Entrevista de Wiseman aos curadores
Seu método de trabalho se baseia na ideia de viajar por diferentes cidades e instituições e de viver com as pessoas desses locais por várias semanas. Isso nos faz pensar em como as residências artísticas funcionam. Como você interage com esses ambientes?
Bom, tipos iguais interagem em qualquer lugar. Alugo, com outras pessoas, uma casa ou um quarto de hotel, e todo dia vou ao lugar que será o tema do filme. Se o local estiver aberto sete dias por semana, estarei lá sete dias por semana. Esse tipo de cinema requer uma completa imersão. Alguns críticos chamaram sua técnica de trabalho de observacional. O que você acha dessa ideia? Em sua opinião, a observação é importante para a realização de documentários?
A observação é importante para tudo, não apenas para o cinema. Não dou atenção a termos da crítica, porque o que faço é, com efeito, observar. O que mais um documentário poderia ser? Esses filmes são também uma série de outras coisas, são extremamente estruturados, dramáticos... “Observacional” é outra maneira de usar a expressão bastante pejorativa “mosca na parede”, que implica certo grau de passividade, e esse tipo de cinema não tem nada de passivo. A todo momento é preciso fazer escolhas: o que filmar, como filmar, quando parar, quando começar etc. Você não coloca simplesmente uma câmera no canto de uma sala, a liga e deixa as coisas acontecerem, que é o que a palavra “observacional” sugere. Não sou um grande fã desse tipo de cinema. Entendo em que sentido seus filmes têm relação com a palavra “observacional”. E quanto aos seres humanos? Em sua opinião, a observação é, de alguma maneira, parte do comportamento humano?
Se você se interessa pela maneira como as pessoas se comportam,
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Entrevista de Wiseman aos curadores