País Verde - Agosto 2008

Suplemento

Sexta-feira: 8 de Agosto de 2008

O PAÍS VERDE

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Propriedade da JA! Justiça Ambiental, Rua Marconi, nº 110, 1º andar - Maputo -Tel: 21496668 E-mail: ja-news@tdm.co.mz; ja-ngo@tdm.co.mz Directora: Anabela Lemos Editor: Marcelo Mosse Periodicidade: Mensal Edição nº 12 * 8 de Agosto de 2008

O abc dos biocombustíveis Por Jeremias Vunjanhe

Em face das acentuadas mudanças climáticas e do consequente aquecimento global, da dependência energética da maioria dos países dos combustíveis fósseis (derivados de petróleo) e a respectiva escassez, em Moçambique e no mundo, assiste-se presentemente a uma corrida desenfreada para a adopção e incentivo na produção dos biocombustíveis. Estes são apontados como sendo a grande solução deste problema.

A maioria das vezes a corrida aos biocombustíveis ocorre sem se observar as condições disponíveis, os critérios, até mesmo as políticas e estratégias de sua implementação.

Nota-se, também, a ausência de estudos e pesquisas visando apurar os benefícios e os riscos que isto possa acarretar em termos ambientais e socioeconómicos.

de um biocombustível particular (por exemplo, milho ou canade-açúcar para etanol; soja ou pinhão-manso para biodiesel).

Etanol é um combustível produzido a partir de hidrocarbonetos, por meio de fermentação de açúcares em carbohidratos, derivados de cana-de-açúcar, milho e grãos, madeira ou dejectos de animais. Tem um odor perfumado, semelhante ao componente intoxicante de bebidas alcoólicas.

Biodiesel (agro-combustíveis) é um combustível derivado de fontes biológicas, produzido com base em plantas oleaginosas tais como

mais, separando a glicerina e produzindo biodiesel.

Balanço energético é a diferença entre a energia produzida por um combustível e a energia necessária para obtê-lo por processos agrícolas, plantio, refinamento e transporte.

Biomassa é a quantidade do material orgânico que constitui os seres de um ecossistema existentes numa determinada área. Há biomassa animal ou aérea e biomassa vegetal ou de raiz.

A Justiça Ambiental (JA!), preocupada com esta situação e pensando no futuro deste país, reservou, mais uma vez, um espaço neste “País Verde” para explicar de forma didáctica as principais terminologias ligadas ao debate sobre a produção de biocombustíveis.

A JA! espera poder despertar a consciência do cidadão e da sociedade civil sobre a necessidade de uma discussão aberta sobre um assunto como este que não só influenciará a vida de Moçambique de hoje assim como do futuro.

A expressão “biocombustíveis”(agro-combustiveis), “ouro verde”, “energias renováveis” ou ainda “energias limpas” refere-se muitas vezes a todos os combustíveis produzidos de fontes biológicas renováveis, por isso inesgotáveis e sem grandes efeitos de poluição. São exemplos os casos de álcool, etanol, metanol, biomassa, biodiesel, carvão vegetal, etc.

Matéria-prima(commodities): em assuntos de biocombustíveis, esta expressão designa a biomassa usada na criação

uma estrutura de carbono com átomos de hidrogénio ligados àquela estrutura. O petróleo, por exemplo, é um hidrocarboneto líquido, extraído geologicamente, enquanto que o gás natural é um hidrocarboneto geológico gasoso.

Selo combustível social é o conjunto de medidas específicas para estimular a inclusão social na agricultura.

As empresas produtoras de biocombustíveis são obrigadas a comprar uma percentagem de matéria-prima em agricultores familiares para terem direito a participarem das vendas públicas e conseguirem, redução nos impostos.

Veículo “flex-fuel” é um veículo que pode funcionar alternadamente com duas ou mais fontes de combustível. Isto inclui carros capazes de funcionar com gasolina e misturas de gasolina ou etanol, assim como carros que podem funcionar com gasolina e gás natural.

Glicerina é um co-produto do biodiesel resultante do processo de transesterificação.

Gás para líquido (GPL): o processo de refinamento de gás natural e outros hidrocarbonetos em hidrocarbonetos de cadeia longa que podem ser usados para converter produtos gasosos em combustíveis.

Vantagens dos biocombustíveis

Autor do desenho: Michael Ramirez*

As principais matérias-primas para fabrico de biocombustíveis são o milho, cana-de-açúcar, soja, linhaça, pinhão-manso, mamona, óleo de palma (africana), esgoto, restos de comida, dejectos animais, arroz, girassol, melaço, coco, sorgo, cana-de-sorgo, gergelim, mandioca, amendoim, mafura, algodão, rícino, etc.

Existem dois tipos principais de biocombustíveis: o etanol e o biodiesel (agro-combustíveis).

jatropha, soja, óleo de palma, etc. Pode ser usado em motores diesel ao invés do diesel derivado de petróleo. É obtido através do processo de transesterificação, em que os triglicéridos dos óleos vegetais são separados da glicerina, criando um combustível renovável de queima limpa.

Transesterificação: Processo químico no qual um álcool reage com os triglicéridos no óleo vegetal ou gorduras ani-

A publicação do País Verde foi possível graças ao apoio da Cooperação Francesa

AMBASSADE FRANCE AU MOZAMBIQUE ET AU SWAZILAND

O conteúdo nele expresso não reflecte necessariamente os pontos de vista da Embaixada da França é da responsabilidade exclusiva da Justiça Ambiental

Biomassa para líquidos (BPL) é o processo pelo qual se converte a biomassa em combustíveis líquidos.

Combustíveis fósseis são combustíveis derivados dos restos de vida orgânica na Terra, geralmente, consideram-se não renováveis e por via disso não fazem parte dos biocombustíveis. São exemplos, o petróleo e o gás natural. O seu uso contribui para a poluição e é amplamente tido como um factor da mudança do clima global.

E85 é uma mistura de álcool que contém 85% de etanol e 15% de gasolina por volume; constitui o combustível alternativo mais usado nos Estados Unidos da América.

Hidrocarboneto é uma combinação química que contém

Uma das grandes vantagens apontadas para o uso dos biocombustíveis é a redução significativa na emissão de gases poluentes, dado que a queima dos biocombustíveis gera baixos índices de poluição, evitando o aquecimento global.

Os biocombustíveis constituem também uma fonte de energia renovável e por isso são considerados inesgotáveis ao contrário dos combustíveis, fósseis tais como óleo diesel, gasolina, querosene, carvão mineral, etc. O recurso a estas fontes energéticas faz com que as economias dos países sejam menos dependentes dos produtores mundiais de petróleo.

Produzidos em larga escala e com recurso a tecnologias,

(Cont. da pág seguinte)

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o custo de produção de biocombustíveis pode ser mais baixo do que os derivados de petróleo. Permitem o aumento de rendimento e de oportunidades de emprego a famílias de baixos recursos.

Desvantagens dos biocombustíveis Por seu turno, são apontadas como desvantagens da produção de biocombustíveis: a diminuição da produção de alimentos no mundo, visto que muitos agricultores buscando lucros maiores preferem produzir milho, soja, cana-de-açúcar, para transformá-los em biocombustíveis. Por exemplo, se o consumo mundial for em larga escala, serão necessárias grandes plantações

agrícolas. Nesse sentido, em países como Moçambique que não fiscalizam adequadamente os seus recursos florestais, assistir-se-á a um elevado grau de desmatamento. Por outro lado, poder-se-á ter um aumento cada vez maior dos preços dos produtos derivados das matérias-primas.

* Ganhou o prémio Pulitez 2008 como melhor desenhador editorial, no Investor ’s Business Daily.

Tradução: excuse me i’m going to need this to run my car Fontes: Nova Enciclopédia; Greenpeace; Folha de S. Paulo; D’ARCE, 2005,www. swissinfo.org, www.midiaindependente.org/pt; www.economiabr.defesabr.com; www. midiaindependente.org/pt; www.iadbr.com; www.abcdoambiente.com; www.ircamericas.org; www.ambientebrasil. com.br

Moçambique e a estratégia nacional dos biocombustíveis O governo de Moçambique continua convicto e firme na produção de biocombustíveis, apesar de não ter sido ainda adoptada uma estratégia nacional de biocombustíveis. O documento deverá ser elaborado até finais do corrente ano. Por outro lado, o executivo moçambicano aprovou dois projectos de cultivo de cana-de-açúcar destinados à produção de combustíveis nas províncias de Maputo e Manica.

Segundo o director Nacional das Energias Novas e Renováveis no Ministério da Energia, António Saíde, a Estratégia Nacional de produção de biocombustíveis visa fundamentalmente reduzir gradualmente os impactos da crise dos combustíveis fósseis e energia a nível mundial. A falta deste instrumento legal não constitui impedimento para que o país aprove projectos de sua produção. Aliás, os referidos projectos foram aprovados à luz do Centro de Promoção e Investimento, do Conselho Nacional de Desenvolvimento, ao abrigo da lei 63/2006, de 26 de Dezembro, que aprova a produção de biocombustíveis.

Para Saíde, é chegado o momento de as populações mais pobres beneficiarem dos vastos recursos naturais de que o país dispõe e dos seus direitos, dado que o governo de Moçambique entende que a execução destes projectos, sobretudo nas zonas rurais, vai estimular o desenvolvimento, através de aumento de rendimento, postos de emprego e introdução de uma agricultura mecanizada.

Para o efeito, “a solução passa pela aposta nas energias novas e renováveis, em que os biocombustíveis constituem a expressão mais actual e que os grandes investidores estão interessados”, disse Saíde.

O posicionamento do governo moçambicano surge numa altura em que várias vozes mundiais apontam a produção dos biocombustíveis como um risco à segurança alimentar.

Os detractores da produção dos biocombustíveis prevêem que a humanidade enfrentará a privação de mais de 100 milhões de toneladas de cereais, nos próximos tempos. Este facto fará com que mais de dois biliões de pessoas estejam à beira de uma grave crise alimentar.

Verdade ou não, nenhuma garantia existe de que os biocombustíveis sejam efectivamente a solução da crise energética mundial, muito menos do aquecimento global. Sendo assim, Moçambique deve estar consciente de que mais do que prover o direito à energia ao povo, já há muito tempo dele privado, é urgente salvaguardar as terras para a agricultura, assegurando assim a segurança alimentar das populações.

Para tal, o governo de Moçambique está diante de uma escolha fundamental entre dois direitos. O direito à energia e o direito à alimentação. E tudo depende da sua maior capacidade de compreensão, escolha e decisão.

Fazer da crise energética mundial uma oportunidade para Moçambique, será? ■

Aí vem o Sol !

Levando a energia solar para grande escala Por Lori Pottinger A energia renovável pode ser altamente confiável e especialmente produtiva durante o período de maior demanda de energia. Pode ser, também, suficientemente pequena para abastecer um edifício ou grande para abastecer uma cidade inteira. Já é uma tecnologia comprovada cujos custos continuam a baixar, que cria mais postos de trabalho do que o petróleo ou o carvão, e poderá substituir 2-3 biliões de carbono por ano em todo o mundo!

A resposta é a energia solar concentrada, que utiliza espelhos e luz do sol para operar turbinas de vapor. Ao contrário de outras energias inovadoras postas à prova, hoje em dia – como, por exemplo o “carvão limpo” – não há “fumo e espelhos” nem truques por detrás.

Há apenas espelhos. Muitos, muitos espelhos.

Actualmente, tudo indica que a energia solar está a entrar num renascimento, graças ao crescente investimento em pesquisas e uma consciencialização cada vez maior por parte dos governantes e dos financiadores de que o mundo precisa de construir fontes de energia renovável.

A Espanha, por exemplo, tem mais de 50 projectos encaminhados e tenciona desenvolver 500 megawatts até 2010. Já o Laboratório Nacional Norte-Americano de Energia Renovável (NREL) tem como objectivo ajudar a desenvolver até 4.000 megawatts de EN na região sudoeste dos EUA até 2015. No Egipto, África do Sul, Austrália, Líbia, Algéria, Índia, Israel e Marrocos, as centrais eléctricas também estão a ser planeadas ou construídas e, se a vontade de um príncipe do Jordão for ouvida, milhares de megawatts serão gerados no Sahara para serem vendidos à Europa. A Renewable Energy World prevê que 6.400 megawatts se instalem a nível global até 2015, atingindo 40.000 megawatts até 2025.

Como funciona Na captação de energia solar utiliza-se espelhos que seguem o sol para concentrar o seu calor em tubos cheios de líquido ou numa torre central. O líquido é transformado em vapor, usado para mover as turbinas para gerar electricidade, funcionando como centrais eléctricas convencionais. Há uma grande variedade de tipos de centrais a serem testadas e construídas, cada uma com as suas vantagens.

Visto que são bastante simples de conceber e construir, as centrais propagam-se rapidamente.

Entretanto, a captação de energia solar ainda tem alguns obstáculos a ultrapassar. O mais pertinente é o custo ainda elevado. Para além da energia solar concentrada ser mais acessível que os painéis solares, é cerca de 15-20 cêntimos/kwh mais cara que os combustíveis fósseis e do vento. Contudo, os preços estão a baixar e o aumento de projectos de novas centrais ajudará ainda mais na redução dos preços. Ao contrário das indústrias de com-

bustíveis fósseis, que prevêem um aumento dos preços com o passar do tempo, as centrais solares não trazem surpresas em relação ao custo, após a assinatura do contrato. É preciso ultrapassar A utilização de água pode ser um problema, pois algumas centrais necessitam de água para arrefecer a central, o que é impraticável no deserto. Os peritos dizem que é necessária alguma pesquisa e desenvolvimento para se encontrarem inovações para o arrefecimento de ar. Entretanto, alguns tipos, como as unidades de disco, não precisam de água para o arrefecimento. Além disso, as centrais poderiam também ser construídas perto do mar, de onde forneceriam energia a centrais de salinização para produzirem a sua própria água de arrefecimento.

As centrais também necessitam de grandes parcelas de terreno em comparação com as indústrias de combustíveis fósseis. Mas nem todas as centrais solares utilizam grandes extensões de terra. “Nós somos duas vezes mais eficientes no que diz respeito à terra”, disse Rob Morgan, chefe do Departamento de Desenvolvimento da Ausra, empresa norte-americana e australiana que trabalha com energia solar. Morgan afirma que, utilizando a tecnologia da Ausra, precisariam de uma área quadrada com cerca de 150 km de lado para “fornecer energia aos Estados Unidos – ao país inteiro – dia e noite”.

Em céus africanos O que será necessário (para além da luz do sol) para esta tecnologia alcançar países pobres e de médio crescimento económico? O potencial certamente existe nos países de clima quente e seco. O “avô” de todos os desertos, o Sahara, tem deixado muitos peritos em energia solar entusiasmados e ansiosos.

No ano passado, engenheiros europeus conceberam um plano para produzir milhares de megawatts através de centrais solares para serem ligados através de cabos submarinos de alta-tensão para a Europa do Norte – o suficiente para satisfazer até um sexto das necessidades eléctricas da Europa. De acordo com a BBC, os engenheiros do German Aerospace Center, que desenvolveram os estudos de viabilidade, descrevem o mesmo como “um cenário onde todos ficam a ganhar, que cria energia, água e rendimento para o Médio Oriente e Norte de África”.

Um artigo publicado no jornal britânico Guardian afirma: “O projecto Desertec prevê a construção de um anel com milhares destas estações ao longo do norte da costa africana e na costa mediterrânea do Médio Oriente. Desta forma, poder-seiam gerar até 100 biliões de watts: dois terços dos quais seriam para satisfazer as necessidades locais e o resto seria exportado para a Europa”. O vapor super-aquecido das centrais seria usado para dessalinizar a água.

Os desertos africanos também seriam propícios para as centrais solares de uso doméstico, mas não houve muito progresso até a data.

No sul de África, a Eskom tem estudado planos de construção de uma central solar de 100 megawatts nos últimos anos, mas a decisão tem sido constantemente rejeitada. O local escolhido para a sua construção é um dos melhores do mundo em energia solar. A empresa espera poder utilizar materiais dos produtores locais tanto quanto possível.

Outras nações do sul de África estão bem mais atrás. Morteza Abekenari, director-geral da Solar Power, uma empresa sediada no Botswana que fabrica painéis solares, diz que tem estado, nos últimos anos, a tentar convencer as autoridades locais a adoptarem a ideia de energia solar, sem qualquer sucesso. “Quando começámos, dissemos que o sol era o diamante do Botswana que duraria para sempre, mas a noção de energia solar era como ficção científica aqui”, disse ele ao Francistown Voice.

Micro Não é de surpreender que uma nação pequena, com baixas necessidades de energia como o Botswana, fique derrubada diante das grandes quantidades de dinheiro necessárias para a construção de grandes centrais solares e da extensão de terra que estas podem requerer.

Mas existe uma outra opção: as micro-centrais solares. Estas são uma versão de menor escala que são mais fáceis de instalar e que podem ser transportadas a longas distâncias por um baixo custo.

Pelo menos uma empresa, a Sopogy, sediada no Hawai, desenvolveu uma unidade de telhado que pode fornecer energia a um edifício ou complexo industrial. Ao contrário da componente padrão das energias solares, a unidade da Sopogy foi desenvolvida tendo em vista climas mais húmidos, e a empresa está a começar a inserir-se no mercado mundial de grandes indústrias e complexos residenciais/hotéis. O seu sistema varia entre os 500KW e 10MW. “Acredito haver grande potencial para que as micro-centrais solares façam a diferença nos países em desenvolvimento”, diz Al Yuen, da Sopogy. “Isto é especialmente verdade na aplicação do calor no processo com fins industriais, que pode ser gerado numa eficiência de 60-70% e seria uma solução solar de menor custo”. ■

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Morte anunciada das dunas primárias no litoral moçambicano Por: Carlos Serra

Depois de ter visto algumas barbaridades e erros grosseiros que se estão a cometer ao longo da nossa costa, mais concretamente em Chidenguele, levei parte significativa do caminho de regresso a Maputo a pensar na resposta à seguinte pergunta: porque é que as coisas têm que ser exactamente assim e não de maneira sustentável?

Sendo a legislação bastante clara, objectiva e exaustiva na consagração de normas de protecção do litoral, não consigo perceber como continuamos a cometer os mesmos erros, atentando gravemente contra os mais básicos e elementares princípios e regras juridico-ambientais. Constrói-se em plenas dunas primárias, na sequência de processos de licenciamento das actividades económicas com contornos bastante duvidosos.

Em plena praia de Chidenguele, fiquei a observar mais um dos complexos turísticos erguidos à custa da destruição de uma parte das dunas primárias, bem como da vegetação nativa aí existente. Escassos metros mediavam o complexo da linha de preia-mar, limite a partir do qual se estabelece legalmente uma zona de protecção parcial de 100 metros em direcção ao interior do território, constituindo domínio público do Estado, e onde não podem ser atribuídos direitos de uso e aproveitamento da terra. Porque é que o complexo não foi construído para além das dunas primárias e secundárias, conforme recomendam inúmeros estudos científicos que versam sobre os ecossistemas marinhos e costeiros?

Daquilo que vi, depressa percebi que grande parte dos materiais de construção era de natureza não removível, e rapidamente questionei-me se o proprietário daquele complexo teria licença ambiental ou se ali tinha sido feito algum estudo de avaliação de impacto ambiental, e, em caso afirmativo, se tinham sido observadas as recomendações sobre medidas de mitigação de potenciais impactos ambientais.

Olhei, em seguida, para uma rampa em pavet

construída sobre as dunas, com vista ao lançamento e recolha de embarcações, mas que constitui, na realidade, um verdadeiro convite para um safari na praia. Seria necessariamente imperioso construir uma rampa?

Porque é que não se optou por abrir um acesso à praia, seguido de uma cuidadosa manutenção?

Aliás, pelo que vi, conforme poderão verificar na fotografia em anexo, a rampa está a abater em vários pontos, sinal de que foi gasto dinheiro em vão. E se todos os operadores turísticos decidirem fazer o mesmo?

Vi ainda vários exemplares de espécies exóticas de flora e recordei-me da proibição legal consagrada a este respeito no Regulamento de Prevenção sobre a Poluição e Protecção do Ambiente Marinho e Costeiro, aprovado pelo Decreto n.º 45/2006, de 30 de Novembro. Porque é que não se fazem a coisas de modo a evitarse, ao máximo, tocar na vegetação nativa, procurando ainda não introduzir espécies que possam vir a prejudicar o equilíbrio do ecossistema tão sensível, bem como a biodiversidade existente?

Temos uma multiplicidade de exemplos no planeta daquilo que pode acontecer se no processo de tomada de decisões não se tomar em considera-

ção, seriamente, a necessidade de salvaguardar o ambiente, especialmente quando se trata de ecossistemas sensíveis.

Vimos as imagens do Tsunami que aconteceu no fatídico dia de 26 de Dezembro de 2004 e que arrasou, de uma só assentada, a costa de vários países, particularmente asiáticos, vitimando quase três centenas de milhar de pessoas, provocando danos patrimoniais de valor imensurável, tudo depois de, ao longo de décadas, se terem devastado ecossistemas marinhos e costeiros inteiros, nomeadamente, dunas, mangais e recifes de coral que poderiam exercem um importante papel na mitigação dos impactos das ondas gigantescas.

Infelizmente, a ignorância é ainda elevadíssima na classe política e empresarial, e os erros sucedem-se uns atrás dos outros. “Queres um

terreno na praia? Toma.

Queres construir no mangal? Constrói. Queres abrir um complexo com 1000 casas numa zona de cenário único numa formação extraordinária de dunas primárias? Abre.

Queres pôr um porto de águas profundas ou uma refinaria numa reserva nacional e santuário único da biodiversidade mundial? Põe. Queres cortar todas as árvores duma região que levaram várias centenas de anos a crescer num abrir e fechar de olhos? Corta. Queres poluir todo um ecossistema fluvial com mercúrio para explorar o ouro que vai ornamentar uma pequena minoria? Polui. Queres pescar até à exaustão todas as espécies com valor comercial duma determina área? Pesca. Queres erguer uma barragem

num rio onde os danos de uma mega-barragem já existente constituem pão de cada dia para as comunidades locais e todas as demais formas de vida a jusante do rio?

Ergue. Queres cultivar uma gigantesca área de terra para produção de biocombustíveis quando 46% da população moçambicana sofre de subnutrição crónica? Cultiva”.

Sob o lema de um suposto desenvolvimento económico, com dinheiro e poder tudo se alcança e tudo se concretiza (ou será que se desconcretiza?), contudo, a custos imensuráveis para as gerações presentes e futuras, e deixando um legado de danos ambientais graves e irreversíveis.

Podemos fazer tudo, sem que, em momento algum, se contabilize o custo real dos bens ambientais.

Vivemos num mundo de cegueira completa, nuns casos deliberada, noutros produto de um processo de consciencialização ambiental que ainda vai no seu início. Chegámos ao cúmulo de ler nos jornais que as alterações climáticas foram a mais recente invenção ocidental dirigida a garantir que os países desenvolvidos prossigam a sua dominação dos pobres dos países em vias de desenvolvimento! Quanta estupidez!

Mas uma coisa é certa, caso não mudemos de conduta, passando a não desejar tudo tão depressa e a todo o custo, amanhã sofreremos as consequências dos erros que temos vindo a cometer no presente.

Costumo dizer que uma das maiores riquezas que temos consiste precisamente no riquíssimo e multi-variado património ambiental que caracteriza Moçambique, o qual nos tem feito um destino tão cobiçado e cada vez mais procurado por turistas. Temos tudo para dar certo, só depende da vontade de realizar as escolhas mais correctas, de modo a combinar, optimamente, o Homem, o território e os recursos naturais na busca da sustentabilidade económica, social e ambiental. ■

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Breves ★ Breves ★ Breves ★ Breves ★ Breves ★ Breves

A Nobel da Paz 2004 sai em defesa das populações e do ambiente A ambientalista e prémio Nobel da Paz 2004, a queniana Wangari Maathai, apoia o processo judicial contra o governo queniano. Em causa está um projecto para plantação de cana-de-açúcar no delta do rio Tana, aprovado pelo governo e destinado à produção de biocombustíveis.

Numa acção conjunta, grupos ambientalistas e comunidades locais afirmam que áreas húmidas costeiras estão ameaçadas pelo projecto. “Nós não podemos começar simplesmente a tratar mal as áreas húmidas costeiras porque necessitamos de biocombustíveis e açúcar” disse Maathai à agência de notícias AFP. A área, estimada em cerca de 20.000 hectares, a norte da cidade de Mombassa, abriga perto de 400 espécies de pássaros, além de leões, hipopótamos, elefantes, tubarões raros e répteis, incluindo espécies ameaçadas de primatas.

No processo, os activistas protestam a violação de pelo menos cinco leis da constituição queniana. Os activistas dizem ainda que o projecto não é economicamente viável e que o seu potencial de crescimento tinha sido calculado exageradamente e em grande escala. Para o governo queniano, o projecto avaliado em mais de 300 mil dólares aumentará o crescimento económico e vai criar milhares de empregos.

Fonte:BBC África

Apreendido barco com mais de 43 toneladas de tubarão nas águas moçambicanas Um barco contendo mais de 43 toneladas de tubarão foi apreendido pelas autoridades marítimas moçambicanas na costa da província central da Zambézia. A embarcação, designada Antillas Reefer, de bandeira namibiana, é propriedade da empresa Ompala Fishing Pty Ltd, uma joint-venture entre a Mabenal, S.A., uruguaia, com sede na Espanha, e a Gongala Fishing, namibiana, com sede em Windhoek. A mesma operava ilegalmente nas águas moçambicanas em ligação com a empresa moçambicana SABPAL Pescas Lda. Segundo o ministro das Pescas de Moçambique, Cadmiel Muthemba, decidiu-se “aplicar uma multa de 4.507.000,00 dólares, confiscar e reverter a embarcação e todas as artes de pesca empregues na prática da infracção para o estado moçambicano, bem como confiscar a totalidade das capturas encontradas a bordo e outros instrumentos usados na prática da infracção”. A captura do tubarão é, por precaução, proibida no país. A mercadoria orçada em cinco biliões de dólares tinha como destino o mercado asiático.

Fonte: Jornal Notícias

Londres inaugura primeira discoteca ecológica A primeira discoteca ecológica do mundo abriu as suas portas no último mês de Julho, em Londres, Inglaterra.

O projecto custou mais de dois biliões de dólares e é da autoria do empresário de construção civil Andrew Claralambous. A infra-estrutura, dotada de uma pista de dança de alta tecnologia, gera electricidade a partir do movimento das pessoas. O palco de dança com um sistema de piezoelectricidade possui cristais e cerâmicas que criam uma carga eléctrica quando pressionados pelos pés dos dançarinos. A discoteca tem ainda casas de banho com descargas à base de ar, urinóis que se limpam sem água, vidros, metais, plásticos e papéis reciclados, além de própria turbina e painéis de energia solar. Os visitantes comprometem-se a trabalhar para reduzir a mudança climática e o aquecimento global.

(Fonte:RPC Gazeta do Povo)

“Biocombustíveis vão privar o mundo de 100 milhões de toneladas de cereais” – adverte a FAO O director-geral do Programa da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Jacques Diouf, adverte que a produção de biocombustíveis pode privar o mundo de quase 100 milhões de toneladas de cereais. Trata-se de milho e trigo que deveriam ser direccionados à alimentação. Diouf aponta o aumento dos preços do petróleo e as barreiras comerciais como sendo as causas desta situação ao fazerem com que “uma proporção crescente da produção agrícola se transformasse em matéria-prima competitiva para o sector energético”. Segundo Diouf, “o mercado energético é tão grande e a demanda tão elevada que poderiam modificar radicalmente os sistemas agrícolas tradicionais”, com “o uso de recursos agrícolas para o mercado energético, introduzindo um paradigma completamente novo na agricultura mundial”.

(Fonte:yahoo!)

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Breves ★ Breves ★ Breves ★ Breves ★ Breves ★ Breves

“Humanidade tem sete anos para estabilizar emissões”, diz IPCC O Presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização da Nações Unidas, Rajendra Pachauri, afirma que a humanidade tem apenas sete anos para estabilizar as emissões que causam o efeito de estufa. “Temos uma janela de oportunidade de apenas sete anos, pois as emissões terão que chegar ao máximo até 2015 e diminuir depois disso. Não podemos permitir um atraso maior”, disse o presidente do IPCC. Pachauri, disse que as tentativas de fazer face a este problema podem fracassar se o bloco europeu não assumir a liderança nas negociações mundiais.

(Fonte: Folha Online)

França aprova lei que pune responsáveis por poluição O parlamento francês adoptou, em Julho último, a lei sobre “responsabilidade ambiental”, que pune as contaminações marinhas. Baseado no princípio de que quem contamina paga, a lei pretende prevenir e reparar os danos causados ao meio ambiente naquele país europeu. Segundo o texto, as administrações poderão constituir-se em acusação particular, em caso de poluição em seu território. A nova disposição reforça a autoridade dos governadores regionais responsáveis por velar pelo respeito às obrigações das instalações industriais susceptíveis de causar poluição. Nesse sentido, o capitão de um navio responsável por um vazamento poderá receber uma pena de prisão de dez anos e uma multa de até 15 milhões de euros.

Fonte: Agência Efe

A destruição de pantanais e mangais pode aumentar o efeito de estufa Cientistas de todo o mundo alertam para o facto de que a rápida destruição de pantanais e mangais no mundo está a causar a libertação de grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2), o que pode acelerar o aquecimento global. O aviso foi feito à margem da 8ª Conferência Internacional de Áreas Húmidas, realizada na cidade brasileira de Cuiabá. Os cientistas advertem que as zonas pantanosas do planeta abrigam um volume de carbono similar ao que existe hoje na atmosfera. “O aquecimento global está a acelerar a decomposição dos materiais orgânicos acumulados nos pantanais, causando a libertação na atmosfera de gases causadores do efeito de estufa, que aumenta a evaporação das águas”, disse à Agência Efe, o cientista americano Eugene Turner. Cerca de 20% da superfície da América do Sul é ocupada por zonas pantanosas, mas, segundo os cientistas, estas áreas estão muito mal identificadas e mal catalogadas.

Fonte: Yahoo!

“A NATUREZA” por: José Munguambe

No topo de Moçambique Por Carol d’Essen Minutos antes do pôr-do-sol, reunimo-nos com os carregadores e sentámos sobre os nossos joelhos com a atenção voltada para um deles: Atinahama Chari Nhahezi, filho do chefe distrital. Era ele quem conduziria a cerimónia de permissão dos ancestrais para a subida ao monte. No momento em que o sol começou a esconder-se no horizonte tingindo o céu de escarlate, palmas ritmadas que pareciam ter sido ensaiadas pelos carregadores, entrecortadas pelas preces ditas em shona pelo mestre-de-cerimónias, rasgavam o silêncio do vale, transformando, por alguns minutos, tudo ao nosso redor numa atmosfera mágica... Foi assim a mistura da tradição local, da natureza e da nossa vontade de explorar o país que começou a aventura rumo à montanha mais alta de Moçambique: o Monte Binga, com 2436 metros de altura.

O monte Binga localiza-se no Parque Transfronteiriço de Chimanimani (Manica), criado em 2001 através de um acordo entre Moçambique e Zimbabwe, com uma área total de 2.056 km2, dos quais 1.740 km2 estão em território moçambicano.

A entrada do parque fica numa estrada de terra que vai para Espungabera, de onde já é possível observar o maciço de Chimanimani no horizonte, onde se encontra o Binga, entre outras inúmeras montanhas.

Depois de passagar a entrada do Parque, uma hora de carro por uma estrada de terra mal conservada leva-nos até a casa do “velho Mussimbiri”, local do primeiro acampamento. Lá vive a família do patriarca Mussimbiri, composta por oito filhos, com suas respectivas famílias, que se consideram um pouco parte da montanha.

Um dos “mussimbiris” que nos acompanharia na expedição aproximou-se, enquanto eu analisava as montanhas que havíamos de subir no dia seguinte e explicou: “Essas aí são as ‘montanhas dos espíritos’, um lugar sagrado dos ancestrais da terra. Para subir lá é preciso pedir permissão aos ancestrais. Caso contrário, há-de pegar mau tempo e ter má sorte...”

A aventura começa...

Acordámos com uma tempe-ratura próxima dos 10ºC. A ideia naquele dia era sair dos 700 e subir até os 1800 metros, onde montaríamos o segundo acampamento. Para isso, contámos com o apoio de uma equipa de19 carregadores, composta pela comunidade local, que nos ajudaria a levar as comidas, barracas e outro material necessário. Cinco minutos após o início da caminhada, tivemos que parar, tirar os sapatos e arregaçar as calças para poder atravessar o rio Mussapa Grande. Um desafio que à primeira vista parecia fácil, pois o rio não era caudaloso nem muito extenso. No entanto, o grande problema, invisível aos olhos dos caminhantes, eram as pedras extremamente escorregadias, que fizeram com que muita gente praticamente “andasse de quatro”.

Ultrapassado o primeiro obstáculo, deparámos com uma grande planície verde, de onde era

possível vislumbrar claramente o maciço de Chimanimani, com as suas imponentes montanhas que pareciam olhar para nós o tempo todo. Quase quatro horas depois do início da nossa caminhada, chegámos ao rio Inhamazi, de águas límpidas e geladas que formavam pequenas piscinas naturais bastante convidativas para um banho refrescante. Aproveitámos a paisagem e fizemos a nossa paragem para o almoço nas margens do Inhamazi. Foi a melhor decisão que tomámos, aconselhados pelo nosso guia, que certamente já sabia o que viria a seguir e tinha consciência de que precisaríamos de repor as nossas energias.

Alimentado e refrescado, o grupo voltou a colocar as mochilas nas costas para o reinício da caminhada. Uma subida intensa e íngreme marcou o começo da trilha e prolongou-se por cerca de intermináveis 40 minutos, tornando-se certamente um dos pontos mais difíceis da caminhada até aquele momento. Foram necessárias muitas paragens para recuperar o fôlego, que insistia em ir embora incessantemente.

Depois de vencida a subida, mais um vale, desta vez cortado pelo rio Mukukunguize, nos foi presenteado, como se fosse uma pequena recompensa pelo nosso esforço. O local também pedia uma pequena paragem para se vislumbrar uma pequena cascata vista de cima que desembocava numa piscina natural de águas verdes que mudavam de tom conforme a incidência da luz solar. Apesar da vontade de permanecer no local, tínhamos que seguir viagem para podermos chegar ao acampamento ainda com luz, o que conseguimos justamente quando o sol desaparecia no horizonte.

Rumo ao topo Acordámos por volta das 5h30 para organizar a subida e poder aproveitar toda a luz do dia, uma vez que teríamos que chegar ao topo e descer de volta ao acampamento no mesmo dia, já que não é possível acampar no alto do Monte Binga. O início da caminhada foi bastante tranquilo, uma subida leve, com muitos vales e montanhas de pedra. A vegetação nesta altitude é muito mais aberta e com tons mais amarelados. São quase duas horas de caminhada por vales com vegetação desse tipo que se torna um pouco mais densa nos locais onde há passagens dos rios. Além disso, à altitude que nos encontrávamos, já era possível ter uma visão panorâmica do maciço de Chimanimani e vislumbrar de um lado a parte moçambicana e do outro a zimbabweana.

A partir da terceira hora de ca-

minhada, iniciámos uma subida íngreme, com vegetação muito rala misturada com pedras. A partir desse momento, a figura de nosso guia Joseph se tornou mais imprescindível, pois já não havia mais trilhas demarcadas.

Sem a orientação devida, seria extremamente fácil alguém se perder. Deste ponto até o topo da montanha, a caminhada é bastante uniforme: terreno íngreme e irregular, vegetação completamente aberta, com algumas grandes rochas salteadamente pelo caminho e a paisagem mudando apenas de dimensão, ou seja, o vale de onde saímos ficava cada vez mais longe. Entretanto, isso não significava necessariamente que o topo estava mais próximo. Teoricamente, sim, mas a sensação que cada um de nós tinha durante a subida é de que

o destino não haveria nunca de chegar.

Foram necessárias várias paragens para encher os pulmões de ar. Assim continuámos: caminhar, parar, respirar e ser estimulado para seguir adiante.

Ao chegar nos 150 metros finais muito íngremes e aparentemente inacabáveis, acredito que muitos dos integrantes testaram ali o seu limite físico e mental e por alguns segundos questionaram-se se continuavam ou não.

Após meia hora, vislumbrámos o marco de meio metro de cimento em forma de obelisco que foi colocado em 1936, no topo, e tivemos a certeza de que havíamos finalmente alcançado o cume. Ao olhar ao nosso redor, tivemos a certeza de que as preces feitas aos ancestrais haviam sido escutadas, pois o céu estava azul e pudemos desfrutar de uma visão esplendorosa de Chimanimani.

Depois de quase cinco horas de caminhada, lentamente, foram chegando todos os integrantes do nosso grupo. As palavras tornaram-se desnecessárias.

Apesar das nossas diferenças de nacionalidade, idade, género e personalidade, tivemos a certeza de que naquele momento, no topo de Moçambique, desfrutávamos de um sentimento único e igual. Havíamos vencido os nossos limites, havíamos seguido adiante; mesmo em face da grande fadiga física e mental, havíamos acreditado; havíamos chegado ao topo do Monte Binga!

Exposição de fotos “Monte Binga: 2.436 metros de esplendor” Data: de 5 a 18 de Agosto Local: Centro Cultural Franco-Moçambicano Entrada: Gratuita