Narrativa de Projeto - AP7

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STUDIO - P7

Julia Vasconcelos e Paloma Tabosa


Apresentação Este livro, contém o desenvolvimento do projeto atráves de um estudo acadêmico da disciplina Ateliê de Projeto 7, sob orientação de Ana Luisa Rolim e Andréa Câmara, desenvolvido por Julia Vasconcelos e Paloma Tabosa - alunas do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pernambuco. O objetivo é realizar um edifício complexo, localizado no bairro de Caixa D’água em Olinda. Utilizando como conceitos norteadores os Geradores, Conectores, Misturadores e Contador de Historias, complementando o Sistemas Arquitetônicos Contemporâneos adotados, Dispersão e Fragmentação, adequando se a análise do sítio realizada.


Sumário Introdução Conceitos Sítio Sistema Programa Implantação Cortes Perspectivas

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Introdução “À medida que construímos a arquitetura, ela por sua vez nos constrói.” (A+T, v. 48, 2017, p. 6) A complexidade das cidades é representada pelo paradigma da cidade ideal e sua distopia, em razão dos avanços tecnológicos e os problemas sociais vem aumentando o nível de complexidade. Reavaliando maneiras de planejar e intervir na cidade, buscando aprender e compreender com modelos que ‘fracassaram’. A partir disso, desenvolveram-se algumas estratégias que podem ser aplicadas nesse contexto, revistas como A+T, lançou uma edição que fala sobre os edifícios complexos e como a cidade contemporânea vem exigindo uma nova arquitetura. O termo V.U.C.A. (Volatilidade, Incerteza, Complexidade, Ambiguidade), começou a ser utilizado na década de 90, para descrever a natureza dinâmica da cidade contemporânea que aumenta com o passar dos anos, em um mundo globalizado onde existe uma mistura de nacionalidades, culturas, maneiras de habitar concentrados em um só lugar. Ainda nesse contexto, foi realizada uma releitura da tríade vitruviana (Vernustas, Utilitas e Firmitas), interpretados como novos conceitos a serem aplicados na arquitetura, respectivamente por Estética, Coletividade e Legibilidade. As características empregadas por esse conceito, direcionam como a arquitetura deve ser implantada como um edifício vivo, adaptando-se a morfologia e fisiologia do local, sendo capaz de adaptar-se aos diferentes condicionantes enfrentados no cotidiano da cidade. O objeto apresentado aqui, é um edifício complexo, que procura responder ao contexto ecológico e politico do sítio.

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Conceitos

CONECTOR “ As ligações interiores não são um todo contínuo, mas um todo complexo produzido a partir de uma presença contínua, de interiores liberados e felizmente relacionados. ” (A+T, v.48, 2017, p. 50) Buscando o princípio da complexidade da presença continua, os conectores são complexos que procuram uma conexão fluida entre os espaços, tanto de forma material como imaterial. Essas conexões podem se expressar pode meio de planta baixa ou seção.

GERADOR São edifícios que possuem a característica de se adaptar aos condicionantes presentes, sendo aptos a antecipar transformações e se reajustarem para atende-las. Buscam potencialidades dos lugares onde estão inseridos, e por meio destas criam fluxos novos e atraem pessoas. Estes são os edifícios que gerenciam a indeterminação ou a incerteza com mais eficiência.

MISTURADOR Edifícios que se relacionam

com a complexidade do dia a dia. São construções que unem vários usos, pessoas e tipos, os quais influenciam no território onde estão inseridos, de maneira que revitalize exponencialmente todo o tecido urbano.

CONTADOR DE HISTÓRIAS

São edifícios capazes de contar uma história, mantendo uma conexão com a realidade cultura ou história do local e propor novas narrativas. Respeitam a identidade e tradição, se adequando as preexistências e valorizando as como singulares. Esses edifícios trabalham na complexidade do contexto.


Sítio A área adotada para desenvolvermos o projeto está situada no bairro de Caixa D’água, pertencente a RPA 2 de Olinda. Região está que possui predominantemente áreas de morro. Uma característica marcante é a concentração de habitações de baixo padrão, abastecimento hídrico irregular e precariedade de esgotamento sanitário e acessibilidade. É possível observar que na localidade a uma dominação residencial, correspondente a cerca de 90% das edificações. Em contrapartida, nas seções onde estão presentes as vias principais há uma presença maior de uso misto e comércios. Observa-se que o gabarito varia de 1 a 4 pavimentos com ênfase nas edificações térreas. Vale ressaltar a presença de lotes vazios, que estão sem uso e podem vir a possuir uma função posteriormente. As vias de maior ênfase no contexto são a Avenida Leopoldino Canuto de Melo e a Estrada de Águas compridas e nelas estão presentes usos como supermercados, feira livre, comércios em geral e popular, centro médico, oficinas, galpões, entre outros. Essas avenidas possuem

3 a multimodalidade média, pois há a possibilidade de diversidade dos meios de transporte. A maior parte da área é composta por vias locais e microlocais e por esse motivo o transporte público não atende. É importante salientar que a maior parte do território está afastada das vias de articulação e por esse motivo, a diversidade de usos é quase nula. Equipamentos como escolas, instituições religiosas, Upa, Centro de assistência social e Cemitério estão presentes no contexto. Em uma escala micro observando as redondezas do terreno proposto podemos observar condicionantes como: relevo, casa de retiro dos Jesuítas, aglomeração de residências nas encostas e extensa massa vegetativa. A edificação presente (Retiro dos Jesuítas) é um local marcante pois é composto de histórias e pode agregar possitivamente no produto em desenvolvimento.


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N

MAPA DE USOS 0

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100

200

SERVIÇO 1. Clínica médica 2. Terminal de ônibus 3. Dentista 4. Lotérica 5. Farmácia 6. Galeria de saúde (Beberibe Center) 7. Oficina mecânica 8. Reciclagem 9. Salão de beleza 10. Assistência técnica 11. Jogo do bicho

EDUCACIONAL RESIDENCIAL INSTITUCIONAL VAZIO / SEM USO COMERCIAL 1. Clínica médica 2. Móveis e eletros 3. Galeria de lojas 4. Papelaria 5. Bar 6. Mercadinho 7. Alimentos 8. Lojas de roupas 9. Sapataria 10. Comércio informal 11. Produtos de beleza 12. Supermercado 13. Material de construção 14. Loja de presentes 15. Ótica 16. Funerária

RELIGIOSO 1. Casa de Retiro dos Jesuítas (sem uso) 2. Igreja Batista 3. Assembléia de Deus 4. Centro Espírita 5. Igreja Evangélica Pentecostal 6.Igreja Universal 7. Igreja Metodista

GALPÃO 1. Ferro-velho 2. Distribuidora de água

USO MISTO (COMÉRCIO E SERVIÇO) USO MISTO (COMÉRCIO E RESIDENCIAL) USO MISTO (SERVIÇO E RESIDENCIAL) USO MISTO (COMÉRCIO E EDUCACIONAL) USO MISTO (SERVIÇO E EDUCACIONAL) USO MISTO (SERVIÇO COM RESIDÊNCIA) USO MISTO (EDUCACIONAL E RESIDENCIAL) CULTURAL

Fonte: Unicap Campus Integral;


Sistema

“Um sistema é um conjunto de elementos heterogêneos (materiais ou não), em distintas escalas, relacionados entre si, com uma organização interna que tenta estrategicamente adaptar-se à complexidade do contexto, constituindo um todo que não é aplicável pela mera soma de suas partes. Cada pa rte do sistema está em função de outra; não há elementos isolados. Dentro dos diversos sistemas que se podem estabelecer, a arquitetura e o urbanismo são sistemas do tipo funcional, espacial, construtivo, formal e simbólico.” (MONTANER, 2001, p.11)

DISPERSÃO E FRAGMENTAÇÃO Partindo da análise do sítio e o do embasamento teórico do livro de Montaner - Sistemas Arquitetônicos Contemporâneos, o sistema escolhido foi Dispersão e Fragmentação. Em razão das características do sitio, que é situado em uma área de morro onde se encontram de forma predominante habitações informais, notando-se que a ocupação nessa área ocorreu de uma maneira um tanto espontânea. Resultando nesse perfil fragmentado na malha urbana, que ao mesmo tempo cria uma unidade visual na escala da cidade. O sistema escolhido faz um contraste com o adensamento da área, aonde os blocos da edificação inserida nesse contexto com um perfil mais disperso, ao mesmo tempo que

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fazem parte de um todo. Fazendo referência a movimentos de vanguarda, como o cubismo e o dadaísmo, que representam a realidade dessa forma mais desconfigurada, gerando um processo construtivo das etapas como de uma colagem, “potencializa-se a complexidade geral e a individualização de cada parte.” (MONTANER, 2001, p.148). A linha de partida, que gerou o resultado final, foi a releitura da malha e do perfil dos lotes do entorno, materializando em formasque apesar de regulares criam uma dinamicidade nos jogo de volumes em níveis diferentes; apropriando-se do relevo sem comprometer a massa arbustiva existente, é feito uma malha onde aproveita-se da orientação da edificação pré-existente no terreno, os blocos se alternam em tamanhos e número de pavimentos. Apesar do desafio criado pela dispersão, são equilibrados com o agenciamento e buscam estimular a ocupação e a atividade interna pelo terreno, criando vivacidade e distintas formas de ocupações entre um bloco e outro, oferecendo uma maneira de contemplar a vida e a atmosfera criada pelo projeto, implicando e estimulando o ato de caminhar entre os blocos, permeando entre uma atividade e outra, explorando e aceitando essa realidade desintegrada.



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Programa INFRA ESTRUTURA

L A Z E R

PES

QUISA

EDUCAÇÃO EMPREENDORISMO

CULTURA SERVIÇOS ASSISTÊNCIA

SOCIAL

SAÚDE

FINAN ÇAS

V SER IÇOS

SQUISA PE

Restaurante Mercadinho Loja Convêniencia Caixa 24 Horas Farmácia

Biblioteca Sala de Estudos

TRAD I

Laboratório

IVADOS PR

IATIVO CR

Posto Policial Posto de Saúde

IN F

Espaço Mulher Assistência Social

RA

Espaço Maker Espaço Empreendedor

Recepção Estacionamento Administração

Assuntos Júridicos Expresso Cidadão Loterica

ESTRU RA TU

LAZE R

SERVIÇ OS COS BLI PÚ

ONAL CI

Sala de Aula Sala Multiuso Creche

Depósitos Banheiros Vestiários

SSIVO PA

CU L IVO AT

Cooper Pista de Skate Feira Intinerante Ciclo Faixa Quadra

RA TU

LAZE R

Área de Eventos Horta Comunitária Área Permanência Área verde

Luta Teatro Anfi - Teatro Salas Reversivéis Dança Música

Fluxo leve Fluxo Moderado Fluxo Intenso


O programa foi feito a partir de um diagnóstico da área, a partir da consulta de dados socioeconômicos a analise urbana, notou-se a carência de espaços urbanos que contemplem a população que mora ao longo do morro, poucos serviços, área de convivências. Dessa forma, com o intuito de atender essa público imediato, se estruturaram cinco pilares para serem contemplados no equipamento urbano : Serviços, Educação, Lazer, Cultura e Infraestrutura (Ilustrados no organograma, na primeira imagem). Dentro desses pilares, existem subdivisões que auxiliam na organização dos espaços de maneira mais clara e de acordo com o grupo e similaridades das atividades. Em Serviço, ficou dividido um setor para serviços públicos de caráter social, onde se encontram suporte à população por órgãos públicos; e o setor de serviços privados, onde se caracterizam por atividades de iniciativa privada, que suprem necessidades do dia a dia, diminuindo o deslocamento da população para realizarem atividades essenciais. Em Educação, ficou dividido em três setores, o primeiro voltado a atividades tradicionais com a estrutura usual, o segundo direcionado a atividades de pesquisa, onde consta biblioteca, laboratórios e sala de estudos, e o

uma área que investe na educação alternativa, criando espaços mais criativos e multifuncionais. No Lazer, ficou dividido em dois setores, um pra atividades passivas e outro para atividades ativas. A cultura é um setor completo, sem subdivisões. A Infraestrutura, consta com os espaços necessários para o funcionamento do complexo. Com o intuito de materializar e esquematizar isso, foram feitos estudos de fluxograma (Segunda imagem) e foi realizada a maquete Pop-Up 3D, que procura mostrar a hierarquia dos espaços, de acordo com o tamanho do quadrante e que busca exemplificar a sub seções dentro dos quadrantes. As edificações foram implantadas seguindo essa lógica, se posicionando nas extremidades do terreno, buscando facilitar o acesso entre a população e o centro, assim como os usos estão distribuídos de forma estratégica pensando no fluxo de pessoas, por exemplo o bloco de educação fica mais afastado dos outros, buscando um ambiente mais recluso e ao mesmo tempo que fica próximo a um escola já existente nas intermediações do terreno.

Infraestrutura Educação Serviços Cultura Lazer


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Implantação

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1- LAZER 2 - SERVIÇO 3 - CULTURA 4 - EDUCAÇÃO 5 - INFRAESTRUTURA 6 - EDIFICAÇÃO


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Cortes B

A

B

A


1- LAZER 2 - SERVIÇO 3 - CULTURA 4 - EDUCAÇÃO 5 - INFRAESTRUTURA 6 - EDIFICAÇÃO




Perspectivas

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Referências MONTANER, Joseph Maria. Sistemas Arquitetônicos Contemporâneos. Barcelona, 2008. Edifícicios Complexos. Espanha: Revista A+T, n. 48, 2017.



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