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Brasil

PRESBITERIANO Fevereiro de 2004

O Jornal da Família Presbiteriana

Ano 45 / Nº 593 - R$ 1,80

Jorge Araújo/Folha Imagem

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Povos indígenas:

missionário Ronaldo Lidório fala sobre o porquê de evangelizá-los Páginas 10 e 11

SAF-Rio Promove 4ª Edição de Exposição de Pintura Página 6 Divulgação

Presbitério Paulistano ordena dois novos pastores Página 18 A Voz dos Mártires

Mulheres africanas sofrem por amor a Cristo Página 9


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Palavra da Redação No início de janeiro, três missionários católicos ficaram detidos durante 60 horas por índios da reserva indígena Raposa do Sol, em Roraima. Os índios afirmaram que detiveram os missionários para averiguação, por serem estes estrangeiros, mas por trás disso estava a questão da homologação das terras indígenas na região, o que vem gerando muitos conflitos. Esta questão levanta outra bastante importante: a evangelização entre povos indígenas não-alcançados. Muitos antropólogos defendem que esses povos devem ser "deixados em paz" pelos missionários e que a intervenção de brancos com seus costumes e religião corrompe a cultura indígena. Sobre isso, fala, nas páginas 10 e 11, o missionário Ronaldo Lidório, com larga experiência em evangelização de povos indígenas no Brasil e na África. Ele ainda conta como vem sendo seu trabalho na Amazônia, ao lado da esposa Rossana e de outros missionários que formam a equipe do Projeto Amanajé. No mesmo mês de janeiro, no dia 25, foi o aniversário de São Paulo, a maior cidade do Brasil, que completou 450 anos de idade. Para homenagear a cidade que, desde novembro de 2003, é a nova sede da redação do Jornal Brasil Presbiteriano, esta edição traz uma série de matérias na cidade, começando com um apanhado sobre a história do protestantismo em São Paulo na página 16, pelo rev. Alderi Souza de Matos, historiador da IPB. Na página 7, o leitor encontra uma matéria a respeito da II Conferência Missionária realizada na IP de Erasmo Assunção, em São Paulo. Um artigo sobre o Centro Presbiteriano de Pós-graduação Andrew Jumper, em São Paulo, encontra-se na página 8. A matéria na página 13 mostra como está a situação da capelã Eleny Vassão na capelania de grandes hospitais da capital. Também em São Paulo, reside o pastor e escritor rev. Addy Félix de Carvalho, que lança em março seu segundo livro - matéria na página 4. Outro livro que está sendo produzido em São Paulo é sobre a história da UMP, sob a organização de Enos Moura Filho, secretário de História da Confederação Nacional de Mocidades. Além de tudo isso, tem ainda, na página 18, a matéria sobre o Presbitério Paulistano, que acaba de ordenar dois pastores. Mas há também outras matérias de outros estados, porque o BP é o jornal dos presbiterianos de todo o Brasil.

Seu recado Na reportagem Federações Comemoram o dia da SAF no Brasil (Dezembro de 2003), mais uma vez se afirma que os pastores são os responsáveis pelo baixo crescimento das SAFs dentro de nossa igreja. O pastor não tem autoridade de proibir a existência ou não de um departamento da igreja, autoridade exclusiva do Conselho da igreja, normalmente composto por homens casados com mulheres presbiterianas. Nenhum pastor impediria o funcionamento de um departamento que abençoa a igreja. Se a SAF está em crise, é tempo de rever alguns procedimentos e, como disse o apóstolo Paulo, "examinai-vos a vós mesmos" (2 Co 13.5) e, acima de tudo, parar de jogar a culpa nos pastores. As mulheres da igreja a que sirvo são ativas e estão sempre prontas a servir a Deus e a igreja e sempre tiveram liberdade para desenvolver seu ministério. Rev. Jônatas B. Rodrigues Igreja Presbiteriana Filadélfia de Franca (SP) Prezado pastor, Na matéria, a pessoa entrevistada afirma que alguns pastores não incentivam a SAF e mesmo proíbem, não a existência dela, mas suas reuniões dentro da igreja. Em nenhum momento a intenção foi culpar os pastores da IPB por qualquer problema Envio um reconhecimento ao maravilhoso jornal Brasil Presbiteriano pela qualidade de suas matérias. Este jornal está privilegiando todos os grupos de leitores ao apresentar conteúdos que são de interesse de todas as faixas etárias, inclusive da terceira idade e

Este é o templo novo da IP de Alcântara, em São Gonçalo, Rio de Janeiro. Com quatro Congregações, a Igreja organizou, em 2003, duas novas igrejas na cidade: IP em Manilha e IP em Trindade. Em 15 de agosto do ano passado, a IP de Alcântara, pastoreada pelo rev. David Dias de Carvalho, completou 47 anos. A Igreja iniciou sua história em um terreno doado, onde fica até hoje, pelo pb. Silas Gomes de Mattos.

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A área de assinaturas também tem novos contatos e está na Luz para o Caminho, em Campinas, São Paulo, no telefone 0(XX)19 3741 3000 e e-mail assinaturas@rpc.ipb.org.br. Erramos - Na matéria Igrejas Evangélicas estão se deteriorando na Espanha (BP Janeiro 2004, pgs 10 e 11), a legenda da foto da página 10 está errada. A legenda correta é: Missionários Dirceu e Tirza de Mendonça com os filhos Mateus e Maíra.

Uma publicação da

Rua Maria Antônia 139, 2º andar, CEP 01239-902, São Paulo – SP Telefone: 0(XX)11 3255 7269 E-mail: editorbp@rpc.ipb.org.br Conselho Editorial: Rev. Alderi Souza de Matos Rev. Celsino Gama Rev. Cláudio Marra Pb. Gilson Alberto Novaes Rev. Silas de Campos

Secretaria de Atendimento ao Assinante: (19) 3741 3000

Obrigado, irmão, pelo esclarecimento. Continue acompanhando as matérias do BP e escreva-nos sempre que desejar.

A redação do jornal Brasil Presbiteriano está com endereço novo e definitivo em São Paulo, além de novos e-mails. Para enviar sugestões de pauta, fotos, cartas e reclamações, os leitores podem utilizar nosso endereço à Rua Maria Antônia, 139, 2º andar, CEP 01239-902, São Paulo – SP. Ou nosso endereço eletrônico: editorbp@rpc.ipb.org.br. O novo telefone é 0(XX)11 3255 7269.

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Pb. Gunnar Bedicks Jr. – Presidente Pb. Gilson Alberto Novaes - Secretário Rev. Alcides Martins Jr. – Titular Pb. José Augusto Pereira Brito – Titular Rev. Carlos Veiga Feitosa – Titular Rev. André Mello – Titular Pb. Sílvio Ferreira Jr. – Titular Pb. Alberto Jones – Diretor Administrativo-financeiro Pb. Euclides de Oliveira – Diretor de Produção e Programação

Na edição n. 589, Ano 44, consta que a Congregação Presbiteriana em Boaventura do São Roque é mantida pela Igreja Presbiteriana do Turvo. Gostaria que ficasse esclarecido que, até fevereiro de 2002, havia um ponto de pregação na cidade, época em que o trabalho me foi entregue, e, desde janeiro de 2003, o ponto de pregação passou à congregação da Igreja Presbiteriana em Pitanga, quando colocamos um evangelista na cidade, através de uma parceria com a Igreja Presbiteriana de Vila Mariana e um mantenedor da cidade de Guarapuava. Em setembro de 2003, o campo passou à jurisdição da Junta Presbiterial de Missões (Presbitério do Iguaçu), continuando sob a minha supervisão. Rev. Marthon Ary Mendes

Imagem do mês

Ano 45, nº 593 – Fevereiro de 2004

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Querida irmã Edna, obrigada pelas palavras carinhosas, nosso objetivo é continuar prestigiando todos os grupos de leitores presbiterianos. Não se preocupe, não temos intenção de cancelar a coluna Consultório Bíblico, do rev. Odayr Olivetti, que muito tem edificado os leitores.

Nosso recado

EXPEDIENTE Órgão Oficial da

das crianças. Espero que continue o Consultório Bíblico, que aprecio muito, pois tem tirado minhas dúvidas. Parabéns rev. Odayr Olivetti! Edna Vasconcelos Aquoti de Martinópolis (SP)

RPC Rede Presbiteriana de Comunicação

Edição: Letícia Ferreira DRT/PR: 4225/17/65 E-maill: editorbp@rpc.ipb.org.br Reportagem: Letícia Ferreira, Lucilene Nascimento (e-mail: lu@rpc.ipb.org.br) e Gustavo Brigatto (e-mail: gustavo@rpc.ipb.org.br) Ilustração: Aldair Soares Gomes Diagramação: Aristides Neto Revisão: Douglas Moura Ferreira Impressão: Folhagráfica

Assinaturas Expedição Luz para o Caminho 0(XX)19 3741 3000 brasilpresbiteriano@lpc.org.b


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Opinião

Plágio, fraude ou fraqueza? Celsino Gama

ra um agradável domingo de dezembro, culto matutino, céu nublado e o cheiro gostoso da terra molhada pela chuva. Assentei-me para ouvir um pastor presbiteriano. Evangelho lido, o sermão começou assim: "O Senhor Jesus ensina que saiu o pregador a semear a Palavra de Deus. Não só faz a menção de semear a semente, mas também faz caso de sair." Mas aquele era o Sermão da Sexagésima, pregado por Vieira na Capela Real de Lisboa em 1655! Via

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Internet, outra surpresa. No site de mensagens de um famoso pregador presbiteriano uma constatação simples: havia ouvido naquela igreja do Estado de São Paulo o sermão de um pastor de outro Estado que havia pregado o sermão de Vieira, com alguns cortes. Senti um calafrio. Como um sujeito inteligente e conhecido colocaria o seu nome num sermão de Vieira e na Internet? Ingenuidade? Tolice? Ainda pelas bandas de São Paulo, um aluno de um dos nossos seminários apresen-

tou seu resumo do livro O Custo do Discipulado, de Dietrich Bonhoeffer. Para espanto do professor, no texto truncado surgiu a frase "barata de graça". A "graça barata" do mártir Bonhoeffer havia se transformado em "barata de graça"! O aluno tomou um resumo do livro em inglês na Internet e usou uma ferramenta de tradução da rede, sem sequer tomar tempo em revisar o texto. O Seminário? Deu a ele o grau de bacharel em Teologia! Outro candidato ao ministério apresentou sua tese ao

presbitério. Para surpresa da comissão examinadora, descobriu-se que era uma tese de mestrado apresentada por um acadêmico da USP (tese sobre o pensamento de Calvino). Ele praticamente havia trocado a capa, o nome e a dedicatória. A comissão? Pediu que ele fizesse outra! Há sites na Internet que vendem trabalhos escolares, pesquisas, monografias, teses. Vai se tornando comum a utilização deste recurso por estudantes em geral; mas que esta praga se espalhe também entre nossos seminários, pas-

tores e estudantes cristãos é lamentável, triste, desalentador. Primeiro, por ser um recurso escuso, fraudulento, pecaminoso; segundo, porque estimula o ganho sem esforço, o resultado sem suor, produzindo líderes sem conhecimento, maturidade, visão do mundo, empobrecidos em seu raciocínio, interesseiros e mesquinhos, propensos ao erro doutrinário e teológico.

Celsino Gama, presidente da Luz para o Caminho

Consultório Bíblico

Invocar mortos Rev. Odayr Olivetti

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ergunta: Qual a diferença entre invocar mortos e evocar mortos? A Igreja Católica [Romana] diz que evocam os mortos e não invocam os mortos. Resposta: Pura (na verdade impura) logomaquia (briga de palavras)! É como quando dizem que não adoram os santos, mas os veneram. Entre os sinônimos de adorar está venerar; entre os sinônimos de venerar está adorar (ou render culto a). Assim também, entre os sinônimos de invocar está evocar; e vice-versa. O que importa é o objetivo da evocação ou da invoca-

ção. Os santos (fiéis mortos) são evocados ou invocados para intercederem pelos vivos. O Cânone 30 da Sessão 6 dos Decretos de Trento afirma que por meio da intercessão dos santos se pode prestar ajuda às almas que estão no purgatório [outra invenção herética]. Maria, em sua oração, inspirada na de Ana, reconheceu sua condição de humilde serva do Senhor e se referiu a Deus como o seu Salvador: "A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador, porque contemplou na humildade da sua serva" (Lc 1.46-48). Note-se

que a expressão traduzida por "humildade da sua serva" enfraquece a idéia do original grego; uma tradução mais literal de tapeínosis seria "humilhação" ou "baixeza" (como em Almeida, Revista e Corrigida); e a palavra grega traduzida por "serva" inclui esse sentido, mas o sentido primário é "escrava". A raiz da palavra doúle tem o sentido de "atar", "capturar", o que reforça a idéia de que o sentido primordial de doúle é "escrava". Agora, não somos nós que dizemos isso. A própria Maria tinha consciência da condição desprezível do ser humano diante da perfei-

ta santidade de Deus. Lembra-se o leitor da reação de Isaías quando teve a visão do Senhor em Seu sublime trono? (Is 6). – Se Maria pudesse vir à terra (não lhe desejemos essa maldade!), ficaria horrorizada com o endeusamento que dela fizeram! Pois bem, contra todo o ensino da Escritura, e contra a própria atitude de Maria, a herética Igreja Católica Romana a considera mediadora entre Deus ou Cristo e os homens. Quando se reza o terço, se diz: "Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte"!

Evocação? Invocação? Que importa o termo? Aí está a flagrante heresia, que é terrível afronta contra Jesus Cristo, que disse: "Eu sou o caminho...; ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo 14.6). O rev. Odayr Olivetti é ministro jubilado da IPB, foi pastor de várias igrejas e professor de Teologia Sistemática no Seminário Presbiteriano de Campinas, São Paulo. É autor e tradutor de inúmeras obras cristãs. Envie-nos perguntas para o Consultório Bíblico: editorbp@rpc.ipb.org.br


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Judiciário

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Rev. Addy Félix de Carvalho escreve seu segundo livro

Pastor presbiteriano lança livro sobre Código de Disciplina da IPB Karis de Campos Avillano

Letícia Ferreira smiuçar o Código de Disciplina da IPB e dar dicas práticas sobre seu uso é o objetivo do rev. Addy Félix de Carvalho ao escrever o livro Código de Disciplina da IPB – Interpretação e Comentários, a ser lançado no próximo mês. Segundo ele, é um livro dirigido a pastores, presbíteros, oficiais da igreja, líderes e membros da IPB, que desejarem aprimorar seus conhecimentos sobre o Código de Disciplina da Igreja. "Tenho percebido a infinidade de problemas e cismas em igrejas, quando a interpretação do Código é muito precária por parte de pastores, particularmente os recém iniciados na carreira pastoral", compartilha o rev. Addy. Para ele, os erros de interpretação ocorrem, principalmente, pela falta de conhecimento do Código, pois muitos líderes só fazem essa leitura quando precisam, na hora de resolver um processo. O livro que está lançando, afirma ele, vem preencher essa lacuna de interpretação e prática no funcionamento dos tribunais da IPB. "O livro propõe caminhos para que os tribunais funcionem com mais eficiência e proveito, pois,

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Rev. Addy: prestando serviço à sua amada IPB

quando se usa mal a Lei, o resultado é ruim", afirma o pastor. O livro deverá ser lançado na Reunião Ordinária da Comissão Executiva do Supremo Concílio, em março, e em seminários da IPB. O rev. Addy explica que a Constituição da IPB orienta os presbitérios para fins administrativos e o Código de Disciplina para fins judiciários. No livro, ele lança mão de vários exemplos, sem citar nomes, de casos reais ocorridos na IPB, e a maneira como o Código foi ou deveria ter sido aplicado em tais casos. É um guia da utilização do Código que, além desses exemplos reais, traz um processo fictício

completo para que o leitor tenha a idéia exata da sua utilização prática. O livro traz também exemplos de documentos que são necessários em processos, para que o leitor saiba exatamente como redigi-los, como intimação, citação, cobrança, etc. E ainda um glossário de termos técnicos utilizados nos tribunais, como acórdão, acareação, competência, data vênia, e sua utilização técnica e prática. Segundo o rev. Addy, os seminários presbiterianos têm matéria sobre o assunto, mas seu livro é uma fonte de consulta prática e permanente. Ele faz questão de citar que, no desenvolvi-

mento do livro, teve uma ajuda substancial do rev. Silas de Campos, responsável pelo prefácio. Constituição Há dois anos o rev. Addy Félix de Carvalho lançou seu primeiro livro: Interpretação e Comentários sobre a Constituição da IPB. É distribuído pelo próprio escritor, que fará o mesmo com o segundo livro, Código de Disciplina da IPB – Interpretação e Comentários. Tanto no primeiro quanto no segundo trabalho, a intenção do escritor é prestar serviço à sua amada IPB, utilizandose de intensas pesquisas e de sua larga experiência no ministério.

Segundo o rev. Addy, o primeiro livro teve uma grande aceitação, e ele se tornou quase que um consultor, de tantos e-mails e telefonemas que recebe com pedidos de esclarecimentos. Hoje, ele pastoreia a IP Moriah, em São Paulo. Foi membro e presidente da Junta de Educação Teológica, presidente da Casa Editora Presbiteriana durante três anos e membro do Conselho de Imprensa da IPB, quando exerceu o cargo de diretor administrativo e financeiro do Jornal Brasil Presbiteriano. Sempre teve o sonho de escrever um livro, agora realizado duas vezes. E não quer pensar em parar. O rev. Addy é baiano de Ibiporã, onde nasceu em 24 de novembro de 1938, filho dos presbiterianos Otávio Felix de Carvalho e Joaquina Leandro de Carvalho. Aos 21 anos casou-se com Josélia Cunha Carvalho, que também exerceu muitos cargos na IPB e na SAF. Endereço para pedidos: Rua Piauí 561, apto. 61 CEP 01241 001. Telefone: 11 3255 9817 E-mail:addy1@uol.com.br


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Liderança

Pastores que a si mesmos se apascentam Rev. Valdeci da Silva Santos

zelo de Deus por seu povo é geralmente expresso nas Escrituras sob a metáfora do pastoreio. Desde o período dos patriarcas Ele é conhecido como o Pastor de Israel (Gn 49.24). Davi tornou o tema do pastoreio divino e célebre ao escrever o Salmo 23 e expressar seu relacionamento de dependência e comunhão com Deus. Portanto, não é de admirar que a libertação do povo de Israel do cativeiro egípcio e sua peregrinação pelo deserto tenham sido interpretadas como ações do pastor divino (Sl 77.20). Certamente por isso, a esperança messiânica dos profetas de Israel incluía a atividade divina arrebanhando e cuidando do seu rebanho (Is 40.11, Jr 31.10 e Ez 34.11-16). No Novo Testamento, Jesus encarna as expectativas messiânicas ao apresentar-se como o Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas (Jo 10.11 e Hb 13.20). A Bíblia deixa claro que uma das implicações do zelo pastoral de Deus por seu povo é sua aversão

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contra os maus pastores, ou seja, aqueles que destroem e dispersam as ovelhas do rebanho e dominam sobre elas com rigor e dureza (Jr 23.1-4 e Ez 34.1-10). Esses maus pastores são descritos nas Escrituras como "pastores que a si mesmos se apascentam" (Ez 34.3 e Jd 12) pois, embora liderem o rebanho do Senhor, cuidam apenas dos seus próprios interesses. A descrição de Judas sobre as características de tais pastores são marcos de advertência para aqueles que almejam desempenhar o ministério pastoral com fidelidade e em submissão ao Supremo Pastor. Em primeiro lugar, Judas afirma que o ministério dos maus pastores é caracterizado pela falsidade e engodo. Judas não nega que eles se apresentem como rochas e estrelas (v 1213). Na verdade, não passam de recifes submersos onde os incautos naufragam e estrelas errantes a confundir os desatentos. A falsidade de seus ministérios também é manifesta através da dissimulação por eles

usada a fim de se infiltrarem no rebanho do Senhor, corrompendo de tal forma a graça de Cristo a ponto de transformá-la em libertinagem (v 4). Aquele desprezo pela graça certamente tinha o propósito de justificar o liberalismo ético no qual viviam (vv 11-13). O fim de tal ministério certamente é a destruição dos maus pastores e de seus seguidores. Em segundo lugar, Judas afirma que eles seguem os passos dos antimodelos encontrados nas Escrituras. Ele afirma que eles se enveredaram pelo caminho de Caim, o qual deixou-se dominar pela inveja, ira e amargura a ponto de desprezar a repreensão do Senhor e não oferecer qualquer resistência ao pecado (Gn 4.5-8). Ao mesmo tempo, o ministério dos maus pastores é motivado por uma ganância semelhante à de Balaão, o qual mercadejou seus serviços proféticos (Nm 22-24 e Ap 2.14). E como Coré que, desprezando o privilégio sacerdotal, sem motivo se rebelou e difamou autoridades

instituídas por Deus (Nm 16). Além disso, os maus pastores também rejeitam e difamam autoridades superiores (Jd 8-9). Dessa forma, em lugar de seguirem o exemplo do Bom Pastor, eles trilham nas mesmas pegadas de anti-modelos pastorais. Por último, Judas ensina que, na prática, esse maus pastores revelam-se como inimigos da cruz de Cristo e negam o poder transformador do evangelho. Em nenhum momento Judas afirma existir nesses maus pastores qualquer elemento de compromisso e submissão ao Supremo Pastor ou mesmo um elemento de aspiração por uma vida de santidade. Ao contrário, numa crítica veemente ele afirma que eles transformavam as festas de fraternidade (agapais) em ocasiões de imoralidades, pois "sem recato" buscavam atender aos seus desejos. Em um texto paralelo, Pedro afirma que esses libertinos prometem liberdade quando eles mesmos ainda são escravos da corrupção (2Pe 2.18-19). Dessa forma,

ainda que os maus pastores possuam um discurso de piedade, esse mesmo é contrariado pela libertinagem de seus procedimentos. Como evitar, no ministério pastoral, o caminho dos pastores que a si mesmos se apascentam? Antes de qualquer coisa, agindo como ovelha do Supremo Pastor. Foi ele quem deixou-nos exemplos para seguirmos os seus passos (1Pe 2.21-25). Jesus deve ser sempre o modelo do pastor que almeja glorificar a Deus. Nosso viver deve incluir ainda a expectativa escatológica da manifestação do Pastor de nossas almas. Naquela ocasião ele trará juízo para os maus pastores e a coroa de glória para os que desempenharam seus ministérios fielmente (1Pe 5.4).

O rev. Valdeci da Silva Santos é coordenador do Doutorado em Ministério no Centro Presbiteriano de Pós-graduação Andrew Jumper valsaints@mackenzie.com.br

Resenha

À Sombra da Planta Imprevisível: uma investigação da santidade vocacional pós 29 anos de um ministério atuante na Igreja Presbiteriana Christ our King, em Maryland, Eugene H. Paterson assumiu a posição de professor de Teologia Espiritual no Regent College, em Vancouver, no Canadá. Peterson conquistou uma reputação como "pastor de pastores" e nos últimos anos alguns de seus títulos relacionados ao ministério pastoral encontram-se também em português. A investigação vocacional proposta por Peterson em À Sombra da Planta Imprevisível: uma investigação da

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santidade vocacional (United Press, 2001.189pp.) toma como texto básico a história do profeta Jonas. A relevância dessa investigação, segundo o autor, deve-se ao fato de que, nos últimos dias, "nossas vocações são atormentadas, de um lado, por apetites consumistas, e, de outro, por uma mentalidade mercadológica" (p. 11). Dessa forma, muitos pastores sucumbem à mentalidade da "carreira" ministerial, colocam a imagem no lugar da substância, reduzem a vocação a uma mera economia da religião e rendem-se aos princípios de marketing e relações públicas.

Como resultado, "as falências são espantosas e freqüentes". Peterson divide sua análise da história de Jonas em cinco capítulos, sendo que o último recebe uma atenção maior do autor. Desde o início, porém, ele deixa claro que sua preferência por Jonas não se deve ao fato de Jonas ser um modelo a ser seguido, mas um modelo que mostra a ineficiência e fragilidade daqueles que buscam uma autonomia ministerial ao invés de uma vida de dependência na soberania de Deus. Um dos objetivos do autor, dessa forma, é que a leitura dessa obra seja um

exercício de humildade e quebrantamento. Isso se torna ainda mais claro no quinto capítulo, quanto Peterson analisa a reação de Jonas ao fato de Deus ter enviado um verme para ferir a planta que lhe servia de sombra a fim de que ela se secasse. O problema de Jonas, segundo Peterson, havia começado bem antes, quando o povo arrependido voltou-se para Deus e se esqueceu do profeta. Além do mais, Jonas não conseguir ajustarse a uma nova dificuldade diária. Jonas pensou que sabia exatamente o que Deus faria; quando Deus não fez, ele ficou desapontado. Segundo

Peterson, semelhante desapontamento tem levado muitos pastores contemporâneos à confusão quanto à vocação ministerial. Dessa forma, ao invés de ministros e pastores de almas, muitos púlpitos evangélicos têm sido ocupados por aqueles que assumem papeis de messias, gerentes e diretores espirituais (p. 171-175). O livro foi escrito em uma linguagem de fácil entendimento e combina reflexão teológica e aplicação prática, recheadas com ilustrações do ministério do autor. Certamente, uma obra que não pode faltar à biblioteca pastoral.


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Trabalho Feminino Arte é usada como instrumento da proclamação da glória de Deus

SAF-Rio realiza 4ª edição de Exposição de Pintura Lucilene Nascimento

SAF da Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro promoveu, entre os dias 28 e 30 de dezembro de 2003, a 4ª Exposição de Pintura de telas, que contou com a presença de mais de trezentos visitantes que puderam, ao longo dos três dias, apreciar cerca de 80 quadros expostos. A vernissage reuniu o trabalho de vinte alunas do curso de pintura, ministrado na igreja pela professora Eilde Maria Coelho, membro da igreja local há cinco anos. Essa é a quarta edição da exposição de pintura promovida pela sociedade, e esse trabalho vem ganhando destaque a cada ano. Nessa edição, além de expor seus trabalhos e vê-los ser conhecidos e reconhecidos pelos visitantes, cada artista doou telas para serem vendidas no bazar beneficente promovi-

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do pela SAF-Rio, que conta com a participação das demais sociedades internas da igreja. O dinheiro arrecadado é enviado diretamente para a tesouraria da igreja local. "Há cerca de três anos senti o chamado de Deus para usar o dom, que Ele mesmo havia me dado, a Seu serviço", conta Eilde Coelho. Desde então, essa serva do Senhor tem ministrado gratuitamente aulas de pintura para mulheres cristãs e não cristãs e contribuído para a expansão do reino de Deus naquele local. No início de cada aula, é feita uma devocional, e é nesse momento que as mulheres não cristãs podem conhecer mais de perto a fé daquelas irmãs que estão ali reunidas. "Nosso trabalho também é evangelístico, duas de nossas alunas estão muito próximas da conversão", comenta, entusiasmada, a professora.

Profa. Eilde (direita) recebe flores da aluna Nizete

Proclamando a glória de Deus A aula de pintura tem ajudado senhoras a encontrar motivação para as mais diversas áreas de suas vidas, além de servir como terapia

Oitenta quadros expostos: proclamando a majestade de Deus

emocional. "O ano passado, quando visitava a exposição eu me encantei muito com as pinturas, mas em especial com um quadro de passarinho. Fui informada que a pessoa havia começado o

curso naquele ano apenas. Então, decidi que em 2003 iria aprender também. Foi o que fiz. Eu não sabia que aos 66 anos de idade eu descobriria que o universo é muito mais lindo do que eu via", conta a aluna e membro da Igreja, Elenice Arruda. Eilde relata, ainda, que "a pintura tem criado um elo de confraternização e união das alunas com as próprias famílias. Os esposos reconhecem, se interessam e se orgulham pelo trabalho das esposas". Além de todo o trabalho social, cultural e familiar que tem sido desenvolvido com o curso, a arte, na forma da pintura, está sendo utilizada como um instrumento de proclamação do evangelho e da majestade de Deus. "O quadro pintado por uma pessoa temente a Deus é bem diferente do quadro daqueles que são descrentes. O artista crente revela esta beleza com muito mais sentimento, e proclama, como os céus, a glória de Deus. Hoje, eu sinto muito mais a variedade de cores, a nuance e mínimos detalhes nesse mundo tão belo criado por Deus, sinto que eu retrato isso naquilo que pinto", conta Elenice. Para ela, os resultados desse trabalho são os melhores possíveis e já podem ser sentidos de imediato: "Eu louvo e agradeço a Deus por essa oportunidade que Ele me deu, de encontrar mais um modo de glorificá-lo".


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Pastor da igreja afirma que os frutos desse trabalho são inumeráveis

IP do Parque Erasmo Assunção, em São Paulo, promove II Conferência Missionária Lucilene Nascimento

dia 22 de novembro de 2003 foi uma data marcante na IP do Parque Erasmo Assunção, em São Paulo. Nessa data, foi realizada a II Conferência Missionária da igreja local, com o tema Alcançando os povos latino-americanos, que contou com a presença de cerca de 250 pessoas. Foi uma noite totalmente dedicada ao trabalho missionário, e estiveram presentes os preletores rev. Marcos Agripino, presidente da APMT (Agência Presbiteriana de Missões Transculturais), e o missionário Robson Fagundes da Rocha, administrador geral da Operação Mobilização, uma das maiores agências missionárias espalhadas pelo mundo, que desenvolve um trabalho bastante específico na Índia. Além disso, a II Conferência contou com a participação do coral da IP Maranata e com a apresentação de um filme e de uma peça teatral missionária. Segundo o rev. Josivaldo de França, pastor da igreja, a idéia de organizar conferências missionárias surgiu a partir do despertar da Igreja quanto à importância do trabalho de missões no mundo. "Todos na igreja estavam motivados por missões e muito ansiosos pela realização de uma conferência mis-

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sionária. Nunca esquecerei o envolvimento de homens e mulheres, jovens, adolescentes e crianças trabalhando na preparação e organização daquele evento", lembra o rev. Josivaldo. A igreja conta, hoje, com o apoio do GAM, Grupo de Apoio Missionário, que tem a função de ajudar a igreja local em sua tarefa missionária. Como o próprio nome diz, é o grupo de apoio missionário da igreja: "Não é um departamento ou algo parecido, e o trabalho missionário em nossa igreja não é desse grupo e nem feito por ele. É de toda a igreja", reforça o rev. Josivaldo. Atualmente, o GAM é responsável pela adoção de missionários (são seis mantidos pela IP do Parque Erasmo Assunção, três filiados à APMT), e manter a igreja sempre informada sobre o trabalho que eles vêem desenvolvendo em seus respectivos campos, além de realizar cultos missionários mensais e eventos esporádicos. O rev. Josivaldo conta que os frutos desse trabalho na igreja são inumeráveis. "Só o fato de levarmos a igreja a repensar a sua existência no mundo e fazê-la entender a missão para a qual foi chamada é indescritível", comenta, entusiasmado, analisando o trabalho realizado. Treinamenteo Mas o trabalho não para

Duas adolescentes da igreja vestidas para uma esquete

por aí. A igreja também tem investido no despertamento de novos missionários na igreja local. Para isso, foi criado o Instituto de Missões, que oferece um curso de introdução à missiologia, com duração de um ano. "Além disso, treinamos os

membros da igreja para evangelizar e discipular", conta o pastor. A primeira conferência missionária dirigida pela igreja aconteceu no mês de setembro de 2002 e teve como tema "Missões Transculturais é a nossa responsa-

bilidade". Esse foi apenas o primeiro passo. Após essa data, a igreja sentiu-se muito mais engajada e entusiasmada com o trabalho de missões, e outros missionários foram adotados pela igreja. "Uma irmã se matriculou no Instituto de Missões de nossa igreja, dizendo que aquela conferência a despertou para missões. Chegou em casa, compartilhou com o esposo a benção da conferência missionária e, resultado: ambos acabaram de concluir o curso de introdução à missiologia", relata o pastor da igreja. Ainda há muito a fazer. "O trabalho missionário, tanto da IPB quanto das igrejas locais, é de grande importância, mas ainda está aquém de seu ideal. Embora igrejas presbiterianas estejam se despertando de uns tempos para cá, a visão e ação missionárias ainda são tímidas para uma igreja com o porte de nossa denominação", avalia o rev. Josivaldo o trabalho missionário da IPB. Para ele, é necessário que haja um despertamento das igrejas locais quanto à importância do trabalho missionário, seja enviando pessoas ao campo ou mesmo contribuindo financeiramente para que a mensagem de Deus seja levada aos mais diferentes povos e culturas. "Esse é o nosso dever como cristãos, ser agentes do reino de Deus", afirma.


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Educação

Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper oferece cursos de qualidade Wilson Camargo

Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper (CPAJ) continua cumprindo fielmente a missão que lhe foi confiada pela Igreja Presbiteriana do Brasil. Criado em 1992, o CPAJ visa prioritariamente à formação acadêmica de docentes dos seminários da IPB, bem como o treinamento teológico pós-graduado de pastores e leigos, tanto presbiterianos quanto de outras denominações. Esse trabalho é feito num contexto de seriedade acadêmica, cultivo da espiritualidade e compromisso com a fé bíblica e reformada. Nesse esforço, o Centro conta com o apoio integral do Instituto Presbiteriano Mackenzie e da Junta de Educação Teológica (JET/IPB). O CPAJ possui um corpo docente qualificado, constituído pelos seguintes professores, com grau de doutorado (em ordem alfabética): Alderi Souza de Matos, Antônio José do Nascimento Filho, Gabriele Greggersen, Heber Carlos de Campos, Luiz Roberto França de Mattos, Paulo José Benício e Valdeci da Silva Santos. E, com grau de mestrado, os seguintes: João Alves dos Santos, João Cesário Leonel Ferreira e Tarcízio José de Freitas Carvalho. Além de um bom número de professores visitantes, do Brasil e do exterior. Os cursos disponíveis são os seguintes: (1) Mestrado em Teologia, nas áreas de:

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Antigo Testamento, Novo Testamento, Teologia Sistemática, História da Igreja, Educação Cristã, Missões e Aconselhamento Cristão; (2) Especialização (lato sensu), nas mesmas áreas; (3) Doutorado em Ministério, com duas áreas de concentração: Prática de Pregação e Missões; (4) Educação à Distância (especialização online), com o curso "Bíblia: Texto, Contexto e Mensagem". O Doutorado em Ministério (D.Min.) é copatrocinado pelo Seminário Teológico Reformado de Jackson, Mississipi, EUA. Futuro Quanto a novos projetos, está em vias de preparação um curso de Mestrado em Teologia e Cultura, para o qual se irá buscar o reconhecimento do Ministério da Educação (CAPES). Está previsto para 2005 o início do funcionamento do programa de Doutorado (Ph.D.), inicialmente com apenas uma ou duas áreas de concentração. Em conexão com isso, já foi aprovada pelo Instituto Presbiteriano Mackenzie a dotação de uma verba substancial para a ampliação da Biblioteca Edward Davis, uma das melhores do Brasil na área teológica. Foi realizado, recentemente, mais um Processo Seletivo, com mais de 100 inscritos. Foram preenchidas 31 vagas: oito em Teologia Sistemática, nove em Teologia Exegética (AT e NT), dez em Teologia

Pastoral (Educação Cristã, Missões, Aconselhamento) e quatro em Teologia Histórica. Os novos alunos procedem das seguintes unidades da federação: Distrito Federal (1), Goiás (3), Mato Grosso (3), Minas Gerais (5), Paraíba (1), Paraná (5), Rio de Janeiro (2), Rondônia (2), São Paulo (8) e Sergipe (1). O endereço do CPAJ é Rua Maria Borba, nº 15, 3º andar, Vila Buarque, São Paulo – SP, Cep: 01221-040. Tele-

fones: (11) 3236-8644 e 3236-8759. Para mais informações, acesse: www.mackenzie.com.br/teologia. Finalmente, rogamos as orações dos irmãos em favor do Rev. Dr. Luiz Roberto França de Mattos, diretor do CPAJ, que se encontra gravemente enfermo há vários meses. Rev. Dr. Heber Carlos de Campos, Diretor Substituto do CPAJ Rev. Dr. Alderi Souza de Matos, Secretário da Câmara

CPAJ: formação acadêmica e treinamento teológico


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Janelas para o Mundo Em meio a perdas e tragédias mulheres louvam a Deus

Nigerianos são atacados por sua fé em Cristo Fonte: A Voz dos Mártires

sorriso da nigeriana Nvou Dada esconde uma vida de dor e tragédia. O rosto dela irradia uma beleza e uma paz interiores que o mundo sequer imagina em quem sofreu a tragédia da perda e da perseguição por causa de sua fé em Cristo. Os militares muçulmanos que invadiram a aldeia de Nvou, no Estado de Plateau, no ano passado, ameaçaram voltar para matá-la se ela não se convertesse ao islamismo. Apesar de seu marido ter sido ferido gravemente a golpes de facão pelos fanáticos muçulmanos, Nvou não se curvou a eles; ela jamais negaria a Cristo. Semanas depois, na tarde do dia 8 de dezembro de 2002, Nvou estava quase dormindo em sua cama, quando ouviu tiros lá fora. Ela correu para abrir a porta da frente da sua casa, para ver o sogro cercado por um bando de homens, suplicando ajuda. Imediatamente ela reconheceu o muçulmano que prometera voltar para matá-la. Em pânico, Nvou trancou a porta e clamou a Deus por socorro. Armados de carabinas e facões, os muçulmanos arrombaram a porta da casa de Nvou e a alvejaram na mão e no estômago. Sangrando muito e sentindo dores insuportáveis, Nvou saiu cambaleando pela porta da frente tentando se livrar da morte. Os muçulmanos atiraram mais uma vez, desta vez atingindo a sua perna direita. Quando ela caiu, seu filho de 2 anos soltou-se do xale que

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ela trazia enrolado na cintura. Antes de fugirem, os agressores derramaram gasolina e atearam fogo à casa de Nvou. Ela lutou para escapar daquele inferno mortal. Ao rastejar através da porta, ela percebeu que o seu filho tinha se soltado de suas costas. Era tarde demais. As chamas e a fuma-

críticas quando chegou ao hospital local. Se a perna ferida não fosse tratada era provável que ela não voltaria mais a andar. Mas ela ficou animada ao saber que médicos cristãos tinham vindo dos Estados Unidos para realizar cirurgias nos cristãos perseguidos, e ela era um dos

diz que sua vida está nas mãos de Deus. "Entreguei tudo nas mãos de Deus e oro para que Ele cuide de mim", explica Nvou. "Vou continuar a trabalhar para Deus; e se me matarem, isto significa que morri em nome do Senhor". Nvou é uma entre os mais de 450 nigerianos cristãos perseA Voz dos Mártires

Após a cirurgia, Nvou se recupera e dá o seu testemunho

ça haviam engolfado sua casa. Seu bebê havia perecido em meio às chamas. As perdas de Nvou não acabaram por aí. Ela estava grávida de sete meses na época do ataque. O tiro que perfurou seu estômago também matou seu bebê ainda não nascido. As condições de Nvou eram

pacientes. O cirurgião ortopédico voluntário Dr. Steve Kitchen, da cidade de Columbus, Ohio, Estados Unidos, reuniu-se ao Dr. Bert, o diretor da VOMedical. Juntos, os dois cirurgiões inseriram uma haste de aço no fêmur direito de Nvou. Sua recuperação será longa e difícil, mas Nvou

guidos operados ou tratados pela VOMedical e pelos nossos associados voluntários. Acabamos de destinar mais verbas para este programa em 2003, e somos muito gratos ao nosso ministério da VdM da Inglaterra, a Release International, pela sua visão em lançar os serviços de assistência médica na

Nigéria. Outra vítima cristã é Celina, de 45 anos. Recentemente, militantes muçulmanos lançaram um ataque da jihad contra a sua aldeia no Estado de Plateau, e ela foi uma das vítimas sobreviventes. Dois homens armados de facões capturaram Celina quando ela, em pânico, tentava fugir da carnificina. Eles produziram profundos ferimentos no seu braço e pescoço a golpes de facão. Ela teve um pedaço da língua decepado com um dos golpes lhe atravessando a bochecha direita. Celina procurou se manter calma, agradecendo a Deus por ter poupado sua vida. "Inclinei minha cabeça e agradeci a Deus por ainda estar viva, e então comecei a cantar e dar graças ao Senhor". Depois de orar, Celina recebeu as forças de que precisava para se pôr de pé e caminhar até o lugar onde vários sobreviventes do ataque estavam reunidos. Eles então a levaram ao hospital onde recebeu cuidados médicos. Naquele dia, o filho de oito anos de Celina foi morto no ataque. Ela disse aos representantes da VdM que chora a perda do filho e anseia por se encontrar com ele no céu. Com a fala distorcida por causa da deformidade na língua, ela diz que não sente rancor dos muçulmanos que tiraram a vida do seu filho. "Eu já perdoei quem fez isso e oro para que Deus me ajude a esquecer tudo o que aconteceu", diz Celina. "Oro para que meu filho esteja descansando na presença do Senhor Jesus Cristo".


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Missionário presbiteriano trabalha entre povos não alcançados na Amazônia

Missões

Ronaldo Lidório fala sobre evangelização de povos indígenas Divulgação

Letícia Ferreira

inda há quem acredite que povos indígenas e primitivos não devem ser evangelizados, pois possuem sua própria cultura e costumes que não devem ser descaracterizados. Esta não é a opinião de muitos cristãos e missionários, entre eles o rev. Ronaldo Lidório, bem conhecido na IPB pelo seu trabalho entre povos não alcançados na África e na Amazônia. Para o rev. Lidório, o índio pode ser evangelizado sem perder sua cultura. Ele afirma que a evangelização de comunidades indígenas ainda ocorre, parcialmente, sob um manto de mitos e desinformação no Brasil. "A mídia, movida pela antropologia francesa purista, tem pregado no nosso País que as culturas isoladas representam o homem sem a corrupção moral, equivalente a uma sociedade perfeita. Ingenuamente, muitos têm absorvido esta idéia cientificamente já desacreditada no mundo, mas ainda presente em alguns dos nossos meios acadêmicos", explica. O missionário esclarece que, antropologicamente, o conceito de pecado está presente em todas as culturas da Terra e que, na quase a totalidade étnica mundial, há normas para que este pecado seja exposto e haja possibilidade de restauração dentro de seus padrões de religiosidade. Um grupo isolado na

A

Família Lidorio: Rossana e Ronaldo com os filhos

Amazônia não deve ser visto como um paraíso social, pois é um grupo milenar a procura de respostas que não possui, com os mesmos problemas do coração e da alma de qualquer outra sociedade. "Os indígenas são povos envoltos por riquíssimas heranças culturais e lingüísticas que devem ser preservadas e, certamen-

te, os missionários evangélicos devem compreender isso", enfatiza, afirmando que precisa acabar a idéia do missionário como um fomentador da autofagia cultural. Lidório acredita que a valorização do homem em seu universo cultural é um princípio bíblico e cristão altamente positivo para minimizar as

presentes mazelas étnicas e discriminações multiculturais. "A presença missionária tem contribuído para a consolidação da identidade indígena em diversas tribos como os caiuás, daws, kuripakos e tantos outros. Nas Crônicas do Índio Tucume a figura de Palinteh afirma que ‘... quando vi o homem branco, decidi ser como ele para saber o que era importante na vida. Um engano. Com o evangelho descobri que Jesus ama o índio. Não é preciso ser branco para ser salvo. Hoje sou cristão e sou mais índio.’" Ronaldo Lidório afirma que ele e Rossana sempre sentiram um peso de responsabilidade missionária quanto aos povos indígenas. "O Brasil é um país com forte presença evangélica, mas onde há ainda 103 tribos indígenas sem nenhuma presença missionária. Um país onde o número de missionários entre indígenas continua o mesmo nos últimos 10 anos, apesar da explosão evangélica que presenciamos. Ficamos alegres em poder juntar forças com estes irmãos que, ao longo dos anos, não têm desistido deste grande desafio como a Missão Caiuá, a Missão Novas Tribos do Brasil, Missão Evangélica da Amazônia (Meva), Associação Lingüística Evangélica Missionária (Alem) e tantas outras", compartilha Lidório. Projeto Amanajé Atualmente, o missionário Ronaldo

Lidório e sua esposa Rossana lideram na Amazônia o Projeto Amanajé, um trabalho de médio e longo prazo com povos indígenas, de alcance missionário e desenvolvimento de programas sociais relevantes. A missão do casal foi, inicialmente, diagnosticar uma área de necessidade evangelística dentro do universo indígena amazônico, organizar uma equipe e prepará-la para o Projeto. Lidório conta que o primeiro passo foi a realização de alguns mapeamentos na Amazônia, quando ele e Rossana puderam dispor de fotos via satélite, informações do missiólogo Paulo Bottrel da AMTB (Associação de Missões Transculturais Brasileiras) e outros bancos de dados. Eles percorreram aproximadamente três mil quilômetros em diversos rios e áreas indígenas e identificaram duas áreas com graves necessidades, nas quais se concentraram. "Para a formação da equipe, Deus enviou pessoas maravilhosas, apaixonadas por Jesus e com profunda convicção missionária". A equipe do Projeto Amanajé é formada por 11 pessoas: os casais rev. Iraque e Silvéria Carvalho, rev. Marcelo e Claudia Carvalho, Márcio e Isaura Schmidel, rev. Francisco e Rose Ferreira e Gilvânia dos Santos. Iraque e Silvéria atuam na base em Manaus e evangelizam na área do Rio Cuieiras. Marcelo, Cláudia,

Márcio e Isaura realizam um trabalho missionário junto a comunidades, na selva, no Alto Rio Negro, e estão aprendendo uma das línguas tribais. Francisco e Rose assumem em breve a operacionalidade dos ministérios ligados ao Barco Amanajé e ao evangelismo do povo Tukano. Gilvania coopera com o

equipe e coordenamos o Projeto, mas realmente é um trabalho em equipe em que cada um se torna responsável por uma área", explica Lidório. Atualmente, o Projeto está na terceira fase: o desenvolvimento estratégico do processo evangelístico multi-étnico e dos programas sociais que envolvem saúde e subDivulgação

Divulgação

Barco Amanajé: levando Jesus à Amazônia

evangelismo na região do Rio Cueiras e discipulado. "Além destes amados, há três famílias indígenas já convertidas que estamos treinando para trabalhar no evangelismo itinerante a partir deste ano. Também contratamos o Jaime, um abençoado marinheiro, que, com sua esposa, navegarão com o Barco Amanajé. Rossana e eu lideramos a

sistência em áreas carentes. Igrejas locais e irmãos sustentam voluntariamente cada missionário do Projeto, e os próprios missionários sustentam a sua área de atuação ministerial. Há também um fundo através do qual cada missionário contribui para manter os bens comuns como canoas e motores. A Visão Mundial e o grupo Hebron

cooperam com a manutenção de alguns projetos sociais. Ronaldo e Rossana são missionários há 14 anos e, antes do Projeto Amanajé, com o qual trabalham desde 2001, trabalharam em Gana, na África, com as tribos Konkombas e Chakalis, além de coordenarem o mapeamento étnico dos grupos não alcançados ao Norte do país, um bloco animista que envolve mais de 70 etnias. Antes disso, no início do ministério, trabalharam com a tribo Quetchua no Peru. Lidório é pastor presbiteriano ligado ao Presbitério Vale do São Mateus, no Espírito Santo. Ele e Rossana são missionários da APMT (Agência Presbiteriana de Missões Transculturais) e membros da A Missão de Evangelização Mundial (Amem). São ainda sustentados e enviados por igrejas locais da IPB. "Louvamos ao Senhor por chegarmos ao final de 2003 vendo o Projeto Amanajé caminhar guardado por Deus e procurando lançar as sementes", comemora Lidório. No ano passado, ele e Rossana completaram algumas pesquisas do campo, participaram do processo missionário junto às comunidades indígenas e organizaram frentes de trabalho, incluindo projetos sociais. Também tiveram a oportunidade de participar de algumas conferências e apresentar desafios quanto ao trabalho indígena.


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Educação

"A Abep irá facilitar o elo entre a Anep e as escolas presbiterianas da Bahia", afirma Leucília Oliveira Araújo, secretária da Abep

Criada Associação Baiana de Escolas Presbiterianas S

eguindo o projeto da Associação Nacional de Escolas Presbiterianas (Anep), de interiorizar e facilitar o ensino nas escolas, foi criada, em 13 de novembro de 2003, a Associação Baiana de Escolas Presbiterianas (Abep), com presidência do rev. Daniel Ramos da Silva Júnior e sede em Piritiba, sertão da Bahia. Segundo Leucília Oliveira Araújo, secretária da Abep e membro da IP de Piritiba, a Associação tem o objetivo de aproximar as escolas baianas na busca de soluções de problemas. "A Abep irá facilitar o elo entre a Anep e as escolas presbiterianas da Bahia", afirma Leucília. Mesmo dentro da Bahia a distância ainda é grande entre as escolas e a intenção é, futuramente, criar associações regionais. De acordo com o cadastro da Anep, há 19 escolas presbiterianas na Bahia e 13 já responderam ao contato feito pela Abep. A idéia de regionalizar o ensino teve início há mais ou menos seis anos com a implantação da Associação Matogrossense de Escolas Presbiterianas (Amep), segundo o rev. Dídimo de Freitas, secretário da Anep e membro da Federação Nacional de Escolas Presbiterianas (Fenep). "Depois de cinco encontros nacio-

nais, a Fenep decidiu que essa seria uma iniciativa que daria melhores condições para o desenvolvimento do trabalho", afirma o rev. Dídimo. Na Amep são realizados

de do ensino oferecido", explica o rev. Dídimo.

grande aquisição para o IPE, que é a coordenação da professora Maria das Piritiba Graças Barreto, grande A irmã Leucília Oliveira autoridade em Educação, Araújo é também diretora um importantíssimo predo Instituto Presbiteriano sente de Deus", comemora Dilvulgação

IP de Piritiba: respeito da comunidade

congressos nacionais e programas de treinamento de funcionários. Foi esse embrião que serviu de base para a criação da Anep, órgão responsável pelas associações regionais, que vem ganhando bastante força de atuação. "A tendência é que a Anep se desenvolva cada vez mais, possibilitando a criação de mais associações e a conseqüente melhora na qualida-

de Educação, fundado há 12 anos e mantido pela Associação Presbiteriana Sócio-Educativa de Piritiba (BA). O IPE oferece ensino infantil e fundamental e, em 2003, contava com 150 alunos, aproximadamente. Segundo Leucília, a intenção é oferecer também ensino médio a partir de 2005. "Poderemos contar, a partir de 2004, com uma

Leucília. Ela conta que a maioria dos alunos do IPE é bolsista e o Instituto enfrenta grandes dificuldades, principalmente no pagamento de funcionários. Leucília explica que a população de Piritiba tem um poder aquisitivo muito baixo e não pode arcar com os custos de uma educação como a que o IPE oferece, baseada no material Positivo. "O IPE é conside-

rado uma escola muito boa, a melhor da cidade, porque contribui para a formação da cidadania dos alunos com princípios éticos, cristãos e morais. Oferece não somente ensino de qualidade, mas contribui para a formação do caráter do aluno". Para o futuro, o Instituto deverá oferecer cursos de informática, reforço escolar, e trabalhos com Terceira Idade. A IP de Piritiba, pastoreada pelo rev. Gilmar, tem 66 anos de fundação e 200 membros. Segundo Leucília, quando foi fundada, a Igreja sofreu grande resistência. Quando o templo foi erguido, um grupo de católicos reuniu-se, armou-se de picaretas e pás e partiu para destrui-lo. Avisado por um menino, o presbítero fundador, Esrandino Neves, tomando uma tranca de porta, enfrentou os agressores, dizendo: "quem for homem, venha!". A história conta que o grupo retrocedeu. No entanto, dias depois, uma grande chuva derrubou o templo. Os crentes, inclusive as mulheres, o reergueram em um dia. Depois disso, segundo Leucília, a igreja ainda foi muitas vezes apedrejada e tinha que fazer os cultos de janelas fechadas. Hoje, no entanto, a IPB é muito respeitada na cidade pelos serviços prestados à comunidade.


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Superintendente do HC tranqüiliza capelã dizendo que "tudo está em ordem"

Eleny Vassão não será afastada de seu trabalho Dilvulgação

presbiteriana Eleny Vassão, capelã do Hospital das Clínicas, do Instituto Emílio Ribas e do Hospital do Servidor Público do Estado, em São Paulo, recebeu uma tranqüilizadora palavra do superintendente do Hospital das Clínicas, dr. José Manoel de Camargo Teixeira, a respeito da provação pela qual ela vem passando. Através de um amigo, o vereador Dr. Carlos Alberto Bezerra, Eleny recebeu do superintendente a mensagem de que "tudo está em ordem, problema resolvido". Eleny vinha sofrendo o risco de ser afastada de seu trabalho como capelã por causa de acusações de que estaria utilizando a capelania como forma de se pronunciar contra o homossexualismo (BP Janeiro/2004). Citando o Salmo 44, "Não confio no meu arco, e não é a minha espada que me salva. Pois Tu nos salvaste dos nossos inimigos e cobriste de vergonha os que nos odeiam. Em Deus, nos temos gloriado con-

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Eleny Vassão: "graças ao Senhor, mais uma vez, Ele nos deu a vitória"

tinuamente e para sempre louvaremos o Seu nome" (Sl 44.6,7), Eleny comemora: "graças ao Senhor, mais uma vez, Ele nos deu a vitória". Ela conta que recebeu o apoio e auxílio de muitos irmãos

presbiterianos e de outras denominações, do Brasil e do mundo, principalmente do Dr. Carlos Alberto Bezerra. Além de interceder por Eleny junto ao superintendente do HC, ele publicou um artigo no Jornal Diário de São Paulo sobre preconceito contra evangélicos (http://www.diariosp.com.br/brasil/default.asp?Editoria=43&id=2 88070), o que muito a ajudou. "Temos certeza de que a vitória veio do Senhor, mas estamos muito gratos pelo carinho de cada irmão que orou e participou de nossa luta para que o evangelho possa continuar a ser pregado com liberdade nos hospitais",afirma Eleny. Deus transforma perdas em ganhos Apesar da tribulação, Eleny Vassão diz que muitos foram os ganhos, como o surgimen-

to, no Rio de Janeiro, de uma entidade evangélica para acolher pessoas com problemas na área da sexualidade, a Associação Brasileira de Apoio aos que Voluntariamente Desejam Deixar a Homossexualidade. No dia 20 de março, das 14h às 18h, Eleny estará ministrando o Seminário Sobre Capelania Hospitalar, no Instituto Presbiteriano Mackenzie, em, São Paulo. O evento é dirigido a quem quer conhecer o ministério nos hospitais e prepararse para o Curso de Visitação Hospitalar, promovido pela Associação de Capelania Evangélica Hospitalar, sob a coordenação de Eleny. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 11-50888551 ou pelo e-mail: capelaniaevangelica@yahoo.com.br. Ela teve um artigo publicado no site America on Line, falan-

do sobre o ministério de Capelania Hospitalar e o evangelho explicado de maneira bem simples. Eleny também conta muitas outras vitórias advindas dessa tribulação: a indignação e conseqüente manifestação de muitos irmãos, enviando mensagens para a AOL e para as Superintendências do HC e do Emílio Ribas, dando um excelente resultado; o envolvimento de muitos irmãos e de diversas igrejas de várias denominações evangélicas orando pela Capelania e divulgando o ministério; divulgação do caso através de várias entrevistas para jornais e revistas evangélicas, que a defenderam; participação de diversos médicos evangélicos, professores da Faculdade de Medicina da USP, como aliados e ajudadores no preparo do documento para o Superintendente do HC e a apresentação clara do evangelho neste documento (o superintendente lê cuidadosamente todos os documentos); a maior união e consagração a Deus de toda a equipe de Capelania; a confiança na soberania e no poder do Senhor na condução de todo o episódio até a vitória; mais uma vez a confirmação de seu chamado para o ministério do consolo e da misericórdia, independentemente de uma posição de liderança; o grande apoio de seus filhos, participantes de todo o processo; a descoberta gratificante do bem que a Palavra de Deus tem feito através da instrumentalidade da equipe de capelania a tantos pacientes, que lhe contaram seu testemunho; a crescente fé no Senhor, que defende Seu ministério e os Seus.


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Mocidade

Jovens contam sua história

Confederação Nacional de Mocidades escreve livro sobre a história da Mocidade Presbiteriana Divulgação

ara manter viva a memória da história da Mocidade Presbiteriana em seus detalhes mais corriqueiros, Enos Moura Filho, secretário de História da Confederação Nacional de Mocidades (CNM), está organizando um livro com a ajuda do rev. Enos Moura, responsável pelo Arquivo Histórico da IPB, de Lucas Heler, secretário de Imprensa da CNM, e de quem mais quiser participar. É isso mesmo, quem quiser e tiver histórias para contar sobre a Mocidade Presbiteriana pode procurar Enos Moura para contribuir com o desenvolvimento do livro, que deverá ser lançado em maio de 2005. "O livro será organizado com base nas contribuições, nas histórias que recebermos dos irmãos que queiram compartilhar suas experiências e com base em conversas e entrevistas que a Secretaria de História da CNM está realizando com personagens da nossa História", conta Enos. "Os jovens e aqueles que não são mais tão jovens, mas que ainda nutrem o entusiasmo pela

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mocidade presbiteriana vão poder participar através de suas contribuições". O objetivo é transformar o material reunido em diversas crônicas. O Projeto Memória, iniciado antes da gestão 1994 - 1998 da diretoria da CNM, esboçou a realização de um livro que contasse a história da UMP. O livro Eu faço parte dessa História, escrito por Hélerson Silva, rev. Enos Moura e Mônica Moraes, foi lançado em janeiro de 2002. Nele, é contada de forma cronológica parte da história da UMP (1936/1998). A idéia do novo livro partiu da atual diretoria da CNM. Júlio César Mendes Pereira, presidente, resumiu essa idéia expressando a vontade de ver publicado um livro que entusiasmasse os jovens presbiterianos, contando sua história de uma forma descontraída e exaltando a alegria e satisfação que o jovem encontra no seio da mocidade presbiteriana. Como o livro será patrocinado e editado, ainda não se sabe: "Temos fé em Deus que Ele providenciará, mas vamos

Enos Moura Filho: documentando a história da Mocidade Presbiteriana

fazer a nossa parte", afirma Enos. Ainda não há um título oficial, mas pensa-se em Histórias que as Atas não Contam. A coletânea dos fatos para a montagem do livro, que teve seu início

em agosto, está sendo feita, na maior parte, via internet, com praticamente todos os pastores da IPB e suas igrejas. Enos deverá realizar algumas entrevistas pessoalmente em janeiro, nos estados

de Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. "Queremos que os presbiterianos nos remetam as histórias de sua época de mocidade, com o máximo de detalhes possível. Fatos que aconteceram durante congressos (de federações, confederações sinodais e nacional), caravanas, gincanas e tudo que acharem que vale a pena ser registrado na história de nossa Mocidade", diz Enos. As contribuições podem ser enviadas de várias maneiras: escrita, vídeo, fitas K-7, arquivos digitais, etc. Devem ser enviadas para: Enos Moura Filho, Secretaria de História da Confederação Nacional de Mocidade, Av. Napoleão, 67, Vila Matilde, São Paulo – SP, CEP 03532-040. Ou via e-mail para enos@uol.com.br. Os telefones de contato são: 11 6651-9073 ou 11 9213-9788. Há ainda a possibilidade de entregar as contribuições pessoalmente para qualquer membro da diretoria e secretariado da CNM, além da Secretaria Geral.


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Acontece

Congregação de Fazenda dos Mineiros promove evento com o tema Buscando Intimidade com o Pai Gustavo Brigatto Congregação de Fazenda dos Mineiros, bairro carente da cidade de São Gonçalo, Rio de Janeiro, realizou, no dia 13 de dezembro de 2003, um seminário com o tema Buscando Intimidade com o Pai, para refletir com os membros da comunidade sobre o relacionamento com Deus. "Nosso objetivo foi mostrar aos crentes que o Deus a quem servimos não está a quilômetros de distância de nós e sim ao nosso lado, nos ajudando e sustentando a cada dia", explica o Pb. Fabrício Macedo. Chamado de Aba, termo do grego, utilizado pelo apóstolo Paulo em suas epístolas aos Romanos (8:15) e aos Gálatas (4:6), significando Pai, o evento teve início às oito da manhã e acabou às oito da noite, contando com a presença de 30 dos pouco mais de 50 membros da congregação. Os preletores foram os pres-

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Divulgação

bíteros Jayro Alves, Jonas Murta, do Presbitério de Rio do Ouro, e Fabrício Macedo. Eles procuraram mostrar em suas pregações que o relacionamento com Deus deve ser feito de forma bilateral (você fala e Deus o ouve, assim como Ele fala conosco e nós ouvimos) e profunda (não um relacionamento superficial). "Este foi o primeiro seminário que realizamos, mas como a recepção foi boa, procuraremos realizar anualmente, abordando temas diferentes. Pretendemos fazer os próximos em ambiente maiores, como sítios ou colégios", conta o Pb. Fabrício. Segundo ele, a idéia de organizar o seminário veio da constatação de que muitos membros se encontravam afastados da igreja. "Estamos investindo na evangelização, mas não queremos perder ninguém e resolvemos também investir nas pessoas que se encontravam afastadas, e obtivemos resultados positivos para a glória de Deus",

Equipe de louvor que atuou no Seminário Aba (da esquerda para direita): Luana, Daniele, Luciene, pb. Fabrício, Douglas e Tayson

diz. O evento também foi direcionado para cônjuges não crentes, já que estes têm mostrado simpatia pela palavra. A Congregação Vinculada à Igreja Presbiteriana de Trindade, em São Gonçalo, a congregação de Fazenda dos Mineiros tem mostrado crescimento positivo, apesar de algumas dificuldades.

Mesmo depois de 13 anos de trabalho, os cultos são realizados em uma casa alugada, o que dificulta a identificação da igreja. "O bairro de Fazenda dos Mineiros é de difícil acesso e às vezes até perigoso. Pode-se dizer que é quase um trabalho missionário, feito de porta em porta", justifica o Pb. Jayro Alves, evangelista designado pelo Presbitério de Alcântara, que trabalha na região desde

março de 2003. Hoje, a congregação é composta na maioria por jovens que estão dispostos a trabalhar. Já estão marcados batismos ainda para o primeiro trimestre de 2004, e pessoas que estão congregadas logo estarão ingressando na classe de catecúmenos para serem batizadas. Também estão programadas atividades como luais, vigílias, evangelização, Culto Jovem, Missão Resgate (Evangelismo Jovem), churrasco de confraternização, encontro de casais etc. Além disso, estão sendo realizados discipulados com membros novos, depois de um curso de quase um ano com os discipuladores. "Nosso desenvolvimento vem sendo feito à base de Sustagen, Leite Ninho", brinca o Pb. Jayro. Para ele, esse processo deve ser feito de forma sustentável, com raízes fortes, e não através do simples inchaço como acontece em muitas denominações.

Presbitério de Resplendor realiza 48ª Reunião Ordinária D

e 18 a 20 de dezembro de 2003, foi realizada a 48ª Reunião Ordinária do Presbitério de Resplendor – PRSP, nas dependências do templo da Segunda IP de Resplendor,

Minas Gerais. Segundo o seminarista Rodrigo da Silva, aluno do Seminário Teológico Presbiteriano Reverendo Denoel Nicodemos Eller, foram tomadas importantes decisões acerca das

igrejas jurisdicionadas pelo Concílio. Houve, também, momentos devocionais, com oração e pregação da Palavra, além de confraternização e comunhão entre os conciliares e a participação

dos seminaristas e evangelistas do Presbitério. "Louvamos a Deus, que nos concedeu momentos preciosos em Sua presença, estando Ele na direção de cada sessão da Reunião, ins-

truindo cada conciliar com Seu Espírito Santo. O PRSP têm caminhado sob a graça divina, labutando em prol da causa do Mestre Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. afirma Rodrigo.


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Brasil PRESBITERIANO

Fevereiro de 2004

BP comemora os 450 anos da maior cidade do Brasil

História

Divulgação

Primórdios do Protestantismo em São Paulo

Rua Líbero Badaró, em 1910, onde ficava a primeira Igreja Presbiteriana de São Paulo

Rev. Alderi Souza de Matos

o dia 25 de janeiro transcorreu o 450º aniversário da cidade de São Paulo. A fundação de São Paulo coincidiu com a época da Reforma Protestante e da Contra-Reforma na Europa. Em 1554 João Calvino ainda vivia (morreria dez anos depois) e o Concílio de Trento já havia realizado duas de suas três séries de sessões. Os fundadores do colégio de Piratininga, os frades jesuítas Manoel da Nóbrega, José de Anchieta e outros, pertenciam a uma ordem religiosa fundada recentemente, que tinha como um de seus principais objetivos combater o protestantismo, como fiel servidora do papa. Assim sendo, foi praticamente nula a presença de protestantes em terras paulistas no período colonial. Houve apenas a visita de alguns indivíduos isolados, como o fervoroso soldado luterano Hans

N

Staden, que no início da década de 1550 esteve em São Vicente e Bertioga e quase foi devorado pelos índios tupinambás. Outro desses raros visitantes protestantes foi o calvinista Jean Jacques Le Balleur, que havia estado por pouco tempo na França Antártica, uma colônia fundada na baía da Guanabara por Nicolas Durand de Villegaignon. Condenado à morte com outros companheiros pelo líder da colônia (1558), Le Balleur fugiu para São Vicente, onde começou a divulgar a sua fé. Versado em espanhol, latim, grego e hebraico, entrou em debate com os jesuítas. O padre Luiz de Grã foi de Piratininga para São Vicente e fez com que o calvinista fosse levado preso para Salvador, durante o governo de Mem de Sá. Em 1567, após oito anos no cárcere, Le Balleur foi trazido para o Rio de Janeiro e enforcado como herege, na época da expulsão dos últimos franceses.

Foi somente após a independência que os primeiros imigrantes protestantes começaram a fixar-se em território paulista e na cidade de São Paulo. A partir de 1828, chegaram os primeiros alemães, suíços e ingleses, que logo formaram comunidades numerosas e começaram a construir os seus próprios templos. Um personagem conhecido é Júlio Franck, que foi professor do curso anexo da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Ao falecer, em 1841, foi-lhe negado o sepultamento de costume, em virtude de ser protestante. Diante disso, os estudantes o sepultaram no próprio pátio da academia, onde o túmulo se encontra até hoje. Em 1851, junto ao Convento da Luz, foi criado o primeiro cemitério protestante da Paulicéia, depois transferido para o alto da Consolação. Esses imigrantes mantinham as suas atividades religiosas restritas aos seus grupos étnicos, sem qualquer tentativa de

pregar a sua fé aos nacionais. Até meados do século 19, não há notícia de um só brasileiro protestante. O primeiro pregador protestante a visitar a Província de São Paulo foi o pastor metodista norte-americano Daniel Parish Kidder, em 1839. Veio como correspondente da Sociedade Bíblica Americana e manteve contatos com políticos e intelectuais, tais como Rafael Tobias de Aguiar, o padre Feijó e o conselheiro Brotero. Em contato com a Assembléia Provincial, propôs-se a oferecer gratuitamente a cada escola primária da província doze exemplares do Novo Testamento traduzido pelo padre Antônio Pereira de Figueiredo. Devido aos temores do clero, o plano acabou não se concretizando. Dezesseis anos depois, em 1855, o pastor presbiteriano James Cooley Fletcher visitou em caráter particular a capital e o interior paulista. À semelhança de Kidder, manteve contato com homens ilustres e distribuiu as Escrituras. Sendo conhecido do senador Vergueiro, visitou sua fazenda em Ibicaba, onde trabalhavam colonos suíços e alemães. Coube aos presbiterianos o privilégio de implantar a primeira igreja evangélica de língua portuguesa na terra de Tibiriçá. As primeiras sondagens foram feitas pelos missionários pioneiros Ashbel Green Simonton, Alexander Latimer Blackford e Francis J. C. Schneider, que visitaram a capital paulista entre dezembro de 1860 e fevereiro de 1862. Finalmente, em outubro de 1863, o reverendo Blackford fixou residência em São Paulo, dando início às suas atividades evangelísticas. O primeiro fruto do seu trabalho entre os brasileiros foi, surpreendentemente, um

sacerdote – José Manoel da Conceição –, que abraçou a fé evangélica em meados de 1864. Finalmente, no dia 5 de março de 1865, foi organizada a Igreja Presbiteriana de São Paulo, sendo recebidos os seis primeiros membros, quatro portugueses e duas brasileiras. Posteriormente, chegaram os metodistas, batistas e outros grupos. Por ocasião do quarto centenário de São Paulo, o Rev. Miguel Rizzo Júnior, pastor da Igreja Presbiteriana Unida, na rua Helvetia, falou ao jornal A Gazeta (28/01/1954) sobre a presença e contribuição dos protestantes. Após lembrar alguns dos aspectos históricos mencionados acima, o ilustre conferencista apontou vários benefícios trazidos pela obra evangélica. Na área cultural, mencionou as obras didáticas escritas por homens como Antônio Trajano, Eduardo Carlos Pereira, Erasmo Braga e Otoniel Mota, bem como as muitas instituições de ensino, destacando-se entre elas a recémcriada Universidade Mackenzie. Na área social, fez referência às diversas instituições assistenciais que atuavam tanto na capital quanto no interior. Por último, destacou a contribuição mais importante, a influência espiritual, expressando a expectativa de que, no futuro próximo, os reflexos do protestantismo na vida de São Paulo seriam marcantes "na elevação moral do ambiente". Esse continua sendo um enorme desafio para a IPB e para as igrejas evangélicas do Brasil.

O Rev. Alderi Souza de Matos é o historiador da IPB e-mail: asdm@mackenzie.com.br


Brasil PRESBITERIANO Acontece

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Presidente da IPB fala sobre a Lei aprovada e convoca lideranças para reunião da Comissão Executiva

Lula sanciona mudanças no novo Código Civil última palavra foi finalmente dada. No dia 22 de dezembro de 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei 10.825, que faz correções jurídicas no texto do novo Código Civil Brasileiro no que este afeta as igrejas. Segundo o presidente Lula, foi a última lei sancionada pelo governo federal em 2003. O Ministro da Justiça Márcio Thomas Bastos afirmou que está proibido ao Estado tomar qualquer decisão que proíba o funcionamento das entidades religiosas. Até então, o novo

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Código Civil Brasileiro interferia na liberdade religiosa e na separação entre Igreja e Estado, garantida pela Constituição Brasileira. Todas as igrejas terão o direito, garantido por esta lei sancionada, de terem o seu próprio estatuto. Nesta luta, participou intensamente o rev. Roberto Brasileiro Silva, presidente do Supremo Concílio da IPB, que empregou todos os seus esforços junto a autoridades da República. Segundo o rev. Brasileiro, a participação da IPB foi decisiva nesta questão, principalmente dos deputados Silas

Brasileiro (PMDB-MG), presbítero da IP Central de Patrocínio, Minas Gerais, e Henrique Afonso (PT-AC), presbítero da IP de Rio Branco, no Acre. Ele cita também a atuação da Frente Parlamentar Evangélica e o envolvimento de outras denominações. "Foi uma grande vitória e, principalmente, uma demonstração da soberania de Deus", afirma o rev. Brasileiro. "Só posso entender todo esse processo como ato de Deus que, na Sua sabedoria, cuidou para que fosse possível o alcance de resultados tão positivos em tempo tão

curto. A mão de Deus esteve presente em cada ato do processo e agora é momento da Igreja agradecer e engrandecer ao Senhor". O rev. Roberto conta que houve momentos de desânimo, por causa das dificuldades no percurso, mas que Deus proveu forças e é hora da Igreja, mais uma vez, reconhecer sua dependência de Deus: "Como Igreja, só podemos exercer nosso trabalho de acordo com o chamado exclusivo da graça de Deus". Foi um longo caminho até a vitória. Antes de chegar ao presidente Lula, o projeto

passou pelas Comissões de Constituição e Justiça e pelos plenários do Senado e da Câmara Federal. Em todas essas votações foi aprovado unanimemente. Executiva: De 15 a 22 de março, será realizada, em São Paulo, a XXXVI Reunião da Comissão Executiva do Supremo Concílio da IPB. O presidente Roberto Brasileiro afirma que toda a liderança da igreja está convocada, com os presidentes de sínodos e todos os membros que fazem a Comissão Executiva, para essa "reunião abençoada".

CONVOCAÇÃO DA SE-SC-2004 Por ordem do Senhor Presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil, Rev. Roberto Brasileiro Silva, convoco a Comissão Executiva do Supremo Concílio para se reunir ordinariamente nos dias 15 a 19 de março de 2004, tendo início a reunião com o almoço às 12h no refeitório do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM) e culto solene de abertura às 14h no Auditório Benedito Novaes Garcez, no IPM, na cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, à Rua Itambé, 135, Bairro Higienópolis. A hospedagem dessa reunião se dará no Hotel Eldorado, à Rua Marquês de Itú, 836, telefone (11) 3361-6888, Bairro Higienópolis. As despesas de viagem serão ressarcidas pela Tesouraria da IPB da seguinte forma: até 500 quilômetros da capital paulista, via rodoviária e acima dessa distância, via aérea. Toda e qualquer passagem via aérea será adquirida pela Tesouraria do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil e enviada por e-ticket aos

presidentes dos Sínodos. Fazemos lembrar, em cumprimento às decisões anteriormente tomadas, que os documentos a serem examinados pela Comissão Executiva do Supremo Concílio da IPB serão recebidos até a data de 15 de fevereiro de 2004 (carimbo postal). Lembramos o endereço e os telefones de nossa Secretaria Executiva que estão à disposição dos irmãos: Rua Ceará, 1431 – sala 1106 – Bairro Funcionários – CEP 30150-311 – Belo Horizonte MG – Fones (31) 3222-7121, 3222-9026 e o telefone do Secretário Executivo: (31) 3296-5470. Rogando as mais ricas bênçãos de Deus sobre a vida dos estimados irmãos, aguardamos vê-los nessa histórica reunião de nossa amada Igreja. Nos laços da Cruz, o servo e conservo em Cristo, Rev. Ludgero Bonilha Morais Secretário Executivo do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil www.executivaipb.com.br ludgero.bh@terra.com.br


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Brasil PRESBITERIANO

Fevereiro de 2004

Ordenação

Rev. Joni Menoni foi designado para a IP de Vila Prudente e Rev. Wilson de Angelo para a IP de Vila Diva

Presbitério Paulistano ordena dois novos pastores Divulgação

Gustavo Brigatto Presbitério Paulistano, do Sínodo de Piratininga, ordenou dois novos pastores ao sagrado ministério no final do ano passado. Em 29 de novembro, Joni Menoni foi designado pastor auxiliar na Igreja Presbiteriana de Vila Prudente. À cerimônia, realizada na própria igreja, estiveram presentes mais de 250 pessoas, que ouviram os hinos cantados pelo Quarteto Filadélfia e a pregação do Pastor Jair de Almeida, da 1ª IP de Itajaí, Rio Grande do Sul. A liturgia foi baseada em Isaías 6. Nascido em São Paulo em 1968, Joni Menoni freqüentou a Congregação da Igreja Presbiteriana da Penha até os

O

18 anos, quando foi para Maceió realizar seu sonho de se tornar jogador profissional de futebol. Por influência de seus amigos e de sua "paquera" Sheyla não abandonou a religião. Morou em Goiás e cidades do interior de São Paulo. Por onde andava procurava uma Igreja Presbiteriana e o grupo ‘Atletas de Cristo’, do qual participou até 1996. Voltando para São Paulo, casou-se com Sheyla e tiveram três filhos: Sarah de 8 anos, Lucas de 7 e Rebecca de 3. Foi enviado para o Seminário Teológico Presbiteriano Reverendo José Manoel da Conceição, em São Paulo, e, ao completar seus estudos, apresentou-se para os exames de praxe no Concílio. Examinado e apro-

Mundo Reformado

Rev. Joni Menoni: ordenado ao ministério no dia 29 de novembro

vado, foi licenciado em 2003. No mês seguinte, em 20 de dezembro, Wilson de Angelo Cunha foi designado pastor auxiliar na Igreja Presbiteriana de Vila Diva. À cerimônia, realizada na própria igre-

ja, compareceram cerca de 50 pessoas, que assistiram a uma apresentação do Coral Presbiteriano de Vila Diva e ouviram às pregações dos reverendos Carlos Alberto Henrique, da IP de Vila Diva, Abel José

de Paula, pastor emérito da IP de Vila Formosa, e Mauricio Passos Nepomuceno, também de Vila Formosa. Filho mais velho de três irmãos, Wilson de Angelo Cunha, recebe aos 23 anos de idade o reconhecimento de seu devido preparo e de sua vocação para a tarefa para a qual fora chamado. Presbiteriano por influência de seus avós Abigail Adorno Cunha e Bento Cunha, membros da Igreja Presbiteriana de Vila Formosa, foi aprovado pelo Conselho da Igreja Presbiteriana de Vila Formosa e pelo PLIS (Presbitério Paulistano), após completar o colegial, e ingressou no Seminário JMC, onde passou 4 anos. Formouse em 7 de dezembro de 2002 e foi licenciado pelo PLIS em maio de 2003.

Estiveram presentes à gravação do CD no Teatro Municipal de Guararema, interior de São Paulo, mais de 200 pessoas

Banda GDC grava seu primeiro CD om um estilo musical inspirado no pop rock de grupos como Oficina G3, Metal Nobre e Resgate, a banda GDC, da IPI de Guararema, interior de São Paulo, realizou no dia 25 de Novembro de 2003 o sonho de gravar seu primeiro CD. E eles não poderiam começar melhor. À gravação, feita ao vivo no Teatro Municipal da cidade, esteve presente uma platéia de 200 pessoas, que participou cantando as músicas mais

C

conhecidas da banda. Quem foi conferir o som não pagou entrada, precisando doar um quilo de alimento não perecível. Os alimentos doados foram entregues à IPI e usados no programa de distribuição de cestas básicas desenvolvido pela igreja. A banda A GDC é formada por sete jovens da IPI de Guararema e existe desde 1997. Ela nasceu da banda Novo Testamento, um grupo de louvor adolescente. "Quando nos juntamos

para tocar, nem passava pela nossa cabeça a idéia de gravar um disco. Era mais por paixão à música. Mas começamos a participar de festivais e nossas músicas foram ficando conhecidas", explica Washington de Souza, vocalista e contrabaixista da banda. A escolha pelo pop rock, uma tendência na cena da música gospel, aconteceu por causa da aceitação do público jovem. Os integrantes da banda têm idades entre 19 e 23 anos e sabem que falar a

linguagem dos jovens, através de um estilo de música que eles gostem, é a forma mais eficiente de levar a palavra de Deus a eles. A idéia de atrair o público começa pelo próprio nome do grupo. "Como estamos no mundo das siglas pensamos em um nome que as pessoas ficariam curiosas em saber o que é, por isso, Guerreiros De Cristo (GDC), um nome escolhido porque, atualmente, temos que ser guerreiros para enfrentar as tentações e as

armadilhas do inimigo que ruge como um leão querendo nos devorar", diz Washington. O CD Composto por 13 músicas escritas pela banda, o CD independente da Guerreiros de Cristo foi lançado no final de janeiro e, inicialmente, está disponível apenas no Presbitério do Leste Paulistano. Mas em breve poderá estar disponível em todo Brasil. "Estamos em contato com algumas gravadoras gospel", afirma Washington.


Brasil PRESBITERIANO Infantil

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Que tal valorizar as pequenas coisas?

Chegou o carteiro... uma euforia muito grande com a Turma da Miloca. A Cininha foi correndo na frente. Volta de repente, de cabeça baixa e muito triste. - O que aconteceu contigo? perguntou a Florisbela. - A minha carta foi devolvida, falou com a voz embargada, quase chorando. Acontece que, no envelope da carta, exatamente no local do destinatário, deixou de ser colocada uma letra e um simples algarismo. - O que não entendo é que foi uma simples letra e um insignificante numerozinho, disse Cininha, tentando justificar-se... A Miloca chamou a atenção de todas presentes, mostrando que devemos dar saber dar valor às pequenas coisas. O que sucede é que geralmente deixamos de lado e até desprezamos as pequenas coisinhas para só dar atenção às grandes. A Miloca não perdeu a oportunidade para lembrar que as pequenas coisas não devem ser desprezadas porque elas são o esteio e a base de coisas grandes. Foi assim que ela mencionou o caso da letra omitida na destinação da carta. As letras são pequenos sinais gráficos, mas que, combinadas, formam palavras, frases, livros, compêndios — tudo isso tem como origem uma letrinha. Assim como as letras, também são os algarismos, que são significativos. Naquele momento, ela deu como exemplo o número 1, aparentemente insignificante, porém de um valor incalculável. E até mesmo o algarismo zero. - Mas zero não significa nada! exclamou a Jô. - Pois bem, argumentou a Miloca. Se você colocar um zero ao lado direito do 1, vai ficar uma dezena. Colocando outro zero ao lado do 10, teremos 100... como se vê, as grandes somas, grandes números, são formados de pequenos algarismos de muito valor. No meio daquele papo explicativo, a Miloca apontou na direção onde estava a "toca" da Cininha, mostrando que era formada por muitos grãos de areia. Em dado instante, ouviram uma música muito bacana no radinho. - Que música legal!, disse a Jô, acompanhando o ritmo com os pezinhos. - Aí está um outro exemplo sobre o assunto que estamos falando, enfatizou a Miloca. A Jô ficou surpresa... - Acontece que esta linda música é constituída de pequenas notas musicais. As grandes orquestras e conjuntos não desprezam as pequeninas notas musicais. Ainda exemplificou o caso de um simples selinho no envelope de uma carta, valorizando a correspondência. - O mesmo é válido para aquelas pecinhas que fazem parte do funcionamento de um relógio, concluiu a sabichona Miloca. Sabemos que Jesus valorizou as coisas pequenas nesta vida. Na parábola do grão de mostarda, uma sementinha miúda de uma hortaliça que Chega até 4 metros, Ele valorizou o grãozinho, tão diminuto. Ele deu grande valor a uma criancinha dizendo que "dos tais é o reino dos céus". - Puxa, como foi legal a lição das coisas pequenas! Agora vamos dar mais valor às pequenas coisas, concordaram todas elas.

Ligar as pequeninas coisas às figuras correspondentes.

A Jô resolveu mandar uma mensagem para os pequenos leitores do nosso jornal. Acontece que houve um defeito na tecla da antiga máquina de escrever. Que tal substituir a letra "x" pela letra "e" e descobrir a mensagem de Jô? TEXTO Vocxs já rxpararam que há alguma coisa xrrada nxstx txxto não x mesmo? Pois bxm: uma simplxs lxtra com dxfxito na txcla xstá fazxndo uma grandx difxrxnça! Vxja como x importantx a gxnte pxrcxbxr o valor das pxquxnas coisas nxsta vida!


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Brasil PRESBITERIANO

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Inauguração

Templo leva cinco anos para ser construído e inaugurado

IP Faxinal, no Paraná, inaugura novo templo Divulgação

Gustavo Brigatto epois de cinco anos de trabalho, foi inaugurado, no dia 29 de novembro de 2003, o novo templo da IP Faxinal, cidade no interior do Paraná. Com capacidade para 120 pessoas sentadas, o novo templo começou a ser construído em 1998 pelo trabalho dos seminaristas Alessandro Capelari (hoje pastor na IP de Porecatu, Paraná) e Claudeir Sanches (hoje pastor na recém organizada Segunda IP Betel de Arapongas, também Paraná) e contou unicamente com ofertas dos crentes da igreja e de amigos que freqüentam os cultos. À inauguração, estiveram presentes 90 pessoas, entre elas autoridades e membros da comunidade, além dos idealizadores da obra, o rev. Alessandro Capelari, que pregou sobre o tema A obra não pode parar, e o rev. Claudeir Sanches, que fez a Consagração do Templo. O coral da Segunda IP de Arapongas fez uma apresentação de hinos tradicionais. Após o culto, foi servido aos presentes um coquetel organizado pela SAF local, no Rotary Club.

D

Templo da IP de Faxinal: inaugurado depois de cinco anos de construção

"A conclusão desta obra é uma grande realização. Com o novo templo, poderemos continuar com o projeto de organização administrativa e a divulgação do nome da igreja", explica o licenciado Anderson Adriano Silva Faria, que atua na congregação desde 2002 (na época, seminarista do 4º ano da Faculdade Teológica Sul Americana em Londrina-PR), e foi o responsável pelo trabalho de acabamento (pintura, fachada, instalação elétrica final, móveis, som, instrumentos) da obra.

Atualmente, a IP Faxinal conta com 29 membros comungantes e 13 não comungantes, além de um seminarista e um presbítero em disponibilidade. Ela também foi a Congregação que mais cresceu em 2002 e 2003 na região, conforme relatório da Comissão de Estatística do Presbitério Novo Norte Paraná, tendo organizado a SAF com 15 sócias. História do Presbiterianismo em Faxinal O presbiterianismo chegou a Faxinal nos anos 40, através de várias famílias da IPI e da

IPB residentes na região. O Bairro da Vespeira (localizado na zona rural da cidade) foi o local da construção do primeiro templo, construído por membros da IPI do Brasil, e no qual congregavam também irmãos da IPB. A celebração da Ceia do Senhor era realizada por pastores das duas denominações que eventualmente visitavam a região. Missionários da Junta de Missões Nacionais da IPB assistiram o campo de Faxinal: rev. Wilson Nóbrega Lício (1947-48), rev. Orlando

Oliveira Rosa (1949-51), rev. Augusto Litoldo (1952-53). No ano de 1953, o rev. Litoldo adquiriu um terreno na cidade, onde foi construído, em 1954, o segundo templo da IPB em Faxinal, conforme o registro do livro de atas nº 1 da congregação. Anos mais tarde, esse terreno foi vendido e uma outra área mais próxima do centro, onde foi construído o novo templo, foi adquirida. O trabalho da IPI encerrou-se em Faxinal há alguns anos, devido à influência pentecostal dos anos 70, quando ela sofreu a perda de quase 90% de seus membros. A IPB, mesmo perdendo 80% de seus membros, continuou se reunindo e, sem pastor no campo, o trabalho era muitas vezes dirigido por irmãos da própria congregação. Apesar dos percalços, em 58 anos de existência, o trabalho da IPB em Faxinal nunca foi encerrado. "As dificuldades são muitas, mas Deus, que é gracioso, misericordioso e justo, tem abençoado esta igreja e há de trazer seus eleitos para junto d’Ele. Toda honra e toda Glória seja dada à Trindade Santa", diz o licenciado Anderson Adriano.

Instituto Presbiteriano Mackenzie inaugura Centro Histórico o dia 26 de janeiro, estiveram presentes ao campus Itambé da Universidade Presbiteriana Mackenzie autoridades e membros da IPB para a inauguração do Centro Histórico Mackenzie, um presente para os alunos e para a cidade de São Paulo. O Centro Histórico está localizado no edifício Mackenzie, a construção mais antiga, que já foi

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sede do Protestant College e da Administração da Universidade. "O objetivo é preservar o edifício e o acervo histórico do Instituto", explica o Rev. Alderi Souza de Matos, historiador oficial da IPB. Para que isso fosse possível, foram necessários dois anos de obras de restauração e adaptação do prédio, para que ele pudesse armazenar de forma segura o acervo que compõe a memória do Instituto.

Foram gastos também quase seis anos de trabalho para catalogar e restaurar todo o acervo. Além desses trabalhos, o projeto prevê atividades que difundam valores de preservação de bens históricos, artísticos e culturais, assim como do ambiente urbano. A intenção é que o Centro Histórico se torne um ambiente que promova cultura associada à educação, pesquisa ou ao puro lazer.


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