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Brasil

PRESBITERIANO A b r i l de 2005

Órgão Oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil

Rede Presbiteriana de Comunicação

Ano 47 / Nº 607 - R$ 1,80 Letícia Ferreira

Igreja está crescendo em membros e arrecadação Comissão Executiva do Supremo Concílio da IPB faz sua reunião ordinária de 2005

Plenário da reunião realizada no Instituto Presbiteriano Mackenzie, em São Paulo

Páginas 10 e 11 Gilberto Celeti

Wilson Camargo

Oslei Nascimento

Presbiterianos evangelizam em tribos indígenas com a Apec

Curadoria dos museus da IPB ganha verba anual

Instituto presbiteriano proporciona educação a famílias

Página 8

Página 13

Páginas 14 e 15


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Brasil PRESBITERIANO

Abril de 2005

Palavra da Redação Nesta edição, trazemos a matéria sobre a reunião de 2005 da Comissão Executiva do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil. O caderno com as resoluções será publicado na edição de maio. A reunião foi marcada pela cordialidade e até mesmo por momentos de diversão, apesar de terem acontecido algumas discussões calorosas, sempre dentro do respeito e da irmandade cristãos, que geralmente são necessárias para que um grande grupo chegue ao um consenso a respeito de importantes questões. Em 2006, será a vez da assembléia do Supremo Concílio e em breve saberemos onde e quando se realizará essa reunião. A exemplo do ano passado, os conciliares da CE-SC-IPB se reuniram no Instituto Presbiteriano Mackenzie, em São Paulo, que, neste ano, cedeu para a reunião, durante uma semana, três andares do recém-inaugurado prédio da Faculdade de Comunicação e Artes, num deles, o auditório para os plenários. Acompanhe o resumo desse acontecimento nas páginas centrais. Durante a reunião, foi lida para os conciliares uma carta da irmã Suenia Keilla Carneiro Ximenes, presidenta do Conselho de Hinologia, Hinódia e Música da IPB. Ela explica que não pôde estar presente à reunião por estar em tratamento quimioterápico em conseqüência de um câncer. Além disso, fala sobre sua experiência neste momento tão difícil, num tocante testemunho de fé e entrega ao Senhor. Vale a pena ler nas páginas 18 e 19. Em Minas Gerais, a IP de Coronel Fabriciano desenvolveu um instituto com o objetivo de oferecer creche, ensino infantil e reforço escolar às crianças e adolescentes carentes da cidade. Essa iniciativa tem ajudado muitas famílias e a maneira como isso tem sido feito pode ser conferida nas páginas 14 e 15. Veja também, na página 16, o sucesso do projeto evangelizador e plantador de igrejas, Avanço Missionário, que promove o Rumo ao Sertão, em que cidades cuja presença evangélica é diminuta são evangelizadas e novas igrejas são plantadas. A Páscoa já passou, mas o BP não quis deixar a data em branco e fez uma matéria sobre o assunto, publicada na página 12, com reflexões do pastor e professor Wilson Santana sobre a celebração, sua importância e sua relação com o Natal. "Xô Aperreio!" É assim que a IP da Boa Vista, em Recife (PE) está mandando embora os conflitos de relacionamentos dentro da igreja. Em fevereiro, a igreja promoveu um encontro com este tema, em que abordou as várias formas de afastar os aperreios entre os irmãos para que a igreja se concentre no que é mais importante: amar uns aos outros como Cristo ama os Seus e levar ao mundo esse amor. Veja na página 8 e acompanhe ainda outras matérias sobre a vida da IPB nesta quarta edição do ano do BP. Boa leitura!

Seu recado Venho acompanhando o BP faz algum tempo e tenho a satisfação de constatar que ele se destaca entre os veículos de comunicação denominacionais pelo seu conteúdo, sempre relevante. Iniciativas como criar e manter um veículo de comunicação merecem nossos aplausos. Isso é sinônimo de visão e comprometimento com as pessoas. Parabéns! H. Guther Faggion, assessor de imprensa da Editora Mundo Cristão e editor da revista Seu Mundo, publicação da Mundo Cristão. Parabenizo o jornal Brasil Presbiteriano pela cobertura que tem sido feita no âmbito da Capelania Militar. Muitos não sabem, mas é um verdadeiro campo missionário, onde pastores presbiterianos estão trabalhando há quase 15 anos, de maneira silenciosa. As pessoas alcançadas são inúmeras, pois as áreas abrangidas pelos capelães são várias: hospitais, quartéis, presídios, escolas etc. Parabenizo, pois, há dez anos, o rev. Otávio Henrique de Souza, então presidente do Sínodo do Rio de Janeiro, enviou um artigo para o BP relatando a presença de um pastor presbiteriano no Exército Brasileiro (rev. Walter Melo), contando sobre o início da Capelania na Marinha do Brasil. Infelizmente, o artigo nunca foi publicado, mostrando, no mínimo, certa indiferença dos

Nesta edição, excepcionalmente, não sai o caderno Painel. Mas na próxima edição, ele estará de volta em sua nova versão, com oito páginas.

Erramos Na matéria Comida para Quem tem Fome, publicada nas páginas 16 e 17 da edição de março do BP, o telefone correto da IP Cidade Industrial de Curitiba (PR) é (41) 248 8067

Assinaturas Brasil PRESBITERIANO

Uma publicação da

Ano 47, nº 607 – Abril de 2005

www.ipb.org.br

Notícias do ministério do rev. Ronaldo Lidório Temos boas notícias de Gana sobre a distribuição do Novo Testamento. Um dos colaboradores da equipe de tradução, Dambá, ficou encarregado de apresentar o NT para as 48 principais aldeias Konkombas falantes do Limonkpeln em Gana e Togo. Até o momento, mais de 10 foram percorridas e a Palavra tem sido muito bem recebida. Em seu relatório, Dambá menciona que alguns homens descrentes da região de Kpassah levaram um exemplar do NT em uma longa viagem que empreenderam para visitar parentes no Togo. Para sua surpresa, ao chegar a uma aldeia ainda não alcançada pelo evangelho e bastante isolada, viu que a Palavra chegara antes e já estava sendo lida. Em fevereiro, tivemos nosso encontro de planejamento com toda a equipe Amanajé, em Manaus (AM), quando fomos muito abençoados. Ronaldo e Rossana Lidório (ronaldo.lidorio@terra.com.br)

Nosso recado

EXPEDIENTE Órgão Oficial da

redatores passados. Felizmente, os tempos são outros e a visão também, valorizando o serviço que realizamos junto aos militares e servidores civis das Forças Armadas e Auxiliares no Brasil. Rev. Paulo Roberto Muniz Gomes

Rua Maria Antônia, 249, 1º andar, CEP 01222-020, São Paulo – SP Telefone: 0(XX)11 3255 7269 E-mail: editorbp@rpc.ipb.org.br

Presb. Gunnar Bedicks Jr. – Presidente Presb. Gilson Alberto Novaes - Secretário Presb. Alcides Martins Jr. – Titular Presb. José Augusto Pereira Brito – Titular Rev. Carlos Veiga Feitosa – Titular Presb. Sílvio Ferreira Jr. – Titular Presb. Clineu Aparecido Francisco – Diretor Administrativo-financeiro Rev. André Mello – Diretor de Produção e Programação

Conselho Editorial: Rev. Augustus Nicodemus Lopes Rev. Celsino Gama Rev. Evaldo Beranger Presb. Gilson Alberto Novaes Rev. Hernandes Dias Lopes Rev. Vivaldo da Silva Melo

Secretaria de Atendimento ao Assinante: (19) 3741 3000 / 0800 119 105

Rede Presbiteriana de Comunicação

Edição e Chefia de Reportagem: Letícia Ferreira DRT/PR: 4225/17/65 E-maill: editorbp@rpc.ipb.org.br Textos: Letícia Ferreira (editorbp@rpc.ipb.org.br), Lucilene Nascimento (e-mail: lu@rpc.ipb.org.br) e Martha de Augustinis (e-mail: martha@rpc.ipb.org.br) Diagramação: Aristides Neto Revisão: Douglas Moura Ferreira Impressão: Folhagráfica

Para qualquer assunto relacionado a assinaturas do BP, entre em contato com:

Luz para o Caminho 0(XX)19 3741 3000 0800 119 105 brasilpresbiteriano@lpc.org.br Rua Antônio Zingra nº 151, Jardim IV Centenário Campinas (SP) CEP 13070-192


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Opinião

Senhor, faça da minha vida um milagre aymond Ortlung escreveu um precioso livro com o título deste editorial, em que aponta três áreas onde esperava um milagre de Deus em sua vida. Em nosso relacionamento com Deus – Deus é nossa maior prioridade. Precisamos dEle mais do que de suas bênçãos. O doador é mais importante do que as dádivas. Amar a Deus e ter comunhão com Ele deve ser nosso principal objetivo. Sempre que nos descuidamos de nosso relacionamento com Deus, transformamos Suas bênçãos em ídolos, substituindo o abençoador pela bênção.

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Adoração é mais importante do que ministério, Deus é mais importante do que as pessoas. Com isso, não estamos desprezando o trabalho de Deus, mas dando-lhe eficácia e o enfoque certo. Quando tentamos fazer a obra de Deus sem viver na presença do Deus da obra, nos tornamos ativistas inócuos. Trabalho para Deus não substitui intimidade com Deus. Ativismo religioso pode ser um desvio da genuína espiritualidade. Quando nos deleitamos em Deus e ficamos encantados com sua graça, sentimos prazer na oração, temos entusiasmo na leitura

da Bíblia e sentimos verdadeiro gozo espiritual em estar nos átrios do Senhor, adorando o Seu nome. Em nosso relacionamento com os irmãos – Amar a Deus e ao próximo são os maiores mandamentos da lei de Deus. Não podemos ter comunhão com Deus se não temos comunhão com os irmãos ou amar a Deus se não amamos os irmãos. Vida cristã passa por relacionamentos. Precisamos uns dos outros, amar uns aos outros, encorajar, perdoar e levar as cargas uns dos outros. Não podemos abrigar no coração sentimentos de inveja, discórdia ou

facção. Pertencemos à mesma família, temos a Jesus como o mesmo Senhor, somos habitados pelo mesmo Espírito, vamos morar na mesma casa do Pai. O amor deve ser o nosso distintivo, a prova mais eloqüente de que somos discípulos de Cristo. Isolamento é uma atitude mortífera. Em nosso relacionamento com o mundo – Nosso relacionamento com o mundo deve ser marcado por duas atitudes fundamentais: inconformação e transformação. A Bíblia diz que não somos do mundo, não devemos ser amigos dele, nem amá-lo. Ao contrário, devemos nos

inconformar com ele. O mundo é um sistema de valores oposto a Deus. Por outro lado, há pessoas neste mundo tenebroso que precisam ser amadas e resgatadas pelo evangelho de Cristo. A igreja é o agente de Deus, é a boca de Deus no mundo pela qual Ele fala aos homens. Precisamos resgatar o entusiasmo pela evangelização e ser uma igreja que volte sua atenção para os que perecem sem esperança. Precisamos ser um corpo onde cada membro cumpra a sua função para que os perdidos sejam alcançados, os remidos, edificados, e o nosso Deus, glorificado.

Consultório Bíblico

Predestinação Odayr Olivetti

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ergunta: Cristo morreu por todos ou somente pelos eleitos?

Resposta: O ensino das Escrituras, dos símbolos de fé presbiterianos e de teólogos como Calvino, Hodge e Berkhof é consistente e coerente quando diz que a morte expiatória de Cristo foi pelos Seus, isto é, pelos que Deus confiou a Ele, aqueles que Deus escolheu antes da fundação do mundo segundo o Seu propósito. Certas discussões pormenorizadas, que geraram diversas formas de expressão a respeito deste assunto, são posteriores a Calvino e mesmo à elaboração e aprovação da Confissão de Fé de

Westminster. Até então, as declarações a respeito se restringiam a afirmar as doutrinas da graça, que incluem a da eleição, a do pecado universal, a da incapacidade do homem para se salvar e para agradar a Deus por si e por suas obras, a da morte vicária de Jesus Cristo, a da salvação pela graça e a conseqüente justificação pela fé. A resposta à pergunta 20 do Breve Catecismo resume o essencial da posição expressa pelos símbolos de fé, afirmando que Deus elegeu alguns e providenciou para que eles fossem salvos "por meio de um Redentor", e na resposta à pergunta 21 é expressamente dito que Jesus Cristo é esse Redentor, o

único. Nas discussões posteriores, desconsiderando as afirmações de hereges e de não reformados (não calvinistas), houve algumas tentativas de encontrar expressões um pouco mais amplas do que a de que Jesus morreu unicamente pelos eleitos, mas em geral foram repudiadas por implicarem perigo de confusão. A expressão "expiação limitada" faz pare dos chamados Cinco Pontos do Calvinismo, pontos elaborados pósReforma e que são inextricavelmente unos, de tal forma que praticamente se pode dizer que, se fosse possível demolir um deles, os cinco seriam demolidos. No capítulo seis da

terceira parte de sua Teologia Sistemática (que tive o privilégio de traduzir), Berkhof trata amplamente do assunto da extensão da expiação; o mesmo faz Hodge no capítulo oito da parte três (Soteriologia) da sua Teologia Sistemática. Tem sido utilizada uma expressão que parece não oferecer perigo de mal-entendidos, desde que se evite qualquer preposição ou termo que envolva a idéia de expiação pelos não eleitos. A dita expressão é a seguinte, nos termos em que eu a coloco: "A morte expiatória de Cristo na cruz tem poder suficiente para salvar todos os homens, mas foi realizada especificamente pelos escolhidos de Deus".

Algumas passagens para encerrar esta resposta: Mt 1.21 (Seu povo); Jo 10.11,14,15,2629 (ovelhas de Jesus); 17.9 ("...aqueles que me deste, porque são teus"); At 20.28 ("a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue"); Rm 8.32-34 (Cristo morreu pelos eleitos); Ef 5.2527 (pela igreja). O rev. Odayr Olivetti é ministro jubilado da IPB, foi pastor de várias igrejas e professor de Teologia Sistemática no Seminário Presbiteriano de Campinas. É autor de alguns livros e tradutor de inúmeras obras cristãs.


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História do Movimento Reformado

A Assembléia de Westminster Alderi Souza de Matos

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omo foi dito no artigo anterior, o calvinismo inglês atingiu seu ponto culminante com a realização da Assembléia de Westminster, de 1643 a 1649. As circunstâncias desse grande evento são deveras interessantes. O rei Carlos I reinou simultaneamente sobre a Inglaterra e a Escócia (16251649). Embora tivesse sido criado como presbiteriano, tornou-se um ferrenho defensor do sistema episcopal, como todos os reis da época, e tentou impor esse sistema à Igreja da Escócia. Os escoceses se rebelaram, assinaram um Pacto Nacional e entraram em guerra contra o rei. Necessitando de recursos para enfrentá-los, Carlos convocou

eleições parlamentares na Inglaterra, que resultaram, para sua grande frustração, em um parlamento majoritariamente puritano, ou seja, calvinista. Diante das tentativas de Carlos no sentido de dissolvê-lo, o parlamento também entrou em guerra contra o rei. Foi nesse contexto de guerra civil que o parlamento inglês convocou a Assembléia de Westminster para reformar a Igreja da Inglaterra (Anglicana). A Assembléia era composta de 121 dos ministros mais cultos e piedosos do país, além de 30 membros do parlamento. Os trabalhos tiveram início no dia 1º de julho de 1643, na majestosa Abadia de Westminster, em Londres. Pouco depois, o parlamento, enfrentando dificuldades na guerra contra

o rei, precisou recorrer ao auxílio dos escoceses. Por exigência destes, os dois grupos assinaram um Pacto Solene, mediante o qual a Igreja da Escócia teve o direito de enviar alguns representantes à Assembléia, os quais influenciaram decisivamente o rumo dos trabalhos. Ao longo de vários anos, esses pastores calvinistas, muitos dos quais presbiterianos, elaboraram de modo paciente e criterioso vários documentos importantes nas áreas doutrinária, litúrgica e administrativa. Estes textos, que ficaram conhecidos como os "Padrões Presbiterianos" são os seguintes: o Diretório do Culto Público a Deus, a Forma de Governo Eclesiástico e Ordenação, a Confissão de Fé, os Catecismos Maior e Breve e o

Saltério. Uma vez concluído pela assembléia, cada documento era enviado ao parlamento para discussão e ratificação. Com a aprovação oficial destes documentos, a Igreja da Inglaterra tornou-se presbiteriana. Sob a liderança de Oliver Cromwell, as tropas parlamentares derrotaram o rei, que foi executado. Todavia, nos anos seguintes, se manifestou o ponto fraco do calvinismo inglês. Cromwell e o exército, assim como muitos ministros, eram congregacionais. Em 1660, a monarquia foi restaurada sob Carlos II e a Igreja da Inglaterra voltou a ser episcopal. Cerca de dois mil pastores presbiterianos foram expulsos de suas igrejas, seguindo-se um longo período de intolerância e cerceamento.

Rejeitados na sua terra de origem, os Padrões Presbiterianos foram calorosamente abraçados pelos escoceses. Através da imigração e do esforço missionário, estes padrões, especialmente os de natureza doutrinária (a Confissão de Fé e os Catecismos), foram levados para a Irlanda do Norte, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Brasil e outros países. Por mais de 350 anos, eles têm sido os principais documentos confessionais aceitos pelos presbiterianos ao redor do mundo.

O rev. Alderi Souza de Matos é o historiador oficial da IPB asdm@mackenzie.com.br


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Liderança

Emendas. E agora? Paulo Delage

urante o Reunião Ordinária do Supremo Concílio em 2002, algumas propostas de emendas à Constituição da Igreja foram apresentadas ao plenário. Em observância ao rito próprio, deu-se a sujeição delas à discussão. Muitas não conseguiram ser recepcionadas e feneceram nesta fase inicial. Outras lograram êxito e, aprovadas, foram encaminhadas aos presbitérios para cumprimento do rito de emenda. Destas todas, apenas duas alcançaram o quorum exigido (art. 140, alínea "c" da CIPB) e voltarão ao plenário em 2006; as demais foram rejeitadas. Neste contexto, emerge a inquietante pergunta: E agora? O que ocorrerá na reunião ordinária em relação às propostas aprovadas pelos presbitérios? Como tratá-las? Na tentativa de trazer luz ao assunto e estimular a discussão, alguns aspectos precisam ser trabalhados e analisados. 1º) É equivocado e errôneo

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o entendimento daqueles que afirmam tratar-se de uma convocação para Constituinte. A meu juízo, parece mais uma tentativa de subversão do rito, com propósito de atender a interesses pessoais ou de grupos. Nosso Diploma Constitucional é claro ao afirmar que a convocação para reunir-se em assembléia constituinte ocorre em caso de Reforma (art. 141 e alíneas d, e), não sendo este o caso ora apontado: emendas. Afastada está a postulação por uma constituinte. 2º) Erram, igualmente, aqueles cuja visão é de mera homologação por parte do Supremo Concílio. Os textos aplicáveis às emendas não falam de homologação (substantivo) ou homologar (verbo). Não se trata de curvar-se inerte e silente ante aquilo que foi aprovado pelos presbitérios. O artigo 140 em sua alínea "c" alicerça a necessidade de se "dar ciência da matéria a ser discutida" (grifo meu). Assim,

não é chamado à homologação, mas à discussão. Proceder-se-á à elaboração, decretação e promulgação das emendas depois de debatida a matéria. O ponto focal do problema é posto agora: pode o Supremo Concílio rejeitar tais propostas do anteprojeto e não aprová-las? As opiniões se dividem, existindo, no mínimo, três correntes: há os que dizem poder ocorrer rejeição às propostas; depois aqueles que afirmam não se poder "fugir do espírito da proposta", mas apenas adaptá-la; e, por último, temos os partidários da tese da manutenção in totum do texto proposto no anteprojeto e aprovado nos presbitérios com mera adaptação de terminologia. Torna-se difícil uma definição de caráter inexorável neste assunto e por isso as opiniões são díspares. Atrevo-me a admitir a possibilidade de modificação no texto e até sua rejeição. A justificativa para tal posição se

alicerça na alínea "c" do art. 140 da CIPB que sustenta a necessidade de ser a matéria discutida. Para entendermos o teor de como uma matéria é discutida no Supremo Concílio, invoco o RI/SC em seu artigo 25, onde fica claro que determinada proposta sofre discussão e, durante o debate, poder-se-á receber nova (grifo meu) proposta para "...emendar, substituir (grifo meu) por outra proposta sobre o mesmo assunto (grifo meu)". Assim, caso o teor do assunto seja o mesmo (jubilação, por exemplo), poderá haver proposta substitutiva à do anteprojeto. Ressalvadas as peculiaridades, é como ocorre em nossas Casas Legislativas Maiores, com um segundo turno de votação (em cada Casa) nas propostas de emendas à Constituição Federal (art. 60, Inc.III, § 2°). Argumenta-se contrariamente a esta posição, afirmando-se que seria incoerência tal mudança, já que dois terços dos presbitérios apro-

varam a proposta do anteprojeto, sendo, deste modo, algo inadmissível e ilógico a não aprovação e subverteria a vontade expressa daqueles concílios. Pode-se contraargumentar que se a decisão dos concílios fosse absoluta e soberana, desnecessário seria o retorno da matéria à discussão em plenário do Supremo Concílio. As emendas chegaram até aqui. E agora ? A matéria é palpitante e merece discussão aprofundada, inclusive com normatização pela CE/SC 2006, regulamentando-se tal questão, a fim de não haver "surpresas" no plenário de nossa Assembléia Magna. O rev. Paulo Audebert Delage é pastor da IPB, advogado, vice-presidente do Conselho de Curadores e membro do Conselho Deliberativo do Instituto Presbiteriano Mackenzie e presidente da Junta Regional de Educação Teológica de Belo Horizonte (MG).

Resenha

Ensinando através do caráter Rev. Euripedes da Conceição

legrias e vitórias se compartilham com Deus e com os amigos. Por esta razão, quero compartilhar a alegria da publicação do meu primei-

A

ro livro. Veja o que a Editora Cultura Cristã, responsável pela publicação, diz sobre ele: Ensinando Através do Caráter é o livro-resposta ao ceticismo

de muitos líderes eclesiais e, ao mesmo tempo, o livro-pergunta que, possuindo voz própria, nos desafia à realização de uma liderança que busca a con-

formidade de um caráter à imagem e semelhança de Jesus Cristo. Este livro conduz o leitor ao entendimento de que, na qualidade de líder cristão, o seu cha-

mado é para servir e não ser servido; amar sem exigir ser amado; liderar por amor sem deixar que fale mais alto o amor por liderar.


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Notícias Escola Superior de Teologia abre novas turmas para reconhecimento do MEC A Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) abre espaço para mais uma turma de bacharéis em Teologia que desejam validar seus diplomas perante o Ministério de Educação e Cultura por meio do curso oferecido pela Escola Superior de Teologia (EST). As inscrições serão realizadas unicamente pelo site da UPM (www.mackenzie.com.br), até dia 10 de abril. São 50 vagas para as turmas especiais, que terão início em julho, e 25 para as turmas regulares, com início em agosto. Informações: site da UPM ou e-mail da EST: est@mackenzie.com.br. UPHs promovem 10º Encontro da Família Presbiteriana As UPHs do Sínodo Santos-Borda do Campo (SP) promovem, no dia 21 de abril, o 10º Encontro da Família Presbiteriana. O evento será no Sítio São Conrado, em Ribeirão Pires, e oferecerá várias opções de lazer como piscinas para adultos e crianças, quadras poliesportivas (haverá campeonatos de futsal masculino e feminino), trilhas e bosques, playground, lanchonete etc. Informações pelos telefones (11) 4367-2833 e 43687466. Congregação ganhará novo templo Durante 13 anos, a Congregação Presbiteriana de Monte Alto, da IP de Jaboticabal (SP), almejou edificar seu templo definitivo para adoração e oração. No dia 26 de fevereiro, o pastor responsável pelo trabalho, rev. José Carlos Piacente Júnior e os demais irmãos da comunidade realizaram um culto de ação de graças durante o qual foi lançada a pedra fundamental do novo templo. "Desde o ano de 1992 aguardamos a chegada desse dia, agora podemos erguer nossas mãos para o céu e novamente dizer ‘Deus é Fiel’", alegra-se o rev. José Carlos.

Igreja promove confraternização em Governador Valadares A IP Betânia, em Governador Valadares (MG), promove no dia 16 de abril, às 19h30, o Clube da Amizade, evento de confraternização e reflexão em que será discutido sobre a amizade. O culto terá a participação do grupo de louvor Dynamus. Informações com o responsável pela organização, diác. Patrick Morais Guimarães, no telefone (33) 9103-7283 ou no e-mail patrickmgbruns@ig.com.br.

autora de vários livros na área de relacionamentos, além de artigos publicados em diversas revistas evangélicas e estudos devocionais. Trabalhou cerca de vinte anos na área da tradução literária evangélica, tendo traduzido perto de cem obras. Tem participado de congressos regionais e nacionais de ministérios como Lar Cristão, SEPAL e o movimento Desperta Débora e foi preletora do Primeiro Encontro Nacional das Mulheres Presbiterianas. Sobre o terceiro subtema, Estabelecendo a Diferença – Deus não Desiste de te Amar, foi chamado o rev. Gildásio Reis, pastor da IP de Osasco (SP), psicanalista clínico, mestrando em Teologia pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper e professor de Liderança Cristã e Missiologia no Seminário Presbiteriano José Manoel da Conceição. Ele também foi preletor no Primeiro Encontro Nacional das Mulheres Presbiterianas, no ano passado. Informações pelos e-mails pbsinai@veloxmail.com.br e asredua@yahoo.com.br ou pelos telefones (21) 2719-2193 e 27124359 ou fax 2717-2864.

IP Sinai comemora 39 anos No final deste mês e durante todo maio, a IP Sinai, de Niterói (RJ), organiza eventos em comemoração aos seus 39 anos de organização. O tema geral será Deixando Deus fazer a Diferença. O primeiro subtema, Coragem para ser Diferente, será abordado pelo rev. Evandro Luiz da Silva, conferencista internacional que exerceu o cargo de presidente da Junta de Missões Estrangeiras da IPB e secretário nacional da Mocidade Presbiteriana, além de diretor do Instituto Gamon, em Lavras (MG) e pioneiro do trabalho missionário da igreja no Paraguai. É também escritor e, atualmente, exerce seu ministério na Luz para o Caminho, em Campinas (SP). O segundo subtema, abordado pela profa. Wanda Assumpção, será Algo Mais – Deixando Deus fazer a Diferença. Ela é

Igreja comemora seis anos de organização no interior do Paraná No dia 20 de março, aconteceu o culto de gratidão pelo sexto aniversário da IP de Tamarana (PR). O pregador foi o rev. Sidney Yera Barbosa e a festa contou com a presença do rev. Hélio de Paula Vieira, homenageado com uma placa comemorativa. Ele é um pastor emérito que, em 1962, ao saber de presbiterianos vindos de Minas Gerais, membros da IPB de Pinhui, que fixaram residência para trabalhar nas férteis terras do Norte do Paraná, resolveu reuni-los e dar-lhes assistência pastoral. É o que conta o rev. João Neves, que atualmente pastoreia essa comunidade. Outro fato que marcou o aniversário foi o reconhecimento e a gratidão da igreja ao conceder ao presb. Darcy da Silveira uma placa de honra ao mérito.

IP realiza congresso para edificação em Sergipe A IP Sião de Estância (SE) promove, de 21 a 24 de abril, o Primeiro Congresso de Edificação. O palestrante será o rev. Antônio Neto, pastor da IP de Aliança, em Salvador (BA). O tema será a identificação dos tipos de conduta cristã, buscando reafirmar o real modelo revelado na Palavra de Deus. Informações com o organizador do evento, rev. Ronildo Farias dos Santos, pelos telefones (79) 2170550/259-5513/8808-6289 ou pelo e-mail ronildofs@hotmail.com.


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Janelas para o Mundo AME organiza congresso missionário Vai até o dia 25 de abril o prazo para as inscrições ao Primeiro Congresso Missionário Nordeste, promovido pela AME Brasil - Associação Missão Esperança, de 26 a 29 de maio. O evento acontecerá no Hotel Vivenda dos Coqueirais, na Praia de Arembepe, Bahia. O tema será Entrando pela porta aberta no tempo de Deus e vários missionários da AME darão seus testemunhos. Paralelamente, serão ministradas palestras sobre o tema missões. Informações pelos telefones (11) 56439865, (71) 381-5426/ ou pelo e-mail amebrasil@terra.com.br. Preconceito religioso em São Paulo Patrícia Soares, 41 anos, professora que pratica a religião muçulmana, diz que foi vítima de preconceito por um segurança de uma escola judaica, em zona nobre de São Paulo, e por policiais militares. Ela conta que, ao passar pelo edifício, que não tem identificação, achou bonitas as flores e resolveu perguntar a uma pessoa que entrava o que funcionava naquele local. Ao se afastar, alega que foi seguida por um segurança que a abordou avisando que ela não podia ficar ali. A direção da escola afirma que foi um caso isolado e que ensina a boa convivência com outras religiões. No entanto, a professora insiste que foi perturbada e que o segurança chegou a chamar a polícia, que a revistou. Um PM teria dito ainda que ao menos ela não tinha uma bomba na mochila, enfeitada com uma bandeira palestina. A Polícia Militar de São Paulo alega que o procedimento dos policiais não foi errado. Última Ceia proibido na França Uma versão do quadro Última Ceia, de Leonardo da Vinci, em um peça publicitária foi proibida na França pela Justiça. O argumento foi que o uso de um sím-

bolo religioso para fins comerciais era uma ofensa contra a fé católica. No lugar de Jesus e dos apóstolos, o comercial apresenta mulheres trajando roupas da marca anunciante. Apenas um homem aparece na cena, vestindo uma calça jeans, no lugar onde o pintor, segundo afirmam alguns especialistas, colocou Maria Madalena. Quem apresentou a denúncia à Justiça foi a associação Crença e Liberdade da Conferência Episcopal Francesa. Leitores do autor de O Código da Vinci fazem peregrinação a Roma Centenas de leitores do escritor de best-sellers do momento, Dan Brown (O Código da Vinci) foram a Roma em peregrinação durante a semana santa para conhecer os lugares citados por ele em sua obra recente Anjos e Demônios. Há até uma empresa organizando excursões com este fim. O livro conta uma história de mistério que se passa em vários locais no Vaticano. Desta vez, ao invés de Da Vinci, o artista cujas obras teriam símbolos ocultos de uma sociedade secreta contra a Igreja Católica é o escultor Gian Lorenzo Bernini, do século 17. A narrativa gira em torno de uma ameaça de atentado por ocasião da escolha do novo papa. Segundo quem recebe os turistas, a curiosidade vai além das obras de arte e se concentra no Vaticano, em como funciona esse núcleo pequeno e poderoso que ainda não se pronunciou oficialmente sobre o livro. O Código da Vinci, no entanto, foi condenado publicamente por um cardeal. Loucos de Jesus Jesus Freaks, que pode ser traduzido como Loucos de Jesus ou Loucos por Jesus, é a nova onda que está fazendo sucesso entre os jovens na Alemanha. Trata-se de um movimento ecumênico que tem Cristo como base, mas que

busca uma forma de cultuá-lo dentro do mundo do rock pesado e da cultura punk. Segundo uma agência de notícias alemã, o grupo reúne cerca de 2,5 mil pessoas que se encontram em bares desativados e andam sem rumo pela cidade, com a Bíblia debaixo do braço, conversando sobre Deus, bebendo cerveja ao som de punk rock. No entanto, nem tudo é permitido. Drogas, homossexualismo e sexo fora do casamento não são aceitos. A idéia é falar a linguagem dos fiéis já que, como alegam os líderes, a igreja tradicional está perdendo o contato com os jovens. O fenômeno é até objeto de estudo de um livro, escrito pelo diretor do Arquivo da Juventude de Berlim, Klaus Farin, que acredita que o grupo preenche o vácuo deixado pelas igrejas para os jovens. E não é só rock e punk que interessam os Jesus Freaks. Eles também promovem tranqüilas celebrações de batismos às margens de rios, sob a aprovação da Igreja Evangélica Luterana alemã. Satanismo em alta na França Segundo uma agência de notícias internacional, um relatório da Missão Interministerial para Observar e Lutar contra os Excessos Sectários, que foi entregue ao primeiro-ministro da França, Jean-Pierre Raffarin, afirma que o satanismo está aumentando naquele país, com profanações de cemitérios e rituais anticristãos, além do desenvolvimento de ligações entre jovens e grupos neonazistas. No ano passado, em lápides de cemitérios cristãos, judeus e muçulmanos, foram vistas pintadas suásticas e símbolos satânicos. O relatório não dá números exatos, mas afirma que o movimento está crescendo também na Escandinávia, Itália, Alemanha, Espanha, Rússia, Grécia e Polônia.


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Convívio Evento propõe a dedicação a relacionamentos íntegros como os de Jesus Hermes Prazin

"Xô Aperreio!" Lucilene Nascimento uais as dificuldades em cumprir o mandamento bíblico de amar ao próximo? Por que muitos cristãos encaram este como um dos mandamentos mais difíceis de serem seguidos? Certamente muitos poderiam tecer uma grande lista das dificuldades e até desculpas que encontram para não colocar em prática o amor incondicional. Segundo o rev. Reginaldo Pinho Borges, pastor da IP da Boa Vista, em Recife (PE), os crentes são influenciados por "um mundo de competições onde é sempre colocada em prática a lei do cada um por si", afirma. "Em decorrência desse individualismo e falta de amor, vivemos uma vida sem integridade. Olhamos para os outros com olhar interesseiro, individualista e não como Jesus nos olhou". Ciente dessas dificuldades entre os membros das igrejas e também da necessidade de saná-las, o pastor promoveu, durante o feriado do carnaval, em fevereiro, o encontro Xô Aperreio! Utilizando uma expressão tipicamente regional – aperreio, no Nordeste, significa preocupação e problemas que levam ao estresse –, o pastor viu a possibilidade de mandar para bem longe o "aperreio" das dificuldades diárias de seu rebanho através da vivência de relacionamentos íntegros (tema adotado pelo encontro). Segundo ele, apenas o amor cristão genuíno é capaz de acabar com preocupações banais e levar a igreja a viver o princípio cristão da solidariedade. "Acredi-

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tamos que a partir de relacionamentos íntegros é possível diminuir e até acabar com muitas preocupações do cotidiano, pois as pessoas que se relacionam dessa forma não criam barreiras ou preconceitos umas com as outras e muito menos com a obra de Deus", argumenta. AMAR COM O AMOR DE DEUS Para 2005, conta o pastor, a IP da Boa Vista adotou como visão Amando a Cidade com o Amor de Deus. "Aproveitamos o encontro em fevereiro para conscientizar os participantes da real missão da igreja: viver o amor através de relacionamentos". Naqueles quatro dias de encontro, em que participaram cerca de 60 pessoas, foi abordado o tema Relacionamentos Íntegros, com as subdivisões: Com Deus para um melhor crescimento espiritual, Com o ministério para um melhor desempenho na igreja local, Com os semelhantes para uma maior comunhão fraternal e Com o Reino de Deus para amar a cidade com o amor de Deus. Segundo a professora e palestrante do encontro, Myrian Prazim, só é possível construir relacionamentos sinceros, leais e éticos com o próximo, se for colocado em prática o que está escrito em Mateus 7.12: "Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas." A discussão desses temas, para o licenciado Clemente Albuquerque Jr, também palestrante do encontro e um dos ministros da igreja, "é

Preletores do encontro: (E) Licenciado Clemente Arcanjo Júnior, rev. Reginaldo Pinho Borges e professoras Myrian Prazim e Mirian Machado

fundamental para o cumprimento da missão da igreja no mundo, pois passa pela ordenança do amor, pela comunhão dos santos, pelo conceito de igreja como comunidade de amor". O novo mandamento dado por Jesus é um mandamento relacional, conforme relatado em João 13.35: "Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros". Para Mirian Machado, professora aposentada, membro da IP da Boa Vista e outra preletora do encontro, no tema Relacionamento com Deus para um melhor crescimento espiritual, os desentendimentos e as dissensões provocadas pela incompreensão, egoísmo, desrespeito e até pela falta de amor, têm atingi-

do não apenas a igreja, através do afastamento dos crentes do caminho do Senhor, mas gerado a desagregação da família, prejudicando, assim, a vida em sociedade. Um livro sobre o tema foi preparado, organizado pelo rev. Pinho Borges, incluindo o planejamento participativo da igreja para 2005, a história da IP de Boa Vista, seus valores, visão e missão, bem como todas as suas subdivisões: o Conselho Administrativo e os Programas Administrativo, de Música, de Educação Cristã, de Evangelismo, Missões e Ação Social, de Integração, Comunhão e Comunicação, de Vigília e Oração e de Acampamentos. VIVER NÃO SÓ DE PALAVRAS Mas para não viver o verda-

deiro cristianismo apenas em palavras, a IP da Boa Vista já desenvolve projetos que colaboram com o desenvolvimento da cidade e refletem o amor de Cristo. A igreja mantém parcerias com associações e ONGs (organizações não-governamentais) que visam ao crescimento humano e que "objetivam o desenvolvimento da visão que Deus nos deu de amar a cidade com o seu amor," comenta o pastor. Atualmente, há parcerias com a ONG AL-NOM, que reúne os familiares dos dependentes químicos do álcool; com a Federação de Apoio aos Idosos de Pernambuco, a Federação Pernambucana de Escolas Alternativas e a Prefeitura Municipal de Pitimbu.


Brasil PRESBITERIANO Dia do Índio

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Aliança Pró-evangelização das crianças alcança crianças de tribos no Brasil

Presbiterianos evangelizam indígenas com Apec Letícia Ferreira

fonoaudióloga Mônica Heiderichm, secretária do superintendente nacional da Aliança Pró-evangelização das Crianças (Apec) no Brasil, Gilberto Celeti, conta que sofreu muito com o calor de 40° que fazia em Águas Belas (PE), onde participou do trabalho de evangelização infantil realizado de 5 a 19 de janeiro deste ano, pela Apec. "Mas a brisa de Águas Belas e o carinho que tivemos das pessoas foi refrescante", diz. Membro da IP da Penha, Mônica conta que, após o devido treinamento, o projeto de evangelização entre crianças indígenas aconteceu entre os povos Tremembé, em Itarema (CE); Maxacali, Batinga (BA); Pataxó, em Santa Cruz Cabrália (BA); Tuxa, em Rodelas (BA); Pankaré, em Paulo Afonso (BA); Xuxuru, em Pesqueira (PE); Kapinawa, em Arcoverde (PE); e Fulni-ô, em Águas Belas, que ainda conserva sua própria língua, o Yaathe. Todas as equipes somaram 81 pessoas, dentre as quais seis membros da IPB, incluindo Mônica. A jovem conta que sua equipe pôde trabalhar na tribo com as crianças, por três dias (tempo permitido pelo cacique). As aulas foram dadas na escola da tribo, onde as crianças têm suas aulas seculares, com a metodologia da Apec (cânti-

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cos ilustrados, versículos e histórias visualizadas). "Pudemos mostrar às crianças quem é Deus e como Ele se revelou através da Criação, da Bíblia e de Seu Filho Jesus Cristo", conta Mônica com entusiasmo. Ela diz que as crianças não eram obrigadas a participar das aulas, mas, mesmo

muitas delas ficavam paradas prestando muita atenção, me fitando nos olhos. Pareciam não querer perder cada palavra. Amo muito o trabalho com música na igreja, mas pra mim foi novo e inesquecível conduzir as crianças com os cânticos lá". O grupo também fez evanReni Ramos Vieira

Mônica no meio das crianças indígenas

assim, as salas ficavam cheias. O grupo ministrou aulas para as crianças da cidade que, mesmo em férias, não quiseram perder a novidade. "Muitas crianças iam viajar com a família no dia seguinte, mas queriam muito voltar para a escola", diz Mônica. "Impressionei-me com as da cidade, a sede de cada uma olhando, vendo aquela novidade. Quando eu mostrava os cânticos,

gelização pessoal na pequena praça da cidade e, mesmo se dirigindo às crianças, era alvo da atenção de muitos adultos. Além disso, a equipe em que Mônica estava reuniu 34 professores indígenas para um treinamento e orientação para suas aulas, o que foi uma oportunidade para alcançá-los também para o evangelho. O pastor Gilberto Celeti ministrou aulas sobre didática e meto-

Ela diz que, ao ir para este trabalho, estava, como os demais, preparada para dormir no chão e enfrentar qualquer desafio. No entanto, ficaram hospedados na casa de dois missionários, Edward e Eunice Harper. "Fomos muito bem acolhidos, o que foi muito reconfortante para nós", afirma. "Também fomos Rosany Alves Boudreau acolhidos pelos irmãos cristãos das igrejas na cidade de Águas Belas, famílias se dividiram para nos oferecer almoço e jantar e assim, cada dia tivemos nossa refeição numa casa, Pastor Celeti se acultura para conversar com índio fulni-ô tendo a chance de orar e compartifalam português. São cha- lhar com essas famílias e mados índios aculturados, conhecê-las, além de aprepois se vestem como os ciar o temperinho da comibrancos e, apesar de viver da nordestina". Mônica lembra que cada na tribo, visitam a cidade. Segundo ela, no entanto, participante teve que finanexiste preconceito de ambas ciar sua passagem e estadia. as partes, brancos para com Alguns tiveram apoio finanos índios e vice-versa. "Se ceiro da igreja, mas muitos um indígena se casa com quiseram investir na viagem uma branca, não pode mais missionária. Há oito meses ela trabalha como secretária morar na aldeia". Uma das equipes não con- do pastor Celeti, superintenseguiu entrar na tribo com a dente da Apec Brasil há sete qual pretendia trabalhar, o anos e que foi apelidado grupo dos Xucurus. Ainda pelos índios de "branco assim, as crianças da tribo bonito". A Apec foi fundada foram à cidade assistir aos nos Estados Unidos em trabalhos feitos com as 1936 e veio para o Brasil crianças de lá. "Nem caci- em 1941. Atualmente, a que, nem pajé pôde impedir aliança está presente em que muitas crianças e adul- cerca de 140 países, com tos ouvissem sobre Jesus milhares de obreiros de Cristo", comemora Mônica. tempo integral. dologia no trabalho com as crianças e duas participantes da equipe falaram sobre higiene bucal e integração de crianças indígenas com as não-indígenas, eliminando preconceitos. BARREIRAS Mônica informa que os Fulni-ôs preservam sua própria língua, mas também


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Fotos: Letícia Ferreira

Comissão Executiva Reunião ordinária da Comissão Executiva do SC acontece em São Paulo

IPB cresce em membros, arrecadação e missões Letícia Ferreira, com colaboração de Lucilene Nascimento e Martha de Augustinis

ma reunião marcada pela liberdade e conclusões democráticas. Assim descreve a reunião ordinária de 2005 da Comissão Executiva do Supremo Concílio da IPB o presidente da mesa do SC, rev. Roberto Brasileiro. Para ele, esta foi uma executiva em que prevaleceram a paz e a disposição do voto e em que mais chamaram a atenção o crescimento da igreja, sua fidelidade nos dízimos e nas obras missionárias. Todos os sínodos da IPB estiveram representados na reunião que aconteceu de 14 a 18 de março, em São Paulo. Os trabalhos se deram no auditório do recéminaugurado edifício Rev. Wilson de Souza Lopes, que abriga a Faculdade de Comunicação e Artes da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Foram cerca de 180 documentos avaliados em 14 subcomissões e aproximadamente 40 horas de plenário e votações. Alguns assuntos foram mais calorosamente debatidos, como o plano orçamentário para 2005, e outros foram decididos rapidamente, como a proposta de emenda constitucional para que a as mulheres membros da IPB pudessem ser ordenadas diaconisas. De 236 presbitérios, 49 votaram a favor, ou seja, 20,76%. Qualquer emenda, para passar, necessita de 65%, isto é, dois terços, dos prebitérios

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votando favoravelmente. "Minha impressão da reunião 2005 da CE SC-IPB é que foi formada por um parlamento robusto, com discussões francas, com total destemor, mas dentro de um espírito respeitoso. Há muitos anos não participo de uma reunião tão fraterna", declara o secretário executivo da Mesa do SC-IPB, rev. Ludgero Bonilha Morais. DESTAQUES

Tesoureiro da Mesa do SCIPB, o presbítero Renato Piragibe apresenta a proposta orçamentária

pastores e campos, ele declara que se consideramos somente as igrejas organizadas, veremos um excedente de pastores na IPB. No entanto, se lançarmos um olhar aos pontos de pregação e às congregações, perceberemos que faltam obreiros. Houve um grande acréscimo de pastores na última década e, partindo da região Sul à Sudeste, há, em média, um campo por pastor. No Norte e Nordeste, a proporção é de dois campos por pastor. Mas na região Centro Oeste são mais de 12 campos por pastor. O que falta, é um deslocamento desses obreiros para as regiões carentes. Outros dados preocupantes mostram que o número de igrejas por sínodo está menor, 55% dos membros das igrejas não são Rosana Arumaa

Presidente da Rede Presbiteriana de Comunicação, Gunnar Bedicks Júnior, fala aos conciliares

Uma das conclusões do relatório apresentado pela comissão de Estatística destacou que apenas 41% dos presbitérios enviaram seus relatórios, o que impossibilita uma estatística completa da denominação no Brasil. No

entanto, estimativamente, segundo o secretário executivo, desde 1997 a IPB vem apontando um crescimento muito significativo. Números importantes são o crescimento de 55% nas sociedades internas e que 78% dos membros da IPB são alunos da Escola Dominical. Durante a reunião, dois novos sínodos foram criados e se somam hoje aos 60 existentes: Noroeste Bahia e Taguatinga (DF). "O envio dos relatórios de apenas 41% dos presbitérios impossibilita uma estatística mais acurada, portanto trabalhamos com leis da estimativa. No entanto, temos para com esses dados um cuidado extremo", afirma o rev. Ludgero. Quanto aos números de

Rev. Helnir e a esposa, Célia Gláucia Pizarro Cortez, no culto dos jubilados

Plenário da reunião ordinária de 2005 da CE SC-IPB

membros das sociedades internas e que os presbiterianos ainda representam apenas cerca de 0,38% da população brasileira. FINANÇAS Financeiramente, em 2004 a IPB repetiu o sucesso do ano anterior, crescendo 22%. De acordo com o comunicado oficial do tesoureiro da mesa do SC, presb. Renato Piragibe, as metas foram cumpridas e a igreja alcançou o equilíbrio entre o orçado e o executado. A campanha pró-dízimo continua e, segundo o tesoureiro, o número de igrejas que contribuem fielmente aumenta a cada ano. Cinqüenta novas igrejas e congregações foram cadastradas em 2003, das quais pouco mais de 50% enviaram seus dízimos. Um fato que o presbítero afirma merecer um estudo aprofundado é

que, no mesmo período, 182 igrejas deixaram de dizimar, segundo ele, por falta de identificação, problemas financeiros ou mesmo troca de pastor.

O site da Tesouraria, no Portal da IPB, está em pleno funcionamento com chaves de busca que facilitam a localização das igrejas, assim como um sistema de

Reverendos Ludgero e Roberto Brasileiro destacam a fraternidade e a democracia que marcaram a CE SC-IPB 2005

senhas que mantém a privacidade das informações e permite que as igrejas consultem seus dados a qualquer tempo. JUBILADOS Nesta CE, foram jubilados 30 pastores. O culto, no salão Benedito Garcez Novaes, do Instituto Presbiteriano Mackenzie, se deu no dia 17 de março, com a pregação do jubilando rev. Helnir Cortez, figura conhecida e estimada pela IPB, com 41 anos de ministério (o pai do rev. Helnir foi presidente do SC de 1946 a 1950). Em sua pregação, ele citou três aspectos que evidenciam a vocação do ministro: a proclamação da Palavra, a consolação dos crentes e a coragem de dizer ao mundo o que este precisa ouvir. "O ministro evangélico é uma resistência moral", declarou.


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Páscoa

Professor de História e pastor da IPB faz reflexão sobre o significado da Páscoa e sua relação com o Natal

Pastor fala sobre a ressurreição de Cristo Divulgação

Martha de Augustinis

este ano, a comemoração da Páscoa caiu em março, nos dias 25, 26 e 27. A cada ano, a Páscoa e o Carnaval caem em datas diferentes porque, nestes casos, deixa de ser adotado o calendário cristão ocidental, o solar, e adota-se o calendário judeu, o lunar, para que a Páscoa cristã coincida com a judaica e o Carnaval sempre aconteça antes da Páscoa. Deixando considerações sobre consumismo, coelhinhos, ovinhos e chocolate de lado, ultimamente correm rumores de que a Páscoa deveria ser a festa cristã mais importante e mais comemorada, e não o Natal, pois celebra a morte e a ressurreição de Cristo, sem as quais não haveria remissão de pecados e salvação. O professor de História da Escola Superior de Teologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, rev. Wilson Santana, conversou com o Brasil Presbiteriano sobre o significado da Páscoa e sua relação com o Natal, ambas datas cruciais para a caminhada cristã. Ele enfatiza a relação entre essas duas comemorações, apontando que tais eventos fizeram e fazem parte do plano de salvação do homem. "Não existe diferença na natureza das ocorrências; cada momento da vida e da morte do Senhor Jesus foi crucial para a concretização de nossa salvação.

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A sua vida, vivida em plenitude, deve ser considerada como consideramos sua morte em plenitude. Cada fragmento da existência de nosso Senhor foi e é determinante para a redenção do homem". O rev. Wilson aponta a magnitude que tais datas são vivenciadas na simplicidade das escrituras e como suas comemorações são recheadas de verdadeiros significados. "Basta buscar as Escrituras, pois nelas encontramos os verdadeiros significados da obra de Cristo e como aplicá-la ao nosso viver". JESUS CRISTO Jesus, personagem principal de ambas as comemorações em questão, é também o tema de uma matéria da revista Eclésia de número 100, fundamentada em A Paixão de Cristo, de Mel Gibson, filme bastante explorado pela TV paga durante a Páscoa deste ano. O autor do texto explica que "o Cristo que aflora da religiosidade popular é um Cristo morto, preso no madeiro e impossibilitado de reagir, imagem que é fruto de anos de uso do crucifixo e de uma fé artificial. Dessa condição surge também o ‘Cristo distante’". Baseandose nessas afirmações, o professor Wilson afirma que o Cristo morto, crucificado e, por conseqüência, distante, apresentado principalmente nessa época, não é o verdadeiro Cristo bíblico nem dos protestantes. "Esse Jesus que

Professor rev. Wilson reflete sobre a importância da Páscoa ser compreendida biblicamente, ao lado do Natal

afastada do Império Romano, vítima de um preconceito brutal, tornou-se a figura mais importante da História?" Para essa resposta, o professor Wilson buscou inspiração no livro Contra Celso, de Orígenes, que afirma que Cristo é admirado ao mesmo tempo por sua sabedoria, por seus milagres e por sua autoridade: "Não persuadiu como tirano alguns homens para que se juntassem a ele passando por cima das leis, nem como bandido que incita os homens de seu bando contra as pessoas, nem como rico que dá provisões aos que se lhes associam, nem como algum daqueles que são objeto de censura unânime; mas ele agiu como mestre da doutrina do Deus do universo, do culto a lhe ser prestado e de toda a lei moral, doutrina capaz de unir familiarmente ao Deus

supremo todo aquele que por ela pauta sua vida". Apesar de concordar que elementos construtivos e estruturais do cristianismo foram se desgastando através dos séculos, o rev. Wilson acredita que a única forma de resgatar a Páscoa e seu verdadeiro significado, a importância e grandeza da ressurreição de Cristo, e de desfazer a visão de um Jesus deslocado, estranho, impotente e frágil diante das incertezas humanas, é buscando e mostrando o Cristo Bíblico, concreto e real. "Creio que a obra feita pelo nosso Senhor na cruz, cujos elementos reunimos e denominamos de Páscoa, se reelabora, se revitaliza e se renova a cada instante. A Páscoa continua sendo a oportunidade para uma amadurecida e profunda reflexão sobre os nossos valores mais intrínsecos", conclui o rev. Wilson.

aflora da religiosidade popular não passa de uma deformação", afirma. "A mensagem que ouvimos dominicalmente dos púlpitos protestantes nunca foi de um Cristo apagado, morto sem esperança e desgastado. Ele é o centro do culto, Ele é o Revista Eclésia Deus adorado, está junto da congregação como nosso irmão mais velho. Portanto, o Cristo triunfante nunca ‘saiu de cena dentro da tradição’ que envolve a Patrística e a Reforma". O texto da revista coloca outra questão importante: "como Jesus, um camponês humilde, sem sobrenome, nascido em Cena de Paixão de Cristo, de Mel Gibson: mostra o sacriuma vila pobre e fício que Jesus fez por amor à humanidade


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Curadorias de Museus da denominação ganham verba anual de 30 mil reais

Exposição histórica da IPB causa impacto Letícia Ferreira

Letícia Ferreira e Martha de Augustinis

eve sucesso a tentativa de sensibilização das autoridades da IPB com relação à conservação dos documentos e objetos históricos da igreja. Na reunião ordinária de 2005 da Comissão Executiva do SCIPB, que aconteceu de 14 a 18 de março em São Paulo, foi aprovada a verba anual de 30 mil reais para este fim. Ainda é pouco, mas já é um grande começo. Os conciliares puderam apreciar e ficaram impactados com a exposição A Igreja Presbiteriana do Brasil - uma expressão do protestantismo mundial, organizada pela IPB em parceria com o Centro Histórico do Instituto Presbiteriano Mackenzie, IPM (BP fevereiro, pg. 18, e BP março, pgs.10 e 11). A exposição, que fica aberta ao público até 15 de abril, foi inaugurada no dia 15 de março, segundo dia da reunião da CE, quando os conciliares tiveram a chance de ver, tão bem apresentados, documentos e objetos que marcam a história do protestantismo e da igreja presbiteriana no mundo e no Brasil. Destacaram-se documentos como a carta original escrita por Martinho Lutero a seu amigo Jorge Espalatino, datada de 6 de dezembro de 1519; o cálice para Santa Ceia oferecido por Dom Pedro II à comunidade de Juiz de Fora (MG); a primeira edição completa dos

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sermões do rev. Ashbel Simonton; e a linha do tempo ilustrada, preparada pelo historiador oficial da IPB, rev. Alderi Souza de Matos, com os principais acontecimentos desde a Reforma até a implantação da IPB, que percorria todos os salões da exposição. Em seu discurso na abertura da mostra, o rev Alderi colocou a importância das datas comemorativas da IPB, muitas vezes

esquecidas pelas igrejas, e enfatizou a necessidade de os presbiterianos valorizarem a história da denominação e cuidarem de suas reminiscências. Em seguida, o presidente do SC-IPB, rev. Roberto Brasileiro, iniciou sua palavra lembrando o rev. Wilson de Souza Lopes, que possibilitou a formação do Arquivo Histórico e do Wilson Camargo

Manuscrito original de Lutero: carta a um amigo

Rev. Roberto Brasileiro fala na abertura da exposição, ao lado, entre outros, do rev. Alderi, do rev. Ludgero e do presb. Custódio

Museu da IPB, e agradeceu ao rev. Ludgero Bonilha de Morais, curador da exposição, e ao presb. Custódio Pereira, diretor executivo do IPM, pelo suporte à causa que mobilizou funcionários e dependências do instituto. O presb. Custódio destacou que a exposição é um importante incentivo àqueles que têm documentos, informações ou objetos históricos da IPB coloquem o material à

disposição da denominação, a fim de que as próximas gerações e a geração atual conheçam essa riqueza. "A exposição está muito bem feita, muito bem estruturada e quero parabenizar a igreja por essa iniciativa marcante, porque estou certo de que poderemos dizer que a historia da IPB ficará dividida entre antes e depois desta exposição", afirmou o diretor executivo do IPM. Letícia Ferreira

Parte da linha do tempo que ilustra toda a exposição


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Educação

Centro Estudantil e Creche Presbiteriana criam oportunidades

Instituto auxilia famílias no Vale do Aço Oslei Nascimento

Letícia Ferreira, com colaboração de Paulo Assis, do Jornal Diário do Aço

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os 47 anos, a doméstica Margarida Silva dos Santos, moradora do Bairro Santa Terezinha I, em Coronel Fabriciano (MG), completou, no dia 17 de dezembro de 2004, o Ensino Médio. A formatura foi na Escola Estadual Alberto Giovannini e a mãe de três filhos era só alegria antes da solenidade. Há 13 anos, quando foi de Açucena para Coronel Fabriciano, cidade de 110 mil habitantes, ela se esforçava, ao lado do marido, para sustentar as duas filhas. Trabalhar e não ter com quem deixar as crianças era uma luta. Margarida tinha de levar as filhas para o local de trabalho. O terceiro filho veio há nove anos. Sem ter com quem deixálo, encontrou a solução quando conheceu as atividades desenvolvidas pelo Instituto Presbiteriano Vale do Aço. Lá, deixa o pequeno Witalan para trabalhar o dia todo, de segunda-feira a sábado e, à noite, se debruçar sobre os cadernos. Segundo Margarida, a conclusão de seus estudos e a educação dada ao filho só foram possíveis porque ele foi acolhido pelo projeto presbiteriano. "Para mim, foi e é muito importante isso aqui", ela afirma, referindose ao instituto. O Centro Estudantil e a Creche Presbiteriana, braços

Crianças do IPVA cantam em culto na Primeira Igreja

do instituto criado em 1990 pela Primeira Igreja Presbiteriana de Coronel Fabriciano, pastoreada pelo rev. Oslei Nascimento, surgiram para apoiar famílias de baixa renda, sobretudo da região de Morro do Carmo. Com cerca de nove mil habitantes, o local é conhecido pela carência em que vivem seus habitantes. Tem uma escola pública que oferece ensino fundamental, mas não de ensino infantil ou creches. Hoje, 217 crianças e adolescentes entre quatro meses e 18 anos, de cerca de 150 famílias, lá encontram amparo educacional, cultural, esportivo e espiritual. Como Joana Darc de Jesus, também doméstica, que reside no bairro Bom Jesus e tem os três filhos atendidos pela instituição. Viúva há oito meses, ela recorda que

os dois filhos mais velhos, Pedro, de dez anos, e Franciele, de oito, ficavam nas ruas próximas de onde moram, enquanto ela e o marido iam trabalhar. "Eles ficavam na rua brincando. Eu tinha que pagar alguém pra tomar conta deles e ganhava muito pouco", recorda. Assim como os filhos de Margarida e Joana Darc, o jovem Márcio Kennedy Nogueira, de 14 anos, também é beneficiado pelo instituto. Ele foi um dos primeiros acolhidos, entrando na creche quando tinha poucos meses de idade. E não quer sair. "Eu queria Crianças

ficar aqui para poder aprender mais coisas. Não queria sair para nada. Ficar na rua? Sei lá. Vou encontrar coisas ruins que não vão me ajudar em nada", diz o garoto que tem dois irmãos também

atendidos pela instituição. EDUCAR É A PRIORIDADE A educação é o principal objetivo do Centro Estudantil e da Creche Presbiteriana, mas outros projetos estão em pauta, aguardando aprovação e liberação de recursos, conta o chanceler do instituto, rev. Oslei Nascimento. Projetos como a reeducação alimentar para melhor aproveitamento do cardápio diário para as famílias dos alunos e oficina de artes cênicas e música para os alunos. O rev. Oslei informa que o Instituto Presbiteriano Vale do Aço, reconhecido como instituição filantrópica nos três níveis governamentais, é mantido com recursos obtidos em parcerias com a Compassion do Brasil, Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Esportes de Minas Gerais, Oslei Nascimento

em sala de aula no IPVA


Brasil PRESBITERIANO Oslei Nascimento

Oslei Nascimento

Rev. Oslei Nascimento, pastor da Primeira Igreja e chanceler do instituto

Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano e outros colaboradores, membros da Primeira Igreja, simpatizantes do projeto e empresas. No entanto, segundo estimativa do diretor do instituto, presb. Hudson Menezes, e do rev. Oslei, essas contribuições cobrem somente 60% das despesas da instituição. A Primeira Igreja, cujo conselho idealizou e deu início à instituição, apóia cedendo as instalações (templo para cultos, salas para aulas, salão comunitário para refeições e pátio para lazer e esportes) e assumindo as despesas de água e energia elétrica. O edifício está passando por reformas para melhor beneficiar as crianças. O objetivo é construir novas instalações em um terreno da igreja próximo de onde tudo funciona.

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Profa. Jucélia Batista da Silva, diretora do Centro Estudantil e Creche Presbiteriana

O instituto conta atualmente com oito profissionais da educação contratados e quatro que cooperam em regime de voluntariado. A profª. Jucélia Batista da Silva, membro da Primeira Igreja, é a diretora do Centro Estudantil e Creche Presbiteriana. Segundo ela, a instituição oferece amparo para crianças entre quatro meses e três anos. Acima dessa idade, até os seis anos, os pequenos recebem orientação pedagógica e recreativa. Em seguida, ingressam no Centro de Desenvolvimento Integrado, que oferece reforço escolar e oficinas culturais e profissionais. O presb. Hudson, diz acreditar que, no futuro, será possível desenvolver a educação profissionalizante para maiores de 18 anos, preparando-os para o mercado de trabalho e acabando com a

obrigatoriedade de deixarem a instituição ao atingirem a maioridade. MUDANÇA DE RUMO O Instituto Presbiteriano

Oslei Nascimento

Presb. Hudson Menezes, diretor do Instituto Presbiteriano Vale do Aço

com o objetivo de prestar serviços sociais sem fins lucrativos, em todas as suas formas de expressão. Por mais de trinta anos, serDiário do Aço

Márcio Kennedy está na instituição desde que era bebê e não quer sair

do Vale do Aço começou como Ambulatório Evangélico, fundado pelo Conselho da Primeira Igreja Presbiteriana de Coronel Fabriciano, em 2 de agosto de 1965,

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viu à comunidade carente do município por meio de assistência médica e odontológica, assistência à maternidade e à infância, escola e creche, atenção a crianças desampa-

radas, abrigo à velhice e assistência a drogados. No dia 29 de outubro de 2004, a denominação Ambulatório Evangélico foi substituída por Instituto Presbiteriano do Vale do Aço, considerada mais abrangente e representativa, expressando melhor a real natureza dos serviços prestados aos assistidos. "O Instituto Presbiteriano, ainda como Ambulatório Evangélico, no início de suas atividades atendia ao público da terceira idade e prestava assistência a drogados. Estes serviços, porém, passaram a ser abrigados pela iniciativa pública do município e a esfera de ação do instituto convergiu para a educação", explica o rev. Oslei. Informações e contato pelo telefone (31) 3841-3947 ou pelo e-mail ipreval@uol.com.br.


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Missões

IPB e evangelização ganham espaço onde 1% da população crê no evangelho e alcançam aproximadamente 20 cidades

Projeto Rumo ao Sertão desafia estatísticas Martha de Augustinis

través de diversas parcerias com igrejas presbiterianas de todo o Brasil, a Junta Missionária Potiguar (JMP) vem plantando muitas sementes pelo nordeste brasileiro com o projeto Rumo ao Sertão, que se estende pelos sertões do Rio Grande do Norte e Ceará. Os chamados Avanços Missionários promovidos pela junta, segundo o apoiador do projeto, rev. Marcos Severo de Amorim, titular da JMN e autor do livro Igreja Cristã Evangelizadora, têm obtido resultados promissores com a plantação anual de três a quatro projetos em diferentes cidades. De 22 a 24 de abril, a JMP realizará o 19º Avanço Missionário para a plantação da IP de Almino Afonso (RN). A parceria desse avanço será com as IPs do Rio de Janeiro e das Graças, parceiras do Rumo ao Sertão desde o início. PLANTANDO IGREJAS O projeto teve início em julho de 1987, na cidade de Mossoró (RN). "Tive o privilégio de atender ao chamado de Deus para iniciar esse projeto. Pela graça de Deus, três igrejas foram plantadas e organizadas na cidade de Mossoró e outra, na cidade de Ipanguaçu", conta o rev. Marcos Severo. Entretanto, o projeto só tomou força em julho de 1995, quando o reverendo, junto de irmãos, pastores e missionários, colocou sua vida à disposição da propagação da

A

Palavra de Deus. "A partir de julho de 1995 (eu era comerciante e abandonei tudo pelo projeto), iniciamos o Rumo ao Sertão e, em nove anos, pela graça de Deus, alcançamos mais de duas dezenas de cidades".

Salvador? Os evangelistas também deixam um convite para os cultos que serão promovidos. Após o Avanço Missionário, o projeto tem trinta dias para celebrar o primeiro culto no novo templo. De acordo com o rev.

acompanhamento a cada projeto desenvolvido. A igreja parceira se dispõe a ajudar por cinco anos, porém, ao término desse período, a parceria é renovada e outro projeto é posto em prática. "As parcerias foram fundamenMarcos Júnior

Templo presbiteriano em construção, fruto do Avanço Missionário, que será inaugurado em julho

Para que o programa de evangelização seja mais eficaz, o Avanço é bem organizado: na manhã do primeiro dia, é feita uma distribuição de folhetos nas imediações do futuro templo. Os demais dias são usados na aplicação do plano da salvação: em duplas, os "avancistas" visitam as residências e levam estudo bíblico, deixando folhetos e realizando pesquisas. Ao se despedir da residência, são cadastrados os moradores que responderam afirmativamente a uma ou mais perguntas: Deseja receber visita do missionário? Deseja fazer um curso bíblico? Confessa Jesus como

Marcos, o índice de evangélicos das cidades alvo do projeto está entre 1 e 2%, havendo algumas cidades com índice inferior a 1%. "Estamos evangelizando uma região inóspita, pobre, difícil e imigrante. Quando as pessoas se convertem a Cristo, as mudanças são grandes demais", declara. MANTENEDORES Os Avanços Missionários do Rumo ao Sertão são financiados pela Junta Missionária Potiguar, pertencente à IP de Carnaubal (RN), por voluntários, pelo Presbitério Potiguar (PPTG) e igrejas parceiras, oferecendo assistência, treinamento e

tais para o sucesso do projeto", relata o rev. Marcos. No encerramento delas, os projetos assumem a manutenção, embora alguns necessitem, por mais tempo, de ajuda e acompanhamento, até que estejam consolidados. A JMP controla todos os resultados dos projetos através de reuniões mensais, nas quais os missionários apresentam seus relatórios das atividades do mês, das finanças e contam como estão as novas igrejas plantadas. A junta administra e mantém financeiramente os projetos, repassando os recursos enviados pelos parceiros de

sustento, INSS, poupança, assistência pastoral, aluguéis, entre outros. AÇÃO SOCIAL Além dos projetos de evangelização e de plantação de igrejas, o Rumo ao Sertão realiza ações sociais. "No momento, dois trabalhos sociais estão em andamento: um projeto de irrigação para pequenos agricultores, que beneficiou 16 famílias na comunidade de Ipueira, e o Centro Presbiteriano Nova Vida, em parceria da Comunidade Presbiteriana Nova Vida em Boston, EUA", conta o rev. Marcos Severo. O centro assistiu a 210 crianças carentes, em uma ação que oferece apoio espiritual, educação escolar, integração social e profissional, preparando, ainda, quase duas dezenas de futuros missionários. "No planejamento estratégico para este ano, esperamos criar um coral, escolinha de esportes, atividade profissionais, atendimento médico e odontológico", informa o pastor. O projeto Rumo ao Sertão, em quase dez anos, plantou trinta trabalhos (congregações e igrejas), construiu 15 templos e três estão em construção. Além dos trabalhos sociais citados, distribui roupas novas e usadas para pessoas carentes da comunidade, cestas básicas e remédios, providencia consultas médicas, exames, passagens e doação de Bíblias e hinários Novo Cântico. Informações e contato: prmarcossevero@uol.com.br.


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Aliança contribuirá para o crescimento presbiteriano em região afetada por décadas de conflitos religiosos

Parceria entre IPs do Brasil e da Irlanda Wilson Camargo

Martha de Augustinis

issionários no Brasil por oito anos, o casal irlandês William e Ruth Addley vieram ao país no dia 22 de fevereiro, após uma década de sua partida, para selar uma parceria entre a IPB e a Igreja Presbiteriana na Irlanda, a fim de contribuir mutuamente para o crescimento e fortalecimento do cristianismo tanto naquele país marcado pela secularização, pelo ceticismo e por conflitos religiosos e políticos, quanto no Brasil. Durante a visita, o casal se reuniu com a Comissão de Relações Inter-Eclesiásticas (CRIE) da IPB para firmar essa aliança e iniciar suas atividades. "Queremos manter e fortalecer esse relacionamento para nos ajudarmos. Talvez possamos ajudar a IPB, mas com certeza a IPB tem muito a oferecer para a igreja da Irlanda", afirma o rev. William. O secretário executivo da CRIE, rev. Osvaldo Henrique Hack, acredita que esta poderá ser uma sociedade muito frutífera para ambas as igrejas. Acima de tudo, com o envio de missionários orientados pela Agência Presbiteriana de Missões Transculturais (APMT), o que ajudará a IP na Irlanda a evangelizar a crescente colônia de portugueses presente naquele país. "A IPB poderá contribuir com seu modelo evangelizador e de plantação de

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igrejas". SÉCULOS DE CONFLITOS A Irlanda se destaca entre os países do norte da Europa pelos constantes conflitos religiosos, com conotações políticas, entre católicos e protestantes. De acordo com o missionário William, para que seja possível a compreensão desses conflitos, se faz necessário retomar a história do país. Ele conta que o problema surgiu entre dois grupos étnicos: um que chegou à Irlanda há dois mil anos e atualmente se define como católico, e um segundo, de maioria protestante, oriundo da Escócia, que chegou por volta dos séculos 17 e 18. A maioria da população do país, exceto este segundo grupo, queria se separar do Reino Unido, alcançando seu objetivo em 1920, para formar a República da Irlanda, que tem hoje 96% da população católica. A parte protestante é considerada pertencente ao Reino Unido, na qual a maioria é presbiteriana. Segundo o rev. William, é aí que os conflitos apareceram. A minoria desejou se unir à República, e um pequeno grupo estava disposto a usar armas e violência para conseguir essa união e obter território. "Esta luta, essencialmente, não tem a ver com religião. É mais política, com aspectos religiosos". Ele diz que toda a população é da mesma origem celta e que as únicas diferenças são, em primeiro

O casal rev. William e Ruth Addley, buscando uma parceria que renove a Igreja Presbiteriana Irlandesa

lugar, a política e, em segundo, a religião. A característica mais marcante dessa diferença, a violência, tem diminuído bastante, devido a um acordo de paz realizado na Irlanda do Norte em abril de 1998, que pôs fim aos confrontos entre protestantes e católicos na região. O missionário diz que a situação ainda não é perfeita, mas que a relação entre protestantes e católicos tem melhorado. VIBRAÇÃO DA IPB Outro ponto colocado pelo pastor é a crescente diminuição de igrejas cristãs na Europa, devido à secularização do cristianismo. De acordo com ele, apesar de as igrejas irlandesas terem

uma estrutura mais sólida, se comparadas às da Inglaterra, Holanda ou Escócia, o número de membros tem caído a cada a dia e, em conseqüência, o número de igrejas em atividade. "Eu descrevo a igreja presbiteriana da Irlanda como reformada, ortodoxa e evangélica, mas uma igreja com ‘artrite’ e por isso uma parceria com a IPB, que é uma igreja vibrante, trará muitos frutos para ela". E não só através da vibração, alegria e consistência cristã presentes em seus cultos que a IPB poderá ajudar. O rev. Osvaldo conta que serão enviados missionários irlandeses ao Brasil,

para conhecerem a realidade do país. "Isso será muito enriquecedor, devido aos contrastes de cultura e de visão eclesiológica presentes entre os dois povos". FINALIDADES A princípio, esta parceria busca a troca de experiências entre jovens, missionários e membros da IPB e da IP na Irlanda, para que ambas cresçam e se desenvolvam. "A união está só começando. No futuro, queremos fazer um intercâmbio de jovens, trabalhadores, talvez pastores brasileiros e irlandeses, trabalhos em conjunto na área de educação teológica etc", enumera o missionário irlandês. Para tanto, a CRIE orientará todas as regiões a serem visitadas pelos irmãos estrangeiros e pelos jovens brasileiros, tendo como finalidade as experiências cultural e, principalmente, evangelizadora. "Outras propostas poderão surgir na área de publicações em parceria com a Editora Cultura Cristã, ou em áreas que sejam de interesse de ambas as igrejas", completa o rev. Osvaldo. A primeira atividade será o trabalho realizado pela missionária irlandesa, Naomi Keefe, no projeto de inclusão de crianças de rua que vivem nos lixões da periferia de Pernambuco. O casal William e Ruth Addley visitou a IP de Casa Caiada, em Recife (PE), onde o projeto, sob liderança do rev. Sérgio Lira, foi o início da parceria.


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Testemunho

Carta à Comissão Executiva do SC-IPB sta carta foi escrita pela irmã Suenia Keilla Carneiro Ximenes no dia 13 de março, em Recife (PE), para ser lida na reunião ordinária deste ano da Comissão Executiva do Supremo Concílio da IPB, pelo seu pastor, rev. Marcos José de Almeida Lins, da IP de Madalena, em Recife (PE). Entre outras funções na IPB, ela é a presidenta do Conselho de Hinologia, Hinódia e Música da IPB (BP setembro 2004, pg. 20). É um tocante testemunho que não poderia deixar de ser reproduzido no jornal Brasil Presbiteriano a fim de abençoar toda a igreja. Recife, 13 de março de 2005 direta após um dia exaustivo Queridos irmãos em Cristo, de exames. Foi como tivessem dado uma pancada muito Graça e Paz! Como é do conhecimento de forte em minha cabeça e tiravocês, não poderei fazer parte do a terra dos meus pés. Esta desta reunião da executiva do sensação foi rápida, logo foi SC/IPB (à qual gostaria imen- substituída por uma paz imensamente de estar presente), sa vinda do meu Deus, e que por estar me submetendo a até hoje sinto, me dando fortratamento quimioterápico nos ças e tranqüilidade para dias 14, 15 e 16 de março, suportar as etapas que tenho que coincidiram com a data de enfrentar ao longo do tratadesta reunião. mento. As dores sentidas ao Estou escrevendo aos longo destes dias aceleraram irmãos para relatar um pouco a descoberta da doença. sobre o meu estado de saúde, Apesar de ser um câncer raro, bem como testemunhar a grandiosidade do nosso Deus na minha vida e na da minha Tenho como família. diagnóstico um cânÀs vezes não entendemos cer raro, mas os propósitos de Deus para mesmo assim nossas vidas, dificultando posso dizer que assim aceitar o que nos é sou uma doente designado por Ele. No final de 2004, para ser muito feliz. bem precisa, no dia do meu Sim, muito feliz”. aniversário, 3 de dezembro, recebi um presente de Deus, que na hora não entendi. Uma em que o primário se encontra dor muito forte, que foi uma numa micro-célula, o diagnósconstante até o dia 22 de tico foi descoberto a tempo de dezembro, dia em que recebi fazer o tratamento necessário o diagnóstico de que estava sem que outros órgãos sejam com câncer no fígado, já em atingidos. metástase. Recebi a notícia Nunca imaginei, ao participar do médico de uma forma bem da reunião da executiva de

E

Suenia: "serei feliz e sempre serei com o meu Senhor Jesus"

2004, que estaria escrevendo aos irmãos e não participando da reunião deste ano. Isso acontece conosco, queridos irmãos, pois Deus, na sua imensa sabedoria, é que tem o controle de nossas vidas em Suas mãos. Não é fácil saber que estou cancerosa, com limitações que antes nunca imaginei, impossibilitando assim, a realização de tarefas que sempre realizei. Mas é muito fácil entender que Deus tem um propósito para minha vida. No dia 23 de dezembro, estive em um hospital público para entregar os resultados dos exames ao oncologista e marcar o dia da minha cirurgia. Lá, entendi o que Deus queria de mim. Sempre trabalhei de forma total para a obra de Deus (nas igrejas de João Pessoa, Boa Viagem e Madalena, nos seminários Presbiteriano e Batista e, nos últimos anos, no Presbitério de Pernambuco, Sínodo de

Pernambuco, e no Conselho de Hinologia, Hinódia e Música), sempre entre irmãos. Saindo deste ambiente, só quando em época de Natal ou dia das crianças, quando recebia convite da Hemope (fundação que desenvolve serviços nas áreas de hematologia e hemoterapia), levando o coral de jovens para cantar para as crianças que já estavam com sua alta prevista ou em visita periódica ao hospital para exames. Naquela manhã, vi a doença de perto e de certa forma na pele, digo assim, pois ainda não tinha passado pela quimioterapia. Sim, pois existe o antes e o depois de passar por uma quimioterapia. Na minha primeira, cheguei bem perto da morte. Tive todas as reações possíveis, quando se esperava que só tivesse algumas. O que resultou em nove dias de internamento, após dez dias de sofrimento em casa. Foram momentos de muita dor, mas todos suportados pelo fortalecimento recebido do meu amado Deus. Sim, pois todo o tempo senti a presença do meu Deus suprindo as minhas necessidades. E, ao sentir todas aquelas reações, sentia-as de forma resignada, pois seria necessário passar por tudo aquilo para que o propósito de Deus fosse realizado. Digo isto porque naquela visita ao hospital, no final de


Brasil PRESBITERIANO dezembro, vi pessoas sofrendo, com fome, cansadas de esperar horas e horas pelo atendimento médico (muitos dormem no local para terem certeza de que serão atendidos no dia seguinte). Presenciei uma senhora que até desmaiou de fome. E eu tinha um bom seguro saúde,

A minha oração é para que nesta reunião, a paz possa ser estabelecida, os interesses pessoais sejam esquecidos, o amor vivenciado e a vontade de Deus realizada”

médicos, exames garantidos, uma boa alimentação. Reclamar de quê? O que fiz a minha vida inteira por estas pessoas? Ali, em meio aquela dor, senti que seria necessário adoecer para acordar para a vida que nos cerca, no meu caso, do mundo cristão que sempre vivi. E que poderei chegar perto deles com autoridade de quem já passou por tudo aquilo que eles estão passando ou vão passar e testemunhar que existe um Deus que pode aliviar as nossas dores e nos salvar. Eu até sei o que devem fazer quando forem acometidos por esta ou aquela reação, aliviando seu sofrimento com o que aprendi durante as minhas reações (pois passei por todas as reações possíveis). Vale salientar que o meu Deus, que é muito bom para mim (nunca poderei deixar de dizer esta grande verdade), permitiu que eu sentisse nada

além do que poderia suportar. Tenho como diagnóstico um câncer raro, mas mesmo assim posso dizer que sou uma doente muito feliz. Sim, muito feliz. Este câncer só afeta o meu organismo. Agradeço a Deus por isso, pois existe um câncer bem pior, o da alma. Infelizmente, esse tipo de câncer tem afetado muito as nossas igrejas no que diz respeito à música, onde irmãos não freqüentam o mesmo culto, pois não querem cantar juntos com o irmão os Hinos ou Cânticos espirituais por não ser a sua preferência musical, sem parar para descobrir que Deus deseja verdadeiros adoradores entoando o mais perfeito dos louvores (Sl 148). Temos de nos unir cantando os mais belos hinos e cânticos espirituais que contenham uma boa teologia e qualidade musical, para chegarmos aos que sofrem falando do amor e da grandiosidade do nosso Deus. Aí, sim, seremos uma igreja saudável, onde não estaremos lutando por modismos, tradições familiares ou vontade própria, dando lugar para que Deus possa operar nas nossas vidas e sermos servos obedientes, vivenciando o mandamento de amarmos ao próximo como a nós mesmos. A minha oração é para que nesta reunião, a paz possa ser estabelecida, os interesses pessoais sejam esquecidos, o amor vivenciado e a vontade de Deus realizada, fortificando a missão da nossa amada Igreja Presbiteriana do Brasil.Que a oração seja uma constante, a vontade própria seja anulada e o amor, viven-

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ciado como Jesus ensinou. Lembrando o que diz em 1 Co 10.32-33: "Não vos torneis causa de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem tampouco para a igreja de Deus, assim como procuro, em tudo, ser agradável a todos, não buscando o meu próprio interesse, mas o de muitos, para que sejam salvos". Que esta seja uma realidade em cada vida presente nesta executiva. Neste momento especial que estou passando, agradeço a Deus por não ter perdido tempo "brigando em nome dEle", e sim trabalhando em propagar a importância de ser um verdadeiro adorador. Momento que não sei o que vai acontecer comigo, projetos tendo de ser revistos e até esquecidos por um tempo, mas, sobretudo, momento que sinto que devo obediência ao meu Deus acima de qualquer coisa, sem nunca me questionar o porquê desta enfermidade, e sim aproveitar as oportunidades que Ele tem me dado de testemunhar de sua fidelidade para comigo. Rendendo graças por Sua bondade e por suas maravilhasm como encontramos em Sl 107.8. Tenho a certeza de que Deus está no controle de

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todo este processo, orientando os médicos, me dando paz e a felicidade de ter o carinho dos meus familiares, amigos e irmãos em Cristo que estão orando por minha recuperação.

Ali, em meio àquela dor, senti que seria necessário adoecer para acordar para a vida que nos cerca, no meu caso, do mundo cristão que sempre vivi”

Neste momento que estou passando, agradeço a Deus por não ter perdido tempo ‘brigando em nome dEle’, e sim trabalhando em propagar a importância de ser um verdadeiro adorador”

Só um servo do Senhor pode ser feliz e tranqüilo nesta situação. Esta é a certeza que tenho mais do que nunca, ao entoar o meu Hino predileto: Sou Feliz, porque sinto uma doce paz me invadindo em momentos que poderiam ser chamados de amargos pelas fortes dores e sofrimentos, mas tenho uma certeza de que, apesar destas aflições, SEREI FELIZ E SEMPRE SEREI COM O MEU SENHOR JESUS! Com muitas saudades dos queridos irmãos em Cristo, que aprendi amar e respeitar durantes estes anos de trabalho, com a consciência de que sempre fiz o que Deus colocou em meu coração na realização de sua obra e de que minha vida depende somente dEle e que, se Ele permitir estaremos juntos na próxima executiva dando graças pela bênçãos alcançadas durante este ano, pois com certeza estaremos sob sua obediência, fazendo e realizando a vontade do nosso Deus.


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Aniversário

Igreja organizada há cem anos celebra suas origens

IP de Manhuaçu comemora centenário N

o dia 7 de junho, a Primeira IP de Manhuaçu – Presbitério Vale do Manhuaçu (MG), comemora o centenário do presbiterianismo naquela região na forma da organização da igreja. Desde junho de 2004, a igreja vem editando o Jornal do Centenário, contando a história e refletindo

mento. Ele resume a história da igreja, contando que a semente foi lançada quando um luterano descendente dos colonos alemães, Conra-do Jorge Heringer, ouviu a palavra de Deus pregada em português pelo missionário rev. dr. John Merril Kyle (na igreja luterana só se pregava em alemão).

pela cidade". Assim foi o começo da "Egreja Evangélica Presbyteriana do Manhuassu" que, no dia 7 de junho de 1905, foi organizada. IMPLANTADORES NO LESTE MINEIRO Além do rev. J.M. Kyle, foi um dos implantadores do presbiterianismo no leste de Minas Gerais o rev.

çu e o primeiro obreiro residente no Leste do Estado. Além de ser o primeiro a levar o evangelho para a região do Espírito Santo. O Jornal do Centenário dedica uma grande página ao rev. Antônio Godoy, que foi pastor da Primeira IP de Manhuaçu de 1947 a 1958: "12 anos de profícuo pastorado".

Logo do Centenário da Primeira IP de Manhuaçu

532 alunos matriculados. Também organizou pontos de pregação em várias regiões do município. Fotos: Jornal do Centenário/ IP de Manhuaçu

Rev. John Merrill Kyle

sobre a igreja no presente. É pastoreada pelo rev. Anderson Sathler e mantém missionários no Senegal, além de desenvolver o Disquepaz. Tem quatro congregações: Betel, Santana, Simonésia e Monte Sião. A publicação registra o início do presbiterianismo em Manhuaçu num manuscrito nas primeiras folhas do primeiro livro de atas do conselho, lavrado e assinado pelo rev. Franklin do Nasci-

Rev. Matthathias Gomes dos Santos

Heringer comprou uma fazendo na região de Manhuaçu, em 1895. A pedido do rev. Kyle, ele e a família levaram consigo folhetos evangelizadores para distribuição. A evangelização alcançou a região de Barra do Jequitibá, onde irmãos quiseram erigir uma "capela para a reunião do povo de Deus e (...) organizar uma Egreja que, parecialhes, não tardaria a extender as suas sombras benéficas

Mattathias Gomes dos Santos. Segundo o Jornal do Centenário da IP de Manhuaçu, o rev. Mattathias chegou à região em 1901, vindo do Rio de Janeiro, "moço simpático, amável, culto, dedicado e a todos cativava com a sua diplomacia". Ao lado dos reverendos Franklin do Nascimento e Álvaro Reis, foi um dos que participaram da comissão de formação da IP de Manhua-

Rev. Antônio Godoy

Ele faleceu no inverno de 1959, no dia 22 de julho. "Quem estivesse ali e conhecesse na intimidade a vida daquele homem, não poderia deixar de relembrar a brilhante trajetória do servo de Deus, que começou na cidade São José do Calçado, no ano de 1920 (...)". Em Manhuaçu, conta a publicação, ele organizou a UMP, em 1947, e incentivou o trabalho da escola dominical, que alcançou

O rev. Godoy pregou pela última vez em 19 de julho de 1959, em um congresso de jovens. "Ao seu sepultamento compareceram pessoa de todos os credos, ricos e pobres. Foi um dos maiores acompanhamentos fúnebres da região", conta o Jornal do Centenário. A igreja católica e a prefeitura da cidade se fizeram representar e a rua da IP de Manhuaçu passou a se chamar Rua Reverendo Antônio Godoy.


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