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Água Abaixo
De acordo com a Agência Lusa subiu para 81 o número de pessoas que morreram devido às presentes cheias em Moçambique e para 150 mil o de refugiados em centros de acomodação, indicou dia 31 de Janeiro o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC). A província de Gaza, no sul de Moçambique, foi a que registou até então o maior número de mortes, com 41 óbitos. Estimase que mais de 84 mil pessoas poderão necessitar de ajuda na província da Zambézia, se houverem cheias, ciclones ou vendavais nesta época chuvosa, alerta igualmente o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, INGC. Neste contexto, terçafeira passada, dia 29 de Janeiro, uma equipa da JA deslocouse ao Chokwe com a finalidade de documentar a situação nesta área da Província de Gaza e apurar em que medida poderia ser útil e ajudar. Seis dias após o Rio Limpopo ter galgado as suas margens e inundado a região, e apesar da maioria da água que invadira a cidade já ter escoado para outras paragens, a situação do Chokwe e da sua população parecia estar longe de resolvida. A gravidade, tanto do ocorrido, como dos tempos conturbados que se adivinham, estava estampada na cara dos poucos que decidiram ficar, quer porque não quiseram abandonar os seus pertences, ou porque, pura e simplesmente, não tiveram meios para fugir à fúria das águas.
©Erika Mendes
Estradas debaixo de água, barcos a fazer travessias onde essas estradas existiam, pessoas a viver no telhado das suas casas, comerciantes a lavar à mangueirada o conteúdo dos seus estabelecimentos e a população na margem do rio a fazer o mesmo com os seus haveres, crianças a brincar nas “piscinas” que o rio deixou, lama em todo o lado...
Foto:D.Ribeiro
Edição # 19: 5 de Fevereiro 2013
Um cheiro pestilento a coisa podre e um ar de abandono e de viveiro de doenças em maturação imperam. No meio deste panorama há ainda um outro flagelo, a miséria. Aqui e ali, de barco, de carro ou a pé, as pessoas vão tentando voltar a suas casas para salvaguardar o pouco que restou do pouco que já tinham. Histórias de ladrões oportunistas que aproveitam a debandada para pilhar a casa dos vizinhos são mais uma preocupação para juntar à já longa lista daqueles que tiveram que abandonar as suas casas. Para os que se refugiaram em Chihaquelane, a cerca de 40km de Chokwe, não se pode dizer que a situação esteja muito melhor. Milhares de pessoas acampadas em condições precárias estão dependentes da ajuda de terceiros e numa posição bastante frágil. Em conversa com alguns dos desalojados que lá se encontravam desde domingo, as reclamações em relação à alimentação e demais condições repetiamse. Às 16h muitos estavam ainda à espera da primeira refeição, entre os quais inúmeras crianças, tradicionalmente as últimas a comer. Na área visitada pela nossa equipa, o acampamento da Cruz Vermelha, circulavam voluntários e funcionários das várias instituições que se fizeram representar, bem como um número significativo de agentes da PRM. Apesar da boa vontade dos que lá estavam, em pouco tempo foi fácil de constatar o assoberbar de trabalho e a falta de condições para acomodar, alimentar e cuidar de tão elevado número de pessoas. Basicamente, mais uma vez a população desta região, que já se sabe ser propensa a cheias, é vítima de uma total falta de preparação, agregada a uma injustificável incapacidade de fazer frente a um flagelo que fustiga Moçambique persistentemente. É que as cheias em Moçambique são cíclicas, ocorrem mais ou menos de 10 em 10 anos. As últimas grandes cheias tiveram lugar em 2000 e aparentemente não aprendemos nada, a catástrofe repetese de novo. Cheia após cheia, vamos pedindo ajuda humanitária para amparar e resgatar os afectados. Ciclicamente ficamos sem casa e perdemos os nossos familiares e os nossos haveres. Saímos do estado de alerta para o de calamidade, e do de Conselho Editor: Anabela Lemos, Daniel Ribeiro,Janice Lemos, Jeremias Vunjanhe, Ruben Mama, Sílvia Dolores e Vanessa Cabanelas/ Layout & design: Ticha / Editor : Ruben Mana
©Mauro Pinto
calamidade para o de pobreza até o próximo alerta... Lavando, branqueando, desenfreadamente a vida, a esperança, a dignidade Moçambicana. Está na hora de mudar de mentalidade e planear o amanhã, não desenrascálo hoje! Até os doadores já reclamam. É uma vergonha e é uma negligência colossal, que por sua vez é crime! Moçambique encontrase a jusante de todos os outros países com quem compartilha rios. Dada a sua riqueza em recursos hídricos e o sistema de chuvas sob o qual se rege, é inevitável que o alerta surja. No entanto, a solução para evitar este tipo de situações, não é certamente construir mais e mais barragens nestes rios. São vários os estudos cientificamente válidos e que são do conhecimento dos nossos governantes, que comprovam que as barragens não diminuem em nada os riscos ou impactos das grandes cheias, antes pelo contrário. As grandes barragens tendem a regular o fluxo do rio invertendo o seu sistema. Como têm como propósito a retenção de água, normalmente para produção de energia, as barragens tendem a reservála na época chuvosa e a libertála na época seca, e quando são surpreendidas com uma época chuvosa mais abundante, acabam por descarregar de forma abrupta as águas até então retidas de modo a não colocar em risco a sua estrutura. Quando isto acontece, nós que estamos a jusante, temos de lidar com o subir enfurecido e repentino dos caudais dos nossos rios.
No entanto, mais megabarragens são propostas no Limpopo e no Zambeze com a desculpa da retenção de mais água. Mas reter para quê? Para produção de energia? Para quem? Moçambique já produz mais do que consome. É necessário investir em valas de drenagem e diques nos locais propensos a cheias, que por sinal, é onde se produz ou se deveria produzir o alimento referido no tão propalado plano de combate à pobreza. Em vez disso, a falta de ordenamento do território, o displicente licenciamento de construção de casas em zonas impróprias e a falta de estruturas que garantam o escoamento das águas, são questões alarmantes, imperceptíveis aos olhos e alheias às mentes adormecidas dos órgãos do poder, que embaladas pela ganância, sonham com mais um grande negócio “humanitário”. Numa corrida contra o tempo, em rios como o Zambeze, planeiamse mais e mais barragens em cascata, ignorandose convenientemente que os impactos de uma barragem se esbarram contra a parede da barragem seguinte.
Muitas vezes, não exactamente porque tenha chovido muito no nosso território ou a montante, mas sim em função da má gestão ou cooperação entre barragens, cada uma de olho nos seus Megawatts. Quanto maior o número e o tamanho destas estruturas, maior a necessidade de comunicação, de eficiência e de respeito entre si, e também, maior o risco de falha, especialmente em bacias partilhadas onde para além de conflitos de interesses internos, temos ainda o de diferentes países, com políticas e planos diferentes.
©Erika Mendes
Uma pessoa inteligente resolve um problema, um sábio o previne. "Albert Einstein"
2012: Que Mais Se Pode Dizer Que Não Tenha Já Sido Dito? Quando começa um novo ano, tentamos sempre fazer uma reflexão sucinta sobre o panorama ambiental e social do Pais. Infelizmente e sem grande surpresa, ano após ano esse panorama ambiental e social só tem vindo a piorar. Desta feita, para não nos estarmos a repetir, não vamos fazer uma análise área por área. Nem mesmo pequena.
A construção de mais e mais barragens tem sido
insistentemente promovida por várias instituições governamentais, alegando que estas são imprescíndiveis para o desenvolvimento do país, para suprimento das necessidades energéticas e até para protecção contra eventos extremos de cheias, apesar das inúmeras contestações e argumentos mostrando o contrário. Os argumentos apresentados em contrário tem sido rotulados de contra o desenvolvimento e dos do contra, dos ambientalistas, dos radicais, tentando assim desviar a atenção das questões em discussão. Neste contexto, importa informar que foi publicado mais um estudo em finais do ano passado, no Jornal Internacional de estudos de História de África, sob o título “Harnessing the Zambezi: How Mozambique's Planned Mphanda Nkuwa Dam Perpetuates the Colonial Past”, da autoria do Dr. Allen Isaacman e David Morton, dois pesquisadores reconhecidos a nível internacional, com mais de 15 anos de experiência de trabalho sobre Cahora Bassa e Mphanda Nkuwa. O referido estudo alerta para que: "Antes da primeira laje de betão ser colocada no local da nova barragem, é necessário que haja um escrutínio intenso e um sério debate público sobre o projecto proposto. Entre as questões controversas que devem ser abordadas estão as seguintes: É possível construir Mphanda Nkuwa e, simultaneamente, restaurar o regime de àguas original à semelhança do fluxo prérepresa? Os benefícios de Mphanda Nkuwa para Moçambique superam os substanciais custos sociais, económicos e ecológicos para as comunidades ribeirinhas e seu ambiente? E por fim, não serão a energia solar, eólica e represas menores formas mais eficientes e menos onerosas de electrificar as zonas rurais e estimular as economias locais, como sugerem uma série de ambientalistas? A incapacidade de responder estas questões, que são eminentemente políticas, irá assegurar que as comunidades do Vale do Zambeze continuem marginalizadas e empobrecidas". (International Journal of African Historical Studies Vol. 45, No. 2 (2012), p.157190).
Poderá ter acesso ao artigo integral "Harnessing the Zambezi: How Mozambique's Planned Mphanda Nkuwa Dam Perpetuates the Colonial Past”, no " International Journal of African Historical Studies Vol. 45, No. 2 (2012)",ou solicitando uma cópia à Justiça Ambiental, através do emails contactos: anabela.ja.mz@gmail.com ou janicearnauth@yahoo.com.br
Uma coisa é certa, há que agir. Não dizer e/ou não fazer, por receio e/ou por não acreditar que possa haver uma mudança, é uma atitude irresponsável para quem tem consciência que essa mudança é necessária. E acreditem, a situação está a deteriorarse a passos largos enquanto se tapa o sol com a peneira e se assume essa postura negligente que gosto de chamar “deixa andar”. A verdade é que 2012 veio e foise, e nada de excepcional aconteceu. O destaque pela negativa, a nosso ver, foi a redução do já pequeno espaço reservado à sociedade civil, e o aumento significativo de ameaças e intimidações quer a cidadãos, como a algumas organizações não governamentais (ONGs). Pela positiva, destacase o erguer das vozes da sociedade civil, que saíram à rua em defesa dos seus direitos. Referimonos às duas marchas que houve em Maputo (o que há muito não acontecia) e à que teve lugar em Tete. Merece também ser mencionada nesta categoria a revolta dos cidadãos de Cateme, que disseram “Chega!” e foram para a rua reivindicar o seu direito a uma vida justa. Apesar da repressão que se seguiu, a coragem dessa população renovou a nossa fé, e por breves momentos, deixounos ver luz ao fundo do túnel. Uma coisa vos garantimos, não vamos deixar de acreditar e lutar por um Moçambique mais justo e mais ecológico. Pode levar anos, décadas ou mesmo séculos para que nos ouçam, mas não nos vamos calar. Podem rotular nos de radicais, chamarnos o que bem entenderem e espalhar aos sete ventos que somos contra o desenvolvimento para nos descredibilizar, mas não nos vão vergar. A nossa causa é justa e a nossa esperança não esmorecerá. “Esperança não é a convicção de que algo vai necessariamente correr bem, mas a certeza de que algo faz mesmo sentido independentemente do resultado que venha a ter”.Vaclav Havel
MOZAL Voltamos ao mesmo? Menos de dois anos passaram desde o mediático e escandalosamente longo bypass da Mozal devido à reabilitação dos Centros de Tratamentos de Fumos (CTFs) e mais uma vez vêmonos forçados a questionar a qualidade do tratamento de fumos e gases e a frequência e duração dos bypasses da Mozal desde essa reabilitação. As nossas questões resultam de uma série de denúncias populares que relatam fumos densos nas chaminés dos CTFs da Mozal, um odor químico e um pó branco (alumina) que se deposita sobre os carros durante a noite, bem visível na manhã do dia seguinte.
Janeiro 2013
Os autores da denúncia referem ainda que estes eventos são muito semelhantes aos que testemunharam durante o período em que estavam a ser reabilitados os CTFs, e que portanto, a Mozal estará a funcionar em bypass. Posto isto, contactamos a Mozal sobre estas questões, e estes confirmaram que, de facto, a Mozal funcionou em bypass do CTF1, em função de uma substituição de filtros, por um período aproximado de 48 horas, que teve início no dia 16 de Janeiro. Esclareceu ainda que esta se tratou de uma actividade de manutenção planificada, e como tal, prevista no seu Plano de Gestão Ambiental. Mas apesar da resposta e esclarecimento da Mozal, a dúvida persiste, uma vez que a informação dos populares não coincide com a informação prestada pela Mozal. De acordo com as denúncias, os problemas relatados persistem até hoje, dia 30 de Janeiro. Perante este cenário, a JA realizou um pequeno inquérito a 42 pessoas na área circunvizinha à Mozal, nomeadamente nos bairros de Mussumbuluco, Beleluane e Djuba, em que se pretendia determinar se havia sido detectada alguma diferença nos fumos dos CTFs da Mozal. Este inquérito não constitui de forma alguma um estudo, serviu apenas para apurar se algo realmente se passava, e uma vez dissipadas as dúvidas, para constatar que o funcionamento da Mozal tem de ser monitorado regularmente. As informações obtidas são muito similares: todos os inquiridos afirmaram que ultimamente (para alguns um mês, para outros duas semanas) têm verificado que as chaminés da Mozal libertam muito fumo, que o tal pó branco cobre a vegetação, e que um odor que caracterizam como forte e químico paira no ar. Estes cidadãos mostraramse desgastados com esta situação, fazendo inúmeras queixas relativamente à qualidade do ar que respiram e aos potenciais problemas de saúde que deste poderão resultar. Queixaramse ainda da inoperância das entidades governamentais perante esta situação. Questionamonos sobre que papel desempenha o MICOA na monitoria da qualidade do ar na zona industrial da Matola, em particular em Beleluane. Será assim tão difícil que constatem aquilo que é óbvio para todos nós? Será que pedir que intervenham é pedir demais?
Ou será que o seu papel é só o de validar as acções e alegações da Mozal? A Mozal não informa ninguém sobre os bypasses que realiza. Alegando que são actividades de manutenção planificadas que fazem parte do seu Plano de Gestão Ambiental e que são de pleno conhecimento das instituições governamentais competentes, dizem não ter qualquer obrigatoriedade em informar quem quer que seja. Nem aqueles que respiram esse ar saudável e puro? – perguntámonos. Então e aqueles cujas machambas acordam cobertas por esse mágico e inofensivo pózinho branco? Será que esses têm o direito de saber? Infelizmente, esses todos, ou melhor, nós todos, somos mantidos na mais completa escuridão sobre estes eventos. Não vá um de nós começar a correlacionar quaisquer distúrbios ou incidências de problemas de saúde com esses dados... Na verdade, acreditamos que mesmo que graves problemas de saúde pública se venham a registar, absolutamente nada mudará. Embora trabalhemos arduamente para que cenários como esse nunca venham a acontecer, talvez então alguém mais alguém do que nós obtenha a resposta para a pergunta que estamos cansados de colocar: Mas afinal quem tem o dever de informar a população desses bypasses?
Janeiro 2013
“Greenwash”
Marketing “Verde” para Ocultar os Reais Impactos e Danos Ambientais da Poluição do Carvão em Moçambique As duas grandes companhias mineiras que operam minas de carvão mineral a céu aberto em Moatize e Benga, abriram a temporada de 2013 com fortes campanhas de marketing “verde”, cujos conteúdos têm sido reproduzidos cega e acriticamente, sem a mínima verificação e investigação jornalística, por alguns órgãos da media moçambicana. Assoladas pela polémica de Cateme e pela reprovação da proposta de transportar o carvão pelo Rio Zambeze, as empresas Vale e Rio Tinto, respectivamente, enfrentam agora acusações de violação de direitos humanos e de incumprimento de acordos firmados, feitas pelas
comunidades por si afectadas, e reassentadas em condições precárias em Cateme, na Unidade 6 do Bairro 25 de Setembro e em Mualadzi. Mas o ambiente de tensão e descontentamento generalizado destas famílias reassentadas, bem como a sua constante ameaça de protestos ou de retorno às suas terras de origem, só é digna de notícia para alguns. O Jornal A Verdade, na sua edição de 25 de Janeiro, publicou uma reportagem com o título Mualadzi: o Sonho que se Transformou em Pesadelo, alertando que “As famílias reassentadas em Mwaladzi, no distrito de Moatize, na província de Tete, ameaçam regressar às suas zonas de origem, nomeadamente Capanga Mphala, Capanga Nhangajo, Capanga Guro, Capanga Nzinda e Capanga Luane, na região de Benga, caso a mineradora Anglo australiana Rio Tinto não resolva as inquietações por elas apresentadas, que estão ligadas à fome e à falta de emprego e água”. No entanto, nos dias que antecederam a publicação deste artigo, outros de carácter diferente foram disseminados na imprensa com muito mais pompa e circunstância. No dia 23 de Janeiro, um artigo incorrectamente intitulado Vale Repõe Fauna Destruída Pela Mineração, uma vez que o artigo é sobre flora e não fauna, e cuja autoria é da Agência de Informação de Moçambique (AIM), foi publicado pelo sítio da internet Sapo Moçambique. No dia seguinte, 24 de Janeiro, foi a vez do Africa21, outro sítio da internet, publicar a mesma notícia, também assinada e atribuída à AIM, desta vez com o título Brasileira Vale Repõe Flora Destruída Pelas Minas que Explora em Moçambique. Este artigo anuncia que a Vale “investiu recentemente na produção de mais de 90 mil mudas de plantas, visando repor as espécies nativas dos locais onde (...) está a explorar carvão mineral (...) numa iniciativa que se enquadra no programa de gestão ambiental da empresa”. Pergunta: Se a iniciativa “se enquadra no programa de gestão ambiental da empresa” e a reposição da flora destruída (esperamos nós) é um dos requisitos do seu Plano de Gestão Ambiental, porquê que este assunto é digno de notícia? Não estará a Vale a fazer mais do que a sua obrigação? O mesmo princípio, entre outras notícias publicadas nos últimos meses, aplicase igualmente a artigos sobre o “cordão verde” da Rio Tinto e sobre formações profissionais e empregos concedidos por ambas. Ou, com todo o respeito, sem querer misturar alhos com bugalhos, será que temos de estar infinitamente gratos a estas companhias por darem também emprego a moçambicanos em Moçambique? Estas notícias sobre as iniciativas “verdes” das companhias mineiras a operar em Moçambique não passam de mera propaganda. Não fazem referência a dados, não mencionam níveis de poluição, nem potenciais riscos ambientais e de saúde pública. Não fazem sequer a devida referência aos problemas cujas medidas noticiadas visam mitigar. Esses e outros factos, propositadamente omitidos, por alguma razão passam despercebidos à imprensa, que se
Estas notícias sobre as iniciativas “verdes” das companhias mineiras a operar em Moçambique não passam de mera propaganda. Não fazem referência a dados, não mencionam níveis de poluição, nem potenciais riscos ambientais e de saúde pública. Não fazem sequer a devida referência aos problemas cujas medidas noticiadas visam mitigar. Esses e outros factos, propositadamente omitidos, por alguma razão passam despercebidos à imprensa, que se limita a reproduzir os comunicados destas empresas. O verdadeiro objectivo por detrás destas “nobres” medidas de protecção e mitigação que a Vale, a Rio Tinto e muitas outras corporações a operar em Moçambique, “pintam de verde”, é fazer o que se chama de “greenwash”. Um processo de manipulação da opinião pública, feito através do uso de uma retórica discursiva repleta de meias verdades, e cuja finalidade é criar a falsa imagem de uma corporação com consciência e sentido de responsabilidade ambiental, para balancear com a imagem real de mais uma corporação inserida numa indústria mundialmente rotulada de “suja”. Mais do que implantar “cordões verdes” ou produzir 90 mil mudas de plantas, se estão realmente empenhadas em ser “verdes”, a Vale, a Rio Tinto e todas as outras mineradoras, deveriam tornar públicos os seus planos de gestão ambiental e de contingências e comprometerse a realizar e publicar auditorias e avaliações ambientais anuais. E se não for pedir muito, gostaríamos também que demonstrassem estar assegurados e em condições de evitar possíveis tragédias ambientais. A nosso ver, sem honrar estas premissas, a Vale e a Rio Tinto continuarão a ser apenas mais duas empresas a tentar manipular os moçambicanos menos atentos ou mais ingénuos, e a entreter os outros com as suas lengalengas.
Mais uma morte...mais uma injustiça! Um dos principais líderes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) no Brasil, Cícero Guedes dos Santos, foi barbaramente assassinado por quatro disparos na cabeça e seis no tórax no Sábado dia 2 de Fevereiro de 2013, em Campos dos Goytacazes, cidade da região norte do Estado do Rio de Janeiro, quando se dirigia de bicicleta para sua casa. Este é o terceiro sem terra morto no município nos dois últimos meses, segundo o movimento MST, e este assassinato está ligado à disputa de terras. Em nota, o MST sustenta que "a morte do companheiro Cícero é resultado da violência do latifúndio, da impunidade das mortes dos sem terra e da lentidão do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para assentar as famílias e fazer a reforma agrária". A Justiça Ambiental solidarizase com a família do malogrado Cícero Santos, com o movimento MST e com o povo brasileiro que continua corajosamente a lutar pelo seu direito à terra.
O Tubarão
Foto de: http://canttim.com/natureza/imagensincriveisdostubaroes/
Os tubarões são peixes cartilaginosos, encontramse em todos os oceanos e grandes mares. Vivem geralmente em água salgada, com algumas excepções; são comuns até 2000 metros e podem ser encontrados até 3700 metros de profundidade. O seu tamanho pode variar de 17 centímetros de comprimento, Etmopterus perryi, a cerca de 12 metros de comprimento, o tubarão baleia, Rhincodon typus, encontrado em Moçambique. Os dentes de tubarão são constantemente substituidos ao longo da vida, são incorporados nas gengivas e não diretamente no maxilar. Apresentam um sentido de olfacto bastante apurado, sendo capazes de detectar substâncias bastante diluidas na água, como concentrações de sangue abaixo de uma parte por milhão o que equivale a uma gota de sangue a 300 m de distância em pleno oceano. Os tubarões apresentam ainda grande sensibilidade a vibrações, e este em conjunto com o sentido de olfacto representam o primeiro mecanismo de detecção de potencial alimento. Os tubarões possuem electroreceptores, as ampolas de Lorenzini, que detectam campos magnéticos produzidos por todos os organismos vivos, estes situamse na cabeça, em volta do focinho. Possuem ainda linhas laterais que se estendem das guelras à cauda são também capazes de detectar vibrações de médias e baixas frequências, correntes, mudanças na temperatura e pressão da água, assim como localizar obstáculos e alimentos em águas turvas. A sua visão é limitada, adaptada para distâncias curtas 2 a 3 metros, podendo chegar aos 30 metros. A maioria vive entre 20 e 30 anos podendo algumas espécies viver mais de 100 anos. Actualmente estão identificadas 375 espécies de tubarão a nível global, o número exacto de espécies de tubarão em Moçambique ainda não é conhecido. São considerados predadores do topo da cadeia alimentar, com poucas ameaças naturais, no entanto estão sobre séria ameaça devido à acção do Homem. Apesar da sua função no ecossistema não estar ainda totalmente esclarecida, acreditase que estes sejam vitais na “limpeza” dos oceanos, manutenção da biodiversidade, da estrutura dos ecossistemas marinhos e que a redução da sua população e até o seu possível desaparecimento irá afectar os ecossistemas de diversas espécies de peixe de modo imprevisível. Os padrões de migração e as características biológicas dos tubarões, tornamnos particularmente susceptíveis à “sobrepesca”, pois estes apresentam: baixa fecundidade (entre 2 a 20 crias), crias grandes e precoces, crescimento lento, maturidade sexual tardia, grande longevidade, e elevada taxa de sobrevivência em todas as classes de tamanho. Ref:http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/tubarao.htm /http://pt.wikipedia.org/wiki/Tubar%C3%A3o#cite_noteLivro3 /Camhi, M., Fowler, S.L., Musick, J.A., Bräutigam, A. And Fordham, S.V.(1998). Sharks and their Relatives – Ecology and Conservation. IUCN/SSC Shark Specialist Group. IUCN, Gland, Switzerland and Cambridge, UK.iv + 39 pp.
Stevens, J.D., R. Bonfil, N.K. Dulvy and P.A. Walker (2000). The effects of fishing on sharks, rays and chimaeras (Chondrichthyans), and the implications for marine ecosystems. – ICES Journal of Marine Science, 57:476 – 494.
BP vai pagar mais de 4,5 mil milhões de dólares Um juiz americano aprovou hoje o acordo entre a BP e as autoridades dos Estados Unidos, através do qual a petrolífera pagará mais de 4,5 mil milhões de dólares (3,3MMEuro) pelo derrame de petróleo no Golfo do México em 2010. informação de:www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?...id...
"Só quando a última árvore for derrubada, o último peixe for morto e o último rio for poluído é que o homem perceberá que não pode comer dinheiro."Indios Cree