Brasil Presbiteriano O Jornal Brasil Presbiteriano é órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Ano 56 nº 726 – Maio de 2015
Centenário do Genocídio Armênio
Em 2001, os armênios de todo o mundo celebraram festivamente uma data singular – os 1700 anos da implantação do cristianismo em sua nação ancestral. Todavia, recentemente, no dia 24 de abril de 2015, foi recordado um episódio que não permite qualquer celebração: o centenário do início do massacre da comunidade armênia da Turquia, fato mais conhecido como genocídio armênio. PÁGINA 8
Maio, o mês da família
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ONG Pequenos Corações completa 5 anos Foto: Doce Deleite Fotografia
Voluntários Presbiterianos durante ação no hospital estadual de Bauru à crianças cardiopatas PÁGINA 16
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EDITORIAL
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Cuidado com a comunicação
O
exercício da comunicação encontra-se no âmbito do relacionamento, um dos aspectos da imagem divina em nós estampada pelo Deus relacional. Por isso, a Queda afetou também a comunicação, e de modo dramático. Um exemplo desse efeito encontra-se em Gênesis 4. Caim e Abel trouxeram ofertas ao Senhor, mas a de Caim não o agradou, então, “Irouse (...) sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante” (Gn 4.5). Dava para ver que ele estava muito contrariado e Caim não se livrou da fúria, agindo movido por ela. O texto hebraico conta a história de modo particularmente significativo. A oração “Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo”, no original tem só a primeira parte, “Disse Caim a Abel, seu irmão”. A fúria de Caim corroeu sua capacidade de comunicação. Não deve ter ouvido uma só pala-
vra do que Deus lhe disse em seguida (Gn 4.6-7). E segue-se o registro terrível segundo o qual, “Estando eles no campo, sucedeu que se levantou Caim contra Abel, seu irmão, e o matou”. Comunicação prejudicada seguida de morte. É compreensível que as traduções tenham acrescentado o trecho “Vamos ao campo”, sem o qual a sintaxe da oração fica prejudicada. O silêncio, porém, que se segue antes do relato do primeiro homicídio, segundo especialistas na literatura hebraica, não ocorreu sem motivo. A fúria devastou a comunicação e resultou em violência, como ocorre ainda hoje entre contendores quando os argumentos acabam e começa a agressão física. Outro exemplo bíblico de como o pecado afeta a comunicação encontra-se na história de José. Seus irmãos o odiavam porque ele era o preferido de Jacó e a inimizade
cresceu a tal ponto que “já não lhe podiam falar pacificamente” (Gn 32.4). Toda conversa terminava mal. Uma pena, porque teria sido positivo trocarem informações a respeito de como se sentiam. Eles tinham de saber que José não era responsável pela escolha do pai, e José, por sua vez, tinha de agir menos como o filho mimado. A indisposição se agravou, os irmãos chegaram a pensar em matar José, mas terminaram vendendo-o como escravo e mentindo ao pai sobre o destino dele. Uma abominação. O próximo caso foi devastador. Na história de Tamar, Amnon e Absalão, filhos de Davi, os erros começaram com a poligamia do rei e continuaram com Amnom abusando sexualmente de sua meia irmã, Tamar. Deuteronômio 27.22 amaldiçoa “... aquele que se deitar com sua irmã, filha de seu pai ou filha de sua mãe”,
mas Davi não fez mais do que ficar irado (2Sm 13.21). Já “Absalão não falou com Amnom nem mal nem bem; porque odiava a Amnom, por ter este forçado a Tamar, sua irmã” (v.22). Diante da omissão paterna em relação à lei, Absalão devia ter feito uma denúncia e exigido justiça, mas calou-se e dois anos depois matou Amnom. Mais uma vez, o pecado vitimou a comunicação e o mal só aumentou. Deus se comunica e nos fez para a comunicação com ele. No hebraico, os dez mandamentos são as “dez palavras”, a respeito das quais Deus diz “Ouve, pois, ó Israel, e atenta em os cumprires” (Dt 6.3). Devemos prestar mais atenção à nossa comunicação. O pecado para o qual abrimos a porta do cosmos a prejudica porque “... a boca fala do que está cheio o coração” (Mt 12.34).
Ano 56, nº 726 Maio de 2015 Rua Miguel Teles Junior, 394 Cambuci, São Paulo – SP CEP: 01540-040 Telefone: (11) 3207-7099 E-mail: bp@ipb.org.br assinatura@cep.org.br Órgão Oficial da
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TEOLOGIA E VIDA
A família como base da educação Hermisten Costa
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o Antigo Testamento vemos a educação sendo amplamente praticada dentro do lar, sendo os mestres os próprios pais os quais deveriam lembrar os mandamentos de Deus transmitindo aos seus filhos uma herança repleta de valores morais (Gn 18.19; Êx 10.2; 12.26; 13.8; Dt 4.9-10; 6.20-21; 11.19; 32.7). A família sempre desempenhou um papel fundamental dentro da educação judaica, sendo extremamente preventiva e orientadora. Mesmo dentro de um processo evolutivo, a educação familiar jamais foi substituída ou preterida. A educação dos filhos era algo prioritário e constante, considerando em seu currículo os grandes feitos de Deus na História. Os filhos não foram testemunhas daqueles grandes eventos, contudo, aprenderiam por meio de seus pais aqueles fatos e o significado dos mesmos, realçando a aliança e o amor de Deus para com o seu povo (Dt 32.7; Sl 44; 78.1-5). Na instituição da Páscoa, Deus já os instrui a respeito do que aconteceria e como os pais deveriam ensinar seus filhos: “Guardai, pois, isto por estatuto para vós outros e para vossos filhos, para sempre. E, uma vez dentro na terra que o SENHOR vos dará, como tem dito, observai este rito. Quando vossos filhos vos perguntarem: Que rito é este? Respondereis: É o sacrifício da Páscoa ao SENHOR, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios e livrou as nossas casas. Então, o povo se inclinou e adorou” (Êx 12.24-27). 1. Estímulo a perguntas Notemos que a educação judaica
tinha as perguntas como elemento de extrema relevância, as quais certamente eram estimuladas, feitas pelos filhos aos pais ou aos sacerdotes: “Quando vossos filhos vos perguntarem: Que rito é este? Respondereis....” (Êx 12.26); “Naquele mesmo dia, contarás a teu filho, dizendo....” (Êx 13.8); “Quando teu filho amanhã te perguntar: Que é isso? Responder-lheás....” (Êx 13.14); “Quando teu filho, no futuro, te perguntar, dizendo: Que significam os testemunhos, e estatutos, e juízos que o SENHOR, nosso Deus, vos ordenou? Então, dirás a teu filho....” (Dt 6.20,21); “Passai adiante da arca do SENHOR, vosso Deus, ao meio do Jordão; e cada um levante sobre o ombro uma pedra, segundo o número das tribos dos filhos de Israel, para que isto seja por sinal entre vós; e, quando vossos filhos, no futuro, perguntarem, dizendo: Que vos significam estas pedras?, então, lhes direis....” (Js 4.5-6); “As doze pedras que tiraram do Jordão, levantou-as Josué em coluna em Gilgal. E disse aos filhos de Israel: Quando, no futuro, vossos filhos perguntarem a seus pais, dizendo: Que significam estas pedras?, fareis saber a vossos filhos, dizendo....” (Js 4.20-21). Antes de entrar na Terra Prometida, o povo é exortado por Deus por intermédio de Moisés a considerar os ensinamentos de Deus transmitindo-os, também, aos seus filhos (Dt 4.9-10). A cada sete anos durante a Festa dos Tabernáculos a Lei deveria ser lida diante de todo povo para que aprendesse a temer ao Senhor (Dt 31.12-13).
2. Diversidade metodológica Deus orienta aos pais a usarem de vários meios – audível e visual –, de circunstâncias diferentes, de modo formal e informal – sentado, andando, à noite, pela manhã – para ensinar seus filhos a Lei a fim de que não se esqueçam de Deus, nem de seus atos soberanos na História. Notemos, contudo, que a Lei deveria estar primeiramente no coração dos pais; somente assim os pais poderiam cumprir com naturalidade a sua missão educativa; o ensino, as lições, as admoestações e aplicações seriam naturais decorrentes de um coração dominado pela Lei do Senhor. Os que amam a Deus guardam no coração a Sua Palavra (Sl 119.11): “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas. Havendo-te, pois, o SENHOR, teu Deus, introduzido na terra que, sob juramento, prometeu a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó, te daria, grandes e boas cidades, que tu não edificaste; e casas cheias de tudo o que é bom, casas que não encheste; e poços abertos, que não abriste; vinhais e olivais, que não plantaste; e, quando comeres e te fartares, guarda-te, para que não esqueças o SENHOR, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão” (Dt 6.4-12/Dt 11.19).
Primitivamente os pais eram os professores responsáveis pela educação completa de seus filhos (Pv 22.6). Posteriormente encontramos exemplos de amas e guardiãs que cuidavam da educação de crianças. Moisés achando por demais pesada a carga de conduzir o povo de Israel, usa de uma analogia que revela a existência de amas: “Concebi eu, porventura, todo este povo? Dei-o eu à luz, para que me digas: Leva-o ao teu colo, como a ama leva a criança que mama, à terra que, sob juramento, prometeste a seus pais?” (Nm 11.12). O avô de Davi, Obede, filho de Boaz e Rute, foi educado por Noemi que, ao que parece o adotou (Rt 4.16-17). Há evidências de que entre os nobres era comum a adoção de amas e tutores. O filho de Jônatas, Mefibosete, tinha uma ama (1Cr 27.32) (2Rs 10.5; Is 49.23). O salmista Davi depois de grande prova e livramento, escreve: “Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do SENHOR” (Sl 34.11). Restaurado por Deus após ter pecado, se arrependido e confessado, Davi propõe-se a ensinar o caminho de Deus: “... ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os pecadores se converterão a ti” (Sl 51.13). As nossas experiências, avaliadas à luz da Escritura, podem se constituir em elemento de grande importância para a educação de nossos filhos, demonstrando o cuidado amoroso de Deus para conosco, evidenciando por vezes, a nossa falta de fé e o aprendizado de confiança e submissão ao Senhor. O Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa integra a equipe de pastores da 1ª IP de São Bernardo do Campo, SP.
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IGREJA NO MUNDO
Fraternidade Reformada Mundial reúne-se Alderi Souza de Matos
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os dias 23 a 27 de março de 2015, realizou-se no hotel Holiday Inn Parque Anhembi a 4ª Assembleia Geral da Fraternidade Reformada Mundial (World Reformed Fellowship). Essa organização foi criada no ano 2000 como resultado da fusão da Fraternidade Mundial de Igrejas Reformadas com a Fraternidade Reformada Internacional, as quais, por sua vez, haviam surgido na primeira metade dos anos 90. Sua missão é promover entendimento, cooperação e compartilhamento de recursos entre seus membros de tradição evangélica e reformada, com vistas ao progresso do evangelho. Sua visão é expressa no seguinte lema: “Que as forças de alguns possam se tornar forças de todos no serviço de Jesus Cristo” (ver Ef 4.1113). De acordo com seus estatutos, os propósitos da WRF são: promover o pensamento reformado e uma visão reformada do mundo e da vida; informar e incentivar igrejas e pessoas que abraçam a fé reformada; proporcionar uma rede de comunicação e compartilhamento de recursos ministeriais; proporcionar um fórum para o diálogo sobre temas atuais; oferecer orientação para a comunidade evangélica reformada; promover a evangelização na tradição
reformada; manter, fortalecer, promover e defender as sãs doutrinas e as convicções bíblicas e teológicas distintivas dos cristãos reformados. Os membros são de diferentes tipos e os números atuais são os seguintes: 67 denominações, 94 igrejas locais, 153 organizações e 730 indivíduos. A organização é dirigida por uma Diretoria composta de até 35 membros, dentre os quais são eleitos o presidente, o vice-presidente, o secretário e o tesoureiro. A “voz” da WRF é o seu diretor internacional, cargo que foi exercido por dez anos pelo Dr. Samuel T. Logan Jr., substituído recentemente pelo Dr. Flip Buys, da África do Sul. Quatro brasileiros fazem parte da atual diretoria: Revs. Davi Charles Gomes e Mauro Fernando Meister e Presbs. Francisco Solano Portela Neto e Rinaldo Lotti Filho. Nos interregnos das reuniões da Diretoria as responsabilidades são exercidas por uma Comissão Executiva, da qual fazem parte o Presb. Solano (vicepresidente) e o Rev. Davi. A WRF possui três comissões (teologia, educação teológica, missões e evangelização) e seis juntas regionais (África, América do Norte, América Latina, Ásia, Austrália/Nova Zelândia e Europa). As reuniões anteriores da Assembleia Geral ocorreram em Orlando
(2000), Joanesburgo (2006) e Edimburgo (2010). A assembleia de São Paulo teve como tema “A teologia reformada e a missão de Deus no século 21: questões críticas enfrentadas pela igreja”. Na sessão de abertura, na noite do dia 23, após as boas-vindas do diretor internacional, Sam Logan, o Dr. Rick Perrin, um dos fundadores da WRF e presidente reeleito, dirigiu o culto no qual o Dr. Davi Charles Gomes pregou sobre Apocalipse 21.15. A Comissão Executiva do Supremo Concílio da IPB, reunida na mesma semana em São Paulo, compareceu com vários de seus membros e foi representada pelo Rev. Roberto Brasileiro, um dos fundadores da WRF. Também estiveram presentes vários representantes do Conselho de Curadores e do Conselho Deliberativo do Instituto Presbiteriano Mackenzie (entre os quais seus presidentes, Rev. Juarez Marcondes Filho e Presb. José Inácio Ramos), bem como da Diretoria Executiva do IPM e da Universidade Presbiteriana Mackenzie, representadas respectivamente pelo Presb. Maurício Melo de Meneses (diretor presidente) e pelo Dr. Benedito Guimarães Aguiar Neto (reitor). O Dr. Gilchrist, secretário executivo emérito, apresentou um novo livro que escreveu, Continuing the Reformation, contendo
uma cronologia histórica da WRF, e na ocasião foram feitas homenagens aos fundadores. O Rev. Cláudio Marra apresentou a edição brasileira de um livro organizado pelo Dr. Logan, Reformado quer dizer missional (Editora Cultura Cristã). As sessões matutinas dos dias seguintes foram iniciadas com um período de cânticos conduzido pelo Rev. Davi Gomes, seguindo-se valiosas reflexões bíblicas pelo Dr. Chris Wright, diretor internacional de Langham Partnership. Os temas foram: “A Palavra de Deus para todo o mundo” (Salmo 33); “Um novo cântico para todo o mundo” (Salmo 96); “Um povo para todo o mundo” (Êx 19.1-6); “Um mandato do Senhor de todo o mundo” (Mt 28.1820). Neste último foram incluídos três aspectos: edificando a igreja (evangelização e discipulado), servindo a sociedade (compaixão e justiça) e cuidando da criação. Na terça-feira, Doug Birdsall, presidente do Movimento de Lausanne, falou sobre os ministérios transdenominacionais endossados pela WRF que apoiam atividades essenciais da igreja. Ao longo do dia, houve apresentações específicas sobre esses ministérios: Langham Partnership (Chris Wright), Comitê de Lausanne para a Evangelização Mundial
(Doug Birdsall), Aliança Evangélica Mundial (Thomas Schirrmacher) e The Gospel Coalition (Ligon Duncan). À tarde, cinco oficinas simultâneas trataram desses ministérios. Na sessão vespertina, o Dr. Augustus Nicodemus Lopes e o Dr. Kin Yip Louie (Hong Kong) conduziram uma apresentação bíblica sobre um ministério fiel no contexto das discussões sobre a abordagem cristã às demandas contemporâneas do movimento homossexual. Na quarta-feira, houve excelentes apresentações sobre o islamismo pela Dra. Christine Schirrmacher, da Alemanha, uma especialista no assunto, e pelo Rev. Stephen Tong, pastor de uma grande igreja reformada em Jakarta, na Indonésia, o maior país muçulmano do mundo. Esse conhecido líder construiu naquela capital o magnífico Reformed Millennium Center, um conjunto de modernos edifícios que abrigam o templo, seminário, escola, biblioteca, museu de belas artes e sala de concertos. À tarde foi realizado um valioso “think tank” sobre o islamismo com Sasan Tavasoli (Irã), Fikret Bocek (Turquia) e Edward Ayub (Bangladesh). À noite, Diane Langberg e Jim Gamble falaram sobre a amplitude mundial respectivamente do abuso de mulheres e do tráfico de pessoas.
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Na quinta-feira pela manhã foram abordados alguns novos problemas contemporâneos que desafiam as igrejas e os cristãos. Boz Tchividjian, neto de Billy Graham, falou sobre o abuso sexual de crianças em ambientes religiosos; Phil Monroe discutiu sobre como ministrar a vítimas de trauma sexual; Raju Sundas (Nepal) e Beatrie Kruger (África do Sul) realizaram um diálogo sobre tráfico sexual. À tarde houve a eleição da nova diretoria da WRF e uma discussão sobre o status da sua declaração de fé. Foi recepcionado o
novo diretor internacional, Dr. Flip Buys, da África do Sul. Este último falou sobre o evangelho da prosperidade e Sheryl Haw acerca dos fundamentos bíblicos de uma resposta apropriada aos pobres. No painel que se seguiu também falaram Alan White e Peterson Sozi (Uganda). Na sexta-feira, após a última reflexão de Chris Wright, o Dr. David Baer falou sobre a organização Overseas Council, que oferece oportunidades de educação teológica para líderes cristãos promissores de todo o mundo. Seguiu-se
um painel em que Andrés Garza, Amador Hernandez, Valdeci Santos e Leandro Pinheiro falaram sobre plantação de igrejas. No culto de encerramento, que teve a participação de Rick Perrin, Davi Gomes, Flip Buys e Sam Logan, o Rev. Robert Benn, da Austrália, pregou sobre Isaías 64.1— 65.3. A Assembleia aprovou a inclusão da Declaração de Fé para o século 21, redigida por uma comissão de 40 eruditos e teólogos de todo o mundo, sob a direção do Dr. Andrew McGowan, da Escócia, ao lado das nove
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confissões reformadas clássicas que os membros da WRF podem afirmar como condição de filiação. Como observa o Dr. Rick Perrin, essa Declaração de Fé não pretende substituir as confissões clássicas, mas reafirmar as crenças históricas das igrejas reformadas em linguagem contemporânea e abordar as numerosas questões e desafios com que os cristãos têm se defrontado ao longo dos séculos. Esta assembleia da WRF contou com a presença de quase 200 participantes, vindos de cerca de 30 países ao redor do mundo, sem
contar os inúmeros visitantes. Os presentes tiveram a oportunidade de conhecer destacados líderes reformados de todos os continentes, bem como o privilégio de ouvir apresentações sobre temas prementes da atualidade por um grupo seleto de indivíduos cultos e comprometidos com o evangelho de Cristo. Com isso, a Fraternidade Reformada Mundial se firma como um organismo representativo e influente da tradição reformada clássica no mundo contemporâneo. O Rev. Alderi Souza de Matos é o historiador da IPB.
FALECIMENTOS
Roberto Domingues Comunicamos o falecimento do querido irmão Presbítero Roberto Domingues na data de nove de março de 2015 na cidade de Taubaté, SP tendo ocorrido o seu sepultamento em Machado, MG, sua cidade natal. Ao chegar a Caraguatatuba, na década de 90 sempre manteve participa-ção
intensa na vida da igreja, colaborando como presbítero nas áreas de ensino e administração eclesiástica. Também era bem integrado em obras evangelísticas, sendo um dos fundadores da atual IP do Morro do Algodão, organizada em 2009, em Caraguatatuba. Deixa viúva a irmã Gladys
Caixeta Domingues, e três filhos. “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.” (Ap 21.4). Rev. Abner Carneiro – pastor da IP de Caraguatatuba.
Edna Lopes Dia 31 de março de 2015, o Senhor achou por bem levar para si a Profa. Edna Andréa Wohnrath Lopes. Mulher virtuosa, esposa fiel, mãe amorosa, avó dedicada e sogra amiga, já faz falta à família, porém seu exemplo estará sempre presente em nossos corações.
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EDIFICAÇÃO
A palavra de Deus é um martelo “Não é a minha palavra... martelo que esmiúça a penha?” (Jr 23.29).
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o Antigo Testamento, no livro do profeta Jeremias, encontramos uma pregação contra falsos pregadores (Jr 23.9ss). Quem não está pregando a Palavra de Deus conforme a vontade de Deus, está correndo um grande perigo. Porque o Senhor diz: “Não é a minha Palavra martelo que esmiúça a penha?”. Assim é a Palavra de
Deus: como um martelo que pode quebrar a rocha mais dura. E quem tiver coração de pedra, cuidado! Talvez, primeiramente, Deus tenha usado um espelho na nossa vida. Mas o nosso coração se endureceu, porque não aceitamos a Sua admoestação. Atenção, pois Ele pode erguer o Seu martelo, para falar de maneira mais dura! Se você está percebendo
que Deus está batendo com Seu martelo, atente para o que um dos apóstolos nos escreveu: “Humilhate, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que Ele, em tempo oportuno, te exalte” (1Pe 5.6). Esta é a palavra do apóstolo Pedro, e todos nós sabemos exatamente como Pedro foi corrigido várias vezes pelo Senhor Jesus de uma maneira bastante enérgica
(Mt 16.23). Vamos atender à correção do Senhor e aprender dos nossos erros (Hb 12.11). Também Pedro sabia que a mão que o castigava era a mão d’Aquele que o amava, a mão que foi pregada na amarga cruz por causa de Pedro também, para salvá-lo como também a você e a mim. Senhor, perdoa-me a dureza do meu coração, que pode ser tão rebelde.
Tu sabes todas as coisas,Tu sabes que eu Te amo. Amém Extraído de Meditações de um peregrino, de Frans Leonard Schalkwijk, Cultura Cristã, 2014.
AÇÃO SOCIAL
Uma nova melodia A
Associação Evangélica Beneficente (AEB) é uma entidade social fundada em 1928 pelo Rev. Otoniel Mota, com o propósito de cuidar do próximo. No seu início, a AEB acolhia em São José dos Campos (São Paulo) os doentes de tuberculose que eram estigmatizados e marginalizados pela sociedade, oferecendo-lhes cuidado e tratamento de qualidade. Atualmente, a AEB possui 18 projetos nas áreas de educação, saúde e assistência social, propiciando o acolhimento a um público igualmente diverso quanto à faixa etária, gênero e necessidades.
Um desses projetos, é a educação pela música com o Criar&Tocar, que proporciona às crianças e aos adolescentes, ensino de música e participação de orquestras, corais com cursos gratuitos de instrumentos musicais populares e eruditos. O projeto visa estender a ação comunitária da Universidade Presbiteriana Mackenzie à educação musical básica, contribuindo para superar as desigualdades sociais e regionais, conforme Plano Nacional de Educação e Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Os cursos oferecidos são violino, viola, violoncelo,
Orquestra da AEB
flauta, clarinete, saxofone, trompete, trombone, trompa, tuba, percussão, bateria, tímpanos, violão popular, musicalização infantil, iniciação musical infantil e canto coral. O responsável pela regência é o maestro João
Guirau, que desenvolve os trabalhos no núcleo Capão Redondo. No final do mês de março, o projeto Criar & Tocar recebeu a visita do Maestro Knut Andreas, atual regente da Orquestra Sinfônica Jovem de Berlim. A visi-
ta de três dias ao projeto teve por objetivo conhecer o Criar & Tocar, estreitando laços, para uma possível parceria no futuro e a realização de um workshop em junho deste ano. As ações e projetos sociais da AEB são realizados com a colaboração de pessoas e empresas que, generosamente, contribuem e financiam grande parte do trabalho da entidade. No site da AEB existem diferentes opções para ajudar, com explicações claras sobre onde os valores serão investidos. Para mais informações, acesse www.aebbrasil.org.br ou ligue (11) 2619-5400.
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MÊS DA FAMÍLIA
O Noivo, a Noiva e a Família Ricardo Mota
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uando escreveu sua carta aos Efésios, Paulo estava preso em Roma (3.1; 4.1; 6.20). A mensagem da carta ressalta a glória de Cristo. Chama a atenção a metáfora que ele usa para revelar o que denomina “mistério” (5.32). Jesus Cristo é apresentado como o Noivo e a Igreja, como a Noiva. Ora, a revelação de Deus em Cristo aponta para o assunto principal entre o Criador e a Criatura, qual seja: relacionamento. Na carta aos Efésios lemos sobre o que Jesus fez para santificar a igreja e apresentá-la gloriosa a si mesmo (5.26-27). Então, a igreja deve “andar em Cristo”, ou seja, esforçarse no processo da santi-
ficação. É o esforço para manter-se imaculada, vencendo as tentações que a assediam o tempo todo. A igreja sabe que um dia “seu noivo” virá para encontrá-la e, assim, definitivamente, desfrutarão do mais íntimo relacionamento. A igreja será glorificada juntamente com o seu Senhor! Sendo assim, não há qualquer outro relacionamento que ilustre com mais precisão o que Deus planejou existir entre ele e seu povo. O relacionamento conjugal, primeiro, e então o relacionamento familiar, ajudam-nos a entender a riqueza do relacionamento que Deus quer manter com seus filhos. Deveríamos estar convencidos de que, por meio da família, Deus proclama ao mundo sua
intenção amorosa e redentora. A família precede qualquer outra instituição. A igreja nasce da família. A igreja é uma família. Os valores absolutos para entendermos bem sobre os planos de Deus para conosco em Cristo Jesus podem ser vistos quando observamos a família. Os valores necessários para se ter paz em casa, são os mesmos valores para se ter paz na igreja e paz com Deus. Quando testemunhamos ao mundo os valores amorosos e redentores de Cristo Jesus, ilustrados no relacionamento familiar, é como revelar o “mistério” da graça de Deus. Ao defender os princípios bíblicos familiares, motivamos as pessoas a cumprirem o seu fim principal. O grande obje-
tivo de um relacionamento conjugal é a glória de Deus. Nessa relação, o amor é o compromisso que fundamentará toda a história a ser vivida. Por isso, é notório o esforço que o inimigo de nossas almas dedica para destruir o relacionamento conjugal. Destruir o modelo de relacionamento ensinado nas Escrituras é uma estratégia do inferno para ofuscar a mensagem de Deus ao mundo, revelada em Cristo Jesus. O marido representa Jesus Cristo e a esposa representa a Igreja. Enquanto existir uma família na face da terra, estará mantido o testemunho do “mistério” revelado. A Bíblia, a Palavra de Deus, é uma história de amor de um “marido” que ama sua “esposa”
incondicionalmente. É a história de um “marido” que dá a vida para salvar a sua “esposa”. Uma história de amor mantida e sustentada no decorrer dos anos pela fidelidade e pela esperança, apesar de todas as adversidades. “Grande é este mistério”, Cristo e a Igreja. Conforme o ensino das Escrituras, a igreja é família de Deus e cada família é uma agência missionária. O relacionamento é ornamentado por compromisso, fidelidade, companheirismo, amor e alegria. Um relacionamento alimentado pela esperança de que um dia cada uma das promessas e juras de amor se cumprirão. O Rev. Ricardo da Mota Leite, pastor e jornalista, é atualmente o Executivo da Agência Presbiteriana de Evangelização e Comunicação
Família, o coração da missão O
Congresso Nacional da Apecom está chegando! De 12 a 14 de junho de 2015 acontece a 4ª edição, com o tema “Família, o coração da missão”, na cidade de Águas de Lindóia, São Paulo. Estão confirmados preletores já conhecidos na IPB, como Rev. Roberto Brasileiro (presidente do Supremo Concílio da IPB), Rev. Ronaldo Lidório (missionário APMT), Rev. Hernandes Dias
Lopes (apresentador do programa Verdade e Vida), Rev. Ricardo Agreste (pastor da IP Chácara Primavera) e Rev. José Dilson (missionário APMT). Como todas as edições do Congresso Apecom, o tema central estará ligado à evangelização. Oficinas com temas práticos fazem parte da programação, com palestrantes em áreas específicas, como criação de filhos, música, pequenos
grupos, famílias, crianças, entre outros, todos com a abordagem evangelística. Nessa edição, as crianças terão programação de culto específica, com a linguagem adequada a elas, dirigidos pelo Rev. José Roberto Coelho, secretário geral do Trabalho da Infância da IPB (SGTI/IPB). De acordo com a equipe de organização, são esperadas apro-
ximadamente 1200 pessoas, que serão acomodadas em dois grandes hotéis na cidade de Águas de Lindóia. Os valores podem ser parcelados no cartão de crédito ou com cheques. As inscrições estão abertas e as vagas são limitadas. Para participar, realize sua inscrição no site do congresso (www.ipb.org.br/ congresso) ou ligue para (11)32557269 (escritório Apecom).
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HISTÓRIA
Armênios – um centenário doloroso Alderi Souza de Matos
E
m 2001, os armênios de todo o mundo celebraram festivamente uma data singular – os 1700 anos da implantação do cristianismo em sua nação ancestral. Todavia, recentemente, no dia 24 de abril de 2015, foi recordado um episódio que não permite qualquer celebração: o centenário do início do massacre da comunidade armênia da Turquia, fato mais conhecido como genocídio armênio. A Armênia, cujas origens se perdem num passado longínquo, foi o primeiro país a aceitar oficialmente o cristianismo, no ano 301, sob a influência de um grande líder espiritual, Gregório, chamado o Iluminador. Ele é tido como o fundador da Igreja Apostólica Armênia, um ramo cristão autônomo, nem católico nem ortodoxo. Em virtude de sua localização geográfica, a história desse heroico povo tem sido repleta de vicissitudes ao longo dos séculos. Situada no Cáucaso Meridional, na região entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, a Armênia sempre teve vizinhos poderosos que a oprimiram ou utilizaram para seus interesses geopolíticos. Na Antiguidade, foram os persas, os romanos e os bizantinos; mais tarde, os
Monumento do genocídio armênio
turcos e os russos. Hoje seu território está reduzido a apenas 30 mil km², uma fração do tamanho original, tendo como nações limítrofes, ao norte a República da Geórgia, a leste o Azerbaijão, ao sul o Irã e a oeste a Turquia. É uma pequena ilha cristã cercada por um mar de islamismo. A população de 3 milhões de habitantes tem sua capital na cidade de Yerevan e o ponto geográfico mais conhecido é o majestoso monte Ararate, onde, segundo Gênesis 8.4, teria pousado a arca de Noé. No ano 1071, o país foi invadido pelos turcos seljúcidas, ocasião em que uma parte da população
se refugiou na Cilícia, a antiga terra do apóstolo Paulo. Estabeleceram um reino que durou até 1375, quando foi anexado pelo Império Otomano, dos turcos convertidos ao islamismo. Em meados do século 19, a Armênia oriental foi conquistada pela Rússia, enquanto que a maior parte da Armênia ocidental permaneceu sob o domínio otomano. Após breve período de independência a partir de 1918, o país se tornou parte da União Soviética por quase 70 anos, até 1991, quando surgiu a moderna República da Armênia. Por ser uma minoria numerosa, com uma religião distinta e fortes aspi-
rações nacionalistas, os armênios sempre foram objeto de suspeitas e discriminação no império turco. No fim do século 19, essa atitude se transformou em crescente repressão e violência. Já em 1895-1896 houve um terrível massacre. Em poucos meses, milhares de armênios morreram nas mãos de soldados turcos e curdos. Populações inteiras foram dizimadas na Anatólia, em Trebizonda e na Cilícia. Centenas de aldeias foram saqueadas e reduzidas a cinzas. Estima-se o número de mortos em 200 mil, sem contar os sequestros, as conversões forçadas e outros 200 mil que abandonaram o país e foram
refugiar-se na Armênia russa ou no Ocidente. Porém, o pior ainda estava por vir. Em 1908, tomou o poder o Partido dos Jovens Turcos, fato inicialmente saudado pela minoria armênia. Esse movimento tinha uma proposta liberalizante, mas acabou sendo dominado por uma corrente “panturquista”, que pregava o fortalecimento da hegemonia turca. Nesse projeto político dos novos dirigentes não havia lugar para os armênios. No fragor da 1ª Guerra Mundial, os jovens turcos aproveitaram para resolver o seu “problema interno”. No dia 24 de abril de 1915, cerca de 300 intelectuais e líderes religiosos armênios foram presos em Istambul e em seguida assassinados. Nos meses e anos seguintes, pôs-se em prática uma política de extermínio que levou terror e destruição à indefesa população armênia. As vilas e cidades eram assaltadas e saqueadas, e os homens aptos executados sumariamente. As mulheres e crianças, quando não abusadas sexualmente, traficadas ou convertidas à força, formavam as longas e terríveis caravanas da morte em direção aos desertos da Síria. O governo confiscou as propriedades e bens da comunidade perseguida. Diplomatas e governantes ocidentais protestaram em vão contra o que estava
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9 IGREJA EM AÇÃO
Centenário do presbiterianismo na Baixada Fluminense Etiene Dias
C Rev. Michael Bitchmayan e colegas da IPB
ocorrendo. Até 1923, cerca de um 1,5 milhão de armênios pereceram no terrível holocausto. Dos sobreviventes, muitos foram para a Armênia russa ou para o Ocidente, no que ficou conhecido com a diáspora armênia. A partir de 1926, muitos dos refugiados vieram para o Brasil, trazendo na memória os traumas profundos que haviam sofrido. Sustentados pela fé cristã, procuraram reconstruir as suas vidas na nova pátria que os acolhia. Alguns se fixaram no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, mas a maior parte se estabeleceu em São Paulo. Esses imigrantes armênios pertenciam a três grupos religiosos – apostólicos, católicos e evangélicos – e logo procuraram organizar suas respectivas igrejas. A Igreja Evangélica Armênia havia surgido no país de origem em meados do século 19. No genocídio, dos 60 mil fiéis apenas 15 mil sobreviveram. Em São Paulo, eles come-
Rev. Aharon Sapsezian
çaram a celebrar seus cultos a partir de 1926, tendo como primeiros pastores os Revs. Michael Bitchmayan (ou Bitchmaya), Garabed Kerikian e Peniamin Gaidzakian. Em 1931, fundaram uma escola primária dirigida pela professora Makruhi Kalustian. Esse foi o início da Igreja Central Evangélica Armênia, localizada próximo à Estação Armênia do Metrô. Essa igreja já teve muitos pastores armênios e brasileiros, entre os quais Aharon Sapsezian, Antônio Dominoni e Dimitrios Constantinidis. Manteve por alguns anos uma capela em Ferraz de Vasconcelos, onde residem algumas famílias armênias. Há alguns anos a ICEA filiou-se ao Presbitério Unido, da Igreja Presbiteriana do Brasil. Em São Paulo, foram criadas outras duas igrejas armênias de orientação evangélica, a Igreja Evangélica Irmãos Armênios (1934) e a Igreja Cristã Filadélfia (1983),
ambas em Santana. Na Praça Armênia, defronte à Igreja Apostólica, pode ser visto um belo e triste monumento em memória das vítimas do genocídio. Estão em destaque os seguintes dizeres: “Mesmo que acorrentem meus pés, amarrem minhas mãos, tapem minha boca, meu coração gritará por liberdade”. Infelizmente, até hoje as autoridades turcas não admitem a acusação de genocídio. Com isso, não existe possibilidade de reconciliação e reparação do mal. O genocídio armênio foi o primeiro de muitos que haveriam de ocorrer ao longo do século 20. Hoje apenas 23 países reconhecem oficialmente esse fato. Entre eles, não estão os Estados Unidos, Israel e, para nossa tristeza, o Brasil. Nestes dias de amargas lembranças, tenhamos os irmãos armênios em nossas mentes e em nossas orações. O Rev. Alderi Souza de Matos é o historiador da IPB.
om muita alegria e gratidão a Deus, a Primeira IP de Nilópolis, RJ, realizou no dia 28 de março um culto em ação de graças pelos 100 anos do primeiro culto presbiteriano na cidade. O Presbítero Augusto Apparicio de Azevedo e sua esposa, dona Benvinda da Conceição Azevedo, foram usados pelo Senhor para iniciar, em 24 de março de 1915, na residência do casal, a divulgação do evangelho de Cristo Jesus na Baixada Fluminense. Conduzido pelo Rev. Denis Baffa da Silva, pastor da igreja, o culto contou com a presença do Rev. Ricardo Moraes, presidente do Presbitério de Nilópolis (PNIL), Rev. Sandro Matos, presidente do Sínodo Baixada Fluminense, pregador na ocasião, Rev. Rui Oliveira dos Reis, presidente do Presbitério Mesquita, e os Revs. Dênio Dutra, Hebert Quaresma, Luiz Carlos, Wagner Ficha, Flavio Avelino, Vagner Oliveira e Gilberto de Souza, todos do PNIL. Compareceram também autoridades civis: Deputado Estadual Farid Abraão David, o vice-prefeito da cidade, Sr. Rodrigo Neca, e
o vereador Osvaldo Vieira. Presentes também, alguns familiares do casal pioneiro: Noêmia Apparicio, sobrinha, e os Diáconos Cláudio Apparicio Pacheco e Joel Apparicio Pacheco, sobrinhos-netos. Antes do início do culto, na entrada do templo, procedeu-se a solenidade de descerramento de uma placa comemorativa. Para descerrarem a placa foram convidados a irmã Noêmia e o diácono Joel, familiares dos pioneiros, e as irmãs Euthália Moura da Silva e Myrian Nery de Andrade, membros mais antigas da igreja. Na oportunidade foi lido um histórico lembrando os irmãos que escreveram essa história e já estão na glória. Participaram os corais da IP Rocha Eterna, IP Ebenezer, IP Cabuis e o Coral Exodus. Foram momentos especiais de muita emoção e gratidão pelo que Deus tem concedido à igreja durante esses 100 anos. “O louvor, e a glória, e a sabedoria, e as ações de graça, e a honra, e o poder, e a força sejam ao nosso Deus pelos séculos dos séculos. Amém” (Ap 7.12). Etiene de Ávila Moura Lemos Dias é responsável pelo Centro de Memória e Dados da Primeira Igreja Presbiteriana de Nilópolis.
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HISTÓRIA DA IGREJA
Série Presbiterianismo na América do Sul
Venezuela Marcone Bezerra Carvalho
O
s primórdios do presbiterianismo no país remontam ao fim do século 19. Por aquele tempo os missionários norte-americanos já tinham se instalado na Colômbia (1856), Brasil (1859) e Chile (1873). A obra na Venezuela tem ligações históricas com a Colômbia. Em 1886, Heráclito Osuna, após ter vivido muitos anos em Bogotá, regressou à sua pátria. Ele tinha fugido para o país vizinho por motivos políticos. Ali, por meio do Rev. Henry Barrington Pratt, Osuna e sua família se converteram, tornaram-se membros da IP de Bogotá, sendo ele ordenado presbítero (1878). Com a mudança de governo na Venezuela, a família deixou a Colômbia e se instalou em Caracas, capital venezuelana. Logo o lar deles se transformou em uma pequena congregação. Como a esposa e as filhas eram educadoras, a família Osuna fundou, em 1896, a primeira escola protestante da Venezuela: o Colégio Americano. Essa instituição, que foi assumida pela missão presbiteriana em 1921, introduziu várias inovações no sistema educacional do país. Ademais, suas dependências serviram para o funciona-
mento de classes de escola dominical e para a realização de cultos. Foi essa situação que o Rev. Theodore Strong Pond (1838-1923) e sua esposa Júlia (18461922) encontraram quando se estabeleceram na cidade em 1897. O casal Pond vinha da Colômbia, onde vivia desde 1890. Rev. Theodore era um experiente missionário, que havia servido por 21 anos na Síria antes de desembarcar na América do Sul. Bem preparados academicamente, americanos, Theodore (que havia se doutorado na Universidade de Berlim) e Júlia (especialista na criação de indústrias caseiras) estavam familiarizados com a língua espanhola e com a cultura da região. A iniciativa de mudar-se para a Venezuela foi uma decisão deles, sendo posteriormente abraçada pela Junta de Missões da IP dos EUA. Junto com a família Osuna e outros crentes, Theodore e Júlia organizaram a primeira igreja (Iglesia Presbiteriana El Redentor) em 1900, a qual conseguiu seu templo em 1912. Atenção especial foi dada à obra educativa, sendo consolidado o Colégio Americano e inaugurado um instituto bíblico para preparar a mão de obra nacional. Theodore também
Crentes venezuelanos (1964)
fundou uma editora, tendo em vista a publicação de literatura religiosa. Por sua vez, Júlia liderou as irmãs venezuelanas em obras de ação social, saúde pública e evangelização. Ela organizou o grupo “As mulheres da Bíblia”. Como missionários, Theodore e Júlia trabalharam sozinhos até 1912, quando o segundo casal chegou (Frederick F. Darley e Mary W. Darley). O primeiro pastor venezuelano, Rev. Benjamín Roldán, foi ordenado em 1915. Outros dois ministros foram ordenados por Theodore: Andrés Key e Carlos Nash. Com a saída dos missionários pioneiros em 1921, o instituto bíblico foi fechado. A denominação ficou desprovida na área da educação teológica. No transcurso das dé-
cadas, os desafios para o crescimento da Igreja Presbiteriana em solo bolivariano foram grandes. Um deles foi o contexto sociopolítico da nação. De 1908 a 1935, o país foi dirigido pelo ditador Juan Vicente Gómez. A repressão à liberdade civil caracterizou seu governo. Após Gómez, a Venezuela experimentou uma fase de instabilidade política. O período de 1936 a 1958 ficou marcado por golpes de estado, disputas partidárias e revoltas militares, o que culminou com outra ditadura, a de Pérez Jiménez (1952-1958). Além disso, os protestantes tiveram que enfrentar a oposição do clero romano. Essas dificuldades fizeram com que a Junta Missionária considerasse a possibilidade de encerrar o tra-
balho na Venezuela. Com poucos missionários, recursos financeiros escassos e tendo que sobreviver em um ambiente conturbado, a obra presbiteriana ficou, até meados da década de 50, restrita à capital e suas imediações. O Presbitério da Venezuela, que fora organizado em 1946 com 3 pastores nacionais, 3 presbíteros e 5 missionários, contava, em 1952, com 7 igrejas (4 em Caracas, 1 em Guarenas, 1 em Santa Bárbara e 1 em Barlovento) e 450 membros. Nessa década foi estabelecido o “Plano Quinquenal”, visando a autonomia administrativa e a independência econômica da IP da Venezuela. Em 5 anos, a denominação deveria caminhar com as próprias pernas. Dentre as medidas
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Rev. Joás, Josefina e Josué (1962), missionários da IPB na Venezuela (1962-65)
tomadas, registramos: o fortalecimento das igrejas e congregações existentes; a conscientização dos crentes sobre seu papel na igreja e na sociedade; a edificação de 3 templos; a criação do jornal El presbiteriano; e a anexação do Presbitério da Venezuela ao Sínodo da Colômbia. Nessa mesma época, os Revs. John Sinclair e Robert Seel se envolveram com os jovens, a fim de prepará-los para testemunhar sua fé no ambiente universitário. Em 1955, três estudantes que haviam estudado no Seminário de Matanzas, em Cuba, regressaram ao país. Outros foram enviados para estudar no Brasil (Cláudio González e Juan Chipamo) e Estados Unidos (Edgar Moros Ruano). Essa fase de nacionalização da obra presbiteriana coincidiu com um cenário político agitado e tenso na vida da nação. Nos últimos meses de 1957, estudantes universitários, sindicalistas e setores das Forças Aéreas e da Marinha se levantaram contra a ditadura vigente. Com a queda de
Pérez Jiménez, o processo democrático foi instaurado (“Quarta República”: 1958-1998). Um missionário que testemunhou esse tempo, Rev. Robert Seel, escreveu: “Também se viram mudanças notáveis na vida da Igreja Presbiteriana da Venezuela”. Uma das novidades foi a decisão, acertada com os americanos por meio da Comissão de Missões e Relações Ecumênicas (COEMAR), de receber “obreiros fraternais”, isto é, ministros presbiterianos de outros países convidados para pastorear igrejas locais. Um deles foi o Rev. Joás Dias de Araújo (19382003), pastor da IPB. Ele e sua esposa Josefina Maria Homem de Mello viveram em Maracaibo, a 700 km de Caracas, durante 4 anos (1962-1965). Joás assumiu o pastorado da pequena igreja. O casal foi bem recebido e se integrou rapidamente à congregação. “Encontramos na Venezuela uma igreja estruturada aos moldes da IP da América do Norte... nela havia diaconisas, presbíte-
ras e, mais tarde, pastoras. A atuação das mulheres era muito forte. O ministério feminino fazia a diferença na liderança da igreja. Naquela época, não havia nenhum pastor de nacionalidade venezuelana. A IPV exercitava o dízimo”, relata a irmã Josefina Araújo. Na década de 90, outros dois pastores brasileiros trabalharam na Venezuela. O Rev. Humberto Arisa de Oliveira, hoje missionário da APMT na Itália, atuou, de 1994 a 2002, em Uracoa, Caracas e Guarenas. De 1999 a 2001, o Rev. Marcos Martins pastoreou em Maracaibo e organizou a IP de San Francisco. A partir dos anos 60, por meio da COEMAR ou por convites diversos, a denominação contou com pastores da Colômbia, Guatemala, Costa Rica, Porto Rico, Chile e Brasil. A desvinculação entre a IPV e a missão estrangeira aconteceu em 1961. Quanto à presença dos missionários americanos no campo, os últimos permaneceram até 2002 (um casal) e 2003 (uma missionária). Aspecto digno de menção na história da IPV é o envolvimento dos membros na vida da igreja. No que se refere à teologia, sobretudo dos anos 60 em diante, a IPV vem sendo atingida pelo liberalismo. Em 1972 foi aprovada a ordenação de mulheres ao pastorado. A teologia da libertação, o esquerdismo político e o pentecostalismo ocasionaram a perda de muitos membros nas déca-
11 das de 70 e 80. Em 1983, a Iglesia Presbiteriana El Redentor, a mais antiga, desligou-se e se manteve independente da denominação até bem recentemente. Atualmente a IPV conta com 2 presbitérios (Ocidental e Central), 1 sínodo, 18 pastores(as), 12 igrejas, 5 congregações, 2 colégios em Caracas (Americano e Luz y Vida) e cerca de 800 membros. Essa pequena denominação continua enfrentando grandes lutas. Ela tenta sobreviver, manter-se de pé diante dos problemas internos (identidade, incapacidade de reação, recursos limitados, etc.) e externos (Chavismo vigente desde 1999). Segundo o Rev. Edgar M. Ruano, o maior desafio que a IPV tem “é o de levantar a voz
profética e crítica, apontando o mal da polarização que vive nosso país nesses momentos de violência e intolerância, de guerra econômica e psicológica que aterroriza nosso povo”. Existe outra denominação que se apresenta como herdeira da tradição calvinista. É a Iglesia Reformada en Venezuela (IRV), que tem vínculos com a Igreja Reformada da Holanda e, diferentemente da IPV, é conservadora em sua teologia e ação. Essa pequena denominação se originou na década de 80 e tem congregações em Barquisimeto, Quíbor, Acarigua e Maracaibo, que reúnem por volta de 350 membros. O Rev. Marcone Bezerra Carvalho é historiador e colaborador regular do Brasil Presbiteriano.
VIII EMOLIM Encontro de Mobilizadores e Líderes Lideres de Missões 19 de setembro de 2015, das 7h30 às 19h na Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo
Missões em Ação: Realidade e Possibilidades!
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IGREJA
Igreja, família e sonhos Com inauguração de novo templo, igreja em São Paulo celebra 59 anos de história
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IP da Penha, em São Paulo, celebrou 59 anos de história no mês de abril, com uma conquista muito significativa para todos os irmãos. Uma grande reforma do templo foi realizada em aproximadamente um ano, dando continuidade às melhorias já realizadas em outras dependências do prédio. O Rev. Amauri Oliveira é pastor na IP da Penha desde o início de 2013, pela segunda vez. Foi de 1997 a 2002 o seu primeiro pastorado ali. “A IP da Penha tem um valor sem igual no meu ministério e na minha família. Creio que Deus trabalhou muito na vida da igreja e na minha vida durante esses anos em que estive fora, e ele mesmo tem nos conduzido, colocando-me novamente aqui e dando condições de realizar os trabalhos e os
avanços, no que diz respeito às mudanças estruturais e físicas e, também, no crescimento espiritual do seu povo”, relata. Durante um ano a comunidade se reuniu no espaço em que antes era o estacionamento da igreja. Apesar dos vários transtornos que uma obra dessas acarreta, as transformações realizadas dia-a-dia dentro do espaço do templo eram motivadoras e um desafio maior para a contribuição e compreensão dos membros. “Ficou tudo muito lindo. Com certeza isso é motivo de muita alegria para cada um dos membros e o tempo em que estávamos congregando lá na garagem foi difícil por um lado, mas foi necessário, e o importante é que estávamos reunidos para celebrar o nosso Deus”, celebra dona Mercedes Baptista, 80 anos, membro da igreja.
Presb. Percílio em oração de gratidão, com demais presbíteros do conselho da IP da Penha
Todo o projeto foi orientado pela arquiteta Elza Hessel Tosta, também membro da igreja que, durante varias reuniões com os presbíteros e com a comissão para a reforma, orientou os trâmites e as necessidades de adaptação às normas de acessibilidade e de infra-estrutura para a comunidade. “Para mim foi e é uma alegria participar da reforma da igreja, não só do templo, mas das melhorias da cozinha, salas para a escola dominical e banheiros. Toda reforma é custosa, é demorada e
Culto de gratidão pelo novo templo da IP da Penha
causa transtornos, mas o Conselho da igreja, juntamente com o Rev. Amauri, entendeu a proposta. Eu também consegui captar o que eles desejavam e o trabalho aconteceu de forma
muito tranquila no projeto e no trabalho inicial de que participei. A cooperação, sem dúvida tem um papel decisivo para o bom andamento”, comemora a arquiteta.
Projeto Amor Radical
N
o dia 17 de abril, dando continuidade às festividades do 59º aniversário da IP da Penha, em São Paulo, a União de Mocidade Presbiteriana (UMP) em parceria com a União Presbiteriana de Adolescentes (UPA), realizou o projeto “Amor Radical”, recebendo o cantor Paulo Cesar Baruk e Banda, em sua primeira atividade. De acordo com Rev. Jean Francesco, pastor que lidera jovens e adolescentes na IP Penha, o projeto surgiu entre as reuniões de liderança da mocidade, que desejava realizar cultos e eventos que envolvesse a vida cristã e espiritual de forma integral. Além das reuniões que já aconteciam na igreja, eles decidiram que ajudariam instituições sociais, com várias ações que envolvessem os jovens e as doações.
“Nós temos parceria, atualmente, com três instituições sociais, a quem entregamos as doações: uma casa de crianças com câncer, uma casa de recuperação de adictos, e uma casa que recebe filhos de presidiários. O primeiro “Amor radical”, com a participação do Baruk foi muito bom, nos dando boas expectativas para os próximos, explica Rev. Jean. Ainda de acordo com ele, as contribuições foram muito expressivas, chegando a quase uma tonelada de donativos, já entregues às instituições parceiras. E o objetivo é que mais eventos aconteçam, com esse enfoque social. Além disso, a UMP se encontra regularmente no pequeno grupo, com oração e devocional, e a UPA realiza também seu encontro semanal, para estudo da palavra, com Rev. Jean.
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EDUCAÇÃO CRISTÃ Um dos presbíteros mais antigos decidiu participar mais ativamente da reforma. Percílio Diório, 72 anos, aposentado, utilizava grande parte de seu tempo livre para ir até a igreja durante a semana e trabalhar na obra. No dia 22 de fevereiro aconteceu o primeiro culto dentro do templo reformado, num domingo que marcou a história da igreja. “Ver o templo já pronto traz uma alegria muito grande. Para meus pais e meus avós é emocionante e nós agradecemos a Deus por essa oportunidade”, diz Juliana Policarpo, membro da igreja desde muito pequena. O novo templo tem sido motivo de alegria em especial para alguns que participaram da construção ainda em 1956. O diácono emérito Luiz Patriani, muito feliz com a reforma, acompanhou quando criança todo o processo de aquisição do terreno. Durante todo o mês de
IP da Penha- templo antigo
abril, cultos de gratidão pelo aniversário da igreja e pela reforma do templo foram celebrados com a visita de alguns dos pastores que tiveram ministério anterior na IP da Penha. Todos se alegraram com as novas conquistas. “A reforma do templo e do prédio da igreja não terá efeito nenhum se não for cumprida nossa principal missão, que é pregar o evangelho da salvação. Queremos receber melhor quem chega com o coração e a alma ferida, para nos prepararmos dia a dia como cristãos e luz do mundo. O templo somos nós, habitados pelo Espírito Santo, pela graça de Deus, e para a glória dele”, conclui rev. Amauri. A reforma não está concluída, mas a sensação em cada família que participa da igreja é de que muito se fez pela graça e vontade de Deus, e muito se fará ainda, pela misericórdia divina.
II Workshop de Educadores Cristãos Sob a liderança do Presb. Fernando Carvalho, Secretário Presbiterial de Educação Cristã, o Presbitério Bandeirantes, em São Paulo, realizou seu II Workshop no dia 18.04.15. O evento se deu na IP Parque São Domingos, zona oeste da capital paulista, e foram oferecidas oficinas conceituais e práticas na área de ensino de crianças, adolescentes, jovens e adultos, além dos temas
“Os objetivos das aulas” e “O professor discipulador”. Alguns membros da equipe de oficineiros da Editora Cultura Cristã
ministraram a irmãos de diversas igrejas que puderam aprimorar suas competências na área de ensino.
IP Praia da Costa (ES) treina professores de ED José Mário Gonçalves
Aconteceu nos dias 10 a 12 de abril o I Encontro de Educação Cristã da IP da Praia da Costa, em Vila Velha – ES. O bem organizado evento contou com a participação de aproximadamente 70 pessoas de igrejas presbiterianas da cidade e da região. As palestras e oficinas foram ministradas pelo Rev. Cláudio Marra (Editor da Casa Editora Presbiteriana) e por sua esposa, professora Sandra Salum Marra. Os temas abordados foram a didática para classes de jovens e adultos, a importância dos objetivos na aula e o modo de estabelecê-los, além da relação entre professor e discipulador, tudo isso orientado por uma visão bíblica de
Comitê e pastores
Alunos e professores da Escola Dominical
Educação Cristã para a liderança da igreja. Os encontros foram concorridos e bem avaliados por todos os participantes. A expectativa dos organi-
zadores é que as lições aprendidas no evento sejam multiplicadas nas igrejas locais. O Rev. José Mário Gonçalves é o pastor da IP Praia da Costa
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FORÇAS DE INTEGRAÇÃO
UPH da IP de Campo Grande celebra 64 anos A União Presbiteriana de Homens da IP de Campo Grande, no Rio de Janeiro, celebrou no dia 7 de Março, os 64 anos da sociedade interna.
N
o culto de Ação de Graças houve a participação do Presbitério Campo Grande Rio (PCGR) e do Sínodo Oeste Rio (SOR). Foi preletor o Presbítero Pablo Daflon, presidente da Confederação Nacional de Homens Presbiterianos (CNHP), que falou aos homens sobre a persistência na fé e a total dependência em Deus nos momentos de dificuldade, sem desistir dos planos que o Senhor tem para seus filhos e para a Igreja. Para Rubens da Rocha, presidente da UPH da IP Campo Grande, que conta hoje com 21 membros, os trabalhos da UPH local
ao longo dos anos é uma demonstração do amor e do cuidado de Deus, pois, mesmo em meio às dificuldades enfrentadas, a sociedade interna permanece em constante atividade. “Como outras UPHs, aqui em nossa igreja observamos um esfriamento no trabalho masculino, mas utilizamos estratégias importantes, como ações culturais, encontro entre famílias, almoços, atividades de lazer, gerando uma maior integração dos homens e fortalecendo os trabalhos”, afirma. Ao longo desses 64 anos, a UPH da IP Campo Grande desenvolveu trabalhos de evangelização,
lideranças da sinodal Oeste Rio
incentivando a participação de toda a igreja e despertando a liderança dos homens. Os encontros da UPH para oração e para comunhão são pontos
importantes para manter a unidade e o crescimento, não só da sociedade interna, mas de toda a igreja. “O desafio maior é manter a unidade da Igreja, no
caminho do que nos ensina a Palavra de Deus. Para alcançá-la precisamos nos manter unidos, congregando e evangelizando”, conclui Rubens.
que é a plantação de igrejas nesta região do nosso país. A IPB tem dado atenção a essa região, e além das ações da JMN e do o PMC – Plano Missionário Cooperativo -- tem atuado firmemente, proporcionando uma sinergia das suas agências missionárias e possibilitando a expansão do presbiterianismo na região”. A JMN está investindo
para a consolidação dos campos de Cachoeira do Sul, Farroupilha e Rio Grande com construções e aquisição de terreno. “Louvamos a Deus pelos diversos missionários que, com suas preciosas vidas, deram suas contribuições ao desafiador projeto de plantação de Igrejas no Sul do País em especial o Rio Grande do Sul, conclui rev. Mariano.
MISSÕES NACIONAIS
JMN no Sul do Brasil A
Junta de Missões Nacionais (JMN) tem trabalhando na região sul do Brasil há muitos anos e de forma mais efetiva no Rio Grande do Sul onde foi pioneira. No início da década de 90 a JMN organizou o primeiro Presbitério e ainda manteve vários campos missionários como Rio Grande, Pelotas, Gravataí, Pinheiro Machado e Cruz Alta.
Posteriormente, Santa Maria, Cachoeira do Sul e Farroupilha. De acordo com o Rev. Mariano Alves Jr., supervisor de campos da JMN, o trabalho continua, atuando na plantação de novas Igrejas nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul com diversos projetos ativos em campo de parceria e de administração exclusiva.
Em abril deste ano, Rev. Mariano esteve nos campos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, visitando os obreiros e suas famílias, discutindo estratégias do trabalho e conversando com as lideranças. “Foram dias de muito trabalho e de muitas alegrias de ver como o Senhor tem sido generoso cuidando dos campos e dos obreiros diante do grande desafio
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FORÇAS DE INTEGRAÇÃO
UPH nas Olimpíadas Homens Presbiterianos preparam mobilização evangelística nacional no período das Olimpíadas 2016 no Brasil
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m fevereiro de 2015, foi realizado o culto de lançamento do Projeto Evangelístico da Confederação Nacional de Homens Presbiterianos (CNHP), intitulado ”UPH nas Olimpíadas -- Rio 2016”. O culto ocorreu no templo da IP da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, tendo rev. Leonardo Sahyum como pregador.
Os preparativos para o desenvolvimento do projeto continuam ao longo do ano, com o objetivo de formular o programa evangelístico estadual, coordenado pela CNHP, para ser desenvolvido por ocasião dos Jogos Olímpicos em 2016 no
Brasil, com a finalidade de promover a evangelização dos povos e dar visibilidade ao trabalho da IPB através dos homens presbiterianos. De acordo com a liderança, todo trabalho será baseado na evangelização pessoal, através dos voluntários e as demais sociedades domésticas que compõem as forças de integração da IPB, buscando alcançar os brasileiros
e povos de outras nações, participantes dos jogos nas seleções (jogadores, torcedores e turistas). A estrutura do Projeto de Evangelização nas Olimpíadas funcionará com o seguinte organograma: • Comissão da CNHP
Comunicado da FEP (por Rev. Avaci José dos Santos, presidente da Diretoria) Na edição de março/2015 do Jornal Brasil Presbiteriano, foi divulgado o trabalho da FEP -Fundação Educacional Presbiteriana -- apresentando o benefício da bolsa de estudos restituível. Para ter mais informações, basta entrar no site www.fep. ibp.org.br, acessar o ícone Fundação Educacional Presbiteriana e preencher a solicitação de bolsas de estudo.
UPH e autoridades
• Comitê estadual nomeado pela comissão • Equipes de trabalho e voluntários de todas as forças de integração da IPB Os coordenadores do projeto são: Presbítero José Roberto Albrecht (vice-presidente para região sudeste), Diácono Heronim Antonio Marçal (secretário de Comuni-cação e Marketing), Presbítero Paulo Ivo (secretário de Missões) e Presb. Paulo Silas Casini (secretário de Evangelização). Além da coordenação, há o comitê estadual, destinado a viabilizar os processos dos trabalhos, como de evangelização, com objetivo de uniformizar os procedimentos para melhor identificação. O comitê estadual providenciará o local para armazenamento do material a ser utilizado no evento, com um número indeterminado de participantes, abrangendo a maior quantidade possível. Essas equipes de trabalho deverão ser compostas por evangelistas, discipuladores,
II Reunião Executiva da SAF De 30 de abril à 02 de maio de 2015, aconteceu na cidade de São Luís do Maranhão, a II Reunião Executiva Nacional do Quadriênio 2014-2018 da Confederação Nacional de SAFs (CNSAFs). O encontro reuniu a diretoria e as secretárias de atividades da CNSAFs, além de todas as presidentes das 81 sinodais espalhadas pelo Brasil, e a secretária nacional do Trabalho Feminino da IPB. Foi aberta também aos respectivos secretários sinodais. Durante a reunião, foram passadas informações referentes à dinâmica do trabalho na SAF que, em breve, estarão disponibilizadas no site da CNSAFs (www.saf.org.br). grupo de apoio para oração, transporte do material evangelístico, suprimento de água, alimentos, etc. As lideranças deverão promover reuniões de capacitação. Os materiais evangelísticos deverão ser utilizados com bastante critério, pensando sempre no alcance de todos os lugares onde serão realizados os jogos bem como os pontos turísticos. Serão promovidas, ainda, reuniões alcançando todas as forças de integração da IPB, obje-
tivando um trabalho conjunto, engajando todas as igrejas presbiterianas nesse trabalho. Líderes do comitê estadual Presidente Presb.Nelson Mussumesci, Vice Presidente Presb. Edison Batista, Secretário Executivo Diác. Alex Marcelo, Tesoureiro Presb. Samuel Ribeiro, Secretários Regionais (representantes das 13 Sinodais do RJ).
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AÇÃO SOCIAL
Coração aberto Com 5 anos de fundação, a associação Pequenos Corações compartilha vitórias e desafios, sonhando com novas conquistas
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ano de 2015 tem um significado especial para a Associação de Assistência à Criança Cardiopata (AACC) Pequenos Corações, uma entidade sem fins lucrativos, fundada em 2010, que completou 5 anos no dia 24 de fevereiro, e que tem como principal objetivo, orientar e auxiliar as famílias de crianças cardiopatas em todo o Brasil, para que tenham acesso ao tratamento adequado e a uma vida feliz como qualquer outra criança. A cardiopatia congênita é uma anormalidade na estrutura ou função do coração que surge nas primeiras oito semanas de gestação, quando se forma o coração do bebê, podendo levar à morte sem o tratamento adequado. Márcia Adriana Rebordões é a idealizadora e uma das fundadora da
Associação, que surgiu num momento de dor, mas também de consolo poderoso de Deus. Membros da IP de Bauru (SP), Márcia, seu esposo Paulo e a filha Vitória (então com 5 anos), recebiam mais um membro na família. O pequeno Tiago nasceu com metade do coraçãozinho, uma malformação chamada hipoplasia do coração esquerdo. Nos primeros seis meses de vida dele, Márcia precisou praticamente morar no hospital para acompanhar cirurgias, tratamentos e recuperações do filho. “Quando um filho está internado, a mãe também está, e as dificuldades são muitas: não temos onde dormir, onde tomar banho, ou a quem fazer perguntas para tantas dúvidas”, conta Márcia, que viveu na pele cada etapa do tratamento de seu filho, que faleceu três anos depois, em agosto
Recordação: Marcia com o filho Tiago, então com 3 anos, dois meses antes de falecer
Fundadoras da ONG: Fabíola Bylro, Larissa Mendes, Patrícia Drummond e Marcia Adriana
de 2009. “Sabemos que foi feita a vontade de Deus, tanto com a vida, como com a morte do Tiago. Foi a partir da doença dele que Deus foi preparando o trabalho que hoje está estruturado e sendo ampliado. Deus tinha um plano, e ele mesmo executaria, por causa da sua graça, e por nosso intermédio”, conta. As experiências de Márcia tornaram-se referência para outras mães, que tinham dúvidas sobre a cardiopatia congênita e dificuldades para encontrar tratamento. Ela, então, uniu forças com outras três mães, Larissa Mendes (Londrina), Patricia Drummond (São Paulo) e Fabíola Bilro (Recife), que decidiram fazer algo mais. Em 2010 nasceu a Associação Pequenos Corações. Nos últimos cinco anos, cresceu ajudan-
do mais mães, diminuindo a lacuna entre a necessidade e a solução, e conquistando cada vez mais espaço para a compreensão da cardiopatia congênita na sociedade. “Hoje eu sinto que estou exatamente onde Deus deseja que eu esteja. Fazer a vontade de Deus é o que me fortalece a cada dia”, conta Márcia. Foram produzidas cartilhas explicativas que ajudam mães que vivem a difícil tarefa de cuidar de seus filhos com cardiopatia. Também para as crianças foram criados personagem
lúdicos, que ajudam no enfrentamento da dura rotina hospitalar. Outro importante passo foi o projeto de lei, criado em parceria com médicos e com o vereador de São Paulo, Eliezer Gabriel, para tornar obrigatório o teste do coraçãozinho (exame de oximetria de pulso), que pode detectar problemas cardíacos logo após o nascimento. Em 12 de junho de 2013, Dia da Consciência da Cardiopatia Congênita (também uma conquista da Pequenos Corações), o então Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, aprovou o projeto de lei, e um ano depois, foi lançada a portaria, tornando o exame obrigatório no SUS. Todas as conquistas são fruto de muito trabalho da Associação, que conta com apoio exclusivo de voluntários (pessoas físicas e empresas), além da ação de 52 núcleos da Pequenos Corações, criados a partir da experiência de outras mães, em diversas localidades no Brasil, que deci-
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FORÇAS DE INTEGRAÇÃO diram dar continuidade e expandir os trabalhos. Em São Paulo está a matriz da associação, onde funciona a casa da Pequenos Corações. Em ambiente totalmente familiar, as mães são recebidas com muito carinho e, após preencherem cadastro, recebem um kit de higiene para elas, e um kit para o bebê (caso o filho seja ainda bebê), com produtos solicitados pelo hospital, que muitas não têm como prover. Além disso, na casa é possível lavar roupas, fazer todas as refeições e receber atendimento espiritual e psicológico, o que para todas elas é a principal ajuda. Para Márcia, os avanços dos últimos 5 anos só reforçam a necessidade de continuar. O trabalho precisa ser feito para que mais crianças sejam beneficiadas, com a possibilidade de viver melhor. “Ainda temos muito trabalho. Precisamos de ajuda de voluntários (dos mais jovens aos mais velhos), de igrejas ou empresas, que contribuam com tempo, com donativos, com dinheiro e, acima de tudo, com oração. Crianças ainda morrem na fila à espera de cirurgia via SUS e isso nos faz continuar, pois cremos no Deus que move, muda e cura corações, conclui Márcia. Para ter mais informações, mais envolvimento e novas experiências, entre em contato e saiba como ajudar: www.pequenoscoracoes.com.
A juventude que não envelhece “Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes...” (1Jo 2.14b)
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m maio se comemora o dia do jovem presbiteriano (segundo domingo), e a história da União de Mocidade Presbiteriana (UMP), orientada pela Confederação Nacional de Mocidades, não tem como ser dissociada dessa data. Muito trabalho foi realizado desde a criação da UMP e da CNM, assim como muitos jovens, a partir de 1936, se engajaram para realizar atividades e cultos que glorificassem o nome de Deus. Muitos desses jovens de então, hoje homens e mulheres de cabelos grisalhos, netinhos no colo, têm uma linda história para contar. Uma figura querida e conhecida é o Rev. Enos Moura, conhecido como Enos Pai e homenageado em janeiro de 2006 com o título de “Amigo da Mocidade”. De 2004 a 2009 foi Secretário Nacional da Mocidade e atualmente é Secretário Sinodal da Mocidade (desde 1999), acompanhando de perto as transformações de cada etapa dessa sociedade interna. Antes mesmo do título de amigo da UMP, Enos Pai foi um membro ativo e engajado. Em 1960 a Confederação Nacional de Mocidade foi extinta pelo SC da IPB, que para evitar
que as agitações ideológicas da época atrapalhassem o avanço da igreja em seu principal objetivo, a proclamação do evangelho. A CNM tinha um jornal, chamado Mocidade, que unificava todas as UMPs espalhadas pelo Brasil, orientando as Sinodais, inclusive com planos de leitura e liturgia para cultos e programações com os jovens. Com a extinção da CNM, o jornal também deixou de ser produzido, e os jovens sentiram muito aqueles anos de completo silêncio. “Para nós que estávamos fortemente envolvidos pelo trabalho com a mocidade, os anos a partir de 1960 foram tristes, com uma inquietação de querer saber o porquê. Várias apelações foram feitas, mas não conseguíamos reaver a CNM e o jornal. Contudo, os trabalhos locais nao foram completamente paralisados. Algumas igrejas maiores e com uma liderança mais ativa mantiveram o trabalho com os sínodos e com as igrejas locais”, recorda o Rev. Enos. Vinte e seis anos depois a Confederação Nacional de Mocidade retomou as atividades, por meio de confederações sinodais do Rio de Janeiro. Em 1986 as UMPs de todo
Rev. Enos Moura, “Amigo da Mocidade”
o Brasil começaram a se reorganizar e desenvolver novamente os trabalhos nacionais. “Quando vimos os trabalhos recomeçando foi uma alegria sem fim. Eu passei a acompanhar as diretorias da CNM buscando ajudar no que fosse preciso, desejando ser um pai, um conselheiro e um amigo de cada gestão”, conta Rev. Enos. Rev. Enos Pai, é casado há quarenta anos com Lucila Clozel Ribeiro Moura, tem dois filhos, cinco netos, e muitos outros filhos e netos do coração. Ele foi jubilado em abril de 2014 e atualmente é pastor auxiliar na IP de Cidade A.E Carvalho (SP). Passou por grandes dificuldades de saúde, com sete infartos; o último em
dezembro de 2014. Para ele, esses “probleminhas” são por conta das boas emoções que tem vivido. “Eu sou muito emotivo e a idade me trouxe boas emoções, mas pouca resistência. Eu procuro acompanhar a Mocidade na medida do possível, indo aos cultos e às programações de que tenho conhecimento na região. Isso me traz uma alegria imensa: ver os jovens trabalhando na obra do Senhor, em prol do reino”, alegra-se. As histórias da CNM do passado podem ser lidas no livro Eu faço parte dessa história, lançado pela Editora Cultura Cristã em 2002, com relatos de jovens que contribuíram em suas UMPs locais e ajudaram a escrever novas linhas da atuação do jovem presbiteriano na IPB.
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EDUCAÇÃO
Uma instituição centenária O
Colégio do Instituto Presbiteriano de Castro (IC) foi fundado em 1915, então com o nome de “Instituto Cristão das Artes Práticas”, em uma propriedade de 300 hectares de terra, junto com 30 cabeças de gado, distante 4 km da cidade de Castro. A escola inicialmente contava com o Ensino Primário e Artes Práticas. Em 2015 o IC celebra seu centenário, com grande crescimento no último ano, o primeiro em que grande parte da gestão administrativa passou a ser da Igreja Presbiteriana do Brasil. Até o ano de 2013, a IPB tinha poderes de comodato no IC, regendo por meio de um Conselho, juntamente com famílias holandesas descendentes dos fundadores. De acordo com o atual diretor, Timotheo Silveira, o grande desafio da IPB, ao assumir plenamente a administração e a direção do colégio, foi manter a qualidade de ensino legada pelos holandeses fundadores e apresentar novas propostas de inovação tanto na educação, com o preparo adequado para o mercado de trabalho, quanto no autosustento da fazenda, que pertence ao Instituto e serve ao Colégio Técnico. “Quando a IPB me procurou para assumir o Instituto Cristão, aceitei o desafio pelo meu conhecimento na agronomia e na administração. Em aproximadamente
um ano e meio de trabalho, ampliamos o quadro de alunos, tanto no ensino médio, quanto no técnico, e reforçamos os trabalhos na fazenda, proporcionando mais recursos para uso no próprio colégio e no Instituto,” afirma. O bom conceito do ensino médio e técnico no Colégio foi um dos atrativos para a famíia de Milena Gatto, estudante do 3º ano do ensino médio. “Entrei no Colégio Instituto Cristão após receber uma bolsa de estudos devido às minhas boas notas em outras escolas onde estudei. Meus pais escolheram o IC porque um de meus irmãos mais velhos já havia estudado ali e também se destacou passando na metade do terceiro ano em quarto lugar no curso de agronomia na UEPG,” conta Milena. O sistema de bolsas de estudos no Colégio, conta com uma parceria importante da comunidade holandesa, que ajuda alunos que possuem boas notas. Além disso, o próprio Colégio fornece bolsa parcial de estudos e conta, ainda, com investimento de um programa de incentivo do governo local. “O que eu mais gosto no colégio são os professores, pois além de serem os melhores da região, eu entendo muito bem a maioria das matérias, principalmente biologia, matemática e química.” Além da alta qualidade
100 anos do Colégio do Instituto Cristão de Castro
no ensino, Milena destaca o diferencial cristão no colégio, que auxilia no desenvolvimento pessoal de cada aluno. “Uma coisa que acho interessante no colégio é que a aula de ensino religioso com o pastor nos ajuda a crescer cada vez mais como indivíduos, o que é importante para a vida de cada um,” afirma. A capelania do IC tem parceria com o Presbitério de Castro e é responsável por ministrar as aulas de Ensino Religioso para todas as turmas do Ensino Médio e técnico. De acordo com o capelão, Rev. Francisco Higino, o objetivo das aulas é desenvolver nos alunos um desejo de fazer a diferença desde já na sociedade. Para isso, existe um trabalho de aconselhamento e visitas aos alunos e familiares, além do atendimento aos funcionários. “Queremos fazer mais, estamos implantando com as escolas carentes do município um trabalho que consiste em trazer as crianças
dessas Escolas para um dia de atividades no IC. Entre essas atividades está planejado o momento de falar do evangelho de Jesus”, explica o Rev. Francisco. No Colégio Instituto Cristão, a Bíblia é usada abertamente, como fundamento e como norteadora dos princípios e valores que o Colégio prega para os alunos e famílias. A IPB tem investido na contratação de pessoas cristãs presbiterianas na parte administrativa-
pedagógica, o que faz com que Igreja Presbiteriana tenha um papel fundamental no que diz respeito à educação e até mesmo como fundadora e mantenedora do Colégio Instituto Cristão. Ainda de acordo com o diretor Timótheo Silveira, muito trabalho precisa ser realizado. Parcerias com a Universidade Presbiteriana Mackenzie e novos projetos de educação e gestão muito mais farão em prol do Colégio e do Instituto. “Tudo o que foi sonhado e planejado pelos holandeses no início de tudo está sendo respeitado e ampliado. Mas nossos desafios consistem em buscar alternativas cada vez mais modernas e úteis, para o desenvolvimento desse importante braço de trabalho da IPB. Estamos empenhados para crescer e ser mais um sinal do reino do Senhor,” conclui.
Timotheo Silveira, diretor do Colégio do Instituto Cristão de Castro
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IGREJA EM AÇÃO
“Passa a Portugal e ajuda-nos” 90 anos da viagem do Rev. Paschoal Luiz Pitta
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navio “Almazorra” zarpou do porto do Rio de Janeiro em 24 de maio de 1925. A bordo estava uma família de missionários: Rev. Paschoal Luiz Pitta, a esposa Odette, o filho Arthur e a sobrinha Helena. Pitta iria substituir o colega João Marques da Mota Sobrinho, que, por questões particulares, retornava ao Brasil. A chegada a Lisboa deu-se no dia 25 de junho de 1925. No ano anterior, a então Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana do Brasil, hoje Supremo Concílio, reunira-se na Igreja do Recife. Os Revs. Álvaro Reis e Erasmo de Carvalho Braga viram no jovem pastor um missionário em potencial para Lisboa. Pitta era contrário à continuidade da missão em Portugal. Se a igreja nacional não tinha recursos para sustentar missionários e pastores no Brasil, como fazê-lo em Portugal? Decidir era difícil, pois, além de ser contra a ideia, Pitta estava a muitos quilômetros de casa, visto ser pastor na Igreja de Caxambu, no sul de Minas Gerais. Mas o Espírito Santo havia separado a família Pitta para trabalhar em Lisboa, e o texto bíblico lembrado pelo pastor foi o do varão macedônio: “Passa à Macedônia
e ajuda-nos” (Atos 16.9). Daí a expressão: “Passa a Portugal e ajuda-nos”. Foram 14 anos de muito trabalho e poucos recursos. O pequeno sustento era enviado pela Sociedade Brasileira de Evangelização. Porém, nada desestimulou Pitta na obra que o Senhor lhe confiara. Sua estada se prolongou até 1939, quando, no início da Segunda Guerra Mundial, o governo Getúlio Vargas chamou os brasileiros residentes na Europa de volta ao Brasil. Membros da Igreja Presbiteriana de Lisboa
Rev. Paschoal Pitta no púlpito em Lisboa
José Luiz de Mello Pitta Rio Claro – SP
Rev. Paschoal Luiz Pitta, esposa Odete e filhinho Arthur
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Boa Leitura Consolo
Consolo, de Eleny Vassão, é livro de elevada capacidade inspirativa e de grande desafio. Ele nos fala da misericórdia de Deus e nos estimula ao ministério da consolação. A exposição bíblica, ao mesmo tempo em que apresenta a pessoa de Deus, também nos chama para fazer o trabalho divino. O exemplo de homens e mulheres dedicados a consolar nos convida a olhar à nossa volta como Deus nos olhou: misericordiosamente.
habilidosa visão da Educação Cristã e proveitosa leitura para os que estão envolvidos no ministério de ensino na igreja. É um livro que pode ser lido como uma revisão substancial do chamado da educação na missão da igreja, como um texto desafiador sobre os fundamentos teológicos da Educação Cristã, e como um exercício com os aspectos educacionais e missionários do ministério.
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Entretenimento e reflexão O Brasil Presbiteriano não necessariamente endossa as mensagens dos filmes aqui apresentados, mas os sugere para discussão e avaliação à luz da Escritura.
Josué e a História Bíblica
As meditações de Francis Deus Nosso Mestre Schaeffer sobre o livro de Josué trarão aos leitores o alimento histórico, espiritual e intelectual disponível para a vida cristã por meio do exemplo de Josué e seus companheiros israelitas. Schaeffer aborda que Deus revela sua tristeza por causa dos pecados dos homens, assim como seu amor gracioso por seu povo. O livro motiva a ver a mão de Deus presente em toda a história, Deus nosso Mestre é uma incluindo hoje. Sobre esses e outros títulos acesse www.editoraculturacrista.com.br ou www.facebook.com/editoraculturacrista ou ligue 0800-0141963
O homem que queria ser rei (Ano:1975) Com roteiro adaptado da obra de Rudyard Kipling, esse filme dirigido por John Huston e estrelado por Sean Connery e Michael Caine, como dois inescrupulosos aventureiros, conta a história de dois rudes ex-soldados britânicos que partem para a Índia, em busca de aventuras e riquezas. Um deles, Daniel Dravot (Sean Connery), acaba se tornando rei em uma inexplorada região do Cafiristão. O filme levanta a questão do que mais atrai a ambição humana.
Os Miseráveis (Ano: 2012)
A invenção de Hugo Cabret
Adaptação de musical da Broadway, que por sua vez foi inspirado em clássica obra do escritor Victor Hugo. A história se passa em plena Revolução Francesa do século 19. Jean Valjean (Hugh Jackman) rouba um pão para alimentar a irmã mais nova e acaba sendo preso por isso. Solto tempos depois, ele tentará recomeçar sua vida e se redimir. Ao mesmo tempo em que tenta fugir da perseguição do inspetor Javert (Russell Crowe). Uma história de opressão e de liberdade.
Paris, anos 30. Hugo Cabret (Asa Butterfield) é um órfão que vive escondido na torre da estação ferroviária. Ele guarda consigo um robô quebrado, deixado por seu pai (Jude Law). Um dia, ao fugir do inspetor (Sacha Baron Cohen), ele conhece Isabelle (Chloe Moretz), uma menina com quem faz amizade. Ela tem uma chave que desempenha papel importante no enredo. O filme aborda o lugar de cada pessoa no universo e a chave para a restauração de cada um.
(Ano: 2011)
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