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Conselho Editor: Anabela Lemos,Janice Lemos, Jeremias Vunjanhe, Sílvia Dolores e Vanessa Cabanelas
Layout: A.Lemos
Foto:A.Lemos
Energias Renováveis em Moçambique? Para quando...? A.Lemos
Há anos que a Justiça Ambiental (JA) não só tem advogado a necessidade de investir em energias “verdes”como também em diversificar as fontes de energia. Finalmente, e em parceria com a International Rivers, a JA contratou um consultor especialista em energias renováveis, para apresentar uma visão mais técnica das fontes de energia renovável que existem no País. As energias solar e eólica têm sido, nos últimos anos, consideradas as energias mais limpas, com menos impactos ou seja, as energias do futuro, que poderão minimizar os impactos das mudanças climáticas. A JA não só achou necessário um estudo destes, pois acredita que a energia “verde” é a opção mais viável, como também pensa que este relatório,deveria ser parte integrante do processo da Avaliação de Impacto Ambiental da futura barragem de Mphanda Nkuwa. Este relatório constitui uma avaliação das opções de energia, uma das directrizes da Comissão Mundial de Barragens (CMB). Só depois de uma avaliação abrangente das diversas opções, se poderá ter a certeza de que a construção da barragem de Mphnada Nkuwa será a melhor opção.
DESTAQUES: Pág 3 “Arcebispo Desmond Tutu Convoca acção global"..... Pág 4 “Sobre 350.ORG “ Pág 10 “Entrevista com o Músico Azagaia “
A 19 de Outubro foi apresentado o relatório: ”Plano de Energias Renováveis para Moçambique” produzido pelo consultor Mark Hankis, especialista na área de energias e autor do livro “Solar Electric Systems for Africa”. Este relatório estabelece um plano de energia "verde”, destinado a levar energia a todos no País, com uma visão clara de um sistema energético sustentável que iria realmente resolver todos os problemas, sem sacrificar os nossos recursos mais preciosos, os nossos rios. Mas o relatório não foi bem recebido pelos representantes e instituições ligadas ao governo, que constituíam grande parte da audiência. Mas não é minha intenção descrever atitudes e comentários tristes, seria uma perda de tempo! Gostaria antes de colocar algumas questões:
Porque é que quando os países de todo o mundo estão a mudar as suas fontes de energia para energias mais limpas, nós estamos a investir em energia fortemente poluidora (“energia suja”),como as centrais a carvão.
XV
VOLUME
E D I Ç Ã O D E OUTUBRO, 2009
Porque é que não somos mais inteligentes, vendo e aplicando os bons exemplos dos países mais desenvolvidos, tentando assim não repetir os mesmos erros? Porque que é que com tanta informação existente, estamos a cair na “maldição dos recursos”?
Foto:G.Zunguze
Porque é que nunca aceitamos e analisamos as preocupações, comentários, ou sugestões de representantes da sociedade civil ou ONG's ,quando estas são criticas construtivas? Não é compreensível que Moçambique prefira correr o risco de ficar dependente das grandes centrais hidroeléctricas, cair na maldição dos recursos e destruir os seus recursos naturais em vez de aproveitar os vastos recursos naturais que tem para a produção de energias renováveis, podendo diversificar as suas fontes de energia, e estar melhor preparado para os impactos que possam vir a haver com as mudanças climáticas, como as cheias e as secas. Acredito que todos nós sabemos da existência dos problemas indutores das mudanças climáticas; sabemos também que as energias chamadas de “sujas”, são as maiores fontes de emissão de gases de CO2 , S e rá f a l t a d e v o n t a d e p o l i t i c a ? ¨ Moçambique é apenas um dos muitos países africanos onde o foco tem sido posto nas grandes centrais hidroeléctricas ou alimentadas a carvão --- e onde os responsáveis políticos e investidores ainda põem em dúvida os custos da energia solar e eólica, como se estas fossem as únicas considerações importantes na escolha de fontes de energia para o futuro. Sim, o custo da electricidade é importante. Mas os custos de não investir e ganhar experiência em energia solar, eólica e de biomassa no início do século 21, são ainda maiores” Mark Hankins”. Talvez daqui a uns anos Moçambique consiga olhar para as energias renováveis como os outros países o fizeram,o Quénia por exemplo,que em cinco anos sofreu uma viragem de 180º e hoje a sua prioridade energética são as fontes de energia solar e eólica. Aiinda se precisa de muito mais de bom senso....
ARCEBISPO DESMOND TUTU CONVOCA PARA ACÇÃO GLOBAL PARA PROMOVER, EM COPENHAGA, UM PACTO CLIMÁTICO JUSTO E COM BASE NA CIÊNCIA Mostre seu apoio pela justiça climática global com criatividade em 24 de Outubro, apela ele
O debate intenso sobre as alterações climáticas tem tido lugar, sobretudo, entre os agentes poderosos dos países ricos. Nesses países, batalhas entre ambientalistas e as companhias petrolíferas e de carvão, cujos produtos provocam as alterações climáticas, foram travadas durante muito tempo. EUA, a União Europeia e a China lideravam as negociações a nível internacional. Todas as conversações de alto nível tratavam do que se pensou ser possível – e muitas vezes do que é conveniente – para essas potências. Mas como não falta muito tempo até à Conferência de Copenhagen sobre as Alterações Climáticas em Dezembro, ouvem-se vozes novas – as vozes das primeiras vítimas das mudanças climáticas, mais categóricas e exigindo justiça à medida que a clara realidade do significado disso tudo se torna mais visível. A ONU lista 28 países que são ou serão afetados pelas alterações climáticas, dentre eles 22 na África. No fim de Agosto, o Primeiro-Ministro da Etiópia, Meles Zenawi, que será o principal negociador da União Africana na Conferência de Copenhagen, disse que a África não só exigiria uma compensação justa dos Estados responsáveis pelas destruições causadas pelas alterações climáticas, como também que os países ricos fariam o melhor possível para reduzir as emissões de gases e manter o aquecimento global tão baixo quanto humanamente possível. Ao Primeiro-Ministro juntaram-se pessoas do continente inteiro que reclamam por um novo princípio para tratar as mudanças climáticas, um princípio que também presta atenção às regiões mais pobres do mundo. A nova reivindicação dos africanos vem da nova ciência. Há poucos anos, as nações em vias de desenvolvimento viram as alterações climáticas como mais um problema ao qual poderiam se adaptar caso recebessem ajuda suficiente. Mas quando o gelo do Ártico se desfez tão drasticamente no verão de 2007, os cientistas climáticos começaram a reavaliar as suas previsões – a Terra estava reagindo mais violentamente do que o esperado a aumentos até mesmo pequenos da temperatura. Tornou-se óbvio que a sobrevivência básica de muitos países estava em jogo – as ilhas baixas das Maldivas, embora pobres, começaram a poupar cada ano uma parte do orçamento nacional para comprar novas terras enquanto o seu atual território se afunda nas ondas. A seca permanente no Quénia que causou a morte de milhares de cabeças de gado e a destruição da colheita mostra bem o que as alterações climáticas descontroladas poderiam provocar no continente africano. Muitos grandes cientistas perceberam que há um número que deve ser conhecido do mundo todo: 350. Pois há 350 partes por milhão de CO2 na atmosfera, o gás com de efeito-estufa. Há cada vez mais especialistas climáticos que acreditam ser esta a concentração mais alta de CO2 permitida na atmosfera sem que terríveis devastações climáticas sejam causadas. Como já estamos acima deste nível, em 390 partes por milhão, isso significa, que precisamos de uma ação política mais rápida daquelas apoiadas pelos governos no passado – ou seja, entre outros, precisamos de esforços sérios e rápidos para substituir a queima de carvão e a poluição provocada por fontes de energia renováveis em todo o mundo. Normalmente, as vozes de países como a Etiópia, as Maldivas e o Quénia não são ouvidas nos fóruns internacionais. Mas, desta vez, pode ser diferente porque está em desenvolvimento um grande movimento positivo e determinado da sociedade civil para apoiar metas do clima científicas e justas. No dia 24 de Outubro, 350.org, uma organização que apoio, coordenará milhares de ações criativas, encontros e reuniões em quase todo o mundo para chamar atenção global ao número 350. Outros que apoiam as metas da 350.org são os mensageiros conhecidos a nível internacional como p.ex. Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), James Hansen, o cientista mais importante da NASA. Pessoas encontrar-se-ão nos lugares mais icónicos do mundo – desde Table Mountain na Cidade do Cabo até ao cume do Himalaia e até mesmo em baixo das ondas. Em todo o mundo, as igrejas tocarão os sinos 350 vezes neste dia; nas sinagogas, o dia 24 de Outubro é o dia em que a história de Noé é contada. Os monges budistas e as comunidades muçulmanas também participarão com a mesma esperança. Em todos os lugares, os participantes estarão focados no destino do seu próprio local – mas também se manifestarão em favor das pessoas e regiões mais vulneráveis do mundo, cujas vozes simplesmente devem ser ouvidas. Pessoas de quase todas as nações do mundo estão involvidas – é a mesma forma de coalizão que ajudou a tornar o termo “apartheid” conhecido em todo o mundo.
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Peço a todos os africanos e àqueles no mundo que se importam com África que apoiem a justiça climática em 24 de Outubro, iniciando ou participando de uma ação de mobilização onde vivem
E a nossa oportunidade de atuar como cidadãos globais, em vez de individuais isolados ou consumidores sozinhos. É a oportunidade para os líderes do mundo de ouvirem as vozes da consciência em vez daquelas que só falam dos mercados financeiros. Na África do Sul, mostramos que, se atuarmos em favor da justiça, teremos a força de mudar; dia 24 de Outubro, temos a oportunidade de mudar as alterações climáticas.FIM SO OBRE ARCEBISPO DESMOND TUTU O Arcebispo Desmond Tutu é famoso a nível internacional devido ao seu trabalho corajoso e incansável contra o regime do sistema racista (apatheid) na África do Sul e em favor da reconciliação das raças no seu país e em todo o mundo. Ganhou o Prémio Nobel da Paz em 1984 e presidiu a “South African Truth and Reconciliation Commission”, fundada em 1994 para testemunhar, gravar e, em alguns casos, conceder anistia a autores de crimes contra os direitos humanos. O Arcebispo Tutu continua promovendo ativamente os direitos humanos e a justiça ambiental via “The Desmond Tutu Peace Centre” e outras iniciativas incluindo “The Elders”, um grupo de líderes do mundo que se dedica à resolução de problemas globais difíceis. Por favor, visite www.tutu.org para mais informações.
A posição da JA em relação às mudanças climáticas.
Moçambique necessita de mais informação e de uma base de dados actualizada, não só sobre o nível de emissões emitidas pela enorme quantidade de queimadas anuais, uso extensivo do carvão, perda descontrolada de florestas e de emissões industriais assim como dos presentes impactos que estamos a sofrer devido as mudanças climáticas. As implicações no aumento de intensidade, imprevisíveis e frequência dos desastres naturais como as cheias, secas e ciclones, num Pais pobre como Moçambique. Mesmo que as emissões industriais em África sejam significativamente mais baixas do que outros continentes, nos pensamos que é vital que nos foquemos mais na eficiência para que os países desenvolvidos deixem de olhar para África como uma opção para as mais antigas e poluidoras industrias. Nós acreditamos que o uso dos mecanismos baseados em mercados de carbono, como ferramenta para resolver os problemas das mudanças climáticas não será uma solução. Governos e decisores, precisam ambos de se responsabilizar e responder por decisões, actos ou posições tomadas para por em prática um plano de acção que minimize as emissões de carbono de modo a alcançar a o objectivo vital de 350ppm e garantir o futuro do nosso planeta.
SO B R E 3 5 0 . O R G
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Foto:A.Lemos
350.org é uma campanha internacional que pretende fazer o que a ciência diz ser necessário para pôr fim à mudança do clima: reduzir a concentração do gás com efeito de estufa, CO2, a um nível inferior a 350 partes por milhão. Em 24 de Outubro, a 350.org quer inspirar todo o mundo a enfrentar o desafio da mudança climática através de milhares de acções criadas simultaneamente em mais de 125 países em todo o planeta, todas elas mostrando o número 350 de uma maneira criativa. Esse dia de acção está previsto para ser o dia em que a atenção ao ambiente atingirá uma dimensão jamais vista antes. 350 partes por milhão é aquilo que muitos cientistas, especialistas em clima e governos progressistas consideram agora ser o limite superior de segurança para a quantidade de CO2 na nossa atmosfera. Os cientistas concluem que estamos já acima da zona de segurança com as atuais 390 ppm, e que a menos que consigamos regressar rapidamente às 350 ppm neste século, arriscamo-nos a atingir impactos irreversíveis, como é o caso do derretimento da placa de gelo da Gronelândia e da libertação em massa de metano derivada desse derretimento.
Para mais informações, visite www.350.org/p
Globalização
e sociedade actual (2ªParte)
Por:Janice Lemos
A globalização é um fenómeno capitalista e complexo que começou na época dos Descobrimentos e que se desenvolveu a partir da Revolução Industrial. Mas o seu conteúdo passou despercebido por muito tempo, e hoje muitos economistas analisam a globalização como resultado do pós Segunda Guerra Mundial, ou como resultado da Revolução Tecnológica.
A sua origem pode ser traçada do período mercantilista, iniciado aproximadamente no século XV que teve a sua duracao até ao século XVIII, com a queda dos custos de transporte marítimo, e o aumento da complexidade das relações políticas europeias durante este período, viu um grande aumento no fluxo de força de trabalho entre os países e continentes, particularmente nas novas colónias europeias. A rigor, as sociedades do mundo estão em processo de globalização desde o início da Historia que foi simplesmente acelerada pela época dos Descobrimentos. Mas o processo histórico a que se denomina Globalização é bem mais recente, datando (dependendo da conceituação e da interpretação) do colapso do bloco socialista e o consequente fim da Guerra Fria (entre 1989 e 1991), do refluxo capitalista com a estagnação económica da URSS (a partir de 1975) ou ainda do próprio fim da Segunda Guerra Mundial. É tido como início da globalização moderna o fim da Segunda Guerra Mundial, e principalmente a vontade de se impedir que uma monstruosidade como esta ocorresse novamente no futuro, sendo que as nações vitoriosas da guerra e as devastadas potências do eixo chegaram a conclusão que era de enorme importância para o futuro da humanidade a criação de mecanismos diplomáticos e comerciais para aproximar cada vez mais as nações umas das outras.
A necessidade de expandir os seus mercados levou as nações aos poucos a começarem a abrir para produtos de outros países, marcando o crescimento da ideologia económica do liberalismo. Atualmente os maiores beneficiários da globalização são os grandes países emergentes, especialmente o BRIC(1), com grandes economias de exportação, grande mercado interno e cada vez maior presença mundial. Antes do BRIC, outros países fizeram uso da globalização e economias voltadas à exportação para obter rápido crescimento e chegar ao primeiro mundo, como os tigres asiáticos na década de 80 e o Japão na década de 70. Alguns estudiosos veêm a expansão comercial e marítima europeia como um caminho pelo qual o capitalismo se desenvolveu assim como a globalização, outros apostam o seu surgimento na acentuação do mercado financeiro, com o aparecimento de novos produtos financeiros. A globalização afecta todas as áreas da sociedade, principalmente a comunicação, o comércio internacional e a liberdade de movimentação, com diferente intensidade dependendo do nível de desenvolvimento e a integração das nações no mundo.
A globalização das Comunicações A globalização das comunicações tem sua face mais visível na internet, a rede mundial de computadores, graças a acordos e protocolos entre diferentes entidades privadas da área de telecomunicações e governos no mundo. Isto permitiu um fluxo de troca de ideias e informações sem critérios na história da humanidade. Se antes uma pessoa estava limitada à imprensa local, agora a mesma pode tornar-se parte da imprensa e observar as tendências do mundo inteiro, tendo apenas como factor de limitação a barreira linguística. Outra característica da globalização das comunicações é o aumento da universalização do acesso a meios de comunicação, graças à redução de preços dos aparelhos tecnológicos, principalmente telemóveis e os de infraestrutura para as operadoras, com aumento da cobertura e incremento geral da qualidade graças a inovação tecnológica. As redes de televisão e imprensa multimédia, em geral, também sofreram um grande impacto da globalização. Um país com imprensa livre hoje em dia pode ter acesso, algumas vezes por televisão, por assinatura ou satélite, a emissoras do mundo inteiro, desde NHK do Japão até ao Cartoon Network da América. Pode-se dizer que este incremento no acesso à comunicação em massa accionado pela globalização tem impacto até mesmo nas estruturas de poder estabelecidas, com forte conotação democrática, ajudando pessoas antes alienadas a um pequeno grupo de radiodifusão de informação, a terem acesso à informação mundial, mostrando como o mundo é e como se comporta. Mas infelizmente este mesmo livre fluxo de informações é tido como uma ameaça para determinados governos ou entidades religiosas com poderes na sociedade, que têm gasto uma quantidade enorme de recursos para limitar o tipo de informação a que os seus cidadãos podem ter acesso. Teorias da Globalização
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No geral a globalização é vista por alguns cientistas políticos como o movimento sob o qual se constrói o processo de ampliação da hegemonia económica, política e cultural ocidental sobre as demais nações. Ou ainda que a globalização é a reinvenção do processo expansionista americano no período pós guerra-fria (esta reinvenção tardaria quase 10 anos para ganhar forma) com a imposição (forçosa ou não) dos modelos políticos (democracia), ideológico (liberalismo, hedonismo e individualismo) e económico
(abertura de mercados e livre competição). Vale ressaltar que este projeto não é uma criação exclusiva do estado norte-americano e que tão pouco atende exclusivamente aos interesses deste mas também, é um projecto das empresas, em especial das grandes empresas multinacionais e governos do mundo. E para onde caminhamos?
Depois de tentar esclarecer um pouco mais sobre a globalização e a sua influência na Sociedade actual gostaria de chamar a atenção para alguns pontos aqui apresentados tentando ser o mais imparcial possível, pois pessoalmente acredito que são mais os aspectos negativos e muito pouco os positivos. Sou da opinião que os povos têm o direito de ser livres e de ter a sua própria identidade e esta não ser imposta por ninguém, mas apresento aqui ambas as faces da globalizacao, principalmente a tão falada -“ globalização competitiva” - aquela que posta em prática de cima para baixo é modelada pelos interesses corporativos das empresas multinacionais e pelos interesses geopoliticos dos países ricos e fortes do hemisfério norte e que só poupa os grupos económicos que têm maior poder e controle de capital e de mercados e que envolve riscos e ameaças não só para os trabalhadores, mas para a humanidade”(2) . Em resumo, quanto mais riqueza e poder concentrados, mais desigualdade e maior potencial de desordem e de caos social. É claro que poderiamo- nos alongar muito mais sobre este tema isto é so uma pequena gota num oceano tão vasto, um minúsculo ponto discutido, um artigo muito modesto sobre um tema muito mais complexo e abrangente, que poderia ter sido alargado para muitos e muitos mais artigos como este mas, infelizmente, o espaço neste boletim é limitado. Termino salientando os pontos positivos e negativos mais importantes da chamada “ globalização competitiva”:
Pontos Positivos: produção em escalas mais reduzidas e flexiveis com maior conhecimento em substituicção de um trabalho manual; facilidade na utilização de capacidade criativa dos trabalhadores em vez de os manter reduzidos a tarefas meramente repetitivas; inovação nas esferas da informática que reduzem o dispêndio de tempo e energia humana nas tarefas ligadas à produção para uma mera sobrevivência; trabalhadores melhor formados e informados; acesso rápido e fácil entre países e continentes, o fácil acesso à informação, através da internet; fornecimento de uma base material para que se torne possível aos trabalhadores de todo o mundo se unirem em vez de se digladiarem, para que formem uma humanidade mais responsável e solidária.
Pontos Negativos: crescimento de desemprego, desemprego em massa, redução do trabalho humano a uma mera mercadoria, condições de trabalho e de vida cada vez mais precárias, como resultado dos cortes nas despesas públicas; aumento de empregos marginais e sub-remunerados numa economia informal, cada vez mais extensa; evidência de uma concentração cada vez mais explicita da renda e da riqueza; um obstáculo ao exercício pleno de cidadania, seja no plano local, nacional ou internacional; não oferece um ambiente propício à realização de uma cidadania integral e activa por parte dos membros das diferentes sociedades, mesmo em lugares onde a democracia representativa funciona; ao globalizar a mercantilização do Homem e da Natureza, torna também globais as formas de exploração e de dominação de ambos, e com elas as ameaças de ruptura socio-políticas e ambientais; subordina as economias nacionais, e suas respectivas superestructuras politicas , as estratégias e aos interesses corporativos das empresas e grupos multinacionais, cujo interesse é predominantemente económico e mercantil e não o desenvolvimento dos povos; sacrifica a diversidade e a soberania e globaliza às custas do nacional, do local , do diferente e do singular; Países cada vez mais dependentes uns dos outros já não há possibilidade de se isolarem, grande instabilidade económica criada no mundo, qualquer fenómeno que acontece num país, atinge rapidamente os outros países, criando-se contágios e epidemias que se alastram a todos pontos do Globo.
Passivamente todos nós nos vamos integrando neste contexto da globalização, mas qual é o nosso papel como cidadãos desta era? É ser passivos a tudo, a tudo o que é informação transmitida ou disponibilizada? Ou devo eu ter capacidade de avaliar, de criticar e defender o que são as minhas crenças, as minhas vivências, as minhas sensibilidades? Para que tal aconteça e para que neste tão globalizado mundo eu tenha voz, organizo-me e formo então as Organizações da Sociedade Civil, para que eu tenha a oportunidade de também dar o meu contributo nos assuntos que me afectam ou são do meu interesse. Este artigo foi escrito através de varias pesquisas feitas na internet (wikipedia e outros sites sobre o tema )
1)BRIC é um acrónimo criado em Novembro de 2001, pelo economista Jim O'Neill, chefe de pesquisa em economia global do grupo financeiro Goldman Sachs para designar, no relatório "Building Better Global Economic Brics", os quatro principais países emergentes do mundo,Brasil, Russia, India e China.
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2) Texto tirado do relatório “Globalização e sociedade civil repensando o cooperativismo no contexto da cidadania activa “de Marcos Arruda Economista e educador Brasileiro, Coordenador do PACS (Rio de Janeiro), Presidente da Comissão de Desenvolvimento Sustentável do ICVA (Conselho Internacional de Agências Voluntárias, Genebra), e sócio do Instituto Transnacional (Amsterdam).
Devolvam as florestas às comunidades locais para as salvarem Um estudo feito recentemente em 80 florestas, num período de 15 anos, comprovou que as comunidades fazem um melhor trabalho a gerir as florestas do que os governos. people-to-save-them.htmlhttp://www.newscientist.com/article/dn17937-give-forests-back-to-local-p 7 de outubro de 2009, por Fred pearce <http://www.newscientist.com/search?rbauthors=Fred+Pearce> Devolvam as florestas tropicais às comunidades que lá vivem – e as árvores vão absorver o carbono por ti. Acima de tudo, mantenham as florestas longe da mão dos governos. Assim conclui o estudo em que se que fez o rasteio de 80 florestas pelo mundo. A maioria das florestas tropicais – desde as florestas montanhosas dos Himalaias até à selva de Madagascar – são controladas pelos governos locais. As comunidades locais detêm e gerem pouco mais de 1 décimo das florestas. Estas comunidades têm a reputação de destruir as árvores – corte de madeira ou devido a queimadas para limpeza da terra para a agricultura. Na realidade, de acordo com Ashwini Chhatre, o oposto é que é a verdade. <http://www.geog.illinois.edu/people/chhatre/index.html> Universidade de Illinois na Urbana – Champaign De e v o l v a m a s f l o re s t a s à s c o m u n i d a d e s l o c a i s p a ra a s s a l v a re m ! <http://www-personal.umich.edu/%7Earunagra/> No primeiro estudo do género, Chhatre e Arun Agrawal, da Universidade de Michigan em Ann Arbor, compararam a pertença das florestas, com uma base de dados de sequestro de carbono, que é estimada a partir do número e tamanho das árvores numa floresta. Eles descobriram, hectar por hectar, que as florestas tropicais sob gestão local armazenam mais carbono do que as florestas pertencentes ao governo. Há excepções, diz Chhatre, “mas os nossos resultados provam que podemos aumentar o sequestro de carbono simplesmente por transferir a pertença das florestas dos governos para as comunidades locais. Uma das razões poderá ser a de que as comunidades locais protegem melhor as florestas se estas lhes pertencerem, porque estas terão um interesse a longo prazo em garantir a sobrevivência dessas florestas. Os governos, qualquer que sejam as suas intenções, normalmente autorizam explorações destrutivas, ou presidem sob um sistema livre para todos em que cada um tira o que pode, porque ninguém acredita que as florestas vão durar.
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<http://www.newscientistjobs.com/> Os autores sugerem que as comunidades locais também fariam um melhor trabalho na gestão de terra ou pasto comum, pesca costeira e fornecimento de água. Argumentam que os resultados do seu estudo contradizem a ideia ambiental de longa data, denominada “a tragédia dos comuns”que diz que os recursos naturais sob controlo das comunidades, são destruídos. De facto, diz Agrawal, “as comunidades locais são perfeitamente capazes de gerir os seus recursos sustentavelmente”. <http://www.undp.org/mdtf/un-redd/overview.shtml> . Planos imperfeitos A pesquisa questiona os planos de pagamento das NU aos governos para protecção das suas florestas. Na reunião das mudanças climáticas a ter lugar em Copenhaga, em Dezembro, é provável que se chegue a um acordo e se formule um programa chamado “Redução das emissões devido à desfloração e à
<http://www.rainforestfoundationuk.org/> Simon Cousell, da Fundação “Rainforest” do Reino Unido não está surpreendido com os resultados. No Brasil e noutros locais, sabemos que as florestas mais duradouras são as que pertencem às reservas indígenas, como a que é gerida pelo povo Kayapo, a Este do Amazonas – é a maior floresta protegida do mundo inteiro”. Referencia do Jornal: “Proceedings of the National Academy of Sciences”, DOI:
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Aquecimento global pode ser desastroso para saúde
O possível fracasso de países membros em fazer um novo acordo sobre mudanças climáticas, na cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU), em Dezembro, irá resultar numa "catástrofe global de saúde", na opinião de 18 entidades médicas internacionais. Em carta publicada nas revistas cientificas Lancet e British Medical Journal, as entidades pedem a médicos de todo o mundo que "assumam a liderança" no debate sobre o assunto. Em editoriais, as duas publicações cientificas afirmam ainda que o impacto será maior sobre os habitantes de países tropicais mais pobres. As revistas argumentam que conter as mudanças climáticas poderia trazer outros benefícios, como dietas mais saudáveis e um ar mais puro. Fonte: Estadão Online
http://noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/?id=48296
Mudanças climáticas e pobreza: ONU pede resposta aos desafios mundiais
O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, abriu em Setembro último a 64ª sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas com um apelo aos líderes mundiais para responderem, unidos por os desafios das alterações climáticas, da proliferação nuclear e da pobreza “Se existe um bom momento para agir num espírito multilateral renovado, é agora”, declarou Ban KiMoon, falando perante mais de 120 chefes de Estado e de Governo, incluindo o norte-americano Barack Obama, o iraniano Mahmud Ahmadinejad e o líbio Mouammar Kadhafi.
Ban Ki-moon pediu aos 192 Estados membros da ONU “unidade no objectivo e unidade na acção”. O secretário-geral quer que os esforços conjugados se centrem em três desafios actuais: o aquecimento global, a proliferação nuclear e a pobreza. Fonte :Jornal Noticias http://www.jornalnoticias.co.mz/pls/notimz2/getxml/pt/contentx/890898
2 1 d e S e t e m b ro : o m u n d o d e u o s e u re c a d o a o s l í d e re s
Cerca de 2500 eventos em todo planeta mobilizaram as sociedades num pedido urgente para a COP-15. O mundo acordou no dia 21 de Setembro, disposto a dar um recado: exigir que as lideranças globais entrem num acordo justo, ambicioso e comprometido na 15ª Conferência das Partes (COP-15) da Convenção-Quadro das Nações Unidas, sobre Mudanças Climáticas. A cúpula de governos mundiais reunir-se-à em Copenhaga, Dinamarca, de 7 a 19 de dezembro de 2009. Com 2.472 atividades registradas em todos os continentes, o “The Global Climate Wake up Call” (Hora de Acordar Global) é uma iniciativa da Campanha TicTacTicTac, e somou vitórias nas primeiras horas de mobilização. Na Europa, por exemplo, o Primeiro Ministro do Reino Unido, Gordon Brown, afirmou, em conversa telefónica durante uma flashmob (mobilização relâmpago) realizada na cidade de Londres, o seu compromisso em defender um acordo climático mais justo e que atenda as necessidades das actuais e futuras gerações. Sarkosy.Fonte:Envolverde/Assessoria -http://envolverde.ig.com.br/materia.php?cod=63451&edt=1 H u m a n i d a d e e s g o t a o s e u " e s p a ç o d e o p e ra ç ã o " , d i z e m c i e n t i s t a s
A humanidade pode estar a tirar o planeta da excepcional estabilidade ambiental em que este se encontra há 10 mil anos, lançando-o numa zona turbulenta com consequências "catastróficas". O novo alerta é feito por um grupo internacional de 29 cientistas, em artigo na revista "Nature", em Setembro último . A equipa reúne alguns dos maiores especialistas no sistema terrestre, entre eles o holandês Paul Crutzen, Nobel de Química em 95 por o seu trabalho sobre a camada de ozono. Foram identificados nove factores-chave do funcionamento do planeta que não deveriam ser perturbados além de um certo limite para que a estabilidade ambiental que permitiu o "florescimento" da civilização, continue por milhares de anos.
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Fonte: Folha Online- http://noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/?id=48538
A E R A D A E S T U P ID E Z
No dia 23 e 24 de Setembro do ano em curso, no Auditório da Escola Portuguesa, realizou-se a projecção do filme “The Age of Stupid” [A Era da Estupidez] para os alunos dos 3º e 4º Ciclos, alunos maiores de 12 anos. Desta iniciativa resultou a produção de um cartaz no qual algum dos alunos registaram ideias, mensagens, desabafos.... Uma ideia bonita!!! Um drama elaborado no formato de documentário que retrata um futuro próximo e sombrio. Dirigido por Franny Armstrong, o filme é narrado pelo actor Pete Postlethwaite, que interpreta um arquivista, no ano de 2055. O personagem é o principal fio condutor da trama que retrata as condições de vida na Terra em um futuro no qual os avisos sobre as mudanças climáticas foram ignorados. Em Moçambique, a projecção deste filme foi organizada pela Justiça Ambiental com apoio de organizações internacionais, tendo estreado no Teatro Avenida a 22 de Setembro. De seguida foi projectado nas Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico e Faculdade de Ciências da Universidade Eduardo Mondlane, a 01 e 08 de Outubro, respectivamente, na Universidade Pedagógica, a 15 do mesmo mês, e a 22 de Outubro na Escola de Artes Visuais, para os estudantes, convidados e demais interessados.
O filme estreou em mais de 45 países espalhados pelo mundo, tendo o número de aderência aumentado para 62 países nos últimos dias que contou com a ante-estreia global entre os dias 21 e 22 de Setembro passado. [Mais informações visite o site www.ageofstupid.net] A Justiça Ambiental espera ter feito o seu contributo não só na sensibilização e consciencialização da Sociedade Civil, mas também para a chamada de atenção de uma atitude correcta, justa e consciente aos decisores aquando do encontro de Copenhaga em
"P P ri m e i ro e l e s i g n o ra m d e p o i s s e ri e m d e t i m a i s t a rd e l u t a m c o n t ra t i m a s no f i m t u G a nha s . " G ha nd y ’
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"O O s e r i nt e l i g e nt e re s o l v e o p ro b l e m a , o s á bi o e v i t a o p ro b l e m a . " E i ns t e i n
Dando continuidade as
nossas entrevistas, a personalidades de reconhecido e merito em questões mais cadentes do actual estágio do desenvolvimento de Moçambique e do mundo, a JA entrevistou o Músico “Azagaia” Ao músico Edson da Luz “Azagaia” a JA! endereça os mais sinceros agradecimentos por ter aceite este convite! Entrevista a 17 de Outubro, 2009. Por Jeremias Vunjanhe
JA - De alguns anos para cá, as questões ambientais têm estado no comando da agenda nacional e internacional dos governos e diversas organizações ambientalistas. A nível de Moçambique como é que o músico Azagaia situa esta preocupação para com o meio ambiente?
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Azagaia: Na minha óptica é importante que haja uma boa relação entre o homem e o meio ambiente, tenho notado muitas mudanças repentinas no clima e é algo que todos nós sentimos e que acredito que a todos desagrada. Pelas poucas investigações que fiz, estamos a viver um processo de aquecimento global, justamente devido a má relação entre o homem e o ambiente actualmente. No mundo capitalista em que vivemos, onde não vemos os meios para atingir os fins, infringimos regras básicas em relação ao ambiente para podermos atingir os nossos objectivos. De um modo geral eu acho que existe um completo desrespeito para com a Natureza. Nós não podemos viver sem ela mas até que comecemos a sentir essa ameaça acho que a vamos ignorando. Agora, olhando mais para Moçambique, quando se fala do ambiente eu acho que o que nos salta primeiro à vista é o problema do lixo. Eu vivo em Maputo e sei que Maputo é uma cidade com sérios problemas de saneamento e ninguém gosta de viver num lugar sujo. Mas a questão do saneamento tem estado a ser tratada de uma forma duvidosa, é um problema que já tem longa data, já há muitos anos que Maputo tem problemas de lixo e até hoje não se resolve, não sei porquê. Essa é uma questão. A outra questão é que o cidadão moçambicano, nós que somos dos centros urbanos, não temos um bom relacionamento com o nosso meio ambiente. É muito normal as pessoas não procurarem latas de lixo para jogar fora latas. Existe aquele lixo não reciclável e mesmo assim nós o atiramos para o chão. Eu acho que as pessoas não têm muita preocupação para com isso, mas ao mesmo tempo reclamam do lixo, então acabamos por ser vítimas mas também culpados porque embora o governo tenha a sua quota parte, nós também temos, então ambas as partes estão a falhar! Não sei se é uma certa falta de civismo, não sei se é necessário fazer essa informação chegar às pessoas, porque o meio urbano tem as suas regras próprias, é diferente do campo, e se calhar, podemos assumir que nem toda gente tem a cultura de viver na cidade. Sabemos que muitos de nós viemos parar à cidade depois da independência com as nacionalizações. Quando se ocuparam os prédios, muita gente com a cultura do campo e da periferia se deparou com novas situações, que exigiam novos hábitos e ficaram sem saber ao certo como agir; a história, por exemplo, de pessoas que tiravam os “parquet” das flats para poder fazer lume dentro delas. Isto é apenas um pequeno exemplo, para mostrar que sempre houve um confronto entre a cultura do campo e a cultura urbana e muitos de nós realmente não temos a cultura urbana, isto é outro ponto. Vemos muitos cidadãos, até hoje, atirarem água suja dos prédios para baixo e as consequências já são conhecidas, concentração de água que depois traz mosquitos e depois a malária...- isto é uma questão ambiental e de civismo também. Então o que está a faltar ?...... talvez educação cívica! Hoje em dia nós preocupamo-nos muito mais em ganhar dinheiro e sobreviver porque a vida está cada vez mais cara e se
Eu falo muito do meio urbano porque é no meio onde vivo, portanto, não posso falar muito do campo. Eu realmente acredito que o município está a trabalhar, mas podia fazer mais. Uma coisa que é urgente nesta cidade é termos mais caixotes de lixo, não precisam ser contentores, porque muitas vezes as pessoas não se sentem bem ao se aproximarem de um contentor para atirar o lixo. Há muitos contentores que estão cheios e as pessoas não acham aquilo cómodo, se calhar devia-se mudar um pouco de estratégia, em vez de espalhar contentores pela cidade, espalhar-se caixotes plásticos mais convidativos e fazer-se uma campanha no sentido de sensibilizar as pessoas. Nós vemos campanhas sobre muita coisa, mas sobre valorização do meio ambiente, não muito. Então vou a saltar um pouco para as responsabilidades governamentais, é importante educar os cidadãos moçambicanos que vivem nos meios urbanos. Muitos de nós vestimos fatos, andamos em carros de luxo mas depois de beber uma cerveja atiramos a garrafa para a Estrada. É esse o contraste que vivemos na nossa cidade. Por um lado desenvolvemos, mas por outro não. A educação tem que ser contínua, permanente, não podemos julgar que quem sabe conduzir um carro, entende necessariamente de ambiente. Estes são alguns dos problemas, podemos chamá-los ambientais, não sei se é correcto, mas quem sabe em pequena escala. Existem também os problemas ambientais em grande escala que eu venho acompanhando, como é o caso das grandes indústrias, os chamados mega-projectos que são montados aqui e que muitas vezes chocam com qualquer estudo de impacto ambienta. Não há respeito para com esses estudos, estamos fartos de saber que, por exemplo, a fábrica de fundição de alumínio, Moçambique alumínio (Mozal) embora sendo um dos mega-projectos que mais rendimento traz para o Estado, também traz grandes prejuízos para o ambiente e muitos de nós comentamos e nos queixamos que à volta da Mozal, a fauna e a flora estão a empobrecer. É certo que pode resolver o problema do pão mas não é só do pão que vive o homem (risos...). E sem contar que são projectos que favorecem uma determinada classe em detrimento das mais necessitadas. Sobre as questões do ambiente eu acho que o governo moçambicano não respeita os estudos que são feitos e o exemplo disso é a barragem de Mphanda Nkuwa. É uma discussão que já se.vem arrastando há bastante tempo. Em condições normais, o Governo moçambicano devia apresentar ao público, através dos órgãos de informação, os estudos ambientais que foram feitos para se implantar a barragem. Pelo que eu sei e pelo que eu leio, a barragem de Mphanda Nkuwa vai pôr em risco aquela zona, e existe o risco de ocorrência de terramotos, até porque aquela Bacia do Rio Zambeze já tem uma série de barragens, mais uma poderá sobrecarregar e causar um desastre, uma resposta da natureza à acção humana. Os estudos e as opiniões que são contra a construção dessa barragem vêm sendo apresentadas tanto em jornais como na Internet e todos nós temos acesso a isso. Porque é que o Governo moçambicano não faz o mesmo e apresenta o seu lado, aquilo que é abonatório à construção da barragem, talvez estejamos enganados, mas porque nós só ouvimos um dos lados da história não temos bases para acreditar na possibilidade de estarmos enganados. Eu penso que é dever e uma questão de prestação de contas que, se é uma barragem que é para ser construída para o benefício de todos os moçambicanos, os estudos para a sua implantação deviam ser do domínio público sob pena de ser um processo completamente desacreditado e se houver realmente uma tragédia, uma catástrofe decorrente da construção desta barragem, eu acho que ninguém vai estar do lado do Governo. É dever do Governo apresentar o seu lado da história, existem estudos de impacto ambiental que falam do outro lado da história, nós queremos ouvir o dois lado para nos podermos situar. É um problema que se calhar não está ao alcance de todos porque vivemos no meio urbano ou porque vivemos em zonas distantes, mas sabemos que as consequências deste projecto são enormes. De um modo geral este regime capitalista passa sempre por cima das questões ambientais e ecológicas. Temos o caso da construção que está a ser feita na Costa do Sol, aqueles palácios que ali estão a ser construídos. Realmente, dizem que é a zona onde se respira ar puro, é a melhor zona , as zonas costeiras, os litorais são as zonas mais cobiçadas em qualquer parte do mundo mas também sabemos que nestas zonas há grandes problemas de erosão. Não seria preocupação do município exigir os estudos de impacto ambiental para fazer aquele tipo de construções em zonas de forte erosão como a do Costa do sol? Porque é que o município permite isso? Não haverá aí um completo desrespeito para com a natureza simplesmente para obtenção de lucro? São questões básicas, não precisamos de ser engenheiros florestais ou formados na área ambiental para sabermos que se trata de áreas propensas à erosão, mas nós vemos que as construções continuam. JA!- Diante desse cenário em que temos muitos empreendimentos em construção no País que, de algum modo, não respeitam as regras ambientalmente saudáveis ou sustentáveis e ao mesmo tempo assistimos à inoperância de alguma das instituições que estariam em altura de velar pelo cumprimento dessas normas, qual seria a solução deste problema?
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Azagaia: Se as pessoas fossem mais educadas a nível das questões ambientais de certeza que a revolta seria maior, porque o que acontece agora é que as pessoas que entendem das questões ambientais pertencem a uma classe, a uma elite, mas a maior parte da população pouco entende, pouco sabe sobre o ambiente. É uma questão de escola e de educação mesmo. Nós temos graves problemas de educação em Moçambique e esses problemas arrastam-se para as questões ambientais existentes. Da mesma maneira que o Governo moçambicano faz campanhas de combate à malária, também poderia fazer campanhas de protecção ao meio ambiente, grandes campanhas mesmo.. Mas será que lhes interessa?
A pergunta no ar é essa. Será que não existem quadros no Governo que compreendem estas questões ambientais? Pressupõe-se que um Governo sério tenha quadros dessa natureza. Se assim é e se sabem que há muitos empreendimentos que põem em perigo o ambiente mas mesmo assim não fazem nada, é difícil esperar que esse mesmo Governo desenvolva algum programa ou uma campanha de educação cívica destacando o ambiente, justamente para não despertar a consciência das pessoas em relação a esse tipo de problemas ; mas a solução seria essa, seria necessário educar mais as pessoas sobre as questões ambientais, educar seriamente. Eu até não sei muito e o pouco que eu sei é por que investigo, agora imagine as pessoas que não se dão “ao tempo” de investigar estas questões? O que é que sabem e como é que essas pessoas podem algum dia exigir, por exemplo, que se pare uma determinada construção numa área de forte erosão? Como é que essas pessoas, que não são educadas a nível destas questões, podem exigir ao Governo moçambicano que apresente os estudos ambientais que foram feitos para a implantação da barragem de Mphanda Nkuwa? Como é que estas pessoas, que não tiveram este tipo de educação, o podem fazer? Tudo começa pela educação, é preciso educar as pessoas. Quando aumentarmos o nosso nível de consciência em relação às questões ambientais vamos puder exigir mais. Neste momento nem temos por que exigir, não temos consciência do problema e se as pessoas não têm consciência do problema vão querer resolver o quê? Primeiro temos que saber que há um problema. Para a maior parte das pessoas não há problema nenhum, então porque é que vão querer se preocupar em fazer alguma coisa? Quanto maior é o nível de educação em relação a qualquer área maior será a exigência por parte das pessoas, e uma coisa é certa: a nível institucional, eu duvido que os problemas ambientais possam ser resolvidos, porque as instituições ligadas ao ambiente já existem e, não estou a dizer que não estão a fazer bem o seu trabalho, estão a fazer muito bem o seu trabalho, mas ficam limitadas, fica difícil fazer mais pois começam a ir contra uma força muito maior, na minha opinião. Agora, se nós tivéssemos uma sociedade mais educada, uma sociedade consciencializada, seria mais uma força a juntar-se às instituições ligadas ao ambiente, principalmente, as não governamentais porque por vezes começa a ser uma espécie de um braço de ferro entre o Governo e essas instituições. Essas instituições, unindo forças com a sociedade civil, podem fazer com que as coisas modem, porque se surge um escândalo sobre o ambiente na primeira página do jornal, não é escândalo, porque ninguém sabe ao certo de que se trata, mas quando as pessoas começarem a perceber do que realmente se está a tratar, aí a reaccção pública será notória. Mais uma vez, trata-se de uma questão de educação. JA!-Tomando em conta que a maior parte da sociedade moçambicana de alguma forma sobrevive de actividades ligadas a algumas áreas que estão sendo invadidas pela elite políticoeconómica do País, por via de tais construções de empreendimentos, e não beneficiam as pessoas e comunidades à sua volta, como é que se pode benefciar essas áreas, para uma questão de justiça social? Azagaia:Para essa pergunta se calhar eu não tenho uma resposta. Acho que é uma pergunta que devia ser feita ao Governo moçambicano. Realmente é tudo uma questão de prioridades. Neste contexto, em que lugar está o meio ambiente? Esta é a pergunta. Em termos de orçamento geral do Estado, eu pouco sei sobre os dinheiros que vão para as questões ambientais. Eu sei mais sobre os dinheiros que vão para questões de defesa, para o funcionamento da máquina parlamentar. Até questões de saúde não estão em primeiro plano( a nivel de orçamento), imagine só as questões ambientais, que muitas pessoas não se preocupam com elas. O próprio cidadão não têm uma preocupação séria, como é que o Governo moçambicano se poderá sentir pressionado em alocar receitas para essas áreas? JA! Perante essa situação e mesmo reconhecendo a inércia da sociedade civil, qual poderia ser a solução para que o Estado moçambicano fizesse das questões ambientais uma agenda prioritária? Azagaia: Exacto! Agora nós já estamos a falar do ponto fulcral do problema, que é a questão das prioridades. O ambiente tem que passar a ser uma prioridade porque estamos a falar da nossa sobrevivência como seres humanos, isto é muito importante, porque, realmente, enquanto o meio ambiente não for uma prioridade não estaremos a discutir nada.
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A única maneira de resolver as questões ambientais é por via da educação cívica focando questões ambientais para os moçambicanos, sejam eles da cidade ou do campo. Era de se esperar que, para tal, houvesse grandes campanhas mas estamos a ver que isto não é prioridade para o nosso Governo, então eu acho que é preciso começar a desencadear-se projectos de educação a nível de instituições não governamentais . Eu sei que existe uma “guerra” por causa dos megaprojectos entre, por exemplo a JA! e o Governo moçambicano, mas será que a JA! terá força suficiente para pressionar o Governo moçambicano? Não sei! Pode ser que sim, pode ser que não. Para mim, como cidadão, interessam-me mais as questões de educação, porque se se aumentar o nível de consciência das pessoas em relação às questões ambientais, nós poderemos ajudar, e as pessoas poderão perceber porque é que, afinal de contas, a JA! diz que o projecto de construção da barragem de Mphanda Nkuwa é um perigo para nós todos; porque é que não se pode construir casas em zonas de erosão? Porque é que não se pode construir edifícios sobre os mangais? Que espécie de implicações pode ter para o nosso meio ambiente? Porque é que não se pode deitar uma lata na estrada, porque é que não vou deitar água do prédio para baixo? Porque é que eu tenho que me preocupar com estas questões, que tipo de consequências isso terá se eu não me preocupar com elas, o que é que pode melhorar se eu der mais atenção a esse tipo de questões? É sobre isto que as instituições não governamentais, que trabalham no sector do meio ambiente, devem começar a se preocupar, esclarecendo as pessoas e não precisa ser algo muito grande para começar, porque se calhar não se têm condições para isso. Mas pode-se começar com projectos pequenos e comunitários, ou mesmo a nível das escolas pode-se fazer visitas periódicas e ensinar às crianças. E não são só as crianças que precisam de ser ensinadas, podem ser as universidades, pode-se dar palestras sobre questões do ambiente. Criar uma interacção, porque as pessoas estão à espera de informação, nós somos uma massa que pode ser moldada, então se nós estamos, constantemente, a ser bombardeados por ideais puramente capitalistas, vamos nos tornar absolutamente capitalistas, mas se houver uma outra força a tentar passar outros ideais, esta força influenciarnos-à de alguma forma. Eu acho que as questões ambientais não devem só ser debatidas ao nível do topo, as guerras entre as instituições que defendem o ambiente e o Governo. Por que o Governo só quer saber das receitas e do lucro ou porque há pessoas que fazem parte do Governo que têm interesses próprios e tiram dividendos dos megaprojectos ou por que as instituições que defendem o ambiente são contra o desenvolvimento. Ok! está bom, mas eu como cidadão, o que é que vou fazer no meio de tudo isto? E vai começar a parecer música no ouvido, é aquele velho problema, mais uma página no jornal sobre isso... está bom, pronto! Eu acho que é preciso mudar um pouco de estratégia. Educação! Vamos começar nas escolas! Vamos começar nas comunidades! Pode-se fazer programas de rádio, nas rádios comunitárias, procurar financiamentos para tempos de antena nas nossas televisões para falar sobre o ambiente, criar programas de entretenimento relacionados com o ambiente para fazer com que essas coisas comecem a entrar na cabeça das pessoas.
Foto:A.Lemos
JA!-Que contribuições se pode esperar dos músicos neste debate e na educação dos cidadãos? Azagaia!-A!.. Eu acho que os músicos podem dar a sua mão e podem ajudar muito! Os músicos moçambicanos estão muito ligados às causas sociais. Quase sempre aparecem a fazer músicas sobre isso. Existe aquela música que aborda a problemática da destruição das florestas. É uma música cuja letra é do Mia Couto e foi interpretada por vários músicos jovens, além dos da geração mais antiga. Está aí um exemplo, temos também a música de outros músicos que foi feita por causa do lixo e a necessidade de valorização da cidade de Maputo. Eu acho que os músicos têm uma grande abertura em relação às questões sociais. É só uma questão de se aproximarem deles e lhes fazer chegar estas mensagens e criar estes projectos. Eu acho que sendo os músicos grandes influenciadores da opinião pública, podem também ser uma boa arma para defender as questões do ambiente. Eu, pessoalmente, vou fazer mais um projecto musical, mais um CD para o ano e de certeza que vou incluir uma faixa musical relacionada com o ambiente. Vou ter a oportunidade de dar o meu contributo dessa forma. É uma questão que interessa a todos nós. Todos nós saímos a ganhar e se as pessoas começarem a perceber isso poderemos vencer estes problemas ambientais que nós temos. JA!-Até que ponto se faz sentir a inclusão das questões ambientais nos manifestos eleitorais dos vários partidos políticos? Azagaia!-Eh! Bem, as questões ambientais! Eu acho que não estão a ter enfoque nos programas dos partidos políticos. Os programas dos partidos políticos estão mais dirigidos para questões como emprego, educação, saúde, meios de subsistência, agricultura, combate a criminalidade, mas questões de saneamento do meio, não ouvi falar! Eu acho que se falou mais de questões ambientais ,particularmente, a nível do saneamento do meio, quando se tratava de eleições autárquicas. Realmente eu acho que existe uma ignorância total em relação às questões do ambiente. Para fazermos uma análise correcta podemos sair à rua e fazermos um inquérito sobre o que as pessoas sabem sobre o meio ambiente, será uma vergonha! Um e outro programa podem incluir isso mas eu acredito que ainda não é uma prioridade nacional para os partidos políticos. Mas eu acho que é dever de vocês como instituições ligadas ao ambiente, por exemplo, convidarem os partidos políticos, sentarem com eles e perguntar o que é que eles acham, quais são suas propostas para resolver as questões ambientais, porque o político existe para resolver os problemas das pessoas, mas enquanto ele não perceber que é um problema, também não se vai preocupar. Ele preocupa-se com aquilo que são as grandes reivindicações e o ambiente neste momento não é uma grande reivindicação no nosso País. Parece muito mais um problema de elite que ainda não chegou ao povo, às pessoas. Quando se fala de ambiente, no máximo fala-se em saneamento, mas as pessoas não têm educação e as forças políticas poderiam ajudar sim, porque é também uma questão política. A questão de prioridade é uma questão política. JA!- Que avaliação faz da a actuação das instituições que trabalham no sector sobre as questões ambientais e de desenvolvimento sustentável em Moçambique particularmente as chamadas não governamentais ? Azagaia: Bem a JA! está a causar grande polémica devido a estes megaprojectos e a questão da barragem de Mphanda Nkuwa. Acho que neste momento é possível que seja uma das instituições de que mais se tem feito ouvir, talvez por causa dessa polémica que existe mas a nível de trabalho diário mesmo eu, sei muito pouco. Vou ser sincero, não estou a fazer uma avaliação mas pouco sei sobre o trabalho das instituições ligadas ao ambiente a não ser o da JA! A Impacto, da qual eu também já ouvi falar, é uma outra instituição privada que trabalha com questões de estudos de impacto ambiental. Das instituições que existem em Moçambique, as que são do meu conhecimento são estas duas, isto só por si já é um indicativo, então é por aí, eles podem realmente dizer que estão a trabalhar mas eu, pessoalmente, ainda não senti isso. JA!-No início desta entrevista o músico Azagaia falou das consequências do aquecimento global que, actualmente, constituem uma agenda internacional. Contudo, poucas são as medidas e acções que têm sido tomadas e levadas a cabo particularmente ao nível de África.
Como é que os cidadãos desses Países podem exigir dos seus governantes medidas e acções concretas e mais ousadas para fazer face aos das mudanças climáticas? Azagaia: Bem, eu acho que a resposta para esta pergunta acaba sendo sempre a mesma, resolver estes problemas é uma questão de vontade política. Mesmo ao nível das superpotências não se consegue resolver isso porque as questões ambientais entram sempre em choque com os interesses do capital uma vez que para gerar a renda essas grandes indústrias poluem o ambiente, então é sempre uma guerra, é como que se tivesse que escolher ou dinheiro ou o ambiente. O homem escolhe sempre o dinheiro (risos...) então é complicado, o que lhe posso dizer é que mais uma vez em África nós temos problemas gravíssimos, como a fome e os problemas de fome não nos deixam enxergar mais do que isso. Os problemas de ter comida no prato não nos permitem enxergar além do pão, isto é que é o grande problema. As outras sociedades são mais reivindicativas em relação a questões ambientais porque não têm muitos “problemas de prato” e as pessoas têm a mente liberta para falar sobre questões ambientais. É como se pudéssemos até dizer assim:Dão-se o luxo de falar sobre o ambiente! (risos...). Esses problemas de questões económicas que nós temos aqui, vedam a nossa mente em relação às questões ambientais, por isso é muito complicado dizermos que nós os africanos nos vamos unir para defender o ambiente. As pessoas preferem unir-se até para fazer guerras, para ter o pão.Isto é um problema muito grave! Mais uma vez eu acho que é preciso educação, tem que haver alguma força, alguma pressão a ser feita para esse lado, enquanto os governos se preocuparem mais com questões económicas e de desenvolvimento sustentável ou não, tem que haver alguma força na sociedade a tratar sobre questões ambientais. Eu “desacredito” que seja o Governo, então mais uma vez, se as pessoas souberem mais sobre isso, vão se juntar fazendo marchas pela mudança de comportamento e não só apontar dedos, é uma questão também de comportamento pessoal, não adianta que eu esteja aqui a falar sobre questões ambientais, depois meia volta, estou a atirar a lata, estou a urinar na árvore, então nada disto faz sentido. " Nunca duvides que um pequeno grupo de cidadãos profundamente empenhados possam mudar o Mundo: certamente é das unicas coisas que ja tem acontecido realmente." "Never doubt that a small group of thoughtful committed citizens can change the world: Indeed it's the only thing that ever has." - Margaret Mead
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30 de Setembro de 2009 Em Solidaridade com a GAIA (Global Anti -Incineration Alternative) em comemoração do 8º Dia Mundial de Acção sobre o lema: “Lixo Zero, Aquecimento Global Zero”
A Justica Ambiental este ano em solidaridade com a GAIA, pelo oitavo aniversário, em comemoração do Dia Mundial de Acção: ”Lixo Zero, Aquecimento Global Zero”, decidiu que devido à campanha eleitoral no País, não seria o momento mais oportuno para se fazer uma campanha ambiental ou de acção, pois não teria o impacto desejado. No entanto, não queríamos deixar passar um dia tão importante para todos nós, ambientalistas e cidadãos responsáveis, preocupados com o futuro do nosso País e Planeta. Como tal, foi decidido que enviaríamos uma mensagem a todos, pedindo um minuto do vosso tempo para uma reflexão e se possível uma tomada de decisão. Sabia que um dos maiores problemas da nossa era é a produção de resíduos graças aos nossos hábitos de vida? Tudo se resume ao chamado“ Lixo”, seja ele doméstico, hospitalar ou industrial. Vivemos numa sociedade consumista em que o constante uso insustentável dos nossos recursos naturais e a produção de bens descartáveis, assim como à utilização de materiais sintéticos, são os grandes responsaveis pelos gases de estufa, que provocam o aquecimento Global. Maioria de nós sabe que as mudanças climáticas já estão a ter impacto na nossa geração; também sabemos que se não houver uma mudança no sistema actual, deixa de haver, para as futuras gerações, a garantia de um futuro saudável e sustentável, tanto a nível social como ambiental, mas também e consequentemente a nível económico. O que cada um de nós pode fazer, para evitar que a situacção piore? - Actos simples que pouco a pouco vão fazer a diferença, como os seguintes: 1 . D e i x e d e p e rt e n c e r à s o c i e d a d e c o n s u m i s t a , c o m e c e p o r d a r t u d o o q u e n ã o u t i l i z a , a q u e m ne c e s s i t a ; 2 . S ó c o m p re o q u e f o r n e c e s s á ri o ;
3 . S e m p re q u e p o s s í v e l u t i l i z e m a t e ri a i s n a t u ra i s , s e m q u í m i c o s , f e rt i l i z a n t e s o u p e s t i c i d a s ; 4 . P ro d u z a m e n o s l i x o , a p ro v e i t a n d o t u d o q u e s e j a re c i c l á v e l ; 5.Faça o seu próprio composto com os restos dos seus alimentos;
6 . E v i t e u t i l i z a r s a c o s p l á s t i c o s . Q u a n d o f o r à s c o m p ra s l e v e u m c e s t o d e p a l h a o u d e p a n o ; 7. Poupe energia;
8. Viaje de avião só quando necessário;
9. Não deixe a água a correr quando estiver a fazer a barba ou a lavar os dentes.
Falar, criticar, debater é muito fácil, mas tomar uma decisão, dar o primeiro passo para a mudança, já é bem mais difícil! Ainda assim, é possível, só é preciso vontade e coragem; Você tem? O ser humano por si só, pode fazer a diferença; Todas as revoluções, todas as mudanças na História sempre começaram por uma atitude. A Justiça Ambiental envia esta mensagem simples e possível
Seja e faça a diferença!!!
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de implementar:
Foto:D.Ribeiro Quelimane