Suplemento Anestesiologia

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Revista Ceará Médico - Vl.19 - Julho/Dezembro -2011 - Nº 02 - Fortaleza - Ceará - Brasil - Edição Especial

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Revista Ceará Médico - Vl.19 - Julho/Dezembro -2011 - Nº 02 - Fortaleza - Ceará - Brasil - Edição Especial


EDITORIAL Este número da Revista da Associação Médica Cearense, secção local da Associação Médica Brasileira, contém os trabalhos científicos do 58º Congresso Brasileiro de Anestesiologia. Recebemos 588 trabalhos que foram criteriosamente analisados pela Comissão Julgadora, tendo sido aceitos 468 temas livres, sendo 409 designados para apresentação oral e 59 para apresentação em pôsteres. Vale ressaltar a importância da participação de nossos sócios nesse segmento do Congresso Brasileiro de Anestesiologia, que implementa e fomenta o interesse pela pesquisa e publicações. Dentre todos esses trabalhos de evidente relevância científica, tivemos a difícil missão de selecionar o ganhador do Prêmio Dr. Zairo Eira Garcia Vieira. De fato, gostaríamos de premiar a todos que nos mandaram esses resumos, e registrar os nossos sinceros parabéns.

Comissão Científica e Comissão Julgadora de Temas Livres 58º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

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Comissão Organizadora Comissão Executiva Dra. Maria Eneida Coutinho Mota Presidente do Congresso Dr. Hamarilton Reis Sales Diretor Administrativo Dr. João Flávio Lessa Nogueira Diretor Financeiro

Dra. Ângela Pio Diretora Social Dr. Roberto Ibiapina Diretor Científico

Comissão Científica Cibelle Garcia Danielle Dumaresq Germano Medeiros Marilman Zan Mary Neide Romero

Nilson Fortaleza Plínio Holanda Rogean Nunes Rômulo Lobo Sara Cavalcante

Comissão Social Cleide Miriam da Costa Gomes Maria Lúcia Viana der Oliveira Ricardo Benvindo Falcão Rosa Maria Benjamin de Oliveira

Comissão de Finanças Aglais Goncalves da Silva Leite Julio Alexandre Damasceno Rocha Riane Maria Barbosa de Azevedo Francisco José de Abreu Callado

Secretaria Cícero Péricles de Lucena Feitosa Sérgio Mota Rôla 4

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ÍNDICE REMISSIVO A.CALDEIRA, F.M. A.DELAGE, A.C. ABATTI, R.E.M. ABBADE, A.P. ABRÃO, J. ABRÃO, M.A. ABREU MERA, L.A. ABREU, D. ABREU, Y.L. ABUD, R.A. AGANETTI, F.D. AGNEZI, C.A.B. AGUIAR, P.R.A. AKIBA, M.T. ALBUQUERQUE SOUSA, L.H. ALBUQUERQUE, F.T. ALBUQUERQUE, L.C. ALBUQUERQUE, V.C. ALCÂNTARA, T.L.C. ALCOFORADO, E.B. ALENCAR, B. ALENCAR, T.S. ALÉSSIO, D.M. ALEXANDRE, C.M.N. ALEXANDRE, M. ALEXANDRINO REGINO, K.N. ALFANO, A.M.V.L. ALMEIDA CARDOSO, A.C. ALMEIDA, A.S. ALMEIDA, B.M. ALMEIDA, C.F.F. ALMEIDA, C.R. ALMEIDA, E. ALMEIDA, E.F. ALMEIDA, E.R. ALMEIDA, I.S. ALMEIDA, L.M. ALMEIDA, R. ALTAMIRANDA, A.A. ALVARENGA, A.Y.H. ALVAREZ, J.M.P. ALVES DOS SANTOS, E.J. ALVES GOMES, J.M. ALVES GONZAGA, L.O. ALVES, D. ALVES, E.R. ALVES, L.J.S.C. ALVES, M.G.P. ALVES, P.H.L. ALVES, R.L. ALVES, V.B. ALVIM, V.F. AMARAL, F.S.S. AMARANTE, D.M. AMORIM, A.V.C. AMORIM, J.A. AMORIM, L.L. ANDRADE, A.P.L. ANDRADE, C.E.M. ANDRADE, C.R. ANDRADE, E.M.C. ANDRADE, F.J. ANDRADE, F.N. ANDRADE, G.C.F. ANDRADE, J.F. ANDRADE, L.R. ANDRADE, M.A. ANDRADE, R.G. ANDRADE, S.M. ANDRÉ, R.P.D. ANDRIOLO, G.P. ANGELIN, J.

AO 129 AO 129, PO 040 AO 156, AO 199, AO 078, AO 356, AO 378 AO 315, AO 206, AO 342, AO 267, AO 399 AO 249 AO 301 AO 040, AO 207 AO 139, AO 277 AO 402 AO 181, AO 303 AO 086, AO 401 AO 289, AO 344 AO 073, PO 025 AO 394 PO 013, PO 014 AO 072 AO 001, AO 044 AO 026, AO 312, AO 088, AO 234 AO 204, AO 341, AO 083, AO 357, AO 097, AO 099 AO 323 AO 364 AO 063, AO 404 AO 051 PO 049 AO 192 AO 004, PO 005 AO 096, AO 217, AO 403 PO 008, PO 011, PO 016 AO 273, AO 398 AO 192, AO 106 AO 033 AO 268 AO 147 AO 002, AO 049 AO 316 AO 033, AO 131, AO 270 AO 199 AO 297 AO 021, AO 082 AO 126 AO 260 AO 040, AO 207, AO 208 AO 006, AO 036, AO 187, AO 188, PO 001, PO 002, PO 005 AO 014 AO 153 PO 058 AO 201, AO 081, AO 348, AO 351, AO 384 AO 013, AO 044 AO 083, AO 086, AO 401 AO 012, AO 280, AO 067, AO 210, AO 227 AO 332 AO 016 AO 210 AO 294 AO 042, PO 020 AO 023, AO 024, AO 143, AO 063, AO 404, AO 406 AO 065 AO 052, AO 267, PO 029 AO 035 AO 051, AO 055, AO 070 AO 057, AO 269, PO 043 PO 034 PO 023 AO 176, AO 212 PO 030 AO 051 AO 219, AO 220 AO 315, PO 032 AO 039 AO 286, AO 262, AO 108, AO 109, AO 370 AO 159, AO 281 AO 059

ANGELONI, A. ANTEZANA, D.L. ANZOATEGUI, L.C. APGAUA, B. AQUATI, G.F. AQUINO, J.A.A. ARANTES, L.J. ARAUJO FILHO, J.U. ARAUJO, A.P.C. ARAÚJO, E.D. ARAUJO, F.B. ARAÚJO, F.P. ARAÚJO, J.A. ARAUJO, J.H. ARAÚJO, J.S. ARAUJO, K.C. ARAÚJO, L.C. ARAÚJO, M.C.S. ARAÚJO, M.M.B. ARAÚJO, P.M. ARCHANJO, M.R. ARENSON-PANDIKOW, H.M. ARRAES, A.K. ARRAES, P.M.A. ARRAIS, B.M.A. ARRAIS, L.M.A. ARRIAGA, N.C. ASSAD, A.R. ASSEF, J.P. AULER JR, J.O.C. AVELAR, L.E.T. AYALA, G.S. AZEVEDO JR, L.C. AZEVEDO, R.A. AZEVEDO, T.M. AZEVEDO, V.L.F. AZI, L.M.T.A. AZUMA, R.A. BACELLAR, V.H. BADESSA, G.G. BAGATINI, A. BAPTISTA, M.P. BARBAN, K.R. BARBOSA NETO, J.O. BARBOSA, M.L. BARBOSA, R.G. BARCELLOS, B.M. BARCELLOS, G.G. BARCELOS DE SOUZA JÚNIOR, E. BARCELOS, M.R. BARRA, A.L.S. BARREIRA, P.E.C. BARROS CARVALHO, A. BARROS, C.I. BARROS, D.O. BARROS, F.C. BARROS, G.A.M. BARROS, M.A. BARROS, T.B. BARROSO, C.F. BARTOLI, C.R.G. BASSANEZI, B.B. BASTOS, S.A.C. BATISTA, C.F. BATISTA, V.C. BECHARA, E.V. BEJAR, R.M.C. BELEM ROSA, P.J. BELTRAME, P.H.I. BENEVIDES, F.M. BENEVIDES, M.L. BENSEÑOR, F.E.M. BERNARDES, C.F. BERSOT, C.D.

AO 055 AO 060, AO 363, AO 231 AO 027 AO 072 AO 289 AO 180 AO 297, AO 313 AO 101, AO 103 AO 178 AO 063 AO 055 AO 169, AO 307 AO 325 AO 130 PO 003, PO 033, PO 044, PO 055 AO 076 PO 004 AO 108 AO 147 AO 272 AO 285 AO 195, PO 051, PO 052, PO 053 AO 023, AO 024 AO 231 AO 079 AO 079 AO 326 AO 028, AO 301, AO 064, AO 264, AO 381 AO 276 AO 292, AO 407 AO 376 AO 174 AO 092 AO 194, AO 205, AO 362, AO 377 AO 321 AO 197, AO 201, AO 348, AO 351, AO 229, AO 384 AO 021 AO 145 AO 003 AO 263 AO 196 AO 368, AO 388, AO 391 AO 275, AO 279, AO 054 AO 393 AO 366 AO 390 AO 169 AO 030, AO 109 AO 261 PO 027 AO 296, AO 333, AO 094, AO 126 AO 147 PO 006, PO 015, PO 016, PO 017 AO 013, AO 044 PO 026 AO 221 AO 328, AO 350 AO 319, AO 271, AO 115 AO 026, AO 312 AO 163 AO 389 AO 251, AO 252 AO 179, AO 320, AO 343, AO 107 AO 369 AO 044, AO 073, PO 025 AO 060, AO 363, AO 231 AO 050, AO 075, AO 267 AO 202 AO 239, PO 054 AO 093 AO 051, AO 070 AO 393 AO 358 PO 027

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BETT, F.L. BEVILAQUA FILHO, C.T. BEZERRA, D.M. BEZERRA, M.M. BEZERRA, M.R. BIANCHINI, E. BIANCHINI, N. BIENERT, J.C. BISCARDE, E.S. BITTENCOURT, L.G. BIZINOTTO, F.M.B. BOBSIN, F. BOFF, A.B. BONELLE, R.S. BONFIM, M.R. BONIFÁCIO, J. BORDIN, E.S. BORGES, E.A. BOSCATTI, V.A. BRACHO, G.F.P. BRAGA, A.A. BRAGA, F.S. BRAGA, H.R. BRAGA, R.M. BRAGA, T.F.B.F. BRANCO, A.P.S. BRANCO, C.A.C. BRANCO, L.H. BRANDAO, A.E. BRANDÃO, J.C. BRASIL, F.R. BRASIL, L.J. BRAZ, J.R.C. BRAZ, L.G. BREZINSCKI, R. BRIA, R.G. BRITO ARAUJO, J.E. BRITO DA CUNHA, V. BRITO, G.A.C. BRITO, J.C.B. BRITO, J.N.P.O. BRITO, W. BROCCO, M.C. BROLLO, L.L. BRONZATTI, G. BÜLOW, N.M.H. BUSSATO, B. BUSTOS SANABRIA, G.J. CABRAL, L.W. CAGGIANO, F.G. CAGNO, G. CALÇADO, M.S. CALDAS, A.D. CALDERARI, R.L. CALLEGARI, D.C. CALLIL, F.E. CALVES, P.F. CAMARA, S.D.N. CAMARGO, J.C.S. CAMBRAIA, C.A. CAMPOS, A.R. CAMPOS, G.O. CAMPOS, I.M. CAMPOS, J.L. CAMPOS, R.V. CANGIANI, L.H. CANTINHO, F.A.F. CARDOSO, A.O.C. CARDOSO, A.R. CARDOSO, A.R. CARDOSO, F.A. CARDOSO, H.E.D.P. CARDOSO, J. CARDOSO, L.E.R. CARDOSO, M.V. CARDOSO, P.M. CARDOSO, V.A.M. CARDOSO, V.K.

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AO 051, AO 070 AO 133 AO 043, AO 111, AO 112 AO 326, AO 248 AO 026 AO 130 AO 130 AO 142 AO 382 AO 029, AO 121 AO 183, PO 049 AO 138 AO 334, AO 213 AO 359, AO 364, PO 046 AO 251, AO 252 AO 372 AO 117 AO 364, PO 046 AO 178 AO 352 AO 151 AO 151 AO 065 AO 177 AO 003 AO 260 PO 010, PO 012 AO 150, AO 323, AO 324, AO 383, PO 041 AO 170, AO 177 AO 059, AO 061, AO 396 AO 374 AO 374, AO 380 AO 258, AO 240 AO 062, AO 258, AO 240 AO 199, AO 074, AO 077 AO 315 PO 004, PO 047 PO 006, PO 007, PO 008, PO 009, PO 013 AO 248 AO 346 AO 128 AO 153 AO 339, AO 356, AO 268, AO 378 AO 130 AO 374, AO 380 AO 287, AO 246 PO 030 AO 040, AO 207, AO 208 AO 240 AO 122 AO 235 PO 049 AO 257 AO 345 AO 056, AO 402, AO 238 AO 146, AO 186, AO 100, AO 104 AO 035 PO 011, PO 012, PO 013, PO 014, PO 017, PO 018 AO 017 PO 047 AO 203, AO 262 AO 012, AO 280, AO 382 AO 338 AO 331 AO 161 AO 092 AO 002, AO 315, AO 399, PO 029 AO 108 AO 161 AO 161, AO 244 AO 178, AO 100 AO 194, AO 205, AO 362, AO 377 AO 121 AO 296, AO 173, AO 094, AO 126 AO 368, AO 391 AO 133 AO 112, AO 120 AO 249

CARLUCCI, M.T.O. CARMO, L.A. CARMONA, B.M. CARMONA, M.J.C. CARNEIRO, F.S. CARNEIRO, F.T.M.M. CARNEIRO, J.V. CARNEIRO, M.C. CARNEIRO, S.L.A. CARPI, C.A.

AO 350, AO 258 AO 025 AO 037, AO 043, AO 111, AO 112, AO 120 AO 390, PO 030 AO 141 AO 304 AO 066 AO 100 AO 205 AO 303

CARRARETTO, A.R.

AO 156, AO 199, AO 074, AO 076, AO 077, AO 078 AO 285 AO 207 PO 006 AO 373 AO 224, AO 225 AO 270 AO 358 AO 171, AO 180, AO 187, AO 188, AO 216 AO 221 AO 071 PO 040 AO 068, AO 259, PO 037 PO 022, PO 059 AO 185 AO 243 AO 093 AO 198 AO 328 PO 003, PO 033, PO 044, PO 055 PO 039, PO 048 AO 153 PO 007, PO 015, PO 017 AO 273 AO 253 AO 392 AO 275 AO 171, AO 180, AO 058, AO 187, AO 188, AO 216 AO 110 AO 290, AO 319, AO 271, AO 115 PO 039 PO 023 AO 096 AO 037, AO 120 AO 220 AO 326, AO 248 AO 193 AO 193, AO 272, AO 273, AO 398 PO 032 PO 056 AO 098, AO 108, AO 109 AO 038 AO 279 AO 330, AO 334 AO 154 AO 015, AO 075 AO 092 PO 039 AO 113, AO 386 AO 409 AO 150 AO 217, AO 137 AO 155, AO 032, AO 360 AO 010, AO 154 AO 346, PO 034 AO 105 AO 406, AO 105 PO 047 AO 287, AO 246 AO 010, AO 154, AO 331 AO 255 AO 013 AO 053 PO 027 AO 075 AO 013

CARTACHO, M.P.T. CARVALHO DE LIMA, T. CARVALHO DOS SANTOS, A. CARVALHO, A.C.G. CARVALHO, A.D. CARVALHO, A.R. CARVALHO, B.P. CARVALHO, C.S. CARVALHO, D.S.B. CARVALHO, E.A. CARVALHO, J.P.R. CARVALHO, L.T. CASCUDO, E.F. CASTANHA, M.E. CASTIGLIA, Y.M.M. CASTRO, N.C.M. CATALANO, A.P. CATÂNEO, D.C. CAVALCANTE FILHO, T.B. CAVALCANTE, F.P. CAVALCANTE, J. CAVALCANTI, E.A.A. CAZARIM, D.B. CAZARIM, G.S. CESAR GALVÃO, R.A. CESAR, R.F.W. CEZAR, L.C. CHAGAS, T.V.S. CHAHDA, M.A. CHAIB, E. CHAN, K.D. CHARLES, L.F.C. CHAVES FASCIO, M.N. CHAVES, C.V.A. CHAVES, H.V. CHAVES, I.M. CHAVES, L.F. CHEIBUB, J.F. CICOGNA, A.C. CID, M.F.K. CID, N.A. CINTRA, A.A. CINTRA, A.N. CIVIDINI, C.A. CLETO, L.J. COCUROCI, R.B. COELHO, A.M.M. COELHO, M.A.Q. COELHO, R.M. COELHO, R.Q.G.A. COHEN, C.P. COLARES, A.R.F. COLOMBO, C.G. CONCEIÇÃO, M.J. CORDEIRO JUNIOR, J.L. CORDEIRO, J.F. CORDEIRO, M.D. CORREA, E.F.M. CORREA, N.S. CORREIA, R.J. CORTES, J.V.S. COSTA E SILVA, V.G. COSTA FILHO, A.M. COSTA, B.V. COSTA, F.R.

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COSTA, J. COSTA, J.R.R. COSTA, L.H.D. COSTA, M.D. COSTA, M.G. COSTA, M.G.R. COSTA, N.D. COSTA, P.R.R.M. COSTA, R.D. COSTA, R.L. COSTA, R.M. COUCEIRO, L.M. COUCEIRO, R.O. COUCEIRO, T.M.

AO 001, AO 013, AO 044, AO 073, PO 025 AO 009, AO 144, AO 302, AO 376 AO 263 AO 384 AO 331 PO 008, PO 011, PO 016 AO 184 AO 018, AO 149 PO 059 AO 303 AO 001 AO 323 AO 323, AO 324, AO 228 AO 150, AO 323, AO 324, AO 349, AO 392, AO 228 COURA, L.R. PO 058 COUTINHO, A.G.N. AO 021, AO 082 COUTINHO, F.L. AO 272, AO 398 COUTINHO, L.B.A. PO 029, PO 057 COUTINHO, N. AO 153 COUTO, N.G. AO 233 COVOLAN, A. AO 300, AO 318 COZER, G.A. AO 323, AO 383, PO 041 CREMER, P.F.M. AO 373 CRIMINÁCIO, S.C. AO 353, AO 354 CRUVINEL, M.G.C. AO 141 CRUZ, P.R.S. PO 010, PO 012 CUNHA, G.A.T. AO 157, AO 307 CUNHA, M.T. AO 244 CUNHA, R.N. AO 401 CUNHA, R.V. AO 244 CURI, E.F. AO 156, AO 199, AO 339, AO 074, AO 076, AO 077, AO 078, AO 356, AO 268, AO 378 CURSINO DE MOURA, J.F. AO 117 DA COSTA LIMA, A.C. PO 004 DA COSTA, M.C.F. AO 150, AO 383 DA CRUZ, P.P. AO 049, PO 057 DA CUNHA, A.M.R. AO 167 DA CUNHA, G.G.F. AO 031, AO 173, AO 125 DA CUNHA, K.I.M. AO 086 DA FONSECA, C.L. AO 016, AO 146, AO 178, AO 104 DA FONSECA, P.P. AO 226, AO 233, PO 026 DA SILVA JÚNIOR, J.M. AO 290, AO 294, AO 319, AO 271, AO 115 DA SILVA, A.A. AO 283, AO 135, AO 136, AO 137 DA SILVA, A.E.B. AO 233 DA SILVA, A.F. AO 274 DA SILVA, A.K.B. PO 010, PO 013 DA SILVA, A.M. AO 170, PO 027 DA SILVA, G.F. PO 036 DA SILVA, G.M. PO 021 DA SILVA, H.A. AO 046, AO 119 DA SILVA, K.C. AO 104 DA SILVA, L.A. AO 072 DA SILVA, L.M. AO 204, AO 341, AO 099 DA SILVA, L.T. AO 275, AO 054 DA SILVA, M.A. PO 023 DA SILVA, M.A.D. AO 025, AO 170, AO 177 DA SILVA, M.M.A.V. AO 211, AO 123 DA SILVA, M.S. AO 026 DA SILVA, P.S. AO 285 DA SILVA, S.L. AO 086, AO 357 DA SILVA, V.N. AO 170 DAILLER, F. AO 352, AO 132, AO 395 DAL MAGO, A.J. AO 222 DALCAMINI CABRAL DE SOUZA, D. AO 261 DAOUD, R.G. PO 051, PO 052, PO 053 DARTORA, H.G. AO 174, AO 195 DARZE, F.L. AO 146, AO 075 DE ALMEIDA PEREIRA MACEDO AO 310, AO 122 MARQUES, M.L. DE ALMEIDA, C.E.D. DE ALMEIDA, F.C.V. DE ALMEIDA, T. DE ALMEIDA, V.C. DE ANDRADE LIMA BACELAR DE ARRUDA, M.

AO 156, AO 199, AO 339, AO 074, AO 076, AO 077, AO 078, AO 356, AO 268, AO 378 AO 181, AO 303 AO 041, AO 239 AO 372 PO 008, PO 014

DE ARAÚJO MESQUITA, L.P. DE ARAÚJO TELLES, R.F. DE AROLA, G.L. DE BARROS, A.L.M. DE CARLI, D. DE CARVALHO PINHEIRO, S.C. DE CARVALHO, L.R. DE CARVALHO, M.A. DE CARVALHO, M.T. DE CARVALHO, T.M. DE CARVALHO, V.F. DE CARVALHO, W.A. DE CASTRO, J.L. DE CASTRO, S.A. DE FARIA, M.D. DE FIGUEIREDO, G. DE HOLLANDA FERNANDES, T.M. DE LARA, F.S.T. DE LIMA ANDRADE, S.R. DE LIMA, A.R. DE LIMA, L.M.A. DE LORENZO, M.E.P. DE LUCENA, E.E. DE MEDEIROS NETTO, A.C.P.O. DE MELLO, M.B. DE MELO, V.M. DE MENDONÇA NETTO, S.T. DE MENEZES CAVALCANTE, A.L.V. DE MENEZES CORTEZ, T.C. DE MENEZES NETO, G.C. DE MENEZES, C.C. DE MORAES VIEIRA, É.B. DE MORAES, L. DE MORAIS, E.L. DE OLIVEIRA BORGES, Z.D. DE OLIVEIRA FILHO, G.R. DE OLIVEIRA LEITE, M.T. DE OLIVEIRA, B.H. DE OLIVEIRA, D.F. DE OLIVEIRA, F.P.C. DE OLIVEIRA, R.B. DE OLIVEIRA, S.P. DE PAIVA, F.D.S. DE PAULA SOUZA, R. DE QUEIROZ, M.M. DE SOUSA FILHO, J.O.B. DE SOUSA, G.B. DE SOUZA E SILVA, J.A. DE SOUZA, G.F. DE SOUZA, V.C. DE TASSIS, L.V. DEGRANDI OLIVEIRA, C.R. DEL-MASSA, E.C. DEMONER, A.P.C. DERZI, S.H. DESAI, A. DETONI, P.B. DI GREGORI, W.M. DIAS, C.P. DIAS, E.S. DIAS, L.F. DIAS, P.J.R. DIEGO, L.A. DINIZ, M.P. DIOGO, D.M. DO AMARAL, J.L.G. DO VAL, D.R. DOCAMPO, A.M.A. DONÔ, L.P. DOREA, E.L. DORNELES, V.M. DOS REIS, E.R.C. DOS SANTOS NETO, E. DOS SANTOS, A.T.L. DOS SANTOS, C.B. DOS SANTOS, D.M.O.C. DOS SANTOS, K.M.

AO 111 PO 001 PO 028 AO 037, AO 043, AO 111, AO 120 AO 022, AO 162 AO 262, AO 109 AO 258 AO 129 AO 105 AO 401 AO 291 AO 375 AO 359, PO 035 AO 265, AO 266 AO 031, AO 175 AO 269 PO 028 AO 035 PO 028 AO 080, PO 031, PO 042 AO 169 AO 389 AO 285 AO 351, AO 384 AO 030 AO 349 AO 017 AO 004, PO 005 AO 202 AO 153, AO 069, AO 209 AO 093, AO 096, AO 217, AO 135, AO 136, AO 403, AO 405 PO 011, PO 012, PO 014 AO 098 AO 265, AO 266 AO 338 AO 215, AO 133, AO 242 PO 008, PO 014 AO 130 AO 057, PO 043 PO 058 AO 014, AO 155, AO 032, AO 360 PO 043 AO 004, AO 053, AO 226, AO 233, PO 026 AO 207 AO 367, AO 113, AO 386 AO 047, AO 369 AO 318 PO 004, PO 033 AO 379 AO 359 AO 156, AO 076, AO 078, AO 378 AO 121, AO 122, AO 397 AO 172, AO 185 PO 022, PO 059 AO 045 PO 050 AO 012 AO 271 AO 312, AO 341, AO 088, AO 357, AO 099, AO 234 AO 138, AO 152 AO 056 AO 219 AO 064 AO 338 AO 018, AO 149 AO 119 AO 326 AO 256 AO 224, AO 225 AO 325 AO 288 AO 173 PO 018 AO 288 PO 005, PO 021 AO 229 AO 338

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DOS SANTOS, L.S. DOS SANTOS, P.C. DOS SANTOS, T.V. DOURADO, S.F.M. DREYER, E. DRUMOND, L.F. DRUMOND, M.F. DUARTE, L.T.D. DUARTE, N.L. DUBBIN, G.H. DUFLO, F. DUMARESQ, D.M. DURAN, M.S. DUSSI, R. DUTRA, P.F. DUVAL NETO, G.F. E SILVA, A.A.R. E SILVA, F.C. ÉCKELI, I.W. EGAN, M.G. ELGALY, S.S. ELMIRO, G.S. ENGLERT, C. EPAMINONDAS, J.L.F. ERDMANN, T.R. ESPÍNDOLA, M.D. ESTEVES, L.M. ESTEVES, M.F. EZARCHI, T.L. FALCÃO, L.F.R. FALCONI, A.G.V. FARAH, M.H. FARIA, C.C.S. FARIA, K.A. FATTORI JUNIOR, J.M. FAVRETO, D. FELIX, D.G. FELIX, E.A. FELTRIM, F.V. FERIAN, J.F. FERNANDES, A.M. FERNANDES, A.T. FERNANDES, C.R. FERNANDES, F. FERNANDES, F.M.L. FERNANDES, J.B. FERNANDES, L.A. FERNANDES, L.B. FERNANDES, R.R. FERNANDES, T.A. FERRARI, L.C. FERRARI, S.G. FERRARO, L.C. FERRAZ, A.R.B. FERRAZ, J.L. FERREIRA DE FREITAS, A.C.V.U. FERREIRA NETO, N.A. FERREIRA, C.L. FERREIRA, C.R. FERREIRA, D.L. FERREIRA, D.M. FERREIRA, E.G.A. FERREIRA, G.F. FERREIRA, H.M.P.S. FERREIRA, J.C. FERREIRA, M.A. FERREIRA, M.R. FERREIRA, R.R. FERRO, M.A. FIGUEIRA, J.G. FIGUEIREDO, A.V. FIGUEIREDO, G.S. FIGUEIREDO, J. FIGUEIREDO, N.V. FIGUEIREDO, P.C.P. FILHO, E.L.

8

PO 004, PO 047 AO 157, AO 307 AO 222 AO 393, AO 394 AO 251, AO 252 PO 037 PO 037 AO 090 AO 259 AO 359, AO 364, PO 046 AO 352, AO 395 AO 304, AO 110 AO 208 AO 359 AO 025 AO 184, AO 408, AO 118 AO 248 AO 367, AO 113 AO 172, AO 185 AO 290, AO 319, AO 271 AO 088 AO 095 AO 196 AO 343, PO 042 AO 215, AO 222 AO 065 AO 073, PO 025 AO 260 AO 089, AO 123 AO 308, AO 263 AO 398 AO 243 AO 014 AO 025 AO 409 AO 138 AO 385 AO 332, AO 239, PO 051, PO 052, PO 053, PO 054 AO 387 AO 119 PO 001 AO 012, AO 280, AO 067, AO 210, AO 227, AO 382 AO 036, AO 180, AO 058, AO 187, AO 188, AO 216, AO 219, AO 220, AO 221, PO 002 PO 043 AO 168 AO 024 AO 117 AO 004, PO 005 AO 005, AO 274, AO 256 AO 006, AO 053, PO 026 AO 051, AO 055, AO 065, AO 070 AO 041, AO 337 AO 045, AO 046, AO 308 AO 339, AO 074, AO 077, AO 078 AO 390 AO 028, AO 169, AO 307, AO 347 PO 003, PO 033, PO 044, PO 055 AO 017 AO 204, AO 083, AO 099, AO 232 PO 032 AO 066 PO 019, PO 045 AO 139 AO 036, AO 171 AO 293 AO 237, AO 245 AO 050 AO 048 AO 309, AO 200, AO 345, AO 250, AO 257 AO 278, AO 189 AO 003, AO 197, AO 081 AO 081, AO 348, AO 351, AO 229 AO 169, AO 347 AO 301, AO 253, AO 381 AO 175, AO 317 AO 023

FILHO, H.A.C. FILHO, J.R.C. FILHO, M.A.G. FILHO, N.O. FILHO, N.O.S.A. FILHO, N.U. FILHO, O.D. FILHO, P.A. FILHO, R.M.C. FLOR, E.M. FLORENCIO DA CUNHA, G.K. FLORES, F.L. FLORES, M.A. FOERSTER, M.V. FONSECA DE MEDEIROS, R.L. FONSECA, B.S.Q.R. FONSECA, F.M. FONSECA, M.M.P. FONSECA, N.M. FONSECA, T.C. FONSECA, T.C. FONTES, F.A. FORNERO, C.H. FRAGUAS, D.C. FRANCISCO, G.S. FREITAS, E.N. FREITAS, H.F.V. FREITAS, J.F. FREITAS, M.A. FREITAS, M.M. FREITAS, R.R.A. FREITAS, V.R. FRIAS, J.A. FRICKMANN, M.C. FURTADO, C.R. GABRIEL, P.L. GALAVOTTI, A.A. GAMERMANN, P.W. GANEM, E.M. GARCIA FILHO, J.H.M. GARCIA, A.S. GARCIA, C.R. GARCIA, D.B. GARCIA, F.H.T. GARCIA, J.H. GARCIA, S.B. GARCIA, T. GARCIA, T. GARCIA, W.N.P. GASPARINI, J.R. GEMAL, A.E. GENELHÚ, S.M. GHELLER, A.S. GIACOMINI, E.S. GIFONI, J.A. GILIO, D.B. GIRÃO, R.A. GOBBO, M.C. GOEHLER, F.D. GÓES, D. GOMES, A.C. GOMES, C.R. GOMES, C.R.O. GOMES, D.S. GOMES, F.R. GOMES, G.P.L.A. GOMES, H.S.O. GOMES, L.F. GOMES, L.F. GOMES, L.L. GOMES, L.M. GOMES, L.P. GOMES, M.D.A. GOMES, M.G. GOMES, P.M.C. GOMES, T.H.

AO 095 AO 216 PO 019 AO 067, AO 210, AO 227 AO 048, AO 089, AO 211, AO 123 AO 139, AO 276, AO 277 AO 023, AO 024, AO 143, AO 063, AO 404, AO 406 AO 198, AO 200, AO 134, AO 257 AO 367, AO 113, AO 386 AO 290 AO 058 AO 324 AO 158 AO 366 PO 003, PO 044, PO 055 AO 017, AO 028, AO 064 AO 160 AO 014 AO 018, AO 149, AO 295, AO 297, AO 313, AO 385 AO 185 AO 366 PO 045 AO 155 AO 247 AO 268 AO 277 AO 349, AO 392, AO 228, AO 383 AO 068 AO 339, AO 074, AO 076, AO 077, AO 356, AO 268 AO 101, AO 103 AO 308 AO 166 AO 151 AO 256 AO 273 AO 282, AO 284, AO 068 AO 301 AO 337 AO 062, AO 322, AO 240, PO 056 PO 041 AO 329 AO 304, AO 110 AO 084, AO 353, AO 354 AO 322, PO 056 AO 222 AO 249 AO 368 AO 072 AO 249 AO 302 AO 028 AO 356 AO 288 AO 162, AO 165 AO 209 AO 062, AO 243 AO 226 AO 011, AO 275, AO 279, AO 054 AO 135 AO 198, AO 134 AO 013, AO 073 AO 288 AO 282, AO 068, AO 259 AO 260 AO 178, AO 100 PO 058 AO 159, AO 281, AO 340 AO 027, AO 124 AO 027, AO 124 AO 143, AO 406 AO 193 AO 020, AO 230, AO 241 AO 008, AO 019 AO 245 AO 210 PO 020

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GOMES, T.V. GOMEZ, R.S. GONÇALO, M.G. GONÇALVES, A.C. GONÇALVES, B.M. GONÇALVES, D.R. GONÇALVES, J.J. GONÇALVES, L.R. GONÇALVEZ, T.A.M. GONDIM, C.B. GONDIN, J.D. GONZAGA, T.B. GONZALEZ, L.P. GOULARD, A.P. GOULART, P.F. GOUVEA, G. GOUVÊA, P.A.M. GOUVEIA, F. GOVÊIA, C.S. GRANDO, T.A. GRECO, J.M. GREGORY, F.H. GRIGIO, T.R. GROSCH, P. GROSSI, M.A.M. GROUSSON, S. GUEDES, V.O.M. GUIMARÃES HARTMANN, F.V. GUIMARÃES LOPES, D. GUIMARÃES, G.M. GUIMARÃES, L.A. GUIMARÃES, W.N. GUSMAN, P.B. GUTIERREZ, C.S. GUTTMAN, A. HADDAD, M.O. HAGUI, C.S. HAMAJI, A. HAUBRICH, S.M. HAWRYLYSHYN, K.A. HEPNER, A. HIRANO, F.B. HOBAIKA, A.B.S. HORIGUCHI, C.H.V. HOSIDA, P.H. IBIAPINA, R.C.P. IE, W.B.T. IMPERIANO, D.L. IQUEJIRI, R.S. ISMAEL, P.C. ISONI, N.C.F. ISSA, M.R.N. ISSY, A.M. JACINTO, R.P. JACINTO, T.R. JACOB, B.J. JANSEN NUNES, T. JAPIASSU, L.C. JAQUES, E.C.P. JOGAIB, M.A.D. JOGAIB, P.C. JORGE, J.C. JOTTA, L. JUNIOR, A.R. JUNIOR, A.S. JUNIOR, E.C. JÚNIOR, F.L.C. JÚNIOR, G.B. JUNIOR, J.A.T.B.O. JUNIOR, J.C. JUNIOR, N.T. JUNIOR, S.S. JUNIOR, V.F. JUNIOR, W.C. KABKE, J.N. KAWASAKI, F.M.

AO 193, AO 273 AO 094, AO 095 AO 260, PO 027 AO 003, AO 201, AO 081, AO 348, AO 351 PO 020 AO 066 AO 290 AO 044 AO 092 AO 326, AO 248 AO 355 AO 294 AO 083, AO 086, AO 401, AO 097, AO 232 AO 336, AO 114, AO 116 AO 057, PO 043 AO 286, AO 370 AO 091, AO 358, AO 261 AO 368, AO 391 AO 008, AO 298, AO 311, AO 190, AO 254, AO 255 AO 288, AO 196 AO 165, AO 230, AO 241 AO 283, AO 093, AO 096, AO 403 AO 056, AO 238 AO 343, AO 107 AO 148 AO 352, AO 132, AO 395 AO 128 AO 359, PO 035, PO 046 PO 006, PO 010, PO 012 AO 335 AO 011 AO 183 AO 224, AO 225 AO 041 AO 309, AO 198, AO 200, AO 345, AO 250, AO 257 AO 181, AO 303 AO 020, AO 165, AO 230, AO 241 AO 145, AO 305, AO 306 AO 361 PO 050 PO 056 AO 092 AO 376 AO 009, AO 302 AO 179 AO 304, AO 110 AO 336, AO 114 PO 038 AO 387 AO 057, AO 269 AO 068 AO 284 AO 327 AO 124 AO 178, AO 100 AO 010, AO 154, AO 331 PO 006 AO 256 AO 158 PO 022, PO 059 AO 186 AO 160, AO 163, AO 164, AO 182 AO 192 PO 024 AO 174 AO 378 AO 053 AO 231 AO 201 AO 047, AO 369 AO 340 AO 002, AO 049, AO 050, AO 052, AO 186, AO 075, PO 057 AO 283, AO 135, AO 136 AO 305, AO 306 AO 408 AO 306

KELLER, G. KNABE, A.C. KODAMA, M.M. KRAUSE, O. KRONEMBERGER, T.B. KUPERMAN, R. KUSANO, P.S. LACRETA, F.M. LADEIRA, L.C.A. LAGARES, J.O. LAGES, G.R.C. LAGO, J.H.M. LAUDA, A. LAVINAS, P. LEAL, P. LEAL, S.L. LEÃO, W.M. LEITAO, P.K.C.F. LEITE, C.M. LEITE, N.P.L. LEITE, S.S. LEMOS DE SOUZA MELO, V.R. LEMOS, A.D. LEMOS, M. LIMA FILHO, J.A. LIMA SANTOS, J.P. LIMA, A.F. LIMA, A.P.S. LIMA, B.G.P. LIMA, C.A.B.F. LIMA, F.O. LIMA, G.F. LIMA, I.F. LIMA, L.B. LIMA, L.C. LIMA, L.D. LIMA, M.F. LIMA, M.F.M.B. LIMA, M.V. LIMA, R.M. LIMA, R.M. LIMA, S.M. LIMA, T.C. LIMA, W.F. LINARD, D.M.L. LINHARES, A.P. LINS FILHO, R.L.M. LINS, G. LIRA, F.R.S. LIRA, M.S. LISE, G.B. LIXA, L.C. LOMBARDI, E. LOPES DA COSTA, M.H. LOPES NETO, J.N. LOPES, E.F.C. LOPES, M.B. LOPES, M.C. LOPO, P.N. LORENA, A.E.S. LOSSO, M.J. LOUREIRO, M.F. LOURENÇO, M.F. LUCENA DE ANDRADE, A.L. LUCENA, M.C. LUZ DO NASCIMENTO, B.H. LUZ, V.F. MACARIO, A. MACEDO, C.F. MACEDO, K.S. MACEDO, M.S. MACHADO, C.C. MACHADO, É.A. MACHADO, E.L. MACHADO, E.M. MACHADO, J.A. MACHADO, M.C.C.

AO 132 AO 062, AO 240 AO 167, AO 355 PO 034 AO 292, AO 407 AO 007 AO 258 AO 116 AO 019, AO 298, AO 299, AO 311, AO 190, AO 254, AO 255 AO 311, AO 190 AO 302, AO 333 PO 007, PO 015, PO 017 AO 246 AO 202, AO 371, AO 373, PO 036 AO 327 AO 346 AO 085, AO 367, AO 127 AO 081 AO 217 AO 014, AO 032, AO 360 AO 286, AO 030, AO 203, AO 098, AO 370, AO 381 AO 202 PO 038 AO 025 AO 194, AO 205, AO 362, AO 377 AO 180, AO 221 AO 102 AO 183, PO 049 AO 042 PO 058 AO 048 AO 181, AO 303 AO 032, AO 360 AO 316, AO 214 AO 150, AO 324, AO 366, AO 392, AO 228 AO 214 AO 046 AO 128 AO 253 AO 409 AO 062, AO 243 AO 172 AO 146 AO 010 AO 103 AO 105 AO 158 AO 238 AO 036, AO 058 AO 150, AO 349 AO 247 AO 007, AO 015 AO 140 AO 397 AO 209 AO 285 AO 300, AO 102 AO 381 AO 295 AO 034 AO 242 AO 142, AO 091 AO 367, AO 113, AO 386 AO 143, AO 105 AO 033, AO 131, AO 270 PO 001 PO 030 PO 050 AO 398 AO 311 AO 101 AO 066 AO 007 AO 374, AO 380 AO 071 AO 130 PO 039

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MACHADO, S.C. MACIEL, D.A. MACIEL, F.G. MAFRA, M.S. MAGALHÃES, A.L. MAGALHÃES, E. MAGALHÃES, N.P. MAGALHAES, P.M. MAIA MENDONÇA, A.C. MAIA VALENTE, C. MAIA, F.L. MAIOR, I.V. MAKITA, M.E. MANDIM, B.L.S. MANENTE, B. MANTOVANI, R.V. MARCHIORI, C.M.T. MARICATO, M.A.O. MARIN, F. MARQUES, F.O. MARQUES, J.M.C. MARQUES, N.R. MARQUES, P.R. MARTINIANO, R.C. MARTINS BARBOSA, F. MARTINS, C.E.B. MARTINS, C.R. MARTINS, E.N. MARTINS, F.R.T. MARTINS, L.E.S. MARTINS, M.J. MARTINS, M.P. MARTINS, M.P. MARTINS, N.A. MARTINS, V.F. MARTINS, V.S. MARTIRES, M.E. MARTORELLI, R.A. MARYAMA, A.G. MASIUKEWYCZ, A. MATHIAS, L.A. MATIAS, B.D. MATOS, A.M. MATOS, B.O. MATSUI, C. MAURO, G. MÁXIMO, T.A. MEDEIROS, A.G. MEDEIROS, A.R.G.V. MEDEIROS, D.N. MEDEIROS, H.C. MEDEIROS, M.F. MEDEIROS, R.P. MÉDICI, M.M. MEIRELES, M.S. MELETTI, J.F.A. MELGES, J.A.P. MELLO, E.G. MELLO, J.M. MELO LINS, R.S. MELO VASCONCELOS, J.L. MELO, A.F. MELO, A.M. MELO, B.A. MELO, J.R. MELO, M.S. MENDES DE ASSUNÇÃO, J.R. MENDES, A.M. MENDES, F.F. MENEZES CAETANO, A.M. MENEZES, D.C. MENEZES, M. MENIN, T.P.R. MESQUITA, B.F. MIAN, M.W. MIGON, R.N. MILHOMENS, E.G.

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PO 058 AO 036, AO 171, AO 058 AO 321 AO 016, AO 104 AO 221 AO 008, AO 019, AO 298, AO 299, AO 311, AO 190, AO 254, AO 255 AO 402 AO 403, AO 405 AO 228 PO 018 AO 036, AO 214 AO 387 AO 222, AO 133, AO 242 AO 018, AO 149, AO 295, AO 297, AO 313, AO 385 AO 038 AO 174, AO 195 AO 091 AO 219, AO 220 AO 223 AO 190 AO 253 AO 179, AO 320, AO 343, AO 107 AO 401, PO 023 AO 158 PO 009, PO 011, PO 016 AO 215, AO 222 AO 039, AO 059, AO 061, AO 396 AO 272, AO 398 AO 171 AO 119 AO 280 AO 192, AO 106 AO 168 AO 385 AO 269, PO 043 AO 137 AO 372 AO 035 AO 275, AO 054 AO 402 AO 140, AO 235, AO 236 AO 113, AO 386 AO 194 AO 037 AO 140, AO 235, AO 236 AO 230 AO 031, AO 175, AO 317, AO 126 AO 277 AO 128 AO 301, AO 361 AO 147 AO 127 AO 216 AO 238 AO 118 AO 020, AO 162, AO 241 AO 057, AO 269 AO 336 AO 177 AO 034 PO 001, PO 002 AO 024 AO 008, AO 019 AO 034 AO 009, AO 302, AO 125, AO 126 AO 321, AO 251, AO 252 AO 043 AO 063, AO 404 AO 374, AO 380 AO 105 AO 142, AO 261 AO 138, AO 152 AO 245 AO 376 AO 145, AO 305, AO 306 PO 036 AO 317

MILHOMENS, J.D. MIRANDA JUNIOR, V. MIRANDA, C.A. MIRANDA, R.V. MIYAZAKI, S.S. MIZIARA, L.E.P.G. MODESTO, C.F.C. MODOLO, N.S.P. MOEAES, L.A. MOLINA, M.C.A. MOLL, A.V. MOLL, J.R. MONACO, A.P. MONTE, S.I. MONTEIRO VIANNA, P.M. MONTEIRO, M.F.S. MONTEIRO, M.M. MONTEIRO, M.W. MONTENEGRO, A.L.G. MONTENERI, L.B. MORAES, M.D. MORAIS, O.A.O. MORALES JR, C.A. MORATO, I.H. MOREIRA, E.S. MOREIRA, F.W. MOREIRA, M.A.D.M. MOREIRA, M.A.L. MOREIRA, T.A.C. MORO, E.T. MORORO, I.T. MOTA, A.C. MOTTA, L.R. MOTTOLESE, C. MOURA, L.F. MOURA, M.S. MOURA, T.B. MUNDIM, P.A. MUNHOZ, F.R. MUNIZ SILVA, T.K. MURAD, F.S. MURICY FILHO, W.L. MUSAUER, M.G. NACHEF, B. NACIF, T.S. NAGATSUKA, M.M. NANI, F.S. NÁPOLE, R.G. NASCIMENTO, D.C.H. NAVARRO, L.H.C. NECHIA, E. NEGREIROS, F. NETO, A.A. NETO, A.E. NETO, A.P. NETO, B.C. NETO, E.P.S. NETO, E.S. NETO, F.C.B. NETO, J.A.A. NETO, J.W.A. NETO, L.C.M. NETO, M.D.A. NETO, M.M.S. NETO, O.A. NETO, P.B. NETO, P.C.S. NETO, R.S.S. NEVES, M.A.S. NEVES, S.P. NICOLAU, C.R. NOCITI, J.R. NOGUEIRA MOURÃO, M.R. NOGUEIRA, A.L.M. NOGUEIRA, C.S. NOGUEIRA, C.S. NOGUEIRA, D.I. NOGUEIRA, F.A.

AO 072 AO 374, AO 380 AO 020 AO 020, AO 165, AO 230 AO 329 AO 237, AO 245 AO 021, AO 082, AO 384 AO 258 AO 139, AO 276 AO 218 AO 200, AO 134 AO 309, AO 345, AO 250 AO 200 PO 030 AO 294 AO 033, AO 270 AO 046 AO 001 AO 015, AO 315, AO 267, PO 032 AO 054 AO 011 AO 397 AO 237 AO 069, AO 209 AO 005, AO 256 AO 365 PO 028 AO 094 AO 159 AO 336, AO 114, AO 116 PO 028 AO 316, AO 214 PO 040 AO 132 AO 298 PO 046 AO 039 AO 364, PO 046 AO 278, AO 189 PO 006, PO 007, PO 008, PO 009, PO 013, PO 018 AO 002, AO 052, AO 206, AO 342 AO 205, AO 377 AO 371, AO 373 AO 194 AO 115 AO 257 AO 394 PO 035 AO 233 AO 243 AO 138 AO 389 AO 309, AO 198, AO 345, AO 250 AO 165, AO 230 AO 376 AO 263 AO 352, AO 132, AO 395, AO 117 AO 014, AO 155, AO 032 AO 265, AO 266 PO 019, PO 045 AO 069 AO 148 AO 409 AO 003, AO 229 AO 159, AO 281, AO 166, AO 340 AO 116 PO 054 AO 226 AO 168, AO 317, AO 095 AO 197 AO 121 AO 048, AO 089, AO 211, AO 123 AO 003, AO 229 AO 183 AO 176, AO 212 AO 310, AO 121, AO 122, AO 397 AO 310, AO 397 AO 115

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NOGUEIRA, F.M. NOGUEIRA, M.G.A. NOGUEIRA, T.M. NOVAES, G.R.A. NUNES BOMFÁ, G.G. NUNES, A.F. NUNES, D.D. NUNES, J.C. NUNES, J.M. NUNES, Y.L. OBEID, L.K.S. OLIVEIRA ALENCAR, M. OLIVEIRA FILHO, A.C. OLIVEIRA FILHO, F.C.C. OLIVEIRA, A.F.R. OLIVEIRA, Á.S. OLIVEIRA, B.A. OLIVEIRA, B.A.M.F.M. OLIVEIRA, B.W. OLIVEIRA, C.B. OLIVEIRA, C.M. OLIVEIRA, D.C.S. OLIVEIRA, D.D. OLIVEIRA, G.J. OLIVEIRA, G.P. OLIVEIRA, H.J. OLIVEIRA, I.N. OLIVEIRA, J.L. OLIVEIRA, K.G.B. OLIVEIRA, L.A.S.V. OLIVEIRA, L.S. OLIVEIRA, M.F. OLIVEIRA, O.E.C. OLIVEIRA, P.A. OLIVEIRA, P.G.A. OLIVEIRA, P.S.C. OLIVEIRA, R.M. OLIVEIRA, S.S. OLIVEIRA, T.G. OLIVEIRA, T.G. OLIVEIRA, T.R. OLIVIER, C.Z. OROSZ, J.E. OSHIRO, A.L. OTTOBONI, L.S. OURIQUE, M. PACHECO DO VALE, T.S. PACHECO, O.O. PACHECO, T.A. PAGANELLI, A.L.M. PAIVA, D.H. PAIVA, M.T.B. PAIVA, T.T. PALAU, V.B. PALETTA, J.A.C. PANTOJA, A.V. PAPATELLA, R.A. PAPY, B.A. PARENTE, C.M. PASIN, S.S. PASSARO, C.A. PAUPÉRIO, M.L.M. PEDRO, P.P.A. PEDROSA, F. PEDROZO, D. PÊGO, F.A. PENNA FIRME, E.B. PEQUENO, C.A. PEREIRA FILHO, M.C. PEREIRA, A.C.P.M. PEREIRA, A.J.B. PEREIRA, C.B. PEREIRA, D.F.A. PEREIRA, E.P. PEREIRA, F.E.C. PEREIRA, I.C. PEREIRA, L.S.

AO 355 AO 282, AO 284 AO 127 AO 264 AO 066 AO 016 PO 054 AO 204, AO 083, AO 086, AO 357 AO 372 AO 049, AO 050 AO 295 AO 109 AO 012, AO 280 AO 176 AO 179, AO 320, AO 343, AO 107 AO 254 AO 082 AO 042 AO 039 AO 031 AO 137 AO 080, PO 031, PO 042 AO 039 AO 010, AO 154, AO 331 AO 141 PO 038 AO 084 AO 063, AO 404 AO 320, AO 343, AO 080, AO 107, PO 031, PO 042 AO 187, AO 188 AO 331 PO 038 AO 348, AO 229 AO 272 AO 025 AO 275 AO 161, AO 244 AO 080, AO 107, PO 031 AO 096 AO 251, AO 252 AO 296, AO 333 AO 156 AO 241 AO 079 AO 318 AO 152, AO 287 AO 310 AO 309, AO 250 PO 025 AO 133 AO 159, AO 166 AO 399, PO 029 AO 140, AO 409, AO 235 AO 267, AO 399, PO 029 AO 317 AO 157, AO 028, AO 169, AO 307, AO 347, AO 264 AO 094 AO 071 AO 214 AO 337 AO 091 AO 060, AO 363, AO 231 PO 010, PO 013, PO 015, PO 016, PO 017 AO 366 AO 050 AO 286, AO 370 AO 381, AO 388 AO 362, AO 377 AO 294 AO 371, AO 373, PO 036 AO 067 PO 027 AO 264 AO 008, AO 019, AO 298, AO 299, AO 255 AO 219, AO 220 AO 026, AO 088, AO 232 AO 098

PEREIRA, L.S. PEREIRA, M.L. PEREIRA, R.V.F. PEREIRA, S.M. PERISSÉ, C.A. PERRUCI GATIS, M.A. PESSAMILIO, T.C. PESSOA DOS SANTOS, J.H. PESSOA, J.M. PETROLI, C.A. PIANTAVINHA, T.R. PICCININI, V.C. PIMENTA, C.E. PIMENTA, V.J.M. PIMENTEL, N.L. PIMENTEL, T.O. PINOTTI, M.F. PINTO FILHO, W.A. PINTO PIRES, A.R. PINTO, Á.S. PINTO, A.T.M.D.A. PINTO, R.C. PINTO, R.E. PIRATELO, F.M. PIRES REGO, F.M. PIRES, A.M. PIRES, K.C.C. PIRES, S.B. PIZZICHINI, M. POGORELSKY, F.G. PONTES, J.P.J. PORSANI, D.F. PORTO MASIERO, L.O. PORTO, N.R. PORTUGAL, B.F. POSE, R.A. PRADELLA, C.L. PRADO, R.G. PRADO, R.R. PRAXEDES AZEVEDO, J.G. PRETTO, G. QUEIROGA, L.F. QUEIROZ PINHEIRO, L. QUEIROZ, B.H.C.E. QUEIROZ, D. QUEIROZ, T.G. QUINTAO, V.C. RAFAEL, E.C. RAMALHO, A.S. RAMOS, L.B. RAMOS, M.L.M. RAMOS, T.C.O. RAMOS, T.V. RÉ, V.A. REDENSCHI, E.P. REGO, J.N. REINERT, G.A.A. REIS, É. REIS, G.F.F. REIS, H.G. REIS, R.G. RESENDE, M.A.C. RESENDE, P.R. REZENDE, A.H. REZENDE, D.C. REZENDE, L.T. RI, A.D. RIBEIRO OLIVEIRA ALVES, J. RIBEIRO, F.M. RIBEIRO, G.C.A. RIBEIRO, H.C. RIBEIRO, H.D.W. RIBEIRO, J.V.F. RIBEIRO, K.A. RIBEIRO, K.G. RIBEIRO, M. RIBEIRO, M.B. RICARDO, C.S. RIGO, A.

AO 375 AO 325, AO 382 AO 022, AO 162 AO 127 AO 170 AO 365 AO 181 AO 043, AO 112 AO 397 AO 300 AO 339 AO 332 AO 236 AO 031, AO 175 AO 316 AO 330, AO 334 PO 056 AO 058 PO 009, PO 010, PO 012 AO 026, AO 088, AO 097 AO 160, AO 164 AO 028, AO 347 AO 290, AO 319, AO 271 AO 318 AO 291, AO 293 AO 286, AO 109 AO 085 AO 387 AO 278, AO 189 AO 184, AO 408, AO 118 AO 297, AO 313 AO 300 AO 404 AO 016, AO 100 AO 361 AO 292, AO 407 AO 361 AO 179, AO 320 AO 164 PO 003, PO 033, PO 044, PO 055 AO 289, AO 344, PO 024 AO 309 AO 208 AO 128 AO 368 AO 147 AO 060, AO 363, AO 259 AO 183, PO 049 AO 393 AO 050, AO 379 AO 147 AO 020, AO 165 AO 172 AO 405 PO 019, PO 045 AO 299 AO 279 AO 321 AO 265, AO 266 AO 031, AO 182, AO 095 AO 146, AO 104 AO 017, AO 307, AO 347, AO 264 AO 245 AO 308 AO 338, PO 020 AO 367, AO 386 AO 121 PO 009 AO 131 AO 279 AO 276 AO 239, PO 051, PO 052, PO 053, PO 054 PO 007, PO 015, PO 017 AO 248 AO 226 AO 155 AO 283, AO 090, AO 135, AO 136 AO 185 AO 184, AO 408, AO 118

Revista Ceará Médico - Vl.19 - Julho/Dezembro -2011 - Nº 02 - Fortaleza - Ceará - Brasil - Edição Especial

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RIGOBELLO, R.P. RIGODANZO, L.C. RIO, B.R. RIOS, J.P.A. RIOS, L.C. RIQUE, M.C. RISSI, J.E. RITTES, J.C. RIZZUTO, V.B.V. ROCHA PESSOA, N.A. ROCHA, E.F. ROCHA, J.A.D. ROCHA, L.P. ROCHA, R.L. RODRIGUES JR, G.R. RODRIGUES, C.L. RODRIGUES, D.R. RODRIGUES, T.V. RODRIGUES, V.S. ROJAS, A.C. ROMA, M.L. ROMERO, G.F. ROMERO, M.N. RONDINELLI, M.F.C. ROSA, F.M. ROSA, R. ROSA, R.M. ROSA, V.B.M. ROSE, G. ROSIQUE, F.D. ROSSATI, F.P. RUIVO, R. RUZI, R.A. S.L.ALVARENGA, J.V. SAAD, N.B. SABOIA, H.M. SABOYA, F.G. SABOYA, H.L. SADATSUNE, E.J. SAFAR, M.V.B. SAIDLER, J.A. SAIDLER, R.A. SAKATA, R.K. SALAZAR, G. SALDANHA, M.M. SALDIBA, R.C. SALES, G.C.H. SALETTI, D. SALGADO FILHO, M.F. SAMPIETRE, S.N. SANDRIN, C.E.E. SANT´ANNA, C.O. SANTANA, C.K.O. SANTANA, M.G. SANTIAGO, M.F. SANTIAGO, N.B. SANTOS GARCIA, J.B. SANTOS, A.F. SANTOS, A.R. SANTOS, B.O. SANTOS, G.M. SANTOS, H.M.C. SANTOS, I.M. SANTOS, J.J.B.B. SANTOS, J.O. SANTOS, M.A. SANTOS, M.H. SANTOS, M.L. SANTOS, P.S.S. SANTOS, V.J. SARAIVA, S.S. SARTORI, T.E. SAUWEN, F.F.T. SAVI, D. SCHEER, S. SCHMIDT, A. SCHMIDT, A.P. SCHMITT, C.R.A.

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AO 408 AO 332 AO 158 AO 069, PO 001, PO 002 AO 326 PO 038 AO 089 AO 235 AO 348 PO 028 AO 375 AO 110 AO 006 AO 125, AO 126 AO 350 AO 250 AO 196 AO 006 AO 373, PO 036 AO 322, PO 056 AO 269 AO 253 AO 316, AO 053, AO 214, AO 226, AO 233, PO 026 AO 368 AO 042 AO 314, AO 087, AO 218, AO 223, AO 400 AO 002, AO 315, AO 399, PO 029, PO 032 AO 314, AO 087, AO 223, AO 400 AO 152 AO 038 AO 085, AO 127 AO 198 AO 018, AO 149, AO 295, AO 313, AO 385 AO 129 AO 168 AO 200, AO 134, AO 257 AO 075, AO 104 AO 203, AO 262 AO 045, AO 046, AO 327 AO 085, AO 259 AO 064 AO 064 AO 327 AO 300 AO 260 AO 080, PO 031, PO 042 AO 049, AO 052, AO 186, PO 057 AO 056, AO 402, AO 238 AO 274 PO 039 AO 237 AO 167 AO 194, AO 205, AO 362, AO 377 AO 171, AO 180, AO 187, AO 188, AO 216 AO 019, AO 298, AO 311 AO 042, PO 020 PO 018 AO 006, PO 005 AO 354 AO 167 AO 009, AO 144 AO 265 AO 115 AO 021, AO 082 AO 382 AO 244 AO 005 AO 201 AO 384 PO 047 AO 054 AO 306 AO 007, PO 057 AO 376 AO 244 AO 152 AO 332 AO 346

SCHMITT, J.F. SCHNEIDER, A.P. SCHNOR, O.H. SCHOELER, C.L. SCHRODER, V. SCHULT, R.F. SCHWERTNER, A. SEABRA, J.C.T. SEIDL, F.A. SEIDL, L.F.D. SENGER, R. SENS, R.R. SERVIAN, D.C.M. SERZEDO, P.S.M. SEVERINO, M.S. SEYBOTH, D.R. SEYBOTH, E.H. SILVA CARNEIRO, A.H. SILVA CATITO, M. SILVA FILHO, D.M. SILVA RYBA, A.C. SILVA, A.B.C.E. SILVA, A.D.C. SILVA, A.F. SILVA, Â.M.M. SILVA, B.A. SILVA, C.C. SILVA, C.H.R. SILVA, C.L.R. SILVA, D.C.M. SILVA, D.M. SILVA, D.S. SILVA, E.D. SILVA, E.F.V. SILVA, É.M. SILVA, F.S.E. SILVA, G.B. SILVA, H.R. SILVA, J.B. SILVA, J.F. SILVA, K.C. SILVA, L.E.P. SILVA, L.S.X. SILVA, M.N. SILVA, M.P. SILVA, N.B. SILVA, P.G. SILVA, P.V. SILVA, R.C.B.V. SILVA, R.D. SILVA, R.F. SILVA, R.L. SILVA, R.V. SILVA, T.C. SILVA, V.G.C. SILVA, W.V. SIMOES, A. SIMOES, A.S. SIMÕES, C.M. SIMÕES, M.I. SIMONI, R.F. SIQUEIRA CAMPOS, C.P. SMIDARLE, D.N. SOARES JUNIOR, E.R. SOARES, A.D. SOARES, A.M. SOARES, D.C.O. SOARES, E.C.S. SOARES, L.A. SOARES, R.R. SOEIRO, F.S. SOLCIA, C.E. SOUKI, M. SOUSA, A.M. SOUSA, B.L. SOUSA, D.A.L.

AO 196 AO 330, AO 334 AO 184, AO 408, AO 118 AO 389 AO 239 AO 170, AO 177 AO 239, PO 051, PO 052, PO 053 AO 266 AO 030, AO 203, AO 262, AO 098, AO 108 AO 262 AO 287, AO 246 PO 054 AO 321 AO 048, AO 123 PO 057 AO 318 AO 318 AO 004 PO 007, PO 014, PO 015 AO 067, AO 227 AO 329, AO 084 AO 095 AO 219, AO 220 AO 168 AO 088, AO 234 AO 110 AO 023 AO 282, AO 284, AO 060, AO 068, AO 085, AO 127, AO 259, AO 231 AO 085 AO 131 AO 158 AO 128 AO 283, AO 093, AO 096, AO 217 AO 017, AO 157, AO 347, AO 264 AO 204, AO 341, AO 083, AO 097 AO 183, PO 049 AO 161 AO 053, PO 026 AO 163, AO 375 AO 406 AO 143 AO 134 AO 157 AO 349, AO 228, AO 383, PO 041 AO 140, AO 409, AO 236 AO 016 AO 328 AO 034 AO 305 PO 019, PO 045 AO 197 AO 278, AO 189 AO 193, AO 273 AO 341, AO 357, AO 097, AO 099, AO 232 AO 080, PO 031, PO 042 AO 392, PO 041 AO 138, AO 152, AO 287, AO 246 AO 024 AO 292, AO 335, AO 217, AO 136, AO 403, AO 405, AO 407, AO 390 AO 372 AO 092, AO 237, AO 245 PO 021 PO 020 AO 186 AO 324, AO 349, PO 041 AO 082 AO 304 AO 160, AO 163, AO 164, AO 168, AO 173, AO 175, AO 182 AO 144 PO 037 AO 038 AO 211 AO 282, AO 284 AO 335 AO 310, AO 122 AO 021

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SOUSA, G.A. SOUSA, L.R. SOUSA, R.C. SOUSA, R.Q. SOUZA JUNIOR, A.D. SOUZA, B.P. SOUZA, E.C.R. SOUZA, F.F.F. SOUZA, F.L. SOUZA, F.N.O.A. SOUZA, G.K. SOUZA, J.A. SOUZA, M.B. SOUZA, M.P. SOUZA, M.R. SOUZA, R.H. SOUZA, R.L. SOUZA, R.M. SOUZA, R.P. SOUZA, T.G.

AO 366 AO 102 AO 364 AO 069, AO 209 AO 103 AO 371 PO 047 AO 197 AO 084 AO 221 AO 300, AO 102 AO 008, AO 299 AO 015 PO 022, PO 059 AO 160, AO 163, AO 164 AO 022, AO 241 AO 072 AO 175, AO 317 AO 335 AO 204, AO 341, AO 357, AO 097, AO 099, AO 232 SOUZA, T.L.T. AO 065 SOUZA, V.P. AO 009 SPECHT, F. AO 288 SPERLE, T.A. AO 361 SPINASSE, D.A. AO 142, AO 358 SPIVAK, T. AO 049 STABILLE, T.B. AO 018, AO 149 STANCIOLI, F.G. AO 173, AO 094, AO 125 STEFANI, L.C. AO 041, AO 337 SUDRÉ, E.C.M. AO 142, AO 358, AO 261 TAKAHATA, E.S. AO 240 TAKEDA, A.T. AO 119 TAKEUCHI, R.K. AO 191 TAMBARA, E.M. AO 278, AO 189, AO 329 TANAKA, J. AO 247 TANAKA, P.P. PO 050 TANGARI, L. AO 057 TARDELLI, M.A. AO 308 TAVARES, A.G. AO 069 TAVARES, B.M. PO 021 TAVARES, F.L. AO 023 TAVARES, N.P. AO 066 TEIXEIRA, C.C. AO 084, AO 353, AO 354 TEIXEIRA, L.A. AO 012, AO 280, AO 067, AO 210, AO 227, AO 382 TEIXEIRA, M.N.A. AO 030 TEIXEIRA, R.R. AO 295 TEIXEIRA, V.C. AO 042 TELES, V.P. PO 003, PO 004, PO 033, PO 044, PO 055 TENORIO, S.B. AO 084, AO 353, AO 354 TERUYA, S.B.M. PO 048 TESH, V.D.C.C.M. AO 224, AO 225 TEXEIRA, I.M.B. AO 101 THAHANTANI, S.M.M. AO 335 THOMAZI, M.C.B. AO 141, AO 125 THURLER, M.P. AO 181 TITOTTO, S.M. AO 151 TOKUMOTO, R.E. AO 114 TOLEDO PORTO DE ANDRADE, R.W. PO 035 TOLEDO, L.F. AO 010, AO 154 TOLEDO, N.C. AO 009, AO 144, AO 302 TOMAZ PORTELLA, A.V. AO 004, AO 006, PO 021 TONELLI, D. AO 056, AO 402, AO 238 TONET, C.T. PO 040 TORRES NETO, E. PO 018 TORRES, M.A.O. AO 015, AO 379

TORRES, M.L.A. TOSTES FERREIRA, C.B. TOSTES, S.V. TRINDADE, E.S. TSUCHIE, S.Y. UCHOA, J.C.A. UDELSMANN, A. UEHARA, K.F. VALE, T.K.L. VALENTE, D.S. VALENTE, M.F. VALENTIN, L.S.S. VALETTE, B.A. VALIATTI, R.M. VALOIS, A.A. VANETTI, T.K. VANZILLOTTA, P.P. VARELA, C.V. VASCONCELOS, E.C. VASCONCELOS, S. VASCONCELOS, S.G. VASCONCELOS, S.K.S. VAZ, J.L.M. VAZ, M.C.S. VELOSO, I.S.M. VENCESLAU, G.P. VENDRAMIN, D. VERNER, G.C.M. VIANA, C.P. VIANA, D.P. VIANNA, V.M. VICECONTI, M.A. VICENTE, F.L. VICTORIA, L.G. VIEIRA, A.M. VIEIRA, C.V. VIEIRA, E.M. VIEIRA, J.E. VIEIRA, J.M. VIEIRA, L.P.V. VIEIRA, T.H.M. VIEITAS, F.C. VILAÇA, B.R. VILAS-BOAS, W.W. VILELA, A.L.C. WACZUK, E.P. WAJNPERLACH, D. WAKED, M.A. WANDERLEY, G.H.S. WESTRUPP, E.A. WINCKLER, J.P.B. WINKLER, J. XAVIER DA ROCHA, P.F. XAVIER, L.C.D. XAVIER, R.P. XAVIER, T.V.H. XISTO, A.C.B.R. YAMASHITA, A.M. YUGUE, E. ZAGO, B.E. ZAMPROGNO, R.B. ZAN, M.B.M. ZENKNER, F.M. ZUCCOLOTTO, E.B. ZYLBERBERG, M.

PO 048 AO 338 AO 272 AO 197, AO 081, AO 351 AO 394 AO 101, AO 103 AO 321, AO 251, AO 252 AO 022, AO 162 PO 009, PO 011, PO 016 AO 172, AO 185 AO 056 PO 030 AO 388, AO 391 PO 045 AO 253 AO 335 AO 106, PO 032 AO 305, AO 306 AO 316 AO 153 AO 285 AO 122 AO 033, AO 131, AO 270 AO 033, AO 131, AO 270 AO 148 AO 039 AO 278, AO 189 PO 022 AO 370 AO 286, AO 370 AO 186 AO 336, AO 114, AO 116 AO 030 AO 319 AO 389 AO 254 AO 355 AO 292, AO 393, AO 394 AO 391 AO 155, AO 032, AO 360 AO 159, AO 281, AO 166 AO 134 AO 007 AO 141, AO 160, AO 163, AO 164, AO 173, AO 182 AO 146 AO 287, AO 246 AO 232 AO 002, AO 052, AO 206, AO 342, AO 267, AO 399 AO 392, AO 383 AO 184, AO 118 PO 051, PO 052, PO 053 AO 048, AO 211 AO 208 AO 101, AO 103 AO 201 AO 296, AO 333 AO 098, AO 108 AO 308 AO 011, AO 279 AO 177 AO 142 AO 304 AO 041, AO 337 AO 089 AO 064

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TEMAS LIVRES ORAIS

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AO 001 MANUSEIO ANESTÉSICO EM ANGINA DE LUDWIG. RELATO DE CASO MICHELLY WADA MONTEIRO; LEONARDO DA COSTA ALBUQUERQUE; ROBERTA MACHADO COSTA; JOSÉ COSTA HOSPITAL NAVAL MARCILIO DIAS, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: A Angina de Ludwig (AL), processo infecto-inflamatório que acomete o assoalho da boca e pescoço, com edema tecidual, ocasionando dificuldades respiratórias e de deglutição, trismo e toxemia, podendo ter evolução fatal. A etiologia é associada a infecções dentárias, exodontias ou traumas orais, sendo polimicrobiana. O diagnóstico é clínico e avaliação por imagem geralmente feita por RX, tomografia computadorizada (TC) e ultrassonografia (USG). O tratamento constitui-se na manutenção de via aérea (VA), antibioticoterapia precoce, hidratação e procedimentos cirúrgicos, em casos de evolução desfavorável. O objetivo deste relato é apresentar um caso de manejo da VA difícil reconhecida em paciente portadora de AL a ser submetida à traqueostomia (TQT) de urgência. Relato do Caso: Paciente de 56 anos e 70 kg com massa em cavidade oral e cervical, trismo, abertura de boca limitada, mobilidade cervical comprometida, edema de língua, áreas escurecidas na língua com odor fétido, sugestivos de necrose. A TC de face e região cervical mostrou estreitamento de VAS. A conduta foi TQT profilática em caráter de urgência sob anestesia local e assistência ventilatória. Em decúbito dorsal, foi realizada monitorização, oxigenação sob máscara de Hudson e hidratação. No per-operatório, houve dificuldade cirúrgica, devido ao intenso edema e irregularidades de planos moles da região cervical, de ventilação e de oxigenação após colocação da cânula traqueal. Mesmo após troca desta por outra menor, não houve sucesso na ventilação, evoluindo a paciente em PCR inicialmente em fibrilação ventricular e a seguir assistolia, indo a óbito após 40 minutos de reanimação cardiopulmonar. O quadro clínico (QC) apresentado, exame de fragmento de amídala e exames de imagens confirmaram o diagnóstico de AL. Discussão: Num ato anestésico, uma das maiores preocupações está sempre ligada à VA e sua adequada manutenção, sendo a presença de VAD um dos grandes desafios. O manuseio inadequado da VA é a causa mais frequente de complicações e responsável por 30% dos óbitos. A literatura aponta para intubação traqueal (IT) com o paciente acordado com ou sem auxílio de broncofibroscópio (BFC) e em casos extremos TQT sob anestesia local. Conclusões: A conduta em pacientes com esse QC deve ser ditada por garantia de VA por meio de IT com o paciente acordado com ou sem auxílio de BFC e em casos graves TQT. Referências: 1) Fleisher LA - Anesthesia and Uncommon Diseases, 5ª Ed, Philadelphia, Pennsylvannia, Ed Elsevier, 2005; Cap 01:23-24. 2) Ovassapian A, TuncbilekM, Weitzel EK, Joshi CW. Airway management in adult patients with deep neck infections: A case series and review of the literature. Anesthesia and Analgesia 2005; 100:585-9.

AO 002 RESSECÇÃO TRANSURETRAL DE PRÓSTATA EM PACIENTE PORTADOR DE PARAPARESIA ESPÁSTICA TROPICAL POR HTLV-1 – RELATO DE CASO SÉRGIO SANT`ANNA JUNIOR; MARIANA ALMEIDA WAKED; FERNANDO ANTONIO DE FREITAS CANTINHO; ELISE FERNANDES DE ALMEIDA; RICARDO MEIRELLES ROSA; FABIO SOUZA MURAD HOSPITAL FEDERAL DO ANDARAÍ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: A mielopatia associada ao HTLV-1 (HAM), também conhecida como paraparesia espástica tropical (TSP), é uma doença desmielinizante crônica progressiva que afeta a medula espinal e a substância branca do cérebro com provável acometimento neuromuscular e consequentes implicações anestésicas. O objetivo é relatar o caso de um paciente portador de TSP, submetido à cirurgia urológica. RELATO DE CASO: Masculino, 55anos, 65 kg, ASA III. Portador TSP, com sorologia e pesquisa líquorica positivas para HTLV-1. Admitido para realização de ressecção transuretral de próstata. Ao exame físico apresentava redução de força e parestesia em membros inferiores. Após venóclise e monitorização conforme a resolução do CFM n° 1.802/2006, procedeu-se indução anestésica com fentanil 100µg, propofol 150mg, seguida de passagem de máscara laríngea no 4,0; sem intercorrências e/ou escape aéreo. Anestesia mantida com oxigênio e ar na relação 1:1 com sevoflurano 1%. Administrados cefazolina 2g, dipirona 2g, cetoprofeno 100mg. Transoperatório sem intercorrências. Ao final do procedimento foi encaminhado à sala de recuperação pós-anestésica com Aldrete e Kroulik de 8. Obteve alta hospitalar no 2º dia de pós-operatório e nenhuma complicação foi observada. DISCUSSÂO: Menos de 5% dos portadores crônicos do HTLV-1 desenvolverão a TSP. As primeiras manifestações da doença ocorrem na quarta década da vida e observa-se relação mulher/homem de 2:1. Distúrbios da marcha, fraqueza e espasticidade dos membros inferiores constituem os principais sinais e sintomas da mielopatia, sendo as extremidades inferiores mais afetadas que as superiores. Com a progressão da doença há, com frequência, disfunção vesical e intestinal. O envolvimento sensitivo mostra-se discreto e manifesta-se com graus variados de perdas sensitivas e disestesia. A TSP resulta em lesões da coluna, normalmente, no médio e inferior da medula espinhal torácica, onde a degeneração da mielina e axônios é causada por infiltrações inflamatórias. Existem evidências de que estes pacientes mais suscetíveis à lesão espinhal após a anestesia no neuroeixo e duração anormal do bloqueador neuromuscular. No caso, houve a opção pela anestesia geral sem uso de curare. CONCLUSÃO: O conhecimento das doenças desmielinizantes crônicas é importante para os anestesiologistas, em virtude de suas diversas implicações clínicas no ato anestésico. REFERÊNCIAS: 1) Kanmura Y. Komoto R. Kawasaki K. Anesthetic Considerations in Myelopathy Associated with Human T-Cell Lymphotropic Virus Type I (HTLV-1 – Associated Myelopathy: HAM). Anesth Analg. 1996 Nov;83(5):1120 -1.

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AO 003 ANESTESIA PARA COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA EM PACIENTE COM DOENÇA DE STEINERT ANTONIO CHRISTIAN GONÇALVES; MANOEL MENEZES DA SILVA NETO; TANIA FRANCIMAR BEZERRA DE FREITAS BRAGA; MIRLA ROSSANA NOGUEIRA MOURÃO; VICTOR HUGO BACELLAR; ALEXANDRE VIEIRA FIGUEIREDO HOSPITAL SANTO ANTONIO CET-AOSID, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: Introdução: Distrofia miotônica(DM) designa um grupo de doenças hereditárias do músculo esquelético caracterizada pela contratura involuntária persistente após contração muscular voluntária ou estimulação elétrica cuja prevalência é de 2,4-5,5 por 100.000/habitantes. A DM tipo I, conhecida como Doença de Steinert, é doenca autossômica dominante, por alteração do cromossomo 19, com inicio dos sintomas entre a segunda e terceira décadas de vida tendo uma evolução degenerativa, progressiva e irreversível. Há um comprometimento multissitêmico e quando acomete o cardiopulmonar ‘e de alta morbimortalidade perioperatória.Relato de caso: Paciente feminina, 23 anos, 60 Kg, portadora de Doença de Steinert, ASA 2, Mallampati II, com indicação de colecistectomia videolaparoscópica. Referindo dificuldade de deambulação. Exames: ECG= BAV 1º grau, Ecocardiograma com FE=66%, hematocrito de 36% e hemoglobina 12mg.dL, Gasometria normal. Monitorizacao com cardioscopia , oximetria de pulso, capnografia, PANI, temperatura nasofaringea e monitorização de relaxamento muscular com TOF Watch SX. Utilizado colchão térmico e cristalóides aquecidos. Indução foi realizada com fentanil 5mcg.kg-1, propofol 3mg.kg-1, atracúrio 0,5mg.kg-1, lidocaína 60mg e manutenção com propofol 150 µg.kg-1 min--1 e remifentanil 0,2-0,3 µg.kg.-1min-1.Ao final do procedimento a paciente foi encaminhada à UTI intubada, sob ventilação mecânica e após 4 horas foi extubada sem intercorrências. Discussão e Conclusões: A Doença de Steinert é a distrofia miotônica mais comum no adulto. A miotonia é uma desordem intrínseca do músculo que não é abolida pelo bloqueio do nervo periférico nem com o uso de bloqueadores neuromusculares. A doença acomete múltiplos sistemas como: respiratório, muscular, SNC, endócrino, gastrointestinal, hematológico e cardiovascular. A anestesia geral deve ser realizada com cautela devido os riscos ventilatórios inerentes aos seu controle no pósoperatório. A succinilcolina é contra-indicado. Os BNM não-despolarizantes tem sua ação prolongada e o uso de anticolinesterásicos deve ser criteriosa. Deve-se evitar miotonia pois pode precipitar insuficiência respiratória e cardíaca. A miotonia pode ser desencadeada por hipocalemia, jejum prolongado, medo, hipoxemia, hipercarbia, garroteamento, dor ansiedade, descarga adrenérgica, bisturi elétrico, hipotermia, estimulador de nervo periférico, tremores, anticolinesterásicos e esforço voluntário. A normotermia foi amntida com colchão térmico, infusão de soro aquecido e foi evitado extubação precoce. Portanto o manejo anestésico em pacientes com Doença de Steinert requer condutas que minimizem os riscos diminuindo a morbimortalidade. Referências: 1.Rev Bras Anestesiol, 2010; 60(2): 181-191 2.Rev Bras Anestesiol, 2006; 56(6): 649-653

AO 004 ANESTESIA EM PACIENTE COM NEUROFIBROMATOSE. RELATO DE CASO. ANA VIRGÍNIA TOMAZ PORTELLA1; FRANCISCO DIEGO SILVA DE PAIVA1; ALESSANDRA LIMA VERAS DE MENEZES CAVALCANTE2; ALEXANDRE HENRIQUE SILVA CARNEIRO2; KHADIJA NEIDE ALEXANDRINO REGINO2; LISSA BELTRÃO FERNANDES2 1.HOSPITAL GERAL DR. WALDEMAR DE ALCANTARA, FORTALEZA, CE, BRASIL; 2.HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: A neurofibromatose é uma doença genética autossômica dominante com conseqüências relacionadas à deposição e proliferação anormais de tecido neural. O objetivo do caso é relatar o manejo anestésico de um paciente com neurofibromatose. Relato do Caso: Paciente masculino, 36 anos, portador de neurofibromatose com indicação de laparotomia exploradora para ressecção de tumoração intraabdominal. O exame físico revelou bom estado geral, presença de manchas café-com-leite e numerosos neurofibromas na pele. Na avaliação da via aérea, apresentava Mallampati I, abertura bucal e distância tireomentoniana adequadas. A avaliação complementar pré-operatória evidenciou normalidade de hemograma, coagulograma e ECG. O paciente foi admitido em jejum, sendo realizado monitorização convencional e venóclise em membro superior esquerdo com jelco 16G. Realizada pré-medicação com midazolam 3 mg, EV. Foi submetido à anestesia peridural contínua ao nível L3-L4 com ropivacaína 0,75% e morfina 2 mg, e em seguida, à anestesia geral balanceada. O paciente se manteve estável. Durante a retirada da tumoração houve a necessidade de secção do nervo femoral. O paciente evoluiu bem, em condições de alta para enfermaria após recuperação anestésica. No segundo dia do pós-operatório, apresentou dificuldade de deambulação e dor com características neuropáticas em MID. O exame de hitopatológico evidenciou neoplasia mesenquimal benigna (Schwannoma) Discussão: Os pacientes com neurofibromatose apresentam importantes particularidades no manejo anestésico. A anamnese e o exame físico detalhados devem ser realizados em busca de comprometimento do sistema nervoso central, das vias aéreas e do sistema esquelético, direcionando a necessidade de exames complementares. A anestesia geral pode ser realizada com sucesso quando se pesquisa adequadamente a possibilidade de obstrução das vias aéreas e quando se valoriza a sensibilidade aos bloqueadores neuromusculares. A dificuldade de intubação pode ocorrer devido à presença de neurofibromas na faringe e laringe. Há também possibilidade de dificuldade técnica no bloqueio de neuroeixo devido ao desvio acentuado da coluna ou à presença de neurofibroma assintomático no trajeto da agulha. O conhecimento sobre as alterações que podem ocorrer nos portadores de neurofibromatose é importante e pode facilitar o procedimento anestésico destes pacientes, diminuindo a morbidade e a mortalidade perioperatória. Referências: 1.Revista Brasileira de Anestesiologia, 2005; 55:6: 655-659. 2. Anesthesia and Uncommon Diseases, 2006; 5a ed.: 325-326/3. 3. Journal of Clinical Anesthesia, 2005; 17: 290-292. Fontes de fomento: nenhuma. Conflitos de interesse: nenhum.

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AO 005 MANEJO ANESTÉSICO DO PACIENTE COM ARTRITE REUMATÓIDE RAFAEL REIS FERNANDES; MARCELO HAIG SANTOS; ELIZABETH DE SOUZA MOREIRA HOSPITAL MUNICIPAL MIGUEL COUTO, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Justificativas e Objetivos: A artrite reumatóide (AR) é uma doença sistêmica que pode cursar com patologias da via aérea. Além disso, o seu tratamento crônico com AINES, corticóides e outras medicações podem levar a complicações que o anestesiologista deve estar ciente. O objetivo do presente relato é demonstrar o manejo anestésico no pré-operatório, com as particularidades da visita pré-anestésica, intra e pós-operatório de uma paciente portadora de AR, que já apresentava algumas complicações clínicas e outras decorrentes do tratamento medicamento crônico da doença. Relato de Caso: Feminino, 54 anos, estado físico P2, segundo classificação da American Society of Anesthesiologist (ASA), internou no HMMC na enfermaria de neurocirurgia para realizar uma laminectomia descompressiva lombar devido uma estenose do canal raquiano. Era portadora de AR em uso de prednisona de longa data e cloroquina. Negava outras comorbidades. A visita pré-anestésica foi realizada dois dias antes da cirurgia. Na mesma não existiam alterações ósseas visíveis da via aérea (coluna cervical, articulações temporo-mandibulares e cricoaritenóide), porém, existia uma alteração associada ao tratamento medicamentoso da doença que foi a presença de um marca-passo definitivo devido a um bloqueio átrio-ventricular de terceiro grau há três anos e meio pelo uso da cloroquina há mais de quinze anos. No intra-operatório a monitorização foi feita com ECG nas derivações D2 e V5 com análise do segmento ST, SpO2, PANI, ETCO2 e índice bispectral. A abordagem da via aérea na indução foi realizada com estilete luminoso, pois não havia avaliação pré-operatória da articulação atlanto-axial, A manutenção foi feita com anestesia geral venosa total utilizando propofol e remifentanil. O tempo-anestésico cirúrgico total foi de 190 minutos. Foi realizada reposição de corticóide venoso no pré, intra e pós-operatório. Ao final da cirurgia a pciente foi extubada em sala, encaminhada à sala de recuperação pósanestésica e posteriormente para a sua enfermaria. Foi otimizado a sua analgesia no pós-operatório, que ocorreu sem intercorrências, tendo alta do hospital dois dias depois. Conclusão: O anestesiologista deve estar ciente das possíveis complicações da AR e do seu arsenal terapêutico. No pré-operatório a avaliação da via aérea assim como o conhecimento das medicações usadas para o seu tratamento são fundamentais. No intra-operatório, cuidado deve ser tomado com a abordagem da via aérea na indução, que muitas vezes pode ser difícil. No pós-operatório estar atento para a técnica do manejo da dor são essenciai neste grupo de pacientes. Referências Bibliográficas: 1 - Clin Podiatr Med Surg - 01-APR-2010; 27(2): 235-42. 2 - Middle East J Anesthesiol - 01-JUN-2007; 19(2): 31133.

AO 006 ANESTESIA EM PACIENTE COM DEFICIÊNCIA DE ALFA1 ANTITRIPSINA. RELATO DE CASO ANA VIRGÍNIA TOMAZ PORTELLA1; ALANA FROTA SANTOS2; LUSSANDRA PESSOA ROCHA2; JOSENÍLIA MARIA ALVES GOMES2; THYAGO ARAÚJO FERNANDES1; TIAGO VIEIRA RODRIGUES1 1.HOSPITAL GERAL DR. WALDEMAR DE ALCANTARA, FORTALEZA, CE, BRASIL; 2.HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: A deficiência de alfa-1 antitripsina é uma doença genética que tem diversas implicações clínicas, podendo causar doença pulmonar obstrutiva crônica e hepatopatia. O enfisema pulmonar atribuído à deficiência de alfa1 antitripsina associado ao aumento de fatores agressores, como o tabagismo, promovem a diminuição de mecanismos protetores tecidual. Na deficiência de alfa-1 antitripsina, o tecido pulmonar é um dos mais afetados, impondo dano progressivo e irreversível ao parênquima. O objetivo do caso relatado é abordar as dificuldades no manejo anestésico do paciente pneumopata grave portador de deficiência de alfa-1 antitripsina. Relato do Caso: Paciente masculino, 44 anos, tabagista, portador de deficiência de alfa1-antitripsina com indicação de realizar transplante pulmonar. Porém, o mesmo evoluiu com fístula anal infectada, sendo necessária a abordagem cirúrgica previamente à realização do transplante pulmonar. O exame físico revelou bom estado geral, taquidispnéia de leve a moderada, com uso de oxigenioterapia contínua por cateter nasal, tiragem intercostal discreta e redução difusa do murmúrio vesicular bilateralmente. A avaliação complementar pré-operatória apresentou normalidade no hemograma, coagulograma, ECG e de provas de função hepática e renal. A radiografia de tórax exibiu hiperinsuflação pulmonar, bolhas em bases, obstrução brônquica e distorção da vasculatura pulmonar; enquanto a espirometria, VEF1=18% e CVF=43%. A anestesia foi conduzida no centro cirúrgico. Paciente foi admitido em jejum, sendo realizada monitorização convencional e venóclise no membro superior esquerdo com jelco 20G. Administrou-se 2mg de midazolam, EV, obtendo-se sedação leve. Foi realizada raquianestesia a nível L3-L4 com 7mg de bupivacaína pesada 0,5% e 80mcg de morfina. Seguiuse posição de litotomia. Durante a cirurgia, manteve-se suporte ventilatório com máscara de venturi a 50%, em 13L de O2/min, com queda transitória de saturação nos cinco primeiros minutos após adoção do posicionamento em litotomia, os valores iniciais foram retomados espontaneamente. O paciente evoluiu bem após recuperação anestésica e teve alta no segundo dia pós-operatório. Discussão: Os pacientes com reserva funcional pulmonar comprometida estão mais susceptíveis às complicações. O bom preparo para o ato anestésico, a vigilância e a rapidez das medidas de suporte no transoperatório proporcionam maior estabilidade e segurança ao paciente e à equipe responsável. No caso, a anestesia espinhal aliada ao suporte respiratório não-invasivo revelaram-se uma opção eficaz, simples e segura para o procedimento proposto. Referências: 1. Journal Brasileiro de Pneumologia, 2008; 34(7):514-527. 2. The journal of allergy and clinical immunology, 2008; 121(4):833-838.3. Anaesthesia and intensive Care,1992; 20 (3),358-362.Fontes de fomento: nenhuma. Conflito de interesse: nenhum.

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AO 007 ANESTESIA PARA OSTEOSSÍNTESE DE FÊMUR BILATERAL EM PACIENTE COM MIELOMA MÚLTIPLO. LEANDRO CARVALHO LIXA; BRUNO RIOS VILAÇA; REGINA KUPERMAN; ÉRIKA ARAÚJO MACHADO; FRANCISCO FÁBIO TEIXEIRA SAUWEN HOSPITAL FEDERAL DO ANDARAÍ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: OBJETIVO: relatar um caso de anestesia para osteossíntese de fêmur bilateral devido à fratura patológica em paciente com Mieloma Múltiplo. RELATO DE CASO: paciente femina, branca, 59 anos, 50kg, estado físico ASA III. Monitorizada com cardioscópio, oxímetro de pulso, pressão arterial não-invasiva e capnografia. Venóclise em membro superior esquerdo J 18G e membro superior direito J16G. Optado pela anestesia geral balanceada. Indução com midazolam 2mg, remifentanil em bomba infusora 0,2 mcg/kg/min, lidocaína 60mg, propofol 150mg e vecurônio 8mg. Realizada intubação orotraqueal com TOT 7,5mm com cuff sem intercorrências. Realizada punção venosa profunda em veia jugular interna direita e punção de artéria radial esquerda sob técnica de Seldinger, sem intercorrências. Após quarenta e cinco minutos de cirurgia, colocada a primeira prótese em fêmur direito, foi realizado i-stat, evidenciando-se Hb: 8,0 e Ht28,0. Optado pela transfusão de dois concentrados de hemácias e colocação da prótese esquerda em um segundo tempo. A paciente foi extubada duas horas após o início da cirurgia sendo encaminhada à sala de recuperação pós-anestésica.DISCUSSÃO:O manejo anestésico do paciente com mieloma múltiplo tem três pontos de vital importância:- a escolha adequada da técnica a ser utilizada; a hidratação e a reserva de hemocomponentes. Quanto a técnica os bloqueios regionais tem a sua utilização limitada por ausência de conhecimento dos sítios com metástases, o que seria possível pela realização de cintilografia óssea não tendo sido realizada nessa paciente.Além disso a paciente apresentava uma escara de decúbito extensa que tomava todo possível sítio de punção,sendo assim feita opção por anestesia geral.A hidratação deve ser a mais parcimoniosa possível por conta do acometimento renal próprio do mieloma múltiplo evitando-se assim sobrecarga hídrica ao paciente.Os hemocomponentes devem estar reservados, não somente concentrados de hemácias mas também concentrados de plaquetas e plasmas frescos já que a função medular desses pacientes é deficitária.REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:1HARRISON, medicina interna 16ªedição,cap98 págs.689-695; 2-BARASH, clinical anesthesia 6ª edition, cap14 págs.290-325.

AO 008 ANESTESIA EM PACIENTE COM SÍNDROMES DE PIERRE ROBIN E DE MOEBIUS: RELATO DE CASO. EDNO MAGALHÃES; CATIA SOUSA GOVÊIA; MAURICIO DAHER ANDRADE GOMES; JULIANA ARANTES SOUZA; ANDRÉ MARQUES MELO; EDISIO PEREIRA PEREIRA CET/SBA CENTRO DE ANESTESIOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, BRASÍLIA, DF, BRASIL. Resumo: JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A Síndrome de Pierre Robin tem incidência entre 1:2000 a 1:30000 e caracteriza-se pela tríade de anomalias que inclui micrognatia, glossoptose e fissura de palato. Em cerca de 2,5% dos portadores da Síndrome de Pierre Robin pode haver associação à Síndrome de Moebius, caracterizada por paralisia dos VI e VII pares cranianos e deformidades craniofaciais. Pelas relevantes alterações craniofaciais, ambas as síndromes podem ocasionar dificuldades no manuseio das vias aéreas. RELATO DE CASO: Paciente do sexo feminino, 2 meses de vida, peso de 4,785kg e portadora de epilepsia e das Síndromes de Pierre Robin e de Moebius. Devido a freqüentes episódios de dessaturação ao longo do dia e dificuldade de deglutição foi escalada para ser submetida a traqueostomia e gastrostomia. Após monitorização, foi realizada indução inalatória com sevoflurano a 6% e O2 a 100%, e a ventilação sob máscara facial mostrou-se adequada. À laringoscopia, constatou-se visualização da laringe em grau 2 de Cormack, porém foi encontrada grande dificuldade de intubação devido à pequena abertura bucal, que impedia a introdução simultânea do laringoscópio e do tubo traqueal, e à presença da fenda palatina. Após várias tentativas, obteve-se sucesso na intubação, com tubo orotraqueal 3,0 sem balonete. Foi instaurada ventilação mecânica em modo PCV com pressão inspiratória: 20 cmH2O, FR: 30 ipm, I:E= 1:3, PEEP: 5 cmH2O, FiO2: 60%, em ventilador Leistung. Optou-se por manutenção da anestesia por via venosa pelo fato do ventilador neonatal dificultar a adaptação de vaporizador de gases anestésicos. Foram utilizados midazolam (1mcg.Kg-1.min-1), remifentanil (0,1mcg.Kg-1.min-1) e atracúrio 2,5mg, seguidos de 1mg a cada 30 minutos. Após 50 minutos do início do ato cirúrgico, foi introduzida a cânula de traqueostomia, por onde passou a ser realizada a ventilação. A operação durou 3 horas, não houve intercorrências e a criança foi encaminhada sob ventilação mecânica à UTI neonatal. Após 6 horas, encontrava-se em ventilação espontânea. DISCUSSÃO: O controle das vias aéreas é um desafio nos portadores das Síndromes de Pierre Robin e de Moebius, que podem se apresentar com micrognatia, retrognatia, abertura bucal reduzida, hipoplasia mandibular e fenda palatina. A broncofibroscopia neonatal requer equipamentos caros e experiência. Há relatos de anestesias por meio de máscara laríngea, porém na ausência de fenda palatina. CONCLUSÕES: O conhecimento das deformidades craniofaciais e outras malformações nos portadores da associação das Síndromes de Pierre Robin e de Moebius é importante para que o planejamento e manejo anestésico seja feito de modo individualizado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Rev Bras Anestesiol, 2009; 59: 3: 341- 343. Pediatric Anesthesia, 2009; 19, 402–423. Jornal de Pediatria, 2005; 81 (1): 14 – 22.

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AO 009 ANESTESIA EM PACIENTE PORTADOR DE HISTÓRIA DE ENTUBAÇÃO DIFÍCIL PRÉVIA: IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO E PREPARO DO ANESTESIOLOGISTA-RELATO DE CASO JOSÉ ROBERTO DE REZENDE COSTA; NIWTON CARLOS TOLEDO; GIOVANNI MENEZES SANTOS; VINÍCIUS PEREIRA SOUZA; JUNIO RIOS MELO; CRISTIANO HIROSHI VIEIRA HORIGUCHI HOSPITAL MATER DEI, BH, MG, BRASIL. Resumo: Fonte de fomento, conflitos de interesses, Avaliação pelo Comitê de ética-pesquisa: não se aplicam. Justificativa e Objetivos: Freqüentemente o anestesiologista lida com casos de difícil manuseio de vias aéreas, e este é um dos principais fatores de morbimortalidade em pacientes cirúrgicos. Objetivou-se apresentar caso em que todos preparativos e precauções foram tomados previamente à operação, pois havia história documentada de difícil entubação anterior. Entretanto, ficou evidenciada que é maior a importância das medidas básicas na condução destes casos, podendo ter mais relevância que os cuidados, aparatos e equipamentos ultramodernos e dispendiosos ora existentes. Materiais e métodos: Paciente de 76 anos a ser submetido à retossigmoidectomia vídeo laparoscópica. Peso 65 Kg, Estatura: 165 cm, sem doenças coexistentes, exames laboratoriais pré operatórios sem alterações. Portava documento constando impossibilidade de entubação orotraqueal por método convencional em cirurgia realizada anteriormente, tendo-se requerido nesta ocasião convocação emergencial de profissional para este fim, com uso de fibrobroncoscópio, logrando-se êxito então. Para esta cirurgia de retossigmoidectomia, recebeu monitorização padrão e foi induzida a anestesia com todos os recursos e instrumentais disponíveis para se lidar com via aérea de difícil manuseio, inclusive com a presença de um endoscopista e fibrobroncoscópio. Após verificada a capacidade de ventilação manual com sedação leve (baixas doses de: midazolam, fentanil, propofol e escopolamina), o paciente foi devidamente anestesiado e curarizado, tendo sido adequadamente posicionado e entubado sem intercorrências, em primeira tentativa e com laringoscopia simples. Discussão e Conclusões: Apesar de a história documentada de difícil entubação anterior não dispensar cuidados gerais e específicos, este caso confirma que vários fatores podem concorrer para um desfecho favorável. Ressaltam-se diversas variáveis que são capazes de interferir negativamente na abordagem das vias aéreas, como: 1- Recursos humanos inadequados: a) Inexperiência, b) Inabilidade e mau uso dos dispositivos convencionais, c) Incapacidade orgânica ou psíquica do anestesiologista (e.g.: stress), d) Inadmissibilidade individual dos itens anteriores, e) Falta de Staff para suporte (médicos e ou enfermagem treinados em lidar com estes casos); 2- Recursos materiais inconformes: a) Má qualidade, b) Uso incorreto, c) Mau funcionamento/manutenção; 3- Do paciente: a) Mau preparo farmacológico pré indução, b) Mau preparo e posicionamento durante o ato. Portanto, a introdução de novas tecnologias e o desenvolvimento de equipamentos sofisticados, embora importantes, não devem prescindir dos cuidados, treinamentos e atenções básicos em anestesiologia. Bilbliografia: 1-Hagberg: Benumof’s Airway Management, 2nd ed.; 2007 Mosby, Inc.

AO 010 ANESTESIA PARA TIMECTOMIA EM PACIENTE PORTADOR MIASTENIA GRAVIS: RELATO DE CASO GABRIEL JOSÉ OLIVEIRA; NIVALDO SIMÕES CORREA; BEATRIZ JALBUT JACOB; CAMILA GIATTI COLOMBO; WALTER FERREIRA LIMA; LIGIA FERREIRA TOLEDO CET HOSPITAL VERA CRUZ, CAMPINAS, SP, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: miastenia grave (MG) é uma doença auto-imune com anticorpos direcionados contra o receptor da acetilconlina nicotínica ou outras proteínas das membranas musculares. Essa reação auto-imune promove alterações estruturais na membrana pós sináptica, dificultando a transmissão do impulso e consequente ativação das fibras musculares, causando enfraquecimento dos músculos esqueléticos. A maior parte dos pacientes apresenta anormalidades no timo. A maior preocupação no manejo anestésico desses pacientes é a interação potencial entre a doença, seu tratamento e medicamentos bloqueadores neuro-musculares (BNM). RELATO DE CASO: Paciente MMN, 20 anos, sexo feminino, altura 1,70cm, peso 70 kg, ASA II, apresentando timoma, dislalia e ptose palpebral devido a miastenia gravis, em uso contínuo de Azatioprina 50mg, prednisona 20 mg e piridostigmina. antecedentes cirúrgicos somente septoplastia prévia. Submetida a timectomia, monitorizada com pressão não invasiva (PANI), oximetria de pulso, cardioscópio, capnografia, sequência de quatro estímulos (SQE), relação T4/T1, venóclise com agulha 18G para infusão de líquidos. Realizado indução com sufentanil 50mcg, propofol PFS 2% com alvo em 3mcg/ml em infusão contínua, rocurônio70 mg. Mantido com ultiva 0,1mcg/ml alvo controlado. Feita intubação orotraqueal seletivo a esquerda, apresentou broncoespasmo, tendo sido revertido com solucortef 1 g, fora mantida em ventilação mecânica controlada a volume. Ao término da cirurgia a relação T4/T1 estava em 1%, foi utilizado sugamadex 200 mg e após 3 minutos a relação foi para 95%, sendo extubada com sucesso. DISCUSSÃO: Pacientes portadores de MG são sensíveis mesmo a pequenas doses de relaxantes musculares não despolarizantes. A variabilidade na resposta a diferentes tipos de relaxantes musculares justifica o monitoramento com estimuladores de nervos periféricos e o uso de relaxantes musculares não despolarizantes de ação curta ou intermediária. No presente relato, obteve-se reversão do bloqueio neuro-muscular com o uso do Sugamadex, comprovado pelo uso do TOF (>90%). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1- Stoelting RK, Dierdorf Sf - Skin and Musculoskeletal Diseases, em: Stoelting RK, Dierdorf Sf - Anesthesia and Co-Existing Disease, 3rd Ed, Nova York, Churchill Livingstone, 1993;427-457; 2- Ferreira AA - Diagnóstico farmacológico da Miastenia Gravis: teste da neostigmina. Rev Bras Anestesiol, 1995;45:329-332

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AO 011 VIA AÉREA DIFÍCIL EM PACIENTE COM SÍNDROME DE TREACHER COLLINS LUCIANA ANDRADE GUIMARÃES; MONICA CUNHA GOBBO; MARIANA DELESTRO MORAES; EDGAR YUGUE HMCP- PONTICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DE CAMPINAS, CAMPINAS, SP, BRASIL. Resumo: Guimarães, L.A-1.; Gobbo, M.C-TSA-2.; Moraes, M.D-3.; Yugue, E. -TSA -4 INSTITUIÇÃO:HMCP-PUCC, HMCP da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Av. John Boyd Dunlop s/n Campinas. INTRODUÇÃO: A Síndrome de Treacher Collins (STC) ou Disostose Mandibulofacial é um distúrbio hereditário caracterizado por anomalias craniofaciais e manifesta-se através de diversas variáveis clínicas. A incidência aproxima-se de 1:40000 a 1:70000 casos, sem preferência por sexo ou raça. A transmissão ocorre ao acaso, mas suspeita-se de transmissão autossômica dominante de expressividade variável. O gene responsável está localizado no braço longo do cromossomo 5 (5q 31-33). As manifestações clínicas mais frequentes são: inclinação antimongolóide das fendas palpebrais, hipoplasia malar e de mandíbula, coloboma de pálpebra inferior, ausência de cílios nas pálpebras inferiores, malformação dos pavilhões auriculares, atresia de conduto auditivo externo, surdez de condução, fenda palatina e presença de cabelos na parte externa das faces. RELATO DE CASO: Paciente do sexo masculino, 25 anos, branco, 1,74m, 74 kg, com diagnóstico prévio de STC, ASA II, foi admitido para realização de Hiatoplastia. Na consulta pré-anestésica paciente relatou 3 cirurgias anteriores com impossibilidade de intubação traqueal, sendo usada máscara laríngea para manutenção de via aérea. Ao exame físico, apresentava boa mobilidade cervical, classificação de Mallampati IV, micrognatia, abertura de 2cm, distância tireomentoniana de 4 cm, ausência de fenda palatina. Não evidenciava-se deficiência mental. Os exames préoperatórios estavam normais. Foi planejada intubação com paciente acordado e uso de fibroscopia. Em sala operatória paciente foi monitorizado com ECG, oximetria de pulso e pressão arterial não invasiva. Foi instilado em orofaringe, lidocaína spray 10% e iniciada tentativa de intubação com fibroscopia, sem sucesso devido a falta de colaboração do paciente. Optou-se então por administrar midazolam 5 mg, sufentanil 15 mcg, propofol em infusão contínua 2 mg/kg/h. Realizada nova fibroscopia sem visualização de epiglote e cordas vocais. Após 3 tentativas frustradas a cirurgia foi suspensa e sugerida posterior remarcação. CONCLUSÃO: Pacientes com anomalias craniofaciais, por possuírem defeitos anatômicos significativos, tornam-se um desafio para os anestesiologistas na obtenção de via aérea. Portanto, um planejamento prévio cuidadoso, incluindo disponibilidade de equipamento necessário, é imprescindível para que o ato anestésico seja realizado com segurança. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1.Anesthesia & Analgesia. 2007;105: 1 294 2.Pediatr Anaesth. 2009 oct; 19:1031-1033

AO 012 DIFICULDADES NA VIA AÉREA NA ANESTESIA DE UM PACIENTE COM SÍNDROME CHARGE: RELATO DE CASO. ABDIAS CARLOS OLIVEIRA FILHO; GUILHERME OLIVEIRA CAMPOS; PABLO BRITO DETONI; RODRIGO LEAL ALVES; ADRIANO TEIXEIRA FERNANDES; LUIZ ALBERTO TEIXEIRA CET HOSPITAL SÃO RAFAEL, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos- A síndrome CHARGE consiste de uma condição peculiar com diversas mal formações que formam o epônimo (Coloboma ocular, defeitos cardíacos – Heart, Atresia de coanas nasais, Retardo no desenvolvimento, defeitos Genitourinários, e surdez – Ear). Tais pacientes costumam apresentar diversos desafios ao anestesiologista por conta das anomalias faciais, de via aérea e cardíacas. Diante deste contexto, relatamos a abordagem anestesiológica em uma criança portadora da síndrome. Relato de Caso – KSF, masculino, 5 meses, diagnóstico de Síndrome CHARGE ao nascimento, baixo peso 3060g, dificuldade de mamar, refluxo, pneumonias de repetição e desnutrido grave. Apresentanva boca pequena, retrognatismo e assimetria facial. Ecocardiografia evidenciava CIA, CIV, estenose valvar pulmonar e boa função biventricular. Programação cirúrgica de fundoaplicatura e gastrostomia. Anestesia: indução com Cetamina 5mg, Fentanil 10mcg, Sevoflurano sob máscara facial. Após a indução, o paciente apresentou dificuldade na ventilação com máscara-balão sendo introduzido uma máscara laringeia numero 1 com bom acoplamento. Laringoscopia evidenciava uma via aérea anteriorizada CORMAC III com visualização de ponta de epiglote. Houve dificuldade inicial de entubação orotraqueal sendo necessário uso de guia condutor para o sucesso. No intra operatório o paciente permaneceu estável sendo entregue na UTI entubado e em ventilação mecânica sem intercorrências. Discussão/Conclusão – Diante de uma síndrome com múltiplos defeitos relacionados ã via aérea, uma avaliação minuciosa prévia é imprescindível. Dispositivos apropriados para neonatos devem estar sempre disponíveis para reduzir os riscos inerentes da anestesia. Cuidados relacionados ã broncoaspiração também devem ser enfatizados nessas situações por conta do refluxo associado. Referêncais – Blake K, MacCuspe J. Postoperative airway events of individuals with CHARGE syndrome. Int. Jor. Pediatric Otorhinolaryngology, 2008. White GR, Giambra BK; Aspiration in children with CHARGE syndrome. Int. Jor. Pediatric Otorhinolaryngology, 2005.

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AO 013 MANUSEIO ANESTÉSICO EM RESSECÇÃO DE FEOCROMOCITOMA MAURO GIL PINHEIRO ALVES; JOSÉ COSTA; CÍNTHIA INDELLI BARROS; ADRIANO CAMARA GOMES; FERNANDO RIBEIRO COSTA; JOAO VITOR SCRAMIGNON CORTES HNMD, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: MANUSEIO ANESTÉSICO EM RESSECÇÃO DE FEOCROMOCITOMA – RELATO DE CASO Autores:Barros CIAM;Alves MGP*;Costa J.;Gomes AC;Costa FSR;Cortês JVSR CET/SBA da Clínica de Anestesiologia Do Hospital Naval Marcílio Dias(HNMD)-RJ Justificativa e Objetivo: O Feocromocitoma, tumor raro das células cromafínicas, pode cursar com excessiva liberação de catecolaminas e sérias repercussões. O objetivo deste relato é expor a dificuldade no controle hemodinâmico do paciente no per-operatório principalmente na abordagem e manipulação do tumor. Relato do Caso: Paciente masculino, 47 anos, portador de asma brônquica leve. Há 1 ano apresentando picos hipertensivos intermitentes, cefaléia, sudorese profusa e palpitações, sendo internado no HNMD. Foram realizados exames laboratoriais, RX de tórax, ECG, ecocardiograma, TC de tórax, abdômen e pelve. Presença de massa em supra-renal esquerda.Foi postulada a hipótese de Feocromocitoma e realizados exames de sangue e urina para pesquisa de catecolaminas e metabólitos. Comprovado o diagnóstico clínico-laboratorial do tumor, foi iniciado tratamento com Prazosin 1mg de 8/8h por 15 dias. Não foi usado bloqueador em virtude de relato de um episódio de broncoespasmo com Atenolol. Venóclises em MSD e MSE com cateteres 14G, bloqueio peridural lombar contínuo e administrada Ropivacaína(RPV) 0,2% 5 ml, monitorização com BIS, cardioscópio, SpO2 e capnografia, PAM em artéria radial esquerda, punção de veia subclávia direita com cateter de duplo-lúmen pela técnica de Seldinger. Preparados Nitroprussiato de Sódio(NPS), Amiodarona e Norepnefrina além de desfibrilador. Optou-se por Anestesia Venosa Total(AVT), com Propofol e Remifentanil. Intubação com tubo 8,0, 1ª tentativa, após Vecurônio e Lidocaína 1,5 mg/kg sem intercorrências hemodinâmicas. Apresentou alterações hemodinâmica somente na abordagem do tumor com PAS de 300 mmhg e extrassístoles ventriculares não-sustentadas. Foi iniciado NPS em doses elevadas sem melhora aparente. Logo em seguida ao clampeamento da veia renal, a PAS caiu para 60 mmhg. Otimização da reposição com cristalóides e suspensão do vasodilatador,com restabelecimento da PA. Até o término da cirurgia e extubação não foi utilizada amina e o paciente foi encaminhado ao CTI. Evoluiu com hipotensão sendo transfundido com concentrados de hemácias e iniciada amina vasoativa. Após 72 horas teve melhora hemodinâmica e desmame das drogas. Durante a estada no CTI(5 dias) permaneceu com cateter peridural com RPV 0,2% 5 ml/h e em nenhum momento queixou-se de dor.Discussão e Resultados: Foi realizada indução lenta e cuidadosa para ter um plano anestésico adequado evitando-se o estímulo da laringoscopia e da incisão cirúrgica. Foi utilizada a AVT para controle mais fino das alterações hemodinâmicas. Apesar disso, na abordagem do tumor houve pico hipertensivo de difícil controle com doses elevadas de NPS. O paciente foi encaminhado ao CTI onde a estabilidade hemodinâmica foi conseguida com vasopressor e reposição. Não houve sequelas. Optamos por não utilizar Esmolol apesar dos benefícios desta droga pois havia relato de broncoespasmo com Atenolol. Conclusão: A ressecção de Feocromocitoma requer preparo adequado do paciente por pelo menos 15 dias e cuidados anestésicos que visem minimizar as alterações hemodinâmicas e apesar de todo cuidado é de difícil manuseio. Referência:Anaesthetic Management of a Case of Pheochromocytoma with Dilated Cardiomyopathy-A Case Report. In The Indian Anaesthetists’ Forum April 2010(4).Nandita Kad,Sarla Hooda,Jagdish Dureja et all.

AO 014 ANESTESIA GERAL EM PACIENTE COM SÍNDROME DO NEURÔNIO MOTOR INFERIOR EDUARDO DE SOUZA NETO; NINA PAES LEMES LEITE; RODRIGO BERNARDES DE OLIVEIRA; MARCIA MARIA PRADO FONSECA; CARLA CRISTINA SOUZA FARIA; LUIZ OTÁVIO ALVES GONZAGA HOSPITAL SEMPER, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL.

Resumo: Anestesia Geral em Paciente com Síndrome do Neurônio Motor Inferior JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A síndrome do neurônio motor inferior refere-se a um grupo de doenças que evoluem com degeneração dos neurônios do tronco encefálico e da medula espinhal, levando à paralisia e atrofia musculares, além de arreflexia e perda de tônus. Geralmente, o mecanismo de morte está relacionado à insuficiência respiratória devido ao acometimento da musculatura ventilatória. O manejo anestésico desses pacientes exige cuidados especiais na manipulação da via aérea e prevenção de complicações pulmonares. RELATO DE CASO: Paciente A.G.C., 35 anos, 45 kg, admitido no centro cirúrgico para tratamento de fratura de fêmur esquerdo. História de doença do neurônio motor inferior a esclarecer, com perda de força muscular difusa e dificuldade para deambular; sem componente distônico e sem acometimento bulbar. Orientado, sem alterações de pares cranianos, exceto por fasciculações em língua; atrofia muscular difusa com predomínio distal. Coluna vertebral com escoliose importante. Monitorizado com ECG, oximetria de pulso, pressão arterial não invasiva e capnografia. A avaliação da via aérea evidenciou Mallampati 2, com boa mobilidade cervical. Realizado bloqueio 3 em 1 com ropivacaína e lidocaína no membro afetado para analgesia pós-operatória. Administrada anestesia geral com remifentanil (0,3-0,4 mcg/kg/min), propofol (alvo de 4 mcg/mL) e midazolam (3 mg). Feita anestesia tópica de via aérea e administrado lidocaína IV (1,5 mg/kg), seguida de laringoscopia (Cormack 4) e intubação orotraqueal com auxílio de bougie, com sucesso. Ao final do procedimento, extubado sem intercorrências, assumindo bom padrão ventilatório. Encaminhado à sala de recuperação. DISCUSSÃO: A fraqueza da musculatura ventilatória com insuficiência respiratória é a principal causa de morte nos indivíduos portadores de doença do neurônio motor inferior. Esses pacientes apresentam níveis reduzidos de acetilcolina e, por isso, são mais sensíveis aos bloqueadores neuromusculares; assim, tais fármacos devem ser evitados ou limitados a doses baixas, com monitorização obrigatória do grau de relaxamento. Quando há envolvimento bulbar, existe predisposição à regurgitação e aspiração e a anestesia geral tem seu risco aumentado devido à abolição dos reflexos da via aérea. Além disso, o uso de anestésicos inalatórios não é aconselhável devido à suposta relação entre atrofia muscular espinhal e o desenvolvimento de hipertermia maligna. Bloqueios de neuroeixo constituem técnicas interessantes, mas, no caso apresentado, optou-se por anestesia geral em virtude da escoliose importante verificada ao exame clínico. A escolha de uma técnica utilizando apenas agentes venosos e sem relaxantes musculares mostrou-se a mais adequada para o paciente, permitindo o rápido despertar com retorno pecoce da ventilação espontânea e do reflexo de tosse. Referências Bibliográficas: 1. Revista Brasileira de Anestesiologia, 2009; 59: 2: 206-209 2. Revista Brasileira de Anestesiologia, 2010; 60: 2: 170-175 3. British Journal of Anaesthesia 92 (3): 432-2 (2004)

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AO 015 ANESTESIA GERAL EM PACIENTE PORTADOR DE ATROFIA DE MÚLTIPLOS SISTEMAS LEANDRO CARVALHO LIXA; MICHELLE BREMENKAMP SOUZA; LEANDRO JORGE CLETO; MARCELO AUGUSTO DE OLIVEIRA TORRES; ANA LUCIA GONDIM MONTENEGRO HOSPITAL FEDERAL DO ANDARAÍ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Introdução:A Atrofia de Múltiplos Sistemas(MSA) compreende uma série de alterações esporádicas, progressivas,neurodegenerativas de etiologia desconhecida,caracterizadas pelo surgimento de três principais sinais e sintomas:parkinsonismo,falência autonômica e disfunção cerebelar ou piramidal.O propósito deste relato é apresentar um caso de paciente com diagnóstico de Síndrome de Shy-Drager submetido a anestesia geral,ressaltando a importância da avaliação pré-anestésica, monitorização durante a anestesia,seleção dos agentes anestésicos e da técnica empregada.Relato do caso:Paciente de 81 anos a ser submetido à colescistectomia videolaparoscópica portador da síndrome de Shy-Drager.A proposta cirúrgica foi alterada para colecistectomia aberta.A técnica anestésica foi geral balanceada com indução inalatória de forma lenta com sevoflurano com um dial de 3,0 e com injeção venosa de 150mcg de fentanil e de 10 mg de cisatracúrio. Realizada intubação oro traqueal com tubo de diâmetro 8,0 com cuff sob laringoscopia direta atraumática.Foi acoplado em prótese ventilatória em modo controlado a volume com frequência de 11 incursões por minuto e volume de 625 ml. Manutenção da anestesia com sevoflurano com dial variando de 1,0 a 1,5.Ao início da cirurgia foi realizado dose complementar de 50 mcg de fentanil.Foram utilizados 400mg de hidrocortisona, 2g de cefazolina e ao final da cirurgia 8mg de ondasetrona,2g de dipirona e 8mg de nalbufina(subcutânea).Foi feito bloqueio intercostal com ropivacaína a 0,2%.Após aspiração das vias aéreas superiores foi extubado e encaminhado a SRPA sem queixas de dor ou de náuseas e com Aldrete nove. Liberado para enfermaria cirúrgica onde permaneceu por mais um dia até alta hospitalar.Discussão:A MSA é uma doença fatal que acomete indivíduos da quarta a sexta década de vida com uma duração média de doença de 6 anos.A bradicardia mantida e a ausência de compensação com taquicardia à hipotensão postural são características marcantes da doença.Paradoxalmente,mais da metade dos pacientes apresenta hipertensão de supina.Não há tratamento disponível que possa alterar o curso clínico da doença.No manejo anestésico,o principal desafio é a manutenção da estabilidade hemodinâmica e a manutenção do drive respiratório satisfatório.Os casos relatados na literatura não encontraram contra-indicações formais ao uso de anestésicos usuais da nossa prática.Nos casos em que se deseja realizar anestesia geral, a indução deve ser feita de forma parcimoniosa.Vários autores recomendam que sejam usadas pequenas doses de opióide, associadas a uma indução inalatória paulatina, buscando sempre a estabilidade hemodinâmica.Caso haja hipotensão intraoperatória, os dados da literatura são divergentes no que se refere ao tipo de droga a ser infundida para o reestabelecimento de níveis aceitáveis de pressão arterial.Referências Bibliográficas:1Furtado RD- Anestesia em paciente com disautonomia.RBA Vol.50,nº5.2-Harrison-Medicina Interna. Cap.354,págs2551 a 2553.

AO 016 MANUSEIO ANESTÉSICO EM PACIENTE PORTADOR DE CARDIOPATIA CIANÓTICA GRAVE PARA EXTRAÇÃO DENTÁRIA VÂNIA FAILLACE ALVIM1; NADYA REGINA PORTO2; CLAUDIO LUIS DA FONSECA2; MICHELLE SOARES MAFRA2; ALINE FATIMA NUNES3; NAIR BARROS SILVA3 1.HOSPITAL GERAL NOVA IGUAÇU, NOVA IGUAÇU, RJ, BRASIL; 2.HOSPITAL GERAL DE NOVA IGUAÇU, NOVA IGUAÇU, RJ, BRASIL; 3.HOSPITAL JESUS, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: MANUSEIO ANESTÉSICO EM PACIENTE PORTADOR DE CARDIOPATIA CONGÊNITA CIANÓTICA GRAVE PARA EXTRAÇÃO DENTÁRIA: RELATO DE CASO. Autores: Mafra M.S.*; Alvim V.F.M.; Fonseca C.L.; Porto N.R.S.; Silva N.B.F; Nunes A.F.S. Instituição: Hospital Municipal Jesus RJ / CET Hospital Municipal Souza Aguiar, RJ. Introdução: A Síndrome da hipoplasia do ventrículo esquerdo (SHVE) incide em 1,5 a 2 crianças para cada 10.000 nascidos vivos. Tem como característica principal a atresia ou a estenose mitral, a hipoplasia do VE, a atresia ou estenose da válvula aórtica, com o arco aórtico diminuído e o fluxo sanguíneo sistêmico dependente da permeabilidade do canal arterial. O objetivo do presente relato foi descrever a anestesia em paciente portador dessa cardiopatia. Relato de Caso: Paciente masculino, 08 anos, 20,4Kg, ASA pIII, portador de cardiopatia congênita cianótica com ecocardiografia evidenciando ventrículo único, atresia mitral e regurgitação de tricúspide. Apresentava histórico de 6 anestesias gerais (cardíacas, neurocirúrgicas e odontológicas). Foi realizado um novo procedimento para extração dentária. Ao exame clínico mostrava acordado, ativo, porém não cooperativo, cianose de extremidade e de mucosas (3+/4+), baqueteamento digital, amaurose bilateral e sem controle de esfíncter anal. Apresentava ausculta respiratória sem alterações com FR:22 irpm, aparelho cardiovascular com RCR 2T BNF com sopro sistólico (+4/+4), boa mobilidade de pescoço. Em uso de Captopril, AAS e Rivotril. A proposta cirúrgica foi revisão de arcada dentária, sob anestesia geral balanceada. Utilizou-se monitorização obrigatória e analisador de gases. Inicialmente os sinais vitais da criança eram: PA=150 X 80 mmHg; FC=100 bpm; FR=22 irpm; T=36°C e Sat O2 em ar ambiente =79%.Administrada cetamina 100mg IM como pré anestésico, em seguida foi acoplada a máscara facial com O2 a 100% e sevoflurano, realizado venóclise em MSD J22G, seguida de indução com fentanil 20mcg (1mcg/Kg), lidocaína 2% 20mg (1mg/Kg) e cetamina 20mg (1mg/Kg).Verificou-se boa ventilação sob máscara facial, foram executadas 2 tentativas de INT sem sucesso procedendo-se a IOT com TOT nĐ 5,0 com balonete e manutenção com sevoflurano. Após término da cirurgia o paciente foi acordado e encaminhado para a sala de recuperação pós-anestésica em O2 sob máscara, saturando a 81%. Discussão: No manuseio anestésico desta cardiopatia cianótica, a manutenção do débito cardíaco é imperativa. A Cetamina foi importante na manutenção do débito e o uso do opióide e halogenado para diminuição da resistência vascular sistêmica. Desta forma, o conhecimento da fisiopatologia da cardiopatia aliada ao do arsenal farmacológico proporcionou a melhor estabilidade possível para o caso. Referências Bibliográficas: 1. Revista Brasileira de Anestesiologia 2008, vol.58, n.3, pp. 246-251. 2. Pediatric Anesthesia, 17: 775–781.Agosto 2007

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AO 017 ANESTESIA EM PACIENTE PORTADOR DE PARAGANGLIOMA NÃO DIAGNOSTICADO SADY THURLER DE MENDONÇA NETTO; JOSE COSME DOS SANTOS CAMARGO; CAMILA LIMA FERREIRA; MARCO ANTONIO CARDOSO DE RESENDE; ELIZABETH FERNANDES VAZ SILVA; BEATRIZ SOPHIA DE QUEIROZ ROBERT FONSECA HUAP/UFF, CET SILVIO RAMOS LINS, NITEROI, RJ, BRASIL. Resumo: Introdução: Os paragangliomas são feocromocitomas de localização extra-adrenal, a maior parte localizada no abdome, associados à cadeia simpática. O órgão de Zuckerkandl próximo a bifurcação da aorta é o local extra adrenal mais comum. Antes dos exames diagnósticos estarem disponíveis, 25% a 50% das mortes de pacientes com feocromocitoma ocorriam durante a indução anestésica ou em cirurgias de distúrbios não relacionados. Relato de caso: Paciente masculino, 71 anos, negro, 60 Kg, ASA III, com hipertensão, diabetes, insuficiência renal crônica, em uso de losartana 50mg/dia, nifedipina 60mg/dia, indapamida 2,5mg/dia e insulina apresentado para exérese de tumor de duodeno. Após venóclise em membro superior direito (16G) e monitorização com eletrocardioscopia, oximetria de pulso, pressão arterial invasiva e capnografia foi instalado cateter epidural em T12-L1 com injeção de morfina 2mg. Em seguida foi realizada a indução com propofol 150mg, fentanil 300µg, atracúrio 30mg e manutenção com sevoflurano. A partir da abertura do peritôneo, o paciente evoluiu com grande instabilidade hemodinâmica, principalmente hipertensão com picos de até 240 x 150 mmHg. Nesse período foi realizada injeção de ropivacaína 0,2% (15ml) pelo cateter peridural e clonidina 150µg IV sem alteração do quadro hemodinâmico. O isolamento vascular do tumor foi seguido de hipotensão grave e bradicardia, tratados com atropina 0,5mg, infusão rápida de cristalóides e noradrenalina titulada, através de acesso venoso profundo. Após o fim do procedimento com a retirada do tumor, o paciente foi encaminhado à URPA. Ainda instável, foi depois levado ao CTI, intubado e dependente de noradrenalina. No quinto dia de pós-operatório recebeu alta do CTI com melhora importante do quadro hemodinâmico e metabólico. Discussão: A anestesia para ressecção de paraganglioma, devido às alterações hemodinâmicas que ocorrem no intra e no pós-operatório, é um grande desafio aos anestesiologistas tanto na sala de cirurgia como na UTI. A ausência de diagnóstico pré-operatório impede o adequado preparo, o que impõe grande risco aos pacientes. A presença de hipertensão persistente, com ocorrência de picos deve suscitar a suspeita de paraganglioma. Diante da suspeita, são fundamentais a utilização de medicações que promovam bloqueio e vasodilatação antes da ressecção do tumor, bem como o suporte hemodinâmico com vasopressores após a sua retirada. Referências Bibliográficas: 1- Stoelting’s Anesthesia and Co-Existing Disease,5th Edition; 388-393. 2- British Journal of Anaesthesia 85(1):44-57;2000.

AO 018 ANESTESIA GERAL VENOSA TOTAL EM PACIENTE PORTADOR DE DISTROFIA MUSCULAR MIOTÔNICA. RELATO DE CASO. DÉBORA MIRANDA DIOGO; PAULO RICARDO RABELLO DE MACEDO COSTA; BEATRIZ LEMOS DA SILVA MANDIM; NEUBER MARTINS FONSECA; ROBERTO ARAUJO RUZI; TIAGO BELLETATO STABILLE UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, UBERLANDIA, MG, BRASIL. Resumo: CET/SBA da Universidade Federal De Uberlândia - MG Introdução - A distrofia miotônica, (doença de Steinert), é a forma de distrofia mais comum no adulto, associada à atrofia muscular e miotonia. É caracterizada por miotonia (relaxamento muscular incompleto), fraqueza dos músculos da mastigação, pescoço, faringe e extremidades distais, ptose, calvície frontal, déficit de inteligência e envolvimento multissistêmico.Relato do caso: Paciente do sexo feminino, 47 anos, 64Kg, 1,70m, portadora de distrofia muscular miotônica diagnosticada desde os 10 anos, para cirurgia de parotidectomia (Adenoma Pleomórfico de Parótida D). Antecedentes familiares: 8 irmãos, sendo 7 com diagnóstico de distrofia miotônica e dois filhos, um com a doença. Antecedentes cirúrgicos: duas cesareanas anteriores, apendicectomia e histerectomia abdominal, todas sob raquianestesia. Negava uso de medicamentos e alergias. Os exames complementares normais, eletrocardiograma com ritmo sinusal e bloqueio de ramo direito. Ao exame físico apresentavase orientada, com atrofia muscular de extremidades e face, necessitando de cadeira de rodas devido incapacidade de deambulação. A paciente foi monitorizada com: ECG contínuo, oximetria de pulso, pressão arterial não-invasiva e capnografia. Foi submetida a indução e manutenção anestésica com propofol e remifentanil em infusão contínua. Não foram utilizados bloqueadores neuromusculares. Realizado intubação orotraqueal com tubo aramado 7,5 com cuff e mantida em sistema respirador com absorvedor parcial de gases em ventilação controlada a volume. A paciente manteve-se estável hemodinamicamente durante todo o procedimento. O procedimento cirúrgico durou 1 hora e 30 minutos e após o término paciente foi extubada sem intercorrências. Ao término da intervenção cirúrgica foi mantida em observação por 1 hora na SRPA com alta hospitalar dois dias após, sem complicações no pós-operatório. Discussão: Durante a anestesia, a miotonia pode ser precipitada por hipotermia, tremores e estimulação elétrica ou mecânica. A técnica anestésica preferencial é o uso de bloqueio de nervo periférico ou neuroeixo. A anestesia geral deve ser evitada pelos riscos ventilatórios inerentes ao seu controle no pós-operatório. O uso de succinilcolina é contra-indicado, os bloqueadores neuromusculares não-despolarizantes têm duração prolongada e o uso de anticolinesterásicos exige cautela. Nesse contexto, o atracúrio pode ser o relaxante muscular mais adequado. A maioria das complicações perioperatórias já relatadas na literatura foram pulmonares. O manuseio perioperatório desses pacientes constitui um desafio, tanto pela sensibilidade aumentada aos vários anestésicos, como pelos riscos de complicações cardiorrespiratórias desencadeadas pela doença. Referências: Revista Brasileira de Anestesiologia 56:6: 649-653, 2006; British Journal of Anaesthesia 85 (3):407-9 2000; Anaesthesia 42: 529-533, 1987.

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AO 019 ANESTESIA EM PACIENTE PORTADOR DE HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO. RELATO DE CASO. LUIS CLAUDIO ARAUJO LADEIRA; EDNO MAGALHÃES; EDISIO PEREIRA PEREIRA; MAURICIO DAHER ANDRADE GOMES; ANDRÉ MARQUES MELO; MARTA FERREIRA SANTIAGO CET/SBA CENTRO DE ANESTESIOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, BRASÍLIA, DF, BRASIL. Resumo: JUSTIFICATIVA E OBJETIVO: O hiperaldosteronismo primário (síndrome de Conn) implica alterações importantes na fisiologia cardiovascular, renal e metabólica, e o manejo desses pacientes pode representar um desafio ao anestesiologista. RELATO DE CASO: Paciente do sexo masculino, 40 anos, 1,66m, 67kg, escalado para ser submetido a adrenalectomia esquerda videolaparoscópica. Portador de tumor adrenal à esquerda, cursava com hiperaldosteronismo primário e hipertensão arterial secundária. Apresentava níveis pré-operatórios da atividade da renina plasmática inferior a 0,1ng.ml-1.h-1, aldosterona=77,4ng.dL-1 e potássio=4,3mEq.L-1. Fazia uso diário de captopril (150mg), nifedipina (40mg), espironolactona (100mg) e cloreto de potássio (1200mg). Monitorizado com cardioscopia, oximetria de pulso, pressão arterial invasiva, analisador de gases e diurese por sonda vesical. Acesso venoso central (jugular interna direita) e periférico (calibre 16G). Indução venosa com fentanil (200mcg), propofol (160mg) e rocurônio (50mg) e manutenção com sevoflurano entre 0,8-1,0 CAM e remifentanil em infusão contínua em doses que variaram entre 0,1 e 0,25mcg.kg-1.min-1. Realizadas dosagens plasmáticas de glicose, eletrólitos e gasometria arterial a cada hora, sem alterações significativas. Não foram observadas grandes variações de pressão arterial à manipulação adrenal. A operação durou cerca de 3 horas, foram administrados 2000mL de cristalóides e obtida diurese de 350mL. O paciente foi extubado, encaminhado à sala de recuperação pós-anestésica e posteriormente à enfermaria. Após 48h recebeu alta hospitalar. Seguiu acompanhamento no serviço de endocrinologia. DISCUSSÃO: O hiperaldosteronismo primário ocorre por secreção excessiva de aldosterona, mais comumente por um adenoma funcionante das glândulas adrenais. A atividade mineralocorticóide aumentada leva à excreção renal de potássio, retenção de sódio, com resultante aumento do volume de fluido extracelular e alcalose metabólica hipocalêmica. Um adequado controle pré-operatório da hipocalemia e da hipertensão arterial proporciona maior estabilidade cardiovascular, especialmente com uso de diuréticos poupadores de potássio. A presença de hipotensão ortostática no pré-operatório está relacionada a maior incidência de hipotensão no intra-operatório. A hipocalemia pode alterar a resposta aos bloqueadores neuromusculares e ser agravada por hiperventilação. Deve-se monitorar o status ácido-básico, hidroeletrolítico e metabólico durante a anestesia. CONCLUSÕES: Um conhecimento das bases fisiopatológicas do hiperaldosteronismo primário e da sua implicação direta nos sistemas cardiovascular e metabólico é de fundamental importância para o manuseio adequado da anestesia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Clin Endocrinol (Oxf), 2007. 66(5): 607-18. N Engl J Med, 1998. 339; 1828-34. Anesthesiology, 1976. 45(5):542-4.

AO 020 PACIENTE COM SÍNDROME DE EHLERS-DANLOS SUBMETIDA A CIRURGIA DE CORREÇÃO DE ESCOLIOSE COM USO DE CELL SAVER THIAGO CARLOS DE OLIVEIRA RAMOS; CAMILA SOUZA HAGUI; JOSE FERNANDO AMARAL MELETTI; REINALDO VARGAS MIRANDA; LUCAS PERRONE GOMES; CESAR ARAUJO MIRANDA CET FACULDADE DE MEDICINA DE JUNDIAI, JUNDIAI, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: A Síndrome de Ehlers-Danlos (SED) agrupa algumas desordens genéticas raras na formação do tecido conjuntivo que cursam com flexibilidade articular extrema, pele muito elástica e tecidos frágeis. Em sua maioria, é do tipo autossômica dominante, podendo ser autossômica recessivo ou recessiva ligado ao X. É bastante incomum, tendo incidência de 1:5.000 nascidos vivos. Há inúmeras variantes da Síndrome determinadas por anomalias na síntese do colágeno a partir de diferentes genes. Relato de caso: Paciente feminino, 10 anos, 30Kg, ASA II, com diagnóstico de Síndrome de Ehlers-Danlos, que seria submetida ao tratamento cirúrgico de escoliose da coluna tóraco-lombar, apresentou-se na avaliação pré-anestésica com exames laboratoriais normais, dosagem de hemoglobina de 13,5mg/dL e hematócrito de 42%, coagulograma normal, tempo de protrombina de 11 segundos com índice de normatização (INR) de 0,97, tempo de tromboplastina parcial ativada de 29,3 segundos e plaquetas de 369.000/mm3. Ecocardiograma sem alterações patológicas e negava alergias. A anestesia foi realizada com indução inalatória com sevoflurano a 8% sob máscara facial acoplada a um sistema tipo Magill, venóclise de MSE com abocath 18G, indução venosa com 150µg de fentanil, 100mg de propofol, intubação orotraqueal com tubo orotraqual 6,0. Foi mantida em ventilação controlada a volume (volume corrente de 230mL, frenquência respiratória de 15 ipm, relação inspiração/expiração de ½ e PEEP = 5cmH2O) e com infusão contínua de propofol e remifentanil. Foi introduzido acesso venoso central 5F em veia subclávia direita e catéter 22G em artéria radial direita. Foi colhida uma gasometria arterial inicial que mostrou hemoglobina de 10,9mg/dL e hematócrito de 32,6%. A cirurgia foi realizada com potencial evocado tendo duração de 8 horas e 15 minutos, foram infundidos 4.500mL de ringer lactato, 500mL de Voluven® e 690mL de sangue, sendo 2 concentrados de hemácias e 230mL proveniente do Cell Saver®; houve 500mL de diurese, 900mL de sangramento intra-operatório, 2.960mL de perdas insensíveis e jejum intra-operatório. Foi transportada para a UTI desintubada e com balanço hídrico positivo de 1.330mL, hemoglobina de 9,4mg/dL e hematócrito de 28,3%. Discussão: A SED tem um diagnóstico essencialmente clínico e é caracterizada por defeitos na síntese de colágeno que levam a hipermobilidade articular, cútis extensível e fragilidade dos tecidos, podendo levar à ruptura de traqueia à intubação, luxação atlanto-occipital durante a hiperextensão cervical, leito vascular facilmente friável, sendo descrito até ruptura de aorta e do baço. A cirurgia de correção de desvio escoliótico tóraco-lombar é de grande porte, na qual ocorre perda de grande volume sanguíneo e deve-se tomar muito cuidado com o manejo do paciente, principalmente durante a intubação traqueal, passagem do acesso venoso central, punção arterial, nas movimentações de mudança de decúbito e durante o potencial evocado.

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AO 021 ANESTESIA PARA VIA AÉREA ARTIFICIAL EM PACIENTE PORTADORA DE SÍNDROME DE STEVENS-JOHNSON ALEXANDRO DE ARAUJO ALTAMIRANDA; ANNA GISELE NUNES COUTINHO; CAMILA FREIRE DE CARVALHO MODESTO; DIEGO ABEL LEITE SOUSA; JOÃO JOSÉ BORGES DE BARROS DOS SANTOS; LIANA MARIA TÔRRES DE ARAÚJO AZI HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROFESSOR EDGARD SANTOS, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: A Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ) é uma reação adversa aguda associada principalmente ao uso de medicamentos, entre eles os AINES. É uma emergência médica rara (1:1.000.000.000/ano) e de elevada taxa de mortalidade, 1 a 5%. É mais freqüente em crianças do sexo masculino, sendo rara em adultos do sexo feminino. Caracteriza-se por grave epidermólise, com lesões mucocutâneas multiformes, hemorrágicas, de rápida expansão, mas autolimitadas. Os cuidados iniciais são medidas de suporte e sintomáticos, com atenção especial às vias aéreas. O objetivo desse relato é discutir a conduta anestésica em pacientes com lesões dermatológicas que prejudicaram o manejo da via aérea. Relato de caso e discussão: Paciente do sexo feminino, 41 anos, 60 kg, procedente de Salvador-BA, sem comorbidades ou alergias, que apresentou máculas purpuráceas e vesículas em pele, predominantes em face, com progressão para o corpo, após 12 horas do uso de Diclofenaco e Paracetamol, prescritos para tratamento de conjuntivite e febre. Tinha feito uso também de Ceftriaxone, Oxacilina e Hidrocortisona. Evoluiu com piora do quadro, sendo encaminhada à UTI por manifestar crostas hemorrágicas em face obstruindo as narinas e restringindo a abertura da boca, causando limitações graves ao manejo da via aérea. Diante da necessidade de desbridamento das lesões pela cirurgia plástica e oftalmologia, foi admitida ao centro cirúrgico lúcida, orientada, hemodinamicamente estável e taquipneica. Devido à desconfiguração da face e evidente sangramento da mucosa oral, adaptar máscara facial ou laríngea ou proceder a intubação naso/ orotraqueal para suporte ventilatório, embora desejáveis, foram descartados. Optou-se então por sedação consciente e estabelecimento de via aérea cirúrgica (traqueostomia). A sedação foi realizada com 100mcg de Fentanil e 2.5mg de Droperidol, além de anestésico local. Depois de assegurada via aérea cirúrgica, realizou-se indução venosa da anestesia geral com 300mcg de Fentanil, 200mg de Propofol, 60mg de Lidocaína e 8mg de Cisatracúrio. Manutenção inalatória com Sevoflurano e O2/Ar (FiO2=50%) com capnografia sem anormalidades. Cirurgia sem intercorrências. Paciente encaminhada à UTI sedada, traqueostomizada, permanecendo em ventilação mecânica desde então. Conclusão: A manifestação grave em face e mucosas comprometeu o uso da máscara facial, da máscara laríngea ou mesmo a intubação naso/orotraqueal para suporte ventilatório. A sedação consciente com baixa dose de opióide e neuroléptico manteve a ventilação espontânea sem depressão respiratória. Referências bibliográficas: 1. J Dermatol 2011; 38(3):272-275; 2. J Turk Anaesth Int Care 2009; 37(6):389-393; 3. Allergology Int 2006;55(1):9-16.

AO 022 CORÉIA DE HUNTINGTON E ANESTESIA RENATA VIVIAN FERREIRA PEREIRA; DANIEL DE CARLI; KARINA FONSECA UEHARA; RAFAEL HANNICKEL SOUZA HOSPITAL PAULO SACRAMENTO, JUNDIAI, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: Doença de Huntington (DH) é um distúrbio neurodegenerativo hereditário raro com prevalência de 3 a 7 casos por 100 000 habitantes. Mais frequente no homem, é caracterizada por transtornos do movimento, distúrbios psiquiátricos e demência. Caso clínico: Paciente de 65 anos, sexo masculino, com diagnóstico de DH, a ser submetido a cirurgia eletiva para colecistectomia laparoscópica. Optado por anestesia venosa total alvo controlada, iniciado indução anestésica com atropina (0,5 mg), por bradicardia sinusal, propofol em bomba de infusão com concentração plasmática alvo de 4mcg/ml, remifentanil na dose de 0,6 mcg/kg/min por 5 minutos e rocurônio na dose de 0,6 mg/kg. Realizado manobras de via aérea difícil e sequência rápida, seguido de intubação orotraqueal com auxilio de guia e passado cânula 7,5 com cuff. Instalado ventilação controlada a volume com oxigênio a 71% e mantido propofol em concentração plasmática de 3 mcg/ml e remifentanil 0,3 mcg/kg/min, com dose resposta mediada. O tempo anestésico-cirúrgico foi de 95 minutos e, após interromper a infusão contínua, o despertar ocorreu em 20 minutos, sendo extubado bem acordado, sem intercorrências. Discussão: DH é uma doença progressiva que afeta os gânglios basais. Preocupações para o anestesiologista incluem o fato dos pacientes serem frágeis, incapazes de cooperação e com risco aumentado de aspiração. As respostas são exageradas ao tiopental sódico, midazolam e succinilcolina (efeito prolongado). Anestésicos inalatórios agravam o tremor e o aparecimento de espasmos. Conclusão: Na anestesia venosa total, o uso de drogas de curta ação anestésica, como propofol e remifentanil, promovem o rápido retorno dos reflexos protetores de vias aéreas, demonstrando portanto sua eficácia e segurança no despertar precoce sem correr o risco de depressão respiratória com consequente broncoaspiração. Referências bibliográficas: Einstein: Educ Contin Saúde, 2007; 5(3 Pt 2): 83-88. Journal of clinical anesthesia, 2004; vol. 16, Issue 7, pages 537-538. Indian J. Anaesth, 2006; 50 (1): 47-48.

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AO 023 PARAPLEGIA APÓS BLOQUEIO DO NEURO-EIXO EM PACIENTE COM SÍNDROME DE ASHERSON: RELATO DE CASO ANA KARLA ARRAES1; CLAUDIO CARACIOLO SILVA1; ERICKSON LOPES FILHO1; FELIPE LIRA TAVARES1; JANE AUXILIADORA AMORIM2; OTÁVIO DAMÁZIO FILHO2 1.HOSPITAL OSWALDO CRUZ, RECIFE, PE, BRASIL; 2.HOSPITAL DA RESTAURAÇÃO, RECIFE, PE, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: A Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide (SAF) caracteriza-se pelas manifestações clínicas e laboratoriais de trombose arterial e/ou venosa recorrentes, abortamentos de repetição e trombocitopenia, além de anemia hemolítica auto-imune, alterações cardíacas, neurológicas e cutâneas. A Síndrome de Asherson, ou forma catastrófica da SAF, é uma forma rara e fulminante da doença. O objetivo desse estudo foi alertar o anestesiologista para um diagnóstico incomum em paciente evoluindo com paraplegia de membros inferiores logo após anestesia no neuro-eixo. Relato de Caso: Paciente masculino, 34 anos, obeso, tabagista, enfisematoso, hipertenso, internado para tratamento cirúrgico de trombose aorto-ilíaca direita. No pré-operatório, o diagnóstico de SAF era desconhecido. Optou-se pela anestesia subaracnoidea. O Paciente foi posicionado em decúbito lateral para punção em L2-L3 com agulha Quincke 25G. Durante a punção foi evidenciado retorno hemático e optou-se por nova tentativa em espaço superior sob visualização direta por radioscopia. Foi administrado 15 mg de bupivacaíana hiperbárica a 5% e 100 microgramas de morfina. A proposta cirúrgica inicial era uma angioplastia por stent e profundoplastia. A extensão da doença trombótica impediu o tratamento proposto, requerendo implantação de endoprótese na aorta. Foi associada anestesia geral balanceada com propofol, fentanil e rocurônio e manutensão com sevoflurano. Durante o procedimento houve embolia para as artérias renais sendo administrado abiciximab in situ. Após a extubação o paciente apresentou paraparesia nos MMII que progrediu para paraplegia com abolição dos reflexos e sensibilidade preservada. Foi solicitada Tomografia Computadorizada que descartou a hipótese de hematoma espinal. Após análise dos achados clínicos e laboratoriais, chegou-se à conclusão de tratar-se de isquemia medular por embolia da artéria Adamkiewickz, secundária à Síndrome de Asherson. Conclusões: O anestesiologista ao deparar-se com quadro de paraplegia após anestesia no neuro-eixo deve pensar em outras possibilidades diagnósticas além de hematoma espinal. O desconhecimento da doença de base pela equipe, fez com que a técnica anestésica escolhida retardasse o diagnóstico etiológico da paraparesia e impediu a instituição dos tratamentos adequados que são a anticoagulação e a fibrinólise sistêmica. Referências: Isr Med Assoc 2000; 2:268-73; J Rheumatol 1992, 19:508–512.

AO 024 RESSECÇÃO DE PARAGANGLIOMA VAGAL CERVICAL: ABORDAGEM ANESTÉSICA ANA KARLA ARRAES1; ADRIANA SIMPLICIO SIMOES1; ALLANA FULGINO MELO1; JANE AUXILIADORA AMORIM2; JOAO BATISTA FERNANDES1; OTÁVIO DAMÁZIO FILHO2 1.HOSPITAL OSWALDO CRUZ, RECIFE, PE, BRASIL; 2.HOSPITAL DA RESTAURAÇÃO, RECIFE, PE, BRASIL. Resumo: JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Paragangliomas são tumores raros, associados ao sistema nervoso autônomo, que podem ser simpáticos ou parassimpáticos. Apenas três em cada mil localizam-se em topografia de cabeça e pescoço. Devido a sua localização, bem como a possibilidade de secreção de catecolaminas é de se esperar tanto a presença de via aérea difícil, como grave instabilidade hemodinâmica durante a ressecção. Esse estudo teve como objetivos relatar um caso de anestesia em paciente com paraganglioma cervical e discutir os cuidados anestésicos perioperatórios. RELATO DO CASO: Paciente feminina, 26 anos, com queixa de turvação visual e tumoração cervical há um ano. Ao exame físico apresentava síndrome de Horner e tumoração cervical à direita. A videolaringoscopia mostrava abaulamento de hipofaringe direita, sem estreitamento significativo. A ressonância magnética evidenciou processo expansivo em espaço parafaríngeo com deslocamento das artérias carótidas interna e externa direitas. A dosagem de catecolaminas urinárias foi negativa. A paciente foi submetida à embolização seguida de ressecção cirúrgica da tumoração. A técnica anestésica escolhida foi venosa total com uso de remifentanil, propofol e rocurônio. A entubação traqueal ocorreu sem intercorrências, sendo então instituídos os acessos para pressão arterial invasiva e pressão venosa central. No transoperatório apresentou epsódios de bradicardia ao manuseio do tumor, revertidos com bloqueio anestésico local do bulbo carotídeo com lidocaína a 2%. O controle da perfusão cerebral após o clampeamento da carótida comum direita se deu pela determinação do cálculo da extração oxigênio pelo tecido cerebral, através da determinação da saturação de oxigênio de amostras colhidas no bulbo jugular e carótida interna ipslaterais bem como pelo teste de controle de pressão residual pós-clampeamento. Optou-se por traqueostomizar a paciente ao término da cirurgia, devido ao grande edema inflamatório na região, bem como possíveis lesões neurológicas que viriam a comprometer as vias respiratórias e deglutição. A paciente foi encaminhada à UTI sob ventilação controlada. Evoluiu no pós-operatório sem déficits cognitivos, mas apresentou lesão grave do hipoglosso direito e consequente dificuldade de deglutição. CONCLUSÕES: Pacientes com tumores cervicais devem ter a via aérea bem estudada no pré-operátorio. Como graves alterações hemodinâmicas são esperadas durante a ressecção de paragangliomas, a monitorização hemodinâmica invasiva deve ser sempre instituída. Deve- se prever as alterações respiratórias devidas ao edema provocado pelo trauma cirúrgico e as lesões nervosas que podem advir da retirada do tumor. REFERÊNCIAS: Best Pract Res Clin Endocrinol Metab 2010; 943-56

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AO 025 USO DE SUGAMADEX NA REVERSÃO DO ROCURÔNIO EM UM PACIENTE PORTADOR DE MIASTENIA GRAVIS MARCO AURELIO DAMASCENO DA SILVA; MARILIA LEMOS; PATRICK GAMA AUGUSTO OLIVEIRA; LUIZ AUGUSTO CARMO; KAREN AMARAL FARIA; PAULA FARACO DUTRA HMLJ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Uso de Sugamadex na reversão do Rocurônio em um paciente portador de Miastenia Gravis. Relato de caso. Silva. M.A; Lemos. M; Gama Lima. P; Carmo. L.A; Faria. K; Faraco. P. CET: Seba Jorge Eberienos, HMLJ, Rio de Janeiro, RJ. Justificativa e objetivo: Miastenia Gravis é uma doença auto-imune que atinge a junção neuromuscular e promove a destruição de receptores de acetilcolina por auto anti-corpos. Caracteriza-se por enfraquecimento e exaustão dos músculos esqueléticos com seu uso repetido, seguido de uma recuperação parcial após o repouso. Pacientes miastênicos apresentam uma alta sensibilidade ao bloqueio neuromuscular adespolarizante, o que representa um desafio ao Anestesiologista. Relato de caso: A.S.A, feminina, 32 anos, 64kg, ASA II, portadora de miastenia gravis classe IIa há 7anos, em tratamento regular com Piridostigmina 60mg 3xdia, estando assintomática. Paciente internada para realização de colecistectomia vídeo-laparoscópica eletiva. Admitida na S.O lúcida e orientada, com PA 118X79mmhg, FC 76bpm, SpO2 97% em ar ambiente, sendo monitorada com PANI, cardioscopia, oximetria de pulso, analisador de gases, BIS, e estimulador de nervo periférico (TOF-Watch®) em nervo ulnar. Realizado indução anestésica com Propofol 130mg, Remifentanil 0,3mcg.kg.min e Rocurônio 0,4mg/kg (25mg), após três minutos a paciente apresentava BIS=40, T.O.F=0 e PTC=0, sendo realizado IOT sob laringoscopia direta sem intercorrencias. Após 150 minutos de procedimento cirúrgico, a paciente apresentava T.O.F=2, sendo realizado dose adicional de 2,5mg Rocurônio e após 3 minutos apresentou T.O.F=0 PTC=1. A manutenção anestésica foi feita com Sevoflurane e Remifentanil em infusão contínua. O procedimento foi realizado sem intercorrências e durou 180 minutos. No final do procedimento a paciente apresentou T.O.F=2, sendo realizado a reversão do bloqueio neuromuscular com sugamadex 2mg/kg. Observamos que a reversão completa do bloqueio neuromuscular aconteceu após 12 minutos da injeção do sugamadex (T.O.F=94%). Realizado extubação orotraqueal sem intercorrencias. Após 2h na SRPA a paciente teve alta para enfermaria, sem apresentar sinais de fadiga respiratória. Discussão e conclusão: O uso de estimuladores de nervo periférico é mandatório, em pacientes miastênicos, principalmente quando opta-se pela utilização de bloqueadores neuromusculares. Neste grupo, a reversão do bloqueio com sugamadex, apresentou resultados promissores. Com segurança clínica e rapidez, o sugamadex parece ser uma excelente opção para pacientes que apresentam doença neuromuscular. Referências: Miller’s Anesthesia 7ª Ed 2010, Hines & Marschall: Stoelting’s Anesthesia and Co-Existing Disease, 5 ed.; capítulo 18, Anaesthesia ,2010; 65: 302-305

AO 026 MANEJO DA VIA AÉREA DIFÍCIL EM PACIENTE PORTADOR DE TURRICEFALIA TÂMARA BORGES BARROS; IVANDETE COELHO PEREIRA; VAGNER CAVALCANTI ALBUQUERQUE; ÁLVARO SALGADO PINTO; MILENA RAMOS BEZERRA; MÔNICA SANTOS DA SILVA CET/SBA-HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS, MANAUS, AM, BRASIL. Resumo: Introdução: Craniossinostose é o fechamento prematuro das estruturas cranianas e pode ocorrer em decorrência de várias anomalias, como síndromes cromossomais. A turricefalia é causada pelo fechamento das suturas frontoparietal e parietooccipital, a braquicafalia pelo fechamento da sutura coronária bilateral. Podem vir associadas a má formações facias o que leva a dificuldade de entubação orotraqueal. O objetivo desse relato de caso é demonstrar os cuidados no manejo da via aérea em paciente portador de turricefalia e braquicefalia. Relato do caso: Paciente E.B.S.M. 2 anos, Peso: 7.050 Kg com diagnóstico de turricefalia, braquicefalia e dilatação do sistema ventricular programado para realização de colostomia por ser portador de ânus ectópico. Sem alergias e outras comorbidades. Exames laboratoriais sem alterações, ausculta cardíaca e respiratória dentro da normalidade. Avaliação de via aérea: abertura bucal pequena, micrognatismo, crânio grande e pescoço curto. Administrado midazolam xarope 4mg VO 20 minutos antes da indução anestésica, realizada monitorização com ECG, SpO2 e PANI, PA: 80/50 mmHG, FC: 140 bpm e SpO2: 98%. Posicionamento de coxim supra-escapular e máscara laríngea nº 1,5 disponível. Indução inalatória com O2 100% e sevoflurano 4% com sistema duplo T Baraka , Mapleson D. Venóclise com J22, bolus de fentanil 15µg, entubação orotraqueal com tubo nº 4,0 sem cuff na primeira tentativa, sem intercorrências. Manutenção da anestesia com sevoflurano e extubação sem problemas. Discussão: Diversas condições clínicas podem trazer dificuldade para o acesso à via aérea na criança, devido comprometimento das estruturas anatômicas, com graus variados de obstrução. Tais condições incluem malfomações congênitas, dentre elas as disostoses craniofaciais como a turricefalia e braquicafalia presentes nesse caso. O sucesso no manuseio da via aérea difícil depende do diagnóstico prévio, preparo do profissional, planejamento de estratégias para abordar a via aérea e da disponibilidade de material apropriado, sendo a máscara laríngea um recurso apropriado para utilização no manejo de via aérea difícil em pacientes portadores de malformações congênitas. Bibliografia: Practice guidelines for management of the difficult airway. A report by the American Society of Anesthesiologists Task Force on Management of the Difficult Airway. Anesthesiology 1993; 78: 597-602; Savva D: Prediction of difficult tracheal intubation. Br.J.Anaesth. 1994; 73: 149-53.

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AO 027 INTUBAÇÃO DIFÍCIL EM PACIENTE PORTADOR DE ESPONDILITE ANQUILOSANTE LUDIMILA FALCÃO GOMES1; LARISSA FALCÃO GOMES2; LUIZ CESAR ANZOATEGUI2 1.UNIVERSIDADE ANHANGUERA/UNIDERP, CAMPO GRANDE, MS, BRASIL; 2.SOCIEDADE BENEFICENTE DE CAMPO GRANDE - SANTA CASA, CAMPO GRANDE, MS, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: A espondilite anquilosante é uma doença inflamatória crônica das articulações. Geralmente tem início entre a 2ª e 4ª décadas de vida, principalmente em indivíduos do sexo masculino. A progressiva ossificação envolve a cartilagem articular e o espaço do disco no esqueleto axial. A coluna cervical flexionada e imóvel, muitas vezes se associa à limitação da abertura da boca por afetar a articulação temporomandibular em até 40% dos pacientes, determinando grande obstáculo para intubação traqueal. Os bloqueios no neuroeixo são tecnicamente difíceis ou impossíveis, devido à mobilidade articular limitada e à obliteração dos espaços interespinhosos. RELATO DE CASO: Paciente J.M.G., sexo masculino, 47 anos, 80 Kg, 1,80 m, com antecedentes patológicos de espondilite anquilosante e litíase renal. Ao exame físico possuía boa abertura bucal (distância entre os incisivos de 3 cm), Mallampati 3, distância tireomentoniana de 5 cm, e distância esternomentoniana de 10 cm, com limitação importante da mobilidade cervical, cifose acentuada de coluna torácica, e escoliose acentuada em coluna torácica e lombar, com espaços intervertebrais palpáveis. Exames laboratoriais normais. Cirurgia proposta: Nefrolitotomia. Técnica anestésica escolhida: raquianestesia associada à anestesia geral. Paciente sentado, localização de espaço intervertebral L3/L4, punção de espaço subaracnóideo com agulha Quincke nº 27, administração de sufentanil 2,5 mcg, morfina 0,1 mg e bupivacaína hiperbárica 10 mg, sem intercorrências. Paciente colocado em decúbito dorsal, com coxins sob a cabeça e o tronco. Realizada sedação endovenosa com midazolam 1,5 mg e droperidol 1,25 mg, e laringoscopia direta após instilação de lidocaína spray em orofaringe, com o paciente colaborativo, sendo visualizada apenas a epiglote (grau III na escala de Cormack e Lehane), e intubação sem sucesso. Realizada intubação orotraqueal com auxílio de fibrobroncoscópio flexível. Indução anestésica endovenosa com: propofol 120mg, fentanil 250 mcg e atracúrio 40 mg. Manutenção anestésica com propofol em infusão alvo-controlada (2,5 mcg/ml) e remifentanil em bomba de infusão contínua (0,25 mcg/kg/min). Ao final do procedimento, paciente extubado sem intercorrências. DISCUSSÃO: Em pacientes com espondilite anquilosante o manuseio da via aérea e o acesso ao neuroeixo geralmente são difíceis. A intubação de via aérea difícil reconhecida deve ser preferencialmente realizada com o paciente acordado, após o devido preparo com sedação, anestesia tópica e/ou bloqueios nervosos. Desta forma, são de fundamental importância a avaliação pré-anestésica e a adequada indicação da técnica anestésica, visando diminuir as complicações durante os procedimentos cirúrgicos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Miller’s Anesthesia, 6a ed, California, 2005, 2409-2420; Rev. Bras. Anestesiol., 2007, 57; 214-222

AO 028 REVERSÃO DE BLOQUEIO NEUROMUSCULAR COM SUGAMMADEX EM PACIENTE COM MIASTENIA GRAVIS ANNA CAROLINA VON USLAR FERREIRA DE FREITAS; ALBERTO VIEIRA PANTOJA; ALEXANDRA REZENDE ASSAD; ALBERTO ESTEVES GEMAL; BEATRIZ SOPHIA DE QUEIROZ ROBERT FONSECA; RENATA COSTA PINTO HOSPITAL UNIVERSITARIO ANTONIO PEDRO, NITEROI, RJ, BRASIL. Resumo: Introdução: A Miastenia Gravis (MG) é uma doença autoimune na qual há a redução do número de receptores de acetilcolina na membrana pós-sináptica da junção neuromuscular. É caracterizada pela fraqueza intermitente e fatigabilidade muscular. Os pacientes miastênicos são resistentes a succinilcolina, mais sensíveis aos bloqueadores neuromusculares adespolarizantes e pouco responsivos aos anticolinesterásicos. O sugammadex é uma gama-ciclodextrina modificada que age encapsulando e inativando as moléculas dos bloqueadores neuromusculares esteróides em um efeito que independe da situação da placa motora, sendo a mais recente alternativa proposta em reversão de bloqueio neuromuscular (BNM). Relato de Caso: Paciente do sexo feminino, 30 anos, 75Kg, ASA 2, portadora de MG em uso de Piridostigmina via oral (90mg 3 vezes ao dia). Sem outras comorbidades. Na sala operatória, foi monitorizada com cardioscópio em D2 e V5, oxímetro de pulso, pressão arterial invasiva, capnógrafo, índice biespectral e TOF por acelerometria (TOF Watch®), que registrou valor inicial de 86%. Administrado oxigênio a 100% sob máscara facial por 5 minutos. Iniciada indução anestésica com remifentanil 0,3µg.Kg-1.min-1, propofol em infusão alvo controlada(4,0µg.mL-1, inicialmente) em 4 minutos e rocurônio 20mg IV. Intubação orotraqueal sob laringoscopia direta com tubo 7,5 mm, após um minuto da administração do rocurônio, com TOF 0, sem intercorrências. Administrada a infusão contínua de dextrocetamina 0,2mg.Kg-1.h-1. Ao término do procedimento, com 4 respostas do estímulo do TOF, realizada a reversão do BNM com sugammadex 150mg (2mg.Kg-1). A recuperação da atividade muscular ocorreu em 2 minutos e meio, alcançando TOF 81%. Seguiu-se com a extubação orotraqueal, sem intercorrências. A paciente foi encaminhada à URPA com Aldrete 10. Discussão: Durante muitos anos a utilização de BNM em pacientes com MG foi considerada pouco recomendável ou contra-indicada devido a dificuldade no seu manejo. O sugammadex apresenta-se como uma excelente escolha na reversão do BNM obtido com agentes esteróides, em pacientes miastênicos, porque seu mecanismo de ação independe do número do receptores da placa motora, além de ser um fármaco que não tem efeitos cardiovasculares, biologicamente inativo, é uma alternativa segura ao uso de anticolinesterásicos, que cursa com diversos paraefeitos muscarínicos indesejáveis, necessitando do uso concomitante de um anticolinérgico. Além disso, a reversão do BNM é cerca de 4 vezes mais rápida com o sugammadex, comparada aos anticolinesterásicos. Em nosso caso o tempo para a recuperação do bloqueio neuromuscular foi semelhante ao observado em pacientes não-miastênicos.

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AO 029 ANESTESIA EM PACIENTE COM SÍNDROME DE CHRIST-SIEMENS-TOURAINE LEANDRO GOMES BITTENCOURT CET EM ANESTESIOLOGIA DA SANTA CASA DE SANTOS, SANTOS, SP, BRASIL. Resumo: Introdução – A Síndrome de Christ-Siemens-Touraine (SCST) ou Displasia Ectodérmica Hipoidrótica é uma doença autossômica recessiva ligada ao cromossoma X, onde ocorre ausência de glândulas sudoríparas e lacrimais, alopécia, hipodontia e atraso mental. Está associada à micronagtia, retrognatia, hipertermia, atopia, via aérea difícil e refluxo gastroesofágico. O objetivo deste relato é apresentar a conduta anestésica em um paciente portador da SCST submetido à apendicectomia. Relato do Caso – Paciente masculino, 6 anos, 20 Kg, apresentava micrognatia, hipodontia, pele eczematosa, alopécia, submetido à laparotomia para apendicectomia e drenagem de abcesso em retroperitôneo. Apresentava anemia e leucocitose. Com o material para via aérea difícil preparado em sala, o paciente foi monitorizado com oxímetro de pulso, cardioscópio, termômetro esofágico e aparelho de pressão arterial não-invasiva. Iniciada indução anestésica com sevoflurano a 5% e O2/N2O. Realizado acesso vascular em membro superior com cateter venoso 22G, e administrados fentanil e propofol, seguido de intubação orotraqueal sem intercorrências. Utilizado proteção ocular com pomada oftalmológica(Regencel). A manutenção da anestesia foi inalatória com sevoflurano em concentrações variáveis. Administrado ainda dipirona, tenoxicam e dexametasona para analgesia pós operatória. Realizado o procedimento em 120 minutos. Após o termino do ato anestésico-cirúrgico despertou em sala, não houve necessidade de aspiração de cavidade oral, sendo encaminhada à sala de recuperação pós-anestésica onde permaneceu por 1 hora. Recebeu alta hospitalar no 10o dia pós-operatório. Discussão – Pacientes com SCHT apresentam maiores dificuldades no manejo de via aérea e necessidade de atenção no controle da temperatura corporal e criteriosa avaliação pulmonar. Especial atenção deve ser dada a proteção ocular devido a ausência de lágrimas, contato com a pele e mucosas.

AO 030 UTILIZAÇÃO DO BRONCOFIBROSCÓPIO NO MANEJO DA VIA AÉREA EM PACIENTE PORTADOR DE SÍNDROME DE MARFAN: RELATO DE CASO MARCELO NUNES AFONSO TEIXEIRA; GABRIEL GJORUP BARCELLOS; FERNANDO ALECRIM SEIDL; FLAVIO LOBIANCO VICENTE; MARCELO BANDEIRA DE MELLO; SIMONE SOARES LEITE HOSPITA2L UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO/UFRJ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: CET Professor Bento Gonçalves. Hospital Universitário Clementino Fraga Filho – UFRJ. Serviço de Anestesiologia. Rio de Janeiro – RJ. UTILIZAÇÃO DO BRONCOFIBROSCÓPIO NO MANEJO DA VIA AÉREA EM PACIENTE PORTADOR DE SÍNDROME DE MARFAN: RELATO DE CASO Autores: Teixeira, M.N.A.; Barcellos, G. G; Seidl, F. A.; Vicente, F. L.; de Mello, M. B. e Leite, S. S. Introdução. Os pacientes portadores de Síndrome de Marfan apresentam distúrbios nos sistemas cardiovascular, ocular e esquelético, o que pode levar a alterações na via aérea. Isso pode dificultar a técnica de laringoscopia direta durante o ato anestésico, fazendo-se necessárias alternativas a este manejo, justificando o uso do Broncofibroscópio. Relato de caso. Paciente do sexo masculino, 54 anos, 49 Kg, 157cm, ASA P1, portador de Síndrome de Marfan. Apresenta tumor gástrico cuja proposta terapêutica é a gastrectomia. Nega patologias prévias ou alergias. Refere diagnóstico da síndrome na infância e cirurgia em membros inferiores no mesmo período. Em uso de Omeprazol 20 mg/dia. Ao exame: cifoescoliose, pescoço curto, distância esterno-mento >12,5cm, crico-tireóidea <4cm, abertura de boca <3cm, Mallampati 4. Exames laboratoriais sem alterações. Não foi feito uso de medicação pré-anestésica. Relato de tentativa de intubação por Broncofibroscopia, porém o aparelho apresentou problemas técnicos. Feita tentativa de intubação retrógrada, sem sucesso. Reagendado procedimento para utilização de novo aparelho. Monitorização na sala operatória: cardioscopia, oxímetro digital, PANI, analisador de gases, estimulador de nervo periférico, capnometria/capnografia. Venóclise de MSE com EC 16G. Pré-oxigenação. Midazolam 2mg IV. Spray de Lidocaína 10% 9 PUFFS. Realizada IOT com paciente acordado, cooperativo, com Broncofibroscópio na primeira tentativa. Utilizado TOT n° 8,0. Posteriormente seguiu-se à indução com Propofol 150mg e Fentanil 100µg e Sevoflurano para manutenção. Bloqueio neuromuscular com atracúrio 20mg. Paciente manteve-se estável durante o procedimento cirúrgico. Reversão do bloqueio neuromuscular com Atropina 1mg e Neostigmina 2mg. Procedeu-se à extubação com paciente totalmente acordado, sem complicações. Encaminhado ao CTI para seguimento pós-operatório.Discussão. A Síndrome de Marfan é uma doença hereditária do tecido conjuntivo causada por uma mutação no gene da Fibrilina 1. Manifesta-se clinicamente por distúrbios multissistêmicos, podendo levar a alterações da via aérea como retrognatia, hipoplasia malar e pouca abertura bucal. Neste caso, optou-se pela intubação orotraqueal com o paciente acordado e com o uso do Brocofibroscópio, que procedeu sem intercorrências. Essa experiência mostra a grande importância do preparo do médico anestesiologista no manejo da via aérea difícil e da disponibilidade de material adequado.Referências. Rev Port Cardiol 2010; 29(06):1021-1036; Curr Probl Cardiol 2008; 33:7-39; David E. Longnecker, Anesthesiology, 4ª edição, EUA, Editora McGraw-Hill, 2008, p 330-2.

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AO 031 ANESTESIA PARA PACIENTE PORTADOR DA SÍNDROME DE HOLT-ORAM THADEU ALVES MÁXIMO; HELDER GLÊNIO REIS; CRISTIANO BARBOSA DE OLIVEIRA; GUILHERME GOMES FELÍCIO DA CUNHA; VICTOR JOSÉ MARQUES PIMENTA; MARCOS DANIEL DE FARIA HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UFMG, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo:

Introdução: Holt-Oram é uma síndrome constituinte das desordens coletivamente denominadas coração-mão. Caracteriza-se por anormalidades osteomusculares e vasculares dos membros superiores e malformações cardíacas. É enfermidade autossômica dominante raríssima com prevalência estimada de 1 caso a cada 100.000 nascidos vivos. Este trabalho tem como objetivo relatar manejo transoperatório de paciente portador de tal síndrome submetido a cirurgia de correção de comunicação interatrial, além de fornecer revisão da literatura sobre o tema. Relato de caso: Trata-se de paciente do sexo masculino, 4 anos, 12 Kg, admitido para correção de comunicação interatrial tipo ostium secundum. Oferecida medicação pré-anestésica midazolam xarope e realizada indução inalatória com sevoflurano. Após indução anestésica sem intercorrências foi realizada intubação orotraqueal sem intercorrências. Estabelecida então anestesia geral balanceada com sevoflurano e sufentanil. Houve extrema dificuldade na punção de artéria periférica para medida pressórica direta, após múltiplas tentativas em ambos os membros superiores a equipe cirúrgica conseguiu cateterização de artéria radial direita por técnica de dissecção. Acesso central obtido sem dificuldades em veia femoral direita. Tempo total de clamp de aorta 12 minutos e tempo total de circulação extra-corpórea (CEC) de 25 minutos. A término da cirurgia, o paciente apresentou insuficiência ventilatória aguda e excluídas outras possibilidade foram realizadas punções de alívio bilaterais para tratamento de pneumotórax, seguidas da inserção de drenos torácicos. Após procedimento paciente evoluiu com melhora parcial da insuficiência ventilatória que resolveu-se completamente após troca do tubo endotraqueal sendo confirmada a presença de rolha. Paciente foi então encaminhada ao CTI pediátrico em bom estado geral sendo extubada em menos de 24 horas. Recebeu alta hospitalar sem outras intercorrências. Discussão: Manejo anestésico em síndromes raras constitui sempre em grande desafio ao anestesiologista. Isto ocorre principalmente pela escassez de informações disponíveis tanto nos livros quanto na literatura científica disponível. Neste caso foram encontrados apenas quatro relatos de anestesia geral em pacientes portadores desta condição embora virtualmente quase todos tenham indicação cirúrgica para reparação de malformações e ou osteomusculares. Sabe-se que tratam-se de pacientes com grande dificuldade no que tange a obtenção de acessos vasculares sendo recomendadas punções mais proximais tanto venosas quanto arteriais e se possível com auxílio de ultrassonografia. Outro aspecto citada nos trabalhos é a possibilidade aumentada de arritmias cardíacas, inclusive morte súbita, nesta população sendo desejável a disponibilidade de cardioversor/cardiodesfibrilador transcutâneo para utilização imediata. Potenciais dificuldades de intubação e ventilação são também citadas nos reduzidos trabalhos encontrados porém não são pormenorizadas. Referências 1. British Journal of Anaesthesia, 1998; 80: 856-857. 2. European Journal of Anaesthesiology, 2003; 20: 331-340.

AO 032 ANESTESIA EM PACIENTE PORTADOR DE EPIDERMÓLISE BOLHOSA LUIZ PAULO VILLELA VIEIRA1; RODRIGO BERNARDES DE OLIVEIRA1; NINA PAES LEMES LEITE2; EDUARDO DE SOUZA NETO1; ALAN REZENDE FREITAS COLARES1; IZABELA FORTES LIMA2 1.HOSPITAL SEMPER, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL; 2.HOSPITAL VILA DA SERRA, NOVA LIMA, MG, BRASIL. Resumo:

Justificativa e Objetivos: Pacientes portadores de epidermólise bolhosa são acometidos de varias lesões muco-cutâneas. O curso natural da doença prevê intervenções cirúrgicas constantes, determinando cuidados especiais para evitar novas lesões ou o agravamento das existentes. O conhecimento da patologia é necessário para melhor planejamento do procedimento anestésico (posicionamento, monitorização, proteção de vias aéreas e administração de drogas). Relato de caso: Paciente, 33 anos, portador de epidermólise bolhosa, forma distrófica, admitido para correção de contraturas em região axilar direita, decorrente de lesões bolhosas. História de dilatação de esôfago devido à estenose pós-bolhas. A ectoscopia mostrava sindactilia em mãos e pés, pele fina, contraturas em regiões axilares, cervical, perioral e em fossa poplítea, distância tireomentoniana maior que 12 cm, abertura da boca menor que 1,5 cm com dentes em mau estado de conservação. Realizada monitorizarão com oximetria de pulso, cardioscopia (eletrodos posicionados sob micropore) e PANI. Venoclise com cateter N. 20 em membro superior esquerdo e fixação com micropore. Administrados 3,0 mg de midazolam e 50,0 mg de cetamina em doses fracionadas. Realizado infiltração local com 100,0 mg (10 ml) de lidocaína 1% com vasoconstritor. A paciente manteve se em ventilação assistida. Procedimento realizado sem intercorrências. Encaminhada à sala de recuperação pós-anestésica onde permaneceu estável até alta, sendo o micropore removido com auxilio de óleo mineral. Discussão: A epidermólise bolhosa traduz em cuidados especiais durante procedimentos cirúrgicos, já que qualquer pressão ou trauma pode ocasionar lesão dérmica com conseqüente formação de bolhas as quais evoluem para cicatrização e retração local. Lesões periorais determinam diminuição da abertura bucal associado aos dentes maus conservados prevêem dificuldades na manipulação de vias aéreas. Lesões esofagianas podem ser agravadas pelos vômitos, assim sua prevenção torna-se essencial. As lesões de pálpebras podem ocorrer ao proteger os olhos, se presentes aumentam o risco de lesão de córnea. Adesivos (eletrodos, esparadrapos) causam lesão ao serem retirados, devendo ser colocados sobre micropore e retirados com auxílio de lubrificantes. A insuflação do manguito para medida de PNI pode lesionar a pele, devendo ser colocado sobre algodão ortopédico. Dispositivos em contato com o paciente devem ser lubrificados. ( laringoscópio, mascara laríngea e outros). A infiltração de anestésico local predispõe a formação de bolhas, sendo recomendado usar mínimos de volumes. Assim o conhecimento prévio da patologia bem como uma boa comunicação entre os envolvidos no procedimento cirúrgico-anestésico determinam uma condução perioperatória adequada para estes pacientes. Referencias: Revista Brasileira de Anestesiologia.1988;38:2:121-24.

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AO 033 ANESTESIA NO PACIENTE PORTADOR DE OSTEOGÊNESE IMPERFEITA MARCELLE CRUZ DE LUCENA; IGOR SOUZA DE ALMEIDA; MARCIA CHARNECA DA SILVEIRA VAZ; JOSÉ LEONARDO MACHADO VAZ; CARLOS FREDERICO FONTES DE ALMEIDA; MARYANGELA FORONI SAMPAIO MONTEIRO HOSPITAL ESTADUAL ADÃO PEREIRA NUNES, DUQUE DE CAXIAS, RJ, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: Osteogênese imperfeita (OI) é uma doeça genética rara do tecido conjuntivo com prevalência de 1/10.000 na população, decorrente de mutações nos genes que produzem o colágeno responsável pela calcificação endocondral, resultando em fragilidade óssea, múltiplas fraturas espontâneas ou após leves traumas e deformidades esqueléticas. O objetivo deste artigo foi relatar anestesia de paciente portadora de OI para realização de derivação ventrículoperitoneal(DVP). RELATO DE CASO: paciente sexo feminino, 30 anos, 60kg, 1,40m, programada DVP por hidrocefalia. História de OI sem acompanhamento, em uso de citalopram; eupneica, hidratada, normocorada, Mallampati 3, pescoço curto e deformidades ósseas. Ausculta pulmonar e cardíaca sem alterações, pressão arterial 110/70mmHg, frequência cardíaca 78bpm, sem patologia respiratória, cardíaca e metabólica. Exames laboratoriais sem alterações, radiografia de tórax cifoescoliose, ASA II, optado não realizar medicação pré-anestésica. Preparado material de via aérea difícil, monitorização com cardioscópio, oxímetro de pulso e pressão arterial invasiva(PAI), aquecida com manta térmica, pré-oxigenação com oxigênio a 100% 3l/min. Utilizada técnica de anestesia venosa total com propofol em bomba infusora até plano anestésico e fentanil 150 µg, propofol mantido em 3,6µg.ml em infusão alvo-controlada, atracúrio 25mg EV, intubação orotraqueal com tubo 7,0 com balonete. Ato anestésico cirúrgico com duração de 2horas, ao término realizado nalbufina 10mg, dipirona 2g EV e descurarização. Extubada e encaminhada a sala de recuperação pós-anestésica e depois a enfermaria, Aldrete Kroullik 9. Alta hospitalar após 72horas de pós-operatório. DISCUSSÃO: OI além de deformidades ósseas, escleras azuladas e hipoacusia pode estar associada a anormalidades neurológicas, distúrbios metabólicos, corpulmonale, doenças articulares e disfunção plaquetária sendo a avaliação pré-anestésica bastante criteriosa. Como a paciente fazia uso de citalopram, optou-se não realizar medicação pré-anestésica. A técnica venosa total é uma proposta, pois a OI tem predisposição a hipertermia maligna; anormalidades anatômicas dificultam a anestesia regional e a intubação orotraqueal, sendo a máscara laríngea uma opção. O manguito de pressão pode causar fraturas sendo a PAI preferida, foi realizado atracúrio pela predisposição à hipertermia malígna com o uso de succinilcolina . CONCLUSÃO: O relato mostrou boa evolução intra e pós-operatória do paciente com OI submetido à anestesia venosa total para colocação de DVP. A complexidade da doença mostra a necessidade de avaliação e monitorização adequada pelo anestesiologista. Referência Bibliográfica: Rev. Bras. Anestesiol. vol.54 no.5, Sept./Oct. 2004.

AO 034 ANESTESIA PERIDURAL EM PACIENTE PORTADORA DE SÍNDROME DE KLIPPEL TRENAUNAY SUBMETIDA A CIRURGIA PLÁSTICA. RELATO DE CASO ANA EMÍLIA SOUZA LORENA; PATRICIA VAREJÃO SILVA; ROSSANA SANTANNA DE MELO LINS; BRUNO AFONSO MELO HOSPITAL DAS CLÍNICAS UFPE, RECIFE, PE, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: A síndrome de Klippel-Trenaunay (SKT) é uma desordem circulatória congênita caracterizada por hemangioma cavernoso, veias varicosas, com ou sem malformações artério-venosas (MAV) e hipertrofia de ossos ou partes moles. Incidência de 0,025 a 0,05 por 1000 nascidos vivos. As alterações vasculares podem ser encontradas inclusive na medula e espaço peridural, havendo associação entre a localização dessas alterações no neuroeixo e no dermátomo correspondente. A técnica anestésica de escolha é a anestesia geral, pelo risco aumentado de hematoma peridural nestes pacientes. Bloqueios do neuroeixo, contudo, podem ser realizados, desde que hemangiomas ou MAV no local da punção sejam afastados por exame de imagem. O objetivo deste relato é discutir a conduta anestésica em pacientes com SKT, considerando a possibilidade de realização de anestesia regional quando indicada. Relato do caso: Paciente de 29 anos, feminina, portadora da SKT leve, submetida a cirurgia plástica para implante de prótese mamária e lipoabdominoplastia. Cesariana sob anestesia subaracnóidea há 3 anos, sem intercorrências. Tomografia lombar contrastada normal. Ao exame físico, áreas bem delimitadas de hiperemia em face, membros superiores e tórax. Ausência de hemangiomas em região lombar. Técnica anestésica: após obtenção do acesso venoso periférico, monitorização de rotina e sedação venosa com midazolam e fentanil, foi realizada anestesia peridural através de punção lombar mediana com agulha de Tuohy 18G entre L1-L2, sinal de Dogliotti positivo, aspiração e dose teste negativas, com injeção de 40 ml de ropivacaína 0,5%, sufentanil 20 µg e morfina 1,5mg. A sedação intra-operatória foi obtida com infusão contínua de dexmedetomidina. O intra e o pós-operatório transcorreram sem intercorrências. Discussão e conclusão: A anestesia peridural tem como principais vantagens em cirurgia plástica a redução do sangramento associado à cirurgia, do risco de trombose venosa profunda e de complicações associadas à anestesia geral, além de melhorar a analgesia pós-operatória. Há poucos relatos de bloqueios do neuroeixo em pacientes com SKT pelo risco de hematoma peridural. A paciente descrita possui variante leve da SKT, sem lesões vasculares lombares, e sem alterações ao exame de imagem, o que possibilitou a realização segura do bloqueio. Devido à possibilidade de diferentes formas clínicas da SKT, a indicação anestésica deve ser particularizada, e a anestesia condutiva pode ser realizada com segurança, desde que o acometimento neurovascular seja excluído por exame de imagem. Referências bibliográficas: 1- J Anest, 2010; 24:134–138. 2- Can J Anesth, 2006; 53(5):487–491. 3- Rev Bras Anestesiol, 2000; 50(6):452–453.

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AO 035 ANESTESIA PARA CIRURGIA CARDÍACA EM PACIENTE PORTADOR DE DOENÇA DE VON WILLEBRAND TIPO 2. RELATO DE CASO. RENATA ANTUNES MARTORELLI; FELIPE SOUZA THYRSO DE LARA; PATRICIA FERNANDES CALVES; CARLOS EDUARDO MENEGUSSI ANDRADE SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SANTOS, SANTOS, SP, BRASIL. Resumo: JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A doença de von Willebrand é o mais comum dos distúrbios hemorrágicos hereditários, e é caracterizada por deficiência qualitativa ou quantitativa do fator de von Willebrand. Tem como quadro clínico hemorragias mucocutâneas e prolongada após procedimentos cirúrgicos. O objetivo deste relato é apresentar um caso de anestesia geral para revascularização do miocárdio em paciente portador de doença de von Willebrand tipo 2. RELATO DO CASO: Paciente com 49 anos, sexo masculino, 96 kg, portador de doença de von Willebrand, hipertenso, controlado com alisquireno, HCTZ, olmetec, espironolactona, nebivolol, atorvastatina, manidipino. Ao exame físico: BEG, corado, hidratado, FC=100, PA 150/90, Exames pré-operatórios sem alterações. Conduta: Realizado transfusão de 5000 UI de fator VIII na véspera da cirurgia, 1 hora antes da cirurgia, de 12 em 12 horas nas primeiras 48 horas de PO e 1 vez ao dia nos próximos 5 dias seguintes, conforme discussão prévia com hematologista responsável pelo paciente. Monitorização com oxímetro de pulso, cardioscópio, PA invasiva e capnografia. Realizado acesso vascular periférico com cateter venoso 16G em veia perférica e duplo lúmen em veia subclávia direita. A indução anestésica foi realizada com etomidato, midazolam, fentanil, lidocaína e pancurônio seguida de intubação traqueal e manutenção da anestesia com isoflurano a 1%, remifentanil e dexmedetomidina em infusão contínua. Não houve necessidade de drogas vasoativas no retorno da circulação extra-corpórea (CEC). O Tempo de coagulação ativado (TCA) inicial do paciente foi de 126 seg; pós heparinização de 850 seg; no inicio da CEC 1870 seg e após a protamina de 146 seg. Após 270 minutos de cirurgia paciente foi encaminhado para Unidade de Terapia Intensiva Cardiológica. Extubado após 6 horas com pós-operatório sem intercorrências. CONCLUSÕES: A técnica anestésica utilizada associada a transfusão do fator VIII foram eficazes em prevenir o sangramento per e pós-operatório. Destaca-se também que o correto diagnóstico da doença e a interface com o hematologista são fundamentais para o preparo anestésico/cirúrgico do paciente portador da Doença de Von Willebrand. Neste caso foi decidido pela transfusão do fator VIII, para reposição da deficiência do fator de Von Willebrand e do próprio fator VIII. Referências: Fabiano Timbó Barbosa, Rafael Martins da Cunha, Luciano Timbó Barbosa - Doença de von Willebrand e anestesia, Rev. Bras. Anestesiol. vol.57 no.3; Jonathan T Wilde - Von Willebrand Disease, Clinical medicine Vol. 7 no. 6.

AO 036 MANEJO PERIOPERATÓRIO DE TUMOR CARCINOIDE DE PULMÃO SECRETOR DE ACTH CLÁUDIA REGINA FERNANDES; HELGA MARISE PEREIRA DA SILVA FERREIRA; FRANCISCO RÔMULO SAMPAIO LIRA; DANIEL ALVES MACIEL; FLÁVIO LOBO MAIA; JOSENÍLIA MARIA ALVES GOMES CET MEC/SBA HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A síndrome de Cushing define um conjunto de sinais e sintomas decorrentes da hipercortisolemia. Estima-se que a mesma acomete cerca de 5 a 10 indivíduos /106 .habitantes/ ano. Dentre as causas mais freqüentes está o adenoma hipofisiario de células basófilas secretor de ACTH. O objetivo deste relato é apresentar o manejo perioperatório e o desfecho de um caso raro de tumor carcinóide pulmonar secretor de ACTH. RELATO DO CASO: Paciente masculino, 19 anos, com síndrome de cushing ACTH dependente. As investigações laboratoriais e de imagens, apontaram para a hipótese de tumor carcinoide de pulmão secretor de ACTH. Agendado lobectomia superior esquerda. Realizado avaliação pré-operatória, apresentava as manifestações relaciondas a Síndrome de Cushing: hipertensão, diabetes, apneia obstrutiva do sono. Ao exame: IMC (28.61 Kg/m2 ), sinais de via aérea difícil. Medicação pré anestésica 2mg de midazolan na sala de cirurgia. Monitorização convencional. Conduta intraoperatória: administração de hidrocortisona100 mg antes da indução anestésica ; anestesia geral, indução: Fentanil 250 mcg ,Propofol 100 mg, Suxametonio 80 mg ,combinada com peridural contínua (Ropivacaina 0.5% 100 mg associado a morfina 2 mg ). Procedimento cirúrgico sem intercorrencias. Ao final o paciente foi encaminhado à sala de recuperação pós-anestésica. Administrado dose suplementar de morfina 2 mg no 1º. dia pós-operatório. Recebeu alta hospitalar no 9º. dia pós-operatório. No pós-operatório foi dosado cortisol (60.8Ug/dl, normal= 6.2 – 19.4 Ug/dl ). Seis meses após a cirurgia apresentou melhoria clinica e laboratorial, com perda de 7 Kg, valores glicêmicos e pressóricos normais. DISCUSSÃO: A opção de anestesia combinada além de oferecer conforto no pós- operatório proporcionou estabilidade hemodinâmica no intraoperatório. O sucesso na abordagem de pacientes com endocrinopatias está estreitamente vinculado a manutenção do equilíbrio da função endócrina e das repercussões sistêmicas que as oscilações podem causar. O sucesso do caso reflete o adequado manejo pré-operatório, as particularidades que a conduta anestésico-cirurgica exige, requerendo conhecimento por parte do anestesista de forma a realizar uma abordagem segura. Referências: Endocr J. 2010;57:1061-9

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AO 037 ANESTESIA VENOSA TOTAL EM UM PACIENTE COM DOENÇA DE KUGELBERG WELANDER BRUNO MENDES CARMONA; ADRIANO LIBERMAN MAGALHAES DE BARROS; BRUNO OLIVEIRA MATOS; MARIO DE NAZARETH CHAVES FASCIO OFIR LOYOLA, BELEM, PA, BRASIL. Resumo: A Atrofia muscular espinhal juvenil tipo 3, descrita em 1956 por Kugelberg e Welander, é causada por uma degeneração neuronal no corno anterior da medula, determinada geneticamente de forma autossômica recessiva por uma deleção no cromossomo 5 do gene SMN. Sua incidência é de 1 para 20.000 nascidos vivos. Os sintomas aparecem tipicamente após 18 meses de idade, geralmente entre 5 e 15 anos, de progressão lenta, acometendo principalmente membros inferiores. Esses sintomas variam de dificuldades na marcha até insuficiência respiratória. Tremores finos são comuns e os reflexos são uniformemente reduzidos ou abolidos, porém ficando a sensibilidade dolorosa preservada. Relato do caso: MANM, sexo feminino, 38 anos, 1,56 m, 52 kg, leucoderma, estado físico ASA 3, apresentava diminuição da força muscular e reflexos nos membros inferiores, membro superior direito e abdome, incapacidade de deambular sem auxílio, escoliose importante em região lombar e flacidez abdominal, estando a sensibilidade dolorosa preservada. Exames laboratoriais pré-operatórios, ECG e raio-x de tórax normais. A paciente foi submetida à histerectomia total abdominal sob anestesia venosa total (AVT). Após monitorização com oximetria de pulso, capnografia, cardioscopia, PA não-invasiva e venóclise com cateter 18 G, foram realizados pré-oxigenação com O2 a 100% sob máscara facial, indução com remifentanil 0,3 µg/kg/min e um minuto após iniciada infusão alvo-controlada de propofol a 4 ng/ ml. Então procedeu-se a a intubação orotraqueal com sonda nº 7,5 mm e insuflação do balonete, sem uso de bloqueador neuro-muscular. A seguir, a paciente foi acoplada em ventilação mecânica ciclada a volume, com FiO2 0,6 e a anestesia mantida com propofol 3.2 ng/ml e remifentanil 0,5 µg/kg/min em bombas de infusão. Após a indução houve discreta hipotensão arterial (100 x 60 mmHg), revertida com 1 L de cristalóide isotônico. No intra-operatório foram administrados dipirona 2 g, cetoprofeno 100 mg e, 30 minutos antes da extubação, tramadol 100 mg. Ao final da cirurgia, a paciente foi desintubada sem intercorrências 10 min após a interrupção das infusão das drogas venosas e encaminhada ao CTI, onde evoluindo bem e recebeu alta no dia seguinte sem complicações. Discussão: A anestesia venosa total foi realizada para possibilitar a utilização de drogas com perfil farmacocinético previsível e sem acúmulo de metabólitos ativos. Não houve necessidade do uso de bloqueador neuro-muscular devido à flacidez abdominal e substituição do tecido muscular por tecido fibro-adiposo característico da Doença de Kugelberg-Welander. A anestesia venosa alvo-controlada proporciona melhor controle hemodinâmico, despertar tranqüilo e precoce. Diminui também a incidência de náuseas e vômitos no pós-operatório imediato.

AO 038 ANESTESIA EM SÍNDROME MOWAT-WILSON NÚRIA ALONSO CID; FABIO DUARTE ROSIQUE; BRUNO MANENTE; FABIO SCALET SOEIRO CET PUC SOROCABA, SOROCABA, SP, BRASIL. Resumo:

Introdução: A Sd de Mowat Wilson é caracterizada por atraso mental associada com as características faciais, microcefalia, epilepsia, e um espectro variável de anomalias congênitas incluindo a doença de Hirschsprung (HSCR), agenesia do corpo caloso, epilepsia, anomalias genitourinárias e doença cardíaca congênita.Relato de caso: Paciente femenina, 3 anos, ASA III com indicação de gastrostomia e confecção de válvula anti-refluxo por dificuldade de deglutição e risco de aspiração. A criança nascida de parto normal, com choro ao nascer, sem referência ao Apgar, apresentou no vigésimo dia de vida retardo na eliminação de mecônio sendo feito diagnóstico de Doença de Hirschsprung. Aos dois meses de vida foi submetida a correção. Não há relato de intercorrências no ato anestésico-cirúrgico. Aos sete meses de vida após um episódio de asfixia teve uma PCR que evoluiu com piora significativa de seu DNPM e desde então é alimentada exclusivamente por SNG.Entre os achados clínicos relevantes tem se: Hipertelorismo ocular acentuado, microcefalia,, nariz pequeno com narinas antevertidas, palato alto e estreito, arcada dentária superior dupla, úvula bífida, Mallampati I, boa abertura oral, boa mobilidade cervical, genitais normais, Ausculta cardíaca e pulmonar sem alterações. Faz uso de fenitoína, fenobarbital, clonazepam, domperidona, carbocisteína. Há um ano foi operada por úlcera de córnea sem relato de eventos adversos ou intercorrências durante o ato anestésico cirúrgico. Apesar de já ter sofrido intervenção cirírgica para correção da Doenca de Hirschsprung, a paciente apresentava se com regulares quadros de constipação, distensão abdomial e vômitos. O RX abdmonial mostrava grande quantidade de gases em alça intestinal. Optou se, por todo os fatos apresentados, por pré oxigenação em máscara fechada com a cabeça lateralizada por cinco minutos, SNG aberta, indução com succinilcolina 11 mg, fentanil 35mcg e propofol 30 mg e uma vez visualizada sem dificuldade a via aérea foi feita a IOT com TT numero 4,5 com cuff e curarizada com rocurônio 7 mg, manutenção anestésica inalatória em sistema valvular com captação em modo VCV (FiO2=50%, PEEP= 5, I:E= 1:4). Apresentou dificuldade ventilatória logo após IOT com Pit acima de 35 cmH2O. Foi realizado recrutamento alveolar até melhora dos padrões ventilatórios e da SatO2. Paciente foi encaminhada para UTI, sem demais intercorrências, para melhor seguimento clínico. Evolui bem sendo extubada após 24h.Discussão: No preparo pré operatório deve se atentar para a função cardíaca que é acometida frequentemente por defeitos do septo ventricular ou persitência do ducto arterioso. A paciente já havia sido avaliada em outro serviço não apresentando alteração cardíaca alguma. Crises convulsivas são frequentes devendo se manter a medicação. A presença de hipotonia deve ser levada em consideração quanto ao tipo de BNM a ser usado apesar de não haver nenhuma proibição farmacológica para esta síndrome. A via aérea apresenta se com algumas alterações que poderiam implicar em alguma dificuldade: arcada dentária superior dupla e dentes irregulares, palato em ogiva, úvula bífida, obstrução da via aérea devido a queda da língua quando ventilada em DDH. A Doença de Hirschsprung é frequentemente associada a esta síndrome cursando com eliminação tardia do mecônio, obstrução intestinal baixa recorrente que pode complicar com enterocolite necrotizante, distensão abdominal. Esta patologia é corrigida quando a criança atinge 1 ano de idade ou 10 kg podendo voltar a apresentar quadro obstrutivos devido a não ressecção intestinal de porções acometidas. O cuidado anestésico é baseado na avaliação do grau de obstrução podendo se preferir por IOT em sequencia rápida.

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AO 039 ANESTESIA GERAL EM PACIENTE PORTADOR DE DOENÇA DE STEINERT: RELATO DE CASO TATIANE BEZERRA MOURA; BÁRBARA WILDEISEN OLIVEIRA; DALVA DAMASCENO OLIVEIRA; GERMANO PAULO VENCESLAU; SARA MENDES ANDRADE; CESAR ROMÃO MARTINS HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL DE SÃO PAULO, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: A doença de Steinert ou distrofia miotônica tipo 1 (DM 1) é uma forma de doença neuromuscular de transmissão autossômica dominante. Sua prevalência varia entre 2 e 14 casos por 100.000 habitantes, com incidência de um caso para cada 8.000 nascimentos, sendo mais comum no adulto. Além do envolvimento muscular, apresenta manifestações sistêmicas como disritmias cardíacas malignas, distúrbios de condução átrio ventricular e doença obstrutiva pulmonar; alterações que podem interferir na conduta anestésica. Várias ocorrências comuns do transoperatório podem desencadear as crises miotônicas, tais como estresse, dor e hipotermia. O objetivo deste relato foi descrever o caso de paciente portador de doença de Steinert submetido à colecistectomia laparotômica sob anestesia geral venosa total. RELATO DO CASO: Paciente do sexo masculino, 42 anos, 80 kg, estado físico P2, com história de doença de Steinert, sem outras comorbidades. Veio com orientação do neurologista para que não se empregasse bloqueadores neuromusculares e anestésicos inalatórios. Submetido à colecistectomia laparotômica. Monitorizado com cardioscópio, pressão arterial não-invasiva, oxímetro de pulso e capnógrafo. Indução anestésica com cetamina, lidocaína, propofol e remifentanil. Após indução, a manutenção anestésica foi realizada com propofol e remifentanil em infusão alvo-controlada, sendo mantido em ventilação mecânica. O procedimento cirúrgico de 150 minutos não apresentou intercorrências. Foi desintubado e encaminhado à UTI. DISCUSSÃO: A escolha dos anestésicos, o conhecimento prévio das alterações sistêmicas e o acompanhamento clínico criterioso permitiram um ato anestésico-cirúrgico seguro e sem intercorrências no paciente com distrofia miotônica. Embora, do ponto de vista médico, não haja contraindicações formais ao uso de anestésicos halogenados e bloqueadores neuromusculares adespolarizantes, esses fármacos foram evitados por questões éticas. REFERÊNCIAS: 1- Brazilian Journal of Anesthesiology, 2010; 60 (2): 181-191; 2- Revista Brasileira de Anestesiologia 2006; 56 (6): 649-653.

AO 040 SÍNDROME DE MARDEN-WALKER E DESPERTAR PROLONGADO COM PROPOFOL EDMAR JOSÉ ALVES DOS SANTOS; LUIS ARMANDO ABREU MERA; GISETH JOHANNA BUSTOS SANABRIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO:Anestesia em paciente com síndrome de Marden-Walker. Relato de Caso. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A síndrome de Marden Walker é uma doença do tecido conectivo. Foi realizada uma cirurgia para correção de pé torto congênito, tendo ao final ocorrido despertar prolongado na criança 6 anos após uso de propofol em infusão contínua como agente hipnótico único (170 mcg.kg-1.min-1). RELATO DE CASO: Paciente masculino, pardo, 6 anos, 23 kg, 1,11 cm, ASA II, diagnosticado como portador de síndrome de Marden-Walker. Foi admitido para realizar cirurgia corretiva de pé-torto congênito. Negava uso de medicamentos e antecedentes cirúrgicos. Apresentava boa mobilidade cervical, distância interincisivos maior de 3cm e mallampatti II. Não havia sinais de infecção. Os exames pré-operatórios eram normais. A monitorização foi feita com eletrocardioscópio, SpO2, PANI, EtCO2. Após pré-oxigenação procedeu-se à indução inalatória com sevoflurano, realização de venóclise com cateter número 22G e bloqueio subaracnóideo isobárico simples via mediana com agulha 26G (L3-L4) com bupivacaina isobárica 8mg. A administração de sevoflurano foi suspensa e iniciou-se a manutenção da hipnose do paciente com propofol infusão contínua em bomba de infusão ao longo da cirurgia. Ao final da cirurgia interrompeu-se a administração de propofol e o paciente demorou duas horas até o despertar completo e manutenção de patência da via aérea. Paciente teve alta da SRPA com 10 pontos na escala de Aldrete. CONCLUSÕES: A tecnica anestésica foi realizada para manter a criança num grau de hipnose leve, durante a qual o paciente nunca perdeu a ventilação espontânea, mas necessitava do auxílio de cânula orofaríngea para adequada ventilação.

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AO 041 ANESTESIA VENOSA TOTAL EM UM PACIENTE PORTADOR DA DOENÇA DE MACHADO-JOSEPH. RELATO DE CASO SAMIRA GOMIDE FERRARI; CLAUDIA SOUZA GUTIERREZ; FRANCIS MOURA ZENKNER; LUCIANA CADORE STEFANI; THEMIS DE ALMEIDA HCPA, PORTO ALEGRE, RS, BRASIL. Resumo: Introdução: A Doença de Machado-Joseph ou ataxia espinocerebelar tipo 3 (AEC3) é uma enfermidade neurodegenerativa do sistema nervoso, multissistêmica descrita inicialmente em açorianos, e que não apresenta atualmente tratamento definido. Transmitida geneticamente por herança autossômica dominante. O gene mutante está localizado no braço longo do cromossomo 14 e com alterações ocorrendo no número de repetições da seqüência de trinucleotídeos CAG. Apresenta expressão fenotípica variável, observando-se diferentes formas clínicas, com associação de quadros de ataxia cerebelar, piramidais, extrapiramidais, de acometimento do sistema nervoso periférico, oftalmoplegia externa progressiva, fasciculações na face e língua, dificuldade de deglutição. Não há comprometimento das funções corticais superiores, permanecendo o paciente lúcido por toda evolução da doença. Relato do Caso: LRCF, sexo masculino, 15 anos, branco, 22 kg, 1, 5 m, IMC 9,78, estado físico ASA 4., paciente portador da Doença de Machado Joseph, candidato a gastrostomia devido aos distúrbios de deglutição associados a doença . Exame físico: acamado, desnutrido, tetraparesia espástica, mucosas úmidas, hipocoradas. Presença de sopro diastólico 2+ em foco mitral. Ausculta Pulmonar sem alterações. Abdomen escavado, sem visceromegalias. Extremidades frias, acianóticas, sem edema. Exames laboratoriais sem alterações . Monitorizado com PANI, cardioscópio (DII e V5), oxímetro de pulso, capnografia, índice bispectral, temperatura corporal, glicemia rápida. Realizado anestesia geral endovenosa total com propofol 1% e remifentanil 0,018%. Intubação orotraqueal em sequência rápida. Não foram observadas intercorrências no período intraoperatório. O paciente foi extubado em sala cirúrgica e encaminhado à sala de recuperação, alerta e com sinais vitais estáveis. Discussão: O planejamento anestésico deve levar em consideração as particularidades desses pacientes tais como: risco elevado de broncoaspiração, insuficiência respiratória, hipercalemia, hipertermia maligna.Conclusão: Anestesia venosa total representa uma opção segura para pacientes com Doença de Machado-Joseph. Referências bibliográficas: Acta Neurologica Scandinavica, 2001; 104: 224-231; Reg Anesth Pain Med, 2004 Jul-Aug; 29(4): 352-4

AO 042 ANESTESIA E A SÍNDROME DE STURGE-WEBER NAIARA BORGES SANTIAGO; VERA COELHO TEIXEIRA; BERNARDO GAZZOLA PALMA LIMA; ALINE VIANA CARVALHO AMORIM; BRAULIO ANTÔNIO MACIEL DE FARIA MOTA OLIVEIRA; FÁBIO MACIEL ROSA HOSPITAL FELÍCIO ROCHO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: A síndrome de Surge-Weber (SSW) é caracterizada por angiomas congênitos faciais na distribuição do nervo trigêmio, mas que podem acometer também pele do tronco e extremidades, mucosa do trato respiratório, meninges e outras partes do sistema nervoso central (SNC). Resulta da alteração na migração e diferenciação de tecidos originários da crista neural. Essas anomalias vasculares podem ocasionar convulsões, atrofia cerebral, atraso do desenvolvimento, hemiparesia e glaucoma. O objetivo deste trabalho é relatar o caso de um paciente portador da SSW e discutir suas implicações anestésicas. Relato do caso: Paciente 11 anos, 20 Kg, portador da SSW a ser submetido a fechamento do canal arterial tipo ostium secundum via toracotomia direita. Apresentava dispnéia aos grandes esforços, angioma periocular, atraso do desenvolvimento neurológico e crises convulsivas, controladas com carbamazepina. História de adenoidectomia sem complicações. Admitido no bloco cirúrgico e pré medicado com midazolam oral (10 mg) e monitorizado com oximetria, cardioscopia e pressão arterial invasiva. Iniciada indução inalatória com sevoflurano e, após punção de acesso venoso periférico, infundidos propofol (2mg/Kg), sufentanil (1µg/Kg) e cisatracúrio (0,15mg/Kg). Mantida anestesia com propofol (100 µg/Kg/min) e bolus de sufentanil (0,5µg/ Kg). Optado por bloqueio intercostal com solução de bupivacaína 0,5%CV e lidocaína 1%SV para analgesia pós-operatória. O procedimento durou 2 horas e a criança foi extubada na sala cirúrgica sem intercorrências. Discussão e conclusões: Em consulta pré-anestésica é importante avaliar a extensão da doença distinguindo entre afecção cutânea localizada e graus variados de envolvimento sistêmico. Nos casos graves, alterações vasculares podem estar presentes no fígado, baço, hipófise, pulmão e coração. A anestesia deve ser planejada de modo a evitar trauma nos angiomas, que pode levar a sangramentos graves e de difícil controle. A presença dessas lesões na boca e vias aéreas superiores deve chamar a atenção para a dificuldade de ventilação e intubação. A indução e o despertar devem ser suaves e durante todo procedimento objetiva-se estabilidade hemodinâmica, pois o aumento das pressões sistêmica, intraocular ou intracraniana pode levar ao aumento do fluxo sanguíneo para os hemangiomas, com risco de ruptura. A medicação pré-anestésica auxilia o controle do stress pré-operatório e previne o consequente aumento da pressão arterial. A analgesia pós operatória adequada é essencial pelo mesmo motivo. O bloqueio do neuroeixo em pacientes com lesões do SNC é desaconselhável, sendo por isso optado pelo bloqueio intercostal. Assim, a condução anestésica de pacientes com SSW apresenta particularidades que visam principalmente evitar lesão das alterações vasculares presentes, permitindo uma anestesia segura. Referências: Canadian journal of anesthesia, 1994; 41: 133-136.

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AO 043 MANEJO DE PACIENTE COM HEMOFILIA DO TIPO A /DOENÇA DE VONWILLEBRAND PARA REALIZAÇÃO DE COLONOSCOPIA. BRUNO MENDES CARMONA; DAILSON MAMEDE BEZERRA; JOÃO HERMÍNIO PESSOA DOS SANTOS; JARILA REGINA MENDES DE ASSUNÇÃO; ADRIANO LIBERMAN MAGALHAES DE BARROS OFIR LOYOLA, BELEM, PA, BRASIL. Resumo: Objetivos e Justificativa: @font-face { font-family: “Lucida Sans Unicode”; }p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal { margin: 0cm 0cm 0.0001pt; font-size: 12pt; font-family: “Times New Roman”; }div.Section1 { page: Section1A hemofilia do tipo A consiste em uma coagulopatia congênita recessiva ligada ao cromossomo X, cuja incidência é maior no sexo masculino, ocorrendo deficiência do fator VIII da coagulação. Por sua vez, a doença de Vonwillebrand resulta da síntese anormal do fator Vonwillebrand, importante para adesão plaquetária. Os pacientes acometidos vivem sob constante ameaça de sangramento, requerendo cuidados peculiares diante da necessidade da realização de qualquer procedimento cruento. Este trabalho objetiva relatar caso de paciente com hemofilia A associado a doença de VonWillebrand submetido a colonoscopia com possibilidade de biópsia e aspectos relacionados ao manejo pré-operatório e anestésico nesta situação. Relato de Caso: Paciente feminino, 37 anos, ASA II, portadora de hipertensão arterial sistêmica, insuficiência renal crônica devido rins policísticos, asma brônquica sob controle. Possui prolapso de valva mitral associada à doença reumatológica. Refere alergia a crustáceos. Apresenta quadro de sangramento gengival e menorragias, sendo diagnosticado Hemofilia tipo A / doença de Vonwillebrand tipo 1 em acompanhamento no centro de hemoterapia. Faz uso de hidroclorotiazida, sulfato ferroso, ácido fólico, ácido ascórbico e ácido tranexâmico e antinflamatório não esteroidal. Coagulograma sem alterações. Hemograma com anemia leve e eletrocardigrama sem alterações. Submeteu-se a duas cesarianas prévias apresentando complicação hemorrágica na primeira, devido ausência de preparo hematológico, uma vez que ainda não havia diagnóstico estabelecido. Procedimento proposto: colonoscopia para investigação de colite. Após monitorização com ECG, oximetria de pulso, PANI e obtenção de acesso venoso periférico, foram administrados propofol 100 mg e fentanil 100 mcg. A respiração foi mantida espontânea com oxigênio suplementar (2 L/min) sob cateter nasal. No preparo para o precedimento recebeu 1500 UI de fator tipo VIII em infusão venosa. O mesmo fator foi reservado para o período pós operatório, caso fosse realizada biópsia – o que não foi preciso. Conclusões: Os pacientes acometidos por este tipo de coagulaopatia devem ser manejados adequadamente no pré, trans e pós-operatório buscando-se otimizar a coagulação. Para isso pode-se fazer uso de hemoderivados como fator VIII, plasma fresco congelado, bem como terapias medicamentosas como a desmopressina e agentes antifibrinolíticos. O acompanhamento do paciente junto à hematologia é fundamental. Medidas preventivas devem ser adotadas em procedimentos diagnósticos onde realização de biopsia são previstas, evitando potenciais complicações hemorrágicas. Referencias Bibliográficas: Revista Brasileira de Anestesiologia. V. 54. N. 6. 2004.

AO 044 MANEJO ANESTÉSICO EM PACIENTE COM ESCLERODERMIA VERÔNICA CONSTANCIO BATISTA; CÍNTHIA INDELLI BARROS; MAURO GIL PINHEIRO ALVES; LEONARDO DA COSTA ALBUQUERQUE; LEONARDO RIBEIRO GONÇALVES; JOSÉ COSTA CENTRO DE ENSINO E TREINAMENTO DO HOSPITAL NAVAL MARCÍLIO DIAS, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo:

Autores: Batista, V.C.; Barros, C.I.A.M.; Alves, M.G.P.; Albuquerque, L.C.; Gonçalves,L.R.; Costa,J. Instituição: Centro de Ensino e Treinamento do Hospital Naval Marcílio Dias/SBA/RJ Introdução:. Esclerodermia trata-se do característico comprometimento cutâneo da Esclerose Sistêmica(ES). A ES é uma doença inflamatória crônica idiopática, autoimune, que se caracteriza por endarterite proliferativa e proliferação do tecido conjuntivo da pele e orgãos internos. Na face o espessamento cutâneo leva à perda das rugas de expressão e ao afilameto labial, com redução da abertura oral e limitação de movimentos, o que pode dificultar a laringoscopia. Este relato tem como objetivo mostrar um caso de exerese de mucocele via transesfenoidal endoscópica realizada em paciente com Esclerodermia. Relato de caso: Feminina, 52 anos, 1,60m, 53kg, hipertensa e portadora de Esclerodermia há 12 anos, acompanhada de dermatopolimiosite e fenômeno de Raynaud. Fazia uso Prednisona, aldactone. Nega alergias, tabagismo, prótese dentária ou intercorrências anestésicas. ASA3, MP 2, risco cardiológico grau 2, leve limitação da mobilidade cervical, abertura de boca 3cm. Hemograma completo, coagulograma, bioquímica, EAS, ECG, Ecocardiograma e Angio RNM de crânio sem alterações. RNM de encéfalo: área de impregnação anômala do meio de contraste no assoalho da sela e seio esfenoidal compatível com processo infeccioso. No centro cirúrgico: venóclise com cateter 18G em MSD e monitorização com cardioscópio, PANI e Índice Biespectral(BIS). Iniciado Dexmedetomidina 1,0 mcg/Kg em 10 min seguido de 0,2mcg/kg/h. Pré-oxigenação com O2 100%. Indução: lidocaína 2% 60mg, Remifentanil em infusão contínua dose alvo de 0,3mcg/kg/min associada a propofol alvo controlado com dose de 4mcg/m e rocurônio 30 mg EV. À laringoscopia direta, Cormack e Lehane II, seguida de IOT com Tubo 7,0. A anestesia foi mantida com propofol 2,5mcg/ml e remifentanil em infusão contínua, cuja taxa variou em função do estímulo cirúrgico. Foram administrados Amoxacilina/Clavulanato 1,2g, esomeprazol 40mg, dipirona 2g, parecoxibe 40 mg, dexametasona 10mg, ondansetron 8mg e tramadol 50mg EV. Em ventilação espontânea procedeu-se a descurarização. Extubada, encaminhada a sala de recuperação pós anestésica, em seguida à Unidade Pós Operatória com Aldrete-kroulick 10 onde permaneceu 24 horas. Conclusões: A avaliação pré-operatória dos pacientes com ES deve concentrar a sua atenção nos sistemas orgânicos envolvidos. A redução do movimento mandibular e estreitamento da abertura oral devem ser avaliados antes da indução para escolha da técnica adequada. No paciente em questão houve precaução quanto à IOT. Porém o caso foi realizado de forma segura. Referências Bibliográficas: 1-ATUALIZAÇÃO TERAPÊUTICA, Manual prático de diagnóstico e tratamento, 20ª edição, Artes médicas, 2001, 13871388. 2- STOELTING, Anestesia e doenças coexistentes, 5ª edição, Elsevier, Cap.18, P.443-445.

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AO 045 SÍNDROME DE WOAKES: UM CASO DE VIA AÉREA DIFÍCIL RECONHECIDA, ESTÔMAGO CHEIO E ASMA GRAVE SIMONE HELENA DERZI; LEONARDO CUNHA FERRARO; EDUARDO JUN SADATSUNE UNIFESP, SAO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: A Síndrome de Woakes é uma doença rara caracterizada por uma etmoidite deformante, polipose nasal, aplasia do seio frontal, bronquiectasia e discrinia. Não existem relatos na literatura que mostram associação de suas deformidades com dificuldade no manejo da via aérea (VA) nem com sintomas dispépticos. No entanto, o sucesso do manejo da VA difícil começa no reconhecimento do problema e a aspiração pulmonar do conteúdo gástrico, ainda que infreqüente, exige cuidados para sua prevenção. Relato: paciente feminino, 50 anos, IMC de 34 kg/m2, portadora de síndrome de Woakes há 20 anos e doença do refluxo gastroesofágico refratário a tratamento clínico apresentava programação para fundoplicatura de Nissen. Na avaliação pré-anestésica, história de tosse crônica, dispnéia aos moderados esforços, pneumonias de repetição, asma grave, diabetes mellitus, perda da acuidade auditiva bilateralmente e osteopenia. Referia alergia a ácido mefenâmico. Já havia realizado cirurgia para correção de deformidade nasal e lobectomia devido à bronquiectasia, quando apresentou dificuldades à laringoscopia, com índice de Cormack-Lehane IV. Fazia uso regular de salmeterol, fluticasona, tiotrópio, prednisona, metformina, glicazida, sinvastatina, cálcio, sulfato ferroso, omeprazol e domperidona. Ao exame físico, Mallampati III, distância esternomento e tireomento satisfatórias, ausculta pulmonar com sibilos expiratórios esparsos. Exames pré-operatórios normais. Na sala cirúrgica, a paciente foi posicionada em supina, com dorso elevado e a monitorização incluiu cardioscopia, oximetria de pulso, pressão arterial não invasiva, capnografia e diurese. A intubação orotraqueal (IOT) foi guiada por fibrobroncoscopia, sob sedação cuidadosa com o paciente colaborativo e em ventilação espontânea realizada com remifentanil 0,05 microgramas/kg/minuto e midazolam 0,05 mg/kg, além de anestesia tópica de via aérea superior com lidocaína 10% em pilares amigdalianos e orofaringe, e lidocaína 2% injetada em traquéia via fibrobroncoscópio. Após confirmação da intubação com presença da curva de capnografia, realizada indução anestésica com propofol 3 mg/kg e rocurônio 0,6 mg/ kg. A cirurgia durou 4 horas e não houve intercorrências. Discussão: No manuseio da VAD, alternativas à laringoscopia direta podem ser necessárias. A intubação sob sedação e ventilação espontânea é considerada a técnica de eleição na suspeita de uma via aérea difícil com risco de aspiração, e o uso do broncofibroscópio é considerado o gold standard. Nos pacientes asmáticos, o risco de reatividade brônquica deve ser considerada quando submetidos a intubação acordado. Na associação de VAD com estômago cheio e asma grave, o planejamento anestésico deve ser criterioso.

AO 046 MANUSEIO ANESTÉSICO NA MIOPATIA MITOCONDRIAL: RELATO DE CASO MUNIQUE MARTINS MONTEIRO; MARIANA FONTES LIMA; LEONARDO CUNHA FERRARO; HELGA ALMEIDA DA SILVA; EDUARDO JUN SADATSUNE UNIFESP, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: Doenças mitocondriais são caracterizadas por disfunção da cadeia respiratória mitocondrial, tendo um amplo espectro clínico e podendo acometer diversos órgãos, com maior predisposição naqueles em que há alta demanda metabólica como cérebro e músculo. Pelo potencial risco de comprometimento multissistêmico, o manejo anestésico torna-se complicado. Caso: Paciente de 59 anos, 52 Kg, submetida a retossigmoidectomia por adenocarcinoma de cólon. Portadora de miopatia mitocondrial, com ptose bipalpebral, fraqueza muscular proximal, mialgia, disfagia, miocardiopatia, com função sistólica preservada. Antecedente pessoal de HAS controlada, púrpura trombocitopênica idiopática e tabagismo. Sem história familiar de complicações anestésicas. Exames laboratoriais revelavam plaquetopenia. Gasometria arterial e lactato eram normais à admissão. Realizado anestesia geral com indução com etomidato e sufentanil e manutenção com midazolam e sufentanil de modo contínuo. Como adjuvantes, foram utilizados cetamina 0,5 mg/kg e clonidina 1 mcg/kg. Recebeu 3000 mL de solução Ringer Lactato. À monitorização básica foi acrescentada medida invasiva da PA, índice bispectral e temperatura. O procedimento cirúrgico seguiu sem intercorrências, durando 5 horas. Não houve complicações anestésicas nem instabilidade hemodinâmica. Parâmetros gasométricos não tiveram alterações no período. Ao fim da cirurgia, a paciente foi desintubada e encaminhada à UTI, onde permaneceu por um dia, recebendo alta hospitalar três dias após. Discussão: O manejo anestésico de pacientes portadores de doenças mitocondriais requer um cuidadoso planejamento. A utilização de succinilcolina deve ser evitado pelo risco de hipercalemia causado pela possível rabdomiólise devido à fragilidade muscular. Embora o uso dos anestésicos halogenados seja permitida, há relatos de casos semelhantes a hipertermia maligna associado a miopatia mitocondrial. Desse modo, é recomendado um controle rigoroso da temperatura intraoperatória, tanto pelo risco de hipertermia, como pela piora da função mitocondrial na vigência de hipotermia. O uso de propofol deve ser criterioso pelo risco de síndrome de infusão de propofol, com consequente acidose. Esse risco parece ser maior em infusão contínua prolongada, não havendo relato de ocorrência em doses usadas para indução. Os bloqueadores neuromusculares adespolarizantes têm resposta alterada nesses pacientes, já tendo sido relatado desde efeito prolongado do rocurônio e do vecurônio. A hidratação deve levar em consideração o risco de hiperlactatemia com ringer lactato, devendo haver vigilância quanto ao nível do lactato. A possibilidade de interferência no ciclo de Krebs com o uso de anestésicos locais deve ser considerada. O planejamento anestésico cuidadoso, levando-se em consideração o possível acometimento de vários órgãos, e o entendimento da fisiopatologia das doenças mitocondriais são essenciais para um adequado manejo perioperatório.

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AO 047 A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO SOBRE A ANESTESIA GERIÁTRICA EM PACIENTES CENTENÁRIOS. JOSE OSMAR BEZERRA DE SOUSA FILHO; JAIR DE CASTRO JUNIOR FACULDADE DE MEDICINA DE MARILIA, MARILIA, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: atentar para o aumento do índice de idosos submetidos a cirurgias eletivas e/ou de urgência, bem como o conhecimento pelos anestesiologistas das alterações fisiológicas do envelhecimento para minimizar os danos intraoperatórios. Materiais e métodos: trata-se de um estudo descritivo, exploratório, do tipo relato de caso. Relato do Caso: paciente, F.J.S., 102 anos, em regular estado geral, desidratado, descorado, com glasgow de 10, vítima de queda da própria altura, apresentando hemiparesia a esquerda, com uma tomografia computadorizada de crânio apresentando uma imagem de hematoma subdural a direita com leve desvio de linha média. O paciente foi admitido no centro cirúrgico, monitorizado com medida automática de pressão arterial, cardioscópio (DII e V5 com monitorização do segmento ST) e oximetria. Instalado catéter central em subclávia direita. Realizado indução venosa com etomidato 0,3mg/kg, fetanil 5mcg/kg e atracúrio 0,5mg/kg. Realizado rigoroso controle da pressão arterial sistêmica, mantendo PAM em torno de 80mmHg, meidas de PVC, cuidados com o balanço hídrico e proteção contra hipotermia. Após drenagem de hematoma, paciente foi encaminhado a Unidade de Terapia Intensiva onde permaneceu por 72 horas, sendo encaminhado a enfermaria consciente e orientado. Discussão e conclusões: à medida que a idade da população aumenta, a apreciação abrangente das preocupações anestésicas apropriadas à idade permitirá a oferta de cuidados perioperatórios ideais. O envelhecimento não é doença, mas a incidência de várias morbidades aumenta nos idosos. A correlação entre a idade cronológica e fisiológica varia e pode ser significativamente diferente em alguns indivíduos. Uma exploração completa do histórico clínico, combinada com um exame detalhado e a compreensão sólida sobre as alterações fisiológicas relacionadas com a idade, permitem um fundamento que fornece os melhores cuidados clínicos nessa população. Uma vez que esse subgrupo de pacientes é não só fisiológica, mas também fisicamente frágil, ele exige atenção especial durante todo o período perioperatório a fim de prolongar sua sobrevida e manter função e qualidade de vida adequadas, incluindo a incorporação de seus desejos sobre as questões terminais. Bibliografia: Anestesia e Doenças Coexistentes, 2010; 25: 637-646. Anestesia em Geriatria, SAESP, 2007; 17: 191-196.

AO 048 DELÍRIO PÓS-OPERATÓRIO EM PACIENTE GERIÁTRICA NELSON ORLANDO DA SILVA ALEX FILHO; RAFAEL RISSATO FERREIRA; FERNANDO OLIVEIRA LIMA; JULIANA WINKLER; PAULO SERGIO MARCELINO SERZEDO; JOSÉ ROBERTO NOCITI CET-SBA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE RIBEIRÃO PRETO, RIBEIRÃO PRETO, SP, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO:O Delírio é definido como uma síndrome mental orgânica flutuante de início agudo,caracterizada por transtorno global das funções cognitivas,reduzido nível de consciência,déficit na atenção,alterações da atividade psicomotora e desordem no ciclo sonovigília.¹Ocorre no período pós-operatório,principalmente nos pacientes idosos.É descrito um caso de delírio pós-operatório em paciente geriátrica bem como seu tratamento e estratégia de prevenção.RELATO DE CASO:Paciente com 68 anos,sexo feminino,pesando 100kg,Mallampati 4,estado físico P2,HAS,DM2 em uso de medicações,encaminhada para correção de pseudoartrose de ulna e retirada de prótese de cabeça de rádio direita.Monitorização com oxímetro de pulso,cardioscópio,pressão arterial não-invasiva e capnografia. Apresentava-se em jejum,com PA=130x80mmHg;FC=82bpm;SpO2=96% e ECG normal.Após punção venosa,iniciou-se sedação com 5mg de midazolam e 50µg de fentanil e administrou-se oxigênio a 4 l/min sob máscara facial.Paciente devidamente posicionada foi realizado bloqueio de plexo braquial à direita,com auxílio de estimulador de nervo,com ropivacaina 0,5% 20ml por punção interescalênica e 20ml 0,5% por punção axilar.Após o bloqueio,foi realizada indução anestésica com fentanil 250mcg,propofol 200mg,atracúrio 50mg e posterior intubação orotraqueal,instalando-se ventilação mecânica.Manutenção anestésica foi realizada com remifentanil e propofol em infusão contínua.Ato cirúrgico sem intercorrências.Após 5 horas de cirurgia,paciente foi levada para SRPA extubada,com hemodinâmica estável,padrão ventilatório satisfatório.Cerca de 2 horas após cirurgia,a paciente apresentou quadro de agitação,dificuldade na linguagem e confusão mental.Foi monitorizada na SRPA e administrado haloperidol EV por titulação até o desaparecimento dos sinais de delírio(total de 5mg). Após algumas horas,a paciente acorda referindo não lembrar do ocorrido.DISCUSSÃO:Uma alta porcentagem de pacientes idosos(5-10%) experimentam algum grau de confusão no pós-operatório,delírio ou declínio cognitivo.Pacientes apresentam flutuações no nível de consciência e aquisição,ou deterioração da memória e função mental.O problema pode estar relacionado à exacerbação de insuficiência colinérgica central por opióides,sedativos e anticolinérgicos.No entanto,dor,estresse cirúrgico,febre,privação do sono,desidratação, danos visuais e auditivos,idade avançada,depressão,uso de medicações como meperidina,são fatores de risco de delílrio em pacientes idosos.²A prevenção dos fatores de risco é a conduta mais eficaz,uma vez que o tratamento após o quadro já instalado não apresenta bom índice de sucesso.A incidência de delírio pós-operatório é maior nos pacientes idosos e as estratégias de prevenção devem ser utilizadas para redução da morbimortalidade associada a essa complicação anestésico-cirúrgica.REFERÊNCIAS: 1.Barbosa FT - Delirium pós-operatório em idosos. Rev. Bras. Anestesiol. 2008; 58: 665-670. 2.Barash PG – Clinical Anesthesia. 2009; 35: 886-887.

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AO 049 PNEUMOTÓRAX EM COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA. RELATO DE CASO. SÉRGIO SANT`ANNA JUNIOR; YASKA LESSA NUNES; ELISE FERNANDES DE ALMEIDA; PEDRO PORCARO DA CRUZ; GUSTAVO COSSICH DE HOLANDA SALES; TATIANA SPIVAK HOSPITAL FEDERAL DO ANDARAÍ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: A cirurgia videolaparoscópica vem substituindo a técnica convencional em inúmeros procedimentos abdominais, com diversos benefícios que incluem: menor trauma cirúrgico, dor e risco de infecções. Ao anestesiologista cabe observar e resolver as possíveis complicações que podem advir com o uso desta técnica. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de pneumotórax peroperatório, em colecistectomia videolaparoscópica. RELATO DE CASO: Masculino, 59anos, 85kg, ASA II. Admitido para realização de colecistectomia videolaparoscópica. Sem alterações no exame físico. Após venóclise e monitorização conforme a resolução do CFM n° 1.802/2006; procedeu-se a indução anestésica com fentanil 300mcg, propofol 200mg, lidocaína 80mg e cisatracúrio 10mg, seguida de intubação orotraqueal sem intercorrências. Anestesia mantida com oxigênio e ar na relação 1:1 com isoflurane 2%. Foram administrados cefazolina 2g, dexametasona 10mg, ranitidina 50mg e Bextra® 40mg. Após o início do pneumoperitôneo houve elevação progressiva do etCO2, refratário ao aumento do volume minuto e tentativa de ventilação manual. A ausculta pulmonar demonstrava redução do murmúrio vesicular em hemitórax direito e presença de enfisema subcutâneo do apêndice xifóide até a cartilagem cricóide. Foi aventada a hipótese de pneumotórax, devido a inserção de agulha 16G no hipocôndrio direito, para colangiografia peroperatória. Confirmada pela radiografia de tórax realizada ao final do procedimento, que demonstrava pneumotórax laminar à direita. O paciente obteve alta hospitalar no 2o dia de pós-operatório. DISCUSSÃO: O pneumotórax transoperatório em videolaparoscopias é raro e acomete 0,03% dos pacientes, geralmente deve-se à extensão direta do gás insuflado, através das fendas diafragmáticas nas cavidades pleurais. No relato o uso de material inadequado para colangiografia provávelmente gerou a complicação. O anestesiologista deve ser capaz de identificar e solucionar rapidamente essa complicação, que apesar de rara é potencialmente grave, mantendo assim a integridade e segurança do paciente. CONCLUSÃO: O pneumotórax em cirurgias videolaparoscópicas é raro, mas potencialmente fatal. Portanto todo anestesiologista deve ser capaz de reconhecer e tratar precocemente esta complicação. REFERÊNCIAS: 1) Santana A, Crausman RS, Dubin HG. Late onset of subcutaneous emphysema and hypercarbia following laparoscopic cholecystectomy. Chest. 1999 May; 115(5):1468-71. 2) Cunningham AJ. Anesthetic implications of laparoscopic surgery. Yale J Biol Med. 1998 Nov-Dec; 71(6):551-78.

AO 050 CHOQUE ANAFILÁTICO EM CIRURGIA OTORRINOLARINGOLÓGICA. RELATO DE CASO. SÉRGIO SANT`ANNA JUNIOR; YASKA LESSA NUNES; LÍVIA BERTI RAMOS; DANIELE PEDROZO; RACHEL MARTINS DE CASTRO BEJAR; MARCELO RIBEIRO FERREIRA HOSPITAL FEDERAL DO ANDARAÍ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: Cirurgias otorrinolaringológicas possuem costumeiramente pouca morbidade, no entanto, não são isentos de riscos ou eventos adversos. O objetivo é relatar o caso de anafilaxia durante um procedimento otorrinolaringológico. RELATO DE CASO: Feminino, 64anos, 70kg, ASA II, tabagista (40 maços/ano), alérgica a dipirona. Admitida para realização de microcirurgia de laringe, por edema de Heinke. Sem alterações ao exame físico. Após venóclise e monitorização conforme resolução do CFM n° 1.802/2006, seguiu-se a indução com fentanil 100µg, propofol 150mg, succinilcolina 80mg, seguida de intubação orotraqueal. Anestesia mantida com oxigênio e ar na relação 1:1 e sevoflurano 2%. Administrada hidrocortisona 500mg, a pedido do cirurgião. Após 15 minutos, apresentou queda brusca da etCO2, bradicardia, infradesnivelamento do segmento ST, hipotensão grave e cianose. Administrado atropina 1mg, efedrina 10mg e adrenalina 300µg, melhorando da cianose e bradicardia, mas ainda hipotensa. Puncionado acesso venoso central em veia subclávia esquerda e linha arterial radial esquerda, iniciado noradrenalina e dobutamina. Após estabilização clínica, foi transferida para RPA em ventilação mecânica e sedação contínua, com hipótese de tromboembolismo pulmonar. Na RPA, realizou ecocardiograma que não evidenciou anormalidades; verificou-se então placa urticariforme no tórax e abdômen, revertida com difenidramina 50mg, sugerindo reação anafilática. A curva enzimática cardíaca foi positiva, encaminhada para a unidade coronariana e diagnosticado infarto agudo de miocárdio sem supra de ST e choque anafilático. Familiares relataram então, que a mesma já havia sofrido choque anafilático prévio; informação inicialmente omitida. Foi transferida ao CTI, sendo traqueostomizada, pois não havia interação, mesmo sem sedação e apresentava desmame ventilatório difícil; os exames de imagem não evidenciavam alterações. Obteve alta para enfermaria, onde permanece até o momento, traqueostomizada e sem interação com o meio. DISCUSSÃO: As reações anafiláticas per-operatórias são um desafio ao anestesiologista, devido às inúmeras formas de apresentação e vários fatores de confundimento com o ato anestésico; o choque anafilático é a forma mais grave e potencialmente fatal. No caso, a ausência de informação prévia de anafilaxia e a suspeita de tromboembolismo pulmonar retardaram o tratamento adequado do choque anafilático, gerando alterações cardíacas graves e provável insulto cerebral; determinantes para o mau resultado. CONCLUSÃO: O reconhecimento precoce e o tratamento adequado do choque anafilático são determinantes para o bom prognóstico dos pacientes e devem ser de conhecimento de todo anestesiologista. REFERÊNCIAS: 1) Dewachter P, Mouton-Faivre C, Emala CW: Anaphylaxis and Anesthesia: Controversies and New Insights. Anesthesiology. 2009 Nov;111(5):1141-50.

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AO 051 EDEMA AGUDO DE PULMÃO PÓS EXTUBAÇÃO EM CIRURGIA DE BUCOMAXILOFACIAL CARINE RIEDI ANDRADE; DENISE MARIA ALÉSSIO; MARCIO LUIZ BENEVIDES; FABIO LONGOBARDI BETT; LEONARDO RIEDI ANDRADE; LUIZ CARLOS FERRARI HOSPITAL GERAL UNIVERSITÁRIO, CUIABÁ, MT, BRASIL. Resumo: Introdução: O edema pulmonar por pressão negativa (EPPN) é uma entidade rara, decorrente da obstrução aguda das vias aéreas, sendo potencialmente fatal quando não reconhecido e tratado adequadamente. Também citado na literatura como edema pulmonar “ex-vacuum”, edema pulmonar induzido por laringoespasmo, edema pulmonar não-cardiogênico ou ainda edema pulmonar pós-extubação O EPPN tem sua incidência desconhecida, mas estimativas revelam taxa de 0,05 a 0,1%, considerando pacientes submetidos à anestesia geral para procedimentos diversos. O objetivo é relatar um caso de EPPN numa cirurgia de rinosseptoplastia e correção de disjunção maxilar.Relato de caso: paciente do sexo masculino, 37 anos, vaqueiro, ASA 1. Avaliação de vias aéreas com mallampati 3, abertura pequena da boca e retrognatia. Monitorado com cardioscópio, oximetro de pulso, PANI; induzido com fentanil 350mcg, propofol 200 mg e succinilcolina 100mg. Na laringoscopia evidenciado Cormack 3 e realizado intubação traqueal com cânula aramada 8 com auxilio de bougie. Manutenção feita com isoflurano e remifentanil. Cirurgia durou 5:30 horas sem intercorrências. Realizado reversão do bloqueio neuromuscular com atropina 1mg e neostigmina 2mg. O paciente assumiu ventilação espontânea com volume e freqüência adequadas, sendo extubado em plano. Após 5 minutos, iniciou-se com esforço respiratório e sinais de obstrução alta das vias aéreas (tiragem intercostal e retração de fúrcula) acompanhado de dessaturação. Ventilado sob máscara com O2 a 100%, apresentando eliminação de secreção rósea pela boca. À ausculta pulmonar presença de estertores crepitantes e subcrepitantes em ambos hemitórax. Realizada intubação traqueal com cânula 8.0 e mantido em ventilação mecânica com PEEP de 15 cm de H2O e sevoflurano e atracúrio. Realizado radiografia de tórax e gasometria arterial que confirmaram o diagnóstico de edema agudo de pulmão. Mantido entubado por 5 horas no centro cirúrgico onde apresentou melhora clínica e laboratorial. Foi extubado. Apresentou esforço respiratório leve, sendo mantido sob máscara com saturação de 95%. Encaminhado para UTI onde permaneceu por 2 dias, recebendo alta hospitalar no quarto 4 dia.Discussão: Este caso demonstra um caso de edema agudo de pulmão por pressão negativa num paciente hígido, provavelmente secundário à laringoespasmo pós-extubação. O laringospasmo, que é aparentemente a principal causa de EPPN, é definido como uma oclusão da glote secundária à contração dos músculos constritores da laringe em resposta a um estímulo. A tentativa vigorosa de inalar contra uma obstrução na via aérea gera alta pressão negativa intratorácica, o que provoca aumento do retorno venoso, diminuição do débito cardíaco e proporciona a transudação de fluidos para dentro do espaço alveolar.Referências: 1 Anesthet Surg J. 2003.

AO 052 FALHA DE INTUBAÇÃO EM PACIENTE COM ESTENOSE SUBGLÓTICA SEM DIAGNÓSTICO PRÉVIO – RELATO DE CASO SÉRGIO SANT`ANNA JUNIOR; GUSTAVO COSSICH DE HOLANDA SALES; MARIANA ALMEIDA WAKED; FABIO SOUZA MURAD; ANA PAULA LACERDA DE ANDRADE HOSPITAL FEDERAL DO ANDARAÍ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: Os doentes assintomáticos ou não diagnosticados, com estenose subglótica são um desafio ao anestesiologista, pois dependendo do grau de estenose e urgência anestésica poucos recursos estão disponíveis para o manejo seguro do caso. O objetivo é relatar o caso de falha de intubação, em virtude de estenose subglótica subdiagnosticada. RELATO DE CASO: Masculino, 47anos, 80kg, ASA II. Admitido para realização de colecistectomia convencional com exploração de vias biliares. Portador de doença psiquiátrica. Visita préanestésica prejudicada pela doença psiquiátrica e ausência de acompanhante. Após venóclise e monitorização conforme a resolução do CFM n° 1.802/2006, procedeu-se a indução com fentanil 250mcg, lidocaína 80mg, propofol 150mg, cisatracúrio 10mg. Realizada laringoscopia direta que evidenciava estenose traqueal, impossibilitando a intubação. Foi mantida ventilação manual sob máscara facial. Procedida broncofibroscopia flexível, que visualizava estenose subglótica de 90%, sem aspecto inflamatório, ±2,5 cm das pregas vocais. Passagem de máscara laríngea n0 4, administrados dexametasona 10mg, e revertida a curarização 50 minutos após a indução. Optou-se pela suspensão do procedimento e reavaliação. Encaminhado à sala de recuperação pós-anestésica com Aldrete e Kroulik: 9. Foi acompanhado pela cirurgia torácica, que descartou a realização de traqueoplastia devido à não cooperação do paciente no pós-operatório. Evadiu-se do hospital, no 40 dia de internação sem tratamento definitivo. DISCUSSÃO: A estenose subglótica pode ser dividida em congênita ou adquirida, sendo a congênita facilmente diagnosticada após o nascimento. As causas adquiridas mais comuns são: intubação orotraqueal prolongada e traqueostomia; além de tumores, queimaduras, ingestão de substâncias causticas e refluxo gastroesofágico. No caso, a impossibilidade de entrevista pré-anestésica, impossibilitou o conhecimento e a origem da estenose. Nos pacientes assintomáticos ou sem diagnóstico a presença de estenose traqueal é um obstáculo de difícil solução, pois a estenose geralmente só é suspeitada, após tentativas de intubação sem progressão do tubo endotraqueal abaixo da corda vocal. O manejo anestésico depende de vários fatores como: local da estenose, urgência cirúrgica e ventilação adequada do paciente. No relato, optou-se pela interrupção do ato anestésico, em virtude do caráter cirúrgico eletivo e dificuldade em manter a ventilação per-operatória adequada com a máscara laríngea. CONCLUSÃO: A estenose subglótica apresenta inúmeras dificuldades ao ato anestésico. O conhecimento das implicações anestésicas, reconhecimento da anomalia e programação préoperatória adequada são essenciais para segurança do paciente. REFERÊNCIAS: 1) Nimmagadda UR et al. Acute management of unsuspected subglottic stenosis by tracheal dilation. Anesth Analg. 1995 Apr;80(4):841-3. 2) Eid EA. Anesthesia for subglottic stenosis in pediatrics. Saudi J Anaesth. 2009 Jul;3(2):77-82.

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AO 053 REAÇÃO ANAFILÁTICA AO CORANTE AZUL PATENTE DURANTE MASTECTOMIA RADICAL HERMES REIS SILVA; MARY NEIDE ROMERO; THYAGO ARAÚJO FERNANDES; FRANCISCO DIEGO SILVA DE PAIVA; FRANCISCO DE LUCENA CABRAL JÚNIOR; VÂNIA GRACIELLE COSTA E SILVA HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: A pesquisa do linfonodo sentinela com o corante azul patente vem sendo frequentemente empregada no estadiamento do câncer de mama, substituindo a linfadenectomia axilar de rotina. Reações anafiláticas, no entanto, têm sido documentadas nas últimas décadas, em incidência de 0,2 a 2,7%. O presente relato trata-se de reação anafilática no transoperatório de mastectomia após a injeção intradérmica do azul patente. Relato do Caso: Paciente sexo feminino, 52 anos, 73 Kg, portadora de carcinoma ductal infiltante de mama, com indicação de mastectomia e biópsia de linfonodo sentinela. Na avaliação pré-anestésica, paciente referiu asma, com última crise há cerca de um ano. Negou outras patologias ou alergia e os exames complementares pré-operatório eram normais. Classificada como estado físico ASA I. A paciente foi admitida em jejum, sendo realizada monitorização convencional. Submetida a anestesia geral, indução com sufentanil 70 mcg, propofol em bomba de infusão alvo-controlado, alvo de 4mcg/ml, e cisatracúrio 10 mg, ao que se sucedeu intubação orotraqueal sem intercorrências. Administrados, em seguida, dexametasona 10mg, cefazolina 2g e ranitidina 50mg, sem repercussão hemodinâmica. Transcorridos 40 minutos da indução, foi iniciada a injeção do corante azul patente, ocorrendo alteração significativa dos parâmetros hemodinâmicos: queda da PAM de 68mmHg para 19mmHg e aumento da freqüência cardíaca de 60 para 120bpm. A capnografia apresentou padrão obstrutivo, compatível com broncoespasmo. A saturação de oxigênio manteve-se dentro dos parâmetros de normalidade e não houve manifestações cutâneas. A paciente foi prontamente tratada com etilefrina 4 mg e cristalóide 1000mL, sem se pensar em anafilaxia de imediato. Houve restabelecimento das condições hemodinâmicas e ventilatórias prévias após cerca de cinco minutos. Após isso se aventou o diagnóstico, complementando-se o tratamento com hidrocortisona 100 mg e difenidramina 50 mg. A cirurgia prosseguiu normalmente e a paciente evoluiu bem, recebendo alta para enfermaria após recuperação anestésica. Discussão: Reações anafiláticas ao azul patente têm sido extensamente documentadas. Convém conhecer sua incidência e potencial gravidade. Enquadra-se o caso relatado no grau III de severidade, tendo em vista a magnitude da hipotensão e a necessidade de vasopressores no seu manejo. O reconhecimento precoce e a adoção de medidas adequadas no seu manuseio previnem agravamento do quadro e a instalação de seqüelas ao paciente. Referências: 1 - Anesthesia and Analgesia, 2002; 95: 385-8 / 2 - Revis Bras Ginecol Obst, 2006; 28(12): 728-32 / 3 - J Allergy Clin Immunol, 2010; 125: S161-81. Fontes de fomento: nenhuma. Conflitos de interesse: nenhum.

AO 054 NEUROPRAXIA BILATERAL DO PLEXO BRAQUIAL APÓS USO DE COXIM AMANDA GIRALDI MARYAMA1; MONICA CUNHA GOBBO1; LIGIA THEODORO DA SILVA1; KAREN RAQUEL BARBAN1; LEANDRO BERTINI MONTENERI2; SABRINA DA SILVA SARAIVA3 1.CET EM ANESTESIOLOGIA DO HMCP DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS, CAMPINAS, SP, BRASIL; 2.CET EM ANESTESIOLOGIA DO HCFMRP DA USP, RIBEIRÃO PRETO, SP, BRASIL; 3.CET EM CLÍNICA MÉDICA DO HOSPITAL REGIONAL DE PRESIDENTE PRUDENTE, PRESIDENTE PRUDENTE, SP, BRASIL. Resumo:

Justificativa e Objetivo Destacar a importância do adequado posicionamento perioperatório do paciente e propor estratégias para prevenir lesões nervosas. Material e Métodos Descrição e discussão de relato de caso com revisão bibliográfica em bancos de dados (Cocrane, PubMed). Introdução O uso do coxim no dorso é indicado em cirurgias abertas de vesícula e vias biliares para melhor visualização do campo cirúrgico, diminuindo o tempo de cirurgia. A desvantagem de seu uso é a dificuldade no posicionamento do paciente e o aparecimento de complicações como neuropatias e dores musculares com retardo da reabilitação. Lesão do plexo braquial é a segunda causa de dano nervoso perioperatório, com incidência estimada de 0,03% na população geral, predominando em homens, idosos, diabéticos, portadores de doenças neurológicas. Distensão e tração são responsáveis por 49% dos casos, cursando com dor, paresia e parestesia. Na vigência de déficit nervoso, um neurologista deve avaliar e monitorar sua evolução com os recursos que julgar necessário, podendo solicitar exames complementares. A maioria das lesões nervosas peri-operatórias são neuropraxias transitórias e auto-limitadas. Medidas conservadoras (proteção dos membros, tratamento clínico, fisioterapia motora) e atuação de equipe multidisciplinar geralmente apresentam bons resultados. RELATO DE CASO Paciente feminina, 38 anos, ASA II por rinite alérgica sem outras comorbidades ou vícios, IMC=22,80 kg/m2, submetida à colecistectomia por coledocolitíase com exploração de vias biliares. Após monitorização e venóclise, a indução anestésica foi realizada com sufentanil, propofol e cisatracúrio, manutenção após IOT com sevoflurano. Paciente manteve-se em DDH com coxim em transição toraco-abdominal, membros superiores abertos e amparados 30˚abaixo do tórax sobre braçadeiras acolchoadas. Manteve-se hemodinamicamente estável em cirurgia de 345 minutos. No pós-operatório (PO) imediato, paciente queixava-se de paresia e parestesia em membros superiores(mmss) com força grau(G) 2 MSD e G1 MSE. Avaliação da neurologia no 1˚PO: força G3 MSD, G2 MSE, queda MSE à manobra de extensão dos mmss, sensibilidade preservada, reflexo grau 1, sem alterações simpáticas. Iniciado tratamento com dexametasona, ribonucleotídeos e fisioterapia motora, com remissão total dos sintomas em 60 dias. Discussão e Conclusão O caso clínico apresentado refere-se a uma paciente com quadro de neuropraxia bilateral com evolução clínica favorável, em concordância com os casos descritos na literatura pesquisada. Lesões perioperatórias de nervos periféricos são raras, embora potencialmente debilitantes. Posicionamentos não fisiológicos muitas vezes são necessários à acessibilidade cirurgica. Estratégias de prevenção devem, portanto, ser praticadas através de cuidadosa avaliação pré- anestésica na busca de indivíduos susceptíveis e de intensiva monitoração do posicionamento perioperatório. Referências bibiográficas:1- Anesthesiology 2009; 111:490-7

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AO 055 FORMAÇÃO DE PNEUMOTÓRAX E PNEUMOMEDIASTINO APÓS INTUBAÇÃO LUIZ CARLOS FERRARI; CARINE RIEDI ANDRADE; ANGELO ANGELONI; FREDERICO BASTOS ARAUJO HOSPITAL GERAL UNIVERSITÁRIO, CUIABA, MT, BRASIL. Resumo: Introdução: A intubação traqueal, quando realizada devidamente e por mãos experientes, tem baixo índice de complicações em relação ao número de intubações que é realizado diariamente. Entre essas complicações, o aparecimento de enfisema subcutâneo de pescoço e face e sua combinação com pneumomediastino e pneumoperitôneo são raros. O objetivo desse relato é apresentar um caso de enfisema subcutâneo cervical, pneumotórax e pneumomediastino pós-intubação orotraqueal.Relato de caso: L.S.A, 23 anos brasileira, feminina, solteira, do lar, com proposta de tratamento cirúrgico para correção de fissura labial. Antecedente cirúrgico de fechamento de fissura palatina e enxerto ósseo há 10 anos, ASA I. Recebida na S.O, monitorizada com: oxímetro de pulso, cardioscópio, capnógrafo, PANI. venóclise em MSE com abocath 18G. Pré–oxigenada com O2 a 100% sob máscara facial. PA: 130 X 80 mmHg, mallampati I, com cormak II, apresentando abertura bucal normal. Indução venosa com alfentanil 2.5 mg, atracúrio 30mg e propofol 150mg. IOT com tubo aramado 7.0 (primeira tentativa), fixado na posição 20 do tubo em lábio superior, posto VM (VCV) com isoflurano e FiO2 de 50%. Após 5 minutos paciente evolui com discreta cianose de extremidades e diminuição da saturação, suspeitou-se de rolha no tubo e procedeu a extubação e novamente intubado com tubo aramado 7.5, realizado ausculta pulmonar (verificar posição correta do tubo), sendo novamente fixado na posição 20 do tubo em lábio superior. Após aproximadamente 10 minutos apresentou cianose e dessaturação, evoluindo com enfisema subcutâneo extenso (pescoço, face, tórax e abdômem). Procedimento suspenso, realizado RX tórax e abdômem, evidenciando pneumotórax e pneumomedistino. Realizado também TC de tórax e crânio (não houve evidencias de lesões cerebrais, confirmando apenas a presença de enfisema subcutâneo e pneumomediastino) e broncoscopia revelando apenas região de hiperemia abaixo da glote. Paciente foi submetido a drenagem torácica e encaminhada à UTI, onde evoluiu com melhora do quadro clínico, recebendo alta após 4 dias sem seqüelas. Discussão: O caso apresentado ilustra uma complicação pós-operatória que a literatura refere como rara, mas que pode vir a ser grave com evolução normalmente satisfatória, dependendo de alguns fatores como causa, grau de lesão e evolução do paciente. Neste caso provavelmente a lesão de traquéia na intubação foi a causa deste episódio. Como conduta preventiva, constatam-se importantes os cuidados com a técnica de intubação e cirúrgica e a ventilação por pressão positiva. Referências: 01. Evron S, Beyth Y, Samueloff A, et al - Pulmonary complications following endotracheal intubation for anesthesia in breech extraction, Intensive Care Med, 1985.

AO 056 RETORNO DA FUNÇÃO CARDÍACA NORMAL APÓS MANOBRAS DE RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR EM INJEÇÃO INTRAVASCULAR INADVERTIDA DE ANESTÉSICO LOCAL EM BLOQUEIO EPIDURAL CAUDAL THIAGO RAMOS GRIGIO; DEISE SALETTI; DEOCLÉCIO TONELLI; DESIRÉE CARLOS CALLEGARI; LUCIANA FERREIRA DIAS; MARCELO FERNANDES VALENTE FMABC, SANTO ANDRÉ, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: Anestésicos Locais (AL) podem ser utilizados de várias maneiras, dentre elas em anestesia local infiltrativa e anestesia regional. Apesar dos seus benefícios no intra e pós operatório, devem ser utilizados com cautela. A intoxicação atinge sobretudo o Sistema Nervoso Central e o Sistema Cardiovascular. AL produzem depressão direta do miocárdio, retardam a condução do impulso elétrico pelo nó atrioventricular e prolongam o período refratário. Dentre os fatores relacionados na intoxicação pode-se destacar dose excessiva, absorção rápida, injeção intravascular inadvertida e queda na metabolização. Os sintomas característicos deste evento variam desde sintomas leves até arritmias cardíacas e colapso cardiovascular. É descrito um caso de parada cardiovascular após injeção intravascular inadvertida de bupivacaína, após realização de bloqueio epidural caudal com posterior reversão à normalidade. Relato de caso: masculino, 3 meses de idade, 5.100g, ASA I, nascido a termo. Após indução de anestesia geral inalatória, realizado bloqueio epidural caudal com 5ml de bupivacaína sem vasoconstritor 0,25% para correção de hérnia inguinal bilateral. Ao término do procedimento anestésico, paciente apresentou assitolia. Iniciado manobras de ressuscitação cardiopulmonar. Em 30 minutos, paciente evolui com fibrilação ventricular. Procedeu-se desfibrilação. Após 45 minutos de manobras, apresentou Torsades de Pointes. Administrado sulfato de magnésio. Necessário segunda dose uma vez que persistiu alteração eletrocardiográfica. Após segunda dose houve reversão completa do quadro com ritmo sinusal e pulso. Suspenso o procedimento, paciente foi encaminhado à UTI, com intubação orotraqueal e acordado. Paciente foi extubado no mesmo dia. Não foi identificado sequela após seguimento de 6 meses. Discussão: para diminuir os riscos da intoxicação por AL, deve-se tomar alguns cuidados: calcular a dose tóxica, realizar dose teste, aspiração suave da seringa, injeção da solução anestésica lentamente e com aspirações frequentes. Apesar de todos os cuidados, há risco de intoxicação. Sabe-se que a utilização de dose teste pode não produzir mudanças cardiovasculares. Além disso, em crianças não é possível a identificação de sinais iniciais de intoxicação uma vez que já estão anestesiadas quando realizado o bloqueio regional. É necessário medidas vigorosas de ventilação, oxigenação, suporte cardiovascular e correção da acidose no colapso cardiovascular. O bloqueio realizado pelos anestésicos locais é reversível, portanto, a reanimação cardiovascular deve ser assegurada até completo retorno da função cardiovascular normal. Alguns tratamentos foram sugeridos como cloreto de sódio hipertônico, circulação extra corpórea e emulsão lipídica, sendo este último considerado promissor.

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AO 057 HEMATOMA SUBDURAL INTRACRANIANO APÓS ANESTESIA SUBARACNÓIDEA DANIELLE FRAGOSO DE OLIVEIRA1; PRISCILA FALCI GOULART1; LEANDRO TANGARI1; JOSÉ ANTONIO PINHEIRO MELGES2; PEDRO CANDIDO ISMAEL1; EDUARDO MANSO DE CARVALHO ANDRADE1 1.CET HOSP SÃO FRANCISCO INST STA LYDIA, RIBEIRÃO PRETO, SP, BRASIL; 2.HOSPITAL SÃO FRANCISCO, RIBEIRÃO PRETO, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: Hematoma subdural encefálico é uma complicação rara de raquianestesia. O objetivo deste relato é descrever o caso de uma paciente de 21 anos, que apresentou sintomas neurológicos e cefaléia após raquianestesia para cesariana. Foi diagnosticado hematoma subdural temporoparietal à direita. O aparecimento de cefaléia persistente de ser valorizado para que se faça o diagnóstico precoce dessa condição. Relato do Caso: Paciente do sexo feminino, 21 anos, branca, estado físico ASA p1, primigesta, gestação tópica de 40 semanas, submetida a cesariana em outro serviço a pedido da paciente. Segundo relato do anestestesiologista responsável, foi realizada raquianestesia em L3-L4, com agulha Quincke 25G e injeção de bupivacaina hiperbárica 0,5% 15 mg e morfina 0,1mg. A punção lombar foi bem sucedida após 3 tentativas, sem evidência de sangramento, liquor límpido. A hidratação foi realizada com Ringer com lactato 1000ml, tempo cirurgico de 40 minutos. A paciente apresentou vômitos e agitação no intraoperatório. Após 32 horas referiu dores na face em pressão, náuseas e dores na nuca, além de parestesia em membros inferiores. Evoluiu com rebaixamento do nível de consciência (Glasgow 8) e foi intubada. Realizada tomografia computadorizada de crânio, que evidenciou hematoma subdural em hemisfério direito com efeito de massa. Foi transferida para este serviço, 6 horas depois, para craniotomia descompressiva sob anestesia geral. Ao término do procedimento foi encaminhada à UTI, intubada e hemodinamicamente estável. Foi extubada 72 horas depois, sem intercorrências. Alta hospitalar após 6 dias. Em 4 meses, retornou ao hospital para realização de cranioplastia. Discussão e Conclusão: Apesar de raro, o hematoma subdural intracraniano é uma complicação grave da anestesia espinhal. A incidência é desconhecida, pois nem todos os casos são reportados. O extravasamento de líquido cefalo-raquidiano após punção da dura-mater causa hipotensão liquórica, com consequente perda do suporte do encéfalo que tende a descer e tracionar os vasos e a dura-mater. Nesse contexto o que mais comumente se observa é a cefaléia, porém pode ocorrer rompimento de vasos que drenam para o seio sagital, levando a formação de hematoma subdural. Assim, pode-se concluir que medidas que diminuem a incidência de cefaléia, como hidratação adequada, tipo de agulha e número de tentativas, devem também reduzir o risco para hematoma intracraniano. Deve-se ainda atentar para sintomas clínicos de hipertensão intracraniana para que se faça o diagnóstico precoce por meio de tomografia computadorizada. A demora na identificação do quadro pode trazer consequências graves ou até mesmo o óbito. Referências Bibliográficas: Revista Brasileira de Anestesiologia 1993; 43: 3: 199-200. Anesthesia & Analgesia 1997;84(5): 1136-9. Handbook of Neurosurgery. 6th ed. 2006: 822-5.

AO 058 RECRUDESCÊNCIA FATAL DE HIPERTERMIA MALIGNA EM LACTENTE PORTADOR DE SÍNDROME DE MOEBIUS. RELATO DE CASO FRANCISCO RÔMULO SAMPAIO LIRA1; LIA CAVALCANTE CEZAR1; CLÁUDIA REGINA FERNANDES1; DANIEL ALVES MACIEL1; WASHINGTON ASPILICUETA PINTO FILHO2; GLAUCO KLEMING FLORENCIO DA CUNHA2 1.HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO, FORTALEZA, CE, BRASIL; 2.HOPSITAL INFANTIL ALBERT SABIN, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A hipertermia maligna (HM) é uma síndrome clínica já caracterizada há 50 anos. Consiste em taquicardia, febre, rigidez muscular, taquipnéia, cianose e outros sinais de estado hipermetabólico. Sua ocorrência pode ser observada na primeira exposição ou em subseqüentes. Este relato teve por objetivo apresentar um caso incomum e fatal de hipertermia maligna e manuseio anestésico no intra e pós-operatório. RELATO DO CASO: Lactente, masculino, primeiro gemelar, 7 meses; 6,5kg; prematuro, parto cesariano com 34 semanas de idade gestacional. Portador da síndrome de Moebius foi Internado para realização de correção de pé torto congênito. Apresentou episodio de HM após exposição a sevoflurano e succinilcolina, prontamente revertido com dantrolene. Houve recrudencencia da HM 36 horas após início do quadro, a qual não respondeu satisfatoriamente ao tratamento, tendo o paciente evoluído ao óbito. DISCUSSÃO: É necessário maior entendimento desta síndrome por parte dos anestesiologistas, equipe de terapia intensiva e outros profissionais. A possibilidade de recrudescência da HM deve ser sempre aventada. Além disso, a disponibilização do dantrolene em todos os hospitais é essencial para o manejo dos casos, sendo também importante pesquisas por novos fármacos específicos para HM, como o azumolene, possivelmente menos tóxico. Referências: Anaesth Intensive Care, 2004;32:502. Anesth Analg, 2000;91:837-855

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AO 059 EREÇÃO PENIANA SUSTENTADA SECUNDÁRIA A RAQUIANESTESIA. RELATO DE CASO JULIO CEZAR BRANDÃO1; JOAO ANGELIN1; CESAR ROMÃO MARTINS2 1.HOSPITAL REGIONAL DO JURUA, CRUZEIRO DO SUL, AC, BRASIL; 2.HOSPITAL DO SERVIDOR DO ESTADO DE SAO PAULO, SAO PAULO, SP, BRASIL.

Resumo: Introdução – Priaprismo secundário a anestesia e consdiderado evento incomum a raro, dependendo das estatísticas analisadas. Dentre os casos estudados, é mais associada a procedimentos utilizando anestesia geral e anestesia peridual associadas, sendo contabilizada em evento raro a 0,1% das raquianestesias realizadas. Este evento ocorreu mais em cirurgias urológicas em homens com menos de 50 anos, quando comparado a faixa etária superior. Tal fato pode retardar o procedimento e até promover seu adiamento, visto que a intumescência peniana é fator de risco para lesão uretral durante a cirurgia e procedimentos endouretrais. Relato do Caso - Paciente do sexo masculino, 64 anos, 55 kg, estado físico ASA II, com antecedente de hipertensão arterial sistêmica e negava disfunção érectil, apesar de não ter atividade sexual regular. Os exames laboratoriais mostravam Hb 14,1 g/dL, creatinina 1,4 mg/dL, Uréia 43mg/dL, glicemia 102mg/dL, K 4,1mmol/L e Na+ 137mmol/L. Estava em jejum e não recebeu medicação pré-anestésica. Foi monitorizado com oximetria de pulso, eletrocardiograma, pressão arterial não invasiva. Foi colocado cateter nasal com O2 e administrado midazolam 1mg intravenoso. Foi então submetido a raquianestesia. Com o paciente sentado, após limpeza e anti-sepsia, foi feito bloqueio anestésico da pele com lidocaína sem vasoconstrictor, sendo então realizada, após aguardada a latência necessária, punção subaracnóidea no espaço L3-L4, com agulha de Quincke calibre 27G, com guia, por via mediana e após gotejamento de líquido cefalorraquidiano, foi injetada a solução previamente preparada com bupivacaina hiperbárica 12,5mg e fentanila 25mcg. Após o posicionamento do paciente em decúbito dorsal horizontal foi pesquisado o nivel do bloqueio(T8-T10) e liberado para cirurgia. Após cerca de cinco minutos da punção subaracnóidea, foi verificado ereção peniana. Aguardou-se 20 minutos, porém o quadro se manteve, sendo optado pelo médico assitente urologista que faria o procedimento pelo adiamento do procedimento. Após aproximadamente 1h e 40 min houve finalização do bloqueio e da ereção em momentos próximos, sendo liberado o paciente, sem necessidade de intervenção médica para resolução do quadro. O médico assistente optou por reprogramar o procedimento. Discussão – Visto se tratar de ocorrência bastante incomum, a ocorrência de ereção peniana sustentada deve ser levada a sério pois pode alterar a conduta cirúrgica e provocar lesões iatrogênicas no paciente. A principal explicação dada é o balanço entre o bloqueio anestésico simpático ser mais acentuado do que o parassimpático, como é de fato esperado em bloqueios realizados para as cirurgias urológicas. Nos casos de priaprismo persistente, a conduta pode até ser cirúrgica, nos casos que não respondem aos vasopressores alfa-agonistas, mudando o prognostico do paciente. Referências: 01. Journal of Andrology, Vol. 27, No. 3, May/June 2006 Copyright E American Society of Andrology; 02. Bors I, Coman AI. Neurological distribution of sexual dysfunction with special references in 529 patients with spinal cord injury. Urol Survey. 1981;10:191–5.

AO 060 TAQUICARDIA VENTRICULAR SUSTENTADA EM PACIENTE NEUROCIRÚRGICO DANIEL LANNA ANTEZANA; VINICIUS CALDEIRA QUINTAO; CLÁUDIA HELENA RIBEIRO SILVA; ELIAS VARELA BECHARA; MARCELO LIMA MACHADO PAUPÉRIO SANTA CASA, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo:

Introdução:As arritmias cardíacas são eventos relativamente comuns em anestesia.Podem ser graves e aumentar a morbi-mortalidade peri-operatórias. No presente caso a paciente apresentou uma taquicardia ventricular, evento grave e potencialmente fatal, no pós operatório imediato. Relato de Caso:Paciente L.E.C., 68 anos , hipertensa e diabética controlada apresentando há 30 dias perda da força em MID, alteração comportamental e confusão mental. Há 7 dias iniciou perda da força em MSD. Exame de TC evidenciou lesão temporal E, parcialmente cística, com desvio de linha média, sugerindo glioma temporal(foto).Exames complementares sanguíneos sem alterações. ECG: BRE, ADRV FC 56 bpm.RX tórax:aumento da área cardíaca.Ao exame neurológico apresentava-se sonolenta, confusa e hemiparética à D. FC 46bpm e PA 160/90mmHg.Indução anestésica com remifentanil, propofol e vecurônio.Ato cirúrgico sem intercorrências com duração de aproximadamente 4 horas.Extubação sem intercorrências. Após 4 minutos houve queda da SPO2 superada com ventilação assistida.Instantes depois desenvolveu arritmia percebida em monitor cardíaco. Realizado ECG que mostrou uma taquicardia ventricular monomórfica sustentada com FC 170 bpm.Após 2 minutos evoluiu com queda abrupta de PA.Optado por cardioversão elétrica sincronizada 200J. Reversão do ritmo após a segunda tentativa.Iniciado amiodarona 150mg dose de ataque e manutenção em BIC.Paciente reintubada e encaminhada ao CTI.Após 2 dias recebeu alta para a enfermaria com estabilidade hemoninâmica. Discussão:De todas as taquiarritmias, a taquicardia ventricular é a mais temida.Não só pelo seu conhecido potencial de degeneração para fibrilação ventricular mas também por ser, geralmente, um marcador de cardiopatia grave.A paciente em questão apresentava um BRE o que nos obrigou a descartar uma taquicardia supraventricular com aberrância(principal diagnóstico diferencial).Dentre as principais causas de TV encontramos a doença coronariana e a miocardiopatia hipertrófica e dilatada(a paciente apresentava uma HAS de longa data e um aumento da área cardíaca).Possíveis fatores desencadeantes são a hipoxemia(ocorrida no caso em questão), hipotermia, distúrbio ácido-básico e hidro-eletrolítico.No CTI não houve investigação da provável causa da TV mas a clínica nos levou a acreditar na miocardiopatia com o “gatilho” da hipoxemia.A cardioversão elétrica foi realizada devido à instabilidade hemodinâmica apresentada provavelmente devido à alta frequência atingida.A amiodarona foi importante para evitar a recidiva precoce.As arritmias cardíacas são eventos relativamente comuns no ato anestésico.Por aumentarem a morbi-mortalidade é de fundamental importância diagnóstico e tratamento precoces.O trabalho em equipe, a presença de anestesiologistas experientes e treinados em suporte de vida em cardiologia e, principalmente, a atenção e comprometimento destinados à paciente foram fundamentais para o sucesso deste caso.

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AO 061 FALHA DO FLUXÔMETRO DE OXIGÊNIO DE APARELHO DE ANESTESIA DURANTE PROCEDIMENTO. RELATO DE CASO JULIO CEZAR BRANDÃO1; CESAR ROMÃO MARTINS2 1.HOSPITAL REGIONAL DO JURUA, CRUZEIRO DO SUL, AC, BRASIL; 2.HOSPITA DO SERVIDOR ESTADUAL, SAO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Introdução – Os aparelhos de anestesia têm se tornado cada vez mais modernos e controlados por programas de computdor que dão mais segurança na manutenção da ventilação mecânica, fornecendo o aporte de oxigênio de modo mais seguro e com sistemas de segurança que visam minimizar os erros. O objetivo deste relato é apresentar um caso de falha no fornecimento de oxigênio pelo aparelho de anestesia, sem ter havido alteração na rede de oxigênio e nas pressões de oxigênio do aparelho. Relato do Caso - Paciente do sexo masculino, 20 anos, estado físico ASA I. Internado para realização de laparotomia exploradora por conta de apendicite aguda. Foi submetido a anestesia geral e monitorizado com oximetria de pulso, eletrocardiograma, pressão arterial não invasiva e capnografia. A indução da anestesia e a intubação orotraqueal ocorreram sem intercorrências. A manutenção foi realizada com isoflurano e bolus de fentanila intermitentes, quando necessários. Mantido em ventilação mecânica assisto-controlada a volume(VCV - VC: 550ml; FR: 10ipm; PEEP:5cmH2O; FiO2: 45%), mantendo Sp02 entre 99-100%. Após 15 minutos da indução, com cirurgia transcorrendo sem intercorrências, o paciente iniciou quadro de dessaturacao da hemoglobina à oximetria de pulso, com queda progressiva dos valores. O paciente foi examinado, não sendo evidenciado nenhuma alteração pulmonar clinica ou na intubação orotraqueal. No aparelho de anestesia, percebemos pressões de oxigênio do aparelho adequadas, fluxometro aparentemente sem alterações, com sensor fração inspirada de oxigênio indicando valores menor que 21%, caindo progressivamente, apesar de ter aumentado a fração de oxigênio fornecida para 100%. Foi então colocado em ventilação manual espontânea, mas manteve a queda progressiva da Sp02, sendo optado por utilizar oxigênio de fonte externa com sistema de Baraka, sendo retomada a saturação rapidamente, sem intercorrencias para o paciente. O aparelho foi testado algumas vezes após o procedimento, mantendo Fi02 baixa apesar do uso de 02 a 100% nos testes. Houve falha da calibração do sensor de oxigênio em alguns dos testes. O mesmo aparelho foi isolado e enviado para departamento técnico, onde encontra-se para avaliação suplementar. Discussão - O caso mostra que apesar de tratar-se de um aparelho relativamente moderno, os sistemas de segurança foram eficientes somente para alarmar, porém não para corrigir o problema no fornecimento de oxigênio, sendo necessário uso de ventilação com sistema de Baraka e fonte de 02 externa para restaurar a ventilação adequada do paciente. Devemos nos atentar para os princípios básicos da avaliação do paciente durante a dessaturacao e ter uma opção alternativa para manter a ventilação adequada, caso haja algum problema no sistema de ventilação artificial. Nao houve conflito de interesse. Nao houve entidade financiadora. Referências – 01 - J. A. Aldrete, Et Al - Mudanças no Fluxo de Gases Frescos Afetam o Volume Corrente Liberado pelo Ventilador Durante Anestesia. Revista Brasileira de Anestesiologia Vol. 38: No 5, Setembro - Outubro, 1988, pag 311-313. 02 – Yao & Artusio, Anestesiologia – Abordagem orientada para o problema. 6 Edição; Capitulo Hipoxia e falha do equipamento, pag. 718-730.

AO 062 PNEUMOTÓRAX APÓS ANESTESIA PARA CIRURGIA DE COLUNA LOMBAR ANDREA CARVALHO KNABE; ELIANA MARISA GANEM; RODRIGO MOREIRA LIMA; DANIEL BRUNO GILIO; LEANDRO GOBBO BRAZ CET/SBA-DEPARTAMENTO DE ANESTESIOLOGIA DA FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU – UNESP, BOTUCATU, SP, BRASIL. Resumo: Andrea C Knabe; Eliana M Ganem, Rodrigo M Lima , Daniel B Gilio, Leandro G Braz CET/SBA-Departamento de Anestesiologia da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP Justificativa e objetivos: Pneumotórax caracteriza-se pela presença de ar no espaço pleural de causa primária, secundária ou traumática, esta muitas vezes iatrogênica. Pode ser desencadeado por lesão pulmonar não diagnosticada previamente ou associado à ventilação mecânica. Relato de caso: Mulher, 17 anos, 68 kg, 1,60m, ASA I, com fratura e explosão de L3 pós trauma automobilístico. Admitida na sala de operação (SO) consciente, em ventilação espontânea com SpO2 de 97% em ar ambiente, sem déficits ou queixas, para cirurgia de artrodese de coluna lombar na rotina. Acesso venoso central (AVC) subclávio à direita com raio X tórax de controle normal. Monitorização com cardioscopia, oximetria de pulso, PANI e PVC. A indução anestésica foi feita com midazolam, sufentanil, propofol e cisatracúrio, seguida de IOT e ausculta pulmonar (AP) simétrica. Utilizou-se ventilador Primus e ventilação a volume com 500ml, PEEP de 5 cmH2O e pressão máxima de 30 cmH2O. Acresentou-se pressão arterial invasiva à monitorização. Posicionamento em decúbito ventral com redução discreta de murmúrio pulmonar em hemitórax direito. Devido indisponibilidade de raio X, realizou-se escopia dinâmica pulmonar que não mostrou evidências de pneumotórax. Anestesia mantida com propofol e remifentanil. Não houve intercorrências anestésicas durante a cirurgia de 6h. Ao término desta, paciente foi reposicionada em DDH para extubação, quando apresentou elevação da frequência respiratória (FR) com pequeno volume corrente (VC), não recuperando a consciência. Após nova AP, observou-se redução importante de murmúrio à direita. Realizado novo raio X de tórax com evidência de pneumotórax à direita e necessidade de drenagem cirúrgica. Após drenagem, FR e o VC voltaram ao estado pré-cirúrgico e houve recuperação da consciência. Realizou-se a extubação na SO. Teve alta hospitalar, sem complicações, após 5 dias. Conclusões: Incidência de pneumotórax é variável de acordo com suas causas. O presente caso não encontra correlação na literatura devido a incerteza na origem da lesão. Hipóteses sugeridas: punção pleural durante punção do AVC, trauma torácico prévio à cirurgia, barotrauma ou combinação de dois ou mais fatores. Pneumotórax é uma das complicações mais comuns em punção de AVC via subclávia. Trauma de grande energia também é fator predisponente para pneumotórax. Barotrauma associado à ventilação mecânica seria pouco provável devido ao uso de ventilador e ventilação adequados, mas pode ter agravado pneumotórax preexistente. Não houve esclarecimento da origem da lesão, mas o diagnóstico, tratamento e cuidados pós-operatórios foram essenciais para boa recuperação da paciente. Referências: Semin Respir Crit Care Med.2010 ; 31(6) : 769-80 Conflito de interesse: Não Fontes de Fomento: Não

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AO 063 EDEMA PULMONAR POR PRESSÃO NEGATIVA PÓS-LARINGOESPASMO: RELATO DE CASO ARMANDO MOREIRA MENDES; OTÁVIO DAMÁZIO FILHO; EURL DANTAS DE ARAÚJO; JANE AUXILIADORA AMORIM; TATIANA SALES ALENCAR; JULIANA LEITE DE OLIVEIRA CENTRO DE ENSINO E TREINAMENTO DOS HOSPITAIS DA RESTAURAÇÃO, GETÚLIO VARGAS E OSVALDO CRUZ, RECIFE, PE, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: O edema pulmonar por pressão negativa é uma complicação ocasionada pela obstrução de vias aéreas superiores que tem potencial catastrófico, caso não seja rapidamente diagnosticado e tratado. Nesse estudo relatamos um caso de um jovem, saudável, submetido à cervicotomia exploradora, sob anestesia geral, que apresentou laringoespasmo pós-extubação traqueal e edema pulmonar por pressão negativa. Relato de caso: Masculino, 18 anos, 80 kg, 1.78m, admitido na emergência vítima de ferimento por arma branca, em região cervical inferior direita, com hematoma extenso no local. Foi indicada cervicotomia exploradora. Encontrava-se lúcido, cooperativo, eupneico, hipocorado (++/4+), PA 100x60, FC 110. Não apresentava fatores preditores de via aérea difícil. Negava alergias. Admitido em SO, optou-se pela indução em sequência rápida com remifentanil, etomidato e succinilcolina. A intubação orotraqueal ocorreu sem intercorrências com tubo 7,5 com cuff e o relaxamento muscular foi mantido com rocurônio. A manutenção foi realizada com Sevoflurano, em vaporizador calibrado e ventilação mecânica controlada, volume corrente 640 ml, FiO2 50%, FR 12 e Peep 5cmH2O. Havia lesões em veias jugulares e artéria subclávia. O procedimento cirúrgico durou 4h e foi necessário hemotransfusão. Após reversão do bloqueio neuromuscular com atropina e neostigmina, o paciente apresentou condições clínicas ideais sendo extubado. Em poucos minutos apresentou dispneia, estridor inspiratório, retrações de fúrcula esternal e subcostais, evoluindo com queda da saturação arterial de oxigênio. Não foi possível ventilar com pressão positiva sob máscara facial, evoluiu com hipoxemia grave e perda da consciência. Foi administrado succinilcolina e realizada intubação orotraqueal, havendo saída de secreção róseo-avermelhada em grande quantidade pelo tubo traqueal. A ausculta pulmonar apresentou estertores crepitantes difusos bilateralmente. No pós-operatório imediato foi mantido em modo ventilatório assistido-controlado ciclado a pressão, pressão inspiratória de 35 cmH2O, fluxo inspiratório 30l/min, FR 14irpm, Peep 8, Tempo I:E 1:2, e sedado com fentanil e midazolam. Após 24h foi extubado e evoluiu satisfatoriamente. Conclusões: O edema pulmonar por pressão negativa ocorre com maior frequência em crianças, adultos jovens, atletas e nos pacientes que necessitam de intubação orotraqueal de emergência devido à obstrução de via aérea superior. Devido à existência de muitos diagnósticos diferenciais e a necessidade da rápida identificação, a presença de fatores de risco e a exclusão de causas cardiogênicas, anafiláticas e sua associação pós-obstrução, são aspectos extremamente relevantes para a pronta identificação e tratamento dessa complicação anestésica. Referências: Anesthesiology 2010; 113:200 –7; Journal of Critical Care 2010; 25:1–5; Rev Bras Anestesiologia 2008; 58:165-171.

AO 064 EDEMA AGUDO PULMONAR POR PRESSÃO NEGATIVA EM ANESTESIA GERAL JULIANA AZZI SAIDLER; ALEXANDRA REZENDE ASSAD; LUIS ANTONIO DIEGO; MARCELO ZYLBERBERG; BEATRIZ SOPHIA DE QUEIROZ ROBERT FONSECA; RODOLPHO AZZI SAIDLER HUAP-UFF, NITERÓI, RJ, BRASIL. Resumo: Introdução: O Edema agudo de Pulmão por Pressão Negativa (EPPN) é um edema não-cardiogênico, no qual ocorre transudação de líquido para o interstício pulmonar em resposta ao aumento na pressão negativa intratorácica decorrente, sobretudo, da obstrução das vias aéreas superiores após extubação traqueal. A incidência do EPPN varia entre 0,05 e 5% dos procedimentos anestésicos, sendo o laringoespasmo sua principal etiologia. Relato de caso: Paciente masculino, 15 anos, branco, 70Kg, ASA 2E com indicação de apendicectomia de urgência. Havia história de asma e alergia à metroclopramida, mas sem relato de cirurgia anterior. Exame físico sem alterações, inclusive com ausculta pulmonar com murmúrio vesicular universalmente audível, e ausência de ruidos adventícios. Na SO o paciente foi monitorizado com cardioscópio, oximetria, PANI, capnografia e realizada venóclise em MSD com extracate 16 G. O procedimento teve início com a pré-oxigenação sob máscara ( O2 100%) por 5 minutos. Procedeu-se a indução venosa com fentanil 250 mcg, propofol 140 mg e succinilcolina 70 mg. A IOT, com TOT 8,0mm com balonete, foi realizada sob manobra de Selick em seqüência rápida. Utilizado isoflurano para a manutenção da anestesia, O2 e ar comprimido. Ao término do procedimento cirúrgico, foi administrada atropina 0,75 mg, prostigmine 1,5 mg e lidocaína 70 mg EV. Durante a extubação o paciente apresentou grave laringoespasmo que seguiu-se de EPPN com estertores subcrepitantes bilateralmente, taquidispnéia e queda da SpO2 até 76%. Iniciou-se, então, oxigenoterapia por pressão contínua positiva sob máscara facial, havendo melhora da taquidispnéia e do laringoespasmo. Após a estabilização ventilatória, o paciente foi encaminhado lúcido e orientado à Sala de Recuperação Anestésica, onde foi realizada nebulização com Đ2 agonista. A gasometria arterial pós-operatória imediata revelou acidose mista, enquanto o Rx de tórax apresentava edema intersticial bilateral e área cardíaca normal. Decorrida 01 semana do evento, o paciente apresentava-se com pneumonia de lobo inferior esquerdo, tratada satisfatoriamente. Discussão: O EPPN tem como fator desencadeante principal o laringoespasmo que é definido como a oclusão da glote secundária a contração dos músculos constritores da laringe em resposta a estímulos mecânicos ou químicos. No presente caso, o EPPN foi desencadeado, provavelmente, pelo laringoespasmo pós-extubação, agravado pela estimulação glótica ou supra-glótica pelo tubo traqueal na emergência da anestesia. A história prévia de asma, por aumentar em até 6 vezes a chance de laringoespasmo pela hiperreatividade das vias aéreas, possivelmente também contribuiu para a ocorrência do EPPN.

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AO 065 EMBOLIA AÉREA VENOSA SEGUIDA DE EDEMA AGUDO DE PULMÃO EM NEUROCIRURGIA LUIZ CARLOS FERRARI; LUCIANA LEITE DE AMORIM; HELANE RODOVALHO BRAGA; TATIANE LUZIA TIBURTINO SOUZA; MAYSA DELAMARE ESPÍNDOLA HOSPITAL GERAL UNIVERSITÁRIO, CUIABÁ, MT, BRASIL. Resumo:

Objetivo: Relatar um caso de embolia aérea venosa seguida de edema agudo de pulmão durante ressecção de tumor de fossa posterior. Relato do Caso: S.V.R, feminina, 42 anos, ASA 1, com recidiva de astrocitoma de baixo grau ressecado há 10 anos e proposta de nova intervenção. Recebida em sala operatória consciente, ECG 15, cooperativa. Monitorização: cardioscópio, oxímetro de pulso, capnógrafo, pressão arterial invasiva em artéria radial esquerda. Acesso periférico MSD AB 18G e acesso central em jugular interna direita. Indução com fentanil , propofol e atracúrio. IOT com tubo aramado nº 7,5 com cuff e manutenção com VCV em sistema valvular com absorvedor de CO2, isoflurano contínuo e remifentanil EV BIC. Foi colocada na posição de cadeira de praia. Logo após incisão de seio transverso a paciente apresentou queda súbita da capnometria de 35 para 16 mmHg, seguida de hipoxemia sem alteração da pressão intratraqueal. Feita a hipótese de embolia aérea e iniciada aspiração de acesso central, obtendo 120 ml de sangue com bolhas de ar. Ainda assim, evoluiu com queda vertiginosa de saturação, bradicardia sem melhora após atropina, hipotensão e parada cardiorrespiratória. Iniciadas manobras de RCP conforme protocolo ACLS, sendo feitas 2 mg de epinefrina. Após 5 minutos de RCP, a paciente apresentava pulso e ritmo sinusal. A incisão foi fechada em planos e a paciente lLevada à UTI intubada hemodinamicamente estável. Na chegada à UTI, saída de secreção rósea pelo TOT e estertores difusos à ausculta. Feito 80 mg de furosemida com melhora e iniciado noradrenalina ( solução I), e sedação. Iniciada PCV e mantida em Ramsay 6, com pupilas isocóricas e fotorreagentes. Após 6 horas, apresentou 4 episódios convulsivos, refratários a doses de ataque e manutenção de diazepam e fenitoína, apresentando melhora após início de tiopental em BIC. Ao raio-X de tórax no leito foi visualizado pneumotórax à direita, drenado. No 2º PO foi retirada a sedação, sem resposta da paciente, que evoluiu com pupilas midriáticas, isocóricas e não fotorreagentes, ausência de reflexos centrais e resposta a estímulos, sendo aberto protocolo para morte encefálica. Conclusões: Embolia aérea venosa é uma complicação conhecida na neurocirurgia , detectável por Doppler precordial, ecocardiograma transesofágico e capnometria como no nosso caso. Não houve mais mudanças cardiovasculares e respiratórias que sugerissem outra causa. Não se aspirou grandes volumes de ar pelo acesso central, apesar da grande repercussão hemodinâmica. Atribuímos o pneumotórax à manobra de RCP. O edema pulmonar pode ocorrer rapidamente ou várias horas após a embolia aérea. Estudos revelam toxicidade direta das bolhas de ar nas células endoteliais pulmonares, devido a agregação de neutrófilos em torno destas, aumento da permeabilidade capilar e exsudato rico em proteínas.

Referências: 1. Can J Anaesth. 1993 ;40(10):964-7. 2. Drummond, JC; Patel,PM – Neurosurgical Anesthesia, in:Miller RD Đ Anesthesia, 7th Ed,

AO 066 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR) PÓS-RAQUIANESTESIA: RELATO DE CASO NATÁLIA DE PINHO TAVARES; JOAQUIM VARELA CARNEIRO; CAROLINE CESAR MACHADO; DEBORA MURAD FERREIRA; GLAUCIO GREGORI NUNES BOMFÁ; DANIEL ROSA GONÇALVES HOSPITAL BELO HORIZONTE, BEO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo:

Hospital Belo Horizonte – CET de Anestesiologia do Hospital Madre Tereza - Belo Horizonte/MG Justificativa e objetivos: A raquianestesia está bem difundida na prática anestésica e é considerada uma técnica segura, apesar de apresentar algumas complicações inerentes ao procedimento. Dentre estas, a mais temida, embora rara, é a PCR. Este relato de caso tem por objetivo apresentar um caso de PCR pós-raquianestesia e mostrar a importância do reconhecimento e tratamento precoce desta complicação. Materiais e métodos: Trata-se de um relato de caso ocorrido em março de 2011, no Hospital Belo Horizonte. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 29 anos, sem comorbidades, foi submetida à raquianestesia com 20 mg de bupivacaína hiperbárica e 25 mcg de fentanil espinhal para realização de apendicectomia. Inicialmente, foi monitorizada com oximetria de pulso, medida de pressão arterial não invasiva e eletrocardiografia, submetida a punção de acesso venoso periférico em membro superior esquerdo e sedada com 2 mg de midazolam endovenoso (EV). Cerca de vinte minutos após a realização do bloqueio subaracnóideo, a paciente iniciou um quadro de bradicardia e hipotensão, evoluindo com queda da saturação de oxigênio, redução do nível de consciência e PCR em assistolia. Foram prontamente iniciadas medidas de ressuscitação cardiopulmonar com massagem cardíaca, intubação orotraqueal e administração de 1mg de adrenalina EV, com retorno à circulação espontânea 4 minutos depois de detectada a PCR. Após o término da cirurgia, a paciente foi extubada e levada para o Centro de Tratamento Intensivo (CTI) ainda obnubilada e com agitação psicomotora. Foi, então, reintubada e mantida em ventilação assistida. A avaliação neurológica e a Tomografia Computadorizada cerebral revelaram alterações compatíveis com edema cerebral. Realizado corticoterapia por 7 dias com boa resposta. A paciente foi extubada no 4º dia de internação no CTI e recebeu alta deste no 7º dia, sem seqüelas. Discussão e conclusão: A etiologia da PCR pós-raquianestesia ainda é incerta, porém muitos trabalhos têm sido publicados com o objetivo de estabelecer suas causas. Acreditava-se que decorria de hipoxemia gerada por sedação excessiva, porém hoje se sabe que a PCR pós-bloqueio subaracnóideo tem etiologia cardiocirculatória e se deve, principalmente, à redução da pré-carga resultante do bloqueio simpático. Existem outros fatores que aumentam o risco para o desenvolvimento de PCR, dentre eles: idade < 50 anos, ausência de comorbidades, uso de betabloqueadores, alterações no posicionamento do paciente e hipovolemia. O mais importante, nestes casos, é a detecção precoce do evento cardíaco e a pronta instituição do tratamento, baseado em reposição volêmica adequada e uso de drogas vagolíticas e/ou simpaticomiméticas. Referências bibliográficas: Rev Bras Anestesiol 2011; 61(1): 110-120; J Clin Anesth 1998; 10: 278–85; Anesthesiology 1997; 87: 479–86.

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AO 067 HEMOPTISE SECUNDÁRIA A EDEMA PUMONAR DE PRESSÃO NEGATIVA NO PÓS-OPERATÓRIO DANTON MIRANDA SILVA FILHO; ANTONIO JORGE BARRETTO PEREIRA; RODRIGO LEAL ALVES; NAZEL OLIVEIRA FILHO; ADRIANO TEIXEIRA FERNANDES; LUIZ ALBERTO TEIXEIRA CET HOSPITAL SÃO RAFAEL, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos-Hemoptise no perioperatório é uma condição incomum mas potencialmente grave que pode ser letal quando não identificada e tratada corretamente. O presente relato de caso tem como objetivo descrever uma situação de hipoxemia severa com hemoptise secundária a edema pulmonar por pressão negativa no pós-operatório. Material e Métodos-Paciente 44 anos, feminina, estado físico ASA II com HAS I, alergia a AINES, história mal definida de asma, e passado de TVP. Programação cirúrgica de vídeohisterctomia para ressecção de mioma submucoso. Monitorizada com cardioscopia, PANI e oximetria. Realizada anestesia geral venosa total e mantida em ventilação mecânica (VM) pressão controlada com máscara laríngea 3 (capnografia normal). Ao final do procedimento, após a retirada da máscara laringéia, a paciente cursou com hipoxemia grave (SpO2 75%) sendo necessária intubação orotraqueal. Não foram evidenciados conteúdo gástrico ou sangue na laringoscopia direta. Após retorno à VM, houve melhora rápida da hipoxemia, porém no tubo traqueal observava-se grande volume de secreção sanguinolenta. A paciente foi, então, encaminhada para realização de TAC de tórax de alta resolução com protocolo de tromboembolismo pulmonar. O exame não revelou sinais sugestivos de embolia pulmonar ou pneumotórax, mas mostrou consolidações nas porções posteriores dos pulmões e opacidades centrolobulares nas regiões medulares dos pulmões. Após o exame, a paciente foi conduzida à UTI sendo iniciado tratamento para edema agudo de pulmão com manutenção de VM com pressão de suporte e PEEP. Apresentou melhora significativa na primeira hora e após sete horas procedeu-se a extubação sem intercorrências. A paciente manteve bom padrão respiratório com boas trocas permanecendo sob observação e fisioterapia respiratória intensiva na unidade por 24 horas. Discussão e conclusão- A fisiopatologia do edema tem como fator fundamental a geração de forte pressão negativa transpulmonar transmitida para os alvéolos e capilares pulmonares. Poucos relatos abordam especificamente a questão da hemoptise associada ao edema por pressão negativa (EPN). No caso em questão, a hemoptise e o passado de TVP dificultaram o diagnóstico inicial do quadro. O tratamento do EPN é basicamente de suporte e voltado para reversão imediata da hipoxemia com ventilação com pressão positiva e O2 suplementar. A entidade costuma ter uma evolução autolimitada com bom prognóstico mesmo quando acompanhada de hemoptise. Referências-1)Oswalt CE, Gates GA, Holmstrom FMG. Pulmonary Edema as a complication of Acute Airway Obstruction. JAMA. 1977; 238: 1833-5. 2) McConkey PP – Postobstructive pulmonary oedema--a case series and review. Anaesth Intensive Care, 2000;28:72-76. 3) Timby J, Reed C, Zeilender S et al - “Mechanical” causes of pulmonary edema. Chest, 1990;98:973-979.

AO 068 REAÇÃO ANAFILÁTICA GRAVE DURANTE REALIZAÇÃO DE ANESTESIA PARA CESARIANA. RELATO DE CASO CARLA REGINA OLIVEIRA GOMES; CLÁUDIA HELENA RIBEIRO SILVA; LILIAN TAVARES CARVALHO; JULIANA FARIA FREITAS; NUBIA CAMPOS FARIA ISONI; PATRICIA LOPES GABRIEL SANTA CASA DE BELO HORIZONTE, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: A incidência de relatos de reações anafiláticas/anafilactóides durante o ato anestésico-cirúrgico vem aumentando no decorrer dos anos, o reconhecimento e tratamento devem ser imediatos. Relato de Caso: Paciente SJP, 26anos, G1 P0A0, 39 semanas, portadora de artrite reumatóide juvenil com prótese de quadril e de joelho direito. Relato de cirurgias prévias sem eventos adversos e ausência de vícios ou alergias. Foi submetida a raquianestesia com 10 mg de bupivacaína pesada, 15 microgramas de fentanil e 60 microgramas de morfina para cesariana eletiva. Após retirada do feto, foi administrado 10 UI de ocitocina e 2 g de dipirona endovenosa. A paciente evoluiu com prurido intenso, sudorese profusa, taquicardia, hipotensão importante refratária à fenilefrina, leve dispnéia e edema em face. Foi imediatamente administrado oxigênio suplementar em máscara facial, adrenalina, hidrocortisona, difenidramina, sem melhora dos sintomas. A normalização dos parâmetros hemodinâmicos só ocorreram após administração endovenoso de 10 bolus de 50 microgramas de adrenalina. Encaminhada ao CTI para observação do quadro. Discussão: Vários medicamentos podem induzir à reações de hipersensibilidade e os sinais e sintomas podem variar de leves a extremamente graves. Dentre os agentes que provacam anafilaxia deve-se considerar os antibióticos, o dextran, o latéx e os bloqueadores neuromusculares. Mesmo em pacientes sem relato prévio de alergias, a exposição a várias medicações pode desencadear a qualquer momento algum tipo de hipersensibilidade. O tratamento com adrenalina deve ser o mais precoce possível, pois suas características farmacológicas são utéis na abordagem do processo. Referências: Tratado de Anestesiologia Clínica SAESP, 2006; 148: 1963-1978.

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AO 069 EDEMA AGUDO POR PRESSÃO NEGATIVA DEVIDO A LARINGOESPASMO NO PÓS OPERATÓRIO RAFAEL QUEIROZ SOUSA; GERARDO CRISTINO DE MENEZES NETO; ALOYSIO GABARRA TAVARES; ISRAEL HOLANDA MORATO; JOSÉ WALTER DE ARAÚJO NETO; JOÃO PAULO ALVES RIOS SANTA CASA DE SOBRALUFC - CET OZIEL DE SOUSA LIMA, SOBRAL, CE, BRASIL. Resumo:

Justificativa e Objetivos: O edema pulmonar por pressão negativa (EPPN) é descrita como complicação rara, decorre de episódios de obstrução aguda das vias aéreas, sendo potencialmente fatal quando não reconhecido ou mal diagnosticado e necessita de intervenção precoce e precisa. Relato de Caso: J.B.E.P, masculino, 17anos, com apendicite, sem peritonite difusa. Negou patologias de base sendo classificado como ASA I. Paciente em bom estado geral, peso de 70kg e altura de 1,75m. Negou procedimentosanteriores. Escolhida como técnica, aceita pelo paciente, a raquianestesia. Entretanto no momento da punção lombar o paciente foi pouco cooperativo e evidenciou-se uma falha do bloqueio. Pela recusa do paciente em submeter-se ao mesmo procedimento, decidiu-se realizar anestesia geral balanceada. Induzido com propofol (160mg), fentanil (200µg), e atracúrio (40mg). Submetido à intubação orotraqueal sem intercorrências, foi mantido em ventilação mecânica com O2 e sevoflurano, sendo monitorizado por ECG, PNI, oximetria, capnografia e avaliação clínica. O procedimento anestésico-cirúrgico evoluiu sem intercorrências, com duração total de 1 hora e 45 minutos. Foi extubado no pós-operatório imediato, evoluindo com padrão respiratório compatível com obstrução de vias aéreas superiores e estridor compatível com quadro laringoespasmo. Feito lidocaína 70mg, e oferta de oxigênio sob máscara sem melhora, com SpO2 chegando a 80%. Decidiu-se aprofundar o plano anestésico com 100mg de propofol e realizar ventilação com pressão positiva sob máscara, sem sucesso. Realizada nova intubação com succnilcolina 80mg com sucesso. Após introdução do tubo endotraqueal observou-se saída de líquido espumoso e rosada do tubo e na ausculta pulmonar crepitações basais bilaterais (típico de edema agudo). Realizado hidrocortisona 300mg, furosemida 20mg, morfina 5mg com melhora do quadro. Após duas horas, paciente foi novamente extubado, mantendo bom padrão expiratório mantendo SpO2 98% em ar ambiente, ausculta normal, verbalizando, sem queixas. Conclusões: O caso atenta para a necessidade do diagnóstico preciso e precoce EPPN, devendo ser essa uma complicação potencial a ser considerada em pacientes jovens e saudáveis, principalmente no período imediato pós-extubação e de recuperação após anestesias gerais com ventilação mecânica. Alguns trabalhos sugerem que a incidência de EPPN tem aumentado com o surgimento de novas técnicas anestésicas, as quais permitem recuperação mais rápida das anestesias gerais e utilização de relaxantes musculares de curta ação em pacientes jovens, com forte musculatura respiratória e reflexos laríngeos vigorosos. A chave para uma abordagem segura repousa no rápido reconhecimento da situação, reversão da obstrução e aplicação de ventilação com pressão positiva. Uma abordagem eficaz pode prevenir a necessidade de medidas mais invasivas. Bibliografia: 1. Revista Médica de Minas Gerais 2008; 18(3): 208-211 2. Anesthesia and Analgesia. 2001; 92: 273-5.

AO 070 PNEUMOTÓRAX APÓS PNEUMOPEROTÔNIO EM LAPAROSCOPIA CARINE RIEDI ANDRADE; FABIO LONGOBARDI BETT; LUIZ CARLOS FERRARI; MARCIO LUIZ BENEVIDES CET CUIABÁ, CUIABÁ, MT, BRASIL. Resumo: Introdução: Os maiores problemas relatados durante a cirurgia laparoscópica dizem respeito aos efeitos cardiopulmonares decorrentes do pneumoperitônio, da absorção sistêmica de CO2, do embolismo venoso gasoso e dos danos acidentais às estruturas intra-abdominais. O pneumoperitônio causa elevação da pressão intra-abdominal (PIA), o que produz efeitos deletérios nas funções cardiovascular, pulmonar, renal e metabólica. Um problema pouco descrito mas possível é a formação do pneumotórax após insuflação do pneumoperitônio. O objetivo é relatar um caso de pneumotórax bilateral após laparoscopia. Relato de caso: Paciente MRC, sexo feminino, 54 anos, hipertensa prévia e com doença diverticular em todo colon. Indicada cirurgia por sangramento crônico. ASA II, avaliação de vias aéreas sem critérios de via aérea difícil. Após desnitrogenação com mascara a 100%, indução com fentanil 400 mcg, cisatracúrio 9 mg e propofol 180mg, IOT com 8.0 sem dificuldades. Iniciado procedimento cirúrgico com pneumoperitonio de 14, paciente apresentou taquicardia, sendo diminuído para 12 e iniciado com remifentanil, após 30 minutos paciente começou a apresentar retenção de CO2 sendo alterado os parâmetros ventilatórios, sem melhora do quadro, e colhido gasometria, ao realizar a ausculta pulmonar percebeu-se diminuição dos ruídos hidroaéreos e enfisema subcutâneo em tórax, pescoço e face; decidiu-se por realizar descompressão pulmonar com uso de cateter 14G, puncionado em segundo espaço intercostal à direita apresentando melhora de ETCO2 que inicialmente estava em 67 e após procedimento teve uma queda para 54. Como houve discreta melhora decidiu-se por puncionar à esquerda também apresentando saída de ar. Após a ETCO2 ficou em torno de 43. Em seguida foi desinsuflado o penumoperitonio havendo uma melhora da troca gasosa e normalizando os níveis de ETCO2. O procedimento terminou após abertura à Phannestil para retirada do colon. Paciente foi extubada em sala após ausculta pulmonar apresentar melhora e recrutamento alveolar. Ao acordar se queixou de dor abdominal e sem desconforto respiratório. Retirado ambos cateteres dos espaços intercostais e encaminhada para UTI apresentando enfisema subcutâneo. No dia seguinte o enfisema havia regredido em torno de 80 % e como estava sem queixas foi encaminhada para o quarto recebendo alta em dois dias sem queixas ou seqüelas. Discussão: O pneumotórax pode ocorrer em qualquer momento durante a cirurgia, sendo, muitas vezes, diagnosticado apenas no final da mesma. Neste caso o diagnóstico foi feito devido a elevação súbita do CO2 na capnometria após um tempo de insuflação do pneumoperitônio, em uma cirurgia abdominal extensa com grande manipulação. Deve-se estar sempre atento para realização deste evento em cirurgias laparoscópicas e ser tratadas rapidamente permitindo uma melhora da paciente e sem seqüelas futuras. Referência: Chui PT, Gin T, Oh TE - Anaesth Intens Care, 1993.

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AO 071 REVERSÃO DE BLOQUEIO NEUROMUSCULAR RESIDUAL COM SUGAMADEX SÓDICO. RELATO DE CASO. BRUNO AUGUSTO PAPY; EZEQUIEL MILANI MACHADO; EMERSON ALEXANDRE CARVALHO CET HOSPITAL ANGELINA CARON, CURITIBA, PR, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: O bloqueio neuromuscular residual é uma complicação do pós-operatório imediato. Representa a possibilidade de sérios eventos adversos em anestesia tais como: depressão ventilatória com desenlaces respiratórios negativos como pneumonia e atelectasia e, finalmente broncoaspiração. O relato de caso tem como objetivo chamar a atenção para esta complicação anestésica e o seu manejo na condição clínica de sepse e as condutas que foram adotadas. Relato de Caso: Paciente feminina, branca, 23 anos, 63 kg, previamente hígida. Foi admitida para realização de laparotomia exploradora no pós-operatório de curetagem uterina evacuadora. Negava alergias e uso de medicamentos. Os exames pré-operatórios demonstravam imagem sugestiva de abcesso pélvico na ecografia de abdômen total e hemograma infeccioso. Foi monitorada com eletrocardioscópio, SpO2, PANI e PETCO2. Após pré-oxigenação, realizou-se indução da anestesia em sequência rápida com propofol, fentanil, succinilcolina, rocurônio em dose única e manutenção com isoflurano. Ao término do procedimento, com duração de 45 minutos, a paciente apresentou sinais clínicos de descurarização, sendo então administrada neostigmina. Foi extubada após apresentar respiração espontânea e encaminhada para a sala de recuperação pós-anestésica. Na sala de RPA, após cerca de 10 minutos, observaram-se sinais de insuficiência respiratória e constatou-se bloqueio neuromuscular residual ao empregar-se a seqüência de quatro estímulos. Desse modo, foi administrado sugamadex sódico (2 mg.kg-1) com recuperação de padrão ventilatório satisfatório. Conclusões: O presente relato de caso chama a atenção para a significativa ocorrência de recurarização na sala recuperação pós-anestésica, com provável incidência aumentada em pacientes sépticos, e a possibilidade de utilização dessa nova droga, sugamadex sódico, para a resolução imediata e eficaz de quadros de bloqueio neuromuscular residual. Referências bibliográficas: Anesthesiology, 2010; 112:34-40. - British Journal of Anaesthesia, 2010; 105 (4):487-92 - Anesthesiology Clin, 2010; 28:13-24

AO 072 SÍNDROME CORONARIANA AGUDA NO INTRAOPERATÓRIO JOÃO DANIEL MILHOMENS; RODRIGO DE LIMA SOUZA; LUIZ ANTONIO DA SILVA; FRANCISCO TADEU ALBUQUERQUE; TIAGO GARCIA; BRUNO APGAUA HOSPITAL MADRE TERESA, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: A Síndrome coronariana aguda (SCA) no per-operatório é um dos preditores importantes de mortalidade em cirurgias não cardíacas. Sua incidência é subestimada e pode chegar até 12% das operações. Este relato mostra a conduta diante de síndrome coronariana aguda per-operatória. Relato do Caso: MAP, 61 anos, masculino, estado físico ASA 2, sedentário, em uso de enalapril e hidroclorotiazida, candidato a prostatectomia radical. Monitorizado com oximetria de pulso, eletrocardiograma contínuo de cinco derivações e pressão arterial não invasiva. Realizou-se anestesia peridural com Ropivacaína 0,75% 60 mg, associado a Morfina 2mg. A indução com remifentanil a 0,3 mcg/kg/min, associado a propofol 1,5 mg/kg e rocuronio a 0,5 mg/kg foi sem intercorrências. A anestesia foi mantida com sevoflurano a 1,2 CAM. Com uma hora e trinta minutos de cirurgia, houve hipotensão arterial súbita. Observou-se inversão de onda T e extrassístoles ventriculares que responderam à reposição volêmica e vasopressor em doses tituladas. Corrigida a hipotensão, houve melhora do traçado eletrocardiográfico. A partir daí, decidiu-se por monitorização hemodinâmica invasiva. A estabilidade hemodinâmica foi mantida por meio de vasopressores e reposição volêmica adequada. Após a extubação, o paciente apresentava-se sem queixas, normotenso (PAM 85 mmHg) e sem necessidade de vasopressores. Subitamente, evoluiu com hipotensão grave (PAM próxima de 32mmHg), extrassístoles freqüentes e taquicardia ventricular sem pulso. Manobras de ressuscitação, desfibrilação inicial com 200 joules, seguida de 360 joules e amiodarona 300mg retornaram o paciente a circulação espontânea. Propedêutica evidenciou aterosclerose coronariana grave e VE com função contrátil preservada, obstrução de 95% terço médio da artéria coronária direita com trombo. Realizada angioplastia primária (“stent” farmacológico). Após 4 dias, recebeu alta da unidade Coronariana. Ecocardiograma revelou VE hipertrofiado, função sistólica global e segmentar preservada, grau I de disfunção diastólica do VE. Conclusões: A SCA é causada por desequilíbrio entre oferta e consumo de oxigênio miocárdico. Neste caso, o miocárdio encontrava-se em metabolismo reduzido durante anestesia geral e não houve hipotensão prévia. Assim, isquemia miocárdica explicou-se por instabilização de placas ateroscleróticas e exposição subendotelial de fatores pró-coagulantes, levando a trombose coronariana aguda. O conhecimento dos fatores de risco para SCA aliado aos exames funcionais e estabilização clínica prévia é fundamental para o anestesiologista planejar uma conduta segura. A reanimação adequada no caso de SCA e parada cardíaca é obrigatória. Além disso, a disponibilidade de recursos e a integração entre as especialidades contribuem para o sucesso terapêutico. Referências Bibliográficas: 1- Anaesth, 2005;95:3-19. 2- ACC/AHA 2007. J Am Coll Cardiol. 2007;50(7):e1-1157. 3- Rev Bras Anestesiol, 2001;51:548-557.

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AO 073 SÍNDROME DE MENDELSON: RELATO DE CASO VERÔNICA CONSTANCIO BATISTA; ADRIANO CAMARA GOMES; LIVIA MARIA ESTEVES; PAULO ROBERTO DE ALCÂNTARA AGUIAR; JOSÉ COSTA CENTRO DE ENSINO E TREINAMENTO DO HOSPITAL NAVAL MARCÍLIO DIAS, CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ, BRASIL. Resumo: Autores: Batista, V.C.; Gomes, A.C.; Esteves, L.M.; Aguiar, P.R.A; Costa, J. Instituição: Centro de Ensino e Treinamento do Hospital Naval Marcílio DiasSBA. Rua Cesar Zama, 187 Lins de Vasconcellos, Rio de Janeiro/ RJ Introdução: O termo pneumonite química se refere à lesão pulmonar aguda(LPA) causada por aspiração de substâncias tóxicas às vias aéreas inferiores (VAI). A pneumonite associada à aspiração de suco gástrico é conhecida como Síndrome de Mendelson(SM). Relato de caso: Masculino, 30 anos, 1,82m, 90 kg, submetido à apendicectomia convencional. Nega alergias, tabagismo, uso de prótese dentária ou anestesias anteriores. Portador de apnéia do sono (sic). ASA1, MP 1, pescoço atípico. Rx de tórax, hemograma normais exceto 18.100 leucócitos com 3% de bastões. Jejum maior que 8hs. No centro cirúrgico: venóclise com cateter 16G em MSE e monitorização com cardioscópio, PANI. Pré-oxigenação com O2 a 100% sob máscara facial. Indução: Fentanil 400mcg, lidocaína 2% 80mg, propofol 180mg e Rocurônio 40 mg EV. À laringoscopia direta, classificação de Cormack e Lehane II, seguida de IOT com Tubo 8,0 sem dificuldades. A anestesia foi mantida com Sevoflurano CAM de 2%, O2 e ar comprimido com fluxo de gases de 2L/min. Foram administrados cefalotina 2g, dipirona 2g, parecoxibe 40mg, dexametasona 10mg, metoclopramida 10mg, esomeprazol 40mg, ranitidina 50mg, bromoprida 10mg e ondansetron 8mg EV. Ainda em ventilação espontânea, reversão do bloqueio neuromuscular. Extubado, apresentando episódio de vômito. Realizado aspiração de VAS e lateralização da cabeça imediatamente. Na sala de recuperação pós anestésica evolui com dispnéia importante, congestão pulmonar, SpO2 de 74%, PA 145/90mmHg e FC 90bpm. Feito furosemida 60mg, meperidina 20mg e NBZ com melhora parcial do quadro. Iniciada CPAP por 40 minutos com aumento da SpO2 para 93%. Encaminhado a Unidade Pós-Operatória onde permaneceu por 48hs com fisioterapia, suporte clínico e uso de Ciprofloxacino, Claritromicina e Clindamicina. Rx com infiltrado pulmonar bilateral, TC de tórax com imagem em vidro fosco difuso, Hemocultura e lavado broncoalveolar negativos. Alta no 5º dia com TC de tórax e hemograma normais. Conclusões: O principal mecanismo fisiopatológico envolvido na SM é a LPA por ácido e partículas de material gástrico, sem processo infeccioso. É diretamente relacionada ao pH do aspirado <2,5, volume >30ml, presença de partículas e distribuição do aspirado. A principal abordagem terapêutica é o suporte ventilatório, com o uso de O2 suplementar, medidas de manutenção de VA e nos casos mais graves medidas para o tratamento da insuficiência respiratória aguda. Referência Bibliográfica: 1- TRATADO DE MEDICINA INTERNA, Cecil. 22ª edição, Elsevier, 2004;625-626. 2- FUN-SUN F. YAO, Md. Anestesiologia abordagem orientada para o problema, 6ª edição, Guanabara Koogan, 2008; Cap.3; 30-34.

AO 074 INJEÇÃO INADVERTIDA DE RELAXANTE MUSCULAR CARLOS EDUARDO DAVID DE ALMEIDA; ANTÔNIO ROBERTO CARRARETTO; ANDRÉ RICARDO BESSA FERRAZ; RENATO BREZINSCKI; ERICK FREITAS CURI; MANOEL ANTÔNIO FREITAS UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, VITÓRIA, ES, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: O erro na administração de fármacos é comum em hospitais. Lamentavelmente é frequente durante o procedimento anestésico. Este relato se refere à injeção inadvertida de um bloqueador neuromuscular em substituição ao midazolam que deveria ser administrado na pré-indução. Relato de caso: Paciente feminina, 30 anos, 63 kg, ASA I. Possuía um cálculo coraliforme em rim direito. Internada para procedimento cirúrgico de nefrolitotripsia percutânea. Durante o planejamento anestésico os fármacos foram diluídos e as seringas assim identificadas: Seringas de 5 ml (midazolam 1mg/ml, atracúrio 10mg/mL); Seringas de 10 ml (fentanil 50mcg/ml, efedrina 5mg/ml); Seringa de 20 ml (propofol 10mg/ml). Os equipamentos e aparelho de anestesia foram devidamente testados. A paciente apresentava acesso venoso periférico prévio. Foi monitorizada conforme Resolução 1802/2006 (CFM). Optou-se pela administração de midazolam (4 mg – 4 ml da solução diluída). Em aproximadamente 1 minuto se observo queda brusca da saturação periférica, não verbalização, movimentos musculares débeis de extremidades. Associou-se a este quadro hipertensão arterial e micção espontânea. Iniciou-se ventilação sob máscara facial (O2 a 100%) e checagem imediata da medicação injetada. Evidenciou-se o equivoco. Foi administrado atracúrio (40 mg – 4 ml da solução). Administrou-se propofol (120 mg), midazolam (5mg) e fentanil (300mcg). Realizou-se intubação orotraqueal. A anestesia foi mantida com sevoflurano (1-1,5 CAM). O procedimento transcorreu sem intercorrências e a paciente extubada no final. A mesma foi questionada imediatamente sobre o ocorrido, porém, sem recordações. Após 90 minutos do término da cirurgia foi novamente questionada mantendo total amnésia da intercorrência. Após 5 horas do procedimento, em visita pós-anestésica na enfermaria, recordava-se perfeitamente da intercorrência, alegando ter sentido uma fraqueza progressiva, com comprometimento sequencial de fala, respiração e motricidade periférica. Lembrança precisa de todo o ocorrido até a aplicação da máscara facial com posterior amnésia. Alta hospitalar 2 dias após o procedimento, sem maiores problemas. Discussão: O ambiente insalubre e o estresse do anestesiologista são fatores propícios para breves períodos de desatenção. Isto pode levar a equívocos e os mesmos se transformarem em verdadeiras catástrofes. Apesar da evolução ocorrida nos últimos anos, relativa à rotulação de ampolas e seringas, a troca de medicação continua sendo um evento adverso frequente em nosso meio. Um sistema de rotulação adequado e a constante atenção do profissional, principalmente com a conferência por mais de uma pessoa, são medidas essenciais para a prevenção de injeção inadvertida de medicação. Referências: 1- Rev Bras Anestesiol, 2002; 52: s: 82-90. 2- ANVISA, Resolução – RDC n°9, de 02/01/2001, DOU de 19/01/2001.

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AO 075 BRONCOESPASMO GRAVE EM PÓS OPERATÓRIO IMEDIATO DE OSTEOSSÍNTESE DE ÚMERO ESQUERDO BRUNO VASCONCELOS COSTA1; SÉRGIO SANT`ANNA JUNIOR1; LEANDRO JORGE CLETO1; RACHEL MARTINS DE CASTRO BEJAR2; FELIPE LEAL DARZE1; FERNANDA GUIMARÃES SABOYA1 1.HGNI, NOVA IGUAÇU, RJ, BRASIL; 2.HGA, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: A anestesia pediátrica possui maior risco de complicações, sendo os eventos respiratórios mais temidos e frequentes. No broncoespasmo, o tratamento precoce é essencial, para resolução da complicação. O objetivo é relatar um caso de broncoespasmo pós operatório grave em cirurgia ortopédica infantil. RELATO DE CASO: M.V.S.S., masculino,7 anos, ASA I, 24 Kg. Admitido para realização de osteossíntese de úmero esquerdo por fratura supracondiliana. Negava alergias. Exame físico sem alterações. Após monitorização conforme resolução CFM N° 1.802/2006, realizada indução inalatória com sevoflurano em doses crescentes, seguida de venóclise em MSD. Observou-se eritema no membro superior direito e abdome, cerca de um minuto após a venóclise, sem repercussão sistêmica. Administrado fentanil 40µg, lidocaína 30mg e propofol 100mg, e intubação com TOT 6,5 sem intercorrências. Realizado bloqueio de plexo braquial esquerdo pela técnica supraclavicular, com injeção de lidocaína 1% 5ml e bupivacaína 0,25% 10ml e posicionado em decúbito lateral direito. Peroperatório sem intercorrências. Ao final, foi extubado e encaminhado à RPA; Aldrete Kroulik 9. Na RPA, evoluiu com dor no sítio cirúrgico, bexigoma e agitação psicomotora, sendo introduzido cateter vesical de alívio. Apresentou broncoespasmo e dispnéia grave; administrados hidrocortisona 300mg, nebulização com fenoterol 1,75mg e brometo de ipratrópio 0,175mg e adrenalina 500 µg SC; sem resposta satisfatória, evoluindo para intubação orotraqueal e mantido em PCV. A GSA inicial evidenciava acidose respiratória, com correção gasométrica após ajuste ventilatório. A radiografia de tórax demonstrava atelectasia em hemitórax esquerdo, resolvida após reposicionamento do TOT. Mantida sedação contínua com midazolam e encaminhado à unidade de pacientes graves. Cinco horas após, foi extubado e manteve bons parâmetros ventilatórios e hemodinâmicos. Alta hospitalar em 48h. DISCUSSÃO: Eventos anestésicos adversos são mais comuns em pacientes pediátricos, sendo os eventos respiratórios potencialmente graves. O broncoespasmo pós operatório ocorre comumente na extubação em plano anestésico superficial. No caso, o evento respiratório ocorreu alguns minutos após o término da anestesia, portanto não relacionado a extubação em plano inadequado. Algumas condições clínicas como: anafilaxia, hiperestimulação vagal ou infecções das vias aéreas superiores (IVAS) podem desencadear o espasmo brônquico, mas dificilmente necessitam ventilação invasiva. No relato, as hipóteses principais são a hiperestimulação vagal e uma possível IVAS, não relatada durante a visita pré anestésica. CONCLUSÃO: Complicações respiratórias em pacientes pediátricos são potencialmente fatais, devendo ser de conhecimento de todo anestesiologista para o manejo correto e reversão da complicação. REFERÊNCIAS: 1) Tait AR, Malviya S. Anesthesia for the child with an upper respiratory tract infection: still a dilemma? Anesth Analg 2005 Jan;100(1):59-65.

AO 076 CHOQUE ANAFILÁTICO COM CETOPROFENO CARLOS EDUARDO DAVID DE ALMEIDA; ANTÔNIO ROBERTO CARRARETTO; MANOEL ANTÔNIO FREITAS; LUCAS VENTORIM DE TASSIS; ERICK FREITAS CURI; KAROLINA CAMARGO ARAUJO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, VITÓRIA, ES, BRASIL. Resumo:

Introdução: Durante o ato anestésico, vários fármacos podem ser administrados. Muitos possuem potencial para induzir reações alérgicas. A consulta pré-anestésica deve incluir investigação de alergias prévias, no entanto, não elimina a possibilidade de ocorrência da complicação. Relato de Caso: Paciente do sexo masculino, 39 anos, ASA I, 82 kg. Sem comorbidades. Na avaliação pré-anestésica, relatou ser alérgico a um antibiótico o qual não recordava o nome. Encaminhado à Sala de Operação (SO) para herniorrafia epigástrica. Realizou-se anestesia peridural continua em T12-L1 com injeção de ropivacaína 0,5% (115 mg – 23 ml) e fentanil (100 mcg). O procedimento transcorreu sem intercorrências com duração de 1 hora e 30minutos. Ao término da cirurgia administrou-se cetoprofeno (100 mg) e dipirona (2 g). Paciente passou a apresentar hipotensão e relatar prurido na região periorbitária. Ao exame, as conjuntivas apresentavam-se hiperemiadas e edemaciadas. Apresentou agitação psicomotora, piora da hipotensão e surgimento de placas avermelhadas e edemaciadas na pele (urticárias). Interrompido a administração das medicações e iniciado terapia endovenosa com adrenalina e suplementação de oxigênio através de mascara facial. Administrou-se difenidramina (50 mg), ranitidina e hidrocortisona (500 mg). Houve melhora progressiva com resolução total do quadro alérgico. Na sala de recuperação anestésica, foi comunicado ao paciente que ele apresentou reação alérgica. A equipe anestésica acrescentou a hipótese de relação com o cetoprofeno ou dipirona. Após esclarecimento, o paciente relatou que cometera um engano, relatando que quadro alérgico descrito na visita pré-anestésica foi após a administração de diclofenaco e não de antibiótico. Discussão e Conclusão: A reação anafilática é uma resposta exagerada do organismo previamente sensibilizado. Ocorrem a degranulação de mastócitos e basófilos com liberação de histaminas, serotonina e outras substâncias vasoativas. Os medicamentos podem induzir a liberação de histamina, sem a participação de IgE, através do contato direto da molécula com a membrana dos mastócitos (reação anafilactóide). Os antiinflamatórios não esteroidais são mais frequentemente associados a reações anafilactóides. A incidência das reações alérgicas varia de 1/3000 a 1/20000 com mortalidade entre 3 a 9%. Entre as substâncias utilizadas no ato anestésico que são frequentemente implicadas em anafilaxia destacam-se: bloqueadores neuromusculares (62%), látex (17%), antibióticos (8%), hipnóticos (5%) e colóides (3%). As reações perioperatórias são mais freqüentes durante ou logo após a indução anestésica. Há uma grande variação das manifestações clinicas. O quadro clínico inclui hipotensão e taquicardia e menos frequentemente broncoespasmo e alterações cutâneas. Não há evidências que sugiram a realização de testes profiláticos, bem como a administração de dose teste antes da anestesia. O diagnostico precoce e tratamento adequado é fundamental no desfecho favorável do quadro alérgico. Referência: . Ann FR Anesth Reanim 1999; 18: 796-809

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AO 077 INICIO PRECOCE DE CEFALÉIA PÓS RAQUIANESTESIA ERICK FREITAS CURI; CARLOS EDUARDO DAVID DE ALMEIDA; ANDRÉ RICARDO BESSA FERRAZ; MANOEL ANTÔNIO FREITAS; RENATO BREZINSCKI; ANTÔNIO ROBERTO CARRARETTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, VITÓRIA, ES, BRASIL. Resumo: Introdução: A cefaléia pós-raquianestesia (CPR) é tão antiga quanto à execução da raquianestesia. Augusto Karl Gustav Bier fez a primeira raquianestesia em 1898. Os seus primeiros seis pacientes, seu assistente e ele próprio tiveram a dor. Aqui, demonstramos um caso de início precoce de tal sintoma. Relato de Caso: Paciente feminina, 46 anos, 73 Kg, estado físico I (ASA). Internada para hemorroidectomia. História de bloqueios espinhais anteriores sem intercorrências. Monitorou-se conforme Resolução 1802/2006 (CFM). Após venóclise administrouse midazolam (3 mg). Procedeu-se raquianestesia com paciente na posição sentada, agulha descartável quincke nº26 em L3-L4. Punção de dura-máter realizada na primeira tentativa. Administro-se no espaço subaracnóideo bupivacaína hiperbárica (10 mg). Bloqueio sensitivo atingiu topografia do dermátomo T10. O procedimento se realizou sem intercorrências. Ao fim, administrou-se por via venosa dexametasona (10 mg), ondasetrona (4 mg) e dipirona (2 g). Paciente se queixou de cefaléia de moderada intensidade, frontal, com piora quando sentada e aliviando em posição supina. Sem qualquer anormalidade no exame neurológico. Administrou-se por via venosa hidrocortisona (300 mg), dipirona (1 g) e hidratação venosa. Obteve-se melhora parcial do quadro. Optou-se por internação e uso de cafeína e nalbufina. Após 24 horas da punção a paciente se apresentava assintomática e com exame físico normal. Recebeu alta hospitalar. Após 4 dias, retornou ao hospital se queixando de cefaléia com as mesmas características clínicas. Foi iniciado tratamento com sintomáticas (opióide e corticóide) por via intravenosa sem sucesso. Realizou-se a técnica de injeção de sangue autólogo (15 ml) no espaço peridural (Blood Patch Epidural). Houve melhora clínica da sintomatologia. Recebeu alta hospitalar após algumas horas sem queixas. Discussão e Conclusão: Estudos demonstram que a cefaléia pós-punção da dura-máter é devido à perda de líquido cefalorraquidiano (LCR). Com a diminuição do suporte líquido, o cérebro faz um deslocamento caudal. São tracionados vasos e estruturas meníngeas, causando dor. A clássica cefaléia é agravada pela posição ereta e aliviada em posição supina. Pode ser acompanhada de rigidez muscular cervical, fotofobia, náuseas, vômitos e outros sintomas visuais. Seu início se dá entre 24 e 48h pós-punção. É mais frequente em jovens, mulheres, uso de agulhas de maior calibre ou múltiplas punções e paciente obstétrica O diagnóstico se dá mediante a um exame detalhado e excluindo as demais causas de cefaléia. Isto se torna mais importante quando o quadro não é clássico (ex: início precoce). Referências: 1- Imbelloni LE, Carneiro ANG – Cefaléia Pós-Raquianestesia: Causas, Prevenção e Tratamento. Rev Bras Anestesiol, 1997; 47:5: 453-64. 2- Brown DL – Spinal, Epidural, and Caudal Anesthesia, in: Miller RD – Miller’s Anesthesia. Philadelphia, Churchill Livingstone, 2010; V 2: 1626-27.

AO 078 FLEBITE IMEDIATAMENTE APÓS INDUÇÃO ANESTÉSICA ERICK FREITAS CURI; CARLOS EDUARDO DAVID DE ALMEIDA; ANTÔNIO ROBERTO CARRARETTO; ANDRÉ RICARDO BESSA FERRAZ; ROBERTA ELENI MONTEIRO ABATTI; LUCAS VENTORIM DE TASSIS UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, VITÓRIA, ES, BRASIL. Resumo: Introdução: Flebite é definida como a inflamação na túnica íntima da veia. Fatores relacionados à técnica de punção, material utilizado e características químicas das medicações influem de maneira direta no desenvolvimento da flebite. Relato de Caso: Paciente masculino, 32 anos, 86 Kg, estado físico IE (ASA), com diagnostico de apendicite. Encaminhado à Sala de Operação (SO) para apendicectomia por videolaparoscopia. Avaliação pré-anestésica: Asma na infância, negando episódios recentes. Não apresentava qualquer comorbidade e os exames complementares estavam dentro dos limites da normalidade. Na SO, realizou-se monitorização conforme a Resolução 1802/2006 (CFM). Realizou-se venóclise em membro superior esquerdo com cânula número 20G. Indução Anestésica: fentanil (500 mcg), rocurônio (5 mg), propofol (200 mg), succinilcolina (100 mg) e lidocaína 1% (90 mg). Realizado intubação traqueal em sequência rápida, sendo administrado logo após 45mg de rocurônio. Imediatamente após a indução notou-se hiperemia e edema em membro superior esquerdo seguindo a trajetória da veia puncionada. Providenciado novo acesso vascular em membro superior direito. Foi mantida infusão lenta de soro fisiológico aquecido na veia acometida. Administrou-se na nova via cetoprofeno (100mg) e dexametasona (7mg). Após 60 minutos houve resolução clínica total do quadro inflamatório. Discussão e Conclusão: Alguns fatores contribuem para o aumento da flebite em pacientes que recebem medicamentos intravenosos. Dentre os fatores, destacam-se o pH das soluções infundidas, fragilidade venosa, altas taxas de infusão, fixação inadequada do acesso venoso e múltiplas punções. Grande parte dos pacientes hospitalizados faz uso de fármacos de administração venosa, sendo que a maioria utiliza acessos venosos periféricos com risco de desenvolvimento de flebite. A principal causa da flebite é o trauma físico ou químico da intima da veia. Apesar de dolorosa, raramente atinge o sistema venoso profundo, cursando com uma evolução benigna. Neste caso, a administração de propofol parece ser o agente etiológico mais provável. Cuidados rígidos com anti-sepsia no momento da venóclise, remoção precoce do cateter e cuidados na administração de medicações minimizam a ocorrência da flebite. Referência: Rev Bras Anest 1991;41:1:39-42.

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AO 079 PARADA CARDÍACA EM PACIENTE SOB RAQUIANESTESIA, RELATO DE CASO BRENO MORENO ALENCAR ARRAIS1; ANDRÉ LUIS OSHIRO1; LINDEMBERG MORENO ALENCAR ARRAIS2 1.SANTA CASA, CAMPO GRANDE, MS, BRASIL; 2.BASE AEREA, CAMPO GRANDE, MS, BRASIL. Resumo: Introdução. A incidência de parada cardio respiratória durante a raquianestesia tem uma incidência muito pequena variando de 1,3 a 18 casos a cada 10.000 raquianestesias, porém estas complicações podem ser graves. Relato de Caso Paciente JPS de 42 anos, estado físico ASA I, sem histórico de doenças pré existentes, com avaliação pelo cardiologista antes da visita pré anestésica sem particularidades, deu entrada em sala operatória para realização de tratamento cirúrgico de rompimento de ligamento cruzado de joelho direito. Monitorizada com ECG em DII, oximetria de pulso e PANI.Realizado venóclise com cateter de teflon 20G sendo administrado midazolam 3mg e fentanil 50mg. Colocado paciente em decúbito lateral esquerdo, realizado assepsia lombo-sacro e feito por fim punção raquidiana em espaço intervertebral L3-L4 com agulha ponta tipo Quincke 27G sem intercorrências. Administrado bupivacaína pesada a 0,5% 15mg e morfina 0,08 mg, sendo o nível do bloqueio testado após 10 minutos, observou-se T10 de nível sensibilidade térmica. Mantido paciente sedado com oxigênio a 100% em ventilação espontânea sob cateter nasal tipo óculos, com procedimento cirúrgico tendo transcorrido sem qualquer intercorrência. Decorrido 2 horas do ato cirúrgico, o paciente apresentando-se com ritmo sinusal e pressão arterial sistólica até aquele momento oscilando entre 100 a 110 mmHg, não sendo necessário até aquele momento uso de vasopressores, começou a apresentar subitamente bradicardia, chegando a FC de 32 bpm. Prontamente foi identificado a diminuição e em seguida a perda de consciência do paciente. Checando-se pulso observou ausência do mesmo e foi então iniciado prontamente manobras de ressuscitação e drogas de resgate conforme protocolo do ACLS. Em um ciclo de manobras, a PCR foi revertida e o paciente rapidamente teve a consciência recobrada. Observamos que os principais fatores de risco como hipóxia ventilatória não foi observado durante o procedimento, a FC previamente era 72bpm. Com isso pudemos ver que mesmo pacientes com baixo risco cardiovascular e com boa avaliação pré anestésica, estão suscetíveis a intercorrências. Pois como observado neste caso, mesmo decorrido duas horas de procedimento, quando não era o momento mais esperado de complicações conforme a literatura, foi identificado uma complicação grave que prontamente foi revertida, pelo rápido atendimento, sendo muito importante a atenção do anestesiologista para minizar os riscos de cada procedimento. Referencias Bibliográficas: Revista Brasileira de Anestesiologia vol. 61, No 1, pg 110-120, Janeiro-Fevereiro, 2011.

AO 080 ENFISEMA SUBCUTÂNEO COMO COMPLICAÇÃO DE VIA AÉREA DIFÍCIL DANIELLE CRISTINA DE SOUZA OLIVEIRA; RAFAELA COUTINHO SALDIBA; ALEXANDRE RICCI DE LIMA; SÉRGIO DE SOUZA OLIVEIRA; KATIA GOMES BEZERRA DE OLIVEIRA; VIRGINIA GUIMARAES CARELLOS SILVA HOSPITAL UNIVERSITARIO JULIO MULLER, CUIABA, MT, BRASIL. Resumo: Rafaela Saldiba Coutinho; Kátia Gomes Bezerra; Sergio Oliveira; Alexandre Ricci de Lima; Virginia Silva; Danielle Cristina de Souza Oliveira. Hospital Universitário Julio Muller – Cuiabá – MT Justificativa e objetivo: O enfisema subcutâneo pode ocorrer como resultado do traumatismo, da cirurgia ou da anestesia. A maioria dos casos envolve o escape passivo do ar do intervalo aéreo digestivo em tecidos subcutâneos. Demonstrar um caso de enfisema subcutâneo generalizado como complicação do manejo de via aérea difícil foi o objetivo deste relato. Relato de Caso e Resultados: SGS, 26 anos, feminino, ASA II, com diagnóstico de estenose traqueal devido à IOT prolongada prévia por DHEG, com proposta de broncoscopia e colocação de Tubo de Montgomery. HAS, sem critério ou relato anterior de via aérea difícil. Foi monitorizada com cardioscopia, oxímetro de pulso, PA não invasiva, capnografia. Optou-se por anestesia geral balanceada. À indução foi com Fentanil 3mcg/Kg, Atracúrio 0,5mg/Kg e Propofol 2mg/Kg. Laringoscopia direta Cormack III e a IOT foi auxiliada por bugie. Mantida em VM com sevoflurane. A cirurgia ocorria sem intercorrencia, ate a extubacao para colocação do tubo T. Provavelmente devido ao edema e sangramento, não se conseguia entuba e ventilar, o que resultou em PCR por hipoxia. Foram iniciadas manobras de reanimação, junto com realização de traqueostomia de emergência, pois não havia nenhum dispositivo de resgate da VAD na SO no momento. Ocorreu ventilação por pressão-positiva por falso trajeto. A paciente evoluiu com enfisema subcutâneo maciço, pneumoperitôneo e pneumomediastino. Foi encaminhada à UTI intubada, com drenos de tórax com sequelas neurológicas importantes. Discussão e conclusões: O enfisema subcutâneo é habitualmente uma situação autolimitada1. A fuga de ar para o espaço extra-alveolar pode provocar enfisema subcutâneo, pneumomediastino, pneumopericárdio, pneumotórax e enfisema pulmonar intersticial. As consequências clínicas dependem da velocidade de acumulação e da quantidade de ar no órgão envolvido2. Sabemos que a indicação de via aérea cirúrgica está restrita a impossibilidade absoluta de obtê-la por via natural, neste caso a cricotireoidostomia é a primeira opção, sendo contra indicada em lesões de laringe. A cricotireodostomia tecnicamente é mais fácil, inclusive quando houver necessidade de introdução de tubo traqueal para ventilação mecânica, na fase emergencial. O tempo em PCR, mesmo numa paciente jovem, foi fundamental para o desenvolvimento das seqüelas neurológicas e o mau resultado do caso em questão destaca a importância do adequado manejo das vias aéreas. Referências: 1. Williams DJ, Jaggar SI, et al. Upper airway obstruction as a result of massive subcutaneous emphysema following accidental removal of an intercostals drain. British Journal of Anaesthesia 2005; 94(3):390-392. 2. Eveloff SE, Donat WE, Aisenberg R, et al. Pneumatic chest wall compression: a cause of respiratory failure from massive subcutaneous emphysema. Chest 1991; 99:1021-1023

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AO 081 USO DE AZUL DE METILENO EM VASOPLEGIA REFRATÁRIA APÓS REVASCULARIZAÇÃO MIOCÁRDICA. ANTONIO CHRISTIAN GONÇALVES; PAULO KLEDSON CARVALHO DE FIGUEIREDO LEITAO; LUCAS JORGE SANTANA DE CASTRO ALVES; GILVAN DA SILVA FIGUEIREDO; ELIOMAR SANTANA TRINDADE; ALEXANDRE VIEIRA FIGUEIREDO HOSPITAL SANTO ANTONIO-CET AOSID, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: Introdução A vasoplegia é uma complicação freqüente no pós operatório de cirurgias cardíacas com circulação extracorpórea(CEC) com incidências entre 10 a 22%. Há evidência de que o óxido nítrico(NO) desempenhe importante papel na vasodilatação associada a varias formas de choque circulatório.O NO atua ativando a guanil ciclase, diminuindo o cálcio intracelular provocando um relaxamento da musculatura lisa. O inibidor da guanilato ciclase, azul de metileno, pode ser uma alternativa de tratamento em tais casos. O objetivo é documentar a utilizacao de azul de metileno um caso de vasoplegia refratária ao uso de catecolaminas após cirurgia de revascularização miocárdica(RM) com CEC. Relato de caso: Paciente feminina, 68 anos, 70kg, tabagista, hipertensa e dislipidêmica. Admitida na emergência com precordialgia, evoluindo para PCR. Após manobras de RCP a paciente foi encaminhada para o serviço de hemodinâmica. Em seguida foi submetida à cirurgia de RM.A paciente foi monitorizado com oximetria de pulso, cardioscopia, PAMI, PVC, BIA e temperatura. A indução anestésica foi realizada com etomidato 0.3mg.kg-1, rocurônio 0.6 mg.kg-1 ,midazolam 0.05mg.kg-1, fentanil 10µg.kg-1 e manutenção com isoflurano. Durante o procedimento com tempo de CEC de 108 mim, tempo de anóxia de 60 mim, alcançou-se hipotermia de 28ºC. A saída de CEC foi normal e a atividade da heparina antagonizada com protamina. Ao final da cirurgia, a paciente evoluiu com hipotensão, taquicardia e pressão venosa central (PVC) de 6 cm H2O. Iniciada noradrenalina a 0,5 µg. kg-1. min-1. Nas horas subsequentes, a paciente manteve-se sem alterações hematimétricas porem com necessidades crescentes de aminas vasoativas para manter estabilidade hemodinâmica . Com a hipótese diagnóstica de vasoplegia refratária ao uso de aminas, optou-se pelo uso do azul de metileno 2mg.kg-1 em bolus endovenoso,logo após a noradrenalina foi reduzida gradativamente. Paciente foi encaminhada para UTI e 18h depois foi extubada e sem uso de drogas vasoativas. Discussão e Conclusão: As cirurgias cardíacas com uso de CEC desencadeiam respostas hemodinâmicas, hormonais e inflamatórias. A conseqüência será uma liberação de uma série de mediadores que acarretam um aumento da produção de NO com conseqüente vasoplegia. A etiologia deste fenômeno provavelmente está relacionada a moduladores inflamatórios, isquemia miocárdica, hipoperfusão durante a CEC e resposta imunes. O azul de metileno tem sido utilizado no tratamento das alterações hemodinâmicas da vasoplegia refratária e sua ação consiste na inibição competitiva da enzima guanilato ciclase, produtora do GMPc. Essa inibição do sistema GMPc permitiria, entre outras, uma melhor atuação do sistema AMPc induzido pela noradrenalina. A utilização do azul de metileno pode reverter a vasoplegia refratária após cirurgia cardíaca com CEC de uma forma efetiva, segura e econômica. Referências: 1 J Vasc Bras, 2010;9(1):74-77. 2. Ann Thorac Surg, 2004;77:496-499

AO 082 ANESTESIA EM PACIENTE SÉPTICO E COM PROVÁVEL DISFUNÇÃO NEUROMUSCULAR CAMILA FREIRE DE CARVALHO MODESTO; ALAN MIRANDA SOARES; ANNA GISELE NUNES COUTINHO; BRUNO ALEXANDRE DE OLIVEIRA; ALEXANDRO DE ARAUJO ALTAMIRANDA; JOÃO JOSÉ BORGES DE BARROS DOS SANTOS HOSPITAL UNIVERTÁRIO PROFESSOR EDGARD SANTOS, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: Sob a denominação genérica de Doenças Neuromusculares, agrupam-se diferentes afecções decorrentes do acometimento primário da unidade motora, composta pelo motoneurônio medular, raiz nervosa, nervo periférico, junção mioneural e músculo. Embora de ocorrência incomum, pacientes com doenças neuromusculares se apresentam ao centro cirúrgico. O objetivo desse relato é mostrar o comportamento do Rocurônio em um paciente séptico e com provável disfunção neuromuscular. Relato do caso: Paciente feminina, 58 anos, 40 kg, negra, com história de lesão ulcerada em nádega direita e febre há 3 dias. Iniciados Clindamicina e Ciprofloxacino, e proposto desbridamento da lesão. Admitida no centro cirúrgico com estado geral regular, hipocorada, ictérica, consciente, algo desorientada, eupnéica, em ventilação espontânea, sem oxigênio complementar. Apresentava deformidade torácica, escoliose e atrofia muscular em membros inferiores de etiologia desconhecida, desde a infância. O hemograma mostrava Hb=8,3g/dl, Ht=25,7%, Leuco=42000 (Bt=20%, Seg=73%, Meta=2%), 01CH no pré-operatório. Foi realizada IOT após indução com 250mcg de fentanil, 40mg de lidocaína, 130mg de propofol, 35mg de rocurônio e realizada manutenção anestésica com sevoflurano. Ao fim do procedimento, persistiu sem ventilação adequada ou resposta motora, a despeito da descurarização com 70mcg/kg de Neostigmina e do uso de 0,2mg de Naloxone, assim permanecendo por 8 horas. Bioquímica intraoperatória: Albumina=1,9g/dl, BT=11,5mg/dl, BD=10,7mg/dl. Após estímulo de nervo periférico (SQE: 2 respostas), foram administrados 400mg de sugammadex, com recuperação de força muscular (SQE: T4/T1=92%). Paciente extubada e encaminhada à UTI. Discussão e Conclusões: Contraindicou-se um bloqueio de neuroeixo, considerando o quadro de sepse e de atrofia muscular em membros inferiores. Optou-se por anestesia geral, com uso de rocurônio. A atrofia muscular e as deformidades ósseas apresentadas, associadas ao quadro de curarização persistente, justificariam uma doença neuromuscular, uma vez que nela o comportamento dos bloqueadores neuromusculares é imprevisível. Paralelamente, a presença de disfunções orgânicas em pacientes sépticos, com particular ênfase na disfunção renal e/ou hepática, torna a utilização de medicações mais complexa, pelas alterações que ocorrem na farmacodinâmica das mesmas. Assim, o conhecimento das características fisiopatológicas de doenças coexistentes e a compreensão das implicações da terapia medicamentosa concomitante são essenciais para uma ótima conduta anestésica. Referências Bibliográficas: 1) Rev Bras Anetesiol. 2001; 51:2:133-140 2) Crit Care Clin 2008, january; 24(1); 165-177.

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AO 083 SÍNDROME DE BRONCOASPIRAÇÃO APÓS ADENOAMIGDALECTOMIA THATIANA LÚCIA CINTRA DE ALCÂNTARA; PEDRO HENRIQUE LEMOS ALVES; CLÊNICE RUFINO FERREIRA; JUSCIMAR CARNEIRO NUNES; LEOPOLDO PALHETA GONZALEZ; ÉLIDA MARINHEIRO DA SILVA FUNDAÇÃO HOSPITAL ADRIANO JORGE, MANAUS, AM, BRASIL. Resumo: A síndrome de aspiração pulmonar tem incidência variável na literatura, porém, em procedimentos relacionados a especialidades como otorrinolaringologia e cabeça e pescoço, a freqüência da ocorrência se torna aumentada. Criança do gênero feminino, 7 anos, peso 35 Kg, sem comorbidades, ASA I, submetida a adenoamigdalectomia. Após checagem de materiais, aparelhos de anestesia e monitorização padrão, procedeu-se indução inalatória em sistema de Baraka, Mapleson D, com O2, N2O e sevoflurano. Durante a indução, evoluiu com quadro de brocoespasmo leve que reverteu espontaneamente com o aprofundamento do plano anestésico. Após venopunção com cateter 20, foi administrado fentanil 50mcg, succinilcolina 30mg e propofol 50mg EV, seguido de IOT com tudo 5,5 com balonete, sem intercorrências. Manutenção com sevoflurano em VMC/VCV. Administração de cefalotina 1g, dexametasona 5mg, dipirona 1g EV. O procedimento durou 40minutos, sem intercorrências. A aspiração sob visualização direta foi realizada e retirados os equipamentos e campos cirúrgicos e a criança assumiu ventilação espontânea após interrupção dos inalatórios. Após 5 minutos em ventilação espontânea, apresentou despertar agitado e foi extubada. Logo após extubação apresentou piora do quadro de agitação e vômito. Foi realizada aspiração das vias aéreas e fornecimento de O2 sob máscara em ventilação com pressão positiva, já que a criança apresentou esforço respiratório acentuado. Evoluiu com queda persistente da SpO2 apesar da VPP. Decidiu-se pela reintubação após administração de propofol 50mg EV e succinilcolina 40mg EV. Durante a laringoscopia foi visualizado um corpo estranho (bolo de gase) que após ser retirado possibilitou uma ventilação sob máscara adequada para paciente. A criança não manteve saturação de O2 adequada sob cateter nasal de O2 após despertar, ainda agitada. Foi reintubada e mantida em VMC com sedação e transferida para UTI onde foi diagnosticado quadro de broncoaspiração. Foi tratada com antibióticos e cuidados intensivos e evoluiu satisfatoriamente, sem seqüelas. O quadro de broncoaspiração certamente foi decorrente do corpo estranho contido na cavidade oral que estava impedindo a ventilação adequada, além de estimular o reflexo do vômito. A literatura coloca o momento da extubação associado às cirurgias com manipulação de cavidade oral como sendo os fatores de risco que mais predispõe a este quadro. Assim o cuidado em proteger as vias aéreas, aspirando adequadamente e observando sangramentos na loja amigdaliana, se tora imprescindível antes da extubação. O esforço respiratório foi tratado inicialmente como um quadro de laringoespasmo e somente após a retirada do fator obstrutivo evoluiu com ventilação satisfatória. As medidas de proteção da via aérea com ventilação protetora foram pontos crusciais para o desfecho favorável do caso descrito. Referências: European Journal of Anesthesiology 2011, vol 28, n 02, 78-84

AO 084 CHOQUE ANAFILÁTICO EM ANESTESIA PEDIÁTRICA PARA CORREÇÃO DE HÉRNIA EPIGÁSTRICA. ANA CAROLINE SILVA RYBA; DANIELA BIANCHI GARCIA; SERGIO BERNARDO TENORIO; CAMILA COTRIM TEIXEIRA; FELYPE LEONARDO SOUZA; IVENS NOGARA OLIVEIRA HOSPITAL PEQUENO PRÍNCIPE, CURITIBA, PR, BRASIL. Resumo: Introdução: Choque anafilático é uma reação imediata resultante da dilatação súbita da microcirculação sanguínea pela ação da histamina e é uma emergência médica. Evento raro durante a anestesia, seu enigma reside na imprevisibilidade da ocorrência e gravidade do ataque, o qual pode ser desencadeado por uma simples medicação e ter como desfecho uma parada cardiorrespiratória. Na avaliação pré-anestésica sempre deve ser investigado a possibilidade de alergias no paciente, dando-se ênfase às drogas e ao látex. No entanto, mesmo com de uma avaliação cuidadosa, há sempre o risco de o paciente desenvolver um quadro anafilático, o qual necessita de diagnóstico e tratamento imediatos, uma vez que tal situação é comumente reversível. O objetivo foi relatar um caso de reação anafilática em um paciente pediátrico. Relato de Caso: JBS, 1 ano e 4 meses, 11 kg, estado físico ASA I, sem antecedentes patológicos, sem alergias, não fazendo uso de medicações. Foi internado no serviço para correção de hérnia epigástrica, em caráter eletivo, sendo o mesmo avaliado previamente e liberado para a cirurgia. Iniciado procedimento com monitorização: cardioscópio, oxímetro de pulso, PANI e capnógrafo; realizado indução anestésica inalatória com sevoflurano, e após a punção endovenosa, administrado fentanil 10µg e propofol 20mg, instalado ventilação espontânea e assistida sob máscara laríngea nº 2 e manutenção anestésica com isoflurano. Para analgesia um bloqueio paraumbilical com levobupivacaína 0,25% 5 ml sem intercorrências. Ao término do procedimento foi administrado dipirona 300mg e toradol 10mg endovenoso em bolus. Após a administrtação do mesmo o paciente evoluiu com rush cutâneo, diminuição da saturação de oxigênio, broncoespasmo, hipotensão e bradicardia alcançando valores de 40 bpm. Iniciado manobras de reanimação cardiorrespiratória, compressões torácicas, administração de atropina 0,1mg de 3 em 3 minutos (2 doses), intubação orotraqueal com tubo nº 4,5 sem cuff, ventilação manual, 8 incursões por minuto, com oxigênio à 100%, adrenalina 0,3µg/kg/min, dexametasona 1,5mg, difenidramina 1mg (2 doses), hidrocortisona 100mg. Após o ocorrido o paciente foi encaminhado à UTI, mantendo-se intubado e com infusão endovenosa contínua de adrenalina na dose de 0,1µg/kg/min. Foram realizados os cuidados iniciais, solicitados exames laboratorias. Após 8 horas o paciente foi extubado e depois de 24 horas recebeu alta da UTI sem mais complicações ou seqüelas. Discussão: No choque anafilático a conduta deve ser agressiva. O pronto diagnóstico do quadro é importante para a sua reversão e prognóstico. A rapidez diagnóstica e a intervenção adequada precoce foram de grande importância, possibilitando a regressão total do quadro, sem seqüelas. As drogas administradas neste caso possivelmente relacionadas ao desenvolvimento da reação anafilática foram o toradol e a dipirona. Referencias Bibliográficas: Clinical Anesthesia. 6th Ed, pag 253-270. Anesth Analg, 2003; 97:1381-1395.

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AO 085 BLOQUEIO MOTOR PROLONGADO EM ANESTESIA PERIDURAL COM LIDOCAÍNA COM ADRENALINA PARA VARICECTOMIA BILATERAL. RELATO DE CASO. CLÁUDIA HELENA RIBEIRO SILVA; MARINHO VILAS BOAS SAFAR; FABRICIO PAULO ROSSATI; KLEBER COSTA DE CASTRO PIRES; CLEBER LUIZ RIBEIRO SILVA; WIRLEYDE MATTOS LEÃO CET SANTA CASA DE BELO HORIZONTE, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: As complicações neurológicas desencadeadas pela anestesia são raras.Existem fatores de risco que contribuem para o aparecimento das alterações neurológicas, dentre os quais a isquemia da medula espinhal (secundária ao uso de vasoconstritores e à hipotensão arterial prolongada), a lesão das raízes nervosas durante a introdução da agulha e de cateter, as infecções e a própria solução de anestésico local escolhida. Relato do caso: paciente A.L.B.S. 31 anos, portadora de hipotireoidismo em uso de tiroxina, submetida a correção de varizes de membros inferiores sob anestesia peridural simples com punção mediana entre L3L4, atraumática, agulha 18G, Tuohy, teste de perda da resistência com ar. Injetado 20 ml de lidocaína 2% com adrenalina 1:200.000 associado a 100 mcg de fentanil. Cirurgia transcorreu sem intercorrencias com duração de 40 min. Paciente queixou de sensibilidade tátil durante procedimento sendo sedada com midazolam e fentanil. Após término do procedimento, encaminhada para a sala de recuperação pós-anestésica onde permaneceu monitorizada e com estabilidade hemodinâmica. Após 10 horas da realização do bloqueio, a paciente apresentava bloqueio completo do membro inferior direito e parcial do membro inferior esquerdo. Paciente havia recebido heparina de baixo peso molecular 7 horas após o bloqueio. Encaminhada para avaliação neurológica e ressonância magnética que foram sem alterações. A regressão completa do bloqueio motor e sensitivo ocorreu após 16 horas da realização do bloqueio peridural. Discussão: Embora as complicações neurológicas desencadeadas pela anestesia sejam raras, as seqüelas podem ser definitivas se o diagnóstico for retardado ou incorreto, como por exemplo o hematoma subdural. Na sala de recuperação pós-anestésica devemos ficar atentos aos casos de bloqueio motor prolongado, pois se houver suspeita de sangramento no neuroeixo com compressão medular, a descompressão deve ser feita rapidamente. Referências Bibliográficas: Tratado de Anestsiologia SAESP, 2006; 02: 2025-2032.

AO 086 TOXICIDADE SISTÊMICA POR ANESTÉSICO LOCAL PEDRO HENRIQUE LEMOS ALVES1; FABIO DUQUE AGANETTI1; SUELLEN LIMA DA SILVA2; KEITE IVI MOURA DA CUNHA1; JUSCIMAR CARNEIRO NUNES1; LEOPOLDO PALHETA GONZALEZ2 1.HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS, MANAUS, AM, BRASIL; 2.FUNDAÇÃO HOSPITAL ADRIANO JORGE, MANAUS, AM, BRASIL. Resumo: Os anestésicos locais promovem estabilização de membranas excitáveis, sendo que nos quadros de intoxicação, as do SNC e do coração são mais acometidas, respectivamente, em intensidade proporcional à potência. O objetivo é relatar um caso de intoxicação sistêmica leve por bupivacaína, e fatores de confusão no diagnóstico. Relato de caso: Paciente sexo feminino, 36 anos, 72kg, IMC 29Kg/m2 , internada para colecistectomia. Foi prescrito diazepam 10mg às 22:00h e 1h antes da cirurgia. A técnica escolhida foi anestesia geral balanceada com peridural. Posicionada em decúbito lateral esquerdo, realizada punção peridural T11/T12 com agulha Tuohy 18G via mediana, localizado espaço peridural por perda de resistência, sendo decidido então injetar 20 ml de bupivacaína 0,25% com vasoconstritor e 2mg de morfina. Não foi realizada dose teste. Iniciada infusão com aspirações repetidas, sendo observado, antes de injetar últimos 5 ml, aspiração de mínima quantidade de sangue, que cessou imediatamente. Como não houve repercussão hemodinâmica, decidiu-se continuar infusão. Após posicionamento do paciente em decúbito dorsal e iniciada a pré-oxigenação, administrou-se fentanil 100mcg, pancurônio 0,8mg, etomidato 20mg, succinilcolina 100mg. Houve dificuldade na extensão cervical e ventilação, sendo visualizado tremores em músculos dos membros e tronco e posteriormente contrações em grupos musculares que evoluíram para movimentos tônicos e clônicos acompanhados por sialorréia, com duração aproximada de 4 minutos. Após midazolam 5mg EV, procedeu-se a intubação orotraqueal e a cirurgia transcorreu sem outras intercorrências. Avaliada 3 horas após o término da cirurgia e na manhã seguinte, permanecendo assintomática. Discussão: No caso do SNC, ocorre depressão de algumas áreas, havendo predomínio excitatório, o que leva alguns a desencorajar o uso de depressores do SNC para tratar intoxicação deste sistema, dando preferência para otimização da ventilação e oxigenação. A Bupivacaína é conhecida por sua potente cardiotoxicidade, que aumenta com a freqüência cardíaca. No caso acima citado não houve acometimento cardiovascular, sendo ainda usado na indução succinilcolina e etomidato, causadores de fasciculação e mioclonia, respectivamente. Rev Bras Anestesiol, 1994; 44: 1: 75-82. Rev Bras Anestesiol, 2006; 56: 4: 339-342.

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AO 087 RELATO DE UM CASO DE RAQUIANESTESIA ALTA EM CRIANÇA DE DOIS ANOS E SETE MESES SUBMETIDA A ANESTESIA SUBARACNÓIDEA HABITUAL. RAPHAEL DE ROSA; VIVIANE BARROS DE MAURICIO ROSA SERVIÇO DE ANESTESIOLOGIA DE MARACAJU, MARACAJU, MS, BRASIL. Resumo:

Justificativa e Objetivos: A anestesia subaracnoídea em crianças pode ser empregada como técnica única, associada à sedação ou à anestesia geral. Técnica segura e eficaz, tem complicações e intercorrências similares a encontradas em adultos, com menor incidência e gravidade. Nosso objetivo é relatar um caso de raquianestesia alta em uma criança submetida à anestesia subaracnóidea com técnica e doses habituais. Relato de Caso: Criança A.V.S., sexo feminino, 2 anos e 7 meses, 14kg, indicação cirúrgica de apendicectomia. Avaliação pré-anestésica com a mãe: sem patologias de base (inclusive apnéia obstrutiva do sono) e jejum há cerca de 12h. Relevante no exame físico, apenas dor em fossa ilíaca direita, Blumberg + e hipohidratação (+/4). ASA I. Levada ao centro cirúrgico, sedada com midazolan 0,1mg/kg e cetamina-S 2mg/kg. Três minutos após sedação, posicionada em DLE, puncionada em L4-L5, mediana, agulha 26G, líquor normal. Infundidos 1,4ml de Bupivacaína pesada 0,5% (7mg – 0,5mg/kg), sem barbotar e aguardado cinco segundos para retirada da agulha. Colocada em posição supina. Níveis pressóricos entre 90x50mmHg e 100x60mmHg, normotérmica, freqüência cardíaca entre 135 e 145bpm, Sat O2 98% com cateter de 2l/min (durante toda cirurgia). Infusão de cristalóides aquecidos15ml/kg/h. Dez minutos após infusão do anestésico, a criança evoluiu com episódio de apnéia, sendo ventilada manualmente por cerca de 5min e reassumindo ventilação espontânea. Nenhuma alteração hemodinâmica sugeria a gênese da apnéia, bem como nenhum episódio obstrutivo observado. Transcorridos 30min da apnéia, ocorreu termino da cirurgia e a criança foi levada para RPA, ainda sedada (Ramsay 6). Vinte minutos após entrada na RPA (1h após anestesia), a criança foi estimulada tátil e verbalmente, respondendo com choro e movimentação dos braços (com descordenação e força muscular diminuída). Sensibilidade dolorosa localizada em T1/T2. Continuou em nossa RPA por mais 1h, onde observamos diminuição gradual sensibilidade dolorosa por dermatomos e preenchimento dos critérios de alta (AK mod). Discussão e Conclusão: Ficou claro que nosso bloqueio alcançou níveis acima de T1, gerando a apnéia. Encontramos poucos relatos semelhantes na literatura, mas nos chamou atenção a orientação de não manipular a criança imediatamente após esta ser colocada em posição supina. Alguns autores observaram níveis altos de bloqueio devido à elevação das pernas para colocação da placa do eletrocautério. Recordamos que este fato ocorreu em nosso procedimento e atribuímos a ele nossa intercorrência. Concluímos que precisamos ficar atentos à manipulação das crianças após a punção, pois bloqueios subaracnóideos altos são raros, porém incidentes. Referencias Bibliográficas: 1. Rev Bras Anestesiol 2001; 51:6:537-547. 2. Ped Anesth 2004; 14:564-567. 3. Anesth. Analg jan 2006, 102:1:67-71.

AO 088 SÍNDROME DA ABSTINÊNCIA ALCOÓLICA NO PÓS- OPERATÓRIO: RELATO DE CASO ÂNGELA MARIA MELO SILVA; IVANDETE COELHO PEREIRA; CREMILDA PINHEIRO DIAS; ÁLVARO SALGADO PINTO; VAGNER CAVALCANTI ALBUQUERQUE; SAMIR SALIM ELGALY CET/SBA UFAM - HOSPITAL UNIVERSITARIO GETULIO VARGAS, MANAUS, AM, BRASIL. Resumo: Introdução: A síndrome de abstinência alcoólica é caracterizada por tremores, sudorese, desconforto gástrico, fraqueza, e sintomas mais graves como hipertensão e alucinações, podendo ocorrer dentro de oito horas da abstenção. Pode progredir para delirium tremens, condição clínica caracterizada por agitação grave, tremores, estado de confusão aguda, associados à desorientação, alucinações e hiperatividade autonômica. Relato do Caso: Paciente do sexo masculino, 54 anos, 90Kg, ASA II, hipertenso em uso de enalapril 10mg/dia, hidroclorotiazida 25mg/dia, tabagista 20 cigarros/dia, etilista 1 garrafa de destilado/dia, tinha como cirurgia proposta nefrolitotripsia percutânea direita. Na avaliação pré-anestésica, paciente apresentava- se ansioso, sendo sugerido adiamento do procedimento por 30 dias, psicoterapia, Lexotan 2mg/dia e Amitriptlina 25mg/dia. Exames pré-operatórios dentro dos padrões normais. Em SO foi monitorizado com ECG, PANI, oximetria, BIS e PETCO2. Realizada punção peridural T12-L1 pela técnica de Dogliotti, com agulha de Tuohy 18G, injeção de levobupivacaína 0,25% 25mg e morfina 2mg. Procedeu-se indução venosa com alfentanil 2mg, lidocaína 60mg, propofol 200mg, atracúrio 45mg e IOT com suporte ventilatório. Após 40minutos, paciente iniciou episódios frequentes de extrassistoles ventriculares, que melhoravam com administração de lidocaína 1mg/Kg. Paciente apresentava oscilação de níveis pressóricos (80/40 a 200/130mmhg). Ocorreu hipotensão acentuada após sangramento (70/38mmhg), com boa resposta à reposição de cristaloide e 01 CH. O tempo cirúrgico total foi de 200 minutos. Ao despertar, paciente evoluiu com hipertensão arterial (220/140mmgh) e ESVs, alucinação e agitação psicomotora importante. Foi administrado diazepam 10mg, prometazina 25 mg, Haldol 5mg, sem melhora dos sintomas. Optou-se por nova IOT e encaminhá-lo à UTI com sedação contínua com midazolam e fentanil. Em sedação leve, paciente apresentava hipertensão, arritmia e agitação psicomotora. Iniciada clonidina 0,1mg SNE a cada 8 horas. Paciente evolui com melhora do quadro e tolerância ao desmame da sedação recebendo alta da UTI no quarto dia. Discussão: O prolongado efeito do álcool sobre o número e a função dos receptores do sistema nervoso central causa excessiva excitabilidade nervosa central durante os períodos de abstinência, acarretando maior atividade noradrenérgica. Os benzodiazepínicos são as drogas de escolha para o tratamento da síndrome de abstinência alcoólica e de sua complicação mais grave, o delirium tremens, pelo mecanismo de tolerância cruzada com o álcool, diminui a frequência dos episódios de agitação, alucinações e tremores. Entretanto, essa terapia não surte o efeito esperado em todos os pacientes, como no caso relatado, necessitando-se frequentemente do uso de drogas consideradas adjuvantes, como os agonistas 2-adrenérgicos. Referências Bibliográficas: Br Med J, 1985; 291: 423-24. Advances Alcohol&SubstanceAbuse, 1987;7:17-28.

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AO 089 INJEÇÃO INTRAVASCULAR ACIDENTAL DE ROPIVACAINA EM BLOQUEIO PERIDURAL NELSON ORLANDO DA SILVA ALEX FILHO; THALITA LIMA EZARCHI; JULIANA ESTIMA RISSI; JOSÉ ROBERTO NOCITI; EDUARDO BARBIN ZUCCOLOTTO CET-SBA DA SANTA CASA DE MISERICORDIA DE RIBEIRAO PRETO, RIBEIRAO PRETO, SP, BRASIL. Resumo:

Introdução: A ropivacaína é um anestésico local de longa duração de ação estruturalmente similar à bupivacaína.Comparada com esta última, apresenta menor toxicidade para os sistemas nervoso central e cardiovascular, além de ser menos arritmogênica 1,2.O objetivo deste relato é apresentar um caso de convulsão após bloqueio peridural com ropivacaína sem repercussão hemodinâmica. Relato de caso: Paciente de 35 anos, sexo masculino,estado físico P1, alérgico a iodo, com quadro de litíase renal à direita, encaminhado a ureterolitotripsia endoscópica.Punção do espaço peridural lombar(L3-L4) na posição sentada,técnica de Dogliotti para identificação do espaço, preparandose solução de ropivacaína a 1%,volume 20 ml.Durante a injeção, após a administração de aproximadamente 15 ml da solução anestésica, o paciente apresentou crise convulsiva tônico-clônica generalizada e perda da consciência.Imediatamente interrompeu-se o procedimento anestésico,o mesmo foi colocado em decúbito dorsal e foram administrados 7mg de midazolam por via venosa e O2 suplementar sob máscara,tendo sido abortada prontamente a crise. Manteve-se com todos os sinais vitais estáveis,optando-se por dar continuidade ao procedimento cirúrgico,que transcorreu sem anormalidades.Ao final,foi encaminhado à SRPA, onde permaneceu monitorizado e hemodinamicamente estável. Discussão: A ropivacaína é constituída por 99,5% do isômero levógiro enquanto a bupivacaína é uma mistura racêmica dos isômeros levógiro e dextrógiro na proporção de 1:1.A configuração levógira confere menos cardiotoxicidade e menor poder arritmogênico em relação à dextrógira.Além disso,estudos experimentais demonstraram que o menor efeito cardiodepressor da ropivacaína deve-se principalmente à alteração estrutural em sua fórmula química,com substituição do grupo butil(da bupivacaína) pelo propil no núcleo aromático3.Os efeitos sistêmicos da injeção intravascular inadvertida podem incluir parada respiratória seguida por hipotensão arterial, dormência nos lábios e na língua, zumbidos, distúrbios visuais, agitação, abalos musculares, convulsões;além disso arritmias ventriculares e depressão miocárdica,eventualmente fatais no caso da bupiv4. Conclusão: O presente caso,em que o paciente recebeu injeção intravascular acidental de uma solução de ropivacaína a 1% e apresentou crise convulsiva tônico-clônica sem alterações hemodinâmicas ou disritmias cardíacas, confirma a boa margem de segurança deste anestésico local conferida pela sua menor cardiotoxicidade. Referências 1.Br J Anaesth 1996;76:300-307 2.Anesth analg 1989;69:563-569 3.Anesthesiology 2002;96:1427-1434 4.Br J Anaesth 1997;78:507-514

AO 090 SÍNDROME DE TAKOTSUBO APÓS SEDAÇÃO PARA COLONOSCOPIA. LEONARDO TEIXEIRA DOMINGUES DUARTE; MELLYANE BORGES RIBEIRO CET SÃO PAULO-SERV.MÉD.DE ANEST.S/C LTDA, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO. A síndrome de Takotsubo (ST) é caracterizada por disfunção sistólica regional transitória do ventrículo esquerdo (VE) desencadeada por estresse físico ou emocional na ausência de doença coronariana obstrutiva. RELATO DO CASO. Mulher de 39 anos foi submetida à colonoscopia sob sedação. Apresentava doença de Cröhn, epilepsia mioclônica juvenil, deficiência de fator XII da coagulação e transtorno de ansiedade. Referiu anafilaxia após uso de adalimumabe e infliximabe e perda de 2 Kg de peso após o preparo do cólon para o exame. A sedação foi realizada com fentanil 40 µg e propofol em bolos intermitentes (total 90 mg) e mantida em ventilação espontânea com oxigênio suplementar via cateter nasal. Ao final do exame evoluiu com bradicardia (42 bpm) tratada com atropina e hipotensão grave (60x40 mmHg) com pouca resposta à efedrina e reversão da ação opióide com naloxona. Apresentava sinais de baixo débito cardíaco, precordialgia e dor abdominal. A hipótese diagnóstica foi choque hipovolêmico e a hidratação venosa foi otimizada com soluções coloides e cristaloides. Não houve grande melhora dos níveis tensionais e a paciente apresentou crise convulsiva tônico-clônica generalizada tratada com midazolam e pequenas doses de propofol. Foi realizada intubação traqueal para proteção da via aérea, sedação e transferência para UTI. Ecocardiograma (ECO) transtorácico evidenciou dilatação e comprometimento sistólico do VE (fração de ejeção (FE) de 27,8%) devido acinesia dos segmentos médio-apicais de todas as paredes. Foi instituída terapia com ácido valpróico, noradrenalina e dobutamina. Coronariopatia foi excluída em tomografia computadorizada de alta resolução. Evoluiu com melhora progressiva e espontânea da função ventricular, com extubação e descontinuação das drogas vasoativas no terceiro dia de internação na UTI. Recebeu alta hospitalar no sexto dia de evolução com FE de VE de 59% e ausência de realce tardio indicativo de infarto na ressonância magnética do coração. Após oito dias a paciente estava sem queixas e havia retomado suas atividades de vida diária. ECO controle mostrou função de VE normal (FE 69%). DISCUSSÃO. A fisiopatologia da ST não está totalmente elucidada, o diagnóstico é de exclusão e insuficiência cardíaca aguda (ICA) é a complicação mais comum. No caso em questão, a paciente apresentou hipotensão de difícil controle e inesperada para a dose usada de propofol; evoluiu com sinais de baixo débito cardíaco; estava sob estresse físico importante devido à provável hipovolemia secundária ao preparo do cólon e à realização de exame invasivo; doença coronariana foi descartada; e o ECO evidenciou disfunção ventricular esquerda que se resolveu no decorrer da internação. Tais achados, associados à ausência de cardiopatia prévia, contribuíram para o diagnóstico de ST complicada por ICA. O conhecimento da ST é importante no diagnóstico diferencial da instabilidade hemodinâmica aguda em pacientes submetidos ao processo anestésico-cirúrgico.

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AO 091 TROMBOSE DE SEIOS VENOSOS CEREBRAIS APÓS PUNÇÃO INADVERTIDA DA DURA-MÁTER TRATADA COM TAMPÃO SANGUÍNEO PERIDURAL CYNTHIA DE ALCANTARA PASSARO; CASSIA MARIA TAVARES MARCHIORI; PAULO ANTONIO DE MATTOS GOUVÊA; MILTON FAVARATO LOUREIRO AFECC, VITORIA, ES, BRASIL. Resumo: CET AFECC – Hosp. Sta. Rita de Cássia, Vitória, ES Justificativa e objetivos: A associação entre punção inadvertida da dura-máter tratada com tampão sanguíneo peridural (TSP)e trombose de seios intracranianos não está bem elucidada na literatura. Objetivamos descrever o caso de uma paciente inicialmente diagnosticada como cefaléia pos-punção e tratada com TSP em que se confirmou trombose extensa de seios cranianos. Relato de caso: R.B.O.,31 anos, submetida a cirurgia para implante de prótese mamária, ASA I, em uso de anticoncepcional oral, sem antecedentes de distúrbios hematológicos, nega tabagismo e etilismo. Tentativa de bloqueio peridural em T1-T2 com agulha Tuohy 18XG, em que ocorreu punção inadvertida da dura-máter, prontamente reconhecida pelo refluxo de LCR. Abandono da técnica e opção por anestesia geral balanceada. Após 24h do procedimento apresentou-se ao serviço com cefaléia frontal pulsátil, relacionada a posição ortostática e amenização em decúbito, sem outros sinais ou sintomas, sendo realizado tampão sanguíneo peridural sob técnica asséptica e administração de 10ml de sangue entre T1-T2, relatando melhora parcial do quadro. Entretanto, após 24h de realização do tampão sanguíneo, foi internada devido a cefaléia intensa acompanhada de náuseas e vômitos. TC de encéfalo não revelou alterações, e novo tampão sanguineo peridural foi realizado durante a internação, 48h após o primeiro, sem remissão alguma da sintomatologia. RNM de crânio realizada a seguir evidenciou trombose venosa cerebral extensa. A paciente foi submetida a tratamento clínico de anticoagulação plena,permanecendo internada por 13 dias dias, recebendo alta assintomática e sem déficits neurológicos,em uso anticoagulação oral e controle ambulatorial. Discussão e conclusão: ainda que a ligação fisiopatológica não esteja bem definida, trata-se do oitavo caso de trombose de seio venoso cerebral associado a punção dural inadvertida e tampão sanguíneo peridural, não devendo-se, portanto, excluir a possibilidade de tal diagnóstico na vigência de reaparecimento ou manutenção de sintomas neurológicos após realização de tampão sanguineo peridural para o tratamento de uma assim denominada cefaléia pós-punção dural. Referências bibliográficas: Anesthesiology, 1997; 86: 487-90; Cephalalgia, 2008; 28: 769-73; Obstetric Anesthesia Digest, 2009; 29: 103-4.

AO 092 INCÊNDIO DE VIAS AÉREAS EM PACIENTE GRAVE SUBMETIDO A TRAQUEOSTOMIA RICARDO FRANCISCO SIMONI; LUIS HENRIQUE CANGIANI; RAFAEL BARBOSA COCUROCI; FERNANDO BALDAVIRA HIRANO; LUIZ CARLOS AZEVEDO JR; TULIO ANTÔNIO MARTARELLO GONÇALVEZ CET INSTITUTO PENIDO BURNIER E CENTRO MÉDICO DE CAMPINAS, CAMPINAS, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: A traqueostomia é uma cirurgia comum, frequentemente realizada em pacientes internados em UTI. Apesar de apresentar poucas complicações intra-operatórias, deve-se estar atento para diagnosticá-las e tratá-las de imediato. O incêndio das vias aéreas é uma complicação rara e grave da prática anestésica durante a cirurgia. Relato do caso. Paciente do sexo masculino, 54 anos, estado físico ASA IV com história prévia de HAS e Flutter atrial. Foi internado na UTI com diagnóstico de AVC isquêmico hemisférico direito. O paciente apresentou rebaixamento do nível de consciência, foi intubado e iniciada ventilação mecânica controlada. Evoluiu com choque séptico, IRA, uso de droga vasoativa e sedação contínua. A traqueostomia foi indicada devido ao tempo prolongado de intubação orotraqueal. O paciente foi recebido no centro cirúrgico, com o nível de consciência (Ramsay 4), estável hemodinamicamente às custas da infusão de noradrenalina. Foi monitorado com FC, cardioscopia em DII e V5, capnografia, oximetria de pulso, PANI, mantido em ventilação controlada com FiO2 de 100%, PEEP de 10 cmH2O e VC de 8ml/kg. A indução anestésica foi feita com midazolam (3mg), fentanil (250µg) e cisatracúrio (8mg) por via venosa. Durante a abertura da traquéia com eletrocautério ocorreu explosão, presença de chama alta, iniciando incêndio das vias aéreas. Neste momento o aparelho de anestesia foi desconectado do paciente e o tubo traqueal retirado imediatamente. Uma cânula de traqueostomia nº8 com balonete foi colocada pelo cirurgião e a ventilação mecânica reiniciada. Dois minutos após a colocação da cânula, o paciente evoluiu com bradicardia grave, refratária à reversão com atropina (3mg) por via venosa, e parada cardíaca em assistolia. O paciente foi submetido à manobras de reanimação cardiopulmonar por 35 minutos quando ocorreu retorno da atividade cardíaca. Posteriormente foi encaminhado à UTI com atividade cardíaca presente, mas logo após evoluiu com nova PCR e óbito. Discussão e conclusões: Concluimos que o incêndio de vias aéreas durante a realização de traqueostomia ocorreu devido a associação de oxigênio em alta concentração, o tubo traqueal de material plástico e faísca do eletrocautério. A inalação da fumaça, de substâncias nocivas pela queima do tubo endotraqueal e a alta temperatura da região das vias aéreas provavelmente provocaram hipóxia e parada cardíaca. Referências : Anesth Clin, 2010:28:485-96. Anaesthesia,2011:56:441-3.

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AO 093 BLOQUEIO NEUROMUSCULAR RESIDUAL E PARADA RESPIRATÓRIA NA RECUPERAÇÃO PÓS ANESTÉSICA FELIPE MELO BENEVIDES; NATALIA CHAGAS MONTANHA CASTRO; ENIS DONIZETTI SILVA; FÁBIO HENRIQUE GREGORY; CASSIO CAMPELO DE MENEZES CET SÃO PAULO SERVIÇOS MÉDICOS DE ANESTESIA LTDA./ HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: O bloqueio neuromuscular residual (BNMR) pode promover complicações pulmonares pós operatórias. A depressão respiratória é responsável por quase 50% dos óbitos relacionados à anestesia e em muitos casos o BNMR pode ser determinante desta complicação. O sugamadex abre um novo horizonte no combate ao BNMR. Este caso traz à tona uma complicação associada à dose subótima mesmo utilizando adequada monitorização. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 43 anos, 142Kg e 1,67m, estado físico ASA II (hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus tipo II, hipotireoidismo, bronquite e apnéia do sono com uso de CPAP), em uso de losartan, levotiroxina, metformina, norestiterona e alprazolam. Avaliação da via aérea sem alterações. Admitida em sala operatória para realização de septação gástrica robótica. Realizada indução anestésica com lidocaína 60mg, propofol 200mg, fentanil 150mcg e rocurônio 50mg. Intubação orotraqueal, sem intercorrências. Manutenção com sevoflurano, propofol em infusão contínua, fentanil (total 500mcg) e rocurônio (total 350mg). A cirurgia durou 330 minutos sem intercorrências. Foi realizada a monitorização da junção neuromuscular e ao término da cirurgia a paciente apresentava TOF=0 e PTC=1, ou seja bloqueio profundo. Foi administrado sugamadex 200mg. Após 50 segundos o TOF aumentou para 97% e a paciente foi extubada. Apresentava-se orientada, com tosse e queixando-se de dor e náusea. Foi administrada morfina 5mg e dimenidrato 30mg. Após 5minutos refere melhora da dor, mantendo náuseas. Administrado droperidol 1,25mg e encaminhada à recuperação anestésica com nebulização de oxigênio. No caminho a paciente referiu fraqueza e falta de ar. Evolui com apnéia, arresponsividade e queda da saturação para 68%, bradicardia e cianose central. Submetida a ventilação com bolsa-valva-máscara com auxílio de cânula orofaríngea. Administradas 200 mg de sugamadex e instalado CPAP após retorno da ventilação espontânea. Após 30minutos, orientada, sonolenta e sem queixas. Discussão: O sugamadex é uma ciclodextrina que reverte o bloqueio neuromuscular de maneira direta, com a formação de um complexo com o rocurônio ou vecurônio. O sugamadex é uma medicação nova no mercado e muitas vezes a disponibilidade de apenas uma ampola na sala cirúrgica pode induzir a erros pois há uma recuperação do TOF, no entanto sem a reversão completa, como ocorreu no caso relatado. A recorrência do bloqueio com sugamadex foi descrita na literatura apenas quando administradas doses subótimas. A administração do agente associado à monitorização é de suma importância para se evitar bloqueio neuromuscular residual, no entanto as doses preconizadas devem ser administradas mesmo que a recuperação do TOF já tenha sido obtida. Referências bibliográficas: 1. Abrishami, A., J. Ho, et al. Cochrane corner: sugammadex, a selective reversal medication for preventing postoperative residual neuromuscular blockade. Anesth Analg 110(4): 1239.

AO 094 HIPOXEMIA PER-OPERATÓRIA SECUNDÁRIA A PROVÁVEL SHUNT PULMONAR: RELATO DE CASO. RENATO SANTIAGO GOMEZ; FELIPE GALVÃO STANCIOLI; LUIS EDUARDO RIAS CARDOSO; RAFAEL AMARAL PAPATELLA; MICHAEL ARTHUSO LIMA MOREIRA; ANDRE LUIZ DOS SANTOS BARRA HOSPITAL DAS CLINICAS UFMG, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Objetivo: Relatar caso de hipoxemia per-operatória devido a provável shunt pulmonar. Relato de caso: D.H.F.S., masculino, 14 anos, 32 kg, portador de paralisia cerebral secundária a encefalopatia hipóxico-isquêmica. História prévia de vários episódios de pneumonia aspirativa e crises convulsivas; sem outras comorbidades, alergias e cirurgias pregressas. Admitido para procedimento cirúrgico de liberação dos músculos adutores do quadril bilateralmente, associado a osteotomia de valgização em fêmur proximal direito. Exames laboratoriais pré-operatórios sem alterações. Nenhuma medicação pré-anestésica foi administrada sendo utilizada monitorização padrão. Indução anestésica com sevoflurano sob máscara, seguido de punção venosa periférica e administração de fentanil 2 mcg/kg e atracúrio 0,5 mg/kg. Após a intubação (5,5 com balonete), o paciente foi colocado no respirador com os seguintes parâmetros: volume de 250 mL, pressão de pico de 22 cm H2O, freqüência respiratória de 12, PEEP de 3 cm H2O e FiO2 50%. Em seguida, foi realizada anestesia peridural em L3-L4 com bupivacaína (20 mg), morfina (500 mcg) e ABD (6,0 mL) utilizando agulha Tuohy calibre 20G (volume total de 10 mL). Ato anestésico-cirúrgico sem intercorrências durante os primeiros 90 min. A partir de então, o paciente apresentou queda progressiva da saturação de oxigênio (SpO2 de 97% para 80%) em um período de 10 min. Inicialmente, foram realizadas algumas medidas como: troca do aparelho de oximetria, verificação do posicionamento do tudo orotraqueal (TOT), realização de manobras de recrutamento alveolar, checagem das conexões do circuito, aumento da FiO2 para 100% e modificação dos parâmetros ventilatórios. Como não houve melhora da SpO2, foi realizada gasometria arterial que confirmou a hipoxemia sem outras alterações. Após momentânea parada da ventilação mecânica para aspiração do TOT, a SpO2 apresentou aumento progressivo. Foi, então, diminuída a ventilação mecânica para parâmetros mínimos, com hipercapnia permissiva, o que resultou no retorno da SpO2 para valores superiores a 93%. Paciente foi extubado no bloco cirúrgico, estável clínica e hemodinamicamente, e encaminhado ao CTI com SpO2 96% em cateter nasal a 3 L/min. Foi levantada a hipótese de shunt pulmonar, corroborada por radiografia de tórax pós-operatória, que demonstrou consolidação pulmonar total à esquerda. Discussão: O shunt pulmonar é uma causa incomum de hipoxemia peroperatória. Deve-se conhecer a situação clínica prévia do paciente para identificar o provável mecanismo e facilitar o diagnóstico da causa da hipoxemia per-operatória. Bibliografia: Rev Bras Anestesiol, 2000;50:4:317-329

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AO 095 TROMBOSE DE SEIO SAGITAL PÓS RAQUIANESTESIA: RELATO DE CASO MARCO AURELIO DA SILVA NEVES; HELDER GLÊNIO REIS; HUGO APARECIDO DE CARVALHO FILHO; AMANDA BELIZA COSTA E SILVA; GUSTAVO SIQUEIRA ELMIRO; RENATO SANTIAGO GOMEZ HOSPITAL DAS CLINICAS UFMG, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL.

Resumo: OBJETIVO: relatar caso de trombose de seio sagital como complicação de raquianestesia. RELATO DE CASO: Mulher, 32 anos, apresenta-se para cirurgia eletiva de ressecção de varizes de MMII. Relatava uso de anticoncepcional oral (ACO) e tabagismo durante 10 anos; sem comorbidades e alergias. Exames pré-operatórios dentro do limite da normalidade. No procedimento foi realizado punção lombar única e atraumática entre L3-L4 com agulha 27G (Quincke). Injetado 15 mg de bupivacaína hiperbárica e fixado nível de bloqueio em T10. Procedimento anestésico sem intercorrências, sem necessidade de vasopressores. Procedimento cirúrgico sem intercorrências com sangramento habitual. Foi administrado um total de 1.500 ml de RL, dexametasona 10mg, cetoprofeno 100mg, ondansetrona 4mg e dipirona 2g. Após o procedimento, a paciente refere cefaléia de moderada intensidade na SRPA sem outras queixas. Alta hospitalar no dia seguinte com prescrição de paracetamol associado à cafeína. Evoluiu com piora da cefaléia e, no sétimo dia de pós-operatório apresentou convulsões tônico-clônicas generalizadas sendo encaminhada à unidade de pronto atendimento. Inicialmente, foi tratada com 10 mg de diazepam. Houve recorrência das convulsões sendo interrompida com nova dose de diazepam. Evoluiu com hemiparesia à esquerda e rebaixamento de consciência. Encaminhada para hospital particular foi realizada tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética que evidenciou trombose de seio sagital e dois focos de hemorragia intra-parenquimatosa. Iniciado anti-coagulação com heparina e anticoagulação oral com varfarina. A pesquisa de distúrbios de coagulação foi negativa. Paciente evoluiu com melhora da hemiparesia tendo recebido alta hospitalar após três semanas. DISCUSSÃO: A incidência anual de trombose de seio sagital é de três a quatro casos por um milhão de adultos e até sete casos por um milhão de crianças . O quadro neurológico mais freqüente consiste de cefaléia, déficits focais, convulsões, distúrbios de consciência e papiledema Usualmente está associada a estados de hipercoagulabilidade e decorre de desidratação grave, meningite, gravidez, anemia falciforme, ACO, traumatismo cranioencefálico, lesão direta dos seios ou veia jugular, procedimentos neurocirúrgicos e, punção lombar. Condições protrombóticas hereditárias, como fator V de Leiden, deficiência das proteínas C e S e antitrombina III contribuem com 10% a 15% dos casos. Afeta mais comumente pessoas jovens, de média idade e do sexo feminino. As principais causas de morte são o infarto hemorrágico, elevação da pressão intracraniana, herniação cerebral pelo edema cerebral, estado epilético, sepse e embolia pulmonar. CONCLUSÃO: Complicações tromboembólicas no sistema nervoso central após raquianestesia é evento muito raro, mas deve ser levando em consideração como diagnóstico diferencial. Referências bibliográficas: A l l roggen H, Abbott RJ. Cerebral venous sinus thrombosis. Postgrad Med J 2000; 76:12-15. Stam J. Thrombosis of the cerebral veins and sinuses. N Engl J Med 2005; 352:1791-1798.

AO 096 AVALIAÇÃO PRÉ ANESTÉSICA: A RESPONSABILIDADE DO PACIENTE PARA SEGURANÇA PERIOPERATÓRIA CASSIO CAMPELO DE MENEZES; ADELI MARIANE VIEIRA LINO ALFANO; LUIZ FELIPE CLEMENTI CHARLES; TICIANO GONCALVES DE OLIVEIRA; ENIS DONIZETTI SILVA; FÁBIO HENRIQUE GREGORY CET SÃO PAULO SERVIÇOS MÉDICOS DE ANESTESIA LTDA / HOSPITAL SIRIO LIBANÊS, SÃO PAULO, SP, BRASIL.

Resumo: Introdução e Objetivo: A avaliação pré-operatória permite ao anestesiologista conhecer as condições clínicas do paciente e facilita a escolha do planejamento perioperatório para que se reduza a morbimortalidade perioperatória. O objetivo desse relato é destacar a co-responsabilidade do paciente sobre suas informações na avaliação pré-operatória para o desenvolvimento do planejamento anestésico. Relato de caso: Paciente de 80 anos, médico, com indicação de braquiterapia de próstata. Na avaliação pré-anestésica, informou apresentar: hipertensão arterial sistêmica, fibrilação atrial crônica, doença artéria periférica, infarto agudo do miocárdio há 08 anos com passagem de stent coronariano, asma na infância, refluxo gastroesofágico, gastrectomia prévia, acidente vascular cerebral isquêmico e malária. Em uso de enalapril, diltiazem, omeprazol, pentoxifilina e warfarina (já suspensa). Referia etilismo social, negava outras comorbidades, sintomas ou uso de outros medicamentos. Avaliação de via aérea e exames laboratoriais sem alterações. No eletrocardiograma: fibrilação atrial com extra-sístoles ventriculares. A avaliação cardiológica liberou o paciente para o procedimento. Feita discussão da opção anestésica com o paciente que, em seguida, assinou o termo de consentimento. Monitorização com oximetria de pulso, pressão arterial não invasiva e cardioscopia. Indução venosa com fentanil, lidocaína, propofol e cisatracúrio e manutenção com propofol. Intubação orotraqueal e ventilação mecânica sem intercorrências durante 180 minutos. Ao final do procedimento, revertido bloqueio neuromuscular com neostigmina e atropina. Apresentou consciência e obedeceu a comandos, sendo extubado. Evoluiu com apnéia, queda da saturação de oxigênio e acidose respiratória, sendo realizada nova intubação. Ao exame físico apresentava roncos difusos e secreção rósea no tubo orotraqueal. Encaminhado à unidade de terapia intensiva. Ao informar a condição clínica do paciente para a família, os mesmos informaram que o paciente possui fibrose pulmonar e é portador de Miastenia Gravis, diagnóstico omitido pelo paciente. O paciente não aceitava o diagnóstico e por isso, além de omiti-lo, fazia tratamento irregular. Optado por realizar plasmaférese em 3 sessões com posterior extubação do paciente. Conclusão: Não há dúvidas de que é dever do anestesiologista desenvolver um plano seguro e apropriado de anestesia baseado nos dados clínicos e de exames subsidiários. No entanto, é importante ressaltar, que tão importante quanto a conduta adequada do anestesiologista no período perioperatório, é a colaboração do paciente no fornecimento das informações de seus sintomas e doenças. O paciente deve ser co-responsável pelos dados nos quais vão se basear as condutas médicas e precisa ser estimulado a assumir tal papel de formar consciente. Referências bibliográficas: 1. Yamauchi, H. and K. Sobue. Preparation before anesthesia for patients with myasthenia gravis. Masui 59(9): 1089-1092.

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AO 097 ESTRATÉGIAS ALTERNATIVAS PARA O MANUSEIO DA VIA AÉREA DIFÍCIL ÉLIDA MARINHEIRO DA SILVA1; THATIANA LÚCIA CINTRA DE ALCÂNTARA1; THAIS CRISPIM SILVA2; TUILA GUANABARA SOUZA2; ÁLVARO SALGADO PINTO1; LEOPOLDO PALHETA GONZALEZ1 1.FUNDAÇAO HOSPITAL ADRIANO JORGE, MANAUS, AM, BRASIL; 2.HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETULIO VARGAS, MANAUS, AM, BRASIL. Resumo: Introdução: o manuseio inadequado da via aérea é a causa mais frequente de complicações relacionadas à anestesia e é responsável por 30% dos óbitos de causa exclusivamente anestésica. Desta forma, com o conhecimento da anatomia e avaliação específica das vias aéreas, pode-se antecipar eventuais problemas de ventilação e planejar ações para superá-los. Relato de caso: paciente do sexo masculino de 38 anos, com sequela neurológica após trauma cranioencefálico grave, com história de internação prévia em Unidade de Terapia Intensiva para suporte ventilatório por três meses. Na avaliação pré-anestésica apresentava critérios de via aérea difícil (micrognatia; não colaborativo, impossibilitando visualização de abertura bucal e avaliação do teste de Mallampati; mobilidade do pescoço diminuída; distância tireo-mentoniana menor que 6 cm). Foi programada cirurgia de hernioplastia incisional e colecistectomia videolaparoscópica. O paciente foi examinado em sala de operação, sendo indicada intubação traqueal por fibroscopia via oral. A técnica anestésica escolhida foi anestesia venosa total alvo-controlada. O procedimento anestésico-cirúrgico foi finalizado sem intercorrências e o paciente foi encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva para o pós-operatório imediato. Passados dois dias, foi extubado sem complicações. Após quatro dias do procedimento cirúrgico, o paciente evoluiu com insuficiência respiratória aguda, retornando ao centro cirúrgico para intubação por fibroscopia. No momento da checagem dos aparelhos, detectou-se problemas técnicos com o fibroscópio, inviabilizando seu uso. Houve várias tentativas de laringoscopia sem sucesso; optou-se por passagem de sonda nasogástrica como guia após visualização débil da epiglote, com intubação realizada com êxito. Após intubação, o paciente foi encaminhado para a realização de traqueostomia. Discussão: em um procedimento anestésico, uma das maiores preocupações está associada à via aérea e a sua manutenção, sendo a presença de uma via aérea difícil um grande obstáculo. Segundo o Algoritmo de Via Aérea Difícil da Sociedade Americana de Anestesiologia, o ideal é desenvolver estratégias primárias e alternativas para atender intercorrências, com os recursos disponíveis preparados para o uso. No caso em questão, como a melhor opção para intubação do paciente não estava disponível, foi necessário o desenvolvimento de uma opção alternativa para o manuseio da via aérea. Referências bibliográficas: Barash, Cinical Anesthesia, 2009; 29: 771 Cangiani et.al., Tratado de Anestesiologia, 2006; 1099-113

AO 098 ANESTESIA E COMPLICAÇÕES EM PACIENTE COM MIASTENIA GRAVIS MARIA FLÁVIA KNIBEL CID; FERNANDO ALECRIM SEIDL; LEONEL DOS SANTOS PEREIRA; SIMONE SOARES LEITE; LARA DE MORAES; ANA CLARA BARCELOS RODRIGUES XISTO CET PROFESSOR BENTO GONÇALVES. HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO, UFRJ., RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: CET Professor Bento Gonçalves. Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. UFRJ. Serviço de Anestesiologia. Rio de Janeiro. RJ. ANESTESIA E COMPLICAÇÕES EM PACIENTE COM MIASTENIA GRAVIS Maria Flávia Knibel Cid, Fernando Seidl, Leonel dos Santos Pereira, Simone Soares Leite, Lara de Moraes, Ana Clara Barcelos Rodrigues Xisto Introdução: A Miastenia Gravis faz parte do grupo das doenças neuromusculares. É caracterizada por fraqueza e fadiga do músculo esquelético. A força diminuída dos músculos respiratórios e a sensibilidade aumentada aos bloqueadores neuromusculares predispõem os pacientes à insuficiência ventilatória pós-operatória. Com este relato objetiva-se a abordagem das possíveis complicações decorrentes do ato anestésico nestes pacientes, apesar de quadro clínico basal compensado no pré-operatório. Relato de caso: Paciente 45 anos, feminino, 75 kg, 169 cm, portadora de Miastenia Gravis (forma generalizada), ASA P2, CF > 4 METs, admitida para realização de abdominoplastia. Uso regular de azatioprina e brometo de piridostigmina. Timectomia há 20 anos. Sem preditores de via aérea difícil, relato de disfonia após timectomia. Exames físico e complementar sem alterações. Monitorização: ECG de três derivações, oximetria de pulso, PANI, capnografia, analisador de gases, índice biespectral, estimulador de nervo periférico. Venóclise: MSE EC 18G. Técnica anestésica: Anestesia venosa total + bloqueio peridural. Punção L1-L2, via paramediana, passagem de cateter peridural, ropivacaína 0,5% (12ml) + clonidina 150 mcg (1ml) pelo cateter. Pré-oxigenação + lidocaína 1,5 mg/Kg + propofol 2 mg/Kg (seguido de infusão contínua 50 mcg/Kg/ min) + fentanil 1,5 mcg/Kg IV. IOT com estilete luminoso após 3ª tentativa (TOT – 8,0). Procedimento sem intercorrências. Manteve estabilidade hemodinâmica e padrão ventilatório normal no pós-operatório imediato. Alta da SRPA após uma hora de observação (SpO2 = 96% em ar ambiente). Durante a noite apresentou quadro de dispnéia progressiva com evolução para insuficiência ventilatória com necessidade de reintubação. O quadro de fraqueza neuromuscular se manteve por mais de uma semana apesar das medidas clínicas adequadas. Discussão: Apesar dos cuidados realizados, sacramentados na literatura médica, a paciente evoluiu no pós-operatório com quadro de crise miastênica. Faz-se necessário, dessa forma, além de técnica correta, acompanhamento rígido desses pacientes para identificação precoce do quadro e abordagem imediata para reversão. Pesquisa sem financiamento. Nego conflitos de interesses. Referências bibliográficas: Miller’s Anesthesia - 7ª edition, 2010; 37: 1180 Anesthesiology – David E. Longnecker, 2008; 11: 162 Harrison – Medicina Interna - 16ª edição, 2006; 366: 2642-2647

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AO 099 ANESTESIA PARA HISTERECTOMIA EM PACIENTE COM ANEMIA HEMOLÍTICA: REAÇÃO TRANSFUSIONAL HEMOLÍTICA TARDIA CLÊNICE RUFINO FERREIRA1; TUILA GUANABARA SOUZA1; LUCIANE MORAL DA SILVA1; THAIS CRISPIM SILVA2; THATIANA LÚCIA CINTRA DE ALCÂNTARA1; CREMILDA PINHEIRO DIAS1 1.HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS, MANAUS, AM, BRASIL; 2.FUNDAÇÃO HOSPITAL ADRIANO JORGE - FHAJ, MANAUS, AM, BRASIL. Resumo: Introdução: Pólipo endometrial é uma das causas mais freqüentes de metrorragia e, consequentemente, de anemia aguda na mulher. Hemotransfusão é indicada em casos de anemia grave para estabilização clínica, especialmente, no pré-operatório. Dentre os riscos associados à hemotransfusão, a reação hemolítica tardia ocorre em 1 a 1,6% dos casos e pode surgir até 2 a 21 dias após a transfusão. Este relato visa ressaltar a necessidade de um manejo minucioso da anemia aguda e de suas repercussões no paciente cirúrgico. Relato de caso: à admissão, paciente feminina, 49 anos, hipocorada +++/4+, anictérica, 70 Kg, ASA III E, Goldman I, antecedentes de cirurgias e hemotransfusões, portadora de pólipo endometrial com sangramento vaginal ativo e anemia aguda grave, sendo indicada histerectomia total abdominal (HTA). Exames laboratoriais à internação (03 dias antes à cirurgia): Hb 6,6; Ht 20,4; Plq 154.000. Equipe de ginecologia, optou pela transfusão de 03 concentrados de hemácias (CH) e 01 de plasma fresco congelado (PFC). Evoluiu com diminuição do sangramento vaginal e leve aumento da Hb e Ht para 7,9 e 24,6, respectivamente. Necessárias hemotransfusões posteriores totalizando 05 CH e 03 PFC. À avaliação pelo anestesiologista no 3ºDIH, hipocoradada ++/4+, ictérica ++/4+, responsiva e estável hemodinamicamente. Exames laboratoriais na SRPA evidenciando anemia hemolítica aguda possivelmente por reação transfusional tardia: Hb 9,6; Ht 32,5%; Plq 112.000; Bilirrubina Total 2,6; BiIirrubina indireta 2,2; Bilirrubina direta 0,4; LDH 607; TAP 84%; Cr 1,2 e Ur 11,5. Optou-se pela anestesia geral balanceada sob monitorização padrão e controle da diurese. Indução venosa com fentanil 200µg, atracúrio 5mg, etomidato 20mg, succinilcolina 100mg, IOT com tubo nº 7,5 com cuff e atracúrio 25mg. Manutenção anestésica com O2 2L/min e Isoflurano a 2% sob VCV. Realizada reposição volêmica com cristalóides 3.500ml e colóide 500ml. No perioperatório, apresentou alguns episódios de hipotensão arterial leve (PAS < 90mmHg), sem outras intercorrências. Paciente encaminhada ao CTI sob IOT, extubada no dia seguinte com estabilidade hemodinâmica e melhora da icterícia. Discussão/Conclusão: Este caso ilustra uma paciente com anemia aguda grave que evoluiu com hemólise, icterícia e aproveitamento inadequado das transfusões de hemoderivados levando à suspeita clínica de possível reação transfusional tardia.Portanto, deve-se sempre avaliar a real necessidade e a segurança da hemotransfusão no paciente cirúrgico afim de evitar as reações transfusionais. Além disso, é fundamental o reconhecimento precoce e o manejo adequado destes efeitos por toda a classe médica. Referências bibliográficas: 1.Rev Bras Anestesiol 2008; 58: 5: 447-461; 2.Reações transfusionais: Diagnóstico e tratamento. Medicina, Ribeirão Preto, 36: 431-438, abr./dez. 2003; 3. Rev Bras Anestesiol 1995; 45: 5: 321 – 324.

AO 100 LESÃO DA ARTÉRIA FEMORAL EM PACIENTE CARDIOPATA SOB RAQUIANESTESIA. RELATO DE CASO THIAGO RODRIGUES JACINTO; FABRICIO AZEVEDO CARDOSO; FLAVIO ELIAS CALLIL; NADYA REGINA PORTO; FABRICIO ROCHA GOMES; MARCIA CAVALCANTI CARNEIRO HOSPITAL GERAL DE NOVA IGUAÇU, NOVA IGUAÇU, RJ, BRASIL. Resumo: LESÃO DA ARTÉRIA FEMORAL EM PACIENTE CARDIOPATA SOB RAQUIANESTESIA. RELATO DE CASO NOMES: CALLIL F.E, CARDOSO F.A, JACINTO T.R*, GOMES F.R, PORTO N.R.S, CARNEIRO M.C. INSTITUIÇÃO: Hospital Geral de Nova Iguaçu/ CET Hospital Municipal Souza Aguiar Introdução: Complicações per operatórias são imprevisíveis, e o seu manejo é um verdadeiro desafio, principalmente em perdas sanguíneas agudas intra-operatórias em pacientes cardiopatas. O objetivo deste relato é demonstrar o manuseio de um paciente com cardiopatia valvar em vigência de uma intercorrência hemorrágica sob bloqueio espinhal. Relato do Caso: Paciente feminino, 82 anos, 82kg, 1,68m, para artroplastia parcial de quadril esquerdo. Hipertensa em uso regular de nifedipina, dispnéia aos médios esforços, menor que 4 METs. Não referia angina. Hipocorada +/++++, Mallampati II, presença de B3, hipofonese de B2, sopro sistólico +++/++++++, mais audível em foco aórtico. Ecocardiograma: fração de ejeção do VE: 79%, função sistólica global e segmentar do VE normal em repouso, leve calcificação valvar aórtica, e leve diminuição de sua mobilidade. Área valvar aórtica de 1,26cm², gradiente transvalvar de 58,1mmHg. ASA pIII. Monitorização com cardioscópio, oximetria de pulso e pressão arterial não invasiva, venóclise jelcro 16G. Realizado raquianestesia, técnica asséptica, com 15mg de bupivacaína isobárica. Paciente manteve-se estável hemodinamicamente até 45 minutos após o bloqueio quando ocorreu a lesão acidental da artéria femoral esquerda, evoluindo em 1 minuto com bradicardia, que não respondeu a 1mg de atropina, seguida de assistolia, que foi revertida por ressuscitação cardiopulmonar em 1minuto. Após 10 minutos, o sangramento foi contido, perda volêmica estimada de 2000ml, iniciado adrenalina em dose 0,03 mg/kg/min, após a PCR. Monitorizou-se a pressão arterial invasiva, acesso venoso profundo em veia jugular interna direita e iniciado noradrenalina. Volume total de líquidos venosos: cristaloides 3l, colóides 600ml, 2 concentrados de hemácias, colhido 2 gasometrias, uma pós PCR, e outra 30mimutos depois do evento, sem alterações importantes, o tempo anestésico foi de 4 horas. Paciente foi encaminhada ao CTI, intubada em uso de noradrenalina, aldrete 2. No CTI após 32 horas paciente evoluiu com bradicardia, e atividade elétrica sem pulso, PCR, evoluindo à óbito. Conclusão: A incidência de isquemia miocárdica em pacientes com estenose aórtica é de aumentada, e nessecitamos nesses pacientes um controle rígido da pressão arterial e da frequência cardíaca. A técnica anestésica escolhida, apesar de não contra-indicada, pode vir a contribuir com o aumento da morbimortalidade em vigência de complicações hemorrágicas por muitas vezes catastróficas principalmente em pacientes cardiopatas. A abordagem da PCR e o suporte direcionado no pós operatório podem ser decisivos para a melhora da morbimortalidade nestes pacientes. Referência: Morgan, Anestesiologia clínica2010, 4ed p472, c21.

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AO 101 BRONCOESPASMO TARDIO EM CIRURGIA ORTOPÉDICA SEM MANIPULAÇÃO DA VIA AÉREA JAIME UCHOA ARAUJO FILHO1; MILENA MAXIMO FREITAS2; LUANA CAVALCANTI DIAS XAVIER2; ISABELLA MARIA BARRETO TEXEIRA2; MARIANA SANCHO MACEDO2; JAMILY CINTHIA AMORIM UCHOA2 1.HOSPITAL REGIONAL DE CAJAZEIRAS, CAJAZEIRAS, PB, BRASIL; 2.UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE, CAJAZEIRAS, PB, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: As doenças broncoespásticas apresentam um componente comum: hiperreatividade das vias aéreas a estímulos físicos, químicos e farmacológicos. RELATO DE CASO: Paciente de 9 anos, 15kg, masculino, com histórico positivo de asma, apresentou-se para tratamento cirúrgico de fratura de punho esquerdo. Inicialmente, realizou-se sedação com midazolam 0,15 mg.mL-1 e cetamina 1 mg.mL-1, em seguida de bloqueio de plexo braquial com estimulador de nervo periférico e administração de 20 ml de bupivacaína 0,25%. O procedimento transcorreu sem intercorrências durante 45 minutos, quando o paciente apresentou queda progressiva da saturação de oxigênio periférico com cianose perioral e de mucosas. A ventilação sob máscara verificou-se dificultosa e ineficiente. À ausculta pulmonar evidenciaram-se sibilos e roncos difusos disseminados em ambos hemitóraxes. Realizado prontamente intubação orotraqueal e manutenção com sevoflurano, seguido de broncodilatadores inalatórios (atrovent e ipratropio). Após 1h e 30 minutos realizada extubação com reversão do quadro de broncoespasmo. Encaminhado à SRPA, após 30 minutos, apresentava Aldrete 10. DISCUSSÃO: Edema, secreção e contração da musculatura Iisa brônquica provocando aumento agudo na resistência das vias aéreas ocorrem devido a doenças ou porque não foram identificados agentes desencadeantes no pré-operatório. Broncoespasmo também pode ocorrer na vigência de um bloqueio, na ausência de tubo traqueal.Outra possibilidade seria a administração de alguma droga Iiberadora de histamina em pacientes sensíveis. O rápido diagnóstico da complicação e o estabelecimento das terapêuticas adequadas ao controle do quadro são essenciais para redução da morbimortalidade decorrente desse frequente problema. REFERÊNCIAS: 1. RevBrasAnestesiol,2000;50:(Supl.25):CBA 0124; 2.RevBrasAnestesiol, 2000;50:345-349.

AO 102 ACIDENTE DE PUNÇÃO DURANTE ACESSO DA VEIA JUGULAR INTERNA. RELATO DE CASO MARISTELA BUENO LOPES; ANDREA FERREIRA LIMA; LUIZ ROBERTO SOUSA; GREYCE KELLY SOUZA H. CAJURU, CURITIBA, PR, BRASIL. Resumo: Introdução: Entre as principais indicações de acesso venoso central está o politraumatizado com objetivos principalmente de colheita de exames, uso de drogas vasoativas. No entanto, este não é um procedimento isento de risco estando associado a complicações como infecções, tromboses e complicações mecânicas como pneumotórax, hematomas, punção inadvertida de artéria. Este é o relato de um incidente com o fio guia durante a punção de veia jugular interna. Relato de caso: Pacienta masculino, 20 anos, vítima de ferimentos múltiplos por arma de fogo em região toracoabdominal, flanco direito e membro superior esquerdo. Encaminhado para cirurgia de emergência, apresentando- se consciente porém agitado, sudoréico, dispnéico. Foi monitorizado com aximetria de pulso, cardioscópio e pressão arterial invasiva em artéria radial direita. Realizado indução em sequência rápida com intubação orotraqueal sem intercorrências. Submetido a laparotomia com hepatorrafia, colectomia, enterorrafia. A seguir ponte com safena reversa em artéria braquial esquerda. Após estabilização, realizado assepsia local e punção de veia jugular interna para acesso central devido a necessidade de uso de droga vasoativa. Durante a punção houve progressão do fio guia para dentro do vaso confirmado por radiografia. Imediatamente solicitado avaliação da cirurgia vascular que optou por estabilizar o paciente para posterior intervenção. Encaminhado à UTI com droga vasoativa a qual foi retirada em 3 dias. Iniciado Aspirina 100mg e Clexane 40mg SC/ dia. No quarto dia de pós- operatório paciente encontrava- se estável sendo encaminhado à hemodinâmica para retirada do guia que se encontrava em veia cava inferior. A retirada foi realizada por via femural sem intercorrências. Paciente recebeu alta no décimo dia. Discussão: Complicações trombóticas estão presentes em 15% dos pacientes, sendo o risco em veia jugular interna 4 vezes maior que em veia subclávia. O paciente em questão foi anticoagulado assim que houve estabilidade hemodinâmica. O advento do ultrassom tem diminuído os riscos de algumas complicações citadas. O incidente relatado está diretamente relacionado à experiência em punções com cateter de duplo lumen e cuidados devem sempre ser tomados para assegurar que o guia esteja ao nosso alcance. Não encontramos em literatura relatos deste tipo de incidente em acessos venosos centrais. Referências: 1. New England Jouranl of medicine, 2003;348:1123-33. 2. Am. J. Emerg. Med, 2011;29:432-36.

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AO 103 EDEMA PULMONAR PROVOCADO POR LARINGOESPASMO EM ADULTO JAIME UCHOA ARAUJO FILHO1; MILENA MAXIMO FREITAS2; LUANA CAVALCANTI DIAS XAVIER2; ALDECI DANTAS SOUZA JUNIOR2; JAMILY CINTHIA AMORIM UCHOA2; DIANNY MIRELLY LANDIM LINARD2 1.HOSPITAL REGIONAL DE CAJAZEIRAS, CAJAZEIRAS, PB, BRASIL; 2.UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE, CAJAZEIRAS, PB, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: O espasmo da laringe é complicação potencialmente grave cuja etiologia é multifatorial; contudo, na maioria das vezes decorre da manipulação de vias aéreas. RELATO DE CASO: Paciente de 30 anos, 72kg, estado físico ASA 1,submetido a apendicectomia convencional. Relatou gripe há 2 semanas. Realizada raquianestesia para o procedimento cirúrgico com administração intra-tecal de 3,5 ml de bupivacaína hiperbárica 0,5% e morfina 0,08mg. A cirurgia apresentou-se de difícil execução por se tratar de apêndice de localização anatômica retrocecal. O cirurgião afirmou que necessitava de melhor relaxamento para acessar o sitio cirúrgico do processo inflamatório. Realizada intubação orotraqueal sequência rápida com propofol 2mg.mL-1 , fentanil 5 mg.mL-1 e succinilcolina 1 mg.mL-1. Manutenção com isoflurano. Ao término do procedimento, com a superficialização da anestesia, o paciente, ventilando espontaneamente, reagiu ao tubo traqueal que foi retirado. Após 2 minutos inicou respiração ruidosa com esforço respiratório intenso, taquipnéia (FR=40) e queda da oximetria (SpO2 78%). Iniciou-se ventilação sob máscara com pressão positiva. A ausculta respiratória era normal. Infudido succinilcolina 0,1 mg.mL-1 a cada 10 minutos com melhora progressiva do quadro. Após 40 minutos, o paciente foi transferido para SRPA ligeiramente taquipneico (FR=24), verbalizando, sem queixas clínicas. Após 1 hora, o paciente apresentou desconforto respiratório, estertoração bolhosa bilateralmente à ausculta pulmonar e eliminação pela boca de secreção espumosa rosácea. Uma radiografia de tórax mostrou infiltrado pulmonar difuso bilateralmente. Estabelecida conduta apropriada para tratamento de edema agudo de pulmão. Após 4 horas, o paciente teve alta da SRPA com Aldrete 10 e FR= 16. No dia seguinte, não apresentou queixas respiratórias. DISCUSSÃO: O laringoespasmo ocorre, geralmente, na emergência da anestesia no período peri-extubação, tanto com tubos endotraqueais, como com máscara laríngea, porém, pode ocorrer mais raramente quando houver um estímulo nociceptivo intenso na área cirúrgica, em plano superficial de anestesia. Este evento pode gerar níveis elevados de pressão negativa intrapleural e provocar edema pulmonar. REFERÊNCIAS:1. Revista Brasileira de Anestesiologia 487 Vol. 59, No 4, Julho-Agosto, 2009; 2.Revista Brasileira de Anestesiologia Vol. 52, Nº 3, Maio - Junho, 2002

AO 104 HIPERTERMIA PEROPERATÓRIA EM ESCOLAR. RELATO DE CASO. ROGÉRIA GARCIA REIS1; KELLY CASTRO DA SILVA2; FLAVIO ELIAS CALLIL1; FERNANDA GUIMARÃES SABOYA1; MICHELLE SOARES MAFRA1; CLAUDIO LUIS DA FONSECA1 1.CET HM SOUZA AGUIAR, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL; 2.HOSPITAL INFANTIL ISMÉLIA DA SILVEIRA, DUQUE DE CAXIAS, RJ, BRASIL. Resumo: Intodução: A hipertermia é um sinal altamente inespecífico, porém de aparecimento relativamente frequente, dada a variedade de situações em que pode se apresentar. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de hipertermia peroperatória em escolar e discutir os possíveis diagnósticos diferenciais e suas condutas diante de quadros de fácil controle, mas também de situações que ponham em risco a vida do paciente. Relato de Caso: Paciente masculino, 7 anos, ASA I. Exames laboratoriais e exame físico normais. Cirurgia proposta: postectomia. Foi levado à SO sem medicação pré-anestésica, feita monitorização básica obrigatória e iniciada indução anestésica com sevoflurano sob máscara. Uma vez em plano realizou-se venóclise em MSE. Após 5 minutos observou-se súbita hiperemia da face, rápida elevação da temperatura corporal ( pré-indução = 36ºc – 38ºc), hipercapnia importante ( aumento de 30 para 61) e discreta taquicardia (110bpm). Imediatamente procedeuse interrupção do agente inalatório, resfriamento corporal com gelo (axilas, região inguinal, face e pernas), punção de um segundo acesso venoso periférico, com hidratação vigorosa e administração de dipirona. Em cerca de 20 minutos houve melhora completa do quadro. O paciente permaneceu internado e não se observou outras intercorrências, nem alterações nos exames realizados. A criança foi encaminhada ao HUCFF para investigação do caso. Discussão: A hipertermia peroperatória pode ter diversas causas, sendo elas de natureza grave ou não. São possíveis diagnósticos diferenciais: níveis inadequados de hipnose e analgesia, bacteremia peri-operatória, sistemas de aquecimento mal ajustados, tireotoxicose, feocromocitoma, osteogênese imperfeita, infecção, reação pirogênica, lesão hipotalâmica, reação a drogas (anfetaminas, inibidores da MAO, atropina, glicopirrolato, cocaína, anfetamina, droperidol, metoclopramida, cetamina). Em todas essas situações pode-se promover o controle da hipertermia sem grandes prejuízos ao paciente, porém com condutas diferentes para cada situação. No entanto, a síndrome neuroléptica maligna e a hipertermia maligna, são afecções graves, nem sempre aparecem com sintomas clássicos, mas podem levar o paciente à morte se logo não forem tomadas as medidas necessárias. Conclusão: A hipertermia maligna é sem dúvida a afecção de maior morbimortalidade e portanto sempre deverá ser pensada e se possível descartada quando diante de um quadro de hipertermia peroperatória. As dosagens de CPK, potássio, gasometria arterial etc. são tão importantes quanto a avaliação clínica. Nos casos positivos o uso do dantrolene é imperioso e a equipe deve estar preparada para o seu manuseio. A confirmação diagnóstica deve ser buscada, em virtude do caráter familiar e da possiblidade de resolução com o tratamento adequado.

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AO 105 EFEITO DA POSIÇÃO OLFATIVA ÓTIMA NA VISÃO DA OROFARINGE A LARINGOSCOPIA DIRETA JULIANO FARIAS CORDEIRO; ANA MARIA MENEZES CAETANO; JAILTON LUIZ CORDEIRO JUNIOR; MIRELLA TAVARES DE CARVALHO; ANA LUCIA LUCENA DE ANDRADE; ANDRÉ PEREIRA LINHARES CENTRO DE ENSINO E TREINAMENTO DOS HOSPITAIS DA RESTAURAÇÃO, GETÚLIO VARGAS E OSVALDO CRUZ, RECIFE, PE, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: A dificuldade no manuseio de vias aéreas durante a intubação endotraqueal é uma das principais causas de morbidade e mortalidade na prática anestésica. A posição adequada da cabeça para a realização da laringoscopia não é um tema isento de controvérsia entre os anestesiologistas, já que diversos fatores contribuem para a sua escolha, individualizando cada caso. O objetivo deste estudo foi avaliar comparativamente as posições olfativa ótima e a de hiperextensão simples da cabeça na visualização da orofaringe, no momento da laringoscopia direta. Materiais e método: Foram avaliados 58 pacientes de ambos os sexos, ASA I e II, submetidos à anestesia geral para cirurgia eletiva. Foram excluídos pacientes com risco de aspiração de conteúdo gástrico, mulheres grávidas, menores de 18 anos, história de lesão ou cirurgia de coluna cervical e ASA III e IV. Antes da indução da anestesia geral, foi colocado, com os pacientes em decúbito dorsal, um coxim occipital com 8 e 10 cm de altura, que visava alinhar o processo mastóide à linha esternal. Após a indução anestésica e relaxamento muscular, era realizada a laringoscopia direta e se classificava a visão da orofaringe de acordo com os índices de Cormack e Lehane. Retirava-se, então, o coxim e nova laringoscopia direta era realizada e, mais uma vez, o paciente era classificado quanto à visão da orofaringe, sob os mesmos critérios. Resultados: Foram excluídos 7 pacientes. Dos 51 pacientes avaliados, 32 tiveram a visão laringoscópica inalterada, tanto antes quanto depois da retirada do coxim suboccipital. Nesse grupo a média de idade foi 29 anos, sendo 18 (56,25%) mulheres e 14 (43,75%) homens. Por outro lado, 19 pacientes tiveram a visão laringoscópica melhorada com o coxim suboccipital. Nesse grupo a idade média foi 33 anos, sendo 12 (63,15%) homens e 7 (36,85%) mulheres. Entre esses 19, dois (10,5%) tiveram mudança de grau 3 para 1 nos índices de Cormack e Lehane . Nenhum dos 51 pacientes teve visão laringoscópica piorada pela posição olfativa ótima.Conclusões: Este estudo concluiu que a posição olfativa ótima se mostrou importante na melhoria da visão laringoscópica, servindo como mais uma ferramenta para uma intubação segura, principalmente para pacientes com perditores clínicos de intubação difícil. Foi visto que os fatores como a idade e sexo masculino foram os mais relevantes sobre o efeito da posição olfativa ótima na melhor visualização da orofaringe. Referências: Anesthesiology 2001;94:83–86 ; J Anesth 2010; 24:526-30; Br J Anaesth 2010; 104: 496-500.

AO 106 VIA AÉREA DIFÍCIL EM CRIANÇA SINDRÔMICA SUBMETIDA À PROCEDIMENTO ODONTOLÓGICO BIANCA MACHADO DE ALMEIDA1; MARCIO PINHO MARTINS1; PEDRO PAULO VANZILLOTTA2 1.HOSPITAL CENTRAL DA POLÍCIA MILITAR, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL; 2.HOSPITAL JESUS, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: TEMA: Via aérea difícil em criança sindrômica submetida à procedimento odontológico AUTORES: Almeida, B.M.; Martins, M.P.; Vanzillotta, P.P. ORIGEM DO TL: CET do Hospital Central da Polícia Militar / Rio de Janeiro - RJ FONTES DE FOMENTO E CONFLITOS DE INTERESSE: Não existem conflitos de interesse. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A Síndrome do Cromossomo 10q+ é uma herança genética rara que exibe um grave atraso do desenvolvimento neuropsicomotor além de hipoevolutismo ponderal e anormalidades faciais definidas. O objetivo foi enfatizar a identificação de potencial dificuldade de intubação para melhor manejo de via aérea difícil em cirurgia de caráter eletivo. MATERIAIS E MÉTODOS: Relato de caso. Paciente do sexo masculino, 6 anos e 10 meses, com síndrome genética, portador de cardiomiopatia hipertrófica em acompanhamento cardiológico, pais adotivos negam outras comorbidades ou alergias, ASA P2, relatam doença obstrutiva do sono. Exame físico com diversos critérios de via aérea difícil. Após indução anestésica inalatória com Sevoflurano sob máscara e injeção de Propofol (2 mg/kg), houve insucesso à laringoscopia direta (Cormack & Lehane IV) e tentativa de intubação retrógrada ineficaz. Optou-se por remarcar procedimento eletivo com agendamento de broncofibroscópio flexível. O segundo ato anestésico foi realizado, após 6 dias do último evento, sendo a intubação realizada com o auxílio do broncofibroscópio. O per-operatório transcorreu sem intercorrências. Extubação foi isenta de complicações e o paciente foi encaminhado à SRPA com ALDRETE 9. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES: Na década de 90, a Sociedade Americana de Anestesiologia (ASA) fez um levantamento das complicações mais freqüentes relacionadas a causas exclusivamente anestésicas e evidenciou que a inabilidade no manuseio da via aérea correspondia a 30% das causas de óbito ou seqüela grave. Este fato trouxe uma preocupação no desenvolvimento de técnicas de abordagem eficazes frente a um caso de via aérea difícil, sendo o uso da fibroscopia uma destas técnicas. Cirurgia de caráter eletivo possibilita uma melhor previsibilidade de dificuldades técnicas. Diante de critérios definidos como história de via aérea difícil, limitação de abertura oral e deformidade craniofacial, era relevante a presença de um broncofibroscópio flexível em sala de operação. Condições estruturais somadas à habilidade do profissional são quesitos que possibilitam um ato anestésico seguro e de sucesso. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Anesthesiology 2003; 98 1269-1277.

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AO 107 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA APÓS RAQUIANESTESIA – RELATO DE CASO STÊNIO AUGUSTO COSTA BASTOS; SÉRGIO DE SOUZA OLIVEIRA; KATIA GOMES BEZERRA DE OLIVEIRA; PABLO GROSCH; NICOLE RIBEIRO MARQUES; ALINE FELIPE ROCHA OLIVEIRA CET-CUIABÁ, CUIABÁ, MT, BRASIL. Resumo: Parada cardiorrespiratória após raquianestesia – Relato de caso. Local: CET – Cuiabá. Fontes de fomento: não. Conflito de interesse: não. Justificativa e objetivo: A raquianestesia é uma técnica anestésica bastante segura e uma das mais utilizadas na atualidade, porém não isenta de complicações. O objetivo desse relato é descrever um caso de PCR após raquianestesia, em paciente submetida a tratamento cirúrgico para fratura de joelho. Materiais e métodos: Paciente do sexo feminino, 68 anos, ASA II E, submetida a tratamento cirúrgico para fratura de joelho esquerdo. Passado anestésico-cirúrgico com relato de vômitos pós-operatórios. Boa capacidade funcional. Portadora de labirintopatia. Exame clínico e laboratorial normal. Risco cardiológico Goldman I. Monitorizada com oximetria de pulso, cardioscópio, pressão arterial não-invasiva. Sedação com midazolam 1 mg, mantida em Ramsay 2-3. Realizada raquianestesia simples, L4-5, agulha de Quincke 27G, sem acidentes, injetado bupivacaína 0,5% pesada (2,5ml) e morfina 40 mcg. Quando o bloqueio sensitivo atingiu T8, foi iniciado o procedimento cirúrgico. Após 5 minutos de garroteamento em raiz da coxa esquerda com faixa de Esmarch, a paciente apresentou episódio de bradicardia: FC 49 bpm com saturação 92%. Administrada efedrina 10mg e atropina 0,5mg. Sem resposta a medicação, evoluiu para bradicardia severa: FC 32 bpm, sem pulso, ao cardioscópio c/ atividade elétrica. Imediatamente foram iniciadas manobras de reanimação cardiopulmonar: massagem cardíaca, intubação orotraqueal, adrenalina 1 mg 3-3 minutos. Vários episódios de retorno do pulso, porém com instabilidade hemodinâmica. Durante reanimação, apresentou 1 episódio de taquicardia ventricular; realizada desfibrilação 360J, seguida da administração de amiodarona 300mg. Mantida com drogas vasoativas continuas, noradrenalina e dobutamina, associada a manobras de reanimação. Evolução para assistolia. Após 50 minutos, decidiu-se por encerrar as manobras de reanimação e constatar o óbito. Discussão e conclusões: A incidência de PCR durante raquianestesia é bastante heterogênea 1,3-18/10000 raquianestesias. Inicialmente acreditava-se que a PCR ocorrida durante a raquianestesia estava relacionada a hipoxemia decorrente da sedação excessiva. As alterações cardiovasculares decorrentes da raquianestesia causam uma diminuição de pré-carga e bloqueio das fibras cardioaceleradoras levando a uma redução da freqüência cardíaca. Na presença de bradicardia acentuada e PCR, o tratamento adequado e precoce deve ser instituído e administrar um agente vagolítico que reduza a morbimortalidade. A RCP é mais difícil na vigência de bloqueio subaracnóideo, em conseqüência da diminuição da pré-carga secundária. No caso descrito, mesmo com o diagnóstico e tratamento agressivo precoce, o desfecho não foi satisfatório. Referências bibliográficas: Rev. Bras. Anestesiologia, 2011;61;110-120, Anesthesiology, 2002;96:515-516, Anesth Analg, 2001;92:252-256.

AO 108 BRONCOESPASMO NA INDUÇÃO ANESTÉSICA ANA CLARA BARCELOS RODRIGUES XISTO; ASSUNÇÃO OGANDO CERQUEIRO CARDOSO; RODRIGO PEREIRA DIAZ ANDRÉ; FERNANDO ALECRIM SEIDL; MARIA FLÁVIA KNIBEL CID; MARIA CLÁUDIA SANDRI ARAÚJO CET PROFESSOR BENTO GONÇALVES. HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO. UFRJ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Introdução: Broncoespasmo é uma complicação frequente no período peroperatório. Sua incidência varia de acordo com o perfil do paciente e drogas usadas. Tabagismo, bronquite, asma, manipulação de vias aéreas e uso de drogas liberadoras de histamina são fatores de risco conhecidos. Geralmente ocorre durante a indução mas pode ocorrer em qualquer estágio do ato anestésico. Relato de caso: Paciente 17 anos, masculino, 60Kg, 1.65m, ASA P1, CF > 4METs, sem preditores de via aérea difícil. História de otorréia crônica, admitido para realização de timpano-mastoidectomia. Monitoração: ECG de três derivações, oxímetro de pulso, PANI e capnografia. Venóclise: MSD EC 18G. Infusão de Cefazolina 2g e Dexametasona 0.15mg/Kg. Téc. anestésica: anestesia venosa balanceada. Pré-oxigenado com O2 100% sob máscara facial por 15min. Indução anestésica com Remifentanil 0,2mcg/Kg/min, Lidocaína 1mg/Kg, Propofol 2mg/Kg, Atracúrio 0,5mg/Kg e O2/Sevoflurano 3% sob máscara facial. Realizado IOT sob laringoscopia direta Cormack-Lehane I com TOT 7,5. Ao iniciar ventilação manual com O2 100% ausência de expansão torácica e capnografia, murmúrio pulmonar e ruído epigástrico abolidos. Procedeu-se extubação e ventilação sob máscara facial com O2 /Sevoflurano 3%. Dificuldade de ventilação com redução do murmúrio e expansão torácica. Paciente evoluiu com deterioração da saturação de O2, (SO2:52%) e bradicardia. Feito Atropina 0.01mg/Kg seguido de IOT por sob laringoscopia direta com TOT 7.5, ventilação manual e instilação de Salbutamol 500mcg endotraqueal. Curva de capnografia com padrão característico de obstrução aguda de vias aéreas (lenta ascenção e ausência de platô), aumento do CO2 expirado (ETCO2: 62mmHg), o murmúrio pulmonar e expansão torácica mantinham-se reduzidos. Feito Sulfato de magnésio 2g e Hidrocortisona 300mg IV. Mantido em ventilação manual com O2/Sevoflurano 3% evoluindo com gradativo aumento da SO2, redução da ETCO2, normalização da curva de capnografia e melhora da ausculta pulmonar. Foi mantido em plano anestésico com Sevoflurano 2% e Remifentanil 0.1 – 0.2mcg/Kg/min sem mais intercorrências. Ao final do procedimento foi feito Salbutamol 500mcg endotraqueal e Lidocaína 60mg IV, aspiração de vias aéreas e extubação em vigência de infusão de Remifentanil 0.1mcg/Kg/min com sucesso. Paciente foi encaminhado à SRPA acordado, respirando em ar ambiente e após 60 minutos recebeu alta para enfermaria. Discussão: Apresentamos um caso de broncoespasmo após indução anestésica, cujo diagnóstico foi retardado pela ausência de murmúrio pulmonar e curva de capnografia após a primeira intubação, o que pode ocorrer em casos de broncoespasmo grave com obstrução total ao fluxo de ar. Apesar do paciente em questão ter negado diagnóstico prévio de asma acreditamos que possa ter ocorrido uma hiper-reatividade brônquica à liberação de histamina pelo BNM. Referências bibliográficas: Anesthesiology 1990;73:1285-7 Qual Saf Health Care 2005; 14:e7

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AO 109 ABRASÃO DE CÓRNEA EM CIRURGIA DE FACE MARIANA DE OLIVEIRA ALENCAR; GABRIEL GJORUP BARCELLOS; SAMMUEL CAVALCANTI DE CARVALHO PINHEIRO; ANTÔNIO MARTINS PIRES; MARIA FLÁVIA KNIBEL CID; RODRIGO PEREIRA DIAZ ANDRÉ HUCFF/UFRJ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Relato de Caso: Abrasão de córnea em cirurgias de face. Alencar M.O.; Pinheiro, S.C.C; Barcellos G.G.; Pires A.M.D; Cid M.F.K; André R.P.D; CET/SBA Prof. Bento Gonçalves, Serviço de Anestesiologia do HUCFF/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ. Justificativa e objetivo: Abrasão de córnea é a complicação ocular mais freqüente durante o período perioperatório. A maioria das abrasões é causada por lagoftalmia (falência do fechamento total do olho) resultando em ressecamento de córnea que durante a anestesia geral é agravado pela diminuição da produção de lágrimas e da abolição do fenômeno de Bell. O diagnóstico deve ser feito precocemente, diminuindo-se assim a morbidade ocular. Com estes dois relatos objetiva-se destacar a responsabilidade do anestesista na proteção ocular. Relato dos casos: Primeiro caso: Paciente 59 anos, feminino, 50Kg, sem comorbidades, ASA P1, CF> 4METS, sem uso de medicamento regular. Procedimento proposto: ritidoplastia. Segundo caso: Paciente de 31 anos, do sexo feminino, 107kg, ASA P1, CF >4 METs. Procedimento proposto: extração de 2 dentes molares inclusos. Em ambos casos foi realizada anestesia geral com indução venosa e manutenção inalatória com a monitorização obrigatória. Após a indução procedeu-se respectivamente IOT e INT, sob laringoscopia direta, na primeira tentativa que se seguiu de proteção ocular com gel oftálmico a base de água e esparadrapo. Ambas pacientes mantiveram-se hemodinamicamente estável, sem intercorrências no período intraoperatório. Foram admitidas na RPA com escore 9 (Aldrete e Kroulik), com queixa de leve ardência nos olhos. Cerca de 30 minutos após, iniciou-se quadro de dor e dificuldade de abertura oculares e sensação de “corpo estranho”, porém sem alterações à inspeção clínica ou de acuidade visual. Procedeu-se lavagem ocular com soro fisiológico e pedido parecer da oftalmologia, que diagnosticou, através do colírio de fluoresceína, desepitelização de córnea. Prescreveu-se colírio lubrificante e gel oftálmico dexpantenol 50mg/g 2/2h por 3 dias. Alta da SRPA após aproximadamente 3 horas e hospitalar em 24horas com reversão total do quadro, em ambos casos, em 48 horas. Discussão e Conclusão: Vários métodos são usados durante anestesia geral para prevenção de lesão ocular, tais como aplicação de pomadas (a base de parafina ou de gel aquosos), instilação de soluções aquosas, porém o método mais eficaz é oclusão total do olho com fita ou sutura de pálpebra. Apesar do uso do gel oftálmico no intraoperatório, a oclusão do olho não foi realizada de forma eficaz o que resultou na abrasão da córnea por exposição à luz. Os quadros tiveram reversão rápida após diagnóstico e início de tratamento precoce, o que não resultou danos a longo prazo. Assim, preconiza-se uma maior atenção a proteção ocular, evitando-se assim prejuízos ao paciente. Bibliografia: Anesthesia 1998; 53:157-161; Am Fam Physician 2004; 70:123-8; J. Perianesth Nurs 2006 21:332-33

AO 110 ATELECTASIA APÓS INTUBAÇÃO NASOTRAQUEAL. RELATO DE CASO DANIELLE MAIA DUMARESQ; THIAGO VICTOR SOUSA CHAGAS; CIBELLE ROCHA GARCIA; JÚLIO ALEXANDRE DAMASCENO ROCHA; BRUNO ARAÚJO SILVA; ROBERTO CESAR PONTES IBIAPINA INSTITUTO DR. JOSÉ FROTA, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos – O colapso pulmonar intra-operatório é uma complicação de alta incidência em pacientes submetidos à anestesia geral com relaxamento da musculatura. É clinicamente caracterizado por redução da complacência pulmonar e comprometimento da oxigenação arterial. Relatamos um caso de uma jovem submetida a correção cirúrgica de fratura de mandíbula que evoluiu com atelectasia do pulmão direito após intubação nasotraqueal. Relato do caso – Após monitorização e venóclise a paciente de 15 anos, sexo feminino e 48 kg recebeu indução anestésica com midazolam 2mg, fentanil 250 µg, propofol 120 mg e cisatracúrio 8mg. Foi realizada tentativa de intubação nasotraqueal com tubo aramado no 7,0, porém sem êxito dado o estreito diâmetro da nasofaringe. Após ventilação sob máscara, procedemos à nova laringoscopia com visualização de sangramento em orofaringe sendo, então, realizada aspiração bucal seguida de inserção nasofaríngea do tubo aramado no 5,5. Após iniciada a ventilação manual, observou-se expansão limitada ao hemitórax esquerdo e a ausculta pulmonar estava abolida em hemitórax direito. Procedeu-se o reposicionamento do tubo, sem melhora da expansão. A saturação de hemoglobina caiu a 92% utilizando-se FiO2 de 100%. A pressão arterial medida era de 90x50 mmHg. A radiografia de tórax evidenciou hipotransparência difusa em HTD com desvio de mediastino ipsilateral. Conduzimos a paciente para a sala de recuperação onde foi realizada broncoscopia que visualizou material espesso sanguinolento obstruindo brônquio fonte direito. Seguiu-se lavagem e aspiração do brônquio. A paciente foi encaminhada para unidade de terapia intensiva evoluindo com melhora progressiva e resolução clínica e radiológica total no primeiro dia após o procedimento. Discussão – Três mecanismos principais causam ou contribuem para o desenvolvimento de atelectasia pulmonar: compressão mecânica do parênquima pulmonar, absorção do ar alveolar e disfunção do sistema surfactante. Lesão de mucosa após diferentes procedimentos pode ocasionar formação de coágulos sanguíneos endobrônquicos. A incidência desta complicação ainda não é conhecida. O impacto sobre a função respiratória pode ser mínimo ou causar risco de vida. A estratégia inicial deve envolver broncoscopia flexível para avaliação com lavagem e aspiração. Se não houver sucesso o próximo passo é a extração por fórceps ou o deslocamento do coágulo com cateter de Fogarty. Trombólise tópica sob visão direta através de broncoscopia tem sido proposta. Este caso foi conduzido com sucesso, alertando para a necessidade do diagnóstico e da intervenção terapêutica precoces. Bibliografia –Rev Bras Anestesiol, 2008; 58: 73-83. Am J Emer Med, 2010; 28: 842.

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AO 111 SINTOMAS NEUROLÓGICOS TRANSITÓRIOS PÓS-ANESTESIA SUBARACNÓIDEA COM BUPIVACAÍNA 0,5% HIPERBÁRICA E ADJUVANTES OPIÓIDES: RELATO DE CASO BRUNO MENDES CARMONA; DAILSON MAMEDE BEZERRA; LUIS PAULO DE ARAÚJO MESQUITA; ADRIANO LIBERMAN MAGALHAES DE BARROS OFIR LOYOLA, BELEM, PA, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos:Sintomas neurológicos transitórios(SNT) são pouco frequentes após bloqueio subaracnóideo com bupivacaína 0,5% hiperbárica e adjuvantEs. No entanto, podem demandar atenção e cuidado multiprofissional no período pós-operatório. Este relato de caso refere-se a umpaciente que evoluiu com SNT em pós-operatório imediato de cesariana com utilização de bupivacaína 0,5% hiperbárica como anestésico e fentanil e morfina como adjuvantes. Relato do caso: Paciente do sexofeminino, 17 anos, 30a semana de gestação, G1P0A0, admitidapara realização de cesariana de urgência por trabalho de parto prematuro. Durante consultas pré-natais e pré-anestésica, não houve qualquer sinal ou sintoma que sugerisse anormalidades neurológicas. Após monitorização com cardioscopia, oximetria de pulso, PANI e obtenção de acesso venoso periférico, realizou-se bloqueio subaracóideo ao nível de L3-L4, com punção única paramediana esquerda,agulha do tipo Quincke 25 G, obtendo-se gotejamento de LCR claro, seguido de injeção de bupivacaína 0,5% hiperbárica 10 mg,associada a fentanil 20 mcg e morfina 80 mcg. A cirurgia durou aproximadamente 45 minutos e não houveram intercorrências. No PO imediato a paciente apresentou paraparesia e hipoestesia em MMII, com força muscular grau II em MID e grau IV em MIE. Com início de corticoterapia, houve melhora progressiva do déficit motor e sensitivo de MIE, porém com manutenção dos sintomas em MID. Iniciou-se fisioterapia motora em 4º PO, com regreção total do déficit a esquerda e melhora do quadro a direita (MID com força grau III) no 5º PO. No 6º PO, foram realizados ressonância magnética da coluna lombar e exame de LCR, que não apresentaram alterações. A partir do 70 PO, a paciente evoluiu com sensação de choque episódico ao nível de joelho direito, sendo então administrado amitriptilina e oxacarbazepina. No 11º PO, a paciente apresentava remissão completa da sintomatologia, com alta hospitalar no 12ºPO. Conclusões:A bupivacaína apresenta um melhor perfil de segurança quanto a ocorrência de SNT que a lidocaína, que perdeu espaço na prática de bloqueios subaracnóideos. Apesar de ser uma ocorrência rara, SNT com bupivacaína 0,5% hiperbárica associada a adjuvantes opióides pode ocorrer. O acompanhamento deve ser realizado por equipe multiprofissional composta,dentre outros,por anestesiologista, fisioterapeuta, neurologista e psicólogo. Exames laboratoriais e de imagem são necessários para excluir outros diagnósticos. Como neste caso, a maioria dos quadros de SNT apresentam remissão completa, ao longo de dias, semanas ou meses. Diagnóstico e tratamento imediato visam reduzir o tempo de recuperação e evitar ocorrência de quadro permanente. Referência Bibliográfica: Rev. Bras. Anestesiol. vol. 54 n. 1, jan/feb, 2004.

AO 112 PNEUMORRAQUE APÓS TENTATIVA DE BLOQUEIO ESPINHAL CONTÍNUO: RELATO DE CASO BRUNO MENDES CARMONA; DAILSON MAMEDE BEZERRA; VANESSA ANDREA MOREIRA CARDOSO; JOÃO HERMÍNIO PESSOA DOS SANTOS OFIR LOYOLA, BELEM, PA, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: Pneumorraque é o acumulo patológico de ar intra ou extradural. Evento raro, seu diagnóstico definitivo é feito por meio de tomografia computadorizada (TC). No contexto anestésico, pode estar relacionada a injeção acidental de ar em canal espinhal. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de pneumorraque após tentativa de bloqueio espinhal contínuo. Relato do caso: Paciente masculino, 81 anos, hipertenso, ICC compensada, ex-tabagista, DPOC, estado físico ASA III, em uso de digoxina 0,25 mg/dia e hidroclorotiazida 50 mg/dia. ECG evidenciou hemibloqueio divisional antero-superior esquerdo e ADRV. Radiografia de tórax com aumento de área cardíaca, hipertransparência pulmonar difusa e ateromatose de aorta.Classe III de Goldman. Programação para correção cirúrgica de hernia inguinal esquerda. Após monitorização com cardioscopia, oximetria de pulso, PANI e obtenção de acesso venoso, administrou-se O2 sob cateter nasal, midazolam 2 mg e fentanil 50 mcg.Optou-se pela realização de anestesia subaracnóidea continua com agulha de Tuohy 18 G no interespaço L3-L4, com auxílio de teste de Dogliotti. Após localizado o espaço peridural, perfurou-se a duramáter, com LCR límpido, sendo introduzido catéter peridural 18 G sem sucesso, por difícil progressão. Nas tentativas subsequentes houve grande dificuldade na localização do espaço peridural e progressão do catéter. Na terceira e última abordagem identificou-se LCR em menor quantidade associado a sangue de aspecto vivo. A cirurgia foi suspensa e o paciente encaminhado para realização de TC de crânio e coluna, que evidenciou acúmulo de ar intra e extradural em região lombar (L1-L5). A equipe de neurologia optou por iniciar esquema profilático para meningite com ceftriaxona 2g EV 12/12h e oxacilina 500 mg 4/4h por 7 dias. No dia seguinte, paciente referiu cefaléia de moderada intensidade que cedeu com uso de analgésicos comuns. Não houve déficts motores ou sensitivos, rigidez de nuca ou sinais e sintomas compatíveis com processo infeccioso. Após 7 dias, nova TC mostrou reabsorção completa da pneumorraque. No 13º dia foi agendado novo procedimento cirúrgico, conduzido sob anesesia geral, sem intercorrências, com alta hospitalar no 3º PO. Conclusões: A maioria dos casos de pneumorraque são benignos, regredindo apenas com tratamento conservador. A evolução do quadro mediante orifício em duramáter é mais favorável, uma vez que a drenagem de LCR evita processos compressivos. Devido ao pequeno número de casos na literatura, antibioticoterapia profilática ainda é controversa. Referência Bibliográfica: Europian Spine Journal. V. 15 (Suppl 5): 636-643, 2006.

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AO 113 CHOQUE ANAFILÁTICO NO INTRAOPERATÓRIO DE APENDICECTOMIA – RELATO DE DOIS CASOS RENATO MACHADO COELHO FILHO1; MAGDA FERNANDES LOURENÇO1; MARCELLE MAFRA DE QUEIROZ2; BERNARDO DRUMOND MATIAS1; MAGNA A. QUADROS COELHO3; FABÍOLA CRISTIANE E SILVA1 1.CET SANTA CASA BELO HORIZONTE, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL; 2.FIP MOC, MONTES CLAROS, MG, BRASIL; 3.UNIMONTES, MONTES CLAROS, MG, BRASIL. Resumo: Introdução: A anafilaxia é a forma mais grave de manifestação alérgica e constitui verdadeira emergência médica. Manifesta-se por alterações cutâneo-mucosas, respiratórias, gastrintestinais e cardiovasculares, que surgem minutos a horas após a exposição ao agente desencadeante. Pode estar relacionada tanto a mecanismo imunológico como não imunológico e o choque anafilático representa sua forma mais dramática. O objetivo do presente relato é discutir o manuseio desta grave ocorrência em dois pacientes cirúrgicos. Relato dos casos: Pacientes do sexo masculino, 23 e 31 anos de idade, foram submetidos a apendicectomia em caráter de urgência, sob raquianestesia com bupivacaína hiperbárica. Ambos os pacientes receberam infusão de 2 g de cefazolina antes da incisão cirúrgica e nenhum deles foi sedado. Já nos primeiros minutos ambos apresentaram sinais de hipersensibilidade imediata, como urticária generalizada e angioedema de lábios, pálpebras e língua. Em seguida cursaram com dispnéia e hipotensão, e um deles apresentou edema de glote. Nos dois casos optou-se por induzir anestesia geral para assegurar a via aérea. Administrou-se inicialmente adrenalina (0,5mg mg via subcutânea, totalizando três doses a intervalos de 5 minutos) e posteriormente prometazina via intramuscular e hidrocortisona endovenosa. Observou-se melhora parcial do quadro clínico e no pós-operatório os pacientes foram encaminhados para o CTI. O paciente mais jovem evolui com estabilidade, foi extubado no dia seguinte e recebeu alta hospitalar precoce. O outro paciente permaneceu em ventilação assistida por três dias, necessitou de aminas vasoativas, e recebeu alta do CTI após 6 dias. Cumpre assinalar que nenhum dos pacientes apresentava história pregressa de alergia a antibióticos e que o paciente que cursou com maior gravidade era portador de asma persistente moderada. Discussão: Esses dois casos ilustram a imprevisibilidade da ocorrência e do curso de uma reação anafilática no paciente cirúrgico. O adequado emprego de medidas emergenciais suportivas e terapêuticas, com ênfase no uso da adrenalina, são fundamentais para um bom êxito na abordagem destes pacientes. Destaca-se ainda que, embora estas reações sejam muitas vezes agravadas pela asma, a ausência de história prgressa de reação de hipersensibilidade não exclui ocorrências inéditas. Ambos casos foram coletados dentro das normas do Comitê de Ètica da Universidade Estadual de Montes Claros-MG, parecer 1598. Referência:Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 33. N° 5, 2010;33(5):199-202.

AO 114 IMPLANTAÇÃO DE PROTOCOLO DE PREVENÇÃO DE NÁUSEAS E VÔMITOS PÓS-OPERATÓRIOS EM HOSPITAL TERCIÁRIO DE SOROCABA. ANÁLISE PRELIMINAR. RENAN EIJI TOKUMOTO; EDUARDO TOSHIYUKI MORO; WILLIAM BIN TIEN IE; MAURICIO AUGUSTO VICECONTI; ALEXANDRE PALMEIRA GOULARD PUC, SOROCABA, SP, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO. Náuseas e vômitos constituem uma das complicações mais frequentemente observadas no período pós-operatório. Este estudo teve como objetivo avaliar a adaptação à implantação de protocolo de prevenção de NVPO em hospital terciário de Sorocaba. MÉTODO. De fevereiro a setembro de 2010, foram avaliados 1067 pacientes com idade acima de 12 anos, submetidos à anestesia geral. Na SRPA, foram registrados o sexo, o tipo de anestesia, a classificação de risco para NVPO, o emprego (ou não) do N2O, os antieméticos empregados, a ocorrência de NVPO e o resgate adotado. A adesão ao protocolo foi classificada como total, parcial ou ausente. RESULTADOS. Dos pacientes avaliados, 643 (60,3%) eram do sexo feminino e 424 (39,7%) do sexo masculino; 874 (81,9%) foram submetidos à anestesia venosa e 193 (18,1%) à anestesia inalatória. A incidência geral de náusea na SRPA foi de 5,4% e de vômito, 2,3%. Entre as mulheres a incidência foi de 7,9% e entre os homens 2,1%. Para os pacientes considerados de alto risco para NVPO, a incidência foi de 10,1% e para aqueles com risco médio, 3,4%. Nenhum paciente com baixo risco apresentou a complicação. O protocolo foi adotado, total ou parcialmente, em 98,7% das anestesias avaliadas. Quando se comparou a relação entre o tipo de anestesia e a ocorrência de NVPO, observou-se que nos pacientes submetidos à anestesia venosa, 6,3% apresentaram náusea e/ou vômito, enquanto naqueles submetidos à anestesia inalatória, 4,7% apresentaram tal complicação. Para os pacientes submetidos à anestesia venosa, o emprego do N2O, parece não ter alterado a incidência de NVPO. Quando o parâmetro avaliado foi o número de agentes antieméticos empregados, observou-se que em 6,6%, 19,8%, 67,1%, 6,3% e 0,3% dos pacientes receberam nenhum, 1,2,3 e 4 agentes, respectivamente. Os agentes mais frequentemente empregados foram: dexametasona (77,6%), ondansetrona (77,4%), droperidol (11,8%), metoclopramida (5,5%) e dimenidrato (1,9%). CONCLUSÕES. A análise preliminar permite observar que a incidência de NVPO na SRPA é baixa, a adesão ao protocolo é elevada e o tipo de anestesia, inalatória ou venosa, parece não ter influenciado a incidência dessa complicação durante a permanência nesse setor. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 1. Anesth Analg, 2003; 97: 62-71. 2. Anesthegiology, 1999; 91: 693-700.

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AO 115 INCIDÊNCIA E IMPACTO DE HIPONATREMIA EM CIRURGIAS ENDOSCOPICAS COM FLUIDO DE IRRIGAÇÃO MARIA ALICE BARROS; MILENA AUR CHAHDA; IGOR MARTINS SANTOS; JOÃO MANOEL DA SILVA JÚNIOR; FERNANDO AUGUSTO NOGUEIRA; TIAGO SOUTO NACIF HOSPITAL SERVIDOR PUBLICO ESTADULA DE SAO PAULO, SAO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Origem:Hospital Servidor Publico Estadual-SP.Objetivos: A hiponatremia é o mais comum distúrbio eletrolítico encontrado em pacientes submetidos a cirurgias endoscópicas que utilizam soro para irrigação no intraoperatório, entretanto restam duvidas em relação à ocorrência e o real impacto deste problema. Portanto, este estudo tem por objetivo avaliar a incidência e as complicações de pacientes que realizaram cirurgias endoscópicas com soro de irrigação e apresentaram hiponatremia no intra-operatório. Material e Método: Estudo de coorte prospectivo, durante 1 ano, em um hospital terciário. Foram incluídos pacientes com idade ≥18 anos, submetidos a cirurgias endoscópicas que utilizavam soro de irrigação no intraoperatório. Pacientes em uso de diuréticos, distúrbios cognitivos, disfunção renal ou hiponatremia previa e gestantes foram excluídos. Os pacientes foram divididos em 03 grupos, conforme dosagem de sódio no intraoperatório, em normal, moderada e grave hiponatremia (Na≥136mmol/L, 130≤Na≤135mmol/L e Na<130mmol/L respectivamente). Resultados: Foram envolvidos 150 pacientes, sendo 39 excluidos, resultando em um n=111. A média de idade foi 63,5±13,6anos e 70,3% eram ASA II. O valor médio do sódio sérico no inicio de todas as cirurgias foi 140,9±2,4mmol/L e ao final 138,3±5,8mmol/L. A incidência de hiponatremia grave/ moderada foi 20%, com maior ocorrência em cirurgias de RTU de próstata, seguida de RTU de bexiga, histeroscopia, atroscopia de joelho e ombro, respectivamente 60,0%, 30,0%, 10,0%, 10,0% e 0,0% p=0,001. Porém, quando comparados os grupos, não houve diferenças nos dados demográficos, mas houve associação significante entre hiponatremia grave/moderada com maior tempo de cirurgia (98,5±32,5 versus 70,4±22,2min grupo normal p<0,05), além de maiores complicações no peri operatório, ou seja, maior ocorrência de rebaixamento do nível de consciência ao final do procedimento (49,1% hiponatremia grave/moderada versus 2,2% normal p=0,001) sendo que 10,0% das hiponatremias grave/moderadas apresentaram convulsão, maiores alterações eletrocardiográficas ao final da cirurgia (90,0% versus 12,4% grupo normal p=0,001), maior tempo de internação pós cirurgia (3,8±1,9dias versus 2,1±0,7dias grupo normal p=0,001) e em adição, 10,0% das hiponatremias grave/moderadas apresentaram insuficiência renal dialítica no pós-operatório e nenhum do grupo normal. Conclusões: A hiponatremia tem maior incidência em cirurgias de RTU de próstatas e esta mais associada com tempo de cirurgia prolongado e maiores complicações peri-operatórias. Referências: Incidence and Prevalence of Hyponatremia. The American Journal of Medicine (2006) Vol 119 (7A), S30–S35. Fontes de fomento: Nenhuma. Conflito de interesse: Nenhum.

AO 116 REAÇÃO ANAFILÁTICA APÓS EXPOSIÇÃO AO AZUL PATENTE – RELATO DO 2º CASO EM UM ANO PEDRO BIGARAN NETO; FERNANDO MARTINI LACRETA; EDUARDO TOSHIYUKI MORO; ALEXANDRE PALMEIRA GOULARD; MAURICIO AUGUSTO VICECONTI PUC, SOROCABA, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: O estudo histopatológico do linfonodo sentinela na investigação da disseminação linfática do câncer de mama vem substituindo a linfadenectomia diagnóstica nos casos em que a doença encontra-se em estágios precoces. O corante azul patente tem sido frequentemente utilizado no mapeamento linfático, o que tem resultado em alguns casos de reações alérgicas. O presente relato teve como objetivo descrever o segundo caso de reação anafilática perioperatória desencadeada pelo azul patente durante o intervalo de um ano. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 47 anos, ASA II, hipertensa controlada, sem antecedentes alérgicos, submetida à ressecção segmentar mamária e pesquisa de linfonodo sentinela sob anestesia venosa total. Recebeu midazolan 15 mg via oral como medicação pré-anestésica e realizada indução com sufentanil na dose de 1mcg.kg-1, propofol 2mg.kg-1, rocurônio 0,8 mg.kg-1, seguida de intubação orotraqueal sob visão direta. O plano anestésico foi mantido com propofol 70 mcg.kg.min-1 e remifentanil 0,2 mcg.kg-1. A monitorização inicial indicava pressão arterial não invasiva (PANI) de 140 x 80 mmHg, pulso de 70 bpm, SpO2 99%, apresentando redução da PANI para 100 x 60 mmHg após a indução. Após a aplicação do corante azul patente foi observado quadro caracterizado por taquicardia (155 bpm), redução da PA para valores inferiores a 40 X 20 mmHg e redução da SpO2 de 99% para 86%, acompanhada de reações urticariformes disseminadas pelo corpo. A administração dos anestésicos e do corante foi imediatamente interrompida e a ventilação mantida com FiO2 de 100%. Seguiu-se a expansão volêmica rápida com SF O,9%, difenidramina e hidrocortisona. A hipotensão arterial foi tratada com doses fracionadas de metaraminol em intervalos regulares de cinco minutos. Com estas medidas o quadro foi estabilizado, e após a extubação a paciente permaneceu normotensa e eupneica, porém com manutenção das placas urticariformes. Foi encaminhada à SRPA, onde permaneceu sem intercorrências obtendo alta para o quarto após remissão completa do quadro. Após 60 dias a paciente foi encaminhada ao ambulatório de Alergologia onde foram realizados testes alérgicos cutâneos azul patente e látex, sendo positiva apenas para azul patente, com formação de pápulas na diluição de 1:10. Conclusão: O presente relato descreveu o segundo caso de reação anafilática desencadeada pelo azul patente em um intervalo de um ano e confirmada por investigação pós-operatória. Referências bibliográfica. 1. Allergy, 2007; 62: 471-487 2. Anesthesiology, 2009; 111: 1141-50.

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AO 117 PARADA CARDÍACA PROLONGADA EM CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO DE MIOCÁRDIO ELTON DA SILVA BORDIN; JOSÉ FRANCISCO CURSINO DE MOURA; LUCIANO AUGUSTO FERNANDES; EDMUNDO PEREIRA DE SOUZA NETO HOSPITAL REGIONAL DE PRESIDENTE PRUDENTE, PRESIDENTE PRUDENTE, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: Existem vários relatos na literatura de pacientes em parada cardíaca prolongada revertida com sucesso variável utilizando circulação extracorpórea (CEC). Relato do Caso: Paciente masculino de 54 anos com infarto recente e múltiplas lesões na coronariografia (tronco de a. coronária esquerda, a. descendente anterior, a. coronária direita, a. circunflexa e aa. marginais) com programação de revascularização de miocárdio. Fração de ejeção de 37% pelo ecocardiograma. Indução da anestesia com etomidato, fentanil e pancurônio, realizada intubação orotraqueal e passagem de cateter venoso central. Subitamente o paciente apresentou taquicardia supraventricular, revertida rapidamente com adenosina e pouco depois evoluiu com hipotensão severa e perda da curva da onda arterial invasiva. Feito diagnóstico de atividade elétrica sem pulso, iniciada reanimação com massagem externa e adrenalina intravenosa. Após 10 minutos de reanimação efetiva não houve retorno da circulação espontânea e o paciente apresentava-se em assistolia. Foi optado por iniciar a cirurgia mantendo a massagem cardíaca externa, com pressão arterial média ao redor de 80 a 90 mmHg e capnografia de 35 a 40 mmHg. Administrado 1g de tiopental e 80 mEq de bicarbonato de sódio. Após esternotomia a equipe cirúrgica iniciou massagem cardíaca interna, as cânulas arterial e venosa foram colocadas e a CEC iniciada, sendo que o tempo total de parada cardíaca foi de 45 minutos. A CEC foi realizada com hipotermia (33,3o C) e cardioplegia sanguínea normotérmica anterógrada. Foram colocadas 4 pontes com veia safena, tempo de CEC de 180 minutos e clampeamento aórtico 154 minutos. Depois do desclampeamento da aorta houve retorno espontâneo dos batimentos cardíacos e a circulação espontânea foi restaurada com auxílio de noradrenalina 0,1 mcg.kg-1.min-1 e dobutamina 7,5 mcg.kg-1.min-1. O paciente manteve-se estável até o final da cirurgia e foi levado à unidade coronariana intubado com as mesmas doses de noradrenalina e dobutamina. Evoluiu no pós-operatório hemodinamicamente estável, foi desintubado em 24 horas, recebeu alta da unidade intensiva após 18 dias sem sequelas neurológicas e alta hospitalar 24 dias após a cirurgia. Discussão: Alguns autores defendem o uso da CEC nos casos de parada cardíaca, especialmente quando prolongada, como alternativa terapêutica às manobras de reanimação usuais. Os relatos na literatura mostram sucesso bastante variável, dependendo da situação clinica. Neste caso o paciente foi prontamente reanimado, já se encontrava anestesiado, monitorizado e com toda equipe presente, o que provavelmente foi decisivo na boa evolução. Referências: Emerg Med J 2004; 21:498–503

AO 118 EDEMA AGUDO DE PULMÃO EM PACIENTE RENAL CRÔNICO SUBMETIDO A PARATIREOIDECTOMIA OTAVIO HAYGERT SCHNOR; ELIANA ANTUNEZ WESTRUPP; GASTÃO FERNANDES DUVAL NETO; MATEUS DA SILVA MEIRELES; ANDRÉ RIGO; FÁBIO GIARDINI POGORELSKY UFPEL, PELOTAS, RS, BRASIL. Resumo: Origem: CET MED-SBA da Universidade Federal de Pelotas. Hospital Escola UFPel. Pelotas, RS. Justificativa e objetivos: Salientar a prevalente associação entre Insuficiência Renal crônica e doenças cardiovasculares, contribuindo importantemente para o risco anestésico destes pacientes. Método: Descrição de caso clínico Descrição: Paciente de 45 anos, branco, com Insuficiência Renal Crônica anúrica – em diálise, capacidade funcional superior a 4 MET, ASA 4, estenose valvar mitral moderada e Hipertensão Pulmonar Secundária, submetido a Paratireoidectomia para tratamento de Hiperparatireoidismo secundário refratário a abordagem clínica. Submetido a hemodiálise 12 horas antes do ato cirúrgico. Indução anestésica com fentanil, Propofol e atracúrio em doses usuais. Manutenção feita com Enflurano. Feito Esmolol EV 0,5mg/kg 1 minuto antes da intubação traqueal. Reposição hídrica realizada apenas com jejum calculado. Durante superficialização anestésica, após extubação, paciente apresenta taquicardia sinusal, hipertensão arterial (PAM 130), diminuição da complacência pulmonar (<15ml.cmH20-1), extertoração e secreção rósea, sendo feito diagnóstico de EAP. Ventilado sob pressão positiva com O2 a 100% em Máscara, aprofundado plano anestésico com propofol, instituída infusão contínua de nitroglicerina (0,5mcg/kg), com melhora clínica importante. Paciente transferido para UTI onde teve alta em 3 dias com bom estado clínico. Discussão: As complicações cardiovasculares são a principal causa de óbito geral em pacientes renais crônicos (Circulation 2003; 108: 2154 -69). A calcificação das válvulas cardíacas é frequente em pacientes tratados com diálise cronicamente (J Am Soc Nephrol. 2001; 12: 1927-36 , 2003; 14: 159-68). Além da possibilidade de repercussão clínica na forma de refluxo ou estenose valvares, há aumento do risco de mortalidade por eventos cardiovasculares no paciente urêmico. A obstrução mecânica leva a um aumento da pressão atrial esquerda, vasculatura pulmonar e ventrículo direito, predispondo ao edema agudo de pulmão. Torna-se necessária uma boa avaliação pré-cirúrgica e controle trans-operatório, objetivando evitar taquicardia e prevenir o aumento da resistência vascular pulmonar por hipóxia, hipercarbia, acidose ou plano anestésico superficial (Eur heart j, 2007; 28: 230-268). É recomendável que o anestesiologista preveja os riscos e esteja pronto para manejo de intercorrências e prevenção de complicações nesse grupo de pacientes.

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AO 119 SUSPEITA DE HIPERTERMIA MALIGNA SEM HIPERTERMIA EM ANESTESIA PARA TIMPANOPLASTIA JULIANA FERIAN FERIAN; ALEXANDRE TAKEDA TAKEDA; HELGA ALMEIDA DA SILVA; JOSE LUIZ GOMES DO AMARAL; LUIS EDUARDO SILVEIRA MARTINS UNIFESP, SAO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: A hipertermia maligna é condição rara e possivelmente fatal. Entretanto, sua real incidência pode estar subestimada, visto que em alguns episódios o quadro clínico é discreto e cerca de 50% dos susceptíveis têm antecedentes de exposição a agentes desencadeantes, sem qualquer manifestação da doença. Relato de caso: Masculino, 9 anos, 30 kg, ASA 1, sem cirurgias prévias ou história de intercorrências anestésicas na família. Proposta cirúrgica: timpanoplastia direita por otite de repetição. Anestesia planejada: geral balanceada. Monitoração: cardioscopia, pressão arterial não invasiva, oxímetro de pulso e análise de gases anestésicos. Sinais vitais iniciais: pulso de 62 batimentos por minuto (bpm), pressão arterial de 104 por 60 mmHg e saturação arterial de 96%. Realizada analgesia inalatória com óxido nitroso a 70% para punção venosa periférica, seguida de indução venosa com sufentanil 0,5 mcg/kg, propofol 2 mg/kg e atracúrio 0,5 mg/kg. Intubação orotraqueal sem intercorrências. Manutenção com mistura de ar e oxigênio a 50% e Isoflurano a 1%. Posicionamento do paciente e colocação de manta aquecida. Após 5 minutos, previamente à colocação de campos cirúrgicos, paciente apresentou taquicardia de 70 para 110 bpm, hipertensão arterial de 130 por 90 mmHg e aumento da fração expirada de CO2 de 27 para 38 mmHg. A fração expirada de Isoflurano era 0,8%. Realizada infusão adicional de propofol 3 mg/kg e sufentanil 0,3 mcg/kg sem alteração do quadro. Levantada hipótese de hipertermia maligna e optado por interromper vaporização de Isoflurano, lavagem do circuito com fluxo de oxigênio e manutenção com anestesia venosa total com propofol 100 mcg/kg/min e remifentanil 0,15 mcg/kg/min. Colocado termômetro nasofaríngeo que aferiu 36,4ºC. Paciente apresentou melhora rápida do quadro clínico com retorno da frequência cardíaca para 78 bpm e pressão arterial para 100 por 60 mmHg. Realizada coleta de exames que evidenciaram CPK= 530 U/L, CKMB= 32 U/L, K= 3,98 mmol/L, cálcio ionizado= 1,24 mmol/L, pH = 7,38, pCO2 = 35,3 mmHg e lactato= 7 mg/dL. O paciente foi encaminhado acordado à unidade semi-intensiva onde permaneceu em observação por mais 24h, sem apresentar novas alterações no quadro clínico. Na alta, apresentava CPK= 365 U/L. A família foi orientada caso haja necessidade de nova intervenção cirúrgica a comunicar aos anestesiologistas sobre a suspeita de hipertermia maligna e o paciente foi encaminhado ao Centro de Estudo Diagnóstico e Investigação da Hipertermia Maligna da UNIFESP, onde aguarda investigação. Discussão: Sabe-se que a expressão clínica das crises da hipertermia maligna é variável, portanto sua suspeita deve ser valorizada. O diagnóstico de hipertermia maligna é de responsabilidade do anestesiologista que muitas vezes presencia um primeiro episódio, mesmo que frustro. Cabe a ele o domínio do tema para realização de diagnóstico diferencial e conduta adequados.

AO 120 ANESTESIA SUBDURAL BRUNO MENDES CARMONA; VANESSA ANDREA MOREIRA CARDOSO; MARIO DE NAZARETH CHAVES FASCIO; ADRIANO LIBERMAN MAGALHAES DE BARROS CET DO INSTITUTO OPHIR LOYOLA, BELEM, PA, BRASIL. Resumo: Introdução: A anestesia peridural é amplamente difundida no meio anestésico. As complicações desta técnica podem incluem raquianestesia total, cefaléia pós punção inadvertida de duramáter, hematoma espinhal, intoxicação sistêmica por anestésico local e infecção. A anestesia subdural é uma complicação menos frequente, que ocorre quando o anestésico local depositado no compartimento peridural atinge este espaço virtual. Caracteristicamente, os efeitos farmacocinéticos e farmacodinâmicos dos anestésicos depositados no espaço subdural são intermediários entre os efeitos da anestesia subaracnóidea e peridural. O presente caso relata a ocorrência de anestesia subdural total após realização de peridural torácica alta. Relato do caso: Paciente do sexo feminino, 23 anos, estado físico P1, submetida a setorectomia da mama direita devido tumor benigno de aproximadamente nove centímetros no maior diâmetro. Após monitorização com oxímetro de pulso, eletrocardiograma e pressão arterial não-invasiva, venóclise com cateter 20 G e sedação com midazolam 2 mg e fentanil 75 mcg, realizou-se anestesia peridural torácica alta (T2-T3), sendo o espaço peridural identificado pela técnica da dota pendente de Gutierrez. Esta punção foi realizada com agulha de Tuohy 18 G sem intercorrências e não houve refluxo de LCR. Em seguida, injetou-se bupivacaína 0,5% com excesso enantiomérico S75:R25 com vasoconstrictor (1:200.000) 10 ml, fentanil 100 mcg e água destilada 3 ml. Após a instalação do bloqueio, não houveram alterações hemodinâmicas e respiratórias significativas. Cerca de 40 minutos após o início da cirurgia a paciente evoluiu com apnéia, rebaixamento do nível de consciência e midríase, sendo imediatamente ventilada sob máscara facial com O2 a 100% e intubada sem dificuldades. Foi mantida sob ventilação mecânica por 30 min, quando então despertou e reassumiu sua ventilação espontaneamente, sendo extubada tranquilamente. Ressalta-se que em nenhum momento a paciente apresentou instabilidade hemodinâmica, não sendo necessário o uso de drogas vasopressoras. Por fim, a paciente foi encaminhada à sala de recuperação pós-anestésica, de onde foi liberada após 2 h sem déficit motor, neurológico ou cognitivo, recebendo alta hospitalar após 24 h. Discussão: A anestesia subdural após a realização de peridural é uma situação incomum na anestesiologia, sendo diagnosticada pelo seu quadro clínico que, diferentemente da raquianestesia total, apresenta instalação lenta, de menor intensidade, menor repercussão hemodinâmica e recuperação mais rápida. Referências: Oliveira LF - Anestesia Peridural, em: Manica J - Anestesiologia: Princípios e Técnicas, 3ª Ed, Porto Alegre, Artmed, 2003; 696-703. Vásquez CE, Tomita T, Bedin A, Castro RAC. Anestesia subdural após punção peridural. Relato de dois casos. Rev Bras Anestesiol. 2003; 53:2:209-13.

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AO 121 SEDAÇÃO PARA DRENAGEM DE HEMATOMA SUBDURAL CRÔNICO EM PACIENTE CARDIOPATA GRAVE LEANDRO GOMES BITTENCOURT; JOYCE CARDOSO; CAROLINA RUIVO NICOLAU; CARLOS ROGÉRIO DEGRANDI OLIVEIRA; CELSO SCHMALFUSS NOGUEIRA; ALFEU DAL RI CET EM ANESTESIOLOGIA DA SANTA CASA DE SANTOS, SANTOS, SP, BRASIL. Resumo: Introdução – A insuficiência coronariana vem se tornando bastante prevalente nos dias atuais, com elevada morbimortalidade no perioperatório, estando muitas vezes associada a outras patologias que trazem o paciente ao centro cirúrgico, tornando o seu manejo um grande desafio ao anestesiologista. O objetivo deste relato é mostrar o planejamento anestésico para drenagem de hematoma subdural crônico em paciente com elevado risco cardiovascular. Relato do Caso – Paciente do sexo masculino, 66 anos, 66 kg, ASA 4E, foi admitido no serviço de cirurgia cardíaca com programação de revascularização miocárdica. Apresenta dispneia, angina aos pequenos esforços, história de epilepsia, com síncopes e quedas da própria altura freqüentes, motivando uma tomografia de crânio. Esta evidenciou hematoma subdural crônico fronto-parietal esquerdo, sendo proposto tratamento neurocirúrgico com drenagem do hematoma por trepanação. Na admissão da sala de cirurgia, o paciente apresentava-se lúcido e orientado no tempo e espaço, ausência de déficits sensoriais, motores ou cognitivos, sendo realizada monitorização com cardioscópio, oxímetro e medidas da PA automática, seguido de venóclise com cateter 20G em membro superior, instalação de cateter nasal de O2 e início de infusão de dexmedetomidina com dose de ataque de 1mcg/kg em 10min com posterior ajuste para 0,5mcg/kg/hora, 50 mcg de fentanil e 2 mg de midazolam. A cirurgia transcorreu sem intercorrências, o paciente manteve-se sedado, escala de Ramsey 5, ventilando espontaneamente, mantendo frequência cardíaca e níveis pressóricas sem variação, havendo apenas um episódio de hipotensão leve, logo corrigido apenas com hidratação. Ao fim do procedimento, o paciente foi desperto apenas com o chamado, referindo completa amnésia e conforto durante o procedimento, encaminhado à sala de recuperação pós-anestésica, mantendo-se assintomático e estável hemodinamicamente sendo encaminhado ao CTI. Permaneceu sob acompanhamento neurocirúrgico e cardiológico, aguardando a cirurgia de RM. Discussão – A grande maioria das complicações cardiovasculares em pacientes submetidos à cirurgia têm relação com coronariopatia pré-existente. Em pacientes com elevado risco cardiovascular alguns investigadores têm descrito incidências de aproximadamente 34% para tais eventos, que incluem morte de causa cardíaca, infarto do miocárdio, arritmias e insuficiência cardíaca. Os agonistas alfa-2 adrenérgicos parecem úteis na terapia perioperatória de pacientes coronariopatas ou com fatores de risco cardiovascular que requerem controle hemodinâmico perioperatório e sedação satisfatória.

AO 122 USO DE DEXMEDETOMIDINA EM NEUROCIRURGIA PARA TRATAMENTO DA DOENÇA DE PARKINSON COM PACIENTE ACORDADO. RELATO DE CASO. SUSAN KELLY DA SILVA VASCONCELOS; MARIA DE LOURDES DE ALMEIDA PEREIRA MACEDO MARQUES; BARBARA LIMA SOUSA; FERNANDA GARGIULO CAGGIANO; CARLOS ROGÉRIO DEGRANDI OLIVEIRA; CELSO SCHMALFUSS NOGUEIRA SCMS, SANTOS, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: Em alguns procedimentos neurocirúrgicos existe necessidade da realização de testes neurofisiológicos para verificar o local exato da intervenção cirúrgica, ou para avaliar o efeito produzido pela mudança funcional pretendida. Nestes casos é necessária a cooperação do paciente que deve estar colaborativo e confortável. A dexmedetomidina é um agonista Đ2-adrenérgico que possui ação hipnótica, ansiolítica e analgésica associada à ausência de depressão respiratória, tornando-se uma boa opção nestes casos. Relato de caso: Paciente masculino, 68 anos, com diagnóstico de Doença de Parkinson. Deu entrada no centro cirúrgico apresentando tremores de forte intensidade que dificultavam a fala e a coordenação motora. Apresentava saturação de O2 98% em ar ambiente, PA 150/90 mmHg, FC 110bpm. O paciente foi submetido à craniotomia e avaliação funcional no período intra-operatório para identificação da área cerebral interessada à introdução dos eletrodos cerebrais. Para isso, foi submetido a uma sedação consciente com dexmedetomidina na dose de 0.4 µg.kg-1.h-1 e anestesia local realizada pelo cirurgião com bupivacaína 0,5% s/v. Paciente manteve-se hemodinamicamente estável, não apresentou depressão respiratória e era colaborativo aos exames durante o procedimento. Após introdução e testes dos eletrodos, foi mantido dexmedetomidina na mesma dose e iniciado anestesia venosa total com propofol, remifentanil e rocurônio para o implante do gerador subcutâneo. A cirurgia teve duração de 4 horas das quais 3 horas o paciente permaneceu acordado. Paciente extubado em sala operatória sem intercorrências. Discussão: A técnica de sedação consciente com dexmedetomidina para tratamento cirúrgico da Doença de Parkinson proporciona ao paciente a capacidade de responder de modo apropriado a estímulos motores e a comandos verbais, sendo uma das opções para a realização desse tipo de procedimento. Referencias: J Neurosurg Anesthesiol, 2004;16:20-25; Anesthesiology.2008:109:A-472; Rev Bras Anestesiol 2006; 56: 4: 402-407.

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AO 123 HEMORRAGIA INTRACRANIANA DURANTE A GESTAÇÃO NELSON ORLANDO DA SILVA ALEX FILHO; THALITA LIMA EZARCHI; MARINA MARTINS ASSUNÇAO VALADARES DA SILVA; JOSÉ ROBERTO NOCITI; PAULO SERGIO MARCELINO SERZEDO CET-SBA DA SANTA CASA DE MISERICORDIA DE RIBEIRAO PRETO, RIBEIRAO PRETO, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e ojetivos: A hemorragia intracraniana que ocorre na gravidez é um fenômeno raro, com incidência da ordem de 0,01 a 0,05%, porém com morbimortalidade elevada, entre 35 e 80% dos casos1,2,3. O objetivo é relatar o caso de uma gestante com hemorragia intraparenquimatosa devido a rotura de malformação arteriovenosa (MAV) cerebral, submetida a tratamento cirúrgico com sucesso para o binômio materno-fetal. Relato de caso: Paciente de 25 anos, primigesta, com gestação tópica de 22 semanas, apresentou quadro de cefaléia súbita evoluindo para crise convulsiva parcial, afasia, parestesia hemifacial à direita e parestesia em membro superior direito. A tomografia computadorizada acusou hematoma intraparenquimatoso parietal à esquerda e a ressonância magnética forneceu imagem fortemente sugestiva de MAV na mesma região. Foi submetida a neurocirurgia para exérese da MAV, sob anestesia venosa total com propofol, sufentanil e rocurônio, com ventilação controlada. A cirurgia transcorreu sem intercorrências e a paciente foi extubada na sala de cirurgia após administração de sugammadex. Encaminhada ao CTI, teve pós opertório tranquilo com alta desta unidade após 24horas. Aproximadamente, dois meses depois apresentou melhora dos déficits neurológicos focais (exceto pelas crises convulsivas). A gestação evoluiu normalmente até a 36 semana, quando ocorreu o nascimento por cesariana eletiva sob raquianestesia, com RN sadio e evolução neurocomportamental normal. Discussão A hemorragia intracraniana na gestação cursa com elevada mortalidade constituindo a terceira maior causa de morte indireta (não obstétrica)3. Nos casos de hipertensão intracraniana associada a MAV, o melhor tratamento ainda não está bem estabelecido. Este relato documenta um caso de tratamento cirúrgico bem sucedido para mãe e o concepto. Referências 1.Am. J. of Neuroradiology 2000;21:1306-13011. 2.Arch. Gynecol. Obstetrics 2003;268: 325-328. 3.Neurosurg. Clin. N Am. 1998;9:549-556.

AO 124 INTUBAÇÃO RETRÓGRADA EM PACIENTE COM HEMATOMA SUBDURAL CRÔNICO LUDIMILA FALCÃO GOMES; LARISSA FALCÃO GOMES; RENATA PERES JACINTO SOCIEDADE BENEFICENTE DE CAMPO GRANDE - SANTA CASA, CAMPO GRANDE, MS, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: A via aérea difícil está presente em 1 a 4% dos pacientes cirúrgicos. É assim definida quando um profissional experiente encontra dificuldade na manutenção de ventilação sob máscara e/ou intubação traqueal. Técnicas alternativas incluem a laringoscopia de fibra óptica, máscara laríngea e a intubação retrógrada. Esta última é um método preconizado para resolução de casos de extrema dificuldade, geralmente sem apresentar complicações sérias. RELATO DO CASO: Paciente Y.M, sexo masculino, 63 anos, a ser submetido à craniotomia de urgência para drenagem de hematoma subdural crônico. Antecedentes patológicos: hipertensão arterial sistêmica, em uso de captopril, e revascularização do miocárdio há 6 anos. Ao exame físico encontrava-se em REG, REN, sonolento e não contactuante. PA: 160/90 mmHg, FC: 55 bpm, sem alterações do padrão respiratório. Classificação de Mallampati e distâncias tireomentoniana e tireoesternal não avaliadas devido à dificuldade técnica, porém observou-se limitação da mobilidade cervical. Realizada indução anestésica endovenosa com alfentanil (30 mcg/kg), etomidato (0,2 mg/kg) e atracúrio (0,5 mg/kg). Ventilação com bolsa-máscara satisfatória. Realizada laringoscopia direta, grau IV de Cormack e Lehane, tentativa de intubação orotraqueal sem sucesso. Após assepsia da região anterior do pescoço foi realizada punção de membrana cricotireóidea com cateter flexível 16 G, com bisel direcionado para cima, e passado um cateter peridural como fio guia, avançando em direção cefálica até a orofaringe. Por meio de visualização direta foi realizada a apreensão do cateter na orofaringe, através do qual foi introduzido na traquéia um tubo de 7 mm de diâmetro. Foi instituída ventilação pulmonar mecânica e a cirurgia transcorreu sem intercorrências. Paciente foi encaminhado ao CTI intubado. DISCUSSÃO: A intubação retrógrada percutânea foi descrita pela primeira vez em 1963, usando um cateter epidural, e em 1993 a técnica foi incluída no Algoritmo de Via Aérea Difícil da ASA. É realizada quando não se obtém sucesso com as técnicas convencionais, ou quando há anormalidades anatômicas importantes previamente diagnosticadas. Aproximadamente 90% dos casos de intubação difícil podem ser antecipados, refletindo maior tranqüilidade ao anestesiologista no momento da realização do procedimento em questão. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Rev. Bras. Anestesiol, 1997; 47: 4: 315 – 318; Anestesia Clínica, 4 ed, 2004, 614 - 627

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AO 125 CRANIOTOMIA EM MICROCIRURGIA DE TUMOR CEREBRAL COM PACIENTE ACORDADO. GUILHERME GOMES FELÍCIO DA CUNHA; JUNIO RIOS MELO; MARIA CLARA BELLAVINHA THOMAZI; FELIPE GALVÃO STANCIOLI; RODOLFO LIMA ROCHA HC/UFMG, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo:

Objetivo/Justificativa: Com a evolução dos anestésicos, dos equipamentos de monitorização e mapeamento neurocirúrgico possibilitou-se a realização de neurocirurgia através da técnica anestésica descrita como “Asleep-Awake-Asleep”.O objetivo é discutir as indicações e contra-indicações dessa técnica, seus benefícios e experiências em outros serviços já que se trata de uma anestesia não habitual para a maioria dos anestesiologistas. Relato: Paciente S.P.B, 50 anos, 60 Kg, relata cefaléia intensa e crises convulsivas. Nega cirurgia prévia, outras comorbidades e alergias. Em uso de carbamazepina 300 mg/2x dia.Admitida a sala cirúrgica consciente, orientada, sem déficit cognitivo ou motor. Apresentava imagem nodular à RNM classificado como tumor de ínsula. Acesso venoso com jelco 18G em MSD e 16G em MSE. Monitorização com cardioscópio, oximetro de pulso e PIA em radial esquerda. Oxigênioterapia a 8 L/min sob macro e capnografia através de cateter de aspiração. Iniciado sedação com bomba alvo controlada de propofol a 1mcg/ml e remifentanil a 0,05 mcg/Kg/h. Administrado cefazolina 2g e dexametasona 10 mg. Anestesia local executada pela equipe cirúrgica com 30 ml de ropivacaina 1%. As dosagens da anestesia venosa eram ajustadas de acordo com parâmetros clínicos e estimulação cirúrgica. Variação para o propofol(1 a 2,5 mcg/ml) e remifentanil(0,05 a 0,1). Administrado manitol 1g/ kg e 1g de fenitoína. Gasometria arterial demonstrava somente hipercapnia. No início da abordagem tumoral foi desligado a infusão de propofol até o despertar da paciente. Ressecção tumoral delimitada pela neuroestimulação da área da fala através da contagem de números. Reiniciado infusão venosa dos anestéscos até fechamento da pele. Administrado ondansetrona 4 mg e para analgesia cetorolaco 30 mg, dipirona 2g e morfina 0,1 mg/ml. Diurese de 3,7 ml/Kg/h. Duração total do procedimento de 4,5 h. Despertar ao final consciente e sem queixas. Discussão/Conclusão: Com a publicação dessa técnica há 50 anos por Wilder Penfild e André Pasquet evidenciou-se um marco histórico para este tipo de cirurgia, e consequentemente para a anestesia, quando surgiu a possibilidade de realizar a craniotomia com o paciente sob anestesia local e sedação intermitente, permitindo abordagem cirúrgica em áreas funcionais nobres através do despertar peroperatório e como resultado menor dano neurológico. Referências bibliográficas :Vinage, RCO -Anestesia para craniotomia em paciente acordado-Medicina perioperatória-561-569; Sarang A, Dinsmore J, Bekker A – Anaesthesia for awake craniotomy – evolution of a technique that facilitates neurological testing. Br J Anaesth, 2003;90:161-165.

AO 126 ANESTESIA PARA PACIENTE PORTADORA DA DOENÇA DE MOYAMOYA THADEU ALVES MÁXIMO; ANDRE LUIZ DOS SANTOS BARRA; ALEXANDRE YUGO HOLAYAMA ALVARENGA; LUIS EDUARDO RIAS CARDOSO; RODOLFO LIMA ROCHA; JUNIO RIOS MELO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UFMG, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Introdução - Moyamoya é uma doença vascular cerebral progressiva de etiologia não definida que cursa com estenose da artéria carótida interna. Em crianças, apresenta-se clinicamente por episódios de ataques isquêmicos transitórios de repetição. Uma infinidade de técnicas neurocirúrgicas tem sido propostas para tratamento e prevenção de novos episódios isquêmicos. Estas propõem a instituição de bypass direto ou indireto (neovascularização) entre a circulação extra e intracraniana. O manejo anestésico desses pacientes é particularmente desafiador. Além de todos os cuidados impostos à realização de anestesia para neurocirurgia, há que se considerar uma incidência aumentada de eventos isquêmicos peri-operatórios e alteração importante da fisiologia craniana normal neste grupo de pacientes. Relato de Caso - Trata-se de paciente feminina, 15 anos, 50kg, portadora da doença de Moyamoya associada à anemia falciforme. Vítima de acidente vascular isquêmico há 5 anos com sequela motora e disfasia revertidas espontaneamente. Admitida ao centro cirúrgico para realização de encefaloduroarteriosinangiose. Instituída monitorização padrão acrescida de cateter arterial para medida pressórica direta e espirometria contínua. Optado por anestesia venosa total alvo controlada com remifentanil e propofol; morfina e dipirona para controle da dor no pós-operatório, além de infiltração da ferida operatória com anestésico local. Ato cirúrgico e anestésico sem intercorrências com duração de 3 horas. Objetivou-se durante o intraoperatório a manutenção de normocapnia (ajustes ventilatórios e realização de gasometrias arteriais seriadas), normotensão, normotermia e normo a hipervolemia (administração vigorosa de fluidos). Paciente encaminhada ao CTI pediátrico para monitorização do pós-operatório imediato. Obteve alta hospitalar sem intercorrências em 3 dias. Discussão - Nota-se que os mesmos cuidados que devem ser dispensados a todos os pacientes neurocirúrgicos também o devem ser aos portadores desta rara enfermidade. Porém há que salientar que a anestesia deve ser pautada pela monitorização cuidadosa e busca pela adequada relação entre o fluxo sanguíneo cerebral já deficiente, a taxa metabólica cerebral e oferta adequada de oxigênio. Novas alternativas para monitorização como a saturação contínua do bulbo venoso e o uso de doppler tem sido empregadas com sucesso. Acerca da escolha da técnica anestésica, sabe-se que a anestesia por si é neuroprotetora e que há certa tendência em considerar a anestesia geral balanceada ou venosa total como preferíveis pelo risco potencial do fenômeno de roubo do fluxo sanguíneo cerebral advindo dos agentes inalatórios. A dor pós-operatória deve ser combatida de forma vigorosa e novas abordagens como os bloqueios de couro cabeludo combinados com anestesia geral vem ganhando destaque. Referências 1. Pediatric Anesthesia, 2005; 15: 1111-1115. 2. Journal of Neurosurgery. Pediatrics, 2008; 2(1):37-41. 3. Surgical Neurology, 2007; 68: 421-424.

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AO 127 ANESTESIA PARA NEUROCIRURGIA COM USO DE MONITORIZAÇÃO PEROPERATÓRIOA DOS POTENCIAIS EVOCADOS MOTORES E SOMATOSENSORIAS.RELATO DE CASO. CLÁUDIA HELENA RIBEIRO SILVA; MARCELO FONSECA MEDEIROS; SOFIA MEINBERG PEREIRA; WIRLEYDE MATTOS LEÃO; FABRICIO PAULO ROSSATI; TARCISIO MELO NOGUEIRA CET SANTA CASA DE BELO HORIZONTE, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivo: A literatura vem demonstrando a aplicação e eficácia da monitorização peroperatórioa dos potenciais evocados motores e somatosensorias em anestesia. O objetivo deste relato de caso foi demonstrar uma técnica anestésica adequada para aplicação do potencial evocado motor em localizar a área motora cortical. Guiando a ressecção de lesão expansiva intracraniana, com menor seqüela motora possível. Relato do caso: Paciente foi submetido a marcação esterotáxica da lesão expansiva intracraniana por tomografia computadoriza,submetido a intubação acordado devido a presença de alo de extereotaxia com bloqueio de nervos cervicais, aplicada anestesia geral venosa total sem uso de bloqueadores neuromusculares. Realizada superficialização de plano anestésico para monitorização da área motora e guiar a ressecção cirúrgica. Paciente manteve estabilidade no peroperatório, ressecção realizada com sucesso com preservação da área motora. Discussão: A monitorização dos potenciais evocados motores e somatosensitivos no peropearatório é um importante instrumento para o manejo cirúrgico de várias desordens do sistema nervoso central e periférico. O potencial evocado motor pode ser aplicado direta ou indiretamente e tem como objetivo testar a integridade das vias motoras descendentes. O conhecimento da interferência dos fármacos anestésicos com a monitorização dos potências evocados é importante para a escolha da melhor técnica anestésica. Esse trabalho propõe demonstrar uma técnica anestésica adequada para monitorização direta peroperatórioa de área motora cortical. Referência bibliográfica: 1) Mark Banoub, M.D., John E. Tetzlaff, M.D..Armin Schubert, M.D., Farmacologic and Phisiologic Influences Affecting Sensory evoked potentials. Anesthesiology 2003; 99:716–37. 2)Cotrell e Yong`s. Evoked potentials. Neuroanesthesia, Chapter 7, 2011; 115-130.

AO 128 ANESTESIA GERAL PARA PESQUISAS EM NEUROCIRURGIA NO TRAUMA CRANIANO EXPERIMENTAL VANESSA OLÍMPIO DE MELO GUEDES; MARCEL FERNANDO MIRANDA BATISTA LIMA; DANILO DOS SANTOS SILVA; ANDRÉA RIBEIRO GONÇALVES DE VASCONCELOS MEDEIROS; JOSÉ NAZARENO PEARCE DE OLIVEIRA BRITO; BÁRBARA HAMEDY CARVALHO E QUEIROZ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ, TERESINA, PI, BRASIL. Resumo: AUTORES: VANESSA OLÍMPIO DE MELO GUEDES; ANDRÉA RIBEIRO GONÇALVES DE VASCONCELOS MEDEIROS; JOSÉ NAZARENO PEARCE DE OLIVEIRA BRITO; DANILO DOS SANTOS SILVA; MARCEL FERNANDO MIRANDA BATISTA LIMA; BÁRBARA HAMEDY CARVALHO E QUEIROZ. INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS (FACIME/UESPI). Conflito de interesse: nenhum; Fonte financiadora: nenhuma. JUSTFICATIVA E OBJETIVO: Desenvolver um protocolo para anestesia em trauma craniano fechado experimental em ratos a partir do uso de propofol, fentanila e Xilazina avaliando a adequação técnica deste protocolo. MATERIAL E MÉTODOS: Foi realizado um estudo experimental, em que 25 exemplares de Rattus norvegicus Wistar, após exame físico geral, foram selecionados e submetidos à anestesia geral com uso de Xilazina 2%, 5mg/Kg, via subcutânea e fentanila na dose de 0,032mg/Kg via intraperitoneal (IP), como medicações pré-anestésicas. Após 10 minutos usou-se propofol na dose de 64,63mg/Kg via IP. Dez minutos após a injeção desta última droga produziu-se trauma craniano fechado com 0,5J de energia a partir do uso de plataforma de impacto controlado por queda de peso já descrita na literatura. Todos os dados relacionados à abolição dos reflexos, grau de analgesia estimado pela resposta motora e vocal ao estímulo doloroso da calda do animal, motricidade espontânea e sob estímulo doloroso, freqüências cardíaca (FC) e respiratória (FR), temperatura retal (TR), duração da anestesia e analgesia foram organizados em tabelas em intervalos de 5,10,30,50 e 80 minutos. RESULTADOS: Houve início de ação dos agentes pré-anestésicos dentro de 5 minutos após a administração, com máximo efeito analgésico em cerca de 10 minutos. A motricidade e reflexos palpebrais estavam deprimidos após 10 minutos da administração das drogas, mas não abolidos. O início de ação do propofol foi de 7 minutos em média com abolição completa dos reflexos e da motricidade após 10 minutos da administração. A anestesia durou cerca de 45 minutos e nenhum animal apresentou vocalização, retirada inespecífica durante o impacto e os minutos subseqüentes. A recuperação anestésica ocorria passados 25-30minutos da administração do propofol evoluindo de forma gradual com recuperação completa da motricidade e reflexos em cerca de 50 minutos. A analgesia era satisfatória por cerca de 40 minutos. Dez minutos após administração de todas as drogas houve discreto aumento da FC e sensível redução da FR e TR. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: O protocolo estudado oferece adequado plano anestésico e relativa segurança cardiorespiratória com níveis de analgesia satisfatórios para pesquisas em cirurgia no trauma craniano experimental e mínimo perfil teórico de interferência sob metabolismo neuronal em comparação com protocolos contemplando benzodiazepínicos, barbitúricos e agentes dissociativos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Acta Cir Bras. 1993; 8(1): 32-4; Acta Cir. Bras. 2011; 26(2): 94-100.

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AO 129 ARTRODESE DE COLUNA TORÁCICA SEGUIDA DE DECORTICAÇÃO PULMONAR EM PACIENTE POLITRAUMATIZADO FABIANA MARA A.CALDEIRA; MATIAS AUGUSTO DE CARVALHO; JOÃO VICTOR S.L.ALVARENGA; ANA CLAUDIA A.DELAGE HOSPITAL MUNICIPAL DR.JOSÉ DE CARVALHO FLORENCE, SAO JOSE DOS CAMPOS, SP, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÂO: O decúbito ventral necessário em artrodese de coluna implica repercussões cardiorrespiratórias importantes.Há queda do retorno venoso e débito cardíaco, estase sanguínea em membros inferiores, redução do diâmetro ântero-posterior da parede torácica, diminuição da complacência pulmonar e congestão do orgão, com alteração da ventilação-perfusão Todas as alterações serão mais significativas caso o paciente apresente comorbidades , tais como empiema pleural.RELATO: Paciente JPV,17 anos, sexo masculino,sofreu acidente automobilístico e foi diagnosticado com traumatismo crânio-encefálico, contusão pulmonar bilateral e fratura das vértebras T2/T3/ T4.No hospital apresentava-se com Spo2 = 72%, PA =150x80mmHg, FC =110bpm, Glasgow 14, murmúrio vesicular diminuído bilateralmente e plegia de membro superior esquerdo. Foi intubado e colocado sob ventilação mecânica e submetido a drenagem de tórax bilateral. O quadro clínico manteve-se grave e o paciente evoluiu com pneumonia, infecção do trato urinário e permanecia com drenagem de secreção sero-sanguínea pelos drenos torácicos. Assim, a artrodese de coluna torácica foi postergada. Entretanto, após dezoito dias do trauma, foi diagnosticado empiema pleural e houve necessidade de realizá-la a fim de minimizar os riscos de lesão neurológica devido a decorticação pulmonar em decúbito lateral. Então, o paciente foi recebido no centro cirúrgico com traqueostomia e macronebulização. A asculta pulmonar tinha sons abolidos nos dois terços inferiores do hemitórax direito.Foi monitorizado e apresentava Spo2 =92% ,PA= 110x70mmHg e FC =101bpm. Submetido a anestesia geral com 150mg de propofol, 500ug de fentanil e 50mg de rocurônio. Conectou se ventilador mecânico à traqueostomia, mantida ventilação volume controlado com 02 (60%) + Ar comprido+ Sevoflurane. Posicionamento do paciente em decúbito ventral, com suporte para a cabeça e coxins. A artrodese durou seis horas e meia e o paciente recebeu 5L de solução cristalóide, manteve níveis pressóricos adequados, diurese de 0,8ml/kg/h, SpO2 95% e pressão intratraqueal de 28cmH2O. Posteriormente, o paciente foi reposicionado em decúbito dorsal, submetido a troca da cânula de traqueostomia por tubo de carlens, a fim de se realizar ventilação monopulmonar. A seguir, posicionou-se o paciente em em decúbito lateral esquerdo sendo realizada decorticação pulmonar por videolaparoscopia. Ao término do procedimento, recolocada cânula de traqueostomia, encaminhado paciente a UTI.Após 06 dias, houve melhora significativa do quadro clínico.DISCUSSÃO:este paciente necessitou de cuidados intensivos, visto seu quadro clínico grave, com doença do sistema respiratório e as peculiaridades das duas cirurgias, havendo necessidade de decúbito ventral e troca de cânulas traqueais.Em casos como este, deve haver intenso cuidado com a manutenção da via aérea e ventilação adequada

AO 130 FIBRINÓLISE EM RESSECÇÃO DE MENINGIOMA – RELATO DE CASO LEONARDO LINHARES BROLLO; JOAO HENRIQUE ARAUJO; EDUARDO BIANCHINI; JEAN ABREU MACHADO; BENHUR HELENO DE OLIVEIRA; NEY BIANCHINI HOSPITAL NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO, TUBARÃO, SC, BRASIL. Resumo: Objetivo: Descrever a existência de fibrinólise durante a ressecção de meningiomas. Relato do caso: G.P.C, 27 anos, branco, solteiro, estudante, católico, natural e procedente de Tubarão/SC. Interna no dia 16/03/2011 com história de cefaléia associada a vômitos, com dois meses de evolução, que posteriormente agregou transtornos visuais, caracterizados por diplopia. Ao exame físico apresentava sinais de HIC e edema de papila bilateral. Paresia de elevação ocular bilateral e liberação piramidal nos quatro membros, mais acentuado a direita, onde apresentavam hemiparesia. Tomografia computadorizada (TC) de chegada com volumoso meningioma em cisterna quadrigeminal. Ressonância Magnética confirma achado da TC, evidenciando ainda hidrocefalia secundária. Sem doenças prévias ou uso de outras medicações, sem passado anestésico, sem alergias, sem vícios. Programado então pelo neurocirurgião ventriculostomia, realizada no dia 21/03/2011. Houve aparente melhora dos sintomas após o procedimento. Dia 12/05/2011 realizou-se microcirurgia para abordagem do meningioma. Submetida a uma anestesia geral balanceada, utilizado como drogas de indução, sufentanil 80mcg, propofol 160mg, lidocaína 80mg e pancurônio 8mg. Mantido no transoperatório com sufentanil 0,5mcg/kg/h e isoflurano 0,7 CAM. Como monitorização foi utilizada cardioscopia, pressão arterial invasiva, pressão venosa central, capnometria. Durante o transoperatório houve sangramento importante, que necessitou ser transfundido 1 concentrado de hemácias. Foram coletadas 5 amostras (punção da artéria radial, ao iniciar manipulação do tumor, 1 hora após a segunda coleta, admissão na UTI, 24 horas após admissão na UTI) de TAP, plaquetas, fibrinogênio e D-dímero. Comparando-se os valores pôde-se verificar um aumento considerável do d-dímero entre as amostras coletadas (1ª. 386,7, 2ª. 968,1, 3ª. 1085,9, 4ª. 1893,1 e 5ª. 1017,4), indicando que há correlação direta entre manipulação do tumor com elevação dos produtos da degradação da fibrina. Fato explicado pela liberação de fator tecidual (FT) e ativador do plasminogenio tecidual (t-PA), principalmente na substância cinzenta, durante as injúrias cerebrais agudas, como neurocirurgias e TCE, justificando o interesse nessa situação, visando uma melhor abordagem dos distúrbios da coagulação, intervindo de uma melhor maneira frente a esta situação em que muitas vezes os pacientes necessitam receber hemoderivados, expondo-os assim a uma grande possibilidade de contrair doenças ou dos malefícios da hemotransfusão como, por exemplo, a injúria pulmonar aguda relacionada à transfusão, reduzindo prejuízo ao paciente e reduzindo custos para o sistema de saúde.

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AO 131 ANESTESIA PARA TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO POR ARPÃO IGOR SOUZA DE ALMEIDA; MARCELLE CRUZ DE LUCENA; MARCIA CHARNECA DA SILVEIRA VAZ; JOSÉ LEONARDO MACHADO VAZ; DANIELLE CAVALCANTI MESQUITA DA SILVA; FERNANDA MORAES RIBEIRO HOSPITAL ESTADUAL ADÃO PEREIRA NUNES, DUQUE DE CAXIAS, RJ, BRASIL.

Resumo: INTRODUÇÃO: O traumatismo cranioencefálico (TCE) é a principal causa de incapacidade permanente e morte, ocorrendo com mais frequência em adultos jovens e acima de 75 anos, as etiologias mais prevalentes são: acidentes automobilisticos, violência e quedas. O objetivo desse relato é descrever o bem sucedido caso de uma anestesia para TCE causado por disparo de arpão em pesca submarina. RELATO DE CASO: masculino,37 anos, 78kg admitido na emergência com TCE por arpão de pesca; na tomografia computadorizada mostrou o objeto atravessando os dois lobos frontais e o teto da órbita esquerda. Na sala de cirurgia, acordado, orientado, linguagem preservada, movimentando os quatro membros, pressão arterial de 130x60 mmHg, frequência cardíaca de 80bpm e oximetria de pulso com 99%, estado físico ASA IE. Monitorização com cardioscopia, oxímetro de pulso e pressão arterial não invasiva e revisão de venóclise. Realizada técnica de anestesia venosa e inalatória, com indução anestésica em seqüencia rápida com propofol 200mg, fentanil 150µg e succinilcolina 100mg e intubação orotraqueal por laringoscopia direta com tubo orotraqueal 8,5 com balonete. Manutenção da anestesia com Isoflurano em concentrações variáveis de 1,5 a 2,0%. Hidratação peroperatória no total de 1500ml com Soro Fisiológico 0,9%, não havendo necessidade de hemotransfusão. Realizado craniotomia para retirada de corpo estranho. O procedimento durou 45 minutos, o paciente extubado após cerca de 15 minutos e encaminhado a sala de recuperação pós-anestésica, Aldrete e Kroulik 9. Analgesia pós-operatória multimodal com dipirona 2g, cetoprofeno 100mg venoso. DISCUSSÃO: O caso é emblemático pois o arpão atravessava o crânio do paciente, e sua retirada exigiu cuidados, pois não tinhamos noção de quais injúrias sua retirada poderia gerar. Portanto, a anestesia é um fator importante para manter a perfusão cerebral e oxigenação, e evitar os danos da injúria secundária e proporcionar condições cirurgicas adequadas. Há tendências controversas ao uso de corticóide e manitol, que só é indicado nos casos de hipertensão intracraniana, que não foi o caso. A hidratação deve manter a osmolaridade plasmática. CONCLUSÃO: Apesar do trauma inicial não houve lesão grave do encéfalo e do leito vascular. A anestesia realizada apresentou condições fundamentais para a boa assistência ao paciente com trauma cranioencefalico, ou seja, pressão de perfusão cerebral, oxigenação, osmolaridade plasmática e aporte calórico ideais. Referência Bibliográfica: Pedroza, JR – Conduta Anestésica no Trauma Encefálico: O que é atual?, em Cavalcanti IL, Cantinho FAF e Assad A, Medicina Perioperatória,SAERJ, Rio de Janeiro,2006; 505-518.

AO 132 AVALIAÇÃO DO DIÂMETRO DAS VEIAS JUGULARES INTERNAS EM CRIANÇAS ANTES DE UMA CIRURGIA DE REMODELAGEM CRANIANA EDMUNDO PEREIRA DE SOUZA NETO1; GEOFFRAY KELLER1; SEBASTIEN GROUSSON1; CARMINE MOTTOLESE2; FREDERIC DAILLER1 1.SERVICE D’ANESTHÉSIE – RÉANIMATION, HOSPITAL PIERRE WERTHEIMER, LYON, FRANÇA; 2.SERVICE DE NEUROCHIRURGIE INFANTILE, HOSPITAL PIERRE WERTHEIMER, LYON, FRANÇA. Resumo:

Justificativa e objetivo(s): Uma relação complexa entre anomalia do retorno venoso e hipertensão intracraniana já foi bem documentada nas formas sindrômicas de cranioestenose [1]. Essas anomalias de fluxo venoso podem explicar a constatação perioperatória de hipertensão intracraniana ou de hemorragias julgadas como excessivas. O objetivo do nosso estudo é de comparar o diâmetro máximo das veias jugulares internas entre crianças com cranioestenose sindrômica e não sindrômica. Materiais e métodos: Após acordo parental, incluímos 30 crianças submetidas à correção cirúrgica por cranioestenose. O estudo ultrassonográfico foi realizado em decúbito dorsal após indução anestésica sob ventilação mecânica e sem expansão volêmica. Foi utilizado um aparelho Siemens Acuson X300™ e sondas de alta frequência 13,5 MHz (sonda « hockey » se peso < 10 Kg). Os seguintes dados foram obtidos: idade, peso, altura, superfície corporal e imagem dinâmica das veias jugulares. A análise dos dados ecográficos e cálculo do diâmetro das veias jugulares foi realizada a posteriori por 02 anestesiologistas – intensivistas experientes em ecografia vascular. As crianças foram divididas em 2 grupos: 15 pacientes com cranioestenose sindrômica (Crouzon) e 15 pacientes com cranioestenose não sindrômica (7 com trigonocefalia e 6 com escafocefalia). O teste U de Mann Whitney foi utilizado para analisar as variáveis demográficas e diâmetro das veias jugulares entre os grupos. P < 0,05 foi considerado como significativo. As analises estatísticas foram realizadas com o programa StatView TM (version 4.57, Abacus Concepts Inc., Berkeley, CA, USA). Os resultados são expressos em mediana +/- desvio padrão da mediana. Resultados:

Cranioestenose sindrômica Cranioestenose não sindrômica P Idade (meses) 8,0 ± 2,0 14,0 ± 7,0 0,60 Peso (kg) 9,0 ± 1,4 9,0 ± 1,0 0,48 Altura (cm) 70,0 ± 3,5 74,5 ± 4,5 0,49 Surperficie corporal (m2) 0,43 ± 0,05 0,43 ± 0,04 0,43 Diametro VJI direita (mm) 9,7 ± 1,4 10,8 ± 2,1 0,33 Diametro VJI esquerda (mm) 8,9 ±1,4 10,2 ± 1,5 0,07 VJI- veia jugular interna Discussão e conclusões: Nosso estudo não permitiu colocar em evidência uma diferença do retorno venoso entre cranioestenose sindrômica e não sindrômica. São necessários estudos com maior amostragem e com a utilização de angiografia para evidenciar possíveis diferenças. Referências bibliográficas: 1 - Childs Nerv Syst. 1997; 13(2): 97-100.

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AO 133 MEDIDAS DE PRESSÃO VENOSA PERIFÉRICA PARA ESTIMATIVA DA PRESSÃO VENOSA CENTRAL MARIANA EMI MAKITA; CLOVIS TADEU BEVILAQUA FILHO; ANDRÉ LUIS MOMM PAGANELLI; PRISCILA MARCON CARDOSO; GETULIO RODRIGUES DE OLIVEIRA FILHO CET/SBA INTEGRADO DE ANESTESIOLOGIA DA SES-SC, FLORIANOPOLIS, SC, BRASIL. Resumo: MEDIDAS DE PRESSÃO VENOSA PERIFÉRICA PARA ESTIMATIVA DA PRESSÃO VENOSA CENTRAL CET/SBA Integrado de Anestesiologia da SES-SC – Rua Irmã Benwarda 297 – 88015-360 – Florianópolis – SC Justificativa e Objetivo: A pressão venosa central (PVC) reflete a relação entre volemia e a complacência vascular. Alterações da PVC indicam alterações do volume sangüíneo. Para medida da PVC é necessária a cateterização de uma veia central, procedimento que não é isento de riscos para o paciente e aumenta o custo e o tempo perioperatório. Correlações e concordância significativas entre as pressões venosas medidas através de cateteres venosos centrais (PVC) e periféricos (PVP) têm sido demonstradas 1,2. A estimativa da PVC a partir da PVP seria clinicamente útil, evitando a cateterização venosa central. Este estudo teve como objetivos determinar a concordância entre as medidas de PVC e PVP e derivar uma equação preditiva da PVC a partir da PVP. Materiais e Métodos: Este estudo prospectivo observacional foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição. Foram incluídos 13 pacientes adultos submetidos a cirurgias eletivas com monitorização de PVC através de cateter inserido por punção de veia jugular interna ou subclávia com técnica de Seldinger. Também foram inseridos cateteres venosos periféricos de teflon, calibres 18 a 14 G, em veia do membro superior. Medidas concomitantes de PVC e PVP foram obtidas por transdutores eletrônicos de pressão. A concordância e os vieses entre medidas foram estimados pelo método de Bland e Altman. Regressão linear simples foi utilizada tendo a PVC e a PVP como variável dependente e fator preditivo, respectivamente. A robustez do modelo foi confirmada por técnica de reamostragem aleatória com reposição (bootstrap), para cálculo dos intervalos de 95% de confiança dos coeficientes. Testes t de Student pareados foram utilizados para testar a diferença entre as medidas obtidas e as previstas. Valores de p<0,05 foram considerados significativos. Resultados: Foram obtidas 81 amostras pareadas. A diferença média entre as medidas de PVC e PVP foi de -1,74±1,85 mmHg e 92,5% das diferenças entre as medidas situaram-se entre os limites de concordância de 2 desvios-padrão da diferença média. O coeficiente de correlação (r) entre as medidas foi de 0,90 (r²=0,81). A equação linear derivada foi PVC=0,052+0,839PVP. Não houve diferença significativa entre os valores de PVC observados (9,41±3,99 mmHg) e os previstos pelo modelo (9,40±3,60 mmHg) Discussão e conclusões: A PVP pode ser clinicamente utilizada como substituta da PVC em pacientes adultos. Medidas de PVP podem ser utilizadas para estimativa da PVC pela equação linear derivada neste estudo. Referências bibliográficas: 1-J Cardiothoracic Vasc Anesth, 2001;15:40-43. 2-Anesth Analg, 2001; 92:172-9

AO 134 ANESTESIA PARA FEOCROMOCITOMA FÁBIO COSTA VIEITAS; DANIEL GÓES; HELENA MATTOS SABOIA; ANA VALERIA MOLL; PAULO ALIPIO FILHO; LUIS EDUARDO PEREIRA SILVA HOSPITAL FEDERAL DE BONSUCESSO, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Vieitas, F.C.*; Goes, D.R.; Saboia, H.M.; Moll, J.R.; Filho, P.A.G.; Silva, L.E.P CET do Serviço de Anestesiologia do Hospital Federal de Bonsucesso – Av. Londres 616 - Rio de Janeiro Objetivo: Demonstrar o nível de complexidade e as alterações hemodinâmicas decorrentes do manuseio anestésico-cirúrgico de paciente portador de tumor de glândula supra renal secretor de catecolamina. Relato do caso: Paciente de 48 anos, 75 Kg, trabalhados braçal, com história de hipertensão arterial há 02 anos, sendo tratado com: enalapril, atenolol, glibencamida, bromazepan e sinvastatina. Os exames de imagem e dosagem de catecolamina plasmática fecharam o diagnóstico de Feocromocitoma a direita. O paciente foi monitorizado de forma invasiva (PVC, PAP, PPO, SVO2) com cateter de artéria pulmonar Baxter CCOmbo, além da monitorização habitual (ECG, SpO2, EtCO2, PAM); Foi utilizado ecocardiograma trans-esofageano trans-operatório da marca Sonosite. Foi utilizado cateter peridural para o controle de dor pós-operatória. A indução foi realizada com Fentanil, Propofol e Cisatracúrio, sendo a anestesia mantida com Propofol em infusão contínua em dose alvo-controlada e com acréscimos de opióides. Ao término do procedimento o paciente foi extubado na S.O. e levado ao CTI para pós-operatório. O cateter peridural foi retirado na manhã seguinte, pois o paciente apresentava escala de dor (0-10) equivalente a 2. Teve alta para a enfermaria onde permaneceu por mais 7 dias até a alta hospitalar. Discussão: O Feocromocitoma é um tumor de células cromafins da medula adrenal que libera catecolaminas na circulação sistêmica levando a um quadro de hipertensão, taquicardia, arritmia, tremor, rubor, etc. O manuseio per-operatório é guiado pelas alterações observadas durante o procedimento cirúrgico. Habitualmente, até a ligadura da vasculatura do tumor são precisos vasodilatadores e beta-bloqueadores e após sua retirada são usados aminas vasoativas e expansores plasmáticos. A monitorização adequada concorre não apenas para correta indicação de fármacos, mas, também, para indicar o melhor momento para iniciar uma medida terapêutica. Referências: Perioperative management of pheochromocytoma Journal of Cardiothoracic and Vascular Anesthesia - Volume 16, Issue 3 (June 2002 - Michelle A.O. Kinney, MD; Bradly J. Narr,, MD; Mark A. Warner MD – Miller’s Anesthesia - 6° Edition – Churchil Livingstone – 2004 – Ronald Miller

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AO 135 ECOCARDIOGRAFIA TRANSESOFÁGICA EM ANESTESIOLOGIA – NOSSO PERFIL DE UTILIZAÇÃO ALEXANDER ALVES DA SILVA; MELLYANE BORGES RIBEIRO; VILSON FURLANETTO JUNIOR; CASSIO CAMPELO DE MENEZES; FERNANDO DAVID GOEHLER CET SÃO PAULO-SERV.MÉD.DE ANEST.S/C LTDA, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: Desde sua introdução na sala de cirurgia no início da década de oitenta, a ecocardiografia transesofágica (ETE) não só ganhou popularidade como também passou por grandes avanços tecnológicos e atualmente constitui-se numa ferramenta extremamente valiosa no período intra-operatório. No Brasil ainda não há dados publicados sobre o perfil de sua utilização no centro cirúrgico por anestesiologistas. O objetivo deste trabalho foi descrever a utilização do método no nosso hospital. Pacientes e métodos: Os prontuários de todos os pacientes submetidos à monitorização com a ecocardiografia transesofágica foram revisados. De janeiro de 2009 a janeiro de 2011, 164 exames intra-operatórios foram realizados em nosso serviço, sendo 41 pacientes pediátricos e 123 pacientes adultos. As informações obtidas incluíram as características demográficas dos pacientes, o motivo da indicação da monitorização e se houve ou não mudança na condução do caso, tanto anestésica quanto da cirúrgica. Resultados: Em todos os pacientes o exame foi realizado com sucesso e nenhuma complicação relacionada à ETE foi registrada. Quatro novos diagnósticos foram feitos no intra-operatório, um deles motivando mudança na proposta cirúrgica inicial. Em 83% dos casos a ETE levou a mudanças na condução anestésica relacionada à reposição volemica ou ajuste de drogas vasoativas e em 4,2% a ETE foi crucial em detectar situações potencialmente ameaçadoras a vida do paciente. Discussão e Conclusão: Apesar da nossa pequena casuística quando comparado a literatura mundial e das limitações deste estudo, houve concordância com outros relatos na literatura com relação às mudanças de conduta cirúrgico-anestésica baseadas na ETE intra-operatória. Assim como nas grandes casuísticas, os nossos dados também sugerem fortemente que a ecocardiografia transesofágica constitui-se em ferramenta extremamente útil para a monitorização de pacientes de risco quando submetidos à cirurgia não-cardíaca. Maiores estudos originados no nosso País são necessários, pois não há na literatura outros trabalhos que definam o perfil de utilização ou mesmo que estabeleçam claramente como vem sendo utilizado a ETE em nosso meio.

AO 136 UTILIDADE DA ECOCARDIOGRAFIA TRANSTORÁCICA NO CENTRO CIRÚRGICO UTILIZANDO O PROTOCOLO FTTE ALEXANDER ALVES DA SILVA; MELLYANE BORGES RIBEIRO; VILSON FURLANETTO JUNIOR; CLAUDIA MARQUEZ SIMÕES; CASSIO CAMPELO DE MENEZES CET SÃO PAULO-SERV.MÉD.DE ANEST.S/C LTDA, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: O protocolo FTTE, cuja sigla em inglês significa focused transthoracic echocardiography foi desenvolvido para ser aprendido e utilizado basicamente por anestesiologistas e intensivistas no manejo de situações de instabilidade hemodinâmica. Ele está sendo utilizado em nosso serviço desde janeiro de 2011 e objetivo desse relato foi fazer uma avaliação da sua utilidade nos casos onde ele foi empregado. Pacientes e métodos: revisamos todos os exames realizados de janeiro até junho de 2011, perfazendo um total de 21 pacientes. Em todos foi utilizado o mesmo aparelho, um Sonosite Micromaxx com um transdutor micro-convexo de 5 MHz. A seqüência de realização do exame foi a preconizada no protocolo e todos foram devidamente identificados e gravados em mídia digital para possibilitar a revisão. Resultados: foram 16 pacientes adultos e 5 pacientes pediátricos. Em todos os casos a indicação do exame foi instabilidade hemodinâmica. Em um paciente submetido à passagem de cateter de longa permanência fizemos o diagnóstico de tamponamento cardíaco na sala de recuperação anestésica após ele apresentar um episódio de hipotensão grave e não responsiva ao tratamento habitual. Em 100% dos casos pelo menos uma janela pode ser obtida satisfatoriamente permitindo a geração de informações úteis na condução da instabilidade. Discussão e Conclusão: O protocolo FTTE se mostrou bastante útil na condução dos casos de instabilidade hemodinâmica sem causa aparente e foi decisivo no diagnóstico de tamponamento cardíaco que reconduziu o paciente imediatamente para a sala de cirurgia. Em 100% dos exames pelo menos uma janela foi obtida adequadamente, o que reforça o fato de que em todo paciente com instabilidade hemodinâmica no ambiente onde há a possibilidade de utilização do eco nesse molde ele deve ser tentado, pois podem surgir informações importantes para a tomada de decisão.

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AO 137 MONITORIZAÇÃO E MANEJO CLÍNICOANESTÉSICO DO PACIENTE COM HIPERTENSÃO PULMONAR. RELATO DE CASO. CLAUDINE MARIA OLIVEIRA; VINICIUS SAVERGNINI MARTINS; ALEXANDER ALVES DA SILVA; CLAUDIA PANOSSIAN COHEN HOSPITAL SIRIO LIBANES, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: A hipertensão pulmonar é uma condição desafiadora para o anestesiologista, devido ao risco aumentado de disfunção e insuficiência cardíaca no perioperatório. A maioria dos pacientes apresenta alguma cardio ou pneumopatia como causa da elevação da pressão de artéria pulmonar, o que implica num manejo clínicoanestésico mais elaborado. Objetivo: este relato visa mostrar que o bom desfecho obtido no caso foi diretamente influenciado pela monitorização avançada com a utilização de ecocardiografia transesofágica intra-operatória. Relato de caso: B. C., masculino, 95 anos, 64 Kg, 1,68 m, classificação de estado físico: ASA 4. Apresentava hipertensão arterial sistêmica, hipertensão arterial pulmonar, e neoplasia retal. Portador de marcapasso definitivo. Em uso de betabloqueador. Internado para realização de retossigmoidectomia convencional. Exames pré-operatórios: fração de ejeção ventricular esquerda de 73%, e pressão sistólica de artéria pulmonar de 55 mmHg. Exames laboratorias sem alterações, avaliação de via aérea sem preditores de dificuldade, tempo de jejum adequado, nenhuma medicação pré-anestésica prescrita. Posicionado em decúbito dorsal horizontal, monitorizado com cardioscopia, pressão arterial não invasiva e oximetria de pulso. Venóclise com jelco 22G. Denitrogenação com oxigênio a 100%, indução venosa com fentanil (3 mcg/ kg), etomidato (2mcg/kg), e rocurônio (0,6mg/kg) e manutenção com propofol em infusão contínua e fentanil em bolus conforme demanda. Intubado com sonda orotraqueal simples no 8 com cuff, e submetido a ventilação mecânica controlada a pressão (Pinsp = 14mmHg; PEEP = 5mmHg; FR = 13 rpm; I:E = 1:2; Volume corrente = 480 ml), com capnografia. Monitorizado com pressão arterial invasiva por cateter em artéria radial esquerda. Cateter Precep® triplo lúmen em veia jugular interna direita para medida contínua da saturação venosa central de oxigênio. Índice cardíaco e variação de volume sistólico também medidos de forma contínua. Passagem de ecotransesofágico. Infusão contínua de noradrenalina (0,05mcg/kg/min) e milrinone (0,75mcg/kg/min) durante todo intraoperatório. Reposição volêmica com cristalóide (3000 ml) e colóide (1500 ml), guiada pelo valor da variação do volume sistólico e pelos parâmetros obtidos pelo ecotransesofágico. Ritmo de diurese 0,7 ml/kg/hr. Tempo cirúrgico de 380 minutos e anestésico de 480 minutos. Ao final, encaminhado à UTI intubado, com noradrenalina (0,03mcg.kg.min). Discussão: a hipertensão pulmonar é uma condição clínica associada à significativa morbidade e mortalidade devido à repercussão na função cardíaca. A monitorização hemodinâmica precisa proporcionada pela ecocardiografia transesofágica intraoperatória é uma ferramenta importante no manejo de pacientes com hipertensão pulmonar, contribuindo para um desfecho favorável.

AO 138 ANALGESIA PÓS-OPERATÓRIA PARA PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS ORTOPÉDICOS: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE BLOQUEIO DO PLEXO LOMBAR POR VIA PERIVASCULAR INGUINAL COM ROPIVACAÍNA E ANALGESIA SUBARACNÓIDEA COM MORFINA ANDREA SIMOES; MIRIAM MENEZES; FRANCINE BOBSIN; EDUARDO NECHIA; ELLEN SOARES DIAS; DARLAN FAVRETO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA, SANTA MARIA, RS, BRASIL. Resumo: Menezes M; Nechi E; Bobsin F; Simões A; Dias E; Favreto D. CET Professor Manoel Alvarez – UFSM/HUSM Justificativa e Objetivo: Cirurgias ortopédicas são habitualmente associadas à dor pós-operatória de intensidade elevada e aumento da morbimortalidade. O objetivo deste estudo é comparar a analgesia pós-operatória em cirurgias ortopédicas de quadril e fêmur em três grupos de pacientes, com as seguintes técnicas: morfina via subaracnóidea, bloqueio perivascular inguinal com ropivacaína a 0,5% ou bloqueio perivascular inguinal com ropivacaína a 0, 375%. Foram analisados os escores de dor através da EAV, o consumo de morfina no pós-operatório, o tempo de analgesia até a primeira solicitação de analgésicos, os efeitos adversos e o bloqueio motor especificamente nos grupos que receberam analgesia loco-regional. Material e Métodos: Os dados foram coletados em pacientes do Hospital Universitário de Santa Maria, de maio a novembro de 2010. Foram incluídos neste ensaio clínico prospectivo, pacientes submetidos a cirurgias ortopédicas de quadril ou fêmur, estado físico ASA I, II e III, com idades entre 18 e 90 anos, distribuídos de modo sistemático em três grupos: Grupo M: raquianestesia com 100µg de morfina + 20mg de bupivacaína isobárica 0,5%; Grupo R1: raquianestesia com 20mg de bupivacaína isobárica 0,5% + bloqueio 3 em 1 com 40ml de ropivacaína 0,5%; Grupo R2: raquianestesia com 20mg de bupivacaína isobárica 0,5% + bloqueio 3 em 1 com 40ml de ropivacaína 0,375%. Como teste estatístico utilizou-se o qui-quadrado com valor de p < 0,05. Resultados: Não houve em relação à analgesia diferença significativa entre os grupos. Os efeitos adversos foram mais evidentes no grupo da morfina. Conclusão: Podemos inferir que os grupos submetidos a bloqueio perivascular inguinal apresentaram menor incidência de efeitos adversos. A ausência desses efeitos na analgesia loco-regional, somada à facilidade técnica para execução do bloqueio, sugere importante alternativa para analgesia pós-operatória desses pacientes. Este estudo apresentou como principal limitação o número reduzido de pacientes pesquisados, prejudicando a análise estatística e a significância da pesquisa. Referências: Eur J Anaesth, 1998; 15: 6-9; Reg Anesth Pain Med, 2005; 30: 363-379; Anesthesia and Analgesia, 2000; 90 (1): 125. Fonte de fomento: Não houve. Conflito: Não houve.

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AO 139 HIPOTENSÃO E BRADICARDIA EM PROTESE PARCIAL DE JOELHO, APÓS USO DE CIMENTO ORTOPEDICO - RELATO DE CASO LUIZ ANTONIO MOEAES; NELSON UNZER FILHO; DIRCE ABREU; GELLISYANNE FERNANDES FERREIRA CET/SBA/MEC, MARILIA, SP, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: Apesar de todas as precauções, a ocorrência da “sindrome da Implantação do cimento ortopédico”, ainda é uma preocupação para o anestesiologista, em virtude da sua alta incidência e de sua alta taxa de mortalidade. RELATO DE CASO: Paciente feminina, 83 anos, em uso de captopril e com quadro de demência senil leve. Submetida a raquianestesia, com bupivacaina hiperbarica e sulfato de morfina para a realização de prótese parcial de quadril. Manteve-se estável, durante o procedimento com pressão arterial invasiva, oscilando em torno de 8 a 9. Sat de O2 de 98%. Sedada com 4mg de diazepam. Cerca de 2 minutos após a colocação do cimento, evoluiu com bradicardia (30bat/minuto), queda na Sat de O2 (80%) e hipotensão arterial (Pam 4). Paciente foi entubada, colocada em ventilação assistida, medicada com atropina (1,5 mg), adrenalina e infusão continua de dobutamina. Quadro clinico estabilizado após as medicações. Cirurgia transcorreu sem outras intercorrencias, sendo que ao final desta, paciente foi encaminhada entubada para a UTI, de onde teve alta cerca de 48 horas após sem sequelas. DISCUSSÃO: A incidência da síndrome de implantação do cimento é variada (5% a 50%), com taxa de mortalidade descrita de cerca de 10% e sua etiologia é multifatorial. Portanto devemos lembrar sempre da possibilidade da sua ocorrência, estando atentos para diagnostica-la e trata-la o mais precocemente possível e realizando a sua prevenção que consiste em tentar manter o paciente normovolemico, quando da implantação do cimento ortopédico. REFERENCIA: Tratado de Anestesiologia SAESP: 2006; 123: 1645 – 1646. Fonte de interesse nenhum Fomento: nenhum

AO 140 ARTRODESE DE COLUNA EM PORTADOR DE AMIOTROFIA ESPINHAL PROGRESSIVA TIPO III (AEP) EMANUELA LOMBARDI; THIAGO TRIGUEIRO PAIVA; CHRISTIANO MATSUI; MAURO PRADO SILVA; LIGIA ANDRADE MATHIAS SANTA CASA DE SÃO PAULO, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Autores: Lombardi E, Paiva TTM, Matsui C, Silva MP, Mathias LAST CET da Santa Casa de São Paulo Justificativa e objetivo: Condução periopreatória de escoliose toraco-lombar instável em portador de AEP. Relato de caso: paciente de 15 anos, portador de AEP tipo III com antecedentes de múltiplas infecções respiratórias, tratadas em UTI, traqueostomia (TQT) por intubação prolongada, queixa de dor nas costas e desconforto ventilatório. Diagnóstico de escoliose instável, indicada artrodese da coluna de T3 ao sacro. Durante a consulta pré-anestésica estava sem infecção respiratória, ventilação espontânea adequada com TQT em ar. Submetido à anestesia geral venosa total, na indução administrado sufentanil 0,1 µg.Kg-1, propofol 2 mg.Kg-1, cetamina 1mg.Kg-1 e rocurônio 0,4 mg.Kg-1, manutenção com infusão de 80 µg.Kg-1.h-1 de propofol e 0,15 µ.Kg-1.h-1 de remifentanil. Monitorado com pressão arterial e venosa central invasiva, capnografia, saturação periférica de O2 e temperatura. No fim da segunda hora de anestesia a equipe cirúrgica comunica lesão de pleura, sem repercussões. Após nove horas de procedimento o paciente é encaminhado a UTI em ventilação espontânea com cateter de O2 e ausculta pulmonar sem alterações. Evoluindo no primeiro dia pós-operatório (PO) com hemotórax drenado tratado na UTI com melhora no quinto dia PO recebendo alta hospitalar no sétimo dia PO para acompanhamento em ambulatório. Discussão: A AEP é genética autossômica recessiva. Afeta o corpo do neurônio motor no corno anterior da medula expressa perda de tônus e flacidez muscular progressiva. A escoliose é a principal repercussão ortopédica, deteriorando a função respiratória. A correção cirúrgica melhora a qualidade de vida, a função respiratória e a sobrevida uma vez que a principal causa de óbito é pulmonar. As implicações anestésicas deste procedimento no portador de AEP são inúmeras; hemodinâmicas com sangramento; respiratórias resultante da deformidade torácica. Os bloqueadores neuromusculares despolarizantes não são indicados devido o risco de hipercalemia uma vez que essa doença diminui o tônus muscular, predispondo a proliferação de receptores de acetilcolina extra-juncionais. Portanto para o adequado cuidado perioperatório há necessidade de muitos profissionais envolvidos e conhecimento das peculiaridades desse individuo. Bibliografia: Arq Neuropsiquiatr 2003;61(3-A):631-63

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AO 141 USO DE DISPOSITIVO SUPRA-GLÓTICO PARA ANESTESIA GERAL EM PACIENTE SUBMETIDO A ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL EM DECÚBITO LATERAL GIULIANO PARREIRA OLIVEIRA1; MARCOS GUILHERME CUNHA CRUVINEL2; FABIANO SOARES CARNEIRO1; MARIA CLARA BELLAVINHA THOMAZI1; WALKÍRIA WINGESTER VILAS-BOAS1 1.HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UFMG, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL; 2.HOSPITAL LIFECENTER, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo:

USO DE DISPOSITIVO SUPRA-GLÓTICO PARA ANESTESIA GERAL EM PACIENTE SUBMETIDO A ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL EM DECÚBITO LATERAL CET do Hospital das Clínicas da UFMG, Belo Horizonte/MG Hospital Lifecenter, Belo Horizonte/MG Este trabalho não recebeu fomentos e os autores não têm qualquer conflito de interesse. Justificativa e objetivo: Os dispositivos supra-glóticos de via aérea se estabeleceram na prática anestésica. Seu desenvolvimento ao longo do tempo permitiu a ampliação de suas indicações. O objetivo deste trabalho é apresentar dois casos em que foi realizada anestesia geral para artroplastia total de quadril, cujos pacientes foram posicionados em decúbito lateral, posição esta incomum para utilização de tal dispositivo. Relato dos casos: Dois pacientes foram admitidos para realização de artroplastia total de quadril. O primeiro, sexo masculino, 40 anos, 80 Kg, ASA I, com fratura acetabular em quadril esquerdo. O segundo, sexo feminino, 37 anos, 65 Kg, ASA II, com artrite reumatóide, espondilite e osteoartrite em articulação coxo-femoral direita. Devido ao posicionamento dos pacientes para o ato cirúrgico em decúbito lateral, optou-se por realizar anestesia geral com o uso de um dispositivo supra-glótico com drenagem gástrica (máscara laríngea Supreme®), nos 5 e 4, respectivamente. Instituída monitorização obrigatória não invasiva. No paciente 1, indução anestésica com 100 mg de propofol e 250 µg de fentanil e manutenção com sevoflurano 1,1 CAM. No paciente 2, indução anestésica com 80 mg de propofol e 1 µg/Kg/min de remifentanil, seguida de manutenção de 0,2 µg/Kg/min de remifentanil e sevoflurano 0,75 a 1,1 CAM. Não houve administração de bloqueador neuromuscular. Após inserção do dispositivo supra-glótico e tubo de drenagem gástrica nº 16, manteve-se fluxo baixo de gases(0,60 e 0,65L, respectivamente), sem evidência de escapes e FiO2=0,60. Para analgesia pós-operatória, realizado bloqueio do nervo femoral orientado por estimulador de nervo periférico com 20 mL de ropivacaína a 0,5%, antes da indução anestésica, sob sedação com fentanil e midazolam. A duração das cirurgias foi de 3h e 1h30min, respectivamente. Não houve alterações hemodinâmicas. A ventilação dos pacientes com o dispositivo supra-glótico na posição lateral não sofreu qualquer alteração anormal, como evidenciado pela monitorização das curvas de pressão/volume e espirometria. A sua retirada ocorreu também sem intercorrências, após retorno da ventilação espontânea. Discussão e conclusões: Os dispositivso supra-glóticos evoluíram desde o advento da máscara laríngea tradicional em sua forma, material, estrutura e indicação. Podem ser utilizados em ventilação espontânea, controlada, em situações eletivas, de urgência, em cirurgias de mais de 4 horas e com o paciente em posições incomuns. Referências bibliográficas:Anesthesiology News 2007;34(5):10-13 Minerva Anestesiol 2007 Jan-Fev;73(1-2):33-37 European Journal of Anaesthesiology 2010;27(47):250–251

AO 142 BLOQUEIO INDESEJADO DO NERVO FRÊNICO APÓS BLOQUEIO DE PLEXO BRAQUIAL POR VIA INTERESCALÊNICA DANIEL CARVALHO DE MENEZES; RICARDO BALIANA ZAMPROGNO; JULIA CASTRO BIENERT; MILTON FAVARATO LOUREIRO; DARCIO ANTONIO SPINASSE; ELIANA CRISTINA MURARI SUDRÉ CET AFECC-HSRC, VITÓRIA, ES, BRASIL. Resumo:

Origem: CET AFECC-Hospital Santa Rita de Cassia, Vitória-ES. Instituição de fomento: Particular. Sem conflitos de interesse. Introdução: O bloqueio de plexo braquial pode ser utilizado em intervenções cirúrgicas nos membros superiores, proporcionando estabilidade cardiovascular perioperatória e analgesia pós-operatória. No entanto, alguns eventos adversos têm sido descritos como pneumotórax, lesões nervosas, injeção intravascular inadvertida, síndrome de Horner e bloqueio do nervo frênico. Várias vias podem ser empregadas, entre elas, a interescalênica. Admite-se que um bloqueio parcial do nervo frênico, sem repercussões clínicas importantes, ocorra quando se utiliza a técnica perivascular. Objetivamos relatar um caso onde o bloqueio do nervo frênico apresentou repercussão clínica significativa. Relato de Caso: Paciente sexo masculino, 26 anos, 100 Kg, estado físico I, pressão arterial 120/80 mmHg, frequência cardíaca normal. Foi realizada fixação de fratura de úmero à esquerda. A estratégia anestésica foi bloqueio de plexo braquial via interescalênica pela técnica de Winnie associada à anestesia geral. Para sedação foi administrado, antes da realização do bloqueio de plexo braquial, sufentanil 10 µg endovenoso (EV). No bloqueio, utilizou-se estimulador de nervo, injetando-se 40 mL de ropivacaína 0,5% após controle visual da contração do músculo deltóide com estímulo de 0,4 mA. Na indução da anestesia geral foi administrado, EV, sufentanil 20µg, propofol 200 mg, lidocaína 2% sem vasoconstrictor 80 mg e atracúrio 50 mg. A manutenção da anestesia foi realizada com sevoflurano e óxido nitroso. A extubação orotraqueal ocorreu sem intercorrências. Ainda na sala de cirurgia manteve saturação periférica de oxigênio (SPO2), medida em oxímetro de pulso, em 98%. Ao chegar à sala de recuperação pós-anestésica (SRPA), 15 minutos após extubação traqueal, apresentou SPO2 94%. Quinze minutos depois, mesmo fornecendo oxigênio sob cateter nasal 2 L/minuto, foi registrada SPO2 84%. Nesse momento apresentava ausculta pulmonar com murmúrio vesicular diminuído à esquerda. Foi realizada radiografia de tórax que mostrou elevação da cúpula diafragmática à esquerda. Dentro de uma hora, chegou a 79% de SPO2. Entretanto, se estimulado, respondia com aumento da SPO2 acima de 92%. Em nenhum momento relatou desconforto respiratório. Apresentou melhora gradual da SPO2 na ausência de estímulos. Após 4 horas apresentou SPO2 98% em ar ambiente, ausculta respiratória normal e recebeu alta da SRPA. Discussão: O bloqueio do nervo frênico pode resultar da difusão cefálica do anestésico local, envolvendo segmentos cervicais proximais (C3 a C5). No caso relatado houve paralisia total do nervo frênico. Não foi necessária terapêutica invasiva. Apresentou critérios de alta da RPA após seis horas do bloqueio. Referências Bibliográficas: 01. Rev Bras Anestesiol, 2008; 58: 2: 152-59; 02. Rev Bras Anestesiol, 2010; 60: 2: 130-37; 03. Reg Anesth Pain Med. 1999; 24: 231-35.

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AO 143 ANESTESIA EM PACIENTE COM PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA:RELATO DE CASO KELINY CLÁUDIA SILVA; OTÁVIO DAMÁZIO FILHO; JANE AUXILIADORA AMORIM; LUANA LEAL GOMES; ANA LUCIA LUCENA DE ANDRADE CET HR,HGV,HUOC, RECIFE, PE, BRASIL. Resumo: ANESTESIA EM PACIENTE COM PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA: RELATO DE CASO Keliny Cláudia Nogueira Silva, Luana Leal Gomes, Ana Lúcia Lucena de Andrade, Jane Auxiliadora Amorim, Otávio Damázio Filho. Centro de Ensino e Treinamento dos Hospitais da Restauração, Getúlio Vargas e Osvaldo Cruz, Recife-PE. Avenida Agamenon Magalhães, S/N Justificativa e Objetivos: Púrpura Trombocitopênica Idiopática (PTI) é uma doença causada por um mecanismo imunomediado de destruição e redução da produção de plaquetas. É diagnosticada quando a contagem plaquetária encontra-se < 100.000/mm³, após a exclusão de outras causas de trombocitopenia. Pacientes com contagem plaquetária < 30.000/mm³ são particularmente suscetíveis a complicações hemorrágicas e a escolha da técnica anestésica é um desafio para o anestesiologista. Os Objetivos deste estudo foram relatar um caso de paciente portadora de Púrpura Trombocitopênica Idiopatica, secundária a Lupus Eritematoso Sistêmico (LES), submetida a tratamento cirúrgico de fratura de fêmur e revisar os cuidados perioperatórios , de interesse para o anestesiologista. Relato do Caso: Mulher, 49 anos, portadora de PTI , secundária a LES, programada para tratamento cirúrgico de fratura de fêmur esquerdo. Na história clínica, referiu sequela de poliomielite em membro inferior esquerdo. Fazia uso diário de prednisona e azatioprina. No exame físico apresentava atrofia óssea e muscular em membro inferior esquerdo e na avaliação de vias aéreas apresentou Mallampati II. A contagem de plaquetas, na visita pré-anestésica era 38.000/mm³. O preparo pré-operatório consistiu de pulsoterapia com corticóide e transfusão de plaquetas. No dia da cirurgia a contagem de plaquetas era 131.000/mm³. Optou-se pela anestesia geral inalatória com indução endovenosa. A monitorização constou de oxímetro de pulso, cardioscópio, pressão arterial não invasiva, capnógrafo, TOF e índice bispectral. Não foi necessário transfundir hemocomponentes no transoperatório. Para a analgesia foi realizado bloqueio femural com ropivacaína associado à analgesia endovenosa com morfina. A paciente evoluiu sem intercorrências, recebendo alta hospitalar no terceiro dia de pos-operatório. Conclusões: O preparo do paciente com PTI envolve a participação de uma equipe multidisciplinar. Embora a opção tenha sido pela anestesia geral, em revisão de literatura, encontramos vários relatos de pacientes com PTI submetidos à anestesia no neuroeixo, sem complicações, quando a contagem de plaquetas é superior a 50.000/mm³. A escolha da técnica anestésica é baseada em vários fatores, por isso, é indispensável que o anestesiologista avalie os riscos e benefícios a fim de individualizá-la para cada paciente. Referências: Eur J Hematol 2009;83:83-9; Rev Bras Anestesiol 2009;59:142-153.

AO 144 DOR TORÁCICA EM PÓS OPERATÓRIO DE PRÓTESE TOTAL DE JOELHO. DESAFIOS PROPEDÊUTICOS E TERAPÊUTICOS. GIOVANNI MENEZES SANTOS; JOSÉ ROBERTO DE REZENDE COSTA; NIWTON CARLOS TOLEDO; LUCAS ARAUJO SOARES HOSPITAL MATER DEI, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Origem do TL:Mater Dei.B.H., M.G. Fontes de fomento:ausentes.conflitos de interesse:ausentes.Justificativa e objetivo(s): A fundamentação deste relato de caso é a complexidade da propedêutica e terapêutica de dor torácica no pós operatório imediato de uma prótese total de joelho,objetivando elucidar riscos e benefícios. Materiais e métodos: Relato de caso. Paciente com múltiplas morbidades , submetido à cirurgia de alto risco de complicações cardiovasculares. Métodos - Coleta de dados retrospectiva.Paciente masculino, 63 a, submetido a tto cirúrgico de gonartrose do joelho D.História de hipertensão arterial sistêmica, artrite reumatóide,esofagite crônica, hérnia de hiato, prostatectomia radical e implante de prótese de pênis.Medicamentos em uso: losartana, hidroclorotiazida, esomeprazol, prednisona, cloroquina. No dia anterior à cirurgia foi administrado enoxaparina 40mg. Exames prévios: dentro da normalidade, exceto por bloqueio de ramo esquerdo (BRE) ao ECG.Submetido a prótese total de joelho sob anestesia peridural com instalação de cateter para analgesia pós-operatória. Ato cirúrgico sem intercorrências.Na sétima hora de pós operatório surgiu quadro de dor precordial, opressiva com sudorese fria. Não havia alteração da freqüência cardíaca, pressão arterial e o ECG mantinha o mesmo padrão de BRE. Encaminhado ao CTI já com melhora da dor. Exames: Dímero D 3939, Eco - relaxamento diastólico anormal, hipertrofia ventricular esquerda, FE:0.77. Duplex scan de membros inferiores sem trombose venosa profunda.Iniciados enoxaparina 70mg de 12 em 12 horas, clopidogrel 300mg, AAS 100mg por 3 dias; a despeito do cateter no neuroeixo.Realizadas cintilografia miocárdica e angiotomografia de tórax que foram normais. No quarto DPO paciente que ainda estava com cateter peridural iniciou leve rubor no sítio de inserção do cateter. Suspensos os anticoagulantes e antiplaquetários. Aguardou-se 24 horas após ultima dose da enoxaparina, sendo assim, foi respeitado o prazo para minimização de risco de sangramentos pós intervenção no neuroeixo. Foram administradas, também, 7 unidades de plaquetas, dado o risco adicional da anticoagulação (dos antiagregantes plaquetários) poder levar a hemorragias no espaço epidural; tendo-se, subseqüentemente, sido retirado o cateter. Seguindo-se os protocolos, foram Realizados exames neurológicos a cada 1 hora que foram normais. Ao final da sexta hora, realizada Ressonância Nuclear Magnética que não evidenciou quaisquer alterações .Como preconizado,foi mantida observação neurológica horária por 24 horas.Evolução satisfatória e alta hospitalar. Discussão e conclusões: A abordagem da dor torácica deve ser imediata e a pronta utilização de métodos propedêuticos fundamental para o esclarecimento diagnóstico.–Perfeita sintonia é requerida para se alcançar resultados satisfatórios em casos de alta complexidade, como no caso em tela. Ref.bibliográficas:British Journal of Anaesthesia 102 (2): 179–90 (2009)

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AO 145 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL EM PACIENTE HÍGIDO SUBMETIDO A ARTROSCOPIA DE OMBRO RODRIGO AKIO AZUMA; ADILSON HAMAJI; MARCELO WALDIR MIAN HCFMUSP, SAO PAULO, SP, BRASIL. Resumo:

Introdução: A incidência de acidente vascular cerebral (AVC) no perioperatório em pacientes menores que 40 anos é rara, variando de 6 a 26 casos a cada 100 000, o que torna difícil a suspeita diagnóstica. Devido às graves consequências dessa patologia o diagnóstico precoce e imediata terapêutica devem ser realizadas. Relato de caso: MSF, 20 anos, ASA 1, foi internado para realização de artroscopia de ombro direito. Realizado bloqueio do plexo braquial via interescalênica com ropivacaína 0,5% 30 mL e anestesia geral. Procedimento realizado em posição de cadeira de praia sem intercorrências, com duração de 3 horas. Após extubação foi encaminhado à RPA. Após cerca de 1 hora na RPA, paciente mantinha-se sonolento e ao exame físico foi observado hemiplegia à esquerda e desvio de rima labial. Foi prontamente solicitada tomografia computadorizada de crânio, que não evidenciou áreas de sangramento. Foi feito diagnóstico de acidente vascular encefálico isquêmico, sem tempo hábil para trombólise. Paciente encaminhado à UTI aos cuidados da neurologia. Apresentou melhora do déficit neurológico (força motora grau 3) durante a observação na UTI recebendo alta 5 dias depois para a enfermaria, onde apresentou piora da paresia à esquerda durante um período de 30 minutos, mesmo na vigência de antiagregantes plaquetários e heparina profilática. Ecocardiograma realizado após 2 dias evidenciou forame oval patente. Recebeu alta com melhora do quadro neurológico (força motora grau 2), sendo encaminhado ao ambulatório para investigação de trombofilias. Discussão: No caso descrito, a presença de forame oval patente possibilitou a ocorrência de embolia paradoxal, causando isquemia cerebral no perioperatório. A administração de anestesia geral dificultou seu diagnóstico, tornando inviável a trombólise em tempo hábil. Na posição de cadeira de praia há uma queda do fluxo sanguíneo cerebral devido à gravidade, sendo de extrema importância o cuidado com o posicionamento do paciente, evitando-se hiperextensão ou flexão cervical, que pode levar à compressão de artérias dessa região além de se evitar alterações pressóricas duradouras principalmente em pacientes idosos com doença aterosclerótica prévia. Na presença de fatores de risco para trombose venosa profunda o uso de dispositivos como meias elásticas e compressão intermitente ou ainda heparinização profilática também contribuem para a redução de complicações.

AO 146 ANESTESIA PARA OSTEOSSÍNTESE DE URGÊNCIA DE FRATURA EXPOSTA BILATERAL DE FÊMUR: RELATO DE CASO. ANDRÉ LUIZ CARDOSO VILELA1; FELIPE LEAL DARZE2; ROGÉRIA GARCIA REIS2; THIAGO CHAGAS LIMA3; CLAUDIO LUIS DA FONSECA3; FLAVIO ELIAS CALLIL4 1.CET HOSPITAL GERAL DE NOVA IGUAÇU/HOSPITAL MUNICIPAL SOUZA AGUIAR, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL; 2.CET DO HOSPITAL GERAL DE NOVA IGUAÇU/HOSPITAL MUNICIPAL SOUZA AGUIAR, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL; 3.HOSPITAL GERAL DE NOVA IGUAÇU, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL; 4.CET HOSPITAL GERAL DE NOVA IGUAÇU/HOSPITAL SOUZA AGUIAR, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo:

Introdução: A anestesia para urgências é um conjunto de preceitos de criteriosa elaboração, porém exige rápidas decisões a serem adotadas tanto pela equipe anestésica quanto pela cirúrgica e a perfeita interação entre ambas. Em pacientes críticos, a ressuscitação e a avaliação prosseguem de modo simultâneo, no entanto os processos de investigações primários, secundários e terciários devem, junto com a monitorização, serem respeitadas e sempre que possíveis concluídos Relato do Caso: Paciente masculino de 36 anos, com aproximadamentente 75 kg e 1m e 75 cm, ASA I, sem alergias, admitido por politraumatismo automobilístico, sem trauma crânio encefálico, às 04h do dia 18 de junho, cerca de 01h após o acidente. Às 12h, do mesmo dia, foi encaminhado ao centro cirúrgico para tratamento de fratura exposta de fêmur bilateral, neste momento encontrava-se lúcido e orientado no tempo e espaço, ativo no leito, exame neurológico normal, com alta pela neurologia, hipocorado (++/4+), hipohidratado (+/+4), com pressão arterial de 126 x 78mmhg e freqüência cardíaca de 110bcpm, sem outras fraturas além das de fêmur. Realizada venóclise em membros superiores com cateter jelco 16G à esquerda e 18G à direita, colhido amostra sanguínea para reserva de hemoderivados e administrado dipirona 2g e cetoprofeno 100mg, pois se queixava de dor intensa em membros inferiores, na sala cirúrgica paciente não tolerou a transposição da maca para a mesa cirúrgica devido à dor ainda intensa apesar da analgesia prévia. Foi, então, monitorizado com cardioscópio, oxímetro de pulso e pressão arterial não invasiva, além de estetoscópio precordial e submetido a bloqueio femural bilateral sob técnica asséptica, por punção direta com agulha 30 x 7 mm com ponta romba, sem intercorrências, e administração de lidocaína a 1,5% 20ml por bloqueio. Após a fixação do bloqueio, o paciente sem queixas de dor, ajudou na transposição da maca para a mesa. Realizada, às 14h, raquianestesia mediana com o paciente sentado no interespaço L3-L4, com agulha de Quincke 25G, com bupivacaína 0,5% hiperbárica 20mg e fentanil 20 µg, com nível em T 6. Durante a cirurgia recebeu sedação com 15mg de midazolan e 80 µg de fentanil fracionados intravenosos. A cirurgia transcorreu por 5h e 35min e o paciente retomou a movimentação dos membros inferiores após 06h de raquianestesia, a dor pós operatória relatada, após 12h de raquianestesia, era de 3 na escala de dor. Conclusões: A observação de cada caso isoladamente, a previsão possíveis eventos danosos sob a análise dos protocolos vigentes o adiantamento de decisões perante situações críticas é o que aumenta a probabilidade de sucesso para a anestesia em urgência, porém há o dilema do excesso, de condutas desnecessárias, o que implica em aumento de riscos ao paciente. Ao anestesiologista cabe o pragmatismo de decisões. No caso relatado a combinação de técnicas anestésicas nos proporcionou estabilidade hemodinâmica e bloqueio anestésico por tempo satisfatório, sem a necessidade de manuseio de vias aéreas e garantiu o bem estar do paciente com boa qualidade de analgesia pós operatória. Bibliografia: MORGAN Jr, G E e col.- Anestesia Para o Pacienta Politraumatizado. Anestesiologia Clínica 14: 769-776, 2010 MANICA, J e col.- Anestesia no Politraumatizado. Anestesiologia Princípios e Técnicas 65: 1095-1104, 2004 CARUY, C A A; TEIXEIRA, B T.- Anestesia na Urgência. Tratado de Anestesiologia SAESP 128: 1683-1689 IMBELLONI, L E. - O Uso Racional da Raquianestesia. Tratado de Anestesia Raquidiana 8: 74-86,2001; Sedação Durante Raquianestesia. Tratado de Anestesia Raquidiana 11: 100-107,2001

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AO 147 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA EM PACIENTE SUBMETIDO À RAQUIANESTESIA PARA CIRURGIA ORTOPÉDICA EM MEMBRO INFERIOR MÁRCIA LIANA MONTEIRO RAMOS; MARIANA MOREIRA BORGES ARAÚJO; PAULO EDNY CHEDIER BARREIRA; HUGO COVRE MEDEIROS; EDUARDO ALMEIDA; THIAGO GOUVEIA QUEIROZ HRAD/FHEMIG, PATOS DE MINAS, MG, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: Pacientes com fratura e imobilização de membros inferiores(MMII) são de alto risco para embolia pulmonar(EP).O diagnóstico de EP é,ainda, um desafio, e a mortalidade pode chegar até 30%, se não for instituída anticoagulação precoce,utilizando-a a mortalidade fica em torno de 2% a 8%. A finalidade é apresentar um caso de EP em paciente,previamente, hígido,durante cirurgia ortopédica em membro inferior esquerdo sob raquianestesia.RELATO DO CASO: Paciente sexo masculino,47 anos,estado físico P1, sem antecedentes familiares e patológicos ,negou alergias e cirurgias anteriores,exames pré operatórios normais submetido à tratamento cirúrgico de fratura de espinha tibial esquerda, ocorrida há 2 semanas.Monitorização com PNI,oximetria de pulso ,cardioscópio,respiratório e sedado com 5mg de midazolan e 50 microgramas de fentanil ,colocado cateter nasal de oxigênio.Procedida raquianestesia em interespaço L4-L5, por via paramediana com 15mg bupivacaína hiperbárica a 0,5% e morfina 0,1mg.Paciente evoluiu no transoperatório com hipotensão refratária,bradicardia ,e atividade elétrica sem pulso(AESP).Realizada manobras de ressuscitação cardiopulmonar com sucesso , paciente encaminhado para o centro de terapia intesiva(CTI) com adrenalina em bomba de infusão contínua.Iniciada estreptoquinase precoce com boa resposta ,e extubação em 24hs. Ecocardiograma no CTI evidenciou aumento e hipocinesia de ventrículo direito, abaulamento de septo interventricular e PSAP: 37 mmhg, compatível com EP.Após alta hospitalar, paciente realizou duplex scan venoso do membro inferior esquerdo que constatou incompetência do segmento femoro-poplíteo com refluxo significativo na veia poplítea e 1/3 distal da veia femoral. Optou-se por manter anticoagulação por 6 meses e rastrear posteriormente trombofilias .DISCUSSÃO: O conhecimento dos fatores de risco para EP torna-se imperioso para guiar a probabilidade e estratificação de risco de EP,tendo em vista o subdiagnóstico.Em casuísticas de autópsia, mais de 70% dos doentes com EP extensos não apresentavam diagnóstico prévio.Em pacientes com alto risco para EP procurar estabelecer anticoagulação precoce e se há indicação de trombólise ,o principal benefício é nas primeiras 72hs com redução dos defechos primários(óbito e/ou recorrência da EP) em 45%.Vale ressaltar, a importância da Intervenção cirúrgica rápida em fraturas de MMII,pois a imobilização do membro potencializa o risco de embolia pulmonar.

AO 148 ARTRODESE TORACO LOMBAR T1 A L5 EM PACIENTE PORTADOR DE MIOPATIA CRÔNICA E ALERGIA AO LÁTEX: RELATO DE CASO. IUCY SABRINA MAGALHÃES VELOSO; MARCO AURELIO DE MATOS GROSSI; LUIZ COSTA MONTEIRO NETO HOSPITAL DA BALEIA, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Resumo: Artrodese toraco lombar T1 a L5 em paciente portador de miopatia crônica e alergia ao látex: Relato de Caso. Justificativa e objetivos: A miopatia congênita e alergia ao látex são patologias raras. A primeira apresenta a função respiratória como fator prognóstico e muitos desses pacientes são submetidos a procedimentos cirúrgicos múltiplos (fator de risco para alergia ao látex). Ambas não possuem tratamento curativo, apenas preventivo que é aconselhamento genético e evitar exposição ao alergeno. Este relato tem por objetivo descrever a conduta tomada diante de um caso de miopatia congênita associada a alergia ao látex durante procedimento cirúrgico de artrodese toraco lombar T1 a L5. Relato do caso: Paciente do sexo masculino, 15 anos, peso 35 Kg, portador de miopatia crônica associada a cores e minicores e alergia ao látex além de distúrbio ventilatório misto acentuado com discreta resposta a broncodilatador, em uso de BIPAP a noite. Em acompanhamento com a equipe de ortopedia deste serviço devido a lordoescoliose neuromuscular dextroconvexa dupla. Admitido para realização de artrodese toraco lombar T1 a L5 sob anestesia venosa total com propofol 10 mg/ml, dose alvo de 3500 mg, e remifentanil 8 mcg/ml na dose de 0,3 mg/kg/h. Indução com remifentanil na dosagem anteriormente especificada e propofol a 1,1 mg/kg/h com manutenção de 0,83 mg/kg/h nos primeiros 22 minutos, seguidos de 0,68 mg/kg/h na primeira hora subseqüente e 0,62 mg/kg/h até o término do procedimento. Ambiente “látex free” e primeiro caso do dia. Realizado intubação orotraqueal com auxilio de fibroscópio flexível (história de intubação orotraqueal difícil). Procedimento cirúrgico com sangramento importante sendo necessário hemotransfusão (900 ml de concentrado de hemácias e 600 ml de plasma fresco congelado) além da infusão de cristalóides (7000 ml) e colóide (hidroxietilamino 500 ml), mas sem necessidade de aminas vasoativas. Diurese mensurada de 800 ml. Ao término do procedimento, encaminhado ao CTI em ventilação mecânica, estável hemodinamicamente. Conclusões: O presente caso demonstrou a importância de uma boa avaliação pré operatória para identificação das comorbidades possibilitando estratégias de adequado manejo anestésico nos casos de artrodese toraco lombar T1 a L5, além de preparação correta da sala cirúrgica para pacientes com alergia ao látex já diagnosticada. Unitermos: miopatia crônica associada a cores e minicores, alergia ao látex, artrodese toraco lombar T1 a L5.

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AO 149 POTENCIALIZAÇÃO DE BLOQUEIO NEUROMUSCULAR PELO ANTIBIÓTICO POLIPEPTÍDEO: POLIMIXINA. RELATO DE CASO. DÉBORA MIRANDA DIOGO; PAULO RICARDO RABELLO DE MACEDO COSTA; BEATRIZ LEMOS DA SILVA MANDIM; NEUBER MARTINS FONSECA; ROBERTO ARAUJO RUZI; TIAGO BELLETATO STABILLE UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, UBERLANDIA, MG, BRASIL. Resumo:

CET/SBA da Universidade Federal de Uberlândia - MG Introdução: A Polimixina b é a droga de escolha no tratamento de infecções do trato urinário, meninges e sangue, causadas por cepas susceptíveis de Pseudomonas Aeruginosa. O presente caso tem como objetivo mostrar as possíveis interações medicamentosas que podem ocorrer durante o período perioperatório e que podem ter repercussões importantes no ato anestésico. Relato do caso: Paciente feminino, 29 anos, politraumatizada, vítima de acidente motociclístico. Permaneceu internada para sucessivas intervenções cirúrgicas de debridamento em lesão extensa em perna esquerda (desenluvamento e luxação exposta de MIE). Durante a internação apresentou síndrome infecciosa tratada com Clindamicina, Ciprofloxacina e Polimixina. Ao exame físico estava consciente, orientada , foi submetida a anestesia geral venosa total para realização de enxerto livre de pele em MIE. Para indução anestésica foram utilizados propofol (150mg), fentanil (250mcg), rocurônio (40mg) e manutenção com propofol e remifentanil em infusão contínua. Administrado durante cirurgia tenocicam (40mg), dipirona (2g), ondansetrona (6mg), morfina (8mg-SC), ciprofloxacino (400mg) e Polimixina (150mg). O procedimento cirúrgico durou 1 h e 45 min, paciente permaneceu hemodinamicamente estável e ao final deste foi administrado atropina (1mg) e neostigmina (2mg). Como paciente não despertava e pensando-se ser excesso de opióides foi administrado naloxone (0,04mg). Duas horas após, paciente não apresentava bom padrão ventilatório para extubação, porém estava consciente, com discreto movimento de MMII e abertura ocular espontânea. Foi transferida em VM para SRPA para observação e tentativa de posterior extubação. Durante algumas horas de permanência da paciente na RPA paciente apresentava-se mais consciente, com abertura ocular espontânea, relativa força muscular, respondendo a comandos verbais, sendo tentado realizar extubação. Paciente permaneceu com boa saturação durante alguns minutos, mas desenvolveu insuficiência respiratória tendo que ser reintubada. Encaminhada à enfermaria em ventilação mecânica, sendo extubada no dia seguinte ao procedimento. Discussão: A maioria dos antibióticos tem ação pré-sináptica, diminuindo a liberação de acetilcolina, mas também pode atuar por meio de ação pós-sináptica. Dentre os antibióticos que mais potencializam o bloqueio neuromuscular podemos citar: polimixinas, lincosaminas, aminoglicosídeos e tetraciclinas. Polimixina, lincomicina e aminoglicosídeo estreptomicina inibem a liberação de acetilcolina e reduzem a sensibilidade pós-juncional. Outros aminoglicosídeos, neomicina e amicacina também deprimem a liberação do neurotransmissor O bloqueio neuromuscular associado aos aminoglicosídeos pode ser revertido com cálcio, o que não acontece com a polimixina e lincomicina. Podemos tentar reverter o bloqueio com neostigmina até uma dose de 0,07mg/Kg e se não for possível, manter paciente em ventilação mecânica até a recuperação da ventilação. Referência - Revista Brasileira de Anestesiologia 38:1:63-73, 1988.

AO 150 PROFILAXIA DE NÁUSEAS E VÔMITOS EM GESTANTES SUBMETIDAS À CESARIANA ATRAVÉS DA ESTIMULAÇÃO DO PONTO DE ACUPUNTURA PC6. ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO. LUIZA HELENA BRANCO; TANIA MENEZES COUCEIRO; LUCIANA CAVALCANTI LIMA; MARIA CÉLIA FERREIRA DA COSTA; RAQUEL QUEIROZ GUERRA DE ANDRADE COELHO; MARÍLIA SANTOS LIRA INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROF. FERNANDO FIGUEIRA - IMIP, RECIFE, PE, BRASIL. Resumo:

Justificativa e objetivos: Em gestantes submetidas à raquianestesia para cesarianas, os episódios de náuseas e vômitos são complicações comuns tanto no intra como no pós-operatório1. Ainda não há uma terapia completamente eficaz e mesmo as drogas mais novas não abolem estes eventos, que acabam contribuindo para aumentar os custos hospitalares, retardando as altas, exigindo internações não esperadas e acarretando menor grau de satisfação aos pacientes2. Os métodos não farmacológicos para profilaxia e tratamento destas complicações vêm ganhando popularidade devido a seu baixo custo, simplicidade, ausência de efeitos adversos e eficácia comprovada. Além disso, apresentam uma particularidade muito importante em obstetrícia: não sofrem transferência placentária bem como não são secretados no leite materno3. O objetivo desse estudo foi comparar a eficácia do uso isolado da dexametasona com a associação entre dexametasona mais estimulação do ponto PC6 para profilaxia de náuseas e vômitos no intra e pós-operatório em parturientes submetidas à cesariana sob anestesia espinhal. Método: Após realização de raquianestesia com bupivacaína hiperbárica (12-14mg) associada à morfina na dose de 60 µg, cem parturientes submetidas à cesariana atendidas no centro obstétrico do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira foram distribuídas de forma aleatória em: grupo Dexa (n=50), administrado dexametasona 4mg (profilaxia padrão do serviço) associada à estimulação de um ponto um centímetro lateral ao PC6, que não é um ponto verdadeiro de acupuntura (acupuntura sham), para deixar as intervenções mais uniformes, e grupo PC6 (n=50), administrado dexametasona associada à estimulação do PC6. As pacientes foram inquiridas acerca da ocorrência de náuseas e vômitos durante a cirurgia e nas primeiras 12 horas de pós-parto através de questionário de pesquisa, sendo as informações colhidas inseridas em um bando de dados e analisadas através do teste qui-quadrado e teste exato de Fisher para determinar se houve diferença significativa entre os grupos para qualquer um destes desfechos, a um nível de significância de 5%. Resultados: Os dois grupos mostraram-se comparáveis quanto às variáveis demográficas. No grupo Dexa, a incidência de náusea durante a operação e nas primeiras 12 horas de pós-operatório foi de 32% e 16%, respectivamente, enquanto no grupo PC6 foi de 22% e 4%, respectivamente. A incidência de vômito no grupo Dexa foi de 12% e 10% nos períodos correspondentes e no grupo PC6 8% e 4%, respectivamente. Conclusões: Na população estudada, somente a incidência de náusea no pós-operatório foi reduzida de forma eficaz com o agulhamento do ponto PC6 associado à dexametasona (p<0,05). Bibliografia 1 – Rev Bras Anestesiol, 2009; 59: 5: 570-576. 2 – Anesthesiology, 2007; 107: 903-908. 3 – Anesth Analg, 2008; 107: 1308-1312.

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AO 151 RAQUIANESTESIA PARA CESARIANA ELETIVA. EMPREGO DE DIFERENTES DOSES DE BUPIVACAÍNA HIPERBÁRICA ASSOCIADA A MORFINA E CLONIDINA STELLA MARYS TITOTTO; ANGELICA ASSUNÇÃO BRAGA; FRANKLIN SARMENTO BRAGA; JOSE ARISTEU FRIAS UNICAMP, CAMPINAS, SP, BRASIL. Resumo: RAQUIANESTESIA PARA CESARIANA ELETIVA. EMPREGO DE DIFERENTES DOSES DE BUPIVACAÍNA HIPERBÁRICA ASSOCIADA A MORFINA E CLONIDINA Angélica de A Braga, José A F Frias, Franklin S S Braga, Stella Marys M C Titotto*. Departamento de Anestesiologia da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP Cidade Universitária Zeferino Vaz s/n – Campinas – SP – CEP – 13084-100 Justificativa e Objetivos: A raquianestesia com bupivacaína hiperbárica a 0,5% associada a adjuvantes é uma técnica amplamente utilizada para a operação cesariana. Os adjuvantes contribuem com a qualidade da anestesia, redução da dose do anestésico local e com a analgesia pós-operatória. Objetivou-se estudar comparativamente a eficácia e os efeitos colaterais materno-fetais de duas doses da bupivacaína associada à morfina e clonidina, por via subaracnóidea, em operação cesariana. Método: Foram incluídas no estudo 52 grávidas a termo, ASA I ou II, distribuídas aleatoriamente em 2 grupos – GI (n= 27) e GII (n=25). As doses de bupivacaína hiperbárica a 0,5% foram 10mg e 8mg nos GI e GII, respectivamente. Nos 2 grupos empregou-se clonidina (75µg) + morfina (100µg). A punção subaracnóidea foi realizada com a paciente sentada, agulha 27G Withacre, L3-L4 ou L2-L3. Avaliou-se: latência e nível máximo do bloqueio sensitivo; grau e duração do bloqueio motor; qualidade de analgesia no peroperatório e duração da analgesia; sedação; repercussões maternas e índice de Apgar. Na análise dos dados foram empregados os testes t de Student, exato de Fisher, MANOVA (p<0,05). Resultados: Latência para o bloqueio sensitivo (T10) - 3,81’ ± 1,30 (GI), 4,04’ ± 1,46 (GII); nível máximo (T6-T2) nos 2 grupos; grau máximo de bloqueio motor aos 20’ (Bromage 3) em todos os casos, sem diferença significativa entre os grupos. Tempo para desbloqueio motor: 240,07’ 62,6 (GI) e 196,60’ 49,84 (GII) com diferença significativa (p=0,008). Em GII, 3 pacientes (12%), necessitaram de fentanil venoso no peroperatório (66,7’±11,5). Duração da analgesia - 37% (GI – 187,9’±42,76) e 44% (GII - 162,18’±26,38), sem diferença significativa; repercussões hemodinâmicas e efeitos colaterais maternos semelhantes nos 2 grupos; não houve depressão respiratória materna; Índice de Apgar 1º.’ 9 e no 5º.’ 10 (GI e GII); nível de consciência – nos dois grupos houve predomínio de pacientes sonolento/dormindo. Conclusão: A bupivacaína em baixas doses (8mg) associada a morfina e clonidina por via subaracnóidea se mostrou eficaz para realização de cesariana. Referências: 1. Br J Anaesth, 2006; 97:365-370; 2. Rev Bras Anestesiol, 2006; 56: 370-376.

AO 152 CLONIDINA ASSOCIADA A MORFINA NA RAQUIANESTESIA PARA CESARINA MUDA O DESFECHO DA ANAGESIA PÓS-OPERATÓRIA? ANDREA SIMOES; MIRIAM MENEZES; ALESSANDRA SCHMIDT; GIANA ROSE; MARIANE OURIQUE; ELLEN SOARES DIAS UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA, SANTA MARIA, RS, BRASIL. Resumo: Menezes MS; Schmidt A; Rose G; Silva A; Dias E; Ourique M. CET Professor Manoel Alvarez – UFSM/HUSM Justificativa e Objetivo: O uso de adjuvantes nos bloqueios espinhais tem melhorado tanto a analgesia intraoperatória como a dor pósoperatória. O objetivo deste estudo foi o de verificar o papel da clonidina associada à morfina para operações cesarianas, no que se refere ao efeito poupador de opióides, inicidência de efeitos adversos e qualidade da analgesia. Material e Métodos: Participaram desse estudo prospectivo e analítico 162 pacientes primíparas ou multíparas, estado físico ASA II e III segundo a American Society Anesthesiology, com idades entre 18 e 45 anos, distribuídas em três grupos. Grupo I: 54 pacientes que receberam morfina 100 mcg + bupivacaína hiperbárica 10 mg + 0,1 ml de soro fisiológico 0,9%, num volume total de 2,6 ml de solução; Grupo II: 54 pacientes que receberam morfina 50 mcg + clonidina 50 mcg + bupivacaína hiperbárica 10 mg num volume total de 2,6 ml de solução; Grupo III: 54 pacientes que receberam morfina 50 mcg + bupivacaína hiperbárica 10 mg + 0,35 ml de soro fisiológico 0,9% num volume total de 2,6 ml de solução. Foram analisados: latência e nível do bloqueio, presença ou ausência de dor nas primeiras 24 horas do pós-operatório, intensidade da dor através da Escala Numérica Visual, necessidade de analgesia de resgate, incidência de efeitos adversos, escores de Apgar no 1 e 5 minutos de vida dos recém nascidos, sedação e alterações hemodinâmicas. Resultados: O grupo I apresentou maior percentual de efeitos adversos (45,7%) quando comparados com os pacientes dos outros grupos, sendo náuseas e vômitos os predominantes. Mesmo utilizando maiores doses de morfina intratecal, pacientes do grupo I foram as que mais necessitaram de doses de resgate no período pós-operatório ( 72,7%). O grupo II obteve escores maiores de sedação, porém sem retardo da alta anestésica ou prejuízo nos cuidados da mãe dispensados ao bebê. O grupo III apresentou boa analgesia nas primeiras 24hs e reduzida incidência de efeitos adversos. Conclusão: A associação de clonidina à morfina na raquianestesia para cesariana não mudou o desfecho da analgesia pós-operatória em comparação com doses reduzidas de opióides. Referências: Rev Bras Anestesiol, 1992; 42 ( supl 15):CBA 047; Anesth Analg, 2008; 107: 948-955; Anesthesiology, 1999; 91:1919-27; Rev Bras Anestesiol, 2001; 51: 483-492 Fonte de fomento: Não houve. Conflito: Não houve.

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AO 153 ANALGESIA COMO ROTINA NO TRABALHO DO PARTO NORMAL: PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NA MATERNIDADE SANT’ANA DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SOBRAL - CEARÁ, BRASIL. SAMUEL VASCONCELOS1; GERARDO CRISTINO DE MENEZES NETO2; JONATHAS CAVALCANTE2; NARA COUTINHO1; WALLENA BRITO1; DAVI ALVES1 1.UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, SOBRAL, CE, BRASIL; 2.SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SOBRAL, SOBRAL, CE, BRASIL. Resumo: Origem do TL: Santa Casa de Misericórdia de Sobral, sendo as principais áreas de pesquisa a Maternidade Sant’Ana e o Centro Cirúrgico. Comitê de ética-pesquisa: 0605.0.000.039.039-11. Justificativa e Objetivo: A dor constitui importante fator limitante à ampliação da política de incentivo ao parto normal; assim, ações que permitam instalação de controle adequado da dor nos serviços obstétricos são relevantes. Efetivar estas ações passa pela análise do conhecimento sobre analgesia de parto dos profissionais de saúde envolvidos no processo de atendimento ao parto normal. Por isso, objetivou-se realizar a análise da percepção dos profissionais de saúde sobre analgesia para o parto normal no serviço de obstetrícia da Maternidade Sant’ana da Santa Casa de Misericórdia. Materiais e métodos: Estudo transversal, quantitativo, baseado em entrevista através de questionário estruturado. Foram incluídos 34 médicos (obstetras e anestesiologistas) e 4 enfermeiros que compõem as equipe de trabalho. Resultados: A maioria dos anestesiologistas (45,7%) possui mais de 20 anos de formação, enquanto que a maioria dos obstetras (40%) tem entre 5 e 10 anos. A proporção de anestesistas com experiência em analgesia (88,1%) foi semelhante aos dos obstetras (90%). 60% dos obstetras experimentaram até 10 partos com analgesia enquanto que a mesma proporção de anestesiologistas (60%) fez até 50. 54,4% dos anestesistas concordaram parcialmente que a falta de equipamentos é uma dificuldade, contudo a maior proporção dos anestesiologistas (91%) concordou como grande empecilho o acompanhamento durante toda a evolução do trabalho de parto. Quanto aos obstetras, 50% concordaram que o espaço físico é um fator limitante, 60% discordam que existe maior chance de complicação durante o parto e 80% discordam do aumento da sobrecarga de trabalho pelo aumento do tempo do trabalho de parto. Em relação às enfermeiras, 100% têm menos de cinco anos de formação e não possuem experiência prévia. Discussão e conclusão: Os anestesiologistas e obstetras da maternidade da Santa Casa de Sobral possuem experiência similar em analgesia para o trabalho de parto, entretanto observa-se que as dificuldades para implantação de uma rotina para o serviço passa pela ausência de um espaço físico específico, assim como de um anestesiologista alocado exclusivamente para o centro obstétrico. As enfermeiras, por sua vez, não possuem experiência. Desta forma, a implantação da rotina de analgesia de parto para a maternidade Sant’ana passa por adequações físicas e de recursos humanos, assim como capacitação específica das equipes de enfermagem. Referências bibliográficas: Knowledge and expectations of labour among primigravid women in the public health sector. v. 9, n. 6 p. 461-464.

AO 154 BLOQUEIO SUBARACNÓIDEO EM OBSTETRÍCIA EM PACIENTE PORTADORA DE SÍNDROME ANTIFOSFOLÍPIDE GABRIEL JOSÉ OLIVEIRA; CAMILA GIATTI COLOMBO; NIVALDO SIMÕES CORREA; BEATRIZ JALBUT JACOB; LIGIA FERREIRA TOLEDO; CLAUDIA ANDREA CIVIDINI CET HOSPITAL VERA CRUZ, CAMPINAS, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: A Síndrome Antifosfolípide consiste na presença de anticorpos lúpico anticoagulante que inibe a coagulação de fosfolipídeos dependentes e de anticardiolipina; tendo efeitos sobre a agregação plaquetária, atividade de protrombinase plaquetária e de via intrínseca da coagulação, implicando o surgimento de eventos trombóticos, tais como acidente vascular cerebral isquêmico e trombose periférica arterial ou venosa, em geral os pacientes são jovens e do sexo feminino. Sendo que em gestantes aumentam as chances de instalação de pré-eclâmpsia, infarto e necrose placentária, trombose, trombose neonatal em crianças nascidas de mães com a síndrome. A terapêutica é baseada na terapia imunossupressora, aspirina e heparina de baixo peso molecular; as quais apresentam menores taxas de sangramento e trombocitopenia. Relato de caso: Paciente sexo feminino, 33 anos, 60kg, gesta I, parto 0 e aborto 0, estado físico ASA II, diagnosticada Síndrome Antifosfolípide após trombose venosa cerebral em 2008, em uso de enoxaparina 60mg/dia. Submetida a cesárea eletiva após avaliação de coagulograma no dia do procedimento, suspenso enoxaparina 12 horas antes do procedimento, realizado bloqueio subaracnóideo em L3/ L4, agulha Whitacre 27G com líquor claro e sem intercorrências, recém-nascido em boas condições vitais, com Apgar 9/10 mg, hidratação realizada com 1000ml de solução fisiológica 0,9% e 1000ml de solução de Ringer Lactato. Paciente em BEG e sem alterações hemodinâmicas com alta do Centro Obstétrico para alojamento conjunto, com regressão total do bloqueio motor e sensitivo após 3 horas. Conclusão: Acompanhamento no pré natal deve ser rigoroso e a avaliação no pré operatório através do hemograma completo e coagulograma institui a melhor técnica anestésica a ser adotada; sendo necessário suspensão da heparina de baixo peso molecular pelo menos 12 horas antes da cesariana eletiva. As técnicas de bloqueios regionais só devem ser evitadas se distúrbios de coagulação estiverem associados; e preferencialmente realizar bloqueio subaracnóideo à peridural devido a menor risco de sangramento e hematoma espinhal. Referências bibliográficas: 1. WELCH S & BRANCH DW. Antiphospholipid syndrome in pregnancy: obstetric concerns and treatment Rheum Dis Clin North Am 23: 7184,1997 2. PETRI M. Pathogenesis and treatment of the antiphospholipid antibody syndrome. Adv Rheumatol 81: 151-177, 1997

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AO 155 INTUBAÇÃO VÍDEO-ASSISTIDA EM GESTANTE COM OBSTRUÇÃO INTESTINAL EDUARDO DE SOUZA NETO; RODRIGO BERNARDES DE OLIVEIRA; CESAR HENRIQUE FORNERO; MOZART RIBEIRO; LUIZ PAULO VILLELA VIEIRA; ALAN REZENDE FREITAS COLARES HOSPITAL SEMPER, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Intubação vídeo-assistida em gestante com obstrução intestinal JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A anestesia geral em gestantes representa um desafio para o anestesiologista assistente, uma vez que essas pacientes apresentam peculiaridades importantes com relação ao manejo per-operatório. As alterações anatômicas e fisiológicas da gravidez provocam modificações na via aérea que se responsabilizam pelo grande aumento de morbimortalidade anestésica nesse grupo de doentes. O laringoscópio Truview, por sua angulação específica, permite melhor visualização de estruturas à laringoscopia, de forma menos traumática, melhorando as condições de intubação e o prognóstico das pacientes. RELATO DE CASO: Paciente C.M.C., 37 anos, com 32 semanas de gestação, com quadro de dor em flanco direito e fossa ilíaca direita com três dias de evolução. Indicada videolaparoscopia para diagnóstico e tratamento do quadro. Admitida no centro cirúrgico com obstrução intestinal e vômitos fecalóides volumosos. À avaliação pré-operatória, não foram evidenciados sinais de via aérea difícil. Optou-se por intubação orotraqueal acordada video-assistida com laringoscópio Truview. Feita anestesia tópica de via aérea com lidocaína spray e anestesia transtraqueal. Procedeu-se à intubação, com boa visualização da laringe. Ato sem intercorrências. A seguir, administrou-se fentanil (3 mcg/kg), propofol (2 mg/kg) e cisatracúrio (0,1 mg/kg) para relaxamento muscular e a anestesia foi mantida com sevoflurano. Ao final do procedimento, a paciente foi extubada e encaminhada à sala de recuperação pós-anestésica. DISCUSSÃO: As modificações fisiológicas da gestação predispõem à via aérea difícil por vários motivos. A retenção de líquido e a embebição dos tecidos torna-os friáveis à manipulação, provocando traumas e edema das estruturas. Soma-se a isso uma redução da capacidade residual funcional que leva ao rápido desenvolvimento de hipoxemia em situações de ventilação inadequada. A regurgitação de conteúdo gástrico e a aspiração pulmonar são riscos constantes devido ao relaxamento do esfíncter esofágico inferior e ao retardo no esvaziamento gástrico próprios do período gestacional. No caso relatado, optou-se pela intubação acordada pela maior probabilidade de via aérea difícil não antecipada da grávida e pela presença de obstrução intestinal com vômitos fecalóides. A manutenção da ventilação espontânea é importante frente à impossibilidade de se obter uma via aérea definitiva, permitindo manter a oxigenação adequada enquanto avaliam-se alternativas para o problema. Do mesmo modo, com a paciente acordada, mantêm-se os reflexos de proteção da árvore traqueobrônquica, fundamental em uma situação de vômitos abundantes na qual é preciso evitar a ventilação com pressão positiva. Por último, a realização da laringoscopia video-assistida com laringoscópio Truview permitiu visualização das estruturas com um mínimo de traumatismo e maior segurança, evitando hipoxemia e lesões na via aérea. Referências Bibliográficas: Anaesthesia, 2007, 62, pages 940-943 Minerva Anestesiologica, 2002; 68: 775-81

AO 156 ANESTESIA PARA CESARIANA EM GRANDE OBESA ERICK FREITAS CURI; CARLOS EDUARDO DAVID DE ALMEIDA; ANTÔNIO ROBERTO CARRARETTO; LUCAS VENTORIM DE TASSIS; ROBERTA ELENI MONTEIRO ABATTI; CAMILA ZUCCOLOTO OLIVIER UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, VITÓRIA, ES, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: Demonstrar o planejamento e a técnica anestésica empregada na cesariana de uma grande obesa. Relato de Caso: Paciente, 38 anos, secundigesta e obesa mórbida (IMC = 67 kg/m2). Submetida a avaliação pré-anestésica sete dias antes do ato anestésicocirurgico. Levada ao centro cirúrgico para cirurgia cesariana eletiva com idade gestacional estimada de 38 semanas. Na sala de operação foi monitorada conforme as normas estabelecidas na Resolução 1802/2006 (CFM). Procedeu-se sondagem vesical após a anestesia. A paciente foi colocada na posição sentada para efetuar a anestesia peridural. A punção foi realizada com sucesso na segunda tentativa no espaço intervertebral L4-L5 (estimativa clínica) com agulha Tuohy 16. Injetou-se dose teste (3 ml – lidocaína 2% com vasoconstrictor). Na seqüência, ropivacaína (5 ml – 25mg a 0,5%). Foi introduzido o cateter peridural. Paciente colocada em decúbito dorsal a 30°. Manteve-se o desvio lateral do útero. Aos 5 minutos (5 ml – ropivacaína 0,5%). Aos 15 minutos (5 ml – ropivacaína 0,5% associada a 10 mcg de sufentanil). Aos 25 minutos (5 ml – ropivacaína 0,5%). Neste momento o bloqueio sensitivo atingiu a topografia do dermátomo T6. Não foi registrada qualquer alteração hemodinâmica ou respiratória. Durante a cirurgia a gestante relatou apenas leve desconforto epigástrico no momento do nascimento. O recém-nascido pesou 3115 g e Índice Apgar 9/9. Mãe e filho receberam alta hospitalar no quarto dia de pós-operatório. Discussão e Conclusão: O IMC tem uma excelente correlação com a quantidade de gordura corporal. É considerada obesidade mórbida IMC > 40 kg/m2. Esta se relaciona com maior morbidade e mortalidade. Cerca de 25% das gestantes brasileiras são obesas. A obesidade agrava o prognóstico materno-fetal. Ocorre maior incidência de amnorrexe prematura, síndrome hipertensiva, diabetes e macrossomia fetal. A incidência de cirurgia cesariana é maior. Na anestesia os fatores de risco são as doenças associadas, via aérea, ventilação, volume abdominal, quantidade e pH do suco gástrico, punção lombar entre outros. A instalação de um cateter peridural eletivamente pode ser importante. Evitaria a punção espinhal de urgência. Diminuiria assim a realização de anestesia geral. A anestesia peridural permite a titulação anestésica, obtendo o nível desejado com estabilidade cardiovascular e a mínima interferência na ventilação. Referências: 1- Nucci LB, Schimidt MI, Duncan BB, et AL. Nutritional Status of Pregnant Women: Prevalence and Associated Pregnancy Outcomes. Rev Saude Pub, 2002; 35:502-7. 2- Cangiani LM – Anestesia na Gestante Obesa, em: Yamashita AM, Gozzani JL – Anestesia em Obstetrícia. São Paulo, Atheneu, 2007; 269-76.

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AO 157 MANUSEIO ANESTÉSICO PARA HISTERECTOMIA EM PACIENTE VALVULOPATA SOB ANTICOAGULAÇÃO ORAL ELIZABETH FERNANDES VAZ SILVA; GABRIEL AZEVEDO TERRA CUNHA; ALBERTO VIEIRA PANTOJA; LEANDRO SODRÉ XAVIER SILVA; PAOLA DA COSTA DOS SANTOS UFF, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: MANUSEIO ANESTÉSICO PARA HISTERECTOMIA EM PACIENTE VALVULOPATA SOB ANTICOAGULAÇÃO ORAL Introdução: A terapêutica básica dos pacientes portadores de valvulopatia e principalmente aqueles que possuem válvulas metálicas se baseia na anticoagulação plena e contínua. O preparo pré-operatório e a técnica anestésica daqueles à serem submetidos a cirurgias eletivas deve ponderar os riscos de sangramento pelo uso dessas medicações e o altíssimo risco de trombose e óbito caso sejam suspensas. Relato de caso: A.F. , 44 anos, feminina, portadora de hipertensão arterial sistêmica , diabetes tipo 2, cardiopatia mitral de origem reumática com troca por válvula mecânica em 2009, sob anticoagulação oral com cumarinico, em uso de IECA, Anlodipino, hidroclorotiazida ,metformina e insulina. Quadro de hipermenorreia por leiomiomatose uterina com indicação cirúrgica de histerectomia total. Foi suspenso o cumarínico sete dias antes do procedimento e iniciada anticoagulação com heparina de baixo peso molecular (HBPM) dose de 1mg.kg-1 2x/ dia, esta suspensa 12h antes da cirurgia. Além disso, foram suspensos os anti-hipertensivos e hipoglicemiantes no dia da cirurgia. Na sala de operação realizada monitorização com cardioscopia, oximetria de pulso, pressão arterial não invasiva e venóclise em membro superior direito com cateter 16G. Sedação com 2mg de midazolam intravenoso (IV) e profilaxia para endocardite com cefazolia 1g IV. Bloqueio subaracnóide realizado com paciente em decúbito lateral esquerdo, via mediana (L3-L4), punção única, com agulha 26G de Quincke. Infusão de 20mg de bupivacaína isobárica com 60µg de morfina. Nível sensitivo em T6. Hidratação venosa com 2000 ml de cristalóide e reposição sanguínea com um concentrado de hemácias. O tempo de anestesia foi de duas horas e quarenta e cinco minutos. A paciente foi então encaminhada para a unidade de recuperação pós anestésica com Aldrete 9 . Recebeu alta para a enfermaria duas horas após com Aldrete 10. O pós operatório aconteceu sem complicações. Houve retorno da HPBM em dose plena 6 horas após a cirurgia e do cumarínico 48 horas. Realizado controle de anticoagulação pelo INR até atingir a faixa terapêutica, tendo alta hospitalar em 23 dias. Discussão: A incidência de hematomas espinhais após anestesias neuroaxiais em pacientes em uso de agentes antiplaquetários, anticoagulantes orais e heparinas, embora desconhecida, tem sido considerada pequena por diversos autores. Estimando-se ser menor que 1 em 150.000 anestesias peridurais e 1 em 220.000 raquianestesias. O risco e os benefícios da anticoagulação em pacientes portadores de válvulas cardíacas mecânicas em perioperatório devem ser avaliados individualmente para definição da melhor técnica anestésica e, no pósoperatório, buscar-se a detecção precoce de possíveis déficits neurológicos progressivos. Bibliografia: Rev Bras Anestesiol 2001; 51: 3: 225 – 234 -Anticoagulantes e Bloqueios Espinhais Managing anticoagulated patients during neuraxial anaesthesia – BJh Review Regional Anesthesia in the Patient Receiving Antithrombotic or Thrombolytic Therapy - American Society of Regional Anesthesia and Pain Medicine Evidence - Based Guidelines (Third Edition)

AO 158 AVALIAÇÃO DO EFEITO DO ONDANSETRON NA INCIDÊNCIA DE PRURIDO PÓS-MORFINA INTRATECAL EM PACIENTES SUBMETIDAS A CESARIANA RODRIGO CARNEIRO MARTINIANO; RUY LEITE DE MELO LINS FILHO; DANIELLE MELO DA SILVA; MARÍLIA ANTUNES FLORES; BRUNA RIETRA RIO; ELISSA CARLA PINTO JAQUES HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UFPE, RECIFE, PE, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: A eficácia da morfina na analgesia pós-operatória é indiscutível, e a sua administração no neuroeixo em pacientes submetidas a raquianestesia para cesariana é universalmente aceita e recomendada. A ocorrência de efeitos colaterais, entretanto, continua a ser um problema, dentre os quais o prurido é o mais frequente. O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia do ondansetron para profilaxia de prurido após a administração de morfina intratecal em pacientes submetidas a raquianestesia para cesariana. Materiais e Métodos: Trata-se de um ensaio clínico duplamente encoberto e randomizado, placebo controlado, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da UFPE, no qual 96 gestantes com indicação de cesariana foram distribuídas em dois grupos: o grupo A recebeu 10 ml de água destilada IV, e o grupo B, 8 mg de ondansetron IV diluído em água destilada para um volume total de 10 ml. As pacientes foram avaliadas no intra-operatório e 3, 6, 12 e 24 horas após a raquianestesia, registrando-se a ocorrência de prurido, náusea e vômito, dor e efeitos colaterais do ondansetron. Foram aplicados o teste Qui-quadrado e o teste t-Student, considerando significante o valor de p< 0,05. Resultados: A incidência global de prurido no grupo A (controle) foi de 56,3%, e no grupo B (ondansetron) de 47,9%, sendo essa diferença não estatisticamente significante (p=0,414). A incidência de efeitos colaterais do ondansetron foi de 4,2%, em ambos os grupos. A incidência de náusea e vômito no período pós-operatório avaliado foi de 39,6% no grupo A (controle) e de 16,7% no grupo B (ondansetron), sendo essa diferença estatisticamente significante (p = 0,013). Discussão e Conclusão: O ondansetron não foi eficaz para profilaxia de prurido após a administração de morfina intratecal em pacientes submetidas a raquianestesia para cesariana, apesar de ter diminuído a incidência deste sintoma. Entretanto foi eficaz para profilaxia de náuseas e vômitos. Referências bibliográficas: 1. Anesth Analg. 2000; 91:172-5. 2. Anesth Analg. 2002; 95:1763-6. 3. Anesth Analg. 2009; 109:174-82.

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AO 159 ANESTESIA NA GESTANTE COM ROTURA DE CORDA TENDÍNEA DE VÁLVULA MITRAL - RELATO DE CASO. ONOFRE ALVES NETO; TIAGO HENRIQUE MARÇAL VIEIRA; THIAGO ANDERSON CABRAL MOREIRA; HUGO SÉRGIO DE OLIVEIRA GOMES; GUSTAVO PAULA ANDRIOLO; DARIO HUMBERTO PAIVA CET-SBA HOSPITAL DAS CLÍNICAS, GOIÂNIA, GO, BRASIL. Resumo:

Justificativa e objetivo: A ruptura de corda tendínea com conseqüente falha na coaptação dos folhetos valvulares cardíacos representa causa comum de regurgitação mitral pura em países desenvolvidos, associado às alterações cardiovasculares fisiológicas da gestação. A etiologia mais freqüente é a degeneração mixomatosa, seguindo-se a endocardite e a doença coronária. Relata-se o caso de primigesta com degeneração infecciosa de válvula mitral. Relato: Paciente 24 a, G1P0A0, IG 30 semanas, evoluiu no 3º trimestre de gestação com dispnéia paroxística noturna e dor torácica de forte intensidade. Ao exame apresentava sopro holossistólico em foco mitral com edema de membros inferiores 3+/4+ e oligúria em uso de furosemida. Ecocardiograma: rotura de corda tendínea com vegetações em valva mitral e aumento de câmaras esquerdas, FE= 0,48. Optou-se por intervenção obstétrica e cardíaca em tempos separados. A cesariana ocorreu sob peridural, com punção ao nível de L2-L3, com agulha Tuohy e cateter peridural 18G. Foram administrados 15 mL de ropivacaína 0,75%, fracionados em 3 bolus de 5 mL com intervalos de 15 minutos entre eles. Ao ultimo bolus foi associado 2 mg de morfina, e após 10 minutos desse foi iniciado o procedimento com nível sensorial instalado em T6. O procedimento evoluiu sem intercorrências, sendo conduzida à UTI no pós-operatório imediato. Nasceu RN fem, Apgar 4/5, sendo entubado após 10 min, enviado para UTI neonatal.No dia seguinte, a paciente foi submetida à troca de valva mitral. Indução com 250 µg fentanil, 20 mg etomidato e 80 mg de rocurônio. A traquéia foi intubada com tubo 7,5 com balonete. Manuntenção com doses suplementares de fentanil (750 µg), rocurônio (10 mg/40 minutos) e isoflurano. Cirurgia durou 4 horas e a circulação extracorpórea 55 minutos. A paciente necessitou de 5 µg/kg/min de Dobutamina na saída de CEC e pequenas doses de nitroprussiato por curto período. Foi extubada em sala de cirurgia após 1 hora do término da cirurgia, sendo encaminhada à UTI, em ventilação espontânea, sangramento habitual, com a mesma dose de dobutamina.A analgesia foi realizada com bolus de morfina. Recebeu alta da UTI no segundo pós-operatório e alta hospitalar com 9 dias. Conclusões: A rotura da corda tendínea está entre as complicações mais temíveis, gerando insuficiência mitral aguda ou piorando uma insuficiência previa. O uso de bloqueio regional para cesariana e anestesia geral para correção cardiovascular mostrou-se um opção segura para manejo desses pacientes. Referências: 1 – Chestnut’s Obstetric Anesthesia – Elsevier, 2009, 881-912 2 – Hensley AF – Cardiac Anesthesia – Lippincott, 2003, 316-347

AO 160 BLOQUEIO DO PLANO TRANSVERSO ABDOMINAL GUIADO POR ULTRASSONOGRAFIA PARA ANALGESIA APÓS CESARIANA SOB ANESTESIA GERAL FLÁVIO MACIEL FONSECA1; ELIANE CRISTINA DE SOUZA SOARES2; JACI CUSTÓDIO JORGE1; MÁRCIA ROSÁLIA DE SOUZA1; ANA TEREZA MOREIRA DANTAS DE ANDRADE PINTO1; WALKÍRIA WINGESTER VILAS-BOAS2 1.CET IPSEMG, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL; 2.HOSPITAL MUNICIPAL ODILON BEHRENS, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo:

Introdução: O bloqueio do plano transverso abdominal (TAP block) representa uma alternativa para analgesia pós-operatória em cirurgias abdominais. A injeção de anestésico local no plano entre os músculos oblíquo interno e transverso na parede abdominal antero-lateral permite bloqueio efetivo da dor somática decorrente de incisões abdominais. A introdução da ultrassonografia (US) na realização deste bloqueio possibilitou maior eficácia analgésica por permitir a localização exata do plano e a visualização em tempo real do posicionamento da agulha e injeção do anestésico. O objetivo deste trabalho é apresentar um caso em que o bloqueio foi usado para analgesia pós-operatória em paciente submetida a cesariana sob anestesia geral. Relato do caso: 23 anos, G2P1A0, 37 semanas, encaminhada com relato de 2 crises convulsivas tônico-clônicas generalizadas (CCTCG) nas últimas 12hs e febre. À admissão negava doenças prévias e uso de medicamentos. Exame físico não mostrava alterações, com BCF = 144 bpm. Exame da via aérea mostrava Mallampati 3 e distância tireomentoniana < 6cm. Solicitada propedêutica que evidenciou elevação discreta de LDH, de escórias renais, proteinúria de fita 3+, leucocitose com desvio, PCR positiva, piúria e bastonetes gram negativos na urina. Foram iniciados cefalotina 1g, sulfato de magnésio e indicada cesariana. Durante infusão do sulfato, paciente apresentou nova CCTCG, sendo encaminhada ao Centro Obstétrico confusa, agitada e não cooperativa. Realizada monitorização habitual não invasiva e indução venosa com fentanil 3µg/kg, etomidato 0,3mg/kg e succinilcolina 1mg/ kg. Intubação orotraqueal em seqüência rápida, sem dificuldades, com tempo entre indução/clampeamento do cordão de 2 minutos. Manutenção com sevoflurano em FiO2 100%. Extraído RN vivo, Apgar 8/9. Antes do despertar foi realizado TAP block guiado por US utilizando-se 20ml de ropivacaína 0,5% bilateralmente. Administrada analgesia venosa adicional com tenoxican 40mg EV. Paciente apresentou despertar sem dor e manteve analgesia eficaz nas primeiras 18hs de pós-operatório, sem necessidade do uso de opióides. Alta hospitalar com resolução do quadro de eclampsia e infecção. Discussão: A literatura mostra que o TAP block representa uma boa opção para analgesia pós-operatória em pacientes submetidas a cesariana sem morfina intratecal. Estudos realizados descrevem melhora no alívio da dor e redução do consumo e de efeitos colaterais de opióides. A analgesia adequada traz importantes repercussões na habilidade da parturiente de cuidar e amamentar o recém-nascido, reduz o risco de fenômenos tromboembólicos por permitir deambulação precoce e reduz a chance de ocorrência de dor não controlada que pode, em longo prazo, tornar-se crônica. Bibliografia: Anesth Analg 2010;111:475–81 Br J Anaesth 2009;103:726–30 Anesth Analg 2008;106:186–9

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AO 161 ANESTESIA PARA GESTANTE COM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO HEMORRÁGICO – RELATO DE CASO ARTHUR RUZZON CARDOSO; ROHNELT MACHADO OLIVEIRA; AMANDA ROCIO CARDOSO; GRAZIELLE BINDER SILVA; RICHARD VIEIRA CAMPOS HOSPITAL NOSSA SENHORA DO ROCIO, CAMPO LARGO, PR, BRASIL. Resumo:

ANESTESIA PARA GESTANTE COM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO HEMORRÁGICO – RELATO DE CASO RESIDÊNCIA MÉDICA DO HOSPITAL NOSSA SENHORA DO ROCIO, CAMPO LARGO - PR CARDOSO, A.R.; CARDOSO, A.R.;SILVA, G.B.; CAMPOS, R.V.;OLIVEIRA,R.M. Justificativa e objetivos: Acidente vascular encefálico hemorrágico é uma patologia de incidência rara observada em gestações. Os autores descrevem um relato ocorrido durante a gestação. O objetivo deste relato é evidenciar o desfecho materno-fetal ocorrido após a interrupção da gestação. Relato de caso: Gestante de 33 anos, 70 Kg, com 27 semanas de gestação, sem comorbidades prévias diagnosticadas, apresentou quadro inicial de nucalgia associada a alteração de nível de consciência evoluindo com pico hipertensivo seguido de alteração psicomotora e déficit motor em dimídio esquerdo. A tomografia craniana demonstrou hemorragia intraparenquimatosa, não havendo evidencias de formação aneurismática ou mal formação arteriovenosa através da angioressonância. Sem indicação de tratamento cirúrgico naquele momento. Exames laboratoriais demonstraram apenas proteinúria, sem alterações hematológicas ou hepáticas. Ultrassonografia obstétrica não evidenciou alterações fetais, contudo após duas semanas demonstrou oligodrâmnio e sofrimento fetal, necessitando de interrupção da gestação. O grau de consciência da paciente, influenciou decididamente na escolha da anestesia geral após os cuidados iniciais de oxigenoterapia, profilaxia da síndrome hipotensivo-postural, monitorização. Ventilação espontânea sob máscara sem pressão positiva; manobra de Sellick; indução rápida com etomidato 0,3 mg/Kg, succinilcolina 1,0 mg/ Kg e fentanila 2 µg/Kg. Intubação traqueal na primeira tentativa e manutenção da anestesia com oxigênio a 100% associado ao isoflurano 0,75 a 1%. Evitou-se a hiperventilação pulmonar materna até a retirada do feto, que ocorreu em torno de 4 minutos. Apesar de não ter ocorrido intercorrências no trans-operatório, o neonato foi classificado como Apgar de 5, necessitando de cuidados intensivos. Conclusão: Com a anestesia geral, a hipóxia fetal pode estar relacionada com excessiva ventilação materna, compressão aortocava e sobredose dos agentes anestésicos. Fatos que não parecem estar relacionados com a técnica utilizada neste caso, mas decorrente de outros fatores etiológicos como por exemplo a hipóxia materna decorrente do quadro clínico. Houve a regressão total da hemorragia intraparenquimatosa materna em trinta dias. O recém-nascido e puérpera tiveram boa evolução, com rápida alta hospitalar, embora com sequela motora materna, tratada com fisioterapia conforme orientações da equipe de neurocirurgia. Unitermos: Anestesia, Cesareana, Gestante, Acidente Vascular Encefálico Referências: (1)Expert review of neurotherapeutics.2010. (2)Postgrad Med J.2008.(3) World Stroke academy. (4) J Matern Fetal Neonatal Med. 2007.

AO 162 AVALIAÇÃO DA HIPÓXIA MATERNA E VITALIDADE FETAL APÓS BLOQUEIO PERIDURAL COM FENTANIL OU CLONIDINA DANIEL DE CARLI; KARINA FONSECA UEHARA; JOSE FERNANDO AMARAL MELETTI; RENATA VIVIAN FERREIRA PEREIRA; EVANDRO SOUZA GIACOMINI HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JUNDIAÍ, JUNDIAÍ, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: Analgesia de parto tem mérito, não só no controle da dor materna, mas no controle das alterações fisiopatológicas produzidas pelo trabalho de parto. Sabe-se que o consumo de oxigênio (O2) eleva-se em até 75% no trabalho de parto, podendo advir hipoxemia materna e fetal. No pico das contrações uterinas, a ventilação minuto pode elevar a 300% dos valores basais, resultando hipocarbia e alcalose respiratória, o que implica em vasoconstrição uteroplacentária, desvio da curva de dissociação da hemoglobina para esquerda e menor despreendimento de O2 ao feto. Entre as contrações uterinas, ocorre hipoventilação compensatória inclusive apnéia, suficientes para dessaturações maternas com conseqüentes desacelerações dos batimentos cardíacos fetais (BCF). Justificativa e objetivos: Na fase inicial do controle da dor através do bloqueio peridural, a hipoventilação materna pode ser exacerbada pela associação do opióide ao anestésico local. Este estudo visa controle da saturação de oxigênio (SatO2) materna e BCF durante instalação da analgesia, bem como a instituição de uma droga alternativa ao opióide. Material e Método: Foi realizado ensaio clínico randomizado duplo cego em primigestas, sem comorbidades, com dilatação cervical entre 6 e 8 centímetros, submetidas a analgesia de parto conforme solicitação do obstetra. Dois grupos foram estudados: no Grupo Fentanil (n=25), realizado peridural com cateter com 20 mg de Bupivacaína 0,25% com vasoconstritor e Fentanil 100 mcg; no Grupo Clonidina (n=25), peridural com cateter com 20 mg de Bupivacaína 0,25% com vasoconstritor e Clonidina 150 mcg. Aferidos das pacientes Pressão Arterial (PA), Frequência Cardíaca (FC), Frequência Respiratória (FR), BCF, SatO2 e avaliado Escala de sedação de Ramsay, antes e depois do bloqueio nos 1º, 5º, 10º e 15º minutos. Escala Visual Analógica, Escala de Bromage para bloqueio motor e altura do bloqueio sensitivo avaliado após 15 minutos. Anotado Apgar no 1º e 5º minuto. Resultados: A análise estatística dos dados (teste t Student) mostra que os dois grupos se comportam da mesma maneira, sendo que houve diferença significativa apenas na FR aos 15 minutos (p < 0,05). No Grupo Fentanil a FR baixou 26% do valor pré-bloqueio e no Grupo Clonidina houve queda de 16%. Discussão e Conclusões: O estudo mostrou que a Clonidina na dose de 150mcg pode ser boa alternativa como droga adjuvante na analgesia de parto. As variáveis analisadas demonstraram que a qualidade da analgesia e as repercussões materno-fetais foram iguais nos dois grupos. A queda dos valores de FR observados é esperada após analgesia e, neste caso, não provocou queda concomitante dos valores de SatO2 e BCF. Referências Bibliográficas: Rev Bras Anestesiol, 2004; 54:4: 473-478. Rev Bras Anestesiol, 2002; 52:4: 410419. Tratado de Anestesiologia, 2006; Vol 2: 1759-1790.

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AO 163 USO DA ULTRASSONOGRAFIA EM ANESTESIA PERIDURAL PARA CESARIANA EM PACIENTE PORTADORA DE DEFORMIDADE VERTEBRAL GRAVE SECUNDÁRIA A DISPLASIA ESPONDILOEPIFISÁRIA ELIANE CRISTINA DE SOUZA SOARES1; CAMILLA FROTA BARROSO2; JOAQUIM BELCHIOR SILVA2; MÁRCIA ROSÁLIA DE SOUZA2; JACI CUSTÓDIO JORGE2; WALKÍRIA WINGESTER VILAS-BOAS1 1.HOSPITAL MUNICIPAL ODILON BEHRENS, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL; 2.CET IPSEMG - HOSPITAL GOVERNADOR ISRAEL PINHEIRO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo:

Introdução - A displasia espondiloepifisária é uma doença autossômica dominante com incidência de 3-4:1.000.000 na qual alterações no colágeno do tipo II resultam em deformidades ósseas importantes, baixa estatura e problemas visuais/auditivos. O objetivo deste relato é apresentar um caso em que a ultrassonografia lombar foi fundamental na realização de anestesia neuroaxial para cesariana em gestante portadora desta doença associada a pré eclâmpsia grave e via aérea difícil. Relato do caso - Paciente de 32 anos, primigesta, portadora de displasia espôndiloepifisária com baixa estatura (100cm/43kg), cifose torácica e lordose lombar acentuadas, luxação de quadril e pé torto congênitos. Evoluiu na 28a semana de gestação com pré eclampsia grave e sinais de iminência de eclampsia, sendo indicada cesariana pela rápida evolução do quadro e evidências ultrassonográficas de sofrimento fetal crônico. Realizada corticoterapia para maturação pulmonar fetal durante a qual paciente desenvolveu piora da função renal e ascite. Avaliação pré-anestésica mostrou Mallampati IV, protrusão mandibular grau B e limitação da mobilidade cervical, além de dispnéia leve e pequeno derrame pleural. Realizada ultrassonografia da região lombar com localização de um interespaço com imagem adequada do ligamento amarelo, identificado como L3/L4 e situado cerca de 4cm à esquerda da linha média. Após marcações foi realizada punção única com agulha Touhy 17G com inserção de cateter peridural 19G. Administrada lidocaína 2% com adrenalina (1:200.000), em doses tituladas de 5ml, associada a 100mcg de fentanil espinhal até obtenção de bloqueio sensitivo em T4 (total=15ml). A paciente manteve-se hemodinamicamente estável durante todo o procedimento, recebendo 10ml/kg de cristalóides. Foi extraído RN masculino com 790g, sem sinais de deformidades ósseas, Apgar 2 e 7 em 1 e 5 minutos. Analgesia para o pós-operatório com 2mg de morfina peridural e 40mg de tenoxican EV após a clampagem do cordão. Paciente encaminhada ao CTI com boa evolução e alta hospitalar em 7 dias. Discussão - A ultrassonografia lombar fornece informações valiosas para a realização de punções neuroaxiais permitindo determinar a altura e o melhor ponto de punção, o melhor ângulo de inserção da agulha e o cálculo da distância pele-espaço peridural. Tais informações podem ser cruciais nos casos de difícil palpação dos pontos anatômicos ou de deformidades da coluna vertebral. No caso descrito, a baixa estatura e os parâmetros de via aérea indicavam que um bloqueio neuroaxial contínuo seria a melhor opção anestésica. A ultrassonografia lombar foi fundamental na abordagem anestésica, permitindo uma peridural em punção única que, de outra forma, provavelmente seria tecnicamente impossível. Bibliografia: Obstetric Anesthesia and Uncommon Disorders 2a ed, 2008;115-128 / Anesthesiology Clin, 2008; 26:145-158 Fotos da paciente, da ultrassonografia e termo de consentimento (enviado por email) estão disponíveis para apresentação

AO 164 ANESTESIA PARA CESARIANA EM PACIENTE PORTADORA DE VENTRÍCULO ÚNICO PÓS CORREÇÃO TIPO GLENN ELIANE CRISTINA DE SOUZA SOARES1; RÔMULO ROCHA PRADO2; ANA TEREZA MOREIRA DANTAS DE ANDRADE PINTO2; MÁRCIA ROSÁLIA DE SOUZA2; WALKÍRIA WINGESTER VILAS-BOAS2; JACI CUSTÓDIO JORGE1 1.HOSPITAL MUNICIPAL ODILON BEHRENS, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL; 2.CET IPSEMG - HOSPITAL GOVERNADOR ISRAEL PINHEIRO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo:

Introdução - A cardiopatia tipo ventrículo único é extremamente rara e acomete 0.5 a 1.5% das pacientes portadoras de cardiopatias congênitas. O objetivo deste relato é apresentar um caso de anestesia para cesariana em gestante portadora desta cardiopatia corrigida na infância. Relato do caso - 19 anos, G4P0A3, 31 semanas, admitida há 2 dias com dispnéia aos mínimos esforços. Ecocardiograma da infância mostrando ventrículo único tipo esquerdo, dupla via de entrada, transposição de grandes artérias, hipoplasia subvalvar e valvar pulmonar graves e hipoplasia de tronco e ramos pulmonares. Submetida aos 9 anos a shunt cavo-pulmonar tipo Glenn com cerclagem de tronco pulmonar. SpO2 pós-operatória de 75% e alta em uso de AAS e furosemida. Paciente abandonou medicação e acompanhamento cardiológico aos 15 anos, mantendo-se assintomática até a 30a semana de gravidez. Doppler fetal mostrava centralização de fluxo sendo indicada cesariana pós corticoterapia para maturação pulmonar fetal. Exame clínico revelou déficit cognitivo leve, baqueteamento digital, extremidades levemente cianóticas (SpO2 90% em FiO2 100% por máscara facial), Hb15.4g/dL, sopro sistólico III/VI panfocal, sem sinais de congestão. Feita monitorização com ECG contínuo, oximetria de pulso, pressão intra-arterial em femoral esquerda, sondagem vesical de demora e punção venosa central guiada por ultrassom. Mantido O2 suplementar descrito e administrada profilaxia para endocardite bacteriana (EB). Realizada punção peridural (identificação do espaço por manobra de Dogliotti com solução salina) com inserção de cateter. Administradas doses tituladas de 5ml de lidocaína 2% com adrenalina 1:200.000 associada a fentanil 100mcg até bloqueio sensitivo em T4 (total 300mg). Apresentou hipotonia uterina à despeito da profilaxia com 3UI de ocitocina EV em infusão contínua (IC) pós clampagem do cordão.Quadro responsivo a massagem uterina, dose adicional de ocitocina 5 UI EV em IC e metilergometrina 0,2 mg IM. Em decorrência do sangramento, houve hipotensão arterial e dessaturação com boa resposta a fenilefrina e hemotransfusão. Analgesia pós operatória com 2mg de morfina peridural e 40mg de tenoxicam EV, sendo encaminhada ao CTI com boa evolução. Discussão - Na gestante descrita, o débito pulmonar é diretamente dependente da pressão em veia cava superior e da resistência vascular pulmonar. Além disso, reduções na concentração de hemoglobina em relação aos valores basais (usualmente elevados) apresentam resultados drásticos na oxigenação materno-fetal. Portanto, no manejo anestésico é importante tratar agressivamente reduções da pré-carga, elevações na resistência vascular pulmonar e anemia. Profilaxia para EB está indicada e cuidados devem ser tomados para evitar embolização sistêmica de ar pelos acessos venosos e punção peridural. Bibliografia J Cardioth Vasc Anesth, 1996;10(5):640–642 Rev Bras Anestesiol 2008;58(3):246-51 Anesthesia for Congenital Heart Disease, Blackwell, 2005; 356-72

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AO 165 TROMBOEMBOLISMO PULMONAR EM PACIENTE COM GESTAÇÃO GEMELAR THIAGO CARLOS DE OLIVEIRA RAMOS; ANTONIO ESTEFANI NETO; CAMILA SOUZA HAGUI; REINALDO VARGAS MIRANDA; EVANDRO SOUZA GIACOMINI; JOAO MARTINS GRECO CET FACULDADE DE MEDICINA DE JUNDIAI, JUNDIAI, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: O tromboembolismo pulmonar (TEP) é uma afecção grave dos sistemas cardiovascular e respiratório que é marcada pela impactação de um êmbolo no leito arterial pulmonar. Seu diagnóstico é difícil porque os sinais e sintomas são inespecíficos e os exames complementares de rotina são também pouco elucidativos. As grávidas tem um risco aumentado para trombose venosa profunda (TVP) e TEP, pois apresentam hipercoagulabilidade pelo aumento da progesterona circulante durante a gravidez. Relato de caso: C.C.D., 29 anos, secundigesta, referindo parto anterior cesariano por pós-datismo há 10 anos, gestação gemelar com idade gestacional de 37 semanas e 4 dias, deu entrada no pronto socorro informando perda de grande quantidade de líquido vaginal seguida de dor em baixo ventre há 4 horas. Ao exame, o médico ginecologista procurou o serviço de anestesia, dizendo que a paciente estava em trabalho de parto e que este decorreria por via vaginal. Decidiu-se por uma anestesia peridural para analgesia do trabalho de parto. Ao ser transferida da maca para a mesa cirúrgica, a paciente queixou-se de dispneia súbita, optou-se por colocá-la em decúbito lateral enquanto se procedia a monitorização e a venóclise. Houve piora progressiva da dispneia, apresentando a seguinte medição no monitor: PA = 148x92mmHg, FC = 138bpm, saturação de 81% com máscara facial de O2 a 100%, além de estertores creptantes em bases pulmonares bilateralmente e hiperfonese de B2. Foi avisado ao ginecologista da mudança do estado clínico da paciente e pela opção à anestesia geral com intubação em sequência rápida com 350µg de fentanil, 20mg de etomidato e 50mg de rocurônio sob manobra de Sellick com tubo orotraqueal 7,5, mantida à ventilação manual com oxigênio a 100% até a retirada dos fetos, quando apresentou oximetria de 92% e ventilação controlada a pressão 30cm de H20, frequência de 15ipm e PEEP = 8. Colhida gasometria arterial que mostrou pH = 7,28, pO2 = 68, pCO2 = 48, bicarbonato de 15,6 mEq/L com BE = -11. A cirurgia terminou após 1 hora e 55 minutos e a paciente foi levada à UTI, onde foi inicializada infusão contínua de dobutamina, repostos 2 concentrados de hemácias e solicitados ecocardiograma e radiografia de tórax. Na radiografia havia velamento dos seios costo-frênicos e congestão pulmonar; no ECO, hipertensão pulmonar, aumento difuso do ventrículo direito, desvio septal para a esquerda e comprometimento difuso do ventrículo esquerdo de grau moderado. Optado por anticoagulação sistêmica com enoxaparina, recebeu alta da UTI em 5 dias e hospitalar em 17 dias, sendo acompanhada clinicamente. Discussão: A TEP é uma doença grave, de elevada mortalidade e que muitas vezes não é nem lembrada como diagnóstico, pois as vezes cursa com sintomas mais insidiosos. É necessário tratamento rápido com suporte hemodinâmico e ventilatório e anti-coagulação, sendo algumas vezes necessário o uso de trombolíticos. Sempre convém lembrar esse diagnóstico nas gestantes que cursam com dispneia.

AO 166 INCIDÊNCIA DE RETENÇÃO URINÁRIA APÓS RAQUIANESTESIA PARA CESARIANA COM USO DE MORFINA. ONOFRE ALVES NETO; VALDBLAN RICARDO DE FREITAS; DARIO HUMBERTO PAIVA; TIAGO HENRIQUE MARÇAL VIEIRA CET-SBA DO HOSPITAL DAS CLINICAS DA UFG, GOIÂNIA, GO, BRASIL. Resumo: JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS - É frequente o uso de morfina nos bloqueios subaracnóideos, com a indicação de analgesia prolongada, em torno de 18-24 horas, porém com efeitos colaterais às vezes expressivos. O custo-benefício de sua utilização em anestesia para cesarianas é considerável, pois este é um procedimento com trauma importante e dor pós-operatória relevante. A retenção urinária é resultado de sua ação nos receptores u e k da medula espinhal, inibindo o reflexo da micção, elevando o tônus do esfíncter externo da uretra e relaxando o trígono vesical dos ureteres. O objetivo do trabalho é avaliar a incidência de retneção urinária no P.O. de cesarianas com uso de morfina intratecal na Maternidade do Hospital das Clínicas da UFG, em Goiânia-GO. MÉTODO - 30 pacientes de cesariana foram submetidas à raquianestesia com uso de morfina intratecal com dose fixa de 80 ug. Após a cirurgia, pacientes foram acompanhadas, observando-se a ocorrência de retenção urinária. Outros fatores foram avaliados: volume de hidratação, presença de dor. RESULTADOS - Das 30 pacientes estudadas, 3 apresentaram retenção urinária, resultando numa incidência de 10%. O tempo de diagnóstico da retenção urinária após o ato anestésico foi de 270, 300 e 360 minutos, com uma média de 310 minutos. O volume de hidratação teve sua média em 2,5 L. CONCLUSÕES - A incidência de retenção urinária encontrada está de acordo com a literatura do assunto e é considerada baixa diante dos benefícios que a morfina intratecal tem no alivio da dor pós-operatória. Sabe-se que a cesariana é uma cirurgia com trauma tecidual importante e que resulta em dor subsequente considerável para a paciente. Os riscos deste efeito colatgeral não suuperam os benefícios do bem-estar proporcionado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - BMJ 1991; 302:864; 2 - Rev Bras Anestesiol 2001; 345:51:4; 3 - Rev Bras Anestesiol 2010: 60(4):383390.

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AO 167 PROCEDIMENTO DE EXIT EM FETO COM DIAGNÓSTICO DE TERATOMA DE OROFARINGE. RELATO DE CASO. MICHELINE MENDONÇA KODAMA; BENEDITO OLÍMPIO SANTOS; ANA MARCIA RODRIGUES DA CUNHA; CAROLINA OLIVEIRA SANT´ANNA HOSPITAL DE BASE, SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: o diagnóstico precoce de tumor de orofaringe fetal e o planejamento do parto são fundamentais para realização do preocedimento de EXIT (ex utero intrapartum treatment). Essa técnica oferece a vantagem de garantir a troca gasosa materno-fetal através da placenta, enquanto se assegura uma via aérea avançada para o feto. Relato de caso: JT, F, 21 anos, 62 Kg, gestante de 35 semanas e 3 dias, diagnóstico de DHEG (doença hipertensiva específica gestação) + malformação fetal (teratoma orofaringe), encaminhada para cesareana de urgência, devido a centralização fetal. Após monitorização, paciente submetida a anestesia peridural lombar, espaço L2-L3, com passagem de cateter e injeção de 25 mg de bupivacaína, com vasoconstrictor e 100 µg de fentanil. Realizada indução em sequência rápida, sem intercorrências, com uso de fentanil, propofol, succinilcolina, atracúrio e isoflurano durante a anestesia. Após 15 minutos da intubação, exteriorizada cabeça fetal, com necessidade de maior relaxamento uterino, que foi conseguido com aumento do isoflurano de 0,8 para 2%. A IOT (intubação orotraqueal) fetal foi realizada sem dificuldades pela equipe da Pediatria, com clampeamento do cordão umbilical. Não houve instabilidade hemodinâmica materna e a FC (frequência cardíaca) fetal foi avaliada através do cordão umbilical. Suspendeu-se, temporariamente, o isoflurano, reiniciando-o a 0,6% assim que houve contração uterina adequada. Extubação ao final de 40 minutos, com injeção de 2 mg de morfina no cateter de peridural, sem intercorrências. A criança foi encaminhada para excisão da tumoração de cavidade oral, com boa evolução. Discussão: a conduta anestésica é de extrema importância no procedimento de EXIT, devendo-se oferecer condições operatórias adequadas, que possibilitem a diminuição do tônus uterino no momento da exteriorização da cabeça fetal, sem predispor à atonia uterina posterior, com consequente sangramento materno. A associação peridural + geral balanceada permitiu que o procedimento fosse realizado sem intercorrência e com maior segurança materno-fetal.

AO 168 ANESTESIA GERAL PARA MIOMECTOMIA EM GESTANTE NO SEGUNDO TRIMESTRE MARCO AURELIO DA SILVA NEVES; FERNANDA MARQUES LAMOUNIER FERNANDES; NATALIA BARBOSA SAAD; ANDRE FERNANDES SILVA; ELIANE CRISTINA DE SOUZA SOARES; MÁRCIO PLACEDINO MARTINS HOSPITAL DAS CLINICAS UFMG, BELO HORIONTE, MG, BRASIL. Resumo: Introdução: O objetivo deste relato é apresentar um caso de anestesia geral para miomectomia em gestante com contra-indicação ao bloqueio neuroaxial. Relato de caso: Paciente 41 anos, G2PC1A0, 19/20 semanas, 104 Kg, 1,44m (IMC: 50kg/m2) com história de massa anexial a esclarecer (800 cm³) diagnosticado como provável mioma subseroso, sendo indicada laparotomia exploradora. História de diabetes mellitus tipo 2 e esteatose hepática. Cesariana prévia realizada sob anestesia neuroaxial sem intercorrências há 18 anos. Sem outras comorbidades, uso de medicamentos, história prévia de coagulopatias e outras cirurgias. Coagulograma pré-operatório mostrou PTTa limítrofe (50” paciente x 33” controle em dois exames consecutivos), sendo optado por anestesia geral. Paciente sem parâmetros preditores de via aérea difícil. Monitorização padrão com ECG contínuo, oximetria de pulso e pressão arterial não invasiva e profilaxia para aspiração 30 minutos antes da indução com 10 mg de metoclopramida e 50 mg de ranitidina. Indução em sequência rápida com 20 mg de etomidato, 70 mg de succinilcolina e 2,5 mg de alfentanil. Intubação realizada sem dificuldades. Manutenção com sevoflurano inalatório, visando 1,2 CAM e alfentanil em bolus de 1mg e 0,5 mg. Recebeu 400ml de plasma fresco congelado no perioperatório e 2500 ml de cristalóides. Manutenção dos níveis pressóricos iniciais com bolus intermitentes de 5 mg de efedrina, em um total de 20 mg. Ato anestésico e cirúrgico sem intercorrências, sendo confirmado o diagnóstico. Paciente extubada no final do procedimento. Avaliação fetal após a cirurgia com boa viabilidade. Conclusão: A anestesia regional é a primeira opção no manejo anestésico de gestantes em cirurgias não obstétricas. No entanto, havendo contra-indicações ao bloqueio neuroaxial o anestesista, ao optar pela anestesia geral, deve tomar os cuidados necessários para evitar a aspiração pulmonar, garantir a manutenção do fluxo útero-placentário e reduzir a exposição fetal a drogas desnecessárias. A avaliação da vitalidade fetal não parece ser benéfica no perioperatório, embora deva ser verificada no pré e pós-operatório imediatos. Bibliografia: Advances in Anesthesia, 2006; 24: 1-28 Clinical Obstetrics and Gynecology, 2009; 83(4): 535-545 Journal of Clinical Anesthesia, 2006; 18(1): 60-66

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AO 169 ANESTESIA GERAL EM GESTANTE LÚPICA, PLAQUETOPÊNICA, PORTADORA DE INSUFICIÊNCIA MITRAL GRAVE ANNA CAROLINA VON USLAR FERREIRA DE FREITAS; ALBERTO VIEIRA PANTOJA; JOANA FIGUEIREDO; FERNANDO DE PAIVA ARAÚJO; LUIS MAURO ALVIM DE LIMA; BRUNO MENDONÇA BARCELLOS HOSPITAL UNIVERSITARIO ANTONIO PEDRO, NITEROI, RJ, BRASIL. Resumo: Introdução: O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma das doenças autoimunes que mais comumente afeta mulheres em idade fértil. Tem a prevalência de 7,4 a 159,4 casos a cada 100.000 indivíduos e acomete as mulheres numa proporção de 9:1 em relação aos homens. Pode cursar com uma grande variedade de manifestações clínicas, desde rash cutâneo a distúrbios cardiovasculares, renais e hematológicos graves. Estudos demonstram que gestantes lúpicas são mais suscetíveis a complicações como abortamento espontâneo, pré-eclâmpsia, crescimento intrauterino restrito (CIUR) e prematuridade, principalmente quando a doença tem envolvimento renal. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 25 anos, na 33ª semana de gestação, primípara, 83Kg, admitida com edema de membros inferiores e proteinúria nefrótica. Evoluiu com hipertensão arterial moderada, dispneia, insuficiência renal aguda e plaquetopenia. A investigação laboratorial fechou critérios para LES. O ecocardiograma transtorácico revelou regurgitação mitral importante e tricúspide moderada com PSAP de 59mmHg. Optou-se pela interrupção da gravidez, após pulsoterapia com metilprednisolona por três dias antes do parto e manutenção com prednisona 60mg por dia. Na sala operatória foi monitorizada com cardioscópio (D2 e V5), oxímetro de pulso, pressão arterial invasiva e capnografia. Puncionado acesso venoso 14G em membro superior direito. Pré oxigenação a 100% por 5 minutos sob máscara facial seguida da administração de 20mg de etomidato, 0,5µg.Kg-1.min-1 de remifentanil e 100mg de succinilcolina IV. Intubação orotraqueal sob laringoscopia direta, com manobra de Sellick, sem intercorrências. Manutenção com sevoflurano e 6mg de cisatracúrio IV. Transfundidas 5 unidades de plaquetas no intraoperatório. Após o parto do neonato (Apgar 9/9), foi infundida ocitocina 20U titulado IV. Ao fim do procedimento, após a recuperação da ventilação espontânea, administrou-se neostigmina 1,5mg e atropina 0,75mg IV. Seguiu-se a extubação, sem intercorrências. A paciente seguiu para a URPA com Aldrete 10 e foi encaminhada para a unidade de hemodiálise. Recebeu PCA de fentanil e dextrocetamina para analgesia pós operatório nas primeiras 18 horas. Permaneceu internada para compensação do quadro clínico durante 20 dias, tendo alta hospitalar para acompanhamento ambulatorial. Discussão: O LES é uma doença sistêmica que manifesta-se de diversas maneiras, sendo a paciente lúpica um desafio para o anestesiologista, que deve individualizar cada caso para definir o manejo anestésico adequado. A nefrite lúpica está relacionada a pior evolução da gestação, com maior incidência de pré-eclâmpsia, prematuridade e CIUR. Nesta paciente a nefrite ainda associava-se à valvulopatia e plaquetopenia, que conduziram a escolha da anestesia geral com agentes de curta meia-vida e independentes da função renal para sua metabolização.

AO 170 ANESTESIA PARA OCLUSÃO TRAQUEAL FETOSCÓPICA PARA HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA CONGÊNITA SEVERA - RELATO DE CASO ANNA ELIZA BRANDAO1; CARLOS ALBERTO PERISSÉ2; RAQUEL FERNANDES SCHULT2; MARCO AURELIO DAMASCENO DA SILVA1; ANA MARIA DA SILVA3; VANESSA NAHMIAS DA SILVA1 1.HOSPITAL MUNICIPAL LOURENÇO JORGE, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL; 2.HOSPITAL MATERNIDADE PERINATAL BARRA, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL; 3.HOSPITAL DA LAGOA, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Introdução: A hérnia diafragmática congênita (HDC) é um defeito raro que acomete 1 em 4.000 gestações. Em 30% dos fetos acometidos existe a concomitância com outros defeitos genéticos ou anomalias. Naqueles com HDC isolada a sobrevida após cirurgia pós-natal está em torno de 50%, a principal causa de óbito é hipoplasia pulmonar e a hipertensão pulmonar. A hipoplasia pulmonar letal pode ser detectada durante a gestação pela ultra-sonografia através da relação entre a área pulmonar e a circunferência cefálica fetal (LHR) < 1, associada à herniação do fígado para o tórax. Discussão: FETO é uma técnica minimamente invasiva e reversível de oclusão endoluminal da traquéia com um balão em casos de hérnia diafragmática congênita grave. Relato: A paciente foi admitida na sala de pré-anestésico onde foi monitorizada, puncionada em MSE J16 hidratada RL 1000 ml, metoclopramida 10 MG e ranitidina 50 MG, mantida em DLE, O2 5L/min. e midazolam 2 mg IV. Uma vez na SO, a paciente foi mantida em decúbito dorsal com leve desvio do útero para esquerda, foi mantida a complementação de O2, a monitorização com PANI, SpO2, ECG,Capnografia, manta térmica e iniciada sedação venosa com remifentanil na dose inicial de 0,1 mcg/kg/min. [8mcg/mL], que progrediu para 0,15 mcg/kg/min.,até conforto da paciente, foi realizada infiltração local pelo cirurgião com 10 mL de lidocaína 2%. O trocater é inserido na metade superior do útero, quando a posição ideal é obtida, vecurônio (0.2mg/kg) é aplicado por injeção intramuscular no feto guiado por ultra-sonografia com agulha 20 G ou 22 G para imobilizar o feto.O fetoscópio é introduzido na boca do concepto e dirigido sobre a língua na linha média visualizando a rafe do palato e a úvula, então a faringe, a laringe com a epiglote e o último ponto de referência as cordas vocais, chegando assim a traquéia. O endoscópio é introduzido até identificar a carina e o catéter é posicionado para que o balão fique logo acima desta, o balão é inflado. O remifentanil neste momento foi descontinuado, o procedimento terminado e a paciente encaminhada para a RPA. Objetivos: Ilustrar o primeiro procedimento deste tipo na América Latina. Conflito de Interesses : Nenhum Referências: Ultrasound Obstet Gynecol 2004; 24:121-126

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AO 171 IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMA DE ANALGESIA DE PARTO EM MATERNIDADE ESCOLA: ANÁLISE QUALITATIVA CECILIA DE SOUSA CARVALHO; LIA CAVALCANTE CEZAR; MARIANA GONÇALVES SANTANA; DANIEL ALVES MACIEL; HELGA MARISE PEREIRA DA SILVA FERREIRA; FRANCISCA RUTH TEIXEIRA MARTINS UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: Dados do Ministério da Saúde de 2008 indicam uma alta freqüência de cesarianas, principalmente na saúde suplementar. Reconhece-se que um dos principais motivos para sua escolha em detrimento ao parto normal é a associação deste com intensa dor. O objetivo deste estudo qualitativo foi comparar as experiências de pacientes que tiveram parto normal com e sem analgesia de parto, como forma de validar a criação de um programa propondo esta prática rotineiramente na Maternidade Escola. Materiais e métodos: A amostra foi de vinte e cinco pacientes em cada grupo, com e sem analgesia. Não houve seleção prévia. Em um determinado dia da semana havia anestesista na sala de parto, que realizava analgesia nas pacientes que estavam aptas para o procedimento. As parturientes que não receberam analgesia foram entrevistadas nos outros dias. Os dados foram coletados através de um questionário com perguntas objetivas e subjetivas, que contemplavam perguntas sobre a evolução e experiência do trabalho de parto, com e sem analgesia. As respostas subjetivas foram transcritas para um programa de texto (Br.Office) da mesma forma como foram faladas pelas pacientes. Fez-se uma análise qualitativa dos dados, levando em conta o perfil da paciente, a evolução do caso (tempo de trabalho de parto, planos de HODGE, boletim de Apgar, resolução do caso) e as opiniões colhidas. Resultados: Todas as pacientes e os seus respectivos acompanhantes mostraram-se bastante receptivos à analgesia de parto, inclusive com relatos de alívio por terem se submetido ao procedimento. A totalidade das puérperas referiu que o alívio da dor foi fator de maior importância. A grande maioria das parturientes que não recebeu analgesia desconhecia o procedimento e demonstrou interesse em recebê-lo em um próximo parto, relatando que a dor do trabalho de parto e parto era a responsável por opiniões negativas relacionadas àquele momento. Discussão e conclusões: Concluímos com este estudo que as pacientes e seus acompanhantes receberam de forma extremamente positiva a analgesia durante o parto normal, desmistificando a afirmação de que parto normal seja sinônimo de dor. As parturientes sem analgesia afirmaram que a dor intensa foi responsável por experiências e recordações negativas a respeito do trabalho de parto, mostrando-se receptivas ao procedimento no caso de uma futura gestação. A partir do exposto, faz-se necessária a elaboração de um programa de analgesia na respectiva Maternidade, podendo ser expandido para o restante do Estado, como uma política de saúde pública e como forma adicional de humanização do parto. Referências bibliográficas: Anesthesiology. 2007;106:843-63.

AO 172 ANESTESIA EM PACIENTE GESTANTE COM PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA TROMBÓTICA E SÍNDROME HELLP: RELATO DE CASO SUÉLLEEN MOURA LIMA; IVAN WAGNER ÉCKELI; DENISE SOARES VALENTE; TARCISIO VIEIRA RAMOS; EMÍLIO CARLOS DEL-MASSA HOSPITAL SANTA MARCELINA, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: Púrpura trombocitopênica trombótica (TTP) é uma doença hematológica grave com risco de vida que afeta a microcirculação de múltiplos órgãos. A Infecção, gravidez , câncer, drogas e cirurgia são freqüentemente associados com os episódios iniciais e recidivas. A introdução de um tratamento agressivo com a transfusão de plasma e plasmaférese melhora as taxas de sobrevivência materna e fetal. Relato de caso: Gestante, 23anos, 60Kg, G1P0A0, 24 semanas de gestação, diagnóstico prévio de PTT, histórico de duas crises (última em 2009). Admitida no serviço com quadro de recidiva de PTT, e encaminhada à unidade de terapia intensiva (UTI), com grave quadro clínico: pneumonia, evolução para Síndrome HELLP, e coagulação intravascular disseminada. No 9° dia de internação (DI), indicou-se resolução da gestação via vaginal, sem intercorrências. Nove horas após o parto foi indicada à curetagem uterina puerperal devido a restos placentários. Terapia medicamentosa incluía metildopa 2g/dia, prednisona 1mg/Kg/dia, nifedipina 40mg/dia, claritromicina, ceftriaxona e plasmaférese diária. Os achados pré-operatórios significantes foram: ASA IV, PA: 130/70mmHg; FC: 85bpm ; Sat O2: 100% (sob máscara de O2 5L/min); equimoses difusas pelo corpo, predominância em abdome inferior; edema de membros inferiores (4+/4); presença de cateter triplo lúmen em veia femoral direita. Os exames pré-operatórios: Hb: 10,5g/dL; Ht: 31,1%; plaquetas: 6000/mm³; INR: 1,12; RTTPA: 2,01; fibrinogênio: 201,5mg/dL; Uréia: 199,2mg/dL; Creatinina; 2,1mg/dL: DHL: 906UI/L; AST: 203UI/L; ALT: 144UI/L. Na chegada à sala operatória(SO), foi transferida para mesa operatória com todo cuidado minimizando pontos de pressão ao posicionamento ginecológico. Monitorizada com ECG contínuo (DII e V5), SpO2 e PANI em MSE aferição a cada 5min. Utilizado venocath 18G em MSD, e disponível em SO hemoderivados caso necessário. Após pré-oxigenação por 5min, realizada indução anestésica com fentanil 100mcg e propofol 60mg. A paciente permaneceu em ventilação espontânea, sob máscara de O2 5L/min. A manutenção realizada com propofol em bomba de infusão,dose de 35 mcg/Kg/min. A anestesia transcorreu sem alterações hemodinâmicas e sangramento relevante. A duração total da anestesia foi de 30 minutos, com hidratação operatória de 500 mL de solução fisiológica a 0,9%. Durante o procedimento, recebeu 10U de oxitocina intravenoso. Encaminhada à UTI com grau 8 da escala de Aldrete e Kroulik. Até o presente momento, paciente segue em cuidados intensivos. Discussão: Fazer este diagnóstico em tempo hábil é crucial para garantir o atendimento inicial e a sucessão de eventos necessários na tentativa de preservação da vida fetal, respeitando-se a morbidade materna. Referências: RBTI 2009, 21(3):336-9.; Intern Med. 2010;49(1):7-15.

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AO 173 BLOQUEIO DO PLANO TRANSVERSO ABDOMINAL GUIADO POR ULTRASSONOGRAFIA PARA ANALGESIA DE RESGATE APÓS CESARIANA SOB RAQUIANESTESIA SEM MORFINA LUIS EDUARDO RIAS CARDOSO; ELIANE CRISTINA DE SOUZA SOARES; GUILHERME GOMES FELÍCIO DA CUNHA; FELIPE GALVÃO STANCIOLI; ELIAS ROBERTO CORDEIRO DOS REIS; WALKÍRIA WINGESTER VILAS-BOAS HOSPITAL DAS CLINICAS UFMG, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Justificativa/Objetivo: A injeção de anestésico local no plano entre os músculos oblíquo interno e transverso na parede abdominal antero-lateral permite bloqueio efetivo da dor somática decorrente de incisões abdominais. A introdução da ultrassonografia (US) na realização deste bloqueio, conhecido como bloqueio do plano transverso abdominal, possibilitou maior eficácia analgésica por permitir a localização exata do plano e a visualização em tempo real do posicionamento da agulha e injeção do anestésico. O objetivo deste trabalho é apresentar um caso em que o bloqueio foi usado para analgesia pós-operatória de resgate em paciente com dor intensa após cesariana sob raquianestesia sem o uso de morfina intratecal. Relato do caso: Paciente de 21 anos, hígida, apresentando dor intensa em sítio cirúrgico cerca de 3 hs após cesariana. Avaliação do prontuário mostrou que procedimento cirúrgico foi realizado em caráter de emergência por prolapso de cordão umbilical à aminiotomia durante o trabalho de parto. Anestesiologista assistente optou por raquianestesia com 12,5mg de bupivacaína e 25mcg de fentanil espinhal com paciente em decúbito lateral esquerdo e após monitorização habitual não invasiva. O tempo entre o bloqueio neuroaxial e o nascimento foi de 6 minutos, sendo extraído RN vivo com Apgar 2 e 8 em 1 e 5 minutos. Analgesia para o pós-operatório foi feita com tenoxican 40mg EV após clampagem do cordão. Avaliação clínica mostrou paciente com dor 10/10 na escala visual analógica (EVA) em repouso, sem resposta à administração adicional de dipirona 2g e morfina 4mg (0,05mg/kg). Optado pela realização, após monitorização habitual não invasiva, de bloqueio do plano transverso abdominal bilateral guiado por ultrassom utilizando 40ml de ropivacaína 0,5%. Paciente apresentou melhora completa da dor em 10 minutos, mantendo EVA 2/10 em repouso e à movimentação. Analgesia mantida por 24hs sem a necessidade do uso adicional de opióides e analgésicos comuns. Alta hospitalar em 48hs em boas condições. Discussão/Conclusão: Dados da literatura mostram que o bloqueio do plano transverso abdominal representa uma boa opção para analgesia pós-operatória em pacientes submetidas à cesariana sem o uso morfina intratecal, sendo ideal sua realização no pós-operatório imediato antes do início da dor. O uso de resgate, no entanto, está descrito e permite alívio imediato da dor e redução do consumo e de efeitos colaterais de opióides. Uma analgesia adequada após cesariana traz importantes repercussões na habilidade da parturiente de cuidar e amamentar o recém-nascido, reduz o risco de fenômenos tromboembólicos por permitir deambulação precoce e reduz a chance de ocorrência de dor não controlada que pode, em longo prazo, tornar-se crônica. Bibliografia: Anesth Analg 2010;111:475–81 Br J Anaesth 2009;103:726–30 Anesth Analg 2008;106:186–91

AO 174 CORRELAÇÃO ENTRE O ESCORE DE APGAR E DOSE DE OPIÓIDES VIA SUBARACNÓIDE EM ANESTESIA PARA CESARIANA ANTONIO SOUZA JUNIOR; RUY VIANNA MANTOVANI; HENRIQUE GIACOMELLI DARTORA; GUSTAVO SE AYALA HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE, PORTO ALEGRE, RS, BRASIL; . Resumo: INTRODUÇÃO: O uso de opióides em neuroeixo é prática comum em anestesia para cesariana, com melhora na qualidade do bloqueio. São usados opióides lipofílicos (como o fentanil) para analgesia intra-operatória e opióides hidrofílicos (morfina) para analgesia pós-operatória. Como regra geral, estes opióides atravessam a barreira útero-placentária e podem atingir concentrações plasmáticas no feto. OBJETIVOS: Verificar se as diferentes doses de opióides utilizadas rotineiramente para raquianestesia em pacientes hígidas influenciariam o escore de Apgar no primeiro e quinto minutos. Testar a segurança do fentanil (pela maior possibilidade de depressão neonatal). MÉTODOS: Estudo de coorte retrospectivo de cesarianas realizadas em pacientes hígidas no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) no período de 2003 a 2008. Foram analisados cinco grupos com diferentes doses de opióides via subaracnóide (S.A.), todos bloqueios contendo bupivacaína como anestésico local. Foram estudadas 1969 pacientes submetidas a cesariana. Destas, 732 não receberam nenhum tipo de opióides S.A. (grupo 1). No grupo 2; 967 pacientes receberam doses iguais ou menores que 100 mcg de morfina via S.A. No grupo 3; 103 pacientes receberam 200 mcg de morfina S.A. No grupo 4; 123 pacientes receberam 25 mcg de fentanil S.A. sem morfina. No grupo 5; 34 pacientes receberam 80 mcg de morfina e 25 mcg de fentanil S.A. O principal critério de exclusão do estudo era a presença de qualquer doença materna. RESULTADOS: Os cinco grupos foram comparados entre si quanto o escore de Apgar no primeiro e quinto minutos. Foram realizados testes não paramétricos na amostra. A mediana no Apgar do primeiro minuto foi 8, SEM diferença estatisticamente significativa entre todos os grupos (p=0,84). A mediana no Apgar do quinto minuto foi 9, novamente sem diferença estatística entre os grupos (p=0,34). CONCLUSÃO: O uso de opióides em raquianestesia para cesariana em pacientes hígidas nas doses apresentadas acima NÃO têm influência no escore de Apgar. Portanto, o uso de opióides lipofílicos como fentanil mostra-se seguro para uso em cesarianas.

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AO 175 ANESTESIA PARA CESARIANA EM PACIENTE PORTADORA DE NANISMO PROPORCIONAL VICTOR JOSÉ MARQUES PIMENTA; ELIANE CRISTINA DE SOUZA SOARES; THADEU ALVES MÁXIMO; RODRIGO DE MATOS SOUZA; PAULO CARVALHO PIMENTA FIGUEIREDO; MARCOS DANIEL DE FARIA HOSPITAL DAS CLÍNICAS UFMG, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Introdução – O nanismo é uma condição clínica rara e, neste grupo de pacientes, alterações fisiológicas decorrentes de uma gravidez podem resultar em sérias implicações à saúde materna e fetal. A abordagem anestésica em gestantes portadoras de baixa estatura apresenta várias peculiaridades que devem ser conhecidas pelo anestesiologista. O objetivo deste relato é apresentar um caso de anestesia para cesariana em gestante portadora de nanismo proporcional secundário a doença crônica. Relato do caso – 21 anos, primigesta, 37 semanas, portadora de nanismo proporcional (132cm e 44kg) secundário a artrite reumatóide juvenil com uso crônico de corticóides. Internada para realização de cesariana eletiva devido a desproporção céfalo-pélvica. Avaliação clínica não mostrava sinais de descompensação cardiovascular ou respiratória. Jejum de 12hs e parâmetros preditores de dificuldade de intubação orotraqueal ausentes. Após monitorização habitual não invasiva e venóclise com cateter 18G, foi realizada punção peridural com agulha Touhy 16G com perda de resistência a 4cm da pele. Inserido cateter até a marca de 7cm sendo administradas doses tituladas de lidocaína 2% com adrenalina até volume final de 10,5ml com obtenção de bloqueio sensitivo em T4. Administrado adicionalmente 1mg de morfina via cateter para analgesia pós-operatória. Cinco minutos pré parto, paciente relatou dor no sítio cirúrgico e recebeu nova dose de 3mL do anestésico local com melhora. Paciente apresentou estabilidade hemodinâmica e respiratória durante todo o procedimento. Ao final da cirurgia, foi necessário novo repique de 3ml de lidocaína 1% sem adrenalina para a realização da sutura da pele e subcutâneo. Acompanhada pela equipe de anestesiologia no pós-operatório com boa evolução até alta hospitalar.. Discussão – Em gestantes portadoras de nanismo as dimensões abdominais proporcionalmente maiores ao corpo podem antecipar e acentuar as alterações cardiorrespiratórias secundárias à gravidez. Dados da literatura mostram que técnicas neuroaxiais contínuas, em especial o bloqueio peridural, parecem ser as mais adequadas na anestesia para cesariana já que a dose ideal de anestésico local para uso em punção única não é conhecida e a chance de lesões neurológicas parece menor. Embora alguns autores sugiram a anestesia geral como técnica de escolha, alterações na articulação atlanto-occipital, no canal medular cervical e no diâmetro da orofaringe podem estar presentes e devem ser ponderadas. O anestesiologista deve estar ciente das particularidades da anestesia neste grupo de pacientes e individualizar sua decisão sobre a melhor técnica anestésica com base nos riscos e benefícios encontrados. Bibliografia – Obstetric Anesthesia and Uncommon Disorders 2a ed, 2008;115-128 Int J Obstet Anesth, 2007;16:145-148 / Afr J Reprod Health, 2010;14(2):149-155

AO 176 ANESTESIA GERAL PARA CESARIANA EM PACIENTE PARAPLÉGICA – RELATO DE CASO CARLA SANTOS NOGUEIRA; GABRIELA CHAGAS FREITAS DE ANDRADE; FERNANDO CEZAR CABRAL DE OLIVEIRA FILHO HOSPITAL GERAL ROBERTO SANTOS, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: Introdução: A anestesia para pacientes paraplégicos envolve uma série de cuidados, constituindo um desafio ao anestesilogista. O objetivo deste ralato de caso é descrever uma anestesia geral para uma paciente paraplégica que seria submetida a uma cesariana. Relato de caso: Paciente feminina, 19 anos, estado físico ASA III, submetida à cesariana. Apresentava história pregressa de carcinoma linfoepitelial em rinofaringe estádio IV, tendo feito radioterapia e quimioterapia por um período de 07 meses, apresentando cura da lesão. Encontrava-se em avaliação trimestral com oncologista quando engravidou, cessando então este acompanhamento. Aos 07 meses de gestação evoluiu com paralisia progressiva de membros inferiores, porém com sensibilidade preservada. Ao dar entrada no hospital, apresentou ultrassom de abdomen total realizado em outra maternidade com fígado de dimensões aumentadas e textura heterogênea às custas de imagem mista com componente sólido-cístico, de contornos irregulares e parcialmente definidos, localizado no lobo direito, medindo 14,2x9,9cm. Apresentava dores importantes e incessantes em região lombar e diante do quadro, foi indicada interrupção da gestação na 36ª semana. Durante ato anestésico, foi submetida à laringoscopia direta com paciente acordada para avaliação da via aérea, com visualização da rima glótica, sem alterações. Submetida então a indução venosa em sequência rápida com fentanil 500mcg, rocurônio 50mg, propofol 200mg. Procedimento prosseguiu sem intercorrências, recebendo alta anestésica, estando no momento em investigação diagnóstica com a equipe da oncologia. Discussão: É fundamental para o anestesiologista conhecer as implicações da paraplegia em relação a anestesia, nesse caso em questão havia um fator agravante que era o fato da paciente estar acamada e com suspeita de metástase como motivo da paraplegia. Referencias: Acta Anaesthesiol Sin. 1999 Mar;37(1):29-34

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AO 177 ANESTESIA PARA PERICARDIOTOMIA EM GESTANTE DE 35 SEMANAS RAQUEL FERNANDES SCHULT; MARCO AURELIO DAMASCENO DA SILVA; JULIANA MACHADO MELLO; BIBIANA ELISA ZAGO; RAINER MAIER BRAGA; ANNA ELIZA BRANDAO HOSPITAL MUNICIPAL LORENÇO JORGE, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Derrames pericárdicos são a forma mais comum de doença pericárdica na gravidez, na maioria das vezes ocorrendo no terceiro trimestre. Embora grande parte possa ser bem tolerado na gravidez, um derrame de rápido desenvolvimento pode evoluir para tamponamento cardíaco, assim como um derrame de grande volume. Além disso, anestesia não obstétrica na gestante é sempre um desafio para o anestesiologista, sobretudo naquelas com comprometimento cardiovascular. Paciente 32 anos, 60 kg G1P0, 35 semanas de idade gestacional, admitida no CTI com derrame pericárdico volumoso. ECO apresentando diminuição de AD e VD e um derrame de volume aproximado de 200 mL e VE 60%. Todos os demais exames laboratoriais dentro dos limites de normalidade. Paciente foi admitida na SO monitorizada com PANI, SpO2, ECG, EtCO2, acesso venoso MSE J16, mantida em decúbito dorsal com desvio do útero para esquerda. Após pré-oxigenação por 5 minutos foi realizada indução anestésica em seqüência rápida com manobra de Sellick com propofol 100 mg, Alfentanil 2500mcg, succinilcolina 60 mg,realizada IOT com tubo 7,0 com cuff, a manutenção da anestesia foi mantida com sevoflurano e O2 a 50%, qualquer queda da pressão arterial foi corrigida com efedrina . Foi realizada uma pericardiotomia com abertura pleuro-pericárdica, onde foram drenados cerca de 300mL de liquido serosanguinolenta. A ferida cirúrgica foi infiltrada com ropivacaina 1% 20mL. Ao final do procedimento que durou 60 minutos a anestesia foi descontinuada e após a extubação a paciente retornou ao CTI.

AO 178 ANESTESIA VENOSA EM GESTANTE COM SINDROME HELLP FABRICIO ROCHA GOMES; CLAUDIO LUIS DA FONSECA; FABRICIO AZEVEDO CARDOSO; THIAGO RODRIGUES JACINTO; ANA PAULA DE CASTRO ARAUJO; VINICIUS ALVES BOSCATTI HGNI, NOVA IGUAÇU, RJ, BRASIL. Resumo: • Justificativa e Objetivos : Hemólise, elevação das enzimas transaminases hepáticas e baixas contagens plaquetárias são os aspectos característicos da Síndrome HELLP. Ocorre em mais de 20% das parturientes que desenvolvem pré eclampsia grave e permanece como um grave problema para os profissionais que as assistem, principalmente quando há coagulopatia concomitante. O objetivo deste relato é sugerir a anestesia mais adequada e discutir a melhor forma de se obter a perfusão uterina satisfatória. Relato do Caso: Paciente feminino, 15 anos, parda, 89kg, 1,62m, ASAp3, Mallampati IV, G1P0A0, idade gestacional 36 semanas, diabética, hipertensa e asmática. Apresentava pré eclampsia grave e exame laboratorial sugestivo de Síndrome HELLP. Ao exame, torporosa, porém cooperativa, com edema de membros inferiores ++++/4+. Foi indicado cesariana de emergência visando priorizar a vida materna. Após monitorizacao obrigatória foi iniciada pré-oxigenacao com O2 a 100% seguida de indução venosa de anestesia geral com propofol (150 mg), succinilcolina (90 mg). Realizada Intubação orotraqueal em sequência rápida sob manobra de Sellick, sem intercorrências. Manutenção da anestesia em mistura de O2 e AR com FiO2 50% e propofol em infusão contínua 3mg/kg/h. Foi pré-medicada com sulfato de magnésio por 3hs (ZUSPAN), permanecendo infunsão na dose de 2g por hora no peroperatório. Após retirada do feto vivo (Apgar 6 e 9, 1 e 5 minutos), foi administrado por via venosa fentanil (100mcg), atracúrio (10mg) e iniciado a anestesia balanceada com isoflurano. Após a cirurgia paciente encaminhada ao CTI extubada, hemodinamicamente estável, com avaliação 9 no índice de Aldrete e Kroulik. Em vigência de distúrbios de coagulação, a hemostasia foi uma prioridade da equipe sendo o tempo de extração fetal maior do que 20 minutos. Discussão: A Síndrome HELLP continua sendo um desafio para os anestesiologistas, pois além de, ter que promover proteção neurovegetativa, relaxamento muscular e hipnose, a perfusão útero placentária adequada mesmo em, vigência da anemia deve ser preservada. A anestesia venosa tem pouco efeito direto na circulação uterina, que é fortemente influenciada pelo débito cardíaco, fator este bem controlado pela estabilidade hemodinâmica oferecida pela infusão continua dos anestésicos não voláteis. Um dos grandes dilemas da medicina é quando em situações extremas como na Síndrome HELLP, temos que escolher entre priorizar a mãe ou o feto, e a esperança é que com novas drogas e técnicas anestésicas, poderemos cada vez mais nos privar dessa difícil escolha. Referências: Rev Bras Anest,1993; 43:1:11-17 ; Rev Esp Anestesiol Reanim. 2008 Fev; 55 (2) :86-9. Fontes de fomento: nenhuma. Conflitos de interesse: nenhum.

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AO 179 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA APÓS RAQUIANESTESIA EM GESTANTE NICOLE RIBEIRO MARQUES; RICARDO GONÇALVES PRADO; PATRICIA HATSUMI HOSIDA; ALINE FELIPE ROCHA OLIVEIRA; STÊNIO AUGUSTO COSTA BASTOS HUJM, CUIABA, MT, BRASIL. Resumo: ORIGEM DO TL: CET- CUIABÁ, HUJM. INTRODUÇÃO: Raquianestesia tornou-se a opção mais comum para cesariana pela facilidade técnica, rápida instalação e bloqueio sensitivo-motor de excelente qualidade. Dentre as complicações relacionadas à anestesia subaracnóidea, parada cardiorrespiratória (PCR) é uma das mais graves. RELATO DE CASO: Gestante (GIIP0AI), 39 anos, gestação gemelar, IG 37 semanas, jejum de 12 horas, ASA II, proposta de cesariana. Obtido linha venosa 20G, monitorizada com cardioscopia contínua, oximetria de pulso, pressão arterial não invasiva e diurese. Punção subaracnóidea com a paciente sentada, entre L3-L4, agulha Quincke 27G, injeção lenta de 10 mg de neocaína pesada 0,5%, 15 mcg fentanil e 80 mcg de morfina. Posicionada em decúbito dorsal horizontal e realizado manobra de deslocamento uterino para a esquerda. Após 4 minutos de bloqueio apresentou bradicardia seguida de assistolia. Administrado 1 mg de adrenalina e hidratação com ringer lactato. Reversão imediata do ritmo cardíaco com frequência cardíaca (FC) de 60 batimentos por minuto (bpm). Após 2 minutos apresentou novamente assistolia, administrado 1 mg de adrenalina e iniciado massagem cardíaca externa. Realizado intubação orotraqueal e início simultâneo da cesariana. Após 2 minutos houve reversão do ritmo cardíaco para taquiacradia sinusal com FC entre 130-148 bpm, SpO2 98%, pressão arterial (PA) 130x90 mmHg. Instalado noradrenalina em infusão contínua por hipotensão mantida. Gasometria arterial mostrava acidose metabólica (pH 7,27; pO2 130; pCO2 34,9; HCO3 15,6; BE -10). Transferida para Unidade de Terapia Intensiva extubada onde permaneceu por 4 dias com difícil desmame da droga vasoativa. Excluída causas cardíaca. DISCUSSÃO: Raquianestesia promove bloqueio do sistema nervoso simpático, consequente diminuição na PA e pressão venosa central. Alterações anatomofisiológicas inerentes à gestação (compressão mecânica de vasos pélvicos e cava inferior dificultam o retrono venoso ao coração) predispõem ao desenvolvimento de hipotensão após bloqueio espinhal. A extensão do bloqueio sensitivo necessário para cesariana atinge dermátomos torácicos e o simpático é de até seis dermátomos acima do sensitivo. Bloqueio anestésico causa queda da resitência vascular sitêmica, da pré-carga e bloqueio das fibras cardioaceleradoras, podendo levar a bradicardia e assitolia. Monitoração adequada, vigilância constante, diagnóstico imediato, tratamento precoce e agressivo são capazes de diminuir a incidência de PCR e aumentar o sucesso na reanimação desses pacientes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Revista Brasileira de Anestesiologia, 2011;61:121-123; Anesthesiology, 2002;96:515-516; Anesth Analg, 2001;93:245.

AO 180 ESTUDO COMPARATIVO DOS EFEITOS MATERNOS E FETAIS DA ANALGESIA DE PARTO CLÁUDIA REGINA FERNANDES1; CECILIA DE SOUSA CARVALHO1; LIA CAVALCANTE CEZAR1; MARIANA GONÇALVES SANTANA1; JULIA ALENCAR DE ANDRADE AQUINO2; JOÃO PAULO LIMA SANTOS2 1.CET MEC/SBA HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO, FORTALEZA, CE, BRASIL; 2.UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: Dados do Ministério da Saúde de 2008 indicam alta freqüência de cesarianas. Reconhece-se que um dos principais motivos para sua escolha em detrimento ao parto normal é a associação deste com intensa dor. No estado do Ceará, o procedimento de analgesia de parto não se apresenta como rotina. O objetivo deste estudo foi comparar a evolução do trabalho de parto e o bem estarfetal mediante índice de APGAR em parturientes com e sem analgesia de parto em uma maternidade escola. Materiais e métodos: Estudo quantitativo, não randômico. Participaram do estudo pacientes admitidas no Centro de Parto Humanizado, de segunda a quinta-feira, no período de abril a junho de 2011, sendo que nas quartas-feira havia um anestesista exclusivamente para realização de analgesia de parto. Mediante ficha de anotações os seguintes dados das parturientes foram catalogados: dados demográficos, tempo de início das dores do parto, número de consultas pré-natal, centímetros de dilatação do colo uterino no momento da analgesia, intensidade da dor antes e após a analgesia, mediante Escala Analógica Visual da Dor (EAV); evolução do trabalho de parto após a analgesia; intensidade da dor mediante EAV durante o trabalho de parto nas parturientes que não receberam analgesia de parto; uso de fórceps, e a vitalidade fetal mediante APGAR. Técnica de analgesia dupla punção e cateter peridural. Administrado 2,5mg de bupivacaina pesada com 5mcg de sufentanil na raqui, seguido de 10ml de levobupivacaína 0,25% a cada 90minutos através do cateter peridural. Nas pacientes que não receberam analgesia o trabalho de parto seguiu a rotina da maternidade. Análise IBM SPSS 19 satistics. Resultados: 53 parturientes participaram do estudo, 27 pertenceram ao grupo com analgesia (G-CA) e 26 ao grupo sem analgesia (G-SA), a média de idade do G-CA foi 22,7 anos e do G-SA foi de 23,7 anos. Em ambos os grupos: a maioria tinha cursado o ensino médio, a maioria tinha união estável, metade das pacientes eram primíparas, a média de consultas pré-natal foi 5. O tempo aproximado entre o início das dores do parto e a analgesia foi de 7 horas, o tempo médio do trabalho de parto nas pacientes do G-SA foi de 11 horas. No G-CA a mediana da dilatação do colo uterino no momento da analgesia foi de 6-7 centímetros; a moda da dor mediante EAV foi de 10 para ambos os grupos, após analgesia e no momento do nascimento foi de 0 (zero) para o G-CA; o tempo médio decorrido entre a aplicação da analgesia e o nascimento do feto foi de 2h e meia, neste grupo o parto vaginal predominou (82%), o uso de forceps aconteceu em 14% e a evolução para cesarea se deu em 18% dos casos. APGAR de 8-9 no 1o. e 5o. minutos predominaram nos G-CA e G-SA. Discussão e Conclusão: A analgesia não prolongou o trabalho de parto, e não interferiu no bemestar fetal. Referências bibliográficas: Anesthesiology. 2007;106:843-63.

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AO 181 ESTUDO COMPARATIVO AVALIANDO A EFICÁCIA DE BAIXAS DOSES DE BUPIVACAÍNA ASSOCIADO À SUFENTANIL PARA RAQUIANESTESIA EM CESARIANAS GUILHERME FURTADO LIMA; FERNANDO C. VARGAS DE ALMEIDA; MARCOS OLIVEIRA HADDAD; MARCUS DE PAULA THURLER; RAFAEL ALVES ABUD; THIAGO DE CARVALHO PESSAMILIO HOSPITAL SÃO JOSÉ DO AVAÍ, ITAPERUNA, RJ, BRASIL. Resumo:

O estudo foi realizado no Hospital São José do Avaí,Itaperuna-Rj,após aprovação do comitê de ética médica e consentimento informado das pacientes não havendo conflito de interesses. Justificativa e objetivos: Testar a eficácia da combinação de sufentanil com baixas doses de bupivacaína avaliando a ocorrência de efeitos colaterais e a analgesia pós-operatória,comparada com doses habituais de bupivacaína. Materiais e métodos: Ensaio clínico,duplo-encoberto e randomizado composto de 60 pacientes divididas em:Grupo C e Grupo S.Ambas as soluções anestésicas hiperbáricas continham o mesmo volume(3 mililitros) e eram compostas da seguinte maneira: Grupo S- Bupivacaína 9 mg+Morfina 40 mcg+Sufentanil 4mcg e Grupo C-Bupivacaína 12 mg+Morfina 40 mcg +Água destilada 0.2 ml.A anestesia foi realizada nos interespaços L2/L3 ou L3/L4 com agulha de Quincke calibre 27 e a paciente em posição sentada.Foram avaliados a qualidade e o nível sensitivo do bloqueio,incidência de efeitos colaterias hemodinâmicos,prurido,naúseas,vômitos e analgesia pós-operatória após 2 e 4 horas da realização do bloqueio. Resultados: A análise estatística demonstrou que o grupo S e C obtiveram nível de bloqueio sensitivo e controle hemodinâmicos semelhantes,porém em relação à analgesia,o grupo S mostrou-se superior tanto na segunda quanto na quarta hora após o bloqueio.Não houve episódios de depressão ventilatória em nenhum dos grupos.Observou-se diferença significativa entre os grupos,indicando que o grau de dor das pacientes do grupo S foi menor quando comparado com as pacientes do grupo C (p<0.05).Quando analisamos em conjunto os dois grupos (grupos C e S),observamos maior escala análogo visual em 4 horas quando comparado com 2 horas (p<0.05). Discussão e conclusão: Este estudo foi pioneiro em propor uma solução anestésica com baixas doses de bupivacaína associada à combinação de sufentanil e morfina.Asolução estudada (grupo S) mostrou ser uma alternativa segura e eficaz para a realização de raquianestesia para cesarianas,mesmo utilizando de doses baixas de anestésico local.Além disso,obtivemos uma analgesia mais eficaz em comparação ao grupo controle.Permanece em aberto se os benefícios da analgesia encontrados se estenderiam para além dos tempos observadfos no presente estudo. Referências bibliográficas: 1-Anesth Analg.2008;107:956-61 2-Anesth Analg.1997;85:1288-93 3-Rev. Bras. Anestesiol 1997;47:3:211-218

AO 182 ANALGESIA NEUROAXIAL PARA PARTO VAGINAL EM GESTANTE PORTADORA DE TRANSPOSIÇÃO CONGÊNITA CORRIGIDA DOS GRANDES VASOS HELDER GLÊNIO REIS1; ELIANE CRISTINA DE SOUZA SOARES1; JACI CUSTÓDIO JORGE2; WALKÍRIA WINGESTER VILAS-BOAS1 1.CET HOSPITAL DAS CLÍNICAS - UFMG, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL; 2.CET IPSEMG - HOSPITAL GOVERNADOR ISRAEL PINHEIRO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo:

Introdução - A transposição congênita corrigida das grandes artérias (C-TGA) é uma doença rara compreendendo menos de 1% de todas as formas de cardiopatia congênita. É caracterizada por discordância atrioventricular e ventrículo-arterial, resultando na transposição tanto dos grandes vasos como dos ventrículos. 90% das pacientes com C-TGA apresentam outras anomalias cardíacas associadas. Este relato apresenta o acompanhamento anestesiológico uma paciente portadora de C-TGA com proposta obstétrica de parto vaginal. Relato do caso - Paciente de 21 anos (61kg), primigesta, 38 semanas, portadora de C-TGA associada a anomalia de Ebstein e dextrocardia. Em uso de digoxina 0,25mg/dia e furosemida 20mg/dia, iniciados no início da gravidez como profilaxia aos efeitos da sobrecarga volêmica. Manteve-se sem sintomas cardiovasculares durante a gestação. Admitida pela equipe obstétrica com proposta de indução do trabalho de parto com prostaglandina E1 intravaginal. Evoluiu com início do trabalho de parto após indução, sendo optado por analgesia precoce com o início das contrações (colo 5cm, feto em plano 0 de De Lee). Exame físico mostrava PA 100x50 mmHg, FC 88bpm, FR 20irpm, SpO2 96% em ar ambiente, sem qualquer sinal de congestão pulmonar ou descompensação cardíaca. Após monitorização habitual não invasiva e profilaxia para endocardite bacteriana, realizada punção peridural com inserção de cateter e administração em bolus ropivacaína 0,2% 10mL + fentanil 100mcg, com controle adequado da dor. Paciente manteve-se estável e foi solicitado repique em 3hs (colo 8cm, feto em plano +1 de De Lee), realizado com bupivacaína 0,625% 7mL + fentanil 50mcg, com bom controle da dor. Em 2hs paciente evoluiu para parto vaginal com uso de fórceps de alívio, não sendo necessário novo repique para analgesia perineal. Após o parto observou-se dispnéia leve, sem outras alterações ao exame físico. Evolução pós-parto sem intercorrências. Discussão - O cuidado anestésico em gestantes portadoras de C-TGA associada à anomalia de Ebstein deve incluir a atenuação da liberação de catecolaminas e manutenção de pré-carga adequada. A sobrecarga volêmica pode ser especialmente prejudicial nas pacientes que apresentam disfunção cardíaca prévia e têm baixa tolerância ao aumento brusco da volemia decorrente da dequitação placentária e involução uterina. A monitorização invasiva da pressão venosa central pode ter sua interpretação prejudicada pela morfologia cardíaca alterada e parece estar indicada apenas nos casos de disfunção ventricular. Relatos anteriores mostram que cuidados adequados em geral resultam em bons resultados, sendo as principais causas de morbimortalidade materna relacionadas à insuficiência cardíaca congestiva, piora da regurgitação valvar, endocardite e infarto. Bibliografia Int J Obst Anesth, 2008;17:57-60 Int J Obst Anesth, 2010;19:298-30

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AO 183 RELATO DE CASO - ANESTESIA EM GESTANTE COM COARCTAÇÃO DA AORTA ANDRÉIA DE PAULA SOUZA LIMA; FLORA MARGARIDA BARRA BIZINOTTO; FERNANDA SILVESTRE E SILVA; ESTEFÂNIA CAMPOS RAFAEL; ANDRÉ LUIZ MENDES NOGUEIRA; WANESSA NAKAMURA GUIMARÃES UFTM, UBERABA, MG, BRASIL. Resumo: Resumo: Introdução: A coarctação de aorta (CoAo) é uma das malformações cardiovasculares mais freqüentes, constituindo cerca de 5% a 8% das cardiopatias em geral. O objetivo deste é relatar o caso de uma gestante portadora de CoAo submetida à cesariana. Relato de Caso: Paciente, 36a, gestante de 38 semanas (Us 20sem), com diagnóstico de iteratividade, oligoâminio, hipertensão arterial crônica e coarctação da aorta. Admitida no HC/UFTM para interrupção da gestação. Paciente era G5P3(C3)A1 e apresentava ao exame físico sopro sistólico no foco aórtico acessório (3+/6+), PA=150x80 mmHg em MSE e pulsos diminuídos em membros inferiores. Em uso de alfa metildopa 500mg de 8/8horas. Nos exames apresentava ECO doppler com fração de ejeção de 56%, estreitamento da aorta torácica abaixo da subclávia esquerda de cerca de 70% luminal, ventrículo esquerdo com seu desempenho no limite inferior da normalidade. Relatava ter sido submetida a quatro raquianestesias anteriores (3 cesareanas e 1 lesão de ligamentos em joelhos), sem intercorrências. Monitorada com eletrocardiógrafo, pressão não invasiva em MSE e oximetria de pulso.Realizado raquianestesia com 15mg de bupivacaína hiperbárica e 80µg de sulfato de morfina. Após retirada do RN com apgar 9/10, administrados EV 2g de cefazolina, 7mg de midazolam, 2g de dipirona, 100 mg de cetoprofeno, 8mg de ondasetrona e 100 mg de tramal subcutâneo. O procedimento durou 1 hora e 30 min, sem intercorrências. Após 1 hora, teve alta da RPA com escore 10 da escala de Aldret-Kroulik modificada. Discussão: A CoAo é de reconhecimento clínico relativamente simples, caracterizado pela ausência ou diminuição da amplitude dos pulsos arteriais nos membros inferiores associado a presença de pulsos amplos e hipertensão arterial nos membros superiores.A presença de pressão arterial (PA) pouco alterada ou mesmo normal nos membros superiores não descarta a possibilidade desta anomalia. Na anestesia de gestantes deve-se evitar hipotensão arterial, manter desvio uterino e ter atenção especial ao balanço hídrico. Na gestante com CoAo prefere-se parto cesáreo e a anestesia geral como técnica anestésica. Portanto, na paciente descrita a escolha seria a anestesia geral. Porém, neste caso, levaram-se em consideração que a paciente havia sido submetida a quatro raquianestesias anteriores, sem intercorrências e o fato de em anestesia obstétrica serem preferíveis técnicas anestésicas condutivas devido a menor transferência placentária de fármacos e menor risco materno de aspiração gástrica.Referências bibliográficas: BJAnaesth 2004; 94:129-139; Am J Cardiol 1994; 73: 698-701. Anesth Analg 2001; 92:1152-1158

AO 184 VARIAÇÃO NA DOSE DE MORFINA INTRATECAL EM CESARIANAS ELETIVAS: CORRELAÇÃO ENTRE EFETIVIDADE DA ANALGESIA PÓSOPERATÓRIA E PARA EFEITOS DO USO DO OPIÓIDE EM DIFERENTES DOSES OTAVIO HAYGERT SCHNOR; ANDRÉ RIGO; FÁBIO GIARDINI POGORELSKY; ELIANA ANTUNEZ WESTRUPP; NATALIA DUARTE COSTA; GASTÃO FERNANDES DUVAL NETO UFPEL, PELOTAS, RS, BRASIL. Resumo: ORIGEM: Hospital Escola da UFPel FONTES DE FOMENTO E CONFLITOS DE INTERESSE: Não há fontes de fomento e conflitos de interesse. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA: A raqueanestesia é a técnica comumente utilizada na realização de cesareanas. O uso de opióides via subaracnóide mostra-se eficaz para produzir analgesia pós-operatória e tem sido empregado em diversas doses para esta finalidade. Baixas doses de morfina intratecal têm sido reportadas em estudos, sugerindo analgesia pós-operatória satisfatória para este tipo de procedimento, especialmente quando associada a drogas antinflamatórias não-esteróides. O presente estudo buscou estabelecer qual a repercussão da diminuição da dose de morfina intratecal na eficácia da analgesia e nos para efeitos no período pós-operatório de cesareanas eletivas. METODOLOGIA: Estudo prospectivo, duplo encoberto e distribuição aleatória. Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa e obtenção do consentimento escrito das gestantes, avaliou-se 55 parturientes ASA I e II de termo com indicação de cesariana eletiva submetidas à raquianestesia. Cesarianas de emergência, pré-eclâmpsia/eclâmpsia, hipotensão severa transoperatória, uso de sedativos ou antieméticos no peroperatório foram excluídas do estudo. As gestantes foram randomizadas por sorteio em 4 grupos recebendo 12,5 mg de Bupivacaína 0,5% hiperbárica adicionada a 0 mg (controle: grupo 1), 0,05 mg , 0,08 mg ou 0,1 mg de morfina. Realizadas punções em posição sentada ao nível de L3/4 ou L4/5, estabelecendo um bloqueio sensitivo ao nível de T6 a T4. As gestantes receberam 500 ml de solução salina antes do bloqueio e 100 mg de Cetoprofeno endovenoso após clampeamento do cordão umbilical. Na chegada em sala de recuperação pós-anestésica, um residente do serviço de anestesiologia que desconhecia a qual grupo pertencia a paciente avaliou a redução do nível sensitivo da raquianestesia até a cicatriz operatória. Neste momento considerou-se o “tempo zero” para avaliação da efetividade da analgesia pós-operatória e o surgimento de efeitos colaterais (náuseas/vômito e prurido). As avaliações foram seriadas em intervalos de 15 minutos até o limite de 180 minutos. Foi definido como dor todo desconforto na ferida operatória em que a paciente solicitou resgate analgésico. No momento em que a paciente manifestou dor, a avaliação foi interrompida e registrado o tempo decorrido até o evento. A análise do banco de dados foi realizada no programa SPSS versão 17.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Estudo em fase final de elaboração. Conclusão em agosto de 2011. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Anesthesiology, 1999; 91: 1919-1928. Anesthesia, 1997; 5: 364-381. International Journal of Obstetric Anesthesia 1994; 3: 87-91.

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AO 185 MANEJO ANESTÉSICO EM PARTO CESÁREO DE GESTANTE COM SEPSE GRAVE: RELATO DE CASO CINARA DA SILVA RICARDO; IVAN WAGNER ÉCKELI; MARIA EUGÊNIA CASTANHA; TAIS CALDAS FONSECA; DENISE SOARES VALENTE; EMÍLIO CARLOS DEL-MASSA HOSPITAL SANTA MARCELINA, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: A sepse é uma das principais causas de morte materna, sendo relacionadas a infecções de origem materna e não-materna. A via de parto é de indicação obstétrica, sendo o parto vaginal o mais recomendável, no caso de cesáreas de urgência (devido à instabilidade hemodinâmica ou sofrimento fetal não-responsivo à ressuscitação materna) é indicada a realização de anestesia geral. Essas pacientes sépticas requerem acompanhamento multidisciplinar. A terapia guiada por metas, “early goal”, para pacientes obstétricas sépticas é necessária para otimizar o acompanhamento materno e neonatal. Objetivo: Trabalho realizado teve o intuito de discutir o manejo anestésico em gestante evoluindo com sepse grave, sendo indicado a resolução da gestação sob parto cesáreo. Relato de caso:. Paciente de 19 anos, G1P0A0, idade gestacional 36s2d, Asa I, internou com queixa de dor lombar direita associada à febre, náuseas e vômitos, sendo diagnosticado no momento quadro de infecção urinária e tratada com antibiótico oral e liberada para o domicílio. Evoluiu após dois dias com taquicardia(FC=132), dispnéia(Fr=37 irpm), febre, leucograma infeccioso com desvio à esquerda e crepitações pulmonares bibasais, apresentando raio-x de tórax com infiltrado pulmonar bilateral, necessitando de O2 suplementar para manter satO2>94%. Com diagnóstico de sepse grave e presença de sofrimento fetal, indicou-se a resolução da gravidez via parto cesáreo. A paciente foi submetida à anestesia geral, após monitorização padrão, pressão arterial invasiva, acesso venoso 14G, sondagem vesical. Realizada indução com Etomidato 20mg, Fentanil 150mcg e succinilcolina 50mg, com intubação em sequência rápida, com retirada do recém-nascido após 2 minutos da indução anestésica e procedimento com duração total de 30 minutos, sem intercorrências e alterações hemodinâmicas. Paciente foi encaminhada à UTI, onde permaneceu por 24 horas e após isso para enfermaria, sob antibioticoterapia com Ceftriaxone por 7 dias, tendo alta após resolução do processo infeccioso. Conclusão: No momento, não há recomendações baseadas em evidências que sejam específicas para pacientes que estejam criticamente doentes ou com sepse na gestação. A sepse na gestação, mesmo sendo rara é potencialmente fatal. O tratamento foi baseado no Surviving Sepsis Campaign e Early goal, com isso a paciente apresentou melhora significativa dos parâmetros de perfusão nas primeiras horas com ótima evolução, apesar da gravidade da doença. Choque séptico em pacientes obstétricas é raro. Embora seja pequeno o conhecimento a respeito do tratamento neste tipo de paciente, os mesmos princípios e modalidades de tratamento discutidas neste relato e artigos descritos aqui ajudam a direcionar o manejo nestas pacientes. Referências bibliográficas: Crit Care Clin 2004 Oct;20(4):651-60;viii. Rev Bras Ginecol Obstet, 2008 Dec;30(12):631-8 Obstet Gynecol Clin North AM, 2007 Sep;34(3):459-79,xi.

AO 186 CIRURGIA DE EMERGÊNCIA EM PACIENTE SUPER-SUPEROBESO. RELATO DE CASO. SÉRGIO SANT`ANNA JUNIOR1; FLAVIO ELIAS CALLIL1; VINÍCIUS MONTEZ VIANNA1; GUSTAVO COSSICH DE HOLANDA SALES2; EDIVALDO RIBEIRO SOARES JUNIOR1; PAULA COSTA JOGAIB1 1.HOSPITAL MUNICIPAL SOUZA AGUIAR, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL; 2.HOSPITAL FEDERAL DO ANDARAÍ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Cirurgia de emergência em paciente super-superobeso. Relato de caso. INTRODUÇÃO: A obesidade mórbida apresenta inúmeras dificuldades ao ato anestésico em virtude de alterações fisiopatológicas, além de importantes comorbidades, que exigem do anestesiologista pleno conhecimento da doença. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de apendicite aguda em paciente obeso mórbido. RELATO DE CASO: E.C.S., masculino, 38anos, 220kg, IMC: 60,94Kg/m2, ASA: IV E. Hipertenso, em insuficiência renal aguda dialítica. Admitido para realização de laparotomia exploradora. Após revisão de acesso venoso e monitorização conforme resolução do CFM n° 1.802/2006. Realizada intubação orotraqueal acordado, após anestesia tópica com lidocaína 10% spray, sem intercorrências; seguida de indução com propofol 200mg, atracúrio 50mg e remifentanil 0,3µg/ Kg/ min. Mantida anestesia com oxigênio e ar na relação 1:1 e sevoflurano 1%. Puncionada linha arterial radial esquerda. Transoperatório sem intercorrências; extubado ao final do procedimento, mantendo boa saturação em ventilação espontânea sob MNBZ (GSA - pH: 7,30, pCO2: 45mmHg, pO2: 80mmHg, HCO3-: 20mEq/L, BE: - 3, SpO2: 93%). Encaminhado ao CTI; no 50 dia de pós-operatório (DPO) apresentou infecção de ferida operatória e choque séptico. Evoluiu com insuficiência respiratória aguda, por SARA e acidose metabólica refratária, necessitando de ventilação mecânica invasiva. Não apresentou resposta clínica satisfatória, evoluindo a óbito no 130 DPO. DISCUSSÃO: O paciente obeso mórbido representa um grande desafio ao anestesiologista, em virtude das diversas alterações fisiopatológicas, que envolvem a doença. O conhecimento amplo, por parte do anestesista, destas alterações é de suma importância para a segurança do ato anestésico. A abordagem da via aérea, a monitorização e o controle ventilatório adequado destes pacientes é essencial para que o desfecho final, seja satisfatório. CONCLUSÃO: O paciente obeso mórbido possui várias alterações que elevam o risco anestésico, portanto deve ser realizado com segurança e cautela; mesmo nas situações de emergência, nas quais o risco torna-se ainda maior. REFERÊNCIAS: 1) Ebert T. J.: Bariatric Medicine: Clinical Implications of Morbid Obesity. ASA Refresher 2007: 35; 61 – 73.

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AO 187 CLONIDINA COMO ADJUVANTE DA ANESTESIA GERAL EM CIRURGIA BARIÁTRICA: AVALIAÇÃO COGNITIVA E ANALGESIA PÓS-OPERATÓRIA LIA CAVALCANTE CEZAR; CECILIA DE SOUSA CARVALHO; MARIANA GONÇALVES SANTANA; JOSENÍLIA MARIA ALVES GOMES; LORENA ANTONIA SALES DE VASCONCELOS OLIVEIRA; CLÁUDIA REGINA FERNANDES HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO-UFC, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: CET MEC/SBA Hospital Universitário Walter Cantídio – UFC Sem conflito de interesse Aprovado pelo Comitê de Ética do HUWC – UFC

Justificativa e Objetivos: A obesidade mórbida na atualidade tem relevante prevalência. O obeso mórbido apresenta importantes alterações fisiológicas e anatômicas, além de co-morbidades de grande significado clínico, exigindo do médico anestesiologista pleno conhecimento fisiopatológico, para que possa realizar uma abordagem segura, tendo em vista que os procedimentos cirúrgicos têm sido cada vez mais constantes nesse grupo de indivíduos. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos sobre analgesia pós-operatória e cognição mediante administração do agente agonista 2 adrenérgico (clonidina), como fármaco adjuvante de técnica anestésica padronizada para cirurgia bariátrica. Materiais e Métodos: Foi desenvolvido um ensaio clínico não randômico em 36 pacientes distribuídos em dois grupos: G1 - composto por 25 pacientes que receberam clonidina em infusão contínua na dose de 2 mcg/kg de peso ideal, iniciada dez minutos antes da indução anestésica e mantida em infusão contínua em 0,4 a 0,7 mcg/kg de peso ideal /h, sendo descontinuada no início do fechamento da aponeurose. G2 - composto por 11 pacientes não recebeu a infusão do fármaco. A técnica anestésica para ambos os grupos foi geral balanceado utilizando para indução propofol, sufentanil e succinilcolina e para manutenção sevoflurano e cisatracúrium. A monitorização intraoperatória constou de cardioscopia, oximetria, analisador de gases, pressão arterial não invasiva e BIS®, este sendo mantido nas faixas entre 40-60. As variáveis avaliadas foram a sensação de dor, mediante escala analógico-visual da dor, observada no período pós-operatório e a cognição foi avaliada mediante o Mini-exame do Estado Mental (MEEM) no pré e pós-operatório. Para comparar os grupos Clonidina e Controle (análise intergrupos) em cada tempo, utilizou-se o teste t para variáveis não emparelhadas (dados paramétricos) ou o teste de Mann-Whitney (variáveis não paramétricas). Em todos os casos, estabeleceu-se em 0,05 (5%) a probabilidade do erro tipo I (nível de significância), sendo considerado como estatisticamente significante um valor P menor que 0,05. Resultados: Quanto aos dados demográficos, não houve diferença entre os dois grupos estudados. Foi verificada uma melhor analgesia pós-operatória no grupo clonidina (P< 0,05). Entretanto em relação à função cognitiva, não houve diferença entre os grupos. Conclusão: O grupo clonidina apresentou um despertar mais rápido ao final da cirurgia e também obteve melhor analgesia no período pós-operatório. O uso do fármaco não interferiu no retorno às funções cognitivas. Referências: Br J Anaesth, 2003;50:4, 336-41.

AO 188 AVALIAÇÃO HEMODINÂMICA DA INFUSÃO CONTÍNUA DE CLONIDINA COMO ADJUVANTE DE ANESTESIA GERAL EM CIRURGIA BARIÁTRICA MARIANA GONÇALVES SANTANA; CLÁUDIA REGINA FERNANDES; JOSENÍLIA MARIA ALVES GOMES; LORENA ANTONIA SALES DE VASCONCELOS OLIVEIRA; LIA CAVALCANTE CEZAR; CECILIA DE SOUSA CARVALHO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: A obesidade no Brasil já é considerada um problema de saúde pública. A obesidade mórbida é uma condição que agrega uma série de co-morbidades, sendo o sistema cardiovascular um dos mais afetados. Um dos objetivos da anestesia para cirurgia bariátrica é a diminuição do estresse endócrino-metabólico ao trauma e a manutenção da estabilidade hemodinâmica, uma característica atribuída aos agentes alfa-2 agonista (clonidina). O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da administração contínua da clonidina, durante anestesia geral, na pressão arterial sistólica (PAS), diastólica (PAD) e freqüência cardíaca (FC) em cirurgia bariátrica. Materiais e métodos: Estudo clínico, prospectivo, não aleatório, onde 36 pacientes submetidos a cirurgia bariátrica foram divididos em dois grupos. G1 - composto por 25 pacientes que receberam clonidina em infusão contínua na dose de 2 mcg/kg de peso ideal, iniciada dez minutos antes da indução anestésica e mantida em infusão contínua em 0,4 a 0,7 mcg/kg de peso ideal /h, sendo descontinuada no início do fechamento da aponeurose. G2 - composto por 11 pacientes que não recebeu clonidina. A técnica anestésica para ambos os grupos foi geral balanceada utilizando-se para indução propofol, sufentanil e succinilcolina e para manutenção sevoflurano e cisatracúrio. A monitorização intraoperatória constou de cardioscopia, oximetria, analisador de gases, pressão arterial não invasiva e BIS®, este sendo mantido nas faixas entre 40-60. Em ambos os grupos as variáveis PAS, PAD e FC foram observadas nos seguintes tempos: T1 – antes da punção venosa; T2– após indução anestésica; T3 – após a intubação orotraqueal; T4– após a incisão cirúrgica; T5– durante o fechamento cirúrgico da aponeurose; T6– durante o curativo cirúrgico. Para comparar os dois grupos em cada tempo, utilizou-se o teste t. Comparações intragrupo foram feitas através da análise de variância para medidas repetidas associada ao teste de comparações múltiplas de Dunnett. Em todos os casos, estabeleceu-se em 0,05 a probabilidade Đ do erro tipo I, sendo considerado como estatisticamente significante um valor P menor que 0,05. Resultados: Constatou-se que após a incisão cirúrgica a PAS e a PAD mensurada no grupo Clonidina foram significantemente menor (P = 0,0023 e P = 0,0009 respectivamente) Verificou-se no grupo Clonidina que a freqüência cardíaca mensurada após a intubação (P < 0,05) e após a incisão (P < 0,001) foi significantemente menor que a observada antes da punção venosa, não observando-se bradicardia no neste grupo. Não foi evidenciado diferença na FC entre os grupos. Discussão e conclusões: O uso da clonidina como fármaco adjuvante da anestesia em pacientes obesos mórbidos proporcionou melhor controle da pressão arterial sistólica, diastólica e freqüência cardíaca. Referência: Rev. Bras. de Anest. 53:2: 227-36, 2003.

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AO 189 EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO SUBARACNÓIDE DE MORFINA ASSOCIADA À BUPIVACAÍNA HIPERBÁRICA EM OPERAÇÕES DE GASTROPLASTIA REDUTORA CONVENCIONAL JANAINA GOMES FIGUEIRA; FERNANDA REINALDI MUNHOZ; DOUGLAS VENDRAMIN; ELIZABETH MILLA TAMBARA; RICARDO LOPES DA SILVA; MARISA PIZZICHINI CET DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE CURITIBA – PR, CURITIBA, PR, BRASIL. Resumo:

Introdução: A utilização de opióide subaracnóide durante o período per-operatório pode ser benéfica ao produzir analgesia pós-operatória e atenuação da resposta neuroendócrina ao trauma. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi o estudo comparativo, com o grupo controle, dos efeitos do sulfato de morfina na dose de 2µg.kg-1 associado a bupivacaína hiperbárica 0,5% na dose de 20mg, administrados no espaço subaracnóide antes da anestesia geral em operações de gastroplastia redutora convencional, quanto ao grau de analgesia, ao nível de sedação, à incidência de efeitos colaterais, à necessidade de analgésico de resgate, antiemético e antipruriginoso, à frequência respiratória e aos parâmetros hemodinâmicos nas primeiras 24 horas de pós-operatório. Material e Método: Ensaio clínico randomizado, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUCPR, em que foram incluídas 32 pacientes do sexo feminino, com idade entre 20 e 50 anos, índice de massa corpórea entre 35 e 49,9kg/m2, ASA I, II ou III. As pacientes foram distribuídas aleatoriamente em dois grupos: grupo M (morfina) com n=16, receberam sulfato de morfina por via subaracnóide 2µg.Kg-1 associado à bupivacaína hiperbárica 20mg antes da anestesia geral e grupo C (controle) com n=16, não foram submetidas à anestesia subaracnóide, recebendo sulfato de morfina via venosa na dose de 0,1mg.kg-1 após 30 minutos do início da operação. A anestesia geral foi realizada com midazolam, propofol, fentanil e cisatracúrio venosos e manutenção com isoflurano. Para a comparação em relação a variáveis quantitativas foram considerados os testes t de Student para amostras independentes ou de Mann-Whitney. Para a comparação em relação a variáveis qualitativas dicotômicas foi considerado o teste exato de Fisher. Valores de p<0,05 indicaram significância estatística. Resultados: Os grupos foram homogêneos em relação à idade, peso, altura, IMC, tempo cirúrgico e ASA. O nível de dor e de sedação, a frequência respiratória e a necessidade de analgésico de resgate, antiemético e antipruriginoso foram semelhantes nas pacientes dos dois grupos. Quanto à incidência de efeitos colaterais, no Grupo M predominou prurido no intervalo entre 0-2 horas (p=0,042) e 2-6 horas (p=0,017). A pressão arterial diastólica e média foram menores no grupo M em vários momentos do período pós-operatório. Discussão e Conclusão: Conclui-se que a administração de sulfato de morfina na dose de 2µg.kg-1 associado a bupivacaína hiperbárica 0,5% na dose de 20mg, administrados no espaço subaracnóide, promove analgesia pós-operatória semelhante ao uso de morfina venosa na dose de 0,1mg. kg-1 em pacientes submetidas à gastroplastia redutora convencional. Referências MANCINI, M. C. Noções fundamentais- diagnóstico e classificação da obesidade. In: GARRIDO JÚNIOR, A. B. Cirurgia da obesidade. São Paulo: Atheneu, 2002, cap.1, p.1-7. VALE, N. B. Anotações à história da raquianestesia no Brasil. In: IMBELLONI, L. E. Tratado de Anestesia Raquidiana. Curitiba: Posigraf, 2001. cap. 1, p.1-11. LEWIS, K. S. et al. EN-US”>Effect of analgesic treatment on the physiological consequences of acute pain. Am. J. Hosp. Pharm., v. 51, n.12, p.1539-1554, June 1994.

AO 190 UTILIZAÇÃO DE PREDITORES CLÍNICOS SIMPLES NO DIAGNÓSTICO PRÉ-OPERATÓRIO DE DIFICULDADE DE INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL EM PACIENTES PORTADORES DE OBESIDADE EDNO MAGALHÃES; LUIS CLAUDIO ARAUJO LADEIRA; CATIA SOUSA GOVÊIA; FELIPE OLIVEIRA MARQUES; JADER OLIVEIRA LAGARES CET/SBA CENTRO DE ANESTESIOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, BRASÍLIA, DF, BRASIL. Resumo: Introdução e Objetivo: A síndrome da apnéia obstrutiva do sono (SAOS) é uma condição clínica associada à obesidade. O manuseio inadequado da via aérea é a causa mais freqüente de complicações relacionadas à anestesia e responsável por 30% dos óbitos de causa anestésica. Dessa forma, maneiras alternativas de diagnosticar SAOS e prever dificuldade de intubação orotraqueal (IOT) no período préoperatório podem ajudar a diminuir as taxas de complicações anestésicas em pacientes obesos. O objetivo do estudo foi identificar, no período pré-operatório, nos pacientes cirúrgicos portadores de obesidade, os preditores clínicos relacionados à previsão de via aérea difícil. Métodos: Trata-se de um estudo observacional e prospectivo, cuja amostra consistiu de pacientes adultos com diagnóstico de obesidade e submetidos a anestesia geral. Os participantes responderam a questionário baseado no P-SAP Score1 durante a avaliação pré-anestésica. Os resultados dos exames de polissonografia, a presença de dificuldade de ventilação sob máscara facial ou de realização de IOT e a classificação de Cormack & Lehane durante a laringoscopia foram avaliados. A análise estatística foi realizada pelo software Excel ©, Microsoft Corporation, EUA. Resultados: Foram avaliados 22 pacientes. Observou-se a presença de roncos noturnos em 90,9% dos indivíduos, história de apnéia durante o sono em 13,3%, classificação de Mallampati I-II em 72,7% e polissonografia pré-operatória em 18,18%. O valor médio de IMC foi de 36,58 ± 7,14 kg/m2, circunferência cervical de 40,34 ± 3,26 cm, abertura bucal de 4,55 ± 0,60 cm e distância mento-esternal 15,47 ± 1,95 cm. A incidência de dificuldade de ventilação foi de 13,63% e em 4,54%, houve dificuldade de IOT (Cormack III-IV). Conclusão: Poucos obesos são submetidos a polissonografia durante a avaliação pré-operatória, embora a prevalência de SAOS nesse grupo seja elevada. Apesar dos valores de IMC, circunferência cervical e da alta prevalência de roncos nos pacientes estudados, a incidência de dificuldade de ventilação sob máscara facial e realização de IOT não se mostrou elevada. Referencias bibliográficas: Anesth Analg 2010;110:1007–15. Anesth Analg 2008;107:138–43. Revista Ceará Médico - Vl.19 - Julho/Dezembro -2011 - Nº 02 - Fortaleza - Ceará - Brasil - Edição Especial

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AO 191 AVALIAÇÃO PARA INTUBAÇÃO TRAQUEAL EM CIRURGIA BARIÁTRICA, UM PERFIL EPIDEMIOLÓGICO RODRIGO KANASIRO TAKEUCHI CET SANTA CASA, CAMPO GRANDE, MS, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: O conhecimento de fatores anatômicos que influenciam no sucesso da intubação orotraqueal (IOT) é obrigatório ao anestesiologista. Pacientes submetidos à cirurgia bariátrica merecem uma atenção especial pela possibilidade de se encontrar alterações em muitos destes fatores, como pescoço curto, menor mobilidade cervical, entre outros. OBJETIVOS: Realizar um perfil epidemiológico sobre a avaliação da IOT em pacientes que são submetidos à cirurgia bariátrica. PACIENTES E MÉTODOS: Estudo observacional transversal e epidemiológico sobre a avaliação para IOT de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica no Hospital El Kadri de Campo Grande-MS, no período de março a junho de 2011. Neste período foram analisados 36 pacientes, com predomínio do sexo feminino (88,9%), sendo que a idade variou entre 18 e 62 anos, com mediana de 36 anos e média de 37,3±11,1 anos. O índice de massa corpórea (IMC) destes pacientes teve média de 45,7±3,5 Kg/m2. Foram avaliadas as classificações de Mallampati e de Cormack, bem como alguns parâmetros cervicais e orofaciais para IOT. Com objetivo de homogeneizar a coleta de dados, considerouse a avaliação de apenas um anestesiologista. RESULTADOS: As comorbidades presentes foram hipertensão arterial (62,5%), dislipidemia (32,2%) e diabetes (27,7%) com um predomínio de mulheres na faixa etária entre 31 a 40 anos (50%). A classe de Mallampati predominante foi a 2 (62,5%), assim como a de Cormack, que também foi a classe 2 (50%). Em todos os pacientes da amostra foi encontrada uma distância interincisivos >3,0cm, incisivos superiores de comprimento considerado longo, relação maxila/mandíbula normal, ausência de subluxação anterior do côndilo da mandíbula, ausência de mobilidade cervical reduzida e distância tireomentoniana >5,5cm. Em relação à circunferência cervical, em 88,9% foi menor do que 55cm e o comprimento cervical curto foi observado em 37,5% da amostra. Em todos os casos foi utilizada uma lamina curva na IOT. Em apenas 27,7% dos pacientes houve necessidade de uma segunda tentativa de IOT, sendo a complementação com manobra de Sellick suficiente para o seu sucesso. CONCLUSÕES: Na presente amostra, não foram observadas grandes dificuldades para IOT, uma vez que também não foram encontrados prevalência importante dos parâmetros de dificuldade anatômica para IOT. PALAVRAS-CHAVE: intubação traqueal, cirurgia bariátrica, anestesia em cirurgia bariátrica, via área difícil.

AO 192 USO DA MÁSCARA LARÍNGEA AIR-Q NO PACIENTE OBESO SUBMETIDO À HEMORROIDECTOMIA BIANCA MACHADO DE ALMEIDA; MICHELLE ALEXANDRE; MARCIO PINHO MARTINS; LARA JOTTA HOSPITAL CENTRAL DA POLÍCIA MILITAR, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: TEMA: Uso da máscara laríngea Air-Q no paciente obeso submetido à hemorroidectomia AUTORES: Almeida, B.M.; Alexandre, M.; Martins, M.P.; Jotta, L. ORIGEM DO TL: CET do Hospital Central da Polícia Militar / Rio de Janeiro - RJ FONTES DE FOMENTO E CONFLITOS DE INTERESSE: Não existem conflitos de interesse. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Devido à recusa da paciente ser contra-indicação absoluta ao bloqueio espinhal optou-se pela anestesia geral. O objetivo foi avaliar a efetividade da LMA Air-Q em paciente obesa com critérios prévios de dificuldade de intubação. MATERIAIS E MÉTODOS: Relato de caso. Paciente do sexo feminino, 48 anos, sem comorbidades ou alergia, ASA PI, cirurgias prévias sob bloqueio regional com relato de PONV. Exame físico: IMC – 31.2 e diversos parâmetros para via aérea difícil. Indução anestésica foi realizada com lidocaína (1mg/kg) e Propofol (2mg/kg) e duas tentativas de intubação traqueal sem sucesso por laringoscopia direta. Foi inserida a máscara laríngea Air-Q 3.5 sem intercorrências, e com boa ventilação. Após administração de Succinilcolina (0,5 mg/kg), a intubação traqueal foi efetuada através da Air-Q 3.5 sem qualquer dificuldade técnica ou alteração do padrão ventilatório. O per-operatório transcorreu sem instabilidade hemodinâmica e isento de complicações. Foi introduzido um trocador de tubo para remover o tubo traqueal. Após quinze minutos de observação foi extubada e encaminhada à SRPA para acompanhamento pós-operatório de rotina. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES: A máscara laríngea Air-Q é um novo dispositivo supraglótico que permite a ventilação assim como a intubação traqueal através da mesma. Pode ser usada como estratégia primária para controle da via aérea ou como dispositivo de resgate em situações que não foi possível a intubação traqueal por meio da laringoscopia direta. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Anaesth Intensive Care, 2011; 39:40-45.

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AO 193 REVERSÃO DO BLOQUEIO NEUROMUSCULAR COM SUGAMADEX EM LAPAROTOMIA EXPLORADORA DE URGÊNCIA EM PACIENTE OBESO MÓRBIDO: RELATO DE CASO. LEANDRO FELLET CHAVES; TÁSSIA VELOSO GOMES; LEANDRO MACIEL GOMES; ITAGYBA MIRANDA CHAVES; ROBERTO VIEIRA SILVA CET HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA FACULDADE DE MEDICINA DA UFJF, JUIZ DE FORA, MG, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivo(s): O sugamadex sódico é uma gama - ciclodextrina que promove rápida reversão do bloqueio neuromuscular (BNM) através da formação de um complexo altamente estável com a molécula do rocurônio. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de antagonismo rápido e completo de BNM moderado em paciente apresentando contra - indicações relativas ao uso da neostigmine. Materiais e métodos: Paciente masculino, 53 anos, peso = 160 kg e altura = 1,87 m (IMC= 45,7kg/m2) com hérnia umbilical volumosa encarcerada, necessitando de laparotomia exploradora de urgência. ASA 3E, portador de hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e obesidade mórbida em uso de valsartan, insulina e warfarin, este devido à história de trombose venosa profunda em MMII. Tabagista inveterado, deu entrada na SO com tosse, sibilos esparsos à ausculta e SPO2=88%. Apresentava Mallampati II e mobilidade atlanto - occiptal, distância tíreo-mental e distância interincisivos todas dentro dos limites aceitáveis. Após monitorização básica, obtenção de acesso venoso periférico e posicionamento adequado com coxins, o músculo adutor do polegar foi utilizado para monitorização do BNM. A indução da anestesia geral venosa total foi feita com rápida sequencia, manobra de Sellick e bolus de remifentanil 0,5 mcg/kg, propofol 4 mcg/ml (alvo – controlado) e rocurônio 1 mg/kg, todos calculados pelo peso corporal corrigido. Após cerca de 1,2 minutos, o neuroestimulador mostrou uma sequencia de quatro estímulos (TOF) igual a zero e foi realizada intubação orotraqueal na primeira tentativa com tubo 8,5. O procedimento transcorreu sem intercorrências, sem ressecções intestinais, apenas com hernioplastia umbilical, em cerca de 90 minutos. Após o término, o paciente encontrava - se estável com TOF = 2 e foram injetados 2 mg/kg de peso corrigido de sugamadex. Após 2,5 minutos, com TOF>90%, foi descontinuada a anestesia geral e o mesmo foi extubado, sendo encaminhado à UTI lúcido, orientado, sem queixas e Spo2=95% com cateter nasal de oxigênio. A alta hospitalar aconteceu 2 dias depois. Discussão: A reversão do BNM com a neostigmine apresenta limitações, como a incapacidade de reverter bloqueios profundos, a possibilidade de ocorrência de bloqueio residual em até 48% dos casos e efeitos colaterais pelo excesso de estimulação colinérgica muscarínica, como o broncoespasmo em pacientes susceptíveis. No caso relatado, devido ao risco de piora de um quadro já instalado de via aérea hiperreativa em paciente obeso mórbido, a opção pelo sugamadex proporcionou reversão confiável e rápida do BNM. Conclusão: O uso de sugamadex em pacientes com contra - indicações relativas à neostigmine é seguro e deve ser considerado. Referências bibliográficas: Anesthesiology 2010;112:1013-22. Journal Crit Care 2009;24:21-8.

AO 194 REDUÇAO DE IMC NÃO ALTERA A CLASSIFICAÇÃO DE MALLAMPATI BRUNO DE NACHEF; JOSÉ ADMIRÇO LIMA FILHO; HUGO ECKENER DANTAS DE PEREIRA CARDOSO; RICARDO ALMEIDA DE AZEVEDO; CARLOS KLEBER OLIVEIRA DE SANTANA; ALEXANDRE MENEZES MATOS HOSPITAL GERAL ROBERTO SANTOS, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: A dificuldade na intubação traqueal pode estar relacionada à obesidade. Diagnosticar intubação difícil contribui para o sucesso da abordagem da via aérea, contudo os parâmetros preditores de via áerea difícil não estão bem estabelecidos. A classificação de Mallampati, a distância interincisivos, a circunferência do pescoço, a distância tireomentoniana e a presença da síndrome da apnéia obstrutiva do sono são parâmetros que podem indicar a intubação difícil. O tratamento cirúrgico da obesidade proporciona redução do índice de massa corpórea (IMC), com estabilização desta por volta de dois anos. O objetivo desta pesquisa foi reavaliar a classificação de Mallampatia com os va lores pré-cirúrgicos. Métodos: 51 pacientes de ambos os sexos, foram avaliados no período pré-operatório, quanto ao IMC e a classificação de Mallampati. Após dois anos da cirurgia e redução do IMC < a 35 kg.m-2 os preditores de intubação difícil foram reavaliados por outro médico anestesiologista que possuía de conhecimento o IMC prévio . Excluídos nove pacientes. Executada reavaliação da classificação de Mallampati. Resultados: dos 42 pacientes reavaliados. Apenas um paciente apresentou redução na escala de Mallampati. Conclusão: A redução do IMC Mallampati permanece inalterado em ambos os sexos. Este parâmetro de avaliação de intubação traqueal reflete as estruturas da orofaringe o que explica a permanência deste valores, mesmo quando há redução de IMC.Anesth Analg. 2003; 97(2):595-600. Anesthesiology 2005;33(1):49-63.

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AO 195 UTILIZAÇÃO DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC) COMO INDICADOR DE RISCO NO PERIOPERATÓRIO. HENRIQUE GIACOMELLI DARTORA; RUY VIANNA MANTOVANI; HELENA MARIA ARENSON-PANDIKOW HCPA, PORTO ALEGRE, RS, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: IMC para avaliar sobrecarga ponderal (>25) e obesidade (>30) é referencial para riscos potenciais no perioperatório. Dentre os problemas que requerem atenção técnica do anestesiologista, sobressaem: manejo difícil de via aérea e acessos vasculares; risco de aspiração pulmonar; métodos de monitorização e posicionamentos cirúrgicos; escolha apropriada de agentes anestésicos/alterações farmacocinéticas. Embora a prevalência de comorbidades associadas à obesidade no paciente cirúrgico, sobretudo de natureza cardiovascular, respiratória e metabólica, esteja bem estabelecida na literatura, faltam estudos para correlacionar níveis de obesidade e fatores de risco do perioperatório em nosso meio. OBJETIVOS: Avaliar tendências prevalentes de comorbidades por faixa de IMC nos pacientes do SAMPE do HCPA. MÉTODOS: Levantamento realizado na base de dados do SAMPE (2002-2010) em cadastros de pacientes com registro do IMC, nas seguintes faixas: <25; >25-30; >30-35; >35-40; > 40. Para análises descritivas e estatísticas foi empregado o SPSS e testes de Pearson/qui-quadrado para avaliação da associação por faixas de IMC com fatores de risco. Outra verificação buscou o evento adverso predominante no transoperatório e a diferença desta ocorrência entre pacientes obstétricas e demais especialidades cirúrgicas. COMENTARIOS: A população de obesos que cresce em todas as faixas etárias, independentemente de sexo ou nível de desenvolvimento econômico, torna os indivíduos candidatos mais freqüentes à cirurgia. Contudo, na prática do dia a dia as implicações da obesidade e seu relacionamento com possíveis comorbidades não são devidamente reconhecidos. Pontos-chave no levantamento permitiram demarcar, primeiro, fatores pré-existentes de alerta, pela forte associação entre obesidade e fatores de risco como DM, HAS, toxemia gravídica (TG) e, segundo, no transoperatório, pela detecção de hipotensão arterial, principalmente em parturientes, nas quais repercussões negativas sobre a fisiologia cardiovascular já alterada da mãe pode repercutir no concepto. Embora os efeitos da cirurgia, da anestesia e de doenças co-existentes sejam dinâmicos na instalação de hipotensão arterial no intra-operatório, na gestante, em especial, requer tratamento preventivo e rápido com agonistas adrenérgicos e líquidos. RESULTADOS: Num total de 15871 cadastros contabilizados ficou aparente o progressivo percentual de HAS, DM, TG pré-existentes e, ainda, ocorrência adversa de hipotensão arterial no transoperatório, sempre relacionados aos maiores IMC. CONCLUSÕES: Com base neste levantamento: IMC acima de 30 será recomendado para estratificar risco e como preditor de hipotensão durante o ato anestésico das pacientes do Centro Obstétrico do HCPA; estes achados preliminares devem ser ampliados para a busca de outros desfechos (p. ex: infecções, sangramentos, implicações respiratórias) e para estudos prospectivos, com foco no impacto do IMC elevado sobre complicações no pós-operatório.

AO 196 O USO DE SUGAMMADEX VERSUS NEOSTIGMINA NA RECUPERAÇÃO DO BLOQUEIO NEUROMUSCULAR EM PACIENTES SUBMETIDOS A CIRURGIA DE OBESIDADE MÓRBIDA. DANIELE RAUL RODRIGUES; CRISTIANO ENGLERT; JULIANA DE FATIMA SCHMITT; AIRTON BAGATINI; TAILUR ALBERTO GRANDO CET -SANE, PORTO ALEGRE, RS, BRASIL. Resumo: Rodrigues DR, Schmitt JF, Englert C, Grando TA,Bagatini A. CET-SANE, Hospital Ernesto Dornelles, Porto Alegre - RS. O presente estudo não apresenta conflito de interesses e nem fontes de fomento, sendo custeado pelos próprios autores e pela instituição. Introdução:A cirurgia bariátrica é cada vez mais comum nos dias atuais. O bom relaxamento muscular necessário para o procedimento não é isento de efeitos adversos, que, em grande parte das vezes, precisam ser antagonizados. Neostigmine, apesar de tradicionalmente usado para reversão do bloqueio neuromuscular, pode levar a aumento de secreções, recurarização, bloqueio residual, broncoconstrição e outros efeitos indesejáveis.Recentes estudos com Sugammadex parecem indicar que ele possa ser mais adequado para este cenário por eliminar o agente relaxante do plasma e levar a menos efeitos colaterais. O objetivo desse estudo é comparar os dois agentes na reversão do bloqueio neuromuscular em cirurgias de obesidade mórbida. Método:Projeto de um ensaio clínico randomizado piloto onde se dividirão aleatoriamente 100 pacientes em dois grupos: rocurônio 0.6-1,0 mg/kg revertido no final com sugammadex 2-4 mg/kg (grupo 1) e rocurônio na mesma dose, revertido ao final com dose de atropina e neostigmina 0.04-0.07 mg/kg (grupo 2). Serão avaliados: TOF durante todo o procedimento e 1 hora depois da dose de reversão do bloqueio neuromuscular, náuseas e vômitos pós-operatórios, episódios de SpO2 inferior a 90%, ocorrência de laringoespasmo e dificuldade ventilatória no pós imediato. A análise univariada será feita em média e desvio-padrão para variáveis contínuas e frequência e porcentagens para as variáveis categóricas. Para a análise bivariada será considerado um alfa crítico de 0,05 e serão usados os testes t de student e qui-quadrado conforme o caso para as comparações.Será submetido a avaliação do comitê de ética do hospital de estudo.Objetivo: Espera-se, com base em resultados da literatura sobre o uso dessas drogas, testar a hipótese de que o sugammadex leve à menor ocorrência de efeitos adversos no pós-operatório e à reversão completa do bloqueio neuromuscular. Referências:British Journal of Anaesthesia 103 (1): 115–29 (2009)

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AO 197 ANESTESIA TRANSTRAQUEAL NA INTUBAÇÃO DE PACIENTE ACORDADO PARA RESSECÇÃO DE TUMOR GIGANTE DA REGIAO CERVICAL RAFAEL FERREIRA SILVA; ELIOMAR SANTANA TRINDADE; VERA LUCIA FERNANDES DE AZEVEDO; FÁBIO FRANCISCO FERREIRA DE SOUZA; SAULO PIMENTEL NEVES; ALEXANDRE VIEIRA FIGUEIREDO HOSPITAL SANTO ANTONIO-CET-AOSID, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: Introdução: O manejo de pacientes identificados como portadores de via aérea difícil envolve várias alternativas pois a manutenção da via aérea pérvia é fundamental para evitar complicações graves durante a tentativa de intubação.Relato de caso: Paciente 73 anos, masculino, peso: 82,5Kg, altura 1,73m, Mallampati: IV, ASA II, com programação cirúrgica de exérese de tumor da nuca. Exames pré-operatórios sem anormalidades. O paciente teve monitorizados o ECG, capnografia, oximetria, PAMNI e estabelecido venóclise com jelco 18G em veia periférica de membro superior. Iniciou-se o procedimento com anestesia transtraquea l com lidocaína a 2% sem vasoconstrictor através da membrana cricotireóidea, anestesia tópica da cavidade oral com lidocaína em “spray” a 10%, administração de 50 µg de fentanil e 1 mg de midazolam. Intubação orotraqueal com cânula n° 8,0 com cuff. Paciente consciente, transferiu-se da maca para a mesa cirúrgica e posicionou-se em decúbito ventral. Procedida indução anestésica com clonidina, 60µg ,fentanil, 250 µg, propofol, 200mg e relaxamento muscular com atracúrio, 25mg . Manutenção da anestesia com isoflurano, 1,5CAM. Procedimento sem intercorrências anestésicas ou cirúrgicas com duração de 90minutos Discussão: Anestesia transtraqueal pode ser obtida com injeção de lidocaína 2%, 2-3ml através da membrana cricotireóidea; punção mais distal através da membrana cricotiroidea minimiza os riscos de lesão das cordas vocais e de sangramento por lesão tireoideana. A anestesia tópica produz rápida absorção, devendo-se considerar os limites da toxicidade.Condutas simples e de fácil execução podem permitir a intubação de paciente acordado portador de via aérea difícil Referencias :1-Sociedade Brasileira de Anestesiologia .Reconhecimento e algoritmo de via aérea difícil -SAVA-CD –ROM-2010

AO 198 ESTENOSE TRAQUEAL COMO COMPLICAÇÃO TARDIA DE TRAQUEOSTOMIA RENATA RUIVO; ANA PAULA CATALANO; DANIEL GÓES; PAULO ALIPIO FILHO; AMERICO AUTRAN NETO; ARMIN GUTTMAN HOSPITAL FEDERAL DE BONSUCESSO, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Objetivo: Visa à discussão da necessidade avaliação mais detalhada das vias aéreas de pacientes submetidos previamente à traqueostomia, como investigação pré-anestésica. Relato do caso: Paciente masculino, 41 anos, ASA II, NYHA I. Passado de politrauma (fratura de tíbia e fêmur E) há um ano, necessitando de traqueostomia devido ao tempo elevado de intubação traqueal. Evoluiu sem seqüelas, apresentando todos os exames complementares do pré-operatório dentro da normalidade para a realização de nefrectomia esquerda para transplante renal. O paciente não apresentava nenhum preditor para via aérea difícil, ou dificuldade para ventilação sob máscara. O doador renal recebeu a monitorização básica para o procedimento. Inserido cateter peridural em L2-L3, sem intercorrências. Durante a indução anestésica o paciente apresentou ventilação sob máscara possível apenas com altas pressões (>35mmhg). Após administração de Atracúrio, feita a laringoscopia direta e tentada a passagem de cânula 7,5mm c/ cuff. O mesmo não progredia imediatamente após a passagem das cordas vocais. Foi tentada em seguida a passagem de outro menor (6,0) sem sucesso. O serviço de cabeça e pescoço foi contatado, sendo realizado no mesmo momento a broncofibroscopia, que mostrou estenose de traquéia grave, com indicação de dilatação, feita prontamente. O receptor renal já se encontrava monitorizado na sala ao lado, porém o transplante foi suspenso. O paciente foi assistido até a completa recuperação do bloqueio neuromuscular, e despertou sem maiores problemas. Discussão: A traqueostomia precoce realizada nas unidades de terapia intensiva diminui taxas de morbidade, tais como: pneumonia nosocomial, tempo de ventilação mecânica e tempo de permanência na unidade. Entre as complicações tardias da traqueostomia estão a formação de tecido de granulação, estenose traqueal, traqueomalácia, fístula da artéria traqueoinominada e fístula traqueoesofágica. Conclusão: É de extrema relevância uma investigação minuciosa das vias aéreas de pacientes com história prévia de traqueostomia, antes de um procedimento cirúrgico eletivo com necessidade de intubação traqueal. A detecção de possíveis dificuldades de ventilação e/ou intubação permite ao anestesiologista tomar as devidas precauções que garantam o sucesso do procedimento. Referências: 1-Respir Care, 2005; 50(4): 542-9; 2- Can J Surg, 2009; 52(5): 427-33; 3- Miller’s Anesthesia, 7ª edição.

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AO 199 LARINGOSCÓPIO TRUVIEW EVO2®: FERRAMENTA IMPORTANTE NA VIA AÉREA DIFÍCIL CARLOS EDUARDO DAVID DE ALMEIDA; ERICK FREITAS CURI; ANTÔNIO ROBERTO CARRARETTO; LOUISIE MARCELLE ALMEIDA; ROBERTA ELENI MONTEIRO ABATTI; RENATO BREZINSCKI UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, VITÓRIA, ES, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: O tratamento cirúrgico de alguns tumores de cabeça e pescoço deixa significativas deformações na faringe e laringe. A radioterapia pode ser um agravante. Para o manejo da via aérea destes pacientes deve estar disponível o maior número de recursos possíveis. Não menos importante é o treinamento do anestesiologista. Relato de caso: Paciente masculino, 64 anos, 54 kg, ASA II, ex-etilista e ex-tabagista com historia pregressa de carcinoma espinocelular de laringe. Foi submetido à laringectomia e radioterapia adjuvante há 3anos. Foi indicada laringoscopia com biópsia por suspeita de recidiva local. Avaliação pré-anestésica da via aérea: Distância esternomentoniana > 12,5 cm; Abertura da boca ± 3 cm; Extensão cervical limitada; Sem alteração de fonação; edentia. O teste de Mallampati estava comprometido devido ressecção cirúrgica parcial do palato mole. Paciente foi pré-oxigenado durante 5 minutos sob máscara facial. Realizou-se indução venosa com fentanil (200 mcg), propofol (120 mg) e succinilcolina (60 mg). Através da laringoscopia direta convencional o paciente foi considerado grau III de Cormack-Lehane. A anatomia da via aérea era distorcida. Havia limitação de espaço para instrumentação. Associava-se a isto um tecido friável e de fácil sangramento. Retomou-se a ventilação sob máscara facial. Utilizou-se o laringoscópio óptico Truview EVO2® em uma segunda tentativa. Acoplado ao mesmo um sistema de vídeo conectado a um monitor LCD. A intubação ocorreu sem intercorrências ou dificuldades técnicas. Utilizou-se um tubo orotraqueal nº 6,0 com balão de vedação e armado com guia semi-rígido. O procedimento foi realizado e o paciente extubado em segurança após 20 minutos. Discussão e Conclusão: A dificuldade de intubação constitui um importante fator de mortalidade associada à anestesia. Os novos laringoscópios com óptica ou fibra óptica são importantes instrumentos no manejo da via aérea. O laringoscópio Truview EVO2® possui cabo padrão e uma lamina angulada associada a uma óptica com refração de 42o. Apresenta um visor com diâmetro de 15 mm, que pode ser acoplado a uma câmera de sistemas endoscópicos. É de grande importância nos casos com abertura limitada de boca ou dificuldade de extensão cervical. O Truview EVO2® apresenta custo acessível e curva de aprendizado relativamente curta para médicos já habituados a realização de laringoscopia convencional. É muito importante o treinamento constante do anestesiologista. Referências: 1- Minerva. Anestesiologia, 2007; 62 (9): 940-3. 2- Rev Bras Anestesiol, 2009; 59:3: 321-31.

AO 200 VIA AÉREA DIFÍCIL EM PACIENTE COM MASSA CERVICAL PAULO ALIPIO FILHO; ANA PAULA MONACO; ANA VALERIA MOLL; HELENA MATTOS SABOIA; ARMIN GUTTMAN; MARCO ANTONIO FERRO HOSPITAL FEDERAL DE BONSUCESSO, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: A avaliação da vias aéreas deve ser realizada a fim de antecipar uma via aérea difícil (VAD) e planejar a abordagem primária e alternativas para ventilação e intubação. Relato de caso: Paciente de 26 anos, renal crônico em tratamento dialítico há 10 anos, hipertenso, com hiperparatireoidismo terciário e tumor marrom maxilo-mandibular, em pré-operatório de paratireoidectomia total com reimplante de paratireóide em antebraço. A avaliação de via aérea revelou pequena abertura de boca, dentição falha, teste de Mallampati modificado por Sansoon e Young IV, ausência de protusão mandibular voluntária e mobilidade do pescoço normal. Foi procedida monitorização com PNI, ECG, oximetria de pulso. Realizou-se oxigenação sob máscara facial com FiO2 100% , sedação consciente associando-se Midazolam 2mg e Remifentanil 0,05 mcg/kg/min, anestesia tópica das vias aéreas com lidocaína spray e laringofibroscopia flexível via nasal e intubação nasotraqueal, seguida de anestesia geral balanceada. Discussão: Diversas doenças cursam alterações anatômicas da vias aéreas permitindo-nos prever ventilação e/ou intubação difícil. Diante de uma VAD reconhecida, pode-se optar pela sequência rápida ou intubação acordado, que abrange técnicas de anestesia das vias aéreas e sedação consciente com manutenção da ventilação espontânea. Coloca-se também em evidência a importância planos alternativos para ventilação e intubação destacando-se dispositivos extra glóticos e métodos ópticos. Conclusão: A avaliação prévia da via aérea permitiu antecipação da dificuldade de intubação e ventilação do paciente com escolha da técnica adequada para assegurá-la. Referências: Anesthesiology 2009, 110:891-7. Anesthesiology 2003;98:1269-77. ASA Annual Refresher Course Lectures, 2000; 235.

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AO 201 ABORDAGEM SUBMANDIBULAR EM PACIENTE COM MULTIPLAS FRATURAS MAXILOFACIAIS ANTONIO CHRISTIAN GONÇALVES; JOSÉ AUGUSTO TUY DE BRITTO OLIVEIRA JUNIOR; MARCELO LOPES SANTOS; LUCAS JORGE SANTANA DE CASTRO ALVES; ROSANNE PEDREIRA XAVIER; VERA LUCIA FERNANDES DE AZEVEDO HOSPITAL SANTO ANTONIO -CET AOSID, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: Introdução: As dificuldades no manejo da via aérea em pacientes com fraturas maxilofacias respresentam um desafio para o anestesiologista. Diferentes métodos de intubação endotraqueal estão disponíveis para manutenção das vias aéreas durante o tratamento cirúrgico de pacientes portadores de fraturas maxilofaciais graves. Quando os métodos de intubação nasotraqueal e orotraqueal estiverem contra-indicados, a intubação endotraqueal pela via submandibular é uma alternativa útil para esses pacientes gravemente traumatizados de face nos quais é necessário o bloqueio maxilomandibular intraoperatório. Esta técnica permite o estabelecimento de uma via aérea segura e possibilita a realização da fixação intermaxilar durante a cirurgia, assegurando um ótimo resultado na redução e fixação das fraturas nos ossos da face, evitando dessa maneira a realização de uma traqueostomia e as complicações inerentes a esse procedimento.Relato de Caso:Paciente masculino, 20 anos, com indicação de correção cirúrgica eletiva de fratura em região frontal, naso-órbito-etmoidal, zigoma esquerdo, maxila e mandíbula. Ao exame observou-se Mallampati III, diminuição da abertura bucal e limitação na mobilidade em mandíbula. Realizada monitorização, venóclise, pré-oxigenação seguido de indução com remifentanil em infusão continua com doses de 0,2 a 05 µg.Kg-1.min-1 , 150mg de propofol e relaxamento muscular com 40mg de rocurônio e manutenção consistiu de anestesia geral venosa total com propofol em infusão alvo-controlada e remifentanil em infusão continua com doses de 0,2 a 05 µg.Kg-1.min-1. Pela necessidade de bloqueio maxilomandibular trans-operatório e pelo fato da fratura de nariz contra-indicar a intubação naso-traqueal, a opção foi um acesso submetoniano. Realizou-se IOT sem intercorrência com cânula 7,5 com cuff e o acesso submandibular foi realizado pela equipe de cirurgia. A duração da cirurgia foi de 5 horas e ao final a cânula traqueal foi reposicionada para cavidade oral e o acesso submandibular foi fechado. O paciente foi extubado sem intercorrências..Discussão e Conclusão: A abordagem submandibular promove o estabelecimento de uma via aérea permeável e segura nos pacientes com fraturas faciais múltiplas sem interferir com o campo cirúrgico, tornando possível o bloqueio intermaxilar, como também evitando os riscos e potenciais complicações que surgem quando é realizada intubação nasotraqueal em pacientes que apresentam fraturas do esqueleto nasal e base de crânio. A IOT com trajeto submandibular mostrou-se viável por se tratar de uma técnica que apresenta bons resultados, fácil extubação, mínimo de trauma, raras complicações, proporcionando um campo seguro para grandes manipulações cirúrgicas. Referências Bibliográficas 1. Anaesth Intensive Care, 2000; 28:193-195. 2. J Cranio-Maxillofacial Surg, 2003; 31: 383-388 3. Indian J. Anaesth, 2002; 46(5): 400-402

AO 202 ANESTESIA PARA ANGIOFIBROMA JUVENIL COM INVASÃO DA BASE DO CRÂNIO PAULA JAEGGER BELEM ROSA; TÂNIA CARLA DE MENEZES CORTEZ; VIRGINIA RAQUEL LEMOS DE SOUZA MELO; PAULO LAVINAS INCA, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Anestesia para Angiofibroma Juvenil com invasão da base do crânio Rosa, P J B; Cortez, T C; Melo, V. R. L. S; Lavinas P S G. Instituto Nacional do Cancer - Praça da Cruz Vermelha, 23. Rio de Janeiro, RJ. Introduçao: Angionasofibroma juvenil é um tumor localmente agressivo porem histologicamente benigno. Recentemente, foi sugerido que não seja uma neoplasia, mas sim uma má-formação anatômica. Sua difícil abordagem e risco de sangramento abundante torna o ato anestésico um desafio único. Relato de Caso: JAS, 15 anos, encaminhado ao serviço de cirurgia de cabeça e pescoço do INCA com diagnóstico de Angiofibroma Juvenil com invasão de base de crânio e necessitar de cirurgia de alta complexidade. Início há 2 anos com nódulo na asa nasal direita de crescimento progressivo com sangramento bucal e nasal. Evoluiu com desconforto respiratório (respiração bucal, roncos e apnéia do sono) e disfagia para sólidos (emagrecimento de 20Kg). Sua tomografia apresentava tumoração em hemiface direita, desde zigomático até mandíbula, obstruindo narina direita com desvio do septo nasal, projetando-se para orofaringe, com rebaixamento do palato mole e intensa relação com a fissura da artéria esfeno-palatina a direita. Foi submetido a TQT eletiva por obstrução da via aérea. Durante a avaliação pré-anestésica foi encaminhado ao ambulatorio de coagulação por um PTT alterado (1,47) e sangramentos frequentes sendo diagnosticado com anticoagulante lúpico positivo. Foi feita a Quimioembolização do tumor sob anestesia geral venoinalatória sem intercorrências e encaminhado após para o CTI. Foi submetido a cirurgia para ressecção tumoral sob anestesia geral venoinalatória, com duração de 13h. Puncionada veia femural esquerda e arteria radial direita, induzido com Lidocaina, Propofol, Sufentanil e Cisatracúrio, passado pela TQT tubo aramado 6,0. Mantida anestesia com Dexmedetomidina em infusão continua por 6h, Sufentanil em infusão continua e Sevoflurano. Necessitou de droga vasoativa, noradrenalina por alguns momentos de maior sangramento e recebeu no total 7000ml de Ringer Lactato, 500ml de Voluven, 3 concentrados de hemacia, 4 crioprecipitados. Sangramento estimado de 3800ml. Realizada no dia seguinte TCC para controle, no D3 de pós operatório foi iniciado dieta enteral com boa aceitação, retirado o tampao nasal após 5 dias e trocada TQT para cânula metálica após uma semana com inicio de dieta oral. Após dez dias o paciente estava deambulando e recebeu alta após um mês do ato cirúrgico. Conclusão: Apesar do difícil manejo hemodinâmico o paciente respondeu bem ao tratamento sem apresentar distúrbio do equilíbrio ácidobásico com boa evolução pós-operatória. Referências: 1. Adv AnatPathol 7:36-46, 2000; 2. Cardiovasc Intervent Radiol 18:158-161, 1995; 3. J Otolaryngol 28:145-151, 1999.

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AO 203 “HEMIMANDIBULECTOMIA DIREITA COM RECONSTRUÇÃO EM MESMO TEMPO CIRÚRGICO: QUANDO EXTUBAR?” HAYLA LOUREIRO SABOYA; FERNANDO ALECRIM SEIDL; ALINE RIBEIRO CAMPOS; SIMONE SOARES LEITE UFRJ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Autores: Hayla Loureiro Saboia, Fernando Alecrim Seidl, Simone Soares Leite, Aline Ribeiro Campos CET/SBA Prof. Bento Gonçalves, Serviço de Anestesiologia do HUCFF/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ Introdução: Decidir quando retirar um tubo traqueal faz parte da arte da anestesiologia e determiná-lo com precisão interfere diretamente na evolução do paciente. Nesse caso discutimos a abordagem e manutenção de via aérea pós hemimandibulectomia direita e reconstrução de mandíbula com crista ilíaca no mesmo tempo cirúrgico. Relato de Caso: Paciente 56 anos, feminino, 65 kg, 157 cm, portadora de HAS, FA paroxística, ex-tabagista, seqüela de AVE (5 AVE ´s prévios), ASA P4, CF< 4 METs. Uso regular de amiodarona 200 mg, enalapril 10 mg, sinvastatina 20 mg. Sem preditores de via aérea difícil. Exames laboratoriais sem alterações, ECG com ritmo sinusal, radiografia de tórax sem alterações. Monitorização: ECG de três derivações, PANI, oximetria de pulso, pressão arterial invasiva (radial direita), PVC (punção de veia jugular interna esquerda); venóclise: MSD EC 18G. Técnica anestésica: Anestesia geral, com indução venosa e manutenção inalatória. Pré-oxigenação por 4 minutos, seguidos de fentanil 5 mcg/kg, lidocaína 1 mg/kg, propofol 2 mg/kg e rocurônio 0,6 mg/kg. Intubação nasotraqueal com tubo 7,5 e manutenção com O2:N2O, Sevoflurano 1,5% - 4,0%. Duração do procedimento: 410 minutos. Procedimento anestésico-cirúrgico sem intercorrências. Encaminhada ao CTI intubada, mantendo estabilidade hemodinâmica. Após cirurgia apresenta limitação de abertura de boca, permanece intubada por 6 dias quando é encaminhada para realização de traqueostomia. Discussão e conclusão: Manter a paciente intubada no pós-operatório imediato foi uma opção adotada visando a segurança em decorrência de alteração significativa da via aérea, entretanto a demora na extubação fez com que a paciente fosse submetida à traqueostomia. Dessa forma questiona-se o tempo decorrido até uma extubação segura e realização de traqueostomia eletiva antes do procedimento. Referências: 1)Rosenblatt WH, Whipple J - The difficult airway algorithm of the American Society of Anesthesiologists. Anesth Analg, 2003;96:1233 2) Hagberg CA (2010) Current Concepts in the Management of the Difficult Airway. Anesthesiology News 36(05):1-23

AO 204 MANEJO PRÉ E PÓS OPERATÓRIO EM PACIENTE SUBMETIDO À TIREOIDECTOMIA TOTAL TUILA GUANABARA SOUZA; CLÊNICE RUFINO FERREIRA; LUCIANE MORAL DA SILVA; ÉLIDA MARINHEIRO DA SILVA; THATIANA LÚCIA CINTRA DE ALCÂNTARA; JUSCIMAR CARNEIRO NUNES HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS, MANAUS, AM, BRASIL. Resumo: Introdução: Pacientes portadores de nódulos tireoideanos volumosos podem evoluir com distorções da anatomia cervical, tornando-se candidatos à via aérea difícil. Quando submetidos à tireoidectomia total (TT), podem apresentar lesão do nervo laríngeo recorrente como complicação cirúrgica e evoluir com insuficiência respiratória aguda logo após extubação, se lesão bilateral. Este relato visa ressaltar a importância da abordagem segura das vias aéreas em pacientes com distorções anatômicas cervicais e as possíveis complicações respiratórias em consequência de lesão bilateral do nervo laríngeo recorrente após tireoidectomia total. Relato de caso: Paciente feminino, 55 anos, ASA II, 62 kg , Goldman I, hipertensa, com nodulo tireoideano volumoso à direita, admitida na sala operatória em bom estado geral, normotensa, FC 64 bpm, hidratada, afebril, eupnéica. Ao exame físico: pescoço tamanho normal, mobilidade cervical diminuída, circunferência cervical aumentada, abertura bucal normal, distância tireomentoniana >6 cm e mallampati II. Exames complementares: radiografia de tórax com traquéia centrada e demais exames normais. Técnica anestésica escolhida foi anestesia geral balanceada. Considerando a via aérea da paciente, optamos pela técnica de intubação acordada com sedação mínima com fentanil 100 mcg, administrado lidocaína spray na cavidade oral e orofarínge intermitente até visualização da epiglote e cordas vocais à laringoscopia. Realizada intubação orotraqueal (IOT) com tubo aramado n° 7,0 com cuff ,sem dificuldades. E administrado propofol 150mg imediatamente após a IOT . Manutenção anestésica com fentanil, pancurônio e isoflurano sob ventilação mecânica. Após reversão completa do bloqueio neuromuscular e retorno da consciência, procedeu-se à extubação traqueal. Paciente evoluiu com estridor respiratório, queda da saturação de oxigênio e agitação, sendo realizada nova laringoscopia que evidenciou paralisia bilateral das cordas vocais sendo necessária nova intubação traqueal (IOT) com tubo n° 7,0 e encaminhada ao CTI sob sedação, ventilação espontânea e estável hemodinamicamente. Discussão: Portadores de nódulos tireoideanos podem ter alterações importantes que dificultam o acesso às vias aéreas e IOT. A escolha do método deve ser feita de forma criteriosa após avaliação detalhada do paciente associada com os materiais adequados para assegurar via aérea pérvea priorizando as técnicas não-invasivas e a de maior conhecimento e prática do anestesiologista presente. É fundamental observar a evolução do paciente após a extubação traqueal afim de diagnosticar precocemente a insuficiência respiratória aguda por lesão do nervo laringeo recorrente bilateral, pois a mesma necessita de conduta imediata para promover patência de via aérea. Referências bibliográficas: 1.International Surgery, 93 (5): 257-60, 2008:sep-oct.; 2.International Journal of Clinical Pratic, 63 (4): 624-9, 2009.

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AO 205 INTUBAÇÃO RETRÓGRADA NO TRAUMA FACIAL. SAMYR LOPES ARRUDA CARNEIRO; HUGO ECKENER DANTAS DE PEREIRA CARDOSO; JOSÉ ADMIRÇO LIMA FILHO; CARLOS KLEBER OLIVEIRA DE SANTANA; RICARDO ALMEIDA DE AZEVEDO; WILSON LINCOLN MURICY FILHO HOSPITAL GERAL ROBERTO SANTOS, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: Introdução: O paciente com trauma facial muitas vezes constitui um desafio a abordagem da via aérea. O objetivo deste caso é relatar intubação retrograda em paciente com trauma facial. Realto do caso: Paciente masculino de 42 anos com história de trauma de face há 1ano chegou ao serviço de emergência consciente e orientado, com queixa de dor em região dos seios da face, secreção exudativa e fétida pelas narinas. Na avaliação pré-anestésica foi relevante a redução da abertura da cavidade oral cerca de 1,5 a 2 cm e história de estenose de traquéia e a diminuição da sensibilidade sensitiva na face desde do trauma facial. Adimitido no centro cirúrgico para intervenção da cirurgia bucomaxilofacial. Foi optado pela intubação acordado retrógrada utilizando um extracath 18G e um cateter de peridural através da membra cricotireoidea. Após anestesia com lidocaína 10% em spray da cavidade oral, foi tentado uma cânula orotraqueal 7,5, porém não progredia devido a estenose de traquéia, optado assim por uma cânula 7,0 com resultado satisfatório. Segui-se a indução e manutenção com anestésico venoso. Após 4horas de anestesia, e retiradas dezenas de miíases da região facial do paciente, esse foi extubado ainda na sala de cirurgia, encaminhado ao centro de recuperação pós-anestésico acordado e lúcido.Discussão: A técnica utilzada está bem estabelecida há mais de 50anos conforme Dhara SS. A flexibilidade na escolha do material para puncionar a membrana cricotireóidea e para utilizar como guia,tornam a técnica vastamente difundida no meio de via aérea dificil. A indicação em pacientes com amplitude reduzida da cavidade oral e a alta taxa de sucesso alcançada segundo Weksler N, quanto safisticados recursos são privados do médico responsável, posiciona a intubação retrógrada em local de destaque. Referências: Anesthesiology 1999, 91; 6: 1703-11.

AO 206 CUIDADOS DA INTUBAÇÃO SUBMENTONIANA PARA CIRURGIA BUCO MAXILAR - RELATO DE CASO FABIO SOUZA MURAD; MARIANA ALMEIDA WAKED; ALESSANDRA PEREIRA ABBADE HOSPITAL ANDARAÍ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Introdução: A manutenção da via aérea pode ser feita por diversos mecanismos, seja por cânulas, mascaras laríngeas ou tubo traqueais. Em cirurgias muco maxilares, muitas vezes se utiliza a intubação submentoniana como recurso adicional. Relato de caso: Paciente com 24 anos, ASA I, com retrognatismo foi submetido à cirurgia ortognática e septoplastia. Na avaliação da via aérea apresentava incisivos grandes, abertura de boca limítrofe e um mallampati III. Monitorização e venóclise jelco 18 MSE, indução com fentanil, proprofol e cisatracúrio com IOT com TOT 8 aramado sem intercorrências. Devido à necessidade cirúrgica, foi feito pelo cirurgião uma incisão submentoniana esquerda aonde o tubo foi fixado e conectado ao aparelho de anestesia. Manutenção anestésica feita com sevoflorano e remifentanil. Após 6 horas do início, durante a mentoplastia, subitamente houve diminuição da pressão de via aérea e aumento insidioso do ECO2 com diminuição da SpO2. Durante a revisão do sistema respiratório foi detectada secção parcial do tubo sendo procedido a troca do mesmo, porém com IOT convencional, devido a urgência do caso. Ao final do procedimento, foi detectado roncos pulmonares, porém o padrão respiratório era satisfatório. Procedido a extubação com lenta recuperação anestésica, somente mantendo Spo2 maior que 92 % em máscara de Venturi. Teve alta da RPA na manhã seguinte com aldrete 10. Discussão: A intubação submentoniana é um recurso usado quando no mesmo tempo cirúrgico é abordada a cavidade oral e nasal. Porém há cuidados especiais, principalmente durante a mentoplastia aonde o campo cirúrgico é muito próximo ao tubo. Neste relato, a lâmina seccionou o tubo aramado, causado a broncoaspiração, visto que a cavidade oral permanece repleta de sangue. Além disso, a diminuição do volume-minuto ocasionado um aumento do ECO2. Ainda neste caso, depois da troca do tubo, houve o cuidado pela equipe cirúrgica de usar um reparo metálico entre a lâmina da serra e o tubo, para evitar nova secção até o final do procedimento. A extubação destes casos também é crítica porque pode haver edema de via aérea, e a constante secreção na cavidade predispõe a broncoaspiração, caso os reflexos não estejam preservados, sendo assim, mandatório que o paciente seja extubado acordado. Conclusão: Uma das complicações da mentoplastia com ISM, é a secção do tubo e cuidados devem ser tomados, como a utilização de reparo metálico para proteção do tubo e a constante atenção e preparo do anestesiologista para diagnosticar qualquer intercorrência. Fabio de Souza Murad CPF: 09515008727 Mariana Almeida Waked CPF:11220209708 Alessandra Pereira Abbade CPF: 10679751793 Bibliografia: Livro SAESP 114: 1489-1494 Anesth Analg. 2009 Apr;108(4):1157-60.

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AO 207 INTUBAÇÃO ASSISTIDA POR FIBROBRONCOSCOPIA EM PACIENTE COM ALTERAÇÃO ANATOMICA DA VIA AÉREA SECUNDÁRIA À DEFORMIDADE CRANIOFACIAL – RELATO DE CASO EDMAR JOSÉ ALVES DOS SANTOS; GISETH JOHANNA BUSTOS SANABRIA; THIAGO CARVALHO DE LIMA; ROSEANE DE PAULA SOUZA; LUIS ARMANDO ABREU MERA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Introdução: A utilização do fibrobroncoscopio na anestesiologia tem sido de muita utilidade nos casos em que não se pode garantir una via aerea segura secundario a anomalias da mesma. Relato de Caso: Paciente femenina 16 anos, ASA I, peso 52 kg, altura 1,60 cm, admitida para realização de osteotomia de maxilla e enxerto iliaco para correção de falha óssea da maxilla por deformidade craniofacial congênita, necessitando intubação nasal para a realização do procedimento. Exame físico e laboratorial normais, com exceção da via aérea; fossa nasal direita obstruída, coana esquerda com redução do calibre e obstrução dinâmica e desvio de traquéia para direita. História prévia de queiloplastia, palatoplastia e faringoplastia aos 3, 5 e 13 anos, respectivamente. Realizada pre-medicação com clonidina 3mcg.kg-1 e sedação com remifentanil 0,05mcg.kg-1.min-1, após preoxigenação. Feito bloqueio bilateral dos nervos laringeos superiores e injeção transtraqueal com lidocaina 2% e anestesia tópica da orofaringe com lidocaina spray 10%. Se prepara a narina esquerda com oximetazolina 0,05% e lidocaina jalea, depois e avanzado o fibrobroncoscópio pediátrico de 2mm, calçãdo com tubo endotraqueal 6,0mm com cuff, para adentro da traqueia, e removido enquanto as estruturas da carina, traqueia e o tubo endotraqueal são observados, o que confirma a intubação, alem da capnografia e auscultação. Manutenção do ato anestesico com propofol em infusão alvo controlada a 2,5%, se continua a 3,3%, aumento da infusão de remifentanil a 0,5mcg.kg-1.min-1. Mantém estabilidade hemodinamica durante o procedimento com so um aumento da frecuencia cardiaca durante a intubação. Extubação realizada na sala cirúrgica logo após o término do procedimento. O paciente não apresentou complicações decorrentes da técnica alternativa de intubação, alta hospitalar no 2º dia pós-operatório em boas condições clínicas. Discussão: É ideal no caso da via aerea dificil por deformidades anatomicas a fibrobroncoscopia, ja que é uma técnica relativamente rápida, não traumática e menos desconfortavei para a realização da intubação acordada, permite ademas a visualização direta das estruturas anatomicas e tem menos risco de causar hipoxemia, o que garante uma intubação segura. Não debemos esquecer que é indispensavel uma adequada sedação e o trenamento do anestesiologista na técnica. Conclusão: O treinamento, conhecimento, habilidade na obtenção da via aérea são fundamentais para o anestesiologista, a fibrobroncoscopia e de grande ajuda para garatir uma via aerea segura em pacientes com deformidades anatomicas da via aerea. Referências: 1. NEJM 2011; 364:e42, May 19, 2011. 2.Anesthesiology, 2003; 98:1269-77.

AO 208 USO DE BRONCOFIBROSCOPIA EM PACIENTE COM PREDITIVOS DE VIA AÉREA DIFÍCIL EM TIREOIDECTOMIA TOTAL – RELATO DE CASO EDMAR JOSÉ ALVES DOS SANTOS; LARISSA QUEIROZ PINHEIRO; MARCELO SAMPAIO DURAN; PAULA FERNANDA XAVIER DA ROCHA; GISETH JOHANNA BUSTOS SANABRIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Introdução: Assegurar as vias aéreas é fundamental no ato anestésico. Por isso, realiza-se uma avaliação pré anestésica visando identificar possíveis dificuldades durante o procedimento. Relato de Caso: JSO, feminina, 60 anos, IMC:36kg.m-2, ASA II, hipertensa, admitida para realização de tireoidectomia total devido a bócio multinodular. Exames laboratoriais normais a exceção da tomografia de pescoço que demonstrava tireóide aumentada, até o mediastino superior, desvio da traquéia e do esôfago para a esquerda. Ao exame físico, na avaliação das vias aéreas, abertura de boca de 3cm, Mallampati IV, extensão do pescoço limitada. Posicionamento da paciente em decúbito dorsal com múltiplos coxins em dorso, pescoço e cabeça, iniciou-se clonidina 150mcg em SF0,9% e infusão contínua de remifentanil a 0,05mcg. kg-1.min-1. Anestesia tópica com lidocaína spray 10% em orofaringe seguida de intubação orotraqueal com fibrobroncoscópio pediátrico de 2,5mm, calçado com tubo 7,0mm com cuff, confirmação da intubação após visualização direta da epiglote e cordas vocais, capnografia e auscultação. Manutenção do ato anestésico com sevoflurano a 2%, óxido nitroso a 66% e oxigênio a 33%, associado a remifentanil 0,3mcg. kg-1.min-1 em infusão continua. Passou-se sonda gástrica número 20 pelo TOT enquanto a paciente restabelecia a ventilação espontânea. Ao apresentar volume e freqüência respiratória satisfatórios, deglutição presente e melhora do nível de consciência, foi extubada mantendo a sonda gástrica até apresentar índice de Aldrete Kroulik 10. Alta hospitalar no 2º dia pós operatório sem intercorrências. Discussão: A broncofibroscopia é uma opção para o manejo da via aérea difícil antecipada. É importante na avaliação pré anestésica a avaliação das vias aéreas e dos preditivos de via aérea difícil, (classificação de Mallampati, distância tireomentoniana, diâmetro do pescoço e sua mobilidade). A técnica realizada garante uma intubação rápida e atraumática, o que permite sua realização com o paciente acordado e confirmação direta, dando uma margem de segurança maior para o anestesiologista. Conclusão: Antecipar situações de dificuldades é essencial para o êxito do ato anestésico, a identificação de tais dificuldades possibilita o planejamento e direcionamento adequado para cada paciente e ato cirúrgico. Referências: 1.Anesthesiology Clin N Am, 2002; 20:933-951, 2.Anesthesiology, 2003; 98:1269-77.

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AO 209 INSERÇÃO DE CATETER EPIDURAL EM VEIA RENAL ESQUERDA DE PACIENTE SUBMETIDA À NEFRECTOMIA TOTAL DE RIM ESQUERDO. RELATO DE CASO. ISRAEL HOLANDA MORATO; JOAQUIM NOGUEIRA LOPES NETO; GERARDO CRISTINO DE MENEZES NETO; RAFAEL QUEIROZ SOUSA; JANDERSON ALVES GIFONI SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SOBRAL - CET DR. OZIEL DE SOUZA LIMA, SOBRAL, CE, BRASIL. Resumo: Resumo: MORATO IH, NETO JNL, NETO GCM, SOUZA RQ, GIFONI JA – Inserção de cateter Epidural em Veia Renal Esquerda de Paciente Submetido à Nefrectomia Total de Rim Esquerdo. Justificativa e objetivos: A anestesia epidural é uma técnica neuroaxial que oferece uma ampla variedade de aplicações: anestesia cirúrgica, analgesia de parto, controle de dor pós-operatória e tratamento de dor crônica. Apesar da sua grande utilidade, essa técnica apresenta também complicações e dificuldades, entre elas o mal posicionamento do cateter. O objetivo foi relatar um caso em que o cateter epidural inseriu-se na veia renal esquerda de uma paciente submetida a nefrectomia total esquerda. Relato do caso: A cirurgia realizada consistiu na nefrectomia do rim esquerdo devido à neoplasia e a paciente era jovem e não apresentava comorbidades. Previamente ao início da anestesia geral, já na sala de operações, foi realizada a inserção de cateter epidural 16 G. O procedimento anestésico transcorreu sem dificuldades e sem intercorrências até que após pinçar o pedículo renal o cirurgião percebeu algo sólido. Era o cateter epidural que estava dentro da veia renal. O mesmo foi removido imediatamente e durante o pós-operatório da paciente não foi observada nenhuma complicação a nível de neuroeixo. Conclusões: Relatos de posicionamentos anômalos de cateteres epidurais não são incomuns na literatura. Há descrições de cateteres inseridos em vasos e até nos espaços intrapleural e intraperitoneal . Até o presente momento, não encontramos relato de inserção de cateter epidural em veia renal, portanto, algo extremamente raro de acontecer.

AO 210 SÍNDROME COMPARTIMENTAL AGUDA RETROPERITONEAL COM GRAVE REPERCUSSÃO HEMODINÂMICA DURANTE NEFROLITOTRIPSIA ENDOSCÓPICA À LASER: RELATO DE CASO LUIZ ALBERTO TEIXEIRA; PAULA MARCIA COELHO GOMES; ADRIANO TEIXEIRA FERNANDES; FABIANO SOUSA SANTOS AMARAL; NAZEL OLIVEIRA FILHO; RODRIGO LEAL ALVES CET HOSPITAL SÃO RAFAEL, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivo: os procedimentos endourológicos estão entre os mais realizados no mundo. A nefrolitotripsia endoscópica à laser é considerada atualmente uma abordagem segura e eficiente para os casos de litíase renal. Relatamos um caso de complicação com repercussão hemodinâmica grave relacionada ao procedimento. Relato de caso: paciente feminina, 24 anos, sem comorbidades, com histórico de idas freqüentes à emergência no último ano e manipulação recente das vias urinárias, com inserção de duplo J há seis meses, por litíase renal associada a cálculo coraliforme na pelve renal esquerda. Diante da indicação da equipe cirúrgica de nefrolitotripsia endoscópica à laser foi optado por realização de raquianestesia, com a utilização de 20mg de bupivacaína pesada 0,5%, sendo alcançado nível sensitivo de T6 no início do procedimento, associado a sedação com midazolam, clonidina e propofol. Após três horas de cirurgia a paciente cursou com dor referida em escápula esquerda, evoluindo minutos a seguir com redução acentuada da pressão arterial, taquicardia, rebaixamento do sensório, queda da saturação de oxigênio e aumento do volume abdominal. Iniciadas manobras de ressuscitação com intubação traqueal, reposição volêmica e uso de vasopressor, porém sem resposta hemodinâmica significativa. Realizada ultrassonografia (USG) em sala do abdome e constatado aumento importante do espaço retroperitoneal. Realizada punção guiada por USG do retroperitônio, com saída de 1500 ml de líquido, após a qual a paciente recuperou prontamente os parâmetros hemodinâmicos basais. Discussão e conclusão: a perfuração renal durante procedimentos urológicos endoscópicos, associada a invasão do espaço retroperitoneal do líquido de irrigação é uma complicação grave que pode levar a síndrome compartimental, uma situação emergencial que está associada a alta taxa de letalidade se não adequadamente reconhecida e tratada. O aumento no número destes procedimentos, menos invasivos, deve alertar o anestesista para o conhecimento e capacitação em lidar com suas variadas complicações, que embora raras, são potencialmente letais. Referências: 1. Minerva Anestesiologica 2011;77(4):457-62. 2. World Journal of Surgery 2009;33(6):1116-22 3. The Journal of Urology 2009;182(3):1012-7.

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AO 211 SÍNDROME DA RESSECÇÃO TRANSURETRAL DA PRÓSTATA. RELATO DE CASO CARLOS EDUARDO SOLCIA; JULIANA WINKLER; NELSON ORLANDO DA SILVA ALEX FILHO; MARINA MARTINS ASSUNÇAO VALADARES DA SILVA; JOSÉ ROBERTO NOCITI CET-SBA DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE RIBEIRÃO PRETO, RIBEIRAO PRETO, SP, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO. A ressecção transuretral da próstata representa 38% das cirurgias urológicas, sendo que 95% são realizadas sob raquianestesia, 29% apresentam hiponatremia e 6% cursam com a síndrome de Reabsorção da Ressecção Transuretral da Próstata (RTUP). Esta cirurgia está indicada no tratamento da hiperplasia benigna da próstata, com ressecção dos lobos médio e laterais da glândula hipertrofiada , sendo para isso necessário o emprego de solução de irrigação contínua para distensão e visualização do campo cirúrgico1. RELATO DE CASO. Paciente do sexo masculino, 57 anos e 58Kg, com hiperplasia benigna da próstata. Estado físico P2 (ASA), com hipertensão arterial sistêmica tratada com captopril. Exames laboratoriais: Hb 14,6 g/dl, Ht 41,4%, plaquetas 303.000, TP 14,2s, TTPa 30,6s, INR 1,03, creatinina 0,5 mg/dl. Sedação com midazolam (1,0 mg) e fentanil (10 µg) para a realização da raquianestesia, com bupivacaína hiperbárica 13 mg e morfina 40 µg. Hidratação com 500ml de SF e 500ml RL. Cinqüenta minutos após o início do procedimento, o paciente apresentou náuseas, vômitos e cefaléia, seguidos de hipertensão arterial sistêmica (PA 190X120 mmHg), sem bradicardia. O cirurgião foi solicitado a abreviar o procedimento. Administrados furosemida 40mg, clonidina 90 µg e droperidol 2,5mg com melhora do quadro. O ato cirúrgico teve duração de 90 minutos e foram utilizados 45 litros de água destilada para irrigação. Encaminhado à sala de recuperação pós-anestésica, apresentou os seguintes resultados de exames laboratoriais: Na 130 mmol/L, K 3,6 mmol/L, uréia 43 mg/dl, creatinina 0,6 mg/dl, Hb 11,8 g/ dl e Ht 34,3%. DISCUSSÃO. Os sinais e sintomas da síndrome da RTUP são: náuseas, vômitos, hipertensão arterial com bradicardia, agitação, confusão mental, alterações visuais, com evolução tardia para taquicardia e choque. Eles são devidos ao desequilíbrio hidroeletrolítico decorrente da expansão de volume pela rápida absorção do líquido de irrigação, com diluição de eletrólitos e proteínas2. O desenvolvimento da síndrome da RTUP está na dependência do tempo de ressecção maior do que 60 minutos, volume do líquido de irrigação maior do que 30 litros e peso prostático maior do que 30 g. CONCLUSÃO: Ainda que não tenha apresentado o quadro clínico completo, este caso configura a ocorrência da síndrome da RTUP, secundária a volume excessivo do líquido de irrigação e tempo cirúrgico prolongado. A intervenção farmacológica e o término imediato do procedimento são fundamentais no manuseio do problema. REFERÊNCIAS. 1 – Walsh PC – Benign prostatic hyperplasia. In Walsh PC et al (eds): Campbell’s Urology, 6th Ed, Philadelphia, WB Saunders, 1992, p 2195. 2 – Jensen V – The TURP syndrome. Can J Anaesth 1991, 38: 90. 3 – Hahn G – The transurethral resection syndrome. Acta Anaesthesiol Scand 1991, 35: 557.

AO 212 SÍNDROME DE RESSECÇÃO TRANSURETERAL DA PROSTÁTA CARLA SANTOS NOGUEIRA; GABRIELA CHAGAS FREITAS DE ANDRADE HOSPITAL GERAL ROBERTO SANTOS, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: Introdução: A ressecção transuretral da próstata é a técnica cirúrgica preferida para o tratamento cirúrgico das hipertrofias benignas da glândula, que causam sintomas urinários obstrutivos, principalmente as de pequeno e médio tamanho. O objetivo desse relato é apresentar um caso de síndrome da ressecção transuretral da próstata, uma das possíveis complicações desse tipo de cirurgia. Relato do caso: Paciente masculino, 61 anos, 84 kg, estado físico ASA II, hipertenso e diabético, submetida à ressecção transuretral da próstata. Foi realizado raquianestesia com punção única a nível de L3-L4 com agulha Quincke No 26, sendo injetado bupivacaína hiperbárica 15mg e morfina 80mcg intratecal, sem intercorrências. Paciente sedado com midazolam 05mg e fentanil 50mcg. Após duas horas de cirurgia com irrigação com solução de sorbitol, o paciente começou a cursar com hipotensão, bradicardia, sonolência, cefaléia e náuseas. Foi prontamente realizado aumento da hidratação com cloreto de sódio a 0,9%, além da administraçã de atropina, etilefrina e furosemida, com melhora dos sintomas. O sódio plasmático nesse momento apresentava-se de 141,2mmol/L, não dispúnhamos de dosagem do sódio anterior ao procedimento cirúrgico. Paciente foi mantido no CRPA para observação, não apresentando intercorrências, recebendo então alta anestésica. Conclusões: A absorção do líquido de irrigação durante ressecção transuretral da próstata pode determinar uma série de manifestações sistêmicas diretamente relacionadas com o tipo de líquido, o tempo de ressecção, a quantidade e o tamanho dos seios venosos abertos e a diferença entre a pressão hidrostática do líquido de irrigação e a pressão venosa na loja prostática; recomenda-se então limitar o tempo de ressecção a menos de uma hora e a altura do frasco de irrigação a menos de 60cm da mesa cirúrgica. Referências: BJU Int, 2000;86:220-222

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AO 213 ANESTESIA PARA CIRURGIA UROLÓGICA EM PACIENTE COM TRANSPOSIÇÃO DE GRANDES ARTÉRIAS ALINE BOFF BOFF HOSPITAL E MATERNIDADE MARIETA KONDER BORNHAUSEN, ITAJAI, SC, BRASIL. Resumo: Introdução: A transposição de grandes artérias é responsável por 5 a 7% de todas as malformações cardíacas congênitas, predomina no sexo masculino e raramente está associada a outros defeitos cardíacos. O objetivo do relato é apresentar o caso de um jovem portador da patologia, corrigida cirurgicamente na infância, portador de autismo e seqüela de meningite neonatal, que foi submetido à uretrotomia interna. Relato de Caso: Paciente masculino, 27anos, 60kg, ASAIII, portador de transposição de grandes artérias, para a qual foi realizada cirurgia corretiva aos seis anos de idade, apresenta comprometimento da capacidade cognitiva e motora devido ao autismo e seqüela de meningite neonatal (hemiparesia espástica à direita). Em uso de: olanzapina, omeprazol, carbamazepina, periciazina. Foi submetido à cirurgia urológica para correção de estenose uretral decorrente de múltiplas sondagens nas internações anteriores. Ao exame físico apresentava–se eupneico, corado, hidratado, normotenso. Ao exame de via aérea apresentava boa mobilidade cervical, distância tireomentonianas e tireoesternais adequadas, Mallampati III. A ausculta cardíaca sopro sistólico aórtico e mitral 2+/6+. Demais segmentos sem alterações. Exames laboratoriais normais. Ao ecocardiograma: janela difícil, fluxo venoso sistêmico e pulmonar sem sinais de estenose, insuficiência tricúspide leve e aumento leve a moderado de VD, estenose valvar pulmonar leve, arco aórtico com fluxo normal, ausência de sinais de hipertensão pulmonar. Ao Holter: ritmo juncional (em vigília), raras extrassístoles ventriculares e poucas extrassístoles supra-ventriculares. O paciente foi admitido em jejum adequado, realizada venóclise MSD com cateter 20G, monitorização com oximetria de pulso, eletrocardioscopia e pressão arterial não invasiva. Profilaxia para endocardite infecciosa, antes do início da cirurgia, com Gentamicina e Ampicilina EV. Optamos por anestesia geral balanceada, sendo a indução com propofol 120mg, lidocaína 2% s/v 80 mg e fentanil 150ucg EV, seguida da passagem de máscara laríngea nº 4, utilizada ventilação mecânica PCV, com FiO2 50% e manutenção com isoflurano. Paciente permaneceu estável hemodinamicamente e a cirurgia transcorreu sem dificuldades. A analgesia pós–operatória foi feita com dipirona. Retirada a máscara laríngea e paciente encaminhado à SRPA, sem intercorrências. Discussão: Antes da terapêutica cirúrgica, era nula a sobrevida das crianças com transposição de grandes vasos após os primeiros dez anos. Atualmente, estima-se em noventa por cento as que atingirão a adolescência. Apesar da aparente simplicidade do relato a conjunção de patologias impõe ao anestesiologista desafios. As particularidades fisiológicas dessas desordens sistêmicas exigem conhecimento e preparo do profissional principalmente no que se refere à farmacologia dos agentes anestésicos e ao adequado manuseio. Referências:1- Thomas SJ, et al. Manual de anestesia cardíaca 2ed 8: 189:234

AO 214 DIFÍCIL MANEJO HEMODINÂMICO EM PACIENTE SUBMETIDO À NEFRECTOMIA RADICAL – RELATO DE CASO LUCIANA DUARTE LIMA; LUIZ BRUNO LIMA; ANA CECÍLIA MOTA; FLÁVIO LOBO MAIA; MARY NEIDE ROMERO; CARLA MONTEIRO PARENTE HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO – O carcinoma de células renais representa aproximadamente 3% das neoplasias malignas do adulto. O envolvimento da glândula supra-renal aparece em 10 a 19% das autopsias e em 2 a 10% das peças de anatomia patológica de nefrectomias radicais. Será descrito um caso de uma paciente com carcinoma renal que apresentou variações hemodinâmicas intensas no perioperatório, sendo aventada a possibilidade de feocromocitoma, cujo diagnóstico foi descartado através o laudo histopatológico. RELATO DE CASO - Paciente do sexo feminino, 54 anos, hipertensa, ASA II, submetida à nefrectomia radical unilateral por tumor renal com invasão da supra-renal, sem metástases à distância. Foi realizada peridural analgésica e anestesia geral venosa total. No intra-operatório, durante a manipulação do tumor, a paciente apresentou picos hipertensivos de difícil controle, apesar do uso de alfa 2 agonista, vasodilatador e beta bloqueador de ação curta. Foram ainda mantidas altas doses de anestésicos venosos. Logo após a ressecção tumoral, a paciente passou a apresentar hipotensão importante, sendo, então, interrompida a infusão de hipotensores e iniciado expansor plasmático e vasopressor, que foi mantido nas primeiras horas do pós-operatório. Não houve sangramento significativo, nem a necessidade de administrar hemoderivados durante ou após o procedimento. A paciente evoluiu com melhora do quadro hemodinâmico, não sendo mais necessário uso de droga vasopressora. O histopatológico revelou tumor renal de células claras com margens livres, sendo, portanto, considerada a cirurgia de caráter curativo. DISCUSSÃO: O anestesiologista deve estar preparado para grandes variações no sistema cardiovascular de pacientes portadores de tumor renal e de supra-renais, pois a manipulação cirúrgica pode ser suficiente para desencadear a liberação de catecolaminas. O adequado manejo anestésico no perioperatório é indispensável na tentativa de obter a estabilidade hemodinâmica do paciente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS – 1- Acta Urológica Portuguesa 2000. 2- Rev Assoc Med Bras 2004.

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AO 215 PERCEPÇÕES DOS MÉDICOS RESIDENTES DE ANESTESIOLOGIA SOBRE O TESTE DE PROGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ANESTESIOLOGIA APLICADO EM 2010 GETULIO RODRIGUES DE OLIVEIRA FILHO; THOMAS ROLF ERDMANN; CARLOS EDUARDO BATISTA MARTINS CET/SBA INTEGRADO DE ANESTESIOLOGIA DA SES-SC, FLORIANÓPOLIS, SC, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: O teste do progresso (TP) é uma ferramenta de avaliação de aprendizagem que permite identificar padrões de evolução do conhecimento1. Em 2010, a Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) incluiu o TP na avaliação anual dos médicos em especialização (ME) em 2010. O objetivo deste estudo foi analisar as percepções dos médicos residentes sobre o TP. Materiais e métodos: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética Institucional. Um questionário com 17 itens focados nos principais pontos-chave do TP: número, abrangência e nível de dificuldade das questões, tempo e preparação para realização da prova, incentivo pelos instrutores, feedback do desempenho individual e impressão do método de avaliação foi desenvolvido e testado em um grupo de foco. O questionário foi enviado por correio eletrônico para 1085 ME2 e ME3 com endereços eletrônicos válidos no portal da SBA. As respostas foram submetidas a estatísticas descritivas. Resultados: Foram obtidas respostas de 120 ME (11%), sendo 51 (42,5%) do sexo masculino e 69 (57,5%) do sexo feminino; 56 (47%) ME2 e 63 (53%) ME3. Setenta e três ME (61%) consideraram o teste muito longo; para 78 ME (65%) o conteúdo programático foi bem representado no teste; o tempo para completar a prova foi considerado adequado por 83 ME (69%); 52 ME (43%) e 59 ME (49%) avaliaram o nível de dificuldade das questões referentes ao conteúdo de ME1 como médio e difícil, respectivamente; 72 ME (60%) e 36 ME (30%) avaliaram as questões referentes ao conteúdo de ME2 como médio e difícil, respectivamente; 63 ME (52%), 39 (33%) e 13 (11%) avaliaram as questões referentes ao conteúdo de ME3 como médio, difícil e muito difícil, respectivamente. Noventa e nove ME (83%) concordaram que o teste continha questões que deveriam ser capazes de responder. Quanto ao feedback online fornecido pela SBA, 48 ME (40%) acessaram e entenderam, 39 ME (32,5%) acessaram e não entenderam e 33 ME (27,5%) não acessaram; 62 ME (52%) consideraram o respectivo desempenho na prova compatíveis com a preparação. A média da impressão geral sobre a metodologia de avaliação, medida em uma escala de 0 a 10, foi 5,4±2,3 pontos. Discussão e conclusões: Segundo os ME, o TP-SBA 2010 teve um excessivo número de questões e nível de dificuldade de médio a difícil. Para a maioria os resultados foram compatíveis com a preparação que fizeram para a prova. Um percentual significativo de ME não entendeu ou não acessou os indicadores de desempenho fornecidos pela SBA. Referências bibliográficas: 1. Anesthesia and Analgesia, 2008; 107: 1316-1322.

AO 216 METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES NA REALIZAÇÃO DE BLOQUEIO DE NERVO GUIADO POR ULTRASSOM MARIANA GONÇALVES SANTANA1; CLÁUDIA REGINA FERNANDES1; RAMIRO PINHEIRO MEDEIROS1; JOSE RIBAMAR DA COSTA FILHO2; LIA CAVALCANTE CEZAR1; CECILIA DE SOUSA CARVALHO1 1.HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO, FORTALEZA, CE, BRASIL; 2.HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: A anestesia regional é prática corriqueira no mundo inteiro. Uma das dificuldades na realização desta técnica é a localização precisa do nervo ou plexo nervoso. Estudos com fortes evidências científicas comprovam que o uso do ultra-som melhora a eficácia do bloqueio de nervo quando comparado com a técnica que utiliza o estímulo do nervo periférico. Há um emergente consenso de que não é mais aceitável a utilização de pacientes para ganhar experiência com técnicas invasivas e intervencionistas. O trabalho objetiva demonstrar metodologia de curso de curta duração para o desenvolvimento de habilidades na realização de bloqueio de nervo guiado por ultrassom, para iniciantes na técnica, seguido da avaliação do método pelos participantes. Materiais e métodos: Residentes de dois centros de ensino e treinamento, sem experiência com o uso de ultrassom, foram o público alvo deste treinamento. O curso inicia com explanação teórica sobre os princípios de ultrassonografia, sonoanatomia e técnica de bloqueio guiado por ultrassom, tendo como facilitadores um radiologista e um anestesista com experiência na técnica. Em seguida, os participantes foram submetidos a treinamento prático em estações. Estação 1 – Análise da sonoanatomia nos próprios participantes; estação 2 – Alinhamento da agulha ao feixe ultrassonográfico no modelo carne-azeitona; estação 3 – Visualização da agulha e dispersão adequada do anestésico local no modelo carne-tendão. Os participantes observavam uns aos outros em cada treinamento. Na estação 1 cada participante observou a sonoanatomia do plexo braquial e axilar 2 vezes; na estação 2 praticou-se 5 vezes e na estação 3 praticou-se 1 vez. Ao final os participantes avaliaram o curso sob vários aspectos, atribuindo as notas 4 (insuficiente), 6 (regular), 8 (bom) e 10 (excelente). Resultados: No total participaram do curso 10 residentes, a carga horária foi de 7 horas, com 5 horas para treinamento prático. Avaliação do curso pelos residentes: quesito carga horária, nota média 8,7 (moda 8); conteúdo teórico do curso, nota média 9,3 (moda 10); domínio do assunto pelos facilitadores, nota média 10; capacidade dos facilitadores de esclarecer dúvidas – 10; metodologia aplicada – média 9,8 (moda 10); qualidade das estações experimentais – 9,8 (moda 10); contribuição do curso para iniciar o aprendizado em ultrassom – 9,8 (moda 10). Discussão e conclusões: a metodologia aplicada teve excelente avaliação pelos participantes podendo ser utilizada como modelo de aprendizagem para residentes e anestesiologista que pretendem se iniciar na técnica. Referência: Br J Anaesth, 2005; 94: 7–17. Reg Anesth Pain Med. 2007; 32:107-115.

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AO 217 SUPORTE PSICOLÓGICO AOS RESIDENTES DE ANESTESIOLOGIA: UM PROJETO QUE DÁ CERTO CLAUDIA MARQUEZ SIMÕES; CINTHIA MARTINS LEITE; ENIS DONIZETTI SILVA; CASSIO CAMPELO DE MENEZES; CLAUDIA PANOSSIAN COHEN; ADELI MARIANE VIEIRA LINO ALFANO CET SÃO PAULO SERVIÇOS MÉDICOS DE ANESTESIA LTDA / HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: A Residência Médica é o período de aprendizado em serviço supervisionado por profissionais qualificados e de construção das bases da identidade profissional se apóiam no tripé psicopedagógico: conhecimentos, habilidades e atitudes. Além do conhecimento médico teórico prático, o residente deve aprender a lidar com a vulnerabilidade e estabelecer os limites de sua identidade pessoal e profissional. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência de suporte psicológico aos residentes de anestesiologia de um hospital terciário privado. Materiais e métodos: Os responsáveis pelo CET contrataram duas psicólogas para acompanhamento dos residentes de forma conjunta. Participaram desses encontros 13 residentes no ano de 2010 e 16 no ano de 2011. Os encontros são quinzenais, com 90 minutos de duração. Os encontros baseiam se em dinâmicas e discussões de assuntos que envolvem a rotina acadêmica/profissional e também pessoal. Resultados: Os residentes participam das atividades e compartilham suas experiências, principalmente no que diz respeito a adaptação ao sistema e a instituição de ensino.Medo de cometer erros, fadiga, cansaço, estar constantemente sob pressão, plantões noturnos, supervisão em tempo integral, lidar com exigências internas, falta de tempo para lazer, família, amigos, necessidades pessoais foram temas abordados nesses encontros. Nota-se que os conflitos são semelhantes e se repetem ao longo dos anos, mas que cada um adequa-se de forma diferente. O compartilhamento de experiências, além de melhorar o relacionamento entre os residentes, proporcionou diminuição do stress, atenuação do confinamento, mais satisfação no ensino/trabalho, melhor desempenho e maior concentração nas atividades diárias (fatos perceptíveis pelos assistentes e preceptores do serviço). Discussão: O residente vivencia 3 tipos de estresse na residência medica: o profissional, associado aos processos de desenvolvimento do papel do médico na sociedade, o situacional, decorrente de certas características do treinamento, e o pessoal, que está vinculado a características individuais. Os aspectos positivos do treinamento, associados à obtenção de confiança e competência em relação às responsabilidades profissionais, ao desenvolvimento de um espírito de amizade, a colaboração com os colegas e a sensação de ser capaz de tomar decisões quanto à assistência aos pacientes, muitas vezes se tornam inatingíveis em função da barreira que tais tipos de estresse constroem. O suporte psicológico dado por profissionais competentes pode ser útil no destaque dos aspectos positivos da residência medica bem como no auxílio frente à mudanças inerentes ao período de formação. A melhora no relacionamento entre os residentes e no desempenho no centro cirúrgico, mostram que tal suporte nesta fase de mudanças e conflitos é fundamental. Referências bibliográficas: Tomlinson, J. K. Quantification of surgical resident stress on call. J Am Coll Surg 202(3): 564.

AO 218 O “FACEBOOK” COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA. MARIA CRISTINA DE AZAMBUJA MOLINA1; RAPHAEL DE ROSA2 1.HOSPITAL DA RESTAURAÇÃO, RECIFE, PE, BRASIL; 2.SERVIÇO DE ANESTESIOLOGIA DE MARACAJU, MARACAJU, MS, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: A Educação Médica Continuada é tema relevante e de preocupação global, ligada às questões de qualidade dos serviços de assistência à saúde. Especial atenção merece o tema entre os anestesiologistas, à medida que as evoluções na especialidade são extremamente dinâmicas. Nosso trabalho visa mostrar como a internet, por meio da rede social mais difundida na América Latina, o Facebook, foi identificado – e vem sendo amplamente usado - como um espaço formativo para exercício da educação continuada em anestesiologia. Relato de Caso: O Facebook conta atualmente com cerca de 21milhoes de usuários no Brasil e 750 milhoes de usuários no mundo. Existe um espaço virtual na rede chamado “Grupos”, onde um usuário pode criar um espaço sobre determinado tema e convidar pessoas que julgue pertinente. Os convidados passam a ser integrantes do “grupo” e podem convidar outros usuários – o que caracteriza um grupo fechado, entrando apenas convidados por outros integrantes. Assim, há quatro meses, a idealizadora (A.P.M.A, médica anestesiologista em Recife/PE) do grupo “Anestesistas” criou um espaço para discussão de temas relacionados. O grupo é moderado (moderadora M.C.M., médica anestesiologista em Recife/PE) e o moderador gerencia o grupo no intuito de preservar o bom ambiente e bom uso do espaço, bem como a presença apenas de anestesiologistas. Atualmente (10/7/11) o grupo conta com 712 membros, a maioria brasileiros e todos anestesiologistas, de diversas regiões . Vale ressaltar que muitos membros são sócios da SBA, integrantes de suas diretorias, de seus comitês científicos, residentes de anestesiologia, MEs e responsáveis por MEs, etc.. Todos integrantes podem colocar tópicos (inclusive com fotos) que julgarem pertinentes. Estes tópicos podem ser comentados por qualquer integrante do grupo. Diariamente são postados diversos novos tópicos. Ressaltamos que os mais diversos assuntos já foram colocados: sobre farmacologia de drogas, técnicas e condutas anestésicas, ética e deontologia médicas, dilemas e dificuldades da prática diária, lazer, etc... Na data de ontem (9/7/11), por exemplo, foram colocados 9 novo tópicos e gerados mais 101 comentários, além de diversos comentário de tópicos colocados em dias anteriores. Vale dizer que a própria idéia deste trabalho foi entre integrantes do grupo e que ele foi desenvolvido inteiramente “on-line”. Discussão e Conclusão: Seguindo o cenário da educação continuada e podendo ser comparado à grupos de tutorias utilizadas em modelos de processo ensino-aprendizado ligados a androgogia (“a arte da aprendizagem em adultos”), o Facebook e o seu o grupo “Anestesistas” vem se mostrado ferramenta efetiva no processo de educação continuada em anestesiologia. Referencias Bibliográficas: 1. Rev Assoc Med Bras 2003; 49(3): 326-9. 2. http:// www.facebook.com/groups/208790962468374 (acessado em 10/07/2011) 3. Rev Bras Educ Med 2010, 34(1) 141-149.

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AO 219 IMPACTO NA APRENDIZAGEM DO INTERNO EM ESTÁGIO EM ANESTESIOLOGIA TUTORADO PELO RESIDENTE CLÁUDIA REGINA FERNANDES1; MELISSA ALMEIDA ANDRADE2; PAULO JOSÉ ROMA DIAS2; ALECIA DANNIELLE DA COSTA SILVA2; MARA APARECIDA DE OLIVEIRA MARICATO1; FRANCISCO ELANO CARVALHO PEREIRA1 1.CET MEC/SBA HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO, FORTALEZA, CE, BRASIL; 2.UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: Na Universidade Federal do Ceará (UFC), o internato do curso de Medicina tem duração de dois anos, dividido em quatro períodos permeando as áreas básicas: Clínica Médica, Cirurgia, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria e Saúde Comunitária. Em 2009 criou-se um programa de estágio opcional de um mês, em Anestesiologia, tutorado pelos residentes, com mini-currículo e objetivos de aprendizagem pré-definidos, abrangendo o conhecimento básico sobre a anestesiologia, de importância o médico generalista, em conjunto com aplicação de pré e pós-teste cognitivo antes e depois do estágio. A residência médica de Anestesiologia da UFC é composta por 9 residentes. O número máximo de internos permitido por mês é três. O objetivo deste estudo foi observar o nível de aprendizagem do interno mediante aplicação de teste cognitivo antes e após um estágio com duração de um mês. Materiais e métodos: No período de maio de 2009 a janeiro de 2011 foi aplicado pré e pós-teste, constando de 20 questões objetivas, sendo 16 questões de nível de complexidade 1 (conhecimento), 1 questão nível de complexidade 2 (compreensão ) e 3 questões nível 3 (aplicação). Estatística: teste T pareado. Resultados: 56 internos de diferentes períodos estagiaram no serviço no tempo referido. A média de acerto das questões nível 1 no pré-teste foi de 47,3%, variando de 7% a 93%. No pós-teste, foi de 87,4%, variando de 57% a 100%. A média de acerto da questão nível 2 no pré-teste foi de 91,1% e no pós teste foi de 95,7%, quanto às questões nível 3, a média de acerto no pré teste foi de 58,1%, variando de 21% a 68%, enquanto no pós-teste a percentagem de acerto foi de 79%, variando de 68% a 89%, a análise comparativa através do teste T demonstrou que o índice de acerto do pré para o pós-teste foi estatisticamente significativo P < 0.0001. Discussão e conclusões: Houve evolução na aquisição de conhecimentos referente à especialidade, no que tange os conceitos básicos à prática anestesiológica, de relevante aplicação para o médico generalista. A tutoria prestada ao interno pelo residente se mostrou importante para a aquisição deste conhecimento. Vale frisar que um estágio em que há objetivos de aprendizagem pré-definidos pode-se direcionar melhor os ensinamentos ao interno para os quesitos essenciais que ele levará a sua vida profissional. Referências bibliográficas : BMC Medical Education 2007, 7:49.

AO 220 AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO EM ANESTESIOLOGIA DURANTE O INTERNATO NA PERSPECTIVA DOS ESTUDANTES CLÁUDIA REGINA FERNANDES1; ALECIA DANNIELLE DA COSTA SILVA2; MELISSA ALMEIDA ANDRADE2; CARLA VIRGINIA DE ANDRADE CHAVES2; MARA APARECIDA DE OLIVEIRA MARICATO1; FRANCISCO ELANO CARVALHO PEREIRA1 1.CET MEC/SBA HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO, FORTALEZA, CE, BRASIL; 2.UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: o internato médico na Universidade Federal do Ceará (UFC) tem duração de dois anos, estando dividido em quatro períodos. Em 2009 foi criado um programa de estágio em Anestesiologia durante o internato em Cirurgia, com duração de um mês, com mini-currículo e objetivos de aprendizagem pré-definidos, sendo estes objetivos imprescindíveis para a prática do médico generalista. O estágio é tutorado principalmente pelo residente de Anestesiologia. Foi avaliada a qualidade do referido estágio numa perspectiva multifatorial, na percepção do interno. Materiais e Métodos: Ao final de cada estágio no período entre 2009 e 2010 aplicou-se um questionário estruturado com questões objetivas e uma subjetiva. A parte objetiva apresentava quatro campos de avaliação: 1) Aspectos Gerais do Estágio, 2) Avaliação dos Palestrantes dos Seminários, 3) Avaliação dos Preceptores e 4) Avaliação dos Residentes, sendo cada campo subdividido em itens avaliados como: 4=Insuficiente; 6=Regular; 8=Bom e 10=Excelente. A parte subjetiva foi formada por uma única questão onde o interno discorria sobre observações, comentários e sugestões acerca do estágio. Tabulação e análise dos dados: programa Epi Info. Os dados objetivos foram analisados categorizando-se as respostas em grupos enfatizando-se os de maior frequência. Resultados e Discussão: No período descrito, 47 internos cursaram o estágio. Em relação aos Aspectos Gerais do Estágio, a maioria (80,35%) dos internos conceituou sua importância como 10. No campo Avaliação dos Palestrantes dos Seminários a nota máxima 10 foi atribuída por 90,9% dos internos para os aspectos domínio do assunto, clareza e objetividade da exposição. Tanto os preceptores quanto os residentes foram avaliados com os mesmos quesitos, sendo a nota dos residentes em todos os quesitos superior à dos preceptores, destacando-se a nota máxima para “domínio da especialidade” (84,8% para os preceptores e 93,6% para residentes). No quesito estímulo à participação do estagiário a nota 10 para os preceptores foi de 44,7%, enquanto para os residentes foi de 85,1%. Na avaliação subjetiva o ponto negativo mais freqüente foi “alguns preceptores não colaboraram com o aprendizado”, e os pontos positivos mais relatados foram: “o crescimento profissional pela vivência prática”, a “oportunidade de treinamento prático” e “a competência dos profissionais”. As sugestões mais citadas foram “ampliar o número de vagas” e “torná-lo obrigatório”. Discussão e Conclusões: O estágio foi bem avaliado em todos os campos interrogados, podendo ser proposto como modelo para outras especialidades durante o internato. Referencias: Rev Bras Educ Med 2007;31:212-222.

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AO 221 REFLEXÃO SOBRE A QUALIDADE DA ANESTESIA MEDIANTE VISITA PÓS-ANESTÉSICA NA RESIDENCIA CLÁUDIA REGINA FERNANDES1; DIEGO SANTIAGO B CARVALHO1; FRANCISCO NAEFF OLIVEIRA ALVES SOUZA1; JOÃO PAULO LIMA SANTOS2; ALAN LEAL MAGALHÃES2; FERNANDO COLARES BARROS2 1.CET MEC/SBA HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO, FORTALEZA, CE, BRASIL; 2.UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: Competencia é o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes. Pode-se avaliar competência observando a qualidade dos serviços prestados. Atualmente entende-se que os processos de avaliação do médico em formação devem ser múltiplos. Portfolio é um tipo de instrumento de avaliação, auto-reflexivo, construído na forma de anotações, que permite aos residentes participar da formulação dos objetivos de sua aprendizagem e avaliar seu progresso. Um dos objetivos na construção de um portfólio em anestesia é acompanhar o paciente durante o período perioperatório, e na visita pós-anestésica avaliar os resultados dos serviços prestados. O objetivo deste estudo foi avaliar, mediante dados coletados nos portfólios dos residentes de primeiro e segundo ano, aspectos relacionados a qualidade da anestesia ofertada. Métodos: No portfólio são anotados para cada paciente assistido: dados demográficos e dados referentes ao período perioperatório. No ato da visita pós-anestésica os residentes anotam dados sobre a percepção dos pacientes acerca do procedimento e complicações pós-operatórias relacionadas à anestesia. Análise feita através do programa Epi Info. Resultados: Durante o período de fevereiro a junho de 2011, 3 R1 e 3 R2 anotaram dados referentes a 1151 pacientes, sendo 51,5% do sexo feminino. A média de idade foi de 45 anos. Sobre o grau de escolaridade, 70,1% tinha o primeiro grau completo ou incompleto. Quanto ao estado físico, a maioria era ASA 1 (46,9%) seguido de ASA 2 (34,5%). A grande maioria (70,7%) tinha apenas um dia de internação aguardando o procedimento cirúrgico. Em apenas 56,9% do total foi realizado visita pré-anestésica. 46% dos entrevistados referiram sentir pouco ou nenhum medo antes do procedimento. Dos que relataram medo, a maioria dos pacientes referiram temer mais a anestesia (53%) do que da cirurgia (47%). O tipo de anestesia mais praticada foi a geral (48,52%), seguida de bloqueio do neuro-eixo (21,31%), em terceiro lugar a sedação (14,81%). 73% indicaram grau máximo de satisfação com a anestesia. 47% dos entrevistados referiram não sentir dor e 32% referiram sentir pouca dor no pós-operatório. 81,03% relataram ausência de náuseas ou vômitos no pós-operatório. Conclusão: Os dados relatam o baixo índice de visita pré-anestésica na residência, precisando haver reformulações nos processos de pré-operatório. O fato dos pacientes temerem a anestesia reflete um baixo grau de informação sobre o procedimento na visita pré-anestésica, mesmo assim, na visão dos pacientes o procedimento foi satisfatório, e embora a maioria dos clientes tenha se submetido a anestesia geral, houve um baixo índice de complicações do tipo: dor, mal-estar, náuseas e vômitos, demonstrando qualidade nos serviços ofertados. Referencia: Current Opinion in Anaesthesiology 2009, 22:809–813.

AO 222 DESENVOLVIMENTO DE UM INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DO PERFIL DO ANESTESIOLOGISTA SOB A ÓPTICA DOS CIRURGIÕES: RESULTADOS PRELIMINARES JORGE HAMILTON GARCIA; ADILSON JOSÉ DAL MAGO; CARLOS EDUARDO BATISTA MARTINS; MARIANA EMI MAKITA; THOMAS ROLF ERDMANN; THIAGO VIÇOSO DOS SANTOS CET INTEGRADO DE ANESTESIOLOGIA DA SECRETARIA DO ESTADO DA SAÚDE DE SC, FLORIANÓPOLIS, SC, BRASIL. Resumo: CET/SBA Integrado de Anestesiologia da SES-SC Rua Irmã Benwarda 297, 88015-270 - Florianópolis, SC Justificativa e Objetivo: Em uma cultura de qualidade, a avaliação periódica das percepções dos clientes de um Serviço de Anestesiologia é imprescindível para o desenvolvimento de ações de melhoria do desempenho e/ou da imagem do Serviço frente à clientela1,2. Para gerarem medidas válidas os instrumentos precisam possuir robustez psicométrica. Este estudo teve por objetivo desenvolver e testar psicometricamente um instrumento para avaliação das percepções dos cirurgiões quanto ao perfil dos anestesiologistas com os quais gostariam de trabalhar. Materiais e Métodos: Este estudo piloto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Institucional. Foi desenvolvido um questionário com 25 itens descrevendo atributos nos seguintes domínios: relacionamento interpessoal, habilidades técnicas, capacidade de gerenciamento, prestação de serviços de dor e medicina perioperatória e atividades acadêmicas. Cada item foi avaliado segundo a seguinte escala: 0=sem importância; 1=pouca importância; 2=necessário, mas não distingue o profissional de outros anestesiologistas; 3=muito importante; 4=um fator que me faria mudar de hospital/equipe de anestesiologia/anestesiologista 1. O questionário foi distribuído a uma amostra de conveniência de cirurgiões e médicos residentes de áreas cirúrgicas. A análise estatística incluiu: coeficiente alfa de Cronbach (consistência interna do instrumento) e análise fatorial (identificação da estrutura fatorial do instrumento). Reamostragem aleatória com reposição (bootstrap) foi utilizada para cálculo dos intervalos de 95% de confiança. Resultados: A análise baseou-se nos dados contidos nos primeiros 34 questionários respondidos. O coeficiente de Cronbach foi 0,81. Cinco fatores foram identificados e responderam por 66% da variância dos escores. Fator 1 (21%) – agilidade e gerenciamento; fator 2 (12%) – habilidades técnicas e relacionamento médico paciente; fator 3 (12%) – conforto e segurança do paciente; fator 4 (11%) – atividades acadêmicas e fator 5 (10%) – cuidados em UTI e enfermaria. Discussão e Conclusões: As análises psicométricas preliminares do instrumento desenvolvido neste estudo para avaliação do perfil do anestesiologista sob a óptica dos cirurgiões revelaram significativa consistência interna e abrangência de cinco domínios: agilidade e gerenciamento; habilidades técnicas e relacionamento médico paciente; conforto e segurança do paciente; atividades acadêmicas e cuidados em UTI e enfermaria. Referências: 1-J Clin Anesth,1998;10:166-175; 2-Anesthesiology, 1995;82:1181-1188.

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AO 223 “SAFE SURGERY SAVES LIFES”: INSERINDO O CHECKLIST DA O.M.S. NA FICHA DE ANESTESIA BUSCANDO FOMENTAR SUA APLICAÇÃO ROTINEIRA. RAPHAEL DE ROSA1; VIVIANE BARROS DE MAURICIO ROSA1; FLAVIO MARIN2 1.SERVIÇO DE ANESTESIOLOGIA DE MARACAJU, MARACAJU, MS, BRASIL; 2.CIRURGIAO GERAL E DIRETOR CLÍNICO HOSPITAL SORIANO CORREA, MARACAJU, MS, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: A segurança do paciente é considerada o “coração” da qualidade em saúde. A OMS, em 2004, lançou a Aliança Mundial pela Segurança do Paciente, a qual busca elevar a consciência e o compromisso político com a melhoria da segurança dos cuidados à saúde e facilitar o desenvolvimento de políticas e práticas seguras nos Estados Membros. Em 2008, a Federação Mundial das Sociedades de Anestesia realizou um ano trabalho em parceria com a OMS no projeto “Safe Surgery Saves Lifes”. Desta, surgiu o checklist para Cirurgia Segura. Nosso objetivo é mostrar como a inserção do mesmo na Ficha de Anestesia pode contribuir para sua aplicação rotineira. Relato de Caso: O checklist “Safe Surgery Saves Life” (Fig.1 e 2) é dividido em: I) ANTES DA INDUÇÃO (1.confirmar o paciente, 2.sitio cirúrgico correto, 3.checagem do equipamento anestésico, 4.funcionamento do oxímetro, 5.alergias, 6.risco de VA difícil/broncoaspiração e 7.risco de alta perda sanguínea); II) ANTES DO INÍCIO DA CIRURGIA (1.confirmação dos profissionais, 2.confirmação verbal do cirurgião, do anestesista e da enfermagem sobre identificação do paciente, sitio cirúrgico e procedimento a ser realizado, 3.antecipação dos passos críticos, 4.realização da Antibioticoprofilaxia, 5.disponibilidade dos exames de imagem necessários; III) ANTES DO PACIENTE SAIR DA SALA: 1.a enfermeira confirma verbalmente: nome do procedimento realizado, contagem de compressas, instrumentos e agulhas, identificação de biopsias, problemas com equipamento que deva ser resolvido, análise e discussão da equipe sobre pontos importantes na RPA e no PO do paciente. Seguindo a orientação da OMS e da FMSA, propomos a utilização do checklist em nosso Centro Cirúrgico, onde realizamos em média 100 cir/mês (município de 40mil hab no interior do MS). Cirurgias em geral de pequeno e médio porte. Grande porte, apenas cirurgias de emergência absoluta. Após a proposta de inserir o checklist, analisamos como gerir a idéia. Discutimos com o Corpo Clínico (cirúrgico), o qual se mostrou aberto a colaborar. Fomentada a questão, estrategicamente procuramos um meio do checklist não ficar em um contexto isolado. Nossa proposta foi inseri-lo na parte da frente da Ficha de Anestesia (Fig.3) e nominar a enfermeira de nosso serviço como responsável por aplicar o questionário, da maneira proposta pela OMS. Discussão e Conclusão: Em nossa experiência de pouco mais de um ano utilizando o “Safe Surgery Saves Lifes”, o mesmo foi aplicado a todas as 1134cirurgias. Na sistemática em que foi inserido, não tivemos dificuldade em implementar seu uso e torná-lo rotina, minimizando assim as possibilidade dos “pequenos grandes erros” previstos em seu conteúdo.Referencias Bibliográficas: 1. N Engl J Med 2009; 360:491-499. 2. Eur J Anaesthesiol 2010, 27:592–597. 3. http://www.who.int/ patientsafety/safesurgery/en/.

AO 224 IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA CIRURGIA SEGURA NA SEGURANÇA DA PRÁTICA ANESTÉSICA. PABLO BRAGA GUSMAN; VALESCA DO CARMO CARVALHO MARTINELLI TESH; LETÍCIA PARAISO DONÔ; ADRIANA DAUM CARVALHO COMITÊ DE QUALIDADE, HOSPITAL MERIDIONAL, CARIACICA, ES, BRASIL. Resumo: Introdução: As complicações cirúrgicas respondem por uma grande proporção das mortes e injúrias médicas. Eventos adversos são estimados em afetar 3–16% de todos os pacientes hospitalizados e mais da metade de tais eventos são reconhecidamente preveníveis. Apesar da enorme melhoria no conhecimento sobre segurança hospitalar, pelo menos metade dos eventos ocorre durante a assistência cirúrgica. A segurança cirúrgica emergiu como uma preocupação significativa na saúde pública mundial. O projeto “Cirurgia segura salva vidas” tornou-se uma necessidade para prática hospitalar, fazendo juz às suas ações que visam uma melhoria na assistência e segurança ao paciente internado. Objetivo: A meta do desafio “Cirurgias Seguras Salvam Vidas” é melhorar a segurança da assistência cirúrgica por meio da definição de um conjunto central de padrões de segurança que possam ser aplicados em todas as cirurgias a todos os pacientes. Materiais e métodos: A lista de verificação divide a cirurgia em três fases de momento específico no fluxo normal dos atos anestésicocirúrgicos: o período anterior a indução anestésica (Entrada), o período apos a indução e antes da incisão cirúrgica (Pausa cirúrgica) e o período durante ou imediatamente após o fechamento da ferida, mas anterior à remoção do paciente da sala de operação (Saída). Todas as etapas são checadas verbalmente com as pessoas adequadas para assegurar que as ações-chave foram realizadas. O Hospital Meridional iniciou o programa em novembro de 2010, usando checklist próprio em prontuário eletrônico, atingindo atualmente todos os procedimentos cirúrgicos. Resultados: O programa proporcionou aumento do índice de consultas pré-anestésicas/cirurgias eletivas, permitiu aplicação do consentimento informado, incluiu o processo de reconciliação medicamentosa e aumentou a segurança aos pacientes cirúrgicos. Conclusão: No atendimento de qualidade, a segurança é fator primordial. Ações educativas de toda equipe e protocolos bem elaborados são capazes de garantir os princípios básicos de atendimento cirúrgico: paciente correto, lugar exato, drogas adequadas e menor índice de eventos adversos. Bibliografia: 1- 5 Million Lives Campaign. Cambridge, MA: Institute for Healthcare Impovemente; 2008. 2-Organizacao Mundial da Saude. Segundo desafio global para a seguranca do paciente: Cirurgias seguras salvam vidas. Rio de Janeiro: Organizacao Pan-Americana da Saude; Ministerio da Saude; Agencia Nacional de Vigilancia Sanitaria, 2009.

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AO 225 CUIDANDO DO PACIENTE CIRÚRGICO COMO UM TIME NO PROCESSO DE ACREDITAÇÃO INTERNACIONAL DE UM HOSPITAL TERCIÁRIO. PABLO BRAGA GUSMAN; ADRIANA DAUM CARVALHO; LETÍCIA PARAISO DONÔ; VALESCA DO CARMO CARVALHO MARTINELLI TESH COMITÊ DE QUALIDADE, HOSPITAL MERIDIONAL, CARIACICA, ES, BRASIL. Resumo: Introdução: A Acreditação se compõe de metodologia de avaliação externa, voltada para os serviços de saúde, que utiliza padrões de desempenho voltados para os processos de cuidados ao paciente e gestão dos serviços. A instituição é avaliada quanto ao cumprimento desses padrões estabelecidos e diante de seu cumprimento, recebe sua certificação. Para a Acreditação Internacional Canadense é necessário o desenvolvimento de um manual com padrões de excelência internacionais, cujo foco principal é a segurança da assistência prestada ao paciente. Para o desenvolvimento do programa, são criados os times assistenciais que são grupos de pessoas que trabalham com o objetivo de adaptar os padrões internacionais à realidade do Hospital. Objetivo: Implantar fluxo assistencial seguro aos pacientes cirúrgico. Material e Métodos: Entre os times assistenciais, o Time de Pacientes Cirúrgicos foi composto por profissionais envolvidos em todo processo, incluindo médicos anestesiologista e cirurgião, enfermeiras, farmacêuticas e gerentes administrativos. Estabeleceram um cronograma de atividades que envolviam todos os processos de segurança da entrada, permanência e saída do paciente no âmbito hospitalar. Resultados: O Time conseguiu com suas ações a padronização e maior controle da marcação cirúrgica via web com descrição de planos terapêuticos e comorbidade dos pacientes; aumento do número de consultas pré-anestésicas; implantação do consentimento livre e esclarecido; reconciliazação medicamentosa com manutenção de medicamentos em uso domicilar; eficácia na antibioticoprofilaxia, com droga, dose e aprazamentos corretos; execução do checklist de cirurgia segura a todos os procedimentos; criação de um protocolo para tratamento da dor pósoperatória; execução da profilaxia de tromboembolismo para todos os pacientes elegíveis e a prescrição de cuidados domiciliares de forma multiprofissional. Conclusões: Assegurar segurança e qualidade de assistência é um grande desafio, mas evidenciamos que o trabalho em equipe pode proporcionar o alcance desse objetivo. A estratégia se concentra em organização, disposição e a visão da assistência como um time. Bibliografia: 1 - Surgeon. 2004; 2(6):321-6. 2 – JAMC. 2004; 170 (11):1678-86.

AO 226 ANÁLISE DOS FATORES RELACIONADOS À SUSPENSÃO DE OPERAÇÕES EM UM SERVIÇO DE CIRURGIA GERAL DE MÉDIA COMPLEXIDADE FRANCISCO DIEGO SILVA DE PAIVA1; MARY NEIDE ROMERO1; RAIMUNDO SIMEÃO DA SILVA NETO2; PATRÍCIA PERLA DA FONSECA1; KÉRSIA GOMES RIBEIRO1; RAPHAEL DE ALMEIDA GIRÃO1 1.HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA, FORTALEZA, CE, BRASIL; 2.HOSPITAL GERAL DR. WALDEMAR DE ALCÂNTARA, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: A taxa de suspensão de operações é um dos critérios de avaliação da eficiência de um serviço de cirurgia. Sua análise visa à melhoria da qualidade da assistência e da eficiência do serviço oferecido à população, assim como a racionalização dos recursos financeiros e humanos. Os objetivos do presente estudo são identificar a taxa de suspensão de operações eletivas e investigar a ocorrência e as causas do seu cancelamento. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo de natureza exploratória, descritiva, transversal e com abordagem quantitativa e qualitativa realizado no Departamento de Cirurgia Geral de um hospital de média complexidade. Foram analisadas todas as operações marcadas eletivamente no período compreendido entre janeiro de 2007 a julho de 2008. Para verificar se houve cancelamento de cirurgias foi utilizado o banco de dados do prontuário eletrônico. No período do estudo, foram agendadas 7938 cirurgias, sendo 1806 urgências (22,75%) e 6132 cirurgias eletivas (77,25%). Resultados: Do total de cirurgias eletivas, foram canceladas 1018, correspondendo a uma taxa de suspensão de 16%. Os principais fatores dos cancelamentos das cirurgias estavam relacionados ao paciente (48,23%), tais como condição clínica desfavorável (50,3%) e não comparecimento (39,9%); e ao hospital, tais como a alocação de recursos humanos (23,77%), a organização da unidade (22,88%) e a alocação de materiais e equipamentos (5,12%). Dentre os fatores relacionados à alocação de recursos humanos, a falta de anestesiologista correspondeu a 7,85%. Discussão e Conclusões: Conhecer a taxa de cancelamento de cirurgias e suas causas é de fundamental importância para que a instituição possa estabelecer medidas específicas a fim de reduzi-la. A taxa de suspensão encontrada neste estudo contraria o planejamento estratégico adotado no serviço, pois não deveria exceder 10%. Medidas como confirmação da presença dos pacientes que integram o mapa cirúrgico, ambulatório pré-anestésico, protocolos clínicos e informatização dos dados fazem parte do programa de redução do número de suspensões, no entanto revisão dos processos e ferramentas de gestão como PDCA estão em realização para minimizar este transtorno. Verificou-se, ainda, que 41% dos procedimentos cancelados não deveriam ter sido marcados. Este número ainda é bastante alto dentro de um serviço de cirurgia geral. Medidas gerenciais corretivas são necessárias a fim de diminuir esta taxa. Referências: 1 - J Ayub Med Coll Abbottabad, 2007; 19(3):64-6 / 2 - Med J Aust, 2005; 182(12):612-5 / 3 - Rev Latino-am Enfermagem, 2000; 8(4):59-65. Fontes de Fomento: nenhuma. Conflitos de interesse: nenhum.

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AO 227 BAVT ASSOCIADO AO USO DE FENITOÍNA EM NEUROCIRURGIA RODRIGO LEAL ALVES; NAZEL OLIVEIRA FILHO; ADRIANO TEIXEIRA FERNANDES; DANTON MIRANDA SILVA FILHO; LUIZ ALBERTO TEIXEIRA CET HOSPITAL SÃO RAFAEL, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos – Embora a hipotensão associada a fenitoína é uma complicação bem descrita na literatura mundial, distúrbios de condução AV figuram como uma entidade rara. O presente relato de caso tem como objetivo descrever uma situação de bloqueio atrioventricular total com assistolia ventricular em um paciente recebendo fenitoína intravenosa. Material e Métodos-Paciente 70 anos, feminina, estado físico ASA II com HAS I com tumor em região frontoparietal à direita com desvio de linha média. Programação cirúrgica de ressecção tumoral. Monitorização com eletrocardiógrafo, oxímetro de pulso, capnógrafo, espirometria e pressão arterial invasiva. Indução venosa com 250 mcg de fentanil, 100mg de propofol e 4 mg de pancurônio, e IOT sem intercorrencias. A anestesia foi mantida com sevoflurano a 2,0% . Após a indução foram administrados pela enfermagem dexametasona 08mg e fenitoína 1,0 g diluído em 50ml de água destilada a pedido do cirurgião. Antes do início do procedimento a paciente apresentou bradicardia grave evidenciado no eletrocardiograma BAVT, escape juncional com 30 bpm e hipotensão (PAM 30 mmHg) evoluindo para assistolia sendo prontamente iniciada MCE efetiva (Pet CO2 > 20) e infundido adrenalina (02 ampolas, intervalo de 03/03 minutos) e atropina. Foi instalado o MP trancutâneo com estímulo em 100 mA e frequência de disparo 80/min com boa captura no eletrocardioograma. Houve melhora imediata da PAM com conversão espontânea para ritmo sinusal após aproximadamente 30 minutos. A cirurgia foi suspensa e a paciente foi encaminhada a UTI incosciente, pupilas isofotorreagentes, hemodinâmica estável com ritmo sinusal em uso de noradrenalina doses baixas e em VM com relação PaO2/FiO2 >400. O procedimento proposto foi realizado após 48 horas do evento sem maiores intercorrências. Discussão e conclusão- Fenitoína é um agente antiarrítmico classe IB, e apresenta com mecanismo de ação bloqueio no transporte de sódio através da membrana, atuando nas células responsáveis pela condução do impulso, sem alterar o automatismo cardíaco. Hipotensão e bradicardia geralmente ocorrem quando a taxa de infusão de fenitoína é superior a 50 mg / min. Devidos cuidados devem ser empregados para evitar altas concentrações séricas da medicação. Referências 1)Journal of Electrocardiology Vol. 28 No. 2 19952), 2)The Journal of Emergency Medicine, Vol. 30, No. 1, pp. 75–79, 2006, 3) Mayo Clin Proc. 2002;77:584-586

AO 228 ANESTESIA PARA HISTEROSCOPIAS A NÍVEL AMBULATORIAL. ESTUDO COMPARATIVO ENTRE BUPIVACAÍNA HIPERBÁRICA 0,5% EM BAIXAS DOSES ASSOCIADA A DIFERENTES DOSES DE FENTANIL ESPINHAL NA RAQUIANESTESIA. TANIA MENEZES COUCEIRO; ANA CAROLINA MAIA MENDONÇA; LUCIANA CAVALCANTI LIMA; HENRIQUE FLÁVIO VERAS FREITAS; ROBERTO OLIVEIRA COUCEIRO; MARCELO NEVES SILVA INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROFESSOR FERNANDO FIGUEIRA, RECIFE, PE, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: A raquianestesia vem ganhando popularidade para a realização de histeroscopias diagnósticas e cirúrgicas realizadas em caráter ambulatorial. Entretanto, poucos são os trabalhos que mostram a dosagem ideal para esses procedimentos serem realizados sem interferir na alta hospitalar. Esse estudo objetiva determinar a menor dose de bupivacaína hiperbárica a 0,5% para a realização de histeroscopias. Métodos: Oitenta mulheres submetidas à raquianestesia, estado físico I e II alocadas aleatoriamente nos grupos: G1- 5 mg de bupivacaína hiperbárica a 0,5% e 12,5µg Fentanil espinhal; G2 - 5 mg de bupivacaína hiperbárica e 25 µg de Fentanil espinhal; G3 - 6 mg de bupivacaína hiperbárica; G4 - 5 mg de bupivacaína hiperbárica. Foram estudados: Tempo para atingir nível cirúrgico adequado (dermátomo T10), tempo até completa regressão do bloqueio espinhal, avaliação e tempo de regressão do bloqueio motor pela escala de Bromage modificada avaliação das variáveis cardiovasculares e Oxímetria, ocorrência de efeitos colaterais, tempo de elegibilidade para alta hospitalar e grau de satisfação da paciente quanto à técnica utilizada. Realizou-se o Teste de Normalidade de Kolmogorov–Smirnov para as variáveis quantitativas. Estas variáveis foram apresentadas através de medidas de resumo, como média e desvio padrão. Realizada Análise de Variância - ANOVA (Distribuição normal) e Kruskal Wallis (Não Normal).Para determinar a existência de associação entre as variáveis categóricas foram utilizados Teste Qui-Quadrado e Teste Exato de Fisher. Todos os testes foram aplicados com 95% de confiança para significância estatística. Resultados: Com relação ao tipo de histeroscopia realizada os grupos foram semelhantes Quanto às variáveis hemodinâmicas (pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica, frequência cardíaca)e a Oxímetria, os grupos foram semelhantes,exceto no tempo 60 minutos, onde o grupo 4 apresentou pressão arterial sistólica mais elevada com diferença significativa (p<0,05). Quanto ao nível anestésico adequado para o procedimento (T10) atingido em 5 minutos após punção subaracnóidea, observamos que houve diferença estatística entre os grupos (p< 0,05), mostrando que no grupo onde foi utilizada a menor dose de anestésico local sem associação com opióides espinhal houve uma maior dificuldade em atingi-lo. A necessidade de complemento anestésico foi estatisticamente significante nos grupos 2 e 3 onde 1 paciente necessitou de complemento no grupo 1 e 12 no grupo 4 (p<0,05). Em relação aos efeitos colaterais apenas o prurido teve uma prevalência de 25% com associação significativa entre os grupos (p<0,05) e foi o efeito colateral mais frequente. Todas as pacientes se mostraram satisfeitas com a técnica empregada. Conclusão: A raquianestesia com o uso de baixas doses de bupivacaína hiperbárica associada a fentanil espinhal se mostrou técnica anestésica efetiva para a realização de histeroscopias em caráter ambulatorial.

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AO 229 MANUSEIO PERIOPERATÓRIO PARA CIRURGIA DE CIFOESCOLIOSE EM TESTEMUNHA DE JEOVÁ. MIRLA ROSSANA NOGUEIRA MOURÃO; VERA LUCIA FERNANDES DE AZEVEDO; DANIELA MARIA OLIVEIRA CRUZ DOS SANTOS; ONOFRE EDUARDO CARVALHO DE OLIVEIRA; GILVAN DA SILVA FIGUEIREDO; MANOEL MENEZES DA SILVA NETO HOSPITAL SANTO ANTONIO-CET AOSID, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: Introdução: Pré-operatoriamente o uso de eritropoetina humana recombinante 50 a 100 U.Kg-1 subcutâneas três vezes por semana e suplementação com sulfato ferroso via oral de 8/8 horas diariamente em pacientes a serem submetidos a cirurgias com potencial para perdas sangüínea volumosa e em pacientes que recusam transfusão sanguínea por motivos religiosos é uma estratégia bastante utilizada.A utilização de sistema de recuperação das células sangüíneas durante a cirurgia é uma técnica aceita pelas Testemunhas de Jeová. O cell saver recebe o sangue coletado do paciente por meio de sucção durante a cirurgia misturando-o com solução fisiológica, separando as hemácias e removendo as impurezas. Estas células sangüíneas são então reinfundidas no paciente sem que haja perda de continuidade entre o aparelho e o paciente .Relato de caso: Paciente 14 anos, feminino, ASA I, com programação cirúrgica de correção de escoliose e artrodese de coluna por via posterior. Paciente testemunha de Jeová foi submetida à administração pré-operatória de eritropoetina 4000UI via subcutânea em dias alternados por 20dias e posteriormente 10000UI a cada 5 dias até a o momento cirúrgico, associado com sulfato ferroso . Hematimetria pré-operatória com hemoglobina de 19,8g.dl-1 e hematocrito de 59,9%, coagulograma e ECG normais. Estabeleceu-se o uso intra-operatório de cell saver . A paciente foi monitorizada com ECG, capnografia, oximetria, PAMI e venóclises com jelco 18G em cada membro superior. A anestesia consistiu de injeção subaracnóidea de 100 µg de morfina a nível de interespaço L3-L4. Foi realizada indução venosa com 300 µg de fentanil, 2mg de midazolam, 150mg de propofol e relaxamento muscular com 30mg de rocurônio,procedido intubação orotraqueal com cânula aramada nº 7,0 ,instituído ventilação mecânica .A manutenção consistiu de anestesia geral venosa total com propofol em infusão alvo-controlada e remifentanil em infusão continua com doses de 0,2 a 05 µg.Kg-1.min-1. A paciente permaneceu estável durante todo o procedimento sendo necessário realizar despertar intra-operatório (wake up). Ao final da cirurgia apresentava HB:13,6g. dl-1 e HT:44%, eletrólitos normais. Realizando autotransfusão do sangue do reservatório do cell saver . A paciente foi extubada e encaminhada para UTI. No primeiro dia pós-operatório apresentou HB:14,9g.dl-1 e HT:43%. Discussão. Alem das medidas habituais para minimizar o sangramento intra-operatório o paciente testemunha de Jeová com programação eletiva para cirurgias de grande porte com potencial de sangramento pode ser adequadamente preparado através de estratégias de otimização dos índices hematimétricos e de recuperação intaoperatória de sangue.Referências:1-Potério GMB ,Magueiros AG. Hemorragia perioperatória: Cell Saver .In:Cavalcanti IL, Cantinho FAF, Assad A ,editores.Medicina Perioperatória . Rio de Janeiro: Sociedade de Anestesiologia do Estado do Rio de Janeiro, 2006:307-317 2- Rev. Bras. Anestesiol.2005;55(5):538-545 3-.Rev. Col. Bras. Cir.2005;32(4) 220-222

AO 230 USO DE HEMODILUIÇÃO NORMOVOLÊMICA AGUDA E CELL SAVER EM TRATAMENTO CIRÚRGICO DE ESCOLIOSE EM PACIENTE TESTEMUNHA DE JEOVÁ (TJ) CAMILA SOUZA HAGUI; ANTONIO ESTEFANI NETO; REINALDO VARGAS MIRANDA; JOAO MARTINS GRECO; LUCAS PERRONE GOMES; GISLAINE MAURO CET FACULDADE DE MEDICINA DE JUNDIAÍ, JUNDIAÍ, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: Independente da opção religiosa, pacientes sujeitos a procedimentos cirúrgicos que impliquem em risco de sangramento, devem ter equipe médica apta a minimizar essa utilização. Relato de caso: Masculino, 18 anos, TJ, 65 kg, submetido a tratamento cirúrgico de escoliose idiopática da adolescência. ASA II. Após avaliação pré-anestésica, administrou-se sulfato ferroso e eritropoetina (3 doses com intervalo de dois dias, uma semana antes da cirurgia). Exames pré-operatórios: Hb: 17mg.dl-1, Ht: 40%, coagulograma normal. Na sala operatória, foi monitorado com cardioscópio, capnografia, oximetria de pulso e pressão arterial invasiva, venóclise de MSE cateter 14G. Iniciado ATP anestésico com midazolam 5 mg e pré-oxigenação com O2 a 100% durante 5 minutos; fentanil 350 µg, propofol 200mg, rocurônio 50 mg. Intubado com cânula 7,5 com balonete e mantido sob anestesia geral venosa total (VCV e reabsorção de CO2), propofol e remifentanil em infusão contínua 100 µg/Kg/min, 2µg/Kg/min, respectivamente. Realizado hemodiluição normovolêmica aguda (HNA), administrado 3000 ml de SRL, 1500 ml de SF 0,9% e 1500 ml de voluven, coletado 3 bolsas que foram mantidas em contato permanente com o sangue do paciente em cateter venoso, o volume coletado foi devolvido ao paciente progressivamente durante ato cirúrgico; e cell saver, processado volume de 2000 ml, retornando 230ml ao paciente (1 ciclo). A HNA foi realizada de acordo com cálculo de perda permissiva, e controlada através da análise de gasometria arterial. Duração do procedimento: 6h e 30 min, paciente apresentou diurese de 500 ml e sangramento estimado em 1800 ml, terminando a cirurgia com Hb=7,9mg.dl-1. Discussão: A cirurgia espinhal é de alto risco para sangramento intra-operatório, e os riscos inerentes à terapia de transfusão sanguínea são amplamente conhecidos. Embora não existam substitutos eficientes para sangue nos quesitos coagulação e transporte de oxigênio, existem métodos para minimizar transfusões homólogas. Os TJ são reconhecidos pela recusa a receber transfusão sanguínea homóloga e autóloga nos padrões usuais. Neste contexto, é importante o preparo pré-operatório adequado para que o paciente suporte a anemia aguda, utilizando-se a terapia com eritropoetina com o intuito de aumentar a massa de células vermelhas. Para TJ é aceitável transfusão autóloga usando circuitos fechados como cell saver e autotransfusão pela técnica de HNA, desde que não haja perda da continuidade do paciente com seu sangue.

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AO 231 ANESTESIA PARA PACIENTE PORTADOR DE ESPONDILITE ANQUILOZANTE COM FRATURA/LUXAÇÃO DE COLUNA CERVICAL - RELATO DE CASO. CLÁUDIA HELENA RIBEIRO SILVA; PATRÍCIA MELGAÇO DE ALENCAR ARRAES; GETÚLIO BOMFÁ JÚNIOR; DANIEL LANNA ANTEZANA; MARCELO LIMA MACHADO PAUPÉRIO; ELIAS VARELA BECHARA CET SANTA CASA DE BELO HORIZONTE, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: Pacientes portadores de espondilite anquilosante têm maior incidência de fratura/luxação intervertebral póstraumática. As lesões na coluna cervical podem dificultar o acesso à via aérea impondo desafios ao tratamento cirúrgico-anestésico.O objetivo deste relato é discutir os cuidados para a abordagem da via aérea em pacientes com fratura/luxação de coluna cervical. Relato do Caso:Paciente do sexo masculino, 49 anos, internado após queda da própria altura e traumatismo cervical evoluindo com dor intensa e Raio X evidenciando alterações sugestivas de luxação de C6-C7.Com colar cervical desde então.Hipertenso e diabético controlado. Portador de espondilite anquilosante sem controle adequado.Exame neurológico sem alterações. RNM confirmou luxação C6-C7. Optado por intubação com a paciente acordado após sedação adequada e bloqueio cervical trans-traqueal e dos nervos laríngeos superiores e glossofaríngeo bilateralmente. Primeira tentativa de intubação sem visualização da epiglote.Segunda tentativa Cormack-Lehane – grau III sem sucesso com Bougie. Intubação na terceira tentativa utilizando guia com profissional experiente, confirmada com auscuta pulmonar e curva da capnografia.Indução anestésica com propofol e atracúrio. Anestesia mantida com sevoflurane, remifentanil e óxido nitroso. O paciente manteve-se estável durante a cirurgia que durou cerca de 5 horas.A extubação foi realizada sem intercorrências e o paciente foi encaminhado ao CTI. Discussão: A esponditite anquilosante é o distúrbio inflamatório mais comum do esqueleto axial. Acomete mais homens jovens e caracterizase essencialmente por sacroileíte levando a lombalgia e rigidez. Ocorre comprometimento tardio da coluna cervical. O antígeno HLA-B27 é positivo e as alterações da coluna são visualizadas nos exames de imagem. O paciente em questão apresentava luxação importante de C6-C7. Devido à impossibilidade de mobilização cervical optou-se por uma intubação com o paciente acordado e sedação criteriosa para obter cooperação máxima da paciente. A via aérea de difícil acesso foi confirmada com a laringoscopia convencional. Estavam presentes 2 anestesistas experientes na sala cirúrgica e a fibroscopia óptica estava disponível em caso de necessidade. É fundamental que o anestesiologista reconheça as dificuldades e riscos da bordagem da via aérea em pacientes com traumatismo cervical. São necessários também conhecimentos anatômicos e experiência para manuseio desta via aérea. A interação entre as equipes cirúrgica e anestésica bem como trabalho em conjunto de anestesistas preparados foram fundamentais para o sucesso neste caso. Referências: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK - Anesthesia, 4a. Ed. 2001; 23:595-638.

AO 232 HERNIORRAFIA INGUINAL EM PACIENTE PORTADOR DE CARDIOPATIA CLÊNICE RUFINO FERREIRA1; DANIEL WAJNPERLACH2; IVANDETE COELHO PEREIRA2; THAIS CRISPIM SILVA1; TUILA GUANABARA SOUZA1; LEOPOLDO PALHETA GONZALEZ3 1.HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS - HUGV, MANAUS, AM, BRASIL; 2.FUNDAÇÃO HOSPITAL ADRIANO JORGE - FHAJ, MANAUS, AM, BRASIL; 3.HOSPITAL FUNDAÇÃO ADRIANO JORGE - FHAJ, MANAUS, AM, BRASIL. Resumo: Introdução: O avanço da medicina proporcionou uma melhora na expectativa de vida dos portadores de cardiopatias congênitas corrigidas o que acarretou no aumento de adultos jovens cardiopatas necessitando de procedimentos cirúrgicos eletivos, como a herniorrafia inguinal, uma das cirurgias mais realizadas no homem. Mas, é real o receio médico diante desses pacientes devido à possível descompensação hemodinâmica pelos mesmos durante o ato anestésico-cirúrgico podendo acarretar em complicações como edema agudo de pulmão. Este relato visa evidenciar a importância da avaliação e do preparo pré-operatório minucioso do paciente cardiopata para o sucesso das cirurgias eletivas não-cardíacas. Relato de caso: paciente masculino, 26a, 80kg, sedentário, hipertenso, portador de fibrilação atrial (FA) e de prótese metálica de valva aórtica (troca de valva aórtica bicúspide congênita), ASA II, Goldman II, antecedentes de endocardite bacteriana (EB) e fístula aorto-atrial corrigidida, com indicação de herniorrafia inguinal direita. Em uso de amiodarona 200mg/dia, enalapril 10mg 12/2h e warfarim 5mg. Em bom estado geral, orientado, sem sopros carotídeos, RCR 2T, BNF sopro sistólico em FoAo 3+/6+ e diastólico em FT 2+/6+ com clic metálico, PA 130x70mmHg e FC 80bpm. Exames complementares: ECG com sobrecarga biatrial e de ventrículo esquerdo (VE); ecocardiograma com fração de ejeção 65% e hipertrofia leve de VE; INR 2,12 e demais exames sem alterações. Procedeu-se à internação hospitalar 03 dias antes à cirurgia, suspenso warfarim, iniciada enoxaparina 1mg.kg-1 12/12h, realizado controle do INR e profilaxia para EB com vancomicina 1g. Após monitorização padrão, optou-se por anestesia geral balanceada por indução venosa com remifentanil 0,35 µg/kg/min, propofol 80mg e rocurônio 30mg, seguida de intubação orotraqueal com tubo nº 8,5 com cuff. Manutenção anestésica com O2 2L/min, sevoflurano 1% e remifentanil (mesma dose da indução) sob VCV, com evolução perioperatória sem intercorrências. Por fim, paciente estável, extubado e encaminhado ao CTI para acompanhamento de pós-operatório imediato. Discussão/Conclusão: Pacientes portadores de cardiopatias possuem menor limiar de tolerância às alterações hemodinâmicas inerentes ao procedimento cirúrgico exigindo profundo conhecimento sobre a fisiopatologia da doença de base pelo anestesiologista e rigorosa avaliação pré-operatória. Estas peculiaridades também desfavorecem a aplicação de anestesia por bloqueio de neuro-eixo nesses por possível instabilidade cardiocirculatória após sua instalação. Sendo assim, elegeu-se a anestesia geral balanceada a técnica anestésica mais apropriada para este paciente utilizando um arsenal de drogas anestésicas capazes de causar mínimos efeitos cardiorespiratórios, como o remifentanil e sevoflurano. Referências bibliográficas: 1.European Journal of Anaesthesiology 2010, 27:92-137; 2. Rev Bras Anestesiol 1997; 47:4:350-362.

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AO 233 HIPERALGESIA INDUZIDA POR OPIÓIDE. RELATO DE CASO PATRÍCIA PERLA DA FONSECA; FRANCISCO DIEGO SILVA DE PAIVA; MARY NEIDE ROMERO; DAIANA CILÉA HONORATO NASCIMENTO; NAIANA GRIPP COUTO; ANTÔNIO EDINAÍLSON BARROSO DA SILVA HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo:Justificativa e Objetivos: A hiperalgesia é uma complicação relatada quando do uso dos opióides. Tal condição é bastante complexa e envolve uma série de mecanismos que podem contribuir para o desconforto do paciente e trazer consequências danosas quando não diagnosticada. O remifentanil, opióide de curta duração, tem sido o mais associado à hiperalgesia na literatura atual. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de hiperalgesia induzida por opióide (HIO). Relato de caso: Paciente masculino, 41 anos, pardo, 81 kg, ASA II (hipertensão controlada), foi submetido à correção cirúrgica de luxação esterno-clavicular após fratura em terço proximal da clavícula direita. Ao exame físico apresentava mobilidade cervical reduzida devido à dor, distância tireomentoniana menor que 6 cm, Mallampati II e abertura bucal maior que 3 cm. Exames laboratoriais normais. Realizada medicação pré-anestésica com midazolam 05 mg e indução com fentanil 300 mcg, propofol 200 mg, succinilcolina 100 mg. Intubação orotraqueal ocorreu sem intercorrências. Para manutenção, foi administrado cisatracúrio 10 mg e realizado anestesia venosa total com remifentanil entre 0,3 a 0,5 mcg kg min e com propofol PFS 1% em infusão alvo controlada. Uma hora antes do término da cirurgia, foram feitos dipirona 02 g e cetoprofeno 100 mg. O tempo cirúrgico foi de 02h e 30 min. Ao despertar, o paciente apresentava-se agitado e referia muita dor, pouco definida em termos de qualidade e localização (8 na Escala Visual Analógica EVA), sendo então medicado com fentanil 100 mcg e morfina 02 mg, evoluindo com redução da dor (4 na EVA) após 30 minutos. Ao ser liberado para enfermaria, foram prescritos dipirona e cetoprofeno de forma regular, deixando tramadol a critério médico. Discussão: É provável que múltiplos fatores e mecanismos contribuam para a HIO, tais como: sistema antianalgésico, alteração de receptores NMDA, segundos mensageiros intracelulares, ativação de COX espinhal, liberação de aminoácidos excitatórios, redução de neurotransmissores inibitórios, aumento de fosforilação e facilitação descendente. Muitas vezes, é difícil determinar se ocorreu hiperalgesia após a administração de opióide. A redução da eficácia analgésica pode ser por tolerância ao opióide, HIO ou ambas. Por suas características farmacocinéticas, o remifentanil não promove efeito analgésico residual no pós-operatório imediato. Por esses motivos, supomos que a forte intensidade da dor apresentada pelo paciente no pós-operatório imediato pode se tratar de hiperalgesia induzida pelo remifentanil. Referência: Clin J Pain, 2008;24:479-496. Fontes de fomento: não. Conflito de interesse: não.

AO 234 ANESTESIA VENOSA TOTAL PARA PACIENTE COM DISTROFIA MUSCULAR DE BECKER. RELATO DE CASO. VAGNER CAVALCANTI ALBUQUERQUE; CREMILDA PINHEIRO DIAS; ÂNGELA MARIA MELO SILVA UFAM - HOSPITAL UNIVERSITARIO GETULIO VARGAS, MANAUS, AM, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: Devido suas peculiaridades clínicas, o manejo peri e intraoperatório das doenças neuromusculares deve ser cauteloso, pelo risco aumentado de complicações relacionadas à drogas comumente usadas em anestesia. Este relato visa apresentar um caso de anestesia venosa total (AVT) em paciente com distrofia muscular de Becker (DMB). Relato do caso: HMA, 39 anos, 75kg, portador de neurodistrofia muscular de Becker há 18anos, em tratamento conservador. A cirurgia proposta foi colecistectomia videolaparoscópica. Em avaliação pré-anestésica apresentava boa capacidade funcional pulmonar com dispnéia aos grandes esforços, avaliação cardíaca e neuropsicológica normais e força muscular grau III. Definiu-se como conduta anestésica a AVT alvo-controlada sem uso de bloqueadores neuromusculares (BNM). O paciente recebeu oxigênio a 100% sob máscara por 5 min e foi realizada indução com alfentanil 2,5mg em bolus e propofol em infusão na dose alvo de 3 mcg/ml. Procedida intubação orotraqueal sem dificuldades. Foi mantido em plano anestésico com infusão contínua de alfentanil 1 mcg/kg/min e propofol sob alvo de 2,5-3 mcg/ml. O intraoperatório ocorreu sem intercorrências em 1:30h. O paciente acordou após 25 e 10 minutos da retirada da infusão de alfentanil e propofol, respectivamente. Foi extubado sem complicações e permaneceu na SRPA por 2 horas, sem alterações hemodinâmicas e/ou respiratórias. Recebeu alta hospitalar 1 dia após a cirurgia. Discussão: A DMB é uma doença genética ligada ao cromossômo X, causada por mutações no gene da distrofina. Esta patologia é a forma alélica da distrofia muscular de Duchenne (DMD), entretanto tem uma incidência mais rara, em torno de 1:30.000 meninos nascidos vivos. Os sinais e sintomas da DMB aparecem mais tardiamente e de maneira mais branda do que na DMD e se caracterizam por fraqueza muscular proximal que evoluem lentamente para distal. Insuficiência respiratória, assim como os raros casos de retardo mental associados aos distúrbios da musculatura são causas de morbidade nos pacientes com DMB, visto que estes podem atingir a quinta ou sexta décadas de vida. Cardiomiopatia pode estar presente em até 75% daqueles com mais de 40 anos, sendo necessário ressincronização ou transplante cardíaco em alguns casos. As peculiaridades clínicas dos pacientes com a distrofia de Becker tornam a anestesia um desafio para o anestesiologista devido a ampla variedade de possíveis complicações como ocorrência de hipertermia maligna, aumentada sensibilidade aos BNM e morbidade pós-operatória. Existem relatos de parada cardíaca em pacientes com DMB relacionados a anestésicos inalatórios e succinilcolina, principalmente em crianças. A AVT sem uso de BNM mostrou-se ser em diversos casos, inclusive este, uma forma segura e eficaz de fornecer anestesia para pacientes com distrofias musculares. Bibliografia: Masui 2010 Sep;59(9):1093-5. Anesth Analg 2009 Oct;109(4):1043-8. Anesth Prog 2005 Spring;52(1):12-6.

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AO 235 AVALIAÇÃO COMPARATIVA ENTRE PROPOFOL COM DOIS VEÍCULOS DIFERENTES: EM NANOEMULSÃO COM SOLUTOL E COM LECITINA DE SOJA JOSÉ CARLOS RITTES; LIGIA ANDRADE MATHIAS; GUILERME CAGNO; THIAGO TRIGUEIRO PAIVA; CHRISTIANO MATSUI SANTA CASA DE SÃO PAULO, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Rittes JC; Mathias LAST, Cagno G, Paiva TTM, Matsui C CET da Santa Casa de São Paulo Declaração de Conflito de interesse: fornecimento dos fármacos e exames de segurança foram custeados pelo Laboratório Cristália Introdução: A maioria dos agentes venosos pode ser formulada em solução fisiológica e o propofol não, pois a sua porção funcionalmente ionizável, hidroxil, tem pka de 11, o que lhe confere impossibilidade de se ligar à água. Na tentativa de superar as limitações da emulsão lipídica de propofol, dor à injeção e potencial crescimento bacteriano, outras formulações foram propostas e dentre elas a nanoemulsão. Objetivo deste estudo foi comparar emulsão lipídica 1% com nanoemulsão em relação a consumo, tempo de indução e despertar, dor à injeção, e efeitos colaterais no local da injeção e sistêmicos. Método: Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa e consentimento esclarecido foram estudadas 48 pacientes submetidas à videolaparoscopia cirúrgica ginecológica e cirurgia de mama, divididas em dois grupos. O grupo controle recebeu na indução e manutenção emulsão lipídica(23) e o grupo de estudo nanoemulsão (25). As pacientes foram submetidas à anestesia geral com indução e manutenção com propofol. Foram realizados exames de segurança no pré-operatório, intraoperatorio e pós-operatório (glicemia, creatinina, TGO, TGP, albumina, triglicérides,colesterol total e frações) Resultados: os grupos foram comparáveis em relação às variáveis demográficas e classificação de estado físico (ASA). Os tempos de indução, manutenção e procedimentos cirúrgicos foram semelhantes nos dois grupos. Dose média de indução em bôlus foi de 13,7 mL e 14,4 mL e de manutenção de 80,2 ml e 74,8 ml no grupo controle (Gcont) e nanoemulsão (Gnano) respectivamente, sem diferença estatística entre eles. Despertar ocorreu, em média, em 11,3 min Gcont e 13,8 min Gnano . Nenhuma paciente apresentou sinais flogísticos. Cinco pacientes (3 Gcont e 2 Gnano) apresentaram náuseas e vômitos pós-operatórios e apenas uma paciente do Gnano informou que não se submeteria novamente à mesma técnica anestésica. Os exames de triglicérides, colesterol total e frações apresentaram comportamento semelhante nos dois grupos, com exceção do HDL que foi superior no Gcont na dosagem de pós-operatorio.Conclusão: Não foram evidenciadas diferenças entre as duas formulações no modelo estudado. Anesthesiology 2005; 103:860-876. Anesth Analg 2001; 93:382-384

AO 236 BLOQUEIO ÁTRIO VENTRICULAR (BAV) DE SEGUNDO GRAU DURANTE A INFUSÃO DE REMIFENTANIL CARLOS EDUARDO PIMENTA; MAURO PRADO SILVA; CHRISTIANO MATSUI; LIGIA ANDRADE MATHIAS SANTA CASA DE SÃO PAULO, SÃO PAULO, SP, BRASIL.

Resumo: Autores: Pimenta CEB, Silva MP, Matsui C, Mathias LAST CET Santa Casa de São Paulo Objetivo: Relatar arritmia grave durante o uso de remifentanil Relato de caso: Homem, 82 anos (altura= 1,7 m e peso= 71 kg), portador de hipertensão arterial, em uso de propranolol 40mg duas vezes ao dia, e hidroclorotiazida 25 mg , uma vez ao dia, eletrocardiograma (ECG) com bradicardia sinusal FC= 60bpm, submetido a polipectomia nasal sob anestesia geral, monitorado com cardioscopia, saturação periférica de oxigênio, pressão arterial e induzido com 2,1 µg.kg-1 de fentanil, 0,3 µg.kg-1 de etomidato, 0,7 µg.kg-1 de rocurônio. Manutenção com propofol (50-80 µ.Kg-1.h-1), remifentanil (0,1-0,3 µ.Kg-1.h-1) e ventilação mecânica com oxigênio e N2O na proporção 1:1. Manteve freqüência cardíaca entre 40-60 bpm, sem resposta a atropina (1,0 mg). No término do procedimento observou-se BAV de segundo grau Mobitz II, (PA=110X70 mmHg). Solicitado marcapasso e finalizada infusão de anestésicos, com despertar do paciente sem marcapasso, e extubado, com retorno ao ritmo sinusal FC=70 bpm. Realizado ECG com bradicardia sinusal (FC=60bpm) sem alteração hemodinâmica e acompanhamento com a cardiologia que descartou doenças cardíacas. Discussão: Anestesia venosa com remifentanil traz benefícios incontestáveis em anestesia para otorrinolaringologia em regime ambulatorial com recuperação mais rápida e eficaz oferecendo segurança na alta; entretanto seu uso não é livre de complicações. As repercussões no sistema cardiocirculatório são conhecidas. As mais comuns; bradicardia e hipotensão; são facilmente detectáveis; o BAV de 1º grau é de difícil detecção enquanto o de 2º grau é mais fácil; podem ser também resultado do uso de remifentanil. Complicações já reconhecidas e demonstradas em modelos animais, adultos e crianças devido o aumento do tempo de condução átrio ventricular e pouca resposta aos anticolinérgicos. Outros fatores ainda podem contribuir para a ocorrência de BAV como por exemplo infarto do miocárdio no intra-operatório e interações medicamentosas. Portanto o uso de remifentanil apesar de seguro para a recuperação, deve ser bem monitorado no intra-operatório. British Journal of Anaesthesia 103 (2): 191–8 (2009) Pediatr Cardiol. 2010 Oct;31(7):1079-82 European Journal of Anaesthesiology: 12 June 2010 - Volume 27 - Issue 47 - p 76

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AO 237 ANÁLISE FÍSICO QUÍMICA E FARMACODINÂMICA DE DUAS MARCAS DE PROPOFOL RICARDO FRANCISCO SIMONI; LUIZ EDUARDO PAULA GOMES MIZIARA; MARTIM AFONSO FERREIRA; CARLOS ALBERTO MORALES JR; CARLOS EDUARDO ESQUEAPATTI SANDRIN CET INSTITUTO PENIO BURNIER E CENTRO MÉDICO DE CAMPINAS, CAMPINAS, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: Existem no Brasil várias marcas de propofol em comercialização. Apesar de regras rígidas da ANVISA, empiricamente, muito se questiona sobre a qualidade e eficácia do propofol genérico em comparação com a marca referência. O objetivo desse estudo foi comparar a quantidade proporcional de principio ativo, o tamanho médio das gotículas da emulsão lipídica, a estabilidade da emulsão lipídica, a resposta hipnótica durante a infusão e o tempo de recuperação entre a marca referência (A) e a genérica (B). Método: Foram analisadas 2 amostras de diferentes lotes das duas marcas estudadas. Análise físico química: Parte Analítica – Análise dos coeficientes de variação (CV%) inter amostras de propofol através do teste de cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massa (LC-MS). Análise da variação do tamanho das gotículas da emulsão: microscopia ótica com aumento 600 e 1000 vezes, análise da variação do tamanho médio das gotículas da emulsão lipídica por espalhamento dinâmico da luz (DLS). Análise da estabilidade da emulsão lipídica pelo potencial zeta. Análise farmacodinâmica: Estudo clínico - Participaram do estudo clínico 15 voluntários sadios do sexo masculino, entre 25 e 40 anos. Todos os voluntários foram monitorados com ECG, SpO2 e BIS. Todos os voluntários foram submetidos à infusão alvo controlada plasmática de propofol marca A e B modelo farmacocinético de Marsh (ke0 0,26 min-1) por 15 minutos com concentração alvo de 3,0 µg/ml. Utilizou-se para isso sistema de infusão alvo controlada composto de bomba de infusão Pilot II acoplada ao gerenciador de infusão Anestfusor. O efeito hipnótico durante a infusão foi baseado pela área sob a curva (AUC) do gráfico do BIS x tempo. O tempo de recuperação foi baseado no tempo necessário para se atingir BIS 70 após término da infusão. Para análise estatística utilizou-se o teste t de Student, onde foi considerada diferença significativa quando p<0,05. Resultados: O CV% inter amostras de propofol entre as marcas A e B foram semelhantes (4,3 e 5,0) com variação P/D 0,77% . A análise subjetiva da microscopia ótica mostrou diferença entre as emulsões da marca A e B, entretanto pelo espalhamento de luz o tamanho médio das gotículas da emulsão foi semelhante (180,5 e 177,0 Đm, respectivamente). O potencial zeta entre as 2 marcas foi semelhante (-52,2 e -46,8 mV, respectivamente). O efeito hipnótico (AUC) entre a marca A e B durante a infusão foi semelhante (899,9 ± 103,1 e 922,2 ± 108,8, respectivamente, p=0,350), porém o tempo de recuperação foi diferente (9,4 ± 4,0 e 7,5 ± 2,8 min, respectivamente, p=0,024). Conclusão: A quantidade de produto ativo nas 2 emulsões de propofol está dentro das normas da ANVISA (CV% < 1). Apesar da diferença microscópica, o tamanho médio das gotículas e a estabilidade da emulsão foram semelhantes. O efeito hipnótico durante a infusão foi semelhante, entretanto o tempo de recuperação dos voluntários foi menor com a marca B. Referência: Int J Pharmaceutics, 2001; 215: 207-220.

AO 238 ANESTESIA VENOSA TOTAL EM PACIENTE COM OSTEOGÊNESE IMPERFEITA. RELATO DE CASO THIAGO RAMOS GRIGIO; GILVANDRO LINS; MATHEUS MIELI MÉDICI; DEISE SALETTI; DEOCLÉCIO TONELLI; DESIRÉE CARLOS CALLEGARI FMABC, SANTO ANDRÉ, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: A osteogênese imperfeita (OI) é uma patologia hereditária autossômica dominante, com prevalência ao nascimento (vivos e mortos) de 1/100.000. É uma patologia que acomete o tecido conjuntivo, causando fragilidade e deformidade óssea. Apresenta ampla variabilidade no quadro clínico podendo estar associada a diversas patologias como: cardiopatias congênitas, anormalidades neurológicas, distúrbios metabólicos, disfunção plaquetária, doenças articulares e odontológicas. São pacientes com maior predisposição à hipertermia maligna, interferindo na escolha da anestesia. É descrito uma anestesia venosa total em paciente portador de OI para tratamento de fratura de fêmur. Relato de caso: sexo feminino,14 anos e 8 meses, ASA II, 45 kg, com diagnóstico de OI. Submetida à cirurgia de osteotomia e osteossíntese do fêmur direito sob anestesia geral venosa total e peridural lombar. Indução venosa com midazolan, fentanil, propofol e atracúrio Após indução, realizado bloqueio peridural lombar com ropivacaína, morfina e fentanil. Manutenção anestésica com propofol e remifentanil em bomba de infusão contínua, sendo o propofol alvo controlado. Parâmetros ventilatórios: ventilação mecânica ciclado a volume. Monitorizado com: pressão arterial invasiva, cardioscópio, oxímetro de pulso, capnógrafo e termômetro esofágico. Procedimento sem intercorrências cirúrgicas ou anestésicas, ao final o paciente foi extubado. sem referir dor na RPA. Discussão: É necessário o diagnóstico de todas as patologias associadas em um paciente com OI, bem como saber as possíveis complicações que podem ocorrer no ato anestésico, para seu melhor planejamento. A técnica de anestesia venosa total, mostra-se como uma boa alternativa, pois o uso de succnilcolina e agentes inalatórios pode desencadear hipertermia maligna, daí a necessidade de monitorização com termômetro esofágico e capnógrafo. O risco aumentado de sangramento pela disfunção plaquetária e diminuição do fator VIII, requer uma monitorização mais invasiva da pressão arterial. Frente a provável via aérea difícil (VAD) se faz necessário a presença de dispositivos para VAD, bem como prévia avaliação desta. A avaliação pré-anestésica na busca de alterações hematológicas que sugiram coagulopatias (como púrpuras no exame físico), alterações metabólicas e cardiopatias contribuem para uma maior segurança do procedimento anestésico-cirúrgico.

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AO 239 ANESTESIA DE BAIXO FLUXO E CONSUMO DE SEVOFLURANO EM ARTROPLASTIA DE QUADRIL VALQUÍRIA SCHRODER1; ANDRE SCHWERTNER1; THEMIS DE ALMEIDA2; PEDRO HENRIQUE IAIONE BELTRAME2; HUGO DANIEL WELTER RIBEIRO2; ELAINE APARECIDA FELIX3 1.UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, FACULDADE DE MEDICINA, PORTO ALEGRE, RS, BRASIL; 2.HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE, PORTO ALEGRE, RS, BRASIL; 3.UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS), FACULDADE DE MEDICINA, SERVIÇO DE CIRURGIA, PORTO ALEGRE, RS, BRASIL. Resumo: Introdução: Anestesia de baixo fluxo (ABF) proporciona vantagens ecológicas, econômicas e aprimora a qualidade do cuidado ao paciente. Pacientes submetidos a cirurgia de grande porte, com prótese de quadril, se beneficiam da combinação anestesia regional e anestesia geral. Objetivo: Avaliar a anestesia de baixo fluxo com relação ao consumo horário de anestésico inalatório em pacientes submetidos à artroplastia de quadril Método: Estudo observacional retrospectivo realizado através da análise de 40 fichas eletrônicas de anestesia. Foram incluídos pacientes submetidos a artroplastia de quadril, submetidos a ABF com sevo usando o ApAn Primus Drager®. Os pacientes foram divididos em Grupo 1- FAG ≥0,5 ≤ 1L/min. e Grupo 2 – FAG <0,5L/min. Parâmetros hemodinâmicos, respiratórios, análise de gases e BIS ® foram registrados. O consumo total de sevo foi obtido ao final do procedimento por cálculo realizado automaticamente pelo software do ApAn. A análise estatística com SPSS (14.0), com t-student para amostras independentes com Đ<0,05. Resultados: A amostra constou de 62% de mulheres; idade de 65 ± 18 anos; peso de 76 ± 17 Kg, altura 1,64 ±0,1m, predominando ASA 2 (70%) e ASA 3 (17,5%). Incluídos 17 pacientes no G1 e 23 no G2. O tempo médio de administração de sevo foi de 152 ± 11 min para G1 e de 164 ± 8 min no G2. O consumo médio de sevo/hora foi respectivamente de 7,6± 0,7 e de 5,7± 0,3 ml/hora para G1 e G2, com diferença estatisticamente significativa no consumo horário (p = 0,011). Os dados hemodinâmicos e respiratórios foram similares em ambos os grupos. Discussão e Conclusão: Utilizar ABF com sevoflurano possibilita uma redução significativa no consumo horário do agente (7,6 x 5,7 ml/h) sendo mais econômico e com maiores benefícios ao paciente, quanto menor o fluxo total de gases frescos (<0,5L/min) com estabilidade hemodinâmica e recuperação suave. Estudos prospectivos estão sendo realizados no nosso serviço para detectar outras possíveis repercussões. Conflito de Interesses: Nenhum. Referências Bibliográficas: 1- Br J Anaesth 2001; 87: 559-63. 2 - Anesthesiology 2006; 104:1202–7.

AO 240 REVERSÃO DO BLOQUEIO NEUROMUSCULAR COM SUGAMADEX EM ELETROCONVULSOTERAPIA LUCAS WYNNE CABRAL; ELIZA SANAE TAKAHATA; ANDREA CARVALHO KNABE; ELIANA MARISA GANEM; JOSÉ REINALDO CERQUEIRA BRAZ; LEANDRO GOBBO BRAZ FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU - UNESP, BOTUCATU, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: A eletroconvulsoterapia (ECT) é procedimento que utiliza estímulo elétrico para desencadear convulsão epileptiforme com finalidade terapêutica. Necessita de ato anestésico com hipnótico, para indução de inconsciência por curto período e que proporcione rápida e segura recuperação, e de relaxamento muscular para prevenção de lesões ósseas, articulares e musculares, através do uso de bloqueador neuromuscular (BNM), que tenha curto período de ação ou cuja ação possa ser rapidamente antagonizada. O objetivo do relato de caso é o de demonstrar a utilização de sugamadex na reversão de bloqueio neuromuscular após a realização de ECT em paciente com contra-indicação para uso de succinilcolina. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 70 anos, 40 kg, 1,45 m, ASA II, branca, com diagnóstico de transtorno depressivo maior, em tratamento com citalopram e ECT. Antecedentes pessoais: glaucoma de ângulo fechado e hipertensão arterial sistêmica controlada com hidroclorotiazida. Admitida na SO consciente, orientada, em jejum, para submeter-se a 66ª sessão de ECT. Monitorição com PANI (150x90 mmHg), oxímetria de pulso (SpO2 de 95% em ar ambiente), cardioscopia (ritmo sinusal, FC de 90 bpm), além de monitorização da junção neuromuscular utilizando a sequência de quatro estímulos (SQE) do nervo ulnar. Manguito pneumático aplicado ao membro superior esquerdo (MSE). Após pré-oxigenação com O2 a 100%, realizou-se sedação com 50mcg de fentanila e, posteriormente, 8 mg de etomidato (fármacos utilizados nas outras sessões). Insuflado o manguito no MSE 100 mmHg acima da PAS e administrado brometo de rocurônio (0,6 mg/kg). Quando na SQE não houve nenhuma resposta, o eletrochoque foi aplicado, sendo a convulsão efetiva e isolada no MSE. Desinsuflação do manguito e administração de sugamadex (4mg/kg). A paciente apresentou quatro respostas na SQE com T4/T1 de 94% após 64 s e de 100% após 85 s da infusão do sugamadex. Paciente encaminhada à SRPA sonolenta, hemodinamicamente estável, em ventilação espontânea, SpO2 de 97% com máscara de O2. Teve alta hospitalar após 1 hora, sem nenhuma queixa. Conclusão: Por suas propriedades farmacocinéticas, a succinilcolina permanece como o BNM mais utilizado na prática clínica para redução das intensas contrações musculares induzidas pela ECT, a despeito de efeitos colaterais, como mialgia, hipercalemia, bradiarritmias e aumento das pressões intracraniana e intraocular. A associação rocurônio-sugamadex mostrou-se alternativa segura e eficaz na ECT em paciente idoso com contra-indicação ao uso de succinilcolina. Referências: Anesth Analg, 2002; 94: 1351–1364; J Anesth, 2011; 25: 286-290 Conflito de interesse: Não Fontes de Fomento: Não

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AO 241 USO DO SUGAMADEX EM PACIENTE COM MIASTENIA GRAVIS LUCAS PERRONE GOMES1; JOAO MARTINS GRECO1; CAMILA SOUZA HAGUI1; RAFAEL HANNICKEL SOUZA1; JOSE FERNANDO AMARAL MELETTI1; JOSE EDUARDO OROSZ2 1.CET/SBA FACULDADE DE MEDICINA DE JUNDIAI, JUNDIAI, SP, BRASIL; 2.CET HMCP - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS, CAMPINAS, SP, BRASIL. Justificativa e Objetivos A Miastenia Gravis é uma doença autoimune da placa motora. Anticorpos contra receptores da acetilcolina promovem alteração da transmissão neuromuscular. Nos miastênicos, o manejo anestésico necessita de cuidados especiais, principalmente quanto ao uso dos bloqueadores neuromusculares (BNM). O presente relato descreve a anestesia geral venosa total para substituição de prótese mamária bilateral com a utilização de um reversor específico do rocurônio, o sugamadex, promovendo uma reversão segura do bloqueio neuromuscular, sem sinais de falha, diminuindo os riscos do uso dos BNM em miastênicos . Relato do Caso: Paciente do sexo feminino, 59 anos, 72kg, 170cm, estado físico ASA II, portadora de Miastenia Gravis, timectomizada há 27 anos, hipertensa em uso de Perindopril. Exame físico normal, pressão arterial (PA), 119 X 58mmHg, frequência cardíaca 70bpm. Exames pré-operatórios laboratoriais normais e eletrocardiograma com distúrbio de condução do ramo direito. A monitorização utilizada foi cardioscopia em derivação DII e V5, oximetria de pulso,pletismografia, PA não invasiva, capnografia e capnometria, analisador de gases, diurese através da sondagem vesical de demora, e monitorização bloqueio neuromuscular pela sequência de quatro estímulos (train of four) TOF. Realizada anestesia geral com indução anestésica intravenosa(IV) com midazolam 0,5 mg.kg-1 , lidocaína 2% sem vasoconstritor 1mg.kg-1 , sulfentanil 0,5. µkg-1, propofol 1% com alvo em sítio de efeito de 2,3 µg.ml-1 e rocurônio 0,6 mg.kg-1. Após intubação orotraqueal(IOT), a manutenção foi feita com propofol 1% 2,3 µg.ml-1 alvo controlado , remifentanil 0,15 µg.kg-1.min-1, e rocurônio IV em bôlus 0,15mg.kg-1 ao aparecimento de T2 no TOF. Após término da cirurgia foi realizado reversão do bloqueio neuromuscular com sugamadex 2mg.kg-1, ocorrendo a descurização total, TOF 100% em 63 segundos. Após a desintubação, feitos testes motores com sucesso, mostrando sinais clínicos de completa reversão do bloqueio neuromuscular. Discussão: O paciente miastênico tem uma sensibilidade aos BNM adespolarizantes aumentada, além disso apresentam uma imprevisiblidade da reversão do bloqueio neuromuscular. Até o desenvolvimento do sugamadex, os anticolinesterásicos eram a única opção para reversão do bloqueio neuromuscular. Assim, o sugamadex permitiu uma rápida, segura e completa reversão do bloqueio, preservando função respiratória, e levando a uma curta permanência na sala de cirurgia e na sala de recuperação pós anestésica, evitando a necessidade de internação em unidade de tratamento intensivo, provável destino deste paciente caso a extubação estivesse impossibilitada pela dificuldade de antagonismo do BNM. Desta forma o uso do sugamadex agregou qualidade, segurança, previsibilidade e fármacoeconomia ao ato anestésico, pois apesar do alto custo da medicação, seu uso implicou em redução de custos na internação hospitalar.

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AO 242 CONTAGEM PÓS TETÂNICA COMO PREDITOR INDEPENDENTE DO TEMPO PARA O APARECIMENTO DA PRIMEIRA RESPOSTA DE UMA SEQUÊNCIA DE QUATRO ESTÍMULOS EM BLOQUEIO NEUROMUSCULAR PROFUNDO INDUZIDO PELO ROCURÔNIO MARIANA EMI MAKITA; MARCIO JOAQUIM LOSSO; GETULIO RODRIGUES DE OLIVEIRA FILHO CET/SBA INTEGRADO DE ANESTESIOLOGIA DA SES-SC, FLORIANÓPOLIS, SC, BRASIL. Resumo: CONTAGEM PÓS TETÂNICA COMO PREDITOR INDEPENDENTE DO TEMPO PARA O APARECIMENTO DA PRIMEIRA RESPOSTA DE UMA SEQUÊNCIA DE QUATRO ESTÍMULOS EM BLOQUEIO NEUROMUSCULAR PROFUNDO INDUZIDO PELO ROCURÔNIO CET/SBA Integrado de Anestesiologia da SES-SC – Rua Irmã Benwarda 297 – 88015-360 – Florianópolis – SC Justificativa e Objetivo: A contagem pós-tetânica (CPT) é utilizada para avaliação do bloqueio neuromuscular adespolarizante profundo. A sequência de quatro estímulos (SQE) é utilizada para avaliar a reversão do bloqueio neuromuscular adespolarizante. O tempo para aparecimento da primeira resposta (T1) de uma SQE pode ser estimado a partir da CPT1,2. Esse estudo teve por objetivo desenvolver um modelo matemático preditivo do tempo para expressão de T1 a partir do número de respostas da CPT durante BNM profundo induzido pelo rocurônio. Materiais e Métodos: Este estudo, prospectivo observacional, foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição. Foram incluidos 19 pacientes adultos, de ambos os gêneros, submetidos a anestesia geral venosa total com propofol e remifentanil. Rocurônio (0,6-0,9 mg.kg-1) foi utilizado para facilitar a intubação orotraqueal. A função neuromuscular foi quantificada por acelerometria (TOF Watch® - Organon Ltda., Dublin). CPT e SQE foram aplicadas a cada 6 minutos e 12 segundos, respectivamente. Os intervalos de tempo (minutos) entre as medidas da CPT e o aparecimento de T1 foram registrados. Regressão linear múltipla com seleção anterógrada foi utilizada para definir o modelo preditivo do tempo para expressão de T1, tendo como variáveis independentes a CPT e as seguintes transformações: raiz quadrada, logarítimos, quadrado da CPT e respectivos números recíprocos. A confiabilidade do modelo foi confirmada por reamostragem aleatória com reposição (bootstrap), com 2000 replicações, para cálculo dos intervalos de confiança dos coeficientes. Resultados: Foram realizadas 114 observações. A variável preditiva selecionada foi a raiz quadrada da CPT, com coeficiente de correlação (R) = 0,80, erro padrão de 8,72 minutos e coeficiente de determinação ajustado (R2) = 0,64. A equação preditiva resultante foi 32.449 – 9,296 x √CPT. A média dos resíduos foi 0 ± 8,68 minutos. Discussão e conclusões: A raiz quadrada da contagem pós-tetânica pode ser utilizada para predizer o tempo, em minutos, para o aparecimento de da primeira resposta da sequência de quatro estímulos durante bloqueio neuromuscular profundo induzido pelo rocurônio. Referência: 1 - Acta Anesthesiol Scand, 2001; 45: 612-617. 2 - J Clin Anesth, 2003; 15: 328 –333.

AO 243 REVERSÃO DE BLOQUEIO NEUROMUSCULAR COM USO DE SUGAMADEX EM PACIENTE IDOSA PORTADORA DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA. RELATO DE CASO. LAIS HELENA CAMACHO NAVARRO; MIGUEL HENRIQUE FARAH; DANIEL BRUNO GILIO; RODRIGO MOREIRA LIMA; YARA MARCONDES MACHADO CASTIGLIA FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU - UNESP, BOTUCATU, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: Sugamadex, como antagonista do bloqueio neuromuscular (BNM), ajuda a compor o arsenal cada vez mais completo a ser utilizado para anestesia mais segura. Seu uso, associado à monitorização do BNM, permite a manutenção do relaxamento adequado para a cirurgia e reversão rápida e segura para extubação, mesmo em pacientes idosos e portadores de comorbidades. Objetivo: Descrever um caso de reversão do BNM com sugamadex em paciente idosa portadora de disfunção cardíaca. Caso: Paciente feminina, 81 anos, 80 Kg, hipertensa crônica, foi submetida à videotoracoscopia em critério de urgência para correção de hemotórax septado após trauma fechado. Admitida na sala de cirurgia em REG, consciente e contactante. SpO2=88% sob cateter de oxigênio, FC=90 bpm, PANI=160x95 mm Hg. Raio X de tórax com velamento em ápice E e área cardíaca aumentada. Ecocardiograma com aumento biatrial, aumento de VD, hipertrofia de VE, disfunção diastólica do VE, insuficiência valvular mitral e tricúspide e fração de ejeção (FE)=43%. Monitorizada com cardioscopia, PANI, SpO2, capnografia e TOF. A anestesia foi induzida com etomidato, fentanil e rocurônio e mantida com isoflurano, remifentanil e rocurônio (0,1 mg/kg quando necessário). TOF mantido entre 0-2 respostas durante o procedimento. No final da cirurgia, 20 min após última dose de rocurônio, a monitorização do BNM mostrava TOF=2. Administrados 2 mg/kg de sugamadex. Após 210 segundos, obtivemos TOF de 0,9, e, após 225 segundos, TOF era 0,95, quando foi retirado o tubo traqueal. Encaminhada à SRPA, onde permaneceu por 1hora, recebendo alta para a enfermaria sem evidências de curarização residual. Discussão e conclusão: O manejo anestésico de pacientes idosos pode ser desafiador por várias razões, incluindo alterações farmacocinéticas e hemodinâmicas. A eficiente e rápida reversão do BNM com sugamadex foi comprovada em vários estudos em pacientes adultos. Na literatura, o tempo médio necessário para reversão do BNM com sugamadex na dose de 2 mg/kg foi de aproximadamente 2 minutos em estudos em adultos jovens para TOF = 0,9. O presente caso mostra que ocorreu retardo na reversão do BNM com a dose de 2 mg/kg de sugamadex (3,5 minutos para TOF=0,9). Possível explicação para este retardo é a disfunção da circulação dinâmica (diminuição da FE), diminuindo a distribuição do sugamadex. Outro fator que pode influenciar na rápida reversão do BNM é a diminuição da perfusão muscular nos idosos que prejudica a distribuição e redistribuição do rocurônio e do sugamadex. Porém, apesar do retardo na reversão do BNM apresentado neste caso, o tempo de reversão de 3,5 minutos ainda é consideravelmente mais rápido do que o apresentado na literatura para a reversão do BNM com outros agentes antagonistas como neostigmina (19 minutos aproximadamente). Concluindo, 2 mg/kg de sugamadex facilitou a rápida reversão do BNM produzido pelo rocurônio em paciente idosa com alteração da função cardíaca. Referência: Anesthesiology 2011; 114:318-29.

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AO 244 USO DE TABLETS EM ANESTESIA ROHNELT MACHADO OLIVEIRA1; MANOEL TEODORO CUNHA2; ROSELI VALÉRIO CUNHA1; SERGIO SCHEER2; MARIO ANDRE SANTOS1; ARTHUR RUZZON CARDOSO3 1.HOSPITAL NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS, CURITIBA, PR, BRASIL; 2.UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ, CURITIBA, PR, BRASIL; 3.HOSPITAL NOSSA SENHORA DO ROCIO, CAMPO LARGO, PR, BRASIL. Resumo: USO DE TABLETS EM ANESTESIA Cunha, M.T.F.; Oliveira, R.M.; Cunha, R.T.V.; Scheer, S.; Santos, M.A.; Cardoso, A.R Residência Médica em Anestesiologia do Hospital N S Graças - Curitiba/ Paraná Justificativa e objetivos: Demonstrar a viabilidade do uso de tablets durante o procedimento anestésico, desenvolvendo um aplicativo para preenchimento do registro da anestesia. Método: O modelo de tablet escolhido foi o iPad ®. Devido a sua interface gráfica ter sido exaustivamente avaliada mundialmente, enquanto outros equipamentos tem se limitado a copiar os seus recursos. Outro motivo foi a sua grande aceitação, indicando que os esforços dispendidos no desenvolvimento do aplicativo não seriam perdidos com uma possível descontinuação na fabricação do produto, o que efetivamente ocorreu com outros tablets. A linguagem de programação orientada ao objeto (ObjectiveC)1 e a biblioteca Cocoa Touch2 foram utilizadas para a criação de interfaces gráficas, implementação de recursos interativos, criação de documentos, integração com outros aplicativos e comunicação pela Internet. O sistema operacional utilizado por este tablet é o iOS ®. Neste sistema, a impressão de documentos é feita através de uma rede sem fio (wifi) ® utilizando-se um recurso conhecido como AirPrintTM, compatível com poucas impressoras. Então neste aplicativo, as informações coletadas são reunidas em um arquivo PDF ®. Sendo impresso nos diversos sistemas operacionais. O registro de anestesia é enviado como um anexo de mensagem de e-mail, se integrando ao sistema do hospital ou opcionalmente armazenar este arquivo, formando assim seu arquivo pessoal de anestesias. O próprio programa de e-mail pode ser utilizado como forma primária de armazenamento. Permite ao usuário adicionar um evento ao aplicativo de calendário, iCal ®, mantendo um registro de suas anestesias com consulta de forma simples e rápida, uma vez que o iCal ® permite a visualização diária, mensal e anual dos eventos registrados. Resultados: O aplicativo foi testado em 100 pacientes durante 30 dias. Os arquivos gerados foram adicionados aos arquivos da consulta pré-anestésica no sistema de informática hospitalar. A intenção de oferecer ao anestesiologista uma interface gráfica semelhante a ficha de anestesia impressa se mostrou uma premissa correta no desenvolvimento do aplicativo, tornando o programa efetivamente intuitivo. O uso de elementos visuais da interface gráfica de usuário proposta pelo fabricante do tablet também contribuiu de forma significativa para reduzir a curva de aprendizado do programa. Conclusões: Este estudo demonstra a viabilidade do uso pelo médico anestesiologista de computadores do tipo tablet durante o procedimento anestésico. Os inúmeros recursos disponíveis no iPad® permitem ainda vislumbrar um conjunto de novas funcionalidades do aplicativo. Unitermos: Informática médica, tablets, anestesia. Referências: (1) Programming in Objective-C 2.0. 2nd ed. 2009. (2) Cocoa Design-2010.

AO 245 ANESTFUSOR®: GERENCIADOR DE INFUSÃO VENOSA RICARDO FRANCISCO SIMONI; LUIZ EDUARDO PAULA GOMES MIZIARA; MARTIM AFONSO FERREIRA; TAÍS PIGNATARI ROSAS MENIN; PRISCILA RODRIGUES RESENDE; MARINA GROSS GOMES CET INSTITUTO PENIDO BURNIER E CENTRO MÉDICO DE CAMPINAS, CAMPINAS, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: O gerenciamento de bombas de infusão através de programa de computador é algo factível. O programa mais conhecido é o RUGLOOP® (Universidade de Gent – Bélgica). Mais recentemente desenvolvido, o Anestfusor® (Faculdade de Medicina da Universidade do Chile) permite o gerenciamento de até 4 bombas de infusão e a capta sinais advindo de monitores de hipnose (BIS, por exemplo). Entretando, não é capaz de captar sinais hemodinâmicos e respiratórios advindos dos monitores de anestesia, como o RUGLOOP®. Método: A arquitetura do Anestfusor® baseia-se em 3 módulos independentes: interface gráfica – controla toda a interação com o usuário, mostra gráficos, alarmes e entrada de dados; motor – realiza todos os cálculos matemáticos e administra a memória; comunicação – encarregada de interagir com o hardware mediante protocolo RS232. O Anestfusor® é compatível com os seguintes periféricos: Base A ou Orchestra em conjunto com os módulos DPS (Fresenius-Kabi), Pilot Anaesthesia 2 (Fresenius-Kabi), Asena TIVA MK III (CardinalHealth)monitor BIS A-2000, XP e Vista (Aspect Medical Systems), monitor CSM (Danmeter) e monitor IoC-View (Morpheus Medical). Além do modo Estudo e Reprodução, permite ao usuário realizar infusão alvo-controlada de vários fármacos venosos com bomba de seringa simples (modo Real). Ë necessário para seu funcionamento um computador portátil e um adaptador USB/Serial, além dos cabos seriais específicos. Dentre os modelos farmacocinéticos para TCI, estão disponíveis: Marsh (propofol plasma), Schnider (propofol plasma/efeito), White (propofol plasma), Marsh 1.6 (propofol plasma/efeito), Minto (remifentanil plasma/efeito), Scott (fentanil plasma), Greenblatt (midazolam plasma/efeito), Domino (cetamina plasma) e Dyck (dexmedetomidina plasma). Além disso, realiza infusão contínua de rocurônio, atracúrio, cisatracúrio e mivacúrio. Utiliza uma interface gráfica ou numérica de fácil programação pelo usuário. Possui todos os alarmes de segurança das respectivas bombas de infusão e monitores. Permite ainda inserir comentários durante a infusão/simulação e exportar os dados armazenados para formato TXT, DOC ou XLS ao final da mesma. Conclusão: Esse programa de gerenciamento de infusão é útil tanto para a prática clínica na realização de infusão alvo-controlada através de bomba de seringa simples, como também é ferramenta útil para pesquisa clínica e experimental. Referência: Journal of Phamacokinetics and Biopharmaceutics, 1992; 20:147-169.

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AO 246 DEXMEDETOMIDINA PROTEGE A ENZIMA AMINOLEVULINATO DESIDRATASE(ALA-D) DE INATIVAÇÃO PELA HIPER-OXIGENAÇÃO EM ANESTESIA INTRAVENOSA TOTAL(AIVT) NEUSA MARIA HEINZMANN BÜLOW; EDUARDO FRANCISCO MAFASSIOLI CORREA; EMILY PANSERA WACZUK; ANDREA SIMOES; ANELISE LAUDA; ROBERTA SENGER UFSM, SANTA MARIA, RS, BRASIL.

Resumo: DEXMEDETOMIDINA PROTEGE A ENZIMA AMINOLEVULINATO DESIDRATASE(ALA-D) DE INATIVAÇÃO PELA HIPER-OXIGENAÇÃO EM ANESTESIA INTRAVENOSA TOTAL(AIVT) Autores: Neusa Maria Heinzmann Bulow, Eduardo Francisco Mafassioli Correa, Emily Pansera Waczuk, Andréa Simoes, Anelise Lauda, Roberta Senger CET Manoel Antônio Pereira Alvarez, Hospital Universitário de Santa Maria(HUSM), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), RS Justificativa e Objetivos: A enzima ALA-D é sensível a agentes pró-oxidantes, incluindo a molécula de oxigênio. Neste trabalho, testamos se a hiperoxigenação após AIVT poderia interagir com o tipo de anestesia utilizado, sendo o propofol associado à infusão de remifentanil ou dexmedetomidina, usando a atividade sérica da ALA-D e Susbstâncias Reativas ao Ácido Tiobarbitúrico (TBARS) como pontos finais de toxicidade. Método: Após aprovação pelo comitê de Ética da UFSM (protocolo 13477), e após consentimento livre e esclarecido, 30 pacientes do sexo feminino, estado físico ASA I e II, submetidas à videolaparoscopia ginecológica participaram do estudo. Foram randomizadas e distribuídas de forma cega em dois grupos usando remifentanil REM (0.3 mg/kg/min)ou dexmedetomidina DEX (0.5 mg/kg/h), em infusão contínua, associados ao propofol em infusão alvo controlada, mantendo variáveis hemodinâmicas dentro de 30% dos níveis basais. Todos os pscientes foram ventilados com 100% O2. Amostras de sangue venoso foram coletadas antes do procedimento cirurgico, e 40 min após o seu início, sendo dosada a ALA-d dentro das 3h seguintes. A atividade da d-ALA-D foi medidaa de acordo com o método de Berlin e Schaller. TBARS foi quantificado pelo método de Okhawa. Os dados d-ALA-D and TBARS foram analisados pelo método two-way ANOVA com medidas repetidas.Comparações intragrupo foram realizadas com o teste t pairado. Diferenças foram consideradas significativas quando p < 0.01. Análises de correlação usaram teste R de Spearman. Resultados: Na ausência ou presença de ditiotreitol (DTT) a atividade da ALA-D foi reduzida após hiper-oxigenação no grupo tratado com remifentanil e não foi modificada no grupo da dexmedetomidina. O TBARS aumentou consideravelmente em ambos os grupos após hiper-oxigenação. Os resultados obtidos sugerem que a hiper-oxigenação esteve associada com um marcado aumento na produção de TBARS, independentemente do tipo de anestesia utilizado. A atividade da ALA-D foi inibida apenas no grupo do remifentanil, indicando uma possível interação entre a oxigenação e o tipo de anestesia. Conclusões: Esta é a primeira demonstração de que a dexmedetomidina pode proteger a ALA-D sanguínea da oxidação. Contudo, maiores estudos são necessários para estabelecer um possível efeito anti-oxidante da dexmedetomidina contra hiper-oxigenação em sangue humano. Unitermos: hiper-oxigenação, dexmedetomidina, remifentanil, estresse oxidativo, ALA-D, TBARS Bibliografia: Clin Biochem 2004; 37: 312–317; Clin Biochem 2005; 38: 706–711; Anesthesiology 2009; 110: 1077–1085.

AO 247 EXAMES COMPLEMENTARES PRÉ-OPERATÓRIOS: ROTINA OU INDICAÇÃO CLÍNICA? DELMAR CELESTINO FRAGUAS1; GUILHERME BARBIERI LISE2; JULIO TANAKA2 1.CLINICA DE ANESTESIOLOGIA DE CAXIAS DO SUL, CAXIAS DOS UL, RS, BRASIL; 2.UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA, JOAÇABA, SC, BRASIL.

Resumo: Fomento, conflitos de interesse e CEP:Não há conflitos de interesse e os recursos da pesquisa partiram dos próprios pesquisadores.A pesquisa foi autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unoesc conforme parecer 220/2010 e o parecer foi emitido em 27/10/2010. Justificativa e Objetivos:A solicitação de exames complementares ajuda o anestesiologista e o cirurgião na decisão de suas condutas.Na prática diária algumas rotinas de exames nem sempre são condizentes com as necessidades ou compatíveis com o problema de saúde apresentado pelo paciente.O presente trabalho avaliou se os exames pré-operatórios trazidos pelos pacientes durante a consulta pré-anestésica foram solicitados de forma criteriosa ou apenas por rotina de um serviço, e se o resultado dos exames determinou mudança nas condutas anestésicas e/ou manejo clínico. Método:Pacientes de todas as idades que compareceram a consulta pré-anestésica portando exames pré-operatórios foram avaliados quanto a indicação clínica de seus exames.Os critérios utilizados para avaliação dos exames foram retirados das seguintes referências: Força Tarefa da ASA (Practice Advisory for Preanesthesia Evaluation); Guia de Orientações de Exames Pré-operatórios (Evidence, Methods & Guidance) da Health Technology Assessment – National Health System e do trabalho de revisão de Smetana e Macpherson (2003) (The Case Against Routine Preoperative Laboratory Testing). Todos os exames e pacientes foram avaliados por um único anestesiologista. Resultados:Os exames foram considerados como puramente de rotina, sem critérios clínicos em: 70% dos hemogramas, 80,1% das provas de coagulação, 62,5% das dosagens de sódio e potássio, 35,97% dos exames de função renal, 52,83% das glicemias de jejum, 64% dos exames de urina, 21,05% dos ECG e 24,53% das radiografias de tórax.O resultado dos exames levaram a mudança no manejo anestésico/clínico em 0,7% do total de exames. Conclusões: Várias razões levam os médicos a solicitar os exames pré-operatórios como rotina.Dados americanos estimam que pelo menos 10% dos 30 bilhões de dólares gastos anualmente em exames laboratoriais são gastos em rotinas pré-operatórias.Tal número nos faz despertar para a necessidade da solicitação de uma rotina de exames mais criteriosa. Quando são levados em consideração o histórico e o exame físico como determinantes primordiais dos exames pré-operatórios, cita Mathias (2006), de 60% a 70% dos testes laboratoriais realizados não são realmente necessários. Nosso trabalho obteve valores próximos ao citado por Mathias na maioria dos exames. Sendo que 70% dos hemogramas e 80% dos coagulogramas foram solicitados apenas por rotina.A pesquisa também constatou que os exames de função renal, ECG e radiografia de tórax na maioria das vezes possuíam critérios formais para sua indicação. Referências:The Medical Clinics of North America, 2003; 87: 7-40. Anestesiology of North America, 2004; 22: 13-25. Revista Brasileira de Anestesiologia,2006;56:6:658-668.

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AO 248 VIA DA HEMEOXIGENASE-1/ BILIVERDINA/ MONÓXIDO DE CARBONO REDUZ HIPERNOCICEPÇÃO E INFLAMAÇÃO DA ARTRITE NA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR INDUZIDA POR ZYMOSAN CAMILA BARBOSA GONDIM; HELLÍADA VASCONCELOS CHAVES; KÁTIA ALVES RIBEIRO; MIRNA MARQUES BEZERRA; GERLY ANNE DE CASTRO BRITO; ANTONIO ALFREDO RODRIGUES E SILVA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, SOBRAL, CE, BRASIL.

Resumo: Laboratório de Farmocologia de Sobral-Faculdade de Medicina-Universidade Federal do Ceará (UFC)- Campus Sobral CNPq/Universal, processo nº 479605/2009-2. Comitê de Ética em Pesquisa Animal- UFC, Protocolo nº 26/08 Justificativa e Objetivo:Artrite da articulação temporomandibular (ATM) é um importante entidade clínica. Com o intuito de aprofundar sua fisiopatologia, objetivou-se investigar os efeitos da via HO-1/biliverdina/monóxido de carbono na artrite da ATM induzida por zymosan. Materiais e métodos:Ratos Wistar machos (160-220 g) foram pré-tratados com moduladores da via HO-1/BVD/CO: Hemina (substrato da via: 0,1; 0,3, ou 1 mg/kg; s.c), DMDC (doador de CO: 0,025; 0,25 ou 2,5 µMol/Kg; s.c), ZnPP-IX (inibidor específico da HO-1: 1, 3 ou 9 mg/Kg; s.c) ou biliverdina (produto da via: 1, 3 ou 10 mg/Kg; s.c) 60min antes da artrite da ATM ser induzida por 40µL de zymosan injetado na ATM esquerda (i.a). O grupo Sham recebeu salina na ATM esquerda (i.a), o grupo zymosan recebeu solução salina (s.c) 60min antes da artrite na ATM (Zy: 2mg ou 1mg), e indometacina (5 mg/kg) foi usado como grupo controle positivo. Os parâmetros avaliados foram: teste do Von Frey para hipernocicepção na 4ª h após indução da artrite, contagem do influxo de leucócitos e atividade da mieloperoxidase (MPO) do lavado articular, e análise histopatológica da ATM na 6ª h. Os resultados foram expressos como média + erro padrão da média (EPM) com significância de p<0,05. Foi utilizado ANOVA seguido de Bonferroni. Para histopatolgia foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis e Dunn´s. Resultados:Hemina 0,3 mg/kg (4050 ± 987, 77.2 ± 28.6), DMDC 2,5 µMol/Kg (2146±1261, 44.7±11.1) e biliverdina 10 mg/kg (3567 ± 554, 43.72 ± 18.9) reduziram (p<0,05) a contagem do influxo de leucócitos e a migração de neutrófilos detectados pelo ensaio MPO do lavado da ATM em relação ao zymosan (32690 ± 6532, 307.3 ± 64.3), respectivamente. Por outro lado, ZnPP-IX 3 mg/kg (27936 ± 5356, 77.2 ± 13.4) potencializou (p <0,05) a contagem do influxo de leucócitos e a atividade da MPO do lavado da ATM, em relação ao grupo zymosan Zy: 1mg (11156 ± 1166, 39.9 ± 13.4), respectivamente. Análise histopatológica da ATM evidenciou que zymosan 2mg aumentou (p<0,05) influxo celular na membrana sinovial, no tecido periarticular e no tecido muscular comparado ao grupo sham. Hemina 0,3 mg/kg, DMDC 0,25 µmol/kg e Biliverdina 10 mg/kg reduziram (p<0,05) o influxo celular comparado ao grupo zymosan. ZnPP 3 mg/kg apresentou quadro inflamatório semelhante ao zymosan. Discussão e conclusão: Estes resultados sugerem a participação da via HO-1/BVD/CO nos mecanismos fisiopatológicos da inflamação e nocicepção na artrite da ATM. Referências bibliográficas: Pharmacololgical reports, 2011; 63: 112-119. Journal of Biomedicine and Biotechnology, 2011; Vol 2011, Article ID 707985, 11 pages.

AO 249 EFEITOS DA PINEALECTOMIA E DA REPOSIÇÃO DE MELATONINA NA DENSIDADE DE FIBRAS NOCICEPTORAS TRPV1 NA MUCOSA DO CÓLON DE RATOS WAYNICE NEIVA DE PAULA GARCIA1; VINÍCIUS KANNEN CARDOSO2; JOÃO ABRÃO1; SÉRGIO BRITTO GARCIA2 1.HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE RIBEIRÃO PRETO - USP, RIBEIRAO PRETO, SP, BRASIL; 2.DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO - USP, RIBEIRAO PRETO, SP, BRASIL.

Resumo: Fonte de Fomento: FAPESP. Não há conflitos de interesse relacionados ao presente trabalho. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS – A glândula pineal exerce importante papel na nocicepção, sua remoção acentua fenômenos dolorosos em ratos e o seu principal hormônio, a melatonina, tem potentes efeitos analgésicos em pacientes com dor crônica (como na fibromialgia e síndrome do cólon irritável) ¹. Entretanto, permanecem desconhecidos os possíveis mecanismos da ação pró-analgésica da pineal. A hipersensibilidade visceral do cólon, secundária a doenças inflamatórias, é vinculada a aumento da expressão, nas fibras de neurônios aferentes colônicos e espinhais, dos nociceptores “Transient Receptor Potential Vanilloid type 1” (TRPV1) ², havendo conexão entre TRPV1 e modulação da pineal ³. Portanto, o objetivo do presente trabalho foi estudar a longo prazo a influência da pinealectomia e da melatonina sobre densidade de fibras TRPV1+ na mucosa do cólon de ratos. MATERIAIS E MÉTODOS – Foram usados quatro grupos de ratos Wistar (n=10). O Grupo C foi controle e o Grupo M foi suplementado com Melatonina (10mg/Kg/dia, i.p., 14 dias). Estes dois grupos permaneceram sob ciclos de claridade / escuridão alternadas de 12/12h. O Grupo L foi submetido à ablação da função da glândula pineal (pinealectomia funcional) através da iluminação constante com lâmpada fluorescente (3000 lux de intensidade, 14 dias). O grupo LM foi submetido à pinealectomia funcional e à suplementação com melatonina nas condições acima mencionadas. Todos os animais foram submetidos no início do experimento a um estímulo inflamatório através da injeção de dimetil-hidrazina (125mg/Kg, i.p.). Depois de dez meses, os animais foram sacrificados para coleta do cólon, processamento imuno-histoquímico para fibras TRPV1 +, quantificação das fibras através de sistema de análise de imagens (Zeiss) e análise estatística dos resultados (teste ANOVA). RESULTADOS – Não houve diferença significativa do peso corporal entre os grupos e não se observou reação inflamatória nos cólons examinados. Foram obtidos os seguintes resultados na quantificação de fibras TRPV1 + (fibras/mm2): Grupo L (42,3±11,5); Grupo LM (23,7±5,3); Grupo C (18,2±3,4) e Grupo M (10,5±1,8). A análise estatística mostrou diferença significante na comparação entre todos os grupos, da seguinte forma: L>LM>C>M (p<0,01; teste ANOVA). DISCUSSÃO E CONCLUSÕES – A pinealectomia exerceu efeito estimulatório na expressão de fibras TRPV1+ na mucosa colônica de ratos, efeito que foi parcialmente inibido pela Melatonina exógena. A Melatonina exerceu efeito inibitório na expressão de TRPV1 em animais sob ciclos alternados de luz. Os achados permitem inferir que a modulação da expressão de TRPV1 é um dos mecanismos pelos quais a pineal e a melatonina modulam a hipersensibilidade e a dor crônica no cólon. REFERÊNCIAS – 1. J Pineal Res, 2011; 10.1111/j.1600-079X.2011.00895.x 2. Eur J Pharmacol, 2010; 647:75-83 3. Neuroendocrinology, 2010; 92:133-142

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AO 250 AVALIAÇÃO PRÉ OPERATÓRIA EM PACIENTE CARDIOPATA PARA CIRURGIA NÃO CARDÍACA CAROLINE LOIS RODRIGUES; ARMIN GUTTMAN; AMERICO AUTRAN NETO; OSWALDO OLIVEIRA PACHECO; MARCO ANTONIO FERRO; JORGE RONALDO MOLL HOSPITAL FEDERAL DE BONSUCESSO, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Objetivo - A avaliação pré operatória de rotina comumente envolve um número considerável de exames diagnósticos que procuram estratificar o real quadro clínico do paciente. Estes exames frequentemente estão associados a custos e a problemas logísticos que postergam em demasia a realização do procedimento. É fundamental uma história clínica detalhada das possíveis patologias associadas antes da solicitação de propedêutica mais complexa. Relato do Caso – Paciente feminina, 63 anos, será submetida a transplante de córnea. Na história clínica relata hipertenão arterial. Está em uso de AAS, Enalapril, Carvedilol, Isordil e Hidroclorotiazida. Apresenta ECG com BRD de terceiro grau. O ECO mostra aumento do diâmetro de VE, disfunção sistólica global associada a disfunção diastólica de VE e FE=37%.Apesar dos problemas descritos,realiza tarefas com demanda metabólica equivalente a 10 METs. Solicitado CAT que mostrou coronárias livres de lesões obstrutivas e ventriculografia com cavidades e volumes contráteis normais. A paciente foi liberada e o procedimento realizado sem intercorrências. Discussão – Apenas 20% dos pacientes com ECG alterado tem suas cirurgias suspensas e não ocorrem efeitos adversos em pacientes submetidos ao procedimento cirúrgico, apesar das anormalidades gráficas. A literatura relata que um ECG de repouso tem valor limitado na estratificação. ECO de repouso é importante nas cardiopatias isquêmicas para se avaliar a função ventricular através da fração de ejeção e dos volumes sistólico e diastólico, mas é um exame observador dependente. Conclusões – Exames simples como a eletrocardiografia não devem ser desprezados, pois são baratos e de fácil realização, mas é fundamental que a história clínica prevaleça, principalmente quando é notória uma boa capacidade funcional e a ausência de preditores clínicos de risco cardiovascular alto ou intermediário. O paciente possui apenas um preditor leve, ou seja, ECG alterado. A estes dados devemos acrescentar o fato que a cirurgia proposta é de risco cardíaco baixo. Considerando-se o evento cirúrgico uma real possibilidade na melhora da qualidade de vida do paciente, a sua postergação para a realização de uma cineangicoronariografia não se justifica Referencias - 1.Eagle KA, Berger PB,Calkins H et al – ACC/AHAGuidelineUpdateonPerioperativeCardiovasccularEvaluationforNoncardiacSurgery.Availableat:http:/www.acc.org/clinical/guideline/perio//dirIndex.htm.

AO 251 TERAPIA LIPÍDICA NO TRATAMENTO DA INTOXICAÇÃO POR BUPIVACAÍNA. ESTUDO EXPERIMENTAL EM SUÍNOS. MARCOS DE SIMONE MELO1; MATHEUS RODRIGUES BONFIM2; ELISABETH DREYER3; BETINA BEOZZO BASSANEZI4; THALES GÊ DE OLIVEIRA5; ARTUR UDELSMANN1 1.DEPARTAMENTO DE ANESTESIOLOGIA FCM / UNICAMP’, CAMPINAS, SP, BRASIL; 2.PETLIVE ANESTESIOLOGIA VETERINÁRIA, CAMPINAS, SP, BRASIL; 3.GRUPO DE APOIO NUTRICIONAL HC / UNICAMP, CAMPINAS, SP, BRASIL; 4.CENTRO INFANTIL BOLDRINI, CAMPINAS, SP, BRASIL; 5.DEPARTAMENTO DE ANESTESIOLOGIA FCM / UNICAMP, CAMPINAS, SP, BRASIL. Resumo: JUSTIFICATIVA e OBJETIVO: A anestesia locorregional pode exigir altas doses de anestésicos locais e haverá sempre o risco potencial de reações tóxicas em caso de injeção intravascular inadvertida. A bupivacaína ainda é o agente mais utilizado em razão da boa qualidade da anestesia e sua ação prolongada. No entanto, um editorial da revista Anesthesiology de 1979 sobre os severos efeitos cardiovasculares em caso de injeções intravasculares acidentais motivou, desde então, a procura por novos agentes com menor toxicidade e antídotos para combater seus efeitos entre os quais se encontram as emulsões lipídicas. O objetivo deste trabalho foi comparar as alterações hemodinâmicas da terapia lipídica com SMOF, um agente a base de óleo de oliva e óleo de peixe até hoje pouco utilizado para esse fim, após intoxicação com bupivacaína em suínos. MATERIAL e MÉTODO: suínos da raça Large White foram anestesiados com 25 mg/kg de tiopental, realizada intubação traqueal e mantidos em ventilação mecânica com isoflurano a 1%. As variáveis hemodinâmicas foram registradas através de pressão invasiva e cateterização da artéria pulmonar (cateter de Swan-Ganz) e foram elas: débito cardíaco, frequência cardíaca, pressão arterial média, pressão venosa central, pressão média da artéria pulmonar e pressão capilar pulmonar. O monitor Engstron AS/3, através de fórmulas clássicas na literatura, calculou as resistências vasculares, o volume sistólico, os trabalhos dos ventrículos e todos seus índices. Após período de 30 minutos de repouso, 5 mg/kg de bupivacaína foram injetados por via endovenosa e novas medidas hemodinâmicas foram realizadas 1 minuto após; os animais foram então aleatoriamente divididos em dois grupos e receberam 4 ml/kg de solução salina ou 4 ml/kg da emulsão lipídica tipo SMOF a 20%. As alterações hemodinâmicas foram reavaliadas aos 5, 10, 15, 20 e 30 minutos. RESULTADO: a intoxicação pela bupivacaína causou queda da pressão arterial, do débito cardíaco e do trabalho sistólico dos ventrículos principalmente, sem importantes alterações das resistências vasculares. A terapia com a emulsão lipídica tipo SMOF foi capaz de melhorar a pressão arterial através, principalmente, do aumento das resistências vasculares uma vez que o débito cardíaco não apresentou melhora expressiva em nosso estudo. Os resultados hemodinâmicos com o uso dessa emulsão lipídica na intoxicação pela bupivacaína foram melhores que no grupo controle. DISCUSSÃO e CONCLUSÃO: a emulsão lipídica tipo SMOF é uma opção interessante para reverter a hipotensão em caso de intoxicação pela bupivacaína. REFERÊNCIAS: Ann Fr Anesth Reanim 2010;29:464-9. Emerg Med Australas 2011;23:123-41. Anesthesiology 2009;110:380-6.

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AO 252 TERAPIA LIPÍDICA NO TRATAMENTO DA INTOXICAÇÃO POR ROPIVACAÍNA. ESTUDO EXPERIMENTAL EM SUÍNOS ARTUR UDELSMANN1; MATHEUS RODRIGUES BONFIM2; MARCOS DE SIMONE MELO1; ELISABETH DREYER3; BETINA BEOZZO BASSANEZI4; THALES GÊ DE OLIVEIRA1 1.DEPARTAMENTO DE ANESTESIOLOGIA FCM / UNICAMP, CAMPINAS, SP, BRASIL; 2.PETLIVE ANESTESIOLOGIA VETERINÁRIA, CAMPINAS, SP, BRASIL; 3.GRUPO DE APOIO NUTRICIONAL HC / UNICAMP, CAMPINAS, SP, BRASIL; 4.CENTRO INFANTIL BOLDRINI, CAMPINAS, SP, BRASIL. Resumo: JUSTIFICATIVAS e OBJETIVOS: A anestesia locorregional pode exigir altas doses de anestésicos locais e há o risco de reações tóxicas em caso de injeção intravascular inadvertida. A bupivacaína é o agente mais utilizado em razão da qualidade da anestesia e ação prolongada. No entanto, editorial da revista Anesthesiology de 1979 sobre os efeitos cardiovasculares em caso de injeção intravascular acidental culminou com a síntese da ropivacaína, apresentada na forma de isômero levogiro puro, e a procura por antídotos entre os quais destacam-se as emulsões lipídicas. A ropivacaína é um agente seguro mas pode causar também complicações. O objetivo deste trabalho foi comparar em suínos as alterações hemodinâmicas após intoxicação com ropivacaína e submetidos à terapia lipídica com 2 tipos de soluções, a de triglicérides de cadeia longa e a da mistura de triglicérides de cadeia longa e média. MATERIAL e MÉTODO: suínos da raça Large White foram anestesiados com 25 mg/kg de tiopental, intubados e mantidos em ventilação mecânica com isoflurano a 1%. As variáveis hemodinâmicas foram registradas através de pressão invasiva e cateterização da artéria pulmonar (cateter de Swan-Ganz) e foram elas: débito cardíaco, frequência cardíaca, pressão arterial média, pressão venosa central, pressão média da artéria pulmonar e pressão capilar pulmonar. O monitor Engstron AS/3, através de fórmulas clássicas, calculou as resistências vasculares, o volume sistólico, os trabalhos dos ventrículos e todos seus índices. Após período de 30 minutos de repouso 7 mg/kg de ropivacaína foram injetados por via endovenosa e novas medidas hemodinâmicas foram realizadas 1 minuto após; os animais foram então, aleatoriamente, divididos em 3 grupos e receberam 4 ml/kg de solução salina, ou 4 ml/kg de uma ou de outra emulsão lipídica. As alterações hemodinâmicas foram reavaliadas aos 5, 10, 15, 20 e 30 minutos. RESULTADOS: a intoxicação pela ropivacaína causou queda da pressão arterial e do débito cardíaco, sem importantes alterações das resistências vasculares. A terapia com emulsões lipídicas foi capaz de melhorar a pressão arterial através, principalmente, do aumento das resistências vasculares, uma vez que o débito cardíaco não apresentou melhora expressiva em nosso estudo. Os resultados hemodinâmicos com o uso das emulsões lipídicas na intoxicação pela ropivacaína foram melhores que no grupo controle. Nos valores acima avaliados não verificou-se eficácia diferente entre as soluções lipídicas de triglicérides de cadeia longa e a da mistura de triglicérides de cadeia longa e média. DISCUSSÃO e CONCLUSÃO: as emulsões lipídicas são uma opção interessante para reverter a hipotensão em caso de intoxicação pela ropivacaína. Neste estudo não foram encontrados melhores resultados quando usada a solução com triglicéride de cadeia longa, ao contrário de alguns relatos na literatura. REFERÊNCIAS: Ann Fr Anesth Reanim 2010;29:464-9. Emerg Med Australas 2011;23:12341. Anesthesiology 2009;110:380-6.

AO 253 AVALIAÇÃO DO RISCO CIRÚRGICO COM LIBERAÇÃO DOS PACIENTES NO AMBULATÓRIO DE ANESTESIOLOGIA DO HUCFF E OS MOTIVOS DA NÃO REALIZAÇÃO DAS CIRURGIAS UROLÓGICAS NÚBIA VERÇOSA FIGUEIREDO; JOAO MARCELO CORREA MARQUES; ANDRE AMATO VALOIS; GABRIEL DA SILVA CAZARIM; MARCUS VINICIUS LIMA; GABRIEL FONTENELE ROMERO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Origem: Disciplina de Anestesiologia - Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF)/UFRJ Justificativa e objetivos: O Ambulatório de Anestesiologia (AA) do HUCFF, iniciado em 1996 realiza o risco cirúrgico dos pacientes do serviço de Urologia. Participam desse atendimento o professor responsável, os monitores, internos, alunos do projeto de iniciação científica (PINC 7062), mestrandos da Anestesiologia. O objetivo é avaliar as dificuldades encontradas pelos pacientes, os profissionais de saúde e os alunos da graduação pela não realização dos procedimentos cirúrgicos mesmo com os pacientes liberados pelo ambulatório de avaliação préanestésica. Métodos: O estudo é clínico e retrospectivo. Foram estudados os prontuários de 54 pacientes liberados pelo AA para as cirurgias propostas no 1º semestre de 2010. Todos os dados foram compilados numa ficha protocolar. Resultados: Dos 54 pacientes liberados, apenas 24 (44%) foram operados. Destes, dezoito (75%) eram do gênero masculino e 6 (25%) femininos. A média da idade foi 59 anos. Quanto ao estado físico 5 eram ASA 3 e 21, ASA 2. As cirurgias realizadas foram: ureterolitotripsia 10; prostatectomia radical 4; nefrectomia 2; herniorrafia 4; ressecção transureteral de próstata e bexiga 2; pielolitotomia 2. As anestesias foram: geral + peridural 12 e raque 12. Os motivos das operações não realizadas nos outros 30 pacientes foram os seguintes: 01 desistiu de operar; 02 expeliram o cálculo, 8 não retornaram ao ambulatório da urologia, 1 durante a indução da anestesia fez hipotensão grave e infarto; 2 foram encaminhados à Oncologia e, finalmente, 16 tiveram suas guias emitidas pelos cirurgiões, porém não foram chamados para operar. Discussão e conclusão: Sabe-se que, os cirurgiões queixam-se de operações não realizadas por falta do risco cirúrgico. Este trabalho comprova o equívoco dessas afirmações. Vale ressaltar que, a avaliação do risco cirúrgico demanda empenho da equipe do ambulatório, despesas com os exames realizados e que perdem a sua validade e acima de tudo o desgaste do paciente. A não realização dos procedimentos cirúrgicos implica em frustrações e comprometimento da qualidade de via e do prognóstico dos pacientes, porque alguns deles têm carcinoma de próstata e litíase renal. Finalmente, os hospitais universitários, por problemas institucionais, não vem oferecendo aos pacientes um tratamento digno e humanitário como eles merecem, além do prejuízo à formação dos alunos da graduação da Faculdade de Medicina. Referências bibliográficas: Miller’s Anesthesia, 2010:1001-1066; Anestesia para Cirurgia Plástica, 2005:13-23

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AO 254 PREVALÊNCIA DE SÍNDROME DE BURNOUT ENTRE OS ANESTESIOLOGISTAS DO DISTRITO FEDERAL EDNO MAGALHÃES; CATIA SOUSA GOVÊIA; LUIS CLAUDIO ARAUJO LADEIRA; ÁUREA SOUSA OLIVEIRA; CAMILA VIANA VIEIRA CET/SBA CENTRO DE ANESTESIOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, BRASÍLIA, DF, BRASIL. Resumo: Introdução: A Síndrome de Burnout é conseqüência do estresse crônico e caracteriza-se por exaustão emocional, despersonalização e sentimento de baixa realização profissional. Acomete trabalhadores que assumem extrema responsabilidade ou que assistem indivíduos sob risco, incluindo policiais e médicos, especialmente anestesiologistas. Podem apresentar distanciamento em relação ao trabalho, pacientes e colegas, por sentirem-se mais seguros ao manter a indiferença. Justificativa e objetivos: Avaliar a prevalência da Síndrome de Burnout, a intensidade de seus componentes e identificar características específicas dos seus portadores entre anestesiologistas do Distrito Federal. Métodos: Estudo transversal descritivo quantitativo, com 241 anestesiologistas inscritos na Sociedade de Anestesiologia do Distrito Federal. Foi utilizado um questionário auto-aplicável com o Inventário de Burnout de Maslach, acrescido de dados sócio-demográficos, profissionais e de lazer. Resultados: Dos 134 questionários respondidos (55,8%), foram predominantes os homens (65,6%), com faixa etária de 30 a 50 anos (67,9%). Foram encontrados níveis significativos de baixa realização profissional (47,7%), despersonalização (28,3%) e exaustão emocional (23,1%). A Síndrome de Burnout apresentou prevalência de 10,4%, ocorrendo principalmente em homens (64,2%), na faixa etária de 30 a 50 anos (64,2%), com mais de 10 anos de profissão (64,2%), com atuação em plantões noturnos (71,4%), sedentários (57,1%) e que não praticam cursos ou atividades não relacionados à medicina (78,5%). Dos participantes, 50,7% apresentaram pelo menos um de três critérios para desenvolver a síndrome, e apenas 8,2% têm baixo risco para sua manifestação. Conclusão: A prevalência da Síndrome de Burnout é relevante entre os anestesiologistas do Distrito Federal, provavelmente pela sobrecarga de trabalho e tensão ocupacional. É aconselhável buscar estratégias de reorganização laboral para diminuir os fatores de estresse, perda da motivação e insatisfação. Referências bibliográficas: Current Opinion in Anaesthesiology 2008, 21:406–411; British Journal of Anaesthesia 2007, 99:493–499.

AO 255 A PERSPECTIVA DOS PACIENTES SOBRE QUE INTERCORRÊNCIAS ANESTÉSICAS SIMPLES DEVERIAM SER EVITADAS EDNO MAGALHÃES; CATIA SOUSA GOVÊIA; LUIS CLAUDIO ARAUJO LADEIRA; EDISIO PEREIRA PEREIRA; ROGÉRIO JESUS CORREIA CET/SBA CENTRO DE ANESTESIOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, BRASÍLIA, DF, BRASIL. Resumo: Introdução: A avaliação adequada das necessidades e anseios dos pacientes e sua resolução são importantes para a boa qualidade dos cuidados perioperatórios. Como os pacientes compreendem e classificam as intercorrências anestésicas comuns e de baixa morbidade ainda não estão estabelecidos no Brasil. Justificativa e objetivo: Avaliar o perfil dos pacientes cirúrgicos em relação às suas preferências quanto a quais intercorrências anestésicas comuns e de baixa morbidade deveriam ser evitadas. Método: Estudo aprovado pelo CEP-FM-UnB. Foram incluídos 100 pacientes adultos, programados para operações eletivas no Hospital Universitário de Brasília. Foi aplicado um questionário com dados sócio-demográficos, uma seção para classificação das intercorrências anestésicas em ordem de desagrado e outra para distribuição do valor relativo aos dez eventos. Nesta, em uma situação hipotética, o valor de 100 reais deveria ser distribuído para o tratamento das intercorrências. Proporcionalmente, um valor maior deveria ser alocado no resultado mais indesejável. Foram selecionados e descritos, em linguagem simples, uma situação de normalidade (sem sintomas) e nove intercorrências anestésicas: náusea, consciência durante a operação, tubo endotraqueal no boca, tremor, vômito, fraqueza residual, sonolência, dor de garganta e dor. Resultado: Foram respondidos 54 questionários. Destes, 63% possuíam história pregressa de operação. Nesse grupo, 70,5% relataram ter apresentado, previamente, pelo menos um dos sintomas descritos. A dor foi descrita em 38,7%, seguida de vômito (38,7%), náusea (35,3%) e fraqueza (16%). No geral, o sintoma “dor” foi classificado como o primeiro que os pacientes desejariam evitar; seguiram-se vômito, náusea, tubo endotraqueal na boca e consciência durante a operação. O valor relativo atribuído ao sintoma “dor” foi 52,12% maior que o segundo sintoma “vômito”. A ordem de desagrado quanto aos sintomas foi semelhante para pacientes com ou sem operações prévias. Conclusão: Com a elucidação das preferências pessoais de cada paciente é possível melhorar a sua satisfação, bem como a qualidade dos resultados clínicos. Os médicos devem ser encorajados a envolver os pacientes nas decisões médicas para a personalização do ato anestésico. Referências bibliográficas: Anesthesia and Analgesia 1998; 87: 1089-98. Anesthesia and Analgesia 1999; 89: 652-8. Anesthesia and Analgesia 1996; 83:1314-21.

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AO 256 PARADA RESPIRATÓRIA COM O USO DE MORFINA INTRATECAL APÓS CIRURGIA DE RAFIA DE ÚLCERA GÁSTRICA COM VAGOTOMIA. RELATO DE CASO. RAFAEL REIS FERNANDES; LEANDRO DE CASTRO JAPIASSU; ANA MARIA DE AQUINO DOCAMPO; ELIZABETH DE SOUZA MOREIRA; MARCELLE DA COSTA FRICKMANN HOSPITAL MUNICIPAL MIGUEL COUTO, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Justificativas e Objetivos: É bem estabelecido na literatura que o uso de morfina intratecal pode causar depressão respiratória em graus variáveis, podendo até causar parada respiratória. O reconhecimento precoce da mesma e o atendimento organizado influem no prognóstico. O objetivo deste relato foi demonstrar um caso de parada respiratória, após uso de morfina intratecal, com o paciente a caminho da sala de recuperação pós-anestésica (SRPA) atendido segundo os novos protocolos de reanimação cardio-pulmonar (RCP) 2010 da American Heart Association (AHA). Relato de Caso: Masculino, 37 anos, ASA 1E dá entrada na sala operatória (SO) devido a úlcera péptica perfurada evidenciado por pneumoperitônio no raio x de tórax. A cirurgia foi indicada em caráter de urgência sendo realizado uma rafia de úlcera gástrica com vagotomia. O manejo anestésico consistiu de monitorização com ECG, SpO2, PANI e ETCO2. Foi realizado uma punção subaracnóide para administração de 100mcg de morfina associado à anestesia geral venosa e inalatória. O tempo-anestésico cirúrgico total foi de 245 minutos. O paciente saiu da SO ALDRETE 09, despertando ao chamado e foi encaminhado para a SRPA. No caminho da mesma ficou irresponsivo e em apnéia. Foi aproximado o material de reanimação cardio-respiratória, checado seu pulso carotídeo, não mais do que 10 segundos, e constatado como presente. Após, foi verificado se a sua via aérea estava pérvia e iniciado ventilação sob máscara com O2 a 100% uma a cada 5 segundos e feito naloxone, total de 0,4mg venoso. Em 4 minutos o paciente novamente despertou e voltou a respirar espontaneamente. Foi realizado mais 0,4mg de naloxone intra-muscular. O paciente ficou em observação na SRPA sem novas intercorrências e após duas horas foi liberado para a enfermaria. Em 48 horas teve alta para o seu domicílio com bom estado geral. Conclusão: A depressão respiratória após o uso de morfina no espaço subaracnóideo é uma complicação conhecida, e alguns casos podem até cursar com parada respiratória seguida de parada cardíaca. O conhecimento prévio e atualizado dos protocolos de RCP da AHA 2010 para atendimento de parada respiratória sem parada cardíaca se faz necessário para o anestesiologista que opte pela técnica de uso de morfina intratecal, evitando a parada cardíaca e maiores seqüelas neurológicas. Referências Bibliográficas: 1 - Circulation 2010;122;S685-S705; 2 - J Anesth - 01-JAN-2008; 22(2): 112-6.

AO 257 MANEJO PEROPERATÓRIO DE PACIENTE COM CARDIODESFIBRILADOR IMPLANTÁVEL ALEXANDRE DONATO CALDAS; PAULO ALIPIO FILHO; MÁRCIO MAMEDE NAGATSUKA; ARMIN GUTTMAN; HELENA MATTOS SABOIA; MARCO ANTONIO FERRO HOSPITAL FEDERAL DE BONSUCESSO, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Objetivo – Com o avanço da tecnologia dos marca-passos criou-se na década de 80 os cardiodesfibriladores implantáveis (CDI). Avanços tecnológicos levaram a criação de aparelhos complexos, porém muito pequenos e estudos prospectivos aumentaram sua indicação, fatos estes que contribuíram para o grande número de pacientes que hoje possuem este tipo de dispositivo. O anestesiologista deve estar preparado para evitar possíveis intercorrências com estes aparelhos durante o ato cirúgico tais como desfibrilação acidental ou desprogramação. Relato de caso – Paciente de 52 anos, hipertenso, portador de CDI e marcapasso tipo VVI devido à displasia arritmogênica de ventrículo direito, em uso de sotalol e enalapril, é submetido à traqueoplastia, sob anestesia geral balanceada. A monitorização constou de eletrocardiografia, pressão arterial invasiva, oxímetria de pulso, capnometria/capnografia. O CDI foi desativado e manteve-se o marcapasso em frequência fixa. Pás adesivas torácicas foram instaladas na função desfibrilação com comando manual. A cirurgia transcorreu sem intercorrências e teve duração de 4 horas. Após o procedimento o CDI foi reativado. Discussão – No pré operatório foi desabilitada a função CDI para evitar desfibrilação acidental por interferência do bisturi elétrico e durante o procedimento foi assegurado a realização de cardioversão ou desfibrilação elétrica de emergência. Ao término da cirurgia o paciente permaneceu monitorizado até que fosse reestabelecida a função do dispositivo. Conclusões – Somente nos E.U.A mais de 250.000 adultos e crianças são submetidos à implantação de dispositivos cardíacos eletrônicos por ano, dessa forma, torna-se cada vez mais comum a presença dessa comorbidade na prática anestésica. A adesão aos protocolos de conduta anestésico cirúrgica evita acidentes elétricos e disritmias não tratadas ou induzidas neste grupo de pacientes. Referências – (1)Anesthesiology 2011; 114:247–61. (2)Pacing Clin Electrophysiol 2003; 26:923–5. (3) American Society of Anesthesiologists Publication 1999; October 5– 6.

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AO 258 PARADA CARDÍACA E MORTALIDADE INTRAOPERATÓRIA NO TRAUMA. ESTUDO NO PERÍODO DE 14 ANOS EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE ATENDIMENTO TERCIÁRIO MARCELO TABARY DE OLIVEIRA CARLUCCI; PRISCILA SAYURI KUSANO; NORMA SUELI PINHEIRO MODOLO; LIDIA RACHEL DE CARVALHO; JOSÉ REINALDO CERQUEIRA BRAZ; LEANDRO GOBBO BRAZ CET/SBA -DEPARTAMENTO DE ANESTESIOLOGIA DA FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU - UNESP, BOTUCATU, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: Considerando-se a importância crescente do trauma na saúde pública, o estudo teve como objetivo avaliar a incidência e causas de parada cardíaca (PC) e mortalidade no intraoperatório de pacientes com trauma, no período de 14 anos, em hospital universitário de atendimento terciário. Pacientes e Método: Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, o estudo retrospectivo foi realizado em todos os pacientes que apresentaram PC durante o ato anestésico-cirúrgico, em 90.909 anestesias realizadas no Hospital das Clínicas de uma instituição pública universitária de atendimento terciário, durante o período de janeiro de 1996 a dezembro de 2009. O estudo analisou fichas computadorizadas de Banco de Dados e análise de prontuários dos pacientes que tiveram PC durante o ato anestésico-cirúrgico. A incidência de PC intraoperatória no trauma foi calculada segundo faixa etária, sexo, estado físico do paciente (ASA), tipo de atendimento, clínica cirúrgica, tipo de anestesia e causas do trauma. Para análise estatística utilizou-se o método da comparação múltipla de proporções de Tukey e o teste qui-quadrado. A significância foi de p < 0,05. Resultados: Foram identificados em 90.909 anestesias 55 PCs (6,05:10.000) e 47 óbitos (5,2:10.000) nos pacientes com trauma, correspondendo, respectivamente, a 19,1% e 25% do número total de PC e óbitos obtidas no estudo. A maior incidência de PC e óbito ocorreu nos pacientes de 18 a 35 anos, no sexo masculino (5 vezes em relação ao sexo feminino), em pacientes com estado físico ASA V, nas cirurgias de emergência e em anestesias gerais envolvendo principalmente multiclínicas, cirurgia torácica, gastrocirurgia e neurocirurgia. O trauma foi a segunda causa mais importante de PC sendo superado pela sepse/falência de múltiplos órgãos e a primeira causa de mortalidade. As principais causas de trauma com PC intraoperatório foram os acidentes com veículos automotores (61,6%), sendo 52,5% por colisão e 9,1% por atropelamento e a violência (29,3%), sendo 12,8% por arma branca, 9,1% por arma de fogo e 7,4% por espancamento. Conclusão: A incidência de PC e óbito intraoperatório no trauma é revelante, com incidência maior no jovem do sexo masculino e tendo como causas principais os acidentes automotores e a violência. Referências: Anesthesiology, 2002; 97:108-15, Br J Anaesth, 2006; 96: 569-75 Conflito de interesse: Não Fontes de Fomento: Não

AO 259 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA EM PACIENTE SUBMETIDO A CIRURGIA ORTOPÉDICA LILIAN TAVARES CARVALHO; CLÁUDIA HELENA RIBEIRO SILVA; VINICIUS CALDEIRA QUINTAO; NATALIA LIMA DUARTE; CARLA REGINA OLIVEIRA GOMES; MARINHO VILAS BOAS SAFAR SANTA CASA, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: CET Santa Casa de Belo Horizonte Relato de caso: Paciente 53 anos, em propedêutica para sangramento uterino, devido miomatose e apresentando anemia crônica com hemoglobina (Hb) de 7,7 ; sofreu acidente automobilístico e foi levada ao pronto socorro, sendo diagnosticada fratura de fêmur direito. Antes de ser transferida ao centro de referência para tratamento cirúrgico da fratura recebeu 600ml de concentrado de hemácias devido Hb de 6,4. No dia da cirurgia, 05 dias após o acidente apresentava Hb de9,0 sendo transfundido mais 600ml de concentrado de hemácias elevando a Hb para 11,4. Procedimento cirúrgico realizado sob raquianestesia com 15mg de bupivacaína pesada e 0,025mg de fentanil espinhal. Hipotensão transitória de 110x80mmHg para 90x50mmHg corrigida com 10mg de efedrina. Infundido 1500ml de cristalóides e 500ml de colóide durante as duas horas e meia de procedimento. Ao final da cirurgia paciente apresentou dispnéia importante, sudorese, taquicardia (FC:130bpm) e agitação. Evoluiu para AESP, inciada manobras de reanimação cardiopulmonar, intubada, puncionada artéria femural esquerda para monitorização da pressão e acesso venoso central em subclávia direita. A paciente não respondeu às manobras de RCP, sendo constatado o óbito após 40 minutos. Discussão e Conclusão: Pacientes submetidos a cirurgias ortopédicas são mais propensos a apresentarem tromboembolismo pulmonar devido a uma conjuntura de fatores de risco. Entre eles: imobilização prolongada, manipulação de material inta-ósseo, estado de hipercoagulabilidade. Os pacientes devem ser rigorosamente estratificados para estes fatores de risco e a profilaxia para trombose venosa profunda de ser realizada de forma adequada. Os anestesiologista devem manter uma vigilância constante aos parâmetros hemodinâmicos e respiratórios já que essa morbidade acontece de forma súbita. Referêcia bibliográfica: Miller RD, Eriksson LI, Fleisher LA, Wiener-Kronish JP, Young WL - Miller’s Anesthesia 7th Ed, Philadelphia, 2010.

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AO 260 REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR EM DECÚBITO VENTRAL DURANTE NEUROCIRURGIA DAIANA DE SOUZA GOMES; MOEMA FERREIRA ESTEVES; MARCELO GRISÓLIA GONÇALO; JULIANA DE MORAES PERRI ALVAREZ; MURIEL MOFREITA SALDANHA; ANDREZZA PINA DA SILVA BRANCO HOSPITAL FEDERAL DA LAGOA, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: A reanimação cardiopulmonar (RCP) na posição prona é um desafio tanto em relação à qualidade das compressões torácicas quanto às alterações hemodinâmicas do próprio posicionamento. O objetivo do presente estudo é revisar aspectos inerentes ao tema através da apresentação do relato de caso. Relato de caso: CSCA, feminino, 77 anos, 55Kg, IMC 22, sem comorbidades conhecidas, admitida para exérese de meningeoma parietooccipital à direita altamente vascularizado. Ao exame não apresentava alterações clínicas ou laboratoriais que contra-indicassem a cirurgia. A técnica anestésica escolhida foi anestesia geral balanceada. Após monitorização básica e venóclise, foi iniciada indução anestésica seguida de IOT e monitorização invasiva de PAM e PVC. A paciente foi colocada em posição prona com cabeça fixada com pinos de Mayfield. Cinco horas após início da cirurgia, a paciente apresentou choque hemorrágico devido a sangramento vultuoso do seio sagital com perda sanguínea estimada em 2,5L em cerca de 3 minutos. Deu-se início a reposição volemica vigorosa associada a vasoconstrictores, contudo, cinco minutos após o evento, a paciente evoluiu com bradicardia sinusal, queda abrupta da PetCO2 e PAM indetectável pela monitorização invasiva. Foi prontamente iniciada massagem cardíaca externa (MCE) em decúbito ventral com compressões sobre a coluna torácica, mantendo a estabilização da coluna cervical, juntamente com 1mg de atropina. Após 2 minutos, houve retorno ao ritmo sinusal com melhora dos parâmetros hemodinâmicos. A paciente recebeu alta do CTI no 3o dia de pós-operatório, sem sequelas. Discussão: O posicionamento em decúbito ventral é bastante utilizado em neurocirurgia tanto para cirurgia de coluna quanto para tumores cerebrais. A fisiologia da posição prona gera alterações respiratórias e cardiocirculatórias importantes além do aumento de complicações específicas como perda visual e lesão cervical. Contudo, não há descrito aumento da mortalidade em relação à posição supina. Os principais fatores de risco para PCR em decúbito ventral são hipovolemia, embolia aérea e obstrução do retorno venoso. A qualidade da RCP em prona é de difícil avaliação em humanos. Sabe-se que nesta posição ocorre redução do retorno venoso e do volume sistólico obtido com as compressões torácicas porém,a literatura atual preconiza que não haja retardo no início das manobras de reanimação nos pacientes com via aérea definitiva. No caso em questão, durante o evento tínhamos a monitorização necessária para garantir que a MCE estava sendo efetiva, preenchendo os critérios de qualidade. Concluímos que independente do posicionamento é a qualidade da MCE que definirá o prognóstico justificando o início da RCP na posição em que o paciente se encontra no momento da PCR. Referências: 1) Resuscitation. 2003 Jun; 57(3): 279-85. 2)Anesth Intensive Care. 2010 Jan; 38 (1): 212-13. 2005. 3) AHA Guidelines for CPR and ECC. Circulation. 2005 Dec; 112: IV 19-35.

AO 261 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR) PROLONGADA EM CIRURGIA DE COLUNA LOMBAR, COM REVERSÃO COMPLETA SEM SEQUELAS NEUROLÓGICAS DIEGO DALCAMINI CABRAL DE SOUZA; ELIANA CRISTINA MURARI SUDRÉ; ELZON BARCELOS DE SOUZA JÚNIOR; PAULO ANTONIO DE MATTOS GOUVÊA; DANIEL CARVALHO DE MENEZES AFECC, ASSOCIAÇÃO FEMININA DE EDUCAÇÃO E COMBATE AO CÂNCER / VILA VELHA HOSPITAL, VITÓRIA, ES, BRASIL. Resumo: Objetivo: Apresentar caso de PCR durante laminectomia descompressiva em decúbito ventral, com retorno ao ritmo sinusal sem qualquer sequela neurológica após 40 minutos de reanimação cardiopulmonar (RCP). Descrição do Caso: Paciente masculino, 46 anos, 76 Kg, estado físico II, hipotireoideo usando levotiroxina e dislipidêmico em tratamento dietético, história familiar positiva para doença arterial coronariana, avaliação cardiológica sem considerações especiais. Cirurgia: laminetomia descompressiva e artrodese de coluna lombossacra devido a hérnia discal. Indução: sufentanil 30µg, propofol 120mg e atracúrio 40mg. Procedimento sem intercorrências até que, durante sutura de pele houve bigeminismo ao ECG seguido de taquicardia ventricular sem pulso. Paciente foi imediatamente colocado em decúbito dorsal, recebeu RCP e desfibrilação ventricular. Evoluiu para bradicardia arresponsiva a atropina, seguida de atividade elétrica sem pulso (AESP). Tratado com adrenalina (total de 8mg) e após 40 min. apresentou pulso central, retornando ao ritmo sinusal, retomou a consciência e interagiu com examinador. Encaminhado à unidade coronariana, foi extubado no dia seguinte sem sequelas neurológicas. Ao ecocardiograma: hipocinesia apical e em segmento médio de parede antero-septal, fração de ejeção de 52%. A angiografia coronariana revelou irregularidades em tronco de coronária esquerda, circunflexa e coronária direita e oclusão de 6070% no óstio da descendente anterior e de 70% em a. ventricular posterior esquerda. Recebeu alta da unidade coronariana em três dias. No 4º dia apresentou precordialgia e infarto agudo do miocárdio sem supra de ST, com aumento das enzimas cardíacas. Tratado com angioplastia primária e terapia medicamentosa. Conclusão: A causa da arritmia maligna no intra-operatório permanece incerta. A hipótese mais provável é que tenha ocorrido vasoespasmo coronário levando à isquemia na via de condução. A boa evolução após PCR prolongada se deve à boa qualidade das manobras de RCP. Referência: Carmona MJ e Kim SM - Complicações Cardiocirculatórias, em Cangiani LM - Tratado de Anestesiologia SAESP, Volume 2, 6ª Edição, São Paulo, Ed. Atheneu, 2007, 2005-2014.

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AO 262 PCR APÓS INDUÇÃO ANESTÉSICA EM TRANSPLANTADO RENAL PÓS REJEIÇÃO AGUDA DE ENXERTO ALINE RIBEIRO CAMPOS; FERNANDO ALECRIM SEIDL; HAYLA LOUREIRO SABOYA; RODRIGO PEREIRA DIAZ ANDRÉ; LUIZ FERNANDO DYONÍSIO SEIDL; SAMMUEL CAVALCANTI DE CARVALHO PINHEIRO CET PROFESSOR BENTO GONÇALVES. HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO. UFRJ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL; . Resumo: CET Professor Bento Gonçalves. Hospital Universitário Clementino Fraga FILHO. UFRJ. Serviço de Anestesiologia. Rio de Janeiro. RJ. Introdução: O manejo de pacientes graves inclui uma preparação minuciosa da sala operatória. O referido caso demonstra que apesar dos cuidados preventivos nesse sentido, rápida intervenção e utilização das técnicas de reanimação, o estado geral crítico do paciente foi determinante para o desfecho negativo do caso. Relato de caso: Paciente 54 anos, masculino, negro, 75 kg, 170cm, portador de HAS, FA crônica, IRC em diálise há 3 anos (última diálise há 3 dias) e no 10º DPO de transplante renal (doador morto). Após cirurgia evoluiu com rejeição aguda grave do transplante, abdome agudo e sepse. Em uso de timoglobulina, metilprednisolona, benzetacil, ganciclovir, cefepime, vancomicina e amiodarona. Exames pré-OP: Na: 129; K: 5,2; Ur: 188; Cr: 9,1; Hb: 8,0; Ht: 23,9; leucócitos: 21840; coaulograma normal. Admitido em sala com PA: 120x70, FC: 100, FR: 25, Sat O2 92%.Diagnóstico pré-OP: abdome agudo (abscesso renal). Procedimento cirúrgico proposto: laparotomia exploradora para retirada do enxerto.Técnica anestésica: anestesia geral com indução venosa e manutenção inalatória. Pré-oxigenação, seguido de fentanil 1,5mcg/kg, lidocaína 1mg/kg, hidrocortisona 500mg, propofol 1,5mg/kg e atracúrio 0,6mg/kg. Feita IOT com TOT nº 8.0. Manutenção: O2 100%, sevoflurane 1-2%.Monitorização: monitorização básica + PVC.Exames intra-OP: pH: 7,35; pCO2: 25,5; pO2: 373; BE: -10; HCO3: 13,8; K: 7,4; Na: 129; Hb: 4,5.Vinte minutos após indução paciente apresentou PCR (taquicardia ventricular) sendo mantida manobras de ressuscitação cardiovascular por 50min, sem sucesso. Discussão: A admissão de doentes graves deve ser precedida de um cuidadoso preparo da SO. O tempo de início para intervenção em PCR é extremamente curto e não deve ser postergada por falta de uma correta assistência pelo anestesiologista. Outro ponto fundamental é a utilização da técnica correta para reanimação cardiovascular, que deve fazer parte do conhecimento básico. As constantes atualizações nesse sentido devem ser incessantemente buscadas pelo profissional. Referências bibliográficas: 1. Erikkson, Lars I. ; Fleisher, Lee A.; Kronish, Jeanine P. Wiener; Young, William L - Miller’s Anesthesia - 7ª edição, volume 2, Ed Churchill Livingstone Elsevier, 2009, Yost S., Niemann C - Anesthesia for Abdominal Organ Transplantation capítulo 67. 2.ACLS AHA, 2010.Disponível em http://www.heart.org . Acessado 07/07/2011 Anesthesiology – David E. Longnecker – 2008, página 162

AO 263 INEXPLICADO RETORNO DA CIRCULAÇÃO ESPONTÂNEA APÓS INTERRUPÇÃO DAS MANOBRAS DE RESSUSCITAÇÃO: FENÔMENO DE LÁZARO BRUNO CESTARI NETO1; GUINTHER GIROLDO BADESSA1; LUIZA HELENA DEGANI COSTA2; LUIZ FERNANDO REIS FALCÃO1 1.GAAP - GRUPO DE ANESTESIOLOGISTAS ASSOCIADOS PAULISTA, SAO PAULO, SP, BRASIL; 2.UNIFESP - ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA, SAO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: Descrevemos um caso de retorno a circulação espontânea após a interrupção das manobras de ressuscitação cardiopulmonar, com provável ocorrência do Fenômeno de Lázaro. Relato de caso: Paciente feminina, 69 anos, 53kg, estado físico ASA P4, portadora de bioprótese mitral, evoluindo com insuficiência mitral grave por disfunção protética, pressão sistólica de artéria pulmonar de 54mmHg e marca-passo normofuncionante. História de três cirurgias cardíacas prévias. Submetida à anestesia geral para implante de valva mitral. A indução anestésica foi realizada com fentanil, etomidato e cisatracúrio. Manutenção da anestesia com sevoflurano até 1 CAM, óxido nítrico, propofol e remifentanila em infusão contínua e cisatracúrio. Paciente mantida em circulação extracorpórea (CEC) por 120 min (tempo de pinça 50 min). Saída da CEC com dobutamina e noradrenalina. No intraoperatório, apresentou coagulopatia importante sendo realizado transfusão de 4U concentrados de hemácias (CH), 15U plaquetas, 10U criopreciptados e 6U plasma. Após o término da cirurgia e manipulação do cateter de Swan-Ganz, paciente apresentou sangramento em grande quantidade pelo tubo traqueal e parada cardíaca em atividade elétrica sem pulso (AESP), iniciado manobras de RCP e adrenalina, evoluindo para fibrilação ventricular. Após 3 tentativas, sem sucesso, de desfibrilação com intervalo de 2 min cada, apresentou degeneração do ritmo para AESP e assistolia, totalizando após 30 min de RCP, o uso de 9mg de adrenalina, 300mg de amiodarona, 250mL de bicarbonato, 4 ampolas de cálcio e 2 CH. A paciente foi mantida monitorizada, com drogas vasoativas e ventilador desligados sem fluxo de gases frescos, quando após 8 min iniciou traçado eletrocardiográfico de sístoles isoladas com frequência de 10 bpm. Ao longo de mais 1 min, a paciente evoluiu com aumento da frequência cardíaca (80bpm), incursões respiratórias espontâneas e aumento da pressão arterial média (70 mmHg). Encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva em ventilação mecânica e suporte hemodinâmico com uso de noradrenalina e dobutamina em infusão contínua. No 1º pós-operatório retornou a vigília, dependente de prótese ventilatória e com insuficiência renal necessitando de diálise. Discussão e conclusões: O Fenômeno de Lázaro é uma entidade rara com poucos relatos na literatura médica. Este caso ocorreu após a publicação das novas diretrizes de RCP da American Heart Association, sendo utilizado suas orientações. Este episódio reforça a necessidade dos pacientes permanecerem monitorizados por um tempo mínimo após a interrupção das manobras de ressuscitação, sendo preconizado na literatura o tempo de 10 minutos. Referências bibliográficas: Resuscitation, 2007; 75: 543-546. J R Soc Med, 2007; 100:552-557. Anesthesiology, 1993; 78:991-992.

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AO 264 INFUSÃO CONTÍNUA DE DEXTROCETAMINA EM PACIENTE SUBMETIDO A TRANSPLANTE RENAL DIEGO FERREIRA AFFONSO PEREIRA; GLORIA REGINA ALVES DE NOVAES; MARCO ANTONIO CARDOSO DE RESENDE; ALBERTO VIEIRA PANTOJA; ELIZABETH FERNANDES VAZ SILVA; ALEXANDRA REZENDE ASSAD HUAP, NITERÓI, RJ, BRASIL. Resumo: Introdução: A estratégia analgésica de pacientes submetidos ao transplante renal evita o uso de antiinflamatórios pela disfunção renal que podem ocasionar, logo, como técnica padrão, utiliza-se morfina subaracnoide em nosso serviço. Neste caso, optou-se pela infusão contínua peroperatória de dextrocetamina como alternativa à abordagem do neuroeixo em um paciente medicado com antiagregantes plaquetários. Relato de caso: Paciente masculino, branco, 67 anos, 53 Kg, 1,65m, ASA III, com nefropatia hipertensiva em terapia hemodialítica há 10 anos, submetido à cirurgia de revascularização miocárdica há oito anos e angioplastia há três anos. Em uso contínuo de AAS (200mg/dia), Clopidogrel (75 mg/dia), Atorvastatina( 20 mg/dia) e Atenolol ( 25 mg/dia).Após admissão na sala de cirurgia, foram realizadas venóclises em MSE (com cateteres 16G e20G) e administrados 2 mg de midazolam. A técnica de anestesia venosa total com propofol , remifentanil e cisatracúrio foi utilizada conforme protocolo para transplante renal . Monitorizado com eletrocardioscópio, oxímetro de pulso, além de pressão invasiva na artéria radial esquerda, BIS e capnografia posteriormente. Após a indução foi realizada intubação orotraqueal com tubo 8,0 mm DI sem intercorrências. A manutenção foi feita com infusão alvo-controlada de propofol, remifentanil e dextrocetamina (0,2 mg/ Kg/h). Não houve intercorrências no intraoperatório, e o despertar ocorreu cerca de 15 min após a interrupção das infusões, com estabilidade hemodinâmica sem evidências de dor ou hiperalgesia . Foi encaminhado a unidade pós-transplante renal e evoluiu sem dor, exceto por leve desconforto à palpação da cicatriz cirúrgica, sem náuseas ou outras queixas. Discussão: A anestesia geral venosa total associada a bloqueio lombar subaracnoide com morfina é uma técnica anestésica bem conceituada nos protocolos de transplante renal por ter efeito residual mínimo e bom resultado para analgesia no pós-operatório. Entretanto, na impossibilidade de se abordar o neuroeixo, outras medidas podem ser tomadas para minimizar a dor/hiperalgesia no pós operatório imediato, após suspensão da infusão dos agentes anestésicos. Nesse contexto, a infusão venosa contínua intraoperatória de dextrocetamina em doses subanestésicas mostra-se uma alternativa viável e segura. Referências: Anesthesiology 2005; 102:211–20 Br J Anaesth (2009) 102 (1): 23–8

AO 265 ANESTESIA PARA CORREÇÃO DE AGENESIA ESTERNAL FRANCISCO DAS CHAGAS BASTOS NETO; GUILHERME FREDERICO FERREIRA DOS REIS; EDSON LUIZ DE MORAIS; SERGIO ARCOVERDE DE CASTRO; HUMBERTO MALDONADO CAMPOY DOS SANTOS CASA DE SAUDE, CAMPINAS, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: A ocorrência de agenesia esternal é uma condição rara. Os autores descrevem o caso de agenesia esternal, em um recém nascido de 8 dias, expondo a técnica anestésica, alterações cardiocirculatórias e ventilatórias. Relato de Caso: Recém nascido de 8 dias, com idade gestacional de 39 semanas, apresentando agenesia esternal completa, em investigação para confirmação de CIA/PCA, sem outras comorbidades. Apresenta peso 2910 gramas, altura 47 cm, pressão arterial 96/47 mmHg, frequência cardíaca 130bpm; saturação 96 % em ar ambiente, apresentando hemoglobina-16,6g/dl , hematócrito-48,1%, plaquetas 250.000 por milímetro cúbico, tp-15,4s, rni-1,17, ttpa-48,6s, r-1,45 e dextro 125mg/dl. Foi submetido a toracoplastia para correção (fechamento toráxico). O recém nascido deu entrada no centro cirúrgico, com catéter umbilical, tendo sido colocado sobre a mesa cirúrgica, onde anteriormente fora instalado um sistema de aquecimento; logo após foi instituída a monitorização com oximetria de pulso, pressão não invasiva e cardioscopia. A indução foi feita com mistura oxigênio-óxido nitroso, 50%/50%, 3l por minuto, de cada gás, no sistema de baraka, mapleson D, e sevofluorane 8% até a perda da consciência. Após a perda da consciência foi realizado atropina profilática 0,05mg, 6mg de propofol (2mg/kg), fentanil 30ug (10ug por kg) e rocurônio 3mg (1mg por kg); foi feito também 1 ampola de glicose 50% e Cefazolina 25 mg. Após indução, foi realizada intubação orotraqueal sob visualização direta, comarck 1, cânula 3,0, sem intercorrências. O recém nascido foi submetido à ventilação mecânica, mantida a proporção gasosa 50/50 e o sevofluorane diminuído a 2%; foi escolhido a ventilação controlada à pressão, com fr-40irpm, PIT-20cm de água, VC-38ml , peep 2cm de água, fio2 50%. No decorrer do ato cirúrgico, por várias vezes, apresentou episódios de bradicardia leve e alterações ventilatórias expressivas devido a compressão toráxica durante o manuseio cirúrgico. Após fechamento torácico, a criança não apresentou nenhuma alteração hemodinâmica ou ventilatória sendo mantida pressão arterial e parâmetros ventilatórios. Foi encaminhado a UTI intubado e estável. Conclusões: Esse é um dos poucos casos de agenesia esternal descrito. Os autores discutem e enfatizam a importância e o cuidado na técnica anestésica e os parâmetros ventiatórios devido as grandes oscilações causadas pelo manuseio cirúrgico e fechamento torácico.

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AO 266 ANESTESIA PARA TRAQUEOPLASTIA SERGIO ARCOVERDE DE CASTRO; GUILHERME FREDERICO FERREIRA DOS REIS; EDSON LUIZ DE MORAIS; JOSE CLAUDIO TEIXEIRA SEABRA; FRANCISCO DAS CHAGAS BASTOS NETO CASA DE SAUDE, CAMPINAS, SP, BRASIL. Resumo: A estenose das vias aéreas superiores e a causa benigna mais comum de lesão traqueal após intubação prolongada, podendo chegar a 4% dos pacientes submetidos a ventilação mecânica por longo período .O tratamento curativo de escolha é cirúrgico, com ressecção da estenose e anastomose término-terminal. Relata-se o caso de uma paciente de 22anos, que desenvolveu estenose traqueal após intubação prolongada sendo submetida ao procedimento de traqueoplastia, para corrigir a lesão. Os autores expoem a técnica anestésica e os cuidados com a via aérea durante a realização do procedimento. Relato de Caso Paciente do sexo feminino, 22 anos, 55 kg, 1,70 mt, ASA 1, com historia de estenose sub-glótica decorrente de intubação orotraqueal por longo período após trauma encefálico. Submetida anteriormente a dilatação por broncoscopia rígida, e traqueoplastia para colocação de tubo T. A cirurgia proposta – traqueoplastia – para reconstrução da via aérea foi realizada sob anestesia venosa total com propofol e remifentanil alvo controlados e a manutenção da via aera feita com sonda nasotraqueal, inicialmente, seguida de retração da sonda acima do coto anastomótico proximal e ventilação por meio de “brocojet”. Ao final do procedimento a sonda nasotraqueal foi reintroduzida até a posição abaixo da anastomose. A paciente foi extubada e encaminhada para unidade de terapia intensiva.

AO 267 ISQUEMIA MEDULAR APÓS CORREÇÃO CIRÚRGICA ENDOVASCULAR DE ANEURISMA DE AORTA TORÁCICA ANA PAULA LACERDA DE ANDRADE; VITOR BORGES PALAU; RACHEL MARTINS DE CASTRO BEJAR; MARIANA ALMEIDA WAKED; ANA LUCIA GONDIM MONTENEGRO; ALESSANDRA PEREIRA ABBADE HOSPITAL FEDERAL DO ANDARAI, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Introdução: As complicações isquêmicas da medula espinhal são uma das mais devastadoras complicações da cirurgia da aorta, especialmente da aorta torácica. Além da própria incapacidade física que estas complicações geram, os doentes com paraplegia e/ou paraparesia têm maiores taxas de morbimortalidade. Objetivo é relatar o caso de isquemia medular anterior no pós operatório de aneurismectomia toraco-abdominal, por via endovascular. Relato de caso: Paciente 52anos, masculino, negro, ASA IV; portador de aneurisma sacular tipo B de Stanford, com dissecção da aorta torácica descendente crônica e hipertensão arterial sistêmica. Internado para correção da dissecção crônica de aorta torácica descendente, que emergia adjacente a veia subclávia esquerda, apresentava falsa luz e se reinseria na artéria ilíaca esquerda. Durante a internação o paciente evoluiu com insuficiência renal aguda poliúrica e necessidade dialítica. Foi submetido à correção cirúrgica do aneurisma, por via endovascular, sob anestesia geral, com monitorização invasiva da pressão liquórica, mantida por 24 horas no pós-operatório. No segundo dia do pós-operatório, evoluiu com paresia em membros inferiores. A tomografia computadorizada da coluna toraco-lombar não evidenciava hematomas ou coleções. Optado por conduta expectante com melhora do quadro nas 48 horas seguintes, no entanto apresentou piora súbita evoluindo com paraplegia. Consultado o serviço de neurocirurgia que indicou nova drenagem contínua de líquor, com melhora imediata dos sinais e sintomas. Diante do quadro o serviço de cirurgia vascular decidiu pela confecção de derivação carotídea-subclávia esquerda na tentativa de melhorar a perfusão medular. O paciente permaneceu internado na unidade de terapia intensiva, obtendo alta para enfermaria após 29dias. Ainda encontra-se internado, em vigência de fisioterapia com melhora progressiva. Discussão: Nas últimas décadas, a cirurgia da aorta torácica tem sido acompanhada por reduções progressivas da morbi-mortalidade, contudo persiste uma grave complicação que é a isquemia medular. Avanços nas técnicas cirúrgicas e anestésicas, controle pressórico restrito e drenagem liquórica contínua permitem melhores resultados no pós-operatório. Várias técnicas têm sido propostas para diminuir o risco de lesões neurológicas, embora, até ao momento, nenhuma delas seja totalmente eficaz. No caso, a realização da drenagem líquorica foi eficiente para reversão da paraplegia definitiva. Conclusão: A cirurgia endovascular para correção de aneurismas de aorta torácica tem se tornando cada vez mais comum, mas a isquemia medular persiste com alta incidência. Cabe ao anestesiologista conhecer e manejar corretamente as diferentes técnicas para controle e reversão desta temível complicação. Referências: 1) Lee MY, Lee MG, Hong KS et al. A case of paraplegia following endovascular stent repair of descending thoracic aortic aneurysm. Korean Circ J. 2011 Mar;41(3):160-3.

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AO 268 EDEMA PULMONAR POR PRESSÃO NEGATIVA APÓS ESPASMO LARÍNGEO CARLOS EDUARDO DAVID DE ALMEIDA; ERICK FREITAS CURI; CARLOS ROBERTO ALMEIDA; MARCOS CÉLIO BROCCO; GILMAR DA SILVA FRANCISCO; MANOEL ANTÔNIO FREITAS UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, VITÓRIA, ES, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: O edema pulmonar por pressão negativa (EPPN) é uma complicação rara na anestesia geral (0,5-1,0%). Em sua maioria, o fator desencadeante é a obstrução aguda da via aérea superior (Espasmo laríngeo, crupe, epiglotite, aspiração de corpo estranho). Relato de caso: Paciente feminina, 31 anos, branca, 62 Kg e estado físico ASA I. Avaliação pré-anestésica: um tumor volumoso de mediastino. Diagnóstico de efeito de massa sobre a veia cava superior. Foi ao centro cirúrgico para biópsia da lesão (Mediastinoscopia cervical). Monitorou-se conforme a Resolução 1802/2006 (CFM). Acesso venoso em membro inferior esquerdo. Administrou-se por via venosa midazolam (3 mg) e fentanil (50 mcg). Manteve-se máscara facial (O2 100%). Feita infiltração no local da incisão com lidocaína 2%. Diante de queixa se adicionou dose de fentanil (50 mcg). Já iniciado o procedimento ocorreu reflexo de tosse. Associou-se hipertensão arterial (180/130 mmHg) e SpO2 de 86%. Interrompeu-se o procedimento. Instituiu-se ventilação manual sob máscara, sem êxito. O murmúrio pulmonar estava ausente. Administrou-se difenidramina (10 mg), ranitidina (50 mg) e hidrocortisona (500 mg). Na sequência se administrou propofol (100 mg). Ocorreu queda da resistência de via aérea, melhora da ventilação ativa e níveis pressóricos normalizados. Aspirou-se secreção de coloração rosa em cavidade oral e orofaringe. A biópsia foi realizada. Ao término administrou-se dipirona (2 g), cetoprofeno (100 mg) e ondasetrona (4 mg). A ausculta não evidenciava ruídos adventícios. A paciente acordou sem maiores complicações. Na SRPA manteve todos os parâmetros dentro da normalidade. A dor pós-operatória foi tratada com nalbufina (5 mg – SC). Recebeu alta da SRPA em segurança. Discussão e Conclusão: A síndrome da veia cava superior é um conjunto de sinais e sintomas (dilatação de veias cervicais, pletora facial, edema de membros superiores, cianose, cefaléia, tosse, dispnéia, ortopnéia e disfagia) decorrentes da obstrução do fluxo venoso da veia cava superior em direção ao átrio direito. A etiologia: Compressão extrínseca; Invasão tumoral; Trombose; Doenças intra-atriais. O edema da via aérea dificulta o seu manejo. A gênese do EPPN parece decorrer da formação de pressão negativa no interstício pulmonar durante esforço inspiratório aumentado. Tem como consequência edema e hemorragia pulmonar. O estado de hipoxemia pode contribuir com vasoconstricção pulmonar e periférica devido à resposta adrenérgica, aumentando o gradiente transmural para o leito capilar pulmonar. Referências: 1- Curr Surg, 2004; 61(5): 463-65. 2- J Clin Anesth, 1997; 9: 403-8.

AO 269 ANESTESIA PARA TRATAMENTO CIRÚRGICO DE PNEUMOTÓRAX CATAMENIAL GABRIELA DE FIGUEIREDO; EDUARDO MANSO DE CARVALHO ANDRADE; VIVIANE FRANÇA MARTINS; JOSÉ ANTONIO PINHEIRO MELGES; PEDRO CANDIDO ISMAEL; MAISA LUCAS ROMA CET HOSPITAL SAO FRANCISCO INST SANTA LID, RIBEIRAO PRETO, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: O pneumotórax catamenial é uma rara entidade associada ao período menstrual e é uma causa bem estabelecida de pneumotórax secundário, descrita pela primeira vez em 1958. Desde então foram poucos os casos relatados e revisados na literatura. Este relato trata do procedimento anestésico realizado para o tratamento cirúrgico adotado nesses casos. Acredita-se que o pneumotórax catamenial, mais frequente em pacientes entre a terceira e quarta década de vida e 90% dos casos no lado direito, seja causado pela presença de tecido endometrial na pleura pulmonar. O tratamento de escolha para esta patologia é intervenção cirúrgica através de toracotomia para bulectomia e, se necessário, pleurodese com abrasão pleural e talcagem. Relato de caso: Paciente de 32 anos, sexo feminino, branca, 64 kg, hígida, relatou vários episódios de pneumotórax espontâneo recidivante no último ano, todos ocorridos durante seu período menstrual e tratados com drenagem torácica sem resolução do problema. Após o diagnóstico de pneumotórax catamenial, o cirurgião torácico optou pelo tratamento cirúrgico preconizado para tal patologia: bulectomia com pleurodese. Para tal, foi realizada venóclise com cateter 20G e monitorização básica segundo a resolução CFM 1806/06. Em seguida, foi submetida a intubação traqueal com sonda simples e ventilação controlada a volume. Sendo utilizado o menor volume corrente necessário para a manutenção de saturação e capnometria adequadas. Obtendo-se assim movimentos respiratorios suaves que não colocassem em risco a segurança do procedimento no pulmão afetado. O procedimento anestésico cirúrgico foi um sucesso e a paciente recebeu alta hospitalar 24 horas depois, Não apresentando sintomas no ciclo menstrual do mês seguinte. Discussão e Conclusão: Para tal procedimento cirúrgico preconiza-se, segundo a literatura, a utilização de tubo de duplo lúmen, possibilitando ventilação monopulmonar, com a finalidade de parar a movimentação respiratória no pulmão afetado quando necessário. No presente caso foi utilizada sonda orotraqueal simples com uso de baixo volume corrente. Esse modo de ventilação mostrou-se uma alternativa viável para realização do tratamento cirúrgico de pneumotórax catamenial. Literatura:1)Textbook of Respiratory Medicine, 5th ed.; CHAPTER 74 - Pneumothorax, Chylothorax, Hemothorax, and Fibrothorax 2) Journal Clin Anesth. 2002 Feb;14(1):36-8. 3) Can Anaesth Soc J. 1978 Jan;25(1):60-2.

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AO 270 ANESTESIA PARA TRAUMA TORÁCICO TRANSFIXANTE IGOR SOUZA DE ALMEIDA; MARCELLE CRUZ DE LUCENA; MARCIA CHARNECA DA SILVEIRA VAZ; JOSÉ LEONARDO MACHADO VAZ; ANTONIO RAMIRES DE CARVALHO; MARYANGELA FORONI SAMPAIO MONTEIRO HOSPITAL ESTADUAL ADÃO PEREIRA NUNES, DUQUE DE CAXIAS, RJ, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: Anestesia no trauma constitui um desafio. Os principios gerais de anestesia no paciente vítima de trauma como oxigenação, reposição volêmica,correção da hipotermia e coagulopatia certamente se aplicam para as lesões torácicas, sendo o objetivo desse relato. RELATO DE CASO: masculino, 34 anos,70kg, admitido na emergência trazido por aerotransporte devido à trauma torácico transfixante por vergalhão, com aproximadamente 8 cm exposto na região anterior do tórax e 50 cm posteriormente, sendo indicada toracotomia exploradora. Lúcido e orientado, pressão arterial 130x80 mmHg, frequência cardíaca de 85 bpm e oximetria de pulso de 99%, murmurio vesicular diminuído no hemitorax esquerdo, ASA IE. Em decubito lateral direito devido ao objeto transfixante, monitorização com cardioscopia, oxímetro de pulso e pressão arterial não invasiva e aquecido com manta térmica. Adequação de punção venosa para o porte da cirurgia. Realizada técnica de anestesia venosa e inalatória, com indução anestésica em sequência rápida com propofol 200mg, fentanil 200µg e succinilcolina 80mg e intubação orotraqueal por laringoscopia direta com tubo orotraqueal aramado 8,0 com balonete e adicionado capnografia a monitorização. Manutenção da anestesia com sevoflurano em concentrações de 1,5 a 2% e bolus intermitentes de 15mg de atracúrio. Durante a cirurgia, o paciente apresentou um episódio de hipotensão arterial (78x50 mmHg), com resposta ao uso de vasopressor etilefrina 2mg venoso e hidratação no total de 2500ml de solução cristalóide sem hemotransfusão. Gasometrial arterial sem alterações. Realizado toracotomia exploradora à esquerda, com retirada de objeto transfixante sob visão direta. O procedimento durou 2 horas e 30 minutos, o bloqueio neuromuscular foi revertido, paciente extubado após 15 minutos e encaminhado ao CTI, Aldrete e Kroulik 9. Analgesia pós-operatória multimodal constou de dipirona 2g, cetoprofeno 100mg tramadol 100mg venoso. DISCUSSÃO: A gravidade do caso aumenta devido ao risco de lesão vascular desde o momento da ocorrência do trauma, durante o transporte aeroterrestre até o ato cirurgico. Pela possibilidade de dificuldade de intubação devido ao posicionamento do paciente pela lesão transfixante, foi realizada indução em sequência rápida. CONCLUSÃO: Neste caso houve um bom êxito tanto na intubação orotraqueal como na retirada do objeto sem a ocorrência de hemorragia por consequência de lesão de órgão vitais. A prática da medicina peroperatória constitui um desafio para o anestesiologista, tendo o paciente vitima de trauma torácico uma necessidade maior com relação aos parametros hemodinâmicos e ventilatórios. Referência Bibliográfica: Brandão ACA, Torres RVSD – Anestesia para o trauma torácico, em Curso de ensino a distância, vol IX, SBA, Rio de Janeiro, 2009: 75-91.

AO 271 INTUBAÇÃO ACORDADO EM PACIENTE ASMÁTICA SUBMETIDA À RESSECÇÃO DE BÓCIO MERGULHANTE DE MEDIASTINO. MARIA ALICE BARROS; MILENA AUR CHAHDA; WALDEMAR MONTOYA DI GREGORI; RENATA EVANGELISTA PINTO; MELINA GENEVIEVE EGAN; JOÃO MANOEL DA SILVA JÚNIOR HOSPITAL SERVIDOR PUBLICO ESTADUAL DE SAO PAULO, SAO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Origem:CET HSPE-FMOJustificativa e objetivo: A indução anestésica e intubação nos pacientes asmáticos é tarefa que exige cuidados. Nesse caso, em especial, temos o objetivo de relatar uma indução anestésica e intubação em paciente que além de asmática também apresentava imenso bócio mergulhante de mediastino. Material e método: Relato de caso: Paciente feminino, 51 anos, 70kg, 160cm de altura e asmática. Referiu não haver alterações da respiração no decúbito dorsal horizontal. Radiografia de tórax com alargamento de mediastino e tomografia de tórax com glândula tireóidea apresentando atenuação heterogênea e aumento volumétrico, estendendo-se 7,5cm abaixo da fúrcula esternal no mediastino médio, desviando a traqueia para a esquerda e reduzindo sua luz (0,6cm), compatível com bócio mergulhante. Na avaliação clinica foram encontrados os seguintes preditores de via aérea difícil: distância esterno mento <12cm, diâmetro do pescoço >40cm, mallampatti 3, mobilidade atlantoaxial <30o, abertura bucal >3cm. Em função dos preditores avaliados e diante a possibilidade da massa mediastinal comprometer a viabilidade da via aérea após indução anestésica decidimos realizar a intubação orotraqueal (IOT) com o paciente acordado. Inicialmente foi explicado detalhadamente o procedimento ao paciente, que se mostrou cooperativa. Foi monitorizada com cardioscópio, pressão arterial não invasiva, oximetria de pulso, e cateter nasal adaptado para realização de capnografia com paciente em respiração espontânea. Foi administrado 1mg de midazolam associado a 5ug de sufentanil endovenosos; o paciente permaneceu levemente sedado e colaborativo. Foi realizada anestesia tópica da língua com lidocaina gel a 2%, no total 5ml, a seguir foram administrados mais 2 ml em cada pilar amigdaliano para bloqueio do nervo glossofaríngeo. Após IOT com cânula orofaríngea 7,5 (COF), foi realizada a indução anestésica administrando sufentanil 30ug e propofol 60mg ;em nenhum momento do procedimento foi administrado bloqueador neuromuscular no intuito de manter a via aérea patente devido compressão do tumor de mediastino. A ventilação mecânica foi iniciada a volume, sem ser observados aumentos de pressão plateau ou pico durante o procedimento. A manutenção anestésica foi realizada com Isofluorane 0.6vol% e remifentanil em infusão continua 0,15ug/Kg/h. A paciente foi submetida à ressecção de massa mediastinal sob anestesia geral com tempo cirúrgico de 3 horas, sem intercorrências. O tamanho da peça cirúrgica foi de 10cm e pesou 160g. A paciente foi extubada com a manobra de Bailey, na qual foi introduzida máscara laríngea 4 atrás da COF com a paciente em plano anestésico. Após ela ter assumido respiração espontânea, a COF foi retirada e a paciente continuou ventilando através da mascara laríngea, sem sinais clínicos de obstrução respiratória ou alterações na capnografia. A máscara laríngea em relação à COF nos garantiu ventilação segura e permitiu assim despertar mais tranquilo. Referências:Anesthesiology 2010, 10:20

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AO 272 ANESTESIA PARA TIMECTOMIA POR VIDEOTORACOSCOPIA EM PACIENTE PORTADORA DE MIASTENIA GRAVIS: RELATO DE CASO. LEANDRO FELLET CHAVES; FERNANDO LIMA COUTINHO; PEDRO AUGUSTO OLIVEIRA; PEDRO MOREIRA ARAÚJO; EDUARDO NASSIF MARTINS; SAULO VIDAL TOSTES HOSPITAL E MATERNIDADE THEREZINHA DE JESUS, JUIZ DE FORA, MG, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivo(s): A Miastenia Gravis (MG) é uma doença auto-imune que afeta os receptores nicotínicos pós - sinápticos da junção neuromuscular, tornando o paciente extremamente sensível ao uso de bloqueadores neuromusculares (BNM) adespolarizantes durante a anestesia geral. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de uso titulado e monitorizado de BNM em paciente portadora de MG submetida à timectomia. Materiais e métodos: Paciente feminina, 45 anos, ASA 2 devido à MG, em uso de 300 mg/dia de piridostigmine, agendada para timectomia por videotoracospcopia. Após monitorização essencial, acesso venoso periférico 18G em MSD e sedação com propofol, foi realizada peridural contínua em T5-T6, na segunda tentativa, com injeção de 12,5 mg de bupivacaína 0,125% com adrenalina 1:200.000 e 50 mcg de fentanil. Logo após, a anestesia geral foi induzida com remifentanil 0,5 mcg/kg/minuto, propofol 2 mg/kg e atracúrio em doses tituladas até obtenção de T0 no monitor de bloqueio neuromuscular (TOF) no adutor do polegar, o que totalizou 25 mg. A intubação traqueal foi realizada com tubo de duplo-lúmen para ventilação monopulmonar na primeira tentativa, assim como o acesso venoso central em veia subclávia esquerda. A manutenção da anestesia foi feita com remifentanil 0,25 a 0,5 mcg/kg/min, propofol 6 a 10 mg/kg/h e doses adicionais de atracúrio para manutenção de TOF 0, no total de 2,5 mg. O procedimento transcorreu sem intercorrências e durou cerca de 120 minutos. A anestesia geral foi descontinuada depois da reversão do BMM com atropina e neostigmine em cerca de 20 minutos após TOF 2, com TOF>90%. A paciente foi encaminhada à UTI sem queixas, estável e com uma infusão contínua pelo cateter peridural de 6 a 8 ml/h de uma solução de bupivacaína 0,1% com fentanil 2mcg/ml por 48h. Alta hospitalar sem intercorrências, 2 dias depois. Discussão: Alguns autores sugerem a omissão de BNM adespolarizantes em anestesia geral para portadores de MG. Porém, no caso da videotoracoscopia, a imobilidade torna-se imprescindível para se evitar a possibilidade catastrófica de um movimento inadvertido do paciente e a lesão de grandes vasos pelos trocáteres do cirurgião. A monitorização do BNM constitui-se a pedra angular para a segurança nestes casos supracitados, aliada à analgesia adequada proporcionada pela combinação da peridural torácica contínua com a anestesia geral. Conclusão: A monitorização do BNM é imperativa na anestesia geral com uso de BNM em pacientes portadores de MG Referências bibliográficas: Br J Anaesth 2007;99:132-8.

AO 273 BLOQUEIO PARAVERTEBRAL EM PACIENTE HEPATOPATA SUBMETIDO À TORACOTOMIA: RELATO DE CASO LEANDRO FELLET CHAVES; TÁSSIA VELOSO GOMES; CHRISTIANE RITTERSHAUSSEN FURTADO; ROBERTO VIEIRA SILVA; DANIELLE BARROS CAZARIM; ALMIR SILVA ALMEIDA CET HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA FACULDADE DE MEDICINA DA UFJF, JUIZ DE FORA, MG, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivo(s): A analgesia peridural é considerada o melhor método para alívio da dor após grandes procedimentos e é utilizada de rotina em alguns centros de cirurgia torácica. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de analgesia com bloqueio paravertebral como alternativa à peridural em paciente hepatopata. Materiais e métodos: Paciente masculino, 45 anos, ASA 3, devido à história de hepatite B e cirrose hepática, agendado para decorticação pulmonar direita através de toracotomia. Encontrava-se na classificação A de Child-Pugh, em uso de espironolactona e furosemida e com coagulograma evidenciando AP=48% e RNI=1,55. Após monitorização básica essencial, foi realizado bloqueio paravertebral, na terceira tentativa, em T9 com injeção de 20 ml de bupivacaína 0,25% com adrenalina 1:200.000 e instalado cateter para analgesia contínua. Logo após, foi induzida anestesia geral com sufentanil, propofol e cisatracúrio e realizada intubação com tubo de duplo-lúmen para ventilação monopulmonar. Manutenção com O2 e sevoflurano 1 a 2 CAM. Monitorizações adicionais incluíram ETCO2, analisador de gases expirados, monitorização do bloqueio neuromuscular no adutor do polegar, acesso venoso central em subclávia direita e pressão arterial invasiva em artéria radial esquerda. Procedimento transcorrido em 150 minutos, sem intercorrências. Após a extubação, o paciente foi enviado à UTI lúcido, orientado, estável e sem queixas álgicas. Iniciada infusão contínua de bupivacaína 0,0625% via cateter paravertebral em infusões variando de 7 a 10 ml/h e mantidas até o terceiro PO. Discussão e conclusões: Os escores de dor aguda pós-operatória após toracotomia são potencialmente elevados e relacionados à cronificação da mesma em 5 a 65% dos casos. O bloqueio paravertebral promove alívio da dor de forma semelhante ao peridural com menor incidência de efeitos colaterais como hipotensão, náuseas e vômitos. Em casos de potenciais coagulopatias (RNI>1,5), os bloqueios periféricos tem uma relação risco-benefício melhor que os centrais. Referências bibliográficas: Anesth Analg 2010;110:1740-4. Br J Anaesth 2006;96:418-26.

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AO 274 ECOCARDIOGRAMA TRANSESOFÁGICO PER-OPERATÓRIO NO PACIENTE COM COR PULMONALE E TROMBOEMBOLISMO PULMONAR CRÔNICO. RELATO DE CASO. RAFAEL REIS FERNANDES; MARCELO FONSECA SALGADO FILHO; ALEXANDRE FERNANDES DA SILVA INSTITUTO NACIONAL DE CARDIOLOGIA, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Justificativas e Objetivos: O cor pulmonale desencadeado pelo tromboembolismo pulmonar (TEP) crônico associado a hipertensão arterial pulmonar (HAP) apresenta alterações anatômicas e fisiológicas do coração direito com alto índice de mortalidade. O objetivo deste relato é ressaltar a importância do ecocardiograma transesofágico (ETE) per-operatório no paciente com cor pulmonale e TEP crônico submetido a cirurgia para tromboendarterectomia pulmonar. Relato do Caso: Feminino, 47 anos, ASA P4, que há 3 anos vinha com piora da dispnéia. Ao procurar o serviço de cardiologia deste hospital foi diagnosticado cor pulmonale devido a um TEP confirmado com angioTC de tórax e cintilografia de ventilação/perfusão. Foi indicada a cirurgia de tromboendarterectomia pulmonar devido ao agravamento do quadro clínico. Estava em investigação quanto a trombofilias. Exames laboratoriais dentro da normalidade. A monitorização consistiu de PAi, PVC, ECG, SpO2, ETCO2, BIS, temperaturas retal e nasofaríngea e ETE. A avaliação do ETE pré-CEC mostrou aumento das câmaras direitas; disfunção biventricular moderada; insuficiência tricúspide grave; HAP; trombo na veia cava superior (VCS) e trombo em tronco da artéria pulmonar e no seu ramo a direita. Foi realizada tromboendarterectomia pulmonar direita, plastia da válvula tricúspide e trombectomia da VCS, com um tempo total de CEC de 200 minutos e 30 minutos de parada circulatória total. Durante o desmame da CEC o ETE apresentou uma importante disfunção de VD, ausência de trombo na artéria pulmonar direita e na VCS e válvula tricúspide competente. Houve diminuição da complacência pulmonar e presença de secreção sero-sanguinolenta pelo tubo de duplo lúmen principalmente pelo lado traqueal, pulmão direito (IOT seletiva para a esquerda). Diante disto foi iniciado infusão de milrinona e inalação de óxido nítrico. Após estabilização cardiopulmonar e revisão da hemostasia, a paciente foi encaminhada para a unidade pós-operatória (UPO) intubada seletivamente para a esquerda com o tubo de duplo lúmen, para que se pudesse realizar ventilação pulmonar independente devido à injúria pulmonar. A paciente evolui com HAP, insuficiência de VD grave, edema agudo de pulmão de reperfusão e SDRA no pós-operatório imediato refratários a terapêutica e foi a óbito 24 horas após a admissão na UPO. Conclusão: O ETE é um método de monitorização e diagnóstico de fundamental importância na cirurgia cardíaca para o anestesiologista e o cirurgião, principalmente em cirurgias como a tromboendarterectomia pulmonar com plastia de válvula tricúspide. Referências Bibliográficas: 1 - Anesthesia & Analgesia, 1999:89(4);870-84. 2 - International Anesthesia Research Society, 2009:18;407-421.

AO 275 CHOQUE ANAFILÁTICO À PROTAMINA EM PACIENTE SUBMETIDO A PLASTIA DE VÁLVULA MITRAL E REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO LIGIA THEODORO DA SILVA; MONICA CUNHA GOBBO; AMANDA GIRALDI MARYAMA; PEDRO SOLFA CAMPOS OLIVEIRA; REBECA FERNANDES WERNER CESAR; KAREN RAQUEL BARBAN HOSPITAL E MATERNIDADE CELSO PIERRO- PUCCAMP, CAMPINAS, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: A protamina é um complexo proteico de baixo peso molecular, encontrada no esperma ou testículos de peixes, como o salmão. Preparada sob a forma de sulfato, se combina ionicamente com a heparina para formar complexo estável, desprovido de atividade anticoagulante. Na circulação exerce pequeno efeito anticoagulante. Diversos tipos de reações tem sido descritos, alérgica ou anafilática, por liberação do complemento, pela ação anticoagulante, ou envolvendo alterações hemodinâmicas. Reações podem ocorrer em indivíduos previamente sensibilizados à protamina, como pacientes submetidos a cateterismo, cirurgias cardíacas e vasectomia. Também estão sob risco diabéticos em uso de insulina lenta e alérgicos a peixes. O trabalho tem como objetivo avaliar fatores de risco prévios e tratar imediatamente sinais iniciais de anafilaxia. Relato de Caso: NBP, masculino, 66 anos, 70kg, 1,72m, ASA II, hipertenso, em uso de amiodarona, metoprolol, enalapril e AAS. Negava cirurgias prévias, alergia medicamentosa e alimentar. Exames laboratorias normais. Portador de insuficiência mitral importante sem disfunção ventricular prévia, assintomático. Ecocardiograma transesofágico e cateterismo mostravam obstrução de coronária direita. Foi submetido a cirurgia eletiva de valvuloplastia mitral e revascularização do miocárdio. Monitorizado com cardioscopia, oximetria de pulso, sonda vesical, pressão arterial invasiva , pressão venosa central, catéter de Swan-Ganz e sonda nasogástrica. Indução anestésica realizada com sufentanil, etomidato, cisatracúrio, hidrocortisona e cefazolina. Após uso de protamina, na saída da circulação extracorpórea, paciente apresentou instabilidade hemodinâmica com hipotensão grave, vasodilatação periférica intensa com sinais de baixo débito cardíaco, não responsivos a expansão volêmica. Iniciou-se uso de noradrenalina , vasopressina, adrenalina e azul de metileno. Ao término da cirurgia o paciente foi encaminhado a Unidade Coronariana, apresentando piora do quadro de choque, tendo sido associada dobutamina. Foi politransfundido, apresentou SIRS, SARA, hipertensão pulmonar e disritmia cardíaca. Evoluiu ainda com insuficiência renal aguda necessitando de hemodiálise, e finalmente PCR em assistolia, sem sucesso das manobras de reanimação, e óbito no 6º dia de pós-operatório. Conclusões: Pacientes que serão submetidos a procedimentos com uso de protamina precisam ter uma cuidadosa avaliação pré-anestésica, buscando identificar sensibilização prévia e existência de fatores de risco. Pacientes sem antecedentes relevantes, devemos atentar a sinais iniciais de choque, como hipotensão importante, baixo débito cardíado, broncoespasmo, estridor e aumento da pressão de pico do ventilador, instituindo rápidas medidas de tratamento da anafilaxia. Bibliografia: Rev Cubana, 2003; 75 Basic Clin Pharmacol Toxicol , 2008; 103(2): 192-6 Indian Heart J , 2009; 61(2): 216-7

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AO 276 OBSTRUÇÃO DO TUBO ENDOTRAQUEAL EM CIRURGIA CARDIACA- RELATO DE CASO NELSON UNZER FILHO; JOSE PEREIRA ASSEF; LUIZ ANTONIO MOEAES; HENRIQUE CARVALHO RIBEIRO CET SBA/MEC, MARILIA, SP, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: Entre as complicações durante a permanência do tubo traqueal, a obstrução é uma das mais graves, com causas muito variadas e as vezes de difícil detecção. Relato de Caso: Paciente masculino, 43 anos, 70 kg, programado para cirurgia de válvula mitral, com importante hipertensão pulmonar (ECO PSAP: 70mmHg). Recebeu como MPA, 15 mg de midazolan, 40 minutos antes da cirurgia. Monitorizado com oximetro, eletro e PAI. Induzido com infusão continua de remifentanil em bomba (0,3mcg/kg/minuto), durante 5 minutos, midazolan 7,5mg, etomidato 15mg, succinilcolina 70mg, ventilado e entubado com sonda Portex nº 8,0 sem intercorrencias e sem alterações hemodinâmicas importantes. Relaxamento muscular mantido com pancurônio 8mg, conectado ao respirador Takaoka SAT 500 (modo VCV) e conectado ao capnografo, sem alterações. Sonda de entubação trocada de lado a pedido da equipe cirúrgica. Manutenção com anestesia geral balanceada venosa com remifentanil e propofol e inalatoria com isoflurano. Minutos após a indução ocorreu aumento progressivo da PIT (21 no inicio e agora 40 cm de H2O). Ocorreu também queda progressiva na Sat O2 até 80 e aumento progressivo da fração expirada de CO2 até 70. Ventilado manualmente com grande resistência e melhora parcial dos parâmetros de CO2 e O2. Diante do quadro clinico do paciente e da alteração do padrão do capnografo, foram feitas as suspeitas de edema agudo de pulmão e broncoespasmo e também de obstrução do tubo por rolha de catarro. Tentado passar sonda uretral pela sonda de entubação com resistência, foi então instilado soro fisiológico, sem melhora do quadro e também continuou a impossibilidade de passar a sonda uretral. Diante deste quadro foi feito diagnostico de obstrução da sonda. Os campos cirúrgicos foram afastados, paciente extubado, sendo contatado que a sonda traqueal estava dobrada, com grande diminuição do seu calibre interno. Paciente reintubado com normalização do quadro clinico e cirurgia transcorrendo sem intercorrencias. Ao final da cirurgia, paciente encaminhado para UTI em ventilação controlada. DISCUSSÃO: Quando em respiração controlada, a obstrução da sonda pode provocar aumento da resistência das vias aéreas, ocorrendo também a impossibilidade de introduzir uma sonda de aspiração pelo tubo, o que existia no caso e que nos levou a conduta adotada. Acreditamos que a dobra da cânula, possa ter ocorrido quando da troca de lado, desta cânula. REFERENCIA: Manual Clinico da Via aérea Respiratória, 2005; 21: 241. Fonte de interesse nenhum Fomento: nenhum

AO 277 USO DE FIBROBRONCOSCOPIO PARA A RESOLUÇÃO DE COMPLICAÇÃO PULMONAR APÓS CEC EM CIRURGIA CARDIACA - RELATO DE CASO DIRCE ABREU; NELSON UNZER FILHO; EDNARDO NEGREIROS FREITAS; ANDRE GUIMARAES MEDEIROS CET/SBA/MEC, MARILIA, SP, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: O uso do fibrobroncoscopio em anestesiologia, vem tendo um grande aumento, pois o mesmo pode resolver a maior parte dos casos de intubação difícil, pode ajudar na colocação correta das sondas de duplo lumen e também pode ajudar a resolver outros problemas relacionados a via aérea, como no caso em questão. RELATO DE CASO: Paciente feminina, 67 anos, programada para a realização de cirurgia de revascularização miocárdica com circulação extra-corporea. Monitorização habitual, indução, manutenção anestésica e cirurgia sem intercorrencias, até os preparativos para a saída da CEC. Quando da expansão pulmonar antes da saída de circulação extra-corporea, foi observado que o pulmão direito expandia normalmente, fato este que não ocorria com o pulmão esquerdo. Instilado soro fisiológico na sonda de intubação traqueal e realizada aspiração, sem melhora do quadro clinico. Paciente continuou em CEC e então através da sonda de intubação traqueal foi passado o fibrobroncospio, o qual penetrou facilmente no brônquio principal direito e encontrou dificuldades para progredir no brônquio principal esquerdo. Através do broncoscopio, foi realizada a instilação de soro fisiológico e também através dele realizada aspiração de material, com aspecto de catarro pulmonar. A seguir o broncoscopio foi retirado e realizada nova expansão pulmonar manual, com expansão pulmonar bilateral. Paciente foi conectada ao respirador, ventilação sem problemas e saída de circulação extra-corporea foi executada sem intercorrencias. Cirurgia prosseguiu normalmente e ao final da mesma paciente encaminhada a UTI, com evolução normal. DISCUSSÃO: Obstrução por secreções pulmonares podem ocorrer e prejudicar a ventilação dos pacientes. No caso em questão a obstrução não era na sonda de intubação, mas sim no brônquio principal esquerdo e portanto de difícil resolução, se não fosse a utilização do fibrobroncoscopio. Portanto a utilização do mesmo deve ser incentivada, pois o mesmo é um aparelho de grande utilidade em anestesiologia. REFERENCIA BIBLIOGRAFICA: Manual Clinico da Via Aérea Respiratória, 2005; 5: 48-68 e 21: 241. Fonte de Interesse: Nenhum Fomento: Nenhum

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AO 278 MORFINA SUBARACNÓIDE EM PÓS-OPERATÓRIO DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO DOUGLAS VENDRAMIN; ELIZABETH MILLA TAMBARA; RICARDO LOPES DA SILVA; MARISA PIZZICHINI; FERNANDA REINALDI MUNHOZ; JANAINA GOMES FIGUEIRA CET DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA, CURITIBA, PR, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO Um número significante de pacientes ainda experimenta níveis inaceitáveis de dor no período pós-operatório, apesar dos diversos avanços que ocorreram no controle da dor nas últimas décadas, causando efeitos indesejáveis em diversos sistemas. A partir da descoberta dos receptores opióides, o uso de drogas opióides por via subaracnóide vem sendo amplamente utilizado para o controle da dor. OBJETIVOS Este trabalho tem o objetivo estudar o efeito do sulfato de morfina administrado no espaço subaracnóide antes do início da operação, em diferentes momentos do período pós-operatório de revascularização do miocárdio, quanto ao grau de analgesia, à incidência de efeitos colaterais, à necessidade de analgésico, antiemético e antipruriginoso, às medidas do volume minuto e o tempo entre o final da operação e a extubação traqueal. MATERIAL E MÉTODO Após aprovação do estudo pelo CEP em Seres Humanos do Hospital de Clínicas da UFPR, foram estudados 41 pacientes do sexo masculino, com idade de 40 a 75 anos, admitidos para revascularização do miocárdio. Os pacientes foram submetidos à anestesia geral, com a utilização de fentanil e alfentanil venosos, e divididos aleatoriamente em três grupos; um grupo recebeu 2,5µg. kg-1 (Grupo 2,5) de morfina subaracnóide, o outro 5µg.kg-1 (Grupo 5), enquanto no outro não se administrou morfina (Grupo C). A análise estatística foi realizada pelos métodos Kruskal-Wallis, ANOVA e Qui-Quadrado. RESULTADOS Todos os grupos foram semelhantes quanto ao grau de analgesia por meio da Escala Visual Analógica (EVA), 24 horas após o término da operação, não apresentando diferença estatística nos momentos de 60 minutos (3,8±1,4 vs 4,4±2,1 vs 5,2 ±2,0, p= 0,1), 6 horas (2,0 ±1,9 vs 2,7±1,8 vs 2,9 ±2,1, p= 0,431), 12 horas (2,3±1,9 vs 2,5±2,1 vs 2,8 ±1,3, p= 0,646) e 24 horas (2,9±1,7 vs 2,8±2,5 vs 3,2 ±1,5, p= 0,686). Na verificação intragrupo, constatou-se que o maior valor da EVA foi aos 60 minutos após o término da operação (p= 0,048 vs 0,027 vs 0,001). Quanto à incidência de efeitos colaterais, não foi observada diferença ao se comparar os três grupos, embora náusea e vômito tenham sido os efeitos colaterais mais freqüentes. Na análise da necessidade de analgésico, antiemético e antipruriginoso, não foi observada diferença entre os grupos estudados, ainda que os pacientes do grupo C tenham necessitado mais analgésico no período compreendido entre 1 e 6 horas e os do grupo 5, mais antiemético no mesmo período. No estudo comparativo da ventilometria (freqüência respiratória, volume corrente e volume minuto), não foi observada diferença nos três grupos nos momentos préoperatório, 1 hora e 6 horas após o término da operação. O tempo entre o final da operação e a extubação traqueal foi similar em todos os grupos. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO Conclui-se que a administração de 2,5 ou 5mcg.kg-1 de sulfato de morfina no espaço subaracnóide, antes da anestesia geral, não promove alteração na analgesia pós-operatória e no tempo para extubação traqueal de pacientes submetidos à revascularização do miocárdio com anestesia geral. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHANEY, M. A. et al. Intrathecal morphine for coronary artery bypass graft procedure and early extubation revisited. J. Cardiothorac. Vasc. Anesth., v.13, n.5, p.574-578, Oct. 1999. MELO, M. C. B. F.; TAMBARA, E. M. Avaliação das alterações hormonais da cirurgia de revascularização do miocárdio com circulação extracorpórea sob anestesia geral e bloqueio peridural torácico. Rev. Bras. Anestesiol., v.51, supl.27, p.85, nov. 2001. MENEZES, R. A. Analgesia pós-operatória - analgesia preventiva. In: MENEZES, R. A. Síndromes dolorosas diagnóstico – terapêutica saúde física e mental. Revinter, 1999. cap.3 p.168-172.

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AO 279 ANÁLISE DE PROTOCOLO PARA REDUÇÃO DO USO DE HEMODERIVADOS EM CIRURGIA CARDÍACA MONICA CUNHA GOBBO; EDGAR YUGUE; KAREN RAQUEL BARBAN; GLEICE AGNES ALMEIDA REINERT; ANDRÉ ANGELO CINTRA; GUSTAVO CALADO DE AGUIAR RIBEIRO PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATOLICA, CAMPINAS, SP, BRASIL. Resumo: André Angelo Cintra ¹ Mônica Braga da Cunha Gobbo, TSA ² Edgar Yugue, TSA ³ Karen Raquel Barban 4 Gleice Agnes Almeida Reinert 5 Gustavo Calado de Aguiar Ribeiro 6 1- Medico em especialização do segundo ano do CET HMCP da Pontifícia Universidade Católica de Campinas 2- Médica Anestesiologista Responsável pelo CET HMCP da Pontifícia Universidade Católica de Campinas 3- Médico Anestesiologista co-responsável e Assistente do CET HMCP da Pontifícia Universidade Católica de Campinas 4- Médica Anestesiologista Assistente do CET HMCP da Pontifícia Universidade Católica de Campinas 5- Médica Anestesiologista Assistente do CET HMCP da Pontifícia Universidade Católica de Campinas 6- Médico Cirurgião Cardíaco do HMCP da Pontifícia Universidade Católica de Campinas Trabalho realizado no HMCP da Pontifícia Universidade Católica de Campinas – Avenida Jonh Boynd Dunlop s/n – Jardim Ipaussurama Objetivo: Analisar os resultados da implantação de protocolo para redução de transfusão de hemoderivados em cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea (CEC). Métodos: Comparação retrospectiva de CEC convencional, grupo 1 (n=675 pacientes), entre 1998-2000, e após aplicação de protocolo, entre 2001-2006, grupo 2 (n=2100) que consistiu: 1) na implementação de drenagem venosa assistida por vácuo; 2) encurtamento dos tubos do circuito de CEC; 3) redução do volume do prime e; 4) autotransfusão com hemodiluição no intra-operatório. Dos 2.775 pacientes, 62.6% (n=1738) eram do sexo masculino e destes 24.2 % (n=421) apresentavam hemoglobina maior do que 13g/dl; e 40.2% (n=417) do sexo feminino com hemoglobina menor que 12 g/dl. Resultados: A transfusão de concentrado de hemácias (CH) foi administrada em 1.118 (40.2%) do total de pacientes. CH foi usado em 73% (n=493) do grupo 1, contra 29.7% (n= 625) do grupo 2 (p<0,01). Dos pacientes que receberam CH 72% (n=805) tinham 70 anos ou mais, e 693 (62%) eram mulheres. A transfusão ocorreu em 71% com tempo de CEC acima de 90 min. comparado a 29% dos pacientes com tempo de CEC menor que 90 min. (p<0.001), assim como, nos pacientes com fração de ejeção menor que 35% (76%) (p<0.001). Também observamos que houve necessidade maior de transfusão naqueles com hematócrito inicial menor que 34% comparados com hematócrito inicial maior que 34% (p<0.001). Nos pacientes submetidos ao protocolo, clinicamente, houve menor quantidade na drenagem de sangramento (24 horas) (p<0,01), menos paciente receberam suporte inotrópico (p<0,05); além de menor tempo de internação em UTI (p<0,05). Em análise multivariada identificou-se como preditores de transfusão: cirurgias combinadas, doença renal, idade avançada e baixa superfície corpórea, anemia pré operatória. Discussão: A estratégia adotada pelo protocolo tem o objetivo de reduzir a necessidade de transfusões de hemoderivados heterólogos em cirurgias cardíacas com CEC e suas complicações. Conclusão: Implementação do protocolo reduziu a necessidade de hemotransfusão em cirurgia cardíaca, além de associar-se com melhora clínica devido à diminuição do número de complicações pós operatórias. Referencia Bibliográfica: 1 -Alghamdi AA, Davis A, Brister S, Corey P, Logan A. Development and validation of Transfusion Risk Understanding Scoring Tool (TRUST) to stratify cardiac surgery patients according to their blood transfusion needs. Transfusion. 2006;46(7):1120-9. 2 – Banbury MK; White JA; Blackstone EH; Cosgrove DM Vacuum – Assisted Venous Return Reduces blood usage. The Journal of Thoracic an Cardiovascular Surgy. 2003; 126:680 - 687

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AO 280 ESTUDO COMPARATIVO ENTRE ANESTESIA GERAL ISOLADA OU COMBINADA COM RAQUIANESTESIA PARA CIRURGIA CARDÍACA PEDIÁTRICA GUILHERME OLIVEIRA CAMPOS; ABDIAS CARLOS OLIVEIRA FILHO; RODRIGO LEAL ALVES; MARCELO DE JESUS MARTINS; ADRIANO TEIXEIRA FERNANDES; LUIZ ALBERTO TEIXEIRA CET HOSPITAL SÃO RAFAEL, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: O emprego da anestesia regional em cirurgia cardíaca tem o intuito de prover um melhor controle álgico e conseqüente redução da resposta neuro-endócrino-metabólica ao estresse. Na cirurgia cardíaca pediátrica existem poucos trabalhos com enfoque nos efeitos da anestesia regional. O presente trabalho tem como objetivo comparar parâmetros clínicos e metabólicos no perioperatório em pacientes pediátricos submetidos a cirurgia cardíaca com anestesia geral isolada ou combinada com raquianestesia. MÉTODO: Trata-se de um trabalho retrospectivo, com revisão de dados obtidos em prontuários de pacientes pediátricos submetidos a cirurgia cardíaca, sob anestesia geral (G – 123 pacientes) ou anestesia geral com raquianestesia e morfina intratecal (GR – 35 pacientes). Foram comparados parâmetros clínicos e metabólicos entre os dois grupos com utilização de testes não paramétricos. Foram considerados como significativos diferenças com valor de p inferior a 0,05 RESULTADOS: Não houve diferença entre os grupos nas variáveis metabólicas estudadas (glicemia e lactato). Foi observado maior uso de vasopressor nos pacientes do grupo GR e vasodilatador no grupo G. Houve uma tendência a menor tempo de ventilação mecânica, permanência em UTI e internação hospitalar no grupo GR, porém sem significância estatística. DISCUSSÃO: A utilização de anestesia regional para cirurgia cardíaca em crianças mostrou-se uma técnica segura, porém sem benefícios evidentes sobre anestesia geral isolada. Novos trabalhos comparativos, preferencialmente estudos prospectivos e randomizados, são necessários para que melhores evidências sejam estabelecidas. Referências: 1. Chaney MA. – Intrathecal and Epidural Anesthesia and Analgesia for Cardiac Surgery. Anesth Analg, 2006;102:45-64. 2. Peterson KL, DeCampli WM, Pike NA et al. – A Report of Two Hundred Twenty Cases of Regional Anesthesia in Pediatric Cardiac Surgery. Anesth Analg, 2000;90:1014-9.

AO 281 CORPO ESTRANHO INTRA-CORONÁRIA LEVANDO A ÓBITO. CONDUTA ANESTÉSICA. ONOFRE ALVES NETO; HUGO SÉRGIO DE OLIVEIRA GOMES; GUSTAVO PAULA ANDRIOLO; TIAGO HENRIQUE MARÇAL VIEIRA CET-SBA DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UFG, GOIÂNIA, GO, BRASIL. Resumo: JUSTIFICATIVA E OBJETIVO - É cada vez mais frequente a utilização de angioplastia das coronárias na tentativa de controlar obstruções ateromatosas, mas que resulta num percentual e complicações. O caso descreve a anestesia e as complicações, que culminaram em óbito do paciente, de uma tentativa de se realizar angioplastia na coronária direita e, na retirada do fio-guia do cateter próprio, houve ruptura do mesmo e o paciente evoluiu para insuficiência ventricular direita aguda e grave, sendo encaminhado à cirurgia de revascularização do miocárdio, de urgência, que foi feita, identificando-se um pedaço de cerca de 10 centímetros do fio-guia do cateter intra-coronariano, que foi retirado; feita a revascularização, mas o paciente evoluiu com insuficiência cardíaca grave, indo a óbito. RELATO - Paciente GMS, 71 anos, 78 quilos, com história de angina estável. História de diabetes controlado com medicamentos e dieta; ex-fumante; vida sedentária. Ao Cateterismo cardíaco verifica-se lesões de 70-80% de três ramos: 1 da coronária direita e 2 da coronária esquerda. Indicada Angioplastia com dilatação das obstruções e colocação de 2 “stentes” do tipo farmacológico, o paciente submeteu-se à primeira angioplastia e colocação de “stent” na artéria descendente anterior; à tentativa de se fazer dilatação do ramo com lesão da artéria coronária direita, foi feita a dilatação considerada adequada e à tentativa de se passar o “stent” houve muita dificuldade, não se conseguindo sua progressão. Com a decisão tomada de não-continuação da angioplastia, à tentativa de se retirar o cateter dilatador, houve muita dificuldade. A seguir, à tentativa de se retirar o fio-guia, foi notada dificuldade maior ainda e houve a ruptura do mesmo. O paciente evoluiu gravemente, com insuficiência cardíaca e dor intensa no tórax, agitado. Contactado, a equipe de cirurgia cardiovascular indicou revascularização do miocárdio de emergência. Paciente foi encaminhado ao Centro Cirúrgico, em uso de solução de nor-adrenalina; após monitorização, com colocação de cateter na artéria radial para medição contínua da pressão arterial média e da veia subclávia direita, anestesia foi induzida com Midazolam + Fentanil + Pancurônio; feita intubação traqueal sem complicações; ventilação mecânica e manutenção da anestesia com Fentanil EV + Isoflurano a 1,5%. Em Circulação extra-corpórea, houve a retirada de objeto metálico na coronária direita (pedaço do fio-guia) + Colocação de ponte aórtico-coronária direita, com 28 minutos de tempo de CEC. Paciente evoluiu mal, não saindo de CEC após inúmeras tentativas, com Insuficiência cardíaca direita aguda, evoluindo para Óbito per-operatório. CONCLUSÕES - Mesmo com poucas complicações, angioplastia pode caminhar para lesões graves, como a apresentada neste caso, merecendo melhor avaliação de indicação por parte de todos os envolvidos. REFERÊNCIAS - Hensley FA - Cardiac anesthesia - Lippincott, 2008, 289-315.

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AO 282 PACIENTE COM ARTERITE DE TAKAYASU SUBMETIDO A HIPOTERMIA PROFUNDA COM PARADA CIRCULATÓRIA TOTAL PARA CORREÇÃO DE ANEURISMA DE AORTA TORÁCICA: RELATO DE CASO MARCEL SOUKI; PATRICIA LOPES GABRIEL; CARLA REGINA OLIVEIRA GOMES; CLÁUDIA HELENA RIBEIRO SILVA; MANUELA GUIMARÃES ALMEIDA NOGUEIRA SANTA CASA DE BELO HORIZONTE, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: Cirurgias da aorta torácica com interrupção total da perfusão cerebral têm sido associadas com a maior incidência de injúria cerebral em relação as demais cirurgias cardíacas. Essas cirurgias ainda representam um grande desafio para o anestesiologista, devido a graves seqüelas que podem acometer os seus pacientes. Relato de Caso: Paciente J.P.S, 41 anos,66Kg, com diagnóstico de Arterite de TAKAYASU, apresentou quadro súbito de desvio da comissura labial, hemiplegia direita e afasia. Angio-TC: volumoso aneurisma sacular parcialmente trombosado na crossa da aorta|tronco braquiocefálico, provocando compressão da v.cava superior e v. subclávia esquerda, associada a estenose crítica na origem da artéria carótida comum E, acentuada estenose na origem a.carótida comum D. Submetida a Anestesia Geral Balanceada para correção do aneurisma, indução anestésica com Fentanil EV 500mcg, Etomidato 20mg e Atracúrio 35mg. Temperatura foi monitorizada com termômetro nasofaríngeo, iniciado by pass total (CEC) com resfriamento progressivo do paciente até atingir a temperatura de 16ºC, quando iniciou a parada circulatória total. Durante a hipotermia profunda foi colocado bolsas de gelo na cabeça da paciente. A temperatura da paciente manteve entre 15,4ºC e 16ºC durante a parada circulatória total, com duração de 24 minutos. Foi realizado neuroproteção com Tiopental 5mg|Kg e Lidocaína 1,5mg|Kg. Após esse período, paciente foi reaquecido até a temperatura de 37,1ºC.Duração do ato anestésico –cirúrgico: 4h40min. Paciente não necessitou de transfusão sanguínea em per-operatório. Encaminhada ao CTI intubada, estável.A paciente foi extubada na UTI no mesmo dia. No pós operatório imediato; a paciente não apresentou novos déficits neurológicos (cognitivo e|ou motor), mantendo o mesmo quadro neurológico prévio à cirurgia( afasia e hemiplegia à D). Discussão: Dois principais mecanismos explicam a alta incidência de AVC e alterações cognitivas nas cirurgias de aorta torácica: infarto cerebral causado por hipoperfusão ou parada circulatória total durante a reconstrução do arco aórtico, como também por isquemia por embolização cerebral como conseqüência da circulação extracorpórea ou doença vascular intrínseca. O cérebro é vulnerável a isquemia com poucos minutos após o início da parada circulatória total, devido a sua alta taxa metabólica, necessidade contínua de substratos e reserva limitada de fosfato. Várias evidências experimentais e experiências clínicas já sugeriram que a hipotermia profunda é a mais importante intervenção para prevenir dano neurológico da para circulatória total. Não há porém, um grupo farmacológico que tenha demonstrado eficácia em reduzir os riscos ou a gravidade do dano neurológico nas cirurgias de aorta torácica. Quando disponível, o EEG oferece um bom parâmetro para o resfriamento cerebral. Referências bibliográficas: 01. Kaplan’s Cardiac Anesthesia, 6th Ed.

AO 283 RELATO DOS NOSSOS PRIMEIROS 10 CASOS DE TROCA DE VÁLVULA AÓRTICA POR VIA PERCUTÂNEA UTILIZANDO O SISTEMA AUTOEXPANSÍVEL COREVALVE®. ALEXANDER ALVES DA SILVA; MELLYANE BORGES RIBEIRO; VILSON FURLANETTO JUNIOR; ENIS DONIZETTI SILVA; FÁBIO HENRIQUE GREGORY CET SÃO PAULO-SERV.MÉD.DE ANEST.S/C LTDA, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: A troca da válvula aórtica por via convencional ainda permanece como a primeira opção nos casos de estenose aórtica grave apesar da elevada morbidade e mortalidade entre os pacientes de idade mais avançada e com muitas comorbidades associadas. Para esse grupo de pacientes a troca da válvula através da via percutânea com o sistema auto-expansível da CoreValve® vem sendo utilizada em alguns Países e com resultados bastante animadores. Nosso objetivo foi descrever como transcorreram os nossos dez primeiros casos. Pacientes e métodos: revisamos os prontuários dos dez primeiros pacientes submetidos ao procedimento em nosso hospital buscando detalhar características demográficas, comorbidades associadas, técnica anestésica utilizada, tipo de monitorização empregada durante o procedimento, intercorrências anestésicas ou cirúrgicas no período intra-operatório, tempo médio de duração, complicações no pós-operatório imediato bem como o tempo médio de internação hospitalar. Resultados: Foram nove pacientes do sexo masculino e apenas uma do sexo feminino com média etária de 77,9 anos. Entre os 10 pacientes, 50% apresentavam hipertensão arterial, 25% diabetes, 80% tinham doença arterial coronariana, 20% doença pulmonar obstrutiva crônica e 50% doença vascular periférica. Como a média da fração de ejeção do ventrículo esquerdo dos pacientes foi de 39%, em todos eles a indução anestésica foi realizada sempre depois da cateterização da artéria radial para a monitorização da pressão arterial invasiva. Após a intubação orotraqueal todos foram monitorizados com a ecocardiografia transesofágica, que foi conduzida durante o procedimento pelo próprio anestesiologista. Não foram registradas complicações anestésicas dignas de nota. Em dois casos o posicionamento da válvula não foi considerado totalmente adequado, porém sem repercussões importantes. Não tivemos nenhum óbito durante o procedimento. Discussão e Conclusão: Apesar da idade avançada e da gravidade dos pacientes, nossos primeiros 10 casos evoluíram satisfatoriamente não se registrando nenhuma complicação grave tanto anestésica quanto cirúrgica. Acreditamos que essa nova opção realmente atende de maneira bastante adequada aos que não se apresentam em condições clínicas para a troca convencional, mas que potencialmente se beneficiariam de uma chance, em que apesar do risco também ser grande, a melhora na qualidade de vida justifica o procedimento.

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AO 284 INTERRUPÇÃO DO ARCO AÓRTICO TIPO B CORRIGIDA COM PARADA CIRCULATÓRIA TOTAL COM HIPOTERMIA PROFUNDA. RELATO DE CASO MANUELA GUIMARÃES ALMEIDA NOGUEIRA; MARCEL SOUKI; MARCIA RODRIGUES NEDER ISSA; PATRICIA LOPES GABRIEL; CLÁUDIA HELENA RIBEIRO SILVA CET SANTA CASA DE BELO HORIZONTE, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: A interrupção do arco aórtico(IAA) é uma cardiopatia congênita de conseqüências devastadoras, com mortalidade de 75% aos 10 dias e de 90% aos 12 meses de vida. Essa doença rara caracteriza-se pela falta de continuidade anatômica entre o arco aórtico transverso e a aorta descendente. Em virtude dos seus aspectos anatômicos, a circulação extracorpórea (CEC) convencional não é adequada para o tratamento cirúrgico desse tipo de lesão, sendo a CEC com hipotermia profunda com baixo fluxo de perfusão ou com parada circulatória são igualmente a escolha preferida para a cirurgia da interrupção do arco aórtico. O objetivo do relato é discutir a conduta e manejo adequado frente à IAA. Relato do caso: paciente de 12 dias de vida, sexo feminino, diagnosticado com sopro cardíaco no 2º dia de vida, evoluindo com redução dos pulsos em MMII, realizado ECO ( CIA, CIV, IAA com dependência do canal arterial,) quando foi iniciado uso de prostaglandina. No 5º dia de vida realizado novo ECO:CIA com shunt D-E, regurgitação tricúspide leve, com fluxo bidirecional, com vávula aórtica bicúspide, IAA tipo B de Rastelli, leve aumento das câmaras cardíacas, FE:73%. PSAP 40 mmHg. Deu entrada no BC com TOT, em uso de prostaglandinaE1. Após monitorização invasiva, indução e manutenção da anestesia com isoflurano e fentanil. Saída de CEC com dobutamina a 10mcgkgmin e adrenalina a 1mcgkgmin. A crinça foi encaminhada ao CTI neonatal em ventilação mecânica, mantendose as aminas. Em 18h de pós-operatório no CTI evoluiu para óbito .Conclusão: O manuseio e estabilização dos pacientes com IAA ainda é um desafio para o anestesiologista. Os métodos e técnicas de CEC na cirurgia da IAA não são os mesmos que se usam para a cirurgia das demais cardiopatias porque a aórta descendente deve ser clampeada e a metade inferior do corpo perfundida por sangue da aórta descendente fica isquêmica durante a anastomose da região de interrupção do arco aórtico. A IAA é uma cardiopatia rara e complexa. A CEC com hipotermia profunda e parada circulatória ou baixo fluxo de perfusão devem ser recomendadas para a correção cirurgica desse tipo de lesão. Referências bibliográficas: 1-Arq. Bras. Cardiol. 2008;91(1): e4-e6, 2- Rev. Bras. Cir. Cardiovasc. 2007; 22(2):176-183, 3- Texas Children’s Hospital Perfusion 1999; 14:129-132.

AO 285 AMAUROSE BILATERAL REVERSÍVEL PÓS-CIRURGIA CARDÍACA: RELATO DE CASO PAULO SÉRGIO DA SILVA; MÁRCIO PORTUGAL TRINDADE CARTACHO; EVANDO ESTEVES DE LUCENA; ERNESTO FRANK CISNEROS LOPES; SILMAR GENTIL VASCONCELOS; MÁRCIO RESENDE ARCHANJO SERVIÇO DE CARDIOLOGIA, HEMODINÂMICA E CIRURGIA CARDÍACA/ HOSPITAL JOSINA MACHEL, LUANDA, ANGOLA. Resumo: Introdução: A perda bilateral da visão pós-cirurgia cardíaca é acontecimento raro e varia de 0,1 a 1%. Seu diagnóstico precoce, medidas profiláticas e terapêuticas previnem lesão irreversível do nervo óptico. O relato de caso tem por objetivo demonstrar que um rápido diagnóstico, possível devido à uma extubação precoce, associado a medidas adequadas podem prevenir a amaurose bilateral irreversível. Relato de caso: Paciente de 14 anos, masculino, portador de insuficiência mitral reumática importante, submetido à troca de valva mitral, com tempo de circulação extracorpórea (CEC) de 33 minutos e de anóxia de 28 minutos. Apresentou durante a CEC queda do hematócrito de 42 para 26% (por hemodiluição) e período de hipotensão com pressão arterial média de 40 mmhg. Devido à técnica anestésica compatível com extubação precoce saiu da sala operatória extubado. Encontrava-se estável hemodinâmicamente, hematócrito corrigido (33%), sem desequilibrio hidroeletrolítico ou ácido-básico, com bom padrão respiratório, sonolento. Na unidade de tratamento intensivo, uma hora depois, totalmente acordado, queixou-se de ausência total da visão. Exame realizado identificou a não percepção de luz direta e a fundoscopia mostrava edema de papilas com palidez central, sendo diagnósticada amaurose bilateral por provável isquemia do nervo óptico. Iniciado tratamento com corticóide, diurético osmótico (manitol), AAS e medidas para manutenção da hemodinâmica. No primeiro dia de pós-operatório apresentava melhora discreta da visão. Exame oftalmológico realizado nesse dia confirmou a fundoscopia do primeiro exame. A tomografia computadorizada de crânio foi normal. No segundo dia de pós-operatório já apresentava recuperação total da visão. Teve alta para a enfermaria no terceiro dia de pós-operatório sem seqüelas. Discussão: A perda visual no período perioperatorio de cirurgias cardíacas ou não cardíacas é rara mas tem conseqüências devastadoras e 0,04 a 0,2% dos pacientes evoluem para perda parcial ou total da visão. São fatores de risco, a hipotensão, hipovolemia, anemia, embolização, CEC prolongada, posição prona, hipotermia, diabetes, doença aterosclerótica vascular, coagulopatias, glaucoma e compressão do globo ocular. A investigação compreende fundoscopia, avaliação da oftalmologia, exames laboratorias e de imagem. O tratamento é dirigido ao fator etiológico suspeito, não existindo consenso sobre o tema. É sugerido na literatura o uso corticóide, inibidores da anidrase carbônica, antiagregantes plaquetários, AAS, diurético osmótico (manitol), cirurgia descompressiva do nervo óptico ou para redução da pressão intraocular, anticoagulação, correção da anemia e otimização do estado hemodinâmico. Embora haja discordância entre os autores, um diagnóstico precoce e a correção de fatores modificáveis parece ser indispensável para se evitar um desfecho desastroso. Referências bibliográficas: Anesth Analg 1995;80:1018-29/ Neurology 1982;32:560-2/ Ann Thorac Surg 1989;48:275-9

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AO 286 MONITORIZAÇÃO DA COAGULAÇÃO EM CIRURGIA CARDÍACA: TROMBOELASTOMETRIA ROTACIONAL X TCA DIOGO PINTO VIANA; FELIPE AMORIM PÊGO; ANTÔNIO MARTINS PIRES; RODRIGO PEREIRA DIAZ ANDRÉ; GLAUBER GOUVEA; SIMONE SOARES LEITE UFRJ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL.

Resumo: INTRODUÇÃO: O uso da Tromboelastometria rotacional (RoTem) em cirurgias cardíacas, reduz a quantidade e freqüência do uso de hemocomponentes no per operatório. A reversão da heparinização após fim da CEC, normalmente guiada pelo TCA, pode levar a falhas que são detectadas pela analise mais acurada da coagulação com o RoTem. RELATO DE CASO: Paciente masc., 68 anos, 81 kg, 165 cm, ASA P3, HAS e DM em tratamento irregular, ex-tabagista 30 m/a, nega alergias e antecedentes anestésicos. Há 30 dias: IAM em parede ínfero latero dorsal. Cateterismo cardíaco demonstrando lesão trivascular (DA, CD e Mg). Cirurgia proposta: revascularização miocárdica com CEC. Exame físico cardiovascular, RCR 2T com SS 2+/6+ em FM. Restante do exame normal. Capacidade funcional < 4 METS, NYHA III. Sem preditores de VAD. ECG sinusal, onda q em parede inferior; Eco TT: acinesia ínfero basal e FE estimada 35%. Cintilografia: fibrose ínfero basal e média. Doppler de carótidas e vertebrais normal. Lab normal. Em uso de: atenolol, enalapril, sinvastatina, mononitrato de isosorbida e omeprazol. Na SO: ECG de 3 derivações, PANI, SpO2, venóclise de MSE EC 14G e midazolam 0,025mg/kg. Puncionada artéria radial esquerda pela técnica de Seldinger e instalação de PAI. Indução venosa com fentanil 5mcg/kg, propofol 0,75mg/kg e atracurio 0,5mg/kg. IOT sob laringoscopia direta TOT n°8,0 com cuff. Realizada dupla punção de VJID pela técnica de Seldinger, instalado cateter triplo lúmen e bainha para CAP, com posterior monitorização contínua do debito cardíaco, SvcO2 e temperatrura, pelo monitor VIGILANCE II,norteando terapia guiada por metas. Monitorização da coagulação com TCA e RoTem, com 3 medidas: basal, durante CEC e após reversão da heparinização guiada pelo TCA. Cirurgia sem intercorrências. No final da cirurgia, TCA a 37°C mostrava 122 segundos (basal – 124) após 450 mg de protamina. Porém, a avaliação da via intrísica pelo RoTem, mostrava alargamento importante do CT com 289 segundos, corrigido pelo HepTem (168 segundos), com relação do CT HepTem/InTem de 0,58 a 36C. Administrado então mais 100mg de protamina com posterior normalização do CT no InTem. Paciente encaminhado ao CTI, IOT em ventilação mecânica, suporte hemodinâmico com dobutamina 4mcg/kg/min. Extubado no CTI após 6h, não transfundido no pós operatório, tendo do CTI após 4 dias. DISCUSSÃO: O TCA é usado em larga escala em cirurgias cardíacas, objetivando a análise da reversão da heparinização com a protamina. Porém, além de não monitorizar a via extrínseca, não avalia qualidade da formação do coágulo, o fibrinogênio e a fibrinólise, e as alterações da hipotermia na coagulação. Com o uso do Rotem, podemos monitorizar a coagulação de forma mais efetiva e corrigir erros que não seriam detectados por exames tradicionais, norteando de forma mais racional a terapia transfusional no pós-operatório.

AO 287 IMPACTO DO USO DA MINI-CIRCULAÇÃO EXTRA-CORPÓREA (MINI-CEC) SOBRE OS NÍVEIS SÉRICOS DE MARCADORES INFLAMATÓRIOS E DE INJÚRIA MIOCÁRDICA EM CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO MIOCÁRDICA (CRM). RESULTADOS DE UM ESTUDO PILOTO NEUSA MARIA HEINZMANN BÜLOW; EDUARDO FRANCISCO MAFASSIOLI CORREA; ANDREA SIMOES; MARIANE OURIQUE; ROBERTA SENGER; EMILY PANSERA WACZUK UFSM, SANTA MARIA, RS, BRASIL.

Resumo: IMPACTO DO USO DA MINI-CIRCULAÇÃO EXTRA-CORPÓREA (MINI-CEC) SOBRE OS NÍVEIS SÉRICOS DE MARCADORES INFLAMATÓRIOS E DE INJÚRIA MIOCÁRDICA EM CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO MIOCÁRDICA (CRM). RESULTADOS DE UM ESTUDO PILOTO Autores: Neusa Maria Heinzmann Bulow, Eduardo Francisco Mafassioli Correa, Andréa Simões, Mariane Ourique, Roberta Senger, Emily Pansera Waczuk CET Manoel Antônio Pereira Alvarez, Hospital Universitário de Santa Maria(HUSM), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), RS Justificativa e objetivos: Várias tentativas de minimizar a resposta inflamatória trans-operatória em CRM são utilizadas, incluindo o uso de mini-circuitos de perfusão extracorpórea (mini-CEC). Objetivamos avaliar a intensidade da resposta inflamatória em pacientes submetidos a CRM sob mini-CEC, pela dosagem de proteína C reativa (PCR), creatinofosfoquinase (CPK), creatinofosfoquinase específica (CPK-mb), Cortisol e cTAS (plasma total antioxidant status) nos pacientes estudados. Método: Foram avaliados 10 pacientes submetidos a cirurgias de revascularização miocárdica sob mini-CEC, devidamente monitorizados, submetidos à AIVT, com propofol em bomba de infusão alvo controlada, guiada pela análise do índice biespectral (BIS), sufentanil na dose de 0,5 a 1 mcg/kg de peso na indução anestésica, seguido de infusão de 0,5 a 1mcg/kg/h até o término do procedimento e pancurônio, na dose de 0,1mg/kg. Os critérios de exclusão foram disfunção ventricular severa, reoperação, necessidade de hemoderivados no “priming” da mini-CEC, insuficiência renal crônica, doenças imunológicas, doença hepática crônica, infarto agudo do miocárdio há menos de 2 semanas. Foram coletadas amostras para determinação sérica de PCR, CPK, CPK-mb, troponina, cortisol e cTAS antes da indução anestésica, aos 90 minutos de início da mini-CEC, 5h após a mini-CEC e 24h após a mini-CEC. Os dados da análise estatística foram analisados nos quatro tempos (ANOVA com medidas repetidas). O nível do p considerado <0.05. O protocolo foi aprovado pelo Comitê de Ética da UFSM (23081.015056/2009-58) e os pacientes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Resultados: O grupo foi homogêneo em relação aos dados antropométricos e comorbidades, permanecendo hemodinamicamente estável no transoperatório. Houve aumento significativo da PCR, cortisol e CPK com o passar do tempo e alteração do cTAS. Conclusões: Apesar da mini-CEC ser um mecanismo promissor em reduzir a resposta inflamatória vinculada ao uso dos circuitos de perfusão externa, no grupo de pacientes estudados, não foi possível evitar o aumento da PCR, cortisol e CPK. Unitermos: Mini-CEC, Síndrome de Reação Inflamatória Sistêmica (SRIS); AIVT; Plasma Total Antioxidant Status (cTAS), PCR, CPK, CPK-mb, cortisol. Bibliografia: Journal of Cardiothoracic and Vascular Anesthesia, 2008; 22: 455-467; Journal of Cardiothoracic and Vascular Anesthesia 2009; 23: 384393; Perfusion 2004; 19: 239-/246

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AO 288 ANESTESIA NO IMPLANTE PERCUTÂNEO DE VÁLVULA AÓRTICA NO INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DE PORTO ALEGRE: RELATO DE CASOS TAILUR ALBERTO GRANDO; ARI TADEU LIRIO DOS SANTOS; CLAUDIO ROBERTO GOMES; VIVIANE MENTZ DORNELES; FABIANA SPECHT; ALESSANDRA SARTURI GHELLER SANE - SOCIEDADE DE ANESTESIOLOGIA, PORTO ALEGRE, RS, BRASIL. Resumo: Introdução: A estenose aórtica (EA) grave é uma doença prevalente e de grande mortalidade, sendo a troca valvar através da cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea (CEC) a técnica de eleição. Pacientes idosos e com outras comorbidades apresentam elevado risco cirúrgico. O implante valvular aórtico percutâneo por via retrógrada é uma alternativa recente e efetiva. Objetivos: Descrever a morbimortalidade e a sobrevida a curto e longo prazo com anestesia geral em pacientes submetidos ao implante valvular percutâneo. Método: Série de casos com resultados imediatos, seguimento de 30 dias, 6 meses e 24 meses após o implante do dispositivo CoreValve. Este dispositivo consiste de uma bioprótese auto-expansível de nitinol, introduzido por via retrógrada femoral ou ilíaca. Os pacientes foram submetidos à anestesia geral com etomidato, atracúrio, sevorane e remifentanil. A monitorização foi realizada com cateterização da artéria radial direita, eletrocardiograma, oximetria de pulso, capnografia, ecocardiografia transesofágica, cateterismo vesical e marcapasso transvenoso. Cateterismo periférico com cateter 14 ou 16, central com duplo lúmen e jugular interna direita com bainha 7F e marcapasso transvenoso. Resultados: Vinte e um pacientes, 8 masculinos e 13 femininos, com idade entre 62 e 99 anos (média 85,32) EuroScore médio de 24% , classe funcional III/IV, foram submetidos ao implante valvular com sucesso. Houve significativa queda dos gradientes entre o ventrículo esquerdo (VE) e a aorta. Nove pacientes necessitaram de implante de marcapasso definitivo. No seguimento de 30 dias, seis e vinte e quatro meses todos se apresentavam estáveis com exceção de 3 óbitos, um no trans-operatório por perfuração do VE, outro no 3º dia de causa desconhecida (provável TEP) e o outro um ano após por mieloma múltiplo. No seguimento médio e longo prazo, os gradientes pressóricos mantiveram-se semelhantes aos da alta hospitalar. A função ventricular manteve-se preservada e não houve insuficiência aórtica significativa. A técnica anestésica mostrou-se segura e todos os pacientes, com exceção do óbito trans-operatório, saíram da sala de hemodinâmica acordados para a UTI respirando espontaneamente com oxigênio em cateter. Conclusão: A experiência inicial da nossa instituição com implante valvular aórtico percutâneo tem se mostrado segura e eficaz em análise a curto e longo prazo. Estudos adicionais, maior experiência e seguimento mais prolongado ainda são necessários para definir o exato papel e as precisas indicações dessa nova técnica. A anestesia geral se mostrou efetiva e segura para este procedimento. Referências: 1. Webb J, Cribier A. - Percurtaneos transarterial aortic valve implantation: what do we know? European Heart Journal 2011;32:140-147 2. Sarmento-Leite R, Quadros AS, Prates PR, Zanatta LG, Grando TA, Gottschal CA - Implante valvular aórtico percutâneo: experiência inicial do Sul do Brasil. Rev. Bras. Cardiol Invas. 2008;16:1-8.

AO 289 MUDANÇA DE CONDUTA E DE PROGNÓSTICO EM CIRURGIA CARDÍACA POR UTILIZAÇÃO DE ECOCARDIOGRAFIA TRANSESOFÁGICA TRANSOPERATÓRIA CONRADO AUGUSTO BALLESTER AGNEZI; GIORGIO PRETTO; GLAUCO FACÃO AQUATI SERVIÇO DE ANESTESIOLOGIA DE JOINVILLE, JOINVILLE, SC, BRASIL. Resumo: Origem: Centro Hospitalar Unimed de Joinville, CET do Serviço de Anestesiologia de Joinville SBA/MEC. Conflito de interesse: não há. Justificativa e objetivos: A ecocardiografia transesofágica transoperatória (ETT)em cirurgias cardíacas está aumentado o seu uso no Brasil baseado nos elevados níveis de evidência que a literatura tem demostrado. No último guideline da Sociedade Americana de Anestesiologia e a da força tarefa em Ecocardiografia Transesofágica da Sociedade de Anestesiologia Cardiovascular o uso de ETT está recomendado em todas as cirurgias cardíacas. Este relato tem como objetivo mostrar a mudança de conduta e prognóstico com o uso de ETT. Materiais e métodos: Paciente masculina, 61 anos, com endocardite de valvula mitral, sem resposta ao tratamento clínico, sendo programada cirurgia eletiva para troca valvar mitral. Em ecocardiagrafia pré-operatória apresentava aumento de atrio esquerdo importante, aumento moderado do ventrículo esquerdo, função sistólica e diastólica preservada, FE=64%, prolapso mitral com degeneração mixomatosa com refluxo moderado (lesão de 1,36cm de comprimento e 0,39 cm de diâmetro). Realizada anestesia geral balanceada e introdução do probe do ETT após intubação orotraqueal. Resultados:Na fase final de circulação extra-corpórea (CEC), durante manobras de retirada de ar do ventrículo esquerdo, que estavam sendo assistidas pelo ETT, foi identificada imagem ecogênica que estava livre e circulando pelo átrio esquerdo (AE). Após identificação da imagem foi reiniciada a CEC e reaberto o AE e retirado coágulo de aproximadamente 0,7 cm de diâmetro. A identificação do coágulo e a reabertura do AE somente foram possíveis com a utilização do ETT, sendo evitado que um coágulo dessa dimensão embolizasse em algums ponto da circulação arterial com suas terríveis consequências. Discussões e conclusões: Este relato mostrar uma mudança de conduta e uma importante mudança no prognóstico do paciente, que não seria possível sem a visualização direta proporcionada pelo ETT. A passagem do um coagulo para a circulação arterial teria impacto na morbimortalidade, dependendo do órgão afetado, com consequências desastrosas e permanentes. Referências bibliográficas: Practice Guidelines for Perioperative Transesophageal Echocardiography An Updated Report by the American Society of Anesthesiologists and the Society of Cardiovascular Anesthesiologists Task Force on Transesophageal Echocardiography

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AO 290 DISSECÇÃO AGUDA DA AORTA DURANTE A GRAVIDEZ EM PORTADORA DE SÍNDROME DE MARFAN MELINA GENEVIEVE EGAN; MILENA AUR CHAHDA; RENATA EVANGELISTA PINTO; ERICA MORAES FLOR; JOSE JORGE GONÇALVES; JOÃO MANOEL DA SILVA JÚNIOR HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL DE SÃO PAULO, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Relato de caso: CIS, 34 anos, sexo feminino, 64kg, 178cm, branca, natural e procedente de São Paulo, gestante (GI, P0, A0) de 33semanas pela USG, portadora de síndrome de Marfan. Paciente foi atendida no PS com história de quadro súbito de dor epigástrica e torácica, de moderada intensidade, do tipo contínua, com irradiação para o dorso e início há 24h. Ao exame apresentava-se orientada, eupnéica, hidratada, corada, PA=100/60 mmHg, FC=86bpm, pulsos periféricos palpáveis, simétricos e amplos. Auscultava-se sopro sistólico ++/6+ em foco aórtico e B1 hiperfonética com choque valvar em foco tricúspide. O exame obstétrico evidenciou feto único e viável. Conduzido o caso com analgesia com dipirona e B-bloqueio e solicitado RX torax e Ecodopplercardiograma torácico e esofágico. Nestes foi visualizado importante dilatação da aorta ascendente com 60x60x60mm de diâmetro com falsa luz visibilizada até 50cm na aorta descendente. Fundamentada no progressivo risco de ruptura da aorta foi indicada imediata cirurgia corretiva da dissecção e interrupção da gestação por parto cesáreo antecedendo a toracotomia. A paciente foi admitida no centro cirúrgico entubada, consciente e hemodinamicamente estável. Realizada monitorização com ECG, oximetro de pulso, capnógrafo e PAI; sedação com 10mg de midazolam, e doses fracionadas de fentanil no total de 500 mcg; a indução anestésica constou de 5mg de midazolam, 500 mcg de fentanil , 50mg de rocurônio e manutenção com propofol e fentanil em bombas de infusão. A cesareana transcorreu sem intercorrências; recém nascido com 2300g apresentou Apgar 3/5, com depressão respiratória e bradicardia. Foi reanimado com boa resposta a adrenalina, não sendo necessário o uso de antagonista de opióide. A paciente apresentou hipotonia uterina, sem resposta adequada à massagem uterina e occitocina, optando-se pela histerectomia. Após a histerectomia, houve o preparo da sala para abordagem cardíaca; que foi realizada sem maiores intercorrências. Manteve-se a anestesia com propofol e fentanil em bomba e repiques de bloqueador neuromuscular. Corrigiu-se a dissecção com prótese de Benton n°27 com um tempo de CEC=150min e tempo de anóxia=120min. Administrado após saída de CEC 03 CH, 05 crioprecipitados, 04 PFC, 10 plaquetas. Após um tempo cirúrgico total de 8h30, com infusão de 4000ml de cristalóides e diurese de 1ml.kg-1.h-1, paciente foi encaminhada à UTI entubada, em uso de dobutamina 15mcg.kg-1.min-1 e noradrenalina 0,45mcg.kg-1.min-1, mantendo uma PAM=65mmHg e FC=75bpm. Paciente evoluiu na UTI com choque circulatório culminando em óbito no 6°PO. Referências:Anesthesiology 2010, 10:20

AO 291 ESTUDO DE MODELOS DE PREDIÇÃO DE GRAVIDADE EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ESPECIALIZADA NO ATENDIMENTO DE PACIENTES COM QUEIMADURAS EXTENSAS FRANCINNI MAMBRINI PIRES REGO1; VIVIANE FERNANDES DE CARVALHO2 1.FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, SÃO PAULO, SP, BRASIL; 2.HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: ESTUDO DE MODELOS DE PREDIÇÃO DE GRAVIDADE EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ESPECIALIZADA NO ATENDIMENTO DE PACIENTES COM QUEIMADURAS EXTENSAS Francinni Mambrini Pires Rego, Viviane Fernandes de Carvalho Origem: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, UTI da Unidade de Queimados, Disciplina de Cirurgia Plástica, Departamento de Cirurgia FMUSP, São Paulo, SP. Fontes de fomento, Conflitos de interesse, Aprovação pelo Comitê de Ética: Não houve apoio financeiro. Não há conflitos de interesse. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de ética para análise de projetos de pesquisa do HC-FMUSP (CaPPesq). Justificativa e objetivo: Não existe na literatura um índice de predição de morbimortalidade desenvolvido para avaliação do paciente grande queimado. Em serviços especializados esta é uma importante demanda. Este trabalho visa avaliar a qualidade da informação fornecida pelos preditores de mortalidade LODS, APACHEII e SAPSII e pelo preditor de morbidade Charlson em pacientes grandes queimados nas 24horas posteriores a sua admissão na UTI de queimados. Materiais e métodos: Trata-se de trabalho retrospectivo do tipo observacional. Foram analisados os prontuários de todos os pacientes internados na UTI de queimados no período de setembro de 2005 a setembro de 2008, totalizando 225 pacientes. Os pacientes foram divididos em dois grupos segundo o desfecho: alta ( 1) ou óbito (g 2) na UTI. Para análise dos dados foram utilizados os testes de Wilcoxon e MannWhitney. Diferença estatística se p<0,05. Resultados: A análise estatística não evidenciou diferenças significativas entre os dois grupos quanto a fatores demográficos. A análise da superfície corpórea queimada demonstrou diferença significativa entro os grupos (g1 IC 18-22,5 e g2 IC 39,5-53,3). A análise dos dados fornecidos pelo índice LODS revelou diferença estatística (g1 IC 1,0-1,5; g2 IC 3,0-5,5). Dentre os parâmetros que compõem o LODS apenas a avaliação dos sistemas renal e pulmonar demonstraram diferença entre os grupos (IC parâmetro renal g1 1,0-2,5 e g2 0-0,5; IC parâmetro pulmonar g1 0,5-1,0 e g2 0-0,5). A análise dos dados do APACHEII revelou diferença estatística (g1 IC 7,0-8,5; g2 IC 12,5-16,5). A análise dos dados do índice de morbidade Charlson não apresentou diferença estatística (IC g1 98,0-98,0 e g2 94-98). Discussão e Conclusão: Diversos trabalhos na literatura tentam correlacionar índices e dados clínicos para boa predição de mortalidade em queimados, ainda sem sucesso. Os índices APACHEII, SAPS II e LODS podem ser aplicados rotineiramente no serviço de tratamento de queimados. O índice Charlson não demonstrou acurácia. A superfície corpórea queimada é um bom preditor de morte. A alteração da função renal ou pulmonar pode ser considerada fator preditor de morte. Referências bibliográficas: Rev. Bras. Ter. Int., 2008; 20:2:115-123; Crit. Care, 2004; 8:R194-R203; Clin. Nephrol., 1997; 47:81-86.

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AO 292 MODELO PARA PREDIÇÃO DE NECESSIDADE DE UTI PÓS-OPERATÓRIA EM PACIENTES CIRÚRGICOS ONCOLÓGICOS TATIANA BARBOZA KRONEMBERGER1; REGINA ALBANESE POSE2; CLAUDIA MARQUEZ SIMÕES3; JOAQUIM EDSON VIEIRA1; JOSÉ OTÁVIO COSTA AULER JR1 1.FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO E INSTITUTO DO CÂNCER DO ESTADO DE SÃO PAULO, SÃO PAULO, SP, BRASIL; 2.FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, SÃO PAULO, SP, BRASIL; 3.INSTITUTO DO CÂNCER DO ESTADO DE SÃO PAULO, SÃO PAULO, SP, BRASIL.

Resumo: Fonte de fomento e avaliação ética: FAPESP, Comitê de Ética em Pesquisa Institucional, sem conflito de interesse. Justificativa e objetivos: Nos hospitais terciários, existe um importante desequilíbrio entre a demanda de leitos para o pós-operatório na UTI e a menor quantidade de leitos ofertados. Dessa maneira, cirurgias são postergadas ou canceladas, com prejuízos na esfera administrativa e ética. Esta reserva dos leitos de UTI pelas equipes, na nossa Instituição, em geral é feita de maneira subjetiva, portanto, está sujeita a falhas, cancelamentos de cirurgias ou uso desnecessário dos leitos. O objetivo do estudo foi propor um preditor numérico, sem o subjetivismo vigente, que pudesse ser adotado para as reservas de leitos de UTI no pós-operatório. Dentre os escores, optou-se pelo POSSUM, cuja equação original foi decomposta nos seus dois componentes, fisiológico (dos pacientes) e cirúrgico (acontecidos na operação), testados separadamente buscando-se o poder individual de cada um como preditor. Métodos: O POSSUM (Physiological and Operative Score for the enumeration of mortality and morbity) é composto por doze variáveis fisiológicas, colhidas no pré-operatório e seis variáveis cirúrgicas, colhidas na operação (Br J Surg 1991;78:355-60) (W J Surg Oncology 2008;6:39). Neste estudo observacional, composto por 61 pacientes submetidos a cirurgias oncológicas distintas, foram coletados os seguintes dados: gênero, idade, POSSUM e a necessidade de UTI. Utilizando-se a correlação de Spearman comparou-se entre si as variáveis fisiológicas e cirúrgicas, para verificar qual delas poderia apresentar maior correlação com a necessidade de reserva de vaga de UTI. Resultados: O desvio padrão das variáveis fisiológicas foi menor (DP 0,05) em relação às variáveis cirúrgicas (DP 0,08), indicando menor variabilidade dos dados das variáveis fisiológicas. O teste de correlação de Spearman demonstrou que as variáveis fisiológicas coletadas no pré-operatório apresentam uma forte correlação (0,768) estatisticamente significativa (p<0,00001) com a predição de UTI. Entretanto, as variáveis cirúrgicas apresentam correlação média (0,632) com a predição. Discussão e Conclusão: O estudo em separado das variáveis que compõe o POSSUM é inédito, uma vez que para utilizá-lo da maneira original, como proposto na literatura, deve-se contar com o imponderável das intercorrências na cirurgia, portanto para reservar vagas teria que se aguardar os dados cirúrgicos. A partir da análise nesta população, conclui-se que as variáveis fisiológicas isoladamente possuem maior peso em relação às cirúrgicas, para predição de reserva de vaga de UTI. A partir destas conclusões propõe-se utilizar as variáveis fisiológicas extraídas do POSSUM, em maior população, comparando-a com os modelos subjetivos atuais para sua possível adoção definitiva na nossa Instituição.

AO 293 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE DIFERENTES INTERFACES PARA VENTILAÇÃO NÃO-INVASIVA EM MODELO MECÂNICO SIMULANDO PACIENTE COM DPOC E HIPERCAPNIA FRANCINNI MAMBRINI PIRES REGO1; JULIANA CARVALHO FERREIRA2 1.FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, SÃO PAULO, SP, BRASIL; 2.HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, SÃO PAULO, SP, BRASIL.

Resumo: Origem: Instituto do Coração, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Laboratório de Ventilação Mecânica, Laboratório de Investigação Médica 09, Disciplina de Pneumologia, Departamento de Clínica Médica, São Paulo, SP. Fontes de fomento: FAPESP Conflitos de interesse: as interfaces e o ventilador foram emprestados pela empresa Philips. Aprovação pelo Comitê de Ética: O trabalho foi aprovado pelo Comitê de ética para análise de projetos de pesquisa do HC-FMUSP (CaPPesq). Justificativa e objetivo: VNI é medida de suporte ventilatório utilizada em pacientes em insuficiência respiratória aguda, particularmente efetiva na vigência de hipercapnia. O objetivo deste estudo é comparar o desempenho de três diferentes interfaces para VNI em termos de sincronia pacienteventilador e lavagem de CO2. Materiais e métodos: Trata-se de trabalho experimental sem uso de material biológico. Foi utilizado o simulador mecânico computadorizado de pulmão ASL5000. Foi simulado um paciente com DPOC (C=80mL/cm, Rins=10cmH20/L/s e Rex=20cmH2O/L/s). As interfaces testadas foram orofacial, totalface e fullface. O ventilador BiPap Vision foi ajustado no modo espontâneo, Pins=10cmH2O e Pex=5cmH2O. Foi realizada análise descritiva dos valores e testes estatísticos ANOVA e Bonferroni (post-Hoc). Valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significantes. Resultados: O Tins foi 50% mais longo em relação aquele planejado pelo simulador, mas houve variação numérica neste parâmetro entre os experimentos. Delta de CO2 e vazamento foi maior para a Totalface. A análise de Bonferroni demontrou Tbase e T90% inferiores para a máscara orofacial. O Ttrigger foi maior para a máscara totalface. Ptrig foi inferior na máscara fullface. Outras variáveis relacionadas à sincronia ventilador-paciente são mostradas na tabela. Interface Vt (mL) Tivent (s) Tiex(ms) Delta CO2(mmHg)/ Vazamento (l/min) Orofacial 242±2 1,18±0,04 367±42 37/ 25 Totalface 240±9 1,14±0,14 332±143 46/ 49 Fullface 242±3 1,24±0,06 429±55 37/ 37 Discussão e Conclusão: Nos experimentos foram notados vazamentos maiores na máscara totalface, o que provavelmente interferiu no tempo inspiratório do ventilador. Este foi 50% maior que o tempo de duração do esforço ventilatório realizado pelo simulador e ocorreu em todos os experimentos. As máscaras orofacial e fullface foram superiores à totalface quando avaliadas variáveis preditoras da sincronia ventilador-paciente. A máscara totalface apresentou tempo de disparo, tempo para retorno a pressão de base e tempo para atingir 90% da pressão máxima superiores, mas foi mais eficiente na lavagem de CO2. Novos experimentos estão sendo realizados para melhora da qualidade dos dados. Referências bibliográficas: N Engl J Med 1995, 333:817-822; Crit Care Med 2000,28:1785- 1790; Int. Care Med. 2003; 29:596-602.

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AO 294 O IMPACTO DA ACIDOSE METABÓLICA EM PACIENTE CIRÚRGICO DE ALTO RISCO PEDRO MONFERRARI MONTEIRO VIANNA; JOÃO MANOEL DA SILVA JÚNIOR; TIAGO BERTACINI GONZAGA; MARCOS CRUZ PEREIRA FILHO; DANYLO MENDES AMARANTE HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL, SAO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Conflitos de interesse: não houve Justificativa e objetivos: acidose é uma complicação muito frequente em pacientes cirúrgicos de alto risco. Neste cenário permanece incerta a implicação clínica da acidose e caractérísticas dos diferentes tipos no período pós-operatório. portanto é relevante tentar elucidar o papel de cada tipo de acidose no desfecho de pacientes cirurgicos de alto risco. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo observacional prospesctivo, realizado com pacientes cirúrgicos em cinco unidades de terapia intensiva de três diferentes hospitais terciários. Os pacientes que necessitassem no pós-operatório de cuidados intensivos eram incluídos no estudo consecutivamente. Pacientes com baixa expectativa de vida (câncer sem perspectiva de tratamento), insuficiência hepática (CHILD B ou C), insuficiência renal (clearance de creatinina < 50 ml-min ou hemodiálise prévia), diabéticos prévios ou com glicemia > 200 foram excluídos do estudo. Os pacientes foram acompanhados até a alta hospitalar e estratificados na admissão da UTI quanto ao tipo de acidose que desenvolviam no pós-operatório imediato. Tal estratificação avaliou a acidose metabólica, pela quantificação da diferença de base menor que - 2 mmol-L,e anion gap e lactatos aumentados, quando maiores que 12 e 2 mmol-L, respectivamente. Resultados: um total de 188 pacientes foram incluídos durante um período de 3 meses. A incidência de acidose metabólica foi maior, porém 52 (27,6%) apresentavam anion gap aumentado sem hiperlactatemia, 50 (26,6%), apresentavam anion gap aumentado com hiperlactatemia, 48(25,5%) anion gap normal, e em 38 (20,2%) não ocorreu acidose metabólica. dentre todas as cirurgias, as do trato gastrointestinal foram associadas a maiores porcentagens de acidose metabólica (46,2% versus 11,1% sem acidose, p <0,05). Entretanto, apesar dos pacientes não apresentarem diferenças entre os scores de gravidade (SAPS 3, SOFA e ASA), idade e tempo cirúrgico, ocorrerram diferenças em relação a compkicações e mortalidade no pós-operatório. Pacientes com anion gap e lactato aumentados no pós-operatório imediato apresentaram maiores complicações, principalmente choque circulatório, seguido dos pacientes somente com anio gap aumentado, acidose e anion gap normal, e os sem acidose, respectivamente 66 %, 48,1%, 47,9% e 39,5 % (p<0,05). O mesmo foi verificado em relação a mortalidade hospitalar, respectivamente 14,5%, 10,2 %, 6,1 %, e 2,0% (p=0,04). Conclusão: a incidência de acidose metabólica em pacientes cirúrgicos de alto risco no pós-operatório é elevada, principalmente em cirurgias gastrointestinais. Pacientes cirúrgicos que desenvolvem acidose metabólica e anion gap aumentado com hiperlactatemia apresentam piores prognósticos em relação aos pacientes sem acidose, e mesmo com outros tipos de acidose. Referenias bibliográficas: 1- Gauthier PM, et al. Metabolic acidosis in intensive care unit. Crit Care Clinic 2002; 18:289-308.

AO 295 BLOQUEIO PERICONAL MEDIAL EM CIRURGIA DE PTERÍGEO USANDO BUPIVACAÍNA 0,5% COM E SEM CLONIDINA LUDMILA KWASINSKI SILVA OBEID1; BEATRIZ LEMOS DA SILVA MANDIM1; NEUBER MARTINS FONSECA1; ROBERTO ARAUJO RUZI1; RENATA REZENDE TEIXEIRA1; PRISCILA NAVES LOPO2 1.UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, UBERLÂNDIA, MG, BRASIL; 2.INSTITUTO DE SAÚDE OCULAR, UBERLÂNDIA, MG, BRASIL. Resumo: BLOQUEIO PERICONAL MEDIAL EM CIRURGIA DE PTERÍGEO USANDO BUPIVACAÍNA 0,5% COM E SEM CLONIDINA Ludmila K S Obeid*, Beatriz L S Mandim, Neuber M Fonseca , Roberto A Ruzi, Renata R Teixeira, Priscila N Lopo CET/SBA da Universidade Federal de Uberlândia, MG; IS0 – Instituto de Saúde Ocular, Uberlândia – MG. Justificativa e Objetivos – O objetivo desse estudo foi avaliar a analgesia pós-operatória em cirurgias de pterígeo comparando o bloqueio periconal medial com bupivacaína 0,5% associado ou não à clonidina. Materiais e Métodos – O estudo realizado foi ensaio clínico randomizado em 45 pacientes, de ambos os sexos, estado físico ASA I e II, com idade mínima de 20 anos e máxima de 80 anos submetidos a cirurgias de pterígeo com bloqueio periconal medial. Os pacientes foram distribuídos por sorteio, de forma aleatória, em 2 grupos de estudo: G1 bupivacaína 0,5% (4mL) e G2 bupivacaína 0,5% (4 mL) associado à clonidina (1 mcg/Kg). O bloqueio foi realizado após venóclise e sedação com midazolam 2mg EV. Instilado lidocaína 2% gel após o bloqueio. Para analgesia foi administrado dipirona 2 gramas EV no intra-operatório e analgésico com associação de dipirona sódica, cloridrato de adifenina e cloridrato de prometazina 30 gotas via oral de 8/8 horas no pós-operatório. Caso houvesse dor intra-operatória seria realizado infiltração conjuntival com 2mL de lidocaína 2% com vasoconstrictor. Avaliou-se a qualidade do bloqueio por: ocorrência de dor no per-operatório, avaliação da movimentação ocular e da satisfação do cirurgião. A avaliação pós-operatória foi realizada 24 horas após a cirurgia e observou-se: a ocorrência e intensidade de dor, quantas vezes foi necessário tomar analgésico, a presença de diplopia e se o paciente repetiria a mesma técnica anestésica. Resultados – Não houve diferença significativa quanto à idade, sexo e ASA. Houve satisfação do cirurgião quanto à técnica anestésica em ambos os grupos (p=0,10) pelo teste do quiquadrado. Analgesia intraoperatória foi satisfatória nos dois grupos sem diferença estatística (p=0,21). Quantidade de analgésicos no pós-operatório foi semelhante nos dois grupos (p=0,28), bem como a presença de diplopia (p=0,30). Houve satisfação quanto à técnica empregada em ambos os grupos sem diferença estatística (p=0,47) de acordo com o Teste de Fischer. Discussão e Conclusões – Madan et al em 2001 demonstraram que a clonidina prolonga a analgesia e a anestesia de anestésicos locais, com menor uso de analgésicos no pós-operatório de cirurgia de catarata. Em nosso estudo a cirurgia de pterígio foi realizada em boas condições intra-operatórias, porém não foi demonstrado que o uso da clonidina associada ao bloqueio tenha trazido vantagens na analgesia pós-operatória para os pacientes estudados. São necessários outros estudos para avaliar a eficácia da clonidina em analgesia pós-operatória para cirurgias de pterígeo. Referências – 1- Anesthesia e Analgesia 2001; 93:1593-1597. 2- Ophthalmologica 2006; 220:323-326.

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AO 296 RELATO DE CASO: EXPERIÊNCIA NO TRATAMENTO DE PACIENTES PORTADORES DE OLHO CEGO DOLOROSO ATRAVÉS DE BLOQUEIO DE GÂNGLIO ESTRELADO TATIANA VAZ HORTA XAVIER; ANDRE LUIZ DOS SANTOS BARRA; THIAGO ROBIS DE OLIVEIRA; LUIS EDUARDO RIAS CARDOSO HOSPITAL DAS CLÍNICAS - UFMG, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Introdução: O manejo da dor em olhos cegos dolorosos ainda é um desafio. Corticoesteróides e hipotensores bem como evisceração e enucleação são algumas das estratégias até então empregadas, nem sempre eficazes e, dependendo da estratégia, causando um profundo abalo emocional no paciente. Sendo assim, a equipe de dor do Hospital das Clínicas da UFMG optou tratar o olho cego doloroso com bloqueios de gânglio cervicotorácico, o que nunca foi descrito na literatura para este fim. Relato de caso: foram tratados 6 pacientes portadores de olho cego doloroso, todos por glaucoma, nos quais EVA variava de 7 a 10. Optou-se por sessões semanais de bloqueio de gânglio cervicotorácico com 4 mL de Bupivacaína(0,5%) sem vasoconstrictor e Clonidina 1 mcg/Kg. 4 apresentaram excelente resultado EVA: variando entre 0 e 3, sendo que 2 permaneceram assintomáticos( EVA:0), sem necessidade de medicação suplementar. Os outros 2 utilizaram Gabapentina 300mg de 12h-12h. Os pacientes assintomáticos não foram alcoolizados previamente. Discussão: o tratamento de dor orofacial com bloqueio de gânglio cervicotorácico já foi bem relatado na literatura, já que o sistema nervoso simpático normalmente está envolvido nesse tipo de dor. Existem alguns relatos de tratamento para glaucoma com este tipo de bloqueio. Em 1956, Miller mostrou que o bloqueio do chamado gânglio estrelado altera a pressão intra-ocular de olhos glaucomatosos. O uso de bloqueios retrobulbares com álcool ou fenol também ainda é considerado no tratamento do olho cego doloroso, no entanto o índice de complicações graves se mostrou elevado. Atualmente, várias são as opções terapêuticas para o tratamento do olho cego doloroso, no entanto, uma estratégia eficaz, com pequeno índice de complicações graves, não mutilante e que melhore a qualidade de vida do paciente é imprescindível. O bloqueio do gânglio cervicotorácico surge, pois, como uma alternativa comprovadamente viável e promissora para atender à essa demanda. Referência: Pain Med 200;9(7):958-62; Bonica’s Management of Pain. 3 ed. Journal of Orofacial Pain 2002, 16, 93-104.

AO 297 PNEUMOTÓRAX APÓS BLOQUEIO DE PLEXO BRAQUIAL GUIADO POR ULTRASSONOGRAFIA. RELATO DE CASO. JOAO PAULO JORDAO PONTES; BEATRIZ LEMOS DA SILVA MANDIM; NEUBER MARTINS FONSECA; RODRIGO ALMEIDA; LORENA JREGE ARANTES UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLANDIA, UBERLANDIA, MG, BRASIL. Resumo: Introdução - O bloqueio do plexo braquial é utilizado para anestesia nos membros superiores. O uso do ultra-som facilita a realização da técnica fornecendo imagens do plexo e das estruturas circunjacentes, proporcionando a deposição precisa de solução anestésica, além de minimizar as complicações. Relato de Caso - Paciente masculino, 49 anos, 62 kg e 1,72 m, longilíneo, tabagista (1 maço/dia/30 anos), sem sintomas respiratórios ou medicações em uso (ASA II E). Encaminhado para tratamento cirúrgico de fratura exposta de ulna direita, optado por bloqueio de plexo braquial por via interescalênica guiada por ultrassonografia com complementação do bloqueio via axilar. Sedação com 2 mg de Midazolam e 100 mcg de Fentanil, cateter nasal de O2, rotação da cabeça contra-lateral à fratura, antissepsia, gel no trígono posterior do pescoço, colocado o probe linear do aparelho perpendicular à fenda interescalênica (12 Hz), e introduzido stimucath A50, in plane, na fenda. Após visualização dos troncos nervosos, foi feita a injeção de 20 mL de Ropivacaína 0,5% sendo observada a dispersão da solução anestésica. O bloqueio foi completado com a abordagem axilar com o mesmo volume e concentração de anestésico, também utilizando a USG. Após 25 min de latência foi realizado procedimento que durou 100 min e o paciente manteve-se sem queixas e estável. Após o término, o paciente iniciou com dor torácica ventilatório-dependente associado à dispnéia e queda da oximetria de pulso (91% em ar ambiente), mantendo-se, entretanto, estável hemodinamicamente (PA= 130/70 e FC=84 bpm). A ausculta pulmonar do paciente não mostrou alterações. Solicitada RX de tórax que evidenciou presença de pneumotórax à direita. Realizada drenagem torácica fechada (n 34) em selo d`água. O paciente evoluiu com melhora da dispnéia, com dreno funcionante com oscilação e escape e recebeu alta em bom estado geral após 8 dias. Discussão – A incidência de pneumotórax após uso de USG para bloqueio interescalênico é de 0,7%. O pneumotórax pode apresentar-se horas após o bloqueio, levando à dispnéia e dor torácica que se acentua na inspiração. Drenagem torácica é sempre o tratamento inicial de escolha no pneumotórax secundário, exceto em pacientes estáveis com pneumotórax muito pequeno (laminares, ou < 1 cm). Sempre solicitar RX tórax na dispnéia após o bloqueio, pois pneumotórax pode ocorrer inclusive em mãos treinadas e com USG. A cúpula pleural mais elevada do que o habitual devido a um pulmão hiperinsuflado (tabagismo), facilitou a punção pleural inadvertida. Referências - (1) Regional Anesthesia,1993;18:244-249; (2) J Shoulder Elbow Surg., 2007;16:388-395; (3) Reg Anesth Pain Med, 2009; 32:105.

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AO 298 CEFALÉIA PÓS-PUNÇÃO INADVERTIDA DA DURA-MÁTER APÓS BLOQUEIO DE PLEXO BRAQUIAL. EDISIO PEREIRA PEREIRA; EDNO MAGALHÃES; CATIA SOUSA GOVÊIA; LUIS CLAUDIO ARAUJO LADEIRA; MARTA FERREIRA SANTIAGO; LILIANNI FONTINELLI MOURA CET/SBA CENTRO DE ANESTESIOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, BRASILIA, DF, BRASIL. Resumo: JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A cefaléia pós-punção de dura-máter (CPPD) é a complicação mais freqüente após a raquianestesia ou durante tentativa de bloqueio peridural. A CCPD após bloqueio de plexo braquial por via interescalênica segundo Winnie é evento raro e o diagnóstico é essencialmente clínico. O objetivo deste relato é descrever caso raro de cefaléia pós-punção inadvertida da dura-máter após bloqueio de plexo braquial. RELATO DE CASO: Paciente de 17 anos, sexo masculino, hígido. Foi escalado para operação para limpeza de ferida operatória por ferimento por arma de fogo em MSD, sob bloqueio de plexo braquial. Após monitorização, recebeu oxigênio a 12L.min-1 sob máscara de Venturi a 50%. Foram administrados midazolam (5mg), fentanil (60mcg) e propofol (50mg). Após posicionamento em decúbito dorsal horizontal com a cabeça lateralizada para a esquerda, foi realizada punção com agulha acoplada ao estimulador de nervo periférico ao nível da fenda interescalênica, pela técnica perivascular de Winnie. Observou-se líquido claro refluindo pela agulha, que foi retirada desta posição. Prosseguiu-se a nova punção no mesmo local, com aspiração da seringa sem retorno de sangue ou fluidos. Foi administrada solução com 10 ml de ropivacaína a 0,5% e 20 mL de lidocaína a 1% com vasoconstrictor. O ato cirúrgico transcorreu sem intercorrências. O paciente evoluiu bem, sem queixas e recebeu alta hospitalar 8h após o procedimento anestésico. No 3º DPO, foi internado com queixa de cefaléia fronto-occipital, tipo peso, de forte intensidade, com início 24 horas após a operação, associada a náuseas e vômitos, sem febre, diplopia ou outros sintomas. A dor agravava-se em posição supina e melhorava com o decúbito. Fizera uso apenas de analgésicos fracos em domicílio. Após diagnóstico de cefaléia pós-punção inadvertida da dura-máter, recebeu tratamento com hidratação venosa com ringer lactato (1000 ml), tenoxicam (40mg), ondansetrona (8mg), dipirona (2g) e hidrocortisona (100mg) por via endovenosa e paracetamol (500mg) adicionado à cafeína (65mg) - 02 comprimidos, por via oral, a cada 6h, por 48 horas. Recomendou-se repouso no leito e aumento da ingesta hídrica. Recebeu alta após 48h de acompanhamento intra-hospitalar e melhora da sintomatologia. DISCUSSÃO: No paciente com quadro de CPPD são necessários anamnese e exame físico cuidadosos para diagnóstico diferencial antes do início do tratamento. Analgésicos, antiinflamatórios, cafeína e repouso são as medidas mais utilizadas no tratamento conservador. CONCLUSÃO: O conhecimento de que a cefaléia pós-punção inadvertida da dura-máter após bloqueio de plexo braquial pode existir como uma complicação pode prevenir lesões, facilitar diagnóstico e tratamento mais precocemente, modificando o prognóstico desta intercorrência. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Rev Bras Anestesiol 2005; 55: 3: 343-349. Rev Bras Anestesiol 2002; 52: 6: 712-718. Rev Bras Anestesiol 2005; 55: 3: 343-349.

AO 299 RAQUIANESTESIA TOTAL APÓS BLOQUEIO DE PLEXO BRAQUIAL PELA VIA INTERESCALÊNICA: RELATO DE CASO. LUIS CLAUDIO ARAUJO LADEIRA; EDISIO PEREIRA PEREIRA; EDNO MAGALHÃES; JULIANO NEVES REGO; JULIANA ARANTES SOUZA CET/SBA CENTRO DE ANESTESIOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, BRASILIA, DF, BRASIL. Resumo: JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: O bloqueio do plexo braquial pela via interescalência, popularizado por Winnie, está indicado em intervenções cirúrgicas unilaterais sobre as partes baixas do pescoço e do ombro. Bloqueio cervical bilateral, raquianestesia total, bloqueio peridural torácico e bloqueio do nervo frênico são complicações inerentes à técnica. O objetivo deste relato é apresentar um caso de raquianestesia total após bloqueio do plexo braquial pela via interescalênica. RELATO DE CASO: Paciente do sexo feminino, 59 anos, portadora de hipertensão e hipertireoidismo, em uso regular de tapazol, enalapril e propranolol, foi programada para exérese de tumor em braço direito. Procedeu-se à monitorização da oximetria de pulso (SpO2), eletrocardiograma (ECG) e pressão arterial (PA) não-invasiva. Realizou-se bloqueio do plexo braquial pela via interescalênica, utilizando-se agulha calibre 30 x 7 mm, identificando-se o local da injeção com o auxílio de estimulador de nervo, com a agulha inserida paralela aos músculos escalenos em direção ligeiramente caudal e posterior. Após aspiração negativa para sangue e líquido cefalorraquidiano, injetou-se o volume de 20 mL de solução de ropivacaína a 0,75% e 10 mL de solução de lidocaína com vasoconstrictor a 2%. Cerca de 2 minutos após o término da injeção, observou-se queda da saturação, constatando-se apnéia. O paciente encontrava-se inconsciente, com midríase bilateral, pupilas não-fotorreagentes, apresentando hipotensão leve. Procedeuse a ventilação com oxigênio a 100% sob máscara, seguida de intubação orotraqueal sem o auxílio de qualquer medicamento, mantendo-se ventilação mecânica controlada com O2 a 50%. O procedimento cirúrgico foi realizado sem intercorrências. Após 180 minutos do bloqueio, tendo a cirurgia terminada, o paciente retornou a ventilação espontânea, sendo extubado 20 minutos após sem intercorrências. Bloqueio de membros inferiores foi observado por até 60 minutos após despertar. Nenhuma memória foi relatada, recebendo alta da sala de recuperação pós-anestésica após 10 horas de observação. Recebeu alta hospitalar após dois dias, sem seqüelas. DISCUSSÃO: A presença de inconsciência, midríase bilateral, ausência de reflexos pupilares, assim como a estabilidade hemodinâmica após intubação orotraqueal sem auxílio de medicamentos, apóiam o diagnóstico, neste caso, de raquianestesia total. CONCLUSÕES: Na realização do bloqueio de plexo por via interescalênica em vigência dos sinais expostos, o diagnóstico de raquianestesia total deve ser prontamente identificado, enfatizando a necessidade de material de suporte na realização de um bloqueio de plexo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Rev Bras Anestesiol, 2000; 50: 3: 246 – 247. Anesthesiology, 1973;39:458. Br J Anaesth, 1997;78: 507-514.

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AO 300 BLOQUEIO SUPRAESCAPULAR PARA ANALGESIA EM CIRURGIA ARTROSCÓPICA DE OMBRO MARISTELA BUENO LOPES; CARLA AMADO PETROLI; GREYCE KELLY SOUZA; ANDRÉ COVOLAN; DOUGLAS FLAVIO PORSANI; GISELE SALAZAR H. CAJURU, CURITIBA, PR, BRASIL. Resumo: Introdução: A cirurgia artroscópica de ombro apresenta uma incidência de 45% de dor severa no pós- operatório, suficiente para interferir na reabilitação e recuperação. A associação de bloqueio regional auxilia na analgesia pós- operatória. Dentre as opções podemos utilizar administração de anestésico local intra- articular, bloqueio do plexo braquial por via interescalênica. A técnica de analgesia através de bloqueio supraescapular parece ser uma alternativa útil, pois supre 70% da sensibilidade do ombro e com poucos riscos. Relato do caso: Paciente feminina, 56 anos, submetida a cirurgia para correção de lesão de manguito rotador em ombro direito sob artroscopia. Ao exame, 76 Kg, exames físico e laboratorial normais. Monitorizada com oximetria de pulso, cardioscópio, pressão arterial não- invasiva. Acesso venoso em membro contralateral, sedação consciente com midazolan- 2mg e fentanil- 50 mcg. Posicionada em decúbito lateral com membro a ser operado para cima, assepsia e traçado uma linha da porção medial até a porção lateral de escápula. Marcado o ponto médio desta linha e 2 cm acima e lateral, correspondendo a fossa supraescapular. Inntroduzido agulha de estimuplex A-50 em sentido cranio caudal até estímulo com 1 MA, sendo diminuído progressivamente obtendo resposta até 0,5 MA com contração do músculo supraespinhoso e infraespinhoso através de abdução e rotação externa respectivamente. Administrado ropivacaina a 0,5% 15 mL. Aguardado 10 minutos sendo observado analgesia local e iniciado anestesia geral endovenosa com Remifentanil, Propofol e Cisatracúrio, Oxigênio e Óxido Nitroso. Intubação orotraqueal sem intercorrências. O procedimento teve duração de 2 horas, paciente despertou sem dor. Avaliada no pós- operatório referindo dor leve com 6 horas sem necessidade de analgésico complementar. Com 24 horas paciente apresentava dor suportável necessitando apenas analgésico comum para controle. Recebeu alta sem intercorrências. Discussão: A dor é um dos principais fatores que influenciam a alta hospitalar. A eficácia da injeção intraarticular de anestésico local ou morfina permanece controversa. O bloqueio do plexo braquial pela via interescalênica está associada a complicações como síndrome de Horner, punção inadvertida do espaço peridural ou subaracnóideo, lesão de nervo laringeo recorrente e complicações respiratórias como pneumotórax e bloqueio de nervo frênico. O bloqueio do nervo supraescapular pode oferecer uma alternativa, visto que os riscos de intercorrências são muito menores. A técnica de bloqueio pode ser realizada com o paciente na posição sentada onde temos maior facilidade de definir as estruturas, ou em decúbito lateral como descrito neste caso. Concluindo, podemos sugerir que o bloqueio do nervo supraescapular é uma técnica efetiva e segura para analgesia em cirurgia artroscópica de ombro. Referências: 1. Arthroscopy,2008;24:689-96 2. Reg Anesth Pain Med,2008;33:280-81

AO 301 EFEITO DA CLONIDINA EM DIFERENTES VOLUMES DE LIDOCAINA NO BLOQUEIO DO PLEXO BRAQUIAL MARIA ANGELICA ABRÃO1; ALEXANDRA REZENDE ASSAD1; DANIEL NEGRINI MEDEIROS2; ALTEMIR DE ANDRADE GALAVOTTI1; NÚBIA VERÇOSA FIGUEIREDO1 1.HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO/UFRJ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL; 2.HOSPITAL DE ENSINO ALCIDES CARNEIRO, PETRÓPOLIS, RJ, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos – A clonidina é um fármaco agonista do receptor alfa 2 adrenérgico. Possui propriedades adjuvantes se associada aos anestésicos locais, tendo sido descrito aumento na duração da anestesia e da analgesia nos bloqueios periféricos e do neuroeixo. O objetivo desse estudo foi avaliar a possibilidade de redução do volume do anestésico local, lidocaína, no bloqueio do plexo braquial, pelo efeito sinérgico da adição da clonidina. Métodos – Foram selecionados 60 pacientes programados para cirurgias em partes moles ou osso, de antebraço ou mão, sob anestesia do plexo braquial, via axilar. Os pacientes foram distribuídos aleatoriamente em 4 grupos de 15: LC40- lidocaína 1,5% 40ml, clonidina 150µg; L40- lidocaína 1,5% 40 ml, soro fisiológico 0,9% 1ml; LC20- lidocaína 1,5% 20 ml, clonidina 150 µg; L20- lidocaína 1,5% 20ml, soro fisiológico 0,9% 1ml. Em todos os grupos foi adicionada adrenalina 1:200000. O final da injeção da solução anestésica no plexo braquial foi determinado como tempo zero (T0). A instalação do bloqueio sensitivo foi avaliada pelo toque da agulha na pele, nos territórios dos nervos radial, mediano, musculocutâneo e ulnar em 5, 10 e 20 minutos após o T0. O b.motor foi pesquisado pelos movimentos de flexão e extensão do antebraço, flexão e abdução dos dedos. A duração do bloqueio sensitivo foi definido como o tempo entre T0 e a regressão total da anestesia nos 4 territórios nervosos- radial, mediano, musculocutâneo e ulnar, com avaliações realizadas em 1, 2, 3 e 4 horas após o término da cirurgia. De maneira similar, foram feitas as medidas da duração do bloqueio motor, da analgesia e da intensidade da dor pós-operatória. A análise estatística utilizou os testes ANOVA para um fator, ANOVA de Kruskal-Wallis e o teste de comparações múltiplas de Dunn. O critério de determinação de significância adotado foi o nível de 5%. Resultados: O tempo, em minutos, da duração do bloqueio sensitivo, motor, da analgesia e a ENV (Escala Numérica Verbal da Dor) avaliados pela média±desvio padrão entre os grupos, LC40, L40, LC20 e L20 foi de: Sensitivo338,2±77,7; 316,6±57,7; 332,3±58,5 e 286,8±72,7 (p=0,17); Motor- 308,9±82,0; 292,6±66,7; 328,3±61,4 e 260,5±79,0(p=0,067); Analgesia- 301,3±84,9; 268,6±64,5; 341,6±76,0 e 236,5±62,6 (p=0,0008); EAV dor- 3,87±2,8; 5,8±2,46; 3,73±3,31 e 5,27±2,15 (p=0,089), respectivamente. Discussão – Observou-se que existe diferença significativa no tempo de analgesia entre os grupos de tratamento. Pelo teste de Dunn identificou-se que o grupo LC20 apresentou tempo de analgesia significativamente maior que os grupos L20 e L40. Não houve diferença significativa na duração do bloqueio sensitivo, motor e na ENV da dor. Conclusão – A clonidina associada ao anestésico local, lidocaína, potencializou a sua ação analgésica pós-operatória e permitiu a redução do volume total injetado.Referências – Anesth Analg, 2007;104:532–7; Anesthesiology, 2009 ;111:406-15; Br J Anaesth, 2005;94:112-6.

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AO 302 BLOQUEIO DE PLEXO BRAQUIAL INFRACLAVICULAR GUIADO POR ULTRASOM EM PACIENTE CRÍTICO CRISTIANO HIROSHI VIEIRA HORIGUCHI; JUNIO RIOS MELO; GUSTAVO RODRIGUES COSTA LAGES; JOSÉ ROBERTO DE REZENDE COSTA; NIWTON CARLOS TOLEDO; JULIANO RODRIGUES GASPARINI HOSPITAL MATER DEI, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Justificativas e métodos: Os bloqueios de nervos periféricos constituem uma opção anestésica muito interessante, principalmente em pacientes críticos, nos quais a indução de uma anestesia geral pode ser temerária. Com o auxílio do ultrassom, torna-se possível a visualização da dispersão do anestésico local, com aumento da segurança e melhora no resultado da anestesia. Relato do caso: Paciente de 68 anos, ex-tabagista, portador de DPOC grave, dependente de oxigênio, portador de gota com múltiplas deformidades, diabético, coronariopata, com implante de stent em tronco de coronária esquerda, miocardiopatia dilatada, FA crônica com marca passo-CDI, fração de ejeção de VE = 30%. Foi internado em terapia intensiva em decorrência de insuficiência respiratória aguda decorrente de quadro de DPOC infectado. Durante tal período, apresentou dissecção de artéria radial após coleta de gasometria, evoluindo com hematoma extenso em membro superior direito, além de grande escara infectada. Levado ao bloco cirúrgico com proposta de desbridamento extenso em tal membro. Admitido estável hemodinamicamente, em uso de O2 a 5l/min por máscara facial, sat O2 de 90%, monitorizado com ECG, oximetria de pulso, PNI, acesso venoso central em veia jugular esquerda. Realizado bloqueio de plexo braquial por via infra-clavicular com 25 ml de ropivacaína a 0,75% guiado por ultrassonografia. Observou-se padrão satisfatório de dispersão do anestésico local, em forma de” U” , envolvendo todos os fascículos do plexo braquial, ao redor da artéria axilar. O bloqueio instalou-se completamente em 15 minutos e o procedimento transcorreu-se normalmente tendo duração de 4 horas. Nâo se observou alterações respiratórias, tendo o paciente retornado ao CTI sem queixas. Discussão: O bloqueio de plexo braquial infraclavicular, mostra-se uma opção anestésica muito interessante quando se objetiva a preservação da CVF e VEF1, vez que o bloqueio do n. frênico ocorre menos frequentemente. A utilização da ultrassonografia permite a visualização da dispersão anestésica, permitindo a redução do volume, essencial em pacientes críticos. Reduz-se ainda a incidência de complicações como injeções intravasculares e pneumotórax. Referências: Anesth Analg 2007;104:1275-80 J Ultrasound Med 2006;25: 1555-61 Fontes de fomento: nenhuma Conflitos de interesse: nenhum

AO 303 RAQUIANESTESIA TOTAL APÓS BLOQUEIO DO PLEXO BRAQUIAL RAFAEL LOBO COSTA; RAFAEL ALVES ABUD; MARCOS OLIVEIRA HADDAD; FERNANDO C. VARGAS DE ALMEIDA; CAMILA ATHAYDE CARPI; GUILHERME FURTADO LIMA HSJA, ITAPERUNA, RJ, BRASIL. Resumo: justificativa e objetivos: O bloqueio do plexo braquial é uma técnica amplamente realizada para cirurgias de membros superiores. Embora as complicações potencialmente graves sejam rara, estas podem ocorrer. O objetivo deste relato é apresentar um caso de raquianestesia total após bloqueio do plexo braquial utilizando a via interescalênica apesar de aspirações negativas para sangue ou LCR e localização adequada de estímulo. Relato de caso: Pacinete M.C.O.P. 28 anos, estado físico ASA I, vítima de acidente motociclístico. Submetido inicialmente à TC crânio devido a quadro de desorientação, vômitos, e epistaxe que não evidenciou anormalidades. Após exclusão de outras lesões, encaminhado ao centro cirúrgico para correção de fratura de rádio. Realizou-se bloqueio de plexo braquial por via interescalênica e axilar. Após 2 minutos, o paciente apresentou rebaixamento do nível de consciência, midríase unilateral e queda da SpO2 sendo então intubado e colocado em ventilação mecânica. Diante das hipótese diagnósticas de complicações associadas ao TCE e raquianestesia total foi encaminhado à nova TC crânio que desta vez evidenciou pequeno pneumoencéfalo. Discussão: O caso chama atenção para a possibilidade de raquianestesia total após bloqueio do plexo braquial pela via interescalênica, mesmo com correto posicionamento do paciente e aspiração negativa para líquido cefalorraquidiano e estímulo adequado. O rápido diagnóstico diferencial e o tratamento correto das complicações são essenciais para correta condução do caso.

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AO 304 AVALIAÇÃO DA PROFICIÊNCIA EM RECONHECIMENTO DA SONOANATOMIA DOS BLOQUEIOS DO NERVO FEMORAL E NERVO ISQUIÁTICO NA ABORDAGEM POPLÍTEA. DANIELLE MAIA DUMARESQ; CIBELLE ROCHA GARCIA; DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA SOARES; FRANCISCO TARCISIO MADEIRO DE MACEDO CARNEIRO; MARILMAN BENICIO MACIEL ZAN; ROBERTO CESAR PONTES IBIAPINA INSTITUTO DR. JOSÉ FROTA, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos- A utilização de técnicas de ultrassonografia aplicadas a bloqueios de nervos periféricos vem se tornando uma modalidade de grande popularidade em todo mundo dada à facilidade e segurança relacionada à visualização direta das estruturas nervosas. Para isto, entretanto, é necessário um treinamento a fim de tornar possível dominar o manuseio do aparelho, conseguir gerar imagens e principalmente reconhecer as estruturas anatômicas através do ultrassom. O objetivo deste estudo é avaliar a proficiência na identificação da sonoanatomia dos bloqueios do nervo femoral e isquiático na abordagem poplítea em médicos em especialização inexperientes após três meses de treinamento. Método –Após aulas teóricas sobre bases da ultrassonografia, manuseio do aparelho de ultrassom, vizualização de imagens e vídeos, utilização de simuladores e visualização da sonoanatomia em cinco pacientes em três meses de treinamento, nove médicos em especialização inexperientes em técnicas ultrassonográficas foram avaliados quanto à capacidade e o tempo para identificação das principais estruturas anatômicas referências para realização dos bloqueios femoral e isquiático-poplíteo. Foram avaliados taxa de sucesso e o teste Student-Newman-Keuls foi utilizado para comparar o tempo para realização de cada bloqueio. Resultados- Na região perivascular iguinal, as estruturas anatômicas: artéria, veia e nervo femoral, bem como o músculo íliopsoas foram identificados em 100% das avaliações. Ao nível poplíteo, o fémur e a artéria poplítea foram identificados em 100% dos exames. O nervo isquiático e o músculo semimembranoso obtiveram reconhecimento com taxas de sucesso de 88,9%. O músculo sártorio foi identificado em apenas 33,3% dos exames. Os tempos para identificação obtiveram medianas de 88 segundos para o bloqueio femoral e 188 segundos para o bloqueio isquiático-poplíteo. O tempo para identificação das estruturas isquiáticas-poplíteas foram maiores com diferença estatísticamente significante (p<0,05) quando comparada à técnica femoral. Conclusões- Com três meses de treinamento e cinco exames, nove médicos em especialização foram capazes de reconhecer as principais estruturas sonoanatômicas do bloqueio femoral e isquiático por abordagem poplítea com altas taxas de sucesso. As estruturas relacionadas ao bloqueio do nervo isquiático via poplítea obteve menores taxas de sucesso na identificação e tempos significativamente maiores quando comparado as estruturas perivasculares iguinais, mostrando uma provável necessidade de maior treinamento para esta abordagem. Bibliografia –Rev Bras Anestesiol 2009; 59: 2: 187-193. Reg Anesth Pain Med, 2004;29:544-548.

AO 305 OPÇÃO DA TÉCNICA DE BLOQUEIO DO NERVO SAFENO: ABORDAGEM TRANSARTORIAL POR PERDA DA RESISTÊNCIA EM PACIENTE DE ALTO RISCO PARA CIRURGIA ORTOPÉDICA. RODRIGO CESAR BARBOSA DE VASCONCELOS SILVA; ADILSON HAMAJI; WALDIR CUNHA JUNIOR; MARCELO WALDIR MIAN; CARLO VICTOR VARELA HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: O nervo safeno é uma extensão terminal do nervo femoral sendo responsável pela inervação sensitiva ao longo da parte medial da perna, podendo ser abordado por diversas técnicas associado ou não a bloqueios de outros nervos. Pacientes com lesão topográfica de sua inervação beneficiam-se desta técnica principalmente os de alto risco. Relato do Caso: Paciente P3 (ASA 3), portador de Hipertensão Arterial Sistêmica de difícil controle, Diabetes Melitus tipo 2, tabagista (40 anos/maço), etilista. Submetido há 20 dias à fixação externa da tíbia associado a retalho microcirúrgico de região cruenta em maléolo medial e face medial distal por fratura de ossos da perna. Evoluiu com trombose e necrose do retalho microcirúrgico associado a infecção de tecidos de partes moles, sendo indicada a retirada do retalho. Optou-se pela realização do bloqueio do nervo safeno ao nível medial/distal da coxa direita pela técnica transartorial por perda da resistência. O paciente em decúbito dorsal horizontal foi monitorizado com cardioscópio, oxímetro de pulso e pressão arterial não invasiva, infusão intravenosa de Ringer lactato, Sedação com 2 mg de midazolam e 50 ug de fentanil. Posicionado o membro inferior direito em abdução e leve rotação externa identificou-se a região distal do músculo sartório a 4 cm do epicondilo medial do femur , com uma seringa de 10 ml contendo 5 mL de ar foi realizada a punção com a agulha no sentido caudal com leve pressão contínua na seringa, introduzindo-a na massa muscular até a perda da resistência e foram injetados 10 ml de ropivacaina 0,5%, obtendo anestesia e analgesia pós operatória para realização do procedimento ortopédico proposto. Discussão: O bloqueio do nervo safeno pode ser realizado por várias técnicas, não necessitando de materiais específicos para a sua realização. Em geral seu bloqueio é realizado em conjunto com o bloqueio de outros nervos, como o nervo isquiático. Por ser um nervo sensitivo, não requer o uso de estimulador de nervos periféricos. No caso relatado foi optado pelo bloqueio único do nervo safeno pelo fato da lesão (retalho microcirúrgico em sofrimento) ocupar a região topográfica inervada pelo mesmo e se tratar de um paciente de risco clínico moderado. Assim com o bloqueio isolado do safeno foi usado menor massa de anestésico local sem perda da qualidade da analgesia. A abordagem transartorial por perda da resistência descrita acima torna-se uma opção viável por ser de fácil acesso e identificação anatômica e apresentar-se com baixo grau de complexidade técnica e incidência de complicações. Referências: - Michael van de Wal. Transartorial Approach for Saphenous nerve block.can.Anaesh 1993/40: 6/pp 543-6. - Romanoff ME,conj PC Jr., Kolenak A. Safenous nerve entrapment at the aductor canal. Amer J.Sports Med 1989;17;478-81.

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AO 306 BLOQUEIO DE GÂNGLIO ESTRELADO ASSOCIADO A BLOQUEIO PLEXO BRAQUIAL CONTINUO PARA TRATAMENTO DE DISTROFIA SIMPÁTICO REFLEXA PÓS CIRURGIA DE MEMBRO SUPERIOR CARLO VICTOR VARELA; ADILSON HAMAJI; WALDIR CUNHA JUNIOR; MARCELO WALDIR MIAN; FABRICIO MAKI KAWASAKI; THIAGO ESGALHA SARTORI INSTITUTO DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA DO HOSPITAL DAS CLINICAS DA UNIVERSIDADE DE SAO PAULO, SAO PAULO, SP, BRASIL.

Resumo: Introdução:A distrofia simpático reflexa é caracterizada por dor no segmento distal do membro, edema local, alterações vasomotoras e sensibilidade (alodínia e hiperalgesia ) alterações do fluxo sangüíneo e da sudorese regionais; fenômenos discrásicos; mudanças de padrão de movimentação ativa dos segmentos acometidos, incluindo a acentuação do tremor fisiológico; alterações tróficas do tegumento, da musculatura e do tecido celular subcutâneo e da incapacidade funcional do segmento acometido. Caso:Paciente NX, 58 anos, vitima de trauma com diagnóstico de fratura de olécrano D, submetido a redução cruenta + fixação interna de olécrano D. Paciente evolui com dor importante e de edema em MSD no pós-operatório com dificuldade de mobilização mão, punho e flexão de antebraço a D . Quadro doloroso de difícil controle clínico no qual foi sugerido a hipótese diagnóstica de distrofia simpática reflexa. Realizado o bloqueio de gânglio estrelado técnica tradicional com escaneamento prévio da região, injetado ropivacaína 0,375% 8ml, com resultado positivo com sinais clássicos de melhora do quadro distrófico. Depois foi realizado o escaneamento com bloqueio do plexo braquial e colocação de cateter. Discussão:A distrofia simpática reflexa ocorre após traumas quando uma fibra simpática eferente estimula uma aferente, sensibilizando o sistema, levando à criação de um circuito neural fechado. O bloqueio simpático realizado para tratamento da dor severa em casos de distrofia simpática proporcionam alivio permanente ou temporário , melhoram o edema e espasticidade do membro afetado; possibilitando melhores respostas a fisioterapia motora e terapia ocupacional. As principais vantagens do uso de técnicas guiada por imagem no bloqueio gânglio estrelado têm as vantagens de uma maior segurança e precisão em comparação com injeções cega porque a agulha pode ser precisamente colocada perto do gânglio em si, usando uma menor quantidade de anestésico local resultando em uma diminuição dos efeitos adversos. No caso citado foi observado após o bloqueio o surgimento da Síndrome de Claude-Bernard-Horner ipsilateral. O paciente permaneceu posteriormente internado por 03 dias recebendo infusão diária de 10ml de ropivacaina, realizando terapia ocupacional e fisioterapia motora, apresentando melhora acentuada dos sintomas além de aumento de amplitude do movimento da mão, punho e cotovelo D, demostrando a grande importância do bloqueio estrelado associado ao bloqueio do plexo braquial continuo para controle da dor refrataria ao tratamento clinico em pacientes com distrofia simpática reflexa pós trauma. Referências bibliográficas: 1. Wasner G, Schattschneider J, Binder A et al - Complex regional pain syndrome—diagnostic, mechanisms, CNS involvement and therapy. Spinal Cord, 2003;41:61-75. 2. Zyluk A, Zyluk B - Neurological disorders in post-traumatic algodystrophy of the upper extremity. Neurol Neurochir Pol, 2002;36:33-46.

AO 307 BLOQUEIO DO PLEXO BRAQUIAL “ÀS CEGAS”: UMA QUESTÃO DE SORTE? A REALIDADE DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ALBERTO VIEIRA PANTOJA; MARCO ANTONIO CARDOSO DE RESENDE; FERNANDO DE PAIVA ARAÚJO; GABRIEL AZEVEDO TERRA CUNHA; PAOLA DA COSTA DOS SANTOS; ANNA CAROLINA VON USLAR FERREIRA DE FREITAS HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTONIO PEDRO, NITERÓI, RJ, BRASIL.

Resumo: INTRODUÇÃO Na última década ocorreu o renascimento das técnicas de anestesia regional, impulsionadas pela popularização no uso de métodos de localização dos nervos periféricos, particularmente a ultra-sonografia. Essas técnicas conferem grande acurácia e aumentam sensivelmente a segurança dos procedimentos. Entretanto, os equipamentos ainda são considerados caros e pouco práticos, limitando sua disponibilidade, especialmente em hospitais carentes de recursos onde, frequentemente, são tidos como supérfluos. O objetivo deste estudo e identificar a experiência do nosso serviço, que ainda não dispõe do método de imagem e apenas recentemente regularizou o fornecimento de agulhas insuladas, no bloqueio “às cegas” do plexo braquial. MÉTODOS Foram analisados os relatórios de anestesia dos pacientes submetidos a bloqueio do plexo braquial “às cegas” em nosso hospital, em um período de 2 anos, por três avaliadores diferentes do serviço para a determinação, por consenso, dos índices de falha, anestesias combinadas e anestesias bem sucedidas. O critério de inclusão foi anestesia com bloqueio do plexo braquial. Critérios de exclusão foram: anestesia do plexo braquial combinada com anestesia geral, uso de neuroestimulação para localização do nervo periférico, a utilização associada de qualquer bloqueio em território inervado por ramos do plexo braquial ou anestesia por qualquer outra técnica que não fosse bloqueio do plexo braquial. RESULTADOS Foram analisados 112 relatórios de anestesias nos quais o procedimento anestésico proposto foi bloqueio do plexo braquial. Pelos critérios de exclusão, foram retirados da pesquisa 18 casos de bloqueio do plexo braquial combinado previamente com anestesia geral (16,36%) e 02 casos que utilizaram estimulação elétrica para localização do nervo periférico. O resultado da avaliação foi obtida pelo consenso entre os avaliadores. Dos 92 casos restantes, 38 (41,30%) apresentaram bloqueio satisfatório para a realização do ato cirúrgico acompanhado ou não por sedação venosa. Em 54 casos (58,70%), houve falha total ou parcial do bloqueio do plexo braquial com a necessidade de outras técnicas anestésicas para permitir a cirurgia. CONCLUSÃO Este estudo evidencia a realidade de um serviço com número reduzido de bloqueios de plexo braquial e sem opções de propedêutica armada para a localização dos nervos. A comparação com dados da literatura sugere que a utilização da eletroestimulação e da ultra-sonografia pode ser ainda mais relevante em hospitais com baixa frequência de bloqueios para aumentar a acurácia das técnicas regionais, reduzir a chance de iatrogenias, melhorar a qualidade do cuidado ao paciente e diminuir os custos diretamente relacionados à anestesia. REFERÊNCIA 1- Revista Brasileira de Anestesiologia 2009; 59: 585-591 2- Anesthesia & Analgesia 2009; 109: 265-271

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AO 308 EXPERIÊNCIA DE 2 ANOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO EM ANESTESIA REGIONAL INTRAVENOSA. GRUPO PAULISTA DE ESTUDO EM ANESTESIA LUIZ FERNANDO REIS FALCÃO; LEONARDO CUNHA FERRARO; ANDRÉ HOSOI REZENDE; RAPHAEL RIBEIRO DE AQUINO FREITAS; AMÉRICO MASSAFUNI YAMASHITA; MARIA ANGELA TARDELLI UNIFESP - ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA, SAO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: A anestesia regional intravenosa (Bier) é uma técnica anestésica popular para procedimento de mão e antebraço. O conhecimento do perfil dos pacientes anestesiados, as técnicas anestésicas e seus eventos adversos são fatores importantes para o aperfeiçoamento da prática. O Grupo Paulista de Estudo em Anestesia e o Grupo de Anestesia Regional realizaram a análise quantitativa do Bier em um Hospital Universitário. Materiais e método: Estudo retrospectivo em hospital universitário de São Paulo. As informações foram colhidas no período de 24 meses. Os dados não paramétricos foram representados por mediana e quartis (P25 – P75). Dados categóricos estão representados por frequência absoluta e relativa. Resultados: Um total de 355 Bier foram realizados no complexo hospitalar. A distribuição por gênero foi 83 (23,9%) sexo masculino e 268 (76,1%) feminino, sendo a mediana da idade de 51 (43 – 58) anos. Em relação ao estado físico foram observados 112 (38%) ASA P1, 180 (61%) ASA P2 e 3 (1%) ASA P3. A mediana da duração da anestesia foi de 60 min (58 – 75) e da cirurgia 31 min (20 – 45). A concentração da lidocaína utilizada foi de 2% (0,9%), 1,5% (5,3%), 1,0% (45%) e 0,5% (48,8%), com mediana de volume de 30 mL (25 – 30). A prevalência dos eventos adversos foram: falha de bloqueio 3 (0,8%) e agitação 1 (0,3%) sendo todas as falhas de bloqueio com a utilização de lidocaína a 0,5%. Discussão e conclusões: Esta casuística mostra a alta taxa de sucesso do bloqueio, sendo associado a baixa incidência de complicações e pode ser considerado uma técnica anestésica segura, não sendo detectada complicações graves como convulsão e parada cardíaca. Todas as falhas de bloqueio foram observadas quando a técnica era realizada com lidocaína a 0,5%. Referências bibliográficas: Journal of Clinical Anesthesia, 2009:21,585-594. Anesthesiology, 2004:101:143-52.

AO 309 COLAPSO CARDIOVASCULAR PÓS RAQUIANESTESIA LUCIANO FILHO QUEIROGA; ARMIN GUTTMAN; OSWALDO OLIVEIRA PACHECO; MARCO ANTONIO FERRO; AMERICO AUTRAN NETO; JORGE RONALDO MOLL HOSPITAL FEDERAL DE BONSUCESSO, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Objetivo – A ocorrência de parada cardíaca é significativamente maior para raquianestesia comparada com anestesia peridural. Entre as principais causas está a hipoxemia, a hipercarbia, o estimulo vagal e o sangramento excessivo. Relato do Caso – Paciente70 anos, tabagista, renal crônico em tratamento conservador. Hipertenso em uso regular de Enalapril e Hidroclorotizida, portador de bradicardia sinusal associado ÀBAV de 1º grau é submetido a prostatectomia transvisical. Feita raquianestesia com punção no inter espaço L3 – L4 com injeção de morfina (50 mcg) e Bupivacaína hiperbárica (18 mg). A monitorização constou de ECG, PNI e oximetria de pulso. Foi sedado com 3 mg de midazolan e 30 mg de Meperidina. Mantido com mascara de Hudson com oxigênio à 100%. A cirurgia transcorreu sem intercorrências. Aproximadamente 2 horas após a instalação da anestesia o paciente apresentou súbita e severa bradicardia seguida de colapso cardiovascular. Instituídas manobras de reanimação, suporte pressórico e EOT, com resultado satisfatório. Ao termino do procedimento o paciente foi encaminhado ao CTI, com boa evolução, posterior alta para a enfermaria e alta hospitalar. Discussão – Podemos considerar como fatores de risco para PCR em raquianestesia pacientes vagotônicos (FC < 50 bpm), pacientes hipovolêmicos, uso de beta bloqueadores, uso de bloqueadores de enzimas de conversão, jovens ASA I e nível de bloqueio acima de T6. O paciente está enquadrado em três destes critérios. É importante considerar que o bloqueio simpático pode estender-se 6 dermatomos acima do sensitivo, levando a significativa redução da pré carga e suas consequencias Conclusões – É importante considerar o uso de raquianestesia em pacientes vagotônicos, principalmente quando existem outros possíveis fatores associados a PCR presentes .É importante considerar uma desautonomia temporal do simpático secundário à raquianestesia como fator desencadeante. Referencias - 1. Cardiac Arrest During Spinal Anaesthesia.Anesth & Analg.2001Jan 92(1):252-6.

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AO 310 RAQUIANESTESIA EM PACIENTES COM EXTENSA TATUAGEM NA REGIÃO LOMBO- SACRA: O QUE FAZER? RELATO DE CASO TICIANA SAUNDERS PACHECO DO VALE; MARIA DE LOURDES DE ALMEIDA PEREIRA MACEDO MARQUES; BARBARA LIMA SOUSA; DANIEL IRIBARREM NOGUEIRA; CELSO SCHMALFUSS NOGUEIRA SANTA CASA DE MISERICORDIA, SANTOS, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos – Pacientes que apresentam extensa tatuagem na região lombo-sacra, com indicação de raquianestesia, constituem um desafio para o anestesiologista, considerando os riscos do procedimento e possibilidades de condutas alternativas. Relato do Caso – Paciente do sexo feminino, 30 anos, apresentando ruptura em ligamento cruzado de membro inferior esquerdo após trauma. Cirurgia proposta: Reconstrução do ligamento cruzado anterior por via artroscópica. Exame físico: Edema de membro inferior esquerdo (1+/4+), ausência de rubor, reflexos profundos preservados, sensibilidade dolorosa e propriocepção mantidas. Sem alterações no exame físico nas demais partes do corpo. Extensa tatuagem na região lombo-sacra. Realizada monitorização com cardioscopia, oximetria de pulso contínua, pressão arterial não invasiva, punção venosa em membro superior direto com cateter 20G, ofertado oxigênio sob máscara facial com ventilação espontânea. Optamos por fazer bloqueios anestésicos de nervos ciático, obturatório e femoral com estimulador de nervo periférico, associado a sedação com dexmedetomidina. Discussão: Esta escolha foi feita levando-se em consideração que as punções do neuroeixo nas áreas tatuadas seriam contra-indicadas, pela possibilidade de carrear pigmentos para o espaço subaracnóideo, uma vez que são partículas sólidas que ficam impregnadas na pele, em função da técnica usada para produzir a tatuagem. Tais substâncias podem causar aracnoidite e demais processos irritativos intramedulares.

AO 311 ESTUDO ALEATORIZADO E CONTROLADO DO EFEITO DO SUFENTANIL INTRATECAL NA POTENCIALIZAÇÃO DO PROCESSO DE DEAFERENTAÇÃO EM PACIENTES SUBMETIDOS A RAQUIANESTESIA EDNO MAGALHÃES; CATIA SOUSA GOVÊIA; LUIS CLAUDIO ARAUJO LADEIRA; KATIA SOARES MACEDO; MARTA FERREIRA SANTIAGO; JADER OLIVEIRA LAGARES CET/SBA CENTRO DE ANESTESIOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, BRASÍLIA, DF, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivo: A anestesia subaracnóidea diminui a necessidade de agentes hipnóticos durante o perioperatório. A menor aferência periférica e a redução da atividade do sistema reticular ativador ascendente (SRAA) conseqüentes à raquianestesia podem tornar o paciente sensível à ação sedativa dos opióides e interferir no nível de consciência. Até o momento, parece não haver estudos da ação do sufentanil sobre este fenômeno. Este estudo tem o objetivo de avaliar o efeito do sufentanil intratecal na potencialização do processo de deaferentação em pacientes submetidos a operações eletivas sob raquianestesia. Método: Estudo aprovado pelo CEP/FM/UnB. A amostra de 25 pacientes adultos, de ambos os sexos, estado físico I ou II (ASA), foi dividida de modo aleatório em dois grupos. O grupo controle (GC; n=8) foi submetido a raquianestesia com bupivacaína hiperbárica (15mg) e o grupo sufentanil (GS; n=17), a raquianestesia com bupivacaína hiperbárica (15mg) e sufentanil (3mcg). Após estabilização do nível do bloqueio em T8, administrou-se propofol em infusão contínua (100 mcg.kg-1.min-1) por até 30 minutos para manter valor de BIS entre 65 e 75. Os seguintes parâmetros foram registrados: tempo de latência (tempo de infusão para BIS ≤75), tempo de recuperação (tempo para BIS ≥90, após término de infusão), consumo de propofol, valores de BIS, grau de sedação pela escala AOOS, parâmetros hemodinâmicos e eventos adversos. Para análise estatística foram utilizados os testes t de Student e Mann-Whitney e o valor de p < 0,05. Resultados: O tempo de infusão e o volume infundido de propofol foram semelhantes entre os grupos, bem como a média do tempo de latência. Não houve diferença entre os tempos de recuperação dos grupos GS (14,65 ± 5,24 min) e GC (13,8 ± 5,7 min). Houve redução dos valores de BIS e da escala AOOS em ambos os grupos durante o período de infusão de propofol e retorno dos valores após o tempo de recuperação. Ambos os grupos apresentaram estabilidade de pressão arterial e freqüência cardíaca durante o protocolo experimental. Conclusão: O sufentanil por via intratecal não causou potencialização do processo de deaferentação promovido pela raquianestesia. A baixa dose de sufentanil administrada e a sua alta lipossolubilidade e afinidade pelos tecidos, com menor dispersão rostral, podem ter contribuído para a ausência de efeito sedativo sobre o sistema nervoso central. Referências bibliográficas: British Journal of Anaesthesia 2009; 64:1307-1311. British Journal of Anaesthesia 2006;96:645-9. British Journal of Anaesthesia 2004; 93: 228–34.

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AO 312 BLOQUEIO SUBARACNÓIDE EM PACIENTE COM HEMATOMA INTRAPARENQUIMATOSO CEREBRAL RECENTE VAGNER CAVALCANTI ALBUQUERQUE; CREMILDA PINHEIRO DIAS; TÂMARA BORGES BARROS UFAM - HOSPITAL UNIVERSITARIO GETULIO VARGAS, MANAUS, AM, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: Bloqueios de neuroeixo são uma controvérsia quando realizados para pacientes com doenças neurológicas préexistentes. Este caso tem como objetivo relatar o sucesso de um bloqueio subaracnóide em uma paciente com hematoma cerebral intraparenquimatoso recente. Relato do caso: CTM, 15 anos, portadora de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) e nefrite lúpica classe IV dialítica, apresentou episódio de hipertensão associado a convulsão e desorientação sendo diagnosticado hemorragia intraparenquimatosa cerebral (HIC), de grande volume à esquerda, com desvio de linha média e colabamento de corno frontal do ventrículo lateral à esquerda, e após avaliação neurocirúrgica foi tratada clinicamente. Após 20 dias da HIC, foi indicada cirurgia para colocação de cateter de Tenckhoff e herniorrafia umbilical. Em avaliação pré-anestésica o exame neurológico estava normal, ECG:15 (AO:4, RV:5, RM:6), sem sinais de hipertensão intracraniana. Tomografia de crânio apresentava hematoma em processo de resolução. Os parâmetros iniciais eram PA: 130x100 mmHg, FC: 98bpm e SpO2: 98%. Colocada paciente em decúbito lateral direito, realizada antissepsia e assepsia com alcool 70%, punção lombar L2-L3, mediana, tentativa única, com agulha 27G Quincke e saída de líquor claro. Injeção intratecal de bupivacaína hiperbárica 0,5% 15mg associada a clonidina 45mcg. Instalado cateter nasal com O2 (2l/min). A paciente permaneceu com estabilidade hemodinâmica e neurológica durante o intraoperatório, que ocorreu em 1:45h. Recebeu alta da SRPA para enfermaria, não havendo intercorrências nos próximos 7 dias. Discussão: Primeiramente, não cause danos! Partindo deste princípio deve-se avaliar, caso-a-caso, os riscos e os benefícios de bloqueios de neuroeixo em pacientes com distúrbios neurológicos para cirurgias não-neurológicas. Um bom exame pré-operatório associado a pareceres especializados, quando necessários, são fundamentais para definição da conduta anestésica, como no caso da paciente descrita, a qual não apresentava sinais de hipertensão intracraniana que contra-indicaria um bloqueio subaracnóide, sob risco de herniação cerebral. A monitorização hemodinâmica é importante para se evitar variações capazes de desencadear novo episódio hemorrágico ou descompensação. O grande benefício de bloqueios de neuroeixo para neuropatas é a monitorização neurológica realizada minuto-a-minuto pelo anestesiologista, visto que alterações cognitivas e sensoriais podem ser rapidamente diagnosticadas e tratadas. Portanto, bloqueios neuroaxiais podem ser realizados em pacientes neuropatas com segurança, desde que haja uma boa avaliação neurológica prévia e que a presença do anestesiologista ao lado do paciente seja a principal forma de avaliação intraoperatória. Bibliografia: Can J Anesth 2008; 55:8; pp489-494. Anesthesiology news Dec 2009; pp1-8. Anaesthesist 2010 Sep; 59(9):781-805.

AO 313 ANESTESIA TOTAL APÓS RAQUIANESTESIA COM BUPIVACAÍNA ISOBÁRICA EM CIRURGIA ORTOPÉDICA. RELATO DE CASO. LORENA JREGE ARANTES; BEATRIZ LEMOS DA SILVA MANDIM; NEUBER MARTINS FONSECA; ROBERTO ARAUJO RUZI; JOAO PAULO JORDAO PONTES UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, UBERLÂNDIA, MG, BRASIL. Resumo: Introdução- Este é um caso de anestesia total após raquianestesia com bupivacaína isobárica em cirurgia ortopédica. A anestesia total ocorre após a administração de dose elevada de anestésico no espaço subaracnóideo ou devido a dispersão rostral do anestésico local. Relato de Caso - Paciente feminino, 19 anos, ASA I, submetida a cirurgia de fratura de tornozelo. Realizada monitorização com pressão não invasiva, oximetria, ECG. Acesso venoso em MSE abocath 18 e administrados 2 mg midazolam e 100µg fentanil como pré-anestésico. Paciente em posição sentada e punção subaracnóidea L3-L4 com agulha 27 G Quincke, com drenagem de líquor claro e injeção de 17,5 mg de bupivacaína isobárica, sem intercorrências. Após 5 min do posicionamento da paciente em decúbito dorsal houve diminuição da SpO2 e relato de dificuldade respiratória pela paciente, seguida de perda da consciência e apnéia. Iniciada ventilação controlada sob máscara com oxigênio 100%, intubação orotraqueal e manutenção em ventilação mecânica controlada. Após 40 min a paciente apresentou retorno do tônus do músculo masseter e em 60 min houve início dos movimentos respiratórios. O retorno completo dos movimentos ventilatórios e da consciência ocorreu após 100 minutos. A paciente foi extubada sem intercorrências. A duração da cirurgia foi de 45 min. Após o procedimento, a paciente foi encaminhada para SRPA acordada, consciente, estável hemodinamicamente, em respiração espontânea e sem necessidade de oxigênio suplementar. Discussão – Raquianestesia total após injeção de pequenas quantidades de anestésico local no espaço subaracnóideo tem incidência desconhecida, mas ocorre em menos de 1% dos casos. Bloqueio espinhal alto ou total é uma complicação conhecida da raquianestesia, atingindo tronco cerebral e pares cranianos, acompanhado de hipotensão, bradicardia, comprometimento respiratório, apnéia, náusea e ansiedade, anestesia dos membros superiores e perda de consciência. O mecanismo desta ocorrência é desconhecido e existem várias especulações. Os fatores de risco são peridural anterior, principalmente após tampão sanguíneo, grande dose de anestésicos locais, posicionamento supino imediato e aumento da pressão intra-abdominal (incluindo gravidez e obesidade), além de fatores anatômicos como anormalidades do canal espinhal. É importante a identificação precoce e tratamento de suporte. Apesar de oferecer larga segurança, a raquianestesia exige do anestesiologista treinamento e constante vigilância para detecção de complicações. Referências: Update in Anaesthesia 2002; Issue 14; article 14, Page 1. Acessed online 5 july, 2011. www.nda.ox.ac.uk/wfsa/html/u14/ u1414_01.htm

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AO 314 ANESTESIA SUBARACNOÍDEA EM PACIENTE COM ARTRODESE VERTEBRAL PRÉVIA COM HASTES METÁLICAS. RAPHAEL DE ROSA; VIVIANE BARROS DE MAURICIO ROSA SERVIÇO DE ANESTESIOLOGIA DE MARACAJU, MARACAJU, MS, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: A correção da escoliose idiopática com hastes, técnica amplamente utilizada nas ultimas duas décadas, implica em manipulação cirúrgica das estruturas que circundam o canal medular, resultando em alterações anatômicas que podem dificultar a inserção de agulhas e cateteres, como aderências do ligamento amarelo e obliteração do espaço epidural. Nosso trabalho visa relatar um caso de paciente portadora de hastes metálicas extensas submetida a raquianestesia, sem intercorrências, para procedimento cirúrgico simples. Relato de Caso: A paciente J.S.A, 15anos, sexo feminino, 1,55mt e 47Kg, encaminhada ao ambulatório de avaliação pré anestésica com indicação de tratamento cirúrgico de cisto pilonidal sacrococcigeo. Sem patologias de base além da escoliose congênita, não fazia uso de medicações e não apresentava alergias. Histórico de duas cirurgias (via anterior e posterior) para correção da escoliose congênita com inserção de hastes metálicas, há cerca de seis anos, sob anestesia geral sem intercorrências. Ao exame físico não tinha alterações além do desvio postural e das cicatrizes cirúrgicas. Avaliação de Vias Aéreas não demonstrou predição de dificuldade de manuseio. Não apresentava queixas clinicas pulmonares e relatava ótima tolerância cardiopulmonar ao exercício físico. Exames complementares normais (HMG, COAG e ECG). Rx de coluna vertebral mostrava extensão das hastes T3 a L1 .ASA I. Internada, medicada com 15mg de midazolan VO 30min antes da anestesia. No centro cirúrgico, ainda bem acordada (Ramsay 2 ) administramos 5mg de midazolan EV. Atingindo o nível de sedação buscado (Ramsay 3), foi colocada em posição sentada e puncionada em região identificada L4-L5, sem dificuldades, agulha 27G, paramediana. Administrados 2,4ml de Bupivacaína Hiperbárica 0,5% (12mg) + 40mcg de morfina em 15seg e deitada em DDH. Após 10min, testada a altura do bloqueio, nível sensitivo em T10 e bloqueio motor adequado. Passada então para mesa cirúrgica em Decúbito Ventral, teve procedimento cirúrgico de 45min, sem intercorrências. Recebeu alta da RPA preenchendo os critérios de AKmod em1h30min. Alta hospitalar em 24h, sem queixas relacionadas a anestesia. Três dias após foi contactada via telefone e negou apresentar sinais ou sintomas de cefaléia postural pós punção dural. Discussão e Conclusão: A raquianestesia pode consistir em técnica adequada, simples e segura em pacientes com hastes metálicas, especialmente se realizada a partir do segundo espaço abaixo do seguimento artrodesado. Como todo relato de caso, necessita de estudos de maior amostragem e um follow up maior para completa fomentação das suas proposições. Vemos aqui espaço importante da Ultrassonografia para correta identificação do espaço a ser puncionado. Referencias Bibliográficas: 1. Can. J. Anaesth.1993, 40:667–669. 2. Anesth. Analg 2009, 6:1930-1934. 3. Anesth Analg 2010, 111:821-822.

AO 315 SÍNDROME NEUROLÓGICA TRANSITÓRIA APÓS BLOQUEIO EPIDURAL RICARDO MEIRELLES ROSA; RAFAEL GUERRA BRIA; RODRIGO GAZIRE ANDRADE; ANA LUCIA GONDIM MONTENEGRO; FERNANDO ANTONIO DE FREITAS CANTINHO; ALESSANDRA PEREIRA ABBADE HOPITAL FEDERAL DO ANDARAÍ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: A síndrome neurológica transitória é mais comum após a raquianestesia, iniciando-se nas primeiras 24hs após o procedimento. em diversos casos encontra-se associada à posição de litotomia ou a altas concentrações de anestésicos locais (AL). O objetivo é relatar um quadro clínico compatível com esta síndrome após a realização de anestesia combinada, com peridural, para cirurgia de prostatectomia radical. RELATO DE CASO: Paciente masculino, 59 anos, 70kg, ASA II, hipertenso. Admitido para realização de prostatectomia radical e linfadenectomia, sem apresentar outras alterações na história clínica e ao exame físico, exames laboratoriais nos limites da normalidade. Após venóclise e monitorização, conforme resolução nº 1.802/2006 do CFM, foi realizada punção única,no interespaço L3-L4, sem queixas de dor a punção ou a passagem do cateter epidural(CPD). Realizada a seguir indução venosa com lidocaína 40mg, propofol 200mg, alfentanil 1000µg e rocurônio 50mg, seguida de intubação orotraqueal. A anestesia foi mantida com oxigênio e ar na relação 1:1 e sevoflurano 1%. Após intubação foi injetado 15mL ropivacaína 0,2% e 100µg de fentanil pelo CPD. A cirurgia teve duração total de 5h, sem alterações hemodinâmicas importantes. Ao final, foi administrado 2mg de morfina pelo CPD. Após 24hs, o paciente queixou-se de parestesia em região medial de membro inferior esquerdo. Foi então solicitado parecer do serviço de neurologia que devido a indisponibilidade momentânea de tomografia no hospital, optou pelo acompanhamento clínico, havendo como hipótese principal a sídrome neurológica transitória. O CPD foi retirado sem intercorrências. Após 72hs. o paciente referia melhora do quadro, obtendo alta hospitalar. DISCUSSÃO: Na abordagem ao neuroeixo as lesões neurológicas podem ocorrer através do traumatismo do tecido neural por agulha ou cateter peridural, o que geralmente gera desconforto ao paciente. Outros fatores, em combinação, também poderiam estar presentes. A injeção do AL realizada ao nível da cauda equina, que por sua vez desprovida das bainhas de tecido conjuntivo que protegem os nervos periféricos, aumenta a exposição das fibras aos anestésicos. A maior parte do AL injetado no espaço epidural sofre tranferência através das meninges para o fluido cerebroespinhal, principalmente através das vilosidades aracnóides na região do manguito dural. O posicionamento e o uso de afastadores cirúrgicos devem também ser levados em consideração. CONCLUSÃO: A neuropatia transitória pode ser uma complicação também relacionada ao bloqueio epidural, apesar de pouco comum. A ausência de intercorrências na realização da punção, o uso de dose única de ropivacaína 0,2% e a pequena variabilidade hemodinâmica não excluem a possibilidade de sua ocorrência. REFERÊNCIAS: 1) Transient neurological manifestations after epidural analgesia with ropivacaine, Anesthesia, 2002; 57:306-9 2) Transient neurologic symptoms after epidural analgesia; AnesthesiaAnalgesia, 2000;90:437-9

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AO 316 HEMORRAGIA PERIMESENCEFÁLICA NÃO ANEURISMÁTICA DETECTADA DURANTE PUNÇÃO SUBARACNÓIDEA EM ANESTESIA PARA REVASCULARIZAÇÃO DE MEMBRO INFERIOR ANA CECÍLIA MOTA; LUIZ BRUNO LIMA; MARY NEIDE ROMERO; ENILDE COUTINHO VASCONCELOS; EDUARDO REZENDE ALMEIDA; NAYARA LIMA PIMENTEL HGF, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO - A hemorragia perimesencefálica não aneurismática (HPNA) é uma variante de hemorragia subaracnóidea (HSA) com padrão típico de sangramento peritroncal, angiografia normal e prognóstico benigno. A etiologia da HPNA não é bem definida, mas nos últimos anos vêm sendo associada a anomalias do sistema venoso cerebral. A incidência da HPNA é de 8 a 11% de todas as HSAs não traumáticas e sem malformação arteriovenosa (MAV). Essa patologia ocorre principalmente em pacientes do sexo masculino com média de idade de 50 anos. A apresentação clínica da HPNA consta de cefaléia de instalação lenta, náuseas, fotofobia e sinais de irritação meníngea. A maioria dos casos é classificada na escala de Hunt Hess I e II. RELATO DE CASO - Paciente do sexo masculino, 58 anos, ASA II, com quadro de isquemia crítica de membro inferior direito com proposta cirúrgica de revascularização com ponte fêmuro-tibial. O paciente havia apresentado quadro de cefaléia fronto-temporal de moderada a forte intensidade associado à fotofobia e um episódio de vômito três dias antes da data do procedimento. Ao chegar ao centro cirúrgico referia apenas discreta cefaléia, os exames físico e laboratoriais eram normais. Durante a punção lombar para raquianestesia, houve refluxo de líquor sanguinolento, confirmado por uma segunda punção no espaço imediatamente inferior. Foi colhido amostra de líquor para estudo. A cirurgia foi suspensa e o paciente prontamente encaminhado para tomografia computadorizada (TC) de crânio que confirmou HSA com presença sangue em topografia de 3° ventrículo e cisterna pré-pontina. O estudo angiográfico três dias depois foi negativo par a MAV ou aneurisma cerebral, porém apresentou variações anatômicas do sistema vértebro-basilar. Após duas semanas, o paciente permaneceu estável e sem queixas clínicas. Uma nova TC de crânio descartou sangramento, sendo então realizada a cirurgia proposta. O procedimento anestésico-cirúrgico ocorreu sem complicações e o paciente obteve alta hospitalar poucos dias depois. DISCUSSÃO Aproximadamente 15% dos pacientes com HSA não apresentam lesões reveladas na angiografia cerebral inicial. O prognóstico neste grupo é significativamente melhor do que os pacientes com achados patológicos identificados na angiografia. É fundamental que a TC de crânio seja realizada precocemente já que a sua sensibilidade na detecção de HPNA diminui significativamente após dois ou três dias do sangramento e aproximadamente 90% dos pacientes não mostram sinais do mesmo no sétimo dia. A conduta na HPNA é expectante, não sendo necessário realizar angiografias seriadas, caso a inicial seja negativa. REFERÊNCIAS 1- Rev. Argent.Radiol. 2004;68:223. 2- Neurosurgery 1996; 39:433-440. 3- Brain 2001; 124: 249-278

AO 317 SINTOMAS NEUROLÓGICOS TRANSITÓRIOS APÓS BLOQUEIO DO NEUROEIXO: RELATO DE CASO RODRIGO DE MATOS SOUZA; JULIA ASSIS DE CASTRO PALETTA; THADEU ALVES MÁXIMO; MARCO AURELIO DA SILVA NEVES; PAULO CARVALHO PIMENTA FIGUEIREDO; EDUARDO GUTEMBERG MILHOMENS HOSPITAL DAS CLINICAS UFMG, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Introdução: Lesões nervosas são uma das complicações da anestesia do neuroeixo. Felizmente, complicações neurológicas graves ou incapacitantes ocorrem raramente, mas estudos epidemiológicos recentes sugerem um aumento da frequência de algumas complicações graves. Este relato ilustra e demonstra a conduta frente a um caso de sintomas neurológicos transitórios após raquianestesia. Relato de Caso: OSAM, masculino, 50 anos, internado para realização de vaso-vasostomia. Hipertenso, obeso, negou outros problemas de saúde e uso de medicamentos. Monitorização de rotina. Após várias tentativas de punção, realizada raquianestesia com agulha 27 Quincke, paramediana, L3/L4, com botão anestésico de lidocaína e agulha guia. Utilizada bupivacaína 0,5% isobárica 20 mg + clonidina 40 mcg. Altura do bloqueio em T10. Sedação com midazolam 5mg e diazepam 10 mg. Procedimento cirúrgico durou 7h. Transferido para a SRPA. Alta após 2h para a enfermaria. Após 18h do bloqueio, paciente queixa-se de dor em região glútea, parestesia em ambas as coxas e fraqueza muscular. Nega dor lombar e febre. Funções intestinal e vesical normais. Discussão: A incidência de TNS varia entre 0% e 37% e é dependente do anestésico utilizado, da cirurgia e de fatores não bem definidos do paciente. A incidência de TNS com lidocaína é significativamente maior do que com tetracaína ou bupivacaína. A dor é descrita como grave em 30% dos pacientes e é resolvida dentro de uma semana em mais de 90% do casos. Paciente ambulatorial, obesidade e posição de litotomia também aumentaram o risco de TNS para os pacientes que recebem a lidocaína. No entanto, essas variáveis não foram fatores de risco com tetracaína ou bupivacaína. Nem sexo, idade, história de dor nas costas ou distúrbio neurológico, dose ou concentração de lidocaína, tipo ou tamanho de agulha espinhal, nem adição de epinefrina aumentou o risco de TNS. As causas e significado clínico do TNS são desconhecidos. Estudos recentes sugerem toxicidade do anestésico. Portanto, o clínico deve determinar a solução adequada intratecal,incluindo adjuvantes, dado o tempo cirúrgico e da posição intra-operatória para cada paciente individual. Conclusão: Os sintomas neurólogicos transitórios trazem um grande desconforto para o paciente e uma preocupação para o anestesiologista. A relação médico-paciente nessa hora é muito importante. A condução segura da anestesia no neuroeixo envolve conhecimento das complicações para que se possa preveni-las e fazer um diagnóstico e tratamento precoces. Bibliografia: Anesth Analg 2005;100:1811–6.

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AO 318 RAQUIANESTESIA VIA FORÂMEN SACRAL (S1): RELATO DE CASO. EDUARDO HILDEBRAND SEYBOTH1; GABRIEL BACILA DE SOUSA1; LARISSA SALLES OTTOBONI1; FERNANDO MARTINS PIRATELO1; ANDRÉ COVOLAN1; DIETRICH RUPPRECHT SEYBOTH2 1.HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CAJURU, CURITIBA, PR, BRASIL; 2.HOSPITAL MARECHAL CÂNDIDO RONDON, MARECHAL CÂNDIDO RONDON, PR, BRASIL.

Resumo: Introdução: A raquianestesia é uma técnica difundida de bloqueio regional, muito utilizado por todos anestesiologistas no mundo inteiro. Ela permite um bloqueio profundo de nervos em uma grande parte do corpo, com uma dose pequena de anestésicos locais1. A técnica consagrada consiste na identificação de um espaço interespinhoso na região lombar, de preferência abaixo de L2-L3, a fim de se evitar lesão direta na medula visto que o cone medular termina, em adultos, em cerca de 60% dos casos, na altura da primeira vértebra lombar (L1)2. Martinez et al.3descreveram uma técnica de acesso ao espaço subaracnóideo através dos foramens sacrais, baseados no fato de que o saco dural se estende até o nível de S2-S3. No referido artigo, 40 pacientes foram anestesiados por via sacral, através dos forêmens S1 ou S2, com sucesso total no bloqueio e baixo índices de complicações. Objetivo: O presente trabalho tem como principal objetivo relatar uma técnica de raquianestesia pouco difundida entre os anestesiologistas, algumas vezes, nem mesmo conhecida. A idéia é apresentar nossa técnica de raquianestesia por via sacral comprovando sua efetividade para posteriormente, realizar um trabalho prospectivo comparando-a com a técnica consagrada nos mais diferentes aspectos, como por exemplo, tempo de latência, complicações, nível de bloqueio, etc. Material e Métodos: Paciente masculino, 30 anos, ASA 1, vítima de acidente de moto, apresenta-se no Hospital Universitário Cajuru – Curitiba/Pr, com fratura de fêmur, necessitando de tratamento cirúrgico em mesa de tração. Puncionado acesso venoso periférico com cateter 18G, monitorizado com oximetria de pulso, cardioscopia e monitor de pressão arterial nãoinvasiva. Em seguida, realizada sedação com 5 mg de Midazolam e 50 mcg de Fentanil. Com o paciente em decúbito lateral, identificou-se a linha de Tuffier e a marcação do espaço L3-L4 foi realizada. Em seguida, ainda sobre a linha média, deslizando o dedo polegar em direção caudal, foi traçada uma linha que unia o espaço lombar (L3-L4) ao hiato sacral. Posteriormente foram palpadas as cristas ilíacas póstero-superiores. Sobre elas, foi desenhada uma linha perpendicular à primeira. A partir da crista ilíaca póstero-superior inferior foi traçada uma linha reta em direção ao hiato sacral, a fim de formar um triângulo com os seguintes limites: linha média, por sobre a crista sacral mediana; linha que une as duas cristas ilíacas pósterosuperiores; linha que une uma crista ilíaca ao hiato sacral (correspondente a articulação sacro-ilíaca). Com o triângulo desenhado, suas bissetrizes foram identificadas (linhas que unem cada vértice à metade da sua respectiva aresta) e o ponto formado pela intersecção delas, chamado incentro, é correspondente ao primeiro forâmen sacral (S1), o local da punção. Depois de terminada a marcação com caneta de retroprojetor foi realizada anti-sepsia da região lombar, com álcool 70%, estendendo-a em direção cefálica e caudal, tomando cuidado para que toda região sacro-coccígea e nádegas fossem ocupadas pelo agente. A punção subaracnóidea foi realizada com agulha 27G de Quincke, através do primeiro forâmen sacral (S1), com a injeção três mililitros de bupivacaína isobárica 0,5%. A agulha foi inserida mais inclinada superiormente e mais direcionada para região cefálica do que na técnica convencional. O espaço subaracnóideo foi identificado pela presença de gotas de líquor gotejando através da extremidade da agulha ao se retirar o mandril. Depois de realizada a raquianestesia sacral, o paciente foi submetido à anestesia geral para conforto cirúrgico. Conclusão: A raquianestesia sacral é uma alternativa à punção lombar usual, principalmente nos casos em que a punção lombar está contra-indicada - como, por exemplo, artrose grave da região lombar, artrodese de coluna, espondilite anquilosante, desvios muito grandes da coluna com perda de referências anatômicas, punção difícil - ou com o intuito de reduzir alterações hemodinâmicas, principalmente nos casos em que se associa com a anestesia geral. De acordo com Martinez et al.3 é uma técnica totalmente factível e uma boa opção, principalmente para os casos de punção difícil, com baixos índices de complicações. Referências: 1. ACTA BIOMED 2008; 79: 9-17.; 2. Tratado de Anestesiologia – SAESP. Atheneu, 2007. Vol2. Cap93: 1163-1193.; 3.Reg Anest Pain Med 1998; 23: 311-314.

AO 319 RAQUIANESTESIA BEM SUCEDIDA COM PRESERVAÇÃO TOTAL DOS MOVIMENTOS DOS MEMBROS INFERIORES MARIA ALICE BARROS; RENATA EVANGELISTA PINTO; MILENA AUR CHAHDA; MELINA GENEVIEVE EGAN; JOÃO MANOEL DA SILVA JÚNIOR; LUIS GUSTAVO VICTORIA HOSPITAL SERVIDOR PUBLICO ESTADUAL DE SAO PAULO, SAO PAULO, BRASIL.

Resumo: Origem:Hospital Servidor Publico Estadual-SPJustificativa e objetivo: A raquianestesia é uma técnica muito utilizada atualmente para cirurgias de membros inferiores. Na maioria dos pacientes o bloqueio sensitivo e motor ocorrem logo após a anestesia, entretanto alguns casos podem apresentar falhas e o bloqueio se instalar parcialmente. Nesse cenário, em especial, temos o objetivo de relatar um caso de uma raquianestesia realizada com técnica, solução e concentração adequada de anestésico, na qual apresentou total perda de sensação dolorosa, porém com falha completa de bloqueio motor. Material e método: Relato de caso: Paciente masculino, 34 anos, 65 kg, estado físico ASA I E, nega comorbidades ou alergias, sem relato de cirurgias prévias. Paciente apresenta fratura exposta de tornozelo direito, hemodinamicamente estável. Foi trazido ao centro cirúrgico referindo dor intensa, em uso de cetoprofeno e tramal EV. Optado por raquianestesia para a realização de limpeza cirúrgica e fixação da fratura. O paciente foi monitorizado com cardioscópio, oxímetro e pressão arterial não invasiva, venóclise com cateter 18G. Paciente sentado na própria maca de transporte e realizada antissepsia toracolombar, realizada punção em espaço L4-L5, mediana, única, agulha 27G ponta de lápis, LCR claro, normotenso. Injeção de 80mcg de Morfina e 15mg de bupivacaína 0,5% pesada. Colocado em decúbito dorsal e cateter nasal de O2. Paciente negava dor, mas preservada movimentação dos membros inferiores. Autorizada a passagem do paciente da maca para a mesa cirúrgica, sem queixas de dor. Testada a sensibilidade do paciente o qual refere apenas percepção tátil, mas sem sensibilidade dolorosa até nível de T6, além de ter ocorrido ligeira hipotensão inicialmente. Como havia ausência de dor por parte do paciente, foi autorizado o início da cirurgia. Sedado com 3mg de midazolam. O paciente apesar da perda de sensibilidade dolorosa apresentou durante todo procedimento movimento dos membros inferiores sem dificuldades. A cirurgia ocorreu normalmente, com duração de 1h30. Após o fim da cirurgia o paciente continuava movimentando os MMII e passou para o leito da RPA sem ajuda dos auxiliares. O paciente permaneceu na RPA por 1h e recebeu alta para a enfermaria estável, acordado com escala Alldrette e Kroullick= 10.Referências:Anesthesiology 2010, 10:20

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AO 320 DEFORMAÇÃO DE AGULHA QUINCKE DURANTE RAQUIANESTESIA NICOLE RIBEIRO MARQUES1; KATIA GOMES BEZERRA DE OLIVEIRA1; RICARDO GONÇALVES PRADO2; ALINE FELIPE ROCHA OLIVEIRA1; STÊNIO AUGUSTO COSTA BASTOS1 1.HUJM, CUIABA, MT, BRASIL; 2.SEDARE, CUIABA, MT, BRASIL. Resumo: ORIGEM DO TL: CET – Cuiabá, HUJM. INTRODUÇÃO: Raquianestesia é uma técnica de fácil execução, latência curta, promove bloqueio motor e relaxamento adequado. É considerada segura, mas não está isenta de riscos ou efeitos adversos. A recusa do paciente é uma contra indicação absoluta à execução da técnica. RELATO DE CASO: Paciente sexo feminino, 54 anos, ASA I, proposta de histerectomia abdominal. Visita pré-anestésica em consultório: exame físico sem alterações, exames laboratoriais dentro da normalidade, cesariana prévia com história de raquianestesia de difícil execução e dor lombar no pós-operatório. Paciente optou por anestesia geral. Na sala operatória o anestesiologista entrou em consenso com a paciente para a realização de bloqueio espinhal frente às vantagens da técnica. Monitorada com cardioscopia contínua, oximetria de pulso e pressão arterial não invasiva, linha venosa 20G em MSE. Sedada com 5 mg midazolam e 50 mcg fentanil, oxigênio 2L/min via cateter nasal. Posicionada em decúbito lateral esquerdo, antissepsia com álcool 70%, assepsia com campo estéril fenestrado, identificado espaço intervertebral L3-L4, infiltrado planos superficiais com 60 mg de lidocaína, punção única do espaço subaracnóideo com agulha Quincke 27 G, via mediana, sem dificuldade. Retirado mandril da agulha obtendo-se livre fluxo de líquido céfalo-raquiadiano, injetado 12,5 mg de neocaína pesada 0,5%, 20 mcg fentanil e 100 mcg morfina. Na tentativa de remover a agulha houve resistência, impossibilitando a saída da mesma. Solicitou-se aos auxiliares que esticassem lentamente as pernas da paciente enquanto realizava-se tração delicada da agulha. A agulha foi removida com sucesso, sem que houvesse quebra. Foi observado importante deformidade na estrutura da agulha o que não inviabilizou a injeção anestésica. O bloqueio espinhal foi adequado para realização do procedimento de 90 minutos de duração. Paciente não apresentou queixas após fim do bloqueio. DISCUSSÃO: Agulhas de pequeno calibre são cada vez mais utilizadas e estas são mais propensas a deformidades. Cuidado durante execução da técnica é fundamental para evitar quebra da agulha e lesão neurológica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Anesthesia Analgesia 1997;85:230-1; Sao Paulo Medical Journal vol.123.

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AO 321 METADONA E MORFINA NA INDUÇÃO DA ANESTESIA EM CIRURGIA CARDÍACA. REPERCUSSÃO NA ANALGESIA POSOPERATÓRIA E PREVALÊNCIA DE NÁUSEAS E VÔMITOS. ARTUR UDELSMANN; FERNANDA GARDINI MACIEL; DERLI CONCEIÇÃO MUNHOZ SERVIAN; ÉDER REIS; TERESINHA MARIA DE AZEVEDO; MARCOS DE SIMONE MELO DEPARTAMENTO DE ANESTESIOLOGIA FCM / UNICAMP, CAMPINAS, SP, BRASIL. Resumo: JUSTIFICATIVA e OBJETIVOS: A dor é fator agravante da morbimortalidade posoperatória nas intervenções de grande porte. Métodos para combate eficaz esbarram em custo elevado e não são acessíveis em todos os serviços. Uma opção seria a utilização de um opióide com meia-vida longa como a metadona. O objetivo deste trabalho foi comparar a demanda de analgesia posoperatória em pacientes que receberam na indução da anestesia metadona ou morfina ou ainda placebo, além da prevalência de náuseas e vômitos posoperatórios. MATERIAL e MÉTODO: foram incluídos 55 pacientes de ambos os sexos, idade de 14 a 80 anos, ASA III-IV programados para cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea. Foram aleatoriamente e em duplo-cego divididos em 3 grupos: ME metadona, MO morfina e CTL controle. A indução foi realizada com sufentanil 0,1 ug/Kg, midazolan 0,1 mg/Kg e pancurônio 0,1 mg/Kg. Após a indução foram administrados EV 20 mg de morfina, ou 20 mg de metadona , ou 2 ml de solução fisiológica. A anestesia foi mantida com 0,01 ug/Kg.min de sufentanil, 0,5% de isoflurano e repetido 0,03 mg/Kg de pancurônio se clinicamente necessário. Ao término eram encaminhados à UTI onde foram avaliados a duração da anestesia, o tempo até a extubação, e nas primeiras 24 h o tempo até a administração do primeiro analgésico, o número de doses necessárias, a avaliação da analgesia pelo paciente após esse período (ENV) e a prevalência de náuseas vômitos. RESULTADOS: não houve diferenças na duração da anestesia e no tempo até a extubação. A primeira dose de analgésico em ME foi administrada mais tarde.

*p=0,0261 A necessidade de analgésicos em ME foi menor e a qualidade da analgesia foi melhor.

*p=0,025

**p<0,01

A prevalência de náuseas e vômitos em ME foi menor.

*p=0,013 DISCUSSÃO e CONCLUSÕES: a metadona na indução da anestesia mostrou-se eficiente para a analgesia em cirurgias de grande porte, houve menor incidência de náuseas e vômitos tratando-se então de uma opção de baixo custo, disponível em nosso meio e que deve ser estimulada.REFERÊNCIAS: Rev Bras Anestesiol 2009;59:421-30. Anesth Analg 2011;112:218-23.

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AO 322 CETAMINA S(+) COMO ADJUVANTE NA ANESTESIA E NO TRATAMENTO DA DOR PÓS-OPERATÓRIA DE PACIENTES QUEIMADOS. ALFREDO CURY ROJAS; ELIANA MARISA GANEM; FERNANDO HENRIQUE TOSIN GARCIA FACULDADE DE MEDICINA UNESP, BOTUCATU, SP, BRASIL.

Resumo: Introdução e Objetivo – Os pacientes vítmas de queimaduras frequentemente manifestam dor de grande intensidade e de difícil controle, requerendo o uso contínuo de opióides para a manutenção de analgesia adequada, sendo muitas vezes, necessária a administração de medicações adjuvantes. Os antagonistas dos receptores N-metil-D-aspartato (NMDA) produzem analgesia adequada sendo a cetamina representante desta classe de fármacos e muito utilizada em pacientes com queimaduras. O objetivo desta pesquisa foi avaliar se o uso de antagonistas dos receptores NMDA proporcionam analgesia satisfatória, escores de dor (EVA e ENV), com diminuição do consumo de analgésico no pós-operatório de pacientes queimados que se submeteram a procedimentos anestésico-cirúrgicos. Materias e Métodos - Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da faculdade de Medicna de Botucatu e consentimento livre e esclarecido, trinta pacientes foram divididos, por sorteio em dois grupos (G) que recebram G1(n-15) midazolam (2,5 mg), cetamina S(+) (1 mg.kg-1), fentanil (75 µg) e propofol em infusão alvo controlada (0,5 a 2,0 µg.ml-1) ou G2 (n-15) midazolam (2,5 mg), solução fisiológica 0,9%, fentanil (75 µg) e propofol em infusão alvo controlada (0,5 a 2,0 µg.ml-1). As seringas foram preparadas por enfermeira não participante do ato anestésico-cirúrgico, em seringas de 5 ml contendo 3 ml de solução. Os pacientes foram monitorizados com cardioscópio, pressão arterial não invasiva e oximetria de pulso. A hidratação foi realizada com solução fisiológica 0,9%. Aos aumentos na freqüência cardíaca e na pressão arterial sistólica (acima de 20%) assim como ao esboço de sinais de desconforto por dor administrava-se fentanil ( 50µg até o máximo de 3 µg. kg -1). A analgesia pós operatória realizada foi com tramadol (100 mg) ao final da cirurgia. Os pacientes foram avaliados com relação à dor, no momento da alta da sala de recuperação (M0) e 3 hs (M1), 6 hs (M2) e12 hs (M3) após o final da cirurgia utilizando-se das escalas numérica verbal e visual analógica. A analgesia pós-operatória foi realizada com codeína (30 mg) e paracetamol (500 mg) 6 hs e 12 hs cirurgia. O fármaco de resgate foi o tramadol (100 mg) pela via intravenosa sempre que o paciente solicitasse. Outros parâmetros como sedação, depressão respiratória, náusea e vômitos, também foram analisados. Foi utilizada a análise de perfil para as escalas EVA e ENV e calculado o coeficiente de correlação de Pearson, para as variáveis quantitativas foi utilizado o teste t-student e para as variáveis qualitativas o teste do qui-quadrado, sendo considerado significativos valores de p< 0,05. Resultados – Houve diferença estatística com relação aos escores de dor (EVA e ENV) para os momentos M0 e M1 com relação ao momento M3 entre os grupos G1 e G2 apresentando médias inferiores em ambas as escalas. Não houve diferenças estatísticamente significativas, entre os grupos, com relação à idade, ao peso, à altura, à duração da anestesia e da cirugia, ao consumo de fentanil no período intra-operatório e com relação à área de superfície queimada. Conclusão – O grupo que recebeu cetamina S (+) por via intra venosa, grupo G1, apresentou um consumo menor de analgésico, tramadol, no pósoperatório. Considerando os momentos M0, M1, M2 e M3, o trabalho concluiu que para ambas as escalas utilizadas (EVA e ENV), houve diferença estatística para os momentos M0 e M1 para com o momento M3.. Concluindo que o uso da cetamina S(+), antagonista dos receptores NMDA, proporcionou melhor analgesia. Bibliografia. 1 - Anesth Analg 2006; 102: 1662-7. 2 - Acta Anaesthesiol Scand 2005; 49: 405-28. 3 - Anesth Analg 2008; 106: 1265 – 73.

AO 323 MERALGIA PARESTESICA SECUNDÁRIA A LAPAROSCOPIA CIRÚRGICA PARA MIOMECTOMIA - RELATO DE CASO. TANIA MENEZES COUCEIRO; LUIZA HELENA BRANCO; ROBERTO OLIVEIRA COUCEIRO; GUSTAVO ARAÚJO COZER; EUSA BELARMINO ALCOFORADO; LÉA MENEZES COUCEIRO INSTITUTO DE MEDICANA INTEGRAL PROFESSOR FERNANDO FIGUEIRA, RECIFE, PE, BRASIL.

Resumo: Introdução e justificativa: Meralgia das palavras gregas meros para coxa e algos para dor. Classicamente a meralgia parestésica é descrita como uma síndrome disestésica ou de anestesia na distribuição do nervo cutâneo femoral lateral (ncfl). E uma mononeuropatia compressiva ou traumática do ncfl, que se caracteriza por dor em queimação na face ântero-lateral da coxa, sensação de desconforto, no entanto não se observam alterações motoras e/ou de força musculare e reflexos preservados diferenciando-se das radiculopatias1. O ncfl é um nervo sensitivo, mas também inclui fibras simpáticas eferentes que carreiam impulsos vasomotores, pilomotores e sudomotores. Sua formação é resultante de diferentes combinações de raízes lombares, incluindo L2-L3, L1-L2, L2 isolado e L3 isolado . Situa-se atrás do músculo psoas, seguindo abaixo da fáscia ilíaca e cruzando a superfície do músculo ilíaco. Ao se aproximar da espinha ilíaca ântero-superior, penetra na fáscia ilíaca e emerge através de um túnel fibroso em direção à coxa. È vulnerável à compressão especialmente por traumas repetitivos. As cirurgias ginecológicas por via laparoscópicas requerem a introdução de trocateres na região ilíaca bilateralmente e tanto na introdução como na mobilização destes trocatees durante a cirurgia o ncfl pode ser lesionado. CASO- Mulher 52 anos, submetida há 15 dias a miomectomia por via laparosocopica, no pós-operatório (PO)imediato observou anestesia em face anterolateral da coxa esquerda( FALC). No sétimo dia PO passou a sentir dor paroxista, disestésica e alodinia tátil na FALC de moderada a forte intensidade (EN=5 a 8) continua e com períodos de exacerbação. Foi medicada com analgésicos e anti-inflamatório sem melhora da sintomatologia. No ambulatório de dor: paciente com fácies de sofrimento, segurando as vestes para evitar a deflagração da dor. Detectado alodinia tátil e térmica. DN4 =7. Solicitado eletroneuromiografia de membros inferiores que detectou potencial sensitivo com baixa amplitude do ncfl esquerdo em relação ao contralateral. Diagnóstico clínico e eletroneuromiográfico de meralgia parestesica. Na discussão do caso, o cirurgião informou manipulação maior do trocater do lado esquerdo. Prescrito gabapentina em doses crescentes e reavaliação para ajuste das doses. Em sete dias, com gabapentina 600mg, houve melhora total da disestesia, do paroxismo 80% e da alodinia 50%. Como a paciente apresentou tontura decidimos manter a dose da gabapentina e reavaliação posterior. Conclusão: Por ser a dor da meralgia parestesica de origem neuropática houve melhora do quadro álgico com o uso da gabapentina. A dor referida pela paciente por não ter sido no local das incisões causou dificuldade diagnóstica por parte da equipe cirúrgica. No entanto, a dor é justificada pela relação entre a localização anatômica do ncfl e a introdução e/ou a mobilização contínua do trocater resultando em alteração funcional do ncfl e dor neuropática. Ann Surg. 2000.232:281-286;

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AO 324 AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA DA DOR PERINEAL AGUDA APÓS PARTO NORMAL- COORTE PROSPECTIVO ANNE DANIELLE SOARES; LUIZA HELENA BRANCO; FERNANDA LOBO FLORES; LUCIANA CAVALCANTI LIMA; TANIA MENEZES COUCEIRO; ROBERTO OLIVEIRA COUCEIRO INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROFESSOR FERNANDO FIGUEIRA - IMIP, RECIFE, PE, BRASIL. Resumo: Introdução e justificativa: Dor perineal é comum após parto normal, no entanto, pouco avaliada e tratada1. Recentre estudos tem apontado para uma associação entre catastrofização e dor 2 . Neste estudo, avaliamos a prevalência e a intensidade da dor perineal aguda após parto transpelviano. Relacionamos a presença e o grau do trauma perineal à ocorrência e à intensidade da dor perineal aguda. Investigamos também como a catastrofização da dor do trabalho de parto se relaciona com a ocorrência e a intensidade da dor perineal aguda. Métodos: Estudo coorte prospectivo, envolvendo 51 gestantes em trabalho de parto, que inicialmente respondiam ao Questionário de Pensamentos Catastróficos sobre a Dor( QPCD). Após o parto vaginal, o grau de laceração perineal era mensurado e 24 horas após o mesmo, a presença de dor e sua intensidade eram avaliadas utilizando-se a escala numérica da dor. Resultados: Ao responder o QPCD 49%(25) das pacientes catastrofizaram. A frequência de laceração perineal de primeiro e segundo graus foi 91,8%(45).A prevalência de dor após 24 horas do parto foi 76,5%(39), destas 59%(25) apresentaram dor de moderada a forte intensidade. Das vinte e cinco pacientes que catastrofizaram 80%( 20) apresentaram dor perineal aguda. Na analise bivariada não houve associação entre catastrofização e a ocorrência de dor (p=0,40). No entanto houve associação entre a catastrofização e a intensidade da dor (p=0,038). Conclusão: Esse estudo mostra que a catastrofização da dor é frequente na gestante em trabalho de parto e confirma a alta frequência de laceração perineal. Ainda que a prevalência e a intensidade da dor nas primeiras vinte quatro horas após o parto ocorreu em dois terço das gestantes pesquisadas e mais da metade dessas pacientes apresentam dor de moderada a forte intensidade. No entanto, a ocorrência de dor foi independente do trauma perineal. Quanto à catastrofização da dor essa não interferiu na ocorrencia da dor aguda, mas das pacientes que referiram dor àquelas que catastrofizaram apresentaram dor de maior intensidade. Assim os resultados sugerem haver relação entre catastrofização e a intensidade da dor após o parto transpelviano. Referências: Acta paul. enferm. 2009; 22: 77 – 82 Eur J Pain 2009; 13: 312–16

AO 325 DOR CRÔNICA PÓS MASTECTOMIA RADICAL: INCIDÊNCIA E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS JULIE AZEVEDO ARAÚJO; MILENA LOUREIRO PEREIRA; EDILMA LIMA DOREA HOSPITAL SAO RAFAEL, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: O câncer de mama é a primeira causa de morte em mulheres em diversos países desenvolvidos. No Brasil, representa a neoplasia maligna primária de maior incidência entre as mulheres. Observa-se que tanto a incidência como a taxa bruta de mortalidade vem apresentando aumento significativo nas últimas décadas. A definição clássica da IASP para dor persistente apos tratamento do cirúrgico do câncer de mama consiste em dor crônica que se inicia após mastectomia ou quadrantectomia, localizada na face anterior do tórax, axila e/ou na metade superior do braço e que persiste por período superior a três meses após a operação. A freqüência da síndrome dolorosa pós-mastectomia é alta, variando entre 20 e 50%. A dor é homolateral à operação, caracterizada como queimação ou dolorimento, com paroxismo de dor lancinante e tipo choque e ainda é relatada por algumas mulheres como disestesia com vários graus de desconforto. Quanto à intensidade, a dor varia de leve a forte e apresenta caráter intermitente ou contínuo, com períodos de piora e acalmia. A presença da dor crônica pode levar à alteração do humor, dificuldade no trabalho, diminuição da atividade física e alteração na qualidade de vida. Por se tratar de dor onde o componente neuropático é predominante, o uso de medicamentos com eficácia comprovada no tratamento das dores neuropáticas pode resultar em alívio do sintoma doloroso nas pacientes portadoras dessa síndrome dolorosa. Objetivo: O objetivo deste estudo é conhecer a ocorrência de dor neuropática nas pacientes que realizaram mastectomia radical como parte do tratamento do câncer de mama no Hospital São Rafael- BA, bem como suas principais características clínicas. Metodologia: Trata-se de um estudo de caráter retrospectivo descritivo. Apos aprovação do Comitê de Ética, foram selecionadas todas as pacientes com diagnostico de câncer de mama e submetidas à cirurgia de mastectomia radical durante o período correspondente aos últimos 3 anos (2008- 2010), sendo este o único critério de inclusão no estudo. Pacientes que receberam outros tipos de tratamento cirúrgico, como quadrantectomia, segmentectomia etc., não fizeram parte da amostra. O levantamento de dados foi realizado através de analise de prontuário, contato telefônico e aplicação de questionário padronizado após garantia do anonimato, confidencialidade e preservação das informações. Resultados: foram selecionadas 54 mulheres para entrevista. A faixa etaria predominante foi entre 60-70 anos; 68% realizaram mastectomia a esquerda e todas fizeram esvaziamento axilar. 34% fizeram reconstrucao da mama. Apenas 23% das pacientes relataram dor antes da cirurgia e metade das pacientes persistem com dor pos cirurgica. Os sintomas mais frequentes foram: queimacao, dormencia e hipoestesia ao toque; intensidade fraca e somente com picos intermitentes. Referencias:KWEKKEBOOM, K. Postmastectomy pain syndromes. Cancer Nurs., v.19. MAUNSELL, E., BRISSON, J., DESCHENES, L. Arm problems and psychological distress after surgery for breast cancer. Can. J. Surg.

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AO 326 TEPHROSIA TOXICARIA PERS REDUZ HIPERNOCICEPÇÃO NA ARTRITE DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR DE RATOS INDUZIDA POR ZYMOSAN LÍVIA CUNHA RIOS1; MIRNA MARQUES BEZERRA2; HELLÍADA VASCONCELOS CHAVES2; CAMILA BARBOSA GONDIM2; DANIELLE ROCHA DO VAL2; NATACHA CAMPOS ARRIAGA2 1.FACULDADE DE MEDICINA-UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC)- CAMPUS SOBRAL, SOBRAL, CE, BRASIL; 2.UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC)- CAMPUS SOBRAL, SOBRAL, CE, BRASIL. Resumo: Origem do TL: Laboratório de Farmacologia de Sobral-Faculdade de Medicina-Universidade Federal do Ceará (UFC)- Campus Sobral Fontes de fomento: CNPq/Universal, processo nº 477651/2010-0. Comitê de ética-pesquisa: Protocolo nº 57/10, Comitê de Ética em Pesquisa Animal-UFC Justificativa e Objetivo: A dor associada à articulação temporomandibular (ATM) é incapacitante resultando em perdas significantes de dias laborais e custos relacionados aos cuidados da saúde. Investigar o efeito antinociceptivo de Tephrosia toxicaria (Tt) na artrite da ATM de ratos induzida por zymosan (Zy), e investigar a participação de óxido nítrico (NO), canais de K+ sensíveis a ATP, histamina 1 (H-1) e hemeoxigenase-1 (HO-1). Material e métodos: Ratos Wistar machos (160-220g) foram pré-tratados com Tt (0,2, 2 ou 20 mg/kg; v.o.) 60 min antes da injeção intraarticular (i.a.) de 40µL de Zy (2mg) na ATM esquerda para indução da artrite na ATM. O grupo sham recebeu salina i.a. Indometacina (5mg/ kg) foi utilizada como controle positivo. O parâmetro avaliado foi hipernocicepção facial aferida pelo aparelho VonFrey elétrico na 4ªh após indução da artrite. Em outra série de experimentos, antes da administração de Tt (20mg/kg), os animais foram pré-tratados com L-NAME (30 mg/kg; i.p), inibidor da síntese de NO; Glibenclamida (10 mg/kg; i.p), antagonista dos canais de K+; Meclizina (40 mg/kg; s.c.), inibidor de receptores H-1; ou ZnPP-IX (3 mg/kg; s.c.), inibidor de HO-1. Os resultados foram expressos como média + erro padrão da média (EPM) com significância de p<0,05. Foi utilizado o teste ANOVA seguido de Bonferroni. Resultados: Observou-se que o extrato etanólico de Tt em todas as doses aumentou (p<0.05) o limiar hipernocicepção mecânica (78.6±2.8, 93.9±3.9 ou 97.1±2.8 g) quando comparado ao grupo Zy (48.25±1.72 g). O efeito analgésico de Tt (20 mg/kg) ocorreu na presença de L-NAME (78.0±1.9), porém não foi observado quando se administrou Gliblenclamida (55.47±3.72), Meclizina (59.67±5.41) ou ZnPP-IX (43.65± 2.16). Discussão e conclusões: Os resultados sugerem que a redução da hipernocicepção da Tt depende da integridade da via HO-1, bem como de canais de K+ sensíveis a ATP e receptores de H-1, uma vez que, quando o ZnPP-IX, a Glibenclamida e a Meclizina foram administrados, respectivamente, o efeito analgésico proporcionado pela Tt foi inibido. Por outro lado, o aumento do limiar nociceptivo produzido pela Tt não depende da integridade da via do NO, já que o efeito analgésico não foi afetado com a administração de L-NAME. Referências bibliográficas: International Association for the Study of Pain (IASP), 2009. Journal of Biomedicine and Biotechnology, 2011; Vol 2011, Article ID 707985, 11 pages.

AO 327 PREVENÇÃO DA HIPERALGESIA INDUZIDA PELO REMIFENTANIL COM USO DA CETAMINA : ESTUDO PILOTO PLÍNIO DA LEAL; EDUARDO JUN SADATSUNE; ADRIANA MACHADO ISSY; RIOKO KIMIKO SAKATA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Origem do Tema Livre: Hospital São Paulo, CET Escola Paulista de Medicina/UNIFESP, Disciplina de Anestesiologia, Dor e Terapia IntensivaUNIFESP Fonte de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo Justificativa e Objetivos: O remifentanil está associado ao fenômeno da hiperalgesia e um dos mecanismos envolvidos é a ativação dos receptores NMDA. A cetamina é um antagonista desses receptores. O objetivo deste estudo foi verificar se a cetamina previne a hiperalgesia do remifentanil. Materiais e Métodos: Em um estudo piloto, duplo-encoberto, prospectivo e randomizado, aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital São Paulo/UNIFESP, 22 pacientes, ASA I e II, foram distribuídos em dois grupos. Os pacientes do G1 (n= 11) receberam remifentanil (0,4mcg/kg/min) e cetamina (5mcg/kg/min); os do G2 (n=11), remifentanil (0,4mcg/kg/min) e solução salina. A infusão das soluções foi feita até o fechamento da pele. A dose do remifentanil foi ajustada conforme a necessidade. A anestesia foi realizada com propofol, atracúrio e isoflurano (0,8 CAM). A analgesia pós-operatória foi feita com morfina através de PCA. Foram avaliados: dose de remifentanil utilizada, intensidade da dor, grau de sedação, tempo para primeira complementação com PCA e a dose total de morfina em 24 h. A avaliação da hiperalgesia foi realizada com monofilamentos, algômetro e uma escova suave. Os efeitos adversos foram anotados. Resultados: Não foi observada diferença estatística entre os grupos nos dados demográficos como idade, peso, IMC e estado físico. Não houve diferença entre os grupos na dose utilizada de remifentanil (G1: 0.39 ± 0.1 mcg/Kg/min; G2: 0.39 ± 0.1 mcg/Kg/min) p= 0,9464, nem nos escores de sedação nas primeiras 4 horas. Não foi observada diferença estatística na intensidade da dor entre os grupos nas primeiras 24 h, no tempo para uso de primeira dose de morfina (15,80 ± 9,80 min. no G1 e de 14 ± 9,40 min. no G2) p= 0,6575, na dose total de morfina usada após a operação (30.1 ± 18.2 mg no G1 e de 28.3 ± 12.0 mg no G2) p= 0.7889, e na avaliação de hiperalgesia após 24h com monofilamentos, algômetro e com escova. Não houve diferença estatística entre os efeitos adversos observados. Discussão e Conclusões: A associação de cetamina não alterou a hiperalgesia induzida pelo remifentanil, sendo esse ainda um assunto controverso na literatura. Referências: Anesth Analg, 2002; 95:103-108; Anesthesiology, 2005; 103:147 -155. Anesthesiology, 2005; 102:211-220.

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AO 328 AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA ANALGESIA INTERPLEURAL BILATERAL COM ROPIVACAÍNA EM SIMPATECTOMIA TORÁCICA VIDEOASSISTIDA PATRÍCIA GOMES SILVA1; GUILHERME ANTONIO MOREIRA BARROS2; DANIELE CRISTINA CATÂNEO3 1.HOSPITAL ESTADUAL BAURU E DEPARTAMENTO DE ANESTESIOLOGIA DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNESP, BOTUCATU, SP, BRASIL; 2.DEPARTAMENTO DE ANESTESIOLOGIA DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNESP, BOTUCATU, SP, BRASIL; 3.HOSPITAL ESTADUAL BAURU E DEPARTAMENTO DE CIRURGIA TORÁCICA DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNESP, BOTUCATU, SP, BRASIL.

Resumo: Patricia G Silva*, Guilherme A M Barros, Daniele C Catâneo Hospital Estadual Bauru e Departamento de Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Unesp.Distrito Rubião Jr, s/no - CEP 18618-970 Botucatu São Paulo. Justificativa e objetivos – O bloqueio interpleural com bupivacaína foi utilizado em simpatectomia torácica videoassistida determinando analgesia pós-operatória satisfatória sem riscos adicionais de pneumotórax ou injeção intravascular. Entretanto, não foram encontradas publicações que atestem segurança ou eficácia desta técnica. O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia, as alterações hemodinâmicas e ventilatórias, os riscos de intoxicação por anestésico local na analgesia interpleural bilateral com ropivacaína em simpatectomia torácica videoassistida. Métodos – Estudo clínico duplo-cego, randomizado, incluindo 51 pacientes, divididos em três grupos iguais: G1, G2 e G3 que receberam solução interpleural bilateral de solução fisiológica 20 mL a 0,9%, de ropivacaína 20 mL a 0,35% e de ropivacaína 20 mL a 0,5%, respectivamente. Estas foram administradas por cateter colocado para reexpansão pulmonar no espaço interpleural pelo local de inserção do trocater cirúrgico. Foram avaliados: pressão arterial (PA) e inspiratória máxima (PImáx), frequência cardíaca (FC) e respiratória (f), gasometria arterial, presença de náuseas e vômitos e sinais e sintomas de intoxicação por anestésico local, concentração plasmática da ropivacaína, escore de dor, localização e fatores desencadeantes da dor, necessidade de analgesia suplementar e satisfação dos pacientes. Foram utilizados análise de variância, teste do qui- quadrado e o teste de Kruskall-Wallis para avaliação estatística. Resultados – No pós-peratório imediato, o escore de dor foi menor no G3 (3,8 ± 2,9) se comparado ao G1 (5,3 ± 2,8) e ao G2 (5,8 ± 2,8). Nas 14 horas seguinte, foi menor no G2 (2,4 ± 2,1) e no G3 (2,4 ± 2,2) se comparado ao G1 (3,4 ± 2,3) que apresentou maior consumo de tramadol nos sete dias de pós-operatório. Houve maior incidência de dor desencadeada pela respiração profunda no G1 e menor freqüência de dor contínua no G2 e G3. Não foram observadas alterações hemodinâmicas, arritmias, sedação intensa ou sinais e sintomas de intoxicação por anestésico local. As maiores médias da concentração plasmática da ropivacaína foram observadas aos 10 minutos (G2=2,13 ± 0,73 µg.mL-1 e G3=2,57 ± 1,01 µg.mL-1). Entretanto, dois pacientes do G2 e três do G3 alcançaram valores superiores a 3 µg.mL-1 (3,3; 3,17; 4,5; 4,3 e 4,68 µg.mL-1). Discussão e Conclusões – A ropivacaína interpleural reduziu a dor nas primeiras 14h de pós-operatório, com menor consumo de analgésicos do primeiro ao sétimo dia de pós-operatório quando comparada à analgesia endovenosa com tramadol e dipirona. Determinou estabilidade hemodinâmica e respiratória. Nas doses estudadas, não mostrou-se segura quanto aos riscos de toxicidade. Referências – Acta Anaesthesiol Sin, 1996; 34:21-5. Surg Endosc, 2003: 17:921-2.

AO 329 BLOQUEIO PERIDURAL COM ROPIVACAÍNA ASSOCIADA OU NÃO À MORFINA OU AO SUFENTANIL NA PREVENÇÃO DA DOR PÓS-OPERATÓRIA EM CIRURGIA DE ABDOME SUPERIOR SANDRA SUGISAWA MIYAZAKI; ELIZABETH MILLA TAMBARA; ANA CAROLINE SILVA RYBA; ALEXANDRE STELLATI GARCIA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE CURITIBA, CURITIBA, PR, BRASIL.

Resumo: Introdução O controle da dor pós-operatória é muitas vezes inadequado, causando complicações em diversos sistemas. Objetivo O objetivo do trabalho foi comparar a morfina e o sufentanil, associados à ropivacaína no espaço peridural, com avaliação em diferentes momentos do pósoperatório de colecistectomia aberta, do grau de analgesia, analgésico complementar, efeitos colaterais e dosagens plasmáticas do cortisol e do GH. Material e Método Ensaio clínico randomizado, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFPR, onde foram incluídas 45 pacientes do sexo feminino, portadoras do colelitíase sintomática, idade entre 20 e 60 anos, índice de massa corpórea inferior a 35 e superior a 20kg/m2, ASA I ou II. As pacientes foram distribuídas aleatoriamente em 3 grupos de 15: grupo M recebeu sulfato de morfina 1mg associado à ropivacaína 40mg; grupo S associação de citrato de sufentanila 5,0µg e ropivacaína 40mg; e grupo R que recebeu ropivacaína 40mg isolada, todos por via peridural e previamente a anestesia geral. A mesma foi realizada com midazolam, propofol, fentanil e atracúrio venosos e manutenção com isoflurano. As dosagens do cortisol e GH ocorreram na punção venosa, 60 minutos e 24 horas após o término da anestesia. Outras variáveis anotadas durante a recuperação pós-anestésica e no quarto, sem que o pesquisador soubesse o opióide em estudo. A avaliação da dor foi por meio da EVA e usado o método estatístico de Krusal Wallis. Os dados de analgésico complementar e efeitos colaterais foram obtidos estatisticamente por meio do teste não-paramétrico de Chiquadrado. A comparação estatística do nível de cortisol e GH plasmáticos foi feito pelo método ANOVA. Valores de p<0,05 indicaram significância estatística. Resultados Os grupos S e M não apresentaram diferença estatística no grau de analgesia através EVA nos tempos de 30 e 60 minutos e também nas 24 horas do período pós-operatório, enquanto que às 6 (p=0,007) e 12 horas (p=0,001) após o término o grupo S foi que apresentou os maiores valores na EVA. Quanto à necessidade de analgésico complementar, o grupo S e o grupo M não demonstraram diferença estatística nos primeiros 60 minutos. O grupo S apresentou maior necessidade de analgésico complementar no tempo de 6 (p=0,0158) e 12 horas (p=0,0015) do término da cirurgia, ao passo que o grupo M mostrou pouco consumo de analgésico complementar nestes períodos e também nas 24 horas (p=0,0408). Nos efeitos colaterais não se nota diferença estatística. No grupo R houve os maiores valores de GH no tempo de 30 minutos (p=0,033) em relação aos grupos S e M (p=0,033). Não houve diferença estatística quanto à dosagem de cortisol. Discussão e Conclusão Conclui-se que a melhor qualidade analgésica nas primeiras 6 horas de pós-operatório foi com sufentanila e após 6 horas foi com morfina, sugerindo que a associação dos opióides promove analgesia eficaz nas primeiras 24 horas do pós-operatório de cirurgias de abdome superior. Referências GUSTEIN, H. B.; AKIL, H. Opioid analgesis. In: HARDMAN, J. G.; LIMBIRD, L. E. Goodman & Gilman’s the pharmacological basis of therapeutics. 10.ed. Rio de Janeiro: McGraw Hill, 2001. cap.23. p.569-619. OLIVEIRA, L. F. Anestesia peridural. In: MANICA, J. et al. Anestesiologia princípios e técnicas. 2.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. cap.24. RAWAL, N. Epidural and spinal agents for postoperative analgesia. Surg. Clin. North Am., v.79, n.2, p.313-344, Apr. 1999.

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AO 330 BLOQUEIOS REGIONAIS NO TRATAMENTO DA SÍNDROME DOLOROSA COMPLEXA REGIONAL ALYNE NEVES CINTRA; ANDRE PERILLIER SCHNEIDER; THALITA OLIVEIRA PIMENTEL HOSPITAL E MATERNIDADE MARIETA KONDER BORNHAUSEN, ITAJAÍ, SC, BRASIL. Resumo:Introdução: A Síndrome dolorosa complexa regional (SDCR) trata-se de uma dolorosa complicação proveniente de fraturas, pósoperatório cirúrgico ou lesões musculares, seu diagnóstico é baseado nos sinais e sintomas. Vários protocolos foram elaborados para definir a SDCR, hoje em dia os mais aceitos são os critérios da Associação Internacional para o Estudo da DOR (AIED) e os critérios propostos por Harden¬¬ e Bruehl, respectivamente o mais usado na prática clínica e o mais específico. 1 Os critérios de Bruehl e Harden para definição da SDCR são: 1. Dor contínua e desproporcional ao evento causal e/ou inicial; 2. Pelo menos um dos Sinais e ou Sintomas em cada uma das categorias a seguir: • Sensitivo- hiperestesia, hiperalgesia ou alodinia; • Vasomotor- alteração assimétrica de temperatura, coloração e aspecto da pele; • Motor- alteração da resposta motora (fraqueza, tremor, distonia) e/ou alterações tróficas (pelos, unha, pele);. • Edema e sudorese excessiva; Relato de caso: Paciente de 40 anos, feminina e branca, procurou o Serviço de Anestesiologia de Itajaí (SANIT) no ano de 2007 com dor em região de joelho esquerdo, irradiada para perna do mesmo lado após realização de cirurgia de reconstrução de tendão patelar. A sua dor iniciou em 2004 em membro inferior direito após queda da própria altura, com formação de hematoma no local da contusão. Após algumas semanas sem desaparecimento do hematoma com tratamento domiciliar, procurou um angiologista que iniciou tratamento com calor local e fisioterapia, a paciente obteve melhora do hematoma, mas persistiu com dor, dessa forma, foi realizado tratamento cirúrgico para varizes desse mesmo membro. Após o procedimento cirúrgico, evoluiu com dor em joelho do membro inferior esquerdo e permaneceu com dor no membro inferior direito, foi então encaminhada para um cirurgião vascular que através de ECODOPPLER de membros inferiores descobriu um quadro de insuficiência venosa importante, foi então submetida a tratamento cirúrgico de varizes bilateral. A paciente evoluiu no pósoperatório com piora da dor em região do joelho esquerdo, quando foi encaminhada para realização de ressonância magnética do respectivo joelho, onde foi diagnosticada lesão patelar. Em 2005 foi submetida à reconstrução patelar, tendo evoluído com tendinite, sendo obrigada a realizar várias artroscopias. Após o tratamento cirúrgico foi encaminhada para fisioterapia, hidroterapia e realizou diversas drenagens do joelho com o ortopedista assistente. Em 2007 passou por uma nova cirurgia para reconstrução do tendão patelar que sofreu um importante desgaste, em virtude das diversas infecções. Nesse momento a paciente procurou o nosso serviço em virtude de dor intensa referida em região de joelho e perna esquerda. Não conseguia realizar as sessões de fisioterapia com eficácia e começou a notar perda de sensibilidade tátil e térmica no local. Foi avaliada por um anestesiologista que optou pela instalação de cateter peridual com tunelização, com o qual a paciente ficou por 60 dias, em uso de morfina, quando da realização da fisioterapia e/ ou quando dor intensa. Já estava fazendo uso de Dipirona 1g por dia, Gabapentina 600mg 2x por dia, Flunitrazepam 1cp por dia e antidepressivo prescritos por outros médicos. A paciente foi submetida nesse mesmo período a uma eletroneuromiografia que mostrava sinais elétricos reinervatórios, acomentendo musculatura ântero-lateral da coxa posterior esquerda e perna do mesmo lado. Neuralgia parestésica (compressão do Nervo femoral cutâneo lateral). Evoluiu com melhora importante da dor permanecendo apenas com as medições via oral. Em 2009 teve nova crise de dor intensa (escore variando entre 8 e 9 ) associada a perda importante da sensibilidade tátil do membro afetado, além de mioclonias. Foi submetida novamente ao uso do cateter peridural com tunelização para conseguir realizar o tratamento fisioterápico. Além disso, foi encaminhada ao neurologista para avaliação das fasciculações em MIE, onde foi feito o diagnóstico de Síndrome de Dor Complexa Regional tipo II. No início de 2010 em virtude de dor intensa necessitou de internação hospitalar para nova instalação de cateter peridural e alívio da dor. Ficou internada por cerca de uma semana e permaneceu com o cateter por 50 dias, em uso de bupivacaína 0,5% com vasoconstritor quando dor intensa associada ao uso de duloxetina 60mg/dia, dipirona 1g 4x/dia, gabapentina 1200mg/dia, metadona 10mg 3x/dia, flunitrazepam 2mg/ dia. Após a retirada do cateter peridural evoluiu com suspeita de trombose venosa profunda permanecendo com dicumarinico por seis meses. Apresentou nova crise de dor em junho de 2010, e em ressonância de membros inferiores realizada nessa mesma época, evidenciaram sinais de desgaste da patela esquerda por trauma. A equipe de anestesiologia optou por realizar bloqueios de nervo periféricos com o objetivo de aliviar as fasciculações e evitar o trauma patelar. Realizaram bloqueio de nervos obturador e femural com estímulo do plexo e injeção de ropivacaína 0,5% 30ml, totalizando 12 bloqueios, com alívio parcial da dor e melhora das mioclonias. Em outubro de 2010 a paciente decidiu suspender o tratamento e ficou quase 20 dias sem remédios. Em janeiro de 2011 foi retomado o tratamento medicamentoso com gabapentina 600mg/ dia, dipirona 1g 4x/dia e metadona 5mg/dia associado a bloqueio simpático endovenoso com 240mg de lidocaína sem vasoconstritor duas vezes por semana. No momento encontra-se em tratamento fisioterapico adequado com recuperação parcial de força motora e redução importante da dor, porém continua com os bloqueios a as medicações. Discussão: A SDCR é uma síndrome dolorosa bem reconhecida que envolve um conjunto de sinais e sintomas associados à dor, atinge principalmente mulheres, de meia idade, brancas, após eventos cirúrgicos e/ou traumáticos e normalmente esta associada a distúrbios psicológicos, ansiedade e depressão. O baixo índice de cura e/ou alívio dos sintomas continua sendo o maior ponto de discussão dessa síndrome, já que a falha terapêutica e o abandono do tratamento ainda são grandes.2 Referências: 1. Bruehl S, Harden RN, Galer BS, et al. Complex regional pain syndrome: are there distinct subtypes and sequential stages of the syndrome? Pain. 2002;95:119–124. 2. Sharma, MD; Shefali Agarwal, MPH; James Broatch, MSW; and Srinivasa N. Raja. A Web-Based Cross-Sectional Epidemiological Survey of Complex Regional Pain Syndrome. Reg Anesth Pain Med 2009;34: 110Y115.

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AO 331 RADIOFREQUENCIA PULSÁTIL PARA NEURALGIA DO GLOSSOFARÍNGEO. RELATO DE CASO GABRIEL JOSÉ OLIVEIRA; JOSÉ LUIZ CAMPOS; MARIANA GARCIA COSTA; BEATRIZ JALBUT JACOB; LARISSA SÁ OLIVEIRA; NIVALDO SIMÕES CORREA CET HOSPITAL VERA CRUZ, CAMPINAS, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: A neuralgia do glossofaríngeo é um distúrbio raro no qual um indivíduo apresenta episódios recorrentes de dor intensa na parte de trás da garganta, perto das tonsilas, e, algumas vezes, afeta o ouvido do mesmo lado. A neuralgia do glossofaríngeo normalmente se inicia após os 40 anos de idade e ocorre mais freqüentemente em homens que em mulheres. A sua causa é desconhecida, podendo estar associada a compressão tumoral, assim como na neuralgia do trigêmeo, os episódios são breves e intermitentes, mas eles causam uma dor lancinante que pode ser desencadeada por determinada ação (p.ex., mastigar, deglutir, falar ou bocejar). A dor costuma durar de alguns segundos até alguns minutos e, comumente, afeta apenas um lado. Relato do caso: Paciente sexo masculino, 81 anos, diabético, hipertenso, com queixa de glossodínia a direita há 7 anos em tratamento farmacológico com carbazepinapina, amitriptilina, pregabalina, dipirona e morfina, com piora acentuada da dor há 15 dias sem melhora com otimização das doses das medicações, exames de imagem normais, realizado bloqueio do nervo glossofaríngeo direito com lidocaína 1% sem vasoconstrictor associado a metilprednisolona 80mg com melhora total dos sintomas por 5 dias, voltando a apresentar dor de forte intensidade, Escala análogo-visual (EAV)=9, feito outro bloqueio, apresentando novamente resultado satisfatório, porém fulgaz, progamado e realizado radiofrequëncia pulsátil do nervo glossofaríngeo por abordagem extra-oral, com regressão da sintomatologia, EAV=1. Paciente em acompanhamento ambulatorial há 14 meses, sem queixas e sem fazer uso de medicações. Conclusões: Este caso de neuralgia do glossofaríngeo, mostra a radiofrequëncia pulsátil como uma alternativa eficaz, minimamente invasiva, com alívio prolongado dos sintomas, nos casos em que a há falëncia da terapia farmacológica. Referëncias bibliográficas: 1. Zakrzewska JM. The management of orofacial pain. The practitioner 2004;248:508-16. 2. Kramp B, Graumüller S. Zungenbrennen - Diagnostik und Therapie. Laryngo-Rhino-Otol 2004;83:249-62.

AO 332 EFEITO DO ÓXIDO NITROSO NA DOR PÓS-OPERATÓRIA DE PACIENTES SUBMETIDOS À COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA SOB ANESTESIA VENOSA TOTAL LUCIANA COVER RIGODANZO; VINICIUS CONTE PICCININI; VINICIUS BRESSANI ALVES; ELAINE APARECIDA FELIX; ANDRÉ PRATO SCHMIDT HOSPITAL DE CLINICAS DE PORTO ALEGRE, PORTO ALEGRE, RS, BRASIL. Resumo: Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Serviço de Anestesia e Medicina Perioperatória, Porto Alegre, Rio Grande do Sul Os autores declaram não haver conflito de interesses na realização do estudo. O estudo foi submetido e aprovado pelo comitê de ética do hospital. O consentimento informado foi coletado junto ao paciente antes da sua participação na pesquisa. Justificativa e Objetivos: O óxido nitroso possui efeito analgésico reconhecido em humanos. Seu efeito em combinação com agentes venosos é pouco estudado, inclusive sobre a dor pós-operatória. Por isso, nos propomos a avaliar a eficácia analgésica do óxido nitroso administrado no período intra-operatório sobre os níveis de dor pós-operatória em pacientes submetidos colecistectomia videolaparoscópica eletiva sob anestesia venosa total. Materiais e Métodos: o estudo foi delineado como um ensaio clínico prospectivo, duplo-cego, comparado a placebo. O desfecho principal foi dor pós-operatória mensurada pela escala análogo-visual. Estimou-se uma amostra de 66 pacientes. Foram incluídos pacientes ASA I a III, com idades entre 18 e 70 anos, e excluídos pacientes com história de distúrbio psiquiátrico ou neurológico, que não compreendiam a língua portuguesa ou analfabetos. Os pacientes foram alocados aleatoriamente para manutenção anestésica com ar comprimido (grupo I) ou óxido nitroso (grupo II). Manteve-se uma mistura de 66% de óxido nitroso ou ar comprimido e 34% de oxigênio. Eles foram submetidos a avaliações realizadas dentro de 2, 6, 12 e 24 horas após a cirurgia, e 30 dias após o procedimento. Foram administradas técnicas padronizadas de anestesia, de analgesia pós-operatória e de profilaxia de náusea e vômito. Foi utilizado o modelo “intention-to-treat” e a avaliação da eficácia analgésica realizada através do teste t de student ou Mann-Whitney. Resultados foram considerados estatisticamente significativos para o erro tipo I menor do que 0.05. Resultados: foram incluídos 21 pacientes. Não houve diferença na amostra dos grupos estudados. Não houve diferença estatística em relação aos níveis de dor pós-operatória e no nível de ansiedade. O consumo de anestésicos, de morfina e de outros analgésicos no pósoperatório, a satisfação com o tratamento e os episódios de náusea e vômito também foram semelhantes entre os grupos. Discussão e Conclusão: houve tendência do grupo II a menor consumo de anestésicos no intra-operatório e menor necessidade de morfina no pós-operatório. A ausência de diferenças nas variáveis pode se dever a erro tipo II, pois o estudo encontra-se em fase preliminar e não apresenta poder estatístico para avaliar os desfechos propostos. É necessário o término do estudo para avaliarmos o impacto do óxido nitroso sobre os desfechos estudados. Referências Bibliográficas: Pain 1999; 44: 293-9 Anesthesiology 2005; 103: 845-54

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AO 333 RELATO DE CASO: O USO DO SILDENAFIL NO TRATAMENTO DE DOR NEUROPÁTICA PÓS-NEFRECTOMIA E LOMBOTOMIA NÃO RESPONSIVA A TRATAMENTOS CONVENCIONAIS THIAGO ROBIS DE OLIVEIRA; TATIANA VAZ HORTA XAVIER; ANDRE LUIZ DOS SANTOS BARRA; GUSTAVO RODRIGUES COSTA LAGES HOSPITAL DAS CLÍNICAS - UFMG, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Introdução: Sildenafil é conhecido pelo uso no tratamento da disfunção erétil. Estudos em modelos animais e humanos demonstram outras aplicações promissoras, com destaque para o uso na dor neuropática crônica (DNC). A ação benéfica do fármaco parece ser explicada pelo acúmulo periférico de GMPc. Esse relato de caso evidencia a efetividade do fármaco no tratamento de dor neuropática não responsiva ao tratamento usual, com seguimento de 1 ano. Sabe-se que alguns pacientes desenvolvem tolerância ao uso de opióides. Optou-se pelo uso do Sildenafil como nova estratégia terapêutica, obtendo excelente resultado. Relato de Caso: Trata-se de paciente A.N.M., 40 anos, sexo masculino, que procura o serviço de dor em função de dor neuropática após nefrectomia e por lombotomia em função de câncer renal. Evoluiu com dor excruciante desde pós-operatório imediato sem controle com o uso de: metadona, morfina, carbamazepina, pregabalina, gabapentina e topiramato. Ainda não se obteve sucesso em bloqueios de neuroeixo e simpáticos. À admissão, paciente classificava dor em EVA:8, relatando prejuízo à vida laboral e afetiva. Optou-se por incluí-lo no protocolo de uso de Sildenafil para controle de dor. Iniciado 25mg de Sildenafil/dia associado a 1mg de risperidona para controle de sintomas psíquicos. Paciente não sabia que utilizava Sildenafil. Obteve excelente resposta, EVA:4, com satisfação do paciente. Acompanhado por mais 3 meses, obtendo alta somente com risperidona 1mg/dia e EVA:3. Discussão: A DNC é debilitante, limitante e, frequentemente de difícil controle pelo desenvolvimento de tolerância ao tratamento crônico com opióides. Sendo assim, é imperativo considerar mais de uma estratégia terapêutica no controle álgico, a fim de se melhorar a qualidade de vida do paciente. A experiência tem mostrado que o uso do Sildenafil apresenta resultados promissores na reabilitação de pacientes quando associado a estratégias terapêuticas habituais no tratamento da DNC. Esse trabalho demonstra a importância do fármaco como promissora droga no controle álgico bem como visa estimular a sequência da pesquisa clínica nesse setor. Referência: Pharmacological Reports, 2007, 59, 150-163.

AO 334 BLOQUEIO PERIDURAL COM CORTICÓIDE NA SÍNDROME DA DOR LOMBAR CRÔNICA THALITA OLIVEIRA PIMENTEL; ALYNE NEVES CINTRA; ALINE BOFF BOFF; ANDRE PERILLIER SCHNEIDER HMMKB, HOSPITAL E MATERNIDADE MARIETA KONDER BORNHAUSEN, ITAJAÍ, SC, BRASIL. Resumo: Introdução: As síndromes dolorosas lombares constituem problema de saúde pública, sendo grande causa de morbidade e incapacidade; 80% da população será acometida em algum período da vida. O tratamento é baseado em medidas conservadoras, cirúrgicas e de reabilitação. Nosso objetivo é discutir os métodos de tratamento da dor lombar crônica e avaliar o benefício do bloqueio regional. Relato de Caso: Paciente feminina, 50 anos, 80 kg, ASA II, portadora de dor lombar crônica há 22 anos, latejante, sem irradiação, com intensidade e freqüência progressivas, limitação funcional e despertar do sono, refratária a diversas terapêuticas. Patologias associadas: obesidade, asma/DBPOC. Foi submetida a quatro cirurgias, entre 2004 e 2008: radiculotomia lombar por radiofreqüência, tratamento do canal vertebral estreito e discectomia lombar, artrodese de coluna com instrumentação posterior, espondilolistese e retirada de enxerto ósseo, persistindo com dor lombar apesar da terapia complementar: dipirona, carbamazepina, codeína e metadona. Em 2009 iniciou o tratamento com bloqueio peridural com corticóide (metilprednisolona), opióide (morfina) e anestésicos locais (lidocaína e bupivacaína), apresentando significativa melhora, com aumento do intervalo entre os bloqueios, permanecendo assintomática nesse período, cerca de um mês. Em 2011 foi submetida à infusão contínua de morfina peridural, sem sucesso; e aguarda o implante de eletrodos estimuladores como adjuvantes no bloqueio peridural. Discussão: A lombalgia pode ser aguda, subaguda ou crônica. Há dificuldade na abordagem devido à inexistência de fidedigna correlação entre os achados clínicos e de imagem; ao segmento lombar ser inervado por uma difusa e entrelaçada rede de nervos, tornando difícil precisar o local de origem da dor; e às contraturas freqüentes e dolorosas não serem acompanhadas de lesão histológica demonstrável. O uso peridural do corticóide é indicado para o alívio da dor resultante da inflamação: dor ciática, lombar, sacral, radicular, entre outras. Há melhor resposta do bloqueio na fase aguda, pois a inflamação crônica pode progredir para fibrose nervosa, condição irreversível. Com o alto índice de sucesso terapêutico, demonstrado na literatura, a injeção peridural de corticosteróide pode ser recomendada como terapia adicional ao controle da dor nas lombociatalgias, principalmente na fase aguda. Referências: (1) Cocicov AF, et al. Uso de Corticosteróides por Via Peridural nas Síndromes Dolorosas Lombares. Rev Bras Anestesiol 2004; 54: 1: 129-141. (2) Ribeiro S, et al. O Uso de Opióides no Tratamento da Dor Crônica Não Oncológica: O Papel da Metadona. Rev Bras Anestesiol 2002; 52: 5: 644-651. (3) Teixeira MJ, et al. Síndrome Dolorosa Pós-Laminectomia: Estudo Descritivo da abordagem Terapêutica em 56 Pacientes. Rev Assoc Med Bras 2011; 57: 3: 286-291.

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AO 335 AVALIAÇÃO DA DOR PÓS-OPERATÓRIA DE CIRURGIAS ONCOLÓGICAS EM HOSPITAL TERCIÁRIO BRASILEIRO. GABRIEL MAGALHÃES GUIMARÃES1; ANGELA MARIA SOUSA2; CLAUDIA MARQUEZ SIMÕES2; SILVIA MARIA MACHADO THAHANTANI2; RENATO PASSOS SOUZA1; THAIS KHOURI VANETTI2 1.FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, SAO PAULO, SP, BRASIL; 2.INSTITUTO DO CÂNCER DE SÃO PAULO(ICESP), SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: O controle da dor pós-operatória pode ser um desafio, não apenas pelo porte do procedimento cirúrgico, mas pelo aspecto psicoafetivo envolvendo pacientes oncologicos. Algumas dificuldades no manuseio da dor podem se originar do cenário clínico apresentado, assim como da avaliação inadequada do tipo de anestesia e analgesia propostas no período perioperatório. O objetivo desse estudo é avaliar a relação entre o tipo de cirurgia e anestesia realizadas com intensidade de dor e efeitos adversos pós-operatórios. Método: estudo transversal dos atendimentos da equipe do centro de dor realizados entre 06/08/2009 e 04/11/2010 em hospital oncológico na cidade de São Paulo. Foram incluídos todos os dados do formulário padrão da equipe da dor do prontuário eletrônico Tasy do período. A análise estatística foi realizada com o R da CRAN, com tolerância de erro alfa de 5%. Não houve fomento à pesquisa, não há conflitos de interesse e o estudo foi previamente aprovado pelo comitê de ética e pesquisa local. Resultados: foram coletados dados de 3997 atendimentos referentes a 1659 pacientes do PO imediato até o 18 PO em alguns casos. As cirurgias mais prevalentes foram Prostatectomia radical (453), Mastectomia radical (335), Nefrectomia (245), Retossigmoidectomia (240), histerectomia (218), Gastrectomia (202), cistectomia (187) e Artrodese de coluna (160). O tipo de analgesia mais frequente foi analgesia sistêmica (94%). Analgesia peridural foi realizada em 47% dos pacientes, associada ao PCA epidural (17,9%). Apenas a minoria dos pacientes não apresentava dor alguma (26,5%)no primeiro PO. Dentre as cirurgias descritas, a gastrectomia apresentou maior incidência de dor à movimentação no primeiro dia pós-operatório(89%) seguido da retossigmoidectomia (83,13%). A anestesia combinada (geral+peridural) foi associada a uma diminuição na incidência de náuseas/vômitos em 6% em relação à anestesia geral (p<0,05). Discussão: a avaliação rotineira da dor não apenas reduz o sofrimento dos doentes, como facilita a melhoria da assistência anestésica intraoperatória. Fatores preditivos para dor aguda pós-operatória como tipo de cirurgia, dor pré-cirúrgica e uso crônico de opióides passam a ter importância fundamental na escolha da técnica anestésica. Referências Bibliográficas: Anesthesiology. 2010; 112:1494-1502. Lancet. 2011 Jun 25;377(9784):2215-25. Rev Port Pneumol. 2007 NovDec;13(6):855-67.

AO 336 IMPLANTAÇÃO DE PROTOCOLO PARA O MANUSEIO DA DOR AGUDA NA SALA DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA DE HOSPITAL TERCIÁRIO DE SOROCABA. EMILIANA GOMES DE MELLO; ALEXANDRE PALMEIRA GOULARD; EDUARDO TOSHIYUKI MORO; MAURICIO AUGUSTO VICECONTI; WILLIAM BIN TIEN IE PUC, SOROCABA, SP, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO. Em 2000, a Joint Commission on Accreditation on Heathcare Organizations (JCAHO) publicou norma que descreve a dor como quinto sinal vital. O objetivo do presente estudo foi avaliar a experiência obtida com a implantação de um protocolo para o manuseio da dor na SRPA de hospital terciário de Sorocaba. MÉTODO. Após a elaboração do protocolo, os funcionários envolvidos no processo foram treinados para aplicar a escala numérica de dor de 11 pontos (zero – ausência de dor e 10 – máxima dor) a cada 15 minutos na primeira hora e a cada 30 minutos nas horas subsequentes do período de permanência na SRPA. Valores menores ou iguais 4 pontos foram considerados aceitáveis e essenciais para liberação do setor. Os eventos adversos relacionados com a terapia antálgica, assim como os respectivos planos de ação foram descritos em instrução de trabalho específica. No período de fevereiro a setembro de 2010, 961 pacientes com idade maior que doze anos, submetidos à anestesia geral, anos foram avaliados. RESULTADOS. Dos indivíduos avaliados, 61,1% eram do sexo feminino e 38,9% do sexo masculino; 82,3% foram submetidos à anestesia venosa e 17,7% à anestesia inalatória; 20,6% apresentaram dor de intensidade > 4 (22% das mulheres e 18,5% dos homens; 21,1% em pacientes submetidos à anestesia venosa e 18,2% em pacientes submetidos à anestesia inalatória) e o tempo médio para a resolução da dor foi de 30 minutos. O consumo de naloxona no mesmo período do ano anterior foi semelhante. As incidências de náusea/vômito e de hipoxemia durante o período avaliado (1,4% e 0,7%, respectivamente) quando comparadas com os 8 meses anteriores (2,1% e 2,6%, respectivamente), também foram semelhantes. Os agentes mais comumente empregados como resgate para a dor na SRPA foram: AINH (39,9%), tramadol (37,4%), morfina (10,6%), metadona (8,1%) e meperidina (6,1%). CONCLUSÃO. A avaliação da intensidade da dor através de instrumento padronizado, a determinação de valores aceitáveis e o acompanhamento dos possíveis eventos adversos relacionados à terapia antálgica contribuem para a melhoria da qualidade do atendimento. A implantação do protocolo permite avaliar os resultados obtidos e a adequação dos processos quando necessário. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 1. Anesth Analg, 2005; 100: 162-8. 2. Clinical Anesthesia, 2009; 6ª Ed; Lippimcott&William; Philadelphia, USA; 57: 1472-504. 3. Pen Manag Nurs, 2000; 1: 3-12.

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AO 337 PERFIL DOS PACIENTES DO HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE SUBMETIDOS À INTERVENÇÃO EM NEUROEIXO COM USO DE MORFINA NO ANO DE 2010. FRANCIS MOURA ZENKNER; LUCIANA CADORE STEFANI; SAMIRA GOMIDE FERRARI; PATRICIA WAJNBERG GAMERMANN; SIMONE SILVEIRA PASIN HCPA, PORTO ALEGRE, RS, BRASIL.

Resumo: Introdução: O uso de anestesia regional constitui-se em técnica apropriada para grande variedade de procedimentos cirúrgicos. A utilização de Cateter Peridural, além de auxiliar no controle da dor no trans e pós-operatório, diminui a incidência de complicações pulmonares, de trombose venosa profunda, embolia pulmonar e tempo de internação hospitalar. Métodos: Este estudo consiste na análise retrospectiva do perfil de pacientes do HCPA submetidos à intervenção em neuroeixo no ano de 2010 com uso de opióide, com base em dados coletados do prontuário. Coletou-se dados referentes ao tipo de cirurgia, fatores de risco perioperatório, comorbidades, tempo de uso de CPD, incidência de complicações relacionadas à técnica anestésica, eventos adversos no trans e no pós operatório. Resultados: Nossa amostra constituiu-se de 449 pacientes. Destes, 180 (40%) foram submetidos à raquianestesia, 219 (48,8%) a anestesia com cateter peridural e 50 (11,2%) submetidos a ambos. Quanto ao sítio de inserção do Cateter Peridural, 264 (58,8%) eram de localização lombar, 66(14,7%) eram torácico baixo, 55 (12,2%) eram torácico alto, 64 (14.3%) não estavam informados. Ao todo, 218 pacientes masculinos (47,4%) e 231 pacientes do sexo feminino (52,6%). Quanto a classificação de ASA, 79 (17,6%) eram ASA1, 283 (64,4%) ASA 2 , 76 (16,9) ASA 3 , 5 (1,1%) ASA 4 . Quanto às comorbidades averiguamos que 175 pacientes (39%) tinham Hipertensão Arterial Sistêmica, 86 (19,2%) eram tabagistas, 78 (17,4%) tinham neoplasia , 46 (10,2%) Diabetes mellitus, 33 (7,3%) obesidade , 24 (5,3%) Cardiopatia Isquêmica , 17 ( 3,8%) DPOC , 13 (2,9%) IAM , 9 (2%) Asma, 8 (1,8%) Insuficiência Cardíaca. Quanto aos eventos adversos, 13 (2,9%) desenvolveram prurido, 21 (4,7%) apresentaram náuseas ou vômitos, 9 (2%) apresentaram retenção urinária, 16 (3,6%) tiveram hipotensão, 19 (4,2%) apresentaram parestesias, 2 (0,4%) tiveram depressão respiratória. Conclusão: Verificamos que neste trabalho houve um predomínio do uso de cateter peridural quando houve associação de morfina ao bloqueio regional. Tal achado deve-se provavelmente a intenção de usar o cateter peridural para manejo da dor no período pós operatório de forma mais eficaz quando comparado a raquianestesia. Houve um predomínio de pacientes com ASA 1 e 2 (82%) na amostra estudada, denotando possivelmente uma amostra de baixo risco perioperatório. O principal evento adverso relacionado ao uso de morfina no neuroeixo foi o prurido, averiguado em 4,7% da amostra. O evento adverso mais grave caracterizado como depressão respiratória foi verificado somente em 0,4% dos pacientes, demonstrando segurança ao usar morfina no neuroeixo. O presente estudo traz a limitação de ser de caráter retrospectivo, sendo sujeito a falha da descrição dos eventos em prontuário. São necessários novos estudos para caracterizar melhor a população estudada. Ref. Bibliográficas:Barash, Clinical Anesthesia, textbook 6ª Ed Lippincott Williams & Wilkins, Philadelphia, USA,.

AO 338 OFTALMOPLEGIA APÓS CIRURGIA DE SEPTOPLASTIA. RELATO DE CASO IZABELA MAGALHÃES CAMPOS; ZILTOMAR DONIZETTI DE OLIVEIRA BORGES; DANIEL CÂMARA DE REZENDE; CYNTHIA BEATRIZ TOSTES FERREIRA; KLAUS MORALES DOS SANTOS; MÚCIO PEREIRA DINIZ HOSPITAL FELICIO ROCHO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL.

Resumo: Justificativa e objetivos: A septoplastia é uma das cirurgias mais comuns da otorrinolaringologia. Apesar de ser considerado um procedimento de médio porte e relativamente simples por muitos pacientes, sabe-se que existem descritas diversas complicações inerentes a tal procedimento cirúrgico. Apoplexia de Hipófise é uma síndrome clínica rara causada pelo aumento súbito da glândula secundário a infarto ou hemorragia. Pode ser a primeira manifestação de um adenoma não diagnosticado. Mesmo conhecendo vários fatores precipitantes, sendo a cirurgia um deles, a fisiopatologia é desconhecida. O objetivo deste relato é apresentar um caso de apoplexia de um tumor hipofisário previamente desconhecido desencadeada durante uma cirurgia eletiva de septoplastia. Relato do Caso: Paciente masculino, 55 anos, 83 kg, previamente hígido. Admitido para cirurgia de septoplastia sob anestesia geral. Após o término do procedimento o paciente despertou com ptose palpebral a esquerda, midríase fixa e oftalmoplegia ipsilateral. Ao exame neurológico apresentava paralisia do 3º, 4º e 6º pares cranianos. Realizada tomografia computadorizada (TC) de emergência e posteriormente ressonância nuclear magnética que evidenciou massa em região hipofisária sugerindo macroadenoma de hipófise com erosão óssea. Avaliação endocrinológica diagnosticou quadro de pan hipopituitarismo. Submetido 07 dias após à hipofisectomia transesfenoidal. Exame anatomopatológico evidenciou neoplasia epitelial com aspecto de adenoma extensamente necrótico, hipótese de apoplexia pituitária. Discussão e Conclusões: Neste relato de caso descrevemos a ocorrência de paralisia do 3º, 4º e 6º pares cranianos que caracteriza o quadro de estrabismo paralítico. Para que ocorra acometimento simultâneo e completo dos três pares deve haver um processo compressivo presente na base do crânio próximo ao seio cavernoso. A neoplasia encontrada foi um macroadenoma de hipófise que manifestou sintomatologia súbita devido a ocorrência de apoplexia do tumor. Esta se caracteriza por um quadro de sangramento ou isquemia seguida de necrose do orgão. São descritas diversos fatores predisponentes de ocorrência deste fato como coagulopatias, gravidez e cirurgias. A área de necrose encontrada no anatomopatológico da peça cirúrgica nos leva a acreditar nesta afecção que ocorreu no peroperatório da septoplastia. Adenomas de hipófise assintomáticos são de difícil diagnóstico. Em uma revisão na literatura atual não há estudos que demonstram a necessidade de se realizar TC em todos os pacientes candidatos à septoplastia. O diagnóstico de desvio septal pode ser feito por anamnese e exame físico otorrinolaringológico associado ou não à videoendoscopia nasosinusal. Deve-se enfatizar a importância de se ter uma alta suspeita diagnóstica diante de um quadro clinico de oftalmoplegia súbita após um procedimento cirúrgico afim de iniciar rapidamente o manejo adequado dessa complicação neurológica.

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AO 339 MANEJO DA VIA AÉREA EM PACIENTE COM ABSCESSO AMIGDALIANO CARLOS EDUARDO DAVID DE ALMEIDA; TIAGO RODRIGUES PIANTAVINHA; MARCOS CÉLIO BROCCO; MANOEL ANTÔNIO FREITAS; ERICK FREITAS CURI; ANDRÉ RICARDO BESSA FERRAZ UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, VITÓRIA, ES, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: Demonstrar o desafio do manejo da via aérea em pacientes com abscesso dos espaços cervicais. Relato de Caso: Paciente masculino, 33 anos, sem antecedentes anestésicos e sem doenças associadas. Em tratamento de amigdalite há 15 dias com sulfametoxazol. Evoluiu com formação de abscesso periamigdaliano, parafaríngeo e submandibular com fistulização cutânea em região inframentoniana. Indicado drenagem cirúrgica. Não apresentava limitações na abertura da boca ou na mobilidade cervical. Mallampati classe I. Realizou-se indução anestésica venosa com alfentanil (30µg/kg), propofol (2mg/kg) e succinilcolina (1mg/kg). Durante a manobra de laringoscopia houve drenagem do abscesso e sangramento ativo para a orofaringe impedindo a intubação traqueal. A aspiração ativa do conteúdo se mostrou inefetiva. Evolui rapidamente para hipoxemia. Realizou-se cricotireoidostomia de urgência. Ocorreu evolução clinicamente favorável. Discussão e Conclusão: As infecções cervicais podem disseminar regionalmente por via hematogênica, linfática e principalmente por extensão direta (dissecção de fáscias). Múltiplos espaços cervicais podem ser acometidos. As causas principais são as infecções odontogênicas e amigdalianas. O tratamento consiste em administração de antibióticos, drenagem cirúrgica e manutenção das vias aéreas. O trismo ou alterações anatômicas compressivas pode dificultar a intubação traqueal. Nestes casos se deve considerar, previamente à indução, a drenagem por punção ou uma via aérea cirúrgica (traqueostomia ou cricotireoidostomia). As manobras de laringoscopia podem ocasionar a drenagem do abscesso por compressão do espaço sublingual e inframentoniana. Frente à hipoxemia e o risco de aspiração pulmonar foi imperativo a realização da cricotireoidostomia de emergência. Referência: 1- Rev Bras Otorrinolaringol, 2002; 68(3): 388-93

AO 340 ANESTESIA GERAL VENOSA TOTAL VERSUS ANESTESIA GERAL BALANCEADA PARA CIRURGIAS DE OUVIDO: AVALIAÇÃO DE NÁUSEAS E VÔMITOS NO PÓS-OPERATÓRIO. ONOFRE ALVES NETO; NELSON TRIBIS JUNIOR; HUGO SÉRGIO DE OLIVEIRA GOMES CET-SBA DO HOSPITAL DAS CLINICAS DA UFG, GOIÂNIA, GO, BRASIL. Resumo: JUSTIFICATIVA e OBJETIVOS - Cirurgias no ouvido médio estão associadas à alta incidência de náuseas e vômitos no pós-operatório, retardando alta hospitalar e insatisfação aos pacientes. O objetivo é comparar 2 técnicas anestésicas: Anestesia geral venosa total (AGVT) x Anestesia geral balanceada (AGB) quanto à presença de náuseas e vômitos no P.O. em cirurgias de ouvido (estapedectomias, timpanoplastias e mastoidectomias). MÉTODO: 20 pacientes, ASA I e II, submetidos a cirurgias de ouvido foram alocados aleatoriamente em um dos 2 grupos: AGVT e AGB; receberam anestesia padronizada; excluidos pacientes em uso prévio de antieméticos e protetores gástricos. Avaliados: dados antropométricos, duração da cirurgia, fatores de risco, presença de náuseas e vôitos no P.O. RESULTADOS: Não houve diferença estatística significante entre os grupos, em relação aos dados antropométricos, duração da cirurgia e fatores de risco. No grupo AGVT nenhum paciente apresentou náuseas e/ou vôitos e no grupo AGB 30% tiveram náusea leve à extubação (sem necessidade de tratamento farmacológico) e 40% destes apresentaram um único episódio de vômito à extubação. Na SRPA, 80% do grupo AGVT não tiveram náuseas, 10% com náusea leve e 10% náusea com tratamento farmacológico. No grupo AGB 50% não tiveram náuseas e 50% necessitaram ttratamento. No grupo AGVT 90% não tiveram vôitos e 10% tiveram vômitos repetidos com necessidade de tratamento. No grupo AGB 50% não apresentaram vômito na SRPA, 20% tiveram 1 único evento de vômito e 30% tiveram vômitos repetidos necessitando de tratamento. CONCLUSÕES: Cirurgias do ouvido médio predispõem ao aparecimento de náuseas e vômitos no P.O. O grupo da AGB, comparado com a AGVT, apresentou maior quantidade de náuseas e vômitos. A escolha do tipo de anestesia para este tipo de cirurgia pode influenciar na incidência de aparecimento de náuseas e vômitos no pós-operatório, dando-se preferência à anestesia geral venosa total em relação à anestesia geral balanceada, com o uso de anestésico inalatório. REFERÊNCIAS: 1 - Rev Bras Anestesiol 2005; 55:575-585; 2 - JAMA 2002; 287:12331236; 3 - Ann Acad Med Singapore 2005; 34:196-205.

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AO 341 INJEÇÃO DE FLUORESCEÍNA SUBARACNOIDEA PARA CORREÇÃO DE FÍSTULA LIQUÓRICA RINOGÊNICA ESPONTÂNEA THATIANA LÚCIA CINTRA DE ALCÂNTARA1; ÉLIDA MARINHEIRO DA SILVA1; LUCIANE MORAL DA SILVA1; THAIS CRISPIM SILVA2; TUILA GUANABARA SOUZA3; CREMILDA PINHEIRO DIAS2 1.FUNDAÇÃO HOSPITAL ADRIANO JORGE, MANAUS, AM, BRASIL; 2.HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS, MANAUS, AM, BRASIL; 3.HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETULIO VARGAS, MANAUS, AM, BRASIL. Resumo:As fístulas liquóricas rinogênicas espontâneas são de incidência rara e está, geralmente, relacionada a malformações na lâmina cribiforme e uma pressão aumentada do LCR. Com o presente caso, objetiva-se apresentar uma situação onde o anestesiologista precisa dominar a técnica da injeção do corante no espaço subaracnoide para um melhor resultado na correção destas fístulas. Uma cirurgia para correção de fístula liquórica rinogênica espontânea foi programada para paciente do gênero feminino, 38 anos, estado físico ASA I. A correção da fístula foi realizada por via endonasal endoscópica com a utilização da fluoresceína hipobárica por via subaracnoidea para localização precisa da região acometida. Uma hora antes do procedimento, foi realizada a colocação do cateter 18G no espaço subaracnóideo. Houve drenagem de LCR claro e houve resolução imediata da drenagem rinogênica que se encontrava ativa e abundante. Após monitorização padrão, foi realizada indução com fentanil 400mcg EV, lidocaína 100mg EV, propofol 200mg EV e atracúrio 40mg EV, seguido de IOT e VMC/VCV mantida com O2 e isoflurano. A solução de fluoresceína a 0,5%, 2ml, foi injetada pelo cateter após abordagem cirúrgica do local da fístula e a paciente foi colocada na posição de cefaloaclive por 10 minutos. Mais 2ml da solução foi injetado, já que não houve identificação do corante no local da lesão. A correção cirúrgica foi realizada sem a visualização da fluoresceína, mesmo após a segunda injeção da solução. Imediatamente após a correção, foram drenados gradualmente 80ml de LCR para diminuição da tensão liquórica. O cateter foi mantido aberto em débito livre por 48 horas e a paciente em repouso no leito. Houve débito total de 350 ml de LCR corado. O cateter foi retirado após 48h com a paciente assintomática. A paciente recebeu alta ainda sem rinorréia após 72h do procedimento, e após 3 meses permanece assintomática. A utilização da solução de fluoresceína tem sido amplamente empregada com vantagens em relação facilidade de localização da fístula, conseqüentemente assegurando uma maior eficácia no seu fechamento. O benefício da utilização da solução no caso em questão pode ser questionado, já que se tratava de uma fístula ativa e de alto débido, e a visualização da drenagem no local da lesão era facilmente detectada no intra-operatório. Mesmo assim a lesão pôde ser reparada de forma eficaz, mesmo sem a visualização do corante injetado no espaço subaracnóideo, o que não ocorreria em pacientes com fístulas de baixo débito. Pode ser considerado que o tempo necessário para que o corante chegasse ás cisternas foi insuficiente. Importante ressaltar a falta de referências sobre a técnica anestésica abordada nestes casos, o que talvez tenha influenciado na falha da visualização do corante na região acometida. Referências: Rev Bras Otorrinol 2002, vol68, n6, 788-792

AO 342 INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA APÓS MICROCIRURGIA DE LARINGE – RELATO DE CASO FABIO SOUZA MURAD; MARIANA ALMEIDA WAKED; ALESSANDRA PEREIRA ABBADE HOSPITAL ANDARAI, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Introdução: A manipulação da via aérea em casos de tumores traqueais é um grande desafio para o anestesiologista. O objetivo deste caso é demonstrar a importância da avaliação pré-anestésica, acompanhamento pós operatória e decisão quando traqueostomizar o paciente de forma eletiva. Relato; Paciente de 51 anos, homem, ASA II, hipertenso e asmático com queixa de rouquidão. Submetido a micro cirurgia de laringe diagnóstica para investigar uma massa em cordas vocais. A indução anestésica foi realizada com 100 ug de fentanil, 150 mg de proprofol e 80 mg de succinilcolina com IOT com TOT 6 específico para cirurgias traqueais. Apresentava a classificação 3 de comark com IOT na segunda tentativa, pois havia grande resistência para sua introdução. Presença de lesão ocluindo 70 % da luz, observado durante o procedimento cirúrgico, o qual transcorreu sem intercorrências. Optado em extubar o paciente e programar uma traqueostomia eletiva. Durante o PO imediato, na RPA, evolui com diversos episódios de broncospasmo, revertidos com uso de broncodilatadores. Após 8 h do término da cirurgia desenvolveu quadro de IRA e carbonarcose, com PACO2 110 mmHg. Apresentou rebaixamento do nível de consciência e deteriorização da função cardiorespiratória. Submetido a traqueostomia de urgência em SO, sob máscara facial com O2 100% e anestesia local, recuperando totalmente após 10 min. Discussão: A avaliação pré anestésica das vias aéreas é necessária para programação do procedimento avaliando a possibilidade de traqueostomia eletiva antes do início do procedimento. História de roncos, estridor e piora da dispnéia com decúbito dorsal indicam possível grau avançado de obstrução. Análise da videolaringoscopia e tomografia é fundamental e mandatória. Mas quando indicar a traquestomia? Não há um valor preciso na literatura, mas se a fenda glótica está estreitada, existe o risco de um edema pela biópsia e/ou intubação, podendo agravar o quadro respiratória. Em geral, a constatação de um leve a moderado estridor já sugere traqueostomia. Ainda mais quando não está programada a cirurgia corretiva podendo ter que aguardar um bom tempo. Conclusão: Mesmo um procedimento rápido e pequeno pode acarretar sangramento e edema da área, diminuindo ainda mais a luz no PO imediato. Neste caso a hesitação na realização da traqueostomia, por não haver estridor mesmo com imagem sugestiva de lesão obstrutiva importante, levou a um quadro de IRA. Portanto, história de estridor, necessidade de intubação, imagem revelando lesão obstrutiva importante e cirurgia terapêutica não programada são fatores que devem ser analisados para indicar a traqueostomia antes da microcirurgia de laringe. Bibliografia: livro Barash 35: 989-1004 Pediatr clin North AM 36: 1389 Laryngorhinootologie. 2010 Jan;89(1):34-5

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AO 343 PORTADOR DE DOENÇA DE VON WILLEBRAND SUBMETIDO À ADENOAMIGDALECTOMIA E TIMPANOPLASTIA. ALINE FELIPE ROCHA OLIVEIRA; PABLO GROSCH; KATIA GOMES BEZERRA DE OLIVEIRA; NICOLE RIBEIRO MARQUES; STÊNIO AUGUSTO COSTA BASTOS; JEOVA LUIS DE FIGUEIREDO EPAMINONDAS HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JULIO MULLER, CUIABÁ, MT, BRASIL. Resumo: Autor:Oliveira,AFR. Origem:CET Cuiabá,UFMT,HUJM,Cuiabá-MT. Justificativas e Objetivos:A doença de von Willebrand é o distúrbio hemorrágico hereditário mais comum, afetando até 2% da população, ocorre devido à mutação do cromossomo 12. É caracterizada por deficiência qualitativa ou quantitativa do fator de von Willebrand, podendo apresentar variadas manifestações clínicas. A coagulopatia se manifesta por disfunção plaquetária associada à diminuição dos níveis séricos do fator VIII coagulante. O sangramento no campo cirúrgico das cirurgias em otorrinolaringologia dificulta muito o trabalho do cirurgião.O preparo do paciente e a escolha da técnica anestésica são importantes para se obter um campo operatório com pouco sangramento e livre de episódios hemorrágicos. O objetivo deste relato é apresentar um caso de anestesia geral para adenoamigdalectomia e timpanoplastia em portador de doença de von Willebrand tratado profilaticamente com Concentrado de fator VIII e antifibrinolítico. Relato de Caso:Criança 05 anos, masculino, proposta cirúrgica de Adenoamigdalectomia + Timpanoplastia.Avaliação pré-anestésica: Doença de Von Willebrand, investigada devido história familiar positiva, exame físico sem anormalidades, FC 92bpm, PA 90/40mmHg, peso 18kg, altura 1,11m.Exames laboratoriais: Hb 11,5; Ht 37,9; Plaquetas 316.000.Avaliação hematológica: doença de von Willebrand tipo 2N, liberado para cirurgia, sugerido profilaxia com Concentrado de Fator VIII e antifibrinolítico. Admitido em centro cirúrgico com jejum adequado, monitorizado, indução anestésica inalatória sob máscara com Sevoflurano e oxigênio, venóclise em MSE com abocath 20G, colhida amostra de sangue (Hb 11,6; HT 35,6; Plaquetas 374.000; TAP 74,1; INR 1,2; TTPa 43,6; Ca iônico 1,15).Administrado Propofol 40mg e Fentanil 40mcg, realizada intubação orotraqueal com cânula n°5,0, iniciada ventilação mecânica controlada e manutenção inalatória com Isoflurano. Feito Concentrado de Fator VIII 1000 U.I. EV e Ácido Tranexâmico 500mg EV.O procedimento cirúrgico teve duração de 1hora e 20minutos, sem sangramento excessivo.Colhida nova amostra de sangue ao final do procedimento: Hb 9,6; HT 27,9; Plaquetas 311.000; TAP 60,0; INR 1,39; TTPa 36,3; Ca iônico 1,21. Pós-operatório sem intercorrências. Discussão e Conclusões:A doença de von Willebrand é a doença hemorrágica hereditária mais comum, mas é subdiagnosticada pois 95% dos casos são de formas leves. No caso apresentado, apesar da queda dos índices hematimétricos, o TTPa, INR e as plaquetas continuaram dentro da normalidade, e o paciente não apresentou alterações clínicas. O diagnóstico e a classificação do paciente, bem como a escolha da técnica cirúrgica e anestésica, e a profilaxia são fundamentais para o sucesso do procedimento. Referências Bibliográficas: Rev Bras Anestesiol,2007; 57: 3: 315-323; Barash PG,Cullen BF,Stoelting RK-Anestesia Clínica, 4ª Ed,São Paulo, Manole, 2004;201-238.

AO 344 ANESTESIA PARA TRATAMENTO CIRÚRGICO DE FÍSTULA LIQUÓRICA DE BASE DE CRÂNIO VIA ENDOSCÓPICA TRANSNASAL COM INJEÇÃO INTRATECAL DE FLUORESCEÍNA GIORGIO PRETTO; CONRADO AUGUSTO BALLESTER AGNEZI SERVIÇO DE ANESTESIOLOGIA DE JOINVILLE – CET SBA/MEC, JOINVILLE, SC, BRASIL. Resumo: Origem: Centro Hospitalar Unimed de Joinville, Serviço de Anestesiologia de Joinville – CET SBA/MEC Fontes de fomento e conflito de interesse: não há Justificativa e objetivos: A utilização de injeção intratecal de fluoresceína para tratamento cirúrgico de fístula liquórica de base de crânio via endoscópica transnasal é um procedimento relativamente recente e existe pouca literatura sobre o assunto, principalmente relacionadas a anestesia nestes procedimentos. O objetivo deste relato é descrever a técnica anestésica e o manejo do paciente para estes procedimentos. Materiais e métodos: Paciente masculino, 40 anos, com traumatismo crânio-encefálico há 13 anos decorrente de acidente automobilístico, resultando em perda visual, fístula liquórica inicialmente com alto débito, reduziu débito e até hoje com baixo débito. Tabagista em uso de carbamazepina, sem outras comorbidades e exames normais. Agendado tratamento cirúrgico de fístula liquórica por via endoscópica transnasal eletiva. Paciente foi sedado e passado cateter peridural intratecal em L3-L4. Inicialmente utiliza-se a técnica de identificação do espaço peridural conforme técnica padrão e após a agulha é avançada até o espaço intra-tecal e então introduzido o catéter para coleta de líquor e injeção de fluoresceína 0,5% 10 ml antes do início da cirurgia e após conforme solicitação do cirurgião. Após colocação com sucesso do cateter, foi iniciada a anestesia geral balanceada. Resultados: A cirurgia transcorreu sem intercorrências, sendo necessária 2 injeções de fluoresceína 0,5% 10 ml durante a cirurgia, que durou 5 horas. O cateter é deixado em posição intra-tecal e retirado após 2-5 dias, dependendo da evolução do paciente e necessidade de reintervenção. O paciente evoluiu bem, resolvendo a fístula na primeira intervenção, sem apresentar complicações neurológicas ou cefaléia pós-punção de duramater. Discussão e conclusões: O procedimento foi realizado sem intercorrências, adicionando um relato de eficácia e segurança da técnica. Não houveram sintomas neurológicos associados a injeção do contraste nem ao posicionamento do cateter intra-tecal e também não houve cefaléia pós-punção de duramater, maiores riscos anestésicos associados ao procedimento. Referências bibliográficas: Transnasal endoscopic treatment of cerebrospinal fluid leak: 17 years’ experience - ACTA otorhin olaryngologica italica 2009;29:191-196 Endoscopic Management of Cerebrospinal Fluid Leaks; facial plastic surgery/volume 25, number 1 2009

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AO 345 MANEJO DE VIA AÉREA DIFÍCIL EM PACIENTE PEDIATRICO COM MASSA CERVICAL RAFAEL LEPESTEUR CALDERARI; ARMIN GUTTMAN; AMERICO AUTRAN NETO; MARCO ANTONIO FERRO; JORGE RONALDO MOLL HOSPITAL FEDERAL DE BONSUCESSO, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Objetivo - O manejo da via aérea difícil no paciente pediátrico pode se apresentar como um grande desafio na prática clínica do anestesiologista. O sucesso em tal situação depende da capacidade crítica do profissional de antecipar a dificuldade bem como da preparação para o enfrentamento dessa situação.. Relato do Caso - Paciente feminina, cinco anos, será submetida a uma traqueotomia em caráter de urgência associada a biopsia de massa cervical infiltrativa. A lesão tumoral apresenta carater infiltrativo com invasão de mandíbula e assoalho de cavidade oral determinando grande distorção anatômica da região cervical. Havia ainda lesões compatíveis com implantes secundários em mediastino, retroperitônio e úmero direito. A parte da massa que se apresentava em cavidade oral determinava importante disfagia e dor. A paciente deu entrada na S.O taquipneica com oximetria de pulso de 88% em ar ambiente. Foi submetida a sedação com propofol conservando respiração espontanea seguida de indução inalatória com Sevorane associado ao Oxido Nitroso com adequada acoplagem e ventilação sob mascara mantendo oximetria em 99%.A tentativa de intubação orotraqueal sob laringoscopia direta com lâmina reta tipo Miller N° 2 obteve sucesso assegurando via aérea com tubo 5.0 com balonete. Apesar do sucesso da laringoscopia direta havia em sala equipe cirurgica paramentada para realização de traqueotomia de urgência assim como broncoscópios rígidos de diversos tamanhos, broncoscópio flexível, mascaras laríngeas e laringoscópios de tamanhos diversos. Conclusões - O sucesso no manejo da via aérea difícil em pacientes pediátricos envolve o adequado julgamento crítico para antecipação da dificuldade e com isso permitindo um preparo que obrigatoriamente deve englobar a presença de diversos tipos de material para acesso da via aérea por visualização direta ou por via cirúrgica de urgência bem como a presença de profissionais capacitados para utilização destes materiais e com experiência no manejo de pacientes pediátricos. Quando antecipamos uma potencial dificuldade no acesso a via aérea nestes pacientes devemos lançar mão de uma sedação leve e indução inalatória sob mascara permitindo a ventilação espontanea assegurando via aérea antes de causar apnéia pela adminastração de relaxantes musculares. Referências - 1. MILLER, Ronald D. Miller`s Anesthesia. Philadelphia, 2010. 2 - Lizabeth D. Martin, M.D., Jill M. Mhyre, M.D., Amy M. Shanks, M.S.,Kevin K. Tremper, Ph.D., M.D., Sachin Kheterpal, M.D., M.B.A. 3,423 Emergency Tracheal Intubations at a University Hospital: Airway Outcomes and Complications.

AO 346 ESTUDO ENCOBERTO DO USO PROFILÁTICO DA ASSOCIAÇÃO DEXAMETASONA E ONDANSETRONA NO CONTROLE DE VÔMITOS PÓSAMIGDALECTOMIAS EM CRIANÇAS SUELEN LEAL LEAL; JOÃO CAETANO BISHOP BRITO; CAROLINA REIS DE ABREU SCHMITT; MÁRIO JOSÉ DA CONCEIÇÃO HOSPITAL INFANTIL JOANA DE GUSMÃO, FLORIANÓPOLIS, SC, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: Adenoamigdalectomias são cirurgias com alto índice de vômitos no período pós-operatório(1).Reduzir a prevalência dos efeitos adversos relacionados com a cirurgia e a técnica anestésica, como vômitos pós-operatórios é imperativo(2). O objetivo desse estudo foi observar a eficácia do emprego da associação de dexametasona com ondansetrona na profilaxia de episódios de vômito no perioperatório. Materiais e métodos: Foram observados 96 pacientes pré escolares, submetidos a adenoamigdalectomias,aleatoriamente divididos em 3 grupos de 32 pacientes cada.Pacientes do grupo C não receberam medicação profilática para vômitos, o grupo OD recebeu a associação de dexametasona e ondansetrona e o grupo O recebeu somente ondansetrona. Os episódios de vômitos foram avaliados por profissionais que desconheciam a técnica empregada.Foram excluídos do estudo portadores de qualquer comorbidade,pacientes que necessitassem de qualquer tipo de medicação pré-anestésica,recusa por parte dos pais, responsáveis ou pacientes que tivessem tido qualquer tipo de complicação envolvendo técnicas anestésicas. Os resultados obtidos receberam tratamento estatístico, e foram apresentados na forma de n (%) ou média +DP conforme indicado.Testes estatísticos foram efetuados na comparação dos resultados conforme indicados. Os valores para “p” foram fixados aleatoriamente em <0,05 como significativos. O número de pacientes (“n”) foi fixado a partir de cálculo do tamanho da amostra que determinou que 32 pacientes por grupo fossem necessários (a = 0,80,b = 0,05). Resultados: 15% dos pacientes no grupo O apresentaram episódios de vômitos, 17% no grupo OD e 17% no grupo C. 60% dos pacientes no grupo O apresentaram um episódio de vômito nas 24 h após o término do ato cirúrgico. 66% no grupo OD e 66% no grupo C. 40% no grupo O apresentaram mais de um episódio de vômito, 33% no grupo OD e 33% no grupo C. Nenhum paciente apresentou episódios de vômito até 2 h após o término do ato cirúrgico.Em 80% dos pacientes no grupo O os episódios de vômito ocorreram entre 2 a 4 h após o término do ato cirúrgico e 20% após 4 h. No grupo OD 66% dos pacientes apresentaram vômitos entre 2 a 4 h após finalizado o ato cirúrgico e 33% 4 h após. No grupo C 50% dos episódios de vômitos ocorreram entre 2 a 4 h do término do ato cirúrgico e 50% após 4 h. Não foi observada diferença estatística significante entre os grupos quanto aos dados estudados (p>0,05). Conclusão: Observadas as condições desse estudo, o uso profilático de ondansetrona, ou a associação ondansetrona e dexametasona,não apresentou diferença estatística significante quanto ao número e incidência de episódios de vômito no período pós-operatório. 1.Br J Anaesth,1999; 83:104-117. 2.Pediatric Drugs,2007; 9(1):47-69.

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AO 347 ANESTESIA E MANEJO DA VIA AÉREA EM CRIANÇA PORTADORA DE RABDOMIOMA LINGUAL RENATA COSTA PINTO; ALBERTO VIEIRA PANTOJA; MARCO ANTONIO CARDOSO DE RESENDE; ELIZABETH FERNANDES VAZ SILVA; JOANA FIGUEIREDO; ANNA CAROLINA VON USLAR FERREIRA DE FREITAS UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, NITERÓI, RJ, BRASIL.

Resumo: Introdução: O rabdomioma extracardíaco é um tumor benigno, derivado de músculo esquelético, com incidência de 1% a 2% e que se subdivide em variantes fetal, adulta e genital. As duas primeiras apresentam predileção pela região da cabeça e do pescoço (90% dos casos), especialmente o trato aerodigestivo (faringe, laringe e cavidade oral) ou região submandibular e espaço parafaríngeo. Apresenta-se como massa fibroelástica indolor, bem delimitada, associada ou não a sintomas compressivos. O tratamento cirúrgico é eficaz com mínima possibilidade de recidiva. Relato de caso: Paciente feminina, 4 meses, 7 kg, foi agendada para ressecção de tumoração em língua, de crescimento progressivo desde o nascimento. Era mantida sob aleitamento materno exclusivo. Não apresentava sintomas de obstrução de vias aéreas, no entanto, pelo tamanho do tumor, que ocupava toda a boca em repouso, não foi possível avaliar a cavidade oral. Optou-se pela não manipulação da massa por risco de sangramento e dor. No dia da cirurgia, a criança recebeu 6mg de midazolam via oral sob supervisão direta da equipe, 45 minutos antes do procedimento. Na sala operatória foi monitorizada com cardioscópio, estetoscópio precordial, oxímetro de pulso, pressão arterial não invasiva e posteriormente capnográfo. Revisto acesso venoso 22G em membro superior direito. Iniciada administração de oxigênio a 100% por 3 minutos sob máscara seguida de sevoflurano a 7% e óxido nitroso (FAG 3L/min com N¬2O a 50%) durante 4 minutos sob ventilação espontânea e assistida sem dificuldades. Avaliação da laringoscopia direta com Cormack-Lehane I, mas glote fechada. Infusão de 20mg de propofol titulado, realizada laringoscopia com lâmina curva no2 e intubação nasotraqueal (4,0 mm DI), com auxílio da pinça de Magill. Manutenção com 500µg de alfentanil, 5mg de Ketamina S+, 15 µg de clonidina, sevoflurano 2%, e administrados 300mg de dipirona e 14mg de cetoprofeno. O procedimento durou 105 minutos sem intercorrências. Encaminhada à URPA extubada com Aldrete 9 e transferida à enfermaria com Aldrete 10 após 90 minutos. Recebeu alta no segundo dia de pós-operatório mamando adequadamente. Discussão: Os tumores benignos derivados do músculo esquelético são raros, sendo a localização extracardíaca ainda menos frequente. Dentro deste grupo, rabdomiomas são consideravelmente incomuns, perfazendo não mais que 2% dos tumores do músculo estriado. Em nosso paciente, a presença de grande tumoração na ponta da língua colocava sob risco o manejo da via aérea, justificando diversos cuidados tomados na condução do caso. Referências: 1) Journal of Craniofacial Surgery, 2010: 21 (8) 927-930; 2) Journal of Pediatric Surgery, 2007: 42 E5-E7; 3) Ear, Nose & Throat Journal, 2006: 85(2) 116-118.

AO 348 ANESTESIA PARA CIRURGIA DE CORREÇÃO DE ONFALOCELE EM NEONATO PREMATURO GILVAN DA SILVA FIGUEIREDO; LUCAS JORGE SANTANA DE CASTRO ALVES; VIVIAN BOA VISTA RIZZUTO; VERA LUCIA FERNANDES DE AZEVEDO; ANTONIO CHRISTIAN GONÇALVES; ONOFRE EDUARDO CARVALHO DE OLIVEIRA HOSPITAL SANTO ANTONIO-CET AOSID, SALVADOR, BA, BRASIL.

Resumo: Introdução: Onfalocele é um defeito na parede abominal, na inserção do cordão umbilical, com herniação de órgãos abdominais , sendo mais freqüente a protusão de alças intestinais, estômago e fígado. A associação de onfalocele com anomalias cromossômicas ocorre em 8 a 67% e com outras malformações congênitas ocorre em aproximadamente 2/3 das crianças, com maior incidência em crianças prematuras,sendo mais comuns as do sistema gastrointestinal , cardiovascular , geniturinário e defeitos cranioencefálicos .A perda de líquidos e de calor, o trauma direto das estruturas herniadas e infecção são as principais preocupações no manuseio de crianças com essas malformações.Os cuidados com a manutenção da normotermia ,a descompressão do estômago com sonda oro ou nasogástrica,o uso de antibiótico apropriado e a fluidoterapia intravenosa são medidas necessárias para que não ocorram hipovolemia e septicemia.Se não forem adotadas estas condutas, a combinação de peritonite, edema, isquemia, perda protéica e perda de líquidos para o terceiro espaço poderá causar choque hipovolêmico, hemoconcentração e acidose metabólica. Os bloqueios periféricos, ou do neuroeixo, associados à anestesia geral, ou mesmo à anestesia geral balanceada poderão ser técnicas realizadas. Portanto, tanto o conhecimento das limitações que fazem parte do desenvolvimento dos órgãos e sistemas do recém-nascido, quanto o das principais anomalias congênitas, farão com que o atendimento anestésico da criança seja otimizado e ocorra de forma segura. Relato de caso: Prematuro de 35 semanas gestacional com 5 dias de nascido, masculino, peso: 2260 g, ASA V , com programação de correção cirúrgica de onfalocele gigante.Genitora portadora de corioamnionite .Exames pré-operatórios: distúrbios de coagulação (TP 2 % e RNI=6,0 ) e hidroeletrolítico . O paciente teve monitorizados o ECG, capnografia, oximetria, temperatura, PAMNI, diurese e estabelecido PICC (cateter central de insersao periferica) Paciente admitido no centro cirúrgico intubado. Inicialmente utilizado 36 U.kg de complexo protrombinico (ProtrobexR ),10 ml.kg-1 de plasma fresco e 15 ml de plaquetas. Iniciou-se o procedimento com anestesia geral balanceada com 20 µg de fentanil e 1 mg de midazolam , rocurnio 0,6 mg.kg-1 e manutenção com sevoflurano 1,5 CAM. Hidratação realizada com Ringer com lactato 10 ml.kg-1.hora-1 em bomba de infusão . Cirurgia cursou com instabilidade hemodinâmica e sangramento intraoperatório de 90 ml , foi utilizado 20 ml de concentrado de hemácias , dobutamina 10.µg. kg-1.min-1 e dopamina 2 µg.kg-1.min-1. Procedimento ocorreu em 120 minutos, paciente encaminhado à UTI e óbito após 6 horas.Discussão: A correção cirúrgica de onfalocele gigante do neonato deve ser a mais precoce, preferencialmente nas primeiras 12 horas após o nascimento, visando diminuir complicações pós-operatórias .No pós-operatório, na maioria das vezes, existe a necessidade de manutenção da assistência ventilatória por 24-48 horas. A observação clínica e a monitorização devem continuar para que se possa detectar possível instalação da síndrome compartimental abdominal, alterações hemodinâmicas e sinais de infecção. Referencias: 1. Bikhazi GB & Davis P. Anesthesia for neonates and premature infants. In: Smith’s Anesthesia for Infants and Children. Eds. Motoyama EK & Davis PJ, 6ª ed. Mosby St. Louis 1996; 445-74. 2-. Holl JW. Anesthesia for abdsominal surgery. In: Gregory AG Pediatric Anestesia 4a ed. Churchill Livingstone 2002, 567 . 3-Módolo N. S. P., Navarro L. H. C. Cap 74-Anestesia para Emergências Cirúrgicas Neonatais (637-658) Medicina Perioperatória.

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AO 349 ANESTESIA EM RECÉM-NASCIDO COM BLOQUEIO ATRIOVENTRICULAR CONGÊNITO PARA IMPLANTE DE MARCA-PASSO. RELATO DE CASO TANIA MENEZES COUCEIRO; MARCELO NEVES SILVA; VIVIANE MARANHÃO DE MELO; MARÍLIA SANTOS LIRA; ANNE DANIELLE SOARES; HENRIQUE FLÁVIO VERAS FREITAS INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROFESSORE FERNANDO FIGUEIRA, RECIFE, PE, BRASIL. Resumo: Introdução: A bradiarritimia ocasionada pelo bloqueio atrioventricular total congênito (BAVT) ocorre em 4% a 15% dos casos de arritmia fetal1. Embora possa gerar uma freqüência cardíaca de 30% a 50% do ritmo normal, este distúrbio fetal é bem tolerado na ausência de outras anomalias sistêmicas. As colagenoses maternas parecem ser o fator etiológico mais importante do BAVT congênito. O BAVT afeta 2% dos filhos de mães portadoras de anticorpos anti-Ro/La e a taxa de mortalidade é de 20% nos primeiros 3 anos de vida2. A associação com cardiopatias estruturais ocorre em 50% dos casos agravandoo quadro clÍnico. Caso a bradicardia não possam ser revertida com o tratamento clínico o implante de marca-passo é o próximo passo no tratamento do BAVT. O implante de marca-passo é obrigatório para crianças sintomáticas e nos recém-nascidos e lactentes assintomáticos, está indicada quando o ritmo ventricular é menor que 55 batimentos por minuto (bpm) ou 70 bpm em caso de malformações cardíacas associadas e significativas3. Relato do caso: RN de JMS, 8hs de vida, feminino, com diagnóstico intra-útero de BAVT. A mãe portava o anticorpo anti-La. Nascido de parto cesariano com 36 semanas, apgar 6 e 8 e peso de 2850g. ECO (8hs de vida): FC 49 bpm, BAVT, estenose valvar pulmonar importante, insuficiência pulmonar e tricúspide de grau moderado a importante; ventrículo direito dilatado e hipertrófico com disfunção sistólica importante. Admitida na sala de hemodinâmica sedada, intubada, em ventilação assistida e com FC de 47 bpm. Monitorizada com cardioscopia, oximetria e capnografia. A indução anestésica realizada com 5 mg de cetamina, 0,5 mg de midazolam e 1 mg de atracúrio e a manutenção com sevoflurano em concentrações de 0,5 a 1.0 %. O procedimento teve uma duração de 35 min houvendo variação da FC entre 40 a 57 bpm e da oximetria entre 79% a 97%.Após o implante do marca-passo a FC passou para de 117 bpm com melhora do quadro hemodinâmico. O ECO no pós-operatório imediato mostrou melhora da pressão em ventrículo direito, aumento da insuficiência de valva tricúspide e derrame pericárdico moderado. Admitido na UTI com FC= 111 bpm, Sat=89%, intubado, sedado, sem drogas vasoativas, com cianose importante em membro inferior direito e diminuição do pulso por possível espasmo arterial pela introdução do trocater. Iniciado prostaglandina (0,01 mg/kg/d), dopamina e heparina de baixo peso molecular. Discussão: No caso em estudo, a escolha das drogas anestésicas possibilitou anestesia estável para o implante do marca-passo. A escolha pela cetamina proporcionou aumento da frequência cardíaca e a associação com midazolam e sevoflurano promoveu adequada estabilidade hemodinâmica. Assim, o conhecimento sobre a fisiopatologia da doença e suas implicações na escolha da técnica e das drogas anestésica foram o diferencial para o bom resultado anestésico-cirúrgico deste paciente. 1. Am. J.Cardiol,1983; 51 : 237-243. 2. Obstet Gynecol; 2010; 2:543-7. 3. Pacing Clin Electrophysiol; 2008;31 S17-20.

AO 350 EPIDURAL CAUDAL EM CRIANÇAS: VIABILIDADE E ACURÁCIA DE TÉCNICAS PARA ASSEGURAR PERFEITA INSERÇÃO DA AGULHA NO HIATO SACRO. GERALDO ROLIM RODRIGUES JR; GUILHERME ANTONIO MOREIRA BARROS; MARCELO TABARY DE OLIVEIRA CARLUCCI CET/SBA -DEPARTAMENTO DE ANESTESIOLOGIA DA FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU - UNESP, BOTUCATU, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos - O bloqueio epidural caudal é procedimento simples, com baixo risco de complicações, mesmo em neonatos e podem ser mandatórios em cirurgias abdominais infra-umbilicais ou de membros inferiores. O sucesso para realização do bloqueio caudal está na identificação do espaço epidural sacral e inserção da agulha nessa região. As técnicas disponíveis foram testadas e ensinadas para médicos em especialização verificando-se a facilidade de compreensão pelo sucesso do procedimento. Foi observou-se melhor posicionamento para identificação do hiato sacro e se a dilatação do esfíncter anal poderia ser um sinal de pega. Método Đ 74 pacientes pediátricos, ASA I e II, submetidos à herniorrafias inguinais, com idade de acima de 1 ano que não ultrapassasse 20 kg. Foram distribuídas em 3 grupos: I) 27 crianças no. teste do chiado (woosh test)( injeção de 1 ml de ar no espaço epidural caudal com ausculta simultânea da projeção do ar, na região toracolombar);II) 27 na técnica convencional (somente ruptura sacrococcígea) e III) 20 infantes com estimulador de nervos periféricos. Comparação da eficácia entre os grupos pelo teste de Tukey (P< 0,05). Para o restante foi usado o teste do Qui-Quadrado (P< 0,05). Presença de relaxamento do esfíncter anal nos 10 minutos iniciais, em todos os grupos. A escolha entre as posições lateral total e de Sims foi anotada caso facilitasse as palpações do hiato sacro. As crianças foram induzidos, até a imobilidade, com máscara facial de sevoflurano, a seguir, mantidos somente sob anestesia inalatória superficial. Resultados – Comparando a eficácia entre as 3 técnicas não houve diferença significante entre os grupos (p = 0,124). Apesar disso, houve apenas 1 falha no grupo I, enquanto nos demais: 4 e 6. A observação de relaxamento do esfíncter anal (75%) foi significativa como preditiva de sucesso, independente da técnica utilizada (p < 0,001), assim como foi significante a escolha (71%), pelos especialistas, da posição lateral total (p < 0,0001). Conclusões Đ A utilização do teste do chiado, embora não significativa, foi mais eficiente, numericamente, que as demais, principalmente, para o ensino. O relaxamento do esfíncter anal mostrou-se como sinal de sucesso do bloqueio, embora seja mais eficiente quando observada no final da cirurgia. A posição lateral total foi mais eficiente para palpação dos pontos de referência e do hiato sacro. Referências - 1. Paediatr Anaesth, 1999; 9: 229-233. 2. Curr Opin Anaesthesiol, 2005; 18: 283–288. Conflito de interesse: Não Fontes de Fomento: FAPESP. Após submissão ao Comitê de Pesquisa em Seres Humanos e obter sua aprovação, as crianças foram convidadas a participar do estudo, através de seus acompanhantes e responsáveis legais, após explicação detalhada do procedimento. Nesse momento, foi-lhes fornecido o Termo de Consentimento Livre e esclarecido.

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AO 351 ANESTESIA PARA EXÉRESE DE CISTO TIREOGLOSSO ECTÓPICO EM LACTENTE GILVAN DA SILVA FIGUEIREDO; LUCAS JORGE SANTANA DE CASTRO ALVES; ANDRÉA CRISTINA PEREIRA OLIVEIRA DE MEDEIROS NETTO; ANTONIO CHRISTIAN GONÇALVES; ELIOMAR SANTANA TRINDADE; VERA LUCIA FERNANDES DE AZEVEDO HOSPITAL SANTO ANTONIO-CET AOSID, SALVADOR, BA, BRASIL.

Resumo: Introdução:O cisto tireoglosso é a massa cervical mais comum em crianças e comumente relacionada à protrusão da língua. Por volta da quarta à sétima semana de desenvolvimento embrionário, a glândula tireóide desce através do forâmen cego na base da língua até a sua posição final, anterior e lateral à traquéia, freqüentemente abaixo do osso hióide. Este ducto de passagem se fecha por volta da décima semana gestacional e a falha na sua obliteração pode levar ao desenvolvimento do cisto tireoglosso e o seu tratamento consiste na remoção cirúrgica .A conduta anestésica em cirurgia para cisto tireoglosso na criança deve ser preparada levando em consideração a possibilidade de via aérea difícil além das peculiaridades da anestesia em pediatria. Para melhor condução anestésica desses pacientes, deve ser considerado o uso de estilete luminoso, máscara laríngea, broncoscópio flexível, bem como uso de terapia anti-sialorreica, anestesia tópica e venosa e relaxante muscular. O planejamento é o principal fator de sucesso no manejo da via aérea pediátrica difícil. O presente relato tem como objetivo descrever o manejo anestésico para cirurgia de correção de cisto tireoglosso em neonato. Relato de caso: Prematuro de 33 semanas gestacional com 54 dias de idade, masculino, peso: 2114 g, ASA II, com programação cirúrgica de exérese de tumor de 3 cm em base de língua. Exames pré-operatório sem anormalidades.O paciente teve monitorizados o ECG, capnografia, oximetria, PAMNI e temperatura, estabelecido PICC (cateter central de insercao periferica). Realizou –se intubação acordado com cânula nº 3,0 e procedida indução anestésica com fentanil, 5 µg.kg-1, midazolam 1 mg, rocuronio 0,6 mg.kg-1, cetamina 2 mg em bolus e manutenção com infusão continua 40 µg.kg-1.hora-1 de cetamina e remifentanil 0,2 µg.kg-1.min-1. Procedimento sem intercorrências anestésicas ou cirúrgicas com duração de 60 minutos, encaminhado à UTI e extubado após 12 horas. Discussão: Apesar dos riscos de intubação acordado em pacientes prematuros, a manutenção da perviabilidade da via aérea se sobrepõe em situações onde a necessidade de intubação traqueal é mandatória e não se dispõem de outros dispositivos que garantam via aérea segura. Referencias :1-Sociedade Brasileira de Anestesiologia .Reconhecimento e algoritmo de via aérea difícil -SAVA-CD –ROM-2010 2-Stephanie P. Acierno, John H.T. Waldhausen. Congenital Cervical Cysts, Sinuses and Fistulae. Otolaryngol Clin N Am 2007; 40: 161–176 3-Genevieve Santillanes, Marianne Gausche-Hill. Pediatric Airway Management. Emerg Med Clin N Am 2008; 26: 961–975 4-John Fiadjoe, Paul Stricker, MD. Pediatric Difficult Airway Management: Current Devices and Techniques. Anesthesiology Clinics, Volume 27, Issue 2, 2009.

AO 352 UTILIZAÇÃO DA LEVOBUPIVACAÍNA NO BLOQUEIO DO ESCALPO EM CIRURGIA PARA CRANIOESTENOSE GILDA F. PARDEY BRACHO; EDMUNDO PEREIRA DE SOUZA NETO; SEBASTIEN GROUSSON; FREDERIC DUFLO; FREDERIC DAILLER SERVICE D’ANESTHÉSIE – RÉANIMATION, HÔPITAL PIERRE WERTHEIMER, LYON, FRANÇA. Resumo: Justificativa e objetivo(s): O objetivo do nosso estudo é avaliar o consumo perioperatório de remifentanil em crianças que foram submetidas a remodelagem craniana por cranioestenose, após bloqueio dos nervos do escalpo (BNS) com levobupivacaína. Materiais e métodos: Após autorização parental, 46 crianças (cinco meses a sete anos) foram incluídas. A indução anestésica foi realizada com sevoflurano (4%; FIO2 = 100%) associado ao remifentanil 0,5 µg.kg-1.min-1 durante 3 minutos a fim de realizar a intubação orotraqueal. A anestesia foi mantida com sevoflurano 1 CAM em O2/N2O (50%/50%) associado com remifentanil (0,25 µg.kg-1.min-1), esse período foi considerado como momento controle. Após sorteio, 23 pacientes beneficiaram-se de um BNS. Após intubação orotraqueal e 10 minutos antes da incisão cirúrgica, o BNS foi realizado em 23 pacientes utilizando a técnica Pinosky modificada com 2 mg.kg-1 de levobupivacaína e adrenalina 1:800.000. Foram monitorizadas as seguintes variáveis, pressão arterial não invasiva, frequência cardíaca, SpO2 e etCO2, no momento controle, antes da incisão, 1 minuto e 5 minutos após a incisão cirúrgica nos dois grupos. Após o estímulo doloroso, a dose de remifentanil era aumentada caso a pressão arterial ou a freqüência cardíaca se elevasse mais do que 20% em relação aos valores pós intubação e antes da incisão. As variações hemodinâmicas e a dose total de remifentanil foram comparadas entres os dois grupos. Os testes de Mann-Whitney ou Fisher foram utilizados para analisar as variáveis demográficas. O teste de Kruskal-Wallis foi utilizado para comparar as variações da pressão arterial e frequência cardíaca no momento controle, antes da incisão, 1 minuto e 5 minutos após incisão. P < 0,05 foi considerado como significativo. As análises estatísticas foram realizadas com o programa Sigma StatTM (Systat Software Inc, San Jose, Califórnia, USA). Os resultados são expressos em mediana +/- desvio padrão da mediana. Resultados: Não houve diferença nos dados antropométricos entre os grupos. A dose média de remifentanil foi de 0,22 µg.kg-1.min-1 no grupo BNS versus 0,31 µg.kg-1.min-1 do grupo controle (p = 0,023). Um aumento significativo na frequência cardíaca ocorreu após a incisão cutânea no grupo controle, mas sem diferença estatística na pressão arterial no mesmo momento. Discussão e conclusões: A realização de um bloqueio do escalpo com levobupivacaína reduziu o consumo de remifentanil (-29%), e manteve uma melhor estabilidade hemodinâmica durante a incisão cutânea. Outros estudos são necessários para comprovar o interesse desta técnica em cirurgias dolorosas como na cranioestenose. Referências bibliográficas: 1 - Anesth Analg, 1996; 83: 1256 – 1261. Parte desse estudo foi apresentado no annual meeting of the American Society of Anesthesiologists (ASA), Orlando, Florida (USA), 2008.

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AO 353 ADENOAMIGDALECTOMIA EM PACIENTES COM CARDIOPATIA COMPLEXA SUELLEN CRIMINÁCIO CRIMINÁCIO; DANIELA BIANCHI GARCIA; CAMILA COTRIM TEIXEIRA; SERGIO BERNARDO TENORIO HOSPITAL PEQUENO PRÍNCIPE, CURITIBA, PR, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivo: Com o aprimoramento das técnicas cirúrgicas e maior sobrevida das crianças com cardiopatias congênicas, cada vez mais o anestesiologista vem sem se deparando com este tipo de paciente para realização de procedimentos cirúrgicos não cardiológicos. O objetivo deste relato foi descrever um caso de paciente pediátrico com ventrículo esquerdo único submetido a cirurgia eletiva de adenoamigdalectomia e os principais cuidados com relação ao manuseio pré, intra e pós operatório. Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 4 anos e 11 meses, 17.600 kg , encaminhado ao centro cirúrgico para realização de adenoamigdalectomia com antecedente de dupla via de saída de ventrículo direito e ventrículo esquerdo único, tendo sido submetido á cirurgia de bandagem pulmonar ao nascimento. No momento da avaliação pré-operatória apresentava quadro de cianose generalizada 3+/4+, atividade física pouco limitada. Ausculta cardíaca com sopro sistólico 3+/4+, arrítmico, ECO e ECG compatíveis com patologia de base, exames laboratoriais:(exames laboratorias dentro do padrão da normalidade para a faixa etária) Hb: 14.3g/dl, VG:44%, PL:256.000/mcl, TAP:11,5seg, RNI:1,06. Paciente submetido a anestesia inalatória com Sevorane, e manutenção com propofol e remifentanil. Evoluiu estável hemodinamicamente durante todo o procedimento, tendo sido encaminhado para a sala de recuperação pós anestésica e alta hospitalar no primeiro pós operaório, sem intercorrência. Conclusão: É extremamente importante que se realize uma avaliação pré anestésica minuciosa, com controle adequado da estabilidade hemodinâminca em pacientes cardiopatas graves durante todo o procedimento cirúrgico não cardíaco, assim como controle da dor. Indução suave, com agentes que minimizem alterações cardíacas devem ser de escolha nestes pacientes Referência: Rev Bras Anestesiologia, 1994;44:6:383-398

AO 354 UTILIZAÇÃO DE BLOQUEADOR BRÔNQUICO PEDIÁTRICO PARA VENTILAÇÃO MONOPULMONAR EM CRIANÇA- RELATO DE CASO. CAMILA COTRIM TEIXEIRA; DANIELA BIANCHI GARCIA; SERGIO BERNARDO TENORIO; ANDREWS RAPELLO SANTOS; SUELLEN CRIMINÁCIO CRIMINÁCIO HOSPITAL PEQUENO PRINCIPE, CURITIBA, PR, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: A necessidade de ventilação monopulmonar na população pediátrica vem aumentando devido à maior incidência de toracotomias abertas ou vídeo assistidas. A ventilação monopulmonar pode ser realizada de duas maneiras: (1) introdução de cânula traqueal convencional até o brônquio fonte contralateral ao lado a ser operado; (2) posicionando um bloqueador brônquico no brônquio fonte do mesmo lado a ser operado. O objetivo deste relato de caso é descrever a técnica de introdução do bloqueador brônquico, guiado por fibrobroncoscopio, pelo interior da cânula traqueal, em paciente pediatrico submetido a toracotomia aberta. Relato de Caso: Paciente do sexo feminino, 11 anos, com diagnóstico de bronquiectasias em lobo médio e inferior direito, bronquiectasias menores em lobo inferior esquerdo e fistula pulmonar-cutânea em local de drenagem toracica anterior. Admitida para realizar toracotomia para lobectomia total de lobos inferior e médio direito e lobectomia parcial de lobo superior direito. Apresentava história de toracotomia prévia para o mesmo procedimento, porém devido a uma intubação orotraqueal (IOT) seletiva, não satisfatória para o procedimento cirurgico, houve grande escape de oxigênio e anestésicos inalatórios pela fístula pulmonar-cutânea e dificuldade de ventilação. Paciente evoluiu para hipóxia e parada cardiorespiratória, revertida após manobras de reanimação cardiopulmonar. Procedimento foi interrompido imediatamente para melhora clínica e melhor planejamento cirúrgico. Com a necessidade da realização do procedimento, foi optado em utilizar um bloqueador brônquico Arndt 5F, introduzido no interior de uma cânula traqueal número 6,5 com cuff e guiado pelo fibrobroncoscopio, posicionado em brônquio fonte direito sob visualização direta. O procedimento transcorreu sem intercorrêncas, não houve fuga de ar no intraoperatório. A paciente foi encaminhada para UTI, extubada no segundo pós operatório e recebeu alta hospitalar depois de duas semanas do procedimento. Discussão: O bloqueador brônquico oferece inúmeras vantagens para ventilação monopulmonar quando comparado com IOT seletiva em crianças. Introdução pelo interior da cânula convencional (somente em cânulas maiores de 4.5 mm de diâmetro), utilização do fibronbroncoscopio como guia e ventilação com oxigênio durante o posicionamento, minimizando o risco de hipoxemia e hipercapnia, fazem deste um método seguro, prático e eficaz na população pediátrica. Referências Bibliográficas: British Journal of Anaesthesia 2004;94(1):92-4(2005).Paediatric Anaesthesia 2002;12:69-72. Chang Gung Med J 2005, Vol. 28 No. 2

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AO 355 USO DA BOMBA ON-Q® EM CIRURGIA DE ARTRODESE TORACOLOMBAR EM PACIENTE PEDIÁTRICO: RELATO DE CASO MICHELINE MENDONÇA KODAMA; ENEIDA MARIA VIEIRA; FABIANO MORAIS NOGUEIRA; JULIANA DANTAS GONDIN HOSPITAL DE BASE, SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: a bomba ON-Q® destina-se à administração contínua de anestésicos locais em feridas operatórias ou áreas adjacentes, para anestesia ou controle da dor local peri e pós-operatória. Nas cirurgias de escoliose, é fundamental que o controle da dor seja obtido, para melhor recuperação do paciente e menor uso de analgésicos endovenosos, especialmente na população pediátrica. Relato de caso: SFSS, F, 11 anos, 33 Kg, encaminhada para correção cirúrgica de escoliose. Acompanhada da mãe, que negava outras doenças de base e alergias. Paciente recebeu 2 mg de midazolam em acesso venoso periférico, sendo, então, encaminhada à sala de cirurgia. Optado por anestesia venosa total, realizando-se a indução com alfentanil, propofol e cisatracúrio. Obtido acesso venoso periférico calibroso e acesso central em jugular interna direita; monitorização com cardioscopia, oximetria de pulso, pressão arterial invasiva (PAi), índice bispectral (BIS), pressão venosa central (PVC), termômetro esofageano e capnografia. A pacietnte foi adequadamente posicionada, com infusão contínua de remifentanil, propofol e cisatracúrio. Após indução, iniciada infusão de ácido épsilon-aminocapróico em BIC, que foi mantido até o final do procedimento. Conforme alterações laboratoriais obtidas ao longo do procedimento, foi iniciado o uso de fibrinogênio humano, complexo protrombínico, concentrado de hemáceas e crioprecipitado. Não houve instabilidade hemodinâmica durante o ato operatório. A anestesia durou 12 horas e, ao final da cirurgia, antes de iniciar o fechamento da incisão, foram introduzidos os cateteres da bomba ON-Q® em posição intramuscular paravertebral, bilateral, na região torácica, com fluxo de 2ml/h cada e solução de ropivacaína a 0,225%. A paciente foi extubada, sem intercorrências, sendo encaminhada à UTI pediátrica, estável e sem dor. Permaneceu por 3 dias com a bomba ON-Q®, associado a analgesia endovenosa com anti-inflamatórios e analgésicos, apresentando excelente controle da dor pós-operatória. Após esse período, ficou em enfermaria por mais 5 dias, até a alta hospitalar, sem queixas. Discussão: a excessiva manipulação nas cirurgias de artrodese toracolombar pode levar a grandes alterações anatômicas e fisiológicas, dificultando a recuperação satisfatória dos pacientes, caso não haja o controle adequado da dor pós-operatória. O uso da bmba ON-Q® possibilitou analgesia adequada, sem necessidade de opióides endovenosos, permitindo melhor reabilitação dos pacientes.

AO 356 SÍNDROME ANTICOLINÉRGICA CENTRAL. ERICK FREITAS CURI; CARLOS EDUARDO DAVID DE ALMEIDA; SORAIA MENEZES GENELHÚ; MARCOS CÉLIO BROCCO; MANOEL ANTÔNIO FREITAS; ROBERTA ELENI MONTEIRO ABATTI UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, VITÓRIA, ES, BRASIL. Resumo: Introdução: A Síndrome Anticolinérgica Central (SAC) tem como uma das causas o uso da atropina. Apresenta-se com um efeito bloqueador de receptores muscarínicos a nível central. Este relato objetiva demonstrar um quadro clínico sugestivo desta síndrome. Relato de Caso: Lactente, 45 dias, hígido, com diagnóstico de hérnia inguinal à direita. Na avaliação pré-anestésica não foi encontrada qualquer comorbidade. Na sala de operação (SO) foi monitorado conforme as normas estabelecidas na Resolução 1802/2006 (CFM). Recebeu indução inalatória com (sevoflurano 6%/O2 100%). Acesso venoso em membro superior esquerdo com cânula 24G. Administrou-se por via endovenosa atropina (0,02 mg/kg), fentanil (1,0 mcg/kg) e propofol (2,0 mg/kg). Procedeu-se intubação orotraqueal com cânula número 4,5F sem balão de vedação. A manutenção foi com sevoflurano 2%/O2 60%, em ventilação mecânica controlada. Feito bloqueio peridural sacral (bupivacaína 0,25% - 6 ml) sem dificuldades técnicas ou intercorrências. Procedimento transcorreu dentro dos parâmetros da normalidade. Após extubação o lactente foi encaminhado à sala de recuperação pós-anestésica (SRPA). Na SRPA, foi diagnosticado eritema facial intenso associado com pele seca e aumento de temperatura facial pela avaliação tátil. Não ocorreu qualquer outro sintoma associado. A resolução do caso ocorreu aproximadamente 4,5 horas após diagnóstico inicial. Discussão: A atropina é um agente anticolinérgico (parassimpatolítico, antiespasmotico, broncodilatador, provocador de midríase). Devido ao maior volume de distribuição na criança em relação ao adulto, a meia-vida de eliminação é maior (6,9 horas). As crianças necessitam de altas doses para se obter aumento da frequência cardíaca. Assim, os efeitos colaterais são mais frequentes. A atropina antagoniza os efeitos muscarínicos da acetilcolina (central e periférico). Os efeitos adversos são dose dependente: (1) boca seca, midríase, paralisia da acomodação visual e constipação; (2) taquicardia, cefaléia, hipertermia; (3) irritabilidade, eritema facial, retenção urinária; (4) confusão, delirium, convulsão e coma. Na SAC o eritema facial se caracteriza por uma pele quente e seca (ruborizada) e febre. A síndrome anticolinérgica é chamada também de delírio pós-operatório e toxicidade atropínica. A fisiostigmina é um anticolinesterásico que, passa com facilidade a barreira hematoencefálica opondo-se à atividade muscarínica. Porém, no Brasil não possuímos tal medicação. Assim, devemos aguardar a resolução do efeito do bloqueio muscarínico e aplicarmos sintomáticos e medidas de suporte se necessárias. Referências: (1)Jöhr M – Pharmacology of vagal blocking drugs and antagonist agents, in: Bissonnette B, Dalens B – Pediatric Anesthesia. Principles & Practice. New York, McGraw-Hill, 2002; 353-354. (2)Lawson NW, Johnson JO – Sistema Nervoso Autônomo: Fisiologia e Farmacologia, em: Anestesia Clínica, 4ª Ed., São Paulo, Manole, 2001; 288-289.

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AO 357 LARINGOESPASMO SEVERO APÓS CIRURGIA DE CORREÇÃO DE LÁBIO LEPORINO EM LACTENTE THATIANA LÚCIA CINTRA DE ALCÂNTARA1; TUILA GUANABARA SOUZA2; SUELLEN LIMA DA SILVA1; JUSCIMAR CARNEIRO NUNES1; THAIS CRISPIM SILVA3; CREMILDA PINHEIRO DIAS2 1.FUNDAÇÃO HOSPITAL ADRIANO JORGE, MANAUS, AM, BRASIL; 2.HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETULIO VARGAS, MANAUS, AM, BRASIL; 3.HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS, MANAUS, AM, BRASIL. Resumo: O laringoespasmo é a causa mais comum de obstrução de vias aéreas após extubação traqueal. Tem etiologia multifatorial e incidência aumentada na faixa etária pediátrica e em procedimentos que manipulam as vias aéreas. Um lactente de cinco meses, gênero masculino, peso 7,5Kg, foi submetido à cirurgia para correção de lábio leporino. A criança deu entrada na sala de operações já com acesso venoso, e com choro forte há aproximadamente 1 hora. Foi monitorizado e a indução anestésica feita com administração de sevoflurano + N2O + O2 sob máscara em sistema de Baraka Mapleson D, além de midazolam 1mg EV, fentanil 10mcg EV, atropina 0,01mg EV, succinilcolina 10mg EV, com IOT com tubo 3,5 sem balonete, sem intercorrências. Manutenção em ventilação espontânea com sevoflurano e N2O. O procedimento durou 40 minutos e não houve intercorrência. Após a retirada dos campos operatórios, realizou-se aspiração das vias aéreas. A criança foi extubada após apresentar movimentos dos membros e face de choro. Evoluiu com apnéia e queda da saturação de O2. Houve dificuldade para ventilação sob máscara com pressão positiva, característico de um quadro de laringoespasmo. Foram administrados propofol 20mg EV e succinilcolina 10mg EV com resolução temporária do quadro. Minutos após administração das drogas, o lactente novamente evoluiu com laringoespasmo severo, desta vez com bradicardia sinusal que foi tratada com atropina e adrenalina, além de nova dose de propofol e succinilcolina. Novamente houve remissão temporária do quadro e o paciente evoluiu com um quadro menos grave de laringoespasmo, ainda com necessidade de VPP que persistiu por mais de 1 hora. A criança foi levada para SRPA com sibilos esparsos à ausculta, SpO2 95% com O2 sob cateter e FC:180bpm, ainda sonolenta e pouco responsiva. Os eventos respiratórios são uma das maiores causas de morbi-mortalidade durante os procedimentos anestésicos-cirurgicos, principalmente em anestesia pediátrica, já que nesta faixa etária há maior suscetibilidade à hipoxemia devido à menor capacidade residual funcional e maior tendência à hiperreatividade das vias aéreas, além do tônus vagal mais exacerbado. Dentre os fatores de risco envolvidos está o tipo de procedimento, já que a presença de secreção e sangue na cavidade oral predispõe ao aumento da reatividade das vias aéreas. Apesar do paciente não ser portador de nenhuma patologia que altere a reatividade das vias aéreas, o choro forte muito prolongado pode ter sido um fator desencadeador do evento. A extubação foi realizada no momento oportuno, e poderia ter sido protegida com a administração de lidocaína venosa na dose de 1mg/kg. Apesar do quadro de laringoespasmo ser considerado freqüente, principalmente em crianças, é incomum a gravidade e a refratariedade às medidas de suporte que foram tomadas. Referências: Rev Bras Anestesiol 2009;59;4;345-349

AO 358 VIA AEREA DID´FICIL EM PACIENTE PEDIATRICO BRUNO PIMENTEL CARVALHO; PAULO ANTONIO DE MATTOS GOUVÊA; CASSIANO FRANCO BERNARDES; DARCIO ANTONIO SPINASSE; ELIANA CRISTINA MURARI SUDRÉ AFFEC HSRC, VITORIA, ES, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivo: Uma das maiores preocupações do anestesiologista sem duvida está relacionada a via aérea difícil, o que se torna mais importante em pacientes pediátricos,devido a sua capacidade residual diminuída,entre outras causas. O objetivo deste relato de caso é mostrar o manejo adequado de uma via aérea difícil em paciente pediátrico. Relato de caso: Paciente 06 anos, sexo masculino, 16kg, emagrecido, micrognatia, Índice Mallampati IV,distância interincisivos <3cm, com fratura bilateral da articulação temporo mandibular há 2 anos, e desde então, só alimenta-se com dieta liquido-pastosa através de um canudo. Nega cirurgia prévia. Nega alergia medicamentosa. Exames laboratoriais sem alterações importantes.Foi submetido a cirurgia para correção das fraturas. Não foi administrado medicação pré anestésica. Feito monitorização com cardioscopia, oximetria de pulso, pressão arterial não invasiva e capnografia. Realizado punção venosa em MSE com jelco 22G, seguido de indução inalatória com sevoflurano. Com paciente em ventilação espontânea foi realizado intubação nasotraqueal, com tubo 5,0 com balonete, via broncofibroscopia. Após intubação foi administrado fentanil(03 mcg/kg), propofol (02mg/kg) e atracúrio(0,5mg/ kg), e feito isoflurano para manutenção do plano anestésico. Feito analgesia complementar com cetorolaco(0,5 mg/kg), dipirona (30mg/ kg), e prevenção NVPO com ondasetrona (0,1mg/kg). O procedimento anestésico cirúrgico, durou 210min, transcorreu sem intercorrências, sendo paciente extubado em sala ao final do procedimento. Encaminhado a SRPA onde teve alta para enfermaria após uma hora, sem queixas. Discussão e conclusão: O trauma é uma das causas mais comuns de via aérea difícil em pediatria. Sendo de extrema importância a avaliação pré anestésica desses pacientes para prever uma possível via aérea difícil. Com isso o anestesiologista lançará mão de materiais necessários para garantir uma via aérea adequada para o paciente, evitando possíveis traumas e a possibilidade de não ventilar e/ou intubar o paciente.Referências bibliográficas: Santos APSV, Mthias LAST, Gozzani JL, Watanabe M.Intubação difícil em criança:Aplicabilidade do Índice de Mallampati. RBA.Março-Abril 2011, vol. 61. p159-161. Rebuglio R, Ferez D, Junior PA.Manuseio Via Aérea difícil.In Cangiani LM, Posso IP, Potério GMB,Nogueira CS. Tratado de Anestesiologia SAESP,6ªedição.São Paulo:Atheneu, 2006-2007.p.1099-1110.

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AO 359 ANESTESIA EM CRIANÇA PORTADORA DA SÍNDROME DE TREACHER COLLINS: RELATO DE CASO. VINICIUS DA COSTA DE SOUZA; RAPHAEL SILVA BONELLE; GUSTAVO HENRIQUE DUBBIN; JOAQUIM LUCAS DE CASTRO; FLÁVIA VIEIRA GUIMARÃES HARTMANN; RUBIA DUSSI HOSPITAL DE BASE DO DISTRITO FEDERAL, BRASÍLIA, DF, BRASIL. Resumo:

INTRODUÇÃO: JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS – A síndrome de Treacher Collins (também conhecida como disostose mandibulofacial ou Síndrome Franceschetti-Zwahlen-Klein) é uma doença genética caracterizada por deformidades crânio-faciais. É uma malformação congênita que envolve o primeiro e segundo arcos branquiais. Doença rara, com uma incidência de 1:40.000 a 1:70.000 nascidos vivos. As manifestações mais freqüentes são muito relacionadas ao grau de deformidades faciais: inclinação antimongolóide das fendas palpebrais, hipoplasia da região malar, hipoplasia de mandíbula, coloboma da pálpebra inferior, ausência parcial ou completa dos cílios nas pálpebras inferiores, malformação dos pavilhões auriculares, atresia do conduto auditivo externo, surdez de condução, presença de cabelos na parte externa das faces e fenda palatina. O objetivo deste relato de caso é discutir a conduta anestésica e cuidados transoperatórios no paciente portador da Síndrome de Treacher Collins. MATERIAIS E MÉTODOS – Relato de caso de anestesia para criança portadora da síndrome de Treacher Collins. RELATO DO CASO – Criança do sexo feminino, 07 anos, 22Kg, com diagnóstico de apendicite aguda. Chegou à S.O para ser submetida à apendicectomia, em caráter de urgência; em BEG, corada, hidratada, eupnéica. Sat O2 96 %, FC 110 bpm, PA 118x78 mmHg. Jejum adequado. Monitorizada com oxímetro de pulso, cardioscópio, PANI e capnógrafo após a intubação. Indução com propofol (120 mg), fentanil (100mcg). Intubação orotraqueal com tubo n° 6.0 com balonete, sem dificuldades. Manutenção da anestesia com sevoflurano e cisatracúrio (2mg). O procedimento cirúrgico foi realizado sem intercorrências. Ao final, após administração de atropina(0,25mg) e neostigmina(1mg), a paciente foi desintubada e encaminhada à SRPA. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO – A anestesia para portadores da síndrome de Treacher Collins exige uma atenção especial com relação ao cuidado para o manuseio das vias aéreas, devido às más formações faciais encontradas nesses pacientes. É de suma importância que o anestesiologista esteja preparado para diagnosticar e conduzir de maneira correta uma possível via aérea difícil. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS – 1. Síndrome de Treacher Collins: características clínicas e relato de caso. Rev Pos Grad. 2005, 12(4):499-505. 2 Treacher Collins syndrome: current evaluation, treatment and future directions. Cleft Palate Craniofac J. 2000, 37(5):434-6 3. Paul G. Barash; Clinical Anesthesia, 2006; 1247-52. FONTES DE FOMENTO: Nenhuma. CONFLITO DE INTERESSE: Nenhum.

AO 360 ANALGESIA INTRAPLEURAL PEDIATRICA PÓS EXERESE DE TUMOR MEDIASTINAL LUIZ PAULO VILLELA VIEIRA; NINA PAES LEMES LEITE; RODRIGO BERNARDES DE OLIVEIRA; ALAN REZENDE FREITAS COLARES; IZABELA FORTES LIMA HOSPITAL VILA DA SERRA, NOVA LIMA, MG, BRASIL. Resumo:

Introdução: Os tumores mediastinais, são responsáveis por importante morbimortalidade na população pediátrica. A dor pós toracotomia é relacionada com manipulação da parede torácica, nervos intercostais e pleura parietal. Diferentes métodos de analgesia podem ser utilizados. O objetivo deste relato foi descrever um caso de analgesia contínua através de cateter peridural com posicionamento intrapleural, e infusão contínua de anestésico local através de bomba elastomérica, em paciente pediátrico submetido a exérese de tumor de mediastino posterior por toracotomia postero-lateral esquerda. Relato de caso: LFVS de 3 anos, 16 kg, admitido com quadro de pneumonia de repetição. Raio-x e TC de tórax apresentando imagem compatível com grande tumor em mediastino posterior. Avaliação pré-operatória evidenciou atraso de desenvolvimento cognitivo e exames laboratoriais sem alterações. Programado toracotomia posterolateral esquerda. Monitorizado com ECG, oximetria de pulso, pressão arterial não invasiva. Indução inalatória com O2 6l/min, N20 4l/min, sevoflurano 8%, puncionado acesso periférico em MSD. Mantido sevoflurano 2,5%, iniciado remifentanil em infusão alvo controlada a 0,3 mcg/kg/min, atracúrio (0,5 mg/kg). Realizada intubação orotraqueal com tubo nº5 sem balonete, monitorizado pressão arterial invasiva e pressão venosa central. Manteve-se estável hemodinamicamente e ao final do procedimento cirúrgico foi realizado bloqueio intercostal com ropivacaína 0,2% (2mg/kg). Posicionado cateter peridural intrapleural junto ao dreno torácico e iniciada ropivacaína 0,2% 2ml/h em bomba elastomérica. Associado dipirona EV (50mg/kg). Foi extubado e encaminhado à UTI pediátrica estável hemodinamicamente, sem queixas álgicas. O tratamento da dor no pós-operatório manteve-se com dipirona (12,5mg/kg) 6/6h e infusão contínua de ropivacaína 0,2% 2ml/h e, quando solicitado, bolus de 2 ml com até 4 solicitações de PCA por hora.Realizado o primeiro bolus de PCA após 7h de admissão na UTI e posteriormente administrados com intervalos de 12h. No 2º DPO foi retirado dreno e mantido o cateter intrapleural até o 3º DPO. Estável e sem sinais de dor, optouse por retirar o cateter, mantendo analgesia com dipirona. Após 6h de retirada do cateter, teve alta da UTI. Discussão: A dor no paciente pediátrico é subestimada e o subtratamento é comum. O combate à dor pós-peratória em crianças deve visar o conforto e a diminuição da morbi-mortalidade, para melhor e mais rápida recuperação. Temos ao nosso alcance, meios necessários para prover analgesia pós-operatória compatível com a agressão cirúrgica sofrida. A utilização de bloqueio regional com uso de cateter intra-pleural infundindo continuamente anestésico local, manteve de forma satisfatória o controle da dor. A bomba elastomérica é um dispositivo seguro e a infusão de anestésico local , sem associação de opióide proporcionou a segurança do uso do PCA que foi realizado de acordo com a avaliação da dor pelo intensivista. Referência Bibiográfica: Revista Brasileira de Anestesiologia, 2002; 52:6 739-746

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AO 361 ANESTESIA GERAL EM RN DE 4 DIAS SUBMETIDO Á CIRURGIA PARA CORREÇÃO DE ATRESIA DE ESÔFAGO E FÍSTULA TRAQUEESOFÁGICA SUZANA MARIA HAUBRICH; CAMILA LAMI PRADELLA; DANIEL NEGRINI MEDEIROS; TATHIANA DE ARAÚJO SPERLE; BERNARDO FREDERICO PORTUGAL HOSPITAL ALCIDES CARNEIRO, PETROPOLIS, RJ, BRASIL. Resumo: Intodução: A atresia de esôfago é uma anomalia congênita presente em 1 a cada 4000 nascidos vivos. Tal patologia esta frequentemente associada á anomalias vertebrais , anais, cardíacas, renais e mais comumente á fístula traque-esofágica, O conjunto dessas anomalias constitui o que chamamos de síndome VACTERL. A atresia de esôfago com ou sem fístula traqueo-esofpagica apresenta várias particularidades anestésicas, desde cautelosa manipulação das vias aéreas até o posicionamento do paciente na SO. Relato de caso:RN, 8 dias de idade,peso :2020g, sem sinais clínicos de outras patologias associadas, exames laboratoriais sem alterações significativas, radiografia de tórax com distensão gástrica, Foi submetido a toracotomia direita com correção da fístula e anastomose esôfago-gástrica em 11/11/10. A técnica anestesia utilizada foi indução venosa com fentanil + clonidina + atracúrio e inalatória com sevoflurano com ventilação em circuito aberto e sistema Mapleson D, FGF+ 4l/minuto e FiO2= 60% . Realizado IOT com tubo 3,5 sem cuff. A manutenção da anestesia foi combinada com sevoflurano e dose de fentanil e clonidina na metade da cirurgia.Houve importante queda da SpO2 no momento da correção da fístula com necessidade de oxig~enio a 100%. Ao término da cirurgia o RN foi encmainhado á UTI NEONATAL entubado, com PA=68X28mmHg, FC= 120bpm e SpO2= 97%. Discussão:O manejo anestésico em recém natos com atresia de esôfago e fístula traqueo-esofágica deve se iniciar com uma avaliação completa pré-anestésica, incluindo história materna e principalmente pesquisa de demais anomalias congênitas.A manipulação das vias aéreas do paciente é peça chave para uma anestesia, existem anestesiologistas que preferem a entubação acordado, para evitar distensão gástrica, enquanto outros ainda defendem a indução venosa ou inalatória. O tubo deverá ser posicionado entre a fístula e a carina e sua posição checada em vários momentos cirúrgicos. O posicionamento deverá ser DLD com colocação de coxins de proteção. A extubação pode ser realizada no final da cirurgia, embora alguns autores defendem a realização desta entre 24 e 48 horas após a cirurgia. As complicações mais freqüente são: pneumonites , atelectasia e broncoaspiração.

AO 362 ANESTESIA EM PACIENTE COM ATRESIA DE ESÔFAGO COM FÍSTULA TRAQUEO-ESOFÁGICA E SÍNDROME COMPLETA. RELATO DE CASO CLEBER ALVES PEQUENO; HUGO ECKENER DANTAS DE PEREIRA CARDOSO; JOSÉ ADMIRÇO LIMA FILHO; CARLOS KLEBER OLIVEIRA DE SANTANA; RICARDO ALMEIDA DE AZEVEDO HOSPITAL GERAL ROBERTO SANTOS, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: Introdução : Atresia de esôfago com fístula traqueoesofágica com síndrome completa é rara, constituindo um desafio ao anestesiologista no período intra-operatório. O objetivo deste relato de caso é relatar procedimento cirúrgico em paciente com síndrome rara.Relato de caso: Paciente de 15 dias idade , peso 2,7kg, quadro clínico de sialorréia e cianose apresentando deformidades em membros inferiores , defeito em canal anal , alterações vertebrais em radiografia , ecocardiograma com comunicação interatrial e interventricular com repercussão hemodinâmica, hidronefrose bilateral e fístula traqueoesofágica com atresia de esôfago, síndrome VACTERL completa. Foi realizada indução anestésica com cetamina , fentanil e manutenção com sevoflurano. Realizado intubação seletiva com recuo de tubo sob ausculta pulmonar e utilizado tubo traqueal com balonete. Paciente foi monitorizado no intra-operatório com pressão arterial não invasiva, oximetria de pulso, eletrocardioscopia contínua e capnografia. Manteve-se estável durante o procedimento sendo enviado intubado para terapia intensiva.Discussão :O conhecimento de que determinadas patologias que podem apresentar outras comorbidades associadas pode ajudar o anestesiologista a se preparar melhor para o ato anestésico cirúrgico diminuindo os resultados adversos.Referências :Pediatric Anesthesia. 2010; online 17 aug, Middle East Journalof Anesthesiology. 2008; 19(6):1241-54

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AO 363 ANESTESIA PARA TRICOBEZOAR EM CRIANÇA ELIAS VARELA BECHARA; DANIEL LANNA ANTEZANA; VINICIUS CALDEIRA QUINTAO; MARCELO LIMA MACHADO PAUPÉRIO SANTA CASA, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Objetivo: Relatar caso de paciente com tricobezoar gástrico. Tricofagia é o ato de mastigar e engolir cabelos. Tricobezoares são aglomerado de cabelos ingeridos, afetando mais comumente o estômago e o duodeno, podendo causar obstruções, perfurações, ulcerações e sangramentos. Relato de Caso: Paciente A.F.C, sexo feminino, 7 anos de idade, pesando 20 kg, portadora de asma brônquica intermitente, foi admitida na Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, Minas Gerais. Segundo relato da mãe, a criança apresentava quadro de dor abdominal, alopecia e perda do apetite. Após avaliação do pediatra foi encaminhada para cirurgião devido massa palpável no epigástrio. Realizado Us abdominal inconclusivo. Endoscopia mostrou tricobezoar. Foi submetida a laparotomia exploradora. Discussão: A maior discussão era sobre a indução anestésica, já que mesmo com o jejum existia estômago cheio. Discutido com o cirurgião, a chance de regurgitação do tricobezoar era mínima já que era muito grande e organizado. Indução anestésica com fentanil 3 mcg /kg, propofol 3 mg/kg, cisatracurio 0.15 mg/kg e sevoflurano para manutenção da anestesia. Dexametasona 0.15 por kg para profilaxia de náuseas e vômitos. Intubação tranqüila. Foi notada uma úlcera gástrica e fizemos omeprazol. No despertar, fizemos dipirona 50mg/kg, ondansetrona 0,15 por kg e morfina 50 mcg/kg. Anestesia sem intercorrências. Referência Bibliográfica: Jornal Pediatria 2000;76(1):83-6.

AO 364 ANESTESIA EM PACIENTE PORTADOR DE SÍNDROME DE WEST- RELATA DO CASO RAPHAEL SILVA BONELLE; ROGERIO COSTA SOUSA; PRICILLA ALVES MUNDIM; GUSTAVO HENRIQUE DUBBIN; BEATRIZ ALENCAR; EMILY ALMEIDA BORGES HBDF, BRASILIA, DF, BRASIL. Resumo: JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Síndrome de West, descrita em 1841, pelo inglês Willian James West, representada como epilepsia grave específica da infância, caracterizada pela tríade composta por espasmos em salva, retardo neuropsicomotor (DNPM) e hipsarritmia ao eletroencefalograma. O objetivo desse caso é apresentar um relato de paciente portador de Síndrome de West, considerando o impacto dos fármacos anestésicos na atividade elétrica cerebral , as interações entre bloqueadores neuromusculares e antiepileptogênicos, mostrando as possíveis interações entre a técnica anestésica proposta e a doença. MATERIAIS E MÉTODOS: Relato de caso de paciente pediátrico portador de Síndrome de West submetido a gastrofundoplicatura e gastrostomia. RELATO DE CASO:Criança 7 meses de idade, portador de síndrome de West, crises epilépticas de difícil controle desde 1 mês de idade, em uso de hidantal , Fenobarbital, e posterior vigabatrina e prednisona, sem controle das crises há 1 mês, retardo do desenvolvimento neuropsicomotor, com diagnóstico associado de refluxo gastro esofágico grave, indicado cirurgia programada de gastrofundoplicatura e gastrostomia, EEG:hipsarritmia , TC de crânio mostrando agenesia de corpo caloso. Chegou ao centro cirúrgico,hipotônico, letárgico, não respondendo à estímulos, sem acesso venoso, com cateter de O2. Indução venosa com propofol 2mg/kg, alfentanil 20µg/g, Succinilcolina 2mg/ kg e Atropina 0,01mg/kg, em seqüência rápida. Realizado cateterização venosa central, manutenção da anestesia com Sevofurane 2-3% e Cisatracúrio 0,15mg/kg. Cirurgia realizada sem intercorrências e paciente encaminhado acordado para SRPA e posterior alta para o setor de neuropediatria. CONCLUSÃO:A despeito da ação potencialmente epileptogênica de vários fármacos usados em anestesia e das interações entre bloqueadores neuromusculares e fármacos anticonvulsivantes ,neste caso o ato anestésico evoluiu sem intercorrências possíveis: atraso no despertar,crise convulsivas; sugerindo que a escolha dos agentes e da técnica anestésica foi adequada. BIBLIOGRAFIA: 1- Arq Neuropsiquiatr 2005;63(2-B):469-473; 2- Arq Neuropsiquiatr 1993, 51(3): 352-357, 3- Stoelting Anestesia e Doenças Coexistentes 5ª Ed p232-233 Fontes de fomento: nenhuma. Conflito de interesse: nenhum.

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AO 365 ANESTESIA COMBINADA PARA ESPLENECTOMIA EM PACIENTE PORTADOR DE ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA MIRELLA A PERRUCI GATIS; FLAVIO WB MOREIRA HOSPITAL DA BALEIA, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL.

RESUMO: Perruci MA, Moreira FWB - Anestesia combinada em criança portadora de esferocitose hereditária submetida a esplenectomia. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A Esferocitose Hereditária (EH) é uma anemia hemolítica relativamente comum, porém as publicações relacionando anestesia com essa patologia são escassas. Trata-se de uma doença congênita, de herança geralmente autossômica dominante, que resulta de alterações das proteínas da membrana do eritrócito. Caracteriza-se por uma anemia de gravidade variável, esplenomegalia, com icterícia intermitente, presença de esferócitos no esfregaço de sangue periférico e fragilidade osmótica aumentada. O objetivo deste relato é apresentar um caso de paciente portador de EH, submetido à esplenectomia total, sob anestesia geral balanceada associada à bloqueio peridural lombar. RELATO DE CASO: Paciente, masculino, 12 anos, 38 Kg, estado físico ASA III, com esferocitose hereditária diagnosticada desde os 7 anos de idade. Na história patológica pregressa, não apresentava outras comorbidades. Havia o relato de colecistectomia há 5 anos. Foi internado no dia anterior à cirurgia, em que recebeu hemoderivados. Apresentava-se levemente hipocorado, afebril, eupneico, acianótico, com icterícia moderada. Essa criança foi submetida à esplenectomia total, sob anestesia geral balanceada associada à bloqueio peridural com ropivacaína a 1% e clonidina. Administrouse midazolam (0.5 mg.Kg-1) por via oral, no pré-anestésico. Realizadas duas venóclises periféricas em membros superiores (cateteres 20G e 18G) . Foi pré-oxigenado e após bolus de fentanil (75 µg), posicionado em decúbito lateral esquerdo, procedeu-se a anestesia peridural, no espaço de L2-L3, com injeção de 100 mg de ropivacaína a 1%, 75 µg de clonidina e 5 ml de ABD. Em seguida, reposicionado o paciente em decúbito dorsal, foi realizada indução anestésica com 100 mg de propofol, 75 µg de fentanil e 5 mg de cisatracúrio. Após intubação orotraqueal, foi iniciada ventilação mecânica, controlada a volume, em sistema circular com reabsorvedor de CO2. Plano anestésico mantido com isoflurane (0.8-1.0 CAM) e bolus de cisatracúrio. Monitorizado através de cardioscópio, pressão arterial não invasiva, oxímetrio de pulso, estetoscópio precordial, analisador de gases e termômetro . Reposição volêmica administrada com SF 0.9% e SRL, aquecidos, a 10 ml.kg-1.h-1. A criança foi extubada na sala cirúrgica e encaminhada a SRPA em boas condições. O ato anestésico-cirúrgico teve duração de 3 horas. Durante pós-operatório imediato, evoluiu bem, sem dor ou outras queixas. Recebeu alta hospitalar, no segundo DPO, sem intercorrências. CONCLUSÕES A técnica de anestesia combinada mostrou ser uma opção segura em pacientes portadores de esferocitose hereditária, além de promover melhora na qualidade da analgesia per e pós-operatória. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Anestesia Pediátrica, São Paulo, Atheneu, 2008; 208-214 Red blood cell membrane disorders. Br J Haematol. 1999; 104:2-1 Pharmacology for infants and children. Anesth Analg, IARS Review Course Lectures, 2006:37-39

AO 366 CONTAGEM PLAQUETÁRIA EM PACIENTES ONCOLÓGICOS PEDIÁTRICOS SUBMETIDOS À PUNÇÃO LOMBAR E SUAS COMPLICAÇÕES. MIRELLA VILAS FOERSTER; LUCIANA CAVALCANTI LIMA; FRANCISCO PEDROSA; TEREZA CRISTINA FONSECA; GIOVANNA ARAUJO SOUSA; MARIA LÚCIA BARBOSA IMIP, RECIFE, PE, BRASIL. Resumo:

Introdução e objetivo: A punção lombar em pacientes com plaquetopenia está associada a possibilidade de sangramento e hematoma subdural. A incidência deste citada na literatura é estimada em 1:150.000 em punções epidurais e 1:220.000 nas espinais.A contagem plaquetária mínima para a realização de procedimentos espinais com segurança é motivo de discussão. Na ausência de fatores de risco adicionais, um número de plaquetas igual a 80.000/mm3 é seguro para realização de punção epidural e 40.000/mm3 para punção lombar(PL). No entanto, em pacientes com número igual ou inferior a 20-40.000/mm3 a decisão deve ser individualizada baseada no risco/benefício. Crianças com leucemia requerem punções lombares de rotina para avaliação do envolvimento do sistema nervoso central e administração de quimioterapia intratecal (QTI) e frequentemente apresentam-se com plaquetopenia. O objetivo deste estudo foi descrever as características clinicas e epidemiológicas, o número de plaquetas e a ocorrência de hematoma subdural em crianças submetidas à punção lombar no Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira(I MIP). Não hove conflito de interesses, os dados só foram colhidos após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IMIP. Método: Estudo transversal observacional retrospectivo onde foram avaliados os prontuários de crianças submetidas à PL com agulha 22G para QTI no período de janeiro de 2004 a maio de 2010 no IMIP. Resultados: Foram avaliadas 4334 punções lombares em crianças com diagnóstico de leucemia e linfoma, sendo que 80,8% corresponderam à leucemia linfóide aguda. A média de idade foi igual a 7,4 anos (0,1 a – 18,9 a). O número de punções com contagem plaquetária menor ou igual a 50.000 foi igual a 331, entre 50.001 e 100.000 igual a 479 e maior que 100.000 igual 3524. Dentre as punções realizadas com número menor ou igual a 50.000, 86 foram realizadas com contagem menor ou igual a 20.000 e 245 com contagem menor ou igual a 40.000. Não foi notificada a ocorrência de complicações relacionadas a sangramento. Conclusões: A ocorrência de hematoma subdural pós-punção lombar é rara na população geral com risco aumentado em pacientes plaquetopênicos. Apesar do elevado número de punções realizadas em pacientes com plaquetas abaixo de 40.000 neste estudo, não observamos complicações. Esses números não são suficientes para se estabelecer uma contagem segura, mas contribuem para os dados já existentes na literatura. Referência Bibliografica:1-Rev Bras Anestesiol. 2007; 57(2):188-94.

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2-British Journal of Haematololgy. 2010; 148(1):15-25.

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AO 367 RAQUIANESTESIA PARA CIRURGIA DE URGÊNCIA EM RECÉM-NASCIDO EX-PREMATURO. RELATO DE CASO. RENATO MACHADO COELHO FILHO1; MAGDA FERNANDES LOURENÇO1; WIRLEYDE MATTOS LEÃO1; MARCELLE MAFRA DE QUEIROZ2; FABÍOLA CRISTIANE E SILVA1; LUCAS TAVARES REZENDE1 1.CET SANTA CASA BELO HORIZONTE, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL; 2.FIP MOC, MONTES CLAROS, MG, BRASIL. Resumo: Introdução: Entre as indicações da raquianestesia em crianças destacam-se as situações em que se deseja evitar o uso de anestésicos gerais, como nos recém-nascidos ex-prematuros, com menos de 60 semanas pós-conceptual. Embora controverso, o uso de bloqueios do neuroeixo parece reduzir complicações respiratórias associadas à apnéia neonatal no pós-operatório. O objetivo do presente relato é discutir as vantagens e limitações da raquianestesia neste grupo de pacientes. Relato do caso: Recém-nascido (RN) de 36 dias de vida, 3,2 kg, prematuro com 40 semanas de idade pós-conceptual, candidato a herniorrafia inguinal em caráter de urgência, devido encarceramento da hérnia. Após punção de acesso venoso e monitorização básica, o paciente foi posicionado em decúbito lateral para realização do bloqueio. Em seguida realizou-se infiltração tópica de lidocaína 1% e punção subaracnóidea a nível de L5-S1 com injeção de bupivacaína (1,8 mg). O paciente foi imediatamente retornando ao decúbito dorsal, para inicio do procedimento cirúrgico. Nenhuma repercussão hemodinâmica foi observada. O ato cirúrgico durou cerca de 40 minutos e ao final do mesmo o RN já movimentava as pernas. O paciente foi encaminhado ao centro de tratamento intensivo, onde permaneceu por 18 horas, evoluindo sem intercorrências. Discussão: Devido à menor dominância do sistema nervoso simpático, veias periféricas relativamente vasodilatadas e menor porcentagem de volume de sangue proveniente dos membros inferiores e sistema esplâncnico, o bloqueio central produz poucas alterações fisiológicas em crianças. Entretanto, um dos maiores fatores limitantes da raquianestesia nos RN é a curta duração do bloqueio. Embora sejam necessárias maiores doses de anestésicos locais em relação ao peso, a duração do bloqueio se limita a cerca de 60 minutos. Finalmente é importante destacar que, conquanto represente uma alternativa à anestesia geral em RN ex-prematuros, o uso de raquianestesia nestes pacientes não dispensa monitorização pós-operatória, pois parece não haver evidências de que esta técnica seja realmente superior à anestesia geral em termos de apnéia, bradicardia ou queda da saturação de oxigênio no pós-operatório. Referência: Ross AK - Pediatric Regional Anesthesia. In: Motoyama EK, Davis PJ - Smith`s Anesthesia for infants and children, 7a Ed, Philadelphia, Mosby Elsevier 2006; 459-506.

AO 368 CORREÇÃO DE FÍSTULA TRAQUEO-ESOFÁGICA COMPLICADA COM EXTUBAÇÃO ACIDENTAL NO PÓS-OPERATÓRIO. RELATO DE CASO. MARINA FLAKSMAN CURI RONDINELLI; TATIANA GARCIA; DANIEL QUEIROZ; MARIALICE VIEIRA CARDOSO; MARCO POLO BAPTISTA; FABIANO GOUVEIA HOSPITAL FEDERAL DOS SERVIDORES DO ESTADO, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: A atresia de esôfago é uma afecção congênita que se caracteriza pela ausência de um segmento do esôfago, e a parte proximal terminando em fundo cego, associado ou não à fistula traqueo-esofágica . Seu diagnóstico pode ser feito ainda no pré-natal, porém é mais comum logo após o nascimento. Apesar dos avanços cirúrgicos e da redução da mortalidade, esta patologia ainda gera um importante desafio ao anestesiologista, principalmente no que se refere à monitorização e ao manejo da via aérea em recém-natos. O objetivo deste relato de caso é discutir os principais desafios do anestesiologista quanto a técnica anestésica, as possíveis alterações fisiológicas que acompanham a patologia e a conduta no pós-operatório, enfatizando o momento ideal para extubação. Relato de caso: Recém-nascida de 6 dias, oriunda de uma gestação sem acompanhamento pré-natal, com o diagnóstico de atresia de esôfago com fistula traqueo-esofágica, sem diagnóstico, até então, de outras comorbidades. Foi submetida a cirurgia para correção desta má-formação, evoluindo no pós-operatório imediato com extubação acidental no centro de tratamento intensivo. Optou-se por mantê-la extubada, porém, a paciente evoluiu com taquipnéia e dessaturação importante, sendo diagnosticado pneumonia e, através de uma ecocardiografia, também diagnosticou-se uma comunicação interatrial com forame oval patente acompanhado de hipertensão pulmonar. Uma radiografia contrastada demonstrou falha na correção completa da fistula traqueo-esofágica. Foi iniciado tratamento com oxido nítrico inalatório e indicada nova cirurgia 10 dias depois. Neste evento, a paciente apresentou-se na sala de cirurgia fazendo uso de dobutamina e óxido nítrico inalatório, porém, mantendo dessaturação periférica. A despeito do manejo cuidadoso, a paciente evoluiu para óbito no segundo dia de pós-operatório. Conclusões: A atresia de esôfago associada a uma fístula traqueo-esofágica é uma afecção congênita de difícil manuseio, especialmente quando complicada por outras má-formações, como no caso descrito. O momento da extubação é controverso, e advoga-se que a manutenção da paciente intubada pode proteger a anastomose. A paciente acima pode ter piorado seu quadro clínico devido a extubação precoce. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS: Miller RD: Miller’s Anesthesia, 7th edition. New York, Churchill Livingston, 2009 ; Stoelting´s Anesthesia and Coexisting Diseases 5th edition Saunders 2008; Paediatr Anaesth, 2008; 18(6):562-3.

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AO 369 BLOQUEIO ATRIOVENTRICULAR DE SEGUNDO GRAU MOBITZ TIPO II DURANTE LAPAROTOMIA EXPLORADORA JOSE OSMAR BEZERRA DE SOUSA FILHO; JAIR DE CASTRO JUNIOR; CRISTIANO FERREIRA BATISTA FACULDADE DE MEDICINA DE MARILIA, MARILIA, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: relatar um caso de bloqueio AV de segundo grau Mobitz tipo II, durante anestesia e cirurgia de urgência, discutindo as possíveis causas deste bloqueio. Materiais e métodos: trata-se de um estudo descritivo, exploratório, do tipo relato de caso. Relato do caso: M.J.S., 62 anos, sexo masculino, 75 kg, submetido à laparotomia exploradora. Antecedentes pessoais: insuficiência cardíaca, hipertensão arterial e diabetes melito. Em uso de captopril, digoxina, caverdilol, hidroclorotiazida e metformina. Monitorização perioperatória: pressão arterial automática não-invasiva, cardioscópio (DII e V5), capnografia e oximetria de pulso. Indução da anestesia: etomidato 0,3mg/kg, fentanil 7µg/kg e rocurônio 0,9mg/kg. Após 40 min do início da cirurgia, o paciente apresentou quadro de TSV, sendo iniciado amiodarona em infusão contínua. Posteriormente, desenvolveu quadro de BAV Mobitz tipo II (3:1) com frequencia cardíaca de 28 bpm. O tratamento consistiu de implante de marca-passo provisório com frequencia programada para 60 bpm. Discussão e conclusões: as bradiarritmias podem causar dispnéia, palpitações e precipitar angina e insuficiência cardíaca congestiva. O bloqueio atrioventricular de segundo grau (BAV) é subdividido em Mobitz I (fenômeno de Wenckebach) e Mobitz II. Diversas são as causas das bradiarritmias, dentre as quais podemos destacar: ação medicamentosa e alteração na influência do NSA. O bloqueio AV tipo I é relativamente benigno e raramente progride para bloqueio AV de terceiro grau ou completo. O bloqueio Mobitz tipo II reflete doença abaixo do nódulo AV, em algum lugar no feixe de His. O bloqueio AV Mobitz II, embora menos comum do que o tipo I, é muito mais grave e capaz de progredir subitamente para bloqueio AV completo. Nesta situação, marca-passo provisório é mandatório, mesmo na ausência de sintomas, procurando manter a FC em 60 bpm. Implante definitivo é indicado quando a etiologia da bradiarritmia é irreversível. A atropina intravenosa é uma opção, enquanto se prepara o implante, mas há risco de agravar o bloqueio AV de segundo grau quando este for de localização intra ou infra-hissiana. Dopamina e a adrenalina podem ser úteis se houver hipotensão arterial severa associada. Várias são as causas de arritmias no intraoperatório, e devemos estar capacitados para o diagnóstico e tratamento destas situações de urgência. Bibliografias: Tratado de Cardiologia, SOCESP, 2009; 1639-1665. Revista Brasileira de Anestesiologia, 1999; 72: 709-712.

AO 370 UTILIZAÇÃO DO MONITOR PICCO2 PARA AVALIAÇAÕ DA FUNÇÃO HEPÁTICA PERI-OPERATÓRIA EM HEPATECTOMIAS DIOGO PINTO VIANA; CHRISTIANO PEÇANHA VIANA; SIMONE SOARES LEITE; FELIPE AMORIM PÊGO; RODRIGO PEREIRA DIAZ ANDRÉ; GLAUBER GOUVEA UFRJ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: Em cirurgias de ressecção hepática, o tamanho da ressecção está diretamente relacionado ao risco de insuficiência hepática no pósoperatório. Com o uso do monitor PICCO2® (Pulsion), podemos quantificar a função hepática antes e após hepatectomia através do uso do corante de verde de indocianina, com o intuito de se prever o risco de insuficiência hepática. Além disso, outros parâmetros do monitor PICCO2 nos auxiliam em estabelecer terapia guiada por metas objetivando uma evolução ótima no pós-operatório. RELATO DE CASO: Paciente masc, 70 anos,70 kg, 172 cm, ASA P2, HAS e DM em uso de metformina, glimepirida, losartana e amlodipina. Etilista e tabagista de 25 maços/ano, nega alergias e outras comordidades. Capacidade funcional > 4 METS. Sem preditor de VAD. Exames físico e laboratoriais normais. Portador de CHC estágio IV A, com múltiplos nódulos em lobo direito, cirrose alcoólica Child A7. Cirurgia proposta: hepatectomia direita, sem exclusão vascular.Pré medicação: midazolam 7,5mg VO 2h antes da cirurgia. Na SO: ECG 3 derivações, PANI e SpO2. Após venóclise em MSE EC 16G, realizada infusão de verde de indocianina 0,5mg/Kg com monitorização da taxa de desaparecimento plasmático pelo módulo Limon do PICCO2®, obtendo resultado de 24,2%.min-1 (normal >18%.min-1). Autorizada então a hepatectomia direita. Indução venosa com remifentanil 0,3mcg/kg/min, propofol 0,7mg/Kg, lidocaína 1mg/Kg e atracúrio 0,5mg/Kg, IOT com TOT N°8,5. Anestesia geral mantida com sevoflurano e remifentanil. Procedida a punção de VJID e artéria femoral direita, pela técnica de seldinger, com instalação do módulo Cevox do PICCO®. Através de análise do IC, SVO2, ELWI, GDI e variação do volume sistólico, realizamos terapia guiada por metas, visando manutenção da estabilidade hemodinâmica. Monitorização da coagulação com Rotem. Cirurgia sem intercorrências, adiministrado 6mg de morfina SC 1 hora do fim. Após 420min, paciente extubado em sala, sem uso de aminas, com total de volume infundido de 750 ml de cristalóides e 1000ml de colóides, encaminhado ao CTI. Com auxilio do escore de SOFA, determinamos a evolução no pós operatório, apresentando na admissão SOFA 2, no 1°dia no CTI SOFA 3 e o na alta do CTI, SOFA 3, sem alterações laboratoriais de distúrbios de coagulação. DISCUSSÃO: Com auxilio do PICCO2®, podemos reduzir a ocorrência de insuficiência hepática no pós operatório, limitando quando necessário o tamanho da ressecção hepática. Além disso, baseado em um protocolo de terapia guiada por metas com o mesmo monitor, podemos interferir de forma mais direta na estabilidade hemodinâmica no intra-operatório e talvez com essas medidas diminuir o tempo de internação no CTI.

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AO 371 ANESTESIA PARA RESSECÇÃO DE FEOCROMOCITOMA SEM USO DE OPIÓIDES.RELATO DE CASO. BRUNO PEER SOUZA; ANA CRISTINA PINHO MENDES PEREIRA; PAULO LAVINAS; MARIANA GONÇALVES MUSAUER INCA, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo:

INTRODUÇÃO: Os feocromocitomas são responsáveis por menos de 0,1% dos casos de hipertensão arterial, mas representam grande desafio para o anestesiologista no perioperatório. A introdução dos bloqueadores-adrenérgicos reduziu significativamente a mortalidade (de 40- 60%, para atuais 0 – 6%). Nesse contexto, fármacos como a dexemedetomidina, o sulfato de magnésio e a lidocaína podem ser empregados tanto para minimizar a liberação de catecolaminas, como para reduzir o consumo de opióides no ato anestésico, favorecendo a preservação da função imune (crucial na cirurgia oncológica), menor incidência de íleo e a alta hospitalar mais precoce. RELATO DO CASO: EGC, 24 anos, feminino, obesa, hipertensão arterial sistêmica (HAS) há 5 anos, evoluindo com insuficiência cardíaca há 1 ano. Na investigação,TC do abdome com massa em adrenal direita (7,8 x 6,9 x 6,8 mm )e dosagem de catecolaminas urinárias confirmaram a hipótese de feocromocitoma. Em uso regular de espironolactona, captopril, carvedilol, digoxina e furosemida, sendo iniciado prazosin 3 semanas antes da data da cirurgia (adrenalectomia direita aberta). A internação ocorreu 3 dias antes da cirurgia, sendo administrada pré-medicação com midazolam VO. A anestesia realizada foi geral balanceada (propofol, sevoflurano, lidocaína e rocurônio) combinada com peridural contínua em T11-12 (lidocaína 2%). A monitorização consistiu em cardioscópio, oximetria de pulso, pressão arterial não invasiva e invasiva, além da monitorização não invasiva do débito cardíaco pela curva da pressão arterial (Vigileo®). Realizado acesso venoso central pela técnica de Seldinger (subclávia direita). Durante a degermação da pele pelo cirurgião, apresentou pico hipertensivo e taquicardia, o que se repetiu em vários momentos, prontamente controlados com bolus de fentolamina e esmolol venosos. A infusão de dexemedetomidina e sulfato de magnésio foi iniciada após entrada na sala. Os momentos de hipotensão após ligadura da veia adrenal foram controlados com reposição volêmica guiada pelo Vigileo®) e infusão contínua de adrenalina (1-5 mcg/min). Foi extubada e encaminhada à recuperação pós-anestésica hemodinamicamente estável e sem queixas álgicas. No dia seguinte, recebeu alta para a enfermaria mantendo infusão peridural de ropivacaína 0,2%(contínua + PCA) com adequado controle da dor, e alta hospitalar no terceiro dia do pós-operatório. Em nenhum momento foram administrados opióides por via venosa ou peridural. DISCUSSÃO: O preparo adequado da paciente antes da cirurgia, incluindo a avaliação no ambulatório de anestesiologia um mês antes, foi crucial para o sucesso do caso. O emprego da dexemedetomidina, do sulfato de magnésio e da lidocaína contribuiu para a redução dos níveis de catecolaminas, facilitando o manejo hemodinâmico e dispensando o uso de opióides.BIBLIOGRAFIA: Journal of Clinical Anesthesia ( 2010) 22, 126-129 , Anesthesiology 2011, 114(4): 971-93, Current Opinion in Anesthesiology 2011, 24: 370-4

AO 372 COMPARAÇÃO DOS EFEITOS DA ANESTESIA COM XENON OU DESFLURANO NA FUNÇÃO HEPÁTICA EM DOENTES SUBMETIDOS A CIRÚRGIA HEPÁTICA POR METÀSTASES VALENTINA COSTA DE ALMEIDA; MARIA INÊS SIMÕES; MARIA EMÍLIA MARTIRES; JOÃO BONIFÁCIO; JOSÉ MARTINS NUNES HOSPITAIS UNIVERSIDADE COIMBRA, COIMBRA, PORTUGAL. Resumo: Introdução: Os anestésicos voláteis usados com critério em anestesia geral para cirurgia de ressecção hepática raramente provocam efeitos adversos, apesar do seu metabolismo se efectuar a nível hepático. A possibilidade de utilizar um novo anestésico, o Xénon, cuja eliminação se efectua através dos pulmões sem ser metabolização, levou-nos a comparar os efeitos da anestesia geral com Xénon e Desflurano na função hepática destes doentes. Método:Foram recrutados e randomizados neste estudo prospectivo 22 doentes adultos, estado físico ASA I-III, segundo a American Society of Anesthesiologist, submetidos a resseção hepática electiva sob anestesia geral, divididos em dois grupos segundo a utilização do anestésico volátil para a manutenção da anestesia geral com xénon - grupo A- e com desflurano - grupo B. A avaliação analítica da função hepática foi efectuada em amostra de sangue venoso no pré operatório e às 4 e 24 horas no pós operatória. Determinaram-se em ambos os grupos os níveis de AST e ALT e o seu ratio. O software usado para a avaliação estatística foi o SPSSv17.0, tendo sido utilizado o teste de Wilcoxon para determinar se as diferenças entre as médias dos valores das enzimas hepáticas, em cada um dos grupos, era significativa. Resultados:Não houve diferenças estatisticamente significativas nas avaliações das enzimas hepáticas. As diferenças ALT entre o grupo Xénon e Desflurano no segundo dia a seguir á cirurgia cirurgia não teve significado estatístico p=0,594. Discussão:Vários factores poderão ter contribuído para a ausência de diferenças significativas estatísticas entre as enzimas hepáticos nos dois grupos factores. O facto mais importante reside no facto que os doentes estavam a ser submetidos a cirurgia hepática e todos terem tido grandes diferenças entre ALT eAST antes e depois da cirurgia nos dois grupos. Se algum anestésico afectou ligeiramente a função hepática esta alteração foi absorvida pela lesão hepática cirúrgica. Para ultrapassar este facto precisaríamos de ter um grupo de controlo ou então efectuar esta comparação de anestésicos em anestesia num grupo não submetido a cirurgia hepática. Outra explicação seria o número de amostra muito reduzido para encontrar resultados significativos. Conclusão:No nosso estudo nós não encontramos diferenças na lesão hepática na Anestesia com Xénon ou com Desflurano. Mais estudos serão necessários para confirmar este achado considerando que a amostra é pequena. Anestesia em cirurgia não hepática seria talvez uma forma alternativa para clarificar neste contexto a lesão hepática devido a anestésicos para não existir interferência com as variáveis do estudo. Bibliografia: Xénon Anaethesia in clinical practice: Anesthesiology, 97,112-32,202.

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AO 373 HIPOXEMIA APÓS INDUÇÃO ANESTÉSICA EM PACIENTE COM NEOPLASIA ENDÓCRINA MÚLTIPLA TIPO 1 (NEM-1) EM CIRURGIA PARA RESSECÇÃO DE TUMOR NEUROENDÓCRINO MARIANA GONÇALVES MUSAUER; PAULO FERNANDO DE MELLO CREMER; ANA CLAUDIA GERALDINO DE CARVALHO; VANESSA SALÓES RODRIGUES; ANA CRISTINA PINHO MENDES PEREIRA; PAULO LAVINAS INSTITUTO NACIONAL DE CANCER, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: A HIPOXEMIA INTRA-OPERATÓRIA DURANTE ANESTESIA GERAL E VENTILAÇÃO MECÂNICA PODE TER DIVERSAS CAUSAS, POR VEZES SENDO DIFÍCIL O DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL. O PRESENTE RELATO DEMONSTRA A DIFICULDADE DO MANEJO ADEQUADO EM UM CASO DE TROMOBOEMBOLIA PULMONAR (TEP) SEM SUSPEIÇÃO CLÍNICA. RELATO DE CASO: PACIENTE MASCULINO, 27 ANOS, COM DIAGNÓSTICO DE NEM-1, COM CIRURGIA AGENDADA PARA RESSECÇÃO DE TUMOR NEUROENDÓCRINO EM TOPOGRAFIA DE PÂNCREAS (GASTRODUODENOPANCREATECTOMIA) E POSTERIORMENTE CIRURGIA DE PARATIREOIDECTOMIA PARA REMOÇÃO DE ADENOMA DE PARATIREÓIDE. OS EXAMES PRÉ-OPERATÓRIOS EVIDENCIAVAM HIPERCALCEMIA E HIPOFOSFATEMIA, DEMAIS EXAMES DENTRO DA NORMALIDADE. O PACIENTE ERA ASSINTOMÁTICO DO PONTO DE VISTA CARDIORESPIRATÓRIO, APRESENTAVA BOA CAPACIDADE FUNCIONAL. HAVIA DIAGNÓSTICO PRÉVIO DE NEFROLITÍASE DE REPETIÇÃO SECUNDÁRIA À DISFUNÇÃO PARATIREOIDIANA, PORÉM A FUNÇÃO RENAL ERA NORMAL. APRESENTAVA VOLUMOSO TUMOR NEURO ENDÓCRINO EM TOPOGRAFIA DE CABEÇA PANCREÁTICA, SEM EVIDÊNCIAS DE ATIVIDADE SECRETORA. APÓS INDUÇÃO ANESTÉSICA O PACIENTE APRESENTOU HIPOXEMIA A DESPEITO DA OFERTA DE OXIGÊNIO A 100% , QUEDA NA RELAÇÃO ENTRE PRESSÃO DE OXIGÊNIO (O2) ARTERIAL E FRAÇÃO INSPIRADA DE O2 (P/ F=98) E ACIDOSE METABÓLICA LEVE, SENDO DESCARTADAS AS POSSIBILIDADES DE MAU POSICIONAMENTO DO TUBO OROTRAQUEAL, PNEUMOTÓRAX (PÓS-PUNÇÃO DE VEIA PROFUNDA), BRONCOESPASMO OU EDEMA PULMONAR. RADIOGRAFIA DE TÓRAX INTRAOPERATÓRIA EVIDENCIOU DISCRETO INFILTRADO PULMONAR DIFUSO BILATERAL. O PROCEDIMENTO FOI SUSPENSO E O PACIENTE FOI EXTUBADO COM SUCESSO. A CIRURGIA PROPOSTA OCORREU APÓS 1 MÊS, SEM ELUCIDAÇÃO DIAGNÓSTICA. NÃO HOUVE INTERCORRÊNCIAS. A INVESTIGAÇÃO SUBSEQUENTE EVIDENCIOU EMBOLIA PULMONAR EM RAMO DE ARTÉRIA PULMONAR DO LOBO INFERIOR ESQUERDO PELA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE TÓRAX. NÃO HOUVE TERAPÊUTICA ESPECÍFICA PARA O CASO. APÓS 4 MESES FOI SUBMETIDO À PARATIREOIDECTOMIA SEM INTERCORRÊNCIAS. DISCUSSÃO: A SUSPEITA CLÍNICA DE EMBOLIA PULMONAR INTRAOPERATÓRIA PODE SE TORNAR UM GRANDE DESAFIO POIS OS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS SÃO VASTOS E OS SINAIS CLÍNICOS SÃO INESPECÍFICOS, ESPECIALMENTE SOB ANESTESIA GERAL E VENTILAÇÃO MECÂNICA, SENDO ESTE UM DIAGNÓSTICO DE EXCLUSÃO. OS FATORES DE RISCO PRÉ-OPERATÓRIOS DEVEM SER CONSIDERADOS, ENTRE ELES A PRESENÇA DE NEOPLASIA MALIGNA. O MÉDICO ANESTESIOLOGISTA DEVE ESTAR ATENTO A ESSA POSSIBILIDADE PARA INSTITUIR MEDIDAS TERAPÊUTICAS ADEQUADAS E DIMINUIR MORBI-MORTALIDADE DESSE EVENTO POTENCIALMENTE GRAVE. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: J Clin Anesth. 2011 Mar;23(2):15365; Curr Opin Anaesthesiol. 2005 Jun;18(3):345-52.

AO 374 ANESTESIA PARA RESSECÇÃO DE INSULINOMA EDUARDO LOPES MACHADO1; GIOVANA BRONZATTI2; FLORENTINO FERNANDES MENDES1; LUIS JOSINO BRASIL1; VASCO MIRANDA JUNIOR1; FERNANDO RUDEM BRASIL1 1.CET DA UFCSPA, PORTO ALEGRE, RS, BRASIL; 2.COMPLEXO SANTA CASA DE PORTO ALEGRE, PORTO ALEGRE, RS, BRASIL. Resumo:

O insulinoma é o tumor neuroendócrino funcionante mais comum do pâncreas, secretor de insulina mesmo em vigência de hipoglicemia (50 mg/dl)1. Com incidência de 1:4 milhões/ano, são benignos em 90% dos casos e associados à neoplasia endócrina múltipla tipo 1 em 5-10%2. Virtualmente todos os insulinomas são encontrados no pâncreas e possuem como tratamento definitivo a ressecção cirúrgica. Manifestam-se por sintomas de hipoglicemia (liberação de catecolaminas), instabilidade emocional, sonolência e confusão mental. O diagnóstico é através da mensuração de níveis inadequadamente elevados de insulina (>5mcU/ml) em vigência de hipoglicemia sintomática1,2. Relato do Caso - Paciente do sexo masculino, 25 anos, 77 kg, com episódios de hipoglicemia sintomática há um ano. Após investigação clínica diagnosticou-se insulinoma em corpo do pâncreas e foi indicada ressecção cirúrgica do tumor. Apresentava boa capacidade funcional (6 MET), negava comorbidades ou cirurgias prévias. Exames complementares: insulinemia 14 mcU/ml, glicemia 38 mg/dl e peptídio-C elevado. No pré-operatório recebeu glicose endovenosa para prevenir hipoglicemia. A monitorização consistiu de cardioscopia, capnografia, análise de gases, oxímetro de pulso, pressão arterial invasiva, temperatura nasal, pressão venosa central e controle da glicemia capilar. A técnica anestésica utilizada foi geral + peridural torácica (T9-T10) através de cateter. Indução anestésica: midazolam 2mg, fentanil 500mcg, propofol 160mg, S(+)-cetamina30 mg, rocurônio 50mg e dexametasona 10 mg. Após indução foi administrado pelo cateter peridural solução de ropivacaína 2mg/ml e fentanil 2,5mcg/ml, bolus de 10 ml e infusão contínua de 8 ml/hora, a manutenção foi com isoflurano 0,8 CAM. A glicemia foi mantida com administração de glicose 5% entre 64-83 mg/dl até a retirada do tumor. No transoperatório recebeu doses adicionais de fentanil 300mcg e rocurônio 40mg, além de ondansetrona 8mg, dipirona 2g e cetorolaco 30mg. Realizada pancreatectomia distal com pesquisa ecográfica intra-operatória de lesões associadas, o procedimento durou 6 horas e não houve intercorrências. Ao final foi administrado neostigmine 2mg e atropina 0,5mg para reversão do bloqueio muscular, extubado e encaminhado à sala de recuperação (SR) acordado, sem dor e normotérmico. No pós-operatório imediato recebeu infusão contínua peridural da solução de anestésico local e fentanil até alta da SR, período em que os níveis glicêmicos se mantiveram entre 83-210 mg/dl, necessitando de insulina regular subcutânea. Recebeu alta hospitalar após dez dias apresentando-se normoglicêmico sem insulinoterapia. Conclusão - Foi fundamental para o bom desfecho do caso o controle estreito da glicemia, a monitorização invasiva, a analgesia peridural eficiente e a manutenção da normotermia. Referências. 1. Sabiston -Tratado de Cirurgia, 17ª edição, pg. 1007-1010. 2. Surg Clin N Am, 89 (2009); 1105-1121.

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AO 375 CONDUTA ANESTÉSICA EM PACIENTE SUBMETIDO À QUIMIOTERAPIA INTRAPERITONEAL JOAQUIM BELCHIOR SILVA; ESTEFANIA FURTADO ROCHA; WANDERSON ARAUJO DE CARVALHO; LEONARDO SOUZA PEREIRA INSTITUTO MARIO PENNA, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Paciente do sexo masculino, 52 anos, ASA II (tabagismo), portador de adenocarcinoma de cólon, submetido à hemicolectomia direita e quimioterapia adjuvante há 18 meses. Evoluiu com recidiva da doença em peritôneo evidenciada pela propedêutica (TC/ PET SCAN). Indicado realização de peritonectomia com QIAHT. Optou-se pela anestesia geral, com monitorização invasiva. Venóclise periférica jelco 14. Indução anestésica com remifentanil 0,3 mcg/kg/min., propofol 2mg/kg e rocurônio 0,6mg/kg. TOT 8,0mm sem intercorrências. Manutenção com remifentanil a 0,15mcg/kg/min., sevoflurano 1,0 CAM. Puncionado acesso venoso central duplo lúmen 16/18, PIA, sendo monitorizados PVC, PIA, SpO2, FeCo2, temperatura, ECG , diurese, gasometria arterial, íons e eritrograma. Este procedimento pode cursar com perdas importantes para o terceiro espaço, acidose e desequilíbrios hidroeletrolíticos. Mantido hidratação vigorosa, com reposição de perdas sensíveis e insensíveis. Após 6 horas de cirurgia o paciente foi extubado em boas condições clínicas e admitido na UTI. Recebeu alta no 3º DPO.

AO 376 EMBOLIA GORDUROSA FATAL EM LIPOASPIRAÇÃO: UMA COMPLICAÇÃO A SER OBSERVADA-RELATO DE CASOS. JOSÉ ROBERTO DE REZENDE COSTA1; DANIELA SAVI2; LUIZ EDUARDO TOLEDO AVELAR2; BRÁULIO FORTES MESQUITA1; ADRIANO BECHARA DE SOUZA HOBAIKA1; ARTUR PALHARES NETO1 1.HOSPITAL MATER DEI, BH, MG, BRASIL; 2.IML, BH, MG, BRASIL. Resumo: Fonte de fomento, conflitos de interesses, Avaliação pelo Comitê de ética-pesquisa: não se aplicam. Justificativa e Objetivos: A cirurgia plástica estética responde atualmente por grande fração da assistência anestesiológica. Dentre as cirurgias cosméticas, uma das que mais é requerida é a lipoaspiração. A relevância epidemiológica da obesidade, e suas decorrências tem contribuído significativamente para esta demanda em ascendência. Materiais e métodos: Dois casos de pacientes do sexo feminino que evoluíram para óbito no transoperatório de lipoaspiração estética, não tendo sido esclarecida a priori a causa mortis, com subseqüente envio dos corpos para necropsia médico legal, e suspeita de mau resultado da atividade profissional médica. Das informações obtidas, constava que no curso das operações referidas, com monitoração anestesiológica regular (ambos casos sob anestesia em neuro eixo, uma com peridural e outra com raquianestesia), as pacientes evoluíram subitamente com alterações da oximetria de pulso (queda dos seus valores), bem como, queda de pressão arterial e da freqüência cardíaca; todos seguidos de assistolia. Quadro este que não se reverteu com uso das manobras convencionais de ressustitação cárdio pulmomar. À necropsia, no exame macroscópico das grandes cavidades, nenhuma alteração compatível com complicações hemorrágicas, pérfuro incisas e/ou pérfuro contusas de órgãos e/ou vísceras foram observadas. Entretanto, em ambos os casos, já à macroscopia no exame de corte e superfície de órgãos, constataram-se nos pulmões, especialmente em leito vascular arterial pulmonar, flagrante e abundante material gorduroso lipídico, claramente perceptível a olho nu. Demais órgãos e/ou vísceras sem alterações de relevância médico legal. À microscopia foi amplamente constatada pela coloração por hematoxilina e eosina a presença do aludido tecido adiposo em leitos arteriais pulmonares. Discussão e Conclusões: A ocorrência de complicações, como as embolias gordurosas, em cirurgias plásticas estéticas do tipo da lipoaspiração, é eventualidade que pode se tornar comum e tende a aumentar com a maior procura por estas operações. Todos os cuidados devem ser tomados no sentido de se evitarem quaissquer complicações, como não ultrapassar os limites estabelecidos de segurança do material aspirado e da extensão cirúrgica criteriosa, bem como no emprego de fármacos adequados, na monitoração correta requerida e na assistência anestesiológica por profissionais experientes. Ressalta-se nestes casos que somente com a realização de perícia necroscópica médico legal pôde-se confirmar o diagnóstico real da causa mortis como embolia gordurosa maciça, além de se obter o estabelecimento do nexo causal mórbido, seja para fins jurídicos eventuais de quaisquer naturezas, seja para outros fins. Referências bilbliográficas: 1- Anesthesiology 1998; 89:782-4; 2- Aesth Plast Surg (2008) 32:731–736; 3- J Forensic Sci 2002;47(1):205–207.

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AO 377 AVALIAÇÃO DA MANOBRA DE RECRUTAMENTO ALVEOLAR EM PACIENTES SUBMETIDOS A MASTOPLASTIA REDUTORA CLEBER ALVES PEQUENO; JOSÉ ADMIRÇO LIMA FILHO; HUGO ECKENER DANTAS DE PEREIRA CARDOSO; RICARDO ALMEIDA DE AZEVEDO; CARLOS KLEBER OLIVEIRA DE SANTANA; WILSON LINCOLN MURICY FILHO HOSPITAL GERAL ROBERTO SANTOS, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: Avaliar prospectivamente a função e mecânica pulmonares de pacientes submetidas a mastoplastia redutora associada a manobra de recrutamento alveolar durante o período intra e pós-operatório . Método: Vinte e cinco pacientes femininas portadoras de gigantomastia e sem antecedentes médicos realizaram mastoplastia redutoral. Submetidas ao teste de função pulmonar e medidas de gases sanguíneos arteriais e complacência pulmonar nos períodos intra-operatório e pós-operatório.Para a execução da Manobra de Recrutamento Alveolar (MRA ) o modo ventilatório foi modificado para ventilação com pressão controlada (PCV) com os seguintes parâmetros ventilatórios: pressão total de 20 cmH2O, FR de 18 ipm, tempo inspiratório de 1,5 segundos e PEEP de 5 cmH2O. A diferença entre a pressão total e a PEEP (delta de pressão) foi mantida fixa em 15 cmH2O e a cada cinco incursões a PEEP foi aumentada em 5 cmH2O até alcançar uma PEEP de 25 cmH2O e uma pressão total de 40 cmH2O. Ao atingir este ápice, os parâmetros foram mantidos por mais um minuto e após isso a PEEP foi reduzida em 5 cmH2O a cada cinco incursões até atingir o basal de 5cmH2O. Os dados obtidos foram analisados através do teste de Wilcoxon e o nível de significância estatística foi p< 0,05. Resultados: As complacências pulmonares medidas no intra-operatório não foram diferentes no início e no final, porém aumentaram após recrutamento alveolar(p<0,05). Discussão e conclusão: O aumento da capacidade pulmonar total e volume residual podem sugerir uma melhor função pulmonar após mastoplastia redutora em gigantomastia, apesar de não alterarem os gases arteriais de pacientes saudáveis. A manobra de recrutamento melhorou a complacência no intra-operatório, sugerindo a presença de atelectasia em pacientes com hipertrofia mamária submetidas a anestesia geral.Referencias Anesthesiology 2000; 92(5): 1467–72,J Bras Pneumol. 2007;33(Supl 2):S 54-S 70,Anesth Analg 2006;102: 298–305

AO 378 ENFISEMA SUBCUTÂNEO DURANTE PNEUMOPERITÔNIO CARLOS EDUARDO DAVID DE ALMEIDA; MARCOS CÉLIO BROCCO; LUCAS VENTORIM DE TASSIS; ROBERTA ELENI MONTEIRO ABATTI; ERICK FREITAS CURI; EDVALDO CASOTI JUNIOR UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, VITÓRIA, ES, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: A insuflação da cavidade peritoneal com dióxido de carbono (CO2), em procedimentos videolaparoscópicos, pode provocar enfisema subcutâneo. O reconhecimento clínico desta intercorrência torna-se importante nos diagnósticos diferenciais. Relato de caso: Paciente feminina, 53 anos, 61 kg, ASA II (hipertensão), submetida à cirurgia de colecistectomia por videolaparoscopia. Na sala de operação foi monitorada conforme as normas estabelecidas na Resolução 1802/2006 (CFM). Realizou-se indução anestésica endovenosa com sufentanil (30µg), propofol (100mg) e atracúrio (30mg). Intubação orotraqueal realizada sem intercorrências e confirmada por ausculta bilateral do tórax e curva de capnografia. Dez minutos após a realização insuflação da cavidade peritoneal houve aumento progressivo do gás carbônico expirado (ETCO2) atingindo valores de 48 mmHg. Realizou-se a revisão dos parâmetros respiratórios, ausculta pulmonar e checagem do campo operatório. Com 30 minutos de procedimento houve uma piora nos padrões respiratórios. Constatou-se a presença de enfisema subcutâneo na região cervical. Foi solicitado à equipe cirúrgica desfazer o pneumoperitônio e revisar os pontos de inserção dos trocartes. Houve melhora dos parâmetros ventilatórios. O procedimento teve sequência sem intercorrências. Após a realização de Raio-X de tórax (evidenciando enfisema subcutânea) descartou-se pneumotórax, pneumomediastino e deslocamento traqueal, o paciente foi extubado. O paciente recebeu alta hospitalar após 24 horas sem queixas. Discussão e Conclusão: A incidência de enfisema subcutâneo em colecistectomia videolaparoscópica é de 0,4 a 2%. Embora não traga repercussão clínica importante, o enfisema subcutâneo deve ser reconhecido e seu diagnóstico diferencial (ex: pneumotórax, pneumomediastino) deve ser prontamente realizado. A hipercarbia (PaCO2 > 45 mmHg) poderia ser atribuída à absorção do gás do tecido celular subcutâneo. A hipótese formulada supõe que a formação do enfisema foi provavelmente iniciada na parede abdominal em função da pressão de insuflação do CO2 ou da colocação incorreta dos trocartes. Referências: 1Barash P G. Anestesia Clínica. 4ª Ed, São Paulo, Lippincott WW. 2004; 38:1057-58.

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AO 379 ANESTESIA PERIDURAL TORÁCICA ASSOCIADO À ANESTESIA GERAL BALANCEADA PARA MASTECTOMIA RADICAL. RELATO DE CASO. GLÓRIA FÉLIX DE SOUZA; MARCELO AUGUSTO DE OLIVEIRA TORRES; LÍVIA BERTI RAMOS HOSPITAL FEDERAL DO ANDARAÍ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Introdução: A técnica anestésica habitual para mastectomia radical é a anestesia geral, que tem como inconvenientes o controle inadequado da dor, sendo prejudicial em pacientes coronariopatas. Este relato ilustra a realização de anestesia combinada para cirurgia de mastectomia radical em paciente coronariopata. Relato de Caso: Paciente sexo feminino,56 anos, portadora de Diabetes Mellitus tipo II e Hipertensão Arterial Sistêmica. No momento da internação com dor torácica típica aos moderados esforços e diagnóstico de carcinoma ductal infiltrante em mama esquerda. Programada mastectomia radical.Exames laboratoriais sem alterações.Teste ergométrico e cintilografia miocárdica positivos para isquemia.Ecocardiograma sem alterações. Risco ASA III.Á S.O. a paciente foi monitorizada(conforme resolução do CFM nº1.802/2006)e feita venóclise. PA de entrada 150x70 mmHg;FC de 65 bpm. A paciente foi sedada com midazolan 2 mg e mantida em O2 suplementar.Realizada peridural torácica, via paramediana em T6-T7, com passagem de cateter peridural, sentido cefálico, até a marca de 5 cm.Administração de dose teste,sem repercussão.A indução de anestesia geral foi com fentanil 150mcg associado a lidocaína 60mg e propofol 100mg.O bloqueio neuromuscular foi obtido com 6 mg de cisatracúrio. Intubação orotraqueal realizada sem intercorrências. Após 5 minutos da indução, foram administrados pelo cateter de peridural 7ml de Bupivacaína a 0,33%. A manutenção da anestesia foi realizada com Sevoflurano a 0,4%.Não houve repercussões significativas nos níveis pressóricos após a administração de anestésico pelo cateter de peridural.A freqüência cardíaca foi mantida entre 40-50 bpm.Não houve repercussão hemodinâmica no peroperatório, sendo a cirurgia realizada em uma hora.Realizou-se a extubação e a paciente retornou ao nível pressórico inicial e FC com pico máximo de 85 bpm. Encaminhada a RPA, assintomática.Recebeu alta para enfermaria após 2 horas de saída de S.O., sem queixas e com níveis tensionais e de FC semelhantes aos pré-operatórios.No primeiro dia de pós-operatório, a paciente permanecia sem queixas álgicas, sendo então retirado CPD. Recebeu alta hospitalar dois dias após o procedimento. Conclusão: A cardioproteção conferida pela anestesia peridural torácica está relacionada à melhora do balanço de oxigênio miocárdico induzida pelo bloqueio simpático, sendo uma alternativa anestésica para pacientes coronariopatas portadoras de neoplasia mamária de tratamento cirúrgico. Bibliografia: A prospective randomized study of the potential benefits of thoracic epidural anesthesia and analgesia in patients undergoing coronary artery bypass grafting. Anesth Analg, 2001;93:528-535.

AO 380 CIRURGIA DE MAMA EM PACIENTE PORTADORA DE HIPERTENSÃO DE ARTÉRIA PULMONAR EDUARDO LOPES MACHADO1; GIOVANA BRONZATTI2; FLORENTINO FERNANDES MENDES1; LUIS JOSINO BRASIL1; VASCO MIRANDA JUNIOR1 1.CET DA UFCSPA, PORTO ALEGRE, RS, BRASIL; 2.COMPLEXO SANTA CASA DE PORTO ALEGRE, PORTO ALEGRE, RS, BRASIL. Resumo: A Hipertensão de Artéria Pulmonar (HAP) acomete de 10,5% dos pacientes submetidos à ecocardiografia. A principal causa é a falência ventricular esquerda (78,7%) seguida da hipoxemia crônica 9,7%1. A HAP possui prognóstico desfavorável, com 22-38% de sobrevivência após 5 anos do diagnóstico1,2. Relato do Caso. Paciente feminina, 67 anos, 60 kg e candidata à setorectomia de mama com pesquisa de linfonodo sentinela. Tem HAP secundária a tromboembolismo crônico há 30 anos - [cateterismo realizado na década de 80 demonstrou pressão de artéria pulmonar (PAP) 110/51 mmHg e PAP média de 55 mmHg]. Realiza acompanhamento com equipe multidisciplinar em nossa Instituição há 20 anos, apresentando no pré-operatório boa capacidade funcional (>4 MET), teste de caminhada de 6 minutos com 408 metros e ecocardiograma com fração de ejeção de 60%, volume sistólico de 48 ml, PAP média de 42 mmHg, leve aumento de átrio e ventrículo esquerdo. Faz uso de warfarina 5 mg/dia, AAS 100 mg/dia, sidenafila 50 mg 3x dia, nifedipina 10 mg 3x dia, omeprazol 20 mg/ dia, L-tiroxina 50 mg/dia e sinvastatina 40 mg/dia. Portadora de hipertensão arterial sistêmica há 30 anos e hipotireoidismo. Após avaliação pré-anestésica, revisão do prontuário e planejamento do ato anestésico foi solicitada internação hospitalar para reversão da anticoagulação oral, manutenção com enoxaporina e realização da cirurgia. Após monitorização com pressão arterial invasiva, cardioscopia, capnografia com análise de gases e oxímetro foi submetida a anestesia geral: pré-oxigenção com O2 e óxido nítrico (ON), indução anestésica com fentanil 350 mcg, midazolam 2 mg, etomidato 20mg, rocurônio 30 mg, cefazolina 1g e dexametasona 8 mg, e manutenção com sevoflurano 0,8 CAM e ON 20 ppm. Durante a cirurgia utilizou-se alfentanil 750 mg, além de ondansetrona 4 mg e dipirona 2g. O procedimento cirúrgico durou 150 minutos e após inicio da ventilação espontânea foi revertido o bloqueio muscular com neostigmine 1,5 mg e atropina 0,5 mg. A paciente demorou 15 minutos para ventilar adequadamente sendo extubada e encaminhada para sala de recuperação acordada, sem dor e com ON em máscara facial. A anticoagulação oral foi reinstituída no 1º dia de pós-operatório (PO) e a paciente recebeu alta hospitalar no 4º PO, sem intercorrências. Conclusão: Nesse caso a realização de anestesia geral com plano anestésico adequado, com baixas doses de sevoflurano, ventilação adequada, analgesia eficiente e sem utilizar drogas que tenham potencial para aumentar a PAP, associados à avaliação pré-anestésica eficiente - para conhecer a condição de saúde da paciente e lançar mão de medidas que diminuam o risco anestésicocirúrgico, como a utilização de ON - foram importantes para o resultado alcançado. Referências: 1. N Engl J Med 2004;351:1425-36. 2. Eur Heart J (2009) 30 (20): 2493-2537.

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AO 381 ANÁLISE COMPARATIVA UTILIZANDO MÁSCARA FACIAL E MÁSCARA LARÍNGEA CLÁSSICA PARA ABLAÇÃO DE FIBRILAÇÃO ATRIAL SOB ANESTESIA VENOSA COM PROPOFOL E REMIFENTANIL. ELIZABETH BESSADAS PENNA FIRME; NÚBIA VERÇOSA FIGUEIREDO; ALEXANDRA REZENDE ASSAD; SIMONE SOARES LEITE; MARCIA DA CUNHA LOPES UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: CET do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Justificativa e objetivos: A ablação de fibrilação atrial por cateter de radiofreqüência tem sido realizada sob diversas técnicas anestésicas as quais devem proporcionar: sedação, analgesia, imobilidade, estabilidade respiratória e cardiovascular. Este estudo teve como objetivo comparar a utilização de máscara facial ou máscara laríngea clássica sob anestesia venosa com propofol e remifentanil para esses procedimentos eletrofisiológicos. Método: O estudo foi do tipo observacional, prospectivo, aleatório, incluindo 32 pacientes de ambos os sexos e distribuídos em 2 grupos: G1 com máscara facial de oxigênio e G2 com máscara laríngea. Foram incluídos os pacientes com idades entre 18 e 65 anos; ASA 2 e 3; IMC ≤ 30kg/m², com fibrilação atrial crônica paroxística ou permanente e ECG de repouso normal ou com fibrilação atrial. Foram excluídos aqueles com doenças crônicas graves e de via aérea difícil. Não foi utilizada medicação pré anestésica. Realizou-se venóclise e monitorização com cardioscópio, oximetro, capnógrafo, pressão arterial não invasiva e invasiva.Foram utilizados em bolo por via iv: midazolam ( 0,5 mg/kg) e propofol (1-2mg/kg). Em seguida, instalou-se a máscara facial de oxigênio no G1 e a máscara laríngea no G2. A infusão contínua foi iniciada com propofol (25-100µg/kg/min) e remifentanil (0,01-0,1µg/kg/min). A veia femoral foi puncionada pelo hemodinamicista para introdução dos cateteres. Foram colhidas quatro gasometrias arteriais: após monitoração (T0); 10 min (T1) e 60 min (T2) após o início da infusão venosa e 20 min após o despertar (T3). Foram registrados: freqüência cardíaca, respiratória, pressão arterial invasiva, grau de sedação (Ramsay), analgesia e gasometrias arteriais. Na análise estatística foram utilizados: teste t Student, Z de proporção, Mann-Whitney, com significância para P < 0,05. Resultados: As variáveis: idade, peso, IMC, sexo, ASA, diagnóstico, tempo de sedação e duração do exame não tiveram diferenças significativas nos dois grupos. As doses de anestésicos e o nível de sedação foram superiores no grupo G2 do que no G1 (P< 0,05). Quando comparados os grupos, os pacientes do G1 apresentaram gasometrias arteriais com níveis de PaCO2 maiores (mediana 53) e de pH abaixo da normalidade (mediana 7,3). Discussão e conclusão: A técnica de anestesia venosa utilizando máscara laríngea clássica mostrou ser um procedimento mais seguro e eficaz para a realização de ablação por cateter de radiofreqüência da fibrilação atrial por apresentar melhores resultados da gasometria arterial quando comparada com a máscara facial. Referências bibliográficas: Journal of Cardiothoracic and Vascular Anaesthesia, 2011:20:1-10. Journal of Interventional Cardiac Eletrophisiology, 2008;21:43-51. Anesthesiology, 2001;96:1386-,94.

AO 382 PNEUMOTÓRAX E PNEUMOMEDIASTINO HIPERTENSIVO DURANTE DILATAÇÃO ESOFÁGICA SOB ANESTESIA GERAL – RELATO DE CASO LUIZ ALBERTO TEIXEIRA; EMANUEL DA SILVA BISCARDE; MILENA LOUREIRO PEREIRA; GUILHERME OLIVEIRA CAMPOS; ADRIANO TEIXEIRA FERNANDES; JULIANE OLIVEIRA SANTOS CET HOSPITAL SÃO RAFAEL, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: A dilatação esofágica com balão via endoscópica é o tratamento de escolha para estenose de esôfago. É uma técnica largamente utilizada por ser considerada minimamente invasiva, com menores taxas de complicações quando comparada a técnicas cirúrgicas tradicionais. Dessa forma, é frequentemente realizada em regime de hospital dia, que geralmente não dispõe de suporte suficiente para situações de maior risco. Relatamos um caso de dilatação esofágica por balão via endoscópica que complicou com perfuração de esôfago, pneumomediastino e pneumotórax hipertensivo, havendo necessidade de suporte hospitalar avançado. Relato do caso: Paciente 1 ano, feminina, 9,5 kg, portadora de estenose esofagiana pós correção cirúrgica de atresia de esôfago, com indicação de dilatação endoscópica por balão. O procedimento foi agendado no centro cirúrgico, com sobreaviso da equipe de cirurgia torácica e reserva de vaga na UTI pediátrica para o pós operatório. Realizado procedimento sob monitorização com cardioscopia, oximetria, pressão arterial não invasiva e capnografia. Indução inalatória em sistema de Baraka com seroflurano e O2, venóclise e administração de propofol 2mg/kg, laringoscopia direta e IOT cânula 3,0 com cuff sem intercorrências. Mantida com sevoflurano e O2 em ventilação assistida com bom padrão ventilatório e capnométrico. Durante procedimento, após segunda tentativa de dilatação, paciente cursou com hipoxemia grave e de rápida evolução, associada a palidez e rigidez torácica, com grande dificuldade de ventilação positiva. A dilatação foi interrompida, sendo solicitada aspiração do conteúdo gastroesofágico com melhora parcial do padrão ventilatório e hipoxemia. Realizado radiografia de tórax com extenso pneumotórax e pneumomediastino. Contactado equipe de cirurgia de tórax que solicitou o TAC de tórax (fuga de contraste do esôfago para o mediastino). Indicado toracotomia para reparo da lesão esofágica. Ao término do procedimento, encaminhada a UTI pediátrica, evoluindo durante internamento com mediastinite, quilotórax, empiema e ITR. Recebeu alta da UTI com 6 dias e do hospital com 30 dias em boas condições clínicas. Discussão e conclusão: a despeito da evolução de técnicas menos invasivas para procedimentos terapêuticos, algumas complicações graves podem ocorrer e devem ser antecipadas. É importante salientar a necessidade da realização de tais procedimentos em unidades terciárias com suporte adequado para complicações potencialmente letais, uma vez que a intervenção precoce é essencial para desfecho favorável. Referências bibliográficas: Pediatr Surg Int, 2010; 26: 251–255; Journal of Clinical Anesthesia, 2007; 19, 286–289; J Vasc Interv Radiol 2006; 17: 1327–1333

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AO 383 RAQUIANESTESIA PARA CORREÇÃO ENDOVASCULAR DE ANEURISMA DE AORTA ABDOMINAL EM PACIENTE PNEUMOPATA GRAVE – RELATO DE CASO GUSTAVO HENRIQUE SILVA WANDERLEY; LUIZA HELENA BRANCO; MARCELO NEVES SILVA; HENRIQUE FLÁVIO VERAS FREITAS; MARIA CÉLIA FERREIRA DA COSTA; GUSTAVO ARAÚJO COZER INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROFESSOR FERNANDO FIGUEIRA, RECIFE, PE, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: Pacientes submetidos a cirurgia vascular frequentemente são portadores de comorbidades como coronariopatia, diabetes, hipertensão arterial, doença pulmonar obstutriva crônica (DPOC), resultando em maior risco de infarto agudo do miocárdio (13%). Fatores de risco independentes para complicações pulmonares perioperatórias incluem: idade avançada, doença pulmonar preexistente, ICC e o sítio cirúrgico. Estudos evidenciam que os cuidados perioperatórios, e não a escolha da técnica anestésica, são os responsáveis pela diminuição da morbimortalidade secundária a complicações pulmonares em pacientes penumopatas submetidos a cirurgias vasculares. Relato de caso: mulher, 78 anos, 1,5m de estatura e 48kg, tabagista há 48 anos, portadora de DPOC, com diagnóstico de aneurisma de aorta abdominal infra-renal. Indicada correção com prótese endovascular. Espirometria pré-operatória demonstrou distúrbio ventilatório obstrutivo severo, com diminuição importante da CVF (52% do previsto) e do VEF1 (36% do previsto). Gasometria arterial em ar ambiente: pH=7,44, PCO2=42, PaO2=73, HCO3=27, SatO2=96%, BE:+3. Escala de Torrington e Henderson somou 8 pontos (risco alto de complicações pulmonares no pós-operatório). Realizado preparo com fisioterapia respiratória, brometo de tiotrópio e formoterol inalatórios, nebulização com budesonida, prednisona oral nos dois dias antecedentes e hidrocortisona no dia da cirurgia. Hemograma, coagulograma e função renal sem alterações. Indicada raquianestesia. Instalada monitorização padrão além de pressão arterial invasiva em artéria radial direita. Obtido acesso venoso central em subclávia direita e acesso periférico em membro superior esquerdo. Realizada punção subaracnóidea, única e atraumática, L3-L4, agulha 27 de Quincke. Administrados 15mg de bupivacaína 0,5% pesada. Sedação com clonidina 50µg e midazolam 2mg. Hidratação com 1.500mL de soro ringer lactato. Antes da colocação da prótese, foram administradas 5.000 U de heparina (100 minutos após a punção espinhal). Decorridos 120 minutos de anestesia, a paciente apresentou quadro de desorientação e agitação, que regrediu após uso de flumazenil 0,3mg. O tempo cirúrgico foi de 230 minutos, a paciente não apresentou instabilidade hemodinâmica ou outras intercorrências. Permaneceu as primeiras 24h do pós-operatório em UTI. Evoluiu sem intercorrências, quando foi transferida para enfermaria, e recebeu alta 5 dias após a cirurgia. Conclusão: Neste caso, o preparo pré-anestésico, associado à monitorização empregada durante todo o procedimento anestésico-cirúrgico sob raquianestesia, ofereceu condições seguras para a realização do procedimento endovascular, e os cuidados pós-anestésicos propiciaram evolução sem complicações pulmonares. Referências Bibliográficas: 1. ASA Refresher Courses in Anesthesiolgy, 2007;35:209-18. 2. ASA Refresher Courses in Anesthesiolgy, 2009;37:153-65.

AO 384 ANESTESIA PARA RETIRADA DE CORPO ESTRANHO DE LARINGE EM PACIENTE PEDIATRICO PAULO SERGIO SANTANA SANTOS1; ANDRÉA CRISTINA PEREIRA OLIVEIRA DE MEDEIROS NETTO2; MARIA DAS DORES COSTA3; VERA LUCIA FERNANDES DE AZEVEDO2; CAMILA FREIRE DE CARVALHO MODESTO1; LUCAS JORGE SANTANA DE CASTRO ALVES2 1.HOSPITAL DAS CLINICAS-CET HOSPITAL UNIVERSITARIO PROFESSOR EDGAR SANTOS, SALVADOR, BA, BRASIL; 2.HOSPITAL SANTO ANTONIO-CET AOSID, SALVADOR, BA, BRASIL; 3.HOSPITAL GERAL DO ESTADO-HGE, SALVADOR, BA, BRASIL. Resumo: Introdução: A conduta anestésica em procedimentos e cirurgia envolvendo via aerea na criança deve ser preparada levando em consideração a possibilidade de via aérea difícil além das peculiaridades da anestesia em pediatria. Para melhor condução anestésica desses pacientes, deve ser considerado o uso de estilete luminoso, máscara laríngea, broncoscópio flexível, bem como uso de terapia anti-sialorreica, anestesia tópica e venosa e relaxante muscular. O planejamento é o principal fator de sucesso no manejo da via aérea pediátrica difícil. O presente relato tem como objetivo descrever o manejo anestésico para retirada de corpo estranho de laringe em paciente pediatrico Relato de caso: Paciente de 1 ano de idade ,feminino, peso: 10 kg, ASA I, com programação de retirada de corpo estranho em laringe. Antecedente clinico de aspiracao de corpo estranho ha 1 mes,evoluindo com rouquidao,estridor laringeo e desconforto respiratorio.O paciente teve monitorizados o ECG, capnografia, oximetria, PAMNI . Realizou –se inducao com cetamina 10 mg endovenoso e inalatoria com sevoflurano 2 CAM .Realizado 2 tentativas de retirada do corpo estranho com fibroscopio rigido e fexivel sem sucesso.Optado por intubacao orotraqueal e apos 2 tentativas obteve-se sucesso com canula no 2,0 sem cuff e manutencao da anestesia inalatoria com ventilacao manual por sistema de Baraka.Apos tentativas de retirada do corpo estranho sem sucesso foi necessario realizar traqueostomia e retirada do corpo estranho fixado na regiao subglotica.Paciente apresentava edema grave em nivel de cordas vocais e glote.Foi encaminhado a UTI com traquestomia ,onde evoluiu bem . Discussão: Apesar do servico dispor de firoscopia flexivel considerado GOLD STANDARD em intubacao dificil foi necessario uma opcao alternativa (traqueostomia) para a realizacao do procedimento e garantia de uma via aérea segura intra e pos-operatoria. Referencias :1-Sociedade Brasileira de Anestesiologia .Reconhecimento e algoritmo de via aérea difícil -SAVA-CD –ROM-2010 2- Fiadjo J, Stricker P. Pediatric Difficult Airway Management: Current Devices and Techniques. Anesthesiology Clinics 2009 ; 27( 2 )

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AO 385 ANESTESIA PARA BRAQUITERAPIA EM PACIENTES COM CÂNCER DE COLO UTERINO OU ENDOMÉTRIO. ESTUDO RETROSPECTIVO DA ANESTESIA SUBARACNÓIDEA COMPARADA À SEDAÇÃO VENOSA EM ANESTESIA AMBULATORIAL DEBORAH GOMES FELIX; BEATRIZ LEMOS DA SILVA MANDIM; NEUBER MARTINS FONSECA; ROBERTO ARAUJO RUZI; NEISE APOLIANY MARTINS UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLANDIA, UBERLANDIA, MG, BRASIL. Resumo: ANESTESIA PARA BRAQUITERAPIA EM PACIENTES COM CÂNCER DE COLO UTERINO OU ENDOMÉTRIO. ESTUDO RETROSPECTIVO DA ANESTESIA SUBARACNÓIDEA COMPARADA À SEDAÇÃO VENOSA EM ANESTESIA AMBULATORIAL. Beatriz L S Mandim, Deborah G Félix, Neuber M Fonseca, Neise A Martins, João B Rosa, Roberto A Ruzi. CET/SBA da Universidade Federal de Uberlândia, MG. R. Berenice Rezende Diniz, 300 casa 22 - Gávea - CEP 38411-162 - Uberlândia – MG. Justificativa e Objetivos - A braquiterapia é um procedimento que envolve a inserção de fontes radioativas dentro ou próximas ao tumor de colo uterino, endométrio, vagina, vulva, reto e pênis Geralmente realizada fora do ambiente cirúrgico em pacientes muitas vezes com comorbidades associadas que impedem o tratamento cirúrgico. Tratamento geralmente ambulatorial, a braquiterapia apresenta-se dolorosa durante a inserção dos aplicadores e necessitar tanto analgesia quanto imobilização. Método – Revisão das anestesias realizadas no período de maio de 2010 a maio de 2011 para braquiterapia HDR (câncer de colo uterino ou de endométrio), no Hospital do Câncer da Universidade Federal de Uberlândia-MG. Anestesia subaracnóidea com bupivacaína 0,5% em volume de 0,7 a 1,5ml com barbotagem na hora da injeção ou sedação com fentanil, midazolam e propofol. Foi medido o tempo desde o início da anestesia até a alta hospitalar. Analgesia complementar com dipirona e tenoxicam, além de ondansedrona para todas as pacientes. Resultados - Foram anestesiadas 59 pacientes, e devido às múltiplas sessões a que cada paciente submeteu-se, foi realizado um total de 204 anestesias, sendo 121 (59,31%) sedações e 83 (40,68%) raquianestesias. A opção por esta última técnica residiu-se no fato de distorções na anatomia urogenital (como atrofia do colo uterino) dificultarem a inserção dos aplicadores e, por conseguinte, provocar mais dor. O número de sessões foi de 3,79± 0,71 (raqui) e 3,69 ± 0,60 (sedação). A idade dos pacientes foi significantemente menor no grupo sedação (54,51 ± 15,05) do que no grupo raqui (64,68 ± 14,51), bem como a duração que foi menor no grupo da sedação (98,65 ± 34,08min) do que no grupo submetida a raqui (123,98 ± 28,38 min). Onze pacientes foram submetidas a raquianestesia nos 1 ou 2 primeiros procedimentos e sedação nos demais. Uma paciente apresentou cefaléia pós-raqui tratada com tampão sanguíneo outra teve edema agudo de pulmão durante o procedimento. Conclusões - Existem poucos estudos a respeito de anestesia regional em braquiterapia. No nosso hospital, a escolha pela anestesia subaracnóidea deveu-se ao fato de proporcionar maior conforto para a paciente durante a introdução dos aplicadores e durante a radiação em si. Soma-se a isso, o fato de algumas pacientes apresentarem uma anatomia desfavorável (como atrofia de colo uterino) à introdução dos aplicadores e, por conseguinte, sentirem mais dor. Referência - British Journal of Anaesthesia 96 (2): 195–200, 2006.

AO 386 CHOQUE ANAFILÁTICO DURANTE EXAME CONTRASTADO-RELATO DE CASO RENATO MACHADO COELHO FILHO1; MAGDA FERNANDES LOURENÇO1; MARCELLE MAFRA DE QUEIROZ2; BERNARDO DRUMOND MATIAS1; LUCAS TAVARES REZENDE1; MAGNA A. QUADROS COELHO3 1.CET SANTA CASA BELO HORIZONTE, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL; 2.FIP MOC, MONTES CLAROS, MG, BRASIL; 3.UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS, MONTES CLAROS, MG, BRASIL. Resumo: Introdução: A anafilaxia é a forma mais grave de manifestação alérgica e, embora de ocorrência rara, pode surpreender pacientes que utilizam contrastes iodados para exames radiológicos. Graves alterações cutâneo-mucosas, respiratórias, gastrintestinais e cardiovasculares, surgem cerca de minutos a horas após a exposição ao agente desencadeante, necessitando tratamento imediato. O objetivo do presente relato é alertar para a disponibilidade de profissional habilitado para lidar com essa grave complicação na sala de exame. Relato do caso: Paciente de 67 anos, hipertenso, tabagista, diabético, acamado, evoluiu com quadro de taquidispnéia subaguda. Com provável diagnóstico de tromboembolismo pulmonar (TEP) foi encaminhado para realização de angiotomografia torácica em caráter de urgência. O paciente não tinha história prévia de alergias. O exame foi realizado com uso de contraste iônico e o paciente apresentou ainda na sala de exame quadro de eritema e angiodema generalizado, piora da dispnéia, confusão mental e posteriormente choque. Foi prontamente atendido sendo intubado, e medicado com adrenalina e prometazina intramusculares. Com melhora parcial, foi posteriormente encaminhado ao centro de tratamento intensivo (CTI), onde permaneceu por onze dias, sete destes em suporte ventilatório. No CTI confirmouse o diagnóstico e procedeu-se o tratamento do TEP. Recebeu alta hospitalar após 15 dias. Discussão: O presente caso ilustra uma complicação potencial e muito temida durante a realização de exames contrastados, sobretudo quando utilizado contraste iônico. Exemplifica a anafilaxia não imuno mediada e reforça o seu potencial de agravar quadros subjacentes como o TEP. Por fim, mostra a necessidade de ser um exame acompanhado por um médico apto a lidar com via área e tratamento específico.O presente relato foi coletado dentro das normas de Comitê de Ética da Universidade Estadual de Montes Claros-MG,parecer 1598.Simons FER. Anaphylaxis. J. Allergy Clin Immunol 2010;125: S161-8.

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AO 387 ANESTESIA GERAL PARA EMBOLIZAÇÃO DE ANEURISMA INTRACEREBRAL EM CRIANÇA DE TRES ANOS. RELATO DE CASO RICARDO SHIGUEO IQUEJIRI; FABIO VINICIUS FELTRIM; IVONEY VILLA MAIOR; STEPHANIE BLANCHE PIRES CET SANTA CASA DE CAMPO GRANDE, CAMPO GRANDE, MS, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: A incidência de aneurismas em crianças diminui com a idade; a proporção de ruptura em pacientes com menos de 20 anos de idade é de aproximadamente 3,5%, sendo o pico de incidência na população infantil aos 15 anos de idade. Os aneurismas em crianças menores de cinco anos, como ocorrido em nosso paciente, são considerados raros e correspondem a menos de 0,1% de todos os aneurismas diagnosticados, sendo mais freqüentes nos dois primeiros anos de vida. Existe predomínio do sexo masculino na infância 2-2,8/1, ao contrário do predomínio no sexo feminino observado na idade adulta. Relato de caso: Paciente sexo masculino, 3 anos , 17kg, trazido ao pronto socorro da Santa Casa de Campo Grande pelo S.A.M.U. choroso e apresentando quadro de cefaleia intensa e crise convulsiva há 1 hora. Apresentava quadro de palidez discreta, nível de consciência rebaixado (glasgow 10), sonolento e ao exame pupilas isocoricas e fotorreagentes e reflexos presentes. Solicitados exames. hemograma normal, punção liquórica apresentando sangue na amostra e tomo de crânio evidenciando lamina de sangue em cisternas. O estudo angiográfico apresentou quadro de aneurisma peri corpo caloso posterior, realizando-se embolização do mesmo. Para o procedimento de embolização optou-se por realização de anestesia geral . O paciente foi sedado com 0,1mg/kg de midazolam e na indução foi realizada com fentanil 2mcg/Kg , propofol 5 mg/Kg e atracúrio 0,5 mg/kg . Foi mantida em ventilação manualmente assistida com O2 4l/min e sevofluorano3%. Após cerca de 30 minutos a criança apresentava ventilação espontânea. O procedimento durou cerca de uma hora e trinta minutos sem alterações hemodinâmicas. A criança foi extubada em sala e encaminhada a Unidade de Terapia Intensiva pediátrica onde ficou em observação por três dias, quando então foi liberada para a enfermaria, tendo alta hospitalar após dois dias. Discussão: o caso de aneurisma nessa faixa etária e muito raro, demonstrando a necessidade de um disgnóstico precoce para o tratamento e uma boa evolução do caso. Apesar da gravidade da doença, o quadro clinico no momento nao exigiu nenhuma particularidade na induçao, a não ser o uso de doses plenas para evitar bucking (reação a laringoscopia) com aumento da chance de ressangramento. O uso da monitorização pelo BIS seria útil para manter a criança em bom plano diminuindo a chance de movimentação durante a embolização.

AO 388 TÉCNICA ANESTÉSICA ADEQUADA PARA EMBOLIZAÇÃO DE PARAGANGLIOMA TIMPÂNICO BRUNO ANDRADE VALETTE; ELIZABETH BESSADAS PENNA FIRME; MARCO POLO BAPTISTA HOSPITAL FEDERAL DOS SERVIDORES, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Introdução: O Paraganglioma é um tumor de vascularização abundante, na maioria das vezes, assintomático, e de apresentação no c anal auditivo externo. É comum atualmente, proceder-se a embolização pré-operatória para promover a esclerose dos vasos arteriais que o nutrem visando uma redução de vascularização, o que aumenta a segurança da exérese cirúrgica realizada num segundo tempo. O objetivo do presente relato expõe as razões da escolha de técnicas de anestesia geral para este procedimento hemodinâmico que é, comumente realizado sob sedação. Relato de caso: o paciente R.M.F.L.B., 50 anos, sexo feminino, apresenta HAS em uso de anti-hipertensivo Atenolol 20mg VO 2x dia, foi admitida com o quadro de zumbido e perda gradual da audição esquerda, submetida a exames complementares radiológicos, sendo diagnosticado Tumor Paraganglioma Timpânico e proposta embolização desta massa para ressecção cirúrgica após três dias. A técnica anestésica realizada foi geral balanceada, venóclise com cateter de teflon 18G em MSE seguido de midazolam 2mg IV pré-oxigenação com O2 a 100% por 5 minutos e sevofurano em concentrações crescentes utilizando fentanil(150mcg IV), propofol(100mg IV), cisatracúrio(7mg IV), Intubação Orotraqueal com Tubo 8,0 e manutenção com sevofurano(CAM=1,5) com sistema circular fechado, não houve repercussão hemodinâmica, a paciente foi submetida após três dias a uma nova indução anestésica nos padrões acima. A analgesia pós-operatória foi obtida com resultados satisfatório a administração de nalbufina (7mg) IV após 20minutos da extubação orotraqueal. Discussão: A utilização da embolização de tumores em procedimento hemodinâmico como precursor da ressecção cirúrgica tem-se mostrado eficaz em minimizar o risco de sangramento no sítio cirúrgico e manter estabilidade hemodinâmica. Discute-se técnicas anestésicas mais adequadas, levando em consideração a peculiaridade de cada procedimento, enfatizando-a em ambiente hemodinâmico e possíveis complicações. Referências: LOPES, O.C. - Aplicações clínicas da impedanciometria. Temas de Otorrinolaringologia, 6:81-105, 1977. MELLO, L.R.P. et al. - Tumor de glomus da jugular. Rev Brasileira Oto-rino-laringologia, 37:260-265, 1971. Bailey PL, Stanley TH: Farmacologia de Anestésicos Narcóticos Intravenosos In Miller RD. Tratado de Anestesia I. 2a. Edição Ed. Manole. São Paulo, 1989; 765-819.

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AO 389 LOBECTOMIA INFERIOR DIREITA EM NEONATO COM MALFORMAÇÃO ADENOMATÓIDE CÍSTICA: RELATO DE UM CASO FAUSTO NEGREIROS; ALEX MADEIRA VIEIRA; CLAUDIA REGINA GARCIA BARTOLI; MARIANA ELISA PINTO DE LORENZO; CHRISTINE LANNES SCHOELER UNIFESP, SAO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: Malformação adenomatosa cística (MAC) congênita do pulmão é uma lesão rara facilmente diagnosticada no exame pré-natal. Seu espectro de gravidade é muito variado, desde neonatos, lactentes e infantes assintomáticos até condições incompatíveis com a vida extra-uterina. Dependendo da gravidade, alguns podem ser candidatos para intervenção pré-natal. A cirurgia precoce é necessária para bebês sintomáticos. Excisão cirúrgica mesmo em bebês assintomáticos é preconizada por muitos centros, devido ao risco de infecção e transformação maligna. Relato do caso: Gestante de 30 anos foi admitida para realizar derivação toracoamniótica com 29 semanas de gestação devido a MAC diagnosticada em ultrassonografia, com compressão do tecido pulmonar adjacente hipoplásico e desvio leve de mediastino. Não apresentava outras patologias gestacionais ou comorbidades. Antes do término do procedimento foi desencadeado trabalho de parto prematuro não inibido. Realizado parto cesariano de urgência e indicada imediata lobectomia superior direita no neonato. RN foi intubado ao nascimento, realizada anestesia balanceada com sevoflurano, fentanil e propofol, mantido em ventilação manual com dificuldade, em circuito Mapleson D. Incisão de pele realizada com 06 minutos de vida. Procedimento cirúrgico sem intercorrências. Realizada radiografia pós-operatória imediata, mostrando expansão parcial do tecido pulmonar. Encaminhado à UTI Neonatal, onde permaneceu durante 18 horas, evoluindo a óbito por insuficiência respiratória. Discussão: A conduta nos casos de anomalias císticas intratorácicas ainda não é consensual na literatura científica, variando desde expectante até a realização de procedimentos invasivos intra-uterinos e cirurgia precoce ao nascimento. A importância do seu diagnóstico pré-natal reside no fato de estas serem responsáveis por quadros de insuficiência respiratória grave ao nascimento, em consequencia à hipoplasia pulmonar e insuficiência cardíaca secundárias ao desvio do mediastino. Quando estas anomalias são de grande repercussão clínica pós-natal o tratamento intra-uterino deve ser preconizado ou devemos aguardar o nascimento e suas repercussoes hemodinâmicas e pulmonares? O médico anestesiologista ao se deparar com esta situação deve antecipar considerável dificuldade de ventilação do neonato com malformação adenomatóide cística e portanto, ser agresivo na técnica anestésica e intervir cirurgicamente o mais rápido possível ou tentar adaptá-la à vida extra-uterina e depois tentar realizar a cirurgia corretiva? Referências bibliográficas: European Journal of Cardiothoracic Surgery 28 (2005) 607-610. Arch Dis Child Fetal Neonatal 94 (2009) 73-79. Journal of Pediatric Surgery 37 no 10 (2002) 1495-1497.

AO 390 PERFIL DE UTILIZAÇÃO DA FIBROSCOPIA FLEXÍVEL PARA ACESSO À VIA AÉREA PARA EXAMES DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA SOB ANESTESIA RICARDO GUIMARAES BARBOSA; CLAUDIA MARQUEZ SIMÕES; JANICE LEAO FERRAZ; MARIA JOSÉ CARVALHO CARMONA DISCIPLINA DE ANESTESIOLOGIA FMUSP, SAO PAULO, SP, BRASIL.

Resumo: Justificativa e objetivos: Atualmente há uma demanda crescente de procedimentos sob anestesia na área diagnóstica. Frente a este quadro atual há uma demanda crescente de intervenções sob anestesia com a necessidade do estabelecimento de uma via aérea, que muitas vezes torna-se um desafio. Existem poucos dados de scritos a respeito do uso da fibroscopia flexível, suas indicações e estimativa de uso em procedimentos anestésicos realizados fora do centro cirúrgico. O objetivo deste trabalho é relatar a utilização da fibroscopia flexível para exames sob anestesia geral na ressonância magnética de um hospital de ensino. Material e métodos: Foram revisados os dados gerenciais de casuística de exames sob anestesia geral nos anos de 2009 e 2010, onde são apontados os materiais e equipamentos utilizados. A utilização da fibroscopia flexível é registrada em todos os casos por não estar disponível de maneira rotineira no setor. A revisão dos dados também permitiu obter o diagnóstico e faixa etária dos pacientes. A utilização do fibroscópio é indicada neste serviço frente à procedimentos eletivos com deformidades anatômicas que indiquem não apenas dificuldade de intubação, mas também de ventilação sob máscara facial. Resultados: Observa-se que a utilização da fibroscopia flexível em 1120 casos de 2009 e 1328 casos em 2010, manteve-se em 1,1% nos dois anos. A utilização foi predominante nos adultos, 66,7% em 2009 e 78,6% em 2010. As indicações foram deformidades anatômicas por tumorações, principalmente nasoangiofibromas e síndromes congênitas como Pierre Robin e outras malformações. Discussão: Através dos dados históricos do serviço é possível criar um plano para adequado planejamento e estruturação de materiais para acesso à via aérea disponíveis nas áreas externas ao centro cirúrgico. A utilização do fibroscópio de acordo com as condutas preconizadas pelo núcleo de via aérea difícil da instituição remetem à incidências muito parecidas com as descritas na literatura para dificuldade de ventilação sob máscara facial, reforçando que nas situações eletivas de dificuldade de intubação sem predição de dificuldade de ventilação sob máscara a máscara laríngea desempenha papel vital na anestesia para exames diagnósticos. No entanto, nos casos de predição de dificuldade de ventilação o uso eletivo da fibroscopia pode garantir segurança ao paciente. O conhecimento desta incid~encia é vital para possibilitar adequada previsão logística dos setores, principalmente tendo em vista o alto custo comparado o pequeno uso nas áreas externas ao centro cirúrgico. Referência bibliográficas: 1. Kheterpal S, Martin L, Shanks AM, Tremper KK. Prediction and outcomes of impossible mask ventilation: a review of 50,000 anesthetics. Anesthesiology 2009;110:891-7. 2. El-Orbany M, Woehlck HJ. Difficult mask ventilation. Anesth Analg 2009;109:1870-80.

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AO 391 HEPARINIZAÇÃO EXCESSIVA IATROGÊNICA EM LACTENTE: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO COM A TROMBOELASTOGRAFIA ROTACIONAL ROTEM BRUNO ANDRADE VALETTE; JAQUELINE MAARTINS VIEIRA; MARIALICE VIEIRA CARDOSO; MARCO POLO BAPTISTA; FABIANO GOUVEIA HOSPITAL FEDERAL DOS SERVIDORES, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: A Síndrome de Paerson é uma citopatia mitocondrial rara que envolve o sistema hematopoiético, sendo habitualmente fatal na infância. Uma biópsia muscular diagnóstica e um cateter totalmente implantado, utilizado para o tratamento, são realizados sob anestesia geral. O reservatório do cateter é heparinizado com baixas doses de heparina durante o procedimento. Descrevemos neste relato a utilização da tromboelastografia rotacional (TEG) como complemento ao diagnóstico e tratamento da heparinização acidental com doses excessivas do anticoagulante. Paciente KAP, 10 meses de idade, peso 4Kg, sexo masculino, sem história de intercorrências no período neonatal, admitido com suspeita de Síndrome de Pearson, referida para biópsia muscular e posterior inserção de cateter totalmente implantado sob anestesia geral. O procedimento decorreu sem intercorrências e o cirurgião injetou heparina no reservatório do cateter. O sangramento no campo cirúrgico aumentou subitamente e a investigação da dose mostrou que 10000 U de Heparina (25mg/KG) foram erroneamente injetadas. A Tromboelastografia rotacional foi, então, utilizada para avaliação e orientação diagnóstica, mostrando inicialmente ausência de formação do coágulo do canal do Intem. A reversão da antigoagulação, confirmada pelo TEG, foi obtida com doses fracionadas de protaminas no total de 90mg. Discussão: A anticoagulação do reservatório do cateter totalmente, implantado, com doses excessivas, foi suspeitada pelo quadro de sangramento anormal. O TEG confirmou o quadro clínico e mostrou graficamente a reversão completa com a protamina. Referências: Mallet SV,Cox DJA - Thrombelastography. Br J Anaesth, 1992; 9: 307-313. Zuckerman L, Cohen E, Vagher JP, Woodward E, Caprini JA - Comparison of thromboelastography with common coagulation tests. Thromb Haemostas, 1981; 46: 752-6. Tuman KJ, McCarthy RJ, Patel RV, Ivankovich AD - Comparison of thromboelastography and platelet aggregometry. Anesthesiology, 1991; 75: A433.

AO 392 COMPARAÇÃO DE DOIS DIFERENTES POSICIONAMENTOS PARA INTRODUÇÃO DE MÁSCARA LARÍNGEA EM PACIENTES ADULTOS TANIA MENEZES COUCEIRO; GUSTAVO HENRIQUE SILVA WANDERLEY; RAPHAEL AUGUSTO CESAR GALVÃO; WASTON VIEIRA SILVA; HENRIQUE FLÁVIO VERAS FREITAS; LUCIANA CAVALCANTI LIMA INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROFESSORE FERNANDO FIGUEIRA, RECIFE, PE, BRASIL. Resumo: RESUMO E JUSTIFICATIVA A Máscara Laríngea (ML), idealizada e desenvolvida em 1981 por Brain1, vem conquistando espaço na Anestesiologia. O correto funcionamento da ML depende da escolha do tamanho apropriado do dispositivo, da técnica correta de inserção e da experiência do Anestesiologista2. De acordo com Benumof, a posição olfativa é a recomendada para inserção da Máscara Laríngea Clássica (MLC). No entanto, pacientes não conseguem ou não podem assumir a posição olfativa por limitação dos movimentos da cabeça e/ou pescoço e, portanto, sendo a indicado o uso da MLC nesses pacientes esta deverá ser inserida na posição neutra.O correto posicionamento do paciente é fator determinante na etapa de introdução da máscara laríngea. O objetivo deste estudo foi comparar a incidência de falhas para inserção da máscara laríngea em pacientes adultos em dois diferentes posicionamentos: posição olfativa e posição neutra assim como o tempo para sua inserção. MÉTODO: Após aprovado pelo comitê de ética foi realizado ensaio clínico randomizado em mulheres submetidas a cirurgia de mama (mastectomias, nodulectomias e múltiplas biópsias) no período de Agosto de 2010 a Janeiro de 2011, com idades entre 18 e 65 anos,estado físico I e II e que obedeceram aos critérios de inclusão e exclusão e com Consentimento Livre e Esclarecido assinado subdivididas em dois grupos: GO pacientes em posição olfativa e GN em posição neutra RESULTADOS: Os grupos foram homogêneos quanto ao peso, altura e IMC (p > 0,05) e quanto ao estado físico e a classificação de Mallampat. Em relação à idade, houve diferença, sendo que a idade média do grupo 1 foi 39,6 ± 11,32 contra 31,5 ± 11,09 no grupo GO. Com relação ao tempo médio para inserção da máscara laríngea foi significativamente maior no grupo GN, com média 34,14 ± 8,41 segundos, quando comparado ao grupo GO com média 29,41 ± 2,95 segundos (p=0,02). DISCUSSÃO: Neste estudo, observou-se que quando as pacientes encontram-se em posição olfativa a MLC é rápida e mais facilmente introduzida. A taxa de sucesso na primeira tentativa de introdução foi 90%. Dados próximos aos relatados por outros autores (95%) 5,10. Na posição neutra a incidência de falhas para a introdução da MLC foi significativamente maior, atingindo um valor de 50%, o que difere do relatado por Brimacombe6 (95%), na primeira tentativa em posição neutra. Isto se deve, talvez, ao fato de neste trabalho, a MLC ter sido manuseada por médico-especializando do 3º ano de Anestesiologia, enquanto no trabalho acima o dispositivo foi utilizado por Anestesiologista experiente. Este estudo sugere que a MLC deve ser preferencialmente inserida com os pacientes em posição olfativa, com a utilização de coxim que permita o alinhamento do meato auditivo externo com o esterno E demonstra também que a posição neutra dificulta a introdução da MLC e, portanto deve-se ficar atento a seu uso em pacientes com dificuldade de assumir a posição olfativa 1. Benumof J, Haberg CA. Benumof’s airway management: principles and practice. 2. ed – Philadelphia, Editora Elsevier, 2007. 1. Rev Bras Anestesiol 1997; 47: 1: 48 – 60

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AO 393 PADRÕES DE VENTILAÇÃO EM ANESTESIA SAULO FERNANDES DE MATTOS DOURADO; JOSÉ OSVALDO BARBOSA NETO; ALAN SAITO RAMALHO; JOAQUIM EDSON VIEIRA; FÁBIO ELY MARTINS BENSEÑOR HOSPITAL DAS CLINICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Fontes de fomento e conflitos de interesse: Não. Aprovado pela Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa – CAPPesq. Justificativa e Objetivo: A formação e ocorrência de atelectasias associadas à anestesia geral impulsionou o interesse por técnica de ventilação mecânica com base em volume corrente baixo e na aplicação de manobras como PEEP e recrutamento alveolar (1,2). O objetivo desta investigação foi avaliar os padrões de ventilação mecânica adotados em salas operatórias de uma instituição hospitalar universitária. Método: Em estudo observacional, foi feita a anotação do padrão de assistência ventilatória mecânica registrada em ficha de anestesia, instalada no início do procedimento anestésico. Foi utilizado um questionário com registros dos dados demográficos e os padrões de ventilação mecânica no intra-operatório. Foram incluídos todos os procedimentos realizados sob anestesia geral e ventilação mecânica, excluídos os pacientes menores de 18 anos e aqueles previamente intubados. Foram utilizados os testes de Mann-Whitney, Spearman, Kruskal-Wallis, considerando p<0,05 como significância estatística. Resultados: Foram estudados 125 pacientes (57 pacientes do sexo masculino e 68, do sexo feminino), com padrões demográficos semelhantes para idade e peso, e inferiores no sexo feminino para altura e IMC (Mann-Whitney). Pacientes do sexo feminino apresentaram volume corrente, fluxo inspiratório, fluxo de oxigênio e ETCO2 inferiores (p<0,05), porém com pressão traqueal discretamente elevada (19x21 cmH2O, p=0, 0001). Neste estudo 98,4% dos pacientes foram ventilados com utilização de PEEP (mediana = 5 cmH2O), sem diferença entre os gêneros. Técnicas de recrutamento alveolar foram utilizadas em 31 (24,4%) pacientes. Houve correlação positiva entre Índice de Massa Corporal (IMC) e PEEP (r=0,29, p<0, 0015). Todos os pacientes com IMC < 20 receberam VC < 10 ml. Kg-1. Discussão e Conclusão: Os dados sugerem padrões de ventilação adequados com uso de PEEP e VC < 10 ml.Kg-1 na condução da ventilação mecânica, além de manobras de recrutamento quando necessário. Estudo anterior demonstrara reduzida adesão ao uso de PEEP, na mesma instituição (3). As medidas observadas são consideradas protetoras em relação às lesões pulmonares associadas com ventilação mecânica (1). O padrão encontrado segue as premissas de ventilação protetora com baixos volumes correntes, PEEP e manobras de recrutamento. Referências bibliográficas: 1 - Advances in anesthesia, 2010; 28:15-33 ; 2 - JAMA, 2008; 299: 637-645 ; 3 - Rev Bras Anestesiol, 2002; 52: 756.

AO 394 USO PROFILÁTICO DE INIBIDORES DA BOMBA DE PRÓTONS E ANTAGONISTAS DO RECEPTOR H-2 EM PACIENTES CIRÚRGICOS SAULO FERNANDES DE MATTOS DOURADO; SARA YUMI TSUCHIE; FERNANDO SOUZA NANI; MARCOS TAKEYOSHI AKIBA; JOAQUIM EDSON VIEIRA HOSPITAL DAS CLINICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Fontes de fomento e conflitos de interesse: Não. Aprovado pela Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa – CAPPesq. Justificativa e objetivo: Muitos anestesiologistas administram fármacos para prevenção de úlceras de estresse, redução de acidez e do volume do conteúdo gástrico, embora não haja indicação para seu uso rotineiro em pacientes sem fatores de risco para tais complicações(1,2). O objetivo do estudo é avaliar a relação entre o uso de inibidores da bomba de prótons ou de antagonistas do receptor H-2 e sua associação com sintomas dispépticos no pós-operatório. Materiais e métodos: Em estudo coorte, avaliamos 193 pacientes que receberam ou não profilaxia medicamentosa (inibidores da bomba de prótons ou antagonistas do receptor H-2) em diferentes momentos do período pós-operatório (RPA< 24h, 48h e 7 dias após). Foram incluídos aqueles encaminhados para a recuperação pós-anestésica com classificação ASA P1 ou P2 e acima de 18 anos. Excluímos aqueles com história de sintomas dispépticos ou uso prévio de protetores gástricos. Obteve-se a razão de chances (OR) com intervalo de confiança de 95% para uso de profilaxia medicamentosa e incidência de sintomas dispépticos, através do programa SPSS for Windows (SPSS Inc. IBM Co., Somers, EUA), considerando p<0,05 como significância estatística. Resultados: 169 pacientes receberam a profilaxia farmacológica (87,5%). Do total, 26 pacientes (13,4%) apresentaram algum sintoma dispéptico durante o período de observação, sendo que 21(80,7%) haviam recebido a profilaxia (OR = 0,54; CI 0,18-1,6). A análise mostrou que a profilaxia reduziu o risco de desenvolver sintoma dispéptico no pós-operatório (OR < 1,0), porém com intervalo de confiança englobando valores inferiores e superiores à unidade. Mesmo naqueles que receberam anti-inflamatórios não esteroidais, a profilaxia não apresentou diferença estatística. Discussão e Conclusões: A alta porcentagem de pacientes que receberam a profilaxia mostra a preferência dos anestesistas da instituição em empregar essas medicações de forma rotineira. Embora os fármacos utilizados se mostrem de forma geral seguros e bem tolerados, seus possíveis eventos adversos agregam maior morbidade para o paciente (3). O estudo sugere que o uso profilático das medicações citadas não interfere no aparecimento de sintomas dispépticos no período pós-operatório de pacientes sem sintomas dispépticos prévios. Referências Bibliográficas: 1- Anesthesiology, 2011; 114 (3):495-511 ; 2- Curr Opin Crit Care, 2009; 15:139-143 ; 3- J Investig Allergol Clin Immunol, 2009; 19(1): 57 - 60.

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AO 395 AVALIAÇÃO DAS VARIAÇÕES ANATÔMICAS VASCULARES PROFUNDAS EM CRIANÇAS PELA ULTRASSONOGRAFIA EDMUNDO PEREIRA DE SOUZA NETO; SEBASTIEN GROUSSON; FREDERIC DUFLO; FREDERIC DAILLER SERVICE D’ANESTHÉSIE – RÉANIMATION, HOSPITAL PIERRE WERTHEIMER, LYON, FRANÇA. Resumo:

Justificativa e objetivo(s): A utilização da ultrassonografia (US) para localização ou guia antes do cateterismo vascular é indicado principalmente em estados de hipovolemia, impossibilidade de canulações anteriores, obesidade mórbida e no paciente pediátrico. Vários autores descreveram variações anatômicas frequentes (de até 18 %) ligadas à posição ou ao tamanho dos vasos cervicais podendo explicar a impossibilidade de cateterismo ou as complicações iatrogênicas [1, 2]. O objetivo do nosso trabalho é de avaliar prospectivamente com a ecografia bidimensional as características anatômicas das veias jugulares internas (VJI), subclávia (VSC) e femoral (VF) em pacientes pediátricos. Materiais e métodos: Após acordo parental, 142 crianças que foram submetidas a procedimentos neurocirúrgicos foram incluídas prospectivamente no período de 01 ano. O estudo ultrassonográfico foi realizado em cada paciente após indução anestésica e sob ventilação mecânica. Os pacientes foram mantidos em posição anatômica e sem expansão volêmica. Foi utilizado um aparelho Siemens Acuson X300™ e sondas de alta frequência 13,5 MHz (sonda « hockey » se peso < 10 Kg). Os seguintes dados foram obtidos: idade, peso, altura, tempo de aquisição das imagens, imagem dinâmica e cálculo do diâmetro e da relação veia – artéria. A análise dos dados ecográficos foi realizada a posteriori por 02 anestesiologistas – intensivistas experientes em ecografia vascular. Os critérios de exclusão foram a presença de shunt, trombose, cateterização, irradiação ou cirurgia anterior na região estudada. Resultados: A idade, o peso e a altura expressos em mediana +/- desvio padrão da mediana (DM) foram respectivamente de 3,75 ± 3,5 anos (extremos: 1 dia - 17 anos), 15 ± 9,7 kg e 99 ± 40 cm. O tempo de medida dos diferentes sítios vasculares (mediana ± DM) foi de 23 ± 3,5 min. Os diâmetros venosos foram na maioria dos casos superiores ao diâmetro das artérias. Nesse estudo, as porcentagens de variações anatômicas encontradas foram de 7,8 % para a VJI, de 7,7 % para a VSC e de 9,9 % para a VF. Discussão e conclusões: A probabilidade não negligenciável de variações anatômicas nos 03 sítios de punção venosa central justifica a utilização sistemática da ecografia antes de um cateterismo venoso profundo em crianças. Referências bibliográficas: 1 - Anatomical Record, 1990; 225: 115 - 124. 2 - Br J Anaesth 1993; 70: 145 - 148. Parte desse estudo foi apresentado no 50ème Congrés National de la Société Française d’Anesthésie et de Réanimation, Paris, França, 2008 e no annual meeting of the European Society of Anaesthesiology (ESA), Milão, Italia, 2009.

AO 396 ANESTESIA PARA PROCEDIMENTO EMERGENCIAL DE RETIRADA DE CORPO ESTRANHO EM LACTENTE JULIO CEZAR BRANDÃO1; CESAR ROMÃO MARTINS2 1.HOSPITAL REGIONAL DO JURUA, CRUZEIRO DO SUL, AC, BRASIL; 2.HOSPITA DO SERVIDOR ESTADUAL, SAO PAULO, SP, BRASIL. Resumo:

Introdução – A Anestesiologia tem se tornado muito segura nos últimos anos, com números cada vez menores de intercorrências com desfechos fatais. Apesar do baixo risco, a abordagem das vias aéreas tem sido reportada como a maior vilã dentre as intercorrências anestésicas. Em se tratando de procedimentos de emergência, sem avaliação pré-anestésica adequada e com estomago cheio, os riscos se tornam maiores, sendo necessárias habilidades e decisões precisas. Este relato de caso tem como objetivo a discussão sobre a abordagem da via aérea e a indução anestésica de uma criança com obstrução de via aérea e com estômago cheio. Relato do Caso - Paciente do sexo feminino, 10 meses, 9,0 kg, estado físico ASA IV-E, sem antecedentes significativos. Sem exames laboratoriais. Não estava em jejum, tendo recebido alimentação sólida há duas horas da admissão. Trata-se de lactente com corpo estranho em via aérea superior, tendo chegado ao pronto socorro dispnéico, cianótico, com estridor respiratório, com relato da genitora de que havia ingerido “barbatana de peixe” acidentalmente. Recebeu oxigênio sob máscara facial e foi bipado o serviço de anestesiologia. O serviço de broncoscopia estava inativo no momento, estando inacessível qualquer aparelho de broncofibroscopia. Recebeu metoclopramida 1,5 mg endovenoso no momento da admissão no centro cirúrgico e não recebeu outra medicação pré-anestésica. Foi monitorizado com oximetria de pulso, eletrocardiograma e pressão arterial não invasiva. Foi pré-oxigenado com mascara facial com O2 e administrado cetamina 1,0mg/Kg e succinilcolina 12mg endovenoso. Foi então feita manobra de sellick pelo colega cirurgião geral(médico assistente que admitiu o paciente), o qual havia preparado material para traqueostomia e deixado ao lado da mesa cirúrgica pronto. Com o paciente posicionado em decúbito dorsal, com dorso elevado, após tempo de latência necessário, foi realizado procedimento de laringoscopia direta, sendo avistado corpo estranho com contornos irregulares, saindo pela fenda glótica. Utilizou-se então uma pinça cirúrgica fina, sendo retirado o objeto. Foi então passada uma sonda nasogástrica e optado por não intubar o lactente pois este recobrou rápido a ventilação espontânea. Após a retirada do corpo estranho, houve substancial melhora da dinâmica respiratória, cessação do estridor após alguns minutos e desapareciento da cianose central. O paciente ficou então em sala cirúrgica por cerca de uma hora, sendo então encaminhado a UTI pediátrica na sequência, onde evoluiu bem e foi encaminhado após 12h para serviço especializado para realização de broncoscopia. Discussão – Em se tratando de procedimentos emergenciais, o leque do arsenal do anestesiologista cai em função de não poder avaliar e preparar o paciente adequadamente, e isto pode tornar o procedimento anestésico mais arriscado. Neste caso, além de ser um procedimento emergencial, trata-se de um lactente, portanto com capacidade e reserva respiratória baixa. Alem disto, deve-se levar em conta o fato de ser um paciente com estômago cheio e com corpo estranho na porção mais estreita das vias aéreas, na cartilagem cricóide. Com o dano local, ainda há chance de lesão da mucosa pelo trauma inicial, pelo procedimento de retirada do corpo estranho e pela intubação, podendo levar a sangramento para as vias aéreas baixas, fato que poderia complicar mais ainda o quadro. Com isto, percebemos que diversos fatores podem prejudicar a abordagem e manipulação da via aérea nos casos de obstrução aguda. Referências - 01.; Brandao, J, Falcao, L.F. – Primeiros socorros, 2010, Ed. Matinari, Pag 217-226. 02. Paulo F.S. Bittencourt1, Paulo A.M. Camargos - Foreign body aspiration, Jornal de Pediatria - Vol. 78, No1, 2002. Pag. 9-18

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AO 397 PACIENTE COM TRAUMA DE LARINGE POR PROJÉTIL DE ARMA DE FOGO. RELATO DE CASO. JULIANA MENEZES PESSOA; OSCAR AUGUSTO OLIVEIRA MORAIS; DANIEL IRIBARREM NOGUEIRA; MARCOS HENRIQUE LOPES DA COSTA; CELSO SCHMALFUSS NOGUEIRA; CARLOS ROGÉRIO DEGRANDI OLIVEIRA CET IRMANDADE SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SANTOS, SANTOS, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: Lesão laríngea do tipo penetrante foi descrita em menos de 0,04% a 0,3% em vítimas de trauma. A lesão pode ser limitada a um pequeno hematoma endolaríngeo, laceração ou trauma massivo da mucosa laringeal, fraturas e separação laringotraqueal. A traqueostomia sob anestesia local é considerado o método de escolha para a segurança da via aérea, entretanto, intubação acordado é uma opção válida. A via aérea deve ser considerada potencialmente instável na presença de trauma laringotraqueal, e uma avaliação urgente e manutenção adequadas são requeridas. Apresentamos a conduta anestésica em paciente com trauma de laringe submetido a cervicotomia exploradora e reconstrução de laringe. Relato de caso: Paciente sexo masculino, 57 anos, 90 kg, com história de lesão pérfuro-contusa em região cervical esquerda (zona 2) por projétil de arma de fogo. À admissão foi realizado endoscopia digestiva alta em que foi diagnosticado lesão de hemilaringe esquerda supraglótica por projétil, apresentando fratura de epiglote e aritenóide esquerda. Deu entrada no centro cirúrgico consciente e orientado, após duas tentativas para intubação acordado, e ocorrendo regurgitação, a intubação acordada foi realizada em uma terceira tentativa. Ato contínuo foram administrados propofol, atracúrio e alfentanil e manutenção com concentrações variáveis de sevoflurano. O paciente foi para a UTI intubado e dois dias após foi feito traqueostomia. Discussão: O trauma da via aérea associada a sangramento ou vômito traz grande dificuldade a laringoscopia e a utilização de fibroscopia. O estabelecimento urgente da via aérea pode ser difícil e a técnica ideal é controversa. Para se obter o resultado desejado a conduta deve ser individualizada de acordo com a clínica do paciente e a experiência da equipe-anestésico-cirurgica. Referências: Thuang MK: Tubeless anesthesia for microlaryngoscopy. Anaesth Intensive Care 1989; 17:111. Wei-chung H, Tsung-shiann S, Chia-der L, et al: Clinical experiences of removing foreign bodies in the airway and esophagus with a rigid endoscope: A series of 3217 cases from 1970 to 1996. Otolaryngol Head Neck Surg 2000; 122:450.

AO 398 MANUSEIO DE VIA AÉREA DÍFICIL EM PACIENTE COM MICROSTOMIA: RELATO DE CASO: AMÉLIE GABRIELLE VIEIRA FALCONI; LEANDRO FELLET CHAVES; CARLOS FURTADO MACEDO; FERNANDO LIMA COUTINHO; ALMIR SILVA ALMEIDA; EDUARDO NASSIF MARTINS HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA, JUIZ DE FORA, MG, BRASIL. Resumo:Justificativa e objetivo(s): Alguns princípios de manuseio da via aérea difícil (VAD) incluem a avaliação prévia, preparo antecipado, manutenção da ventilação espontânea e utilização de equipamento especializado para obtenção de uma via aérea permeável e protegida. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de VAD prevista e manuseada com sucesso através da broncofibroscopia. Materiais e métodos: Paciente feminina, 38 anos, agendada para reconstrução total de orelha sob anestesia geral. Na avaliação pré-anestésica foi detectada a previsão de VAD devido principalmente a uma distância interincisivos reduzida de 1,5 cm. Outros preditores de VAD foram microstomia, arcada superior protusa, impossibilidade de trazer os incisivos mandibulares adiante dos maxilares durante protusão forçada da mandíbula, mobilidade atlanto-occipital reduzida e avaliação do Mallampati prejudicada (classe III). Optou-se pela realização de intubação orotraqueal orientada pelo broncofibroscópio com paciente acordado. Foi realizada sedação venosa com 3 mg de midazolam, 100 mcg de fentanil e incrementos de 10 mg de propofol, associados à manutenção de ventilação espontânea e cooperação por parte da paciente. Além disso, foi feita instilação tópica na base da língua com de spray de lidocaína 10%. A paciente tolerou bem a inserção de tubo orotraqueal 7,5 orientada pelo broncofibroscopio na primeira tentativa, e, após a indução da anestesia geral, o procedimento transcorreu sem intercorências. Ao término, foi extubada acordada, sob ventilação espontânea e encaminhada, sem queixas, à SRPA. Discussão: Os eventos adversos decorrentes do insucesso da VAD estão entre as complicações mais frequentes e mais letais da anestesia geral. A maioria das complicações respiratórias (72%) é considerada evitável com um planejamento adequado. Entre as estratégias não invasivas para a obtenção de VAD está o uso do fibroscópio como guia para a passagem do tubo traqueal. Uma distância entre os dentes incisivos superiores e inferiores menor do que 5 cm é um indicativo de VAD. Além disso, em um paciente que respira espontaneamente, a intubação direcionada por fibroscópio é considerada padrão-ouro no manejo da VAD. Outro procedimento que auxilia a intubação guiada pelo fibroscópio é o uso de anestesia tópica para suprimir os reflexos das vias aéreas, como tosse, engasgos ou laringoespasmo. A lidocaína proporciona bons resultados, com um menor risco de toxicidade sistêmica. Conclusão: A fibroscopia é uma alternativa segura e confiável em situações de previsão de VAD, como a microstomia. Referências bibliográficas: Anesthesiology 2003;98:1269-77. Curr Opin Anaesthesiol 2010;23:41-6.

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AO 399 BRONCOESPASMO EM USUÁRIOS DE CRACK DURANTE O ATO ANESTÉSICO– RELATO DE CASO ALESSANDRA PEREIRA ABBADE; MARIA TEREZA BARROS PAIVA; FERNANDO ANTONIO DE FREITAS CANTINHO; VITOR BORGES PALAU; MARIANA ALMEIDA WAKED; RICARDO MEIRELLES ROSA HOSPITAL FEDERAL ANDARAÍ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: CET Dr Rodrigo Gomes Ferreira. Hospital Federal do Andarai, RJ INTRODUÇÃO: Desde seu desenvolvimento, o crack, tornou-se a substância ilícita mais largamente utilizada, ganhando espaço mesmo entre classes sociais mais favorecidas. Dados na literatura evidenciam que, dos que usam o crack uma única vez, cerca de 30% torna-se usuário regular, visto o alto potencial de dependência da substância. Ao anestesiologista cabe saber reconhecer e tratar possíveis e graves complicações advindas do uso do crack durante o ato anestésico. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de broncoespamo intra operatório em paciente usuário de crack. RELATO DE CASO:Feminino, 19 anos, 75 Kg, ASA I, tabagista, admitida no CTQ deste hospital devido a queimadura 2º. Grau, 50% SCQ. Em 17/05, submetida à procedimento de autoenxertia cutânea. Sem alterações no exame físico. Após venóclise e monitorização conforme a resolução do CFM no. 1802/2006; procedeu-se a indução anestésica com fentanil 250 mcg, Propofol 200 mg, Cisatracúrio 10 mg, seguida de tentativa de intubação orotraqueal com estilete luminoso, sem sucesso. Procedeu-se à intubação orotraqueal por laringoscopia direta, com sucesso, tendo a paciente evoluído com queda progressiva da saturação arterial chegando a 86%, associada à sibilos bilaterais na ausculta pulmonar. Administrou-se hidrocortizona 500 mg, adrenalina 15 mcg, berotec 10 puffs, sendo revertido o episódio de broncoespasmo. Anestesia mantida com oxigênio, sevoflurano 2%. Administrou-se dipirona 2g, bromoprida 10 mg, dexametazona 10 mg, ranitidina 25 mg, cetoprofeno 100 mg, ondasetrona 8 mg, nubain 4 mg. Paciente foi extubada na sala de cirurgia, após administração de prostigmine 2mg, atropina 0,75 mg, sem intercorrências. Obteve alta hospitalar após 45 dias. DISCUSSÃO: O crack é uma substância com propriedades simpaticomiméticas, forte estimulante do SNC, atingido pelo bloqueio de canais de sódio. O pulmão é o órgão mais exposto aos produtos da combustão do crack, podendo o paciente apresentar sintomas respiratórios, como o broncoespasmo, desde brandos até gravíssimos, demandando hospitalização.CONCLUSÃO:O crack tornou-se, ao longo dos anos, a droga mais utilizada nos Estados Unidos e no mundo. O aumento do número de usuários é acompanhado pelo aumento de doenças respiratórias reativas à combustão do crack. É necessário orientar usuários sobre efeitos graves e até fatais advindos do uso da droga, assim como saber tratar sua ocorrência, sobretudo no âmbito anestésico.REFERENCIAS:1)Haim DY, Lippmann ML, Goldberg SK, Walkenstein MD. The pulmonary Conplications of Crack Cocaine: A Comprehensive Review. Chest 1995; 107; 233-240. 2)Wolff A.J. ,O´Donnell A.E.. Pulmonary effects of illicit drug use.Clin Chest Med, 25 (2004) 203-216.

AO 400 A EXPERIÊNCIA DA CAPACITAÇÃO DE UMA ENFERMEIRA NA ÁREA DE ANESTESIA NO CONTEXTO BRASILEIRO. FOMENTANDO O CONCEITO “ANESTHESIA PATIENT SAFETY”. RAPHAEL DE ROSA; VIVIANE BARROS DE MAURICIO ROSA SERVIÇO DE ANESTESIOLOGIA DE MARACAJU, MARACAJU, MS, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: O trabalho busca relatar como capacitamos uma Enfermeira na área da anestesiologia e como a mesma pode contribuir na aplicabilidade do conceito “Anesthesia Patient Safety”. Relato de Caso: Nosso serviço caracteriza-se especialmente por cirurgias de pequeno e médio porte, sendo o grande porte as cirurgias de emergência (especialmente traumas). Contando com apenas um profissional anestesiologista no município, vimos a necessidade de um profissional capacitado para compor nossa equipe, especialmente no perioperatorio, focando a SEGURANÇA de nosso ato anestésico. Estudando os modelos mundiais de Enfermagem em Anestesia, percebemos que os modelos de enfermagem de prática avançada (Nurse Anesthetist) não seriam aplicáveis a nossa realidade e desrespeitaria as normas do CFM, SBA e COFEN. Não existindo pós-graduação na área em nosso país, e sendo escassas as especializações, optamos por admitir uma enfermeira pós-graduada em Urgência e Emergência e com experiência assistencial em Pronto Socorro e UTI. Capacitamos esta profissional na rotina diária do serviço. Inicialmente trabalhamos a questão de riscos ocupacionais e suas prevenções. Seguimos com a ambientação ao centro cirúrgico e ao material necessário para prática anestésica segura, especialmente os menos comuns em outros ambientes hospitalares (como máscara laríngea, estilete luminoso, bougies, combitube). Apresentamos as drogas utilizadas e suas propriedades farmacológicas, insistindo no cuidado com a identificação correta dos fármacos: “confirmação e reconfirmaçao”. Após a capacitação básica, focamos nos protocolos voltados à ANESTESIA SEGURA, especialmente os de reanimação e de manuseio da via aérea difícil (disponibilizando material de estudo e períodos de discussão dos mesmos). Nosso enfoque, além de capacitação para rotina, foi implementar a capacitação para instrumentalização rápida e eficaz do anestesiologista durante uma situação emergencial. Não colocamos em nenhum momento o enfermeiro como substituto do anestesiologista e menos ainda aventamos a prática avançada da enfermagem em anestesia. Atualmente, o profissional enfermeiro de nosso serviço tem treinamento em mais de duas mil anestesias, durante um período de pouco mais de dois anos. Em nossa experiência, tal profissional mostrou-se hábil no desenvolvimento de suas funções atribuídas, correspondendo à altura sempre que exigido. Conclusão: Voltado para a nossa realidade - onde o anestesiologista trabalha isolado - em momentos onde segundos podem significar o hiato entre vida, seqüela e morte, o trabalho de nosso enfermeiro capacitado em anestesiologia tem se mostrado efetivo no cenário “Anesthesia Patient Safety”. Referências Bibliográficas: 1.Eur J Anaesthesiol 2010, 27:592–597. 2. Rev SOBECC. 2004, 9(3):8-13. 3. Journal of Nursing Scholarship 2008; 40:3, 204–211

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AO 401 RELATO DE CASO: ANESTESIA PERIDURAL INADVERTIDA EM PACIENTE COM PLAQUETOPENIA THIAGO MONTEIRO DE CARVALHO1; PRISCILLA RIBEIRO MARQUES2; PEDRO HENRIQUE LEMOS ALVES1; FABIO DUQUE AGANETTI1; RAQUEL NORMANDO CUNHA1; LEOPOLDO PALHETA GONZALEZ3 1.HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETULIO VARGAS, MANAUS, AM, BRASIL; 2.UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA, BOA VISTA, RR, BRASIL; 3.FUNDAÇÃO HOSPITALAR ADRIANO JORGE, MANAUS, AM, BRASIL. Resumo: Introdução: Não existem fortes evidências sugerindo número mínimo de plaquetas necessário para garantir a segurança na realização da anestesia regional. O objetivo foi relatar um caso onde a paciente é portadora de doença trombocitopenica e foi submetida a anestesia peridural inadvertidamente.Relato de Caso: MSAS, feminino, 56 anos, 73Kg IMC 25.9Kg/m2, internada para colecistectomia. Foi prescrito diazepam 10mg às 22:00h e 1h antes da cirurgia. Não houve recebimento do prontuário da paciente à entrada da mesma na sala de cirurgia; foi então realizado exame físico e anamnese dirigida onde afirmou ter hipertensão controlada ao ser interrogada sobre comorbidades e omitiu ter purpura trombocitopenica imune (PTI). Optamos por anestesia geral balanceada com peridural. Posicionada em decúbito lateral esquerdo, realizada punção peridural T10/T11 agulha Tuohy 16G via mediana, localizado espaço peridural por perda de resistência, sendo decidido então injetar 10ml de bupivacaína 0,50% com vasoconstritor, 1mg de morfina e fentanil 50µg; passagem de cateter peridural nº16 sem dificuldades. Iniciada pré-oxigenação, alfentanil 1750µg, pancurônio 6mg, propofol 130mg, foi realizado intubação orotraqueal com TOT 8.0 com cuff. Após 10 min do inicio da cirurgia foi recebido o prontuário afirmando que a paciente era portadora de PTI com nível plaquetario de 55x103 e INR 1,23 sem alterações nos demais exames. Foi solicitado novo hemograma e tipagem sanguínea. A cirurgia transcorreu sem grandes sangramentos e com estabilidade hemodinâmica mantida. A paciente foi extubada e enviada a sala de recuperação pós anestésica, sendo administrada nova dose 10ml de bupivacaína 0,50% com vasoconstritor devido queixa de dor. Retirado o cateter sem sangramento imediato ou após 2 dias de seguimento. Discussão: Trabalhos em gestantes indicam um nível de plaquetas considerado seguro (>50x103) para a utilização de anestesia regional. O caso onde, mesmo sem ter em mãos o resultado de exames laboratoriais ao inicio da cirurgia, não houve qualquer complicação referente ao baixo nível plaquetario associado a anestesia regional.

AO 402 ANESTESIA DE URGÊNCIA EM PACIENTE PORTADOR DE MIASTENIA GRAVE YURI LOURO ABREU; DEOCLÉCIO TONELLI; DESIRÉE CARLOS CALLEGARI; DEISE SALETTI; ALESSANDRA MASIUKEWYCZ; NATÁLIA PEREIRA MAGALHÃES FMABC, SANTO ANDRÉ, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: Miastenia Grave (MG) é uma doença auto-imune, causada pela degradação de receptores de acetilcolina (RAC), danificando a membrana pós-sináptica da junção neuromuscular. É uma reação mediada por anticorpos anti RAC. Esse processo inicia-se no timo, sendo que 90% dos pacientes têm alterações histológicas dessa glândula (timoma, hiperplasia ou atrofia). Outras doenças auto-imunes podem associarse à MG. A característica clínica da MG é a fraqueza do músculo esquelético de intensidade variável. Atualmente, são utilizados no tratamento anticolinesterásicos, corticosteróides, imunossupressores e a timectomia. Pacientes miastênicos em tratamento com inibidores da colinesterase podem ter uma resposta alterada tanto com relação aos bloqueadores neuromusculares (BMNs) despolarizantes como adespolarizantes. O objetivo deste artigo é relatar um caso de anestesia de urgência em paciente portadora de Miastenia Grave realizado no Serviço de Anestesiologia Universitário do Centro Hospitalar Municipal de Santo André – Faculdade de Medicina do ABC. Relato de caso: paciente do sexo feminino, 41 anos, 96kg, 1,66m, ASA IIIE, asmática em uso de terbutalina durante as crises e portadora de miastenia grave generalizada, em tratamento com piridostigmina. Antecedentes cirúrgicos: osteossíntese de fêmur há 18 anos e, timectomia há 15 anos. Apresentou-se no Centro Cirúrgico para a realização de laparotomia exploradora devido ao quadro de Abdome Agudo Obstrutivo. Realizada intubação orotraqueal com a paciente acordada e injeção de propofol 200mg imediatamente após a intubação. Manutenção: infusão contínua de remifentanil, propofol e sevoflurano. A extubação ocorreu após 37 minutos da interrupção da técnica anestésica. Aguardou-se a paciente apresentar ventilação espontânea e tornar-se responsiva aos comandos verbais para a realização da mesma. Discussão: MG é uma doença crônica que cursa com crises e com remissões da sintomatologia. Como o efeito dos BNMs nos pacientes com Miastenia Grave depende de terapias prévias, bem como da gravidade e da duração da doença, optou-se pelo não uso dos mesmos. Na tentativa de obter-se um adequado relaxamento muscular para o procedimento cirúrgico, utilizou-se a associação de agente inalatório em baixa concentração à técnica endovenosa com fármacos de curta duração, o que garantiu retorno rápido da ventilação espontânea, com uma conseqüente extubação precoce.

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AO 403 INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL POR MÉDICOS EM ESPECIALIZAÇÃO EM ANESTESIOLOGIA COMPARANDO AIRTRAQ® COM LARINGOSCÓPIO DE MACINTOSH – UM ESTUDO PROSPECTIVO EM MANEQUIM CLAUDIA MARQUEZ SIMÕES; PAULA MACEDO MAGALHAES; ADELI MARIANE VIEIRA LINO ALFANO; FÁBIO HENRIQUE GREGORY; CASSIO CAMPELO DE MENEZES CET SÃO PAULO SERVIÇOS MÉDICOS DE ANESTESIA LTDA./ HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: A dificuldade ou falha na intubação traqueal (IT), especialmente em doentes críticos, implica em grande morbi-mortalidade. O surgimento de novos dispositivos de IT pode ajudar a reduzir complicações associadas. O Airtraq® é um novo laringoscópio ótico para o manejo da via aérea. O objetivo deste estudo é comparar a facilidade para visualização de estruturas glóticas em condições normais e de dificuldade com o laringoscópio de Macintosh e o Airtraq®. Materiais e métodos: Onze médicos em especialização (ME) consentiram participar do estudo. Após explanação sobre o novo dispositivo, foi realizado o treinamento de IT utilizando o Airtraq® em um manequim (SimMan, Laerdal). Posteriormente, cada ME realizou a simulação separadamente, realçizando a IT com ambos dispositivos em um cenário de via aérea sem alterações e em um cenário de via aérea difícil (edema de língua e diminuição da extensão cervical). As variáveis analisadas foram: o sucesso e o tempo para IT, o número de tentativas, a necessidade de medidas adicionais, a ocorrência de lesão dentária, a visualização glótica (POGO) e a dificuldade da IT por uma escala analógica visual (VAS). Foram realizadas 2 rodadas de simulação, sendo a primeira para familiarização com o ambiente e seus dados foram descartados para análise estatística. Resultados: Em ambos os cenários, o sucesso de IT foi de 100% para os 2 dispositivos e não houve diferença no tempo para IT. Não houve necessidade de medidas adicionais para IT com o Airtaq®. Já com o Macintosh, 3 ME realizaram reposicionamento do manequim em ambos os cenários, 2 ME solicitaram fio guia no cenário de IT difícil e 1 ME solicitou a realização de pressão laríngea externa, posicionamento e fio guia para o cenário de via aérea sem alteração. Nos 2 cenários houve maior incidência de lesão dentária com o Macintosh (p<0,005) e a visualização glótica foi melhor com o Airtraq (p<0,05). Não houve diferença significativa na classificação da dificuldade da IT pela VAS entre os 2 dispositivos nos dois cenários. Discussão: A utilização do Airtraq® pode ser mais vantajosa do que o laringoscópio convencional quanto a lesão dentária e a visualização glótica. Observou-se que apesar das orientações para realização da laringoscopia de maneira realística, a maior parte dos participantes não se preocupou com a técnica, principalmente no cenário de dificuldade, resultando em alta incidência de lesão dentária. Tal fato chama atenção para um possível viés da realização do estudo em manequim, no entanto o dispositivo ótico facilitou a visualização glótica sem o risco de lesão dentária. Conflito de interesses: O laringoscópio ótico Airtraq foi cedido pela Contatti para o estudo. Referências bibliográficas: 1. Darshane, S., M. Ali, et al. Validation of a model of graded difficulty in Laerdal SimMan: functional comparisons between Macintosh, Truview EVO2, Glidescope Video Laryngoscope and Airtraq. Eur J Anaesthesiol 28(3): 175-180.

AO 404 ANESTESIA EM PACIENTE COM ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE: RELATO DE CASO JULIANA LEITE DE OLIVEIRA; OTÁVIO DAMÁZIO FILHO; JANE AUXILIADORA AMORIM; LUCIANA DE OLIVEIRA PORTO MASIERO; ARMANDO MOREIRA MENDES; TATIANA SALES ALENCAR CET DO HR, HGV E O HUOC, RECIFE, PE, BRASIL. Resumo: Anestesia em paciente com anemia hemolítica autoimune: Relato de caso Justificativa e Objetivos: A anemia hemolítica autoimune (AHA) é causada pela presença de anticorpos, não específicos e identificáveis, que reagem com antígenos de superfície dos glóbulos vermelhos. Nos portadores da doença a identificação do tipo sanguíneo é prejudicada, o que dificulta a hemotransfusão. Na prática anestésica a decisão de hemotransfusao deve ser baseada no estado hemodinâmico. O objetivo deste estudo foi relatar um caso de anestesia em paciente com anemia hemolítica autoimune, submetida à cirurgia de Whipple e colectomia total. Relato do caso: Mulher, 52 anos, diabética, com doença coronariana, programada para laparotomia exploradora devido à tumoração em cólon transverso. Nos exames pré-operatórios apresentava Hb de 8mg/dl e teste de coombs direto positivo. Optou-se pela anestesia peridural associada à anestesia geral. Não foi administrada medicação pré-anestésica. Ao chegar à SO, foi monitorizada, sedada com midazolam e fentanil e realizada anestesia peridural com ropivacaína 0,25% e morfina 1mg. Para anestesia geral na indução foram administrados propofol, fentanil e rocurônio e para manutenção utilizou-se sevoflurano. A monitorização constou de cardioscópio, oxímetro de pulso,capnografia pressão arterial invasiva, pressão venosa central e sonda vesical. Foi realizada duodenopancreatectomia, gastrectomia parcial e colectomia total, com duração de 13h. As gasometrias arteriais seriadas, no transoperatório, mostraram queda progressiva dos níveis de Hb atingindo níveis de 5,9 mg/dl, sem sinais clínicos de repercussão hemodinâmica ou hipoxemia tecidual. Não foi realizada hemotransfusão no transoperatório. Ao término da intervenção foi encaminhada à UTI, entubada sob ventilação controlada. Evoluiu no pós-operatório sem complicações clínicas. Conclusão: O preparo desses pacientes para cirurgia envolve a participação de uma equipe multidisciplinar, que tem como objetivo a adoção de estratégias que minimizem a exposição desses pacientes à hemotransfusão. A decisão de transfundir deverá considerar as condições clínicas, o risco e o potencial benefício da exposição aos hemocomponentes. Nesse caso, a estabilidade hemodinâmica da paciente foi determinante para decisão de não hemotransfundí-la, apesar nos níveis de hemoglobina atingirem valores tão baixos. Referências bibliograficas: Semin Hematol 2005; 42:131-136; Rev Bras Anestesiol 2010;60:75-83.

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AO 405 A SÍNDROME DE BURN-OUT ENTRE MÉDICOS ANESTESIOLOGISTAS EM UM SERVIÇO PRIVADO DE ANESTESIOLOGIA VIVIAN AGUIAR RÉ; CLAUDIA MARQUEZ SIMÕES; PAULA MACEDO MAGALHAES; CASSIO CAMPELO DE MENEZES CET SÃO PAULO SERVIÇOS MÉDICOS DE ANESTESIA / HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivo: Burnout é uma síndrome de estresse crônico relacionado ao trabalho que está associada a exaustão, piora da eficácia profissional e comprometimento da qualidade de vida. Várias características são associadas ao risco de Burnout. Fadiga é um dos sintomas mais comuns, porém é difícil distinguir a doença física ou mental da exaustão emocional, sintoma do Burnout. A síndrome de burnout traz consequências negativas tanto no aspecto individual, profissional, familiar e social. A anestesiologia é uma especialidade que tem características peculiares que podem precipitar o surgimento desta síndrome. O objetivo deste trabalho preliminar é verificar a presença da síndrome em anestesiologistas que atuam em um hospital privado terciário de uma das maiores cidades do país. Materiais e métodos: De um total de 120 anestesiologistas, a amostra do presente estudo foi composta por 47 anestesiologistas. O critério de inclusão da amostra foi estar disponível e consentir em participar da pesquisa, preenchendo e assinando o termo de consentimento livre e esclarecido e respondendo ao questionário de identificação preliminar de burnout, adaptado do questionário de Malasch. Resultados: A idade média dos entrevistados foi de 37 ± 11 anos. A maior parte dos respondedores é do sexo masculino(68%). Quanto ao tempo de experiência 14% dos respondedores eram médicos em especialização, 30% tem mais de 10 anos de experiência, 26% entre 5 e 10 anos, 32% até 5 anos. Entre os respondedores 35% apresentaram possibilidade de desenvolvimento da síndrome, 54% apresentam sinais da fase inicial do burn out e 10% já apresentam sinais da instalação da síndrome. Não houve diferença na incidência dos sinais de instalação da síndrome de burn out entre os profisisonais com até 5 anos de experiência e profissionais com tempo superior a 5 anos. Discussão e conclusões: A síndrome do burn out tem sérias consequências pessoais e profissionais. Sua presença leva a menor satisfação do paciente com o atendimento médico e pode influenciar a qualidade da assistência prestada. Diversos estudos apontam o burnout como fator de risco para erros médicos. No nível pessoal, se relaciona com ideação suicida e pode contribuir para outros problemas pessoais, tais como abuso de substâncias e rompimento de relacionamentos. Há uma carência de anestesiologistas no mercado profissional frente à demanda atual, graças a expansão dos serviços hospitalares e de diagnóstico. O serviço de anestesia do grupo estudado tem demonstrado crescente preocupação e atenção para a qualidade do ambiente de trabalho, trabalhando com iniciativas como check-up de saúde e atualmente voltado para a identificação de outros fatores de risco. A identificação desta situação pode permitir um adequado planejamento e estabelecimento de estratégias de intervenção e prevenção. Referências bibliográficas: 1. Shanafelt, T. Burnout in Anesthesiology: A Call to Action Anesthesiology. 114(1):1-2, 2011.

AO 406 AVALIAÇÃO DA ROTINA DE EXAMES PRÉ-OPERATÓRIOS DO HOSPITAL GETÚLIO VARGAS JOSÉ FRANCISCO SILVA; JANE AUXILIADORA AMORIM; OTÁVIO DAMÁZIO FILHO; JULIANO FARIAS CORDEIRO; LUANA LEAL GOMES CET HR/HGV/HUOC, RECIFE, PE, BRASIL. Resumo: José Francisco de Lima e Silva, Jane Auxiliadora Amorim, Otávio Damázio Filho, Juliano Farias Cordeiro, Luana Leal Gomes Centro de Ensino e Treinamento dos Hospitais da Restauração, Getúlio Vargas e Osvaldo Cruz, Recife-PE. AV: Agamenon Magalhães, s/n, Derby, Recife-PE. Justificativa e objetivos: A história clínica e o exame físico fazem parte da avaliação pré-anestésica de pacientes submetidos a cirurgias eletivas, entretanto ainda existe controvérsia quanto ao papel dos exames pré-operatórios. O objetivo do presente estudo foi avaliar a rotina de exames pré-operatórios solicitados para uma população de pacientes da clínica de Cirurgia Geral do Hospital Getúlio Vargas, Recife, Pernambuco, e confrontar com as recomendações da literatura. Materiais e método: Este tratou-se de um estudo retrospectivo e observacional. Foram analisados 183 prontuários no período de setembro de 2009 a julho de 2010. 75 foram excluídos por estarem com informações incompletas. Foi usado para coleta dos dados um formulário desenvolvido pelos autores. As variáveis analisadas foram: idade, estado físico (ASA), doenças associadas, porte da cirurgia, contagem de hemácias e plaquetas, hemoglobina, hematócrito, leucometria, tempos de protrombina e tromboplastina parcial ativada, atividade enzimática, INR, uréia, creatinina, sódio, potássio, glicemia de jejum e parecer cardiológico. Resultados: Nos 108 prontuários incluídos no estudo, a média de idade encontrada foi de 48,92Đ 16,73 anos. No preparo pré-operatório, a rotina do serviço é solicitar para todos os pacientes: hemograma, coagulograma, bioquímica e parecer cardiológico. Quanto ao estado físico 60 pacientes eram ASA I, 43 ASA II e 5 ASA III. Apresentaram resultados anormais nos exames avaliados 20 pacientes ASA I (33,33%), 25 ASA II (58,14%) e 4 ASA III (80%). O exame que apresentou maior percentual de anormalidade foi o valor do hematócrito (32/41,55%) e o menor foi a contagem de plaquetas (1/0,91%). Entre todas as anormalidades encontradas, apenas duas requereram intervenções pré-operatórias, e ambas poderiam ser previstas pelas informações colhidas na anamnese e exame físico. Foi encontrada relação direta entre a idade, doenças associadas e anormalidades nos exames solicitados. Conclusões: Este estudo concluiu que não foram observadas as recomendações da literatura para a solicitação de exames pré-operatórios na população estudada. Em pacientes jovens e saudáveis os testes foram pouco úteis. Embora tenha havido pelo menos um resultado anormal em vários pacientes, esse teste alterado raramente resultou em mudança da conduta ou cancelamento do procedimento cirúrgico. Nós sugerimos mudanças na rotina do serviço, de acordo com as recomendações da literatura, que possam agilizar a realização das cirurgias eletivas e reduzir os custos. Referências: Anesthesiology Clin N Am 2004; 22:13– 25; CAN J ANESTH 2006;53: 236–241; Med Clin N Am 2003; 87:7–40.

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AO 407 ESTUDO PARA A AVALIAÇÃO DA DIFICULDADE DE INTUBAÇÃO EM PACIENTES ONCOLÓGICOS TATIANA BARBOZA KRONEMBERGER1; CLAUDIA MARQUEZ SIMÕES2; REGINA ALBANESE POSE3; JOSÉ OTÁVIO COSTA AULER JR1 1.FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO E INSTITUTO DO CÂNCER DO ESTADO DE SÃO PAULO, SÃO PAULO, SP, BRASIL; 2.INSTITUTO DO CÂNCER DO ESTADO DE SÃO PAULO, SÃO PAULO, SP, BRASIL; 3.FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Fonte de fomento e avaliação ética: Não houve apoio financeiro. Não há conflito de interesse. Aprovado pelo Comitê de Ética Institucional. Justificativa e objetivo: Segundo diretrizes da ASA, quando houver mais de 3 tentativas de IOT ou duração superior a 10 minutos para a intubação traqueal utilizando-se laringoscopia direta, a intubação é considerada difícil. Diretrizes da AMB definem dificuldade de intubação quando não for possível em uma tentativa ou em menos de 30 segundos. Assim, procura-se estabelecer quais parâmetros anatômicos podem ajudar no reconhecimento de uma possível dificuldade de intubação, prevenindo-se as complicações decorrentes. Pacientes oncológicos carreiam risco adicional associados a faixa etária, afecções na região cervical e radioterapia neste local. O objetivo deste estudo é verificar quais variações anatômicas são relevantes para a identificação da dificuldade de intubação em pacientes com programação para cirurgias oncológicas. Método: Em 109 pacientes programados para cirurgias oncológicas num hospital terciário, avaliou-se os seguintes parâmetros referentes às vias aéreas: teste de Mallampati, abertura de boca(Đ3cm), flexão/extensão cervical(normal/reduzida), distância esterno-mento(Đ12,5cm), mobilidade da mandíbula(normal/reduzida), bem como o número de tentativas de IOT por laringoscopia, verificadas a posteriori na ficha de anestesia. Resultados: Neste grupo de 109 pacientes avaliados, 16 apresentaram dificuldade de intubação, denotando-se nesta amostra diferença estatisticamente significativa (Teste Qui-quadrado p<0,001). A seguir neste grupo, a partir do Teste de Mann-Whitney (pĐ0,005), estabeleceram-se correlações entre os parâmetros avaliados e dificuldade de intubação : teste de Mallampati, abertura de boca, flexão/extensão cervical e mobilidade da mandíbula apresentam correlações estatisticamente significativas em relação à dificuldade de intubação. Ao se aplicar o teste de Spearman (p<0,05) nos parâmetros com correlação, verificou-se fraca correlação com o teste de Mallampati(0,30), flexão extensão cervical(0,32), média correlação com a mobilidade da mandíbula(0,48) e correlação negativa com a abertura da boca(-0,41). A medida da distância externo-mento não apresentou correlação estatisticamente significativa. Conclusão: Quanto aos testes anatômicos analisados, verificou-se que quanto menor a abertura de boca, maior a dificuldade de intubação, enquanto a mobilidade da mandíbula reduzida também apresentou maior correlação com a dificuldade de intubação quando comparados ao teste de Mallampati e a flexão/extensão cervical. Estes resultados permitem afirmar que neste grupo de pacientes analisados a redução da abertura da cavidade bucal e a restrição a mobilidade mandibular são preditores da dificuldade de intubação na anestesia, devendo-se estabelecer nestas situações os procedimentos necessários para abordar se uma via aérea potencialmente difícil.

AO 408 DIFERENÇA ENTRE O GRAU DE SEDAÇÃO DO LORAZEPAM, DA CLONIDINA OU A ASSOCIAÇÃO COMO MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA FÁBIO GIARDINI POGORELSKY; ANDRÉ RIGO; OTAVIO HAYGERT SCHNOR; JULIANA NOBRE KABKE; ROBERTA PERIM RIGOBELLO; GASTÃO FERNANDES DUVAL NETO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS - UFPEL, PELOTAS, RS, BRASIL. Resumo: Fontes de Fomento e Conflito de Interesse: Não houve fontes de fomento e nem conflitos de interesse. Objetivo e Justificativa: Este trabalho tem como objetivo avaliar diferenças entre o nível de sedação pré-anestésica com a utilização de Lorazepam, Clonidina ou a sua associação. A medicação que antecede o procedimento anestésico é considerada um importante estágio no processo da anestesia. A realização de uma adequada sedação visando à diminuição do estresse psíquico no paciente cirúrgico resulta em evidentes vantagens para a saúde do mesmo. Metodologia: Este estudo, com características duplo encoberto, terá a participação de 40 pacientes, ASA I ou II submetidos à colecistectomia videolaparoscópica, que serão distribuídos de maneira aleatória e randomizada nos seguintes grupos: Lorazepam (2 mg via oral) – Grupo 1, Clonidina (150mcg via oral) – Grupo II, ambas as drogas (via oral) – Gurpo III e placebo (via oral) – Grupo IV. As medicações serão administradas 60 minutos antes da chegada do paciente ao bloco cirúrgico. Após 10 minutos, será avaliado o efeito das medicações em relação ao grau de sedação obtido com aplicação da escala de Ramsay. Nenhum paciente receberá medicação pré-anestésica na noite anterior ao procedimento e, além dos dados de sedação, serão analisados parâmetros hemodinâmicos pré e pós o uso da medicação. O consentimento informado e a explanação da técnica de sedação serão salientados na noite anterior ao procedimento cirúrgico para todos os pacientes. Os dados dos resultados obtidos serão analisados estatisticamente através do programa SPSS 17.0. Resultados e Discussão: O estudo encontra-se em fase de elaboração com conclusão prevista até o congresso. Referências Bibliográficas: Acta Anaesthesiol Scand, 2010; 54: 397–402. Thorac Surg Clin, 2005; 15: 305–315. British Medical Journal, 1974; 2: 656–659.

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AO 409 COMBINAÇÃO DO USO DE MODELO DE LARINGOSCÓPIO ÓPTICO COM UM TIPO ESPECÍFICO DE CATETER DE INTRODUÇÃO TRAQUEAL EM VIA AÉREA DIFÍCIL THIAGO TRIGUEIRO PAIVA1; RODRIGO MAIA LIMA2; RAFAEL DE MACEDO COELHO2; MAURICIO DO AMARAL NETO2; JACY MAURO FATTORI JUNIOR2; MAURO PRADO SILVA2 1.CET SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SP, SAO PAULO, SP, BRASIL; 2.CET SANTA CASA DE MISERICORDIA DE SP, SAO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Objetivo: Relatar um caso de manejo de via aérea difícil em que se utilizou a combinação de laringoscópio óptico modelo Airtraq® com cateter de introdução para intubação traqueal modelo Frova®. Relato de Caso: Paciente de 21 anos, masculino, sem antecedentes mórbidos e índice de massa corpórea de 20,4 kg.m -2, admitido em sala operatória para realização de sinusectomia bilateral etmoidal e maxilar via endoscópica por Pansinusite Complicada. Ao exame das vias aéreas, constatou-se: restrição da movimentação atlanto occipital, índice 4 de Mallampati modificado por Samsoon e Young, distâncias interincisivos de 2 cm, tireomentoniana maior que 6 cm e esterno-mentoniana maior que 12,5 cm. Após discussão do caso com a equipe cirúrgica, optou-se por abordar as vias aéreas de forma não invasiva. Com esse objetivo, utilizou-se o laringoscópio óptico Airtraq® associado com o cateter radiopaco com marcações em centímetros e uma ponta curva romba modelo Frova® sob anestesia tópica das vias aéreas. A sedação foi obtida com a administração de midazolam 1,5 mg e sufentanil5 µg. Realizada anestesia tópica da base da língua e dos pilares amigdalianos com 5 ml de lidocaína a 10% através de dispositivo atomizador maleável, inserido o dispositivo Airtraq® tamanho 3 e observada a fenda glótica. Em seguida, introduzido o cateter Frova® até a porção subglótica e instilados 3 mL de lidocaína a 2% pelo seu canal. No momento em que se obteve a anestesia de toda a região, foi introduzido a cânula traqueal e confirmada a intubação por ausculta torácica e capnometria. Indução anestésica com: propofol 150 mg, sufentanil 25 µg, atracúrio 20mg e mantida anestesia com isoflurano variando de 0,8 a 1,5% e administrados mais 20 µg de sufentanil. O procedimento cirúrgico ocorreu sem intercorrências e o paciente foi encaminhado à UTI sob intubação traqueal e extubado oito horas após sem intercorrências. Discussão e conclusão: O diagnóstico antecipado de via aérea difícil em um paciente obriga o anestesiologista a lançar mão de abordagens alternativas ao uso do laringoscópio rígido para realizar a intubação traqueal com segurança e reduzir os riscos de complicações1. Quando se realiza a intubação traqueal com o paciente acordado, a utilização do dispositivo atomizador maleável possibilita a anestesia tópica das vias aéreas de qualidade superior em relação aos métodos convencionais. A utilização do dispositivo Airtraq® possibilita a visão indireta da fenda glótica através de um sistema de lentes prismáticas e mostra-se eficiente mesmo em situações adversas. Embora pouco estudada, a associação do laringoscópio óptico com cateteres elásticos com ponta curva romba pode ser útil em casos de via aérea difícil2. Referências: 1- Anesthesiology, 2011; 114(1):25-33 2- Acta Anaesthesiol Scand, 2009; 53(7):858-63

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TEMAS LIVRES PÔSTERES

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PO 001 ANÁLISE DA DOR PÓS-OPERATÓRIA DE PACIENTES INTERNADOS NA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SOBRAL, CEARÁ, BRASIL JOÃO PAULO ALVES RIOS1; JOSENÍLIA MARIA ALVES GOMES1; JANSSEN LOIOLA MELO VASCONCELOS2; ANDREZZA MARQUES FERNANDES2; BRUNA HOLANDA LUZ DO NASCIMENTO2; RENATA FERREIRA DE ARAÚJO TELLES2 1.CET OZIEL DE SOUZA LIMA, SOBRAL, CE, BRASIL; 2.UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, SOBRAL, CE, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivo: A dor é uma importante queixa no pós-operatório (PO), sendo considerada muitas vezes normal pela assistência hospitalar e pelo próprio paciente, em razão da falta de conhecimento da fisiopatologia da dor e do manejo adequado da analgesia. Sabe-se que estímulos dolorosos prolongados predispõem o paciente ao sofrimento e complicações, podendo aumentar o tempo de internação. Este estudo objetiva avaliar a dor de pacientes internados na Santa Casa de Misericórdia de Sobral (SCMS). Materiais e métodos: Este estudo consiste dos resultados do estudo observacional com delineamento transversal realizado entre Abril e Junho de 2011. Foi aplicado um questionário semi-estruturado com 25 tópicos abordando a identificação e a avaliação da dor do paciente a partir da Escala Visual Numérica, bem como a análise do prontuário com o fim de coletar dados sobre o procedimento cirúrgico e a prescrição analgésica. Foram entrevistados 56 pacientes escolhidos aleatoriamente, incluindo apenas aqueles que estavam no pós-operatório imediato até o 1° dia de PO, isto é, acima de 6 horas até 48 horas do procedimento cirúrgico. Os locais de coleta foram enfermarias cirúrgicas e sala de recuperação pós-anestésica. O financiamento foi feito pelo Departamento de Ensino e Pesquisa da SCMS. Resultados: A maioria dos pacientes operados neste período foram adultos jovens (44,7%), do sexo masculino (60,7%), que cursaram o ensino fundamental incompleto (52,8%) submetidos à cirurgias abdominais(43,1%) e sobre os membros(44,6%) em proporções similares. A técnica anestésica mais utilizada foi o bloqueio no neuroeixo (58,9%). A maior concentração (55.4%) dos pacientes foi avaliada no intervalo entre 24 e 48 horas após a cirurgia. No momento da avaliação, 71.4% dos pacientes apresentavam-se sem dor (EVA 0). O tempo para solicitação do primeiro analgésico variou entre 1 e 4 horas em 69,8% dos pacientes avaliados. A analgesia oferecida no PO foi considerada satisfatória por 73,1% dos entrevistados. Na prescrição observou-se utilização ampla e variada de analgésicos simples sozinhos (40%) ou em combinação com opióides fortes (45,5%), sendo que em apenas 13% apareceu o esquema “se necessário”. Apesar da satisfação, 66.1% referiram dificuldades de movimentação no leito, seguida por 41,1% de incapacidade relatada de tossir ou respirar profundamente. As alterações do sono e do apetite foram menos consideradas: 28.6% e 23.2%, respectivamente. Discussão e Conclusão: Estudos como este permitem avaliar a terapêutica analgésica implementada, visualizando pontos de destaque no sentido de mantê-los e implementá-los, reconhecendo ainda pontos onde uma intervenção planejada poderá suprir deficiências.

PO 002 IMPACTO DA EDUCAÇÃO CONTINUADA DOS ANESTESIOLOGISTAS NO TRATAMENTO DA DOR PÓS-OPERATÓRIA NA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SOBRAL JOÃO PAULO ALVES RIOS1; JOSENÍLIA MARIA ALVES GOMES1; CLÁUDIA REGINA FERNANDES1; JANSSEN LOIOLA MELO VASCONCELOS2 1.CET OZIEL DE SOUZA LIMA, SOBRAL, CE, BRASIL; 2.UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, SOBRAL, CE, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivo: Davis define educação médica continuada como: “qualquer e todas as formas através das quais os médicos aprendem após finalizado seu treinamento formal”. Nos últimos anos tornou-se foco de atenção de gestores, de pacientes e dos próprios médicos, uma vez que programas de recertificação e qualidade são frequentes e, em muitos países, obrigatórios. Mais importante do que obrigar a participação dos profissionais em tais programas é preciso demonstrar a efetividade destas atividades nas mudanças de prática clínica. O objetivo deste estudo foi avaliar a mudança no padrão de prescrição de analgésicos no pós-operatório após programa de desenvolvimento profissional. Material e método: Durante 2010 foi desenvolvido na Santa Casa de Sobral um programa de desenvolvimento dos profissionais anestesiologistas do serviço. O programa constou de um curso com carga horária de 120 horas e uma jornada científica. Foram abordados temas relevantes de atualização com foco na atuação do anestesiologista como clínico do perioperatório. O tratamento da dor pós-operatória foi discutido utilizando evidências e protocolos recentes, enfatizando o risco de cronificação da dor pós-operatória não tratada. Dados referentes à prescrição de analgésicos nos prontuários foram anotados antes do programa e seis meses após o termino do mesmo. Os resultados estão expressos em percentuais. Resultados: A observação da prescrição analgésica antes da educação continuada demonstrou que em 66,2% dos prontuários havia somente analgésico simples (AS), contra 26% associação de opióide forte e AS. A presença de dor nas últimas 24 horas foi relatada por 62,7% dos pacientes. As dificuldades de movimentação no leito (57,9%) e deambulação (47,9%) foram as principais queixas. Após a educação, a prescrição de opióides fortes associados ao AS elevou-se para 45,5%, aparecendo a prescrição de opióide fraco em 5,5% dos prontuários e observando-se uma queda na prescrição de apenas analgésicos simples para 40%. Discussão e Conclusão: A educação médica continuada visa manter e aprimorar a atuação clínica. É fundamental que sejam disponibilizadas para os profissionais no seu próprio local de trabalho evitando os custos e as dificuldades do deslocamento. A educação continuada de boa qualidade assegura mudanças visíveis na prática clínica. Referências: JAMA, 1999; 282: 867-874.

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PO 003 MANEJO DA DOR PÓS-OPERATÓRIA NA SALA DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA VINÍCIUS PINHEIRO TELES1; NICEAS ALVES FERREIRA NETO1; TARCÍSIO BESSA CAVALCANTE FILHO1; JONAS SIQUEIRA ARAÚJO1; JOSÉ GUSTAVO PRAXEDES AZEVEDO1; RIBANNA LIZ FONSECA DE MEDEIROS2 1.UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE, CAJAZEIRAS, PB, BRASIL; 2.UNIVERSIDADE POTIGUAR, NATAL, RN, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: A dor é um fenômeno freqüente no pós-operatório e pode resultar em sofrimento e riscos desnecessários ao paciente. Estudos demonstram o inadequado alívio da dor após a cirurgia e sua relação com falhas na avaliação e falta de conhecimento sobre métodos analgésicos. O presente trabalho tem o objetivo de discutir o manejo da dor pós-operatória na Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA). Método: Revisão sistemática da literatura pelo Medline, Pubmed e Scielo utilizando como descritores: dor pós-operatória e sala de recuperação pós-anestésica, no período entre 2000-2010. Resultados: Para o controle da dor pós-operatória, é indicada a abordagem multimodal, que inclui as técnicas farmacológicas e não-farmacológicas. O objetivo é bloquear a geração, transmissão, percepção e apreciação dos estímulos nociceptivos, o que pode ser feito em diferentes níveis do sistema nervoso central e periférico. Para a abordagem farmacológica, dispõe-se de analgésicos de ação periférica e central, e, também, de anestésicos para uso em bloqueios peridurais e periféricos. Dentre as principais técnicas não farmacológicas, temos as terapias físicas (aplicação de calor e frio, massagem, estimulação elétrica transcutânea e acupuntura), que, por meio da ativação do sistema sensitivo-discriminativo, estimulam o sistema supressor de dor, e técnicas cognitivo-comportamentais (relaxamento, técnicas de distração, imaginação dirigida, hipnose e biofeedback) que, possivelmente, promovem relaxamento muscular, distração da atenção e sugestão, o que interfere na apreciação do estímulo doloroso pós-operatório. Os princípios que norteiam o controle da dor aguda são a seleção de drogas e doses adequadas, a escolha da via e sistema de infusão apropriado, a investigação de possíveis efeitos adversos, a educação do doente, o uso de medidas físicas e comportamentais, a avaliação da eficácia analgésica e da incapacidade oriunda da dor. Os antiinflamatórios não-esteroidais e os opióides são agentes analgésicos que desempenham papel significativo no controle da dor pós-operatória. Atuam em estruturas periféricas e centrais, inibindo a gênese e a condução do estímulo doloroso. O controle da dor no pós-operatório pode envolver o uso de tecnologia sofisticada como cateteres peridurais e sistemas para a analgesia controlada pelo paciente. Conclusão: O controle da dor pós-operatória é essencial para a assistência integral ao paciente cirúrgico, visto que estímulos dolorosos prolongados parecem predispor a maior sofrimento e complicações no pós-operatório. Assim, o manejo adequado da dor pós-operatória na SRPA deve ser bem conduzido pela equipe para diminuir o sofrimento do paciente. Para isso a equipe deve conhecer os métodos mais utilizados para a diminuição ou supressão da dor a fim de aplicá-los corretamente.

PO 004 DOR EM NEONATOLOGIA: TRATAMENTO NÃO-FARMACOLÓGICO VINÍCIUS PINHEIRO TELES1; ANDRÉ CRISTIANO DA COSTA LIMA1; JORGE ANDRÉ DE SOUZA E SILVA1; LUZIANY CARVALHO ARAÚJO1; JAIME EMANUEL BRITO ARAUJO1; LUZINETE SEVERO DOS SANTOS2 1.UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE, CAJAZEIRAS, PB, BRASIL; 2.FACULDADES INTEGRADAS DE PATOS, PATOS, PB, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos - a importância do estudo da dor em Neonatologia se deve ao fato de que a sensação de dor e estresse significa sofrimento e desconforto para os recém-nascidos e, apesar desse conhecimento, pouco tem sido feito para minimizá-lo. Nessa revisão foram discutidas as medidas não-farmacológicas para o tratamento da dor em recém-nascidos. Materiais e Métodos - utilizando os bancos de dados MEDLINE e LILACS-BIREME, foram selecionados artigos publicados nos últimos cinco anos, abordando o tratamento não-farmacológico da dor em recém-nascidos. Os seguintes termos de pesquisa (palavras-chaves e delimitadores) foram utilizados em várias combinações: 1)pain; 2)analgesia; 3)newborn; 4)treatment: non-pharmacologic; 5)pacifiers; 6)glucose; 7)skin contact. A pesquisa bibliográfica incluiu artigos originais, artigos de revisão, editoriais e diretrizes escritos nas línguas inglesa e portuguesa, sendo selecionados 58 artigos. Resultados- o tratamento não-farmacológico consiste, principalmente, no uso de sucção não-nutritiva e de solução glicosada e no contato pele a pele entre os pais e o recém-nascido. Demonstrou-se, em modelos animais, que o efeito analgésico da glicose pode ser revertido com antagonistas de opióides, o que sugere um mecanismo de ação envolvendo a liberação de endorfinas. Já o uso da chupeta constitui-se em medida coadjuvante para o tratamento da dor do recém-nascido e não apresenta, aparentemente, propriedades analgésicas intrínsecas. A explicação para o efeito analgésico do contato pele a pele com os pais ainda não é consensual, porém presume-se que esse efeito decorra de uma estimulação sensorial múltipla, em que o cheiro da mãe, o contato da pele e os batimentos cardíacos escutados pelo recém-nascido, bloqueiam, possivelmente, a chegada do estímulo que levaria a dor ao sistema nervoso central. Discussão e Conclusõesapesar da necessidade de realização de mais estudos sobre as medidas não-farmacológicas para analgesia em recém-nascidos, elas têm se mostrado eficazes e seguras. Muitos estudos preconizam a utilização dessas medidas em conjunto, referindo também o benefício do seu uso em associação a tratamentos farmacológicos para analgesia, quando necessário. Referências- 1. Psychopharmacology. 2005;179:349355. 2. Pediatrics International. 2009;124:1101-1107.

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PO 005 ABORDAGEM DO PACIENTE COM DOR. PERCEPÇÃO DE MÉDICOS RESIDENTES DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ KHADIJA NEIDE ALEXANDRINO REGINO; ALESSANDRA LIMA VERAS DE MENEZES CAVALCANTE; LISSA BELTRÃO FERNANDES; ALANA FROTA SANTOS; CRISTIANO BENÍCIO DOS SANTOS; JOSENÍLIA MARIA ALVES GOMES UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: Hospital Universitário Walter Cantídio – FORTALEZA-CE O trabalho é original e não tem conflitos de interesse e/ou Fontes de fomento, sendo submetido e aprovado pelo Comitê de ética da Universidade Federal do Ceará (UFC). O Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) possui um fluxo constante de residentes em várias especialidades, portanto é fundamental garantir que o residente possa desenvolver estratégias para condução adequada de pacientes portadores de síndromes dolorosas. Assim, ressalta-se a importância de identificar as lacunas no conhecimento dos profissionais com o intuito de promover intervenções de educação continuada. O estudo tem como objetivo a avaliação do conhecimento geral dos residentes do HUWC sobre a temática dor, sua capacidade em lidar com situações comuns de queixas dolorosas básicas no que diz respeito à abordagem e terapêutica. Estudo epidemiológico, descritivo, transversal, a ser realizado no HUWC, em julho de 2011, Fortaleza–CE. A amostra é composta por 49 residentes de várias especialidades que atuam nesse local, sendo excluídos da pesquisa os residentes que se encontravam em recesso, os que estavam de serviço afora do complexo hospitalar da UFC e os que se negaram a participar da pesquisa. Foi utilizado um questionário com perguntas abordando os aspectos gerais, fisiopatologia avaliação e terapêutica farmacológica e não-farmacológica voltada para o paciente com dor. A avaliação dos 49 questionários mostrou que 51% dos residentes contemplaram o tema dor regularmente durante seu curso acadêmico e 24,4% complementaram seu conhecimento participando de algum curso sobre dor. Além disso, 89,7 % acreditam que o paciente é maior autoridade para informar sobre sua dor e 55% consideram dor como o 5ª sinal vital que deve ser mensurado e tratado quando necessário. Em relação à terapêutica, 28,5% afirmam que a morfina deve ser utilizada somente como última alternativa no tratamento da dor e 36,7% não sabiam que o Fentanil Transdérmico é uma opção para dores intensas a despeito do uso de morfina. Pela análise dos dados observou-se que os residentes apresentam adequados conceitos sobre a fisiopatologia e avaliação da dor, porém apresentaram falhas quanto ao conhecimento da dor como 5ª sinal vital e principalmente sobre abordagem do paciente com dor. Uma das principais falhas terapêuticas foi relacionada ao uso de opióides e o uso de terapêuticas modernas, como o uso Fentanil transdérmico, favorecendo, desta forma, o subtratamento da dor, configurando um problema de saúde pública. A solução mais adequada para este problema será a melhoria do ensino durante a formação acadêmica com a abordagem adequada dos mecanismos álgicos básicos das principais síndromes e da melhor abordagem analgésica para o paciente. Cousins MJ. Relief of acute pain: a basic human right? Medical Journal of Australia 2000;172:3-4.

PO 006 CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA E CONDUTA EM PACIENTES COM DIAGNÓSTICO A ESCLARECER EM AMBULATÓRIO DE DOR NO MARANHÃO THAYANNE KELLY MUNIZ SILVA; VALESKA BRITO DA CUNHA; ALESSANDRO CARVALHO DOS SANTOS; THIAGO JANSEN NUNES; DANIELLE GUIMARÃES LOPES; ANAMADA BARROS CARVALHO UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, SÃO LUÍS, MA, BRASIL. Resumo: Justificativas e objetivos: A dor crônica se constitui um desafio para o médico, sendo por vezes de difícil diagnóstico, necessitando de uma história clínica apurada, exame físico detalhado e exames complementares bem indicados. Esse estudo visa caracterizar o perfil do paciente com dor crônica de etiologia indefinida e as principais manifestações álgicas e condutas farmacológicas e reabilitacionais usadas nestes pacientes. Materiais e Métodos: Estudo transversal retrospectivo, consistindo em análise de prontuários e fichas protocolos pertencente ao serviço. Foram avaliados 515 pacientes com mais de dezoito anos de idade, atendidos no serviço de Dor Crônica do Hospital Universitário Presidente Dutra (HUPD) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) durante os anos de 2004 a 2011. Foi utilizado o Statistical Package for Social Sciences (SPSS) v.16.0 para a análise dos dados. Resultados: Dos 515 pacientes avaliados, 209 (40%) eram do sexo masculino e 306 (60%) sexo feminino, 447 (86%) tiveram diagnóstico etiológico definido na primeira avaliação, enquanto 68 (14%) permaneceram em investigação. Destes, 28 (42%) eram masculinos e 40 (58%) eram femininos, a média de idade foi 48 anos para homens e 49 anos para mulheres. E 64,7% alegaram ao menos um episódio de dor intensa na escala numérica. Quanto à periodicidade, 53,% classificaram a dor como sendo continua; 47% alegaram irradiação da dor; 47% alegaram alguma alteração de movimento devido a dor e 35% alteração do sono. Os principais componentes da dor encontrado nesses pacientes foram a pontada com 58,8% e queimação com 41,2%. O principal fator acompanhante foi a alteração da força, encontrada em 47,05% dos pacientes. A principal localização da dor foi a região lombar (33%), região cervical 14%, articular (17%) e ombro (7%). Em relação à conduta analgésica, não foram encontradas diferenças entres os medicamentos mais utilizados no grupo com diagnóstico e aqueles a esclarecer. Sendo que 45% foram medicados com AINES, 19% com algum tipo de opióide e 21% com antidepressivos tricíclicos. Quanto à conduta de reabilitação, a mais solicitada foi fisioterapia, requisitada em 47,1% dos casos. Discussão e Conclusão: As principais características da dor encontrada nos pacientes com diagnóstico ainda não esclarecido é ser de forte intensidade, apresentar queimação e pontada como componentes mais freqüentes e alteração da força como fator acompanhante mais prevalente. Dessa forma, percebe-se a necessidade e a importância de intervenção precoce, com o objetivo de eliminar, ou no mínimo aliviar a dor, reabilitar o paciente e assim melhorar sua qualidade de vida. Referências:1-Rev. Bras. Anestesiol., Fev 2007, vol.57, no.1, p.94-105. 2-Rev. bras. enferm., Ago 2006, vol.59, no.4, p.509-513.

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PO 007 PREVALÊNCIA E CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE MELHORA E PIORA ÁLGICA EM AMBULATÓRIO DE DOR CRÔNICA NO MARANHÃO THAYANNE KELLY MUNIZ SILVA; VALESKA BRITO DA CUNHA; MURILLO SILVA CATITO; JOAO VICTOR FONSECA RIBEIRO; ELTON ANDERSON ARAÚJO DE CAVALCANTI; JIMMY HALEX MENDES LAGO UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, SÃO LUÍS, MA, BRASIL. Resumo: Justificativas e objetivos: A avaliação de um paciente com dor crônica envolve vários aspectos multidimensionais que permitam um correto diagnóstico bem como uma estratégia terapêutica adequada. Dentre as múltiplas variáveis a serem analisadas, estão os fatores de melhora (alívio) e piora (agravantes) da dor, estes muitas vezes direcionam não só o diagnóstico como a conduta a ser adotada frente ao quadro. O objetivo desse estudo é tentar caracterizar o comportamento do quadro álgico frente a estímulos comuns. Tal importância torna necessário o conhecimento de tais pontos por parte de médicos e cuidadores. Materiais e Métodos: Foram avaliados 515 pacientes com mais de dezoito anos de idade, consecutivamente atendidos no serviço de Dor Crônica do Hospital Universitário Presidente Dutra (HUPD) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) durante os anos de 2004 a 2011. Foi feito um estudo transversal retrospectivo, consistindo em análise de prontuários e fichas protocolos pertencente ao serviço. Foi utilizado o Statistical Package for Social Sciences (SPSS) v.16.0 para a análise dos dados. Resultados: Do total de 515 pacientes, 397 (77%) referiram a presença de fatores de melhora em seu quadro de dor. E, dentre os fatores de melhora, o uso de medicação foi o mais indicado, presente em 69% das citações. Seguido pelo repouso (38%), calor e frio corresponderam a 13% ambos e o movimento 8% respectivamente, sendo esses os mais prevalentes. Em relação aos fatores agravantes (piora) da dor, 389 pacientes (75%) referiram a presença de algum fator de piora. E dentre os agravantes os principais foram: movimentação e temperatura ambiente. O movimento foi responsável por 76% dos casos de piora, contribuindo sete vezes mais para a piora da dor que o repouso. O frio foi o segundo mais prevalente correspondendo a 36% e o calor a 9%, sendo o frio contribuindo quatro vezes mais que o calor. Foi ainda referido como fator de piora: alimentação e estresse emocional (3,8%, cada). Discussão e Conclusão: em nosso serviço, a citação de fatores de melhora e piora foram significativamente prevalentes, o que demonstra que a maioria dos pacientes com dor crônica tem conhecimento e valorizam tais aspectos da dor. Tal informação orienta tanto na indicação de terapias adjuvantes como fisioterapia, meios físicos e motores, bem como ressalta a importância do uso em intervalos regulares adequados de medicação analgésica, uma vez que este último foi o principal fator de melhora referido. Um controle ambiental de modo a evitar fatores agravantes também faz parte de uma terapêutica mais adequada e igualmente importante para o controle da dor. Referência:1-Arq Neuropsiquiatr 2003;61(2-B):416-425; 2-Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,2007; 23(5):1151-1160

PO 008 PERFIL CLÍNICO DOS PACIENTES COM CEFALÉIA EM SERVIÇO DE DOR THAYANNE KELLY MUNIZ SILVA; VALESKA BRITO DA CUNHA; MAURILENE DE ANDRADE LIMA BACELAR DE ARRUDA; MARCELA TAISA DE OLIVEIRA LEITE; AFONSO CELSO ALMEIDA CARDOSO; MAX GENIFF RAMOS COSTA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, SÃO LUÍS, MA, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: Este estudo tem como objetivo avaliar o perfil clínico de pacientes com cefaléia, atendidos em um serviço de dor. Material e Metódos: Estudo transversal, descritivo e retrospectivo. Os dados foram obtidos a partir de análise retrospectiva de fichas protocolo de cefaléia anexas ao prontuário de 28 pacientes em seguimento clínico no Ambulatório de Dor Crônica do HUPD no período de 2006 a 2011. A análise estatística foi realizada através do software Epi-info3.5.1.0. Resultados: Dos 28 pacientes, 20 (71,4%) eram mulheres. A média de idade foi 45,8, variando de 26 a 78 anos. Houve referência de cor de 66,7% dos pacientes, sendo 33,3% pardos, 26,7% negros e 40% brancos. 64,7% eram procedentes da capital e 35,3% do interior do Estado. Quanto à profissão, houve referência de 78,3% dos pacientes, sendo que 75% estava em atividade, remunerada ou não, e 25% estava sem atividade ou aposentado; nenhum estava de licença devido à cefaléia. Quanto ao início do quadro, houve relato de 75% dos pacientes, dos quais 70,8% referiram cefaléia há mais de 2 anos. A dor foi caracterizada por 84,3% dos pacientes como pulsátil (74,1%), latejante (44,4%), peso (37%) e pontada (14,8%); dos que utilizaram a escala verbal, 81,8% classificou como intensa e 18,2% como moderada. Apenas 9,1% dos pacientes relataram história familiar. Em relação à etiologia, a migrânea foi responsável por 54,6% dos casos, sendo 21,2% caracterizada como cefaléia por abuso de analgésicos, 18,2% como cefaléia tensional e 6% com diagnóstico a esclarecer. Em relação a tratamentos anteriores 100% haviam usado analgésicos comuns e antiinflamatórios não esteróides (AINE). destes 18% havia feito uso de antidepressivos, 10% de benzodiazepínicos, 9% de opióide fraco e 4% de triptanos.85% dos pacientes responderam que obteram melhora com o tratamento instituído no ambulatório de dor. Orientou-se o uso e a importância do diário de cefaléia a todos os pacientes. Discussão e Conclusões: A cefaléia é uma condição prevalente, incapacitante, porém subdiagnosticada e subtratada. Afeta mais as mulheres, sobretudo nos anos de maior produtividade. Estudo realizado em Tubarão - SC mostrou alta prevalência de cefaléia corroborando com outros estudos desenvolvidos no país, os quais revelam uma prevalência variando de 48,1% a 80,8%. Neste estudo, a maioria dos pacientes é do sexo feminino, procedentes da capital, não está afastada das atividades laborais, e tem o quadro há mais de 2 anos. A cefaléia é principalmente pulsátil e intensa. Ressalta-se a importância do diário de cefaléia e do uso racional de medicações no controle e seguimento. Além disso, a cronificação da cefaléia poderia ser combatida em nível de Atenção Primária. Referências: ArqNeuropsiquiatr2010;68(2):216-223.

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PO 009 PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES ATENDIDOS EM AMBULATÓRIO DE DOR CRÔNICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UFMA THAYANNE KELLY MUNIZ SILVA; VALESKA BRITO DA CUNHA; TAINÃ KATRINE LOPES VALE; JOAB RIBEIRO OLIVEIRA ALVES; ANA RAQUEL PINTO PIRES; FERNANDA MARTINS BARBOSA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, SÃO LUÍS, MA, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: A dor crônica é um fenômeno multidimensional, com componentes físicos e emocionais que provoca incapacidade funcional e impactos sociais e econômicos. Isso tem estimulado a criação de serviços especializados neste atendimento. Este estudo visa avaliar as características clínico-epidemiológicas dos pacientes com dor atendidos no Serviço de Dor do Hospital Universitário Presidente Dutra, da Universidade Federal do Maranhão. Materiais e Métodos: estudo transversal, descritivo em que foram analisados dados demográficos, história clínica com caracterização pormenorizada da dor e exame físico de 515 pacientes com dor crônica, atendidos no período de 2006 a 2011, em serviço ambulatorial de dor crônica de Hospital Universitário no Estado do Maranhão. Os dados foram colhidos a partir de prontuários com questionamentos pré-determinados, padronizados e respaldados por clínico de dor. A análise estatística foi realizada através do software Epi-info3.5.1.0. Resultados: dentre os avaliados, 59,3% eram do sexo feminino. A média de idade foi de 47,7±16,1, sendo que 19,50% tinham 60 anos ou mais. 27,30% eram provenientes do interior do estado, 21,40% estavam em licença saúde no momento da primeira avaliação, 20,60% estavam aposentados. A média de início dos sintomas álgicos foi de 4 anos e 7 meses. A dor foi relatada como intensa em 50,33%, moderada em 39,84% e leve em 9,90% dos casos. A periodicidade da dor foi contínua em 67,92% dos casos. Os principais diagnósticos foram de lombalgia (29,2%), cervicalgia (22%), osteoartrose (11,66%) e cefaléia (8,8%). As principais alterações relatadas no exame físico foram diminuição da força muscular no segmento corporal acometido por dor (43,93%), hipotrofia muscular (12,51%). Alterações no padrão do sono e irritabilidade. Discussão e Conclusões: A dor aguda ou crônica, de um modo geral, leva o indivíduo a manifestar sintomas como alterações nos padrões de sono, apetite e libido, manifestações de irritabilidade, alterações de energia, diminuição da capacidade de concentração, restrições na capacidade para as atividades familiares, profissionais e sociais. Nos indivíduos com dor crônica, a persistência da dor prolonga a existência desses sintomas, podendo exacerbá-los. Na população estudada constatou-se que existe um número significativo de pacientes afastados do trabalho, com prejuízo na execução das atividades físicas e aspectos psicológicos como alteração do sono e humor. As mulheres são as mais acometidas e a lombalgia é a queixa clínica mais presente dentre os pacientes do estudo, o que está de acordo com a literatura. O estudo mostra a importância de uma adequada abordagem na dor crônica, no sentido de buscar melhores resultados para reabilitação e reintegração dos portadores em suas atividades cotidianas. Referências: 1-Rev. Baiana de Saúde Pública;27(2):185-195, jul.-dez.2003.2-Brain Res1148:69-75; 2007.

PO 010 PREVALÊNCIA E CARACTERIZAÇÃO DO USO DE OPIÓIDES EM PACIENTES ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE DOR CRÔNICA ONCOLÓGICA PEDRO PAULO ALCANTARA PEDRO; ANA KARINY BEZERRA DA SILVA; ANA RAQUEL PINTO PIRES; PAULO ROBERTO SILVA CRUZ; DANIELLE GUIMARÃES LOPES; CHRYSTIANO ARRAES CASTELO BRANCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, SÃO LUIS, MA, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: Relacionar o uso de opióides com intensidade e resposta ao tratamento no último retorno do paciente em um serviço de dor Oncológica. Material e Métodos:Foi realizado um estudo descritivo, retrospectivo com os pacientes atendidos no ambulatório de dor crônica do Instituto Maranhense de Oncologia Aldenora Belo no ano de 2010, utilizando dados coletados de prontuários médicos. Foram analisadas informações referentes à intensidade da dor ao diagnóstico e retorno, à potencia do opióide prescrito e à melhora ou não do quadro álgico quando ocorrido retorno. Todos os dados foram analisados no EPI info 3.4.3. Resultados: De um total de 109 pacientes estudados, 62 (56,90%) eram do sexo feminino e 47 (43,10%) eram do sexo masculino. A idade variou de 18 a 89 anos com uma média de 57,9 anos. Cerca de 84,40%(92) utilizaram opióides para controle da dor oncológica. Destes, 46,80% (51) utilizaram opióide fraco e 43,10% (47) utilizaram opióide forte. Com relação à intensidade da dor, verificada em 100 pacientes, 54% caracterizaram a dor como intensa, já para 39% pacientes a dor é moderada e para 7% pacientes a intensidade é leve. Dos 109 pacientes, 89 (81,65%) retornaram ao ambulatório, sendo que 75,30% (67) relataram melhora da dor, além de descreverem a dor como intensa em 16,85%(15), moderada em 33,70%(44) e leve em 49,43%(30) dos casos. Discussão e Conclusões: O uso de opióides no tratamento da dor crônica oncológica se mostrou bastante eficiente, conforme a literatura, devido à alta eficácia de melhora da dor (81,65%), principalmente para aqueles pacientes com dor intensa que são a maioria dos pacientes que utilizam desses fármacos.

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PO 011 CARACTERÍSTICAS DA DOR EM PACIENTES COM MESTÁSTASE ÓSSEA ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM SERVIÇO DE DOR ONCOLÓGICA STEPHANIE DO NASCIMENTO CAMARA; FERNANDA MARTINS BARBOSA; AFONSO CELSO ALMEIDA CARDOSO; MAX GENIFF RAMOS COSTA; TAINÃ KATRINE LOPES VALE; ÉRICA BRANDÃO DE MORAES VIEIRA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, SÃO LUÍS, MA, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: A doença óssea metastática chega a ser responsável por mais de 99% dos tumores malignos que acometem o osso, tendo a dor como principal sintoma clínico. Esta pesquisa foi realizada com a finalidade de avaliar as características da dor em pacientes com metástase óssea. Material e Métodos: Foram avaliados retrospectivamente 104 pacientes consecutivamente atendidos em serviço especializado em dor oncológica durante o primeiro semestre de 2010. Foi utilizado o Epi Info versão 3.5.1 para a análise dos dados, com aplicação do teste qui-quadrado para análise de variáveis categóricas, com nível de significância de 5%. Primeiramente, foram separados dois grupos, entre os pacientes com metástases e aqueles sem metástases. Em seguida, foi feita uma nova divisão entre o grupo de pacientes com doença metastática, desta vez, separando os pacientes com doença metastática óssea daqueles com metástase não-óssea; para análise das características álgicas. Resultados: Dentre os avaliados, 38 pacientes (36,53%) possuíam metástase comprovada no momento da pesquisa; destes, a metástase era do tipo óssea em 73,70% (26,92% do total de avaliados). Considerando apenas os 28 pacientes com metástase óssea, 42,90% referiram dor em pontada, seguida de dor em fisgada em 32,10%. Observou-se ainda dor intensa em 59,30%, de periodicidade intermitente em 72%, sendo a irradiação um sintoma presente em 66,70%. A dor em região lombar foi a mais citada, estando em 51,80%. Dos 28 pacientes com metástase óssea, 53,60% relataram melhora com o uso de antiinflamatórios não-hormonais (AINH), 14,30% com o uso de antidepressivos e quando era feita a associação dos AINH e antidepressivos com opiáceos diversos, 57,10% referiram melhora do quadro álgico. Discussão e Conclusões: Analisando os pacientes com metástase óssea, observamos que a dor característica desse grupo de pacientes é intensa, de periodicidade intermitente, em caráter de peso, sendo que a principal localização é a região lombar. Além disso, a maioria apresenta algum grau de alteração do sono em função da dor. Em geral, a melhora do quadro álgico está associada ao uso de Opiáceos e de AINH associados. Referências: Rev. Brasileira de Cancerologia 2005; 51(1): 43-47.

PO 012 PREVALÊNCIA DE TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA EM PACIENTES COM DOR CRÔNICA ONCOLÓGICA STEPHANIE DO NASCIMENTO CAMARA; ANA RAQUEL PINTO PIRES; PAULO ROBERTO SILVA CRUZ; DANIELLE GUIMARÃES LOPES; CHRYSTIANO ARRAES CASTELO BRANCO; ÉRICA BRANDÃO DE MORAES VIEIRA LIGA ACADÊMICA DE DOR DO MARANHÃO, SÃO LUÍS, MA, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: Com a finalidade de traçar um perfil do tratamento medicamentoso de pacientes de ambulatório de dor oncológica, realizou-se este estudo, correlacionando o uso das medicações com características próprias da doença e do quadro doloroso. Material e Métodos: Retrospectivamente, foram analisados os prontuários dos pacientes oncológicos em tratamento regular no ambulatório de dor crônica do Instituto Maranhense de Oncologia Aldenora Belo (IMOAB) no ano de 2010. Destacaram-se os parâmetros: idade, sexo, sítio primário tumoral, intensidade da dor, medicações utilizadas, e o término do tratamento. Todos os dados foram analisados no EPI info 3.4.3. Resultados: Dos 109 pacientes estudados, 56,88% (62) eram do sexo feminino e 43,11% (47) do sexo masculino. Notou-se que a faixa etária predominante foi entre 50 e 59 anos, com 24,77% (27) dos casos, com a média de idade do grupo de 57,9±14,95 anos. Os cânceres mais prevalentes foram o de colo do útero, diagnóstico de 30 pacientes, mieloma múltiplo (20) e o de próstata (11), perfazendo um total de 55,96% de todos os estudados. Com relação à intensidade da dor, verificada em 100 pacientes, foi caracterizada como intensa em 54%, moderada em 39% e leve em 7% dos casos. Dos que relataram dor intensa, 61,10% utilizavam antiinflamatórios não-esteroidais (AINE), 46,30% opióide forte e 44,40% opióide fraco. Na dor moderada, 84,60% faziam uso de AINE, 53,83% de opióide fraco e 38,57% de opióide forte. Já para o alívio da dor leve, a maioria (71,49%) utilizou apenas AINE. Os antidepressivos, anticonvulsivantes e corticosteróides foram utilizados na proporção de 25,75%; 11% e 6.49% respectivamente. Discussão e Conclusões: Os pacientes atendidos no ambulatório de dor do IMOAB são em sua maioria mulheres com câncer de colo uterino, que se encontram na 5ª década de vida. A presença de dor intensa tem justificado tratamento alternativo desses pacientes com opióides fortes e AINE em associação ao tratamento oncológico convencional com quimioterápicos e radiação. Referências: Rev. dor; 12(2)abr.-jun. 2011.

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PO 013 RESTRIÇÃO À MOVIMENTAÇÃO: SUA PRESENÇA NO PACIENTE COM DOR ESTÁ RELACIONADA A MANIFESTAÇÕES ESPECÍFICAS? STEPHANIE DO NASCIMENTO CAMARA; LUÍS HENRIQUE ALBUQUERQUE SOUSA; THAYANNE KELLY MUNIZ SILVA; PEDRO PAULO ALCANTARA PEDRO; ANA KARINY BEZERRA DA SILVA; VALESKA BRITO DA CUNHA LIGA ACADÊMICA DE DOR DO MARANHÃO, SÃO LUÍS, MA, BRASIL. Resumo: JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A dor é um sintoma que pode atuar como fator limitante das atividades dos pacientes, principalmente quando se manifesta associada à restrição de movimento, na área dolorosa ou não, diminuindo a autonomia dos mesmos. O imobilismo dos segmentos acometidos primariamente pela doença e/ou pela dor, ou secundário a procedimentos clínicos e operatórios, resulta na limitação da amplitude de movimentos e em anormalidades neurovegetativas. Esse fato forneceu o ímpeto de identificar manifestações relacionadas com a restrição à movimentação. MATERIAL E MÉTODOS: Foram avaliados 515 pacientes atendidos no Serviço de Dor Crônica do Hospital Universitário Presidente Dutra durante os anos de 2004 a 2010. Trata-se de um estudo descritivo-analítico, retrospectivo, feito pela análise de prontuários e fichas-protocolo pertencentes ao serviço. A compilação e as análises dos dados foram realizadas no programa IBM Statistical Package for Social Sciences (SPSS) v19. Para análises estatísticas foram utilizados o teste qui-quadrado, seguido do teste de Fisher. RESULTADOS: Dentre os 515 pacientes avaliados, a maioria (281; 54,60%) relatou restrição à movimentação devido ao quadro álgico. Este grupo tem predominância feminina, não de forma significativa (173; 61,56%), e a média de idade é de 49 (±15) anos. A dor relatada por esses pacientes é principalmente contínua (163; 58%) e fortemente correlacionada ao fenômeno de dor irradiada (61,90% x 45,30%, p = 0,0002) e distúrbios do sono (63,70% x 29%, p = 0,0011). As características álgicas principais são dor tipo pontada (134; 47,68%), fisgada (118; 41,99%), latejamento (112; 39,85%), queimação (106; 37,72%), choque (98; 34,87%) e peso (97; 34,51%); todas positivamente associadas à restrição de movimentos (p < 0,05). DISCUSSÃO E CONCLUSÕES: A maioria dos pacientes atendidos com dor crônica possui restrição a movimentos, e a esta se associa fortemente a presença de distúrbios de sono e de sintomatologia exuberante, com freqüência maior e significativa, em relação ao grupo sem restrições de movimento, de dor irradiada e de características de dor tais como pontada, fisgada, latejamento e outros. Este trabalho restringe-se à análise de fatores associados a restrição de mobilidade, não visando análises de causa-efeito destes, por tanto, outros estudos são necessários nesse sentido. O tratamento com enfoque inter e multidisciplinar pode proporcionar reabilitação global dos doentes incapacitados pela dor, por condições dela resultantes ou pelas afecções responsáveis por sua causa ou progressão. A identificação de manifestações específicas relacionadas à restrição de movimentação representa etapa fundamental no tratamento e na reabilitação. REFERÊNCIAS: 1- Rev. Med. (São Paulo), 80(ed. esp. pt.2):245-55, 2001. 2- JBA, Curitiba, v.3, n.9, p.27-43, jan./mar. 2003.

PO 014 PERFIL DA DOR EM PACIENTES PORTADORAS DE CÂNCER DE COLO DO ÚTERO EM UM SERVIÇO DE DOR ONCOLÓGICA NO MARANHÃO. STEPHANIE DO NASCIMENTO CAMARA; MURILLO SILVA CATITO; LUÍS HENRIQUE ALBUQUERQUE SOUSA; MAURILENE DE ANDRADE LIMA BACELAR DE ARRUDA; MARCELA TAISA DE OLIVEIRA LEITE; ÉRICA BRANDÃO DE MORAES VIEIRA LIGA ACADÊMICA DE DOR DO MARANHÃO, SÃO LUÍS, MA, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: Em virtude da grande demanda de mulheres em tratamento em serviço de dor oncológica com diagnóstico prévio de câncer de colo de útero; procurou-se identificar características próprias dessas mulheres e do quadro álgico relatado, oferecendo uma melhor percepção das generalidades das pacientes. Material e Métodos: Retrospectivamente, foram analisados os prontuários e fichas-protocolo de 62 mulheres portadoras de câncer atendidas em um serviço de dor oncológica no Instituto Maranhense Oncologia Aldenora Belo, do período de janeiro a julho de 2010, sendo 30 portadoras de câncer de colo do útero. Utilizou-se o programa EpiInfo 2007 para a análise estatística das variáveis. Resultados: O câncer do colo do útero esteve presente em 48,83% das 62 mulheres analisadas, mostrando-se o câncer mais prevalente entre elas. Das 30 pacientes com câncer de colo do útero: 55,20% consideraram sua dor intensa e, após o início do tratamento, 57,17% relataram a dor como sendo de leve intensidade. 56% destas 30 pacientes referiram ter uma dor de periodicidade intermitente; cujas principais características apresentadas foram: queimação (40%), peso e pontada. A localização mais comum da dor foi: região lombar (24,10%) e pélvica (13,89%); e 63% relataram que a dor irradiava. As principais classes de medicamentos utilizados foram antiinflamatórios não-esteroidais (AINE) e opióides, sendo relatada melhora da dor em 69,26%. A presença de metástases confirmada foi de 26,72%, tendo como locais mais comuns: osso e pulmão. Foi evidenciada alteração do sono pela dor em 53,81% das pacientes. Discussão e Conclusões: Na população estudada, percebeu-se um perfil de dor mais intensa, em caráter de queimação e do tipo intermitente. A importância da avaliação clinica da dor nessas mulheres com câncer de colo de útero mostrou-se fundamental e eficiente para essas pacientes, já que a maioria referiu melhora na sua dor antes classificada como intensa. Sem o controle adequado da dor essas pacientes com câncer podem experimentar mais sofrimento, angústia e prejuízo da qualidade de vida. Portanto, é necessária a realização de mais estudos de identificação e caracterização dessas classes de pacientes a fim de se dá partida à boa e efetiva prática dos cuidados no paciente com dor oncológica. Referências: Rev. dor; 12(2)abr.-jun. 2011.

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PO 015 ASPECTOS CLÍNICOS DE PACIENTES ONCOLÓGICOS ASSISTIDOS EM AMBULATÓRIO DE DOR PEDRO PAULO ALCANTARA PEDRO; MURILLO SILVA CATITO; JOAO VICTOR FONSECA RIBEIRO; ELTON ANDERSON ARAÚJO DE CAVALCANTI; JIMMY HALEX MENDES LAGO; ANAMADA BARROS CARVALHO UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, SÃO LUIS, MA, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: O proposto estudo tem como objetivo analisar o perfil clínico dos pacientes com câncer atendidos em ambulatório de dor oncológica. Materiais e Métodos: Foram revisados dados de 109 pacientes atendidos no Ambulatório de Dor Oncológica do Instituto Maranhense de Oncologia Aldenora Belo (IMOAB), no período de janeiro de 2010 a junho de 2010. Os dados estavam disponíveis na forma de questionário previamente validado com descrições e características dos quadros álgicos relatados pelo exame clínico. Todos os dados foram analisados pelo programa estatístico Epi Info 3.4.3. Resultados: Houve predomínio do sexo feminino na amostra 62/109 (56,90%). A média de idade encontrada foi de 57,9 anos. Procuraram com maior freqüência o serviço de dor os pacientes com os seguintes tumores primários: Colo de Útero (27,50%), Mieloma Múltiplo (18,30%) e Próstata (11,90%). Não apresentavam metástase 58 (53,20%), contra 38 (34,90%) pacientes com metástase, os 13 restantes estavam em processo de investigação. O local isolado de dor mais relatado foi a região lombar com 23,80% dos relatos. Haviam realizado tratamento quimioterápico 93 (85,30%) pacientes e radioterápico 69 (63,30%) deles. Sobre o quadro álgico, 99 (90,80%) referiram duração maior que 3 meses. Este quadro era intenso para 54 (49,50%) pacientes, moderado para 39 (35,80%) e leve para 16 (14,70%) deles. Questionado sobre o tipo de dor presente no momento, a dor em pontada foi a mais citada (45 vezes) seguida da dor em queimação (34 vezes), em peso (30 vezes), em fisgada (25 vezes), latejante (18 vezes) e em choque (14 vezes). Este fato traduz mais de um tipo de dor no mesmo paciente através no índice de 1,52 (166/109). Discussão e Conclusões: O câncer é uma das doenças com morbidade e mortalidade elevadas e prevalência crescente. Pacientes com neoplasias malignas, freqüentemente, referem sintomas álgicos, com grande estresse e sofrimento; o atraso no diagnóstico da neoplasia torna o quadro doloroso de difícil controle. A experiência dolorosa depende da interpretação do aspecto físico-químico do estímulo nocivo e da interação deste com as características individuais como o humor e dos aspectos culturais e afetivos dos indivíduos. Embora não tenha sido possível relacionar dados como tratamento anterior com radioterapia e quimioterapia, presença de metástases, estes podem contribuir para o resultado final da percepção dolorosa. Há significante referência ao comprometimento da qualidade de vida de pacientes oncológicos com quadro doloroso. Referências: Rev Bras Cancerol, 1997, 43(1):21-44.

PO 016 PERFIL DE DOR ONCOLÓGICA NA MULHER PEDRO PAULO ALCANTARA PEDRO; AFONSO CELSO ALMEIDA CARDOSO; MAX GENIFF RAMOS COSTA; TAINÃ KATRINE LOPES VALE; FERNANDA MARTINS BARBOSA; ANAMADA BARROS CARVALHO UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, SÃO LUIS, MA, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: Este presente estudo tem como objetivo avaliar o perfil das pacientes atendidas em um ambulatório especializado em Dor Oncológica. Material e Métodos: Foram avaliados retrospectivamente 62 prontuários de pacientes do sexo feminino, acompanhadas pela Liga Acadêmica de Dor durante o primeiro semestre de 2010, no Ambulatório de Dor Oncológica do Instituto Maranhense de Oncologia Aldenora Belo. Foram destacados parâmetros como: idade, localização de tumor primário, características da dor e condutas adotadas. Para a análise de dados foi utilizado o Epi Info versão 3.5.1, com aplicação de qui-quadrado para análise de variáveis categóricas, com nível de significância de 5%. Resultados: A média de idade encontrada entre as pacientes analisadas foi de 57,04 anos, sendo 29,80% aposentadas. Os tumores mais prevalentes foram os de colo de útero ocorrendo em 45,20% das pacientes, seguidos pelo câncer de mama e mieloma múltiplo, em 14,50% das pacientes cada um. Observou-se 58,3% das pacientes com dor intensa, 59,30% e 44,40% delas com tumores de colo de útero e mama, respectivamente. Alteração do sono foi referida em 49,10% dos casos. Dentre as avaliadas 93,40% já haviam sido submetidas à quimioterapia, e 72,10% à radioterapia. A conduta mais adotada foi o uso de Opiáceos em 90,30% das pacientes, seguido do uso de AINE em 71% delas. Discussão e Conclusões: Estudos indicam que o sexo feminino sente mais dor e tem maior risco de experimentar inúmeras condições dolorosas. Isto se torna mais evidente em pacientes com câncer, nas quais estão implicados também fatores psíquicos e emocionais mais profundos. As neoplasias malignas de colo do útero e mama são as mais prevalentes entres as mulheres, geralmente cursando com dor intensa e alteração do sono. O conhecimento do seu perfil clínico proporciona melhor atendimento para o alívio dos sintomas e humanização no manejo dessas pacientes, muitas vezes, com diagnóstico de doença incurável. Referências: J Womens Health (Larchmt);16(9):1348-61, 2007 Nov.

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PO 017 ASPECTOS ÁLGICOS DE IDOSOS COM CÂNCER ASSISTIDOS EM AMBULATÓRIO DE DOR ONCOLÓGICA EM SÃO LUÍS – MA PEDRO PAULO ALCANTARA PEDRO; STEPHANIE DO NASCIMENTO CAMARA; JOAO VICTOR FONSECA RIBEIRO; ELTON ANDERSON ARAÚJO DE CAVALCANTI; JIMMY HALEX MENDES LAGO; ANAMADA BARROS CARVALHO UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, SÃO LUIS, MA, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: Este estudo tem como objetivo caracterizar os aspectos álgicos de dor em idosos com câncer atendidos em serviço de referência em dor oncológica. Material e Métodos: Foram revisados dados de 109 pacientes atendidos no Ambulatório de Dor Oncológica do Instituto Maranhense de Oncologia Aldenora Belo (IMOAB), no período de janeiro de 2010 a junho de 2010. Os dados estavam disponíveis na forma de questionário previamente validado com descrições e características dos quadros álgicos relatados pelo exame clínico. Todos os dados foram analisados pelo programa estatístico Epi Info 3.4.3. Resultados: Foram 109 dados compilados, dos quais 53 (48,60%) se referiam a idosos (> 60 anos). Dos idosos, a média de idade foi de 70,32 anos, sendo 30 mulheres. Os tumores primários mais freqüentes foram colo de útero (30,20%), próstata (24,50 %) e mieloma múltiplo (20,70%). Em quase semelhança de números, 47,20% dos idosos não apresentavam metástase contra 45,30% com diagnóstico de doença à distância, nos 7,50% restantes esta informação foi ignorada. A descrição do quadro doloroso revelou uma duração maior que 3 meses em 48 pacientes, com 39,60% apresentando alteração do sono e 30,20 % de caráter contínuo. A localização da dor mais citada foi na região lombar (22,60%). Caracterizaram sua dor como intensa 49,00% dos idosos, 39,60% como dor moderada e 11,40% como dor leve. O tipo de dor mais citado foi queimação (19 vezes), pontada (17 vezes) e fisgada (14 vezes), nesta ordem. Discussão e Conclusões: Dados da Organização Mundial da Saúde apontam para um dado preocupante, o crescimento da população de idosos no Brasil de até 16 vezes no período de 1950 a 2025, o que exige uma adequação rápida do sistema de saúde. Habitantes com 60 anos ou mais chegarão ao número de 32 milhões. Este aumento está diretamente relacionado ao maior acometimento desta população a doenças como o câncer. Os senis geralmente têm diagnóstico de câncer na fase avançada da doença o que contribui para uma ocorrência comum de dor devida ao câncer e com tratamentos inadequados. A dor pode estar relacionada ao tratamento do câncer, ao crescimento do tumor e ao estabelecimento de metástases. Nos nossos dados, quase a metade dos pacientes com dor oncológica são idosos. Esse fato aponta para a necessidade de maior compreensão e descrição da dor oncológica nesta faixa etária da população. Estudos detalhados do evento álgico nos idosos com câncer guiarão medidas com maior resolutividade e alívio apropriado a estes enfermos de características peculiares. Referências: 1. Arq Geriatr Gerontol,1: 61-3, 1997. 2. J Pain Symptom Manage, 2001; 21: 456 –66.

PO 018 ATIVIDADE LABORAL EM PACIENTE COM DOR CRONICA EM UM SERVIÇO DE DOR. ELMAR TORRES NETO; JOÃO BATISTA SANTOS GARCIA; THAYANNE KELLY MUNIZ SILVA; EUGÊNIO DOS SANTOS NETO; STEPHANIE DO NASCIMENTO CAMARA; CAMILA MAIA VALENTE UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, SÃO LUÍS, MA, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: O grande impacto econômico e social da dor crônica e a escassez de trabalhos sobre o tema o presente estudo objetiva determinar o perfil clínico dos pacientes em atividade remunerada e licença saúde atendidos no serviço de dor crônica do HU-UFMA, envolvendo características sócio-demográficas, intensidade da dor, principais alterações do exame físico e terapêutica proposta para cada caso. Material e Metódos: Trata-se de um estudo transversal no qual foram analisados retrospectivamente prontuários de pacientes atendidos no serviço ambulatorial de dor crônica do HU-UFMA. Um total de 308 pacientes foi avaliado no período de coleta de janeiro-fevereiro de 2011. As informações foram obtidas por meio de fichas-protocolo já existentes no serviço, que continham dados referentes aos objetivos da pesquisa. Resultados: O sexo feminino foi maior no grupo em atividade 52,5% e o masculino maior no grupo em licença 65,5% (p=0,028). A média de idade dos pacientes foi de 49,34±14,01 anos. Os principais diagnósticos foram lombalgia com 100 (32,61%) pacientes, seguida de osteoartrose com 23 (7,76%) pacientes. A intensidade da dor crônica não apresentou diferença significante entre os dois grupos analisados (48,6% versus 60,9%) assim como não foram observadas alteração da força, movimento e sono entre os dois grupos. A fidelidade ao tratamento foi maior no grupo em atividade (86,4% versus 64,3%) (p=0,028) e o grupo de fármaco mais frequentemente utilizado foi o analgésico comum em ambos os grupos. Os pacientes que estavam em licença saúde foram predominantemente homens com intensidade dolorosa e alterações do exame físico semelhantes aos que estavam em atividade remunerada entretanto, menos fieis ao tratamento proposto. Discussão e Conclusões: Uma parcela significativa estava afastada do trabalho, por prejuízo na qualidade de vida proveniente da dor. O estudo permitiu observar a necessidade de mais estudos e de um número maior de pacientes para maior avaliação e q seria bom a identificação da atividade ocupacional pra melhor analise. Referências: 1-Pain, 1990; 40: 279-9.; 2-Ciência & Saúde Coletiva, 2007;12(6):1661-1672.; 3- Rev Dor, 2010; 11(1): 28-36.

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PO 019 BLOQUEIO REGIONAL E ANTICOAGULAÇÃO JOSÉ ABEL ALMEIDA NETO; EDNALDA GOUVEIA DE ARAÚJO FERREIRA; MARCO ANTÔNIO GARAMBONE FILHO; EDUARDA PASCARELLA REDENSCHI; RAFAEL DOMINGOS DA SILVA CET DO HOSPITAL DA PIEDADE, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo:Introdução: Como consequência do envelhecimento populacional, ocorre o crescimento da prevalência de doenças crônicas, dentre elas, as cardiovasculares. Este novo contexto torna o uso de drogas antitrombóticas cada vez mais rotineiro, estimulando os avanços nas pesquisas e introduzindo no mercado novos e mais eficazes anticoagulantes. Com isso, a escolha da realização do bloqueio neuroaxial tornou-se um desafio para o anestesiologista, que deve estar sempre atualizado e ciente das propriedades farmacológicas destas novas drogas, para evitar as complicações desta técnica anestésica, como o hematoma espinhal. Relato do caso: Paciente do sexo masculino, 52 anos, 96 kg, IMC≈30,3, candidato a ressecção transuretral de próstata devido a adenoma benigno. Tabagista de longa data, HAS, DM, DPOC e história familiar de doença coronariana. Pratica atividade física regular três vezes por semana. Há 8 anos, apresentou episódio de fibrilação atrial durante atividade fisica, que persiste cronicamente obrigando-o a fazer uso regular de Marevan 5mg /dia (mantendo INR >1,5) e Atenolol 50 mg/dia VO. Durante a visita pré-anestésica, foi orientado a suspender o marevan 7 dias antes da cirurgia e iniciar terapia anticoagulante com heparina de baixo peso molecular até 24h antes da cirurgia. A internação foi na véspera da cirurgia. As 6h da manhã, no dia da cirurgia, foi colhido sangue para realização de exames laboratoriais de controle da hemostasia TAP (86%), INR (1,2) e plaquetometria (160 000). Na S.O. foi monitorizado com cardioscópio, oximetro de pulso, pressão arterial não invasiva. Submetido a bloqueio subaracnóideo com bupivacaína isobárica 20 mg + fentanil 20 µg. O procedimento durou 45 minutos, sem intercorrências. Oito horas após a cirurgia, iniciou-se HBPM 80 mg e, no dia seguinte, Marevan 5 mg. Após 3 dias, suspendeu-se a HBPM e se manteve apenas o marevan. Discussão: A anestesia regional apresenta diversos benefícios, dentre eles, menor tempo de recuperação pós-anestésica, analgesia mais prolongada, redução da resposta metabólica ao trauma, do risco de TEP e TVP e da disseminação de células neoplásicas, além de evitar a manipulação das vias aéreas e ventilação mecânica. Devido as inúmeras vantagens, essa técnica anestésica deve ser considerada mesmo nos pacientes em uso de anticoagulantes, o que torna mandatória a constante atualização sobre as propriedades farmacológicas destas drogas por parte de todos os anestesiologistas. Bibliografia: 1-Horlocker T.T., Wedel D. J., Rowling J. C., Enneking F.K. : Executive summary: regional anesthesia in patient receiving antitrombotic or trombolytic therapy, volume 35, number 1, January-February 2010. 2- Llau J.V., Ferrandis R.: New anticoagulants and regional anesthesia, Current Opinion in Anaesthesiology, 2009, 22:661-666. 3-Gayle J.A., Kaye A.D., Kaye A.M., Shah R.: Anticoagulants: Newer Ones, Mechanisms, and Perioperative Updates, Anesthesiology Clin 28 (2010) 667-679.

PO 020 RAQUIANESTESIA COM MEPERIDINA COMO ÚNICO AGENTE ALINE VIANA CARVALHO AMORIM; NAIARA BORGES SANTIAGO; DÉBORA NATHÁLIA SMIDARLE; BRENO MONTEIRO GONÇALVES; TELMO HELENO GOMES; DANIEL CÂMARA DE REZENDE CET/SBA HOSPITAL FELICIO ROCHO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL.

Resumo: Justificativa e Objetivos: Relatar o uso da meperidina como único agente na raquianestesia para cirurgias coloproctológicas orificiais. Revisar eficácia anestésica, benefícios e possíveis efeitos adversos da técnica. Materiais e métodos: Série de casos. Relata-se 21 casos de pacientes adultos, de ambos os sexos, ASA 1 e 2, submetidos a raquianestesia para cirurgias coloproctológicas orificiais (fissurectomias, hemorroidectomias ou drenagem de abscessos perianais). Todos os pacientes foram monitorizados com eletrocardiografia contínua (D2, V), oximetria de pulso e pressão arterial não invasiva. Após venóclise foram submetidos a ansiólise com midazolam. Procedida raquianestesia na posição sentada com agulha tipo quincke, calibre 27G. Injetada meperidina como único agente na dose de 0,7mg/Kg. Pacientes foram imediatamente solicitados a posicionarem-se em decúbito ventral. Foi oferecido oxigênio suplementar por cateter nasal a todos os pacientes. Os procedimentos tiveram duração média de 20 min, todos sem intercorrências. Demais medicamentos administrados: metoclopramida, cetoprofeno e dipirona. Não ocorreu bloqueio motor completo em nenhum dos pacientes. Na sala de recuperação pós-anestésica não se observou prurido, vômitos, depressão respiratória ou retenção urinária. Um paciente relatou náusea e foi medicado com ondansetrona. Nenhum paciente referiu dor. Discussão e conclusões: Os opióides derivados da fenilpiperidina, como a meperidina, possuem estrutura molecular que exibe semelhanças em relação aos anestésicos locais, como peso molecular e pKa (meperidina: peso 247 e pKa 8,5; lidocaína: peso 234 pKa 7,9). Os opióides agem em receptores pré e pós-sinápticos no gânglio dorsal da medula espinhal de modo a inibir excitação neuronal, o que promove analgesia atribuída a estas drogas. Anestésicos locais, por outro lado, atuam bloqueando a transmissão do impulso nervoso na membrana axonal. A eficácia da meperidina quando utilizada por via subaracnóidea reflete efeito combinado do mecanismo de ação dos anestésicos locais e dos opióides. Observa-se analgesia pós operatória prolongada de modo que alguns pacientes não requerem analgesia adicional. Rápido início de ação e estabilidade hemodinâmica são marcantes, assim como a rápida regressão do bloqueio motor. Depressão respiratória não é freqüente e, quando ocorre, é precoce tendo em vista a lipossolubilidade da droga. Prurido, náuseas, vômitos e retenção urinária podem ocorrer. Ressalta-se, deste modo, a efetividade da meperidina como agente único na raquianestesia para cirurgias coloproctológicas orificiais. Destaca-se analgesia pós-operatória prolongada promovida por esta droga. Fonte: Anesthesiology 1987, 67: 889-95; Can Anaesth Soc J 1985, 32(5): 533-7; Rev Bras Anestesiol 1996, 46(2): 114-121.

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PO 021 ANESTESIA PARA CIRURGIA UROLÓGICA EM PACIENTE GESTANTE. RELATO DE CASO. ANA VIRGÍNIA TOMAZ PORTELLA1; BRUNO DE MELO TAVARES2; CAIO PRADO SIQUEIRA CAMPOS2; CRISTIANO BENÍCIO DOS SANTOS2; GABRIELA MACEDO DA SILVA2 1.HOSPITAL GERAL DR. WALDEMAR DE ALCANTARA, FORTALEZA, CE, BRASIL; 2.HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: As modificações fisiológicas induzidas pela gravidez representam risco para a mãe e para o feto durante a cirurgia. Os riscos adicionais para o feto incluem: os efeitos do próprio processo da doença e da terapêutica necessária, a possível teratogenicidade dos agentes anestésicos, os distúrbios intra-operatórios de perfusão útero-placentária e o risco de parto prematuro ou aborto. O objetivo do caso relatado é descrever e abordar as dificuldades no manejo anestésico de uma paciente obstétrica no segundo trimestre de gestação submetida à cirurgia de litotripsia ureteroscópica com colocação de cateter duplo “J”, decorrente de litíase ureteral. Relato do caso: Paciente feminina, 29 anos, gestante (idade gestacional: 16 semanas e 4 dias), sem comorbidades. O exame físico revelou bom estado geral e gestação evoluindo adequadamente. A avaliação complementar pré-operatória evidenciou normalidade de hemograma, coagulograma e ECG. O pré-natal sem alterações. A paciente foi admitida em jejum, sendo realizado monitorização convencional e venóclise em membro superior esquerdo com jelco 20G. Foi submetida à raquianestesia com agulha de Quincke 26 G ao nível L4-L5 com bupivacaína 0,5% hiperbárica 12,5 mg e sufentanil 2,5 mcg, e em seguida colocada em posição de litotomia. O paciente se manteve estável durante o procedimento. A paciente evoluiu bem, em condições de alta para enfermaria após recuperação anestésica. Conclusão: Para cirurgias durante a gestação, o objetivo principal é reduzir o estresse anestésico-cirúrgico. Recomenda-se uma abordagem multidisciplinar e realizar uma consulta obstétrica antes de um procedimento cirúrgico. Deve ser estabelecida uma conduta diferenciada para cada caso, mostrando os riscos e os benefícios para a mãe e para o feto. O ideal é postergarmos para o pós-parto qualquer ato cirúrgico que não seja considerado fundamental para a manutenção da vida materna e fetal. O papel fundamental na escolha da técnica anestésica para uma paciente obstétrica é diminuir o dano sobre o feto no intra-operatório e manter a viabilidade fetal. O bom preparo para o ato anestésico proporcionam maior segurança ao paciente e ao feto. Referências: 1. Revista Brasileira de Anestesia,1993; 43:1: 29-33. 2. Medicina Perioperatória, 2006; 86:757-770. 3. Minerva Anestesiologica, 2007; 73:4: 235-40. Fontes de fomento: nenhuma. Conflito de interesse: nenhum.

PO 022 ANESTESIA GERAL COM HALOTANO PARA TRATAMENTO DE INVERSÃO UTERINA. RELATO DE CASO. ADRIANA DE PINHO CARVALHO DEMONER; ELIALBA DE FARIAS CASCUDO; MARCO ANTONIO DIAS JOGAIB; MARIANO PAIVA SOUZA; GLAYSON CARLOS MIRANDA VERNER HRG, BRASILIA, DF, BRASIL. Resumo: Introdução: A inversão uterina, definida como introversão em dedo de luva do útero, é uma complicação do terceiro estágio do trabalho de parto. Sua incidência é muito variável, sendo estimada em 1 em cada 5.000 a 10.000 gestações. Cursa com sinais de choque devido hemorragia uterina e estímulo doloroso, e algumas vezes pode ser atribuído a reflexo vasovagal, consequente a tração das vísceras. Relato de caso: R.O.S, feminino, 17 anos. Submetida a parto normal com nascimento de feto único, sexo masculino, circular de cordão, líquido amniótico claro, dequitação completa. Evidenciado inversão uterina não revertida com manobra de TAXE. Encaminhada ao centro cirúrgico. Monitorizada com ECG contínuo, PANI, oxímetro de pulso e capnografia. Venóclise em MSE com jelco 16G. Pressão arterial 76/40 mmHg. Frequência cardíaca de 120bpm. Realizado indução anestésica com fentanil 100mcg, ketamina 50mg, midazolan 2mg e succinilcolina 80mg. Intubação orotraqueal em sequência rápida com tubo 7,5 com cuff, mantida em ventilação mecânica. Administrado cisatracúrio 6mg. Manutenção anestésica com halotano 1.2%. Obtido relaxamento uterino adequado e realização de reversão manual do útero com sucesso. Após resolução, substituído halotano por sevoflurano 2.5%. Administrado 10UI de ocitocina. Final do ato cirúrgico. Analgesia com dipirona e tramadol. Extubação sem intercorrências. Discussão: A inversão uterina é uma patologia rara e grave do parto, considerada emergência com resolução cirúrgica. O prognóstico depende do diagnóstico e tratamento precoce. O halotano é um uterorrelaxante por excelência, sendo muito útil na anestesia para correção desta urgência obstétrica. Referências: 01. Neves J, Cardoso E, Araújo C, Santo S, et al – Inversão Uterina. Acta Med Port 2006; 19:181-184. 02. Cagiani LM, Posso IP, Porteiro GMB, et al - Tratado de Anestesiologia – SAESP, 2006;2:1832-1833. Não há conflito de interesses.

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PO 023 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE ANALGÉSICA COM USO DE MORFINA INTRA-TECAL PARA O CONTROLE DA DOR NO PÓS-OPERATÓRIO EM PARTURIENTES SUBMETIDAS À CESÁRIANA: UM ESTUDO COMPARATIVO FERNANDO NOGUEIRA ANDRADE; PRISCILLA RIBEIRO MARQUES; KIM DOI CHAN; MARCO AURÉLIO DA SILVA UFRR, BOA VISTA, RR, BRASIL. Resumo: JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A anestesia subaracnóide é uma técnica muito utilizada para realização de cesarianas, devido a sua fácil execução e o rápido inicio de ação, produzindo excelente relaxamento muscular e analgesia intensa, oferecendo condições per-operatórias ideais. O objetivo deste estudo é comparar a utilização de bupivacaína hiperbárica associado ou não a morfina. MÉTODO: Foram estudadas prospectivamente 50 pacientes em estado físico ASA I ou II submetidas à cesariana sob raquianestesia divididos em dois grupos: BHM - bupivacaína hiperbárica a 0,5% e morfina (100 µg) ; e BH -bupivacaína hiperbárica a 0,5%. No pós-operatório foram avaliadas através de questionário na 6ª hora, na 12ª hora e na 24ª hora por um observador anotando-se a intensidade da dor pós-operatória e a presença de efeitos colaterais. A avaliação da dor pós-operatória foi realizada com auxílio da escala analógica visual de 0 a 10 cm (0 = sem dor e 10 = pior dor possível). Quanto a avaliação da presença de náuseas será questionado se ausente ou presente. A presença de vômitos será anotadas: ausentes, presentes com 1 a 2 episódios, 3 a 4 episódios e >4 episódios. A intensidade do prurido foi avaliada pela escala numérica que variou entre 0 a 4, sendo 0- ausência de prurido, 1- prurido leve, sem necessidade de coçar, 2- prurido moderado, sendo necessário coçar ocasionalmente, 3- prurido intenso com coceira constante e 4- prurido intratável. RESULTADOS: O grupo BHM mostrou melhor resultado na 6ª e 12ª hora pós-operatória, com 64 e 48% sem queixar dor, comparado com grupo BH que foi de 8 e 20%, porém na 24ª hora não mostrou importante diferença apesar de mostrar-se melhor. Quanto a náusea, vômitos e prurido o grupo BHM foi mais pronunciado que o grupo BH principalmente na 6ª hora pós-operatória. CONCLUSÕES: O estudo permitiu concluir que o uso de bupivacaína hiperbarica a 0,5% associada a morfina mostrou-se melhor quanto a qualidade da dor na 6ª e 12ª hora pós-operatório, mas sem uma diferença importante na 24ª hora comparado sem uso de morfina. Entretanto, os efeitos colaterais, como náuseas, vômitos e pruridos foram mais evidentes nas pacientes que fizeram uso de morfina. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 1. Rev Bras Anestesio, 2006; 56: 4:370-376 2. J Clin Anesth. 2008; 20(3):180-185 3. Masui, 2009; 58(4):416-421

PO 024 PREVALÊNCIA DE BRONCOASPIRAÇÃO EM GESTANTES SUBMETIDAS À ANESTESIA GERAL ARISTIDES RUDNICK JUNIOR1; GIORGIO PRETTO2 1.CET JOINVILLE/SC, JOINVILLE, SC, BRASIL; 2.CET JOINVILLE/ SC, JOINVILLE, SC, BRASIL. Resumo: Introdução: As anestesias gerais em cesarianas constituem preocupação mesmo em procedimentos eletivos tanto pela via aérea dificultada decorrente das alterações fisiológicas da gravidez como pela possibilidade de aspiração do conteúdo gástrico à intubação e consequente pneumonia química com desfecho fatal na maioria das vezes. Atento a essas duas situações, as quais acabam por ser interdependentes, a proposta deste trabalho é analisar os dados da instituição escolhida e fornecer mais informações à respeito de um tema que se tornou um axioma na anestesia em gestantes, a broncoaspiração, e a partir desses achados contribuir para a discussão em torno da indução anestésica nessas pacientes e reconsiderar certos paradigmas. Método: Foram analisados informações de banco de dados de instituições hospitalares na cidade de Joinville/ SC referentes a número de cirurgias no total além da contabilização específica em cesarianas e curetagens pós aborto e avaliado com suas respectivas correspondências das anestesias gerais e o desfecho de broncoaspiração dentro de um período de dezessete anos (1994 a 2010). Resultados: O número de anestesias totais no período citado foi de 72.551, sendo 14.205 (19,58%) correspondentes à anestesia geral. Dentre os procedimentos específicos, o número de cesarianas foi de 26.446, com 736 (2,78%) anestesias gerais e o de curetagens de 12.089 sendo 10.643 (88,03%) sob anestesia geral. Em todas essas anestesias não foi registrado nenhum caso de broncoaspiração. Discussão: À despeito da preocupação referente a possibilidade trágica de broncoaspiração em anestesias gerais, principalmente em situações de urgência/ emergência em gestantes, nosso estudo não verificou a ocorrência de broncoaspiração em nenhum paciente submetido à anestesia geral, colocando o uso de práticas corriqueiras (intubação em sequência rápida, por exemplo) no manejo de tais situações em xeque uma vez seu uso também não ser isento de outras complicações igualmente deletérias (dificuldade de intubação, hipóxia). Conclusão: Este estudo não constatou nenhum caso de broncoaspiração, especialmente em gestantes, na indução anestésica em cesarianas e curetagens sob anestesia geral.

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PO 025 ANESTESIA VENOSA TOTAL (AVT) SEM BLOQUEADOR NEUROMUSCULAR EM PACIENTE COM MIASTENIA GRAVIS VERÔNICA CONSTANCIO BATISTA; LIVIA MARIA ESTEVES; TERESA DE ALMEIDA PACHECO; PAULO ROBERTO DE ALCÂNTARA AGUIAR; JOSÉ COSTA CENTRO DE ENSINO E TREINAMENTO DO HOSPITAL NAVAL MARCÍLIO DIAS, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Autores: Batista, VC.; Esteves, LM.; Pacheco, TA.; Aguiar, PRA.; Costa, J. Instituição: Centro de Ensino e Treinamento do Hospital Naval Marcílio DiasSBA Introdução: A Miastenia Gravis (MG) é uma doença autoimune causada por anticorpos contra os receptores nicotínicos de acetilcolina na placa motora e pelo ataque das células T a esses receptores. Pacientes com MG são muito sensíveis aos relaxantes musculares não despolarizantes e costumam apresentar fraqueza intensa após administração de uma dose pré-curarizante devido à diminuição de até 70% do número de receptores de acetilcolina. Este relato tem como objetivo mostrar um caso de timectomia realizada com AVT em paciente com MG, sem utilização de bloqueador neuromuscular(BNM). Relato de caso: Paciente masculino, 39 anos, 1,80m, 77kg, portador de MG descoberta há 1 ano, em uso piridostigmina 60mg 4x/dia. Nega alergias, tabagismo, uso de prótese dentária ou anestesias anteriores. ASA2, MP 1, pescoço atípico. Hemograma completo, coagulograma, bioquímica, ECG, TC de tórax e prova de função respiratória sem alterações. No centro cirúrgico: venóclise com cateter 16G em MSE e monitorização com cardioscópio, PANI, capnografia da ventilação espontânea, da atividade neuromuscular com Train of four (TOFF) e Índice Biespectral (BIS). Oxigenação a 100% sob tenda facial. Sedação com Midazolam 3mg EV, punção de artéria radial esquerda para pressão arterial invasiva. Iniciada pré-oxigenação com O2 100% sob máscara facial e indução anestésica com lidocaína 2% 80mg EV, Remifentanil em infusão contínua dose alvo inicial de 0,4mcg/kg/min associada a propofol alvo controlado com dose de 3mcg/ml. À laringoscopia direta, classificação de Cormack e Lehane II, seguida de IOT com Tubo número 8,0. A anestesia foi mantida com propofol 2,2mcg/ml e remifentanil em infusão contínua, cuja taxa variou em função do estímulo cirúrgico. A cirurgia foi realizada em condições adequadas e com relaxamento muscular adequado. Foram administrados EV cefalotina 2g, dipirona 2g, parecoxibe 40mg, dexametasona 10mg, metoclopramida 10mg, ondansetron 8mg e morfina 10 mg SC. Foi extubado e encaminhado a sala de recuperação pós anestésica, eupnéico, sem queixas álgicas e em seguida ao CTI com Aldrete-kroulick 10. Alta para o quarto após 24 horas. O tempo cirúrgico foi de 135min e o anestésico de 235min. Conclusões: Relaxamento muscular e bom campo cirúrgico não dependem exclusivamente de BNM. A AVT com componentes hipnótico e analgésico em doses adequadas é capaz de promover relaxamento muscular eficaz e suficiente para realização de procedimentos cirúrgicos em pacientes com MG evitando as complicações pós-operatórias decorrentes do uso dos BNM. Referências Bibliográficas: FUN-SUN F. YAO, Md. Anestesiologia abordagem orientada para o problema, 6ª edição, Guanabara Koogan, 2008; 660-666.

PO 026 ANESTESIA EM PACIENTE COM XERODERMA PIGMENTOSO. RELATO DE CASO FRANCISCO DIEGO SILVA DE PAIVA1; MARY NEIDE ROMERO1; DANIELE OLIVEIRA BARROS2; PATRÍCIA PERLA DA FONSECA1; THYAGO ARAÚJO FERNANDES1; HERMES REIS SILVA1 1.HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA, FORTALEZA, CE, BRASIL; 2.HOSPITAL GERAL CÉSAR CALS, FORTALEZA, CE, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: Xeroderma Pigmentoso é uma doença autossômica recessiva rara caracterizada por hipersensibilidade da pele à radiação ultravioleta, havendo um risco 1000 vezes maior de desenvolvimento de neoplasias cutâneas em relação a população em geral. O objetivo deste relato é apresentar a conduta anestésica em uma paciente portadora de Xeroderma Pigmentoso com acometimento facial extenso. Relato do Caso: Feminino, 21 anos, programado para enxertia cutânea em mento e ressecção de carcinoma basocelular periorbital à direita. Ao exame físico, apresentava ectrópio à direita, “congelamento” da mímica facial, retrognatismo, deformidade nasal importante devido às cirurgias prévias, poiquilodermia com ceratose actínica e lesões sugestivas de melanoma e carcinoma. Via aérea com limitação importante da abertura bucal e da extensão cervical devido à reconstrução de mento e lábio inferior e ao esvaziamento cervical bilateral realizados há 3 meses, prejudicando, assim, a classificação de Mallampati. Esteve traqueostomizada por 30 dias há cerca de dois meses. A avaliação complementar pré-operatória era normal. Realizada pré-medicação com diazepam 5 mg, VO. Submetida à monitorização convencional. Realizada oito tentativas de venóclise com jelco 22G, sem sucesso. Optou-se, portanto, pela punção de veia subclávia direita. Em virtude das inúmeras lesões faciais e da avaliação de via aérea descrita, optou-se por intubação nasotraqueal por fibroscopia após injeção de fentanil 100ug e midazolam 2mg, EV. A manutenção da anestesia foi feita com sevoflurano a 2,0%, oxigênio a 100% e remifentanil 0.2ug/ kg/min. A paciente se manteve estável. Ao término do procedimento foi encaminhada à sala de recuperação anestésica, com condições de alta para enfermaria após oito horas. Discussão: Vários cuidados devem ser tomados no manejo perioperatório desses pacientes. As alterações faciais decorrentes da doença e dos múltiplos procedimentos cirúrgicos podem determinar dificuldades na adaptação da máscara facial e intubação traqueal. Anestésicos como enflurano e halotano devem ser evitados, pois poderão induzir alterações irreversíveis no DNA. O óxido nitroso deve ser usado com cuidado em usuários de 5-fluoracil. Uso mínimo de relaxantes musculares sob o controle do bloqueio neuromuscular também é recomendado, pois estes pacientes são sensíveis a estas drogas. Intervenções cirúrgicas frequentes acarretam um impacto psicossocial ao paciente e a seus familiares, logo torna-se fundamental uma visita pré-anestésica cuidadosa e medicação pré-anestésica. Referências: 1. Rev Bras Anestesiol, 2001;51:3: 250-270. / 2. Pediatric Anesthesia, 2004; 14: 697–698. Fontes de fomento: nenhuma. Conflitos de interesse: nenhum.

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PO 027 COMPLICAÇÕES PULMONARES DURANTE ANESTESIA GERAL NO PACIENTE PORTADOR DE GRANULOMATOSE DE WEGENER ANA MARIA DA SILVA; CLAUDIA BIASI PEREIRA; MARCELO GRISÓLIA GONÇALO; CARLOS DARCY BERSOT; ANTONIO MAURICIO COSTA FILHO; MARIANA RODRIGUES BARCELOS HOSPITAL DA LAGOA, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: OBJETIVO: Descrever as possíveis complicações e o manejo anestésico no paciente portador de Ganulomatose de Wegener.RELATO DE CASO: Paciente feminino, 31 anos, ASA II, com diagnóstico de esclerose múltipla e sinusite crônica. Sem preditores de via aérea difícil. Admitida pelo serviço de otorrinolaringologia para cirurgia endoscópica nasal. Apresentava déficit visual bilateral com TC de crânio normal. Ht: 26%, Hg: 8,7 g/dl. Demais exames laboratoriais sem alterações. Risco cirúrgico liberado sem recomendações específicas. Realizada anestesia geral balanceada com monitorização básica, sequência de quatro estímulos, índice biespectral e termômetro esofagiano. Indução anestésica com fentanil 250 mcg, lidocaína 2% 60mg, propofol 150mg, cisatracúrio 8mg. Intubação orotraqueal com TOT n° 7,5 aramado sem dificuldade. Manutenção da anestesia com sevoflurano e remifentanil. Durante os primeiros 30 minutos de procedimento verificou-se uma pressão de pico de vias aéreas aumentada. Após inspeção do equipamento de anestesia e dos circuitos ventilatórios, bem como exclusão de uma possível seletividade do TOT, optou-se por extubação em plano anestésico seguida de nova intubação. Foi observado material obstruindo o primeiro TOT e este foi encaminhado para histopatologia. Houve diminuição da pressão de pico mas esta ainda era alta. A cirurgia percorreu por mais 2 horas sem intercorrências. Ao fim do procedimento: Realizada reversão do bloqueio neuromuscular (TOF 80%), com neostigmina 1,5 mg e atropina 0,75 mg. A paciente foi extubada após aspiração de via aéreas ,TOF 100%, BIS: 90 e com abertura ocular ao estímulo verbal. Ocorreu sangramento importante em sítio cirúrgico logo após a extubação, com paciente evoluindo com agitação, cianose central e Sat O2 60%, sugerindo broncoaspiração. Foi realizada imediata reintubação com observação de grande quantidade de sangue à laringoscopia. Mesmo após reintubação e ventilação com alta pressão a paciente apresentava Sat O2 entre 70 e 80%. Administrado salbutamol 8 puffs pelo TOT com melhora da Sat O2 para 92 a 97%. Feito Hidrocortisona 500mg e encaminhada ao CTI intubada. No CTI foi feito diagnóstico de Granulomatose de Wegener com C-ANCA e biópsia positivos. Foi iniciado pulsoterapia com prednisona e ciclofosfamida com importante melhora clínica nos dias subsequentes . A paciente obteve alta hospitalar após quatro semanas de internação. DISCUSSÃO: A granulomatose de wegener é um distúrbio raro caracterizado por granulomatose necrosante de células gigantes do trato respiratório e do pulmão, vasculite necrosante disseminada e glomerulonefrite focal. Esta doença é capaz de causar distúrbio pulmonar obstrutivo ou restritivo graves, além de estenose traqueal, lesões de epiglote e outras deformidades de vias aéreas que são de grande relevância para o anestesiologista. Referèncias, Anestesia e Doenças Incomuns, 5ª Edição, Capítulo 4. J Anesth. 2010 Apr;24(2):284-6. Miller´s Anethesia, 7 Th Edition Chapters 15, 37.

PO 028 ANESTESIA EM PORTADOR DA SÍNDROME DE PRUNE BELLY: UM RELATO DE CASO. SÉRGIO RICARDO DE LIMA ANDRADE1; IDELMA TAVARES MORORO1; NATHÁLIA ANAISSI ROCHA PESSOA1; MÁRCIA ADRIANA DIAS MEIRELLES MOREIRA1; GENILDA LOPES DE AROLA2; TERESA MONTE DE HOLLANDA FERNANDES1 1.UFCG, CAJAZEIRAS, PB, BRASIL; 2.UFPB, JOÃO PESSOA, PB, BRASIL. Resumo: Fontes de fomento e conflitos de interesse e Avaliação pelo Comitê de ética-Pesquisa: não há. Justificativa e objetivo: A Síndrome de Prune-Belly (SPB), uma forma de uropatia fetal sem etiologia definida, com incidência variando de 1/35000 a 1/50000 nascidos vivos, predominante no sexo masculino, é caracterizada pela tríade clássica ausência, deficiência ou hipoplasia congênita da musculatura da parede abdominal, criptorquidia bilateral e anormalidades do trato urinário, podendo haver malformações cardíacas, gastrintestinais, musculoesqueléticas e respiratórias associadas. O objetivo deste relato é apresentar um caso de paciente portador da SPB submetido à pieloplastia sob anestesia geral e raquianestesia à comunidade científica. Materiais e métodos: Relato de um caso, através da revisão de prontuário e acompanhamento de paciente portador da SPB atendido no Hospital Universitário Lauro Wanderley – UFPB – João Pessoa-PB. Discussões e conclusão: A.E.V.O., dez meses de idade, masculino, 8kg, deu entrada no serviço médico apresentando infecção do trato urinário secundária à estenose de junção ureteropélvica esquerda. O paciente já tinha o diagnóstico de agenesia de rim direito e foi submetido, nesta ocasião, à pieloplastia esquerda. Apresentava ainda pé torto congênito bilateral e micrognatia. Utilizou-se, para anestesia geral, em sua fase de indução, propofol 50mg e succinilcolina 20mg e procedeu-se à intubação orotraqueal (IOT) de difícil execução com tubo orotraqueal nº 3, já esperada pela micrognatia encontrada no paciente, obtendo-se sucesso apenas na quarta tentativa. A classificação da visão laringoscópica direta foi grau III de Cormack e Lehane. Para a manutenção, a escolha foi o sevoflurano. A.E.V.O também foi submetido à raquianestesia, utilizando-se 5mg de bupivacaína hiperbárica 0,5% com sucesso na primeira tentativa. Foram usados monitores de pressão arterial não invasiva, oximetria de pulso, cardioscopia e capnografia. A anestesia evoluiu sem intercorrências. É de extrema importância que se administrem, durante o ato anestésico, fármacos protetores da função renal, já que o acometimento deste órgão pode ser visto neste relato. Apesar de concentrações elevadas do sevoflurano não estarem associadas à disfunção renal, a raquianestesia foi realizada com o objetivo de diminuir as necessidades anestésicas no transoperatório. Com relação à dificuldade de intubação, a escolha da succinilcolina deu-se pelas suas características farmacocinéticas, rápidos início e término de ação e ótimas condições para intubação. Concluímos que o uso de fármacos que não gerem complicações renais e a previsão de IOT difícil com as devidas precauções levam ao sucesso do tratamento cirúrgico das implicações desta síndrome. Referências bibliográficas: 01. Anestesia Clínica, 4ª ed., 2004; 36: 1005-1034. 02. Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, Tese de Doutorado, 2008.

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PO 029 MANEJO ANESTÉSICO AO PACIENTE PORTADOR DE MASSA MEDIASTINAL ANA PAULA LACERDA DE ANDRADE; RICARDO MEIRELLES ROSA; VITOR BORGES PALAU; FERNANDO ANTONIO DE FREITAS CANTINHO; MARIA TEREZA BARROS PAIVA; LETICIA BARROS DE AQUINO COUTINHO HFA, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL.

Resumo: Introdução: Pacientes portadores de massa mediastinal anterior, superior, ou ambos, apresentam problemas únicos para o anestesiologista. Estes tumores podem causar obstrução de vias aéreas, artérias pulmonares, átrio e veia cava superior em situações de indução da anestesia geral ou de sedação. O objetivo é relatar o manejo anestésico de um paciente portador de massa mediastinal em cirurgia ortopédica. Relato de caso: Paciente masculino, 53 anos, 55 kg, ASA IV. Tabagista (40 maços/ano). Internado devido à fratura de colo de fêmur direito com dois meses de evolução. Ao exame: paciente em regular estado geral, emagrecido e ortopneico. Exames pré-operatórios evidenciavam ao RX de tórax aumento do mediastino médio, derrame pleural esquerda e hiperinsuflação difusa, a tomografia computadorizada de tórax apresentava volumosa massa mediastinal anterior e média, envolvendo a aorta e artéria pulmonar. Demais exames sem anormalidades. Indicado tratamento cirúrgico da fratura por passagem de haste intramedular de fêmur direito. Realizada venóclise e monitorização conforme resolução CFM 1802/2006. Foi realizada anestesia peridural lombar com paciente sentado, através de punção L2-L3, agulha de Tuohy 17G, com passagem de cateter peridural (CPD) 19G, sem intercorrências, primeira tentativa. Seguida de punção subaracnóidea, L3-L4, com agulha de Quincke 25G. Com instilação de bupivacaína isobárica 20mg. Após 20 minutos, observou-se total ausência de bloqueio sensitivo e motor na área a ser operada. Realizada injeção de lidocaína 2% (15mL) pelo CPD. Paciente mantido com a cabeceira a 30º, estável hemodinamicamente, sem sedação. Cirurgia transcorreu sem intercorrências, retirado CPD ao término da mesma. Alta para enfermaria, Aldrete 9. Obteve alta hospitalar no 50 dia de pós-operatório. Discussão: A anestesia para pacientes com massa de mediastino requerem avaliação e planejamento pré-operatórios meticulosos, independente da proposta cirúrgica. A identificação dos fatores de risco e adequação logística deve ser estabelecida para minimizar o risco de complicações graves como a obstrução de vias aéreas e compressão de grandes vasos. A manutenção da respiração espontânea durante a anestesia, sempre que possível, é primordial. No caso, a associação de diferentes técnicas para abordagem do neuroeixo, tornou-se um fator a mais de segurança para esse paciente a fim de se evitar a anestesia geral e consequente abordagem das vias aéreas. Conclusão: O ato anestésico em pacientes portadores de massa mediastinal representam um desafio ao anestesiologista, devendo-se estar ciente do manejo correto e seguro da anestesia. Referências: 1) Gothard J. W.W. Anesthetic Considerations for Patients with Anterior Mediastinal Masses. Anesth Clin 2008; 26: 305–314. 2) Miller R. D. Miller´s Anesthesia. 7ª edição, Philadelphia, Elsevier, 2010, v.2.

PO 030 AVALIAÇÃO DE DISFUNÇÃO COGNITIVA PÓS-OPERATÓRIA EM PACIENTES IDOSOS ANALFABETOS SUBMETIDOS A ANESTESIA GERAL VINICIUS FERNANDO DA LUZ; LÍVIA STOCCO SANCHES VALENTIN; JÉSSICA FIGUEIREDO ANDRADE; SHEILA ITIROCO MONTE; BRUNA BUSSATO; MARIA JOSÉ CARVALHO CARMONA HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, SAO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: um número significativo de pacientes submetidos a cirurgias sob anestesia geral pode apresentar disfunção cognitiva pósoperatória (DCPO) (Steinmetz J. et al, 2009; Monk T.G et al, 2008). O diagnóstico da DCPO requer a aplicação de testes neuropsicológicos, cuja maioria necessita que o paciente seja alfabetizado. Sabendo-se que baixa escolaridade e analfabetismo são ainda comuns na população idosa brasileira usuária dos serviços públicos de saúde, o objetivo deste estudo foi analisar criticamente os testes neuropsicológicos disponíveis para avaliação da DCPO e avaliar descritivamente o desempenho de pacientes analfabetos em relação aos testes neuropsicológicos habitualmente disponíveis para esta finalidade. CASUÍSTICA E MÉTODOS: Foram aplicados nos períodos pré operatório e 3º e 7º dia os testes neuropsicológicos: TMT-Trail Making Test, VLT- Visual Verbal Learning, SDMT- Symbol Digit Modalities Test, SCWT- Stroop Color and Word Test. Foram aplicados no pré operatório e nos 3º e 7º dias após a cirurgia sob anestesia os testes de rastreio MMSE- Mini mental State examination e TICs- Telephone Interview for Cognitive Status em 5 pacientes (idade: 69,2 ± 8,3 anos, média salarial = 3,6 ± 2 salários mínimos). Os testes foram interrompidos quando em função da incapacidade de execução o sujeito não conseguiu realizar a tarefa. RESULTADOS: Por necessitarem da habilidade de leitura os testes que aferem a capacidade mnemônica não foram realizados. Para os testes que aferem atenção alternada e seletiva e função executiva somente 60% foram realizados e não alcançaram o ponto de corte estipulado para a idade do estudo. Os indivíduos conseguiram realizar os testes de rastreio para função cognitiva global. TICs aplicado no 3º dia após a cirurgia evidenciou uma média de 41,82% abaixo do ponto de corte (≥ 33), e para o 7º dia pós-operatório a média foi de 45,45%. Para o Mini-Mental apenas um paciente não atingiu o ponto de corte aceito para a população analfabeta brasileira. CONCLUSÕES: Testes específicos para aferir as funções de atenção, memória e executiva não foram aplicáveis à população idosa analfabeta brasileira. Os testes de rastreio ainda são a melhor forma para avaliar a cognição geral de pacientes analfabetos. REFERÊNCIAS: 1. Inzitari M, Pozzi C, Ferrucci L, Chiarantini D, Rinaldi LA, Baccii M, Pini R, Masotti G, Marchionni N, Di Bari M: Subtle neurological abnormalities as risk factors for cognitive and functional decline, cerebrovascular events, and mortality in older community-dwelling adults. Arch Intern Med 2008, 168: 1270-6 2. Price CC, Garvan CW, Monk TG: Type and severity of cognitive decline in older adults after noncardiac surgery. Anesthesiology 2008; 108:8-17. 3. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica. Identificadores sociodemográficos e de saúde no Brasil, setembro, 2009. [online]. Disponivel em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populaçãoperfilidoso/defaul.shtm> (05.2011).

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PO 031 RELATO DE CASO: RAQUIANESTESIA TOTAL PARA LOBECTOMIA EM CIRURGIA PEDIÁTRICA DANIELLE CRISTINA DE SOUZA OLIVEIRA; KATIA GOMES BEZERRA DE OLIVEIRA; SÉRGIO DE SOUZA OLIVEIRA; RAFAELA COUTINHO SALDIBA; ALEXANDRE RICCI DE LIMA; VIRGINIA GUIMARAES CARELLOS SILVA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JULIO MULLER, CUIABA, MT, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivo: A associação entre a anestesia geral e a anestesia espinhal em cirurgia pediátrica vem sendo contínuo objeto de investigação. Demonstrar os benefícios desta combinação em cirurgia torácica em criança, num caso de lobectomia superior esquerda, foi o objetivo deste relato. Relato de Caso: GVBM, 3 meses de vida, feminino, ASA II, com diagnóstico de mal formação adenomatóide cística abscedada pulmonar esquerda, com proposta de lobectomia superior esquerda. Internada, em uso de Oxacilina e Ceftriaxona, peso de 4,2 Kg. Foi monitorizada na SO com cardioscopia, oxímetro de pulso, PA não invasiva, capnografia, sonda vesical de demora e estetoscópio esofágico. Optou-se por anestesia combinada (geral balanceada + raquianestesia total). À indução da anestesia geral recebeu Fentanil 5mcg/Kg e Midazolan 0,5mg/Kg, laringoscopia direta evidenciou Cormack I e a IOT não apresentou intercorrências. Mantida em VM com Sevoflurano. A seguir foi submetida a anestesia subaracnoidea com agulha 25G infantil Quincke, em decúbito lateral E. Punção em L4-L5, executada sem acidentes, injeção de Morfina 7mcg/Kg e Bupivacaína 0,5% Hiperbárica 2mg/Kg. A paciente foi posicionada em 25º posição de Trendelemburg. O procedimento ocorreu sem intercorrências, com duração de 30 minutos. Foi encaminhada à UTI intubada, permaneceu nesta por um dia, extubada após 6 horas, com alta hospitalar após 3 dias. Discussão e conclusões: A combinação entre anestesia geral e anestesia espinhal em cirurgia torácica pediátrica tem sido cada vez mais estudada e difundida. A atenuação da resposta endócrino-metabólica, a melhora da função pulmonar, a maior estabilidade circulatória, a redução da necessidade de anestésicos inalatórios e venosos, além do alívio de dor no pós-operatório são os principais benefícios desta técnica anestésica. A raquianestesia é feita por punção entre L4-L5 com bupivacaína 0,5% hiperbárica, com as doses preconizadas por idade. Imediatamente após o bloqueio, a criança é posicionada em Trendelemburg por 15 minutos para que sejam atingidos os níveis necessários. A hipotensão arterial, complicação comum na anestesia espinhal no adulto devido ao bloqueio simpático, raramente ocorre na criança menor que 8 anos, mesmo nos bloqueios que atingem T1. No caso em questão, a escolha da técnica anestésica combinada foi fundamental para a boa evolução da paciente tanto no intra como no pós-operatório, tendo em vista os benefícios supracitados do bloqueio espinhal. Referências: 1. Coté CJ, Todres ID,Ryan JF et al –A Practice of Anesthesia for Infants and Children. 3rd Ed,Philadelphia: W.B. Saunders Company, 2001. 2. Gouveia M A – Efeitos dos anestésicos Iocais. Rev Bras Anest 1984; 34:257-263. 3. Miller’s Anesthesia, 7th ed.; Chapter 51 - Spinal, Epidural, and Caudal Anesthesia.

PO 032 MONITORIZAÇÃO DO BLOQUEIO NEUROMUSCULAR DURANTE ANESTESIA EM PACIENTE PEDIÁTRICO COM DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE RODRIGO GAZIRE ANDRADE; JULIA FRANZOTTI CHEIBUB; PEDRO PAULO VANZILLOTTA; DANIEL LOPES FERREIRA; ANA LUCIA GONDIM MONTENEGRO; RICARDO MEIRELLES ROSA HOSPITAL MUNICIPAL JESUS, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Introdução: A Distrofia Muscular de Duchene (DMD) é a mais comum em pediatria acometendo 1:3.500 nascidos do sexo masculino, resultante de alterações no gene DMD localizado no cromossomo Xp21.2. Cursa com deficiência da proteína distrofina, essencial para formação da membrana pós-sináptica na junção neuromuscular e evolui com degeneração muscular progressiva. O objetivo deste relato é descrever o caso de um paciente pediátrico portador de DMD que foi submetido a anestesia venosa total (AVT) com uso de rocurônio e monitorização do bloqueio neuromuscular (BNM). Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 7 anos, 22 kg, com indicação cirúrgica de correção bilateral de pés equino-varos e postectomia. Aos 2 anos foi diagnosticado com DMD, evoluindo com hipotrofia muscular e dificuldade de deambulação. Apresentava ecocardiograma, espirometria e exames laboratoriais dentro da normalidade e estava em uso regular de prednisona e captopril. Após pré-oxigenação, venóclise e monitorização com oxímetro de pulso, cardioscópio, PANI, iniciou-se a indução e manutenção anestésica com propofol e remifentanil. Foi utilizado rocurônio (1 mg/kg dose única) na indução e o BNM foi monitorizado através do padrão da sequência de quatro estímulos (SQE) com TOF-Watch SX. Após 3 minutos, o valor da SQE caiu de 100% para conta 0. Foi realizado intubação orotraqueal e bloqueio peridural em dose única com 20 ml de ropivacaína a 0,3% e morfina 600 mcg. Não houve intercorrências anestésicas ou cirúrgicas. Após 80 minutos, a SQE apresentava conta 4 e aos 110 minutos estava em 103%, demonstrando reversão completa do BNM. Ao término do procedimento cirúrgico, após 250 minutos da indução anestésica, o paciente já se encontrava em ventilação espontânea e com valor da SQE maior que 100%. Não havendo necessidade da reversão do bloqueio neuromuscular com sugamadex, que se encontrava disponível, o paciente foi extubado sem intercorrências. Permaneceu na SRPA durante 40 minutos sem alterações, tendo alta hospitalar após 48h. Discussão e conclusão: O uso de bloqueador neuromuscular despolarizante é contra indicado em pacientes portadores de DMD devido ao risco aumentado de hiperpotassemia, rabdomiólise ou mesmo parada cardíaca. Muitos estudos sugerem uma maior relação de DMD com Hipertermia Maligna, sendo a AVT a técnica mais indicada. Pacientes com DMD apresentam o tempo de ação do bloqueador neuromuscular adespolarizante prolongado, sendo indicado a monitorização do BNM. Nos casos de DMD com indicação de BNM, deve-se optar pelo rocurônio ou vecurônio, que possuem o sugamadex como reversor específico, principalmente em procedimentos de curta duração para evitar o risco de BNM residual. Referências Bibliográficas: Miller`s Anesthesia, 2010. Pediatric Anesthesia 2009, 19: 1226–1228.

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PO 033 CONSIDERAÇÕES ANESTÉSICAS DIANTE DE RECÉM NASCIDOS PORTADORES DE FÍSTULA TRAQUEOESOFÁGICA VINÍCIUS PINHEIRO TELES; NICEAS ALVES FERREIRA NETO; TARCÍSIO BESSA CAVALCANTE FILHO; JORGE ANDRÉ DE SOUZA E SILVA; JONAS SIQUEIRA ARAÚJO; JOSÉ GUSTAVO PRAXEDES AZEVEDO UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE, CAJAZEIRAS, PB, BRASIL. Resumo: Introdução: A Fístula Traqueoesofágica (FTE) é uma anomalia congênita geralmente associada a uma atresia esofágica e pode estar relacionada a uma dificuldade para a anestesia em recém nascidos, visto que a FTE tem como maior complicação a ocorrência de broncoaspiração e distensão gástrica. Justificativa e objetivo: O presente trabalho visa possibilitar um diagnóstico precoce da Fístula Traqueoesofágica com o intuito de prevenir complicações que podem ser acentuadas pelo processo de intubação endotraqueal. Materiais e Métodos: O estudo foi realizado através de uma revisão bibliográfica pertinente ao tema. Discussão: A suspeita diagnóstica de FTE inicia-se com a distensão gástrica resultante da respiração e pela impossibilidade da passagem de um cateter para dentro do estômago e é confirmada pela visualização do cateter enrolada em uma bolsa esofágica superior cega. A broncoaspiração e a distensão gástrica podem ser evitadas pelo procedimento correto da intubação, que consiste na posição correta do tubo endotraqueal, na qual, idealmente, a extremidade do tubo é situada entre a fístula e a carina, de modo que os gases anestésicos passem para dentro dos pulmões, em vez do estômago. Isto é impossível se a fístula conectar-se à carina ou a um brônquio principal. Conclusão: A realização do estudo se torna pertinente, visto que é de fundamental importância o reconhecimento da FTE diante de um procedimento anestésico, já que uma intubação endotraqueal inadequada pode estar relacionada com uma potencialização das complicações dessa anomalia congênita. Referências Bibliográficas: Nelson, tratado de pediatria / Robert M. Kliegman... [et al.]. – 18ed. – Rio de Janeiro:Elsevier, 2009; Anestesiologia Clínica, 4ª edição. Copyright©2010 by Livraria e Editora Revinter Ltda.

PO 034 AGITAÇÃO NA EMERGÊNCIA APÓS ANESTESIA GERAL EM CRIANÇAS: ESTUDO ALEATÓRIO DUPLAMENTE ENCOBERTO FÁBIO JÚLIO ANDRADE; MÁRIO JOSÉ DA CONCEIÇÃO; OTAVIO KRAUSE HOSPITAL INFANTIL JOANA DE GUSMÃO, FLORIANÓPOLIS, SC, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: A agitação no despertar da anestesia em crianças é fenômeno comum e causa de desconforto. O objetivo desse estudo foi comparar três técnicas distintas de anestesia geral em crianças, empregando-se agentes anestésicos inalatórios ou venosos e sua relação com a incidência de agitação na emergência da anestesia. Materiais e Método: Foram observados noventa e seis pacientes pediátricos, sem comorbidades, com idades de 3 a 8 anos, submetidos a cirurgias de adenotonsilectomia no Hospital Infantil Joana de Gusmão. O estudo foi um ensaio clínico, duplamente encoberto e os pacientes foram aleatoriamente divididos em três grupos, I, S e V, de 32 pacientes cada, variando a técnica anestésica: anestesia geral balanceada com remifentanil mais isoflurano ou sevoflurano e anestesia venosa total com propofol e remifentanil. Na sala de recuperação pósanestésica (SRPA) foi observada a presença de agitação da emergência de acordo com escala psicométrica de avaliação do delírio da emergência da anestesia em crianças, validada por outros autores. Os seguintes testes foram efetuados na comparação dos resultados: Teste “t” de Student, não pareado, para comparação entre os dados demográficos dos grupos, tempo de duração dos atos cirúrgicos e duração da agitação. Método do x2 (Qui quadrado) para análise de dados não paramétricos como a presença ou não de agitação , com correção de Yates, se indicado. Os valores para “p” foram fixados aleatoriamente em <0,05 como significativos. O número de pacientes (“n”) foi fixado por cálculo amostral, baseado em estudo piloto que determinou que 32 pacientes por grupo seriam necessários (a = 0,80 , b = 0,05) para demonstrar que a anestesia venosa total poderia apresentar 36% menos prevalência de agitação. Resultados: Não foram detectadas diferenças estatísticas significantes em relação ao peso e idade dos pacientes, nem à duração dos atos cirúrgicos. Foi observado número grande de pacientes agitados no despertar nos grupos I, S e V: 62,5%, 75% e 46,88%, respectivamente. Quanto à duração da agitação e o número de pacientes que apresentaram agitação no despertar, quando feita comparação entre os grupos, não houve diferença estatística significante. Conclusão: nas condições observadas nesse estudo, não foi possível demonstrar diferença estatística significante entre três técnicas distintas de anestesia geral em crianças submetidas a adenotonsilectomias, com relação a incidência de agitação na emergência da anestesia.

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PO 035 CONDUTA ANESTÉSICA EM PACIENTE PORTADOR DE XERODERMIA PIGMENTOSA – RELATO DE CASO ROGÉRIO GUIMARÃES NÁPOLE; FLÁVIA VIEIRA GUIMARÃES HARTMANN; RUBEN WAGNER TOLEDO PORTO DE ANDRADE; JOAQUIM LUCAS DE CASTRO HOSPITAL DE BASE, BRASÍLIA, DF, BRASIL.

Resumo: 58 º CBA Conduta Anestésica em Paciente Portador de Xerodermia Pigmentosa – Relato de Caso Autores: Andrade, R.W.T.P..; Castro, J.L.; Hartmann, F.V.G.; Nápole, R.G. CET em Anestesiologia do Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, DF SMHS, Bloco A - 70235-902 Brasília, DF Cidade: Brasília UF: DF Contato: rogerio_napole@yahoo.com.br Resumo: Justificativa e Objetivos: Xeroderma pigmentoso é uma doença autossômica recessiva rara em que ocorre falha no mecanismo de excisão e reparo do DNA de fibroblastos e queratinócitos. A exposição à irradiação ultravioleta leva a uma degeneração cutânea com aumento do risco de neoplasias. Materiais e Métodos: Relato de caso de anestesia realizada em paciente portadora de xerodermia pigmentosa. Resultado- Relato do caso: Paciente de 14 anos, sexo feminino, 30 kg, com diagnóstico de xerodermia pigmentosa. Deu entrada na urgência do HBDF para tratamento de miíase em grande quantidade na órbita esquerda. Apresentava múltiplos tumores no corpo, sendo o maior na região lateral do pescoço que dificultava a extensão cervical. A abertura bucal era reduzida, impossibilitando a intubação orotraqueal. A nossa conduta foi intubação nasotraqueal com broncofibroscópio e infusão de dexmedetomedina na dose de 1,3mcg/kg em 15 minutos. A paciente manteve-se tranqüila e cooperativa durante a INT. A manutenção da anestesia foi com sevoflurano a 1 CAM, fentanil 100mcg, cisatracúrio 3 mg e dexmedetomedina 0,5 mcg/kg/min. A paciente permaneceu estável hemodinamicamente durante o procedimento e foi desintubada sem intercorrências. Conclusão: Pacientes portadores de xerodermia pigmentosa apresentam particularidades que demandam especial cuidado na condução do ato anestésico, principalmente no que se refere à abordagem da via aérea. A perda de elasticidade da pele dificulta a adaptação de máscara facial e a realização de intubação traqueal devido à limitação de abertura bucal. Diante de pacientes com este diagnóstico, faz-se necessário, portanto, a previsão da forma de acesso à via aérea e a correta preparação da equipe cirúrgico-anestésica, antecipando-se às possíveis adversidades inerentes à condição clínica do paciente. Neste caso, a indução com o uso de dexmedetomidina mostrou-se uma boa opção, conferindo bloqueio muscular adequado e facilitando o acesso à via aérea. Referências bibliográficas: 1. Minelli L, Neme LC - Xeroderma Pigmentoso. Rev Bras Med, 1996; 53:401-402; 2. Van Steeg H, Kraemer KH - Xeroderma Pigmentosum and the role of UV-induced DNA damage in skin cancer. Mol Med Today, 1999; 5:86-94; 3. Oliveira CRD, Elias L, Barros ACM, Conceição DB – Anestesia em Paciente com Xeroderma Pigmentoso. Relato de Caso. Rev Bras Anestesiol 2003; 53: 1: 46 – 51.

PO 036 ANESTESIA SEM OPIÓIDE PARA CIRURGIA DE GRANDE PORTE DE CABEÇA E PESCOÇO VANESSA SALÓES RODRIGUES; RENATO NOBRE MIGON; GLAUCIO FONSECA DA SILVA; ANA CRISTINA PINHO MENDES PEREIRA; PAULO LAVINAS INSTITUTO NACIONAL DO CANCER, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL.

Resumo: Autores: Vanessa S. Rodrigues, Gláucio da Silva, Renato N. Migon ,Ana Cristina P. M. Pereira, Paulo Lavinas Instituto Nacional do Câncer Justificativa/Objetivo: Cada vez mais a recorrência de determinados tipos de cânceres tem sido relacionada ao uso de opiódes em anestesia. O conhecimento das vias neuroendócrinas da dor nos permite dispor de uma gama ampla de fármacos para analgesia, poupando o uso desta classe de medicação. Dessa forma relatamos um caso de anestesia e analgesia pós-operatória para microcirurgia de reconstrução de trânsito digestivo em nível cervical isenta de opiódes. Materiais/Métodos: Paciente masc., 54 anos, 64 kg, sem comorbidades, ex-tabagista, 42 maços/ano, exames normais, salvo creatinina de 1,4 mg/ dL, capacidade funcional > 4METs, cirurg. prévias: traqueostomia de urgência , laringectomia total, faringectomia e confecção de faringostoma. Paciente foi submetido a reconstrução microcirúrgica de trânsito digestivo alto por retalho de vasto lateral de coxa esquerda, com duração 10h. Pré medicado com midazolan (MDZ) 7,5 mg Pàs 22 e 6h. Anestesia geral balanceada, início 9h: Monitorização ( obrigatória + PAM, TOF e BIS), venóclise de MSD, MDZ 3mg, em SF 0,9%, 250ml: dexametasona 10mg, ondasetrona 4mg, MgSO4 1g, ranitidina 50mg, cefazolina 2g; iniciada infusão de dexmedetomidina 10mg/kg/h por 10 min, solução de cetamina + MgSO4 10ml/h, lidocaína 80mg/h. Troca de cânula por tubo aramado n° 7,5 após lidocaína 240 mg em infusão rápida, 50mg de rocurônio, propofol 120mg, iniciado sevoflurano. Parâmetros hemodinâmicos mantidos estáveis ao longo da cirurgia com necessidades decrescentes das três infusões e CAM do sevoflurano baixa. Ao final trocou-se o tubo por cânula de traqueostomia, às 19h paciente encaminhado à UPO, acordado, estável hemodinâmicamente, eupneico em ar ambiente e sem queixas. Doses totais: dexmedetomidina 105mcg, lidocaína 700mg, cetamina 50mg. Analgesia pós -operatória proposta: lidocaína 400mg em 24h e dipirona 2g, 4/4h Resultados: O paciente ficou estável durante toda cirurgia e foi levado a UPO com EVA 0. No 1º DPO, paciente manifestou EVA 3 porém a analgesia realizada foi apenas lidocaina 200mg nas primeiras 6h do dia + dipirona 2g 4/4h. Alta para enfermaria, sem queixas no segundo dia de pós-operatório com analgesia somente com dipirona regular. Alta para casa no 10 º DPO. Discussão/Conclusão: A anestesia transcorreu sem intercorrências, com boa resposta hemodinâmica ao seu manejo, com necessidades decrescentes de soluções analgésicas. Pós- operatório satisfatório no que diz respeito ao controle da dor. O caso exemplifica a possibilidade de execução de anestesia para cirurgia de grande porte sem utilização de qualquer tipo de opióide. Referências bibliográficas: Anesth & Analg November 2005 vol. 101 no. 5S Suppl S5-S22 Curr Opin Anaesthesiol. 2008 Aug;21(4):457-61 CAN J ANESTH 2003 / 50: 7 / pp 732–746

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PO 037 DRENAGEM LIQUÓRICA EM ANESTESIA PARA CORREÇÃO CIRÚRGICA DE ANEURISMA DE AORTA TÓRACO-ABDOMINAL LILIAN TAVARES CARVALHO1; RAQUEL REIS SOARES2; LEONARDO FERBER DRUMOND2; MATHEUS FERBER DRUMOND2 1.SANTA CASA, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL; 2.BIOCOR, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL. Resumo: Introdução: A paraplegia é a complicação mais temida e catastrófica do pós-operatório da correção cirúrgica de aneurisma aórtico tóracoabdominal. Dentre as técnicas utilizadas para isquemia medular, a mais comum é drenagem liquórica. Apesar de não existir comprovação científica de sua eficácia, diversos relatos defendem seu uso. Relato de caso: apresentamos aqui o caso de um paciente de 43 anos,portador de síndrome de Marfan e de aneurisma de aorta, classificação de Crawford tipo II, que após 2 cirurgias abertas em aorta torácica, uma ascendente, outra descentes, e uma endoprótese em aorta abdominal (que fora aberta na falsa luz aórtica), necessitou de colocação de novo conduto aórtico por cirurgia aberta. A nova prótese de Dacron foi implantada desde a emergência da artéria subclávia até a bifurcação das artérias ilíacas, inclusive. Devido a extensão da cirurgia, mesmo com o re-implante de todos os ramos possíveis e perfusão aórtica distal, o risco de paraplegia pós-operatória era grande. Optou-se por realizar drenagem liquórica do paciente no perioperatório e nas primeira horas do pós-operatório. O sistema de drenagem foi programado para manutenção da pressão liquórica abaixo de 10 mmHg. O volume drenado foi controlado para ser mantido em 10-15ml/h. O dreno foi mantido por 30 horas e a drenagem total foi de 120ml. O paciente evoluiu de forma satisfatória sem sequelas, e hoje, 7 meses após a cirurgia, apresenta-se em ótimo estado geral. Conclusão: apesar dos riscos do procedimento de drenagem liquórica em cirurgia de aorta, a compreensão da fisiologia da perfusão/ isquemia/reperfusão pode tomar seu uso racional extremamente útil em pacientes selecionados.

PO 038 TROMBOEMBOLISMO PULMONAR APÓS GASTROPLASTIA REDUTORA: RELATO DE CASO AZIF DAVI LEMOS1; HARISON JOSÉ OLIVEIRA2; MARIA FATIMA OLIVEIRA2; MARCELO COSTA RIQUE3; DANIEL LOPES IMPERIANO4 1.FACULDADE DE CIENCIAS MEDICAS DA PARAIBA, JOÃO PESSOA, PB, BRASIL; 2.ANESTESIOLOGISTA, JOÃO PESSOA, PB, BRASIL; 3.CIRURGIÃO DO AP. DIGESTIVO, JOÃO PESSOA, PB, BRASIL; 4.FACULDADE DE CIENCIAS MEDICA DA PARAIBA, JOAO PESSOA, PB, BRASIL. Resumo: TROMBOEMBOLISMO PULMONAR APÓS GASTROPLASTIA REDUTORA: RELATO DE CASO Oliveira HJ, Santos MFO, Azif DL, Imperiano DL, Rique MC. Resumo: Oliveira HJ, Santos MFO, Azif DL, Imperiano LD, Rique MC – Tromboembolismo Pulmonar após Gastroplastia redutora. Relato de Caso. Justificativa e Objetivos: O tromboembolismo pulmonar (TEP) é uma doença freqüente, porém pouco diagnosticada, fato justificado, em primeiro lugar, por ser doença que apresenta sinais e sintomas pouco específicos, causando demora na suspeita clínica, Logo o (TEP) é uma manifestação clinica de um trombo proveniente do sistema venoso profundo, que atravessa o lado direito do coração e se impacta a artéria pulmonar ou um dos seus ramos. O paciente com este tipo de fenômeno manifesta-se principalmente por dispnéia, hipotensão arterial sistêmica, cianose e sincope. Dentre os fatores de risco temos: doença cardíaca, idade superior a 40 anos, politraumatismo, doença maligna, história de tromboembolismo prévio, DPOC, obesidade. O presente relato teve por objetivo descrever um caso de TEP grave após gastroplastia redutora realizada por videolaparoscopia. RELATO DO CASO: Paciente do sexo feminino, 57 anos, branca, ASA III, tabagista, diabética, hipertensa, com diagnostico de obesidade mórbida, admitida para realização de gastroplastia por videolaparoscópica, procedimento realizado sem intercorrências. No 5º. dia de pós-operatório em alta hospitalar a paciente apresenta quadro de dispnéia, dor torácica e agitação psicomotora. Ao exame, apresentou PA: 90/60mmhg, FC: 120bpm, AR: murmúrio vesicular diminuído em ambos hemitórax, saturação em 80%. Com suspeita diagnóstica de TEP, foram realizados exames laboratoriais ( Dimero-D 3267 ng/ml) ECO ( hipocinesia do ventrículo direito) foi encaminhada ao serviço de hemodinâmica para realizar angiografia que demonstrou obstrução de mais de um ramo da artéria pulmonar esquerda e um ramo segmentar da artéria pulmonar direita. Realizada trombólise mecânica e química com melhora do quadro radiológico. Paciente apresentou melhora inicial do quadro clinico, no entanto evolui com instabilidade e um quadro infeccioso. No 5º dia de unidade de terapia intensiva a paciente evoluiu com parada cardiorrespiratória irreversível. Conclusões: Na paciente em questão, o anestesiologista deve concentrar esforços junto a equipe multiprofissional da UTI. O prognóstico da TEP é sempre grave. Por isso é fundamental a vigilância por parte da equipe que assiste a estes pacientes. A demora, no diagnóstico, tem repercussões muito sérias, culminando no aumento da mortalidade de pessoas com tromboembolismo pulmonar. Dessa forma, é fundamental empenhar todo esforço no diagnóstico e no tratamento precoce dessa doença. Unitermos: OBESIDADE, Cirurgia; TROMBOEMBOLISMO, Pulmonar; TROMBÓLISE, Química

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PO 039 PRÉ-CONDICIONAMENTO COM SEVOFLURANO NA LESÃO DE ISQUEMIA/REPERFUSÃO HEPÁTICA EM RATOS - DESCRIÇÃO DE UM MODELO EXPERIMENTAL FERNANDA PAULA CAVALCANTE; MARCEL CERQUEIRA CESAR MACHADO; ANA MARIA M COELHO; SANDRA NASSA SAMPIETRE; ELEAZAR CHAIB FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, SÃO PAULO, SP, BRASIL; ; ; ; . Resumo: INTRODUÇÃO: O fenômeno da lesão de isquemia/reperfusão (I/R) é aquele em que o dano tecidual de um órgão hipóxico é acentuado ao se restabelecer o seu fornecimento de oxigênio. O pré-condicionamento isquêmico é reconhecido como método terapêutico que ameniza de modo significativo os efeitos deletérios da lesão de I/R. Estudos iniciais em cirurgia cardíaca demonstraram o efeito protetor do sevoflurano na lesão de I/R miocárdica. Estudos iniciais também começam a demonstrar seu efeito protetor na lesão de isquemia/reperfusão hepática. OBJETIVO: Descrever um modelo experimental de I/R hepática em ratos desenvolvido no laboratório de investigação médica da disciplina de cirurgia e transplante de fígado (LIM 37) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para estudo do efeito do precondicionamento com sevoflurano na lesão de I/R hepática . DESCRIÇÃO: Os animais são anestesiados por via intraperitoneal com cetamina e xilazina 2%. Em seguida, são submetidos a intubação orotraqueal e conectados a um respirador. A seguir, é administrado, por via inalatória, oxigênio isoladamente no grupo I (controle), associado a sevoflurano a 2% durante todo o procedimento no grupo II (sevoflurano contínuo) e associado a sevoflurano a 2% durante 30 minutos antes da isquemia hepática no grupo III (pré-condicionamento). A cirurgia é realizada por laparotomia mediana seguida por dissecção do pedículo hepático comum dos lobos mediano e lateral. Trinta minutos após a indução anestésica (Grupo I) e trinta minutos após o início da administração do sevoflurano (Grupos II e III) este pedículo é ocluído com uma pinça microvascular atraumática. A pinça é retirada após uma hora de isquemia, promovendo-se a reperfusão dos lobos isquêmicos. Nos grupos I e III, o animal é recuperado da anestesia, extubado e quando bem acordado colocado em gaiola individual. No grupo II, os animais permanecem intubados durante todo o período do estudo. Durante o período de reperfusão de 4 horas, a parede abdominal é mantida suturada. DISCUSSÃO: Através deste modelo experimental, é possível determinar se há ou não efeito protetor do sevoflurano na lesão de I/R hepática em ratos através de dosagens bioquímicas (AST, ALT, creatinina, IL-6, IL-10, TNF, TGFB1), histologia hepática, estudo da função mitocondrial e da peroxidação lipídica pulmonar.

PO 040 AMAUROSE TEMPORÁRIA BILATERAL APÓS CORPECTOMIA LOMBAR. JOÃO PAULO ROSAS CARVALHO; CLÁUDIA TONET TONET; ANA CLAUDIA A.DELAGE; LUCAS RODRIGUES MOTTA HOSPITAL REGIONAL DO VALE DO PARAÍBA, TAUBATÉ, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: A perda total ou parcial da visão após cirurgias não-oftalmológicas é evento raro, porém catastrófico para o paciente. Embora tal alteração visual seja resultante de diversos fatores, a mesma está freqüentemente associada a sangramentos cirúrgicos acompanhados de hipotensão arterial sistêmica, hiperhidratação, microembolias das artérias retinianas, posicionamento incorreto e lesões corticais. O objetivo deste relato foi mostrar um caso de amaurose temporária bilateral após cirurgia da coluna vertebral. Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 43 anos, 62,0 kg, 1,69 m, vítima de fratura de vértebra lombar e com indicação cirúrgica para corpectomia de L1 e artrodese lombar. História de etilismo crônico. Exame físico e laboratoriais normais. A técnica anestésica utilizada foi anestesia geral balanceada. Não houve nenhuma complicação no intra-operatório. Duas horas após internação na unidade de terapia intensiva o paciente iniciou quadro clínico de agitação e sinais de amaurose. No quarto dia de pós-operatório o paciente apresentou uma reversão completa da perda visual. Conclusão: Na ausência de qualquer lesão patológica do globo ocular, nervo óptico e trato óptico, a amaurose cortical deve ser questionada e exame de ressonância nuclear magnética encefálica deve ser solicitada. Quanto ao prognóstico a maioria dos autores é veemente em citar a reversão do quadro de amaurose cortical em poucos dias.

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PO 041 COMPLICAÇÃO RESPIRATÓRIA NO PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO DE CORREÇÃO ENDOVASCULAR DE ANEURISMA DE AORTA ABDOMINAL – RELATO DE CASO LUIZA HELENA BRANCO; MARCELO NEVES SILVA; JOSÉ HIPÓLITO MULATO GARCIA FILHO; ANNE DANIELLE SOARES; WASTON VIEIRA SILVA; GUSTAVO ARAÚJO COZER INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROF. FERNANDO FIGUEIRA - IMIP, RECIFE, PE, BRASIL.

Resumo: Justificativa e objetivos: O manuseio inadequado da via aérea (VA) é a causa mais frequente de complicações relacionadas à anestesiologia e é responsável por 30% dos óbitos de causa exclusivamente anestésica. Três causas – ventilação difícil, falha em reconhecer intubação esofágica e dificuldade ou impossibilidade de intubação – são responsáveis por 75% destas complicações1. Suas principais sequelas são: óbito, lesão cerebral, parada cardiorrespiratória, traqueostomia desnecessária, trauma à VA ou aos dentes2. O objetivo deste relato foi demonstrar a importância da avaliação pré-anestésica da VA para poder antecipar boa parte dos eventuais problemas de ventilação e planejar estratégias para superá-los, evitando complicações3. Relato de caso: Homem, 57 anos, hipertenso e com diagnóstico de aneurisma de aorta abdominal infrarenal escalado para correção endovascular. Na visita pré-anestésica: assintomático do ponto de vista cardiovascular, sem alterações no eletrocardiograma e exames laboratoriais. A avaliação da VA, executada de maneira insatisfatória, revelou apenas pescoço curto e mento retraído. Realizada indução venosa com propofol, fentanil e atracúrio, ventilação adequada sob máscara facial (MF), porém exibindo laringoscopia difícil (Cormack-Lehane IV) com várias tentativas de intubação sem sucesso. Aguardado o término do efeito do propofol e o início de ventilação espontânea, sendo então revertido o bloqueio neuromuscular e optado pela raquianestesia, que permitiu a realização cirúrgica sem intercorrências. Encaminhado para a unidade de terapia intensiva onde apresentou, na 2a hora de pós-operatório, sonolência, taquicardia, dispneia (++/+++), queda da saturação arterial (SpO2) para 80%, roncos bilaterais na ausculta pulmonar, esforço respiratório e estridor laríngeo. Ausculta cardíaca normal com pressão arterial de 110/80 mmHg. Solicitada avaliação do anestesiologista de plantão que levantou duas hipóteses diagnósticas: edema laríngeo por trauma e/ou edema pulmonar não-cardiogênico. Administrado hidrocortisona 500mg, nebulização com broncodilatadores e adrenalina, colocado em máscara de Venturi a 50% com elevação da SpO2 para 85%. Solicitada traqueostomia, realizada sem intercorrências, resultando em melhora da ausculta pulmonar, do padrão respiratório e da SpO2(99%). Durante a noite evoluiu com agitação e queda da saturação, foi sedado e ventilação mecânica instalada. Evoluiu com melhora clínica, no entanto, adquiriu pneumonia nosocomial, recebendo alta no 16o dia de pós-operatório. Conclusões: Este caso destaca a importância de uma avaliação pré-anestésica bem detalhada da VA, possibilitando o reconhecimento antecipado de uma provável VA difícil e o planejamento adequado de técnicas alternativas de manejo desta, evitando assim complicações que podem ser até fatais. mso-ansi-language:EN-US”>Referências: 1 – Anesthesiology, 1990;72:828-833. mso-ansi-language:EN-US”>2 - Anesthesiology, 2003;98:1269-1277. Calibri;mso-fareast-theme-font:minor-latin;mso-ansi-language:PT-BR;mso-fareast-language: EN-US;mso-bidi-language:AR-SA”>3 – Curso de Educação à Distância em Anestesiologia, 2004;4:15-103.

PO 042 RAQUIANESTESIA TOTAL APÓS ANESTESIA PERIDURAL LOMBAR PARA HISTERECTOMIA E OOFORECTOMIA À DIREITA ALEXANDRE RICCI DE LIMA; JEOVA LUIS DE FIGUEIREDO EPAMINONDAS; KATIA GOMES BEZERRA DE OLIVEIRA; DANIELLE CRISTINA DE SOUZA OLIVEIRA; RAFAELA COUTINHO SALDIBA; VIRGINIA GUIMARAES CARELLOS SILVA HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO MULLER, CUIABÁ, MT, BRASIL.

Resumo: JUSTIFICATIVA E OBJETIVO: Raquianestesia total ocorre após a administração de dose elevada de anestésico local no espaço subaracnóideo devido a perfuração da dura-máter na tentativa de realização de anestesia peridural. A instalação de cateter de peridural oferece a possibilidade de maior controle da técnica anestésica, no entanto propicia um aumento da morbidade associada ao procedimento. O objetivo é relatar a possibilidade de perfuração da dura-máter mediante a passagem do cateter peridural. RELATO DE CASO: Paciente feminina, 40 anos, ASAI, em sala operatória para realização de Histerectomia e Ooforectomia à direita. Monitorização com ECG, oximetria de pulso e pressão arterial não invasiva. Venóclise cateter de teflon 18G no MSE. Administrados 3mg de midazolam e 100mcg de fentanil IV. Com a paciente em DLE, realizado punção lombar com agulha de Tuohy 17 G entre T11-T12, com sinal da perda da resistência (Dogliotti). Punção de difícil realização, e não houve gotejamento de líquor. Injetado dose teste com lidocaína 2% com epinefrina 1:200.000 volume de 3ml, sem nenhuma alteração no ECG. Introduzido cateter de peridural 16G com uma pequena resistência, testado sua permeabilidade sem refluxo de sangue ou líquor, sendo fixado. Paciente posicionada em decúbito dorsal horizontal. Após 40 minutos foi injetado no cateter de peridural solução contendo 340mg de lidocaína 2% com epinefrina 1:200.000, 1mg de morfina e 100mcg de fentanil, volume total de 20ml. Imediatamente após, a paciente referiu mal estar apresentando apnéia, inconsciência e midríase, no momento PA 100x64mmHg, FC 72bpm, SpOĐ 98%, ECG sem alterações. Ventilada com OĐ a 100% sob máscara, administrado atracúrio 25mg, realizada intubação orotraquel. Mantida em ventilação mecânica controlada a volume e isoflurano com FiO2 de 60%. Cirurgia durou 75 minutos, durante o procedimento foi injetado efedrina 10mg devido à hipotensão (78x42mmHg). Aos 85 minutos a paciente encontrava-se em respiração espontânea e aos 100 minutos a paciente foi extubada consciente. Apresentou no pós-operatório imediato náuseas e vômitos controlado com antiemético. Permaneceu monitorizada com oximetria de pulso durante 15 horas. Não apresentou depressão respiratória, cefaléia, ou sintomas neurológicos transitórios, tendo boa evolução clínica.DISCUSSÃO E CONCLUSÕES: Pode-se concluir que a utilização do cateter de peridural apresentou um avanço na anestesia, pois possibilita a administração de doses intermitentes de anestésicos ou opióides tanto no intra-operatório como no pós-operatório, porém existem possibilidades de complicações como a introdução inadvertida no espaço subaracnóide e posterior administração de drogas com suas descritas conseqüências. REFERÊNCIAS:Miller’s Anesthesia, 7th ed.; Chapter 51 - Spinal, Epidural, and Caudal Anesthesia. Souza KM, et al. Raquianestesia total após anestesia peridural torácica para colocação de prótese de mama e abnominoplastia. Relato de Caso. Rev Bras Anesth. 2004; 54:216.

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PO 043 LESÃO DE MÚLTIPLOS NERVOS APÓS CIRURGIA ORTOPÉDICA SOB BLOQUEIO INTRAVENOSO REGIONAL. RELATO DE CASO PRISCILA FALCI GOULART; DANIELLE FRAGOSO DE OLIVEIRA; VIVIANE FRANÇA MARTINS; EDUARDO MANSO DE CARVALHO ANDRADE; SÉRGIO PINTO DE OLIVEIRA; FLÁVIO FERNANDES CET HOSP SÃO FRANCISCO INST STA LYDIA, RIBEIRAO PRETO, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: Lesões neurológicas do plexo braquial são freqüentes em cirurgia ortopédica. Neste relato apresentamos um caso de lesão de múltiplos nervos devido ao uso inadequado do garrote durante bloqueio intravenoso regional. Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 37 anos, com antecedentes de etilismo, tabagismo e hepatite C, foi submetido a cirurgia ambulatorial para tenoplastia no segundo quirodáctilo direito, sob bloqueio intravenoso regional. Após venóclise com cateter 20G e monitorização básica habitual, foi feita sedação com midazolam 3mg e fentanil 50µg. Puncionada então veia em mão direita com cateter 22G e após dessangramento e garroteamento do membro superior injetou-se 40ml de lidocaína a 0,7%. Após 5 minutos, foi posicionado novo garrote, abaixo do primeiro, com retirada do mesmo. Em ambos foi utilizada faixa elástica. O tempo total de garrote foi de 30 minutos. Não houve intercorrências no intra-operatório e após o período normal na sala de recuperação pós-anestésica o paciente recebeu alta hospitalar. No dia seguinte, o mesmo retornou queixando-se de perda de movimentos de antebraço e mão direita, além de formigamento na região. Foi solicitada avaliação neurológica, seguida de eletroneuromiografia. Essa evidenciou lesão parcial dos nervos musculocutâneo, mediano, ulnar e radial, diagnosticando-se lesão por garroteamento. O paciente iniciou tratamento com fisioterapia. Após um mês referiu melhora parcial dos sintomas. Uma nova eletroneuromiografia mostrou sinais de reinervação em progressão de todos os músculos estudados. Discussão e Conclusão: O garroteamento é uma causa freqüente de lesões neurológicas. Apesar de no caso relatado o tempo de garroteamento ter sido curto, o uso de faixa elástica impede a avaliação correta da pressão aplicada. Assim, preconiza-se o uso de garrote pneumático, com cuidado para posicioná-lo de forma adequada e não utilizar pressões superiores a 100 a 150mmHg acima da pressão sistólica do paciente, a fim de minimizar a incidência dessas complicações. Referência Bibliográfica: Tratado de Anestesiologia SAESP, 6ª ed.; 101: 1295 – 1315 Miller´s Anesthesia, 7th ed.; 52: 1639 - 1674

PO 044 HIPERTERMIA MALIGNA: DIAGNÓSTICO E CONDUTAS NO INTRAOPERATÓRIO JOSÉ GUSTAVO PRAXEDES AZEVEDO1; JONAS SIQUEIRA ARAÚJO1; VINÍCIUS PINHEIRO TELES1; NICEAS ALVES FERREIRA NETO1; TARCÍSIO BESSA CAVALCANTE FILHO1; RIBANNA LIZ FONSECA DE MEDEIROS2 1.UFCG, CAJAZEIRAS, PB, BRASIL; 2.UNP, NATAL, RN, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: A síndrome de hipertermia maligna é a resposta hipermetabólica aos anestésicos voláteis e succinilcolina, embora não seja tão freqüente no intra-operatório, precisa de uma melhor atenção do anestesiologista por ser uma complicação potencialmente fatal, caso não ocorra uma intervenção precoce na sala de cirurgia. O presente estudo objetiva discutir a hipertermia maligna, atentando para o diagnóstico e condutas. Materiais e métodos: Uma revisão sistemática da literatura foi o método utilizado pelo Medline, Pubmed e Scielo utilizando como descritores: hipertermia maligna e anestesia, no período entre 2005 e 2010. Resultados: Nas crises o diagnóstico é fundamentado no quadro clínico, já os exames complementares têm maior importância na avaliação das complicações e resposta ao tratamento. O diagnóstico precoce é de fundamental importância para as condutas e recuperação do paciente. O quadro clínico consiste em: taquicardia, taquipnéia, hipercarbia, acidose respiratória, acidose metabólica, rigidez muscular generalizada, mioglobuminúria (rabidomiólose), arritmias, cianose, má perfusão periférica, diaforese, elevação da temperatura, instabilidade hemodinâmica, hiperpotassemia e sangramento, confundindo com diversas situações clínicas. A elevação de temperatura pode resultar de sistemas de aquecimento mal ajustados, tireotoxicose, infecção, reação pirogênica, lesão hipotalâmica ou reações a drogas. A hipercarbia também apresenta outras possíveis causas como hipermetabolismo ou febre. Após o diagnostico, a conduta deve ser imediata para evitar complicações como: hipertensão arterial (na fase inicial), colapso circulatório (choque), arritmias cardíacas; distúrbios da hemostasia (coagulação intravascular disseminada) ou insuficiência renal aguda. A conduta consiste basicamente no cancelamento imediato da cirurgia, na interrupção da exposição a agentes desencadeantes (interrupção imediata da inalação de anestésicos voláteis e/ou succinilcolina), na administração de medicação específica (dantrolene sódico) e em medidas de suporte (hiperventilação com oxigênio puro, controle da acidose metabólica, resfriamento ativo, diurese, tratamento das arritmias e da hiperpotassemia) ou destinadas à prevenção de complicações associadas procurando reestabelecer a homeostasia do paciente. Discussão e conclusões: Por se tratar de uma afecção hereditária, a procura por fatores predisponentes para a HM nas consultas préanestésicas, poderá prevenir episódios durante a cirurgia e suas complicações, as quais são eventualmente fulminantes e contribuem para a gravidade do quadro do paciente. Desse modo é que percebemos a importância da visita pré-anestésica para evitar complicações fatais durante a cirurgia, pois é de difícil diagnóstico quando não se conhece a história do paciente, já que suas complicações são inespecíficas e ocorrem em incidência variável.

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PO 045 BRONCOESPASMO UNILATERAL APÓS INDUÇÃO DE ANESTESIA GERAL EM PACIENTE JOVEM RAFAEL DOMINGOS DA SILVA; JOSÉ ABEL ALMEIDA NETO; EDNALDA GOUVEIA DE ARAÚJO FERREIRA; EDUARDA PASCARELLA REDENSCHI; ROBERTO MONTEIRO VALIATTI; FABRÍCIO DE AZAMBUJA FONTES CET DO HOSPITAL DA PIEDADE, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: Introdução: O broncoespasmo unilateral logo após indução de anestesia geral é uma complicação rara com poucos casos descritos na literatura mundial. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 22 anos, ASA 1, sem história de cirurgias prévias. Negava uso de medicamentos e também história de alergia, incluindo asma, atopia ou alergia medicamentosa. A cirurgia proposta foi nodulectomia mamária direita. Pré medicada com midazolan, 7,5 mg VO. Indução anestésica com Fentanil (150 µg), Propofol (150 mg) e Rocuronio (35 mg), ventilação sob máscara e IOT com tubo 7,5 com cuff, sem dificuldades técnicas. Após a IOT, verificou-se que o pulmão direito não expandia e não havia presença de murmúrio vesicular. Checado o posicionamento do tubo traqueal sem sucesso na ventilação do pulmão direito. A saturação de O2 estava normal assim como o ETCO2. Administrado em seguida agonista beta 2 adrenérgico spray o que levou ao inicio da expansão do pulmão com ausculta de sibilos expiratórios. Após cerca de 5 minutos, houve expansão completa pulmonar com restabelecimento do murmúrio vesicular. Durante o ato cirúrgico a ventilação se manteve normal e a paciente foi extubada sem intercorrencias. Na SO após a extubação a ausculta pulmonar estava normal, e a alta para o quarto ocorreu quando a paciente apresentava índice de Aldrette 10, recebendo alta hospitalar, assintomática no dia seguinte. Conclusão: Há na literatura mundial poucos casos relatados de broncoespasmo unilateral, a maioria deles relacionada a procedimentos cirúrgicos pleurais. Imediatamente após a IOT, como o caso ora descrito, há relato de um caso que foi diagnosticado como decorrente de anestesia tópica do laringe com lidocaína antes da IOT e outro caso de broncoespasmo esquerdo recorrente após a indução anestésica com propofol e rocuronio. Neste caso, os autores relataram dificuldade de ventilação sob mascara após a administração de rocuronio sendo confirmada a ausência de ventilação a esquerda após a IOT. A importância desses relatos, se deve ao fato de, embora raro, o broncoespasmo unilateral deve ser lembrado, quando se afastam causas mais freqüentes de ausência de ventilação pulmonar unilateral como por exemplo intubação seletiva inadvertida. Referencias bibliográficas: Korean J Anesthesiol.2010 october; 59(4):275-278.

PO 046 PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO EM PACIENTE VÍTIMA DE TRAUMA SOB VENTILAÇÃO MECÂNICA - RELATO DE CASO RAPHAEL SILVA BONELLE; GUSTAVO HENRIQUE DUBBIN; PRICILLA ALVES MUNDIM; EMILY ALMEIDA BORGES; MANUELA SÁ MOURA; FLÁVIA VIEIRA GUIMARÃES HARTMANN HBDF, BRASILIA, DF, BRASIL. Resumo: JUSTIFICATIVA E OBJETIVO: Pneumotórax hipertensivo, relacionado à ventilação mecânica é uma entidade responsável pelo aumento significativo da morbi-mortalidade em pacientes submetidos a cirurgias de emergência. O objetivo desse relato é apresentar um caso de pneumotórax hipertensivo associado à ventilação mecânica e a importância da intervenção imediata ,através de punções torácicas, drenos em selo d’água, ou até mesmo toracotomia, primordial para redução das complicações em pacientes portadores de pneumotórax hipertensivo. MATERIAIS E MÉTODOS: Relato de caso de paciente vítima de projétil da arma de fogo, que seria submetido à fixação de mandibula RELATO DE CASO: Caso trata de paciente masculino, 28anos, vítima de projétil de arma de fogo em região mandibular, cervical, abdominal e torácico, que seria submetido à fixação mandibular pela Unidade de Bucomaxilofacial. Anteriormente, paciente avaliado pela Unidade de Cirurgia Geral, que promoveu colocação de dreno de tórax em hemitórax esquerdo. Chegou à sala de operação taquipneico, taquicárdico, hipocorado e com enfisema subcutâneo em região cervical. Após indução anestésica com propofol 100mg, fentanil 250mcg, succinilcolina 90mg, realizando INT(intubação nasotraqueal) com TNT nº 7,5 com balonete e mantido a anestesia com cisatracúrio 10mg e sevofurane 1,5%-3% e início de ventilação mecânica, paciente evoluiu subitamente com dessaturação e instabilidade hemodinâmica, suspeitando-se de pneumotórax hipertensivo contralateral. Prontamente realizado, pela própria equipe da anestesia, punção no 5º espaço intercostal direito, observando saída de ar e conteúdo espumoso, com posterior drenagem em selo d’água. Cirurgia suspensa e paciente levado à SRPA. Aproximadamente 1 hora após término do procedimento, paciente evoluiu com queda de saturação , e aparecimento de bolhas no dreno, ao comprimir abdômen, solicitado parecer da cirurgia, que indicou laparotomia exploradora por suspeita de lesão diafragmática. Cirurgia realizada, com diafragma integro e posição do dreno correto. Paciente encaminhado para UTI do próprio hospital. CONCLUSÃO:Os sinais clínicos devem ser valorizados, já que são a chave para o diagnóstico imediato e o tratamento rápido e efetivo através de punção torácica ,neste caso realizada pelo próprio anestesiologista ,foi essencial para o desfecho satisfatório do caso. BIBIOGRAFIA: 1- Revista Brasileira de Anestesiologia Vol. 54, Supl. Nº 33, Novembro, 2004; 2- Anestesia Clínica; Barash 4º Edição p 12601272; 3-Emerg Med J 2005;22:8–16. Fontes de fomento: nenhuma. Conflito de interesse: nenhum.

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PO 047 COMPLICAÇÕES DETERMINADAS PELA ANESTESIA SUBARACNÓIDEA JAIME EMANUEL BRITO ARAUJO1; VANESSA JERONIMO SANTOS1; CAROLINA AROUCHE CAMBRAIA1; ERIKA CARLA RIBEIRO DE SOUZA2; MISSIELLE DUARTE CORDEIRO1; LUZINETE SEVERO DOS SANTOS3 1.UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE, CAJAZEIRAS, PB, BRASIL; 2.FACULDADE CHRISTUS, FORTALEZA, CE, BRASIL; 3.FACULDADES INTEGRADAS DE PATOS, PATOS, PB, BRASIL. Resumo: JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Podem ocorrer diversas complicações na anestesia subaracnóidea (raquianestesia). Mesmo que algumas sejam raras, podem determinar seqüelas importantes e intenso sofrimento para o paciente. Este trabalho tem o propósito de apresentar, a partir de ampla revisão de literatura, as complicações mais freqüentes, com a finalidade de facilitar o diagnóstico e o tratamento. MATERIAIS E MÉTODOS: Utilizando os bancos de dados MEDLINE e LILACS-BIREME, foram selecionados artigos publicados nos últimos cinco anos, abordando as complicações mais freqüentes da raquianestesia. Os seguintes termos de pesquisa foram utilizados em várias combinações: 1)anestesia; 2)complicações; 3)raquianestesia; 4)diagnóstico. A pesquisa bibliográfica incluiu artigos originais, artigos de revisão, editoriais e diretrizes escritos nas línguas inglesa e portuguesa, sendo selecionados 22 artigos. Foi realizada apurada revisão bibliográfica. RESULTADOS: Na literatura, apareceram várias complicações da raquianestesia, sendo mais freqüentes as alterações hemodinâmicas, comprometimento respiratório, cefaléia, sintomas neurológicos transitórios, síndrome da cauda eqüina, alterações no nervos cranianos, hematoma espinhal, punção lombar traumática e meningite. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES: De todas as complicações, as alterações hemodinâmicas são as mais freqüentes e ocorrem pela redução na freqüência cardíaca, na pré-carga (débito cardíaco), pressão diastólica final do átrio direito e pós-carga (RVPT). O tratamento consiste no aumento do débito cardíaco, com uso de vasopressores, se necessário, e de hidratação correta antes do bloqueio. O comprometimento respiratório não é incomum e aumenta a morbimortalidade, manifestando-se principalmente com atelectasia, pneumonia, tromboembolismo pulmonar e falência respiratória. A cefaléia é a complicação tardia mais freqüente, com incidência estimada inferior a 3%, sendo considerada incapacitante em alguns casos, ocorrendo por diminuição da pressão liquórica por perda do LCR, através de lesões determinadas pela agulha de punção ou pelo cateter. No tratamento, estão os métodos conservadores e o tampão peridural. As complicações neurológicas são raras, estando entre elas os sintomas neurológicos transitórios, a síndrome da cauda eqüina, alterações nos nervos cranianos, hematoma espinhal e meningite, nas formas asséptica ou bacteriana. Náuseas e vômitos não são raros. As complicações neurológicas determinadas pela anestesia subaracnóidea são incomuns, contudo podem ter seqüelas importantes. A avaliação pré-anestésica satisfatória, com seleção adequada dos pacientes, pode preveni-las. A realização correta da técnica de bloqueio pode diminuir a incidência, do mesmo modo que a avaliação pós-anestésica pode diagnosticar, possibilitando tratamento precoce e melhorando o prognóstico dessas complicações. REFERÊNCIAS: 1) Rev Neurocienc 2010;18(3):406-410. 2) Rev Bras Anestesiol, 2002; 52: 4: 471 - 480.

PO 048 TRALI NO INTRAOPERATÓRIO DE CIRURGIA TORÁCICA EM CRIANÇA FERNANDA PAULA CAVALCANTE; MARCELO LUIS ABRAMIDES TORRES; SUZANA BARBOSA DE MIRANDA TERUYA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, SÃO PAULO, SP, BRASIL. Resumo: Introdução: TRALI é uma síndrome que inclui dispnéia, hipotensão, edema pulmonar bilateral e febre. É a terceira maior causa de morte associada a transfusão sanguínea. Objetivo: Descrever caso de TRALI durante transfusão de plasma fresco congelado no intraoperatório de cirurgia torácica em criança. Descrição: Paciente 13 anos, masculino, com diagnóstico de linfoma não-hodgkin tipo T mediastinal, com recorrência da doença após tratamento quimioterápico e agendado para biópsia mediastinal. Optado no início do procedimento pela transfusão de 2 unidades de plasma fresco congelado por alteração do coagulograma e risco de sangramento de grandes vasos no intraoperatório. Cerca de 30 minutos após o início da administração do hemoderivado, o paciente apresentou aumento da temperatura corpórea para cerca de 40 graus. Optado neste momento por diminuir a temperatura do colchão térmico. Ainda durante o procedimento, o paciente começou a apresentar aumento das pressões de pico inspiratórias. Checado tubo orotraqueal sem alterações. Verificado presença de exantema principalmente em membros inferiores e tronco. Paciente apresentou na sequência dessaturação súbita, instabilidade hemodinâmica e foi verificado presença de secreção espumosa rósea no tubo orotraqueal. Gasometria arterial colhida neste momento indicou acidose respiratória severa (pH 7,05, pCO2 78, HCO3 20, p02 33). Realizado Rx tórax que mostrou presença de infiltrado pulmonar bilateral até terço médio de ambos os pulmões. Ecocardiograma no intraoperatório demonstrou presença de discreto derrame pericárdico (compatível com o achado no pré-operatório) sem sinais de insuficiência de ventrículo esquerdo. No início da instabilidade cardiopulmonar, foi suspensa a administração do plasma fresco, infundido hidrocortisona e furosemida. Iniciado dobutamina, suspenso o procedimento, paciente encaminhado intubado a UTI. Paciente foi extubado após 72 horas do incidente e continuou tratamento quimioterápico. Conclusão: Mesmo apresentando alta mortalidade, TRALI continua subdiagnosticada. Deve-se atentar para esta possibilidade sempre que um paciente que esteja recebendo ou recebeu transfusão de hemoderivados apresentar febre, edema pulmonar e instabiidade hemodinâmica.

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PO 049 EDEMA AGUDO PULMONAR POR PRESSÃO NEGATIVA APÓS CIRURGIA BARIÁTRICA FERNANDA SILVESTRE E SILVA; FLORA MARGARIDA BARRA BIZINOTTO; MAIDA SILVA CALÇADO; ANDRÉIA DE PAULA SOUZA LIMA; ESTEFÂNIA CAMPOS RAFAEL; CHRISTIANO MARTINS NETO ALEXANDRE UFTM, UBERABA, MG, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: O Edema Pulmonar por Pressão Negativa é consequência do aumento na pressão negativa intratorácica devido à obstrução das vias aéreas superiores. O objetivo desse trabalho é relatar um caso de paciente submetida à anestesia geral, que apresentou edema agudo pulmonar após a extubação traqueal. RELATO DO CASO: Paciente do sexo feminino, 47 anos, com diagnóstico de obesidade mórbida, submetida à anestesia geral para gastroplastia. Os exames pré-operatórios encontravam-se sem alterações, inclusive ecocardiograma. O procedimento cirúrgico teve duração de duas horas, sem intercorrências. No despertar, a paciente reagiu à presença da cânula com movimentos de tosse e em seguida mordeu a mesma. Ao responder aos comandos verbais foi extubada. Enquanto aguardava transferência para sala de recuperação anestésica a paciente apresentou queda importante da saturação de pulso de oxigênio (SpO2=85%) apesar de estar com cateter nasal de O2 a 100% e completamente acordada. Houve melhora após máscara de O2, mas a paciente apresentou tosse e escarros hemoptoicos. Foi iniciado tratamento para edema agudo de pulmão, com melhora. A gasometria arterial mostrou hipoxemia e a radiografia de tórax não evidenciou alteração. A paciente foi transferida para a UTI e evoluiu bem, recebendo alta hospitalar na data prevista. DISCUSSÃO: O Edema Pulmonar por Pressão Negativa é uma entidade de difícil diagnóstico e deve ser suspeitado sempre que os pacientes evoluirem com sinais e sintomas de insuficiência respiratória pós-extubação sem causa aparente. O tratamento deve ser instituído precocemente. Na maioria das vezes a resolução é rápida e sem sequelas.REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: Rev Bras ter intensiva vol 19 no 1 Jan/ mar 2007; Rev Bras Anestesiol 2008: 58; 2: 165-171; Anestesiology, 2010; 113:200-7.

PO 051 INTERNATO EM ANESTESIA, MEDICINA PERIOPERATÓRIA E REABILITAÇÃO (IAMPOR): DESENVOLVIMENTO ALCANÇADO EM DOIS ANOS DE IMPLANTAÇÃO HUGO DANIEL WELTER RIBEIRO; RODRIGO GUINATO DAOUD; ANDRE SCHWERTNER; JOÃO PEDRO BRAGATTI WINCKLER; HELENA MARIA ARENSON-PANDIKOW; ELAINE APARECIDA FELIX HCPA, PORTO ALEGRE, RS, BRASIL. Resumo: Local: Departamento de Cirurgia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre - Serviço de Anestesiologia e Medicina Perioperatória - Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Introdução: O IAMPOR passou a integrar o currículo obrigatório da FAMED/UFRGS (currículo MEDICINA) em dezembro de 2008. O desenho inovador deste internato exigiu a incorporação, a partir de 04/2009, de avaliação apropriada para a pronta identificação, pelos alunos, de deficiências e acertos verificados nas três diferentes áreas de estágios (Anestesia e Medicina Perioperatória, Fisiatria e Tratamento da Dor). Objetivo: Padronizar itens de avaliação que permitam mensurar a qualidade do internato dentro do modelo técnico-pedagógico proposto para o atual currículo da medicina. Métodos: Trata-se de estudo do tipo inquérito. Dados armazenados, procedentes da avaliação discente, coletados pela aplicação de cinco fichas estruturadas que permitiram análises descritivas sistemáticas de 299 respondentes ao longo de dois anos com questão aberta disponibilizada para comentários livres. Ficha I: avaliação dos docentes; ficha II: avaliação do internato; ficha III: habilidades técnicas e cognitivas; ficha IV: procedimentos realizados; ficha V: avaliação das atividades e desempenho. Em reuniões mensais, o regente do IAMPOR compilava as sugestões e críticas adicionais verbalizadas pelos alunos. As pontuações (por escala de Likert com 5 pontos) foram tabuladas em Microsoft Excel versão 2010. Dos parâmetros mensurados, foram selecionados aqueles que permitiam melhor avaliar a qualidade do estágio no decorrer do tempo e nos seus atributos específicos. Resultados e comentários: Após experiência com 25 turmas, as cinco fichas de avaliação (somativa e formativa) foram redesenhadas com pontuação simplificada para três pontos: abaixo do esperado, preencheu expectativas, além do esperado (e código 99 para “não avaliável”). Conclusão: Em tempos de crescente demanda pela formação mais abrangente do médico, os processos avaliativos devem contemplar parâmetros que se tornem rapidamente visíveis, reproduzíveis e efetivos para contabilizar as mudanças e criar indicadores regulares de avaliação. Referências: - Acad Med, 1998; 73: 688-95. - Journal of Applied Psychology, 1972; 56: 506-509.

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PO 052 INTERNATO EM ANESTESIA, MEDICINA PERIOPERATÓRIA E REABILITAÇÃO (IAMPOR): PERCEPÇÃO DISCENTE SOBRE AS TRÊS ÁREAS INCORPORADAS NO TREINAMENTO HUGO DANIEL WELTER RIBEIRO; RODRIGO GUINATO DAOUD; ANDRE SCHWERTNER; JOÃO PEDRO BRAGATTI WINCKLER; HELENA MARIA ARENSON-PANDIKOW; ELAINE APARECIDA FELIX HCPA, PORTO ALEGRE, RS, BRASIL. Resumo: Local: Departamento de Cirurgia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre - Serviço de Anestesiologia e Medicina Perioperatória - Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Introdução: Na reforma curricular da FAMED/UFRGS (2008), o IAMPOR, com duração de 30 dias, integrou as seguintes áreas de serviços: Anestesia e Medicina Perioperatória (SAMPE), Fisiatria e Tratamento da Dor. Desde então, adaptações foram incorporadas obedecendo ao julgamento dos alunos sobre o aproveitamento nos estágios. Objetivo: Avaliar ao longo de dois anos de estágios o parecer emitido pelos alunos sobre sua experiência nas três áreas assistenciais. Métodos: Trata-se de estudo do tipo inquérito. Foram incluídos todos os alunos matriculados no IAMPOR (12/2008 a 02/2011). Questionário estruturado viabilizou aos alunos uma nota global por área de estágio. Essa nota (0 a 10), gerada após o preenchimento de 4 itens com escala de Likert de 5 pontos, versou sobre: organização (proposta do curso/dinâmica e avaliação); adequação do estágio; cumprimento/proveito de carga horária; supervisão apropriada. Itens adicionais para a valorização discente: objetivos de aprendizagem; habilidades psicomotoras; nível de satisfação; retorno ao estágio no opcional. Uma questão foi aberta para registro de comentários livres (críticas, sugestões, elogios). Na análise descritiva dos dados foi empregado o programa Microsoft Excel versão 2010. Resultados e comentários: Num total de 299 fichas, 145 (48,5%) apresentaram comentários, dos quais foi possível alinhar 249 tópicos apreciativos. A nota média geral de cada serviço foi 9,3 para o Serviço de Dor; 8,9 para o SAMPE e 7,7 para Fisiatria. Foram remetidos ao SAMPE 42% de sugestões, em grande parte para aumentar a carga horária no módulo e melhorar rendimento e quase 33% de críticas voltadas para o nível insuficiente de atenção recebido dos médicos contratados. Já no estágio da Dor 62,5% dos comentários foram elogios, enquanto que na Fisiatria 71,4% foram críticas, das quais 38% se referiram à organização e grau insuficiente de aproveitamento do estágio que, de acordo com alguns comentários livres, deveria estar incorporado às disciplinas de Medicina do Trabalho e Reumatologia. Conclusão: Os resultados desta avaliação apontam para uma diferença no grau de apreciação dos alunos. O desempenho dos contratados do SAMPE junto aos alunos em treinamento deve ser melhorado; cabendo maior inter-relacionamento das áreas de conhecimento da Anestesia com a Dor, enquanto que na Fisiatria, a relação poderia ser estreitada com as da Medicina do Trabalho e Reumatologia. Referência bibliográfica: - Acad Med, 1998; 73: 688-95.

PO 053 HABILIDADES PRÁTICAS DESENVOLVIDAS NO INTERNATO EM ANESTESIA, MEDICINA PERIOPERATÓRIA E REABILITAÇÃO – AVALIAÇÃO DISCENTE DURANTE 24 MESES NO SAMPE HUGO DANIEL WELTER RIBEIRO; RODRIGO GUINATO DAOUD; ANDRE SCHWERTNER; JOÃO PEDRO BRAGATTI WINCKLER; HELENA MARIA ARENSON-PANDIKOW; ELAINE APARECIDA FELIX HCPA, PORTO ALEGRE, RS, BRASIL.

Resumo: Local: Departamento de Cirurgia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre - Serviço de Anestesiologia e Medicina Perioperatória - Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Introdução: O Internato em Anestesia, Medicina Perioperatória e Reabilitação (IAMPOR) foi incorporado ao currículo do Curso de Medicina da FAMED/UFRGS em dezembro de 2008, com duração de 30 dias e envolvendo o rodízio dos alunos em três áreas: Anestesia e Medicina Perioperatória (SAMPE), Fisiatria e Serviço de Dor. Após cinco meses de adequação do plano de ensino às planilhas de avaliação, diretrizes foram traçadas pela nova regência para fixação do processo avaliativo. De abril de 2009 a março de 2010, o estágio no SAMPE tinha a duração de sete dias úteis. No processo de acompanhamento da avaliação dos pareceres emitidos pelos alunos, o aproveitamento maior na aquisição de experiências/ habilidades próprias da anestesia resultou, a contar de abril de 2010, na ampliação do tempo deste estágio para 50% da carga total. Objetivo: Monitorar o andamento da prática de habilidades cognitivas e técnicas promovidas aos alunos cumprindo estágio no SAMPE. Métodos: Trata-se de estudo do tipo inquérito. Foi realizada a aplicação obrigatória de fichas de avaliação estruturadas ao longo de todo o estágio, para viabilizar o registro sistemático da execução de tarefas. Ao final do período, o aluno realizava auto-avaliação sobre aquisição e aptidão para desempenho. A análise estatística descritiva utilizou o programa Microsoft Excel versão 2010. Resultados e comentários: Em 24 meses de seguimento, foram analisadas 299 fichas. Cada aluno executou, em média, 102 procedimentos, predominantemente: preparo do paciente, ventilação sob máscara e preparação segura de sala, fármacos/ monitores. Enquanto raramente houve chance para punção subaracnóidea, passagem de sonda naso/ orogástrica, os alunos se consideraram aptos para: ventilar sob máscara em 39% da turma, preparo do paciente (36%) e punção de veia periférica (35%). Houve uma tendência nítida para o aumento de oportunidades de treinamento a partir da expansão do período de estágio para 14 dias. Conclusão: As novas diretrizes implantadas proporcionaram aos alunos incrementos importantes na aquisição de habilidades, porém, ainda em proporção aquém da desejável. Considerando que os procedimentos listados para treinamento são vitais para completar a formação do médico, o período deste estágio mereceria ser estendido, segundo percepção geral dos alunos, para viabilizar o pleno alcance das ações pretendidas dentro do SAMPE. Referência bibliográfica: Acad Med, 1998; 73: 688-95.

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PO 054 ANESTESIA COM BAIXO FLUXO - USO DE SIMULAÇÃO COM SOFTWARE DE FARMACOCINÉTICA PARA ESTUDO DO CONSUMO E CAPTAÇÃO DE SEVOFLURANO HUGO DANIEL WELTER RIBEIRO; PEDRO HENRIQUE IAIONE BELTRAME; PAULO CORRÊA DA SILVA NETO; DOUGLAS DREYER NUNES; RAFAEL ROBERGE SENS; ELAINE APARECIDA FELIX HCPA, PORTO ALEGRE, RS, BRASIL. Resumo: Local: CET do Serviço de Anestesiologia e Medicina Perioperatória (SAMPE) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Departamento de Cirurgia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) - Porto Alegre/RS Conflito de interesses: Trabalho realizado com recursos próprios. O software GAS MAN® é licenciado pelo laboratório Abbott do Brasil. Introdução: A anestesia inalatória com baixos fluxos (<1l/ min) produz benefício ao paciente e reduz muito o consumo de anestésicos (xx). A tecnologia atual dos aparelhos de anestesia (ApAn) com a monitorização de gases e vapores anestésicos nos induz a buscar maior eficiência nas técnicas anestésicas. O uso de softwares de simulação produz entendimento e contribui para difusão da técnica de baixo fluxo por permitir a visualização da captação, distribuição e eliminação dos agentes no processo anestésico. Objetivo: realizar anestesia de baixo fluxo em pacientes reais e simulados e comparar a eficiência da técnica (relação consumo/captação) medida em tempo real e a calculada pelo software. Método: É um estudo de série de casos, prospectivo. Foram analisados 10 pacientes de 56±24,6 anos, submetidos à anestesia balanceada com sevoflurano sob técnica padronizada de baixo fluxo de gases usando o ApAn Primus®. Foram registradas as medidas contínuas do fluxo total de gases (FT), das variáveis hemodinâmicas, ventilatórias e intercorrências em ficha eletrônica de anestesia. Ao final da cirurgia o consumo e a captação registrada pelo ApAn foram anotadas e comparadas com o caso idêntico simulado no software de farmacocinética GAS MAN®. Os dados foram compilados em planilha Excel e analisados pelo SPSS13.0. Nível de significância estipulado foi 0,05. Resultados: A duração média dos procedimentos foi de 128,5±48,7 minutos, o fluxo total médio de 476±190 mL, com consumo horário médio de 6,7±3,6mL/h. Os cálculos realizados pelo software apontaram um consumo médio de 5,1±2,3mL/h, sendo a diferença estatisticamente significativa 1,65(IC 95% 0,33–2,96). A eficiência da técnica de baixo fluxo foi de 80% em tempo real e de 50% para o simulado, com uma diferença de 0,3(IC95% 0,2–0,39). A tabela 1 compara o consumo e a captação de anestésico em casos reais versus simulados. Conclusões: O consumo de anestésico liberado pelo vaporizador foi maior nos casos reais comparados àqueles simulados no software e a captação pelo organismo calculada na simulação foi menor, interferindo de forma significativa na eficiência da técnica. Portanto, a eficiência da técnica foi maior nos casos reais (mais de 30%). Embora o software de farmacocinética subestime a eficiência da técnica de baixo fluxo, ela mostrou ser capaz de replicar os casos reais e facilitar o entendimento da técnica de baixo fluxo. Referências: MILLER;2009,v.1;179 ANESTESIA INALATORIA;SBA 2010;p.135 EGER;SHAFER 2005;101:688–696

PO 055 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: OBJETIVOS INICIAIS E SUBSEQUENTES DOS CUIDADOS APÓS A SUA REVERSÃO JOSÉ GUSTAVO PRAXEDES AZEVEDO1; JONAS SIQUEIRA ARAÚJO1; VINÍCIUS PINHEIRO TELES1; NICEAS ALVES FERREIRA NETO1; TARCÍSIO BESSA CAVALCANTE FILHO1; RIBANNA LIZ FONSECA DE MEDEIROS2 1.UFCG, CAJAZEIRAS, PB, BRASIL; 2.UNP, NATAL, RN, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivos: O período que se segue à reversão da Parada Cardiorrespiratória (PCR) pode envolver uma gama de apresentações, incluindo desde o paciente que recupera a consciência imediatamente, até quadros de choque de difícil manuseio. O presente trabalho tem como objetivo reconhecer os principais objetivos iniciais e subsequentes dos cuidados ao paciente pós-PCR. Materiais e Métodos: Este estudo trata-se de uma revisão sistemática da literatura pelo Medline, Pubmed e Scielo utilizando como descritores: parada cardiorrespiratória e cuidados pós-reversão. Resultados: Após a reversão da PCR, é de grande importância organizar uma estratégia sistemática de cuidados com os seguintes objetivos: otimizar a função cardíaca, respiratória e a perfusão de órgãos vitais; transportar/transferir a vítima para um hospital apropriado ou unidade de terapia intensiva com completo sistema de tratamento pós-PCR; identificar e tratar as síndromes coronarianas agudas e outras causas reversíveis; controlar a temperatura para otimizar a recuperação neurológica; prever, tratar e prevenir a disfunção múltipla de órgãos. Discussão e Conclusões: Para melhorar a sobrevivência das vítimas de PCR que dão entrada em um hospital após a RCP, um sistema abrangente, estruturado, integrado e multidisciplinar de cuidados pós-PCR deve ser implementado de maneira consistente, assim como a capacitação dos profissionais do ambiente hospitalar como também pré-hospitalar.

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PO 056 EFEITOS DA ESTEREOESPECIFICIDADE DOS ANESTÉSICOS LOCAIS NA FUNÇÃO MECÂNICA DO MÚSCULO PAPILAR ISOLADO DE RATOS MATHEUS FECCHIO PINOTTI; FERNANDO HENRIQUE TOSIN GARCIA; ALFREDO CURY ROJAS; ANTONIO CARLOS CICOGNA; ADRIANA HEPNER; ELIANA MARISA GANEM FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU, BOTUCATU, SP, BRASIL. Resumo: Justificativa e Objetivo: está bem estabelecido que os emantiômeros S(-) do anestésico local (AL), ropivacaína (R) e a levobupivacaína, apresentam menores efeitos cardiovasculares adversos que a bupivacaína racêmica (B). Pouco é conhecido sobre os efeitos da mistura enantiomérica (S75/R25) sobre a função contrátil do miocárdio. Nosso objetivo foi avaliar os efeitos da estereoespecificidade dos AL na função mecânica do músculo papilar isolado de ratos, utilizando doses de B, R e S75/R25. Método: foram estudadas variáveis selecionadas à contração isomérica do músculo papilar isolado de ratos Wistar (TD, TR, +dT, -dT) após contato com B, R, S75/R25 nas concentrações 50 mM e 100 mM. Resultados: A, B e S75/R25 100 mM deprimiram a contratilidade miocárdica e alteraram o relaxamento do músculo. Ao se comparar os AL, a R interferiu menos na função cardíaca. Conclusão: neste modelo experimental a R desencadeou menores efeitos na contratilidade e relaxamento do músculo papilar isolado. Referência: Am J Med Sci. 2000;320(4):244-8.

PO 057 INTUBAÇÃO ACORDADA EM PACIENTE COM OBSTRUÇÃO INTESTINAL GUSTAVO COSSICH DE HOLANDA SALES; SÉRGIO SANT`ANNA JUNIOR; MICHELLE DOS SANTOS SEVERINO; FRANCISCO FÁBIO TEIXEIRA SAUWEN; PEDRO PORCARO DA CRUZ; LETICIA BARROS DE AQUINO COUTINHO HOSPITAL FEDERAL DO ANDARAÍ, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL. Resumo: INTRODUÇÃO: A intubação acordada em via aérea emergencial é um recurso anestésico bastante útil, nas situações de risco para broncoaspiração e/ou via aérea difícil presumida. O anestesiologista deve estar apto para realizar este procedimento com máxima segurança e conforto possível para o paciente. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de intubação acordada numa cirurgia emergencial. RELATO DE CASO: Paciente feminina, 76a, 40kg, natural de Portugal, ASA IV E. Admitida no serviço de emergência, com obstrução intestinal e sinais de irritação peritoneal, secundária a carcinomatose por neoplasia ovariana. Encaminhada ao Centro Cirúrgico, para laparotomia exploradora. Na S.O. apresentava-se acordada, desorientada, dispneica, desidratada e com êmese fecalóide. Após venóclise e monitorização conforme resolução do CFM n° 1.802/2006. Iniciado reposição volêmica com 1000ml de cristaloide. Realizado pré-oxigenação com oxigênio a 100%, aspergido lidocaína 10% em pilares amigdalianos e procedida laringoscopia, com visualização e aspiração de grande quantidade de secreção fecalóide. Aspergido região glótica com Lidocaína spray 10% e intubação orotraqueal sem intercorrências. Indução venosa com propofol 100mg, fentanil 150µg e rocurônio 50mg, anestesia mantida com oxigênio e ar na relação 1:1 e sevoflurano 1%. Puncionada veia subclávia direita, pela técnica de seldinger, cateter tripla luz. Manteve débito urinário durante todo o procedimento. Apresentou episódios de taquicardia ventricular com pulso, revertidos com lidocaína 200mg. Ao término do ato cirúrgico a paciente foi encaminhada ao serviço de RPA, sob ventilação mecânica e sedação contínua. A paciente evoluiu a óbito no serviço de RPA, por disfunção orgânica múltipla; 6 horas após o término da cirúrgia. DISCUSSÃO: Manejar a via aérea, em situações emergenciais, representa um grande desafio ao anestesiologista, pela celeridade e múltiplas opções para tomadas de decisão e de proteção ao enfermo, com grande risco de broncoaspiração de material entérico; complicação com alta morbidade. No caso, a presença de êmese fecalóide, foi fator determinante para decisão de intubação acordada, pois isto sugere obstrução intestinal baixa grave, com alto risco de broncoaspiração grave. CONCLUSÃO: A intubação acordada é um recurso técnico que deve ser do conhecimento e domínio de todo anestesiologista, principalmente em situações emergenciais. REFERENCIAS: 1) Hillman DR, Platt PR, Eastwood PR. The upper airway during anaesthesia. Br J Anaesth. 2003 Jul;91(1):31-9.

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PO 058 ANÁLISE COMPARATIVA SOBRE O USO DE ESCOVAS OU ESPÁTULAS NA HIGIENE BUCAL DE PACIENTES ENTUBADOS INTERNADOS EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NO ESTADO DO TOCANTINS ESTEVAM RIVELLO ALVES; CLEILA APARECIDO B. FRANCO LIMA; SAYONARA CARDOSO MACHADO; FAYE DE PAULA CHAVES DE OLIVEIRA; GISELLE PINHEIRO LIMA AIRES GOMES; LÁZARO RAIMUNDO COURA CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIRG, GURUPI, TO, BRASIL. Resumo: Do corpo humano, a cavidade bucal é a parte que mais apresenta diversidade de microorganismos, principalmente, devido suas características anátomo-fisiológica. Diante disso, é essencial que pacientes de UTIs recebam cuidados de higiene bucal adequados para reduzir ou prevenir a instalação de doenças, assim como evitar complicações orais já pré-instaladas. Neste contexto, esse estudo teve por objetivo, identificar qual o método de escolha é mais eficaz na realização da higiene bucal dos pacientes entubados, sendo: escova dental ou espátula com gaze. Esta pesquisa não contou com nenhum auxílio de fomento para sua realização. Trata-se de um estudo quali-quantitativo, descritivo e exploratório realizado na UTI do Hospital Regional de Gurupi-TO. Fizeram parte deste estudo 06 pacientes. Entre os critérios de inclusão, destacam-se: estar em uso de tubo orotraqueal; ser totalmente dependente dos cuidados de enfermagem e médicos; ser maior de 18 anos. A realização desta pesquisa foi autorizada pela Direção do Hospital e ainda pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário UNIRG, sob parecer nº: 0232/2010, cumprindo a Resolução 196/96. A coleta dos dados iniciou com uma avaliação odontológica, instrumentalizada por uma ficha clínica. Em seguida, aplicou-se o evidenciador de placa em todos os pacientes envolvidos, antes e após cada higienização com espátula. Após 02 dias, foi repetido o mesmo processo, mas neste momento, foi realizada a higienização com a escova dental. O processo de higienização foi registrado por uma câmera fotográfica, sendo os resultados descritos a partir dos achados identificados nas fotos. A idade dos pacientes variou de 43 a 63 anos; os diagnósticos médicos encontrados foram: traumatismo cranioencefálico, hematoma subaracnóide, dentre outros. Na avaliação odontológica, foi identificado escoriações em lábio, bochecha, rebordo gengival e língua. Quanto à consistência salivar, foi observado xerostomia em 05 pacientes. Na avaliação da deglutição, todos os pacientes (n=06) apresentavam inadequada, devido à dificuldade de mobilidade da língua provocada pelo tubo. No que se refere ao suporte nutricional, 05 pacientes alimentavam-se por meio de dieta enteral e 01 por nutrição parenteral. Ao analisar as fotos após cada etapa da pesquisa, concluiu-se: a superioridade da escova dental a espátula, na remoção do biofilme. Neste contexto, verifica-se a importância do envolvimento de todos os profissionais de saúde, incluindo o anestesista, quanto à orientação da higienização bucal adequada dos pacientes submetidos ao procedimento de intubação, garantindo com isso, a prevenção de infecções hospitalares, conforme recomendação do Center for Disease Control and Prevention (CDC). Referências Bibliográficas: Ciência & Saúde Coletiva, 2008; 13: n. 6, 1825-1831 J. Bras. Pneumol, 2009; 35: n. 11, 1116-1124 Revista Brasileira de Terapia Intensiva, 2009; 21: n. 1, 38-44

PO 059 ASPIRAÇÃO DO CONTEÚDO GÁSTRICO DURANTE ANESTESIA PARA BIÓPSIA DE PRÓSTATA. MARIANO PAIVA SOUZA; MARCO ANTONIO DIAS JOGAIB; ELIALBA DE FARIAS CASCUDO; ADRIANA DE PINHO CARVALHO DEMONER; RODRIGO DINIZ COSTA HOSPITAL REGIONAL DO GAMA, GAMA, DF, BRASIL. Resumo: Justificativa e objetivos: A ocorrência perioperatória de aspiração do conteúdo gástrico é um evento pouco freqüente, porém suas conseqüências podem ser devastadoras para o paciente. O objetivo deste relato é descrever um caso de broncoaspiração durante anestesia para biópsia de próstata. Relato do caso: Paciente de 58 anos estado físico I (ASA), submetido a biópsia de próstata sob anestesia venosa com fentanil e propofol e suplementação de oxigênio através de máscara facial. Apresentou regurgitação do conteúdo gástrico que foi identificado inicialmente pela dificuldade na ventilação pulmonar, e pela presença de líquido no suporte sob sua cabeça. Foi realizada aspiração e assistência manual da ventilação até o despertar. Realizado radiografias de tórax no pós operatório imediato. Observado grande nível hidroaéreo em topografia de estômago e condensação em lobo inferior de pulmão esquerdo. Internado para realização de exames laboratoriais e tratamento clínico. Realizou novo exame radiográfico do tórax após 24h, quando fora observado resolução da condensação em pulmão esquerdo. Diante da evolução favorável, teve alta hospitalar em 24 h. Conclusão: Regurgitação e broncoaspiração podem ocorrer em pacientes submetidos a anestesia venosa, mesmo quando observado o tempo de jejum. Assim sendo, faz-se mister estudar os fatores de risco para esses eventos, bem como o manejo clinico após sua ocorrência.

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