Newsletter Julho 2013

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Propriedade da JA! Justiça Ambiental , Av:Mao­ Tse­ Tung no 549, 1o andar ­Maputo­Tel: 21496668

Foto:D.Ribeiro

Edição # 24 5 de Julho 2013

Papo na Praça “O Estado da Nação” A não ser quando correlacionado com o nosso trabalho, procuramos não nos imiscuir na vida política do país. Mas desta feita, e porque de certa maneira o prevalecer de um Moçambique democrático, multipartidário e acima de tudo em paz é imperativo para que possamos continuar a desempenhar adequadamente o nosso papel dentro da sociedade civil, não podemos deixar de partilhar convosco o que nós e centenas de outros Moçambicanos que lotaram o Cineteatro Gilberto Mendes (fora os milhares que provavelmente viram na televisão) testemunhámos esta Quarta­feira. Antes de mais, para que não hajam más interpretações, gostaria de salientar que o que escrevemos não é, de maneira alguma, um ataque a força política A ou propaganda a B, e quem esteve no dia 3 de julho, no Cineteatro Gilberto Mendes e não tem qualquer agenda política poderá certamente confirmar que o que narramos é um relato fiel dos acontecimentos. Ora, dada a conjuntura política do país nos dias que hoje correm, quando fomos convidados pelo Parlamento Juvenil a estar presentes neste debate, percebemos logo que iria ser um exercício de cidadania fantástico para todos os presentes, mas estávamos longe de pensar que seria o que foi. Sabíamos que o país está divido. Sabíamos que o povo não aprova o que a RENAMO está a fazer em Sofala. Sabíamos que a maioria dos Moçambicanos, apesar de não aprovar, percebe o porquê que a RENAMO está a agir assim. O que não sabíamos é para que lado pendia a balança, se é que para algum... O debate foi muito bem conduzido e muitas perguntas pertinentes foram colocadas (e bem) tanto aos representantes de FRELIMO, RENAMO e MDM, como aos académicos e membros de organizações da sociedade civil que compunham o painel. Mas, sem papas na língua, o que ontem ficou claro em Maputo foi o descontentamento geral da população com a FRELIMO. Nunca em Maputo a FRELIMO foi tão contestada ou a sua oposição, por contraste, tão ovacionada como ontem. Nunca. Fruto desse descontentamento, a RENAMO por outro lado, saiu do debate praticamente ilesa, impune, como se os seus actos tivessem uma justificação plausível, como se não tivessem assumido publicamente ter morto civis o mês passado (com ou sem aviso). Dá que pensar... o povo está tão cansado de ser negligenciado pelo partido do poder, que está disposto a perdoar dos outros o imperdoável.

Na nossa opinião, a credibilidade da FRELIMO bateu no fundo.O “estado de graça” de que gozava junto dos moçambicanos parece estar a acabar, e ainda bem, a nossa democracia está a precisar de deixar de ter filhos e enteados.

Mais um Xipoko na Matola: PAIROAFRICA Desde meados do primeiro semestre de 2012 que os moradores do bairro Beluluane no município da Matola vivem ainda mais preocupados com o ar que respiram. Isto acontece devido à fumaça densa e escura resultante da queima de pneus protagonizada por uma empresa discreta, para não dizer desconhecida, e cuja legalidade, segurança e consciência em termos ambientais é, no mínimo, questionável. Essa empresa é a PAIROAFRICA. A PAIROAFRICA dedica­se à queima de pneus para produção de um determinado tipo de óleo, que tanto quanto sabemos, posteriormente fornece a outras empresas que o usam para misturar com alcatrão. Esta empresa, localizada a menos de um quilómetro da Mozal (outra empresa também notória pelas suas actividades poluidoras), tem estado a operar sem qualquer cuidado ou medida de segurança ou controle relativamente aos impactos que a sua actividade possa estar a causar tanto na vida e saúde dos seus pobres trabalhadores, bem como na das comunidades vizinhas. Por esta razão, a população em seu redor tem vindo constantemente a protestar, acusando­a de expô­los a altos níveis de poluição em resultado da sua queima negligente e descurada de resíduos perigosos. A população tem razão. A queima de pneus gera óleo pirolítico, que contém químicos tóxicos e metais pesados capazes de produzir efeitos adversos à saúde, como perda de memória, deficiência no aprendizado, supressão do sistema imunológico, danos nos rins e fígado, e não só. Esse óleo pode percorrer longas distâncias, contaminando o solo e a água, além de penetrar em lençóis freáticos. Conselho Editor: Anabela Lemos, Daniel Ribeiro,Janice Lemos, Ruben Mama e Vanessa Cabanelas/ Layout & design: Ticha / Editor : Ruben Manna


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