País Verde - Abril 2008

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Suplemento

Sexta-feira: 11 de Abril de 2008

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O País

O PAÍS VERDE Propriedade da JA! Justiça Ambiental , Rua Marconi, nº 110, 1º andar - Maputo -Tel: 21496668 E-mail: ja-news@tdm.co.mz; ja-ngo@tdm.co.mz Directora: Anabela Lemos * Editor: Marcelo Mosse * Periodicidade: Mensal * 11 de Abril de 2008 * Edição nº: 6

Nota Editorial

Por que é que os moçambicanos ainda não beneficiam dos recursos extractivos? Durante os últimos anos, tem-se verificado desenvolvimentos na área dos recursos minerais em Moçambique, os quais são com frequência referidos na imprensa. Em 2004 iniciou-se a produção e exportação de gás natural. Em 2007 arrancou em Moma a exportação de minérios produzidos a partir de areias pesadas. Em 2007 foi assinado o contrato mineiro para a exploração de grandes quantidades de carvão de Moatize. Em 2007 foi aprovada pela Assembleia da República uma nova legislação fiscal para as áreas mineira e de petróleo. O Governo assinou com várias companhias contratos de pesquisa e produção de petróleo, com particular destaque para a bacia do Rovuma.

O ABC das mudanças climáticas Por: Carol d’Essen Aquecimento global, efeito de estufa, protocolo de Kyoto, créditos de carbono, mudanças climáticas (...) são termos que estão cada vez mais presentes nos notíciários, palestras, relatórios, enfim, no nosso dia-a-dia. Mas será que está realmente claro o significado de cada um destes ou estão apenas a ser utilizados e repetidos indiscriminadamente pela sociedade em geral? Preocupados com isso a JA! reservou um espaço do “País Verde” para esclarecer de maneira didáctica as principais terminologias relacionadas à actual discussão do meio ambiente.

Perante um panorama como o descrito, Moçambique é um país que está a ser tomado pelas multinacionais da área. Mas que benefícios chegam realmente às populações? Até que ponto é que os mega-projectos geram emprego para os moçambicanos, alavacam oportunidades para pequenas e médias empresas e transferem riqueza para as comunidades? Estas questões são pertinentes no actual contexto de desenvolvimento, como também é pertinente que se questionem desde já as razões da inexistência de uma Estratégia Nacional de Gestão de Recursos Extractivos, que tenha enfoque no combate à pobreza. Na ausência de uma estratégia e políticas claras que estabeleçam uma visão nacional sobre a exploração de recursos extractivos e uma demarcação clara dos parâmetros dessa exploração, o que sobra tem sido discursos persistentes de alguns empresários que crêem que o principal benecificiário desses recursos em Moçambique devem ser as nossas elites empresário-políticas. É a tal ideia antiga da construção de uma burguesia nacional que até bem pouco tempo tinha assentado arraiais na banca estatizada – e depois depredada. Hoje, alguns negócios desta área começam a ser feitos entre portas fechadas, sem critérios de publicidade e transparência. Mas o grande problema é que o Governo parece não ter políticas sólidas e uma visão sobre como pode reduzir a pobreza, incluindo a urbana, usando os nossos recursos. Por exemplo, o que respeita ao gás natural, embora tenha sido necessário um grande mercado de exportação para viabilizar inicialmente o empreendimento, desde alguns anos que se tem mencionado oportunidades e planos para a sua utilização no país, como por exemplo: Gás natural como combustível para veículos de transporte Utilização, na forma de gás comprimido (CNG- “compressed natural gas”), em veículos de transporte em substituição do diesel e da gasolina. No ano de 2004 foi noticiado que em breve haveria em Maputo vários veículos de transporte accionados a gás natural. O CNG tem vindo a ser amplamente utilizado como combustível para veículos automóveis em vários países (Brasil, Argentina, Itália, etc.) desde há várias dezenas de anos. Em 2004 a ECON elaborou um estudo (ECON Analysis: “ The Potential for Carbon Finance to Support the introduction of Natural Gas into Mozambique”), financiado pelo IFC, em que se faz uma análise detalhada quanto à viabilidade de uso de gás natural em transportes públicos na área de Maputo. O estudo menciona que, em 2004, cerca de 33.000 pessoas se deslocavam diariamente da periferia para a cidade de Maputo, de entre os quais 60% utilizavam “chapas”. Na altura da elaboração do estudo estimava-se existir entre 2.500 a 3.000 “chapas”. O estudo conclui que seria possível vender gás natural aos taxistas a um preço correspondente a 56% do preço da gasolina (preço médio da gasolina em 2003 era de 11,7 MT/Lt.). Com a poupança no preço da gasolina cada “chapa”, decorridos 8 meses após recuperarem os custos de conversão da viatura, teria um ganho anual de 2.150 dólares. O estudo analisou igualmente a viabilidade de conversão para CNG dos então 50 autocarros existentes nos TPM. Embora marginal, considerou tal conversão como sendo economicamente viável. O que foi feito até agora e por que não se avançou? Se o projecto era viável em 2004, não será ainda mais atractivo agora em que os preços da gasolina e do gasóleo mais (Cont. na pág. 3)

Fonte: http://geographicae.wordpress.com/2007/05/08/o-efeito-de-estufa-ii/

As mudanças climáticas A expressão “mudanças climáticas” ou ainda “alterações climáticas” talvez seja uma das mais ouvidas ultimamente. Isso porque é um termo que abrange uma série de outros conceitos. De maneira bastante simplista, significa nada mais do que as variações do clima no planeta Terra ao longo do tempo. Indo um pouco mais a fundo, essas variações dizem respeito à temperatura, chuvas, secas, aumento do nível do mares, entre outros. Essas mudanças podem ser causadas pelo próprio meio ambiente como pelas actividades do homem. Exemplos de mudanças naturais são o impacto de um meteoro ou então os fenómenos “El Niño” e “La Niña”. O exemplo clássico da influência do homem no comportamento climático da Terra é o aumento dos gases do efeito de estufa (ver abaixo). Já há indícios de que algumas das alterações climáticas previstas por cientistas, como grandes inundações e secas, já começaram a ocorrer. (Cont. na pág seguinte)

AMBASSADE FRANCE AU MOZAMBIQUE ET AU SWAZILAND

A publicação do País Verde foi possível graças ao apoio da Cooperação Francesa. O conteúdo nele expresso não reflecte necessariamente os pontos de vista da Embaixada da França, e é da responsabilidade exclusiva da Justiça Ambiental.


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