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Brasil

PRESBITERIANO Dezembro de 2003

O Jornal da Família Presbiteriana

Ano 44 / Nº 591 - R$ 1,80 Divulgação

SAFs de todo Brasil comemoram Dia Nacional do Trabalho Feminino Páginas 10

Federação de SAFs de Belém do Pará

Zuínglio: personagem chave na Reforma Protestante

Integração e comunhão nas IX Olimpíadas Adolescentes

Igrejas realizam conferências missionárias em todo o Brasil

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Palavra da Redação Estamos perto. Ainda neste mês deverá ser votado, no Senado, o projeto que altera itens do novo Código Civil que ferem as igrejas em sua liberdade de culto e administração. Os irmãos já têm orado sobre este assunto e devem intensificar as orações para que a votação realmente aconteça em breve e com resultado favorável aos cristãos de todo País. Na página 12, trazemos uma matéria a respeito dos últimos acontecimentos em relação a este assunto. A matéria especial do BP de dezembro é a respeito do Dia da SAF que, desde o ano passado, é oficialmente comemorado no dia 11 de novembro. O trabalho das mulheres presbiterianas em todo o Brasil deve ser valorizado pela IPB, pois é crucial no desenvolvimento da Igreja e na proclamação da Palavra de Deus A presidente do Trabalho Feminino Presbiteriano, Leontina Dutra da Rocha, fala sobre a importância da SAF para a IPB e para suas sócias, ao lado de outras líderes da Sociedade, nas páginas centrais, 10 e 11. O Centro Presbiteriano de Pós-graduação Andrew Jumper está oferecendo um Doutorado em Ministério, em convênio com um seminário norte-americano Reformed Theological Seminary. Saiba tudo sobre isso no artigo do rev. Wilson do Amaral, presidente da Junta de Educação Teológica da IPB, na página 5. Este e o artigo do rev. Valdeci da Silva Santos, coordenador do Doutorado em Ministério, inauguram a página Liderança, que todos os meses trará informações úteis e edificantes aos pastores e líderes da IPB. Este mês também está sendo inaugurada a coluna História do rev. Alderi Souza de Matos, historiador oficial da IPB. O objetivo é lançar uma nova luz sobre acontecimentos e personagens da história da Igreja. O primeiro artigo, na página 15, fala sobre Ulrico Zuínglio, importante reformador que não é tão conhecido como Martinho Lutero, mas teve participação fundamental na Reforma Protestante. Como é o louvor congregacional na sua igreja? Você acha que é o perfeito louvor que agrada a Deus? É teologicamente embasado? Está preso ao tradicionalismo? Sobre este assunto falam, na página 17, os reverendos Augustus Nicodemus Lopes, da Primeira IP de Recife, Pernambuco, e Manoel do Carmo Filho, pastor da IP de Manaus. Você certamente sabe que o Dia da Bíblia é comemorado no segundo domingo de dezembro. Mas você sabia que o primeiro país a comemorar esse dia foi a Grã-Bretanha, em 1549, e que esta data comemorativa foi instituída por um católico? Saiba mais na página 7 e edifique-se com o artigo do rev. Cláudio Marra, diretor da Casa Editora Presbiteriana, sobre este assunto. Católicos também foram os autores do hino mais cantado no Natal dentro e fora das igrejas: Noite de Paz. Eles eram austríacos e mais sobre essa história você acompanha na página 15. Boa leitura e que Deus o abençoe!

EXPEDIENTE Brasil PRESBITERIANO / Ano 44, nº 591 – Dezembro de 2003 Órgão Oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil, sucessor de O Puritano e Norte Evangélico Uma publicação da Rede Presbiteriana de Comunicação - RPC

RPC – Rede Presbiteriana de Comunicação Pb. Gunnar Bedicks Jr. – Presidente Pb. Gilson Alberto Novaes - Secretário Rev. Alcides Martins Jr. – Titular Pb. José Augusto Pereira Brito – Titular Rev. Carlos Veiga Feitosa – Titular Rev. André Mello – Titular Pb. Sílvio Ferreira Jr. – Titular Pb. Alberto Jones – Diretor Administrativo-financeiro Pb. Euclides de Oliveira – Diretor de Produção e Programação Conselho Editorial: Rev. Alderi Souza de Matos Rev. Celsino Gama Rev. Cláudio Marra Pb. Gilson Novaes Rev. Silas de Campos

www.ipb.org.br Edição: Letícia Ferreira DRT/PR: 4225/17/65 E-maill: editorjbp@terra.com.br Reportagem: Letícia Ferreira (SP), Gustavo Brigatto (SP), Raul Marcelino (DF) e rev. Vivaldo da Silva Melo (RO) Ilustração: Aldair Soares Gomes Diagramação: Aristides Neto Revisão: Douglas Moura Ferreira Secretaria de Atendimento ao Assinante: (61) 242 9719

Seu recado É com imensa alegria que participo que meu pastor, rev. Roberto Pereira, nos surpreendeu, num domingo, ao subir ao púlpito com um lindo cartaz do Brasil Presbiteriano. Ele falou sobre o valor e importância do nosso jornal, um informativo que dá notícias do trabalho da Igreja no território nacional. E qual não foi minha alegria quando indicou meu nome para agente do BP em nossa igreja. Fico contente em poder ajudar o nosso jornal. Atualmente, sou presbítero da igreja e tesoureiro do Presbitério de Magé. Em Cristo, parabéns pelo excelente cartaz. Aylton Rodrigues, de Teresópolis, Rio de Janeiro Agradecemos! Pessoas como o senhor renovam nossa vontade de fazer o melhor no BP. Contamos com seu apoio como nosso agente.

Temos acompanhado o jornal Brasil Presbiteriano por muitos anos e, ultimamente, pelas suas andanças por São Paulo, Paraná e agora Distrito Federal, como também suas matérias, seus encartes, etc. Tenho orado a Deus para que tenhamos um jornal dinâmico, objetivo e que seja lido por todos os presbiterianos. Aqui na igreja, temos divulgado e já conseguimos 30 assinaturas, o que é pouco para uma igreja de 700 membros. Mas não vamos desistir, pois, para quem começou do zero, é um grande progresso. Que Deus nos ajude! Elizeu Bezerra Lessa, presbítero emérito da Primeira IP de Nilópolis, Rio de Janeiro Irmão, cá está o BP novamente em andanças, de volta a São Paulo. Pedimos que o senhor continue apresentando a Deus nosso jornal, e, agora, sua nova equipe, para que, acima de tudo, cumpramos a vontade dEle. Agradecemos, de coração, seu empenho em divulgar o BP em sua igreja.

Nosso recado Pedido de oração Neste mês nosso recado traz um pedido de oração. É pelo irmão Luiz Mattos, diretor de Centro Presbiteriano de Pós-graduação Andrew Jumper, em São Paulo. Ele foi diagnosticado com um tumor cerebral e seu estado de saúde é grave. Pedimos aos irmãos que orem intensamente para que a von-

tade de Deus se cumpra na vida dele e que o Espírito Santo o console e lhe dê forças, bem como a toda a sua família. Sua esposa chama-se Vanuza e os filhos, Filipe e Suzana. Mais informações podem ser encontradas no site www.mackenzie.com.br/teologia.

Imagem do mês Divulgação

Mais uma igreja alegra-se com o presente do BP, um violão novinho da marca Giannini. Desta vez, é a IP de São Gonçalo, no Rio de Janeiro. O pastor da Igreja, rev. Francisco José Barbosa, disse que a IP recebeu o instrumento com profunda satisfação e que o violão está sendo usado nas atividades da UPH. Na foto, quem segura o violão é o pb. Eugênio Harley Montes Bossan, agente do BP. E é sempre bom lembrar: a cada 30 assinaturas, a igreja ganha um violão.

ATENDIMENTO NO BP É fácil falar com o BP. Entre em contato dentro do horário comercial: E-mail: editorjbp@terra.com.br Assinaturas: (61) 244 2637 E-mail: jornalbp@terra.com.br Administração: (61) 242 9719


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Opinião

Os desafios da mídia á bem pouco tempo, vários segmentos evangélicos "demonizavam" os meios de comunicação, em especial a televisão. Viam com ar de desconfiança os programas televisivos, reconhecendo-os como uma ameaça à vivência cristã. O tempo passou e pudemos verificar uma sensível mudança de opinião entre os evangélicos: a ocupação da mídia começou a ser desejada e buscada com todas as forças. Isso provocou um enorme salto no número de programas evangélicos na televisão. Segundo o sociólogo Alexandre Brasil Fonseca, em seu livro Evangélicos e Mídia no Brasil, se em 1992 tais programas representavam menos de 45 horas semanais de veiculação, em 2000 esse número atingiu a casa das 80 horas. Atualmente, 10% do que é transmitido semanalmente pela televisão brasileira é produzido por igrejas e organizações evangélicas. E não é só isso: são inúmeras as rádios, revistas, jornais, sites – a igreja se utiliza cada vez mais da mídia para cumprir sua missão.

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Porém, é preciso alertar os mais empolgados com o tema. Se a presença evangélica nos meios de comunicação aponta para uma reação e até mesmo uma adaptação da igreja à modernidade, não podemos nos esquivar da ameaça e dos perigos que essa mesma "auxiliadora" pode representar à fé bíblica. Um tipo de "mercantilização" da fé tem sido apresentada por programas religiosos que acabam transformando Jesus num produto de consumo e reduzindo seu público a ávidos consumidores. A atual situação pluralista da religião evangélica tem sido vista como uma situação de mercado; assim, a atividade religiosa passa a ser dominada pela lógica do mercado, segundo alerta Peter Berger. Resultado: vê-se o surgimento das igrejas-empresas, tão presentes em nossos dias. É preciso, pois, desenvolvermos uma postura crítica diante da utilização da mídia. Se, por um lado, não podemos continuar protelando essa importante inserção, por outro, não podemos agir como crianças ingênuas, acatando tudo o

que o sistema dita. Deus, o Pai, comunicou-se com a humanidade enviando seu Filho, o Verbo, a Palavra. Em João 1.14, lemos: "Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e verdade" (NVI). Princípios claros para a nossa ação como comunicadores são estabelecidos aqui, neste verso. Observando-os, poderemos cumprir com fidelidade nosso chamado, sem corrermos os riscos de banalizar a nossa fé em troca de uma "modernização" a qualquer custo: • Encarnação da Palavra – a igreja deve viver o que prega, ou seja, a Palavra de Deus. Ao utilizar a mídia, não pode fazê-lo de maneira diferente. Sua utilização deve obedecer aos critérios de vivência total da Palavra, revelando os valores do Reino de Deus em sua mensagem explícita e implícita. • Palavra que vive entre os homens –João diz que Jesus veio para os que eram seus, mas os seus não o receberam. Nem por isso desistiu de

estar entre eles. A igreja deve entender que sua pregação não será celebrada, muito menos desejada, por todos. Os opositores se levantarão e desejarão mudar nossa mensagem. A opinião pública não pode ser o nosso referencial; temos outro critério: a Palavra de Deus. Não podemos nos acovardar diante da responsabilidade de levarmos o Evangelho a todos os homens, nem mesmo permitir que a Verdade seja diluída segundo o gosto do freguês. • Revelação da glória – nada poderá ofuscar a glória de Jesus. O brilho das lantejoulas e dos paetês ou o aplauso das multidões não é a glória que pretendemos anunciar. Não é a glória humana, com seus astros e estrelas que devemos revelar. Só há uma glória a ser manifestada: Que os homens vejam a glória de Cristo, "glória como do Unigênito do Pai". • Palavra cheia de graça e de verdade – a imprensa marrom, com suas matérias sensacionalistas conquistou milhares de leitores americanos no início do século XX. O programa de rádio de Orson Welles, na Rádio Mercury

Theater, em 1938, provocou uma verdadeira hecatombe, inclusive suicídios ao simular a chegada de marcianos, fazendo um país parar diante do terror. Uma entrevista com supostos integrantes do PCC, veiculada por uma das mais respeitadas emissoras de TV, aterrorizou o país. Mentiras inescrupulosas varrem a Internet através dos hoax e outras armadilhas produzidas por hackers. A mídia está afetada pela mentira. Já não sabemos mais em quem crer. A igreja não pode revelar a graça e a verdade de Cristo compactuando com esse esquema vil e mentiroso, que justifica tais atos com os pontos a mais na audiência. Revelar a graça e a verdade só será possível se nos submetermos inteiramente ao senhorio de Cristo, ao invés da submissão aos detentores dos grandes meios de comunicação. Não poderemos ser pregadores da Luz, utilizando-nos de subterfúgios da escuridade ou mesmo da penumbra, para conquistarmos melhores e maiores públicos. Só há um Senhor. Só a Ele devemos nos submeter. Só a Ele devemos adorar. Só a Ele devemos servir.

Consultório Bíblico

PROSPERIDADE: IV — NOVO TESTAMENTO Odayr Olivetti AT e o NT são coesos em seus valores morais, espirituais e doutrinários. Também com relação à prosperidade ou não dos cristãos. Cristãos fiéis recebem bênçãos físicas e materiais (ou estas lhes são preservadas, como no caso de Filemom). Cristãos fiéis são submetidos a provações nas quais perdem seus bens materiais ou a eles renunciam – como os apóstolos disseram que fizeram (Mc 10.28). Cristo promete aos que renunciam a seus bens materiais e às relações familiares pelo Evangelho que receberão muito mais neste

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tempo, com perseguição, e a vida eterna. Mas há uma condicional dogmática que, no mínimo, é uma advertência contra a superficialidade, a avareza, o juízo temerário e a falta de submissão a Deus. Essas coisas aconteceram no contexto da exigência de renúncia absoluta que Jesus fez a um homem rico (Mc 10.21-23). Os apóstolos realizaram muitos milagres, mas Judas foi traidor e se suicidou; Pedro negou repetidamente seu Senhor; Tiago foi decapitado. O apóstolo Paulo expulsou demônios e ressuscitou um morto (At 20.9,10), mas não curou a enfermidade estomacal e outras "freqüentes

enfermidades" de Timóteo (1 Tm 5.23). Estevão e outros mártires foram fiéis servos de Deus, mas não foram libertados da morte – morte sofrida pela causa de Cristo. Corolários (1) O pecado alterou o universo e o homem. As conseqüências naturais e temporais do pecado permanecem. (2) Na regeneração, é transformado o nosso homem interior, mas a carne ainda está em conflito dentro de nós (Gl 5.17). (3) Doença nem sempre resulta de pecado específi-

co. Exs.: Jó 1; Jo 9.1-3. (4) Em certo sentido e em geral os cristãos sofrem nesta vida mais do que os ímpios (1 Pe 4.15-18). Mas os cristãos fiéis podem contar com a vitória em Cristo: sua fé é fortemente provada, mas eles alcançam "o alvo da sua fé, a salvação das suas almas" (I Pe 1.3-9, NVI). (5) Permanecem, e devem ser examinadas em profundidade, e aplicadas pelo crente a si mesmo constantemente, estas passagens clássicas sobre o assunto: Jó 1.21; Rm 8.28, 35-37; Jo 16.33. Sejamos adoradores fiéis, submissos e perseverantes do único Deus vivo e verdadeiro.

O rev. Odayr Olivetti é ministro jubilado da IPB, foi pastor de várias igrejas e professor de Teologia Sistemática no Seminário Presbiteriano de Campinas, São Paulo. É autor e tradutor de inúmeras obras cristãs.

Envie-nos perguntas para o Consultório Bíblico: editorjbp@terra.com.br

Artigo

Afirmações históricas que provocaram a Reforma Rev. Marcos José de Almeida Lins mundo evangélico comemorou, em outubro, a Reforma Religiosa do século XVI. Tenho grande apreço pelos reformadores, a partir dos precursores da Reforma que enfrentaram grandes perseguições em defesa da verdade do Evangelho, como Wycliff, Huss, Savanarola, até os reformadores que vieram depois, como Lutero, Calvino, Zwinglio e outros que sacrificaram a saúde, o conforto de uma vida mansa, para lutar pela volta da Igreja às suas origens bíblicas, às doutrinas neotestamentárias, às suas raízes cristãs, à simplicidade do Evangelho. Demonstraram seu amor a Deus, à Igreja, à verdade contida nas escrituras e ao povo enganado que precisava conhecer o verdadeiro Cristianismo. Quase todos conhecemos, em bom latim, as afirmações históricas da Reforma, conhecidas como os solas, a saber: Sola Fides (Só a Fé), Sola Gratia (Só a Graça), Sola Scriptura (Só a Escritura), Solo Christos (Só Cristo), Soli Deo Gloria (Glória somente a Deus). Com todo nosso respeito a essas afirmações, especialmente pela intenção dos que as formularam e pelo que nelas há de verdadeiro, creio que é tempo de refletirmos sobre elas e ousarmos dizer que poderiam ser reformuladas ou ampliadas, afinal, sempre repetimos que a "igreja reformada deve estar sempre se

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reformando", isto é, refletindo sobre seu ensino atual e sua prática e, se necessário, voltando às origens plenas das escrituras sagradas. Estas é que não mudam, são infalíveis e nelas há inerrância. No entanto, no que interpretamos delas ou afirmamos sobre elas, é possível, sim, sempre reconsiderar e voltar ao ensino claro de Cristo e dos apóstolos. Vejamos isso com relação a essas afirmações históricas: Sola fides: Certamente, você confirma a plena adequação dessa confissão. Pois é, devemos reconhecer sempre a grande importância da fé, ela é dom de Deus e é mediante a fé que somos salvos. A Bíblia afirma que "sem fé é impossível agradar a Deus". Na longa lista dos heróis da fé, incluída na carta aos Hebreus, é enfatizado que todos foram movidos pela fé para praticarem os seus atos heróicos. Por outro lado, você já leu na sua Bíblia que a "fé sem obras é morta". E mais: "que o que vale é a fé que atua pelo amor". Lembramos que Paulo afirmou: "permanecem estes três: a fé, a esperança e o amor, porém o maior destes é o amor". Que bênção ter recebido de Deus o dom da fé! Mas, a fé verdadeira não nos é dada sozinha, a fé verdadeira vem acompanhada do desejo de servir, do amor derramado em nossos corações. Ela produz frutos, traz resultados, é bênção para os outros também. As "boas obras", Deus as preparou para que andássemos

nelas, segundo Paulo mais uma vez nos ensina. Sola Gratia: Somos salvos pela graça infinita de Deus, mediante a fé. A graça é a maior expressão da bondade de Deus para com o ser humano. Alcança a quem não a merece. E "todos estamos destituídos da glória de Deus". Mesmo como presbiterianos, às vezes esquecemos que a Graça de Deus é soberana. Somente pela mediação do Filho de Deus, temos acesso ao Trono da Graça de Deus, não esqueçamos que o Trono é da Graça, mas é "Trono". Condescendendo em tratar-nos como nosso Pai celeste, Ele não abdica de Sua condição de Deus. Nos escritos, especialmente de Paulo, não é encontrada referência à Graça sozinha. Leia as epístolas e você vai encontrar inúmeras vezes as expresssões "Graça e Paz", "Graça e Misericórdia" e até "Graça, Misericórdia e Paz". Na bênção apostólica, vêm juntos a Graça de Jesus, o Amor de Deus, o Pai e a Comunhão do Espírito Santo. Não podemos falar em Graça sem mencionar sua irmã gêmea: A Misericórdia. O profeta Jeremias em suas lamentações nos ensina que "as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. "Se, pela Sua Graça, o Senhor nos dá o que não merecemos, pela Sua Misericórdia, Ele nos poupa de recebermos o que

merecemos, isto é, "não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui segundo as nossas iniqüidades." Sola Scriptura: Sem dúvida, a idéia aqui é da suficiência das escrituras como regra de fé e prática. Isto está muito bem, devemos evitar toda forma de tradicionalismos ou pôr a tradição em posição de superioridade ou mesmo de igualdade à Bíblia. Devemos, entretanto, compreender o papel da tradição que ajudou Moisés ao escrever o Pentateuco (houve revelação direta de Deus, mas, também, muitos fatos históricos pesquisados pelo escritor). A tradição serviu a Lucas que fez uma "acurada investigação de tudo desde sua origem" para escrever o seu Evangelho. A tradição existe em todos os tempos, existia antes do primeiro livro canônico ser escrito e continua existindo na igreja e no mundo. Lembremo-nos de que Cristo e Paulo rejeitaram muitas vezes as "tradições dos homens", mas o próprio Paulo escreve aos tessalonicenses: "permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa". A Bíblia, sozinha, tem sido usada por Deus para a conversão de pessoas que a têm lido, sem oportunidade de serem ajudadas por outrem. Mas, em matéria de ensino e instruções, embora reconheçamos a total supremacia das escrituras, devemos admitir que as

tradições que não as contrariam podem servir de instrumentos do Espírito para o ensino do povo de Deus. Solo Christos e Soli Deo Gloria: Certamente, estas afirmações históricas tiveram muito a ver com o momento e contexto que os reformadores viveram. A igreja romana ensinava a existência de outros mediadores entre Deus e o homem, além de Cristo. Estendia a glória divina a imagens e "santos", de toda espécie, de quem esperavam, como ainda hoje esperam, milagres e direção. Realmente, as escrituras nos ensinam que "há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem". Aqui, devemos entender que a glória é devida aos Deus Triúno, Pai, Filho e Espírito Santo. Isso é coerente com os ensinos dos que nos legaram a herança da fé cristã reformada. Louvemos a Deus, porque olhando para a história, em todos os seus aspectos, da oportunidade dos acontecimentos aos ensinos que nos são transmitidos, vemos a soberana mão de Deus guiando, dirigindo, dominando. Ele é o Senhor! Amém.

O rev. Marcos José de Almeida Lins é presidente do Presbitério de Pernambuco e pastor da IP de Aldeota, em Recife


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Cultura

Professora do Andrew Jumper procura desvendar e difundir riqueza literária do autor irlandês Wilson Camargo

Obra marcante de C.S.Lewis é pouco conhecida no meio cristão encantadora parábola infantil da redenção trazida por Cristo, O Leão, a Feiticeira e o Guardaroupa, é hoje, no Brasil, uma das obras mais conhecidas - se não a mais conhecida - do escritor e pensador cristão C.S.Lewis. No dia 21 de novembro, fez 40 anos que morreu esse irlandês, filho de presbiterianos, que ainda é pouco conhecido do grande público no País. Sua biografia foi mostrada mundialmente no cinema em 1993, no filme Terra das Sombras, com Anthony Hopkins no papel de Lewis. Foram a riqueza, a profundidade e a qualidade da obra de Lewis que levaram a doutora Gabriele Greggersen, cristã e professora do Centro Presbiteriano de Pósgraduação Andrew Jumper, a esmiuçar a obra desse escritor em seu livro A Antropologia Filosófica de C.S.Lewis, lançado em 2001 pela Editora Mackenzie. Ela afirma, na introdução do livro, que Clive Staples Lewis é considerado um dos maiores críticos literários, escritores de obras de ficção, filósofos e teólogos cristãos do século 20, muito prestigiado na Europa e Estados Unidos e traduzido para muitas línguas, inclusive orientais. As Crônicas de Nárnia (lançada no Brasil pela editora Martins Fontes),

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série de sete histórias que começam com O Leão, A Feiticeira e o Guarda-roupa, hoje são citadas ao lado de obras de literatura infantil tão famosas quanto O Pequeno Príncipe. A exemplo deste, as Crônicas não agradam somente a crianças e adolescentes, mas também atingem profundamente os adultos. Testemunho "Meu interesse pelo autor tem uma explicação muito simples: a

necessidade de encontrar-me como estudante cristã em um mundo acadêmico totalmente racionalista e secularista, inclusive, sendo um testemunho nele", compartilha Gabriele. Ela diz que o que a atrai no autor é a

honestidade com que ele trata de questões teológica e filosoficamente complexas e profundas. Por exemplo, a maneira como trata a respeito do mal. Ao invés de remetê-lo a coisas externas: pessoas, entidades, governo, secularismos religiosos, condutas suspeitas, ele frisa o que a Bíblia também diz: que o mal vem do nosso próprio coração, de dentro de nós. Segundo Gabriele, um ponto nuclear na obra de Lewis é sua insistência num Deus pessoal e concreto como única maneira de ser um cristão autêntico. Na autobiografia Surpreendido pela Alegria, Lewis revela que, embora criado na filosofia cristã, tornou-se cristão somente depois de adulto, após extensa e exaustiva procura pela verdade, pelo amor e pela alegria. Gabriele Greggersen é também autora de contos e ensaios (Caleidoscópio e Nem Vice nem Versa, ambos da editora Mandruvá), e de inúmeros artigos, alguns dos quais disponíveis nos sites do Andrew Jumper e da editora Mandruvá (www.hottopos.com). No mês passado, ela lançou o livro O Senhor dos Anéis, entre a Magia e a Ética, pela editora Ultimato, sobre John Ronald Reuel Tolkien, autor da saga O Senhor dos Anéis.

Gabriele Greggersen: testemunho num mundo acadêmico racionalista e secularista

Opinião A conversão de C.S. Lewis expressa de modo peculiar a nossa inadequação diante da grandeza de Deus. Levado pelo Senhor à conversão pela via intelectual, ele, ainda assim, não podia compreender inteiramente a sua própria experiência, e declarou-se relutante, "o convertido mais relutante da Inglaterra". Algumas outras dúvidas suas mostraram-se muito benéficas para o povo de Deus, como quando ele empacou diante dos apelos divinos para que louvemos ao Senhor. Como podemos levar a sério alguém que insiste em ser louvado, quando desprezamos qualquer humano que assim proceda? Mas Lewis descobriu que, ao Senhor, "fica-lhe bem o cântico de louvor" (Sl 147.1). A ninguém mais. Refletindo sobre a fé cristã não apenas como um exercício acadêmico, mas como um modo de apropriar-se da verdade de Deus para estreitar o seu relacionamento com o Senhor, Lewis nos deixou um legado que não podemos subestimar. Mesmo onde discordamos dele, encontramos forte estímulo para vivermos de modo genuíno o Cristianismo "puro e simples". Rev. Cláudio Marra, diretor da Casa Editora Presbiteriana


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Liderança

O Ministério da Palavra Rev. Valdeci dos Santos

exposição da Palavra de Deus é prioritária no ministério pastoral. A verdadeira pregação é vox Dei, entregue em nome de Deus, sob sua autoridade e cujo conteúdo é sua Palavra revelada. A excelência desse ministério pode ser vista a partir de dois fatores básicos. Primeiro, a natureza didática do ministério da Palavra. Pregar é educar, ou seja, apresentar as doutrinas que renovam e transformam o coração humano. O profeta Oséias (4.6) afirma que, quando aqueles que são comissionados para o ministério sacerdotal deixam de obedecer e ensinar a lei do

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Senhor, as conseqüências são graves, a repreensão é certa e o ministério torna-se desqualificado. A grande comissão também ressalta o compromisso com a observância e o ensino das palavras de Jesus (Mt 28.19-20). O elemento didático do ministério da Palavra tem, no púlpito, um dos seus instrumentos mais eficazes para a instrução do povo de Deus, pois é a partir do púlpito que a igreja recebe a exortação ou a falsificação da verdade. A proclamação da verdade era a estratégia apostólica usada para plantação de igrejas (At 17.2). O ministério apostólico era impulsionado pelo amor e zelo

pela verdade (2Co 4.2 e 6.6). O movimento de crescimento da igreja no período apostólico era resultado da exposição sistemática das Escrituras a ponto das pessoas serem convencidas pelo Espírito sobre a verdade doutrinária de que Jesus é o Cristo. Em segundo lugar, a nobreza do ministério da Palavra. Pode-se ter uma noção desta nobreza ao atentar para o fato de que aos pastores são confiadas as almas das pessoas e o seu destino eterno. Como alerta Bryan Chapell, "quando encaramos pessoas dotadas de uma alma eterna, equilibrando-se entre o céu e o inferno, a nobreza da pregação

nos amedronta mesmo quando revela nossa insuficiência". Por essa razão, o falso pregador deveria ser considerado como o mais cruel criminoso, pois envenena as almas ao invés de alimentá-las. A concepção reformada da pregação é que esta é o mais excelente meio pelo qual a graça de Deus é conferida aos homens. Nesse sentido, o pregador é um mordomo que possui as chaves da despensa e dela retira o alimento necessário para alimentar os membros da família cristã. Assim, "a família de Deus precisa urgentemente de despenseiros fiéis que distribuam sistematicamente toda a Palavra de

Deus". O conteúdo da despensa a ser distribuído é, nada menos, que "todo o conselho de Deus". Concluindo, o ministério da Palavra é a tarefa primordial do ministro cristão. É importante lembrar, porém, que o bom sermão é o que foi antecipadamente pregado ao próprio ministro. O Rev. Valdeci dos Santos é ministro presbiteriano, coordenador do Programa de Doutorado em Ministério pelo Centro Presbiteriano de Pósgraduação Andrew Jumper/RTS e pastor da Igreja Evangélica Suíça de São Paulo.

Educação Teológica

Andrew Jumper oferece doutorado em convênio com o Reformed Theological Seminary Rev. Wilson do Amaral Filho

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Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil criou o Centro Presbiteriano de PósGraduação Andrew Jumper (CPAJ), com o objetivo de oferecer cursos de pós-graduação (mestrado) nas diversas áreas da Teologia, para professores dos Seminários e dos Institutos Bíblicos da IPB, bem como para irmãos e irmãs desejosos de aperfeiçoamento bíblico-teológico. Uma nova etapa de estudos teológicos avançados tem sido oferecida pelo CPAJ à IPB, como ferramenta para fortalecimento do saber teológico e do fazer pastoral. Trata-se do Doutorado em Ministério (D.Min.), um grau profissional avançado, elaborado com o propósito de fortalecer as áreas de competência do ministro, habilitá-lo a desempenhar melhor as tarefas essenciais do ministério pastoral e desenvolver uma estratégia ministerial cuja visão apele aos corações e mentes cristãs e não-cristãs.

Diferentemente dos graus acadêmicos de doutorado (Ph.D. e Th.D.), a ênfase primária do D.Min. é a excelência no exercício do ministério pastoral e não um grau para o ensino acadêmico. O curso visa o equilíbrio entre os mais altos padrões acadêmicos e os princípios de espiritualidade cristã dentro da tradição reformada e, deste modo, requer que o candidato tenha uma formação teológica sólida, preferencialmente com mestrado. O curso de Doutorado em Ministério, que já conta com dezenas de estudantes, ganhou recentemente um importante reforço. Depois de uma primeira tentativa de convênio em anos passados, frustrada por algumas dificuldades, o CPAJ, com autorização da Junta de Educação Teológica (JET), retomou os contatos com o Reformed Theological Seminary (RTS), visando novo acordo. Contando com a colaboração inicial

do presidente do Supremo Concílio da IPB, rev. Roberto Brasileiro Silva, e outras autoridades eclesiásticas que visitaram o RTS, o diretor do CPAJ, rev. dr. Luiz Roberto França de Mattos e o coordenador do curso de D.Min., rev. dr. Valdeci da Silva Santos, puseram-se a trabalhar. A recepção do RTS e as negociações que se seguiram foram excepcionais, resultando num excelente convênio entre as duas instituições, que foi finalmente assinado pelo presidente da JET/IPB, rev. Wilson do Amaral Filho, e o dr. Robert C. Cannada Jr., presidente do Theological Board do RTS. O convênio prevê o oferecimento do D.Min. pelo RTS no Brasil, em cooperação e apoio do CPAJ, com aulas ministradas por professores das duas instituições de ensino, na sede do Centro, em São Paulo, capital, utilizando o sistema de módulos. Como parte do convênio, o CPAJ cuidará do apoio logístico aos professores do

RTS (viagens e estadias), enquanto os doutores do RTS farão o acompanhamento dos trabalhos do corpo discente ao final do curso. Nesse convênio, o RTS se responsabilizará pela expedição dos diplomas de graduação e assegurará que o curso tenha o pleno reconhecimento da American Theological Society (ATS), agência de reconhecimento acadêmico nos Estados Unidos. Com isso, o D.Min. passará a ter reconhecimento internacional. O preço final para o aluno (pastor da IPB) será de U$750 (setecentos e cinqüenta dólares), pagos diretamente ao RTS, em três parcelas de U$250, sendo a primeira na matrícula, a segunda no início da elaboração do Projeto Ministerial (equivalente à Tese) e a terceira na conclusão do curso. Para alunos de outras denominações haverá o acréscimo do valor de mensalidade equivalente ao curso de Mestrado do CPAJ. As vantagens do convênio são inú-

meras: alta qualidade do curso e do corpo docente, baixo custo - se considerado que o aluno não precisará sair do país para estudar, calendário compatível com o exercício do ministério e diploma expedido pelo RTS com reconhecimento da ATS. Por seu turno, a JET espera, com essa medida, que o CPAJ seja reconhecido pela Igreja como um centro de educação teológica continuada por excelência, e que os futuros doutores em Ministério se empenhem no fortalecimento ministerial das igrejas locais, presbitérios, juntas missionárias e institutos bíblicos, usando todas as formas de comunicação possíveis, de modo a enriquecer o ministério pastoral, tão carente de educação continuada.

O rev. Wilson do Amaral Filho é presidente da Junta de Educação Teológica da IPB


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Adolescentes

Olimpíadas promovem integração entre adolescentes e a igreja

São Paulo sedia os IX Jogos Olímpicos de Adolescentes Presbiterianos em São Paulo Divulgação

Gustavo Brigatto

ara o pb. Jonas Costa de Aquino, da IP de Americanópolis, um dos organizadores das Olimpíadas de Adolescentes Presbiterianos, o resultado positivo desses jogos é a integração do jovem com a igreja. Ele conhece relatos de jovens que deixam de fazer algumas atividades com vizinhos ou amigos da escola, para fazê-las com outros jovens da igreja, participando das Olimpíadas. Há também casos de adolescentes que se aproximam da igreja com o objetivo de participar dos jogos e acabam se interessando em ouvir sobre Jesus. No dia 1° de novembro foi encerrada, em São Paulo, a IX Olimpíada de Adolescentes Presbiterianos, evento esportivo voltado para os jovens com idade entre 12 e 17 anos, que acontece desde 1995. Para participar da Olimpíada deste ano, inscreveram-se quase 400 atletas, de 23 igrejas, 20 presbiterianas e 3 convidadas (IP Independente de Americanópolis, Igreja Batista do Jardim São Luiz e Igreja Batista do Tremembé). As competições se estenderam por todo o mês de outubro, o que não alterou em nada o clima de alegria nem esfriou as disputas. Os jogos foram abertos no dia 4 de outubro, no Centro Olímpico do Ibirapuera, com desfile de delegações, a apresentação de vários cânticos pelo cantor evangélico Silvester, da Igreja Presbiteriana Betesda, e a exortação do pb. José Luiz Pereira, que pregou sobre a boa preparação e treinamento que o adolescente precisa ter também na sua

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Daniele Xavier, campeã geral, na disputa de Salto em Distância

vida espiritual, com base em I Co 9.24. "O culto foi marcado não somente pela presença dos atletas, mas também pelo clima de alegria, euforia e gratidão a Deus pela possibilidade de mais um acontecimento só deles", comemora o pb. Jonas. Naquele dia, aconteceram também as provas de 18 modalidades de atletismo. Nos finais de semana seguintes, foi a vez dos jogos de futebol de salão, vôlei, handebol e tênis de mesa. Competitividade A chuva que caiu no dia 11 de outubro atrapalhou as competições que aconteceriam no Centro Esportivo Edson Arantes do Nascimento, o Pelezão, causando um atraso no calendário das disputas. A Olimpíada, no entanto, não foi prejudicada, e

tudo seguiu bem. Apesar de não exigir preparo físico de nenhum atleta, o Teste Bíblico lotou o templo da IP da Vila Mariana, no dia 12, e foi considerada uma das modalidades mais disputada dos jogos. "Os três primeiros colocados tiveram a mesma nota, tivemos que usar como critério de desempate o tempo de realização do teste", conta o pb. Jonas. Composto por uma prova individual de Conhecimentos Gerais da Bíblia, o teste demanda sólidos conhecimentos das escrituras. Este ano, a IP de Vila Monte Alegre, da região da Vila Mariana, em São Paulo, somou 130 pontos e garantiu o seu primeiro título nas Olimpíadas. A pontuação segue o padrão do atletismo, dando 13 pontos ao

primeiro colocado, 8 ao segundo, 5 ao terceiro, 3 ao quarto, 2 ao quinto e 1 ao sexto. Os pontos são creditados para a igreja e para o atleta, e o participante que alcança o melhor desempenho geral ganha uma bicicleta como prêmio. A vencedora deste ano foi Daniela Xavier Martins, da IP de Americanópolis. Um dos resultados positivos das Olimpíadas é o aumento da competitividade entre as equipes, o que vem acontecendo ao longo dos anos. Isto é constatado pelas sucessivas quebras de recordes nas diferentes modalidades de atletismo - em média, cinco por ano. "Nos últimos tempos, tem havido um interesse maior dos jovens e dos coordenadores em preparar mais as equipes, principalmente para desbancar a IP de

Americanópolis", brinca o pb. Jonas. A igreja, idealizadora das Olimpíadas, já ganhou a competição 5 vezes. Para 2004, quando acontecerá a décima edição dos jogos dos adolescentes presbiterianos, o pb. Jonas ainda não tem informações, mas garante que deverá ser realizado um evento especial. "Queremos que o evento cresça e que possamos receber delegações de toda parte do Brasil, para fazer desse um evento nacional da IPB. Hoje, é possível que as igrejas se inscrevam, mas elas devem arcar com as despesas", planeja. Quem quiser mais informações sobre as Olimpíadas ou garantir sua vaga para o ano que vem pode acessar o site www.ipba.org.br/olimpiadas.htm.


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Guia da vida cristã é o livro mais lido e traduzido no mundo

Dia da Bíblia é comemorado em dezembro Bíblia é o livro mais lido no mundo e foi o primeiro a ser impresso na História, no século 15. Completa ou em trechos, pode ser encontrada em mais duas mil línguas e dialetos. A primeira tradução deve ter sido elaborada cerca de 200 a 300 anos antes de Cristo, a Septuaginta. O conhecido João Ferreira de Almeida foi o primeiro a produzir uma versão completa da Bíblia em português, em 1753. O Dia da Bíblia é comemora-

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do em aproximadamente 60 países. Em alguns, é celebrado no segundo domingo de setembro e, em outros, como no Brasil, principalmente entre os evangélicos, no segundo domingo de dezembro. A pioneira na comemoração desse dia foi a Grã-Bretanha, graças ao Bispo Cranmer, que, em 1549, época do rei Eduardo VI, instituiu um dia especial para que o povo intercedesse em favor da leitura da Bíblia. Ele escolheu o segun-

do domingo do Advento (os quatro domingos do Advento são os que antecedem ao Natal). Com a chegada ao Brasil dos missionários evangélicos, em meados do século 19, o Dia da Bíblia passou a ser celebrado no País. Os originais da Bíblia

Uma mensagem criativava e nova P

foram escritos em hebraico, o Velho Testamento, e em grego, o Novo Testamento. Alguns textos vieram também do aramaico. Todos os originais da Bíblia se perderam com o

tempo e o que se lê, hoje, são cópias, traduções e versões. Sabe-se que o manuscrito mais antigo do Velho Testamento encontrado em descobertas arqueológicas é o livro de Isaías. Provavelmente foi escrito no século 2 a.C. Já do Novo Testamento, os primeiros livros que apareceram foram cartas do apóstolo Paulo.

Rev. Cláudio Marra

ara quem faz questão de novidades, os profetas do Senhor sempre foram monótonos. É que eles não se apresentavam com discursos novos, criativos. Usavam, isto sim, técnicas de comunicação impressionantes e variadas (Jr 19.1-15; 27.111), mas sem mudar a sua mensagem: "Ouvi as palavras desta aliança e cumpri-as." (Jr 11.1-8). Quando o povo impaciente pergunta "Com que me apresentarei ao Senhor e me inclinarei ante o Deus excelso?" o profeta do Senhor ignora as sugestões humanas e repete: "Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti" (Mq 6.6,8). Essa valorização e resgate da Palavra revelada pelo Senhor é a mesma, obviamente, em Jesus. Aos que se diziam doutores da lei, mas o rejeitavam, Jesus os remete de novo às Escrituras para a contra-prova (Jo 5.39). Aos discípulos frustrados e desesperançados após a sua crucificação, ele não procura estimular polindo sua auto-estima ("Vocês vão conseguir!"), mas recorda as Escrituras (Lc 24.25,27). O mesmo apego à Escritura vemos na igreja desde o seu início, com Filipe (At 8.35) ou Paulo (2Tm 2.15; 3.14-17; 4.1,2). E, depois de anos de obscurantismo medieval, esse apego

foi um dos brados da Reforma do século 16: Sola Scriptura. A igreja deveria cessar de remeter os fiéis à tradição e aos concílios e firmar-se na base bíblica, para afastar-se do erro e proclamar ao mundo o genuíno evangelho. A reforma deve continuar, não no sentido de se moldar à igreja a cada nova corrente, mas, precisamente, para fazê-la voltar à Escritura quando essas tendências logram espaço em seu meio. Temos uma herança de luta. Depois de esforços frustrados de franceses e holandeses, a plantação do evangelho no Brasil – ainda que alguns evangélicos lamentavelmente chamem de "evangelização", o que os católicos fizeram aqui em três séculos e meio de catequese idólatra – se deu com a chegada das Escrituras, trazidas primeiro pelos metodistas, congregacionais, presbiterianos e batistas. A história da IPB nos dá lições edificantes sobre esse apego à Escritura e a determinação na apresentação do evangelho. O reverendo Júlio Andrade Ferreira registrou em sua Galeria Evangélica (CEP, 1952; p.213) o episódio em que o reverendo Basílio Braga, pastor presbiteriano, enfrentou um valentão no interior de Minas Gerais, aí pela segunda

década do século 20. O "corpulento coronel ... acompanhado de capangas..." não pretendia permitir que o missionário falasse. "Quero saber que nova religião é essa." O pastor pegou a Escritura: "Este livro conta a criação do mundo, a história do povo de Deus, a vida de Jesus ... fez um resumo da Bíblia." Foi lendo e explicando. O medo de morrer que havia sentido antes foi substituído pela alegria da pregação do evangelho. E o coronel se despede com um apelo: "Venha sempre falar aqui. Este povo precisava muito disso. É mal que o senhor nem queira saber." As Escrituras. Aí estão a nossa tradição e a nossa fé. Para um povo assim, dia da Bíblia é sempre e voltar a ela é nossa reforma constante. A "novidade" é essa: continuamos a voltar às Escrituras. O rev. Cláudio Marra é diretor da Casa Editora Presbiteriana


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Acontece

Trabalho Presbiteriano é revitalizado em Santo Antônio de Pádua no Rio de Janeiro Dilvulgação

cidade de Santo Antônio de Pádua, situada no Noroeste Fluminense e com 150 mil habitantes, está inserida em meio a cerca de 20 municípios que não têm trabalho presbiteriano. Quem informa é o pb. Josias Tatagiba de Carvalho, dirigente da Congregação Presbiterial da cidade, cujo início se deu em cinco de fevereiro de 1998. Segundo ele, foi o primeiro culto presbiteriano na região, dirigido pela missionária Zilda Matos da Silva, da Junta de Missões Nacionais (JMN). O pb. Carvalho conta que, em 2001, com a transferência do Campo Missionário da JMN para o Presbitério de Itaperuna (PREI), este, em parceria com o Plano Missionário Cooperativo (PMC/IPB), reiniciou as ativida-

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Batismo e profissão de fé da irmã Francisca

Internet Calendário No dia 16 de dezembro de 1865, aconteceu a organização do primeiro concílio presbiteriano brasileiro, o Presbitério do Rio de Janeiro, com três igrejas: Rio de Janeiro, São Paulo e Brotas, esta no interior de São Paulo. Morre, em 16 de dezembro de 1975, o rev. Miguel Rizzo Júnior, pastor da IPB conhecido como Príncipe do Púlpito Evangélico. Foi o criador do Instituto de Cultura Religiosa para atualizar a mensagem do protestantismo brasileiro, com recursos psicológicos e sociológicos. O primeiro pastor brasileiro, rev. José Manuel da Conceição, ex-padre, foi ordenado no dia 17 de dezembro de 1865 pelo

presbitério do Rio de Janeiro, reunido em São Paulo. Jovens e engajados A Câmara Municipal de São Paulo aprovou, em primeira votação, o Projeto de Lei que cria o Estatuto da Juventude. De autoria do vereador Carlos Alberto Bezerra Junior, o projeto prevê várias ações, entre elas a criação do Conselho Municipal da Juventude, com representação equivalente à do Poder Público e da sociedade civil. Este órgão deverá ser responsável pela elaboração do Plano Estratégico para o Desenvolvimento Integral da Juventude do Município de São Paulo, com participação direta dos jovens nas decisões sobre programas e leis que os afetam. Dia da Música No dia 22 de novembro, no Brasil, comemora-se o Dia da Música, data consagrada à Santa Cecília, considerada pelos católicos

des do trabalho presbiteriano em Santo Antônio de Pádua com pouquíssimos membros, praticamente do zero. No ano seguinte, o trabalho alcançou seis membros. Com o batismo e a profissão de fé de nove pessoas, no dia 11 de outubro de 2003, são 27 membros. Nesse dia, cerca de duzentas pessoas participaram do culto, entre crentes de outras denominações, interessados no evangelho e curiosos. "Percebemos que a porta da graça está aberta sobre esta tão sofrida região, que cultua deuses tão estranhos. Nossa perspectiva é que, a continuar nesse ritmo, num futuro bem próximo teremos inaugurada a Igreja Presbiteriana em Pádua para, então, atingirmos toda aquela micro região", afirma o pb. Carvalho.

como padroeira internacional dos músicos. No segundo século d.C., Cecília era da uma nobre família italiana e consagrou-se como virgem, declarando voto de castidade à Cristo. Sem seu conhecimento, foi prometida em casamento a um nobre jovem, Valeriano. No dia do casamento, Cecília disse a Valeriano que pertencia totalmente a Deus e que um anjo guardava sua virgindade. Valeriano respondeu que acreditaria se visse o anjo. Cecília apresentou o noivo ao Papa Urbano e, desse encontro, resultou a conversão de Valeriano, que recebeu o batismo e pôde, assim, ver o anjo ao lado de Cecília. Onde habitavam, o cristianismo era proibido e, por ser cristã e recusar-se a fazer sacrifícios a deuses, a jovem foi condenada à morte. Como diz a tradição, Cecília tocava harpa ao consagrar-se a Deus e por isso foi declarada padroeira dos músicos. Artistas da Renascença a retratam com um instrumento musical nas mãos.


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Janelas para o Mundo

Coréia do Norte: um reino de barbarismo e crueldade Fonte: A Voz dos Mártires

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epresentantes da Voz dos Mártires da Austrália fizeram recentemente uma perigosa viagem às regiões do norte da China, próximas à fronteira com a Coréia do Norte, numa viagem de mais de 600 quilômetros. "Foi uma viagem dura e cansativa para visitarmos os crentes daquela região", disse Paul (nome fictício), um dos representantes. "A maioria (...) é de etnias coreanas que possuem laços muito fortes com os que vivem sob o governo repressivo do ditador comunista, Kim Jong II". A equipe da VdM descobriu um lugar seguro para atravessar o rio Tumen – em processo de degelo –, que faz a divisa entre os dois países, da China para a Coréia do Norte. Paul relatou: "Pudemos fotografar campos inteiros de prisioneiros em cidades e aldeias, prisões e postos de fronteira daquela região". A paisagem fria, monótona e desolada ao longo da fronteira representa fielmente a penúria que dizima a Coréia do Norte. Paul relatou que os coreanos, desesperados por sobreviver, "são constantemente ameaçados para não cruzarem a fronteira para China atrás de comida e liberdade. ‘Nem pensem nisso; morram onde estão’". Mas no inverno, quando o rio congela e se solidifica, se transforma em passagem para a China comunista e além para os famintos coreanos. Caso sejam apanhados, os fugitivos podem ser condenados a seis meses em campos de trabalho forçado. A China oferece uma recompensa de 500 yuans (US$ 62,50) a quem denunciar refugiados norte-coreanos cujo número, de acordo com fontes de ajuda humanitária, varia de 150 mil a 300 mil. As condições de vida na Coréia do Norte são extremamente precária. Nas regiões do norte de HamgyongBukto e Yangang-Do, os mineiros recebiam 700 wons norte-coreanos (cerca de 320 dólares) por mês no ano passado. Agora, eles simplesmente não recebem salário algum. A partir de 1995, uma sucessão de calamidades naturais culminou na crise de 1997, quando a Coréia do Norte ficou totalmente sem comida.

Soldados patrulham a fronteira

Segundo o livro de Thomas Belke, Juche: A Christian Study of North Korea’s State Religion (Juche: Um Estudo Cristão Sobre a Religião Estatal da Coréia do Norte), a Agência de Notícias Xinhua da China citou Cha Limsok, vice-diretor do Departamento de Produtos Hortigranjeiros da Comissão de Agricultura Norte-Coreana, admitindo a morte de 2,8 milhões de coreanos até janeiro de 1998 . A missão Campanha do Jubileu EUA diz ter recebido recentemente um relatório segundo o qual "a fome na DPRK (Coréia do Norte) é pior do que se imaginava. A situação é tão desesperadora, que famílias inteiras estão preferindo cometer suicídio coletivo a morrer lentamente de fome. Até o exército está desesperado, invadindo casas em plena luz do dia procurando comida ou qualquer coisa de valor... obreiros cristãos informaram ter visto pessoas na estrada de ferro brigando por um monte de cinzas para se esquentar. Com o rosto preto e sem sangue pela inanição’, disse o obreiro. ‘Eles mal podiam caminhar. Todos eles disseram que metade dos moradores de sua cidade pereceria neste ano, se não recebessem ajuda’". A terrível ironia do impiedoso regime norte-coreano é que o seu líder, Kim Jong Il, e seu pai, Kim Il Sung, já falecido, transformaram a si próprios em objetos de culto através do desenvolvimento da ideologia "Juche". Segundo Thomas Belke, "A

Juche começou não apenas como um meio de justificar a manutenção do poder por Kim (Il Sung), mas também como uma filosofia reacionária contra o domínio soviético e chinês". "Uma vez consolidado o seu governo de um só", explica Belke, "Kim Il Sung passou a desenvolver a Juche como um culto à personalidade a fim de solidificar a sua autoridade". Criaram-se histórias e mitos a respeito de Kim que "culminaram em sua autoproclamação como um ser divino". Uma estátua colossal de bronze de Kim Sung Il, o mais famoso dos mais de trinta mil monumentos ao "Grande Líder", domina hoje o horizonte da capital Pyongyang. Essa estátua é homenageada com oferendas como cestas florais e flores. A frase bíblica, "a abominação da desolação", parece peculiarmente apropriada para descrever a transformação de Pyongyang (já conhecida como a Jerusalém do Leste) em lugar de adoração de ídolos. Na cidade onde aconteceu um grande avivamento e despertar espiritual no começo do século vinte, a ideologia "Juche", baseada em várias influências pagãs, tem subjugado o povo a uma escravidão cruel (O livro de Belke, Juche: A Christian Study of North Korea’s State Religion, é um estudo fascinante dos fatores históricos, políticos e espirituais que precederam e acompanharam o desenvolvimento da ideologia "Juche" na Coréia do Norte.

A VdM continua a fornecer Bíblias e cuidado cristão aos norte-coreanos. Embora a liberdade religiosa seja tecnicamente garantida na Coréia do Norte, poucas igrejas oficiais podem ser vistas. Estas se localizam em Pyongyang, com o objetivo único de dar aos visitantes a impressão de liberdade religiosa. A Federação Cristã Coreana (FCC) é o organismo aprovado pelo governo, o qual supostamente representa todas as igrejas protestantes e católicas. "Até os cristãos cultuam Kim Jong Il como Deus", declarou Yong Sop, presidente do Comitê Central da FCC (Belke, Pág. 124). A propaganda da FCC afirma: "A tarefa mais importante da federação é levar os cristãos coreanos a trabalhar pela reconstrução e reunificação de nosso país" (pág. 123). Na realidade, o governo vê no cristianismo o inimigo da "Juche". Nos anos 90, o cristianismo chegou a ser descrito como um instrumento do imperialismo norte-americano; daí, a declaração de Kim Il Sung de que os cristãos deveriam ser aniquilados. A severa sanção resultante continuou no regime de Kim Jong Il. Quem for descoberto como cristão pode ser condenado à morte certa em um campo de concentração. Enquanto isso, os representantes da VdM se reuniram com algumas pessoas muito corajosas, que, por causa do seu amor por Cristo, se expõem à fúria dos comunistas fornecendo esconderijos temporários, especialmente para os cristãos que fogem da perseguição. "Foi uma alegria poder

lhes dar ajuda prática e Bíblias em coreano e material de ensino aos que ministram a esses necessitados", compartilhou Paul. "Um querido irmão, a quem visitamos secretamente tarde da noite, dirige um maravilhoso grupo de mulheres fiéis, às quais, com precioso coração materno, proporcionam abrigo seguro sempre que possível. Anjos anônimos, mas não para o Senhor, a quem amam e servem desta maneira". Em uma viajem à Coréia do Norte, a equipe da VdM-USA percebeu uma fome maciça nos orfanatos do governo. Há somente duas igrejas no país, na capital Pyongyang. Elas são fechadas quando não há visitantes oficiais ou grupos de ajuda humanitária estrangeiros. “Depois de secretamente entregarmos um livro a um de nossos guias, ele o escondeu em sua pasta. Na manhã seguinte ele sussurrou para nós: "Não consegui dormir a noite toda; não dava para parar de ler este livro. É maravilhoso!" AVdM investiu mais de duzentos mil dólares este ano na China e na Coréia do Norte com o envio de Novos Testamentos, comida e outros tipos de ajuda aos desesperados norte-coreanos, inclusive cristãos, que vivem em horror diário. Ore por esta nação-prisão conhecida como Coréia do Norte. Ore para que o povo de Deus que lá vive seja "fortalecido na fé" e cresça "em número dia a dia" (Atos 16:5).


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Trabalho Feminino

Federações comemoram o Dia da SAF no Brasil

CNSAFs quer resgatar valores cívicos brasileiros

á notícia de que, quando a Igreja Presbiteriana chegou ao Brasil, com o rev. Ashbel Green Simonton, em 1859, já se encontravam pequenos grupos de mulheres presbiterianas auxiliando, aqui e ali, o trabalho de cada congregação que ia sendo implantada. A primeira SAF de que se tem notícia é a de Recife, criada em 11 de novembro de 1884, com o nome de Associação Evangélica de Senhoras e sob a presidência da senhora Carolina Smith. De lá para cá, muito evoluiu o trabalho feminino da IPB. Segundo dados estatísticos de outubro de 2002, a SAF tem aproximadamente 60 mil sócias em todo o Brasil mas, segundo Leontina Dutra da Rocha, presidente da Confederação Nacional de SAFs, esse número já chega a 64 mil. São mais de 2.600 SAFs congregando as mulheres presbiterianas sob o moto: "Sejamos verdadeiras auxiliadoras, irrepreensíveis na conduta, incansáveis na luta, firmes na fé, vitoriosas por Cristo Jesus." Onze de novembro foi escolhido como Dia Nacional da SAF na reunião do Supremo Concílio da IPB, realizada em 21 de julho de 2002, no Rio de Janeiro. Leontina afirma que a SAF é a mais antiga sociedade interna da IPB: "Participar da SAF, para a mulher presbiteriana, é colocar-se à disposição da IPB para servir com seu potencial espiritual, afetivo, moral e profissional, servindo a Deus e ao próximo, na tentativa de transformar a sociedade", sintetiza. E explica que os principais objetivos da Sociedade, hoje, são: unir as mulheres da Igreja, irmanando-as no ideal de servir a Cristo e dando-lhes visão ampla do Trabalho Feminino Nacional e Internacional; incentivar o cultivo espiritual, moral, intelectual e social das sócias; cooperar em todas as atividades da Igreja, como parte dela, especialmente na evangelização e, finalmente, servir a Deus no serviço ao próximo. Pilar da IPB Onilda Portella Peixoto, secretária geral do Trabalho Feminino da IPB, afirma que a SAF é um dos pilares de sustentação da Igreja Presbiteriana do Brasil: "Vem exercendo o ministério de sustentação, participando efetivamente da vida e

ma volta aos valores morais, históricos, cívicos e patrióticos do povo brasileiro, em especial dos servos de Deus presbiterianos, é o objetivo do projeto Resgatando o Sentimento Nacionalista da Confederação Nacional de SAFs. Segundo Ana Maria Prado, secretária de Cultura da CNSAFs, a intenção é acender ou reacender nos presbiterianos o sentimento de amor à Pátria amada Brasil, e de gratidão a Deus por serem brasileiros. Faz parte do projeto conhecer os símbolos nacionais, exercitar a cidadania, orar pela Pátria e pelos governantes em geral, praticar atos cívicos, etc. Em setembro, em muitas partes do País, várias SAFs organizaram um culto cívico, quando pastores e preletores desenvolveram mensagens

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de resgate desses sentimentos. Foi o caso da SAF da Primeira IP de Fortaleza, no Ceará, cuja presidente é a dra. Zoely Castelo Branco; da SAF da IP em Timbaúba, Pernambuco, e da Federação de SAFs do Presbitério Sul da Paraíba. Às margens plácidas do Ipiranga Ana Maria Prado conta que o Hino Nacional, segundo pesquisa, foi tocado pela primeira vez em 1831 e só em 1909 ganhou a letra de Joaquim Osório Duque Estrada. Em 300 anos de história, o Brasil, de fato, não teve hino algum. Também em Portugal, até o século XVIII, só se cantava o Hino do Rei, que era mudado toda vez que morria um soberano. "A história do Hino Nacional Brasileiro é pouco divulgada e geralmente se limita a uma breve

referência aos autores da letra e da música. No entanto, ela é riquíssima e reflete os momentos mais importantes de nossa História", afirma Ana Maria. Segundo a pesquisa realizada por ela, o Brasil, mesmo depois da independência, por nove anos viveu sem hino. O hino brasileiro nasceu num dos momentos mais dramáticos da história do País, quando a independência do Brasil vacilava por causa do autoritarismo de Dom Pedro I. Quando este abdicou, para comemorar o fato, Manuel da Silva refez o hino que criara em 1822 para celebrar a emancipação política do Brasil e o transformou num grito de rebeldia da Pátria livre contra a tutela portuguesa. Durante quase um século, o Hino Nacional Brasileiro foi executado sem ter, oficialmente,

Ana Maria Prado: incentivando nos presbiterianos o sentimento de amor à Pátria uma letra. Em 1909, recebeu uma letra definitiva escrita por Osório Duque Estrada, que só foi oficializa-

da por Epitácio Pessoa, em 1922, às vésperas do primeiro centenário da independência.

Apenas servos Leontina Dutra da Rocha

Leontina Dutra da Rocha: "Participar da SAF é colocar-se à disposição da IPB para servir com seu potencial"

Onilda Portella Peixoto: "O trabalho da SAF impulsiona cada sócia a ter uma vida útil para Deus, para a Igreja e para o próximo"

do serviço da igreja, num trabalho orientado e supervisionado pelo Conselho da IPB". Para Onilda, o trabalho da SAF impulsiona cada sócia a ter uma vida útil para Deus, para a Igreja e para o próximo. Há um compromisso entre as sócias de lealdade e santidade que vem sendo trabalhado através de temas anuais, como o atual Santidade: Unidade e Paz. "Durante seus 119 anos, a SAF tem incentivado as mulheres a serem úteis a Deus, servindo ao próximo com os dons e talentos que lhes foram concedidos, à semelhança daquelas mulheres que serviam ao Mestre", afirma Onilda. Ela explica que a SAF é uma sociedade extremamente organizada, cuja estrutura tem uma grande diversificação de trabalhos, de maneira que todas as sócias possam se engajar em alguma área, de acordo com o que Deus colocar no coração. Tudo é feito sob orientação de sócias mais experientes, de forma que estão sempre sendo preparadas para melhor

bafa. Cecília afirma que o objetivo da SAF é auxiliar os pastores e não concorrer com eles, tanto que as programações das SAFs devem sempre se submeter ao planejamento da igreja, do presbitério e do sínodo. Como exemplo de quanto auxílio uma SAF pode prestar, ela cita alguns dos trabalhos desenvolvidos pelas Sociedades de Curitiba: elas fornecem enxovais de bebê em hospitais e, neste ano, somente a SAF da IP de Curitiba já entregou 136 enxovais, cada um com 21 peças feitas à mão; auxiliam voluntariamente o Sanatório São Roque, que abriga doentes de hanseníase, no município de Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba e promovem cultos com os religiosos que trabalham no local; desenvolvem também um trabalho no Instituto de Cegos de Curitiba, com evangelismo, quando é servido um lanche, além do auxílio ao Hospital Evangélico da cidade, para o qual periodicamente preparam um Chá Beneficente e produzem curativos

atuar nas áreas atingidas pelo trabalho da Sociedade. "Servir a Deus através do trabalho feminino, fortalecendo-se como verdadeira auxiliadora, é sempre uma bênção a mais na vida de cada associada. A sócia bem sabe que grande privilégio é fazer parte desta centenária Sociedade", diz. "É enxada na mão e olho no Mestre!" Ministério da IPB Já Cecília Antonieta de Lara Pires, presidente da Confederação Sinodal de SAFs de Curitiba, acha que a SAF é um ministério da IPB que anda sendo um pouco ignorado em algumas igrejas. A Sinodal Curitiba, segundo ela, tem "apenas" 711 sócias, um número reduzido pela falta de incentivo por parte de alguns pastores. "As SAFs estão diminuindo porque alguns pastores não sabem o valor de uma SAF dentro de uma Igreja Presbiteriana. Muitos estão promovendo nas igrejas um avivamento fora da doutrina presbiteriana e há pastores que até proíbem a SAF de se reunir na igreja", desa-

para a ala de queimados. Trabalham ainda na creche mantida pela IP Central, Creche Mirian, oferecendo às mães oficinas de manicura, crochê, corte de cabelo e corte e costura. Dia da SAF Segundo Mathilde Ribeiro, secretária de Comunicação e Marketing da Confederação Nacional de SAFs, a CNS deliberou que, em 2003, as comemorações do Dia da SAF seriam realizadas em cada Federação, em um Culto de Ação de Graças com liturgia única, elaborada pela secretária nacional de Espiritualidade, Lúcia de Araújo Martins. Foi ainda sugerido, pela secretária de Missões, Eliêne de Souza Rodrigues que, uma semana antes do culto comemorativo, fosse realizado um Chá Evangelístico com distribuição de folhetos e o convite para o Dia Nacional da SAF. Nesse Chá, o tema da devocional seria Jesus resgatou a dignidade da mulher no reino de Deus.

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esus não necessita de torcida, bajuladores ou emerência. Ele quer servidores. Ele procura adoradores (Jo

4.23). Nós, seres humanos, somos motivados mediante incentivos. Acho mesmo que devemos ter sempre uma palavra de estímulo e encorajamento. Afinal, somos humanos. E quando nos acontece o contrário, ficamos tão desestimulados... muitas vezes somos tentados até a deixar de fazer, já que fazemos e ninguém reconhece. Jesus, o mestre amado, não quis saber de badalações em torno de si (o que, para nós, deveria se constituir num bom exemplo). Ele "alcançou fama" (Mc 1.28) e até poderia se deleitar com esses enlevos. Mas não, para Ele o que importava era curar, libertar, salvar, consolar... (Mc 1.39) "para isso vim", dizia Ele e, sem se impressionar com a multidão que o seguia, recomendava aos beneficiados que a ninguém dissessem nada e até mesmo repreendia aos discípulos para que não O ovacionassem (Mc 3.12). Assim vai Jesus cumprindo o Seu ministério terreno. Compôs a Sua comunidade eclesiástica com os

doze e depois com mais setenta (Lc 10.1-12) e, quando estes voltam entusiasmados com o resultado daquela empreitada, o mestre quebra-lhes a agitação, mostrando-lhes qual era a verdadeira causa com que deveriam se alegrar (Lc 10.17-20). Jesus é assim mesmo, simplesmente surpreendente. Quando o povão quis coroá-lo rei (Jo 6.14-15), Ele retirouse para Seu programa preferido, o anonimato (embora fosse impossível ignorar sua presença). Fico imaginando omMestre, hoje em carne e osso (já que em espírito ele está em toda parte), chegar com aquelas vestes suadas, sandálias empoeiradas de andarilho que era, assentar-se numa de nossas igrejas... começam os louvores (cânticos) e coreografias. De repente, os fiéis prorrompem em calorosos aplausos, cumprimentos, abraços, o dirigente estimula: "palmas, meus irmãos...palmas para Jesus". Esta cena reporta-me ao episódio vivido por Jesus quando o povo o aplaudia intensamente, a multidão o homenageava estendendo suas vestes e ramagens pelo caminho, festejandolhe, cantado-lhe hosanas e Ele passando por entre a multidão (montado

num jumentinho, não estava em carro aberto, cumprimentando sorridente às gentes). Dirige-se ao templo de Deus e, ali, não gostou nada do que viu. Tomou atitudes radicais que desagradaram muito à mesma massa que o aplaude e escuta e, sim, os cegos, os coxos... E são os pequeninos que lhe cantam hosanas (Mt 21.14-17). Fico pensando o desencanto dos apóstolos. Talvez esperassem que Jesus lhes dissesse "muito bem, Pedro, gosto desse seu rompante, você resolve as coisas com ousadia". Ou: "André, você é um discipulador e tanto, parabéns". "Judas, você é o melhor tesoureiro do mundo, muito bem". Assim, a cada um deles Jesus iria massageando o ego. Mas não, Jesus sempre deu ênfase à humildade, a uma vida piedosa, humildade como manifestação da bondade dEle em nós, qualidade essencial para os que querem segui-lo. Assim como Ele mesmo fez (Zc 9.9; Mt 21.5-7, vida de exemplo: Lc 6.40). Creio que, se os discípulos pensassem como nós, perguntariam: compensa servir a Jesus? Para corroborar esta indagação pusilânime, o mestre complementa seu discurso com pala-

vras desestimuladoras, sem palmas, sem presentes, sem flores, homenagens ou agradecimentos: "Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: somos servos inúteis porque fizemos somente o que devíamos fazer" (Lc 17.10). Servos inúteis. O fato narrado nos evangelhos e que ressalto (Lc 8.26-39) realça essa qualidade de Jesus. O endemoninhado gadareno, liberto, manifestou-se desejoso de acompanhar Jesus. Quem sabe O quisesse seguir para aplaudir-lhe as próximas façanhas? Com gestos, manifestações: "Bravo! Ele continua o mesmo! Ele é formidável! Tremendo! Demais! Libertoume a mim de uma legião de demônios! Ressuscitou a filha de Jairo! Curou a mulher hemorrágica! Palmas, muitas palmas para Jesus" (comentários meus, não estão na Bíblia). Mas o mestre desarticuloulhe o ânimo mandando-o ir dizer aos seus familiares, contagiar à sua família com a alegria daquele acontecimento santo." Conta quão grandes coisas te fez Deus ". Na verdade, é isso que Deus quer. Que nossa vida cúltica seja influente na família porque, então, o será em todo lugar onde

estivermos. O culto (a reunião costumeira da igreja), deve ser dedicado a Deus somente. Geralmente, culto que agrada a muita gente, desagrada a Deus (isso não deve se constituir numa regra, claro). No culto que oferecemos a Deus, Ele deve ser a figura central, aliás, única. Se somos chamados a cultuá-lo (Ex 20.4), Ele quer que nos comportemos como Seus servos. Há grande recompensa em ser servo. O mestre quer que sejamos servos. Afim de que passemos para o rol de Seus amigos. E isso é tão grandioso porque Ele, que nos alistou para seu serviço, garante a quem permanecer na condição de servo fiel, bênçãos indescritíveis (Ap 21.7). Compensa, pois, ser servo de Jesus. Apenas servo. Jesus quer seguidores, Ele não precisa de manifestantes, de galera. Peçamos ao Senhor que nos faça sempre servos cônscios deste privilégio. Nada além de servo porque para Ele, isso nos basta.

Leontina Dutra da Rocha é presidente da Confederação Nacional de SAFs


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Código Civil

IPB está perto da vitória Sérgio Lima/Folha Imagem

Projeto de Alteração do Novo Código Civil segue para votação no Senado Por Raul Marcelino té o dia 15 de dezembro, o Projeto 634/2003, que altera o novo Código Civil no que este afeta as igrejas, deverá ser votado no Senado da República. Graças à intervenção da IPB junto a autoridades que podiam trabalhar por essa alteração, a Câmara dos Deputados, no dia 4 de novembro, aprovou o projeto com unanimidade pela constitucionalidade, juridicidade e técnica da matéria. Foi ao Plenário após ser aprovado o requerimento de urgência para que tivesse o parecer do relator, deputado João Alfredo, do PT (CE). O Projeto, agora com o nome PLC 88/2003, está na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, com relatoria do senador Magno Malta, do Partido Liberal do Espírito Santo. Uma vez aprovado pela Comissão, o projeto segue para o Plenário do Senado. Atuação da IPB Desde a reunião extraordinária da Comissão Executiva do Supremo

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Concílio (SC) da IPB, nos dias 5 e 6 de setembro, em São Paulo, em que ficou decidido que o rev. Roberto Brasileiro Silva, presidente do SC, utilizaria os meios judiciais necessários para uma intervenção pela alteração de itens no novo Código Civil, ele vem agindo junto aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário para alcançar esse objetivo. Segundo o deputado federal do PMDB-MG, Silas Brasileiro, presbítero da IP Central de Patrocínio, Minas Gerais, a luta foi muito árdua e teve o apoio de toda a bancada evangélica. Diversas reuniões aconteceram e vários projetos foram apresentados. "Houve uma participação muito ativa e creio que a nossa função foi unir forças através de orações, trabalho dedicado e ações competentes junto aos demais pares da casa", declara o deputado, em seu terceiro mandato. "Nós conseguimos sensibilizar o deputado João Alfredo (PT-CE), relator da matéria (não-evangélico), e ele apresentou uma emenda através da qual, num projeto substitutivo, foi acrescentado um artigo

Senado da República: próximo passo na alteração do novo Código Civil

ao novo Código Civil, em que as entidades religiosas, as pias, ficam independentes, mantendo o direito de culto e mantendo o direito de suas organizações eclesiásticas, sem nenhuma intervenção do Estado. Cremos que foi uma grande conquista". O dep. Silas Brasileiro conta que os líderes e o presidente da Câmara, deputado João Paulo (PT-SP), reagiram com grande sensibilidade ao acatar o pedido de urgência da votação, compreendendo principalmente a importância do tema. Para o deputado federal Walter

Pinheiro (PT-BA), a pressa na aprovação vinha da urgência em aproveitar o período legislativo, que logo entra em recesso. "Houve sensibilidade por parte da casa e a compreensão de que a mudança apresentada pelo deputados evangélicos era correta. Eu diria até que a mudança atinge também os partidos políticos", afirma Pinheiro. Desde o primeiro momento, o deputado João Alfredo entendeu a posição dos evangélicos e concordou que o Estado não poderia intervir nas organizações eclesiásticas. Isso foi de fundamental importân-

Rede Presbiteriana de Comunicação recebe certificado de uso exclusivo da marca RPC esde a constituição da autarquia Rede Presbiteriana de Comunicação, aprovada pela Comissão Executiva do Supremo Concílio da IPB de 2000, havia o objetivo de criar uma identidade visual própria da RPC, instrumento da comunicação da IPB. No dia 21 de novembro, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial, para garantia da propriedade e do uso exclusivo, certificou, nos termos das normas legais e regularmente em vigor, a concessão do registro RPC Rede Presbiteriana de Comunicação à autarquia da IPB. Isso significa mais uma conquista da RPC, que

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agora tem o direito exclusivo do uso da sigla. Este fato vem colaborar para a afirmação da RPC como uma autarquia da IPB que vem lutando para solidificarse e solidificar sua identidade visual, a exemplo de outras autarquias como Agência Presbiteriana de Missões Transculturais (APMT), Casa Editora Presbiteriana (CEP) e Luz para o Caminho (LPC). Esse esforço teve início com a presidência do pb. Euclides de Oliveira, passando pela presidência do rev. Alcides Martins Júnior, e está sendo concluído na presidência atual, com o pb. Gunnar Bedicks.

cia. Católico, ligado à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ele consultou a própria igreja, que lhe deu apoio. Próximo passo: Senado Agora, os esforços se concentram junto ao Senado para que o processo tramite com a mesma rapidez com que tramitou na Câmara. É bem possível que a matéria seja votada ainda neste mês. São cinco as sessões que o Senado terá para apreciar a matéria antes do recesso parlamentar, que começa no dia 15 de dezembro.


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Eventos refletem preocupação da IPB com missões

Igrejas Presbiterianas realizam Conferências s conferências missionárias da IP de Honório Gurgel, no Rio de Janeiro, são um contínuo e crescente direcionamento de Deus na vida da igreja, segundo o missionário Leonardo Bessa. De 16 a 19 de outubro, a Igreja realizou a 14ª Conferência com o tema Aos que Ainda não Ouviram, com preleção dos reverendos Marcos Agripino, diretor executivo da Agência Presbiteriana de Missões Transculturais (APMT), e José Roberto Prado, presidente da Missão para o Interior da África (MIAF). "Aos 52 anos de idade e 14 de caminhada missionária a IPHG é uma jovem senhora em termos eclesiásticos e uma vigorosa adolescente caminhando para a maturidade em termos de missões", diz o missionário. Segundo ele, o rev. Prado expôs à igreja a necessidade da sintonia entre esta e o plano soberano de Deus no cumprimento da história da salvação. Já o rev. Marcos Agripino deu início à sua participação em um Café Missionário, no sábado pela manhã, para pastores, e presbíteros e respectivas esposas, do Presbitério de Madureira (PMAD). Ele falou sobre as diretrizes da IPB para o trabalho missionário transcultural através da APMT. Nos cultos, o rev. Agripino desenvolveu o tema da Conferência, atendo-se à divisa: para que se conheça na terra o Seu caminho, e em todas as nações a Sua salvação. "O tema e a divisa da conferência, o Salmo 67.2, refletem bem o motivo da obra missionária como um todo, bem como o objetivo da IPHG e seu Conselho Missionário. A idéia a ser transmitida na visão missionária comunicada à igreja é a verdade bíblica de Mateus 28.18-20, proclamar a todos os povos, para que o Rei Jesus retorne (Mt 24.14)", afirma Leonardo Bessa. Simulta-nea-

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mente, foi organizada uma Conferência Missionária Infantil para que as crianças pudessem receber informações em sua linguagem própria. Aproximadamente 80 pessoas compareceram. Durante o evento, seis estandes

São Paulo, o tema foi Envolvimento na Obra Missionária, com a pregação do rev. Claudimir da Silva, missionário da Junta de Missões Nacionais (JMN). O rev. Gilberto da Costa Barbosa, pastor da Igreja, conta que a

esse trabalho para outras escolas. "A igreja do Jd. Mutinga vem sendo desafiada a se envolver cada vez mais com a obra missionária em nosso país e também no restante do mundo", afirma o rev. Barbosa.

Crianças participam da Conferência Missionária da IP do Jardim Mutinga

expuseram os trabalhos de cada missionário da Igreja, além dos trabalhos da APMT e a Miaf. As conferências missionárias da IPHG são promovidas pelo Conselho Missionário da Igreja, que, atualmente, apóia e investe em oito missionários e suas famílias, espalhados pelo mundo. Leonardo Bessa e a esposa, Célia, estão sendo preparados para o mundo Árabe. O pastor da Igreja é, há 10 anos, o rev. Carlos Vargas Farias, também presidente do PMAD, além dos pastores colaboradores, rev. Josias Sistons, pastor da Congregação do Mendanha, e rev. Samuel Barreto. São Paulo Na III Conferência Missionária da IP do Jardim Mutinga, em Osasco,

Conferência teve a participação do Grupo de Missões da IP da Lapa, São Paulo, que compartilhou sobre o trabalho que está realizando na cidade de Santo ngelo, Rio Grande do Sul. Aproximadamente 70 pessoas participaram da Conferência e assistiram ao filme O Refúgio Secreto, o testemunho da missionária holandesa Corrie ten Boom e sua família, perseguidos na época do nazismo por ajudar judeus. A IP do Jardim Mutinga tem 11 anos de organização e, atualmente, 70 membros. Segundo o rev. Barbosa, a Igreja está iniciando um trabalho evangelístico em uma das escolas do bairro, onde trabalha com adolescentes. Para o ano que vem, há a intenção de ampliar

Paraná A Terceira Conferência Missionária da IP de Campo Mourão, Paraná, foi dirigida também aos crentes, para provar a reflexão sobre missões. Os reverendos Sergio Nascimento, Benjamim Bernardes e Mário Freitas falaram sobre missões transculturais e missões urbanas, com enfoque em resgate de homossexuais, missões indígenas e fundamentos teológicos e bíblicos para missões. "Pela graça de Deus, realizamos a Conferência com muito sucesso", compartilha o rev. João Francisco dos Anjos, pastor da Igreja. "A consciência missionária da Igreja tem crescido após as conferências. Hoje, temos uma visão clara quanto à obra missionária, principalmente do chamado transcultu-

ral. Cerca de 87 pessoas já estão contribuindo mensalmente para o sustento de missionários". Paralelamente, a Igreja, que tem 500 membros, realizou um trabalho missionário infantil, o Projeto Timóteo, que atendeu a aproximadamente 50 crianças. Minas Gerais Governador Valares, cidade mineira conhecida como capital dos evangélicos, também teve sua conferência missionária. Foi a Quinta Conferência Missi-onária da IP Memorial, realizada de 31 de outubro a 2 de novembro. O tema principal foi Ide e Pregai a Toda Criatura, com a pregação do rev. Humberto Aragão, diretor da Operação Mobilização, com sede em São José dos Campos (SP). Houve ainda seminários alternativos: Intercessão Missionária, com a missionária Sônia Maria Viana e Silva, da Oitava IP de Belo Horizonte e da Agência Presbiteriana de Missões Transculturais; Cuidado Pastoral do Missionário, com a missionária Vânia Lúcia Rodrigues Pereira, de Viçosa, Minas Gerais, e Povos Não Alcançados, com o rev. Sebastião Lúcio Guimarães, também de Viçosa. A IP Memorial também realizou, paralelamente, a Conferência Mis-sionária Infantil, levando as crianças da Igreja e convidadas para uma viagem missionária virtual por alguns países, com o objetivo de desenvolver nos pequenos o sentimento de participação na intercessão e contribuição com missões. "Registra-se a excelente participação da Igreja e de outros irmãos, cada um se esmerando para assimilar melhor o que foi ministrado. Que a nossa Igreja continue crescendo cada vez mais no intento de cumprir o Ide de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo", afirma o secretário do Conselho da Igreja, Anísio Muzzi Portugal.


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Brasil PRESBITERIANO

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Previdência Social

Comissão especial esclarece dúvidas sobre Previdência Social e Imposto de Renda às igrejas Supremo Concílio da IPB, atendendo à solicitação do Presbitério de Porto Velho, nomeou uma Comissão Especial para orientar as igrejas quanto a Previdência Social, Imposto de Renda, Legislação Trabalhista, Código Civil, etc: "enfim, tudo que envolve as igrejas, seus pastores, missionários, evangelistas, zeladores, secretários e demais prestadores de serviços", explica o pb. Adivaldo

O

Ferreira Vargas, presidente da Comissão de Previdência, Saúde e Seguridade (CPSS) da IPB e que faz parte da comissão especial. Ele afirma que, dada a natureza técnica desses assuntos, ou seja, dos deveres fiscais em geral, incluindo Receita Federal no caso de pastores, funcionários e prestadores de serviço esporádicos à igreja, retenção do Imposto de Renda dos pastores, etc., essa orienta-

ção será feita por meio de uma cartilha, que está sendo elaborada por essa Comissão Especial e deverá ser publicada no BP. Uma das principais questões abordadas é o recolhimento para a Previdência Social dos pastores. O pb. Vargas explica que os ministros de confissão religiosa são contribuintes obrigatórios da Previdência Social Oficial (INSS). Entretanto, não incide sobre essa contribuição

Falecimentos Dionísio Laranjo Silva Presbítero por mais de 45 anos, faleceu, no dia 21 de outubro, Dionísio Laranjo Silva, aos 83 anos. Nos últimos 20 anos de sua vida, foi membro da IP de Venda Nova, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Por mais de dez anos consecutivos foi eleito representante da igreja junto ao Presbitério das Alterosas. "Definir o pb. Dionísio é dizer: homem íntegro, reto, temente a Deus e que se desviava do mal", afirma o rev. Roberto Laranjo, filho mais novo do pb. Dionísio e pastor da IP Jardim das Oliveiras, em Governador Valadares, Minas Gerais. O presbítero deixou viúva Olvina de Oliveira, com quem foi casado por 61 anos, onze filhos casados, 40 netos e 10 bisnetos. Ao funeral, estiveram presentes muitos pastores da IPB, inclusive o rev. Jeremias Pereira, da Oitava IP de BH, que pregou a Palavra, confortando a família. José Alexandrino Ferreira No dia 20 de outubro, faleceu o irmão José Alexandrino Ferreira, membro da IP em Afogados de Ingazeira, Pernambuco. Quando chegou à cidade, na década de 50, sofreu perseguição, pois, na época, o evangelho era muito perseguido naquele local, segundo as irmãs Marilene e Marenice Oliveira. "Ele foi um guerreiro incansável pela causa do Mestre". Em 1955, casou-se com Maria Gomes Ferreira e, em 1989, quando a Congregação em Afogados de Ingazeira foi organizada Igreja, foi eleito presbítero. Foi também presidente da UPH e conselheiro de sociedades internas da Igreja por várias vezes, além de professor da Escola Bíblica Dominical. Segundo as irmãs, seus hinos preferidos eram A Cada Passo, Pés Divinos, Rosa Vermelha e Lindo País. Cantava no coral Renascer e, todo mês de outubro, fazia questão de lembrar ao pastor das comemora-

ções do Dia da Reforma Protestante. "Era um exemplo de cristão, não faltava a um culto. Embora sendo fisicamente cego, vinha caminhando devagarinho e chegava, batendo nos bancos com a mão direita até encontrar o seu banquinho, o primeiro da fila do lado direito da Igreja", relatam as irmãs Oliveira. "Deixou muitas saudades, porém, está na glória com o Senhor, onde um dia nos veremos novamente, para estarmos com Cristo Eternamente". Samuel Gomes de Oliveira Faleceu, no dia 20 de setembro, prestes a completar 69 anos, o irmão Samuel Gomes de Oliveira. Natural de Borborema, interior de São Paulo, era casado com Oneide Prudenciano de Souza, desde 1954. Tiveram seis filhos e oito netos. Era membro da IP de Santa Izabel do Ivaí. Profissionalmente, atuou em Astorga, para onde se mudou ainda bem jovem, como motorista. Segundo o pastor e amigo Paulo de Tarso Machado de Souza, o irmão Oliveira era muito querido e amado por todos e contava com a simpatia daqueles que o conheciam. "Era estimado por muitos, como um verdadeiro paizão". O rev. Souza afirma que o irmão Oliveira era um crente zeloso, presbiteriano de berço e de bom testemunho de fé. Um modelo dos fiéis e muito participativo na vida da Igreja. Foi diácono por dois mandatos e, mais tarde, presbítero. Foi também um dos oficiais da Escola Dominical, atuando várias vezes como professor, superintendente e secretário. Era conselheiro da SAF e estava sempre presente em todos os trabalhos regulares da Igreja, principalmente nas reuniões matinais de oração nas terças-feiras. "Sempre solícito, foi um bom companheiro nas visitas em meu ministério", afirma o ver. Souza. "Não fugia ao trabalho; apoiava quaisquer atividades extraordinárias realizadas por qualquer departamento desta Igreja ou por qualquer irmão que dele necessitasse".

o desconto de 11% por ocasião do pagamento efetuado pelas igrejas aos seus pastores. Cabe ao próprio pastor o recolhimento da sua contribuição, que corresponde a 20% sobre o valor por ele declarado, observados os limites mínimo e máximo de salário-contribuição. O pb. Vargas avisa que serão incluídos esclarecimentos a perguntas feitas por e-mail: "os questionamentos que temos recebido através de e-mail são

muito úteis, pois só assim tomamos conhecimento das dificuldades encontradas por aqueles que administram as igrejas locais". O e-mail do pb. Vargas é: adivaldo.cdi@terra.com.br. Além do pb. Vargas, fazem parte da comissão especial o pb. Renato José Piragibe, tesoureiro do SC, o rev. Aubério Silva Brito, o rev. Waldyr Ferreira da Cunha e o rev. Isaías de SouzaBraga.


Brasil PRESBITERIANO História

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História do Movimento Reformado

Ulrico Zuínglio: O Fundador da Tradição Reformada grande importância atribuída a João Calvino, o mais destacado teólogo e organizador do movimento reformado, muitas vezes obscurece a figura do líder inicial desse movimento, o reformador Ulrico Zuínglio. Zuínglio nasceu em 1º de janeiro de 1484 (um ano depois de Lutero) na vila de Wildhaus, no Cantão de St. Gall, nordeste da Suíça. Após freqüentar uma escola latina em Berna, Suíça, ingressou na Universidade de Viena, Áustria, onde entrou em contato com o Humanismo. Em seguida, estudou na Universidade de Basiléia, também na Suíça, na qual foi influenciado pelo interesse bíblico de alguns mestres e formou um círculo de amigos que eventualmente o puseram em contato com o grande humanista holandês Erasmo de Roterdã. Após obter o grau de mestre em 1506, foi ordenado ao sacerdócio e tornou-se pároco na cidade de Glarus, Suíça. As influências humanistas e as suas próprias experiências como capelão de mercenários suíços na Itália o levaram a opor-se a esse sistema. Tal fato contribuiu para a sua transferência para Einsiedeln, Suíça, em 1516, e, dois anos mais

A

tarde, para Zurique, também na Suiça, onde se tornou sacerdote da principal igreja da cidade. Tendo lido recentemente a tradução do Novo Testamento feita por Erasmo, começou, em 1519, a pregar uma série de sermões bíblicos que causaram forte impacto. A partir dessa época, defendeu um grande programa de reformas em cooperação com os magistrados civis. Suas idéias sobre o culto público e os sacramentos representaram uma ruptura mais radical com as antigas tradições do que fez o movimento luterano. O ano de 1522 foi decisivo. Zuínglio protestou contra o jejum da quaresma e o celibato clerical, casou-se secretamente com Ana Reinhart, escreveu Apologeticus Archeteles (seu testemunho de fé) e renunciou ao sacerdócio, sendo contratado pelo concílio municipal como pastor evangélico. Nos dois anos seguintes, uma série de debates públicos levou à progressiva implantação da reforma em Zurique, culminando com a substituição da missa pela Ceia do Senhor, em 1525. Infelizmente, alguns de seus primeiros colaboradores, tais como Conrado Grebel e Félix Mantz, adotaram posturas radicais quanto ao batismo, dando início

Augsburg Historical Atlas – Chales S. Anderson

Alcance da Reforma na Suíça de Zuínglio ao movimento anabatista, que gerou fortes reações das autoridades. Os últimos anos da vida de Zuínglio foram marcados por crescente atividade política. No interesse da causa reformada, ele defendeu a luta contra o império alemão e também contra os cantões católicos da Suíça. Buscando fazer uma aliança com os protestantes alemães, encontrou-se com Lutero no célebre Colóquio de

Marburg, Alemanha, convocado pelo príncipe Filipe de Hesse em 1529. Embora concordassem em quase todos os pontos discutidos, os dois reformadores não puderam chegar a um acordo com relação à Ceia do Senhor. No dia 11 de outubro de 1531, quando acompanhava as tropas protestantes na segunda batalha de Kappel, Suíça, Zuínglio foi morto em combate. Segundo se afirma,

suas últimas palavras foram: "Eles podem matar o corpo, mas não a alma".

O rev. Alderi Souza de Matos é professor de História da Igreja no Centro Presbiteriano de PósGraduação Andrew Jumper e historiador da IPB.

Natal

Cântico Noite de Paz foi escrito por dois católicos s cânticos de Natal cantam o maior presente de Deus à humanidade: o nascimento do Salvador Jesus Cristo. De onde vêm esses cânticos que hoje os fiéis entoam em seus cultos comemorativos de Natal? Quem os criou? Segundo Henriqueta Rosa Fernandes Braga, autora do livro Cânticos do Natal (Livraria Kosmos Editora, 1947), data do início da Era Cristã o costume de comemorar o nascimento de Jesus com hinos. Atribui-se a introdução desse costume ao Papa Telésforo, no ano de 138. Desde então, foram surgindo os cânticos natalinos, quase sempre anônimos, que recebiam o nome genérico de noëls, na França, christmas carols, na Inglaterra, e weihnachts-

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lieder, na Alemanha. Muitos desses cânticos foram valorizados por grandes artistas e a maioria chegou aos hinários evangélicos, inclusive o presbiteriano. Noite de Paz Um dos mais famosos – senão o mais famoso – cânticos de Natal, Noite de Paz ou Noite Feliz, não é de origem popular e foi escrito por dois católicos. Os autores da letra e da melodia, segundo pesquisas de Henriqueta Rosa Fernandes Braga, foram os austríacos José Mohr e Francisco Xavier Gruber, no século 19. O primeiro era padre, ordenado em 1815 pelo Bispo de Salzburgo. Era inteligente e aplicado nos estudos e gostava de cantar no côro. Sonhava

em correr o mundo interpretando composições, mas seu protetor, Padre Hiernle, tinha outros planos, designando-o para uma pequena igreja de uma aldeia nas montanhas. Foi naquela aldeia que o jovem padre, aos 26 anos, escreveu a letra do hino que iria imortalizá-lo. Gruber participou com música. Ele conheceu o Padre Mohr ao tornar-se professor e organista de Obendorf, próximo à fronteira da Baviera. Grande amizade os uniu e, à noite, costumavam conversar sobre muitos assuntos, entre os quais, cânticos de Natal. Numa dessas noites, quando meditava, sozinho, o Padre Mohr concebeu a letra de Noite de Paz: Stille Nacht, Heilige Nacht (Noite de Paz, Noite de Amor).

Na manhã seguinte, correu mostrar o trabalho ao amigo que, na mesma hora, escreveu a melodia. "Este hino canta por si mesmo", disse Gruber. Já naquela noite apresentaram o hino à pequena igreja, cujos féis choraram de alegria. Um ano depois, quando o órgão da igreja precisou de reparos, o hino foi executado na presença do perito que havia sido chamado para o concerto, o fabricante de órgãos Carlos Mauracher. Este, levou uma cópia da música para sua cidade, onde o quarteto Strasser, formado pelos irmãos Carolina, Amália, José e André, o executou no Gewandhaus, famoso salão de concertos de Leipzig, e na capela da corte real da Saxônia, no castelo de Plussenburgo. Daí por

diante o hino foi passando de músico a músico até ser publicado, em 1838. A fama veio em 1854, quando o imperador Frederico Guilherme IV o ouviu, executado pelo coro da Capela Imperial de Berlin. Ele ordenou que o hino passasse a ocupar lugar de destaque em todos os programas religiosos do Natal e que pesquisas fossem realizadas para precisar sua origem. Hoje, em uma das paredes da igreja que ouviu pela primeira vez Noite de Paz, encontram-se esculpidos os rostos dos dois autores do hino. Noite de Paz foi traduzido para inúmeros idiomas. A tradução oficial para o português é a adaptação da Comissão do Hinário nomeada pela Confederação Evangélica do Brasil.


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Brasil PRESBITERIANO

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Aniversários

Calixto, pastor da IP de Juara, sob o tema Servindo a Deus com Sinceridade. "Louvamos a Deus por tudo que Ele tem feito e ainda fará por sua obra aqui no Norte do Mato Grosso", comemora o rev. Fabiano.

Parabéns! Frutos do Espírito

O conjunto vocal Frutos do Espírito, formado por membros da UCP, UPA e UMP da IP de Santo André, São Paulo, comemorou dois anos de formação no dia 9 de novembro. Após a apresentação de uma cantata aconteceu uma festa no salão social da Igreja. Frutos do Espírito, assim como o Coral e o Conjunto dos Jovens da Igreja, participam efetivamente no louvor congregacional aos domingos. Arautos do Rei

Outro conjunto vocal, desta vez da Terceira IP de Manhuaçu, Minas Gerais, fez aniversário em novembro. É o Arautos do Rei, que comemorou seus oito anos de organização com um culto de ação de graças no dia 16 de novembro que contou com a participação do Conjunto Coral da Quarta IP de Alto Jequitibá, também Minas Gerais. Na oportunidade, o pastor da IP de Manhuaçu, rev. Alberto Henrique Stauffer Sperber, pregou sobre Disposição para o Serviço de Deus, baseado em Esdras 7.6-10). "Louvamos a Deus pela vida dos irmãos que se dedicam a esse ministério", diz Manoel Henrique de Oliveira, diácono da Igreja. Segunda IP de Teófilo Otoni

A Segunda Igreja Presbiteriana de Teófilo Otoni comemorou o 13º aniversário de organização eclesiástica nos dias 25 e 26 de outubro. Os 109 membros da Igreja e visitantes puderam usufruir a pregação do pb. Arsênio Batista Mendonça, da IPB em Vala-

IP Betânia de Irecê

Conjunto vocal Frutos do Espírito: dois anos de formação

dares, Minas Gerais, com o tema Uma Igreja que Cresce para a Glória de Deus. IP de Areias

Com cinco conferências ministradas pelos reverendos Augustus Nicodemus Lopes, Sérgio Paulo Lyra, Kennede

Soares, Cláudio Henrique Albuquerque e José Alves da Silva a IP de Areias, Recife, Pernambuco, comemorou seus 110 anos de organização. As conferências foram realizadas de 15 a 19 de outubro. IP de Juara

De 8 a 15 de novembro, foi a vez da IP de Juara, Mato Grosso, comemorar o aniversário. São 18 anos de organização e, durante a comemoração, a Igreja teve oportunidade de assistir às pregações dos reverendos João Petrecelli e Fabiano de Medeiros Soares

A IP Betânia de Irecê, Bahia, desenvolve, por meio da Secretaria de Ação Social da SAF, um projeto social que envolve cursos profissionalizantes. Os 200 membros da Igreja comemoraram seu nono aniversário com o tema Reforma Espiritual. IP de Chapecó

Com a pregação do rev. Juarez Marcondez, pastor da IP de Curitiba, Paraná, a IP de Chapecó, no mesmo Estado, comemorou seus 15 anos no dia 19 de outubro.

II Maratona de Ação Social da UMP Mais uma ação do projeto UMP São Paulo: II Maratona de Ação Social, realizada de agosto a outubro, uma campanha de arrecadação de alimentos não-perecíveis em benefício da Associação Evangélica Beneficente de São Paulo. Foram arrecadados 350,5 quilos de alimentos, e a campeã da maratona foi a Federação de UMPs de Limeira, São Paulo. Os primeiros lugares ganharam vagas em ônibus para o Encontro Regional da Mocidade Presbiteriana, que aconteceu de 14 a 16 de novembro, em Niterói, Rio de Janeiro. Do quarto ao décimo lugar ganharam diplomas de honra ao mérito. Para fechar a maratona, aconteceu um evento em Limeira (SP), no dia 25 de outubro, em que estiveram presentes cerca de 650 jovens. Foi realizada uma disputa intersinodal com um campeonato de futebol, para os rapazes, e o campeonato de peteca, para as moças. O culto, às 17h30, teve a participação do cantor João Alexandre e a pregação do rev. Jader Borges, da IP do Jardim Satélite, em São José dos Campos, interior de São Paulo. A primeira Maratona aconteceu no começo deste ano,

no Instituto Presbiteriano Mackenzie, na capital do Estado, e arrecadou uma tonelada de alimentos. Participaram 1.500 jovens, das 49 federações de Mocidade de São Paulo. Ranking da II Maratona 1º Lugar: Federação Limeira (116 pontos) 2º Lugar: Federação Rio Claro (61pontos) 3º Lugar: Federação Bandeirante (40 pontos) 4º Lugar: Federação Extremo Leste Paulistano (37,5 pontos) 5º Lugar: Federação Americana (37 pontos) 6º Lugar: Federação Piratininga (20 pontos) 7º Lugar: Federação Unida (19 pontos) 8º Lugar: Federação São Carlos (6 pontos) Federação Metropolitana de São Paulo (6 pontos) 9º Lugar: Federação Campinas (4 pontos) 10º Lugar: Federação Itapeva (1 ponto) Federação Pinheiros (1 ponto) Federação São Caetano (1 ponto) Federação Sudeste Paulistano (1 ponto)


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Como anda o momento de louvor musical congregacional nas IPBs

Presbiterianos querem resgatar valores teológicos, espirituais e reformados no louvor Divulgação

esgatar e promover o louvor congregacional é a intenção da equipe de louvor Alfa e Ômega ao realizar os encontros Louvorart na IP de Bethânia, em Ipatinga, Minas Gerais. De 25 a 27 de outubro, aconteceu o III Louvorart: "A finalidade desse evento é resgatar o trabalho de louvor nas igrejas, pois temos percebido que o louvor congregacional está acabando, pelo menos é o que observamos em algumas igrejas que conhecemos" afirma Wemerson Cornélio Silva, violonista da equipe. Os nove integrantes da Alfa e Ômega acreditam que esse enfraquecimento do louvor congregacional está acontecendo por falta de incentivo dos conselhos das igrejas, o que, frisam, não é o caso da IP Bethânea. E também por falta de preparo das equipes em oração. "Devemos resgatar o devido valor dos cânticos congregacionais nas igrejas como mensagem viva da palavra de Deus cantada", afirma Wemerson. O rev. Luciraldo Castório, um dos preletores no evento, também

R

acredita que as igrejas presbiterianas estão vivendo um momento de crise no louvor congregacional. "O ministério de louvor é muito intenso, demanda muito trabalho e tempo, e muitas pessoas não estão interessadas", afirma. Ele diz que a memória musical dos crentes está ficando fraca e que cantam sempre os mesmos cânticos. Defende o que chama de uma reaproximação entre louvor e teologia. O tema da pregação do rev. Luciraldo foi Façamos do Louvor uma Arte, com organização, preparo técnico e artístico e muita dedicação. Os outros preletores do evento foram os pastores Anderson Ribeiro, Públio Ronaldo Dia. Teologia boa e sólida O rev. Augustus Nicodemus Lopes, pastor da Primeira IP do Recife, Pernambuco, também enxerga pontos falhos no louvor congregacional das IPBs. Para ele, igrejas sob a jurisdição da IPB estão sendo influenciadas pelo tipo de louvor promovido em outras igrejas, cujos cânticos nem sempre refletem teologia boa e sólida, mas promovem

Equipe Alfa e Ômega: participando do III Louvorart para resgatar o louvor guerra espiritual, arminianismo, misticismo e outras práticas estranhas ao cristianismo bíblico. "Além disso, igrejas estão dando aos chamados grupos de louvor um poder e uma autoridade que extrapola as Escrituras e a Constituição da IPB", afirma. Segundo o rev. Nicodemus, pessoas absolutamente despreparadas recebem espaço para exortar, ensinar, advertir, "dar bronca" na Igreja, simplesmente porque estão com o microfone na mão: "O poder do microfone é muito grande. Os Conselhos precisam estar atentos para que os envolvidos no louvor façam somente isso mesmo: louvem. Que deixem o ensino e a exortação e os testemunhos sob a direção do pastor". Outro fator que pode contribuir para o enfraquecimento do momento de louvor musical nas igrejas é o de que os hinos não são priorizados mas, em alguns casos, são mesmo completamente ignorados. Para o rev. Nicodemus, a causa disso é a influência do "louvorzão" promovido pelas comunidades neopentecostais. Ele observa que os músicos e dirigentes de louvor da IPB adquirem CDs e participam de eventos dessas comunidades, importando tudo sem qualquer senso crítico para suas igrejas. Os costumes importados, por falta de pulso dos pastores e conselhos, aca-

bam se tornando a regra. Quanto ao período de louvor musical na Primeira IP de Recife, o rev. Nicodemus afirma que, usando os rótulos costumeiros no meio evangélico, o culto é "tradicional". "Somos uma comunidade que segue os princípios da Reforma Protestante com relação ao culto a Deus", diz. A igreja tem diversos corais e grupos de louvor que participam do culto com o alvo de adorar a Deus e levar a congregação a fazer o mesmo. "Entendemos, porém, que testemunhos, apresentação de cantores evangélicos profissionais ou apresentação de bandas gospel, não são elementos do culto que se deva prestar a Deus, conforme as Escrituras", ressalta. Criatividade Já o rev. Manoel do Carmo Filho, pastor da IP de Manaus, ou IPM, diz acreditar que a liturgia dos cultos não deve ser algo estanque, preso ao passado por tradição ou comodismo. "Não devemos jamais mudar os absolutos da Palavra imutável de Deus. Mas devemos, sim, acompanhar os tempos e verificar as necessidades de nosso povo, usando uma mensagem contextualizada, para não ficarmos para trás, perdendo o bonde da História e comendo poeira", afirma. A IPM tem um ministério de louvor denominado Melodia (Ministério

de Louvor, Discipulado e Adoração), com cinco grupos de louvor que se revezam nos cultos. Além do Melodia, tem os corais Canto de Louvor e o infantil Harmonia do Céu, composto de 30 crianças de seis a 12 anos. Tem também um ministério com sete bandas que se expressam através de vários ritmos, como rock, pop e MPB. Apesar de a igreja estar tão bem abastecida de grupos de louvor, o rev. Manoel diz que a IPM tem problemas relacionados ao louvor como qualquer outra. "Como esse ministério é bastante visado pelo inimigo, fazemos uma supervisão bem próxima, para evitar brigas, competições, discussões, atitudes autônomas, etc.", explica. "Graças a Deus, fora o elemento humano que sempre atrapalha o processo, caminhamos na paz do Senhor, dando sempre ênfase à santidade prática, que gera amor, renúncia, unção e edificação de todos". A IPM conta, ainda, com um grupo de dança desde 1974. Quanto ao uso do rock no louvor, o que causa polêmica entre os evangélicos, o rev. Manoel afirma que a igreja tem abertura para aceitá-lo e a outros ritmos, como o sertanejo, o reggae, o forró, o pop e o rap. "Os ritmos, bem como a música em geral, não pertencem ao mundo nem tampouco ao diabo. Creio não existir um ritmo, uma nota musical ou um único dó satânico. A música é e sempre será de Deus, pois ‘Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das Luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança’ (Tg1.17)", diz o rev. Manoel. "Cabe à Igreja de Cristo resgatar, com inteligência e criatividade, e arrebatar das mãos do usurpador a música e os ritmos e santificá-los para serem usados para a glória de Deus, como poderoso instrumento de evangelização".


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Datas Comemorativas

Cristãos comemoram o Dia do Músico Evangélico uita gente não sabe que o dia 20 de novembro foi reservado para homenagear o músico evangélico porque foi o dia do nascimento do rev. João Wilson Faustini, em 1931, um dos pioneiros da música sacra evangélica no Brasil. A música tem sido instrumento de adoração a Deus há muito tempo. Davi já louvava a Deus com a música quando ainda era um jovem pastor de ovelhas e o Salmo 150.6 convida: "Todo ser que respira louve ao Senhor". Um exemplo de como a música pode ser usada no Reino de Deus, é o Laudate (Louvai, em latim) Centro de Música.

M

Instalado junto à IP de Curitiba, Paraná, foi criado em 1987, durante o ministério do rev. Elias Abraão naquela igreja. Há oito anos, a diretora é a professora e pianista Eula Duarte Ferrer, especializada na França e na Alemanha. Ela conta que o Laudate nasceu por sugestão do jovem músico cristão Jan de Jagger, filho de imigrantes holandeses, que sentia a necessidade de uma instituição de caráter cultural e artístico, visando a formação de pessoas na área musical, com a proposta de também proporcionar educação musical a jovens carentes. "Hoje, 16 anos depois, o Laudate está em plena atividade", diz Eula.

Os 14 professores do Centro, a maioria evangélica, formados pela Escola Superior de Música, ministram aulas de piano, violino, flauta transversal, canto, saxofone e teclado. Eula compartilha que toca na Igreja desde os 10 anos e que, aos 11, fez sua primeira viagem missionária acompanhando o pai, rev. Eudes Ferrer, num assentamento indígena: "foi uma experiência inesquecível". Poesia Para homenagear os músicos evangélicos, Norma Disney Soares de Freitas, agente do BP na IP de Aldeota, em Recife, Pernambuco, enviou ao BP a poesia:

Lágrimas Vem de longe, muito long e Eu não sei que som tem Se de violino, piano ou viola Mas cala profundament e Em meu coração e na me nte

Lágrimas, lágrimas Onde enxugá-las? Nas costas de minha mã o? Pois não há lenço que com porte Tanta molhação

Por que escuto isto, me u Deus? Há tanta recordação Neste coração amado De amores em vão Atento meus ouvidos Quero sentir este som Quero sentir no peito O chorar de uma canção

Talvez como Davi disse: "Lágrimas em um odre." Que demonstra o carinho De Deus com os seus E eu possa pedir-Lhe: Faze assim: faze, meu Deus Recolhe minhas lágrima s E guarde-as No odre do Seu coraçã o.

Homenagem

Uma guerreira ão foi Anita Garibaldi, nem Hilda Furacão. Não apareceu no Fantástico, nem tampouco no Faustão. Não terá nome de rua, praça ou monumento, porque foi um verdadeiro monumento vivo. Heroína da fé, Francisca Bezerra Lessa viveu em três séculos. Nasceu em 13 de abril de 1899, no Vale do Açu, hoje Carnabaús, Rio Grande do Norte. Casou-se na adolescência com o primo Joaquim Lessa Sobrinho. Dessa união, que durou quase 40 anos (ele faleceu em 13 de maio de 1955), nasceram 16 filhos, todos de parto normal e em casa, onde não havia água encanada nem luz elétrica. Cinco dos filhos faleceram na infância. Os onze que ficaram, tornando-se adultos, casaram-se e deram à Francisca netos, bisnetos e trinetos, homens e mulheres alicerçados na fé cristã. Em 1925, foi alcançada pela graça de Deus através da mensagem do rev. Anísio Ferreira da Silva, pastor da IP Independente do Brasil em Natal, Rio Grande do Norte, da qual Francisca foi

N

membro até 1959. Em 20 de dezembro de 1959, foi recebida como membro na Primeira IP de Nilópolis, pelo rev. Ely Netto, na qual permaneceu fiel ao chamado. Participou das atividades da igreja, envolvendo-se no trabalho de visitação e oração. Dizimista fiel, foi professora da Escola Dominical e pregadora leiga. Estudiosa da Palavra, leu a Bíblia inteira por seis vezes. Uma mulher fiel a Deus e à sua família. Uma verdadeira heroína da fé, amiga, conselheira, simples no conhecimento humano, mas sábia no conhecimento de Deus, soube criar e orientar os filhos no caminho do Senhor. "A mulher sábia edifica sua casa", Pv 14.1a. Com alegria, registramos trecho da Ata do Conselho da Primeira IP de Nilópolis, nº 1280, de 27 de julho de 2003: "Resoluções...Registra-se voto de saudade. Francisca Bezerra Lessa por seu falecimento no dia 26 de julho de 2003. Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos. Pois comerás do trabalho das tuas mãos, feliz serás, e tudo te irá bem. Os teus filhos e os filhos dos teus filhos, como

rebentos de oliveira, à roda da tua mesa. Francisca Lessa, testemunho de vida piedosa, testemunho de vida fiel ao Senhor Jesus Cristo, testemunho de que as palavras do nosso Deus não voltam vazias. Chamada pelo Senhor ao seio de Abraão em seus 104 anos, três meses e

13 dias. Seu legado: sete filhos vivos, 56 netos, 110 bisnetos e 22 trinetos. Saudades!...Francisca Lessa! Saudades daquela que foi a sócia mais idosa das SAFs da IPB. Toda honra, toda glória ao Deus supremo benfeitor." Boletim da Primeira IP de Nilópolis de 3 de agosto de 2003: "Francisca Lessa: Triunfo de uma Guerreira. Ao final de sua peregrinação na Terra, nossa irmã Francisca Lessa, de saudosa memória, poderia dizer sem pestanejar: ‘...e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia: e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda’ (II Tm 4.6-8). Foi mais que vencedora, por Cristo Jesus. Uma verdadeira guerreira. Francisca Lessa foi uma mulher por meio de quem Deus, em Cristo, manifestou em todo lugar a fragrância de seu conhecimento. E ela podia dizer, com segurança: ‘graças, porém, a Deus que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo...’ (II Co 2.14). Que o digam seus

Elizeu Bezerra Lessa, presbítero emérito da Primeira IP de Nilópolis filhos, netos e demais familiares, bem como sua igreja, à qual foi fiel até o último dia. O Senhor decidiu chamá-la à Sua presença na madrugada do dia 26 de julho, tendo seu corpo sido sepultado na tarde do mesmo dia. O ofício fúnebre foi conduzido pelo rev. Joel Ferreira, seu pastor, com a presença de vários pastores do nosso presbitério e a solidariedade da igreja e amigos da família. ‘O Senhor a deu (por mais de 104 anos) e o Senhor a tomou; bendito seja o nome do Senhor’ (Jó 1.21). Que o Espírito Santo transborde em consolo e paz aos corações saudosos e que o exemplo de vida de Francisca Lessa ecoe em nossas vidas, para a glória de Deus. Rev. Cláudio Aragão da Guia, pastor Auxiliar". Tive o grande privilégio de conviver os últimos quarenta e cinco anos com mamãe sob o mesmo teto, durante os quais absorvi muito de sua sabedoria; ajudou-nos na criação dos nossos quatro filhos, juntamente com a filha mais nova da nossa Elizete, que esteve ao seu lado até a sua chamada. Louvado seja o Senhor.


Brasil PRESBITERIANO Homenagem

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Jovens e adolescentes discutem ritmos musicais em Rodônia

Igreja de Porto Velho se posiciona diante de problemas sociais e ritmos musicais Divulgação

Rev. Vivaldo da Silva Melo

Primeira IP de Porto Velho, Rondônia, lançou, recentemente, um projeto de distribuição de folhetos com temas regionais. O objetivo é contextualizar a mensagem do evangelho e manifestar a voz da Igreja em relação aos problemas sociais mais angustiantes da região. O folheto com o tema Luta por Terra gera Mortes em Rondônia passou a ser distribuído na semana em que as autoridades do Estado começaram a se posicionar de maneira mais contundente sobre os conflitos fundiários em algumas regiões. Um dos membros da Igreja, José Felipe, tem sido ameaçado de morte por pertencer a uma ONG que luta pela preservação de uma reserva natural nas imediações de Buritis, onde alguns guardas florestais já perderam a vida. O texto do folheto observa que os conflitos pela terra, envolvendo situações injustas, não se restringem a Rondônia. Em outros estados brasileiros também acontecem muitos crimes por causa de pedaços de terra cobiçados por poderosos. O folheto lembra que "na verdade esse problema é tão antigo quanto a História", citando o episódio de I Reis 21.1-7, em que Nabote é assassinado por não abrir mão de seu pedacinho de chão. Embora a vida tivesse sido aparentemente injusta com ele, Deus o usou para derrubar a estrutura do mal montada por Acabe e Jezabel. Outro folheto com grande

A

Momentos da apresentação Santa Louvação com Carlinhos Veiga e Enos Moura Filho no auditório da Ulbra, em Porto Velho

repercussão também trata da questão da violência. Sob o título Violência assusta Porto Velho, reflete sobre o desejo momentâneo de fuga do Rei Davi, segundo o Salmo 55.7, ao contemplar a violência urbana e a sua decisão de enfrentá-la, com os parâmetros da justiça de Deus. Termina mostrando que o fator determinante da violência é a ausência de Deus na vida das pessoas. Cerca de 15 mil folhetos já foram distribuídos num período de dois meses, em ações desenvolvidas por todos os segmentos da Igreja. Ritmos musicais As federações de UMP’s e UPA’s do Presbitério de Porto Velho (PPVH), em Rondônia, realizaram, nos dias 6 e 7 de novembro, um encontro com cujos objetivos foi propor uma reflexão sobre os ritmos musicais brasileiros e seu lugar na Igreja. Em um debate sobre música na Igreja, foi alertado sobre a

importância do respeito à diversidade, sem comprometer a unidade. As reflexões, com base no Salmo 119.9, desafiaram jovens e adolescentes a uma vida modelada pela Palavra de Deus. No contexto do evento, o rev. Carlos Veiga Feitosa, da IP de Brasília, mais conhecido no universo musical como Carlinhos Veiga, apresentou canções de alguns de seus CD’s. Sua proposta musical, embasada principalmente em instrumentos como a viola e acordeon, produziu um enorme impacto. Além dele, deu tom especial à parte musical Enos Moura Filho, da banda Cia. de Jesus. "Foi um grande prazer conhecer essa região do Brasil", confidencia ele, que arrancou aplausos prolongados ao tocar, com Carlinhos, a canção Brasis do Brasil, que enfoca alguns paradoxos da amada terra brasileira e se vale de parte do hino nacional. Antecedendo ao Encontro, as

Igrejas Presbiterianas Central de Porto Velho e Gileade realizaram o projeto Santa Louvação, no auditório da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), que reuniu cerca de 350 convidados de diversas denominações O destaque ficou com a presença de jovens e adolescentes do Presbitério Central de Rondônia, PCRO. Caravanas de Jarú, Ouro Preto e Mirante da Serra, coordenadas pelos reverendos Antonio Carlos da Silva e Evanderson Henrique da Cunha, se deslocaram à Porto Velho. Do PPVH, destacou-se a presença maciça da

juventude de Ariquemes – acompanhada pelo rev. Autair Emerick - as bonitas apresentações do King’s Kid’s (IP Gileade), a ótima performance dos músicos (Primeira IP de Porto Velho) e a participação de um grupo de jovens de Humaitá, que deslocou-se do Estado do Amazonas para participar do evento. "Foi um momento muito especial para mim. Minha fé foi fortalecida", disse a jovem Maila Andrade de Souza, uma entre os quase 400 participantes, refletindo um sentimento coletivo manifesto em vários depoimentos.


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O Primeiro Natal

Infantil

- Puxa! Como os meses do ano passaram rápido! Já estamos no mês de dezembro, comentou a Jô, espantada ao folhear o calendário. A Cininha, concordando com a Jô, abanando a cabeça: - É isso mesmo...dezembro lembra festa, brinquedos, ornamentação, árvore de Natal, presentes. Dezembro é o mês em que o comércio realiza grandes vendas. Os donos de lojas procuram apresentar o melhor em ornamentações, propaganda, bonitas vitrines, músicas natalinas. Naquele instante, passa circulando um carro-de-som, fazendo propaganda com fundo musical de uma melodia tradicional. - Parece que conheço esse hino! – disse a Florisbela. - É a música do hino 231: O Primeiro Natal, confirmou a Jô, cantando a primeira estrofe: "eis que um anjo proclamou o primeiro Natal, a uns pobres pastores ao pé de Belém, que nos campos a guardar seu rebanho, afinal suportavam da noite o frio também". A Miloca passou a comentar sobre a letra e a música: - Pois é , os versos do hino narram com simplicidade o que se passou no primeiro Natal. Os comentaristas e pessoas que se dedicam ao estudo dos hinos descrevem coisas interessantes sobre várias letras e músicas do nosso hinário. É o caso de O Primeiro Natal... - Conte para nós a história desse hino – pediram as meninas com muita ansiedade. - Na verdade, é curiosa mesmo a fonte de letras antigas, Christmas Carols. Trata-se de um livro de notas encontrado por volta de 1850, atrás de uma estante de livros, e hoje é conservado em uma biblioteca em Oxford. - E o que tem esse tal livro? A Miloca explicou detalhadamente: - Conta-se que, nesse livro, o vendedor de especiarias, o londrino Ricardo Hill, anotou, de 1500 a 1536, tudo o que não desejava esquecer. Era como se fosse seu diário. Veja só o que ele anotava: tabela de pesos, datas de férias, apontamentos musicais, receitas culinárias, datas de nascimento de filhos, notas sobre a arte de fabricar cerveja e domar cavalos, charadas, quebra-cabeças, poesias em inglês, francês, latim, etc. - Que paciência ele tinha para anotar tantas coisas! – falou a Cininha. - E tem mais, retrucou a Miloca. Outros cânticos de Natal foram conservados em folhas avulsas ou pela tradição oral e, posteriormente, reunidos por pesquisadores de folclore. É o caso de O Primeiro Natal (The First Noel), cuja letra e música são tradicionais. Muitos hinários têm incluído este cântico, conservando a melodia original, com harmonização de John Stainer. A versão em português foi feita em 1941, por Ruth See, dedicada missionária que exerceu o magistério no Instituto Evangélico de Lavras, Minas Gerais, hoje Instituto Gammon. - Legal mesmo... no início, achei até estranho o comportamento do homem que registrava tudo naquele livro, mas agora, ao conhecer a história do hino, passei a admirá-lo, disse a Jô, que passou a conhecer mais um hino de origem não identificada, tanto o texto como a música.

Labirinto Vamos ajudar a Florisbela a encontrar o seu presente

Olhando no Espelho Coloque em frente a um espelho e descubra a mensagem.

Completar com vogais Vamos completar a frase com vogais

Basta ligar os pontos de 1 a 28 e... pronto! Aí está um grande presente.

1 – Local onde brilhou a estrela (terceira estrofe) 2 – O que o anjo fez 3 – Nome da tradutora do hino para o português 4 – Oferta liberal (quarta estrofe) 5 – Nome do local onde a missionária lecionou 6 – Sobrenome da tradutora do hino para o português 7 – Número de estrofes 8 – Surgiu no céu (segunda estrofe) 9 – Nome do especieiro 10 – Outra oferta liberal 11 – Sobrenome do músico que harmonizou o hino 12 – Repete quatro vezes no coro 13 – A quem a estrela apareceu (terceira estrofe) 14 – Pastores próximos à cidade


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