bp_junho2006

Page 1

Brasil

PRESBITERIANO Órgão Oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil

Junh o de 2006

Rede Presbiteriana de Comunicação

Ano 49 / Nº 621 - R$ 1,80

O Serviço Social Nova Jerusalém luta para construir um ginásio de esportes com o objetivo de tirar mil crianças da situação de risco

Igreja Presbiteriana em frente a uma favela em Campinas, SP, trabalha com 505 crianças e adolescentes

A IP Nova Jerusalém (IPNJ) em Campinas, SP, com 250 membros, plantada nas proximidades de uma favela, decidiu enfrentar o problema social, criando uma associação que atende a mais de 500 crianças. Em quinze anos de trabalho, conta histórias de famílias transformadas, crianças sendo educadas, adolescentes e jovens sendo resgatados das drogas e do tráfico. O Serviço Social, hoje, trabalha com 505 menores, de 3 a 18 anos. Essas crianças e

Sínodo Leste Fluminense convoca seus presbitérios para discutir “pastores sem campo” PÁGINA 18

De 2002 até hoje a IPB saltou de 352.000 membros para aproximadamente

adolescentes são alfabetizados e sociabilizados para a Escola Pública. Recebem educação informal, orientações sobre saúde e atendimento odontológico, além de instruções de como atuar em equipe. Os alunos que se destacam recebem bolsas de estudo em escola que tem cursos de capacitação para o trabalho e cidadania. São também oferecidas diariamente duas refeições balanceadas, preparadas no local. Páginas 12 e 13

Confederação Nacional da Billy Graham fala do seu SAF planeja quadriênio relacionamento com o Papa Em reunião no Rio de Janeiro, a Executiva Nacional da SAF lança o tema do quadriêncio 2006-2010: “Mulheres que surpreendem: Instrumentos de Deus”. Foram mais de 110 mulheres de todas as regiões do Brasil, empenhadas em traçar os rumos da SAF.

Em entrevista ao programa Larry King Live da rede de televisão americana CNN, no dia dois de abril, o Evangelista Billy Graham disse que o Papa João Paulo II foi a mais influente voz pela moralidade e pela paz no mundo nos últimos 100 anos.

Culto na IP do Rio de Janeiro, abre a reunião de planejamento da CNS.

Evangelista Billy Graham diz que Papa João Paulo II foi para o céu

550.000

PÁGINAS 14

E

15

Editorias e opinião:

“Olhando o futuro” “Sustento do pastor sem campo” “Expectativas sobre o Supremo Concílio 2006” PÁGINAS 2

E

3

PÁGINA 5

PÁGINAS 6

E

7


2

Brasil PRESBITERIANO

Junho de 2006

Editoriais

Sustento do pastor sem campo

Olhando o futuro sem “bola de cristal” João Correia Lima A Igreja Presbiteriana completará no próximo mês de agosto 147 anos de história em terras brasileiras. Durante todos esses anos tem se mantido firme em suas convicções e posições doutrinárias e, por se manter assim, não teve como evitar algumas facções e vários despojamentos de ministros. No momento atual, com muita atenção e determinação, tem enfrentado o “modismo religioso” em expansão por todo o país, exigindo de sua liderança (de norte a sul e de leste a oeste) fidelidade, zelo e firmeza com relação à sua ortodoxia, o que não agrada muita gente. As reuniões do Supremo Concílio sempre trazem expectativas de mudanças, inclusive constitucionais. Mas, com certeza, a igreja não terá mudanças em sua estrutura administrativa, ministerial e doutrinária, nessa reunião de julho. Contudo, dificilmente evitará nos próximos anos o que até aqui não conseguiu evitar: as tendências liberais, pentecostais e radicais tão visíveis e identificadas, porém, toleradas; a desobediência de vários presbitérios que enviam seus candidatos para seminários de outras denominações, recebem e ordenam ministros sem a indispensável formação presbiteriana reformada; liturgias contaminadas e, por vezes, recheadas de práticas estranhas ao nosso convívio; além de um certo corporativismo inconseqüente que tanto mal tem causado ao progresso da Igreja. O Supremo Concílio terá que gerir a questão da maçonaria, que volta à baila, e, sem dúvida, ouvir o clamor paralelo daqueles

lobistas que comparecerão para chorar as causas perdidas como a questão do ministério feminino, a inclusão da Igreja Presbiteriana do Brasil no Conselho Mundial de Igrejas e o seu reatamento com a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, e outras mais. Há uma outra preocupação com a qual o Supremo Concílio terá que se envolver: o ministério pastoral da IPB. De acordo com o relatório da Secretaria de Estatística, temos atualmente 252 Presbitérios e 63 Sínodos. Formando ministros para esses presbitérios, temos oito seminários, com um crescimento em número de candidatos, nos últimos dez anos, em torno de 38,95 por cento, e de licenciados, em torno de 67 por cento. A manter-se esse crescimento, nos próximos dez anos, a IPB terá crescido a ponto de absorver toda essa demanda? Creio que caminhamos para um tempo de dificuldade, considerando que em algumas regiões já se pratica a reserva de mercado, e presbitérios há que não estão recebendo ministros em seus quadros, para não inflacionar a região. Diante desta realidade, o principal desafio da IPB é a administração de sua expansão, com concentrado esforço na área de evangelização e plantação de novas igrejas, porém, com excessivo cuidado para que esse crescimento não aconteça a toque de caixa ou a qualquer preço, o que poderá colocar em risco o perfil, a ortodoxia e a credibilidade conquistada em todos esses 147 anos de história do Presbiterianismo no Brasil. João Correia Lima é jornalista e pastor da 3ª IP de Duque de Caxias, RJ. E-mail: jocolima@ig.com.br

Addy Félix de Carvalho Raros são os presbitérios, hoje, sem dificuldades e problemas com o excesso de pastores nos campos de sua jurisdição. Prosperam por aí, então, de região em região, divergências de interpretação do artigo 35 da CI/IPB, muitas delas isentando o presbitério do encargo ali determinado. A IPB tratou do assunto, primeiramente, ao “Recomendar aos Presbitérios que estabeleçam como padrão mínimo de sustento pastoral, para ministros que se dediquem exclusivamente ao ministério, 05 (cinco) salá-

rios mínimos da Região, e casa” [SC-74/007]. Anos depois [SC94/109], em resposta à consulta do Presbitério de Sorocaba, SP, vai além, ao reiterar que “o sustento do pastor evangelista é responsabilidade do Presbitério a que esteja jurisdicionado, mesmo que esteja sem campo”. Da mesma forma a resolução SC-99E – Doc. LIX, deixando claro que a matéria foi devidamente tratada [SC-74/007], mantida [CE-89/092] e reiterada [SC-94/109], determinando, finalmente, ao concílio consulente, “que não pode dispensar o obreiro que não tiver campo”. O problema está na deficiente

Jedeías de Almeida Duarte

O sustento pastoral obrigatório na IPB deve ter regulamentação ordinária, observando que no texto constitucional só existe sustento pastoral para o ministro que seja designado para um determinado campo. Sem campo, só há previsão de sustento pastoral na observância do Art. 41, licença para tratamento de saúde (Artigo que não deveria mais constar na CI/IPB pelo fato do ministro hoje, ser obrigado a contribuir com a Previdência Social). Ao ministro sem campo e em gozo de sua saúde, não há previsão, nem amparo legal para

a manutenção de salários. Não havendo no Presbitério campo, não há possibilidade de designação e, não havendo designação, não há previsão de sustento. Quando o Presbitério fixa pisos salariais para seus ministros, o mesmo fere o texto constitucional, pois no texto constitucional só há previsão de piso salarial para o Ministro designado Pastor Evangelista; para as demais designações, o Pastor e o Conselho estabelecem um acordo de boa fé, inclusive sem vínculos ao salário mínimo. A previsão de sustento pastoral com base em reajustes pelo salário mínimo é inconstitucio-

Brasil PRESBITERIANO

Uma publicação da

Ano 49, nº 621 – Junho de 2006

www.ipb.org.br

Rua Maria Antônia, 249, 1º andar, CEP 01222-020, São Paulo – SP Telefone: 0(XX)11 3255 7269 E-mail: editorbp@rpc.ipb.org.br

Gunnar Bedicks Jr. – Presidente Gilson Alberto Novaes - Secretário Alcides Martins Jr. – Titular José Augusto Pereira Brito – Titular Carlos Veiga Feitosa – Titular Sílvio Ferreira Jr. – Titular Clineu Aparecido Francisco – Diretor Administrativo-financeiro André Mello – Diretor de Produção e Programação

Addy Félix de Carvalho é pastor da IP de Petrópolis, RG e autor do livro Interpretação e Comentários Sobre a Constituição da Igreja. E-mail: addy1@uol.com.br

Sustento pastoral obrigatório

EXPEDIENTE Órgão Oficial da

administração que, infelizmente, é fato notório na vida de muitos dos nossos presbitérios que não velam para que “os ministros se dediquem diligentemente ao cumprimento da sagrada missão”, “visitar as igrejas com o fim de investigar e corrigir quaisquer males que nelas se tenham suscitado” e outras prerrogativas afins que não são geralmente cumpridas ou executadas por conivência e desídia de todos nós.

Conselho Editorial: Augustus Nicodemus Lopes Celsino Gama Evaldo Beranger Gilson Alberto Novaes Hernandes Dias Lopes Vivaldo da Silva Melo

Secretaria de Atendimento ao Assinante: (19) 3741 3000 / 0800 119 105

Rede Presbiteriana de Comunicação

Diagramação: Aristides Neto Impressão: Folhagráfica

nal, corporativista e prejudica o andamento das Igrejas menores. O Presbitério não pode trabalhar como um Sindicato ou Representante de uma Classe Laborativa, mas sancionar acordos feitos entre ministros e Igrejas, sem possuir uma legislação rígida, pois, afinal de contas, o Ministério não é um trabalho vinculado a direitos, mas uma vocação divina: Deus sustenta os Pastores. Jedeías de Almeida Duarte é pastor da IP do Jardim Pérola, Gov. Valadares, MG e presidente do Sínodo Rio Doce. E-mail: revjedeias@hotmail.com

Assinaturas Para qualquer assunto relacionado a assinaturas do BP, entre em contato com:

Luz para o Caminho 0(XX)19 3741 3000 0800 119 105 brasilpresbiteriano@lpc.org.br Rua Antônio Zingra nº 151, Jardim IV Centenário CEP 13070-192 - Campinas - SP


Brasil PRESBITERIANO Opinião

3

Seu recado

Igreja única, mas com diferenças Alexandre Henrique Moraes de Almeida

T

emos em nossa região uma grande expectativa com a reunião do SC/IPB 2006. Primeiro, por ser sempre um momento reflexivo para a igreja, com relação às decisões que irão nortear a nossa vida eclesiástica para os próximos quatro anos. Segundo, porque estamos em um momento ímpar da história da igreja evangélica brasileira. Com tantas “novidades” surgindo a cada momento, pode-

mos reforçar a visão reformada, com forte ênfase em uma pregação das verdades bíblicas. Uma pregação que deve atingir todos os locais de nosso país. É hora de aumentarmos ainda mais o investimento em evangelização. Não só o financeiro, mas um grande projeto de plantação de igrejas, com formação de plantadores que enxerguem esse momento tão significativo que estamos passando, igreja e nação. Espero que possamos entender que a igreja presbiteriana

é única, mas com diferenças que em nada comprometem a nossa unidade. Diferenças típicas de uma igreja continental, tão rica em talentos e ministérios. Todos usados para a glória de Deus e o crescimento de nossa denominação. Juntos, podemos crescer qualitativamente, o que, com certeza, trará o crescimento quantitativo. Alexandre Henrique Moraes de Almeida é presbítero da 1ª IP de Juiz de Fora e presidente do Sínodo Leste de Minas. E-mail: ahmalmeida@uol.com.br

Desafios da IPB num país multicultural Vivaldo da Silva Melo

A

s vésperas de mais uma reunião do Supremo Concílio, é natural que os rumos da IPB para os próximos quatro anos sejam objeto de amplas discussões. De tudo o que se ouve, há concordância sobre nossa referência doutrinária. Até fora de nossos limites reconhece-se, também, o nosso bom sistema de governo. Mas não há quem conteste a ausência

de ímpeto evangelístico em nossos sermões, ministérios pastorais e, conseqüentemente, em nossas práticas programáticas. Também carecemos de um ambicioso projeto que autentique a nossa presença na cultura de cada cidade e do Brasil, de um modo geral, como em tempos passados, pois temos nos apequenado nas últimas décadas e nos transformado numa instituição muito boa, contudo, com pouca relevância. Outro grande desafio está no âmbito

teológico. Nossos seminários continuam respondendo as questões do século XVI e sido firmes contra o liberalismo. Contudo, não têm conseguido responder às necessidades de uma Igreja fora da América do Norte. Eles precisam capacitar os futuros líderes a enfrentar com mais eficiência os desafios evangelísticos de um país multicultural. Vivaldo da Silva Melo é pastor da IP de Aquidauana, MS, e membro do Conselho Editorial do BP. E-mail: vivaros@terra.com.br

Unidade não é uniformidade José Alfredo M. de Almeida

E

Junho de 2006

speramos que haja, na reunião do Supremo Concílio 2006, um clima de cordialidade e que sejam feitas mudanças que contextualizem a Igreja, não apenas na sua comunicação com a sociedade, mas principalmente na sua ação evangelizadora. Estamos no terceiro milênio e ainda vemos a história passar, quando deveríamos fazer a história. Na década de 50, éramos a maior

denominação do Brasil e hoje estamos incluídos nos “Outros” do IBGE. O que aconteceu? E o que vamos fazer? São perguntas que devemos responder no SC-IPB. Por outro lado, não teremos crescimento se não tivermos unidade. Aqui, é preciso pontuar que unidade não é necessariamente uniformidade. A IPB precisa compreender que a Igreja é a multiforme sabedoria de Deus para conhecimento dos principados e potestades (Ef. 3.10) e não podemos engessar a estrutura da Igreja.

Precisamos compreender que nesta unidade coexiste uma multiforme expressão da sabedoria de Deus. O mais importante é que precisamos contextualizar, compreender o mover de Deus na Igreja, sem abdicarmos de nossa herança reformada. Quando compreendermos isto, romperemos a barreira entre o “ver” e “fazer” a história.

Música na igreja “Em recente artigo do Brasil Presbiteriano, Abril 2006, discutese a questão da música na Igreja. Outra vez a questão gira em torno de hinos, instrumentos, tradições e liturgia, mas não toca o ponto central: quem de fato faz a música na igreja, ou seja quem de fato toca a música da igreja. Nós temos um cuidado extremo com a formação de nossos pastores, mas não mostramos o mesmo cuidado com a formação dos nossos músicos. Sou músico profissional e freqüentemente me vejo diante deste fato básico, não são instrumentos que fazem a música, mas os instrumentistas. O órgão, ou piano, ou a bateria, são peças inanimadas que devem ser executadas por alguém. Este alguém é que é o problema, ele pode tocar muito mal um hino tradicional, ou pode fazer um excelente trabalho como baterista. O caso é que não formamos nossos músicos, raramente pagamos nossos músicos, e sobretudo, os seminários não dão formação musical aos seminaristas. Igrejas presbiterianas em outros países possuem o curso de Músico de Igreja, ou Ministro de Música, caso também da Igreja Batista, que forma em seus seminários aqueles que cuidarão da música nas suas igrejas. Esta é questão central, precisamos formar nossos músicos.” Lúcius Mota, professor do Conservatório de Tatuí e membro da Ig Presb de Tatuí. “O artigo sobre ‘Louvor’(Abril, 2006) está falando a pura realidade no seu todo. Destaco alguns parágrafos: (1) na linguagem usada em nome da ‘intimidade’ com Deus os cantores fazem tantas ‘caras e bocas’ que parecem mais estar falando com um ‘amante’; (2) temos copiado os padrões do mundo trazendo-os para dentro da igreja. Outra coisa, que não está no artigo, mas que atrapalha muito o momento do louvor, quando feito com exagero, são as ‘preleções’ ou pequenos ‘sermões’ entre um cântico e outro, às vezes sem ter nada a ver com o cântico em si e alguns na base da ‘decoreba’.” Shirley Coelho Hautequestt, Ig Presb de Marataízes, ES. “Verdade e Vida”

José Alfredo M. de Almeida, presb da IP de Cabo Frio, RJ, e presidente do Sínodo Leste Fluminense. E-mail: j.alfredo@ipcf.org.br

“Quero parabenizar o Brasil Presbiteriano pela excelente edição de Maio, 2006. Tenho sido um crítico constante do Jornal principalmente nas matérias relacionadas a APMT da qual sou o Presidente, mas agora tenho que ser justo. Uma correção na entrevista do Rev. Hernandes Dias Lopes sobre o programa ‘Verdade e Vida’. Não foi a mesa do SC mas, sim, o Comitê do Fundo Gestor, junto com a RPC, que foram os responsáveis pela aprovação do projeto e a liberação da verba para o programa Verdade e Vida. Sergio Paulo Martins Nascimento, pastor da IP de Piracicaba, presidente da APMT e secretario do CGFM/IPB. Congresso das UPHs “Agradeço ao Jornal “Brasil Presbiteriano” pela excelente matéria publicada sobre o XI Congresso Nacional dos Homens Presbiterianos, realizado em Aracruz, ES (BP Maio, 2006) e pelo apoio e atenção dados ao trabalho masculino.” Paulo Roberto da Silveira Daflon, Presidente da CNHP. Precisa-se de bons pastores “Há muitos anos estou impressionado com a descaracterização de igrejas presbiterianas, algumas já centenárias, especialmente quando vejo à frente de uma equivocada modernização, os próprios pastores, mais néo-pentecostais e mais mercenários do que pastores presbiterianos… A raiz do problema não está no crente novo convertido, um tanto influenciado pelo bombardeio néo-pentecostal; está é no pastor mal formado, que se deixou influenciar por motivações falsas, para tornar-se ‘pastor’… Seminarista ansioso, não para servir onde e como Deus quiser, mas ansioso para ser “bacharel”, bacharel ansioso por fazer “pós-graduação”… ansioso por pastorear igrejas grandes, ansioso por ser presidente de concílios, em vez de estar ansioso para pregar “a tempo e fora de tempo”, onde quer que Deus o coloque, à semelhança de Jeremias e de Paulo; pessoas assim têm sido uma desgraça para a igreja.” Rubens Pires do Amaral Osório, pastor jubilado da IPB.

O “Seu Recado” recebe colaborações pelo correio: Rua Maria Antônia, 249, 1º andar, CEP 01222-020, São Paulo, SP, por fax: 11-3255-7269 e por e-mail: brasilpresbiteriano@lpc.org.br. As cartas devem ser concisas e conter nome, endereço completo e assinatura, exceto quando for e-mail. O Brasil Presbiteriano se reserva o direito de selecionar cartas e publicar trechos.


4

Brasil PRESBITERIANO

Junho de 2006

Consultório Bíblico

As Confissões Reformadas

Obediência Exigida e Reprimida?! Odayr Olivetti

P

ergunta: “Deus queria que o povo de Israel fosse obediente, cumprindo todos os Seus mandamentos. Como entender então o texto de Deuteronômio 29.4?” Resposta: O texto da consulta diz: “Porém o Senhor não vos deu coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir, até ao dia de hoje”. 1. Um esquema importante: (1) Deus exigiu (e exige) do Seu povo obediência a Suas leis; (2) Deus prometeu (e promete) recompensar com bênçãos a obediência do Seu povo (Dt 5.8-10 e 16; 28.1-14); (3) Deus garantiu (e garante) a Seu povo que o castigaria se Lhe desobedecesse (Dt 28.15-68). 2. Uma tremenda forma de castigo dado por Deus é a seguinte: Quando uma pessoa ou um povo ou os homens em geral insistem no pecado, rejeitando todas as promessas e todas as advertências de Deus pela natureza e por Sua Palavra, Deus os entrega à sua própria dissolução. Exemplos: (1) O faraó do Egito. Primeiro ele endureceu seu coração (Êx 7.13,22; 8.15,19,32; 9.7); depois Deus endureceu o coração do faraó

(Êx 9.12, 10.20,27; 11.9,10; 14.3,4. (2) Em Romanos 1 temos um forte exemplo disso. Os versículos 18 a 23 descrevem a degeneração geral da humanidade; os versículos 24 a 27 declaram que a situação dos homens e das mulheres piorou muito porque Deus os “entregou... à imundícia... a paixões infames...”. Conclusão: Pode-se dizer que Deus prometeu bênçãos a Seu povo, se fosse obediente, e assegurou terríveis conseqüências para a desobediência. Como Israel foi persistentemente desobediente, Deus o cegou para as bênçãos e para o bem! “De Deus não se zomba”, adverte-nos o apóstolo Paulo (Gl 6.7). E Jesus Cristo, aos impenitentes: “Se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis” (Lc 13.3,5). URIM E TUMIM Pergunta: “Qual a origem e o significado do Urim e do Tumim colocados no peitoral de Arão, conforme Levítico 8.8?” Resposta: Origem: ignorada. Só são conhecidos a partir do seu uso nas vestes sacerdotais. Sentido: (a)Das palavras: “luzes e perfeições”; (b) Do uso: Eram objetos (não se

sabe quais) usados para definir questões judiciais e outras não reveladas por sonho, visão, profecia ou teofania. Ficavam sobre o “peitoral do juízo” – o que já indica o seu propósito (Êx 28.30). A segunda parte deste versículo esclarece: “Arão levará o juízo dos filhos de Israel sobre o seu coração diante do Senhor continuamente”. Ou, como diz a Nova Versão Internacional (NVI): “Assim, Arão levará sempre sobre o coração, na presença do Senhor, os meios para tomar decisões em Israel”. Em 1 Samuel 28.6, texto que mostra claramente que Deus rejeitou Saul (porque este O rejeitara), vemos que o Urim estava entre os meios pelos quais se conhecia a vontade do Senhor em situações específicas. O texto menciona “sonhos”, “Urim”, e “profetas”. Graças a Deus, contamos hoje com a revelação profética completa (as Escrituras do Antigo e do Novo Testamentos) e com a revelação completa e perfeita em Jesus Cristo – Deus que se fez homem (Hb 1.1-4). Odayr Olivetti é pastor presbiteriano, ex-professor de Teologia Sistemática do Seminário Presbiteriano de Campinas, escritor e tradutor. E-mail: odayrolivetti@uol.com.br

Consultório Constitucional da IPB Addy Félix de Carvalho

P

ergunta: Numa assembléia ordinária convocada exclusivamente para cumprimento do que estabelece o artigo 9, letra “d”, do Manual Presbiteriano, o presidente da assembléia pode negar pedido de membro da igreja para registrar presença de pastor e familiares cuja posse ocorreria após o encerramento da assembléia? No caso de recusa, o presidente

da assembléia infringiu algum dispositivo legal do Manual Presbiteriano? Em caso afirmativo, qual? A recusa enseja motivo par que não seja aprovada a ata? Resposta: No caso da assembléia ordinária, que tem pauta definida inclusive pelo próprio Estatuto, acho que não deve constar nada que não tenha ligação com os assuntos ali determinados. Por outro lado perguntaria qual a relevância em registrar a posse ou a pre-

sença do pastor e seus familiares a ponto de causar conflito no ambiente da igreja... Acho que, também, se fosse feito o registro... Nada há de inconstitucional na decisão do pastor que presidia a assembléia, nem a ausência ou presença do registro seria motivo para anular a reunião. Addy Félix de Carvalho é pastor da Ig Presb de Petrópolis, RG e autor do livro Interpretação e Comentários sobre a Constituição da Igreja. E-mail: addy1@uol.com.br

A Primeira Confissão de Basiléia (1534) Alderi Souza de Matos

A

pós a morte de Ulrico Zuínglio (1531), a continuação e o desenvolvimento do seu trabalho ficaram evidenciados em vários documentos confessionais procedentes de outras cidades suíças. Em Basiléia, onde a Reforma foi introduzida de modo um tanto tumultuado em 1529, o reformador João Ecolampádio, um amigo e fiel seguidor de Zuínglio, elaborou uma breve confissão de sua fé pessoal um mês antes de morrer, em 1531. Revisada no ano seguinte por seu sucessor, Osvaldo Miconius, outro amigo de Zuínglio e mais tarde de Calvino, ela foi adotada pelas autoridades locais em 1534 e dois anos depois pela cidade de Mühlhausen, na Alsácia. Os cidadãos dessas cidades a subscreveram sob juramento, abraçando-a como o seu credo oficial. É conhecida como a Primeira Confissão de Basiléia ou Confissão de Mühlhausen. Seus doze artigos constituem uma declaração simples, nobre e moderada da doutrina zuingliana em contraste com os ensinos católicos e anabatistas. Ela praticamente não contém arestas expressamente polêmicas, com a possível exceção do tratamento da Ceia do Senhor. Os artigos tratam dos seguintes temas: a doutrina de Deus, culminando com o conceito de eleição; o ser humano, feito à imagem de Deus e decaído; a providência divina (“o interesse de Deus por nós”); as naturezas e a pessoa de Jesus Cristo; a igreja e os sacramentos; a Ceia do Senhor; a disciplina eclesiástica; a autoridade

civil; fé e obras, isto é, como a fé leva ao perdão dos pecados, à justiça e às obras de amor; os últimos dias e o juízo final; coisas permitidas e proibidas (tradições humanas) e os erros dos anabatistas. Ecolampádio distinguiu-se de Zuínglio por sua crítica contra uma igreja estatal e por sua distinção entre punição civil e disciplina eclesiástica. Todavia, a confissão segue Zuínglio em sua doutrina dos sacramentos e em sua cristologia. Embora seja uma exceção à regra entre as confissões reformadas, por não começar com um apelo às Escrituras como a única regra de fé, a Primeira Confissão de Basiléia conclui com a seguinte declaração equivalente: “Finalmente, desejamos submeter esta nossa Confissão ao julgamento das divinas Escrituras Bíblicas e, caso as mesmas Escrituras Sagradas nos mostrem algo melhor, expressamos aqui a nossa disposição de, em qualquer tempo, obedecer a Deus e à sua santa Palavra com profunda gratidão”. Tal declaração pode ter inspirado uma manifestação semelhante na Confissão Escocesa de 1560. Esse importante documento manteve a sua posição na Igreja Reformada de Basiléia até o século 19, somente vindo a sucumbir diante do chamado “movimento anticonfessional”, um fruto da teologia liberal resultante do Iluminismo. De 1534 até 1826 a confissão foi lida anualmente dos púlpitos das igrejas de Basiléia durante a semana da Páscoa, e até 1872 todos os pastores deviam subscrevê-la. Alderi Souza de Matos é pastor presbiteriano e historiador oficial da IPB. E-mail: asdm@mackenzie.com.br


Brasil PRESBITERIANO SAF

Junho de 2006

5

“Mulheres que surpreendem” é o tema da Confederação Nacional das SAFs (CNS) para o quadriênio 2006-2010

Executiva da CNS decide rumos para o quadriênio A

Executiva da Confederação Nacional da SAF (CNS), reuniu-se nos dias 27 a 30 de abril na cidade de Belford Roxo, RJ, definindo os propósitos e objetivos para o Quadriênio 2006-2010. Após as emoções vividas na eleição de janeiro passado, viria o trabalho sério, já esperado por todas: diretoria, vice-presidentes regionais, secretárias de atividades e as presidentes de Confederações Sinodais. A reunião transcreveu-se em clima de alegria, amor e comunhão. Das 63 Confederações Sinodais, apenas uma não marcou presença, ao todo foram mais de 110 mulheres de todas as regiões do Brasil, empenhadas em traçar os rumos da SAF para os próximos anos. Culto de abertura na IP do Rio de Janeiro O culto de abertura do evento, foi na Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, com a mensagem pregada pelo rev. Guilhermino Cunha, pastor da Igreja e convidado especialmente para o culto, verificando-se a presença de vários líderes regionais: presidentes de Sínodos, presidente

Executiva da CNS

da CNHP, pb. Paulo Roberto Daflon, líderes nacionais da CNMP, secretários nacionais e outros. Após o culto a Executiva recolheu-se ao Sítio Ypê em Belford Roxo, RJ, onde por três dias planejou os rumos do trabalho feminino da IPB. Segundo a sra. Anita Chagas, presidente da CNS, “a proposta atual da nova diretoria é dar continuidade as resoluções das Executivas anteriores e propor novas resoluções, dentre elas pode-se destacar: que toda auxiliadora seja assinante e leitora da SAF em Revista, bem como estimular em todas as igrejas, a divulgação, assinatura e uso do jornal Brasil Presbiteriano; que as líderes,

Rev. Guilhermino Cunha, pregador convidado para o culto de abertura da Executiva da CNS na IP do Rio de Janeiro

em todos os níveis, demonstrem apreço pelos pastores e demais líderes, tratando-os com distinção em quaisquer reuniões onde se encontrem, e insistir com a liderança, em todos os níveis, no sentido de que conheça a Confissão de Fé de Westminster, os Catecismos (maior e menor) e a Constituição da IPB.” Tema Geral para o quadriênio A Executiva da CNS decidiu pelo Tema Geral: mulheres que surpreendem: instrumentos de Deus, baseado em Lucas 24:22. Este tema foi subdivido em quatro sub-temas, que serão desenvolvidos pelas Secretarias de Atividades específicas: 1º) “mulheres que surpreendem”: instrumentos de Deus, vivendo evangelização e missões com compaixão, disposição e ação (Lc 24:9), a ser desenvolvido pela Secretaria de Evangelização e Missões em conjunto com outras secretarias; 2º) “mulheres que surpreendem”: instrumentos de Deus, demonstrando consciência social (Rm 16:1-2), desenvolvido pela Secretaria de Ação Social; 3º) “mulheres que surpreendem”: instrumentos de Deus, apresentando a família planejada por Deus (At 16:14-15), desenvolvido pela

Secretaria de Espiritualidade; e, 4º) “mulheres que surpreendem”: instrumentos de Deus, promovendo bem-estar interpessoal, desenvolvido pela Secretaria de Espiritualidade e Cultura. Exemplo de mulheres que surpreenderam Durante os planejamentos a Secretária Executiva da CNS, Eloísa Helena Alves, trouxe exemplos de mulheres que surpreenderam: Ada Rogato, pioneira da aviação e primeira mulher pára-quedista no Brasil; Aída dos Santos, esportista, recordista sul-americana de salto em altura em 1959 e única mulher na delegação brasileira nas Olimpíadas de 1964 no Japão; Ana Néri, heroína da Guerra do Paraguai e precursora da enfermagem no Brasil; Antonieta de Barros, educadora catarinense e primeira mulher negra a ser eleita e exercer um cargo político no Brasil; Amélia de Freitas

Anita Heloísa Chagas, presidente da CNS

nou-se líder de Israel nos dias dos Juízes; Ester, também conhecida como Hadassa, era uma jovem judia, da tribo de Benjamim, que preservou o povo de Deus; Priscila, fabricante de tendas que ajudou Paulo na evangelização de Corinto. Com essa bagagem de traba-

Um dos grupos de planejamento da Executiva da CNS, Sítio Ypê em Belford Roxo, RJ

Beviláqua, escritora, defensora da educação feminina do séc. 19 e uma das primeiras mulheres a concorrer a uma vaga na Academia Brasileira de Letras; Débora, profetisa e esposa de Lipodote, tor-

lho, expectativas, esperanças e disposição para servir a Cristo e à igreja, as mulheres que compõem as cinco regiões da CNS, partiram para o trabalho, esperando surpreender nesses próximos quatro anos.


6

Brasil PRESBITERIANO

Junho de 2006

Apologética

Para Billy Graham, o papa João Paulo II foi a “voz mais influente” em cem anos.

O Papa e o Anticristo Waldyr Carvalho Luz

A

chamada Confissão de Fé de Westminster é documento produzido nos meados do Século 18 e, naturalmente, reflete muito do espírito da época. Nesse tempo, os papas eram as figuras exponenciais do mundo ocidental, ditando não apenas as regras religiosas, mas também a norma política e social, segundo seu alvitre. Ademais, eram elementos, o mais das vezes, de duvidosa moral e profanos de espírito. A Reforma Protestante do Século 16 foi um movimento que visava à plena restauração do cristianismo às suas bases bíblicas, refugando tudo quanto estivesse em desacordo com esse princípio. Logo, opunha-se rigorosamente às crendices e superstições, tradições e ritos, práticas e crenças que infestavam a fé cristã e faziam da Igreja uma organização espúria e corrupta. A chamada Igreja Católica reagiu com veemência e rigor e os protestantes foram perseguidos na famigerada Noite de São Bartolomeu (24 de agosto de 1572) em que milhares de huguenotes foram massacrados, arrasando o protestantismo francês. Como o papa era a autoridade máxima do romanismo, senhor absoluto da Igreja e repressor inclemente dos dissidentes, a responsabilidade capital recairia sobre sua autoridade. Pretendendose vigário de Cristo na terra, usurpava a primazia do Senhor e, de fato, tomava o lugar de Deus na Igreja e na devoção dos fiéis. Destarte, em vez de ser o humilde servo de Deus na terra, arvorava-se em autoridade suprema em matéria de fé e prática, tomando o lugar de Cristo, assim obnubilado e alijado da devoção e da consciên-

cia religiosa. Diante disso, não é de estranhar que a Confissão de Fé o diga realmente anticristo. Em nossos dias, outros tempos, sob as auras do ecumenismo, deixamos de insistir nas deturpações da fé bíblica que enodoam a Igreja Católica, embora ainda hoje persistam erros doutrinários e práticas religiosas que não se coadunam com a verdade bíblica e, por isso, não se podem coonestar, à luz das Escrituras. O catolicismo é uma religião mais mariolátrica do que cristocêntrica. Na verdade, na religiosidade popular, Maria e os santos são os reais objetos de veneração e culto, em detrimento de Cristo, o único Mediador, Redentor e Salvador.

Billy Graham pregando em uma de suas Cruzadas Evangelísticas

BILLY GRAHAM E O PAPA JOÃO PAULO II Em entrevista ao programa Larry King Live da rede de televisão americana CNN, no dia dois de abril, o Evangelista Billy Graham disse que o Papa João Paulo II foi a mais influente voz pela moralidade e pela paz no mundo nos últimos 100 anos. Billy Graham disse a Larry King que ele teve o privilégio de se encontrar com o Papa em várias ocasiões no Vaticano. “E hoje eu tenho um estranho sentimento de perda. É quase como se um membro da minha família tivesse partido. Eu o amava muito e tive a oportunidade de discutir vários assuntos com ele. E trocamos várias correspondências durante todos estes anos”, disse Billy Graham.

Papa João Paulo II em visita ao Brasil em 1991

O papa continua em seu papel de vigário de Cristo, tomando-Lhe o lugar na relação do cristão com o seu Senhor. Daí, embora os termos da Confissão de Fé sejam severos, contundentes, aparentemente exagerados e extremos, bem analisada a questão, não apenas se revelam procedentes, mas até profundamente atuais e relevantes. Infelizmente, o catolicismo ainda precisa ser reformado... para bem servir ao Senhor. Waldyr Carvalho Luz é pastor presbiteriano e ex-professor de hebraico e grego no Seminário Presbiteriano de Campinas, SP.

Larry King perguntou ao Rev. Billy Graham se era verdade que o Papa teria lhe dito certa vez: “Somos irmãos”. BILLY GRAHAM: Sim, é verdade. Foi durante o nosso primeiro encontro, em 1981, enquanto ele segurava a minha mão — ele era Papa havia apenas dois anos. A razão é que no preciso dia em que quando ele era elevado ao papado, eu estava pregando em sua catedral na Cracóvia. Havia milhares de pessoas nas ruas. E, hoje, muitas lembranças me vieram à mente enquanto via as imagens de TV da Cracóvia. LARRY KING: O senhor disse que ele foi um evangelista. GRAHAM: Na verdade, ele foi. Ele viajou pelo mundo para levar a sua mensagem. E nesta noite estamos assistindo às manifestações do mundo que ele tocou. E eu penso que ele tocou quase todas as pessoas no mundo todo. LARRY KING: Não há dúvida em sua mente que ele está agora com Deus? GRAHAM: Ah, não. Pode haver dúvida para mim mesmo, mas não para o Cardeal Wojtyla, ou o Papa — eu creio que ele está com o Senhor, porque ele cria. Ele creu na Cruz. Este era o foco de todo o seu ministério: a Cruz. Independentemente de estar falando de questões pessoais ou problemas éticos, ele sentia que ali estava a resposta para todos os nossos problemas, a Cruz e a ressurreição. E ele foi um crente fervoroso.


Brasil PRESBITERIANO

Junho de 2006

7

Confissão de Fé de Westminster CAP XXV – Da Igreja ... 6. Não há outro Cabeça da Igreja senão o Senhor Jesus Cristo; em sentido algum pode ser o Papa de Roma o cabeça dela, senão que ele é aquele anticristo, aquele homem do pecado e filho da perdição que se exalta na Igreja contra Cristo e contra tudo o que se chama Deus (Cl 1.18; Ef 1.22-23; Mt 23.8-10; I Pe 5.2-4; II Ts 2.3-4).

Reações às palavras de Billy Graham sobre o papa João Paulo II Desastrosa entrevista Quando a nossa Confissão de Fé diz que o papa é o “AntiCristo”, obviamente não está se referindo somente ao papa de sua época (Séc. 17), mas a todos os indivíduos que assumem a posição, confissão e atitudes que os identificam com o mesmo perfil daquele que a Bíblia chama de “Homem da Iniquidade” (2 Ts 2.3). Outrossim, é bom lembrar que “agora muitos se têm feito anticristos”, conforme nos afirma o Apóstolo João (1 Jo 2.18). Portanto, é perfeitamente legítimo e bíblico os identificarmos ao longo da história. O que Billy Graham não percebeu é que ele, como os papas têm feito, “se assentará como Deus... querendo se parecer como Deus... com todo poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo engano” (2 Ts 2.9-10). Desastrosa entrevista, lamentável abandono da ortodoxia de um querido e saudoso evangelista fiel. Deus tenha misericórdia dele! Josafá Vasconcelos, pastor da IP da Herança Reformada, Salvador, BA. E-mail: josafa.vasconcelos@ig.com.br Síndrome do velho Salomão Não posso concordar com Billy Graham, que sempre admirei, mas que parece estar com a síndrome do velho Salomão. Se o Diabo pode se transformar em anjo de luz para enganar os incautos (2 Co 11.14,15; Gl 1.8-10), não é difícil que o

chefe de um grande e poderoso sistema híbrido de paganismo e cristianismo, e este distorcido, engane os que, em vez de procurarem os pecadores para pregar-lhes o Evangelho, como Billy Graham faz, passam a procurar os grandes líderes do mundo, em geral comprometidos com a política e tudo mais. A influência do papa é enganosa. Basta ver que a mídia, que o prestigia, é a mesma que o critica nas questões do aborto e outras. Se eu tivesse que fazer alguma concessão quanto ao texto da Confissão de Fé (Cap. XXV, Seção 6), seria no máximo nestes termos: Considerar a referência ao papa como “o anticristo” no sentido do sistema papal representado por ele (cada papa representa o sistema católico romano em seu tempo; e, quanto a cada papa em seu momento, considerá-lo como “um” anticristo, no sentido das palavras do apóstolo João em 1 Jo 2.18,19). — Uma igreja que começa errando já pelo conceito de igreja, assimila muitos erros do paganismo, torce as Escrituras em muitas das suas interpretações, apregoa o crime de traição que é a doutrina do purgatório (que deixa os que nisso acreditam em angústia insolúvel), apregoa mediadores sem conta e coloca Maria (não por culpa dela) como co-redentora, objeto de culto e rainha do céu, para citar resumidamente parte da infinidade de crenças e prá-

ticas biblicamente condenáveis — uma igreja assim certamente merece o que Jesus Cristo disse aos saduceus (“Errais não conhecendo as Escrituras...”, Mt 22.29) e aos fariseus (“Ai de vós...”, Mt 23; e “Invalidastes a Palavra de Deus, por causa da vossa tradição”, Mt 15.6). Precisamos é de rogar a Deus que derrame o Espírito Santo sobre toda a carne! Odayr Olivetti, pastor presbiteriano, ex-professor de Teologia Sistemática do Seminário Presbiteriano de Campinas, SP. E-mail: odayrolivetti@uol.com. br Billy Graham exagerou Billy Graham exagerou bastante, confundindo o carisma e a simpatia do referido papa diante da mídia com o trabalho de um evangelista, com a maior influência que supostamente teve pela moralidade e pela paz em 100 anos (não sabemos de nenhum fruto positivo conseguido como resultado de seus pronunciamentos) e declarando uma certeza de salvação para João Paulo II que até para si mesmo não ousa afirmar (não é de estranhar em um arminiano). Quanto ao citado artigo da Confissão de Fé de Westminster, há muito tempo que são poucos os que sinceramente o subscrevem (mesmo entre os calvinistas). Nesse ponto, o dogmatismo do citado artigo está mais para o fundamentalismo. Marcos Antônio Ferreira, pastor da IP de Campos dos

Billy Graham

Goytacazes, RJ. E-mail: marcosdaelizete@yahoo.com.br Desserviço à igreja O conceito de Billy Graham a respeito do Papa João Paulo II impacta por seu caráter paradoxal, contraditório e antibíblico, além de não expressar o pensamento protestante e mais precisamente, o posicionamento reformado. Em detrimento das afirmações serem feitas por tão renomado pregador, suas declarações contribuem para prestar mais um desserviço à igreja, ao mesmo tempo em que fortalecem o liberalismo que se avulta diariamente. É sempre oportuno lembrar que as qualidades de um homem, resquícios da imagem e semelhança de Deus, o que inclui o Papa, não lhe fornecem passaporte livre para a vida eterna. Marcos Martins Dias, pastor da IP de Santo Amaro, SP. Email: revmarcosdias@uol.com. br Fortalecimento do catolicismo Com todo o respeito que tenho

nutrido pelo grande pregador Billy Graham, discordo humildemente de sua idéia com relação ao Papa. É evidente que não devemos alimentar sentimentos de intolerância religiosa, mas em minha opinião o papa João Paulo II tinha como objetivo principal em suas viagens o fortalecimento do catolicismo romano com todas as suas incongruências. As multidões que o aplaudiam sentiamse revigoradas na sua fé dificultando ainda mais abrir os olhos para as verdades bíblicas. Não me lembro de ele ter revogado nenhum dogma católico romano que contraria a Palavra de Deus. Embora sejam muito fortes as expressões do item 6 do cap. XXV da confissão de Fé de Westminster, elas ainda espelham a verdade, pois nenhuma liderança papal levou a Igreja a retroceder e encontrar o caminho do verdadeiro compromisso com Cristo. Presb. Marconi de Oliveira Holanda é membro da 2ª IP de Teresina e secretário executivo do Sínodo do Piauí. E-mail: marconih@bol.com.br


8

Brasil PRESBITERIANO

Junho de 2006

História IPB

Igrejas celebram seus aniversários e contam suas histórias Nasce uma igreja na Praça Seca

IP da Penha, SP

Plantando igreja no Rio de Janeiro

50 anos

A cidade do Rio de Janeiro está sendo contemplada com mais um trabalho presbiteriano, agora no bairro da Praça Seca. A Congregação Presbiteriana da Praça Seca foi assumida pela Igreja Presbiteriana de Honório Gurgel em abril de 2006, e os cultos são realizados toda quartafeira às 20 horas na via principal do bairro, rua Cândido Benício, 2399. O culto inaugural aconteceu no dia 5 de abril de 2006 com a presença de 23 irmãos. Os pastores presentes foram: rev. Carlos Vargas Farias (Igreja Presbiteriana de Honório Gurgel); rev. Josias Vieira Sistons (pastor auxiliar da Igreja Presbiteriana de Honório Gurgel e plantador do trabalho); rev. Eli Oliveira de Salles (2ª Igreja Presbiteriana de Honório Gurgel); rev. Walmir Castro de Oliveira (Presbitério Madureira). Houve também a presença de vários presbíteros, diáconos, seminaristas e irmãos das igrejas presbiterianas de: Honório Gurgel, Manguinhos,

Curicica e Coelho Neto. Atualmente os cultos da Congregação estão sendo realizados no espaço cedido gentilmente pelo Instituto Sócio-Cultural “Eu Sou” (www.eusou.org.br), entidade cujo diretor-presidente é o diácono Paulo C. Corrêa, membro da Igreja Presbiteriana de Curicica. Para dirimir dúvidas, informamos que o nome “Praça Seca” não tem a ver com o clima, mas é uma homenagem aos Viscondes de Asseca, descendentes do governador Salvador Correia de Sá e Benevides, fundador da região. Um ponto de bifurcação no local foi denominado “Largo de Asseca” e, tempos depois, quando virou praça, houve supressão das duas primeiras letras por parte dos moradores. Assim o nome ao invés de ser “Praça Asseca”, tornou-se “Praça Seca”. Hoje é um bairro muito populoso com comércio diversificado, mas que mantém sua história.

Rev. Carlos Vargas Farias e Josias Vieira Sistons

Bolo com a logomarca do cinqüentenário da IP da Penha, SP

A Igreja Presbiteriana da Penha comemorou, no mês passado, 50 anos de organização. A data correta de sua organização como Igreja é o dia 19 de Fevereiro de 1956. Nesta ocasião aconteceu um culto especial com a presença das seis congregações da IP da Penha e o pregador deste dia especial foi o rev. Dr. Héber Carlos de Campos. As comemorações de Maio iniciaram com a chegada dos alunos do Malone College, Canton, Ohio, USA - em um intercâmbio internacional, algo inédito na história desta amada igreja. O intercâmbio foi capitaneado pelo rev. dr. Ebenézer Aguiar F. de Oliveira, professor do Malone College e os irmãos presb. Anízio A. Borges e Inês A. Borges (IP

da Penha). Vieram 11 alunos, dois professores e um funcionário, sendo estes. Os jovens estudantes participaram das atividades sociais e ministeriais da IP da Penha: visitaram atividades com crianças carentes na favela, conheceram ministério com moradores de rua, dependentes químicos e os cultos semanais. Durante este mês, também tivemos a participação de ex-pastores da IP da Penha: rev. Marcos Tadeu Torres, pastor auxiliar da IPUnida, SP; rev. Amauri Costa de Oliveira, atual pastor auxiliar da Oitava de BH; rev. Antonio Carlos F. Menezes, pastor da IP Central de Contagem, MG e rev. Honório Portes Jr, pastor da IP de Cachoeiro de Itapemirim, ES. O Coral

Masculino Evangélico de SP, liderado por Dorotéa Kerr esteve em um dos sábados especiais e a comemoração do Dia Nacional da UMP a programação especial contou com a pregação do rev. dr. Valdeci da Silva Santos e o Coral Jovem da IPUnida, SP. Atualmente a IPPenha conta com cinco pastores: rev. Carlos Orlandi, rev. Pedro Paulo, rev. Rolando Zapatta, rev. Maycon Rodrigues e rev. Carloman Heiderich. A Igreja vive um momento histórico de grande alegria e entusiasmo com as programações que ainda estão previstas: Lançamento da Bíblia Personalizada, CD dos grupos musicais e congressos: Juventude em julho, De Missões em setembro e de Artes em novembro.


Brasil PRESBITERIANO

Junho de 2006

9

IP de Rodeador, PB 63 anos de história A Ig Presb de Rodeador, PB, foi organizada em 28 de fevereiro de 1942, pelo Rev Manoel Ferreira em Salgado de São Félix, interior da Paraíba. O templo continua até hoje em perfeito estado e, em sua organização, foi possível contar com vários Presbiteros e Diáconos, muitos deles ainda em atividades na obra. Entre eles destacamos: José Barbosa de Araújo, Manoel Alexandre de Araújo, João Macena de Araújo, Manoel Antonio de Araújo, José Marinho de Araújo, José Veríssimo, Agenor Barbosa de Souza, Elias José, José Florêncio Filho e os Diáconos José Lourenço Araújo, Roberto e o Rev José Francisco da Silva. Em sua organização, podemos destacar tambem a ajuda da Missionária Augusta César Lins, que foi a primeira professora do

Casa pastoral, templo e grupo escolar da IP de Rodeador, PB grupo escolar da cidade. Mesmo distantes o Presb Antonio Barbosa de Araújo e sua esposa Antonia Maria continuam apoiando e colaborando para que seja realizada a Escola Bíblia de

Férias, que agrupa crianças das redondezas, além de ajudarem as irmãs da SAF e Mociedade. Podemos destacar também a importância da família Brilhante para o crescimento da igreja.

Passaram pela igreja os Reverendos: Josibias Marinho, Ageu Pinto, Elias Bezerra, José Alves de Oliveira, Tiago Lins, João José de Vasconcelos,Antonio Bezerra da Silva, Odetil Pereira

IP Matinhos no litoral paranaense

IP Central de Unaí

Trabalho Presbiteriano faz 10 anos

35 anos

Tendo como tema “Igreja de Matinhos - 10 anos servindo a Deus e acolhendo os turistas” a Congregação Presbiterial do PCTB situada na cidade de Matinhos litoral do Paraná, comemorou no dia 30 de abril de 2006 seu decênio. A alegria dos membros da igreja e do rev. Valter Augusto Lucats, seu pastor há quatro anos, era visível, além da emoção e do

sentimento de gratidão a Deus que muito tem abençoado esta comunidade. O evento contou com a participação especial do Conjunto Masculino “Oswaldo Seignemartin” acompanhado do rev. Ailton Gonçalves Dias Filho, portador da mensagem, pertencentes à Igreja Presbiteriana de Americana-SP. A Congregação de Matinhos está plantada junto a uma das

e Nivaldo Felipe. Atualmente a missionária Adenise de Oliveira Souza e o Rev. Welinton dão apoio aos membros de Rodeador e a Cong em Salgado de São Felix.

mais belas paisagens litorâneas, com a missão de pregar a salvação em Cristo Jesus e proporcionar aos turistas, crentes ou não, a oportunidade de, mesmo em meio às férias, alimentar-se espiritualmente. Venha nos visitar, você será recebido como um presente de Deus que saberemos valorizar. Nosso endereço é Av. Curitiba nº 1080 - Fone: (41) 3453-3454. IP Central de Unaí, MG

IP de Matinhos, PR

No dia 15 de Maio de 2006, a IP Central de Unaí, MG completou 35 anos de organização. Ela chegou em Unaí quase junto com a própria cidade, pois esta tem 60 anos. As comemorações de seu 35º aniversário aconteceram nos dias 30/04 a 07/05 com uma série de pregações iluminadas por Deus realizada pelo rev. Rinaldo Peres Assunção pastor da Igreja Reformada de origem Holandesa na cidade de Carambeí, PR que falou sobre família, o poder da oração, jovens na pós-moder-

nidade, o louvor que agrada a Deus, e mensagens evangelísticas que atingiram o coração de todos. A Igreja Presbiteriana Central de Unaí é pastoreada, já há seis anos, pelo Rev. Fernando Flávio Gerhardt Cancella, que tem como auxiliares o Rev. Davi da Mota Bastos (Emérito e Jubilado), o Rev. Sidney Ferreira de Paula, e ainda os evangelistas: Wilhian Chaves, Altivo Alves Sobrinho, Valdemiro Mendes e as missionárias Elza Lopes de Oliveira e Rutth Spíndola.


10

Brasil PRESBITERIANO

Junho de 2006

Aconteceu Congresso de evangelização da CNE em Goiânia Giovanna Amaral DE GOIÂNIA O Congresso Evangelização Urbana e o desafio do Crescimento – Regional Centro Oeste I, promovido pela Comissão Nacional de Evangelização (CNE), ocorreu na cidade de Goiânia, capital de Goiás, nos dias 17 a 19 de maio. O objetivo é aumentar a visão, melhorar o foco, crescer a motivação na evangelização urbana e na plantação de novas igrejas. E, assim, capacitar continuamente as Igrejas Brasil afora. Além dos goianos, o evento recebeu pessoas do Triângulo Mineiro e interior de São Paulo. Ao todo, foram mais de 800 congressistas. A abertura do evento foi feita pelo presidente do Supremo concílio, rev. Roberto Brasileiro.

Presbiteriana de Campinas, GO, Fabiana Vaz acredita que o Congresso desperta os crentes para novas atitudes e aprimora os ministérios nas Igrejas. “A fé sem obras é morta e a missão é integral. Precisamos viver o evangelho. Jesus estava no meio do povo e compreendia suas necessidades”, completou.

Rev. Shil Lang, trinta anos de ministério

Reempossado diretor do Andrew Jumper

Rev. Shil Lang Wing

Congressistas no teatro Rio Vermelho do Centro de Cultura e Convenções de Goiânia. O congresso recebeu, também, vários pastores, oficiais, líderes e seminaristas. O capelão do Seminário Presbiteriano Brasil Central (Goiânia), Aurino César Filho, considerou que os futuros pastores devem ser preparados teológica e sociologicamente para terem uma visão mais ampla da realidade da Igreja e da evangelização. “Nossos seminaristas devem ter a visão da sociedade como um todo. O Seminário já possui especialização de ministérios urbanos para prepará-los melhor”, afirmou. O presidente do Sínodo Brasil Central, que compreende as igrejas de Goiânia e Anápolis, Samuel Vieira, destacou que é necessário aprender a pensar a teologia em uma sociedade urbana. “Não podemos fazer uma evangelização que não seja humanizada. A Igreja não existe para si mesma”, disse. Integrante do Conselho Missionário da Igreja

Cubatão, Vicente de Carvalho-Guarujá (por dois períodos diferentes) e Indaiatuba. Retornou aos bancos escolares, graduouse em pedagogia e fez mestrado em Ciência da Religião na Universidade Presbiteriana Mackenzie e também Filosofia na Faculdade Associadas do Ipiranga. Foi professor de Antigo Testamento na Faculdade Teológica das Assembléias de Deus em Santos, Seminário Teológico Congregacional da Baixada Santista e Instituto Bíblico “Willis Robert Banks”, em Santos. Exerceu várias secretarias nos Presbitérios e Sínodos por que passou. Atualmente, é membro da Junta de Missões Nacionais (JMN) da IPB. O rev. Shil Lang é casado com Sudonita Taveira Alvarenga Wing e atualmente pastoreia a IPB de Salto, SP.

Aconteceu dia 6 de maio de 2006 o Culto de Aniversário de 60 anos de idade e 30 anos de ministério do rev. Shil Lang Wing, realizado no templo da Igreja Presbiteriana de Salto, SP. Tivemos a presença de cerca de 370 pessoas vindas de várias cidades de São Paulo, tais como: Indaiatuba, São Vicente, Boituva, Tietê, São Paulo-Capital; do Estado de Goiás e do Estado de Minas Gerais. O preletor da noite foi o amigo de longa data do Pastor Shil, o Presidente do Supremo Concílio, rev. Roberto Brasileiro, que esteve acompanhado no púlpito de vários presidentes de sínodos, bem como o presidente da Sociedade Bíblica Trinitariana. O rev. Shil Lang nasceu no Rio de Janeiro, no Bairro de Santa Tereza. Filho único de Wao Wing (chinês) e de Emília de Carvalho Wing (brasileira). Ainda bem pequeno, mudouse para São Vicente, SP. Serviu o Exército e começou uma carreira militar, mas num acampamento de jovens sentiu o chamado de Deus para o ministério e foi enviado pelo Presbitério de Santos-Borda do Campo para o Seminário Presbiteriano do Sul, Campinas. Ordenado pelo Presbitério de Araraquara, pastoreou as seguintes Igrejas: Itápolis, Guariba e Novo Horizonte (simultaneamente), Guariba, Jaboticabal e Taquaritinga (simultaneamente),

Rev. Davi Charles Gomes foi reempossado como diretor do Centro Presbiteriano de Pós-graduação Andrew Jumper (CPAJ), cargo que ocupa há dois anos, em cerimônia no dia 19 de junho, no auditório do CPAJ, em São Paulo. Na solenidade, pregou o rev. Roberto Brasileiro, presidente do Supremo Concílio, ressaltando a importância do CPAJ na capacitação de liderança com aprimoramento teoló-

Rev. Davi Charles Gomes, em pé, é reempossado como diretor do CPAJ gico reformado. Conduziu a solenidade o rev. Wilson do Amaral Filho, presidente da Junta de Educação Teológica da IPB (JET), tendo a seu lado o diretor presidente do Instituto Presbiteriano Mackenzie, rev. Marcos Lins, e o reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, dr. Manassés Fonteles, instituições conveniadas ao CPAJ.


Brasil PRESBITERIANO

Junho de 2006

11

Aconteceu Evangelização no dia mundial do livro A Congregação Presbiterial em São Miguel do Guaporé, através da SAF, comemorou o Dia Mundial do Livro, dia 23 de abril, com uma tarde de leitura. Com a intenção de proporcionar os momentos de evangelização e incentivo à leitura, a SAF programou uma tarde de leitura para as crianças do município. A preparação para essa tarde começou na semana anterior e contou com a participação das sócias e das crianças da Igreja para a distribuição dos convites. No dia, formaram-se dois grupos para atender a necessidade de todas as crianças: um grupo de Leitura de História, para as que ainda não sabiam ler, e outro para as crianças alfabetizadas. Trinta e três crianças e duas mães compareceram ao evento, além das sócias da SAF. Foram disponibilizados mais de sessenta títulos evangélicos.

Ultimato, capa da edição 300

Com as mãos no arado A revista Ultimato é alguns meses mais velha que a revista Veja (ambas nasceram em 1968). Em maio de 2006, Ultimato chegou à edição 300, com assuntos muito sérios e atuais. A entrevista com o brasileiro Marcos Amado, diretor executivo do Instituto

Ibero-Americano de Estudos Transculturais, aborda a questão do fundamentalismo islâmico. A matéria de capa “foi escrita, apagada e reescrita mais de uma vez, até encontrarmos o equilíbrio necessário”, afirma o rev. Elben César, diretor-fundador de Ultimato. É uma análise do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), a propósito da assembléia realizada pela primeira vez na América Latina. A seção “História”, assinada pelo historiador Alderi Souza de Matos, aproveita o embalo e descreve o panorama do movimento ecumênico. Destaque também para a reflexão de Robinson Cavalcanti, para quem o “campeonato da corrupção governamental está empatado desde Cabral”. Em 2005, Ultimato recebeu da Associação de Editores Cristãos o prêmio de melhor revista evangélica.

Reflexão teológica em Rondônia Em uma ação conjunta, o povo presbiteriano da cidade de Ouro Preto d’Oeste, Rondônia, membros da 1ª e 2ª IPBs e da Congregação Presbiterial do Bairro Jd. Aeroporto, realizaram nos dias 08 a 12 de Maio, uma Semana de Reflexão Teológica sobre a Família. Os temas abordados foram: “Uma família cheia do Espírito Santo”, pelo rev. Evanderson H. Cunha (Pastor da 2ª IPB de Ouro Preto); “Uma mulher cheia do Espírito Santo” e “Um homem cheio do Espírito Santo”, pelo rev. Alessandro da Silva Santarelli (Pastor da 1ª IPB de Ouro Preto); “Filhos cheios do Espírito Santo”, pelo rev. Luiz Carlos da Silva (Pastor da IPB de Jaru) e “Pais cheios do Espírito Santo”, pelo Evang. Rogério Júlio Machado (Evang. da Congregação Presbiterial de Ouro Preto). Esta reflexão resultou em edificação para as famílias e maior unidade entre as igrejas.

Mackenzie busca parcerias na Holanda A Universidade Presbiteriana Mackenzie, uma das melhores instituições comunitárias de ensino superior do nosso país, vem alcançando destaque ultimamente também na área de pesquisa, com a criação de novos cursos de pós-graduação, entre os quais três novos doutorados. Sob a batuta do reitor dr. Manassés Fonteles, a UPM avança para conquistar destaque também

nessa área, ao lado das grandes instituições do país. No mês de abril, o chanceler da UPM, rev. Augustus Nicodemus Lopes, esteve na Holanda em visita a três das maiores universidades daquele país, em busca de oportunidades para estabelecimento de parcerias acadêmicas. Na Universidade de Wageningen, famosa pela pesquisa na área tecnológica, iniciou contatos visando intercâmbio de estudantes para mestrados na área de tecnologia. Na Universidade de Delft, uma das melhores da Europa na área de Engenharia, estabeleceu com o reitor um plano para intercâmbio de conhecimentos na área de ética e responsabilidade na engenharia. E na Universidade Livre de Amsterdã, acompanhado do senador holandês, dr. Egbert Schuurman, esteve no Departamento de Filosofia para os primeiros contatos visando a uma parceria no âmbito de Estudos Cristãos. A Universidade Livre oferece um mestrado nessa área, visando à formação de profissionais liberais com cosmovisão cristã, fundada na filosofia reformada de Abraham Kuyper, fundador da Universidade Livre. A parceria é particularmente interessante para o Mackenzie, que recentemente tem avançado nos esforços para a reafirmação de sua natureza confessional. De volta a São Paulo, dr. Augustus Nicodemus dá andamento, junto com o reitor dr. Manassés Fonteles e rev. Marcos Lins, diretor presidente do Instituto Presbiteriano Mackenzie, aos contatos estabelecidos.

Memória e Saudade Airton Zemuner Faleceu no dia 27 de abril de 2006, o irmão Airton Zemuner, que nasceu no dia 10 de outubro de 1940 na cidade de Martinópolis, SP. Fez sua Publica Profissão de Fé na Igreja Presbiteriana de Vila Maria, São Paulo, capital, com o rev. George Alberto Canelhas. Transferiu-se para a Igreja Presbiteriana de Caraguatatuba-SP no ano de 1997 e, a partir do ano de 2003, passou a colaborar com a Congregação do Morro do Algodão, pertencente à Igreja de Caraguatatuba. O seu sepultamento foi oficiado pelos revs. Eli Ferreira, pastor da Igreja de Caraguatatuba, e Amândio Pereira da Silva, pastor colaborador na Congregação do Morro do Algodão.


12

Brasil PRESBITERIANO

Junho d e 2 0 06

Ação social

Brasil PRESBITERIANO

“O nosso objetivo não é tirar a criança da favela, mas a favela da cabeça da criança.”

Lenilson Tavares de Jesus, professor de Educação Física, coordena o projeto e relata: “Pra mim, esse projeto foi uma experiência nova, e é muito gratificante trabalhar com os adolescentes e ver o interesse e a vontade deles de participar. Eles se sentem importantes em relação a integrá-los na sociedade”. Novas Instalações Em 2000, a IP Nova Jerusalémfoi desafiada a comprar quatro lotes ao lado das instalações e, depois de dois anos e meio e muita luta, o terreno foi quitado. Durante esse difícil período, eles pensavam qual

A Nova Jerusalém fica do lado da favela A

IP Nova Jerusalém (IPNJ) em Campinas, SP, com 250 membros, plantada nas proximidades de uma favela, decidiu enfrentar o problema social, criando uma associação bem estruturada que atende a mais de 500 crianças. Em quinze anos de trabalho, conta histórias de famílias transformadas, crianças sendo educadas, adolescentes e jovens sendo resgatados das drogas e do tráfico. Galinheiro transformado em salas de aulas AIgreja Presbiteriana do Jardim Flamboyant em Campinas, SP, nasceu de uma parceria entre as duas maiores igrejas da cidade. Famílias das duas igrejas se juntaram para plantar uma nova igreja. Ainda nascente e num templo improvisado, teve a visão de comprar outro terreno em frente a uma favela não longe dali, para criar algum tipo de trabalho social. Em 1989, a igreja se dividiu e o grupo que saiu ocupou o terreno próximo da favela e teve como principal motivação o serviço social, sem perder, é claro, a visão evangelizadora da igreja. Em 1990, começou o atendimento de sessenta crianças da favela, em duas salas improvisadas num galpão do terreno antes usado como galinheiro. Em 1992, o Serviço Social Nova Jerusalém foi organizado de maneira legal e com estrutura própria, como um segmento da Igreja Presbiteriana Nova Jerusalém, na época, um pequeno grupo de pessoas de classe média. Gente certa nas mãos de Deus Renê e Azenethe Ficker foi

Crianças em atividade no Nova Jerusalém

o casal que, com outros membros da igreja, se colocaram nas mãos de Deus para fazer algo de concreto pelas crianças carentes do bairro. Pode-se dizer, nesse caso, que Azenethe era o coração e o Renê, a cabeça. Ela sempre foi uma mulher apaixonada pelo serviço a Cristo, um desejo de realizar, atender e servir. “Era um sonho atender de alguma forma, cooperar com as crianças que mendigavam nas ruas e, hoje, nós podemos constatar a realidade; realização e efetivação do sonho concretizado e agora expandido; novas cabeças, novas idéias. Nós temos a certeza de que vai ser efetivado, porque Deus tem levantado pessoas com disposição para que seja efetivado esse sonho”, ela diz. Renê Ficker era técnico químico, tornou-se executivo de

grandes companhias de papel, presbítero da IP Central de Campinas e presbítero fundador da IP do Jardim Flamboyant e Nova Jerusalém. Foi sempre dedicado ao trabalho da igreja. Aposentou-se cedo e passou a trabalhar integralmente como diretor do projeto social da igreja, buscando recursos, estruturando o trabalho, expandindo a área construída. Morreu antes de ver um dos seus sonhos realizado: a construção de um ginásio de esportes cujas bases ele ajudou a colocar. Um câncer o atingiu, mas jamais o deixou prostrado; no final dos seus dias, continuava, mesmo com muitas dores, o seu trabalho. Numa entrevista ao programa de televisão da IPB, Gente que Crê, exibido em rede nacional pela TV Bandeirantes, ele disse: “As orações dos amigos, fami-

liares e da própria igreja não impediram os focos de câncer no meu corpo. Espero continuar vivendo uma vida útil; estou nas mãos de Deus. Para mim, o viver é Cristo. E morrer é lucro. Eu creio na ressurreição!”. No dia 17 de novembro de 2005, com 65 anos de idade, ele faleceu. Está com Cristo, aguardando a ressurreição na qual acreditava. Lísias Castilho, médico urologista que acompanhou até o fim a luta e sofrimento do presb. Renê, disse: “O Renê encarnou em sua vida este texto da Bíblia: ‘O espírito forte sustenta o homem durante sua doença, mas o espírito fraco, quem o suportará?’ Ele foi forte até o final, sem murmuração e sem auto-piedade. Sua vida nos seus últimos dias me edificou grandemente.” Meio milhão de usuários

O Serviço Social, hoje, trabalha com 505 usuários de 3 a 18 anos. Essas crianças e adolescentes são alfabetizadas e sociabilizadas para a Escola Pública. Recebem educação informal, orientações sobre saúde e atendimento odontológico, além de instruções de como atuar em equipe. Os alunos que se destacam recebem bolsas de estudo em escola que tem cursos de capacitação para o trabalho e cidadania. São também oferecidas diariamente duas refeições balanceadas, que são preparadas no local. Reconhecimento da comunidade A assistente social Raquel Gavioli, que trabalha integralmente no projeto, relata: “Nós temos o sábado com a comunidade; então a família interage, procura entrar em contato com a comunidade. Nós abrimos os portões e ela passa o dia todo junto com a criança e os profissionais do Serviço Social Nova Jerusalém”. Ex-aluno e hoje voluntário Josacar Constantino da Cruz foi para o projeto Social Nova Jerusalém aos três anos de idade e, aos 15, tomou uma decisão: ser voluntário. Hoje ele tem dezessete anos e afirma: “Para mim foi ótimo o serviço social, para me tornar um rapaz de respeito”. Renatinha, como é conhecida no Serviço Social Nova Jerusalém, seguindo os passos de seus irmãos, está no projeto desde os três anos de idade; ela diz: “A gente não vê as grandes coisas que Deus faz na nossa vida, milagre na minha vida. Eu e toda família morávamos num

Junho d e 20 06

13

municipal, estadual e federal. Porém, a maioria das parcerias, Fundações e ONGs não investem em edificação civil, mas em pessoal. O custo dessa obra está orçado em um milhão e duzentos mil reais. Alcançar mais mil usuários representaria influenciar mais de 800 famílias e com isso diminuir significativamente as mortes prematuras de adolescentes, que, ao se envolverem no mundo do crime e drogas, têm expectativa de vida de apenas dezenove anos. “O nosso objetivo, na verdade, não é tirar a criança da favela, mas a favela da cabeça da criança”,

Renê, à esquerda, e Azenethe Ficker, à direita, fundadores do Nova Jerusalém

barraco. É que hoje a gente tem uma casa abençoada. Um Jesus que nos ama; é só isso”. Projeto Magrela Quem gosta de bicicleta, sabe que “magrela” é o apelido carinhoso dado ao veículo. Além dos

passeios ciclísticos, com todos os equipamentos necessários, as crianças e adolescentes conhecem percursos e trilhas através das instruções no computador. Para eles, só a viagem virtual já é uma aventura. Pensando nisso,

o Projeto Magrela, implantado há pouco tempo e desenvolvido em parceria e sob orientação do Instituto Arcor e da FEAC Campinas, recebeu homenagem honrosa por sua criatividade através do Projeto Cidadão.

Rev. Cilas e Raquel Gavioli, diretor e assistente social do Nova Jerusalém

Rev. Cilas Gavioli no terreno onde está sendo construído o “espaço de múltiplos propósitos”

seria a finalidade desta aquisição. Depois de pesquisa na igreja e no Serviço Social, surgiu o projeto: a construção de um ginásio de esportes e outras instalações que seria chamado ESPAÇO DE MÚLTIPLOS PROPÓSITOS. Através de atividades esportivas e de lazer, o objetivo é tirar mil crianças da situação de risco e ainda atuar em projetos específicos para os pais dos alunos. O Serviço Social Nova Jerusalém tem o espaço adequado às possibilidades de parceria com ONGs e com o próprio Governo em suas instâncias

diz o Rev. Cilas Fiuza Gavioli, pastor da IP Nova Jerusalém e diretor do serviço social. Ele conclui: “Nós aprendemos que este trabalho tem que ser feito com parcerias, tanto com órgãos públicos como também com pessoas, igrejas, sociedade civil. Será um impacto social muito grande na nossa região. Num lugar onde toda a cultura do roubo, a cultura do tráfico, da droga já começa na mais tenra idade, é preciso um trabalho contínuo, sério, movido e direcionado pelo Espírito Santo, para reverter o quadro e redimir essas crianças e adolescentes”.


14

Brasil PRESBITERIANO

Junho de 2006

Estatística

De 2002 até hoje a IPB saltou de 352.000 membros para aproximadamente 550.000, números estimados até o final deste ano de 2006.

Paulo Planta, Apolo Rega. O Crescimento? Vem do Senhor! Ludgero Bonilha Morais

N

ão há quem possa produzir o crescimento verdadeiro da Igreja, o crescimento vem do Senhor. Tomar para si esta prerrogativa demonstra uma atitude arrogante e blasfema. Os números são um dos meios pelos quais podemos aquilatar o efetivo crescimento da igreja, contudo, existem outros meios utilizados para medir a vitalidade e a beleza da Noiva de Cristo. A pregação fiel das Sagradas Escrituras, a ministração correta dos Sacramentos, a vida de disciplina da Igreja, a comunhão e a paz que gozam os crentes na comunidade eclesial, o conceito que gozam junto à sociedade, a alegre e fiel contribuição dos crentes no sustento da obra, eis algumas das maneiras de sentirmos o seu pulso, a sua pujança e a sua saúde espiritual. Nenhuma estatística deve ser utilizada como meio de promoção pessoal ou para “marketing” político, porque corremos o risco de insuflá-la de tal maneira a não se tornar mais um instrumento de autoconhecimento, de análise imparcial e de planejamento realista. É responsabilidade do secretário de estatística apresentar relatórios que

Crescimento de Membros entre 1973 e 2004

Crescimento de Igrejas entre 1973 e 2004

Os gráficos acima foram apresentados à Comissão Executiva do Supremo Concílio. Estes e outros dados estatísticos estão disponibilizados no site da Secretaria Executiva do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil. http://www.executivaipb.com.br/Estatistica/estatistica.asp

reflitam o mais próximo possível a realidade do que somos, quantos somos, onde estamos, quais as forças de integração que crescem, como está a participa-

ção dos membros da Igreja na Escola Dominical, em que campos faltam obreiros e onde sobejam etc. O relatório estatístico apresentado à Comissão

Executiva do Supremo Concílio em 2001 mostrava um total de membros que era a somatória de todas as denominações presbiterianas, como se

fosse a fotografia somente da IPB. Qualquer estudo sério e criterioso demonstraria que tais números não refletiam a realidade estatística da IPB. Somos hoje 534.376 membros comungantes e não comungantes, portanto, cerca de 0,46% da população brasileira, igreja que tem um imenso desafio diante de si, pois existem muitos eleitos nesta terra brasileira que precisam ser alcançados. De 2002 até hoje, saltamos de 352.000 membros para aproximadamente 550.000, números estimados até o final deste ano de 2006. Os presbiterianos no Brasil, contando todas as denominações (IPIB, IPR, IPUB e a IPB) somamos hoje 733.776. A IPB com 534.376, a IPIB com 123.000, a IPR com cerca de 73.000, e a IPUB com cerca de 3.400 membros. Segundo dados do IBGE, entre as igrejas históricas, a Igreja Presbiteriana do Brasil é a segunda em crescimento. Os batistas crescem em proporção maior do que os presbiterianos. Os luteranos, que são contados em grande número, especialmente concentrados nos estados do Sul do Brasil, estão estagnados e deixaram de crescer já há uns 10 anos, sendo considerados como uma igreja de imigrantes alemães e seus filhos, experimentan-


Brasil PRESBITERIANO do declínio. Os metodistas estão em declínio. As novas denominações que vêm surgindo apresentam números estratosféricos, como a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), contudo, tal como a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), não sabem efetivamente quantos são, visto que não possuem rol de membros e, como estas, muitas outras possuem uma “membresia” extremamente volátil, porque ao mesmo tempo em que freqüentam os seus templos, freqüentam também, neste sincretismo religioso brasileiro, outras seitas e cultos, em busca de “descarregos”, ou “cultos shows”, ou ainda “prosperidade material”. O crescimento da Igreja Presbiteriana do Brasil tem sido constante desde 1973 e passou a ser uma linha acentuada ascendente desde 1996. Do ano 2000 até o ano 2002, a IPB experimentou uma queda significativa que nos preocupou, voltando a crescer no mesmo ritmo anterior em 2002, de lá para cá apresentando crescimento exponencial (ver quadros nessa matéria). O número de igrejas plantadas a cada ano segue uma linha de constante e regular ascendência; segue em paralelo ascendente o crescimento das congregações de igrejas. Portanto, desde 1973, que é o período que estamos analisando, a não ser nos anos 2001 e 2002, quando a igreja passou por uma queda sensível, todos os outros anos foram de crescimento, que

veio do Senhor. As razões do declínio em número de membros nos anos 2000 a 2002, somente serão conhecidas por meio de uma análise histórica séria e imparcial. O rol da Igreja Presbiteriana do Brasil representa, em grande parte, uma participação consistente e fiel de seus membros. Pesquisa feita recentemente entre os que se afirmam cristãos no Brasil revela que os membros da Igreja Presbiteriana do Brasil a freqüentam porque encontram nela, “seriedade, estudo consistente da Palavra de Deus e ambiente de comunhão entre os irmãos” (pesquisa feita pela CEDI, órgão de estatística da ICAR). Sabemos que devemos plantar sementes fortes e sadias, observando que o semeador que saiu a semear, semeou a santa e bendita Palavra de Deus. Devemos regar, lembrando-nos de que já temos sido alimentados da água de “toda Palavra que sai da boca de Deus” na ação do Espírito Santo, orando em todo tempo para que o Senhor venha abençoar a semeadura. O crescimento virá, mas não devemos jamais esquecer que este ocorre na dependência total da ação soberana de Deus, visto que “o crescimento vem do Senhor”. Devemos desconfiar daqueles que se imaginam competentes para fazer a igreja crescer. Ludgero Bonilha Morais é pastor da 1ª IP de Belo Horizonte, secretário executivo do SC-IPB e secretário de estatística da IPB

Junho de 2006

15


16

Brasil PRESBITERIANO

Junho de 2006

Missões JMN

“Erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa.” (João 4:35b)

Junta de Missões Nacionais da IPB, 65 anos A

missão da Igreja é a razão de ser da sua existência. Não é uma atividade periférica, mas a sua atividade específica, a sua vocação especial. Pois não há participação em Cristo sem a participação da Sua missão no mundo. A Igreja tem, portanto, um caráter genuinamente missionário. É essencialmente uma Comunidade missionária. Existe para dar, em palavras e em atos, um testemunho persuasivo ao mundo do poder redentor de Deus, em Cristo Jesus. Membros da JMN em frente à sua sede em Campinas, SP

Oportunidades através das parcerias A Junta de Missões Nacionais da IPB (JMN), seguindo as resoluções do SC-IPB e sua nova filosofia em missões, inclusive de plantação de igrejas, transformou todos os seus campos missionários em projetos, estabelecendo assim metas a serem cumpridas, e previsão de organização e investimentos financeiros que vão decrescendo no transcorrer dos anos de parceria. Através da nova determinação do Comitê Gestor de Missões da IPB, todos os campos missionários foram transformados em projetos, desse modo, foram estabelecidos um melhor controle das atividades com cronograma e datas preestabelecidas para o encerramento dos inves-

timentos. Com a implantação dessa nova metodologia, o trabalho da JMN deu um tremendo salto qualitativo e quantitativo. A JMN tem aberto novos campos e aberto em parcerias com sínodos, presbitérios, inclusive com seminários, encurtando as distâncias, reforçando a unidade da Igreja, unindo as forças, aumentando significativamente os recursos financeiros e expandindo o Reino de Deus pelos rincões do Brasil. Em sua última reunião a Junta aprovou o Regulamentação para Parcerias de Plantação de novas Igrejas, visando aperfeiçoar ainda mais sua nova visão missionária, ajustando-a à filosofia de missões da IPB.


Brasil PRESBITERIANO Campos Missionários 2002 JMN 91 Desativados 0 Abertura de campos JMN/IPB 0 Abertura de campos em parceiras 0 Campos organizados em igrejas 0 JMN em Parcerias 0 TOTAL 91

2003 105 2 2 12 2 0 101

2004 82 0 0 10 0 29 111

2005 48 0 0 19 1 83 130

2006 39 0 2 22 0 118 157

Campos Missionários: melhor estruturados maior crescimento da obra.

Nº DE MEMBROS (JMN) Masculino (comungante) Feminino (comungante) Masculino (não comungante) Feminino (não comungante) Matriculados ED

2004 292 389 159 166 1216

2005 450 572 195 209 2232

% CRESC. 54% 32% 19% 21% 46%

2004 69 84 80 36 -

2005 91 107 93 56 202

% CRESC. 32% 28% 16% 56% -

Membros JMN

Nº DE MEMBROS (PARCERIAS) Masculino (comungante) Feminino (comungante) Masculino (não comungante) Feminino (não comungante) Matriculados ED Dados por amostragem

As novas parcerias trouxeram um melhor acompanhamento dos campos missionários e uma interação dos segmentos da IPB em cada região, principalmente das igrejas próximas aos campos. Gerenciamento de recursos via corte de despesas Para que o trabalho pudesse ser mantido, foi necessário eliminar o déficit existente, implantar o sistema de parcerias e reduzir gastos, inclusive com redução de pessoal administrativo. O campo sofreu inicialmente com esses cortes, porém, com as finanças saneadas, tornou-se possível um gerenciamento mais tranqüilo com um crescimento progressivo para os próximos anos. Campos JMN/IPB JMN – parcerias TOTAL

2002 91 0 91

2003 101 0 101

2004 82 29 111

2005 48 83 131

2006 39 118 157

Evolução dos campos missionários JMN

JMN, 65 anos de evangelização A JMN tem uma história de 65 anos na evangelização em vários estados brasileiros. Graças ao trabalho de homens e mulheres vocacionados para o trabalho missionário, obreiros que não medem sacrifícios para viver em regiões longínquas e em situações, às vezes, adversas; graças à visão da IPB, ao apoio de igrejas locais e seus membros que contribuem e oram, tem sido possível um trabalho missionário ininterrupto, plantando novas igrejas, criando escolas, levando milhares a Cristo.

Junho de 2006

17

Aquisições, obras, ampliações e reformas nos campos exclusivamente atendidos pela JMN/IPB Nº 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53

Cidade Água Azul - PA Água Branca - PI Alcântara – MA Analândia – MT Apuí – AM Araripina – PE Aripuanã – MT Baião – PA Balsas – MA Benjamim Constant - AM Brasiléia – AC Canaã do Carajás – PA Cotriguaçu – MT Cristalândia – TO Curionópolis – PA Deodápolis – MS Exu – PE Guarantã – MT Guarai – TO Hidrolândia – CE Humaitá – AM Humberto Campo – MA Ipubí – PE Itanhangá – MT Jacarezinho – PR José de Freitas – PI Mancio Lima – AC Manicoré – AM Marcelândia – MT Miranda – ES Miracema do Tocantins – TO Moreilândia – PE Nova Alv. Do Sul – MS Nova Califórnia – RO Ourilândia – PA Plácido de Castro – AC Pereira Barreto – SP Presidente Dutra – MA Presidente Dutra – MA Rio Maria – PA São Francisco do Guaporé – RO S. Joaquim Ituquara – PA S. Miguel do Oeste – SC S. do Araguaia – PA São Domingos – RO São João da Balize – RO Sorriso – MT Tailândia – PA Tapurah – MT Trindade – PE Tucumã – PA Uruará – PA Vitória do Mearim – MA

Benefícios Aquisição de um terreno para construção do templo Construção do templo Aquisição de terreno para templo Construído templo de madeira, forrado e piso de cerâmica Início e respaldo (cobertura) de um templo novo – fase de acabamento Foram feitas as vigas-baldrames da casa pastoral Concluído lindo templo, já em uso Construção de uma boa casa pastoral e conclusão do templo Foi construído três excelentes salas, sendo uma espaçosa para os cultos Construção em definitivo da fachada do templo Conclusão de um belo templo Aquisição de terreno e construção do templo provisório em madeira Casa pastoral coberta, de madeira, piso cerâmico Aquisição de cinco terrenos e construção de um templo em Lagoa da Confusão Conclusão do belo templo Reforma da casa pastoral Conclusão do templo, com belo piso de granito e quatro salas Concluído e inaugurado o novo templo, mobiliado Construção de três salas de boa qualidade Aquisição do terreno e construção do templo respaldada Três salas iniciadas em 2003 estão em fase de acabamento Aquisição por doação de dois lotes Aquisição e reforma do templo e dependências Aquisição de excelente terreno para construção do templo Compra de um prédio para dependências completas da igreja Aquisição do terreno para o templo Construção com acabamento, de duas salas – Ed. Cristã Duas salas para educação cristã, em fase de acabamento Igreja foi organizada, templo bonito e grande Conclusão da casa pastoral igreja organizada Construção da casa pastoral e de duas salas grandes, tudo de boa qualidade Compra de prédio e adaptação em igrejas e salas Conclusão e acabamento das dependências de Educação Cristã Reforma na estrutura no templo de madeira e piso novo Aquisição de uma casa pastoral e construção da cozinha e área social Reforma no templo e nos muros Iniciada as dependências da congregação – lançadas as vigas baldrames Templo respaldado em fase de acabamento a chuva derrubou as paredes Conclusão do belo templo, já em uso Expressivo avanço na construção do templo Aquisição de amplo terreno para obras sociais Casa Pastoral respaldada Foi feito uma “caixa” de $ 10.000 para início da construção do templo Acabamento final do novo templo, muito bonito e bem feito Construção de madeira templo e casa pastoral, todos com cerâmica Adaptação da residência, com espaçosa área para cultos Prédio de Ed. Cristã (batido 1ª laje) Construção da casa pastoral (já sendo usada) Templo já inaugurado, com piso, reboco e pintura interna e cadeiras Foi feitas as vigas e baldrames da casa pastoral Troca do terreno por outro melhor e aquisição material construção Construção de templo em alvenaria, piso e forro na congregação rural. Templo foi coberto, rebocado já esta sendo usado já colocou piso e luz

Visão, paixão e compromisso O trabalho da JMN e seus parceiros somente tem sido possível graças a ação visível e poderosa de Deus que tem capacitado seus filhos para servir, continua derramando seu Espírito nos corações, proporcionou transparência durante a transição da administração anterior para a nova administração. O novo modelo implantado há de ser cuidado, trabalhado, revisado, acompanhado, mas com certeza, cremos que os frutos estão surgindo e o futuro se avizinha de forma muito promissora para uma grande colheita. Será preciso a manutenção da visão, da paixão, do compromisso, da semeadura, pois “quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes.” (Salmo 126.6) É preciso continuar plantando, pois o Eterno e misericordioso Deus fará prosperar sua obra. Soli Deo Gloria!


18

Brasil PRESBITERIANO

Junho de 2006

SC-IPB 2006

Sínodo Leste Fluminense discute a questão da remuneração do pastor sem campo.

O que fazer com tantos pastores e poucas igrejas? Suely Montalvão Rédua DE NITERÓI

E

nquanto a Igreja Católica vive uma crise de vocações e em algumas denominações protestantes faltam pastores, a Igreja Presbiteriana do Brasil vive uma crise inédita: sobram pastores e faltam igrejas. Havia 612 pastores sem igreja, segundo o Anuário IPB 2005. Diante desse quadro, o Sínodo Leste Fluminense (SLF) decidiu convocar uma reunião com as Comissões Executivas dos presbitérios a ele jurisdicionados, aberta ao público de pastores e presbíteros da IPB, para discutir as seguintes questões: a) É obrigatório o Presbitério designador pastor ainda que não tenha campo?; b) Como entender o Art 85 e letra “a”, “d” do Art 88 da CI/IPB?; c) Se houver campo e o Presbitério não designar o Pastor, este poderá requerer o sustento, confirmada a existência de campo vago?, e, d) Qual deve ser a orientação dos Presbitérios com relação aos pastores sem campo? Abrir campos missionários seria a solução? Do aspirante à ordenação Segundo o rev. Simonton Rédua, organizador do evento, esta é uma grande questão no cenário nacional da IPB, que afeta desde o encaminhamento do aspirante ao ministério até sua ordenação, pois os princípios que se têm adotado, na prática, estão dissociados

dos princípios Reformados e Constitucionais. Esta realidade gerou três grupos de pastores: 1º) Pastor sem campo designado que recebem as côngruas pastorais dos Presbitérios; 2º) Pastores sem campo designados e sem côngruas pastorais; 3º) Pastores designados para uma igreja, e que a mesma optou em pagar as côngruas pastorais, porém não aceita ser pastoreada pelo pastor designado. Visando o melhor aproveitamento do debate, o evento Sínodo Leste Fluminense discute a questão dos pastores sem campo

Rev. Ashbel Simonton Rédua, organizador do evento

foi divido em duas partes: a primeira sobre Plantação de Igrejas. O Sínodo é consciente e vê a necessidade de plantar novas igrejas, não para “produzir” campo para os pastores sem campo, mas

pela própria responsabilidade da evangelização e a necessidade de crescimento da IPB. Para esse momento foi convidado o rev. dr. Antonio José Nascimento, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que traçou uma tese da utilização do “leigo” na Igreja, principalmente dos Evangelistas e na valorização do sacerdócio de todos os crentes. No segundo momento foi debatido “O ordenamento constitucional da Igreja em relação ao ‘Pastor sem campo’”, debatido pelo presb. José Alfredo Marques, presidente do SLF; rev. David Pires de Macedo, vice-Presidente do SLF; sob a coordenação do rev. João Batista Guimarães, Presidente do Presbitério Litorâneo Fluminense. Responsabilidade do presbitério é com os designados Para o Presb. José Alfredo, os Presbitérios têm que

seguir a Constituição da IPB. Nesse caso, o presbitério tem responsabilidades com aqueles que foram designados. A responsabilidade do Presbitério, ao seu ver, seria apenas com os pastores que foram designados para um campo. “De acordo com a CI/IPB”, afirma o Presb. J. Alfredo, “Art. 34 - A designação de pastores obedecerá as designações: O pastor-efetivo, designado pelo Presbitério nas condições do Art. 33, parágrafo 1.0 in-fine e o pastor-evangelista será designado pelo Presbitério. O Presbitério designa apenas dois tipos de pastores: O efetivo, que não é eleito pela igreja e o evangelista, e que o sustento pastoral está intrinsecamente relacionado a uma dessas designações, conforme pode-se observar no Art. 35 - O sustento do pastor-efetivo e do pastor-auxiliar cabe às Igrejas que fixarão os

vencimentos, com aprovação do Presbitério; os pastores-evangelistas serão mantidos pelos presbitérios; os missionários, pelas organizações responsáveis.” O rev. Davi Macedo também entende que a CI/IPB no Art 85 e letra “a”, “d” do Art 88, o Presbitério tem interesse maior na designação de seus conciliares, por exemplo: se houver campo e se o Presbitério não designar o Pastor, este poderá requerer o sustento, havendo campo vago. “A nossa preocupação”, afirma o rev. Davi “é o Presbitério entender que não tem obrigação de designar pastor sem campo, o presbitério tem esta responsabilidade e é uma responsabilidade moral, espiritual e cristã, de designar pastores para campo vago”. Plantação de igrejas é a solução Segundo o rev. Simonton, estas questões são indícios


Brasil PRESBITERIANO

Junho de 2006

19

Artigo

A Igreja precisa de verdadeiros pastores e mestres José Normando Gonçalves Meira

Presb. José Alfredo Marques, presidente do Sínodo Leste Fluminense, dirige os debates

fortes e importantes de que alguns critérios foram omitidos tanto na Plantação de Igrejas como na formação Pastoral: “um grupo considerável de pastores sem campo da nossa região foram formados em Instituições Teológicas e Seminários à margem da IPB, geralmente os pastorados desses irmãos oriundos dessas Instituições são muito conflitantes, alguns perdem o ministério no primeiro ano, outros vivem se arrastando tornando-se parte do problema. Também temos deficiências nos nossos seminários, numa formação teológica deficiente, produzindo pastores com fragilidade teológica e litúrgica, que praticam princípios estranhos à IPB. Há vários pastores que não crêem na doutrina da graça, nos princípios reformados, na Confissão de Fé e nos Catecismos Maior e Menor de Westminster. É necessário que nossos pastores se reciclem, estudem, aperfeiçoem e desenvolvam bem a vocação pastoral.” O SLF entende que plantar Igrejas é uma solução para resolver o problema em parte, mas deve-se fazer esforços e ter critérios mais rígidos no envio de

candidatos ao seminário, o acompanhamento pastoral durante o curso e no período de licenciatura e que as igrejas precisam investir mais no ministério leigo, principalmente no evangelista, honrando esse trabalho. Reciclagem pastoral e adaptação nos currículos dos seminários com ênfase também na vida pastoral e na Plantação de Igrejas. O que parece ser uma solução apontada em outras regiões da igreja, como diz o rev. Jedeías de Almeida Duarte presidente do Sínodo Rio Doce: “Um saída para a crise do Superávit de Obreiros é a abertura de novas Igrejas; nas quais os Presbitérios deverão levar projetos viáveis com ministros dispostos e atualizados para este trabalho, voltando aos tempos iniciais da nossa Igreja, nos quais o Ministro trabalhava buscando o Plantio da Igreja e assim crescia o seu ministério pessoal; hoje, em alguns casos, ministros permanecem numa Igreja até extrair o seu último suspiro, sem buscar o crescimento integral tanto do seu ministério quanto da Igreja que pastoreia; Deus não abençoa uma relação de pastorado nestes termos.”

Q

uais as competências e saberes necessários ao exercício adequado do sagrado ministério pastoral? A Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil, artigo 32, responde: “(...) deve conhecer a Bíblia e a sua teologia: Ter cultura geral; ser apto para ensinar e são na fé; irrepreensível na vida; eficiente e zeloso no cumprimento dos seus deveres; ter vida piedosa e gozar de bom conceito, dentro e fora da igreja”. A lei da nossa Igreja exagera nessas exigências? Tratarei, neste texto introdutório, do item: “Conhecer a Bíblia e sua teologia”. É pertinente a dicotomia entre ênfase na formação teológica e formação de pastores? O presbítero deve ser “(...) apto para ensinar” (1 Tm 3.2) e “apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder, tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem” (Tt 1.9). Que nível de conhecimento da “Sã doutrina”, da “Palavra Fiel”, da “Bíblia e sua teologia” é necessário para que sejamos “aptos para ensinar”, e para que sejamos capazes para “exortar e convencer” os que nos contradizem? Embora tal aptidão não se restrinja ao conhecimento, sem este, o ensino se torna impossível. Quanto de conhecimento bíblico, teológico, devemos esperar dos ministros da igreja? É óbvio que sempre teremos entre os

pastores diferentes níveis de aproveitamento na formação acadêmica. É inquestionável, entretanto, que o servo de Deus, que se dedica ao pastorado, deve buscar o máximo de consistência para ensinar “todo o desígnio de Deus” à igreja que lhe for confiada. Paulo tinha formação intelectual privilegiada (At 22.1-3; 26.24). Pode-se dizer que, por isso, ele tinha menos características pastorais do que os seus companheiros (Cf. Atos 20.17-34)? As coisas “difíceis de entender” que ele escrevia foram prejudiciais à igreja (Cf. 2 Pedro 3.15,16)? Devemos nos contentar com o elementar, superficial, fácil? O ofício de “pastores e mestres” é necessário “ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.11,12). Comentando este texto, Calvino afirma que “Sem pastores e doutores... não pode haver nenhum governo da Igreja”. Entende-se que “doutrinar é dever de todos os pastores (...) para que a sã doutrina seja conservada”. Embora o argumento bíblico seja suficiente, observemos a história da Igreja. A batalha teológica relacionada à pessoa de Cristo, nos primeiros séculos da era cristã, foi vencida pela Igreja por meio dos seus concílios. A vitória veio do Senhor, mas aprouve a Ele utilizar-se daqueles instrumentos que Ele mesmo preparou espiritual e intelectualmente para aquele fim. Ele levantou “mentes brilhantes” durante a Reforma

Protestante do Século 16. Tempo de intensa elaboração teológica e visão pastoral. O pastor de Genebra, João Calvino serve de exemplo. Segundo o rev. Wilson de Castro Ferreira, “Calvino é pastor zeloso e incansável no seu esforço em favor de suas ovelhas, sofridas e angustiadas por males de toda sorte”. O rev. Gildásio Reis aponta João Calvino como “um pastor de almas”. O seu zelo pastoral se manifestou em três áreas fundamentais: fiel pregação da Palavra, visitas aos crentes e aconselhamento. O que dizer dos admiráveis puritanos? Embora com diferentes níveis de formação, o zelo pela Sã Doutrina e o fervor no seu ensino, almejando uma Igreja pura, era comum entre eles. Sobre Jonathan Edwards, Martin Lloyd-Jones afirma: “Ele era ao mesmo tempo um vigoroso teólogo e um grande evangelista (...) ele foi também um grande pastor, cuidava das almas e dos seus problemas (...) era um leitor voraz (...) ele foi um preeminente pregador”. A Igreja Presbiteriana do Brasil não exagera ao exigir que os seus ministros conheçam “a Bíblia e a sua teologia”. É preciso que os nossos presbitérios sejam zelosos, exigindo dos seus candidatos o necessário (experiência religiosa e conhecimento teológico) para o exercício dessa nobre missão. José Normando Gonçalves Meira é pastor da Igreja Presbiteriana Cidade Nova, em Montes Claros, MG, e Presidente do Presbitério Norte de Minas (PNTM) e do Sínodo Norte de Minas (SNM).


20

Brasil PRESBITERIANO

Junho de 2006

Artigo

O recurso extremo da greve de fome e o anticonstitucional beneficiamento religioso Fábio José Barbosa Correia á muito tempo que não há no Brasil uma religião oficial. A Constituição Federal de 1988 assegura que todos são iguais perante a Lei e em seu artigo 5ª inciso VIII afirma: “Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa”. Isto se dá apenas em tese, pois como a maioria dos nossos gestores e parlamentares ainda são predominantemente ligados ao Catolicismo Romano, agem como se não soubessem dessa realidade e usam da sua condição para beneficiar sua igreja, vivendo ainda propositadamente pela Constituição de 1824, que ratificou o Catolicismo Romano como a Religião Oficial do Império, em seu artigo 5º. Em uma das visitas do papa João Paulo II ao Brasil, as rádios evangélicas foram obrigadas a participar de uma cadeia de emissoras que transmitiu o seu pronunciamento, sob pena de perderem sua concessão. A rádio evangélica do Recife transmitiu todo o pronunciamento papal e em seguida emitiu uma nota de protesto e repúdio, não contra o pronunciamento em si, que não era mau, mas contra a arbitrariedade de ter tido sua liberdade religiosa atropelada. O que não dizer, também, do Estado utilizando verbas públicas, inclusive, dos impostos de muitos evangélicos, pintando as igrejas católicas e as restaurando? São monumentos históricos? Claro, todos concordamos. O fato é que existem igrejas evangélicas igualmente antigas e historicamente importantes e sequer um real do dinheiro público é destinado para repará-las ou

H

pintá-las. Evidentemente que não estou reivindicando verba pública em favor dos evangélicos, pois a boa teologia e nossa constituição nos ensinam uma clara separação entre Igreja e Estado; contudo, quero chamar a atenção para estes fatos porque são sintomáticos. Recentemente tivemos o bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, da igreja Católica Romana, não-brasileiro, que ficou cerca de onze dias em greve de fome por causa do projeto de transposição do rio São Francisco, na cidade de Cabrobó (600 km do Recife), onde isso não deve ter sido motivo de espanto, pois o povo que ali reside está acostumado a viver com uma eterna “greve de comida” não de fome e, certamente, não por apenas onze dias. A questão não é a greve de fome do bispo, e sim a cobertura que foi dada ao fato e mais ainda ao procedimento oficial do Estado brasileiro. Tudo isso deixou evidenciado que o governo brasileiro e a mídia manipulada, não a independente, usam “dois pesos e duas medidas”, fazendo reviver, desnecessariamente, a antiga celeuma entre Católicos e Protestante. A Folha Online registrou assim o fato: “O bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, 59, anunciou nesta quinta-feira, em Cabrobó (600 km de Recife, PE), o fim da sua greve de fome contra a transposição do Rio São Francisco, iniciada às 12h do dia 26 de setembro. O acordo fechado com o governo, entretanto, gerou dúvidas logo após o anúncio. O religioso afirmou que retomará o jejum caso considere que a negociação está sendo descumprida”. (06/10/2005 às 22h10 – grifo

meu) Interessante notar que o governo fez um acordo, sob pena de ameaças de retomada da greve de fome, com o bispo estrangeiro e paralisou um projeto histórico, discutido desde 1847; isto, evidentemente, depois de gastar milhões de reais com a conclusão desse projeto, que envolveu políticos, cientistas, ambientalistas, biólogos e grande parte da sociedade diretamente envolvida (para maiores informações acessar: http://www.integracao.gov. br/saofrancisco/index.asp). O Estado brasileiro, que esquece normalmente de Cabrobó, deslocou o Ministro das Relações Institucionais, Jacques Wagner, para “negociar” com o bispo, munido de carta do Planalto, convidando-lhe inclusive para uma audiência com o Presidente. Ficamos nos perguntando então: Será que se um pobre brasileiro, ribeirinho, resolvesse fazer a “mesma” greve de fome (supondo que ele tivesse o que comer), contra a transposição do São Francisco, o governo seria tão condescendente quanto foi ou passaria com suas máquinas por cima de sua palafita? E se o religioso fosse um pastor, ou mesmo um mulçumano brasileiro? O Brasil é um país laico; isso pressupõe que todas as religiões devem ter a mesma liberdade de culto e os mesmos direitos. Nossos governantes precisam entender isso, sob pena de estarem descumprindo a constituição e a fim de evitar conflitos religiosos que não são evidentes atualmente, mas foram no passado e o que nos garante que não voltarão a ser no futuro? Exagero?! Por que então o brasileiro, ex-governa-

dor do Rio de Janeiro e adversário político do Presidente Lula, não do Estado brasileiro, Anthony Garotinho, não teve o mesmo tratamento do bispo? Quantos ministros foram deslocados (aliás, para bem mais perto) para “negociar” o fim de sua greve de fome? Talvez porque o que Garotinho estava pleiteando, em seu silencioso protesto, fosse algo que abalaria a infra-estrutura de toda uma região ou ainda o fim de um sonho de um já exaustivamente discutido projeto? (isso seria realmente muito grave). O que de tão absurdo e impossível de ser cumprido estava pleiteando o “protestante” Garotinho? Apenas duas coisas: Um observador externo para a eleição presidencial (até aqui nenhum problema) e em segundo lugar, espaço a título de direito de resposta para se defender das acusações caluniosas que disse ter sofrido. Mas o Estado brasileiro, diferentemente do que ocorreu com o bispo estrangeiro, sequer mandou um secretário de 3º escalão para “negociar” o fim de sua lamentável greve de fome. Que morra Garotinho! Quem mandou não ser bispo. Interessante que enquanto a “greve de fome” do bispo estrangeiro comovia, pelo seu nobre objetivo (bem mais nobre que a honra de alguém), a “greve de fome” do brasileiro Anthony Garotinho serviu de chacota, inclusive por parte do Presidente da República, representante do Estado: “O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou nesta segundafeira a greve de fome do exgovernador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PMDB), pré-candidato à presidência da República, mas reafirmou seu

interesse em fazer um acordo com o PMDB para as eleições de outubro.”Se eu fosse entrar em greve de fome toda vez que a imprensa fala de mim, eu seria um natimorto”, disse Lula. (Folha Online, 01/05/2006 às 13h38) Interessante como o Estado, na pessoa do seu representante, dá uma solução diferente para o mesmo problema. Não estou aqui defendendo Garotinho nem tão pouco cobrando de Lula por não ter enviado nem mesmo um secretário do 5º escalão para “negociar” o fim da sua greve de fome. O problema é mais sério. Tudo isso demonstra um grave e preocupante sintoma de beneficiamento religioso, como já temos demonstrado. O governo não pode usar “dois pesos e duas medidas”, repito. Não pode entender que a greve de fome do bispo católico é mais importante do que de qualquer outro brasileiro, seja ele protestante ou mulçumano. Se o presidente Lula quis agradar a maior nação Católica do mundo, acabou esquecendo que os protestantes já são cerca de 22% da população brasileira e isso pode fazer uma grande diferença numa eleição presidencial. O protestante Garotinho ganhou na justiça o direito de resposta nas páginas e noticiários das Organizações Globo. A justiça entendeu que houve calúnia e difamação. Neste caso, o judiciário agiu “cegamente”, como deve ser. Talvez o poder Executivo aprenda a lição. Fábio José Barbosa Correia é presbítero da IP do Jordão, Recife, PE, licenciado em Educação Religiosa pelo SPN, e em Filosofia pela UNICAMP. E-mail: fabiocorreia@unicap.br


Brasil PRESBITERIANO

Junho de 2006

21

Lançamentos CEP As Institutas Edição especial com notas para estudo e pesquisa João Calvino Editora Cultura Cristã - 2006, 4 volumes Em março de 1536, João Calvino publicou em Basiléia a sua primeira edição de Institutio Religionis Christianae, em que apresenta a fé e a vida cristãs a partir das Escrituras e que se tornou a obra máxima da Reforma. Essa Edição especial com notas para estudo e pesquisa de As Institutas possui uma linguagem mais acessível aos cristãos em geral. Ela permitirá conhecer melhor e de modo completo o entendimento Reformado da fé cristã, essencialmente bíblico e, nessa obra, sistematizado precisamente com fins didáticos. Na verdade, mesmo não-cristãos terão proveito no estudo deste livro, e todos poderão constatar que Teologia Reformada não se limita aos cinco pontos a que muitas vezes é reduzida. Trata-se de um sistema completo de doutrina, que abrange as áreas chamadas de “religiosas”, mas também as que denominamos “seculares”, uma vez que toda a realidade se coloca sob a soberania de Deus. Para produzir essa edição contou-se, entre outros, com dois colaboradores cujo conhecimento das Escrituras, da Teologia Reformada, da Reforma do século 16 e da própria vida de João Calvino é incomum, ao lado de um elevado domínio de idiomas e de uma profunda familiaridade com nosso povo e cultura, resultado de longos anos de dedicação ao Senhor no serviço da igreja. A tradução da Edição Francesa de 1541 de As Institutas ficou a cargo do dr. Odayr Olivetti, piedoso e experimentado pastor e professor de Teologia, autor e tradutor respeitado. Seu trabalho é de qualidade primorosa. As notas para estudo e pesquisa são de autoria do dr. Hermisten Maia Pereira da Costa, pastor, pesquisador incansável, autor profundo e erudito exemplar. Essa publicação conta com o tesouro de sua prodigiosa memória e de suas abundantes anotações. Essa obra é indispensável para presbiterianos e todos que desejam conhecer a Teologia Reformada.

Artigo

Solidariedade como valor ético humanizador e transformador. José Carlos Moura

A

o pensar em solidariedade, encontramos valores como: proximidade, sentimento, vontade, amor, afetividade e agente condutor. Independente do cunho religioso, muitos jovens e adultos vêem na solidariedade uma possibilidade de exercitar a cidadania através da participação em ações e atividades de interesse de transformação social. Em Jesus, encontramos o exemplo de modelo e referência de Amor e solidariedade com a humanidade. “Cada um cuide,

não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus” (Fp 2.4,5). Entretanto, para fazer da solidariedade uma postura ética e capaz de mobilizar ações voluntárias e transformadoras, é necessário compreender e se interessar pelo problema, identificar a causa e considerar os diferentes enfoques de solidariedade, tais como: Espetáculo. Tem como finalidade apenas a manutenção do status quo, firma-se no princípio do prazer sem o mínimo de compromisso, ocorre muito com

os meios de comunicação de massa como os shows beneficentes e programas televisivos de ajuda ao próximo mediante arrecadação de dinheiro. Pontua apenas desgraças ocasionais, promovendo apenas reações emocionais, ação de curto prazo, sem analisar a causa do problema. Campanha. Relaciona-se como o modelo anterior, responde apenas em situação de máxima urgência, atinge apenas a ponta do “iceberg”, no caso um tipo de fome, epidemias, desastres, em situações específicas que afetam o ser humano, sem efeito transfor-

mador. Encontramos um cultivo dos sentimentos pessoais de satisfação, de recompensa emocional e de estar de bem com a própria consciência pelo bem realizado. Encontro. Exige desenvolver a capacidade de analisar e compreender a realidade em que vivemos (injustiça e exclusão social). Nasce da experiência, do encontro, do relacionamento com o outro reconhecido como ser humano, percebido como ferido e violentado em sua dignidade —“Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros

mais a si próprios” (Rm 12.10 NVI). Significa contribuir, somar e fortalecer os processos de promoção, crescimento e desenvolvimento humano individual e coletivo, por meio de projetos de dinamização comunitária, de autogestão dos problemas e soluções. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês que está nos céus. (Mt. 5.16 NVI) José Carlos Moura é sociólogo e membro da Ig Presb Hebrom, SP. Email: moura0504@hotmail.com


22

Brasil PRESBITERIANO

Junho de 2006

Depoimentos

Uma palavra de José Miguez Bonino, René Padilla, Samuel Escobar e Waldyr Carvalho Luz

O valor e o papel da igreja na era pós moderna DA REDAÇÃO

E

m uma sociedade rica, onde o lazer, a busca pelo prazer, pelo instantâneo; onde a medicina ajuda a prolongar a vida; onde os mistérios antigos são resolvidos pelo avanço da ciência, ainda há lugar para a religião, para a fé cristã, no coração das pessoas? Esta pergunta foi colocada para quatro destacados líderes da nossa era, José Miguez Bonino, René Padilla, Samuel Escobar e Waldyr Carvalho Luz. Seguem as respostas:

José Miguez Bonino

podemos fazer isso; nós temos que fazer isso.” E os problemas éticos aparecem justamente quando há o desenvolvimento de técnicas mais avançadas. Já o prolongamento da vida está como que negando o surgimento de problemas acerca do que realmente é essa vida que se prolonga. Que sentido tem uma vida que vai até noventa, cem, ou cento e vinte anos? Como se comportam a família e os amigos num processo assim, longo e complexo? Existe uma série de conflitos humanos que se apresentam com o surgimento dos avanços científicos; problemas que a Igreja deve responder.

a fama... existe um vazio no coração do homem, e, mesmo na Europa e nos Estados Unidos, isso pode ser comprovado. As pessoas podem até abandonar a fé cristã, mas continuam buscando a Deus de outras maneiras, por isso o florescimento da Nova Era e dos cultos asiáticos. Lamentavelmente, às vezes, se busca apenas uma experiência religiosa, mas sem compromisso, sem responsabilidade ética; aí, então, afirmamos que a fé cristã oferece algo diferente: uma experiência real com Deus e um compromisso com o próximo.

não, necessariamente, mata o desejo que o ser humano tem de se conectar com o divino, com Deus. Hoje, o problema para o cristão é como se conectar, pois convive com as ideologias modernas que, no passado, negavam a vida espiritual. Agora, os cristãos se deparam com formas religiosas institucionalizadas que buscam o espiritual. Estamos em uma situação parecida com a do século primeiro, quando a igreja não enfrentou o poder militar, ou político-romano, e a filosofia grega, e, também, um mundo de religiões, e, isso, é novo para o cristão, é um desafio da pós-modernidade, além de ser cristão.

Samuel Escobar René Padilha

Bonino: Acredito que o desenvolvimento, particularmente da ciência, como o tema do prolongamento da vida (procedimentos extraordinários para vencer os obstáculos) está gerando novos fatos, os quais a presença da religião levanta uma série de problemas éticos. Os próprios médicos estão na vanguarda desse desenvolvimento; estão começando a dizer: “Nós

Padilla: O que está sendo provado é que o cristianismo não depende das circunstâncias, e que, mesmo em meio a todas as mudanças, há uma busca de Deus. As pessoas não estão satisfeitas com o que oferecem as riquezas, os prazeres,

Waldyr Carvalho Luz

Escobar: Uma parte do ano, eu vivo nos Estados Unidos: um país desenvolvido, com tecnologia sofisticada, e, ao mesmo tempo, com uma sociedade religiosa, com formas muito diferentes de religiosidade, seitas novas, inclusive o satanismo. O avanço do progresso, da tecnologia

Waldyr: A religião está nesta relação do ser humano com Deus acima de toda e qualquer situação econômica, política, social, psicológica, humana; portanto, Deus não deixa de existir, não desaparece. Daí, a religião que é, justamente, um

meio do cultivo da nossa relação com Deus, sobrepaira acima de tudo isso. Na sociedade pós moderna há lugar para Deus, sim, o problema é o ser humano conhecer a Deus e o seu Evangelho. O caso é como a religião é concebida. Se ela é uma espécie de pára-raios, seguro de vida, solução para o mistério do depois da morte; se a religião está baseada no medo do futuro ou nas vantagens possíveis que a pessoa pode auferir neste mundo da parte de Deus, fazendo de Deus uma espécie de gênio da lâmpada maravilhosa do Aladim, então não há dúvida: à medida que a secularização se pronuncia, este se distancia de Deus, torna-se agnóstico ou até ateu. Não há dúvida e é claro que a sociedade, quanto mais dominada pela ciência, pela filosofia, pelo agnosticismo, pelo hedonismo de hoje, mais e mais se distancia de Deus ou esquece e quer até revoltarse contra Ele. Deus tornase irrelevante. Mas se ele, numa inteligência lúcida, num reconhecimento racional, verifica que Deus é o Senhor e é uma questão de comunhão, de benefício espiritual, de conduta correta neste mundo, de uma vida que seja não só favorável ao próximo, mas também agradável a Deus, Deus não só existe, mas se torna presente, relevante, essencial e pessoal


Brasil PRESBITERIANO

Junho de 2006

23

Artigo

Igreja, realidade, identidade e missão Ailton Gonçalves Dias Filho

O

crescimento da igreja evangélica brasileira nas últimas décadas foi chamado pelos sociólogos da religião como fenomenal. O crescimento continua, porém, muitas igrejas se distanciaram da realidade bíblica e estão perdendo sua identidade evangélica. A pergunta que se levanta é: quantas denominações e igrejas independentes sobreviverão nos próximos anos ou décadas? Diferentemente de Mateus e Marcos, Lucas coloca o chamado dos primeiros discípulos no contexto da “pesca maravilhosa” (Lc 5.1-11). Há em suas pala-

vras alguns princípios que nortearam e ainda norteiam a comunidade cristã. E, nesse mundo globalizado e pós-moderno, a igreja cristã precisa voltar a esses princípios. A igreja não sobrevive sem um comprometimento com a Palavra do Senhor (Lc 5:5). Hoje, infelizmente, em muitas igrejas, a experiência humana fala mais alto do que a Escritura. A experiência humana passou a ser mais normativa para a vida da igreja que a própria Escritura. A palavra de Jesus para Pedro ía contra sua experiência de pecador, contra seu cansaço de “trabalhar toda a noite”. Mesmo assim ele obedeceu. As

necessidades, experiências e sentimentos humanos são importantes, mas a Palavra de Deus deve normatizar tudo isso, mesmo que não agrade e não seja fácil de ouvir e praticar. Comprometida com Cristo e sua Palavra a igreja torna-se consciente de sua realidade(Lc 5:8). Quando Pedro percebe o milagre da pesca ele confessa a sua real situação: “sou pecador”. Uma igreja para o século 21, é uma igreja consciente do seu pecado. Consciente de sua realidade espiritual. A igreja é comunidade de pecadores. Isaías se via assim, pecador em meio de pecadores (Is 6:5). Paulo se via assim, o principal peca-

dor (I Tm 1.15). A arrogância espiritual não deve fazer parte da visão que a igreja tem de si mesma. A igreja é pecadora sim. Mas pecadora redimida pela graça de Jesus. Pecadora que ganhou uma nova identidade. É portanto, uma igreja consciente de sua nova identidade (Lc 5:10). É a nova sociedade de Deus. É o projeto de Deus para as cidades, com o objetivo de resgatar nos cidadãos a imagem de Deus. A igreja não pode perder a consciência de sua nova identidade. Perder essa consciência é perder o rumo e o objetivo de ser igreja. Os pescadores, após a pesca, arrastaram os bar-

cos sobre a praia, deixaram tudo, e seguiram Jesus Cristo. Por que?! Agora eles têm uma nova missão. O Reino chegou e exige prioridade absoluta. Há uma missão a ser cumprida. Há um Senhor a ser seguido. A igreja deve estar consciente de sua missão (Lc 5:1). Ela não é um clube. Ela é apostólica, e, por isso, é missionária (Jo 20:21). As denominações ou igrejas que não tiverem um comprometimento sério com a Palavra de Deus deixarão de existir, serão engolidas pelos desafios do século 21.

Ailton Gonçalves Dias Filho – é pastor da Igreja Presbiteriana de Americana.


24

Brasil PRESBITERIANO

Junho de 2006

PUBLICAÇÃO EM CUMPRIMENTO DA RESOLUÇÃO SC-74-008

Lapidado pela providência para servir O rev. Cilas da Cunha Menezes teve sua candidatura lançada pelos Presbitérios Norte de Pernambuco e de Paulista com apoio de vários Presbitérios da Região Nordeste entre eles o Presbitério de Garanhuns, Agreste, Caruaru, Vale do Pajeú, Petrolina, Sul de Pernambuco. Tendo como lema de sua campanha Desenvolvimento com Participação. Outros dados da vida e ministério do rev. Cilas, assim como seu projeto para a presidência do Supremo Concílio, estão disponíveis no site: www.cilascunha.net Contatos com o rev. Marcos André Marques – Presidente do SGA: E-mail marcosamarques@ig. com.br Fone: 87 3773 2530 / 87 8811 8113 Existe uma voz que é conhecida e respeitada em todo o Brasil por seus posicionamentos. Estamos falando do rev. Cilas Cunha de Menezes, 60 anos, um presbiteriano autêntico, que faz jus à credibilidade e admiração que tem recebido ao longo dos anos. Nascido em 21 de julho de 1945, na cidade cearense de Várzea Alegre, o filho de José da Cunha Menezes e de Rita Gonçalves de Menezes, graduou-se em teologia pelo Seminário Presbiteriano

do Norte (SPN). O rev. Cilas é também licenciado em história pela Universidade Federal de Pernambuco e Mestre em História pela mesma Instituição. Rev. Cilas já ocupou, entre outros cargos, o de Presidente no Presbitério Norte de Pernambuco, do Presbitério de Olinda e do Sínodo de Pernambuco em inúmeras oportunidades; participou na qualidade de deputado de todas as reuniões do Supremo Concílio desde 1974. Presidente da Junta Administrativa

do Hospital Evangélico de Pernambuco (HEP), Presidente da Associação Evangélica Brasileira em Pernambuco (AEVB-PE), Coordenador Geral da reunião extraordinária do Supremo Concílio da IPB em Recife, realizada em 1999. Pastoreou a Igreja Presbiteriana de Água Fria e Encruzilhada, a Congregação Presbiteriana de Carpina e a Igreja

Presbiteriana de Sítio Novo, em Olinda. Atualmente exerce os cargos de Pastor da Congregação Presbiterial de Bairro Novo (Olinda – PE), presidente do Conselho de Curadores do Instituto Presbiteriano Mackenzie, presidente da associação Evangélica Beneficente de Pernambuco, proprietário e diretor geral do Complexo Educacional Colégio 2001 (Recife, Olinda e Paulista). Uma história repleta de lutas e conquistas, de amor e dedicação a tudo que faz. Pela representação do valor evangélico, democrático e educacional dentro de Pernambuco, lutando incansavelmente pela educação em todos os seus princípios e ideais, a Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco aprovou recentemente a concessão do Título Honorífico de Cidadão Pernambucano para o rev. Cilas Cunha de Menezes, uma justa homenagem a quem exerce o

ministério pastoral e educacional há 29 anos na Região. O que destaca o rev. Cilas, em relação aos demais candidatos, que no momento pleiteiam a presidência do Supremo Concílio, é a sua vitoriosa experiência administrativa. A realidade que vive a IPB neste início de século e de milênio, reclama um homem com este perfil, lapidado pela Providência para servir a IPB no tempo presente. Sua eleição é a garantia de uma moderação sábia e eficaz, apontando o caminho para a harmonia e para o real crescimento, tão ansiada pelos cristãos de nosso arraial. Não é por outra razão que de Norte a Sul do país surgem manifestações de apoio à sua candidatura; líderes das mais importantes instituições e comissões de nossa denominação têm espontaneamente manifestado irrestrita confiança em seu nome e em sua história.

“Em nenhum momento me esqueci que sou um pastor!” O rev. Roberto Brasileiro, foi oficialmente indicado para concorrer ao cargo de Presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil, em julho de 2006, por nove Sínodos e dezesseis Presbitérios. Teve, ainda, o apoio formal de 41 Presidentes de Sínodos de todas as regiões do Brasil. Quando perguntado se aceitaria a reeleição, disse: “Estou a disposição do Senhor da Igreja, a quem sirvo e a quem devo minha vida e, naturalmente, a serviço da Igreja da qual sou pastor e a qual amo, a Igreja Presbiteriana do Brasil.” Citando a constituição da Igreja, o rev. Roberto Brasileiro, faz questão de ressaltar que na IPB “o poder da Igreja é espiritual e administrativo, residindo na corporação [...] devendo ser exercido coletivamente por oficiais, em Concílios, para legislar, admitir, excluir ou transferir membros e administrar as comunidades (Art. 3º CI). Desta forma, a postura do presidente tem que ser a de moderador. Segundo o rev. Roberto Brasileiro, a despeito das dificuldades e do contexto delicadíssimo, o Supremo Concílio de 2002, soube fazer a melhor leitura e dar o diapasão correto para a Igreja. Quando o SC/IPB aprovou o Plano

de Diretrizes Orçamentárias da IPB (PDO), que estabeleceu os parâmetros e percentuais para gastos e estimativas de receitas, deu um excelente passo para a recuperação da situação financeira da Igreja, que segundo o próprio relatório, era frágil, bem como, propiciou a recuperação das reservas técnicas históricas, quase extintas. Com o PDO, os recursos oriundos dos dízimos das Igrejas Locais, cresceram em mais de 11%. Os recursos da Igreja estão sendo aplicados integralmente nos fins para os quais foram arrecadados estabelecidos pelo SC/IPB. Em todas as áreas, o investimento foi substancialmente aumentado.

Ressalta-se também, dentre outras decisões, que o SC/IPB foi muito feliz ao aprovar a nova filosofia de missões da Igreja, a qual deu novo ânimo, direção e eficácia para as atividades da APMT, JMN, PMC e CNE. Sob a liderança do Comitê Gestor, esses órgãos têm, periódica e estrategicamente, planejado e executado as suas ações. Por ser o coração da missão da Igreja, a obra de missões e de evangelização tem recebido entre 52% e 55% dos recursos,

que somada à obra da educação teológica, “a menina dos olhos da Igreja”, monta aos 84,65% de todo o orçamento da Igreja. O rev. Roberto diz que “a despeito de todas as dificuldades e grandes demandas de trabalho, ocorridas no quadriênio que se encerra, como por exemplo: os expedientes sobre o Novo Código Civil Brasileiro, dentro e fora da Igreja; as tratativas com as autarquias da Igreja; a busca de soluções para os Seminários; a viabilização da validação do curso de teologia; as demandas da educação teológica; os desafios da comunicação e da exploração dos recursos tecnológicos; o acompanhamento diuturno de todas as atividades inerentes à função de presidente, valeu a pena, a Igreja está em paz! Em nenhum momento me esqueci que sou um pastor, por isso, as visitas que pude fazer a todas as regiões do Brasil, às Igrejas mais simples e distantes, cidades grandes e vilarejos, os abraços fraternos e o compartilhar das hospedagens singelas

dos crentes, sempre encheu o meu coração de júbilo e renovou o meu ânimo!” O rev. Roberto Brasileiro, diz terminar esse mandato com a consciência tranqüila de um mordomo que cumpriu a sua missão com fidelidade a Deus e sincero respeito por todos: “Procurei sempre cumprir e zelar pelo cumprimento das decisões do Supremo Concílio e reconhecer a autoridade daqueles por ele comissionados. É uma honra ser indicado oficialmente por tantos presbitérios e sínodos, a quem agradeço de coração. E agradeço, também, a todos os irmãos e irmãs que têm orado por minha vida e família, desejando que o Deus da Paz, da Justiça, da paciência, da consolação e Senhor da Igreja, faça o que for melhor para a Igreja Presbiteriana do Brasil e ‘nos conceda o mesmo sentir de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que concordemente e a uma voz glorifiquemos ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.’” (Rm 15:5-6)


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.