Newsletter Maio 2013

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Propriedade da JA! Justiça Ambiental Av: Mao­Tsé­Tung, No 549, 1o direito ­Maputo­Tel: 21496668

14 de Maio...Tensão em Moatize: FIR e PRM apreendem 3 manifestantes De acordo com uma fonte no local, às 5 da manhã de hoje, aproveitando o número reduzido de manifestantes presente no local a essa hora, a PRM e a FIR dispersaram os manifestantes que bloqueavam a linha férrea à saída do Projecto Moatize após forçarem os mesmos a desobstruir a linha. Três manifestantes foram detidos (entre os quais Refo Estanislau que já havia sido detido o mês passado aquando dos primeiros protestos dos oleiros) naquela que só pode ser entendida como uma atitude de intimidação, repressão e de total violação dos direitos destes cidadãos. 16 de Maio..... Procura­se acusação… Mais de 24 horas depois, os três oleiros detidos em Moatize em virtude dos mais recentes protestos de reivindicação de indeminizações à porta da mina de carvão da Brasileira Vale continuam presos. De acordo com o seu advogado, continuam à espera de saber qual é a acusação... Será que ainda vão demorar muito? 17 de Maio...A acusação Os 3 oleiros detidos em Moatize vão ser acusados de ameaçar de morte um funcionário da Vale De acordo com o que o Jornal a Verdade noticiou à pouco, os 3 oleiros detidos em Moatize na madrugada de terça­ feira, irão a julgamento segunda­feira e serão acusados de ameaça de morte e perturbação da ordem e tranquilidade públicas. Custa­nos a crer, mas verdade ou mentira deixamos o alerta: este caso é uma manobra de diversão para descredibilizar e demover os oleiros e as comunidades reassentadas, para manchar a sua luta e a justiça das suas reivindicações.

Mudança de escritório Finalmente...É com muito prazer que informamos que mudamos de instalações, agora estamos situados na Av. Mao Tse Tung No. 549, 1º andar Direito. Os nossos contactos telefónico e email mantém­se, apenas o endereço físico foi alterado. A mudança de escritório levou ao atraso de algumas das nossas habituais tarefas, uma destas é o envio do nosso boletim informativo mensal. Pelo atraso as nossas sinceras desculpas.

Foto:D.Ribeiro

Edição # 22: 5 de Maio 2013

Desenvolvimento Questionável A história repete­se distrito após distrito e província após província deste imenso Moçambique. Mudam os intervenientes, mudam alguns dos contornos da narrativa em função do recurso em questão, mas o discurso é quase sempre o mesmo: Vieram aqui os homens dessa empresa acompanhados por um representante do governo distrital ou provincial, pediram­ nos para cedermos as nossas terras para o seu projecto e prometeram­nos novas machambas e casas melhores, indemnizações condignas, emprego para as comunidades durante os próximos 50 anos, escolas e hospitais, mas essas promessas não foram cumpridas e em vez de melhorar a nossa condição de vida, a vinda desse empresa só veio piorá­la. Passámos as últimas três semanas a viajar o norte do país e o panorama é, no mínimo, alarmante. Em troca de um desenvolvimento supostamente para todos nós, “vende­se” muito barato o bem estar das comunidades locais que deveriam ser as principais beneficiárias do mesmo. Na Província de Tete, a situação não é tão má como pintam os poucos órgãos de comunicação social idóneos do país, é pior. Enquanto os moçambicanos mais vigilantes se mantém atentos ao desenrolar dos acontecimentos em Moatize (onde o estado responde aos protestos pacíficos de oleiros e populações reassentadas com repressão e intimidação policial, balas de borracha e prisões arbitrárias de cidadãos que, em pleno exercício dos seus direitos constitucionais, exigem o que lhes foi prometido), a pouco mais de 100 quilómetros da capital provincial, estimamos que entre uma a duas centenas de pessoas vivam dentro da área de concessão de uma mina a céu aberto.

Conselho Editor: Anabela Lemos, Daniel Ribeiro,Janice Lemos, Ruben Manna e Vanessa Cabanelas/ Layout & design: Ticha / Editor : Ruben Manna


Sim, isso mesmo, dentro da área de concessão! Em Chirodze, homens, mulheres e crianças vivem dentro do espaço de exploração da mina de carvão da empresa Indiana Jindal. Expostos a doenças respiratórias, a acidentes, forçados a conviver diariamente com níveis absurdos de poluição atmosférica e sonora (de acordo com os seus relatos, resultantes em grande parte devido ao uso frequente de dinamite na mina), sujeitos ao ridículo de terem de se justificar e de se submeter ao controle de segurança da Jindal cada vez que entram ou saem da área de concessão da mina onde moram ou cada vez que recebem visitas! É absolutamente surreal!

Como uma luzinha no fundo do túnel, no seio de algumas comunidades que visitamos as palavras esclarecidas de alguns despoletaram em nós um sentimento raro nestas viagens: esperança. Em Mphanda Nkuwa, onde o estado vai fazer mais uma barragem sobre o Zambeze, um ancião da comunidade foi o primeiro a presentear­nos, quando falando da sua incontornável mudança de residência nos disse com todas as letras que não aceitava ser reassentado. Que preferia receber uma indemnização justa e escolher a seu belo prazer outro lugar para viver para que não lhe fizessem o que ouvira na rádio que fizeram aos residentes de Moatize reassentados em Cateme. Música para os nossos ouvidos! Lenta mas efectivamente a mensagem vai­se espalhando, e as comunidades (até as situadas nas áreas mais remotas) vão­se apercebendo do que está a acontecer. Apesar da lei da terra consagrar ao estado a última palavra sobre todo o território, a tal compensação justa mediante a qual esse direito lhes é consagrado, se a população estiver informada, poderá será mais justa. Essa é a missão.

©H.Hakkarainen

Quando perguntamos às comunidades porque não se queixam os seus líderes aos governos distritais ou provinciais, a comunidade brindou­nos com outra cantiga bastante familiar: Os nossos líderes estão a trabalhar para essa empresa. Deram­lhes emprego para os manterem satisfeitos e calados. Não sabemos a quem recorrer. Esta mina da Jindal em Chirodze, de onde já se está a extrair carvão faz tempo, começou a semana passada a exportá­lo. E apesar de estar a operar desprovida de qualquer secretismo, nada se sabe se realizou ou não qualquer Estudo de Impacto Ambiental. Mas a Jindal não é a única companhia a operar nestes moldes em Moçambique, nem é, a nosso ver, a principal responsável por esta trafulhice. É importante salientar que engana­se quem pensa que isto só se passa em Tete, ou só se passa em locais onde há indústria extractiva. Não senhor(a)! Nas Províncias de Nampula e Zambézia, por exemplo, o investimento no sector agrário está a pautar­se exactamente pelas mesmas linhas. Mas como é que isto é possível? – perguntamo­nos. Será que os governantes deste país ainda não entenderam que o modelo de desenvolvimento que estão a implementar e a forma como o estão a fazer é detrimental para Moçambique e para os Moçambicanos? De quantas mais Catemes e Chirodzes vamos precisar para suas excelências perceberem que assim não estamos a erradicar a pobreza, estamos a erradicar os pobres?

Será que somos tão miseráveis que precisamos acomodar investidores estrangeiros sem escrúpulos e literalmente sacrificar a saúde de comunidades inteiras em prol de um desenvolvimento que não lhes serve? Essa é a pergunta. Não obrigado é a resposta.

Afinal Quem Beneficia do Direito à Terra? Moçambique tem sido nos últimos tempos o destino de muitas empresas dos mais diversos ramos para aquisição de terras aráveis para desenvolvimento de inúmeras actividades, entre as quais o agronegócio, plantações florestais, mineração, etc. A descoberta de recursos minerais, a facilidade com que os investidores estrangeiros adquirem terras em Moçambique, a abundância de terras férteis com acesso a água, a ganância e o fácil enriquecimento ilícito por parte das elites, a falta de politicas proteccionistas das camadas mais vulneráveis da sociedade, a ingenuidade e a baixa escolaridade das comunidades rurais e a má aplicação da Lei de Terra entre outros, são apontados como alguns dos vários factores que têm vindo a estimular os investimentos privados, e consequentemente a fomentar usurpação de terra. Actualmente, a usurpação de terra em Moçambique infelizmente ainda continua a não ser levada a sério pelo governo, como tal, tendo em conta as condições de vida das comunidades rurais, a já tradicional abordagem repleta de falsas promessas e a arrogância e falta de abertura para diálogo que caracteriza a maioria destas companhias de investimento privado, este fenómeno só tende a crescer. A relação é directamente proporcional, aumenta o número investimentos privados, aumenta o número de casos de usurpação de terra.


A violação de direitos básicos das comunidades, tais como o acesso à terra para cultivo, gera na classe camponesa uma frustração cada vez mais evidente: “Só trabalhei quatro (4) dias e me expulsaram sem motivo, as pessoas só trabalham poucos dias e são retiradas. Será que toda população é ladrão ou não sabe nada? Fomos arrancados machambas e não temos onde cultivar, isso dói bastante, não queremos, mais vale apenas se a empresa não aparecesse porque agravou a nossa condição; isso é desgraça e se Deus existe vai fazer justiça”, desabafo recente (finais de Abril) de um camponês do distrito de Gurué, posto administrativo de Lioma na localidade de Tetete em Ruace Sede, expulso da sua própria terra pela empresa agrícola denominada Hoyo­Hoyo virada para produção de soja. As consultas comunitárias constituem um passo fundamental para assegurar que as comunidades locais têm oportunidade para apresentar e discutir as suas preocupações e condições, no entanto, na maioria dos casos os compromissos tem sido ignorados e as consultas são encontros informativos

e pretendem apenas atrair as comunidades com falsas promessas de hospitais, escolas e emprego por longos 50 anos. A realidade é que muitos dos investimentos não chegam sequer a estar operacionais metade do tempo prometido e os seus campos são abandonados com culturas que inviabilizam a reutilização da terra pelos camponeses, como o Eucalipto.

Tadeu José (Nome fictício) um dos afectados pela empresa Ntacua Floresta da Zambézia na localidade de Munhiba em Mocuba, contou na primeira pessoa a situação que passamos a citar, “prometeram escola, posto de saúde, mas até aqui não há nenhum sinal desta empresa; pediam terra em troca com emprego para 50 anos. A população foi enganado porque muitos deles trabalhavam 3 a 6 meses; muitos destas comunidades adquiriram terras mais distantes e terras sem boa produção”. Com o aumento destes caso transparece uma falta de vontade politica em acabar de uma vez por todas com estas irregularidades, de se fazer cumprir na integra o plasmado na lei a favor do povo detentor dos recurso, agravando cada vez mais as condições de vida já precárias da maioria das comunidades rurais.

Prosavana – o desenrolar... A JA! tem acompanhado o desenrolar do programa Prosavana atentamente, e nos poucos momentos que temos espaço para participar estamos presentes com questões e preocupações que ficam na sua maioria por responder... Tivemos finalmente acesso a parte dos documentos que tem sido discutidos ao mais alto nível mas que dificilmente os meros mortais tem acesso, a versão preliminar datada de Março de 2013 do Plano Director, mais especificamente Report No. 2 Quick Impact Projects. Muito rapidamente e em parceria com várias instituições fizemos uma breve análise e elaboramos alguns comentários ao documento. Os comentários elaborados não são de forma alguma finais, nem esgotam todos os aspectos preocupantes, e tanto quanto nos foi informado o documento que analisamos e comentamos não é final, daí que é importante colocar estas questões agora...já...para que no caso de haver vontade os proponentes terem tempo para integrar o que são algumas das preocupações de um grupo de organizações da sociedade civil moçambicana e de organizações internacionais que trabalham com estas questões. Convidamos a todas as organizações interessadas em endossar o presente documento a contactar­nos. Informamos ainda que finalmente tivemos também acesso ao Report 1. Ainda em análise.

Foto:http://matutacoes.org/2012/07/06/projeto­prosavana­cooperacao­ou­ cavalo­de­troia­a­ambiguidade­da­presenca­brasileira­em­africa/

Uma pessoa inteligente resolve um problema, um sábio o previne. "Albert Einstein"


Fuga de um exemplar do Plano Director para o programa ProSAVANA no Norte de Moçambique confirma o pior Grupos da sociedade civil dizem que o plano secreto abre o caminho para a usurpação de terras em grande escala Grupos da sociedade civil finalmente viram, após uma fuga, um exemplar da versão mais recente do Plano Director para o programa ProSAVANA, com data de Março de 2013. O documento deixa claras as intenções do projecto e confirma que os governos do Japão, do Brasil e de Moçambique estão secretamente a preparar o caminho para a usurpação de terras em grande escala no Norte de Moçambique. Várias organizações moçambicanas e os seus parceiros internacionais estão no momento a pôr este plano à disposição do público, devidamente acompanhado por algumas das suas reflexões iniciais. ProSAVANA é um programa entre o Japão, o Brasil e Moçambique para apoiar o desenvolvimento agrícola no Norte de Moçambique. De acordo com o exemplar do Plano Director que foi passado à sociedade civil, o programa abrangerá uma área de mais de 10 milhões de hectares em 19 distritos em três províncias do Norte de Moçambique – Nampula, Niassa e Zambézia. Mais de 4 milhões de pessoas vivem e dependem da agricultura nesta área que foi apelidada de Corredor de Nacala. Todo o processo de elaboração do programa ProSAVANA tem sido caracterizado por uma total falta de transparência, consulta ou participação pública. Ao passo que as grandes empresas do agronegócio têm feito parte das delegações governamentais que estão a investigar as oportunidades de negócios no Corredor de Nacala, os 4 milhões de agricultores que vivem na área afectada não receberam nenhuma informação sobre as intenções indicadas no Plano Director. Os governos têm até agora recusado divulgar ao público esta e versões anteriores do Plano Director. O Plano Director foi produzido por uma equipe de consultores estrangeiros com vínculos estreitos com as empresas multinacionais do agronegócio, algumas dos quais já estão a adquirir terras na área abrangida pelo programa ProSAVANA. Não houve consultas significativas com as comunidades locais e o plano não leva em consideração as suas necessidades, suas histórias e conhecimentos, ou as suas aspirações para o futuro. Nem há qualquer indicação de apreço pelos seus sistemas locais de agricultura e de produção de alimentos. O ProSAVANA é apresentado como um programa de desenvolvimento/ ajuda, mas a versão do Plano Director que chegou às mãos da sociedade civil deixa claro que é simplesmente um plano de negócios para a aquisição do controlo da agricultura em Moçambique por parte das grandes empresas. O que significa este Plano Director para os pequenos agricultores? Os proponentes do plano ProSAVANA têm dito repetidamente que este é um programa de apoio aos pequenos agricultores. Mas o Plano Director leva em consideração apenas como os pequenos agricultores podem apoiar o agronegócio. Isso resume­se a duas directivas principais: 1. Afastar os agricultores da agricultura itinerante e técnicas tradicionais de gestão de terras para os fazer adoptar técnicas de cultivo intensivo à base de sementes comerciais, factores de produção químicos e títulos de propriedade privada. Embora nenhuma análise tenha sido feita à eficácia das técnicas agrícolas tradicionais na área, o Plano Director afirma que "a transição da agricultura itinerante para a agricultura sedentária é uma necessidade urgente", e diz ainda que esta é "a principal estratégia proposta no plano". O plano insta ainda a acções para "combater a prática da agricultura itinerante". O plano reconhece que é provável que os agricultores resistam a desistir das suas formas tradicionais de agricultura, de modo que propõe vários procedimentos para incentivá­los a fazê­lo, tais como criar grupos de “agricultores principais” que possam demonstrar as vantagens da agricultura intensiva, "incentivos na forma de um sistema de subsídios para comprar fertilizantes químicos", e, mais importante ainda, títulos de propriedade a conferir o Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT) para os agricultores que mudarem. Para nós é evidente que o verdadeiro objectivo por trás destas tentativas de empurrar os agricultores para o cultivo intensivo é privatizar a terra e torná­la mais acessível aos investidores externos. Limitar os agricultores a uma parcela fixa é uma forma de demarcar as terras de forma mais clara para os investidores e para tornar possível aos governos provinciais criar os "bancos de terras" que o plano prevê para as empresas. Permitirá também aos investidores acesso a terras sem terem de passar por negociações com as comunidades. O componente sobre o Registo de Terra de Agricultores de Pequena e Média Escala do Plano Director afirma claramente que seu objectivo é "facilitar a identificação de áreas para a promoção da agricultura por


grandes fazendeiros, empresas privadas e produtores de médio porte." Diz também ser uma forma de "criar um ambiente de cooperação e integração entre a fazenda de pequena escala e novos investidores." 2. Empurrar os agricultores para um regime de produção por contrato com empresas agrícolas e transformadoras. O Plano Director divide o Corredor de Nacala em zonas e define quais as culturas que devem ser cultivadas nestas zonas, onde e como estas devem ser cultivadas, e por quem devem ser cultivadas (pequenos agricultores, médios agricultores ou grandes empresas). Dentro destas zonas, o plano estabelece diversos projectos para a produção de mercadorias agrícolas (commodities), algumas destas baseadas exclusivamente nas grandes fazendas de empresas, outras com base numa mistura de grandes e médias fazendas e sistemas de produção sob contrato com pequenos agricultores. A agricultura sob contrato não vai melhorar a vida dos pequenos agricultores na área. Pelo contrário, vai sim torná­los dependentes de uma única empresa para tudo, desde as sementes até a venda das suas colheitas. Um dos projectos de agricultura sob contrato proposto no Plano prevê um retorno sobre o investimento de 30% ao ano para a empresa, enquanto os agricultores do projecto serão obrigados a dedicar 5 dos 5,5 hectares que vão receber à produção de mandioca em regime de produção sob contrato com o investidor. Um paraíso para as grandes empresas O plano apresenta várias oportunidades de negócios nas quais as empresas podem investir e ter grandes retornos previstos de entre 20% a 30% ao ano. As empresas que investirem poderão ter acesso ao Fundo Nacala de dois mil milhões de dólares, que está a ser financiado pelos governos e investidores no Japão e no Brasil. Embora os detalhes deste fundo ainda não constam na actual versão do Plano Director, outras fontes indicam que o fundo será registrado no paraíso fiscal de Luxemburgo e será chamado de Africa Opportunity Fund 1: Nacala.(Vide:http://www.g15.org/Renewable_Energies/J2­06­11­2012%5CPRESENTATION_DAKAR­06­11­2012.pptx)

Alguns dos projectos do plano proporcionarão grandes áreas de terra aos investidores. O Cluster Integrado dos Cereais que está previsto para o Distrito de Majune na província de Niassa será gerido por uma empresa verticalmente integrada que irá operar nove fazendas de 5.000 ha, numa área de 60.000 ha, para produzir – em regime de rotação – milho, soja e girassol, principalmente para exportação. De acordo com o plano, "o projecto tem uma alta rentabilidade e a taxa interna de retorno foi calculada em 20,3%, com um período de amortização estimado em 9 anos". O Plano Director impõe a expansão e propagação de projectos como este em todo o Corredor. As empresas também tirarão proveito de várias Zonas Económicas Especiais (ZEE) que são propostas no plano. Nestas zonas, as empresas estarão isentas do pagamento de impostos e direitos aduaneiros, e poderão tirar proveito de acordos financeiros offshore. Estas ZEE estarão localizados nas principais localidades identificadas no projecto para a instalações de transformação e comercialização, o que vai reduzir drasticamente as receitas que poderiam advir ao governo, através de um desenvolvimento planeado das indústrias do sector de exportação agrícola. Desde que começou o planeamento para o ProSAVANA em 2009, muitos investidores estrangeiros e os seus parceiros locais já adquiriram grandes superfícies de terra na área do programa, levando a inúmeros conflitos de terra com as comunidades locais. A intenção do Plano Director é trazer ainda mais investidores para a área, o que fará com que os conflitos de terra se tornem ainda piores. A principal solução que o Plano Director propõe para estes conflitos em crescimento são as "Directrizes do ProSAVANA para o IAR" (Investimento Agrícola Responsável). Essas directrizes são, essencialmente, uma lista com base nos sete princípios de IAR que foram elaborados pelo Banco Mundial e têm sido severamente criticados por toda a parte por organizações camponesas e grupos da sociedade civil. As "Directrizes do ProSAVANA para o IAR" serão incluídas sob a forma de anexo no "Livro de Dados para Investidores Privados", que será lançado em Agosto de 2013, como parte das iniciativas para promover o investimento do agronegócio no Corredor de Nacala. As directrizes são fracas e facultativas e o plano não prevê quaisquer novas leis ou regulamentos que poderiam realmente defender as comunidades contra a aquisição indevida de terras. O plano diz apenas que "aos investidores privados interessados no desenvolvimento agrícola no Corredor de Nacala será solicitado que cumpram estes princípios, para além dos seus códigos internos de conduta e auto regulamentações voluntárias". Qual é o resultado final desse plano? O Plano Director, na sua forma actual, destruiria a agricultura camponesa, aniquilando os sistemas de maneio de sementes dos agricultores, conhecimentos locais, as culturas alimentares locais e os sistemas tradicionais de gestão da terra. Vai deslocar camponeses das suas terras ou forçá­los para parcelas fixas de terra onde serão obrigados a produzir sob contrato de produção para as empresas e se endividarão para pagar as sementes, fertilizantes e pesticidas necessários. Os camponeses que obterem títulos de terra correrão um enorme risco de rapidamente perderem as suas terras para empresas e grandes agricultores. É revelador que apenas um dos sete clusters no Plano Director é voltado para os pequenos agricultores e a produção de alimentos para o sustento da família. E este cluster propõe apenas o mesmo e velho modelo de desenvolvimento proposto pela fracassada revolução verde. O Plano Director não perde nenhum tempo nem energia com as necessidades e capacidades dos camponeses no Corredor de Nacala.


As grandes empresas são os grandes beneficiários deste Plano Director. Vão ter o controlo sobre a terra e a produção e vão controlar o comércio dos alimentos produzidos, que serão exportados ao longo das estradas, ferrovias e o porto de Nacala que outras empresas estrangeiras serão pagas para construir com recursos públicos de Moçambique e do Japão. Empresas estrangeiras de sementes, pesticidas e fertilizantes vão também fazer um negócio da china com esta enorme expansão da agricultura industrial África adentro. Alguns moçambicanos vão lucrar com isto. Por exemplo, a família mais rica de Portugal criou uma joint­venture para adquirir terras e produzir soja no Norte de Moçambique com uma empresa nacional controlada pelos amigos e parentes do presidente de Moçambique e em parceria com um dos maiores agricultores empresariais do Brasil. Mas estes lucros vão ser à custa dos moçambicanos comuns.

Ver o Plano Director apenas confirma a nossa determinação em interromper o programa ProSAVANA e apoiar os camponeses e o povo moçambicano na sua luta pela soberania alimentar. Assinado por: AFRA ­ Association for Rural Advancement (South Africa) Agrarian Reform for Food Sovereignty Campaign (Membro da Via Campesina) ­ África do Sul Amigos da Terra Brasil / FoE Brazil ­ Brasil Amigos de la Tierra España / Friends of the Earth Spain ­ Espanha ATTAC ­ Association for the Taxation of financial Transactions for the Aid of Citizens ­ Japão Asian Farmers' Exchange Center YWC, Yes We Care ­ Suécia Biofuelwatch Centre for Civil Society ­ Durban, África do Sul CESTA, FOE El Salvador – El Salvador Earth Harmony Innovators – África do Sul Ecologistas en Accion ­ Espanha EcoNexus Environmental Rights Action / FoE Nigeria – Nigéria Equity and Justice Working Group Bangladesh, EquityBD ­ India EARTH PEOPLES – Internacional Fórum Mulher ­ Moçambique Friends of the Earth Africa ­ África Friends of the Earth International (FoEI) (*a maior rede de organizações ambientais de base, com membros institucionais em 74 países e mais de dois milhões de membros individuais) Friends of the Earth Swaziland ­ Suazilândia

29 de Abril de

Global Justice Ecology Project Coordinates the Campaign to Stop Genetically Engineered Trees and is the North American Focal Point for the Global Forest Coalition. GRAIN GroundWork – África do Sul Japan International Volunteer Center ­ Japão Justiça Ambiental, JA!/ FoE Mozambique ­ Moçambique Kasisi Agricultural Training Centre ­Zambia Kenya Debt Relief Network, KENDREN ­ Quénia Livaningo ­ Moçambique LPM ­ Landless Peoples Movement (Membro da Via Campesina) África do Sul Movimiento Madre Tierra ­ Honduras National Association of Professional Environmentalists (NAPE) / Friends of the Earth (FoE) Uganda No! to Land Grab ­ Japão NOAH Friends of the Earth ­ Dinamarca Sahabat Alam Malaysia/ FOE Malaysia – Malásia SEATINI, Southern and Eastern Africa Trade Information and Negotiations Institute ­ Uganda SOBREVIVENCIA, Friends of the Earth Paraguay – Paraguai Solidarité ­ França The Development Fund ­ Noruega The Norwegian Trade Campaign (Handelskampanjen) ­ Noruega Ukuvuna ­África do Sul


Os morcegos, são os únicos mamíferos capazes de voar

e pertencem à ordem Chiroptera. Representam um quarto de toda as espécies de mamíferos do mundo. São pelo menos 1 116 espécies e possuem uma enorme variedade de formas e tamanhos.Tem uma enorme capacidade de adaptação a quase qualquer ambiente (só não ocorrem nos polos) e uma ampla diversidade de hábitos alimentares. Os morcegos têm a dieta mais variada entre os mamíferos. Somente três espécies se alimentam exclusivamente de sangue, são os chamados morcegos hematófacos ou vampiros, encontrados apenas na America Latina. A maioria dos morcegos possui um sexto sentido que é um extraordinário sentido da ecolocalização (biossonar ou orientação por ecos), que utilizam para orientação, busca de alimento e comunicação. O morcego emite ondas ultrassônicas com frequências acima de 20 Khz, que são inaudíveis para humanos Essas ondas atingem obstáculos no ambiente e voltam na forma de ecos com frequência maior pois ao voltar o eco mais a velocidade do morcego são somadas, (Efeito Doppler).Esses ecos são percebidos pelo morcego. Com base no tempo em que os ecos demoraram a voltar, nas direções de onde vieram, e na frequência relativa dos ecos (efeito Doppler), os morcegos sentem se há obstáculos no caminho, assim como suas distâncias, formas e velocidades relativas. Isso é especialmente útil para caçar insetos voadores, por exemplo. A ecolocalização também pode ser chamada de biossonar, pois foi a partir deles que os sonares de navios e os aparelhos de ultrassom, foram desenvolvidos. Os morcegos tem uma importância ecológica e econômica enorme. Entre o dispersar de sementes de árvores, que só numa noite um morcego pode transportar mais de quinhentas sementes,o auxiliar na reprodução de centenas de espécies de plantas,e ao controle de roedores a insectos, não só evitando pragas agrícolas como outras. As suas fezes constituem excelente adubo natural o (guano) e é também a principal fonte de nutrientes em muitas cavernas, portanto os morcegos sustentam muitos desses ecossistemas. A saliva do morcego vampiro comum tem forte ação anticoagulante.

Têm também sido estudados para aperfeiçoamento de aparelhos de sonar e ultra­som. Fonte e mais informação: http://pt.wikipedia.org/wiki/Morcego

Os níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera atingiram pela primeira vez na história humana 400 partes por milhão (ppm). Na última vez em que os níveis estiveram altos, a temperatura média global aumentou entre 3 e 4°C, enquanto nas regiões polares o aumento foi de 10°C. Ainda mais alarmante é que este ano os níveis de concentração de CO2 aumentaram muito mais rápido do que nos outros anos, e os maiores responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa são os combustíveis fósseis e o desmatamento. Ainda não existe uma proposta de redução de emissão, pelo contrário, o aumento da extração de carvão e outras, pode levar à aceleração do aquecimento global totalmente fora de controle. O relatório Points of No Return do Greenpeace (em inglês), apresenta os 14 maiores projetos de energias sujas planejados para as próximas décadas e seus impactos nas emissões, e reforça a necessidade de investir em fontes renováveis e abundantes em varios países. Fonte e mais informação: (http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Blog/perto­de­um­caminho­sem­ volta/blog/45142/)

"Só quando a última árvore for derrubada, o último peixe for morto e o último rio for poluído é que o homem perceberá que não pode comer dinheiro."Indios Cree


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