhãs de domingo
Ainda não descobri se viver depois dos 70 é um privilégio. Acumular informações pode ser uma vantagem, já que o cérebro não consegue apagar fatos pretéritos. Pode ser que a experiência dê aos idosos maior capacidade de discernir certas coisas, mas até que ponto isso tem importância? Com o Estatuto do Idoso algumas vantagens foram ampliadas. O idoso pobre viaja de graça pelo Brasil, se quiser fazê-lo de ônibus e provar sua miserabilidade. Pode utilizar transporte coletivo, furar filas nos bancos, freqüentar teatros públicos com desconto ou, às vezes, de graça e até alguns supermercados fazem-lhe mesuras, dando-lhes vaga especial no estacionamento e oferecendo cafezinho. A Justiça promete acelerar a resolução de eventuais demandas, dando prioridade aos maiores de 60 anos. Os bancos acenam com outras vantagens, como empréstimos com desconto em folha e mensalidades a perder de vista. Os ingênuos que entram nessa fria pagam mensalidades menores, a perder de vista, mas com juros idem. Alguns idosos abusam dos direitos que lhes concedem. Há poucos dias testemunhei cena desagradável em que um velhinho serelepe exigia que determinado cidadão lhe cedesse o lugar no ônibus, alegando seus privilégios legais. O cidadão recusou-se a sair e a explicar por que não saía do lugar. O serelepe passou a exigir providências do motorista e a discursar em voz alta sobre os direitos dos idosos. Não encontrando apoio de ninguém, desceu duas quadras depois, ameaçando chamar a polícia para fazer valer os seus direitos. Após sua saída, o agredido explicou-se aos demais passageiros. Embora não aparentasse, era também um idoso, com mais de 60 anos e
dificuldade de locomoção, por causa de artrose na coluna. Não quis discutir, preferindo ouvir em silêncio o discurso do indignado passageiro. Esses momentos, às vezes, são mais divertidos do que dramáticos. Situação diversa é encontrada nos espetáculos ao ar livre proporcionados ora pela prefeitura de São Paulo, ora pelo Estado. Em geral, os idosos são acomodados nas cadeiras mais próximas do palco. No Teatro Municipal de São Paulo, os idosos são gentilmente convidados a retirar-se da fila da bilheteria e recebem convites para lugares nobres. Há algum tempo não pago para assistir aos concertos, nas manhãs de domingo, nesse teatro que freqüento há 52 anos. Suponho que isso seja um privilégio, não tão grande quanto o de ouvir os grandes mestres em espetáculos memoráveis. Lamento apenas quando alguém se recusa a me acompanhar, argumentando que isso é programa de velho. Não deixa de ser, pois parte do público é atraído pela curiosidade em torno da beleza arquitetônica da casa. Para alguns, música clássica é coisa para dormir. Talvez a maior alegria da longevidade seja o contato com os netos, quando se tem algum. Melhor não têlos, diria o poeta, referindo-se a filhos, que dão muito trabalho. No caso dos netos é só alegria. Eles representam a certeza de que valeu a pena viver tanto, só para ter um neto pra chamar de seu.
Flávio Tiné, 71, foi assessor de imprensa do HCFMUSP durante 21 anos. Humana • 9
GOVERNANÇA CORPORATIVA
FUTURO PLANEJADO E GARANTIDO Conferir solidez e transparência aos negócios e facilitar o acesso ao capital são resultados do modelo de gestão adotado pelo Centro Clínico Gaúcho Órgão que define estratégias e políticas e demanda ações para executivos da empresa, o conselho de administração do Centro Clínico Gaúcho (na foto, reunido em 15 de julho, na sede administrativa, em Porto Alegre) é formado por quatro dos atuais acionistas e diretores e por dois conselheiros independentes: Luiz Cláudio Leopoldo (diretor-administrativo), Agostinho Dalla Valle (conselheiro independente), Francisco Antônio Santa Helena (diretor-médico e presidente do conselho), Luiz Carlos Mandelli (conselheiro independente), Fernando Vico da Cunha (diretor financeiro) e César Franco de Lima (diretor comercial e de atendimento ao cliente). Em 2004, o Centro Clínico Gaúcho lançou um projeto de profissionalização da empresa, com o intuito de implantar um sistema que agregasse valor ao negócio e projetasse o futuro do maior empreendimento de medicina de grupo do Rio Grande do Sul. A partir de 2005, com a criação da superintendência e a adoção do organograma da instituição, começou a assumir um novo mo-
Foto: Cristine Rochol/Agência Bossa
10 • Humana
delo de gestão. Nesta época, teve início o projeto de implantação da governança corporativa. A governança corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos de acionistas e cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e o conselho fiscal da empresa. Este preceito se dá para estabelecer as regras de relacionamento entre os donos da empresa e as pessoas que a gerenciam. No mês de abril deste ano, o projeto de implantação da governança corporativa foi ratificado com a criação do conselho de administração. Esse conselho é o órgão máximo da empresa. Define as estratégias e políticas e demanda ações a serem desenvolvidas pelo corpo executivo. O presidente do conselho explica que as visões empresariais e de negócios, além das dicas expressas pelos conselheiros contratados, durante as reuniões realizadas este ano, já geraram resultados como ajustes no orçamento e planejamento financeiro e econômico. “Estamos evoluindo, adaptando a rota da empresa.” Santa Helena afirma que já são percebidas movimentações na gestão. “Respostas da nossa capacidade de trabalho. Como sempre fomos uma empresa empreendedora, dimensionamos para este lado. O conselho reúne pensadores do futuro de uma empresa.” Porém, antes de ser introduzido na administração, os acionistas com foto puseram um entendimento. “Tratou-se de uma negociação, onde todos os aspectos relativos à sucessão, remuneração do capital, adição de novos sócios, venda e compra de empresas, crescimento, aposentadoria de acionistas, entre outros temas, foram abordados e definidos em um acordo societário”, explica o superintendente, Carlos Eduardo Ruschel. Esta etapa da governança corporativa
GOVERNANÇA CORPORATIVA
permite que, hoje, os envolvidos no negócio conheçam as regras para, no mínimo, os próximos 20 anos. O ajuste foi organizado por uma consultoria, que iniciou o trabalho em 2006. Primeiramente, um diagnóstico foi elaborado. A construção do acordo deu-se durante 2007 e a assinatura em março deste ano. “Em uma das regras estabelecidas está a criação de um conselho de administração e a adoção do regime de governança corporativa”, coloca Ruschel. Foto: Caroline Morelli/Agência Bossa
Continuidade assegurada A prática de governança corporativa tem a finalidade de aumentar o valor das sociedades, facilitar o acesso ao capital e contribuir para a perenidade da empresa. “Realizamos este processo para que o CCG detenha mais valor, mostre-se mais transparente para o mercado a respeito de como funciona, tenha acesso a mais capital e para que tenha um tempo de vida maior do que, normalmente, as empresas têm”, expõe o superintendente. A implantação deste sistema não tem um vínculo direto com o cotidiano do trabalho de colaboradores ou mesmo com o que é oferecido aos clientes. Porém, o usuário e a empresa-cliente passam a ter a certeza de que seu plano de saúde está calcado nas melhores práticas de gestão, alinhado e preocupado com seu futuro. “Isso permite que nossos serviços tenham um amanhã garantido e nenhum problema de continuidade. Estamos preparando a empresa para todos os movimentos eventuais existentes no mercado de saúde. O usuário tem a certeza de que temos um negócio sólido, não somente agora, mas também daqui
||||||||||||| A governança corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos de acionistas e cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e o conselho fiscal da empresa, expõe o superintendente, Carlos Eduardo Ruschel.
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Humana • 11
GOVERNANÇA CORPORATIVA para a frente”, ressalta. Outros resultados podem surgir na implantação desta prática. O posicionamento dos sócios passa a ter enfoque fortalecido com a criação dos conselhos de sócios e de administração em que todas as questões sobre gestão do capital, políticas e valores são debatidas com maior isenção. Geralmente, quando implantado, esse conceito auxilia os sócios a exigirem mais qualidade nas operações da empresa e tomam decisões imparciais e racionais. Os executivos passam a ter liberdade para desenvolver o trabalho e prestar conta, assim não misturam os papéis. Para o diretormédico, todos que, hoje, conhecem a empresa a percebem mais organizada. “É parte do sucesso de nosso projeto. A empresa estabeleceu um alicerce sólido nestes 17 anos, mas precisávamos mudar alguns paradigmas, principalmente da imagem. Alcançamos o crescimento vislumbrando o futuro”, diz Santa Helena. ▪
|||||||||||||||||||||||| Empresa familiar com alta gestão A consultora de gestão para empresas familiares, que também implanta a governança corporativa, Magda Geyer Ehlers, explica que este princípio começou a ser implantado nos Estados Unidos, com a formulação da lei que regulamenta as Sociedades Anônimas (S.A.) e obriga as empresas a manterem um conselho de administração. “Ao vir para o Brasil, este modelo foi ajustado. Nos últimos dez anos tem sido objeto de estudo por consultores. Adaptamos às empresas familiares, é uma solução porque acomodamos a inquietação dos sócios, das famílias e dos gestores”, esclarece. A consultora afirma que esse tipo de princípio gestor é indicado para todas as empresas com associados, pois encaminha soluções com muita propriedade. De acordo com ela, trata-se da alta gestão que se organiza para administrar o capital dos acionistas, a gestão da empresa e a família dos acionistas. “Sempre temos três dimensões: a do capital (que envolve ações, lucros e resultados), a do negócio em si (que avalia os rumos, segmento e possibilidade de ter mais rentabilidade) e a da família do acionista (que precisa regulamentar quem irá participar da empresa, como e que direitos tem)”, explica.
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CLIENTE SAUDÁVEL
ASSISTÊNCIA MÉDICA SEGURA E EQUILIBRADA A Forjasul, uma das dez empresas do grupo Tramontina, fundada há 49 anos, conta com o Centro Clínico Gaúcho para cuidar da qualidade de vida dos 135 colaboradores Há 17 anos, a Forjasul Canoas S.A. percebeu no Centro Clínico Gaúcho uma empresa feita por profissionais com entusiasmo para crescer e confiou o bem-estar de seus colaboradores à operadora. Atualmente, 135 funcionários são beneficiados com planos de saúde ambulatorial, hospitalar e executivo. O atendimento dedicado ao cliente é visto como diferenciado e reafirma a opção feita em setembro de 1991. Fotos: Cristine Rochol/Agência Bossa
Claudio Onofre Souza Gerente de Recursos Humanos “Escolhemos a operadora com base em sua localização, por estar próxima. Porém, teve influência a impressão positiva que tivemos, desde os primeiros contatos, com o corpo diretivo. Percebemos a capacidade de empreendedorismo do grupo, sabíamos que iriam crescer e, por conseqüência, oferecer melhores serviços”, explica o gerente de Recursos Humanos, Claudio Onofre Souza. De acordo com o gerente, a transparência nas relações e a flexibilidade nas situações críticas e excepcionais são pontos positivos. “Eles nos apresentam soluções seguras e equilibradas.”
Uma das dez empresas do Grupo Tramontina – produz cerca de 16 mil itens e exporta seus produtos para mais de 120 países –, a Forjasul foi fundada em 10 de março de 1959 e, desde esse momento, tem se preocupado em fabricar produtos de aço forjado de qualidade. Os artefatos recebem variadas aplicações: na indústria automotiva, tratores, implementos agrícolas, petrolífera, naval e siderúrgica. Além destes, a empresa possui linha própria de ferramentas e de peças forjadas (eletroferragens), utilizadas na transmissão e distribuição de energia elétrica, e produz o gancho forjado para içamento de carga, sendo que, na fabricação dos dois últimos, foi pioneira no Brasil. Os itens da Forjasul são comercializados, com mais intensidade, na região central do país, mas os produtos também têm como destino o Exterior. Preocupada com a excelência do que fabrica, a garantia dos forjados está assegurada pelo Sistema de Gestão da Qualidade, certificado pela norma ISO 9001. Desde 1996, a empresa está presente nas plataformas marítimas da Petrobras. Os ganchos para ancoragem submarina, desenvolvidos em parceria com a estatal, são utilizados na ancoragem de plataformas de perfuração e extração de petróleo. ▪
|||||||||||||||||||||||| A Forjasul está localizada em Canoas (Rua Tupi, 200). O site é www.forjasul.com.br
Humana • 13
VESÍCULA
UMA QUESTÃO DE CÁLCULO Keli Vasconcelos keliv_1@hotmail.com.br
Parecem inofensivas, mas as pedras na vesícula ocasionam complicações quando migram para outros órgãos Imagine seu fígado como uma pia que recebe diariamente alimentos consumidos – e estes, digamos, seriam os “pratos”. Não é preciso, então, de um agente de limpeza para “lavá-los”? Eis que surge a bile produzida pelo próprio fígado, que é armazenada na vesícula, órgão em formato de pêra localizado abaixo do fígado. A função da vesícula é coletar a bile e concentrá-la. Quando um indivíduo ingere um alimento, o líquido é liberado auxiliando na digestão. Foto: www.dreamstime.com
A bile, explicando de forma metafórica, seria o “limpador natural” do intestino. “A principal função da bile é de detergente, emulsificando as gorduras para posterior ação da enzima pancreática lipase. Esta enzima somente consegue desdobrar as gorduras transformando-as em partículas menores (micelas) para que possam ser absorvidas pelo intestino delgado, após emulsificação prévia pela bile. A bile é produzida pelo fígado em forma diluída, sendo a função da vesícula absorver a água e eletrólitos da bile”, explica Carlos de Barros Mott, gastroenterologista do Hospital Sírio-Libanês.
14 • Humana
Os cálculos biliares, as populares pedras na vesícula, atingem de 10% a 15% da população ocidental, com incidência maior nas mulheres, sobretudo as obesas e que tiveram muitos filhos (multíparas). Surgem frequentemente na terceira e quarta décadas de vida, no entanto há casos, inclusive, em pessoas mais jovens. Não se sabe ao certo qual a causa específica, mas diversas situações podem desencadear o quadro de cálculo biliar, como jejum prolongado e emagrecimento rápido – em algumas doenças como diabetes, cirrose hepática e problemas intestinais – além de estar relacionado a fatores hereditários. Neste caso – hereditariedade – a complicação é denominada litíase biliar. Existem dois tipos de pedras: pigmentar (bilirrubinas, mais escuras) e de colesterol (aspecto amarelado). Mas como ocorre a formação dos depósitos de substâncias na vesícula que se unem e “petrificam”? Carlos Mott responde: “A bile é composta de três elementos principais: colesterol, sais biliares e fosfolípides, dispostos em equilíbrio. Quando há um desequilíbrio quantitativo desses elementos, principalmente do colesterol, ocorre precipitação de partículas de colesterol dando origem ao cálculo biliar. Contribui para a formação de cálculo biliar de colesterol principalmente a secreção pelo fígado de bile supersaturada em colesterol, também chamada de bile litogênica. Quem consome mais alimentos em geral, em particular ricos em colesterol, tem maior probabilidade de desenvolver cálculo – tanto que a incidência é significativamente maior nos obesos, embora outros fatores, tais como genéticos, étnicos, hormonais e metabólicos, também tenham implicação na gênese do cálculo biliar”.
VESÍCULA
Cólicas Biliares A maioria dos casos é assintomática. Em outros pode ocorrer sensações de “peso” no estômago, principalmente após as refeições, além de intolerância alimentar que gera ou não vômitos e intensas dores na parte superior direita do abdome: as cólicas biliares. Era o que “torturava” a costureira Alaíde Soares Lima, 38 anos, de São Paulo. Segundo ela, por volta dos 18, 19 anos já sentia as crises, tratadas à base de analgésico. “Sentia uma dor muito forte que passava pela barriga, nas costas e no estômago. Ia à farmácia para tomar injeções. Passava a dor, mas logo voltava”, conta. Após vários diagnósticos, em um ultra-som constataram-se seis pedras na vesícula da costureira, que foram retiradas há 14 anos. “Na época, o médico achou melhor operar e retirar a vesícula ao invés de explodir as pedras, que eram grandes, com laser, porque poderiam migrar e comprometer outras partes (do organismo)”, relata Alaíde. “A cólica é um alarme e não é tratando do sintoma que o indivíduo estará curado”, endossa Alberto Goldenberg, professor de Gastroenterologia Cirúrgica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
impactados na papila onde desemboca tambéms o canal principal do pâncreas – ducto de Wirsung. Com a dificuldade da saída do suco pancreático pela presença do cálculo impactado na papila, ocorre a inflamação aguda do pâncreas, a pancreatite aguda, doença esta de evolução imprevisível, às vezes grave, podendo mesmo ser fatal”. Em virtude desse leque de disfunções, o recomendado pelos médicos é a colecistectomia, retirada da vesícula biliar, assim que detectados os primeiros sintomas; mas é restrita somente em casos muito específicos, como quando se apresentam contraindicações à operação. Em eventos assintomáticos, a conduta é discutida entre o médico e o paciente. “O procedimento com melhores resultados é a colecistectomia via laparoscopia. É o que chamamos de cirurgia minimamente invasiva, em que se realizam quatro punções no abdome do paciente cuja recuperação é rápida. Ele fica internado por 24 horas e em 48 horas volta às suas atividades normais”, informa Alberto Goldenberg, concluindo: “Viver sem a vesícula é plenamente possível. Aliás, o indivíduo com o problema já vivia sem ela, pois o órgão estava cronicamente doente”. ▪
Ele se refere, inclusive, à colecistite aguda, infecção da vesícula decorrente do bloqueio no curso da bile provocado pelos cálculos, causando distensão e pus na parede vesicular. Outro perigo está na migração dessas pedrinhas, desencadeando uma série de complicações no organismo que vão de icterícia a atingir regiões nobres como o pâncreas. O gastroenterologista Carlos de Barros Mott também alerta: “Os cálculos biliares, quando pequenos (microcálculos), podem eventualmente sair da vesícula através do canal cístico e atingir o canal maior da bile (colédoco) e permanecerem Humana • 15
CASPA
NA CABEÇA DE MUITOS Liliane Simeão lisimeao@uol.com.br
Nem os bebês estão livres da caspa, doença que causa descamação do couro cabeludo, principalmente no inverno Com a chegada do inverno, as roupas pesadas são tiradas dos armários, as comidas gordurosas são mais ingeridas e, obviamente, a temperatura do banho aumenta. O conforto no momento de entrar embaixo do chuveiro pode se transformar em um dos vilões para aqueles que sofrem de caspa. A água quente, somada ao tempo mais seco, típico desta época do ano, irrita a pele do couro cabeludo e aumenta a incidência da descamação. Descamação e coceira provocam, inevitavelmente, muito constrangimento.
Foto: Divulgação.
Por falta de informação, há quem pense que a caspa é sinônimo de falta de higiene. Na verdade, trata-se de uma doença. “A caspa é a forma mais leve da dermatite seborréica. Quando esta dermatite é inflamatória, pode gerar prurido, descamação e até mesmo infecções no couro cabeludo”, explica a dermatologista Flávia Addor, diretora de Comunicações da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) – Regional São Paulo. De acordo com Flávia, a caspa é decorrente do aumento de atividade da glândula sebácea. Isso
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normalmente ocorre em indivíduos com maior predisposição genética. “A colonização pelo fungo Pityrosporum ovale é um dos gatilhos desse problema. O tempo seco e frio, algumas drogas como corticóides orais e estresse emocional agem como fatores de piora do quadro, assim como doenças hormonais e a redução da imunidade”, afirma. Apesar da maior incidência em homens adultos (a glândula sebácea é ativada pelos hormônios sexuais masculinos), a caspa pode atingir pessoas de qualquer característica – estima-se algo em torno de 5% da população mundial. Tem início após a puberdade e independe do tipo de cabelo, apesar de ser mais frequente em fios oleosos e grossos. O uso contínuo de capacetes, chapéus, bonés e toucas também contribui para o desenvolvimento da caspa. Mas o couro cabeludo não é o único alvo do problema. A dermatite pode se manifestar sob a forma de lesões avermelhadas que descamam e coçam também nas sobrancelhas, barba, atrás e dentro das orelhas, no peito, nas costas e nas dobras da pele (axilas, virilhas e debaixo dos seios). O mais importante: nenhuma dessas manifestações é contagiosa. A caspa também não é causa da queda de cabelo. Na verdade, o maior prejuízo é o social. A má notícia fica por conta da falta de cura definitiva para o problema. Por ser um problema crônico, demanda grande persistência do paciente. As alternativas existentes visam ao controle do quadro, com a remissão dos sintomas, deixando a pessoa sem os incômodos característicos: a descamação, a coceira e a vermelhidão na pele. Por isso, é fundamental atuar de maneira preventiva, com xampus adequados, melhora na qualidade de
CASPA
vida e diminuição na temperatura da água do banho. “Na maioria dos casos, os produtos tópicos à base de ácido salicílico ou mesmo antifúngicos já levam a bons resultados no controle da caspa”, afirma Flávia. Segundo ela, os corticosteróides tópicos também podem ser úteis em casos com grande inflamação e coceira. Xampus contendo cetoconazol, enxofre, piritionato de zinco e coaltar também são utilizados por alguns profissionais.
A Caspa dos Bebês Bebês também têm caspa? Na verdade, tratase da crosta láctea, outra forma de dermatite seborréica. Esta placa gordurosa adere ao couro cabeludo e também pode aparecer nas sobrancelhas e nas áreas onde há contato com as fraldas, por causa da umidade. Ela se caracteriza por escamas espessas amareladas e oleosas e também é causada pelo excesso de produção de glândulas sebáceas. Normalmente, a crosta surge entre duas e doze semanas de vida e tende a desaparecer em até um ano. Não há atitudes suficientes para a prevenção do problema. O ideal é manter o bebê sempre limpo e seco, evitando o acúmulo de óleos e de células mortas. ▪
|||||||||||||||||||||||| O vilão do desequilíbrio O processo de reposição da pele do couro cabeludo é contínuo. A cada 28 dias, a pele atinge a maturidade, morre e dá início à troca. É praticamente invisível quando se desprende da cabeça no processo normal do ciclo de vida. Porém, quando a regeneração ocorre em tempo reduzido, as células mortas se desprendem em conjunto e passam a ser perceptíveis. A aceleração da troca da pele é causada pelo fungo Pityrosporum ovale. É importante ressaltar que este fungo vive em equilíbrio no couro cabeludo dos indivíduos desde os sete anos de idade. Ele apenas provoca a caspa quando o equilíbrio deixa de existir, ou seja, quando o Pityrosporum ovale é produzido em maior quantidade.
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CIGARRO ATENÇÃO
ENFISEMA PULMONAR Neusa Pinheiro neusapinheiro@ig.com.br
Doença progressiva e de evolução lenta, não tem cura, mas pode-se impedir que avance
O enfisema é uma doença resultante da destruição gradual e progressiva dos alvéolos pulmonares. Os pulmões são constituídos por bolsas microscópicas muito finas que permitem a passagem do oxigênio para o sangue. São os alvéolos, minúsculas estruturas esponjosas e elásticas, através dos quais ocorre a oxigenação do sangue. A principal causa do enfisema é o fumo, embora outras substâncias irritantes como poluentes do ar e vapores químicos também possam provocá-lo.
Foto: www.dreamstime.com
Na doença, esses alvéolos se transformam em bolsas rígidas, grandes e de paredes espessas, que prendem o ar em seu interior. É como se fossem bexigas de ar, envelhecidas, sem elasticidade, que não conseguem se esvaziar completamente. Além do cigarro, o enfisema pode ter duas outras causas, a exposição constante à sílica ou a deficiência de uma enzima no organismo. Mas, a grande maioria das vítimas é fumante. Fatores genéticos podem explicar por que não-fumantes e algumas famílias têm maior tendência a desenvolver a doença. Segundo o pneumatologista Ricardo Kairalla, professor da Universidade de São Paulo, o primeiro sintoma do enfisema pulmonar é a falta de ar. Alguns poucos degraus que o paciente poderia subir sem grande dificuldade tornam-se um grande problema que lhe custa vencer e lhe rouba o fôlego, obrigando-o a aspirar fundo antes de começar a falar. Essas pequenas alterações de fôlego não parecem ser coisa séria, o indivíduo se acostuma a elas e, quando percebe que suas atividades diárias custam mais para serem realizadas, acha que a causa é a idade, o sedentarismo ou o estresse da vida moderna. Gripes e resfriados ficam mais frequentes e mais prolongados e podem provocar complicações infecciosas como sinusites, bronquites e até pneumonias. “Não resta nenhuma dúvida”, assegura Kairalla, “de que a principal causa do enfisema é o cigarro. Quanto maior for a quantidade de cigarros fumados ao longo dos anos, maior a probabilidade de desenvolvimento da doença, maior a velocidade da progressão e a precocidade do aparecimento dos sintomas. As pessoas que trabalham em pedreiras, fábricas de vidro ou em qualquer outro tipo de ambiente onde é usada uma substância química chamada sílica podem desenvolver a doença ao respirar o ar contami-
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CIGARRO
nado. Pessoas que tenham deficiência da enzima alfa-1-antitripsina e sejam fumantes, igualmente, podem desenvolver a doença”.
Fumantes Passivos “Algumas pesquisas constataram que os pacientes passivos não desenvolvem a doença, mas devem ser alertados de que precisam evitar o contato com a fumaça de cigarro”, explica o pneumatologista. Outros estudos realizados no Brasil indicam que entre 15% e 20% dos fumantes desenvolvem enfisema, que só é notado quando a pessoa tem mais de 50 anos. Não há prevalência quanto ao sexo. Quem tem contato com sílica deve usar máscaras protetoras e exigir que o ambiente tenha umidificadores, que fazem as partículas da substância permanecerem no chão, longe do sistema respiratório do trabalhador. A evolução da doença, no caso do fumante, segundo o especialista, depende da quantidade de cigarros que o paciente consome por dia, mas, em geral, ocorre depois de mais uma década de uso do fumo. Quando se instala, porém, a doença costuma fazer estragos impossíveis de se corrigir. Ela ataca os alvéolos pulmonares, estruturas existentes dentro dos pulmões e responsáveis pela principal função do órgão, a troca do gás carbônico, que precisa ser eliminado pelo oxigênio, também necessário para a manutenção da vida. O oxigênio é absorvido do ar que respiramos, que, em média, contém 21% de oxigênio que o sistema respiratório consegue filtrar. Por meio dos alvéolos, o oxigênio chega às células, que precisam dele para produzir energia e realizar outros processos. Desses procedimentos resulta gás carbônico, que o organismo precisa eliminar. À medida que o enfisema evolui, explica Kairalla, os alvéolos deixam de funcionar e,
como são muitos, os efeitos demoram a ser notados. Como o pulmão tem uma capacidade muito grande, quase nunca totalmente usada, isso ajuda a retardar os efeitos do enfisema. Com o passar do tempo, porém, a doença vai comprometendo os alvéolos a ponto de deixar o paciente sem fôlego, mesmo quando faz alguns esforços simples, como tomar banho ou cortar uma fruta. Frequentemente, ele precisará recorrer a tubos de oxigênio, para uma ação mínima, como movimentar a xícara para tomar café. Quando o paciente deixa de fumar, a doença costuma estacionar, mas nem sempre isso acontece.
|||||||||||||||||||||||| Recomendações práticas ○ Parar de fumar, embora o paciente só consiga fazer isso após três ou mais tentativas. Se não conseguir, deve reduzir o número de cigarros. Cada um deles é um dano a menos para os seus pulmões. ○ Tomar fôlego antes de fazer qualquer esforço: encha o pulmão antes de levantarse da cadeira ou abaixar para calçar os sapatos. Faça essas tarefas enquanto estiver expirando. ○ Se a falta de ar for grande, procurar respirar com os lábios semifechados como se fosse assobiar, para canalizar o ar e aumentar sua pressão de entrada nos pulmões. ○ Parar e descansar ao primeiro sinal de falta de ar ao fazer qualquer esforço, para evitar crises de dispnéia intensa. ▶
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CIGARRO ATENÇÃO Chiado no peito, respiração ofegante e tosse crônica com secreção são sintomas inseparáveis do enfisema e, à medida que a falta de ar se agrava, tornam-se mais intensos. Nas fases finais, o doente perde o fôlego ao fazer pequenos esforços, e atividades insignificantes como fazer a barba, almoçar ou chegar ao banheiro representam um enorme esforço. Nessa fase a secreção pulmonar é espessa e abundante, o que agrava ainda mais o quadro. Surge, então, a dependência do oxigênio. O paciente não consegue fazer mais nada sem ter o balão ao lado. No estágio final da doença, o sofrimento é longo porque a evolução é muito lenta. Para muitos pacientes, talvez o pior seja o grau de limitação e dependência que o enfisema impõe aos seus portadores. Mas há algumas possibilidades de tratamento e o pré-requisito básico é parar de fumar. Dois outros tratamentos que visam a uma melhor qualidade de vida do doente podem oferecer bons resultados. Um deles é a reabilitação pulmonar. À medida que a doença evolui, o paciente deixa de fazer uma série de coisas, pois torna-se mais sedentário e a musculatura se atrofia. Assim, respirar se torna cada vez mais difícil. Para interromper esse círculo vicioso, há programas de treinamento muscular que podem recuperar parte da capacidade de realizar alguns esforços, embora a doença continue inalterada. Outro tratamento é cirúrgico. O paciente é operado para retirar as áreas mais afetadas pelas bolhas que empurram o diafragma, impedindo-o de exercer suas funções normais. Esse é um tratamento novo que apresenta boas perspectivas. Para a deficiência congênita, algumas terapias genéticas já estão sendo estudadas. ▪
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|||||||||||||||||||||||| ▶ ○ Tomar banho, fazer a barba, a maquiagem e vestir-se sentado. ○ Procurar usar roupas folgadas, fáceis de vestir e despir. Substituir o cinto por suspensórios. ○ Emagrecer se estiver acima do peso. Se for necessário, usar o balão de oxigênio suplementar, mesmo em público. O uso do oxigênio aumenta a sobrevida e melhora a qualidade de vida do paciente. Todos os que sofrem de enfisema devem fazer provas periódicas da função pulmonar e exames de laboratório, além de receber acompanhamento médico em intervalos regulares. O enfisema é uma doença que não tem cura, mas pode parar de evoluir. Há medicamentos que podem melhorar significativamente seus sintomas.
BRUXISMO
SERÁ QUE EU TENHO? Luís Fernando Russiano lfrussiano@uol.com.br
O distúrbio pode causar terríveis dores e a perda precoce dos dentes
Ao acordar de uma noite de sono maldormida, Maria da Conceição sentiu que algo estranho tinha acontecido no interior de sua boca. Foi ao espelho do banheiro, abriu a boca e viu com espanto que um dos dentes pré-molares estava completamente trincado. Logo saiu em direção ao consultório odontológico em que costuma fazer tratamento dentário para saber o que tinha acontecido e o que poderia ter sido feito com aquele dente. Assim que ela abriu a boca, o dentista analisou toda a arcada dentária e verificou o que causara aquele trincamento no dente falando: “Você tem bruxismo!” Assustada, dona Maria imediatamente fez o sinal da cruz e disse ao dentista: “Deus me livre, doutor, eu não mexo com macumba não!”. O dentista começou a rir e respondeu à sua paciente, que estava sem entender o porquê da risada: “Que bom, eu também não, e pode ficar sossegada que eu vou lhe explicar direitinho o que aconteceu com esse dente e depois você vai rir também”. Ao contrário do que muitos podem pensar, bruxismo nada tem a ver com bruxas e feitiçarias, Foto: www.dreamstime.com
embora ainda digam que a origem do nome tenha surgido na Idade Média quando se acreditava que as pessoas que rangiam os dentes à noite estavam tomadas por algum tipo de bruxaria. O termo que designa o hábito de ranger os dentes de forma inconsciente foi empregado pela primeira vez na França, no início do século XX, como la bruxomanie, ou, em português, bruxomania. Derivada do grego, a palavra significa mania de triturar ou ranger os dentes. O costume de apertar e ranger os dentes, batizado como bruxismo, pode ocorrer quando a pessoa está acordada ou dormindo. Trata-se de uma rotina desastrosa para o sistema mastigatório e, principalmente, para os dentes. O problema, que é mais comum do que se imagina e afeta homens e mulheres em todas as idades, faz com que a pessoa perca os parâmetros e só acabe percebendo o distúrbio se prestar atenção na própria tensão muscular ou se alguém ouvir o ranger noturno dos dentes. Esse hábito causa, além de um desgaste anormal no esmalte que recobre os dentes, fraturas dentárias e dores em determinados componentes do sistema mastigatório, articulação, cabeça e ouvidos. As causas da terrível mania estão relacionadas à má oclusão, isto é, à disposição inadequada dos dentes na arcada e, principalmente, às pressões da rotina do dia-a-dia. Em situações de estresse, o corpo humano pode reagir de diferentes formas. Hormônios são liberados e ativam glândulas que atuam na substância cortisol que, em excesso na corrente sangüínea, pode levar a uma destruição das células de defesa, causando predisposição negativa do sistema imunológico do organismo, possibilitando o aparecimento e o desenvolvimento de doenças.
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BRUXISMO A freqüência e a gravidade do ranger dos dentes podem variar e aumentar a cada noite e está altamente associada ao estresse emocional e físico. O bruxismo noturno envolve movimentos rítmicos semelhantes aos da mastigação, com longos períodos de contração dos músculos mandibulares. Um dos tratamentos paliativos mais utilizados para evitar o bruxismo e o conseqüente desgaste dos dentes é a utilização de placas de silicone e outros materiais plásticos que reduzem a atividade dos músculos durante a noite protegendo os dentes dos danos provocados pelo hábito. Em casos de pessoas com próteses e núcleos, os cuidados devem ser redobrados, porque o bruxismo pode acabar com a sustentação dos elementos e até mesmo com o pino que segura o dente à raiz, fazendo-o quebrar em razão do movimento e da pressão exercida sobre eles. “A função da placa estabilizadora, na realidade, é proteger os dentes e demais componentes do sistema mastigatório durante as crises noturnas de bruxismo. Além disso, a placa ainda pode diminuir a atividade elétrica de músculos elevadores da mandíbula reduzindo, assim, a atividade tensional. Antiinflamatórios e drogas biorrelaxantes podem ser usados quando o quadro do distúrbio estiver mais sério”, explica o cirurgião-dentista e membro da Academia Americana de Estética, Jorge Alberto Jorge. Em casos de maior gravidade, aconselha-se o paciente a utilizar a placa, inclusive, durante o dia. Se a placa é uma opção para quem já apresenta o problema, o melhor para quem não o tem ou que pretende parar de ranger os dentes de noite é fazer um tratamento preventivo que elimine estados tensionais, estressantes ou ansiosos que produzam o bruxismo. Um especialista deve sempre ser consultado para que seja avaliada a
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gravidade de cada caso e feito o diagnóstico com a realização de exames de tomografia computadorizada. Outros hábitos como mascar chicletes e morder objetos como tampas de caneta também devem ser considerados vícios prejudiciais a quem tem o distúrbio e têm de ser eliminados durante o tratamento. Embora o bruxismo seja uma desordem funcional dentária tão antiga quanto a existência humana, não se pode falar isso sobre o estresse que também pode causá-lo, pois cabe a cada um administrar de forma saudável a sua rotina de vida sem que sejam necessários rompantes de desequilíbrio hormonal que levem a um estado emocional extremamente tenso. Assim como aconteceu com a personagem do início do texto, o fato pode ocorrer a qualquer momento e a qualquer pessoa. Portanto, ao perceber que algo estranho aconteceu na boca, nunca deixe de fazer uma manutenção preventiva com o dentista, pois ele poderá identificar corretamente os casos de bruxismo e fazer as orientações necessárias para prevenir ou diminuir seus efeitos. ▪
ATENÇÃO
INTOXICAÇÃO POR MEDICAMENTO Um analgésico/antitérmico tomado em caso de febre não atinge a causa da febre e pode mascarar o diagnóstico
Automedicação e remédio ao alcance da criança. Não é preciso muito mais para entender por que os medicamentos são os maiores agentes de intoxicação – e as crianças as principais vítimas. Segundo o Centro de Vigilância Sanitária, órgão da Secretaria de Estado da Saúde, 85% dos registros de intoxicação por medicamentos referem-se a acidentes em casa, atingindo majoritariamente crianças até 5 anos de idade. As estatísticas do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas confirmam: em 2005, os acidentes domésticos com medicamentos envolveram mais as crianças naquela faixa etária.
antitérmico tomado em caso de febre não atinge a causa da febre e pode mascarar o diagnóstico desta causa.” A adequação à idade também é crítica: “Crianças e idosos são mais vulneráveis à intoxicação por suas características de desenvolvimento e metabolismo. Analgésicos como a dipirona e o paracetamol, tomados de modo indiscriminado, ocasionam muitos casos de intoxicação, assim como os antiinflamatórios do tipo sais de diclofenaco”. Foto: www.dreamstime.com
Alguns cuidados, no entanto, teriam reduzido drasticamente essas ocorrências. Por exemplo, dizer às crianças que remédio é gostoso pode facilitar a administração, mas também estimula o consumo por conta própria. “Os comprimidos e drágeas já se parecem muito com doces e balinhas, pois são coloridos e em formatos seme-lhantes. Por isso, os pais não devem fazer esta associação”, adverte Eliane Gandolfi, coordenadora do Núcleo de Toxicovigilância do Centro de Vigilância Sanitária, órgão da Secretária de Estado da Saúde do governo paulista. “Os adultos devem ter claro que medicamentos não são inócuos, apresentam riscos, são substâncias estranhas ao organismo e, dependendo da dosagem, podem matar”, diz Eliane. Para ela, todos eles devem ser mantidos em local seguro e trancado, fora do alcance das mãos e dos olhos das crianças, para não despertarem sua curiosidade.
Ler a bula e o rótulo dos remédios antes de consumi-los; tomar só as doses indicadas; descartar sobras de remédios vencidos e pedir ao médico para escrever a receita de forma legível são precauções que melhoram o tratamento e salvam vidas.
Outra recomendação é usar remédio só com receita médica. “A automedicação pressupõe que o indivíduo saiba diagnosticar seu problema de saúde e conheça os medicamentos e posologias adequadas para tratá-lo”, diz Eliane. “Um analgésico/
Erro freqüente é aumentar as doses pensando em aumentar o efeito ou apressar a cura. “É muito comum a intoxicação por uso de des-congestionantes nasais e analgésicos usados excessivamente”, conta Eliane. Quanto às sobras de Humana • 23
ATENÇÃO medicamentos, ela aponta duas inconveniências: “Uma vez aberto, o produto pode se estragar ou se contaminar, dependendo do tipo de apresentação, como os colírios e as suspensões”. A outra é a facilidade ou tentação de usar a sobra, sem orientação médica.
Rigor necessário Duas especialistas da Fundação Oswaldo Cruz – Lusiele Guaraldo, gerente de Risco SanitárioHospitalar do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas, e Neusa Maria Castelo Branco, analista de gestão em saúde do Instituto Nacional de Controle da Qualidade em Saúde – dão dicas sobre como enfrentar o perigo da intoxicação medicamentosa.
|||||||||||||||||||||||| Armazenagem ○ Todos os medicamentos devem ser guardados longe do alcance das crianças, em ambiente seco, armário fechado, ao abrigo da luz e umidade. ○ Jamais os guarde nos armários da cozinha ou do banheiro, ambientes úmidos, quentes e sem ventilação adequada. O conteúdo pode se modificar ou se deteriorar, e a rotulagem se danificar. ○ Os medicamentos que precisam ser armazenados em baixas temperaturas (insulina, por exemplo) devem ser mantidos em geladeira, de preferência isolados dos alimentos.
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|||||||||||||||||||||||| ○ É importante conservá-los na embala-gem original, com as devidas bulas. A vantagem é poder checar as informações e verificar os respectivos prazos de validade. Lembre-se que a embalagem original foi preparada e testada para proteger o produto. ○ Nunca utilize sobras de medicamentos para aplicação nos olhos e nariz, medicamentos vencidos ou com sinais de alteração de cor, odor, presença de manchas ou grumos. ○ Medicamentos não devem ser misturados com outros produtos, como alimentos, cosméticos, perfumes e artigos de limpeza. Também não devem ser guardados ao lado ou próximo de medicamentos com embalagens parecidas – por exemplo, medicamento de uso adulto com o de uso pediátrico.
|||||||||||||||||||||||| Remédios fracionados ○ Medicamentos fracionados levam uma vantagem sobre os não-fracionados: são vendidos na quantidade prescrita pelo médico e, usados corretamente, não haverá sobras. Os medicamentos “inteiros” contêm uma quantidade geralmente superior à que foi prescrita e será usada. O perigo das sobras está na possibilidade de uso fora do prazo de validade, como substituto de outro medicamento similar sem autorização do médico, além de significarem mais medicamento guardado em casa, ou seja, mais risco de intoxicação infantil.
ATENÇÃO
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○ Para comprar um fracionado, o consumidor precisa de receita médica, e a farmácia, de um local apropriado para proceder ao fracionamento.
○ Fique atento na hora de tomar o remédio. Se usar óculos, esteja com eles no momento da administração.
○ É importante que as prescrições médicas indiquem a quantidade exata necessária para o tratamento requerido. ○ Mesmo quando a unidade posológica for um só comprimido, a embalagem deverá conter nome e concentração do pr incípio ativo, lote, validade, fabricante e registro no Ministério da Saúde – indispensáveis para sua identificação e rastreamento.
|||||||||||||||||||||||| Administração ○ Não saia da consulta com dúvidas a respeito da receita médica. ○ No momento da compra, confira o produto com a receita. ○ Só o médico pode substituir o remédio prescrito por outro similar. ○ Antes de usar o medicamento, leia o rótulo e a bula; verifique a validade e o estado de conservação do produto. ○ Confira a dose (gotas, colheres, ml). Use o frasco medidor da embalagem.
○ Não tome ou dê medicamentos no escuro, o que pode levar a trocas perigosas. ○ Ao ser interrompido, tomando ou dando medicamento para outra pessoa, guarde o produto em lugar apropriado. ○ Evite tomar remédio na frente de crianças. ○ Após o término do tratamento, jogue fora as sobras. ○ Descarte os medicamentos vencidos.
|||||||||||||||||||||||| SOS 24 horas Em caso de intoxicação por medicamentos: São Paulo: 0800 7713733 – inclusive para obter informações e telefones dos Centros de Informação e Assistência Toxicológica em outras cidades. Para todos os Estados: (21) 3865 3247/ (21) 3865 3246, para informações e telefones de unidades do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, ou pelo site: www.fiocruz.br/sinitox. ▪
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PIERCING BUCAL
BOCAS EXÓTICAS Luís Fernando Russiano lfrussiano@uol.com.br
Objetos estranhos à boca podem interferir de maneira grave na saúde, mas mesmo assim tem gente que usa
Muitas pessoas consideram o piercing um acessório para ser usado no dia-a-dia, assim como brincos, anéis, pulseiras e colares. No entanto, mais do que um acessório, o piercing tem vários significados. Povos ancestrais, como os Maias, utilizavam este adorno na boca em ritos de passagem. Ainda hoje, índios das mais diversas etnias também utilizam objetos pequenos em várias partes do corpo para diferenciarem-se das demais tribos. Os jovens da sociedade moderna, entretanto, utilizam o adereço, principalmente na língua, nos lábios e na bochecha, como forma de manifestação da moda vigente ou, então, para identificar quem é da sua “tribo”. O que eles não sabem é que a utilização do piercing na região bucal pode trazer sérios riscos à saúde e, até mesmo, o aparecimento do câncer bucal. Segundo a cirurgiã-dentista Caroline Jorge Zarvos, há várias conseqüências para o usuário do piercing, como dentes quebrados ou lascados, gengivas inflamadas ou irritadas, mucosas e palato feridos, interferência na mastigação e deglutição, dificuldades na fala, além de possíveis reações alérgicas. Podem acontecer também a perda do paladar e a ocorrência de infecções, pois a boca contém inúmeras bactérias. Em casos extremos, a língua incha muito e pode obstruir as vias aéreas. Ela também alerta para os casos em que as peças são engolidas.
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“Uma vez atendi uma paciente que precisou fazer uma cirurgia para retirar o piercing do estômago. Quando ela usava a jóia, tinha o hábito de ficar brincando com a peça na boca e acabou engolindo. Nunca mais ela quis saber de piercing ou qualquer outro objeto estranho na boca ou no corpo”, lembra a Dra. Caroline, que também é especialista em odontopediatria. Todo material diferente, quando é colocado no corpo, pode levar o organismo a adaptações que podem ser danosas para o indivíduo.
Quem usa piercing na língua sabe que a dor e o inchaço são as primeiras complicações que surgem. Pode acontecer de a perfuração atingir regiões vascularizadas ou nervosas, provocando sangramentos prolongados ou parestesia (sensações de frio, calor e formigamento). Além de tudo isso, a dificuldade de higienização do local onde repousa a jóia torna-o um foco de infecção que pode ocasionar, além da perda da peça, infecções generalizadas no indivíduo. Portanto, uma eficiente
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PIERCING BUCAL
higiene bucal e, inclusive, do piercing deve ser realizada com muita atenção e paciência, pois é praticamente certo que, depois de um determinado tempo, o indivíduo apresente algum dano nos tecidos da boca levando à perda precoce de dentes. Junta-se a isso que o hábito do consumo de álcool e do fumo ou a disposição genética podem levar ao câncer.
trização que vai de quatro a cinco semanas, para a língua e os lábios, respectivamente, é necessário redobrar a atenção para evitar a contaminação e infecção do local. Nessa fase, o usuário do piercing deverá evitar levar à boca alimentos apimentados e ácidos, sem esquecer de utilizar antissépticos bucais toda vez que se alimentar. Sem contar que os beijos nunca mais serão os mesmos. ▪
“É essencial que o usuário do piercing faça um acompanhamento com um cirurgião-dentista para avaliar as condições de higiene. Caso o paciente já apresente algum problema decorrente do uso da peça, é recomendável que ela seja retirada imediatamente. Somente profissionais da saúde estão habilitados a prescrever antibióticos na fase pósoperatória ou no desenvolvimento de alguma infecção por falta de precaução”, adverte a Dra. Caroline. Apesar de todas as advertências e informações a respeito dos danos causados à boca, as pessoas acabam deixando-se influenciar pela moda ou pela estética e fazem o procedimento para usar o piercing na boca sem nenhum medo. Neste caso, é preciso ficar atento ao estabelecimento e à qualificação de quem executará o serviço. Nem sempre os estabelecimentos que colocam as peças seguem as normas da Vigilância Sanitária quanto aos quesitos de assepsia e de esterilização dos materiais. Muito menos aqueles que fazem a intervenção na boca, pois sequer têm a profissão reconhecida. A falta de cuidados com a biossegurança favorece a transmissão de hepatite e de Aids. O tamanho da peça e a qualidade do material que será utilizado também têm influência direta, pois a boca é muito sensível e qualquer alteração no meio bucal pode causar, além do incômodo, problemas a curto, médio e longo prazos. No período de cicaHumana • 27
DISTÚRBIO
COMPORTAMENTO DOENTIO Liliane Simeão e Margareth Meza Os transtornos alimentares atingem mais as mulheres e podem levar à morte
Não são apenas as roupas e os acessórios que entram e saem de moda com o passar do tempo. O formato do corpo, principalmente das mulheres, também enfrenta as diferentes preferências entre um período e outro da história. Ficou para trás o tempo das gordinhas. De algumas décadas para cá, a ditadura da magreza impera, atormentando o sexo feminino. Hoje, os padrões impostos pela moda e pela televisão atingem em cheio a mente das mulheres. Não apenas as mais jovens. Todas as gerações se sentem obrigadas a manter o corpo esbelto, a qualquer custo. Nessa linha, as manifestações de transtornos alimentares – principalmente a bulimia e anorexia nervosa – não param de ocorrer. Cada uma apresenta características muito particulares. A semelhança entre elas é que ambas fazem com que a vítima tenha distorções da imagem corporal. A anorexia é o transtorno alimentar campeão de mortalidade. De acordo com o coordenador da equipe de Psicoterapia do Ambulim (Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), Cristiano Nabuco de Abreu, apenas 30% das pacientes atingem a cura. Em um terço dos casos não há recuperação e, nos demais, há melhoras, mas as mulheres continuam apresentando distúrbios, como IMC (índice de massa corpórea) abaixo do normal e comportamentos estranhos em relação à alimentação. A anorexia é diagnosticada quando a paciente apresenta excessiva preocupação com o peso e a forma corporal e IMC abaixo de 17,5 gm/m². Muitas vezes, está associada à amenorréia (interrupção da menstruação por três ciclos consecutivos). Possui dois grandes picos: aos 14 (maior incidência) e aos 17 anos.
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“Atingem, geralmente, meninas inteligentes, boas alunas, filhas comportadas, porém introspectivas. Alguns estudos mostram que a personalidade pré-mórbida pode indicar propensão à anorexia, mas ainda não há nada provado sobre isso”, explica a psiquiatra do Programa de Orientação e Assistência a Pacientes com Transtornos Alimentares (Proata) da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Veruska Lastoria.
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Já a bulimia atinge pacientes mais velhas, entre 19 e 24 anos, que apresentam auto-estima baixa, tendem a ser perfeccionistas, tímidas, pouco autoafirmativas e com dificuldades no relacionamento interpessoal. Pode estar associada à sintomatologia depressiva e ansiosa, isolamento social, comportamento impulsivo e comportamentos aditivos, como abuso de álcool e drogas. Caracteriza-se pela ingestão exagerada de alimentos, seguida de atos de expurgo, como vômito ou uso excessivo de laxantes e diuréticos. Às vezes, os doentes optam por longos períodos de jejum ou exercícios físicos exagerados para compensar o grande volume ingerido. “As bulímicas, normalmente, sentem muita vergonha logo após o episódio. Isso as leva a esconder o problema dos familiares e amigos”, alerta a psiquiatra. “Nos momentos de compulsão chegam a ingerir até 20 mil calorias”, afirma o coordenador do Ambulim. As conseqüências são graves, como patologias gástricas e perda da dentição, provocada pelo contato do suco gástrico com a boca. “Por causa do gosto ruim do vômito, escovam os dentes e acabam espalhando a substância, que pode levar ao desgaste progressivo dos dentes”, alerta Abreu.
Infelizmente, a taxa de mortalidade na anorexia é alta, porque é uma doença que tende a cronificarse. Ainda há controvérsias sobre o uso de medicamentos e os tratamentos são conduzidos com internação e interação entre psiquiatra, psicólogo, nutricionista e clínico. “Nos casos de bulimia, o uso de medicação já está estabelecido. Os mais utilizados são os inibidores seletivos de recaptação da serotonina (antidepressivos). Mais recentemente temos optado por anticonvulsivantes, que reduzem os quadros compulsivos”, descreve a psiquiatra.
Diferentes tratamentos
Outras doenças
De acordo com Veruska, o diagnóstico ocorre primeiro em casos de anorexia. Isso porque a doença é identificada mais facilmente. “Com a perda excessiva de peso, os familiares acabam levando o paciente ao médico. Já os casos de bulimia, geralmente, são identificados em momentos mais avançados porque é mais fácil de o doente esconder da família. Ambos os tratamentos são longos e cansativos, levando em torno de três anos, e envolvem equipes multidisciplinares. Mas apresentam eficiência”, explica a psiquiatra.
Os especialistas são enfáticos: o culto ao corpo perfeito é a principal causa dos transtornos alimentares como a anorexia e a bulimia. Mas não pense que estes são os únicos distúrbios relacionados ao tema. Existem diversos outros que ocorrem em menor proporção (e que não são classificados isoladamente como doença), mas que também necessitam de tratamento especializado. São eles: síndrome de gourmet, transtorno da compulsão alimentar periódica (ou binge eating), transtorno alimentar noturno, pica.
A bulimia leva a alterações no hemograma e nos níveis de potássio, arritmia cardíaca, esofagite, gengivite e úlceras, inchaço e dor nas glândulas salivares, desbalanceamento eletrolítico, constipação intestinal, diminuição da libido e aumento da probabilidade de suicídio. A anorexia também pode causar osteopenia e osteoporose prematuras, além de problemas cardíacos, desnutrição e anemia. “São doenças mais comuns no universo feminino, mas já atingem homens. A proporção é de 10 mulheres para cada homem em ambos os casos. Porém, a procura por tratamento por parte dos homens vem aumentando”, explica Veruska.
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DISTÚRBIO Na síndrome de gourmet, os pacientes levam uma vida aparentemente normal, mas vivem preocupados com a preparação de pratos exóticos. Eles fazem isso o tempo inteiro e até perdem o interesse pela vida social. “O paciente pode apresentar deficiências nutricionais por causa de uma dieta mal equilibrada”, afirma a professora do Departamento de Pediatria e Coordenadora do Instituto de Hebiatria da Faculdade de Medicina do ABC, Maria Regina Domingues de Azevedo. Ataques de comer. Esta é a tradução literal de binge eating. O transtorno, que atinge cerca de 2% da população, a maior parte obesa, é uma compulsão incontrolável que leva o indivíduo a consumir grandes quantidades de alimentos em um curto espaço de tempo. “O comedor compulsivo não faz uso de métodos purgativos, como os laxantes, e constitui uma exceção, pois não se preocupa com o peso e a forma do corpo”, explica a especialista. Os assaltos noturnos à geladeira constituem a principal característica do transtorno alimentar noturno, que também pode apresentar quadros de bulimia. Normalmente, os pacientes cometem o ato inconscientemente e costumam não se lembrar do que fizeram na calada da noite. “No entanto, durante o dia fazem dieta rigorosa e, quando comem muito neste período, vomitam para não se sentirem culpados”, afirma Maria Regina. Já a pica, um transtorno muito raro, atinge crianças na maioria das vezes, mas pode ser encontrada ocasionalmente em grávidas. Consiste na ingestão de produtos não-comestíveis, como argila, lápis, tijolo, insetos e sabonete, e está associada a déficits alimentares e hábitos culturais. “Certos povos, como os chineses, se alimentam de alguns insetos”, ressalta a profissional. ▪
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|||||||||||||||||||||||| Diagnóstico precoce De acordo com o coordenador da equipe de psicoterapia do Ambulim, Cristiano Nabuco de Abreu, a atenção a alguns comportamentos reincidentes pode ajudar familiares a identificarem os transtornos alimentares. Os pacientes que apresentam distúrbios alimentares há menos de três anos terão maiores perspectivas de melhora. Veja a seguir os comportamentos freqüentes a serem observados mais de perto: ○ realização de dietas muito seletivas que eliminam praticamente tudo, mantendo-se apenas com barras de cereais e folhas; ○ idas freqüentes ao banheiro após as refeições para vomitar; ○ pavor de engordar; ○ perda de peso muito grande em um curto espaço de tempo; ○ eliminação de refeições; ○ recusa de envolvimento em situações sociais que incluam idas a restaurantes.
PELE
RETRATOS DA VIDA As manchas senis ocorrem em áreas expostas do corpo, como face, mãos, antebraço, colo e pernas, em geral após os 40 anos
Com o passar dos anos, a pele – órgão responsável por regular a temperatura do corpo e protegêlo – torna-se frágil e sujeita às agressões do meio ambiente. O envelhecimento da cútis varia de acordo com a predisposição genética e os hábitos do indivíduo ao longo da vida. A ação cumulativa da radiação solar determina uma série de alterações na pele que levam ao chamado fotoenvelhecimento. De acordo com o tipo de pele e o tempo de exposição continuada ao sol, os sinais desse envelhecimento se acentuam e se manifestam de várias maneiras, como, por exemplo, pelo afinamento da pele, por uma tonalidade amarelada, o aparecimento de rugas, vasinhos dilatados (telangiectasias) e as manchas escuras (melanose solar ou mancha senil). Estas podem se tornar avermelhadas e grossas (queratose actínia), ou surgir desde o início vermelhas ou acastanhadas e ásperas e até se transformar em câncer de pele.
Essas manchas ocorrem em virtude do aumento do número e da atividade dos melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina – o pigmento que dá cor à pele, causada pela radiação ultravioleta. Quanto mais clara a pele e quanto mais sol a pessoa toma durante a vida, sem a proteção adequada de filtros solares, mais melanoses actínicas irão surgir no decorrer dos anos, podendo ser observadas em quase 90% das pessoas caucasianas com idade acima dos 60 anos.
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Segundo Solange Pistori Teixeira, professora de dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, mancha senil (também conhecida por melanose actínia) é, portanto, um dos sinais de fotoenvelhecimento – ou envelhecimento causado pela exposição crônica e excessiva ao sol. “Elas são popularmente chamadas assim (manchas senis) porque costumam aparecer em pessoas com idade mais avançada. Trata-se de manchas de cor castanho-claro a escuro, arredondadas ou ovaladas, que ocorrem predominantemente em áreas expostas como a face, mãos, antebraço, colo e pernas de pessoas principalmente de pele clara e, em geral, após os 40 anos de idade”, diz a especialista.
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PELE Para o dermatologista carioca Alexandre de Almeida Filippo, existem dois tipos de envelhecimento da pele: o intrínseco – cronoenvelhecimento –, que é a degeneração natural; e o extrínseco, provocado pela exposição ao sol. “O cronoenvelhecimento tem início a partir dos 25 anos. É caracterizado pela perda do colágeno e da elastina, proteínas que dão firmeza e elasticidade à pele, redução do tecido gorduroso e diminuição hídrica”, diz ele. “Esses fatores causam o ressecamento bem como a diminuição da estrutura óssea, normal com o avançar da idade”, acrescenta. Já a professora Solange Teixeira explica que as manchas senis não são câncer de pele. Porém, a sua presença é o resultado de extensa exposição ao sol e, portanto, podem estar associadas a outros danos causados pelo sol como queratoses actínicas (lesões pré-cancerosas) e câncer de pele. Mas, o primeiro passo é a prevenção. É indispensável o uso de protetor solar diariamente. A maioria deles perde o efeito após quatro horas e deve ser reaplicado no decorrer do dia. É importante escolher bem o filtro, procurar os que sejam tanto contra o UVB como contra o UVA, que penetram mais profundamente na pele e estão mais relacionados à prevenção ao fotoenvelhecimento e manchas. E também é sempre aconselhável procurar um dermatologista no primeiro aparecimento de manchas. Ele poderá fazer o diagnóstico correto, indicar o melhor tratamento e até detectar precocemente a presença de lesões pré-cancerosas.
Tratamentos Para as lesões instaladas existem vários tipos de tratamentos disponíveis, que vão desde cremes para aplicação local, com clareadores e ácido; peelings químicos; até a aplicação de nitrogênio líquido, de
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laser e luz intensa pulsada, conhecidos como o “padrão-ouro” de tratamento. O peeling químico consiste na aplicação de uma substância cáustica – geralmente um ácido – sobre a lesão ou área afetada. O tratamento causa leve ardência e a área pode ficar esbranquiçada por alguns minutos. Depois ocorre um eritema (vermelhidão) e nos dias seguintes a área tratada torna-se escura e descama-se, eliminando a lesão. Já a crioterapia é um procedimento que provoca o congelamento das manchas a temperaturas muito abaixo de zero, levando à sua destruição por meio da morte das células do local tratado. A aplicação é feita utilizando-se spray que produz um jato muito fino de nitrogênio, aplicado diretamente sobre a lesão – ou mediante o uso de ponteiras ou palitos embebidos no nitrogênio líquido que são encostados na pele a ser tratada. Após a aplicação há uma vermelhidão e um edema (inchaço) localizado e, dependendo do tempo do congelamento, podem surgir bolhas. As lesões vão escurecer formando crostas que descamam em uma a duas semanas. Existem vários tipos de aparelhos a laser e luz intensa pulsada para tratar as melanoses actínicas. Eles atuam seletivamente nas manchas, ou seja, a energia a laser é absorvida pela melanina ou no pigmento escuro, levando a resultados estéticos muito bons e com dano restrito à área comprometida. Logo após a sessão, as manchas escurecem, como se tivessem sido queimadas. Ocorre a formação de uma crosta no local da aplicação, que se desprende da pele em cinco a dez dias. Esses tratamentos proporcionam ótimos resultados, quando realizados de forma profissional e sob a responsabilidade de um médico; caso contrário, podem deixar manchas brancas, escuras ou cicatrizes. ▪