O Jornal Brasil Presbiteriano é um órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Ano 50 nº 652 – Fevereiro de 2009
Divulgação
Páginas 10 e 11
A atividade do pastor como evangelista Página 6
Ciência ou Fé? Página 8
O uso da tecnologia de comunicação na educação cristã Página 4
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Brasil Presbiteriano
Fevereiro 2009 Janeiro dede 2009
Editorial Editorial
O A
ano em que comemorapreocupação com do os mos o sesquicentenário presbiterianismo é necessitados no temBrasil sido ocasião oportuna para umade reflexão marca do povo Deus sobre igreja, suaO face, seu desdenossa o começo. Senhor perfil. Dados para essa análise vão mesmo determinou que eles surgindo notícias esobre a IPB fossem nas atendidos os israelihoje e nos posicionamentos de tas deveriam se programar seus para líderes. Em quê cremos? cumprir essa determinação (Lv O que fazemos? Por quê? Como 19.10). Um dos primeiros granfazemos? des impasses da Igreja Primitiva Não podemos ir nos tornando o que foi exatamente à situação viremos a ser serelativo perdermos nossa das viúvas carentes e referência. A Escritura éa asolução nossa foi tipicamente (At 6.1). única regra de fé ecristã de prática e nosAo longo dos séculos essa sos símbolos de fé expõe o marca modo da igreja nãocompreendido se perdeu, embocomo a temos desde às vezes tenha ficado quase oracomeço. Somos o povo do Livro e, apesar de toda a cargaDois do pós-modapagada. O livro Reinos, ernismo (dentro e fora da insisde Clouse, Pierard e IPB), Yamauchi timos que não há religião (Cultura Cristã 2003) alternativa aborda a válida. O cristianismo é a religião preocupação missionária comdoo Livro. Não se trata de uma boa bem-estar social, relatando idéia que humana, mas maioria resultado dos da revelação "a grande missiodivina. segundo nários E, [via] comoessa suaRevelação, principal como é o cristianismo? tarefa ganhar os perdidos para Produto da Revelação, o cristianCristo, [mas] o movimento como ismo não é Legalista, porque sabe um todo teve um impacto enorque pela lei não vem a salvação, me na melhoria da do qualidade de mas o conhecimento pecado, da vida do mundo não-ocidental" condenação. O cristianismo não é (pág.482). por que sabe que (1) Antinomiano, Osnosefeitos da salvação, Revolução a lei prepara para nos Industrial desafiaram leva a Cristo; (2) ela é aumigreja. fator Ainda segundo citade contenção, isto os é, autores tem utilidade política ou civil, restringindo o pecados, "Relacionado ao aumento do promovendohouve a justiça; e ela daepopulação, um(3)cresciopera um instrumento sanmentocomo das favelas. Cidadesdeinteitificação, da qualsurgir Deus não ras pareciam do abre nadamão. eo Ocrescimento cristianismodescontrolado não é Formalista, coloporque aprende Escritura sobre que, cava um peso da excessivo embora haja sentido nos divinamente os serviços urbanos — esgotos, ordenados rituais e cerimônias, eles coleta de lixo, abastecimento de de nada valerão se realizados sem água, saúde pública, segurança contrição e piedade, sem justiça e e moradia. (...) AsOedificações ... sem misericórdia. cristianismo ficavam lotadas de gente. Muitas não é Empirista, não se apóia na vezes, famílias inteiras moravam experiência de cada um, embora proem um só cômodo esignificativas em alguns duza necessariamente lugares a vida familiarpordesinteexperiências, exatamente se tra-
Uma Igreja Reformada Desafios de nosso tempo
tar de religião revelada. Finalmente, ao émesmo tempo que ogrou-se cristianismo uma religião prática, mas não Pragmática, não elege oa inúmeras criançaspois começaram pragmatismo comoAo fumaça seu referencial encher as ruas. pesada e da própria realidade. da verdade e a fuligem do início da era Sola Scriptura.escureciam o céu e do carvão É essa a nossa religião? Podemos causavam doenças respiratórias. falar em Religião Reformada, mas, O fedor da sujeira e excremenuma vez que o que a Reforma fez foi tos no chão era inacreditável" promover um retorno às Escrituras, (pág.447). A filantropia e o traserá mais coerente falarmos em balho voluntário de caridade Religião Cristã. Esta começa em forame respostas Deus existe por cristãs causa denaquele Deus. contexto. Grupos se naturalista organizaEnquanto o paganismo ram. Sociedades beneficentes curva-se diante do cosmo ameaçador,e orfanatos se multiplicaram. "O o cristianismo reconhece a soberania grupo foidiante um exemplo de DeusClapham e curva-se dele. O excepcional e seu Senhor nos fez...para si e trabalho nos deu o papel chavenão, desempeorefletia senso da divindade, porém, alienados da criação e dosvoluntáoutros nhado pelas sociedades humanos, porque, nosfilantrópicas termos da rias nas atividades aliança, nos voltamos para o outro, evangélicas" (pág.451). para exercer justiça e misericórdia, A IPB existe há 150 anos em coisas que Deus que não apenas pratica um contexto significa um ele mesmo, mas ama, fazendo delase desafio perene na área social, parte de seus atributos. muitas têm sido as respostas dos A religião cristã, tal como aprepresbiterianos à carência reinansentada na Escritura e resgatada te. Este jornal tem informado pela Reforma, é uma religião sem a respeito Jesus, dessaso ações, como mediadores. Mediador da estímulo a que mais se faça aliança, dá absoluta e tranqüila nesse conta sentido para quenão se églorifique do recado.e A Igreja mediadora,a Deus porsantos" isso. É,não porsão isso, com os "mais mediagratidão a Deus ouque dores, os sacerdotes pajésacompanão são nhamos e Os noticiamos respeito mediadores. ministros, asejam eles pastores, presbíteros ou diáconos, das iniciativas de presbiterianos não mediadores. porsão ocasião da lamentável traA religião é a sobre menos Santa "religédia que secristã abateu giosa" das ereligiões, porque estados não se Catarina sobre outros expressa apenas pelos brasileiros (págs. 10 sentimentos, e 11). É a mas pela vontade e pelo Jesustambém que estamos servindo (Mt intelecto, e isto nas esferas das artes, 25.40). ciências, ética, política, educação. Seu Outro destaque desta edição é momento de expressão não é exclusia matéria sobre o ensino do criavamente a hora do culto, mas igualcionismo no Mackenzie a reamente as calamidades, as enecessição da mídia secular. Não comedades e, vá lá, também ocasiões çamos nada outras escolas pessoais como que batismo, casamento, evangélicas confessionais funeral. Isso faze da religião cristã já a não estejam fazendo, mas grito única com integridade, pois o não se
pode aceitar, por exemplo, o dualdos católico, meios de foi ismo quecomunicação separa o Carnaval da quaresma. Deusvai é soberano notável. O BP deixá-losobre bem todos os momentos e se interessa informado a respeito (págs. por 17, tudo que fazemos (1Co 10.31). Se 18 eo19). nosMas parecer necessária a separação, não posso deixar de mennossa programação deverá então ser
revista e reformada. cionar, também, a matéria sobre A religião cristã afirma a necessidade da regeneração. Venhoa como o resultado do provão, avaestou, ficoteológico como estou. liação mas do não ensino em Nossas virão medida da Escritura, nossosdiretrizes seminários, que onde encontramos as divinas orimostra a preocupação da igreja entações sobre o caminho da santi-
dade. Dependeremos da iluminação com o ensino É acomdo Senhor parateológico. compreender isso, quero dizer, nossas as Escrituras suas oripanhando casasede profeentações. aí encontraremos um dos tas e os E candidatos ao ministério benefícios da comunhão pois que poderemos elevarcristã, o nível nesse contexto caminharemos para a pastoral na IPB. maturidade.
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Brasil ER IAN O Brasil PRES PRESB BIIT TE RIA NO Ano Ano 50, 50,nºnº652 651– –Fevereiro Janeiro de de 2009 2009
RuaMiguel MiguelTeles TelesJunior, Junior, 394 394 –– Cambuci, 01540-040 Rua Cambuci,São SãoPaulo Paulo– –SPSP- CEP: - CEP: 01540-040 www.ipb.org.br www.ipb.org.br Conselho Conselho de de Educação Educação Cristã Cristã ee Publicações: Publicações: Mauro – presidente MauroMeister Meister – presidente André - secretário AndréLuis LuisRamos Ramos - secretário Alexandre - tesoureiro AlexandreHenrique HenriqueMoraes Moraes - tesoureiro
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Documentos da História da IPB
IX. Organização do Sínodo Presbiteriano Alderi Souza de Matos
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o dia seis de setembro de 1888, reuniu-se pela primeira vez, nas dependências da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, o Sínodo da Igreja Presbiteriana do Brasil. Esse evento teve grande significado, pois marcou a autonomia eclesiástica do presbiterianismo brasileiro. Os trechos abaixo da ata de organização foram extraídos do livro original, que se encontra no Arquivo Histórico Presbiteriano, em São Paulo (a ortografia foi atualizada). Ata da organização do Sínodo da Igreja Presbiteriana no Brasil. Rio de Janeiro, 6 de setembro de 1888. Na data supra, reuniram-se na Casa de Culto da Igreja Presbiteriana desta cidade os Presbitérios do Rio de Janeiro, de Pernambuco e de Campinas e Oeste de Minas, sob a presidência do Rev. George W. Chamberlain e servindo como secretário o Rev. J. W. Dabney, em conformidade com o programa de exercícios previamente adotado pelos diversos presbitérios. O presidente declarou que o fim da presente reunião era constituir um Sínodo Geral das Igrejas Presbiterianas no Brasil e convidou ao Rev. E. Lane para pregar um sermão análogo ao ato. O Rev. Eduardo Lane pregou em seguida o sermão tomando por texto os versos 32 e 33 do primeiro capítulo do Evangelho segundo São Lucas. Depois do sermão, os secretários permanentes fizeram a chamada dos róis de seus presbitérios, achando-se presentes... Logo a seguir, são arrolados os
nomes dos pastores, presbíteros, igrejas e congregações de cada presbitério: Presbitério do Rio de Janeiro – quinze pastores, um presbítero, 33 igrejas e congregações; Presbitério de Pernambuco – cinco pastores, um presbítero, 9 igrejas e congregações;
mencionados, nos constituímos em um Sínodo que deverá ser chamado Sínodo da Igreja Presbiteriana no Brasil, sobre as seguintes bases... Seguem-se dois subtítulos: “Da organização”, com seis parágrafos, e “Das relações entre a
Foto: Arquivo
Sínodo Presbiteriano - 1888
Presbitério de Campinas e Oeste de Minas – seis pastores, três presbíteros, 18 igrejas e congregações. Registra-se a ausência de seis pastores. A ata prossegue nos seguintes termos: O Rev. Blackford leu então o ato constitutivo, que, tendo sido adotado prévia e separadamente pelos três presbitérios, foi solenemente votado e aprovado unanimemente na forma seguinte: Ato Constitutivo – Nós, os membros dos Presbitérios do Rio de Janeiro, de Campinas e Oeste de Minas e de Pernambuco, autorizados pelas Assembléias Gerais de nossas respectivas Igrejas nos Estados Unidos, nos desligamos delas e juntamente com as igrejas pertencentes aos presbitérios acima
Igreja Presbiteriana no Brasil e as igrejas no estrangeiro que mantêm atualmente, ou venham a manter no futuro, missões no Brasil, ou a prestar seu auxílio à obra da evangelização”, com três parágrafos. Alguns parágrafos especialmente significativos são os seguintes: Subtítulo I, § 2º – Os símbolos da Igreja assim constituída serão a Confissão de Fé e os Catecismos da Assembléia de Westminster recebidos atualmente pelas Igrejas Presbiterianas nos Estados Unidos, e o Livro de Ordem publicado na Imprensa Evangélica de 1881 com as emendas já adotadas pelos Presbitérios. Subtítulo I, § 6º – O Sínodo terá a prerrogativa de dividir-se
em dois ou mais Sínodos quando julgar conveniente, para constituir-se então uma Assembléia Geral, segundo as determinações do Livro de Ordem. Subtítulo II, § 1º – As ditas igrejas no estrangeiro escolherão as obras ou trabalhos de evangelização que quiserem manter ou auxiliar no país, contanto que nada se faça contra a vontade expressa do conselho supremo da Igreja no Brasil. Subtítulo II, § 2º – Nomearão também as referidas igrejas os seus agentes ou comissões locais, para administrar, na parte que lhes tocar, os referidos trabalhos e para o dispêndio e fiscalização do auxílio pecuniário que fornecerem. Os Presbitérios, porém, respeitarão, quanto for compatível com as suas prerrogativas eclesiásticas, as disposições que as referidas Igrejas, ou as suas comissões locais, quiserem fazer dos missionários ou outros trabalhadores evangélicos que mantiverem no Brasil. A ata prossegue registrando a eleição e posse da “mesa sinodal”. Após o cântico do hino “A Deus supremo benfeitor”, o moderador, Rev. Alexander L. Blackford, ora e invoca a bênção apostólica. Apõem suas assinaturas 33 pastores e presbíteros, inclusive os dois representantes da Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos (PCUSA), J. Aspinwall Hodge e Charles E. Knox. A ata está redigida pelo secretário eleito do Sínodo, Rev. João Batista de Lima. O Rev. Alderi Souza de Matos é pastor presbiteriano e historiador oficial da IPB. asdm@mackenzie.com.br
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Modernidades
A tecnologia como aliada da educação Wilson do Amaral Filho
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uando se pensa no uso da tecnologia na educação cristã, é preciso defini-la como toda e qualquer forma de instrumento ou meio, pelos quais se dá a comunicação da informação visando à educação cristã. Quadro de giz, flanelógrafo, projetor de slides, rádio, televisão, retroprojetor, projetor multimídia, internet e todos os produtos derivados da tecnologia, são termos familiares a muitos educadores cristãos e cada vez mais comuns nas comunidades. Algumas igrejas, é verdade, permanecem com as tecnologias mais simples, mas outras têm avançado e destinam, anualmente, verbas expressivas do orçamento anual para a manutenção do aparato tecnológico de seus programas de ensino e culto. Para todos é fundamental comunicar a mensagem na linguagem desta geração. A tecnologia acompanha o desenvolvimento humano. Em termos educacionais, a escrita predominou como tecnologia de ensino até a década de 1960. Nos vinte anos seguintes, a imagem e o som foram acrescentados à escrita, surgindo textos impressos e complementados com vídeo e áudio. Na década de 90, surgiram os computadores pessoais, a Inter-
net, o ensino a distância, a comunicação digital, levando, inclusive a Igreja, a viver uma revolução tecnológica que não tem mais fim. O poder da tecnologia de comunicação é enorme. Os cristãos já são impactados todos os dias com
tos das aulas, estudos e pregações são amplamente incrementadas. Perry G. Downs, autor de Ensino e Crescimento – Uma Introdução à Educação Cristã (Cultura Cristã, 2001), embora não trate especificamente de tecnologia, se preocu-
aspecto de ser o povo de Deus." (p. 70). A renovação da mente, segundo esse autor, passa por uma educação que conduz ao crescimento espiritual, por meio do ensino de verdades claras da Escritura. A renovação da mente requer que as Fotos: SXC
É relativamente comum presenciar o ensino, a pregação e o canto com o auxílio de apresentações de multimídia, figuras, clipes e efeitos extraordinários, nas comunidades cristãs
mensagens, cada vez mais sofisticadas, produzidas pelos meios de comunicação. É natural que a igreja importe essa tecnologia para suas estratégias de ensino e queira torná-la parte integrante de seu procedimento pedagógico. É a linguagem do momento. Afinal, as formas de comunicação dos assun-
pa e transporta o leitor para o processo bíblico de renovação da mente. Para ele, "o propósito final do ministério educacional da igreja é mudar vidas. Mas a mente não deixa de estar envolvida nesse processo..." (p. 70), ou seja, "a igreja deve [...] valorizar o modo de as pessoas pensarem como um importante
pessoas pensem e ajam como cristãs. Requer que conheçam a Escritura e o que ela solicita delas. A igreja tem, então, toda a tecnologia ao seu dispor, e pode apelar para todos esses recursos, a fim de atingir o objetivo de renovação da mente de seus membros. Porém, no esforço de alcançar o objetivo
da renovação da mente, deve recordar que o uso da tecnologia na educação cristã apenas corrobora na transmissão da informação, e não tem o poder de transformar a mente do povo cristão. Ainda que a tecnologia esteja a serviço da educação, ela tem a tarefa de facilitar a transmissão do ensino, mas não é o ensino em si mesmo. É relativamente comum presenciar o ensino, a pregação e o canto com o auxílio de apresentações de multimídia, figuras, clipes e efeitos extraordinários, nas comunidades cristãs. Professores têm utilizado mapas, tabelas, figuras, esquemas, esboços, etc. para incrementar seu ensino. Tudo isto é ótimo, mas exige cautela. Assim como um professor dificilmente consegue ensinar com o esboço de outro professor, utilizar as apresentações de outrem não basta para uma boa qualidade de ensino. É necessário que o professor labute sobre as conclusões obtidas em sua comunhão com Deus, pesquisas e reflexões sobre a Escritura. A beleza de uma apresentação não substitui a riqueza da unção e do preparo pessoal, mas a complementa. É preciso ainda avaliar com cautela outro aspecto do uso da tecnologia na educação, especialmente no que concerne ao
Brasil Presbiteriano material exibido nas aulas, estudos e pregações. Com o farto acervo disponível na internet, é realmente muito fácil importar imagens, textos e propostas teológicas não condizentes com a Escritura e com a doutrina. Tais distorções poderão passar despercebidas daquele professor apressado em preparar algo para a aula do pró-
celular com uma versão completa da Bíblia, enriquecida com pesquisa de palavras. Longe de pensar na manutenção de valores antigos ou retrógrados para alguns, deve-se ponderar sobre quais pressupostos e valores a fé dos alunos estará baseada. Finalmente, deve prevalecer o conselho apostólico: "julgai todas as coisas,
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Inscrições abertas para vários cursos •Curso de Introdução aos Estudos de Tradução Bíblica (Fonte: APMT) Pela primeira vez no Brasil haverá um curso de Tradução da Bíblia certificado por uma universidade. Será oferecido pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, campus São Paulo, com início em março de 2009. A APMT (Agência Presbiteriana de Missões Transculturais) é parceira do Mackenzie nesse curso de extensão.
• Vídeo curso de Liderança Bíblica Foi lançado no site da Secretaria Executiva da IPB um curso de Liderança para presbíteros e para os que aspiram ao presbiterato. Pastores e oficiais podem acessar o conteúdo do curso, que disponibiliza quatorze palestras divididas em quatro grandes temas. ximo domingo. Nem tudo que tenha boa aparência é realmente proveitoso para incentivar a mudança de mente dos alunos. Há mais cautelas. Entre elas, a exibição constante de textos bíblicos, hinos e cânticos no decorrer da aula, do estudo bíblico ou mesmo do culto, por meio de projeção, dispensa e desacostuma os alunos quanto ao uso físico da Bíblia e seu manuseio. Não é mais necessário portá-la, nem mesmo aquela que tem o hinário anexado. Pode-se ir à aula levando apenas o telefone
retende o que é bom;" (1 Ts 5:21). Aqueles que são responsáveis pelo ensino cristão, quaisquer que sejam os recursos tecnológicos de comunicação disponíveis, precisam inteirar-se de sua potencialidade, sem esquecer de que tais recursos são apenas meios pelos quais se comunicam conhecimentos. Além disso, está a vida, a mensagem vivida, a mente renovada pelo conhecimento da vontade de Deus. O Rev. Wilson do Amaral Filho é pastor presbiteriano e Professor de TS na Escola Superior de Teologia do Mackenzie e tesoureiro da ANEP.
Acesse o site http://www.executivaipb.com.br/videocurso.htm
• Cursos do Seminário Teológico Presbiteriano do Brasil Central (SPBC) O SPBC, localizado em Goiânia (GO), oferece cursos de formação ministerial para os diversos segmentos da liderança da igreja, ministrados integralmente via internet e gratuitos. Mais informações no site www.spbc.org.br
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Compromisso real
A atividade do pastor como evangelista Valdeci da Silva Santos
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m seu livro The pastor-evangelist (O pastor-evangelista), o missiólogo Roger Greenway relata um fato interessante ocorrido com um pastor no Siri Lanka há alguns anos. Aquele homem havia pastoreado uma das maiores igrejas da região, mas em uma determinada manhã enfrentou um desafio acima de suas habilidades e precisou, desesperadamente, buscar o auxílio de um missionário nas redondezas. Pelo telefone o pastor explicou ao missionário que havia um monge budista à porta da sua casa, o qual estava interessado em se tornar um cristão, mas ele não sabia o que fazer naquelas ocasiões. O pastor justificou seu pedido de ajuda dizendo que se dedicara tanto às atividades da igreja local e a assistência aos membros que já não sabia evangelizar. A história pode parecer absurda para alguns, mas estudos estatísticos indicam que a evangelização é uma das maiores dificuldades encontradas no ministério pastoral. Após quatro anos de pesquisa sobre o assunto, Martha G. Reese descobriu um número significativo de pastores que não possuíam qualquer experiência em evangelismo pessoal. Um dos prováveis fatores responsáveis por esta realida-
de é que alguns seminários enfatizam o aprendizado acadêmico em detrimento à experiência prática. Além do mais, o material ensinado, muitas vezes, prepara o aluno apenas para o ministério com cristãos ou pessoas que tenham familiaridade com questões eclesiásticas e não para interações evangelísticas.
tes da falta de compromisso do pastor com a prática evangelística. Em primeiro lugar, essa atitude é uma desobediência direta à própria natureza do ministério pastoral, pois Paulo ensina que o pastor deve fazer o trabalho de evangelista (2Tm 4.5). No texto original o apóstolo não emprega o artigo definido ao exortar Timóteo a cumprir a obra de evangelista. A história pode Assim, Paulo não indica parecer absurda que Timóteo possuía duas para alguns, mas funções (a de pastor e a estudos estatístide evangelista), mas que o cos indicam que ministério pastoral possui a evangelização um caráter evangelístico. Também, o exemplo de é uma das maioJesus, o Supremo Pastor, res dificuldades evidencia seu zelo evanencontradas no gelístico. Logo, quando ministério pastoral um pastor negligencia ou despreza a prática evanOutro elemento agravan- gelística ele milita contra te é a expectativa geral a própria natureza do seu da igreja de que o pastor chamado. supervisione tantas progra- Em segundo lugar, a falta mações locais que acabe de comprometimento do por se tornar um burocrata pastor com a evangelizafragmentado, com muitas ção resulta em um péssiatividades, mas nenhuma mo exemplo para a própria desempenhada a contento. igreja. Como líder do rebaNesse contexto, o compro- nho, as ações do pastor são misso do ministro com a cruciais para a instrução evangelização se resume prática daqueles que estão a pregações esporádicas sob seu cuidado. Quando sobre o dever da igreja ele se limita e ensinar sobre em evangelizar o mundo. a evangelização ele transComo alguém que discute mite certa incoerência ao técnicas de pescaria sem seu rebanho que, confuso, jamais ter apanhado um pensará que a prática evanpeixe, esse pastor passa a gelística é secundária. Na falar de coisas que lhes são opinião de Greenway, esta desconhecidas. é uma das principais fontes Há, no mínimo, dois de debilidade e falta de sérios problemas resultan- crescimento da igreja con-
temporânea. Dessa forma, não basta apenas ensinar e pregar sobre o assunto; o pastor deve também ser modelo na evangelização.
crentes. Embora isso seja óbvio, o fato é que muitos, inclusive o pastor, se esquecem dessa necessidade básica. O problema é que a falta de um comportamento cristão A falta de comno trânsito, nos negócios promisso do pase relacionamentos em tor com a prática geral serve apenas para evangelística é envergonhar o evangelho uma desobediêne fortalecer a rebeldia dos cia direta à própria incrédulos. natureza do minis- Também, o pastor pode estabelecer o alvo de falar tério pastoral de Cristo para, no mínimo, uma pessoa a cada Considerando que o pas- semana. A importância tor deve atender por si de um alvo como este é o mesmo e pelo rebanho que esforço consciente de se lhe foi confiado (At 20.28), lembrar sempre da respona melhor maneira de zelar sabilidade pessoal em tesda dimensão evangelística temunhar Cristo àqueles ao do ministério é desenvol- redor. Por último, o pastor ver um duplo compromisso deve esforçar-se por mannesta área: o envolvimento ter um círculo de amizades pessoal e o cooperativo. com pessoas não crentes. Com respeito ao primei- Alguns ministros parecem ro, o pastor pode começar limitar suas amizades intra orando diariamente pela muros eclesiae. Todavia, conversão de algum des- Jesus deixou claro o exemcrente que ele conheça. É plo de que para se anunciar surpreendente notar como a proximidade do reino há aqueles que pregam sobre também que ser amigo de a oração facilmente negli- publicanos e pecadores. genciam os seus benefí- O comprometimento do cios! Todavia, aqueles que pastor com a evangelizacrêem que conversão é ção também deve ser eviobra do Espírito Santo não denciado cooperativamendeveriam se aventurar a te. Neste sentido ele não pregar o evangelho sem ficará satisfeito em obsersuplicar pela intervenção var a desatenção dos memdo mesmo. bros de sua igreja quanto Em terceiro, o pastor ao evangelismo pessoal. determinado em evangeli- Ao contrário, um dos prinzar deve vivenciar o evan- cipais alvos do seu minisgelho em cada um de seus tério será a mobilização relacionamentos, inclusive da força leiga de sua conaqueles com pessoas não gregação quanto à práti-
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for uma prioridade da igreja seus membros logo se ocuparão com outras atividades, tais como recreação, assistência social, reuniões internas ou qualquer outra coisa. O líder, nesse caso, precisa estar atento para a necessidade de alistar seu rebanho na obra da evangelização.
Muitos cristãos se sentiriam mais motivados a pregar as boas novas se fossem persuadidos biblicamente quanto à necessidade e urgência de fazê-lo ca evangelística. Uma das primeiras coisas que ele pode fazer a esse respeito é começar a pregar evangelisticamente. Alguns pastores pensam que não se deve pregar mensagens evangelísticas se o auditório consiste apenas de pessoas crentes. Entretanto, é bem possível que se o ministro pregar evangelisticamente os membros da igreja se sentirão mais encorajados a convidar
e trazer descrentes para ouvir a pregação. Logo, é sempre recomendável pregar evangelisticamente, mesmo quando os descrentes ainda não se encontram no auditório! Outra atitude do envolvimento cooperativo do ministro com a evangelização é o ato de desafiar os membros de sua igreja a pregar o evangelho. Muitos cristãos se sentiriam mais motivados a pregar
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as boas novas se fossem persuadidos biblicamente quanto à necessidade e urgência de fazê-lo. O rebanho precisa ser continuamente lembrado de que o evangelismo não é algo opcional, mas um mandato divino à igreja. Em terceiro lugar, o pastor pode equipar a igreja para a tarefa evangelística. Os crentes não precisam apenas ser exortados a evangelizar, mas também carecem de 2:47 PM
instrução quanto ao que deve ser feito. O pastor que faz do evangelismo uma prioridade em seu ministério não tardará em ensinar sua igreja a evangelizar, seguindo sempre os princípios e os exemplos bíblicos. Para encerrar, o pastor pode apresentar à igreja um plano para a evangelização da vizinhança. Nests sentido, há que se lembrar que se o evangelismo não
Certamente os pastores que não estão acostumados a evangelizar pessoalmente encontrarão algumas dificuldades no início. O importante, porém, é haver conscientização de que esta tarefa é parte essencial do ministério pastoral e, portanto, não deve ser negligenciada! O Rev. Valdeci da Silva Santos é pastor presbiteriano e Coordenador do D. Min./RTS/CPAJ
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150 anos evangelizando o Brasil No Brasil há muitas igrejas cristãs. Mas poucas têm um século e meio de história. A IPB tem. São cento e cinquenta anos educando, promovendo ações sociais, transformando vidas com a palavra de Deus. Igreja Presbiteriana. 150 anos evangelizando o Brasil. www.ipb.org.br/sesq
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Reflexão
Ciência ou Fé? Hermisten Maia Pereira da Costa
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pergunta que intitula este artigo revela determinada percepção da realidade da qual não partilho. Ela se constitui em uma falsa antinomia que encobre o real problema da pretensão da objetividade científica que nada mais é do que um ateísmo teórico que se manifesta de forma prática nos laboratórios. As ciências empíricas e a teologia são formas diferentes, mas, não excludentes de responder à questões relativas à vida, ao ser, ao conhecimento e à verdade. As nossas respostas são percepções do que nos foi revelado por Deus na natureza, nas Escrituras e definitivamente em Cristo Jesus. Nesta série de artigos tentarei demonstrar o porquê. Assumamos logo o nosso quadro de referência: Entendemos que a ciência começa sempre por um ato de fé; é impossível haver ciência sem fé. Ela não pode avançar sem fé. O que os cientistas chamam de hipótese é justamente as pressuposições que norteiam a sua pesquisa. Ainda que esta possa mostrar a inviabilidade de seus pressupostos, são estes que determinam a nossa maneira de ver e, portanto, agir no mundo. A ciência não ocorre num
vácuo asséptico conceitual quer seja religioso, quer filosófico, quer cultural (Nancy R. Pearcey & Charles B. Thaxton, A Alma da Ciência, São Paulo: Cultura Cristã, 2005, p. 9-12; 294). A nossa percepção e ação fundamentam-se em nossos pressupostos os quais sãos reforçados, transformados, lapidados ou abandonados em prol de outros, conforme a nossa percepção dos “fatos”. A questão epistemológica antecede à práxis. Contudo, como nos aprofundar no campo intelectual se abandonamos as questões epistemológicas? As palavras de J.G. Machen (1881-1937) no início do século XX não se tornam ainda mais eloqüentes na atualidade?: “A igreja está hoje perecendo por falta de pen-
O que cremos não muda a realidade, no entanto, podemos crer que a realidade pode ser mudada pela nossa fé operante: os sonhadores, de certa forma, são os construtores do real. samento, não por excesso do mesmo” (Cristianismo y Cultura, Barcelona: Asociación Cultural de
Estudios de la Literatura ma as implicações do que Reformada, 1974, p. 19). sustentamos. Podemos, sem nos darmos conta, A fé não é a ciência em nos ferir com as nossas si; a fé muda a minha per- próprias armas, que julgácepção, não a realidade em vamos ser bisturis. Aliás, si. Contudo, o meu olhar e o mal uso do bisturi pode percepção podem contri- ser fatal, assim como o buir para a mudança do “fogo amigo” nas guerras. real. Isto só pode ocorrer O antidogmatismo pode mediante o trabalho condizente com o que creio. "É ocioso falar Por outro lado, a ciência não implica necessaria- constantemente mente em fé consequente, da alternativa da contudo, ela mais cedo razão e da fé. A ou mais tarde nos levará razão é já de per a crer subjetivamente no si uma matéria de que se mostra objetivafé. É um ato de mente a nós. Em síntese: o que cremos não muda fé o afirmar que a realidade, no entanto, os nossos pensapodemos crer que a rea- mentos têm quallidade pode ser mudada quer relação com pela nossa fé operante: a realidade" os sonhadores, de certa forma, são os construtores – G.K. Chesterton, do real. Por outro lado, a Ortodoxia, 5ª ed. ciência tenderá a produ- Porto: Livraria Tavares zir fé naqueles que foram Martins, 1974, p. 62 confrontados e convencidos por suas evidências. se constituir num dogma. Há o perigo de nos tor- A. Kuyper coloca a quesnarmos cativos de nossa tão nestes termos: “Toda perspectiva e, portanto, ciência num certo grau da nossa percepção. Nem parte da fé, e ao contrásempre é fácil subme- rio, a fé que não leva à ter os nossos valores ao ciência é equivocada ou rigor daquilo que cremos. superstição, mas não é fé Como o cientista tem real, genuína. Toda ciêndificuldade em revisitar cia pressupõe fé em si, os seus paradigmas, nós em nossa autoconsciêntambém temos dificulda- cia; pressupõe fé no trade em rever a nossa cos- balho acurado de nossos movisão. É muito difícil sentidos; pressupõe fé na – talvez por ser doloroso correção das leis do pendemais –, aplicar e avaliar samento; pressupõe fé em em nosso próprio siste- algo universal escondido
atrás dos fenômenos especiais....” (Calvinismo, São Paulo: Cultura Cristã, 2002, p. 137-138). Definição de Ciência A palavra “ciência”, vem do latim “scientia” (conhecimento), derivado de “sciens” (o que sabe) traduzindo o grego epistêmê, que significa “arte”, “habilidade”, “conhecimento”, “saber”. E. Cassirer (1874-1945), diz que “o processo científico conduz a um equilíbrio estável, à estabilização e à consolidação do mundo das nossas percepções e pensamentos” (Antropologia Filosófica, 2ª ed. São Paulo: Mestre Jou, 1977, p. 326). Platão (427-347 a.C.) considerava este conhecimento perfeito, se caracterizando por ser teórico e prático, tendo como objeto o ser. Na sua visão a epistêmê é a forma mais elevada de conhecimento, sendo resultado de um “encadeamento racional” (A República, VII, 534 A; Filebo, 55 D, 58 E; 62 A-D; Mênon, 98; Teeteto, 190 A-C). (O autor continuará o assunto na próxima edição.)
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa integra a Equipe de Pastores da IP em São Bernardo do Campo (SP) e é professor de Teologia Sistemática no Seminário Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição.
Brasil Presbiteriano Plena atividade
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Aos 90 anos, Levi Alt é o mais antigo ministro presbiteriano em atividade
Preciosa existência A
Fotos: Divulgação
li pela casa dos 70 e poucos anos, muitos pastores, já não exercem suas funções oficialmente. Carregam o ministério, com amor e orgulho, mas já não patoreiam, diretamente, nenhuma igreja. Mas, há um senhor, presbiteriano, de 90 anos, que está em plena atividade! Tratase do rev. Levi Alt, que, apesar de ser jubilado, atua, vigorasamente, no ministério da Igreja Pesbiteriana de Conselheiro Paulino, no Rio de Janeiro. Alt é, há 66 anos, pastor. E, atualmente, é considerado o mais antigo Ministro Presbiteriano em atividade. Ao longo desses anos, pastoreou 17 Igrejas, 7 congregações autônomas e 12 congregações de igrejas, entre elas as de São Gonçalo, Nilópolis, Macaé e Campos. Um de seus trabalhos marcante, aconteceu na IP de Nova Friburgo, quando, por meio do ministério da música estimulou e concretizou as tradicionais alvoradas
Levi Alt e seus familiares
tantos anos de experiência, o que o senhor destaca como fundamental na conduta de uma pastor? Levi Alt: O caráter e o procedimento. BP: Quais as principais dificuldades que o senhor teve no início de seu ministério? LA: O campo muito grande. Entre 1942 e 1943 eu pastoreei sete igrejas sozinho. Viajar por todas elas era difícil, mas, graças a Deus, a despeito das bar-
reiras e por amor a Jesus, consegui dar assistência a todas elas. BP: O senhor considera que hoje é mais fácil atuar como pastor? LA: Se considerarmos as facilidades de transporte e comunicação, sim, hoje é mais fácil! BP: Se o senhor pudesse dar um único conselho aos jovens seminaristas, que conselho seria? LA: Dediquem-se à oração! Ela os ajudará a vencer muitos problemas.
Levi Alt é membro da IP de Conselheiro Paulino
que passaram a acontecer nas noites das vésperas de Natal. Em Friburgo, Alt foi pioneiro da radiodifusão evangélica local. Na então Rádio Sociedade de Friburgo, ele dirigiu dois programas semanais e incentivou a igreja a ter outros programas de rádio. Entre as demais atividades
que marcaram a vida desse ministro de Deus, ainda estão a criação de uma biblioteca para a IP de Nova Friburgo e a idealização e a produção do "Álbum Comemorativo do Cinqüentenário da Igreja Cristã Presbiteriana de Nova Friburgo". ENTREVISTA Brasil Presbiteriano: Com
Aos 90 anos, ele é ministro de música de sua igreja
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Fotos: Divulgação
Missões
Motivos para agradecer a Deus até o momento:
Sertão Nordestino é alvo da IPB Caleb Soares
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historia da IPB mostra que desde os primórdios seu principal objetivo é a evangelização. Com base nesse princípio é que um grande esforço evangelístico tem mobilizado o estado de Sergipe. Lá, por enquanto, apenas 3% da população é evangélica. Mas, no que depender do trabalho realizado pelo Projeto Sertão, o ProSert, implementado pela Igreja Presbiteriana de Nossa Senhora da Glória, no sertão nordestino, esse percentual tem tudo para aumentar. O objetivo do ProSert, idealizado pelo rev. Neemias de Carvalho Araújo e os presbíteros Astolfo Gondim Pinto Bandeira e Abrahão Pinto de Oliveira, é a evangelização dos 75 municípios do Estado de Sergipe por meio da implantação de igrejas presbiterianas. A idéia surgiu no ano de 1997, na cidade de Nossa Senhora da Glória, com a chegada de um casal de missionários da Igreja Presbiteriana Unida Coreana de São Paulo (IPUCSP) (Dr.Jairo e Dra. Érica) que, em parceria com o Presbitério Sul de Sergipe (PSSE),
deu início ao trabalho. Foram realizadas duas cruzadas evangelísticas e de ação social, na sede e em cinco povoados, tornando conhecida a igreja na região. Hoje, a cidade conta com um bonito templo já totalmente concluído e com aproximadamente 60 membros comungantes. Anualmente, em toda 1ª quinzena do mês de julho, em parceria com a IPUCSP, é realizado, em um município já pré-selecionado, a cruzada evangelística de ação social, que consiste de atendimento médico-odontológico, EBFs (Escolas Bíblicas de Férias), evangelismo pessoal e cultos evangelísticos, atingindo em média 3.000 pessoas por cruzada. Todo esse trabalho tem por objetivo a implantação de uma igreja presbiteriana no município selecionado para receber as atividades. É colocado, então, um casal de obreiros e alugada uma casa e um pequeno salão para funcionamento da nova congregação. Os maiores parceiros do Projeto Sertão são a
IPUCSP, que entra com 50% das despesas, o restante fica por conta do PSSE que recebe a colaboração, principalmente, da Igreja Presbiteriana 12 de Agosto e do Instituto Amintas Menezes – AMME, que doa todo o medicamento usado nas cruzadas. Durante esses últimos 10 anos, o sertão sergipano tem sido prioridade. Nossa Senhora da Glória foi o começo, em seguida foram contemplados os municípios de Poço Redondo (2004), Canindé de S. Francisco (2005), Monte Alegre de Sergipe (2006), Ribeirópolis (2007) e Porto da Folha (2008). Em Poço Redondo já foi construído o templo, com capacidade para 200 pessoas, a exemplo do templo de Glória, com 2 salões anexos além de gabinete pastoral e 3 banheiros. Em Canindé o ProSert já adquiriu um terreno, em área nobre da cidade, onde já foi construído um salão provisório, com capacidade para 100 pessoas. Mas a intenção é construir um templo com capacidade para 250 pessoas, além de um prédio de educação com 2 pavimentos.
• Em Glória, além do templo muito bonito e confortável e totalmente construído, já existem 60 membros comungantes, prestes a se organizar em igreja e hoje uma das igrejas mais destacadas do município.
A liderança do Projeto Sertão - ProSert (PSSE) - Pr. Neemias, Pb. Astolfo e Pb. Abrahão - e do Projeto SE-75 (IPUCSP) - Pb. Alexandre - em Porto da Folha-SE (julho de 2008)
Impacto sobre outras IP´s
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pós a criação do Projeto Sertão, em 2002, pelo PSSE, foi criada uma visão missionária por parte de outros presbiterianos tanto do PSSE, como dos outros dois presbitérios existentes em Sergipe, que abriram novas frentes de trabalho nas regiões norte e sul do estado, possibilitando, dessa maneira, a duplicação, hoje, do número de municípios alcançados pela IPB. “Após 124 anos de presbiterianismo na região, somos, hoje, o estado com 2º maior número de trabalhos em parceria com a Junta de Missões Nacionais”, comemora Astolfo Gondim Pinto Bandeira, um dos coordenadores do projeto. Para o ano de 2009, a meta do ProSert é o município de Carira, no alto sertão sergipano. “Dessa maneira estaremos, praticamente, fechando toda região chamada sertão, atingindo a uma das suas principais cidades com uma população de aproximadamente 20.000 habitantes”, explica Bandeira.
• Poço Redondo tem hoje 30 membros comungantes, templo construído e com perspectiva de se tornar uma igreja atuante no grande município e mais pobre do sertão sergipano. Realiza, semanalmente, um trabalho de ação social com distribuição de um sopão para 250 pessoas. • Canindé de S. Francisco conta com 20 membros, um excelente terreno e possibilidades de se tornar a maior e mais atuante igreja presbiteriana da região, tendo em vista a importância da cidade onde está sendo construída. • Monte Alegre de Sergipe conta com 32 membros e goza de grande conceito na cidade realizando um trabalho de ação social com uma distribuição de um sopão para 200 pessoas por semana e a abertura de um ponto de pregação num bairro periférico da cidade, onde realiza trabalhos com crianças e adultos. • Ribeirópolis: Considerando que esta cidade está localizada no agreste sergipano e que se constitui de um município altamente influenciado pelo catolicismo, os irmãos têm enfrentado algumas dificuldades quanto ao desenvolvimento do trabalho. Mas, os irmãos são perseverante e se reúnem, semanalmente. Já há, no grupo, pessoas que estão sendo discipuladas com vistas à sua profissão de fé. • Porto da Folha: A JUVEP realizou um grande trabalho missionário, com a participação de 160 pessoas de vários estados brasileiros, visitando praticamente todos os lares da sede do município e de dois povoados próximos, deixando uma média de 80 pessoas para serem visitadas e discipuladas. Há, hoje, na região um casal de obreiros que tem realizado o trabalho, juntamente àquelas pessoas que foram visitadas.
Igreja Presbiteriana em Glória-SE
Evangelismo pessoal
Templo e gabinete pastoral da Igreja Presbiteriana na cidade de Poço Redondo-SE
Escola bíblica de férias
• Além desse trabalho com a JUVEP, foram realizadas duas cruzadas; uma de cunho social, com atendimento médico e distribuição de medicamentos para 500 pessoas, em parceria com o Instituto AMME; e outra de cunho social e evangelístico com a IPUCSP, com atendimento médico-odontológico e EBFs, com a distribuição gratuitas de todos os medicamentos para uma população de 3.000 pessoas.
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Sem sair de casa
As atividades de educação a distância do Centro de Pós-graduação Andrew Jumper são pioneiras no Mackenzie
Estudo de Teologia Online no CPAJ é referência
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ioneiro nas atividades de educação à distância (EAD) no Instituto Mackenzie, o Centro de Pósgraduação Andrew Jumper (CPAJ) inicia o ano letivo de 2009 reforçando a proposta de sua criação: ofertar a uma maior número de pessoas a oportunidade de se especializarem com o auxílio e as facilidades da tecnologia. Atualmente o CPAJ oferece os cursos de Especialização em Estudos Teológicos e Especialização em Teologia Bíblica. São cursos de especialização (lato sensu) que têm como público alvo, primariamente, pessoas com curso superior em outra área que não a teologia, mas que podem servir de aprofundamento e atualização também àqueles que já possuem formação teológica. Este programa, assim como os demais do CPAJ, é o resultado da compreensão de que a teologia é uma lente para enxergar o mundo. Por isso, seu propósito principal é anunciar a Palavra de Deus e demonstrar como ela auxilia o ser humano a conhecê-lo, a conhecer a si mesmo e a entender e interagir com o seu meio ambiente. Para alcançar este fim, o programa conta com o apoio da Tecnologia da Informação da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que disponibiliza o ambiente virtual para os cursos. Os cursos de EAD do CPAJ possuem excelência equivalente à dos cursos presenciais, em termos de conteúdo, embora as exigências acadêmicas sejam menores, pela própria natureza do programa. A especialização é oferecida
no regime intracorpus (válida no âmbito da instituição que o oferece) e o certificado de especialização é outorgado pelo CPAJ sob a autoridade da Junta de Educação Teológica da Igreja Presbiteriana do Brasil. O quadro de professores dos cursos de EAD é composto, na sua grande maioria, pelos próprios professores dos cursos presenciais do CPAJ, mestres e doutores em suas áreas de especialização. Os cursos de EAD, assim como os demais cursos do CPAJ, estão comprometidos com o ensino da fé reformada e, neste sentido, são igualmente de natureza confessional. Isto, todavia, não exclui o respeito a convicções diferentes e a cordialidade com os que não pensam de igual modo. Alunos de diferentes denominações evangélicas, assim como católicos, espíritas ou de qualquer outra convicção religiosa são acolhidos e tratados com a igual consideração e têm se sentido à vontade para participar de debates e interagir sobre os assuntos levantados em “em classe”. Pode-se dizer que material teológico online é muito fácil de ser encontrado. Porém, os cursos de EAD do CPAJ oferecem muito mais do que isso. Além de material de alta qualidade, o programa possibilita a oportunidade de opinar e debater sobre o material oferecido. A interação com colegas e professores é feita por meio dos fóruns de debate e chats, que são ferramentas disponíveis no ambiente virtual e grandemente utilizadas. O material das aulas fica disponível a qualquer momento
durante o período do curso. O ensino a distância traz a facilidade ao aluno de não precisar abandonar suas ocupações profissionais ou restringi-las. É ele quem determina os horários nos quais acompanhará as aulas, sem ter de se deslocar para um campus universitário. Qualquer um dos dois cursos de especialização do CPAJ pode ser integralizado em 22 meses, incluídos nesse tempo os períodos de férias e o espaçamento entre os módulos. Se o aluno dispuser de tempo pode até fazer os dois cursos concomitantemente. Outra conveniência dos cursos do CPAJ são os preços acessíveis, cujo propósito é o de oferecer ao maior número de pessoas possível a oportunidade de cursá-los. Os cursos de EAD do CPAJ têm sido objeto da preferência daqueles que buscam um ensino sólido e comprometido com as doutrinais fundamentais da fé cristã e reformada. É freqüentado por alunos de quase todas as regiões do Brasil e, também, por muitos do exterior. Por estas razões, o leitor é convidado a conhecer melhor o que é oferecido pela IPB por meio do seu Centro de Pós-graduação e a fazer parte dessa realização que, certamente, trará benefícios não só pessoais, acrescentando conteúdo ao seu entendimento das Escrituras, mas também ao Reino de Deus, ao receber um preparo melhor para o serviço cristão. Maiores informações podem ser obtidas no site do CPAJ no endereço: http:// www.mackenzie.br/especializacao_on-line.html.
INGRESSO NOS CURSOS As inscrições (através do cadastro on-line) podem ocorrer em qualquer época do ano. Todavia, é aconselhável que o candidato ingresse no começo do ano, para poder acompanhar com maior proveito a seqüência das disciplinas, pois existe uma certa dependência entre elas. Para ser aluno de qualquer dos dois cursos mencionados acima é necessário: • Ter concluído curso superior em alguma área de conhecimento. Cursos de teologia também são aceitos desde que tenham grade de disciplinas e carga horária compatíveis com um curso de nível superior. • Ter acesso à Internet e familiaridade com sua navegação. • Gostar de estudar. Para o ingresso nos cursos não há discriminação de sexo, idade, confissão religiosa, teológica ou política. A matrícula é aberta a todos os interessados, desde que cumpram os requisitos acima. É facultado ao aluno se inscrever também em matérias de curso diferente daquele em que ele está matriculado, mas estas não serão contadas para efeito de crédito no curso escolhido. A inscrição envolve os seguintes passos: O aluno pode se inscrever em qualquer época do ano. O FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO é preenchido on-line. Entretanto, os seguintes documentos devem ser enviados pelo correio regular para a secretaria do CPAJ: • Cópia do documento de identidade. • Cópia do currículo escolar de curso superior. • Cópia do diploma ou certificado de curso superior. A documentação ficará arquivada na pasta do aluno. Não serão aceitas inscrições com falta de documentação ou documentação insuficiente (não apropriada). Não haverá devolução do valor da matrícula em disciplinas (qualquer uma delas) que não venham a ser cursadas, seja por desistência, documentação irregular ou por qualquer outro motivo. Endereço para o envio da documentação: Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper Rua Maria Borba, 15, 3º andar CEP 01221-040 - Vila Buarque - São Paulo - SP Brasil Após o recebimento da documentação acima descrita pelo CPAJ, o aluno receberá via e-mail a sua identidade (nome de usuário, que será o seu número de matrícula) e instruções para obter a senha como aluno do programa. Posteriormente receberá as instruções necessárias para o acesso a cada disciplina. A INSCRIÇÃO não cadastra automaticamente o aluno nas disciplinas. É necessário, para cada disciplina que for cursada, ir ao CALENDÁRIO e "clicar" na disciplina que vai fazer. Ela estará disponível com a devida antecipação e os alunos só poderão se inscrever na disciplina até a data do seu início.
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Internet
Caiu na rede, é presbiteriano! U
ma das redes de relacionamentos mais populares do mundo virtual é o Orkut. Nela, os internautas navegam, mantém contato com seus amigos, trocam informações, entre outras coisas. Seguindo a mesma idéia que consagrou o Orkut na rede, é que surgiu o Presbiterianos. ning, página de relacionamentos para presbiterianos e simpatizantes! A idéia foi colocada em prática em outubro do ano passado pelo técnico de informática e webmaster Sidney Dias dos Santos. Membro da IP de Jardim Tatiane, Fátima do Sul, Campo Grande, MS, ele explica que sempre quis desenvolver algo para a igreja. "Quando conheci o sistema para desenvolvimento da comunidade vi que era exatamente o que eu procurava", comemora. Desde a sua criação, no dia 15 de outubro de 2008, até o momento, o Presbiterianos Online já contabiliza mais de 1000 membros. E as experiências entre eles têm sido muitas! Por meio da comunidade, pessoas pedem oração, há reencontros entre pastores e ovelhas que há muito não se viam... "É emocionante ver o que essa ferramenta tem feito. Um pastor me mandou um recado, esses dias, todo feliz, pois, em dez dias de participação, ele já tem cem amigos virtuais. E todos presbiterianos
ou simpatizantes", conta Sidney. Ele acredita que a comunidade presbiteriana na "net" pode ir mais longe. "O crescimento da comunidade indica união entre os membros, as palavras de afeto, carinho, atenção, as mensagens de edificação... Tudo isso demonstra união. Sem contar que um membro de uma igreja grande entra e pode compartilhar com um outro grupo formado de presbiterianos que se reúnem felizes debaixo de uma lona. Isso traz motivação", garante. A meta para os próximos
meses é aumentar o número de membros e, em conseqüência, o amor os e os vínculos entre os presbiterianos de todas as partes. Para fazer parte da comunidade é fácil. Quem já tem habilidade em navegar por outros sites de relacionamento, perceberá que o princípio é o mesmo. Mas, para os que estão começando agora, basta acessar http://www.presbiterianos. ning, clicar no menu à direita e realizar o cadastro. "Seja verdadeiro nas informações, isso agregará mais valor à nossa comunidade", pede Sidney.
Sistema é novo, mas eficiente Ning é um serviço novo que permite as pessoas criarem seu próprio site de rede social. Ele possui três opções de sites. O primeiro permite criar um sitio ao estilo YouTube, o segundo assemelha-se ao Flickr (compartilhamento de fotos) e o terceiro permite criar comunidades, parecidas ao Orkut. O sistema é gratuito e tem sido utilizado por empresas, escolas, amigos, associações, igrejas, entre outros, para criar uma base para troca de informações. Mais informações sobre o Ning no endereço www.ning.com
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Carnaval
Expressão da carne Cleuso Nogueira
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palavra expressão significa ato ou efeito de exprimirse; enunciação do pensamento por meio de gestos, palavras escritas ou faladas. Assim, os homens procuram a sua liberdade de expressão por meio das palavras, do semblante e dos gestos. A coreografia da vida humana é constituída por modos como o gesto, a voz, ou a fisionomia que denotam a intensidade de um sentimento ou de um estado moral. Em suas representações e manifestações, o mundo dança!
A palavra carne, na Bíblia, nem sempre se refere aos tecidos do nosso corpo físico. Constantemente, refere-se à natureza pecaminosa do ser humano. Essa natureza, que constitui a roupagem do velho homem, que jaz arraigado nos seus velhos hábitos, o leva ás suas expressões de intensa carnalidade. Paulo assim nos exorta: “os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne ... Porque o pendor da carne dá para a morte, ...Por isso o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está
sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar (Rm 8.5-7). O carnaval é uma das oportunidades em que o descrente manifesta a sua
completa oposição a Deus. O sentido da palavra carnaval é festa da carne. E, por incrível que nos pareça (ou não), ele é de origem religiosa. No mundo cristão medieval se dava em um período de festas profanas iniciadas, geralmente no Dia de Reis, que era uma epifania, isto é, aparição ou manifestação da divindade. Com as festividades religiosas cele-
bravam essa suposta aparição. Os atos litúrgicos da epifania se estendiam até a quarta-feira de cinzas, dia em que começavam os jejuns quaresmais. A celebração consistia de festejos
populares e em manifestações sincréticas, ou seja, de forte tendência à unificação de idéias e ensinamentos. Esse sincretismo ou tendência de misturas tinha as suas origens nos ritos e costumes pagãos. As festas dionisíacas eram oferecidas a Dionísio, deus grego dos ciclos vitais, da alegria e do vinho, chamado Baco entre os romanos
e celebrado com os bacanais. Eram festas pagãs de exagerada carnalidade, regradas ao vinho e realizadas nas grandes cidades, tais como, Corinto, Éfeso, Pérgamo e outras. Em
meio à imoralidade havia a presença de imperadores e nobres romanos, Em algumas dessas ocasiões, cristãos foram martirizados. Dionisíaca é a natureza carnal semelhante à de Dioniso ou Baco, com a conotação de agitada, arrebatada, desinibida. É relativo ao entusiasmo, à inspiração criadora. É instintiva, natural, espontânea; tumultuada, confusa e
desordenada. Também as epifanias da Idade Média celebravam as festividades saturnais e lupercais. As saturnais eram dedicadas a Cronos, na mitologia grega, o tempo, personificado pelo deus Saturno. As lupercais eram festas anuais celebradas, na Roma antiga, em 15 de fevereiro, em honra do deus Luperco ou Pã, para assegurar a fertilidade. Pã era deus adorado pelos pastores pagãos que a ele atribuíam a fertilidade de seus rebanhos. As festas dionisíacas, as saturnais e as lupercais se caracterizavam pela alegria desabrida, pela eliminação da repressão e da censura, pela liberdade de atitudes eróticas. Dessas tradições nasceu o carnaval brasileiro. A cultura afro, em seu paganismo, trouxe para o nosso país o seu próprio panteão, com deuses como os grecoromanos e os santos da tradição católico-romana, sincretismo ou mistura surgida com a fusão do cristianismo e do paganismo. O Rev. Cleuso Nogueira, atualmente, é pastor da Igreja Presbiteriana Central de Ibirité e Secretário de Causas da Terceira Idade pelo Presbitério Oeste de Belo Horizonte.
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25 anos
IP Unida de Mogi Guaçu faz aniversário Isauro Carriel
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m dos métodos de plantar igrejas pelas regiões da Judéia e Samaria, segundo Atos dos Apóstolos, foi por meio de grupos familiares. Ainda hoje, esse método persiste. Assim nasceu a Igreja Presbiteriana Unida de Mogi, há 25 anos. Em 1976, algumas famílias de membros da Igreja Presbiteriana de Mogi Guaçu, incentivadas pelo Rev. José Eduardo Bornelli, começaram a realizar reuniões de oração em suas casas. Eram as famílias dos irmãos Tércio Martins, Santiago Martins, Felisberto Martins, Ismael Martins, Adolfo Valim e Joaquim Borges. Outras famílias se agregaram, como as dos irmãos
A IP de Mogi Guaçu surgiu por meio da reunião de grupos familiares, em 1976
Francisco da Silva, Jaime Francisco de Araújo e Nadir Assunção. A SAF organizou o departamento “Estrela da Manhã”. Com a construção dos núcleos habitacionais Ipê I e II outras famílias se agregaram dando maior impulso ao trabalho, o que levou à
construção de um salão para abrigar o núcleo. Concluída a construção criou-se a Congregação Presbiteriana Unida, sob o pastorado do reverendo Ruben de Almeida, sendo pregador no culto inaugural o presbítero Paulo Breda Filho, então vice-presidente do SC/IPB.
A 29 de janeiro de 1984, sob o pastorado do Rev. Elias Dantas, O presbitério de São João da Boa Vista organizou a congregação em igreja que passou a chamar-se Igreja Presbiteriana Unida de Mogi Guaçu e nomeou o Rev. Isauro Carriel, seu primeiro pastor. A assembléia aprovou o estatuto e elegeu o seu primeiro Conselho: presbíteros Tércio Martins, Jaime Francisco de Araújo e José Henrique Franco de Almeida; a primeira Junta Diaconal: diáconos João Anselmo, João Batista Borges, Adolfo Valim e João Dias de Oliveira. A partir de então, o grupo começou a trabalhar seguindo o objetivo de integração, crescimento e expansão; tratou de organizar a sua Escola Dominical,
departamento e sociedades internas, bem como adequar as suas instalações e construir o edifício de educação religiosa. No decurso dos seus 25 anos, passou por circunstâncias tanto de tranqüilidade como de dificuldades, com acréscimos e perdas de membros. Crianças e adolescentes batizados e professos no início hoje são professores da Escola Dominical, oficiais, presidentes de sociedades internas. Atualmente, é pastoreada pelos Revs. André Luís Pereira e Isauro Carriel. Ao Deus que plantou e tem sustentando essa igreja em todas as circunstâncias, a ele somente o louvor e a glória. O reverendo Isauro Carriel é pastor dessa igreja desde o seu nascimento.
Presentes de Deus
Natal mais que abençoado
H
á três anos, no Natal, as crianças da comunidade de Angatuba, localizada no Parque Continental, em Guarulhos, São Paulo, têm motivos a mais para comemorar. Graças ao projeto “Natal Feliz”, realizado pela 1ª IP de Guarulhos, os pequenos de até 12 anos, recebem roupas novas, calçados e brinquedos na data. O Rev. Wandrei Cristiano Perboni de Souza, pastor
auxiliar da igreja, e sua esposa Elisângela aproveitam a ocasião para intensificar as ações de evangelização e ação social na região. Isso por que a comunidade de Angatuba não recebe a visita da igreja somente no Natal. Durante todos os meses do ano, a igreja desenvolve atividades, principalmente com as crianças. No Natal de 2008 participaram oitenta crianças. Por ocasião da entrega dos pre-
sentes foi realizado um trabalho evangelístico que contou com a presença de quatro palhaços, que de forma criativa e descontraída levaram a mensagem do evangelho aos pequeninos. Para o ano de 2009 o projeto pretende contemplar cem crianças, sendo também, que a partir deste ano, outras igrejas iniciarão o mesmo projeto, colocando em prática o que vem sendo desenvolvido naquela congregação.
Palhacinhos animaram e evangelizaram as crianças da comunidade
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Consultório Bíblico
Pecados da carne Odayr Olivetti
"Sexo antes do casamento é sempre pecado? Há alguma situação em que a prática possa ser aceita?”
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Escritura Sagrada é contra as relações sexuais ilícitas, ou seja, fora do casamento (além, é claro, das perversões descritas, por exemplo, em Romanos 1). O sétimo mandamento resume o ponto: "Não adulterarás". Muitos fazem uma racionalização e falseiam o sentido do mandamento, dizendo que a relação sexual só é adultério quando entre casados ou com pessoas casadas. Essa distinção foi instituída de forma natural com o passar do tempo para distinguir entre o adultério entre casados e as relações feitas fora do casamento (prostituição, fornicação). Mas o conjunto da revelação bíblica aponta para o sentido simples: adultério é relação sexual ilícita. Mesmo porque, se não fosse assim, não haveria muita razão para o décimo mandamento, que proíbe cobiçar a mulher alheia (e, por extensão, proíbe a mulher de cobiçar marido alheio). Todo ser humano é pecador (Rm 3.10), e todo ser humano é tratado igualmente por Deus: em Sua ira, estão todos condena-
dos, homens e mulheres; em Sua graça, todos os que crêem verdadeiramente na graça redentora de Deus em Cristo e por Cristo são resgatados, transformados, perdoados e salvos. A prostituição (relações sexuais ilícitas) é fortemente condenada: 1 Co 5.9-11; 6.9; 2 Co 12.21; Gl 5.18-21; Ef 5.5; Cl 3.5,6; Hb 13.4; Ap 21.8; 22.15). Todo o contexto bíblico e extrabíblico vem em apoio da interpretação de que toda relação sexual ilícita, isto é, toda relação sexual fora do casamento, é pecaminosa e, portanto, condenável e condenada. Uma das causas do castigo de morte dado por Deus aos filhos do sacerdote Eli é que eles praticavam prostituição – relações sexuais ilícitas (1 Sm 2.22,25). A sociedade moderna, que costuma chamar os crentes fiéis de hipócritas, é na verdade hipócrita, e uma das demonstrações disso é que ela substitui por eufemismos enganosos as palavras fortes que deveriam ser empregadas para descrever a prostituição, o adultério, as práticas sexuais ilícitas. Houve tempo, por exemplo, em que as relações nas
quais jovens se prostituíam tinham o nome de "amizade colorida"! Em atenção aos jovens que já encontraram uma sociedade, com raras e belas exceções, tremenda-
ou outras condições para se manterem sozinhos. Um argumento falso (sofisma) muito usado é: "Papel não tem valor". É? Então, por que você exige recibo, se pagou algo Maressa Moura
mente poluída, desfibrada e tão corrompida em muitos aspectos que escandalizaria os habitantes de Sodoma e Gomorra se nos visitassem, digo o seguinte: Os que se dão bem, por que não se casam? Assim como conseguem convencer os pais de que tolerem ou aceitem ou apóiem seu relacionamento marital, conseguirão convencê-los de que lhes permitam casar-se, ainda que não tenham recursos
a alguém? Por que você exige escritura de sua propriedade? Por que exige documento em cartório sobre a sua existência e sobre a sua identidade? Papel vale sim! É um documento não só social, mas também teológico, pois atende a um ministro de Deus. O magistrado é ministro de Deus (Romanos 13.4; ver 13.1-7 e 1 Pedro 2.13-17). No caso de separados (divor-
ciados), antigamente havia situações dolorosas de pessoas que se convertiam depois de se divorciarem, e às vezes eram "amasiadas", e a igreja não as recebia à comunhão plena. Hoje as leis permitem novo casamento, e o julgamento de cada caso fica a critério dos conselhos das igrejas locais. Jovens, não se deixem levar pela cantoria da mídia. Esta proclama e advoga o caminho largo, que conduz à perdição. Ouçam antes a proclamação do amantíssimo Senhor e Salvador Jesus Cristo que, na expressão do Seu amor – que condiz com a verdade, a justiça e a santidade, diz em Mateus 7.13,14: "Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela". O Rev. Odayr Olivetti é pastor presbiteriano, ex-professor de Teologia Sistemática do Seminário Presbiteriano de Campinas, escritor e tradutor. odayrolivetti@uol.com.br
Brasil Presbiteriano Auxílio
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Projeto "Consolo para os que choram" acontece, em Vitória, há quatro anos
Assistência e conforto no Dia de Finados Divulgação
Esdras Leonor
C
omo acontece há quatro anos, a IP da Praia do Canto, em Vitória, Espírito Santo realizou mais uma etapa do projeto "Consolo para os que choram", trabalho evangelístico destinado a prestar assistência às pessoas necessitadas que transitam nos cemitérios no Dia de Finados. Este ano, a igreja líder do projeto, contou com a parceria das IP´s de Tabuazeiro e Santo Antônio, também de Vitória. Participaram cerca de 100 pessoas. O projeto foi concebido por Célia Regina Pereira Silva, mulher do Rev. Gilberto Silva, quando este pastoreava a igreja em Praia do Canto. Ele tem apoio da Secretaria Municipal de Obras de Vitória, via-Gerência de Manutenção e Serviços (cessão de espaços físicos, segurança, transporte, ambulância, apoio logís-
O projeto consiste em prestar assistência às pessoas que transitam nos cemitérios no Dia de Finados
tico, etc). "Consolo para os que choram" pode ser explicado pelo mutirão social que executa, mas com ênfase para a evangelização de massa: distribuição de folhetos e textos bíblicos (este ano mais de seis mil), dentro e fora
dos cemitérios, aconselhamentos e orações por uma equipe de pastores, presbíteros, diáconos e membros das igrejas promotoras, em tendas estrategicamente montadas. Atendimentos a hipertensos foram feitos nos
locais, mas casos clínicos de urgência encaminhados a hospitais, prontos socorros e postos de saúde. Já se sabe que outras igrejas se associarão ao projeto. Com a permissão do bom Deus, os coordenadores do projeto progra-
mam ampliar e diversificar os atendimentos em 2009. Além da aferição de pressão arterial e de glicemia, projetam-se outras atividades clínicas, diagnósticas e educativas. Para isso, o projeto terá de contar com mais profissionais da área.
também contribuíram para o fortalecimento do trabalho, entre elas a IP de Redenção (PA), a IP de Vila Rica (MT) e IP da Vila Mariana (SP).. No dia da organização da IP de Santana do Araguaia,
foram eleitos os presbíteros Gentil Alves Gonçalves, Presbitério Félix Martins de Sousa, o pastor Joseé Pedro de Sousa (Leandro) e o diácono Hosanio João de Paula.
Crescimento
Nasce mais uma IP no Pará
S
antana do Araguaia, no Pará, tem novo templo presbiteriano. É que, no final de novembro, de 2008, a, então, Congregação Presbiteriana em Santana do Araguaia, foi organizada em
igreja. O trabalho, na região, teve início há nove anos com as famílias dos irmãos Felix Martins e Remy e Iracema Cordeiro. No início, a congregação contava com o
apoio do JMN e a Igreja de Conceição do Araguaia, que dava o apoio necessário para que o trabalho desse seus primeiros passos rumo à organização. Outras igrejas presbiterianas
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Brasil Presbiteriano
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Boa leitura
O Espírito Santo e a Bíblia Marcelo Smeets
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uitos evangélicos atuais bradam a máxima: "a letra mata, mas o espírito vivifica", e isso buscando se apoiar no texto de 2 Coríntios 3.6. Mas eis aí um bom exemplo de má interpretação de um texto bíblico. Mas as pessoas que consideram o texto desse modo o fazem desejando afirmar que é melhor ser mais "espiritual" do que ficar preso à interpretação da Bíblia.
das Escrituras. O livro trata do que o Novo Testamento diz sobre a unção do Espírito Santo e o seu papel como
acordo com a sequência dos livros do Novo Testamento. Portanto, ela inicia tratando dos evangelhos sinóti-
continua o estudo do tema até chegarmos ao livro do Apocalipse.
No capítulo que conclui o livro, Paul E. Brown resume as evidências do Novo Testamento e as relaciona à área da hermenêutica bíblica. Uma delas é que as pessoas não têm capacidade nem disposição para perceber e valorizar a verdade a respeito de Deus por elas mesmas, e isso por causa do pecado. É necessária a "luz do entendimento" que somente o Espírito Santo pode dar. O autor também destaca que há um modo especificamente cristão de ler e entender a Bíblia e explica como ele se difere das abordagens hermenêuticas comuns. Seu conceito é que a obra do Espírito Santo funde os horizontes do autor e do leitor. Aproxima-os, permitindo a compreensão adequada.
No outro extremo há os que se dedicam a aprender as línguas originais, estudam exegese e hermenêutica procurando interpretar os textos bíblicos da melhor maneira possível, mas essa melhor maneira muitas vezes se apóia somente na parte técnica e desconsidera aquele do qual a Bíblia fala que nos "guiará a toda a verdade" (Jo 16.13), pois ele é o "Espírito da verdade". Paul E. Brown é editor da Grace Magazine, professor na EMF School of Evangelism e do London Theological Seminary, e também pastor da Dunstable Baptist Church, em Bedfordshire, Inglaterra. Ao escrever O Espírito Santo e a Bíblia (tradução de The Holy Spirit and the Bible, Cultura Cristã, 208 págs.) ele conectou Espírito e interpretação bíblica, ou melhor, nos lembrou que a obra reveladora do Espírito é essencial na interpretação
em conjunto com outras são assim tratadas, permitindo entender o tratamento que cada livro dá ao assunto. O final de cada capítulo apresenta um resumo, possibilitando ter ideia do todo do livro sobre a obra do Espírito Santo revelando e instruindo.
instrutor e revelador. São examinadas as referências ao ministério do Espírito Santo no ensino e na iluminação, em relação aos temas atuais da hermenêutica bíblica. A obra é estruturada de
cos, mas considerando à parte o início e o final do Evangelho de Lucas, o que considera com o livro de Atos. Em seguida são abordadas as passagens relativas ao tema do livro no Evangelho de João. Assim
O autor analisa cada uma das perícopes referentes a sua abordagem. Fica claro que um estudo minucioso foi feito e a exposição desses textos é bastante clara e enriquecedora. Passagens que precisam ser apreciadas
Essa é uma obra que precisa ser lida e estudada para que os equívocos quanto ao papel do Espírito Santo na interpretação bíblica sejam dirimidos. Precisamos aprender a valorizar essa função do Santo Espírito, orando e pedindo sua iluminação para que possamos compreender corretamente a Palavra de Deus.
Brasil Presbiteriano 150 anos
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Região norte de Goiás agradece a Deus pelos 150 anos da IPB
Ceres celebra Sesquicentenário Divulgação
Caroline Santana Pereira
A
conteceu no dia 13 de dezembro um culto de ações de graças a Deus pelos 150 anos da IPB na cidade de Ceres (GO), que contou com a participação das 32 igrejas e congregações da região. Após um longo período de intensa mobilização das equipes e divulgação nos municípios, a celebração foi realizada com a presença de irmãos de diversas partes do norte de Goiás. Os irmãos reuniramse no ginásio de esportes local as 19h30. De acordo com o rev. Jáder Borges, executivo da comissão Sesquicentenário, a disposição dos irmãos em trabalhar em prol do evento foi perceptível. “Não encontrei um ceresino que não soubesse do nosso culto”, relata o rev. Jáder. Ceres possui 20 mil habitantes e recebeu a presença de missionários norteamericanos a partir de 1942. Lá está localizado o Acampamento Presbiteriano de Ceres (APC), autarquia da IPB que sedia encontros, congressos etc. Antes da celebração foi realizada uma carreata pela cidade e por Rialma, percorrendo as ruas e convidando outras pessoas a se unirem aos presbiterianos no evento. Os veículos foram identificados com adesivos informativos, apontando a programação do dia, e muitos irmãos estampavam a logomarca oficial dos 150 anos em camisas confeccio-
Comissão de pastores presente no dia do evento
nada especialmente para a ocasião. Além disso houve também uma divulgação na imprensa televisiva, motivando irmãos de outro sínodo e de outras cidades, como Anápolis e Goiânia, a apoiar e participar do culto, como informa o rev. Alexandre Antunes, coordenador da comissão organizadora do culto e vice-presidente do Sínodo Araguaia- Tocantins (SAT). O pastor acrescenta também que em cada uma das 30 igrejas da região foi colocado um banner informativo, mobilizando caravanas que chegaram a percorrer mil km (ida e volta) para comemorar os 150 anos da IPB. Assim o ginásio recebeu cerca de 3 mil pessoas, 40
pastores e evangelistas e o prefeito da cidade, que é membro da IPB. Estiveram presentes também algumas crianças da Sociedade Amigos de Meninos, Meninas e Adolescentes Aprendizes de Rubiataba (Sammaar), instituição social da igreja que atende menores órfãos e carentes em regime de internato. Um coral, composto por 200 vozes, entoou de maneira edificante e melodiosa os três hinos oficiais do Sesquicentenário: “Bênção Inefável”, “Deus fez, Deus faz”, e “AGrande Comissão”. Os louvores foram conduzidos pela equipe da IP do Bairro Carrilho, da cidade de Goianésia (GO). O rev. Antônio Carlos Menezes, pastor da IP de
Contagem (MG), pregou a mensagem baseado na passagem bíblia de Lucas 19, apresentando a vida e conversão de Zaqueu, relacionando-as com a mensagem da salvação que a IPB tem pregado ao longo de sua história. Em seguida o rev. Jáder ministrou a Santa Ceia. O executivo da comissão Sesquicentenário destaca a disposição dos pastores e dos presbitérios de Ceres, Norte Goiano e Lago Serra da Mesa, que compõe, juntamente com o presbitério de Tocantins, o Sínodo Araguaia Tocantins. O rev. Douglas relata que o sentimento dos pastores e dos irmãos da região é de felicidade, por receber e organizar um evento de tamanha importância para o momento
em que vive a igreja. O rev. Alexandre agradece a Deus pelas vidas dos pastores envolvidos no evento, que trabalharam incessantemente para a realização do mesmo: Rev Jonathas Bakargi (Presbitério Lago Serra da Mesa), rev. Lourenço Barros Neto (Presbitério de Ceres), rev. Edimilson dos Santos (Presbitério Norte Goiano), rev. Alexandre Antunes Santos (vice-presidente do Sínodo AraguaiaTocantins e presidente da comissão de organização do culto 150 anos local), rev. Adiel Ferreira (Tesoureiro SAT) e rev. Douglas Boaventura (pastor da Igreja Presbiteriana de Ceres). Visite o site http://www. ipb.org.br/sesquicentenario/ home.php
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Brasil Presbiteriano
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Pioneirismo
Inícios do presbiterianismo no Pará e no Amapá Fotos: Arquivo
Alderi Souza de Matos
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té onde se sabe, os primeiros ministros protestantes a pregarem na Província do Pará foram o metodista Daniel Parish Kidder (1839) e o presbiteriano James Cooley Fletcher (1859), ambos apenas de passagem. O primeiro pastor a se estabelecer na região foi o escocês Rev. Richard Holden, de 1860 a 1862, missionário da Igreja Episcopal dos Estados Unidos. Mais duradoura foi a permanência do Rev. Justus H. Nelson, da Igreja Metodista Episcopal, que chegou a Belém em 1880 e lá residiu até 1925. Durante vinte anos publicou o combativo jornal O Apologista Cristão Brasileiro. Quanto aos presbiterianos, um importante desbravador foi o Rev. Alexander Latimer Blackford, que no segundo semestre de 1878, quando trabalhava como agente da Sociedade Bíblica Americana, percorreu as províncias do norte, indo até Belém. Foi acompanhado pelo colportor Filadelfo Pontes, um dos auxiliares do Rev. John Rockwell Smith em Recife. João Mendes Pereira Guerra e Jerônimo de Oliveira também semearam as Escrituras no Pará. O trabalho presbiteriano regular no Estado do Pará começou em 1901. Pedro Costa, Júlio Rabello e outros presbiterianos procedentes do nordeste foram se con-
Rev. William M. Thompson e D. Kate
gregando até que os visitou o Rev. Carlyle Ramsey Womeldorf, missionário estabelecido em São Luís. Em novembro daquele ano, ele realizou os primeiros atos pastorais, recebendo várias pessoas por profissão de fé. Autorizados pelo Presbitério de Pernambuco, esse pastor e o seu colega William M. Thompson organizaram a Igreja Presbiteriana de Belém no dia 9 de novembro de 1904. Na ocasião foram arrolados 73 membros professos, sendo eleitos presbíteros Pedro de Araújo Costa e George Cavallero, e diáconos Eduardo dos Reis e Manoel Gueiros de Carvalho. Womeldorf residiu por algum tempo na capital paraense, de março de 1903 a abril de 1905, quando se retirou para os Estados Unidos. O Rev.
Thompson, que havia trabalhado em São Luís e Caxias, no Maranhão, substituiu-o em Belém, ali permanecendo até outubro de 1907. Desde então, pastores nacionais começaram a apascentar o rebanho paraense, a começar do Rev. Antônio de Carvalho Silva Gueiros. Em março de 1914 foi substituí-lo o licenciado José Martins de Almeida Leitão, ordenado no ano seguinte, que também evangelizou o baixo Tapajós. Mais tarde transferiu-se para o leste de Minas. Nos anos seguintes (1915-1921), a igreja ficou sem pastor residente, sendo dirigida pelo presbítero Bento de Souza, auxiliado pelo colega Manoel de Carvalho e pelo diácono Carlos dos Santos. Em março de 1921, assumiu o
pastorado o Rev. Raimundo Bezerra Lima, que permaneceu por pouco mais de um ano. Até essa época haviam sido arrolados na igreja 262 membros. Após novo período sem pastor, a igreja recebeu em março de 1927 o Rev. Antônio Teixeira Gueiros, sobrinho de Jerônimo e Antônio Gueiros. Ele entrou para a política, tendo chegado a se tornar Governador do Estado, sem deixar o trabalho da igreja. Um destacado presbiteriano do Pará nos primeiros tempos foi o Dr. Severino Silva, grande poeta e orador, deputado estadual e diretor da Biblioteca Pública. Foi presbítero da Igreja de Belém (eleito em junho de 1922) e moderador do Presbitério do Norte, que fora instalado em 1920. Em 1928,
a Igreja de Belém contava com 208 membros comungantes e não-comungantes, uma escola dominical com 96 alunos e uma sociedade de senhoras com 76 sócias. Tinha apenas uma congregação, na cidade de Altamira, dirigida pelo presbítero Bento de Souza. Essa congregação foi organizada em igreja no dia 5 de março de 1935. O Rev. Wilson de Souza, filho da igreja de Belém, serviu na capital por algum tempo. Mais tarde o Pará foi alvo do trabalho da Junta de Missões Nacionais, que em 1941 enviou para a região bragantina o Rev. José Bezerra Duarte. Nas décadas seguintes foram organizadas as igrejas de Santarém (07.07.1967), Bragança (25.12.1968), Tucuruí (26.06.1971), Capanema (09.01.1972), Ananindeua (14.06.1981), Itaituba (31.10.1982), Marabá (13.03.1994) e muitas outras. O antigo Território do Amapá também foi objeto dos esforços da Junta de Missões Nacionais e, a partir de 1950, da Missão Presbiteriana da Amazônia. A Igreja de Macapá foi fundada em 28 de dezembro de 1952. No início dos anos 80 trabalhou em Oiapoque, extremo norte do Amapá e do Brasil, o Rev. Gidalte Maria dos Santos. O Rev. Alderi Souza de Matos é pastor presbiteriano e historiador oficial da IPB. asdm@mackenzie.com.br